Universidade Cruzeiro do Sul/SP Centro de Pós-Graduação
MONOGRAFIA COM PESQUISA DE CAMPO BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL
MAYRA CRISTINA DA LUZ PÁDUA
Pesquisa de Campo apresentada a Universidade Cruzeiro do Sul como exigência parcial do Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica
SÃO PAULO – Campus Liberdade
2010
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MONOGRAFIA COM PESQUISA DE CAMPO BENEFÍCIOS DA MUSICOTERAPIA DURANTE O PARTO NORMAL
RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar, através de uma pesquisa de campo, a satisfação e os benefícios apontados pelas entrevistadas com a utilização da técnica de musicoterapia aplicada durante a realização do parto normal. A pesquisa foi aplicada no período de 29 de junho a 30 de julho de 2011, em um hospital localizado no município de Caraguatatuba/SP, com analise de 50 (cinquenta) mulheres, escolhidas ao acaso, segundo as variáveis: idade, estado civil, escolaridade, renda, paridade, aspectos relacionados à preparação prévia para o parto (realização de pré-natal, cursos, programação do parto); e, finalmente, a percepção quanto ao resultado da musicoterapia. Os resultados obtidos, como se verá ao longo do trabalho, apontam para benefícios representativos alcançados durante o trabalho de parto, como o alívio da dor durante as contrações, auxílio na diminuição da tensão e do medo e ambientalização da parturiente no hospital. Em contrapartida, os custos envolvidos podem ser considerados mínimos, gerando uma apreciável relação custo/benefício para a implementação e abrangência da técnica.
Palavras-chave: Musicoterapia, parto normal, parto humanizado.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 2. PROPOSIÇÃO ................................................................................................... 7 3. MATERIAL E MÉTODO ..................................................................................... 8 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 10 5. CONCLUSÃO .................................................................................................. 20 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 21
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1. INTRODUÇÃO
A expressão “as dores do parto” tem retrato ao longo da história situações de extrema angústia e sofrimento. São tidas como uma das maiores dores suportáveis pelo ser humano, quiçá a maior. A própria Bíblia utiliza a expressão como sinônimo de intensa instabilidade, conturbações e até guerras que, neste caso, precederão o “nascer” de uma nova etapa para a humanidade: "Quando ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos alarmeis: é preciso que aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois levantarse-á nação contra nação e reino contra reino. E haverá terremotos em todos os lugares, e haverá fome. Isso é o princípio das dores do parto" (Marcos 13:7).
Visitando alguns importantes trabalhos de enfermagem obstétrica, observamos que Silva (2006) afirma que o temor e a insegurança da gestante diante do parto vêm desde os tempos mais remotos. Já Ziegel (1986) descreve a idéia pré-concebida da gestante sobre o parto, de como será esta sua experiência, pois a cultura popular aceita o fato de a parturição ser dolorosa e com sofrimento. Existem fatores que contribuem para causar esse medo, como o poder da sugestão, já que as mulheres são condicionadas negativamente sobre o parto, desde a infância, por meio de comentários da família, mulheres de convívio que passaram por essa experiência e, às vezes, até dos profissionais de saúde, que ressaltam o sofrimento do parto (BRASIL, 2001). Com a perspectiva do parto humanizado observam-se mudanças relacionadas às técnicas aplicadas no processo de nascimento que auxiliam a mulher durante o trabalho de parto, dando a ela a oportunidade de escolher a
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melhor forma de dar à luz. A presença do acompanhante e os métodos não farmacológicos para alívio da dor, entre eles: banhos terapêuticos, massagens, musicoterapia, exercícios na bola, ou seja, técnicas usadas de forma inovadora para a mulher e seus familiares neste momento singular de suas vidas (SILVA, 2006). No presente trabalho, buscou-se pesquisar os resultados da aplicação de uma destas ferramentas, a musicoterapia, em um grupo de puérperas de um Hospital localizado no litoral norte do Estado de São Paulo. Como oportunamente observado por Tabarro, et al (2009), em diversas circunstâncias tem-se notado que o uso de medicamentos tem trazido, não raro, mais prejuízos do que benefícios às pessoas. E isto acontece, particularmente, na situação de trabalho de parto, uma vez que se trata de um fenômeno fisiológico, podendo, na maior parte dos casos, terem um desfecho natural. O emprego da música tem baixo custo e fácil aplicabilidade, além de ser uma modalidade de cuidado não farmacológico e não invasivo. Um dos pioneiros nesta área (BAÑOL, 1993) relaciona uma série longa de benefícios auferidos pela música, dos quais podem ser destacados alguns de interesse para este trabalho:
Torna mais lenta e profunda a respiração
Aumenta a resistência às excitações sensoriais
Combate o estresse
Permite o domínio das forças afetivas e
Auxilia no bom funcionamento da fisiologia
Backes (2003) reitera esta idéia, afirmando que a música é considerada instrumento capaz de minimizar a angústia, a ansiedade, a tensão, o estresse e o medo; capaz de gerar relaxamento, aumentar o nível de energia e o humor; resultando em uma redução do ritmo cardíaco e do esforço respiratório, culminando no alívio da dor.
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Tendo como motivação estes e outros benefícios mencionados por um relevante número de autores, este trabalho buscou pesquisar a aplicação prática da utilização da musicoterapia como ferramenta do processo de humanização do parto. Para cumprir este propósito, foi elaborado um questionário com as variáveis descritas no capítulo 2 - Proposição. O grupo de perguntas selecionadas visa levantar qual a percepção das puérperas entrevistadas quanto ao resultado do método (musicoterapia) e se houve um planejamento prévio com o intuito de otimizar a aplicação do mesmo. Além disso, um conjunto inicial de perguntas busca caracterizar o perfil das entrevistadas, comparando-o sempre que possível com o perfil nacional e/ou regional. A partir destas comparações, pode-se observar se a amostra selecionada é representativa não apenas do ponto de vista quantitativo, mas também sob o aspecto qualitativo. O Material e o Método utilizados encontram-se descritos no capítulo 3, onde se descrevem dados importantes, tais como o local e o período de realização da pesquisa; a definição da amostra selecionada; e o modelo de questionário utilizado. Todos os resultados estão organizados em formato de tabelas, devidamente comentadas e analisadas ao longo do capítulo 4 - Resultados e Discussão. Nesta etapa, os dados começam a ser transformados em informações úteis e elucidativas. Na parte final encontram-se a Conclusão da autora com base nas informações levantadas e nas análises realizadas, além dos devidos créditos aos autores citados ao longo do trabalho (Bibliografia).
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2. PROPOSIÇÃO Esta pesquisa foi baseada em entrevistas realizadas com puérperas que tiveram seu filho através de Parto Normal Humanizado com Musicoterapia em um Hospital no município de Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, com objetivo de obter a opinião das mesmas quanto aos benefícios desta técnica. As seguintes variáveis foram utilizadas para a realização da pesquisa: a)
Faixa etária
b)
Estado civil
c)
Grau de instrução
d)
Condições sócio-econômicas
e)
Paridade
f)
Realização de Pré- Natal
g)
Participação de cursos para gestantes
h)
Amamentação na primeira hora de vida do RN
i)
Benefícios da musicoterapia durante o trabalho de parto
j)
Planejamento sobre a via de parto e evolução do trabalho de parto
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3. MATERIAL E MÉTODO A pesquisa foi realizada no período de 29 de junho a 30 de julho de 2011, no Hospital Stella Maris, localizado na região central do município de Caraguatatuba. Trata-se de uma instituição filantrópica, fundada em 1952 e caracterizada por um atendimento preponderantemente – cerca de 90% do total – realizado através do Sistema Único de Saúde (SUS). A amostra utilizada foi constituída por cinquenta mulheres que tinham parido recentemente, através de parto natural, onde foram empregados recursos de musicoterapia. A coleta de dados foi baseada no questionário abaixo: 1) Idade: ____ 2) Estado civil? ( ) solteira ( ) casada ( ) outros 3) Qual sua escolaridade? ( ) analfabeta ( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo ( ) ensino superior incompleto ( ) ensino superior completo
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4) Qual sua renda familiar atual? ( ) 1 a 4 salários mínimos ( ) 4 a 6 salários mínimos ( ) 6 a 25 salários mínimos, ou acima disso 5) Quantos filhos têm? _________ 6) Você realizou pré-natal? ( ) sim ( ) não 7) Durante a gestação participou de curso para gestantes, ou grupo de gestantes? ( ) sim ( ) não 8) Amamentou seu filho ainda na sala de parto? ( ) sim ( ) não 9) O que mudou pra você, quando foi colocada música para você escutar durante o parto? ( ) diminuição da dor ( ) me acalmei ( ) não gostei 10) O parto normal humanizado com musicoterapia foi programado por você? ( ) sim ( ) não
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO As tabelas obtidas a partir dos resultados contidos nos questionários, com suas respectivas análises, encontram-se relacionadas a seguir:
Tabela I Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados, segundo a faixa etária: Faixa etária
N.º
%
16 ¬ 20
9
18,00
20 ¬ 23
11
22,00
23 ¬ 26
19
38,00
26 ¬ 29
7
14,00
29 ¬ 32
2
4,00
32 ¬ 35
2
4,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
Ao analisar a Tabela I começamos a caracterizar a amostra utilizada na pesquisa. Observa-se que a maior parte das puérperas entrevistadas encontra-se na faixa etária entre 23 e 26 anos. Nesta faixa, que conta com 19 entrevistadas, situam-se 38,00% do total de participantes. Em seguida destaca-se a faixa de 20 a 23 anos, com 11 ocorrências. Em outras palavras, 60,00% (mais da metade) das entrevistadas possuíam entre 20 e 26 anos. Por outro lado, a menor frequência é observada nas faixas de 29 a 32 e de 32 a 35 anos, ambas com 2 entrevistadas cada, totalizando 8,00% do total. Tratando-se estatiscamente os dados acima, podemos concluir que a idade média das entrevistadas foi de 24,19 anos, com um desvio padrão de 3,85.
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Observa-se que é um valor inferior à idade média de fecundidade registrada no Estado de São Paulo em 2009, que foi de 27,10 anos, conforme dados disponibilizados pelo Instituto SEADE, da Secretária de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo.
Tabela II Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o estado civil: Estado civil
N.º
%
Solteira
15
30,00
Casada
29
58,00
Outros
6
12,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
A Tabela II apresenta a distribuição das entrevistadas em termos do estado civil. Observa-se que a maior parte delas, 29 mulheres ou 58,00%, declarou-se casada, enquanto que 30,00% disseram-se solteiras.
Tabela III Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a escolaridade: Escolaridade
N.º
%
Analfabeta
-
-
Fundamental incompleto
11
22,00
Fundamental completo
15
30,00
Médio incompleto
7
14,00
Médio completo
10
20,00
Superior incompleto
-
-
Superior completo
7
14,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
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A Tabela III mostra a escolaridade. Podemos observar que a maior parte das entrevistadas possui níveis de ensino relativamente baixos: 30,00% possuem o ensino fundamental completo, enquanto que 22,00% sequer conseguiram concluí-lo. Em contrapartida, nenhuma das entrevistadas é analfabeta. Praticamente um terço da amostra possui ensino médio completo ou incompleto, com percentuais de 20,00% e 14,00%, respectivamente. A parcela de entrevistadas que apresenta ensino superior restringe-se a 14,00% do total. Para analisar estes resultados, é preciso observar que o Hospital onde a pesquisa foi realizada possui um atendimento misto, mas preponderantemente público. Aproximadamente 90,00% dos atendimentos nesta instituição ocorrem através do SUS (Sistema Único de Saúde) e 10,00% são provenientes de particulares e/ou convênios. Contudo, a amostra foi realizada exclusivamente com pacientes do primeiro grupo (SUS). Cabe observar ainda que a maior taxa de fecundidade dentre as mulheres com menor grau de instrução também é ocorre no restante do país, como fora divulgado pelo IBGE, na Síntese dos Indicadores Sociais de 2010, como ilustra o gráfico a seguir.
Distribuição percentual das taxas de fecundidade das mulheres de 15 a 50 anos de idade, por anos de estudo, no Brasil – 2009 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009.
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Tabela IV Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a renda familiar: Renda familiar
N.º
%
1 a 4 salários mínimos
4
8,00
4 a 6 salários mínimos
35
70,00
6 ou mais salários mínimos
11
22,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
No que se refere à renda familiar, notamos na Tabela IV que 35 casos, ou 70,00% do universo pesquisado, possuem renda familiar na faixa de quatro a seis salários mínimos. De acordo com algumas entidades que buscam classificar a população em termos de renda, como a ABEP 1, por exemplo, esta faixa corresponderia a Classe C. Este perfil está diretamente relacionado à atuação do Hospital onde a pesquisa foi realizada, onde prevalece o atendimento via SUS. Em 11 casos (22,00%), foram informadas rendas familiares acima de seis salários mínimos, enquanto que apenas 4 pessoas (8,00%) mantiveram-se na faixa abaixo de quatro salários mínimos.
Tabela V Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o número de filhos: Número de filhos
N.º
%
1 (primeiro filho)
10
20,00
2
16
32,32
3
18
36,00
4 ou mais
6
12,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP 1
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
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A Tabela V trata da paridade ou número de filhos. Seus dados mostram que, no grupo pesquisado, predominam as mulheres que têm três filhos, com 18 casos (36,00%). Porém, as entrevistadas que possuem dois filhos não ficam muito atrás, nos revelando 16 casos (32,00%), seguidas pelas mães de “primeira viajem”, com 10 casos (20,00%). Apenas em 6 casos (12,00%), as entrevistadas possuíam quatro o mais filhos. Analisando-se esta tabela em conjunto com a Tabela III, observamos a inter-relação já evidenciada em todo o país através da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE em 2010, donde se extraiu a seguinte observação: “Mesmo dentro de uma mesma região, as mulheres com até 7 anos de estudo chegam a ter, em média, quase o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo”.
Tabela VI Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo realização de pré-natal durante a gestação: Realizou pré-natal
N.º
%
Sim
41
82,00
Não
9
18,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
A Tabela VI revela que na maior parte dos casos pesquisados, a puérpera havia realizado pré-natal. Apenas nove entrevistadas, o que corresponde a 18,00% do total, afirmaram não terem realizado o pré-natal durante a gestação. Este dado é relevante, pois, como afirmam Schneider e Ramires (2007), O pré-natal constitui uma forma segura de prevenção para a gestante, bem como para o feto e por isso é considerado uma eficaz medida preventiva, visando a preservação da saúde física e mental da grávida e a identificação das alterações próprias da gravidez que possam repercutir nocivamente sobre o feto.
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Durante as consultas de pré-natal também já podem ser planejados aspectos da evolução do parto, incluindo a opção pela utilização da ferramenta de musicoterapia.
Tabela VII Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a participação em cursos de gestante: Participou de curso
N.º
%
Sim
12
24,00
Não
38
76,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
Se a tabela anterior demonstrou que grande parte das gestantes já realiza um trabalho de pré-natal, os dados da Tabela VII evidenciam uma oportunidade de melhoria quanto à participação em cursos de gestantes. Neste item, a maioria das entrevistadas, o equivalente a 76,00%, não participaram do curso supracitado, demonstrando a necessidade de uma maior disseminação desta ferramenta na região pesquisada.
Tabela VIII Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo início da amamentação ainda em sala de parto: Amamentação na sala de parto
N.º
%
Sim
46
92,00
Não
4
8,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
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A Tabela VIII nos mostra que 46 das 50 entrevistadas iniciaram o aleitamento materno ainda na sala de parto e apenas 4 casos (8,00%) iniciaram após primeira hora de vida do recém-nascido.
Tabela IX Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo a sua opinião sobre a musicoterapia: Opinião sobre a musicoterapia
N.º
%
Não gostou
5
10,00
Diminuição da dor
26
52,00
Ficou mais calma
19
38,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
Finalmente, a Tabela IX apresenta a sensibilidade das puérperas frente ao tema que é objeto deste trabalho, qual seja a percepção das entrevistadas frente aos possíveis benefícios da utilização do recurso da musicoterapia durante seu parto. Os resultados em tela demonstram que 26 indivíduos, ou pouco mais da metade da amostra pesquisada (52,00%), relataram sentir uma diminuição da dor após iniciada a musicoterapia durante o trabalho de parto. Outras 19 entrevistadas, o equivalente a 38,00% do total, disseram se sentir mais calmas com a ferramenta, ao passo que apenas em 5 casos (10,00%), a sensação não foi positiva.
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Tabela X Distribuição por número e porcentagem dos casos entrevistados segundo o planejamento da evolução do parto: Parto humanizado com musicoterapia programado
N.º
%
Sim
12
24,00
Não
38
76,00
TOTAL
50
100,00
Fonte: Pesquisa da autora no Hospital Stella Maris - Caraguatatuba/SP
A Tabela X evidencia que a questão do planejamento do parto normal humanizado com musicoterapia ainda é muito incipiente, apesar de já existir. Em 38 dos 50 casos pesquisados, ou seja, 76,00%, não houve um planejamento prévio. Nestes casos, a ferramenta foi utilizada por iniciativa dos profissionais do Hospital. Com as outras 12 participantes, observou-se que houve uma etapa de planejamento.
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5. CONCLUSÃO Durante esta pesquisa foi possível observar indícios dos benefícios que ferramentas de humanização do parto, tal como a musicoterapia, poderá proporcionar às mulheres, mediante pequenos investimentos econômicos aliados a um planejamento prévio e focado. Conforme descrito na proposição, buscou-se caracterizar o perfil da puérpera entrevistada através de um conjunto de perguntas previamente selecionadas. Compilando as informações obtidas e discutidas ao longo do capítulo 4, pode-se concluir que a maior parte das entrevistadas possui as seguintes características: idade entre 23 e 26 anos, casada, com grau de instrução relativamente baixo (ensino fundamental completo), pertencente à “Classe C” (renda média familiar de 4 a 6 salários), com dois ou três filhos. Ainda podemos considerar que esta jovem mulher realizou pré-natal. No que se refere à renda familiar, que acaba por estar muito associada ao grau de instrução, é preciso frisar o perfil de atendimento do Hospital onde a pesquisa foi realizada. Conforme mencionado no capítulo 3, trata-se de uma instituição filantrópica, com atendimento preponderantemente realizado através do SUS (aproximadamente 90%), sendo que todas as entrevistadas utilizaram-se deste serviço público para realizarem seus partos. Por último, ao considerarmos o dado referente à realização de pré-natal, podemos observar que o alto índice de adesão verificado na pesquisa da autora possui respaldo nos dados divulgado pelo SEADE em 2009, conforme pode ser visualizado nas comparações gráficas abaixo.
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Relização de Pré-Natal Estado de São Paulo (SEADE, 2009) Não 23,39%
Sim 76,61% Realização de Pré-Natal Pesquisa da autora (2011) Não 18,00%
Sim 82,00%
Com base nestas análises, considera-se que a amostra selecionada pela autora encontra-se alinhada com a realidade regional e nacional, possuindo desta forma um aspecto qualitativo razoável para consideração de seus resultados. Também sob o ponto de vista quantitativo, considera-se que o tamanho da amostra (50 mulheres) foi satisfatório. Pois bem, partindo-se do pressuposto que a amostra é representativa, deparamo-nos com dois dados preocupantes e que ao mesmo tempo oferecem-nos uma boa oportunidade de melhoria: o perfil de mulher detectado na pesquisa não participa de cursos para gestantes e não planejou um parto humanizado. Infere-se que neste detalhe encontra-se a possível razão para 10% dos casos pesquisados terem informado que “não gostaram” da musicoterapia.
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Ainda que a ampla maioria das participantes (90%) tenha apresentado boa aceitação à musicoterapia, declarando benefícios relacionados principalmente à redução da dor e a uma maior sensação de tranquilidade, a autora considera que uma fase de planejamento prévio, onde a gestante possa participar efetivamente da seleção das músicas a serem utilizadas, pode potencializar consideravelmente os resultados obtidos. Por outro lado, cabe ressaltar dois aspectos que validam ainda mais os depoimentos das puérperas: a paridade e a forma como a musicoterapia foi implementada durante a pesquisa. Quanto à paridade, observa-se que 80,00% das entrevistadas (Tabela V), já possuíam um ou mais filhos antes do parto monitorado. Donde se conclui que as mesmas possuíam parâmetros consistentes para avaliar uma possível redução da dor e/ou sensação de tranquilidade. Soma-se a isto o fato da música ter iniciado cerca de trinta minutos após o início do trabalho de parto nos casos estudados. Neste caso, o parâmetro para avaliação encontra-se ainda mais próximo. Além dos benefícios mencionados de forma direta pelas pacientes, observa-se que a redução da dor e a maior tranquilidade obtidas com o processo podem ter refletido positivamente no percentual de puérperas que conseguiram amamentar ainda na sala de parto, ou seja, na primeira hora de vida do RN. Este grupo chegou a expressivos 92,00% do total de entrevistadas.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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complementar
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