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Projeto Feijão:

Em busca de mais produtividade, rentabilidade e sustentabilidade

Projeto Feijão de Alta Performance entra em seu terceiro ano e já apresenta avanços e boas perspectivas

Da propriedade de Cliceu Mehret, em Imbituva, na região dos campos gerais do Paraná, deve sair um modelo de sistema de produção que aumentará significativamente a produtividade das lavouras de feijão comum. O Projeto Feijão de Alta Performance está em seu terceiro ano de aplicação a cargo de pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão e da equipe técnica da Agro-Comercial Afubra. Em uma área de 2,5 hectares, são testadas diversas técnicas de manejo no cultivo do feijão. A pesquisa abrange também outras culturas como soja, milho e trigo porque a rotação de culturas já foi comprovada como de fundamental importância para a alta produtividade na cultura dos grãos.

A meta é mostrar que é possível construir um ambiente altamente produtivo e economicamente rentável e sustentável, reunindo as principais culturas de cereais do mercado brasileiro, dentro do objetivo da Afubra de incentivar a diversificação. Conforme o gerente das filiais da Afubra de Imbituva e Irati, Lázaro Ramon Bock, estão previstos seis anos de pesquisas e atividades para consolidar as técnicas que elevarão a produtividade do feijão, que é um produto importante no agro paranaense.

Para os estudos, a Embrapa e Afubra contam com a parceria de empresas como a Syngenta, Sementes NK, Mosaic Fertilizantes, Raix Sementes, Rudan Agrotecnologia e Adama Brasil. As primeiras duas colheitas já foram feitas, apresentando bons resultados, devido, especialmente, aos tratos dispensados ao solo, que foram o foco inicial da pesquisa. A divulgação das técnicas que vêm sendo usadas iniciou em 2021, quando houve o primeiro dia de campo, que, devido à pandemia, foi virtual. Em janeiro de 2022 foi realizado o primeiro dia de campo

Dia de campo em 2022 reuniu produtores para difusão das técnicas aplicadas presencial. Houve um segundo dia de campo virtual, onde especialistas levaram conhecimentos de ponta aos produtores, com destaque para a palestra ‘Manejo do solo para altas produtividades de grãos’ ministrada pelo pesquisador Henrique Debiase, da Embrapa. Para assistir, escaneie o QR code.

Segundo Lázaro Bock, o dia de campo presencial foi a oportunidade, mesmo com número limitado a 100 produtores, de mostrar in loco o trabalho feito na propriedade de Cliceu Mehret. Os produtores puderam visualizar todas as parcelas demonstrativas e as ações que têm por objetivo fazer a construção do solo e aplicar as boas práticas visando a alta produtividade do feijão. “As estratégias apresentadas foram a utilização de manejos de plantas de cobertura (plantas de serviço) para o melhoramento das propriedades do solo e o uso consciente de defensivos agrícolas nos momentos corretos de aplicação”, explica.

A partir de 2023, será possível conhecer a evolução dos resultados em relação à produtividade, pois os especialistas da Embrapa apresentarão os primeiros resultados comparativos. Conforme o engenheiro agrônomo da Afubra de Imbituva, Gilcinei Rodrigues dos Santos, responsável pela condução da área em parceria com a Embrapa, já é possível observar visualmente a evolução. “Tivemos na região períodos secos e percebemos uma grande melhora nas plantas suportando o déficit hídrico”, reforça Santos.

Os analistas da Embrapa e coordenadores do Projeto Feijão de Alta Performance, Marcos Aurélio Marangon e José Luis Cabrera Diaz, explicam que o objetivo final é entregar à cadeia produtiva de grãos do Sul do Brasil e São Paulo, um sistema sustentável de produção com altas produtividades. “Obtido através da ampliação de ações de pesquisa, transferência de tecnologia e extensão para a inovação na produção”, salienta Marangon. “Visamos a construção de um ambiente produtivo, procurando aumentar a receita das propriedades e fortalecer a cadeia produtiva de grãos – feijão, soja, milho e trigo –, com a organização da produção e, com isso, ofertar alimentos seguros, com qualidade e rastreabilidade com menor impacto ambiental”, acrescenta.

A expectativa ao final do projeto, em termos de produtividade, é alcançar mais de 5 mil quilos por hectare (kg/ ha) no cultivo de feijão, 13 mil kg/ha de milho, 6 mil kg/ha de soja e 7 mil kg/ha de trigo. “Quando as condições edafoclimáticas (relativas aos solos e ao clima) estiverem harmoniosas e favoráveis”, prevê Marangon. E José Cabrera adianta que, para a difusão das técnicas testadas e aprovadas, a intenção é instalar 11 unidades de referência tecnológica no estado do Paraná, 4 em Santa Catarina, 3 no Rio Grande do Sul e 2 em São Paulo.

“Nesse projeto são testadas várias tecnologias usadas de maneira eficiente e ao mesmo tempo tecnologias antigas como o verdadeiro plantio direto na palha, incluindo tecnologias como tratamento de sementes, biorreguladores de crescimento, adubação de maneira correta e manejo adequado dos defensivos agrícolas”, explica Cabrera. “Com o uso desses produtos de maneira racional e adequada, teremos, com o avançar dos anos, a diminuição do uso de agroquímicos, maior produtividade e maior rentabilidade por ser um processo sustentável por causa da criação de um ambiente produtivo para a alta performance na produção de grãos”, completa.

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