Saneas - Edição 58

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Ano IX . Edição 58 . Abril a Julho de 2016

Estação de Tratamento de Água - ABV (Sabesp)

- VEÍCULO -

FENASAN 2016

- OFICIAL -

NECESSIDADE DE INOVAÇÕES PARA A PERENIDADE DO SANEAMENTO O reúso de água, as membranas ultrafiltrantes e as demandas para um abastecimento responsável, consistente e contínuo, constituem a matéria tema dessa edição.

Fenasan 2016 A maior Feira da América Latina

Congresso Técnico Dobro de trabalhos inscritos e de inscrições

História A AESabesp comemora 30 anos de história


BAUMINAS Química. Tecnologia e inovação ao seu lado. Desenvolver produtos químicos inovadores e de alta performance para o tratamento de água e efluentes: há mais de 50 anos, esse é o nosso foco. Com 12 unidades fabris estrategicamente localizadas e sólidas relações de parceria, estamos ao lado das principais empresas de saneamento e processos industriais do Brasil. A segurança e eficácia dos nossos produtos são comprovadas através do uso em mais de 3.500 municípios. Nossa liderança é resultado de uma estrutura única, aliada a diferenciais estratégicos que garantem a mais completa solução para os clientes:

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Produção vertical de matérias-primas Tecnologia de última geração e inovação constante Logística estruturada e inteligente Suporte técnico altamente capacitado

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EXPEDIENTE Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 6.000 exemplares

EDITORIAL Prezados associados, amigos e parceiros da AESabesp,

É

muito bom falarmos sobre ações que tiveram comprometimento com

Diretoria Executiva Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Diretoria Adjunta Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos Esportes e Lazer: Fernandes Hayashi da Silva Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Gilberto Alves Martins Conselho Deliberativo Presidente: Ivan Norberto Borghi Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, Choji Ohara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Richard Welch, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa Chrispim, Sônia Regina Rodrigues Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked Coordenadores Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016 Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria Aparecida Silva de Paula Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Luciano Carlos Lopes, Marisa de Oliveira Guimarães, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar Olavo Alberto Prates Sachs, Patricia Barbosa Taliberti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rosângela Cássia Martins de Carvalho, Sergio Luiz Caveagna Sonia Maria Nogueira e Silva Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Sérgio Luiz Caveagna Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi Editora e Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081 Textoscom - luciatextos@terra.com.br www.site.com.br/textoscom facebook.com/textoscom Redação Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br

bons resultados. Dessa forma, é uma grande satisfação discorrer sobre esta edição da Revista Saneas, que traz, como tema principal, a necessidade de inovações para a perenidade do saneamento, pois

há muito tempo que o corpo técnico da Sabesp reconhece e busca suprir essa condição de maneira assertiva e produtiva. No conteúdo de nossa matéria tema, o leitor irá se deparar com as intervenções de ponta para a otimização dos nossos recursos hídricos, como as situações de reúso de água, a utilização de membranas ultrafiltrantes, a aplicação da metrologia hidrodinâmica, que consiste em sistema de medições para garantir um desempenho preciso para a sua funcionalidade, entre outros tópicos, que prospectam uma saneamento ambiental consistente, responsável e adequado a uma qualidade de vida digna para a nossa sociedade. Importantes exemplos desenvolvidos pela Sabesp para melhorar a condição de abastecimento de água e esgotamento sanitário em São Paulo estão evidenciados neste número da Revista Saneas, que traz uma entrevista com a prof.dra. Adriana Bin (Unicamp), que integrou a equipe que implantou a Superintendência Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Sabesp (TX), um Ponto de Vista da atual superintendente da TX, eng. Cristina Zuffo e uma visão de mercado animadora, com a aprovação do projeto de lei que cria o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento do Saneamento Básico (Reisb). Esta edição especial será distribuida durante o nosso 27º Congresso Técnico/ Fenasan 2016,considerado o maior evento da América Latina no setor de saneamento ambiental, que mesmo num ano de recessão econômica como este de 2016, manterá os seus números significativos em termos de inscrição, visitação de expositores. Agradecemos a todos que marcam suas presenças neste evento, com a certeza de sua importância para as esferas técnicas e de mercado do saneamento, resultando em benefícios para a saúde, economia e infraestrutura social do nosso País. A AESabesp, que em 2016, também celebra os seus 30 anos de história, continua a se empenhar pela pujança do setor, que nos acolhe e do qual nos orgulhamos em integrá-lo. Grato pela sua atenção! Eng. Olavo Alberto Prates Sachs Presidente da AESabesp / Gestão 2016-2018


ÍNDICE

06 Matéria Tema Perenidade do saneamento

15 18 20

42

Entrevista Para Adriana Bin, novas tecnologias trazem impacto positivo para o saneamento

46

Ponto de vista Cristina Zuffo - Inovação no saneamento

Visão de Mercado Câmara aprova projeto que cria regime para incentivar investimentos no saneamento

22 25 30 36

4

SANEAS

Abril a Julho de 2016

Pioneirismo Daniela Intima - Raio X da água

49

Artigo Técnico Energia solar fotovoltaica para alimentação de uma estação elevatória de água

Artigo Técnico A importância do saneamento na guerra contra o mosquito Aedes Aegypti

Artigo Técnico Redução de perdas físicas com auxílio de simulação hidráulica e análise de tensões em tubos de redes de distribuição de água

52 57

História 30 Anos de AESabesp e 27 Anos de Encontro Técnico e Fenasan

Fenasan 2016 27º Encontro Técnico AESabesp Projeto Ecoeventus Como são tratados os impactos sociais e ambientais na Fenasan. O evento com práticas sustentáveis

Acontece no setor Vivências A presença e a inconfundível voz de “Douvalor”



MATÉRIA TEMA

H

á muito que temos uma

6

SANEAS

Abril a Julho de 2016

parte de nosso dia a dia.

ideia arraigada: somos um

Na busca por soluções, demos o pri-

país rico em recursos natu-

meiro passo que foi a superação do mito

rais e com a abundância de

da abundância. Por sua vez, a população

água. Não há como negar, possuímos

habituou-se a acompanhar com ansiedade

12% da água doce disponível do plane-

os níveis dos reservatórios da região Su-

ta. Essa concepção, no entanto, come-

deste. Em 2014, o Operador Nacional do

çou a mudar nos últimos anos, quando

Sistema Elétrico (ONS) chegou a afirmar

fomos obrigados a trocar a cultura do

que a estiagem no Sudeste era a maior

desperdício pela cultura do consumo

dos últimos 80 anos. Houve redução nas

racional. A água de beber tornou-se

captações de rios e riachos e várias indús-

bem raro e percebemos que não devia

trias foram afetadas em seus sistemas de

ser utilizada na lavagem de carros e cal-

utilidade e também em suas linhas de pro-

çadas, uma atitude comum nos tempos

dução. A população passou a sofrer com

idos da fartura. Não foi só nossa ma-

um regime de redução de pressão que,

neira de pensar que mudou, inserimos

por vezes, culminou com a falta d’água

em nosso vocabulário, expressões como

por períodos relativamente longos.

“estresse hídrico”, “volume morto” e

Nem sempre percebida, há uma rede

“reserva técnica”, que passaram a fazer

correlacionada, da qual a água é parte


fundamental. Sua falta influencia a oferta de alimentos, energia, saúde e mobilidade. Por ser um recurso finito, é necessário que os modelos de gestão sejam revistos pelo governo, pelas empresas e pelos próprios cidadãos. Em outras palavras, é preciso aperfeiçoar o manejo e o uso sustentável dos recursos hídricos em nosso país. Há, contudo, um ponto em que todos os estudiosos do assunto concordam: os investimentos na gestão hídrica devem ser permanentes. Ter visão de futuro é fundamental para a perenidade de qualquer negócio. Não é diferente com o saneamento. A disponibilidade futura de água está diretamente relacionada a duas importantes metas: planejar e inovar. As ações voltadas para a redução do consumo devem ser programas contínuos e não mais medidas emergenciais.

possibilidade de substituição das fontes para abastecimento, uma

Entre as várias tecnologias que visam otimizar a utilização de

delas, é a utilização de água residuária (qualidade inferior, mas dis-

nossos recursos hídricos, duas têm se destacado: o reúso da água

ponibilidade garantida). O reúso tem aplicações como: irrigação,

e as membranas ultrafiltrantes. Em alguns casos, estão associadas.

refrigeração, lavagem de pisos e descargas de vasos sanitários.

Nos itens abaixo, procuramos apresentar essas tecnologias, bem

Trata-se de uma alternativa sustentável, ambientalmente correta

como a utilização das mesmas por concessionárias do setor; ino-

e viável economicamente, já que os volumes utilizados pelas con-

vações e demais cenários prospectados para um abastecimento

cessionárias públicas ou privadas são reduzidos drasticamente nos

responsável, consistente e contínuo.

pontos de medição e cobrança.

As possibilidades e extensões trazidas pelo Reúso

Classificada em dois tipos basicamente, a água de reúso pode ser: potável ou não potável. Hoje, no Brasil, poucas companhias de abastecimento, entre elas a Sabesp e a Copasa, produzem água de reúso não potável, que pode ser empregada na lavagem

Adotada pelos mais avançados sistemas mundiais, a tecnologia

de pisos, descarga de banheiros, irrigação de jardins e culturas

de reúso está entre as mais eficientes iniciativas para o consumo

agrícolas, caldeiras industriais e sistemas de resfriamento, entre

sustentável da água, resultando em grande economia de água

outras finalidades.

bruta que deixa de ser retirada dos mananciais. Regiões áridas e

Já a água de reúso potável, aquela destinada ao consumo direto

semiáridas, como o Oriente Médio, e regiões desérticas dos EUA

pela população (para beber, cozinhar e higiene pessoal), precisa

(Califórnia, Arizona, Colorado e Nevada) já realizam em larga es-

atender a padrões elevados de potabilidade e ainda não está dis-

cala práticas de reúso e reaproveitamento de água. As condições

ponível no país, no entanto, a Sociedade de Abastecimento de

geoclimáticas destes locais fizeram com que essas ações se tornas-

Água e Saneamento, Sanasa em Campinas, no interior de São

sem imprescindíveis. Essas iniciativas acabaram servindo de mode-

Paulo, pretende em breve introduzi-la no cotidiano de seus clien-

lo e se espalhando por países com políticas de recursos hídricos

tes. Esse tipo de reúso pode ser classificado como direto, quando

voltadas para o futuro. Entre os países que se preocuparam com a

o efluente tratado é injetado diretamente na rede de distribuição,

preservação de suas fontes para abastecimento, estão: Austrália,

ou indireto, quando o líquido é despejado nos mananciais usa-

Japão, Itália, Grécia e Portugal.

dos para captação de água pelas companhias de abastecimento,

No Brasil, apesar da aparente abundância de recursos hídricos, o reúso de água vem conquistando espaço, principalmente nos

sofrendo, em seguida, um novo sistema de processamento nas estações de tratamento de água.

grandes centros urbanos, nos quais a escassez representa altos investimentos e custos operacionais para captação e adução de

Copasa: efluente devolvido à natureza

águas a grandes distâncias.

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais, Copasa, iniciou

Um componente determinante para o desenvolvimento de

em fevereiro de 2013, no município de Ibirité, obras do sistema

qualquer atividade humana é a disponibilidade de água (quantida-

de esgotamento sanitário, envolvendo recursos da ordem de R$

de e qualidade). Em situações de escassez, surge a necessidade e a

140 milhões para implantação de 65 quilômetros de redes inter-

Abril a Julho de 2016

SANEAS

7


MATÉRIA TEMA

ceptoras e construção de seis estações elevatórias e uma Estação de Tratamento de Esgoto, a ETE Ibirité. A primeira etapa da unidade de tratamento foi concluída em 2015 e tem capacidade para tratar até 140 litros de esgoto por segundo, beneficiando os atuais 160 mil habitantes da cidade. Já com a implantação da segunda etapa, a unidade terá capacidade para atender mais de 210 mil pessoas. O projeto da ETE de Ibirité possui uma inovação: o tratamento terciário, responsável pela redução do fósforo e do nitrogênio contidos no esgoto, o que possibilita que o efluente seja devolvido à natureza mais límpido e livre

fornecimento de água para a cidade de 1,1 milhão de habitantes.

dos elementos causadores da eutrofização da Lagoa de Ibirité.

A medida deverá atingir inicialmente 7% da população.

Outro grande benefício proporcionado com o tratamento terci-

A água produzida atualmente a partir de esgoto tratado é de

ário inclui a desinfecção do esgoto, por meio do sistema ultravio-

qualidade, mas não é potável. O produto é usado apenas em jar-

leta, que permite a redução de organismos patogênicos presentes

dins e para lavar praças da cidade. No entanto, a construção de

no efluente. Essa etapa configura-se como a prática mais segura

um sistema adutor estimado em 12 milhões de reais, em parceria

para o controle de agentes transmissores de doenças infecciosas,

com o Aeroporto Internacional de Viracopos, que já consome água

além de ser precedida por uma filtração terciária, que irá garantir

de reúso para limpeza e outros serviços, vai possibilitar o consumo

a eficiência dessa desinfecção.

humano. A previsão para a conclusão da obra é de um ano e meio.

Parte do efluente tratado na ETE Ibirité será vendido para a Petro-

O novo sistema adutor, com 19 quilômetros de extensão, levará

brás (indústria), que o utilizará para o resfriamento de máquinas, e par-

a água da Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR) para a área

te já está sendo reutilizada na própria planta da ETE. Para tal, o esgoto

de captação do Rio Capivari. Esse volume poderá elevar em até

está sendo tratado a nível terciário, proporcionando sua reabilitação.

290 litros por segundo a vazão do rio e incrementar em até 600 litros por segundo a capacidade de fornecimento do Rio Atibaia. Os

Sanasa: água de reúso para consumo humano

dois rios integram a Bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e

A cidade de Campinas, no interior de São Paulo, decidiu usar água

são abastecidos pelo Sistema Cantareira, que no interior atende

tratada de esgoto para consumo humano e deverá ser a primei-

5,5 milhões de pessoas.

ra grande cidade do país a utilizá-la para tal fim. A medida foi

A Sanasa já produz água de reúso que é utilizada na limpeza urbana

anunciada em meio à maior crise hídrica da história do Estado de

e também pelos bombeiros da cidade. A meta, agora, é abastecer 7%

São Paulo pela prefeitura e pela Sanasa, empresa responsável pelo

dos cerca de 1,1 milhão de habitantes com água de reúso potável.

Projeto ETE no município de Ibirité em Minas Gerais

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SANEAS

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Sabesp - Projeto Aquapolo Na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp, o Aquapolo Ambiental, projeto implantado e operado desde o final de 2012, por meio de uma parceria entre a Sabesp e a Odebrecht Ambiental, é considerado o maior empreendimento para a produção de água de reúso industrial na América do Sul e quinto maior do mundo. O Aquapolo está capacitado para tratar o efluente gerado na ETE ABC. São aproximadamente 1 milhão de m³/mês desti-

Aquapolo:1 milhão de m³/mês destinados a grandes empresas do pólo Petroquímico de Capuava, na região do ABC Paulista e utilizados na lavagem de máquinas e galpões, esfriamento de caldeiras, geração de energia, entre outros.

nados a grandes empresas do Polo Petroquímico de Capuava, na região do ABC Paulista e utilizados na lavagem de máquinas e galpões, esfriamento de caldeiras, geração de energia, entre outros. A expectativa é que o Aquapolo alcance o pico de sua produção de 1 m³/s nos próximos anos. Além do Aquapolo, a Sabesp faz o reúso de efluentes nas ETEs Barueri, Jesus Neto, Parque Novo Mundo e São Miguel para fornecimento para uso urbano, como na lavagem de ruas, pátios, monumentos, desobstrução de redes de esgotos, rega de jardins, entre outros. Em 2015, nessas quatro ETEs, foram produzidos 1,8 milhão de m³ para esses fins.

Considerado o maior empreendimento para a produção de água de reúso industrial na América do Sul e quinto maior do mundo, o Aquapolo é operado desde o final de 2012 por meio de uma parceria entre a Sabesp e a Odebrecht Ambiental.

ETE Jesus Neto A ETE Jesus Neto foi aprimeira instalação da América do Sul a aplicar o processo de lodos ativados, a digestão separada, a secagem de lodos mecânica (a vácuo), o aproveitamento do biogás em grupo-motor gerador e a elutriação, processo de separação de partículas. Criada em 1935, a estação vem se modernizando e se adequando às novas tecnologias. Desde outubro de 1998, a estação é pioneira em reúso e atualmente fornece 66% do reúso produzido à 18 clientes, entre eles, a Coats Corrente, Wash Day, Inova e Soma. E já há projetos para fornecimento, também, ao Metrô. A água de reúso produzida é utilizada em processos industriais, rega de áreas verdes, limpeza de ruas, entre outras aplicações. O índice de satisfação dos clienETE Jesus Neto: água de reúso produzida é utilizada em processos industriais, rega de áreas verdes, limpeza de ruas, entre outras aplicações.

tes em relação à qualidade da água de reúso da ETE Jesus Netto é de 100%.

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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MATÉRIA TEMA Indicadores Unidade

2015

2014

2013

2012

2011

Volume de água de reúso fornecida mil m³

1.851,8

1.214,9

1.679,70

1.645,79

1.572,20

Percentual de água de reúso vendida sobre esgoto tratado em ETEs com reuso %

0,52

0,27

0,35

0,35

0,35

Percentual de água de reúso fornecida sobre capacidade instalada%

35,67

28,50

35,42

34,74

34,74

Os dados acima referem-se às ETEs, Barueri, Jesus Netto, Parque Novo Mundo e São Miguel, que têm instalações para produção de água de reúso. Água de reúso fornecida corresponde à vendida a empresas públicas e privadas. A capacidade é a nominal das instalações. Os valores de 2015 não consideram o volume de águas secundárias (esgoto tratado) fornecidos ao Aquapolo Ambiental que é de cerca [12] milhões de metros cúbicos no ano. Volume faturado de água e esgoto(1) por região-milhões de m3

Água

Esgoto

Água + Esgoto

2015

2014

%

2015

2014

%

2015

2014

%

Metropolitana

1.084,3

1.172,4

(7,5)

939,1

1.005,4

(6,6)

2.023,4

2.177,8

(7,1)

Sistemas Regionais(2)

613,9

639,4

(4,0)

517,2

532,6

(2,9)

1.131,1

1.172,0

(3,5)

Totalvarejo

1.698,2

1.811,8

(6,3)

1.456,3

1.538,0

(5,3)

3.154,5

3.349,8

(5,8)

215,5

269,1

(19,9)

24,4

24,2

0,8

239,9

293,3

(18,2)

1.913,7

2.080,9

(8,0)

1.480,7

1.562,2

(5,2)

3.394,4

3.643,1

(6,8)

Atacado

(3)

Total

(1)Não auditado (2)Composto pelas regiões do litoral e interior (3)No atacado estão inclusos os volumes de água de reúso e esgotos não domésticos

Vale destacar ainda que, em 2015, a Sabesp assinou um financiamento de cerca de R$ 60 milhões com a Agência Brasileira de Inovação – FINEP, para implantação do “Plano de Inovações Tecnológicas para o Saneamento”. Com prazo de implantação previsto para 30 meses, o plano é composto por quatro projetos direcionados à otimização do tratamento de esgotos: unidades de biofiltração para controle de odores de estações elevatórias; Secador de Lodo por Meio de Irradiação Solar, sistema de gaseificação por plasma de resíduos sólidos de estações de tratamento de esgotos e, por fim, a produção de água de reúso para uso urbano e industrial.

Para que servem as membranas ultrafiltrantes?

isso, as membranas também ajudam as empresas a cumprirem as exigências para os lançamentos de efluentes em corpos receptores e sistemas de coleta de esgotos sanitários. Pode-se afirmar que o Brasil já domina a tecnologia de fabricação de membranas de ultrafiltração, componente fundamental dos biorreatores com membrana (ou MBR, sigla para Membrane Bio Reactor), que é o sistema mais empregado para a produção de água de reúso.

As membranas ultrafiltrantes são consideradas uma tecnologia

A Sabesp tem ampliado a utilização desta tecnologia em suas

de ponta e já são empregadas em países como Estados Unidos,

plantas, tanto para tratamento de água, para acelerar produção,

Israel e Cingapura. As membranas de ultrafiltração fazem par-

como para tratamento de esgotos, para retenção de sólidos e bac-

te de uma família mais ampla de membranas, entre as quais

térias. A tecnologia já é utilizada nas Estações de Tratamento de

se pode destacar as de microfiltração, nanofiltração e osmose

Água Alto da Boa Vista e Rio Grande e tem reduzido o tempo de

reversa. Dotadas de poros com 0,01 a 0,1 micrômetro de di-

tratamento de água de 3 horas para 30 minutos.

âmetro, são uma barreira eficiente, capaz de reter partículas

Na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Campos do Jor-

sólidas com diâmetro mil vezes menor do que um fio de cabelo,

dão, as membranas já auxiliam na despoluição de importantes

inclusive vírus e bactérias.

cursos d’água do município. Ainda, no ABC paulista, auxiliam no

A eficiência das membranas é amplamente comprovada, sendo que a qualidade da água ou do efluente tratado é altíssima. Por

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SANEAS

Abril a Julho de 2016

tratamento de uma parcela do esgoto gerado na região pelo Aquapolo Ambiental.


Utilizada na Estação de Tratamento de Água Alto da Boa Vista na Zona Sul de São Paulo, a membrana ultrafiltrante reduziu o tempo de tratamento de água de 3 horas para 30 minutos.

ETA Engenheiro Rodolfo José da Costa e Silva Com a instalação do segundo módulo de membranas ultrafiltrantes de 1 m³/s de capacidade em julho de 2015, a ETA Alto da Boa Vista (ABV), que pertence ao Sistema Guarapiranga, teve sua estrutura de tratamento ampliada em 2 m³/s. Dos 14 m³/s no início da crise, em janeiro de 2014, para os atuais 16 m³/s. Com investimento de R$ 42 milhões, o acréscimo é suficiente para abastecer uma população de 600 a 700 mil habitantes, o equivalente ao porte de cidades como Uberlândia ou Ribeirão Preto. A tecnologia de membranas tem uma série de vantagens: o tratamento da água, que levaria pelo menos duas horas é realizado num período de 20 a 30 minutos, tem funcionamento automatizado e menor adição de produtos químicos. Outra vantagem é a de ocupar espaço físico muito menor.

ETE Campos do Jordão Inaugurada em março de 2014, a estação é a primeira a utilizar membrana filtrante para tratamento do esgoto doméstico no Brasil. Trata-se da quarta planta no Brasil que utiliza esta tecnologia. Além disso, é a primeira ETE nacional totalmente coberta, a exemplo de países como França, Japão e Principado de Mônaco. A construção em ambientes fechados permite que os gases oriundos dos processos sejam confinados e tratados antes serem lançados no meio ambiente, reduzindo assim o odor exalado dos tanques. Foram investidos R$ 106 milhões pela Sabesp na construção

Inaugurada em março de 2014, a estação é a primeira a utilizar membrana filtrante para tratamento do esgoto doméstico no Brasil.

dessa Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), com capacidade

e amplia a coleta de 66% para 70%, beneficiando diretamente

para tratar 213 litros por segundo, além de 21 quilômetros de

os bairros Vila Serraria, Vila Fracalanza, Abernéssia, Vila Guarani,

tubulações, três estações elevatórias e 500 ligações, atendendo à

Vila Albertina, Vila Nova Suíça, Vila Maria, Vila Nair, Vila Nova, Vila

demanda atual da população fixa de 48 mil pessoas e à população

Britânia, Vila Paulista, Vila Telma, Vila Nadir, Vila Jaguaribe, Vila

flutuante, de 30 mil pessoas. As instalações comportam, ainda, o

Becker, Vila Isabel e Jardim Alpestre. Nos próximos dois anos serão

crescimento populacional (fixo e flutuante) previsto até 2035. O in-

implementados mais 100 quilômetros de rede que elevarão o ín-

vestimento garante o tratamento de 100% dos esgotos coletados

dice de cobertura com rede de esgoto no município para 100%.

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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MATÉRIA TEMA

Demais cenários para um saneamento consistente e contínuo Quando se trata da perenidade do saneamento, além das tecnologias empregadas em reúso e ultrafiltração, existem outros fatores fundamentais que sustentam a inovação e devem oferecer resultados de longo prazo. Confira abaixo, algumas iniciativas integradas a essa finalidade

Metrologia Hidrodinâmica e sua aplicação na Sabesp

Treinamento para uma medição precisa

A perenidade do saneamento também é garantida pela correta gestão dos recursos hídricos. É preciso garantir a eficiência dos sis-

da ISO 17025 norma internacional criada para reconhecer a com-

temas de abastecimento. Em outras palavras, é necessário que a

petência técnica de laboratórios”, afirma.

operação desses sistemas em todas as suas partes seja feita de

A grande maioria dos macromedidores utilizados na Sabesp são

forma a evitar e reduzir as perdas e os desperdícios de água. “É

eletromagnéticos e subdividem-se em dois tipos: os de carretel e

impossível gerenciar aquilo que não se pode medir”, a frase é de

os de inserção. Mas há, também, os ultrassônicos que, por sua

Peter Druker, segundo muitos, o pai da administração moderna.

vez, dividem-se nos seguintes tipos: os de intrusão e os não in-

No saneamento não é diferente e um importante aliado nessa ta-

trusivos (ou clamp-on).Temos também medidores tipo Vortex e

refa é o processo de medição que entre outras coisas fornece os

os tradicionais e cada vez menos utilizados, os medidores depri-

parâmetros hidráulicos e o volume de água veiculado pelo sistema.

mogênios, também conhecidos como Venturi. Mas, todos, sem

Somente na RMSP existem cerca de 300 macromedidores. E é

exceção, passam pelo ensaio de calibração e, se necessário, são

para garantir que as medições estão sendo feitas de forma correta

ajustados ou até substituídos.

que existe a calibração desses equipamentos.Na Sabesp dentro da

Além desse cuidado a empresa, ainda, realiza constantes treina-

Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional

mentos com os profissionais da área, o que é feito nas próprias de-

da Produção - MAGG, há uma equipe de Metrologia Hidrodinâ-

pendências da Sabesp ou mesmo em campo. Atualmente, um dos

mica, altamente capacitada e que conta com uma completa estru-

desenvolvimentos práticos diz respeito aos cuidados na perfuração

tura para garantir o perfeito desempenho dos macromedidores.

de tubos de PE (polietileno) para introdução dos instrumentos de

Seus profissionais seguem rigorosos procedimentos escritos com

medição ou do Pitot, utilizado na calibração.O rígido controle obe-

base em metodologia desenvolvida em conjunto com o Institu-

dece a um cronograma anual que, é claro, possui flexibilidade para

to de Pesquisas Tecnológicas - IPT, a partir da experiência e de

atendimento a incidentes sem, contudo, interferir na meta de ter

estudos do próprio corpo técnico da empresa que elaboraram a

100% dos medidores calibrados no período de um ano.

Norma Técnica Sabesp - NTS 280 a qual se tornou referência em todo o território nacional. Segundo o eng. Olavo Alberto Prates Sachs, da MAGG, e pre-

Automação na precisão dos sistemas de saneamento

sidente da AESabesp, o processo: “diferencia-se pela precisão

A automação no Saneamento agregou muito valor a Empresa prin-

metrológica que se utiliza do cálculo de incerteza para garantir

cipalmente para as equipes de operação, manutenção e gestão. O

a qualidade dos resultados.”Mas, há outros diferenciais: o resul-

diagnóstico em tempo real de uma falha determina a tomada de

tado da calibração é obtido na presença do cliente e os técnicos

ação rápida para reestabelecer o sistema de distribuição de água e

contam com o auxílio supervisório para verificar, na hora, os re-

coleta de esgoto, tornando eficaz o combate a perdas, garantin-

sultados adquiridos em campo. Posteriormente, esses dados co-

do a entrega do produto na quantidade certa com o melhor apro-

letados são validados em escritório. E o macromedidor recebe um

veitamento da energia elétrica. Antes de 1997 os sistemas eram

certificado de validação. “Todo esse processo segue os requisitos

eletromecânicos e não tinham meios de transmissão de dados em

12

SANEAS

Abril a Julho de 2016


todas as instalações variavam a velocidade dos motores, levavam

Com a utilização de um novo software de modelo hidráulico, a

em média três dias para normalizar um problema, a partir deste

companhia irá projetar cenários. E poderá estimar, por exemplo,

mesmo ano, foi iniciado o processo de implantação de automação

por quanto tempo um reservatório regional ou uma adutora con-

utilizando CLP (Controlador Lógico Programável), Conversor de Fre-

seguirá atender a uma região em expansão. Pode ainda avaliar

quência para variar a velocidade dos motores e linha de comunica-

qual a melhor posição para instalar uma estação de bombeamen-

ção em todos os pontos da Unidade de Negócios Leste, para serem

to e comparar se não se torna mais eficiente e barato fazer uma

visualizados e comandados de um único computador, por meio do

nova interligação de sistemas em vez de gastar com as bombas

Sistema de Controle Operação e Monitoramento (SICOM), atual-

e a energia elétrica de sua operação. Calcula também qual será

mente a automação faz parte do mapa estratégico da Sabesp, com

o efeito de um novo sistema como o São Lourenço no funciona-

a implantação em todos os Municípios do Estado de São Paulo.

mento de todos os outros sistemas.

Os resultados foram surpreendentes, redução no tempo de nor-

O aplicativo alia os cálculos às imagens de satélite, permi-

malização do sistema em média de 4 horas, as perdas foram re-

tindo que os engenheiros e projetistas vejam o local por onde

duzidas em 15 % nos setores, redução no consumo de energia

passará uma tubulação ou verificar o melhor ponto alto para

20% e satisfação da força de trabalho em melhoria no ambiente de

colocar um reservatório.

trabalho com a possibilidade de enviar um comando para desligar ou ligar um equipamento que está a 80 KM de distância do centro

Sabesp “Melhores Práticas”: a prata da casa

de operação, também houve o desenvolvimento das equipes para

A busca por soluções inovadoras revela-se muitas vezes como

manter os sistema eletroeletrônicos funcionais. De acordo o eng.

uma alavanca que move a criatividade dentro da própria empresa.

Erivaldo Lima, da Divisão Eletromecânica Leste, da Sabesp, “ é uma

É o caso da Sabesp, que, por meio de sua Diretoria Metropolita-

satisfação repassar esse conhecimento à nova geração para melho-

na, criou em 2012 um programa intitulado “Programa Melhores

rar o sistema cada vez mais. Em tempos de crise hídrica, a automa-

Práticas”. Seu objetivo é desenvolver a força de trabalho e de

ção auxiliou muito as tomadas de decisões da área de operação.”

promover a troca de experiências e o “benchmarking” interno. Ele está vinculado a uma idéia mais ampla, a de desenvolver e implementar o processo de identificação, retenção e disseminação do conhecimento. Para desenvolver o processo, foi criada uma equipe técnica com representantes de todas as Unidades de Negócio e Superintendências da diretoria. Atualmente o “Melhores Práticas”divide-se em três modalidades: ■■ Práticas de Gestão; ■■ Projetos e ■■ Melhorias de Processos Operacionais.

Laboratório para testes de Sistemas de Automação na Sabesp Unidade de Negócios Leste

Plano Diretor da Sabesp: abastecimento até 2045 A Sabesp está desenvolvendo ao longo de 2016 seu novo Plano Diretor de Abastecimento de Água, documento que orienta as principais obras e ações para levar água a mais de 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo. O documento tem como horizonte o ano de 2045 e passa por revisões a cada cinco anos, quando a companhia faz ajustes decorrentes do crescimento da região – área complexa, mutante e na qual o aumento da população sofre constantes mudanças.

“O objetivo do programa é o compartilhamento do conhecimento que não é só de nossa diretoria ou só da Sabesp, mas sim, do saneamento” observa a analista de gestão da Sabesp, Márcia Regina Aires, uma das responsáveis pela sua execução.

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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MATÉRIA TEMA

Marinha do Brasil, Universidades e CNEN: Dessalinização Nuclear

POLI e Unicamp: modelos matemáticos

A combinação de esforços entre a Marinha do Brasil, Universi-

Pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

dades e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) apre-

(POLI-USP) e da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Ur-

senta um histórico de projetos de sucesso, como o domínio

banismo da Universidade Estadual de Campinas (FEC-Unicamp)

do processo de enriquecimento de urânio. Essa parceria deve

desenvolveram novos modelos matemáticos e computacionais

agora ser repetida no desenvolvimento de um projeto nacio-

voltados a otimizar a gestão e a operação de sistemas complexos

nal em dessalinização nuclear para fazer face à necessidade de

de suprimento hídrico e de energia elétrica. Os modelos, que

se garantir simultaneamente seguranças energética, hídrica e

começaram a ser desenvolvidos no início dos anos 2000, foram

alimentar. Para tanto, o projeto conceitual de um reator de pe-

aprimorados por meio do Projeto Temático “HidroRisco: Tecno-

queno porte da geração GIII+ tendo como ponto de partida o

logias de gestão de riscos aplicadas a sistemas de suprimento

LABGENE, combinado a diferentes sistemas de dessalinização,

hídrico e de energia elétrica”, realizado com apoio da FAPESP.

foi iniciado com o envolvimento dos institutos de pesquisa da

Muitas das tecnologias utilizadas hoje nos setores hídrico e

CNEN, a Marinha e Universidades brasileiras, a partir da cola-

energético no Brasil para gerir a oferta e a demanda e os ris-

boração em rede de pesquisadores especializados nessa área. O

cos de desabastecimento de água e energia em situações de

Termo de Referência foi encaminhado ao Ministério de Ciência,

eventos climáticos extremos, como estiagem severa, foram de-

Tecnologia Inovações e Comunicações, que o enviará para a

senvolvidas na década de 1970, quando as cidades brasileiras

Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

eram menores e o país não dispunha de um sistema hídrico

Uma das alternativas mais viáveis está nos processos de des-

e hidroenergético tão complexo como o atual. Esses sistemas

salinização para obtenção de água potável, aplicados atual-

de gestão apresentam falhas como não levar em conta a co-

mente em cerca de 150 países. Neste universo, se destacam

nexão entre as diferentes bacias e não estimar a ocorrência

Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Catar, Barein

de eventos climáticos mais extremos do que os que já acon-

e Omã, que obtêm cerca de 90 % da sua água potável através

teceram no passado ao planejar a operação de um sistema de

de processos de dessalinização. Juntos, estes países produzem

reservatórios e distribuição de água. A fim de aprimorar esses

cerca de 45 % de toda a água dessalinizada no mundo. O Bra-

sistemas de gestão de risco existentes hoje, os pesquisadores

sil possui apenas uma usina de dessalinização, localizada em

desenvolveram novos modelos matemáticos e computacionais

Fernando de Noronha. Também há projetos em andamento em

que simulam a operação de um sistema de suprimento hídrico

outros estados, como Ceará, Pernambuco e Bahia.

ou de energia de forma integrada e em diferentes cenários de

No quadro geral da atividade de dessalinização no mundo, uma parcela significativa ocorre com utilização de reatores nucleares. O processo já é adotado em países como Canadá, Rússia, Paquistão e Argentina. Para a CNEN, este seria um caminho viável e econômico de resolver a escassez de água em nível nacional, já que o Brasil é o país com a sexta maior reserva de urânio, que serve como combustível para reatores nucleares, e tem autonomia no seu enriquecimento e na produção dos elementos combustíveis.

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SANEAS

Abril a Julho de 2016

aumento de oferta e demanda de água.


ENTREVISTA

Para Adriana Bin, novas tecnologias trazem impacto positivo para o saneamento

P Adriana Bin Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas

ara discorrer sobre a perspectiva da pere-

Adriana Bin possui graduação em Engenharia de

nidade do saneamento com a aplicação

Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas

de gestões voltadas para as inovações

(2000), mestrado (2004) e doutorado (2008) em Polí-

tecnológicas, entrevistamos a professora

tica Científica e Tecnológica pela mesma Universidade

e dra. Adriana Bin, da Faculdade de Ciências Apli-

e pós-doutorado no Manchester Institute of Innova-

cadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA/

tion Research (MIoIRda University of Manchester). É

Unicamp), que junto ao professor e dr. Sergio Salles

professora doutora da Faculdade de Ciências Aplica-

Filho (Titular do Departamento de Política Científica e

das da Universidade Estadual de Campinas (FCA/UNI-

Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp)

CAMP) na área de administração, professora plena

e Coordenador de avaliação de programas da Fapesp

no Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Sociais Aplicadas (FCA/UNICAMP) e no Programa de

Paulo), participou da implantação do modelo de ges-

Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica

tão na Sabesp, que suscitou a criação, em 2010, da

(DPCT/IG/UNICAMP) e coordenadora associada do

Superintendência Desenvolvimento Tecnológico e Ino-

Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e

vação da Sabesp (TX).

da Inovação (GEOPI) e do Laboratório de Economia e

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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ENTREVISTA

Gestão (LEG). Atua em projetos de pesquisa e extensão nas áre-

melhoria na qualidade dos serviços prestados. Nos aspectos so-

as de planejamento e gestão, avaliação e prospecção em ciência,

cioeconômicos, ressalta-se: melhoria na qualidade e segurança do

tecnologia e inovação.

trabalho; aumento da qualificação técnica dos empregos gerados; e incremento na remuneração dos trabalhadores – salários e be-

Saneas: Qual é a base do seu trabalho para desenvolver

nefícios. Sob a ótica socioambiental, pode-se ainda citar: melhoria

projetos de inovação tecnológica no setor de saneamento

na conservação e uso de recursos naturais (atmosfera, solo, água,

ambiental?

energia); redução no consumo de insumos químicos; e reapro-

Adriana Bin: Tivemos duas experiências de trabalho no setor de

veitamento e reúso. Ademais, novas tecnologias podem trazer

saneamento dentro de nossa área de atuação, que é a do pla-

mudanças significativas para o setor a partir da criação de novos

nejamento e gestão da P&D e da inovação. A primeira foi uma

modelos de negócio e mesmo de novas empresas.

avaliação, entre 2003 e 2005, do Programa de Pesquisas em Sane-

É claro que o tipo de impacto trazido pela tecnologia vai de-

amento Básico (Prosab), apoiado pela Agência Brasileira de Inova-

pender de sua natureza, ou seja, nem toda nova tecnologia traz

ção (Finep). Nesta ocasião, buscou-se mensurar os resultados e os

necessariamente impactos positivos nos aspectos supracitados e

impactos diretos e indiretos do Programa nos aspectos socioeco-

dificilmente o fará em todos eles. Daí a importância de que tal

nômicos e socioambientais, assim como na criação de condições

processo seja gerenciado, buscando ferramentas de apoio à deci-

para a inovação no setor de saneamento. A segunda experiência,

são a partir de critérios claros, seja para o desenvolvimento, seja

entre 2008 e 2009, foi a concepção, desenvolvimento e implan-

para a aquisição de novas tecnologias.

tação do modelo de gestão em tecnologia e inovação na Sabesp. Este trabalho incorporou, dentre outros aspectos, a elaboração de

Saneas: Existe uma política nacional de incentivo à inovação

um estudo prospectivo, da política de propriedade intelectual da

tecnológica, voltada para o atendimento desse setor no ter-

empresa, da sua estratégia de financiamento e do sistema de ava-

ritório nacional? Em caso afirmativo, como ter acesso a sua

liação de resultados e impactos para P&D e inovação, assim como

aplicação?

um curso de capacitação nos temas do planejamento e gestão de

Adriana Bin: Não se pode afirmar que exista uma política na-

tecnologia e da inovação.

cional de incentivo à inovação tecnológica voltada para o atendimento do setor de saneamento no Brasil. Há, de fato, preocu-

Saneas: Teria dados comprobatórios de elevação de índices

pações recentes mais explícitas com o tema de recursos hídricos,

de qualidade de vida oriundos do funcionamento desses

como se pode verificar no documento que formaliza a Estratégia

projetos?

Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o período 2016

Adriana Bin: Não temos dados sobre isto, justamente porque

a 2019, no qual o tema figura como uma das prioridades, assim

não se trataram de projetos de inovação, mas sim de gestão de

como pela existência de um Fundo Setorial destinado a financiar

tecnologia e de inovação. Ressalta-se, no entanto, que estudos de

estudos e projetos na área de recursos hídricos, para aperfeiçoar

avaliação sobre os resultados e impactos da adoção de novas tec-

os diversos usos da água (CT-Hidro). No entanto, tal foco não dá

nologias no setor de saneamento são extremamente pertinentes

conta da abrangência do universo do saneamento, assim como

para buscar dados desta natureza.

não tem se revertido, de fato, em ações concretas capazes de alterar o patamar tecnológico do setor. Neste sentido, o incentivo

Saneas: Para a perenidade do saneamento, além de fluxo de

à inovação tecnológica no saneamento tem se dado de forma

recursos em infraestrutura de abastecimento de água, com

mais fragmentada, contando, mais do que com incentivos go-

obras de captação, reservação, tratamento e distribuição, e

vernamentais, com iniciativas dos distintos atores que integram a

de coleta, transporte e tratamento de esgoto, qual é o com-

cadeia produtiva do setor.

ponente que só a tecnologia pode trazer? Adriana Bin: São muitos os impactos positivos que a adoção

Saneas: Sendo o Brasil um país de dimensões continentais,

de novas tecnologias podem trazer para o setor de saneamento.

com várias diferenças geográficas, climáticas e socioeconô-

Apenas para citar algumas possibilidades, destaca-se, nos aspec-

micas, seria possível uma administração sistêmica de recur-

tos econômico-financeiros: o aumento de produtividade física dos

sos tecnológicos ou é necessário processos específicos para

processos; redução de custos; diminuição de perdas técnicas; e

cada região?

16

SANEAS

Abril a Julho de 2016


Adriana Bin: No caso do saneamento, são de fato necessários

época em que foi integrado o seu projeto de gestão para a

processos específicos para cada região, justamente porque as es-

criação da Superintendência de Desenvolvimento Tecnoló-

pecificidades geográficas, climáticas e socioeconômicas importam

gico e Inovação da Sabesp (TX)?

– e muito – para se pensar sistemas de saneamento. Ademais, o

Adriana Bin: Do ponto de vista tecnológico, há velhos e novos

saneamento pode ser caracterizado por seu amplo espectro de

campos a serem explorados, tais como reaproveitamento e reú-

atuação – abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpe-

so, sistemas de coleta, tratamento e distribuição descentraliza-

za urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo

dos, automação e uso de sensores, entre outros. Sob uma ótica

de águas pluviais urbanas – assim como pela multiplicidade de

mais ampla, seguem as exigências pelo alcance de parâmetros

atores envolvidos nos processos de desenvolvimento tecnológico

de universalidade, qualidade, equidade, além da sustentabilida

e inovação no setor – as próprias empresas de prestação de ser-

desassociada ao serviços de saneamento.

viços de saneamento, fornecedores de insumos e equipamentos, empresas de engenharia, instituições de ciência e tecnologia, sem

Saneas: Hoje, quais são os pontos favoráveis e vulneráveis que

desconsiderar ainda órgãos reguladores e normativos. Estes três

os senhores apontariam para a perenidade do saneamento?

aspectos tornam difícil conceber uma gestão integrada de recur-

Adriana Bin: Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico

sos tecnológicos, muito embora algum tipo de centralização, no

e da geração de inovações, o setor de saneamento pode ser tra-

sentido de determinar prioridades, evitar duplicidades e promover

dicionalmente compreendido como “dominado pelos fornecedo-

colaborações, seria desejável tendo em vista o papel do setor de

res” e “intensivos em escala”. Muito embora seja uma situação

saneamento na promoção da qualidade de vida da população.

estimulada pelas próprias condições de competitividade do setor, cabe enfatizar que a inovação é condição fundamental para alcan-

Saneas: No cenário atual marcado por mudanças políticas

çar os desafios supracitados, em especial, universalidade, qualida-

e administrativas, a senhora detecta a viabilidade de inves-

de, equidade e sustentabilidade. Neste sentido, entende-se que o

timento no desenvolvimento tecnológico dos setores de in-

futuro do saneamento passa pela internalização das oportunida-

fraestrutura?

des associadas ao desenvolvimento tecnológico pelos prestadores

Adriana Bin: O cenário atual é de restrição para investimentos

de serviços, de forma que se tornem mais protagonistas do pro-

em ciência, tecnologia e inovação, e isto envolve não apenas seto-

cesso inovativo, como forma de garantir sua própria competitivi-

res de infraestrutura, como os mais distintos setores da economia.

dade no longo prazo, mas também a proposição e implantação de soluções adequadas às demandas da população no que diz

Saneas: Na sua concepção, quais foram as principais mu-

respeito ao saneamento.

danças e exigências no setor de saneamento, desde 2010,

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PONTO DE VISTA

Por Cristina Zuffo

Inovação no saneamento

A

história do homem sempre foi pautada

Cristina Zuffo É Engenheira Civil pela Escola Politécnica da USP em 1992. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola Politécnica da USP em 2002. MBA pela Fundação Instituto de Administração da USP. Profissional com experiência em modelagem matemática hidráulica, estudos de concepção e otimização no abastecimento público, eficiência energética em sistemas de bombeamento, planejamento do abastecimento da RMSP, recursos de fomento à Inovação, propriedade intelectual, estudos de prospecção tecnológica, parcerias tecnológicas em PD&I nacionais e internacionais. Atualmente é Superintendente de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Novos Negócios da Sabesp (TX).

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SANEAS

sim em uma mudança de era.

por mudanças. Desde os mais tímidos

A expressão inovação nos remete de modo prati-

esforços que remontam dos períodos

camente automático a pensar em tecnologia. Mas o

mais remotos, quando havia apenas

conceito de inovação abrange também questões or-

inovações incrementais, as quais paulatinamente

ganizacionais orientadas para melhorar a qualidade

mudavam a vida das pessoas, até hoje, quando são

e eficiência do trabalho. A inovação deve se utilizar

gradativamente substituídas por uma série de mudan-

de qualquer componente que afete o desempenho da

ças disruptivas (inovações que mudam a estrutura do

empresa, de forma a melhorar sua eficiência e quali-

mercado e levam os produtos tradicionais à obsoles-

dade de seus serviços, processos e produtos, ou seja,

cência). Nesse sentido temos tecnologias impactantes

deve de alguma forma agregar valor ao negócio de

que mudaram totalmente a forma de pensar e de agir,

forma sustentável.

como o advento dos smartphones, internet, redes sociais e armazenamento em nuvem.

Se focarmos nas últimas cinco décadas, constatamos um crescimento exponencial das tecnologias,

Estima-se que as inovações dos últimos duzentos

produzindo uma quebra de paradigmas em relação

anos correspondem a 85 % de todos os inventos pro-

à mentalidade da população e a gestão das empre-

duzidos em toda a humanidade. Assim, arrisca-se di-

sas. No contexto atual, em um mundo globalizado

zer que não estamos em uma era de mudanças, mas

e dinâmico, com o aumento da competitividade e

Abril a Julho de 2016


clientes muito mais exigentes, inovar significa a garantir a sobrevivência da empresa.

As empresas de saneamento precisam desenvolver um poder de comando, e tomar a frente na elaboração de uma governan-

Daí surge o conflito, porque quando nos deparamos com a re-

ça na cadeia do saneamento, criando um ciclo virtuoso, exigindo

alidade das empresas, vemos como é complexa a implantação de

serviços e produtos com mais eficiência e qualidade. Caso a em-

inovações, que passam muitas vezes por uma questão cultural e

presa seja de grande porte, podem e devem exercer seu poder de

de conflito de gerações.

barganha junto aos fornecedores, pela escala do negócio. Muito

Para uma empresa ser inovadora é essencial que exista con-

provavelmente continuaremos a ser dominados tecnologicamente

vergência de esforços para prover recursos financeiros, hu-

pelos fornecedores, porém com uma forte governança este domí-

manos, materiais e conhecimentos para que novos produtos,

nio será benéfico e ocorrerá de forma salutar.

processos e serviços sejam desenvolvidos.

Ainda dentro desta perspectiva, é necessário aumentar a ar-

Além disso, quando o assunto é inovação precisamos primei-

ticulação e parcerias com os atores da cadeia do saneamento,

ro caracterizar a empresa e inseri-la no contexto operacional e

seja com a criação de um canal de comunicação mais eficiente,

de mercado. A abordagem do tema inovação varia muito depen-

seja através de outros instrumentos, tais como, convênios e/ou

dendo do setor da economia em questão. A velocidade e pre-

acordos de cooperação tecnológica, desta forma, realizando de-

disposição às mudanças, grau de investimento, escalabilidade e

senvolvimentos conjuntos ou ainda introduzindo novos modelos

demandas dos clientes, são alguns dos fatores que influenciam

de negócio.

sobremaneira o tema.

No caso de empresas públicas, há que se pensar em formas

Assim, o primeiro passo para entender como se comporta

criativas para entrada de novas tecnologias, já que as amarras da

um determinado setor da economia em relação à dinâmica da

lei 8.666 engessam sobremaneira as iniciativas inovadoras. Neste

inovação é conhecer suas principais características. No caso do

sentido, estão em estudo diversas leis que devem melhorar esta

saneamento não é diferente. Como comparar uma empresa de

situação, porém ainda não foram regulamentadas.

cunho estritamente tecnológico focada em produto, com uma

Os financiamentos à inovação são outro ponto importante.

empresa de saneamento, cuja principal atribuição é a prestação

Atualmente temos agências de fomento nacionais e internacio-

de serviços?

nais, com diversas linhas voltadas à inovação como a FINEP, BN-

Nesse sentido, a Sabesp há algum tempo contratou o Departa-

DES, KfW, FAPESP, dentre outras. Assim, recursos disponíveis não

mento de Políticas Científicas e Tecnológicas da UNICAMP, para

é, a princípio, um entrave à inovação. O maior problema está na

fazer um diagnóstico de como se comporta a inovação no setor

carência de bons projetos. A Sabesp, por exemplo, conseguiu

de saneamento. Dentre os principais produtos deste estudo está

recursos em duas grandes agências de fomento a FAPESP com

a caracterização do setor de saneamento frente à entrada de

17 projetos em andamento e a FINEP compreendendo quatro

novas tecnologias.

grandes projetos. Isso mostra que se há bons projetos os recur-

Fortemente atrelado ao setor público, o saneamento tem um

sos são acessíveis.

grande mote social como, por exemplo, a influência direta nos

Outro ponto em que as empresas públicas sofrem e, neste caso,

índices de mortalidade infantil. É caracterizado por economia de

não é um problema restrito ao saneamento, é com relação à qua-

escala com investimentos intensivos, por isso se utiliza frequente-

lidade das compras realizadas. É necessário repensar este formato.

mente de financiamentos governamentais.

Compras por performance podem ser uma alternativa, inclusive

As tecnologias para o saneamento tem em geral uma trajetória

já utilizadas por algumas concessionárias de saneamento. Con-

de longo prazo. No estado de São Paulo, por exemplo, existem

siderar os valores de CAPEX e OPEX trazendo a valor presente e

diversas instalações e equipamentos como tubulações, válvulas,

aí sim realizar a comparação entre os valores é uma forma mais

estações de tratamento de água e esgoto, que datam de quase

inteligente de se utilizar a lei 8.666. Desta forma, é possível extrair

um século e que ainda estão em boas condições de operação.

o máximo de eficiência em uma compra levando em consideração

Impera o predomínio das inovações incrementais e de baixa com-

quesitos como, por exemplo, qualidade do material (vida útil) ou

plexidade, em detrimento às das inovações disruptivas.

eficiência energética.

Os pontos levantados acima explicam em parte, o porquê os

Pelo que se pode constatar, ainda temos um longo caminho

trabalhadores do ramo do saneamento são conservadores e em

a trilhar para atingir a excelência na aquisição de tecnologias no

geral, avessosa mudanças.

setor de saneamento.

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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VISÃO DE MERCADO

Câmara aprova projeto que cria regime para incentivar investimentos no saneamento

A

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania

lhões sem acesso a esgoto tratado. Este projeto auxiliará a mudar

(CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou, em

a triste realidade vivida no Brasil”, observa.

18 de maio, o substitutivo do deputado federal

Todavia, o parlamentar explica que o projeto aprovado pela Câmara

e associado da AESabesp, João Paulo Papa, ao

não se trata de desoneração pura e simples do setor, nem da trans-

projeto de lei do senador José Serra, que cria o Regime Es-

formação dos investimentos em créditos perante os impostos. “Por

pecial de Incentivos para o Desenvolvimento do Saneamento

meio do Reisb, apenas projetos que estejam de acordo com o Plano

Básico (Reisb).

Nacional de Saneamento Básico (Plansab) e que representem um valor

Com a criação deste dispositivo, as empresas prestadoras de

adicional ao valor médio anual de investimentos da pessoa jurídica po-

serviços públicos de saneamento poderão aumentar o volume

dem pleitear créditos”. Ainda de acordo com ele, é preciso, também,

de investimentos, por meio da concessão de créditos relativos ao

garantir que os investimentos sejam voltados para a sustentabilidade

PIS/. Cofins e Pasep. A estimativa é de que até R$ 3 bilhões sejam

e a eficiência dos sistemas de saneamento básico, assegurando, por

incrementados ao setor.

exemplo, a incorporação de novas tecnologias aos projeto.

O parlamentar destaca que a aprovação do projeto é uma gran-

Agora o projeto volta ao Senado Federal, onde passará pelas

de vitória para o Brasil. “Demos um passo fundamental, histórico.

comissões de Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e Consti-

Somos 100 milhões de brasileiros sem coleta de esgoto e 120 mi-

tuição e Justiça. Se aprovado, seguirá à sanção presidencial.

20

SANEAS

Abril a Julho de 2016


Ano XIII . Ediçã o 55 . Abril

a Julho de

2015

Ano XII

I . Ed ição 56 . Ag osto a Nove mbro de

Ano

IX . Ediç

ão

2015

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Revista Saneas: mais que uma Revista, um Projeto Socioambiental.

Em 2016, conte com a Saneas. Inclua a revista na sua programação de mídia para 2016. CONFIRA AS EDIÇÕES PROGRAMADAS PARA 2016:

EDIÇÃO N° 59 – JULHO / AGOSTO / SETEMBRO Tema central: Impacto do uso e conservação de energia no saneamento Com destaque para as novas formas de geração de energia, como a eólica, solar, fotovoltaica, entre outras alternativas voltadas à minimização de custos e poluentes. Com cobertura do 27º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2016. Fechamento: setembro 2016 / circulação: outubro 2016 Anúncios até: 20.09.2016

EDIÇÃO N° 60 – OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO Tema central: Recuperação de Córrego e Mata Ciliares Com destaque para a necessidade de preservação ambiental, como ferramenta para universalização do saneamento, por meio de despoluição de rios, reflorestamento de barragens, entre outras ações de urgência global. Fechamento: dezembro 2016 / circulação: janeiro 2017 Anúncios até: 15.12.2016

A Revista Saneas é uma publicação da:

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PIONEIRISMO

Operacionalização de testes do Raio X da Água no TOQ/ Sabesp.

Dra. Danielle Polidorio Intima Supervisora no Departamento de Controleda Qualidade dos Produtos Água e Esgoto (TOQ) da Sabesp.

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SANEAS

Sabesp na aplicação do “Raio X da Água” Os raios X são um tipo de radiação de alta energia, com

(TXRF) e a espectrometria de emissão óptica com plasma

capacidade de penetrar em organismos vivos e atravessar

induzida por laser, LIBS (laser-inducedbreakdownspec-

tecidos de menor densidade. Ele é absorvido pelas par-

troscopy). O primeiro voltado às amostras líquidas ou em

tes mais densas do corpo, como os ossos e os dentes.

suspensão e o segundo, para as amostras sólidas.

Em razão dessa característica, seu principal uso é em ra-

A revista Saneas entrevistou, em primeira mão, a dra.

diografias para diagnóstico médico. Mas ele também é

Danielle Polidorio Intima, supervisora no Departamento

usado industrialmente para observar a estrutura interna

de Controle da Qualidade dos Produtos Água e Esgoto

de objetos, procurando ver se há falhas em sua estrutura

(TOQ) da Sabesp, para discorrer sobre esse pioneirismo

como bolhas e rupturas.

que tudo tem a ver com o temática da edição, voltada à

A grande novidade, porém, é a sua utilização no sa-

inovação para a perenidade do saneamento.

neamento para a determinação de metais tóxicos como arsênio, cádmio, cromo, chumbo, prata, mercúrio e até

Saneas: O que é raio X da água? Isso é possível?

selênio em águas e em coagulantes. O método está em

Danielle PI: Os raios X podem ter propriedades de onda,

fase de experimentação pela Companhia de Saneamento

que é uma característica utilizada na difração de raios X.

Básico do Estado de São Paulo - Sabesp, que firmou um

E podem ter propriedades de partícula, que é uma ca-

convênio com o Instituto de Química da Universidade de

racterística utilizada na fluorescência de raios X. Eles são

São Paulo para validação de duas metodologias: a espec-

originados quando elétrons de alta energia perdem ener-

trometria de fluorescência de raios X por reflexão total

gia ao interagir com átomos, o comprimento de onda

Abril a Julho de 2016


do raio X fluorescente emitido pelo átomo, a partir desta interação,

interferências de macroelementos metálicos detectáveis. Já para a ro-

é característico de cada elemento, e sua intensidade é proporcional a

tina de coagulantes a base de alumínio e ferro, métodos analíticos

sua concentração na amostra. Diante disso, podemos afirmar que é

precisam ser desenvolvidos. Para atender esta demanda, a Sabesp

possível tirar um raio X da água.

acaba de firmar um termo de cooperação técnica com o Instituto de Química da Universidade de São Paulo, que é referência em pesquisa

Saneas: Quando se fala em raio X imagina-se emissões eletro-

na área de química analítica.

magnéticas com poder de penetração em objetos opacos, ou seja, corpos sólidos, como isso é possível no caso da água?

Saneas: Quais as vantagens?

Danielle PI: No caso de amostras líquidas, estas são analisadas na

Danielle PI: A principal vantagem da aquisição de um espectrômetro

forma de um filme fino, através da secagem de uma gota de amostras

por fluorescência de raios X com reflexão total – TXRF (Total Reflection

sobre um disco de quartzo. Já para amostras sólidas, é necessária a

X-Ray Fluorescence Spectrometer) é a capacidade de detecção de tra-

moagem, peneiramento e suspensão deste sólido. A gota da suspen-

ços de contaminantes metálicos, utilizando apenas alguns microlitros

são é seca e gera microfragmentos que interagem com a radiação.

de amostra, em alguns minutos. Para amostras de água final, efluente tratado ou água de reúso, que são amostras homogêneas, não é

Saneas: Então, não só substâncias líquidas podem ser analisadas?

necessário nenhum preparo de amostra, o que resulta em uma alta

Danielle PI: Podem ser analisadas amostras líquidas e sólidas, estas

frequência analítica.

devem ser moídas e suspensas em água ou qualquer outro solvente adequado.

Saneas: A utilização desse equipamento já está liberada pelo Ministério da Saúde?

Saneas: Como funciona o equipamento?

Danielle PI: Como se trata de uma tecnologia recente há alguns ar-

Danielle PI: É um equipamento Plug and Play. Para uma análise semi-

tigos europeus que mencionam a utilização deste equipamento para

quantitativa, liga-se o equipamento, seca-se a gota da amostra sobre

análise de água de consumo humano. Aqui na Sabesp, já participa-

o disco de quartzo e realiza-se a leitura. Para a aquisição de dados

mos de dois programas de ensaios de proficiência e os resultados

quantitativos, basta inserir um padrão interno na etapa de secagem.

foram excelentes, o que mostra a potencialidade da técnica para o monitoramento de todos os metais previstos na Portaria 2914/11.

Saneas: O que muda em relação ao controle de qualidade da água e dos produtos químicos com o raio X? Danielle PI: A espectroscopia por fluorescência de raios X com reCrédito da imagem:Beatriz Machado/ CDN

flexão total – TXRF tem potencial para substituir técnicas elementares clássicas como espectrometria de absorção e emissão atômica. O equipamento não requer a utilização de gases especiais ou adequações elétricas específicas para o seu funcionamento. Por se tratar de um dispositivo que pode ser levado a campo, uma vez que se trata de um equipamento plug and play. Saneas: Como viabilizar para a rotina de produtos químicos? Danielle PI: A Sabesp monitora a toxicidade dos produtos químicos utilizados no tratamento de água para consumo humano. A utilização da espectroscopia de fluorescência de raios X para este fim é um desafio, uma vez que temos matrizes diversas com macroelementos metálicos que afetam as medições dos elementos traços. Diante disso, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos analíticos diferenciados que possibilitem esta medição. Atualmente, o Laboratório de Material de Tratamento da Sabesp conta com a rotina de monitoramento da toxicidade por TXRF em ácido fluossilícico e barrilha. Isso porque nestas matrizes não temos

Outro importante exemplo de pioneirismo, está destacado na ETE Barueri onde foi instalada uma Estação Piloto de Sistema de Gaseificação por Tochas de Plasma, para processamento de Resíduos Sólidos Térmico, com capacidade para processar 15 ton/dia de lodo digerido, desaguado e gerado nos processos de tratamento em operação. De acordo com a eng. Iara Chao (TX/Sabesp), “entra lodo de ETE e sai cacos vitrificados inertes. Não existe essa inovação em nenhum lugar do Brasil. A Sabesp está na frente. O projeto foi financiado pela FINEP e o contrato firmado com a Hannover Projetos, num investimento de R$ 9.400.000,00”.

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SANEAS

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PIONEIRISMO

Saneas: Quem já faz uso desse equipamento?

Danielle PI: Os resultados serão validados conforme o DOQ-CG-

Danielle PI: Na Alemanha, estes equipamentos são utilizados em

CRE-008 – Orientação sobre validação de métodos analíticos do

Vans, ligados na bateria do veículo, para a realização da análise de

Inmetro. Esta validação será realizada pela Sabesp.

metais em campo. Saneas: Essa inovação mantém algum tipo de relação com a Saneas: Além da Sabesp, que outras empresas de saneamen-

disponibilidade de recursos hídricos?

to no Brasil utilizam esta tecnologia?

Danielle PI: Com certeza, é uma tecnologia de resposta rápida,

Danielle PI: No Brasil, a Sabesp é a primeira empresa de sanea-

passível de ser utilizada em campo, ideal para a realização de mo-

mento a adquirir este tipo de equipamento.

nitoramento de recursos hídricos.

Saneas: Em termos de economia de custo analítico, quais as

Saneas: É possível a utilização para análise de esgoto?

vantagens?

Danielle PI: Sim, inclusive em campo.

Danielle PI: A redução do custo analítico se dá na redução brusca do tempo de análise, da redução exposição do analista e da mini-

Saneas: E água de reúso? O que seria analisado?

mização na utilização de reagentes, uma vez que não é necessário

Danielle PI: Sim. Os parâmetros analisados na água de reúso

nenhum tipo de preparo das amostras.

seguem a especificação exigida em contrato, cada cliente terá a necessidade de monitoramento de determinados parâmetros im-

Saneas: Por se tratar de uma aplicação nova dessa tecnologia, haverá a validação dos resultados? Por qual órgão?

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SANEAS

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portantes para seu processo.


ARTIGO TÉCNICO Daniel Gonçalves

Energia solar fotovoltaica para alimentação de uma estação elevatória de água é gestor do Cadastro Técnico da Produção - MAG11, na Sabesp, responsável pela documentação cadastral digital e analógica de 1.200 km de adutoras; 24 represas; 9 Estações de Tratamento de Água - ETA; 140 Centros de Reservação de Água; 120 Estações Elevatórias de Água - EEA; além de toda base de dados geográficos da Unidade de Negócio de Produção de Água da Metropolitana. É Tecnólogo Hidráulico e Tecnólogo em Edificações pela FATEC-SP; Engenheiro Civil pela UMC; e Pós-Graduado em Geoprocessamento pelo SENAC-SP. Atualmente também é Professor de Engenharia Civil na Universidade Mogi das Cruzes - UMC..

Por Daniel Gonçalves

Introdução

Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a viabi-

A SABESP possui em seu patrimônio inúmeros reser-

lidade econômica da instalação de módulos fotovol-

vatórios de água para abastecimento da população.

taicos sobre a laje de cobertura de um reservatório de

Esses reservatórios normalmente são de grandes di-

água da SABESP para captação da luz solar e geração

mensões e a parte superior da laje de cobertura é uti-

de energia elétrica para alimentação de uma EEA e/

lizada, em poucos casos, para instalação de quadras

ou sua injeção na rede elétrica da concessionária.

poliesportivas ou escritórios. Já a propriedade onde a estrutura desses reservatórios se encontra muitas ve-

Materiais e métodos

zes possui uma Estação Elevatória de Água (EEA), que

Devido à quantidade de EEAs e reservatórios de água

tem a função de receber a água armazenada no reser-

existentes na área de atuação da Diretoria Metropoli-

vatório e levá-la para altitudes acima da cota máxima

tana (M) da SABESP e operados pela Unidade de Ne-

de armazenamento. Para isso, as EEAs são equipadas

gócio de Produção de Água da Metropolitana (MA),

com bombas hidráulicas que consomem uma quanti-

foi necessário criar alguns critérios para a escolha do

dade muito grande de energia elétrica. De acordo com

local ideal para realização da análise proposta por este

a SABESP (2014), mesmo com programas de eficiência

trabalho. Assim, ficou definido que:

energética e contratos de demanda junto às conces-

1. A propriedade onde está construído o reservatório

sionárias, em 2008 a despesa chegou a R$ 460,20 mi-

deve possuir uma estação elevatória de água;

lhões, correspondente ao consumo de 2.142,30 GWh

2. O reservatório de água deve ser retangular;

ou 1,84% do consumo do Estado de São Paulo. Desse

3. O reservatório de água deve ser de concreto armado;

total, 90% foram utilizados para alimentação de bom-

4. A face superior da cobertura do reservatório de

bas instaladas em estações elevatórias.

água deve ser plana; e

Paralelo a isso, o mercado brasileiro vem apresen-

5. A propriedade onde se encontra o reservatório não

tando um crescimento na utilização de energias reno-

deve possuir grandes interferências que causem

váveis, seja pela diminuição do volume de água nos

sombra sobre a sua cobertura.

rios utilizados por hidrelétricas e aumento no consumo

Esses critérios foram cruzados com as quarenta

de energia elétrica devido ao crescimento econômico

EEAs mais consumidoras de energia elétrica em kWh

da população, seja pela conscientização da escassez

na MA, onde foi possível identificar que o local ideal

e do impacto ambiental causado pelo uso de com-

para a análise seria a propriedade onde se encontram

bustíveis fósseis. Uma das tecnologias para geração

o Reservatório Mutinga e a EEA Mutinga (Figura 1),

desse tipo de energia é o sistema fotovoltaico, que

situada no município de Osasco.

utiliza a luz solar para gerar energia elétrica e no qual

Optou-se por não utilizar nesta avaliação o uso de ba-

a SABESP poderia se beneficiar utilizando a cobertura

terias para armazenamento da energia elétrica produzi-

de seus reservatórios. A energia produzida pelo sis-

da pelo sistema fotovoltaico, pois as EEAs da MA estão

tema seria uma alternativa parcial ou total ao uso da

em locais com acesso à rede pública de eletricidade.

energia elétrica distribuída tradicionalmente às EEAs, resultando na diminuição dos gastos relacionados a

Reservatório Mutinga

esse tipo de despesa.

O Reservatório Mutinga está situado no município

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SANEAS

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ARTIGO TÉCNICO

Dimensionamento do Sistema Fotovoltaico O dimensionamento terá como foco principal obter sempre a maior quantidade de energia elétrica possível do sistema fotovoltaico a ser instalado com o melhor custo/benefício, baseando-se em medidas, tamanhos, materiais e equipamentos que o mercado já dispõe atualmente e possam ser adquiridos em mais de

Figura 1 - Área onde se encontram o Reservatório Mutinga e a EEA Mutinga

uma fabricante.

de Osasco, na Rua Francisco Morato, número 100 e possui uma

As células fotovoltaicas deverão ser poli ou multicristalinas de

capacidade total de 20.000 m³ de armazenamento de água di-

alta eficiência, tendo em vista seu custo ser mais baixo que as cé-

vidida em duas câmaras internas. A sua estrutura é retangular

lulas monocristalinas e ter uma perda máxima de potência de até

e possui uma dimensão de 61,80 m de comprimento por 41,30

10% nos 10 primeiros anos de utilização e mais 10% nos 15 anos

m de largura, ou seja, 2.552,34 m² de área. O reservatório é

seguintes, em média. O sistema fotovoltaico não deverá utilizar

de concreto armado apoiado no terreno, sua cobertura é pla-

um inversor central, evitando assim que a falha de um equipa-

na e, internamente, há duas câmaras. Além desse reservatório,

mento coloque todo o sistema em risco. Além disso, os inverso-

na mesma propriedade há um reservatório elevado (torre), com

res deverão ser certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia,

capacidade de 500 m³. A laje plana do reservatório apoiado

Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

possui espessura de 0,20 m e, em relação à sobrecarga, a laje

O módulo fotovoltaico deverá ser composto por 60 células po-

de cobertura de reservatórios da SABESP segue a exigência da

licristalinas que forneçam no mínimo 245 Wp de Potência No-

Norma Técnica 6.120 da Associação Brasileira de Normas Téc-

minal, mínimo de 8 A de Máxima Corrente e mínimo de 29,5 V

nicas (ABNT), que considera uma carga mínima acidental de 50

de Tensão Máxima de Potência, e sua base formada por uma ou

Kgf/m².

mais lâminas de vidro temperado com baixo teor de ferro. Além disso, deverão ter o selo Procel Eletrobrás de Eficiência Energética,

Estação Elevatória de Água Mutinga

a classificação A na Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

A EEA Mutinga está instalada na mesma propriedade onde se

(ENCE) e a etiqueta do INMETRO. As dimensões de cada módulo

encontra o Reservatório Mutinga e tem como dimensão 25,20

deverão atingir até 1.670 mm de comprimento e até 995 mm de

m de comprimento por 8,70 m de largura. Nos anos de 2011,

largura, sendo que cada módulo será posicionado com seu lado

2012 e 2013, a EEA Mutinga teve um consumo médio mensal de

maior na horizontal.

energia elétrica de 196.157 KWh e um gasto médio mensal de R$ 48.505,00, conforme apresentado na Tabela 1.

O dimensionamento do sistema fotovoltaico se inicia com o cálculo do Ângulo de Inclinação (β). Seu valor pode ser deter-

A EEA Mutinga conta com quatro conjuntos motor-bomba in-

minado através do programa SunData, adotando-se o ângulo

terligados à tubulação de sucção de Ø 400 mm, em ferro fundido,

onde ocorre a maior média anual de irradiação solar diária média

e à tubulação de recalque de Ø 300 mm, também em ferro fundi-

mensal. Inserindo as coordenadas da propriedade no programa,

do. Esses conjuntos estão protegidos por válvulas do tipo borbole-

obtém-se a melhor inclinação referente a sua maior média anual

ta na tubulação de sucção e na tubulação de recalque, e válvulas

que é de 21º. A orientação dos módulos deverá levar em con-

de retenção na tubulação de recalque, que funcionam como se-

sideração o norte geográfico, maximizando o aproveitamento

gurança do sistema contra sobrepressão e refluxo da água.

da luz solar durante o dia. De acordo com a planta cadastral do

Tabela 1 - Consumo e custo médio mensal de energia elétrica da EEA Mutinga, de 2011 a 2013

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SANEAS

Ano

Consumo (kWh)

Custo (R$)

2011

144.664

41.510

2012

216.712

56.393

2013

227.094

47.611

Média Geral

196.157

48.505

Abril a Julho de 2016


Reservatório Mutinga, as “costas” do reservatório estão voltadas

A distância “d” encontrada refere-se à base de cada módu-

com pequena diferença para o norte, ou seja, os módulos foto-

lo, e não a distância útil para passagem de pessoas. Para isso,

voltaicos poderão ser posicionados nessa direção, paralelos ao

necessita-se determinar a distância “x” (Figura 2), que desconta a

comprimento do reservatório.

distância coberta pelo módulo.

Segundo GREENPRO (2004), o sombreamento dos módulos fotovoltaicos pode ser de três tipos: temporário, devido à localização ou devido às próprias instalações do imóvel. Na área do Reservatório Mutinga ocorre o sombreamento devido à localização, tendo em vista a existência de algumas árvores e do reservatório elevado (torre) que estão a sua direita e acima da laje de cobertura. Assim, os módulos fotovoltaicos deverão ser protegidos com diodos de by-pass e/ou diodos de bloqueio, diminuindo os efeitos do sombreamento (perdas) sobre a energia elétrica produzida pelo sistema fotovoltaico. Além disso, há o sombreamento causado devido a uma fileira de módulos estar muito próxima à outra, aumentando o tempo de sombreamento sobre as placas. Para se calcular a distância mínima (d) entre essas fileiras, primeiramente deve-se determinar três parâmetros: o ângulo de declinação solar, o ângulo da altura solar e o ângulo horário. O Ângulo de Declinação Solar (δ) é calculado pela equação (1), onde N é o número do dia do ano contado a partir do dia 01 de

Figura 2 - Determinação do espaço útil para passagem de pessoas entre as fileiras

A equação (5) e a equação (6) para determinação dessas incógnitas são apresentadas a seguir:

janeiro. O número do dia do ano adotado será o dia 21 de junho (solstício de inverno), pois apresenta a menor altura solar e o período de sol mais curto. Sendo assim, N equivale a 172 e o Ângulo de Declinação Solar equivale a 23,44978º. δ = 23,44978º Com a determinação do espaçamento entre fileiras, conclui-se Para determinação do Ângulo Horário (ώ), utiliza-se o va-

que a quantidade mínima possível a ser instalada no Reservatório

lor adotado pelo mercado fotovoltaico entre as 09:00 hs ou

Mutinga de forma a aproveitar o máximo possível da área útil de

15:00hs (3 horas a mais da nascente ou a menos do poente),

sua cobertura é de 858 módulos fotovoltaicos (Figura 3).

ou seja 45º. O Ângulo da Altura Solar (α) é determinado através da equação (3).

α = 25,83º Com todos os valores determinados, pode-se calcular a distância (d) entre os módulos fotovoltaicos através da equação (4). A medida de largura do módulo deverá respeitar o limite máximo estabelecido que é de 995 mm e o valor do Ângulo de Inclinação (β) deverá ser utilizado sem sinal. Sendo assim, verifica-se que a distância entre as bases de cada fileira deverá ser de 1,665 m. Figura 3 - Posicionamento dos módulos fotovoltaicos sobre a laje do reservatório

d = 1,665 m

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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ARTIGO TÉCNICO

A Eficiência de Conversão (η) do módulo fotovoltaico propos-

que a reserva mínima na laje de apoio (50 kgf/m²).

to deverá ser calculada através da equação (7) e não poderá ser

A Energia Produzida (Ep) pelos módulos fotovoltaicos deverá ser

inferior a 13,5%, tendo em vista esse ser o valor mínimo para o

calculada através da equação (8), considerando Am = 1,662 m²

módulo ser considerado Classe A na tabela de eficiência energéti-

(área da superfície do módulo), η = 13.5% (eficiência mínima do

ca do INMETRO. (INMETRO, 2014)

módulo fotovoltaico) e, para o valor de Es (Irradiação solar diária média mensal), será utilizada a maior média anual informada pelo programa SunData (4,15 kWh/m²/dia). Assim, a energia produzida por um módulo será de 931,14 Wh/dia.

Onde: • Pm - máxima potência do módulo (pode ser calculada pela multiplicação da corrente de máxima potência pela tensão de máxima potência do módulo);

Com a obtenção de Ep, será necessário multiplicar esse valor

• Ap - área útil do módulo fotovoltaico em m²; e

pela quantidade de módulos fotovoltaicos para se determinar a

• 1000 - taxa de radiação solar padronizada de 1000 W/m² em

energia produzida por todo o sistema (Eps). Esse valor correspon-

Standard Test Conditions (STC).

derá à energia total sem qualquer perda, o que não acontece na

A associação dos módulos fotovoltaicos deverá ser planejada de

realidade já que ocorrem perdas por temperatura das células fo-

forma a se obter a maior potência possível, mantendo o mesmo tipo

tovoltaicas, eficiência dos inversores fotovoltaicos, cabeamento,

de módulo para todas as fileiras. Para isso, será necessário instalá-los

etc. Assim, será adotada uma eficiência de 80% na produção de

em série para que se aumente a tensão total e a corrente se man-

energia em todo sistema fotovoltaico proposto (equação 10).

tenha a mesma, respeitando o limite mínimo e o limite máximo de tensão e corrente do inversor fotovoltaico. (Villalva, Gazoli, 2012) Como as características do inversor são limitantes para a associação dos módulos fotovoltaicos, faz-se necessário calcular a quantidade de inversores fotovoltaicos possível para a instalação em questão. A Potência Nominal de todos os módulos é determinada através da multiplicação da quantidade de módulos pela Potência Nominal de

A energia produzida pelo sistema fotovoltaico será de 639,13

cada módulo, resultando em 210.210 Wp. Como o inversor deve

kWh por dia e, em um mês, a produção de energia será de

suportar até 20.000 W, deve-se dividir o resultado encontrado pelo

19.173,90 kWh/mês.

valor suportado, ou seja, 10,51 (11) inversores. Dessa forma, o sistema será dividido em 78 módulos fotovoltaicos para cada inversor.

A medição da energia fotovoltaica produzida pelo sistema deverá ser feita através de dois relógios contadores de kWh,

No sistema fotovoltaico em questão, cada estrutura de fixação

sendo um direcional entre o ponto de fornecimento e o inver-

e suporte deverá possuir no máximo 7 kg, o módulo fotovoltaico

sor, e um bidirecional entre o ponto de fornecimento e a rede

25 kg e o inversor fotovoltaico 60 kg. Como a quantidade total de

elétrica da concessionária.

módulos é de 858 unidades, a estrutura de fixação e suporte tamsuporte e 21.450 kg de módulos. Em relação aos inversores, serão

Orçamento para instalação do sistema fotovoltaico

no máximo 11 unidades, totalizando 660 kg. Assim, a soma de

A partir dos resultados obtidos no dimensionamento, foram conta-

todo o conjunto de cargas acidentais para o sistema fotovoltaico

tadas três empresas especializadas em instalações fotovoltaicas para

proposto é de 28.116 kg. Para determinar se essa estrutura é su-

elaboração de orçamento para instalação de um sistema fotovoltai-

portada pela laje, ou seja, se é menor do que a reserva mínima (50

co sobre a cobertura do Reservatório Mutinga, em Osasco, incluin-

kgf/m²), é necessário dividir o valor total da carga acidental pela

do o fornecimento de projeto executivo. A empresa que ofereceu o

área da laje do reservatório (2.552,34 m²), o que resulta em 11,02

melhor orçamento apresentou uma proposta de R$ 1.687.500,00

kgf/m². Isso significa que a estrutura para o sistema fotovoltaico

para instalação de um sistema fotovoltaico com potência instalada

proposto é suportada pela laje do Reservatório Mutinga, tendo

de 225 kW. A energia produzida por esse sistema será de 747,01

em vista que o total de carga acidental (11,02 kgf/m²) é menor

kWh por dia e, em um mês, de 22.410,30 kWh/mês.

bém será de 858 unidades, totalizando 6.006 kg de estrutura de

28

SANEAS

Abril a Julho de 2016


Adotando-se o consumo médio de 2011 a 2013 da EEA Mutin-

Brasil, a implantação de um sistema fotovoltaico sobre a laje de

ga (196.157,00 kWh), o sistema fotovoltaico proposto (22.410,30

cobertura de reservatórios ainda é inviável, seja utilizando toda a

kWh) atenderá a 11,42% da demanda média necessária, permi-

energia elétrica gerada para abastecer uma EEA, seja injetando-a

tindo que se economize em média R$ 5.539,27 por mês ou R$

na rede da concessionária, já que o valor investido só será reverti-

66.471,24 por ano. A empresa propôs o uso do módulo fotovol-

do entre 28 e 29 anos de utilização no primeiro caso e mais de 35

taico “Yingli YL250P - 29b” que garante eficiência de 91,2% de

anos no segundo caso.

conversão da luz de seu módulo fotovoltaico nos primeiros dez

A produção de módulos fotovoltaicos vem em forte crescimen-

anos de uso e 80,7% nos 15 anos seguintes. Após 25 anos, a

to no mundo nos últimos 10 anos, o que permitiu uma queda

produção de energia não é interrompida, mas a garantia de con-

expressiva dos preços e que mais países passassem a incentivar

versão cai para 50%. As empresas fabricantes orientam a substi-

sua instalação. Porém, o Brasil não está seguindo esse caminho

tuição do módulo a partir dos 25 anos de uso.

pois possui um número elevado de rios que permitem a geração

Levando em consideração a perda na conversão da energia

de energia elétrica através de hidrelétricas. Mas essa dependência

solar do módulo fotovoltaico informada acima, nos 10 primeiros

pode ser um problema no futuro devido às constantes secas que o

anos de utilização haverá uma perda de 0,88% por ano e, nos

país vem passando. Para mudar esse panorama, o Brasil necessita

15 anos seguintes, 0,7%. Neste trabalho está sendo considerado

dar mais importância às alternativas renováveis provendo incenti-

uso de mais 10 anos dos módulos fotovoltaicos após os 25 anos

vos fiscais para importação dos equipamentos num primeiro mo-

de garantia da empresa, assumindo uma perda de 50% da con-

mento e, num segundo momento, criando mercado interno para

versão, ou seja, 3,07% de perda a cada ano a mais de utilização.

consolidação da indústria especializada, de forma a não depender

Quando a energia gerada pelo sistema fotovoltaico é utilizada

dos valores cobrados no mercado externo.

completamente pela EEA Mutinga, a economia proporcionada pelo sistema durante 25 anos de uso é de R$ 1.509.902,84. Porém, o valor a ser investido na implantação do sistema fotovoltaico - R$ 1.687.500,00 - só será recuperado ao se completar entre 28 e 29 anos de uso, quando se alcança uma economia de R$ 1.714.450,04. Quando ocorre desligamento das bombas, a EEA Mutinga para de consumir energia elétrica. Neste caso, toda a energia produzida pelo sistema fotovoltaico é injetada na rede da concessionária, gerando créditos para a SABESP. Esses créditos são tarifados após seu uso. Os impostos que incidem nos créditos e seus valores são: Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP): 0,65%, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS): 3,01% e Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e intermunicipal e de Comunicação (ICMS): 18%.

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Conclusão Os estudos financeiros apresentados neste trabalho mostram que, devido à falta de incentivo governamental e à cotação do dólar no

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29


ARTIGO TÉCNICO Fátima Valéria de Carvalho

A importância do saneamento na guerra contra o mosquito Aedes aegypti É Engenheira Civil pela Escola de Engenharia Mackenzie e Sanitarista, com Pós-graduação em Engenhraia Hidráulica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP e especialização em Engenharia Sanitária pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Nota: esse artigo é um resumo de um vasto trabalho sobre do tema proposto, que a profissional se propõe disponibilizar aos interessados, mediante solicitação pelo e-mail: faticarvalho@uol.com.br .

Por Fátima Valéria de Carvalho

Considerações iniciais Originário do Egito, no continente Africano, o mosquito Aedes aegypti vem se espalhando pelo mundo desde o período das colonizações, pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, encontrando as condições ideais em locais com temperaturas médias mensais de 10ºC nos meses mais frios (mês de janeiro no hemisfério norte e julho no hemisfério sul), correspondendo, aproximadamente às latitudes de 35ºN e 35ºS.

30

SANEAS

Considerando-se as alterações climáticas globais

Segundo especialistas existem duas hipóteses

previstas, o mosquito Aedes aegypti terá condições

sobre a chegada do Zika vírus ao Brasil: a primei-

de expandir a sua presença para outros locais e,

ra, afirma que foi em 2014 durante a Copa do

consequentemente, as doenças transmitidas por

Mundo, e a segunda afirma que o vírus chegou

este vetor (Dengue, Chikungunya, Zika e Febre

na Copa das Confederações em 2013, porém não

Amarela), uma vez que o mosquito se reproduz mais

há como provar estas teses conclusivamente. A se-

rapidamente com o aumento da temperatura. Para

gunda hipótese, talvez a mais provável, baseia-se

o surgimento de um novo surto, em regiões fora da

no fato “da seleção do Taiti, da Polinésia Francesa,

área de risco do vetor, basta a presença do agente

ter jogado no Recife, perto do epicentro da epi-

(pessoa portadora do vírus).

demia brasileira”. Contudo, médicos e especialis-

Em fevereiro de 2016, a Organização Mundial de

tas já suspeitavam da presença de um novo vírus

Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de

desde o fim de 2014, quando se multiplicaram em

Saúde (OPAS) emitiram um alerta mundial sobre a

estados do Nordeste os diagnósticos de uma “Den-

epidemia de Zika vírus - um dos vírus mais perigosos

gue atípica”, na qual as manchas vermelhas pelo

do mundo, que foi identificado pela primeira vez

corpo apareciam mais cedo, acompanhadas de

em 1947 na floresta Zika, com uma área que se es-

coceira e uma febre menos intensa. Entretanto, o

tende ao longo do lado do Lago Vitória, situada em

Ministério da Saúde confirmou a circulação do Zika

Uganda. No comunicado a organização reconheceu

vírus no Brasil apenas em 15 de maio de 2015. Os

pela primeira vez oficialmente a relação entre o Zika

pesquisadores, Silvia Sardi e Gúbio Soares Santos,

vírus e os casos de microcefalia ao mencionar o es-

da Universidade Federal da Bahia (UFBA) foram os

tudo brasileiro do Instituto Evandro Chagas, que

primeiros a identificar o vírus, em abril de 2015.

revelou a presença do vírus em um bebê microcéfa-

Em novembro de 2015 o Instituto Evandro Cha-

lo. O documento divulgou mapas comparativos de

gas, de Belém, confirmou a relação entre o Zika e

2014 e 2015, que corroboram a explosão de casos

a microcefalia. E também pesquisas tem sido de-

de microcefalia no Nordeste do Brasil, onde os casos

terminante para comprovar a relação entre o zika

se multiplicaram 20 vezes.

vírus e a síndrome de Guillain-Barré. A neurologis-

Abril a Julho de 2016


ta pernambucana Maria Lucia Brito Ferreira, do Hospital da

a partir de 1990, quando houve uma rápida propagação do vetor

Restauração, no Recife, foi uma das primeiras a relacionar o

por todo o território. Em 2012 foram considerados infestados pelo

zika ao aumento de casos de Guillain-Barré e de outras com-

vetor 581 Municípios (90% do total de Municípios do Estado).

plicações neurológicas.

A presença do Aedes aegypti no Brasil

A evolução do Aedes aegypti no Município de São Paulo

Desde o início do século passado, o Aedes aegypti representa

Em 2015, o Estado de São Paulo registrou 649.562 casos de den-

uma grave ameaça à saúde do Brasil. À época, o mosquito era

gue. Na capital foram registrados 100.440 casos confirmados de

o principal responsável pela transmissão da febre amarela, só

moradores residentes no município (99,5% ocorreram no primeiro

controlada após a operação de guerra comandada pelo sani-

semestre). Em dezembro foi regulamentada a Lei 16.273/15, que

tarista Oswaldo Cruz. O vetor foi erradicado em 1955, mas o

autoriza o município a executar medidas preventivas nas situações

relaxamento das medidas de prevenção permitiu o seu retorno

de perigo à saúde pública em locais onde haja a presença ou evi-

poucos anos depois. Em meados dos anos 1980, ele voltaria

dência da existência de proliferação do mosquito transmissor de

ao protagonismo ao difundir a dengue pelo território nacional.

Dengue, Chikungunya e Zika.

A evolução do Aedes aegypti no Estado de São Paulo

neiro de 2015 e 2016 observa-se que, o nº de casos de dengue

Com a reintrodução do Aedes aegypti na região oeste do Estado

tretanto, os casos confirmados foram 55% menor se comparado

de São Paulo, em 1985, a sua instalação efetiva no Estado se deu

com janeiro de 2015.

Comparando a situação nas 4 semanas epidemiológicas de janotificados em 2016 foi 67% maior do que em janeiro 2015, en-

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SANEAS

31


ARTIGO TÉCNICO

O Saneamento Básico e as ameaças do mosquito Aedes Aegypti

é de 165,3 litros por habitante ao dia. Em 2014, este valor foi

De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), Sanea-

maior índice com 192, l/hab. dia e o menor foi o Nordeste com

mento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar

162 l/hab. dia. Em três anos, a região Sudeste apresentou o 125,3 l/hab. dia. ■■ Em 2014, o Sudeste continuou como maior índice 187,9 l/hab.

físico, mental e social. É o conjunto de medidas adotadas em um

dia e o Nordeste se manteve como o menor com 118,9 l/hab. dia.

local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes, impedindo

■■ 110 litros /dia é a quantidades de água suficiente para atender

que fatores físicos de efeitos nocivos possam prejudicar as pessoas

as necessidades básicas de uma pessoa, segundo a ONU (Orga-

no seu bem-estar físico, mental e social.

nização das Nações Unidas).

Em termos de legislação e regulação do setor, a Lei Federal nº 11.445/07 de 05 de janeiro de 2007, passou a ter um papel fun-

Esgoto

damental e norteador das diretrizes nacionais para Política Federal

■■ 48,6% da população têm acesso à coleta de esgoto.

de Saneamento Básico. Esta lei versa sobre todos os setores do

■■ Mais de 100 Milhões de brasileiros não tem acesso a este ser-

saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitá-

viço.

rio, manejo dos resíduos sólidos e drenagem urbana). Porém, pas-

■■ Mais de 3,5 milhões de brasileiros, nas 100 maiores cidades

sados nove anos da promulgação da Lei Nacional de Saneamento

do país, despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes

Básico, existe muito a ser feito até a universalização dos serviços, cujo caminho será longo e custoso. Recentemente muitos especialistas têm apontado para a falta

coletoras disponíveis. ■■ Mais da metade das escolas brasileiras não tem acesso à coleta de esgotos.

de saneamento como um dos fatores preponderantes para am-

■■ 47% das obras de esgoto do PAC, monitoradas há 6 anos, es-

pliação dos focos de criação do mosquito. A afirmação acima, en-

tão em situação inadequada. Apenas 39% de lá para cá foram

contra embasamento quando se analisa os índices de atendimen-

concluídas e, hoje, 12% se encontram em situação normal.

to dos serviços de saneamento básico nos Estados do Nordeste.

■■ Cerca de 450 mil pessoas nos 15 municípios paulistas têm dis-

Para se ter idéia da situação atual, bem como das previsões

poníveis os serviços de coleta dos esgotos, porém não estão

temporais e financeiras para universalização do Saneamento Bá-

ligados às redes, e, portanto, despejam seus esgotos de forma

sico no país, lançamos mão das informações do Instituto Trata Brasil, apresenta em seu site e descritas a seguir:

inadequada no meio ambiente. ■■ 40%dos esgotos do país são tratados. ■■ A média das 100 maiores cidades brasileiras em tratamento dos

Água

esgotos foi de 40,93%

■■ 82,5% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de

■■ Apenas 10 delas tratam acima de 80% de seus esgotos. ■■ Norte: Apenas 14,36% do esgoto é tratado, e o índice de aten-

água tratada. ■■ São mais de 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este ser-

dimento total é de 7,88%. ■■ Nordeste: Apenas 28,8% do esgoto é tratado.

viço básico. ■■ 37% da água no Brasil é perdida, seja com vazamentos, roubos e ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo de água, resultando no prejuízo de R$ 8 bilhões.

■■ Sudeste: 43,9% do esgoto é tratado. O índice de atendimento total de esgoto é de 78,33%. ■■ Sul 43,9% do esgoto é tratado.

■■ A soma do volume de água perdida por ano nos sistemas de

■■ Centro-Oeste 46,37% do esgoto é tratado. A região com me-

distribuição das cidades daria para encher 6 (seis) sistemas Can-

lhor desempenho, porém a média de esgoto tratado não atinge

tareira.

nem a metade da população.

■■ A região Sudeste apresenta 91,7% de atendimento total de água; enquanto isso, o Norte apresenta índice de 54,51%.

■■ Em termos de volume, as capitais brasileiras lançaram 1,2 bilhão de m³ de esgotos na natureza em 2013.

■■ A região Norte é a que mais perde água, com 47,90%; enquanto isso, o Sudeste apresenta o menor índice com 32,62%. ■■ A média de consumo per capita de água no Brasil em três anos

32

SANEAS

Abril a Julho de 2016

“A previsão do custo para universalização da água e dos esgotos é de R$ 303 bilhões em 20 anos. O Governo Federal, através


do PAC, já destinou recursos da ordem de R$ 70 bilhões em obras

trolados, locais considerados inadequados por oferecer riscos à

ligadas ao saneamento básico”.

saúde e ao meio ambiente, adequados para o aumento de criadouros do mosquito.

Resíduos Sólidos

Para se ter idéia do prejuízo causado pela má gestão dos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela

resíduos sólidos, especialmente nos corpos hídricos, o Depar-

Lei nº 12.305/10. A lei é bastante atual e contém instrumen-

tamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo

tos importantes para permitir o avanço necessário ao País no

(DAEE) e a Empresa Metropolitana de Água e Energia (EMAE)

enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e

retiram, todos os anos, 140.000 metros cúbicos de lixo das

econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos

águas do Tietê e do Pinheiros.

sólidos. Prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tável, propõe um conjunto de instrumentos para o aumento da

Saneamento Básico versus a proliferação Aedes aegypti

reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos e a destinação

Ao menos 30 milhões de brasileiros permanecem sem acesso à

ambientalmente adequada dos rejeitos. Institui a responsabili-

água tratada e mais da metade da população não tem o esgoto

dade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes,

coletado. O Brasil tem a meta de universalizar esses serviços até

importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares

2033, mas com o atual ritmo de expansão, isso só deve ocorrer

de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logísti-

a partir de 2050, revela uma recente pesquisa da Confederação

ca Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo. Cria metas

Nacional da Indústria. Quanto aos resíduos sólidos, o problema

importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e

inicia pela precária frequência de coleta, fato que impõe ao ci-

institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, esta-

dadão manter seus resíduos acumulados em seu domicílio ou na

dual, microregional, intermunicipal e metropolitano e municipal;

via pública, criando assim vários focos de proliferação de vetores.

além de impor que os particulares elaborem seus Planos de Ge-

Com relação a disposição final dos 78,6 milhões de toneladas de

renciamento de Resíduos Sólidos.

resíduos gerados no País em 2014, 41% tiveram como destinação

tendo como proposta a prática de hábitos de consumo susten-

Apesar de precisa e rica em detalhes, a Lei 12.305/10 não foi

final lixões e aterros controlados, locais considerados inadequados

o suficiente para colocar o Brasil em patamar de igualdade aos

por oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente, adequados para

principais países desenvolvidos no que concerne ao marco legal.

o aumento de criadouros do mosquito.

Hoje a gestão dos resíduos sólidos no país beira ao caos, tal como nos países subdesenvolvidos.

Como já dito anteriormente a falta de saneamento básico tem sido apontada como um fator potencializador para ampliação dos

Em novembro de 2015 o governo federal divulgou dados do Le-

focos do mosquito Aedes aegypti, assim como de outros vetores

vantamento Rápido do Aedes aegypti. No Nordeste, 82% dos de-

e suas respectivas patologias (leptospirose, hepatite, dermatites

pósitos de larvas de mosquito foram encontrados em reservatórios

e outras). A solução lógica de médio e longo prazo, deve ser a

de água, boa parte deles improvisada para driblar os problemas de

alavancagem de ações estruturais que melhorem as condições

abastecimento. O lixo é o depósito predominante nas regiões Sul

sanitárias do país, sem isso, será impossível o combate efetivo

(49,2%) e Norte (35,8%). Somente no Sudeste, os domicílios cor-

ao Aedes aegypti. Entretanto a solução é muito mais complexa,

respondem a mais da metade dos focos de reprodução do vetor.

pois é preciso olhar para a geografia urbana, para que possamos

Em dez anos, segundo conclusão de pesquisa da Abrelpe - As-

entender, as ameaças que a saúde pública vem sofrendo, com o

sociação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

crescimento desordenado dos centros urbanos e do processo de

Especiais, houve um aumentou de 29% na geração de resíduos

periferização, associado aos fatores socioeconômicos.

sólidos no Brasil, percentual cinco vezes superior à taxa de cres-

A partir da periferização passaram a ocorrer dois movimentos

cimento populacional verificada no período. Segundo o estudo,

simultâneos: a intensificação das intervenções estruturais como

20 milhões de brasileiros não dispõem de coleta regular de lixo.

obras de retificação e canalização de rios, aterramento das vár-

Ainda com base na pesquisa realizada pela Abrelpe, constata-se

zeas e sua incorporação à malha urbana, e simultaneamente a

que dos 78,6 milhões de toneladas de resíduos gerados no País

explosão na abertura de loteamentos de periferia. Passaram então

em 2014, 41% tiveram como destinação final lixões e aterros con-

a serem ocupadas as margens de córregos e rios, os fundos de

Abril a Julho de 2016

SANEAS

33


ARTIGO TÉCNICO

vales, áreas de proteção de mananciais, sendo a maioria áreas de

como para população. As lições transmitidas à população sobre

risco. Desta forma iniciou a dinâmica de expansão de áreas subur-

a importância da economia e uso racional da água, com certe-

banas, com ocupações irregulares que gerou consequentemente

za, ficarão perpetuadas. Contudo, a população buscou formas

áreas segregadas e ambientes altamente degradados, com efeitos

para armazenar água, durante os períodos em que era abaste-

graves sobre a saúde pública. Foi a partir daí que surgiram as de-

cida, improvisando o armazenamento em todo tipo de vasilha-

nominações “cidade legal” e a “cidade ilegal” ou “cidade for-

me disponível. Com as elevadas temperaturas, até mesmo no

mal” e a “cidade informal”, cuja morfologia dividiu a cidade em

inverno de 2014, a grande quantidade de pequenos reservató-

áreas centrais, consolidadas, com infraestrutura e bem servidas, e

rios domésticos sem a devida proteção gerou a possibilidade de

extensas periferias carentes, com ocupações irregulares em áreas

novos focos do mosquito.

ambientalmente vulneráveis.

Na Região NORTE do município de São Paulo o número de ca-

Construiu-se um cenário dicotômico, onde a riqueza tem

sos de dengue confirmados começou a crescer a partir de 2013

como vizinha a pobreza. No município de São Paulo temos vá-

e de forma mais acentuada a partir de 2014. Coincidentemente,

rias situações que confirmam essa realidade, como por exem-

durante o período em que houve diminuição drástica na produção

plo o bairro nobre do Morumbi, onde existem residências e

de água no Sistema Cantareira. O caso mais emblemático obser-

condomínios de alto padrão convivendo lado a lado com a Vila

vado ocorreu no distrito administrativo de Brasilândia, onde os

Andrade, comunidade muito carente e desprovida de infraes-

casos confirmados de dengue em 2013 eram de 87, em 2014

trutura. A “cidade ilegal” tem todo tipo de carência, normal-

passou para 1.074, e em 2015 pulou para 9.724.

mente com alta densidade demográfica, convive com proble-

Na Região LESTE o nº de casos de dengue confirmados apre-

mas de toda ordem, como ausência de serviços públicos de

sentou acentuado crescimento no período de 2014/2015. Neste

água e esgotos, déficit habitacional, ausência de atendimento

período o Sistema Produtor do Alto Tietê teve que reforçar o abas-

hospitalar e outras macelas. Um exemplo de tal situação são

tecimento de áreas antes atendidas pelo Sistema Cantareira, as-

os bairros de Marsilac, Parelheiros, Cidade Ademar, Socorro,

sim como teve que reduzir a produção, devido à queda do volume

M’Boi Mirim e Campo Limpo, todos vizinhos sem nenhum lei-

útil de reservação do sistema, reflexo da severa estiagem. Entre os

to Hospitalar. As informações são do Mapa da Desigualdade,

distritos administrativos da região leste destaca-se Itaquera que,

divulgado pela Rede Nossa São Paulo. Este cenário é bastante

em 2013 tinha 50 casos de dengue confirmados, em 2014 eram

preocupante quando é necessário pensar em soluções para im-

722 e em 2015 passou para 3.054 casos.

pedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti, assim como

Na Região OESTE, alguns distritos administrativos do Município

melhorar as condições de assistência médica e hospitalar para

de São Paulo, assim como outros municípios da RMSP, que eram

enfrentamento de possíveis epidemias.

abastecidos pelo Sistema Cantareira, também apresentaram,

Por outro lado, as epidemias ocasionadas pelo vetor estão associadas a diversos fatores, dentre os quais destacam-se, o rápi-

coincidentemente, crescimento no número de casos confirmados de dengue.

do crescimento demográfico associado à intensa e desordenada urbanização, a inadequada infraestrutura urbana, o aumento da

Considerações gerais

produção de resíduos, e fatores climáticos. Com um agravante, o

Vários são os levantamentos realizados no país inteiro que levam

vetor desenvolve resistência cada vez mais evidente, vive em am-

à conclusão que a falta de saneamento ambiental contribui para o

bientes habitados, e tem a capacidade de se adaptar às condições

aumento dos casos de dengue.

destes locais.

O Mapa da Dengue, do Ministério da Saúde, também mostra que a ausência de saneamento facilita o surgimento de criadouros

A crise da água e o aumento dos focos do vetor

do mosquito Aedes aegypti.

A crise de abastecimento de água enfrentada pelo Estado de

Nordeste, 72,1% são relacionados ao abastecimento de água.

No Norte, 44,4% dos focos de transmissão estão no lixo, no

São Paulo e em especial pela Região Metropolitana de SP, em

Diz o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério, que

2014/2015, ocasionou grandes transtornos, mas também trou-

“o pior problema para o combate à dengue é o abastecimento

xe grandes aprendizados, tanto para as operadoras do serviço,

irregular de água porque leva a população a usar caixas d’água,

34

SANEAS

Abril a Julho de 2016


potes e barris. Mal tampados, esses pequenos reservatórios são

ameaça de uma nova epidemia provocada pelo zika vírus. Seria

ideais para o mosquito Aedes aegypti procriar devido à água

prudente que os órgãos competentes, planejassem uma ação de

parada, limpa e em pouca quantidade”. Apesar de admitir que

curto prazo, que intensificasse o controle das vigilâncias sanitária

o fornecimento irregular de água e a falta de recolhimento

e epidemiológica em 2016 (antes, durante e depois) das olimpí-

de lixo atrapalham as ações para enfrentamento da dengue,

adas, para identificação de possíveis aumentos significativos dos

o secretário defende que nos locais onde há ausência desses

casos de dengue e zika.

serviços é possível prevenir a doença com hábitos simples. As

Ao concluir este texto, quero lembrar o grande Fernando

pessoas devem ser orientadas, por exemplo, a tampar as caixas

Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Navegar é

d`água, tirar água dos pratinhos das plantas, limpar os ralos,

uma arte, com ferramentas de precisão, que torna a viagem

recolher folhas das calhas e a manter o lixo fechado. “Não po-

exata. Viver é uma viagem feita de opções, desafios, constân-

demos esperar que todos os problemas sejam resolvidos para

cias, transições, e depende exclusivamente, da vontade, cora-

combater a dengue. Há problemas que podem ser resolvidos

gem e persistências de quem estiver no comando e da tripula-

mais facilmente”, justificou o secretário.

ção. Portanto, acredito que vencer a Guerra contra o mosquito

Apesar da Lei 11.445/2007, instituir em seu “Art. 9º que o

Aedes Aegypti é possível, só depende da participação de todos

titular dos serviços formulará a respectiva Política Municipal de

os brasileiros: Governo, Instituições Governamentais responsá-

Saneamento Básico e o Plano Municipal de Saneamento Básico

veis pela Saúde, Meio Ambiente, Infraestrutura, Inclusão Social

– PMSB”, em Workshop “Planos Municipais de Saneamento

e obviamente a população.

Básico”, realizado pela Fiesp em 28/10 /2015, foi constatado que apenas 31% dos municípios brasileiros possuem o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). De acordo com a Lei, o prazo inicial para que todos os municípios do país tivessem o PMSB era dezembro de 2013. Entretanto em 21 de março deste ano, um decreto presidencial prorrogou a data para 31 de dezembro de 2017. Caso o Saneamento Básico não for priorizado no país, com vistas à proteção da saúde pública e do meio ambiente, a situação pode piorar muito, pois continuaremos vivendo em ambientes insalubres, onde

não há como controlar e combater os vetores

causadores de doenças, como a dengue, febre tifóide, febre amarela e outras. O perigo e ameaça de novas epidemias provocadas pelo zika vírus ainda permanecem, conforme alertas emitidos mundialmente. E especificamente no Brasil a situação ainda é bem preocupante, pois segundo dados do Ministério da Saúde, até o início de maio a região Sudeste tinha 46.318 casos de pessoas infectadas pelo vírus da zika, o maior número, seguido pela região Nordeste, com 43 mil. No Centro-Oeste são 20.101; no Norte, 8.545 e no Sul, 2.197.

Conclusão Diante do temor mundial é indispensável salientar que, o zika só irá onde o Aedes aegypti estiver. Com o advento das Olimpíadas, na cidade do Rio de Janeiro, em 2016, os riscos aumentam. Sendo assim, não se deve baixar a guarda diante de uma iminente

Abril a Julho de 2016

SANEAS

35


ARTIGO TÉCNICO Everson Gardel de Melo

Engenheiro Mecânico/ SEMAE São Leopoldo-RS

João Antônio Pinto de Oliveira

Prof. Dr. em Engenharia Química Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-RioGrandense. Campus Sapucaia do Sul

Carmen Calcagno

Prof. Dra. Ciência dos Materiais - Polímeros Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-RioGrandense. Campus Sapucaia do Sul

36

SANEAS

Redução de perdas físicas com auxílio de simulação hidráulica e análise de tensões em tubos de redes de distribuição de água Por Everson Gardel de Melo, João Antônio Pinto de Oliveira e Carmen Calcagno

Resumo do Projeto

Introdução

A necessidade de reduzir perdas físicas em Compa-

Os sistemas de abastecimento de água de nossas cida-

nhias de Saneamento provenientes de vazamentos

des possuem índices elevados de perdas físicas decor-

em redes de distribuição de água fomenta a elabo-

rentes de vazamentos em suas tubulações. Historica-

ração deste estudo. A pesquisa pretende acrescentar

mente, os investimentos em expansão das redes foram

novas ferramentas de gestão que dê suporte a toma-

priorizados no setor de saneamento básico brasileiro.

da de decisão para o controle operacional de sistemas

Pouca atenção foi dada aos investimentos na manuten-

de abastecimento, bem como para a necessidade de

ção e na modernização da gestão dos prestadores dos

expansão da malha de distribuição de água. O traba-

serviços, o que resultou em uma série de ineficiências

lho apresenta uma análise das tensões a que estão

na provisão, dentre as quais, podem ser destacadas

submetidas as tubulações que compõe a rede de dis-

elevadas perdas de água, tanto físicas como não-físicas

tribuição de água do Setor Novo Esteio, no municí-

(perdas comerciais). Fatores como a pressão excessiva

pio de Esteio-RS. A análise buscou estimar a vida útil

das tubulações e a variação de pressão (tensões cíclicas)

destas tubulações através de um encadeamento de

contribuem significativamente para a performance das

informações que incluem simulações hidráulicas, via

companhias de saneamento quanto à disponibilidade

software EPANET, e cálculos de tensões em tubos. A

do abastecimento de água na atual infraestrutura, pois

estimativa de vida útil foi realizada com auxílio de um

está intimamente relacionado com o custo do abaste-

algoritmo elaborado para esse trabalho que executa

cimento de água, bem como a capacidade de investi-

os cálculos de tensão, a contagem de ciclos pelo mé-

mentos destes prestadores de serviços, ampliação de

todo Rain Flow e finaliza com a Regra de Palmgren-

seus sistemas e até mesmo da postergação de obras,

-Miner, que estima o número de danos necessários

devido à redução das perdas físicas com o consequente

para que ocorra a falha, o resultado é expresso em

uso racional da água (GOMES,2004).

anos de vida útil. A coleta de dados para a estimativa

Tendo por base o contexto apresentado no pará-

proposta foi obtida sob dois cenários operacionais di-

grafo anterior, este trabalho propõe um método para

ferenciados pelo emprego ou ausência de controle de

estimar a vida útil das tubulações em redes de dis-

pressões através de uma válvula reguladora de pres-

tribuição de água, trazendo subsídios para a tomada

são (VRP). A análise apresenta dados conclusivos sob

de decisão de Companhias de Saneamento sobre in-

a importância do controle de pressões para a tomada

vestimentos na melhoria de seus atuais sistemas, bem

de decisão quanto a forma de operação e expansão

como da ampliação destes. A pesquisa também teve

do sistema, sob a ótica econômica e da sustentabili-

como objetivo aplicar a Modelagem Hidráulica em sis-

dade do processo.

temas reais que estão em operação plena, utilizando

Abril a Julho de 2016


o software livre EPANET. A análise de resultados sob a ótica da

A inserção das informações obtidas e a posterior modelagem

redução de perdas físicas de água e também quanto à vida útil das

hidráulica constitui a etapa de execução das simulações hidráuli-

tubulações constituíram os demais objetivos.

ca propriamente dita. Após a etapa das simulações hidráulicas os dados obtidos foram compilados no algoritmo desenvolvido nesse

Metodologia

trabalho. A figura 1 representa o algoritmo para estimativa da

Nesse trabalho foram buscadas novas ferramentas de gestão para

vida útil das tubulações, que determina o perfil de tensões através

auxiliar na tomada de decisão e foi definido como ponto de parti-

do método Rain Flow de contagem de eventos causadores de da-

da o uso do software EPANET.

nos por fadiga (ASTM-E1049,1985).

A primeira etapa da metodologia consistiu na seleção do sistema

O método inicia com a exportação dos dados obtidos na simula-

de distribuição e utilizou critérios como o acesso e a confiabilidade

ção hidráulica passando pelo cálculo de tensões, seguindo através

dos dados disponíveis. Esse processo de seleção também levou em

da contagem de ciclos até o somatório de danos atingir o valor de

consideração o maior número de características de infraestrutura

1 (um), conforme Palmgren-Miner, onde obtém-se o número de

encontradas em sistemas de abastecimento, como válvulas de con-

anos que o material atinge a fadiga.

trole e regulagem de pressão, reservatórios, moto bombas, etc. O perfil de consumo diário, bem como as variações de consumo de-

Resultados e Discussão

correntes de características sazonais foram observados, relacionan-

O setor de abastecimento escolhido foi o Setor Novo Esteio,

do estes com suas respectivas variações de tensões.

localizado no município de Esteio-RS, por reunir componentes

A segunda etapa consistiu no levantamento de grandezas físi-

típicos de um sistema de abastecimento (reservatórios, válvu-

cas que compuseram o modelo como a potência elétrica consu-

las, conjuntos de moto bombas, etc.) e, também apresentar

mida, a pressão, a vazão e a velocidade do fluido. Dados sobre

confiabilidade dos dados que é atestada através do cadastro

as características da infraestrutura também foram coletados, tais

atualizado e do Sistema de Supervisão e Controle. Este sistema

como os dados técnicos das tubulações (materiais, diâmetros,

possui em torno de 1700 ligações de água. As simulações hi-

comprimentos, coeficiente de rugosidade, tensão admissível, en-

dráulicas compuseram a etapa inicial de um conjunto de cálcu-

tre outros), o conjunto motobomba e o seu acionamento elétrico,

los encadeados que compõe o método de estimativa proposto,

a perda física estimada do sistema atual, os consumos médios por

pois é a partir delas que se obtêm o perfil das tensões aplicadas

ligação e suas variações diárias e sazonais, entre outros.

nas tubulações analisadas.

Figura 1 - Algoritmo para Estimativa da Vida Útil das Tubulações (Elaborado pelo autor)

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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ARTIGO TÉCNICO

As simulações executadas no EPANET propiciaram levantamento de perfis de pressões em vários pontos do sistema, após a inserção de seus dados operacionais (pressão e vazão de entrada no setor) e estruturais (diâmetros, materiais, válvulas, etc.). Observou-se que as variações de consumo sazonais não influenciaram de forma significativa na ocorrência de ciclos causadores de fadiga para este setor, visto que o perfil de pressões não variou de maneira significativa. Os dados coletados no mesmo intervalo de tempo (amostra) nos meses de janeiro e julho, verifica-se uma variação percentual máxima de 0,04%, considerada pequena para os objetivos propostos, permanecendo este comportamento ao longo de toda a simulação. O perfil diário, por sua vez, verificou-se que influencia diretamente na formação destes ciclos. A Figura 2 apresenta o perfil de consumo diário.

Figura 3 - Perfil de Pressões ao Longo de 24 horas (Simulações Epanet)

Nesta Figura observa-se que os grandes picos de pressão ocorrem no período onde o consumo diminui, significativamente, como no intervalo entre 01:00 e 2:00hs, onde verifica-se apenas 43% do valor médio de consumo. O intervalo de menor vazão é conhecido como intervalo de vazão mínima noturna (GOMES, 2004). Os cálculos para a estimativa da vida útil ocorreram em dois cenários possíveis dentro do sistema, considerando, aspectos operacionais, perfis de consumo e outros dados mencionados anteriormente. Foram verificadas as tensões em tubos nos nós 9 e 117, compreendendo tubulações de diferentes materiais, ferro fundido e PVC, respectivamente. A escolha da tubulação referente ao nó 9, embora não pertencente ao setor de distribuição analisado, é Figura 2 - Perfil de Consumo Diário (Simulações Epanet)

responsável pela sua adução de água. As leituras de tensões obtidas no Nó 9 atingiram Tensões Circunferenciais muito abaixo da

Novo Esteio, onde verifica-se grande variação de consumo, atingindo um valor máximo de 18% acima do consumo médio

Tensão Limite de Resistência à fadiga para o Ferro Fundido que fica em torno de 70 MPa.

diário, durante o intervalo de tempo compreendido entre 11 e

A escolha do Nó 117 foi devido à sua localização (ponto central)

13 horas. Os valores mínimos e máximos de consumo coincidem

e por se tratar do ponto médio da principal tubulação deste setor

com valores de máxima e mínima pressão respectivamente ao

de abastecimento.

longo de 24 horas.

Figura 4 Mapa Setor Novo Esteio (Adaptado GOOGLE EARTH)

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SANEAS

Abril a Julho de 2016


A válvula reguladora de pressão (VRP), localizada neste setor,

O regime de tensões empregados no cenário 2 implicou em uma

é parte fundamental para o controle operacional do Setor Novo

perda física de 98587 m³/ano, 7% menor que o cenário sem con-

Esteio, pois atua na modulação de pressões para todo o setor.

trole inteligente de pressões, com perdas inevitáveis em torno de

Sendo assim, surgiu a necessidade de simular cenários com e sem

15000 m³/ano. A Figura 6 mostra a estimativa de perdas físicas

a atuação desta VRP, sob o ponto de vista da disponibilidade do

para o Cenário 2.

abastecimento, da redução do uso de recursos hídricos e de custos envolvidos para a garantia de abastecimento deste setor. O primeiro cenário não considera o controle operacional do setor de distribuição com o uso de válvula reguladora de pressão. A tensão elevada a qual está submetida a tubulação no nó 117 gera um grande número de eventos causadores da fadiga, atingindo a vida em fadiga em aproximadamente 30 anos. O Cenário 2 considera o controle operacional do sistema empregando a VRP que está situada na entrada do setor de distribuição e, nessa situação amplia a vida útil da tubulação para infinita. O resultado obtido com o segundo cenário permite propor a postergação

Figura 6 - Estimativa de Perdas Físicas Cenário 2 (Calculadora de balanço Hídrico / GOMES, 2004)

de investimentos relacionados à substituição de redes de abastecimento. Esse investimento seria na ordem de R$ 2.300.000,00, con-

Conclusão

siderando o custo médio de implantação de redes de PVC (GOMES,

O trabalho incorpora a importância cada vez maior de se buscar

2004) atualmente praticado pelas companhias de saneamento, em

alternativas, ferramentas, novos métodos, enfim, soluções para

torno de R$ 140,00/m. A sugestão de postergação de investimen-

problemas que afetam o abastecimento de água. O uso do sof-

tos na infraestrutura do sistema deve-se a previsão do aumento da

tware EPANET aplicado em sistemas reais, contribuíram para di-

vida útil das tubulações devido à redução da carga hidráulica, para

fusão, entre o corpo funcional que opera sistemas de saneamen-

32 mca no pico máximo, constituindo o segundo cenário. Conside-

to, de novos métodos que proporcionem respostas rápidas para

rando o custo de aquisição, implantação de uma válvula reguladora

problemas usualmente enfrentados. A análise de resultados sob à

de pressão, posterga-se a despesa com substituições de redes com

ótica da redução de perdas e, quanto à vida útil das tubulações,

um investimento mínimo em torno de R$ 19.500,00.

utilizando dados de simulação e estimativas, apresentam-se como

O gráfico da Modelagem de Perdas Físicas, preconizada pela IWA (International Water Association) foi utilizado nesse trabalho.

ferramentas adicionais que auxiliam a gestão na sua forma de gerir os recursos econômicos para o saneamento.

De acordo com a modelagem de perdas físicas em setores de dis-

Reduzir pressões, mantendo o pleno abastecimento e aumen-

tribuição de água, o regime de tensões empregadas no cenário 1,

tando a vida útil das redes de distribuição nada mais é que tratar

implica em uma perda física em torno de 105.593 m3/ano, sendo

recursos econômicos com a austeridade necessária. Otimizar o

37.434 m3/ano de perdas inevitáveis.

processo de produção e distribuição de água é aplicar conceitos de sustentabilidade, pois reduzir perdas físicas, implica obrigatoriamente, em reduzir o uso de recursos hídricos, recurso este, que pauta as discussões na agenda de sustentabilidade do país, tendo em vista a sua escassez na atualidade. Por fim, a análise de tensões em redes de distribuição de água como foi realizado por esse trabalho auxilia no planejamento de ações, com vistas à prestação eficiente dos serviços de abastecimento de água e, que não seja apenas de curto e médio prazo, mas que esse conhecimento e o aprimoramento no uso

Figura 5 - Estimativa de perdas Físicas Cenário 1 (Calculadora de balanço Hídrico/ GOMES, 2004).

de ferramentas que auxiliem a tomada de decisão possa ser permanente, fazendo parte da cultura/política institucional das companhias de abastecimento, buscando a melhoria contínua em todos os processos.

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HISTÓRIA

30 Anos de AESabesp e 27 Anos de Encontro Técnico e Fenasan

E

m 2016, a AESabesp comemora os 30 anos da fun-

muito mais do propósito de se oferecer condições dignas de vida

dação da AESabesp e os 27 anos da criação do En-

à população do que enriquecer em processos ilícitos.

contro Técnico e Fenasan, cujo slogan é “Água ou Escassez: Qual o futuro que queremos”.

Vale dizer que desde o ano de 1986, quando a a AESabesp foi

criada em 15 de setembro, a exemplo dos dias atuais, o cenário

E dentro desse contexto, os integrantes do corpo técnico da Sabesp já não encaravam mais o saneamento como uma mera opção de trabalho, mas como uma opção maior da própria existência, uma forma de se exercer a plenitude de um ideal de cidadania.

político-econômico continua complexo. Só para se ter uma idéia,

Motivados por esse objetivo maior, os engenheiros da Sabesp

1986 foi o ano em que se foi lançado o “ Plano Cruzado”, um

abriram mão de serem apenas planejadores, projetistas e operado-

plano econômico que estabelecia o congelamento de preços, que

res de sistemas, para se auto-intitularem como agentes defensores

mudou o nome da nossa moeda para “cruzado”, sendo que ape-

do setor de saneamento. E dentro desse papel, deixavam claro o

nas um equivalia a mil cruzeiros.

que esperavam da Companhia, com a formalização de uma pauta

Desde aquela época, há 30 anos, a esperança e as aspirações dos trabalhadores brasileiros na busca de dias melhores vinham

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de compromissos, cujas reivindicações fundamentais eram: • Compromisso da Sabesp com a Saúde Pública, com tomadas de


Água ou Escassez: Qual o futuro que queremos”.

da Cesp, da Comgás e da Eletropaulo, que destacaram a atuação e a valorização da categoria nas estatais, além da importância da criação e implantação de um Plano de Sucessão e de Carreira na Sabesp. Daí, sim, a investida de se criar uma Associação dos Engenheiros da Sabesp ganhou corpo. A essa altura, o movimento já estava no seu pico de popularidade. Era a hora de se partir para ações mais concretas. E assim, no dia 04 de setembro de 1986, representantes de todas as áreas receberam uma carta de convocação para participarem de uma assembléia de engenheiros, que se realizaria no dia 15 de setembro, na Rua Amauri, 299, 5º andar, com o objetivo de se criar uma Associação dos Engenheiros da Sabesp, a ser dominada AESabesp. decisões e investimentos para esse fim;

Na data e local marcados, 41 representantes de todas as direto-

• Compromisso dos dirigentes da Sabesp com o corpo de empre-

ria e de diferentes áreas da Companhia estavam ali, todos a pos-

gados da Companhia, com a contemplação de direitos adqui-

tos, com a finalidade de dar vida à Associação que representaria,

ridos por lei;

condignamente, os engenheiros da Sabesp. Constituiu-se, então,

• Compromisso com a competência dos trabalhadores e o reconhecimento da mesma, por meio da implantação de um Plano

uma diretoria provisória, para registrar, legalizar e organizar essa nova entidade, formada pelos respectivos pioneiros:

de Carreira e Salários; • Compromisso pela busca de soluções técnicas, com base em

Presidente: Paulo Ferreira

dados reais e não os equacionados por manipulações políticas.

1º Vice-Presidente: José Everaldo Toffano Vanzo

Fundar uma associação representativa seria a solução capaz de

2º Vice-Presidente: Ricardo Ferreira de Sousa

defender com afinco os reais interesses dessa categoria. A semen-

1º Secretário: Milton Kiyoshi Uchima

te começou a ser plantada na Unidade da Sabesp da Rua Amauri,

2º Secretário: Waldir Vianna

em São Paulo, num movimento liderado pelos engenheiros Jesus

1º Tesoureiro: Valdir Ferreira Sindeaux

Antonio Lizarzaburu Beillard, Minetoshi Horita, Ricardo Ferreira de

2º Tesoureiro: Pedro Caetano Sanches Mancuso

Souza, Shigueo Makita e Valdir Ferreira Sindeaux. O próximo passo foi a concentração de cerca de 80 engenhei-

O próximo passo foi aprovar a convocação de uma Assem-

ros, em 10 de abril de 1986, no Auditório da Costa Carvalho,

bléia Geral Extraordinária, para o dia 15 de outubro de 1986,

para discutir sobre o papel das associações de engenheiros. Esse

na qual as decisões seriam referendadas. Tal evento superlotou

encontro foi coordenado pelos engenheiros da Sabesp Júlio Cé-

o Auditório da Sabesp, na Costa Carvalho (denominado Eng.

sar Ferraz Camargo e Ricardo Ferreira de Sousa e mediado pelo

Tauzer Quinderé e conhecido como “Pudim”), com mais de

engenheiro José Roberto Guimarães de Almeida. Na oportunida-

300 participantes.

de, compareceram os dirigentes da Associação dos Engenheiros

Abril a Julho de 2016

SANEAS

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HISTÓRIA Mas mesmo assim, ele foi um sucesso, por promover o aprimoramen-

Em 1990, a criação do Encontro Técnico e da Fenasan

to tecnológico e aumentar o nível de relacionamento entre os profissio-

Realizado nos dias 21, 22 e 23 de agosto de 1990, o I Encontro

estabelecer um futuro que valesse à pena. E a partir dessa esperança, a

Técnico da AESabesp teve a sua abertura no Auditório “Augusto

AESabesp entendeu que o seu destino seria traçado com o compromis-

Ruschi” da Cetesb , que também disponibilizou suas salas de treina-

so de realizar esse evento religiosamente em todos os anos.

nais do setor, selando o seu comprometimento com a necessidade de se

mento para o desenvolvimento dos trabalhos técnicos. O estandes

Essa iniciativa, gerada em 1990, tomou um crescente em cada

de exposições dos nossos primeiros expositores foram montados

edição. Após apresentações da Cetesb, o Encontro Técnico rumou

sob a marquise do prédio principal da Sabesp na Costa Carvalho.

para o Instituto de Engenharia de São Paulo, o Centro de Conven-

A primeira comissão organizadora contou com o então presidente da AESabesp (gestão 1989 – 1991), Plínio Montoro Filho, como coor-

ções do Hotel Transamérica, o prédio da Bienal do Ibirapuera e, em 2003, para o Expo-Center Norte, onde permanece até hoje.

denador, e com os membros Armando Mitsunobu Yamada, Gilberto

Atualmente, com a finalidade de promover o intercâmbio e as

Alves Martins (hoje diretor técnico da AESabesp), José Taniguti, Mau-

tecnologias desenvolvidas para o saneamento e de discutir novos

rício Soutto Mayor Junior, Maximiniano Bizatto e Nizar Qbar (hoje,

rumos para o setor, no âmbito das políticas públicas, por meio da

diretor administrativo da AESabesp).

apresentação de diversas palestras técnicas, cursos específicos e

Esse primeiro encontro, que obteve de imediato a aprovação dos

formação de mesas redondas, com a participação de conceituadas

integrantes do setor, se deu numa época em que a evasão do corpo

personalidades do universo científico, também reúne expositores

técnico da Sabesp, motivada pela defasagem salarial e pela própria

de todo o mundo, sagrando-se o maior evento técnico mercado-

falta de incentivo à engenharia nacional, era preocupante.

lógico em saneamento ambiental da América Latina.

Os 14 trabalhos pioneiros do nosso I Encontro Técnico ■■ Estudo particular sobre corrosão em ramais prediais Autores: Regina Mei Silveira Onofre, Magdalena Hoels, Carlos César de Oliveira e Nizar Qbar. ■■ Atividades de informática na Diretoria de Operação RMSP-DO Autores: Luiz Ernesto Suman e Pedro Costa Júnior ■■ Parâmetros brasileiros e Engenharia de Segurança Autor: José Roberto Guimarães de Almeida ■■ Ressetorização do sistema de abastecimento de água na RMSP, como atividade estratégica no Programa de Desenvolvimento Operacional e Controle de Perdas. Autores: Paulo Roberto Borges e Edson Almeida Torre ■■ Utilização de Ultrion na instalação de Tratamento de Água de Santos Autores: Roberto Ferreira, Mauro dos Reis e Fernando Beraldo Guimarães Júnior ■■ Manutenção corretiva e preventiva para Empresas de Saneamento Autores: Gilberto Berzin, Carlos Alberto da Silva Gomes e Takashi Fujii. ■■ Durabilidade de Interceptores de Esgotos Autor: Aldo Takahashi

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■■ Modelo matemático para estudo de recebimento de efluentes industriais, contendo metais pesados em ETEs convencionais Autor: João Jorge da Costa ■ ■ Racionalização dos Serviços de Operação e Manutenção de Redes de Água e Esgotos Autor: João Baptista Comparini ■■ Lodo ativado por batelada Autor: Hissahi Kamiyama ■■ Algumas considerações sobre tensão trativa e velocidade crítica, utilizada para o dimensionamento dos Coletores de Esgotos Autores: Joaquim Gabriel de Oliveira Machado Neto, Milton Tomoyuki Tsutiya e Winston Hisasi Kanashiro ■■ Segurança do Trabalho em Serviços de Manutenção em Poços de Visita e Galeria de Esgotos Autores: Plínio dos Santos e Orlando Trindade Faria ■■ Água Subterrânea - uma opção natural Autor: João Carlos Simanke de Souza ■■ Impermeabilização de fundo de Lagoa com Soda Cáustica e importância na mistura em Lagoas de Estabilização Autor: José Everaldo Vanzo


Galeria de fotos de importantes momentos e personalidades que abrilhantaram os 30 anos de AESabesp e 27 anos do maior evento em saneamento ambiental da AmĂŠrica Latina.

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O maior evento técnico-mercadológico em saneamento ambiental da América Latina A Fenasan - Feira Nacional de Saneamento Ambiental, promo-

vindas de outros países, como EUA, Israel, Alemanha, Itália, Di-

vida anualmente pela Associação dos Engenheiros da Sabesp e

namarca e China que dobrou sua representatividade, em 2016,

realizada em conjunto com o seu Congresso Técnico, será rea-

com seis estandes.

lizada nos dias 16,17 e 18 de agosto, no Pavilhão Vermelho do

Para o Congresso Técnico, foram enviados 180 trabalhos (80%

Expo Center Norte, em São Paulo - SP, sob o tema: “Água ou

a mais do que em 2015). De acordo com a diretora cultural e res-

escassez: qual o futuro que queremos?”.

ponsável pelo Congresso, Maria Aparecida Silva de Paula, “além

Com visitação gratuita, a Feira espera receber mais de 20.000

de maior quantidade, neste ano tivemos trabalhos com um nível

visitantes e de 220 expositores, índices alcançados na edição de

de conteúdo mais elevado do que nos anos anteriores. Os auto-

2015. Seu público geralmente é composto por técnicos, acadê-

res de trabalhos tem se esmerado e se superaram na transferên-

micos, universitários, gestores, empresários e membros da co-

cia dos conhecimentos adquiridos e na forma de compartilha-

munidade científica dos setores de saneamento, energia e meio

mento destas informações. A Comissão de Avaliação, formada

ambiente. A Fenasan receberá empresas nacionais e também

por profissionais de alta qualificação técnica, analisou todos e

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SANEAS

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para a edição de 2017 do Encontro Técnico da AESabesp- e o 3º colocado - inscrição para o edição de 2017 do Encontro Técnico da AESabesp”. Além das inscrições que estão sendo recebidas de congressistas de todo o País, também foram liberadas 800 inscrições pela Sabesp (100% a mais do que em 2015). Foi fundamental o empenho da Sabesp, por meio do seu próprio presidente Jerson Kelman e sua equipe, em reconhecer a importância, apoiar e investir nessa realização, que tem como principal objetivo o compartilhamento de soluções técnicas e científicas nos setores de saneamento e meio ambiente, fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Planeta.

Fotos: Estevão Buzato

qualificou 88 para compor a grade do Encontro Técnico de 2016. A referida comissão ainda contou com apoio de diversos especialistas no segmento do Saneamento e Meio Ambiente, além da participação de professores doutores das Universidades. Esse engajamento permitiu a cada ano o aumento na qualificação técnica, imparcialidade na seleção e pontuação dos trabalhos que serão apresentados no congresso, além da maior integração entre as Universidades por meio do seu corpo docente”. O prêmio “Jovem Profissional”, lançado em 2014 dentro das atividades do Encontro Técnico, também a cada ano tem ficado mais concorrido. Para 2016, foram inscritos 80 trabalhos (em 2015, foram 32). A diretora Aparecida ressalta o quanto a AESabesp fica satisfeita com este interesse, que mostra o grau de comprometimento e seriedade com o futuro do setor. “Foram selecionados cinco trabalhos para a fase final do prêmio, na qual os autores apresentarão seus trabalhos em 15 minutos para professores e profissionais da área os avaliarem. Essa etapa acontecerá na sala Vila Maria, em 18 de agosto, das 9h00 às 10h40. Todos os congressistas estão convidados a prestigiarem os finalistas que serão informados do resultado no mesmo dia, durante a cerimônia de encerramento às 17h00. O vencedor receberá um Troféu da AESabesp e terá direito a uma bolsa de estudo no valor de até R$ 10.000,00; o 2º colocado - um tablet e inscrição

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Entre as ações confirmadas, destacamos: 1º Dia: 16.08.2016 (Terça-feira)

2º Dia: 17.08.2016 (Quarta-feira)

3º Dia: 18.08.2016 (Quinta-feira)

Palestra magna com

Palestra especial de encerramento do

Encerramento do 27º Encontro Técnico/

o tema do Congresso:

2º dia, com o presidente da Sabesp,

Fenasan 2016, com a entrega do Troféu

“Água ou escassez:

Jerson Kelman.

“Prêmio AESabesp 2016” (Melhor Estan-

qual o futuro que que-

de, Atendimento Técnico, Inovação Tec-

remos?” com o secre-

nológica, Destaque Fenasan, Destaque

tário de Saneamento e

Encontro Técnico, Jovem Profissional).

Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga. Palestra especial de encerramento

com

Guilherme Arantes (às 17h30). O compositor e cantor discorrerá sobre sua ligação com o “Planeta Água”, com apresentação de

Início das Mesas Redondas com os mais

números musicais.

discutidos temas do setor.

Mais informações e a grade da programação do evento estão disponíveis no site www.fenasan.com.br

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PROJETO ECOEVENTUS

Maria Aparecida Silva de Paula

É graduada em Química Industrial pelas Faculdades Oswaldo Cruz, pós Graduada em Gestão Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública/ USP, Mestra em Projetos Socioambientais Gestão Internacional de Negócios pela Universidade Steinbeis – Berlin na Alemanha e possui MBA em Administração de Negócios, pelo Instituto Mauá. Trabalha na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp, como Coordenadora da Qualidade na diretoria de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente. Na AESabesp é idealizadora e gestora do Projeto Ecoeventus, Prêmio AEsabesp para expositores da Fenasan e Prêmio Jovem Profissional, além de membro da Comissão de Encontro Técnico e Fenasan. Na gestão de 2013 a 2015 foi diretora de Projetos Socioambientais e, atualmente, responde pela diretoria Cultural, responsável pela estruturação do 27º Congresso Técnico.

Como são tratados os impactos sociais e ambientais na Fenasan: um evento evento com práticas sustentáveis Por Maria Aparecida Silva de Paula

A

AESabesp tem grande preocupação

lização de produtos reciclados ou reciclá-los e, dessa

com os assuntos que dizem respeito

forma, diminuir a emissão dos gases.

aos impactos ambientais gerados du-

Sua implantação foi iniciada em 2010, quando

rante a montagem, apresentação dos

começaram a ser propagadas ações voltadas à sen-

produtos e serviços e desmontagem em seus eventos

sibilização e conscientização, visando contribuir para

internos e externos, como forma de minimizá-los.

a percepção, compreensão e participação efetiva em

O Projeto Ecoeventus tem por objetivo despertar e

seus eventos: Encontro Técnico e Fenasan, além do In-

provocar entre os participantes a conscientização am-

terpolos, Momentos de Tecnologia, entre outros. Para

biental de não apenas utilizar a compensação, mas

cada um dos eventos é realizado um levantamento

também de planejar ações que minimizem o desper-

das ações possíveis de serem aplicadas em função do

dício, otimizar os recursos naturais por meio de uti-

público, perfil dos parceiros e disponibilidade do local.

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PROJETO ECOEVENTUS

Das ações mais desenvolvidas no evento podemos destacar:

Com relação ao treinamento das catadoras e equipe da limpeza

gestão de resíduos, onde são realizadas a segregação, triagem e

durante o evento são realizados workshops para o staff da AESa-

destinação adequada do resíduo, redução do consumo de água

besp; quer proporcionando noções de gestão de resíduos numa

e energia, confecção de sabão ecológico, transporte solidário e

feira, onde são exigidos rapidez e gerenciamento de riscos; quer

plantio de mudas de árvores.

precavendo quanto aos itens de segurança, ou atendimento às

Nesses seis anos de emprego do projeto Ecoeventus foi possível

exigências do contratante, no caso Expo Center Norte e a logística

plantar 1647 mudas, distribuir cerca de 2800 peças de sabão eco-

para escoamento do material, incluindo o deslocamento nos ho-

lógico, para óleos de graxas de origem vegetal e animal - a legis-

rários de rodízio na Cidade de São Paulo.

lação federal (Res. CONAMA 357/05 - art. 34) estabelece o limite

Dentro do escopo do Projeto Ecoeventus, a AESabesp dispo-

de 50 mg/l e a partir deste valor se obtém que o óleo de fritura

nibiliza workshop para a equipe de avaliadores do prêmio volta-

polui mais de 25000 litros de água. Segundo dados da Sabesp, no

do para os expositores da Fenasan e para a equipe de voluntá-

Programa de Reciclagem de Óleo de Fritura, o óleo de fritura pro-

rios, com inclusão de profissionais com deficiência. No caso dos

voca a obstrução nas redes de esgotos e quando atinge os corpos

avaliadores do prêmio, apesar de serem especialistas no tema,

d´água (rios, lagos e mares) é degradado pelos microorganismos

é feito alinhamento para os mesmos identificarem e pontuarem

presentes, bactérias, que consomem o oxigênio dissolvido e a sua

as ações desenvolvidas durante os últimos 12 meses, incluindo a

escassez pode ocasionar a morte da fauna aquática, entre outros.

montagem e apresentação dos seus serviços e produtos: melhor

Num outro eixo o projeto possibilita o incremento de renda,

estande, atendimento ao cliente, inovação tecnológica e práticas

por meio de parceria firmada entre as cooperativas de reciclagem,

de sustentabilidade. Todos esses critérios são disponibilizados em

para as catadoras de material de reciclagem da cooperativa Fi-

questionário com dicas e pontuação por critério.

ladelphia, que são devidamente remuneradas pela segregação

As empresas vencedoras sentem seus esforços valorizados e

do material de montagem, desmontagem e realização da feira

comentam que esse prêmio é muito esperado por suas equipes

de negócios da AESabesp, além de comercializarem o material

como forma de recompensa pelas atividades desenvolvidas du-

reciclável.

rante um ano.

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Em 2015 a AESabesp conseguiu identificar e quantificar seus

de evento considerando as fase de montagem e desmontagem.

resíduos utilizando como apelo de marketing o tema “qual é o

É importante destacar que esses resultados só foram obtidos

tamanho de sua pegada organizacional?”. Para quantificar esse

porque houve entendimento, empenho e conscientização dos

material utilizou-se a supervisão da engenheira Juline Galindo, para

participantes do Encontro Técnico e Fenasan que, por meio da

assegurar a pesagem e a gestão do resíduo, além da sua destinação

adesão das ações propostas, tornou possível se chegar a esses

adequada. Foi retirado do pavilhão 16.949 kg de resíduos reciclá-

números. Para 2016 a expectativa é de aumentar a quantidade de

veis segregados do total de 61.794 kg de resíduo gerado em 9 dias

resíduos recicláveis.

Pegada reduzida em 27% em 2015

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Ano XIII . Edição 55 . Abril a Julho de 2015

26º Congresso Técnico AESabesp Fenasan 2015

O maiOr eventO dO setOr da américa latina. Promovido pela AESabesp, o evento em 2015 deverá receber cerca de 20 mil visitantes de todas as nações.

Matéria tema A necessidade de se reduzir perdas Vivências Quando o engenheiro dá a vez ao palhaço Projetos Socioambientais Troféu AESabesp aos melhores de 2015


Acontece no setor

As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente

Novo sistema de energia economiza gasto com eletricidade

A expositora da Fenasan, Tanks BR, representante da holding americana CST

Grandes tanques parafusados

A expositora da Fenasan, B&F Dias, lançou, em

Industries Inc., fabricante de tanques parafusados com volumes de 25 m3 a

2016, um sistema de tratamento de esgoto, que

32.000 m3, informa sua preocupação com perenidade do saneamento e meio

reduz o gasto com energia elétrica e oferece fon-

ambiente, com a adoção dos seguintes processos: controle e limpeza de am-

tes renováveis como alternativas de geração de

biente fabril; revestimento vitrificado (Glass Fusedto Steel) que alonga a vida

energia, com ausência de manutenção e custo

útil do produto; dispensa de testes de raio X, ultrassom, líquido penetrante,

zero de operação. Trata-se do B&F Energy, um

etc; facilitação de montagem e desmontagem para expansão e recolocação;

sistema de energia misto, composto pelo forne-

100% de estanqueidade e preocupação com estética e funcionalidade.

cimento da energia elétrica convencional e solar, responsáveis pelo acionamento de comportas e

Linha de bombas com materiais especiais

sopradores de ar. De acordo com a empresa: “a

A expositora da Fenasan, Imbil- Indústria e

geração de energia é obtida através da irradiação

Manutenção de Bombas ITA Ltda., é uma

solar em contato com as placas fotovoltaicas, que

empresa 100% brasileira, de capital fecha-

a captam e transformam em energia elétrica. Com

do que desde 1982 opera no segmento de

o uso do sistema de energia solar há grande redu-

Bombas Centrífugas mono e multiestágio.

ção do consumo da eletricidade paga, e conforme

Seu “Core Business” definido como “So-

o tamanho da planta geradora instalada, e do pe-

luções em Bombeamento” opera com uma

ríodo de insolação é possível suprir integralmente

rede de distribuidores no Brasil e em toda

seu custo”. Recém-lançado, o sistema conta com

a América Latina, além de parceiros comer-

um kit especial formado por placas fotovoltaicas,

ciais nos EUA e Europa. Toda sua linha de

sistema de controle e suportes para as placas.

produtos é fabricada em ligas de ferro fun-

“Todo o sistema é desenvolvido e adaptado de

dido/nodular, em materiais especiais, tais

acordo com as especificidades de cada projeto”

como: aço inoxidável, aço carbono, superli-

atesta a empresa.

gas e ligas resistentes ao desgaste (abrasão e corrosão).

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Nova tecnologia para análise on-line A expositora da Fenasan, Bürkert, levará na Feira a sua mais recente inovação para monitoramento de água potável: o compacto e modular sistema de análise ON-LINE tipo 8905, projetado para estações de tratamento e de distribuição de água, para monitoramento contínuo da água tratada e não tratada, com armazenamento de importantes parâmetros de medição antes que a água entre na rede de abastecimento. No caso de perturbações ou excessos, o sistema é capaz de responder com base na sua programação, como por exemplo, interferir no processo de tratamento ou enviando mensagens de aviso para as pessoas responsáveis. De acordo com a empresa, sua compactação foi realizada graças à tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical System) ou Sistema Micro-Eletro-Mecânico - componentes miniaturizados que combinam elementos lógicos ou estruturas micromecânicas em um único microchip. Já a miniaturização pode chegar até o nível nano. Sensores do tipo microchip são integrados nos chamados cubos de análise. A versão básica inclui cinco parâmetros de medição estabelecidos como cubos de análise separados: pH, potencial de redução (ORP), condutividade, cloro livre e turbidez. Cada cubo se encaixa em uma caixa que mede 7 x 7 x 4 cm e os módulos podem ser substituídos com o sistema em operação, tecnologia conhecida como ‘’hot-swap‘’ troca a quente.

Expansão do mercado de membranas A expositora da Fenasan, Mann+Hummel Fluid Brasil, é uma divisão da empresa global de filtração em mais de 59 locais em todo o mundo, Mann+Hummel, com foco em soluções para Tratamento de Água e Efluentes, dispondo de ampla linha de produtos de tratamento de água e seus componentes; dentre eles: Membranas de Osmose Reversa, Ultrafiltração, MBR, Válvulas, Tanques, Filtros, Resinas e Elementos Filtrantes. A multinacional entrou no mercado de filtração de água em 2009 e adquiriu a Cingapore Ultra-Flo Pte

Geoforma para confinamento e dessecagem de resíduos

Ltda., especialista em membrana. Em 2011, adquiriu a Fluid Brasil

A preocupação com o meio ambiente está cada vez mais presen-

Água. E recentemente adquiriu a empresa alemã Microdyn-Nadir.

te no panorama atual, demandando soluções em tecnologia que

tornando-se especializada em micro membranas de filtração, ultra,

atendam a essas necessidades. A engenharia com geossintéticos

nano e módulos.

Sistemas e Tecnologia Ltda., para fazer parte da Unidade Divisão de

dá a sua contribuição e, neste contexto, a expositora da Fenasan, Huesker Brasil expõe o sistema SoilTain DW, geoforma linear para confinamento e dessecagem de lodo ou lama, durante a edição 2016 da Feira. A tecnologia pode ser utilizada com efluentes industriais ou domésticos de estações de tratamento de água ou esgoto (ETAs e ETEs). De acordo com a empresa, “a SoilTain DW garante o aumento significativo do teor de sólidos do lodo armazenado, de maneira a possibilitar a remoção mecanizada e o confinamento dos sólidos com menores demandas de espaço e em volumes reduzidos. A geoforma é fácil de instalar, de operar e requer baixa manutenção. E o mais importante, representa uma alternativa eficiente e ambientalmente correta para a disposição de resíduos, com vantagens significativas em comparação com os métodos tradicionais”.

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ACONTECE NO SETOR

Fabricação nacional de sopradores A marca Hoffman & Lamson anuncia o início da fabricação nacional dos sopradores a partir de maio de 2016. A produção, a qual está sendo realizada na planta da expositora da Fenasan, Denver Nash, em Campinas-SP, segundo a empresa, “será um marco histórico na indústria pois será a primeira empresa a fabricar Sopradores Centrífugos de grande porte no Brasil. Temos acompanhado um aumento significativo na demanda dos Sopradores para tratamento de água e efluentes e identificamos uma grande oportunidade nesse momento do mercado para a fabricação nacional dos equipamentos. A decisão de compartilhar o parque fabril da Nash com toda a estrutura para manufatura e realização de serviços para fabricar também os Sopradores Centrífugos foi estratégica e baseada na necessidade de nossos clientes”, comentou Rodrigo Martins, diretor de vendas responsável pela marca na América do Sul.

Motobombas para a manutenção e ampliação de redes

C

A expositora da Fenasan, Itubombas, empresa especializada na lo-

M

cação de conjuntos motobomba de alta tecnologia, apresentará seu

Y

portfólio de soluções para drenagem urbana nessa edição da Feira.

CM

Um dos destaques é a motobomba ITUPP44S10, que conta com um

MY

sistema de escova automático a vácuo. Esse dispositivo permite que

CY

o bombeamento seja iniciado a seco com sucção de até sete metros

CMY

de altura, tornando o processo de retirada do ar extremamente ágil,

K

eficaz e produtivo. O modelo conta ainda com potência de 30 cv, vazão de ate 350 m3/h e passagem de sólidos de até 3. O portfólio de equipamentos da empresa para o setor de saneamento também inclui motobombas para esgotamento de enchentes, paradas de manutenções em bombas de estações de tratamento de água e esgoto e rebaixamento de lençol freático em construções de elevatórias. “As soluções também podem ser utilizadas no sistema by pass, ou seja, no desvio do fluxo da rede de esgoto para manutenções ou ampliações, em que é necessário interromper o fluxo no local, desviando a vazão”, explica Rodrigo Law, diretor da empresa, que cita também a “oferta de sistema de automação para controle de vazão, tubulações, mangueiras e acessórios, além de cabines silenciadoras para utilização em pontos urbanos, proporcionando menor transtorno a população durante a obra”.

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Momentos de Tecnologia AESabesp

Apresente sua empresa aos associados da AESabesp

Os Momentos de Tecnologia são palestras técnicas realizadas nas unidades da Sabesp, promovidas por empresas que desejam apresentar seus produtos e serviços aos nossos associados. Concorridas, estas apresentações contam com expressivo comparecimento de associados, técnicos da Sabesp e convidados do setor de saneamento ambiental. O número de palestras realizadas e de profissionais já treinados confirmam o sucesso dos Momentos de Tecnologia AESabesp.

6.400

256

25

participantes durante 8 anos

momentos de tecnologia realizados em 8 anos

média de participantes por palestra

Garanta a participação da sua empresa! Entre em contato: paulo.oliveira@aesabesp.org.br 11 3263 0484 ou 11 3284 6420

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/aesabesp

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ACONTECE NO SETOR

Sistema compacto para tratamento de esgoto sanitário A Mizumo - integrante do Grupo Jacto, acaba de lançar o “Mizumo MF”, novo sistema compacto para tratamento de esgoto sanitário, destinado a projetos residenciais - urbano e rural - e pequenos estabelecimentos comerciais e industriais. São duas versões, que atendem até 10 pessoas e requerem pouca área para implantação – varia entre 2 m² e 3 m². Todas as versões disponíveis são modulares e possibilitam expansão, de acordo com o crescimento real da demanda. De acordo com a empresa, o seu diferencial “é a facilidade de instalação e rapidez para início de funcionamento – 1 dia em média. A implantação pode ser acima ou abaixo do nível do solo e exige interligações simples - uma tubulação de entrada (com a rede de coleta de esgoto do imóvel), outra de saída e, em alguns casos, um soprador de ar. A manutenção é simples e poderá ser feita pelo próprio usuário”.

Mais tecnologias para uso de membranas A expositora da Fenasan Pentair X-Flow desenvolve e fornece tecnologia de membrana de ultrafiltração para os mercados municipais e industriais. Dependendo das especificações, o sistema horizontal Xiga™ ou o vertical Aquaflex™ são as membranas de ultrafiltração escolhidas para a produção de água potável e de polimento de efluentes, atendendo altos padrões de turbidez e microbiologia. Eleva-se a produção e qualidade do permeado enquanto o custo de ciclo de vida, área ocupada, consumo de energia e produtos químicos são reduzidos. De acordo com a empresa, entre as suas características chaves estão: Filtração de alta qualidade; Economia de espaço, custo e energia; Adequação para construção de sistemas modulares; Integração com demais processos; Disposição de barreira única e confiável para bactérias e vírus; Alta performance e integridade”.

Produção de PAC em Salvador A expositora da Fenasan, Bauminas Química, inaugurará unidade fabril de PAC (Policloreto de Alumínio) em seu complexo fabril de Salvador (BA). Trata-se de um coagulante inorgânico com cadeias polimerizadas de alto rendimento que pertence à nova geração de produtos químicos da empresa. O investimento total na ampliação será de R$ 18,7 milhões e a capacidade instalada para a produção de PAC será de 34.000 tons/ano, com previsão de inauguração em janeiro de 2017. Uma das principais matérias-primas para a produção do PAC, o ácido clorídrico, também será produzido pela empresa como sub-produto da fabricação de Sulfato de Sódio e Potássio.

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VIVÊNCIAS

A presença e a inconfundível voz de “Douvalor” Quem foi à cerimônia de abertura do 26º Encontro Técnico AE-

hortas com verduras de vários tipos; vários riachos e o Rio Pardo

Sabesp/ Fenasan em 2015, teve a oportunidade de viver um mo-

que passa por lá onde meu avô me levava para pescar e onde

mento raro: o auditório lotado silenciou atento a uma voz grave e

mais tarde viria a nadar escondido. Para se divertir também tinha

melodiosa, entoada por um associado da AESabesp, que no alto

um campo de futebol e um cinema na cidade, onde todos os

de seu 1,90m e sorriso sempre estampado nos lábios, teve a co-

domingos passava matinê. Posso dizer que tive uma verdadeira e

ragem de cantar o Hino Nacional Brasileiro, sem qualquer acom-

completa infância.

panhamento instrumental: segurou até a última nota da capela, arrancando aplausos de todos. É claro que todos os seus recursos

Saneas: Como o foi a sua trajetória dentro da Sabesp

técnicos de músico e de ator do engenheiro aposentado pela Sa-

Douvalor: Entrei na Sabesp em 1978 e me aposentei em 2010.

besp, José Aparecido da Silva, também conhecido na Sabesp e no

Iniciei minhas atividades como estagiário no mesmo dia com o

meio artístico como “Douvalor”, foram utilizados nessa ocasião.

meu amigo irmão Wady Bon (atualmente assessor da Diretoria de

Em razão de tanto sucesso, a Saneas procurou saber mais de sua

Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente da Sabesp). Co-

história de vida, para a construção de todos esses talentos.

meçamos na antiga SMA (Manutençao), no Guarapiranga. Depois passei a gerente de manutenção em São Miguel, gerente de Divi-

Saneas: Nos fale um pouco de sua origem e infância.

são em Mauá e na Penha. Implantei o PURA na Leste em Itaquera,

Douvalor: Nasci na Fazenda Amália, no município de Santa Rosa

de onde me aposentei como Coodenador.

de Viterbo. - SP. Minha infância foi a de um menino que nasce em meio à natureza, com tudo que se possa imaginar: todos os

Saneas: Como o senhor percebeu a sua vocação musical?

tipos de animais domésticos e não domésticos; pássaros e aves de

Douvalor: Meu pai era músico e tocava em folia de reis,onde co-

inúmeras espécies; pomares com os mais variados tipos de frutas;

nheceu minha mãe (Dona Luiza). Então creio que minha vocação

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VIVÊNCIAS

veio quando estava sendo gerado. Mas meus tios não permitiam

Douvalor: A engenharia me complementou o lado profissional,

muito a dedicação à mesma,queriam que eu tivesse uma profissão

aprendi muito sobre o racional e me fêz feliz. Já a música me com-

que eles achavam melhor. Dai veio a Engenharia.

plementou o lado humano, por sentir uma satisfação emocional não só em mim, mas também nos olhos das pessoas que gostam

Saneas: Como o senhor conseguiu unir uma dedicação con-

de ouvir e cantar uma boa canção.

junta à musica e à engenharia em sua vida? Douvalor: Quanto à música sou autodidata, então só dava para

Saneas: Em sua concepção existem pontos comuns nas tra-

me dedicar nas horas vagas e dentro da engenharia da Sabesp

jetórias de um músico e de um engenheiro?

fiz um amigo, o eng. Roberto Norinobo Osaki, que tocava violão

Douvalor: Sim, a música tem pontos comuns com qualquer

clássico e me incentivou a tocar e cantar. A partir de então co-

profissão. Todo ofício requer atenção, dedicação precisão

mecei a empregar voz e violão na música popular (raiz, canção,

para executar um bom serviço; no caso da engenharia, para se

samba, bossa nova, MPB em geral). Aí vieram mais amigos que

fazer uma boa obra é a mesma coisa. Na música a matéria pri-

começaram a “DARVALOR” ao meu traba-

ma, formada pelas sete notas musicais,

lho, como Wady, Jaso, Ivan Borghi, Marcos

tem que ser tratada com muita precisão,

Klébio, até que chegou o James Shiromoto

muita atenção e dedicação para executar

com seu cavaquinho, trazendo ainda Mo-

uma boa obra de arte.

reali, Marco Aurélio, Lino, Mococa, Proenza, Aurelino e todos dando VALOR. Moti-

Saneas: Qual foi a sua emoção ao ento-

vado por esses incentivos, assumi o nome

ar o Hino Nacional, em capela, na aber-

“DOUVALOR” e não parei mais!

tura da Fenasan 2015. Douvalor: A emoção foi muito forte. Era

Saneas: Mesmo quando era funcionário

uma responsabilidade muito grande. Tive

da Sabesp o senhor já conseguia se de-

uma preocupação e uma tensão presentes

dicar à prática de músico profissional?

o tempo todo, pois numa interpretação

Douvalor: Não conseguia, porque como

sem instrumento (capela), você tem que

profissional você tem que viajar e estar à disposição o tempo todo. Acho que ninguém consegue se profissionalizar como músico se tiver um outro emprego fixo,

“...a música me complementou o lado humano.”

ainda mais com uma carreira dentro da Sabesp. Mas, como amador, eu participei do CEM - Sesc Consola-

cantar e se ouvir atento à sua dicção, à entonação, à letra e sem ter nenhum ponto de referência que sirva de retorno. No início dá o famoso e temido friozinho. Eu gostei e fiquei feliz que as pessoas gostaram, mas

minha autocrítica ainda diz que daria para melhorar.

ção e com a orientação dos professores Bob Sousa, Sheila Ferreira e Fábio Tagliaferri, tive a oportunidade de me apresentar como

Saneas: Qual é o seu atual propósito profissional?

cantor e ator.

Douvalor: Atuar e gravar músicas autorais. Atualmente faço parte do “Grupo Teatral do Alberico” e estamos ensaiando uma

Saneas: Quais foram suas participações em eventos culturais?

peça que está com estréia marcada para o segundo semestre. E

Douvalor: Dentre as mais expressivas, como cantor fiz partici-

também estou musicando minhas letras para fazer um trabalho

pação nos shows de vários artistas, como Pepeu Gomes, Edgard

autoral, com assinatura própria.

Scandurra, Monica Salmaso,Virginia Rosa, Paulo Freire, Fernanda Porto, Christiane Neves, Nuno Mindélis, Mário Manga e Flávio

Saneas: Onde seus fãs podem acompahar o seu trabalho?

Guimarães. E como ator fui dirigido por André Abujamrra, Cacá

Douvalor: No Espaço Cultural Alberico Rodrigues, situado

Machado e Vadim Nikitin.

na Praça Benedito Calixto 159 - Pinheiros, em São Paulo - SP (www.albericorodrigues,com.br). E o meu e-mail de contatos é

Saneas: Qual é a importância pessoal que essas duas escolhas, música e engenharia, tiveram em seu desenvolvimento humano?

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douvalor@yahoo.com.br




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