Ano X . Edição 61 . Março a Maio de 2017
Um panorama geral com Edison Airoldi
O DESAFIO DE UNIVERSALIZAR O TRATAMENTO DE ESGOTOS Em nossa matéria tema, discorremos sobre esta questão e ainda apresentamos o programa PLAMTE, uma grande inovação da Sabesp.
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A irresistível “Beatlemania” de Hélio Padula
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EXPEDIENTE Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 6.000 exemplares
EDITORIAL Olá amigos, Com o importantíssimo e pesado tema “Desafio de Universalizar o Tratamento de Esgotos” apresentamos a vocês em uma linguagem agradável, sem perder a qualidade técnica, trabalhos referentes a esta jornada que perseguimos como uma
Diretoria Executiva Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi
bandeira que queremos ver hasteada por todos nós sanitaristas.
Diretoria Adjunta Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos Esportes e Lazer: Zito José Cardoso Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Gilberto Alves Martins
questiona a todos: “Somos uma ameaça a nós mesmos”.
Conselho Deliberativo Presidente: Ivan Norberto Borghi Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, Choji Ohara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nelson Stábile, Richard Welch, Rogélio Costa Chrispim, Sônia Regina Rodrigues
Vamos nesta edição comentar os 10 anos da lei 11.044 ou Lei do Saneamento Básico, mas não sem antes nos deliciarmos com uma interessante metáfora que
Também no decorrer dos artigos, deparamos com a interessantíssima entrevista, concedida pelo diretor de Tecnologia e Inovação da Sabesp, nosso colega Edison Airoldi, que nos dá a esperada notícia que passamos dos 24% de esgoto tratado em 1992, para 70% (2017) e chegaremos ao final da terceira etapa do projeto de despoluição do Tietê, a 84%. Para os céticos vale lembrar que o rio Tamisa (Londres) levou 100 anos para ser despoluído, o Sena (Paris), 70 anos, e o nosso Tietê está passando por este processo, há apenas 25 anos.
Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked Coordenadores Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti Assuntos Institucionais: Fátima Valéria de Carvalho Contratos Terceirizados: Walter Antonio Orsatti Comissão Organizadora do 28º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2017 Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria Aparecida Silva de Paula Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rosângela Cássia M. de Carvalho, Sonia Maria Nogueira e Silva Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Ednaldo Sandim Polo AESabesp Leste: Sílvio Caraça Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi Editora e Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081 Textoscom - luciatextos@terra.com.br www.site.com.br/textoscom facebook.com/textoscom Redação Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br
Mas nem só de artigos técnicos está estruturada esta edição. Temos também uma peculiar entrevista como o “beatlemaníaco” Hélio Nazareno Padula, que durante 40 anos tem nos encantado com o grupo cover dos meninos de Liverpool “Comitatus” e muitos outros artigos. Boa leitura a todos! Eng. Olavo Alberto Prates Sachs Presidente da AESabesp Gestão 2016-2018
ÍNDICE
06 Matéria Tema Somos uma ameaça a nós mesmos...
16
19
Entrevista O diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp (T), Edison Airoldi discorre sobre os processos, obras e investimentos, empregados pela Companhia de Saneamento Básico do estado de São Paulo, em coleta e tratamento de esgoto.
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Ponto de vista Tratamento de esgotos desafios e oportunidades por Nivaldo Rodrigues da Costa Jr.
23 25 27
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Visão coletiva ABES-SP lançará Guia para a Escolha das Alternativas de Tratamento de Esgotos Domésticos em Comunidades Isoladas
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Visão de mercado Criação de SPE para tratamento de efluentes não domésticos
Visão de futuro
45
As dificuldades para implantação do PNRS
Artigo técnico Sistemas condominiais de esgoto: difusão do tema
48
Congresso ABES / Fenasan 2017
Prepare-se para o maior encontro em Saneamento das Américas. Confira também a lista dos aprovados para o Prêmio Jovem Profissional AESabesp 2017
Acontece no setor
As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente
Vivências Hélio Padula: O nosso mais autêntico representante da Beatlemania
Momentos de Tecnologia AESabesp
Apresente sua empresa aos associados da AESabesp
Os Momentos de Tecnologia são palestras técnicas realizadas nas unidades da Sabesp, promovidas por empresas que desejam apresentar seus produtos e serviços aos nossos associados. Concorridas, estas apresentações contam com expressivo comparecimento de associados, técnicos da Sabesp e convidados do setor de saneamento ambiental. O número de palestras realizadas e de profissionais já treinados confirmam o sucesso dos Momentos de Tecnologia AESabesp.
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MATÉRIA TEMA
SOMOS UMA AMEAÇA A NÓS MESMOS...
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SANEAS
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H
á uma metáfora que diz que o comportamento da raça humana é similar ao dos organismos patogênicos, ou seja, causadores de doenças. Esse misto de teoria apocalíptica e ficção científica traça analogias entre o planeta Terra e um organismo e entre os seres humanos e microrganismos patogênicos. E não é difícil de
compreender como seria isso. O agente patogênico pode se multiplicar no organismo do hospedeiro e causar infecções e outras complicações e até levá-lo a morte. Apesar de sua natureza nefasta, eles desempenham um importante papel na natureza: eliminar os fracos garantindo somente a sobrevivência dos mais aptos. Eles o fazem subjugando seu hospedeiro, sugando sua vitalidade e liberando veneno em seu rastro. Patógenos não dão a mínima para a sua própria fonte de vida – o seu hospedeiro – e muitas vezes o matam rapidamente. Isso pode soar como autossabotagem ou suicídio, uma forma arriscada de uma espécie manter sua continuidade; afinal, ao matar o hospedeiro do qual sua própria vida depende, o patógeno também morre. Mas não é bem assim, os patógenos desenvolveram uma tática de sobrevivência peculiar que lhes permite dar continuidade à sua existência mesmo após a eliminação de seu hospedeiro. Eles enviam representantes para procurar e infectar o outro organismo, enquanto isso a população que se encontra no hospedeiro original morre junto com ele. A raça humana teria, dessa forma, o comportamento de uma doença, se multiplicando em excesso, consumindo desenfreadamente e gerando resíduos sem se preocupar com a saúde e o bem-estar de seu hospedeiro, o planeta Terra. A diferença primordial, é que, ao menos até aqui, os seres humanos não têm condições de migrar para outro hospedeiro, para um novo planeta. Um dos principais problemas com relação ao vertiginoso crescimento da população humana diz respeito aos seus resíduos, em especial os que seguem pelo ralo abaixo e que formam o esgoto. Eles são os principais responsáveis pela contaminação do solo e dos cursos d’água. Literalmente estamos envenenando o nosso hospedeiro. E isso se torna espantoso, sobretudo se considerarmos que apenas 3% da água do planeta é doce, e desta, aproximadamente 2% estão nas geleiras e somente cerca de 1% é própria para o consumo. Entretanto, estamos em pleno século XXI e há remédio para quase qualquer enfermidade. Apesar do quadro pouco otimista no que se refere ao saneamento e, sobretudo à cobertura de esgoto no Brasil, o Estado de São Paulo parece ter encontrado algumas vacinas. Primeiro no ranking do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), São Paulo tem dado conta do recado, embora ainda haja muito trabalho a ser feito, o Estado planeja um futuro sustentável.
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SANEAS
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MATÉRIA TEMA
Metade dos brasileiros não tem coleta de esgoto
sociais ao país, mas também de saúde, ambientais e financeiros.
É o que demonstram dados do SNIS, divulgados em janeiro des-
Segundo o Ministério das Cidades, os grandes déficits históricos
te ano e referentes a 2015. De acordo com esses dados, apenas
vêm sendo combatidos, mas a complexidade de grande parte das
50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto, ou seja, mais
obras e o seu tempo médio de duração ainda não permitem que
de 100 milhões de pessoas ou utilizam fossa, ou interligam a saída
todos os benefícios esperados sejam sentidos de imediato pela
do esgoto ao sistema de água pluvial simplesmente jogam o esgo-
população, nem refletidos ainda de modo mais significativo pelos
to diretamente em rios.
índices como os informados no SNIS.
A falta de saneamento adequado traz não apenas problemas
A lei 11.445 ou Lei do Saneamento Básico foi sancionada em ano, 42% da população era atendida por redes de coleta de
O desafio de universalizar o tratamento de esgoto
esgoto. Até 2015, o índice aumentou 8,3 pontos percentuais,
A universalização dos serviços de abastecimento de água e de tra-
o que equivale a menos de um ponto percentual por ano. Já o
tamento de esgoto no País está prevista na Lei do Saneamento Bá-
índice de esgoto tratado, no período, passou de 32,5% para
sico que tem como um dos principais pilares a elaboração de um
42,7%. Em algumas regiões do país, como a Norte, a situação é
plano municipal do setor para cada cidade. Além disso, a lei esta-
ainda mais grave: apenas 7,4%, têm esgoto tratado. O pior es-
beleceu regras básicas para o setor ao definir as competências do
tado – da região e do país – é o Amapá, com 3,8%. Já o melhor
governo federal, dos estados e dos municípios, bem como a regu-
estado brasileiro é São Paulo, com cobertura de 88,4%. O Dis-
lamentação e a participação de empresas privadas. Por conta dis-
trito Federal também tem taxa alta: 84,5%. Um mesmo estado,
so, a expectativa era que o setor crescesse exponencialmente após
porém, pode ter cidades com índices muito elevados e outras
a lei. Segundo o Ministério das Cidades, os planos municipais de
com índices muito baixos, algumas com serviços privatizados e
saneamento básico são importantes por constituírem instrumen-
outras, com públicos - por isso, o levantamento considerou a
tos para o diagnóstico da situação local existente. Isso permitiria
média de todos os municípios. O dado do SNIS que aqui citamos
estabelecer prioridades para investimentos e ações no curto, mé-
refere-se ao “índice de atendimento total de esgoto referido aos
dio e longo prazos. O nível de adesão dos municípios, no entanto,
municípios atendidos com água”.
tem sido muito baixo, e não só pela falta de vontade, mas pelo
2007 pelo, então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele
Água(%)
Diferenças regionais Ranking das coberturas de água e esgoto por estado
99,0 95,6 92,8 92,2 87,8 87,5 87,2 86,9 86,1 84,3 83,4 82,5 82,2 80,0 79,5 79,2 76,5 76,4 76,3 76,1 75,3 64,0 56,2 47,1 47,0 44,2 34,0
Esgoto(%)
DF
SP
PR
RJ
MT GO
RS
SC
MS
SE
TO MG ES
RR
RN
BA
PI
AL AM
PE
PB
CE
MA PA
88,4 84,5 69,1 65,5 64,5 47,8 47,4 42,7 38,1 34,8 34,3 29,4 25,6 25,2 22,5 22,0 20,9 20,8 19,4 18,4 12,5 12,1 9,5
SP
8
Infográfico atualizado em: 08/02/2017
SANEAS
DF
MG
PR
RJ
GO
Março a Maio de 2017
ES
MS
RR
BA
PB
RS
MT
CE
RN
TO
AL
PE
SC
SE
AC MA
PI
AC
RO
AP
7,7
4,9
4,0
3,8
AM
PA
RO
AP
O ESGOTO NO PAÍS ENTRE 2007 E 2015: ■■ A população atendida por coleta de esgoto passou de 42% para 50,3% ■■ O percentual de esgoto tratado foi de 32,5% para 42,7% ■■ A região Norte segue com os indicadores mais baixos do país (8,7% para cobertura de esgoto e 16,4% para esgoto tratado) ■■ O Sudeste continua como a região com a melhor situação: 91,2% (água), 77,2% (esgoto) e 47,4% (tratamento de esgoto)
despreparo das cidades. Um plano exige capacidade técnica, algo
das, eliminando cargos de confiança por apadrinhamento político
que muitas cidades do país, principalmente as pequenas, não têm.
e priorizando a formação de um corpo técnico capacitado”.
Estima-se que menos da metade das cidades do Brasil possua um plano. Por conta das dificuldades, os prazos estabelecidos para as
Por que tratar o esgoto?
prefeituras elaborarem o plano foram prorrogados diversas vezes,
Basicamente os esgotos devem ser tratados para proteger os usos
passando de 2013 para 2015 e, posteriormente, para 2017.
da água. Ou seja, preservar os corpos receptores, como rios, lagos, lençóis freáticos e mares. Uma das características do esgoto sani-
Universalização do esgoto: um horizonte distante
tário é a proporção de 99,9% de água para 0,1% de sólidos. Não
Em 2014 foi elaborado e lançado um plano nacional de sanea-
solo ou correr para áreas mais baixas, os chamados fundos de vale
mento para servir, juntamente com a lei do saneamento, de base
que é justamente onde se encontram os cursos d’água.
é difícil imaginar que sendo líquido, o esgoto tenda a infiltrar no
para o setor. No plano foram estabelecidas metas utilizando-se
Embora a natureza esteja apta a diluir e absorver os contami-
indicadores de água, esgoto, manejo de resíduos sólidos, drena-
nantes provenientes do esgoto in natura, essa capacidade se re-
gem e manejo de águas pluviais e gestão dos serviços de sanea-
duz em centros de grande concentração demográfica.
mento. Dentre essas metas estão: a universalização dos serviços, a
Preservar mananciais é, então, um importante motivo para se
diminuição dos índices de desperdício de água e a erradicação de
tratar o esgoto, principalmente se lembrarmos de que de toda a
lixões. De acordo com o plano, o custo estimado para universalizar
água existente no planeta, 97% está nos mares, 2,2% nas gelei-
os quatro serviços (água, esgoto, resíduos e drenagem) seria de R$
ras e apenas 0,8% é água doce. Sendo que 97% desta está nos
508 bilhões e teria como prazo o período entre 2014 e 2033. Com
subterrâneos e apenas 3% são águas de superfície.
relação à universalização de água e esgoto, o custo estimado seria de R$ 303 bilhões. Há quem afirme que apenas um ano após a edição do plano os
O esgoto coletado ganha destinação correta quando é encaminhado para o tratamento que pode ocorrer em estações de tratamento, lagoas ou estações de pré-condicionamento.
cenários estabelecidos nas metas já eram obsoletos por causa dos
Qualquer um desses destinos, em tese, resolverá a questão de
diferentes índices previstos de inflação e de crescimento do PIB.
contaminação dos corpos d’água. O tratamento, basicamente re-
Segundo estudo realizado pela Confederação Nacional da Indús-
tira ou neutraliza a matéria orgânica que é o alimento das bacté-
tria (CNI), com esse ritmo de investimentos, o Brasil apenas conse-
rias presentes nos corpos d’água. À medida que a concentração
guiria universalizar o atendimento de água em 2043, e de esgoto,
de matéria orgânica aumenta, aumentam também a quantida-
em 2054. Se isso se confirmar, o avanço projetado para o serviço
de de bactérias que consomem o oxigênio dissolvido na água.
de coleta de esgoto seria de menos de 1% ao ano. Segundo espe-
A redução do oxigênio está diretamente ligada à vida do corpo
cialistas, “a saída será ir além da Lei do Saneamento e injetar mais
d’água. Assim, um manancial cujo índice de oxigênio dissolvido é
recursos no setor, e ainda seria necessário diminuir a burocracia e
próximo a zero é considerado morto.
mudar a forma como algumas empresas de saneamento são geri-
Os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos
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SANEAS
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MATÉRIA TEMA
levam à melhoria da qualidade de vida das pessoas, sobretudo na saúde infantil com redução da mortalidade, melhorias na educação. Influenciam, ainda, na expansão do turismo, na valorização dos imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição dos rios e preservação dos recursos hídricos, etc. Estudos demonstram que o Brasil convive ainda com centenas de milhares de casos de internação por diarreias todos os anos (400 mil casos em 2011, sendo 53% de crianças de 0 a 5 anos), grande parte devido à falta de saneamento. A diarreia é a segunda causa de morte entre crianças com menos de cinco anos em todo o mun-
Preservação dos corpos d’água é um dos principais motivos para o tratamento de esgotos.
do. Pesquisa do BNDES estima que 65% das internações em hospitais de crianças com menos de 10 anos sejam provoca-
comprometer sua capacidade cognitiva
3,5 bilhões, desses 1,3 bilhão direcionado
das por males oriundos da deficiência ou
para o resto da vida”.
ao segmento esgoto e 2,2 bilhões destinados ao segmento água. No ano passado,
inexistência de esgoto e água limpa, que
São Paulo, um estado rumo à universalização
os investimentos foram na ordem de 3,9
colar, pois crianças que vivem em áreas sem saneamento básico apresentam 18%
Com um índice de 88,4% o Estado de São
bilhão em esgoto.
a menos no rendimento escolar.
também surte efeito no desempenho es-
bilhões, sendo 2,7 bilhões em água e 1,2
Paulo lidera o ranking do SNIS no que diz
Entre as várias frentes, dois programas
Em 2011 o economista Eduardo Gian-
respeito à coleta e tratamento de esgoto.
da Companhia considerados estruturan-
netti, durante o programa Roda Viva, da
A maior parte da composição deste per-
tes chamam a atenção: o Projeto Tietê e o
TV Cultura, apontou a falta de saneamen-
centual tem como responsável a Compa-
Programa Onda Limpa.
to básico como um dos maiores proble-
nhia de Saneamento Básico do Estado, a
mas do país, com reflexos diretos na edu-
Sabesp. Operando em mais de 360 dos
cação. Veja o que ele disse: “Uma criança
645 municípios paulistas a empresa tem
O tratamento de esgotos realizado pela Sabesp
de 0 a 2 anos consome 87% de energia
aumentado ano a ano os investimentos
Na Região Metropolitana de São Paulo, o
metabólica para constituição do cérebro,
em saneamento. Mesmo no período da
método utilizado nas grandes estações de
se essa criança pega uma doença forte,
maior seca de que se tem notícia no Es-
tratamento é por lodos ativados, onde há
crônica, um parasita ou tem uma diar-
tado, quando se viu obrigada a mudar o
uma fase líquida e outra sólida. O mesmo
reia muito forte nesse período critico da
mix de investimento, priorizando aqueles
foi desenvolvido na Inglaterra em 1914 e
formação do cérebro, isso compromete a
voltados à segurança hídrica, nunca dei-
é amplamente utilizado para tratamento
formação neural para o resto da vida (...)
xou de aportar capital em obras de coleta
de esgotos domésticos e industriais. O tra-
é gente que vai começar o ensino funda-
e tratamento de esgoto. Em 2013 os in-
balho consiste num sistema no qual uma
mental e vai repetir o primeiro ano muitas
vestimentos em água e esgoto somavam
massa biológica se desenvolve, forma flo-
vezes porque não consegue aprender. Um
2,7 bilhões, respectivamente, 1,1 e 1,6 bi-
cos e é continuamente recirculada e colo-
país que metade dos domicílios não tem
lhão. No ano de 2014 o total investido foi
cada em contato com a matéria orgânica
saneamento básico está condenando uma
de 3,2 bilhões, 1,3 bilhão em água e 1,9
sempre com a presença de oxigênio.
proporção gigantesca de crianças a doen-
bilhão em esgoto. No ano de 2015, auge
O processo é estritamente biológico
ças crônicas, parasitas e diarreias, que vão
da crise hídrica, os investimentos foram de
e aeróbio. Nele o esgoto bruto e o lodo
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SANEAS
Março a Maio de 2017
ativado são misturados, agitados e aerados em unidades conhe-
um pesado investimento, cerca de US$ 2,7 bilhões. Correndo por
cidas como tanques de aeração. Após este procedimento, o lodo
baixo da metrópole estendem-se aproximadamente, 910 km de
é enviado para o decantador secundário, no qual a parte sólida é
coletores-tronco e interceptores de esgotos, além de 3.140 km de
separada do esgoto tratado. A maior parte do lodo sedimenta-
redes coletoras, totalizando mais de 4.000 km de tubulações en-
do retorna ao tanque de aeração e uma pequena parcela é en-
terradas com a função de coletar o esgoto gerado e transportá-lo
caminhada para descarte na fase sólida de tratamento. A parte
às estações de tratamento. Se os números de coleta e transporte
líquida pode ter como destino os rios Tietê e Pinheiros ou, ainda,
de esgotos chamam a atenção, os que dizem respeito ao trata-
é utilizada na produção de água de reúso. No Interior, além das
mento, não ficam atrás: o volume de esgoto tratado na RMSP
estações convencionais, a Sabesp dispõe de lagoas de tratamento.
saltou de 4.000 para 16.000 litros por segundo.
Já no Litoral, as instalações adotam o método de lodos ativados
A terceira etapa do Projeto encontra-se em execução, conta
e em algumas cidades como Santos e Praia Grande há emissários
com um avanço de 53% e tem conclusão prevista para 2020.
submarinos que lançam os esgotos no mar, após passagem em
O conjunto de ações desta etapa deverá proporcionar um novo
estações de pré-condicionamento.
salto nos níveis de coleta e tratamento de esgoto, cujo resultado esperado é equivalente ao esgoto gerado por população de mais
Projeto Tietê
de 4,5 milhões de pessoas.
Instituído em 1992, o Projeto Tietê tem como objetivo contribuir
Antes do início do Programa, a coleta de esgotos alcançava
para a revitalização progressiva do rio Tietê, na Bacia Hidrográfica
70% da RMSP. Hoje abrange 87%. Em 1992, apenas 24% do vo-
do Alto Tietê, por meio da ampliação e otimização do sistema de
lume de esgotos coletado eram tratados, hoje são cerca de 70%,
coleta, transporte e tratamento de esgotos.
e ao final desta terceira etapa deverá chegar a 84%.
Implantar projetos de infraestrutura, em regiões conurbadas como a de São Paulo, significa superar desafios e dificuldades,
Dez anos de Onda Limpa
sobretudo porque se tratam de ações integradas, com altos inves-
Iniciado em 2007, o Programa Onda Limpa está completando 10
timentos, com foco em resultados ambientais como solução de
anos e nesse período ampliou o índice médio de cobertura de
longo prazo. Devido a essa complexidade, o Programa foi estru-
esgotos da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) de
turado em etapas.
53% para aproximadamente 78%. A previsão é de que até o final
Os importantes avanços na ampliação da infraestrutura sani-
de 2017, quando esta etapa (1ª etapa e obras complementares)
tária da Grande São Paulo são o resultado de planejamento e de
deverá estar concluída, seja investido quase R$ 2 bilhões. Investi-
Praia Grande, na Baixada Santista, recebeu o Programa Onda Limpa.
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SANEAS
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MATÉRIA TEMA
BERTIOGA
CUBATÃO SÃO VICENTE
SANTOS
GUARUJÁ
PRAIA GRANDE MONGAGUÁ ITANHAÉM
mento este para execução de 1.280 km de
porcionando transformações signifi-
PERUÍBE
cativas na qualidade de vida dos atuais 1,8
redes coletoras, 7 estações de tratamento, 2 es-
milhão de moradores dos nove municípios da
tações de pré-condicionamento, 4,5 km de emissários
Baixada Santista.
submarinos e 105.000 ligações domiciliares de esgotos co-
A próxima etapa do Programa, que prevê a universaliza-
nectadas à rede de coleta. O nome do programa, “Onda Limpa”, é uma referência à
ção com a cobertura de esgotos nesta Região e investimentos de
melhoria da qualidade da balneabilidade das praias e vem pro-
R$1,8 bilhão, está com os projetos de engenharia elaborados e a implantação em fase de planejamento. Compreende 800 km de redes coletoras,
REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA
SÃO VICENTE
5 estações de tratamento, 10 ampliações
RESERVATÓRIO
HUMAITÁ
e adequações de estações de tratamento existentes, sistema de disposição de resíduos sólidos de ETAs e ETEs e de 57.000 novas
ETA MAMBU-BRANCO AMPLIAÇÃO PARA 3,2 m³/s
RESERVATÓRIO
OCIAN
PRAIA GRANDE
Eficiência, inovações e novas tecnologias
2 RESERVATÓRIOS 10.000 m³
NOVO RESERVATÓRIO 25.000 m³
N CAPTAÇÃO
CENTRO DE RESERVAÇÃO MELVI
AMPLIAÇÃO DA EEAB (+ 2 CONJUNTOS DE BOMBAS)
Eficiência no caso do tratamento de esgoto vai além da coleta e do tratamento. A
AMPLIAÇÃO DA RESERVAÇÃO PARA 45 MIL m³
RESERVATÓRIO
SOLEMAR
ITANHAÉM
ligações.
universalização, sob esse aspecto passa a
MONGAGUÁ
EEAT MAMBU
ser premissa básica. Mas há outras impor-
REFORMA E AMPLIAÇÃO
RESERVATÓRIO
tantes questões que a Sabesp tem conside-
20.000 m³
CAPTAÇÃO DO RIO MAMBU
rado e nos quais há áreas da empresa tra-
RESERVATÓRIO
GUARDA MIRIM
EEAT BRANCO
AMPLIAÇÃO (+1 CONJUNTO DE BOMBAS)
balhando intensivamente. O que sobra do
EEAT
tratamento de esgoto já deixou de ser visto como resíduo e a meta é viabilizá-lo como
RESERVATÓRIO
SUARÃO
SISTEMA EXISTENTE ANTERIOR AO PROGRAMA 1ª ETAPA (2008-2016)
OBRAS CONCLUÍDAS
ADUTORA
DIÂMETRO: 900 mm EXTENSÃO: 15 km
RESERVATÓRIOS CIBRATEL I E
II
RESERVATÓRIO
JARIM ITANHAÉM EEAT
BARRAGEM E CAPTAÇÃO 1 ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA BRUTA (EEAB) E 2 ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA TRATADA (EEAT) ADUTORA – AAB 2 KM E AAT 64 KM RESERVATÓRIOS – 2 de 10.000 M³ RESERVATÓRIO – 25.000 M³ ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA) – 1,6 m³/s
INVESTIMENTOS: R$ 420 MILHÕES 2ª ETAPA (2018-2021)
OBRAS A SEREM CONTRATADAS
PERUÍBE
RESERVATÓRIO
PRADOS
ETA – AMPLIAÇÃO PARA 3,2 M³/S EEAB CAPTAÇÃO – AMPLIAÇÃO (+2 CONJUNTOS DE BOMBAS) EEAT MAMBU – REFORMA E AMPLIAÇÃO EEAT BRANCO – AMPLIAÇÃO (+1 CONJUNTO DE BOMBAS)
INVESTIMENTOS PREVISTOS: R$ 71,6 MILHÕES ETAPA FUTURA (A DEFINIR) OBRAS PREVISTAS
ADUTORA 15 KM RESERVATÓRIO – 20.000 M³ EEAT – 2 UN.
subproduto que possam ser reutilizados. Trata-se de um desafio, mas não mais de mera teoria. Em Franca, um projeto realizado em parceria com o instituto alemão Fraunhofer prevê em caráter experimental, ainda para este ano, a produção e abastecimento de veículos da frota da Companhia com biogás. Testes realizados com o lodo gerado na Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri transformam o lodo ge-
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SANEAS
Março a Maio de 2017
rado em um composto inerte vítreo que poderá ser utilizado na confecção dos mais diversos tipos de objetos.
Biogás veicular deverá ser produzido em Franca ainda este ano
Lodo Na ETE Barueri na RMSP um sistema de gaseificação por tochas de plasma térmico com capacidade para processar 15 ton/dia de lodo digerido desaguado gerado nos processos de tratamento da própria estação está em início de operação. Os resíduos sólidos gerados pelo sistema de gaseificação são inertes, vítreos e não lixiviáveis podendo ser utilizados como agregado na indústria civil ou cerâmica. Este sistema elimina dioxinas ou furanos em função das altas temperaturas utilizadas no processo que ultrapassam 1.000 oC e pela baixa concentração de oxigênio (formação de gases não prejudiciais à saúde).
A importância do Biogás A Sabesp firmou em 2015 um Acordo de Cooperação com o instituto alemão Fraunhofer para execução do projeto “Beneficiamento de Biogás Gerado em Estações de Tratamento de Esgoto para Utilização Veicular”. A ETE do município paulista de Franca com vazão de tratamento de esgotos de 450 litros/segundo, deverá ser a primeira da Sabesp a utilizar o biogás gerado nos digestores anaeróbios para produzir biometano como combustível veicular na frota de veículo da empresa. A ETE Franca gera em torno de 2.600 Nm3/dia de biogás nos seus digestores anaeróbios de lodo (sendo 60% de metano) e será capaz de produzir no sistema de beneficiamento de biogás até 1.700 Nm3/dia de biometano (em torno de 97% de metano), o que equivale a um potencial de substituição de 1.700 litros de gasolina comum por dia. Sistema de gaseificação da ETE Barueri
O Instituto Fraunhofer fez a doação de equipamentos: o contêiner de beneficiamento de biogás, o reservatório de biogás e o
Além de ser um combustível limpo, o aproveitamento do bio-
posto de abastecimento de biometano. Além disso, está forne-
gás impacta de forma positiva a cadeia produtiva do sanea-
cendo a assistência técnica especializada para acompanhamento
mento, pois:
de todas as etapas do projeto de pesquisa.
■■ Reduz custos operacionais;
A Sabesp realizou as obras das bases civis e da linha de biogás,
■■ É uma fonte adicional de receita;
instalação de sistema elétrico e fará a adaptação de veículos para
■■ Pode ser armazenado;
biometano. A empresa também ficou responsável pelo pagamen-
■■ Possui versatilidade de usos (térmico, elétrico, veicular);
to de taxas, impostos, atendimentos das exigências dos órgãos
■■ É uma fonte renovável;
reguladores e obtenção das respectivas licenças e autorizações.
■■ Melhora a qualidade do efluente; ■■ Mitiga a emissão de gás de efeito estufa; ■■ Fomenta a capacitação da mão de obra do setor; ■■ Reduz o odor no entorno das plantas de tratamento de esgotos.
Março a Maio de 2017
SANEAS
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MATÉRIA TEMA
Mapa de localização do projeto Plamte, com a área de abrangência do estudo.
Plamte: a inteligência no tratamento do esgoto “Atacar o problema de forma específica”, essa é a
A metodologia traz consigo pontos inovadores,
filosofia geral do Plano de Modernização do Trata-
tais como: a consideração da poluição difusa sepa-
mento de Esgotos na Região Metropolitana de São
radamente do esgoto não tratado, a utilização de
Paulo (PLAMTE). Concebido pela Sabesp com o in-
um modelo hidrodinâmico de qualidade da água e
tuito de orientar a empresa no processo decisório de
a concepção das estações como futuras usinas de
definição e estabelecimento da sequência de ações
geração de recursos, com possibilidades de aprovei-
e investimentos e que envolve as cinco estações de
tamento dos subprodutos finais, almejando um ba-
tratamento de esgoto (ETEs) que integram o Sistema
lanço energético nulo ou, até mesmo, positivo.
Principal de Esgotos da RMSP: ETE Suzano, ETE São
O PLAMTE contempla ainda uma mudança de
Miguel, ETE Parque Novo Mundo, ETE ABC e ETE
visão sobre a forma como as ETEs operam. No mo-
Barueri. O início do contrato ocorreu em setembro
delo futuro as estações, além de receber e tratar os
de 2014 e a conclusão dos Projetos Básicos das cinco
esgotos, passam a funcionar como usinas de gera-
ETEs está prevista para o final de 2018.
ção de recursos. O planejamento foca em sustenta-
Parece algo simples, mas não é. Ao menos não do ponto de vista de execução. A proposta é identificar
ETES: ABC, Barueri e P. Novo Mundo
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SANEAS
bilidade, eficiência energética e reaproveitamento de recursos.
as diferentes fontes de poluição dos principais cor-
A sustentabilidade almejada pelo PLAMTE con-
pos d’água da área do estudo, verificar o impacto na
templa tanto o ponto de vista econômico (lucros
qualidade da água desses corpos hídricos e definir
e dividendos da empresa), ambiental (minimização
até 2040 a concepção de processo de tratamento
dos impactos ambientais negativos e maximização
das cinco ETEs.
dos impactos ambientais positivos, com viabilização
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econômico-financeira), como técnico (realidade tecnológica do país e incorporando conceitos operacionais já consagrados).
Mapas com as cargas médias geradas específica por sub-bacia de esgotamento no cenário atual (considerado o ano de 2010) sendo para DBO, para Nitrogênio Total (NT), e para Fósforo Total (PT), respectivamente.
O balanço energético é um dos destaques. Com crescente aumento do custo de energia elétrica nas últimas décadas e tendência de continuidade desse padrão. As ETEs deverão tornar-se autossustentáveis em termos energéticos. E mais: pretende-se um balanço positivo, ou seja, obter se excedente de energia gerada, com possibilidades de venda dessa energia para a concessionária de energia elétrica. E o efluente e o lodo produzidos na estação passam, definitivamente a ser vistos como subprodutos utilizáveis à sociedade. Atualmente o PLAMTE está na fase de conclusão das simulações da qualidade da água. Estão sendo avaliadas tecnologias para as cinco estações de tratamento de esgotos. Na fase líquida importam aquelas que comprovem sua eficácia e que estejam aptas a serem implementadas nestas cinco estações de grande porte, tais como: lodo ativado com remoção biológica de nutrientes, tratamento biológico de múltiplos estágios como por exemplo o processo A/B (Adsorção-Bio-Oxidação) que apresenta tempo de detenção curto no estágio “A” e tempo de detenção mais longo no estágio “B”, MBR (Biorreatores de Membrana) e IFAS (Leito móvel com recirculação de lodo). Já para a fase sólida estão sendo estudadas tecnologias como a hidrólise térmica que garante a redução do volume de lodo e que, consequentemente, permite que digestores anaeróbios menores sejam utilizados. O estudo de concepção das diversas alternativas de tratamento para cada ETE que está em andamento, leva em consideração as áreas disponíveis em cada estação, bem como, a “vocação” de cada uma, o nível de confiabilidade e escalabilidade de cada tecnologia, o atendimento aos requisitos regulatórios e questões operacionais e de manutenção de cada tecnologia. É o futuro batendo à porta das ETEs da RMSP.
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SANEAS
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ENTREVISTA ENTREVISTA
Panorama geral com Edison Airoldi
O
diretor de Tecnologia, Empreendimen-
milhões residentes nos cinco municípios atendidos no
tos e Meio Ambiente da Sabesp (T), Edi-
atacado), o que representa aproximadamente 66% da
son Airoldi discorre, especialmente para
população urbana do Estado. Em 2016, a Companhia
a Revista Saneas, sobre os processos,
manteve a tendência de universalização de atendi-
obras e investimentos, empregados pela Companhia
mento em água, alcançando a marca de 8,7 milhões
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, em
de ligações.
coleta e tratamento de esgoto. Edison Airoldi É engenheiro Mecânico, formado pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), possui MBA em Gestão Empresarial pela FIA – Fundação Instituto de Administração. Atua há 36 anos na Sabesp, empresa na qual já ocupou as funções de Gerente da Divisão de Manutenção Mecânica, Gerente do Departamento de Controle do Abastecimento, Superintendente da Unidade de Negócios Norte, Superintendente da Unidade de Negócio de Produção de Água, Superintendente de Planejamento Integrado e hoje é diretor de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente.
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SANEAS
O serviço de coleta de esgoto, com uma extensão total de cerca de 50 mil km de redes coletoras, abran-
Saneas: De uma forma geral, qual a situação da
ge 21 milhões de pessoas. As 7,1 milhões de ligações
coleta e tratamento do esgoto nos municípios
de esgoto se traduzem em um índice de atendimento
operados pela Sabesp?
em coleta de esgoto de 87% e um índice de trata-
Airoldi: No início de 2017, com o início das opera-
mento de 79% dos esgotos coletados. São operadas
ções no município de Santa Branca, a Sabesp passou
pela Sabesp um total de 548 ETEs.
a atender 367 municípios do Estado de São Paulo, prestando serviços de abastecimento de água, de
Saneas: A crise hídrica obrigou a Sabesp a dire-
coleta e tratamento de esgoto para clientes residen-
cionar seus investimentos para obras emergen-
ciais, comerciais, públicos e industriais. Além disso,
ciais e de segurança hídrica em detrimento às
fornece água por atacado para cinco municípios da
obras de coleta e tratamento de esgoto. Como
região metropolitana de São Paulo (RMSP), sendo
está essa situação agora que a Sabesp superou
quatro deles também beneficiados pelo serviço de
a crise?
tratamento de esgotos.
Airoldi: O ano de 2016 foi marcado pela superação
Em 2016, a Companhia atendeu com água cerca
da mais grave crise hídrica registrada na Região Me-
de 28 milhões de pessoas (25 milhões diretamente e 3
tropolitana de São Paulo (RMSP). Vivemos hoje um
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cenário de normalidade com a franca recuperação dos mananciais
À medida que as obras necessárias à segurança hídrica forem
que atendem à metrópole. Os volumes totais de água estocados
concluídas, retoma-se o ritmo de andamento das obras de ex-
do início de 2017 já superam os de 2013, antes de deflagrada a
pansão de coleta, afastamento e tratamento de esgotos na área
severa seca.
operada.
O restabelecimento da normalidade foi possível graças à conjunção positiva de três fatores: 1) as obras emergenciais e estrutu-
Saneas: Quais as perspectivas para o Projeto Tietê?
rais implementadas desde os primeiros sinais da crise, o que evitou
Airoldi: O Projeto Tietê, na bacia hidrográfica do Alto Tietê, tem
o colapso no abastecimento; 2) o retorno das condições próximas
como objetivo contribuir para a revitalização progressiva do rio
à normalidade do regime de chuvas e 3) a mudança de hábitos da
Tietê por meio da ampliação e otimização do sistema de coleta,
população, que compreendeu a criticidade do momento e passou
transporte e tratamento de esgotos. Importantes avanços foram
a economizar água. Mesmo com o aumento da disponibilidade
obtidos. Antes do início do Programa, a coleta de esgotos alcan-
hídrica ao longo de 2016, a média de consumo da RMSP foi 15%
çava 70% da RMSP e hoje abrange 87%. Em 1992, quando do
menor do que a registrada em 2013, antes da crise.
início do Projeto Tietê, o tratamento era de apenas 24% do volu-
Da severa crise enfrentada ficaram legados importantes. Temos hoje um sistema de abastecimento mais robusto e resiliente, que
me de esgotos coletado, estando hoje em 70%, e deverá chegar a 84% ao final da terceira etapa.
terá capacidade de enfrentar secas tão extremas quanto à ocorri-
O Projeto Tietê é bastante complexo, considerando os desafios
da em 2014-2015 especialmente quando três grandes obras es-
e dificuldades de se implantar projetos de infraestrutura em gran-
truturais entrarem em operação:
des regiões conurbadas como a de São Paulo. Requer ações inte-
■■ Sistema Produtor São Lourenço
gradas, altos investimentos e continuidade, com resultados em
■■ Interligação Jaguari – Atibainha
termos ambientais como solução de longo prazo e, devido a isso,
■■ Aproveitamento do Rio Itapanhaú para reforço do Sistema Alto
foi necessária sua estruturação em etapas.
Tietê.
Desde o seu início até hoje, o investimento realizado (cerca de
Ainda que o ritmo de investimentos em esgoto tenha dimi-
US$ 2,7 bilhões), resultou em importantes avanços na ampliação
nuído durante a crise, em nenhum sentido pode-se falar que a
da infraestrutura sanitária da Grande São Paulo. Foram executa-
Companhia abandonou sua missão de universalizar a coleta e o
dos, aproximadamente, 910 km de coletores-tronco e intercepto-
tratamento de esgoto, o que inclui a execução do Projeto Tietê.
res de esgotos, além de 3.140 km de redes coletoras, totalizando
Frente a maior crise hídrica da sua história, a Sabesp manteve os
mais de 4.000 km de tubulações enterradas com a função de co-
investimentos em esgoto em níveis absolutamente e significativos,
letar o esgoto gerado e transportá-lo às estações de tratamento.
sempre acima de R$ 1 bilhão. Ou seja, a conjugação da crise hí-
Além da ampliação da infraestrutura de coleta e transporte de
drica com a crise econômica do país obrigou a Sabesp a percorrer
esgotos, também foi quadruplicado o volume tratado, saltando de
um caminho estreito entre a necessidade de ajuste financeiro e a
4.000 para 16.000 litros por segundo. Essa diferença equivale ao
pressão de novas despesas associadas às obras emergenciais para
esgoto gerado por 8,5 milhões de pessoas, população do porte
assegurar o suprimento de água da população. Adotou-se severa
da cidade de Londres. Vale lembrar que o Tâmisa, rio que corta a
restrição orçamentária, com a mudança de seu mix de investimen-
capital inglesa, foi revitalizado em 100 anos, e o Sena, em Paris,
tos (aumento em água e redução em esgoto) com redução do
em 70 anos.O Projeto Tietê caminha para o seu 25º ano.
ritmo de investimentos em esgoto e a intensificação dos investimentos voltados à segurança hídrica.
O planejamento do esgotamento sanitário da RMSP previu investimentos contínuos e crescentes, de modo que o Projeto Tietê se configura como o alavancador das grandes estruturas necessá-
Investimentos - 2013 a 2016
rias à universalização dos serviços de saneamento. Entretanto, o
2013
2014
2015
2016
Água
1,1
1,3
2,2
2,7
Esgoto
1,6
1,9
1,3
1,2
Total
2,7
3,2
3,5
3,9
planejamento necessitou de reavaliação ante a um novo cenário trazido pela crise hídrica. A terceira etapa do Projeto, ora em execução com 53% de avanço, sofreu desaceleração nos últimos dois anos, no entanto, superada a crise hídrica, seu plano de implantação foi reavaliado e tem conclusão prevista para 2020. O conjunto de ações objeto desta etapa possibilitará um novo salto nos níveis de coleta e tratamento
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SANEAS
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ENTREVISTA de esgoto, cujo resultado esperado é equivalente ao tratamento de esgoto gerado por população de cerca de 5 milhões de pessoas.
No que tange ao biogás, a Sabesp, em parceria com o Instituto Fraunhofer da Alemanha, está desenvolvendo o projeto “Benefi-
O planejamento do sistema de esgoto da RMSP considera a
ciamento de Biogás Gerado em Estações de Tratamento de Esgoto
continuidade de investimentos, sendo o Projeto Tietê o respon-
(ETEs) para Utilização Veicular” na ETE Franca, por meio de um
sável pela implantação das principais estruturas desse sistema, as
Acordo de Cooperação firmado entre as partes em 2015. O objeti-
quais são fundamentais à universalização da coleta e tratamento
vo do projeto é utilizar o biogás gerado nos digestores anaeróbios
de esgotos.
da ETE Franca e produzir biometano para uso como combustível
Neste contexto, ações estratégicas da quarta etapa do Progra-
veicular em frota da Sabesp de Franca. A ETE Franca, com vazão
ma foram antecipadas e estão em andamento concomitantemen-
de tratamento de esgotos de 450 litros/segundo, produz em torno
te à implantação do escopo da etapa III.
de 2.600 Nm3/dia de biogás nos seus digestores anaeróbios de lodo (sendo 60% de metano) e será capaz de produzir no sistema
Saneas: O programa “Onda Limpa” também é considerado
de beneficiamento de biogás até 1.700 Nm3/dia de biometano
de grande magnitude e complexidade e, apesar de ainda
(em torno de 97% de metano), o que equivale a um potencial de
não estar concluído, tem sido bem-sucedido. Em que está-
substituição de 1.700 litros de gasolina comum por dia.
gio está e quais os próximos passos?
O projeto prevê a implantação e avaliação de uma planta de be-
Airoldi: O Programa Onda Limpa teve início em 2007 e já elevou
neficiamento de biogás, em escala real, com produção de biome-
o índice médio de cobertura de esgotos na Região Metropolitana
tano, sendo de responsabilidade do Instituto Fraunhofer a doação
da Baixada Santista (RMBS) de 53% para cerca de 78%. Até o
de equipamentos como o contêiner de beneficiamento de biogás,
final de 2017, quando esta etapa (1ª Etapa e Obras Complemen-
o reservatório de biogás e o posto de abastecimento de biometa-
tares) deverá estar concluída, terão sido investidos quase R$2 bi-
no para Sabesp e a prestação de assistência técnica especializada
lhões para execução de 1.280 km de redes coletoras, 7 estações
para acompanhamento de todas as etapas do projeto de pesquisa
de tratamento, 2 estações de pré-condicionamento, 4,5 km de
e de responsabilidade da SABESP, a realização das obras das bases
emissários submarinos e 105.000 ligações domiciliares de esgotos
civis e da linha de biogás, instalação de sistema elétrico, adapta-
conectadas à rede de coleta.
ção de veículos para biometano, pagamento de taxas, impostos,
A próxima etapa do Programa, que visa a universalização com a cobertura de esgotos nesta Região, prevê investimentos da
atendimentos das exigências dos órgãos reguladores e obtenção das respectivas licenças e/ou autorizações.
ordem de R$1,8 bilhão e está com os projetos de engenharia elaborados e a implantação em fase de planejamento. Compre-
Saneas: O município de Franca que é operado pela Sabesp é
ende 800 km de redes coletoras, 5 estações de tratamento, 10
considerado um modelo em termos de saneamento no Bra-
ampliações e adequações de estações de tratamento existentes,
sil, vigorando em primeiro lugar no ranking do SNIS. Como
sistema de disposição de resíduos sólidos de ETAs e ETEs e de
fazer para que outros municípios alcancem esse patamar?
57.000 novas ligações.
Airoldi: Assim como o município de Franca, a Sabesp conta em sua área de atuação com a grande maioria dos municípios do
Saneas: O que a Sabesp tem feito em termos de inovação
Interior que já atingiram a universalização nos serviços de água
com relação ao lodo e ao gás proveniente do esgoto?
e de coleta e tratamento de esgotos. Visto que praticamente
Airoldi: Em relação ao tratamento do lodo, está em início de
todos os municípios operados já alcançaram a universalização
operação na área da ETE Barueri em escala piloto um sistema de
em água, para que isso seja conseguido, é preciso continuar os
gaseificação por tochas de plasma térmico com capacidade para
investimentos nos programas estruturantes com vistas à comple-
processar 15 ton/dia de lodo desaguado gerado nos processos
mentação e/ou ampliação dos sistemas de coleta, afastamento e
de tratamento da própria estação. Os resíduos sólidos gerados
tratamento dos esgotos.
pelo sistema de gaseificação são inertes, vítreos e não lixiviá-
Além disso, em municípios onde as condições de uso e ocupa-
veis podendo ser utilizados como agregado na indústria civil ou
ção do solo e urbanização são mais complicadas, é necessária uma
cerâmica. Este sistema elimina dioxinas ou furanos em função
atuação conjunta com o poder público municipal no sentido de
das altas temperaturas utilizadas no processo que ultrapassam
propiciar condições para a execução das obras de esgotos, princi-
1.000 C e pela baixa concentração de oxigênio (formação de
palmente em fundos de vales ocupados e em áreas de ocupação
gases não prejudiciais à saúde).
irregular em geral.
o
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SANEAS
Março a Maio de 2017
PONTO DE VISTA
Por Nivaldo Rodrigues da Costa Jr.
Nivaldo Rodrigues da Costa Jr. Engenheiro Civil, graduado pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie e com Especialização em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Tem 24 anos de experiência na Sabesp, com uma atuação pautada na gestão operacional, com destaque para a utilização de modelos hidráulicos e controle de perdas. Atualmente é superintendente da Unidade de Negócio de Tratamento de Esgotos da diretoria Metropolitana da Sabesp. Também é professor convidado do Curso de Especialização de Engenharia de Saneamento Básico da Universidade Mackenzie e é Conselheiro da ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção São Paulo.
Tratamento de esgotos - desafios e oportunidades
A
sociedade tem evoluído na percepção
com a expansão do sistema de coleta e afastamen-
sobre a importância do tratamento de
to, contemplando a Região Metropolitana de São
esgotos, tanto para o meio ambiente
Paulo. O projeto está em curso, mas já foi possível
como para a saúde da população e esta
reduzir a mancha de poluição que no início do Pro-
percepção reforça a necessidade de incrementarmos
grama era de 530 km e hoje está em 137km, ou
cada vez mais rápido os indicadores de atendimento
seja, uma redução da ordem de 75%. A questão
que hoje encontramos no País. Este é um dos princi-
maior é que a população da própria RMSP ainda
pais desafios, que as empresas responsáveis pelo sane-
não consegue perceber esta melhora no trecho do
amento básico têm para superar.
rio que cruza a cidade, mas os resultados atingidos
A Sabesp possui programas estruturantes neste sentido como o Projeto Tietê, Onda Limpa e o
até o momento demonstram que estamos no caminho certo.
Córrego Limpo. Para o Projeto Tietê, os resultados
Da mesma forma o Onda Limpa melhorou as con-
são expressivos, pois contou com a implantação e
dições de saneamento da região litorânea do estado
ampliação de estações de tratamento de esgotos e
de São Paulo e consequentemente a balneabilidade
Março a Maio de 2017
SANEAS
19
PONTO DE VISTA
É fundamental olharmos o tratamento de esgotos sob a ótica da sua importância e impacto no meio ambiente, mas também não podemos deixar de avaliá-lo como uma fonte de recursos.”
de habitantes, o equivalente a população da Dinamarca. Esta estação foi recentemente ampliada, passando sua capacidade de tratamento para 12 m³/s e até o final de 2017 deverá chegar a 16 m³/s. Ainda sobre o porte das nossas instalações, destaco a Estação de Elevatória de Pinheiros, localizada na nossa sede
das praias, provendo uma melhoria para o meio ambiente e
recalca para ETE Barueri, uma vazão média de 6 m³/s, sendo
para o turismo regional.
portanto, a maior elevatória do nosso sistema.
Um outro programa de bastante êxito no tocante ao processo
Estes números reforçam que operação e manutenção de toda
de esgotamento sanitário é o Córrego Limpo, onde a parceria
esta estrutura é um desafio diário, que tem sido superado por
Sabesp, Prefeitura e Sociedade conseguiu despoluir cerca de 150
uma equipe de profissionais muito gabaritada, que atua com
córregos urbanos da cidade de São Paulo, um grande desafio
garra, dedicação e paixão pelas suas atividades, tendo total
que nos trouxe também grandes aprendizados. Este Programa
consciência da importância do tratamento de esgotos para a
reforça que além da expansão e operação adequada das redes
sociedade.
coletoras, a população também necessita colaborar, atuando
Do ponto de vista tecnológico a busca de novas soluções e
com a utilização adequada da rede de esgoto e por parte da Pre-
equipamentos, tem sido uma constante, face o impacto direto
feitura a ação se dá com eventuais remoções de áreas ocupadas
que gera na eficiência do processo. Sob esta ótica, temos uma
irregularmente e na manutenção e limpeza das margens.
grande oportunidade,que é utilizar os insumos inerentes ao
Todos estes programas refletem diretamente no incremento
processo de tratamento.
do volume de esgotos tratados e o atendimento desta deman-
Encontra-se em curso na Sabesp um projeto para aproveita-
da crescente nos remete à busca constante de soluções tecno-
mento energético do lodo e biogás provenientes da Estação de
logicamente inovadoras, aliadas a um corpo técnico capacitado
Tratamento de Barueri. Intitulado Waste to Energy, este projeto
e engajado.
prevê a secagem e destinação ambientalmente adequada de
Atualmente na região metropolitana a Sabesp conta com 32 estações de tratamento, sendo que 27 atendem os sistemas
500 toneladas de lodo dia, além da produção de energia elétrica para suprir parte da estação.
isolados com estações de pequeno e médio portes e temos 5
É fundamental olharmos o tratamento de esgotos sob a ótica
grandes estações, responsáveis por aproximadamente 95% de
da sua importância e impacto no meio ambiente, mas também
toda a vazão tratada na região metropolitana.
não podemos deixar de avaliá-lo como uma fonte de recursos,
Os nossos números são consideráveis, pois possuímos a
seja pelo aproveitamento energético do lodo e biogás, ou pela
maior estação de tratamento de esgotos da América Latina
utilização de água de reúso. Estas podem ser ótimas soluções
que é Barueri, responsável pelo atendimento de 5,5 milhões
para a sustentabilidade do processo como um todo.
20
SANEAS
Março a Maio de 2017
VISÃO COLETIVA
ABES-SP lançará Guia para a Escolha das Alternativas de Tratamento de Esgotos Domésticos em Comunidades Isoladas
S
ob a coordenação geral da eng. Ana Lúcia
acordo com esta Câmara Técnica, é voltada para
Brasil, a Câmara Técnica de Saneamento e
“loteamentos ou núcleos habitacionais localizados
Saúde em Comunidades Isoladas da ABES-
normalmente em áreas periféricas de cidades, ou
-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sa-
comunidades, litorâneas ou não, de difícil acesso,
nitária - seção São Paulo) promove reuniões abertas em
cuja interligação aos sistemas principais de água e
toda a última terça-feira do mês na sede da entidade.
de esgotos do município demonstra-se economica-
Nelas são discutidas as ações para a gestão de serviços
mente inviável e necessita de soluções independen-
de saneamento básico nas referidas comunidades.
tes desses serviços”.
A definição de “Comunidades Isoladas”, de
A Câmara Técnica de Saneamento e Saúde em
Março a Maio de 2017
SANEAS
21
VISÃO COLETIVA Comunidades Isoladas, da ABES-SP, foi criada em 2007 para
pela mídia relacionadas ao saneamento descentralizado.
discutir a implantação e a sustentabilidade dos sistemas iso-
De acordo com o participante dessa Câmara Técnica, Felipe
lados de abastecimento de água e coleta e tratamento de es-
Pivetta, foi sentida a necessidade de divulgação de tais mate-
gotos no estado de São Paulo, além de, analisar e sistematizar
riais reunidos, de forma a compor um “Guia de Decisão” para
dados sobre soluções em estudo ou em fase de implantação
os gestores municipais, estaduais e privados, na escolha da
no Brasil.
melhor alternativa de tratamento descentralizado de esgotos
Para tanto, a Câmara vem discutindo com entidades gover-
domésticos. Tais alternativas podem ser empregadas em lo-
namentais e não governamentais, Universidades, Ministério
teamentos, núcleos habitacionais localizados na periferia das
Público e Comitês de Bacias Hidrográficas, sobre modelos e
grandes cidades, comunidades litorâneas, indígenas e áreas
experiências de gestão de saneamento utilizadas em comuni-
rurais, nas quais a interligação aos sistemas públicos de água e
dades isoladas nas últimas décadas.
esgotos do município se apresenta economicamente inviável,
Além de promover os debates na área, a Câmara Técnica
necessitando de soluções independentes desses serviços.”
também busca analisar e sistematizar dados sobre soluções em
Dessa forma, em reunião realizada em 23 de março, confor-
saneamento descentralizado em estudo ou em fase de imple-
me o registro de imagens, foi apresentado o andamento do
mentação no Brasil. Nesse sentido, o Grupo de Trabalho (GT)
Caderno Técnico: “Guia para a Escolha das Alternativas de Tra-
“Alternativas Técnicas de Tratamento de Esgotos Domésticos
tamento de Esgotos Domésticos em Comunidades Isoladas”
em Comunidades Isoladas” (ABES-SP) é responsável por acom-
que a Câmara está desenvolvendo com o apoio das institui-
panhar e compilar as publicações técnicas apresentadas em
ções UNICAMP, POLI, CATI, EMBRAPA, AESabesp e UFABC. A
Congressos e Seminários, bem como a produção científica de
intenção é que esse Guia seja lançado oficialmente durante o
universidades, experiências de prefeituras e ONGs divulgadas
Congresso ABES/Fenasan 2017, no mês de outubro.
Mais que uma revista, um projeto socioambiental. Conheça as oportunidades de participação. Anuncie na Saneas!
Ano X . Edição 61 . Março a Maio de 2017
Um panorama geral com Edison Airoldi
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SANEAS
Março a Maio de 2017
O DESAFIO DE UNIVERSALIZAR O TRATAMENTO DE ESGOTOS Em nossa matéria tema, discorremos sobre esta questão e ainda apresentamos o programa PLAMTE, uma grande inovação da Sabesp.
Conheça os concorrentes do Jovem Profissional 2017
A irresistível “Beatlemania” de Hélio Padula
VISÃO DE MERCADO
Linhas existentes
Por Sonia Regina Rodrigues
Criação de SPE para tratamento de efluentes não domésticos
A
Sonia Regina Rodrigues É vice-presidente da Operação da Attend Ambiental, responsável pelo recebimento de efluentes nas linhas existentes (verde e marrom) e pela implantação futura de novas linhas de tratamento. Anteriormente, até o início de 2016, exerceu a gerência da Divisão de Esgotos Não Domésticos Centro, integrada à Diretoria Metropolitana da Sabesp.
Attend Ambiental foi criada em 2010
conhecimentos distintos de forma a ampliar a tratativa
e iniciou suas atividades em 2014. Ela
em relação aos efluentes industriais, recebendo, tratan-
foi criada como uma SPE – Sociedade
do e dispondo seus resíduos de forma adequada. É uma
com propósito específico, entre Sabesp,
forma de reunir esforços, habilidades e conhecimentos,
uma das maiores empresas de saneamento e a Estre,
minimizando energia e custos que seriam dedicados,
uma das maiores empresas de serviços ambientais, no
caso cada uma das empresas optasse por caminhar so-
Brasil.
zinha.
A ideia da criação de um SPE, pela Sabesp em parceria
No Brasil, o índice de coleta e tratamento de esgotos
com a Estre, foi de ter uma empresa que não apenas
ainda é muito baixo. Onde existe, basicamente é efetu-
oferecesse a coleta e tratamento dos esgotos, no caso
ado o tratamento preliminar, com o objetivo da retirada
industriais, como também pudesse dar outros tipos de
dos sólidos grosseiros, o primário que efetua a remoção
soluções ambientais, para esses resíduos. Ou seja, unir
de sólidos em suspensão sedimentáveis e de sólidos flu-
Agosto Março a Outubro a Maio de 2017 2016
SANEAS
23
VISÃO DE MERCADO
Linhas em Implantação
tuantes e o secundário com o objetivo da remoção da matéria orgâni-
Linhas em Implantação
ca. Geralmente a remoção da matéria orgãnica ocorre em função de
Linha Amarela: Receberá efluentes provenientes de substâncias
reações bioquímicas, realizadas por bactérias, fungos, etc.
ácidas e alcalinas de empresas metal-mecânicas, galvanoplastia,
Os efluentes não domésticos possuem características diversas, não
descargas de torres de resfriamento, indústrias cerâmicas, entre
sendo tratados de forma eficiente em tratamentos de esgotos citados
outras.
acima. Sendo assim, a criação da SPE, teve como objetivo a implan-
Linha Cinza: Receberá efluentes provenientes de Borras oleosas
tação de linhas de tratamento específicas por tipo de efluente, com
de indústrias químicas, petroquímicas e de acabamento de metais.
tecnologias avançadas, que atendam às necessidades de mercado,
Linha Azul: Receberá efluentes provenientes de Gasolina e sol-
com preços justos.
ventes de postos de combustível, cabines de pintura e estamparias.
Atualmente atuamos com duas linhas de tratamento, e estamos em fase de implantação de mais quatro linhas, conforme segue:
Linha Vermelha: Receberá efluentes provenientes de Pesticidas, substâncias fenólicas e corantes de indústrias têxtil, farmacêutica e química.
Linhas existentes
Trata-se de uma empresa de soluções ambientais, que tem como
Linha Marrom: Recebimento de fossas sépticas e efluentes de
objetivo dar soluções técnicas para regularização de descartes de
construção civil.
efluentes de forma ambientalmente correta.
Linha Verde: Recebimento de chorume – resíduos de aterros sanitários, efluentes de indústrias alimentícias, caixas de gorduras, e outros ramos de atividade que tenham resíduos líquidos que atendam o artigo 19 A, do Decreto Estadual 8.468/76.
24
SANEAS
Março a Maio de 2017
VISÃO DE FUTURO
As dificuldades para implantação da PNRS
P
romulgada desde 2010, a Política Nacio-
pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Lim-
nal de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10)
peza Pública e Resíduos Especiais), entre 2014 e 2015 a
continua enfrentando fortes obstáculos
produção de lixo no país cresceu 1,7%, que significa um
para sua implantação. Entende-se por
ponto acima do crescimento da população.
resíduo sólido qualquer material, substância, objeto
De acordo com levantamento da entidade, 30 milhões
ou bem descartado, que necessita ser tratado ou re-
de toneladas de lixo/ano vão parar nos chamados lixões,
ciclado.
aterros irregulares, onde os rejeitos são depositados sem
A gestão desse descarte no Brasil chega a ser alarmante. São quase duas décadas de discussão no Congresso
qualquer tratamento, provocando a contaminação do solo e do lençol freático.
Nacional e pouca coisa foi efetivada. De acordo com o
E este é um dos pontos mais polêmicos da PNRS, que
Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2015, realizado
determina exatamente a exclusão dos “lixões”. Eles de-
Agosto a Outubro de 2016
SANEAS
25
VISÃO DE FUTURO
vem ser substituídos por aterros sanitários
sólidos é a falta de planejamento, espe-
larização ambiental do serviço de coleta.
capazes de gerenciar adequadamente os
cialmente a falta de um plano nacional. A
Segundo Barreto, em muitos municípios,
resíduos sólidos e rejeitos. O prazo estipu-
especialista em gestão ambiental citou o
a coleta é restrita a uma caçamba, onde
lado por lei ia até agosto de 2014, mas,
“acórdão” elaborado pelo TCU, Tribunal
funcionários sem equipamentos adequa-
atualmente, ainda existem mais de 2 mil
de Contas da União, que aponta a falta de
dos jogam o lixo, que, inevitavelmente, vai
aterros irregulares no Brasil, de tamanhos
um Plano Nacional de Resíduos Sólidos da
parar nos lixões. “A solução para a erradi-
diversos.
União. Segundo ela, esse seria o principal
cação dos lixões não está lá na ponta, não
Para o diretor presidente da Abrelpe,
instrumento da Política, com suas metas
está no aterro. Está no meio do caminho.
Carlos Roberto Vieira da Silva Filho, é pre-
e estratégias: “os estados vão basear seus
E no meio do caminho existe a prestação
ocupante a margem de riscos da falta de
planos tendo como referência o plano
do serviço. Quanto mais essa prestação for
coleta e do tratamento inadequado: “o
nacional. E o município viria na ponta, sa-
feita a partir de contratos seguros, trans-
lixo abandonado nas esquinas acabam
bendo o que o estado irá fazer e também
parentes, com participação social, com
realmente degradando o nosso meio am-
a diretriz da União. Porém, existe uma
metas a serem cumpridas, tanto melhora-
biente de uma forma muitas vezes irrever-
quebra de todo o planejamento dessa
rá o resultado. Nós deveríamos remunerar
sível. Nós temos também um problema
política. Sem plano e sem planejamento,
melhor a empresa que coleta melhor, não
grave desse material que vai para local
nada funciona”, atesta.
a que coleta mais”, observou.
inadequado. São 76 milhões e meio de
Por outro lado, apesar de cerca de ape-
O presidente da Comissão de Meio Am-
brasileiros que convivem com essa exposi-
nas 40% dos municípios brasileiros te-
biente, Luiz Lauro Filho, acredita que é in-
ção direta e sofrem uma série de impactos
rem encerrado os seus lixões, o gerente
dispensável discutir a viabilidade financeira
para a sua saúde”.
de resíduos sólidos do Departamento de
para que os municípios consigam coletar,
Já para o coordenador da Frente Parla-
Ambiente Urbano do Ministério do Meio
reciclar e tratar de forma correta o lixo.
mentar em Defesa da Política Nacional de
Ambiente, Eduardo Rocha Dias Santos,
Apesar da necessidade de recursos espe-
Resíduos Sólidos, o deputado Victor Men-
acredita que o resultado é um avanço,
cíficos para a limpeza urbana, os prefeitos
des, a lei é boa, mas enfrenta dificulda-
tendo em vista que o número de lixões
têm resistência a criar impostos, destaca
des para a sua implementação porque as
extintos dobrou nos últimos oito anos. Em
Lauro Filho. Ele também ressalta a impor-
obrigações não estão divididas igualmente
sua concepção, a dificuldade de implanta-
tância de campanhas de conscientização
entre o poder público e o setor privado. O
ção plena da política de resíduos sólidos se
da população: “tudo passa pela cultura e
parlamentar ressalvou que tratar resíduo
deve ao alto custo do processo e à falta de
pela educação também. Tem a questão da
é caro. “Não adianta só gerar mais uma
receitas destinadas ao setor.”Mais da me-
gestão, tem a visão dos catadores, tem a
obrigação, com possibilidade de punição
tade dos municípios brasileiros não cobra
questão ambiental, tem a questão econô-
dos gestores municipais sem fazer par-
taxa desse serviço prestado à comunidade
mica. Mas, no nosso país, tudo passa pela
ceria, sem estender a mão, sem orientar.
destinado, conforme prevê a lei do sanea-
questão da educação”.
Apenas terceirizando, depois cobrando,
mento básico. Onde se tem uma cobrança
Outras questões da Política Nacional
depois punindo, como está acontecendo
mais adequada, se tem resultados me-
de Resíduos Sólidos que ainda não estão
hoje, não trará o resultado esperado. A
lhores. Na região Sul, cerca de 80% dos
concluídas são a implantação da coleta
gente quer que essa lei, que é uma lei bem
municípios tem uma arrecadação e apre-
seletiva, a logística reversa, os acordos se-
feita, que é modelo para todo o mundo,
sentam um resultado melhor. Mas, mes-
toriais entre governo e setor empresarial, a
saia da teoria para a prática, possibilitan-
mo assim, somente 2% dos municípios
reciclagem e a reutilização.
do que o Brasil entre no protagonismo do
têm uma receita compatível com o gasto
tratamento de resíduos, mas está muito
empregado”.
longe disso acontecer”, admitiu.
Já o presidente da Abrampa, Associa-
A consultora ambiental da Confedera-
ção Brasileira dos Membros do Ministério
ção Nacional dos Municípios, Cláudia Lins,
Público de Meio Ambiente, Luís Fernando
acredita que um dos principais empecilhos
Barreto, alerta que não haverá a diminui-
para a efetividade da política de resíduos
ção dos lixões enquanto não houver regu-
26
SANEAS
Março a Maio de 2017
(Fonte: informações obtidas em reportagem da Rádio da Câmara dos Deputados/ Brasília - DF)
ARTIGO TÉCNICO Paulo Cesar Francisco
Sistemas condominiais de esgoto: difusão do tema Engenheiro Civil / SABESP - São Paulo-SP CSQ – Departamento de Inspeção, qualificação e codificação de materiais. Formação: Eng° Civil – Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP
Por Paulo Cesar Francisco
Resumo
casas. A diferença do sistema condominial aqui apre-
Este trabalho tem o objetivo geral difundir experi-
sentado é que foi concebido inicialmente para atender
ências com o conceito condominial em sistemas de
a um problema econômico intrínseco às camadas me-
esgotamento sanitário e comparar suas vantagens
nos favorecidas financeiramente dos municípios.
e desvantagens com os sistemas convencionais exis-
De acordo com Melo (2005), o conceito condominial
tentes e predominantes no saneamento ambiental
tem dois princípios básicos que são: a unidade a que se
brasileiro. Abordando aspectos técnicos e econômi-
destina e a relação entre concessionária e moradores.
cos, apresentando alguns casos registrados dentro
No que diz respeito à unidade, diferente de um Sis-
e fora do Brasil, ao que se chamou aqui de casos
tema Convencional, um Sistema Condominial leva o
notórios. Com base nessas experiências, seus relatos
serviço a um bloco, a uma quadra ou qualquer forma
e menções, procurou-se entender suas vantagens
de ocupação que delimite mais de uma residência
e seus principais fatores limitantes de certa forma
e represente um conjunto de habitações. De manei-
comuns a todos esses casos, variando a intensidade e
ra mais simplificada, podemos dizer que o sistema
maneira como se apresentam esses mesmos fatores
convencional tem como unidade de ligação a resi-
em cada caso específico.
dência enquanto o sistema condominial destina-se a um conjunto de residências com suas regras internas
Palavras-chave: Esgoto Condominial. Sistemas Simplificados. Saneamento.
definidas pelos próprios moradores ou mesmo por terceiros responsáveis pela gestão do espaço comum a esses moradores.
Introdução
No que se refere à relação entre concessionária e
Sistema condominial de esgoto é um termo usado
moradores, podemos dizer que as responsabilidades
para definir uma modalidade de atendimento a usu-
do prestador de serviços e as da unidade a que o servi-
ários de um sistema de saneamento básico, quando
ço se destina são definidas e pactuadas com represen-
analisado em comparação ao sistema convencional
tantes de cada ente envolvido.
de coleta, transporte e esgotamento sanitário. Regis-
No caso específico do traçado das redes de um Sis-
tros fazem relato de sua aplicação por diversos órgãos
tema de Esgotamento Sanitário (SES), como pode ser
concessionários de serviços de saneamento básico pú-
observado na Figura 1 de uma maneira esquemática,
blicos ou privados, em diversos países, sendo atribuída
pode-se identificar as principais diferenças encontradas
a ocorrência de seus primeiros casos no Brasil.
entre o Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) con-
Como citam Moraes et al. (2014), o sistema condo-
vencional e o Sistema Condominial de Esgoto (SCE).
minial de esgotos desenvolveu-se no Brasil na década
O Sistema condominial dá uma possibilidade mais
de 1980 e teve no Rio Grande do Norte o pioneiro em
diversa de traçado da rede, dentro da área que de-
sua implantação, expandindo-se posteriormente para
limita os lotes e residências. Isso porque as vias do
outros estados.
conjunto de habitações não são a única alternativa.
Fisicamente, o conceito é similar ao de um condomí-
De acordo com a concordância por parte dos morado-
nio de apartamentos em um prédio ou condomínio de
res (condôminos), pode-se planejar o traçado da rede
Março a Maio de 2017
SANEAS
27
ARTIGO TÉCNICO
dentro de lotes particulares pelos fundos ou entre dois lotes adja-
cional requer mais dispositivos que o condominial Partes constitu-
centes, além da área comum (ruas, passeios, etc).
tivas dos sistemas de esgotos, tal como disposto no quadro 1. O
A concordância ou não para passagem dentro dos lotes par-
conceito condominial na concessão de serviços de esgotamento
ticulares por si só já remete à necessidade de interação com os
sanitário possibilita atender um dado número de lotes com uma
beneficiários para autorizações, negociações, entre outros.
extensão de rede menor, diminuindo-se, também, os custos das
Deparamos então, novamente, no que tange ao traçado, no
intervenções diretamente relacionadas à extensão de rede, a sa-
segundo princípio básico mencionado por Melo (2005) que é a
ber: volume de escavação, transporte de material escavado, rom-
relação entre concessionária e moradores. Ela delimita dentro da
pimento e recomposição de pavimentos. Há ainda diminuição dos
área condominial os domínios de área por onde poderá ou não ser
custos com escoramentos de valas (atendendo-se as exigências
projetado rede condominial de esgotamento sanitário.
de segurança com mais economia). Não se esquecendo do ganho na economia de materiais (tubulações menos extensas), no trans-
Figura 1 - Sistemas condominial e convencional.
porte, na carga, na descarga, no assentamento e reaterro de vala. O reconhecimento das possibilidades em proporcionar melhores índices de atendimento inspirou trabalhos realizados fora do país, ressaltando-se aqui o relatório escrito por Foster (2001), para distritos da cidade de El Alto, Bolívia, com diversos aspectos peculiares e de dificuldade crítica para a expansão dos serviços de água e esgoto sanitário. Seria uma prova de fogo para a experiência condominial, que se iniciou na região nordeste do Brasil. Constitui certamente uma referência de local de difícil implantação de sistemas de saneamento básico, cujos
Fonte: Tsutyia e Além Sobrinho (1999).
resultados, entretanto, mostraram-se positivos, reforçando internacionalmente o benefício gerado por esse simples conceito
Dentre as vantagens dos SCE em relação aos sistemas conven-
inovador. A Tabela 1 apresenta, de maneira suscinta um com-
cionais, podemos de imediato observar as partes constitutivas dos
parativo dos resultados obtidos nesses estudos, com os siste-
sistemas de esgotos (Quadro 1) e concluir que o sistema conven-
mas convencionais para a região.
Quadro 1 - Componentes dos Sistemas Convencional e Condominial
28
SANEAS
SISTEMA CONVENCIONAL
SISTEMA CONDOMINIAL
Ramal predial
Ramal condominial
Coletor de esgotos
Rede básica
Coletor tronco
-
Interceptor
-
Emissário
-
Poços de visita (PV)
Poços de visita (PV)
Elevatória
-
ETE
ETE
Disposição final
Disposição final
Março a Maio de 2017
Quadro 2 - Vantagens vs. Desvantagens de um SCE
VANTAGENS
DESVANTAGENS
Custo mais baixo (entre 50%-80% quando comparado ao SCE)
Requer projeto, implantação e supervisão específica. Não é autossustentável como se possa imaginar
Baixo Custo de Operação
Requer reparo e remoção de entupimentos devido à operação e manutenção nem sempre apropriada
Pode ser expandido de acordo com as mudanças e crescimento das comunidades
É mais vulnerável às descargas de águas pluviais inapropriadas
Caminhamento mais flexível
Requer limpeza periódica
Custo/ligação menor
-
Menos rempimentos de pavimentos (Asfalto, Passeio)
-
Pode ser aplicado onde o lençol freático é alto e ser instalado em quase todos tipos de áreas
-
Pode ser construído e reparado com materiais e técnicas disponíveis localmente
-
Tabela 1 - El Alto: custos por ligação
DISTRITO
CUSTO MÉDIO (US$ / LIGAÇÃO) Condominial
Convencional
Huyana Potosi
107
276
vila Ingenio (D-II)
119
277
Caja Ferroviária
152
221
San Juan de Rio Seco
137
332
Oro Negro
104
275
El Ingenio
151
276
Germán Busch
176
276
Média Geral
142
276
Fonte: Adaptado de Foster (2001)
Março a Maio de 2017
SANEAS
29
ARTIGO TÉCNICO
Metodologia
pes operacionais da empresa, não estaria havendo um tratamen-
Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisa teórica e prática.
to adequado às ocorrências, dado que são comuns os relatos de
A pesquisa teórica tem como base a pesquisa bibliográfica sobre
reparos realizados, e muitas vezes repetidos, em situações que
a ocorrência de relatos das experiências dos Sistemas Condominiais
mereceriam intervenções radicais de alteração do próprio ramal.
de Esgotamento Sanitário por diversos órgãos concessionários de
No interior do Estado, bem ao contrário, conforme relato de
serviços de saneamento básico públicos ou privados, sua viabilida-
resposáveis pela operação, a manutenção dos ramais condomi-
de, evolução e implicações geradas para a sua manutenção.
niais teria encontrado um modus operandi bastante interessante
A pesquisa prática consistiu em realizar analisar algum empre-
e que tem resolvido os problemas.
endimento em que se optou pelo atendimento na coleta e trans-
Um último comentário, ainda, de acordo com o autor, há de
porte de esgoto sanitário, através da tecnologia convencional, de
ser sobre a problemática institucional dos sistemas condominiais
modo a levantar o benefício-custo e comparar com cenários em
na CAERN e no Rio Grande do Norte, que advém dos primórdios
que soluções condominiais poderiam ter sido implantadas e ava-
da formação da sua equipe básica e do próprio desenvolvimento
liar os resultados.
inicial do modelo. O confinamento dessa equipe e sua superproteção em relação ao que seriam a cultura e o conservadorismo
Análise de Alguns Casos Notórios
da empresa, hoje talvez se possa ver melhor, ofereceram resulta-
Os relatos de áreas do estado do Rio Grande do Norte são de
dos bons, a tranqüilidade e o conforto assegurados para a me-
situações vivenciadas há pelo menos 25 anos, Melo (2008) relata
lhor produção técnico-científica na ocasião. Mas também ruins:
fatos levantados em visita à CAERN e de entrevistas realizadas
a falta de percepção da regular e competente operação como
com alguns funcionários que lidam com a operação dos sistemas,
requisito maior de todo e qualquer sistema público. A prepa-
colheu informes mais numéricos sobre eles e finalmente ouviu al-
ração de quem a assuma é, portanto, não apenas fundamental
guns dos membros da equipe dos primeiros tempos. Em função
como imprescindível.
do curto espaço de tempo dedicado ao assunto, as impressões
Em Brasília, a CAESB se utilizou, segundo Melo (2008), onde
obtidas não foram definitivas, mas oferecem uma visão panorâ-
o permita a hidráulica, de coletores com o diâmetro mínimo de
mica da condição atual.
100 mm, que, alcançando a extensão de 51.209 m, o equivalen-
Os fatos curiosos nesse atendimento pelo sistema condominial,
te a 56% do total; junto com a extensão em 150 mm (26.519
na Capital e no interior do RN, são que suas ligações foram reali-
m, 29%), este percentual alcançou 85% da composição da rede,
zadas por ramais condominiais internos aos lotes.
ao passo que apenas 3% representaram os diâmetros iguais ou
Pormenorizando a situação nas cidades do interior do Estado,
maiores que 250 mm (2.743 m). A localização dos coletores nas
no que tange aos sistemas condominiais, são as cidades que pos-
calçadas até profundidades com valores baixos dessa grandeza,
suíam esse sistema e eram operadas pela CAERN, das quais pelo
permitiu a substituição, nesses trechos, do que seriam “poços de
menos 11, com o atendimento quase universalizado. Este número
visita” tradicionais (elevadíssimos custos) por simples “caixas de ins-
aumenta mais uma dezena, pelo menos, quando se consideram as
peção”, que representaram 84 % do total de 2.132 inspeções que
cidades operadas pelas municipalidades.
precisaram ser implantadas, as quais garantiram uma média alta-
No desempenho propriamente dito dos serviços, parece não ha-
mente confortável de uma unidade para cada 24 metros de rede.
ver dúvidas de que não foi muito significativa a transição da fase
Na composição dos custos de implantação da rede básica,
de implantação, onde os compromissos são firmados, para a de
como menciona Melo (2008), o item mais significativo costuma
operação, quando os compromissos haveriam de ser cumpridos.
ser o movimento de terra, que representa freqüentemente mais
Com efeito, em Natal, ao que tudo indica, foi sendo rompido
da metade do investimento (sobretudo nas áreas onde a incidên-
progressivamente o acerto para a manutenção dos ramais con-
cia de pavimentação no caminhamento dos coletores não é gran-
dominiais pelos usuários. Hoje uma considerável parte dos pro-
de). Onde a taxa de pavimentação é elevada, o custo de remoção
blemas ocorrentes tem seus reparos solicitados à CAERN e por
e recomposição dos pavimentos pode pesar significativamente no
ela vêm sendo atendidos, atitude que, assim passivamente, anima
valor do empreendimento. Outros itens importantes são as ins-
a continuidade do descumprimento de responsabilidades, mais
peções (CI e PV) e os materiais (tubos especialmente), cada qual
ainda quando já não existe o processo de pactuação durante a
representando algo da ordem.
implantação. Por outro lado, na absorção dessa tarefa pelas equi-
30
SANEAS
Março a Maio de 2017
Em Salvador/BA, entre as grandes adversidades encontradas,
temos às de seu sistema separador de esgotos, na sua topografia,
te dos usuários. Ainda em Salvador, outros fatores não ocorreram
seu traçado, nas suas elevadas densidades, falta de espaços para
como esperado:
quase tudo e, sem dúvida, para todas as obras da estrutura princi-
a) ruptura do processo educativo que foi levado a efeito durante as obras, voltado para síndicos e lideranças, e do sistemá-
pal de transporte dos esgotos. Particularmente no que tange ao sistema condominial, a experi-
tico cumprimento do processo condominial: reunião na quadra,
ência condominial dentro do programa “Bahia Azul”, sem dúvida,
eleição de “síndico”, adesão formal ao sistema, cadastramento
constituiu um grande teste, inusitado, por tais dificuldades e pela
individual do usuário, etc.
dimensão metropolitana. Os SCE tem se valido de duas de suas
b) deixou-se de aproveitar as ocorrências reclamadas, sequer,
técnicas principais: a utilização dos condomínios como unidades
como oportunidades para novos esclarecimentos, e mesmo para a
da coleta, para uma mínima racionalidade no espaço urbano de-
alteração tarifária no caso de o usuário insistir no descumprimento
sordenado; e a elevada mobilidade dos ramais condominiais, para
atual; ao contrário, nessas ocasiões, tudo se tem passado como se
driblar os vários obstáculos em seu percurso até a abordagem de
fora esse conserto uma obrigação da concessionária. c) a utilização de diâmetros de 150 mm nos ramais, iguais aos
cada ligação. Quanto ao próprio sistema, os problemas mais visíveis que ti-
utilizados na rede básica, também se constitui em fator que difi-
veram a contribuição desses fatores foram grandes atrasos de
culta ao usuário distinguir o que seria o ramal condominial, sob
programação, descontinuidades do processo por substituições
sua responsabilidade.
de contratantes, fraca divulgação e preparação do prestador de
d) em muitas bacias, vários ramais foram implantados abran-
serviço para a absorção do sistema em sua organização. Houve
gendo mais de uma quadra, o que dificulta o entendimento da
também um grande número de trechos inacabados
população sobre suas obrigações, além de tornar muito difícil a
O processo de implantação dos sistemas condominiais em Sal-
manutenção com esta modalidade de ramal;
vador enfrentou e continua enfrentando todo tipo de dificulda-
O Projeto Piloto El Alto, na Bolívia, de acordo com Lobo (2003),
des. Apresentava em 2008 um saldo de mais de um milhão de
ofereceu condições excepcionais para o amadurecimento dos SCEs.
pessoas atendidas, moradoras de mais que precários assentamen-
Não pretendia dar soluções preconcebidas, senão encontrá-las
tos urbanos, particularmente no que tange aos requisitos de um
através da utilização de processos coletivos. Foram os próprios par-
sistema separador absoluto de esgotamento sanitário.
ticipantes do processo que encontraram os caminhos para resolver
Quadro 3 - Salvador em números recentes
Sistemas de Esgotamento Sanitário
Pouco mais de 2.000.000,00 habitantes
% da área urbana
80
Parcela da população total
2/3
os problemas de suas comunidades. Duas características do projeto implantado na Bolívia devem ser aqui ressaltadas: multidisciplinaridade e participatividade. Um breve histórico, do mesmo autor, situa melhor como se desenvolveu, e quais foram os entes envolvidos. Desenvolvido durante 33 meses na Bolívia. Em 1997, a empresa privada Aguas del Illimani assumiu a concessão dos serviços de saneamento de El Alto. Nessa mesma época, a Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional destinou re-
Sistema Condominial, pessoas atendidas
1.100.000
Sistema Convencional, pessoas atendidas
1.200.000
cursos a um projeto piloto de saneamento básico na Bolívia, com o objetivo de contribuir para a formulação de programas
Fonte: Adaptado de Melo (2008), com base em dados da EMBASA
integrais, sustentáveis e replicáveis de implantação de serviços de água potável e esgotamento sanitário às populações de baixa renda. Nas negociações, a Agência Sueca solicitou ao governo boliviano que delegasse a execução desse proje-
A presença das águas pluviais nas instalações das casas ainda
to ao Programa de Água e Saneamento (PAS), implementado
constitui um entrave à universalização do atendimento pelo siste-
pelo Departamento de Transporte, Água e Desenvolvimento
ma separador. Responsáveis pela maioria das ações de operação
Urbano do Banco Mundial com recursos de agências bilaterais
e manutenção do sistema. A desobstrução causada pelas areias e
de desenvolvimento, do Programa das Nações Unidas para o
lixos carreados pelas águas de chuva para o interior do sistema,
Desenvolvimento Urbano (PNUD) e do próprio Banco. As me-
além, evidentemente, do mau uso do serviço por uma grande par-
tas rígidas estabelecidas pela concessão à Águas del Illimani
Março a Maio de 2017
SANEAS
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ARTIGO TÉCNICO
levou a direção regional do PAS a incentivar a empresa privada
Figura 2 - atividades com membros de comunidade
a participar de um projeto piloto de saneamento na cidade, considerando a possibilidade de criar condições concretas para que se alcançasse essas metas, mantendo-se a rentabilidade desejada no contrato. A proposta escolhida por todos os atores envolvidos no projeto foi a do sistema condominial. As ações do Programa Piloto de El Alto, tiveram como pressupostos básicos a articulação estreita entre comunidades beneficiárias, municipalidades e prestador de serviços, a participação permanente da população e desenvolvimento de atividades comunitárias, a implementação de componentes de educação sanitária e ambiental, a capacitação para a operação e manutenção dos ramais e o sistema de
Fonte: LOBO, 2003, p.142
microcrédito para instalações internas hidráulicas e sanitárias mínimas.
A Figura 2 relata momento de interação com membros da co-
Foram empenhados esforços para que a comunidade tivesse
munidade e equipe interdisciplinar.
participação ativa nas definições de projeto e na escolha de tec-
Todas as ações também tentaram obedecer a uma sistemática
nologias, assim como ações em educação sanitária e ambiental,
em etapas e resumindo em itens o exposto pelo autor, ilustradas
também lançando mão de metodologias participativas.
no esquema abaixo:
Esquemático 09 - Sequência das ações adotadas nos empreendimentos de El Alto
Diagnóstico da Área ■■ Estudos sócio-econômicos, cadastro e levantamento topográfico
Apresentação dos projetos e negociação com a comunidade ■■ Definição das alternativas propostas e assinatura de acordos de criação dos condomínios ■■ Início da construção das redes principais pelas empresas contratadas
Capacitação dos grupos comunitários para a execução dos ramais condominiais e das redes instradomiciliares ■■ Implantação dos ramais condominiais pelos moradores e capacitação para a futura gestão dos sistemas
Consolidação dos sistemas ■■ Avaliação Final dos resultados e lições aprendidas
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Figura 3 – Ato de assinatura por parte de condômino
Figura 4 – condômino participando dos serviços de implantação
Fonte: LOBO, 2003, p.146.
Fonte: LOBO, 2003, p.139.
Nas etapas do processo de implantação do EAPP, enumeradas
10.000 famílias conectadas, que não chegou a ser alcançada, de-
anteriormente, existiram registros das ações além da engenharia
vido a problemas orçamentários da concessionária. Mas o trabalho
propriamente dita, como pode-se constatar nas figuras 1 a 4. De
de institucionalização e capacitação de pessoal foi realizado plena-
imediato, pode-se afirmar a ocorrência da participação e mobili-
mente, com diversas oficinas, tendo como resultado a reformulação
zação dos moradores.
de diversos procedimentos pelos próprios empregados da empresa
A última fase desse projeto, Lobo (2003), implicava na institu-
com vistas a adaptar a ação da empresa às novas propostas de ges-
cionalização do sistema condominial e a capacitação do pessoal
tão. A avaliação participativa revelou que a maioria dos moradores
interno da concessionária dos serviços, e alcançar a meta inicial de
estava satisfeita com o sistema condominial, manifestou seu agra-
Quadro 04 - Dados Gerais de Casos Notórios
CASOS
EAPP
CAESB (Programa Condominial de Esgoto do Distrito Federal)
EMBASA (Programa Bahia Azul)
LIGAÇÕES
POSIÇÃO DO RAMAL
CONSTRUÇÃO
MANUTENÇÃO
TAXA DE LIGAÇÃO
TAXA DE ESGOTO
CONDIÇÕES GERAIS DE ADESÃO
3.000
Passeio(P), Jardim(J), Fundo de Lote(FL)
Condomínio
Condomínio
Sim
Não
Vide Nota 3
P
CAESB
CAESB
Sim
Sim
FL, P
Condomínio
Condomínio
Não
Não
Não
Sim
Vide Nota 1
Não
Sim
Vide Nota 2
200.000
220.000
Ramal por onde puder (Favelas de Morro)
EMBASA
FL CAERN (Programa Condominial do Rio Grande do Norte)
117.000
EMBASA
Vide Nota 1
EMBASA
CAERN
Condomínio
Fonte: Adaptado de Melo (2008)
Março a Maio de 2017
SANEAS
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ARTIGO TÉCNICO
decimento pela conclusão do projeto e solicitou à concessionária o empenho na manutenção e limpeza da rede principal. Os sistemas condominiais nos casos estudados certamente contemplam aspectos que poderiam ser melhorados, mas também há de se comentar também os casos em que o conceito teve sucesso e os fatores que proporcionaram o sucesso na sua implantação e operação, bem como na adesão por parte dos beneficiários.
Vale do Paraíba - São Paulo/SP Exemplo Real Figura 05 – Croqui de quadra no bairro Jd Maracaibo – Tremembé/SP
A extensão total de rede, dentre outros dados relevantes de projeto podem ser observados na figura 06 e, abaixo, os custos médios. Quadro 05 - Rede Coletora e Ligações custo por metro SES Convencional, B07
DESCRIÇÃO
R$
RCE Bacia 07 - Total
241/m
Ligações prediais da Bacia 07 - Total
312/ligação
Fonte: do acervo do autor, estimado, conforme SPO-Sabesp
Figura 07 - Croqui de proposta para uma alternativa condominial
Fonte: Adaptado da Planta Geral do Cadastro Imobiliário projeto existente
A área acima representa uma quadra de um empreendimento existente e já implantado. A solução convencional foi a escolhida. Com 31 lotes, enquadraria-se no critério utilizado no caso de Salvador, em que o diâmetro de 100 mm, atendendo os requisitos da
Fonte: do autor
Quadro 06 - Rede Coletora e Ligações custo por metro SCE
hidráulica, deve ser utilizado por um número máximo de 40 lotes.
DESCRIÇÃO
R$
Figura 06 - caminhamento das RCEs – Convencional
RCE Bacia 07 - Total
207,17/m
Ramis Condominiais - Total
165,45/ligação
Fonte: do acervo do autor, estimado, conforme SPO-Sabesp
Resultados e discussão Em El Alto cabe aqui resumir, do que já foi apresentado, cinco fatores que caracterizaram essa experiência piloto. Nos casos em que o conceito condominial se consolidou, constatou-se alguns fatores além dos mencionados acima que podem ser entendidos como de grande importância: a. decisão política firme de adotar o sistema, quando da sua introFonte: Adaptado de projeto existente
dução, manter, aprofundar e desenvolver a sua aplicação.
Nota 1: Organização de Condomínio Informal e Termo de Adesão firmado por no mínimo 80% dos representantes de lote da quadra. Nota 2: Organização de Condomínio Informal e Termo de Adesão. Nota 3:Constituição de condomínio formal e contrato do condomínio com o prestador de serviço Nota 4: P, Passeio. FL, Fundo de Lote.
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Quadro 07 - El Alto fatores característicos
DESCRIÇÃO
R$
1. Articulação
Estreita entre comunidades beneficiárias, municipalidades e prestador de serviços
2. Participação
Permanente da população e desenvolvimento de atividades comunitárias
3. Informação
Educação sanitária e ambiental
4. Capacitação
Para operação e manutenção dos ramais
5. Microcrédito
Para instalações internas hidráulicas e sanitárias mínimas
Fonte: adaptado de Lobo (2008)
b. condição de bem adequar-se às mais diferentes situações, o que
as consequências, nos sistemas coletores, do mau uso das ins-
confere elevada credibilidade à solução e ao prestador do servi-
talações sanitárias domiciliares, que costuma ser uma constante,
ço, perante a população usuária;
quase, nos assentamentos mais pobres.
c. a boa arquitetura das suas regras e das termos que favoreceram os processos de adesão da população ao sistema;
No que tange à operação nas áreas com sistema condominial, a questão que se deve colocar como principal: é a relativa ao
d. a criação de fundo alimentado pelos recursos advindos dos paga-
cumprimento da regra que fez parte do acordo de adesão ao sis-
mentos dos ramais condominiais pelos seus respectivos usuários.
tema, principalmente onde se estabelece uma menor tarifa para
e. a qualidade dos sistemas implantados e dos serviços prestados.
os usuários que se dispuserem a realizar a manutenção dos seus
f. a atenção conferida, pela direção de Sistema de Esgotos e razo-
ramais condominiais e a rede, de responsabilidade da concessio-
ável institucionalização, inclusive na sua área de manutenção.
nária. Melo (2008) sugere uma delimitação objetiva entre essas
g. objetividade e a simplificação do processo de implantação dos
duas responsabilidades, por exemplo, fixando-se o diâmetro de
sistemas; h. desenvolvimento de ações voltadas para o aperfeiçoamento do
100 mm, largamente majoritário nos ramais, como sendo o de exclusiva responsabilidade social.
modelo, sobretudo nos seus aspectos físicos e sociais, no que se
Ainda numa reflexão sobre as ideias apresentadas pelo autor
deve destacar a prática da autoconstrução como alternativa de
citado anteriormente, estando enfrentadas e superadas parte
forte mobilização da população e de barateamento de custos
das dificuldades da cidade e sua urbanização, das pessoas e sua
(ex.:a otimização de redes básicas, através da maior utilização, e
cultura sanitária e das concessionárias com menores experiências
em obediência à hidráulica, de diâmetros de 100 mm.
com sistemas condominiais em áreas degradadas, é certo que as mesmas dificuldades permanecerão daqui por diante, na sua ope-
As maiores dificuldades enfrentadas, de acordo com Melo (2008) podem ser consideradas comuns aos dois modelos de sistema: condominial e convencional.
ração principalmente, mas também na complementação de obras que não se logrou alcançar na época oportuna. Sobre o futuro dos sistemas condominiais convém dividir a
A presença das águas pluviais no interior dos sistemas é uma
questão em duas vertentes, distintas quanto ao grau de conheci-
delas. Por ocasião das chuvas, trazendo complicações aí reconhe-
mento que se tem delas, quanto à sua natureza e quanto à forma
cidas: vazões nas canalizações, maiores que as máximas de pro-
de encaminhamento das possíveis soluções.
jetos. Indesejável entrada do lixo e da terra e a sedimentação de
A primeira delas são problemas que estão na alçada exclusiva
material pesado no interior das tubulações. Outra dificuldade é
das concessionárias e as soluções, portanto, dependem apenas
representada pelo transtorno das novas ligações ao sistema de es-
delas (muitas vezes requerendo uma integração de ações no plano
goto, bem como as intervenções necessárias para a consolidação
institucional).
do sistema separador absoluto, distinto das situações que juntam
A segunda vertente, por seu turno, é a que “está dentro das
as duas águas, muito comum na realidade das cidades. Ainda,
casas”, onde tem início efetivo de todo e qualquer sistema coletor
Março a Maio de 2017
SANEAS
35
ARTIGO TÉCNICO
de esgotos. Está no saber e no querer realizar as ligações, adequar
ção e supervisão específica. Não é autossustentável como pode-
as instalações domiciliares para isolamento das águas de chuva,
mos almejar, mas é passível de se chegar a um satisfatório grau
atender ao estabelecido nas regras do sistema, usar adequada-
de autonomia. Requer reparo e remoção de entupimentos devido
mente o serviço e pagar as suas contas mensais. Suas origens,
à operação e manutenção nem sempre apropriada, por parte da
portanto, estão no nível de informação e de consciência (ambien-
empresa ou decorrentes do mau uso, como já discutido anterior-
tal) das pessoas.
mente nas seções anteriores. São frequentes, também, as quebras
No que tange aos custos de implantação e operação fica claro
de pactos, presença indevida de águas pluviais nas redes de esgo-
que os custos unitários da rede básica dependem das característi-
tamento, devido à sua maior vulnerabilidade comparada aos siste-
cas da área de projeto, e são relevantes, no caso:
mas convencionais, fato evidenciados nos casos notórios, em que
A topografia do terreno (determinante das escavações e seus potenciais requisitos), A existência e o tipo de pavimentação e a natureza do subsolo
no desempenho propriamente dito dos serviços, não fora dada devida atenção à transição da fase de implantação, onde todos os compromissos são firmados, para a de operação, quando os
(principalmente a presença de rocha e água).
compromissos haveriam de ser cumpridos.
Conclusão
uma escala maior e com uma menor incidência dos problemas
As experiências com o conceito condominial em sistemas de es-
típicos relatados, a sugestão que fica é que seja dada a devida
gotamento sanitário relatadas no presente trabalho deixam evi-
atenção à legislação de órgãos municipais para a implantação de
dentes suas vantagens tais como custo de implantação mais baixo
novos sistemas de abastecimento de água, esgotamento sani-
(entre 50% e 80% quando comparado ao Sistema Convencional),
tário e águas pluviais, que é precária, inclusive para os sistemas
fato que pode ser comprovado com os números apresentados nas
convencionais, o que dizer dos condominiais, não considerados
seções anteriores. O custo/ligação é menor e demanda menos
na grande maioria desses municípios, apesar do crescimento e
rompimentos de pavimentos (Asfalto, Passeio).
amadurecimento dessa ideia nas últimas décadas. Essa carência
Entre as limitações para a implementação desses sistemas em
O menor custo tende a aumentar a adesão, principalmente
de instrumentos legais, um Plano Diretor de Saneamento Am-
quando é dado ao usuário a possibilidade de parcelar o valor
biental (PDSA), por exemplo, dificulta a regulação permanente
devido à concessionária quando da execução de sua ligação na
de órgão ou entidade de direito público do titular dos serviços
rede básica.
ou de consórcio público de serviços de saneamento ambiental.
Apresentam também baixo custo de operação, dado o menor
Esses instrumentos que estão na esfera de poder das municipali-
número de ocorrências durante a sua operação, desde que execu-
dades, entre eles, os planos diretores, não apenas os PDSA’s, mas
tados adequadamente dentro dos requisitos da hidráulica. Esses
as próprias leis municipais e contratos de concessão que têm
custos são tão menores quanto maior for o empenho em realizar
efeitos inegáveis para a ordenação, obtenção de recursos e rapi-
as reuniões condominiais, organizando-as com base em equipes
dez nas tomadas de decisões, ainda são carentes de preocupa-
multidisciplinares, esclarecendo e transmitindo conhecimento
ção com as situações alternativas para complementar o conven-
através de toda a vida útil do empreendimento, isto é, não só
cional na busca da universalização dos serviços de saneamento.
quando da sua implantação, mas também durante a manutenção
Os instrumentos reguladores são de fato um forte artifício para
e operação do sistema. A extensão dos ramais pode chegar ao
enfrentar e superar parte das dificuldades da cidade e sua urba-
dobro da rede básica, e o investimento total dado o elevado sig-
nização, das pessoas e sua cultura sanitária e das concessionárias
nificado do custo dos ramais condominiais no sistema de coleta,
com menores experiências com sistemas condominiais em áreas
tende a diminuir com a participação dos usuários (iniciativa priva-
degradadas. É certo que as mesmas dificuldades permanecerão
da) nos investimentos do empreendimento.
daqui por diante.
O sistema condominial pode ser expandido com mais flexibilida-
O Caso do exemplo prático, para simplificação, utilizou-se de
de de acordo com as mudanças e crescimento das comunidades.
parte de um projeto muito maior, mas reforçou a ideia da econo-
Pode ser aplicado onde o lençol freático é alto e ser instalado em
mia e flexibilidade da possibilidade condominial.
quase todos os tipos de áreas. Pode ser construído e reparado com materiais e técnicas disponíveis localmente. Entretanto, entre suas desvantagens, requer projeto, implanta-
36
SANEAS
Março a Maio de 2017
A Lacuna que fica é mesmo relacionada a investigações de ordem estatísticas junto aos órgãos concessores dos serviços em seus respectivos limites sobre a atenção dada aos SCEs em
suas normativas municipais, como por exemplo, a existência de
MELO, José Carlos. Sistema Condominial: Uma resposta ao desa-
Planos Diretores e Leis específicas. E, onde houver, analisar os
fio da universalização do saneamento. Brasilia: Secretaria Nacional
porquês de não se oferecer uma maior atenção aos sistemas
de Saneamento Ambiental, 2008. 369 p. Disponível em: <http://
condominiais, simplificados.
www.cidades.pmss.gov.br>.Acesso em: 02 ago. 2016.
Referências
MORAES, Luiz Roberto Santos. Projeto de Saneamento Am-
FOSTER, Vivien (Org.). Condominial Water and Sewarage Sys-
biental com Sustentabilidade para Pequenas Localidades.
tems: Costs of Implementation of the model. 2001. World Bank,
Disponível
water and sanitation program.. Disponívelem:<http://www.wsp.
Acesso em: 18 abr. 2016.
em:
<www.bvsde.paho.org/word/20cabesp.pdf>.
org/sites/wsp.org/files/publications/and_elaltostudy.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.
TSUTYIA, Milton Tomoyuki; ALÉM SOBRINHO, Pedro. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário. 2ª. ed. São Paulo: Departa-
INSTITUTO TRATA BRASIL. Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento Brasileiro: Qualidade de Vida, Produtividade, Educação e Valorização Ambiental. 2016. Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br>. Acesso em: 26 abr. 2016. LOBO, LUIZ . Saneamento Básico: EM BUSCA DA UNIVERSALIZAÇÃO. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2003. 228 p. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ et000003.pdf>. Acesso em: 30 set. 2016.
mento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Usp, 1999. Envie seus trabalhos para o nosso Banco de Artigos Técnicos Os trabalhos devem ser redigidos em português e formatados em arquivo “word”, contendo até 17.000 caracteres, incluindo as notas finais. É permitido o envio de até 8 imagens (figuras ou gráficos) para ilustração, em boa definição, preferencialmente acima de 1 Mb. Esses artigos técnicos deverão ser acompanhados de currículos e fotos dos autores e enviados aos cuidados do coordenador do Fundo Editorial AESabesp, eng. Luciomar Werneck, para o e-mail lwerneck@sabesp.com.br
Março a Maio de 2017
SANEAS
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Prepare-se para o maior encontro em Saneamento das Américas
O
maior e o mais importante evento em Saneamen-
De acordo com seus realizadores, “num momento crucial pelo
to e Meio Ambiente no País e nas Américas será
qual passa a política de investimentos do País, na busca de esta-
realizado entre 2 e 6 de outubro de 2017, em uma
bilização econômica e de atendimento social, o saneamento am-
extensa área de 25 mil m de Pavilhão, no Comple-
biental é um setor de excelentes perspectivas”.
2
xo “São Paulo Expo”, na capital paulista. O evento espera receber
Portanto, participar do Congresso ABES/Fenasan 2017 é a opor-
mais de 4 mil congressistas, mais de 17 mil visitantes e mais de
tunidade ideal para projetar o seu conhecimento, o seu trabalho
200 expositores na Feira, cuja visitação é gratuita. Cerca de 80%
e a sua imagem num cenário de especialistas de todo o território
da área de exposição já está reservada.
nacional e de demais países que demonstram interesse em conhe-
Sob o tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e
cer, adotar e intercambiar tecnologias com o Brasil.
Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento”, o evento
A ABES e a AESabesp, duas das maiores organizações do setor,
reunirá, em uma edição exclusiva em um só local, o expressivo
uniram forças para essa realização, que será também um evento
público técnico dos Congressos da ABES, além da grande visita-
preparatório ao Fórum Mundial da Água, a ser realizado em Bra-
ção e as maiores empresas do mercado de saneamento ambiental
sília em 2018.
como expositoras da Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) da AESabesp.
38
SANEAS
Março a Maio Dezembro a Fevereiro de 2017de 2017
Inscrições abertas para o Congresso ABES / Fenasan 2017 Desde 30 de março, os interessados em participar do Congresso
De acordo com o presidente nacional da ABES, Roberval Tavares
ABES/Fenasan 2017 - o maior encontro de Saneamento Ambien-
de Souza, “os preços são baseados nos custos para o Congresso
tal das Américas - podem efetuar suas inscrições no Congresso,
e são compatíveis com a tendência de eventos internacionais de
pelo site do evento: www.abesfenasan2017.com.br/inscricoes.
água e saneamento com este porte e excelência”.
Os valores para a participação no Congresso estão de conformida-
Já o presidente da AESabesp, Olavo Sachs, observa a relevância
de com a tabela abaixo, com a possibilidade de parcelamentos. A en-
deste evento para o intercâmbio de conhecimentos, a ampliação
trada na Fenasan é gratuita, a despeito de inscrições no Congresso.
de redes de contatos e projeção internacional dos participantes.
Somente Inscrição Categoria de Inscrição
Congressista
Profissional de Nível Médio
Estudante
Autor de Trabalho Membro das Diretorias, Conselhos Consultivos Avaliadores de Trabalhos Técnicos
Avaliador e autor de trabalhos técnicos
Inscrição, incluindo almoço
junho a agosto/2017
setembro a outubro/2017
junho a agosto/2017
setembro a outubro/2017
Não Sócios
1.950
2.150
2.100
2.300
Sócios
1.300
1.450
1.450
1.600
Sócios
900
1.000
1.050
1.150
Não Sócios
750
800
900
950
Sócios
500
550
650
700
1.200
1.300
1.350
1.450
Sócios
800
900
950
1.050
Sócios
900
1.000
1.050
1.150
1.000
1.100
1.150
1.250
600
650
750
800
1.000
1.100
1.150
1.250
600
650
750
800
Não Sócios
Não Sócios Sócios Não Sócios Sócios
Inscrições de associados da ABES e da AESabesp
Informações gerais
Para usufruir dos preços de inscrição na categoria de sócio, as
ação ou pós-graduação de período integral.
A categoria Estudantes: aplicável ao participante cursando gradu-
novas filiações deverão ser realizadas até o dia 01 de agosto de
Os cancelamentos só serão aceitos por escrito até 01.09.2017,
2017. Após essa data, os novos filiados só poderão se inscrever no
30 dias antes do evento, com retenção de 30% para cobertura
evento pagando como não sócios.
de custos.
Contato para filiação à ABES: Lucimar Cruz, pelo e-mail:
Os participantes que deixarem para efetuar o pagamento no
lucimar.cruz@abes-dn.org.br - Tel: (21) 2277-3908
local do evento, deverão fazer a sua inscrição antecipada on-line
Contato para filiação à AESabesp: Rodrigo Oliveira, pelo
para agilizar o recebimento do seu material.
e-mail: rodrigo.oliveira@aesabesp.org.br - Tel: (11) 3263-0484
Março a Maio de 2017
SANEAS
39
Instruções para pagamento com Nota de Empenho 1. Para pagamento com nota de empenho, o valor utilizado será o mesmo referente ao último vencimento de acordo com a ca-
pante que deseja inscrever e assinada e carimbada pela Instituição; 5. Cada participante deverá fazer a sua inscrição individualmente online;
tegoria, ou seja, o valor da inscrição realizada no local do even-
6. Após o pagamento da nota de empenho, a entidade pagadora
to, devido o pagamento ser realizado pela instituição pagadora
deverá enviar o devido comprovante para o e-mail empenho@
após o evento; 2. As inscrições por meio de nota de empenho serão recebidas somente até a data de 31 de julho de 2017; 3. Para a emissão da nota de empenho, deverá ser contatada a or-
mci-group.com, para que seja efetuada a baixa do débito; 7. Não havendo nota de empenho ou ausência do nome em documento previamente enviado até a data estipulada, nos termos do item 4, o inscrito deverá fazer o respectivo pagamento no ato de
ganização através do e-mail empenho@mci-group.com para soli-
sua inscrição na secretaria local, de acordo com sua categoria;
citação dos dados cadastrais da entidade para a qual será emitida
8. Comprovando-se a duplicidade de pagamento de inscrição, a
a nota de empenho, de acordo com a categoria da inscrição;
devolução será efetuada de forma integral ao participante atra-
4. A instituição pagadora deverá enviar para o e-mail empenho@mci-
vés de depósito bancário até 30 (trinta) dias após o término do
-group.com a nota de empenho com seus dados cadastrais: nome
evento;
da instituição pagadora, responsável, telefone, e-mail, endereço
9. Não serão consideradas notas de empenho os documentos que
completo, CNPJ, junto com a lista com nome e CPF de cada partici-
não estiverem condizentes com as orientações, acima item 4.
Veja se o seu nome está na lista dos trabalhos aprovados Em total cumprimento da programação prévia dessa realização, no dia 28 de abril foi veiculada a lista dos resumos dos trabalhos aprovados para integrarem o Congresso ABES/Fenasan 2017, o maior evento em saneamento das Américas. Foram enviados 2.582 resumos de trabalho, devidamente analisados por uma banca de avaliadores, com vasto conhecimento técnico e acadêmico, sendo 1.646 para apresentação oral e 936 para a apresentação em pôster. Disponíveis no site do evento estão 152 páginas do relatório geral dos resumos dos trabalhos, com o título dos referidos trabalhos, os nomes dos autores dos mesmos e em qual categoria foi aprovado. Informações: www.abesfenasan2017.com.br/resultado
40
SANEAS
Março a Maio de 2017
Confira também a lista dos aprovados para o Prêmio Jovem Profissional AESabesp 2017 Também está disponível a lista dos Resumos dos Trabalhos apro-
A diretora parabeniza os resumos aprovados e destaca as pró-
vados, em sua primeira etapa, para o Prêmio “Jovem Profissional
ximas ações:
AESabesp 2017”, que contemplará o vencedor com uma bolsa de
■■ O autor que teve seu resumo aprovado deveria encaminhar o
estudo no valor de R$ 10.000,00. A foto acima registra a premiação
trabalho completo até 08.06.2017, de acordo com “Orienta-
de 2016: 1ª colocada: Carolina Gemelli Carneiro / 2º colocada: Lia-
ções para Publicação e Envio de Trabalhos Completos”
ne Yuri Kondo Nakada / 3º colocado: Bruno José Costa da Cunha.
■■ Só serão avaliados para a fase seguinte os trabalhos que forem
Os segundo e terceiro lugares também serão contemplados
inscritos para apresentação oral do trabalho até 08.06.17. Os
com um tablet, para o 2º, e uma inscrição para o evento na edição
trabalhos completos serão avaliados até 20.06.17. Os resulta-
seguinte, para o 3º. Conheça quem são os finalistas:
dos dos trabalhos aprovados para a fase final serão divulgados
De acordo com a diretora cultural da AESabesp, Maria Apareci-
em 25.06.17
da Silva de Paula, em 2017, foi obtido o recorde de inscrições para
■■ A apresentação oral do trabalho será no dia 05.10.17 em sala
a premiação Jovem Profissional AESabesp, com 1011 trabalhos
específica destacada para o “Prêmio Jovem Profissional”, no
enviados de técnicos de até 35 anos do Brasil inteiro. “Foi muito
São Paulo Expo - Rodovia dos Imigrantes km 1,5 São Paulo - SP.
difícil, para os avaliadores, escolher os doze finalistas”, afirma e admite que na próxima etapa a dificuldade continuará, uma vez
Maiores informações disponível no site:
que “o conteúdo de todos os contemplados para a grande final
www.abesfenasan2017.com.br
está de excelente nível técnico”.
Março a Maio de 2017
SANEAS
41
Resumos aprovados para o Prêmio Jovem Profissional Tema
Número
Título
I
363
FILTRAÇÃO ANGULAR EM SEDIMENTO DE PRAIA COMO PRÉ-TRATAMENTO A OSMOSE INVERSA
III
079
REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA MINERAÇÃO DE FERRO E DA SIDERURGIA PARA OBTENÇÃO DE SAIS DE FERRO: SULFATO E/OU CLORETO
VI
161
II
Cidade
Estado
Idade
Tiago Burgardt
Florianópolis
SC
29
Luisa Cardoso Maia
Ouro Preto
MG
24
ANÁLISE, AVALIAÇÃO E PROPOSIÇÃO DE PLANO DE Armando AÇÃO PARA ADEQUAÇÃO À NOVA VERSÃO DA NBR ISO Möhler Neto 14001 EM EMPRESA DA INDÚSTRIA DO TABACO
Venâncio Aires
RS
26
332
EFEITO DO TEMPO DE ESTOCAGEM DO RESÍDUO ALIMENTAR NA CODIGESTÃO ANAERÓBIA COM LODO DE ESGOTO
Natália Carolina da Silveira
Rio de Janeiro
RJ
30
288
BIOLIXIVIAÇÃO DE LÍTIO E COBALTO DE RESÍDUOS DE BATERIAS DE CELULARES UTILIZANDO O MICROORGANISMO Aspergillus niger CULTIVADO EM MEIO LÍQUIDO
Caroline Rossi
Caxias do Sul
RS
24
IV
203
COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA ANÁLISE DE MICROCISTINAS: IMUNOENSAIO ELISA COMPETITIVO INDIRETO IMPLEMENTADO EM LABORATÓRIO VS CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ULTRAEFICIÊNCIA
Cassia Reika Takabayashi Yamashita
Londrina
PR
33
XII
007
TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO EM CARGA APLICADA EM SERVIÇOS PARA AUMENTO DE CONFIABILIDADE DE ADUTORAS.
Renato Augusto Costa dos Santos
São Paulo
SP
28
I
249
REMOÇÃO DE MICROCISTINAS POR FILTRAÇÃO LENTA E ADSORÇÃO COM ATIVIDADE MICROBIOLÓGICA APLICADA AO PRÉ-TRATAMENTO DE ÁGUAS
Josemarque Lima da Rosa
Londrina
PR
26
II
433
DINÂMICA DE SÓLIDOS EM SISTEMAS MBBR EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE RECHEIO E VAZÃO: ESTUDO EM ESCALA PILOTO E LABORATORIAL
Diego Luiz Fonseca
Rio de Janeiro
RJ
27
VI
067
ANÁLISE MULTITEMPORAL DA ÁREA AFETADA PÓS-ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO E CARACTERIZAÇÃO DO REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO
Alan Rodrigues Teixeira Machado
Belo Horizonte
MG
30
IV
200
ANÁLISE DO USO DE PAVIMENTO INTERTRAVADO PERMEÁVEL COMO DISPOSITIVO DE RETENÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL: ESTUDO DE CASO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP
Cleber Eduardo Fernandes Leal
São José do Rio Preto
SP
24
X
024
VARIABILIDADE DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE AEROSSÓIS ATMOSFÉRICOS FINOS NA ESTAÇÃO SECA DA BACIA CENTRAL DA AMAZÔNIA, ATTO
Lucas Covre Chiari
Uberlândia
MG
26
III
42
SANEAS
Março a Maio de 2017
Nome
Como está o interesse do jovem no setor de saneamento Veja, abaixo, uma entrevista com a diretora cultural da AESabesp
O jovem finalista
e membro do Grupo de Trabalhos Técnicos do Congresso ABES-
vencedor
-Fenasan 2017, Maria Aparecida Silva de Paula, sobre o processo
troféu e uma bolsa no valor
recebe
um
de avaliação dos trabalhos de 2017 e o grande interesse de jovens
de R$ 10.000,00; o segundo classificado ganha um tablet e o
profissionais no setor de saneamento:
terceiro uma inscrição para o evento na edição seguinte. Porém, a projeção que esses jovens alcançam no setor chega a ser mais
1- Como foi a dinâmica do Grupo de Trabalhos Técnicos para avaliar o grande número de trabalhos enviados?
siginificativa do que a premiação. O profissional vencedor se compromete a apresentar um tra-
A parceria entre a ABES e AESabesp foi fundamental para avalia-
balho referente ao curso que realizou no evento seguinte. Desta
ção dos 2.582 trabalhos enviados. Dividimos esses trabalhos para
forma, a AESabesp cumpre o seu papel que foi qualificada como
um grupo de especialistas da área de saneamento e meio ambien-
uma OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
te e professores acadêmicos, cerca de 100 avaliadores. O trabalho
A cada edição estamos aprimorando o prêmio para que o aluno
foi árduo, mas gratificante. Como muitos avaliadores afirmam,
vencedor tenha interesse em desenvolver trabalhos voltados ao
temos que dar nossas contribuições para o saneamento e meio
meio ambiente ou saneamento , porém dentro das premissas do
ambiente. É válido ressaltar que tivemos uma equipe de avaliado-
projeto Ecoeventus, este terá um destaque em outra edição.
res de primeira linha, quer na qualidade técnica, quer na abnegação desses parceiros em receber um volume grande de trabalhos.
3- Em 2017 houve maior interesse do Jovem Profissional em inscrever trabalho?
2- Discorra sobre o objetivo da Premiação Jovem Profissio-
Sim! Esperávamos uma maior quantidade de trabalhos em função
nal AESabesp.
das parcerias ABES / AESabesp, porém o que nos surpreendeu po-
O prêmio Jovem Profissional AESabesp tem o objetivo de permitir
sitivamente neste ano é que saímos da referência de 80 trabalhos
aos estudantes ou recém-formados a oportunidade de apresentar
do ano passado para1011, neste ano. Foi muito difícil escolher os
um trabalho técnico que poderá se tornar um projeto a ser de-
12 trabalhos finalistas e creio que será mais ainda escolher 6 para
senvolvido com o apoio da AESabesp ou com a entidade que o
apresentação na fase final e os 3 vencedores.
aluno escolher. A AESabesp, neste caso, estará contribuindo com o desenvolvimento do jovem por meio de pesquisa e apresentação
4- Como a sra. avalia o interesse do jovem profissional téc-
final do projeto.
nico para o setor de saneamento no Brasil?
O prêmio divide-se em duas etapas: na primeira, o candidato
Essa geração de até 35 anos já recebeu na fase fundamental os pri-
participa com seu trabalho escrito que é avaliado e recebe uma
meiros conceitos de respeito ao meio ambiente. Portanto, fica mais
pontuação. Na segunda etapa, os trabalhos selecionados com
fácil escrever e se interessar pelo saneamento e meio ambiente. O
maior pontuação são apresentados no último dia do evento, em
nosso principal rival é o índice de remuneração , que por vezes leva
sala específica, quando são convidados três professores de Uni-
o interesse desses jovens para atuação no setor privado.
versidades, que participam como avaliadores de dissertação de
Estamos bem satisfeitos com a busca destes jovens em se de-
mestrado ou da defesa de tese de mestrado e, então, com essa
dicarem com pesquisa nesta área. Já temos universidades que
experiência avaliam os trabalhos dos finalistas. Os finalistas têm
dedicam uma semana para refletirem e apresentarem trabalhos
15 minutos para apresentarem seu trabalho. A ideia é prepará-los
e especialistas para discorrerem sobre o tema. Aos poucos essas
para defender seus projetos no mercado de trabalho.
manifestações tímidas atingiram um maior volume de escolas e
Março a Maio de 2017
SANEAS
43
universidades incentivando a discussão e troca de ideias e pesqui-
Talvez não seja tão rentável quanto em outros mercados, mas que
sas sobre o tema.
acredito a remuneração, embora importante, não seja o interesse principal dos profissionais do saneamento. Eles atuam porque têm
5- Qual é o perfil desses profissionais? O que podem ofere-
um interesse em superar os desafios e sonham com um país com
cer? E o que podem esperar?
melhores condições de vida. E é claro que a inovação tecnológica
É diversificado uma vez que eles vêm de todos os estados brasilei-
é um fator essencial para este objetivo; por isso, busca o conhe-
ros, mas geralmente são profissionais que atuam no saneamento
cimento e capacitação para operar as novas tecnologias tem que
e meio ambiente, jovens graduados ou que ainda estão estudan-
ser constantes.
do, que trabalham em concessionárias de saneamento e também, para nossa surpresa, jovens que atuam em empresas privadas. Acredito que cada vez mais a parceria entre entidades na área
7- É preciso ser mais idealista do que materialista para dedicar uma carreira ao saneamento ambiental?
de saneamento e meio ambiente trazem um expressivo ganho na
Sim, eu acredito que a maioria dos profissionais é mais idealistas
celeridade na busca de solução de problemas hídricos de abasteci-
do que materialistas. Conversando com eles, principalmente com
mento de água e esgotamento sanitário em nosso País.
a moçada, sinto que acreditam em despoluição, na erradicação
O que o jovem profissional pode esperar deste setor é o apren-
das doenças de veiculação hídrica, na otimização de processos
dizado, aquisição de experiência na solução de problemas, ser
para baratear o acesso e atingir um maior número de usuários da
reconhecido no meio, além de participar de um grupo de especia-
rede de água e esgotamento sanitário.
listas de primeira grandeza. Isto não se aprende em nenhum livro. Esta integração entre especialistas, professores e jovens oxigena o
8- Como o resultado do trabalho em saneamento ambiental
meio, agiliza a solução de problemas e aumenta muito a rede de
impacta na sociedade?
relacionamentos “network”, facilitando a colocação ou recoloca-
Como já mencionado, é necessária a otimização do setor, para
ção no mercado, além de ampliar a visibilidade da equipe toda.
ampliar a oferta dos serviços de água e esgoto assegurando a sua qualidade e regularidade. Dessa forma, também ampliamos as
6- A remuneração de mercado e as inovações tecnológicas
condições para uma boa qualidade de vida para as pessoas, prin-
no setor de saneamento ambiental não são suficientes para
cipalmente, se reduzirmos o índice de internações por doenças
atrair quem ingressa no mercado de trabalho?
provocadas por veiculação hídrica.
Volta ao ar o Portal da Fenasan 2017, com referências para 2018 e dados de edições anteriores Como é do conhecimento de todo o setor, a edição da Fenasan
AESabesp, Jovem Profissional, Grade de Trabalhos no Encontro de
2017 será realizada em conjunto com o Congresso ABES, de 2 a
2016, Galeria de Fotos de edições anteriores, entre outras ações
6 de outubro, no São Paulo Expo. Portanto todas as referências
de interesse contínuo.
desse grande evento estão no site www.abesfenasan2017.com.br
Outro campo deste site muito solicitado pelo técnicos do setor
Porém, a pedidos de associados, congressistas dos Encontros
é o denominado “Anais”, situado na linha superior, pelo qual é
Técnicos da AESabesp e expositores da Fenasan, foi reativado o
possível a busca por trabalhos técnicos de edições anteriores do
Portal da Fenasan 2017: www.fenasan.com.br.
Encontro Técnico, tanto pelo nome do autor, quanto pelo título
Ao navegar nesse portal, o internauta do setor já poderá ter
do Trabalho apresentado. Dessa forma, a AESabesp contempla a
informações da Fenasan 2018, que voltará para o Expo Center
sua parceria com a ABES, em 2017, com também a identidade de
Norte, na data de 02 a 04 de outubro de 2018, ter acesso à TV Fe-
seu Congresso Técnico e a Feira Nacional de Saneamento e Meio
nasan e às referências do que foi realizado no ano anterior: Troféu
Ambiente, nas demais edições.
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Acontece no setor
As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente
AESabesp entrega “Puramóveis” na Baixada Santista A AESabesp, por meio de sua Diretoria Socioambiental, liderada pela eng. Márcia Nunes, efetuou, em 20 de março, a entrega dos quatro primeiros simuladores móveis para demonstração de consumo de água conhecidos como “Puramóvel”. O encaminhamento dos equipamentos foi para a Unidade de Negócio da Baixada Santista (RS) da Diretoria de Sistemas Regionais (R) da Sabesp. Os Puramóveis são ferramentas essenciais para o desenvolvimento de ações educacionais previstas pelo Projeto de Educação Ambiental da Baixada Santista, que contempla ainda a realização de palestras e atividades lúdicas, em escolas, empresas e associações. Os equipamentos foram adquiridos com recursos do Fundo Es-
ciência de torneiras com e sem dispositivos economizadores, além
tadual de Recursos Hídricos (Fehidro), que é o órgão de financia-
de demonstrar com precisão de mililitros, o tamanho do desperdício
mento das ações no âmbito das Agências de Bacias Hidrográficas,
que pode ser provocado por um simples gotejamento, pela falta
da Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos, como resultado
de manutenção adequada em chuveiros ou torneiras, por exemplo.
de uma parceria entre a AESabesp e a Sabesp – Unidade de Ne-
Esse é o primeiro Convênio estabelecido entre a AESabesp e a Sa-
gócios da Baixada Santista (RS), através de recursos do Comitê da
besp, com recursos a fundo perdido do Fehidro. Outras Unidades de
Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS), após um proces-
Negócio da Sabesp podem candidatar-se para o mesmo tipo “Con-
so de enquadramento às regras e calendário do Fehidro.
vênio de Ações de Educação Ambiental” e fornecimento do Pura-
Em uma versão mais compacta, leve e segura, idealizada e cons-
móvel, conforme disponibilidade de recursos e regras do Comitê de
truída pela empresa Mecaltec, parceira da Sabesp desde 1990 em
Bacias em que estiverem inseridas. Os interessados devem entrar
fornecimento de equipamentos e serviços para pitometria, controle
em contato com a Diretora de Projetos Socioambientais, pelo e-mail
de perdas e saneamento, cada Puramóvel é capaz de simular situa-
projetossocioambientais@aesabesp.org.br , at. da diretora Márcia
ções reais de consumo de água em uma residência, comparar a efi-
Nunes, que instruirá na obtenção do mesmo tipo de Convênio.
B&F Dias comemora 27 anos com inauguração de nova sede Fundada em abril de 1990, a B&F Dias celebrou os seus 27 anos de operações no país, com a inauguração da nova sede e centro de tecnologia. Com mais de 3000 plantas fornecidas, a empresa esta sedimentada na América Latina em sistemas de aeração por ar difuso e exportadora de tecnologia para países como EUA, Alemanha e Dubai. A construção da nova sede está numa área de 29.000 m2, afirma Manuel Dias, fundador e presidente da empresa: “o novo local foi projetado e construído com soluções construtivas e tecnológicas de última geração, dispõe de centro de testes de materiais e performance, complexo administrativo, fábrica, auditório, estação de tratamento de esgoto modelo com reúso e uma vista grandiosa para a área de preservação”.
Março a Maio de 2017
SANEAS
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ACONTECE NO SETOR
Posse da gestão 2017-2019 do Sindesam
No dia 25 de abril, foi realizada a solenidade de posse do Sindesam (Sistema Nacional das Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental) , para a gestão do biênio 2017-2019, presidida pela eng. Estela Testa, diretora presidente da Pieralisi do Brasil. A AESabesp marcou presença nesse evento, representada pelo seu diretor técnico, Gilberto Martins; além do conselheiro, João Augusto Poeta; do membro do conselho editorial, Antonio Carlos Roda Menezes; do presidente da gestão 20122015, Reynaldo Young Ribeiro e de vários associados, uma vez que as empresas afiliadas ao Sindesam são, em sua grande maioria, expositoras da Fenasan. Integrado à Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos) o Sindesam é comprometido com a missão técnica de conduzir ao mercado informações atualizadas, principalmente em relação às inovações tecnológicas na preservação ambiental. Um de seus trabalhos mais conhecidos no meio técnico é o “Guia de Compras do Sindesam”, caracterizado como fonte de consulta para engenheiros, técnicos e profissionais sanitaristas. Além de Estela Testa (Pieralisi do Brasil Ltda) como presidente, a atual gestão do Sindesam conta com os vice-presidentes: Gilson Cassini Afonso (Nordic Water Produtos para Tratamento de Águas Ltda), Valdir Folgosi (Centroprojekt do Brasil S/A); Yves Besse (Veolia Water Technologies Brasil Ltda.), Fernando Antonio Pio da Silva (Bermad Brasil Ind. de Válvulas Ltda.), Ubiraci Moreno Pires Côrrea (Prominas Brasil Equipamentos Ltda), Antônio Carlos Taranto (Sigma Tratamento de Águas Ltda), André Ricardo Telles (Ecosan Equipamentos para Saneamento Ltda.), Mario Rolando Ramacciotti (Xylem Soluções para Água Ltda) e Vitor de Paula Collette (Degrémont Tratamento de Águas Ltda.), tendo Viviane Benetti Lima (Abimaq/Sindesam), como gerente executiva, e Tatyana Mudryk da Costa (Abimaq/Sindesam), como assistente.
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Ecosan oferece serviços de BOT e BOO no mercado nacional Aliar experiência em finanças e manutenção de parcerias com instituições financeiras foi a ferramenta encontrada pela Ecosan para o desenvolvimento de soluções abrangentes aplicáveis aos serviços de BOT (Build, Operate and Transfer) e BOO (Build, Operate and Own), tendência mundial adotada pelo Brasil nos últimos anos. O diretor executivo da empresa, André Telles, explica que o serviço de BOT ocorre quando uma empresa utiliza recursos próprios ou de investidores para projetar, construir e operar uma planta de tratamento de propriedade de um terceiro, por um período pré-determinado em contrato, cujo projeto é transferi-
Blumar, agência de viagens oficial do Congresso ABES / Fenasan 2017
do para o cliente, ao final do contrato. “Nesse caso, o cliente é dono da estação, porém transfere toda responsabilidade da planta para a Ecosan, inclusive a captação financeira, posto que temos parcerias com bancos comerciais, fundos de investimento público e privado e operações estruturadas imobiliárias, permitindo que os procedimentos BOT e BOO. Nosso faturamento ocorre durante a operação da planta, pelo volume de água, efluente tratado ou por um valor fixo mensal”, ressalta. O projeto pode ser aplicado em tratamento de águas potáveis, industriais e marítimas e de efluentes sanitários, industriais e de reúso. “Nosso objetivo é oferecer uma planta produtiva, confiável e conforme as mais rigorosas normas ambientais”, afirma o executivo que ressalta que com isso, a empresa garante capital de investimento, pagamento somente após a implementação, curto prazo de implantação e volume de água produzido.
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SANEAS
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VIVÊNCIAS
P
odemos afirmar, sem dúvida alguma, que milhares
outras profissões, sem nunca terem largado a música. E é sobre
de sabespianos são fãs incondicionais dos Beatles.
essa batalha, que envolve jornada dupla, sonho, esforço, mas
Mas um entre todos se destacou na multidão. Trata-
também muita realização, que ele conta um pouco de sua his-
-se do eng. Hélio Padula, que empregou o seu pre-
tória para a nossa sessão “Vivências”.
paro musical e boa parte da sua vida, como tecladista da Banda Comitatus, considerada a maior “cover” brasileira dessa icônica
Saneas: O seu amor pela música existe desde a infância?
Banda.
Padula: Sim! Eu me apaixonei pelo piano da minha avó desde
Em 2017, a Comitatus - vencedora do concurso mundial de
muito cedo. Por volta de uns sete anos, minha família per-
bandas que homenageiam os Beatles, tendo se apresentado até
cebeu o meu interesse e contratou uma professora em casa
em Liverpool, comemora os seus 40 anos de história. O seu
e na sequência me incentivou a cursar a Escola de Música
show de 40 anos (aqui registrado pelas fotos de Ana Paula Mu-
Magdalena Tagliaferro, muito conhecida na época pelo seu
naretto), em 11 de março, no Clube Pinheiros em São Paulo, foi
método diferenciado. Então não parei mais e fiz toda a grade
um verdadeiro sucesso, sendo que a renda foi revertida para a
de estudo de piano clássico, concerto, harmonização, num
Fundação Dorina Nowill para Cegos.
total de oito anos.
Em entrevista à Revista Saneas, Padula afirmou que, assim como ele que é engenheiro na Sabesp também há 40 anos
Saneas: Então, era o seu plano de vida ser um profissional
(idade da Comitatus), todos os integrantes da Banda vivem de
da música?
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SANEAS
Março a Maio de 2017
Padula: Era, até que eu tive uma célebre conversa com o meu pai, na qual disse-lhe que estava decidido a ser maestro. E ele me olhou muito seriamente e disse que eu poderia fazer o que quisesse, desde que me formasse numa faculdade que me oferecesse uma “profissão de verdade”... Foi um papo puxado... (risos). Saneas: E que rumo tomou essa conversa? Padula: Daí tive que estudar mais ainda e entrei em engenharia civil na POLI (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo-USP). Para ser maestro não iria ter muito jeito, mas continuei tocando de brincadeira em bandas de garagem. Saneas: Até aparecer a Comitatus? Padula: A trajetória foi a seguinte: eu tocava nas garagens, enquanto cursava a POLI. Eu me formei em 76 e entrei na Sabesp em 77. E nessa época eu obvia-
Túnel do Tempo Esta imagem registra a visita da Banda Comitatus, no Cavern Club, situado no centro histórico de Liverpool, considerado o berço dos Beatles, pois foi o local em que eles mais se apresentaram no começo da carreira e ficou famoso justamente por causa disso.
mente era muito “beatlemaníaco”. Em
De acordo com o Padula, trata-se de um lugar tosco (era um antigo depósito
79, vi um show da Banda Comitatus, que
de batata durante a Segunda Guerra) e minúsculo, situado numa espécie de
só tinha dois anos de formação, num bar
porão muito fundo, pois tem que se descer cinco lances de escada para chegar.
de São Paulo que só tocava Beatles, chamado “Calabar”. Então eu soube que
Mas beirando a insanidade, nas apresentações dos Beatles, o lugar ficava abar-
esse grupo estava buscando um novo te-
rotado de gente, com filas que subiam as escadas e continuavam pela rua.
cladista. Eu me candidatei, fiz um teste,
As paredes “suavam”, quando enchia de fãs, porque não havia ventilação.
passei e estamos nessa estrada até hoje. Saneas: Como era ser beatlemaníaco na década de 70? Padula: Era uma frenesi, uma defesa in-
“Imaginem a banda”, deduz o músico aos risos. Mas ainda segundo Padula, “hoje o local está bem mais moderno, com ar-condicionado e tudo, mas naquele tempo... era só um autêntico beatlemaníaco que encarava...”
condicional daquele som, além de uma briga bem costurada com a turma que gostava mais do Rolling Stones. Cheguei
com a música “She loves you” e, do outro lado, “I Wanna Hold Your Hand”.
até a debater com a Rita Lee, que é minha prima de segundo grau e chegou a
Saneas: E depois de sua entrada numa Banda profissional, foi difícil conciliar a
me dar aulas de inglês, por ela na épo-
sua vida pessoal junto com as carreiras de engenheiro e de músico?
ca tender mais para o outro lado... Mas
Padula: Foi preciso muita perseverança, porque realmente levei a sério esses dois cami-
eu sempre fui fiel aos Beatles, tanto que
nhos. Tanto na Sabesp quanto na Banda, procurei evoluir e me aprimorar, por meio de
com o dinheiro da minha primeira mesa-
estudos, capacitação e práticas do que fui aprendendo. Tive que ser bastante flexível
dinha, comprei um campacto da Banda,
para atender às exigências de uma e de outra parte, mas tudo acabou se encaminhan-
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SANEAS
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VIVÊNCIAS
do para a harmonia das coisas que eu queria preservar na minha
Saneas: Mas já aconteceu de a Sabesp atrapalhar os pla-
vida, com exceção do meu primeiro casamento, que não conse-
nos da Comitatus ou vice-versa?
guiu resistir a toda essa onda de trabalho mais shows, ensaios...
Padula: Olha, eu nunca deixei que isso acontecesse. Tive mui-
O segundo já conseguiu se manter porque a esposa já estava
to cuidado com as duas. Graças a Sabesp, pude me dedicar à
dentro do meu ambiente musical.
música com segurança. E graças à Comitatus, consegui realizar um sonho de subir num palco, tocar o meu instrumento e ter
Saneas: E as convivências dentro da Sabesp e da Comita-
um público aplaudindo. E grande parte desse público é forma-
tus? Nunca foram abaladas?
do pelo pessoal da Sabesp, que sempre me prestigiou e deu o
Padula: Não. Elas cresceram junto comigo. Na Sabesp, tive
maior apoio à Banda. Então, só posso agradecer a essas duas
grandes oportunidades de conhecer e trabalhar com profissio-
grandes forças que impulsionaram a minha vida.
nais de primeira qualidade, que se tornaram imprescindíveis na minha formação e evolução, os quais considero grandes amigos.
Saneas: E hoje? O senhor se considera mais músico ou en-
E na Comitatus temos o grande vínculo do amor pela música e
genheiro?
embora todos tenham uma personalidade diferente, existe um
Padula: Há, há... Sinceramente, hoje me considero mais um
respeito e um afeto como o de uma família, tanto que mesmo
engenheiro. A engenharia me deu uma dimensão exata e um
fora de agenda de shows, viajamos juntos, comemoramos datas
olhar certeiro para todos os processos da minha vida. Portanto,
importantes e dividimos os momentos mais difíceis e também
ela pesa mais nessa balança.
as alegrias.
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SANEAS
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Revista BIO e Saneas juntas no maior encontro do setor das Américas. Anuncie e destaque-se no mercado! A Revista BIO, editada pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária - ABES, e a Revista Saneas, editada pela Associação dos Engenheiros da Sabesp - AESabesp, terão uma edição única, exclusiva e especial durante o Congresso ABES / Fenasan 2017, evento histórico que será realizado entre os dias 2 e 6 de outubro, no São Paulo Expo, em São Paulo - SP. Ao inserir um anúncio de sua empresa nessa edição única, que terá uma tiragem de 10.000 exemplares, das Revistas BIO e SANEAS, sua imagem estará associada ao público que conhece saneamento e faz deste setor uma das bases mais sérias e promissoras do País, com prospecção em nível internacional.
Reserve já o seu espaço
Tema “Saneamento Ambiental: Desenvolvimento e Qualidade de Vida na Retomada do Crescimento” Destaques: ■ A performance, os produtos e os serviços dos expositores da Fenasan ■ As opiniões de palestrantes do Congresso - especialistas do setor de saneamento ambiental ■ As políticas públicas para a otimização e universalização do saneamento ■ Os conceitos inovadores a serem discutidos nas palestras técnicas ■ O aparato das grandes inovações tecnológicas ■ A opinião do público qualificado que prestigia o evento ■ As ações ambientais voltadas à sustentabilidade ■ Os novos rumos que a ABES e a AESabesp darão ao evento de 2017, mediante a superação muito além das expectativas dos anos anteriores.
Contato de publicidade:
Reservas de espaço:
AESabesp - Paulo Oliveira
até 21 de agosto de 2017
Tel: 11 3263 0484 - 11 97515 4627
Entrega de arte de anúncios:
paulo.oliveira@aesabesp.org.br
até 01 de setembro de 2017
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