A 3° edição da Banana Verde

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EDITORIAL Revista Laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Módulo Edição #03 | Ano 03 | Junho de 2013 Caraguatatuba | Litoral Norte de São Paulo Reitora: Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi Pró-reitor de Graduação, Pós-graduação e Extensão: Prof. Dr. José Carlos Victorino de Souza Coordenador de Jornalismo Prof. Dr. Gerson Moreira Lima Campus Centro: Avenida Frei Pacífico Wagner, nº 653, Centro - CEP 11.660-903. Telefone: (12) 3897.2000 Site: www.modulo.edu.br A Revista Banana Verde é uma publicação experimental e temática produzida pelos estudantes de Jornalismo e do Centro Universitário Módulo. Circulação anual e distribuição gratuita nos campi Centro e Martim de Sá. Conselho editorial: Profa. Ms. Bruna Vieira Guimarães, Prof. Dr. Gerson Moreira Lima, Prof. Dr. José Carlos Victorino de Souza, Prof. Ms. Paulo Rogério de Arruda e Profa. Dra. Shirley Gabarite da Silva. Professor por esta edição: Profa. Ms. Bruna Vieira Guimarães (MTB 32.441) Editores: Clayton Domingos e Natália Mitherhofer. Revisão: Prof. Dr. Gerson Moreira Lima, Prof. Dr. Gerson Moreira Lima e Profa. Dra. Shirley Gabarite da Silva. Fotografia: Marcelo Souza, Crislei Barbosa, alunos e professores de Jornalismo. Reportagem: Camila Creace, Cleyton Domingos, Dayana Lima, Daniele de Freitas, Diego Bandeira*, Felipe Riela, Francisco Garcez, Marcelo Souza, Millena Hermes, Natália Mitherhofer, Thaís Matos e Thalita Rocha.

Celeiro da pesquisa no Litoral Norte A pesquisa acadêmica é um dos pilares da educação universitária. Os outros dois são o ensino e a extensão. Ao retratar a Iniciação Científica, uma das prioridades do Centro Universitário Módulo, esta edição da Banana Verde, publicação experimental do Curso de Jornalismo, contribui para que os estudantes interessados pela área acadêmica consigam visualizar como é estimulante aprender “fazendo pesquisa”. Essa edição da revista fez um recorte na produção acadêmica do Módulo e traz notícias e reportagens sobre a pesquisa de alunos e professores que autorizaram a divulgação de seus trabalhos. Seriam necessárias várias edições da Banana Verde para contemplar todas as pesquisas dos quinze cursos de graduação mantidos na instituição. Portanto, apresentamos o esboço de alguns projetos investigados por nossos universitários pesquisadores. Prestigiamos também o corpo docente do Módulo, recheado de mestres e doutores, que tornaram possível a realização dos estudos dos alunos interessados, na forma de orientadores. Tornamos público projetos como o de arquitetura sustentável que propõe a utilização de materiais alternativos nas construções. Tem outro estudo que desperta, com certeza, a reflexão sobre o aumento da poluição em Caraguatatuba. Também apresentamos o resultado de uma pesquisa feita com universitários que ingerem remédios sem prescrição médica. Na área de ciências humanas, resgatamos aspectos da cultura caipira representada nos filmes de Amacio Mazzaropi, um dos mais famosos atores e cineastas brasileiros do século passado. Outro projeto foi o de Educomunicação, desenvolvido numa escola municipal de São Sebastião, que contribuiu para que alunos do ensino fundamental ampliassem seus repertórios culturais e comunicacionais. Ainda na área da Comunicação, teve pesquisa sobre o significado dos gestos, expressões etc dos principais apresentadores de telejornais do Brasil. Houve também projeto que analisou a evolução dos anúncios de moda feminina na Revista O Cruzeiro. Na área das ciências biológicas, destacamos a pesquisa sobre peixes, seja a corvina de Ubatuba/SP, bem como as espécies que vivem no manguezal de Guaratiba/RJ. Tem também estudo sobre as transformações ocorridas na paisagem no bairro da Maranduba, cujas habitações caiçaras deram lugar a novas edificações. Todos esses projetos de iniciação científica foram desenvolvidos na graduação, por alunos pesquisadores que tiveram a orientação de um professor, cumpriram prazos e metas, e dependendo do caso, o tempo da pesquisa durou um ano ou mais, com auxílio de bolsa de estudo para os discentes. A experiência acadêmica permitiu que o universitário se familiarizasse com a pesquisa, o que certamente o ajudou no trabalho de conclusão de curso. Para os alunos e professores de Comunicação, foi desafiador e trabalhoso produzir essa revista focada na prática do Jornalismo Científico. Eis que apresentamos aos mais de 2.400 universitários leitores, a Banana Verde deste ano, que mais uma vez cumpriu com o dever de ser a “revista cem por cento caiçara”.

Capa: Foto de Marcelo Souza e arte de Janaína Fukai. Projeto Gráfico: Aline Erlich e Janaína Fukai (alunas do 7º semestre de Jornalismo). Arte anúncios: Jessyca Biazine.

Cleyton Domingos

Tiragem: 2.000 exemplares; Gráfica: Editora Mogiana E-mails dos professores editores: bruna.guimaraes@modulo.edu.br gerson.lima@modulo.edu.br Versão on-line disponível em: issuu.com/universitariomodulo

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Alunos de Jornalismo participam do lançamento da 2ª edição da revista Banana Verde em março de 2012


#08

#12

Fomentando a educação e ampliando horizontes

Início de uma paixão... por peixes de manguezal

#21

#27

Corvina de Ubatuba

Arquitetura Sustentável

A evolução da mini saia

A arte da comunicação não verbal

Inclusão do deficiênte nos meios de comunicação

#37

#40

A qualidade do ar que respiramos

#34

@revbananaverde

fb.com/bananaverde

#19 Automedicação entre universitários

#31

revistabananaverde

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#EDUCOMUNICAÇÃO

Educar para comunicar

Millena Hermes

A Educomunicação foi utilizada como ferramenta para motivar alunos de uma escola municipal a gerar conteúdo para os meios de comunicação.

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Marcelo Souza

acadêmicas. “É extremamente importante estar engajado em tudo que a faculdade oferece e aproveitar o máximo esse período, pois é o momento que temos para viver essas experiências enriquecedoras”. A afinidade com a orientadora e o encanto pelo tema do projeto estimulam a futura jornalista, que também percebeu o esforço e a empolgação dos alunos com a criação dos jornais e dos programetes de rádio durante o desenvolvimento do projeto. Thaís também teve a oportunidade de apresentar seu projeto para os demais alunos da instituição. “Quando apresentei a pesquisa na 1ª Mostra de Iniciação Científica do Módulo, a reação das pessoas foi muito boa. Eles ficaram encantados com o projeto e disseram que desconheciam o tema. Sinto-me bem por tornar conhecido esse conceito maravilhoso e ainda tímido no Brasil”. Também revelou gostar muito do programa de Iniciação Científica. “É uma preparação para o TCC e, antes mesmo de ingressar na faculdade, já queria fazer Iniciação. Segui o conselho da minha ex-professora de Literatura e agora penso em fazer outros trabalhos de pesquisa, não só na área de linguística. Estou aberta a novos horizontes”, finaliza. O projeto desenvolvido entre os meses de abril e novembro de 2011, contou com a participação de 120 alunos, divididos em três salas de 7º anos e uma sala de 8º, sendo orientado pela professora doutoranda Giovana. “O projeto era na área de gêneros discursivos. No entanto, sempre me preocupei com a pu-

“Clique Cliquet: educar para comunicar”

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esse mundo moderno, com tanta tecnologia de ponta, quem é que imagina que ainda existam pessoas que não têm acesso à internet, à cultura e à informação? A produção de jornal, de fotografia e a gravação de programetes de rádio –agora está comprovado-, contribui para a melhoria na educação. Alunos de uma escola municipal de São Sebastião realizaram tais atividades e o resultado foi descrito na pesquisa de Thaís Matos, quando ela cursava o quarto semestre de Jornalismo. A pesquisa tem como base o projeto de Educomunicação desenvolvido pela professora Giovana Flávia Oliveira, com os alunos da escola Cynthia Cliquet Luciano, localizada na Enseada, em São Sebastião. A aluna conta que teve conhecimento do projeto nas aulas ministradas pela professora no início do curso. “Na disciplina de Língua Portuguesa, a professora Giovana nos falou deste projeto. Um dia aproveitei para fazer uma notícia, já que trabalhava na Assessoria de Comunicação do município”. O Projeto de Educomunicação visou incentivar o acesso à tecnologia, levando o aluno a usar laboratórios de informática nas escolas de ensino fundamental e médio. Segundo Thaís, cada vez que lia sobre o tema do projeto entendia que esta era uma ótima forma de promover a inclusão social dos adolescentes. Intitulado como “Educomunicação e Cidadania: uma nova ferramenta de inclusão social”, o projeto foi aprovado em janeiro de 2012 e concluído no final do mesmo ano. A aluna garante que sua participação na Iniciação Científica foi uma forma de se envolver com as atividades

blicação dos textos dos alunos, para que eles se interessassem mais na hora de produzi-los. E nesta época, dando aula para o curso de Jornalismo, a professora Bruna Guimarães me apresentou um material de Educomunicação. Percebi que já fazia isso na escola municipal e então resolvemos incluir os alunos da faculdade nessas atividades”, revela a professora Giovana. No começo, foram realizadas atividades sobre o texto jornalístico, com foco, principalmente, no gênero notícia, menor que a reportagem e com menos entrevistados. Foram produzidos jornais murais com temas da própria escola e ficaram afixados no pátio, proporcionou grande alegria dos alunos em verem o trabalho deles exposto. Depois do jornal mural, foi à vez do rádio. Os alunos, com ajuda dos professores e estudantes de Jornalismo, criaram programetes de rádios com jingles criados por eles. As oficinas foram ministradas por professores e alunos de Jornalismo que estavam aprendendo a ‘teoria’ na faculdade e passando a ‘prática’ aos estudantes do ensino fundamental. Foi passado o conceito básico de notícia, algumas noções de fotografia, bem como foi produzida informação para o rádio. Os programas sonoros foram ouvidos pelos outros estudantes da escola, professores, funcionários e também pela diretora Carla Andresa Costa, que fez questão de parabenizá-los pelo excelente trabalho. Também foram feitas paródias musicais e campanhas publicitárias sobre o Dia da Amizade com fotos dos próprios estudantes com idade entre 13 e 14 anos. Logo depois desenvolveram um trabalho com mídias sociais. Quanto às dificuldades que surgiram durante o projeto, a professora Giovana disse que foram relacionadas à escrita de alunos de escola pública de periferia, com problemas na formação. Porém, para ajudá-los, havia os estudantes do curso de Jornalismo.

“Sinto-me muito bem por tornar conhecido desse conceito maravilhoso e ainda tímido no Brasil”, da aluna Thaís Matos.

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Bruna Vieira

Alunos do 8º ano da escola escola municipal Cynthia Cliquet Luciano municipal produzem jornal mural em sala de aula

Leia o resumo do projeto

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a era da informação e da informatização, cada vez mais crianças e adolescentes têm acesso a mídias e meios de comunicação. Aliar comunicação e educação torna-se, então, uma ação possível e necessária. A essa associação dá-se o nome de Educomunicação. Partindo desse princípio, a pesquisa busca abordar a Educomunicação como uma forma de promover cidadania e incentivar a inclusão social. O tema nasceu do projeto “Clique Cliquet: educar para comunicar”, desenvolvido na Escola Municipal Cynthia Cliquet Luciano, localizada num bairro periférico de São Sebastião com apoio do governo municipal. O projeto envolve a criação de jornal mural e impresso, programetes de rádio, uso de blog e redes sociais como instrumentos de fortalecimento da atuação social dos estudantes do ensino fundamental. A presente pesquisa analisa, à luz das teorias de Lev Vygotsky (1984/2003), o primeiro teórico a considerar o meio social como essencial para a constituição do sujeito, e Ismar de Oliveira Soares (2000), que conceitua Educomunicação, o produto final dos alunos envolvidos no projeto: um jornal, distribuído à população durante a III Mostra Educacional de São Sebastião. Os resultados mostram que essa inserção social se materializa, linguisticamente, nas produções textuais dos alunos envolvidos.

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FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: “Clique Cliquet: educar para comunicar” Aluna pesquisadora: Thaís Matos Pinheiro Curso: Jornalismo Professora orientadora: Profa. Ms. Giovana Flávia de Oliveira (doutoranda) Amostra pesquisada: 120 alunos de 7º e 8º anos da Escola Municipal Cynthia Cliquet Luciano, no bairro da Enseada em São Sebastião (Abril a Novembro de 2011). Resultados principais: As oficinas de Educomunicação resultaram na inserção social dos alunos envolvidos e, linguisticamente, na melhora das produções textuais. Divulgação do Trabalho: Na I Mostra de Iniciação Científica do Centro Universitário Módulo (2012).


Educomunicação Define-se como um conjunto das ações destinadas a: • Integrar às práticas educativas dos sistemas de comunicação, observar como os meios de comunicação agem na sociedade e buscar formas de colaborar os alunos para conviverem com eles de forma positiva, sem se deixarem manipular. • Criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos. Rever as relações de comunicação na escola, entre direção, professores e alunos, bem como da escola para com a comunidade. • Criar ambientes abertos e democráticos. • Incluir o rádio como recurso privilegiado, tanto como facilitador no processo de aprendizagem, quanto como recurso de expressão para alunos, professores e membros da comunidade. Marcelo Souza

Estudantes de Jornalismo dão dicas de produção de textos noticiosos BANANA VERDE | JUNHO DE 2013 | Edição #03

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#ECOLOGIA

Marcelo Souza

Início de uma paixão... ...por peixes de manguezal Thaís Matos

Escrever o trabalho final também não foi fácil, principalmente a seção de discussão, pois exigiu a leitura de diversos trabalhos científicos que abordaram os mesmos tópicos que o projeto e a comparação entre os resultados obtidos em ambos.

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Marcelo Souza

Manguezal serve de berço para reprodução de várias espécies de peixe.

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istribuição, tamanho, abundância e influência dos parâmetros ambientais na ocorrência de Eucinostomus argenteus (Pisces-Gerreidae) no manguezal de Guaratiba, Baía de Sepetiba/RJ. Esse foi o título do projeto de Iniciação Científica do aluno José Paulo, do Centro Universitário Módulo (leia resumo no final do texto). O apelo foi simples: qual aluno da sala tinha facilidade de trabalhar com planilhas do Excel. O convite? Desafiador! “Ao final da aula eu fui até o professor, disse que tinha facilidade e perguntei do que se tratava. Ele me mostrou uma planilha com dados coletados em campo sobre uma determinada espécie de peixe (Eucinostomus argenteus) e me propôs trabalhar esses dados num projeto de Iniciação Cientifica. Ele salientou que tal projeto exigiria algo em torno de 20 horas de dedicação por semana. Eu pensei muito e depois de uma semana aceitei o desafio”, contou. O aluno revela que os estudos ecológicos sempre lhe chamaram a atenção. Conhecer os hábitos das espécies e compreender suas interações com o meio ambiente é algo fascinante para ele. Apesar do fascínio pelo tema, a empreitada não foi nada fácil. Ele conta, por exemplo, que teve dificuldades na compreensão dos métodos estatísticos aplicados aos dados e na utilização do FISAT II, um software para determinação de parâmetros de crescimento para peixes tropicais. Escrever o trabalho final também não foi fácil, principalmente a seção de discus-

são, pois exigiu a leitura de diversos trabalhos científicos que abordaram os mesmos tópicos que o projeto e a comparação entre os resultados obtidos em ambos. Se foi pauleira? “Pra caramba”, responde. Quem optar por fazer pesquisa dentro do programa de Iniciação Científica terá que correr contra o tempo e ter muito jogo de cintura, pois o projeto corre em paralelo a todas as atividades normais do semestre. José confessa que trabalhava na pesquisa após a aula e aos finais de semana. “Nem todos, claro, mas foram vários”, lembra. “Sempre estabelecia uma hora para parar. Eu dizia para mim mesmo que pararia à 1h30 da madrugada. Claro que já houve noite em que parava às 2h30. Lembro-me de que na fase de entrega da versão final, o prazo ficou apertado. Era época de provas e entrega das práticas pedagógicas. Na noite de véspera da entrega do Trabalho, fiquei na revisão final até 3h00 da manhã”, confessa. Apesar de todo o esforço, o aluno acha ser possível conciliar o semestre, a Iniciação, vida social e profissional. Se valeu a pena? Sim! Além de contar pontos importantes para o currículo, a Iniciação é a porta de entrada para quem quer seguir a carreira acadêmica. “Tanto valeu a pena, que hoje estou trabalhando no meu segundo projeto de pesquisa e já estou escrevendo um terceiro para concorrer neste edital que está em aberto; todos voltados à área de ecologia, mais exatamente peixes”, adianta.informou.

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“Além disso, seus projetos estão cada vez mais complexos e demonstrando muita coerência com os conceitos ecológicos sobre estudos de peixes”

Desafios

Para vencer as barreiras, ele precisou de uma carta coringa: “a atuação e a experiência do orientador foram decisivas para vencer essas dificuldades”, frisa José Paulo. Seu orientador é o professor Marcus Rodrigues da Costa, doutor em Biologia Animal pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Os dados utilizados para o desenvolvimento deste projeto foram parte de seu Doutorado. “Quando o Centro Universitário Módulo implantou o programa de Iniciação Científica, conversei com os alunos interessados em participar e o José Paulo mostrou-se muito interessado. A partir daí, começamos a discutir quais os motivos que poderiam ter levado esta espécie -Eucinostomus argenteus- a escolher o manguezal como habitat para sobreviver”, relatou o professor. Depois disso, o interesse foi crescendo e o aluno já apresentou os resultados de sua pesquisa em diferentes encontros científicos, como o ENIC (Encontro Nacional de Iniciação Cientifica) 2011, da Universidade Cruzeiro do Sul, e o 1º Encontro de Iniciação Cientifica do Litoral Norte no IFSP-FATEC. “Além disso, seus projetos estão cada vez mais complexos e demonstrando muita coerência com os conceitos ecológicos sobre estudos de peixes”, avalia o orientador.

Resultados

O primeiro passo do projeto foi, então, organizar os dados contendo número de peixes da espécie selecionada, peso em gramas e tamanho, a fim de determinar alguns aspectos da biologia desta espécie. A partir daí, foi possível a identificação padrões de abundância e ocorrência que evidenciaram que essa espécie realmente reside no manguezal estudado; a estrutura em tamanho desta população de peixes que utiliza o manguezal de Guaratiba, além do seu crescimento relativo (relação comprimento x peso), e o fator de condição da espécie. Na área de estudo, foram registradas três classes de tamanhos da espécie: jovens do ano (recém-nascidos), juvenis e adultos (com tamanho acima de 80 mm de comprimento total). Estudando estas classes de tamanhos, verificamos que a espécie usa os canais deste manguezal em todas as fases do seu ciclo de vida, além de coexistir com grupos de tamanhos maiores da mesma espécie e de outras espécies. No presente estudo, o valor do parâmetro “b” foi 2,8707, indicando uma taxa de crescimento alométrico negativo. Já o fator de condição que representa o grau de higidez do peixe, ou seja, a condição de bem estar do mesmo, apresentou variações temporais tanto mensais quanto entre o fotoperiodo, registrando as melhores condições no final da Primavera, para o período do dia, e no Verão, para o período da noite. Espacialmente, a variação no fator de condição foi pouco significativa, porém com as melhores condições para E. argenteus observadas.

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ara entender melhor, leia o resumo do projeto: O objetivo do estudo foi levantar informações quanto à estrutura populacional, distribuição, tamanho, abundância e a suas relações com o meio ambiente de uma espécie de peixe chamada Eucinostomus argenteus, popularmente conhecida como carapicu. É uma das espécies de maior abundancia no manguezal da Baía de Sepetipa, local onde o estudo foi realizado. A estrutura em tamanho desta população, neste projeto, analisou a variação da faixa etária nos peixes coletados. A abundância e distribuição serviram de base para determinar a preferência da espécie entre os cinco locais de coleta, bem como a influência de variáveis ambientais como profundidade, pH, temperatura, salinidade e oxigênio dissolvido sobre os padrões de distribuição, sendo importante citar que estes locais possuíam características totalmente diferentes entre si. A análise do tamanho possibilitou identificar em que fase de desenvolvimento o peixe se encontrava, como por exemplo, se ele compunha um grupo que nasceu naquele ano ou se ele já estava na idade de primeira maturação sexual, tudo isso a partir do seu comprimento. A partir da relação comprimento x peso foram estimados outros parâmetros populacionais como o crescimento relativo, o fator de condição que nos dá uma noção do grau de bem estar do peixe, assim como auxilia na determinação do período reprodutivo da espécie. A espécie mostrou-se bem adaptada as condicionantes locais evidenciando que é uma espécie residente deste manguezal.


O peixe da espécie Eucinostomus argenteus, estudado no projeto, tem como habitat natunal o manguezal de Guaratiba/RJ.

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#CULTURA

Metamorfose caiçara Luan Beata

Caiçara levanta o seu troféu, o pescado tão escasso nos dias atuais

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nvestigar a Cultura Caiçara, por meio do relato da criação de um dos bairros mais populosos do município de Ubatuba, Maranduba, foi o tema abordado no projeto de Iniciação Cientifica de Aurí Dias, estudante de pedagogia do Centro Universitário Módulo. A pesquisa de Aurí traz à tona o fenômeno turístico que resulta na urbanização do bairro Maranduba, da cidade de Ubatuba, verificando suas consequências sociais e culturais e tendo como resultado a compreensão da relação entre a cultura caiçara e seu momento histórico. A aluna explica que, após a segunda metade do século XX, com a aceleração da urbanização brasileira, a predominância da população urbana influencia na constituição de novas formas de relações sociais, alterando o espaço de produção social e cultural.

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Manifestações de cultura popular como a Folia de Reis e a Congada sofreram algumas transformações em sua prática. Por serem de origem rural, estas atividades foram mantidas também em ambientes urbanos, causando um grande impacto social, devido à manifestação da experiência urbana que agiu sobre estas atividades. O que causou uma grande migração de grupos do campo para o espaço urbano. O típico habitante do Litoral Norte, o caiçara, sofreu um forte impacto em função da acelerada urbanização do país no século passado. As dificuldades de adaptação à vida urbana estão vinculadas às formas de expressão cultural, cujo ritmo e valores se diferem das culturas tradicionais, caso do caiçara de base não urbana. A cultura caiçara caracteriza a experiência sócio-cultural do homem do Litoral do sudoeste brasileiro. Aurí se baseou nos fundamentos do historiador Peter Burke,

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FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: Memória e Cultura Caiçara: A Urbanização do Bairro Maranduba Aluna pesquisadora: Aurí Dias Pacheco Curso: Pedagogia Professor orientador: Prof. Dr. Moacir José dos Santos Amostra pesquisada: Comunidade da Maranduba, em Ubatuba Resultados principais: Caiçaras da Maranduba tiveram suas terras vendidas devido à especulação imobiliária. Muitos deixaram suas casas na orla da praia para morar no sertão do bairro, bem como passaram a fazer passeios de barcos, monitoria de trilhas pela Mata Atlântica e venda direta do pescado aos turistas como meios de sobrevivência. Divulgação do Trabalho: Na I Mostra de Iniciação Científica do Centro Universitário Módulo (2012).

Apontamentos do Projeto A pesquisa sobre como o fenômeno turístico provocou a urbanização de um bairro de Ubatuba, verificou as consequências sociais e culturais que ajudam na compreensão da articulação entre Cultura Caiçara e a sua relação a um momento histórico específico do Brasil, de intensa urbanização resultante da migração do campo para as cidades, na segunda metade do século XX. O procedimento permitiu verificar que as práticas culturais caiçaras foram impactadas com a urbanização e compra das terras dos caiçaras por parte de grandes construtoras. Bruna Vieira

que indica a transformação constante das expressões culturais como compreensão da cultura popular. “Investigar e problematizar historicamente os mecanismos de constituição e exercício da cultura popular requer atenção a seu dinamismo”. A urbanização brasileira não eliminou a cultura popular, mas provocou a busca de vínculos em relação ao passado. Pessoas com origem em regiões distintas se reúnem para formar centros de tradição e cultura gaúcha ou nordestina em grandes centros urbanos, recuperando e gradualmente construindo tradições específicas. A transformação da sociedade brasileira está relacionada a conflitos, e sua história representa uma grande importância para compreender as contradições sócio-culturais que vão modificando a sociedade brasileira contemporânea. Pesca artesanal ainda é praticada em Caçandoca na região da Maranduba, crescimento muda a paissagem do bairro. BANANA VERDE | JUNHO DE 2013 | Edição #03

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#SAÚDE

Crislei Barbosa

Automedicação entre universitários Cleyton Domingos*

Tomar remédio sem a orientação é um hábito do brasileiro. E entre os universitários, a prática se repete? Esta foi à pesquisa realizada pela já enfermeira Maria Helena Barbosa, que concluiu o curso superior em 2011, no Centro Universitário Módulo.

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ma simples dor de cabeça, falta de ar, inchaço nas pernas e braços, manchas pelo corpo, alergias, instabilidade da pressão arterial e suor excessivo são alguns dos sintomas frequentes, observados nas pessoas que tomam remédio sem a recomendação médica. Isso não é novidade. Imagina-se que entre os estudantes do Ensino Superior de Enfermagem e de Educação Física, que conhecem os cuidados que se deve ter com o corpo, a prática da automedicação não seja comum. Ledo engano! Um questionário aplicado em sala de aula com 100 alunos universitários, de 3 a 7 de outubro de 2011, identificou que eles se automedicam. A pesquisa desenvolvida na Iniciação Científica por Maria Helena constatou o intenso consumo de analgésicos, antidepressivos e anti-inflamatórios entre os alunos de Enfermagem, e o consumo de analgésicos e anabolizantes entre os alunos de Educação Física. A pesquisa, orientada pela professora mestre Solange Vasconcelos intitulou-se “Estudo da automedicação em acadêmicos do Centro Universitário Módulo e seus efeitos adversos à saúde”. A orientanda Maria Helena desenvolveu o trabalho durante o ano de 2011 e contou com a participação de 45 universitários homens e 55 mulheres, com uma média de idade entre 35 anos.

Dentre as principais considerações, Maria Helena concluiu que a automedicação é uma prática prejudicial à saúde e contrária às orientações médicas. Não há fórmula mágica para acabar com a automedicação. O que existe são ações para minimizar o uso indevido de remédios por meio de programas de orientação para farmacêuticos, balconistas, profissionais de saúde e população em geral. Outra ação importante é a fiscalização, por parte dos órgãos competentes como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O ideal é consultar um médico, conhecer o motivo da enfermidade, qual o tratamento adequado e, por fim, o remédio recomendado. Afinal, cada organismo reage à medicação de forma diferente. “Constatei que nenhum dos alunos tinha a noção do mal em relação ao consumo constante de tais substâncias. Tomam remédio como se estivessem se alimentando saudavelmente. Verifiquei também que alguns colegas meus, de turma, já eram dependentes de analgésicos e ignoravam por completo os riscos da automedicação. Na pesquisa, cheguei à conclusão de que não é apenas uma questão de saúde pública, mas de educação e esclarecimento à população”, explica Maria Helena. *Colaboração de Diego Bandeira, que cursou Jornalismo e faleceu em 2012.

Muitas pessoas não sabem a importância de ir ao médico quando surge qualquer sintoma de doença. Outras colocam a vida em risco ao fazer uso constante e desnecessário de medicamentos.

Situação no Brasil Afinal, o que é isso? É o ato de tomar remédios sem instrução médica, quando o próprio doente escolhe o medicamento e a quantidade que vai ingerir. A baixa instrução das pessoas, com relação à saúde pública, garante que o Brasil seja um dos campeões mundiais dessa prática abusiva. Também são causas da automedicação o péssimo atendimento médico e a ganância dos empresários do ramo farmacêutico.

Para se ter uma ideia do consumo e da lucratividade deste mercado, abrem-se no Brasil por dia dez farmácias. As grandes redes de farmácias estão cada vez mais modernas e vendem comprimidos, remédios, produtos de perfumaria, higiene pessoal e outros. Vale ressaltar o alto custo dos remédios e a pouquíssima vontade política de abordar o tema de forma séria, criando legislação específica para a questão.

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Tipos de medicação Analgésico - Tipo de medicamento que diminui ou interrompe as vias de transmissão nervosa, suprimindo a dor. É um termo coletivo para designar qualquer membro do diversificado grupo de drogas usadas para aliviar a dor. Antidepressivos – Substância considerada eficaz na remissão de sintomas característicos da síndrome depressiva, em pelo menos um grupo de pacientes com transtorno depressivo. Algumas substâncias com atividade antidepressiva podem ser eficazes também em transtornos psicóticos Anti-inflamatório (ou antiflogístico) - Substância ou medicamento que combate a inflamação de tecidos. Tais medicamentos atuam por favorecer o desaparecimento dos edemas, desidratando os tecidos tumefeitos, por ativação da circulação local ou por vasoconstrição no local da aplicação ou por coagulação das albuminas tissulares. Anabolizantes – Classe de hormônios esteroides naturais e sintéticos que promovem o crescimento celular e a sua divisão, resultando no desenvolvimento de diversos tipos de tecidos, especialmente o muscular e ósseo. Informações retiradas de sites sobre Saúde e Medicação

Conclusões A automedicação é considerada uma forma de não adesão às orientações médicas e de saúde. Não existe uma maneira de acabar com ela, devido à própria condição humana de arriscar decisões. Há, contudo, meios para minimizá-la como programas de orientação para farmacêuticos, balconistas, profissionais de saúde e população em geral, além do estímulo a fiscalização apropriada.

Observamos que para os acadêmicos do Curso de Enfermagem do Módulo, os fármacos que prevalecem na automedicação são analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e antidepressivos. No caso dos acadêmicos do Curso de Educação Física prevalece a utilização de analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e suplementos.

FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: Estudo da automedicação em acadêmicos do Centro Universitário Módulo e seus efeitos adversos à saúde Aluna pesquisadora: Maria Helena Barbosa Curso: Ciências Biológicas Professora orientadora: Profa. Ms. Solange M. F. de Vasconcelos Amostra pesquisada: Questionário aplicado com 100 alunos dos cursos de Enfermagem e Educação Física do Módulo, de 3 a 7 de outubro de 2011. Resultados principais: Entre os alunos de Enfermagem, os fármacos que prevalecem na automedicação são analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e antidepressivos. Já os alunos de Educação Física fazem uso de analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e suplementos. Divulgação do Trabalho: Na I Mostra de Iniciação Científica do Centro Universitário Módulo (2012).

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#DESENVOLVIMENTO Bruna Vieira

Capital Social e Gestão Pública: O caso de Caraguatatuba Adriano Neto

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leber Gonçalves Alvarenga, estudante de Pedagogia do Centro Universitário Módulo, concluiu no final de 2012 o seu projeto de iniciação científica que abordou o tema: O Capital Social e gestão pública: O caso de Caraguatatuba. O aluno teve como seu orientador o professor Moacir José dos Santos, doutor em História pela UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) e membro do COPGEX (Comissão de Pós-Graduação e Extensão) no Centro Universitário Módulo. A iniciação científica de Cleber, teve como objetivo principal diagnosticar e caracterizar as variáveis do capital social (investimento do poder público na qualificação da população e desenvolvimento sustentável), na região sul de Caraguatatuba. Foi pesquisada a relação de corresponsabilidade na gestão municipal, na relação entre o capital social da população na região apontada e como a gestão municipal afeta a qualidade de vida dos moradores. O aluno usou ferramentas de pesquisa de mensuração e caracterização deste capital social. Em seu trabalho, Cleber mencionou o atual processo histórico do Litoral Norte Paulista e seu constante desenvolvimento, enfatizando o município de Caraguatatuba e suas gestões sociais: o crescimento de cursos para a qualificação de trabalhadores, a renda gerada pelo turismo, e a efetiva participação da empresa estatal Petrobras em nossa região. “O perfil futuro da Região será definido em proporção à capacidade de orientar os investimentos para o desenvolvimento, sem abandonar a busca por qualidade de vida, o que inclui a sustentabilidade e a distribuição de renda. O projeto de pesquisa propõe averiguar uma variável do capital social presente no Litoral Norte avaliando o potencial de desenvolvimento sustentável no momento histórico atual. Na fundamentação teórica do projeto será exposta a vinculação entre o desenvolvimento sustentável e o capital social”. Esse foi o principal foco abordado no projeto. Algo bastante enfatizado por Cleber foi o desenvolvimento do Litoral Norte a partir do crescimento de investimentos nas cidades da região. Com uma visão no futuro, empresas vêm investindo bastante não só em recursos e matéria-prima, mas também em melhor qualificação e capacitação de mão de obra. A expectativa de investimentos no Litoral Norte paulista decorre do caráter estratégico da região para o desenvolvimento brasileiro, especialmente por ter potencial para atender às demandas econômicas relativas à exportação e importação das cidades do Vale do Paraíba, da região de Campinas, Serra da Mantiqueira e sul dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Outro aspecto fundamental é a atividade turística, respon-

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sável por gerar empregos relacionados ao entretenimento, hospedagem e lazer para os visitantes que afluem de diversas regiões, com destaque para as citadas anteriormente e também para a capital paulista. E os investimentos direcionados para o litoral paulista foram ampliados na última década, em razão da expressiva presença da Petrobras. A estatal brasileira atua há várias décadas em São Sebastião e, por conta da operacionalização da base de gás em Caraguatatuba para processar o gás extraído do campo de mexilhões na bacia de Santos, ampliou os investimentos no litoral norte paulista.” Um aspecto importante abordado nesse projeto foi o modelo de desenvolvimento implementado historicamente no país. E com base em pesquisas verificou-se que o aumento do PIB não provoca, automaticamente, a elevação da qualidade de vida de uma população. Para isso foram usadas diversas teorias e análises na área como “Foundations of Social Theory” de James Samuel Coleman (1994) e “Desenvolvimento como liberdade.” De Amartya Sem (2000). Com base nessas análises também foi comentado no projeto a característica do desenvolvimento entre os séculos XX e XXI relacionado a praticas sustentáveis e a sua articulação ao desenvolvimento sustentável, e as consequências da não conscientização global - Principalmente dos países desenvolvidos, cujo são os maiores emissores de gazes do planeta por exemplo - Que requerem soluções globais imediatas. “A discussão sobre a organização e a disseminação de praticas sustentáveis perpassa as diversas instancias sócias. A ONU articulou conferencias internacionais como, por exemplo, a Rio 92 no século passado e a conferencia de Copenhague em 2009 para estabelecer metas relacionadas a redução das emissões de gases poluentes e medidas de preservação da fauna, da flora e dos demais recursos naturais. A consolidação de praticas sustentáveis é considerada, consensualmente, como fundamental para a manutenção fundamental da vida humana”, confirma o aluno no projeto. “Entretanto, o conselho ocorre somente em relação à necessidade da adoção de práticas sustentáveis. Os governos dos países desenvolvidos, como o norte-americano e dos países membros da União Europeia, não estabeleceram regras comuns com as nações em desenvolvimento acerca da constituição de níveis comuns de redução das práticas predatórias relacionadas às atividades econômicas. O conflito entre interesses financeiros e políticos divergentes produz um cenário de incerteza em relação à a doção do desenvolvimento sustentável. O caráter mundial dos desastres ambien-

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tais requer soluções globais”, confirma o aluno no projeto. A metodologia usada por Cleber para concluir sua tese foi bem crítica. Voltando novamente para o município de Caraguatatuba ele estabeleceu critérios usando como referencia as dimensões propostas pelo Banco Mundial. Sendo alguns eles: Grupos e Redes: critério que mensura o envolvimento do membro de um domicilio em diversas formas de organização social e redes informais; Ação coletiva e cooperação: como as pessoas do domicilio colaboram com outros membros da comunidade em projetos ou ações para solucionar um problema comum; Informação e Comunicação: como os membros de cada domicilio selecionado e da comunidade tem acesso a informação. Entre outros.

Conclusões O projeto terminou com uma análise geral das argumentações dos especialistas e as teses usadas, concluindo-se que a utilização das redes de comunicação digital pode favorecer a ampliação do capital social, e com a identificação do capital social em uma área, cidade ou região o desenvolvimento sustentável fica muito mais fácil de praticar. Segundo o autor, um tema complexo, porém ativo e de grande importância em nossa região. É preciso conscientizar comunidades sobre a comunicação digital a favor da ampliação do capital social e, é claro, tomar medidas imediatas, não apenas por parte de autoridades, como também por parte da própria comunidade, a fim de desenvolver uma sociedade, preservando nossos recursos naturais.

FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: Capital Social e Gestão Pública: O caso de Caraguatatuba Aluno pesquisador: Cleber Gonçalves Alvarenga Curso: Pedagogia Professor orientador: Prof. Dr. Moacir José dos Santos Amostra: Moradores da região sul de Caraguatatuba Resultados principais: Diagnóstico das variáveis do Capital Social da população da região sul de Caraguatatuba por meio de pesquisa da mensuração e caracterização deste capital social. Divulgação do Trabalho: Cópia do Relatório Final da pesquisa concluída em dezembro de 2012 está disponível na Biblioteca do Centro Universitário Módulo, Campus Centro.

Bruna Vieira

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#ENSAIO FOTOGRÁFICO Foto de Millena Hermes

A estudante Millena Hermes, do 5º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Módulo, foi uma das premiadas no concurso Arte de Fotografar - A Felicidade Revelada. O concurso contou com mais de quatro mil fotos analisadas, das quais foram selecionadas apenas quarenta. Com a foto intitulada "Alegria Compartilhada", Millena ficou com a 21ª colocação e recebeu menção honrosa. Além do troféu, a estudante foi premiada com quatro livros de fotografia. Segundo Millena Hermes ela sempre se identificou com a fotografia. "Eu resolvi participar do concurso porque a fotografia me impressiona muito, em diversos aspectos. Além de registrar momentos especiais e históricos, proporciona um olhar diferenciado. Participei pela primeira vez e pretendo participar dos próximos. Estou bastante orgulhosa de mim mesma", afirma a estudante.

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#ECOLOGIA

Corvina de Ubatuba

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Natália Mitherhofer*

beleza das praias e rios de Ubatuba chamam a atenção não apenas dos turistas, mas dos caiçaras que apreciam o cuidado com a natureza e gostam de usufruir dela. As comunidades locais sobrevivem da pesca artesanal e de pratos feitos com várias espécies de peixes, entre elas a corvina, robalo, bagre, cat-fish, peixe-espada, badejo e outras que se destacam pelo sabor, diversidade de preparo e gosto. Em função dessa diversidade de sabores e espécies de peixes, a aluna de Biologia, Rosa da Silva Santos, recebeu uma proposta do professor doutor Marcus Rodrigues da Costa, especialista em Ictiologia (estudo dos peixes), para de estudar a espécie da corvina, cujo nome científico é Micropogonias Furnieri, peixe muito consumido e comercializado em Ubatuba. Segundo estudo da aluna Rosa, apesar se ser registrada em águas mais profundas, a maioria das corvinas de Ubatuba habita águas costeiras e rasas, constituindo-secomofontealimentarrelevanteparamoradoreseturistas. O trabalho dela intitulou-se “Aspectos bioecológicos de Micropogonias Furnieri (Pisces, Sciaenidae), capturadas na Baía de Itaguá, em Ubatuba/SP”. Com o intuito de apresentar parâmetros de distribuição, abundância, tamanho e reprodução da espécie, Rosa buscou dados, coletou amostras da corvina e ouviu moradores para mostrar algumas peculiaridades desse espécie encontrada nos principais pratos tradicionais da culinária ubatubense. “A corvina é um peixe bastante popular. Possui carne firme e branca, com poucas espinhas (a maioria é espinha grande) e isso facilita o consumo, inclusive em forma de filés fritos, cozidos, as-

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Fotos Marcelo Souza

sados ou em postas. Vai da criatividade do cozinheiro. É um peixe barato, e por isso, bem consumido pela comunidade”, disse. Rosa fez a coleta e análise das corvinas durante um ano, de agosto de 2010 a setembro de 2011. A coleta foi semanal e contou com auxílio de um pescador da Baía, sendo posteriormente levada ao laboratório para análise. Além de mostrar a riqueza desta espécie para a culinária local, Rosa analisou características visuais das gônadas (órgãos responsáveis pela produção de gametas), como a cor, grau de turgidez, irrigação sanguínea, aparência dos ovócitos ou presença de sêmen, os quais determinam o sexo e a maturação de cada espécie. “Participei do trabalho de coleta muitas vezes. Fui ao mar, ajudei a remar, puxar as redes e fiz todo o procedimento de análise das amostras”, comenta a aluna. Na pesquisa, Rosa apresentou os cinco estágios de maturação da espécie: imaturo, maturação inicial, em maturação, maduro e esvaziado. “Observei que o período em que machos e fêmeas estão maduros é nos meses de outubro e julho. E que o crescimento da espécie neste ambiente é do tipo alométrico negativo, ou seja, há um crescimento maior no comprimento e menor no peso. Também analisei a variação no peso dos peixes. As corvinas fêmeas crescem mais no Verão e menos na Primavera. Os machos ficam maiores no Inverno e menores na Primavera”, revela Rosa. Ainda na conclusão, a aluna observou que as corvinas jovens e adultas se desenvolvem de forma regular na Baía de Itaguá, em Ubatuba, mas não desovam ali. Rosa confirma que o trabalho contribuiu para a sua graduação e que foi uma porta de entrada na carreira acadêmica, a qual pretende continuar cursando pós-graduação, mestrado e doutorado. * Colaboração do aluno Francisco Garcez, que cursou Jornalismo. BANANA VERDE | JUNHO DE 2013 | Edição #03

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Leia o resumo do projeto

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FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: “Clique Cliquet: educar para comunicar” Aluna pesquisadora: Thaís Matos Pinheiro Curso: Jornalismo Professora orientadora: Profa. Ms. Giovana Flávia de Oliveira (doutoranda) Amostra pesquisada: 120 alunos de 7º e 8º anos da Escola Municipal Cynthia Cliquet Luciano, no bairro da Enseada em São Sebastião (Abril a Novembro de 2011). Resultados principais: As oficinas de Educomunicação resultaram na inserção social dos alunos envolvidos e, linguisticamente, na melhora das produções textuais. Divulgação do Trabalho: Na I Mostra de Iniciação Científica do Centro Universitário Módulo (2012).

costa brasileira apresenta-se com uma ictiofauna bastante rica e diversificada e abriga espécies de peixes de grande importância comercial. O presente trabalho foi realizado com a espécie Micropogonias furnieri, popularmente conhecida como corvina, uma das espécies mais exploradas pela atividade pesqueira. O intuito desse trabalho foi determinar alguns parâmetros de distribuição, abundância, tamanhos e reprodução de M. furnieri na Baía de Itaguá, onde se encontra uma das comunidades pesqueiras mais ativas da cidade de Ubatuba e onde a pesca artesanal ainda é o meio de sobrevivência de pescadores locais. Para composição dos dados amostrais, os peixes coletados foram pesados e medidos, tendo suas gônadas retiradas para análises laboratoriais, e buscou-se determinar o sexo e o estádio de maturação de cada indivíduo. O meio de discriminação gonadal utilizado neste trabalho foi o macroscópico direto. Foram considerados cinco estádios de maturação: imaturo, maturação inicial, em maturação, maduro e esvaziado. O maior número de fêmeas com gônadas maduras foi encontrado nos meses de abril a junho, e em agosto. Para os machos, o maior número de gônadas maduras foi encontrado nos meses de fevereiro, março e abril. A variação temporal da abundância por sexo registrou os maiores valores de abundância para a captura de fêmeas em março e de machos em dezembro. As maiores médias do IGS (peso gônada/peso peixe) das corvinas do Itaguá foram encontradas em março e abril para os machos e para fêmeas em agosto e novembro, com novo pico em maio. Quanto à biomassa, encontrou-se o menor peso (118g) em julho e o maior peso (1,944kg) em junho.

Na cozinha

Corvina ao Forno

Ingredientes: 1 corvina inteira limpa e sem escamas 1 pimentão verde em rodelas 1 pimentão vermelho em rodelas 1 cebola em rodelas 2 tomates em rodelas

Modo de Preparo: 1 - Faça uma salada com os tomates, o óleo, sal e orégano; reserve. 2 - Tempere o peixe com um pouco de óleo, sal e pimenta-do-reino moída, reserve. 3 - Refogue os pimentões e a cebola com um pouco de óleo e sal até murcharem. 4 - Leve a corvina ao forno, coberta com papel alumínio, e asse por uns 30 minutos em forno médio. 5 - Retire do forno e retire o papel alumínio, cubra-a com os pimentões, cebola e tomates. 6 - Leve ao forno e deixe cozinhar os legumes e umedecer o peixe. 7 - Sirva com arroz branco. Receita extraida do site: www.tudogostoso.uol.com.br

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#SUSTENTABILIDADE Bruna Vieira

Arquitetura Sustentável Thalita Rocha

Como utilizar materiais alternativos e sustentáveis em belas construções com a vantagem de poupar o meio ambiente e ser acessível a qualquer pessoa.

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Bruna Vieira

Vale ressaltar que a iniciação científica abre caminhos, expande o conhecimento sobre outras áreas que não são abordadas na grade curricular e permiti adquirir experiência na elaboração de trabalhos acadêmicos, principalmente no Trabalho de Conclusão de Conclusão de Curso (TCC).

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reservar o meio ambiente. Inovar nas construções civis. Eric Duarte Rocha viu em seu projeto de Iniciação Científica a chance de mostrar aos estudantes, profissionais e à população que o uso de materiais extraídos de forma consciente da natureza pode sim ser usados para construir belas e seguras construções, com a vantagem de não agredirem a natureza e com o mesmo preço dos materiais industriais. O estudante verificou algumas matrizes curriculares do curso de Arquitetura e Urbanismo e percebeu que tinha poucas matérias na faculdade que abordavam assuntos referentes às construções sustentáveis. Este foi o “start” da sua pesquisa. Começou a pesquisar três tipos de materiais: o adobe - tijolo de terra sem adição de produtos químicos (terra crua), seco ao sol; a taipa de pilão que consiste na compactação de terra dentro de fôrmas que darão origem a paredes monolíticas (paredes feitas de apenas um material) e bambu. Etapas da pesquisa - Na primeira fase da pesquisa, Eric escreveu o projeto e o entregou para ser avaliado pelo Comitê de Iniciação Científica do Centro Universitário Módulo. Depois disso, selecionou livros de cada tópico do projeto e fez análises comparativas dos teóricos. Os livros relacionados à arquitetura “de terra” ele teve que comprar no site de uma livraria americana, pois a bibliografia era toda estrangeira. Já sobre o bambu, ele encontrou livros em português. A pesquisa duração um ano e neste período Eric recebeu uma bolsa de estudos no valor de R$ 180,00 mensais. Na metade da pesquisa, entregou um relatório parcial do trabalho “que contém as alterações do projeto, o resumo do que foi feito, a metodologia usada e as conclusões parciais”. No final da pesquisa, escreveu o relatório final, com a supervisão do professor orientador Marcelo Alves. Eric ressalta que a iniciação científica abriu caminhos, expandiu o conhecimento sobre outras áreas que não abordadas na grade curricular e permitiu adquirir experiência na elaboração do TFG (Trabalho Final de Graduação).

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Aos alunos que pretendem fazer iniciação científica, Eric afirma que mesmo sendo trabalhoso: “os benefícios vão além dos pessoais, pois enriquece o currículo e abre oportunidades de estágio e emprego na área. Muitas pesquisas ainda ajudam a comunidade por meio de trabalhos sociais ou repassando o conhecimento”, finaliza o aluno. O orientador - O professor Marcello Alves é geógrafo, especializado em sensoriamento remoto e geoprocessamento. Também é mestre em Administração Política de Recursos Minerais e doutorando em Ciências Exatas da Terra pela Unicamp (Universidade de Campinas). Seu trabalho de conclusão de curso ganhou como melhor trabalho de graduação do Brasil. Seu tema foi a transformação do cenário da paisagem de uma bacia hidrográfica em Taubaté. Sua dissertação do mestrado se resumiu em criar um modelo que integrava elementos da paisagem e detectava áreas passíveis de se encontrar água. Como orientador de Iniciação Científica, começou com o trabalho de Eric, em 2011. Explica que o tema do aluno tem duas vertentes. “Nós trabalhamos a questão do agregado, que é utilizado na construção civil e vem acabando. E a questão do material alternativo que pode ser usado e toda legislação ambiental que implica sobre ambos”. O professor mostra que não tem areia e brita suficientes para as construções civis e há uma necessidade intrínseca de buscar alternativas. “Por exemplo, a areia para ser utilizada em construção tem que ter fundamentos geológicos certos para serem usadas, por isso há variações no preço da mesma. É possível transformar as areias que não são próprias para que sejam usadas na construção. Entretanto, para isso é preciso usar recursos naturais, como água limpa para transformá-la, que são usados de forma indevida, poluídos e desperdiçados. Devido a essa utilização desmedida dos recursos para a produção dos materiais industriais, estas matérias primas acabarão, pois são limitadas e com isso a alternativa é a construção sustentável”, exemplifica Marcello.

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Bambu, tijolo de Barro e taipa de pilão

obre o bambu, o orientador, conta que tem a mesma tensão que o aço e é uma planta introduzida no Brasil que se adaptou muito bem ao nosso território. Alerta que não é todo bambu que pode ser usado. Alguns bambus são doces e por isso atrai uma espécie de besouro que entra nele e esfarela-o. Porém o bambu ideal, o bambu-mossô, tem alta resistência e não tem a doçura, além de ser de fácil de cultivo e reprodução. Sobre o adobe tijolo de barro, explica que é um dos tipos de construções mais antigas do mundo e afirma que quando se terraplana ou corta um morro, o que se faz com a terra excedente é o adobe. Porém na maioria das vezes essa terra não é transformada em adobe, ela é perdida. Já sobre a taipa de pilão, barro e bambu, conta que em Pindamonhangaba há a maior construção de taipa de pilão do mundo: o Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina construídoparaaprincesaIsabel quetem 3 andares maisum mezanino e cada parede mede 1,5 metros. O professor esclarece que os materiais usados nas construções civis são mal utilizados. Areia é jogada em canaletas que as entopem e o entulho não é reciclado. Ressalta que

durante muitos anos foram feitas construções com materiais alternativos, mas o que aconteceu é que a economia minerária se fortaleceu e acabou defasando o uso dos materiais alternativos. Além da falta de mão-de- obra, poucos institutos especializados para ensinar a utilizar materiais sustentáveis, a falta de amparo do governo para construções alternativas e a questão cultural. Para ele o projeto de Iniciação Científica é primordial. “Tudo que eu tive em minha vida foi por conta da Iniciação Científica. Passei quatro anos na faculdade tentando a bolsa para Iniciação. Essa bolsa meu deu o prêmio, me deu todas as entradas, abriu meu caminho. A iniciação científica é fundamental. O aluno adquire uma visão diferente dos demais, o universo se amplia. A iniciação te expõe a um conjunto de conhecimento de outras áreas. É preciso apresentar trabalho, sair, viajar. O trabalho exige muita dedicação, mas esse tempo se dedicando irá refletir a vida inteira. É uma oportunidade de passar por situações que enriquecem o currículo, que talvez o aluno não tivesse a chance de passar dentro da universidade. A iniciação te coloca dentro de um eixo de caráter, conduta, responsabilidade, padrões que o estudante demoraria a ter ou teria só após a graduação e por isso o aluno sai da universidade com um passo a frente dos outros.” finaliza.

Informe Publicitário

FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: Materiais Sustentáveis para construção civil: Adobe, Taipa de pilão e bambu. Aluno pesquisador: Eric Duarte Rocha Curso: Arquitetura e Urbanismo Professor orientador: Prof. Ms. Marcello Alves Costa (doutorando) Amostra: Pesquisa bibliográfica sobre adobe, taipa de pilão e bambu Resultados principais: incentivo ao uso de materiais sustentáveis nas construções (com benefícios ao meio ambiente, aos construtores e aos proprietários dos empreendimentos). Divulgação do Trabalho: Cópia do Relatório Final da pesquisa disponível na Biblioteca do Centro Universitário Módulo, Campus Centro.

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O aprendizado e a revolução da Iniciação Científica Todos os conceitos e dificuldades envolvendo a Iniciação cientifica contado por quem a vivenciou, os momentos difíceis e a euforia de concluir um projeto de meses de estudo

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“Administrar otempo entre estágio, TCC e Iniciação foi bem difícil tanto que por quase dois meses não consegui encontrar um dia para ir até São Paulo"

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moda em geral só começou a aparecer na metade do século XIV, dai em diante o vestuário da mulher mudou radicalmente, nesta época era longo e justo valorizando o corpo da mulher. Curto e justo para os homens, e essas diferenças entre a mulher e o homem acompanham todas as evoluções futuras até o século XX. Segundo alguns autores como Gilles Lipovetsky (1987) e Diana Crane (2006), a moda é um fenômeno histórico, sendo uma das formas mais visíveis de consumo, desempenha um papel da maior importância da construção social da identidade. Como já dizia Regina Guerreiro “Nem na moda nem vida, existe certo ou errado, é melhor cometer um erro fundamental ao cair na mesmice mundial”, e com todos esses conceitos envolvendo moda a estudante de publicidade e propaganda Carolina Lourenço Reimberg de Andrade, 24 anos, decidiu produzir sua iniciação cientifica sobre a revolução da minissaia.Em uma entrevista com a publicitária ela contou que sua maior dificuldade foi encontrar bons livros sobre moda, e principalmente sobre a já extinta revista “O cruzeiro” que saiu de circulação há muitos anos. Porém sua maior dificuldade foi concluir seu TCC (trabalho de conclusão de curso) ao mesmo momento em que produzia a iniciação, pois com as pesquisas seu tempo era pouco. Quando finalmente conseguiu ir ao Arquivo Público de São Paulo para analisar as revistas desde 1930 até os dias atuais, evando em conta as referências de livros que estudou. Um processo longo. Que a moda era lenta demorava anos para mudar um estilo, e que os principais elementos da mudança do comportamento feminino estavam presentes na sociedade da época, foi quando finalmente entendeu e percebeu que estava no caminho certo, que era por ali onde conseguiria as respostas de suas perguntas. Segundo Caroline, “Administrar o tempo entre estágio, TCC e Iniciação foi bem difícil tanto que por qua-

se dois meses não consegui encontrar um dia para ir até São Paulo analisar as edições da revista, que foi a parte principal de toda a Iniciação”. Com todo o trabalho e dedicação que a Iniciação Cientifica exige, pensou várias vezes em desistir, mas a força de vontade era maior, afinal como já dissemos outras vezes não era apenas a Iniciação, mas também um trabalho de conclusão de curso. Em meio a toda essa loucura tinha uma ajuda especial, a dos orientados, “Os orientadores possuem mais experiências na área acadêmica, sabem onde pesquisar, autores que tratam do assunto que você quer pesquisar e isso ajuda e facilita no desenvolvimento da Iniciação” conta Caroline. Com toda essa dificuldade ela confessa “Quando apresentei o TCC. O alívio de entregar o trabalho mais importante de todo o curso, não durou muito, porque ainda tinha que terminar a Iniciação. Assim que entreguei senti um alívio, claro, mas também pude ter tempo para revisar o que poderia ter melhorado, sei que se tivesse planejado no começo do ano “vou fazer uma Iniciação Científica” teria sido bem diferente! Inscrevi o projeto sem saber se iria ser selecionado, afinal o tema não estava

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#EDUCOMUNICAÇÃO Museu Mazzaropi

Mazzaropi: Simples e Genial Fábio Casella

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emória e cultura caipira: a representação da cultura caipira no cinema. Este foi o titulo do projeto de iniciação cientifica do aluno Alex dos Santos Fonseca do curso de licenciatura em historia do Centro Universitário Modulo. O estudo teve inicio com as obras do grande ator, diretor, e um homem de visão: Amacio Mazzaropi, um homem que transformou a maneira do assistir e compreender um modo de vida, que não deixava de lado as criticas a política e a economia de um pais em transformação. Os filmes de Mazzaropi sempre abordaram problemas concretos, que afetavam o Brasil em determinado momento, e esse jeito desengonçado do jeca permitia que o público, ao mesmo tempo em que se identificava com os problemas na tela, ria das situações apresentadas. Esse era o seu jeito de fazer filmes, com humor, e esse jeito que está em tudo o que ele sempre faz é a cultura do povo. Ele estava falando a língua do público ao qual direcionava suas produções. O estereótipo de caipira burro não é mostrado em seus filmes, pelo contrário, é mostrado um caipira esperto que consegue sair dos problemas, com um jeitinho malandro, outro estereótipo usado para caracterização popular. Ele estava preocupado com a popularização e a mensagem do cinema brasileiro, e os cineastas não o enten-

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diam. Mazzaropi costumava dizer que seus críticos eram um bando de intelectuais, fazendo filmes para intelectuais. Para ele o que os seus filmes mostravam era o que o grande público queria ver, coisa simples do dia a dia, da vida do brasileiro, e por isso dava tanta bilheteria e tanto reconhecimento, simplesmente pelo fato de retratar o cotidiano. A cultura caipira sempre foi vista como uma vida rústica, grosseira e, por isso, inferior, e a sua própria imagem sempre foi a de um homem preguiçoso, doente e ignorante, como È mostrado em várias literaturas. Mazzaropi trouxe em seus filmes um caipira que foge aos padres do que nos foi colocado por essas publicações. Amacio Mazzaropi ficou conhecido como o cômico caipira. Os filmes analisados por Alex foram Jeca Tatu (1959); As Aventuras do Padre Malasartes (1960); O Grande Xerife (1972); Casinha Pequenina (1963), O Jeca e a Freira (1967); Tristeza do Jeca (1961); Meu Japão brasileiro (1964); Uma pistola para Djeca (1969). Objetivos específicos apresentados pelo aluno, “a compreensão de como a representação caipira nos filmes de Amacio Mazzaropi esta articula em um momento histórico especifico, a segunda metade do século XX, cuja característica é a intensa urbanização resultante da migração do campo para a cidade”, confirma Alex no projeto.

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Apontamentos do Projeto A pesquisa sobre como a figura do caipira representa o conflito entre o urbano e o rural nos filmes de Mazzaropi resultou na compreensão da articulação da representação do caipira no cinema e a relação com o momento histórico específico da intensa urbanização (migração do campo para as cidades), ocorrida no Brasil na segunda metade do século XX. As práticas culturais rurais foram representados nos filmes e identificam a caracterização do personagem típico dos filmes de Mazzaropi, o Jeca e, portanto, para atração dos espectadores cujas experiências culturais estavam conectadas a origem rural. O conflito entre o rural e o urbano nos filmes de Mazzaropi vincula-se ao campo da cultura popular, cujas práticas e representações constituíram objetos de especial interesse para os historiadores nas últimas décadas. Parte da significativa produção dedicada à cultura popular foi abordada no projeto para direcionar e qualificar uma abordagem consistente do problema exposto no projeto de pesquisa.

Amácio Mazzaropi nasceu no dia 9 de abril de 1912 e faleceu em 13 de junho de 1981. Ingressou no teatro aos 15 anos, mas não como ator, ele apenas pintava cenários, aliás, ele amava pintura. Um dia Mazzaropi "perdeu" o pincel e resolveu seguir a carreira de ator e se tornou um dos maiores cineastas do Brasil, filmando e atuando na região do Vale do Paraíba e exterior.

Mazzaropi no filme Jeca contra o capeta, de 1976

FICHA TÉCNICA Título da pesquisa: Memória e cultura caipira: a representação da cultura caipira no cinema. Aluno pesquisador: Alex dos Santos Fonseca Curso: História (extinto). Professor orientador: Prof. Dr. Moacir José dos Santos. Amostra: Análise dos filmes Jeca Tatu (1959); As Aventuras do Padre Malasartes (1960); O Grande Xerife (1972); Casinha Pequenina (1963), O Jeca e a Freira (1967); Tristeza do Jeca (1961); Meu Japão brasileiro (1964); Uma pistola para Djeca (1969). Resultados principais: Relação entre a cultura popular e as novas formas de comunicação desenvolvidas no século XX, identificou e problematizou como o processo histórico impactou na indústria cultural. Divulgação do Trabalho: Cópia do Relatório Final da pesquisa concluída em 2011 está disponível na Biblioteca do Centro Universitário Módulo, Campus Centro.

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Marcelo Souza

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O ar que respiramos Camila Creace

Morar no litoral para muitos significa ar puro, tranquilidade e qualidade de vida. Legal! Mas será que em Caraguatatuba esta sensação de viver bem continua sendo uma realidade absoluta? Depende. Para Laís de Nadai

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oi se o tempo em que Caraguatatuba era lembrada apenas pelas belas praias e por ser um dos locais preferidos dos paulistas para passar as férias escolares. Dos últimos dez anos para cá, a cidade vem se destacando como um pólo de investimento no estado de São Paulo e do Brasil, principalmente após a instalação da Unidade de Tratamento de Gás “Monteiro Lobato” – UTGCA, da Petrobras. Ao mesmo tempo, a cidade enfrenta um grande desafio que é o aumento do trafego de veículos pesados e o lançamento de um dos principais poluentes atmosféricos, o dióxido de carbono, em decorrência da queima dos combustíveis. Isto prejudica a qualidade do ar e afeta negativamente o bem-estar da população, além de causar danos à fauna e à flora. Este tema foi abordado na iniciação científica de Laís de Nadai Teixeira, formada em 2011 pelo Centro Universitário Módulo, que fez um estudo comparativo do impacto na poluição atmosférica em três locais de Caraguá: na Praça Cândido Motta, na Avenida Dr. Arthur Costa Filho (Av. da Praia), e na Chácara Tangará (área de preservação), no bairro do Cantagalo. Laís entende ‘poluição do ar’ como uma alteração das características físicas, químicas e biológicas normais da atmosfera. Laís registrou o número de veículos de carros, caminhões e ônibus que passaram pelos três locais das 14h às 15h e das 18h às 19h, entre os dias 11 a 18 de julho e 01 a 09 de agosto de 2011. Ela registrou o trafego de 9.612 veículos em 15 amostras por local e horário. Depois comparou este resultado com os dados coletados em 2006 por Cassiano Barbosa, na monografia de Ciências Biológicas que consiste numa “Análise morfológica de líquenes presentes em locais específicos como bioindicadores da qualidade do ar na cidade de Caraguatatuba-SP”. Laís confirma ainda na pesquisa, que o excesso do gás dióxido de carbono no ar, por meio do trafego de veículos pesados na cidade, prejudica a saúde dos moradores e agrava o efeito estufa. “Para os seres humanos, este gás lançado pelos veículos pesados diminui a oxigenação do sangue, causa vertigens, tonturas e alterações no sistema nervoso e quando encontrado em altas doses pode ser fatal”, revela Laís que foi orientada pela professora mestre Solange Vasconcelos. Poluentes atmosféricos Os poluentes que prejudicam a saúde são o dióxido de enxo-

fre (SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), fumaça, partículas inaláveis e dióxido de nitrogênio (NO2). São lançados na atmosfera de várias formas, dentre as quais se destacam os escapamentos de veículos automotores, o que corresponde a 60% da poluição atmosférica nas grandes cidades, e sendo esta principal fonte de poluição da cidade de Caraguatatuba. De todos os gases emitidos pelos carros, motos, ônibus e caminhões, apenas 1% prejudica a saúde dos seres vivos em geral, mas com o aumento do número de veículos nos últimos anos esse número tende a ser significativo. O órgão ambiental responsável medição da qualidade do ar na Região Metropolitana de São Paulo, São José dos Campos e outros é a CETESB (Companhia de Saneamento Ambiental), este último ligado à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, que disponibiliza estações móveis para estudos temporários. Estas estações, ligadas a uma central de computadores, registra as concentrações dos poluentes na atmosfera disponibilizando-os de hora em hora na internet. Este boletim da CETESB foi utilizado por Laís que indica ações preventivas para Caraguatatuba não se tornar uma cidade altamente poluída. Ela indica que os moradores façam parte de programas de incentivo ambiental, usem mais bicicletas do que carro, façam revisões nos veículos para que não soltem grande volume de poluentes e evitem queimadas, como de restos de lixo. As considerações de Laís se estendem ao município que deve aumentar a fiscalização dos veículos sem manutenção, manter a cidade arborizada e promover atividades de incentivo a qualidade de vida. “Soluções existem. Depende de cada um fazer a sua parte”, confirma Laís.

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Marcelo Souza

Para refletir Laís chegou à conclusão que a Av. Dr. Arthur Costa Filho é o local de maior movimentação de veículos em Caraguá. Foram totalizados 6.412 veículos. Na Praça Cândido Mota, observou-se também um grande fluxo, que totalizou 3.125 veículos, considerando que essa avenida tem um só sentido, e uma faixa, o valor é alto. Já na chácara Tangará, um local mais afastado do Centro, o acesso de veículos foi bem menor, apenas 75 veículos nos dois horários. Há uma movimentação um pouco maior nos fins de semana. A universitária analisou também os bioindicadores, e, por meio destes, pode ver melhor as agressões ao meio ambiente. Para isto fotografou, na mesma época das contagem dos veículos, os troncos de árvores presentes nos três locais, e o resultado pode-se observar nas imagens desta reportagem. Com as três imagens, chega-se a conclusão que as duas áreas com maior movimentação apresentam um índice de poluição muito maior com os bioindicadores acinzentados, ao contrário da Chácara Tangará, onde eles se mantêm verde, em sua cor original, com poucos sinais de agressões da poluição atmosférica. 36

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A arte da comunicação corporal

Nos dias atuais como nunca antes e cada vez mais é cobrado uma boa articulação para com os meios que precisamos lidar, tanto no campo pessoal e profissional como no afetivo e profissional.

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éssyca Biazini Guimarães Thomé, 24 anos, formada em jornalismo e artista desde pequena, 8 anos. Ela dança, atua, desenha, topa qualquer desafio. A “parada” é estar no palco, e não só do teatro, mas desempenhar um bom papel no palco da vida. Já trabalhou com recreação, projetos culturais e performances em diversos eventos, como festas. Viver financeiramente de arte é uma dura tarefa, e querendo não prostituí-la, vendendo o que mais ama, trabalhou no banco por cinco anos para ajudar nas despesas da faculdade. Que pagou parcialmente, pois conseguiu bolsa de 50% de desconto pelo Prouni. Na intenção de unir arte e comunicação e de “quebra” ganhar mais uma bolsa no curso, a aluna decidiu se inscrever para começar uma iniciação científica. No seu projeto ela analisa duas edições de dois telejornais: Jornal Nacional com Willian Bonner e Fátima Bernardes e o Jornal da Record com Celso Freitas e Ana Paula Padrão. A partir de seu estudo sobre linguagem não verbal investiga e estuda o comportamento dos apresentadores. A estudante tem o objetivo de ajudar o comunicador a entender o funcionamento do processo de comunicação corporal, e como isso interfere diretamente no relato da notícia. Jéssyca continua a estudar o tema e pretende não parar e se aprofundar cada vez mais no assunto que ela mesma assumiu ter colaborado para uma melhor postura e prática na sua comunicação pessoal e interpessoal.

A atividade de iniciação científica incentiva a participação e contribui para que os alunos da instituição interessados no campo de pesquisa possam se desenvolver melhor tanto na formação acadêmica quanto no mercado profissionalizante. A pesquisadora Biazzini da um toque para aqueles que pretendem iniciar nessa atividade, ela recomenda que “na hora de escolher o tema da iniciação científica , é essencial o aluno optar pelo que gosta, tem que compor o mundo dele, não só fazer pela bolsa de 10 %, mas por amor”. E comenta os obstáculos e vantagens do percurso, “tem que estudar bastante, ler e escrever com olhos acadêmicos e linkar todo o conteúdo em um artigo, entretanto, já é meio caminho andado para o TCC (Trabalho de Conclusão do Curso), facilita bastante, pois o processo das duas pesquisas é bem parecido”. Ela escolheu um assunto dentro de uma realidade que de certa forma a inquietava, e nessa “onda” preencheu uma lacuna (abrindo outras) em sua mente questionadora. O corpo: obra de arte Para comunicar fazemos uso de um complexo e magnífico instrumento: o corpo. Com ele podemos comunicar e expressar melhor o que sentimos e o que desejamos. Nos dias atuais, como nunca antes e cada vez mais, nos é cobrado uma boa articulação para com os meios que precisamos lidar, tanto no campo pessoal como no profissional. São perguntas essenciais

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para efetivar uma boa comunicação: Será que estou sendo claro? Como posso fazer para que me entendam melhor? O que permite a humanidade estar viva hoje e evoluindo (mesmo que em alguns aspectos involuindo, principalmente quando as pessoas não se entendem) sempre é o fato de inteirar, tornar comum, partilhar, trocar ideias e experiências. Para tal objetivo o campo da linguagem é muito estudado. A linguagem verbal é expressa através da fala e da escrita. Será que somente as palavras podem traduzir e expor toda carga de sentido e intensidade da experiência vivida ou de algo que está em mente? Como revelar nossos sonhos, desejos, pensamentos, para que o outro interprete da melhor forma os signos (área da linguística que contém um significante: estímulo físico, forma ou imagem acústica. E um significado: conceito, sentido que corresponde ao significante.). E quando falamos sem querer, não pela boca, mas com o corpo. Sustos e surpresas são exemplos claros de reações espontâneas. É incrível a capacidade de mães descobrirem que o filho mente, ou pessoas próximas ou até mesmo desconhecidas, conseguirem perceber nosso estado emocional só de “bater o olho”! O sinal ou símbolo de algo pode, além, de serem expressos por gestos corporais, também, por meio de objetos, cores, sinalizações e ícones. Estamos falando da linguagem não-verbal! As placas de trânsito, o apito do juiz numa partida de futebol, a dança, são exemplos claros dessa linguagem, que se dá naturalmente ou é imposto, se manifesta o tempo todo em nosso complexo corpo humano e na sociedade. O grau de conhecimento de cada pessoa é que determina a capacidade de interpretação.

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Grande parte da comunicação se processa abaixo da consciência, logo se conclui que a importância da palavra em uma interação entre pessoas é apenas indireta. Na pesquisa de Jessyca, segundo Birdwhistell, 35 % do significado social de uma conversa frente a frente corresponde às palavras pronunciadas, os outros 65 % seriam correspondentes aos meios de comunicação não-verbal. Outro pioneiro de pesquisa da linguagem corporal na década de 1950 foi Albert Mehrabian. Ele apurou que em toda comunicação interpessoal cerca de 7% da mensagem é verbal (somente palavras), 38% é vocal (incluindo tom de voz, inflexão e outros sons) e 55% é não verbal. A habilidade de emitir e receber sinais não-verbais é consequência da aprendizagem e da prática no decorrer da vida cotidiana. Gestos e movimentos são maneiras usadas pelo ser humano para se expressar. O que caracteriza suas emoções e personalidade. Plantar estudo e colher bons frutos: Arte de semear "Como compreender o que está além da palavra falada ou escrita? De que forma se pode aumentar o potencial do que o apresentador expressa para as pessoas? Como as pessoas veem o estilo que o apresentador criou para se comunicar? Realmente o apresentador sabe o que quer dizer com seus olhares? O que o apresentador fala condiz com os seus movimentos faciais e corporais? Até onde vai a consciência corporal dele? O telejornalista entende que o processo de comunicação vai além do verbal? Há comunicação inconsciente?" Foram algumas das

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questões que impulsionaram a estudante a dar início ao seu estudo. O objetivo de seu artigo é mostrar que os telejornalistas podem utilizar a linguagem não-verbal para facilitar a compreensão da notícia. Durante o percurso do projeto, a estudante identificou dentro da análise das características não-verbais dos apresentadores, que em sua maioria, a postura deles são neutras, acentuando com o corpo o que é expresso verbalmente. A bancada facilita a colocação da postura e limita os gestos. Os telejornalistas para descarregar e neutralizar a ansiedade usam elementos como papeis e a caneta que são manipulados por eles constantemente. No Jornal Nacional é usado o mesmo padrão de gestos e ritmos o que caracteriza um telejornal que busca neutralidade na interpretação da notícia. No jornal da Record percebe-se uma maior liberdade nos movimentos dos braços e nas mãos, o que mostra ser um jornal mais aberto aumentando os comentários pessoais dos apresentadores. A ex coordenadora e atual professora do curso de jornalismo, Bruna Vieira Guimarães, foi a orientadora da Iniciação Científica. Antes disso, o trabalho havia passado por outras duas orientações o que levou a um atraso no desenvolvimento e conclusão do projeto. Sobre o trabalho de orientação, a professora jornalista comentou “A Jessyca é muito dedicada, mergulhou no assunto, gosta de estudar e lê bastante”, esclareceu sorridente. Ainda contou que a parceria entre as duas se deu naturalmente “O curso estava em andamento e quando eu entrei no Centro Universitário Módulo comecei a assumir as responsabilidades que me

cabia e tentei dar continuidade aos projetos que estavam em andamento” finalizou. A parceria entre as duas deu tão certo que hoje trabalham juntas na empresa Agencia Gentecom comunicação integrada e marketing, onde a professora mestre é proprietária. Era um sonho da estudante realizar a iniciação científica. Sonho esse que se concretizou além de sua expectativa. Teve seu artigo científico publicado em dois livros referente aos dois congressos em que participou. O primeiro congresso (quando) foi na Mostra de Iniciação Cientifica da Universidade Cruzeiro do Sul, no campus Anália Franco em São Paulo. Aproximadamente 200 pessoas participaram do evento, Jéssyca ganhou em 3° lugar como melhor projeto desenvolvido. Não quis mais parar e decidiu participar de outro congresso, esse chamado História da Mídia (onde foi e quando). Inscreveu seu artigo que foi submetido a avaliação e passou para sua surpresa. Sobre a relevância de seu estudo, a artista reflete enquanto mede as palavras para exprimir a função de seu trabalho “os profissionais de comunicação se apoiam muito na palavra e nesse mundo multimídia de hoje, é muito importante a imagem”, conclui ainda “ se o jornalista tem que ser neutro ao escrever porque não tem que ser também ao falar”. O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da jornalista concluído em 2011 é uma continuidade de seu estudo da comunicação não verbal. Ela trata do corpo na entrevista, como as pessoas se relacionam e como se dá a interação entre entrevistador e entrevistado. Concluído esse trabalho, inclusive, com nota máxima, apresenta satisfação ao conversar abertamente sobre seus projetos. Jéssyca Biazzini que “borbulha” ideias, já tem outros planos, porém diz ser cedo ainda para expô-las, mas já adianta

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#INCLUSÃO

Inclusão do deficiente em meio aos veículos de informação Por Luan Beata

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papel da mídia na construção da representação imaginária do indivíduo com necessidades especiais dentro do processo de inclusão social foi o tema da pesquisa científica realizada por Cleyton Domingues, aluno do 5º semestre de jornalismo, que contou com o apoio e orientação da professora Ms. Sandra S. Mitherhofer. Portador de paralisia cerebral (PC), o estudante retrata em seu artigo de aprofundamento baseado no estudo de Faircloug, intitulado “A Análise do Discurso Crítico”, sobre a ausência de pautas originadas por pessoas portadoras de algum tipo de deficiência física, especificadamente o cidadão portador de paralisa cerebral. “Pessoas com deficiência, geralmente, não são estereótipos de beleza física, então aqui se identifica a tal lei do mercado, o que não agrada ao público não interessa, já que não gera audiência, não vende, por tanto, se oculta. Para reforçar, devo dizer que o cidadão com PC é nosso objeto de estudo”, explica. No decorrer da pesquisa o aluno procurou demonstrar a imagem que a mídia impressa local vem construindo em relação às pessoas com necessidades especiais, no entanto, ele discutiu sobre a importância do papel desses veículos, enquanto formadores de opinião, na mudança de comportamentos da sociedade. “Acredito que a falta de informação sob as limitações e, principalmente, as potencialidades destes indivíduos com paralisia cerebral, marca a forma de representá-los socialmente, e restringem sua participação na sociedade. Por este motivo, creio que somente a atitude do deficiente em sair de casa, já consiste em uma grande revolução. Infelizmente as pessoas não estão preparadas para lidar de uma maneira natural com diferenças, e em pleno século XXI, com revolução tecnológica e tal, ainda o que é “estranho” procura-se um afastamento”, relata. Diante desta situação o aluno enxerga uma saída para esta autorrotulação explicita pela sociedade, onde o portador de deficiência demonstrar-se pró-ativo, não se conformando com o que é imposto, buscando cada vez mais o mérito. “Hoje em dia o espaço que mais cresce, em todos os contextos, é o da segmentação por intermédio da internet. Há blogs e sites como instrumento de divulgação de trabalhos destes públicos (deficientes), mas ainda faltam divulgação e visão perspectiva intensificada no caráter profissional”, comenta.

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Fisk Caraguatatuba | Av. Prestes Maia, 311 - Centro Telefone: (12) 3882-5566 ou (12) 7815-6547 - ID- 120*8221 E-mail: fiskcaragua@uol.com.br

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