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Respeitar a Vida "Devemos Ser a Mudança que queremos ver no Mundo" Ganhdi "Era uma vez..." A invisibilidade O psicólogo brasileiro Fernando Braga da Costa trabalhou oito anos como varredor, nas ruas da Universidade de São Paulo, como parte do seu trabalho de mestrado sobre "A Invisivilidade..." Durante esse período constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores manuais são 'seres invisíveis, sem nome'. Na sua tese de mestrado, conseguiu demonstrar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde se vê apenas e somente a função e não a pessoa. Braga da Costa trabalhava meio dia como varredor, não recebia o salário como os colegas de vassoura, mas no seu resumo do seu trabalho garante que viveu a maior lição de sua vida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como varredor, pode significar um sopro de vida, um sinal da nossa própria existência". O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objecto e não como um ser humano: "Professores que me abraçavam nos corredores da Universidade passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, chocavam comigo e, sem sequer pediam desculpa, continuavam o seu caminho ignorando-me, como se tivessem chocado com um poste, ou um caixote do lixo...!" "No primeiro dia de trabalho parámos para um café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de cimento. Só que não havia caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, que
Rotas da Paz - Cultivemos a Paz - 10/2009