proposição/ affonso malagutti 2022 atividades práticas 30ª mostra de arte da juventude sesc ribeirão preto
da 30ª MAJ – Mostra de Arte da Juventude receberam em torno de 7.128 estudantes durante seu período de visitação. Elas foram ministradas por Affonso Malagutti, membro do educativo da Mostra que se dedicou a elaborar e aplicar as Foramoficinas.desenvolvidas ao todo cinco oficinas, aplicadas no decorrer de duas a três semanas em média cada.
30ª
Os grupos agendados eram compostos por estudantes de seis a dezoito anos, por professores ou por frequentadores de instituições e organizações públicas e privadas de Ribeirão Preto (SP) e região. mostra de arte da juventude affonso malaguttiatividades práticas
das atividades práticas da 30ª MAJ – Mostra de Arte da Juventude é Affonso Malagutti. Natural de Ribeirão Preto (SP), Affonso graduou-se em Arquitetura e Urbanismo no ano de 2015. Desde 2018 ele integra o corpo educativo do MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto. Já atuou em diversas exposições de arte e ministrou oficinas em diferentes unidades do SESC São Paulo e em outros espaços e eventos culturais nas cidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Em 2018 fundou o Coletivo AFIM, que atua em Ribeirão Preto promovendo eventos culturais nas áreas da arte, cultura, educação e empreendedorismo. De 2018 a 2020 foi autor de textos quinzenais sobre arte para o site Follow the Colours. Já expôs seu trabalho em bordado manual na ‘’I Bienal de Arte Têxtil de Arte Contemporânea’’, em Porto Alegre (RS). Teve ilustrações selecionadas para integrar o Festival Digital de Artes LGBTQIA+, promovido pela It Gets Better Brasil e também publicadas na Revista Zupi. Atualmente atua como artista visual, ilustrador earte-educador.Asatividadespráticas
Ela foi aplicada aos grupos agendados de visitantes. Os agendamentos contemplavam uma visita mediada à exposição, com duração de 30 a 45 minutos em média, e também uma atividade prática, com a mesma duração.
As principais temáticas abordadas foram gênero, corpo, questões raciais, cotidiano, educação, auto imagem, classes sociais e territorialidade. Os conceitos artísticos explorados foram desenho, colagem, pintura, escultura e narrativa visual.
De 12 de maio a 11 de setembro de 2022 o Sesc Ribeirão Preto recebeu a MAJ – Mostra de Arte da Juventude. A exposição apresentou, pela primeira vez, uma montagem com 40 jovens artistas e coletivos brasileiros, fruto da ampla adesão às inscrições no edital. O edital de fomento com foco na produção artística jovem, que contempla pessoas de 15 a 30 anos de idade, recebeu mais de quatrocentas inscrições de diversas regiões do Brasil, registrando um recorde de participação, desde a sua criação no final dos anos
1980.Oproponente
As atividades práticas tiveram como ponto de partida as obras em exposição, além do texto curatorial elaborado por André Pitol e Luciara Ribeiro. O nome de cada oficina faz referência ao título da obra que foi usada como referência para elaborá-la.
apresentação pág.01
atividade prática 05/ amarelo pág.20 pág.24
índice
atividade prática 01/ maycon pág.04
atividade prática 03/ pág.12atividade prática 04/ heranças pág.16
conclusão
atividade prática 02/ sen-tro pág.08
ofício
perguntas pertinentes feitas durante a atividade
público e duração
obra de referência “Maycon” Artista: Rafa Black Tintas mistas sobre tecido (2021).
A proposta da oficina “Maycon” é que os estudantes e as estudantes recebam uma imagem impressa da obra “Maycon”, do artista Rafa Black. A partir dessa imagem elas e eles são estimulados(as) a recortar qualquer elemento (ou elementos) que se identifiquem para colar em uma folha sulfite. E então, a partir desses elementos, poderão desenhar o seu auto-retrato. Os desenhos/colagens puderam ser levados para casa pelos(as) participantes.
Imagem impressa colorida da obra de referência (uma por participante), papel sulfite A4, lápis de cor, lápis de cor em tons variados de pele, lápis grafite, borracha, apontador, tesoura, cola bastão.
objetivos
Se seu desenho fosse uma obra que estivesse em exposição, qual título você daria a ele?
O que você tem em comum com o Maycon?
Trabalhar sobre questões raciais, representação e auto imagem.
Até 20 pessoas. Duração de 30 a 45 minutos. proposta
atividade prática 01/ maycon 04 imagem: sesc
materiais
Um estudante de nove anos criou uma versão ‘’invisível’’ do Maycon, e disse que na sociedade algumas pessoas se sentem invisíveis por causa do preconceito que sofrem.
imagens: affonso malagutti
Um estudante fez um personagem, segundo ele, ‘’hetero top’’, tentando parecer ‘’mandrak’’, que é a definição de um cara estiloso pra ele.
Um estudante escreveu a ‘’ficha técnica’’ da sua obra, baseado na ficha que viu na exposição.
momentos que se destacaram durante a aplicação da atividade Muitos estudantes disseram que nem precisariam recortar a imagem da obra pois já se pareciam muito com o Maycon.
06 atividade prática 01/ maycon
07
imagens: affonso malagutti
“Sen-tro II” Artista: Flora Valentini. Escultura de madeira (2021). objetivo
sen-tro
Pote de 500g de massa de modelar (um por participante), papel sulfite A4, lápis grafite, borracha, apontador público e duração
Na atividade “Sen-tro” as estudantes e os estudantes são convidados(as) a moldar com massa de modelar uma escultura que utilize partes do seu próprio corpo como molde. Em seguida são convidados(as) a desenhar a forma esculpida com lápis grafite em uma folha de papel para observar as diferenças do desenho em relação à escultura. A massa de modelar pode ser reutilizada em todas as oficinas e o desenho no papel pode ser levado pelos(as) participantes. perguntas pertinentes feitas durante a atividade
Quais as diferenças entre a escultura e o desenho dela feito no papel?
Até 20 pessoas. Duração de 30 a 45 minutos. proposta
Se você pudesse colocar qualquer objeto dentro da sua escultura, qual objeto você colocaria e que som ele faria quando você a movimentasse?
08 imagem: sesc
obra de referência
Trabalhar questões ligadas ao corpo. materiais
atividade prática 02/
imagens: affonso malagutti
Um estudante modelou um ‘’Estranhamente Estranho’’, uma mistura de quatro animais que ele escolheu Algunslivremente.estudantes às vezes decidiam criar esculturas coletivas, e uniam as suas esculturas para criar novas formas. Um deles criou um ‘’corpo’’ sem cabeça para encaixar as cabeças de diferentes animais que seus colegas estavam esculpindo.
Alguns estudantes disseram que colocariam sentimentos dentro de suas esculturas, pessoas da família, animais de estimação e fotografias de pessoas próximas ou fotos suas de quando eram mais novos(as).
momentos que se destacaram durante a aplicação da atividade Apesar da sugestão inicial ser a de criar uma escultura utilizando seu corpo como molde, ou seja, sem um formato pré-definido, a maioria dos(as) estudantes optaram por criar esculturas baseadas em algo que já existe, e eram encorajados(as) a criar o que se sentissem mais a vontade. Quando decidiam modelar algo que já existe, as esculturas mais comuns eram vulcão, boneco de neve, coração, pizza, bolo, hambúrguer e vários outros tipos de comida.
Quando perguntados(as) sobre o que colocariam dentro de sua escultura, as respostas mais comuns eram diamante, pedra, bolinha de gude, bolinha de metal e bolinha de madeira.
atividade prática 02/
sen-tro
10
11
imagens: affonso malagutti
Por quê você acha que o Lucas decidiu usar uma carteira escolar nas obras dele? Tem alguma matéria que você acha que poderíamos ter na escola, mas não temos?
“Ofício n.04” Artista: Lucas Elias. 42x22cm. Aquarela sobre papel (2021) e “Ofício n.03” Artista: Lucas Elias. 42x22cm. Aquarela sobre papel (2021).
proposta
12
público e duração
materiais
imagem: sesc
objetivos
Trabalhar questões ligadas à educação e a criação de narrativas.
Imagem impressa de uma carteira escolar simplificada em preto e branco (uma por participante), papéis coloridos, furadores de papel em formatos variados, lápis de cor, lápis grafite, borracha, apontador, tesoura e cola bastão.
A proposta da oficina “Ofício” é que os estudantes e as estudantes recebam uma imagem impressa simplificada de uma carteira escolar, baseada nas cadeiras retratadas nas obras “Ofício n.04” e “Ofício n.03”, de Lucas Elias. Elas e eles serão estimulados(as) a intervir sobre essa imagem por meio do desenho e da colagem com a intenção de criar suas próprias narrativas visuais. Ao final da atividade, é proposto que se reúnam todos os resultados para refletir sobre as narrativas criadas.
obras de referência
perguntas pertinentes feitas durante a atividade
Até 20 pessoas. Duração de 30 a 45 minutos.
ofício
atividade prática 03/
imagens: affonso malagutti
momentos que se destacaram durante a aplicação da atividade Pude perceber que a grande maioria dos(as) estudantes tiveram ou têm relações difíceis com o ambiente escolar. Percebi também que a partir dos desenhos muitos(as) se sentiam a vontade para conversar comigo sobre episódios de bullying ou outros momentos difíceis que já passaram no convívio Quandoescolar. perguntados(as) sobre quais matérias gostariam de aprender na escola as respostas mais comuns eram educação sexual e financeira, ‘’educação emocional‘’, linguagem brasileira de sinais, noções básicas de Direito, primeiros socorros, teatro, robótica/tecnologia, música e astronomia. Conversando sobre o valor de uma obra, um estudante de oito anos citou que ‘’a Monalisa custa mais de cinco mil reais’’. Perguntando se os(as) estudantes sabiam qual era a principal regra numa exposição de arte, uma das respostas das crianças foi ‘’não tocar em nada, não conversar e não fazer racismo’’.
14 atividade prática 03/ ofício
15
imagens: affonso malagutti
Trabalhar questões ligadas ao corpo, a estereótipos, a auto-imagem e a padrões de beleza.
Até 20 pessoas. Duração de 30 a 45 minutos.
A proposta da oficina “Herança” é que os(as) estudantes em fase de pré-adolescência e adolescência recebam uma imagem impressa da silhueta simplificada de um corpo humano, sem distinção de gênero.
Caso os (as) estudantes sejam crianças, elas receberão a mesma imagem impressa, mas serão estimuladas a se auto-retratar utilizando giz de cera colorido e com tons de pele variados. Durante a atividade elas serão estimuladas a pensar sobre de onde vieram suas características físicas marcantes. perguntas pertinentes a serem feitas durante a atividade
[Para pré adolescentes e adolescentes] Além dos padrões de beleza físicos, existem também os de comportamento. você acha que eles atingem homens e mulheres da mesma forma? De onde surgem os padrões de beleza?
Imagem impressa de uma silhueta humana simplificada sem gênero específico em preto e branco (uma por participante), giz de cera colorido, giz de cera preto, giz de cera em tons de pele.
público e duração
imagens: artista
heranças
“Madalena Correia”, “Marcus Abraham Mubarack”, “Marina (Nina) Gazire”, “Aycha Raed Kardel Sleiman”, “Danny Fahir” e “Sem título” Obras da série “Heranças: Um Outro Olhar às Características Físicas do Oriente Médio” Artista: Mari Dagli. Dimensões variadas. Nanquim aguado e tinta acrílica sobre papel 300g (2021).
proposta
objetivos
obras de referência
atividade prática 04/
16
materiais
A partir da imagem eles(as) serão estimulados(as) a desenhar uma pessoa que eles(as) consideram que a sociedade julgue como ‘’dentro do padrão de beleza’’. Em seguida serão convidados(as) a reunir essas imagens para refletirmos verbalmente sobre o que elas tem em comum e porquê.
[Para crianças] Qual é a sua característica física mais marcante?
três crianças ao longo de todas as oficinas responderam que seu tom de pele era negro. Alguns estudantes desenharam suas manchas e pintas nos desenhos. Uma das crianças disse que seu olho era ‘’preto e branco’’, fazendo referência a córnea e ao globo ocular. Uma das crianças escolheu ‘’A menina que ajuda as pessoas a não sofrer racismo’’ como título para o seu desenho. malaguttiaffonso
imagens:
A partir dos 13 anos em média, a maioria dos(as) estudantes tinha um discurso muito normalizado sobre não nos prendermos a padrões e respeitarmos a diversidade dos corpos. Percebi o quão plural pode ser considerado ‘’padrão de beleza’’ atualmente, e o quanto ele varia de acordo com a idade e com o contexto social dos(as) estudantes.
Uma estudante fez um desenho ‘’metade mulher e metade homem’’ porque não conseguiu pensar em uma “pessoa não binária padrão” E em seguida a estimulei a pensar o motivo de não termos tão explícito no nosso imaginário a imagem de uma pessoa não binária ‘’padrão’’. Quando perguntadas sobre qual era seu tom de pele, as respostas das crianças variavam entre pardo, branco, caramelo, café com leite, moreno, tom de pele, marrom, preto e branco, cappuccino, claro, e Somentpêssego.e
momentos que se destacaram durante a aplicação da atividade Quando eu perguntava para adolescentes e pré-adolescentes se homens e mulheres tinham as mesmas cobranças na nossa sociedade, a resposta sempre era unânime: Mulheres são mais cobradas. Ao perguntar para adolescentes que se identificam como homens sobre ‘’o que se espera do homem na sociedade’’, a maioria tinha muita dificuldade em responder. Eles também tinham dificuldade em responder quando eu perguntava se ‘’homens são estimulados a demonstrar sentimentos’’, mas normalmente concordavam que não.
heranças
18 atividade prática 04/
19
imagens: affonso malagutti
Trabalhar questões ligadas a territorialidades e a estruturas sociais. materiais
[Para crianças] Qual nome você daria para a sua cidade?[Paracrianças]
[Para todos os públicos] Qual seria a principal característica da sua cidade?
perguntas pertinentes feitas durante a atividade
objetivos
atividade prática 05/
[Para todos os públicos] O que as cores do seu mapa representam?
proposta
“Amarelo de Carolina Maria de Jesus”. Artista: Rebeca Ramos. Dimensões variadas. Tinta acrílica e cimento sobre papel paraná (2020).
Até 20 pessoas. Duração de 30 a 45 minutos.
Onde sua cidade seria?
[Para pré-adolescentes e adolescentes] Como seria a sociedade que viveria na sua cidade? [Para pré-adolescentes e adolescentes] Existe algum jeito da nossa sociedade ter as características da sua cidade ideal? Qual?
amarelo
Papéis sulfite A4 coloridos, papel sulfite A4 branco, cola bastão, lápis grafite, borracha e apontador. público e duração
20
imagem: artista
A oficina “Amarelo” propõe a criação de mapas de cidades imaginárias, e estimula os(as) estudantes a refletir sobre como seria a sua cidade ideal. Aspectos como as características da sociedade, do solo, do clima, do sistema político também seriam abordados de acordo com o público. Para isso, os(as) estudantes recebem folhas de papel coloridas e são estimulados(as) a utilizar as próprias mãos como ferramenta para rasgá-las e criar esses territórios.
obras de referência
momentos que se destacaram durante a aplicação da atividade Uma estudante criou a cidade “Diversidade”, onde as cores no mapa representam pessoas diferentes vivendo juntas.
imagens: malaguttiaffonso
Um estudante criou uma cidade onde só viveriam pessoas negras e onde todas as pessoas teriam uma UmMercedes.estudante criou uma ‘’Cidade dos Jogadores de Futebol‘’. Ele usou a cor rosa pra criar seu mapa para representar que as mulheres também podem ser jogadoras de futebol.
Ao perguntar o que teria na sua cidade ideal, dentre outras respostas uma criança respondeu que teria ‘’cesta básica’’
Um estudante criou uma cidade onde ‘’video-game é barato’’. Algumas estudantes criaram cidades onde só morariam mulheres.
Um estudante criou a ‘’Cidade da Alegria’’, e disse que nela todos os produtos dos mercados seriam de graça pra que ninguém passasse fome.
A maioria dos estudantes quando falava sobre a renda na sua cidade dizia que nela todo mundo ganharia igual pra que todos(as) pudessem ter uma vida boa.
Um estudante deu o nome de ‘’Ovo Vicente’’ para a sua cidade, pois ele se chama Vicente e gosta de ovo. Uma estudante criou uma cidade onde as crianças gordas não sofreriam bullying.
Uma estudante criou a ‘’Cidade do Amor’’, com territórios em formato de coração . Alguns dos nomes dados às cidades foram “Cidade dos Desenhos”, ‘’Rio de Abril’’, ‘’Estados NãoUnidos’’, ‘’Cidade dos Animes’’ e ‘’Cidade das Formas Geométricas’’ Alguns estudantes criaram a bandeira das suas cidades.
Um grupo de estudantes juntou seus mapas com cola e criou um planeta.
22 atividade prática 05/ amarelo
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imagens: affonso malagutti
Durante todo momento eu sempre gostei de deixar explícito que, assim como na interpretação da arte contemporânea, não existe certo e errado na hora de criar Que cada pessoa se expressa de um forma, assim como os(as) artistas que estavam expondo suas obras na mostra de arte.
conclusão
Eu também nunca elogiei qualquer criação com o termo “bonito” ou “lindo”, para que esses ideais de “bonito e feio” (que não cabem na arte contemporânea) não fossem estimulados, e também pra não criar rótulos para as criações. O autor Roberto Gambini afirma que “é preciso estar com a cabeça nas nuvens para entender a cabeça de uma criança. Se assim não for, o que se fará será dirigi-la e imediatamente rotular o que ela faz; vai-se prematuramente implantar vaidade em seu espírito, ao elogiar o que cria, dizendo que é bonito. Ensinar uma criança a fazer arte é um grande desafio”.
Ao mesmo tempo percebi que a maioria dos(as) estudantes não sabem lidar muito bem com a liberdade. Quando a proposta das minhas oficinas dava abertura para criarem o que quisessem, eu percebia uma trava inicial. Mas normalmente ela era contornada em alguns minutos. Havia também uma grande preocupação dos(as) estudantes em fazer um desenho que considerassem bonito ou perfeito, e que estimulá-los a continuar criando mesmo sem estar gostando do resultado foi muito importante.
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Uma das minhas principais referências bibliográficas é a artista e arte-educadora dinamarquesa Anna Marie Holm, que afirma que “a questão é não ter expectativas sobre o produto final, mas sim sobre o processo”. Esse foi um outro ponto muito importante que sempre reforcei nas atividades: O resultado não é mais importante do que as conversas, do que as discussões, do que as reflexões que fazíamos enquanto produzíamos. Essas reflexões vinham de perguntas que eu fazia durante a oficina para estimulá-los(as) a pensar sobre questões fundamentais das obras que inspiravam aquela atividade.
Ao invés de fazer elogios, eu procurava dizer o quanto gostei daquele resultado, o quanto ele era colorido, sóbrio, ou destacava outras características do mesmo. Eu ainda incentivava o público a descrever o que tinha feito, pois dessa forma eu conseguia acessar muito mais profundamente os pensamentos que levaram à construção daquele desenho, daquela colagem, daquela escultura.
Eu poderia estender essa conclusão por muito mais parágrafos, mas de forma geral a experiência de criar e ministrar as atividades práticas da MAJ me enriqueceu muito como pessoa e como profissional. Fiquei muito feliz e surpreso em me aproximar do cotidiano, dos temas de discussão, dos pontos de vista, das gírias e dos comportamentos em geral de crianças e adolescentes. Eu sou apaixonado por arte desde criança, e estar na posição de conversar sobre arte com um público jovem me entusiasma muito. Eu acredito muito no poder transformador da arte e da educação, e também acredito que através da arte é possível ensinar qualquer coisa, pois como disse a artista Louise Bourgois, “arte não é sobre arte. É sobre a vida, e isso resume tudo”.
Ao longos dos meses de exposição pude perceber uma série de comportamentos que somente o convívio diário com crianças e adolescentes puderam me proporcionar.
Uma das coisas que reparei é que a minha maneira de adotar a prática do ensino se difere muito do ensino tradicional. Talvez porque minha experiência sempre esteve ligada ao educativo de museus, e não à escola. Muitas vezes a minha maneira de trabalhar conflitava com os professores e professoras que acompanhavam os(as) estudantes. Coisas como desenhar ou esculpir em pé ao invés de sentado nunca foram um problema pra mim, mas em alguns momentos professores que acompanhavam seus estudantes os advertiam em relação a esse comportamento, mas logo em seguida eu contornava e dizia que não tinha problema desenhar em pé, e que muitos(as) artistas provavelmente também gostavam de fazer suas criações nessa posição.
Flora Valentini (São Paulo – SP)
Manoel Oliveira (São Paulo – SP)
Francisco Brandão (Juiz de Fora – MG) Gabriel Ussami (São Paulo – SP) Gerson Oliveira (São Paulo – SP) Guilherme Bretas (São Paulo – SP)
Stéfani Agostini (Santa Maria – RS)
Mayara Nardo (Campinas – SP)
Washington da Selva (Juiz de Fora – MG) educativo
Dupla Zero – Stella Vieira e Adriano Franchini (São Paulo – SP) Érica Storer (Curitiba – PR) Felipe Silva (Jandira – SP) Filipe Abreu (Salvador – BA) Filipe Alves (Nova Olinda – CE)
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Rafael Arduini
Affonso Malagutti contato www.instagram.com/affonsomalagutti
NalandaMaurício Braz Severino
Marcella Moraes (Rio de Janeiro – RJ) Mari Dagli (São Paulo – SP)
Vulcanica Pokaropa (Presidente Bernardes – SP)
João Victor Costa Medeiros (Juiz de Fora – MG) José Portela (Porto Alegre – RS) Lucas Elias (Sombrio – SC)
textos desta publicação
30ª mostra de arte da juventude curadoria André Pitol
Affonso Malagutti Sesc Ribeirão
Pavuna Kid (Rio de Janeiro – RJ) Rafa Black (São Paulo – SP)
Maryah Monteiro (Rio de Janeiro – RJ)
Subversiva (Bauru – SP)
Dada Scáthach (Franca – SP)
artistas selecionados(as) Alan Ariê (Itapecerica da Serra – SP) Anderson Oli (Rio de Janeiro – RJ) Bruno Alves (Diadema – SP) cmg_ngm_pod (Belo Horizonte – MG) Coletivo INSERTO (São Paulo – SP) Coletivo Re.Conexões (São Paulo – SP)
Janaína Machado (coordenação) Helena Janólio Freire (supervisão) Affonso Malagutti (atividades práticas) André GabrielaCarminatiRochaAlves Felicio
destaidealização/diagramaçãopublicação
Daiely Gonçalves (Contagem – MG)
Rebeca Ramos (São Paulo – SP)
TORRES (São Bento do Uma – PE)
Luciara Ribeiro
Isa Garcia (Ribeirão Preto – SP)
Roberval Borges (Teresina – PI) Rodrigo D’Alcântara (Brasília – DF)
Vitória Barreiros (Brasília – DF)
Herika Maria da Silva Aguiar Julia Andreuci Silva
Cris Ambrosio (São Paulo – SP)
Maria Macêdo (Juazeiro do Norte – CE)
affonso2022malagutti