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Um plano pelo futuro do
Setor Agropecu Rio
Rio Grande do Sul atua em consonância com as diretrizes do Plano ABC+, política setorial para enfrentamento às mudanças do clima no setor agropecuário
Em busca de sistemas agropecuários mais sustentáveis, o Brasil caminha para se manter na vanguarda da agenda agroambiental. A ferramenta adotada como estratégia para esse avanço é o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, também denominado Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). O engenheiro florestal Jackson Freitas Brilhante de São José, doutor em Ciência do Solo e coordenador do Comitê Gestor Estadual do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono do Rio Grande do Sul, explica que esse é um dos Planos Setoriais elaborados de acordo com o artigo 3º do Decreto 7.390/2010.
A finalidade é organizar o planejamento das ações a serem realizadas para adoção das tecnologias sustentáveis de produção selecionadas para responder aos compromissos assumidos pelo País de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor agropecuário. Após os dez primeiros anos de execução do Plano ABC, o governo continuará com a sua política setorial para enfrentamento às mudanças do clima no setor agropecuário para o período de 2020 a 2030. “Para isso, novas bases estratégicas foram incorporadas, reiterando a necessidade urgente da agropecuária dar continuidade às estratégias que aumentem sua capacidade adaptativa frente às mudanças do clima”, explica. Desta forma, surge o Plano ABC+, que ratifica o fomento àquelas tecnologias de produção que agregam maior eficiência produtiva, conservam solo, água, vegetação, e promovem maior controle das emissões de GEE. Conforme Brilhante, o objetivo é promover a adaptação à mudança do clima e o controle das emissões de GEE na agropecuária brasileira, com aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos, considerando uma gestão integrada de paisagem. O Plano ABC+ é composto por oito sistemas, prática, produtos e processos de produção sustentável: Práticas de Recuperação de Pastagens Degradadas; Sistema Plantio Direto (Grãos e Hortaliças); Sistemas de Integração (Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária - Floresta e Sistemas Agroflorestais); Bioinsumos; Sistemas Irrigados; Florestas Plantadas; Manejo de Resíduos da Produção Animal, e Terminação Intensiva.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural é que coordena as ações de fomento por meio do Comitê Gestor Estadual do
Plano de Agricultura de Baixa emissão de Carbono, que é composto por associações, federações, órgãos públicos e instituições de pesquisa. “Os Bioinsumos, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Práticas de Recuperação de Pastagens Degradadas e os Sistemas Irrigados são algumas das tecnologias com grande potencial de aumento de adoção pelos produtores no nosso estado. De todas essas, podemos destacar a ILPF. O Rio Grande do sul é o terceiro estado com maior área de ILPF, com cerca de 2,2 milhões de hectares, ou seja, 12,6% da área de ILPF do Brasil.”
Sistema silvipastorial: mais sanidade animal e mais produtividade
O engenheiro florestal Jackson Brilhante, coordenador do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+, reforça que o futuro da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono é cada vez mais promissor. “No âmbito federal e estadual existem várias políticas públicas, e os produtores rurais estão cada vez mais convencidos de que eles precisam produzir mais com menor custo e menor impacto ambiental.” Entre esses agricultores, está Marcos André Thiesen, que aposta na bovinocultura de leite como principal renda produtiva no interior do município de Vale do Sol, na região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Na propriedade familiar, o produtor também investe em pastagens e no cultivo de tabaco e tem colhidos os resultados da integração lavoura-pecuáriafloresta.
Com o objetivo de melhorar os resultados produtivos obtidos com o leite, há aproximadamente quatro anos Thiesen começou a apostar no sistema de produção silvipastoril. Desde o início, o trabalho é assessorado por técnicos da Afubra e já soma resultados positivos em diversos aspectos. Em pontos estratégicos da propriedade, foram implantados 400 mudas de eucalipto em 1,8 hectares, que garantem sombra à vontade para o rebanho. O resultado são vacas mais produtivas e sem casos de mastite, problema que era comum no passado. “Faz dois anos que não descarto mais leite por mastite. A produção de uma vaca que precisa ser descartada é um baita prejuízo. Sem falar nos custos de tratamento e todos os dias sem ordenha”, conta.
Com mais sombra na propriedade, os animais não ficam acumulados em um único lugar, o que evita a proliferação de doenças.
Além disso, o conforto térmico faz com que as vacas pastem mais e, consequentemente, tornem-se mais produtivas. A expectativa é que dentro de alguns anos os eucaliptos também rendam um bom volume de toras de madeira e outra renda extra para os negócios. Satisfeito com resultados até aqui, o produtor já pensa em ampliar o sistema silvipastoril e projeta o plantio de uma nova área com noz pecan, que irá agregar ainda a receita proveniente com a venda dos frutos. “A integração da floresta com pecuária é excelente, mas exige manejo adequado, por isso é tão importante o suporte que tenho recebido da Afubra.”
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O agricultor Marcos André Thiesen ainda ressalta a importância dos cuidados gerais com o meio ambiente para garantir a continuidade produtiva para as futuras gerações. Na propriedade familiar, com o apoio da esposa Izolete Leindecker Thiesen, preserva as nascentes e a mata ciliar na Área de Preservação Permanente (APP). “Acredito que temos que procurar fazer algo pelo meio ambiente. Não posso só pensar no que recebi do meu pai. Eu tenho que saber o que quero entregar para os meus filhos amanhã”, justifica. Os produtores rurais Marcos e Izolete são pais da Isadora Thiesen, de 10 anos, de Marlon William Thiesen, de 22, e de Vinícius Andre Thiesen, de 23 anos.