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Ano XIII – Nº 53 – Agosto a Novembro de 2014

25º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2014 Em sua edição especial de 25 anos, o Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2014 foi uma realização que superou todas as expectativas de público e de aprovação, se consagrando como o maior evento técnico-mercadológico da América Latina.

Entrevista com Alex Orellana

Ponto de Vista com Edson Pinzan

Visão de Mercado com Cristiane Coelho

Tendo a automação como tema, aborda as diretrizes, padrões técnicos e processos nos sistemas de água e esgoto, adotados na Sabesp.

Os temas discutidos no 25º Congresso Técnico AESabesp, frente ao atual momento de estiagem em São Paulo e seus desdobramentos.

A possibilidade de obtenção de recursos para projetos públicos e privados para saneamento e preservação ambiental.


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Revista Saneas: mais que uma Revista, um Projeto Socioambiental. Em 2015, conte com a Saneas. Inclua a revista na sua programação de mídia para 2015. EdIçõEs progrAmAdAs pArA 2015: EdIção N° 54 - JANEIro / FEvErEIro / mArço Tema central: Alternativas de gestão hídrica para o enfrentamento da estiagem na Macrometrópole de São Paulo Com destaque para uso racional da água, reúso, cobrança individualizada de água em condomínios, tecnologia de tratamento com uso de membranas, possibilidades de uso de águas subterrâneas, dessanilização e operação de sistemas de produção de água (os atuais e o novo São Lourenço). Fechamento: março 2015 / circulação: abril 2015 – (anúncios até 20.03)

EdIção N° 55 - AbrIl / mAIo / JUNho Tema central: Controle de perdas Com destaque para tecnologias desenvolvidas na Sabesp, telemetria via GPRS para operação de Loggers e VRPs; aplicação de MND. Com uma prévia do que acontecerá na Fenasan 2015 (a distribuição durante a Feira). Fechamento: junho 2014 / circulação: julho (Fenasan) (anúncios até 05.07)

EdIção N° 56 - JUlho / Agosto / sEtEmbro Tema central: Atuação internacional do saneamento de São Paulo Com destaque para os novos negócios no setor que refletem no Brasil e em outros países e nas parcerias da Sabesp no exterior: Panamá, Nicarágua, Honduras e outros países. Com cobertura do 26º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2015 Fechamento: setembro 2015 / circulação: outubro 2015 (anúncios até 20.09)

EdIção N° 57 - oUtUbro / NovEmbro / dEzEmbro Tema central: O cenário nacional do setor de saneamento Com destaque para o balanço do primeiro ano do novo governo em investimentos no setor, implantação do Plano Nacional de Saneamento e Plano Nacional de Resíduos Sólidos nos municípios brasileiros. Fechamento: dezembro 2015 / circulação: janeiro 2016 (anúncios até 15.12)

A revista Saneas é uma publicação da:

CoNtAto dE pUblICIdAdE:

AESAbESp - pAulo olivEirA TEl: 11 3263 0484 - 11 97515 4627 paulo.oliveira@aesabesp.org.br


Editorial Prezado (a)s Amigo (a)s É com imensa satisfação que trazemos nesta edição de nossa revista SANEAS a cobertura completa do 25º Encontro Técnico e a Fenasan 2014, cuja realização teve uma importância especial por comemorar os 25 anos de existência destes importantes eventos de nossa Entidade. Aproveitamos, também, para reverenciar e homenagear todas as importantes personalidades que enriqueceram a nossa história neste setor tão importante para o desenvolvimento de nosso país. Ao atingirmos um público recorde de 17.000 participantes, com profissionais técnicos e expositores de todos os estados brasileiros e também de diversos países, como Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela, acompanhamos, mais uma vez, a consagração desse nosso evento, como um dos mais importantes da América Latina na área de saneamento ambiental. E por estar a AESabesp sempre voltada às grandes questões da tecnologia, essa edição também tematiza um dos processos mais significativos no universo da inovação tecnológica: o emprego de processos de automação no saneamento, descrevendo sua história e sua importância para a sociedade moderna, com entrevistas e artigos de grandes especialistas. No âmbito social, a AESabesp também volta o seu olhar para as necessidades básicas da comunidade, com um excelente artigo sobre como se captar recursos no setor de saneamento, na sessão “Visão de Mercado”. Estamos certos de que com estas informações estaremos ainda mais preparados para o uso adequado e racional da água, para o reuso, operações de sistemas de produção e minimização de perdas, entre outras capacitações prioritárias para as atuais condições hídricas de várias regiões de nosso país, inclusive por meio de várias visitas técnicas efetuadas nas últimas semanas. Finalmente, afirmamos nossa certeza que esta edição da Revista SANEAS abrange uma diversidade de interesses que permitem à AESabesp cumprir seu dever de realizar e informar o seu público, tão cativo e atuante e desejar, em nome de nossa diretoria, um excelente Natal e um ótimo 2015 a todos. Um grande abraço e boa leitura! Eng. Reynaldo E. Young Ribeiro Presidente da AESabesp

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Índice

Expediente Saneas é uma publicação técnica da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 10.000 exemplares Diretoria Executiva Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro Vice-presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges 1º Secretário: João Augusto Poeta 2º Secretário: Aram Kemechiam 1º Diretor Financeiro: Walter Antonio Orsatti 2º Diretor Financeiro: Nelson Cesar Menetti Diretoria Adjunta Cultural: Sonia Maria Nogueira e Silva Esportes: Evandro Nunes de Oliveira Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Polos: Antônio Carlos Gianotti Projetos Socioambientais: Maria Aparecida Silva de Paula Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs Conselho Deliberativo Antonio Carlos Gianotti, Benemar Movikawa Tarifa, Carlos Alberto de Carvalho, Cid Barbosa Lima Junior, Dejair José Zampieri, Evandro Nunes de Oliveira, Gilberto Alves Martins, Iara Regina Soares Chao, Ivan Norberto Borghi, Luciomar Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Sonia Maria Nogueira e Silva Conselho Fiscal Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Nelson Luiz Stabile Conselho Editorial - Jornal AESabesp e Revista Saneas Coordenador: Luciomar Santos Werneck Colaboradores: Luiz Yukishigue Narimatsu, Nivaldo Rodrigues da Costa Jr e Paula Rosolino

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matéria Especial

25º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2014

Matéria tema Águas passadas que moveram os moinhos da história da automação

12 entrevista Os benefícios dos processos de automação ao saneamento artigos técnicos 19 Automação e Conservação de Energia no Saneamento Gestão e Modelagem Hidráulica Online 23 Dispositivos de Proteção contra Surtos 25 Ponto de Vista Além de um momento de crise 26 visão de mercado Como acessar recursos para projetos públicos e privados para saneamento e preservação ambiental 47 Acontece no setor 49 Projetos Socioambientais Vantagens de participação do Prêmio AESabesp e do Prêmio Jovem Profissional 53 Vivências Roberto Fumio Hatakeyama, o nosso vice-rei do trekking

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CoordenadorA de Assuntos Tecnológicos Marcia de Araújo Barbosa Nunes Comissão Organizadora do 26º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2015 Presidente da Comissão: Gilberto Alves Martins Coordenador da FENASAN: Olavo Alberto Prates Sachs Coordenadora do Encontro Técnico AESabesp: Sonia Maria Nogueira e Silva Membros da Comissão: Antonio Carlos Roda Menezes, Iara Regina Chao, Ivan Norberto Borghi, João Augusto Poeta, Maria Aparecida S. Paula, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, Rodrigo Pereira de Mendonça, Tarcisio Luiz Nagatani, Walter Antonio Orsatti Equipe de Apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson POlos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos da RMSP: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Claudia Bittencourt Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Aurelindo Rosa dos Santos Polo AESabesp Ponte Pequena: Alisson Gomes de Moraes Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti POlos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Sidney Morgado da Costa Polo AESabesp Franca: Mizue Terada Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Lins: Marco Aurélio Saraiva Chakur Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade – MTb. 16081 REDAÇÃO Ednaldo Sandim e Lúcia Andrade PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Neopix Design neopix@neopixdesign.com.br | www.neopixdesign.com.br Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br

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matéria tema

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matéria tema O moinho hidráulico espalhou-se pela Europa Ocidental proporcionando o aumento da produção de alimentos. A título de comparação, um moinho era capaz de substituir o trabalho de dez a vinte homens. Daí por diante o conhecimento tem sido utilizado para desenvolver tecnologias que aliviem o ser humano de suas atividades braçais. Em 1712 o inventor inglês Thomas Newcomen instalou a sua primeira máquina para drenar a água acumulada nas minas de carvão em Staffordshire (Inglaterra), pois as minas ficavam inundadas. O motor de Newcomen foi usado por muitos anos e teve um grande uso nos distritos mineiros, particularmente na Cornualha, e também foi aplicado para drenar zonas pantanosas e para levar água às cidades. Quando ele morreu em 5 de agosto de 1729 havia aproximadamente umas 100 máquinas na Inglaterra e espalhadas pela Europa. Em 1765, James Watt, mecânico escocês, aperfeiçoou o modelo de Newcomen e a máquina a vapor se tornou mais eficiente, com a implantação do regulador de velocidade. Este seu invento deflagrou a Revolução Industrial e serviu de base para a mecanização de toda a indústria. Assim, estava criado o sistema que unia as tecnologias pneumática e hidráulica. Em 1814 o inglês George Stephenson revolucionou os transportes com a invenção da locomotiva a vapor. A Revolução Industrial, ocorrida a partir da segunda metade do século XVIII, é considerada o grande marco da substituição do trabalho braçal por máquinas que executavam a mesma tarefa com maior eficiência e qualidade, a Revolução acelerou o processo

de transformação e desenvolvimento de tecnologias. As melhorias desenvolvidas por Watt influenciaram a tal ponto o desenvolvimento do parque fabril da época que levaram o filósofo alemão Karl Marx a considerar a máquina a vapor como o item mais importante da grande indústria. As companhias de fabricação têxtil foram as mais afetadas. Nesse primeiro período, no entanto, somente Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra se igualavam em capacidade de produção. Em meados do século XIX surgiram as primeiras máquinas movidas a eletricidade. Fruto da inteligência e dos esforços de vários pesquisadores – entre eles André Marie Ampère e Michael Faraday – que estudaram a utilização da eletricidade e do magnetismo, foram, em conjunto, desenvolvidos motores que, conectados a sistemas elétricos, acionavam alavancas. Esse tipo de motor começou a ficar obsoleto já no final do século XIX, quando surgiram as máquinas que utilizavam a corrente elétrica em circulação em condutores para interagir com o campo magnético gerado por imãs ou eletroímãs. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe grandes avanços no campo tecnológico e contribuiu com o desenvolvimento do controle automático utilizado nos sistemas para lançamento de mísseis.

O Conceito de Automação Apenas em 1946, nas fábricas automotivas nos Estados Unidos é que foi estabelecido o conceito de automação e, atualmente, o termo descreve qualquer

Fábricas automotivas onde estabeleceu-se o conceito de automação

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matéria tema A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe grandes avanços no campo tecnológico e contribuiu com o desenvolvimento do controle automático utilizado nos sistemas para lançamento de mísseis. sistema que utilize computação e que substitua o trabalho humano com o intuito de aumentar a velocidade e a qualidade dos processos produtivos, a segurança de equipamentos e pessoas, além de obter maior controle, planejamento e flexibilização da produção. O transistor, criado em 1947, ajudou a estimular o desenvolvimento da automação, pois se tratava de um componente eletrônico capaz de controlar a passagem da corrente elétrica em determinados sistemas. Tanto que o desenvolvimento dos primeiros computadores industriais só foi possível graças ao uso do transistor e ao desenvolvimento da eletrônica. Apesar disso, o microprocessamento só foi ser comercializado a partir dos anos 1960, período em que surgem os primeiros robôs mecânicos e começam a ser incorporados os sistemas de microprocessamento unindo-se às tecnologias mecânicas e elétricas. Nesse período e até o final da década de 1960, a produção automobilística acontecia em massa, com rapidez e qualidade, mas eram poucas as opções dadas aos clientes, pois não havia flexibilidade na linha de produção. Embora fosse possível ao cliente, por exemplo, escolher acessórios específicos ou uma cor de sua preferência, poderia levar muitos meses até que o veículo fosse entregue. Foi somente em 1968 que a empresa Allen-Bradley, a pedido da General Motors (GM), norte americana, desenvolveu um produto que permitiu maior versatilidade na linha de produção. A empresa, que até então fabricava contatores e dispositivos elétricos, desenvolveu um equipamento chamado Controlador Lógico Programável (CLP), que substituiu os antigos relés e permitiu fazer modificações rápidas no processo produtivo. Enquanto os sistemas a relés implicavam em modificações na montagem dos equipamentos e, muitas vezes, substituição dos hardwares, com o CLP, para realizar alterações bastava mudar sua programação. Com o CLP incorporado a planta da GM em 1969, Estados Unidos e Europa foram os primeiros a

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se beneficiar com a tecnologia que apenas nos anos 1980 chegou ao Brasil. Os CLPs são dispositivos digitais que possibilitam o controle do processo fabril por meio de uma memória programável que agrega os comandos que devem ser repassadas para as máquinas responsáveis pela produção industrial. Conforme o CLP foi sendo introduzido nas indústrias, evoluiu e adquiriu outras funções. Atualmente é capaz de realizar funções de sequenciamento, temporização, contagem, energização/desenergização e manipulação de dados, regulação PID (Proportional Integrator-Differentiator), lógica fuzzy, entre outras. Possuidores de linguagem amigável, os CLPs podem ser programados por meio de computadores e se suportam os ambientes industriais, mesmo aqueles mais hostis. Os CLPs caracterizavam-se nas práticas industriais por: 1. Robustez adequada aos ambientes industriais; 2. Programação por meio de computadores pessoais; 3. Linguagens amigáveis para o projetista de automação de eventos discretos; 4. Permitir tanto o controle lógico como dinâmico; 5. Incluir modelos capazes de conexões em grandes redes de dados. Um controlador lógico programável automatiza uma grande quantidade de ações com precisão, confiabilidade, rapidez e investimento relativamente baixo. Informações de entrada são analisadas, decisões são tomadas, comandos são transmitidos, tudo simultaneamente ao desdobramento do processo. A princípio a automação foi aplicada nas indústrias automobilísticas e petroquímicas. Atualmente a tecnologia encontra-se disseminada não só em outras áreas, como indústrias alimentícia, química, petroquímica, siderúrgica, automotiva e associadas (pneus, borracha, etc.), mas também no dia a dia dos indivíduos. Do elevador ao semáforo, do micro-ondas ao celular, dos automóveis aos terminais bancários e por aí vai.

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matéria tema Pirâmide da Automação

Administração de recursos da empresa. Neste nível encontram-se os softwares para gestão de vendas financeiras

Nível responsável pela programação e pelo planejamento da produção, realizando o controle e logística de suprimentos

Nível 5: Gerenciamento corporativo Mainframe

Ethernet MAC TCP/IP

Nível 4: Gerenciamento de planta Workstation

Ethernet MAC TCP/IP

Nível 3: Supervisão Workstation, PC, IHM

Permite a supervisão do processo. Normalmente possui banco de dados com informações relativas ao processo

ControNet Profibus FMS Fieldbus HSE Nível 2: Controle CLP, PC, CNC, SDCD

Nível onde se encontram os equipamentos que executam o controle automático das atividades da planta

Nível das máquenas, dos dispositivos e dos componentes da planta

Fieldbus H1 CAN Profibus DP, PA Hart Asl LonWorks InterBus

Nível 1: Dispositivos de campo, sensores e atuadores Sensores digitais e analógicos

Fonte: “Engenharia de Automação Industrial”, Cícero Couto de Moraes e Plínio de Lauro Castrucci.

A Pirâmide da Automação A “pirâmide da automação” surgiu na década de 1980. Ela divide em níveis os equipamentos envolvidos nessa tecnologia de acordo com sua atuação na indústria e mostra como as informações são filtradas do nível 1 (base) até chegar ao nível 5 (topo). Correspondendo às ordens vindas dos níveis administrativos (4 e 5) ocorre a retransmissão para o nível 3, que garante que as tarefas sejam realizadas pelos níveis operacionais. A pirâmide da automação atualmente baseia-se no modelo acima. A maior diferença entre a atual pirâmide e a utilizada nos anos 1980 é que os níveis 1 e 2 (gerenciamentos corporativo e de planta) não eram integrados aos níveis 4 e 5 (controle e dispositivos de campo) através do nível 3 (supervisão). Assim, as informações técnicas sobre a produção obtidas nos níveis 1 e 2 precisavam ser elucidadas para os níveis administrativos por meio de relatórios.

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De igual maneira, controladores de mesmo nível na pirâmide não dividiam nenhum tipo de informação, o que restringia os ganhos da automação, pois só haviam computadores no nível 4 da tecnologia. Para integrar dados para análise ou para melhora do processo produtivo era preciso utilizar-se de relatórios quilométricos. Somente nos anos 1980, quando surgiram as redes de comunicação é que, pela primeira vez, os equipamentos de diversos níveis da automação puderam permutar dados. Apesar do surgimento das redes de comunicação, a comunicação era restrita a equipamentos de uma mesma marca, pois cada desenvolvedor tinha seu próprio sistema. A interoperabilidade ou integração de linguagens, só surgiu em 1993 com a publicação da norma IEC 61131-3, que padronizou a programação de controle industrial e, posteriormente, com a introdução da ISA 95, que é o padrão internacional para integração de empresas e sistemas de controle.

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matéria tema Hoje, além da integração entre os níveis operacionais e administrativos, também é possível integrar pirâmides distintas, assim, diferentes indústrias de um mesmo grupo, por exemplo, podem se comunicar. Atualmente há a comunicação wireless, mas só é utilizada para transmissão de dados entre computadores. A rede wireless HART (Highway Addressable Remote Transducer Protocol) não é muito aplicada porque, apesar de ser confiável, é muito lenta. A transmissão via cabos entre o CLP e a IHM, por exemplo, leva milissegundos, enquanto via wireless HART pode levar até 15 segundos, uma diferença de tempo que, em um processo industrial, pode ser de grande impacto.

Por dentro da Pirâmide A arquitetura da automação industrial pode ser, como dissemos, disposta em forma de pirâmide, também chamada de planta industrial. Os níveis então podem ser dispostos de tal forma, para que exerçam suas funções nessa ordem: Nível 1: é o nível das maquinas, dispositivos e componentes, também chamado de “chão de fábrica”, pois é o nível em que estão as máquinas diretamente responsáveis pela produção. É composto principalmente por relés, sensores digitais e analógicos, inversores de frequência, conversores, sistemas de partida e Centro de Controle de Motores (CCMs). Nível 2: é o nível dos controladores digitais, dinâmicos e lógicos e de algum tipo de supervisão. Aqui se encontram concentradores de informações sobre o nível 1, e as interfaces entre homem e máquina. Ele é

responsável pelo controle de todos os equipamentos de automação do nível 1 e engloba os controladores digitais, dinâmicos e lógicos, como os CLPs, e de supervisão associada ao processo fabril. Esses equipamentos também são responsáveis por repassar os comandos dos níveis superiores para as máquinas da planta da fábrica (nível 1). São os CLPs que “delegam” as tarefas para os equipamentos do nível 1. Nível 3: permite o controle do processo produtivo; normalmente é constituído por bancos de dados com informações com os índices de qualidade da produção, relatórios e estatística de processos. Os sistemas supervisórios concentram as informações passadas pelos equipamentos dos níveis 1 e 2 e as repassam para os níveis administrativos (níveis 4 e 5). Nível 4: é o nível responsável pela programação e planejamento da produção, realizando controle e a logística dos suprimentos, ou seja, passando as tarefas que devem ser realizadas para o nível 3 que, por sua vez, distribui o trabalho para os níveis inferiores. Também é o nível responsável pelo controle e logística de suprimentos. Nível 5: é o nível responsável pela administração dos recursos da empresa, em que se encontram os softwers para gestão de vendas e financeira; é também onde se realizam a decisão e o gerenciamento de todo o sistema. Grande capacidade de memória para o armazenamento de dados e alto poder de processamento são características fundamentais aos computadores localizados nos níveis 4 e 5 que precisam ser altamente confiáveis e possuir acesso restrito para garantir a segurança de todo o sistema de automação. As mais recentes tecnologias para automação do nível 3 são o Manufactory Execution Sistem (MES), sistema de gerenciamento de operações, e o Enterprise Resource Planning (ERP), programa que realiza o planejamento de negócios e logística.

CLP: o Cérebro de Comando Se comparássemos os CLP utilizado hoje com os pioneiros da década de 1960 perceberíamos algumas importantes diferenças: Controlador Lógico Programável (CLP) moderno

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matéria tema tamanho reduzido, maior quantidade de funções desempenhadas e maior capacidade de processamento de dados. Atualmente, o CLP pode até assumir funções de outros equipamentos do nível 1, caso estes venham a sofrer algum tipo de pane. A atuação do CLP pode ser complementada utilizando-se um sistema de supervisão Supervisory Control and Data Acquisition (SCADA), que também faz parte do nível 2. O sistema produtivo é visualizado em uma tela específica pela Interface Homem-Máquina (IHM), ou quando as informações são repassadas diretamente para um computador SCADA compondo o sistema supervisório. Antes, porém, do desenvolvimento dos sistemas supervisórios, os dados do nível 1 podiam ser visualizados em quadros sinóticos, nos quais o funcionamento adequado das máquinas era mostrado por meio de Leds e lâmpadas que sinalizavam a operação dos equipamentos.

Hoje, em substituição ao CLP e ao Scada, há como alternativa o Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD), que agrega as funções tanto do software quanto do hardware. O SDCD foi, a princípio, aplicado em indústrias de processos, como a petrolífera, a custos bem mais elevados que o CLP, que, por sua vez, era mais utilizado por empresas automotivas. Essa diferenciação não ocorre mais, de forma que os CLPs realizam muitas das tarefas executadas pelo SDCD. Hoje emprega-se tanto o SCDC quanto o CLP no processo e até mesmo os dois conjuntamente. Em 2002 surgiu outra substituição ao CLP, o Programmable Automation Controler (PAC), que executa ainda mais funções que o primeiro e é capaz de trocar informações com diversos equipamentos da pirâmide e executar programas complexos. A proposta desse equipamento era realizar as mesmas funções de um SDCD, mas com o preço e a simplicidade do CLP.

Automatizar é preciso A automação é um sistema que emprega processos automáticos que comandam e controlam os mecanismos para seu próprio funcionamento. Do latim automatus que significa mover-se por si, ou seja, está di-

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retamente ligada à ideia das máquinas, que agilizam as tarefas quase sempre sem a interferência. O fator humano está sujeito a uma alta variabilidade de resultados, com a introdução da auto-

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matéria tema mação há a minimização dessa variabilidade, ou seja, há a repetição de processos, mas a qualidade é assegurada. A superioridade da automação reside na capacidade de se produzir mais produtos, em menor tempo e com maior qualidade e ainda otimizar os processos usando os equipamentos responsáveis pela produção, de forma a obter uma melhor performance e diminuir a carga em horários em que a energia é mais cara, o que representa economia. Um bom exemplo da utilidade da automação é a situação seguinte: Suponhamos que haja o desabastecimento inesperado de energia. O CLP (que delega as orientações para os demais equipamentos e consegue diagnosticar problemas mesmo antes da interrupção da operação) pode estar programado para que cargas vitais continuem a receber alimentação por meio de geradores ou de fontes alternativas. Como os geradores podem levar até dez segundos para entrar em operação e certos processos não podem ser interrompidos, a automação supervisionaria nobreaks a fim de garantir a manutenção das cargas até que os geradores entrassem em operação. Algumas práticas de melhoria de processos só foram possíveis graças à automação. É o caso, por exemplo do Six Sigma que se concentra na melhoria da qualidade (por exemplo, redução do desperdício) ao ajudar as organizações a produzir de forma melhor, mais rápida e mais econômica. Em termos tradicionais, o Six Sigma focaliza a prevenção de defeitos, a redução dos tempos de ciclo e a economia de custos. As empresas que seguem esse modelo de qualidade garantem apenas um defeito a cada um bilhão de produtos fabricados, padrão este de qualidade inserido no Brasil há cerca de15 anos. Outro item que pode ser beneficiado com a implantação de processos automatizados é a manutenção, já que, com o monitoramento completo das máquinas, é possível verificar seu funcionamento e realizar os programas de manutenção preditiva. Antes da automação as manutenções predominantes eram a corretiva e a preventiva. No caso desta última houve grande aperfeiçoamento. Antes da automação, os equipamentos tinham seu funcionamento interrompido periodica-

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mente para que suas peças fossem trocadas, mesmo que ainda não apresentassem problema.

Questionamentos em torno do alto emprego da automação Entre as desvantagens da automação é que, ao realizá-la, problemas inesperados podem ocorrer e, caso não sejam previstos antecipadamente, a intervenção humana pode não ser admitida, levando a equívocos ou outras consequências mais sérias. Quando se fala em automação há também a dúvida sobre o eventual aumento do desemprego. Mas, segundo especialistas, não há demissões em massa e sim uma mudança no perfil naquela atividade, ou seja, uma vez que a programação continua sendo humana, mas a atuação não é mais, há a necessidade de atualização dos profissionais envolvidos nesta área de forma que consigam acompanhar a evolução das novas tecnologias. Outro ponto importante se refere ao investimento necessário. Cada parque industrial possui suas especificidades que necessitam de soluções particulares, portanto, o investimento na tecnologia dependerá do tipo e da amplitude da automação. Estima-se, porém que o retorno do investimento ocorra entre três e cinco anos. A principal fonte desse retorno é a queda no custo de fabricação com o aumento da produção. Isso permite que a indústria possa optar entre o aumento de sua margem de lucro sobre cada mercadoria ou a redução de seu preço com o aumento das vendas. Em 90% dos casos, a manutenção da automação é feita pelos próprios funcionários da indústria anualmente, que são devidamente treinados pela empresa responsável pela automatização. Os equipamentos e os softwares responsáveis pela automação, devem ser trocados em média a cada cinco anos.

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entrevista

Os benefícios dos processos de automação ao saneamento Para discorrer sobre os processos de automação no setor de saneamento, a Revista Saneas entrevistou o eng. Alex Orellana, gerente do Departamento de Engenharia da Operação da Sabesp, integrada à Superintendência de Desenvolvimento Operacional, unidade responsável por estabelecer diretrizes e padrões corporativos para tecnologia e processos de automação de sistemas de água e esgoto, desenvolver estudos para melhoria dos processos de operação dos sistemas de água e esgoto, bem como estruturar programas para melhoria da eficiência operacional, de capacitação dos profissionais da operação dos sistemas de água e esgoto, entre outros. Profissional da Sabesp desde 1992, Orellana também é mestre em Engenharia Civil – Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais pela Universidade de Campinas - Unicamp; Engenheiro de Produção Mecânica, pelo Centro Universitário Nove de Julho; Tecnólogo em Mecânica – Processos de Produção, pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo.

Saneas: Qual é a influência da tecnologia da automação para a atual realidade dos serviços de saneamento? Alex Orellana: Os serviços de saneamento são um dos primeiros e mais importantes serviços prestados à sociedade e as exigências em relação à qualidade da prestação desses serviços é cada vez maior, sendo que o setor é atualmente regulado e fiscalizado por agências reguladoras governamentais. De acordo com a pesquisa anual de satisfação dos clientes, edição 2013 da Sabesp, os serviços que mais incomodam quando faltam ou não funcionam direito são respectivamente o fornecimento de água, o fornecimento de energia elétrica e a coleta de esgoto, dentre um rol de oito tipos de serviços pesquisados. As empresas de saneamento, por características operacionais, possuem seus diversos serviços e ativos operacionais espalhados dentro de uma extensa área geográfica, aumentando o grau de dificuldade para a eficiente gestão de seus processos. A gestão eficiente neste setor é fundamental para garantir a sustentabilidade do saneamento. A tecnologia da automação (TA) é uma das ferramentas que auxiliam os gestores na tomada de decisão de forma bastante eficiente. De uma forma geral, na automação dos processos de saneamento, a exemplo do que acontece

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nas áreas de manufatura e na indústria de processos, o foco deve ser o negócio. A tecnologia da automação está presente nas várias etapas do negócio, partindo da medição das variáveis de interesse: nível, vazão, pressão, turbidez, entre outras, passando pelo processamento dos dados para a geração de informações úteis à operação e à manutenção, até chegar à produção de uma visão analítica integrada que permita uma tomada de decisão gerencial e assertiva. Portanto, permitindo uma melhora significativa na gestão dos serviços prestados no saneamento. Saneas: É possível mensurarmos qual é o ranking de automação no saneamento, no mundo, no Brasil e na Sabesp? Alex Orellana: Desconheço a existência de um ranking de automação no saneamento, acredito que o Brasil apresenta certo atraso em relação a outros países, em função da reserva de mercado de informática, somado à abertura comercial, que permitiu a importação de máquinas, equipamentos e tecnologia que antes não podiam chegar aqui, que somente chegou ao fim na década de 90. Por esse motivo, acredito que nos países desenvolvidos a automação esteja em um nível mais avançado, sobretudo no setor de saneamento, no caso da Europa, América

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entrevista do Norte e Ásia. No Brasil, o setor de saneamento encontra-se mais atrasado com relação a automação, se comparado com outros setores, como a energia elétrica, petroquímica, automobilística e manufatura. Há diferenças no nível de investimento em automação, devido a necessidade de priorização dos investimentos, pois o investimento em automação concorre com os investimentos necessários na implantação e ampliação da infraestrutura de saneamento, que também ainda está muito atrasada em grande parte do Brasil. Em relação à Sabesp, no desenvolvimento do escopo do Plano Diretor de Automação - PDA está prevista a análise crítica do nível atual de automação da empresa e a definição de uma metodologia para a tomada de decisão do nível de automação a ser implantada, baseada na estruturação da Gestão da Automação, composta por política, estratégia e objetivos, e na definição de critérios de priorização de investimentos e despesas. Introduzimos este conceito no escopo do PDA, pois entendemos que nem sempre buscar o estado da arte, neste caso na automação, pode ser o mais adequado e sim ter clareza de qual é o nível de automação mais adequado para as necessidades e características da Sabesp. Saneas: Vivemos um período de escassez hídrica, muito tem sido dito sob a necessidade da redução das perdas físicas de água. Como a automação pode ser aplicada ao controle e redução das perdas em sistemas de abastecimento de água? Alex Orellana: A água é uma commodity cada vez mais valorizada no planeta e sua disponibilidade está cada vez mais escassa. Exigindo de seus gestores uma maior capacidade de gerenciamento e otimização de todo o processo. A Tecnologia da Automação pode ser empregada também na identificação de problemas para melhor tomada de decisão. Na redução de perdas físicas, a automação permite conhecer o comportamento do sistema, em tempo real e também formar um banco de dados histórico, permitindo ações focadas nas características do sistema e mais rápidas pelo seu gestor, em caso de uma anormalidade do sistema. A aplicação da tecnologia da automação na redução das perdas

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físicas é uma realidade na Sabesp e no setor de saneamento. Esta aplicação permeia desde a utilização de sistemas de supervisão e controle que auxiliam na gestão dos processos de adução, reservação e distribuição de água, evitando extravazamentos e transientes hidráulicos entre outros, nas estações de bombeamento (boosters) onde a utilização de conversores de frequência e CPLs permitem a modulação da pressão de recalque de acordo com o consumo ao longo do dia, evitando a ocorrência de sobrepressões no período noturno, na utilização de controladores eletrônicos associados às válvulas redutoras de pressão, onde é possível estabelecer uma eficiente modulação da pressão nas redes de distribuição ao longo do dia, disponibilizando a pressão adequada para cada ponto da curva de consumo da área, esta modulação de pressão é um dos instrumentos mais importantes na redução das perdas físicas. E mais recentemente a Sabesp iniciou o processo para implantação de Distritos de Medição e Controle – DMC, ação prevista no Programa Corporativo de Redução de Perdas, nestes casos as áreas sob controle serão equipadas com medidores de vazão eletromagnéticos e dataloggers com comunicação GPRS para armazenamento e transmissão dos dados de vazão e pressão, inclusive do ponto crítico, para um banco de dados padronizado que alimentará um aplicativo de gestão dos dados operacionais, indicando a ocorrência de problemas e tendências. Sem a aplicação da tecnologia da automação este nível de controle do sistema de abastecimento não seria possível. Saneas: Ainda com relação ao período de estiagem, a população tem sido conclamada a economizar, como a automação pode ser aplicada ao uso racional em residências, prédios comerciais e áreas públicas com vistas ao uso racional? Alex Orellana: A automação pode contribuir com a disponibilidade, tempo real, transparência e assertividade dos dados do processo. Por exemplo, o sistema de telemedição da Sabesp implementado atualmente, que é uma solução integrada para gestão do consumo de água que permite o controle e a tomada de ações remotas para evitar o desperdício e reduzir custos para

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entrevista o cliente. Através do acesso “on-line” é possível analisar o desempenho e o comportamento dos hidrômetros instalados e tomar ações em tempo real (24h ininterruptamente) para detectar possíveis anomalias no sistema de abastecimento da edificação. O produto é aplicável nos segmentos: industrial, comercial, residencial e também para a gestão de equipamentos do setor de saneamento. Com o sistema de monitoramento de hidrômetros por telemedição é possível realizar a gestão do consumo de água, avaliar as vazões noturnas, identificar vazamentos e picos de consumo, permitindo à empresa de saneamento a readequação do hidrômetro e ao cliente a identificação de vazamentos em suas instalações. A telemedição favorece a redução das perdas por vazamentos e possibilita a rápida tomada de ações corretivas em um curto espaço de tempo. A tecnologia utilizada para a transmissão de dados da unidade remota de telemedição está entre as mais avançadas do mercado de telecomunicação.

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Saneas: É possível mensurar a economia de um sistema de abastecimento de água automatizado em comparação a um sistema convencional? De que forma? Alex Orellana: Sim, é possível mensurar a economia gerada pela automação de um sistema em comparação a um sistema convencional. Porém, essa mensuração não é simples, não se trata apenas da relação entre o investimento em automação e a redução direta dos custos operacionais, essa relação custo-benefício deve levar em consideração diversos fatores e inicia-se na especificação e dimensionamento do sistema de automação mais adequado a necessidade do processo, evitando-se refinamentos excessivos que encarecem a automação e não agregam valor equivalente ao investimento. Dentre os principais fatores para mensurar os ganhos com automação de processos, pode-se elencar a redução dos custos de produção e operação; a rápida resposta às necessidades ou distúrbios da produção ou processo; a redução

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entrevista no volume, tamanho e custo dos equipamentos; o restabelecimento mais rápido do sistema produtivo ou do processo; a repetibilidade e maior qualidade na produção ou processo. Também a possibilidade de introdução de sistemas produtivos ou processos interligados, com maior volume de informação gerada, possibilitando sua gestão global. Além dos benefícios citados anteriormente, é possível citar os resultados intangíveis que um processo automatizado possibilita: menor tempo na obtenção das informações do processo; menor retrabalho no processo automatizado; menor divergências nas informações; maior segurança na tomada de decisão;maior padronização de processo; maior confiabilidade nas informações;aumento na segurança dos processos operacionais. Portanto, esses são alguns itens que proporciona a economia de um processo automatizado que podemos mensurar, comparando com um processo convencional. Saneas: Com relação ao tratamento de água, quais processos são hoje automatizados na Sabesp? Alex Orellana: A Sabesp possui em seu parque de instalações operacionais, ETAs dos mais variados portes, desde unidades com vazões inferiores a 0,1 m3/s até 33 m3/s. Normalmente há duas arquiteturas de controle utilizadas: uma para instalações pequenas e médias, onde um CLP é responsável por cerca de cinco malhas da ETA e outra para grandes instalações onde cada processo unitário pode ser controlado por um CLP, existindo um dispositivo mestre responsável pela integração de todos os processos. Os principais controles automatizados são: ■■ Chegada de água Bruta - qualidade, e vazão; ■■ Dosagem de produtos químicos - controle e monitoramento; ■■ Estocagem de produtos químicos - monitoramento; ■■ Filtros, lavagem, variáveis de controle, etc; ■■ Sistema de Recuperação de Água de Lavagem monitoramento e controle; ■■ Controle de demanda de energia elétrica, (subestações); ■■ Lodo - Controles de geração, remoção, desidratação e envio;

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■■ Estações Elevatórias - em todas as suas variáveis e controles; ■■ Controle das etapas intermediarias e finais do processo, monitoramento e controle das variáveis de processo, dosagens, correções Finais, níveis de reservatórios, vazão, etc. Esses são exemplos de subsistemas que estão automatizados dentro de um processo de tratamento de água. Saneas: Quais processos na Sabesp devem se beneficiar com a automação e porquê? Alex Orellana: A aplicação da automação na Sabesp, como em qualquer outro setor, ocorreu para ser fundamentalmente uma ferramenta de auxílio na sua sustentabilidade financeira, otimizando recursos com uma, consequente maior eficiência dos processos. Na medida em que a tecnologia da automação transitou de uma funcionalidade meramente operacional para também ser uma ferramenta de gestão do negócio, a Tecnologia de Automação beneficiará todo ciclo do saneamento, ou seja, todos os processos operacionais (captação, tratamento, distribuição, consumo, coleta e interceptação, tratamento esgoto e reuso). Vale ressaltar que acreditamos que um importante beneficiário com a automação é o grupo composto pelas pessoas ligadas à gestão dos processos, que terão os dados mais embasados e em tempo real para melhor gerenciamento e tomada de decisão. Saneas: O que compõe o PDA, Plano Diretor de Automação da Sabesp? Alex Orellana: O grande desafio do PDA é estabelecer diretrizes e viabilizar a implantação integrada da Tecnologia da Automação na Sabesp. Sua implementação terá a participação de praticamente todas as Unidades de Negócio, desde a consulta a alta administração, nível gerencial e o corpo técnico para a contribuição do desenvolvimento do Escopo estabelecido no Edital. A ideia é desenvolver o programa junto com as Unidades de Negócio e com apoio de uma consultoria especializada. Fazem parte do escopo do PDA os seguintes tópicos:

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entrevista ■■ Realização de Análise Crítica da Situação da Automação na SABESP. ■■ Estruturação da Gestão da Automação: política, estratégia, objetivos e procedimentos; ■■ Elaboração de Redesenho de processos; ■■ Estruturação de Matriz de Responsabilidades; ■■ Desenvolvimento de Plano de Adequações Futuras de Processos; ■■ Definição de Perfil e Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Automação; ■■ Definição de Critérios de Priorização de Investimentos/Despesas; ■■ Definição de Metodologia para tomada de decisão do nível de automação a ser implantado; ■■ Definição de Metodologia para Avaliação de Projetos; ■■ Definição de Padrões Técnicos ■■ Estruturação de Plano de Capacitação; ■■ Elaboração de Programa Corporativo de Automação; ■■ Elaboração de Especificações Técnicas para implantação de Projetos de Automação de elevado e rápido retorno (“quick-wins”) Saneas: Em qual estágio encontra-se hoje o PDA? Alex Orellana: Estamos na fase de composição orçamentária, o processo licitatório para contratação de uma consultoria especializada ocorrerá no fim de 2014 e início de 2015. O PDA tem duração prevista em 18 meses, ou seja, deverá ser concluído no final de 2016. Saneas: Toda tecnologia traz consigo melhorias significativas na gestão e na qualidade dos processos aos quais se relacionam, há, porém alguns ônus, como alto investimento, necessidade de mão de obra especializada, etc. O que está previsto no PDA para mitigar tais questões? Alex Orellana: Esta é uma questão muito importante e sobre a qual procuramos introduzir conceitos no escopo do PDA. Entendemos que a melhor forma de tornar o PDA um instrumento de fomento da automação na Sabesp é concebe-lo da forma mais racional e realista possível, um dos primeiros produtos do PDA será uma análise crítica do nível da automação na Sabesp em comparação com as melhores práticas

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públicas e correntes de mercado. Esta análise crítica deverá ter foco nos níveis de automação e maturidade da implantação da tecnologia, bem como os processos do ciclo de vida dos ativos de automação. Além disso, deverá enfatizar oportunidades de melhoria e os pontos fortes do parque de automação instalado na SABESP. A partir da análise crítica será desenhado o Modelo de Governança de Automação sendo proposta uma dinâmica de gestão que envolva todo o ciclo de vida dos ativos de automação, visando assim, garantir a qualidade dos projetos, otimizar seus custos e maximizar os ganhos com a utilização desta tecnologia. O Modelo de Governança de Automação será composto pela Política de Automação, com o planejamento estratégico da SABESP e com as demais políticas, pela Estratégia de Automação e pelos Objetivos da Automação. Baseado no Modelo de Governança de Automação serão definidos os Critérios de Priorização de Investimentos, que trata de uma metodologia para subsidiar os gestores da SABESP para a tomada de decisão na priorização dos investimentos em automação e a Metodologia para Tomada de Decisão do Nível de Automação a ser implantado, que trata de uma metodologia e critérios que subsidiem a tomada de decisão do nível de automação adequado para cada instalação operacional a ser implantado. Além do modelo proposto há ganhos quando se implementa um PDA em uma organização, é possível estabelecer um planejamento e um programa que proporciona ganho de escala na compra de hardware e software, o desenvolvimento de projeto estruturante, a valorização e desenvolvimento do corpo técnico, o monitoramento de níveis de serviço e índices de governança e gerenciamento dos ativos. Desta forma, acredito que o PDA implementado de forma adequada possa mitigar o suposto ônus. Saneas: Quais os pontos positivos e negativos enxergados na automação dos sistemas de abastecimento de água? Alex Orellana: De forma geral podemos elencar os seguintes pontos positivos na automação dos sistemas de abastecimento de água: ■■ Maior conhecimento e controle efetivo das vari-

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entrevista áveis dos processos; ■■ Redução dos custos gerais nas atividades da empresa; ■■ Determinação de parâmetros e níveis ótimos de serviços, padronizando procedimentos para toda a empresa; ■■ Acesso rápido às informações necessárias, para todos os níveis da empresa; ■■ Aumento da produtividade, pela eliminação do retrabalho referente às várias entradas das mesmas informações em vários sistemas; ■■ Aumento da qualidade do serviço, especialmente em atendimento de prazos; ■■ Planejamento eficiente e realístico, mais ajustado às reais capacidades da empresa e às suas restrições operacionais. Como pontos negativos na automação dos sistemas de abastecimento de água, podemos citar: ■■ O Sistema de Abastecimento é distribuído e extenso, dificultando a implantação da automação; ■■ O número de pontos de comunicação entre o controle e o sistema de supervisão, denominado na literatura técnica e comercial de TAG, é muito grande, sendo necessário criar sistemas inteligentes para manipular a alta quantidade de informações; ■■ É necessário um esforço muito grande para padronizar os meios de comunicação no processo, que envolve confiabilidade; ■■ É necessário estabelecer um investimento em uma rede de automação segura para garantir a integridade física do dado de campo e do processo; ■■ Estabelecer mudança de cultura dos diversos usuários, a fim de seguir um único caminho; ■■ Estabelecer mudança de cultura para a padronização dos projetos. Saneas: Quando se pensa em saneamento há uma tendência natural de se destacar os sistemas de tratamento e de abastecimento de água, com relação ao esgoto, quais são as aplicações possíveis e quais aquelas que já são implementadas na Sabesp? Alex Orellana: A grande vantagem da tecnologia de Automação é que ela permite ser implementada em qualquer processo, mesmo aquele mais

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insalubre e perigoso. Portanto, na questão do processo de esgoto também é possível a automação de todo o sistema, ou seja, desde a coleta, transporte e tratamento do esgoto. Hoje há uma equipe responsável trabalhando em conjunto com o Departamento de Engenharia da Operação - TOE na melhoria da automação deste processo, uma vez, que os subsistemas se encontram parcialmente automatizados; Estações de Tratamento e Estações Elevatórias de Esgoto. Saneas: De que forma o Projeto SiiS (Sistema Integrado de Informações Sabesp) deverá afetar os sistemas de automação já existentes na Sabesp, como por exemplo, o Signos e o Gedoc? Alex Orellana: Os sistemas de automação não serão afetados pelo Projeto SiiS, está prevista a integração entre os dois sistemas para que as informações pertinentes para a gestão, oriundas dos sistemas de automação, sejam utilizadas pelo SiiS para análises e geração de relatórios e indicadores. Saneas: O Departamento de Engenharia da Operação - TOE está organizando para o dia 24 de novembro um Fórum de Automação. Qual a pauta para esse evento? Alex Orellana: O Departamento de Engenharia da Operação – TOE em parceria com a International Societyof Automation – ISA está organizando um Encontro Técnico no tema: Soluções de Automação para Indústria de Tratamento de Água, Efluentes e Biogás, o evento visa apresentar soluções de instrumentação e de automação dedicadas para o tratamento de água e de efluentes, seja para a área de Saneamento Básico ou área de utilidades de qualquer tipo de indústria de manufatura e de processo. O Público Alvo são técnicos e engenheiros de instrumentação, controle e automação, técnicos e engenheiros de manutenção e gestores de plantas de tratamento de água, efluentes e geração de biogás. O temário do evento conta com os seguintes tópicos: ■■ Panorama sobre a automação na Sabesp e o escopo da contratação do Plano Diretor de Automação; ■■ Analisadores da qualidade in-line na distribuição da água (pH, turbidez, cor, potencial óxido-

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entrevista -redução, DQO via análise de orgânicos) e esgoto (condutividade / DQO via análise de orgânicos); ■■ Diretrizes básicas para a elaboração de um Plano Diretor de Automação–PDA; ■■ Economia de Energia baseado em aplicações com conversores de frequência; ■■ Soluções para calibração de macromedidores e medidores eletromagnéticos;

■■ Gerenciamento de ativos: soluções disponíveis no mercado, abordando a integração desse sistema com o sistema SAP (ERP) e a questão da coleta automática de dados dos sistemas SCADA e CCMs; ■■ Smart Grid: conceitos e aplicações em sistemas de saneamento básico.

Participação técnica da Sabesp na Brazil Automation O engenheiro Marcelo de Souza, do Departamento de Engenharia da Operação (TOE) da Sabesp, representou a tecnologia desenvolvida na Companhia na 18ª edição da Brazil Automation. O evento aconteceu entre os dias 4 e 6 de novembro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo e reuniu empresas nacionais e internacionais que fornecem equipamentos, serviços e tecnologias para empresas consumidoras de automação de controle de processos e manufatura, além de palestrantes de renome. Souza iniciou sua palestra técnica com a abordagem sobre a água como um elemento essencial à vida e fator de vital importância nos processos de desenvolvimento socioeconômico: “é notório e evidente que a preocupação com a água, ou com a falta dela, tem lançado, de forma crescente, desafios às diferentes sociedades e órgãos governamentais”, declarou. Em seu pronunciamento, Souza situou o trabalho por ele apresentado no campo do desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias de automação, como uma nova proposta a ser implementada na gestão do ciclo de saneamento, visando aperfeiçoar o uso dos recursos hídricos e contribuir para o desenvolvimento sustentável. A proposta em questão é constituída por uma arquitetura de hardware e software que integra inteligência artificial, por meio de Sistemas Especialistas (SE) e Sistemas Supervisórios (SS) que atuam em tempo real durante toda operação. O engenheiro ainda demonstrou pelos resultados aferidos que esta nova proposta traz muitos benefícios técnicos e econômicos em comparação ao sistema

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de gestão convencional, atualmente empregado nas empresas de saneamento no Brasil. São eles: maior embasamento na tomada de ações de manutenção, maior rapidez na resposta às perturbações do processo, sistematização dos procedimentos empregados para tomada de decisão, acúmulo de conhecimentos dos especialistas atuantes na condução dos subprocessos do ciclo de saneamento e tomada de decisão automática em tempo real, inclusive em setores ainda não automatizados. Marcelo de Souza é graduado como Engenheiro Eletricista – FESP (2001), possui mestrado(POLI-USP – 2006) e doutorado (POLI-USP - 2011) em Energia e Automação e é professor titular da PUC-SP.

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Automação e Conservação de Energia no Saneamento Gestão e Modelagem Hidráulica Online Marcelo Wicthoff Pessoa é mestre em Engenharia de Produção e Sistemas da SchneiderElectric - Software de Modelagem e Gestão Hidráulica.

Por Marcelo Wicthoff Pessoa Água é um recurso crítico e em 2014 isto ficou bem evidenciado com os problemas gerados pela estiagem no Brasil. Devido ao baixo nível dos reservatórios, muitas companhias de saneamento estão racionando água ou reduzindo os valores de pressões na rede de distribuição. Além disso, muitas companhias de energia tiveram que diminuir a produção de energia gerada por hidrelétricas (maior fonte de geração de energia no Brasil), o que gerou a necessidade de acionar usinas termelétricas, acarretando no aumento do preço da energia elétrica, que no primeiro semestre de 2014 atingiu o valor máximo permitido por lei. Segundo a Agência Nacional de Água – ANA (2012), a média brasileira de perda de água é de 38,8%. Porém algumas empresas de saneamento não possuem sistemas de informação e controle adequados, o que pode indicar um percentual de perda ainda maior. E de acordo com a ABES (2005), cada R$ 1 gasto em conservação de energia, evita R$ 8 de investimento em geração. Além disso, o aumento da eficiência permite que as empresas tenham mais recursos para investir na expansão dos sistemas de água e esgoto. Conforme os estudos da Schneider Electric, os custos de uma companhia de saneamento são altos e aproximadamente 1/3 deste custo é relativo à energia. Geralmente as companhias de saneamento são os maiores clientes das concessionárias locais de energia. O ciclo da água compreende em captação, adução, tratamento e até distribuição e, considerando o consumo típico de energia neste ciclo, aproximadamente 87% se dá por sistemas de bombeamento, sendo que 67% está na distribuição de água,

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conforme gráfico abaixo (algumas empresas de saneamento podem divergir destes valores devido a condições geográficas, como uma captação distante ou por gravidade):

Consumo de energia típico no ciclo da água.

Considerando os fatos citados acima e levando em conta que a água doce é um recurso limitado (sendo o Brasil uma das maiores reservas de água doce do planeta, com 13% do total), o crescimento populacional (projeção de crescimento de 8,5% até 2030) e o desenvolvimento industrial (Brasil faz parte dos BRICS países em desenvolvimento), a redução de perda é uma necessidade tanto social e ambiental como para a eficiência do negócio das empresas de saneamento. E para a redução da perda, a automação é um elemento importante, não só dos nível 1 e 2 da pirâmide de automação que é composta pela instrumentação, acionamentos, controladores e supervisório, mas principalmente o nível 3 com a integração de todo

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artigo técnico o sistema que é formado por um conjunto de softwares como gerenciamento de ativos, modelagem hidráulica, gestão hidráulica, detecção de perda e gestão de energia (o nível 3 depende da automação do nível 1 e 2, mas também pode ser implantada de forma escalonável, começando em pequenas zonas).

Pirâmide com os níveis de automação.

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alguns softwares de modelagem hidráulica deixaram de ser apenas aplicativos de projeto hidráulico (offline)utilizados de vez em quando e assumiram a função de um software de gestão e supervisão hidráulica (online), funcionando em tempo real junto com o sistema SCADA e o sistema comercial e trazendo benefícios para os operadores do centro de controle, operadores de campo, projetistas, equipe de manutenção, gestores de perdas, gerentes, call center e até clientes. O modelo hidráulico é formado pelos elementos da rede de distribuição, como: tubulações, reservatórios, válvulas, estações de bombeamento, medidores de vazão, medidores de pressão, capacidade de reservatórios e a demanda (consumo). As informações sobre estes elementos podem ser construídas diretamente no modelo hidráulico, mas normalmente são importados de arquivos CAD ou de base de dados GIS (do inglês Geographical Information System – Sistema de Informação Geográfica).

Modelagem e gestão hidráulica

Benefícios para operadores

Sem inteligência em tempo real sobre o desempenho operacional, sobre os estados da rede e sobre demanda dos clientes, as concessionárias de água enfrentam o desafio de reagir rapidamente a qualquer mudança nestas condições. Com sistemas SCADA (do inglês Supervisory Control And Data Acquisition – Supervisório de Controle e Aquisição de Dados) é possível o monitoramento parcial da rede, mas eles não oferecem de forma proativa a simulação de impactos sobre a rede de distribuição. Apenas com o SCADA é difícil de responder as seguintes perguntas: Qual é a capacidade da minha rede? Qualo diâmetro da nova tubulação? Posso realizar uma ampliação na rede para um novo loteamento com a mesma infra-estrutura de rede, reservatórios e boosters? Qual é a melhor pressão da minha rede em cada ponto dela? Qual é o melhor setpoint de operação para as VRP (Valvulas Reguladoras de Pressão)? Qual o melhor setpoint de nível dos reservatórios e das bombas? Qual o fluxo de água em uma determinada tubulação durante o dia e a noite? Quais válvulas são necessárias fechar para isolar uma área? Qual a idade da água na tubulação?Para ajudar a responder estas perguntas,

Com a modelagem e gestão hidráulica é mais fácil de entender a rede de distribuição, pois é possível vê-la por inteiro em tamanho reduzido, como se fosse uma maquete do sistema. No entanto, ela é dinâmica com os valores, sendo estes atualizados de forma online. O operador consegue visualizar claramente as pressões em todas as regiões da rede de abastecimento e identificar os pontos com baixa e alta pressão (para o cálculo das pressões não é necessário possuir medidores em toda a rede, pois com apenas alguns medidores é possível calcular a pressão nas outras tubulações). Nas regiões com baixa pressão significa que alguns moradores estão sem água e com alta pressão significa que existe um potencial para reduzir a pressão da rede naquele ponto. Reduzindo a pressão, os vazamentos existentes também são reduzidos, pois a área da fenda de vazamento é a mesma, mas a pressão da água no interior da tubulação é menor, o que diminui a força da água. Com a pressão menor, a probabilidade de novos vazamentos também diminui. Sendo assim, com a redução das pressões e dos vazamentos, obtêm-se economia de energia, por conta da diminuição do bombeamento da água.

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artigo técnico Além da pressão, é possível analisar outras informações como: vazão, velocidade, demanda, nível dos reservatórios, etc. Para evitar erros de operação e melhorar o entendimento do comportamento na rede de distribuição de água, o operador pode simular as operações das manobras de válvulas e mudanças de set points em diferentes horários e cenários. Mesmo após uma falha no processo de abastecimento é possível simular quanto tempo o sistema levará para retornar a sua operação normal. Para isolar uma área basta selecionar, ter uma opção em um determinado ponto da rede que o software identifica quais válvulas devem ser fechadas, identificando, inclusive, os consumidores que serão afetados. Além disso, é possível enviar um SMS ou e-mail para estes consumidores. Os operadores de campo podem utilizar sistemas móveis, como tablets e celulares para a visualização da rede e suas varíaveis (pressão, vazão e etc) ou podem receber alarmes por SMS ou e-mail, reduzindo o tempo de atuação para qualquer variação ou incidente.

Benefícios para projetistas e gestores de perda Com a “maquete” da rede na tela do computador, o projetista consegue dimensionar corretamente a rede, podendo simular e visualizar se a rede existente ou uma ampliação dela está com a pressão e a vazão adequadas ou se é necessário trocar e/ou acrescentar algum item na rede (por exemplo aumentar o diâmetro de uma tubulação existente ou instalar uma VRP). E como o modelo funciona online, os dados de consumo, vazão e pressão sempre estão atualizados o que evita possíveis erros. O modelo ainda pode auxiliar no dimensionamento automático das tubulações, conforme as necessidades de vazões e pressões. Ele ainda calcula a idade da água em cada tubulação, podendo ser utlizado como um parâmetro de projeto. Da mesma forma que o operador, o projetista também pode analisar os principais clientes e pontos críticos na rede para definir as pressões. E ainda é possível realizar simulações de qualidade como a introdução de algum produto químico

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na rede para traçar as regiões que este efluente iria contaminar, ou marcar pontos na rede com reclamações de qualidade e verificar quais são as tubulações iniciais comuns (fonte da contaminação) para ocasionar as reclamações.

Benefícios para manutenção e gestores de perdas Com a integração com o SCADA é possível enviar comandos para as manobras das válvulas através do software de gestão hidráulica. Assim, todas as ordens ficam registradas no software para gerenciamento das operações e essas ordens podem ser visualizadas sobre o mapa. É possível verificar qual o material de cada tubulação, a quantidade de tubulações com o mesmo material e a idade da tubulação, para analisar a manutenção nas redes e as perdas. Como são conhecidas as vazões nas ZMC (Zona de Medição e Controle) e são conhecidas as demandas dos clientes, é possível calcular o nível de perda. E com o histórico de vazamentos é possível calcular em quais tubulações dentro da ZMC há maior potencial para vazamentos, apontando assim, quais ZMC possuem maiores perdas e em quais tubulações devem ser verificadas.

Benefícios para gerenciamento É possível a criação de KPIs (do inglês Key Performance Indicator – Indicador Chave de Performance), gráficos e tabelas com qualquer varíavel do sistema para facilitar a gestão da distribuição de água e a verificação do desempenho.

Benefício para call center e clientes A equipe de call center pode ter acesso ao software para consultar se a região do cliente está passando por alguma manutenção e se a pressão está baixa. Os clientes podem ser avisados por SMS ou e-mail para futuras manutenções ou para incidentes ocorridos, assim diminuindo o impacto de uma ação na rede sobre o cliente.

Otimização Atualmente nas concessionárias de água, os set points dos níveis dos reservatórios e a velocidade das bombas são definidos por meio da experiência

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artigo técnico com o sistema de água, isto quando os equipamentos não são ligados e desligados pelo conhecimento do operador. As instalações mais automatizadas possuem mais de um set point para um equipamento, mas mesmo assim estes set points são fixos, não mudando com as variações do dia. Então, alguns softwares de modelagem e gestão hidráulica possuem a capacidade de calcular o melhor set point para o sistema e comandar os equipamentos para manter as necessidades de nível, vazão e pressão mais próximos do mínimo necessário (com uma margem de segurança), reduzindo o nível dos reservatórios (coluna de água a ser vencida pelo bombeamento), a pressão e os surtos (variações) na rede, consequentemente reduzindo os vazamentos, bombeamentos, produção de água e gastos com energia.

Etapas do ciclo de melhoria contínua

A redução de perdas gera os seguintes benefícios: ■■ Redução de produtos químicos devido a diminuição da produção de água; ■■ Redução de energia elétrica devido a diminuição da produção de água, de vazamentos e da pressão da rede; ■■ Adiamento dos investimentos necessários para atender ao aumento da demanda decorrente do crescimento populacional; ■■ Aumento da disponibilidade de água para a população; ■■ Ganho na imagem da concessionária, focada em eficiência, preservação dos recursos naturais e diminuiçãodas reclamações.

Comparação do controle de pressão tradicional e o otimizado.

CONCLUSÃO Os sistemas de distribuição de água nunca terão uma perda igual a zero, muitos países desenvolvidos possuem perdas de aproximadamente 12%. Então as perdas tem que ser combatidas de acordo com o ciclo de melhoria contínua, onde o software de modelagem e gestão hidráulica é uma ferramenta de auxílio muito importante (ele pode atuar nas etapas de medição, análise e solução). Devido ao seu funcionamento online, é fácil de entender e visualizar toda a rede de distribuição e como ela está se comportando em tempo real.

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artigo técnico

Dispositivos de Proteção contra Surtos Por Sergio Roberto Santos e André Pinheiro Filho

Sergio Roberto Silva dos Santos (1ª foto) e André Pinheiro Filho (2ª foto) são especialistas na proteção de edificações e sistemas, contra descargas atmosféricas e sobretensões transitórias na Obo Bettermann do Brasil Ltda.

Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) são dispositivos elétricos utilizados na proteção de instalações inteiras, partes de uma instalação ou equipamentos elétricos e eletrônicos individualmente. Sua utilização complementa a proteção interna de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), segundo o que determinam as normas brasileiras ABNT NBR 5410-2004 e NBR5419-2005, assim como asnormas internacionais IEC que tratam do assunto e as respectivas normas nacionais de diversos países que delas derivam. O principio de funcionamento de um DPS é baseado na mudança da sua impedância interna, que diminui com o aumento da tensão em seus terminais, permitindo um desvio da corrente de surto para o sistema de aterramento, proteção de modo comum, evitando assim que sobre o equipamento protegido apareçam tensões acima daquela que ele possa suportar, ou seja, da suportabilidade do equipamento. Os DPS são divididos quanto a sua aplicação em três tipos, I, II e III, sendo dispostos ao longo da instalação, a partir da sua origem até o equipamento que se deseja proteger. Os DPS tipo I protegem toda a instalação contra os efeitos de uma descarga atmosférica direta na edificação, na rede de distribuição da concessionária ou no aterramento da instalação. Os DPS tipo II são colocados nos quadros de distribuição para proteger os circuitos que se originam deste quadro contra as sobretensões residuaisdo DPS tipo I ou sobretensões induzidas na instalação causadas por descargas atmosféricas remotas. Os DPS tipo III têm a função de proteger os equipamentos eletrônicos contra sobretensões originadas dentro da própria instalação, causa-

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das pela variação de tensão que se originam da partida de motores, acionamento de disjuntores ou outros tipos de comutação. Como primeiro passo para a especificação de um DPS é preciso compreender, que os DPS, mais do que instalados, são posicionados ao longo de uma instalação utilizando-se o conceito de zonas de proteção contra raios (ZPR). Para se especificar corretamente um Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS), devemos utilizar o conceito de Zonas de Proteção contra Raios (ZPR). ZPRs são espaços eletromagneticamente bem definidos, que permitem graduar os valores de indução causados por descargas atmosféricas entre cada um destes ambientes, possibilitando assim estabelecer uma redução das tensões e correntes induzidas entre cada uma destas zonas. O valor do campo eletromagnético se reduz ao passarmos de uma ZPR para outra de índice superior, porque na fronteira entre as ZPRs existem estruturas metálicas interligadas e aterradas que criam uma blindagem, natural ou proposital, entre estes ambientes. Um equipamento esta cada vez mais protegido, quanto mais “internamente” ele se encontrar dentro das respectivas ZPRs. Existem basicamente 5 ZPRs: ZPR0A, ZPR0B , ZPR1, ZPR2 e ZPR3. Partindo de fora para dentro em uma edificação, a intensidade da indução da corrente de raio, em um condutor, é máxima nas ZPR0A e ZPR0B, se reduz na ZPR1, é mínima na ZPR2 e desprezível na ZPR3, para um valor determinado da corrente de uma descarga atmosférica. O que diferencia as ZPR 0A e 0B é que na primeira um objeto ou pessoa pode ser atingido por uma descarga atmosférica direta, enquanto na segunda esta possibilidade é remo-

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artigo técnico

ta, pois esta zona esta dentro da região de proteção de um SPDA. O que define a fronteira entre as ZPRs é a própria estrutura que constrói o ambiente, sejam as ferragens das paredes externas de uma edificação, ou as internas de um apartamento ou sala, até chegar à caixa metálica de um painel. Desde que interligadas e aterradas, as ferragens de um prédio, por exemplo, constituem uma blindagem metálica que define o que chamamos fronteiras entre zonas (ZPR). Os DPS são utilizados justamente na transição de uma ZPR para outra, de modo a impedir que uma corrente seja conduzida entre dois ambientes, já que a própria blindagem entre as ZPRs limita as tensões e correntes induzidas. A partir da proteção criada pela aplicação das ZPRs resta então voltarmos para utilização dos DPS, para impedir que correntes elevadas, criadas por descargas atmosféricas, atinjam nossos equipamentos através de condutores que passem de uma ZPR para outra. Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS): ■■ São elementos de equipotencialização de uma instalação elétrica; zonas de proteção contra raios

■■ Protegem instalações, circuitos e equipamentos contra sobretensões transitórias; ■■ Sobretensões transitórias são causadas por descargas atmosféricas próximas ou distantes ou pela comutação detensão, principalmente em cargas indutivas; ■■ DPS são classificados em tipos I, II e II; ■■ O dimensionamento e especificação de um DPS são baseados no conceito de zonas de proteção contra raios ■■ ZPR (Zona de Proteção contra Raios); ■■ ZPRs fundamentam a divisão de DPS entre tipo I, II e III; ■■ Por atuar entre as ZPRoB e ZPRI, os DPS tipo I são chamados de descarregadores de corrente de raios, enquanto os DPS tipo II e III são considerados protetores contra sobretensões.

Características

AZPR0A

Zona externa à edificação. Local passível de ser atingido por uma descarga atmosférica direta. Não existe nenhuma blindagem contra interferências causadas por pulsos eletromagnéticos criados por descargas atmosféricas

ZPR0B

Zona sob influência de um SPDA externo, mas ainda sem proteção de uma blindagem

Transição ZPR0B - ZPR 1 → DPS Tipo I ZPR I

Zona interna à edificação. A energia das descargas atmosférica é relativamente baixa.

Transição ZPR 1 - ZPR 2 → DPS Tipo II ZPR 2

Zona interna à edificação. Somente podem aparecer pequenos surtos.

Transição ZPR 2 - ZPR 3 → DPS Tipo II ZPR 3

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Zona interna à edificaçào (ou o interior de um armário metálico). Nenhuma corrente induzida em seu interior (causada por um descarga) ou existência de surtos de tensão.

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Ponto de Vista

Além de um momento de crise Edson José Pinzan é diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp. Pós graduado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e graduado em Ciências Sociais pela Unesp, já exerceu na Companhia os cargos de Assistente Executivo na Diretoria pela qual responde atualmente e também já respondeu pela Diretoria de Sistemas Regionais, no período de 1989 a 1995. Na Prefeitura Municipal de Santos exerceu os cargos de Chefe do Departamento de Integração e Parcerias Públicas e Privadas, durante o período de 2005 a 2007 e, posteriormente, o cargo de Secretário Chefe de Gabinete, no período de 2007 a 2012. Na atividade acadêmica, como professor, ministrou aulas em cursos de graduação e pós graduação nas universidades Senac, FMU e Metodista, no período de 2001 a 2005.

Por Edson José Pinzan A Associação dos Engenheiros da Sabesp celebrou, em 2014, seus 25 anos de Congresso Técnico e Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), uma realização que somente nos enche de orgulho, já que a grande maioria dos profissionais técnicos que participou desse evento tem uma história de vida dentro do setor, que tem demonstrado força e flexibilidade ao longo desse período. Em 25 anos, sem dúvida, muitos avanços foram conquistados, em relação à cobertura e a qualidade dos serviços e muitas crises foram enfrentadas. Mas se por um lado o acesso ao saneamento básico aumentou em todo o Brasil, por outro, ainda falta muita ação para ser implementada para que as desigualdades possam ser reduzidas. Esse evento ocorreu no estado em que apresenta os melhores níveis de saneamento do País, mas num momento peculiar: em meio à pior crise hídrica da sua história. Até mesmo pelo alto nível técnico dos congressistas, várias alternativas de enfrentamento de períodos de estiagem foram elencadas, com ênfase no uso racional da água, reúso, possibilidades de uso de águas de poços, dessanilização, operação de sistemas de produção e eficientes tecnologias para tratamento de água e esgoto sanitário, além de manejo de resíduos e sustentabilidade ambiental.

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Com um auditório lotado de profissionais do setor, participei da mesa-redonda “Contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento”, que reuniu especialistas para debater a eficiência e a utilização racional dos recursos hídricos de forma proativa para o meio ambiente com o objetivo de alinhar qualidade de gestão e redução de perdas, inclusive com a exposição de performances e tecnologias aplicadas na Sabesp, que nos próximos anos prevê investir R$ 3,1 bilhões em minimização de perdas de água. O investimento em perdas de água deve ser perene e não só em momentos de crise. Contudo, se o setor não for legitimado em seu patamar de infraestrutura, com extinção de altos impostos e ampliação dos níveis de investimentos, a universalização do saneamento está longe de ser uma realidade tangível.

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visão de mercado

Cristiane dos Santos Coelho é administradora de empresas e durante o 25º Encontro Técnico AESabesp atuou na mesa redonda com o mesmo título desse artigo, como representante da ABCR - Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Contatos: kittycoelho@ hotmail.com

COMO ACESSAR RECURSOS PARA PROJETOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA SANEAMENTO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Por Cristiane dos Santos Coelho É evidente a importância da questão de obtenção de recursos quando a humanidade toma consciência das questões de sustentabilidade e preservação ambiental que envolvem, definitivamente, as ações de saneamento e a avaliação dos impactos decorrentes. Esta reflexão tem apenas a intenção de ser simples e objetiva, ainda que demande muito trabalho para captar recursos, apresentando a importância de elaborar bons planos ou projetos e definir e aplicar boas práticas de gestão das ações propostas em cada plano.

REFLEXÃO SOBRE A TERMINOLOGIA Para refletirmos sobre as ações possíveis para obter recursos públicos e/ou privados para o saneamento e preservação ambiental inicialmente entendo necessário desconstruir (usando um termo da moda) o título para compreender os significados e conteúdos sub-entendidos e explicitá-los. Falamos em Como Acessar – de antemão posso antecipar: não há mágica. Como diria o professor Drucker : “Os milagres acontecem às vezes, mas é preciso trabalhar tremendamente para que aconteçam.” Recursos – dinheiro, parceiros, chancelas, apoios, arranjos produtivos locais. Do que estamos falando? E mais, dinheiro para que? Temos que parar de pensar “quero dinheiro, quero dinheiro”. Isso eu e minha sobrinha adolescente também queremos. Mas, para quê? Se sei PARA O QUÊ, sei a quem requerer. Há um sistema de interesses mútuos que permite que dinheiro circule. Respeitar as missões é, antes de tudo, compromisso da instituição. Dito isto apresentarei um diamante bruto. Um quadro com dezenas de fontes de financiamento que pode ser ampliado imensamente com dedicação e pesquisa. Garanto que com o que temos aqui é possível impulsionar ações e movimentar os recursos que temos sonhado. Projetos – adoto o termo PLANO para diferenciar do projeto que é o produto do trabalho técnico de um engenheiro ao elaborar uma rede de esgotos, por exemplo. Um plano pode conter ou apontar a necessidade de inúmeros projetos. Saneamento e Preservação Ambiental –sem-

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pre que falamos em saneamento estamos falando de uma ação decorrente de política ou serviço públicos. A iniciativa privada dificilmente investe no setor a não ser que tenha alguma contrapartida e então estaremos diante de parcerias público-privadas (PPP) para ações (ou projetos) específicos. Recursos – é necessário ter claro que recursos são adjetivados e, portanto, podem ser: ■■ Recursos Humanos: voluntários, contratados, equipe própria remunerada ■■ Recursos Financeiros: capital, crédito ■■ Recursos Econômicos: meios materiais ou imateriais que permitem satisfazer certas necessidades no processo produtivo ou na atividade comercial de uma empresa. Quando nos referimos à captação de recursos na maioria das vezes estamos nos referindo aos recursos financeiros; mas devemos ter sempre em mente que os recursos econômicos e humanos do solicitante podem ser a contrapartida exigida pelo órgão financiador.

OS PASSOS NECESSÁRIOS Para que a pretensão de obter recursos para financiar projetos e planos há exigências e condições para sucesso num plano de captação, como pressupostos: ■■ Organização saneada, saudável ■■ Disponibilidade para parcerias, sinergia e um pouco de resiliência. ■■ Arranjos produtivos locais / remotos ■■ Práticas sustentáveis de gestão – dedicação intensa ao assunto. Depois de tais exigências, quem afinal “merece” os recursos financeiros? Resposta: quem sabe elaborar um plano (projeto). Deve ser considerada a elaboração de um retrato inicial que induza no final, a um quadro propositivo sendo: ■■ Passo 1 - Diagnóstico: faz um quadro geral e identifica as necessidades ■■ Passo 2 - Tendências: analisa e demonstra as diretrizes de expansão ou alterações previsíveis diante do diagnóstico ■■ Passo 3 - Propostas: ações (projetos) a serem adotadas definindo um cronograma físico-financeiro de recursos financeiros

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visão de mercado O conjunto desses 3 passos compõem um Plano e este é o produto a ser encaminhado para uma fonte qualquer de financiamento. Elaborar um Plano, escrevê-lo, juntar mapas e talvez gráficos, impõe uma disciplina e atender a um certo formato que poderá ser ajustado depois a diferentes agentes financiadores e fontes de recursos. Um formato básico que pode ser adotado envolve os itens: ■■ Título (delimita o âmbito do trabalho) ■■ Identificação da entidade solicitante e seus membros (pessoa jurídica) ■■ Identificação da equipe técnica responsável pelo Plano e projeto(s) específico(s) ■■ Objetivo Geral ■■ Objetivos Específicos ■■ Justificativa (diagnóstico) ■■ Tendências (prognóstico) ■■ Propostas (projeto(s) específico(s)) ■■ Cronograma físico-financeiro A partir deste momento, cabe identificar a fonte mais adequada e formatar o Plano para o modo definido pela fonte de recursos específica identificada. Cada fonte pode adotar um modelo e um formato diferente para que o Plano seja encaminhado. É preciso adequar o conteúdo do plano original aos formatos definidos por cada fonte que tenha sido identificada como adequada. Cada fonte pode adotar um modelo e formato diferentes para que o Plano seja encaminhado. Há que ser resistente e metódico, quase cirúrgico no processo de preenchimento dos cadastros instalados em sistemas como o SINCONV. A gestão do recurso captado ultrapassa o controle dos recebimentos e saídas. As questões contáveis são vitais tanto no processo de execução / implantação quanto da prestação de contas em registros contábeis e jurídicos.

Onde está o recurso financeiro Para localizar e identificar os agentes financiadores, inexoravelmente: ■■ É preciso fazer monitoramento de editais e preparação para atender e preencher aquelas imensas rotinas que os sistemas exigem. ■■ É preciso conhecer manuais dos Ministérios e Secretarias Ministeriais e Estaduais para facilitar captação (Governo do Estado de São Paulo e Ministérios Federais). Algumas dicas: ■■ Manual para Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos Socioambientais (http://www.aedmoodle. ufpa.br/mod/resource/view.php?id= 35652) ■■ Manual “Fundos de recursos Públicos” da ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais

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■■ “A Guidebook on Policy and Financing Options to Support Green, Low-Emission and Climate-Resilient Development” (6 mil fontes internacionais) do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas) ■■ Quadro “Fontes de Financiamento para Saneamento” (anexo), organização da autora.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O desafio do saneamento ambiental aponta algumas condições que permitem mitigar as dificuldades e garantir efetivas ações específicas, essas sim capazes de dar garantias para o investimento dos recursos financeiros desejados: ■■ Juntar as 3 esferas do Poder Publico na defesa e proteção dos ecossistemas e biodiversidade. ■■ Educação para sustentabilidade e não apenas a idéia folclórica de educação ambiental ■■ Manter uma agenda permanente de encontros técnicos e profissionais (FENASAN e outros) que possam permitir interação entre os pares. Nesses encontros estão os componentes de arranjos que permitirão mais e mais recursos para o cumprimento das missões que cada instituição tem em sua matriz.

FONTES DE FINANCIAMENTO SSE – Secretaria Estadual de Saneamento e Energia: FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos: http://www.cetesb.sp.gov.br/servicos/financiamentos/22-FEHIDRO SANEBASE - Convênio de Saneamento Básico para municípios do Estado não operados pela Sabesp: http://www.saneamento.sp.gov.br/programas.htm MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: SEDU – Secretaria Desenvolvimento Urbano: Pro Saneamento: http://www2.mte.gov.br/fgts/produtos_prosaneamento.asp PROSANEAR: http://www.cidades.gov.br/index.php/ programas/296-pat-prosanear.html PASS - Programa de Ação Social em Saneamento: https://webp.caixa.gov.br/urbanizacao/Publicacao/Texto/ programa/pass_bid.htm PRO-INFRA: http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/ municipal/programa_des_urbano/infra_estrutura_setor_publico/pro_infra/index.asp Ministério da Saúde: FUNASA - Fundação Nacional de Saúde: http://www.funasa.gov.br/site/ Ministério da Ciência e Tecnologia: PROSAB - Programa de Pesquisa em Saneamento Básico: http://www.finep.gov.br/Prosab/index.html

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ESPECIAL

Na celebração de seus 25 anos, este que é o maior evento técnico-mercadológico da América Latina, realizado entre os dias 30 e 31.07 e 01.08.2014, foi um sucesso de público e de crítica, em termos de visitação, qualidade de público, disseminação de tecnologias e projeção de imagem internacional da Associação dos Engenheiros da Sabesp, como uma entidade comprometida com a excelência do setor. Conheça os números que surpreenderam a edição especial dos 25 anos: Participantes do evento: 19.000 pessoas (2000 a mais do que em 2013) Empresas investidoras-expositoras na Feira: 248 estandes de empresas do setor (em 2013 foram 223) Apresentação de trabalhos técnicos: 80 Mesas Redondas: 08 Cursos: 03 Palestras magnas de encerramento: 2 (Rolando Boldrin e Lars Grael)

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ESPECIAL 25 ANOS DE ENCONTRO TÉCNICO AESABESP E FENASAN

25 ANOS DE ENCONTRO TÉCNICO AESABESP E FENASAN O 25º Congresso Técnico AESabesp – Fenasan 2014 teve sua abertura na noite de 29 de julho e sua efetiva realização nos três dias consecutivos de 30, 31 de julho e 01 de agosto, no período 9 às 18:30 horas. Em todos os dias, o evento contou com as participações de vários expoentes da esfera pública do saneamento, de dirigentes da Sabesp, além de agregar 8 mesas redondas, 3 cursos de especialização e 80 palestras técnicas, de autorias de técnicos de Companhias de Saneamento de todo o País, de grupos privados, de docentes de universidades e de grandes especialistas, em sua maioria voltadas para medidas de enfrentamento da escassez hídrica, eficiência operacional, recuperação de áreas degradadas, novas tecnologias, preservação ambiental e políticas públicas do setor.

Hino Nacional, interpretado pela engenheira da Sabesp e cantora lírica, Myriam Moreira.

Prestígio e animação na solenidade de Abertura

Mesa de abertura composta por autoridades do saneamento

A solenidade de abertura do 25º Encontro Técnico AESabesp – Fenasan 2014 foi realizada na noite de 29 de julho, com a presença de vários expoentes do setor de saneamento ambiental, gestores da esfera pública, de expositores e de associados da AESabesp, cuja maioria integra o corpo técnico da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), qualificada entre as 5 maiores empresas de saneamento em caráter mundial. A cerimônia teve início com a exibição de um vídeo histórico alusivo aos 25 anos de realização, desde o do 1º Encontro Técnico e Fenasan e a entonação do Hino Nacional, interpretado pela engenheira da Sabesp e cantora lírica, Myriam Moreira. A mesa de abertura foi composta pelo secretário adjunto da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Márcio Rea; pelo diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato (no ato, representando a presidente da Com-

panhia, Dilma Pena); pelo presidente do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo), Francisco Kurimori; pelo presidente da AESabesp, Reynaldo Young Ribeiro e pelo diretor técnico da AESabesp, Olavo Prates Sachs. O presidente da AESabesp, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, abriu os pronunciamentos, discorrendo sobre a importância dos 25 anos evento, para o fortalecimento do setor, das tecnologias desenvolvidas e o atendimento à sociedade. Ainda qualificou os expositores da Feira como as empresas mais representativas do Pais e os congressistas como os mais renomados técnicos. Na sequência, o diretor da Sabesp Paulo Massato discorreu sobre a forte crise hídrica no Estado de São Paulo, como consequência de intempéries climáticas globais, e destacou que o corpo técnico da Sabesp deu uma resposta imediata gerando condições de abastecimento de água, tanto pelo Sistema

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Cantareira, o mais afetado, como soluções de integração dos reservatórios. Parabenizou a AESabesp, por representar os técnicos em saneamento mais qualificado do Brasil e em paridade com a excelência do setor em nível internacional. Concluindo citou o Programa de Uso Racional da Água Autoridades participam da solenidade de abertura (PURA) empregado há anos pela Sabesp, a cooperação da sociedade na economia de consumo e a necessidade de ciação Interamericana de Engenharia Sanitária e adoção de uma consciência maior do seu uso. Ambiental, Lima Pontes; do presidente da AssociaFrancisco Kurimori (CREA SP), da mesma forma, ção Sabesp e diretor geral da Mutua-SP - Caixa elogiou o corpo técnico da Sabesp, qualificando-o de Assistência dos profissionais do CREA-SP, Percomo um orgulho para a engenharia de são Paulo e sio Faulim de Menezes, do presidente da CECRES no abastecimento de água: “se não fosse a Sabesp, - Cooperativa de Crédito da Sabesp, João Gonçalnão teríamos mais água há muito tempo”, deduziu. ves Bibbo; do presidente da AAPS - Associação dos Ele ainda analisou que uma mudança no modelo Aposentados e Pensionistas da Sabesp, José Luiz educacional no Pais, que reduziu horas aulas nas fade Melo, da presidente da APU - Associação dos Profissionais Universitários, Francisca Adalagisa da culdades de engenharia e demais cursos superiores, Silva; Lyege Ayubi, presidente da Sabesprev, entre prejudicou seriamente a qualificação da maioria dos outros expoentes do setor. profissionais que estão no mercado. Contudo, aludiu Após a solenidade, foi oferecido um coquetel, com que na Sabesp isso não ocorre por que mesmo para a elogiada apresentação da Orquestra Sanfônica de os mais jovens a Companhia é uma eterna escola São Paulo, regida pelo maestrina Renata Sbrigh, comde como se procede um dos melhores saneamentos mundiais. posta por virtuosos músicos acordeonistas de 18 a 90 Concluindo os pronunciamentos, Olavo Sachs anos de idade, que animaram todos os presentes. abordou o alcance do evento em seus 25 anos, prospectou uma edição especial em 2014 e desejou sucesso a todos os envolvidos com essa ação. Registramos ainda, nessa cerimônia, as presenças do diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luiz Paulo de Almeida Neto; dos presidentes da ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária nacional e de São Paulo, Dante Ragazzi Pauli e Alceu Bittencourt; do presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo; Murilo Celso de Campos Pinheiro, do presidente do Sindesam, Valdir Folgosi; do representante da AIDIS - AssoAnimação tomou conta dos presentes na abertura

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ESPECIAL 25 ANOS DE ENCONTRO TÉCNICO AESABESP E FENASAN

Primeiro dia do 25º Congresso Técnico AESabesp e Fenasan 2014 Escassez de água, uso do sistema de lodos ativados, revitalização de córregos, remoção de gosto e odor da água de abastecimento e políticas de inclusão social estiveram entre os temas debatidos no primeiro dia do 25 º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, com palestras técnicas e mesas-redondas e curso de especialização. Dentro de seu perfil socioambiental, a AESabesp atesta que o transporte veicular é o responsável pela produção na cidade de São Paulo, por 78% da emissão dos GEE – Gases do Efeito Estufa. Dessa forma, incentiva o uso de transportes alternativos e coletivos aos seus visitantes, como a utilização de vans gratuitas e reservadas para atender esse evento, dispostas na Sabesp Ponte Pequena e Estação Tietê do Metrô, em sistema ida e volta ao pavilhão do evento, em caráter ininterrupto, das 8 às 21 horas.

Mesas-redondaS Ainda pela manhã foram realizadas quatro mesas redondas, com debates dos mais variados temas. Na sala Vila Guilherme, Américo de Oliveira Sampaio (Sabesp), Pedro Além Sobrinho (Escola Politécnica USP) e Adrianus Cornelius Van Haandel (UFPB) debateram os “100 Anos de Lodos Ativados no Mundo”, sistema que foi anunciado em Manchester, na Inglaterra, no ano de 1914. Durante a mesa redonda, foi montado um breve histórico do surgimento do sistema no mundo e sua implantação no Brasil. “O sistema de lodos ativados com aeração prolongada foi o preferido no país entre os anos de 1970 e 1980”, disse Pedro Além Sobrinho. De acordo com o professor, o sistema se popularizou no Brasil devido o surgimento de programas de controle de poluição das águas, o uso de aeradores mecânicos de alta rotação e, sobretudo, ao surgimento de novos projetistas. Também foram apresentadas novas tecnologias de lodos ativados. “Desenvolvimento de ações inclusivas para o mercado de trabalho – casos de sucesso” foi a temática debatida na sala Jaçanã 1, onde os congressistas res-

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Debatedores da mesa redonda “100 Anos de Lodos Ativados no Mundo”

saltaram a importância do desenvolvimento de metodologias e projetos de inclusão para portadores de algum tipo de deficiência. “É preciso criar formas de integração entre as empresas, as famílias e as pessoas portadoras de deficiência para que a mesma possa exercer sua cidadania, com a inserção no mercado, com foco nas capacidades dessas pessoas”, disse Cláudia Brondi, da Associação Pepa-Projeto Especial para Adolescentes e Adultos. Essa mesa proposta pela diretora de Projetos Socioambientais, Maria Aparecida Silva de Paula, também contou com a participação da consultora Cacilda Costa Paranhos e das representantes do Ministério do Trabalho, Arlete Silva e Guirlanda M. M. de Castro Benevides, que discorreram sobre benefícios e sanções de leis voltadas à empregabilidade de pessoas com deficiência. A sala Jaçanã 2 recebeu a mesa-redonda “Gestão de recursos hídricos, escassez, abastecimento da macrometrópole – quais as alternativas?”, com as participações de João Comparini (Sabesp), Devanir Garcia (Agencia Nacional de Água), Roberta Baptista Rodrigues (RB Recursos Hídricos), Adriana Cuartas (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e Antonio Carlos Zuffo (Unicamp). O auditório teve superlotação, com uma presença notória na primeira fila, a do senador Eduardo Suplicy, que, no encerramento, parabenizou a AESabesp pela ação e a necessidade da união de todas as esferas para o enfrentamento da crise hídrica de São Paulo, problemática bastante exposta nessa mesa. De acordo com as idéias trazidas à tona no debate, algumas medidas

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Cláudia Brondi, Cacilda Costa Paranhos, Maria Aparecida Silva de Paula, Guirlanda M. M. de Castro Benevides e Arlete Silva

Debatedoras da mesa redonda “Gestão de recursos hídricos, escassez, abastecimento da macrometrópole – quais as alternativas?”

devem ser urgentemente tomadas para minimizar a falta de água na região: redução de perdas, necessidade de uma legislação eficiente em caráter de urgência, reforço da educação ambiental, incentivo ao reuso, biomonitoramento, racionamento como instrumento de planejamento e gestão, entre outros. Foi consenso entre os participantes a necessidade de aplicação da Política Nacional de Recursos Hídricos de forma integrada, reunindo governos municipais, estaduais, federal e, também, a população”. Os participantes da mesa “Como acessar recursos para projetos públicos e privados em saneamento e preservação ambiental?” - composta pela consultora jurídica da AESabesp, Vanessa Hasson; pela representante da Associação Brasileira de Captadores de Recursos, Cristiane Coelho e pelo representante do IBAGE, Roberto Amaro - puderam discorrer sobre dicas de arrecadação de recursos para o desenvolvimento de projetos nas áreas de água, saneamento básico e resíduos sólidos por meio de instituições como a Funasa, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério das Cidades. “Nós, inclusive, oferecemos cursos de capacitação para a arrecadação de recursos”, ressaltou o congressista Roberto Amaro, que enfatizou que recursos para várias necessidades sociais estão disponíveis (entre os quais

os dos PACs 1 e 2 para saneamento), mas esbarram na organização política e prestação de contas, principalmente em municípios menores, que abrigam as comunidades mais necessitadas de infraestrutura.

Cristiane Coelho, Roberto Amaro e Vanessa Hasson debateram na mesa “Como acessar recursos para projetos públicos e privados em saneamento e preservação ambiental?”

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Palestras Técnicas Entre as 36 palestras apresentadas, destacamos interessantes apresentações técnicas como a de Allan Saddi Arnessen, engenheiro da Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que exibiu três diferentes trabalhos. Na palestra “Remoção de gosto e odor de águas de abastecimento pela técnica UV + H202 – testes em unidade piloto”, Arnessen expôs que no Sistema Guarapiranga os problemas de gosto e odor na água de abastecimento começaram a aparecer na década de 1990. Neste contexto, o objetivo da pesquisa desenvolvida foi avaliar processos de oxidação para remoção de gosto e odor da água de abastecimento. O projeto piloto, desenvolvido na ETA Rodolfo José Costa e Silva entre os meses de fevereiro e junho de 2013, recebeu suporte técnico das empresas Trojam e Treebio. De acordo com Arnessen, o interessante foi perceber que a eficiência de remoção está diretamente ligada à concentração de peróxido. “As maiores vantagens da pesquisa são sua elevada eficiência e a não geração de lodo”, afirmou. Em uma outra exposição, sobre o estudo “Prospecção tecnológica aplicada à remoção de nutriente do esgoto sanitário”, Arnessen mencionou que poucas ETEs no Brasil têm capacidade para remoção de nutrientes – nitrogênio e fósforo – do esgoto sanitário. Dessa forma, o objetivo da pesquisa era mapear tec-

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nologia e estudos em ascensão na área de remoção de nutrientes. De acordo com Arnessen, o principal desafio foi classificar os processos de tratamento de esgotos encontrados. No total foram encontrados 709 artigos referentes ao tema (publicações de janeiro de 2007 a dezembro de 2012). Em relação aos nutrientes 55% dos resultados eram referentes ao nitrogênio, 33% ao fósforo e 12% a ambos nutrientes. “Descobrimos que os estudos sobre remoção de fósforo estão em ascensão em países mais desenvolvidos economicamente. Também podemos destacar algumas tecnologias em ascensão: lodo aeróbio granular, processos biotecnológicos, novos processos de transformação do nitrogênio e wetlands”, finalizou Arnessen.

Repasse da Missão IFAT 2014 A visita à IFAT 2014, a maior Feira Internacional de Água, Resíduos Líquidos e Sólidos e Reciclagem realizada em Munique na Alemanha, foi tema da apresentação realizada pelos componentes da missão AESabesp que visitaram esse evento em maio deste ano que trouxeram um repasse da experiência adquirida naquela ocasião.

Nosso balcão com atendimento bilíngüe e o diretor técnico, eng. Olavo Alberto Prates Sachs

Vice-presidente da AESabesp, Viviana Borges Aquino

O diretor técnico, eng. Olavo Alberto Prates Sachs foi quem abriu a palestra dando um panorama geral sobre a feira. Na seqüência, a vice-presidente, Viviana Borges Aquino, abordou as inovações trazidas e já implantadas na Fenasan 2014, entre elas o aplicativo disponibilizado para smartphones e tablets e o balcão de informações a entrada da feira. A diretora cultural, eng. Sonia Maria Nogueira e Silva também discorreu sobre as tecnologias voltadas ao uso racional da água, que foram apresentadas à Sabesp como proposta a futuras experiências.

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Palestra especial de encerramento com Rolando Rolando Boldrin

Ao final das palestras técnicas, foi realizada a palestra especial com o ator, músico e apresentador, Rolando Boldrin, que acumula centenas de atuações em rádios, teleteatros, novelas, teatros e cinemas. Na televisão, iniciou em 1981, na TV Globo com o Som Brasil, passando pela TV Bandeirantes, SBT e atualmente está na TV Cultura, com o programa “Sr. Brasil”, no ar desde 2005. Boldrin veio com o seu violão, contou seus famosos “causos”, que sempre invocam a cultura regional brasileira, cantou várias canções regionais e encantou os participantes. Ao final, em nome da AESabesp, a vice-presidente Viviana Borges destacou que foi vivenciado um momento de humanização em meio às exibições das palestras e altas tecnologias nesse evento e ofereceu-lhe uma lembrança desse evento. O público, que superlotou a capacidade máxima do Auditório de 500 lugares, ovacionou Boldrin, se identificou com suas histórias e elogiou bastante a sua palestra.

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Abertura da Fenasan 2014 A partir das 13 horas desse dia 30 de julho, também teve início o primeiro dia da Fenasan 2014, que reuniu 246 expositores na área de exposição do Pavilhão Azul do Expo Center Norte. Os expositores elogiaram tanto a quantidade de visitação como o alto nível técnico do público visitante, que por sua vez, também se mostrou interessado nas novidades tecnológicas apresentadas nos equipamentos, produtos e serviços em exposição. Entre algumas inovações encontradas nos estandes, nesse primeiro dia de evento, destacamos a força da industria trazida na Ilha Abimaq-Sindesam, bem como novidades em produtos, como o Altiver Process, da empresa Scheneider, um inversor de freqüência com aplicação também para serviços. A Veermer apresentou o sistema Axis de perfuração guiada a laser, já utilizado em algumas obras de saneamento no Brasil. A Saint-Gobain apresentou o seu “Pamserviços”, serviço de suporte técnico que dá respaldo ao usuário em todas as fases do projeto, desde o início até a conclusão da obra, que engloba os programas Pamacademia e o Pamprojeto, que será lançado também na Fenasan e é direcionado para engenheiros e projetistas responsáveis por obras previstas no Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). No stand da empresa, os participantes podem participar de treinamentos gratuitos e conhecer o software Pamprojeto. A esta-

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ção elevatória portátil (capacidade 130L) e as estações elevatórias compactas de baixa vazão, da Sulzer, também chamou atenção. De acordo com a empresa, os produtos representam soluções pré-prontas para a área de saneamento e podem ser utilizadas para ligar residências a redes de esgoto públicas, pois é aplicável em qualquer rede coletora. A Sampla Belting trouxe para o evento sua linha de mangueira para limpeza de esgoto 2500 PSI Série – SPOR, feita de poliolefina de fibra sintética de alta resistência e cobertura de poliéter-uretano resistente à abrasão. Os produtos chegam ao Brasil por meio de uma recente parceria com a empresa norte-americana Kuriyama. No estande da AESabesp, os visitantes puderam conhecer toda a história dos 25 anos de Encontro Técnico e Fenasan, por meio de exibição de vídeos e participar de promoções e sorteios conduzidos pela entidade. A expositora “Water Environment”, por meio de seu diretor, Cláudio Ternieden, se interessou pela metodologia desenvolvida na condução do Prêmio AESabesp e travou contato com a diretoria de Projetos Socioambientais da entidades, para levar essa ação em Congresso Técnico a ser realizado nos EUA.

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Segundo dia do 25º Congresso Técnico AESabesp e Fenasan 2014 Com um público muito além do esperado, tanto no Congresso quanto na visitação da Feira, no segundo dia do 25º Congresso AESabesp e Fenasan 2014 (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) foram realizadas 35 palestras técnicas e 4 mesas redondas, versadas para otimização de recursos hídricos, eficiência das empresas de saneamento, sustentabilidade e formas de contratação, que lotaram os auditórios, com grande cobertura de mídia.

Mesas-redondaS A mesa-redonda “Contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento”, reuniu expressivas lideranças do setor de Saneamento do Brasil para debater a eficiência e a utilização racional dos recursos hídricos de forma benéfica para o meio ambiente. Participaram do evento Edson Pinzan, diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp, Gesner Oliveira (GO Associados), Ricardo Simões Campos (Copasa), Álvaro Menezes (Casal), Fernando Reis (Odebrecht Ambiental), Roland Liemberger (Myia), Jorge Luiz Farias (BNDES) e Diego Frade (Finep). Na oportunidade, Roland Liemberger apresentou ao público o trabalho desenvolvido em

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Acima, mesa-redonda “Contratos de performance e eficiência para empresas de saneamento”. Abaixo, participantes da mesa-redonda.

Manila, na Indonésia, localidade em que havia perda diária de 1.506.000.000 litros de água e cerca de 50% da população não usufruía do abastecimento de água 24 horas por dia. “Houve, então, um programa de recuperação, análise e preparação de estratégias (mensuração de água não faturada, perda de água, volume do consumo faturado, pressão média, tempo de abastecimento, entre outros). Como resultados houve uma brusca diminuição da perda diária,

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Mesa-redonda “Como ser sustentável e competitivo depois da publicação da lei 12.305/10 que institui a PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos”

Senador Eduardo Supicy em visita ao Congresso Técnico

que passou a ser de 770 milhões de litros por dia”, exemplificou. “Há enorme perdas no Brasil, como o caso de Manila”, destacou Gesner Oliveira, aludindo que um dos grandes desafios é alinhar qualidade de gestão e esforço de redução de perdas. Muito procurado pela mídia presente, o diretor da Sabesp, Edson Pinzan, abordou o desempenho, a performance e as tecnologisa aplicadas pela Companhia, para responder as necessidades da crise hídrica em 2014, resultante da maior seca no Estado em 84 anos. Já na mesa-redonda “Como ser sustentável e competitivo depois da publicação da lei 12.305/10 que institui a PNRS - Política Nacional de Resídu-

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os Sólidos”, composta por Uladyr Ormindo Nayme (ASEC- Associação dos Engenheiros da Cetesb), André Saraiva (PRAC - Programa de Responsabilidade Compartilhada) e José Valverde (Instituto Cidadania Ambiental), formou-se um consenso de que é preciso haver planejamento ambiental, pois se faz necessária maior consciência sobre o meio ambiente para que vários problemas possam ser resolvidos. “A Política Nacional de Resíduos Sólidos exige uma mudança no comportamento da sociedade”, afirmou André Saraiva. “O maior legado da PNRS é migrar a sociedade de um estado consciente para um nível de comprometimento ambiental”, completou. Também houve explanação sobre a logística reversa de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE’s), pois, muitas vezes, a população não sabe como destinar corretamente esses tipos de resíduos. A expectativa é que a PNRS exija que a sociedade repense o padrão atual de consumo. A “Sustentabilidade do Sistema Cantareira” também foi um tema amplamente discutido pela mesa redonda formada por Fernando de Castro Reinach (Fundo Pitanga), Alceu Guérios Bittencourt (presidente da ABES-SP), Francisco Nascimento de Brito, prefeito de Embu das Artes e presidente do Comitê de Bacia do Alto Tiête e Reynaldo Young Ribeiro (presidente da Associação dos Engenheiros da Sabesp). Reinach abriu os debates com a provocação “volume morto ou volume vivo?” sobre a vida aquática presente na reserva técnica utilizada atualmente pela Sabesp para contornar a escassez hídrica que afeta o abastecimento de São Paulo. O palestrante, que é filho de Klauss Reinach, presidente da Sabesp entre 1975 e 1977, relembrou as visitas às obras de construção do Cantareira e as explicações dadas pelo pai sobre a importância de não se ultrapassar a marca de 20 % acima do ponto de captação. Alceu Bittencourt destacou que o desperdício de água é um dos principais vilões e que uma das medidas deveria ser “o combate e a punição por parte da autoridade municipal”. Já o prefeito Chico Brito, como é popularmente conhecido, avaliou que o problema de abastecimento está relacionado à gestão inadequada: “gestor público quando tem pela frente o imprevisível precisa focar no planejamento”. Em sua concepção, “a

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Mesa-redonda “As formas de contratação como impulso à Tecnologia”

ausência de obras em tempo adequado agravou os efeitos da crise”. Também com expressivo público, a mesa “As formas de contratação como impulso à Tecnologia” foi composta por Helio Padula (Sabesp) , Tarcísio Gomes Freitas (DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luciano Afonso Borges (APECS – Associação Paulista de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente). Foi bastante discutida a implantação de leis, principalmente a da RDC (Regime Diferenciado de Contratações), que de acordo com a APECS, conduz à improvisação, com riscos de obras mal elaboradas, sem infraestrutura de engenharia. O representante do DNIT argumentou falou que a incapacidade ocorre com ou sem RDC. O ponto comum entre os debatedores foi a necessidade de planejamento, gestão, capacitação e treinamento de técnicos capazes de analisar e executar, quesitos essenciais e acima de qualquer modelos de contratação adotado.

Palestras Técnicas Entre as palestras técnicas que obtiveram bom público, destacamos a de Pedro Alves Silva, engenheiro de Projetos Hidráulicos da Sabesp, que expôs o trabalho “Estudo de setorização e zoneamento de pressão com foco em redução de perdas e eficiência energética”, onde foram realizadas ações de adequação e implantação de boosters, reservatórios e elevatórias voltadas para a redução do consumo de energia elétrica. Como resultados obtidos estão o controle de pressão de rede e perda, além da redução do consumo de energia elétrica. De acordo com o autor, o ponto forte desse estudo é a troca de redes e ramais e a implantação de

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novas redes para estabilizar a pressão. “Os estudos de setorização devem ter objetivos claros e apresentar meio seguros para implantação”, concluiu. Também foi destacada a palestra “Reabilitação de redes adutoras na Unidade de Negócio Centro da Sabesp”, de Roberto Abranches (Sabesp), que fez um apanhado geral do projeto desenvolvido na Região Metropolitana de São Paulo, “onde 40% das redes de distribuição são antigas e apresentam problemas, com média entre 115 e 163 vazamentos a cada 100 km/ano”. Por isso, foi desenvolvido um plano de reabilitação de redes, com avaliação, mapeamento e priorização de área críticas, além da substituição de algumas redes de distribuição. Para Abranches, é nítida a importância de alguns pontos: planejamento, equipe, acompanhamento técnico, amostras e avaliação de resultados. A palestra “Abordagem sócio-técnica para redução das perdas de água num sistema de distribuição em área de habitação subnormal do município de Santos – caso do dique da Vila Gilda”, ministrada por Márcio Antonio Milhoratti, da Sabesp, discorreu sobre alguns problemas de distribuição encontrados nesta região da Baixada Santista. Entre os obstáculos citados estão problemas de inadimplência (14% das ligações inativas), vulnerabilidade social no município, alto índice de perda diária em detrimento das ligações irregulares e a dificuldade de regularização da distribuição nos becos (que muitas vezes não têm endereço exato). Neste contexto, foram providenciadas obras estruturantes para minimizar as perdas e, também, a recuperação de ligações inativas para o aumento do faturamento. “Além do atendimento da demanda de abastecimento para melhor distribuição, outro desafio foi buscar alinhamento com as comunidades locais, que não faz o controle de desperdício devido a problemas sociais”, ressaltou Milhoratti. Também no âmbito regional, Erivelton Bortoli dos Santos (Sabesp) apresentou o trabalho “Ações para controle e redução de perdas físicas – estudo de caso da cidade de Presidente Epitácio”, no qual entre outras ações houve o estabelecimento de um novo patamar de pressão para o período noturno, visando a redução do número de vazamentos e perdas no município. O congressista explicou que “houve um conjunto de melhorias sucessivas, além de muito envolvimento e comprometimento dos gestores”.

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Palestra magna de encerramento com Lars Grael No encerramento desse 2º dia de Congresso, foi realizada mais uma palestra magna, dessa vez com o conceituado atleta, Lars Grael, para um público estimado em mais de 500 espectadores, pois todos os lugares estavam ocupados e uma parte assistiu em pé. Conceituado como um dos maiores exemplos de vida dentro do universo esportivo, ele é detentor de 2 medalhas olímpicas (Seul 88 e Atlanta 96), é o atual tri-campeão brasileiro e tri-campeão sul-americano da Classe Olímpica Star e líder de 20 campeonatos brasileiros, 8 títulos sul-americanos, 2 títulos mundiais e além de outros tantos na Vela Oceânica. Em uma competição no litoral do estado de Espírito Santo, perdeu a perna direita em um grave acidente em 6 de setembro de 1998. Porém, com uma determinação sobre humana, Lars voltou ao esporte e a figurar entre os 10 melhores do Mundo na disputada Classe Olímpica, por 20 meses, entre agosto de 2009 e maio de 2011. Em março de 2013, sagrou-se vice-campeão da Classe Star na Miami Sailing Week (a tradicional Bacardi Cup). Lars Grael ainda foi Secretário Nacional dos Esportes (2001/2002) e atuou como Secretário da Juventude, Esportes e Lazer do Estado de São Paulo de 2003 até 2006, além de receber o prêmio da ética esportiva do Comitê Olímpico Internacional – COI em 1999. Atualmente é membro do Conselho Empresarial do Esporte da Associação Comercial do Rio de Janeiro, conselheiro do Instituto LIGHT (Rio de Janeiro), presidente do Conselho Deliberativo do Rio Yacht Club – Niterói – RJ e fundador da ONG – Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael) desde 1998. E uma semana antes de vir ao nosso evento, sagrou-se campeão sul-americano da classe star na Semana de Vela de Ilha Bela. Apesar de toda essa bagagem, Lars Grael se mostrou pessoa simples e muito acessível. Antes de sua palestra, percorreu os corredores da Fenasan, com a equipe da AESabesp, onde foi abordado por vários admiradores, posou para fotos com o público e se interessou pelas tecnologias e história do saneamento expostas nos estandes. Na palestra, ele relatou sua trajetória de vida, desde a infância, a paixão por velejar, as dificuldades de competição, com ênfase no seu principal momento de superação, quando teve sua perna arrancada por uma lancha com condução irregular. Sua luta e superação, expressada em sua oratória, emocionou o público e a ele mesmo. Ao final, com um ar de imensa satisfação, agradeceu a receptividade e concluiu: “para mim, que sou uma pessoa tão envolvida com a água, conhecer de perto este segmento, teve uma importância singular e agradeço muito o convite da AESabesp por estar com vocês nesse momento”. E o público interagiu com muitos aplausos e vários pedidos de fotos com o ídolo.

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Destacamos ainda a participação do diretor de Sistemas Regionais da Sabesp, Luiz Paulo de Almeida Neto, bem como de praticamente todos os superintendentes desta diretoria e demais lideranças vindas do Litoral e Interior de São Paulo.

Na auditório Casa Verde, o especialista Rodrigo Chimenti Cabral ministrou, durante todo o dia, o curso “Obras de biogás em aterros sanitários beneficiando aspectos ambientais e energéticos”, que entre muitos pontos abordou a destinação final de resíduos sólidos, formação de gases (biogás) e líquidos (chorume), impermeabilização do solo para evitar contaminações, drenagem de efluentes líquidos e gasosos, entre outras abordagens de cunho técnico aplicativo.

Homenagem aos 25 Anos de Encontro Técnico – Fenasan 2014

Como celebração aos 25 anos de Encontro Técnico Fenasan, iniciado em 1990, sob a gestão do eng. Plínio Montoro, com uma concentração de poucos trabalhos apresentados no Auditório da Cetesb e uma pequena exposição sob a marquise da Sabesp Costa Carvalho, a AESabesp homenageou as personalidades que transformaram essa ação, ao longo desse período, no maior evento técnico-mercadológico em saneamento ambiental da América Latina. Para representar os sócios beneméritos, foram chamados ao palco os engenheiros Nélson Luiz Stabile e Gert Kaminsk. E para representar os sócios honorários, os engs. Eduardo Augusto Bulhões e Magali Scarpelini. Eles receberam certificados e lembranças alusivas a esta comemoração, que serão enviadas a todos os integrantes dessas duas categorias associativas.

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Na sequência, foram homenageados todos os presidentes da AESabesp, que já conta com 14 gestões: (1986 – 1987) eng. Paulo Ferreira, (1987 – 1989) eng. Ivan Norberto Borghi, (1989 – 1991) eng. Plínio Montoro Filho, (1991 – 1993) eng. José Taniguti, (1993 – 1995) eng. Nercy Donini Bonato, (1995 – 1997) José Everaldo Toffano Vanzo, (1997 – 1999) eng. Edson Santana Borges, (1999 - 2001) eng Cid Barbosa Lima Junior, (2001 – 2003) eng. João Baptista Comparini, (2003 – 2005) eng. Eliana Kitahara, (2005 – 2007) eng. Walter Antonio Orsatti, (2007 – 2009) eng. Luiz Narimatsu, (2009 - 2012) eng. Hiroshi Ietsugu e a atual (2012 - 2015), conduzida pelo eng. Reynaldo Young Ribeiro. Após a essa homenagem todos foram convidados a participar do coquetel dos 25 anos, no espaço mezanino do evento.

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Segundo dia da Fenasan 2014 O dia 31 de julho de 2014 será lembrado pelo alto índice de visitação da Feira, que cada vez mais ruma para a globalização. Muitos expositores internacionais trouxeram seus produtos e serviços para serem apresentados ao mercado brasileiro, como também irão levar as experiências desenvolvidas no Brasil para o seu país de origem. Como a feira é aberta, o público visitante, em sua maioria era da região metropolitana de São Paulo, com notada presença de estudantes de engenharia e técnicos do setor de saneamento, mas também com visitantes vindos de outros estados brasileiros, principalmente técnicos de concessionárias de saneamento, e até mesmo de outros países, como José do Carmo (Lisboa – Portugal) e Ondina Santos (Fortaleza-Ceará), que afirmaram estar satisfeitos com as apresentações do evento. No âmbito de expositores, a Coester apresentou sua nova Linha Flex Redudante CSM6/16 de atuadores compactos, com ¼ de volta; acoplamento ISSO 5211 – F05 e F07; dimensões de haste de 22m para quadrados e conexão através de cabo multivias diretamente no atuador com prensa cabo. A bomba Meganorn, fabricada pela KSB, é destinada para uso geral com fluidos limpos ou turvos para o abastecimento de água, drenagem, irrigação, construção civil, entre outros. Segundo o fabricante, “opera com

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pressão de até 16 bar e vazão de até 1.400 m³/h e está disponível no mercado em ferro fundido e, opcionalmente, em rotor de aço inox”. Na empresa Tek foram expostos os sistemas de tubulação de PRFV com diâmetros de 300 a 3.000 mm e capacidade para pressões de até 32 kfg/cm². Outro destaque da empresa é o método Cured in Place Pipe (CIPP), que possibilita a reabilitação de tubulações de água e esgoto sem a abertura de valas. A AgSolve também lançou o seu coletor de dados com disparados de eventos AquaLogger, desenvolvido para poços com mais de 2” e registro de até 32.000 conjuntos de dados remotos. É fornecido com o software Logger Link, para configuração e coleta de dados. A tradicional expositora Tigre apresentou linhas de coletores de esgoto, coletores conjugados, conexões de eletrofusão e conexões de compressão. Os coletores de esgoto são compostos por tubos e conexões de PVC rígido com juntas elásticas que transportam o esgoto sanitário em redes coletoras. No mercado, estão disponíveis em diversas bitolas (DN 100 a DN 400) e têm diversas aplicações: interceptores de esgoto sanitário, sistemas condominiais, estações de tratamento de esgoto, instalações prediais de esgoto e águas pluviais, entre outros. Todos os estandes foram bastante visitados, causando um impacto muito positivo nas negociações da Feira.

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Números superlativos fecham o 3º dia de encerramento dessa edição Com uma visitação de 19.000 pessoas, exposição de 248 estandes de empresas do setor, apresentação de 80 trabalhos técnicos, 8 mesas redondas e 3 minicursos, o 25º Congresso AESabesp – Fenasan 2014 superou todas as expectativas e chegou ao seu terceiro dia consolidando mais uma vez a sua posição como o maior evento técnico-mercadológico da América Latina. Nesse último dia da edição de 2014, foram realizadas 45 palestras técnicas no Congresso, dentre as quais destacamos um trabalho de suma importância para as parcerias dos setores públicos e privados: “O aprimoramento da gestão para estabelecimento do sistema de tratamento de esgotos no município de Mogi Mirim”, na qual Eliane Rodrigo de Almeida expôs o trabalho desenvolvido pela Sesamm na cidade, em parceria com a Sabesp, que elevou o índice de 0 para 65% de tratamento de esgoto. Segundo a palestrante, o desenvolvimento do trabalho na ETE Mogi Mirim só foi possível devido ao modelo de gestão utilizado, uma concessão de 30 anos que permite alterações no projeto. Na concessão, o controle acionário pertence a três empresas: GS Inima (57%), Sabesp (36%) e ECS Operações (7%). Em um período de quatro anos, o projeto inicial de envio de 75 litros de esgoto por segundo para a estação de tratamento foi duplicado, passando a ser de 150 litros por segundo. “Não conseguiríamos ter esse avanço se não fosse o modelo de concessão utilizado”, ressaltou. Já a palestra “Avaliação comparativa da eficiência no tratamento de esgoto sanitário a partir da caracterização físico-química de dois sistemas utilizados no oeste do estado do Paraná”, ministrada por Thiara Reis Lopes, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, abordou a caracterização de esgoto bruto e tratado por meio de dois tipos diferentes de tratamento: operação com lagoas e operação com Ralf, respectivamente, nas cidades de Santa Helena e Medianeira. Entre os parâmetros utilizados no estudo estavam Ph, temperatura e nitrogênio amoniacal. “Ao término da pesquisa, encontramos médias semelhantes nos sistemas de estudo para os parâmetros avaliados”, finalizou a congressista.

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Apresentação de Eliane Rodrigo de Almeida

Palestra “Programa Sanear meu Bairro”, por Francisca Adalgisa da Silva

Apresentando uma tecnologia da Sabesp, o profissional técnico André Ricardo Miguel discorreu sobre a temática “Melhorias no sistema de coleta da bacia de esgotamento do Anhangabaú utilizando software de modelagem hidrodinâmica”, a qual explanou a avaliação do comportamento hidráulico da bacia, como localização e recolocação em cargo do coletor de tratamento (800 m), condições de funcionamento dos antigos coletores (500 m e 600 m). O desenvolvimento do trabalho foi possível devido ao uso do software SewerGems V8i, para modelagem hidrodinâmica, que gerou modelos e cenários importantes para algumas tomadas de decisões. O palestrante explicou que “o uso de ferramentas computacionais é de extrema importância para o completo conhecimento do funcionamento de um sistema de coleta de esgoto”. De importante cunho social, a palestra “Programa Sanear meu Bairro”, por Francisca Adalgisa da Silva, que é presidente da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp, abordou o desafio de atender populações de baixa renda no projeto

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Equipe da Swedish Environmental Research Institute apresentaram a experiência da Suécia em saneamento

desenvolvido na região da Baixada Santista. A ação tem como principais objetivos a melhoria das condições de saneamento da região, promover a interface com prefeituras, reduzir perdas, aprimorar o relacionamento com as comunidades e buscar soluções técnicas. “Também atuamos na capacitação de agentes comunitários, pois é necessário entender a cultura, a vida da comunidade local para desenvolver o trabalho”, concluiu a palestrante. Palestras internacionais também fizeram parte desse Congresso, como “A experiência da Suécia em tratamento de esgoto e efluentes – como usar tecnologia e inovação na prática”, ministrada pela equipe da Swedish Environmental Research Institute. E o futuro próximo dos recursos hídricos foi amplamente debatido na palestra “Água e meio ambiente: uma agenda para os próximos 4 anos”, com integrantes da ABES, tendo a mesa o seu presidente nacional e assessor da presidência da Sabesp, Dante Ragazzi Pauli, e dirigentes da GO Associados, Instituto Trata Brasil, IFC e Banco Mundial.

O público aumentou mais ainda no encerramento da Fenasan 2014 No último dia da Fenasan 2014, seus corredores ficaram lotados e muitos visitantes buscavam conhecer as novidades nos estandes dos expositores. Entre as visitas destacamos a do diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, que percorreu a Feira e conversou com vários técnicos e expositores, principalmente sobre a busca de soluções para a crise hídrica de São Paulo. Em praticamente todos os estandes houve alta concentração de público, dentre os quais o da empresa Danfoss, que trouxe seus controladores de velocidade variável para controle de fornecimento de energia para motores elétricos. Segundo o fabricante,

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“o VLT Aqua Drive FC202 proporciona maior proteção da bomba seca e redução de custos. Seu conversor de frequência avalia constantemente as condições da bomba com base nas medições internas de frequência e potência. O equipamento é indicado para aplicações de saneamento e tratamento de efluentes”. A Fortelev Engenharia apresentou o Tanque Modular Fortelev, indicado para indústrias, instalações, comerciais, escolas, empresas de saneamento básico, entre outras aplicações que exijam armazenamento de grandes volumes de água e efluentes. Já a empresa Pentair desenvolveu um Biorreator com membranas Airlift (MBR), constituído de membranas tubulares de 5,2 mm. Seus módulos de 8” e 3m de comprimento permitem que o instrumento opere com até 15g/l sólidos voláteis de biomassa com um requisito de espaço limitado. A solução é destinada para aplicações municipais e industriais.

A OTT trouxe o seu sensor de nível, temperatura e condutividade, Ecolog 800, que traz registrador e unidade de transmissão de dados GSM, GPRS e SMS integrados para medição em poços e em águas superficiais e tanques. A Sika lançou as membranas líquidas para impermeabilização de coberturas Sikalastic 560, à base de resinas de poliuretano que formam proteções sem juntas e homogêneas. Tem aplicação em obras novas ou para renovação de impermeabilizações antigas. O B&F Cleartec, desenvolvido pela Cleartec, é uma tecnologia utilizada para aumento da capacidade de tratamento biológico nas estações de tratamento de esgotos sanitários e efluentes industriais.

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Encerramento com a entrega do Prêmio AESabesp 2014 Após cerimônia de abertura, no dia 29.07 e três dias de congresso e exposição (30 e 31.07 – 01.08), a edição de 2014 foi concluída. E para fechar o evento com chave de ouro, foram realizadas premiações e a esperada entrega do Troféu AESabesp aos expositores que mais se destacaram nos três dias de Fenasan. Também foi entregue o prêmio “Jovem Profissional”, destinado para jovens acadêmicos. A cerimônia foi iniciada com um agradecimento a toda a Comissão Organizadora do 25º Congresso Técnicos AESabesp e Fenasan 2014, presidida pelo eng. Gilberto Alves Martins. Na sequência, o diretor técnico da AESabesp e responsável pela Fenasan 2014, Olavo Alberto Prates Sachs, expressou a satisfação da entidade em cumprir o desafio de promover, nessa edição especial de 25 anos do evento, um Congresso e uma Feira, que superaram todas as anteriores e corres-

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ponderam a confiança dos técnicos do setor e das empresas parceiras nessa ação. Em seu pronunciamento, Olavo Sachs também agradeceu o prestígio de visitantes e expositores de todos os estados brasileiros e também os vindos de outros e países, como Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. São parceiros que tornaram possível esse evento e reforçaram o propósito da AESabesp em aproximar tecnologia e mercado, num grande intercâmbio voltado para a excelência do setor. O diretor técnico da AESabesp também falou sobre as novidades da Feira e do Congresso em 2014, como a criação do aplicativo para dispositivos móveis, a instalação do balcão de informações na entrada e da instituição do Prêmio Jovem

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Profissional, como forma de incentivar o futuro de bons profissionais para atuarem num setor tão essencial como o saneamento ambiental. Sobre as palestras magnas de encerramentos, avaliou que “receber o talento de Rolando Boldrin foi um prazer, afinal todos nós voltamos às nossas origens, bem como receber Lars Grael, que é um exemplo de superação e serviu como uma dose de motivação para todos nós”.

Diretor técnico da AESabesp e responsável pela Fenasan 2014, Olavo Alberto Prates Sachs

Premiações de encerramento: A Unidade da Sabesp, ganhadora do Troféu “Encontro Técnico”, com maior número de apresentações de trabalhos técnicos foi a TX (Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação), representada pelo seu superintendente, eng. Américo de Oliveira Sampaio, que recebeu o troféu das mãos do eng. Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, presidente da AESabesp. Sampaio, ao receber a outorga, afirmou: “é uma satisfação receber esse prêmio, que é um mérito de toda equipe da TX. É muito importante esta divulgação dos trabalhos técnicos, que devem sair das prateleiras, para serem projetados e utilizados”.

Em seguida, foi feito um sorteio para uma premiação de uma participação no conceituado Congresso IWA, em Lisboa-Portugal, ocorrido em setembro de 2014. O sorteio foi feito pela diretora cultural da entidade, Sônia Maria Nogueira, e o contemplado foi o congressista Luciano Reami. Ainda durante o congresso, três participantes (um a cada dia) foram sorteados e ganharam tablets oferecidos pela AESabesp. Os contemplados foram: Gilmar Massone, Adilson Menegatte e Bruno Sidnei da Silva.

Após minuciosa análise do corpo de jurados do mais alto nível técnico dentro do setor de saneamento ambiental, foi revelado o nome do ganhador do “Prêmio Jovem Profissional AESabesp”, que reuniu participantes de todo o País. E o vencedor foi Igor Cardoso Pescara, doutorando em química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com o trabalho “Remoção de contaminantes emergentes por processos convencionais de tratamento de esgoto”. O certificado de reconhecimento da AESabesp, entregue pelo presidente da Comissão do 25º Encontro Técnico- Fenasan foi feito pelo presidente da Comissão Organizadora do evento, eng. Gilberto Alves Martins.

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As empresas vencedoras e ganhadoras do Prêmio AESabesp Fenasan 2015

Na conclusão dessa cerimônia, num dos tradicionais momentos de maior expectativa de todas as edições, foram anunciados os grandes ganhadores do Prêmio AESabesp Fenasan 2015

Categoria “Melhor Estande”

Analyser Comércio e Indústria

Andritz Separation

Bongas Brasil

Categoria “Inovação Tecnológica”

B & F Dias Indústria e Comércio

Marte Científica

Promar Tratamento Anti-corrosivo

Categoria “Atendimento a Cliente”

Dositec Bombas Equipamentos e Acessórios

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ESA Eletrotécnica Santo Amaro

Mizumo - Máquinas Agrícolas Jacto S/A

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ESPECIAL 25 ANOS DE ENCONTRO TÉCNICO AESABESP E FENASAN

Destaque “Destaque AESabesp – Fenasan 2014”

Higra Industrial

A Higra Industrial, empresa nacional fabricante de bombas anfíbias e aeradores submersos, localizada em São Leopoldo – RS, foi a que recebeu a maior outorga do dia, por reunir a excelência em todas as categorias de premiação. O seu presidente, Silvino Geremia, é uma personalidade emblemática do setor. Filho de família humilde de pequenos agricultores, tornou-se um empresário bastante conhecido no Brasil por empregar conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento humano em sua empresa. Ao receber o troféu das mãos de nosso diretor de marketing, Paulo Ivan Morelli, emocionado, ele afirmou “ se sentir muito honrado com o prêmio e que a AESabesp abriu muitas portas para Higra no mercado nacional e é uma entidade que também faz parte da história dessa empresa”.

Expectativa para 2015 Finalizando o 25º Congresso AESabesp – Fenasan 2014, o presidente da AESabesp, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, agradeceu a colaboração de parceiros, expositores, visitantes e todos aqueles que colaboraram para o sucesso dessa edição. Anunciou, ainda, em primeira mão, que em 2015

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a Fenasan será realizada no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, o maior espaço desse complexo, nos dias 04, 05 e 06 agosto, com o compromisso da AESabesp em promover um evento de tão elevado nível técnico e mercadológico, como foi o de 2014.

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Acontece no setor ACT da Sabesp é referência no mercado de saneamento

Uma das maiores referências para um fornecedor, seja ele nacional ou internacional, operar com as grandes empresas de saneamento no Brasil, é a obtenção do Atestado de Capacidade Técnica (ACT ) da Sabesp. De acordo com o superintendente de Suprimentos e Contratações Estratégicas, Álvaro Manuel Santos Mendes, e o gerente do CSQ, Walter Pellizon Junior (foto), o processo de qualificação prévia dos fornecedores, na Companhia, é permanentemente aberto. E para aferir uma qualidade a um material ou a um equipamento, o mesmo tem que passar por uma série de avaliações. Somente o fornecedor que atingir o índice de 70% dos padrões requeridos estará aprovado para o atendimento. Dessa forma, primeiro se avalia a qualidade para depois partir para uma concorrência de preços, garantindo que todos os aptos fornecedores não irão comprometer a qualidade do produto final, posto que interferem diretamente na qualidade de vida e na saúde da sociedade. “Quando se trata de vidas humanas, não podemos correr riscos”, atesta o superintendente Mendes, que admitiu que a procura por esta lista dos fornecedores de ponta, elaborada pela Sabesp, é muito grande entre as empresas do País, especialmente as concessionárias estaduais. Para participar dos processos licitatórios para fornecimento de materiais estratégicos para a Sabesp e integrar essa lista referendada no mercado de saneamento, os fornecedores devem acessar o link http:// sabesp-info18.sabesp.com.br/forneced.nsf, pelo qual irão encontrar os procedimentos necessários. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: csq@ sabesp.com.br e pelo telefone: +55(11) 3388-6282.

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Sabesp demonstra como se executa “Ligação de Água” para técnicos do Brasil e do exterior

Os participantes da 5ª edição do curso internacional “Boas Práticas Operacionais para Prevenção, Redução e Controle de Perdas em Sistemas de Distribuição de Água”, tiveram aula teórica e prática de “Execução de Ligação de Água”, ministrada pelo encarregado Carlos Alberto Sousa da MCJC (Polo Lapa) com o auxílio do agente de saneamento ambiental e líder de equipe, José Carlos de Castro. Na ocasião, foram demonstradas peças e equipamentos e realizada uma atuação de campo no Centro de Treinamento Manutenção de Redes e Ramais de Água do Departamento de Engenharia da Operação (TOE). A ação ganhou relevância, visto que um dos grandes problemas das empresas de abastecimento de água em todo o mundo é a alta incidência de vazamentos que ocorrem em redes e, principalmente, nos ramais prediais de água. O problema em geral é causado pela má qualidade dos materiais utilizados ou por falhas na execução do serviço. Além da perda de água, esse tipo de ocorrência gera também custos decorrentes da manutenção. E este foi o objetivo da aula, demonstrar que a correta aplicação das NTS´s (Normas Técnicas Sabesp) na execução dos serviços de instalação e manutenção de ramais prediais, assim como a realização do teste de estanqueidade, que reduz a incidência dos possíveis retrabalhos. Também foram apresentados os principais materiais utilizados, tais como o PEAD (polietileno de alta densidade) e seus derivados.

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ACONTECE NO SETOR Saint-Gobain aposta em sua linha de tampões A Saint Gobain Canalização, fabricante de sistemas em ferro fundido dúctil para transporte de fluidos, tradicionalmente conhecida como fabricante de tubos e conexões para água e esgoto, oferece ao mercado de infraestrutura uma linha completa de tampões articulados, todos fabricados conforme normas brasileiras. De acordo com o fabricante, “a linha proporciona resistência aos impactos e à ruptura, facilidade de instalação e de acesso, reduzindo esforços e proporcionando condições ergonômicas de uso. Os produtos podem sair de fábrica personalizados, de acordo com a necessidade do uso”. Os últimos lançamentos DN600 já podem ser vistos em grandes obras no Brasil, como o KORUMIN, desenvolvido para tráfego intenso, nos estádios construídos para Copa do Mundo (Maracanã, Arena Castelão, Arena Corinthians, Arena Pernambuco e Estádio Beira-Rio). O KORUMAX, especialmente fabricado para tráfego mais pesado, está sendo aplicado em parques industriais, portos e aeroportos. O PASSUS, o mais leve de todos, projetado para estacionamentos e calçadas, faz parte do atual projeto de reurbanização da cidade fluminense de Campos dos Goytacazes.

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Projetos Socioambientais

Vantagens de participação do Prêmio AESabesp e do Prêmio Jovem Profissional posturas e hábitos das empresas participantes. A preocupação com a preparação do prêmio, segundo a elaboradora, é manter a qualidade, promover constantemente o compromisso com as condições de saúde e segurança do trabalho durante a fase de montagem e desmontagem, além de contriPrêmio AESabesp buir com as questões ambientais. Os expositores são valorizados sem que percebam mediante aos O prêmio AESabesp é voltado às empresas que exreferenciais normativos: ISO 9001 diretrizes para põem seus produtos e serviços durante a FENASAN atendimento a clientes, ISO 14001 diretrizes para – Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente. demonstrar um desempenho Este prêmio tem passado por ambiental sadio, através do mudanças que visam atender A FENASAN tem controle do impacto, no meio às exigências do mercado inambiente, de suas atividades, ternacional além de valorizar provocado uma SA 8000 voltada a requisitos as inovações e melhorias que mudança contínua na de responsabilidade social as organizações vem aplicando e OHSAS 18001 sistemas de em seus processos internos meforma de apresentar gestão da segurança e saúde diante as necessidades de seus do trabalho. clientes. o que há de melhor A FENASAN tem provocaA cada ano são adotadas no mercado do melhorias no regulamento do do uma mudança contínua na prêmio AESabesp provocando forma de apresentar o que há saneamento e meio os participantes a apresentade melhor no mercado do saambiente por meio de neamento e meio ambiente rem as novidades por eles depor meio de seus expositores senvolvidas. No regulamento seus expositores mantendo-se também na vando prêmio está evidenciada a preocupação com o meio amguarda em relação à preocupabiente, especificamente com a geração de resíduos e ção com o meio ambiente, corroborando com o bem a geração de Gases de Efeito Estufa - GEEs. estar do público que participa do evento e também Segundo a responsável pela elaboração dos com a sua integridade física. critérios do prêmio, da identificação do perfil dos Em comemoração aos 25 anos de Encontro Técavaliadores e da sua condução, a química Maria nico e Fenasan, a AESabesp instituiu inovações na Aparecida Silva de Paula, o maior desafio a cada entrega do Troféu AESabesp, com base em ações ano é a inovação. Um trabalho de pesquisa é feisustentáveis pautadas pelo projeto Ecoeventus, da Diretoria de Projetos Socioambientais da entidato durante o ano todo e são selecionadas as melhores práticas para uma feira de negócios (Fede. A principal novidade foi referente ao critério “Inovação Tecnológica”, que em 2014 os exposinasan). O resultado é gratificante, uma vez que, por meio de fotos são registradas a mudança de tores tiverem a maior pontuação em inovação de A AESabesp preocupada em valorizar, descobrir e assegurar o desenvolvimento pessoal e das organizações tem há muitos anos promovido o prêmio AESabesp e neste ano lançou mais uma categoria de prêmio, o Jovem Profissional.

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produtos e serviços implantados nos últimos 25 anos. Esta ação teve por objetivo identificar as empresas que confiaram à AESabesp as apresentações ou lançamentos de seus produtos e serviços ao longo desse período. Na cerimônia de encerramento do evento, neste ano, em 01.08, os grandes ganhadores do Prêmio AESabesp Fenasan 2014 foram para a categoria: “Melhor Estande”: Analyser Comércio e Indústria, Andritz Separation e Bongas Brasil, “Inovação Tecnológica”: B & F Dias Indústria e Comércio, Marte Cientifica e Promar Tratamento Anti-corrosivo, “Atendimento a Cliente”: Dositec Bombas Equipamentos e Acessórios, ESA Eletrotécnica Santo Amaro e Mizumo Máquinas Agrícolas Jacto S/A e Destaque “Destaque AESabesp – Fenasan 2014”: Higra Industrial. O critério “Destaque Fenasan” confere à empresa que recebe a maior outorga: a excelência em todas as categorias de premiação. O depoimento emocionado do presidente, Silvino Geremia, no final do evento de premiação, mostrou a importância e a responsabilidade da AESabesp na condução do prêmio. Os avaliadores do prêmio AESabesp 2014 fo-

ram: Alessandra de Oliveira Silva, André Fernando da Silva Nogueira, André Matiello Carani Caramanti, Carlos Eduardo Banhos Ignácio, Dina Lica da Silva, Edmar dos Santos Costa, Fabrício Lemos Hunderttmarck, Geórgia Abílio Públio Mendes, Hélio Leite Silva, Luciana Greanin Rostello, Marcos Roberto Silva das Dores, Maria Conceição Zeoti, Marcio Sunao Fujikura, Vagner R. Robiatti, Victor Augusto da Silva Nogueira, Cacilda Costa Paranhos, Letícia Trajano de Pontes, Luiz Cláudio Pimenta, André Luiz Andrade das Neves e Maria Aparecida Silva de Paula – coordenadora do prêmio. São profissionais especialistas de sucesso em implantação de sistemas de gestão de qualidade, saúde e meio ambiente, além de avaliadores de prêmios em outras entidades. A AESabesp preocupada em fomentar e dar oportunidades para jovens que procuram seu primeiro emprego ou querem mudar suas atividades, há três anos, conta com a participação de voluntários para desenvolver atividades durante o evento. Esses jovens participam de workshop para conhecer a associação, e também, tomam conhecimento das atividades que atuarão. Neste ano participaram desta ação 12 voluntários que agradecemos suas con-

A AESabesp preocupada em fomentar e dar oportunidades para jovens que procuram seu primeiro emprego ou querem mudar suas atividades, há três anos, conta com a participação de voluntários para desenvolver atividades durante o evento.

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Projetos Socioambientais tribuições para o sucesso das ações transversais do projeto Ecoeventus, em especial prêmio.

Prêmio Jovem Profissional Lançado durante a cerimônia de encerramento da edição do Encontro Técnico AESabesp de 2013, o Prêmio “Jovem Profissional” fez parte da cerimônia de encerramento de 2014 juntamente com a premiação do troféu AESabesp. Esse prêmio, destinado a universitários, graduados e pós-graduados com até 30 anos de idade, tem por objetivo identificar jovens e talentosos profissionais, oferecendo-lhes uma oportunidade para mostrarem sua capacidade intelectual e produtiva na avaliação do cenário ambiental,com trabalhos técnicos que possibilitem contribuir para mudança no cenário atual. Realizado em parceria com as diretorias da AESabesp: Projetos Socioambientais e Técnica, a ação se propõe a ajudar a formar futuros profissionais

transformadores das condições socioambientais do País, que poderão empreender, gerar emprego, inovar e promover a transformação do Brasil no cenário econômico e tecnológico. A premiação consiste num troféu e subsídio de uma bolsa de estudo. O vencedor pode escolher o curso e a instituição educacional que pretende estudar. Além disso, caso tenha interesse, contará com a orientação profissional (mentoring) para desenvolver e implantar o produto do trabalho, tornando-o um projeto, de acordo com o regimento interno da AESabesp, sendo incorporado na carteira de projetos da Diretoria de Projetos Socioambientais.

O trabalho dos avaliadores do prêmio Jovem Profissional Para o prêmio Jovem Profissional contou-se com a parceria de várias Unidades da Sabesp a quem agradecemos: Superintendência de Gestão Ambiental

Trabalhos classificados para a fase de apresentação Neste ano concorreram ao prêmio 40 trabalhos técnicos de vários locais do Brasil: São Paulo, Paraná, Pará, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Desses foram classificados para a fase de apresentação sete trabalhos: ■■ A vulnerabilidade socioambiental de catadores (as) de materiais recicláveis e/ou reutilizáveis, de Raquel de Paula Soares, Universidade Federal do Paraná, PR; ■■ Avaliação comparativa da eficiência no tratamento de esgoto sanitário a partir da caracterização físico-química de dois sistemas utilizados no oeste do Paraná, Thiara Reis Lopes, Univesidade Tecnológica Federal do Paraná, PR; ■■ Bolsas de resíduos no Brasil e Alemanha: Oportunidades de Contribuição à Sustentabilidade, Raquel de Paula Soares, Universidade Federal do Paraná, PR;

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■■ Caracterização de uma bacia hidrográfica urbana na região metropolitana de Belém – PA, Layse de Oliveira Portéglio, Universidade Federal do Pará – UFPA, PA; ■■ Degradação de efluente têxtil sintético por AspergillusNiger AN 400 em reator de bateladas sequenciais, Alyce Hélida Bastos de Sousa, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará, CE; ■■ Modelagem e simulação dos processos de reciclagem e recuperação dos metais contidos nas placas eletrônicas, Renato de Castro Vivas, Universidade Estadual de Santa Cruz, BA e, ■■ Remoção de contaminantes emergentes por processos convencionais de tratamento de esgotos, Igor Cardoso Pescara, Universidade Estadual de Campinas, SP, sendo este último o vencedor dessa primeira edição do Prêmio Jovem Profissional AESabesp.

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Avaliadores para a etapa final do Prêmio Jovem Profissional

– TA, Superintendência de Empreendimentos, Superintendência dePesquisa – TE, Superintendência de Desenvolvimento Operacional - TO, Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação - TX, Unidade de Negócio de produção de Água da Metropolitana – MA, Unidade de Negócio Médio Tietê – RM, além de professores das Universidades de São Paulo – USP, Universidade Mackenzie e profissionais com vasta experiência sobre o tema avaliado. Contou-se com os profissionais: Alexandre Luiz Yamanaka, Américo de Oliveira Sampaio, Ana Lúcia Fonseca Rodrigues Szajubok, Ana Lúcia Silva, An-

Classificada para etapa final do prêmio com sua família

dré Luiz Andrade das Neves, Cristina KnorichZuffo, Gisele Alessandra Nunes da Cunha Abreu, Ivan Borghi, James Shiromoto, KamelZahed Filho, Marcelo KenjiMiki, Miriam Moreira Bocchiglieri, Paulo Ferreira, Roque Passos Pivelli, Silvio Leifert, Wanderley da Silva Paganini e Maria Aparecida Silva De Paula Santos – coordenadora e elaboradora do prêmio Jovem Profissional. O regulamento dos prêmios são validados pela Comissão Organizadora do Encontro Técnico, cujos nomes constam no site: http://www.fenasan.com.br/ br/comissao-organizadora.

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Vivências

Roberto Fumio Hatakeyama, o nosso vice-rei do trekking

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Fumio é formado como técnico em edificações, engenheiro civil e pós -graduado em administração para engenheiros pelo Instituto Mauá. Trabalhou como desenhista numa empresa de engenharia, por dois anos e em 1980, ingressou na Sabesp, na área de cadastro, posteriormente foi para a auditoria (atual PA) e após cursar engenharia, foi designado como engenheiro da Companhia: “um sonho realizado”. A partir daí, passou por diversos polos de manutenção, como Pirituba, Sé, São Miguel, Poá, Suzano e a Engenharia de Água. Atualmente ele é gerente do Escritório Regional do Alto Tietê, na Unidade Metropolitana Leste da Sabesp. Em março de 2015 fará 35 anos de empresa.

Foto: Selma Souza

m cada Revista Saneas, trazemos este espaço, denominado “Vivências”, para mostrar que muitos dos nossos associados técnicos também cultivam práticas e valores, fora da engenharia, que lhe trazem grande realização pessoal, como o caso do eng. Roberto Fumio Hatakeyama, gerente do ER Alto Tietê.

Fumio, ao centro, recebendo a condecoração de vice-rei o trekking

Além do singelo hobby de “colecionar orquídeas”, Fumio, atualmente com 56 anos, também é uma referência esportiva na AESabesp, sempre dando força nos Festivais Esportivos da entidade, seja nas competições de boliche, como nas organizações finais e, principalmente, por formar grupos abertos de trekking, um esporte praticado ao ar livre, em contato direto com a natureza, com caminhadas por trilhas nas matas, campos e florestas, que exige um bom preparo físico, mas proporciona um grande prazer aos praticantes. Em 18 e 19 de outubro, foi realizada a grande prova “Rei & Rainha do Trekking”, no Clube de Engenharia em Guaratiba/RJ, sob o sol intenso e calor de 38 graus. E Fumio alcançou o expressivo título de “vice-rei”, numa competição acirrada, que ao todo reuniu 43 participantes e exigiu dos competidores muitas navegações, por meio de bússolas, e precisão nos passos. Comemorando o resultado, comentou: “faltou pouco para ser o rei, mas nenhum paulista conseguiu tal feito, privilégio até agora somente dos cariocas e mineiros”, com a mesma simpatia habitual que concedeu esta entrevista à Saneas.

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Vivências Saneas: O que o motivou a escolher a engenharia como profissão? Fumio: A escolha veio de forma natural. Tinha uma inclinação maior para área de exatas (gostava de matemática) e assim aos 17 anos passei no “vestibulinho” do Liceu de Arte e Ofícios de São Paulo, para estudar Edificações (colegial), que concluí em 1979 e no ano seguinte estava no primeiro ano de Engenharia Civil, na OMEC, de Mogi das Cruzes. Neste mesmo ano (1980), comecei a trabalhar na Sabesp como desenhista e em 1987, um ano após me formar, passei para o cargo de engenheiro. Foi um sonho realizado. Saneas: Além da engenharia, o senhor sempre teve inclinação para o esporte ou isso decorreu por alguma necessidade? Fumio: A inclinação pelo esporte foi por puro lazer e diversão. Como toda criança brasileira, comecei com o futebol, que joguei por muitos anos nas várzeas da Zona Leste de São Paulo e posteriormente pelos campeonatos promovidos pela Associação Sabesp. Saneas: Quais os esportes de sua preferência? Fumio: Até os 45 anos, o futebol era o mais praticado, tendo participado principalmente da equipe da Sabesp da Consolação, onde pude desfrutar de alguns títulos na modalidade do salão e também no campo. Depois veio o boliche, tênis de mesa e o trekking. Saneas: Hoje o senhor é um difusor do trekking dentro da Sabesp. Como foi o início dessa iniciativa e qual é sua visão atual da mesma? Fumio: Em 2003 conheci o trekking, quando montamos uma equipe com colegas da Sabesp para disputar provas na Copa Alto Tietê, competição organizado pelo Leonard Camargo, colega e funcionário também da Sabesp. Achei muito interessante, principalmente as longas caminhadas por trilhas nas matas, pastagens, morros, riachos, etc. Era um passeio bucólico, nos domingos de manhã. O trekking como competição, ainda é um esporte em fase de crescimento e aceitação, inclusive dentro da Sabesp. O principal fator de sucesso neste esporte é o conceito de equipe: todos por um, um por todos.

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Saneas: O que essa prática esportiva acrescenta em sua vida? Fumio: Tudo. Conheci várias cidades e pontos turísticos nesse interior brasileiro. Possibilitou fazer novos amigos. Por vezes, encontramos nas trilhas, aves e animais silvestres, tais como o Jacú, bandos de codornas, coelhos, etc. Estar intimamente em contato com a fauna e a flora é um prazer inigualável, culminando com uma melhora na saúde mental e física. É um prazer imensurável acordar num domingo de manhã e caminhar em meio a matas e trilhas. Saneas: Qual foi a sensação de receber o título de vice-rei do trekking em recente campeonato no Rio de Janeiro? Fumio: A Cidade Maravilhosa me ofereceu um momento maravilhoso. Superar o sol e calor de 38ºC, 42 competidores e a complexa navegação dentro das matas do Clube de Engenharia/Guaratiba, foi excelente. Foi uma prova solo/individual, ou seja, era necessário executar todas as funções de uma equipe, como navegar, contar passos, dar bússola, etc. Por tudo isto, a sensação foi de êxtase. Saneas: O que o senhor recomendaria às pessoas que querem conhecer o trekking mais de perto, mas não sabe se tem resistência física para essa prática? Fumio: Existem vários organizações que promovem o trekking como competição. Os sites específicos disponibilizam todas as orientações para montar equipes, dicas das provas, equipamentos necessários, etc. Inclusive realizam treinamentos para os novatos. É um esporte, que não exige muito esforço físico, na maioria das provas, principalmente nas categorias iniciantes. Saneas: Qual é a compensação de ser considerado como um incentivador do esporte em seu meio profissional? Fumio: Não me considero um incentivador do esporte. Talvez por conta da assiduidade, dedicação e um pouco de competitividade, tenho obtido alguns resultados de destaque e isto dá uma visibilidade, podendo servir de espelho e exemplo para alguns.

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