Ano IX . Edição 59 . Agosto a Outubro de 2016
- VEÍCULO -
FENASAN 2016
- OFICIAL -
27º ENCONTRO TÉCNICO AESABESP – FENASAN 2016 Mesmo num ano de instabilidade econômica, política e social no País, o maior evento em saneamento ambiental na AL reuniu 17 mil visitantes e 180 expositores.
Impacto do uso da energia no saneamento
Novidades na Fundação Energia e Saneamento
Guilherme Arantes: um grande sucesso na Fenasan
Uma análise do impacto do uso e conservação de energia no saneamento e a busca de novos processos sustentáveis.
Conheça um pouco da história dessa entidade, que preserva a memória dos setores de Energia e Saneamento, e sua nova direção.
Entre excelentes palestras técnicas do Congresso AESabesp, a apresentação “Planeta Água” contagiou o público da Fenasan 2016.
BAUMINAS Química. Tecnologia e inovação ao seu lado. Desenvolver produtos químicos inovadores e de alta performance para o tratamento de água e efluentes: há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris estrategicamente localizadas e sólidas relações de parceria, estamos ao lado das principais empresas de saneamento e processos industriais do Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são comprovadas através do uso em mais de 3.500 municípios. Nossa liderança é resultado de uma estrutura única, aliada a diferenciais estratégicos que garantem a mais completa solução para os clientes:
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EXPEDIENTE Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 6.000 exemplares
EDITORIAL
Prezados associados, amigos e parceiros,
E
stamos com esta 59ª edição da revista Saneas, na qual você é o nosso
Diretoria Executiva Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Diretoria Adjunta Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos Esportes e Lazer: Fernandes Hayashi da Silva Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Gilberto Alves Martins Conselho Deliberativo Presidente: Ivan Norberto Borghi Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, Choji Ohara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Richard Welch, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa Chrispim, Sônia Regina Rodrigues
convidado a percorrer suas páginas, que finaliza este ano de 2016, repleto de trabalhos e conquistas.
Vocês terão o prazer de apreciar, por meio de suas matérias e imagens, uma das melhores edições da revista Saneas, feita nos últimos tempos, mérito da equipe de voluntários do nosso fundo editorial, a qual traz como foco principal a importante questão sobre a “Eficiência Energética”. Logo no início, nos deparamos com um artigo muito interessante sobre o “Impacto do uso e conservação de energia no saneamento”, o qual comprovadamente consome grandes quantidades de energia em seus processos, destacando a utilização de energias alternativas como a eólica, fotovoltaica (solar), além de outros tipos de energia utilizadas em todo o mundo,inclusive em algumas Esta-
Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked
ções de Tratamento de Esgoto - ETEs da Sabesp, como as provenientes do biogás.
Coordenadores Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães
Também há um artigo sobre como será o “Instituto AESabesp”, uma das propos-
Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016 Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria Aparecida Silva de Paula Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Luciano Carlos Lopes, Marisa de Oliveira Guimarães, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar Olavo Alberto Prates Sachs, Patricia Barbosa Taliberti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rosângela Cássia Martins de Carvalho, Sergio Luiz Caveagna Sônia Maria Nogueira e Silva Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Sérgio Luiz Caveagna Polo AESabesp Leste: Sílvio Caraça Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi
tas desta gestão, a qual vai muito além de um novo projeto da nossa Associação. Trata-se da confirmação de nossa principal vocação: a de “capacitar” e “transferir” conhecimentos aos técnicos do setor. E, por fim, fazemos um balanço da nossa última edição, do 27º Encontro Técnico da AESabesp e 27ª Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - FENASAN, que foi com certeza o melhor evento já realizado até o momento, graças principalmente à participação de um público qualificado formado por pessoas como você, nosso associado. Vamos, agora, dirigir nossos esforços para a elaboração do “maior evento das Américas” que será o Congresso ABES - Fenasan 2017, em uma parceria da ABES com a AESabesp, o qual será realizado de 02 a 06 de outubro do próximo ano de 2017, no São Paulo - Expo, para juntos mostrarmos o que temos de melhor em prol do saneamento e meio ambiente brasileiros. Um grande abraço a todos,
Editora e Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081 Textoscom - luciatextos@terra.com.br www.site.com.br/textoscom facebook.com/textoscom Redação Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br
Eng. Olavo Alberto Prates Sachs Presidente da AESabesp Gestão 2016-2018
ÍNDICE
06 Matéria Tema Impacto do uso e conservação de energia no saneamento
14 16 18
4
Entrevista
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Fundação Energia e Saneamento sob nova direção
Ponto de vista
29 30 32
Cerimônia de abertura
Abordagens sobre eficiência energética e hidráulica no saneamento
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Palestra de Guilherme Arantes
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História
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Segundo dia
Fundação de Energia e Saneamento
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Entusiasmo entre os expositores da Fenasan
46
Acontece no setor
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V Campeonato de Operadores
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Terceiro dia
49
Vivências
41
Premiação 2016 Troféu AESabesp
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Ações sustentáveis
Eficiência Energética: conscientização e gestão
Visão de Mercado Instituto AESabesp quer capacitar profissionais de excelência para o setor de saneamento
SANEAS
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Especial 27º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2016
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Artigo Técnico
Nossa diretora socioambiental também é mestre em Reiki”
Primeiro dia Boas expectativas no 1º dia de Feira
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MATÉRIA TEMA
IMPACTO DO USO E CONSERVAÇÃO DE ENERGIA NO SANEAMENTO
N 6
SANEAS
Agosto a Outubro de 2016
ão é segredo para nin-
dade de melhorar os mecanismos de
guém que o Setor de Sa-
eficiência energética e buscar novas al-
neamento Básico consome
ternativas à geração de eletricidade nos
grandes quantidades de
serviços do setor.
energia em seus processos. O bombe-
O potencial técnico de recuperação
amento da água, por exemplo, exige
de energia elétrica no Brasil, de acordo
um elevado consumo de energia elé-
com o Programa Nacional de Eficiência
trica. Segundo o Sistema Nacional de
Energética, apenas no saneamento, é
Informações Sobre Saneamento (SNIS),
de 45,19% do seu consumo atual, sem
as despesas com a conta de energia re-
considerar o aproveitamento de poten-
presentam 11,2% dos custos do setor,
ciais hidráulicos disponíveis. Ou seja, 4,7
tendo totalizado em 2014 o valor de R$
TWh poderiam ser economizados por
3.471 bilhões. Isso implica na necessi-
ano com soluções de eficiência energéti-
gerada mesmo em dias nublados ou chuvosos. Quanto maior for a radiação solar, maior a quantidade de eletricidade produzida. No Brasil há 34 usinas solares, com capacidade para gerar 21 MW, o que representa 0,02% de participação no sistema elétrico nacional. Conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL (outubro de 2015), já foram instaladas 1.285 centrais geradoras, sendo 1.233 (96%) com a fonte solar fotovoltaica, 31 eólicas, 13 híbridas (solar/eólica), 6 movidas a biogás, 1 a biomassa e 1 hidráulica.
Uma Questão Global Em setembro de 2015, mais de 150 líderes mundias estiveram reunidos na sede da ONU, em Nova York, para adotar formalmente uma nova agenda de desenvolvimento sustentável. A agenda, formada por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a serem implementados por todos os países do mundo durante os próximos 15 anos, até 2030, tem entre eles o de número 6: “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”, composto pelas seguintes justificativas: ■■ Em 2015, 91% da população global estão usando uma fonte de água potável aprimorada, comparado a 76% em 1990. Contudo, 2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico, como banheiros ou latrinas; ■■ Diariamente, uma média de cinco mil crianças morre de doenças evitáveis relacionadas à água e saneamento; ■■ A energia hidrelétrica é a fonte de energia renovável mais importante e mais amplamente usada. Em 2011, ela representava 16% do total da produção de eletricidade no mundo todo; ■■ Aproximadamente 70% de toda água disponível são usados para irrigação; ca, o equivalente a 1,2 % do consumo total de energia elétrica do país.
■■ Enchentes são a causa de 15% de todas as mortes relacionadas a desastres naturais.
A utilização de energia eólica, produzida a partir dos ventos e criada por meio de aerogeradores, apresenta-se como uma das alternativas para reduzir os custos dos serviços de saneamento. A força do vento é captada por hélices ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A capacidade instalada de energia eólica no Brasil cresceu 56,9% de 2014 a 2015, conforme dados do Ministério de Minas e Energia. Atualmente, existem 349 usinas eólicas instaladas no país, a maioria na região Nordeste. A utilização de energia fotovoltaica é mais uma alternativa. Produzida a partir da captação da luz do sol a energia pode ser
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MATÉRIA TEMA
Matando a sede, sem matar o planeta Uma nova instalação de dessalinização de água é abastecida pela energia do grande parque solar “Mohammed bin Rashid Al Maktoum”, em construção perto de Dubai, entra em funcionamento produzindo 13.200 litros de água potável por dia. O número é bem inferior em relação à outras plantas de dessalinização, mas suscita uma questão: Os países podem parar de usar combustíveis fósseis para fornecer água potável? Centenas de fábricas de dessalinização têm sido planejadas ou estão em construção em todo o mundo, já que a água doce é um bem cada vez mais precioso. De acordo com um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa de Política, mais da metade da população do mundo estará em risco de escassez de água até 2050 se as previsões atuais se confirmarem. Essas plantas, no entanto, podem ser um agravante da situ-
Enquanto a nova planta de dessalinização alimentada por
ação, pois liberam gases de efeito de estufa, em última análise,
energia solar em Dubai é muito pequena, no próximo ano
poderão piorar o problema da seca. A Arábia Saudita, por exem-
uma muito maior, a de Al Khafji, cidade da Arábia Saudita,
plo, utiliza cerca de 300.000 barris de petróleo por dia para des-
deverá entrar em operação. A planta de Al Khafji deverá pro-
salinizar a água do mar, o que garante o fornecimento de cerca
duzir cerca de 16 milhões de galões de água fresca por dia,
de 60% de sua necessidade. Encontrar uma maneira de produzir
o suficiente para abastecer a população local. A empresa de
água fresca sem queima de combustíveis fósseis é crucial, não
energia solar espanhola Abengoa, que está construindo a usi-
apenas para os países do deserto do Oriente Médio, mas para
na junto com a empresa saudita estatal de Tecnologia Avan-
um número crescente de lugares ao redor do mundo.
çada da Água, afirmou que ela deverá ser a primeira usina de dessalinização em larga escala do mundo alimentada exclusivamente por energia solar.
Dessalinização da água do mar
Infelizmente, o processo de dessalinização alimentado por energia solar é, ainda, muito caro: de acordo com um relatório do Banco Mundial, o custo é cerca de três vezes o da água
60
%
300.000 Barris de petróleo por dia
obtida a partir de plantas abastecidas por redes elétricas convencionais. E uma usina de dessalinização precisa funcionar 24 horas por dia, o que exige baterias caras para complementar a energia quando o sol não está brilhando. Apesar disso e graças
Fornecimento de água
ao aumento da eficiência e a queda do preço da energia solar, são esperados que os custos caiam nos próximos anos: de US $ 50 por 1.000 galões de hoje, no Oriente Médio, à metade disso
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até o final deste século. Mesmo assim, é um custo elevado para a dessalinização alimentada por energia solar o que dependeria de subsídios governamentais para ser economicamente viável , mesmo em lugares como o Oriente Médio.
Ventos a favor do tratamento de esgoto A Jersey-Atlantic Wind Farm em Atlantic City, New Jersey, é o
Outro fator que torna dispendioso o processo é a necessida-
primeiro parque eólico nos Estados Unidos em região costeira.
de de grandes áreas, já que os painéis solares precisam de mui-
Sua operação teve início em março 2006 e conta com cinco
to espaço. Isso significa que a dessalinização alimentada por
turbinas de 1,5 MW, a 120 metros de altura, construídas pela
energia solar poderia ser mais econômica em pequenas con-
General Electric . A estação de tratamento utiliza cerca de 50%
figurações. Por exemplo, Central Valley, região atingida pela
da capacidade eólica gerada, fornecendo cerca de 60% das
seca, na Califórnia, o Centro de Pesquisa Tecnológica da Água
necessidades de eletricidade da usina de águas residuais, com
na UCLA está construindo várias instalações de energia solar,
a energia restante sendo fornecida para a rede de energia prin-
que irão dessalinizar águas residuais agrícolas para as cidades
cipal para revenda como eletricidade renovável premium.
que não têm abastecimento suficiente de água potável. Estas instalações “são pequenas o suficiente para o uso de energia
Gestão para economia
solar”, diz o professor de UCLA Yoram Cohen, que dirige o
Atuando em duas frentes para reduzir custos, as empresas de
projeto. “Você não poderia fazer isso em Carlsbad, porque o
saneamento, no Brasil, têm travado um duro embate contra as
custo imobiliário seria muito caro.”
perdas de água, que chegam a cerca de 40% de toda a água
A criação de novas tecnologias, mais avançadas seria, tam-
tratada no país, provocadas, sobretudo, por vazamentos e li-
bém, uma esperança para alterar a equação. As plantas Al
gações clandestinas e contra o desperdício de energia elétrica,
Maktoum e Al Khafji simplesmente substituem por energia
que, na maioria dos casos, ocupa o segundo lugar na planilha
solar a energia que seria proveniente da rede elétrica conven-
de despesas. Dessa forma, investir em alternativas virou uma
cional. As usinas utilizam osmose reversa, nas quais a água sal-
prioridade do setor.
gada é forçada a passar através de membranas nos quais os
De acordo com dados do Plano Nacional de Eficiência Ener-
íons de sal são retidos, permitindo que somente as moléculas
gética (PNEf), o potencial técnico de recuperação de energia
de água passem. Trata-se de um processo que consome muita
elétrica no setor de saneamento chega a 4,7 TWh. Ou seja, um
energia. As plantas que usam o calor gerado por matrizes de
bloco de energia que corresponde a 34% de seu consumo de
energia solar concentrada para destilar água do mar em água
energia elétrica somente no ano de 2015.
fresca poderão, em breve, ser comparadas em custo a algumas
Por meio do Procel Sanear, nos últimos quatro anos, a Ele-
plantas alimentadas por outras fontes de energia, de acordo
trobras investiu R$ 2,42 milhões para realizar uma série de
com a análise do Banco Mundial.
diagnósticos em sistemas de companhias de saneamento, além
Jersey-Atlantic Wind Farm em Atlantic City, New Jersey.
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MATÉRIA TEMA
de cursos de capacitação profissional. Os últimos diagnósticos feitos em cinco concessionárias de saneamento indicaram potenciais médios de economia de energia elétrica de 1.031 MWh/ano, de redução de demanda na ponta de 280 kW/ano e de redução de perdas reais de água de 683 m3/ano, em cada sistema estudado. As soluções mais usuais são a troca de equipamentos padrões por outros de alto rendimento, reabilitação de tubulações, dispositivos de partida de conjuntos motobomba, setorização dos sistemas, instalação de dispositivos para regularização da pressão na rede e a implementação de um sistema de gerenciamento de energia, como a ISO 50.001. Além dos diagnósticos do uso de equipamentos mais eficientes e novas tecnologias, uma outra arma vem ajudando a criar
Subestação de entrada de energia da Elevatória Santa Inês
a cultura de eficiência energética na área de saneamento: a educação, que envolve treinamento; capacitação profissional, com a oferta de bolsas de estudo; e a publicação de materiais.
Sabesp economizou 99 milhões com energia elétrica só em 2015 Em 2015, um ano com altas de preço e em que a energia elétrica comercializada no ambiente de contratação regulada
MERCADO LIVRE (ACL) X MERCADO CATIVO (ACR)
(Mercado Cativo) teve um aumento médio de 50 %, a Sabesp economizou a estrondosa cifra de R$ 99 milhões. O motivo dessa economia se deve à forma como a energia é contratada. Desde 2004 a empresa realiza licitações para a aquisição de
O mercado de energia no Brasil está dividido em ACR (Ambiente de Contratação Regulada), onde estão os consumidores cativos, e ACL (Ambiente de Contratação Livre), formado pelos consumidores livres.
energia, buscando no ambiente de contratação livre (Mercado Livre) valores mais competitivos. Atualmente, 14 unidades consumidoras (captações, estações de tratamento e elevatórias, tanto de água como de esgotos), três na Diretoria de Sistemas Regionais e onze na Diretoria Metropolitana se beneficiam com esta modalidade de contratação de energia e espera-se que, até o fim de 2016, mais 22 unidades consumidoras façam parte desse rol. Serão 22 unidades utilizando energia de fontes renováveis e 14 de fontes convencionais, totalizando 36 unidades ou 53 % da energia consumidos pela Sabesp.
Os consumidores cativos são aqueles que compram a energia das concessionárias de distribuição às quais estão ligados. Cada unidade consumidora paga apenas uma fatura de energia por mês, incluindo o serviço de distribuição e a geração da energia, e as tarifas são reguladas pelo Governo.
Os consumidores livres compram energia diretamente dos geradores ou comercializadores, através de contratos bilaterais com condições livremente negociadas, como preço, prazo, volume, etc. Cada unidade consumidora paga uma fatura referente ao serviço de distribuição para a concessionária local (tarifa regulada) e uma ou mais faturas referentes à compra da energia (preço negociado de contrato).
A contratação via Mercado Livre, demanda maior esforço quando comparada à contratação por meio do Mercado Cativo e é por isso que na Sabesp o trabalho conta com a participação de diversos times. O processo, capitaneado pelo Departamento de Gestão de Energia Elétrica (TOG) tem a participação do Departamento de Licitações e Serviços (CSS); do Departamento Extrajudicial (CJE) e dos Departamentos de Planejamento e
O Mercado Livre de Energia se consolida como uma forma potencial de economia, meio seguro e confiável de adquirir energia elétrica por um valor negociável. Dentro de uma cadeia produtiva, todos os insumos devem ser objeto de negociação, e a energia elétrica também deve assim ser tratada. A principal vantagem nesse ambiente é a possibilidade de o consumidor escolher, entre os diversos tipos de contratos, aquele que melhor atenda às suas expectativas de custo e benefício. Fonte: http://www.mercadolivredeenergia.com.br
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Execução Financeira e de Análises Financeiras e Contratos (res-
de animais, ou de forma antrópica como em aterros sanitários
pectivamente FFE e FFT), além da colaboração das unidades de
e usinas de biogás. Pode ser classificado como biocombustível
negócio: MA, MT, RG e RJ. Em 2016 contará, também, com
por ser uma fonte de energia renovável, sendo uma forma de
novas unidades que ingressarão neste mercado, a saber: MN,
obter energia que pode auxiliar o ser humano a se emancipar
ML, RA, RS e RV.
da dependência dos combustíveis fósseis.
A energia comprada via Mercado Livre pode ser proveniente
A biomassa é a principal fonte para o biogás e é considerada
de qualquer geradora do Sistema Interligado Nacional (SIN). E
um resíduo sólido, sendo encontrada de diversas formas, tais
a responsável, em caso de interrupções ou de má qualidade no
como: restos de alimentos, resíduos de madeira, palha do ar-
fornecimento de energia, continua sendo a distribuidora local.
roz, bagaço da cana de açúcar, esterco de animais, entre outras
A Sabesp é referência para outras concessionárias de sanea-
formas. Trata-se de uma matéria orgânica que pode ser utiliza-
mento do País. No TOG são comuns os contatos de empresas
da como recurso energético a partir de diferentes processos:
que querem saber mais sobre a excelência da gestão de energia
biogás por queima, biogás por decomposição e biocombustí-
na empresa. Desde que a Sabesp passou a contratar energia do
veis por extração e transformação.
Mercado Livre em 2004, a economia acumulada foi de cerca
Dez ETES (Estações de Tratamento de Esgoto) do País parti-
de 435 milhões (atualizado a dez/2015), no entanto, o ano
cipam dessa iniciativa: ETE Sapucaí-Mirim (Copasa); ETE Gua-
de 2015 entra para a história como um recorde e isso em um
xinim (Sanesul); ETE Norte e ETE Padilha Sul (Sanepar); ETE Pa-
contexto de crise.
ranoá (CAESB); ETE Várzea Paulista (Sabesp); ETE Itabira (SAAE
Um gás para o Saneamento Em um país com iniciativas consideradas tímidas na área de
Itabira); ETE Piçarrão (Sanasa); ETE Rio Preto (Semae São José do Rio Preto); ETE Toque-Toque (Águas de Niterói).
pesquisa e desenvolvimento, e com baixos índices de fomento
Cenário do Esgoto no Brasil
ao desenvolvimento de novas tecnologias, um projeto do Mi-
Conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA/ 2016),
nistério das Cidades merece destaque, sobretudo por envolver
70% dos 5570 municípios brasileiros não tem tratamento de
duas áreas intrínsecas que ganham importância ano após ano
esgoto ou aproximadamente 60% da população.
devido às mudanças climáticas pelas quais passa o planeta,
Com relação ao porte, em um universo de 1667 ETEs, 32%
trata-se do Probiogás, Projeto de Cooperação Técnica entre o
atendem a uma população maior que 10 mil habitantes; 51%
Ministério das Cidades e a Deutsche GesellchaftfürInternatio-
entre 10 e 100 mil habitantes e 40% mais de 100 mil habi-
naleZusammenarbeit (GIZ), empresa federal alemã de utilidade
tantes. Quando se fala em novos sistemas (investimentos do
pública presente em mais de 130 países.
PACs), 35% das ETEs, cerca de 539 unidades possuem reato-
Iniciado em 2013 e com previsão de término em 2017, o projeto tem o objetivo de ampliar o aproveitamento energético do biogás no Brasil em saneamento básico e em iniciativas
res UASB (Upward-flowAnaerobicSludgeBlanket )/RALF (Reator Anaeróbio de Manto de Lodo e Fluxo Ascendente). Daí, a importância do biogás, pois impacta de forma positiva
agropecuárias e atua em duas frentes: as águas residuais e os
a cadeia produtiva do saneamento, pois:
resíduos sólidos.Trata-se de um produto residual do tratamento
■■ Reduz custos operacionais;
de esgotos e, a princípio, um poluente. Mas, também, é um
■■ É uma fonte adicional de receita;
excelente combustível e uma fonte limpa de energia.
■■ Pode ser armazenado;
Biogás é o nome comum dado a uma mistura de gases que
■■ Possui versatilidade de usos (térmico, elétrico, veicular);
foi produzida pela decomposição biológica da matéria orgânica
■■ É uma fonte renovável;
na ausência de oxigênio. Normalmente, consiste em uma mis-
■■ Melhora a qualidade do efluente;
tura gasosa composta, principalmente, de gás metano (CH4) e
■■ Mitiga a emissão de gás de efeito estufa;
gás carbônico (CO2), com pequenas quantidades de gás sulfí-
■■ Fomenta a capacitação da mão de obra do setor;
drico (H2S) e umidade.
■■ Reduz o odor no entorno das plantas de tratamento de esgotos.
A produção de biogás ocorre naturalmente em qualquer local submerso em que o oxigênio atmosférico não consiga pene-
Iniciativas Nacionais
trar, como em pântanos, no fundo de corpos d’água, intestino
No Brasil, a utilização de fontes alternativas de geração e apro-
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MATÉRIA TEMA
veitamento de energia no setor de saneamento tem alcançado relevância, muito embora possam ser consideradas iniciativas um tanto quanto tímidas, se comparadas com as de outros países. Nesse contexto, as soluções que despontam como saídas viáveis são a utilização de energia solar e o reaproveitamento do biogás. Nessa linha, duas grandes empresas do setor no cenário nacional, a Copasa e a Sabesp, saíram na frente. Confira:
Copasa - Água no Interior A Companhia de Saneamento de Minas Gerais -Copasa vem aperfeiçoando com suces-
Sistemas de energia solar fotovoltáica implantados pela Copasa
so, há alguns anos, sistemas de energia solar fotovoltaica que são utilizados economicamente em locais onde a rede de energia elétrica esteja distante
de caminhão-pipa. Também não polui o meio ambiente e nem
no mínimo 2,0 km. O uso se dá preferencialmente no atendi-
a água, além de não provocar ruídos. De acordo, com a conces-
mento às escolas e residências em comunidades rurais, mas há,
sionária, a vida útil do sistema é superior a 30 anos.
nos locais com disponibilidade de água, hortas comunitárias, fruticulturas e bebedouros para animais.
Sabesp - Ações Sustentáveis
A maioria dos sistemas implantados pela Copasa é consti-
talação dos sistemas diz respeito à posição dos painéis. Estes
Beneficiamento de Biogás gerado na ETE Franca para utilização como Gás Natural Veicular- GNV
devem ser orientados para o norte geográfico (23º a leste do
O projeto prevê a captação dos gases gerados nos digestores
norte magnético) e inclinados 25º em relação ao solo (15º para
anaeróbios da ETE Franca, no interior de São Paulo, além do
evitar acúmulo de poeira e folhas e mais 10º para obter uma
beneficiamento para gás natural (biometano) e disponibiliza-
boa radiação efetiva). Os painéis devem estar alinhados e a
ção como combustível para automóveis. Desta forma, em ter-
base de sustentação, que deve ser resistente, e formados por
mos ambientais o reaproveitamento de biogás na forma de
células fotovoltaicas, conectadas em série e em paralelo. Tendo
biometano, além de evitar a emissão de gases de efeito estufa,
em vista que os módulos fotovoltaicos geram energia elétrica
viabilizará uma fonte de combustível não fóssil para veículos.
tuída de módulos fotovoltaicos, controlador/inversor, conjunto motobomba e um reservatório. Um aspecto importante na ins-
em forma de corrente contínua, são utilizados inversores que trolador é responsável apenas pela função de ligar e desligar o
Tratamento de esgotos e a geração de energia elétrica na ETE Barueri
sistema. Nos novos sistemas o controlador/inversor vem aco-
Em julho de 2016, a Sabesp divulgou uma proposta para uti-
plado internamente ao conjunto motobomba, o que diminui
lizar o lodo e o biogás da ETE Barueri como fonte alternativa
os custos.
para autoprodução de energia elétrica. Além de secar cerca
convertem a corrente contínua em corrente alternada. O con-
Apesar do custo inicial ser elevado, o processo não possui
500 toneladas de lodo produzidas diariamente durante o tra-
gastos operacionais e a manutenção é quase zero. Isso significa
tamento de esgotos o processo suprirá aproximadamente 50%
que não há despesas com pessoal, equipamentos, combustível,
do consumo energético da estação, a maior do Brasil. A esco-
proporciona independência dos usuários e desonera as prefei-
lha do local para implantação desse projeto se deu em razão
turas com gastos de combustível e transporte de água por meio
do porte das instalações, da vazão tratada (55% do esgoto tra-
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ETE Franca
ETE Barueri
tado na Região Metropolitana de São Paulo) e da quantidade
gaseificação são grandes se comparadas com os incineradores.
de lodo produzido.
No sistema de gaseificação é possível utilizar um processo em que uma tonelada de resíduo sólido urbano pode gerar até
Sistema de Gaseificação por Plasma de Resíduos Sólidos de ETEs
1000 kW, enquanto os incineradores utilizam um método em
Outra tecnologia que está em desenvolvimento na ETE Barueri
térmica superior, o sistema de gaseificação gera o gás de sínte-
é o sistema de gaseificação por plasma que consiste na im-
se (syngas) como subproduto. O syngas é uma mistura gasosa
plementação de módulos com capacidade de gaseificar até15
de monóxido de carbono, dióxido de carbono e hidrogênio e
(quinze) toneladas/dia de resíduos sólidos inertes, vítreos e não
dele podem ser gerados vários subprodutos como combustível
lixiviáveis, podendo ser utilizados como agregado na indústria
líquido de alta qualidade (etanol, metanol, cetonas, ésteres,
civil ou cerâmica.
ceras e hidrogênio).
que é possível gerar até 650 kW de energia. Além da eficiência
Em relação à eficiência térmica as vantagens do sistema de
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
13
ENTREVISTA
Fundação Energia e Saneamento sob nova direção
D
esde o final de 2015, a Fundação Energia e
Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo.
Saneamento está sob a administração geral
Sergio Augusto de Arruda Camargo Universidade Mackenzie Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,EPUSP
14
SANEAS
do engenheiro Sergio Augusto de Arruda
Saneas: Desde quando o senhor está à frente da Funda-
Camargo, graduado pela Universidade Ma-
ção Energia e Saneamento?
ckenzie, em 1971, e mestre em Engenharia Hidráulica -
Sergio Augusto: Desde outubro de 2015 presido o Con-
Obras Hidráulicas, pela Escola Politécnica da Universidade
selho de Administração da Fundação Energia e Saneamen-
de São Paulo, EPUSP, em 1980.
to, mas fui conselheiro da instituição, antes credenciada
Entre suas incursões na esfera pública, já foi diretor de Pla-
como OSCIP, de 2002 a 2004, e presidente do Conselho
nejamento, Engenharia e Construção da CESP - Compa-
Curador de 2004 a 2008.
nhia Energética de São Paulo; diretor-presidente da CPOS - Companhia Paulista de Obras e Serviços; chefe de Gabi-
Saneas: Em sua concepção, qual é o grande elo entre os
nete da Secretaria de Estado de Energia, Recursos Hídricos
setores de Energia e Saneamento?
e Saneamento, superintendente do DER - Departamento
Sergio Augusto: São setores fundamentais para a sobre-
de Estradas de Rodagem e superintendente do DAESP -
vivência e a qualidade de vida do homem. O abastecimen-
Agosto a Outubro de 2016
to (m³/h) e a geração de energia (mwh) por hidroelétricas utilizam o
história da ciência, da tecnologia e ao desenvolvimento urbano e in-
elemento vital da vida que é a água; daí a importância de um entrosa-
dustrial paulista.
mento de planejamento para a utilização dos recursos hídricos dispo-
O conhecimento da história e dos problemas enfrentados no passado
níveis. Setorialmente, ambos têm suas peculiaridades, complexidades
nos setores de saneamento e energia também são importantes canais
e especificidades, mas são interligados na missão de garantir a oferta
para a melhor compreensão de nossos desafios atuais.
permanente e crescente desses insumos. Temos uma parceria com a Sabesp, em Salesópolis, onde a Fundação
Saneas: Qual a função da Fundação e o que se tem feito em prol
possui uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), com garantia física de
da sociedade?
0,47 MW médios e potência instalada de 2 MW, e de cujo reservatório
Sergio Augusto: Desde 1998, a Fundação Energia e Saneamento
a Sabesp retira 144m³ /h para abastecimento de 11 mil habitantes da
cumpre a sua missão, desenvolvendo ações de educação e cultura, pre-
zona urbana da cidade, devidamente outorgado pelo DAEE.
servando, pesquisando e divulgando o patrimônio histórico dos setores
Nos reportando ao passado, no início da implantação dos serviços públi-
de energia e de saneamento ambiental.
cos de saneamento e energia, na virada do século 19 para o 20, a his-
Como instituição privada e sem fins lucrativos, vem realizando ações
tória dos dois setores se confunde, e foi sendo construída em paralelo.
em duas frentes: no Núcleo de Documentação e Pesquisa (NDP), res-
Em São Paulo, por exemplo, a construção da antiga Represa de Santo
ponsável pelo tratamento do acervo arquivístico e bibliográfico sob
Amaro, atual Guarapiranga, foi iniciativa da antiga Companhia de Ener-
sua guarda, que lhe fornece subsídios para a produção de livros, como
gia Light, a fim de represar água para a geração de energia na Hidre-
o recém-lançado “São Paulo em 200 imagens”, exposições e outros
létrica de Parnaíba, primeira usina a servir a Capital, e não inicialmente
produtos culturais, bem como fornece acervo riquíssimo procurado por
para o abastecimento de água.
pesquisadores, e que integra, entre outros itens, 260 mil documentos
Além disso, o surgimento de cidades modernas inspiradas em modelos
fotográficos, 1.600 metros lineares de documentos textuais e 50 mil
europeus, como São Paulo, que preservou características rurais até o
livros em biblioteca; e na Rede Museu da Energia, composta por uni-
final do século 19, se deu não somente no sentido de urbanizar, eletri-
dades localizadas em São Paulo, Itu e Salesópolis, e que receberam,
ficar e industrializar, mas de sanear bairros e trazer mais saúde e quali-
no último ano, um público de mais de 40 mil visitantes. Dessa forma,
dade de vida aos cidadãos.
a Fundação busca contribuir para a educação patrimonial e ambiental, trabalhando diferentes eixos temáticos como história, ciência, tecnolo-
Saneas: Qual é a importância de se preservar e divulgar a história des-
gia e meio ambiente.
ses setores? Sergio Augusto: Além de trabalhar como prestadora de serviço no
Saneas: O que o Sr. acredita que pode ser realizado para melhoria do
acervo histórico da Sabesp, com documentação datada desde o iní-
setor de Energia e Saneamento.
cio da implantação dos serviços de saneamento na Capital, a partir da
Sergio Augusto: Não se trata de melhorar mas, fundamentalmente,
Companhia Cantareira e Esgotos, e a expansão de tais serviços em ou-
de reavaliar os processos futuros. Ambos os setores passam por esgo-
tras cidades do Estado, a Fundação Energia e Saneamento é a única
tamento de suas capacidades instaladas. Os grandes aproveitamentos
a salvaguardar o conjunto de arquivos existentes da extinta São Paulo
hidroelétricos em São Paulo já foram implantados; teremos que explo-
Light & Power (e suas companhias aliadas), empresa responsável por
rar fontes alternativas de energia como fotovoltaicas, eólicas, térmicas,
implantar os serviços de eletricidade, na virada do século 19 para o 20,
entre outras, o que implica em desenvolvimento de novas tecnologias
como a iluminação pública e os bondes elétricos, nas cidades paulistas,
de equipamentos e mesmo na reciclagem de profissionais. Seria inte-
em especial na Capital.
ressante retomar os conceitos de usinas reversíveis e desenvolver a ex-
Foi neste período que o Estado de São Paulo e a Capital passaram pelas
ploração das PCHs.
grandes transformações que alterariam seu ambiente de característi-
Quanto ao abastecimento, em particular na cidade de São Paulo, a Sa-
cas rurais para urbanas, alavancadas pelo excedente do capital cafe-
besp terá grandes desafios na captação, pois os mananciais próximos
eiro investido na industrialização e na urbanização das cidades. Sem
à Capital já estão explorados. Buscar água a longas distâncias exige
os serviços de saneamento e a eletricidade, tais mudanças não seriam
investimentos vultosos e interessantes projetos de engenharia. É fun-
possíveis, e o conjunto de documentações de tais setores são registros
damental implementar as técnicas de reúso e persistir na questão da
imprescindíveis para a pesquisa de história da energia, do saneamento
racionalização de uso. Por outro lado, continuar perseguindo a meta de
e da urbanização no Estado de São Paulo, diretamente relacionado à
100% de esgoto tratado.
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
15
PONTO DE VISTA
Por Gisele Alessandra Nunes da Cunha Abreu
Gisele Alessandra Nunes da Cunha Abreu é graduada em Engenharia Elétrica pela Universidade São Judas Tadeu (1999), possui Master of Business Administration - MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Instituto de Administração - FIA/ USP (2014). Trabalha na Sabesp desde 1996 e atualmente é gerente do Departamento de Gestão de Energia Elétrica da Superintendência de Desenvolvimento Operacional da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp.
16
SANEAS
Eficiência Energética: conscientização e gestão
A
o analisar a história do saneamento
possibilitaria uma melhor estruturação dos processos
básico no Brasil, vemos que existe
operacionais e formação de equipes mais capacitadas.
uma forte relação com a comple-
Dado que o setor de saneamento básico demanda
xa realidade da urbanização e uma
a aplicação de energia elétrica em seus processos, é de
estreita ligação com o setor público, apesar da
consenso geral que este custo representa uma grande
participação relevante da iniciativa privada na im-
parcela do desembolso financeiro nos processos ope-
plantação dos primeiros sistemas de saneamento
racionais dos sistemas de água e esgoto (logicamente
no Brasil.
a regulação do setor impacta diretamente estas ques-
No decorrer do tempo, em função de complexidades
tões). Cabe ainda ressaltar a preocupação crescente da
financeiras e operacionais, o Estado fomentou a estru-
sociedade com o meio ambiente, que de fato, a adoção
turação de empresas estatais de saneamento, permitin-
de práticas operacionais baseadas no uso consciente
do que o benefício da escala fosse absorvido por estas
e na responsabilidade ambiental, contribuem para um
empresas e viabilizando uma melhor gestão dos recur-
uso mais sustentável dos recursos hídricos e energéticos.
sos financeiros a serem aplicados no setor, além disso,
O Brasil possui um grande desafio para a universali-
Agosto a Outubro de 2016
zação dos serviços de saneamento. Isso demanda um montante ele-
equipe das empresas de saneamento Básico, uma vez que muitas
vado de recursos financeiros, e a aplicação de práticas operacionais
empresas são pequenas, e não possuem a cultura de monitoramen-
que promovam a eficiência de processos é imprescindível. Se por
to implementada, nem de mão de obra capacitada, seja pela com-
um lado esta atitude promoverá a redução do custo de operação,
plexidade dos editais de eficiência energética e sua incompatibilida-
por outro poderá, também, contribuir para ampliação do nível de
de com a lei de licitações, Lei 8.666/93, a qual o Poder Público deve
atendimento das empresas de saneamento.
se submeter. Portanto, é necessário o desenvolvimento de processos
É importante ter em mente que o desenvolvimento tecnológico é um fator de grande importância na busca pela eficientização e melhoria contínua dos processos operacionais, porém não é o úni-
que possam promover o acesso de todas as instituições aos recursos de eficiência energética. Deve-se também observar, que a magnitude dos ganhos em efi-
co. Da mesma maneira, a adoção de
ciência energética no setor de sa-
equipamentos mais eficientes, por
neamento ainda é desconhecida,
si só, não gerará economias expres-
sobretudo pela ausência da cultura
sivas de energia. É imprescindível a
de monitoramento e registro dos
participação relevante e um grande
dados, tanto pela impossibilidade
envolvimento dos demais envolvi-
de instalação de instrumentos de
dos, assim como, a observação das regras operacionais e a adoção de uma cultura de manutenção preventiva e preditiva, não apenas corretiva. Uma prática muito importante para identificação dos resultados obtidos é a cultura de monitoramento do desempenho energético dos equipamentos eletromecânicos (contínuo ou por campanha). Observando pela ótica energética, é evidente que existem vantagens para investirmos na eficientização dos processos operacionais, pois a energia mais barata é aquela que não é produzida. O governo federal, através do Mi-
O Brasil possui um grande desafio para a universalização dos serviços de saneamento. Isso demanda um montante elevado de recursos financeiros, e a aplicação de práticas operacionais que promovam a eficiência de processos é imprescindível.
nistério de Minas e Energia, estruturou alguns programas de Eficiência
medição que possam mensurar os parâmetros de funcionamento dos equipamentos eletromecânicos e das variáveis de processo (instalações antigas), quanto pela falta de conscientização da importância destes registros. O caminho para o aumento da eficiência energética dos processos operacionais invariavelmente passa pela análise do ciclo de vida da instalação. Assim, é de grande importância que os projetos sejam desenvolvidos com qualidade e com a preocupação da operação e da manutenção, considerando sempre a necessidade de medição das grandezas físicas do processo, e dos equipamentos.
Energética, como o PROCEL - Programa Nacional de Conservação
A conscientização da equipe operacional e de manutenção, aliada
de Energia Elétrica, e também o PROCEL SANEAR - Programa de
ao desenvolvimento da cultura de medição e registro, poderá pro-
Eficiência Energética em Saneamento Ambiental, em conjunto com
porcionar dados com grande confiabilidade que permitam a análise
o Ministério das Cidades. Atualmente, a ANEEL - Agencia Nacional
do desempenho dos processos, e eventuais ações de correção de
de Energia Elétrica, estruturou o Programa de Eficiência Energética
rumo, com a identificação de potenciais de ganhos de eficiência e
- PEE, e sua realização se dá através das empresas de distribuição
aprendizado contínuo de todas as partes envolvidas. Com isso, os
de energia.
conceitos de eficiência energética poderão permear todos os níveis
Existe grande complexidade e burocracia para a aplicação dos
da empresa, desde os processos de planejamento até os processos
recursos financeiros destinados a este programa, seja para o desen-
de manutenção e operação, promovendo um ambiente favorável ao
volvimento de projetos de Eficiência Energética de forma direta, pela
desenvolvimento de uma cultura de eficiência e gestão.
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
17
VISÃO DE MERCADO
Instituto AESabesp quer capacitar profissionais de excelência para o setor de saneamento Pela Diretora Cultural da AESabesp
A
o comemorar os seus 30 anos, a AESa-
a partir das reuniões realizadas com os diretores da
besp lançou, em 06 de agosto de 2016,
Sabesp: Paulo Massato, Luiz Paulo de Almeida Neto
o Instituto AESabesp que tem por objeti-
e Edison Airoldi, bem como o presidente da Com-
vo gerar competências para os profissio-
panhia, Jerson Kelman. Portanto, já foram iniciados
nais do setor de saneamento e meio ambiente.
Maria Aparecida Silva de Paula
18
SANEAS
os processos de reformulação de cursos com am-
A Associação tem disponibilizado cursos no setor
pliação da grade, resgatando o curso de operadores
de saneamento ao longo destes anos; porém, o pla-
da ETA e se planejando mais novidades para 2017,
nejamento estratégico de 2016 permitiu identificar
incluindo cursos voltados à segurança de barragens,
os desafios que o setor do saneamento vem enfren-
entre outros.
tando. E dentro das ações definidas para atender as
Com a capacitação de profissionais de uma forma
demandas do mercado estão incluídas as solicitadas,
estruturada com uma grade de cursos temáticos, será
Agosto a Outubro de 2016
possível atender às necessidades de educação corporativa por
grama de Incentivo para Aposentados - PIAP, o qual motivará e
meio de desenvolvimento de competências complementares, com
preparará os profissionais aposentados.
a formação dos profissionais estimulando a criatividade e a capa-
Os cursos são direcionados a empresários, executivos, profis-
cidade de inovação. Desta forma, transformando o conhecimen-
sionais nas áreas de planejamento, engenharia, manutenção,
to em resultados para o negócio das empresas ligadas direta ou
segurança, meio ambiente, contratação de serviços, qualidade e
indiretamente ao saneamento, o resultado será o fortalecimento
normalização dentro do segmento saneamento e meio ambiente.
do conhecimento e a modernização da gestão nos seus diversos setores, por meio da gestão do conhecimento.
Dessa forma, o Instituto AESabesp possibilitará, num futuro próximo, a valorização dos profissionais do segmento, comparti-
Tem-se como diretrizes principais do desenvolvimento, a oferta
lhamento do capital intelectual, além da preparação dos futuros
de cursos com aplicação rápida e de cunho prático, a democrati-
profissionais e, assim, elevar a competitividade e a sustentabilida-
zação dos conhecimentos dos profissionais aposentados ou não
de do saneamento.
em diversas especialidades, de tal forma, que possam transferir seus conhecimentos adquiridos durante os diversos anos de sua atuação na área. A equipe de professores será formada por especialistas que, além do conteúdo programático direcionado ao tema, também apresentarão estudos de casos que possibilitarão uma aplicação prática dos conhecimentos transmitidos. Para viabilizar a inserção dos aposentados como instrutores dos cursos, criou-se um Pro-
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
19
ARTIGO TÉCNICO José Francisco de Carvalho
Engenheiro civil pela Universidade de Taubaté UNITAU. Especialização em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública - USP. Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté - UNITAU. Atualmente é Engenheiro na Superintendência de Gestão Ambiental da Sabesp - TA.
Bruno Sales Bitencourt Costa
Tecnólogo em Saneamento Ambiental - UNICAMP (2008). Especialista em Negócios da Sustentabilidade: Ambiente, Cultura e Turismo - UNISANTOS (2012). Mestrando em Engenharia Civil e Ambiental - UNESP. Endereço (1): Estrada do Rio Claro, 420 - Barranco Alto - Caraguatatuba - São Paulo - CEP: 11670-401 Brasil - Tel.: +55 (12) 38852053 - Fax: +55 (12) 38852029 - e-mail: jfrcarvalho@ sabesp.com.br.
Abordagens sobre eficiência energética e hidráulica no saneamento Por José Francisco de Carvalho e Bruno Sales Bitencourt Costa
Resumo
energética passa a ficar cada vez mais em evidência.
A eficiência energética aponta para o uso racional
Como estratégia para combater o desperdício, o
da energia elétrica e dos recursos hídricos, melho-
governo brasileiro passou a aprimorar as leis e in-
rando a qualidade dos serviços e cuidando melhor
vestir em programas de eficiência energética. Com
do meio ambiente, impulsionada pela mudança
o final do PLANASA na década de 80, foram baixos
comportamental em razão do esgotamento dos
os investimentos no setor de saneamento e, em me-
recursos naturais. CAPRA (1982) afirma que a so-
ados da década de 90, com a entrada da iniciativa
ciedade atual para superar a crise energética não
privada no setor, retomaram-se os investimentos
precisa de mais energia, mas de menos. Aumentar
que logo foram interrompidos e o foco se voltou
a oferta de energia para suprir a demanda, que
para a eficiência. De acordo com o relatório da
aumentará continuamente, trará consequências
Alliance (JAMES et al., 2002), entre dois e três por
drásticas ao meio ambiente quer a curto, médio
cento do consumo de energia no mundo são usados
ou longo prazo. A conservação de energia reduz a
no bombeamento e tratamento de água para uso
probabilidade da falta de energia. Aumentar a efi-
doméstico e industrial. Desse consumo de energia,
ciência é um caminho para reduzir a demanda e o
25% poderiam ser economizados com ações que
risco de escassez, sem prejudicar o desenvolvimen-
promovam o aumento da eficiência. Para GOMES
to econômico ou a qualidade de vida. O aumento
(2009), as perdas de energia elétrica pelas compa-
da eficiência na utilização da energia pode ajudar
nhias de saneamento ocorrem em sua maioria nas
as empresas e os produtos brasileiros a serem mais
estações elevatórias e tem origem principalmente
competitivos no mercado mundial. De acordo com
na baixa eficiência dos equipamentos eletromecâ-
a ABES (2005), cada R$1,00 gasto em conservação
nicos, procedimentos operacionais inadequados e
de energia, evita R$8,00 com gastos em investimen-
equívocos na concepção dos projetos; já MOREIRA
to de geração; além disso, o aumento da eficiência
(2006), atribui uma gama de benefícios ao aumento
permite que as empresas tenham mais recursos para
da eficiência no uso da eletricidade, particularmen-
investir na expansão dos sistemas de água.
te no Brasil. Primeiramente as alternativas visando
PALAVRAS-CHAVE: Eficiência energética, Conservação de Energia, Eficiência no saneamento.
o uso racional da energia elétrica reduzem os custos, uma vez que apresentam valores e tempo de retorno menor quando comparados aos valores de
20
SANEAS
Introdução
outras formas de produção de energia. A conser-
A questão energética no Brasil é antiga, relembra
vação de energia reduz a probabilidade da falta de
as primeiras crises do petróleo na década de 1970;
energia. Aumentar a eficiência é um caminho para
a seguir o Brasil passou a investir pesadamente no
reduzir a demanda e o risco de escassez, sem preju-
PRO-ÁLCOOL e depois que o preço do petróleo caiu,
dicar o desenvolvimento econômico ou a qualidade
os investimentos cessaram. Com o aumento do con-
de vida. O aumento da eficiência na utilização da
sumo de energia elétrica, a questão da eficiência
energia pode ajudar as empresas e os produtos bra-
Agosto a Outubro de 2016
sileiros a serem mais competitivos no mercado mundial. GELLER
brasileira é destinado ao setor saneamento, o consumo dos
(1991) afirma que a conservação de energia elétrica resulta em
motores elétricos representa 90%. Portanto a energia elétrica
menores impactos ambientais e sociais em relação à expansão
é um insumo valioso para as empresas de saneamento, que
da oferta; além de ser uma solução para diminuição dos ga-
são consumidoras expressivas deste item. Ações para aumen-
ses de efeito estufa. A busca constante pela eficiência caminha
tar a eficiência energética no setor de saneamento passam a
junto com a mudança de cultura e tem entre outros benefícios,
ser primordiais no momento em que se redefinem as matrizes
“a preservação do meio ambiente.”
energéticas no mundo, pois é alto o consumo de energia nos sistemas de bombeamento, necessários para o abastecimento
Objetivo
público de água, e esgotamentos sanitários, evidenciados pela
O objetivo deste trabalho é contribuir com o setor de sane-
crise hídrica que o país atravessa.
amento apontando possibilidades para a racionalização e
À semelhança que o PROCEL INDÚSTRIA constatou em ou-
eficientização no uso da energia elétrica e hidráulica, princi-
tros processos industriais, no saneamento o principal potencial
palmente no atual contexto mundial de crise hídrica. Com a
de economia de energia reside nos processos, fundamental-
adoção de ações administrativas e operacionais pode-se melho-
mente nas perdas de água por se tratar de um sistema hidráuli-
rar a qualidade dos serviços de abastecimento de água, coleta
co; a notar pelo nível de automação, supervisão e controle dos
e tratamento de esgotos, reduzir desperdícios, gastos com usos
processos que também é incipiente. Os aspectos geográficos e
indevidos de equipamentos, operação e manutenção inade-
topográficos muitas vezes impõem soluções obrigatórias difi-
quados, além de postergar investimentos. Cabe ressaltar que
cultando a obtenção da eficiência energética desejada, como
a redução de gastos desnecessários no setor, que normalmente
por exemplo, a captação de água de mananciais subterrâneos
já são reduzidos e, frente à demanda represada, contribui para
utilizando conjuntos de bombeamento submersos, ou a adoção
o aumento da área de atendimento.
de estações elevatórias de esgoto para evitar redes coletoras de esgoto muito profundas.
Materiais e métodos
No esgotamento sanitário, o consumo energético depende
A metodologia adotada neste trabalho, baseada na revisão
da forma como foi concebido o estudo prévio, levando-se em
bibliográfica, permite que a adoção de ações e recursos que
conta a delimitação da área, os elementos topográficos, geo-
foquem a eficiência no uso de energia e da água, particular-
lógicos, hidrológicos e sanitários, e o uso de equipamentos de
mente em sistemas de saneamento já consolidados, possam
alta eficiência energética. Já nos sistemas para abastecimento
trazer ganhos operacionais e redução de custos.
de água, as oportunidades de melhoria na eficiência energética são maiores pelas otimizações possíveis de serem aplicadas.
A eficiência no saneamento
De uma forma geral, o potencial de economia de energia elétrica
Eficiência energética consiste no desenvolvimento de um servi-
nos sistemas de abastecimento de água é elevado considerando:
ço ou atividade utilizando a menor quantidade de energia pos-
■■ Perdas de água por vazamentos nas redes e ramais prediais.
sível, ou seja, fazer mais com menos, entretanto este conceito
■■ Dimensionamento inadequado dos equipamentos eletrome-
não se refere exclusivamente à eletricidade, qualquer processo dependente de energia pode se tornar mais eficiente. As perdas de água (reais e aparentes), no setor saneamento representam cerca de 40%, podendo em algumas empresas
cânicos, que operam fora do ponto de rendimento ideal. ■■ Inadequação da reservação que não prevê capacidade suficiente para desligamento dos sistemas de bombeamento no horário de ponta.
atingir 60%, em consonância, os gastos com energia elétrica,
■■ Precariedade do controle operacional pela falta de equipa-
este importante insumo, ocupa o segundo lugar nas contas de
mentos para medição de parâmetros elétricos e hidráulicos,
despesas das empresas de saneamento.
telemetria e sistemas supervisórios, especialmente nos siste-
De acordo com o PROCEL SANEAR 2008 (Programa Nacional
mas distribuidores.
de Conservação de Energia para o setor Saneamento), existe
Deficiências de setorização dos sistemas e de controle de
no saneamento muito espaço para o desenvolvimento de ações
pressão.
visando a redução de desperdícios com energia elétrica. Con-
• Deficiências no controle de vazamentos.
siderando que cerca de 3% do consumo da matriz energética
• Deficiências na gestão da infraestrutura.
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
21
ARTIGO TÉCNICO
to ambiental, com redução de custos para o cliente.
• Escassez de mão de obra qualificada. • Prevalência da manutenção corretiva em detrimento da
Essas medidas incluem ações como: ■■ Uso e adequação de válvulas de controle, barriletes e adu-
preditiva e preventiva. É comum empresas de saneamento apresentarem programas de substituição de hidrômetros, reduzindo as perdas
toras em sistemas de bombeamento no sentido de reduzir perdas de carga.
comerciais, e não investirem na renovação de suas redes de
■■ Redução de perda de carga por limpeza, revestimento ou
distribuição de água que podem ter elevadas perdas físicas,
ampliação de diâmetro das tubulações (ou tubulação adicio-
porém são altos valores de investimento. O mesmo ocorre
nal), eliminação de ar.
com ações relacionadas à eficiência energética, onde a sele-
■■ Modulação de carga nos sistemas com ou sem uso de con-
ção incorreta/obsoletismo dos equipamentos, a manutenção
versores de frequência, mas principalmente por intermédio
precária e o mal dimensionamento do sistema leva a um au-
destes últimos.
mento do consumo de energia. A Tabela 1, apresenta a vida
Este grupo de medidas apresenta um potencial significativo,
útil de peças e equipamentos, em função da redução do de-
pois muitos dos sistemas hoje em operação foram projetados
sempenho esperado.
em uma época em que os gastos com energia eram pouco relevantes no saneamento; o impacto das perdas de carga não era
Tabela 1: Vida útil de peças e equipamentos (fonte: Manual sobre Contratos de Performance e Eficiência para Empresas de Saneamento em Brasil, 2013).
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
ANOS
devidamente considerado nos sistemas de bombeamento, com o complicador de que sistemas com tubulação de maior diâmetro oneram o investimento inicial. Outras situações comuns nos sistemas em operação é o bombeamento direto na rede distribuidora sem considerar as variações de demanda.
Limpeza ou revestimento de tubulações
3
Acionamento por inversores
5
Hidrômetros
5
demanda muito menor. Isto ocorre principalmente em eleva-
Motores elétricos
10
tórias de esgoto, mas também em sistemas de abastecimento
Bombas
10
Válvulas
10
Automação
10
água, a operadora de saneamento reduz os custos com diver-
Tubulações
30
sos itens, tais como:
Reservatórios
30
Também são encontradas situações em que o bombeamento foi dimensionado para final de plano, mas opera hoje com uma
de água. A redução das perdas físicas permite à empresa produzir uma quantidade menor de água para abastecer a mesma quantidade de pessoas. Ao produzir uma quantidade menor de
■■ Produtos químicos; ■■ Energia elétrica; ■■ Pagamento pelo uso de água bruta;
O PROCEL SANEAR, implantado em 1985 e operacionaliza-
■■ Mão de obra.
do pela Eletrobrás, com a missão de implementar diretamente
Com a redução das perdas aparentes, decorrentes de frau-
ou por meio de parcerias as políticas públicas visando a con-
des nas ligações, consumo não faturado, falta de hidrômetros,
servação e o uso eficiente de energia elétrica e da água, tem
problemas de medição, entre outros, a principal consequência
como objetivos:
é o aumento no consumo faturado e, consequentemente na
■■ Promover ações para o uso eficiente de energia elétrica e da
receita, além disso, a empresa pode postergar investimentos.
água no setor saneamento, com benefícios ao meio ambien-
A eficientização no uso final de energia é muito influenciada
te e a saúde pública.
pela aplicação de tecnologias eficientes nos diversos setores,
■■ Incentivar o uso eficiente dos recursos hídricos, como estra-
industrial, comercial e residencial, contudo hábitos pessoais e
tégia de prevenção a escassez de água destinada à geração
medidas administrativas muito simples contribuem para o uso
hidrelétrica.
racional de energia. Os principais fatores que podem levar à
■■ Contribuir para a universalização dos serviços de saneamen-
22
SANEAS
Agosto a Outubro de 2016
ineficiência no consumo de energia são:
■■ Formas contratuais indevidas;
nos circuitos, já que a potência utilizada para o dimensiona-
■■ Procedimentos operacionais inadequados;
mento dos circuitos, desde a cabine de entrada até os equipa-
■■ Desperdícios de água;
mentos consumidores, é a potência aparente medida em kva.
■■ • Dimensionamento equivocado dos sistemas;
■■ Níveis de tensão abaixo da nominal - a reação do motor à
■■ Equipamentos com idade avançada; ■■ Tecnologias utilizadas de maneira errada; ■■ Manutenções insuficientes. As ações para minimizar esses fatores podem ser divididas em administrativas e operacionais.
carga aplicada é reduzida, ocorrendo aquecimento anormal dos enrolamentos, com desperdício de energia. ■■ Melhoria no rendimento dos conjuntos moto-bomba - os motores de alto rendimento, embora sejam cerca de 15% maior, seu custo é de 20 a 25% superior e seu rendimento e
As ações administrativas estão relacionadas especialmente a
fator de potência variam entre 2% e 5% superiores, respec-
possíveis erros nos contratos com as concessionarias de energia
tivamente. Segundo Tisutyia (2001), esses motores possuem
e podem ser resumidas em:
rendimento de 94% para cargas variando entre 50 a 100%.
■■ Classes de faturamento - podem ser residencial, rural, ilu-
■■ Utilização de inversor de frequência - Consegue-se produ-
minação pública, poder público, serviços públicos e demais
zir variações na frequência da energia elétrica, obtendo-se
classes; o setor saneamento é classificado como serviços pú-
com isso melhores resultados já que a curva característica
blicos e para as unidades operacionais, subsidiadas, é conce-
da bomba é alterada pela variação da velocidade. Apresen-
dido desconto de 15%.
ta vantagens na redução do consumo de energia elétrica,
■■ Regularização da demanda contratada - através da análise do histórico das demandas atingidas. ■■ Alteração da estrutura tarifária - conjunto de tarifas aplicá-
melhora o fator de potência dispensando uso de banco de capacitores, elimina picos de corrente na partida e consequentemente eliminação da queda de tensão.
veis às componentes de consumo de energia elétrica e de-
Permite controle das pressões na rede de distribuição de
manda de potência ativas de acordo com a modalidade de
água, evitando-se sobre pressões, mantendo o sistema equili-
fornecimento horo-sazonal (Azul ou Verde).
brado e reduzindo vazamentos.
■■ Desativação das instalações sem utilização - não é incomum
■■ Automação de sistemas de abastecimento de água - de acor-
que uma instalação operacional ao deixar de funcionar, sua
do com Tisutya (1992), a automação trouxe para a Sabesp,
ligação elétrica permaneça ligada.
de um modo geral, uma redução nos custos com energia
■■ Conferência da leitura das contas de energia elétrica - ocasionalmente as faturas podem apresentar erros de leitura. ■■ Negociações para redução de tarifas - item dependente entre outras coisas da oferta e demanda de energia. As ações operacionais envolvem: • Baixo fator de potência (cos ) - considerando que motores e transformadores necessitam de energia reativa para formação de campos magnéticos, fator de potência é a comparação
elétrica da ordem de 8%. ■■ Redução das perdas de carga - conseguem-se bons resultados adotando-se diâmetro maior da tubulação. ■■ Redução da altura geométrica - para abastecimento de áreas com cota alta, a possibilidade em se dividir a altura geométrica em duas partes, reduz-se a potência do sistema. ■■ Outras medidas podem ser adotadas visando a eficiência energética em sistemas de bombeamento como:
entre a energia ativa e a energia total requerida pelo motor
■■ Utilizar reservatórios de regularização para acumular água
(energia aparente), indicando a eficiência com que o motor usa
durante o horário fora de ponta, com incremento de vazões
a energia, sendo que valores altos, próximos de 1, indicam uso
das estações elevatórias nesse período, suprindo o volume a
eficiente da energia elétrica, e valores baixos evidenciam seu
ser consumido no horário de ponta.
mal aproveitamento; no entanto quando o valor mínimo padronizado e aplicado ao consumidor pelas concessionárias (0,92),
■■ Eliminar malhas de by-pass que representam desperdícios energéticos no bombeamento.
não é atingido, é cobrado um ajuste em função da energia ati-
■■ Associação de bombas em paralelo - para cargas com gran-
va consumida e da demanda registrada no mês. Como exemplo
de variação de vazão, embora nesta associação cada bomba
pode-se citar transformadores e motores superdimensionados.
produza uma vazão menor do que produziria se não estives-
Melhorando o fator de potência tem-se liberação de potência
se associada.
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ARTIGO TÉCNICO
■■ Aumentar o diâmetro da tubulação de forma a evitar atrito, porém neste caso o investimento é alto.
Conclusões e recomendações A eficientização no uso final de energia é muito influenciada
■■ Adequar a capacidade da bomba à carga, e utilizar bombas
pela aplicação de tecnologias eficientes nos diversos setores,
mais eficientes ou com ponto de rendimento máximo pró-
industrial, comercial e residencial, contudo hábitos pessoais e
ximo do ponto de operação, isto porque cerca de 16% das
medidas administrativas simples contribuem para a reversão do
bombas tem mais de 20 anos.
quadro de uso irracional de energia.
■■ Redução de perdas em sistemas de ar comprimido - de uso
Os benefícios diretos das medidas de eficiência energética e
frequente principalmente nas tarefas de automação de pro-
hidráulica são refletidos na redução dos gastos com energia;
cessos, que muitas vezes não recebem os devidos cuidados,
além disso, é possível apontar benefícios indiretos. Por exem-
passando a serem fontes de desperdício de energia. O ponto
plo, os gastos investidos em conservavção diminuem ou poster-
de captação do ar deve ser em local de baixa incidência de
gam a necessidade de ampliação da geração de energia.
calor, pois um aumento de 5ºC na temperatura do ar as-
De acordo com a ABES (2005), cada R$1,00 gasto em con-
pirado representa aumento de consumo de energia elétrica
servação de energia, evita R$8,00 com gastos em investimento
da ordem de 1%. Com adoção de tubulações com diâmetro
de geração; além disso, o aumento da eficiência permite que as
10% maior, obtém-se redução da ordem de 32% na perda
empresas tenham mais recursos para investir na expansão dos
de carga, exigindo menos potência dos compressores, e con-
sistemas de água e esgoto. O combate ao desperdício também
sequentemente menor consumo de energia.
se faz pela conscientização do consumidor e pela disseminação
De acordo com CARVALHO (2005), obtêm-se bons resulta-
da educação ambiental, mostrando-se o resultado direto em
dos com economia de energia adotando-se boas práticas de
economia de recursos e benefícios ambientais provocados pela
manutenção que são importantes atividades operacionais. A
mudança de hábitos e comportamentos.
utilização eficiente da energia elétrica exige a implantação
Em tempos em que a crise hídrica mundial vem ameaçar o
e o cumprimento de um programa eficiente de manutenção
abastecimento público, nada mais racional que dispender es-
preventiva e corretiva dos motores e das máquinas por eles
forços para reduzir o consumo desses insumos. Dessa forma
acionadas, além de modernizações de máquinas muitas vezes
torna-se necessário a implantação de um sistema de gestão
a baixos custos, resultando em menores potências. Em outros
ambiental, adotando boas práticas operacionais, induzindo a
casos é mais viável a substituição de máquinas antigas e gran-
uma mudança de cultura.
des consumidoras de energia elétrica por outras modernas que requeiram menores consumos. Outras ações são importantes, em relação à manutenção: ■■ Limpeza adequada do sistema de ventilação, se necessário instalar filtros; ■■ Controle da temperatura do ambiente e do equipamento; ■■ Assegurar o balanceamento entre as fases; ■■ Evitar partidas muito frequentes do motor que elevam sua temperatura; ■■ Adotar quadros de comando com dispositivos de proteção e comandos apropriados; ■■ Verificar ocorrência e eliminar vibrações anormais nos motores, pois podem causar redução de rendimento, devido a desalinhamentos, folgas excessivas dos mancais ou ainda desbalanceamentos das partes giratórias; ■■ Realizar as lubrificações nos prazos recomendados pelos fabricantes e utilizando lubrificantes apropriados.
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Nesse contexto, além das ações relacionadas à gestão dos sistemas de saneamento há um benefício intangível associado ao ganho de imagem de uma empresa focada em eficiência e preservação dos recursos naturais.
HISTÓRIA
turais e educativos que contribuam para a democratização do acesso ao patrimônio cultural, visando o fortalecimento da cidadania e o uso responsável dos recursos naturais, sempre tendo como parâmetro a visão de preservar, pesquisar e divulgar o patrimônio dos setores de energia e saneamento por meio de ações de educação e cultura, nos eixos de história, ciência, tecnologia e meio ambiente. Além disso, a Fundação, também atua junto à sociedade através de parcerias, projetos e serviços, entre eles estão: Plano de atividades da rede Museu da Energia 2014; Espaço das águas - Etapa 1; Porecatu: Histórias no Paranapanema; Restauração do Palácio dos Campos Elíseos; Energia Elétrica do Estado de São Paulo; Memória do Gás; Belle Époque na Garoa; Projeto CPFL; Organização de Arquivos e Acervos; Implantação e Gestão de Equipamentos Culturais; Publicações; Conservação e Restauro; Pesquisa e História Oral; Ação Educativa; P&D e Eficiência Energética; e Arqueologia. Na casa da Fundação também está edificado o Museu da Energia de São Paulo, que foi inauMuseu da Energia de São Paulo
Fundação de Energia e Saneamento
C
gurado em junho de 2005, em um edifício-sede belíssimo, construído entre 1890 e 1894, quando o bairro dos Campos Elíseos era o endereço mais sofisticado da cidade. O palacete foi residência de Henrique Santos Dumont, irmão do aviador Alberto Santos Dumont e um dos homens mais ricos do Brasil na época e tem uma grande história ao longo do tempo, e que hoje recebe em suas salas, equipamentos interativos e atividades como jogos e projeções de filmes, na qual, convidam os visitantes de todas as idades a participarem de experiências científicas e
om a privatização das empresas do setor elétrico, no final dos
a refletirem sobre questões atuais envolvendo
anos 90, o governo do Estado de São Paulo decidiu criar um ór-
o tema da energia e seu futuro e a história da
gão para preservar a memória e o patrimônio do gás e da eletrici-
expansão urbana e industrial da cidade de São
dade, a Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo,
Paulo nos últimos 150 anos.
que mais tarde, em 2004 incorporou também o tema saneamento como mis-
A entrada é gratuita e o horário de visitação
são, assim, se tornando Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Sanea-
pública é de segunda a sexta, das 10 às 17 ho-
mento ou, simplesmente, Fundação Energia e Saneamento.
ras. Para mais informações, entre em contato
A Fundação atua em todo o território brasileiro, possui unidades físicas localizadas em São Paulo, Itu e Salesópolis, e tem como objetivo desenvolver projetos cul-
pelo telefone (11) 3224-1489 ou pelo e-mail: saopaulo@museudaenergia.org.br
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ESPECIAL
27ยบ ENCONTRO Tร CNICO AESABESP FENASAN 2016
A
edição de 2016 do “27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016” foi realizada oficialmente nos dias 16,17 e 18 de agosto, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo - SP,
sob o tema: “Água ou escassez: qual o futuro que queremos?”. A promotora do evento, AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp) manteve o seu alto nível de participação, tanto no Congresso, com salas sempre lotadas, quanto na Feira, com estandes das mais importantes empresas do setor para atender a um público extremamente qualificado. Em anos anteriores, a Fenasan já foi realizada em parcerias com outras entidades congêneres, como a ABRATT - Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva , em 2015. Porém, neste ano, ela esteve sem parceiros e computou sozinha mais de 17 mil visitantes e 180 expositores. Já o Congresso Técnico contou com a inscrição de 1.710 participantes. Segundo a comissão organizadora do evento, foram índices muito expressivos para o mercado de 2016, considerando os impactos políticos, econômicos e sociais do País, nesse período. E para o ano vem, em 2017, haverá a parceria entre a AESabesp e a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), para a realização do mega- evento: “Congresso ABES/Fenasan 2017 o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas”, no moderno e amplo complexo São Paulo Expo, no período de 2 a 6 de outubro de 2017.
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Água ou escassez: qual o futuro que queremos?”
1
Cerimônia de abertura com expoentes do setor Como os dias 16,17, e 18 de agosto foram exclusivamente voltados aos trabalhos do Congresso e da Feira, a solenidade de abertura do “27º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2016” foi realizada na noite de 15 de agosto, aberta a todos os associados
2
e expositores. A cerimônia contou com as presenças do secretário Nacional de Saneamento, Alceu Segamarchi; do presidente da Sabesp, Jerson Kelman (foto 1); do diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp, Edison Airoldi (foto 2); do diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, do presidente da ABES nacional, Roberval Tavares de Souza; do presidente do CREA-SP, Francisco Kurimori, do presidente da
3
Associação Sabesp, Pérsio Faulim de Menezes; do presidente da AAPS - Associação dos Aposentados e Pensionistas da Sabesp, Maximiano Bizzato; do presidente da APECS, Luiz Gravina Pladeval; e de demais lideranças de entidades do setor. Em seu início, houve a entonação do Hino Nacional e após os pronunciamentos da diretora cultural da AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula (foto 3), sobre a estrutura
4
do Congresso; do diretor técnico, Gilberto Martins, sobre o desenvolvimento da Feira, e do presidente da AESabesp, Olavo Alberto Prates Sachs, sobre a importância do evento, foi feita uma homenagem ao 1º diretor da Fenasan (em 1990), o próprio Gilberto Martins, e ao presidente da AESabesp, há 27 anos, Plinio Montoro Filho (foto 4). Na sequência, o presidente Olavo Sachs (foto 5) declarou aberto o 27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016 e convidou a todos para se confraternizarem num
5
coquetel oferecido no local.
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Primeiro dia do 27º Congresso Técnico AESabesp - Fenasan 2016 Na manhã do dia 16 de agosto, foram iniciados os trabalhos do primeiro dia do 27º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente/Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) 2016. A primeira palestra magna/mesa redonda, com o tema do evento: “Água ou Escassez: qual o futuro que queremos”, ficou completamente lotada, com cerca de 500 espectadores. A apresentação principal foi do Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, Alceu Segamarchi, com a participação de Benedito Braga, Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, e de Jerson Kelman - presidente da Sabesp, além da mediação do presidente da AESabesp, Olavo Sachs (foto 6). Em sua abordagem, o secretário nacional de saneamento, Alceu Segamarchi, discorreu sobre os recursos federais para o saneamento, dentro do cumprimento do Plansab (Plano Nacional de Saneamento), inclusive com a reversão de atrasos de subsídios que deixaram de ser investidos, principalmente por falta de capacitação técnica para a operacionalização dos mesmos. Também ganhou ênfase a preocupação do governo com a problemática de perdas de água em grande número de municípios brasileiros, para os quais está sendo
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estipulada uma margem de diminuição, para continuar contando com os recursos da União. Dentro do contexto de investimento na disponibilidade hídrica com a preservação de ecossistemas nacionais, o secretário destacou o projeto recém-lançado por sua pasta “Programa Novo Chico”, que trata da revitalização da Bacia de São Francisco. E ainda aludiu, como ponto nevrálgico, o tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, que ainda se encontra em processo incipiente com grande necessidade de metodologia eficaz para atingir um índice mínimo de resultado. Na complementação da palestra, o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Benedito Braga, trouxe várias abordagens dentro do tema, como a questão climática, que mudou
7
o perfil de São Paulo, que “antes era região de enchente e desde 2014 virou região de escassez”. Para dar uma demonstração histó-
E ainda dentro do contexto das pautas da palestra magna, o
rica, o líder estadual do setor mostrou um gráfico de 1935 do Vale
presidente da Sabesp, Jerson Kelman, ressaltou a importância
do Tenesse (EUA), com índices de total degradação e a recuperação
do mercado do saneamento, dos serviços prestados e a neces-
atual. Em sua afirmação, esses índices são equivalentes a regiões
sidade de um controle eficaz. Na oportunidade, solicitou aos
da África e a algumas do próprio Brasil. Para o secretário estadual,
poderes públicos que os índices nacionais de cadastramento
disponibilidade hídrica gera o impacto econômico de aumento de
não sejam só quantitativos e declaratórios, mas que ganhem
PIB; portanto armazenamento e reservação de água é fundamental
consistência para a estrutura do setor fluir com conhecimento e
para a perenidade do saneamento, além da vontade política.
poder oferecer capacitação (foto 7).
Pela primeira vez, em sua história, o Congresso Técnico/Fenasan conseguiu reunir em sua abertura as três maiores autoridades públicas do setor: o secretário Nacional, Alceu Segamarchi; o secretário Estadual, Benedito Braga, e o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, juntamente com o presidente da AESabesp, Olavo Sachs, numa mesa redonda e para o descerramento da fita inaugural da Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente.
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Boas expectativas no 1º dia de Feira A Feira de 2016, em seu primeiro dia já teve um público bem expressivo, aprovado pelos 180 expositores, com a presença de empresas de todo território nacional. E muitas empresas internacionais também trouxeram seus produtos e serviços, como a Bentley com os seus softwares de ponta para o avanço de infraestruturas, principalmente para modelagem hidráulica e modelagem 3D para tratamento de água e esgoto, e a alemã Wilo, com sua linha de bombas de grande porte. E ainda a ESA que concentrou as apresentações das bombas e motorredutores das empresas Sulzer e Weg. Na área laboratorial, a Bauminas apresentou sua linha de coagulantes, dentro da sua produção vertical de matéria-prima. Da mesma forma, a Emec Brasil também destacou seus mo-
8
delos de bombas dosadoras e instrumentos de medição para análises. Já nas tecnologias de MND (Método Não Destrutivo)
nal também foram iniciadas, como o acordo de cooperação
as empresas Intech e Empretec, entre outros fornecedores,
com representações da Dinamarca, Alemanha, Itália e Ingla-
apresentavam as suas soluções.
terra. A expositora Aquamec (foto 8) foi uma das empresas
Parcerias internacionais que projetam o saneamento nacio-
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promotoras dessa alianças.
Palestra de Guilherme Arantes emocionou o público No final da tarde do dia 16.08, também com o auditório complemente lotado, após a apresentação das palestras técnicas, foi realizada uma palestra show do cantor, compositor e tecladista Guilherme Arantes, gerando um momento de pura emoção, tamanha foi a empatia do público, que cantou todas as suas canções. Em uma harmonia perfeita com o público, Guilherme declarou seu amor à natureza e sua profunda ligação com água, em meio às histórias da sua vida, na maioria contada com muita graça, por exemplo: uma mãe de santo lhe disse que era filho de Oxum e sua vida iria deslanchar se fizesse uma música para ela, quando se originou a canção “Planeta Água”, um verdadeiro hino dos profissionais que dedicam a sua vida ao saneamento. Com alegria, bom humor e uma simpatia contagiante, o músico falou de assuntos muito sérios, como a sua espiritualidade, sua preocupação em relação à supremacia do agronegócio na depredação do meio ambiente, dos interesses internacionais de mercado em “deixar o brasileiro com baixa estima, desacreditado, porque sabem que temos uma riqueza imensurável: a água”. Reforçando sua brasilidade, ainda discorreu sobre as influências de cada região em suas composições, cantou a elogiada “Coisas do Brasil”, além de vários sucessos, como “Meu Mundo e Nada Mais”, “Pedacinhos”, “Cheia de Charme”, “Amanhã” e as antológicas “Planeta Água” e “Deixa Chover”, levando o público ao delírio. Ao final, entre fotos, e abraços, ainda recebeu uma homenagem da AESabesp e um brinde entregue por nossa diretora social, Viviana Borges. Agosto a Outubro de 2016
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Segundo dia do 27º Congresso Técnico AESabesp Fenasan 2016
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Com intensa participação de congressistas, em auditórios lotados, foram realizadas importantes mesas redondas e palestras institucionais, além de uma prestigiada palestra magna com o presidente da Sabesp, Jerson Kelman.
Mesas redondas Na sala Santana 1, a mesa “Aedes aegypt - Desafios para o saneamento” foi coordenada pelo eng. Dante Ragazzi Pauli - ABES (Associação
10
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) e teve como participantes: o dr. Dalton Pereira da Fonseca Júnior - Superintendência do Controle de Endemias - Sucen/SES, e o eng. Wanderley da Silva Paganini - superintendente de Gestão Ambiental da Sabesp (foto 9). Na mesa redonda, realizada na sala Santana 2, o tema abordado foi “Lições aprendidas com a crise hídrica”, coordenada pelo eng. Américo de Oliveira Sampaio - SSRH (Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos) e como participantes, Marco Antonio Lopes Barros - Superintendente da Unidade de Negócio de Produção de Água Metropolitana - Sabesp, e o prof. Antonio Carlos Zuffo - Unicamp (foto 10 e 11).
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Palestras Institucionais Dando abertura às palestras institucionais do dia, na sala Santana 3, foi apresentado o tema “Fórum da Qualidade de Empreendimento” (foto 12), pelo superintendente de Gestão de Empreendimentos na Sabesp, Silvio Leifert, que contou com a participação do eng. Alceu 12
Guérios Bittencourt - presidente da Abes-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), Luiz Roberto Gravina Pladeval - presidente da APECS (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), Carlos Roberto Soares Mingione - presidente Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia) (foto 13). Já na sala Vila Maria, a palestra “Contratação de Serviços para a Otimização do Sistema de Água e Esgoto por remuneração vinculada a desempenho” ganhou um formato de mesa redonda, com os participantes Carlos Alberto de Almeida - CAESB (Companhia de
13
Saneamento Ambiental do Distrito Federal), Paulo Roberto Vieira Caldeira - CAESB e Ricardo Pera Moreira Simões - Nortesul Tecnologia, sob a coordenação do Superintendente de Planejamento da Sabesp, Marcello Xavier Veiga. O gerente do Departamento de Engenharia da Operação Sul e conselheiro da AESabesp, eng. Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, também participou da organização da apresentação. Na discussão foram trazidos relatos sobre prós e contras da funcionalidade do tema (foto 14). Em sequência, também na sala Vila Maria, foi apresentada a
14
palestra “Direitos da Natureza”, na qual reuniu a palestrante internacional, Maria Mercedes Sanchez , dirigente da ONU Harmony With Nature, além do vereador Eduardo Tuma - FMU/Câmara de Vereadores de São Paulo e a consultora jurídica da AESabesp, dra. Vanessa Hasson - PUC-SP/Universidade Estácio, que lançou o seu livro com o mesmo título da palestra. A representante da ONU acompanhou o evento nos três dias de realização e afirmou estar bem impressionada com a condução das questões ambientais vistas nesta oportunidade. Na foto 15, o grupo recebe uma homenagem do membro da Comissão do evento, Antonio Carlos Roda Menezes.
15
Palestra Magna Com a palestra de “Estrutura Tarifária”, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman (foto 16), encerrou o 2º dia de Congresso, aludindo que o tema não era uma proposta de alterações de tarifas, uma decisão que só caberia à Arsesp, a Agência Reguladora do Saneamento em São Paulo, mas sim uma proposta de estudo e direcionamento dos investimentos do setor, para se chegar a uma tarifa necessária para prover as necessidades das concessionárias e, assim, oferecer um atendimento justo e de qualidade à sociedade. O audi16
tório aberto, com cerca de 500 lugares, estava repleto.
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Entusiasmo entre os expositores da Fenasan Se no primeiro dia o movimento havia sido bom, no segundo,
mostrou-se entusiasmado com o público: “é muito qualificado, de
foi melhor ainda. De forma geral, os expositores estavam entu-
alto conhecimento técnico; profissionais que realmente conhecem
siasmados com o movimento da Feira, que teve seus corredores
o saneamento”, afirmou. Em seu estande, estava montada uma
lotados. O estande da AESabesp obteve inúmeras visitas, tanto de
maquete com simulação da ETA São Lourenço, com os produtos
expositores quanto de visitantes, principalmente interessado em
e serviços fornecidos por esta empresa para este Projeto: Blocos
viabilizar suas ações na Carteira de Projetos Socioambientais, que
Sistemas de Fundo dos Filtros/ Carvão/ Retrolavagem com Injeção
contempla associados pessoas físicas e jurídicas com incentivos ao
de Ar. Satisfeita com a realização, a Petranova se tornou associada
desenvolvimento das mesmas.
da AESabesp, na condição “Pessoa Jurídica”.
O mascote da AESabesp, o “Engenhoso”, chamou muita aten-
Ainda dentro das atividades da Feira, nesse dia foi feita uma
ção e até encontrou uma parceira: a gota “Petrinha”, da empresa
Visita Técnica à Estação de Tratamento de Água Guaraú, com
Petranova (foto 17), que esteve pela primeira vez da Fenasan, num
este grupo de interessados, composto por profissionais técnicos
estande de 140 m . Seu executivo, eng. José Antonio de Mello Jr.,
do saneamento (foto 18).
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V Campeonato de Operadores ““Izaias Storch” No dia 17.08 foi iniciado o V Campeonato de Operadores “Izaias Storch”, promovido
”
pela Diretoria de Sistemas Regionais da Sabesp, em parceria com a AESabesp, que pela primeira vez concentrou profissionais do Interior, Litoral e Região Metropolitana de São Paulo, em uma competente coordenação do eng. Gilberto Azevedo (RO), em colaboração com o diretor de Polos da AESabesp, Antonio Carlos Gianotti. A conclusão do certame ocorreu no dia do encerramento da Fenansan, em 18.08, quando todos conheceram os seus vencedores:
PROVA - INSTALAÇÃO DE VRP:
2º
1º
3º
lugar
lugar
lugar
Marcos da Silva Ferreira (RJ)
Bonifácio da Costa Campos (RA)
Gilson Lucas Mendes (RN)
Participação Especial: Wellington Ferreira Viana (MS)
PROVA - AUTOMAÇÃO:
1º
2º
3º
lugar
lugar
lugar
Carlos Roberto de Souza(RG)
Jedson de Almeida Santos (RA)
José Antonio Messi (RB)
Participação Especial: José Versari Filho (MS)
PROVA - LIGAÇÃO DE ÁGUA:
2º
1º
3º
lugar
lugar
lugar
José Amado de Lima Cândido (RG)
Marcos Lima (RR)
Gustavo Junior Cardoso (RG)
Participação Especial: Alexandro da Luz (MN)
PROVA - LEITURA E ENTREGA DA FATURA:
1º
2º
3º
lugar
lugar
lugar
César Oliveira (RG)
Vanderson Leandro Garcia (RT)
Raphael Viana Teles (RJ)
Participação Especial: Vanessa Oliveira Sena (MN - a única mulher da prova)
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Terceiro dia do 27º Congresso Técnico AESabesp Fenasan 2016 Na etapa conclusiva do maior evento técnico-mercadológico em saneamento ambiental da América Latina, as atenções estavam voltadas para os seus destaques e resultados. A exemplo dos anteriores, o terceiro e último dia do 27º Congresso Técnico trouxe excelentes mesas redondas e palestras muito prestigiadas pelos congressistas e público em geral, além da grande premiação com a entrega do Troféu AESabesp.
Mesas redondas Na sala Vila Maria, o tema “Segurança de Barragens e Sistemas de Gestão de Riscos” foi explanado pelo superintendente da Unidade de
19
Negócio de Produção de Água Metropolitana da Sabesp, Marco Antônio Lopes Barros, junto à engenheira da Sabesp, Wong Sui Tung, e o representante do Centro Nacional De Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) Eduardo Mário Mendiondo (foto 19). Na sala Santana 1, o coordenador da mesa, Rubens Naman Rizek Junior - Secretaria de Agricultura e Abastecimento, recebeu o eng. Dirceu D’Alkmin Telles - Fundação de Apoio à Tecnologia, a prof. dra. Patrícia Angélica Alves Marques - ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP, Cláudio Silveira Brisolara - FAESP (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo), e Alberto Amorim - secretário-executivo das Câmaras Setoriais, que abordaram o tema
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“Irrigação na agricultura com medidas tecnológicas para evitar o desperdício de água” (foto 20). Na sala Santana 2, o tema “Desafios da regulação do setor de saneamento” foi amplamente discutido por Ricardo Toledo e Silva - Secretário Adjunto de Energia de São Paulo; Marisa de 21
Oliveira Guimarães - representante da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), Hélio Castro - representante da ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) e Marcel Costa Sanches - representante da Sabesp (foto 21). Na sala Santana 3, o tema discutido foi “Recursos Financeiros do Sistema de Recursos Hídricos: A Importância do FEHIDRO Para o Setor de Saneamento”, abordado por Laura Stella Naliato Perez - CPLA (Coordenadoria de Planejamento Ambiental)/ SMA (Secretaria do Meio Ambiente), Luiz Roberto Barretti - CEIVAP (Co-
22
mitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul), Rui Brasil - SSRH (Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo) e Sérgio Razera - Agência PCJ (Agência das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) (foto 22). Na parte da tarde, na sala Vila Maria, também foi realizada a mesa “Os avanços tecnológicos nos projetos, materiais e equipamentos para saneamento básico”, onde os representantes da Sabesp, Nivaldo Rodrigues da Costa Junior; da Partner Engenharia e Gerenciamento, José Roberto Salgado, do Portal Tratamento de
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Água, Eduardo Pacheco, abordaram o tema, trazendo um panorama de ponta dos materiais disponíveis no mercado atualmente (foto 23). Na oportunidade, o presidente do SINDESAM (Sistema Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental), Gilson Cassini, fez uma homenagem e entrega de placa para o eng. Paulo Massato - diretor Metropolitano da Sabesp (foto 24) e ao eng. Eulicio Benedito Camargo - Ecotec Engenharia. Os dois agradeceram a homenagem e Massato ressaltou que recebia o prêmio em nome de todos os funcionários e operadores da Metropolitana e da Sabesp, que lutaram ao seu
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lado no enfrentamento nos anos crítico da crise hídrica. Ainda nessa tarde, na sala Santana 3, foi apresentado o tema “Avanços e Perspectivas do Biogás em Estações de Tratamento de Esgoto”, por Ernani Ciriaco de Miranda - SNSA (Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental), Hélina Cardoso Moreira - Probiogás, Carolina Cabral - Rotária do Brasil e Gustavo Possetti - Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), que abordaram sobre a produção do biogás, seus processos e modelos de operação e como proceder seu aproveitamento num nível maior de captação. Na foto 25, eles recebem uma homenagem do diretor financeiro
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da AESabesp, Evandro Nunes Oliveira (ao centro).
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Palestras Institucionais “Água e Esgoto - Desafios na RMSP e na Baixada Santista” foi o tema explorado pelo diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp, Edison Airoldi, na palestra institucional realizada na sala Santana 2. Ele citou as expansões realizadas no período da crise, os planejamentos e a evolução das ações da Sabesp. Nessa mesma sala, na sequência, o diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, discorreu sobre o tema “Crise Hídrica”, em palestra que mostrou etapa por etapa da superação da crise de 2014-2015, que muito enalteceu o mérito, a capacitação e o esforço profissional do corpo técnico da Sabesp. Na sala Santana 1, o presidente da AESabesp na gestão 20122015, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro (foto 26), realizou uma apresentação sobre a AIDIS (Associação Interamericana de Enge-
Curso de “Utilização do Software ALLIEVI”
nharia Sanitária e Ambiental), entidade que congrega as principais instituições de profissionais e estudantes das três Américas, com
No 3º dia, 18.08, das 09h às 18h, também foi realizado o cur-
focos voltados à preservação ambiental, à saúde e ao saneamento,
so “Utilização do Software ALLIEVI”, ministrado pelo reno-
que garante reconhecimento e representações nas assembléias e
mado Prof. Dr. Edmundo Koelle: doutor em Engenharia (USP),
comitês executivos tanto na OMS como também na Organização
graduado em Engenharia Naval (USP), engenheiro de pesqui-
Panamericana da Saúde (OPS). Na mesma sala, na sequência, “Os
sa (IPT), professor titular da Escola Polítécnica da USP - EPUSP
desafios do saneamento - interligação entre as represas Jaguari
e professor convidado para lecionar cursos de pós graduação
(Sistema Paraíba Do Sul) e Atibainha (Sistema Cantareira)” foi o
na UPV - Universidade Politécnica de Valência - Espanha.
tema da palestra de Marcelo Gonçalves de Jesus (Sabesp).
O “ALLIEVI” é um programa para a simulação de Transientes Hidráulicos e de distribuição gratuita, tendo sido desenvolvido pela Universidade Politécnica de Valência - Espanha. Sua utilização proporciona a simulação de transitórios com todas as possíveis manobras nos componentes das instalações, incluindo válvulas, dispositivos de proteção, bombas e turbinas, com condições de regulação PID durante a evolução das condições transitórias do escoamento. O público do curso foi constituído por engenheiros e técnicos envolvidos em projetos e operações de instalações hidráulicas.
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Premiação 2016 Troféu AESabesp
No terceiro dia de Fenasan, os expositores estavam absolutamente satisfeitos com os seus resultados. E nesse dia foi realizado um dos momentos mais esperados do evento: a entrega do Troféu AESabesp aos destaques de 2016, numa arena montada dentro do Pavilhão da Feira, com a participação de todos. Os ganhadores foram:
Prêmio Destaque Encontro Técnico: Sabesp - Superintendência TX A entrega foi feita pelo presidente da AESabesp, Olavo Sachs, à superintendente da TX (Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Novos Negócios da Sabesp), Cristina Zuffo, por ter sido aprovada e apresentada a maior quantidade de trabalhos.
Prêmio Jovem Profissional A entrega foi feita pela Diretora Cultural da AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula, aos ganhadores: 1ª colocada: Carolina Gemelli Carneiro (bolsa de estudo no valor de R$ 10.000,00). 2º colocada: Liane Yuri Kondo Nakada (um tablet e inscrição para a edição de 2017 do Encontro Técnico AESabesp) 3º colocado: Bruno José Costa da Cunha (inscrição para a edição de 2017 do Encontro Técnico AESabesp).
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Prêmio Melhor Estande:
A entrega
foi feita pelo Diretor Administrativo da AESabesp, Nizar Qbar, às expositoras: A.R.I. Brasil / Enviromex / Petranova (foto).
Prêmio Melhor Atendimento: A entrega foi feita pelo Diretor de Comunicação e Marketing da AESabesp, Paulo Ivan Morelli (PIM), às expositoras: Digitrol / Ebara/ E.S.A.
Prêmio Inovação Tecnológica: A entrega foi feita pelo presidente da Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico-Fenasan 2016, Walter Antonio Orsatti, às expositoras:Atlas Copco / FGS Brasil / Higra.
Placas de Participação no Projeto Ecoeventus: A entrega foi feita pela Diretora Socioambiental da AESabesp, Márcia Nunes, às expositoras: Aquamec / B&F Dias / Merck, por terem se inscrito para concorrer às categorias do Prêmio AESabesp inovação Tecnológica e Destaque Fenasan, apresentado práticas de sustentabilidade e estarem aderentes aos requisitos do prêmio.
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Prêmio Destaque Fenasan Essa premiação é destinada à empresa que reuniu excelência em todas as categorias das premiação anteriores; portanto é a maior da edição. A entrega foi feita pelo Diretor Técnico da AESabesp, Gilberto Martins, à expositora: FIBRATEC.
Ao final da cerimônia de abertura toda a Comissão Organizadora do 27º Congresso Técnico AESabesp/ Fenasan 2016, bem como as equipes de apoio que trabalharam no evento, foram homenageadas (foto 27), ocasião em que o presidente da AESabesp, eng. Olavo Alberto Prates Sachs (foto 28), apresentou os bons índices da edição e, com muito otimismo anunciou que para o ano vem, em 2017, haverá a parceria entre a AESabesp e a ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), que soma dois fortes Congressos com uma representativa Feira de Negócios, pois durante a Fenasan já foi reservada 40% de área para
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2017, que já configurou potencial dessa realização. Desde já considerado o maior evento do setor das Américas, o Congresso ABES/Fenasan 2017, com o tema central “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento”, será realizado em edição única e exclusiva em São Paulo, de 2 a 6 de outubro, no novo espaço “São Paulo Expo”, antigo Centro de Convenções Imigrantes, que foi totalmente reformulado e ampliado.
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Ações sustentáveis serviram de base para essa realização Além da qualidade do Congresso e da Feira, vários fatores contribuíram para a credibilidade desse evento, dentro do escopo do Projeto Ecoeventus, criado e implantado pela AESabesp, em 2010, e hoje uma referência em eventos de grande público. Foi por meio dos critérios estabelecidos pelo “Ecoeventus”, que formam a base para a avaliação da Premiação Troféu AESabesp, que se estabeleceu uma mudança de cultura entre os expositores da Feira, que hoje trazem estandes com materiais sustentáveis e adotaram práticas de conscientização ambiental.
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A reciclagem de resíduos (feito pela Cooperativa de Catadoras Philadelfia) e a parceria da empresa Limpadora Victor, também foi um ponto forte, assim como a criação de um moderno aplicativo do evento cuja funcionalidade foi impecável e substituiu grande parte de impressos. O transporte gratuito com Vans disponibilizadas no Metrô Tietê e Unidade Ponte Pequena da Sabesp; em sistema vai e volta, das 8 às 20 horas, facilitou a mobilidade e locomoção dos participantes, além de incentivar o transporte coletivo e minimizar potencialmente a geração de gases poluentes. O reconhecimento da seriedade desse evento foi constatada pela presença de 108 jornalistas, que resultaram numa grande cobertura de imprensa; a Campanha “Indicação Premiada” que trouxe mais sócios, a inclusão social trazida pela contratação de pessoas com deficiência, a atividade de “trekking” como incentivo à prática de esportes, e as ações ambientais com premiações e inscrições de projetos. Vale destacar que as atividades do evento resultaram numa ampla reportagem no Jornal da Rede TV, na qual o presidente da AESabesp, Olavo Sachs, fala do comprometimento do corpo técnico da Sabesp com a tecnologia e com o abastecimento de água. Veja sua íntegra no link: https://goo.gl/3ZdmWo
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Acontece no setor
As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente
Huesker inaugura nova sede em São José dos Campos
Montez, realizou o ato simbólico do corte da fita do novo espaço.
A Huesker Brasil, em 22 de agosto, inaugurou sua nova sede em
sua assessoria, dobrou o número de funcionários para atender
São José dos Campos, com a presença de funcionários e de re-
a ampliação da área produtiva: “Nós estamos investindo em um
presentantes brasileiros da companhia. O presidente do Grupo
momento em que outras empresas estão desinvestindo. Isso de-
HUESKER, Hans Grandin, também marcou presença na inaugu-
monstra a confiança da Huesker tanto na sua equipe, quanto no
ração e, junto do diretor executivo da unidade brasileira, Flavio
futuro do Brasil”, afirmou o diretor Flávio Montez.
A empresa ocupa agora uma área de 9 mil m² e, de acordo com
Mizumo desenvolveu projeto com tecnologia específica
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A empresa Mizumo desenvolveu um projeto
ma era o bom aproveitamento da área dis-
customizado utilizando a tecnologia Integra-
ponível para a ETE, que exigiu um projeto
ted Fixed Film Activated Sludge (IFAS), para
customizado, utilizando processos biológi-
uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE),
cos de tratamento e menor quantidade de
que beneficia um bairro do município de
tanques. Os parâmetros de saída do efluente
Uberaba/MG. A licitação exigia remoção de
tratado também eram um desafio e, diante
DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) por
disso, a Mizumo buscou a tecnologia IFAS,
processos biológicos e atendimento aos parâ-
uma variação do processo de lodos ativa-
metros do Conselho Nacional de Meio Am-
dos convencional, ou seja, um sistema de
biente (CONAMA), o que resultou numa ETE
biomassa (microrganismos) fixa e biomassa
com funcionamento em regime contínuo e
suspensa, pela qual parte do lodo decanta-
flexibilidade operacional. No total, o sistema
do no processo retorna ao reator aeróbio. O
ocupa uma área de 26 mil m² e tem capaci-
sistema instalado é composto de várias eta-
dade para tratar até 50 litros de efluentes por
pas. Do pré-tratamento ao desaguamento é
segundo, o que representa o esgoto gerado
formado por gradeamento estático, peneira
por aproximadamente 27 mil pessoas.
mecanizada, caixa de areia, decantadores
De acordo com a assessoria da empresa,
primários, reatores aeróbios, decantadores
“uma das características desejadas no siste-
secundários, tanque de contato e decanter”.
Aquamec apresentou case no Consulado Britânico No dia 06 de outubro, a convite do Consulado Geral Britânico em São Paulo, o diretor executivo da Aquamec, Marco Formicola, foi um dos palestrantes no Roadshow Britânico: Oportunidades para Distribuidores Brasileiros. O evento, que promove cases de sucesso entre empresas brasileiras e britânicas, destacou a importante parceria firmada para o setor de saneamento entre a Aquamec e a britânica Selwood - empresa de atuação mundial na fabricação de bombas para os setores de tratamento de água, saneamento, petróleo e construção. O anúncio oficial da parceria entre as empresas Aquamec e Selwood aconteceu durante a 27ª Fenasan e contou com a presença da Cônsul Geral Adjunta e diretora de Comércio e Investimento no Brasil,
- localizada em Itu - interior paulista, em um terreno de 12 mil
Renata Ramalhosa.
m² que a empresa possui para estoque de partes e peças, bem
De acordo com a assessoria da Aquamec, “a partir de agora
como equipamentos prontos para serem enviados a qualquer
a empresa representará a Selwood e passa a ser responsável
cidade da América do Sul, seja para venda ou locação.Essa me-
pelo centro de distribuição para toda a América Sul. As bombas
dida estratégica trará grandes vantagens logísticas, na centra-
passarão a ser montadas dentro da unidade fabril da Aquamec
lização da distribuição de bombas em toda a América Latina”.
Técnicos da AESabesp na Fábrica da XCMG A Diretoria Técnica AESabesp levou um grupo de associados, contemplados por sorteio, para uma visita técnica à Fabrica da empresa XCMG em Pouso Alegre - MG, nos dias 15 e 16 de setembro. A empresa ocupa uma área de 1 milhão de m², dos quais 150 mil são de construção de galpões. São quatro galpões principais de produção e mais de 10 instalações auxiliares, para a preparação de peças, solda, usinagem, montagem de máquina inteira e pintura. A capacidade anual de produção chega a 7.000 máquinas e atualmente são produzidas cinco famílias de produtos: caminhão guindaste, carregadeira, escavadeira, motoniveladora e rolo compactador, todos com a possibilidade de aquisição através de FINAME (Financiamento de máquinas e equipamentos pelo BNDES).
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ACONTECE NO SETOR
Nova sede da B&F Dias terá estação de tratamento de efluentes modelo O Centro de Tecnologia, Inovação e Fabricação da B&F Dias, loca-
A empresa também busca inovação pela adoção de painéis fo-
lizado às margens do Rio Capivari no município de Vinhedo, cuja
tovoltaicos para energização dos motores, sistema de aeração
inauguração está programada para o primeiro trimestre de 2017,
por ar difuso com difusores de bolhas ultra finas, iluminação com
contará com uma estação de tratamento de efluentes modelo na
lâmpadas de LED e tanques com paredes de vidro para maior in-
própria sede.
teração com a operação. No mesmo local ainda existirá um centro
Com capacidade de tratamento para 200 funcionários por dia,
de testes e desenvolvimento de equipa-
a estação terá um processo de tratamento
mentos em condições reais e
biológico conhecido como MBR (Membra-
laboratório de análises.
ne Bio Reactor) que permite o reúso com elevado grau de eficiência e performance. “Optamos por esse método não apenas porque queremos a excelência operacional do processo, mas acima de tudo para enfatizar nosso
compro-
misso ambiental”, afirma
Manuel
Magalhães, presidente da empresa.
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VIVÊNCIAS
Nossa diretora socioambiental também é mestre em Reiki Esse espaço foi criado para mostrar que muitos dos nossos amigos
Saneas: Como e por quê a terapia de Reiki surgiu em sua
técnicos, também se voltam para o cultivo dos valores que lhe
trajetória de vida?
trazem grande realização pessoal, como é o caso da engenheira,
Márcia Nunes: Eu sempre fui muito ligada a terapias alternativas, a
Márcia de Araújo Barbosa Nunes, que também responde pela Di-
processos naturais de reequilíbrio da saúde e conheci o Reiki há cer-
retoria Socioambiental da AESabesp.
ca de 30 anos, quando estava me recuperando de situação de stress
Nós a procuramos motivados pelo resultado de um concurso
que afetava minha saúde, e me beneficiei da prática, recebendo
gastronômico ocorrido no Complexo Pinheiros, no qual ela foi a
o Reiki e me reequilibrando. Trata-se de uma prática de transmis-
vencedora com um saboroso prato tailandês. Mas qual não foi
são da energia do Universo para os chacras e meridianos, que são
a nossa surpresa, ela mesma informar que apesar de gostar de
centros energéticos localizados em nosso corpo e cada um deles é
culinária, só cozinha para amigos e a sua dedicação especial, fora
responsável pelo reequilíbrio de uma parte do corpo ou da mente.
da engenharia, é outra totalmente diferente. Márcia é mestre em Reiki, uma técnica terapêutica, cuja finali-
Saneas: O que é necessário para se graduar um mestre em
dade é de cura por meio da imposição das mãos. E para falar sobre
Reiki?
tão singular experiência, ela concedeu essa entrevista à Saneas:
Márcia Nunes: A palavra REIKI pode ser traduzida como Energia Vital do Universo, e Reiki é entendido como a essência que per-
Saneas: Há quanto tempo a senhora atua na Sabesp e qual
meia e mantém todas as coisas, é o DIVINO que se manifesta em
é a sua atual função?
toda criação.
Márcia Nunes: Estou na Sabesp há 23 anos como engenheira
O Reiki - como prática, é uma das mais antigas formas de cura
civil, hoje trabalho no Departamento de Projetos e Licenciamento
com as mãos, foi desenvolvida no Tibet e posteriormente disse-
Ambiental da Diretoria de Sistemas Regionais.
minada no oriente. Inicialmente era praticada por monges, hoje
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VIVÊNCIAS
faz parte do curso de Medicina Tradicional Tibetana. Para ser um
das doenças do corpo e da alma, sentem-se perdidos e desespe-
Reikiano - pessoa que utiliza essa técnica para curar, é necessário
rançosos, eu vejo que parte desses efeitos é causado exatamente
ser iniciado por um Mestre, estudar, praticar e ir graduando-se,
por essa ruptura com a natureza, provocada por uma sociedade
como em uma escola.
que privilegia o ter sobre o ser. O consumo que está levando à
Portanto eu fui uma discípula de Reiki nos níveis I, II e III e concluí
exaustão dos recursos naturais é o mesmo que promove a ruptura
o mestrado, para ser graduada MESTRA EM REIKI NA LINHAGEM
desse “Ser Natural” que é o Planeta Terra e seus ocupantes. Exer-
DASA, que é a linhagem do Buda SHAKIAMUNNI - fundador his-
citar as práticas voltadas à natureza é um movimento natural, que
tórico do Budismo, sendo ele próprio a personificação da Grande
permeia a interiorização do amor fraternal, encontrando em cada
Compaixão. O exercício da compaixão por todos os seres cientes é
um o seu quinhão de participação nessa grande irmandade que
uma das graças desenvolvidas pelos praticantes do Reiki.
somos os seres humanos. A interiorização leva ao reencontro da essência humana que ha-
Saneas: Como a senhora conseguiu unir uma dedicação con-
bita em todos, e é quem promove o resgatar da “humanidade”
junta ao Reiki e à Engenharia em sua vida?
de cada um, que se encontrar perdido. As pessoas precisam ser
Márcia Nunes: A prática do Reiki não compete com minha pro-
lembradas que a Natureza existe e existirá quer estejamos aqui
fissão, nós trabalhamos 8 horas, descansamos 8 horas e sobram
ou não. Ela - a Natureza, como ente que congrega os recursos
mais 8 horas, nessas horas cabe você se dedicar a coisas que lhe
naturais, vai conseguir sobreviver e se refazer, se nós acabarmos
deem prazer, estudos, exercitar a amizade; enfim, é uma questão
com “Ela”, entretanto, quem está ameaçado de extinção é a raça
de encontrar o equilíbrio e priorizar o que é importante para você,
humana. Buscar práticas de retorno à natureza deveria ser uma
eu pratico o Reiki nessas horas.
obrigação, pois é uma questão de manutenção de nós, como seres humanos. O planeta é a nossa casa, a Terra é como nossa mãe,
Saneas: As práticas socioambientais, as quais a senhora pro-
amorosa e provedora. Tem uma frase que ilustra essa minha tese,
move na Diretoria Socioambiental da AESabesp, se harmo-
no livro da Dr Vanessa Hasson - Direitos da Natureza, que diz: “A
nizam com o Reiki e a Engenharia.
manutenção da vida no planeta e do planeta é condição inerente
Márcia Nunes: Sem dúvida que sim. Como engenheira eu possuo
à biologia do amor, do ser humano e de todos os seres planetários
competências técnicas desenvolvidas, que utilizo na administração
e, assim, do próprio planeta...” .Nós somos o planeta e o planeta
dos nossos projetos.Você não precisa ser reikiano para ocupar a
somos nós.
pasta, em sendo, você pode exercitar o conhecimento adquirido, a conduta correta, a compaixão e a misericórdia com os seus seme-
Saneas: Gostaríamos que a senhora falasse sobre os valo-
lhantes, tendo um olhar amoroso na busca das soluções técnicas.
res que essas práticas passam para o desenvolvimento da sociedade.
Saneas: Qual é a importância pessoal que essas escolhas ti-
Márcia Nunes: A prática do Reiki é um exercício de doação -
veram em seu desenvolvimento humano?
geralmente não se cobra para aplicá-lo; de amor fraternal - você
Márcia Nunes: É sabido que todo engenheiro é muito cartesiano,
prioriza o atendimento a uma pessoa para aliviar a sua dor; solida-
foca em resultados práticos, busca soluções e desenvolve projetos
riedade - você compreende a necessidade e se importa em ajudá-
de maneira muito objetiva, com o desenvolvimento humano que
-lo; compaixão - você participa espiritualmente naquele momento
o Reiki me permitiu, eu continuo com essas disposições e acres-
infeliz e é tomada por um impulso terno para minimizar a dor
centa-se o respeito por todos os seres, pela natureza, pelos ciclos
alheia e, empatia- o reikiano trata o outro como se fosse a si mes-
e relações humanas, permitindo usar as técnicas de maneira mais
mo. É um ato voluntário que leva o reikiano a dedicar parte de seu
harmoniosa e amorosa.
tempo livre para aliviar o sofrimento ou angústia do outro, muitas vezes que você nem conhece, trazendo a pessoa a um estado
Saneas: Em sua concepção, por que as pessoas necessitam
mental de tranquilidade e reequilibrando a sua saúde. Quem doa
buscar práticas voltadas à natureza e à interiorização?
Reiki se beneficia da prática tanto quanto quem recebe, e essa
Márcia Nunes: Nós somos seres naturais, as vezes as pessoas se
troca cria o que chamamos de círculo virtuoso, com a promoção,
esquecem disso, somos parte da natureza e ela está em nós, como
entre os envolvidos, das virtudes humanas: amor fraterno, doa-
um único ser. Muitas pessoas reclamam da desumanização da so-
ção, carinho, solidariedade, empatia e equilíbrio físico e mental.
ciedade, da insegurança, dos desequilíbrios humanos e sociais,
Pessoas equilibradas promovem uma sociedade equilibrada.
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SANEAS
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Momentos de Tecnologia AESabesp
Apresente sua empresa aos associados da AESabesp
Os Momentos de Tecnologia são palestras técnicas realizadas nas unidades da Sabesp, promovidas por empresas que desejam apresentar seus produtos e serviços aos nossos associados. Concorridas, estas apresentações contam com expressivo comparecimento de associados, técnicos da Sabesp e convidados do setor de saneamento ambiental. O número de palestras realizadas e de profissionais já treinados confirmam o sucesso dos Momentos de Tecnologia AESabesp.
6.400
256
25
participantes durante 8 anos
momentos de tecnologia realizados em 8 anos
média de participantes por palestra
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