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Sementes da preservação

Bolsa de Sementes já possibilitou a coleta de mais de 22 toneladas de sementes de 181 espécies nativas

Há mais de 20 anos, estudantes de escolas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são incentivados a coletarem sementes de espécies de árvores nativas das suas regiões. Essa ação do Verde é Vida, da Afubra, já permitiu a coleta de 22.214 quilos de sementes de árvores nativas. Trata-se da Bolsa de Sementes, que surgiu em junho de 2002 e já possibilitou transformar sementes de 181 espécies nativas em novas árvores, especialmente da vegetação do bioma Mata Atlântica.

Em 2022, uma das atividades de celebração do 20º aniversário da Bolsa foi o plantio de uma muda de Ipê Amarelo em cada município onde a Afubra tem filial e, também, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), instituição parceira. Houve ainda a distribuição de 20 mil envelopes com sementes de Ipê Amarelo, totalizando 427 mil sementes. As sementes foram entregues com instruções de como plantar a flor símbolo do Brasil, incentivando o plantio de árvores e, também, a cidadania.

Segundo o coordenador geral do Verde é Vida, Adalberto Huve, em 20 anos, a Bolsa forneceu sementes para aproximadamente 2.025 viveiros. “Inclusive para o nosso próprio, no CDA (Centro de Difusão Agropecuária) da Afubra, onde são produzidas as mudas que a entidade distribui anualmente por doação e venda. “Não temos como medir a área que estas mudas já reflorestaram, mas podemos afirmar sem dúvida que estamos falando de muitos hectares”, diz. Conforme ele, as questões ambientais sempre foram parte das ações da Afubra e uma das atividades propostas para as escolas e comunidades envolvidas pelo Verde é Vida foi a coleta de sementes para produção de mudas visando colaborar com o repovoamento de áreas sem ou com pouca cobertura de nativas.

As sementes coletadas ficam armazenadas na estrutura do laboratório de silvicultura da UFSM, onde há uma câmara fria para armazenamento e estrutura para o recebimento, catalogação e distribuição. “Conforme solicitação de interessados, como escolas, prefeituras e viveiristas, as sementes vão sendo enviadas de forma gratuita para produzirem novas mudas de árvores nativas”, relata Huve. “E, quanto aos alunos que coletam as sementes, as suas escolas recebem bônus em valor proporcional ao coletado, os quais se transformam em dinheiro para comprar material e produtos de uso coletivo na escola”, lembra.

Os resultados da Bolsa de Sementes são maiores do que a produção de mudas para reflorestamento, pois há educação e conscientização ambiental. “É muito relevante o fato de conseguirmos fazer com que os jovens envolvidos tenham em mente a importância da coleta de sementes e ampliem os conhecimentos sobre os tipos de plantas, pois lidam direto com as espécies”, salienta Huve. A ação é desenvolvida em parceria com 61 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Para o gerente de Produção Agroflorestal da Afubra, engenheiro florestal Juarez Iensen Pedroso Filho, ao beneficiar sementes nativas para disponibilização gratuita ao público de interesse, a Bolsa contempla vários aspectos relacionados à preservação ambiental. “O fato de haver tantas pessoas engajadas para colher frutos para extração de sementes e disponibilizar para outras pessoas interessadas, por si só, já é algo extraordinário e positivo”, diz. “Uma das causas da degradação dos remanescentes florestais é o desconhecimento da correta valoração dos recursos naturais, em especial as florestas nativas”, explica. “O trabalho coloca atenção sobre as espécies florestais visando a interação da comunidade escolar e, nessa dinâmica, muito aprendizado é oportunizado continuamente e repassado entre gerações”, lembra. “Além disso, as sementes florestais nativas são um importante insumo para a produção de mudas que por sua vez podem e devem ser utilizadas para revegetar, arborizar e restaurar áreas de interesse”, acrescenta.

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