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NOVA IDENTIDADE Confira a nova identidade visual para a celebração do centenário da chegada dos Camilianos ao Brasil.
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UMA VIDA EM MISSÃO Conheça um pouco mais da vida de Padre Inocente Radrizzani.
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A TRAJETÓRIA CAMILIANA NO BRASIL Acompanhe a história de fé dos missionários que trouxeram a Ordem Camiliana para nosso país.
ED I TO RI A L Apresentação
Expediente
Ano 4 - Número 15 - 2021 Informativo da Província Camiliana Brasileira Provincial Pe. Antonio Mendes Freitas, mi Conselho Provincial Pe. Mário Luís Kozik, mi Pe. Mateus Locatelli, mi Pe. Francisco Gomes da Silva, mi Pe. João Batista Gomes de Lima, mi Produção Agência Arcanjo Edição Aline F S Oliveira Diagramação Letícia Sales Revisão Eloi Bataglion Júnior Pe. Mateus Locatelli, mi Stella Bousfield
Nossos contatos
Por Agência Arcanjo
Uma história de dedicação,
amor e vocação
Esta edição do nosso informativo marca uma importante data para a Ordem dos Ministros dos Enfermos. Os 100 anos da chegada da missão camiliana ao Brasil compõe uma história repleta de desafios e bênçãos que é tão bem lembrada nos textos a seguir, os quais levam a uma reflexão de como podemos nos inspirar na coragem e fé dos padres Inocente Radrizzani e Eugênio Dallagiacoma, que deixaram para trás a sua pátria a fim de evangelizar. A missão camiliana foi uma semente plantada com tamanho amor em nosso país que hoje frutifica por meio de belíssimas obras assistenciais. Por isso, trazemos para você nesta edição o emocionante trabalho com irmãos em situação de rua realizado por meio da Pastoral da Comunidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Outro importante fruto da história camiliana nas terras brasileiras é o despertar das vocações para o Carisma da Misericórdia. Conheceremos um pouco a história vocacional dos Diáconos Gabriel Anderson Barbosa e Lucas Rodrigues Dalbom. Ser firme na vocação é olhar para o futuro, por meio desta vocação em ação, mas também é homenagear quem já doou sua vida para viver a vontade do bom Deus, como o Beato Camiliano Pe. Henrique Rebuschini. Ele, em sua trajetória, muito nos ensina sobre uma vida de doação aos necessitados, de fidelidade a Deus e amor ao próximo. E também vamos falar sobre questões jurídicas que dizem respeito também à Ordem Camiliana. Esperamos que vocês gostem. Boa leitura!
Sede Provincial Av. Pompeia, 888 - Pompeia 05022-000 - São Paulo/SP secretaria@camilianos.org.br www.camilianos.org.br @camilianosbr @camilianosbr blog.camilianos.org.br
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EDITORI A L Comunicação
Por Agência Arcanjo
Lançamento da identidade visual dos 100 anos da chegada dos Camilianos ao Brasil O ano de 2022 marca os 100 anos da chegada dos camilianos ao Brasil. Para comemorar esta importante data foi desenvolvida uma identidade visual que estará presente nos materiais de divulgação apresentados na programação a ser realizada ao longo do ano. Os eventos irão relembrar e homenagear a trajetória dos padres camilianos Inocente Radrizzani e Eugênio Dallagiacoma que, mesmo frente às dificuldades, chegaram ao Brasil em 1922.
Ao longo da programação você notará a presença da identidade visual muitas vezes, nos fazendo relembrar e agradecer pela vinda da Ordem Camiliana ao nosso país. Que São Camilo interceda por cada homem e mulher que faz parte da grande história da Província Camiliana Brasileira, de maneira que estes 100 anos de atuação transformem-se em muitos outros. Vivamos com alegria este marco histórico!
A identidade visual foi cuidadosamente elaborada para carregar a essência da Ordem Camiliana. Confira abaixo todos os elementos que marcam a identidade visual:
Cruz Vermelha - O crucifixo é o fator unificador da espiritualidade camiliana. É um grande símbolo da misericórdia que brota abundantemente do amor que nos ama, até o ponto de "sacrificar" a própria vida no fogo lento do serviço cotidiano. A Cruz Vermelha no hábito dos Camilianos traz o verdadeiro significado de suas vivências, assim como São Camilo, de amor e sacrifício. Mapa do Brasil - Esta é uma homenagem ao país que tão bem recebeu os camilianos em 1922. Hoje, as entidades camilianas atuam em todo território nacional e além de realizarem a vontade do fundador em estar a serviço daqueles que, em seus desígnios e pensamentos, constituíram seu projeto de vida: os enfermos, também atuam em outras não menos importantes e necessitadas áreas, como a paroquial, formação de religiosos, atividades missionárias, comunitária e educacional. Fundadores - Como não poderia deixar de ser, os padres camilianos Inocente Radrizzani e Eugênio Dallagiocoma também marcam presença, nos fazendo relembrar toda sua coragem, fé e amor a Deus. 3
N OT Í C I AS DA PR OV Í NCI A Formação
Por Rel. Eloi Batglion Junior
Pastoral da Comunidade de Belo Horizonte - MG com os irmãos em situação de rua Desde o início de 2020, o mundo encontrase numa situação de pandemia causada pelo Covid-19, a qual deixou as nossas fragilidades humanas ainda mais agudas. A crise econômica que já existia foi grandiosamente intensificada. Antes da pandemia já havia muitos que viviam em situação de rua no Brasil, entretanto, a crise trouxe consigo um número enorme de pessoas que perderam seus empregos, casas e que sequer possuem agora condições básicas para viver.
Este trabalho consiste na arrecadação de alimentos, água, cobertores e roupas que, posteriormente, são distribuídos aos necessitados. Às segundas, quartas e sextas-feiras à noite, preparamos marmitas com uma macarronada feita por nós. Ao todo, em média por semana, distribuímos 200 marmitas. As doações são feitas por pessoas que moram perto da Comunidade, por paróquias próximas e por amigos que têm se mostrado muito solícitos em ajudar.
Dentre os muitos problemas de nosso tempo, o da fome é o mais grave e urgente e nos revela um grande paradoxo: enquanto uma grande quantidade de alimentos é descartada, muitas pessoas passam fome e sede. A realidade da capital mineira é dramática: estima-se que ela é uma das capitais com o maior número de irmãos em situação de rua em relação à proporção de sua população. Isso nos preocupa imensamente, pois reflete uma situação que só tem aumentado no Brasil.
Santo Agostinho, em um sermão, nos recorda que só pode chamar a Deus de Pai aquele que vê o outro como um irmão. Tal é o apelo do Papa Francisco que insistentemente em seu pontificado tem nos convidado a refletir sobre a fraternidade social e o nosso comprometimento com o outro, sobretudo num mundo tão marcado pela “cultura do descarte”.
Frente a essa dura realidade, os religiosos e seminaristas da Comunidade Camiliana de Belo Horizonte estão desenvolvendo desde o início do ano a Pastoral com os irmãos em situação de rua.
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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA Formação
Por Rel. Eloi Batglion Junior
Num tempo em que falamos tanto de isolamento social, nos deparamos com um fato brutal: os irmãos de rua antes mesmo da pandemia já viviam esta realidade. A miséria os isola, como se fosse um vírus contagioso. Que Deus nos dê a graça de um coração aberto para que sejamos verdadeiros samaritanos que se movem de compaixão e se aproximam sem medo de tocar na humanidade ferida do outro (Lc 10,33-34).
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P R OV Í N C I A Camilianos
Por Pe.Geraldo Bogoni
Padre
Inocente Radrizzani Ao aproximar-se o centenário da presença dos religiosos camilianos no Brasil, nosso pensamento volta-se para os intrépidos pioneiros:
Iomerê (SC). A preocupação com as vocações foi desde o início muito sentida, considerando a dificuldade de virem outros camilianos da província mãe, Lombardo Veneta (Itália), e a necessidade de terem religiosos brasileiros mais identificados com a língua e a cultura do povo. Recordo com admiração seu zelo e seu cuidado com os seminaristas e noviços nos anos em que foi seu confessor em Vila Pompéia (1956) e os orientava espiritualmente com suas sábias reflexões. Juntava essas atividades com as suas incansáveis idas diárias à cidade de São Paulo, buscando recursos para a construção do hospital São Camilo-Pompéia, iniciada em 1944.
Pe. Inocente Radrizzani, nascido em Uboldo (Itália), no dia 3 de junho de 1886, e Pe. Eugênio dalla Giacoma, que no dia 15 de setembro de 1922 aportaram no Rio de Janeiro.
À testa do empreendimento estava o primeiro que, com muita coragem, enfrentou os problemas surgidos logo ao chegar ao Brasil e que ameaçavam o sucesso da missão. O objetivo era estabelecer-se em Mariana, MG, cujo arcebispo D. Silvério Gomes Pimenta havia solicitado a vinda dos camilianos, mas que, ao chegarem, souberam que já tinha morrido. Diante deste contratempo, deliberaram estabelecer-se em São Paulo, no bairro de Vila Pompéia. A tarefa foi penosa, mas a tenacidade do Pe. Inocente e seu espírito religioso o animaram a continuar, superando as dificuldades e imprevistos, levando avante o que ele, firmemente, considerava ser a vontade de Deus. Com seu espírito empreendedor, foi expandindo as atividades do carisma camiliano em São Paulo e viu a necessidade de ir a outras regiões, onde foram se estabelecendo as primeiras comunidades camilianas no Brasil: Vila Pompéia, Iomerê (SC), Jaçanã e Santos, assumindo trabalhos pastorais em paróquias e em diversos hospitais. Sua preocupação com a necessidade de mais religiosos levou-o a abrir um seminário em Vila Pompéia e outro em
A todos nós dava o exemplo de religioso que amava e vivia o carisma e a espiritualidade camiliana com toda firmeza e dedicação. Dizia:
Estamos num campo aberto para as nossas iniciativas, não disputado por ninguém. Necessitamos pessoal eficiente e corajoso.
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PROVÍNCIA Camilianos
Por Pe.Geraldo Bogoni
Em 1940, para contornar as dificuldades práticas decorrentes das rivalidades bélicas entre o Brasil e a Itália, naturalizou-se brasileiro. Não foi gesto fácil, mas o amor à causa dos camilianos no Brasil prevaleceu sobre as considerações humanas. Desde que se estabeleceu em São Paulo, Pe. Inocente iniciou atividades de assistência à saúde, começando com um consultório médico, que evoluiu para uma policlínica e, posteriormente, um hospital completo, cuja construção passou a ser obra sua, sem ônus para a comunidade religiosa que, no momento, não dispunha de recursos. Em janeiro de 1961 viu coroados os seus esforços de longos anos com a inauguração do Hospital São Camilo Pompéia.
Pe. Inocente continuou prestando relevantes serviços à Província Camiliana Brasileira como capelão do hospital São Camilo, e com o zelo pela conservação dos escritos camilianos. Encerrou sua longa e frutuosa carreira apreciando a vida e confiando em Deus, aos 91 anos.
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C ENTRA L Por Pe.Gilmar Antonio Aguiar ePor Diác. Diác. Gabriel Gabriel Anderson Anderson Barcosa Barbosa e Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.
As páginas da história registram grandes acontecimentos e grandes personalidades. Toda história tem começo, meio e fim, se é uma história boa ou ruim os espectadores e o tempo dirão. Sentimos que é chegada a hora de recordar, atualizar e nos preparar para a grande comemoração de uma história que não está nos contos de fadas, mas na vida real de pessoas que principiaram uma longa viagem. O mesmo vento que fazia singrar a embarcação também soprava e trazia uma boa semente a ser plantada em novas terras.
A semente caída na terra nova foi a semente do carisma camiliano em terras de Santa Cruz. Vamos conhecer como surgiu a ideia da fundação dos Camilianos no Brasil. Para tanto, teremos como base a obra “Reminiscências históricas da fundação camiliana no Brasil”, organizada por Pe. Carlos Alberto Pigatto, em 2014. Este foi um ano jubilar, em que foi celebrado o IV Centenário da morte de São Camilo (1614-2014), também ocasião de fazer feliz memória e reavivar o heroísmo e a doação dos primeiros arautos da cruz vermelha que chegaram ao Brasil, em 15 de setembro de 1922.
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Em 2012 os Camilianos celebraram os 90 anos da chegada dos primeiros religiosos no Brasil. Eram dois camilianos pertencentes à Província Lombardo-Vêneta, Pe. Inocente Luiz Radrizzani e Pe. Eugênio Dallagiacoma. Esses fatos e tantos outros encontramos nas “Reminiscências históricas”, que são coletâneas de informações acerca da fundação brasileira publicadas em um saudoso boletim DOMUS MEA (1941-1947) e na revista VIDA CAMILIANA. “DOMUS MEA e VIDA CAMILIANA são preciosidades que se devem manusear com as mãos desinfetadas, calçando luvas de pelica”, escreve Pe. Carlos na introdução. A história da presença dos Camilianos, no âmbito da preparação para a celebração do Centenário de sua chegada em terras brasileiras, nos leva a debruçar sobre a narrativa de grandes decisões, dos caminhos da Providência e do forte amor pelo carisma camiliano. Existem duas narrações: a da vinda de São Camilo e a da vinda dos Camilianos para o Brasil. A primeira delas conheceremos ainda neste texto. A segunda será apresentada na próxima edição do Informativo, em novembro, período no qual já estaremos dentro do ciclo de celebrações do Centenário da chegada dos Camilianos no Brasil.
C ENTRA L
Muitos desconhecem este primeiro relato, que comprova que o primeiro a chegar em terras brasileiras foi o próprio São Camilo. Disso sabemos ao consultar a crônica histórica da fundação brasileira que registra um ilustre “precursor”, um padre paulistano, descendente de italianos, que levava o nome do santo, Monsenhor Dr. Camilo Passalacqua.
Monsenhor Camilo, em 1914, estava na Itália em tratamento de saúde. Atendendo a uma solicitação foi visitar a casa Geral dos Camilianos, em Roma. Nesta ocasião, pediu aos superiores da Ordem para que fundassem uma obra camiliana no Brasil, porém, lhe foi dito que não havia religiosos para tanto. Ali mesmo, Monsenhor Camilo adquiriu uma estátua de São Camilo, que trouxe consigo para o Brasil. Já no Brasil, após ter realizado o tratamento médico, numa capela do Instituto João e Rafaela Passalacqua, em São Paulo, solenemente instalou a estátua do santo, a 18 de julho de 1915. Dois anos depois, em 1917, nasceu a ideia e a efetivação de uma Escola de Enfermagem, sob a direção do Dr. Ulysses Paranhos. Monsenhor Camilo tinha a intenção de transformar essa escola numa obra ou associação de São Camilo, agregada à Ordem, com expansão também para fora de São Paulo. No entanto, tudo se desfez, após alguns anos, com a morte do Monsenhor Camilo Passalacqua, em 12 de junho de 1919. Três anos mais tarde, os filhos de São Camilo cruzaram o Atlântico e aportaram em solo brasileiro. Mal sabiam eles que seu Pai fundador, através da imagem trazida pelo Pe. Camilo, já estava presente nessas terras, aplainando os caminhos para a grande missão camiliana que viria a se concretizar no Brasil. 9
ENT RE V ISTA
Ordenação Presbiteral Nesta edição, apresentamos a você uma entrevista com os diáconos camilianos Gabriel e Lucas.
Diácono Gabriel Diácono Gabriel Anderson Barbosa tem 25 anos de idade, é natural de Paraibano, no Maranhão e é promotor vocacional da Regional Norte e Nordeste (Fortaleza/CE). Vamos conhecer um pouco mais sobre sua história vocacional.
1. Como foi a sua descoberta vocacional para seguir o chamado de Deus? Desde pequeno eu percebia sinais da presença de Deus na minha vida, mas ainda não traduzia essa presença como um chamado. Foi só na adolescência que fui tomando consciência desse chamado e me dispus a respondê-lo. Esse despertar vocacional teve início através do Retiro Tabor. Em 2010 eu me preparava para ser crismado e um padre camiliano levou esse retiro para a paróquia da minha cidade. Após o retiro, senti uma grande necessidade de estar numa comunhão maior com Deus. Surgiu a oportunidade de participar do encontro vocacional no Seminário São Camilo de Fortaleza. Nessa experiência, fiquei encantado pelo carisma camiliano e pelas atividades pastorais desenvolvidas ali. Aquela necessidade de comunhão com Deus foi ressignificada dentro do contexto do Seminário e me senti realmente chamado a dar um “sim” para a Vida Religiosa. A partir daí, conversei com minha família, me organizei e ingressei no Seminário Camiliano em janeiro de 2011. 2. Quais as suas expectativas para a vivência como sacerdote? As expectativas giram em torno de vivenciar verdadeiramente a vocação à qual Deus me chama e exercer em plenitude o ministério para o qual eu venho me preparando há dez anos, especialmente quanto à presidência das Celebrações Eucarísticas, à ministração dos sacramentos e à assistência ao povo de Deus. Esse período de preparação para a Ordenação Presbiteral, além de recordar toda a trajetória até aqui, também traz um sentimento acentuado de ansiedade. Apesar disso, me sinto bastante motivado a abraçar o sacerdócio ministerial e a contribuir com a missão apostólica confiada por Cristo à Igreja. 3. O que você aconselharia para um jovem que se encontra em um momento de discernimento vocacional? Que se revista de coragem, fé e confiança. A coragem para enfrentar os medos, dúvidas, dificuldades e tentações; a fé para dar sentido ao chamado e ser combustível para seguir adiante; e a confiança para nos relembrar que Deus jamais nos abandona nessa jornada. Ele quer contar conosco para a construção do seu Reino e espera de nós uma resposta solícita e generosa a esse chamado. Quando nos dispomos a trilhar os caminhos do Senhor de coração aberto e sincero, é Ele mesmo quem guia cada passo nosso.
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ENTREVISTA
Diácono Lucas Vamos agora saber um pouco mais sobre o Diácono Lucas Rodrigues Dalbom, de Cachoeiro de Itapemirim (ES), que atua na paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança, em Pinhais, no Paraná.
1. Como foi o seu processo de discernimento vocacional? Tive excelente educação familiar e religiosa cristã, pois meus pais e toda minha família sempre fomos muito atuantes na vida da comunidade. Desde cedo, frequentei a comunidade cristã assiduamente com meus pais, que desempenharam e continuam desempenhando trabalhos pastorais em minha paróquia de origem. Fui Acólito bem cedo, trabalhei também nas pastorais de comunicação e liturgia. Minha espiritualidade cristã católica vem desde as origens, pois todos os meus avós, com quem convivi foram e são, através da fé simples e fervorosa, testemunhas de fé cristã autêntica. Sempre admirei a figura do padre, mas foi quando eu conheci mais de perto o carisma camiliano que aconteceu o despertar de minha vocação religiosa sacerdotal, isso aos 26 anos de idade, quando minha paróquia de origem foi assumida pelos padres camilianos, em 2012, ano também em que pude estar diante do coração de São Camilo de Lellis, durante a peregrinação no Brasil, por ocasião do 90 anos da presença camiliana em nosso país. Também nessa época eu estava trabalhando em empresa privada (na administração de empresa de mineração de mármore e granito – minhas duas formações até antes da entrada no seminário), deixei o emprego para ir ao Seminário São Camilo, Ipiranga, São Paulo - SP, ingressando em dois de fevereiro de 2013. 2. Como está seu coração na expectativa para a ordenação presbiteral? Sinto-me concluindo um grande ciclo de minha vida, cheio de fé e esperança na missão que Deus me convida e eu respondo com meu “sim”. A doação da vida em favor da construção do Reino de Deus não é um mérito pessoal, mas fruto da abundante graça de Deus na vida dos vocacionados. Em meu coração há um um sentimento de gratidão a Deus por receber a Ordem, agora no grau de Presbítero, Sacramento que “pela unção do Espírito Santo seria assinalado com um caráter especial e assim configurado a Cristo sacerdote, de forma a poder agir na pessoa de Cristo” em favor dos filhos e filhas amados do Pai. 3. O que você tem a falar para outros jovens que estão nesta caminhada de discernimento vocacional? Aos jovens que se sentem chamados à vocação religiosa e/ou sacerdotal, digo que vale a pena gastar a vida com as coisas de Deus. A caminhada vocacional, desde o discernimento inicial, tem seus desafios, mas transborda em nosso coração a graça de Deus agindo em nós. Como disse o Apóstolo Paulo, “quando me sinto fraco é que sou forte” (2 Cor 12,10). 11
I GR E JA Artigo
Pe. Dr. José Maria dos Santos, MI
O que mudou com a
Reforma do Livro VI – Do Direito Canônico
A Igreja Católica é composta por pessoas físicas e que formam a pessoa jurídica – que denominamos Povo de Deus. Dentro desta Instituição existem suas leis, que a cada tempo precisam de uma adaptação. É o que está acontecendo na situação da Igreja no mundo atual. Muitos dos delitos de hoje não se imaginava em épocas passadas. Por isso, as leis precisam acompanhar as novas realidades.
Se fez necessário uma renovação para poder usar uma linguagem técnico - jurídica que corresponda ao uso mais compreensível não apenas àqueles que atuam no campo do Direito Canônico, como para todos os Fiés Cristãos.
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IGREJA
A Reforma consiste em apresentar uma mudança no Livro VI – naquilo que se refere às Sanções na Igreja – Os Delitos e das Penas em geral. Esta é a maior reforma já feita no Código de Direito Canônico, desde sua promulgação em 1983. Essa reforma tem sua origem num processo iniciado em 2009, no Pontificado de Bento XVI, diante da necessidade de se fazer uma renovação substancial na Legislação Penal da Igreja e não uma mera atualização. Quem desenvolveu os trabalhos foi uma Comissão do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, que por sua vez, consultou as Conferências Episcopais, a Faculdade de Direito Canônico, centros de Estudos Jurídicos, Dicastério e Peritos no assunto. Todo este estudo e consulta formou um Texto que foi entregue ao Papa Francisco em fevereiro de 2010. Nesse Texto novo foram introduzidas modificações na tipificação de vários delitos e incorporadas novas infrações penais. O Texto também foi melhorado do ponto de vista técnico no que diz respeito a aspectos, como o Direito de Defesa, a Prescrição da Ação Penal, a determinação das punições de forma mais precisa, além de oferecer critérios objetivos na identificação da sanção mais apropriada a ser aplicada no caso concreto. Esse texto apresenta os que podem ser punidos pelo Direito Canônico. São todos os fiés que tenham cometido delitos. Estes sofrerão as sanções penais da lei. A Palavra “Fiés” designa todas as pessoas batizadas que, por isso, são membros da
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Igreja, ou seja, clérigos (os ordenados), religiosos (os consagrados) e os leigos em geral. As penas variam de acordo com a gravidade do delito e a natureza do vínculo que cada fiel possui dentro da Instituição. Exemplo: um leigo não pode ser demitido do Estado Clerical, nem exclaustrado da vida Consagrada, mas pode ser excomungado e receber restrições para o acesso aos sacramentos. A nova formulação do Cân. 1321 sublinha que “Toda pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário”. Nesta nova legislação aparecem as novidades em relação à administração dos bens da Igreja; novas normas e mudanças nas penas para os casos de abusos sexuais contra menores; o abuso de vulneráveis; tipificação do delito quanto à conduta sexual envolvendo clérigos e pessoas adultas; punições para leigos que incorrerem nos mesmos delitos; delitos relacionados à celebração dos sacramentos; novos delitos relacionados aos cargos eclesiásticos; orientação para os clérigos que abandonam o Ministério; os tipos de sanções canônicas; as penas medicinais e as censuras; as penas expiatórias; os remédios penais e as penitências; quem aplica as penas da Igreja e o lugar onde os processos são julgados.
ES P I R I T UALI DA DE Espiritualidade
Por Agência Arcanjo
Conheça a história do Beato Camiliano Padre Henrique Padre Henrique, em sua trajetória, muito nos ensina sobre uma vida de doação aos necessitados, de fidelidade a Deus e amor ao próximo. Nos inspira a ir além daquilo que a vida cotidiana nos impõe e a colocar amor em tudo que fazemos, enxergando sempre Deus na face do outro.
Quem foi Padre Henrique Henrique nasceu em 28 de abril de 1860. Cinco anos depois, sua família mudou-se para a cidade de Cremona, na Itália. Após concluir seus estudos primários e secundários, inscreveu-se na Universidade de Pávia, onde não passou do primeiro ano, porque lá a mentalidade corrente era fortemente positivista. Voltando para a cidadezinha de Como, onde vivia sua família, prestou serviço militar e formouse em Contabilidade. Trabalhou no comércio, mais ou menos durante quatro anos, entretanto não foi bem sucedido, algo lhe atormentava os pensamentos. Depois de três meses longe do comércio, Henrique foi para o Colégio Lombardo, em Roma, para cursar Teologia na Universidade Gregoriana, onde não ficou por muito tempo.
Um ano depois, ele caiu em uma profunda depressão, deixando o seminário. Henrique voltou então para a casa de sua família, tratou-se e, por algum tempo, ficou internado num hospital. Após várias recaídas, Henrique foi acolhido na Casa Santa Maria do Paraíso, em Verona, no dia 27 de setembro de 1877. Quem o recebeu foi o Padre José Sommavilla. Dez anos depois, no dia 8 de dezembro de 1887, Henrique Rebuschini foi admitido ao Noviciado. Ele estava com 28 anos de idade. Foi então ordenado padre na Capela da Comunidade de Mântua no dia 14 de abril de 1889. O bispo ordenante foi Dom Giuseppe Melchiorre Sarto, que depois se tornaria Pio X, o “Papa da Eucaristia”, muito simpático aos padres Camilianos.
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ESPIRITUAL IDAD E Espiritualidade
Por Agência Arcanjo
Um chamado vivido com amor Missões essas que, inspiradas por São Camilo, foram assumidas no coração de Henrique, homem acolhedor, tanto da vontade de Deus, quanto de cada um que necessitava de sua ajuda.
Em sua trajetória missionária, a primeira tarefa do padre Rebuschini foi ensinar e ajudar ao mestre de noviços, função à qual não se adaptou. Então, foi destinado ao serviço pastoral hospitalar, onde encontrou serenidade e dedicou-se profundamente. Foi capelão em Verona nos períodos de 1890 a 1895, e de 1896 a 1899.
Em 1938, padre Henrique foi acometido por uma forte pneumonia, que tirou dele todas as forças. Recebido o santo Viático, cruzou os braços e ficou absorvido em oração. Passou o dia e a noite com gradual agravamento, partindo de forma serena no dia 10 de maio, aos 78 anos.
No ano de 1899, foi transferido para Cremona, região onde os Camilianos residem desde 1854. Em 1912, foi nomeado Superior da comunidade cremonese e, como era ecônomo, acumulou mais essa responsabilidade da casa. Sofreu bastante, pois pouco tempo depois eclodiu a Primeira Grande Guerra (1914-1918).
Rezemos a sua oração pedindo de todo coração a graça de Deus para a nossa vida, para que, assim como ele, busquemos sempre a vontade do Pai:
Padre Henrique, assim como São Camilo, assumiu seu chamado de amor e de misericórdia, acolhendo os pobres e doentes com um olhar sensível às necessidades de cada um. Sempre muito sereno, soube perceber e aceitar os planos de Deus para sua vida, cumprindo-os com imensa fidelidade.
"Ó Deus, que cumulastes com o espírito de amor para com os doentes o coração do bemaventurado presbítero Henrique Rebuschini, fazei que, seguindo seu exemplo, nos dediquemos às obras de misericórdia, praticando com alegria o mandamento novo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".
Ele cultivava uma vida interior de oração profunda. Quando presidia a missa, era muito zeloso. Ele foi um dos primeiros padres a valer-se da autorização eclesiástica dada por Pio X, o qual permitia rezar a missa no quarto dos enfermos.
Os hospitais são os nossos jardins e as nossas missões.
Beato Camiliano Padre Henrique Rebuschini, intercedei por nós!
São Camilo de Lellis
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