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Na lavoura, as práticas que fazem a diferença

A produção da fazenda Banhado Verde, em Faxinal do Guedes, Santa Catarina, é exemplo consolidado de que as boas práticas significam solo mais fértil e mais produção. Há 40 anos, Carlos Roberto Alessio foi pioneiro no sistema de plantio direto em Santa Catarina e, nas últimas décadas, os filhos Diego e Rodrigo agregaram novas técnicas nos 1 mil hectares de cultivo de soja, milho e trigo. Durante a Caravana da Embrapa, as estratégias realizadas foram apresentadas por Diego Alessio, engenheiro agrônomo e gestor da propriedade. São: plantio direto, rotação de culturas com coquetel de sementes, plantio no verde, produção on farm de bioinsumos, uso de remineralizadores e o monitoramento de pragas e doenças.

“Há mais de 40 anos, o sistema de plantio direto é nosso eixo norteador para a agricultura regenerativa, com a aplicação de várias estratégias para produção com o menor impacto possível e diminuição dos insumos externos”, diz. “Isso é positivo do ponto de vista econômico, mas vai muito além da questão econômica”, conta, lembrando que há conservação de recurso como água e até ar, pelo sequestro de carbono. “E a questão social também, da produção de um grão com menor impacto ambiental”, completa Diego Alessio.

Para isso, conforme o produtor rural, é preciso ter uma visão holística de construção de um sistema de produção, não visando só uma cultura em si. “Transformando e melhorando o ambiente safra por safra, você vai ter um dispêndio menor de insumos e melhoria sob o ponto de vista ambiental, aproveitando melhor a água da chuva, utilizando os insumos de forma mais correta, substituindo ou diminuindo o uso de químicos e deixando a natureza fazer os serviços ecológicos”, explica. “Isso faz com que a vida no solo aumente e, consequentemente, crie relação com nossas plantas comerciais, beneficiando pela maior defensividade contra doenças”, resume.

Sobre as estratégias adotadas nas lavouras da família Alessio, Diego conta que o objetivo é o menor distúrbio químico e físico do solo, o que é feito por meio de práticas de manejo que buscam imitar os padrões do solo da mata. “No sistema de plantio direto, há a produção de altos volumes de palhada numa cultura de cobertura que antecede a cultura comercial”, relata. Outras práticas se relacionam ao padrão da biodiversidade, feitas pelo sistema de rotação de culturas e de um coquetel de sementes para plantas de cobertura. “No mesmo espaço, são vários tipos de plantas convivendo e isso aumenta a diversidade de plantas, o que faz com que o solo tenha um equilíbrio natural porque, com a rotação de culturas e o coquetel de plantas de cobertura, nós estamos tentando imitar o padrão natural”, explica.

Os Alessio praticam ainda a técnica

Lições da caravana em favor da terra

PLANEJANDO ONDE E QUANDO PLANTAR – Conhecendo bem as áreas de produção, é possível tornar mais eficiente a aplicação dos recursos, como os fertilizantes e corretivos. Quando o produtor interpreta adequadamente as potencialidades e as limitações das diferentes áreas de sua propriedade, pode definir as aplicações conforme a sua disponibilidade de insumos. As recomendações para a adequada caracterização do solo são avaliar o solo com amostragem em maiores profundidades e em toda a área cultivada.

BOAS PRÁTICAS PARA O USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES – A dica é definir a quantidade e tipos de fertilizantes e as épocas de adubação, em função da cultura, do solo e do clima local. Após a construção da fertilidade, a etapa seguinte é a estabilização do solo, o que se dá pela agregação de matéria orgânica, formação de palhada, ciclagem de nutrientes e retenção de umidade. E depois vem a manutenção da fertilidade, com equilíbrio nutricional. Conforme o pesquisador Fabiano de Bona, a boa análise de solo permite usar apenas o nutriente que está faltando, de forma a maximizar o manejo.

NOVOS FERTILIZANTES E INSUMOS – Resultado dos avanços obtidos pelas pesquisas, os novos fertilizantes são inovadora de plantio em cima da massa de cobertura verde. “A gente não desseca porque queremos que essas plantas fiquem o maior tempo possível verdes mantendo uma biologia para as plantas comerciais aproveitarem essa relação de fungos e bactérias no solo”, conta Diego. Outra prática é a produção de bioinsumos, com a produção de fungos e bactérias para substituir alguns produtos químicos e aumentar a biodiversidade microbiana do solo. E há também o uso de remineralizadores com uso de pó de rocha, que causam menor impacto químico no solo. E sobre a estratégia do Monitoramento Integrado de Pragas e Doenças (MIP/MID), o engenheiro agrônomo diz que a prática reduz a intervenção com produtos químicos. “Só se usa químico quando é realmente necessário, o que faz bem para o solo e sob o ponto de vista ambiental”, conclui. capazes de atingir alta eficiência agronômica. Alguns são os organominerais, compostos por matéria orgânica e por fontes minerais, que proporcionam tanto a disponibilidade rápida, quanto a lenta dos nutrientes às plantas e microrganismos no solo. Os novos insumos trabalham de forma diferente, colaborando com a fertilidade do solo, mas ainda não têm seu uso consolidado como os fertilizantes tradicionais.

MANEJO E SUSTENTABILIDADE – Tecnologias de manejo para a sustentabilidade agrícola têm como foco a construção e manutenção de um bom ambiente de produção para os cultivos, com maior equilíbrio e resiliência, diminuindo a necessidade de adição de nutrientes em médio e longo prazos. As tecnologias recomendadas são cultivos consorciados, sistemas integrados, rotação e sucessão de culturas e uso de plantas de cobertura e adubos verdes (gramíneas e leguminosas).

SOLUÇÕES DIGITAIS – A agricultura de precisão é um sistema de gestão que leva em conta a variabilidade da lavoura ao longo das safras para aumentar a eficiência produtiva. Para isso, ela utiliza diversas ferramentas, entre as quais estão tecnologias digitais que auxiliam no manejo de precisão, inclusive para o uso sustentável e eficiente de fertilizantes.

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