Ano XI • Edição 69 • Agosto a Setembro de 2019
INOVAÇÃO AESabesp cria Polo no Vale do Silício e lança iniciativa durante o 30º Encontro Técnico / Fenasan 2019
PONTO DE VISTA Brasil tem papel fundamental para garantir a sustentabilidade do planeta
SOCIOAMBIENTAL Ecoeventus®: consciência e educação ambiental
VENHA VISITAR O SICOOB CECRES NA FENASAN 2019! E FAÇA PARTE DO MAIOR SISTEMA FINANCEIRO COOPERATIVO DO BRASIL.
17 A 19 DE SETEMBRO, NA EXPO CENTER NORTE Rua E, stand E02 Das 13h às 20h TEMOS A SOLUÇÃO FINANCEIRA IDEAL PARA VOCÊ E SUA EMPRESA!
CONTA CORRENTE
CARTÕES DE CRÉDITO
CONSÓRCIOS
INVESTIMENTOS
LINHAS DE CRÉDITO
PREVIDÊNCIA
SEGUROS
MÁQUINA DE CARTÕES - SIPAG
cadastro
ATUALIZADO
brinde cooperado !
Fale com a gente! www.sicoobcecres.com.br
sicoobcecres
11 9 8856 6250 sicoob-cecres
São Paulo: (11) 2192-9111 / Demais regiões: 0800 771 9111 Ouvidoria: 0800 725 0996 • Deficientes auditivos ou de fala: 0800 940 0458
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA RENOVAÇÃO CADASTRAL: Não se esqueça de levar os documentos para a renovação! • Documento de identificação RG / CNH • 2 últimos holerites • Comprovante de endereço (90 dias)
EXPEDIENTE
Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/ SP Fone: (11) 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 www.aesabesp.org.br aesabesp@aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Fundada em 15/09/1986 Tiragem: 6.000 exemplares Diretoria Executiva Presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Hiroshi Ietsugu Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes Diretoria Adjunta Diretoria Cultural: Olavo Alberto Prates Sachs Diretoria de Esportes e Lazer: Evandro Nunes de Oliveira Diretoria de Polos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Diretoria Social: Tarcísio Nagatani Diretoria Técnica: Luciomar Santos Werneck Conselho Deliberativo Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Alceu Sampaio de Araujo, Alexandre Domingues Marques, Alzira Amancio Garcia, Carlos Alberto de Carvalho, Choji Ohara, Cid Barbosa Lima Junior, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Ivo Nicolielo Antunes Junior, João Augusto Poeta, Maria Aparecida Silva de Paula, Richard Welsch e Walter Antonio Orsatti Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, Ivan Norberto Borghi e Yazid Naked Coordenadores Conselho e Fundo Editorial: Nélson César Menetti Membros: Ana Paula Vieira Rogers, Antônio Carlos Roda Menezes, Benemar Movikawa Tarifa, Débora Soares, Luciomar Santos Werneck, Sandreli Droppa Leta e Suely Matsuguma. Polos da RMSP: Rodrigo Mendonça Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães Contratos Terceirizados: Abiatar Castro de Oliveira Cursos: Walter Antonio Orsatti Inovação: Luis Felipe Macruz Aposentados: Paulo Ivan Morelli Franceschi Comissão Organizadora do 30º Encontro Técnico AESabesp Fenasan 2019 Presidente da Comissão: Olavo Alberto Prates Sachs Membros da Comissão Agostinho J. G. Geraldes, Alisson Gomes de Moraes, Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Alves Martins, Iara Regina Soares Chao, Luciomar Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, Rosangela Cássia M. de Carvalho, Sonia Maria Nogueira e Silva, Tarcisio Luis Nagatani, Viviana M. N. de A. Borges e Walter Antonio Orsatti. Equipe de apoio Ana Paula Vieira Rogers, Maria Flávia S. Baroni, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Suely Melo e Vanessa Hasson. Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Polo AESabesp Costa Carvalho: Patrícia de Fátima Goularth Polo AESabesp Coronel Diogo: Rodrigo Pereira Mendonça Polo AESabesp Centro: Patrícia Barbosa Taliberti Polo AESabesp Leste: Eduardo Alves Pereira Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Rogério Welsel Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Pedro Rogério de Almeida Veiga Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: Carlos Toledo da Silva Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi Produção Editorial Foco21 Comunicação Jornalista Responsável Ana Paula Vieira Rogers – MTB 27666 anarogers@foco21comunicacao.com Colaboradores Suely Melo e Rui Dantas Fotos Equipe Estevão Buzato e acervo AESabesp Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br A AESabesp não se responsabiliza pela veracidade de conteúdo de anúncios e de artigos assinados.
EDITORIAL
Celebrando o passado com o olhar para o futuro Prezados associados (as), conselheiros (as), diretores(as), coordenadores (as), amigos (as) e parceiros (as) da AESabesp, Tenho a honra de presidir nossa querida AESabesp num momento glorioso, em que comemoramos 30 anos do Encontro Técnico e da Fenasan. E nesta edição especial, celebramos os profissionais que construíram e constroem esta trajetória de sucesso e que contribuem com seu conhecimento técnico, seu engajamento e seu espírito de voluntariado para o engrandecimento da Associação e dos eventos que constituem a maior realização do saneamento sustentável e do meio ambiente na América Latina. Nas páginas do Especial 30 Anos vocês conhecerão as histórias de quem sonhou com a união dos profissionais da Sabesp em torno da valorização do setor, da difusão do conhecimento e da melhoria da qualidade de vida, com bem-estar, saúde e preservação do meio ambiente, levando água de melhor qualidade para a população. São experiências que emocionam e inspiram e que esperamos que estimulem as novas gerações a continuar construindo esta trajetória pelas próximas décadas. Com os olhos voltados para o futuro, temos a honra de anunciar a criação do Pólo AESabesp no Vale do Silício, na Califórnia (EUA), uma grande conquista desta gestão, que será lançada durante nosso evento, entre os dias 17 e 19 de setembro. Nesta edição você lerá uma entrevista com o empreendedor Luciano Bueno sobre a parceria. A inovação é uma das premissas do nosso Planejamento Estratégico e esta iniciativa com o Vale do Silício é uma das muitas que implementaremos. Também destacamos as novidades da Fenasan e os temas do Encontro Técnico, entre eles, um que tem movimentado o debate em todo o país, a revisão do Marco Regulatório do Saneamento, e que terá mesa redonda no último dia de debates, com presença de expressivos representantes do setor e do poder público. Alinhada aos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, abordamos as ações sustentáveis da AESabesp no âmbito do Encontro Técnico/Fenasan e assuntos como o panorama do licenciamento ambiental, além de cinco artigos da mais alta qualidade técnica. E por fim, aproveitamos para brindar os leitores neste jubileu de 30 anos com um visual mais moderno de nossa Saneas. Boa leitura a todos e esperamos vocês, a partir de 17 de setembro, para o maior evento de saneamento da América Latina. Vamos fazer história! Um abraço e até lá!
Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Presidente da Gestão 2019-2021
ÍNDICE
Entrevista Celebrando o passado com o olhar no futuro
Especial 30 anos 30 anos construindo o saneamento ambiental sustentável
07
Inovação
06
AESabesp cria Polo no Vale do Silício, na Califórnia (EUA) e lança iniciativa durante o 30º Encontro Técnico/ Fenasan 2019
09
Encontro Técnico Fenasan
Conhecimento e carreira
Ecoeventus
Diretor relembra início e destaca novidades da edição histórica
11
30 anos de tecnologia e inovação no setor
13
Consciência e educação ambiental
14
Prêmio Jovem Profissional
16
Artigo Técnico
Linha do Tempo
Vivências Conheça o trabalho de José Taniguti, um dos fundadores da entidade
4
Saneas
Especial 30 anos
17
Depoimentos
20 22
Ponto de vista
Visão de futuro
Brasil tem papel fundamental para garantir a sustentabilidade do planeta
Tecnologia ajuda a desburocratizar licenciamento ambiental
26
29
Panorama da dinâmica tecnológica e inovativa no setor de saneamento básico brasileiro
31
ETE-Compacta como alternativa para antecipação de universalização em locais distantes ao sistema integrado de esgotamento sanitário
33
MBBR de poliuretano enriquecida com carbono (estudo de caso)
38
Desafios e soluções para a gestão de lodo em estações de tratamento
43
9935 Smart plant: a tecnologia em prol do reaproveitamento de resíduos de etes
45
30º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2019
Será em São Paulo o maior evento em saneamento da América Latina
42
Novidades na premiação ”Jovem Profissional”
44
Sabesp formaliza apoio com estande e Campeonato de Operadores
45
30º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
ESPECIAL 300 ENCONTRO TÉCNICO FENASAN 2019
“30 anos construindo o saneamento ambiental sustentável” Os dias 17, 18 e 19 de setembro serão marcantes para a Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, que realizará pela trigésima vez seguida seus dois principais eventos: o Encontro Técnico (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) e a Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente). O maior encontro de saneamento da América Latina será celebrado mais uma vez no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo/SP. São 30 anos de história, de profundas discussões e compartilhamento de experiências, de aprendizado, de muitas lutas por melhorias no setor e busca por inovações, visando a sustentabilidade do saneamento ambiental no Brasil.
ESPECIAL 30 ANOS
Celebrando o passado com o olhar no futuro Por Suely Melo
N
esta entrevista, a presidente da AESa-
que garantiriam a entrada de investimentos privados,
besp, Viviana Borges, destaca as novida-
que se somariam aos públicos, destinados à universali-
des da edição especial e sobre a situação
zação do saneamento. O setor carece de recursos finan-
do saneamento no país, os avanços e di-
ceiros e de especialistas, sendo que a atratividade para
ficuldades e o papel do Encontro Técnico e da Fenasan
capacitação técnica é decorrente das demonstrações cla-
neste cenário.
ras de investimentos de médio e longo prazo, focando a universalização do setor de saneamento brasileiro.
Saneas: Qual é a sua visão sobre o atual momento do Setor de Saneamento no Brasil?
Saneas: E neste contexto, qual a importância do
Viviana Borges: Embora alguns estados brasileiros
Encontro Técnico AESabesp para o setor?
tenham modelo exemplar de gestão eficiente e sus-
Viviana Borges: Primeiramente, o Encontro Técnico da
tentável rumo à universalização de água e esgoto, há
AESabesp fomenta a troca de experiências entre os es-
de se considerar que o Brasil tem dimensões conti-
pecialistas do setor, o que proporciona desenvolvimento
nentais. Ainda existem muitos brasileiros sem água
técnico da área e atrai futuros profissionais, como estu-
potável e sem coleta e tratamento de esgoto. E há 77
dantes e recém-formados, vislumbrando oportunidades
milhões de pessoas impactadas pela falta de destina-
de contribuir para as principais necessidades do setor.
ção adequada dos resíduos sólidos e pessoas sofrendo
O congresso traz pessoas das mais diversas instituições
com dengue e outras doenças de veiculação hídrica.
do Brasil inteiro para agregar informações aos temas
O setor de saneamento tem vivido discussões intensas,
nas mesas redondas, com o propósito de construir o
principalmente em relação à alteração do Marco Legal
melhor panorama do momento, buscando enxergar
do Saneamento Básico, que deve ser vista com bastante
soluções para a universalização do saneamento. Além
cuidado, porque envolve a saúde e a qualidade de vida
disso, o evento contempla os painéis institucionais, com
da população. Neste contexto, a AESabesp buscou ofere-
técnicos nacionais e de fora do país, com o intuito de
cer o máximo de informações qualifi cadas para que seus
apresentar as novas tecnologias e inovações do setor.
associados pudessem entender os riscos e defender a universalização. A AESabesp entende que trouxe impor-
Saneas: Este ano, o Encontro Técnico AESabesp e
tantes contribuições para esclarecer os associados, pre-
a Fenasan terão sua 30ª edição, o que culminará
feitos, deputados e senadores sobre os riscos presentes
em uma realização histórica. Como está sendo a
nas propostas de alteração do marco legal. Algum apri-
construção do evento? Quais são as expectativas
moramento foi conquistado no PL 3261/2019 aprovado
e os maiores desafios?
no Senado, antes do recesso parlamentar. Mas um novo
Viviana Borges: O Encontro Técnico AESabesp e a Fe-
Projeto de Lei da Secretaria Executiva trouxe novamente
nasan começaram a ser construídos com mais de um
questões já superadas. Um exemplo é o artigo que impe-
ano de antecedência. O simples fato de termos que al-
de a prestação de serviços públicos de saneamento bási-
cançar a meta do ano anterior já requer grande esfor-
co por entidade que não integre a administração do titu-
ço. Neste ano, em especial, em função da edição dos
lar, realizado através dos conhecidos contratos programa
30 anos, a preparação tem sido intensificada e exigido
ou convênio ou termo de parceria. Em contrapartida, não
maior participação dos nossos diretores, do corpo admi-
acrescentou pontos importantes, como os mecanismos
nistrativo e da comissão organizadora. A expectativa é Agosto a Outubro de 2019
7
ESPECIAL 30 ANOS
enorme. Projetamos um crescimento constante do evento mesmo
Saneas: Como você vê a participação do público jovem, como es-
em tempos incertos causados pela crise econômica, este ano, soma-
tudantes, profissionais recém-formados e jovens profissionais,
da à instabilidade legal ou jurídica no setor de saneamento.
em um evento desta magnitude e com tantos anos de história? Viviana Borges: A sociedade precisa se conscientizar sobre a im-
Saneas: Considerando o tema central do evento “30 anos
portância do setor de saneamento. Neste aspecto, o público jovem
construindo o saneamento ambiental sustentável “, como a
tem a percepção mais aguçada, sendo assim, peça fundamental
programação está sendo pensada para contribuir no debate
para a transformação e disseminação do valor do saneamento para
sobre as principais questões do setor?
a saúde, qualidade de vida e prosperidade da população. A AESa-
Viviana Borges: A programação do evento se baseia nos qua-
besp divulga o evento nas escolas e universidades e incentiva a par-
tros pilares fundamentais do saneamento: abastecimento de água,
ticipação dos jovens profissionais com uma premiação, que neste
coleta e tratamento de esgoto, drenagem urbana e coleta e des-
ano está na sua 6ª edição. O Prêmio Jovem Profissional seleciona
tinação final dos resíduos sólidos. Neste ano, teremos mais de 5
jovens estudantes ou recém-formados com idade até 30 anos, que
painéis e 12 mesas redondas, que discutirão temas como a própria
apresentem trabalhos técnicos desenvolvidos acerca do tema meio
alteração do marco legal do saneamento, os desafios da regula-
ambiente e saneamento ambiental (leia mais na página 16).
ção, segurança de barragem nos recursos hídricos e meio ambiente e saúde pública. Quanto às visitas técnicas, teremos três: na ETA
Saneas: Qual é a importância, para as empresas, de participar
Vargem Grande, no CCO e na Central de Resíduos da Prefeitura.
da Fenasan?
Em relação à Fenasan, a contribuição forte da AESabesp na fei-
Viviana Borges: É fundamental a participação dos fornecedores
ra é a de disponibilizar um rol de tecnologias novas e consagra-
e prestadores de serviços do setor de saneamento na Fenasan.
das com uma equipe técnica dos expositores, qualificada e bem
Trata-se do maior evento de negócios em saneamento da America
disposta a interagir com os visitantes para oferecer as melhores
Latina e onde tudo acontece: o que há de novidades do setor;
soluções práticas para os problemas nas diversas regiões do país.
quais são as novas tecnologias nacionais e internacionais; além de
É uma feira que gera negócios, mas muito mais que isso, ela gera
inovações em casos aplicados com sucesso e destaques mundiais.
desenvolvimento para o setor que vem a impactar a todos. Saneas: Quais serão as inovações desta edição de 30 anos? Saneas: Quais são os destaques para essa edição do Congresso?
Viviana Borges: Estamos preparando diversas homenagens come-
Viviana Borges: Para comemorar a data especial, vamos dar inicio
morativas aos 30 anos do Encontro Técnico e da Fenasan. Além dos
no 30º Encontro Técnico e Fenasan 2019 a uma obra que vai eternizar
citados: palestra de inovação; lançamento do Polo Avançado da AE-
esta história. A forma escolhida pela AESabesp para narrar esta traje-
Sabesp e do Compêndio e relatoria em todas as mesas redondas e
tória é por meio do Compêndio 2019 - “30 anos do Encontro Técnico
painéis. O estande da AESabesp contará com uma área específica
e Fenasan”. A publicação resgatará a memória destes eventos, desde
para divulgação dos cursos abertos oferecidos ao longo dos anos na
a sua criação até sua transformação nos dias atuais. Também farão
sede da associação. Para destacar um deles, haverá a demonstração
parte do compêndio dados sobre os índices do saneamento a nível
da bancada de transientes hidráulicos, trazida dos Estados Unidos,
nacional e propostas para ajudar na melhoria dos serviços de sanea-
que foi utilizada durante o curso que fez muito sucesso, no primeiro
mento, abordadas nas mesas redondas e painéis durante os três dias
semestre deste ano. O evento contará ainda com um novo espaço,
da edição de 2019, a partir das relatorias, que serão realizadas pela
“Amigos da Água”, que vai ser palco de reuniões de especialistas
primeira vez este ano. Outra grande novidade desta edição é o lança-
presentes no evento. A área do Campeonato de Operadores terá um
mento do Polo Avançado da AESabesp no Vale do Silício, na Califór-
espaço que é o dobro do utilizado no ano passado, onde ocorrerão
nia (EUA) (leia mais na página 9). A AESabesp está focada na inovação
10 modalidades, inclusive com uma prova inédita chamada “integra-
para melhoria do setor e trará para falar sobre o tema um empreende-
ção”. Os palestrantes das mesas redondas e autoridades serão pre-
dor brasileiro no Vale do Silício, que é a região mais desenvolvida no
senteados com novos modelos dos famosos guarda-chuvas da AESa-
mundo no quesito inovação para o futuro da humanidade. Também
besp, confeccionados especialmente para o evento. E pela primeira
serão lançados durante o evento outros Polos da Região Metropolita-
vez, as passarelas da feira serão na cor azul (nos anos anteriores elas
na de São Paulo – RMSP: o Costa Carvalho, que se transformará nos
eram vermelhas). E teremos ainda muitas surpresas que certamente
Polos Coronel Diogo, Centro e Costa Carvalho, e o MT.
farão desta edição histórica um momento inesquecível.
8
Saneas
ESPECIAL 30 ANOS
AESabesp cria Polo no Vale do Silício, na Califórnia (EUA) e lança iniciativa durante o 30º Encontro Técnico/ Fenasan 2019 Por Suely Melo
Luciano Bueno Empreendedor brasileiro radicado nos Estados Unidos, com experiências em consultoria, empreendedorismo e venture capital. É cofundador e CEO da Horvath Co., startup de nanotecnologia têxtil, e está a caminho de ser empreendedor serial. Participou do Shark Tank Brasil e integra a seleta lista Forbes 30 Under 30.
C
om os olhos voltados para a inovação
âmbito do planejamento estratégico da Diretoria da
no saneamento, a Associação dos Enge-
AESabesp (gestão 2019-2021), cujo objetivo central é
nheiros da Sabesp – AESabesp instituiu
ser uma impulsionadora de inovação no setor de sa-
no início de 2019 um Polo para tratar do
neamento brasileiro.
tema e neste segundo semestre está avançando para
A ideia, segundo Luis Felipe Macruz, coordenador
mais uma etapa: a criação do Polo Avançado no Vale
de Inovação da entidade, é ter um braço com repre-
do Silício, na Califórnia, nos Estado Unidos - berço de
sentação da AESabesp nesta área fora do Brasil. “O
grandes empreendedores em alta tecnologia e ideias
Vale do Silício é um local estratégico quando se fala
visionárias que revolucionaram o mundo. A iniciativa,
em inovação no mundo. É um grande ecossistema que
que conta com parceria do empreendedor e profissio-
fomenta novas ideias, onde emergem oportunidades
nal do Vale, Luciano Bueno, será lançada neste mês
de negócios fora dos ‘padrões´, rodeado de startups
de setembro, durante a edição especial de 30 anos do
das mais diversas aplicações”, ressalta. E para dimen-
Encontro Técnico (Congresso Nacional de Saneamento
sionar a importância da iniciativa, Macruz cita apenas
e Meio Ambiente) e Fenasan (Feira Nacional de Sane-
alguns, entre outros tantos, dos principais exemplos
amento e Meio Ambiente).
originários da região: Apple, Microsoft e NetFlix.
O projeto do primeiro Polo internacional nasceu no
Para dar andamento à proposta, foi montado um Agosto a Outubro de 2019
9
ESPECIAL 30 ANOS
grupo de trabalho, que é composto por Luis Felipe Macruz, pelos
sociedade civil de interesse público”, completa.
ex-presidentes da AEsabesp, Reynaldo Young e Olavo Sachs, além
O pontapé inicial rumo à construção de um ambiente de
do conselheiro Richard Welsch e Patrícia Goularth, coordenado-
transformação da tecnologia voltada para um produto ou servi-
ra do Polo Costa Carvalho, em São Paulo/SP. Já foram realizadas
ço inovador, segundo a presidente da AESabesp, foi a criação da
diversas reuniões e ações ao longo do ano para entender mais
Coordenação de Inovação. Em seguida, veio a parceria com o em-
profundamente o contexto da inovação e startups no Brasil. “Pes-
preendedor no Vale do Silício, que culmina em sua participação
quisamos e encontramos a oportunidade dessa parceria com o
na edição de 30 anos do Encontro Técnico/ Fenasan. “O intuito
empreendedor Luciano nos Estados Unidos”, diz Luis Felipe.
é favorecer nossos parceiros e, por consequência, colaborar com
No início do ano, Luciano Bueno veio ao Brasil e apresentou
o desenvolvimento sustentável do saneamento”, diz Viviana. Ela
uma palestra sobre o universo da inovação e seu funcionamento
inda reforça a afirmação de Luis Felipe Macruz sobre a questão
no Vale do Silício para o grupo que participou do planejamento
das startups. “Faremos uma prospecção inicial e podemos partir
estratégico da AESabesp.
para investir em startups que tragam soluções em saneamento no
De acordo com Macruz, o grupo está buscando parcerias com universidades que têm cursos disponíveis no Vale para trazer ao
desenvolvimento de produtos e serviços de baixo custo, facilidade de implantação e grande abrangência”, conclui.
Brasil e disponibilizar para profissionais da associação e do setor em geral. “São cursos modernos voltados para inovação e em-
Lançamento
preendedorismo. Eles são diferentes dos tradicionais, possuem
A iniciativa será lançada em 18 de setembro (às 17h), segundo dia
uma modelagem diferenciada”, explica. “Queremos também
do 30º Encontro Técnico AESabesp/ Fenasan 2019, que acontece de
que, por meio da AESabesp, possamos conectar empresas do se-
17 a 19 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo/SP. Na
tor de saneamento, que tenham interesse ou necessidades com
ocasião, Luciano Bueno ministrará uma palestra com o tema “Co-
startups que possam ajudar a resolver problemas ou impulsionar
nexão AESabesp Brasil - Vale do Silício EUA: Inovação e Desafios”.
o crescimento dela”, complementa.
“É um prazer fazer esta parceria com a AESabesp”, diz Luciano. “Quis fazer parte disto desde o começo porque tenho muito sen-
Inovação e desenvolvimento sustentável
so de give back, de dar de volta todo o conhecimento que tenho
A presidente da AESabesp, Viviana Borges, comenta a importân-
adquirido aqui, com muito esforço, de alguma forma que possa
cia da iniciativa. “Com o mundo na sua dinâmica de transfor-
contribuir com o nosso país”, declara.
mação, mudando cada vez mais rápido, é preciso inovar: pensar
O desejo do profissional é que ele consiga ajudar outras pessoas
diferente, implantar as ideias para dar soluções aos problemas e
a transformarem suas vidas por meio do que vê no Vale do Silício:
pensar em melhorias constantes”, destaca.
inovação e empreendedorismo, entre outras coisas. “Estou fazendo
A engenheira enfatiza que a tecnologia a serviço do sanea-
o meu máximo para auxiliar a AESabesp a ver mais de perto e enten-
mento sempre foi o forte da AESabesp. “Acreditamos que o setor
der esta dinâmica de startups e interações com as grandes empre-
de saneamento traz saúde e melhor qualidade de vida para as
sas. Este é só o começo, uma estratégia de início”, afirma Luciano.
pessoas e quanto mais a inovação trouxer soluções mais simples,
“É algo que me satisfaz bastante. Fico até sem palavras porque é
convenientes e acessíveis melhor será para a sociedade”, enfatiza
uma oportunidade de contribuir e também de aprender muito sobre
Viviana. “Assim, cumprimos nosso papel de uma organização da
o que está acontecendo. Estou muito feliz!”, finaliza.
10
Saneas
ESPECIAL 30 ANOS
Encontro Técnico: diretor relembra início e destaca novidades da edição histórica Por Suely Melo
Olavo Sachs Na AESabesp, foi coordenador do Polo Oeste (2003-2005) e diretor cultural (2005-2012). Na gestão (2013-2015) respondeu pela diretoria técnica. Olavo Sachs também é mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT; tem MBA em Administração para Engenheiros pelo Instituto de Tecnologia Mauá; Pósgraduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e graduado em Engenharia Sanitária pela Pontifícia Universidade Católica PUC- Campinas.
E
sta edição comemorativa dos 30 anos do
da empresa para suprir uma deficiência. Existia a neces-
Encontro Técnico (Congresso Nacional de
sidade de trocar informações, experiências e saber o que
Saneamento e Meio Ambiente) e da Fe-
havia de mais moderno no mercado”, complementa.
nasan (Feira Nacional de Saneamento e
Sobre fazer parte desta história, o engenheiro enfati-
Meio Ambiente) será repleta de atrações e atividades,
za: “Sinto-me honrado. Tem sido gratificante acompa-
como conta Olavo Alberto Prates Sachs, que presidiu a
nhar a evolução do evento”. Naquela primeira edição,
entidade entre 2016 e 2018 e é o diretor do congresso
conta ele, foram apenas 14 trabalhos técnicos apresen-
em sua edição histórica.
tados e 8 expositores. “Este ano, tivemos mais de 250
Engenheiro da Divisão de Planejamento, Gestão e
trabalhos, que foram analisados e, após o filtro, 88 serão
Desenvolvimento Operacional da Produção - MAGG
apresentados. Temos mais de 200 expositores na feira.
da Sabesp e com uma trajetória de quase 16 anos na
O crescimento foi muito grande - mesmo em meio à crise
associação (entrou em 2003, como bolsista), hoje,
Evolução do evento
Olavo Sachs exerce o cargo de diretor cultural. Ele também preside a comissão responsável pela estruturação do Encontro Técnico. “A edição de 30 anos é uma marca importante assim como resgatar a história de como tudo aconteceu, homenageando os pioneiros que idealizaram o Encontro Técnico, realizado na gestão do Plínio Montoro”, diz Olavo. “Ele teve a ideia de fazer um encontro dos profissionais
1º Encontro Técnico AESabesp
8
Expositores
30º Encontro Técnico AESabesp
1º Encontro Técnico AESabesp
30º Encontro Técnico AESabesp
+200 14 +250 Expositores
Trabalhos Técnicos
Trabalhos Técnicos
Agosto a Outubro de 2019
11
ESPECIAL 30 ANOS
econômica do Brasil, que já dura 5 anos”, compara e reforça que o encontro é uma referência por sua qualidade técnica e pelo atendimento dos expositores na feira.
Novidades “Estamos procurando caprichar neste evento, os expositores mais fiéis que estão conosco há um bom tempo serão homenageados e receberão um troféu especial em comemoração ao `Jubileu de Pérola´ do evento”, adianta Olavo. Segundo ele, haverá mudanças no visual da feira. Os visitantes circularão por um carpete que será azul, em vez do vermelho habitual. A inspiração foi a Rio Water Week, realizada pela ABES, no Rio de Janeiro. “É uma coisa simples, mas que causará impacto. E está dentro do contexto do saneamento e de nossa identidade visual”, explica. Além disso, o estande da AESabesp “será maior e muito bonito”. O auditório será no formato de arena, como nas duas edições anteriores. “Os expositores gostaram do que foi feito no Congresso de 2017, pois há uma movimentação maior na feira, já que os congressistas obrigatoriamente têm que passar por ela. Incorporamos isso ao nosso evento de 2018 e agora em 2019”, afirma Olavo Sachs. A área destinada ao Campeonato de Operadores contará com 200m², o dobro do ano passado e envolverá a Sabesp como um todo, ainda
CONFIRA OS TEMAS DE MESAS REDONDAS E PAINÉIS DO ENCONTRO TÉCNICO: DIA 17 DE SETEMBRO ■■ Palestra Magna: Perspectivas do Saneamento
Ambiental no Estado de São Paulo ■■ Segurança de barragem no setor de recursos
hídricos e saneamento ■■ Saneamento 4.0 ■■ Regularização fundiária e urbanização: uma
questão de saneamento e saúde pública ■■ Despoluição do Rio Pinheiros ■■ A Nova Realidade para Efetivação dos
Empreendimentos da Sabesp, concedendo aspectos da Lei 13.303/2016 ■■ Atuação da CETESB na avaliação da qualidade ambiental no Estado de São Paulo - Bletem 2018 - Qualidade do Ar ■■ Objetivos do desenvolvimento sustentável e a interface com o saneamento ■■ Biogás como Fontes renováveis e sustentáveis de energia no setor de saneamento ■■ Saúde - reflexos do saneamento e poluentes ambientais
segundo Olavo. “Outras empresas também querem participar do campeonato, mas não abrimos esta opção ainda”, diz. Temos também o Prêmio Jovem Profissional (veja mais na página 16) para incentivar os jovens a apresentarem trabalhos. E os vencedores recebem um prêmio em espécie. E ainda o prêmio “Melhores estandes – mais sustentáveis”. O diretor do encontro destaca a apresentação da palestra com o tema “Conexão AESabesp Brasil - Vale do Silício EUA: Inovação e Desafios”(leia a entrevista na página 9), com o palestrante Luciano Bueno, empreendedor e profissional do Vale do Silício. “Estaremos criando o nosso primeiro Polo Internacional da AESabesp. Queremos avançar as fronteiras do país e ter um representante no Vale do Silício”, frisa. E ressalta também a Palestra Magna “Perspectivas do Saneamento Ambiental no Estado de
DIA 18 DE SETEMBRO DIA 18 DE SETEMBRO ■■ Palestra de Inovação - Case Vale do Silício/
Califórnia - EUA ■■ Água de beber: inovações nos critérios
de potabilidade e políticas públicas de saneamento e saúde ■■ Sistema de Integridade em empresas de saneamento ■■ ETEs sustentáveis ■■ Regulação em foco: desafios regulatórios para o avanço do setor de saneamento
São Paulo “ com Marcos Penido, Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado de São Paulo, e que os painéis e mesas redondas trarão temas que estão no centro da pauta do país, como os resíduos sólidos, a despoluição do Rio Pinheiros e a revisão do Marco Legal do Saneamento (veja ao lado todos os temas). Para finalizar, Olavo Sachs comenta com orgulho que tem o privilégio de trabalhar na Sabesp, ter tempo para atuar como voluntário na associação e trabalhar com outros profissionais.“Isso é importante para aumentar o network, conhecer colegas de outras áreas da Sabesp e de outras companhias do Brasil e exterior”.
12
Saneas
DIA 19 DE SETEMBRO ■■ Perspectivas do marco legal do saneamento ■■ Resíduos sólidos urbanos ■■ Atual situação da drenagem urbana nos
municípios brasileiros ■■ A educação ambiental e o envolvimento da
sociedade
ESPECIAL 30 ANOS
Fenasan: 30 anos de tecnologia e inovação no setor Por Suely Melo
Luciomar Santos Werneck Engenheiro civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Pós-graduado em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – USP, em Gestão Ambiental pelas Faculdades Claretiano, e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Instituto de Administração – FIA. Em 27 anos de trabalho na Sabesp, Luciomar passou por diversas áreas da companhia desde operação, manutenção e planejamento. Atualmente, responde pela gerência da Divisão de Controle de Perdas da Unidade de Negócio Leste. Também atuou fortemente na gestão da qualidade e certificações ISO e OHSAS. Já na AESabesp, começou a ter mais contanto com a entidade, segundo ele, quando, em 1998, se transferiu do interior do Estado para a capital. Em 2001, participou da criação do Polo Leste da AESabesp, tornando-se seu primeiro coordenador até 2003. De 2003 a 2005, participou do Conselho Fiscal. Entre os anos 20052007, participou do Conselho Deliberativo. Luciomar tornou-se Diretor Financeiro na gestão 2007-2009. Entre os anos de 2009 a 2012, foi coordenador de Relações Institucionais, e retornou ao Conselho Deliberativo entre 2012 e 2015. Ainda em 2012, assumiu a coordenação do Conselho Editorial e Fundo Editorial permanecendo até 2018. Hoje, integra a Diretoria Técnica da entidade.
O
s avanços ambientais do Brasil passam
palestrantes. “O compartilhamento de experiências per-
pelos corredores da Feira Nacional de
mite que o saneamento chegue a quem precisa”, diz.
Meio Ambiente – Fenasan. São 30 anos
O diretor fala sobre o processo de preparação dos
apresentando o que há de mais moder-
eventos. Ele explica que são meses de trabalho pen-
no em tecnologia no setor, promovendo a inovação e
sando em cada detalhe para agradar congressistas e
o crescimento do mercado.
visitantes, em qual a melhor distribuição nas grades
“Uma data para se festejar muito”, frisa o engenhei-
de palestras para que todos aproveitem ao máximo,
ro Luciomar Santos Werneck, diretor da Fenasan 2019.
estudando cada visita técnica, de forma a concretizar
“Nós, da comissão organizadora do evento, esta-
os melhores benchmarkings. E ainda com uma palestra
mos nos esforçando ao máximo para fazer uma festa
especial para o Jubileu de 30 anos da Fenasan e do
marcante, digna desses 29 anos que nos antecede-
Encontro Técnico.
ram”, enfatiza. Luciomar destaca que a feira, o maior evento mercadológico do saneamento na América Latina, agrega cada vez mais expositores de diversos continentes. “Esses expositores, nossos parceiros, se juntam a nós numa feira alinhada aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU), com a adoção de práticas, produtos e estandes sustentáveis, fortalecendo um de nossos principais
O compartilhamento de experiências permite que o saneamento chegue a quem precisa”
produtos que acontece simultaneamente à Fenasan e ao Encontro Técnico, que é o Ecoeventus”, salienta (saiba mais na página 14).
“Uma comissão preocupada com o reconhecimento dos melhores expositores, do prêmio Jovem Profissio-
Este esforço conjunto será celebrado em cada canto
nal, com as minúcias das mesas redondas e painéis,
da Fenasan nesta edição especial, que promete marcar
de maneira que todos tenham ideias convergentes e
a história do Saneamento e do Meio Ambiente no Brasil.
divergentes, mas que busquem o bem comum: um sa-
Engenheiro civil pela Universidade Federal de Juiz
neamento de 1º mundo para o Brasil”, frisa Luciomar.
de Fora, Luciomar integra o quadro de associados da
Ele comenta também sobre o significado da Associa-
AESabesp desde 1992, mesmo ano em que iniciou
ção dos Engenheiros em sua carreira. “Para mim, fazer
seu trabalho na Sabesp. O contato com a Fenasan,
parte da AESabesp ao longo destes anos trouxe um
no entanto, só ocorreu em 1995, quando ainda era
crescimento profissional extraordinário, pois me permi-
realizada no Instituto de Engenharia.
tiu relacionar com profissionais de alto gabarito”, con-
“Na feira estão os principais produtores de insumos
ta o engenheiro. “A convivência ao longo das diversas
para o saneamento, sempre nos trazendo inovações
gestões me acrescentou um aprendizado incrível. Da
tecnológicas, permitindo cada vez mais a redução de
mesma forma, é para mim a importância da Fenasan e
custos na geração de benefícios à população”, explica
do Encontro Técnico. Muitas experiências, agregando
Luciomar. Ele ressalta ainda que o Encontro Técnico vem
conhecimento, que creio ser fundamental a um profis-
se fortalecendo ao longo dos anos, agregando mais
sional do saneamento”, conclui Luciomar (saiba mais
conhecimento aos congressistas e maiores desafios aos
na página 14).
Agosto a Outubro de 2019
13
ESPECIAL 30 ANOS
Ecoeventus®: consciência e educação ambiental
U
m dos grandes orgulhos da AESabesp, o
Esse modelo foi implantado no formato para atender
projeto Ecoeventus® tem levado para o
ao mercado no que tange os momentos de retração e
Encontro Técnico/Fenasan educação am-
expansão do mesmo, com ações adaptáveis ao cenário
biental e a conscientização em relação aos
econômico e ao modelo de gestão da Associação.
temas da sustentabilidade.
14
Saneas
Com o Encontro Técnico e a Fenasan – Feira Nacional
Coordenado pela química Maria Aparecida Silva de Pau-
de Saneamento e Meio Ambiente, entendeu-se que o
la, em sua 30ª edição a iniciativa promoverá o tão concor-
projeto poderia ser utilizado como uma grande vitrine,
rido Prêmio AESabesp para expositores. Em 2008, quando
na qual os atores (expositores, prestadores de serviços,
a Associação foi qualificada como OSCIP (Organização da
a equipe AESabesp, palestrantes e visitantes) pudessem
Sociedade Civil de Interesse Público), esse prêmio foi adap-
atuar no projeto como protagonistas e terem suas atitu-
tado para atender às novas frentes em que a entidade se
des dentro deste evento mais sustentáveis, com mudan-
propôs a atuar, como explica Maria Aparecida: “Em 2009
ças comportamentais. E esse aculturamento poderia ser
após ter sido feita parceria de mudas de árvore, a AESabesp
definido então como educação ambiental.
identificou uma oportunidade de desenvolver projetos que
Quais as ações que podem ser aplicadas ao Projeto? Fo-
atendessem ao segmento de educação ambiental, práticas
ram identificadas dez, as mais comuns e que podem ser en-
de sustentabilidade com um viés para as questões sociais
tendidas e aplicadas pelos atores: palestras de sensibilização,
voltadas à sociedade civil”.
redução de consumo de água e energia elétrica, reciclagem
A coordenadora conta que foi proposto por um gru-
de resíduos e materiais recicláveis, redução de geração de
po de profissionais multifuncionais - a advogada Vanessa
resíduos na fonte, No Print (redução da impressão em pa-
Hasson, a bióloga Sandra Jules e a própria Maria Apare-
pel), utilização de transportes coletivo (a AESabesp dispo-
cida - algumas ações como plantio de mudas e carona
nibiliza van) e/ou carona solidária, otimização do consumo
solidária. “Em 2010 foi decidido que essas ações deve-
de alimento, sabão ecológico a partir do óleo de cozinha e
riam ser aprimoradas e estruturadas. Então desenhou-se
o plantio (sem a preocupação da compensação ambiental).
por meio de uma dissertação de mestrado um modelo de
“Para aplicar essas ações contamos com o apoio e
gestão de projetos com ações independentes que pudes-
participação dos expositores da Fenasan e dos fornece-
sem ser aplicadas em qualquer evento: feira de negócios,
dores da montagem da feira, estes últimos já praticam
esportivos e sociais, entre outros”.
a sustentabilidade, otimizando também seus resultados
financeiros”, ressalta Maria Aparecida. Para os expositores, foram estruturados critérios de prêmio com
Prêmio AESabesp: reconhecendo os expositores na Fenasan
perguntas rápidas, que permitem medir as ações em grupos para identificar e mensurar os critérios Melhor Estande, Inovação Tecnológica, Atendimento ao Cliente e Destaque Fenasan, este conferido à maior pontuação dos três critérios. A avaliação do prêmio é realizada por profissionais competentes, com conhecimento em implantação de critérios de premiação de qualidade e referenciais normativos reconhecidos internacionalmente, tais como: ■■ Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento - PNQ, ■■ Prêmio Paulista de Qualidade em Gestão, ■■ Prêmio Polícia Militar da Qualidade, ■■ NBR ABNT ISO 9001 Atendimento a Clientes, ■■ NBR ABNT ISO 14001 - Meio Ambiente e NBR ABNT ISO 9004 Sustentabilidade, ■■ ISO 20121 - Sistema de Gestão para Sustentabilidade de Eventos. A AESabesp incrementa, a cada ano, ações voltadas as questões de inclusão social ao estabelecer parcerias com voluntários, cooperativas de catadores de material reciclável e contratação de serviço de pessoas com deficiência. Estas ações permitem aos participantes desenvolver competências para sua melhor colocação no mercado de trabalho e/ou aumento de renda. O projeto Ecoeventus atua nos três vértices do triple bottom line: ■■ econômico: o próprio Prêmio AEsabesp para expositores tem trabalhado no conceito de feira com práticas de sustentabilidade;
A excelência vem permeando as edições da Fenasan há 30 anos. Sempre alinhada aos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), a AESabesp não poderia deixar de reconhecer e premiar os expositores que fazem da Fenasan a maior feira da América Latina. O prêmio AESabesp para expositores da Fenasan é composto por quatro categorias: Melhor Estande; Inovação Tecnológica; Atendimento ao Cliente e Destaque Fenasan, cujo objetivo é fazer repensar o expositor a forma com que seus produtos serão apresentados durante os três dias de feira – FENASAN – Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente. Para a categoria Melhor Estande são contabilizados para premiação as fases de planejamento, execução e pós evento, bem como o perfil das empresas expositoras. É essencial, na avaliação, a forma como são transportados seus produtos: a utilização de proteção, tais como embalagens, pallets, entre outros. Também são identificadas a forma como são feitos os descartes, transporte dos funcionários, alimentação (evitam o desperdício tendo como base a pegada hídrica), entre outros itens. No critério “Inovação Tecnológica”, são consideradas as empresas que apresentam produtos e serviços com lançamentos de alta tecnologia na FENASAN. No quesito Atendimento ao Cliente, são considerados a qualidade na apresentação de produtos e serviços no estande. E para a premiação máxima, o grande Destaque Fenasan, é considerada a empresa que obtiver a maior pontuação em todos os critérios.
■■ no eixo social: trabalha com aprendizes, estagiários, pessoas especiais, disponibilizando consultoria para regularização dos profissionais das cooperativas de reciclagem, remunerando o serviço dos catadores durante a gestão dos resíduos e doando o material
NESTES 9 ANOS DE ECOEVENTUS
®
reciclável para aumentar a receita dos catadores; ■■ no eixo ambiental: dando destinação adequada do resíduo e fomentando evitar o desperdício.
Foram plantadas
1.900
Cabe destacar que por serem ações que dependem da motivação MUDAS
Foram distribuídos
“Nestes 9 anos de desenvolvimento do projeto tivemos muitas empresas que apoiaram e adotaram as ações, mas temos que pro-
Evitando que cheguem aos esgotos ou galeria de água pluvial
20
TONELADAS DE RESÍDUOS
evento de três dias uma vez ao ano, faz-se necessário potencializar sultados mais atrativos.
BARRAS DE SABÃO ECOLÓGICO
Foram recicladas
to dos atores para adotarem as práticas de sustentabilidade num a comunicação de forma lúdica para gradativamente obtermos re-
5.300
662
do mercado para obter aporte de recurso e da mudança de hábi-
LITROS DE ÓLEO
vocar o interesse em um maior número de expositores e demais atores para podermos potencializar os resultados e, desta forma, contribuirmos em maior escala com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, frisa a coordenadora do projeto. “A AEsabesp, com o Ecoeventus®, está na vanguarda do segmento feira de negócios e, apesar de todo o cenário econômico que o país tem enfrentado, não deixou, em nenhuma edição do Encontro Técnico e Fenasan, de implantar ações do projeto”, comemora Maria Aparecida Agosto a Outubro de 2019
15
ESPECIAL 30 ANOS
Prêmio Jovem Profissional AESabesp: realizando sonhos e impulsionando carreiras
A
30ª edição do Encontro Técnico AESa-
Sonho realizado
besp/Fenasan contemplará a 6ª edição
Para a vencedora da edição de 2016, a engenheira Ca-
do PRÊMIO JOVEM PROFISSIONAL, ini-
rolina Gemelli Carneiro, contemplada com um curso na
ciativa lançada em 2014, durante o 25º
EPAL- Empresa Portuguesa das Águas Livres SA, AAL –
Encontro Técnico, que busca profissionais com idade
Academia das Águas Livres em Lisboa – Portugal e que
de até 30 anos que, por meio de apresentação de tra-
hoje está estudando na Itália, o Prêmio é uma oportu-
balhos técnicos no Encontro Técnico, contribuam com
nidade única. “O Prêmio é fundamental para a minha
as necessidades do mercado de trabalho. Desta forma,
carreira, consegui acesso além da realidade do Brasil e
o Prêmio colabora com a formação de jovens profis-
continuo na Itália. É importante para aceitação no mer-
sionais, oferecendo oportunidades de divulgarem seus
cado de trabalho e reconhecimento pessoal/profissional.
trabalhos no setor de saneamento e meio ambiente.
Não foi fácil apresentar, mas o sentimento de conquistar
Esta troca de informações alavanca a discussão no
algo é maior. A AESabesp valoriza o nosso nome, eu já
âmbito de políticas públicas e desenvolvimento tecnoló-
vi muitas matérias sobre o meu projeto. Agradeço à
gico, além da possibilidade de ter nos trabalhos apresen-
AESabesp, que ajudou a mostrar a minha capacidade e
tados aplicação de produtos e/ou serviços empregados
a constar no meu currículo a premiação de uma grande
nas soluções de problemas nas diferentes situações do
associação. Quero ressaltar a importância dos meus pais
saneamento e meio ambiente no Brasil e no exterior.
– agradeço a e eles - para a realização do projeto”.
“É uma excelente oportunidade para os jovens profissionais, pois permite a visibilidade de seus trabalhos no
profissionais transformadores das condições socioam-
O Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2019 agradece aos avaliadores dos 252 trabalhos técnicos da edição de 2019: ■■ Aldo Takahashi ■■ Alexandre Luiz Yamanaka ■■ Alisson Gomes de Moraes ■■ André Neves ■■ Eloísa Helena Cherbakian ■■ Gilberto Alves Martins ■■ Gilberto Margarido ■■ Hiroshi Ietsugu ■■ Lyuko Nagata ■■ Marcelo Miki ■■ Mariza Prota ■■ Maurício Soutto Mayor ■■ Olavo Alberto Prates Sachs ■■ Osvaldo Niida ■■ Reynaldo E Young Ribeiro ■■ Rosane Ebert Miki ■■ Sonia Nogueira ■■ Vania Lucia Rodrigues ■■ Walter Orsatti
bientais do país que poderão empreender, gerar em-
E agradecemos também aos avaliadores da fase final:
prego, inovar e promover a transformação do Brasil no
■■ Dante Ragazzi Pauli ■■ Marcos Tadeu Pereira ■■ Nercy Bonato
maior evento do setor na América Latina”, ressalta a coordenadora do Prêmio, Maria Aparecida Silva de Paula. O prêmio seleciona, em duas etapas, jovens estudantes ou recém-formados com idade de até 30 anos com trabalhos de destaque, relativos aos temas propostos. Assim, a AESabesp identifica jovens e talentosos profissionais, oferecendo-lhes oportunidade para mostrar sua capacidade intelectual e produtiva na avaliação da situação atual do meio ambiente, com trabalhos técnicos, voltados ao universo dos recursos hídricos, que desta forma contribua para a mudança neste cenário de escassez em recursos hídricos de todo território nacional. “Nosso grande desafio é ajudar a formar futuros
cenário econômico, fazendo pequenas mudanças no dia a dia”, afirma Maria Aparecida.
16
Saneas
Avaliadores:
ESPECIAL 30 ANOS
Histórias da AESabesp: Conheça o trabalho de José Taniguti, um dos fundadores da entidade Por Rui Dantas
S
e hoje a AESabesp é conhecida e é refe-
como deveria. Foi aí que criamos uma associação para
rência por sua atuação na disseminação
batalhar pela valorização dos engenheiros”, lembrou
de conhecimento técnico em saneamento
Taniguti. “Um núcleo de engenheiros, liderado pelo
básico não só no Brasil, mas no exterior,
Paulo Ferreira, pensou em fundar e começou a traba-
muito se deve ao trabalho dos precursores que se es-
lhar pela associação.”
forçaram pela fundação e fortalecimento da entidade.
Segundo Taniguti, a primeira reunião se deu no au-
Conhecer e valorizar a história da Associação e as his-
ditório Tauzer Quinderé, conhecido como Pudim, na
tórias desses profissionais permite entender a evolu-
Sabesp da Costa Carvalho, local tradicional de reu-
ção do saneamento no Brasil e possibilita vislumbrar o
niões, workshops, treinamentos, ao final da década
que vem pela frente no setor.
de 1980. O objetivo primordial era atuar em prol da
O engenheiro José Taniguti foi um desses desbra-
valorização da categoria dos engenheiros. “Foi uma
vadores que ajudou a criar e a ampliar a atuação da
batalha bastante árdua no início, já que não tínhamos
AESabesp. Hoje aposentado, Taniguti lembra com
sede, não tínhamos nada. Paulo Ferreira conseguia,
emoção como se deu a formação da instituição, em
quando muito, cadastrar os engenheiros na associa-
meados dos anos 80.
ção, e muitos deles estavam dispersos pelo interior”
“Naquele momento, entendemos que a categoria dos engenheiros não vinha sendo valorizada da forma
explica. A atuação de Paulo Ferreira ficou mais marcada, assim, pela arregimentação dos profissionais.
Agosto a Outubro de 2019
17
ESPECIAL 30 ANOS
O engenheiro recorda-se de que a gestão do segundo presiden-
encontros em parceria com esta faculdade, na USP. Falou com
te, Ivan Norberto Borghi, batalhou para que houvesse o desconto
o professor catedrático de Hidráulica da escola, à época, Kokei
da mensalidade ao associado na folha de pagamento (holerite).
Uehara, e com o diretor da Politécnica, Francisco Landi.
Com isso, a AESabesp conseguiu levantar fundos para viabilizar
Neste período, a Poli estava comemorando seu centenário e
suas atividades e projetos. “Foi aí que a Associação começou a
os acadêmicos se entusiasmaram com a ideia de trazer a Sabesp
ganhar uma certa força.”
para sediar seu encontro na universidade. “Fizemos um certifica-
Nesse período, Borghi procurou um local pra se tornar a sede da
do para quem participou do curso que tinha o logo da Sabesp e
AESabesp, a mesma em que a instituição se encontra hoje, ape-
também o da USP. Isso foi muito valorizado por quem fez o curso
sar da diferença na infraestrutura do local naquele tempo. “Era o
e também por quem não fez”, disse.
local onde um operador da casa de máquinas morava. Hoje está
À frente da Presidência, Taniguti transformou os Encontros Téc-
totalmente diferente. Nós conseguimos a cessão para usar sem
nicos em eventos itinerantes, levando-os também a São José dos
precisar pagar aluguel”, comemora o ex-presidente.
Campos, Lins, Franca e Presidente Prudente, mantendo os que já
O terceiro a se eleger presidente foi o engenheiro Plinio Mon-
aconteciam na capital. Tudo isso no início da década de 1990. Ele
toro Filho, que promoveu algumas melhorias na sede, trazendo
ainda enaltece como marco de sua gestão a luta pela valorização
móveis, instalando telefone etc. “Outra característica da gestão
dos profissionais, com o desenvolvimento de um Plano de Carrei-
do Plínio foi valorizar a atuação social da AESabesp: o primeiro
ra, chamado de Plano de Maturidade, para os engenheiros.
baile, o primeiro jantar dançante, tudo aconteceu nessa época.
O projeto deu tão certo que o Plano de Maturidade acabou
Também ajudei a organizar e sei que até hoje continua tendo. Os
sendo estendido a todos os profissionais da Sabesp. “Demos esse
jantares eram muito concorridos.”
nome, pois esse plano demonstrava o quanto o profissional estava
Mas talvez o seu maior legado para a instituição, para a Sabesp
maduro para desempenhar determinada função. Ele avaliava for-
em si e para toda a gestão de saneamento do Brasil foi a ideia de
mação, cursos feitos, experiência etc. A pessoa ganhava pontos,
se promoverem os Encontros Técnicos (ET), uma semente que deu
a partir desta sua formação e de seu conhecimento técnico, para
origem à própria Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio
poder ocupar determinado cargo ou merecer aumento de salário.”
Ambiente). “Nos primeiros encontros, o pessoal preparava textos
Taniguti, que hoje divide a vida entre São Paulo e Santos, revela-
com ilustrações para que os demais engenheiros conhecessem
-se orgulhoso das conquistas. Não somente as vitórias realizadas
o trabalho realizado pelo expositor. O Encontro Técnico nasceu
em sua gestão, mas por toda a história que a AESabesp escreveu
com o escopo de realizar a troca de experiências acima de tudo”,
desde a histórica reunião no Pudim.
afirmou. “Se antes cada um fazia seu trabalho, de maneira até
“A Sabesp e a AESabesp hoje são conhecidas internacional-
solitária, e os demais não ficavam sabendo, o ET fez com que essa
mente. Vejo as realizações pelas redes sociais, pelo site, e me
situação mudasse”.
surpreendo em saber como a AESabesp cresceu. Jamais pensei
Taniguti aponta como resultados imediatos a disseminação e
que chegaria no estágio que está hoje. Isso é fruto de uma pro-
o uso de novas tecnologias e a economia de custos. Na época,
gressão, do desenvolvimento, com o pessoal procurando sempre
a comunicação entre as áreas e a operação em diversas cidades
inovar. São pessoas que procuraram sempre melhorar. Tornou-
não era tão elementar e cotidiana como hoje. “Às vezes a gente
-se um polo de disseminação do conhecimento, do saber. Isso
via alguém mostrar uma solução caseira que era muito mais ba-
contribui bastante para o desenvolvimento do saneamento com
rata, realizando o mesmo trabalho que outros faziam, mas que
um todo.”
gastavam muito dinheiro com equipamentos, tecnologia etc. Isso resultou num grande conhecimento.”
E ele arremata, com muita propriedade: “Resolver o problema do abastecimento de uma metrópole enorme como São Paulo,
Plinio pensou que a AESabesp precisava de um novo líder, que
transformando a água poluída da Guarapiranga e da Billings em
desse continuidade ao trabalho que vinha sendo feito e foi então
água potável ou equacionar a questão da estiagem, que acon-
que Taniguti foi convencido e aceitou se candidatar a presidente
teceu há alguns anos, sem fazer racionamento, é um feito que
da associação. Acabou eleito, no início da década de 1990. Em
merece ser observado. Isso é fantástico.”
sua gestão, continuou a promover e aprimorou os ETs. Ex-aluno da Poli, Taniguti teve a brilhante ideia de fazer um dos
18
Saneas
Parabéns pela perseverança e por todo o trabalho, presidente José Taniguti!
Agosto a Outubro de 2019
19
ESPECIAL 30 ANOS
O 1º Encontro Técnico AESabesp foi realizado entre os dias 21 a 23 de agosto e contou com 13 palestras e 248 participantes A 1ª Fenasan (Feira de materiais e Equipamentos para Saneamento) aconteceu sob a marquise da sede da Sabesp, com 8 representantes dos fabricantes, 1 para cada segmento.
1990
1992
1994
1996
2
1
20
O 3º Encontro Técnico/Fenasan foi realizado no Instituto de Engenharia/USP e contou com 20 palestras.
O 5º Encontro Técnico/Fenasan abordou o tema “Desenvolvimento de Novas Tecnologias em Saneamento”. Foram apresentadas 22 palestras.
O 7º Encontro Técnico/Fenasan foi realizado entre os dias 10 e 12 de setembro, no Instituto de Engenharia. Durante a organização desta edição, aconteceu a primeira chamada de participação para associados interessados em apresentar trabalhos técnicos, científicos e de gestão relativos a Saneamento Ambiental.
3
4
5
6
7
O Encontro Técnico/Fenasan a passa a ter a participação de empresas de outros países. Nesta 9ª edição, Alemanha, França e Estados Unidos estiveram presentes. Também foi aberta a participação dos empregados operacionais da Sabesp. O evento aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de setembro, recebeu 700 congressistas e um público total de 1500 pessoas.
O 11º Encontro Técnico/ Fenasan ocorreu nos dias 22, 23 e 24 de agosto daquele ano e contou com a participação de 63 empresas, 50% a mais que em 1999, e 1.100 técnicos.
2000
1998
8
9
10
11
1991
1993
1995
1997
1999
O 2º Encontro AESabesp/ Fenasan foi realizado na Cetesb e contou com cerca de 300 participantes e 19 palestras.
Com 650 inscritos e 21 palestras, o 4º Encontro Técnico e a Fenasan integraram os eventos festivos das comemorações dos 100 anos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (convite da Poli).
Em sua 6ª edição, o Encontro Técnico/Fenasan passou de dois para três dias, com 25 palestras.
Realizada nos dias 2, 3 e 4 de setembro, a 8ª edição do Encontro Técnico/ Fenasan recebeu mais de 1000 participantes.
10º Encontro Técnico/Fenasan (luta contra a privatização da Sabesp). O evento contou com cerca de 800 pessoas, só da Sabesp (fruto de parceria), e mais de 1000 congressistas.
Saneas
Pela primeira vez o Encontro Técnico/Fenasan aconteceu na Bienal do Ibirapuera. A 13ª edição foi recorde de público e contou com 40 expositores.
A 15ª edição do Encontro Técnico/ Fenasan manteve-se em evolução. Foram 1.900 congressistas, 64 trabalhos de técnicos da Sabesp e de outras empresas e entidades de São Paulo e do Brasil, 19 palestras empresariais, além de 8 painéis e mesas redondas. Na ocasião, foi lançado o I Fórum de Tecnologias de Saneamento, com a presença de 57 representantes de empresas de saneamento municipais e estaduais.
2004
2002
12
2001 Transferência do 12º Encontro Técnico/ Fenasan para o Transamérica Expo Center.
13
14
2003 O 14º Encontro Técnico/ Fenasan foi realizado no Expo Center Norte em edição histórica. Foram cerca de 100 estandes expositores e mais de 10 mil visitantes, com 108 trabalhos apresentados, 4 painéis de debates e 3 visitas técnicas.
15
O 17º Encontro Técnico/ Fenasan contou com mais de 100 expositores e recebeu cerca de 11 mil profissionais do setor.
Com maior espaço e mais expositores a AESabesp realizou a 19º Encontro Técnico/Fenasan.
Como OSCIP (Organização da Sociedade Civil com Interesse Público), a AESabesp lançou na 21ª edição Encontro Técnico/ Fenasan um projeto de Neutralização de Carbono. O evento contou com mais de 150 expositores e mais de 14.000 visitantes. O congresso contemplou 5 mesas redondas, 1 seminário, 140 palestras e mais de 1000 congressistas.
2006
2008
2010
16
2005 A 16ª edição do Encontro Técnico/ Fenasan contou com mais de 11.500 visitantes, alcançando novo recorde.
17
18
19
20
21
Realização do 23º Encontro Técnico/ Fenasan, que recebeu 15.000 visitantes na Feira, 220 empresas expositoras, 2.000 participantes no congresso, 12 mesas redondas, 2 cursos, 87 apresentações técnicas (trabalhos, palestras técnicas e institucionais) e 2 palestras magnas de encerramento, com Dráuzio Varella e Amyr Klink. E inda foi registrada a presença de 40 jornalistas na Feira (frequência da sala de Imprensa).
Comemoração do 25º Encontro Técnico/ Fenasan. Nesta edição, aconteceu o I Prêmio Jovem Profissional AESabesp. Com uma visitação de 19.000 pessoas, exposição de 248 estandes de empresas do setor, apresentação de 80 trabalhos técnicos, 8 mesas redondas e 3 minicursos, 0 evento superou todas as expectativas e consolidou a sua posição como o maior evento técnicomercadológico da América Latina.
O 27º Encontro Técnico/ Fenasan já tinha se consagrado como o maior evento mercadológico da América Latina.
2012
2014
2016
22
23
24
25
26
27
A 29º edição do Encontro Técnico/Fenasan apresentou 22 mesas redondas, além de palestra magna com a presidente da Sabesp, Karla Bertocco, que abordou o tema “Inovação Tecnológica e Novos Negócios” e foi o destaque do evento, palestras motivacionais com Luciano Pires e Gustavo Borges, 2 minicursos, 191 trabalhos técnicos para apresentação oral, 95 para modalidade pôster e 59 trabalhos para a premiação “Jovens Profissionais”. Em arena montada na Feira de exposição, a Sabesp constituiu o maior Campeonato de Operadores de sua história, com nove provas e o envolvimento de profissionais da Região Metropolitana, do Litoral e do Interior do Estado. Praticamente todos os 199 expositores da Fenasan afirmaram ser esta uma vitrine do setor, com vistas ao seu desenvolvimento e grande potência de geração de negócios.
2018
28
29
2007
2009
2011
2013
2015
2017
Na 18ª edição do Encontro Técnico/Fenasan foi criado o novo site do evento. Esta edição contou com 12 mil visitantes e 3 mil congressistas.
O tema da 20ª edição do Encontro Técnico/ Fenasan foi ”Sustentabilidade, caminho para a universalização do saneamento ambiental”. O evento já recebia representantes de países como Portugal, Estados Unidos, Austria, Alemanha e Espanha.
A 22ª edição do Encontro Técnico/ Fenasan contou com 194 investidores e teve em torno de 13.000 visitantes, além de 2.000 congressistas. Em 2011, a Feira migrou do Pavilhão Amarelo para o Pavilhão Branco do Expo-Center Norte, em São Paulo - SP, possibilitando que sua área total crescesse de 8.828 para 13.272 m² e a área expositora de 3.471 m² para 5.687 m².
Em sua 24ª edição, o Encontro Técnico/Fenasan voltou a ser realizado no meio da semana (de 30 de julho a 1ª de agosto), em novo espaço - no Pavilhão Azul do Expo Center Norte. As novidades do Setor de Saneamento naquele ano foram distribuídas em 14 mil metros quadrados e contou com a com a participação de 223 investidores/ expositores nacionais e internacionais, com uma visitação de 17 mil pessoas. O congresso contou com 8 mesas redondas, 3 minicursos de aperfeiçoamento, 100 palestras técnicas e 2 palestras magnas.
O 26º Congresso Técnico/Fenasan recebeu 20.000 visitantes, 250 empresas investidorasexpositoras na Feira, 10 mesas redondas no congresso, 4 cursos, 2 Visitas Técnicas: uma ao Projeto Aquapolo e outra em uma obra de Método Não Destrutivo em tubulação de esgotos/Projeto Tietê. Foram 105 palestras técnicas e 1 palestra magna de encerramento, com David Schurman. 152 jornalistas circularam no evento.
AESabesp e ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) unem-se para realizar “O maior encontro de saneamento e meio ambiente das Américas”. O Congresso ABES/Fenasan 2017 superou todas as edições anteriores. Foram 1.160 inscrições de trabalhos técnicos, 49 painéis, quase 5.000 congressistas, 25.000 visitantes na Feira, que recebeu participantes e expositores de 25 países e de todos os estados brasileiros, e credenciamento de 180 profissionais da imprensa das principais mídias do país.
30
2019 Em edição especial, o 30º Encontro Técnico AESabesp/ Fenasan 2019 será realizado de 17 a 19 de setembro, no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo-SP.
Agosto a Outubro de 2019
21
ESPECIAL 30 ANOS
Depoimentos: 30 anos de conhecimento, tecnologia e inovação
O
Congresso Técnico] AESabesp-Fenasan chega à sua edição histórica de 30 anos mostrando que está mais forte e mais vanguardista do que nunca, trazendo o que há de mais importante e inovador no setor de saneamento. Nos paiBenedito Braga Presidente da Companhia néis, debates e na área de exposições, de Saneamento Básico poderemos acompanhar a evolução na do Estado de São nossa área e conhecer soluções que Paulo - Sabesp vêm sendo implementadas para vencer os antigos e os novos desafios que temos enfrentado. Aliás, os desafios são a realidade do nosso dia a dia, em um país tão grande e com alta demanda de infraestrutura. Na Sabesp, temos vencido grandes obstáculos, como a crise hídrica de 2014/2015, e agora estamos assumindo o compromisso de proporcionar um rio Pinheiros limpo até 2022 e o Tietê despoluído ainda na próxima década. São grandes passos para todos nós e que temos uma enorme simbologia para São Paulo e para o Brasil. Temos acompanhado a movimentação de reformas na área de saneamento no Brasil. Acreditamos que há uma defasagem enorme que precisa ser superada e a atração do capital privado é fator fundamental para isso. Esperamos que o evento deste ano seja mais uma vez um sucesso e continue apontando os caminhos para o saneamento no país”.
M
inha participação na AESabesp começou praticamente junto com minha contratação na Sabesp. Fui convidada por Cid Barbosa, presidente que iniciava uma nova gestão, para coordenar o primeiro Polo da AESAViviana Borges Presidente da AESabesp besp. À época, o Encontro Técnico e gestão 2019-2021 Fenasan eram realizados no Instituto de Engenharia, com cerca de 5 ou 6 estandes de exposição de equipamentos e cheguei a ajudar na organização das salas de apresentações dos trabalhos. Na gestão seguinte, recebi do presidente João Comparini a missão de coordenar o conselho editorial, cuja meta era publicar o jornal da associação todo mês. Difícil entender este desafio hoje, que enquanto recebo a visita da Cônsul dos EUA, o Instagram já publicou nosso encontro, mas o jornal trazia conteúdo de peso com artigos escritos pelos associados sobre os assuntos mais relevantes do momento. Na gestão seguinte, da presidente Eliana Kitahara, fui diretora social e pude participar da grande decisão de levar o Encontro Técnico e a Fenasan para a Bienal do Ibirapuera. Era correr riscos para fazer crescer nossa entidade, nosso trabalho para desenvolver o setor que demandava mais disseminação de conhecimento e novas tecnologias. Nossos associados tinham larga experiência, capacidade, competência e conhecimento do problema para compartilhar. Por outro lado, tínhamos fornecedores pedindo mais espaço e a ampliação da feira. Em 2014, participei do investimento da AESabesp na parceria com a organizadora da maior feira de saneamento do mundo. E em Munique, na Alemanha, fiz uma apresentação, como vice-presidente, disseminando a experiência e conhecimento da nossa associação. Novos voluntários se somaram e revezaram na AESabesp. Todos com responsabilidade, cooperação e união, procurando inovar sempre, aumentar a participação dos técnicos do setor e com isso contribuir para a melhoria do saneamento e, consequentemente, levar saúde e qualidade de vida para população. Sinto-me honrada em presidir uma entidade tão respeitada e forte. E é uma grande satisfação presidir a AESabesp no momento em que o Encontro Técnico e a Fenasan completam 30 anos de promoção do desenvolvimento sustentável do saneamento”.
Expositores da Fenasan
Gustavo Siqueira Diretor Geral Saint-Gobain Canalização Brasil e CEO LATAM
22
Saneas
H
á 30 anos, por iniciativa da Associação dos Engenheiros da Sabesp, nascia a Fenasan. A Saint-Gobain Canalização, que na época ainda era denominada Companhia Metalúrgica Barbará, apoiou desde o princípio o projeto por acreditar na capacidade da AESabesp e reconhecer o enorme potencial do evento. Hoje, a Fenasan é considerada uma das maiores feiras do setor de saneamento da América Latina. Para nós, da Saint-Gobain Canalização, participar desta feira nos dá a oportunidade de debater melhorias, trocar informações e expor nossas soluções para o setor. Em sua 30ª edição, levaremos para a Fenasan, além das nossas linhas de tubos, conexões, válvulas, tampões e acessórios, o PAM Serviços - programa que oferece apoio técnico durante todas as etapas das obras.”
A
ntes de ser eleito presidente da AESabesp, fui gerente do Departamento de Projetos do interior do estado. Fazia parte da minha atuação ter contato com diversas áreas da companhia. Tinha conhecimento de brilhantes Plínio Montouro trabalhos relativos às questões de Presidente da AESabesp na época do primeiro Encontro abastecimento de água, coleta e Técnico/Fenasan tratamento de esgoto, que ficavam restritos a cada diretoria. Os trabalhos não eram difundidos na empresa. Quando assumi a Presidência da Associação, uma das prioridades da nossa gestão foi a realização do Encontro Técnico, que tinha como objetivo difundir os trabalhos técnicos que eram desenvolvidos pelas diversas diretorias propiciando uma integração técnica entre os profissionais de todas as áreas da empresa. Paralelamente à apresentação dos trabalhos, havia materiais hidráulicos que não eram muito bem conhecidos pelos técnicos. Nós os apresentamos na feira de saneamento. Aproveitamos e fizemos na Marquise do prédio principal da Sabesp - na Costa Carvalho - a exposição de materiais hidráulicos e eletromecânicos que estavam sendo lançados na época. O primeiro encontro foi realizado nas dependências da Cetesb, na sala de treinamento e no auditório. Ficou evidente a carência que existia na empresa para esse tipo de evento. As instalações da Cetesb foram acanhadas, diante da grande participação dos profissionais da empresa. O segundo encontro contou com a presença de profissionais e companhias de outros estados. Assim, o terceiro encontro (1992), sob a minha gestão, foi realizado no Instituto de Engenharia, que tinha instalações maiores. Basicamente assim foi o início desta história. O objetivo era fazer uma difusão dos setores. A Sabesp opera 360 municípios, a ideia era que todos os trabalhos fossem divulgados e aproveitados pelas outras áreas por meio dessa interação. Foi um processo e uma evolução. Hoje vejo que se tornou um evento importante. Não só o encontro técnico, mas também a Fenasan. Promover esse tipo de feira estimula os fornecedores a desenvolver novas tecnologias. Isso é muito importante para o setor de saneamento. Sinto-me gratificado em ver essa evolução ao longo de todos esses anos.”
Udson Alves Barreto Gerente da Área de Saneamento da KSB Brasil
O
Encontro Técnico/Fenasan foi algo que sonhamos. Algo que criamos para sempre crescer. Hoje vemos que valeu a pena, que deu frutos e não para de crescer. O Congresso é considerado excelente para todos. Gilberto Martins Na Feira, os fornecedores (parceiros) Organizador da primeira fazem com que seja possível a realizaFenasan ção do que idealizamos. O número de participantes nos eventos foi sempre crescente, despertando o interesse de outros fornecedores e expositores para participar. Na última edição no Instituto de Engenharia, tivemos 30 expositores. Na Bienal, 40. No Pavilhão Amarelo, quase 100, e no Pavilhão Branco mais de 100. Nos últimos 3 anos, tivemos cerca de 200 expositores. E neste ano, teremos mais de 200. O Encontro Técnico foi ficando mais conhecido e reconhecido nacionalmente com a participação de representantes de todos os estados do país e todas as regiões. Até de municípios pequenos e distantes, como Itapetinga/BA, que participaram 7 vezes e fazem questão de estar presente. Nas 20ª e 21ª edições, já tinha gente de países como Portugal, Estados Unidos, Áustria, Alemanha e Espanha. A Feira de Saneamento de Munique/Alemanha, a maior do mundo, começou a ficar interessada em nosso evento. Chegamos a montar, com eles, um minipavilhão com 6 expositores da Alemanha, em 2016. Reconhecemos os melhores expositores, com estandes voltados à sustentabilidade, melhor atendimento e de inovações tecnológicas com apresentação de novos produtos. Queremos dar um sentido à sua participação para poderem mostrar que se integram ao evento. Os expositores costumam manter as placas e prêmios da AESabesp nas sedes das empresas e, assim, vão disseminando a Fenasan. A feira é a maior do segmento na América Latina. Tem expositor que está conosco desde a 1ª edição. Outros participaram de mais de 20 edições e são fiéis e tradicionais no evento. É motivo de satisfação e de orgulho para nós. O Congresso deste ano deverá ser reconhecido como o melhor de todos os anos. Será mais um evento marcante, não só pelos 30 anos, mas pelo que será realizado e pela sua evolução. No início, para registrar a participação contávamos com listas de presença, hoje temos equipamentos eletrônicos para fazer a identificação dos participantes”.
A
Fenasan é uma importante vitrine para mostrar o amplo portfólio da KSB em soluções completas para as operações das empresas de saneamento, pois temos tecnologias de ponta em eficiência energética, baixo custo de manutenção, além da alta durabilidade dos equipamentos. Estamos presentes desde a primeira edição da feira, por sermos a líder na fabricação de bombas hidráulicas, com uma das mais amplas linhas de produtos e serviços voltadas para o segmento. Por isso, a expectativa da KSB é estar em contato com as empresas do setor que atuam na melhorias da infraestrutura do setor no país, sempre com novas demandas para atender a população. E nós temos os produtos adequados, com tecnologia e mão de obra nacionais, prontos para o segmento”.
Agosto a Outubro de 2019
23
24
Saneas
Agosto a Outubro de 2019
25
PONTO DE VISTA
“Brasil tem papel fundamental para garantir a sustentabilidade do planeta” Secretário da iniciativa da ONU Pacto Global destaca importância do país no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030. Por Rui Dantas
R
epresentante do Pacto Global, a iniciativa
mente ligada ao ODS número 6, que trata do acesso
das Nações Unidas para o cumprimento
à água tratada no mundo. “A Sabesp pode colaborar
dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
com a mobilização dos diversos públicos que alcança
tentável, Carlo Pereira, secretário executi-
com sua atividade, expandindo o conhecimento a res-
vo da Rede Brasil do Pacto Global, quer mobilizar as
peito dos ODS”, afirmou Pereira. Leia abaixo a entre-
empresas para a importância do cumprimento desses
vista na íntegra.
ODS na Agenda programada pela ONU até 2030. Carlo
Carlo Pereira Secretário executivo da Rede Brasil do Pacto Global
26
Saneas
Pereira e a própria ONU sabem que o papel do Brasil,
Saneas: Em sua opinião, qual é a situação real do
neste contexto, é fundamental para garantir a susten-
Brasil no que tange ao desenvolvimento susten-
tabilidade do planeta, já que o país possui uma das flo-
tável, se comparado a outros países com experi-
restas mais importantes do mundo, grande quantidade
ências melhores e piores acerca de tal tema?
de água doce, uma costa marinha gigantesca, biomas
Carlo Pereira: O Pacto Global é uma iniciativa da
diversificados, espécies e demais quesitos e atributos de
ONU que engaja o setor empresarial para os ODS.
suma importância relativos ao meio ambiente. O tema
Dessa forma, a nossa avaliação ocorre no âmbito das
dos ODS será abordado em painel durante o 30º En-
empresas. O Brasil é o terceiro maior país em número
contro Técnico/Fenasan no dia 17 de setembro, às 17h.
de membros na nossa rede local. Isso quer dizer que
Nesta conversa com a Saneas, o secretário executivo
temos mais de 800 empresas e organizações interes-
ainda destacou o papel da Sabesp, entidade intima-
sadas e dispostas a se envolver com o tema da sus-
tentabilidade. Estamos no Brasil desde 2003 e percebemos uma
ções participantes para que estabeleçam metas baseadas na ciência
ampliação da maturidade das organizações. Existem projetos con-
e que contribuam para manter o aumento da temperatura da terra
sistentes em desenvolvimento. Isso não significa que ainda não há
em 1.5 grau. As mudanças do clima irão impactar praticamente to-
muito a ser feito, especialmente no que diz respeito à ampliação
dos os setores da economia. Alguns são totalmente dependentes
do entendimento de que a sustentabilidade dever ser vista como
das condições climáticas, como a agricultura, por exemplo. Em um
parte essencial do negócio.
contexto de zero emissões até 2050, será necessário iniciar urgentemente um processo da adaptação e diminuição das emissões. Temos
Saneas: O Brasil, a julgar pelo status atual, deverá cumprir a
como meta conseguir o compromisso público, em relação ao clima,
Agenda 2030 e os ODS que ela propõe?
de 100% dos nossos participantes até o final do próximo ano.
Carlo Pereira: O objetivo da Rede Brasil do Pacto Global é engajar as empresas e organizações que fazem parte da Rede no cumprimento
Saneas: Poderia fazer uma análise da agenda política atual no
da Agenda 2030. É nisso que direcionamos toda a nossa energia e
Brasil, a partir da visão do Pacto Global/ONU/Agenda 2030?
esforços. O desafio é grande, mas seguimos em frente. Recentemen-
Considerando a pauta e o viés político-econômico de nossos
te, iniciamos um planejamento estratégico com a parceria da con-
governos, nas esferas municipal, estadual e federal, será pos-
sultoria Falconi, que deve nortear as nossas atividades com relação
sível alcançarmos os objetivos definidos na Agenda 2030?
a apoiar o país a cumprir esta agenda durante os próximos 10 anos.
Carlo Pereira: Seguimos com o princípio de trabalhar em parceria com o governo na implementação de iniciativas que contribuam
Saneas: O que falta ao país para conseguir cumprir os ODS?
para o atingimento dos ODS. Temos uma agenda muito clara no
Carlo Pereira: Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são
país, que abrange projetos nas áreas de Direitos Humanos, Ener-
amplos e ambiciosos. Em todos eles existem grandes desafios. Em-
gia e Clima, Anticorrupção, Alimentos e Agricultura, Água, além
bora o país tenha vivenciado muitos avanços nos últimos anos, como
do engajamento do setor privado em torno dos ODS. E continua-
redução da pobreza e da mortalidade infantil, ampliação do acesso
remos com nossas ações. Somos a terceira maior rede de mundo,
à saúde, aumento da expectativa de vida, diminuição do analfabetis-
com mais de 800 membros, e queremos expandir ainda mais a
mo, maior presença de mulheres e negros no mercado de trabalho
nossa atuação nos próximos anos, ampliando, inclusive, o enga-
e em posições de liderança, desenvolvimento de fontes de energia
jamento de pequenas e médias empresas. Esse é o nosso plano
renovável, entre outros, ainda existem gaps imensos a serem reduzi-
no país e esperamos seguir contando com o envolvimento dos
dos. Somos um dos países mais desiguais do mundo e temos ainda
governos federal, estaduais e municipais nos projetos conduzidos.
uma quantidade considerável da população que passa fome, não
Entendemos que em um cenário de falta de engajamento público
tem saneamento e água tratada, muito menos energia elétrica. O
com a Agenda 2030, o Pacto Global assume um papel ainda mais
mercado de trabalho ainda é desigual. Para conseguir cumprir os
importante no Brasil, de continuar estimulando e motivando o se-
ODS, do ponto de vista empresarial, será necessário um entendimen-
tor privado em ações de sustentabilidade. A Rede Brasil do Pacto
to generalizado de que a Agenda 2030 deve ser tratada como parte
Global tem o compromisso de garantir que o país não retroceda
dos negócios e indicadora das grandes oportunidades de mercado.
neste caminho, que não é brasileiro, mas mundial, e que envolve
Só assim conseguiremos dar escala e imprimir velocidade às ações.
questões relacionadas às mudanças do clima, à erradicação da pobreza, aos direitos humanos, e a outros vários desafios que a
Saneas: Qual o papel de um país como o Brasil, que possui
humanidade precisará enfrentar e equacionar.
uma das maiores florestas do mundo, uma das maiores biodiversidades do planeta, enorme quantidade de água po-
Saneas: Se considerarmos que a implementação das políti-
tável em seus rios e biomas dos mais diversificados neste
cas públicas de proteção e desenvolvimento do meio am-
contexto da Agenda 2030?
biente é de incumbência do governo federal, via Ministério
Carlo Pereira: O papel do Brasil é fundamental para garantir a sus-
do Meio Ambiente, que sugestões você daria ao governo
tentabilidade do planeta. Como mencionou os aspectos ambientais,
para assegurar o cumprimento da Agenda 2030?
gostaria de ressaltar uma das frentes mais importantes do Pacto em
Carlo Pereira: A principal sugestão seria olhar para a sustentabili-
2019 e 2020, que é obter um engajamento público das organiza-
dade como uma oportunidade para o desenvolvimento econômico
Agosto a Outubro de 2019
27
PONTO DE VISTA
do país, uma vantagem competitiva. Há grandes oportunidades de negócio relacionadas aos ODS. Como exemplo, podemos citar as oportunidades na área de energias renováveis, setor que recebeu um investimento global de US$ 288,9 bilhões no ano passado. Além disso, a mudança do clima pode representar um entrave para a expansão de vários setores da economia. Ser sustentável é condição básica no mercado global. Não há outro caminho. Sustentabilidade e crescimento econômico andam juntos. Saneas: Em sua opinião, a países considerados menos desenvolvidos economicamente, como o Brasil, falta dinheiro
Sabesp promove exposição sobre os ODS
ou disposição para a atuação correta, de forma a atingir os objetivos da Agenda 2030? Carlo Pereira: Quando falamos em desenvolvimento sustentável, a disposição e o financiamento caminham de mãos dadas. É esta a proposta do ODS 17, que aborda as parcerias e meios de implementação, destacando a importância de uma cooperação ampla, que inclua todos os setores interessados e as pessoas afetadas pelos processos de desenvolvimento. O que acontece é que em países menos desenvolvidos economicamente, os desafios para atingir a Agenda 2030 são maiores, logo necessitam de mais projetos, disposição e financiamento dos setores envolvidos. Saneas: Que ações positivas, aos olhos do mundo e da ONU, você poderia mencionar no Brasil? Carlo Pereira: Novamente destacamos que o nosso foco é o setor empresarial. Engajar as empresas para os 10 Princípios do Pacto Global e para os ODS é a nossa razão de existir. Isso posto, temos atualmente mais de 30 iniciativas em andamento, nas áreas de Direitos Humanos, Energia e Clima. Água e Saneamento, Anticorrupção, Alimentos e Agricultura, Engajamento e Comunicação e ODS. Saneas: Em relação à Sabesp, o que considera como conquista da empresa e no que você considera que ela pode se aperfeiçoar? Carlo Pereira: A Sabesp é uma grande promotora do ODS 6 (Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos). Acreditamos que trazer a pauta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promovendo o debate e apoiando projetos, é extremamente relevante em um país no qual metade da população brasileira não tem acesso a saneamento básico. Como sugestão de aperfeiçoamento para ajudar o Brasil a cumprir com as metas da Agenda 2030, a Sabesp pode colaborar com a mobilização dos diversos públicos que alcança com sua atividade, expandindo o conhecimento a respeito dos ODS.
28
Saneas
No final de julho, o Polo Costa Carvalho, na Sabesp em Pinheiros, São Paulo (SP), recebeu a instalação “17 ODS para um Mundo Melhor”, desenvolvida para gerar reflexão entre o público de colaboradores e visitantes acerca da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU. A exposição “17 ODS para um Mundo Melhor” passou os meses de maio e junho no Memorial da América Latina, em São Paulo, com previsão de ficar na Sabesp até o final do mês de agosto de 2019. Ao todo, 17 esculturas de globos terrestres, com 1,80 metros de altura, foram desenvolvidas como uma tela tridimensional na qual o público poderá interagir com a arte, além de refletir sobre questões sociais, ambientais e econômicas. Catherine Duvignau, diretora da Toptrends, empresa que, com o patrocínio da multinacional Novelis é a organizadora da mostra, acredita que “por meio de uma exposição artística, podemos levar a população a conhecer melhor os 17 ODS, essas metas tão importantes estipuladas pela ONU.” Para o desenvolvimento do projeto, foram convidados, com o trabalho de uma curadoria, diversos artistas, cujas obras já tinham ligação ou engajamento com temas ambientais. Assim, artistas de diversas vertentes, como Mundano, Beatriz de Carvalho, Fabiano Al Makul, Priscila Barbosa, MARAMGONÍ, Fernanda Eva, Pomb, os arquitetos Marcelo Stefanovicz e Consuelo Cornelsen, Giovanna Nucci, Binho Ribeiro e o coletivo SHN, estão entre os que assinam as criações. “Cada artista desenvolveu sua obra a partir de suas percepções e do próprio ODS que era retratado”, disse Catherine. “Assim, por exemplo, o sexto ODS, que fala de saneamento básico, convidamos a fotógrafa Giovanna Nucci, que desenvolveu o oceano todo em saco plástico, de maneira a tecer uma crítica à enorme quantidade de plástico despejados diariamente nos oceanos. E, nos continentes, ela colocou fotos de vários movimentos engajados na luta pela qualidade da água”, explicou. O sexto ODS, que trata de saneamendo e acesso à água potável, toca no cerne do trabalho da Sabesp, daí a oportunidade de se trazer a exposição para dentro da instituição.
VISÃO DE FUTURO
Tecnologia ajuda a desburocratizar licenciamento ambiental Em São Paulo, Cetesb amplia exponencialmente os serviços Por Rui Dantas
A
tecnologia está mudando o cenário do
Segundo a presidente da Cetesb, a advogada es-
licenciamento ambiental no Brasil. O ins-
pecializada em meio ambiente e professora de Direito
trumento da Política Nacional do Meio
do Largo de São Francisco (USP), Patricia Iglecias, não
Ambiente, que foi estabelecida pela Lei nº
houve perda na qualidade da análise, ou seja, nenhum
6.938, de 31 de agosto de 1981, tem estado na pauta
projeto que não deveria ser aprovado foi erroneamen-
nacional, e a atuação da Cetesb - Companhia Ambiental
te licenciado. O que houve foi uma mudança no mo-
do Estado de São Paulo - será tema de painel no dia 17
delo de gestão das solicitações de licenciamento, com
de setembro, no 30º Encontro Técnico/Fenasan, com par-
largo uso de ferramentas online.
ticipação da presidente da companhia, Patricia Iglecias.
Patricia Iglecias Presidente da Cetesb, é advogada especializada em meio ambiente e professora de Direito do Largo de São Francisco (USP)
“Recebemos uma média de 270 pedidos por dia”,
Por meio da Cetesb, o Governo de São Paulo vem
afirmou. “Trata-se de um esforço muito grande para
trabalhando fortemente para desburocratizar as apro-
aumentar as aprovações, para olhar as estratégias de
vações para licenciamento ambiental de obras ou re-
análises e ter maior eficiência e agilidade”, explicou.
novações dos licenciamentos já existentes. Somente
Essa atitude gera um maior número de investimentos,
neste ano, foram 30 mil pedidos aprovados, um nú-
obras, empregos e, como consequência, é capaz de
mero 33% superior ao realizado em 2018, período no
destravar a economia do Estado e do país.
qual foram aprovadas 19 mil solicitações.
Agosto a Outubro de 2019
29
VISÃO DE FUTURO
Até o momento, em 2019, os projetos de empreendimentos de impacto analisados somam a quantia de R$ 10 bilhões, e outros R$ 4,5 bilhões estão em análise. Se tudo der certo, e se não houver a necessidade de mudanças de rotas nos projetos submetidos ao crivo da Cetesb, esse montante provavelmente será analisado ainda este ano. Tal esforço se traduz por uma série de sistemas e tecnologias capazes de promover mais rapidez e a não necessidade de tantos papéis para a solicitação das aprovações. Numa dessas tecnologias - a sala de cenários - é possível se localizar o empreendimento que solicita a aprovação e fazer todo o acompanhamento da obra por geoprocessamento de dados. Do ponto de vista interno, o sistema desta sala virtual também possibilita a interface de dados entre toda a Cetesb. Sem a disponibilidade desta tecnologia, o mesmo empreendimento ou empreendedor solicitante tinha que, muitas vezes,
ção e de operação. Outro ponto é possibilitar um incremento na
repetir o processo de envio de um mesmo documento para várias
qualidade das informações que chegam aos sistemas da Cetesb,
áreas distintas, ou aguardar que uma única solicitação ou papela-
apresentadas nos documentos enviados pelos solicitantes de cada
da passasse inicialmente sob o escrutínio de um setor, para depois
licença, por meio da disponibilidade de informações de como
ser enviado para a análise de um outro departamento, numa se-
fazê-lo da maneira correta e e-learning.
quência. Agora, a mesma informação ou dado pode ser visto ao
Com essas ações e pela tradição que conseguiu estabelecer no
mesmo tempo por todos os setores de uma única vez, o que faz
Estado de São Paulo, a Cetesb vai cada vez mais se fortalecendo
total sentido, já que se trata da mesma informação.
como a grande entidade de vanguarda na criação de tecnologias e
Com a introdução do Portal de Atendimento E-Ambiente, o em-
processos capazes de promover positivamente e assegurar a con-
preendedor pode ter acesso direto à informação do que se passa
servação do meio ambiente no país. Suas políticas públicas são
em seu processo de aprovação de licenciamento. Esta ferramenta
exemplo seguidos no Brasil de Norte a Sul, e muitas das ideias
ainda permite levar para o ambiente digital os serviços já estabele-
levadas a cabo pela instituição são copiadas ou implementadas de
cidos no atendimento presencial, o que dá mais autonomia para
maneira perene por outros Estados e até por outros países.
o cidadão que solicita os licenciamentos e traz mais celeridade ao processo de aprovação de tais projetos, além de diminuir custos.
“São programas reconhecidos no Brasil inteiro”, celebra Patricia Iglecias. “Muitas vezes as decisões, quer judiciais ou de im-
Por meio destas tecnologias, quando não há a tão sonhada
plementação de uma política pública, levam em conta o que a
aprovação - e na esmagadora maioria das vezes ela se dá em ra-
Cetesb definiu anteriormente, pois, se foi a Cetesb que analisou
zão dos erros cometidos durante o preenchimento dos papéis so-
tecnicamente, há confiabilidade.”
licitados - o sistema já fornece as alternativas necessárias para que
Patricia ainda lembra de batalhas antigas da Cetesb que, de
os documentos estejam em ordem ou explica o que é necessário
tão bem-sucedidas, acabaram se tornando benchmarking até
calibrar no projeto, de maneira a viabilizá-lo.
para outros países. É o caso da política de promoção da qualidade
“Também criamos uma célula de inteligência para o licencia-
do ar, que vem sendo implementada desde 1972 em São Paulo.
mento”, define Patricia Iglecias. “Retiramos algumas ferramentas
Numa missão à China, o governador João Dória levou a ideia a
e conceitos do setor privado, como as tecnologias que podem
Beijing, e lá está sendo analisada e eventualmente será adaptada
melhorar o sistema de aprovação de licenciamentos.”
à realidade local, pois, segundo Patricia, o interesse demonstrado
Uma próxima etapa desta lógica será instrumentalizar os mu-
pelos pilares da política foram muito bem recebidos.
nicípios, para que eles possam participar cada vez mais destes
“Há um grande interesse em tudo o que a Cetesb faz”, afir-
processos de licenciamento, desafogando a participação do Esta-
mou Patricia Iglecias. Ainda bem. O meio ambiente e a sociedade
do nesta sequência de se conseguir as licenças prévia, de instala-
como um todo só têm a agradecer esta postura vanguardista.
30
Saneas
ARTIGO TÉCNICO
Beatriz Couto Ribeiro Formada em Gestão de Políticas Públicas e Administração pela Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (2015) e Mestre pelo Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (2018). Atualmente é doutoranda do Programa de Política Científica e Tecnológica (PCT - UNICAMP), no qual participa de projetos de pesquisas na área de public utilities, como, setor elétrico, gás e saneamento básico no que se refere à regulação e a inovação.
Adriana Bin Possui graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (2000), mestrado (2004) e doutorado (2008) em Política Científica e Tecnológica pela mesma Universidade e pós-doutorado no Manchester Institute of Innovation Research (MIoIR) da University of Manchester. É professora doutora da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA/ UNICAMP) na área de administração, professora plena nos Programas de Pós-Graduação em Administração e em Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG/ UNICAMP).
Panorama da dinâmica tecnológica e inovativa no setor de saneamento básico brasileiro A preocupação com a universalização dos serviços de
mento de investimentos. A maior parte dos investimentos
saneamento básico tem crescido nas últimas décadas
no setor de saneamento tem uma natureza irrecuperável
tanto em uma perspectiva nacional, quanto mundial.
que os caracteriza como investimentos altamente especí-
Tais discussões tem ocorrido em paralelo com as deba-
ficos, de longo prazo e com baixo valor de revenda.
tes acerca da diminuição da disponibilidade de recur-
Além disso, o setor de saneamento básico, assim
sos hídricos, degradação ambiental e da precarização
como outros setores de monopólio natural regulados, é
das condições de saúde pública.
caracterizado como supplier-dominated, isto é, trata-se
No caso do Brasil, verificamos que todavia enfren-
de um setor dominado pelo seu fornecedor no aspecto
tamos dificuldades em termos de universalização dos
tecnológico. Na prática, para empresas de água e sanea-
serviços de saneamento básico. Segundo dados da
mento os fornecedores representam um aliado ao incor-
UNICEF (2017), 97% da população tem acesso à água
porarem estes avanços tecnológicos em seus produtos
proveniente de uma fonte melhorada1, mas apenas
e processos e os venderem para as empresas do setor.
39% da população brasileira tem acesso à instalações melhoradas de esgotamento sanitário2.
Essa peculiaridade, contribui para que a cultura organizacional das empresas não se esforce em motivar
Diante desta situação, um importante instrumento
ações próprias relacionadas à pesquisa e desenvolvi-
para aumentar a cobertura e eficiência dos serviços
mento (P&D), que poderiam contribuir para a supera-
de abastecimento de água e esgotamento sanitário
ção de desafios no setor e o fornecimento de serviços
é o fomento à capacidades tecnológicas e inovativas
com maior qualidade. Como resultado, cria uma rela-
das empresas do setor. Entretanto, quando buscamos
ção de dependência das empresas e seus fornecedores.
literatura especializada voltados a compreender a di-
Apesar das características apresentadas que são bas-
nâmica da inovação no saneamento básico, existem
tante marcantes nas empresas do setor, observa-se uma
poucos artigos e dados sobre o tema.
mudança de comportamento neste sentido entre alguma.
Visando diminuir esta lacuna, este artigo apresenta
tecnologia e inovação (CTI) no Saneamento Básico Bra-
Insights da Gestão da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) no Setor de Saneamento Básico
sileiro. Os resultados apresentados são baseadas em in-
Segundo os dados levantados na pesquisa, taxa geral de
formações das atividades realizadas pelas Companhias
inovação das CESBs no período pesquisado (2014-2016)
Estaduais de Saneamento Básico (CESBs), entre o período
foi bastante expressiva, alcançando a porcentagem de
de 2014-2016. Tal recorte se deve à própria limitação da
84,6%3, que compõem a soma das porcentagens de em-
pesquisa em conseguir abranger o universo de concessio-
presas que implementaram inovações de produto (bem
nárias dos serviços de saneamento básico no Brasil.
ou serviço) e/ou processo. Na pesquisa também notou-se
alguns resultados de uma pesquisa que se preocupou em levantar dados relacionados à dinâmica de ciência,
uma preferência por inovações em áreas como “Distri-
Dinâmica de ciência, tecnologia e inovação (CTI) no Saneamento Básico Brasileiro
buição de Água e Gestão do Abastecimento”, “Recursos Hídricos e Tratamento de Água” e “Coleta e Tratamento de Esgoto” que compõem seu core business.
No que se refere ao padrão tecnológico do setor, este
As empresas que participaram da pesquisa também
caracteriza-se como lento para mudanças, com alto cus-
foram questionadas acerca da importância dada à deter-
to de investimento e flexibilidade limitada para fraciona-
minadas atividades de inovação (gráfico 1).
Agosto a Outubro de 2019
31
ARTIGO TÉCNICO
Os resultados do gráfico 1, ilustram a forte dependência das em-
barreira para a PDI constitui a ausência do tema dentro da estra-
presas em relação aos seus fornecedores, já que dentre as atividades
tégia coorporativa. Este fato tem como consequência a inovação
vistas como de maior importância estão a aquisição de máquinas e
não constituir um tema de destaque na organização.
equipamentos. Apesar disso, observa-se também a importância de
Apontamentos Gerais
atividades, como, treinamento e atividades internas de P&D. No que se refere criação de arranjos cooperativos com vistas a
Os resultados obtidos permitem concluir que apesar da literatu-
desenvolver atividades inovativas, grande parte das empresas se
ra especializada apontar o setor de saneamento básico como
engajaram neste tipo de ação. Entre os principais parceiros esta-
supplier-dominated – compreensão do desenvolvimento tecnoló-
vam os fornecedores, universidades e institutos de pesquisa, assim
gico no setor se dar exclusivamente pelos seus fornecedores – isso
como outras companhias do setor. Para treinamento, as empresas
não impede que hajam iniciativas nas companhias de saneamento
recorreram principalmente às empresas de consultoria e aos cen-
básico. Apesar disso, é importante destacar que as estruturas vol-
tros de capacitação profissional e assistência técnica.
tadas à tecnologia e inovação entre elas são bastante heterogê-
Outro aspecto auferido foram os resultados e expectativas que mo-
neas. Por meio dos dados ficou evidente de existem determinadas
vem as empresas a realizarem atividades relacionadas à PDI. Em um
empresas com estruturas mais robustas e outras nem tanto.
primeiro patamar, como impacto mais relevante, temos a busca por (i)
Concluindo, os resultados obtidos pela presente pesquisa tor-
melhorar a qualidade dos bens ou serviços da empresa; (ii) aumentar a
nam-se relevantes frente aos prognósticos desafiadores do setor
capacidade de produção ou de prestação de serviços da empresa; (iii) re-
de saneamento básico, relacionados a diminuição da disponibili-
duzir os custos de produção (incluindo trabalho e insumos) da empresa.
dade hídrica, contaminação, necessidade do aumento da capa-
Estes resultados são relevantes na discussão dos fatores que movem
cidade de produção, além do provável aumento de competição
as empresas em setores regulados a inovarem. Eles evidenciam a orien-
– com a maior abertura às empresas privadas – dentro do próprio
tação das empresas à redução de custos, melhoria na qualidade dos
setor. Neste contexto, novas pesquisas acadêmicas, assim como
serviços entregues e busca do aumento da rentabilidade da empresa.
novas iniciativas setoriais, são muito bem vindas para ampliar o
As empresas também foram indagadas, acerca das barreiras enfrenta-
entendimento sobre este assunto, de forma a contribuir para a
das pelas empresas analisadas para realizarem a gestão do PDI (gráfico 2).
formulação de políticas e estratégias adequadas para a promoção
Com bases nos dados depreendidos, constata-se que a principal
Ausência Ausência de Complexidade de pessoal profissionais do assunto capacitado disponíveis e dificuldade para sua na empresa no mercado para lidar implantação para lidar com o com o assunto assunto
Gráfico 1. Importância atribuída às atividades inovativas
Outras preparações para a produção e distribuição
Introdução das inovações tecnológicas no mercado
Treinamento
200 100
Menor importância
0
Grau de importância dado às atividades inovativas pelas CESBs
Gráfico 2. Principais barreiras identificadas para estruturar as atividades de gestão da inovação
1 Segundo a caracterização da Organização Mundial da Saúde e da Unicef (2017), foram caracterizadas desta forma, fontes de água que poderiam ser coletadas com um tempo não superior a 30 minutos, incluindo viagens de ida e volta e filas. 2 De acordo com a Organização Mundial da Saúde e a UNICEF (2017) foram consideradas instalações melhoradas de esgotamento sanitário aquelas que não são compartilhadas com outras famílias e onde as excretas são descartadas com segurança no local ou transportadas e tratadas externamente. 3 Estes dados são autodeclaratório das empresas que participaram da pesquisa.
32
Saneas
Fonte: elaboração própria.
Ausência Ausência Insuficiência de cultura do tema na de recursos estratégia financeiros da inovação corporativa na empresa da empresa para a na empresa estruturação destas atividades
Fonte: elaboração própria.
300
Aquisição de software
400
Aquisição de outros conhecimentos externos
500
Maior importância
Aquisição externa de P&D
600
Atividades internas de P&D
Escala de nível de importância
Aquisição de máquinas e equipamentos
do desenvolvimento tecnológico e da inovação no setor.
ARTIGO TÉCNICO
Paulo Levy de Souza Rodrigues Engenheiro Civil com MBA em Gestão de Negócios pela FIA – USP, Pós-Graduação em Administração de Marketing pela Faculdade FITO. Atualmente como Gerente da Divisão de Operação de Esgoto da Unidade de Negócio Oeste (MOEE) - SABESP Endereço: Rua Major Paladino, 300 prédio 11 – Vila Leopoldina – São Paulo - SP - CEP: 05307000 - Brasil - Tel: +55 (11) 98685-3072 - e-mail: plrodrigues@sabesp. com.br.
ETE-Compacta como alternativa para antecipação de universalização em locais distantes ao sistema integrado de esgotamento sanitário Resumo
mento básico do estado de São Paulo, CETESB - Com-
O descarte irregular de esgoto nos corpos hídricos
panhia Ambiental do Estado de São Paulo, MO-Unidade
causa vários transtornos ao meio ambiente e a saúde
de Negócios Oeste da Sabesp, BIODISCOS - conjunto de
pública. Com o objetivo de diminuir a carga de esgo-
discos, geralmente de plástico de baixo peso, giram em
tos despejadas nos rios e córregos, o mercado apre-
torno de um eixo horizontal. Metade do disco é imerso
senta a ETE-Compacta como solução tecnológica para
no esgoto a ser tratado enquanto a outra metade fica
tratamento de esgotos em uma região dotada de re-
exposta ao ar. As bactérias formam uma película ade-
des coletoras que possibilitem o afastamento, porém
rida ao disco que quando exposta ao ar é oxigenada,
o coletor que proporcionaria o envio para tratamento
CAPEX - sigla da expressão inglesa capital Expenditure
na ETE da Sabesp na região, está em etapas futuras
e que designa o montante de dinheiro despendido na
do Projeto Tiete ou mesmo em situações onde haja al-
aquisição de bens de capital de uma determinada em-
gum impeditivo técnico para implantação de tal Cole-
presa, OPEX- Sigla derivada da expressão Operational
tor Tronco, como por exemplo ocupações em margens
Expenditure, que significa o capital utilizado para man-
rios e APPs por moradias irregulares.
ter ou melhorar os bens físicos de uma empresa, tais
Esta solução se mostra viável em locais com geração
como equipamentos, propriedades e imóveis.
de esgotos predominantemente residenciais e/ou domésticos que possuam carga orgânica sem a presença
Introdução
de elementos químicos de origem industrial, tendo
As ETEs compactas são equipamentos para trata-
em vista que estas ETEs compactas em suas especifi-
mento de esgoto e efluentes, ou seja, é um local
cações mais básicas proporcionam remoção da ordem
específico para tratar toda a água já utilizada em
de 90% da DBO deste tipo de esgotos.
casas, condomínios e indústrias. Os equipamentos
Os índices de tratamento na MO-Unidade de Negó-
utilizados em ETEs compactas são, normalmente,
cio Oeste como um todo, estão em torno de 48%, o
menores e mais simples do que os encontrados em
que é abaixo da média geral da Companhia pelo fato
ETEs de maior porte destinadas a atendimento de
de estar em uma região ainda distante do Sistema Prin-
grandes contingentes populacionais, sendo assim
cipal da Sabesp, bem como possui municípios ainda
podem ser instaladas em diversos locais por possu-
em desenvolvimento e apresentando forte expansão
írem uma estrutura menor, facilitando a execução
imobiliária com implantação de loteamentos, condo-
do tratamento em loteamentos em locais mais afas-
mínios residenciais horizontais e verticais. Sendo assim,
tados, empresas, indústrias, condomínios, hotéis,
a aplicação desta solução se torna vital para expansão
centros comerciais, comunidades, hospitais, hiper-
da coleta e tratamento, e elevar a MO para o índice
mercados e canteiros de obras. Neste trabalho téc-
médio da Sabesp atualmente em torno de 75%.
nico serão apresentados locais predominantemente residenciais (loteamentos), nas cidades de Santana
PALAVRAS-CHAVE: DBO - Demanda bioquímica de
de Parnaíba, Carapicuíba e Osasco, onde a MO está
oxigênio, RAFA - Reator Anaeróbio de Fluxo Ascenden-
atuando para a instalação destas ETEs-Compactas.
te, ETE-Estação de tratamento de esgotos, EEE-Estação Elevatória de esgotos, SABESP - Companhia de sanea-
Devem ser considerados em suas instalações alguns fatores, a saber:
Agosto a Outubro de 2019
33
ARTIGO TÉCNICO
■■ Custo do terreno para instalação da ETE compacta, bem como CAPEX e OPEX do equipamento;
ETE-Compacta RAFA: Reator anaeróbio de fluxo ascendente (RAFA). É um tanque de fibra com medidas e formato específico,
■■ Características do efluente que será tratado;
totalmente fechado, onde é lançado o esgoto doméstico. É um mé-
■■ Corpo hídrico receptor do efluente tratado (corpo d’água, lago,
todo econômico e muito eficiente que trabalha com bactérias ana-
represa, riacho, rio, etc.), vazão, classificação do corpo d’água
eróbias (que não precisam de oxigênio para sobreviver), o que faz
que receberá os efluentes (Classe 2 a 4); geralmente o parâme-
com que não seja necessário nenhum sistema de ventilação. O fluxo
tro mais observado é o de remoção de matéria orgânica (DBO),
entra no reator através de tubo na parte superior e são direciona-
que varia de 80-95%;
dos para o fundo do tanque. No perímetro do tanque existe uma
■■ Licenças e aprovações dos órgãos competentes CETESB, DAEE;
calha coletora para coletar o efluente já tratado com ondulações.
■■ Prazo estimado para a chegada da rede coletora no local da
Existem bactérias anaeróbicas que vivem nesse tanque e promovem
implantação da ETE compacta. ■■ Vida útil da ETE.
as reações necessárias para degradar a matéria orgânica. Ai iniciar a operação de um tratamento deste tipo é preciso colocar uma quantidade inicial de bactérias (promover um START no sistema). Essa
Objetivo
quantidade fake breitling inicial de matéria orgânica com as bac-
Neste trabalho apresentaremos TRÊS exemplos de aplicação de
térias pode ser proveniente de outra fossa já em funcionamento.
ETEs compactas realizados na MO, em locais onde a universalização por meio de Coletores Tronco da Sabesp, para envio ao
Ainda neste item de metodologia aplicada, observamos algumas “Premissas” a ser consideradas, tais como:
tratamento na ETE-Sabesp, se dará em prazo superior a 5 anos,
Funcionamento: Necessário que haja o mínimo de automação
fazendo com que a MO invista a curto neste tipo de solução e am-
de forma que o processo ocorra de maneira continua evitando
plie seus índices de forma antecipada, com o propósito de cumprir
assim dispêndio com mão de obra. Nas etapas de tratamento pre-
assim as metas dos contratos de programa com os municípios ci-
liminar que compõe caixa de areia e gradeamento para depois
tados neste trabalho, bem como proporcionar aumento do fatu-
entrar na elevatória e assim seguir para etapas aeróbia e anaeró-
ramento da Sabesp nestes locais com a prestação de serviços de
bia de tratamento, decantação secundária e no final é realizada a
coleta e tratamento de esgotos a estas populações, as quais já
desinfecção, devem se dar de forma automática
estão atendidas pelo abastecimento de agua da Cia.
Instalação: Recomenda-se que seja realizada sobre o solo ou semienterrada. Para ambos os casos é necessária a execução
Metodologia – processo de tratamento e premissas
de laje radier ou base. Outros detalhes também são necessários
Antes de relatar os TRÊS exemplos/cases de aplicação e o Status
devem ter em sua característica principal a possibilidade de des-
em que se encontram suas implantações e operação, bem como
montagem e reinstalação em outro ponto, sendo assim o projeto
sua forma de contratação, é necessário esclarecer que foram ado-
deve buscar elementos construtivos e de montagem que, tenham
tados 2 (dois) tipos de processo de tratamento, RAFA ou Biodiscos
fácil manutenção e não elevem o valor do OPEX e ainda permitam
que foram aplicados distintamente conforme a contratação, nes-
a futura mobilidade do equipamento.
tas três ETE-Compactas, a saber:
como, casa de máquinas, painel elétrico. Os modelos compactos
Com base nestas premissas de funcionamento e instalação, bem
ETE-Biodiscos: Formada por conjunto de discos, geralmente de
como nos dois tipos de processo de tratamento, relatamos abaixo os
plástico de baixo peso, giram em torno de um eixo horizontal. Me-
três “Cases” em que a MO tem trabalhado, com o propósito de in-
tade do disco é imerso no esgoto a ser tratado enquanto a outra
crementar seu faturamento, bem como promover a universalização
metade fica exposta ao ar. As bactérias formam uma película adeentra novamente em contato com o efluente contribui para a oxi-
Metodologia – implantação, CAPEX e faturamento proporcionado
genação deste. Quando esta película cresce demasiadamente, ela
Com base nas premissas consideradas no item anterior, temos abai-
se desgarra do disco e permanece em suspensão do meio líquido
xo a descrição de cada ETE Contratada e seu respectivo formato
devido ao movimento destes contribuindo para um aumento da
de contratação. Ressalta-se que nestas contratações foram levados
eficiência. Este sistema é limitado para o tratamento de pequenas
em consideração fatores econômicos de CAPEX e Faturamento pro-
vazões. O diâmetro máximo dos discos é reduzido sendo necessá-
porcionado pelo atendimento aos clientes com serviço de coleta e
rio um grande número de discos para vazões maiores.
tratamento pela Sabesp. O OPEX também é considerado
rida ao disco que quando exposta ao ar é oxigenada. Esta quando
34
Saneas
Case 1: ETE – NEW VILLE (Em Operação) – Aquisição
Case 2: ETE – Nova Jerusalém (Em fase de licenciamento) -
Trata-se de um residencial de alto padrão na cidade de Santana
Aquisição
de Parnaíba, que transferiu a operação de seu sistema de esgota-
Trata-se de um residencial de padrão popular na cidade de Ca-
mento para a Sabesp, o qual possuía um tratamento de aeração
rapicuíba, que está em fase de regularização fundiária junto aos
prolongada e que carecia de melhorias de operação, sendo assim
órgãos estaduais e municipais deste residencial Nova Jerusalém
foi executado um estudo, licitação e aquisição de ETE Compacta
(figura 3), e para tanto há necessidade de dar adequada destina-
(figura 1), na qual o fornecedor entregou o modelo com uso de
ção a seus esgotos, sendo assim a Prefeitura local solicitou à MO
Biodíscos que possibilitou melhoria Operacional e a simplificação
estudo para o caso. Tendo em vista que a implantação do CT 2-A
da operação. Importante observar que tal iniciativa de implanta-
em Carapicuíba, aguarda liberação de áreas ocupadas por mora-
ção de ETE-compacta, se faz necessária pois o envio destes efluen-
dias irregulares e adequação de suas margens, bem como as obras
tes para tratamento no sistema principal da Sabesp será possível
da 4º. Etapa do Projeto Tietê na região, optou-se pela implantação
somente após a conclusão das obras da 4º. Etapa do Projeto Tietê
de ETE-Compacta, considerando o pequeno espaço no residencial
na região central de Santana de Parnaíba, pois o residencial está
para sua instalação, sendo assim foi realizada a licitação do serviço
à frente na estrada do Suru (sentido interior de São Paulo). A im-
e a vencedora fornecerá modelo de Biodíscos e a sua instalação
plantação desta ETE e sua respectiva partida e operação se deu no
se dará tão logo os agentes ambientais concedam a LI (Licença de
último trimestre de 2018 e foi inclusive noticiada pela revista Veja
implantação), a expectativa é que ainda em 2019 este moradores
São Paulo conforme figura 2.
sejam beneficiados com a Universalização
Dados do local:
Dados do local:
Ticket médio aproximadamente: R$ 128,00 (Esgoto) – Tarifa a
Ticket médio aproximadamente: R$ 80,00 (Esgoto) - Tarifa a
ser faturada por imóvel
ser faturada por imóvel
Investimento (CAPEX): R$ 524.000,00 (3 módulos)
Investimento (CAPEX): R$ 398.000,00 (2 módulos)
Atendimento: 322 Imóveis
Atendimento: 133 Imóveis
Figura 2 - Edição- ano 51 – Nº 38 – 19/09/2018 Figura 1 - Fotos da ETE e do local no Residencial New Ville
Case 3: ETE – Compacta Fazendinha (Em fase de licenciamento) - Locação Na região da Fazendinha em Santana de Parnaíba, a MO tem investido recursos por meio de obras das Superintendências TG e ME, que são áreas da Sabesp dedicadas a realização dos empreendimentos Investimentos da empresa. Está sendo implantada no local uma ETE (denominada ETE-Fazendinha) na Rua Luar Crescente (figura 4) com capacidade para futuramente tratar em torno de 100 l/s, porem a empresa que vinha realizando tal obra não conFigura 2 - Edição- ano 51 – Nº 38 – 19/09/2018
seguiu efetivar sua conclusão. Desta forma, até que a implantação
Agosto a Outubro de 2019
35
ARTIGO TÉCNICO
da ETE-Fazendinha venha a ser realizada em caráter definitivo, foi
ETE – Rafa (OPEX)
decidido a implantação de uma ETE-Compacta, provisoriamente,
Será instalada no bairro da Fazendinha em Santana de Parnaíba, tem
a qual foi licitado um contrato de locação para uma capacidade de
capacidade para tratar até 10,5 l/s (907m³/dia) de vazão média diária.
tratar vazão de 10 l/s por meio de sistema RAFA, proporcionando
O sistema adotado é do tipo misto, anaeróbio-aeróbio, onde o
assim condições de atender incialmente clientes que estão com
sistema aeróbio é da modalidade aeração prolongada com cres-
redes coletoras implantadas e disponíveis para conexão ao sistema
cimento aderido fixo (IFAS - Integrated Fixed Film Activated Slud-
da Sabesp nesta região da cidade e a expectativa é que ainda em
ge), com área total ocupada de somente 370m², ou seja, cerca de
2019 este moradores sejam beneficiados com a Universalização
0,41m² de área ocupada por m³ de esgoto tratado.
Dados do local:
O consumo de energia previsto é da ordem de 0,39Kwh/m³ de
Ticket médio aproximadamente: R$ 67,00 (Esgoto) - Tarifa a
esgoto tratado, aproximadamente R$ 0,18 por m³ tratado.
ser faturada por imóvel
A eficiência total do sistema para remoção de DBO5-20 é esperada
Investimento (OPEX): R$ 68.000,00/mês
acima de 94%, com concentrações no efluente final abaixo de 20mg/l.
Atendimento: 1600 Imóveis
ETE – Biodiscos (OPEX) É uma estação de tratamento de esgoto compacta e modular, que utiliza biodisco (reator biológico de contato), o equipamento pode ser configurado para tratar a partir de 0,6 L/s de efluente. Por se tratar de um sistema 100% aeróbio, por aeração atmosférica, o sistema não necessita de sopradores, o que reduz consideravelmente o consumo de energia, cerca de 0,73 kWh (0,6 L/s), além de não ser necessário a operação full time, visto que a ETE possui um sistema automatizado que necessita de pouca ou quase nenhuma operação, podendo ser monitorada a distância. O custo operacional total
Figura 4 - Imagem aérea do local indicando o local da futura instalação
do MIRACELL® é de aproximadamente R$ 0,33 por m³ tratado. Dados estimados:
Metodologia – manutenção, operação e OPEX
■■ Consumo de energia elétrica, considerando a vazão 0,6 l/s de um (1)
Os Processos de tratamento descritos neste trabalho trazem a tec-
módulo RBC mais um (1) decantador, é de R$ 0,13 por m³ tratado;
nologia por Biodiscos e por sistema RAFA, conforme já relatado na
■■ Valor de mão-de-obra é de R$ 0,07 reais por m³ tratado.
metodologia de implantação. Neste item odo trabalho o objetivo
■■ Manutenção e reposição de peças, R$ 0,08 reais por m³ tratado.
é apresentar dados estimados de OPEX compostos por:
Descarte de lodo em aterro é de R$ 0,05 reais por m³ tratado.(Figura 5)
■■ Mão de Obra
Resultados obtidos – técnicos, economicos e de remuneração
■■ Energia Elétrica ■■ Insumos
Os Resultados destas soluções técnicas, apresentam característi-
OPEX ENERGIA ELÉTRICA
Vazão m3/ dia
50
Separador de Sólidos (Peneira)
Bomba
MÃO DE OBRA (OPERADOR)
Motorredutor
Qtde
CV
Qtde
CV
Qtde
CV
1
0,5
1
0,5
1
0,5
Figura 5 – Tabela com valores de OPEX da ETE-Biodiscos
36
Saneas
Potência total (CV)
1,5
OPEX EE (R$/ m3 tratado)
R$ 0,13
01 Operador (n0 de horas/ semana)
2,0
MANUTENÇÃO/ REPOSIÇÃO
RESÍDUOS SÓLIDOS
OPEX POR M3 TRATADO
OPEX MO (R$/ m3 tratado)
Manutenção/ Reposição de Peças
Descarte de lodo em aterro
(R$/ m3 tratado)
(R$/ m3 tratado)
(R$/ m3 tratado)
R$ 0,08
R$ 0,05
R$ 0,33
R$ 0,07
OPEX ANUAL
cas de qualidade de efluente (figura 5), operação (figura 6) e de
Conclusões e recomendações
retorno financeiro à Sabesp. Desta forma anotamos abaixo alguns
Este trabalho não tem a pretensão de esgotar o tema, mas apre-
resultados e algumas considerações acerca dos mesmos, que são
sentar exemplos de realizações e projetos em andamento na
relevantes para o bom desempenho da MO-Unidade de Negócios
MO-Unidade de Negócios Oeste da Sabesp, os quais objetivam
Oeste da Sabesp
antecipar Universalização nos locais relatados. Concluímos que a
Qualidade do Efluente: Considerando a Resolução CONAMA
ETE-Compacta se apresenta como uma solução viável, com Capex
no. 357, adotou-se solicitar o DBO abaixo da empresa contratada
e Opex dentro dos limites orçamentários da Sabesp e podendo ser
para implantação.
uma alternativa para antecipar a Universalização em locais onde a
PARÂMETROS DE ENTRADA (VALORES MÉDIOS) DBO: 300 mg/L/
150
DQO: 300 mg/L/
100
Sólido Suspensos totais: 400 mg/L
PARÂMETROS DE SAÍDA (MÁXIMOS PERMITIDOS)
somatória das vazões dos domicílios beneficiados não seja superiores a 10 l/s, tendo em vista que em instalações superiores a esta
DBO: 45 mg/L/
vazão elevam os valores do Capex. Diante desta conclusão, cabe
DQO: 120 mg/L/
aqui citar alguns cuidados no aspecto técnico e comercial para
Sólido Suspensos totais: 45 mg/L
Figura 6 – Tabela com Parâmetros de entrada e saída da ETE
contratação de uma ETE-Compacta, a saber: 1- Técnica: ■■ Avalie a qualidade dos materiais empregados para construção
Operação: No caso da ETE-Compacta-Fazendinha, além da
dos tanques;
Qualidade do efluente, também se requer desempenho na ope-
■■ Analise atentamente a especificação dos equipamentos compo-
ração com descontos pelo período em que houver uma parada
nentes da ETE, como bombas elevatórias, sistemas de dosagem
do sistema, sendo assim estes indicadores fatores de desconto no valor da locação mensal. Fator de Qualidade (FQ): Caso a contratada não atender quaisquer dos parâmetros do efluente definidos na Tabela1, haverá a penalidade de 10% do valor da medição mensal. Os valores dos parâmetros para fins de aferição desta condição serão calculados pela média das coletas semanais no mês, não havendo coleta no mês será aplicado automaticamente o FQ. O fator de desempenho não poderá se superior a 1. FQ = CD x Parcela A Fator de Qualidade (FO): Caso ocorra parada superior há uma hora, haverá desconto do valor mensal medição mensal, conforme fórmula: FO: (HP / (N0 horas/Mês)) x Parcela A Onde HP: horas paradas (horas) Figura 7 – Critérios de remuneração por desempenho
e elementos eletromecânicos; ■■ Ler o memorial de dimensionamento da sua tecnologia, para que se possa garantir que um determinado processo de tratamento está de fato dimensionado conforme os requisitos de projeto. Também dê atenção especial para os projetos, hidráulicos, estruturais e elétrico; ■■ Fique atento ao manual de operação, observe o detalhamento e a viabilidade dos procedimentos necessários. ■■ Boa aplicação para locais com vazões de até 10 L/S; ■■ Licenciamento ambiental, é o caminho crítico do projeto, e deve ser levado em conta nas contratações e implantações 2- Comercial/ Financeira: ■■ Forma de contratação que lhe for mais adequada, pois o mercado dispõe de fornecedores que trabalham com vários tipos de contratação, podendo ser: Aquisição, Locação, BOT – Build,
Econômico/ financeiro: Nos três projetos aqui citados, levou-
Operating and Transfer;
-se em consideração o Pay-Back (Pagamento do capital investido),
■■ Fato lembrar que na aquisição, será necessário pensar em trei-
bem como a TIR (Taxa de Retorno Interno), que especificamente
nar pessoal para tal operação e levar em conta se a contratação
na Sabesp requer TIR de 8,11%, o qual foi atendido nos TRÊS pro-
com operação inclusa facilite seu dia a dia, desde que o Opex
jetos deste relatório, sendo assim resumidamente temos:
apresentado pelo fornecedor esteja adequado;
■■ ETE New Ville: Pay-Back aproximadamente em 12 meses
■■ Pay-Back e Estudo de Viabilidade Técnica focando a TIR e VPL;
■■ ETE Nova Jerusalém: Teremos Pay-Back aproximadamente em 36 meses
■■ Lançamento do efluente, pois o corpo receptor pode elevar cus-
ETE Compacta-Fazendinha: Teremos arrecadação em torno de
to do projeto em função de sua Classe, sendo assim o corpo
R$ 107.000/mês que será suficiente para cobrir as despesas de locação e energia para a mesma, durante o período de locação.
d’agua Classe 4 possui um menor Capex e Opex ■■ Analisar o prazo de implantação do futuro coletor na região, a fim de estabelecer a vida útil da ETE Compacta a ser instalada. Fator decisivo para tipo de contratação
Agosto a Outubro de 2019
37
ARTIGO TÉCNICO
Helvécio Carvalho de Sena Químico, com Mestrado e Doutorado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP). Diretor técnico da MONERA Eco Solutions
MBBR de poliuretano enriquecida com carbono (estudo de caso) Resumo
PALAVRAS-CHAVE: MBBR; Remoção de Nitrogênio,
O desenvolvimento da tecnologia Moving Bed Biologial
Remoção de Fósforo, ETE Gêneses, Sabesp
Reactor – MBBR deu-se em meados de 1990 por um grupo de pesquisadores coordenados por ØDEGAARD
Introdução
((SENA, 2011) (CARMINATI, 2016) (WOLFF, 2005), com
A estação de tratamento de esgotos Gêneses (ETE
o intuito de melhorar as estações de tratamento da
Gêneses) desde a inauguração não propicia a nitri-
Noruega visando a remoção de nitrogênio aplicando a
ficação mesmo sendo projetada para operar como
nova técnica em estações de tratamento já existentes.
sistema de crescimento aderido (MBBR), assim houve
O MBBR é considerado um processo de crescimen-
a substituição total da mídia antiga (cano corrugado,
to aderido (WOLFF, 2005) (SENA, 2011) e está sendo
sem dados de área superficial) pela mídia de poliure-
utilizado para o tratamento de diversos efluentes in-
tano enriquecida com carbono e outros compostos1
dustriais devido à alta capacidade de adsorção e trata-
que elevam a área disponível para o crescimento bio-
mento no biofilme formado nas mídias.
lógico para 20.000 m2/m3.
Quanto a aplicação do processo de MBBR em ou-
O objetivo principal é a verificação das vantagens
tros processos há dados bibliográficos de pesquisas
de mídia poliuretano enriquecida1 para comprovar
para remoção de compostos refratários
suas vantagens em relação a mídia convencional do
(PASCIK,
1990) com grande sucesso. A presente tecnologia foi desenvolvida antes do
processo de tratamento de esgotos com o desenvolvimento de bactérias nitrificantes.
termo “MBBR” ter sido cunhado em 1990, portan-
Neste sentido, verificou-se que o processo de nitrifica-
to podemos ter a liberdade técnica dizer que o atual
ção foi melhorado em 6 vezes ao se considerar a situa-
processo é um MBBR+ (up grade do MBBR). Há in-
ção do histórico da ETE Gêneses, também se observou
formações que esta mídia embarca compostos como
que seria possível a redução da potência do soprador,
carbono entre outros .
acarretando a redução de consumo de energia elétrica.
As mídias, mais comumente disseminadas são aque-
Após a operação de 06 meses com a mídia de po-
las feitas de polietileno ou polipropileno. Porém há
liuretano enriquecida1 foram colhidas amostras da
mídias feitas de poliuretano com área de crescimento
mesma para avaliar a possível colmatação. A análise
extremamente competitivas possibilitando maior fle-
de microscopia demonstrou que os macro poros esta-
xibilidade aos operadores de estações de tratamento
vam perfeitamente abertos, conforme demonstrado
quanto as melhores técnicas de aplicação.
através da Figura 1.
A fim de testar uma dessas mídias de poliuretano, aplicou-se em uma estação de tratamento de esgotos da Sabesp, localizada em São Paulo especificamente no Bairro Alfaville, denominada como Gêneses. A ETE Gêneses possui as seguintes etapas de tratamento: tratamento preliminar (gradeamento e remoção de areia), reator anaeróbio tipo UASB, tanque anóxico2 , tanque de aeração, decantador secundário, filtro de areia
Presença de carbono, grafeno e cepas especificas de microrganismos. No caso específico da ETE Gêneses, apesar de haver o termo no projeto, não se pode considerar como um tanque anóxico posto que a homogeneização do reator é feita com adição de AR, propiciando concentração acima de 0,5 mgO2/L. 1 2
38
Figura 1 - Avaliação microscopia da mídia de poliuretano enriquecida1 – após 06 meses de operação na ETE Gêneses
Saneas
Materiais e métodos A tecnologia MBBR com mídia de Poliuretano enriquecida com carbono e outros compostos1 foi aplicada em uma estação de tratamento de esgotos (ETE Gêneses) em escala real. É fundamental registrar que a única alteração feita na unidade foi a substituição das mídias, não foram alterados por exemplo o sistema de difusão de ar e tão pouco o soprador. Esta unidade de tratamento já era operada em modulo de MBBR, porém com mídia convencional de alta densidade, conforme demonstrado através da Figura 2.
Figura 3 - Aplicação da Mídia de Poliuretano catalisada1
Após a retirada da mídia antiga (Figura 2) da ETE Gêneses, foi colocado a mídia de poliuretano enriquecida com carbono e ou-
A avalição da microestrutura da mídia de poliuretano (figura 1)
tros compostos1 nos dois reatores aerados, a nova mídia está de-
através de microscopia de varredura eletrônica (MEV) observou-
monstrada através da Figura 3.
-se estrutura ovoide que propicia os macro poros e proteção aos
Os tanques de aeração da ETE Gêneses possuem um volume total de 64,5m , a quantidade volumétrica da mídia antiga (Figura 3
microrganismos contra compostos tóxicos possibilitando assim o desenvolvimento adequado de enzimas específicas.
2) era 32m3 (50% do volume dos tanques aerados), enquanto
Wolf (WOLFF, 2005) trabalhando com dois tipos de mídia de
para a mídia de poliuretano enriquecida com carbono e outros
MBBR demonstra que a mídia com suporte mais irregular é mais
compostos1 (Figura 3) foram aplicados 4,51 m3 (7% do volume
favorável ao desenvolvimento de microorganimos, inclusive as
dos tanques aerados).
áreas formadas pela macro cavidades são maiores do que a mídia
Segundo orientação da Norma regulamentadora brasileira (NBR 12.209:2011, 2011) a quantidade de biomídia recomendada está entre 30 à 70% do volume do tanque. (Figura 2)
convencional utilizada na pesquisa. As reentrâncias favorecem a fixação e a colonização das bactérias e desenvolvimento de nichos de organismos de lento crescimento, como as nitrobacters (WOLFF, 2005).
Condições de Operação A vazão média e mediana histórica da ETE Gêneses é de 6,09 e 5,73 m3/hora. Considerando o volume total do tanque de aeração (64,5 metros cúbicos), para a vazão histórica há um tempo de detenção de 10,6 horas. Apresenta-se através da Tabela 1 a característica média do esgoto bruto afluente à ETE Gêneses, que pode ser classificaFigura 2 - Mídia antiga da ETE Gêneses foto tirada com aeração desligada
do entre um esgoto médio à forte
(Metcalf & EDDY, 2003).
N-NH4
DBO5,20
P
DQO
H2S
OG
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
mg/L
Média
50,8
242
6,4
484,1
2,9
42,5
7,8
N
24
24
16
25
20
15
21
Desvio Padrão
15,4
113
1,9
253,3
2,2
23,6
0,4
A substituição das mídias ocorreu no dia 18 de agosto de 2018
Mínimo
26,5
25
2,8
78,0
0,5
7,9
7,0
e o primeiro monitoramento foi feito no dia 24 de agosto de
Máximo
94,3
550
9,8
1.207,0
8,2
111,3
8,3
A ETE não foi inoculada com lodo biológico para verificar o crescimento de biofilme na mídia de poliuretano enriquerida1, também não foi feito nenhuma alteração no modo de operação para avaliar a capacidade da mídia principalmente para remoção de nitrogênio amoniacal.
2018. (Figura 3)
pH
Tabela 1 - Dados do esgoto bruto - ETE Gêneses
Agosto a Outubro de 2019
39
ARTIGO TÉCNICO
Durante o período da pesquisa a vazão média e mediana foi de 7,13 m /hora e 6,88 m /hora, portanto entre 17 à 20% superior 3
3
afluente de 332 mg DBO5,20/L e no efluente de 35 mg DBO5,20/L. Com remoção média do período de 89,33%. A comparação entre os dados históricos e o primeiro período
a média e mediana histórica.
da pesquisa (28 dias) demonstra que em termos percentuais as
Resultados
remoções foram idênticas, porém a concentração afluente média
O sistema operou com carga média de DBO5,20 em 40,7 kg
aumentou em 61,67%. Consequentemente a concentração mé-
DBO5,20/dia, DQO em 83,8 kg DQO/dia e 8,6 kg N-NH4 /d
dia no efluente tratado subiu 52,50%
A ETE Gêneses compõe-se também de um reator UASB, mas
No segundo período da pesquisa (40 dias) a concentração de
não foi possível monitorar o efluente desta unidade de tratamen-
DBO5,20 no efluente tratado com a mídia de poliuretano enriqueci-
to, portanto vamos estimar que esta unidade anaeróbia foi res-
da1 (MBP) foi de 4 mg/L.
ponsável pela remoção de 50% das cargas orgânicas e 0% da
Esta melhora é ocasionada pela maturação do biofilme (SENA,
carga nitrogenada, temos assim a síntese dos dados que estão
2011), o diferencial com a mídia de poliuretano enriquecida1 é
apresentados através da tabela 2.
que já no primeiro período houve o atendimento a remoção exigida por lei, demonstrando altíssima aderência microbiológica.
Carga DBO5,20 bruta Kg DBO5,20 /dia
Carga DBO5,20 efluente do reator UASB Kg DBO5,20 /dia
Carga DQO bruta Kg DQO/dia
40,7
20,3
83,8
Carga DQO efluente do reator UASB Kg DQO/dia
41,9
Carga de Nitrogênio amoniacal kg N-NH4 /dia
A substituição das mídias ocorreu no dia 18 de agosto de 2018 e o primeiro monitoramento foi feito no dia 24 de agosto de 2018 e com apenas 06 dias de inoculação a remoção de DBO5,20 foi de 89,9% (afluente 317 mg DBO5,20/L, efluente 32 mg DBO5,20/L).
8,6
Tabela 2 - Carga orgânica e nitrogenada afluente à ETE Gêneses
A concentração de sólidos suspensos voláteis no tanque de aeração foi monitorada. Os dados indicam que no início da pesquisa com a mídia de poliuretano enriquecida1 a concentração de sólidos era de 1.920 mgSSV/L, sendo que ao final do monitoramento da pesquisa a concentração esteve entre 370 à 735 mgSSV/L. Uma análise simplificada destes dados indica que houve uma
Concentração Concentração Concentração Concentração Concentração Concentração DBO5,20 DBO5,20 DBO5,20 DBO5,20 DBO5,20 DBO5,20 no esgoto no efluente no esgoto no efluente no esgoto no efluente afluente tratado – afluente – 1º tratado – 1º afluente – 2º tratado – 2º – período período período período período período histórico histórico pesquisa pesquisa pesquisa pesquisa (mg/L) (mg/L) (28 dias) (28 dias) (40 dias) (40 dias) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) 205
23
332
35
256
redução de 71% na produção de sólidos, sem que houvesse a redução de eficiência da remoção de carbono.
Conforme demonstrado através da tabela 1, a concentração
Esses dados são apoiados por pesquisas de (SENA, 2011) e
média de nitrogênio amoniacal no esgoto afluente foi de 50,8 mg
(ARAÚJO, LERMONTOV, SILVA ARAÚJO, & ZIAT, 2013), o primeiro
N-NH4/L, esta média considera todos os dados, ou seja, os dados
pesquisador encontrou um redução de produção de lodo em sis-
históricos e os dados obtidos durante o período desta pesquisa.
temas com MBBR de 57%, enquanto o segundo grupo de pesqui-
As comparações entre as remoções de nitrogênio amoniacal no
sadores encontraram um redução de produção de lodo em 36%.
período histórico e período da pesquisa pode ser feito conside-
Através da tabela 3, demonstra-se a concentração de DBO5,20
rando que a concentração média deste composto era de 52,2 mg
no efluente tratado da ETE Gêneses, antes e depois da introdução
N-NH4/L (histórico) e durante o período da pesquisa foi de 48,6
da mídia de poliuretano enriquecida1.
mg N-NH4/L.
Os dados históricos da ETE Gêneses demonstram que a con-
Os dados estão demonstrados através da figura 4.
centração média de DBO5,20 afluente era de 205mg DBO5,20/L e
Os dados históricos demonstram uma concentração média
no efluente de 23 mg DBO5,20/L. Assim a remoção média histórica
efluente de 43,1 mg N-NH4/L, enquanto para o período da pesqui-
era de 88,68%.
sa a concentração média efluente reduziu para 17,3 mg N-NH4/L.
O monitoramento do efluente tratado da ETE Gêneses já ope-
No dia 26/10/2018 a concentração de nitrogênio amoniacal no
rando com a mídia de poliuretano enriquecida1 (MBP) entre os dias
efluente tratado foi de 3,2 mg N-NH4/L, para uma concentração
24/08 à 21/09/18 apresentou uma concentração média de DBO5,20
afluente de 43,9 mg N-NH4/L, uma remoção de 92,7% 3
40
Saneas
4
Tabela 3 - Concentração de DBO afluente e efluente à ETE Gêneses, antes e depois da substituição da mídia
Não foi considerado a perda de sólidos pelo efluente final.
A concentração de nitrogênio nitrato no efluente tratado não ultrapassou 10 mg N-NO3/L, o que indica a desnitrificação simultânea, justificando também a estabilidade do pH.
Simulação Utilizando-se como base as seguintes condições: ■■ Concentração de nitrogênio amoniacal no esgoto bruto = 50,0 mg/L ■■ Concentração de nitrogênio nitrato no efluente tratado <= 10,0 mg/L Figura 4 - Concentração de nitrogênio amoniacal no efluente tratado da ETE Gêneses - antes e depois da substituição da mídia
■■ Concentração de nitrogênio amoniacal no efluente tratado <= 10,0 mg/L ■■ Concentração de oxigênio nos tanques aerados = 3,0 mg/L
Figura 4 - Concentração de nitrogênio amoniacal no efluente tratado da ETE Gêneses - antes e depois da substituição da mídia Uma das questões fundamentais feita durante a pesquisa foi o motivo das oscilações nas remoções e o motivo da concentração
■■ Temperatura de trabalho = 25ºC ■■ Taxa de recirculação para o tanque anóxico = 1 ■■ SALNO3R = 0,5 g/m2/d ■■ SALDBO5,20R = 5,0 g/m2/d
não se manter baixa como os obtidos no dia 26/10/18. Considerando a média de remoção, houve uma melhora de 6
Para as condições acima utilizando a mídia poliuretano enrique-
vezes no processo de nitrificação. Antes da substituição da mídia
cida1 que possui 20.000 m2/m3, temos:
a remoção média era de 13,2% e após a substituição elevou-se
■■ Tanque de desnitrificação :
para 60,8%.
■■ Volume do tanque = 21,7 m3
Seis dias após a substituição da mídia, houve amostragem na
■■ Quantidade de mídia = 1,0 m3 (4,6% do volume do tanque)
ETE Gêneses e o sistema já apresentou remoção de nitrogênio
■■ Concentração de nitrogênio nitrato no efluente < 2,0 mg/L
amoniacal de 61%.
■■ Tanque de remoção de carbono:
Na terceira amostragem a remoção de nitrogênio amoniacal reduziu de 76% para 44%, o que levou a questionamentos. A redução na remoção, foi causada pela alteração no sistema
■■ Volume do tanque = 21,7 m3 ■■ Quantidade de mídia = 1,0 m3 (4,6% do volume do tanque) ■■ Concentração de DBO5,20 < 2,0 mg/L
de aeração da ETE Gêneses. A operação mantinha uma determi-
■■ Tanque de remoção de nitrogênio:
nada potência no soprador para causar o máximo de homoge-
■■ Volume do tanque = 21,7 m3
neização possível com a mídia antiga (figura 2), ao observarem
■■ Quantidade de mídia = 0,5 m3 (2,31% do volume do tanque)
que a mídia de poliuretano enriquecida1 fluidizava com menor
■■ Concentração de N-NH4 < 5,0 mg/L
quantidade de ar, houve a alteração da potência, sem que o pesquisador fosse avisado. Após a identificação do ocorrido, foi solicitado a manutenção
Para as condições acima utilizando a mídia polipropileno que possui 650 m2/m3, temos:
da concentração de oxigênio dissolvido próximo de 3,0 mg O2/L,
■■ Tanque de desnitrificação :
porém devido a deficiência do soprador, não foi possível atingir
■■ Volume do tanque = 253,5 m3
esta meta.
■■ Quantidade de mídia = 29,0 (11,4% do volume do tanque)
A limitação de aeração, traduz-se nas variações na remoção de nitrogênio amoniacal. Considerando a melhora na remoção de nitrogênio amoniacal e a formação de nitratos, há dois aspectos que foram acompanhados. O primeiro era a alteração do pH no tanque de aeração, visto
■■ Concentração de nitrogênio nitrato no efluente < 2,0 mg/L ■■ Tanque de remoção de carbono: ■■ Volume do tanque = 253,5 m3 ■■ Quantidade de mídia = 50,0 m3 (19,7% do volume do tanque) ■■ Concentração de DBO5,20 < 2,0 mg/L
que não houve suplementação de alcalinidade no esgoto afluen-
■■ Tanque de remoção de nitrogênio:
te, os dados demonstraram que o pH se manteve 6,6 à 7,7 upH.
■■ Volume do tanque = 253,5 m3
Agosto a Outubro de 2019
41
ARTIGO TÉCNICO
■■ Quantidade de mídia = 80 m3 (31,56% do volume do tanque) ■■ Concentração de N-NH4 < 5,0 mg/L A simulação matemática indica que haveria uma redução signi-
Há indicativo que na situação atual (mídia de poliuretano enriquecida1) é possível atingir remoções de nitrogênio amoniacal acima de 90%, desde que haja suprimento de oxigênio.
ficativa no volume dos tanques, visto que a área disponível está
Observa-se também que o processo de desnitrificação ocorre
diretamente relacionada ao dimensionamento dos reatores (HEN-
dentro da mídia de poliuretano enriquerida1 considerando que a
ZE, M.C.M., EKAMA, & BRDJANOVIC, 2008).
concentração de nitrogênio nitrato sempre ficou abaixo de 10 mg
Foi adotado o critério de se manter pelo menos um tempo de retenção hidráulico de 60 minutos, mesmo que os cálculos indiquem tempos menores.
N-NO3/L e o pH no tanque de aeração se manteve na faixa entre 6,0 à 7,0. Apesar da mídia de poliuretano enriquecida1 apresentar pequenos poros, quando comparado à outra mídias, não se observou a
Conclusões
oclusão dos macro poros. Provavelmente devido a formação de
A utilização de uma quantidade de mídia poliuretano enriqueci-
um biofilme de menor espessura e maior atividade microbiana.
da1 em um pequeno percentual comparado com a recomendação
A simulação entre a mídia de poliuretano enriquecida1 e mídias
normativa (NBR 12.209:2011, 2011) demonstrou-se como uma
convencionais demonstra que haveria uma redução significativa
excelente alternativa com resultados de remoção expressivos.
no volume dos tanques, quando estamos nos referindo a unida-
A remoção de DBO5,20 atingiu cerca de 92%, e a remoção de nitrogênio amoniacal ficou em média 61%, remoção 06 vezes melhor do que a situação anterior a esta pesquisa.
42
Saneas
des novas. Para unidades já existentes poder-se-á utilizar o potencial desta mídia para aumentar a capacidade da unidade.
ARTIGO TÉCNICO
Nilton Bartalini
Desafios e soluções para a gestão de lodo em estações de tratamento Tecnologias avançadas têm auxiliado a superar os diversos desafios no gerenciamento do lodo proveniente de estações de tratamento de efluentes municipais e industriais
Formado em tecnologia de projetos mecânicos, pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo, com diploma reconhecido pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Tem 22 anos de experiência na indústria de papel e celulose, nas etapas de fabricação, captação e tratamento de água, atuando também no tratamento dos efluentes gerados em Pulp and Paper. Possui também 11 anos de experiência em projetos de equipamentos hidrodinâmicos, etapa atual, atuando diretamente na aplicação, desenvolvimento e implantação no tratamento de efluentes municipais e indústriais. Trabalhou em indústrias metalúrgicas e empresas especializadas em fabricação de papel e celulose, tais como Cia. Suzano de Papel e Celulose e Joh. Clouth GmbH & CO. (Joh. Clouth Brasil). Atualmente desenvolve a coordenação técnica e comercial da aQuamec, atendendo empresas públicas e privadas do setor de saneamento.
Ao mesmo tempo em que o aumento da coleta de esgoto traz inúmeros benefícios, como melhoria da saúde, preservação ambiental e valorização imobiliá-
■■ Diminuir o volume do lodo destinado a aterros, diminuindo também o custo de destinação final; ■■ Encontrar formas de redução e reúso do lodo, dimi-
ria, surge também um grande desafio: o tratamento
nuindo assim o volume e o custo de destinação a aterros;
do esgoto coletado e, consequentemente, a gestão
■■ Reúso limitado por conta de metais pesados e ou-
do lodo proveniente deste tratamento.
tros contaminantes.
Rico em nutrientes e matéria orgânica, mas tam-
Inclusive, por ser um resíduo proveniente das estações
bém muitas vezes com a presença de patogênicos, o
de tratamento, o lodo enquadra-se na Política Nacional
lodo ocupa uma parcela significativa do custo total de
de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei nº 12.305,
operação de ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto /
de 02 de agosto de 2010, que reúne o conjunto de prin-
Efluentes), por conta de consumo elevado de energia,
cípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações
de água e de polímeros para seu tratamento, e trans-
adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em re-
porte para sua disposição final.
gime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e
Principais aspectos do cenário atual da gestão de lodo no Brasil
ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resí-
Alguns dos principais pontos da gestão de lodo no
jetivos da PNRS é a “não geração, redução, reutilização,
Brasil são:
reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
■■ Os lodos de ETAs (Estações de Tratamento de Água)
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.
são dispostos em cursos de água sem nenhum tra-
Entre as formas possíveis de reutilizar o lodo, estão:
tamento, na maioria dos casos; ■■ Os lodos de ETEs (Estações de Tratamento de Esgo-
duos sólidos. De acordo com seu artigo 7º, um dos ob-
■■ Reaproveitamento industrial; ■■ Fabricação de tijolos e cerâmicas;
to / Efluentes) gerados no Brasil são da ordem de
■■ Produção de agregado leve para construção civil;
200.000 toneladas/ano;
■■ Produção de cimento;
■■ Em muitos casos, os polímeros e floculadores uti-
■■ Reaproveitamento agrícola;
lizados nos processos físico-químicos das estações
■■ Fertilizante orgânico e compostagem;
de tratamento são de baixa qualidade, por questões
■■ Recuperação de solos degradados.
financeiras, e, portanto, as etapas subsequentes e a qualidade final do lodo são prejudicadas; ■■ Os lodos gerados, quase na totalidade, seguem para aterros.
Principais desafios no tratamento de lodo ■■ Aumentar a quantidade de lodo tratado; ■■ Melhorar a qualidade do lodo tratado, incluindo a eliminação de patogênicos;
O lodo pode ser reutilizado de diversas formas, como fins de agricultura, energia, pavimentação, entre outros
Agosto a Outubro de 2019
43
ARTIGO TÉCNICO
Soluções disponíveis
rado o excesso de água do lodo. São utilizados equipamentos
Seja para reutilização ou para redução de volume para disposição
como prensas desaguadoras e prensas rotativas. Existem ainda
em aterros, existem diversas tecnologias para todas as etapas de
unidades combinadas de adensamento e desidratação de lodo,
tratamento de lodo, desde o adensamento até a secagem.
que realizam as duas operações em um só equipamento.
Hoje no Brasil temos acesso às melhores tecnologias interna-
■■ Secagem de lodo - reduz ao máximo o volume do lodo, pro-
cionais para fazer uma gestão bastante eficaz do lodo, dimensio-
porcionando altos teores de secos. Entre as tecnologias mais
nadas de acordo com as características de entrada do esgoto ou
avançadas para esta etapa estão os secadores térmicos de baixa
efluente. Por exemplo, estão disponíveis hoje no país secadores
temperatura que, além de apresentarem teores de secos de até
de lodo que atingem teores de secos de até 90%, diminuindo de
90%, consomem menos energia. A tecnologia de secagem de
forma drástica o volume final do lodo. Além disso, são modelos
baixa temperatura custa aproximadamente 50 a 70% menos
que utilizam baixa temperatura, entre 40 °C e 75 °C, e utilizam
do que o tradicional sistema térmico de secagem.
0,50 kWh de potência por quilo de água evaporada. Algumas das tecnologias avançadas para as etapas de trata-
Além de inovações tecnológicas de performance cada vez melhor, outra novidade que oferecemos são os equipamentos e sis-
mento de lodo são:
temas para locação, como a unidade combinada de adensamen-
■■ Adensamento do lodo - essa etapa tem por finalidade tornar o
to e desidratação de lodo, a unidade móvel de desidratação de
lodo mais denso e com maior concentração de sólidos, facilitando
lodo e equipamentos para outras etapas de tratamento de água e
a etapa seguinte de desidratação. São utilizados nessa fase equipa-
efluentes. Essa modalidade de contratação traz várias vantagens
mentos como adensadores de lodo e mesas adensadoras de lodo.
para nossos clientes, como diminuição do downtime, ausência de
■■ Desidratação/ desaguamento de lodo – nessa etapa é reti-
44
Saneas
custos de manutenção e redução nos custos operacionais.
Adensador de lodo de acionamento central para tanques circulares
Aspecto de lodo adensado
Prensa rotativa com baixo consumo energético e consumo reduzido de polímeros
Aspecto de lodo desidratado
Secador térmico de lodo de baixa temperatura
Aspecto de lodo seco
Unidade combinada de adensamento e desidratação de lodo
Unidade móvel de desidratação de lodo
ARTIGO TÉCNICO
Isabelly Silva Siqueira Tecnóloga em Hidráulica e Saneamento Ambiental e Graduanda em Engenharia Civil
Karyn Lopes Vasconcello Graduanda em Engenharia Civil e Técnica em Administração
Lara Batista Barreto dos Santos Graduanda em Engenharia Civil e Técnica em Construção Civil
Daniel de Almeida Silva Gonçalves Gestor do cadastro técnico da produção na SABESP e professor na Universidade de Mogi das Cruzes - UMC Endereço: Rua Humberto I, Nº 254 Apartamento 102 A – Vila Mariana – São Paulo - São Paulo - CEP: 04018-030 - País - Tel: +55 (11) 99763-4562 - e-mail: isabelly.siq@gmail.com.
9935 Smart Plant: a tecnologia em prol do reaproveitamento de resíduos de ETEs Resumo
sejam supridas de forma que as próximas gerações possu-
O desenvolvimento humano sempre esteve vinculado
am os mesmos recursos para seu uso e desenvolvimento.
ao consumo de recursos naturais. Com impactos ao
Dentre os recursos naturais explorados, a água é
meio ambiente mais evidentes, o crescimento sus-
imensamente importante para a manutenção da vida e
tentável tornou-se uma exigência. Nesse sentido, os
do meio ambiente. Porém seu elevado consumo como
resíduos ainda são um problema que muitos países
matéria prima e para uso pessoal geram grandes volu-
não solucionaram, mesmo aqueles provenientes das
mes de esgoto. Portanto é de suma importância que
Estações de Tratamento de Esgotos (ETE). Porém, em
novos mecanismos e tecnologias para tratamento de
países desenvolvidos, novas tecnologias de reaprovei-
esgoto sejam criados, testados e modificados, a fim de
tamento de resíduos como a SMART Plant têm sido
que o esgoto seja lançado no corpo receptor causan-
estudadas e aplicadas, alcançando resultados positivos
do o menor impacto possível.
na obtenção de subprodutos industriais. Na Região
Nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETE), onde
Metropolitana de São Paulo (RMSP), as ETEs utilizam
os esgotos coletados são tratados antes do lançamen-
o processo convencional de lodos ativados, gerando
to no corpo receptor, os componentes poluidores são
água de reuso e lodo desidratado como principais
separados da água por diferentes etapas de tratamen-
resíduos, mas há pouquíssimo reaproveitamento. As-
to, que acontecem em duas fases: a sólida e a líquida.
sim, para adicionar informações à literatura técnica
Com isso, obtém-se lodo desidratado - o qual é dis-
brasileira sobre a tecnologia SMART Plant, este artigo
posto em aterros sanitários - e a água, sem 90% das
tem como objetivo apresentar seu conceito, processos
impurezas, o qual é devolvido aos rios ou reaproveita-
e produtos que podem ser reaproveitados e obtidos,
do para limpar ruas, praças e regar jardins.
e como as ETEs da RMSP poderiam ganhar com a
Atualmente, as ETEs brasileiras não possuem procedi-
implantação dessa tecnologia, agregando valor eco-
mentos para transformação dos resíduos do tratamento
nômico e benefícios para o meio ambiente e para a
em novos subprodutos, perdendo uma ótima oportuni-
população. Após análise dos dados, percebeu-se que
dade para recuperação do meio ambiente já bastante
as ETEs da RMSP poderiam se beneficiar economica-
degradado4. Mas essa situação vem mudando em pa-
mente e impactar positivamente no meio ambiente se
íses desenvolvidos. Um exemplo disso é a Smart Plant,
aplicassem a tecnologia, principalmente por estarem
uma nova tecnologia que potencializa o tratamento de
próximas à áreas industriais, atingindo o grande obje-
esgoto, recuperando produtos e matérias-primas reutili-
tivo de se desenvolver com sustentabilidade.
záveis sem prejuízo à cadeia produtiva, proporcionando
PALAVRAS-CHAVE: SMART-Plant. Resíduos. Susten-
diminuição de custos e benefícios ao planeta.
tabilidade.
Assim, para que essa tecnologia possa ser utilizada também nas ETEs brasileiras, faz-se necessário entendê-la
1.Introdução
de forma a se avaliar onde poderia ser aplicada e quais
A humanidade tem se desenvolvido em diferentes as-
subprodutos poderia gerar. É exatamente nessa linha que
pectos econômicos e sociais, entretanto, essa evolução
este artigo pretende atuar, apresentando a tecnologia
impactou diretamente os recursos naturais. Assim, o uso
Smart Plant, suas etapas e métodos, e possíveis subpro-
desenfreado dos recursos tornou eminente a necessida-
dutos que poderiam ser gerados em ETEs da Região Me-
de de um desenvolvimento mais sustentável, que é um
tropolitana de São Paulo (RMSP).
conceito onde as necessidades atuais dos seres humanos Agosto a Outubro de 2019
45
ARTIGO TÉCNICO
2. O tratamento de esgotos e seus resíduos
2.1. Estação de tratamento de esgotos (ETE)
O sistema de esgotamento sanitário empregado no Brasil normalmen-
A ETE delimita-se pelas instalações necessárias para que o tratamento
te é do tipo separador absoluto, onde os despejos domésticos - com-
de esgotos ocorra com eficácia. A metodologia de tratamento de des-
preendidos por águas servidas (utilizadas para higiene e necessidades
pejos domésticos e industriais mais utilizada em ETEs é o sistema de lo-
fisiológicas da população); resíduos líquidos industriais; águas de in-
dos ativados (Figura 2), que permite o tratamento mesmo em situações
filtração; e águas subterrâneas - por meio de canalizações e órgãos
de reduzidos requisitos de área e uma elevada qualidade do efluente.
acessórios, são conduzidas, tratadas e devolvidas ao corpo receptor em sistema independente das águas de chuva (drenagem urbana). Esse sistema (Figura 1) é composto basicamente pelas fases de
O sistema de lodos ativados divide o tratamento em duas fases: líquida e sólida. Assim, cada etapa é destinada a um ciclo pré-estabelecido de acordo com a classificação física e química do efluente.
coleta (canalizações ou redes coletoras que recebem os esgotos
2.1.1. Fase líquida
das ligações prediais), transporte (condução dos esgotos por gra-
Para Von Sperling, professor do Departamento de Engenharia Sa-
vidade ou por Estações Elevatórias de Esgotos – EEE aos coletores-
nitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais, as
-tronco e canalizações de diâmetros maiores, como interceptores
unidades de tratamento da fase líquida podem ser descritas da
e emissários, os quais fazem o transporte até a ETE), tratamento e
seguinte forma:
destinação final ao corpo receptor. Os resíduos sólidos (lodo dige-
■■ Grades: compreende a primeira fase do tratamento, onde ocor-
rido e desidratado) são direcionados aos aterros sanitários, devida-
re a remoção dos sólidos através de grades, peneiras rotativas
mente caracterizados conforme legislação vigente.
ou trituradores;
O tratamento pode ser definido como preliminar quando são
■■ Desarenador: mais conhecida como caixa de areia, tem como
removidos sólidos grosseiros e areias por meio de gradeamento e
função a remoção de areia pelo mecanismo de sedimentação;
caixa de areia, ocorre a separação de sólidos sedimentáveis obje-
■■ Decantador Primário: os sólidos em suspensão, por possuírem den-
tivando a redução do consumo de energia durante o estágio de
sidade maior que a do líquido, sedimentam gradativamente no
aeração. Na fase secundária ocorre o processo biológico, onde a
fundo dos tanques, gerando uma massa sólida, chamada de lodo
matéria orgânica é removida por ação de bactérias. O tratamen-
primário bruto. Os elementos como óleos e graxas, são separados
to terciário consiste na remoção de microorganismos e nutrientes
por flotação, sobem para a superfície dos decantadores, onde são
como fósforo e nitrogênio. (Tabela 1).
coletados e removidos para tratamento subsequente (Figura 3):
Figura 1 - Fluxograma do Processo de Tratamento de Esgoto Sanitário.
46
Saneas
NÍVEL Preliminar Primário Secundário Terciário
REMOÇÃO - Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia) - Sólidos em suspensão sedimentáveis - DBO em suspensão (matéria orgânica componente de sólidos em suspensão sedimentáveis) - DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina, não removida no tratamento primário) - DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos) - Nutrientes, patogênicos, compostos não biodegradáveis e metais pesados; - Sólidos inorgânicos dissolvidos e sólidos em suspensão remanescentes
Notas: 1- A remoção de nutrientes (por processos biológicos) e de patogênicos pode ser considerada como integrante do tratamento secundário, dependendo da concepção do tratamento local; 2 - DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio.
Tabela 1: Níveis do Tratamento de Esgoto
■■ Tanque de Aeração ou Reator Biológico: inicia-se o tratamento biológico com a inserção de oxigênio, onde ocorrem as reações e os processos de biodegradação ou depuração da matéria orgânica presente nos esgotos; ■■ Decantador Secundário: tanque onde ocorre a separação da fase líquida sobrenadante da biomassa formada por flocos bacterianos, que se sedimentam e depositam-se ao fundo do tanque formando o lodo secundário (Figura 4): Figura 2: ETE Suzano 11.
■■ Sistema de Recirculação de Lodo: sistema de bombeamento responsável pela recirculação do lodo formado no processo de decantação para o interior do tanque de aeração ou reator biológico com o objetivo de aumentar a concentração de bactérias (microrganismos) encarregadas pela biodegradação ou depuração da matéria orgânica. As características que o efluente apresenta após as diferentes etapas de tratamento são: efluente bruto, lodo do reator aeróbio,
Figura 3: Decantador Primário (ETE Suzano)
lodo do retorno do decantador e efluente tratado. Os resíduos líquidos gerados no tratamento biológico de esgotos são efluentes tratados, aptos à serem devolvidos ao corpo receptor, efluentes com qualidade superior de tratamento que podem ser reutilizados no meio agrícola, industrial, urbano e ambientais. Na fase líquida, alguns subprodutos sólidos já podem ser gerados, tais como: ■■ Material gradeado - material retido através do gradeamento inicial (embalagens plásticas, móveis, plantas, roupas etc);
Figura 4: Decantador Secundário (ETE Suzano)
■■ Escuma é a matéria que se acumula na superfície do efluente quando o mesmo está nos reatores. Como a gordura, por exemplo; ■■ Areia - retirada do efluente através do desarenador (Figura 5). 2.1.2. Fase sólida O tratamento da fase sólida dos esgotos consiste no aumento do teor de sólidos para redução do seu volume através da estabilização e desidratação do lodo gerado para sua disposição final. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP)descreve da seguinte forma esta fase de tratamento:
Figura 5: Areia retirada do efluente (ETE Suzano)
■■ Adensadores por Gravidade: o lodo permanece em período de Agosto a Outubro de 2019
47
ARTIGO TÉCNICO
detenção adequado até que os sólidos suspensos sejam com-
prejuízo à cadeia produtiva e colocando-os de volta em circulação,
pactados pela ação da gravidade no fundo do tanque, otimi-
gerando economia financeira e benefícios ao planeta. O sistema
zando o processo de secagem;
SMART Plant promove o conceito de recuperação de recursos de
■■ Adensadores por Flotação: consiste na separação da água do
efluentes através de uma plataforma tecnológica desenvolvida
sólido por meio do ar, que é introduzido na solução através de
com o intuito de impulsionar o desenvolvimento de novos produ-
uma câmara de alta pressão. Quando a solução é despressuriza-
tos e oportunidades de negócios (Figura 6).
da, o ar dissolvido forma micro-bolhas que sobem, arrastando os flocos de lodo para a superfície;
Em ETEs, o sistema traz soluções eco-inovadoras e eficientes em termos de energia para otimizá-las e fechar a cadeia de valor
■■ Estabilização: consiste estabilização total ou parcial das subs-
circular, aplicando técnicas de baixa emissão de carbono para re-
tâncias instáveis e da matéria orgânica presentes no lodo fresco,
cuperação de materiais que de outra forma seriam perdidos. Para
com o intuito de restringir patogênicos, reduzir volume, umida-
isso, tem como foco quatro pilares centrais:
de e possibilitar sua utilização como húmos ou condicionador de solo para fins agrícolas; ■■ Condicionamento químico de lodo: preparação do lodo para sua desidratação mecânica na etapa subsequente, resultando na coagulação de sólidos e a liberação da água adsorvida; ■■ Desidratação mecânica de lodo: consiste na remoção da umidade e redução do volume do lodo por meio de equipamentos mecânicos, como filtros e centrífugas, resultando em uma alta concentração de sólidos e baixa turbidez do filtrado; ■■ Secagem térmica do lodo: processo de secagem através da evaporação de água com a aplicação de energia térmica, obtendo-se um volume final de lodo reduzido significativamente; ■■ Disposição final: destinação final do lodo digerido e desidrata-
Figura 6: Conceito circular smart plant.
do, normalmente encaminhado aos aterros sanitários. 2.1.3. Tratamento terciário
I
Economia circular;
Em virtude da existência de poluentes específicos, como matéria
II
Monitoramento robótico;
orgânica, compostos não biodegradáveis, nutrientes, metais pesa-
III Gestão de resíduos urbanos; e
dos etc., que não podem ser removidos nos processos comuns de
IV Integração dos sistemas de tratamento de efluentes.
tratamento descritos anteriormente, tem-se a necessidade da apli-
2.2.1. Fases do processo
cação de tratamentos terciários de efluentes por meio de técnicas
O sistema consiste em implementar sistemas automatizados com
físico-químicas ou biológicas de processamento. Os processos que
o objetivo de otimizar o processo de tratamento de esgoto, recu-
podem ser adotados nos tratamentos terciários podem ser classi-
peração de recursos, eficiência energética e redução de emissões
ficados basicamente em:
de gases de efeito estufa (Figura 7).
■■ Tecnologias de Transferência de Fase: quando os contaminantes
O projeto SMART-Plant envolve sete técnicas de recuperação de
passam da fase aquosa para outra fase, que é capaz de ser trans-
materiais que podem ser aplicadas à ETEs existentes, cada uma é
mitida para a atmosfera ou ser convertida em resíduo sólido;
demonstrada através de um sistema piloto totalmente operacional:
■■ Tecnologias Destrutivas: o poluente é, de fato, transformado em de-
SMARTech1; SMARTech2a; SMARTech2b; SMARTech3; SMARTe-
corrência da oxidação da matéria orgânica em matéria inorgânica.
ch4a; SMARTech4b; SMARTech5. Segundo os idealizadores do projeto, os sistemas pilotos serão otimizados por mais de dois anos em
2.2. SMART Plant na gestão de resíduos de ETEs
ambiente real em cinco estações municipais de tratamento de efluen-
A SMART Plant utiliza métodos para otimizar o gerenciamento
tes, incluindo também duas instalações de pós-processamento:
de resíduos de diversas fontes, com o objetivo de utilizá-los com
■■ SMARTech1
máxima eficiência, minimizar sua disposição no meio, recuperar e
A Tecnologia SMARTech1 permite a coleta primária de celulose nas
regenerar produtos e matérias-primas, reutilizando-os sem causar
ETE’s de médio e grande porte. A celulose é um ingrediente-chave
48
Saneas
Figura 7: Plataforma tecnológica SMART-Plant.
do papel higiênico, portanto está presente em grandes quanti-
ETE. Consiste em dois reatores em batelada sequencial, um para cres-
dades nos esgotos, podendo ser usada para fazer bioplásticos e
cimento bacteriano heterotrófico e outro para crescimento de nitri-
materiais de construção como asfalto. A implantação do equipa-
ficadores autotróficos. Também é usado um vaso de intercâmbio e
mento denominado filtro Salsnes (Figura 8) permite a recuperação
um sistema químico para recuperação de fósforo como cristais de
máxima de matérias-primas utilizando a concentração de efluen-
estruvita (Figura 10).
tes passados pela peneira fina dinâmica.
■■ SMARTech3
O filtro Salsnes separa as lamas celulósicas do esgoto bruto, que são então refinadas e limpas por pós- processamento. Isso permite substituir os processos de tratamento convencionais como decantação, floculação e desidratação (Figura 9). ■■ SMARTech2a A Tecnologia SMARTech2a permite a recuperação secundária de biogás usando um biofiltro anaeróbico a base de poliuretano. Este processo permite a recuperação do biogás de ETEs de pequeno e médio porte que apresentam picos de carga orgânica irregulares. Funciona usando um biofiltro com uma inovadora matriz de imobi-
Figura 8: Filtro Salsnes.
lização baseada em polímeros, que é aplicada no processo de lodos ativados. Assim como a recuperação de biogás, que pode ser usada para gerar energia, a tecnologia resulta em alta remoção de demanda química de oxigênio (DQO) e sólido suspenso total (SST), de modo que o efluente tratado possa ser reutilizado na agricultura. ■■ SMARTech2b A tecnologia SMARTech2b torna possível a recuperação de recursos de energia eficiente secundária. O sistema recupera 50% do fósforo, que pode ser usado como fertilizante, extrai materiais usados para produzir bioplásticos e reduz em 25% os custos de operação de uma
Figura 9: Mecanismo de separação de sólidos - Filtro Salsnes. Janeiro a Março de 2019 SANEAS Agosto a Outubro de 2019
49 49
ARTIGO TÉCNICO
A Tecnologia SMARTech3 é a solução que permite a recuperação de nitrogênio e fósforo dos efluentes para serem usados pelas indústrias de fertilizantes e produtos químicos. O objetivo é otimizar os ciclos de regeneração para a recuperação de nutrientes, tentando manter uma alta capacidade de absorção após cada ciclo de regeneração (Figura 11). ■■ SMARTech4a A Tecnologia SMARTech4a (Figura 12) é o mecanismo que permite a integração da recuperação convencional de biogás a partir de
Figura 10: Cristais de Estruvita.
lamas de esgoto com remoção eficiente e compacta de nitrogênio e recuperação de fósforo. ■■ SMARTech4b A Tecnologia SMARTech4b (Figura 13) viabiliza a integração da recuperação aprimorada de biogás (por hidrólise térmica) de lodo de esgoto com remoção de nitrogênio eficiente e compacta, e recuperação de fósforo. ■■ SMARTech5 A Tecnologia SMARTech5 (Figura 14) é a mesma tecnologia na
Figura 11: Equipamentos do SMARTech3.
SMARTech2b, mas aplicada ao processo de tratamento de lodo secundário. Ela permite a integração da recuperação convencional de biogás do lodo de esgoto com a remoção de nitrogênio com eficiência energética da água rejeitada com lodo e a recuperação de fósforo na forma de estruvita. ■■ Pós-processamento A A Tecnologia de Pós-processamento A permite a utilização do volume dos materiais recuperados, como bioplásticos, para fabricar plástico biocompósito que pode ser usado na indústria ou na
Figura 12: Equipamentos do SMARTech4a.
construção civil. ■■ Pós-processamento B A Tecnologia de Pós-processamento B permite a utilização agronômica e para produção de energia através dos lodos com presença de celulose e fósforo. Baseia-se na utilização de energia térmica gerada na degradação da matéria orgânica em resíduos para eliminar a água, alcançando a auto-secagem. As lamas celulósicas desidratadas são reutilizadas como combustível em usinas de biomassa ou transformadas em fertilizantes comerciais.
Figura 13: Equipamentos do SMARTech4b.
2.2.2. Produtos resultantes A implementação de um sistema completo de tratamento de esgotos com a aplicação das Tecnologias SMART Plant poderá resultar em um portfólio enorme de produtos de uso industrial e agrícola. ■■ Eficiência Energética Os sistemas voltados para utilização racional de energia são tecnologias eficientes que resultam em economia de energia. O objetivo é que as tecnologias SMART Plant reduzam a demanda de energia em mais de 50% e emissão de carbono em mais de 30%. A
50
Saneas
Figura 14: Estruvita proveniente da Tecnologia SMARTech5.
recuperação de energia também ocorrerá através do tratamento anaeróbico de esgoto, que consiste em um biofiltro híbrido anaeróbio que aplica uma nova matriz polimérica para imobilização de microorganismos anaeróbicos seletivos. ■■ Recuperação de Nutrientes O nitrogênio e o fósforo serão recuperados do efluente secundário usando meios de troca iônica. O fósforo será removido através da adoção de um meio híbrido de permuta iônica para remoção de Figura 15: Recuperação de Nutrientes: Sulfato de Amônia e Fosfato de Cálcio.
fósforo e a amônia será removida usando mesólite, que é um tipo de zeólito. Tanto a amônia como o fosfato serão recuperados usando produtos químicos para regenerar os materiais absorvidos e adsorvidos, e recuperar os nutrientes como produtos químicos de alto valor agregado de sulfato de amônia e fosfato de cálcio. (Figura 15). Os nutrientes também serão recuperados como estruvita e lodo que é rico em fósforo, através do tratamento de esgotos municipais e água de rejeição de lodo. No primeiro caso, precipita-se com a adição de magnésio e ajuste adequado do pH.
Figura 16: Biopolímeros.
No segundo caso, o aumento da remoção de fósforo biológico resulta no acúmulo de altas concentrações de fósforo na lama. Os produtos químicos produzidos e as lamas possuem alto valor agronômico e serão aplicados no solo para demonstrar o aumento da produção vegetal. ■■ Produção de Biopolímeros Os biopolímeros serão recuperados tanto nas águas residuais como na linha de tratamento de lodo. Na linha principal de tratamento de águas residuais, o processo será aplicado para produzir biopolímeros e
Figura 17: Celulose limpa, seca e desinfetada.
estruvita, garantindo uma qualidade adequada de efluentes tratados. O biopolímero produzido (Figura 16) será utilizado em conjunto com o lodo celulósico recuperado para desenvolver compostos plásticos de lodo que podem ser utilizados no setor de construção civil. ■■ Recuperação de Celulose A integração entre a peneiração dinâmica e o pós-processamento com filtro separa as fibras de celulose de papel higiênico nas águas residuais para produzir lodo altamente concentrado. O resultado é uma celulose comercializável limpa, seca e desinfetada
Figura 18: ETE Geestmerambacht.
(Figura 17), economizando energia e deixando muito menos resíduo (lodo secundário).
3. Resultados As tecnologias SMART Plant têm sido aplicadas em seis países integrantes do projeto: Holanda, Reino Unido, Espanha, Itália, Grécia e Israel. Os resultados obtidos e os quais são previstos em cada etapa são discorridos nos itens a seguir. 3.1. Holanda - Geestmerambacht Figura 19: Sistema de filtro Salsnes instalado na ETE Geestmerambacht.
A Estação de Tratamento de Efluentes de Geestmerambacht situa-se Agosto a Outubro de 2019
51
ARTIGO TÉCNICO
entre Schoorldam e Koedijk, ao longo do Canal Noordholland na Província Holanda do Norte. O fluxo de tratamento abrange uma vazão mínima de 4,16 m³/h e vazão máxima de 16,3 m³/h (Figura 18). Nessa província, a tecnologia foi aplicada através da instalação do filtro Salsnes para produção de celulose limpa e comercializável (Figura 19). Com a finalidade de impulsionar e expandir a recuperação em maior escala da celulose e formular uma saída estrutural, os desenvolvedores e empresas cooperadoras fizeram uma instalação
Figura 20: ETE Karmiel.
que produzirá aproximadamente 400kg de celulose limpa por dia. Parte dessa celulose será exportada e usada como matéria-prima para o biocompósito e a celulose restante estará disponível para o desenvolvimento de outros produtos. 3.2. Israel - Karmiel A Estação de Tratamento de Efluentes de Karmiel (Figura 20) foi construída para tratar os efluentes da cidade de Karmiel e de sua região, incluindo efluentes provenientes de usos industriais por intermédio de uma parceria conjunta de parcelas idênticas da “National Water
Figura 21: ETE Karmiel - Tratamento anaeróbico de resíduos.
Company Mekorot” e da “Regional Sewage Association”. O efluente passa por um tratamento convencional de lodos ativados, fornecendo um lodo espesso, seguido de digestão anaeróbica e desidratação. Nesta estação é aplicada a tecnologia onde os efluentes são recuperados para uso agrícola irrestrito e, por meio do processo de estabilização aeróbica, foi possível a instalação do sistema de cogeração de energia para a utilização do biogás, com capacidade elétrica de 470kW (Figura 21). 3.3. Espanha - Manresa
Figura 22: ETE Manresa.
A ETE municipal de Manresa (Figura 22), localizada na Espanha, recebe uma vazão média de 27.000 m³/dia e consiste em um pré-tratamento (remoção de sólidos grosseiros e de areia), tratamento primário com um clarificador e um estágio biológico secundário. A ETE aplica a tecnologia para recuperar 50% de fósforo - que pode ser usado como fertilizante -, extrai materiais usados para produzir bioplásticos e reduz em 25% os custos de operação nos processos de tratamento (Figura 23). Nesta ETE também será implantado um sistema de pós-processa-
Figura 23: Reatores Sequenciados.
mento que considera o material proveniente de resíduos sólidos orgânicos gerados na purga dos biorreatores e a reciclagem de outros materiais sólidos gerados com alto teor de nutrientes, com o intuito de otimizar dois tratamentos biológicos e constituir um combustível de biomassa de alta qualidade, com baixo consumo de energia, para obter um produto final com alto potencial calorimétrico através do lodo celulósico (Figura 24). 3.4. Reino Unido - Cranfield e Londres A Estação de Tratamento de Esgotos de Cranfield (Figura 25), com
52
Saneas
Figura 24: Lodo Celulósico (ETE Manresa).
fluxo afluente é de 675 m³/dia, trata os esgotos domésticos do Campus da Universidade de Cranfield, as águas pluviais do escoamento das ruas e do campo de aviação. O processo é composto por tratamento primário e secundário seguido de filtração. Nesta ETE foram feitas instalações para aplicação da tecnologia através do processo de troca iônica (Figura 26) para remoção e recuperação de nutrientes. Figura 25: ETE Cranfield.
A planta piloto de Pós-processamento A (Figura 27) está localizada em Londres, no Reino Unido. O sucesso da produção do Composto Plástico de Lodo - SPC irá multiplicar a indústria de processamento, localizada à jusante, com um valor de 500 milhões de euros, reduzindo, assim, a dependência de fontes de matérias-primas estrangeiras e aumentando a competitividade do setor de construção europeu. 3.5 Itália – Carbonera A ETE municipal de Carbonera, localizada na região de Veneto no Norte da Itália (Figura 28), trata 15.000 m³/dia. A ETE possui a tecnologia que permite obter lodo rico em fós-
Figura 26: Equipamento para troca Iônica.
foro e polímeros. 3.6 Grécia – Psitália A ETE de Psyttalia (Figura 29) é a maior estação de tratamento de esgotos na área metropolitana de Atenas, comportando uma vazão média de aproximadamente 730.000 m³ por dia e é uma das maiores na Europa e no mundo. A tecnologia será aplicada na ETE Psitália para alta recuperação de biogás e fósforo.
Figura 27: Pós processamento A.
4. Análise de dados Na RMSP, o sistema usado para tratar esgotos é do tipo convencional com lodos ativados, seguido por um tratamento terciário. Os principais resíduos gerados nesse tratamento são: lodo, biogás e efluente final. Aplicar a tecnologia SMART Plant nas ETEs da RMSP pode trazer ganhos exponenciais, tendo em vista a quantidade de lodo gerado. Porém, a escolha de qual tipo de tecnologia usar deve ser ponderada individualmente, em função de seus aspectos técnicos,
Figura 28: ETE Carbonera.
econômicos, ambientais, sociais e políticos. Uma das formas de escolha da melhor tecnologia a ser aplicada é correlacionar o polo industrial com a maior capacidade de geração de determinado subproduto (Tabela 3). Também é imprescindível que seja realizada uma pesquisa de mercado, identificando potenciais clientes e a viabilidade e aceitação da comercialização primária (fabricação) e final (consumidor). ETEs como Barueri e São Miguel, devido as atividades industriais próximas, poderiam receber as tecnologias SMARTech1, SMARTech2a,
Figura 29: ETE Psitália.
SMARTech2b, SMARTech4a, SMARTech4b, SMARTech5 e PósAgosto a Outubro de 2019
53
ARTIGO TÉCNICO
LOCALIZAÇÃO
ATIVIDADE INDUSTRIAL
VAZÃO MÉDIA ESGOTO(L/S)
QUANTIDADE DE LODO (TON/DIA)
ETE Barueri
Metalurgia, Mecânica, Papel, Farmacêutica e Têxtil
12.000
400
ETE Suzano
Têxtil, Química e Curtume
1.500
60
Metalurgia, Mecânica, Papel, Farmacêutica e Têxtil
1.500
90
Metalurgia, Mecânica, Papel, Farmacêutica, Têxtil e Borracha
2.500
165
Metalurgia, Mecânica, Papel, Farmacêutica, Borracha e Química
3.000
ETE São Miguel ETE Parque Novo Mundo
ETE ABC
-processamento A, gerando subprodutos como celulose, água de reuso, fósforo e bioplástico. A celulose pode retornar ao processo produtivo dos papéis; a água de reuso pode ser utilizada na limpeza e resfriamento de maquinários; e o fósforo pode ser componente de ligas metálicas, que são produtos da indústria metalúrgica. Nas ETEs Parque Novo Mundo e ABC poderiam ser aplicadas as tecnologias: SMARTech1, SMARTech2a, SMARTech2b, SMARTech4a, SMARTech4b, SMARTech5 e Pós-processamento A, gerando subprodutos como a celulose, água de reuso, fósforo e bioplástico, este último para produção de borracha nas indústrias da região. A ETE de Suzano poderia implantar as tecnologias: SMARTe-
175
ch2a, SMARTech3, SMARTech4 e Pós- processamento B, gerando subprodutos como água de reuso, fertilizantes e fósforo. A indús-
Tabela 3: Dados das cinco principais ETEs da RMSP
tria de curtume presente em Suzano gera esgoto com nutrientes,
Fonte: Adaptado de GONÇALVES, 2018 e SABESP, 2018 11,35 – 39.
que poderiam gerar um grande volume de fertilizantes mediante aplicação do Pós-processamento B. O Biogás também é um resíduo gerado pelas ETEs da RMSP, porém ele não é aproveitado comercialmente, mas apenas queimado. Para torná-lo um subproduto comercialmente viável, é necessário um alto investimento para adequar os digestores anaeróbicos.
5. Conclusão A geração de resíduos provenientes do alto consumo de produtos verificado no mundo é um dos grandes problemas que os governos tentam resolver. Porém, as ações públicas muitas vezes acontecem com grande atraso ou até mesmo não acontecem, fazendo com que o problema não pare de crescer. Uma parte desses resíduos está no tratamento de esgotos efetuado pelas ETEs, que geram grandes quantidades de lodo. Na RMSP, pouco é aproveitado economicamente e ambientalmente com esse resíduo para diminuir seu impacto, mas isso poderia ser diferente se fossem adotadas tecnologias avançadas de recuperação de resíduos, tal como a SMART Plant. Este artigo mostrou que essa tecnologia já está bem desenvolvida em diversos países desenvolvidos, trazendo muitos resultados positivos dentro das fases de tratamento de esgotos, como polímeros, biogás, fósforo e celulose. Isso significa que as ETEs da RMSP também poderiam aplicar essa tecnologia, conforme análise feita. Adequações são necessárias, entretanto, para que o desenvolvimento se torne realmente sustentável, faz- se necessário adotar tecnologias pareadas com a sustentabilidade.
54
Saneas
CLORO,
ESSENCIAL PARA A VIDA Utilizado no tratamento de água, o cloro elevou a qualidade e expectativa de vida da população, diminuindo drasticamente a incidência de doenças em geral. Graças a sua eficiência amplamente comprovada, ele continua sendo até hoje o produto mais presente no dia a dia das pessoas. A Unipar, líder no mercado de cloro e soda da América Latina, busca a máxima eficiência e a inovação para garantir que a vida das pessoas seja cada vez melhor.
FAZ A QUÍMICA ACONTECER www.uniparcarbocloro.com.br Agosto a Outubro de 2019
55
31º Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
31º Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
Junte-se em 2020 à 31ª edição do Encontro Técnico AESabesp e Fenasan para conhecer as principais novidades em equipamentos, tecnologias e inovações para o saneamento e meio ambiente. Presença dos representantes da indústria, iniciativa pública, técnicos, gestores e academia. Agende-se: 15 a 17 de setembro de 2020 Pavilhão Branco Expo Center Norte São Paulo – SP
Acesse o site e fique por dentro: www.fenasan.com.br
O MAIOR ENCONTRO DE SANEAMENTO AMBIENTAL DA AMÉRICA LATINA!