Ano X . Edição 60 . Dezembro a Fevereiro de 2017
Novo fôlego para o “Córrego Limpo”
Congresso ABES Fenasan 2017
A sensibilidade da busca da imagem
O “Programa Córrego Limpo” conta com atenção especial da PMSP em 2017. Veja a entrevista de Marcelo Xavier, sobre esse processo.
Fique por dentro da estrutura que vem sendo preparada para esse grandioso evento, que promete impactar o setor em 2017.
Em nossa seção “Vivências” trazemos um habilidoso fotógrafo que também faz parte do corpo técnico da Sabesp.
BAUMINAS Química. Tecnologia e inovação ao seu lado. Desenvolver produtos químicos inovadores e de alta performance para o tratamento de água e efluentes: há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris estrategicamente localizadas e sólidas relações de parceria, estamos ao lado das principais empresas de saneamento e processos industriais do Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são comprovadas através do uso em mais de 3.500 municípios. Nossa liderança é resultado de uma estrutura única, aliada a diferenciais estratégicos que garantem a mais completa solução para os clientes:
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EDITORIAL
Prezados associados, amigos e parceiros,
S
ob o tema central, “Recuperação de Córrego e Matas Ciliares” essa edição da Revista Saneas destaca a necessidade de preservação ambiental,
Diretoria Executiva Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Diretoria Adjunta Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos Esportes e Lazer: Fernandes Hayashi da Silva Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Gilberto Alves Martins Conselho Deliberativo Presidente: Ivan Norberto Borghi Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, Choji Ohara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Richard Welch, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa Chrispim, Sônia Regina Rodrigues Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked Coordenadores Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti Assuntos Institucionais: Fátima Valéria de Carvalho Contratos Terceirizados: Walter Antonio Orsatti Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016 Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria Aparecida Silva de Paula Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Luciano Carlos Lopes, Marisa de Oliveira Guimarães, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar Olavo Alberto Prates Sachs, Patricia Barbosa Taliberti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rosângela Cássia Martins de Carvalho, Sergio Luiz Caveagna Sônia Maria Nogueira e Silva Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Ednaldo Sandim Polo AESabesp Leste: Sílvio Caraça Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi
como ferramenta para universalização do saneamento, por meio de des-
poluição de rios e reflorestamento de suas margens e de barragens. E dentro desse horizonte, quantos especialistas técnicos da Sabesp conseguimos reunir nessas páginas! Além desses conceituados profissionais nos trazerem um conhecimento amplo e necessário, também nos foi contada uma novidade muito bem-vinda neste início de 2017: a retomada da intensificação do “Programa Córrego Limpo”, como uma das prioridades da nova Prefeitura Municipal de São Paulo, como medida estrutural de combate às enchentes. Com base nos conceitos de cidadania, educação e sustentabilidade, também apresentamos dois “cases” de sucesso, tanto em Franca, interior de São Paulo e cidade modelo como o melhor saneamento do País, quanto na região metropolitana leste, que semeiam nobres valores de preservação ambiental, na população e especialmente nos jovens escolares. Além dos artigos técnicos inerentes ao tema da Revista, nesta edição ainda trazemos o artigo da equipe da Unidade de Negócio de Produção de Água da Metropolitana da Sabesp (MA), representada pela engenheira Viviana Marli N. A. Borges (nossa diretoria social), que esteve entre os três finalistas da disputada categoria “Inovação em Redes de Água, Esgoto e Drenagem”, na premiação”Be Inspired Awards”, em Londres, prospectando o trabalho da Sabesp no cenário internacional do setor. E nas páginas finais da edição, na sessão Vivências, está a nossa homenagem ao amigo e conceituado profissional, Osvaldo Niida, que embora seja reconhecido como um notável engenheiro também fotografa com extrema sensibilidade. E como não poderia deixar de ser, temos as páginas dedicadas ao maior acontecimento do setor em 2017: o Congresso ABES/ Fenasan, a ser realizado entre os dias 2 e 6 de outubro de 2017, no “São Paulo Expo”, em São Paulo - SP, sob o tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento”. Veja o número de expressivo de trabalhos inscritos no Congresso e de expositores que reservaram seus espaços na Feira e faça parte desse evento histórico! Um grande abraço a todos!
Editora e Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081 Textoscom - luciatextos@terra.com.br www.site.com.br/textoscom facebook.com/textoscom Redação Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br
Eng. Olavo Alberto Prates Sachs Presidente da AESabesp Gestão 2016-2018
ÍNDICE
05 Matéria Tema A importância da recuperação de córregos e matas ciliares
15 18
Entrevista O superintendente da Dir. Metropolitana da Sabesp, Marcelo Xavier Veiga, discorre sobre as ações do Programa de Recuperação dos Córregos da RMSP.
Ponto de vista Ações de reflorestamento como prática para a proteção e conservação dos Recursos Hídricos Metropolitanos
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Visão de futuro Ações da ONG “Amigos do Rio Canoas“
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Visão de mercado
Saneamento básico e os desafios para os novos prefeitos
Artigo Técnico Gestão do Programa Córrego Limpo por meio de zeladoria instrumentada utilizando-se de equipamento multiparamétrico nas medições dos corpos d’água
Projeção Internacional Sabesp esteve entre as finalistas do “Be Inspired Awards”
45 47 50
Congresso ABES / Fenasan 2017
Rumo ao maior encontro de saneamento ambiental das Américas
Incentivo cultural
Prêmio Jovem Profissional AESabesp
Acontece no setor Vivências A arte e a técnica de Osvaldo Niida
MATÉRIA TEMA
A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO DE CÓRREGOS E MATAS CILIARES
V
amos imaginar que um córrego seja os
sequilíbrio dessa proteção natural, são necessários
nossos olhos, logo as matas ciliares se-
processos que retomem o ecossistema aquático, sem
riam os nossos cílios, cuja função é a de
causar danos à saúde e ao meio ambiente.
proteger o seu entorno. Transferindo esta
Em nossa edição da Saneas, se encontra uma abor-
analogia para a natureza, concluímos que a mata ciliar
dagem peculiar voltada para a diversidade de rios e
é essencial para a proteção das nascentes de água.
riachos de São Paulo, que correm em locais em que
Porém, efeitos típicos da urbanização suscitam a
o leitor nem imaginaria estar navegando, bem como
alteração das margens e da vegetação ribeirinha,
o que está sendo feito para a preservação e manu-
com o aumento nas taxas de erosão e consequente
tenção desses ecossistemas aquáticos. Aventure-se
aumento no assoreamento. Quando ocorre um de-
nesta viagem!
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MATÉRIA TEMA
“Banhamo-nos e não nos banhamos no mesmo rio”.
receber o esgoto doméstico e industrial no trecho da cidade, dei-
A sentença é do filósofo grego Heráclito de Éfeso (535 a 475 AC)
que compunham a várzea do rio foram retificadas, transformando
e traz uma reflexão sobre o presente e o passado, utilizando a
a paisagem e trazendo diversas consequências danosas ao meio
água como uma metáfora. Mas a frase tem, também, um sentido
ambiente e à própria população, sobretudo à parcela que cons-
literal e que pode ser transposto para os dias de hoje no que diz
truiu suas habitações próximas ao antigo leito do velho Tietê.
respeito aos cursos da água de São Paulo.
xando suas águas poluídas e contaminadas. E as curvas sinuosas
A partir da década de 1990, após forte mobilização popular, o
Quem, por menos intimidade que tenha com a História do Bra-
governo do estado de São Paulo deu início ao projeto de recupe-
sil, não saberia descrever a importância do rio Tietê para a coloni-
ração do Tietê. Este projeto, ainda em execução, tem apresentado
zação de nosso país? O Tietê serviu de rota para os bandeirantes,
bons resultados. A poluição das águas do rio já apresenta diminui-
no século XVIII. Estes aventureiros ampliaram o território brasileiro
ção, pois boa parte do esgoto tem recebido tratamento. Espera-se
e usaram o rio para chegar ao interior do estado de São Paulo,
que, nos próximos anos, o rio recupere as boas condições de suas
chegando até a região de Mato Grosso. Durante o percurso, os
águas como nas décadas passadas.
bandeirantes fundaram diversas cidades.
Mas, contrariando o ditado, nem todo rio corre para o mar. O
Nas épocas seguintes, foi muito utilizado para a navegação e
Tietê, por exemplo, nasce a 840 metros de altitude, na cidade de
até mesmo para a prática de esportes náuticos, principalmente,
Salesópolis, situada na região da Serra do Mar. Atravessa o estado
na região metropolitana de São Paulo. Foi a partir da década de
de São Paulo, na direção de leste a oeste, e deságua no rio Paraná,
1950 que este quadro mudou. Com o crescimento populacional
no município de Itapura (divisa entre São Paulo e Mato Grosso do
e industrial desordenado da cidade de São Paulo, o rio passou a
Sul). Em seu curso, recebe as águas de diversos córregos.
Rio Tietê
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Água debaixo da ponte que já não movem moinhos Por baixo das pontes do Tietê e do Pinheiros, principais rios da cidade de São Paulo muita água já rolou. E muita água passa, também, por baixo do asfalto, do cimento e do concreto. O município possui nada menos que 186 bacias hidrográficas catalogadas pela prefeitura, estima-se que sejam mais de 200 cursos de água. Por baixo da zona oeste da cidade, serpenteiam, por exemplo, o rio Verde e o Água Preta. Mas há muitos outros escondidos por avenidas, como o Saracura (que nasce próximo ao Museu de Arte de São Paulo e à avenida Paulista), o Itororó e o Pacaembu, na Margem direita do Rio Tamanduateí Crédito: SMC - DPH - DIM. Foto: Guilherme Gaensly
região central. São rios que ainda correm, apesar de estarem misturados com esgoto. Há outros que simplesmente desapareceram, encobertos pela
via, também atraíram indústrias e favoreceram o surgimento de
urbanização, como o ribeirão do Bixiga, na região central da ci-
bairros operários. Processo similar aconteceu nas terras baixas
dade, em cujo trecho, construiu-se o prédio da Câmara Municipal
à beira do Tietê.
de São Paulo.
Foi então que algumas contradições começaram a aparecer.
A grande maioria dos rios, ribeirões e riachos corre para o
Se por um lado os rios eram uma fonte de água para as fábri-
Tietê - a cidade se situa na bacia do Alto Tietê. Não se sabe,
cas, também eram para eles que estas escoavam seus dejetos.
porém, o número exato deles nem a extensão da rede hídrica
Paulatinamente, rios e córregos transformaram-se em canais de
porque boa parte flui por baixo da metrópole. A quantidade de
esgoto. Logo, bairros em áreas próximas aos rios passaram a
nascentes é outra incógnita. No centro expandido, é quase im-
sofrer com o mau cheiro e com as enchentes.
possível avistar um córrego ou ribeirão. A cidade sufocou os rios e cresceu por cima deles.
De benfeitores, os rios passaram a vilões e conclui-se que era preciso subjugá-los. Por mais obras que se pudesse fazer, no entanto, ficou evidente que livrar a cidade totalmente de inun-
Ingratidão urbana
dações era praticamente impossível. Em períodos de chuva, tal
É inegável a importância dos rios no surgimento e no crescimento
qual filhos pródigos,os rios voltam e reivindicam temporariamen-
da cidade. Na base do cerro onde ela foi fundada, houve um porto
te áreas que, no passado, correspondiam a seus leitos e várzeas.
às margens do Tamanduateí que serviu a região comercial em tor-
As águas estão sempre presentes -- inclusive no nome de bairros:
no da rua 25 de Março. A ladeira batizada de Porto Geral é uma
Água Branca, Água Fria, Água Funda, Água Rasa, Ponte Rasa,
das poucas referências à sua existência.
Interlagos, Rio Pequeno, Vila Nova Cachoeirinha, etc.
Foi perto das margens do Tamanduateí que se construiu a ferrovia Santos-Jundiaí no século XIX. As terras baixas nas pro-
Uma, duas, três ... “Sete Voltas”
ximidades do rio tinham preço muito em conta. Por isso, rece-
Próximo ao cerro onde a vila de São Paulo de Piratininga foi fun-
beram os trilhos que ligaram o porto de Santos ao interior do
dada no século XVI, o rio Tamanduateí, afluente do Tietê, era tão
Estado. Como eram baratas e passaram a contar com a ferro-
sinuoso que recebeu a alcunha de Sete Voltas. De fato, Piratininga
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MATÉRIA TEMA
significa peixe seco em tupi-guarani, uma alusão aos peixes que morriam na várzea depois da cheia. No século XIX a paisagem começou a mudar. Foi quando São Paulo passou a mexer nos rios e a retificá-los por uma questão sanitária, uma forma de combater enchentes e a estagnação das águas. Não tardou, no entanto para o mercado imobiliário colocar sua força no processo. Os rios retificados tornaram-se mais salubres e a retificação liberou espaço para o comércio de terras. Essas duas diretrizes se perpetuaram no século XX e uma parte do espaço tomado dos rios pelas retificações foi destinada ao mercado de terras, a outra foi tomada pelas avenidas. Tapar os córregos também foi uma soA Avenida Roberto Marinho, na zona sul, acompanha o leito do córrego Água Espraiada. Inaugurada por Paulo Maluf em 1996, a avenida levava o nome do curso d’água. Depois, foi rebatizada. Atualmente, o Metrô constrói sobre a avenida o monotrilho da linha 17-ouro. O projeto prevê que a linha ligará o Jabaquara, na zona sul, ao Morumbi, na zona oeste.
lução para resolver a questão da insalubridade e criar espaço para uso urbano. E as grandes avenidas passaram a correr sobre os córregos sepultados. O primeiro tamponamento se deu no século XX, em 1906, quando o Anhangabaú passou a correr oculto no vale a oeste da colina central onde a cidade de São Paulo foi fundada.
Saem os barcos e entram os carros Na década de 1940 o processo de sepultamento dos rios tomou um ritmo frenético o que perdurou por todo o século XX. A atuação do engenheiro Prestes Maia, prefeito nomeado da cidade de 1938 a 1945, durante a ditadura do Estado Novo, foi decisiva e deu um grande impulso para a aceleração do processo. O “Plano de Avenidas”, um estudo para nortear o crescimento da cidade foi publicado em 1930 por Maia e influenciou a administração municipal mesmo depois da gestão do engenheiro. Por baixo da Avenida Pacaembu, flui o córrego do mesmo nome, afluente do Tietê. As nascentes ficam nos morros localizados no entorno do estádio do Pacaembu, inaugurado em 1940 na região central.
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O auge das canalizações e transformação de fundos de vale em avenidas ocor-
reu nos anos 70 e 80. A principal causa da retificação e do
As avenidas, na maioria dos casos, não trazem nenhum ves-
tamponamento foi a estrutura viária, a construção de avenidas.
tígio de que por baixo delas existam rios. Os projetos das vias
Em uma topografia acidentada como a de São Paulo as linhas
não levaram em consideração o potencial dos cursos de água.
de água foram percebidas como excelentes eixos que possibi-
Dessa forma ao invés de uma harmonização, como por exem-
litariam maior fluidez aos veículos. O tráfego é muito seme-
plo, parques associados a avenidas em fundos de vales, rios
lhante à água e a lógica da fluidez foi utilizada na construção
utilizados como referência urbana de lazer e qualidade de vida,
das vias.
São Paulo sepultou a grande maioria de seus rios e córregos.
A Avenida Eliseu de Almeida, na zona oeste, encobre o rio Pirajussara. Ele nasce no município de Embu das Artes, passa pelo vizinho Taboão da Serra e, já em São Paulo, deságua no Rio Pinheiros.
Uma das mais movimentadas da cidade, a Avenida dos Bandeirantes, na zona sul, passa por cima do córrego da Traição, afluente do rio Pinheiros. A avenida integra o complexo viário que liga às zonas sul e leste.
Este é um trecho do Rio Pinheiros antes de ser retificado, em dezembro de 1930. Hoje, os meandros do curso d’água não existem mais, e o que restou agora corre para o lado oposto. Retificação do Tietê: O governador Laudo Natel, o secretário de obras, José Meiches e o diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica DAEE observam o desenvolvimento dos trabalhos de retificação do Tietê entre os municípios de Osasco e Barueri.
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Programa Córrego Limpo: o resgate dos cursos d’água da cidade de São Paulo A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo –
atividades que depositam poluentes de forma esparsa sobre a
Sabesp, em parceria com a prefeitura de São Paulo, iniciou em
área de contribuição da bacia hidrográfica e é formada por re-
maio de 2007 um audacioso projeto de despoluição dos córre-
síduos de origem bastante diversificada, como os provenientes
gos da cidade. Batizado de Córrego Limpo, o programa reali-
do desgaste do asfalto, do lixo acumulado nas ruas e calça-
zou intervenções nos principais córregos do município a fim de
das, das decomposições orgânicas, das sobras de materiais das
recuperá-los.
atividades de construção, dos restos de combustível, óleos e
De acordo com dados computados no final de 2016, foram despoluídos 149 córregos, um feito homérico se considerarmos
graxas deixados por veículos, dos poluentes do ar, entre outras demandas.
as proporções dessa cidade que conta com 11,9 milhões de ha-
Em uma metrópole que em 463 anos desenvolveu-se de forma
bitantes (IBGE, 2014), uma vez que é a sétima cidade mais popu-
rápida, porém irregular, não é difícil imaginar a complexidade do
losa do planeta e a oitava maior aglomeração urbana do mundo.
Programa de recuperação desses cursos d’água. Basicamente a
A mesma população que produz, também consome e descar-
ação se dá em duas frentes: a adequação e complementação das
ta. Quando esses resíduos não têm uma destinação correta ou
redes de esgotamento sanitário, trabalho realizado pela Sabesp
são deliberadamente jogados na rua ou, ainda, arremessados
e a limpeza dos leitos e das margens dos córregos, que compre-
diretamente nos regatos, produzem uma ação nefasta, a cha-
ende o corte de mato, poda de vegetação e retirada de lixo e
mada poluição difusa. Ela tem esse nome porque provém de
entulho, serviço empreendido pela prefeitura.
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DBO baixo, um indicador de “saúde” das águas
de qualquer poluição causada pelo homem, apresentam valores de DBO da ordem de 5 mg/L. Grande parte da matéria orgânica encontrada nos córregos
O DBO, sigla para Demanda Bioquímica de Oxigênio, é o principal indicador utilizado pela Sabesp para acompanhar os
de São Paulo é proveniente do lançamento irregular de esgo-
resultados das ações de despoluição. Ele é obtido por meio de
tos, por isso, todo o efluente retirado dos córregos deixa de
ensaios laboratoriais ou de sondas multiparamétricas (equipa-
ser enviado para os grandes rios que cortam a cidade e são
mento que realiza medição imediata e simultânea de diversos
adequadamente direcionados às Estações de Tratamento de Es-
parâmetros relacionados à qualidade da água) e representa a
gotos – ETEs.
quantidade de oxigênio (mg/L) necessária para oxidar a ma-
No quadro abaixo podem ser vistas referências qualitativas
téria orgânica presente na água: valores elevados significam
do indicador DBO. E é possível observar que quando os valores
maior presença de matéria orgânica, ou seja, maior incidência
estão abaixo de 30 mg/l as condições de qualidade da água são
de poluição. Como comparação, cursos d’água naturais, livres
boas, permitindo, inclusive, a existência de vida aquática.
REFERÊNCIA PARA DBO - mg/l Poluído, sem vida aquática, exalação de maus odores Limite Máximo Legal na Saída de ETE: 60mg/l
70
Condições estéticas ainda boas, porém com restrições à existência de peixes; exala odores em determinadas épocas do ano (verão seco, principalmente); tratamento da água com alto consumo de produtos químicos
Saída da ETE na RMSP
Limite Máximo para Classe 3 (10mg/l) Conama
Limite Máximo para Classe 2 (5mg/l) Conama
30
Condições boas, aspecto estético bom, permite a existência de peixes, não exala odores e possibilita o tratamento convencional da água 10 Condições boas, já não se recomenda o contato primário nem a rega de hortaliças, mas possibilita a existência de peixes, a dessedentação de animais e o tratamento convencional da água
5
Limite Máximo para Classe 1 (3mg/l) Conama
Condições naturais, permite o contato primário das pessoas e a rega de hortaliças 0 DBO
Referências qualitativas do indicador DBO; valores abaixo de 30 mg/l (Fonte: Sabesp)
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Esforços conjuntos
São Paulo. Para garantir a qualidade das águas desses córregos,
Em nove anos (de 2007 a 2016) o Programa Córrego Limpo con-
no entanto, é fundamental que as ações das duas instituições se-
seguiu um feito histórico, a despoluição de 149 córregos. Isso só
jam mantidas. Veja no quadro a seguir as ações de competência
foi possível graças a uma parceria entre a Sabesp e a Prefeitura de
de cada uma dessas instituições:
Sabesp
PMSP
■■ Diagnósticos das redes coletoras de esgotos exis-
■■ Limpeza dos leitos e das margens dos córregos,
tentes, a partir de inspeções técnicas nos locais,
que compreende o corte de mato e poda de ve-
televisionamentos das tubulações, etc;
getação e retirada de lixo e entulho;
■■ Inspeções nas instalações sanitárias de imóveis para verificar a forma de esgotamento, ou o lança-
■■ Manutenção das galerias de águas pluviais e bocas de lobo;
mento irregular de águas pluviais na rede coletora de esgotos, com a execução de testes de corantes ou de fumaça;
■■ Verificação de eventuais interferências das galerias no sistema de esgotamento sanitário;
■■ Manutenção das redes coletoras de esgotos exis-
■■ Contenção de margens (muros ou estabilização),
tentes, pela realização de desobstruções e reparos
quando houver risco de deslizamento que possa
de vazamentos;
danificar a infraestrutura de esgotamento sanitário ou o sistema viário adjacente;
■■ Elaboração de projetos e licenciamento ambiental de coletores-tronco, elevatórias, remanejamentos e prolongamentos de redes coletoras de esgotos;
■■ Remoção de imóveis situados nas faixas ribeirinhas, para permitir a implantação da infraestrutura de esgotamento;
■■ Execução de obras de remanejamento, ligações domiciliares e industriais de esgoto, interligações e prolongamento de redes coletoras e complemen-
■■ Reurbanização de favelas nas proximidades dos fundos de vale;
tação de obras de coletores-tronco nos fundos de ■■ Implantação de parques lineares, sempre que
vale;
possível; ■■ Monitoramento da qualidade das águas do córrego, para acompanhamento dos resultados das ações de despoluição;
■■ Notificação de proprietários de imóveis para que façam a conexão ao sistema público de esgotamento sanitário, de acordo com a Lei Municipal
■■ Conscientização ambiental da população local, e
nº 13.369, de 03/06/2002, que dispõe sobre a
demais ações que objetivam melhorar o entendi-
obrigatoriedade, para todas as edificações, do
mento do papel de cada um para a obtenção plena
lançamento dos esgotos do imóvel à rede coleto-
dos resultados esperados, principalmente no que
ra pública (nos logradouros providos dessa rede).
se refere ao conceito de fontes difusas de poluição.
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Córrego Tenente Rocha antes e depois das ações
Dividir para recuperar
de todos os seus afluentes. Novamente foram priorizadas as
O Programa Córrego Limpo foi dividido em fases. Na 1ª fase
sub-bacias que tinham infraestrutura de esgotamento implan-
(maio de 2007 a março de 2009) foram despoluídos 42 córre-
tada ou em fase de implantação e que não dependiam de mui-
gos e priorizados aqueles a céu aberto ou que passassem por
tas ações da PMSP para liberar áreas ocupadas.
áreas com grande afluxo de pessoas, como os localizados em
Apesar de o desafio ser maior, considerando que nas três
parques. Nesta etapa, foi possível a retirada de uma vazão de
fases iniciais do programa foi despoluída uma área de 136 km²,
esgoto que era lançada diretamente nos cursos d’água de 500
beneficiando uma população de 2,2 milhões de habitantes, o
litros por segundo, melhorando a qualidade de vida de aproxi-
aprimoramento da metodologia comprovou que o controle so-
madamente 800 mil habitantes da cidade de São Paulo.
bre os afluentes dos principais rios, Tietê, Pinheiros e Tamandu-
Na 2ª fase (abril de 2009 a dezembro de 2010) foram despoluídos 58 córregos, tendo como critérios os mesmos padrões utilizados na 1ª fase e alcançando-se a marca de 100 corpos d’água recuperados.
ateí se torna mais efetivo quando realizado na chegada desses afluentes em sua foz. A partir da 4ª fase (janeiro de 2013 a dezembro de 2014), passou-se a adotar o conceito de grandes bacias hidrográficas,
A 3ª fase (janeiro de 2011 a dezembro de 2012) se concen-
a despoluição total dos afluentes diretos dos rios e reservató-
trou nos córregos que já tinham infraestrutura de esgotamento
rios existentes na cidade. De janeiro de 2015 até dezembro de
implantada ou em fase de implantação com conclusão prevista
2016, as ações por parte da Sabesp foram fundamentalmente
até 2012 e que não dependiam de ações da PMSP para liberar
para a manutenção dos córregos já despoluídos em virtude dos
áreas ocupadas. Nas fases anteriores as remoções e reurbani-
efeitos da seca que atingiram a região Sudeste do Brasil, fa-
zação das comunidades foi um dos grandes desafios para o
zendo com que os recursos fossem direcionados para obras de
avanço da despoluição dos córregos. Ao todo 52 córregos fo-
segurança hídrica.
ram despoluídos.
Recentemente (09/01/2017) foi anunciado pelo governador
As grandes sub-bacias hidrográficas de São Paulo foram a
Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo João Dória a reto-
prioridade da 4ª fase do programa com o monitoramento exe-
mada do programa como uma das ações principais de combate
cutado apenas no córrego principal, resultado da despoluição
a enchentes.
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MATÉRIA TEMA
População abraça a causa Para garantir a perenidade do programa, a população tem sido convidada a participar. A conscientização das comunidades que moram no entorno dos córregos foi parte do trabalho realizado pela Sabesp a fim de evitar o lançamento de esgotos diretamente nos corpos d’água e a coibir as ligações clandestinas. Além disso, os moradores têm sido orientados a não jogar lixo e entulho nas margens e leitos dos córregos e nas ruas. Esse modelo de gestão é conhecido como Governança Colaborativa e preconiza que haja um objetivo comum com foco na colaboração e um mínimo de valores compartilhados. A colaboração deve gerar ganhos e satisfação para todos os envolvidos. Uma das formas de organização da comunidade adotadas pela Sabesp em torno de objetivos comuns foi a criação de fóruns de sensibilização e educação ambiental nos quais ocorre o envolvimento da sociedade e ao mesmo tempo o compartilhamento da responsabilidade pela manutenção, limpeza e preservação do espaço comum. Os fóruns têm como papel a gestão e preservação dos córregos, cabendo aos seus participantes definir objetivos e prioridades, além de disseminar informações sobre questões socioambientais. Cada fórum é responsável também por apoiar as iniciativas educacionais e operacionais assim como auxiliar nos processos de monitoramento e fiscalização do local. A metodologia da Governança Colaborativa busca criar parcerias sociais. No caso da Sabesp, População, Município e Estado, têm como sua principal característica o envolvimento e a atuação das populações e organizações sociais através da criação de fóruns organizados, mecanismo fundamental na produção de soluções para os problemas locais. O modelo adotado pela Sabesp vai além da realização de obras que, embora fundamentais, fazem parte de um projeto maior no qual o poder público e a sociedade são ao mesmo tempo agentes e sujeitos da ação e no qual todos ganham. A cidade, a população e a natureza agradecem.
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
ENTREVISTA
Marcelo Xavier aborda a retomada do “Programa Córrego Limpo”
N
esta edição, a Saneas aborda em sua ma-
as ações da empresa no programa de recuperação dos
téria tema o “Programa Córrego Limpo”,
córregos da RMSP.
uma investida da Sabesp que teve início
Marcelo Xavier Veiga Superintendente de Planejamento e Desenvolvimento da Diretoria Metropolitana da Sabesp
no ano de 2007, com uma evolução tí-
Saneas: Desde o início do Programa Córrego Lim-
mida nos últimos anos, mas que em 2017 ganhou
po, já foram despoluídos 149 córregos do municí-
novo fôlego. Para discorrer sobre a retomada desse
pio de São Paulo. O que ainda está por fazer em
processo, entrevistamos o eng. Marcelo Xavier Veiga,
curto, médio e longo prazos?
superintendente de Planejamento e Desenvolvimento
Marcelo Xavier: Além da manutenção dos 149 cór-
da Diretoria Metropolitana da Sabesp, que coordena
regos já despoluídos, que envolve atividades de mo-
Dezembro a Fevereiro de 2017
SANEAS
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ENTREVISTA
nitoramento da qualidade das águas e zeladoria, realizando ade-
rações do comércio, localizado em torno de córregos, voltadas à
quações no sistema de coleta e afastamento de esgotos, a Sabesp
realização de atividades ligadas à conscientização da população
está planejando em conjunto com a Prefeitura listar os córregos
local. Mas certamente o envolvimento da iniciativa privada no
que serão despoluídos já em 2017 e 2018, bem como, para os
processo de conservação e manutenção dos córregos despoluí-
próximos anos.
dos seria de grande importância já que valorizam a região.
Saneas: Quais as tecnologias utilizadas na despoluição de
Saneas: De um modo geral, a poluição gerada em áreas ur-
um córrego?
banas tem origem no escoamento superficial sobre áreas
Marcelo Xavier: Além da tecnologia já utilizada rotineiramente
impermeáveis. A recomposição do verde em áreas urba-
pela Sabesp, para a execução de in-
nas é um desafio. No caso do
terligações dos imóveis à rede cole-
“Córrego Limpo”, existe a pre-
tora, pode-se evidenciar as que são
ocupação na manutenção e re-
empregadas especificamente para
cuperação das áreas verdes no
o Programa:
entorno do córrego? Como isso
Para o monitoramento da qua-
tem sido feito?
lidade das águas dos córregos despoluídos, são utilizadas sondas multiparamétricas portáteis que apresentam os valores de (Oxigênio Dissolvido – OD) e (Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO) do córrego de forma instantânea. Uma vez detectada a anomalia, a própria equipe de campo pode imediatamente iniciar ações com a finalidade de realizar as adequações necessárias no sistema. Importante ressaltar que corpos d´água localizados em grandes metrópoles estão sujeitos a um frequente dinamismo como o surgimento de ligações clandestinas,
Boa parte da poluição difusa pode ser reduzida com a simples conscientização da população local, voltada para a disposição adequada do lixo, trabalho este reforçado com a governança colaborativa.”
Marcelo Xavier: Sim, a recuperação e manutenção das áreas verdes que inclui a retirada do lixo, a poda do mato e muitas vezes a reurbanização do entorno, que está sob responsabilidade
da
Prefeitura.
Em vários casos a Prefeitura construiu ou tem projetos para execução de Parques lineares ao longo de trechos do córrego despoluído. Há também, no processo de Governança Colaborativa, a programação de ações de plantio de mudas de árvores nas margens de alguns córregos em conjunto com as comunidades. E após passados alguns anos do Programa pode-se
a incidência de carga difusa que
verificar também a revitalização da
merecem atenção frequente.
área e valorização dos imóveis, pois
Para a inspeção da verificação da conexão de imóveis às redes
a própria comunidade começa a reformar, construir benfeitorias
coletoras de esgotos são realizados testes de fumaça e de corante.
nas suas propriedades.
Saneas: O Programa conta com a filosofia da Governança
Saneas: Há, por parte da população, uma confusão entre o
Colaborativa, envolvendo o Governo do Estado de São Pau-
que seria o sistema de águas pluviais da cidade e o sistema
lo, a Prefeitura de São Paulo, a Sabesp e a comunidade local.
de coleta e tratamento de esgotos. Eliminados os esgotos
Existe a possibilidade de também envolver a iniciativa pri-
clandestinos lançados nos córregos, restariam os bueiros (bo-
vada, a exemplo de programas como o “Adote uma Praça”
cas de lobo) que continuam a carrear a poluição difusa para
em que é dado, inclusive, como contrapartida a possibilida-
os córregos. O que pode ou tem sido feito para resolver essa
de de publicidade à instituição adotante?
situação?
Marcelo Xavier: Existem atualmente algumas pequenas colabo-
Marcelo Xavier: A conscientização da população é fundamental.
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
São informados quais aparelhos deverão ser conectados à rede
Mandaqui e o Ipiranga, mas a recuperação dos Rios Pinheiros e
coletora e quais deverão ser interligados às galerias de águas
Tietê depende também da implantação de grandes infraestruturas
pluviais. Em muitos casos são conectadas “águas de chuva” nas
de coleta e afastamento de esgotos contemplados no Projeto Tie-
redes coletoras que não foram dimensionadas para este fim, cau-
tê. Por outro lado, a realocação das famílias situadas nos fundos
sando sobrecarga e extravasamento. Boa parte da poluição difusa
de vales, por parte da Prefeitura, é fundamental para que alguns
pode ser reduzida com a simples conscientização da população
coletores possam ser implantados.
local, voltada para a disposição adequada do lixo, trabalho este reforçado com a governança colaborativa.
Saneas: Córregos poluídos a céu aberto são um problema grave, mas por outro lado, córregos canalizados que são
Saneas: No início do Programa, em 2007, almejava-se o
afluentes dos Rios Tietê e Pinheiros, podem conter ligações
número de 300 córregos recuperados no município de São
clandestinas de esgotos que ninguém vê. Como se equacio-
Paulo. Entramos em 2017 e cerca de metade do que foi esti-
nar essa situação?
mado foi despoluído. Qual a dificuldade para o atingimento
Marcelo Xavier: Realmente o monitoramento nos córregos cana-
dessa meta?
lizados, situação muitas vezes encontrada em grandes metrópoles
Marcelo Xavier: Entre 2007 e 2013, despoluímos 146 córregos
brasileiras, é bem mais difícil. No entanto, geralmente são encon-
no município de São Paulo. No entanto, em meados de 2013 o
trados trechos em que é possível coletar amostra para o diagnósti-
Programa sofreu uma desaceleração e alguns córregos tiveram as
co da qualidade da água e identificando alguma anomalia.
suas margens reocupadas por famílias que despejam esgotos diretos nos córregos. Em outros casos estas reocupações impediram
Saneas: No último dia 9 de janeiro, o desassoreamento do
a Sabesp de instalar a infraestrutura de coleta e afastamento. Na
Tietê e a retomada do “Córrego Limpo” foram anunciados
busca de uma adequação, a Sabesp e Prefeitura estão retomando
pelo governador Geraldo Alckmin e pelo prefeito de São
essas tratativas, visando encontrar soluções para cada caso. Con-
Paulo, João Dória, como parte de ações conjuntas para com-
tudo, entre 2013 e 2016 a Sabesp conseguiu ampliar o número de
bate às enchentes no município. Deve haver alguma acele-
córregos despoluídos para 149.
ração no cronograma do Programa? Marcelo Xavier: Certamente. Existe o desejo de retomada do
Saneas: A recuperação dos córregos é boa para todos, re-
Programa, por parte de Estado e Prefeitura, o que acarretará em
duzindo odores, evitando a proliferação de doenças, valo-
uma maior velocidade para a realização das ações que fazem par-
rizando imóveis e tornando a cidade mais bonita e menos
te do Programa Córrego Limpo, pois para o seu sucesso é impres-
suscetível a enchentes. Como tem sido o comprometimento
cindível a parceria entre os dois poderes. De um lado a Sabesp
da população com o Programa?
estará realizando as adequações necessárias no sistema de esgo-
Marcelo Xavier: A Sabesp, no âmbito do Programa Córrego
tamento e do outro caberá à Prefeitura a realização das ações
Limpo, tem as ações de Governança Colaborativa, projeto que
de limpeza, poda do mato e reurbanização de áreas da cidade
tem como principal objetivo o envolvimento e a atuação da co-
e, notadamente, uma ação nas ocupações irregulares de fundos
munidade na preservação e manutenção dos córregos recupera-
de vales. Outro aspecto relevante é o fato do Programa Córrego
dos através da criação de fóruns organizados. A conscientização
Limpo ter sido inserido no Contrato de Programa com o Município
dos moradores deverá ser fundamental e contínua no entorno dos
de São Paulo durante a revisão quadrienal ocorrida em 2016.
córregos sobre ações para que se evite o lançamento de esgotos diretamente nos corpos d’água, ajudando a coibir os lançamentos clandestinos, e para que não se jogue lixo e entulho nas margens e leito dos córregos e nas ruas. Saneas: Já é possível avaliar o impacto do programa na recuperação dos Rios Pinheiros e Tietê? Marcelo Xavier: Já podemos verificar o impacto do Programa nos afluentes diretos desses rios, em grandes córregos como o
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SANEAS
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PONTO DE VISTA
Por Sérgio Antonio da Silva e Mara Ramos
Ações de reflorestamento como prática para a proteção e conservação dos Recursos Hídricos Metropolitanos
D
e maneira geral, sabe-se, ou pelo me-
contexto, via de regra, no meio técnico e acadêmi-
nos se tem consciência, da importância
co, há concordância que as bacias hidrográficas são
da preservação e proteção dos recursos
vulneráveis às alterações do recobrimento vegetal
hídricos, em particular aqueles utilizados
causadas pela degradação ambiental, urbanização e
como mananciais para abastecimento público. Neste
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
condições de uso e ocupação do solo.
Dependendo da estrutura do solo e da geomorfologia, a ausência ou escassez de vegetação predispõe o
Sérgio Antônio da Silva é engenheiro agrônomo, especialista em Engenharia, Saúde Pública e Saneamento Ambiental e em Gestão Estratégica em Meio Ambiente (FGSP.USP 1992), com MBA em Gestão Estratégica em Meio Ambiente (IMT – 2008). É gestor da Célula de Licenciamento Ambiental de Recursos Hídricos Metropolitanos do Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp.
Mara Ramos é engenheira civil, especialista em Gestão Ambiental e em Gestão de Recursos Hídricos (FSP.USP 2002) e Mestre em Gestão de Recursos Hídricos (UNESCO-IHE – 2005). É gerente do Departamento de Recursos Hídricos Metropolitanos da Sabesp.
a implantação do Sistema Cantareira, cujo início da recuperação se deu em 1994.
solo a todo tipo de erosão e, consequentemente, ace-
Não obstante, os viveiros de Cotia (Sistema Alto
lera e intensifica o processo de carreamento de mate-
Cotia) e da Represa Jaguari (Sistema Cantareira) vem
rial para os cursos d’água, interferindo sobremaneira
atendendo demandas de Instituições que promovem
na qualidade dessas águas, além de causar assorea-
ações de conservação e preservação do meio ambien-
mento de rios e reservatórios. O processo de erosão
te, em especial aqueles voltados à reposição das ma-
pode afetar a regularização do fluxo da água e reduzir
tas ciliares em bacias hidrográficas onde estão inseri-
a disponibilidade de Recursos Hídricos.
dos os mananciais da Sabesp.
A boa notícia é que nas últimas décadas tem se des-
A Sabesp, através da Diretoria Metropolitana, tem
tacado o surgimento de importantes subsídios para a
implementado ações visando a conservação de manan-
recuperação das áreas desflorestadas a partir de estu-
ciais utilizando, dentre outras práticas estruturais e não
dos e experimentos de modelos de plantios florestais,
estruturais, o plantio florestal como técnica de reabilita-
procurando relacionar as características ecológicas dos
ção ambiental. Para exemplificar a abrangência dessas
diferentes ecossistemas com fatores de perturbação,
ações, destacam-se as ações desenvolvidas em parce-
de maneira que possam ser viabilizadas técnicas mais
ria com outras Instituições, como as ONGs Instituto de
apropriadas para a recuperação da cobertura vegetal,
Pesquisas Ecológicas – IPE e o Instituto de Conservação
e desta forma garantir a proteção dos mananciais em
Ambiental The Nature Conservancy do Brasil – TNC, e
contraposição ao intenso processo de urbanização e
empresas como o DERSA – Desenvolvimento Rodoviá-
degradação das bacias hidrográficas.
rio S/A, além da Secretaria Estadual de Meio Ambiente
Em razão disso, a Sabesp vem há muito tempo as-
– SMA que se integraram ao “Programa 1 Milhão de
sumindo em seu planejamento ações de caráter am-
Árvores no Cantareira”, iniciado em 2008 e concluído
biental de proteção e preservação de seus mananciais.
em 2010. Outros incentivos foram importantes como
Importante destacar que no início da década de 1990
a “Recomposição Florestal de Áreas Incendiadas da
a Sabesp inovou com a instalação e operação de dois
Reserva Florestal do Morro Grande”, com plantio de
viveiros de mudas de espécies nativas, tendo como
espécies nativas do bioma da Mata Atlântica.
objetivo atender às demandas de projetos de plan-
Fica evidente que a Sabesp, em parceria com vários
tio florestal com espécies nativas no entorno de seus
atores, vem se empenhando na solução de problemas
reservatórios, sendo o mais relevante a execução do
referentes à questão ambiental e dos recursos hídri-
projeto que recuperou “áreas de empréstimo” para
cos; problemas oriundos em grande parte pela cres-
Áreas recuperadas
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
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PONTO DE VISTA
Ações de reflorestamento em áreas de mananciais propiciam benefícios diretos para sua preservação. Desde evitar que áreas descobertas sofram com erosões e carreguem sedimentos aos rios e represas, diminuindo sua capacidade de transporte e de reservação até a própria preservação do entorno para atividades que poderiam ser nocivas à qualidade da água”, afirma Marco Antonio Lopez Barros, superintendente da Unidade de Negócio de Produção de Água da Metropolitana da Sabesp.
Estamos avançando na construção de uma política socioambiental transversal aos nossos processos principais. As ações voltadas aos sistemas produtores de água com os plantios e o Programa Nossa Guarapiranga são exemplos importantes”, afirma Helio Rubens Gonçalves Figueiredo, assessor e coordenador do Fórum Socioambiental da Diretoria Metropolitana da Sabesp.
cente pressão das atividades antrópicas e uso e ocupação do solo.
a permanência dos vários fragmentos florestais instalados em
No rol de atuação nesse segmento, mostraram-se importantes
suas propriedades, de modo a se estabelecer os corredores
para a Sabesp as seguintes participações:
ecológicos, indispensáveis para garantir o fluxo gênico, prin-
■■ Plano diretor de reflorestamento de área produtora de água da
cipalmente naqueles fragmentos instalados no entorno dos
bacia PCJ, o qual foi concluído em 2005, com contribuição dos representantes da Sabesp e ação do CBH-PCJ em prol da proteção dos recursos hídricos.
reservatórios. Atualmente a Sabesp está inserida no Programa Nascentes, coordenado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SMA, com
■■ Programa de Recomposição de Mata Ciliar nas Bacias Hidrográ-
objetivo de proteger o entorno do reservatório Cachoeira, do Sis-
ficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – BH-PCJ; firmada
tema Cantareira, com o plantio de espécies nativas dos biomas da
com o Consórcio Intermunicipal das BH- PCJ para o fornecimen-
Mata Atlântica e Cerrado, observando-se a Resolução SMA n°032
to de mudas de espécies nativas dos viveiros Jaguari e Cotia no
de 03/04/2014. O projeto de plantio tem a previsão de ser execu-
período 2003 - 2005.
tado em 5 anos, atendendo às exigências contidas nos Termos de
■■ Convênio Sabesp e Secretaria de Meio Ambiente – SMA, firmado em 2002 para fornecimento de mudas de espécies nativas
Compromisso de Recuperação Ambiental – TCRAs oriundos dos empreendimentos implantados pela Sabesp.
para projeto de recomposição florestal no município de Sumaré.
Portanto, a Sabesp vem desempenhando ao longo do tempo o
■■ Programa de incentivo aos comodatários da Sabesp de áreas no
seu papel como protagonista e em parcerias com outras Institui-
entorno dos reservatórios para o plantio de mudas.
ções, na execução efetiva de ações em prol da preservação, proteção e conservação dos seus mananciais, tendo o plantio florestal
Essas ações empreendidas pela Sabesp têm por objetivo não só a preservação de seu patrimônio, mas, também, garantir
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
como uma das ações, e com o objetivo de garantir a sustentabilidade desse bem tão precioso: a Água.
VISÃO DE FUTURO
Ações da ONG “Amigos do Rio Canoas“ Colaboração Sirlene Caluz, Gestora do Polo de Comunicação da Unidade de Negócio Pardo e Grande, da Sabesp
A
Associação Amigos do Rio Canoas é
Perto de completar 12 anos de existência a Asso-
uma Organização Não Governamental
ciação soma a realização de diversas ações de recom-
sem fins lucrativos, fundada em dezem-
posição e preservação das matas ciliares no entorno
bro de 2004, idealizada e fundada por
do Rio Canoas, atuando ativamente no plantio de
um grupo de empregados da Sabesp de Franca. A Associação tem como objetivo principal a conscientização da importância da preservação do meio ambiente, especialmente a preservação do Rio Canoas, principal manancial que abastece Franca.
mais 150.000 mudas de árvores e realizado eventos como cavalgadas ecológicas e atividades educativas de incentivo à preservação ambiental. Atualmente os esforços se concentram no Centro de Convivência - Verde & Água, que significa a concretiza-
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
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VISÃO DE FUTURO
ção do sonho de administrar uma Creche-Escola contribuindo para o desenvolvimento integral da criança, de forma que ela possa exercitar capacidades afetivas e cognitivas, proporcionando aprendizado, bem estar e a segurança para as crianças da comunidade da região. A idéia é posssibilitar também que as crianças, antes mesmo de serem alfabetizadas, possam aprender a importância da preservação do meio ambiente na busca de melhorar a qualidade de vida das pessoas, um trabalho extensivo aos familiares. “A educação é a semente que garante bons frutos. Nossa proposta é efetivar uma forte parceria com a educação através da Creche-Escola Verde & Água com a missão de trabalhar com os pequeninos na formação de multiplicadores da preservação do meio ambiente, aprendizes da sustentabilidade. ”, disse Rui Engrácia Garcia Caluz, fundador da ONG e idealizador do projeto.
Governança colaborativa na gestão dos córregos despoluídos na região Leste de São Paulo Colaboração: Auzenice Lopes Souza (Gestora do Pólo de Comunicação da Unidade de Negócios Leste)
O conceito de governança colaborativa repensa o verdadeiro papel da sociedade, sugerindo uma posição mais ativa, que deixa de se limitar à posição apenas de “beneficiária” das políticas públicas e a participar mais ativamente do progresso da região em que vive. Com este objetivo, a ML vem desencadeando uma série de atividades educativas para a população do entorno dos córregos beneficiados com prolongamentos das redes coletoras de esgoto, ligações de esgotos e consertos, os quais colaboram para a despoluição desses corpos d’água. Desta forma, os eventos de governança colaborativa para a gestão dos córregos despoluídos prosseguiram durante o mês de novembro.
Atividades realizadas: No córrego Benedito Brandão, localizado na União de Vila
pagem com o plantio de mudas de árvores, que contou a
Nova, em São Miguel Paulista, uma grande festa, com a
participação da comunidade e de crianças das escolas loca-
participação dos moradores do entorno, contou com um
lizadas na microbacia. E com um grande plantio de árvores
“mini-trekking”, onde as crianças receberam orientações
e flores, o córrego Castanho da Silva, em Guaianases, re-
sobre a importância do saneamento e da despoluição dos
cebeu toda a comunidade e os jovens foram sensibilizados
rios. Já o córrego Jacupeval, em Itaquera, ganhou nova rou-
sobre importantes questões socioambientais.
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
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VISÃO DE MERCADO
Por Luiz Roberto Gravina Pladevall
Saneamento básico e os desafios para os novos prefeitos
N Luiz Roberto Gravina Pladevall é presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e membro da Diretoria da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
o dia 1º de janeiro, as cidades brasileiras
Básico, caso o município ainda não tenha o seu. A
passaram a contar com novos prefeitos
partir dessa etapa, a próxima fase é buscar executar
eleitos ou aqueles reeleitos nas Eleições
o que está determinado no documento. Para os dois
de 2016. Os desafios são muitos e o co-
estágios, é importante contar com especialistas e isso
bertor curto demais para atender todas as demandas
é uma das grandes dificuldades das mais de cinco mil
dos municípios. Mas o saneamento básico é questão
cidades brasileiras. Ainda hoje, mais de 80% delas se-
essencial para qualquer mandatário do poder execu-
quer contam com um profissional de engenharia para
tivo municipal. Os recursos aplicados no setor contri-
qualquer tipo de orientação. Essa lacuna vai afetar
buem para a melhoria da qualidade de vida da popu-
tanto a elaboração quanto a execução do plano. Uma
lação e ajudam a atrair investimentos.
das saídas é contratar empresas de consultoria espe-
Um dos primeiros passos dos novos prefeitos nessa área é elaborar um Plano Municipal de Saneamento
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
cializadas no assunto, que podem oferecer a orientação e os serviços necessários.
VISÃO DE MERCADO
Os novos prefeitos vão enfrentar indicadores aquém das reais
Hoje, as empresas brasileiras do setor já contam inclusive com
necessidades da população. Para se ter uma ideia, apenas 40%
tecnologia que permite a troca desses encanamentos sem a ne-
dos esgotos do país são tratados e a média das 100 maiores cida-
cessidade de abrir valas nas vias das cidades. São chamados de
des brasileiras em tratamento dos esgotos foi de apenas 50,26%,
métodos não-destrutivos de substituição de tubulações antigas
conforme dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Sa-
em áreas densamente urbanizadas. Além das tubulações antigas,
neamento (SNIS 2014). Isso tem reflexos diretos na qualidade de
os operadores precisam melhorar a gestão de operação dos seus
vida da população. Vale lembrar ainda que para cada R$ 1 investi-
sistemas de abastecimento, atualizando os seus cadastros e im-
do em saneamento economiza-se R$ 4 em saúde, de acordo com
plantando Distritos de Medição e Controle (DMCs). Mas precisamos ainda enfrentar a realidade dos custos de
a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outra importante “lição de casa” para os novos prefeitos é in-
tratamento de água e esgoto no país. As tarifas cobradas pelas
vestir na redução de perdas de água. Hoje, desperdiçamos 37%
companhias de saneamento no país estão longe da realidade e
da água tratada pelas companhias de saneamento. O problema
não refletem os reais custos operacionais, como o aumento da
se concentra principalmente em vazamentos por tubulações an-
energia elétrica, gastos com produtos químicos, entre outros. Isso
tigas, ligações clandestinas, falta de medição ou medições incor-
afeta diretamente os próprios investimentos, adiando obras es-
retas. Temos possibilidade de avançar, principalmente nos muni-
senciais e melhoria dos serviços prestados.
cípios brasileiros. O governo federal pode incentivar as cidades
Os novos prefeitos têm o compromisso de melhorar a qualidade de
com programas de troca de tubulações. Em muitas localidades,
vida da população. E isso passa, invariavelmente, pelas condições de
elas já ultrapassam 70 anos de uso e contribuem para jogar fora
saneamento básico. Sem investimentos no setor, os municípios bra-
um grande volume de água que passou por um processo de tra-
sileiros continuarão deixando um legado de subdesenvolvimento ca-
tamento de alto custo. É dinheiro literalmente jogado pelo ralo.
paz de afetar seriamente a vida das pessoas. É preciso mudar isso!
Lançamento de Livro Foi lançado em março de 2017 o livro “Monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas em reservatórios tropicais brasileiros”, IB/USP Editora, 2015, de autoria de Marcelo Pompêo, professor na USP- Universidade de São Paulo ( Instituto de Biociências/ Depto de Ecologia) e colaborador da Revista Saneas. O livro é composto por 8 capítulos e versa sobre aspectos relacionados ao monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas em reservatórios, mas reforça a posição para estendê-los a todo o reservatório e suas comunidades, bem como ao seu entorno, a bacia hidrográfica. De acordo com o autor e mestre, “a obra surgiu das conversas com os alunos, mas principalmente com a colaboração dos técnicos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)”. O livro poderá ser acessado apenas no formato digital, em PDF, e baixado livremente e gratuitamente pelo seguinte link: http://ecologia.ib.usp.br/portal/macrofitas/.
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
ARTIGO TÉCNICO Aristides Abrantes Simões Neto Em 2014 (data da edição do artigo) / Gerente de Divisão da Operação de Esgoto. Atualmente (2017) é Encarregado da Manutenção Água UGR Santo Amaro, na MSNN01 (Unidade de Negócios Sul da Sabesp). Atua na Sabesp desde 1997 na área de manutenção e operação, é formado em Tecnologia em Pavimentação e Movimentação de Terra pela FATEC-SP e em Engenharia Civil pela Universidade Anhembi Morumbi. aaneto@sabesp.com.br
Gestão do Programa Córrego Limpo por meio de zeladoria instrumentada utilizando-se de equipamento multiparamétrico nas medições dos corpos d’água Por Aristides Abrantes Simões Neto, Yara Maria Fernandes, Fabrício de Souza Costa, Maria Elizete Lima Gonçalves e Rodrigo Alberto de Oliveira
Yara Maria Fernandes Engenheira Civil, atua na Sabesp desde 1997 na área de manutenção e operação de esgoto (2014), é formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Fabrício de Souza Costa Encarregado de serviços operacionais de esgoto (2014), atua na Sabesp desde 1996 na área de manutenção e operação de esgoto, formado em Engenharia Civil pela Universidade Nove de Julho.
Resumo
desocupação, limpeza e conservação das margens
O lançamento de esgotos ou despejos industriais nos
dos córregos, colaborando para a melhoria da qua-
corpos d’água aumenta a concentração de matéria or-
lidade de vida e urbanização de áreas consideradas
gânica no meio, provocando maior absorção de oxigê-
degradadas. A Unidade de Gerenciamento Regional
nio pela oxidação desta matéria e consequentemente
Santo Amaro, responsável pela operação da coleta
a alteração dos resultados obtidos nos ciclos mensais
e transporte do esgoto de uma parcela da região sul
dos ensaios de laboratório. Após análise dos resulta-
do município de São Paulo, realiza visitas semanais de
dos, percebeu-se que qualquer ação de correção, per-
zeladoria nos corpos d’água despoluídos inseridos no
mite uma reflexão da qualidade da água somente no
programa, utilizando-se de equipamento inovador ca-
próximo ciclo de ensaios realizados pelo laboratório.
paz de fornecer resultados instantâneos dos ensaios
Visando monitorar e diagnosticar com antecedência
de medição do nível de oxigênio presente na água
ao resultado fornecido mensalmente pelo laboratório
para monitorar e se necessário intervir com ações que
Maria Elizete Lima Gonçalves
à qualquer alteração no corpo d’água, elaborou-se
garantam os parâmetros de qualidade da água dos
uma unidade autônoma denominada Unidade de
córregos.
Técnica em gestão (2014), atua na Sabesp desde 1994 na área de manutenção e operação de esgoto, é formada em Engenheira Ambiental pela Universidade São Marcos.
Diagnóstico Móvel (UDM) aparelhada e equipada para
Rodrigo Alberto de Oliveira Líder de equipe (2014), atua na Sabesp desde 2009 na área de manutenção e operação de esgoto.
exercer a zeladoria dos corpos d’água. Que utilizando-
Objetivo
-se de equipamento de medição multiparamétrico,
Zelar pelas condições dos corpos d’água urbanos (cór-
capaz de fornecer “in loco” o resultado instantâneo
regos) participantes do Programa Córrego limpo, es-
para os parâmetros de medição da qualidade da água,
tabelecido a partir de parceria entre a concessionária
permite o deslocamento para determinação do ponto
pública estadual de saneamento, poder concedente
de contaminação do corpo d’água com a possibilida-
municipal e comunidade.
de de proposição para ação corretiva com agilidade e
Esta parceria está denominada “tripé da susten-
precisão, subsidiando de forma proativa a análise e to-
tabilidade”, responsável pela ampliação da coleta e
mada de decisão para o atendimento dos parâmetros
tratamento de esgoto, revitalização de áreas urbanas
pré-estabelecidos no programa.
e conscientização da população. Melhorando a condição ambiental das bacias hidrográficas, com a apli-
Palavras-chave:
cação de metodologia que utiliza-se de equipamento
Zeladoria, Corpos d’água e Multiparamétrico.
pioneiro na américa latina, para medição do oxigênio nos corpos d’água despoluídos.
Introdução
Garantindo a qualidade da água dentro dos parâ-
O Programa Córrego Limpo contempla ações para o
metros pré-estabelecidos e propondo ações focadas
aprimoramento do sistema de esgotamento sanitário,
na eficácia do programa.
Dezembro a Fevereiro de 2017
SANEAS
25
ARTIGO TÉCNICO
Materiais e Métodos
tenção das redes coletoras de esgotos existentes, reparos de va-
Realização de visitas semanais estruturadas, visando monitorar e
zamentos, execução de obras de remanejamento, prolongamento
diagnosticar com antecedência possíveis alterações nos corpos
e implantação de rede de esgoto, conexão de imóveis a rede co-
d’água despoluídos, atuando em situações que comprometam a
letora, limpeza dos leitos e margens dos córregos, bem como a
qualidade da água e consequentemente o resultado do progra-
remoção de imóveis situados nas faixas ribeirinhas. Propiciando
ma. Para tanto, elaborou-se uma unidade autônoma denominada
inclusive a reurbanização de favelas nas proximidades dos fundos
Unidade de Diagnóstico Móvel – UDM, aparelhada e equipada
de vale, arborização e paisagismo de áreas degradadas.
para exercer a zeladoria dos corpos d’água com a medição do nível de oxigênio, identificação de infiltração de esgoto, fissuras em coletores e prestação de serviços especializados de engenharia (Figura 1).
Figura 2: Equipamento Multiparamétrico de medição acoplado a UDM.
Resultados Com esta independência de atuação, agiliza o fluxo de ações e facilita a análise na origem dos problemas de forma proativa, com rapidez e atuação focada na causa. Inclusive com liberdade e flexibilidade para medição do nível de oxigênio em pontos diferenciados e alternados a montante no curso do corpo d’água. Figura 1: Unidade de Diagnóstico Móvel – UDM.
O ciclo de ensaios realizados pelo laboratório é mensal, em local pré-determinado e com uma coleta de amostra por córrego na primeira semana do mês e divulgação dos resultados na
A cada visita são retiradas amostras dos corpos d’água, para
segunda quinzena do mesmo mês, reduzindo drasticamente o
realização de análise por equipamento de medição MULTIPARA-
tempo entre a análise dos resultados divulgados, identificação
MÉTRICO “in loco”, com apresentação de resultado instantâneo,
de possíveis interferências, diagnóstico do problema e proposi-
direcionando se necessário a diagnosticar a causa de uma possível
ção de solução, até a execução do próximo ciclo. Com as visitas
alteração nas condições de qualidade da água (Figura 2).
semanais monitoradas e estruturadas de zeladoria conseguimos
Os ensaios utilizados para medir a matéria orgânica presente no
por inúmeras vezes, entre o intervalo de um ciclo a outro, uti-
corpo d’água são a Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO e a
lizando a Unidade de Diagnóstico Móvel e seus equipamentos
Demanda Química de Oxigênio – DQO. Ambos ensaios com deter-
acoplados identificar e diagnosticar problemas que interferem
minação que demonstram a quantidade de oxigênio que é absor-
no resultado dos ensaios, como por exemplo: restos de podas de
vida pela oxidação da matéria orgânica, realizados com a presença
vegetação ribeirinha acumulada na margem dos córregos, tron-
da Unidade de Diagnóstico Móvel, sendo ainda possível fornecer
cos de árvores caídos, sobras de material de obra despejados,
resultados de ensaios de Oxigênio Dissolvido – OD, Condutividade
ligações irregulares e descarte de esgoto industrial em geral no
e Potencial Hidrogeniônico – pH como parâmetros de apoio.
período noturno.
Permitindo subsidiar a análise e a tomada de decisão para pro-
Facilita a divulgação das informações decorrentes das ações das
posição de possíveis soluções, como por exemplo: identificação
equipes de campo ou mesmo dos dados coletados a partir dos
de lançamentos clandestinos em galerias de águas pluviais, manu-
equipamentos acoplados a Unidade de Diagnóstico Móvel, po-
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
dendo utilizar-se de banco de dados com memória de resultados
regos, fortalecendo a parceria com a comunidade do entorno e
armazenados por ponto de coleta.
contribuindo para a perenização dos resultados. O que permitiu
A aceitação da ação de zeladoria nas comunidades é positiva,
também maior engajamento do poder concedente municipal na
pois além do vínculo criado com os moradores beneficiados pelo
solução dos problemas encontrados pela equipe de campo, que
programa, proporciona a valorização pessoal e dos imóveis no en-
podem comprometer os trabalhos de despoluição já realizado.
torno das bacias dos córregos. Sendo perceptível a mudança na qualidade da água e da paisagem urbana (Figura 3).
Recomendações
Atualmente com a prática de Zeladoria, em nossa área de atu-
A gestão do Programa Córrego Limpo por meio de visitas semanais
ação intervimos e conservamos dentro do Programa Córrego Lim-
monitoradas e estruturadas de zeladoria criou um novo conceito
po, doze corpos d’água considerados despoluídos, que gera uma
no controle de qualidade da água dos corpos d’agua, oferecendo
vazão de 196,50 l/s e beneficia diretamente uma população de
mais uma fonte de dados para subsidiar as análises e diagnosticar
aproximadamente 200.000 pessoas. Sem mensurar a população
os problemas que influenciam nos resultados dos ensaios.
itinerante ou frequentadora dos parques que tem suas áreas cortadas por corpos d’água.
Percebe-se claramente a mudança cultural que se instituiu com a prática de zeladoria, principalmente nas comunidades onde a valorização está diretamente condicionada ao meio em que se vive, proporcionando melhora na qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. Portanto sugere-se a manutenção do programa e das visitas semanais, com proposição de soluções rápidas e eficazes que contribuem não somente para os resultados medidos em campo ou no laboratório, mas para entre outros fatores: o saneamento básico, saúde e higiene, valorização pessoal e o renascimento da fauna e da flora nas margens dos córregos.
Referência Bibliográfica Figura 3: Vista antes e depois de corpo d’água atualmente despoluído, participante do Programa Córrego Limpo e das ações de zeladoria.
1. MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73, 2002. 2. PEREIRA, R. S. Identificação e caracterização das fontes de
Conclusão
poluição em sistemas hídricos. Revista Eletrônica de Recursos
O lançamento de esgotos ou despejos industriais orgânicos nos
Hídricos
corpos d’água aumenta a concentração de matéria orgânica no meio, que, por sua vez, desencadeia a proliferação de bactérias que aumenta a atividade total de respiração, portanto o esgoto lançado causa um consumo maior de oxigênio no meio. Esta ação de zeladoria aumenta a frequência de monitoramento dos córregos, que se antecipa ao resultado de DBO fornecido pelo laboratório, a partir do resultado de DQO medido em campo, possibilitando identificar e diagnosticar possíveis lançamentos clandestinos de esgoto doméstico ou industrial, problemas operacionais em redes coletoras de esgoto ou despejo de dejetos sólidos, afetando sensivelmente a ação de recuperação da qualidade da água contaminada. A presença da Unidade de Diagnóstico Móvel, de fácil identificação devido a sua identidade visual, aumentou a percepção dos clientes em relação aos serviços executados na bacia dos cór-
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PROJEÇÃO INTERNACIONAL
Sabesp esteve entre as finalistas do “Be Inspired Awards”
N
o final do ano passado, foi realizada a Conferência “Year in Infrastructure 2016” , em Londres, no Reino Unido, uma reu-
nião global de importantes expoentes da engenharia, com uma série de apresentações e workshops interativos, voltados ao desenvolvimento das tecnologias aplicadas nos setores de infraestrutura. Esse evento, realizado pela “Bentley Systems, Incorporated”, empresa multinacional especializada em soluções de softwares, também contemplou a fase final da premiação “Be Inspired Awards”, na qual a Unidade de Negócio de Produção de Água da Metropolitana da Sabesp (MA) esteve entre as três finalistas, na disputada
delling in Crisis”, cuja abordagem girou em torno de uma inovação no uso da
categoria “Inovação em Redes de Água, Esgoto
ferramenta WaterGEMS, que permitiu a transferência de água entre os sistemas de
e Drenagem”.
abastecimento, na região metropolitana de São Paulo, durante o enfrentamento da
Para proferir a apresentação da Companhia,
crise hídrica em 2014 e 2015.
foi enviada como convidada, com todas as
Também concorreu a empresa indiana “NJS Engineers India Pvt. Ltd.” e a aus-
despesas pagas pela patrocinadora do prêmio,
traliana “Roy Hill Iron Ore”, que foi a vencedora do prêmio. Contudo, estar entre
a gerente da Divisão de Planejamento Gestão
as melhores nessa competição que reuniu empresas de mais de 50 países de todo
e Desenvolvimento Operacional da Produção
o mundo foi um grande mérito para a Sabesp e para todo o setor de saneamento
(MAGG) da Sabesp e diretora social da AESa-
nacional.
besp, eng. Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges (foto), que proferiu a palestra “Mo-
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Conheça o trabalho técnico, que levou a Sabesp na disputa dessa premiação a partir da próxima página.
Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica, da USP. Especialização em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública, da USP. Especialização em Gestão Pública pela FEESP e MBA em Gestão Empresarial pela FIA, da USP. Gerente da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção, da Sabesp.
Kamel Zahed Filho Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica, da USP. Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP e Engenheiro da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção, da Sabesp.
Modelagem hidráulica na crise hídrica da Região Metropolitana de São Paulo Por Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges, Kamel Zahed Filho, Renato de Sousa Ávila, Marcelo Frugoli e André Luiz de Freitas
Objetivo
janeiro de 2014 foi apenas cerca de 15m³/s.
O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia
O desafio era abastecer a população da RMSP, no
e a aplicação de modelagem hidráulica no sistema de
maior e mais complexo sistema de abastecimento que
abastecimento de água metropolitano de São Paulo
se tem conhecimento do mundo, com a restrição hí-
procurando aumentar a flexibilidade entre sistemas
drica jamais vista na história da região.
produtores, reduzindo o risco de desabastecimento por restrição hídrica severa.
Considerações Gerais Todos os mananciais da Região Metropolitana de São
Renato de Sousa Ávila Especialização em Gestão Pública pelo Instituto Nacional de Pós Graduação. Tecnólogo da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção, da Sabesp.
Marcelo Frugoli Especialização em Gestão Pública pelo Instituto Nacional de Pós Graduação. Engenheiro da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção, da Sabesp.
Introdução
Paulo são interligados através do Sistema Integrado
O Brasil é um país de dimensão continental e com
Metropolitano (SIM). O SIM tem a capacidade de pro-
grandes diferenças entre as diversas regiões. Dentre
dução de 73m³/s, nas 9 Estações de Tratamento de
os 5.500 municípios do país, o Estado de São Paulo,
Água. O SIM é composto por:
situado na região Sudeste possui 645 municípios, dos
■■ 24 mananciais,
quais mais da metade concede o serviço de sanea-
■■ 9 estações de tratamento de água,
mento básico para a Sabesp. A concentração urbana
■■ 153 centros de reservação interligados através de
em São Paulo é realmente densa e a disponibilidade hídrica é considerada muito pobre pela Organização das Nações Unidas (UNEP, 2008). Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) se concentra 20% do produto interno bruto do país e uma população de mais de 20 milhões de habitantes.
adutoras, ■■ 1300 km de adutoras com diâmetros entre 600mm e 2500mm e ■■ 98 estações de bombeamento para vencer as variações topográficas entre 740m e 1100m, ■■ 36.000km de rede de distribuição.
O período chuvoso na região sudeste do Brasil ocor-
André Luiz de Freitas
re nos meses de outubro a março, onde se espera,
Cerca de 9 milhões de habitantes, ao final de 2013,
período em que os reservatórios de regularização nor-
eram dependentes do sistema Cantareira. Para abas-
Especialização em Gestão Pública pelo Instituto Nacional de Pós Graduação. Engenheiro da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção, da Sabesp.
malmente acumulam água para suprir os períodos de
tecer essa população com os mananciais se esvazian-
déficits. A região Sudeste do Brasil passou por uma
do rapidamente, com as baixíssimas afluências, infe-
condição de seca extrema entre outubro de 2013 e
riores às mínimas históricas, mês após mês, em 2014 a
fevereiro de 2015, quando houve uma ausência de
Sabesp iniciou um plano baseada nos pontos:
chuvas e altas temperaturas. Uma das regiões mais
■■ Incentivo à redução do consumo de água dos clien-
afetadas pela ausência de chuvas foi a Região Me-
tes através de implantação de um Programa de
tropolitana de São Paulo, sendo o sistema produtor
Bônus, mais tarde complementada com ônus para
Cantareira o mais afetado com chuvas muito inferior à
quem consumisse acima da média por ligação;
mínima histórica. A vazão de afluência mínima espera-
■■ Transferência de água tratada de outros sistemas
da para o mês de janeiro era próxima de 30m³/s, que
produtores para a área atendida pelo Sistema Can-
ocorreu em 1954. A vazão de afluência registrada em
tareira (Figura 1);
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PROJEÇÃO INTERNACIONAL
Figura 1 - Avanços dos sistemas produtores da Região Metropolitana de São Paulo sobre o Sistema Cantareira.
■■ Criação de uma reserva estratégica nas represas do sistema
O Modelo hidráulico
Cantareira, com bombeamento do volume abaixo do nível mí-
Os modelos hidráulicos matemáticos são ferramentais de apoio ao
nimo operacional;
planejamento, ao projeto e à operação de sistemas de redes de água.
■■ Intensificação do programa de combate às Perdas, com redução
Esses modelos são constituídos por equações que representam o ba-
do tempo de conserto de vazamentos, ampliação das setori-
lanço de vazões e de energia em uma rede de água. A SABESP já uti-
zações, ampliação do percentual de rede coberto por válvulas
liza esses modelos há mais de 30 anos, em estudos de suas estruturas
redutoras de pressão e redução das pressões nas redes, dimi-
nos seus Planos Diretores de Abastecimento de Água.
nuindo vazamentos.
Normalmente, nos estudos operacionais da rede do Sistema de
Inicialmente pensou-se na possibilidade de Rodízio, onde há
Adução (SAM) da Região Metropolitana de São Paulo, utiliza-se
uma redução do consumo per capita de forma compulsória. A po-
o modelo de parte da rede de adução, para facilitar as análises,
pulação da RMSP está acostumada com o Rodízio de carros, onde
uma vez que não há interferência hidráulica de uma modificação
uma vez por semana, dois números finais da placa dos carros são
localizada alguma estrutura ou de uma regra de operação de uma
proibidos de circular em determinados horários. A população bra-
estrutura sobre todo o SAM.
sileira também está acostumada com aumentos na conta de ener-
No caso específico da análise estratégica de transferência de
gia elétrica em períodos de escassez hídrica, mas para a população
áreas que eram servidas pelo Sistema Cantareira por algum outro
da RMSP foi uma surpresa que a consequência da falta de chuvas
sistema produtor, foi indispensável que se construísse um modelo
na região de mananciais chegasse às suas casas.
geral, que contivesse toda a rede de adução do SAM.
Analisando as condições de rodízio de abastecimento, basean-
O modelo hidráulico precisou ser montado de forma rápida,
do-se nas metodologias antigas, chegou a possibilidade real de
mas não podia perder a representação da realidade, com precisão
abastecer seus consumidores com apenas 2 dias de água e 5 dias
e confiabilidade nos resultados para a pronta execução das obras
sem água na semana. A opção de rodízio penalizaria demais a
emergenciais.
população e ainda traria desvantagens como: os riscos sanitários,
A equipe de engenharia possuía diversos modelos hidráulicos
de vazamentos na rede, de contingência para serviços essenciais
que abrangiam partes do Sistema Adutor Metropolitano (SAM).
como o de hospitais; regiões mais distantes e altas da cidade po-
Durante a crise, a necessidade era de estudar diversos cenários
deriam ficar sem receber água por mais tempo que outras no caso
de transposições entre sistemas produtores através da malha de
de um fator extraordinário como falta de energia elétrica e; os
adução. Para isto, foram agregados os diversos modelos em um
riscos maiores de convulsão social.
modelo hidráulico único (Figura 2).
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As reduções de demanda permitiram uma maior interseção entre as áreas de abrangência dos sistemas produtores. As simulações hidráulicas do sistema adutor do SIM, no WaterGEMS identificaram quais os potenciais avanços com soluções de obras de curto prazo.
população. As intervenções deveriam ser, preferencialmente, nas instalações já existentes, evitando autorizações e licenças e, com equipamentos disponíveis em reservas estratégicas da companhia para garantir agilidade na aquisição e execução das obras. Grande parte das obras acabou sendo realizada com mão de
Com a utilização do modelo hidráulico completo do SAM, foi
obra própria para atender a urgência que o problema requeria. O
possível analisar simultaneamente mais de 80 propostas de so-
modelo hidráulico foi um grande desafio vencido pela equipe de
luções estruturais ou operacionais para escolher aquelas que se
engenharia da Sabesp, mesmo sendo esta uma equipe experiente.
mostraram mais eficazes. Toda a equipe trabalhava de maneira
As soluções de projeto foram discutidas em reuniões e com-
sincronizada, compartilhando os resultados dos seus estudos
partilhadas com diversas equipes de engenharia de manutenção
como dado de entrada de estudos de outros colegas. Todos traba-
quanto à viabilidade de execução. As equipes de manutenção e
lhando com o mesmo modelo.
de campo levantavam as dificuldades de execução dos diversos
O modelo reduzido chega perto de cinco mil trechos de tubu-
tipos, como tempo de execução, necessidade de interrupção do
lações. O modelo foi calibrado com base em dados operacionais
trânsito, necessidade de remoção de árvores, manutenções de
registrados no SCOA, que é o SCADA adotado para a operação
vias públicas e a equipe de modeladores da Sabesp criava novos
em tempo real do SAM. Depois do modelo montado e calibrado,
cenários de simulação até uma solução viável, inclusive durante a
reduziu-se este modelo para facilitar uma calibração mais precisa
execução das obras.
e as análises das soluções.
Dentre mais de 80 simulações, o modelo hidráulico equacionou
O modelo auxiliou na obtenção de soluções em tempo extrema-
o resultado da condição de se transferir mais água em adutoras
mente curto graças à sincronização da equipe em trabalhar sobre
com pequenas intervenções, como o caso da recuperação de uma
um único modelo. Entretanto, deve-se destacar que a expertise
adutora abandonada no passado por vazamentos para aumentar
da equipe que trabalha com esta ferramenta há muitos anos foi
a vazão da Estação de Bombeamento do França Pinto. De forma
fundamental para o sucesso dos trabalhos.
semelhante, a ampliação do Booster Vila Sônia possibilitou enxer-
O modelo hidráulico de todo o SAM superou diversos obstá-
gar no modelo hidráulico que poderia se veicular mais água do sis-
culos como simular soluções que causassem o menor impacto à
tema Guarapiranga para a região oeste. Assim, foi possível avaliar
Figura 2 - Topologia do Modelo Hidráulico completo do SAM.
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PROJEÇÃO INTERNACIONAL
que havia potencial de se ampliar as Estações de Tratamento de
A RMSP tem um sistema viário complexo e de tráfego intenso
Água do Alto da Boa Vista (Sistema Guarapiranga) e Rio Grande,
chegando. Assim, obras de grande porte para o Sistema Integrado
respectivamente em 2,0 m³/s e 0,5 m³/s.
Metropolitano necessitam de autorizações e planejamento compartilhado com diversos órgãos públicos para minimizar os impactos à
Restrições nas soluções
população. As soluções de modelagem tinham, por consequência,
Abastecer a população da RMSP, durante a crise de seca extrema
soluções de obras de curto prazo, a menor interferência nos espa-
de 2014/2015, com a máxima urgência e o menor desconforto à
ços públicos e que contribuísse com a redução na retirada de água
população, através do avanço de outros sistemas produtores so-
dos mananciais do sistema Cantareira.
bre a área de abrangência do sistema produtor Cantareira era a
Resultados Obtidos
condição exigida. Foi necessário identificar, em curtíssimo tempo, potenciais avan-
Como resultados da simulação hidráulica, com a condição de re-
ços de abrangência de abastecimento de outro sistema produtor
dução de consumos, surgiram soluções de novos aportes de água
sobre o sistema Cantareira.
associados às obras tais como as listadas abaixo no sistema adutor
Dada a urgência exigida na busca de soluções para minimizar os efeitos da crise hídrica as premissas que balizaram as soluções
do SIM: ■■ Recuperação da Linha 1 do França Pinto – a adutora que liga a
foram:
ETA RJCS a Estação Elevatória França Pinto recuperada possibili-
■■ Propor obras/intervenções de baixo custo;
tou a transferência de água da região sul para a região hospitalar
■■ Utilização de equipamentos disponíveis na empresa, pois não
da Avenida Paulista, antes abastecida pelo sistema Cantareira.
dispunha-se de tempo para fabricação e licitação para novos
A Figura 3 apresenta a dificuldade de obra em meio a uma das
equipamentos;
avenidas mais importantes de São Paulo – Avenida Ibirapuera.
■■ Obras que não exigissem licenciamentos ou autorizações ou remoções que dependessem de órgãos externos;
Esta recuperação se deu em partes degradadas da adutora de aço com a inserção de PEAD. (Folha de São Paulo, 2015).
■■ Garantia da segurança operacional e;
■■ Ampliação do Booster Vila Sônia - As Figuras 4 e 5 apresentam
■■ Obras de pudessem ser executadas em curtíssimo prazo.
as interligações no recalque e sucção do booster que recebeu
Figura 3
Figura 3 - Recuperação da Linha 1 da ETA RJCS à EEAT França Pinto Figura 4 - Booster Vila Sônia
Figura 4
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Figura 5
Figura 5 - Interligação da Sucção Booster Vila Sônia
mais uma bomba instalada na mesma instalação física, possibi-
A solução de flexibilidade entre os sistemas produtores de água
litando que a água da região sul chegasse à região oeste, até
possibilitou manter o abastecimento de água, contribuindo p a r a
Osasco.
o desenvolvimento regional e a ordem social evitando uma evacu-
■■ Alterações nas Estruturas de Controle Vila Ema e Vila Guarani que possibilitaram a transferência dos sistemas Alto Tietê e Rio Claro sobre a área anteriormente abastecida pelo Cantareira.
ação da população e manteve as boas condições de saúde pública e qualidade de vida à população da região metropolitana. As soluções da modelagem hidráulica permitiram uma maior
■■ Reversões do Booster Cidade Líder e Cangaíba que possibilita-
interseção entre os sistemas produtores deixando o legado de fle-
ram o avanço do sistema Alto Tietê sobre o sistema Cantareira.
xibilidade entre os sistemas para a operação do sistema de abas-
■■ Ampliação da ETA Rio Grande, levando água do braço do Rio
tecimento da RMSP.
Grande, da Billings à região sul de Americanópolis e Santo An-
A análise dos cálculos com o uso de modelagem hidráulica faci-
dré. O avanço do Rio Grande sobre Americanópolis possibilitou
litada com as ferramentas de cores e gráficos e associado à experi-
o recuo do sistema Guarapiranga em direção a leste e conse-
ência dos engenheiros trouxe soluções eficientes que, juntos com
quentemente, aumentou o avanço em direção aos setores ante-
as demais ações usadas para administrar a crise hídrica, reduziu
riormente abastecidos pelo Cantareira. O avanço do Rio Grande
significativamente a retirada do sistema Cantareira que era 33m³/s
sobre Santo André trouxe o desdobramento de reduzir o Siste-
em 2013, passando a 13,5m³/s em 2015.
ma Rio Claro sobre Santo André e possibilitou que o sistema Rio Claro avançasse em direção ao Sistema Cantareira. ■■ Ampliação da ETA RJCS associada a obras como a recuperação
Referências Bibliográficas e Dados Utilizados
da adutora ETA RJCS - França Pinto e a ampliação do Booster
■■ SABESP. Cadastro de Dados Operacionais - Versão 2016.
Vila Sônia que possibilitaram o transporte de maior vazão de
■■ Folha de São Paulo – Disponível em http://www1.folha.uol.
água tratada.
com.br/cotidiano/2015/08/1672406-av-paulista-troca-cantareira-pelo-guarapiranga-veja-infografico-em-3d.shtml)
Conclusões A população da RMSP, com mais de 20 milhões de habitantes,
■■ Tabela com tempos de fechamento das válvulas de controle, fornecidas pela AG.
passou o período de crise hídrica extrema sem a necessidade de
■■ SABESP. Banco de Dados SCOA. 2016.
rodizio severo com cortes compulsivos de mais de 5 dias sem água
■■ UNEP (2008), Vital Water Graphics - An Overview of the State
a cada 2 dias com água. Este projeto serve de exemplo mundial na superação de uma escassez hídrica muito diferente da série histórica. O fato de não ter sido feito um rodízio impacta positivamente a sociedade como um todo. Serviços essenciais como hospitais não foram impactados. Estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes e, inclusive, lavanderias puderam manter suas ativi-
of the World’s Fresh and Marine Waters. 2nd Edition. UNEP, Nairobi, Kenya. ISBN: 92-807-2236-0 ■■ HAESTAD METHODS; ET AL. Advanced water distribution modeling and management. Haestad Press. Waterbury, CT. USA. Frist Edition, 2003. ■■ WALSKI, T. M.; CHASE, D. V., D. A. Water distribution modeling, Haestad Press. Waterbury, CT, USA. First Edition, 2001.
dades normalmente, sem afetar o seu lucro. Nem tampouco as pessoas deixaram de ter água para seu consumo e higiene pessoal ou de suas casas. Também não deixaram de frequentar estabelecimentos comerciais ou usar serviços que dependessem de água. Empresas e escritórios puderam manter o funcionamento normal de seus banheiros, sem impactar na produtividade de seus funcionários. Fábricas que utilizam água em seus processos produtivos não fecharam. O modelo hidráulico de todo o Sistema Integrado Metropolitano permitiu otimizar, através de diversos cenários, a melhor qualidade do atendimento à população na situação de crise hídrica extrema.
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Entrevista com as lideranças do evento As lideranças das duas entidades - os ex-presidentes Dante Ragazzi
quando visitamos algumas entidades em Brasília, que o momento
Pauli (ABES) e Reynaldo Young (AESabesp) e os atuais, Roberval Ta-
é agora. Se quisermos mudar o saneamento tem de aproveitar
vares de Souza e Olavo Alberto Prates Sachs, além de suas diretorias,
agora, que é a bola da vez. O momento é muito propício, teremos
fizeram um trabalho exemplar na construção conjunta deste Con-
também o Fórum Mundial da Água, em 2018, a universalização
gresso, que terá edição única e exclusiva em São Paulo, reunindo os
do saneamento. Temos de levar a sério. Queremos atingir essa
eventos mais tradicionais do setor: o Congresso da ABES e a grande
universalização nos próximos 20, 50 anos ou mais e alguma coisa
feira Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - Fenasan,
tem que ser mudada para que realmente a gente consiga 100%
da AESabesp. Juntos, constituirão o maior encontro de saneamento
de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos para todo mundo.
ambiental e meio ambiente já realizado no continente americano. Na entrevista a seguir, os presidentes Roberval Tavares de Souza
Roberval Tavares de Souza: É motivo de orgulho a união da
(ABES) e Olavo Alberto Prates Sachs (AESabesp) discorrem sobre os
ABES com a AESabesp. A ABES na sua 29ª edição do Congresso
desafios desta grandiosa realização e de sua importância para o setor.
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental poder fazer junto com a AESabesp - uma instituição com grande reputação em São
Saneas: O Congresso ABES/Fenasan 2017 será um marco do
Paulo - o que estamos acreditando que será o maior encontro de
saneamento e meio ambiente no Brasil. Comentem, por fa-
saneamento ambiental da América. Em um local extraordinário,
vor, a importância desse evento para as duas entidades e
inaugurado há pouco tempo aqui em São Paulo, o São Paulo Expo
para o setor.
(antigo Centro de Convenções Imigrantes, que foi totalmente re-
Olavo Alberto Prates Sachs: Para as entidades é uma experiên-
formulado e ampliado http://saopauloexpo.com.br), com 20 mil
cia nova, uma troca de expertises, elas só têm a ganhar com essa
metros quadrados de feira e presença prevista de mais de 6 mil
sociedade. Nós montamos praticamente uma empresa para o encontro 2017. E esperamos que seja o maior encontro das Américas, uma Feira nunca antes ocorrida nesse porte, envolvendo as duas maiores associações que tratam sobre saneamento e meio ambiente. São Paulo já tem essa característica de uma cidade prestadora de serviços e a feira estando aqui, tudo leva a crer que será um encontro que vai deixar uma marca muito positiva para as duas associações. E para o saneamento, então, nem se fala. Essa área tem de ser unida mesmo. Estamos em um momento favorável. Conseguimos sentir isso,
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congressistas do Brasil inteiro e do exterior. Com certeza, esta-
encontro muito bom para a área de saneamento e meio ambiente,
remos fazendo algo diferente do que aconteceu nos últimos 50
para os expositores, nossos parceiros, para o meio acadêmico, para
anos de existência da ABES e nos últimos 30 da AESabesp. Para
os funcionários das companhias estatais e todos que vivem o dia a
o setor será um marco. Estamos em um momento no qual o país
dia desta área. Uma área da qual falamos que não trabalha só com
está retomando os trilhos. Passou por um momento difícil. O sa-
engenheiros e pessoas de exatas. As pessoas têm que gostar, usar
neamento está nesse momento difícil, mas a gente acredita que
um pouco da emoção porque é uma área apaixonante.
no ano de 2017 retomaremos os trilhos do crescimento - inclusive o Congresso tem como tema central a questão da retomada do
Roberval Tavares de Souza: O primeiro desafio é respeitar as
crescimento. Isso é muito impor-
associações, a cultura organizacio-
tante para o setor de saneamento
nal de cada uma delas. Acho que
ambiental do Brasil. Estaremos reu-
isso estamos fazendo bem, com a
nidos para debater assuntos varia-
liderança do Olavo na AESabesp,
dos do setor como água, esgoto,
os demais líderes da ABES, con-
drenagem, resíduos sólidos, meio
vencendo os sócios de ambas as
um casamento. As duas áreas, uma
Estaremos reunidos para debater assuntos variados do setor como água, esgoto, drenagem, resíduos sólidos, meio ambiente e toda a sua parte institucional. Teremos mesas excepcionais com grandes nomes do saneamento do país e do mundo.”
está aprendendo com a outra e uma
Roberval Tavares de Souza
ambiente e toda a sua parte institucional. Teremos mesas excepcionais com grandes nomes do saneamento do país e do mundo. Será um momento de virada para o setor de saneamento, para que ele possa ser protagonista na área de infraestrutura do nosso país. Estamos acreditando muito nisso. Saneas: Quais foram (ou estão sendo) os maiores desafios para organizar um encontro desta grandeza? Olavo Alberto Prates Sachs: É um casamento. São os desafios de
entidades de que a união das duas marcas será fundamental para que consigamos um resultado nunca antes almejado. Resultados do ponto de vista técnico, do ponto de vista institucional e de perpetuidade das duas marcas. Este é um desafio que temos e está indo muito bem nessa construção conjunta do que será o maior encontro de saneamento ambiental da América. O segundo ponto é demonstrar para todos os atores do saneamento do Brasil que a união da AESabesp com a ABES vai proporcionar um encontro muito melhor do que os que aconteceram no passado. Não que os do passado tivessem algum problema, não. Foram óti-
tem de respeitar a outra de formas
mos eventos. O que vamos propor-
iguais. Existem algumas características diferentes: uma é mais forte na questão de feira, a outra é
cionar no ano de 2017 é uma edição exclusiva e única que vai
referência na parte de congresso. Então, está sendo uma troca de
acontecer no país, reunindo em um mesmo espaço, nos mesmos
experiência, tudo meio a meio, e ambas as associações só têm a
dias, os maiores, melhores e renomados nomes do saneamento
ganhar. Cada uma ganha experiência em uma área e fortalece o
ambiental do Brasil. A união das duas associações vai proporcio-
grupo como um todo. Esperamos, no pior cenário possível, manter
nar um debate muito bom e vai trazer certamente ganhos enor-
os números dos anos anteriores. Não pensamos em nada abaixo
mes para o setor.
disso. Queremos realmente que os resultados sejam muito bons, que o número de expositores e participantes superem todas as ou-
Saneas: Como os senhores vêem as perspectivas para o país
tras edições anteriores tanto da Fenasan - Encontro Técnico da AE-
e o setor e como o Congresso ABES/Fenasan 2017 irá contri-
Sabesp, como da ABES. Estamos muito otimistas de que vai ser um
buir para propostas que alavanquem o saneamento?
Dezembro a Fevereiro de 2017
SANEAS
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Olavo Alberto Prates Sachs: O Brasil é um país de dimensões
à coleta de esgoto e 160 milhões não têm acesso a tratamento de
continentais. As diferenças são muito grandes. Um dos papéis
esgoto. O Brasil ainda vivencia questões relacionadas a resíduos
principais da feira é justamente a troca de experiências, dos bons
sólidos com péssimas situações, presença de lixões. E a reciclagem
exemplos e dos que não deram certo. Por exemplo, acabamos de vi-
é algo que não consegue ser alavancado. O nosso sistema de dre-
venciar uma crise muito grave aqui no Sudeste, coisa que o Nordes-
nagem ainda carece de muita inovação, mas tudo isso nós, do se-
te está vivenciando agora e até alguns estados do Sudeste, como
tor de saneamento, todos os sanitaristas, temos de encarar como
o Espírito Santo. Essa troca de experiências, do que passamos, as
uma grande oportunidade de mudar essa situação. Eventos como
medidas que deram certo, as medidas que não deram. E um dos
esses só agregam valor com proposições de melhorias para o fu-
papéis é passar isso para os nossos colegas de outros estados. E
turo. Isso aconteceu em todas as edições dos congressos da ABES,
não são só exemplos nacionais, pretendemos trazer especialistas
quando a AESabesp faz os seus eventos técnicos, sempre tem algo
de outros países para também darem o seu recado e a gente ter
que agrega valor, que se pode levar para o futuro. E a troca de
acesso a novas tecnologias, novos equipamentos. A própria rede de
experiência entre as empresas que participam - públicas ou pri-
relacionamentos entre os técnicos, isso não tem preço: você encon-
vadas. A troca de experiências entre os profissionais é primordial
tra colegas que não vê há anos ou colegas que vê sempre porque
para que alavanquemos o setor, as discussões institucionais, trazer
a área do saneamento é muito unida. Existem outras questões que
para o debate a questão da saúde pública, do meio ambiente, a
não dá para mensurar. O retorno que isso pode trazer para o país
questão institucional quanto a financiamentos, isso é primordial
é com certeza divulgação, tecnologia, serviços e práticas. Isto é um
para que você saia de um encontro desse com um novo padrão e
dos carros chefes de um encontro deste porte.
lógica de que é possível mudar o país. Então, as perspectivas são muito boas com relação ao encontro que vai acontecer em outu-
Roberval Tavares de Souza: Estamos no final de uma grande
bro de 2017. Vamos retomar o crescimento econômico do país e
crise econômica, mas o país passa uma crise de saneamento que
do setor de saneamento. Esses números que citei no início care-
não é de hoje. Ainda temos 35 milhões de brasileiros que não
cem muito de um plano mais efetivo. Temos o PLANSAB - o Plano
têm acesso à água potável, mais de 100 milhões não têm acesso
Nacional de Saneamento, que vislumbra a universalização em 20 anos, em 2033 (ele é de 2013). Temos a chance de ajudar isso acontecer durante o nosso encontro por meio de diretrizes de moções, de estruturações de discussões que possam levar a isso. Então, as perspectivas são boas, tenho certeza de que vai ser um sucesso. Saneas: Quais serão as inovações da edição 2017? Olavo Alberto Prates Sachs: Começamos pelo próprio local. Estaremos no mais novo local construído para feiras e exposições, que é o São Paulo EXPO - o antigo Imigrantes, que está totalmente remodelado, com estrutura viária refeita, garagem coberta, próximo de estações de metrô e ao lado de uma importante rodovia. Pretendemos usar o que há de mais moderno em termos de tecnologia:
O ex-presidente Dante Ragazzi Pauli (ABES) e os atuais, Roberval Tavares de Souza e Olavo Alberto Prates Sachs
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
aplicativos para as pessoas se localizarem melhor na feira e formas de auditório supermodernos com sistema de audiovisual, algo que será novidade para muitos que participarão do encontro. Gostamos de ousar, vamos implantar algumas coisas novas, o congresso está muito grande e o diferencial é crescer sem perder qualidade. Temos que ter muita preocupação com isso porque temos uma tradição de eventos bem organizados com qualidade. E quando se cresce muito se perde um pouco essa questão. Estamos nos esforçando. Foram formados vários grupos de trabalho que estão já há um ano antes trabalhando nesse encontro, tentando ver quais os pontos de melhorias, quais ações devem ser tomadas, procurando evitar ao máximo problemas que não foram previstos. O ex-presidente Reynaldo Young (AESabesp) e atual presidente da Sabesp, Jerson Kelman
Roberval Tavares de Souza: Acredito que a grande inovação está em um forte planejamento. Estamos a sete meses do encontro e já iniciamos o nosso planejamento. Isso dá uma sensibilidade muito grande e vai crescendo ao longo do tempo para podermos ter o me-
Saneas: Poderiam citar algumas razões pelas quais pro-
lhor encontro da América em outubro de 2017. Temos uma progra-
fissionais, acadêmicos e estudantes ligados aos temas de
mação pré-evento muito forte, com vários eventos promovidos em
saneamento e meio ambiente não podem ficar fora deste
São Paulo para mobilizar todos para o congresso. Uma grade muito
congresso?
forte de pré-eventos, que começou com o Seminário Internacional de
Olavo Alberto Prates Sachs: Atualização. O profissional precisa
Perdas - realizado em julho de 2016. Temos seis grupos de trabalho
sempre estar atualizado antenado com o que está acontecendo
formados para planejar e executar as ações. Um site exclusivo para
tanto na política voltada para o saneamento como nas novas tec-
o evento, tecnologia a nosso favor, colocando tudo de mais moder-
nologias, novos equipamentos. Senão ele fica desatualizado e não
no que podemos ter do ponto de vista tecnológico à disposição do
consegue acompanhar essa evolução da área. E para os estudan-
congressista, para que ele tenha uma boa estada em São Paulo e
tes, faz parte da formação acadêmica visitar eventos e feiras desse
também possa usar tecnologia disponível. O espaço que o Olavo co-
porte. É bom que já se deparem com os profissionais que vão
mentou é sensacional - um modelo diferente de auditório em forma
encontrar no dia a dia, os equipamentos. Para os expositores é
de arena que todos terão a oportunidade de ver - algo que realmente
uma oportunidade de a empresa nacional mostrar que tem uma
será o grande diferencial. Além de uma programação social tanto
tecnologia muito boa, que os equipamentos são bons, compará-
para os congressistas como para os acompanhantes, algo inédito a
veis a equipamentos do mundo inteiro. Os nossos prestadores de
que vocês nunca tiveram acesso. Mas isso só podemos contar quan-
serviço também estarão presentes. E há também os expositores
do estivermos mais próximos do congresso. É surpresa. Algo inovador
internacionais com suas tecnologias, mas é uma oportunidade
que será lançado em breve. A programação social será forte e bem
justamente para os profissionais da área se depararem com esses
estruturada para o pessoal do Brasil inteiro conhecer São Paulo e ver
equipamentos e serviços e até procurarem algo que estão preci-
com bons olhos a locomotiva do nosso país como ela é.
sando. Em vez de buscar na internet, vêm para a feira ver ao vivo,
Dezembro a Fevereiro de 2017
SANEAS
39
utilizar, experimentar se o equipamento é bom, trocar ideias com
de São Paulo, reitero o convite no sentido de que venha comparti-
o consultor. Essa parte é muito interessante. Existem palestras co-
lhar conosco essa primeira semana de outubro de 2017, de forma
merciais na feira, palestras técnicas. O expositor tem a oportunida-
diferente e conhecer em São Paulo o que jamais conheceram.
de de mostrar seu equipamento e seu serviço para aquele público especifico, interessado em determinado produto. É uma oportuni-
Saneas: Qual é o papel dos jovens profissionais no evento?
dade boa para o profissional e também para as empresas e presta-
Olavo Alberto Prates Sachs: Sangue novo na área. Temos que
dores de serviço participar desse encontro. E é uma tradição desses
renovar. Esse time que está aí não vai ficar para sempre. Então,
profissionais virem de outros estados para as feiras. Nas edições
o pessoal precisa já se inteirar. Temos na AESabesp um prêmio
anteriores recebemos representan-
especial para o jovem profissional.
tes de todos os estados brasileiros
Incentivamos a apresentação de
e mais de 15 países estavam pre-
trabalhos e há uma premiação es-
sentes. Como esperamos em 2017
pecífica para isso. Sabemos que é
um encontro grande, vai ter gente
muito difícil hoje trabalhar e estu-
do mundo todo participando. Por-
dar, então incentivamos os jovens que estão fazendo mestrado, uma
acadêmicos, estudantes não po-
Pretendemos usar o que há de mais moderno em termos de tecnologia: aplicativos para as pessoas se localizarem melhor na feira e formas de auditório supermodernos com sistema de audiovisual, algo que será novidade para muitos que participarão do encontro.
dem deixar de comparecer. Cada
Olavo Alberto Prates Sachs
para os jovens que já se formaram
que o Brasil, mesmo vivenciando essa crise, é um país de bons negócios e isso interessa não só às empresas nacionais como às estrangeiras também. Roberval Tavares de Souza: Networking. A troca de experiência entre os profissionais é algo fantástico. E vamos promover essa interação dentro do nosso congresso tanto na parte de programação técnica quanto na parte da feira. Isso vai acontecer e os atores do setor de saneamento de todas as categorias: profissionais técnicos,
complementação, trabalhos acadêmicos, porque isso é importante para a área. É o capital intelectual brasileiro que estamos valorizando e desenvolvendo. Roberval Tavares de Souza: Os jovens são a garantia da perpetuidade do saneamento. O incentivo à participação deles é algo que sempre aconteceu tanto na ABES como na AESAbesp. E a presença dos jovens engrandece o nosso evento. Temos uma categoria especial para os estudantes, mas mais do que isso, é uma categoria
um tem o seu objetivo de vida,
e estão iniciando sua carreira. São
relacionado a negócios, à carreira
engenheiros ou técnicos da área
ou à educação. Todas essas partes
no início da profissão. Eles têm
interessadas: expositores, estudantes acadêmicos, os atores das
muito a agregar porque vai gerar os aprendizados do futuro. Acre-
empresas de saneamento do país, tanto de água como de esgoto,
ditamos muito nesse grupo de pessoas jovens que vêm somar no
resíduos sólidos, drenagem, as prefeituras, o governo - o execu-
nosso setor. É a garantia da perenidade. São os futuros líderes
tivo e legislativo têm um ponto importante para não deixarem
do saneamento do Brasil. Eles têm de estar presente desde o iní-
de participar desse encontro: irão integrar o maior encontro de
cio. Eu também fui um jovem profissional do saneamento. Meu
saneamento ambiental da América. Este é um motivo único. Vão
primeiro congresso foi em 1999. Foi o início de tudo. É muito
participar, contribuir e sair, com certeza, com algo diferente viven-
importante participar.
ciado nestes quatro dias em São Paulo. E para as pessoas de fora
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
Colaboração: Sueli Melo
Lançamento oficial do site do Congresso ABES / Fenasan 2017 No dia 3 de novembro, os integrantes da Comissão Organizadora
vio Frias de Oliveira”, o mais moderno cartão postal de São
do “Congresso ABES/Fenasan 2017 - o maior encontro de Sa-
Paulo - SP, cidade sede do Congresso ABES / Fenasan 2017, e
neamento Ambiental das Américas” e das diretorias da ABES e
ainda evidencia a letra “A”, que inicia “ABES”, “AESabesp”
AESabesp foram convidados para o lançamento oficial do site do
e o mais importante elemento do setor: a “ÁGUA”, comple-
evento, que entrou no ar nessa mesma data.
mentada com formas circulares em verde e azul, com incursões
Por meio desse site, além da inscrição de trabalhos para o
pelo marrom e amarelo, que simbolizam os elementos de base
evento, encerrada em 3 de janeiro, é possível saber como e por
do saneamento ambiental, que serão destacados no evento:
quem cada etapa está sendo estruturada; conhecer quem são
Água, Esgoto, Drenagem, Resíduos Sólidos e Meio Ambiente.
os expositores já confirmados; visualizar a planta da Fenasan 2017; interagir com a organização, para sugestões e perguntas, e se cadastrar para receber, em primeira mão, as novidades sobre essa mega realização. Ao abrir o site, o internauta logo irá se deparar com a mar-
Conheça mais sobre o evento, inscrições, e lista atualizada dos expositores e muito mais:
www.abesfenasan2017.com.br
ca do evento, que traz em destaque a Ponte Estaiada “Octa-
Dezembro a Fevereiro de 2017
SANEAS
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O maior Encontro de Saneamento Ambiental das Américas Mais de 2.500 trabalhos foram inscritos para o Congresso Para 2017, o Congresso Técnico recebeu a expressiva inscrição de 2.582 trabalhos, que passarão por seleção de especialistas para serem qualificados para a grade de apresentação. A apresentação dos escolhidos será dirigida a um público formado pelos maiores expoentes do setor na América Latina.
Sob o tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento”, o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas será realizado entre os dias 2 e 6 de outubro de 2017, no “São Paulo Expo”, em São Paulo - SP. O evento reunirá, em uma edição exclusiva em um só local, o
Mais de 20.000 visitantes são esperados na Feira
expressivo público técnico dos Congressos da ABES e dos Encontros
Já a expectativa de visitação na Feira gira em torno
Técnicos AESabesp, além da grande visitação e as maiores empresas do
de 20 mil visitantes. A entrada para a Fenasan será
mercado de saneamento ambiental como expositoras da Fenasan (Feira
gratuita, aberta ao público maior de 16 anos. A
Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), promovida pela AESabesp.
seis meses do evento, a área de exposição já está
O público esperado para esse evento é formado por técnicos,
com 70% dos espaços reservados, devendo até a
acadêmicos, universitários, gestores, empresários e membros da
realização ultrapassar a marca de 200 expositores,
comunidade científica de todos os estados brasileiros e de outros países,
geralmente fabricantes de equipamentos,
inclusive os que já marcaram presença em edições anteriores, como
distribuidores de produtos e prestadores de serviços,
Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa Rica,
que apresentarão uma vasta gama de inovações
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Israel,
tecnológicas para a sedimentação do setor, em
Itália, México, Peru, Portugal, Reino Unido, Uruguai e Venezuela.
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Dezembro a Fevereiro de 2017
escala nacional e mundial.
Apoio das entidades do saneamento e engenharia nacional Além da organização conjunta da ABES e AESabesp, que já está atuando a todo vapor, para que a perspectiva real desse evento se torne o maior encontro de Saneamento Ambiental das Américas, várias entidades técnicas do setor de saneamento e da engenharia nacional já conferiram o seu apoio a esta realização. Até 10.03.2017 foram consolidados os importantes apoios dessas conceituadas instituições associativas:
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SANEAS
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Realização do 1º Webinar do Congresso ABES / Fenasan 2017 Logo após ao lançamento oficial do site do “Congresso ABES/
■■ A visitação gratuita na Feira e a demonstração dos mais moder-
Fenasan 2017 - o maior encontro de Saneamento Ambiental das
nos e funcionais equipamentos, produtos e serviços do setor;
Américas”, foi iniciado o primeiro webinar (conferência via web)
■■ A expectativa de reunir visitantes, congressistas e expositores de
sobre o evento, conduzido pelo presidente da AESabesp, Olavo
todos os estados brasileiros e também vindos de outros países;
Alberto Prates Sachs, e pelo presidente da ABES, Roberval Tavares
■■ A importância do apoio da Sabesp a esse evento, que será realizado em São Paulo, estado em que tem a concessão para
de Souza. Ambos se dispuseram a interagir com os internautas inscritos que levantaram questões bem pertinentes, tais como: ■■ A fundamental importância do setor de saneamento nesse momento de recuperação do País; ■■ A visibilidade que os Congressos da ABES e da AESabesp conferem aos profissionais técnicos da área; ■■ O intercâmbio de conhecimentos e a ampliação da rede de relacionamentos que o evento proporciona aos congressistas e aos visitantes da Feira;
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
operar o saneamento de 366 municípios. Ao término, os líderes da ABES e da AESabesp sentiram-se motivados com os interesses suscitados nas perguntas dessa sessão web e prometem repetir a formatação com outras abordagens que interessem aos integrantes do setor de saneamento ambiental e à sociedade de forma geral.
INCENTIVO CULTURAL
Prêmio Jovem Profissional AESabesp Um sucesso aumentado a cada ano nos Encontros Técnicos
E
m sua quarta edição, a ser completada em
Os seus objetivos são incentivar profissionais com ida-
2017, o Prêmio “Jovem Profissional AE-
de de até 35 anos, estudantes ou recém-formados, por
Sabesp” tem alcançado grande sucesso,
meio de apresentação de seus trabalhos técnicos, con-
com o aumento do índice de participantes
tribuir com as necessidades do mercado de trabalho e,
de todo o Brasil, a cada ano, nos Encontros Técnicos
desta forma, colaborar com a formação de promissores
AESabesp, em São Paulo. Presume-se que neste ano,
profissionais, oferecendo oportunidades de divulgarem
em virtude desse evento ser feito em realização con-
seus talentos no setor de saneamento e meio ambiente.
junta com o Congresso ABES, a sua relevância será ainda mais expressiva.
Esta troca de informações tem a finalidade de alavancar discussões no âmbito de políticas públicas e
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SANEAS
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INCENTIVO CULTURAL
do desenvolvimento tecnológico, além
tas no tema escolhido pelo autor. Nessa
o candidato a apresentar seu projeto em
da possibilidade de ter nos trabalhos
etapa serão analisados o atendimento aos
banca de mestrado ou doutorado ou ain-
apresentados a aplicação de produtos e/
requisitos do prêmio, além do atendimen-
da no mercado de trabalho.
ou serviços empregados nas soluções de
to à Norma para elaboração de Trabalhos
problemas nas diferentes situações do sa-
Técnicos da AESabesp.
neamento e meio ambiente no Brasil e no
O vencedor será o candidato que obtiver a maior pontuação nas duas etapas: escrita
Ainda são selecionados os melhores
e oral. Durante as cerimônias de encerra-
trabalhos técnicos, ou seja, aqueles que
mento do Congresso e Fenasan vem sendo
Trata-se de um grande desafio que
atingem ou superam a nota de corte clas-
entregue ao jovem profissional premiado
a AESabesp se propõe a encampar, ao
sificando-os para a 2ª etapa com apresen-
um troféu e uma bolsa de estudo no valor
apoiar e incentivar futuros profissionais
tação do trabalho oral.
de R$ 10.000,00 que poderá ser utilizada
exterior.
em qualquer instituição educacional. Além
transformadores das condições socioam-
disso, tão logo concluído o curso, o jovem
gerar emprego, inovar e promover a trans-
2ª etapa - Avaliação do trabalho oral
formação do Brasil no cenário economi-
Há a formação de uma equipe composta
seu trabalho na edição vigente do Encontro
camente sustentável, fazendo pequenas
por 3 profissionais do mercado (empresas
Técnico no ano de sua formação.
mudanças no dia a dia.
públicas ou privadas, sendo esta com par-
Também vêm sendo contemplados com
ticipação das melhores universidades de
prêmios os autores classificados em 2º lu-
São Paulo), que analisam a apresentação e
gar com um “tablet” e inscrição para a
a desenvoltura do candidato, selecionado
edição do Encontro Técnico da AESabesp
1ª etapa - Avaliação do trabalho escrito
na primeira etapa. Esta avaliação ocorre
do ano seguinte e em 3º lugar , com ins-
sempre no último dia do CongressoTécni-
crição para a edição do Encontro Técnico
É realizada por uma equipe de especialis-
co em sala exclusiva. O objetivo é preparar
da AESabesp do ano seguinte.
bientais do país que poderão empreender,
O processo seletivo acontece em duas etapas:
profissional contemplado poderá apresentar
Conheça os “Jovens Profissionais AESabesp” premiados de 2016 A entrega foi feita pela Diretora Cultural da AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula, aos ganhadores: 1ª colocada: Carolina Gemelli Carneiro (bolsa de estudo no valor de R$ 10.000,00). 2º colocada: Liane Yuri Kondo Nakada (um tablet e inscrição para a edição de 2017 do Encontro Técnico AESabesp) 3º COLOCADO: Bruno José Costa da Cunha (inscrição para a edição de 2017 do Encontro Técnico AESabesp).
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
Foto: Ciete Silvério
Acontece no setor
As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente
tos), Vizca Engenharia e Consultoria Ltda, Concremat Engenharia e Tecnologia S/A, Arcadis Logos S.A., Hidroconsult Consultoria, Estudos e Projetos S/A e JNS Engenharia, Consultoria e Gerenciamento Ltda. O Sistema São Lourenço será um importante reforço na captação de água para a Região Metropolitana de São Paulo, com foco na Região Oeste do município, e ajudará, principalmente, na recuperação do Cantareira. Ele permitirá o tratamento de 4,7 mil L/s (litros por segundo) de água, volume suficiente para atender 1,5 milhão de moradores dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. Desse total, cerca de 1,1 milhão é
APECS na construção do Sistema São Lourenço
abastecido pelo Cantareira. O projeto conta com uma Estação de Tratamento de Água em Vargem Grande Paulista e reservatórios para armazenamento
De acordo com a assessoria da APECS (Associação Paulista de
de água. A captação do São Lourenço é realizada na represa
Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Am-
Cachoeira do França, em Ibiúna. Está prevista a instalação de
biente), empresas associadas à entidade estão na conclusão do
83 km de adutoras (grandes tubulações), incluindo um túnel de
Sistema Produtor de Água São Lourenço, da Sabesp. Entre as
1.100 metros e duas passagens por baixo da Rodovia Raposo
quais, estão Cobrape (Cia Brasileira de Projetos e Empreendimen-
Tavares.
Ecosan fornece equipamentos para a expansão de ETE em Jaguariúna A Ecosan, em parceria com a construtora AEX Engenharia, é fornecedora de equipamentos para as obras de expansão da Estação de Tratamento de Esgoto Camanducaia, em Jaguariúna – SP. O investimento faz parte de um pacote que tem por objetivo tratar 100% do esgoto sanitário doméstico da cidade em 2016. De acordo com a direção da empresa e a Prefeitura de Jaguariúna, este será o terceiro módulo da estação para atender um total de 30 mil habitantes. O processo adotado será de “Lodos Ativados” e “Aeração Prolongada”. O sistema consiste em manter uma grande quantidade de bactérias aeróbias em contato com a matéria orgânica presente nos despejos, promovendo a oxidação bioquímica destes poluentes.
dores, executando a sedimentação do lodo e a clarificação dos
O oxigênio requerido para a manutenção será garantido por aera-
despejos. Ao final do percurso, o lodo sedimentado segue por
dores superficiais flutuantes. Após a etapa de oxidação biológica
gravidade para o poço de bombas e uma parte volta para as lago-
nas lagoas de aeração, os despejos seguirão para três decanta-
as aeradas, passando pelos medidores de vazão.
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SANEAS
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ACONTECE NO SETOR
Mizumo registrou crescimento em serviços em 2016 Ao completar 15 anos de atividades, a Mizumo registrou importante crescimento dos negócios de sua área de serviços, em 2016, com um aumento de mais de 60% em relação aos contratos firmados em 2015. E com mais de 1.850 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) instaladas, também vem aumentando os contratos de manutenção preventiva. De acordo com a empresa, “a ampliação da área de serviços vem ocorrendo desde 2013, quando a Mizumo fez investimentos e adequou o suporte operacional conforme as necessidades dos clientes. Para tornar o atendimento mais ágil e preciso, foram contratados profissionais de vendas e de engenharia. Além de ter uma equipe própria e treinada, a empresa adquiriu veículos oficinas equipados, que permitem uma inspeção geral do equipamento. De acordo com Pedro Marcelo Costa, Coordenador de Serviços da Mizumo, quando o sistema de
diferencial reconhecido pelos clientes, que não querem ter pro-
tratamento de esgoto não é operado corretamente, além de
blemas com a ETE. Hoje, eles têm a percepção de que a manu-
trazer impactos ao meio ambiente, os empreendimentos, como
tenção preventiva é mais vantajosa, pois traz maior segurança
indústrias, municípios, condomínios, hospitais, parques, hotéis,
e tranquilidade, nos aspectos técnicos e ambientais, ou seja, a
entre outros, correm o risco de serem autuados pelos órgãos
eficiência da operação dentro das exigências legais dos órgãos
competentes. “Os serviços que oferecemos passaram a ser um
ambientais”, comenta.
Tecniplas inova com transporte aéreo de tanques A empresa Tecniplas, especializada em
acesso e cercada pela Mata Atlântica, o
tanques e em equipamentos especiais
que inviabilizou o deslocamento terres-
de compósitos em PRFV (Plástico Re-
tre”, detalha Priscila Moraes, responsá-
forçado com Fibras de Vidro), forneceu
vel pela área de marketing da Tecniplas.
dois reservatórios para a Sabesp que fo-
Com 3,8 m de diâmetro, 9 m de altura
ram transportados por helicóptero até
e pesando duas toneladas, os tanques
o local de instalação. Segundo a em-
têm capacidade para armazenar 110 m³
presa, ӎ a primeira vez no Brasil que
de água potável cada – fazem parte do
uma solução como essa é adotada para
sistema de abastecimento das comuni-
a movimentação de tanques de com-
dades situadas no entorno. “Essa apli-
pósitos. Em se tratando de logística, o
cação é interessante também porque
transporte aéreo é um dos diferenciais
mostra que os compósitos são indicados
da Tecniplas.” Desde 2010, a empresa
para o contato com água potável, des-
recorre ao processo de oblatação para
de que formulados com resinas próprias
transportar os megatanques, fabricados
para esse fim”, comentou a executiva.
em Cabreúva, no interior de São Paulo.
Priscila.
“Os reservatórios foram instalados na região de Ibiúna, numa área de difícil
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SANEAS
Dezembro a Fevereiro de 2017
BF Dias investe em locação de equipamentos para tratamento de efluentes A B&F Dias, fabricante brasileira especializada em sistemas de aeração por ar difuso, criou em 2016 uma divisão nessa prestação de serviço. “Nosso primeiro contrato foi a locação de módulos de aeração removíveis para uma indústria alimentícia em Minas Gerais que queria testar a tecnologia antes da definição da compra. Após 10 meses de uso, o cliente ficou convencido que a solução era a mais adequada para o tratamento e realizou a compra”, afirma Leandro Moreira, especialista de vendas da empresa. Outros clientes procuram a empresa para situações de reformas e realização de retrofits em plantas de tratamento. A empresa recentemente assinou contrato com a CTP Ambiental (foto), multinacional francesa provedora de soluções completas para tratamento de efluentes e serviços de limpeza. O sistema de aeração alugado será implantado numa petroquímica no Rio de Janeiro em tanques temporários enquanto a estação de tratamento de efluentes industriais passará por um retrofit completo.
Pieralisi assina contrato de 4,5 milhões de euros com Grupo Acea, em Roma O Grupo Pieralisi, especializado na comercialização de decanters centrífugos para separação líquido-sólido, firmou uma parceria no valor de 4,5 milhões de euros com a organização italiana Acea, que gere e desenvolve redes e serviços nos setores de água, energia e meio ambiente. De acordo com a assessoria da empresa, o acordo foi concluído no final de novembro com a assinatura de um contrato no valor citado e o projeto abrange diversas unidades móveis completas para desidratação de lodos instaladas em skids compostos por decanters centrífugos e os acessórios necessários para desidratação, que estarão espalhados por dez locais em Roma e vão atender mais de 4 milhões de habitantes. Segundo Estela Testa (foto), CEO da Pieralisi, além de trazer benefícios aos habitantes das regiões contempladas, este modelo de parceria pode ser também implementado no Brasil. No setor da água, o Grupo Acea é o principal operador nacional italiano, com uma área de captação de mais de 8 milhões de habitantes, gerando serviços integrados de abastecimento de água,tratamento de esgoto e de água nas zonas territoriais de Roma, Frosinone e respectivas províncias.
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SANEAS
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VIVÊNCIAS
A arte e a técnica de Osvaldo Niida
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omenageado pela AESabesp, como “Destaque Profissional do Ano de 2012”, nesta edição destacamos a arte do também fotógrafo, Osvaldo Ioshio Niida, em captar as imagens com a sensibilidade de um artista e a precisão técnica de um engenheiro.
Paulistano e politécnico, como muitos dos expoentes do elogiado quadro de engenheiros da Sabesp, Niida sempre é lembrado como uma referência de capacidade e dedicação entre os seus pares. Em 2012, quando recebeu o troféu e a placa de homenagem da AESabesp, entregue pelo então assistente executivo da presidência da Sabesp, Dante Ragazzi Pauli, Niida fez um pronunciamento com muita emoção, no qual destacou o esforço de seus pais, imigrantes japoneses, da vida de sacrifícios para formarem os seus filhos, sempre com dedicação e respeito ao trabalho, que ele também atribui, como “a sua maior fortuna”. Atualmente, ele contempla as suas belas fotografias, como estas paisagens que permeiam esta matéria, e nos concedeu um tempinho para esta breve entrevista. Saneas: Onde o senhor nasceu? Niida: Nasci no estado e na cidade de São Paulo, em 10/02/1954. Saneas: Onde se graduou como engenheiro? Niida: Na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, na turma de 1980, em Engenharia Civil. Saneas: Conte-nos como foi a sua juventude. Niida: Minha juventude era dividida entre estudar, trabalhar e protestar contra o governo. Saneas: Como foi a sua trajetória dentro da Sabesp? Niida: Entrei em 1980, ano em que me formei. Trabalhei nas áreas de manutenção, de distribuição e depois na de tratamento. Atualmente, estou tentando me aposentar. Era para ser no mês de agosto mas não consegui e tive que marcar duas vezes. A última data que me foi passada é 14 de março! Saneas: Sabemos que o senhor tem um hobby, que é a fotografia. Nos conte como isso começou. Niida: Para os japoneses o ato de fotografar parece ser genético. Quando moleque, um tio, que foi um dos primeiros japoneses a entrar no Largo São Francisco, tinha uma máquina alemã que me chamava muito a atenção. Eu só olhava as fotos em suas lentes, mas não fotografava. Quando adolescente, ganhei uma máquina da Kodak e só a partir de então comecei a me aventurar em tirar algumas fotos. Saneas: A Sabesp teve alguma influência no seu hobby? Niida: Sim, tanto no hobby, quanto nos vários aspectos da vida, pois é a empresa que trabalho há 30 anos; então quase tudo o que realizei foi dentro desse período.
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SANEAS
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Revista BIO e Saneas juntas no maior encontro do setor das Américas. Anuncie e destaque-se no mercado! A Revista BIO, editada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES, e a Revista Saneas, editada pela Associação dos Engenheiros da Sabesp - AESabesp, terão uma edição única, exclusiva e especial durante o Congresso ABES / Fenasan 2017, evento histórico que será realizado entre os dias 2 e 6 de outubro, no São Paulo Expo, em São Paulo - SP. Ao inserir um anúncio de sua empresa nessa edição única, que terá uma tiragem de 10.000 exemplares, das Revistas BIO e SANEAS, sua imagem estará associada ao público que conhece saneamento e faz deste setor uma das bases mais sérias e promissoras do País, com prospecção em nível internacional.
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Tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento” Destaques: ■ A performance, os produtos e os serviços dos expositores da Fenasan ■ As opiniões de palestrantes do Congresso - especialistas do setor de saneamento ambiental ■ As políticas públicas para a otimização e universalização do saneamento ■ Os conceitos inovadores a serem discutidos nas palestras técnicas ■ O aparato das grandes inovações tecnológicas ■ A opinião do público qualificado que prestigia o evento ■ As ações ambientais voltadas à sustentabilidade ■ Os novos rumos que a ABES e a AESabesp darão ao evento de 2017, mediante a superação muito além das expectativas dos anos anteriores.
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AESabesp - Paulo Oliveira
até 01 de setembro de 2017
Tel: 11 3263 0484 - 11 97515 4627
Entrega de arte de anúncios:
paulo.oliveira@aesabesp.org.br
até 08 de setembro de 2017
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