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CAPELANIA HOSPITALAR Por meio do novo curso, o Centro Universitário São Camilo e a Província Camiliana querem proporcionar mais dignidade às pessoas doentes melhorando a qualidade de vida delas e de suas famílias.
VOCACIONAL 10 ANO Confira o relato da passagem
da imagem peregrina e das relíquias de São Camilo pelas regiões Norte e Nordeste do país. Momentos de muita fé e emoção marcaram a peregrinação. Veja a agenda dos próximos meses!
12 ENTREVISTA Pe. Ariseu, que acaba de
completar 25 anos de sacerdócio, afirma: “Tiveram desafios, acertos e erros, flores e espinhos. Porém, sobressaem as alegrias, as experiências colhidas e cultivadas em tudo que foi vivido e realizado”.
ED I TO RI A L Expediente
Apresentação
Ano 2 - Número 7 - 2019 Informativo da Província Camiliana Brasileira Provincial Pe. Antonio Mendes Freitas, mi Conselho Provincial Pe. Mário Luís Kozik, mi Pe. Mateus Locatelli, mi Pe. Francisco Gomes da Silva, mi Pe. João Batista Gomes de Lima, mi Produção Agência Arcanjo Edição Taty Feuser Diagramação João Victor Funka Revisão Larissa Graça Pe. Mateus Locatelli, mi Tiragem 500 exemplares Impressão Gráfica Volpato
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Sede Provincial Av. Pompeia, 888 - Pompeia 05022-000 - São Paulo/SP secretaria@camilianos.org.br www.camilianos.org.br /camilianosbr @camilianosbr
“A espiritualidade camiliana: um bálsamo de consolo e de humanização” Os valores camilianos nos dias atuais são tema central desta edição. “Mais coração nas mãos, irmãos” já pedia São Camilo de Lellis. Isto significa, verdadeiramente, canalizar as razões do coração para as mãos que se transformarão em preciosos instrumentos de consolação e de humanização. O tema central deste Informativo quer promover uma verdadeira reflexão acerca do cuidado com os mais necessitados, as pessoas enfermas e suas famílias: com amor, humanidade e carinho. Neste contexto, dando continuidade à sua responsabilidade no campo da saúde, o Centro Universitário São Camilo e a Província Camiliana Brasileira vão implementar o Curso de Especialização em “Capelania Hospitalar: concepções e práticas para a relação de ajuda no campo da saúde”. O curso foi criado com a finalidade de suplementar a formação continuada dos religiosos camilianos que atuam na Pastoral da Saúde e do público especializado que tem interesse na área. Nas páginas 4 e 5 trazemos todos os detalhes sobre essa nova proposta. Além da saúde, a Província Camiliana não poderia deixar de tratar sobre a Pastoral Vocacional nesta edição, pois desenvolve constantemente essa dimensão por meio de encontros vocacionais ajudando os jovens em sua resposta ao chamado de Deus. Nesse sentido, trazemos o testemunho do Pe. Sante Tocchetto, na página 7, sobre sua história de dedicação à formação de jovens da Tailândia e Vietnã. O Ano Vocacional ganha destaque na página 10 com o bonito relato da peregrinação nas regiões Norte e Nordeste onde houve diversas celebrações eucarísticas nas catedrais, paróquias e hospitais. Foram momentos de muito louvor, emoção, fé, veneração da imagem e das relíquias e, sobretudo, visita aos doentes, familiares e cuidadores. Nas páginas 14 e 15 destacamos por meio de fotos todos esses momentos. 25 anos de sacerdócio é um marco, por isso trazemos ainda uma entrevista com o Pe. Ariseu Ferreira de Medeiros. Foram muitas as experiências vividas em lugares diferentes. Pe. Ariseu é um religioso defensor da vida comunitária, conviveu sempre com muitas pessoas, religiosos e seminaristas, diferentes no modo de pensar e agir. Próximo de completar 64 anos de idade, compartilha na página 12 um pouco mais sobre sua trajetória religiosa. Que esta publicação seja fonte de inspiração e conhecimento para todos que se propuserem a fazer sua leitura!
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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA Comunicação
Por Agência Arcanjo
A vida de São Camilo de Lellis Confira o e-book que preparamos com toda a trajetória do fundador da Ordem dos Ministros dos Enfermos Entrou para os estudos, foi ordenado sacerdote, e vendo a realidade dos peregrinos de Roma, que não tinham uma assistência médica digna, foi brotando nele o carisma de servir a Cristo na pessoa do doente, do peregrino. Muitos se juntaram a ele nessa obra que deu origem à Ordem dos Ministros dos Enfermos. Este é o resumo de uma bonita, mas sofrida trajetória. O e-book que preparamos oferece detalhes e uma riquíssima leitura. Para baixar, basta acessar o Blog Camilianos. Vale a pena se aprofundar e conhecer melhor a história de São Camilo de Lellis!
Camilo nasceu no ano de 1550 na Itália. Filho de pai militar, também seguiu essa carreira, mas não pôde prosseguir devido a uma grave ferida em um dos pés. Recorreu ao hospital de São Tiago em Roma, onde viveu sua compaixão pelos outros doentes. Porém, ele deu um ‘sim’ ao pecado, entregando-se ao vício do jogo, onde perdeu tudo e ficou na miséria total. Foi de hospital em hospital para cuidar de sua ferida, até bater na porta dos franciscanos capuchinhos e ali quis trabalhar na obra de Deus. Com 25 anos começou o seu processo de conversão. No hospital em Roma, Deus suscitou nele a santidade de ver nos doentes a pessoa de Cristo. Camilo também viveu uma bela amizade com São Felipe Néri.
“Assistam aos enfermos com o carinho de uma mãe para com seu único filho doente”. São Camilo
blog.camilianos.org.br/materiais
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N OT Í C I AS DA PR OV Í NCI A Pastoral
Por Pe. João Batista Gomes de Lima - Reitor do Centro Universitário São Camilo
O nosso compromisso é com a Vida Plena Curso de Especialização em Capelania Hospitalar graves e voltarmos a construir e viver numa humanidade saudável? Humanidade em que a vida seja o bem maior? Vida que seja em abundância e plena para todos”? A saúde é um dos maiores clamores da sociedade brasileira, e nessa realidade, um dos desafios do ser humano é confrontar-se e conviver com situações caóticas geradas pelas doenças. Por isso, a busca pela cura é algo central em diversas culturas, sendo a relação doença/cura um balizador importante, tanto para as pessoas, como para as religiões, para as instituições de saúde e para a sociedade. Neste contexto, dando continuidade à sua responsabilidade no campo da saúde, o Centro Universitário São Camilo e a Província Camiliana Brasileira estão propondo de forma multidisciplinar um Curso de Especialização em “Capelania Hospitalar: concepções e práticas para a relação de ajuda no campo da saúde”. O curso foi criado com a finalidade de suplementar a formação continuada dos religiosos camilianos que atuam na Pastoral da Saúde e do público especializado que tem interesse na área. Assim, cumpre um relevante papel diante dos problemas enfrentados por uma sociedade em acelerada mudança. A busca por ações que possam proporcionar mais dignidade às pessoas em situação de doença, bem como melhorar a qualidade de vida, faz com que o curso, além de aprofundar as concepções sobre saúde, espiritualidade e bioética, busque trabalhar práticas que auxiliem na construção da vida integral. O curso tem como foco central a relação doença/cura no universo hospitalar, considerando as implicações, desafios e oportunidades da relação com o paciente, a família, os profissionais de saúde e das diferentes áreas de serviços, por isso a metodologia que perpassará todo curso será teórico-prática.
O que vemos, com muita tristeza, é que nossa sociedade está cada vez mais enferma. Está muito, muito, muito doente. É uma doença gravíssima, que atinge violentamente o ser humano na sua dignidade. Uma sociedade que está doente porque perdeu o bem mais valioso que é entender que cada ser humano é imagem e semelhança de Deus. E, são três as principais causas da grave doença: A primeira doença é a cegueira intelectual: porque a ignorância tomou conta de grande parte da humanidade. A ignorância é o resultado da “preguiça” intelectual de não querer conhecer, de não se interessar em saber a verdade. O próprio Papa Francisco, em 2013, disse que a fofoca sempre nasce da ignorância e é como o terrorismo, porque a palavra mal usada, a palavra da calúnia, da inverdade, mata mais do que o terrorismo. A segunda doença é a falta da dimensão afetiva: quem não ama a si, jamais conseguirá amar os outros. A miséria afetiva impede de ver e aceitar a realidade como ela é, impede a percepção das coisas que realmente são necessárias para viver. A miséria afetiva faz pensar que com a eliminação do outro tudo estará bem, triste engano. Essas atitudes revelam a fraqueza humana que precisa ser cuidada. A terceira doença é a falta de fé: a pior doença da humanidade é a cegueira da fé, pois impede de assumir a condição humana e leva os seres humanos a quererem ser o que eles jamais poderão ser, deuses. Esse é o grande pecado original, pensar que os seres humanos são como os deuses. Grave engano, pois essa atitude levou os pais (Adão e Eva) a terem filhos que se matam. Quem pensa que é como os deuses, tem filhos que se matam, geram filhos que se matam. Podemos nos perguntar: “Como superar essas três doenças
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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA Pastoral
Por Pe. João Batista Gomes de Lima - Reitor do Centro Universitário São Camilo
Considerando essa dinâmica, o curso de Capelania Hospitalar leva em conta o papel relevante da espiritualidade no processo de resgate da saúde, pois contribui para ampliar os questionamentos em relação ao sentido da existência e da vida, bem como da sua finitude e transcendência. O curso auxiliará os profissionais na relação de ajuda no campo da saúde para que, respaldados pela pesquisa e reflexão a partir da interdisciplinaridade, atuem com mais proficiência na sua prestação de serviços.
Pretende-se estabelecer um diálogo permanente entre os avanços científicos no campo da espiritualidade e saúde, tendo como foco permanente o exercício da Capelania nos espaços em que se dá a relação doença/saúde, doença/cura, doença/ recuperação, doença/sentido da vida, doença/morte, morte/ vida plena. Tendo presente essa missão, o curso busca conhecer os novos campos, pesquisas, paradigmas, tendências e práticas da Capelania Hospitalar, à luz das ciências humanas e bíblicoteológicas, a fim de contribuir na preparação e qualificação de profissionais para atuarem, de maneira eficaz, na relação de ajuda no campo da saúde do indivíduo, família, comunidade e sociedade. Daí os destinatários serem os profissionais da área da saúde, padres, religiosos, pastores, agentes de pastoral da saúde e profissionais das diferentes áreas do conhecimento interessados na temática da saúde e Capelania. Tanto na dinâmica da vida individual, como social, é possível observar que as expressões religiosas e espirituais exercem um papel estratégico que é importante compreender para quem atua no campo da saúde, especialmente na Capelania Hospitalar. É evidente que a busca intensa pelo “sagrado”, pelo “divino” tem uma razão de ser para o humano, esse processo deve ser compreendido pelos profissionais que buscam uma abordagem humanística em seu exercício no campo da saúde. Daí emerge também a relevância deste curso, que busca compreender de que forma as práticas espirituais contribuem nos processos de cura e na constituição de sentido para a vida, tanto individual, como familiar e social.
“A Ação Pastoral Camiliana contempla o ser humano integral nas diferentes dimensões da vida” [...] Seguimos acreditando e construindo um mundo em que “a violência, a morte, o choro, a tristeza, não mais existam” ou pelo menos, sejam amenizados. O próprio Jesus não apenas deu a vida, mas também comunicou a vida eterna, transmitiu a transcendência da vida divina em abundância: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. É com esse compromisso que se coloca a questão da identidade e a formação do ser humano saudável, como processo de qualificação da vida, por isso, a Ação Pastoral Camiliana contempla o ser humano integral nas diferentes dimensões da vida, seja biológica, psicológica, relacional, intelectual, social, e também o lugar primordial da dimensão transcendental. Que possamos nos instrumentalizar contra as novas doenças que tanto nos afligem.
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Formação
Por Pe. Gilmar Antônio Aguiar, mi
Nós somos o SAV Camiliano O Serviço de Animação Vocacional (SAV) ou simplesmente Pastoral Vocacional (PV) é uma atividade muito importante para a vida da Igreja, com seus desafios e oportunidades. É missão de todos e de cada um de nós. Assim, a Província Camiliana Brasileira desenvolve essa dimensão baseada nas orientações da Igreja, da Constituição e disposições próprias, do estatuto de formação e das Diretrizes para a formação. Todo esse aparato serve para dar consistência e fundamento às atividades desenvolvidas pelos promotores vocacionais. Atualmente em nossa Província, nomeados, são dois: Pe. Elielton José, residente em São Paulo (SP) e Pe. Gilmar Antônio, que mora em Fortaleza (CE). Bem sabemos que o atual cenário social é complexo e problemático. Esse contexto é marcado pelo hedonismo (viver o prazer desmedido), pelo individualismo, pelo consumismo. Além disso, observa-se o conflito entre o desejo e a realidade, a exclusão social, a miséria e violência, o neoliberalismo, a secularização, a fragmentação, o eclipse do sagrado, o surto religioso e a crise eclesial, então, paramos e nos perguntamos: o que fazer e que propostas oferecer à juventude de hoje? É sabido que temos que lidar com uma geração nova, denominada “floco de neve”, que deixou para trás as gerações baby boomers, X, Y e Z. Por isso, aumentam os desafios para uma pastoral vocacional mais atenta, renovada e orgânica. Assim sendo, definimos a nossa pastoral vocacional como uma atividade voltada para os jovens, que se encontram em sua realidade, provocando neles um despertar para o chamado de Deus, a viver uma missão e uma consagração específica. Para efetivar essa proximidade com os jovens, os promotores
Encontro Vocacional em São Paulo - SP
vocacionais são responsáveis pelo trabalho de divulgação do carisma camiliano em feiras vocacionais, em missões, nas obras assistenciais e nas paróquias. O chamado de Deus exige uma resposta fiel e generosa. Por isso, tudo começa com um despertar, ou seja, um desejo de descobrir sua vocação, que tem como sinais o interesse por situações reais e específicas, por exemplo, o cuidado com os mais pobres, doentes e vulneráveis. Depois desta fase do “descobrir” começa a fase do assumir o acompanhamento e o discernimento vocacional. Para concretizar o processo de acompanhamento e de discernimento vocacional é feito um acolhimento dos jovens interessados, por meio de visita aos familiares, entrevistas, diálogos, leituras, oração e a participação nos encontros de convivência vocacional. Nessa conjuntura buscamos oportunidades para sempre recordar que Deus não se cansa de convidar muitos para sua vinha, chamou e continua chamando, pois a iniciativa é sempre d’Ele. Ele chama diretamente de forma incisiva e carinhosa a trabalhar na sua seara. Por isso, intensifica-se a importância de viver fielmente o santo Evangelho, também, a vivência sincera da consagração religiosa, do testemunho carismático, que são ações concretas e capazes de responder aos anseios da juventude na fé e na vida. Sendo assim, é essencial o encontro pessoal com Jesus; reservar um tempo para estar com Ele, naturalmente tempo de oração; ouvir, aprender verdadeiramente a escutá-Lo – na Palavra de Deus, na fé, na liturgia e na vida, pois, os jovens, a seu devido tempo, darão uma resposta livre e pessoal ao chamado de Deus.
Encontro Vocacional em Fortaleza - CE
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Camilianos no mundo
Por Pe. Sante Tocchetto
Ásia: história de dedicação à formação de jovens da Tailândia e Vietnã Para falar sobre o ministério aqui na Tailândia, penso especialmente em formação. Em primeiro lugar, você deve ter em mente que estamos em uma nação que quase na sua totalidade pratica o Budismo, parte modesta o Islamismo e pouquíssimos praticam o Cristianismo nas suas diversas expressões (protestantes, anglicanos, testemunhas de Jeová e também católicos). As vocações na Tailândia são restritas por causa dos poucos cristãos, mudanças sociais e até raízes religiosas bastante superficiais. No Vietnã, a situação é muito diferente. Ao menos por enquanto, as vocações são numerosas, muito mais determinadas, são apresentadas por si mesmas e geralmente as qualificações já foram alcançadas. Estamos aqui há 65 anos e temos várias atividades: dois hospitais, quatro abrigos não autossuficientes para pessoas mais velhas, um dos quais é totalmente gratuito, três casas de formação, quatro centros para crianças com deficiência, um centro para pacientes com HIV/Aids, um centro para crianças de tribos da montanha e outras atividades irregulares, como assistência periódica em um centro estadual, visitas ambulatoriais a aldeias desfavorecidas ou aldeias vizinhas e um programa promocional também no Laos. Dediquei a maior parte do tempo na formação de jovens, tanto tailandeses quanto vietnamitas (25 anos de seminário e sou também formador). Aqueles que estão envolvidos na formação também vão às escolas e igrejas católicas para conhecer as crianças que podem estar interessadas e depois convidá-las a participar do campo vocacional, que acontece todos os anos em outubro. Na minha experiência de formação, é necessário ter em mente alguns valores: o respeito pela cultura e a pessoa, um calendário claro com tempos de oração, reflexão, estudo e trabalho manual e ministerial. É importante que os candidatos tenham um ambiente saudável que os acolha, um clima familiar, porque é na familiaridade que o bem e as dificuldades são mais compartilhadas. É necessário que os formadores sejam presentes, participem de uma conferência no mínimo, e tenham uma presença participativa. Onde os candidatos estão, lá está também o formador. As deficiências não devem humilhar o candidato, mas sim servir para educá-lo, motivá-lo, fazê-lo crescer no bem. O candidato deve sentir-se amado por seu formador. A oração e o estudo são as tarefas mais importantes para o momento, mas também o esporte e o trabalho. No entanto, não devem haver momentos vazios, eles criam oportunidades para o desperdício de tempo, distrações, problemas e tédio. Sobretudo, a vida deve ser intensa e o formador deve, acima de tudo, ser um bom exemplo em tudo isso, um bom pai, um bom amigo. Também são oferecidas aos jovens as experiências do ministério com os doentes, para que possam fortalecer-se e amar o carisma próprio da nossa Ordem.
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Por Pe. Gildésio Paixão Batista, mi
Falar dos valores camilianos significa sempre voltar às fontes da espiritualidade cristã contida no coração dos evangelhos, donde sempre transborda a água viva que sempre renova, restaura e sacia a sede de sentido e de vida dos que dela se aproximam movidos pela fé. Por outro lado, significa também abraçar a fragilidade própria da condição humana, principalmente, o humano impactado pela enfermidade. Voltar às fontes será sempre um exercício em busca de resposta e de sentido para a vida humana no tempo histórico da sua própria existência. Camilo de Lellis buscou e encontrou resposta e sentido para sua vida doando-se totalmente ao serviço dos enfermos, tendo como grande inspiração espiritual a de aproximar a miséria humana da misericórdia divina. A cultura ocidental sempre foi determinada pelo imperativo categórico da racionalidade. Porém, sempre houve quem a questionasse partindo do entendimento de que a razão sozinha não dá conta da complexidade da existência humana no planeta. Nesse sentido, vale muito destacar o impacto da frase de Blaise Pascal quando afirmou: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Com certeza esse pensador causou uma grande revolução ao questionar a “deusa razão”, na tentativa de evidenciar e incluir as razões do coração no entendimento e na compreensão da condição humana. Uma verdadeira revolução pascaliana com impacto no pensamento e na cultura ocidental até os dias atuais. De uma revolução com princípios filosóficos que buscou incluir as razões do coração na compreensão da complexidade da vida humana (revolução pascaliana), avançamos para uma outra revolução no campo da dimensão espiritual. Uma revolução também centrada nas razões do coração enquanto fonte primária e prioritária para a organização e criação da “Nova Escola de Caridade”, no seio de uma Igreja do século XVI, que muito necessitava de renovação. Na origem dessa revolução espiritual encontra-se o homem e santo Camilo de Lellis, fundador da “Nova Escola de Caridade”, reconhecido como patrono dos enfermos, dos profissionais da saúde, dos
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hospitais e dos muitos bons samaritanos da pastoral da saúde. Na sua grande empreitada e missão, Camilo logo percebeu que não seria possível encarnar o carisma da misericórdia no mundo da saúde e da enfermidade apenas respaldado no princípio da racionalidade. Não hesitou em invocar as razões do coração como base capilar do seu carisma fundacional ao recordar a seus companheiros um dos princípios básicos da vocação para a arte de cuidar: “mais coração nas mãos, irmãos” (São Camilo de Lellis). Não se sabe exatamente se Camilo conheceu o filósofo das razões do coração. Fato é que a compreensão dos dois converge bastante no referente à necessidade de resgatar e de valorizar as razões do coração, tanto para ampliar o pensamento para além das fronteiras da razão prática quanto para humanizar o cuidado com os afetos do coração. Em ambas revoluções (do pensamento, Pascal, e do cuidado, Camilo), estão presentes as exigências das razões do coração, quase sempre desconsideradas pela frieza da razão prática. Se Pascal foi quem melhor evidenciou as razões do coração, Camilo foi quem melhor demonstrou a necessidade de fazer pulsar as razões do coração, nas mãos, na grande e espetacular arte de cuidar dos enfermos. “Cuidar da pessoa enferma com aquele amor que uma mãe cuida do seu único filho enfermo” (São Camilo), significa, verdadeiramente, canalizar as razões do coração para as mãos que se transformarão em preciosos instrumentos de consolação e de humanização. Por fim, o que muitos pensadores têm buscado resgatar no momento presente de crise do cuidado em todas as dimensões, é, exatamente, o que já fora evidenciado pelos personagens mencionados na reflexão. O teólogo Leonardo Boff é quem mais tem colocado em evidência a necessidade da razão cordial ou sensível, tanto para um pensamento mais adequado à complexidade da vida humana, quanto para um cuidado mais abrangente com o planeta e com todas as formas de vida que o habitam. Fato é que “se quiseres salvar este belo e pequeno planeta, teu lar humano, se quiseres salvar a diversidade das formas de vida, se quiseres salvar a civilização humana, se quiseres salvar a ti mesmo, então comece já agora a cuidar de tudo e de todos, porque fora do cuidado não há salvação para ninguém”, completa Boff.
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Peregrinação da imagem e das relíquias de São Camilo Norte e Nordeste Por Pe. Francisco Alves dos Santos, mi e Pe. Gilmar Antônio Aguiar, mi
“Enviou-os para anunciar o Reino de Deus e curar os enfermos” (Lc 9, 2), este é o lema do Ano Vocacional Camiliano. Desse modo, impelidos e motivados, os padres Francisco Alves dos Santos, responsável pela pastoral da saúde no regional e Gilmar Antônio Aguiar, animador vocacional, receberam a missão de levar e conduzir essa segunda fase da peregrinação pelas regiões Norte e Nordeste. Tudo começou no aeroporto em Belém (PA), em 12 de fevereiro, quando receberam a missão já iniciada pelo Pe. Elielton, que concluía a passagem em Sinop (MT), com as Irmãs Filhas de São Camilo. A imagem peregrina e as relíquias de São Camilo visitaram as regiões Norte e Nordeste entre os dias 12 de fevereiro e 23 de março de 2019. Nesse período passaram em todos os lugares onde a presença camiliana está, a saber: nos hospitais, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e comunidades religiosas. Os locais visitados foram: as comunidades camilianas, em Fortaleza (CE) e Macapá (AP); as Irmãs Ministras dos Enfermos em Aracaju (SE) e Feira de Santana (BA); as Irmãs Filhas de São Camilo, em Barra da Estiva (BA) e, também, as Irmãs da Associação Maria Mãe da Vida, em Juazeiro do Norte e Barra do Ceará (CE). Em 21 de março ocorreu em Fortaleza a Missa, presidida por Dom Valdemir Vicente, bispo auxiliar da arquidiocese de Fortaleza, que marcou a conclusão dessa peregrinação na região.
Durante este tempo houve celebrações Eucarísticas em Catedrais, paróquias, hospitais, momentos de louvores, veneração da imagem e das relíquias e, sobretudo, visita aos doentes, familiares e cuidadores. Destacamos também momentos de emoção e fé, por parte dos colaboradores e dos fiéis, ao tocarem na imagem e relíquias. Essas manifestações e expressões de fé impulsionaram o prosseguimento da missão, seguir em frente, apesar do cansaço, do calor, dos reveses da vida.
Em todas as realidades visitadas foi nítida a percepção da satisfação dos religiosos, religiosas, padres e bispos diocesanos, colaboradores, funcionários, leigos e tantas outras pessoas que quiseram conhecer mais sobre a vida de São Camilo e seus ensinamentos no mundo da saúde. Por isso, a explicação do Ano Vocacional e o porquê da presença da imagem peregrina e das relíquias do Santo foram muito importantes ao longa da peregrinação.
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Nessa fase da peregrinação, além de despertar emoções e fé nos participantes, pode-se observar como frutos: a alegria e a paz a todos que estiveram juntos nas caminhadas, procissões e organização. Com certeza, com a graça de Deus e sob a égide de São Camilo, padroeiro dos hospitais, dos doentes e de todos os que cuidam dos doentes, tornou-se mais conhecida e foi semeada, em cada região e ambiente visitado, a semente da vocação camiliana, mostrando um novo jeito de cuidar dos doentes e pobres, com muito amor e respeito pela dignidade da pessoa que sofre.
PRO GRAMA ÇÃO 6 a 8/6 9 a 11/6 12 a 19/6 19 a 26/6 26 a 28/6 29 a 30/6 1 a 2/7 3 a 4/7 4 a 6/7 6 a 14/7 15 a 19/7 22 a 26/7 27/7 a 18/8 19 a 21/8 21 a 23/8 31/8 a 1/9
Peregrinação da imagem e das relíquias de São Camilo (junho, julho e agosto)
Casa Provincial Ministras dos Enfermos Filhas de São Camilo Comunidade São Pio X Hospital São Camilo Granja Viana Comunidade São Camilo – Aldeia Comunidade Nossa Senhora do Rosário e Paróquia Nossa Senhora do Rosário Hospital São Camilo Pompeia Comunidade Rebuschini Sede das entidades – Pompeia Atividades sociais – creches e Fundação Nossa Senhora do Ó Hospital São Camilo Santana Hospital São Camilo Ipiranga Comunidade Santa Cruz e Paróquia Pessoal da Pastoral da Saúde Cruzada Bandeirante São Camilo Semana Camiliana Comunidades das Irmãs Filhas de São Camilo Centro Universitário São Camilo Pompeia Centro Universitário São Camilo Ipiranga e Promove Congresso Brasileiro de Humanização e Pastoral da Saúde
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São Leopoldo/RS Riozinho/RS Cotia/SP Cotia/SP Carapicuíba/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP Santos/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP São Paulo/SP
VOCAÇÃO Entrevista
Ariseu Ferreira de Medeiros: 25 anos de sacerdócio uma graça de Deus, manifestei meu desejo de conhecer São Camilo e a Ordem ao promotor vocacional dos camilianos que preparava a abertura do Seminário. Gentilmente, ele me acolheu, ofereceu muitas informações e nos tornamos amigos. A proposta de trabalhar em hospital e com doentes não me era tão atrativa, pois vivenciara bem recente a morte da minha mãe, ainda muito jovem. As lembranças de hospital não eram agradáveis. A leitura da vida de São Camilo e os encontros vocacionais que participei abriram novos horizontes em minha vida.
Pe. Ariseu completa 64 anos em 1º de setembro deste ano, natural de Monte Santo de Minas (MG). Ingressou em 26 de janeiro de 1983, após alguns encontros vocacionais, no Seminário Menor São Camilo na sua cidade natal. É integrante da primeira turma daquele Seminário, um grupo de 27 seminaristas. Na época a estrutura estava em fase de organização, havia um sentimento de muita alegria e esperança. Do seminário em Monte Santo de Minas foi transferido para Granja Viana, em Cotia (SP), onde iniciou o noviciado em 1º de janeiro de 1986, fazendo a primeira profissão por três anos. Transferido para a cidade de São Paulo, Seminário Maior do Ipiranga, começou o curso de Filosofia, concluindo-o no final de 1989. De 1990 até 1993 fez o curso de Teologia. No dia 31 de março de 1991, domingo de Páscoa fez a Profissão Solene. Foi ordenado presbítero em 19 de março de 1994. Atendendo solicitações da Província foi inserido na formação no seu terceiro ano de Teologia, como auxiliar do formador responsável, ainda como formando. Após a ordenação exerceu essa missão até meados de 2013. Trabalhou no Seminário Maior São Camilo do Ipiranga, Seminário Menor São Camilo de Pinhais (PR) e Seminário São Camilo de Monte Santo de Minas (MG). Como padre recém-ordenado foi capelão da Clinica Infantil do Ipiranga até a saída dos camilianos daquela Instituição. Cursou nos primeiros cinco anos de ordenação, mesmo trabalhando na formação, o curso de psicologia. Acompanhava sempre os seminaristas em suas atividades pastorais em vários hospitais de São Paulo e também em Curitiba (PR). Pe. Ariseu completou em 19 de março deste ano 25 anos de sacerdócio e compartilha nesta entrevista um pouco da sua trajetória religiosa. Informativo Camiliano (IC) - Como foi o chamado ao sacerdócio? Pe. Ariseu - De minha família herdei o espírito cristão católico e sempre estive inserido nos momentos vivenciais da fé que a comunidade oferecia. Sentia que algo mais profundo movia a minha vida. As vezes achava estranho e tentava colocar estes sinais em “banho-maria”. Motivado pelo pároco da minha cidade, participei de dois encontros vocacionais na Diocese de Guaxupé e sentia que me tocava muito o desejo de ser padre. Nesse meio tempo os camilianos assumiram o Seminário de Monte Santo de Minas. Ser camiliano me parecia um pouco estranho, pois nunca tinha ouvido falar de São Camilo e nem sabia que existia esse santo. A abertura de um Seminário em minha cidade foi
(IC) - Como se encontrou no carisma camiliano? Pe. Ariseu - O carisma camiliano veio ao meu encontro e eu ao encontro dele. Após esse encontro, continuei vivenciando o que o carisma oferecia, e com minhas limitações respondia da melhor maneira possível. Dizer que tudo está pronto, acredito não ser o correto. O carisma continua sempre com novos horizontes e constantemente desafia novas respostas. Portanto, não estou acabado, pelo contrário com a graça de Deus, perseverança e discernimento, aperfeiçoando o meu ser religioso camiliano na vivência do carisma. (IC) - 25 anos é um marco. Quais experiências mais o marcaram nas paróquias pelas quais passou? Pe. Ariseu - Nestes 25 anos de vida presbiteral foram muitas as experiências vividas em lugares diferentes, onde tive a oportunidade de exercer meu ministério. Fui um religioso defensor da vida comunitária, convivi sempre com muitas pessoas, religiosos e seminaristas, diferentes no modo de pensar e agir. Aprendi muito. Destacar atividades que foram mais importantes acho difícil. Todas tiveram desafios, acertos e erros, flores e espinhos. Porém, sobressaem as alegrias, as experiências colhidas e cultivadas em tudo que foi vivido e realizado. Acredito que o mais importante é a perseverança, a liberdade interior que move e dinamiza a consagração e a realização da vocação a que fui chamado. Se tivesse que vivenciar tudo de novo, com certeza vivenciaria com o mesmo entusiasmo e disposição. Não sei se mudaria alguma coisa, foi o que consegui fazer e certamente seria o que conseguiria realizar.
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REF LEX ÃO Espiritualidade
(IC) - E como têm sido estes últimos cinco anos de trabalho junto ao hospital? Pe. Ariseu - O trabalho no hospital sempre me acompanhou, desde o meu tempo de seminarista. Então não foi algo do outro mundo. Como São Camilo dizia que o hospital é o nosso jardim, algumas vezes pensei que seria interessante morar no hospital, próximo aos enfermos. Posso afirmar que é uma experiência interessante, não sei se para todos. O fato de vir morar no hospital foi circunstancial, não sei se teria escolhido isto. Há momentos que é necessário deixar Deus nos guiar e não querer fazer um caminho próprio e de agrado da vontade pessoal. No momento que passei a morar no hospital foi uma luz que surgiu no meu caminho para salvar a minha vocação. Não acreditava que daria certo, tive medo e até duvidava que conseguiria perseverar. Hoje louvo a Deus por me ter dado forças e luz para exercer meu ministério que amo muito e me traz muitas realizações. A angústia que sentia antes de iniciar a experiência desapareceu. Encontrei muito carinho e acolhimento pelos colaboradores do hospital, pelos doentes e seus familiares. É uma experiência que valeu a pena.
Por Pe. Carlos Toseli, mi
Corpus Christi: tão sublime Sacramento!
Deus o Pai nos enviou seu Filho, para que vivamos por Ele. O Filho se sacrifica a fim de que nos tornemos filhos dignos do seu Pai e Deus e nosso Deus e Pai. Ao dar-nos seu Corpo e Sangue como verdadeira comida e verdadeira bebida, nos faz participantes ativos e generosos no seu mistério pascal. E isto para termos a vida em nós e partilhá-la abundantemente com os demais. O Espírito Santo, dom do Pai pelo Filho derramado sobre as oferendas do pão e do vinho e tudo mais que ofertamos, nos consagra a sermos um sacrifício, no único sacrifício de louvor e ação de graças ao Senhor Misericordioso e assim nos permite compreender seu mistério pascal na íntegra, isto é, vivenciando-o em nossa páscoa cotidiana. “Eis o mistério da fé” “Todas as vezes que comemos deste pão E bebemos deste vinho: Anunciamos Senhor a vossa morte Enquanto esperamos vossa vinda”. É grande o compromisso de quem participa no mistério do Corpo e Sangue do Senhor! Nos tornamos pela vida um anúncio da paixão e morte redentora do Senhor Jesus, abrindo-nos à esperança de seu retorno glorioso e de nossa feliz ressurreição. Cada um e toda a comunidade dos redimidos, proclamando a Jesus Ressuscitado, vai se tornando discípulo missionário do seu amor misericordioso: doação de sua vida entregue na obediência filial ao Pai. O Senhor quer fazer nosso o seu alimento. “Meu alimento é fazer a vontade do meu Pai, e a vontade do meu Pai é que não se perca nenhum dos que me confiou, mas que os ressuscite no último dia”. Não se perderam os pães que foram multiplicados e sim recolhidos nos doze cestos que restaram. Somos do Senhor despenseiros do maior tesouro do seu Coração: a Santíssima Eucaristia. Sem este pão estaremos sempre famintos; por ele, com ele, nele, seremos constantemente atraídos à fonte do amor e da verdadeira vida, sendo aaqueles adoradores que o Pai procura: em espírito e verdade.
(IC) - Qual a lição que fica desse tempo todo de dedicação aos mais necessitados? Pe. Ariseu - A graça que Deus me deu de perseverar e ter feito o que me foi confiado da melhor maneira que me foi possível. Não ter perdido o sentido fundamental de minha consagração, o seguimento de Jesus Cristo como religioso Camiliano no serviço aos menos favorecidos segundo o nosso carisma. Não sei se o meu encanto como religioso presbítero seja o mesmo de 25 anos atrás, ousado e criativo. Sinto-me mais acomodado, na simplicidade, vivendo como posso. Talvez seja um momento de interiorização para atingir objetivos mais profundos, não sei. Sinto-me motivado a continuar minha missão, certo de que Deus me acompanha com o seu Espírito. Assim como Jesus Cristo propôs que seus discípulos fossem homens de discernimento, com alegria faço o meu caminho.
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ACO N T EC E U
Ano Vocacional Camiliano A imagem peregrina e as relíquias de São Camilo passaram por inúmeras cidades nas regiões Norte, Nordeste e Sul do país entre os meses de fevereiro, março e abril. Muita fé e emoção marcaram esta peregrinação, confira! Comunidade São Camilo Lagoa Redonda - Fortaleza - CE
Balsas - MA
Crato - CE
Erval Velho - SC
Barra da Estiva - BA
Brejo Santo - CE
Irmãs Ministras dos Enfermos - Aracaju - SE
Cura D´Ars - CE
Curitiba - PR
Feira de Santana - BA
Iomerê- SC
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ACONTECEU
Itapipoca - CE
Juazeiro do Norte - CE
Matelândia - PR
Limoeiro do Norte - CE
Pedro II - PI
São Gonçalo do Amarante - RN
Tauá - CE
Tianguá - CE
III Assembleia da Família Camiliana Leiga - Iomerê - SC
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Pinhais - PR
Virgem e Mãe Maria Vós que, movida pelo Espírito, acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso “sim” perante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus. Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a alegria a João o Batista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe. Vós, estremecendo de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor. Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a Igreja evangelizadora. Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte. Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga. Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz. Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós. Amém. (Oração do Papa Francisco a Nossa Senhora)
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