Saneas - edição 57

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Ano IX . Edição 57 . Janeiro a Março de 2016

- VEÍCULO -

FENASAN 2016

- OFICIAL -

SÃO PAULO APOSTA EM OBRAS PARA ENFRENTAR A CRISE HÍDRICA Mesmo em condições melhores do que o ano passado, o enfrentamento da crise hídrica na RMSP ainda é um desafio. Conheça as ações e as obras desenvolvidas pelo corpo técnico da Sabesp para superá-lo.

Campanha

Entrevista

Nova gestão

Campanha da Fraternidade adota saneamento como tema

Secretário Paulo Ferreira aborda superação da crise hídrica

Com uma nova direção e gestão, AESabesp celebra os seus 30 anos.


Grupo BAUMINAS. Da riqueza da terra à pureza da água. Com mais de 50 anos de história e 100% nacional, oferecemos produtos químicos e soluções técnicas inovadoras para o tratamento de água e efluentes. Nossa liderança é resultado de uma estrutura única, atuando em toda a cadeia e garantindo a mais completa solução para os clientes. Da produção de minérios, pesquisa e desenvolvimento de produtos químicos e soluções técnicas, até o transporte e distribuição por todo o Brasil. Assim é o Grupo BAUMINAS, seis empresas trabalhando de maneira integrada para levar água tratada e de qualidade para mais de 100 milhões de brasileiros.

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EXPEDIENTE Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua Treze de Maio, 1642, casa 1 Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484 Fax: (11) 3141 9041 aesabesp@aesabesp.org.br www.aesabesp.org.br Órgão Informativo da Associação dos Engenheiros da Sabesp Tiragem: 6.000 exemplares

EDITORIAL Prezados associados, amigos e parceiros da AESabesp,

C

om muita satisfação, lançamos a primeira edição da Revista Saneas da gestão 2016-2018, que aborda, como tema principal, as soluções aplicadas pelo corpo técnico da Sabesp, para o enfrentamento da crise

Diretoria Executiva Presidente: Olavo Alberto Prates Sachs Diretor Administrativo: Nizar Qbar Diretor Financeiro: Evandro Nunes Oliveira Diretora Socioambiental: Márcia de Araújo Barbosa Nunes Diretor de Comunicação e Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi Diretoria Adjunta Cultural: Maria Aparecida Silva de Paula Santos Esportes e Lazer: Fernandes Hayashi da Silva Pólos Regionais: Antônio Carlos Gianotti Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges Técnica: Gilberto Alves Martins Conselho Deliberativo Presidente: Ivan Norberto Borghi Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, ChojiOhara, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo Antunes Junior, Luis Américo Magri, Maria Aparecida Silva de Paula, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Richard Welch, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa Chrispim e Sônia Regina Rodrigues Conselho Fiscal Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked Coordenadores Conselho Editorial e Fundo Editorial: Luciomar Santos Werneck Pólos da RMSP: Antonio Carlos Gianotti Assuntos Institucionais: Ester Feche Guimarães Comissão Organizadora do 27º Encontro Técnico AESabesp - Fenasan 2016 Presidente da Comissão: Walter Antonio Orsatti Coordenador do Encontro Técnico AESabesp: Maria Aparecida Silva de Paula Coordenador da Fenasan: Gilberto Alves Martins Membros: Alzira Amâncio Garcia, Antonio Carlos Roda Menezes, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio, Iara Regina Soares Chao, Luciano Carlos Lopes, Marisa de Oliveira Guimarães, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Nilton Gomes de Moraes, Nizar Qbar, Olavo Alberto Prates Sachs, Patricia Barbosa Taliberti, Paulo Ivan Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rosângela Cássia Martins de Carvalho, Sergio Luiz Caveagna, Sonia Maria Nogueira e Silva, Tarcisio Luiz Nagatani Equipe de apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo Cordeiro, Vanessa Hasson Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Sérgio Luiz Caveagna Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa Polo AESabesp Ponte Pequena: Samuel Francisco de Souza Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti Polos AESabesp Regionais Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli Polo AESabesp Caraguatatuba: Felipe Noboru Matsuda Kondo Polo AESabesp Franca: José Chozem Kochi Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi Editora e Jornalista Responsável Maria Lúcia da Silva Andrade - MTb. 16081 Textoscom luciatextos@terra.com.br Redação Ednaldo Sandim, Lúcia Andrade e Thiago Nobre Projeto visual gráfico e diagramação Neopix DMI contato@neopixdmi.com.br www.neopixdmi.com.br

hídrica para a Região Metropolitana de São Paulo, que há bem pouco

tempo apresentava índices alarmantes no volume de água em seus reservatórios, principalmente na bacia do Sistema Cantareira, o qual atingiu níveis mínimos nunca antes constatados em toda sua história desde sua inauguração na década de 70. A situação é outra neste primeiro trimestre de 2016, uma vez que o volume operacional de água armazenada nos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo mais que dobrou, em relação ao ano passado. Contudo, o diferencial não foi só a chuva mais generosa, como também a ampliação da consciência para o uso racional da água por grande parte da população e o emprego de novos processos e tecnologias. Com este conjunto de fatores, poderemos enfrentar esta época do ano que se inicia em que as chuvas tendem a diminuir, com menor temeridade, mas sem esquecermos a lição aprendida nos duros e secos tempos. Além dos grandes empreendimentos da Sabesp para melhorar a condição de abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo, este número da Revista Saneas traz a motivação da Campanha da Fraternidade em escolher o saneamento como tema, além de uma visão do cenário do setor no País, em uma entrevista com o secretário nacional de Saneamento Ambiental, Paulo Ferreira, que também foi o primeiro presidente da AESabesp, em 1986. Dessa forma, nossa Associação completa 30 anos em 2016, ano que deverá ser permeado por ações que celebre este período, especialmente na realização do nosso Congresso Técnico/Fenasan, entre 16 e 18 de agosto, com a expectativa de receber mais de 20.000 visitantes, considerado o maior evento da América Latina no setor de saneamento ambiental. Ao iniciar sua atuação num ano tão significativo, a gestão 2016-2018, já está se empenhando em apresentar o melhor resultado dos seus esforços de forma planejada e profissional, visando sempre o melhor para a associação e principalmente para os seus associados. Conheça os seus integrantes, na matéria que conclui esta Revista e conte com todos para a o engrandecimento de sua representatividade e do nosso setor essencial para a qualidade de vida da população do nosso País, por meio da AESabesp. Grato pela sua atenção! Eng. Olavo Alberto Prates Sachs Presidente da AESabesp / Gestão 2016-2018


ÍNDICE

06 Matéria Tema São Paulo aposta em obras para enfrentar a crise hídrica

C

M

Y

13 Entrevista

no 37 Acontece setor 39 Dica cultural 40 Ação Socioambiental

Paulo Ferreira discorre sobre obras e ações

16

Campanha da fraternidade Com a benção da Igreja

18 Ponto de vista

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Direito fundamental

44

19 Artigos técnicos

Monitoramento remoto, alternativa para enfrentrar a crise hídrica na Unidade de Negócio Norte da Sabesp

25

4

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

A educação ambiental no contexto dos recursos hídricos & saneamento

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27º Congresso Técnico AESabesp Fenasan 2016 Fenasan e Fitabes estarão juntas em 2017 AESabesp 30 anos Perfil do atual presidente da AESabesp

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MATÉRIA TEMA

São Paulo aposta em obras para enfrentar a crise hídrica

E

m situação bem mais favorável do que o verão de 2014/ 2015, o volume operacional de água armazenada nos seis reservatórios que abastecem a Grande São Paulo (Cantareira, Guarapiranga,

Alto Tietê, Alto Cotia, Rio Grande e Rio Claro) atingiu, em fevereiro de 2016, mais do que o dobro do ano passado, o que representa cerca de 950 bilhões de litros. No mesmo período, em 2015, o total não chegava a 410 bilhões. Com isso poderia se afirmar que a crise hídrica que assolou o sudeste nos dois últimos anos acena para uma minimização, para enfrentar um suposto período sem chuvas após abril. Todavia, apesar das benesses de São Pedro, o corpo técnico

Jerson Kelman, o conflito foi resolvido após informações sobre

da Sabesp sabe que foi preciso muito mais do que muita chuva

o volume de água previsto para ser captado serem apresentadas

para se chegar a esse cenário. E dentro de um plano de combate

às administrações estaduais: “o Paraíba do Sul corre por muitos

às crises, as obras foram as principais apostas do governo pau-

quilômetros até chegar a Santa Cecília, de onde 250 m³/s de água

lista para abastecer a sua macrometrópole.

por segundo são retirados para abastecer a região metropolitana

No dia 16 de fevereiro deste ano, o governador do estado,

do Rio. Essa obra retira 5 m³/s do Jaguari”. Kelman também divul-

Geraldo Alckmin, deu início às obras de transposição de água

gou que as obras irão custar cerca de R$ 550 milhões - valor 33%

da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, que

menor do que o previsto inicialmente (R$ 830 milhões).

devem ser concluídas em abril de 2017. Quando foi anuncia-

De acordo com afirmações institucionais do governo, durante

da em março de 2014, essa medida protagonizou polêmica e

a crise hídrica, São Paulo passou a produzir 18 mil litros por

motivou disputas entre os governos de São Paulo e do Rio de

segundo de água a menos, por causa da seca provocada pela

Janeiro, onde cerca de 12 milhões de pessoas são abasteci-

falta de chuvas em regiões de mananciais, principalmente no

das pelo sistema. Mas de acordo com o presidente da Sabesp,

Cantareira. Para evitar a repetição desse quadro, são necessárias

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SANEAS

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José Francisco de Proença Superintendente da Manutenção Estratégica da Sabesp

“O enfrentamento da crise motivou um grande entrosamento entre profissionais”

Fotos: acervo Sabesp

obras estruturais para captar água de outros reservatórios.

Conheça as obras da Sabesp para o enfrentamento da seca histórica que se abateu sobre São Paulo Para reduzir o uso do Cantareira e aproveitar a água armazenada nos demais sistemas, a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo empreendeu várias obras. Segundo a empresa, as medidas permitiram que cerca de 3,7 milhões de pessoas deixassem de consumir água do Cantareira, passando a

Para o superintendente da Manutenção Estratégica da Sabesp, eng. José Francisco de Proença, o “enfrentamento da crise motivou um grande entrosamento entre profissionais, equipes e unidades, com o objetivo único de garantir o abastecimento de água para a população da RMSP, além de uma grande oportunidade de aprendizado e desenvolvimento dos profissionais e das unidades envolvidas, em face da adoção de soluções inovadoras, como as instalações para uso da reserva técnica e dos trabalhos de interligação e flexibilização dos sistemas, que exigiram o uso de novas tecnologias em processos, equipamentos e materiais. Dentre eles podemos destacar: o uso de tubos de PEAD em grandes diâmetros em montagem aquática; aplicação de conjuntos moto bombas flutuantes; montagem para alimentação elétrica; o uso de geradores a diesel e a gás para geração de energia elétrica em elevada potência; execução de montagens aquáticas; corte de tubo embaixo da água, entre outros. E, ainda, uma grande satisfação de todos por terem contribuído para vencer essa crise”.

ser abastecidas principalmente pelos sistemas Guarapiranga, Alto Tietê, Rio Grande e Rio Claro.

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SANEAS

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MATÉRIA TEMA Confira, abaixo, as ações levantadas no abastecimento de água da RMSP, desde o díficil primeiro trimestre de 2014, até o fechamento editorial da Revista Saneas, no início de março de 2016:

1 Primeira reserva técnica do Sistema Cantareira: utilização

inédita de água que já estava nas represas, mas ficava abaixo do nível de captação. Foram 182,5 bilhões de litros adicionados ao sistema, bombeados até a estação de tratamento, antes de chegar às casas. Os equipamentos foram instalados em prazo recorde nas represas Atibainha e Jaguari-Jacareí em maio de 2014. 2 Segunda reserva técnica do Sistema Cantareira. Na mesma

modelagem, foram mais 105 bilhões de litros de água adicionados ao sistema. Os equipamentos foram instalados na represa Jaguari-Jacareí em novembro de 2014. No dia 24 de fevereiro de 2016 esse volume foi recuperado. 3 Nova adutora Bela Vista-Conceição, em Osasco, que

permitiu ao Sistema Guarapiranga abastecer parte dessa cidade. Concluída em maio de 2014. 4 Nova estação elevatória (de bombeamento) no bairro

Bela Vista, em Osasco. Permite que a água do Sistema Guarapiranga seja bombeada até a região da Conceição. 5 Melhorias elétricas e operacionais na estação elevatória

(de bombeamento) Theodoro Ramos. Essa estação bombeia a maior parte da água do Sistema Guarapiranga e é essencial para os avanços feitos pelo mesmo. 6 Instalação do primeiro lote de membranas ultrafiltrantes

na Estação de Tratamento de Água Alto da Boa Vista, do Sistema Guarapiranga. Aumentou a produção de água potável em 1.000 litros por segundo. Concluída em novembro de 2014. 7 Instalação do segundo lote de membranas

ultrafiltrantes na Estação de Tratamento de Água Alto da Boa Vista, do Sistema Guarapiranga. Elevou a produção de água potável em mais 1.000 litros por segundo. Concluída em julho de 2015. 8 Reabilitação e melhorias na adutora ABV-Socorro, na

SANEAS

Olímpia, zona sul paulistana, em fevereiro de 2014, para que essa região e Pinheiros recebessem água do Guarapiranga em vez do Cantareira. 11 Reabilitação e melhorias na adutora ABV-França Pinto, que

liga o Alto da Boa Vista à região do parque Ibirapuera. Em operação desde agosto de 2015, essa tubulação leva mais água do Sistema Guarapiranga para a Vila Mariana e a avenida Paulista, substituindo o Cantareira. 12 Substituição das bombas e painéis elétricos e interligação

dos reservatórios da estação elevatória (de bombeamento) França Pinto, em frente ao parque Ibirapuera. O objetivo foi bombear mais água do Sistema Guarapiranga para a Vila Mariana e a avenida Paulista. Essa estação continua passando por melhorias em 2015. 13 Entrega da nova adutora Jabaquara-Sacomã, na zona sul

de São Paulo, em março de 2014, que permitiu avanço do Guarapiranga nessa região. 14 Instalação da nova adutora Jardim das Nações-Parque Real,

em Diadema, concluída em março de 2015. Essa tubulação melhorou a distribuição de água nessa cidade do ABC e permitiu que, pela primeira vez, o Sistema Rio Grande atendesse a cidade de São Paulo. 15 Substituição de válvula na região do Horto Florestal, na

zona norte de São Paulo, facilitando a operação do sistema naquela área. 16 Reversão da adutora Mooca-Cambuci, que permite levar

água do Guarapiranga até a zona leste. 17 Mudanças operacionais na estação de bombeamento

ABV-Jabaquara. Entregue em fevereiro de 2014, fez com que a região do Jabaquara fosse atendida apenas pelo Guarapiranga, sem usar água do Cantareira.

zona sul da capital, o que aumentou o envio de água tratada do Sistema Guarapiranga para bairros como Grajaú, Jardim Ângela, Jardim São Luiz, Parelheiros e Parque Fernanda.

18 Mudanças operacionais no booster Cadiriri, na zona sul

9 Adequações na adutora Vila Olímpia, na zona sul de

19 Transformação da estação elevatória (de bombeamento)

São Paulo. A ação, entregue em fevereiro de 2014, permitiu que o Sistema Guarapiranga substituísse o Cantareira nesse bairro e em Pinheiros.

8

10 Mudanças operacionais na estação de bombeamento da Vila

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paulistana. Também entregue em fevereiro de 2014, fez com que a região do Sacomã fosse atendida apenas pelo Guarapiranga, sem usar água do Cantareira. da Vila Guarani, na zona leste, permitindo que ela passasse a trabalhar com três sistemas: Alto Tietê, Cantareira e Rio Claro. A mudança permitiu operar o abastecimento de


boa parte da zona leste com qualquer um desses sistemas, priorizando o que estivesse em melhores condições, principalmente o Rio Claro. 20 Inversão do booster (estação de bombeamento) Cangaíba,

na zona leste, para enviar água do Alto Tietê para regiões que eram atendidas pelo Cantareira. 21 Adequação da caixa da Vila Ema, na zona leste paulistana,

entregue em maio de 2015, permite que a água do Sistema Rio Claro chegue até a Mooca, aliviando o Cantareira. 22 Implantação de membranas ultrafiltrantes no Sistema Rio

Grande, o que permitiu produzir mais 500 litros por segundo de água potável. Entregue em setembro de 2014. 23 Substituição das bombas da estação elevatória de água bruta

do Sistema Rio Grande, no ABC. A ação aumentou o volume de água captado na represa Rio Grande e enviado para a estação de tratamento.

29 Nova captação no rio Guaió, na região de Suzano, com a

instalação de bombas e tubos para levar a água desse rio até a represa Taiaçupeba, no Sistema Alto Tietê, com o objetivo de bombear uma média de até 1.000 litros por segundo de água nova para a represa. 30 Melhorias elétricas na Estação de Tratamento de Água

(ETA) Taiaçupeba, do Sistema Alto Tietê. Fundamental para que o Sistema Alto Tietê socorra o Cantareira, já que permite tratar e bombear mais água potável nesse sistema. 31 Captação de água no dique de Biritiba-Mirim, represa que

pertence ao Sistema Alto Tietê, que permite aproveitar melhor a água armazenada nessa represa. 32 Readequações elétricas e mecânicas na estação

elevatória (de bombeamento) de água bruta de Biritiba, no Alto Tietê. Desde abril de 2014 essa unidade bombeia um volume maior para o sistema, permitindo que a estação de tratamento produza mais água potável.

24 Nova adutora Haras-Vila Vitória, em Santo André, concluída

em julho de 2014 e que permitiu levar mais água do Sistema Rio Grande para essa cidade. O avanço fez “sobrar” água do Sistema Rio Claro, que foi então transferida para a zona leste de São Paulo, no lugar do Cantareira. 25 Transformação do booster (estação de bombeamento)

Cidade Líder, na zona leste da capital, em via de mão dupla, o que permitiu enviar água do Alto Tietê para os bairros Artur Alvim, Carrão, Vila Formosa e Vila Matilde, substituindo o Cantareira.

33 Adequações operacionais na estação elevatória de

água bruta que bombeia água para o Sistema Rio Claro. A medida permitiu que o Rio Claro produzisse mais água potável. 34 Aumento da captação no córrego Guaratuba, na

região de Biritiba-Mirim, com a instalação de bombas e tubos para levar a água desse rio até a represa Ponte Nova, no Sistema Alto Tietê. Entregue em janeiro deste ano, elevou o volume de água que pode ser transferido de 500 para 1.000 litros por segundo.

26 Aumento de potência na estação elevatória (de

bombeamento) de Ermelino Matarazzo, na zona leste de SP, para que o Sistema Alto Tietê substituísse o Cantareira nos bairros da Penha, Cangaíba e Jardim Popular. Entregue em fevereiro de 2014. 27 Interligação Rio Pequeno-Rio Grande, em fase final de

execução, transferirá até 4.000 litros por segundo do braço do Rio Pequeno para a represa Rio Grande, no ABC. 28 Interligação Rio Grande-Alto Tietê, que foi entregue em

30/09/2015, transferindo até 4.000 litros por segundo da represa Rio Grande, no ABC, para a represa Taiaçupeba, em Suzano, no Sistema Alto Tietê.

Todo esse conjunto de obras envolveu sobremaneira a alta capacidade de trabalho dos técnicos da Sabesp, os quais a AESabesp parabeniza pelos esforços empreendidos.

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SANEAS

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MATÉRIA TEMA

Obras de grande porte em andamento O enfrentamento da crise também tem base na estruturação de três obras de grande porte em andamento: a ligação Jaguari-Atibainha, que deverá trazer mais 5 m³/s, em média, e chegar a 8,5 m³/s em uma situação de crise mais aguda; a do Sistema São Lourenço, que traz 6 m³/s a mais; e a terceira, de 2,5 m³/s, que traz água do Rio Itapanhaú.

Obras da Interligação Jaguari-Atibainha Esse empreendimento considerado histórico e um exemplo de cooperação entre os estados de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, irá interligar as duas represas, que pertencem à Bacia do Paraíba do Sul e ao Sistema Cantareira, permitindo a transferência de uma vazão

Interligação Jaguari-Atibainha

média de 5,13 m³/s (máxima de 8,5 m³/s) de água da Jaguari para a Atibainha. Com investimento de R$ 555 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a previsão de término das obras é abril de 2017. E deverão ser gerados cerca de 5.300 empregos diretos e indiretos.

Sistema São Lourenço Com conclusão prevista para outubro de 2017, o futuro sistema deverá permitir a captação de 4,7 mil l/s (litros por segundo) de água, volume suficiente para atender 1,5 milhão de moradores dos municípios de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista. Desse total, cerca de 1,1 milhão são abastecidos pelo Cantareira. Sistema São Lourenço

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Rio Grande

Guaió

Rio Itapanhaú

Obras já entregues

Trata-se de um projeto de aproveitamento das águas da bacia do

Em setembro de 2015 foi inaugurada a ligação do Sistema Rio

rio Itapanhaú para a Região Metropolitana de São Paulo, que está

Grande com o Alto Tietê, transferindo 4 mil litros por segundo.

na fase de obtenção da licença prévia, em sintonia com a estraté-

O Sistema Guarapiranga teve sua capacidade de produção au-

gia da Sabesp de aumento da segurança hídrica para a região. O

mentada em 1.000 litros por segundo (ETA ABV) e o Sistema Rio

aproveitamento dessa bacia será realizado mediante a reversão de

Grande passou a produzir mais 500 litros por segundo.

águas do ribeirão Sertãozinho (formador do rio Itapanhaú) para o

Também foram entregues a ampliação da transferência de água do

reservatório de Biritiba, visando o aumento da segurança hídrica do

córrego Guaratuba e a ligação do Guaió para o Sistema Alto Tietê.

Sistema Produtor Alto Tietê (SPAT).

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Informações: NürnbergMesse Brasil | São Paulo Janeiro a Março de 2016 SANEAS Tel. +55 11 3205 5025 | maria.valle@mmi-brasil.com

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MATÉRIA TEMA

Mais água, menos verde? CAIXA MEIO VAZIO

Em 1990 os jornais declaravam: “A maior cidade do país

Apesar da situação estar melhor, a Sabesp deverá manter

está ameaçada pela falta da água”, “o nível das repre-

a multa para quem não economiza água. Em entrevista

sas caiu a 25% e a população teme um racionamento”.

ao jornal O Estado de São Paulo, em 20 de fevereiro deste

Não, não era de São Paulo que as manchetes tratavam

ano, o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, ponderou:

e sim de Nova York. O então chefe do departamento de

“o bônus também foi prorrogado. A empresa continua

águas da cidade, Albert Appleton, sugeriu que o melhor

tendo redução de receita pelo bônus muito maior do

seria reflorestar os mananciais, consertar vazamentos e

que a arrecadação que vem pela tarifa de contingência.

conscientizar a população. A solução de Appleton foi

Ela foi prorrogada porque estamos em condições um

acatada. Nova York comprou terras em Catskills, onde

pouco melhores, mas não absolutamente normais. Temos

estavam as represas, e passou a recuperá-las. Também

de ter um pouco de prudência. Quando estivermos em

pagou a fazendeiros para que conservassem a região.

condições normais, nossa posição será para eliminar tanto

Por fim, iniciou um amplo programa de troca de enca-

o ônus quanto o bônus”. Entretanto, no final de março,

namentos e redução do consumo urbano. O resultado?

a Sabesp solicitou à Arsesp, agência reguladora do setor,

A cidade nunca mais sofreu com as secas, tem uma das

autorização para acabar com a concessão do bônus e da

águas mais limpas dos Estados Unidos e o consumo caiu

multa na conta de água em São Paulo.

em um terço – ainda que a população tenha crescido

Sobre um congelamento de investimentos na área de

13% nesse período. Para melhorar, o plano custou um

esgoto feito durante a crise e que poderiam retardar a

décimo do projeto rival. Em setembro, Appleton fez pa-

meta de universalização da coleta e tratamento de esgotos,

lestras no Brasil, e um livro que narra como ele venceu

Kelman declarou: “A seca de 2014 introduziu a necessidade

o debate acaba de ser lançado por aqui (O Homem Que

de aumento da segurança hídrica. Portanto, investimentos

Salvou Nova York da Falta de Água, Matrix).

foram necessários para aumentar a quantidade de água

Em São Paulo, a opção foi por investimentos em obras,

bruta nos mananciais. É mais despesa. Maior investimento

que tem o seu quinhão de controvérsia. Por exemplo: o

nessa área significa menor investimento em outra área.

desvio de águas da bacia do rio Itapanhaú para abaste-

Não tem mágica. Isso significa as obras de saneamento

cimento da região metropolitana de São Paulo tem sido

continuam, mas estão num ritmo mais lento”.

alvo de críticas por parte de alguns ambientalistas, sob a alegação que serão desmatados cerca de 15 hectares

COPO MEIO CHEIO

dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, que é uma

O nível de água do Sistema Cantareira, que abastece a

região de proteção ambiental.

capital e outras cidades da Grande São Paulo, continua

O conselho do Condephaat, órgão estadual de pa-

em recuperação. Segundo a Sabesp, o sistema Cantareira

trimônio, deu parecer negativo sobre as obras. No en-

atende 5,7 milhões de pessoas na região metropolitana.

tanto, o secretário estadual de Cultura, Marcelo Araújo,

Já o Sistema Guarapiranga, que foi o maior produtor de

que tem a prerrogativa de decidir, aprovou o projeto. O

março a dezembro de 2015, atende 5,2 milhões, ou 500 mil

governo estadual alega que o desvio é essencial para o

a menos. O Guarapiranga se tornou o maior fornecedor

aumento da segurança hídrica de SP, pois, “sem a obra, a

de água em março do ano passado para “socorrer” o

população pode ficar vulnerável em caso de repetição de

Sistema Cantareira, que na ocasião estava com 12,9% da

uma seca como a de 2014-2015”. A área, segundo ava-

capacidade. Antes da crise hídrica em São Paulo, o sistema

liação governamental, representaria uma porcentagem

abastecia 8,8 milhões de pessoas. O Sistema Rio Grande

pequena do parque.

estava estável, e os demais sistemas que abastecem a

Em entrevista a esta edição da Saneas, o secretário na-

Grande São Paulo vinham registrando alta. Em 30 de

cional de Saneamento Ambiental, Paulo Ferreira, aprova

dezembro de 2015, o Sistema Cantareira já não estava

a atuação do corpo técnico da Sabesp em obras e atri-

mais na dependência do volume morto após 19 meses.

bui à RMSP características geográficas e de consumo que suscitaram a necessidade dessas ações.

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SANEAS

Janeiro a Março de 2016


ENTREVISTA

Paulo Ferreira discorre sobre obras e ações do País para o setor de saneamento Crédito: Bruno Peres/ Min. Cidades

N

esta edição trazemos uma entrevista

de Engenharia e Agronomia) e do Instituto de Enge-

com o Eng. Prof. Dr. Paulo Ferreira, ti-

nharia de São Paulo.

tular da Secretaria Nacional de Sane-

Paulo Ferreira Secretário Nacional de Saneamento Ambiental

amento Ambiental, vinculada ao Mi-

Saneas: Entre as causas da crise da hídrica que

nistério das Cidades. Durante 30 anos, ocupou os

ainda assola várias regiões do país, qual tem

cargos de superintendente, coordenador de projetos

mais peso em sua escala de valores: condições

e engenheiro de planejamento e controle da Sabesp

climatológicas, administração do abastecimento

(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

ou padrões de consumo da população?

Paulo), sendo o primeiro presidente da Associação

Paulo Ferreira: O Brasil é um país extenso, com gran-

dos Engenheiros da Sabesp, em 1986. Também já

des variações climáticas e diferentes culturas. Nesse

atuou na diretoria da Cetesb e em órgãos de repre-

contexto, as causas de eventos extremos como crises

sentatividade, como o CREA-SP (Conselho Regional

hídricas são sempre multivariadas. O que é possível di-

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

13


ENTREVISTA

zer é que todos os fatores destacados contribuíram, mesmo que em

Ainda assim, uma aproximação que pode indicar o poten-

proporções variáveis, para os eventos extremos que vimos, inclusive

cial de empregos gerado pelo setor saneamento, considerando

no Sudeste em 2014 e 2015. É exatamente o conjunto de vários

como referência o Modelo de Geração de Emprego e Renda do

fatores que agrava o problema, fazendo chegar à situação de crise.

BNDES e os investimentos realizados pelo Ministério das Cidades apenas no âmbito do PAC Saneamento, é de que já foram

Saneas: O baixo número em obras no saneamento na segun-

gerados 2,3 milhões de empregos diretos, indiretos e de efeito

da etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC

renda em todo o Brasil.

2) se deve à falta de recursos, à burocracia exigida para con-

Considerando-se os investimentos já selecionados e que ainda

cretizar as mesmas ou à qualidade dos serviços contratados?

serão desembolsados nos próximos anos, há um potencial para

Paulo Ferreira: A segunda etapa do Programa de Aceleração do

geração de 2,7 milhões de novos empregos diretos, indiretos e

Crescimento, conhecida como PAC 2, contou com 1.341 interven-

de efeito renda.

ções das diversas modalidades do saneamento selecionadas, que se somaram às 1.572 intervenções do PAC 1. Trata-se de um nú-

Saneas: Em sua concepção, poderia se afirmar que o Estado

mero elevado, especialmente se considerarmos períodos de anos

de São Paulo está saindo da crise hídrica, mediante a recupe-

anteriores e, ainda, que o valor médio das intervenções apoiadas

ração dos seus sistemas de produção?

no PAC 2 foi superior ao PAC 1, possibilitando a execução de

Paulo Ferreira: As recentes chuvas que caíram na região dos

obras de maior abrangência ou complementações das etapas exe-

mananciais que abastecem São Paulo favoreceram a melho-

cutadas na primeira fase do PAC.

ria da disponibilidade hídrica, tanto que o volume morto do

Quanto à burocracia, várias medidas vêm sendo tomadas para

Sistema Cantareira não está mais sendo usado, e no início de

simplificar os procedimentos. Neste sentido, merece destaque es-

março o nível já atingiu quase 25% do volume útil represa-

pecial a inclusão das obras do PAC no Regime Diferenciado de

do original. As campanhas de redução de consumo também

Contratações - RDC, assim como Dispensa do CAUC (inadimplên-

reduziram a demanda sobre os sistemas de abastecimento de

cia com a União) para acesso a recursos do PAC/OGU, inversão

água, contribuindo positivamente para a solução da fase mais

das fases de pagamento e aferição, ampliação dos prazos para

crítica do problema.

prestação de contas parciais, carência de duas prestações de contas antes de bloquear desembolsos, dentre outras.

A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental – SNSA/MCidades tem apoiado duas grandes intervenções, em caráter de ur-

Entretanto, no caso do setor público, tais simplificações pre-

gência, para ajudar no combate à crise hídrica que está sendo

cisam estar em sintonia com a legislação vigente, especialmente

enfrentada pelo Estado de São Paulo, para prevenir sua repetição

as leis, os decretos, os acórdãos e instruções dos órgãos de con-

nos próximos anos. A primeira é a Implantação de Sistema Produ-

trole, e as normas das entidades financeiras, etc. Nos últimos

tor de Água São Lourenço, o qual conta com a execução de capta-

anos, o Governo Federal, obedecendo estes parâmetros, sim-

ção, rede adutora de água bruta, estação de tratamento de água

plificou muitos dispositivos, atendendo inclusive a sugestões de

e adutora de água tratada, com investimentos da ordem de R$

entidades representativas.

2,6 bilhões. A segunda é a Interligação Jaguari – Atibainha, com financiamento de cerca de R$ 830 milhões, e que está com suas

Saneas: Com referência às obras entregues, as que estão em

obras iniciadas. Cabe mencionar que as obras foram contratadas

andamento e as que devem sair nos próximos anos, já é pos-

por valores inferiores do que o financiamento.

sível fazer uma projeção entre o que foi investido, o número

Certamente a conclusão destas intervenções ajudará o Estado

de empregos gerados e a população atendida?

de São Paulo, em especial a Região Metropolitana de São Paulo,

Paulo Ferreira: Muitas intervenções do PAC Saneamento estão

a prevenir novas situações críticas como as dos últimos anos, bem

concluídas ou em sua fase final de execução. Entretanto, deve-se

como dar maior segurança ao sistema das bacias do PCJ.

considerar que obras de saneamento são complexas, de grande porte, e demoram um ciclo maior para começarem a operar e

Saneas: Num comparativo com demais estados brasileiros,

gerar benefícios à população. Deve-se notar que, embora não seja

quais são os aspectos favoráveis e os vulneráveis do Estado

um crescimento agudo, há ampliação significativa da população

de São Paulo, dentro da esfera nacional de Saneamento?

atendida, já demonstrada pelos números mais atuais da PNAD

Paulo Ferreira: O Estado de São Paulo, como é característica

(IBGE) e do SNIS (MCidades).

de toda a Região Sudeste do Brasil, já possui elevados índices de

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SANEAS

Janeiro a Março de 2016


atendimento de abastecimento de água e esgotamento sanitário

Paulo Ferreira: A migração para os grandes centros urbanos,

e, por possuir boa capacidade executora e de gestão financeira,

muito acentuada no Brasil, especialmente a partir da década de

tem uma boa disponibilidade de recursos para investimento em

1970, criou uma grande pressão sobre os mananciais mais próxi-

obras de saneamento necessárias à universalização do atendimen-

mos das metrópoles, fazendo com que fosse necessária a busca

to de sua população. Destaca-se, também, que o Estado apresen-

de água em locais mais distantes. Deve-se também considerar que

tou uma boa resposta da população nos momentos mais críticos

o Brasil, apesar de contar com a maior reserva de água doce do

da crise, resultando na redução do consumo.

mundo, possui uma distribuição geográfica desfavorável deste re-

O Governo Federal, por meio do MCidades, tem apoiado o Estado com recursos financeiros consideráveis, da ordem de R$

curso, estando os maiores volumes na região Norte, e distantes das grandes populações.

25 bilhões, no Programa de Aceleração do Crescimento - PAC,

Por outro lado, de acordo com os dados recém divulgados

aí incluídos os recursos de OGU e de Financiamento, para órgãos

de 2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamen-

estaduais, municipais e prestadores de serviços das concessões.

to – SNIS, o consumo médio per capita de água no Brasil é de

Como ponto negativo pode-se destacar que a população que

161,96 L/hab.dia. Ou seja, temos hoje um nível de consumo

ainda falta atender está, em geral, justamente nas regiões de

considerado baixo se comparado à média mundial, o que pode

mais difícil acesso, em áreas adensadas e com características que

ser demonstrado pelos números de Nova Iorque apresentados

dificultam tanto o planejamento quanto a execução das obras,

no enunciado da questão.

levando a um tempo maior desde o seu início até os resultados

O Estado de São Paulo apresenta, segundo o SNIS 2014, um

esperados, pois os percentuais restantes vão ficando cada vez de

consumo médio de 179,4 L/hab.dia. Os 125,8 galões/dia relativos

mais difícil atendimento, o que é compreensível.

à população de Nova Iorque após o programa de recuperação e

Ainda assim, o Governo Federal vem apoiando o Governo Esta-

proteção aos mananciais, embora tenha significado uma grande

dual e os Governos Municipais na busca pela solução dos proble-

redução para a realidade de lá, correspondem a 476,15 L/hab.

mas enfrentados e tem buscado garantir o melhor emprego dos re-

dia, muito maior do que a média de São Paulo e do Brasil hoje.

cursos para que as intervenções em andamento sejam concluídas.

Ademais o Brasil é um País tropical e suas temperaturas médias, que implicam em maiores consumos de água, são muito

Saneas: A que se atribui a negação da Agência Nacional de

superiores a de países de zonas mais frias. Todavia deve-se res-

Águas ao pedido para subir o limite de captação do Cantareira?

peitar sempre as melhores alternativas técnicas e do ponto de

Paulo Ferreira: Certamente a ANA deve ter analisado, como

vista ambiental, e a busca por outros mananciais mais distantes

sempre, o referido pedido com critérios de prudência e, por mo-

deve obedecer a estudos adequados de relações custo-benefício.

tivo de cautela e/ou prevenção, deve ter chegado à conclusão de não ampliar ainda o limite de captação do Sistema Cantareira.

Saneas: Retornando a São Paulo, o senhor avalia que os

Mas, neste caso, seria melhor consultar a própria ANA, ou o Mi-

engenheiros da Sabesp tem se mobilizado adequadamen-

nistério do Meio Ambiente - MMA, para obter uma resposta con-

te para a busca de alternativas de enfrentamento de perí-

clusiva sobre a questão, com base nos dados existentes.

odos de escassez? Qual o nível de confiança que o senhor

Nota da redação: o órgão regulador atesta que “apesar do au-

deposita no corpo técnico da Companhia?

mento do índice de chuva no Sistema Cantareira, o manancial

Paulo Ferreira: Não sei se sou uma pessoa que possa opinar a

ainda não retornou ao nível normal e defendeu que a operação de

respeito com muita isenção, porque tive a honra de ser engenhei-

reservatório no período de chuva deve priorizar a recuperação das

ro da Sabesp durante 30 anos e o primeiro presidente da AESa-

represas e garantir a segurança hídrica da população”.

besp. Mas é de conhecimento geral que a Sabesp sempre teve um corpo técnico muito qualificado, um dos melhores do Brasil, e,

Saneas: O Estado de Nova Iorque iniciou em 1990 um am-

sem dúvida, continua envidando todos os esforços para superar

plo programa de recuperação e proteção aos mananciais e

em definitivo esse momento de crise. É preciso também deixar

também conseguiu reduzir o consumo per capita de água

uma homenagem a todos os profissionais pelo trabalho realiza-

de 204,1 galões/ dia (1991) para 125,8 galões/ dia (2009). A

do nos momentos mais críticos, o que evitou uma situação que

decisão de trazer mais água, cada vez de mais longe, como

poderia ter sido muito pior. É nas dificuldades que se conhece

é o caso de São Paulo, que vai à contra mão desse tipo de

a qualidade das pessoas. Como diziam os antigos, “o fogo dá

política, pode gerar impactos ambientais e financeiros?

têmpera ao aço”.

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

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CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Fotos: Luciney Martins

Com a benção da Igreja

O

rganizada pelo Conselho Nacional das

dessa questão que é fundamental na sociedade.

Igrejas Cristas (Conic), a Campanha da

A AESabesp também traz a tona esse propósito

Fraternidade 2016 tem um caráter ecu-

com a entrevista do coordenador da Campanha da

mênico e foco na questão do saneamen-

Fraternidade na Arquidiocese de São Paulo, Padre

to básico, com a adoção do tema “Casa comum, nossa

Manoel Quinta:

responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar

Colaboração do assessor de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo: Rafael Alberto

16

SANEAS

como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.

Saneas: Quais os órgãos, as instituições e denomi-

No dia 23 de fevereiro, o presidente da Sabesp, Jer-

nações envolvidas na Campanha da Fraternidade

son Kelman, participou de uma reunião realizada na

2016?

Cúria Metropolitana de São Paulo, na qual se discutiu o

Padre Manoel Quinta: Por ser uma Campanha da Fra-

apoio ao projeto da Companhia de acelerar o forneci-

ternidade Ecumênica, esta campanha foi confiada ao

mento de água para moradores de áreas irregulares. A

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC),

ação deve beneficiar cerca de 400 mil pessoas na Gran-

que envolve a Igreja Católica Apostólica Romana, a Igre-

de São Paulo que hoje não têm água ou são abasteci-

ja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja

dos de forma precária. Nesse encontro estava presente

Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Presbiteriana Uni-

o cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilio Scherer e

da do Brasil e a Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia.

assessores, que além de conversarem sobre a iniciativa

Também aderiam à Campanha a Aliança dos Batistas

também discorreram sobre a Campanha da Fraternida-

do Brasil, a Visão Mundial - organização internacional

de deste ano, cujo tema é saneamento. Na oportuni-

que reúne pessoas ligadas a diferentes comunidades

dade, a Sabesp se ofereceu para auxiliar na divulgação

evangélicas que não fazem parte do CONIC e também

Janeiro a Março de 2016


o Centro Ecumênico de serviço à Evangeli-

to Básico. As autoridades governamentais

zação e Educação popular (CESEP).

são as primeiras responsáveis pelo saneamento, todavia essa responsabilidade

Saneas: De que forma a Campanha da

não isenta as pessoas e comunidades de

Fraternidade, de caráter ecumênico,

também serem responsáveis pelo ambien-

se relaciona com a Quaresma, período

te ‘Nossa Casa Comum’. É inútil as autori-

destacado no calendário litúrgico da

dades pedirem que se economize água, e

Igreja Católica?

a população simplesmente não dar ouvi-

Padre Manoel Quinta: A Quaresma é

dos; também é inútil as prefeituras distri-

um tempo importante para a Igreja Ca-

buírem recipientes para coleta de lixo nas

tólica, porque é o período em que os ca-

cidades e as pessoas continuarem a jogar

tólicos se preparam para a solenidade da

o lixo nas ruas, ignorando ou destruindo

Páscoa. A preparação tem como exigên-

os recipientes. Há necessidade imperiosa

cia a oração, a penitência e a conversão.

que se respeite o bem comum. Isso exige

Todas as Campanhas da Fraternidade

conversão Praticamente esta é a sétima

apresentam fatos da existência que são

Cartaz da campanha

Campanha da Fraternidade que trata de problemas afins à saúde pública.

um convite à conversão, um convite para que os fiéis tomem consciência de uma realidade provocativa que apela à conversão pessoal e comuni-

Saneas: Além da Campanha quais outras iniciativas a Igreja

tária. Além das sugestões que nos vem da liturgia, sempre um

Católica, em especial, a Arquidiocese de São Paulo tem volta-

convite à mudança de vida, se insere também as exigências de

das à questão do saneamento?

conversão requeridas pela Campanha da Fraternidade.

Padre Manoel Quinta: Além da Campanha da Fraternidade, a Arquidiocese de São Paulo, bem como toda a Igreja e as pessoas

Saneas: A Campanha existe desde 1961/62 e é a quarta

de boa vontade, receberam com alegria e apreço a Carta Encíclica

vez que a Campanha da Fraternidade é realizada de forma

‘Laudato Sì’ do Papa Francisco sobre a Ecologia. Esse documento

ecumênica. Por que em alguns casos, como a deste ano,

pontifício foi objeto de estudo e reflexão em toda a Arquidiocese. O

por exemplo, a campanha ganha essa dimensão e envolve

saneamento básico é apenas um tema do Documento, que é mais

outras religiões?

completo e abrangente e reforça o tema escolhido pela Campanha.

Padre Manoel Quinta: A primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica aconteceu por ocasião do grande jubileu do ano

Saneas: Católicos e não católicos que queiram se engajar na

2000, onde se comemorava dois mil anos de cristianismo. Na

Campanha, podem fazê-lo de que forma?

ocasião a CNBB pensou a importância de envolver os cristãos

Padre Manoel Quinta: Todos são convidados a se engajar no res-

de outras denominações, que pertenciam ao Conselho Nacional

peito ao meio ambiente. Todas as Igrejas e também outras religiões

das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). O tema da Campanha foi

não cristãs são convidadas e bem-vindas quando se trata de melho-

‘Dignidade humana e paz’ como o lema ‘Novo milênio sem ex-

rar a “Casa Comum”. Todos são responsáveis.

clusões’. A partir de então ficou decidido que a cada cinco anos se fizesse uma Campanha da Fraternidade Ecumênica com o ob-

Saneas: A Campanha envolve uma conscientização por meio

jetivo de reunir os cristãos em torno de uma realidade existencial

de divulgação em diversos canais de comunicação. Qual é a

preocupante e provocativa para todos os cristãos.

estimativa de público alcançado? Padre Manoel Quinta: A Campanha da Fraternidade Ecumêni-

Saneas: Por que o objetivo da campanha deste ano é jus-

ca está sendo bem veiculada em todas as Igrejas cristãs de todo o

tamente o saneamento básico? O que motivou tal escolha?

Brasil, através dos Meios de Comunicação Social, das celebrações

Padre Manoel Quinta: Falar de saneamento básico é falar de saú-

comunitárias e dos grupos de reflexão. É difícil fazer uma estimativa

de pública e o saneamento é um problema no Brasil. Há cidades

do público que será alcançado, mas uma coisa é certa: se algumas

onde o saneamento avançou muito, porém está muito longe do

sugestões práticas forem implementadas muita gente será benefi-

ideal e em outras cidades não existe nem um Plano de Saneamen-

ciada em sua saúde.

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

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PONTO DE VISTA

Por João Paulo Papa

Direito fundamental

É

relevante, como sempre, e muito oportu-

Saneamento Básico e Uso Racional da Água. A comis-

na a Campanha da Fraternidade Ecumê-

são analisou os projetos sobre os temas em andamen-

nica deste ano que prioriza o saneamento

to no Congresso Nacional, compilando 20 propostas

básico, uma das necessidades essenciais

que, se adotadas pelos poderes Executivo e Legislativo,

do ser humano.

Entre elas, destaco que é preciso dar suporte para

fica saúde, qualidade de vida e garantia de um futuro

os municípios elaborarem seus planos de saneamento;

melhor às novas gerações e as que estão por vir. Atu-

fortalecer o setor no País e estimular ações por meio,

almente, o Brasil, oitava maior economia do mundo,

por exemplo, do projeto de lei do senador José Serra,

conta com apenas 48% de coleta de esgotos. Os índi-

que cria um Regime Especial de Incentivo.

ces de tratamento são ainda menores. O Estado de São Paulo, no entanto, difere-se da

da Fraternidade Ecumênica deste ano que tem como objetivo geral, segundo o presidente do Conselho Nacional

e 60% de tratamento de esgotos. Porém, no restante

de Igrejas Cristãs, dom Flávio Irala, “assegurar o direito

do País, os números são alarmantes. Na região Nor-

ao saneamento básico para todas as pessoas e empe-

te, por exemplo, a coleta chega a 8% da população.

nharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes

Uma situação conflitante e que pede ações firmes.

responsáveis que garantam a integridade e o futuro de

Por isso, é obrigação do Poder Público, em todos os

nossa Casa Comum”.

ses serviços indispensáveis.

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SANEAS

Por tudo isso, saúdo a escolha do tema da Campanha

realidade nacional, por ter índices de 90% de coleta

seus níveis, assegurar investimentos para oferecer es-

João Paulo Papa Deputado federal pelo PSDB/SP, engenheiro associado da AESabesp, foi prefeito de Santos-SP e diretor de Tecnologia, Empreendimento e Meio Ambiente da Sabesp até o início de 2014. Em seu mandato milita pela universalização do saneamento, tornando-se presidente da Subcomissão Especial Subágua, integrada à Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU).

vão garantir importantíssimos avanços nessas áreas.

Direito fundamental do cidadão, saneamento signi-

O objetivo das campanhas da Fraternidade é escolher um assunto que tenha apelo comum para discuti-

Nesse sentido, vale citar os novos Objetivos Sus-

-lo em sociedade, aprofundá-lo. Foi assim com a água,

tentáveis do Milênio, elaborados pela Organização

em 2004; com as pessoas com deficiência, em 2006; a

das Nações Unidas. Está estabelecido que um deles

segurança pública, em 2009.

é a disponibilidade e gestão sustentável da água e

Ver o saneamento entrar nesse rol e saber que co-

saneamento para todos até 2030. Para tanto, propõe

munidades, em todo o País, aprenderão e discutirão

a ampliação da cooperação internacional e o apoio à

em conjunto mostra que estamos no caminho certo

capacitação para os países em desenvolvimento.

ao buscarmos meios para se avançar. Divulgar esse im-

Essa proposta, aliás, se viabilizaria por meio de ativi-

portante tema é premissa fundamental para que a po-

dades e programas relacionados à água e saneamento,

pulação perceba sua relevância no contexto nacional.

incluindo-se coleta, dessalinização, eficiência no uso, tra-

Assim, investir em saneamento é cuidar das pes-

tamento de efluentes, reciclagem e tecnologias de reúso.

soas, das futuras gerações, priorizando, de fato, o

Na Câmara Federal, tive a oportunidade de presidir,

patrimônio maior de todos nós que é a saúde, vale

no ano passado, a Subcomissão da Universalização do

Janeiro a Março de 2016

dizer, a vida.


ARTIGO TÉCNICO Irineu Delatorre Junior Tecnólogo em Obras Hidráulicas, Mestre em Engenharia. Gerente da Divisão de Operação de Água, Sabesp, Unidade de Negócio Norte.

José Gilberto Kuhl Pós graduando em Educação Ambiental. Analista de Sistema na Sabesp, Unidade de Negócio Norte.

Monitoramento remoto, alternativa para enfrentrar a crise hídrica na Unidade de Negócio Norte da Sabesp Por Irineu Delatorre Junior, José Gilberto Kuhl, Robson Luís de Oliveira, Linecker K. Pimentel e Ricardo José Roncada Padilha Soares

Robson Luís de Oliveira Tecnólogo em Obras Hidráulicas e Edifícios pela FATEC-SP, pós graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Mackenzie. Tecnólogo na Sabesp, Unidade de Negócio Norte.

Linecker K. Pimentel Técnico em Mecatrônica pela ETEC Getúlio Vargas. Técnico na Sabesp, Unidade de Negócio Norte.

Ricardo José Roncada Padilha Soares Técnico em Mecatrônica pela ETEC Presidente Vargas, Técnico em Administração pela ETEC Presidente Vargas. Técnico na Sabesp, Unidade de Negócio Norte.

Resumo A busca da melhor alternativa de gerenciamento dos

PALAVRAS-CHAVE: crise hídrica, abastecimento de

recursos hídricos na atual crise hídrica enfrentada pela

água, redução de perdas

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), levou a Sabesp a implementar a gestão

1. Introdução

de demanda noturna, que consiste em reduzir as pres-

Com o agravamento da crise hídrica foi adotado pela

sões em suas redes de distribuição de água nos horários

Sabesp a gestão de demanda noturna, que consiste na

de menor consumo. A Unidade de Negócio Norte da

redução de pressão, no sistema de distribuição de água,

Sabesp (MN), que abastece a população da zona norte

em horários de baixo consumo.

da região metropolitana da cidade de São Paulo (RMSP),

Logo de início foi constatado que a grande dificuldade

preocupada com o abastecimento da população, au-

enfrentada foi equilibrar a redução de pressões da rede,

mentou a quantidade de pontos de monitoramento para

em uma intensidade que gerassem resultados satisfató-

melhor acompanhar a distribuição de água, a fim de evi-

rios nas reduções de vazão, sem deixar de abastecer os

tar grandes períodos de desabastecimento nos pontos

pontos críticos por mais de 24 horas.

críticos dos setores de abastecimento. A utilização diária

Para tanto, inicialmente realizou-se o levantamento de

dos sistemas que concentram as informações recebidas

todos os pontos críticos (PCs) de cada setor de abasteci-

dos pontos telemetrizados, contribuiu para a melhor

mento. Este trabalho foi realizado pela equipe técnica da

gestão da distribuição e da uniformidade dos períodos

Divisão de Operação de Água, com auxílio do sistema de

de abastecimento com pressões suficientes para o me-

cadastro técnico da Sabesp (Signos).

lhor atendimento de toda a população abastecida pela

Definidos os pontos críticos, foram instalados os

MN. O monitoramento permitiu o acompanhamento do

dataloggers com comunicação de transmissão de

processo de abastecimento e a possibilidade de identi-

dados dentro da rede GSM (transmissão GPRS), com

ficação de pontos problemáticos em menor tempo. As

visualização dos valores de pressão a cada hora. Tal

estratégias de abastecimento realizadas diariamente e

monitoramento foi fundamental para a definição da

encaminhadas às unidades que fazem interface com a

estratégia diária do abastecimento, para determinação

unidade responsável pela distribuição, contribuiu para

dos melhores horários para a redução de pressão nos

a determinação da melhor quantidade de tempo de

setores de abastecimento.

redução de pressões sem impactar negativamente no

A utilização de outras ferramentas, como o ScoaWeb

abastecimento da população e, consequentemente, o

auxiliou na avaliação das vazões de adução e consumo

alcance de resultados significativos na redução da va-

em cada um dos setores, o que é fundamental para

zão distribuída ao sistema, promovendo, desta forma,

o alcance dos resultados esperados (não desabastecer

a contribuição à preservação das reservas de água no

totalmente o sistema e para o acompanhamento das

sistema Cantareira.

reduções diárias).

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

19


ARTIGO TÉCNICO

A operação das válvulas redutoras de pressão e dos bosteres

a finalidade de aumentar a confiabilidade das informações do

são avaliadas diariamente por meio de sistemas que permitem

abastecimento de água, foi necessária a ampliação da quanti-

acompanhar o desempenho destes equipamentos. As análises são

dade de pontos de monitoramento por meio da instalação de

diárias e realizadas por técnicos da Central de Operação da Distri-

dataloggers (equipamentos de armazenamento de dados) com

buição da Unidade de Negócio Norte (CODMN).

transmissão GPRS. Para instalação dos pontos de monitoramento, identificaram-se

2. Objetivo

os PCs de cada setor de abastecimento e das zonas de pressão.

Implementar medidas eficientes que permitam monitorar, à dis-

A definição de tais pontos foi realizada por meio da experiência

tância, o abastecimento diário na Unidade de Negócio Norte da

profissional de cada técnico, bem como por meio da utilização do

Sabesp, durante a atual crise hídrica. Melhorando, desta forma,

Signos como principal ferramenta para avaliar a topografia e a

os impactos gerados por eventuais problemas no processo de dis-

disposição das redes de abastecimento.

tribuição de água.

Após a instalação de todos os dataloggers, passou-se a ter quatro principais elementos para monitoramento do abastecimento.

3. Metodologia

Os reservatórios são observados por meio do sistema ScoaWeb,

3.1 Ferramentas

alguns boosters são acompanhados no sistema Elipse, e as VRPs

Diante da necessidade da Unidade de Negócio Norte em contri-

(válvulas redutoras de pressão), os PCs e outros boosters são mo-

buir com a redução da captação de água do sistema Cantareira, a

nitorados por meio do sistema Vectora.

MN aplicou a gestão de demanda noturna (implantada na RMSP), que consiste essencialmente na redução de pressão do sistema de

A tabela abaixo mostra a quantidade de pontos monitorados na MN, com destaque para os pontos com monitoramento remoto.

distribuição de água. Tendo em vista que as reduções de pressão podem gerar pro-

3.2 Pontos críticos

blemas de abastecimento em determinados locais, a MN neces-

Com os PCs definidos, instalou-se em cada um dos setores de abas-

sitou ampliar o monitoramento do abastecimento. Assim, com

tecimento um ou dois dataloggers, definidos como ponto A e B

20

SANEAS

Janeiro a Março de 2016


(sendo ponto A mais crítico que o ponto B), para monitoramento da pressão, com transmissão a cada hora, por meio de tecnologia GPRS.

Figura 3: Tela de monitoramento do setor de abastecimento Setor Santana - sistema ScoaWeb.

Na imagem abaixo, podemos visualizar a distribuição dos PC’s monitorados na Unidade de Negócio Norte. Os mapas visualizados, Figura 1: Mapa com a localização dos PCs instalados - sistema Vectora.

3.4 Boosters Os boosters são monitorados a partir do acompanhamento das pressões de sucção e recalque. Para os boosters observados no sistema Elipse podemos realizar as operações para início de funcionamento ou sua parada remotamente, à distância. Por meio do sistema Vectora, os parâmetros dos boosters são apenas observados. Nas figuras 4 e 5, pode-se observar a tela do sistema Elipse. 3.3 Reservatórios

Figura 4: Tela de monitoramento da elevatória de agua tratada - sistema Elipse.

Os reservatórios são monitorados por meio das vazões de adução e de consumo, bem como pelo nível operacional. As figuras 2 e 3 mostram as telas do Scoa. Figura 2: Tela de alarmes dos setores de abastecimento - sistema ScoaWeb.

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SANEAS

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 5: Tela de monitoramento de booster – sistema Vectora.

Após esta análise, e para melhor gestão do abastecimento, são determinados os horários de redução de pressão e tais horários são lançados em planilha e encaminhados às unidades que fazem interface com a Divisão de Operação de Água, ou seja, Divisão de Operação da Adução da Produção (MAGO), Unidades de Gerenciamento Regionais (UGRs) da MN, Divisão de Serviços Especiais (MNER), Divisão de Grandes Consumidores (MNIG), Divisão Eletromecânica (MNEL), Central de Atendimento ao Cliente, e Comunicação MN e serviços comunitários. Outra ação de suma importância é o acompanhamento da dinâmica da distribuição, por meio da constante observação das reclamações de falta d´água em cada um dos setores de abastecimento, com o apoio das UGRs, Ouvidoria, COD e o por meio do sistema Signos falta d´água. Esta ação se justifica pelo fato de haver a necessidade de alterarmos o local do ponto de monitoramento de PCs,

3.5 Válvulas redutoras de pressão

ou até mesmo aumentar os pontos de monitoramento.

As VRPs são monitoradas observando-se as pressões de montante,

Para facilitar a manutenção e operação dos pontos de monito-

de jusante e da vazão, utilizando o sistema Vectora. Ressalta-se

ramento, identificou-se necessidade de instalarmos alguns pontos

que para as VRPs com controladores visualizadas neste sistema,

de monitoramento em abrigos de polietileno, com tampa metálica

podemos realizar de forma remota o acionamento de comandos

e com identificação do símbolo da Sabesp. A utilização dos abrigos

de abertura e fechamento, bem como alteração dos parâmetros

melhora a eficiência operacional do monitoramento, como ganho

do perfil das pressões de jusante da válvula. A tela do sistema

de tempo na instalação ou substituição dos dataloggers e confiabi-

pode ser visualizada na figura 6.

lidade das informações armazenadas devido a não interferência ex-

Figura 6: Tela de monitoramento da VRP Jovita, setor Mirante - sistema Vectora.

3.6 Definição da estratégia Para definição da estratégia de abastecimento, realizada diariamente, observa-se todos os parâmetros de monitoramento para avaliação do abastecimento no momento atual, bom como o comportamento das pressões dos PCs no dia anterior.

22

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

terna na interrupção do fluxo de água para os sensores de pressão. Figura 7: Exemplo de caixa de polietileno instalada em ponto crítico.


3.7 Resultados

de abastecimento, associado do índice de reclamação de falta de

No gráfico 1 abaixo retorna os resultados da redução da vazão de

água (IRFA), no mesmo período.

janeiro de 2014 a janeiro de 2015. Observa-se a eficiência do processo de gestão de redução das pressões, realizadas nos setores

O gráfico 2 ilustra a evolução da redução dos índices de perda anual e mensal na MN

Gráfico 1: Vazão média mensal e IRFA - MN.

Gráfico 2: Evolução do Índice de Perda total da MN.

Conclusão

de transmissão de dados dentro da rede GSM (transmissão GPRS).

Tendo em vista o agravamento da crise hídrica na Região Sudes-

Os diversos pontos críticos foram definidos juntamente com os

te, a Sabesp passou a aplicar a gestão de demanda noturna, que

técnicos especializados no acompanhamento diário do abasteci-

consiste na redução das pressões em suas redes do sistema de dis-

mento, identificados e relacionados nos sistemas de monitoramen-

tribuição de água, em horários de menor consumo, sobretudo na

to. O acompanhamento das pressões foi realizado diariamente,

região metropolitana de São Paulo.

com a finalidade de auxiliar na definição da melhor estratégia de

Sabendo-se que as reduções de pressões poderiam gerar de-

abastecimento a ser adotada em cada um dos dias, durante a crise.

sabastecimentos em algumas regiões, passou-se a necessitar de

Os pontos críticos monitorados não foram estabelecidos como

informações confiáveis em relação ao abastecimento em todos os

pontos fixos. Durante todo o período de acompanhamento houve

setores de abastecimento. Desta forma, a MN ampliou a quanti-

a preocupação do acompanhamento dos índices de reclamações

dade de pontos de monitoramento por sistema de comunicação

de falta de água, registrados principalmente pela Central de Aten-

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

23


ARTIGO TÉCNICO

dimento, ou por meio das UGRs e escritórios regionais (ERs). A

com a redução da vazão distribuída, ocorreu acentuada queda no

observação de tais índices auxiliou os técnicos na determinação

índice de perda e novamente aumento a partir do mês de dezem-

de outros pontos com problemas de abastecimento, à medida que

bro, com o início do verão.

ocorriam ampliação do período de redução de pressão.

Portanto, a continuidade nos trabalhos de redução de per-

A utilização conjunta dos diversos sistemas para o acompanha-

das (Gráfico 2) com os reparos de vazamentos e menor vazão

mento do processo de abastecimento e dos pontos monitorados

de água perdida, devido às reduções de pressão nas redes de

na MN favoreceu as tomadas de decisão quanto às prioridades de

distribuição, a MN tem conseguido controlar o número total

se manter o sistema com maiores, ou menores, pressões, confor-

de reclamações de falta de água de forma satisfatória e ga-

me a necessidade de cada região e o padrão de recuperação do

rantindo o abastecimento da população atendida pelo sistema

abastecimento nos setores da UN.

operado pela MN.

Por isso tudo, a MN pôde controlar o sistema de abastecimen-

Espera-se para os meses subsequentes, menores índices de re-

to mantendo o índice de reclamações dentro de uma média até

clamação por falta de água e a manutenção da redução da vazão

o mês de setembro de 2014 (Gráfico 1), mesmo depois de uma

de distribuição à população.

acentuada queda na vazão distribuída em seus setores de abaste-

Vale ressaltar que este trabalho trata-se da descrição adotada

cimento. Entretanto, a partir de outubro, quando houve a neces-

pela Unidade de Negócio Norte como a melhor alternativa para o

sidade de que fosse ainda mais acentuada redução da captação

acompanhamento do abastecimento da população e para a con-

e produção de água do sistema Cantareira para ser distribuída à

tribuição na utilização e redução da água captada no sistema Can-

população, o índice de reclamações subiu aos patamares próximos

tareira. Foi um trabalho inovador e não baseado em experiências

a 40 reclamações para cada mil ligações.

externas. Sendo assim, não cabe aqui a descrição de nenhuma

Todavia, a partir de novembro de 2014, nota-se que mesmo

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SANEAS

Janeiro a Março de 2016

referência bibliográfica.


ARTIGO TÉCNICO John Emilio Garcia Tatton

Biólogo e Educador Ambiental na Sabesp, onde trabalha há 35 anos. Possui (3) pós-graduações em nível de especialização, em Ciência Ambiental, em Biologia Sanitária e em Educação Ambiental. Atualmente é professor das disciplinas de Ciências do Ambiente e Saneamento Ambiental na Faculdade de Engenharia da FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado. Está como Coordenador da Câmara Técnica de Educação Ambiental CTEA do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Presidente da Associação Guardiã da Água. Endereço: Rua Costa Carvalho, 300 - São Paulo - São Paulo - CEP: 05429900 - Brasil - Tel. +55 (011) 99992 0727 - e-mail: agua@agua.bio.br

A educação ambiental no contexto dos recursos hídricos e saneamento no âmbito da macrometrópole paulista Por John Emilio Garcia Tatton

Resumo

namento os ecossistemas, comunidades e populações.

A Educação Ambiental no contexto dos recursos hí-

Formado pelas águas superficiais, águas subterrâneas

dricos & saneamento no âmbito da Macrometrópole

e águas atmosféricas, o ciclo hidrológico mantém em

Paulista é de suma importância, principalmente no

constante movimento esses componentes, que são sua

cenário atual onde se busca gestão da demanda para

característica fundamental e que garantem as proprieda-

o abastecimento urbano e industrial e para irrigação.

des e os estados sólido, líquido e gasoso da água.

A Macrometrópole Paulista é o principal polo pro-

A vida surgiu na água há bilhões de anos atrás e dos

dutivo (28% do PIB Nacional) e a área de maior den-

cursos d’água desenvolveram-se as civilizações, por meio

sidade urbana do País. Com 180 municípios e mais

da agricultura, sobretudo da agricultura irrigada. A água

de 30 milhões de habitantes, compreende as Regiões

também foi essencial à Revolução Industrial, onde com

Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada

o tempo a diversificação dos usos múltiplos dos recur-

Santista, além dos Aglomerados Urbanos de Soroca-

sos hídricos introduziram novos tipos de apropriação das

ba, Jundiaí e Piracicaba. No entanto não detém as

águas superficiais e subterrâneas; produzindo estresse

disponibilidades hídricas necessárias à sua sustenta-

hídrico, com conflito crescente entre os diversos usos, ou

bilidade, que constituem restrição ao seu desenvol-

produzindo falta d’água, com desequilíbrio entre dispo-

vimento. São milhões de pessoas que precisam de

nibilidade e consumo.

água, alimento, energia, moradia e transporte, entre outras necessidades.

Atualmente os usos mais importantes da água são para abastecimento público, hidroeletricidade, agri-

Por sua vez, a Educação Ambiental definida pela

cultura, transporte, recreação e turismo, disposição de

Lei Nº 9.795 de 27/04/99, como “processos por meio

resíduos e uso industrial (Tundisi, 2003). O consumo

dos quais o indivíduo e a coletividade constroem va-

médio diário de uma pessoa com 90 kg é de cerca de

lores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e

3 litros, obtidos sob a forma de água, outras bebidas

competências voltadas para a conservação do meio

ou alimentação (Merett & Gray, 1982). Uma família em

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à

média consome 350 litros de água no Canadá, 20 litros

sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”; pode

na África, 165 na Europa e 200 litros no Brasil (McGill

ser um dos instrumentos de participação e controle

University, CTHidro, 2001). Esses cálculos não conside-

social, visando à proteção de mananciais, o uso racio-

ram a Água Virtual, volume de água necessário para

nal da água e a despoluição hídrica.

produzir uma mercadoria ou serviço. No planeta apenas 2,6% de toda água é doce e

PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental, Recursos

desse total 99,7% não estão disponíveis seja porque

Hídricos e Saneamento.

estão congeladas, seja porque integram os aquíferos subterrâneos. Portanto restam 0,3% dos 2,6% do

Introdução

total de água, acessíveis como rios, lagos e represas

A água é essencial à vida no planeta Terra e o ciclo

(Shiklomanov, 1998).

da água existe por milhares de séculos nos quais vem

O Brasil detém 12% de toda a água doce do plane-

sustentando a biodiversidade e mantendo em funcio-

ta e abriga grandes bacias hidrográficas, como as dos

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

25


ARTIGO TÉCNICO rios São Francisco, Paraná e Amazonas, a maior do mundo. No

uma ameaça à segurança hídrica da população da região sudeste,

entanto, o grande volume das águas (70%) está concentrado

especialmente na Região da Macrometrópole Paulista.

na região Norte, exatamente a menos habitada. Os 30% res-

A Macrometrópole Paulista é composta por três Regiões Me-

tantes do volume de água doce disponível, têm que abastecer

tropolitanas do Estado de São Paulo, a Região Metropolitana

93% da população do Brasil, incluindo aqui a agricultura irri-

de São Paulo - RMSP, a Região Metropolitana de Campinas -

gada. O Relatório Situação dos Recursos Hídricos no Estado de

RMC e a Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS,

São Paulo apontou em 2012 que a disponibilidade per capita

além dos Aglomerados Urbanos de Sorocaba, Jundiaí e Pira-

no estado era de 2.346 m³/hab./ano e na RMSP menor que

cicaba e dos municípios continentais do Litoral Norte paulista

1.500 m³/hab./ano, considerada crítica. A região sudeste do

que constituem um polo de atração turística do Estado. (Figura

Brasil está vivenciando atualmente uma das maiores crise hídri-

1) A Macrometrópole Paulista ocupa uma área de aproxima-

ca de sua história, em 84 anos de monitoramento, desde 1930

damente 52 mil km², é formada por 180 municípios, detém

nunca se viu uma situação tão sensível e preocupante. O ano

cerca de 75% da população do Estado de São Paulo e 16% da

de 2014 foi considerado pela Organização das Nações Unidas

população do País. É responsável pela geração de 83% do PIB

(ONU) o ano mais quente já registrado em toda história.

paulista e 28% do PIB nacional.

Os cientistas ainda se dividem minoritariamente entre os que

Com uma população, em 2008, de 31 milhões de habitantes,

atribuem essas alterações à variabilidade climática de caráter cí-

estima-se que, em 2035, a região abrigue uma população que

clico, ou seja, que acontece naturalmente em décadas ou até em

supere a casa dos 37 milhões. Essa população, juntamente com

séculos; ou às chamadas “mudanças climáticas” influenciadas

o crescimento dos setores industrial e da agricultura irrigada,

pela ação predatória do homem sobre o planeta, gerando o aque-

deverá exigir um aumento da demanda de água em cerca de

cimento global. No entanto, não há dúvidas quanto aos efeitos

60 m³/s, o que representa um acréscimo de 27% em relação

negativos do desmatamento, da ocupação desordenada das ci-

às necessidades totais de 2008. O incremento na demanda dos

dades, da poluição dos rios e da falta de planejamento hídrico no

recursos hídricos tende a acentuar os conflitos e disputas pelo

país. As mudanças climáticas não são pontuais, há indicações e

uso da água, aos quais estão sujeitos os usuários das bacias

fatos que apontam para sua possível continuidade, configurando

hidrográficas abrangidas.

Figura 1 - Macrometrópole Paulista

26

SANEAS

Janeiro a Março de 2016


Para garantir o suprimento de água bruta para o abastecimento

■■ A redução de consumo e mudanças comportamentais;

urbano, industrial e da agricultura irrigada até o horizonte do ano

■■ A gestão do uso da água para irrigação; e

2035, dentro da maior e mais importante aglomeração urbana do

■■ A gestão do uso da água para a indústria.

País; o Governo do Estado de São Paulo, por meio de três Secretarias –

Os coeficientes de economia de consumo possíveis de serem

Planejamento e Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e Sanea-

atingidos, incorporados no Cenário com Ações de Gestão e Con-

mento e Recursos Hídricos, lançou Plano Diretor de Aproveitamento

trole Operacional das Demandas do Plano Macrometrópole foram:

de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, decorrente

■■ Redução gradual do IPD, de 38% em 2008 para 28% em 2035;

do Decreto nº 52.748, de 26 de fevereiro de 2008.

■■ Mudança comportamental reduzindo gradualmente o consumo

O Plano aponta para a necessidade de criação de novos sis-

residencial urbano, de 1% em 2012 a 5% a partir de 2020;

temas de captação e reservação de água bruta em um cenário

■■ Programa de Uso Racional de Água em edificações públicas

que inclui a renovação da outorga do Sistema Cantareira. E

(consumo público) em 10% até 2013 e 20% a partir de 2014;

ao mesmo tempo, incorpora as ações de curto prazo, parte

■■ Tecnologia e gestão do uso da água na irrigação, proporcionan-

das quais já está sendo executada pelo Governo do Estado. O

do redução de demanda de 5% a 8% dependendo da UGRHI,

Plano ainda estipula que investimentos contínuos na Gestão da

a partir de 2008;

Demanda - em controle de perdas, uso racional da água e re-

■■ Tecnologia de produção mais limpa e regulamentação da co-

úso, por exemplo, poderão reduzir em até 32 m³/s esse aporte

brança pelo uso da água, com redução de 5% no consumo de

de água no horizonte proposto. Neste cenário a Educação Am-

água até 2035, nas indústrias abastecidas pele rede pública e

biental como ferramenta de sensibilização e conscientização

nas indústrias isoladas.

sanitária e ambiental é imprescindível.

Em todas as ações de Gestão da Demanda citadas a sensibili-

Educação Ambiental - EA conforme definida pela Lei Nº 9.795

zação e conscientização para mudança de cultura e postura são

de 27/04/99, são “processos por meio dos quais o indivíduo e

essenciais para a conquista dos resultados esperados e a Educação

a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habili-

Ambiental é a ferramenta metodológica apropriada para isso.

dades, atitudes e competências voltadas para a conservação do

Segundo Tundisi (2001), “enfatiza-se que o aumento da cons-

meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia

ciência ambiental por parte do povo é o melhor caminho para

qualidade de vida e sua sustentabilidade”. No contexto apresen-

garantir o apoio da população para implementar e manter os

tado EA pode ser um dos instrumentos de participação e controle

serviços de água e esgotos. A consciência sanitária e ambiental

social, visando à proteção de mananciais, o uso racional da água

molda uma hierarquia de valores, influenciando ao mesmo tem-

e a despoluição hídrica.

po o senso de responsabilidade em relação às escolhas de valor

O objetivo deste trabalho é apresentar a importância da Edu-

inadequadas ou de indiferenças diante da agressão ambiental”. A

cação Ambiental no processo de comunicação, conscientização

construção de políticas públicas de desenvolvimento sustentável

e capacitação dos diversos públicos de interesse, no cenário da

e a mobilização socioambiental da população implicam na consi-

Crise Hídrica.

deração de suas necessidades e expectativas. Esse é possivelmente o maior desafio a ser realizado: o da construção de canais de

Desenvolvimento

articulação entre os interesses governamentais e os interesses da

O objetivo do Plano Diretor da Macrometrópole Paulista é propor

população, para a construção de um diálogo crítico e propositivo,

o atendimento das demandas de recursos hídricos, tanto para o

banhado na experiência e na valorização das falas e saberes locais.

abastecimento urbano quanto para os usos industriais e de irri-

Recentemente sob os auspícios da Academia Brasileira de

gação com os horizontes de projeto para 2018, 2025 e 2035.

Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Pau-

No entanto o Plano também comporta um Cenário com Ações

lo, em novembro de 2014; 15 cientistas brasileiros de várias

de Gestão e Controle Operacional das Demandas. Neste cenário,

áreas - engenharia, ecologia, biologia aquática, climatologia,

foram introduzidos redutores decorrentes da implementação de

hidrologia e mudanças climáticas - especializados em recursos

ações de gestão e controle operacional das demandas. Nas ações

hídricos, entre os quais José Galizia Tundisi, Carlos Nobre, José

relacionadas à gestão de demandas, as perdas totais nos sistemas

Marengo, Jerson Kelman e Monica Porto; reuniram-se no Ins-

de abastecimento de água são o fator mais relevante.

tituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado

Contudo, no Plano Diretor, outras formas de intervenção, nas quais

de São Paulo. O encontro focalizou a apresentação de infor-

a Educação Ambiental é importante, também foram consideradas

mações científicas, a análise de bases de dados e a discussão

para a formulação de cenários alternativos de demandas, são elas:

de soluções e alternativas para a Crise Hídrica no Sudeste do

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

27


ARTIGO TÉCNICO Brasil, alĂŠm de considerar outros aspectos de relevância para

usuårios. Somente a transparência e a mobilização podem evitar

a conservação e uso sustentåvel dos recursos hídricos como,

uma maior instabilidade social, que corre o risco de acontecer se

por exemplo, sua biodiversidade, governança e a relevância dos

o abastecimento pĂşblico continuar sendo drasticamente afetado,

serviços ambientais prestados pelos ecossistemas.

como indicamos dados científicos e as informaçþes existentes.

O debate, bastante aprofundado, originou diversas constata-

A imprevisibilidade e incertezas associadas ao cenĂĄrio de mudan-

çþes e recomendaçþes registradas formalmente no documento:

ças climåticas tornam prementes açþes continuadas de divulga-

CARTA DE SĂƒO PAULO - Recursos hĂ­dricos no Sudeste: seguran-

ção, visando o entendimento de que a ågua Ê um bem social e

ça, soluçþes, impactos e riscos. Publicada em 11 de dezembro de

finito. Sendo assim, seu uso sustentĂĄvel depende de decisĂľes for-

2014. Entre as recomendaçþes destacamos:

temente embasadas em conhecimento cientĂ­fico, multidisciplinar,

• Reconhecimento pĂşblico e conscientização social da am-

alÊm de mudança de cultura em relação à sua utilização.

plitude da crise.

• Capacitação de gestores com visĂŁo sistĂŞmica e interdisciplinar

O sistema público de governança de recursos hídricos necessita

A educação e capacitação de gestores, no sentido de adquirirem e

da participação e mobilização da sociedade para resolver confli-

desenvolverem uma visĂŁo sistĂŞmica e interdisciplinar e uma abordagem integrada na gover-

apoiar açþes de controle

nança Ê outra medida de

e gerenciamento integra-

curto, mĂŠdio e longo prazo

do. É preciso reconhe-

que serĂĄ fundamental e efe-

cer a importância deste apoio e compartilhamento

tos, reduzir o consumo e

tiva nas alteraçþes necessårias da governança hídrica. A

para atender as deman-

Academia Brasileira

das sociais, econĂ´micas e

de CiĂŞncias (ABC), nos Ăşl-

ambientais da crise. É ne-

timos anos, com o apoio

cessĂĄrio reconhecer publi-

de membros institucionais

camente e divulgar ampla-

como: Benedito Pinto Fer-

mente que a crise hĂ­drica

reira Braga Junior, Carlos

nĂŁo ĂŠ somente de abaste-

Eduardo Morelli Tucci e Iva-

cimento pĂşblico. Este ĂŠ um

nildo Hespanhol, entre ou-

dos componentes estratĂŠ-

tros, tem desenvolvido um

gicos da crise.

importante esforço para

A situação crítica afeta a

contribuir com o debate de

saúde pública, a produção

polĂ­ticas pĂşblicas no Brasil.

de energia, a produção de

O mais recente produto

alimentos e biocombustĂ­-

dessa iniciativa ĂŠ a publica-

vel, a geração de empre-

ção: RECURSOS H�DRICOS

gos, os serviços ecossistê-

NO BRASIL problemas, de-

micos e a economia como um todo. Particularmente no Estado de

safios e estratĂŠgias para o futuro, coordenada pelo acadĂŞmico JosĂŠ

SĂŁo Paulo, jĂĄ estĂŁo ocorrendo reflexos altamente negativos na hi-

Galizia Tundisi. Essa publicação Ê resultado do trabalho de diversos

drovia do Tietê-Paranå, na produção industrial, na agricultura e no

pesquisadores brasileiros que se articularam no âmbito do Grupo

abastecimento de municípios do interior, causando preocupação e

de Estudos da ABC sobre Recursos HĂ­dricos no Brasil. A partir de

instabilidade social, com episódios recorrentes das manifestaçþes

reuniĂľes realizadas nos Ăşltimos anos, especialistas consolidaram,

em determinadas regiĂľes mais afetadas. Esta instabilidade social

no contexto de uma perspectiva multidisciplinar, uma visĂŁo estratĂŠ-

tende a se agravar com a continuidade da crise.

gica para a otimização do uso dos recursos hídricos do país.

• Açþes de divulgação e informação de amplo espectro.

Foram diversos os simpĂłsios cientĂ­ficos, organizados pela ABC,

As medidas emergenciais, os planos de longo prazo e a gravidade

que permitiram as reflexþes que balizaram a publicação acima ci-

da crise necessitam da implantação de açþes de divulgação e in-

tada, dentre esses se destacam:

formação de amplo espectro, atingindo toda a sociedade - o setor

â– â– A Crise da Ă gua e o Desenvolvimento Nacional: um Desafio

público, o setor privado, as associaçþes de classe e os diferentes

28

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

Multidisciplinar (outubro, 2009);


■■ Mudanças Climáticas Globais e seus Impactos nos Recursos Hídricos no Brasil (fevereiro, 2010); ■■ Improving Access to Safe Water: Perspectives from Africa and the Americas (setembro, 2010); ■■ Desafios para a Capacitação e a Pesquisa em Recursos Hídricos no Brasil (maio, 2011); ■■ Enhancing Water Management Capacity in a Changing World: Science Academies Working Together to Increase Global Access to Water and Sanitation (junho, 2012);

pesquisa e desenvolvimento para educação em recursos hídricos, voltada para as escolas e as grandes massas da população. Novas metodologias e meios de pesquisa em comunicação e novos métodos de ensino e participação são necessários. A água “é o meio que integra os desafios de segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas, crescimento econômico e o bem estar humano” (Prince of Orange of Netherlands, 19 de agosto de 2011 mensagem ao Board do Global Water Partenership). Deve-se ainda considerar que Educação para a Ciência pode

■■ Água e Saúde Humana (setembro, 2013); e, mais recentemente,

utilizar a água, a Limnologia, a Biologia Aquática como fios con-

■■ Water Issues and Ecological Sustainability in Areas of Urbani-

dutores, com a criação de projetos como o ABC na Educação

zation (maio, 2014).

Científica (Academia Brasileira de Ciências) e experiências como

Foi a partir deste conjunto de reuniões que se acumularam as

a utilização de bacias hidrográficas no ensino de Ciências e de

reflexões que possibilitaram a publicação: RECURSOS HÍDRICOS

Geografia (Tundisi & Schiel 2002) e a Escola da Água (Silva 2007,

NO BRASIL problemas, desafios e estratégias para o futuro, como

Correa et al 2011).

uma contribuição do Grupo de Estudos sobre Recursos Hídricos

A gestão dos recursos hídricos por bacias hidrográficas, con-

da Academia Brasileira de Ciências para as estratégias de pesqui-

forme preconizam o Plano Nacional de Recursos Hídricos de

sa, gerenciamento e inovação necessárias para promover avanços

2006 e a Lei Nacional de Recursos Hídricos de 1997, estimula

no conhecimento científico e na capacidade gerencial de recursos

a articulação da educação ambiental, da sustentabilidade e da

hídricos no país.

educação sanitária voltada para a proteção dos recursos hídricos.

Um dos capítulos da publicação citada acima é “Capacitação e

Também é necessário integrar educação ambiental e educação

Formação de Recursos Humanos”. Nesse tópico os cientistas da

para a ciência, utilizando a bacia hidrográfica como unidade e

Academia Brasileira de Ciências enaltecem a importância da edu-

explorando a interdisciplinaridade e as condições locais/regionais

cação em recursos hídricos, afirmam que a mesma não pode ser

(Tundisi 2007 e 2009).

destacada da educação ambiental nas escolas de 1º e 2º graus e

Para um gerenciamento efetivo e integrado dos recursos hí-

também da educação da população em geral. A seguir apresenta-

dricos são necessários investimentos em recursos humanos com

mos na íntegra o capítulo citado acima:

uma visão sistêmica (bacia hidrográfica), capacidade preditiva, e

A educação ambiental e o ensino da Ecologia nas escolas têm

integração e otimização de pesquisas, gerenciamento e usos múl-

um padrão de desenvolvimento relativamente bem caracterizado

tiplos. Portanto, a formação de recursos humanos deve basear-se

(Krasilchick et al 2010), que vai desde uma posição conservadora

nos seguintes princípios básicos:

na década de 1970 até uma posição programática e crítica a partir

a) formação e visão interdisciplinar com capacidade de compre-

da década de 1990. Avaliações críticas sobre poluição do ar, da

ensão de sistemas complexos como as bacias hidrográficas e os

água e do solo, propostas de sustentabilidade e de participação

impactos nos ecossistemas aquáticos continentais;

de mais atores sociais, como professores, ambientalistas, empresários, mídia e sistemas de comunicação, têm, atualmente, um papel relevante na educação.

b) capacidade de estudos e de interpretação de processos em nível de ecossistemas; c) capacidade de ampliar e aprofundar o inventário, a descrição e

A educação em recursos hídricos, que está dentro dos conceitos

a compreensão dos sistemas naturais e as interações climato-

de educação ambiental e da participação ativa da comunidade,

lógicas, hidrológicas, limnológicas, ecológicas e os efeitos das

tem componentes bem descritos como: conservação de água, ci-

atividades humanas nos ciclos e processos naturais;

clo integrado da água (águas superficiais e subterrâneas, poluição

d) capacidade de analisar e compreender os emergentes proces-

e contaminação, recuperação de ecossistemas aquáticos, rios, re-

sos decorrentes da contaminação por poluentes orgânicos per-

presas, lagos, áreas pantanosas), água e saúde humana.

sistentes e substâncias tóxicas (ex.: florescimentos de cianobac-

Dois problemas devem ser considerados com relação à educa-

térias, metais tóxicos);

ção em recursos hídricos: a continuidade das ações e a sua per-

e) instalação de redes de competência com a criação de Centros

manência na sociedade e nas escolas, preconizado no Tratado de

de Pesquisa Avançada de Desenvolvimento e Inovação de Re-

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e de Respon-

cursos Hídricos, associados aos programas de pós-graduação,

sabilidade Global, assinado na Rio 92; e a necessidade de intensa

com a introdução de novos conceitos de pesquisa e de gestão

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

29


ARTIGO TÉCNICO como a ecohidrologia e a ecotecnologia (Jorgensen et al 2005, Tundisi 2007a, Zalewski 2007). O uso intensivo de águas subterrâneas tem se intensificado nas últimas décadas e há necessidade urgente de formação de recursos humanos na tecnologia

■■ Área Temática 3 - Usos Múltiplos e Gestão Integrada de Recursos Hídricos; ■■ Área Temática 4 - Conservação e Recuperação dos Recursos Hídricos; e

de monitoramento, estudo e planejamento territorial na gestão

■■ Área Temática 5 - Educação Ambiental, Desenvolvimento

fundamental do ciclo hidrológico (Rogers, Llamas & Martinez-

Tecnológico, Capacitação, Comunicação e Difusão de Infor-

Cortina 2006, Hirata 2010).

mação em Gestão Integrada de Recursos Hídricos.

Finalmente é importante enfatizar que, na formação de recur-

No presente trabalho interessa-nos apresentar o escopo da Área

sos humanos, uma maior aproximação e interação das áreas de

Temática 5, a qual citamos integralmente. A área temática 5 é com-

engenharia e saneamento básico com hidrologia, oceanografia,

posta por dois Componentes Estratégicos, envolvendo a promoção

limnologia e biologia aquática é necessária. Isto somente ocor-

da Educação Ambiental e de Estudos e Pesquisas, ambos orientados

rerá se o foco dos programas de formação em recursos hídricos

para a gestão de recursos hídricos. Sob estes dois Componentes,

for dirigido para áreas geográficas de limites relativamente bem

organizam-se Compromissos relacionados a capacitação e a forma-

estabelecidos, como as bacias hidrográficas, possibilitando o

ção continuada em recursos hídricos; a promoção da comunicação

inter-relacionamento dos projetos de pesquisa, a capacitação em

social, difusão de informações e mobilização em recursos hídricos; a

nível de mestrados, doutorados e pós-doutorados, e a formação

articulação e integração de ações de educação ambiental nas bacias

de gerentes de recursos hídricos. A orientação para a resolução

hidrográficas; e ao estabelecimento de linhas temáticas de pesquisa

de problemas estocásticos interdisciplinares pode substituir com

em recursos hídricos. Os Compromissos firmados na Área Temática

sucesso e orientação disciplinar (Tundisi 2010).

5 importam em investimentos da ordem de R$ 18 milhões. Dado o perfil das instituições proponentes de Compromis-

Resultados

sos, esta é uma Área Temática com elevada dependência de

Educação Ambiental em Recursos Hídricos & Saneamento

recursos do FEHIDRO e da atuação dos Comitês de Bacias para

no âmbito governamental.

cumprimento das metas pactuadas. Comparativamente ao

O Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH do Estado

conjunto de Componentes pactuados durante a elaboração do

de São Paulo, é um instrumento de natureza estratégica, es-

PERH 2012-2015, verificou-se um recuo importante tanto em

tabelecido com a finalidade de orientar a implementação da

número de Compromissos (9%) quanto em termos de investi-

Politica Estadual de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos

mentos previstos (32%).

recursos hídricos. Instituído pela Lei Estadual no 7.663/1991, o

Ao final da 1ª rodada de acompanhamento do PERH junto

PERH 2012-2015 constitui a 6ª atualização deste instrumento

as instituições executoras, foram registrados 62 Compromissos

de gestão no Estado de São Paulo.

na Área Temática 5, sendo três novos, e nove cancelamentos.

A elaboração do relatório do PERH coube a Coordenadoria

O nível de atendimento das Demandas nesta Área Temática foi

de Recursos Hídricos – CRHi da Secretaria Estadual de Sane-

de 33%, significando que 11 das 33 Demandas originalmente

amento e Recursos Hídricos – SSRH. Está organizado em três

formuladas se transformaram em novos Compromissos ou fo-

partes, o Capitulo I que trata da apresentação. O Capitulo II

ram atendidas por Compromissos já existentes. Com relação ao

que trata do processo de acompanhamento do PERH, abor-

perfil das instituições responsáveis por Compromissos, verifica-

dando as atividades desenvolvidas e os aspectos metodoló-

-se a presença predominante dos Comitês de Bacias (72%), se-

gicos relacionados. E o Capitulo III que reúne os resultados

guidos pelos órgãos da administração direta do Estado (23%)

alcançados, abrangendo o cumprimento das metas pactua-

e, em menor número, pela Sociedade Civil e Órgãos Gestores.

das, a resposta as Demandas, as dificuldades encontradas e

Observa-se que a maioria dos Compromissos firmados na

as recomendações aplicáveis. Os resultados apresentados são

Área Temática 5 está relacionado a promover a comunicação

analisados em três níveis: Geral, por Área Temática e por Ins-

social, a difusão de informações e a mobilização em recursos

trumento de Gestão.

hídricos (40%) e a promover a capacitação e a formação con-

Os resultados alcançados por áreas temáticas do PERH são: ■■ Área Temática 1 – Desenvolvimento Institucional e Articulação para Gestão de Recursos Hídricos; ■■ Área Temática 2 – Desenvolvimento e Implementação de Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos;

30

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

tinuada em recursos hídricos (36%). Além do maior número de Compromissos, os CBHs respondem por 59% da alocação de recursos financeiros na Área Temática 5, sendo os Órgãos Gestores responsáveis por outros 23%. Esta situação é compatível com uma maior dependência de recursos do FEHIDRO, que respon-


de por 81% dos investimentos nesta Área Temática. A pequena

Área Temática 5 tiveram, em média, 22% de execução no pri-

participação do Orçamento Estadual (15%) no financiamento

meiro ano de implementação do PERH, abaixo da média geral

de Compromissos e, também, um indicador da importância do

do Plano (26%). Em termos financeiros, foram investidos 14%

FEHIDRO, inclusive para o financiamento de ações do Estado.

dos recursos previstos, o que equivale a R$ 1,6 milhão.

Em termos gerais, o FEHIDRO responde por 30 dos 38 Com-

Os Compromissos relacionados à Educação Ambiental, De-

promissos da Área Temática 5, num total de R$ 10 milhões.

senvolvimento Tecnológico, Capacitação, Comunicação e Di-

Os Compromissos financiados visam promover a capacitação

fusão de Informação em Gestão Integrada de Recursos Hídri-

e a formação continuada em recursos hídricos e promover a

cos foram um dos que apresentaram os menores avanços no

comunicação social, a difusão de informações e a mobiliza-

primeiro ano de implementação do PERH 2012 - 2015.

ção em recursos hídricos. Parte significativa dos Compromissos

A seguir apresentamos as tabelas 1 e 2 com os valores da

desta Área Temática envolve atividades de articulação, mobi-

área temática 5, relativos ao cumprimento das metas e execu-

lização, sensibilização, planejamento, ou mesmo de rotina,

ção financeira dos componentes específicos que compõem o

que em princípio, podem ser desenvolvidas com os recursos

PERH 2012 - 2015.

materiais e/ou humanos das próprias instituições. Entretanto,

No âmbito do saneamento a Sabesp desenvolve o Programa de

apenas dois Compromissos (5%) não necessitam de recursos

Educação Ambiental da Sabesp (PEA Sabesp), composto por um

de investimento para sua execução. Tais Compromissos estão

conjunto de ações e projetos de Educação Ambiental no âmbito

relacionados a distribuição de publicação sobre diretrizes para

corporativo, organizados por um Procedimento Empresarial (PE-

avaliação de ações de educação ambiental em recursos hídri-

-MB0006) vigente desde 2009 que prevê orientações sobre res-

cos e ao apoio a realização de seminários sobre educação am-

ponsabilidades, planejamento, recursos, metodologia e gestão do

biental em recursos hídricos. Os Compromissos pactuados na

programa. Além do procedimento empresarial a Cia.. conta com

Tabela nº 1. Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH 2012 - 2015

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

31


ARTIGO TÉCNICO Tabela nº 2. Fonte: Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH 2012 - 2015

o documento “Referências Empresariais para Implantação do PEA

material tem por objetivo promover e divulgar as ações e projetos

Sabesp”, documento composto por um conjunto de orientações

de educação ambiental desenvolvidas no âmbito das Unidades de

técnicas para implantação do Programa nas unidades e o “Guia de

Negócio da Sabesp juntamente com as prefeituras, empresas, en-

Educação Ambiental”, que visa proporcionar informações e conte-

tidades sociais e a comunidade em geral.

údo de forma simples e acessível a um público abrangente, interno

A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos - SSRH na

e externo à Sabesp. (Fonte: Relatório de Sustentabilidade - Sabesp)

apresentação: Segurança Hídrica para São Paulo, realizada em 12

O objetivo do PEA Sabesp é a mudança de cultura de seus fun-

de março de 2015, na 1ª reunião do Comitê de Bacia Hidrográfic

cionários e da comunidade com ações e projetos de Educação Sani-

a do Alto Tietê, apresentou quatro tópicos usados na Estratégia

tária e Ambiental contribuindo para a construção de valores sociais,

para Enfrentamento da Crise:

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para

■■ Transferência de água entre sistemas, com 4,4 m³/s avançando

a conservação do meio ambiente, bem de uso comum da socieda-

na área atendida pelo Cantareira com 3,0 milhões habitantes

de, essencial à qualidade de vida e à promoção da sustentabilidade. Desde o início das atividades de gestão da educação ambiental corporativa já foram organizados desde treinamentos locais até seminários regionais, passando por palestras e workshops, envolvendo diversas Unidades de Negócio e Superintendências, sendo a grande maioria com instrutores da própria unidade. Tais oportunidades propiciaram a capacitação de mais de 3.300 pessoas no

atendidos por outro sistema; ■■ Utilização da Reserva Técnica; ■■ Intensificação do combate à Perdas - garantiu a redução de 10 m³/s na RMSP; e o ■■ Programa de Bônus e Ônus - garantiu a redução de 6,0 m³/s na RMSP. Nota-se que o Programa de Bônus e Ônus conseguiu a adesão

período de 2007 a 2014, conforme quadro a seguir, envolvendo

de 81% da população.

funcionários e público externo. Nos últimos anos a meta anual de

■■ 60% dos consumidores reduziram o consumo em até mais de

capacitação (400 pessoas/ano) foi superada, com cerca de 1400 pessoas entre 2012 e 2014, sendo 530 no presente ano, com perspectiva de mais 400 pessoas capacitadas em 2015. Além dessa capacitação no âmbito corporativo, nas Unidades de Negócio da Sabesp em todo Estado de São Paulo são realizadas palestras em escolas, nas comunidades e em empresas, incluindo visitas monitoradas em nossas instalações, atendendo milhares de pessoas, atividades estas abrangidas também pelo Programa PEA

20% e receberam 30% de bônus; ■■ 6% dos consumidores reduziram o consumo de 15% a 20% e receberam 20% de bônus; ■■ 5% dos consumidores reduziram o consumo de 10% a 15% e receberam 10% de bônus; ■■ 10% dos consumidores reduziram o consumo mas não atingiram o bônus; e ■■ 19% dos consumidores consumiram acima da média de 13 de

Sabesp. Durante os anos de 2013 e 2014 foi desenvolvido o livro

fevereiro a 14 de janeiro.

“40 anos de Práticas de Educação Sanitária e Ambiental no Sanea-

Ainda como Estratégia para Enfrentamento da Crise a SSRH

mento”, como parte das comemorações pelos 40 anos da Cia.. O

32

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

afirma que:


■■ No curto prazo (um ano), é essencial a manutenção da redução de consumo. ■■ No consumo urbano:

no município de Itu em 2014, com disputas encarniçadas pelos caminhões-pipa, roubo de água e disseminação das doenças de veiculação hídrica, diarreias e viroses. A médio e longo prazo a

- Ampliar, de maneira expressiva, as campanhas de informação;

escassez prolongada e a disputa pelos usos dos recursos hídricos

- Explicar para a população a gravidade da crise;

na região sudeste poderá também causar impactos significativos

- Ensinar as formas mais eficientes de redução de consumo; e

ao ecossistema da região, com depressão de flora e fauna, e mor-

- Instrumentos econômicos para redução de consumo.

tandade de milhares de peixes como as que ocorreram nos rios

■■ No consumo industrial: - Uso eficiente e incentivo ao reúso. ■■ No consumo agrícola:

Piracicaba e Tietê em 2014. Como se isso tudo não bastasse, também na Região Metropolitana de São Paulo, conforme estudo realizado pelo Instituto Nacional

- Combate às captações sem outorga de uso; e

de Pesquisas Espaciais (Inpe), deve se tornar tendência ou até mes-

- Incentivo a práticas conservacionistas com redução do consumo.

mo agravar nas próximas décadas, a variação climática observada

Na apresentação da SSRH percebe-se que todas as ações para

nos últimos anos, caracterizada por um aumento na frequência de

Enfrentamento da Crise são de comunicação, educação e capa-

chuvas intensas, deflagradoras de enchentes e deslizamentos de

citação em recursos hídricos e saneamento. Entende-se que so-

terra, distribuídas entre períodos secos que podem se estender por

mente um amplo Programa de Educação Sanitária e Ambiental

meses. Estas alterações estão relacionadas ao crescimento da urba-

conseguiria contemplar as ações e projetos com todos os públi-

nização, que contribuiu para agravar os efeitos da “ilha de calor”

cos de interesse envolvidos: gerentes e técnicos da área de recur-

com diferenças de até 10 Cº no mesmo dia na cidade.

sos hídricos e saneamento do setor público e privado, indústrias,

A conclusão que se pode chegar sobre a conscientização do

agricultura e mineração; com uma visão sistêmica, integradora,

consumo de água na região da crise, é que o consumo diário por

preditiva e formação interdisciplinar.

pessoa ainda é muito elevado para padrões internacionais, poderia chegar a 100 litros, como em muitos países europeus. O

Conclusão

governo estuda em médio e longo prazo, incentivar (por meio de

São Paulo e diversas outras cidades da região Sudeste estão pas-

redução de IPTU e/ou isenção de ICMS) a substituição maciça de

sando por uma grave crise hídrica. E a crise não atinge somente

aparelhos sanitários, como bacias, chuveiros e torneiras por apare-

o consumidor residencial, outros setores como o do comércio, da

lhos mais econômicos. Também o governo criou recentemente um

indústria, da agricultura e público também já estão sofrendo im-

Comitê Anticrise, do qual participam representantes do estado,

pactos sociais e econômicos pela falta d’água.

municípios e da sociedade civil, que deverá elaborar um Plano de

Supõe-se que o principal dano para a metrópole paulista, caso

Contingência, entre outras medidas.

os reservatórios cheguem mesmo a zerar, será sentido em lon-

A elaboração de Planos de Contingência e Emergência, que

go prazo, com o enfraquecimento, ou até mesmo esvaziamento

objetiva o enfrentamento de um eventual quadro de escassez hí-

econômico, que não ocorrerá de uma vez, mas lentamente. Pode

drica, está presente nas diretrizes para a elaboração dos Planos

chegar o momento no qual o poder público, diante de uma ca-

Municipais de Saneamento que, de acordo com a Política Nacional

lamidade real, seja obrigado a fornecer água somente para as

de Saneamento (Lei 11.445/2007), devem ser elaborados pelos

residências, hospitais, postos de saúde e escolas entre outros

municípios ou concessionárias dos serviços de abastecimento de

consumidores estratégicos, tendo que fechar o registro para a

água e esgoto.

indústria e comércio.

Os Planos de Contingência e Emergência por sua vez contem-

Caso a demanda de milhões de consumidores pela água ve-

plam ações de comunicação, capacitação e educação ambiental,

nha a se acentuar na área de abrangência da Macrometrópole

que variam de acordo com a área de abrangência, com o setor de

Paulista as consequências sociais, econômicas e até mesmo de

usuários e público-alvo, além de outras necessidades e expectati-

saúde pública se intensificarão em efeito-cascata. Férias coletivas,

vas da comunidade local.

demissões, desempregos, queda de arrecadação de impostos,

Conforme o Plano Diretor Macrometrópole Paulista, a estruturação

êxodo da indústria e comércio, aumento de preços dos alimen-

de um Plano de Contingência traz a necessidade de se estabelecer

tos, sem contar os impactos que a falta de energia elétrica pode

uma documentação adequada relacionada à notificação de de-

causar, na economia, no transporte e na segurança, entre outros.

sastre ou da emergência. A organização da documentação deve

Reações populares violentas, também são muito prováveis que

compreender o maior número de informações possível sobre o

ocorram com a falta d’água extrema, a exemplo do que ocorreu

desastre ou a emergência para melhorar a preparação e o planeja-

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

33


ARTIGO TÉCNICO mento do enfrentamento de futuros incidentes. As estratégias de

■■ Como base para EA & CS, deve-se promover uma contínua

comunicação devem incluir:

interação positiva dos meios rural e urbano, bem como uma

■■ Procedimentos para informar prontamente quaisquer inciden-

participação comunitária ativa.

tes a todos o envolvidos; ■■ Resumo das informações a serem disponibilizadas ao público, por meio de relatórios e da internet; e, ■■ Estabelecimento de mecanismos para receber e encaminhar re-

■■ O monitoramento e a avaliação devem ser parte integral das atividades de EA & CS. O conteúdo das mensagens, as técnicas adequadas e as formas de comunicação deverão ser preparados e selecionados sempre em

clamações da comunidade em tempo hábil.

função dos objetivos específicos e grupos de participantes identifi-

Os protocolos de comunicação vão desde a elaboração de

cados. Nesse sentido, é muito importante escolher apropriadamen-

relatórios periódicos, como os mensais e anuais, até os rela-

te táticas e técnicas para comunicação de massa, que podem ser:

tórios elaborados em situações de emergência. Devem seguir

■■ Verbais: Telefonemas, carros de som, grupos de trabalho, se-

as recomendações da legislação vigente de informação ao

minários, encontros formais e informais, discussões em painéis,

consumidor. Objetivam acompanhar e monitorar os perigos e

eventos especiais e inaugurações;

deve conter os seguintes elementos como: análise dos dados

■■ Impressas: Correspondências, avisos em conta, panfletos, bo-

de monitoramento; verificação das medidas de controle; análi-

letins, quadros de informação, anúncios, relatórios, imprensa

se das não conformidades ocorridas e suas causas; verificação

nacional, regional e local, imprensa especializada e publicações;

da adequabilidade das ações corretivas; e, implementação das

■■ Audiovisuais: Filmes, transparências, ilustrações, pôsteres, vide-

alterações necessárias.

oteipes e transmissões por rádio e televisão;

Na crise hídrica em 2007, o Ministério de Meio Ambiente da

■■ Eletrônicas: Mensagens via celular (SMS, Whats App), fóruns de

Espanha e a Associação Espanhola de Abastecimento de Água de-

discussão, imprensa eletrônica (portais de notícias locais, regio-

senvolveram um Guia para elaboração de planos de emergência

nais e nacionais), redes sociais e e-mails.

para situações de seca no abastecimento urbano. O objetivo deste

Caberá à equipe responsável pela elaboração de cada ação/

guia foi preparar os sistemas de abastecimento urbano que sirvam

projeto, a definição das táticas e técnicas de comunicação a

populações superiores a 20.000 habitantes. O referido documen-

serem adotadas de acordo com as vantagens e desvantagens

to pretendeu uniformizar os planos de emergência nacionais de

que cada uma apresenta. Para isso, é recomendada a utilização

acordo com critérios para a identificação de situações de risco de

do modelo de análise SWOT com a identificação das Forças

insuficiência ou incapacidade dos sistemas de prover as demandas

(Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportu-

urbanas. O guia apontou a necessidade de tipificar e ordenar os

nities) e Ameaças (Threats) presentes. Os materiais instrucionais

níveis de risco e suas correspondentes ações preventivas e mitiga-

utilizados nas atividades de Educação Ambiental, não podem

doras para os diferentes usos em uma bacia hidrográfica. A inten-

ser confundidos com material de propaganda, são recursos di-

ção dos planos de emergência é de catalogar os possíveis eventos

dáticos que apresentam os conteúdos selecionados e também

em um sistema de abastecimento urbano e introduzir ações perti-

traduzem a abordagem e metodologias adotadas. Representam

nentes em cada caso – para isso a Educação Sanitária e Ambiental

a síntese do que se deseja transmitir e construir com as ativida-

tem metodologias reconhecidamente aprovadas.

des de Educação Ambiental.

De acordo com Tundisi (2001), as principais ferramentas para o desenvolvimento da consciência popular são a Educação Ambien-

Recomendações

tal e a Comunicação Social – EA & CS:

Considerando que a Educação Ambiental no contexto dos re-

■■ Uma boa abordagem participativa utiliza o planejamento e a

cursos hídricos & saneamento no âmbito da Macrometrópole

implementação de atividades de EA & CS. Isso ajuda a assegurar

Paulista é importante na gestão da demanda dos usos múltiplos

sua relevância e a criar um senso de propriedade por parte dos

dos recursos hídricos.

interessados, elementos essenciais para a sustentabilidade. ■■ Os programas de EA & CS são elaborados para apoiar a aqui-

Recomendamos que as mesmas sigam os princípios e diretrizes das políticas públicas de Educação Ambiental, caso as

sição de conhecimento, habilidades e atitudes necessárias para

práticas de EA sejam adotadas:

solucionar problemas ambientais atuais.

■■ Política Nacional de Educação Ambiental, Lei Nº 9.795, de 27

■■ As atividades de EA & CS para EA Formal e Não Formal se complementam e se suplementam mutuamente, e devem ser planejadas de forma conjunta a fim de obter o impacto máximo.

34

SANEAS

Janeiro a Março de 2016

de abril de 1999. ■■ Política Estadual de Educação Ambiental, Lei Nº 12.789, de 30 de novembro de 2007.


■■ Política Municipal de Educação Ambiental de São Paulo, Lei

educação ambiental e o saneamento básico. Nesse sentido, a

Nº 15.967, de 24 de janeiro de 2014.

educação em saúde e ambiental, na medida em que mobili-

As ações e projetos devem estar sempre de acordo com a

zam os usuários para o exercício do controle social, que in-

conformidade legal em Educação Ambiental, por exemplo, a

clui sua participação no planejamento, no acompanhamento

Resolução CONAMA Nº 422, de 23 de março de 2010, estabe-

e na avaliação da gestão e de seu comprometimento para o

lece diretrizes para as campanhas, ações e projetos de Educação

uso adequado dos serviços prestados, constituem instrumentos

Ambiental; considerando a educomunicação como campo de

que contribuem para a qualificação do gasto público em sane-

intervenção social que visa promover o acesso democrático dos

amento e a destinação eficiente dos recursos de forma a asse-

cidadãos à produção e à difusão da informação, envolvendo a

gurar que sejam alocados e aplicados com eficácia e eficiência,

ação comunicativa no espaço educativo formal ou não formal.

revertendo em benefícios diretos à população, bem como na

Pensar Global para Agir Local é uma recomendação em EA ado-

sustentabilidade dos serviços de saneamento.

tada em escala mundial. As políticas públicas de Educação Am-

Em EA recomendamos sempre buscar estabelecer convergên-

biental tiveram origem no país no âmbito da Conferência Rio-92

cias com outras políticas públicas e a otimização dos recursos in-

no Fórum Global, organizado pelas ONGs, que, pela primeira vez,

vestidos no setor, estimulando os diversos atores sociais envolvidos

permitiu a participação da sociedade civil internacional e nacional,

a contribuir ativamente, aportando suas potencialidades e compe-

assinalando um avanço da sociedade civil organizada e sua preo-

tências, em um permanente processo de construção coletiva.

cupação com as questões ambientais, marcando a participação de

O convite e incentivo à gestão comunitária busca proporcionar

Universidades, Organizações Sindicais, Associações, entre outras,

o direito de todos à cidade e a seus serviços públicos, os quais

que durante o Fórum Global discutiram, elaboraram e aprovaram

devem ser operados de forma equânime, sustentável e perma-

o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

nente. A experiência demonstra que a efetivação das ações de

Responsabilidade Global, com os Princípios da Educação Ambien-

saneamento é fortalecida na medida em que são valorizadas

tal para Sustentabilidade, ainda hoje documentos de referencia.

as inúmeras potencialidades e diferenças regionais existentes.

Considerando os aspectos e impactos da crise hídrica citados,

Em nível nacional podemos citar como exemplo bem sucedido

recomenda-se que a Educação Ambiental deve atuar de forma

deste tipo de metodologia o Programa de Educação Ambiental

sistêmica, contemplando a dimensão temporal, espacial e mul-

e Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS) do Ministério

tidisciplinar. Assim sendo, a Educação em Saúde deve também

das Cidades, instituído pela Portaria Ministerial nº 218/2006.

estar no escopo das ações; em vista da epidemia de dengue

O PEAMSS utiliza as seguintes diretrizes para ações e pro-

presente na Macrometropole Paulista e dos impactos na saúde

jetos de EA:

pública que a falta d’água e de saneamento podem ocasionar.

■■ Participação comunitária e Controle social;

A FUNASA define Educação em Saúde como “um conjunto de

■■ Possibilidade de articulação;

práticas pedagógicas e sociais, de conteúdo técnico e científico

■■ Ênfase na escala da localidade;

no âmbito das práticas de atenção à saúde”.

■■ Orientação pelas dimensões da sustentabilidade;

A Lei 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação

■■ Respeito às culturas locais; e

Ambiental, define EA em seu artigo 2º como “um componente

■■ Uso de tecnologias sociais sustentáveis.

essencial e permanente da educação nacional, devendo estar

(a) Participação comunitária e Controle social – busca estimu-

presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalida-

lar os diversos atores sociais envolvidos para interagir de forma

des do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.

articulada e propositiva na formulação de políticas públicas, na

Assim EA mostra-se voltada para a formação de uma educação

construção dos planos municipais de saneamento, nos planos

política. Na qual o controle social é uma forma de participação

diretores municipais e setoriais, assim como na análise dos es-

e mobilização e que a educação em saúde e ambiental são

tudos e projetos realizados, no acompanhamento das obras em

elementos facilitadores desse processo. A mobilização social é

execução e na gestão dos serviços de saneamento. A idéia é que

inerente ao processo de educação ambiental. Mobilizar é con-

a comunidade seja mais do que a beneficiária passiva dos servi-

vocar vontades para atuar na busca de um propósito comum,

ços públicos, seja atuante, defensora e propositora dos serviços

sob uma intepretação e um sentido também compartilhados.

que deseja em sua localidade, por meio de canais de comunica-

(Toro, Bernardo 1997)

ção e de diálogo entre a sociedade civil e o poder público.

A participação, a mobilização e o controle social funcionam

(b) Possibilidade de articulação – busca a integração de pro-

como um eixo transversal, unindo a educação em saúde, a

gramas, projetos e ações em educação ambiental, meio am-

Janeiro a Março de 2016

SANEAS

35


ARTIGO TÉCNICO

biente, recursos hídricos, desenvolvimento urbano e saúde

benefícios a participação popular, a inclusão social, aspectos

que promovam o fortalecimento das políticas públicas em

culturais e tradicionais, entre outros.

saneamento no País. Busca-se sob uma visão sistêmica e in-

Recomendamos, portanto que as políticas de saneamento e de

tegrada, desencadear um processo que leve a otimização de

recursos hídricos devem interagir com outras políticas, como as

recursos financeiros e humanos e que tenha como resultado a

de saúde e as ambientais principalmente. Postula-se que a educa-

sinergia entre as ações por meio da interação entre os órgãos

ção ambiental e a mobilização social são processos permanentes

públicos federais, as iniciativas locais e os diferentes atores

de transformação social, contribuindo no apoio à sociedade para

sociais envolvidos.

a participação, para o exercício democrático do controle social na

(c) Ênfase na escala da localidade – Compreende que a parti-

construção de sociedades sustentáveis.

cipação comunitária é facilitada na escala local, onde os laços

Concluímos as recomendações com o texto de apresentação

territoriais, econômicos e culturais fortemente ligados às no-

da publicação “40 Anos de Educação Sanitária e Ambiental

ções de identidade e pertencimento estão presentes e mar-

no Saneamento” escrito pela ex-presidente da Sabesp, Dilma

cantes. A proximidade da realidade a qual se quer transformar,

Pena. “A saúde pública e a qualidade ambiental são as forças

assim como dos fatores que afetam diretamente a qualidade

motrizes que mantêm a Sabesp em constante evolução. A re-

de vida da comunidade, é um grande estímulo para a atuação

lação entre saúde, saneamento e meio ambiente é a vertente

cidadã. Acompanhar de perto a evolução e os resultados posi-

que norteia as ações da Companhia na prestação de serviços

tivos das ações deflagradas fortalece a participação popular e

de saneamento, que busca a universalização dos serviços de

tende a estimular a adesão de novas pessoas, grupos e institui-

forma sustentável e competitiva. No momento atual, quando

ções no decorrer do processo.

a Região Metropolitana de São Paulo atravessa um período

(d) Orientação pelas dimensões da sustentabilidade – Pro-

que registra os piores níveis de seca da história, recorremos

põe que as intervenções em saneamento estejam atentas às

à população. Saímos às ruas, oferecendo bônus, levando in-

suas diferentes dimensões, sejam elas de natureza política,

formações, esclarecendo dúvidas, ressaltando a importância

econômica, ambiental, ética, social, tecnológica ou cultural.

do envolvimento de todos para que possamos atravessar esse

A continuidade e a permanência das ações são fatores deter-

evento de escassez hídrica. A resposta da população foi ime-

minantes para a sustentabilidade do processo, e devem ser

diata e a redução do consumo observada atingiu níveis sig-

buscadas de forma intencional ainda no planejamento das

nificativos. Esse exemplo reforça todas as teorias e valida as

ações propostas.

exigências legais quanto a participação e o controle social nas

(e) Respeito às culturas locais – Considera que a diversidade

questões que envolvem a temática ambiental, pois a sociedade

cultural presente no país proporciona uma riqueza de olha-

não apenas reagiu a um estímulo, mas foi e está sendo proa-

res e percepções sobre a realidade que deve ser respeitada na

tiva nesse processo, trocando informações nas redes sociais e

condução do processo. As tradições locais, assim como o seu

meios de comunicação, dando idéias e sugestões sobre alter-

patrimônio histórico, devem ser consideradas no planejamento

nativas para diminuir o consumo de água. Essas respostas são

das ações, uma vez que revelam a ligação da população ao

decorrentes de ações que integram o processo de educação

lugar em que vive.

sanitária e ambiental.”

(f) Uso de tecnologias sociais sustentáveis – Busca alternati-

A Educação Ambiental no contexto da Crise Hídrica pode

vas tecnológicas que levam em consideração o conhecimento

contribuir em todo ciclo hidrológico e do saneamento, desde a

popular e a aplicação de técnicas simples, de baixo custo e im-

proteção de mananciais, uso racional da água até a despolui-

pacto, e que podem ser mais apropriadas, eficientes e eficazes

ção hídrica.

frente à realidade de uma dada localidade. O diálogo entre as tecnologias e técnicas de conhecimento comunitário e aquelas produzidas pelos centros de pesquisa deve ser estimulado sempre que possível. A tomada de decisão quanto às tecnologias que serão utilizadas, bem como o sistema de gestão dos serviços, não deve levar em consideração apenas os aspectos convencionais, mas observar na formulação dos seus custos e

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Acontece no setor

As novidades em produtos, serviços e tecnologias no setor de saneamento e meio ambiente Saint-Gobain forneceu sistema de drenagem para Museu do Amanhã A expositora da Fenasan, Saint-Gobain Canalização, fabricante de sistemas em ferro fundido dúctil para transporte de fluidos, foi responsável pelo fornecimento de captadores de águas pluviais EPAMS e tubos de ferro dúctil, de diferentes diâmetros, para o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. A empresa forneceu 1.230 m de tubos, de diferentes diâmetros, e 18 captadores EPAMS de 75 mm que permitem a redução de colunas d’água, de forma a preencher os requisitos de sustentabilidade e liberdade arquitetônica do projeto. “A escolha do Museu do Amanhã pelo sistema EPAMS mostra como ele se adapta mesmo aos projetos arquitetônicos mais arrojados”, comentou Marcelo Machado, diretor comercial e de marketing da empresa.

Perfuratrizes Atlas Copco para perfuração de poços Os equipamentos da expositora da Fenasan Atlas Copco, atrelados aos veículos MAN e VW, são capazes de perfurar a casa dos 600 metros abaixo do solo e alcançar poços até então indisponíveis ao abastecimento de água da população. “Nossas perfuratrizes trazem tecnologia embarcada desenhada sob medida para certamente bem-sucedida”, afirma Álvaro Mar-

Elipse no monitoramento da concessionária de São Gabriel- RS

ques Junior, gerente geral da Atlas Copco Mi-

A concessionária São Gabriel Saneamento S.A., empresa do grupo Solví, com sede

ning and Rock Excavation no Brasil. As sondas

em São Gabriel, a 326 km de Porto Alegre, implantou o sistema Elipse E3, desen-

menores, chamadas TH5, com o compressor a

volvido pela participante dos Momentos de Tecnologia AESabesp, Elipse Software,

bordo, pode perfurar poços de até 100 metros

cuja plataforma permite monitorar e efetuar comandos sobre os diferentes equi-

e é voltado a aplicações urbanas. Já as sondas

pamentos da rede de saneamento do município. Segundo a empresa fornecedora,

TH10LM podem atingir perfuração de até 400

“as telas e comandos permitem que os operadores da concessionária tenham uma

metros. De acordo com a assessoria da empre-

visão dos equipamentos e processos relacionados às etapas de captação, tratamen-

sa, “em um momento em que a crise hídrica se

to e distribuição de água ao município. Através da tecnologia aplicada, é possível

agrava, o projeto tem potencial para viabilizar

monitorar e efetuar comandos para acionar ou desativar bombas usadas nas etapas

o abastecimento de água potável em diferentes

de captação da água do rio Vacacaí, tratamento e distribuição às residências dos

regiões do país”.

cerca de 60 mil habitantes de São Gabriel. Tudo de forma remota e em tempo real”.

o projeto, daí nossa satisfação com a parceria,

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ACONTECE NO SETOR

Cidade de Mariana-MG recebe ajuda da Pentair Diante da tragédia de Mariana/MG, a empresa americana Pentair em parceria com a H2Life se sensibilizaram com o drama dos moradores da região e decidiram ajudar doando o Water Miracle, um sistema com tecnologia de membrana de Ultrafiltração (UF), capaz de tratar água doce de superfície para produzir água potável de alta qualidade e segura para o consumo humano, o que o torna capaz de satisfazer as necessidades de água potável de um vilarejo ou cidade inteira. O sistema de filtração tem capacidade para filtrar cerca de 100 mil litros de água por dia. A Pentair também já ajudou vítimas do furacão Katrina/EUA, do terremoto no Haiti, do tsunami nas Filipinas e também já levou água filtrada para Honduras, Quênia, China, Indonésia e Uganda, e para as vítimas das chuvas em Xerém/RJ.

Unesco dá aceite para implantação de Geoparque na Bacia do Rio Corumbataí O Consórcio PCJ recebeu sinalização positiva da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura) para a constituição de um Geoparque na Bacia do Rio Corumbataí, afluente do Rio Piracicaba. Os Geoparques são áreas chanceladas pela Unesco que buscam combinar conservação de sítios paleontológicos, geológicos, culturais e históricos, com desenvolvimento sustentável e envolvimento da população local. Tratam-se de áreas territoriais com limites definidos, que inclui um notável património geológico, associado a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Um Geoparque deve possuir um determinado conjunto de sítios de importância internacional, nacional ou regional, que permitam contar e aprender a história geológica do local e ainda deve proteger os valores arqueológicos, ecológicos, históricos e culturais da região.

Ebara amplia negócios com aquisição da Thebe A expositora da Fenasan Ebara Brasil Bombas Hidráulicas aumentou sua grade de produtos, com a aquisição total da Thebe Bombas Hidráulicas, na complementação de sua linha de bombas submersas e submersíveis, para uso industrial, agrícola, predial, residencial e na construção civil. A operação faz parte do plano de crescimento da companhia japonesa, na América do Sul. Ambas têm faturamento anual somado de 167,1 milhões de reais. Em seus 103 anos de história, a Ebara sempre buscou crescimento sustentável de seus negócios no mundo. De acordo com Kiyoshi Ichikawa, presidente da Ebara Brasil, atualmente a atenção desse grupo japonês está voltada para o Brasil, que detém 60% do mercado na América do Sul”. Sua estrutura no País conta com cerca de 255 colaboradores, fábrica na cidade de Bauru (SP) e escritórios comerciais em São Paulo (SP), Recife (PE) e Belém (PA). E se juntará a 289 funcionários da fábrica da Thebe, em Vargem Grande do Sul (SP) e em Jaboatão dos Guararapes (PE), onde está localizado seu centro de distribuição.

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DICA CULTURAL

A arte imita a vida “Nunca, meus amigos, fiquem viciados em água. Vocês sentirão muito a sua falta” a frase é do personagem Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), o principal vilão do filme Mad Max: A estrada da fúria, filme dirigido pelo australiano George Miller. Para quem viveu a década de 80 será fácil lembrar do ator Mel Gibson na pele do policial Max Rockatansky, o mad (irado) do título, que nos primeiros três filmes dirigidos por Miller (em 1979, 1981 e 1985) se via às voltas num mundo louco por petróleo. Os tempos mudaram na ficção e no mundo real. Max está de volta, Neste quarto episódio da série, Max retorna em um apocalipse de falta de água – recurso natural que tanto na trama como no mundo real inspira disputas e até guerras. O filme, o quarto episódio da saga, não deixa nada a desejar se comparado aos seus antecessores. Além do elenco novo (Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, entre outros) e da ausência de efeitos especiais em excesso, o que chama a atenção é o realismo das cenas e a constatação de que o medo que paira no inconsciente coletivo da humanidade de hoje não é a escassez de petróleo, mas sim a da água. A saga, não por acaso, ficou na memória de muita gente por conta de “Wedon’t need another hero”, a canção de Tina Turner que vive uma vilã em Mad Max 3: A cúpula do trovão. A trilha, embora pertencente à década de 80, permanece atual, afinal, não precisamos de outro herói, nem mesmo de um Max. O que verdadeiramente precisamos é ter esperança e, como diz o ditado, “Onde há vida há esperança”. Mas vida em Marte, na Terra, ou em qualquer outro lugar depende da existência de água.

Nunca, meus amigos, fiquem viciados em água. Vocês sentirão muito a sua falta.

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AÇÃO SOCIOAMBIENTAL

2º Passeio Ciclístico AESabesp: “Paisagem Paulistana”

C

om a nova gestão AESabesp, novos projetos, desenvolvidos pela qualificação da entidade como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, estão sendo preparados para

viabilização. Destacamos nessa edição, o realizado em 13 de dezembro de 2015: 2º Passeio Ciclístico AESabesp: “Paisagem Paulistana”, em uma ação voltada à qualidade de vida, da então Diretoria de Projetos Socioambientais, tendo como autor e gestor o associado Ednaldo Sandim. Esse Passeio teve como objetivo levar a integração e uma opor-

tunidade saudável de lazer, além de despertar a consciência dos participantes para a utilização da bicicleta como meio de transporte e permitir a vivência e a observação da paisagem urbana de

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Uma ação voltada à qualidade de vida


São Paulo de uma perspectiva completamente nova. Todo o percurso foi definido estrategicamente para que mesmo aqueles com pouca experiência em deslocamento de longa jornada pudessem participar sem grandes dificuldades. Ao invés das usuais ciclovias e rotas conhecidas, os participantes vivenciaram a cidade de um jeito totalmente novo por caminhos singulares, sem perder a segurança e o acompanhamento necessário, que foi muito bem conduzido por uma das mais antigas equipes da história recente das bikes, os integrantes da Escola de Bicicleta. O itinerário, com início na sede da AESabesp, incluiu a Avenida Paulista, a Vila Madalena, os Jardins, entre outros espaços e logradouros que passam despercebidos aos olhos de motoristas e pedestres no dia a dia e que foram uma agradável surpresa aos participantes.

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Fotos: Estevão Buzato

27º Congresso Técnico AESabesp Fenasan 2016

AESabesp em preparação do maior evento de saneamento na AL Já no primeiro trimestre de 2016, a AESabesp intensificou o planejamento de realização do maior evento técnico-mercadológico da América Latina: o seu 27º Congresso Técnico/ Fenasan 2016, a ser realizado nos dias 16,17 e 18 de agosto, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo - SP sob o tema: “Água ou escassez: qual o futuro que queremos?”. Com visitação gratuita, a Feira, em 2015, recebeu cerca de 20.000 visitantes e 250 expositores, entre empresas nacionais e estrangeiras. Seu público geralmente é composto por técnicos, acadêmicos, universitários, gestores, empresários e membros da comunidade científica dos setores de saneamento, energia e meio ambiente. Espera-se mais de 100 palestras técnicas, dentro das temáticas: Desenvolvimento tecnológico e inovação; Dessalinização para consumo humano; Educação ambiental; Eficiência energética; Gestão empresarial e empreendimentos; Legislação e regulação; Manutenção eletromecânica; Meio ambiente; Mudanças climáticas; Produtos, materiais e serviços; Recursos hídricos: Sistemas de abastecimento de água / tratamento de águas superficiais e subterrâneas; Redução de perdas; Reúso de água para usos múltiplos; Resíduos sólidos e reciclagem; Saúde pública; Sistemas de coleta de esgoto / Tratamento de esgotos e efluentes; Softwares e Automação.

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Premiações do Encontro Técnico A Unidade da Sabesp que apresentar o maior número de trabalhos receberá o Troféu AESabesp Destaque Encontro Técnico, no encerramento no evento. E todos os autores inscritos concorrerão a sorteios de prêmios da AESabesp nos 3 dias do Encontro. Também haverá a premiação “Jovem Profissional AESabesp”, destinada a universitários ou graduados com até 30 anos de idade. Os vencedores serão contemplados da seguinte forma: • 1º trabalho - um troféu e uma bolsa de estudo, em instituição escolhida pelo vencedor • 2º trabalho - um tablet e inscrição para a edição de 2017 do Encontro Técnico da AESabesp • 3º trabalho - inscrição para o edição de 2017 do Encontro Técnico da AESabesp.

Premiação da Feira para expositores Analisadas por uma comissão de especialistas em sustentabilidade, mercado, gestão e patrimônio ambiental, as empresas participantes da Fenasan concorrerão à outorga do Troféu AESabesp, entregue na cerimônia de encerramento, constituindo-se num dos momentos mais esperados e emocionantes de cada edição. As categorias disputadas são: Melhor Estande, Inovação Tecnológica, Atendimento a Cliente e Destaque Fenasan, que une a excelência nas três anteriores.

AÇÕES JÁ CONFIRMADAS Está confirmada a presença de Guilherme Arantes na palestra de encerramento do 1º dia do 27º Encontro Técnico AESabesp (às 17h30 do dia 16.08). O compositor e cantor discorrerá sobre a ONG Planeta Água, da qual é fundador, com apresentação de números musicais. É a segunda vez que ele marca presença no evento. A primeira foi em 2002, no prédio da Bienal do Ibirapuera com uma grande presença e aprovação de público. Também já foram definidas algumas temáticas para palestras institucionais e mesas redondas desse 27º Congresso Técnico. A da palestra magna da manhã de abertura dos trabalhos (às 11 horas do dia 16.08) será intitulada com o tema do Congresso: “Água ou escassez: qual o futuro que queremos?”. Dentre as palestras institucionais estão confirmadas: “Sistema São Lourenço”, “O que os líderes precisam fazer para mudar o saneamento no Brasil?”, “Probiogas”, “Plano de Segurança da Água no Brasil” e “Direitos da Natureza”. E entre as mesas redondas, já estão formadas: “Evolução da garantia de resultados para controle de qualidade”, “Aedes Aegypt: desafios para o saneamento”, “Lições aprendidas com a crise hídrica”, “Universalização para áreas de inclusão social”, “Segurança de barragens e sistemas de gestão de riscos”, “Irrigação na agricultura com medidas tecnológicas para evitar o desperdício de água”, “Desafios da regulação do setor de saneamento”, “O desafio da preservação e recuperação de mananciais. (SNA, habitação, Prefeitura, recursos hídricos, DAEE)”.

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FENASAN 2017 FITABES

Fenasan e Fitabes estarão juntas em 2017 No próximo ano de 2017, os maiores eventos voltados ao setor do saneamento ambiental: a Fenasan – Feira Nacional de Saneamento Ambiental/ Congresso Técnico AESabesp (foto da edição 2015) e a Fitabes - Feira Internacional de Tecnologias de Saneamento / Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, serão realizados em caráter conjunto. Essa ação contou tanto com as aprovações da diretoria e conselho da Associação dos Engenheiros da Sabesp, gestão 2016-2018, quanto com conselho diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, em “aprovação por unanimidade”. Para os representantes das AESabesp e da ABES, “trata-se de um marco histórico no setor de saneamento onde as duas maiores entidades de profissionais da engenharia irão se unir com a finalidade de impulsionar as ações destinadas à melhoria das condições institucionais e tecnológicas do saneamento ambiental de nosso país”.

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O presidente da AESabesp, eng. Olavo Alberto Prates Sachs, afirma que esta decisão considerou o fato da Fitabes, um evento que a cada 2 anos é realizado em uma capital brasileira, estar prevista para realização em São Paulo, em 2017. “Além da favorabilidade do calendário, a união dessas grandes entidades em um evento único impulsiona a mobilização do setor em participar em peso, tanto no expressivo congresso da ABES que fortalece o congresso da AESabesp, quanto na nossa ampla feira Fenasan, que aumenta o alcance da Fitabes. Tendo em vista esses fatores, tanto o Conselho da AESabesp, em reunião magna, ocorrida em 26.01; quanto o Conselho da ABES, em sua reunião de 18.02, elegeram, por consenso, essa realização conjunta em 2017. Para tanto, já estamos à procura de um local apropriado que atenda da melhor forma possível este que será o maior evento do setor já ocorrido em toda a América Latina. Para cumprirmos os próximos passos será formada uma comissão conjunta, entre as Olavo Alberto Prates Sachs

duas entidades, para que juntas definam toda a estrutura necessária para este grande evento”. O eng. Olavo Sachs ainda destaca que “após o evento de 2017, o planejamento de cada associação é retornar para as bases atuais, com a Fenasan anual em São Paulo e a Fitabes bianual pelas demais capitais do País”.

Da mesma forma, o presidente da ABES nacional, eng. Dante Ragazzi Pauli, considera a união desses dois grandes eventos em uma só realização um momento histórico no saneamento ambiental do País. “Esse acordo demonstra maturidade, visão democrática e bom senso dos conselheiros das duas entidades de maior representatividade no setor. Seria dispendioso e não condizente com condição econômica do País a realização da Fitabes e da Fenasan em momentos distintos, no mesmo ano de 2017, na cidade de São Paulo, que é uma Capital que oferece infraestrutura e mercado para acolher esta junção que certamente será um dos maiores acontecimentos na esfera do saneamento ambiental, na soma do grande congresso da ABES com a imensa e forte feira da AESabesp. Desde já, ao estruturarmos uma comissão conjunta, apostamos no sucesso dessa ação”.

Dante Ragazzi Pauli

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Fotos: Estevão Buzato

AESabesp 30 anos

T

empo de inovações e comemorações do nosso

Posse da nova gestão 2016-2018

Jubileu de Pérola. Em 15 de setembro de 2016,

A primeira atividade oficial de 2016, dentro da grade de ações

a AESabesp irá comemorar os 30 anos de sua

dos 30 anos de AESabesp, foi realizada em 14 de janeiro, no

fundação, simbolizado como Jubileu de Pérolas,

Auditório Eng. Tauzer Quinderé (Pudim), da Unidade Sabesp

jóias formadas dentro das ostras, quando alguma substância

Pinheiros/ Costa Carvalho, quando foram empossados os inte-

as invadem. Essa transformação real suscita uma boa analo-

grantes das diretorias executiva e adjunta e dos conselhos fiscal

gia ao se chegar no trigésimo ano de existência, quando se

e deliberativo nova gestão 2016-2018, sob a presidência do eng.

alcança uma maturidade, por meio do enfrentamento de vá-

Olavo Alberto Prates Sachs.

rias adversidades, tornando-se, como a pérola, consistente e

A solenidade foi aberta com a interpretação do Hino Nacio-

límpida. No decorrer deste ano, acontecerão eventos e ações

nal, seguida pelo pronunciamento do eng. Reynaldo Young Ri-

para que a nossa AESabesp celebre este período junto aos

beiro, presidente da AESabesp na Gestão 2013-2015. Em seu

seus associados.

discurso de passagem de mandato, ele agradeceu a todos os

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diretores, citando os seus nomes, e revelou que se sentia con-

Membros: Abiatar Castro de Oliveira, Agostinho de Jesus

fortado pela certeza de dever cumprido, na qual todo trabalho

Gonçalves Geraldes, Benemar Movikawa Tarifa, ChojiOha-

desenvolvido trouxe resultados excelentes. Também abordou

ra, Eduardo Bronzatti Morelli, Gilberto Margarido Bonifácio,

importantes realizações de sua gestão, como a Campanha Re-

Helieder Rosa Zanelli, Iara Regina Soares Chao, Ivo Nicolielo

livro, a defesa do corpo técnico da Sabesp durante o período

Antunes Junior, Luis Américo Magri, Maria Aparecida Silva

de crise hídrica, o crescimento internacional da Associação,

de Paula, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti,

a aquisição de sede própria e o grande reconhecimento pela

Richard Welch, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa

outorga do Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão – PPQG,

Chrispim e Sônia Regina Rodrigues

conferida à entidade pelo Governo do Estado de São Paulo.

■■ Conselho Fiscal: Aurelindo Rosa dos Santos, João Augusto Poeta e Yazid Naked. ■■ Coordenadores: Antônio Carlos Gianotti (Polos da RMSP), Ester Feche Guimarães (Assuntos Institucionais) e Luciomar Santos Werneck (Conselho e Fundo Editorial). A conclusão de cerimônia, foi realizada com o pronunciamento do presidente da Sabesp, Jerson Kelman, que parabenizou e exaltou a importância e a habilidade de todo o corpo técnico da Sabesp, principalmente de seus engenheiros, no enfrentamento da crise hídrica, com seriedade e destreza. O presidente ainda traçou um quadro de alívio advindo pelas chuvas e aumento dos índices de água nos sistemas de abastecimento, mas com a necessidade de medidas de precaução. Ci-

Reynaldo Young e Olavo Sachs

tou ainda, que obras de segurança já estão em planejamento e execução para que toda a população não sofra novamente

Na sequência, o atual presidente Olavo Sachs entregou a

com problemas de abastecimento e que em um ano de sua

Reynaldo Young uma placa personalizada e alusiva à sua mar-

gestão, finalmente a crise está contida, mas sempre com o

cante atuação, na gestão 2013-2015, assinou a transmissão

sinal vermelho ligado para não haver novos percalços: “en-

de cargo e discursou, pela primeira vez, como líder executivo

fim controlamos a crise, mas devemos sempre ficar alertas e ir

da AESabesp. Em seu pronunciamento, agradeceu os votos

atrás de alternativas para que não tenhamos os mesmos pro-

recebidos, discorreu sobre sua trajetória na entidade, desta-

blemas novamente”.

cou a grande importância desse evento para a AESabesp, mas também atribuiu a sua solidez aos seus fundadores, demais técnicos da Sabesp que participaram de sua história, aos seus diretores voluntários e ao seu quadro de funcionários colaborativos e comprometidos com os seus objetivos e crescimento. Posteriormente foi realizada a diplomação de todos os novos diretores e conselheiros: ■■ Diretoria Executiva: diretor administrativo - Nizar Qbar; diretor financeiro - Evandro Nunes Oliveira; diretora socioambiental - Márcia de Araújo Barbosa Nunes; diretor de comunicação e marketing - Paulo Ivan Morelli Franceschi; ■■ Diretoria Adjunta: diretoria cultural - Maria Aparecida Silva de Paula Santos; diretoria de esportes e lazer - Fernan-

Jerson Kelman,presidente da Sabesp

des Hayashi da Silva; diretoria de pólos regionais - Antônio Carlos Gianotti; diretoria social - Viviana Marli Nogueira de

Após o pronunciamento do presidente da Sabesp, Jerson

Aquino Borges; diretoria técnica - Gilberto Alves Martins.

Kelman, o novo presidente da AESabesp, Olavo Sachs, agra-

■■ Conselho Deliberativo: Presidente - Ivan Norberto Borghi;

deceu aos presentes e convidou a todos para participarem de

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AESABESP 30 ANOS

um coquetel e brindar a nova gestão 2016-2018. Marcaram

da Associação Sabesp; Francisca Adalgisa da Silva - presidente

presenças nesse evento os diretores da Sabesp: Paulo Massato

da Associação dos Profissionais Universitários da Sabesp (APU);

- Metropolitano ; Edison Airoldi - Tecnologia, Empreendimentos e

Maximiano Bizatto - presidente da Associação dos Aposentados

Meio Ambiente; Luiz Paulo de Almeida Neto - Sistemas Regionais,

da Sabesp (AAPS); Alceu Guérios Bittencourt - presidente da As-

além de Eric Carozzi - superintendente da TO; Roberval Souza

sociação Brasileira de Engenharia Sanitária São Paulo (ABES-SP),

- superintendente da MS; Luiz Fernando Guimarães Beraldo -

Mário Hirose - diretor da Federação das Indústrias do Estado de

assessor da presidência; Dante Ragazzi Pauli - presidente na-

São Paulo (FIESP); Célia Castelló - diretora da Associação Inte-

cional da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES);

ramericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (AIDIS); Luiz

Luiz Gravina Pladevall - presidente da Associação Paulista de

Roberto Sega - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento (APECS);

do Estado de São Paulo (CREA-SP); além dos ex-presidentes da

Murilo Celso de Campos Pinheiro - presidente do Sindicato dos

AESabesp: Luiz Narimatsu, Eliana Kitahara, Cid Barbosa, Walter

Engenheiros de São Paulo; Pérsio Faulim de Menezes - presidente

Orsati, Plínio Montoro, Reynaldo Young e demais convidados.

Perfil do atual presidente da AESabesp,

Olavo Sachs

A presidência da AESabesp/ Gestão 2016-2018, desde janeiro de 2016, está sob a condução de Olavo Alberto Prates Sachs, engenheiro da Divisão de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Produção - MAGG/ Sabesp. Sua trajetória na entidade foi iniciada como bolsista, coordenador de pólo, diretor cultural e na gestão anterior (2013-2015) respondeu pela diretoria técnica da AESabesp, responsável pela estruturação do Encontro Técnico AESabesp/ Fenasan (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente). Olavo Sachs também é mestre em Tecnologia Ambiental, pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT; com MBA em Administração para Engenheiros, pelo Instituto de Tecnologia Mauá; pós graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP; e graduado em Engenharia Sanitária, pela Pontifícia Universidade Católica - PUC- Campinas. Porém, nessa entrevista concedida a Saneas, é a sua trajetória de vida, o seu perfil pessoal, os traços de sua personalidade e seus valores como cidadão, que ganham maior evidência

Olavo Alberto Prates Sachs

Saneas: Gostaríamos que o senhor falasse um pouco de suas

família de três filhos sendo dois irmãos Carlos Eduardo e Fernando

origens. Onde nasceu, passou a infância, iniciou seus estu-

Marcos e uma irmã Fabiana, a caçula do grupo. Meu pai, Alberto,

dos. E também sobre sua família, na época: quantos irmãos

trabalhava como técnico mecânico em uma grande indústria side-

tinha e o que seus pais faziam.

rúrgica de Piracicaba a “Dedini” e à noite era professor no SENAI,

Olavo Sachs: Sou natural de Piracicaba-SP onde iniciei meus es-

no curso de desenho mecânico. À minha mãe, Neusa, cabia a

tudos, fiz um curso de técnico em Química e permaneci na cidade

árdua tarefa de cuidar da casa e seus usuários “com amor ou com

até 1980 quando mudei para Campinas para fazer o curso de

dor”, pois ao mesmo tempo em que era carinhosa, quando fazía-

Engenharia Sanitária na PUC-Camp. Sou o primogênito de uma

mos algo de errado, sua pontaria no chinelo era certeira.

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Saneas: Da mesma forma, solicitamos que o senhor apresen-

de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacional da Pro-

te a sua atual formação familiar: o nome de sua esposa e de

dução - MAGG, localizada no complexo Costa Carvalho da Sabesp

sua filha, qual é a ocupação de ambas e falasse um pouco do

onde estou atualmente trabalhando.

apoio familiar que tem recebido em sua trajetória. Olavo Sachs: Sou casado há 23 anos com a Dora, uma mineira de

Saneas: E quando e por que o senhor se interessou em

Araxá, formada em administração de empresase especialista em

participar da AESabesp. Como foi o seu histórico dentro

recursos humanos com ênfase em treinamento (minha consultora

dessa entidade.

particular 24 horas por dia). Temos uma filha, Leticia, que esta na

Olavo Sachs: Minha primeira participação da AESabesp foi me

adolescência (preciso dizer mais alguma coisa), que é meu maior

associando à mesma logo no seu início (sendo um dos sócios

orgulho embora seja também motivo de algumas preocupações

fundadores), pois acreditei na seriedade e capacidade técnica das

(coisa de pai coruja e protetor).

pessoas que estavam iniciando esta associação. Em seguida fui bolsista no curso de MBA e posteriormente mais tarde no mestra-

Saneas: Quando e por que o senhor decidiu fazer engenharia?

do profissional. Conclui então que tinha um compromisso moral

Olavo Sachs: Acho que foi quando eu era criança e brincava de

de retribuir este investimento que a AESabesp fez na minha for-

construir cidades em um tanque de areia, embaixo de um cajueiro

mação e comecei a atuar como coordenador do Polo Oeste da AE-

que tinha no quintal de casa.

Sabesp, sendo depois convidado para ser diretor Cultural, Técnico, posteriormente sendo eleito conselheiro e presidente da entidade.

Saneas: Qual é sua formação e especialidade dentro da engenharia?

Saneas: Como o senhor qualifica a AESabesp hoje nos cená-

Olavo Sachs: Sou engenheiro sanitarista (hoje ambiental) forma-

rios nacional e internacional.

do em uma das seis universidades em todo o Brasil que na época

Olavo Sachs: Como um celeiro de crescentes realizações. Para se

tinha este curso. Escolhi esta modalidade, pois como técnico quí-

ter um exemplo, por meio de seu trabalho, especialmente nos

mico gostava muito de química e no currículo do curso tinha nas

Encontros Técnicos, iniciados em 1990, houve um crescimento de

matérias básicas de um curso criado junto ao curso de engenharia

14 trabalhos técnicos iniciais e, hoje, já passamos dos 100, com

civil uma série de matérias voltadas ao meio ambiente, à biologia

participação de técnicos de todos os estados brasileiros em seus

e é logico a química também. Depois já funcionário da Sabesp fiz

eventos. Mais recentemente partimos para a internacionalização

a especialização em engenharia de segurança do trabalho (para

de nossa feira a Fenasan , reconhecida como “a maior feira de

aumentar meus conhecimentos e procurar utilizá-los na empresa),

saneamento e meio ambiente da américa latina do setor”, com

fazendo depois MBA em administração para engenheiros e mes-

participação de visitantes e palestrantes, não só nossos colegas

trado em tecnologia ambiental pelo IPT.

das Américas, mas da Europa, Oriente Médio e Ásia também.

Saneas: Quando o senhor começou a atuar na Sabesp. Era

Saneas: Qual é o significado e importância de presidir a

um dos seus objetivos? Fale um pouco de sua atuação den-

AESabesp?

tro da Companhia.

Olavo Sachs: Muito trabalho, muita responsabilidade e a satisfa-

Olavo Sachs: Trabalhar na Sabesp sempre foi o sonho de todo en-

ção de poder contar com uma equipe de profissionais competentes

genheiro sanitarista recém-formado e quando este sonho se con-

nas diretorias, coordenadorias, conselhos e colaboradores, com-

cretizou após ter feito estágio em outras empresas de saneamento

prometidos com a entidade para que a mesma procure atender da

- como Serviços de Água e Esgoto de Piracicaba – Semae, Socie-

melhor forma possível, os anseios dos associados e da sociedade.

dade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa-Campinas) – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental –

Saneas: A preservação ambiental sempre foi uma preocupa-

Cetesb e como engenheiro no - Departamento de Água e Esgotos

ção em sua vida?

de Ribeirão Preto - DAERP. Fui então convidado para trabalhar na

Olavo Sachs: Pelo fato de ser um ambientalista fica muito difícil

área de planejamento da Sabesp em 1986, passando pelas áreas

dizer isto, sem exagerar, assim como todo engenheiro, com forma-

de operação, abastecimento, manutenção, controle de perdas até

ção em ciências exatas, extrapola a esfera da racionalidade quando

chegar atualmente na área de metrologia hidrodinâmica da divisão

há uma real motivação e desafios para serem vencidos. Como sou

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AESABESP 30 ANOS

os dois: ambientalista e engenheiro, só posso dar uma resposta

até quando necessitarem de meus serviços, pois não penso em

movida pela paixão pela causa ambiental. Acho que fui picado por

me aposentar.

este mosquito do bem que me introduziu este vírus que é a razão de estar aqui agora fazendo o que eu gosto com as pessoas que

Saneas: O que o senhor mais valoriza e mais desprestigia

me identifico, como se todos formassem uma grande família.

nas pessoas? Olavo Sachs: Perguntinha difícil esta... Mas digamos que o

Saneas: Quais são seus outros interesses, não relaciona-

que eu mais valorizo seja a honestidade e o que abomino seja

dos à sua atuação na AESabesp e na Companhia?

a falsidade.

Olavo Sachs: Sou muito família, adoro estar com eles, passear com o meu cachorro e andar de moto, minha outra paixão

Saneas: Quais são seus sonhos e perspectivas de futuro?

quando tenho um tempinho.

Olavo Sachs: Sem muita demagogia seria ver um País melhor do que temos hoje e para que isto ocorra cada um de nós temos que

Saneas: Discorra sobre os esportes que pratica?

fazer a nossa parte da melhor forma possível. Acredito que somos,

Olavo Sachs: Nunca fui bom em um determinado esporte, mas

por formação, educadores e formadores de opinião e, ainda, que

gosto de todos, já joguei basquete, vôlei, tênis, fiz enduro de

temos uma parcela muito grande de responsabilidade com a so-

moto, rally de carros e atualmente pratico natação e ciclismo.

ciedade em que vivemos e para isso devemos valorizar a civilidade

Só no futebol que nunca me dei bem, “devo ser o que cha-

das pessoas, se os outros não fazem a parte deles faça você a sua e

mam perna de pau”.

se possível a dos outros também. Tenho certeza que com isto você vai se sentir muito melhor que aqueles chamados “espertos” que

Saneas: O que lhe dá grande prazer e alegria pessoal?

carregarão para toda vida este remorso de uma vida

Olavo Sachs: Família, amigos, e trabalho.

fútil e sem futuro.

Saneas: Como são estruturados os seus planos pessoais? Olavo Sachs: Garantir um futuro equilibrado para minha família, cuidar da minha saúde e trabalhar até quando eu puder e

Selo comemorativo dos 30 anos da AESabesp A Associação dos Engenheiros da Sabesp celebra 30 anos em 2016 e lançou um selo comemorativo, para marcar sua história de trabalho em prol do saneamento e da sociedade, por meio de incentivo em estudos, pesquisas, realizações de grandes eventos e reivindicações de instrumentos de progresso para o setor. A entidade teve sua fundação oficializada em uma grande assembléia, em 15 de setembro de 1986, um ano bastante singular da história do nosso País, em que houve eleições gerais, mudanças financeiras com o anúncio do Plano Cruzado e a célebre passagem do cometa Halley. Em meio a esses acontecimentos, um grupo de engenheiros da Sabesp resolveu criar um espaço onde se pudesse discutir as questões mais técnicas da companhia, apresentar seus estudos e pesquisas, divulgar os progressos obtidos nas diversas áreas do saneamento, além de reivindicar deliberações para a categoria. E assim surgiu a AESabesp, tendo como seu 1º presidente o atual Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, eng. Paulo Ferreira. Hoje, sob a presidência do eng. Olavo Alberto Prates Sachs, além de possuir uma qualificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que atende a projetos de toda a sociedade, a AESabesp é referência no setor, principalmente por promover o maior evento técnico-mercadológico da América Latina: Congresso Técnico/Fenasan, além de continuar com os seus ideais de ética e progresso, exatamente como há 30 anos.

50

SANEAS

Janeiro a Março de 2016


Ano XIII . Edição

55 . Abril a

Julho de 2015

Ano XII

I . Edi ção

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2015

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ANUNCIE NA REVISTA SANEAS as nações.

ao palhaço

Projetos Socio ambientais Troféu AES abesp aos melhores de 2015

Matér O sane ia tema amen Amér to na ica La tina

Cam pan Cam ha pan adotFratern ha da a sa idad com neam e o te ento ma

Artig Gestã o técnico o na pe do PURA nitenc iária

Entr ev Secr ista et P aboraulo Fe ário da crda sup rreira ise eração hídri ca

Matér Jerso ia Especia abertu n Kelman l na ra da Fena san

Nov a Com gestão um dir AES eção e a nova ges os seabesp ce tã us 3 leb o, 0 an ra os.

Revista Saneas: mais que uma Revista, um Projeto Socioambiental. Em 2016, conte com a Saneas. Inclua a revista na sua programação de mídia para 2016. EDIÇÕES PROGRAMADAS PARA 2016: EDIÇÃO N° 57 - JANEIRO/FEVEREIRO / MARÇO Tema central: Soluções e alternativas para a crise hídrica na RMSP Com destaque para as ações trabalhadas pelo corpo técnico da Sabesp, como as obras de interligação de sistemas de distribuição de água; as ampliações de estações de tratamento e construção de adutoras. Fechamento: março 2016 / circulação: abril 2016

EDIÇÃO N° 59 – JULHO/ AGOSTO / SETEMBRO Tema central: Impacto do uso e conservação de energia no saneamento Com destaque para as novas formas de geração de energia, como a eólica, solar, fotovoltaica, entre outras alternativas voltadas à minimização de custos e poluentes. Com cobertura do 27º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2016.

Anúncios até: 20.03.2016

Fechamento: setembro 2016 / circulação: outubro 2016 Anúncios até: 20.09.2016

EDIÇÃO N° 58 - ABRIL/ MAIO / JUNHO Tema central: Necessidade de inovações para a perenidade do saneamento Com destaque para inovações tecnológicas, principalmente relacionadas à controle e medição, além de novas tecnologias e processos de reúso. Nesta edição haverá uma prévia do que acontecerá na Fenasan 2016 e sua distribuição será feita durante o maior evento técnico-mercadológico da América Latina.

EDIÇÃO N° 60 – OUTUBRO/ NOVEMBRO / DEZEMBRO Tema central: Recuperação de Córrego e Mata Ciliares Com destaque para a necessidade de preservação ambiental, como ferramenta para universalização do saneamento, por meio de despoluição de rios, reflorestamento de barragens, entre outras ações de urgência global. Fechamento: dezembro 2016 / circulação: janeiro 2017 Anúncios até: 15.12.2016

Fechamento: julho 2016 / circulação: agosto 2016 Anúncios até: 20.07.2016

A Revista Saneas é uma publicação da:

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AESABESP - PAULO OLIVEIRA TEL: 11 3263 0484 - 11 97515 4627 paulo.oliveira@aesabesp.org.br


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16 18

a AGOSTO DE 2016 Pavilhão Vermelho - Expo Center Norte São Paulo - SP

Tema central:

Água ou escassez? Qual o futuro que queremos?

O MAIOR EVENTO DO SETOR NA AMÉRICA LATINA!

A Fenasan é hoje consolidada e reconhecida como uma das mais importantes feiras do setor de saneamento e meio ambiente. Em paralelo, acontece o Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente - Encontro Técnico AESabesp, tornando-se assim, o maior evento do setor na América Latina. O público do evento é formado por profissionais, técnicos, empresários, estudantes, gestores e pesquisadores de órgãos públicos e privados do setor e, de forma geral, por todos os interessados no avanço da aplicação dos conhecimentos em saneamento básico e ambiental no Brasil e no exterior. Em 2016, serão mais de 250 empresas nacionais e internacionais apresentando suas novidades em produtos e serviços, além da presença dos maiores expoentes técnicos do setor em palestras e mesas redondas.

www.fenasan.com.br +55 11 3033-2838 | fenasan@acquacon.com.br Realização

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