Barcarena: Cidade da Gente II

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Roberto Anjos



Barcarena Cidade da gente ESTUDOS REGIONAIS Fundamental II

Jacobson Estumano João Poça Luiz Guimarães Roberto Anjos


© Didáticos Editora, 2018

Catalogação na publicação Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Direção Editorial: Coordenação Editorial:

Supervisão de produção: Coordenador de equipe: Coordenação pedagógica: Revisão ortográfica: Projeto gráfico e diagramação:

Eric Medeiros Nara Moreira

Telry Freire Polyana Veloso Liane Frota Regina Campelo Thyago Lima

Ilustrações:

Deborah Moura, Eduardo Rosberg

Fotografias:

Cláudio Oliveira

DIDÁTICOS e d i t o r a

Avenida Oliveira Paiva, Número 1600, Jardim das Oliveiras, Fortaleza - CE CEP 60822-130 email: didaticoseditora@gmail.com

Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida e/ou transmitida, seja quais forem os meios empregados sem a permissão dos Autores e Editores.


Apresentação Caríssimos alunos, professores e pais, É com muita satisfação que lhes apresentamos este livro sobre nosso município. Ele nasceu de uma oportunidade de reunir e organizar num só volume muitas informações que antes estavam dispersas sobre nossa terra. Os dados e reflexões aqui apresentados passeiam pela história e pela geografia de Barcarena, sua cultura, seu povo, suas atrações turísticas, seus aspectos econômicos e muito mais. Nossa maior expectativa nessa empreitada é a de proporcionar aos leitores uma viagem por imagens, histórias, paisagens, belezas, problemáticas e desafios, de modo que conheçam mais e de diversas formas a terra de nossa habitação. Convidamos, então, cada uma e cada um que folhear essas páginas a refletir, questionar, debater e, assim, conhecer melhor o lugar onde nasceu ou escolheu viver, e também conhecer a si próprio enquanto pessoa e enquanto cidadão. Que essa experiência seja tão prazerosa e reveladora quanto o foi para nós. Abraços.

Os autores.


Palavra do Prefeito Querido aluno barcarenense, É com extrema alegria e certeza do dever cumprido que estamos, cada vez mais, contribuindo para o fortalecimento do padrão de qualidade da educação municipal, a partir do lançamento deste belo e significativo livro. Considero que a edição do Livro “Barcarena: Cidade da gente” representa oportuno e valoroso investimento no resgate de importantes aspectos relacionados à vida socioeconômica, histórica e cultural do nosso estimado município, que são disponibilizados ao nosso alunado de forma clara, contextualizada e atrativa. Dessa forma, minha satisfação é imensa, pois como cidadão barcarenense, desde que aqui cheguei, sempre acreditei e compreendi que é possível, com forte compromisso social, responsabilidade e uma boa dose de ousadia, fazer algo inovador, diferente e transformador da realidade social e educacional, em particular, através de investimentos, como este livro, que possam dignificar e enaltecer cada vez mais essa linda e valorosa terra Mortigura. Tenho plena convicção de que este livro, que destaca e evidencia conhecimentos, acontecimentos e informações peculiares e relevantes da nossa terra, será extremamente útil no trabalho educativo escolar, constituindo-se em importante instrumento de apoio aos nossos educadores, que poderão assim qualificar ainda mais o processo educacional, fazendo com que os nossos alunos aprendam muito mais e melhor! Ademais, quero carinhosamente congratular-me com os nobres e estimados educadores barcarenenses, autores deste material, que nos brindam com esta histórica e magnífica obra didática.

Antônio Carlos Vilaça

Prefeito Municipal de Barcarena


Mensagem da Secretária de Educação Estimados educadores e alunos da rede municipal de educação, a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desenvolvimento Social tem o prazer e a satisfação de apresentar-lhes este livro, que é fruto de um intenso e profícuo trabalho coletivo iniciado há vários anos, que vem buscando o resgate, reconstrução e valorização da história barcarenense em todos os seus aspectos, através de adequado intercâmbio com o processo ensino-aprendizagem, assim como cuidadoso trabalho de pesquisa e sistematização de dados, informações e conhecimentos. Assim, acreditando sempre numa perspectiva pedagógica de trabalho inovadora e que contempla o resgate dos nossos laços históricos e culturais, e a partir dos conhecimentos compartilhados com nossos educadores, com os resultados práticos que obtivemos na interação com o alunado, enfim, com o produto das experiências acumuladas nesse percurso, foi possível chegarmos à condição de podermos abraçar este projeto, que se constitui em iniciativa pioneira no nosso município. Temos certeza de que esta obra contribuirá de forma expressiva para que nossos alunos tenham, cada vez mais, um aprendizado significativo e prazeroso acerca das nossas características e peculiaridades, enquanto município que possui aspectos históricos, culturais, geográficos e socioeconômicos tão interessantes, instigantes e dignos de serem conhecidos, valorizados e enaltecidos. É importante destacar que as informações, imagens e os dados aqui contidos foram criteriosamente selecionados, sistematizados e apresentados com o objetivo de possibilitar uma viagem literária/didática, interligada e prazerosa pelo mundo do conhecimento das grandes e “apaixonantes questões barcarenenses”. Por fim, queremos agradecer e parabenizar a todos os nossos educandos e educadores, que nesse processo de construção coletiva e solidária, contribuíram para que pudéssemos chegar a este momento tão almejado e especial: lançar esta maravilhosa obra educativa, sob a responsabilidade de renomados educadores barcarenenses!

Ivana Ramos do Nascimento

Secretária Municipal de Educação, Cultura e Desenvolvimento Social


Unidade 1 Barcarena – Pará: Lugar de viver

Unidade 2 Barcarena – Pará: História e memória


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1. O município no estado do Pará

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2. Uma cidade em muitos lugares

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3. Paisagem e ordem urbana

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4. Formas de trabalho e economia

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5. Aspectos da urbanização da cidade

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1. Barcarena: a invenção de uma cidade

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2. No tempo dos índios: terra dos Gibirié e Mortigura

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3. As missões religiosas

54 4. A expulsão dos jesuítas e o nascimento de Barcarena e Conde 56 5. Barcarena, um nome que veio do outro lado do Atlântico 58 6. De freguesia de Belém à criação do município de Barcarena 59

7. A Cabanagem

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8. Economia, trabalho e resistência

70 9. A busca pelo progresso e a reinvenção da cidade em dois tempos 70

10. A transferência da sede municipal

74 11. A criação das vilas operárias: uma nova fase da urbanização de Barcarena


Unidade 3 Barcarena – Pará: Lugar de memória

Unidade 4

Barcarena – Pará: Educação Socioambiental


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1. A cidade e seus lugares de memórias

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2. Memória legalizada

84 3. Uma avenida conta histórias: A Cronje da Silveira 89

4. Lendas: símbolos do imaginário barcarenense

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5. Mestre Vieira, um contador de estórias

95 6. Uma baleia em Barcarena: uma história quase fantástica 99

7. Memórias de infância e das brincadeiras

102 8. Brincar na cidade

112 1. Barcarena e os objetivos da Agenda 2030 da ONU 117 2. Elementos naturais e culturais 118 3. O nosso solo e relevo 119 4. A vegetação do município de Barcarena 120 5. Nossa fauna barcarenense 129 6. O acidente do navio Haidar e suas consequências na Vila do Conde 131 7. Do Extrativismo do Açaí e forno de farinha para a Indústria do Alumínio


Unidade 5 Barcarena – Pará: O lazer na cidade e o turismo

Unidade 6 Barcarena – Pará: Poder e cidadania


147 1. Iniciando a conversa 148 2. O turismo natural 154 3. O turismo histórico 158 4. A cultura barcarenense 163 5. Eventos culturais

174 1. Introdução à Unidade 175 2. Barcarena: cidade, comunidade 179 3. Poder: a cidade e seus governantes 197 4. Cidadania: representatividade da população 208 5. Sugestão de subsídios para aprofundar os conhecimentos sobre Barcarena


“A cidade é o retrato físico das experiências das várias gerações de indivíduos que ao longo dos anos habitam este espaço”. Luiz Antonio Valente Guimarães


Unidade 1 Barcarena – Pará: Lugar de viver


Unidade 1

Barcarena – Pará: lugar de viver Caro aluno, vamos fazer uma viagem pelo conhecimento de nossa cidade. O roteiro da viagem começa pelos caminhos da história, da memória, depois seguiremos pelo meio ambiente, visitaremos os espaços de lazer e turismo e, finalmente, veremos as formas de poder e exercício de cidadania. Você é o passageiro fundamental nessa viagem, vamos começar!

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo”, assim foi encontrado um aforismo no oráculo de Delfos, na Grécia Antiga, que tem inspirado reflexões das mais diversas. Muito distante do mundo dos gregos, tomamos a frase dos filósofos antigos para começar este passeio sobre a cidade de Barcarena. “Conhece-te a ti mesmo”, aqui é um convite para que você, aluno, possa reconhecer, no tempo e no espaço, as transforma-

Glossário Aforismo: Máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral.

ções que essa cidade da região amazônica vem conhecendo ao longo de seus mais de trezentos anos de existência.

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Desde as primeiras populações indígenas e seus lugares transformados em missões religiosas, até a implantação dos grandes projetos, trazendo suas cidades planejadas, eis um roteiro do percurso. Perceberemos as modificações físicas da paisagem onde vimos caminhos se tornarem ruas, ao mesmo tempo em que assistimos ao ritmo da vida se tornar cada vez mais intenso. As pequenas vilas tornarem-se bairros populosos com milhares de migrantes que se somaram às populações nativas, construindo um povo mestiço. Veremos o comércio da beira do rio tornar-se hipermercado, o surgimento de redes bancárias, escolas, transportes e toda a diversidade de alterações que fazem esta cidade estar sempre numa contínua construção da qual você faz parte. Conhece-te a ti mesmo, é o anseio e a necessidade que propomos a você nesta obra para que depois de desvendar a nossa história local possamos enxergar com facilidade, respeito e compromisso, o mundo

Foto: Cláudio Oliveira

melhor para todos, que igualmente pretendemos ajudar a construir.

Vista aérea da sede do Município de Barcarena

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Fonte: Fapespa/IBGE

1. O município no estado do Pará

Mapa dos Municípios do Estado do Pará – 2017.

O Pará é uma das 27 unidades federativas do Brasil e o segundo maior estado do país com uma extensão de 1.247.955,238 km², pouco maior que Angola, e está dividido em 144 municípios. Situa-se no centro da região Norte e tem como limites o Suriname e o Amapá ao norte; o Oceano Atlântico a nordeste; o Maranhão a leste; Tocantins a sudeste; Mato Grosso ao sul; o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. O estado é o mais populoso da região Norte, contando com uma população estimada pelo IBGE, em 2017, de 8.366.628 habitantes. Sua capital, Belém, reúne em sua região metropolitana cerca de 2 milhões e 100 mil habitantes, sendo a maior população metropolitana da região Norte. Outras cidades importantes do estado são Abaetetuba, Altamira, Ananindeua, Barcarena, Castanhal, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Santarém e Tucuruí. O relevo é baixo e plano; 58% do território encontra-se abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros estão nas serras de Carajás, Cachimbo e Acari.

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Os rios principais são o Amazonas, o Tapajós, o Tocantins, o Jari e o Pará.

2. Uma cidade em muitos lugares O município de Barcarena, por sua localização e expressão econômica, foi incluído na mesorregião metropolitana de Belém, desde o ano de 2017. Situa-se entre as coordenadas 01°30’24” de latitude sul e 48°37’12” de longitude a oeste de Greenwich, com uma área de 1.310,588 km2, distante 25 km em linha reta da cidade de Belém. Limita-se ao norte com a baía do Guajará e o município de Belém; ao sul com o município de Moju e Abaetetuba; a leste com a baía do Guajará e o município do Acará e a oeste com a baía do Marajó.

Mapa do Município de Barcarena

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O território que hoje forma o município de Barcarena, apesar de não ser tão grande, é muito maior que o de algumas nações europeias, como Andorra e Malta juntas, porém o seu tamanho não é a qualidade mais importante, mas sim, a diversidade e o tempo de formação das vilas e povoados, que hoje constituem os bairros da cidade e que fazem de Barcarena um lugar em constante modificação. Nascida em torno da capital do estado do Pará, Barcarena foi formada a partir da incorporação de vilas e povoados existentes nesta porção que hoje forma seu território. Poderíamos identificar cinco principais regiões e seu tempo na construção do município. Primeiro, estão as vilas fundadoras da cidade, a Vila de Conde, em 1653, e Vila de São Francisco Xavier, em 1709, que trazem em sua fisionomia traços arquitetônicos e urbanístico das vilas coloniais e foram formadas a partir dos aldeamentos indígenas. Um segundo espaço acrescido à cidade foi o distrito de Aicaraú. Uma extensa área rural de antigos engenhos e propriedades agrícolas existentes desde a época colonial, que hoje possui várias localidades, como: Cafezal, Cabresto, São Luiz, Bacharela, São Felipe, entre outras, que passaram a fazer parte de Barcarena no ano de 1943, com sua emancipação política. Nessa mesma época, a Ilha das Onças foi incorporada à extensa área insular do território, formando a terceira região da cidade, que já era formada pelas ilhas Trambioca, Arapiranga e outras menores. Uma quarta composição ocorreu com a mudança da sede municipal da antiga vila colonial para a margem esquerda do Rio Mucuruçá. O interesse pelo desenvolvimento econômico foi a razão para mudar, a partir de 1946, o lugar do centro administrativo do município. Um dos marcos desse novo espaço urbano da cidade é o prédio da prefeitura, inaugurado em 1962. E finalmente, a partir de 1980, com a instalação dos grandes projetos em Barcarena, o município conheceu uma nova fase na sua urbanização. A criação de vilas operárias planejadas, como o Núcleo Urbano, hoje Vila dos Cabanos, e Bairro Pioneiro, são marcas deste tempo. Estas vilas foram formadas pelos milhares de imigrantes de diversas partes do Brasil e compõem a parte mais moderna da cidade. A grosso modo, estes espaços em seus tempos e cada um com suas diversidades formam o território e a população de Barcarena, que hoje, de acordo com estimativa do IBGE, conta com 121.190 habitantes.

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Fonte:SEMEOTH/PMB

Divisão de Barcarena por bairros

Proposta de divisão de bairros de Barcarena

Vamos praticar 1. De acordo com o texto, além de Belém, que cidades do Pará se destacam por suas condições econômicas e populacionais? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Qual a localização do município de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Destaque do texto três áreas que formam o município e demonstre as principais características desses lugares. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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4. Em que localidade, rio, bairro ou rua você mora? Como você descreveria os aspectos físicos do lugar no qual você reside? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 5. Transcreva, em ordem alfabética, os nomes dos bairros de Barcarena demonstrados no mapa.

3. Paisagem e ordem urbana A paisagem de uma cidade é tudo aquilo que é perceptível através de nossos sentidos (visão, olfato, tato e audição), no entanto a análise da paisagem é mais eficaz através da visão. As paisagens são formadas por diferentes elementos que podem ser de domínio natural, humano, social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os outros. Elas estão em constante processo de modificação, sendo adaptadas conforme as atividades humanas. No território do município de Barcarena podemos encontrar várias formas de representação da sua paisagem. Nas ilhas e nas margens dos muitos rios que cortam a cidade encontramos a vida das populações ribeirinhas.

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Foto: Acervo pessoal, Luiz Guimarães

Paisagem de uma tradicional moradia ribeirinha – Ilha da Mucura

Fonte: Divulgação

Nessas localidades, embora haja predomínio dos elementos naturais, como os rios, os igarapés, a floresta com suas árvores e outros aspectos, a ação do homem modificando e adaptando esse lugar às suas necessidades está presente. Uma dessas formas de adaptação é a criação do matapi de plástico. Com garrafas plásticas, o homem ribeirinho reelaborou uma antiga armadilha de capturar camarão, que tradicionalmente era feita com talas e fibras de árvores naturais e que agora pode usar produtos artificiais para a fabricação desses objetos.

Matapi – instrumento de pesca artesal feito de talas de miriti, ao lado, feito com garrafas plásticas

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Fonte: ASCON/PMB – fotógrafo - Amauri Figueiredo

No centro urbano, a intervenção dos homens na paisagem está presente nas várias partes da cidade. Nos prédios públicos e particulares, no comércio, nas feiras, nas estradas, enfim, nas mais diversas formas, a vida na cidade vai se transformando.

A Feira Livre de Vila dos Cabanos

Vamos praticar 1. Que tipo de paisagem você observa próximo à sua casa? Descreva. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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2. Você tem notado que a paisagem tem se modificado? Como? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Faça um desenho representando a paisagem que você pode ver ao redor de sua residência.

Além da sala de aula Faça uma entrevista com seus pais ou avós, pergunte a eles como era a paisagem do bairro ou rua onde moravam. Partindo da memória deles, monte um mapa de seu espaço de moradia, descrevendo o que mudou e o que permaneceu daquela época para os dias de hoje. O resultado pode ser mostrado em sala de aula em uma roda de conversas.

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4. Formas de trabalho e economia Podemos com algum cuidado dizer que a cidade de Barcarena tem duas fases da sua economia. Uma antes da implantação do polo industrial e outra depois que esses empreendimentos se instalaram. Para que possamos pensar nas diferenças entre essas duas etapas da história de Barcarena, vejamos alguns números. Até antes da chegada das empresas em Barcarena, o município contava, em 1980, com uma população de 20.021 habitantes, de acordo com o IBGE. Desse total, somente 6.700 pessoas diziam morar na zona Urbana, sendo que 13.231 viviam na zona rural.

Para saber mais As pessoas que moram na cidade formam a comunidade urbana e as pessoas que vivem no campo formam a comunidade rural. A zona rural, também chamada de campo, é a região que fica fora da cidade. As pessoas vivem no campo em sítios, chácaras, fazendas, etc. As casas da zona rural não são construídas perto umas das outras.

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Como você pode ver, a maioria da população que vivia em Barcarena antes de 1980, portanto antes da chegada da Albrás, Alunorte e todos os seus empreendimentos, residia na zona rural, ou seja, no campo. E vivendo nesta parte da cidade, sua principal forma de sustento era retirada da natureza. Muitos moradores que tinham e têm suas casas nas ilhas das Onças, Trambioca, Arapiranga e nas margens dos rios e igarapés trabalhavam na pesca de peixe e camarão, na coleta de frutas como manga, cupuaçu, jambo e particularmente açaí. Nas áreas alagadas, as várzeas, viviam da extração de seringa, sementes de andiroba e produção de lenha. Outros que moravam nas áreas menos alagadas trabalhavam com roças de plantação de mandioca, milho, abacaxi e outros produtos. A grande parte do que produziam se destinava ao próprio consumo. Alguns poucos que tinham propriedades maiores levavam parte do que produziam para vender nas feiras da cidade ou mandar para Belém para vender no Ver-o-Peso.

Fonte: Divulgação

Trabalhos e produtos da zona rural de Barcarena

Fonte: Wikipédia Deutsch Divulgação

Extração de borracha – látex da seringueira, ao lado, coleta de açaí, produção do abacaxi.

Produção de cupuaçu típico da Amazônia – pesca artesanal

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A segunda fase da economia da cidade ocorre após a instalação dos grandes projetos em Barcarena. Embora tenham sido pensados desde o final da década de 1970, foi a partir da década seguinte que a cidade começou a sentir as mudanças decorrentes dessas ações no seu espaço.

Para saber mais Os grandes projetos na Amazônia Os grandes projetos são megaempreendimentos implantados na Amazônia, a partir da segunda metade do século XX, com o objetivo de explorar as riquezas naturais, principalmente os minérios existentes em abundância na região. Foram e são planejados fora da região e visam atender exclusivamente aos interesses exógenos. Trata-se de empreendimentos que necessitam de uma moderna infraestrutura portuária, ferroviária, aeroportuária e/ou rodoviária; utilizam tecnologia de ponta sem falar no grande de volume de capitais necessários para a implantação dessas megaestruturas. Além disso, após a fase de instalação, requerem mão de obra muito qualificada. Todas estas características lhes dão o título de enclaves na região, haja vista estarem totalmente dissociados da realidade da Amazônia. Praticamente todos eles são dotados de núcleos urbanos planejados, as cidades empresa ou Company Town. Trata-se de residenciais dotados de água encanada tratada, como rede de esgotos, energia elétrica, ruas pavimentadas, meios de comunicações eficazes, além de habitações de ótima qualidade. Estes núcleos urbanos servem aos funcionários qualificados que trabalham nas empresas após a fase de implantação.

Fonte: <http://valdemirogomes.blogspot.com/2013/05/grandes-projetos-na-amazonia.html>

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Fonte: <http://www.diarioonline.com.br/noticias/

O município, conforme previa o projeto, receberia em seu território a construção de grandes obras. Em Vila do Conde, o porto na Ponta Grossa foi escolhido por sua posição geográfica, mais facilmente acessível ao comércio de exportação, para ser construído um porto da Portobras, por onde deviam sair produtos para várias partes do mundo.

Vista aérea do porto de Vila de Conde – Barcarena.

Ligado ao Porto de Vila do Conde, começava a operar, em 1985, o primeiro empreendimento de grande porte, uma indústria de alumínio, a Albras (Alumínio Brasileiro S/A). Dez anos depois, era inaugurada uma fábrica de transformação de bauxita em alumina, a Alunorte (Alumina do Norte do Brasil S/A). A construção da Albras e da Alunorte modificaria profundamente a rotina da pacata cidade de Barcarena. Fonte: <https://www.hydro.com/pt-BR/a-hydro-no-brasil/operacoes-no-brasil/barcarena/albras---aluminio-brasileiro-s.a/>

Empresa Albras – Alumínio Brasileiro S/A

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Sob a coordenação da CDI (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Pará) e da CODEBAR (Companhia de Desenvolvimento de Barcarena), ligada ao Governo Federal, seria preparada a infraestrutura para ajudar na instalação do polo industrial. Para atender às necessidades da Albrás seria construída uma subestação de energia da Eletronorte, para abastecer os fornos de fabricação de alumínio. Não se pode esquecer que a transformação de alumina em alumínio se faz com grande consumo de energia elétrica. Enquanto todos esses empreendimentos eram construídos, milhares de trabalhadores das mais diversas partes do Brasil, por vezes de países estrangeiros, chegavam a Barcarena. Você poderia perguntar como e onde todas essas pessoas iriam morar na cidade de Barcarena enquanto construíam todas essas obras? De um modo geral, foi possível observar o “inchaço” das tradicionais vilas do Conde, Itupanema, São Francisco e Laranjal, que tiveram seu espaço de moradia ampliado. Na sede do município surgiram o Bairro Novo, o Bairro da Pedreira, o Conjunto da Frank (empresa contratada para os serviços de construção da Albrás) e o Conjunto Romeu Teixeira. Porém, foram as vilas operárias criadas pela CODEBAR os principais espaços que abrigariam os novos moradores de Barcarena. Surgiram, assim, o Bairro de Operações – o Núcleo Urbano – que depois recebeu o nome de Vila dos Cabanos, e o Bairro do Pioneiro. A Vila dos Cabanos foi construída sobre a antiga Vila de Murucupi, enquanto o Bairro do Pioneiro, destinado a receber a maioria dos alojamentos dos operários, ficava entre o Núcleo Urbano e a Vila do Laranjal. Era importante que essas vilas operárias não ficassem tão longe dos locais onde os trabalhadores desenvolveriam suas atividades para não dificultar seu transporte.

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Para saber mais O MODERNO REORDENAMENTO TERRITORIAL DE BARCARENA Um objeto se destaca na Praia de Caripi, no Rio Pará, localizada a leste do vilarejo de Itupanema e distante aproximadamente 5 km da Vila dos Cabanos – a Casa da Árvore. Uma singular e imponente casa erguida sobre pilares escondidos entre duas grandes árvores, sugerindo aos curiosos olhares que se encontra suspensa na copa destas. Toda de madeira de lei, ela é parte do Hotel Sumaúma, conjunto de pousadas, cujo estilo lembra as habitações feitas para suportar neve e clima frio. O hotel compõe a paisagem arquitetada a partir do empreendimento produtor de alumínio primário chamado Albrás/Alunorte. Em função destas empresas se reorganizam a configuração territorial e a dinâmica social, em suma, o território usado ou o espaço geográfico de Barcarena. Antes da instalação dessas empresas, Caripi era um lugar que não dispunha de qualquer infraestrutura, à exceção dos pequenos barcos que faziam o transporte fluvial para esta praia, por isso, pouco frequentada. No final da década de 1970 e início de 1980, na medida em que, para viabilizar o sistema de produção de alumínio acrescentam-se na configuração territorial de Barcarena portos, estradas, núcleo urbano planejado, fábrica, sistema de energia, a praia vê-se transformada em área de lazer da Vila dos Cabanos. Instalam-se em Caripi rede de energia, de água encanada, telefonia, serviços de hotelaria, bares, restaurantes, segurança, salva-vidas, limpeza, coleta de lixo. Tudo isso diferencia o lugar de outros lugares do litoral barcarenense, tornando-o parte das rotas turísticas. A frequência de visitantes aumentou a partir de 2002, com a ligação de Belém à Rodovia PA-150 e ao Porto de Vila do Conde, através da Alça Viária, incluindo Caripi no circuito comercial paraense.

Nahum, João dos S. O território usado em Barcarena, Modernização e ações políticas conservadoras na Amazônia paraense. Ananindeua-Pa: Ed. Itacaiúnas, 2016.

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O progresso econômico havia chegado a Barcarena. A cidade, que até então era chamada de a capital do abacaxi, passava agora a também ser caracterizada como “a capital do alumínio”. Era tão forte a chegada daqueles novos tempos que nas expressões culturais do município se incorporava essa nova fase da cidade. Um bloco de carnaval assim traduzia em seu samba enredo esse tempo:

Mas chegou, o progresso chegou Com o alumínio veio a evolução É o reino Mojuquara Dando força pra nossa gigante nação

Fonte: <https://albertoduartte.blogspot.com/2012/01/vila-dos-cabanos-bairro-de-barcarena.html>

Bloco “Quem é Quem” - Tema: “O fascínio, o esplendor e a glória de um povo” (Letra: Xaxá)

Vista aérea da Vila dos Cabanos em Barcarena

Para percebermos os efeitos desses novos tempos, vejamos alguns números que traduzem a mudança no perfil do morador da cidade de Barcarena.

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Fonte: Censos demográficos do IBGE – 1980-2018.

Você pode observar que o município de Barcarena, em apenas 38 anos depois da chegada dos grandes projetos, passou de pouco mais de 20 mil habitantes, em 1980, para os atuais 121 mil moradores. Isto demonstra que, nesse período, a cidade cresceu mais de cinco vezes em sua quantidade. E como esse crescimento populacional se mostrou no perfil do morador da cidade? Vejamos mais uma demonstração desses números.

Fonte: Censos demográficos do IBGE e SEPOF (Secretaria de Planejamento do Pará) – 1980-2007.

Apesar do crescimento da população, é possível observar que muitos moradores ainda continuaram residindo na zona rural de Barcarena. Você pode notar que a faixa da população urbana aparece sempre menor que a população que vive no campo, contudo, mesmo mantendo essa carac-

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terística após os empreendimentos instalados no município, nem a vida no campo e nem a vida na cidade eram as mesmas de tempos atrás. Na cidade, cresceram as atividades comerciais, os meios de transportes tornaram-se mais rápidos e muitos prédios urbanos surgiram. O movimento de trabalhadores com seus uniformes coloridos nas esquinas das ruas da cidade, deslocando-se ao trabalho, passou a ser uma rotina constante. Fonte: <https://www.hydro.com/pt-BR/a-hydro-no-brasil/empregos-e-carreiras>

Trabalhadores de empresas

Mas, por outro lado, o progresso também trouxe uma nova realidade para o município de Barcarena. Junto com os benefícios que a cidade viu surgir, a partir da instalação das grandes empresas, também apareceram os problemas ambientais, o crescimento desordenado da cidade. Recentemente a cidade e seus habitantes, que vivem próximos às empresas, têm convivido com o material poluente gerado pelas fábricas.

Vamos praticar 1. De acordo com o texto, o que diferencia a vida na área rural de quem mora na área urbana? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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2. Qual acontecimento em Barcarena, ocorrido a partir da década de 1980, modificou a forma de viver das populações locais? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Observando os gráficos você pode notar que a população de Barcarena aumentou, em 1980, de pouco mais de 20 mil habitantes para mais de 120 mil nos dias de hoje. Em sua opinião, o que esse aumento de moradores interferiu na vida da cidade? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Com a chegada das indústrias, Barcarena conheceu uma nova fase em sua história. Você poderia apontar, em sua opinião, os aspectos positivos e os negativos dessa nova etapa? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

5. Aspectos da urbanização da cidade Esse rio é minha rua Minha e tua mururé, Piso no peito da lua, Deito no chão da maré. Trecho da música de Paulo André e Ruy Barata “Esse rio é minha rua”. http://www.culturapara.art.br/rbarata/ruymusic.htm

É muito provável que você hoje, ao sair de casa para vir à escola, deve ter andado por uma rua para conseguir o transporte para vir estudar. É certo que essa rua, em Barcarena, pode ter várias formas. Em

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Fonte: Transporte escolar nas ilhas do Pará

alguns casos, ela pode ser uma via asfaltada onde circulam automóveis, bicicletas, motos. Em outros, ruas de chão de um ramal ou caminho de terra em meio às árvores ou ainda pelos igarapés, depois rios ou baías onde passam as rabetas e até as embarcações de passageiros.

Transporte escolar nas ilhas do Pará

Por meio de seu deslocamento é possível imaginar como a cidade se mostra de forma diversa para cada morador. Para alguns, Barcarena é cheia de rios, ilhas, caminhos, ramais; para outros, a rodovia, as estradas e ruas são espaços que estão presentes no seu cotidiano. Porém, do olhar de sua diversidade, vejamos como o município de Barcarena foi construindo seus núcleos urbanos que formam hoje os principais bairros da cidade e suas vias de transporte. A Vila de São Francisco e Vila do Conde foram os dois primeiros núcleos urbanos a transformarem seus caminhos em ruas. Desde o século XIX, já aparecem registros de vias terrestres por onde circulavam pessoas e carros de bois nesses lugarejos. Na Vila de São Francisco, por exemplo, a rua que fica em frente à Igreja Matriz de São Francisco, hoje conhecida como Praça Batista Campos, em alusão ao largo da praça ali existente, já foi conhecida antes como Rua da Praia ou Rua da Beira-mar, por sua relação direta com a margem do Rio Barcarena que passa em frente.

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Fonte: REGO, José Moraes. Inspeção sanitária do município de Barcarena, ano 1956.

Mapa do traçado urbano de Barcarena na antiga sede na Vila de São Francisco antes de 1956.

Fonte: foto de divulgação

Porém, foi com a transferência da sede municipal para as margens do Rio Mucuruçá, no início da década de 1960, que a cidade ganhou as formas urbanas planejadas (tema a ser desenvolvido na Unidade 2). Inspirada no traçado da cidade de Goiânia, no centro-oeste do Brasil, a nova sede foi planejada pelo urbanista Francisco Cronje Bezerra da Silveira em conformidade com os planos desenvolvidos pelo SESP (Serviço Especial de Saúde Pública) para as novas cidades da Amazônia.

Panorama aéreo da sede de Barcarena mostrando o seu traçado em quadros

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Fonte: Secretaria Municipal de Cultura/PMB – acervo Luiz Guimarães

Em 1982, a prefeitura municipal assim demonstrava a área de expansão urbana da cidade.

Jornal de divulgação da PMB - prefeito municipal José Pinheiro Rodrigues - 1982

Nesse ano, pouco tempo antes da implantação do complexo industrial em Barcarena, a sede municipal possuía uma avenida, onze travessas e oito ruas. Apesar de sua pequena expansão territorial, havia espaços bastante curiosos para aquela urbe, como um aeroporto que cruzava as travessas Sebastião de Oliveira até a Cantídio Nunes. Os nomes das ruas da sede têm relação com os personagens políticos que atuaram no processo de transferência da cidade, tais como: o já citado Cronje da Silveira, urbanista, que por ter planejado a cidade, teve

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Fonte: Repercussões socioeconômicas do Complexo Industrial Albras-Alunorte em sua área de influência imediata. Relatório de Pesquisa – IDESP

seu nome registrado na principal avenida da cidade. O interventor federal, que autorizou a emancipação municipal e contribuiu para a mudança do centro administrativo, foi homenageado com a avenida que leva seu nome: Governador Magalhães Barata. As demais vias têm nomes de personalidades da política local ou alusão aos prédios ali existentes. Como a Rua Frederico Vasconcelos, que homenageia o prefeito que iniciou o processo de transferência da sede municipal. Já a travessa da Matriz ganhou a sua designação em função da Igreja Matriz edificada na esquina da Avenida Cronje da Silveira. Finalmente, foi a partir da instalação do complexo industrial em Barcarena, na década de 1980, que um novo modelo urbanístico foi planejado para o município. Com vistas a criar a infraestrutura básica para acomodar os trabalhadores do empreendimento, coube à Empresa Joaquim Guedes & Arquitetos Associados a execução do plano de urbanização encomendado pela CODEBAR (Companhia de Desenvolvimento de Barcarena). Assim, foram traçados os novos espaços de ocupação urbana de Barcarena (ver imagem abaixo).

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Fonte: PUB – Plano Urbanístico de Barcarena

Havia, segundo o planejamento urbano, três bairros principais: o Bairro de Operações, o Bairro Pioneiro e o Bairro Atacadista. Com exceção deste último, sabemos que os demais foram construídos. O Bairro de Operações, que inicialmente era conhecido como Núcleo Urbano – NURB, foi edificado nas terras da antiga Vila de Murucupi e planejado para abrigar uma população de mais 70 mil habitantes. Nesse bairro moderno, que seguia os padrões das Company Towns (cidade da empresa), havia lugares destinados às moradias dos trabalhadores da Albras, segundo as funções que desempenhavam na empresa e o tamanho da família do operário. Além disso, os bairros possuíam cinema, clube, escolas, comércio próprio, hospital, entre outros espaços destinados a atender a vida do morador.

Processo de urbanização de Vila dos Cabanos – Construção das moradias da vila operária.

Com menos infraestrutura do que o Núcleo Urbano, o Bairro Pioneiro foi construído para abrigar os operários das empresas que atuavam na construção das fábricas, portos e do próprio Núcleo Urbano. No ano de 1985, como parte das comemorações dos 150 anos do principal movimento popular do Pará, a Cabanagem, o presidente da CODEBAR encomendou ao historiador e jornalista Carlos Roque um projeto de nomeação das ruas do Bairro de Operações, o Núcleo Urbano. Assim, a vila operária passaria a se chamar Vila dos Cabanos e todas as suas ruas, travessas e avenidas teriam nomes de personagens e acontecimentos ligados à Revolução Popular de 1835.

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Nota de jornal sobre a criação da Vila dos Cabanos e a nomeação de suas vias. Fonte: Jornal Diário do Pará 24/04/1985

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Fonte: Google Earth

Nomes das ruas da Vila dos Cabanos exibindo os mártires da Revolução Popular de 1835

Germano Aranha, Cônego Batista Campos, Eduardo Angelim, Jerônimo Pimentel, Silvério Sapateiro, Crispim dos Santos, entre outros, são nomes das lideranças revolucionárias da Cabanagem que denominam as vias da Vila dos Cabanos. Paralelas à criação dos bairros planejados também apareceram, especialmente a partir da primeira década do século XXI, várias ocupações espontâneas. Devido aos vários empreendimentos instalados no município de Barcarena, esta cidade passou a se tornar polo atrativo de imigrantes das mais variadas partes da região Norte e do Brasil. Como você pôde ver, as ruas de Barcarena podem ser espaço de circulação de veículos, mas também podem ser o igarapé e o rio por onde passam as embarcações grandes e pequenas, porém todas elas possuem uma história e marcam um tempo de nossa existência.

Vamos praticar 1. Quais foram os primeiros povoados que deram origem ao município de Barcarena? Havia ruas nesses lugares? Como elas eram usadas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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_________________________________________________________ 2. Que cidade brasileira serviu de inspiração para a construção de Barcarena? Quem traçou o plano urbanístico dessa nova cidade? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. A Vila dos Cabanos foi construída seguindo o modelo da chamada Company Towns. O que eram as company towns? E como era viver nelas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. A Vila dos Cabanos nasceu com o nome de Bairro de Operações. Como foi que se deu a escolha do nome para essa vila? E como passaram a ser denominadas as vias públicas desta vila operária? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Gostou de nossa viagem até aqui? Ela só está começando, mas você já está percebendo que nós temos muita história para contar e aprender. Aliás, por falar em história, esse será o tema da próxima Unidade. Até lá!

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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“A história nos possibilita olhar pela janela do tempo as mudanças ocorridas em nossa cidade.” Luiz Antonio Valente Guimarães


Unidade 2 Barcarena – Pará: História e memória


Unidade 2

Barcarena – Pará: História e Memória Barcarena: nossa história, nossa memória Caro aluno, você já imaginou fazer um passeio pela história de nossa cidade? Então, nessa Unidade, teremos oportunidade de visitar as antigas aldeias dos índios, a missão dos jesuítas. Veremos a bravura dos cabanos, a luta dos escravos nos engenhos e a criação de nossa cidade ao longo do tempo. Vamos começar nosso passeio?

Você já observou que dentro do nosso município, embora seja um só, existem vários lugares diferentes? Há quem more na sede de Barcarena, outros vivem na Vila dos Cabanos, Vila do Conde, São Francisco, Laranjal, Pioneiro, Aicaraú, Cafezal, Ilha das Onças, enfim, temos várias localidades, mas todos nós somos barcarenenses. Mas por que temos essa grande diferença de lugares? Será que todos eles sempre foram de Barcarena ou tiveram ligação com outros lugares? Há quanto tempo podemos dizer que os barcarenenses existem? Quem eram os seus antepassados? As respostas para muitas dessas perguntas somente são possíveis por meio da história e da memória da cidade. Vamos começar.

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1. Barcarena: a invenção de uma cidade É correto dizer que o município de Barcarena, a contar da data de sua emancipação político-administrativa, ocorrida por meio do Decreto Lei nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, contará, no ano de 2018, 75 anos de existência, porém antes de se tornar município, o que teria sido este lugar? Quem habitava essas terras? Como viviam aqui? Antes de começar o nosso percurso, observe uma linha do tempo para a história de Barcarena. Antes de

1653 – 1709

1758

1833

1897

1943

Tempo dos índios

Tempo das missões jesuíticas: Missão dos Mortigura e dos Gibirié

Expulsão dos jesuítas e a criação do lugar de Barcarena e Conde

Pela divisão interdistrital do município de Belém, Barcarena figurava como 6º distrito e Aicaraú como o 7º.

Projeto de lei do Senado da Câmara de Belém eleva a povoação à categoria de Vila

Decreto Lei 4.505, de 30 de dezembro de 1943, cria o município de Barcarena

Aldeia

Missão Religiosa

Freguesia de Belém

Distrito de Belém

Vila de Barcarena

Município emancipado

1653

Observando essa linha do tempo, podemos notar que o lugar que hoje forma o município de Barcarena foi uma aldeia indígena, depois missão religiosa, freguesia e finalmente distrito do município de Belém. Vejamos agora como se deram os principais acontecimentos ao longo dos seus mais de trezentos anos de existência.

2. No tempo dos índios: terra dos Gibirié e Mortigura Antes mesmo da chegada dos primeiros colonizadores, essa região era povoada por índios. Nas terras do atual município de Barcarena havia povos nativos que transitavam nas matas desta porção da grande Amazônia. Eles faziam parte do tronco tupi, os tupinambaranas, como genericamente eram qualificados. Espalhavam-se por esta vasta região os Gibirié, os Mortigura e outros tantos. Por sua natureza, habitavam as margens dos rios, alimentando-se daquilo que a natureza lhes fornecia. Não conheciam instrumentos mais

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sofisticados. As bordunas, os arcos e flechas feitos de varas e cipós constituíam seus objetos de trabalho e sobrevivência no meio das matas. Habitavam em moradias cobertas com folhas de palmeiras nativas da região. A força de sua presença é notada através das recentes pesquisas arqueológicas que têm localizado em nossa região registros materiais

Borduna: Nome comum às armas indígenas feitas de madeira dura, usadas para dar bordoadas. Mini Aurélio Século XXI, 2001.

LOPES e CANTO (orgs.) MPEG/VALE, 2009.

pertencentes a estes povos. Pedras lapidadas e pedaços de cerâmicas remontam aspectos da vida doméstica e dos ritos funerários dos nossos ancestrais. No terreno pertencente à fábrica da Alunorte foi localizado pelos estudiosos um sítio arqueológico contendo cerâmica indígena e cabocla. Museu Paraense Emílio Goeldi. (LOPES e CANTO, 2009)

Cerâmicas localizadas nas escavações dos sítios Alunorte e Jambuaçu.

Vamos praticar 1. Quais eram as tribos indígenas que ocupavam as terras de Barcarena antes da chegada do colonizador europeu? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Como esses índios faziam para sobreviver? _________________________________________________________ _________________________________________________________

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3. Como é possível comprovar hoje que esses povos nativos habitaram as terras de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Você acredita que as populações indígenas deixaram alguma influência em nossa cultura? Quais? _________________________________________________________ _________________________________________________________

3. As missões religiosas

Glossário: Sesmaria: lote de

Por volta do final do século XVII, as terras dos terra que os reis indígenas foram ocupadas pelos europeus. Na de Portugal cediam fronteira da baía do Marajó, assentava-se a mispara cultivo (Mini são religiosa de Mortigura, na atual Vila de Conde. Aurélio século XXI, No estreito canal da aldeia dos Gibirié, recebia em 2001) forma de sesmaria, o português Francisco Rodrigues Pimenta, uma légua de terras, criando a Fazenda Gibirié, primeira povoação de Barcarena, localizada na atual Vila de São Francisco Xavier. A conquista da vasta região amazônica pelos colonizadores portugueses, nos primeiros tempos, foi realizada através da ocupação do território, colonização e catequização dos indígenas. Colonos e religiosos espalharam-se pela vasta região amazônica fundando pequenas povoações. Os primeiros, em busca de escravizar os indígenas, enquanto os padres estabeleceram as missões religiosas para ampliar a fé católica entre os nativos. Missão dos Gibirié Em 1709, o proprietário da fazenda Gibirié resolveu doar suas terras aos padres jesuítas com a condição de não as vender. Surgia ali, em torno de uma Igreja dedicada a São Francisco Xavier, a Missão dos Gibirié. Conforme assinala o Catálogo deste Colégio de Santo Alexandre, seus bens, oficinas de 1710, registra-se que havia naquela missão dos inacianos habilidosos escultores em madeira, como os índios Marçal, Ângelo e Faustino, e que, além das peças existentes na Igreja de missão religiosa em que viviam, também deixaram seus trabalhos na Igreja de Santo Alexandre, em Belém do Pará.

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Fonte: Secretaria Municipal de Cultura/PMB – acervo digital Luiz Guimarães.

Igreja de São Francisco Xavier de Barcarena, primeira edificação da antiga missão de Gibirié, povoado onde foi fundado o município de Barcarena.

Para saber mais

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Fragmento adaptado de: LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, 1943.

Arquitetura e economia na Missão Gibirié "Foi nesta ribanceira elevada às margens do rio que foi edificada uma Igreja, que media 55 para 60 palmos de comprido e vinte e cinco de largo. O orago, S. Francisco Xavier [é citação documental – orago é referente ao santo padroeiro da Igreja]. E além desta imagem mais outra e diversos painéis. Os objetos e ornamentos da praxis não são ricos, mas dignos". Assim descreve Serafim Leite o aspecto da primeira grande construção que marca a presença dos padres jesuítas na Missão Gibirié. Esta missão religiosa contava com uma população de 87 índios, segundo o mapa demográfico de 1753. Entre os bens existentes na propriedade nesta época havia três léguas de terra, com dois cacoais e duas roças grandes. Havia nela serralharia, serraria e dois teares e casa de canoas. A residência, por ser pequena, dispunha dos cômodos indispensáveis a que nem faltava estante de livros.


Missão dos Mortigura

Fonte: Borromeu, Pe Carlos. “Contribuição à história das Paroquias da Amazônia”, 1946.

Embora a Missão Gibirié tenha sido o núcleo fundador da cidade de Barcarena, este povoado não foi o ponto principal das missões religiosas instaladas pelos jesuítas nesta região. Seria na terra dos Mortigura (atual Vila de Conde) que os missionários jesuítas desenvolveriam um importante trabalho de catequese dos índios.

Gravura do primeiro templo da Igreja de São João Batista

Instalada desde 1653, a missão religiosa de Mortigura chegou a ser chamada de Arca de Noé, por abrigar tantos indígenas. Essa aldeia missionária recebeu índios de diversas localidades da Amazônia, como os bravos índios Aruan, da costa da Ilha do Marajó, que ali foram aculturados e miscigenados na população local. Ao longo de sua existência, Mortigura chegou a possuir cerca de 800 índios arqueiros e 50 que dominavam o uso de armas de fogo. No final do século XVII, a Missão de Mortigura estava entre as cinco mais populosas deste espaço do território amazônico. Sua importância também pode ser notada pelos religiosos que ali residiram, como o frei João Felippe Bettendorff e nada menos que o notável padre Antônio Vieira.

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Fonte: Cláudio Oliveira

Marcas do tempo dos jesuítas em Vila do Conde

Igreja de São João Batista de Vila de Conde; ao lado, o retábulo joanino do século XVII testemunha a arte sacra jesuítica em Barcarena.

Hoje, em Vila do Conde, local da antiga Missão dos Mortigura, resiste às margens da baía do Marajó, de costas para as águas, uma imponente Igreja com um frontão que data de 27 de outubro de 1863. No seu interior encontra-se um retábulo em estilo joanino com fortes indícios de ser muito mais antigo do que a arquitetura da Igreja, remetendo à primeira edificação que fora construída de frente para o rio e representava a sede da missão religiosa.

Vamos praticar 1. Como surgiu a Missão dos Gibirié? _________________________________________________________ _________________________________________________________

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2. Qual a principal construção que existia na Missão dos Gibirié? Como ela é descrita no texto? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Qual tipo de habilidades possuíam os índios de Gibirié? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Por que a Missão dos Mortigura chegou a ser chamada de “Arca de Noé”? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 5. O que fazia da Missão dos Mortigura um lugar tão importante para os jesuítas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Além da sala de aula Sob a orientação do professor, faça uma visita a um desses locais históricos – Vila de São Francisco ou Vila de Conde, e construa um breve relatório de investigação, considerando o seguinte roteiro: • Nome do local visitado. • Descreva a vila em seus aspectos físicos e veja se há alguma característica que lembra o passado. • Como se encontra hoje a Igreja? • Veja a Igreja por dentro. Descreva que objetos existem e o que lembra a época dos padres jesuítas e dos índios nesse lugar. • O que você conseguiu conhecer após essa visita? • Faça um pequeno texto com suas informações e compartilhe na sala de aula com seus colegas a experiência dessa visita.

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4. A expulsão dos jesuítas e o nascimento de Barcarena e Conde As missões religiosas tornaram-se a mais importante forma de organização espiritual e econômica da época colonial, na Amazônia. Com a proibição oficial da escravização do indígena, aliada ao privilégio dos padres pelo controle dos nativos, as missões passaram a constituir importantes centros de conversão e negócios.

https://ufpadoispontozero.wordpress.com/2015/05/05/diretorio-dos-indios/

Capa da Lei do Diretório estabelecida pelo Marquês de Pombal.

Porém os ventos que sopravam na Europa trariam importantes mudanças no cenário da organização religiosa do Brasil e particularmente na Amazônia. D. José I foi coroado rei de Portugal, em 1750, e nomeou para ocupar o cargo de primeiro ministro Sebastião José de Carvalho e Melo,

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o Marquês de Pombal. Este ilustrado administrador colocaria em prática uma política que se chocava frontalmente com o trabalho das missões religiosas. Para a província do Grão-Pará, Pombal nomeou como presidente seu irmão D. Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que logo se encarregou de executar a sua política na região Amazônica. Com base na sua formação ilustrada, Pombal via na educação religiosa o atraso por desconhecer a “ciência”; ademais, acusava os padres jesuítas de formar um “estado dentro do Estado”. Sua política ferrenha impôs uma rígida mudança no controle do indígena, expulsou os jesuítas e, através das Leis do Diretório, determinava o controle pelo Estado português das populações indígenas na Amazônia. Por essa lei, todos os bens que estavam em posse dos religiosos passavam para a tutela do governo. A interferência na vida das antigas missões religiosas depois da política pombalina foi marcante; dentre outras modificações, determinava: • Abolição da administração temporal dos jesuítas nas aldeias dos índios no estado do Grão-Pará e Maranhão, passando o controle ao governo português. • A política do “índio cidadão”, que consistia, entre outros, na “civilização” dos costumes e construção de uma rotina de trabalhos “produtivos”. • Assimilação de nome e “sobrenome” português. Assim, portanto, foi também por meio desta política que as antigas missões religiosas tiveram seus nomes modificados. As antigas aldeias indígenas, tornadas missões religiosas, tiveram suas denominações substituídas por nome de cidades portuguesas, como se pode ver no quadro abaixo: Nome indígena

Nome nas missões

Nome português

Aldeia de Samaúma

São Miguel de Samaúma

Vila de Beja

Aldeia de Mortigura

São João Batista de Mortigura

Vila de Conde

Aldeia de Gibirié

São Francisco Xavier de Gibirié

Barcarena

Como você pode ver, foi assim que o nosso município ganhou o nome que tem até hoje – Barcarena. Mas você sabe qual a origem deste nome?

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5. Barcarena, um nome que veio do outro lado do Atlântico Nos arredores de Lisboa fica localizada a pequena Freguesia de Barcarena. Com cerca de 10 km2, Barcarena é atualmente uma das nove freguesias do Concelho de Oeiras, fazendo parte do distrito administrativo e da diocese de Lisboa. Sua existência em Portugal remonta ao século XIV, quando aparecem notícias sobre o “condado de Brequerena”. Esta pequena povoação foi durante muito tempo um importante e estratégico espaço do grande império português. Era nesta porção que ficavam os engenhos de fabricação de pólvora. Este material era extremamente importante nas conquistas portuguesas na Ásia, África e América. Atribui-se à influência árabe a origem do nome Barcarena, segundo se pode observar num dicionário denominado “Vestígios da Língoa Arábica em Portugal”, escrito em 1830, pelo frei João de Sousa. Nesta obra localizamos o verbete Barcarena, com o seguinte significado: Barr (terra ou campo), Carra (habitar) e na (Nós), significando algo como “terra de nossa habitação”.

Fonte: “Vestígios da Lingoa Arábica em Portugal”, escrito em 1830, pelo frei João de Sousa.

Não existe um critério formal para o estabelecimento das nomenclaturas das cidades amazônicas após as reformas empreendidas pela política do Marques de Pombal, porém é relevante assegurar que, através da introdução de nomes portugueses em indivíduos e povoações, estava-se demarcando as fronteiras do domínio do Estado no controle dos indígenas e das antigas missões religiosas.

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Fonte: Divulgação

Neste sentido, a antiga missão religiosa de Gibirié, no Grão-Pará, passou a se chamar Freguesia da Vila de Barcarena, inspirada no nome de outra cidade portuguesa do outro lado do Atlântico.

Brasão da Freguesia de Barcarena, em Portugal, e a fachada da antiga fábrica de pólvora de Barcarena, hoje transformada em Museu da Pólvora.

Vamos praticar 1. Destaque do texto os motivos que levaram os padres jesuítas a serem expulsos do Brasil. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. O que mudaria na vida dos índios após a expulsão dos jesuítas e a implantação do Directório? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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3. Como a Missão dos Gibirié e a dos Mortigura passaram a ser denominadas após a expulsão dos jesuítas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. De acordo com o texto, qual a origem do nome Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

6. De freguesia de Belém à criação do município de Barcarena Como vimos, depois da expulsão dos jeFreguesia: suítas,as missões de Gibirié e de Mortigura Palavra de origem portupassaram a ser Conde e Barcarena. Estes guesa que significa: lugares se tornaram freguesias ligadas ao Subdivisão de um concemunicípio de Belém até 1943, quando Barlho, sendo a menor enticarena se tornou um município emancipado. dade administrativa. Nesse longo período em que passou vinParte do território de uma diocese dirigida por um culado administrativamente à capital, muipároco; uma paróquia. tos acontecimentos se deram nesse território. Surgiram e se desenvolveram povoações na ilhas das Onças, Trambioca e Arapiranga. O Aicaraú e suas diversas localidades tornaram-se um importante espaço de atividades agrícolas, com destaque para a Fazenda Cafezal. Itupanema cresceu como um povoado ora vinculado a Barcarena, outras vezes pertencente à Vila de Beja, distrito de Abaeté. Porém, antes de demonstrar como foi criado o município de Barcarena em 1943, vejamos alguns acontecimentos que marcaram de forma significativa a história de nossa cidade. O primeiro deles é a Cabanagem.

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Fonte: Divulgação

7. A Cabanagem

Gravura da invasão de Belém pelos cabanos, em 1835.

Situadas na fronteira com a capital paraense, as terras de Barcarena foram palco para as tramas que levaram às invasões de Belém em 1835. Nossa cidade foi o local onde viveram ou morreram os principais líderes da cabanagem e, principalmente, de onde saíram as populações humildes que participaram deste evento. Ainda hoje é possível localizar em Barcarena famílias ligadas à Revolução de 1835-40, como Malcher, Pimentel, Dias, Vasconcelos, entre outros.

Para saber mais A Revolução Cabana que explodiu em Belém do Pará, em 1835, deixou mais de 30.000 mortos e uma população local que só voltou a crescer significativamente em 1860 (Raiol, 1970: 1000). Este movimento matou mestiços, índios e africanos pobres ou escravos, mas também dizimou boa parte da elite da Amazônia. O principal alvo dos cabanos eram os brancos, especialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade desta revolução extrapola o número e a diversidade das pessoas envolvidas. Ela também abarcou um território muito amplo. Nascida em Belém do Pará, a Revolução Cabana avançou pelos rios amazônicos e pelo mar Atlântico atingindo os quatro cantos de uma ampla região. Chegou até as fronteiras do Brasil central, mas também se aproximou do litoral Norte e Nordeste. Gerou distúrbios internacionais na América caribenha, intensificando um importante tráfico de ideias e de pessoas. RICCI, Magda. Fronteiras da Nação e da Revolução: identidades locais e a experiência de ser brasileiro na Amazônia (1820-1840). Boletín Americanista, Año LVIII, nº58, Barcelona, 2008

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A morte do cônego

Fonte: Acervo Luiz Guimarães

Você sabia que um dos episódios considerados marcantes para o início do movimento cabano se deu em Barcarena? Então, isto aconteceu no dia 31 de dezembro de 1834, no furo do Arrozal, que na época era chamado de Atiteua. O que aconteceu foi a trágica morte do cônego Batista Campos. Esse religioso era influente entre as populações humildes por ser contra o governador da época, chamado Bernardo Lobo de Souza. O cônego morreu quando fugia das perseguições ordenadas pelo presidente da província Lobo de Souza. Depois de vários dias escondendo-se na casa de amigos, o cônego pediu abrigo na Fazenda Boa Vista do padre Eugênio de Oliveira Pantoja, que ficava no furo do Arrozal. Já muito abatido, ali adoeceu em função de um ferimento no rosto causado por uma “espinha carnal que ele a cortou quando fazia a barba na Fazenda de Amanajás”. Sem acesso aos cuidados médicos na capital, o religioso faleceu às duas horas da tarde, depois de “confessado e ungido” pelo vigário de Barcarena, Francisco da Silva Cravo. Seu corpo foi “sepultado às dez horas da manhã do dia seguinte na Igreja paroquial, dentro da capela-mór”. Esse acontecimento contribuiu para aumentar a raiva que a população já possuía do governador Bernardo Lobo de Souza e resultar, sete dias depois, na caçada e morte deste governante em Belém, como vingança, entre outros, pela morte do cônego em Barcarena.

Nicho de madeira que guarda na parede da Igreja de São Francisco Xavier a urna com os restos mortais do cônego Batista Campos

O cearense Eduardo Angelim O cônego Batista Campos, como vimos, morreu na propriedade de Eugênio de Oliveira Pantoja, no furo do Arrozal, no dia 31 de dezembro de

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Fonte: ROCQUE, Carlos. História Geral de Belém e do Grão-Pará. 2001.(Foto: Dirceu Fornengo)

1834, enquanto fugia das tropas do presidente Bernardo Lobo de Souza. Seu corpo foi sepultado em Barcarena nos arredores da Igreja de São Francisco Xavier, conforme costume da época. Eduardo Angelim não teve sorte tão diferente. Depois de ter sido o terceiro governador cabano, esse cearense de Aracati, líder das lutas populares, chamado Eduardo Francisco Nogueira, apelidado de Angelim por ser esta madeira muito dura, foi perseguido pelo general José Soares de Andrea. No ano de 1836, o ex-presidente cabano foi preso numa “palhoça construída com a ajuda dos índios aldeados” nos confins do Acará, num lugar chamado Rio Pequeno. Como prisioneiro foi remetido para o Rio de Janeiro e depois para a Ilha de Fernando de Noronha. Em 1851, retornou ao Pará, fixando residência em sua propriedade, na Fazenda Madre Deus, em Barcarena, onde morreu em 1882, sem grande reconhecimento por seus atos.

Crânio de Eduardo Angelim encontrado em 3 de janeiro de 1985, no Sítio Madre de Deus.

De bandidos a heróis e a Vila dos Cabanos Com o passar dos anos, porém, tanto o cônego Batista Campos como Eduardo Angelim tiveram seus nomes e suas trajetórias de vida reinven-

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Fonte: Capa do LP de Vieira e seu Conjunto - Lambada das Quebradas vol. 2.

tados na história do Pará. O cônego Batista Campos, desde que a República foi proclamada no Brasil, em 1889, tornou-se um herói republicano, por sua luta contra as forças imperiais. Muitas cidades passaram a ter ruas, praças e escolas com o nome do religioso revolucionário. Em Barcarena, já desde 1897, o bacharel e deputado Antônio Firmo Dias Cardoso Júnior havia realizado homenagens e cerimônias para celebrar a memória do cônego, renomeando a praça em frente à secular Igreja de São Francisco Xavier com o nome do mártir cabano. Angelim, com menor destaque, não deixou de ser lembrado. Seu nome era facilmente encontrado em escolas, embarcações e outros locais.

Grupo “Vieira e Seu Conjunto” fotografado no toldo do barco da PMB Eduardo Angelim

Não menos simbólica, a respeito da revitalização da Cabanagem e seus “heróis” em Barcarena, está a implantação da Company Town (cidade da empresa), criada para atender aos propósitos do projeto Albras e Alunorte. Em 1985, data em que se comemoravam os 150 anos da revolução popular, o Bairro de Operações recebeu a alusiva denominação de

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“Vila dos Cabanos”, assim como todas as suas vias públicas passaram a exibir os nomes ligados à Cabanagem.

É isso! gostou de perceber como esse movimento popular, tão marcante na história do Pará, está muito ligado à nossa cidade? Agora, vamos exercitar o que aprendemos sobre esse tema.

Vamos praticar 1. O fato de a cidade de Barcarena estar situada próxima a Belém influenciou na sua participação no movimento popular? Por quê? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. De acordo com o texto, onde e quando morreu o cônego Batista Campos? Qual foi a causa de sua morte? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Eduardo Angelim foi um importante líder da Cabanagem. De acordo com o texto, onde ele residiu até seus últimos dias de vida? _________________________________________________________ _________________________________________________________

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4. Preencha a cruzada abaixo:

a. b.

c. d.

A N G E L I M

a. Localidade de Barcarena onde faleceu o cônego Batista Campos. b. Primeiro nome do governador do Pará que mandou perseguir o cônego Batista Campos. c. Primeiro nome da ilha onde Eduardo Angelim ficou preso antes de retornar a Barcarena. d. A proclamação de que evento histórico nacional revitalizou a imagem dos cabanos para o Brasil?

8. Economia, trabalho e resistência Barcarena, por sua posição geográfica, não foi somente estratégica para os levantes cabanos, como vimos anteriormente. Por se encontrar localizada próxima à capital, também favoreceu a implantação de negócios. Estes já eram conhecidos desde o século XIX. Vejamos agora a história de algumas das atividades econômicas que se desenvolveram nas terras de nosso município. Os engenhos “Calhas”, “igarapé ladrão” são, entre outros, os termos utilizados pelas populações locais para denominar arquiteturas desconhecidas às mar-

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Fonte: Acervo Luiz Guimarães

gens dos rios e estreitos de igarapés. Estas ruínas de pedras lavradas são evidências materiais de antigos engenhos de maré que existiram no passado nas terras de Barcarena. Hoje, algumas pesquisas têm mostrado que, desde o século XVIII e XIX, houve espalhadas nas terras do atual município de Barcarena mais de duas dezenas de engenhos construídos nos seus rios e igarapés. O padre Carlos Borromeu, que trabalhou na Igreja de São Francisco Xavier de Barcarena nos anos de 1940, listou em seu livro “Contribuição à história das paróquias da Amazônia”, 25 engenhos existentes nos arredores do terreno paroquiano (tema abordado na Unidade 5). Entre esses engenhos existentes em Barcarena podemos destacar o engenho de São Mateus, localizado num igarapé que recebeu o mesmo nome e é ligado ao Rio Carnapijó. Seu proprietário era o negociante português Mateus Magno Ferraz de Araújo. Depois de 1871, essa propriedade passou a pertencer à família Acatauassú.

As ruínas do engenho São Mateus, a chaminé e o desvio do curso das águas feitos de pedra.

Porém, entre todos os engenhos existentes em Barcarena, o que mais se destacou pela sua grandiosidade foi o existente na Fazenda Cafezal. Ligado inicialmente às terras do Carnapijó, que pertenciam ao negociante português Francisco Bernardo da Silva, o engenho Santa Anna do Cafezal foi comprado pelo também comerciante português Antonio José Machado, no ano de 1846.

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Fonte: Acervo fotográfico do historiador Vicente Salles.

Adquirido pelo valor de 4 contos de réis, pago de duas vezes, a Fazenda Cafezal, como passou a ser denominado o engenho, foi modernizada por seu novo proprietário. No ano de 1849, era instalado pela empresa dos engenheiros Bowman & Mc. Callum, proprietários de uma “fundição de ferros e fábrica de machinas”, com sede em Pernambuco, que importava máquinas a vapor da Inglaterra para a região Nordeste.

Fazenda Cafezal por volta de 1968, vista pelo Rio Aicaraú (Cafezal).

A Fazenda Cafezal tornou-se um próspero empreendimento agrícola sob a direção de Fortunato Alves de Souza, imigrante lusitano que se casou com uma das filhas de Antônio José Machado. Neste local, produziam-se açúcar e cachaça. No terreno da fazenda, espalhados ao longo do Rio Cafezal, estavam plantados vastos canaviais, além de inúmeras árvores de cacau, tudo isso cultivado pelas mãos de quase uma centena de escravos.

Para saber mais Fortunato Alves de Sousa, o dono da Fazenda Cafezal Fortunato se tornou um respeitado homem de negócios, com propriedades e residências em Barcarena e Belém. Na capital do Pará, participava de importantes órgãos e associações. Entre eles estava a diretoria da Santa Casa de Misericórdia e o hospital D. Luiz (Beneficente Portuguesa). Em 1864, ajudou a restabelecer a Associação Comercial do Pará, onde foi eleito para participar da mesa diretora. Seu nome ainda aparece como sócio-fundador do Grêmio Literário Português, em Belém.

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Escravidão e resistência negra em Barcarena

Fonte: Centro de Memória da Amazônia CMA/UFPA.

Nos vários empreendimentos agrícolas estabelecidos às margens dos rios de Barcarena havia uma significativa presença de trabalhadores escravos, alguns de origem indígena e a maioria naturais ou descendentes de africanos. No já citado engenho São Mateus, havia, em 1871, 65 escravos, sendo 37 homens e 28 mulheres, entre adultos e crianças.

Fragmento do Inventário dos bens do Engenho São Mateus

Fonte: Jornal Treze de Maio - 24/10/1855-HD/BNB

Nessa propriedade, alguns dos negros trabalhavam na lavoura de cana de açúcar e cacau e outros na fabricação de açúcar e, principalmente, cachaça, que era um produto muito importante no comércio regional. Entretanto, os negros africanos, por sua condição de escravos, não aceitavam de forma pacífica o modo como eram tratados nesses engenhos por seus senhores. Eles resistiam à situação de escravidão e por isso fugiam. Era muito comum, nessa época, os jornais exibirem em suas páginas anúncios de fugas de escravos. Tal como podemos notar na notícia abaixo:

Anúncio de fugas de escravos do Engenho Carnapijó

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Porém, um dos maiores símbolos da resistência dos negros à escravidão ocorrida nas terras de Barcarena ficou registrado na existência do quilombo de Mucajuba, localizado no Rio Arauaia, distrito de Aicaraú. O Mucajuba era tido como o principal quilombo localizado nas proximidades de Belém. De acordo com os jornais, na época da “destruição” anunciada, em 1855, o quilombo de Mucajuba teria existido por mais de trinta anos. De acordo com o mesmo periódico, apesar de estar próximo à capital, o lugar definido para a construção do quilombo tinha muitos segredos para se alcançar. Não foi por acaso que, anos mais tarde, contava-se em forma de uma narrativa fantástica a existência de um lago encantado para as bandas do Arauaia. E por certo, o quilombo de Mucajuba ficava por trás de um lago, onde foram encontrados pela polícia “setenta amocambados, sendo cerca de 45 escravos e três livres, nove entregaram-se aos seus senhores”. Nesse lugar havia “vinte e tantas casas, trinta e tantas montarias e grandes roças de mandiocas, bem plantadas”. Conforme o comandante da polícia Manoel Freitas Ribeiro, o chefe do quilombo era o negro conhecido como João Bala. Este, quando da chegada da guarda no Mucajuba, em 7 de setembro de 1855, “debalde trabalhava em sua defesa, tomou o expediente de retirar-se, levando consigo nove pretas e pretos em fuga pelo Rio Moju”. Sem pretender avançar nessa heroica história dos negros africanos em Barcarena, fica aqui uma breve demonstração de que a resistência escrava tão celebrada na luta de Zumbi dos Palmares, na Serra da Barriga (Alagoas), não se fez longe de nossa cidade. Palmares foi aqui também no Mucajuba e outro Zumbi pode ter sido João Bala.

Bem, depois desse passeio pelos engenhos, fazendas e das lutas escravas em Barcarena, vamos exercitar o que aprendemos a respeito desses assuntos.

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Vamos praticar 1. Que registros comprovam que em Barcarena existiram engenhos de produção de açúcar e cachaça? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. De acordo com o texto, o que tornava o engenho da Fazenda Cafezal o mais importante de nossa cidade? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Onde ficava o quilombo de Mucajuba em Barcarena? Como eles resistiam à escravidão naqueles tempos? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Além da sala de aula Depois de ler sobre os engenhos e a escravidão em Barcarena, faça uma pesquisa com as pessoas mais idosas da cidade, perguntando o que sabem a respeito desses lugares. Colha as narrativas dessas pessoas e faça um pequeno texto para ser lido em sala de aula.

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9. A busca pelo progresso e a reinvenção da cidade em dois tempos O "desejo do progresso" e o "avanço do progresso" redefiniram por dois momentos os rumos do município de Barcarena. O primeiro momento ocorreu com a transferência da sede para as margens do Rio Mucuruçá e o segundo com a instalação de um grande empreendimento industrial a partir da década de 1980.

10. A transferência da sede municipal Guimarães, Luiz A. V. “Subsídios para um estudo da história do município de Barcarena”, SECULD, 1999.

Croquis com a demonstração do terreno do Mucuruçá, onde deveria ficar a sede de Barcarena

Na década de 1940, logo após Barcarena se tornar um município emancipado, os governantes da época resolveram mudar de local a sede administrativa. A justificativa para tal medida era o desejo de colocar a cidade num lugar com mais oportunidades econômicas e, por isso, no caminho do progresso.

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Para saber mais Era a última sexta-feira do ano de 1943, quando foi sancionado pelo então interventor federal no estado do Pará, coronel Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, o Decreto Lei de nº 4.505, “que fixa a divisão administrativa e judiciária do Estado, que vigorará sem alteração, de 1º janeiro de 1944 a 31 de dezembro de 1948, e dá outras providências”. A partir da publicação desta Lei, Barcarena deixava de ser distrito de Belém para ser um município emancipado.

A proposta, conforme era exposta pelo prefeito Frederico Vasconcelos, em sua “Exposição de motivos sobre a mudança da Sede do governo municipal de Barcarena”, era transferir a sede da antiga vila colonial de São Francisco Xavier de Barcarena, para um novo terreno, que ficava na margem esquerda do Rio Mucuruçá. A escolha desse local se devia às seguintes condições: • Terreno plano e enxuto, margens sólidas e de magnífica terra para cultura. • Esplêndida situação topográfica para fazer surgir uma aprazível cidade que se poderá converter em centro de repouso como Soure, Mosqueiro etc. • Cidade próxima à capital com porto acessível a todas as embarcações, de pequeno ou grande porte, que fazem o tráfego do Amazonas e de outros municípios paraenses. Assim, foi feito um longo processo de transferência da sede para as margens do Rio Mucuruçá, tendo como marco fundador a inauguração do prédio da prefeitura municipal, ocorrido em 4 de fevereiro de 1962, durante a gestão do prefeito Raimundo Alves da Costa Dias.

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Fonte: ASCOM/PMB – fotógrafo Cláudio Oliveira. Fonte: Acervo digital Luiz Guimarães

Placa inaugural da Prefeitura de Barcarena fixada na parte externa de entrada do prédio.

Fachada do prédio da Prefeitura Municipal na década de 1970

Entretanto, foram os prefeitos Laurival Campos Cunha (1963-1967) e Claudomiro Correa de Miranda (1967-1971) que promoveram a “colonização” e urbanização da nova sede municipal. Nas memórias dos moradores pioneiros da nova sede, é comum lembrarem que o prefeito

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Fonte: Depah/Seculd/PMB – Acervo digital Luiz Guimarães

Laurival Cunha percorria as várias localidades incentivando as famílias a mudarem para a “cidade nova”. A promessa era que, na sede, haveria escolas, hospitais, comércio, facilidades de transporte para Belém e outros serviços até então inacessíveis para os habitantes fixados na zona rural. Assim, por meio dessa migração estimulada, a cidade foi aos poucos sendo povoada.

Abertura das primeiras ruas da nova sede de Barcarena, na gestão Laurival Cunha

Fonte: Depah/Seculd/PMB – Acervo digital Luiz Guimarães

Porém, foi durante o governo do prefeito Claudomiro Miranda que alguns dos serviços urbanos foram estabelecidos na sede. A instalação de abastecimento de água, eletrificação domiciliar por gerador a óleo diesel, a construção do mercado municipal, uma doca para receber as embarcações que faziam o transporte de mercadorias para a cidade, entre outras iniciativas.

Inauguração do serviço de abastecimento de água e energia elétrica da “Força e Luz”

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Fonte: Depah/Seculd/PMB – Acervo digital Luiz Guimarães

Doca - porto para embarcações e o mercado municipal

Como você pôde observar, apesar das muitas desconfianças da população e do longo processo político que decorreu para a sua execução, estava concretizado o projeto de transferência da sede municipal para as margens do Rio Mucuruçá, assim como estava inventada uma nova cidade.

11. A criação das vilas operárias: uma nova fase da urbanização de Barcarena

Fonte: Hotel Equinócios divulgação

A partir de 1980, com o discurso do avanço do progresso para a Amazônia, Barcarena assistiu à instalação em seu território dos grandes projetos, o que significava, entre outros, a construção da Albras, o porto de Vila de Conde, a subestação de energia da Eletronorte e a construção do Núcleo Urbano – a atual Vila dos Cabanos. Esta fase marca um novo tempo na vida da cidade e de sua população (tema abordado na Unidade 1). O processo de implantação do Complexo Industrial em Barcarena – Portobras, Albras/Alunorte e Núcleo Urbano (Bairro de Operações, Bairro Pioneiro e Laranjal), mais tarde chamado de Vila dos Cabanos – alterou a configuração do espaço e da população de Barcarena.

Portão de entrada da fábrica da Albras

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Fonte: PUB – Plano Urbanístico de Barcarena SEPLAN/PMB

Os números desse crescimento podem ser vistos nos censos demográficos do IBGE que registraram essa dinâmica populacional. Em 1980, a população de Barcarena, que era de 20.021, duplicou na década seguinte para 45.946. No ano 2000, alcançava 63.268 e, finalmente, chegou a 99.859 na primeira década do século XXI, conforme os dados do mesmo centro de investigação populacional. A cidade, com a entrada dos grandes projetos, ganhou cores e formas contrastantes. Se por um lado surgia um centro urbano moderno, com vias planejadas, com infraestrutura das grandes metrópoles, como aquelas vistas na moderna Vila dos Cabanos, por outro lado as oportunidades de trabalho geradas pelas empresas atraíram muitas pessoas, que se estabeleceram nos bairros periféricos, e a cidade passou a conhecer com mais frequência o surgimento de ocupações espontâneas.

Residência dos operários na Vila dos Cabanos no início da instalação da Albras

Como você pôde ver, Barcarena ganhou outra configuração urbana após os anos de 1980. Agora que você leu esta parte, vamos testar o que aprendemos?

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Vamos praticar 1. O que motivou a mudança da sede do município de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Destaque duas das principais características que o local para a construção na nova sede municipal possuía. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Quais as principais mudanças na cidade após a instalação dos grandes projetos em Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Percorremos um longo tempo da história de Barcarena, você percebeu o quanto nossa cidade tem de experiências de nossos antepassados. Agora, vamos perceber outros aspectos da vida na cidade.

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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“As memórias de uma cidade estão impressas no velho prédio da esquina, nas lembranças de um idoso, mas também na alegre brincadeira de uma criança”. Luiz Antonio Valente Guimarães

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Unidade 3 Barcarena – Pará: Lugar de memória

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Unidade 3

Barcarena – Pará: Lugar de memória 1. A cidade e seus lugares de memórias Uma cidade é um espaço cheio de histórias. Dependendo de quem a olhe poderá ver, além de prédios, praças, ruas, as memórias de um tempo. Por meio de um espaço ou de uma canção um idoso poderá, por exemplo, lembrar do tempo em que ia para a escola ou de quando frequentava as festas em sua juventude.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Antigo prédio do grupo escolar Cônego Batista Campos construído em 1965

Agência do Banco do Estado do Pará

Se você passar pela Avenida Cronje da Silveira, na esquina com a Magalhães Barata, verá a agência do Banco do Estado do Pará – Banpará. Mas se uma pessoa com mais idade olhar para aquele mesmo prédio poderá se lembrar de ter estudado naquele local, pois ali, foi o primeiro lugar onde funcionou o Grupo Escolar Cônego Batista Campos. Prédios, ruas, músicas, paisagens e outras tantas coisas e espaços podem guardar diversas experiências dos homens ao longo do tempo. Este é o tema que vamos desenvolver nesta unidade, a história dos barcarenenses impressos nos diversos lugares da cidade, os lugares da memória.

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2. Memória legalizada Você conhece os patrimônios históricos de Barcarena? Já visitou algum deles?

Como já vimos no capítulo anterior, o atual município de Barcarena tem uma história muito antiga, conta mais de trezentos anos de existência em suas várias fases: aldeia, missão, vila de freguesia, distrito, até se tornar um município. E essa longa história deixou marcas em lugares que contam histórias desse tempo. Essas marcas estão presentes nos prédios antigos, nas ruas e praças e outras formas de expressão. Você sabia que em Barcarena existem lugares históricos? Alguns dos quais considerados como patrimônios culturais? Então, antes de demonstrar esses lugares, vamos entender um pouco sobre o que são patrimônios culturais e sua importância para uma cidade.

Para saber mais A Constituição Federal de 1988 criou a definição de patrimônio cultural brasileiro. De acordo com essa Legislação, são considerados patrimônios culturais “as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico”.

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Os patrimônios culturais podem ser classificados em material e imaterial Material Documentos escritos Prédios (igrejas, monumentos, praças) Imagens Objetos

Imaterial Crenças Músicas Festas Religiosidade

Em Barcarena existem vários lugares e formas de manifestações culturais que poderiam ser considerados tanto patrimônios da cultura material, como imaterial. São igrejas, ruínas de prédios antigos, monumentos, festas populares e estilos musicais. Na Lei Orgânica Municipal de 1990, em seu artigo 192, foram considerados bens culturais, que representavam uma parte do passado dos moradores barcarenenses, os seguintes:

Parágrafo 1º - O Município na preservação dos bens culturais imóveis obrigatoriamente fará a coleta e proteção de documentos gerados pela administração pública direta e indireta, recolherá os de arquivo público do Município, os objetos, documentos históricos e artísticos à Casa da Cultura do Município; que após criados serão tombados. Parágrafo 2º - Ficam tombados: a) Igreja de São João Batista, em Vila do Conde. b) Igreja de São Francisco, localizada na Vila de São Francisco. c) Igreja de Nossa Senhora dos Dores, na Vila de Itupanema. d) O Monumento Histórico religioso denominado de Nossa Senhora do Tempo, localizado às margens do Rio Carnapijó.

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Igreja de Nossa Senhora das Dores, na Vila de Itupanema

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Igreja de São Francisco Xavier, na vila com o mesmo nome.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Lugares que são considerados patrimônios históricos com registro de tombamento legal, segundo a Lei Orgânica Municipal.

Monumento de Nossa Senhora do Tempo às margens do Rio Carnapijó

Igreja de São João Batista de Vila de Conde

Vamos praticar 1. Por que um lugar, pessoa ou objeto pode ser considerado como patrimônio cultural? _________________________________________________________ _________________________________________________________

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2. Quais os lugares que, por seus bens, foram registrados pela Lei Orgânica Municipal como patrimônios de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Em sua opinião, existem outros lugares, objetos ou formas de expressão que deveriam ser considerados patrimônio cultural? Quais e por quê? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Além da sala de aula Sob a orientação do professor, faça uma visita a um desses locais históricos de Barcarena, reconhecidos ou não como patrimônio histórico, e construa um breve relatório de investigação, considerando o seguinte roteiro: • Nome do local visitado. • Localidade onde fica o bem de valor histórico. • Descreva os aspectos físicos do lugar. • Por que esse lugar tem valor histórico? • O que você conseguiu conhecer depois dessa visita? • Faça um pequeno texto com suas informações e compartilhe na sala de aula com seus colegas a experiência dessa visita.

3. Uma avenida conta histórias: A Cronje da Silveira Você pode imaginar que uma rua pode ser um espaço de muitas histórias? Então, vamos passear pela Avenida Cronje da Silveira e suas memórias.

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Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Fonte: Paulo Elídio.

Avenida Cronje da Silveira Um desfile nos anos 1970

Avenida Cronje da Silveira: asfaltamento por volta de 1980

Fonte: Cláudio Oliveira

Avenida Cronje da Silveira em 2018

Fonte: Google Earth

Um lugar pode testemunhar a passagem do tempo de uma cidade. Em Barcarena um desses lugares é a Avenida Cronje da Silveira, uma das primeiras vias públicas construídas na atual sede do município.

Vista parcial da sede do município de Barcarena. No detalhe, a Avenida Cronje da Silveira.

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Guimarães, Luiz A. V. “Subsidios para um estudo da história do município de Barcarena”, SECULD, 1999.

Localizada na fronteira da sede, junto ao Rio Mucuruçá, a Cronje da Silveira testemunhou uma importante fase da cidade voltada para o rio, em um tempo em que grande parte dos negócios chegava pela via fluvial. Construída no início da década de 1960, ela marca a fase inicial da transferência e construção da nova sede municipal (como vimos na Unidade 2). E, como forma de registrar a contribuição dos responsáveis por essa modificação na cidade, foi dado o nome de Francisco Cronje Bezerra da Silveira a esta rua. Urbanista, dirigente do IBGE, avaliou as condições físicas do terreno para edificação da nova sede e ajudou a traçar o projeto urbanístico da nova sede. Por ter sido uma das primeiras vias públicas da cidade, ela concentra os principais prédios da nova sede. Ficam ali a prefeitura municipal, a primeira escola pública estadual, o “Grupo Escolar Cônego Batista Campos”, depois transformado em agência bancária, a Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, o prédio da delegacia de polícia, o mercado municipal, a feira livre e o terminal de passageiros que homenageia o prefeito Raimundo Alves Dias. Além disso, também foi nesta via que se fixaram as primeiras famílias que povoaram a nova sede municipal. Além de abrigar os prédios públicos, esta avenida é também o centro comercial da cidade. É nesta via que, desde os primeiros tempos até os dias de hoje, estabeleceram-se as grandes e pequenas casas comerciais de Barcarena sede. Antes mesmo de a cidade ser construída, na cabeceira de uma ponte, às margens do rio, estava o comércio de “seu Duquinha Moraes”, importante negociante, que atendia aos moradores que residiam nos arredores. A Firma Furtado & Sobrinho permaneceu por décadas na esquina da travessa da Matriz. Na esquina da 7 de Setembro, encontram-se o Supermercado Moraes, dos descendentes do seu “Duquinha”. No centro da avenida, na esquina da Santo Antônio, está o Supermercado “Paraense” da família de imigrantes de Igarapé-Miri. Ao longo de toda a via, veem-se armarinhos, farmácias, bares e pequenos comércios. A Avenida Cronje da Silveira, por sua condição privilegiada, também


Acervo da Escola José Maria Machado.

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

serviu e serve de palco para os grandes acontecimentos públicos da cidade. É nela que ocorrem os desfiles escolares de 7 de Setembro, desde a construção da sede até os dias de hoje. É também nessa via que se realizam os festejos do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Na Avenida Cronje da Silveira ocorre a maioria das festa públicas de Barcarena. São feitos os comícios políticos e protestos populares. Carnavais, cultos religiosos, shows e outras tantas festas públicas tiveram ali seu espaço de realização.

Desfile escolar na década de 1980

Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Um dos primeiros festivais do Abacaxi

Círio de N. Sra. de Nazaré na década de 1980.

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A Avenida Cronje da Silveira é, portanto, uma das ruas da cidade que documenta as mudanças econômicas, a evolução arquitetônica dos prédios, os movimentos sociais e culturais. Este é um importante lugar de memória de Barcarena.

Vamos praticar 1. A partir da leitura do texto sobre a Avenida Cronje da Silveira, preencha a cruzada abaixo:

a.

b. c.

d.

A V E N I D A

a. Nome do rio que passa em frente à sede do município de Barcarena. b. Segundo nome do urbanista que nomeia a avenida que passa em frente à prefeitura. c. Primeiro nome do grupo escolar que funcionou na década de 1960, na Avenida Cronje da Silveira. d. Primeiro nome do prefeito que teve seu nome registrado no terminal de passageiros. 2. Em sua opinião, o que faz a Avenida Cronje da Silveira ser considerada lugar de memória de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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_________________________________________________________ 3. Você conhece outra rua ou rio que seja um lugar de memória como a Avenida Cronje da Silveira? Qual? Fale um pouco sobre esse lugar. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

4. Lendas: símbolos do imaginário barcarenense Quantos de nós nunca paramos para ouvir uma pessoa mais idosa narrar histórias de seres e personagens que vivem entre o mundo real e o mundo dos mistérios, da fantasia, da imaginação? Estas narrativas, chamadas de lendas, fazem parte do imaginário amazônico e revelam uma forma de entender e explicar uma dada realidade. Era e ainda é muito corrente nos povos da Amazônia e, neste caso, Barcarena não está fora deste conjunto, contar histórias fantásticas para explicar um acontecimento ou a origem de algum fato.

Para saber mais Lendas e Mitos As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico.

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A Cobra Grande Segundo a lenda, na Vila de São Francisco, quando ainda era a sede do município, aconteceu um fato que chocou e intrigou aos moradores da localidade. De acordo com os moradores da época, o episódio envolveu o senhor Raimundo Alves Dias, conhecido no lugar por “Dicão”. Ele era membro de uma família de comerciantes, com respeitável posição política na Vila de São Francisco. Era pai de uma menina chamada Maria de Nazaré Dias. Conta-se que certo dia levou sua filha para banhar-se nas águas do Rio Barcarena, como a maioria da população fazia naquele tempo. Quando terminaram o banho de rio, o pai deixou a menina sentada num balcão, enquanto entrava para buscar uma toalha para secar a filha. Nesse breve momento de distração, quando retornava com a toalha na mão, encontrou somente as marcas do assento, ainda molhado pela roupa da criança. Desesperado, o pai saiu perguntado se alguém vira a criança que havia deixado sentada ali no balcão de madeira, ao que ninguém dava uma informação alentadora. No dizer de uma moradora antiga em suas memórias sobre o clima de tensão daquele dia, lembrava: “Ah, rapaz essa vila virou uma polvorosa, todo mundo gostava da menina”. Enquanto alguns procuravam pelas ruas da vila, outros mergulhavam no rio a fim de localizar, talvez o corpo da vítima. Mas nada, depois de horas de buscas, ninguém mais conseguia encontrar a criança. Foi então que, seguindo o costume da época, os pais resolveram procurar um pajé chamado Manoel Tobias. O xamã, depois de invocar os espíritos da natureza, revelou que a menina havia se encantado numa cobra. E que para desfazer o encanto, dizia o pajé, uma pessoa corajosa devia ir ao rio à meia - noite, hora em que a cobra apareceria ao lado da embarcação, e retirar um pouco de sangue do gigante réptil encantado. Contudo, a pessoa encarregada de tal missão não deveria sentir medo, caso contrário, o encanto dobraria. No dia e hora marcados, ninguém teve a coragem de realizar as recomendações do pajé Manoel To-

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bias para desencantar a criança do corpo daquele monstro marinho. E o efeito do encanto continuou. Apesar de algumas tentativas, jamais se conseguiu reverter o encantamento da criança da Vila de São Francisco de Barcarena. Até hoje, diz-se que ela ainda habita as águas dos rios que cortam a cidade. Texto adaptado de MORAES, Gabriela T. F. e POÇA, Virgínia F. C. da. “As Narrativas Orais: memórias do imaginário lendário do Município de Barcarena”. TCC, UFPa, 2002.

Vamos praticar 1. De acordo com o texto, o que são as lendas e os mitos? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Qual é a característica principal da narrativa das lendas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Retire da narrativa “A Cobra Grande”, as parte do texto que mais lhe chamaram atenção e justifique por quê. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Você já tinha ouvido falar dessa narrativa da Cobra Grande? Se sim, poderia descrever como a ouviu? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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5. Ainda sobre o tema da Cobra Grande, leia e, se possível, ouça a música do cantor Nazareno Muniz e, depois, responda como esse artista representa a Cobra Grande e que aspectos ele destaca. COBRA GRANDE Nazareno Muniz

Ela apareceu Eu era um pescador Parecia um barril A cobra grande me assistiu Não sei se era Norato Boitatá ou Sofia Não sei qual era o nome Da boiúna que eu via Tinha quase trinta metros A costa arredondada A bicha não era marvada E deslizava pelo rio Era desse tamanho Dessa largura Aquela cobra grande Era dessa grossura _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

5.

Mestre Vieira, um contador de estórias

Quem conheceu o mestre Vieira deve confirmar que, além de inventor da guitarrada, ritmo musical originalmente barcarenense, ele era um grande contador de estórias. Não era difícil passar alguns momentos em sua companhia e não sair premiado com suas narrativas, que somente ele sabia contar.

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Fonte: Acervo fotográfico Luiz Guimarães.

Mestre Vieira tocando sua guitarra nas costas durante a gravação do DVD “Mestre Vieira 50 anos de Guitarrada”, no teatro da Paz, em Belém.

É famoso por sua genialidade com a guitarra, tocada com copos, pentes e qualquer objeto, o que fez dele um músico conhecido no mundo por seu estilo musical. Mas entre grandes contribuições musicais que o Mestre Vieira nos deixou, estão aquelas canções em que ele lançou o seu olhar para o universo mágico e mitológico da cidade de Barcarena. Vejamos duas de suas composições. Uma fala da lenda do Mapinguari e outra narra, em forma de música, a fábula da Curupira.

LAMBADA DO MAPINGUARI (Vieira e seu conjunto vol. 2)

Não entro nesse mato Porque tem Mapinguari. Eu sei que ele mora Lá no pé do Tauari. Se você for lá Não vá arrastar o pé! Desse pau se tira a casca Pra cigarro de pajé. (2 vezes)

O Mapinguari é um bicho mau. Mulher com ele abusa, Mas o homem leva pau. Por isso lhe aviso - Não passe por aí, Lá naquele pau, Mora um Mapinguari.(2 vezes)

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LAMBADA DA CURUPIRA Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá É É É É

lá lá lá lá

no pé da sucupira que mora a curupira. no pé da sucupira que mora a curupira.

Lembrando sempre a minha gente Falava assim a minha tia: - no mato que não é chamado Tá na mão da curupira. Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá Curupira, bicho da mata É pequenino e atrevido. Engana o homem como quer Faz até virar mulher. Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá Laiálaiálaiá

Além da sala de aula Após ouvir as músicas do Mestre Vieira, desenvolva uma pesquisa sobre as lendas do Mapinguari e da Curupira. Faça um pequeno texto sobre uma delas e comente em sala de aula com seus colegas o resultado.

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Vamos praticar 1. Com base no que você tomou conhecimento em sua pesquisa, faça um desenho retratando como poderia ser, segundo as informações que você teve, a Curupira ou o Mapinguari.

6. Uma baleia em Barcarena: uma história quase fantástica Jornal A Província do Pará, 4 de agosto de 1974 – Hemeroteca do Centur

Você deve desconfiar quando ouve alguém falar que em Barcarena já existiu uma baleia. Aí você pode se perguntar: como um mamífero que vive nos mares e oceanos poderia ser encontrado nos rios deste município? Por vezes essa história é tratada como uma lenda, de tão fantástica que parece. Mas não foi uma lenda. Foi um episódio que, de tão excepcional, foi documentado pelos jornais, rádio e televisão. E por ser tão estranha a presença daquele animal em Barcarena, é que acabou se transformando em tema de música. Vejamos, então, como se deu esse acontecimento que marcou memória da cidade.

Genaro Apollaro, o caçador da Baleia

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No distante ano de 1974, nos rios de Barcarena, onde os moradores ribeirinhos desconheciam ainda as leis de preservação de animais, plantas e peixes, deu-se o seguinte episódio: Um jovem senhor, filho de imigrantes italianos, chamado Genaro Apollaro, vivia numa propriedade de seus pais, às margens do furo do Arrozal, não muito distante da nova sede de Barcarena. Ali Genaro desenvolvia atividades na lavoura e produção de carvão. Na manhã do dia 2 de agosto de 1974, o descendente de imigrante embarcou numa pequena canoa, a remo, acompanhado de seu sobrinho, para cuidar de um forno de fabricação de carvão vegetal que queimava na floresta. Enquanto seguia calmamente no dia ainda amanhecendo, avistou o esguicho de água saindo do rio. Num primeiro momento não entendeu o que seria, mas depois de alguns jatos de água, desconfiou que pudesse ser um boto, porém o tamanho informava que devia ser outro tipo de animal marinho, talvez uma baleia. Genaro retornou para sua casa e contou a novidade aos vizinhos. Juntou armamentos e voltou para as proximidades da baía do Marajó. O mamífero continuava a tentar reencontrar o caminho de volta para o oceano de onde veio, mas sem sucesso. Na tarde daquele dia 2 de agosto, os pescadores travaram uma batalha contra o “enorme peixão”. Mesmo ferida, a baleia foi conduzida para o porto da residência de Genaro, amarrada pela cabeça e a cauda. Somente nas primeiras horas do dia seguinte morreu devido aos ferimentos da caçada. Depois de morta, o que fazer com aquele “peixão”? Depois de muita discussão entre os caçadores da baleia, Genaro resolveu levar para Barcarena. Enquanto a caçada e a morte da baleia aconteciam no Arrozal, na sede do município, já corria a notícia de que havia sido localizada uma baleia “para as bandas do Marajó”. Em pouco tempo, em Belém, os jornais já comentavam o inusitado acontecimento em Barcarena. Fonte: Jornal “A Província do Pará” – Acervo Luiz Guimarães

A população aguardando a baleia no porto de Barcarena

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Fonte: Jornal “O Liberal” – acervo Luiz Guimarães

Fonte: Jornal “O Liberal” – acervo Luiz Guimarães

No sábado, dia 3 de agosto, estavam todos ali para ver a primeira e única baleia que foi encontrada naqueles rios de água doce. Moradores das mais diversas localidades estavam ali, às margens do Rio Mucuruçá, para ver a baleia. Não faltavam imprensa, radialistas e jornalistas da capital, estavam todos também para testemunhar o acontecimento.

A baleia sendo despedaçada e distribuída para a população

Depois que a baleia chegou ao porto da cidade, foi com muito esforço arrastada para a rua, fronteira à praça principal. Ali foi retalhada e distribuída para a população que queria “provar” a carne de baleia. A baleia não fez somente sucesso na panela, também se tornou assunto dos jornais e tornou-se tema para as músicas do Mestre Vieira, como se pode ver abaixo: LAMBADA DA BALEIA (CARIMBÓ DA BALEIA) Autor: Joaquim de Lima Vieira - ano: 1979.

Eu vou, eu vou com minha turma esperar na areia Vamos todo mundo ver, a chegada da baleia Em Barcarena foi um grande feriado; Tudo pra essa baleia falada.

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Foi tanta gente pra pegar ela no mar, Mas pra pôr ela em terra, O trator veio arrastar. Eu vou, eu vou com minha turma esperar na areia Vamos todo mundo ver, a chegada da baleia Quanta canoa, quanto carro e avião, Tantos fotógrafos da rádio e televisão. Com tanta carne espalhada pelo chão. Todos saiam de lá... Com seu pedacinho na mão. Eu vou, eu vou com minha turma esperar na areia Vamos todo mundo ver, a chegada da baleia Menino, eu contando você não acredita não Mas você precisava ver... E os documentos estão aí pra comprovar os fatos. Por fim, diante de tantas evidências, a história da baleia, embora pareça uma fábula fantástica, não é uma lenda, foi um fato testemunhado por muitas pessoas.

Vamos praticar 1. Depois de ler o texto acima, você acha que, nos dias de hoje, se fosse encontrada outra baleia em Barcarena, o seu destino seria o mesmo ou a história teria outro final? Descreva sua opinião. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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_________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Você já tinha ouvido falar da existência dessa baleia em Barcarena? Como você ficou sabendo? Conte sua experiência. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Além da sala de aula Faça uma pesquisa com moradores mais idosos, seus pais ou avós que conheceram a história da baleia. Pergunte o que sabem sobre o acontecimento do dia em que a baleia foi encontrada. Se comeram a carne da baleia. Como foi preparada. Como foi a experiência de consumir essa carne. E se hoje fariam a mesma coisa. Em sala de aula, socialize sua pesquisa com os colegas, em uma roda de conversa.

7. Memórias de infância e das brincadeiras Quantas crianças de hoje são repreendidas por passar horas na frente da televisão ou usando um celular, em “games”, internet, rede social, brincadeiras cibernéticas? Por vezes sem se comunicar com outras pessoas por meios convencionais? Você já observou isso atualmente? Então, mas você nunca ficou curioso em saber como seus pais ou avós brincavam e usavam seu tempo de lazer em Barcarena, quando eram crianças? Vamos fazer um passeio pela memória da cidade observando como as pessoas se divertiam e brincavam tempos atrás.

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Foto: Luiz Guimarães

É verdade que as crianças de antigamente tinham um tempo de lazer muito diferente das crianças de hoje. Muito cedo eram levadas por suas mães e pais para os locais de trabalho. Em sua maioria, iam para as roças, a lavoura, a pesca, a coleta de frutos. Ali, enquanto acompanhavam os mais velhos nos seus ofícios, brincavam com cipós, sementes de frutos, folhas de árvores. Era um lazer que estava ligado ao mundo da natureza.

Boizinhos feitos de sementes recolhidas na maré ilustravam a imaginação da criança de Barcarena.

Fonte: Artesol – disponível em: <http://www.artesol.org.br/>

Em Barcarena, ouvindo relatos de pessoas mais velhas, é possível notar em suas lembranças experiências de fabricação de brinquedos usando produtos naturais. Por terem uma relação muito forte com os rios e igarapés, era comum a fabricação de barcos de miriti ou de árvores de mututi, que produzem raízes expostas, tão leves e flutuantes quanto o isopor.

Barco de brinquedo feito de miriti

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Porém, os brinquedos de barro (argila) também eram comuns na convivência das crianças das margens dos rios. Em geral, eles reproduziam em miniatura peças que eram feitas pelos pais, panelas de barro, pratos e a confecção de animais da natureza amazônica.

Vamos praticar 1. Pergunte a seus pais ou avós como eles brincavam quando eram crianças. Que tipo de brinquedo eles possuíam? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Olhando para a sua realidade de hoje e a de seus pais ou avós, você percebeu as diferenças na forma de brincar sua e deles? Quais delas você poderia destacar? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Explique por que as formas de brincar no passado estavam ligadas ao mundo da natureza. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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8. Brincar na cidade Quando Barcarena começou a se urbanizar, após os anos de 1960, muitas famílias passaram a fixar residência na cidade. À medida que a vida se urbanizava, as formas de lazer também iam aos poucos se modificando. Na década de 1970, quando a sede do município começava a ampliar o seu espaço habitável, abrindo ruas de chão batido, as vias públicas tornaram-se um espaço de lazer privilegiado para as crianças da época. Com poucos veículos motorizados a circular pelas ruas, era possível fazer um campinho de futebol e jogar sem ser obrigado a parar para um carro passar. O único problema era se um jogador desorientado deixasse a bola bater na casa de um morador, quebrando suas plantas ou incomodando sua conversa na porta de casa, que, às vezes, ocorria deste “prender a bola”. Enquanto os meninos jogavam futebol, era possível, ao mesmo tempo, ver as meninas, em outra parte da rua, disputando acirradas partidas de “cemitério”. Assim é que era conhecido o jogo de “queimada”, essa brincadeira onde o jogador deve “matar” – acertar a bola no seu oponente. Quem era acertado ia para o cemitério. As queimadas, embora fossem consideradas jogo de “mulher”, por vezes envolviam tanto meninos como meninas sem nenhum problema.

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Para saber mais Como jogar Queimada Separe os jogadores em dois grupos, trace uma linha no meio e outra quase no final de cada uma das metades. Faça um sorteio para ver qual dos times começará com a bola. Um jogador do time sorteado deve arremessar a bola contra o adversário, com intuito de acertar alguma parte do corpo da pessoa. A pessoa que for queimada deve ir para trás da linha desenhada no final do campo, o cemitério. Assim, sempre que a bola passar essa linha, ela poderá pegá-la e arremessar no time que a queimou. Quem queimar o outro time inteiro, primeiro, ganha o jogo.

Quando a cidade passou a ter energia elétrica, algumas ruas do Centro ganharam iluminação pública. A Avenida Cronje da Silveira, Magalhães Barata, a 7 de Setembro, Travessa da Matriz, enfim, várias ruas de Barcarena se tornaram espaço para brincadeiras noturnas. Uma delas era a disputa de “bandeirinha”, um jogo em que dois grupos, tanto de meninos como de meninas, têm que proteger um pedaço de madeira – a bandeirinha – do grupo adversário. Vencia o jogo quem conseguisse tomar a bandeira do grupo oponente. No início da década de 1980, quando o município passou a receber muitos imigrantes vindos de outras cidades em Barcarena, as escolas e a igreja católica passaram a promover atividades de lazer para as crianças. Entre outras estavam as “ruas de lazer”. Vez por outra, era fechada uma parte da Avenida Cronje da Silveira, entre a travessa da Matriz e a Avenida Magalhães Barata. Esse longo corredor era destinado a uma série de atividades para crianças, jovens e adultos. Coordenada pelo professor Ícaro Carvalho, a Escola Estadual José Maria Machado, inaugurada no início dos anos 1980, com o intuito de formar mão de obra para a Albras e Alunorte, promovia nessa época “ruas de lazer” na Avenida Cronje da Silveira como parte da formação de seus estudantes.

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Fonte: Acervo Luiz Guimarães – cedidas pelo professor Ícaro Carvalho e Antonio Miguel

Rua de lazer na Avenida Cronje da Silveira – 1983

Apesar de as ruas serem uma grande descoberta para o lazer nessa época, não superavam o rio como um lugar para as aventuras e diversão de crianças, jovens e adultos. Nos primeiros anos de construção da sede e mesmo nas vilas e povoados, as beiras de rios e praias substituíam os banheiros, por não haver abastecimento regular de água. Homens, mulheres e crianças usavam os rios para tomar banho. Na Vila de Conde, Itupanema, Aicaraú e particularmente nas ilhas de Barcarena, tomar banho nos rios – igarapé, praia – era uma necessidade e diversão ao mesmo tempo. As senhoras lavavam e lavam suas roupas nesses locais. Enquanto trabalhavam, seus filhos se divertiam nadando nas águas. Na sede do município, o Rio Mucuruçá tornava-se um espaço de lazer muito apreciado pelos moradores. Na orla da cidade, havia locais diver-

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sos para nadar, porém o porto do “seu Marião” e a “Prainha” eram os mais procurados. Sobre este último local cabe destacar: "O banho de rio na Prainha era uma rotina quase costumeira para a maioria dos moradores que residiam pelos arredores das ruas Cronje da Silveira, Lameira Bittencourt, Miguel Costa e outras áreas da cidade. Nos finais de semana, muitas moças e rapazes ali mesmos faziam o que se faz nas praias... pegavam sol. Uma controvertida situação com os tempos que vivemos, do não sol, da geração que teme exposição solar em virtude dos efeitos maléficos que o sol pode causar, e é verdade. A geração que conheci não queria e nem sabia disso. Usava bronzeador em vez dos bloqueadores solares de hoje e quanto mais “forte” melhor a “cor da pele”. [...] Houve um tempo, quando a prainha já era ocupada por um pequeno estaleiro do “seu Arino”, os seus filhos amarraram uma corda de nylon em uma seringueira, que ficava numa ponta bem próxima ao rio. Aquela corda servia como uma espécie de trapézio rústico que o banhista se pendurava para se projetar o mais distante no rio. Estas entre outras eram as razões que levavam as pessoas a se interessarem por aquele lugar para nadar".

Fonte: Acervo Luiz Guimarães

GUIMARÃES. Luiz, meméria e cotidiano

O porto da “Prainha” às margens do Rio Mucuruçá

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Quando a Albras se instalou no município de Barcarena, a empresa, por conta de um acordo entre a CODEBAR – Companhia de Desenvolvimento de Barcarena - e a prefeitura, estabeleceu que, em troca de uma área para a construção de um conjunto habitacional para os operários – o Romeu Teixeira, a empresa daria à cidade uma quadra poliesportiva. Assim, foi construída a quadra “Eduardo Angelim”, por volta de 1985, na esquina da travessa São Francisco. Com a construção da quadra de esportes, a cidade ganhou um espaço de diversão e entretenimento que marcou a vida de muitos moradores jovens dessa época, pois foi ali que passaram a serem realizados os jogos internos das escolas municipais e estaduais, torneios esportivos do Festival do Abacaxi, jogos promovidos pelas igrejas e associações profissionais. A quadra era um espaço democrático para a prática esportiva.

Atividades esportivas ocorridas na quadra poliesportiva “Eduardo Angelim” Fonte: acervo Luiz Guimarães dos 30 anos da escola JMM.

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Vamos praticar 1. De acordo com o texto, qual era o sentido que a rua possuía para as crianças de tempos atrás? Será que hoje é possível usar a rua do mesmo jeito que antes para as brincadeiras? Sim ou não? Por quê? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Das brincadeiras citadas no texto você já praticou alguma delas? Qual? Conte sua experiência. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Você utiliza o rio e o igarapé como espaço de lazer? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Existem diferenças entre as formas de brincar de seus pais e avós com as praticadas hoje na cidade? Aponte aspectos que ainda se parecem e outros que você percebe que são diferentes. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ Você gostou do passeio pela memória dos lugares da cidade de Barcarena? Percebeu como os prédios, as ruas, o rio, as pessoas guardam experiências de outras gerações que viveram na cidade? Agora, você poderá andar pela cidade, que não verá esses lugares com os mesmo olhos.

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Amiguinho, a nossa Barcarena é conhecida no Brasil e no Mundo como a terra que possui os maiores portos, do Festival do Abacaxi e do metal alumínio que é produzido aqui pela ALBRAS. Mas Barcarena é muito mais do que isso. De uma natureza frágil, mas com muitos animais, aves e plantas, encontra-se hoje ameaçada pela chegada dos portos e das indústrias. Embora pareça um caminho sem volta, faz-se necessário que nós, seu povo, conheçamos nosso município e fiquemos unidos na luta por um espaço com desenvolvimento industrial sem destruição e na construção de uma cidade sustentável! Jacobson Estumano

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Unidade 4

Barcarena – Pará: Educação Socioambiental

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Unidade 4

Barcarena - Pará: Educação Socioambiental Meu amigo barcarenense, nesta Unidade iremos conhecer como nosso município gera riquezas para nosso povo, para o povo do estado do Pará e para o nosso País, o Brasil. Vamos observar o nosso território para descobrir quais as nossas características ambientais e como este município vem sofrendo alterações nas suas principais paisagens.

1. Barcarena e os objetivos da Agenda 2030 da ONU O município de Barcarena adotou como metas fundamentais para realização de uma gestão com sustentabilidade os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), também chamada de Agenda 2030, Foi através desta Agenda que a Organização das Nações Unidas/ONU estabeleceu dezessete objetivos para transformar o mundo. Fomos a primeira prefeitura do Norte e Nordeste do Brasil a adotar estes objetivos como metas e indicadores de trabalho para todas as secretarias que compõem o governo municipal.

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Vamos aqui relembrá-lo do objetivo nº 11: 11.1 até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível e aos serviços básicos e urbanizar as favelas; 11.2 até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos; 11.3 até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países; 11.4 fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo; 11.5 até 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas por catástrofes e substancialmente diminuir as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao PIB global, incluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade; 11.6 até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros; 11.7 até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, aos espaços públicos verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência; 11.a apoiar relações econômicas, sociais e am-

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foto: ASCOM-PMB

foto: ASCOM-PMB

bientais positivas entre áreas urbanas, peri-urbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento; 11.b até 2020, aumentar substancialmente o número de cidades e assentamentos humanos adotando e implementando políticas e planos integrados para a inclusão, a eficiência dos recursos, mitigação e adaptação às alterações climáticas, a resiliência a desastres; e desenvolver e implementar, de acordo com o “Sendai Framework” para a redução do risco de desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desastres em todos os níveis; 11.c apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e resilientes, utilizando materiais locais.

foto: ASCOM-PMB

foto: ASCOM-PMB

Metas dos ODS sendo divulgadas pelos órgãos municipais

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Para saber mais Vulnerabilidade: Qualidade do que é vulnerável: delicadeza, destrutibilidade, fragilidade, fraqueza, indefensabilidade, indefensibilidade, insegurança, instabilidade. PIB global: É a totalidade do produto nacional bruto de todos os países do mundo. É equivalente ao produto interno bruto total do planeta. Per capita: É uma expressão latina que significa "por cabeça". Ela é frequentemente empregada no campo da estatística para indicar uma média por pessoa de um dado valor: por exemplo, a renda. Peri-urbanas: O perímetro urbano é a fronteira que separa a área urbana da área rural no território de um município. As diferenças na caracterização das áreas urbanas e rurais nos diversos países do mundo fazem com que não exista uma definição de população urbana aplicável a todos. Resiliência: Capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças. Holístico: A palavra holístico foi criada a partir do termo holos, que em grego significa "todo" ou "inteiro". O holismo é um conceito elaborado por Jan Christiaan Smuts no ano de 1926, que o definiu como a "tendência da natureza de usar a evolução criativa para formar um "todo" que é maior do que a soma das suas partes". Sendai Framework: Estrutura de Sendai. Na última conferência mundial da ONU, ocorrida em Sendai (Japão), em 2015, definiu-se um modelo que ficou conhecido como estrutura de Sendai para redução do risco de desastres.

Para colocar estes objetivos em prática no nosso território, lembrando, eles que são para toda a humanidade, precisamos descobrir como funciona o espaço onde residimos: BARCARENA! Quais suas fragilidades? Como ele era? O que já está afetado pela ação do homem? O que pode

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ser feito para sua recuperação? Muitas pessoas associam o meio ambiente a paisagens naturais que não sofreram a antropização (ação de transformação pelo homem). Vejamos o que o dicionário Míni Aurélio nos diz:

Meio ambiente: é o conjunto de condições e influências naturais que cercam um ser vivo ou uma comunidade e que agem sobre ele(s). Comunidade: conjunto de seres vivos que vivem em uma mesma região.

Desta forma, o meio ambiente é a simbiose (relação) entre o mundo dos seres biológicos (seres vivos) e as coisas inertes (que não possuem vida). Na natureza tudo está relacionado e para tanto vamos relembrar o chamado “Efeito Borboleta”, analisado pela primeira vez em 1963, por Edward Lorenz. Segundo a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo; Parece loucura a teoria acima, mas vemos que quando você não cuida do meio em que vive ele poderá sem dúvida tornar-se prejudicial para você e para todos os que o cercam. O lixo que se joga na rua irá entupir o bueiro que, após uma chuva torrencial, irá provocar enchente na rua e no bairro, derrubar árvores, provocar aumento da temperatura e maior calor. Tomar conta do meio ambiente não é dever somente da prefeitura. É dever de todos cuidar e zelar da cidade, começando pela nossa casa. A pergunta é: Como? Vou responder: Cuidando da arborização ou jardinagem de nosso quintal, não queimando o lixo doméstico ou as folhas secas das árvores; depositando o lixo nos horários e dias corretos da coleta domiciliar; não destruindo as lixeiras públicas; não jogando lixo no chão; coletando as fezes de nosso cãozinho que levamos para passear nos logradouros públicos; enfim, fazendo o nosso dever, garantimos a qualidade de vida de nossa cidade.

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2. Elementos naturais e culturais No início deste capítulo vimos o termo paisagem natural que se refere ao espaço que não sofreu transformação antrópica, ou seja, alteração pela humanidade. Como exemplo de alteração podemos citar a construção de lugarejos, vilas e cidades. Os espaços modificados pelo homem são chamados de paisagens culturais. Nestes espaços, o homem alterou de forma intensiva o meio ambiente. No Brasil, segundo o geógrafo Aziz NacibAb’Saber, existem seis domínios naturais (paisagens) criados pela natureza com características específicas:

PDDU 2016

1. Terras Baixas Florestadas da Amazônia (Norte do Brasil). 2. Depressões Intermontanas das Caatingas (Nordeste). 3. Chapadões com Cerrados (Brasil Central). 4. Planalto das Araucárias (Sul). 5. Mares de Morros Florestados (no leste do Brasil). 6. Coxilhas Subtropicais com Pradarias Mistas (extremo sul do país).

Barcarena está localizada no domínio de Terras Baixas Florestadas da Amazônia, em uma região estuarina (um estuário é um ambiente aquático de transição entre um rio e o mar. Um estuário sofre a influência das marés e apresenta fortes gradientes ambientais (muitas espécies de seres vivos), desde águas doces próximas de sua cabeceira, águas salobras e águas marinhas próximas de sua desembocadura.

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Foto Cláudio Oliveira ASCOM 2018

Moradia típica de ribeirinhos (Piramanha, Barcarena)

3. O nosso solo e relevo

Fonte: PDDU, 2016

Nosso território tem um solo que os geólogos (estudiosos do solo) definem como uma planície (grande extensão de terreno plano) com presença de argila e areia. não apresentando minerais em depósito de quantidade, estamos numa região de relevo baixo.

Mapa hidrográfico de Barcarena

Para saber mais RELEVO: Conjunto de saliências e reentrâncias de uma superfície, especialmente da superfície da Terra.

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Observe este mapa e descubra nossa descrição geológica.

4. A vegetação do município de Barcarena Em 2002, o Museu Goeldi realizou o inventário da fauna, flora, arqueologia e sensoriamento remoto do município de Barcarena, identificando as seguintes unidades de paisagens:

Unidades de Paisagem

Área (km2)

Área (%)

Floresta de Terra Firme Alterada

135,6

23,9

Várzea

40,1

7,1

Igapó

8,2

1,4

Capoeira

174,1

30,7

Zona Urbanizada

25,0

4,4

Pastos e Cultivos

124,4

21,9

Rios e Lagos

59,3

10,5

Área total das classes

566,7

100,0

Tabela 1 – Áreas das Unidades de Paisagem, Fonte: MPEG, 2002.

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No levantamento realizado pelo Museu Goeldi, a composição florística de Barcarena é composta por florestas de terra firme, floresta de várzea, igapó e campina. Das espécies inventariadas (amostra de 242 espécies), as maiores riquezas florísticas são encontradas, respectivamente, nas florestas de terra firme (41,73%), na floresta de várzea (32,23%), no igapó (13,64%) e na campina (12,39)%, conforme gráfico abaixo (MPEG, 2002):

Figura 2 - Riquezas Florísticas de Espécies e Famílias entre os Tipos de Vegetação. Fonte: MPEG, 2002. P.72

As florestas de várzea representam, ao lado das florestas secundárias de terra firme, as maiores extensões em áreas e ocorrem ao longo dos furos de maré que banham a região, ocupando faixas de vegetação geralmente estreitas, já os igapós são cobertos por vegetação herbácea. Na região de campinas, caracterizada como uma área aberta, coberta com vegetação herbácea, limitada em sua totalidade por vegetação de capoeira, prevalece a vegetação de floresta de terra firme com vegetação densa hidrófila e latifoliada, com grande diversidade de flora.

5. Nossa fauna barcarenense Segundo os dados do Inventário do Museu Goeldi, Barcarena apresenta uma considerável diversidade de fauna, com uma “área de distribuição geográfica de dezenove espécies de mamíferos considerados em perigo de extinção e 51 espécies de interesse para o ecoturismo.” (Museu Goeldi, 2002) Existe ainda em Barcarena uma avifauna diversificada com a presença de 125 espécies, distribuídas em quarenta famílias. A ictiofauna, por

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sua vez, apresenta 72 espécies de peixes distribuídas em 58 gêneros, 31 famílias e dez ordens. Já a herpetofauna é constituída por 22 espécies de anfíbios, oito espécies de serpentes e dez espécies de lagartos. O levantamento de invertebrados atestou a existência de 37 famílias de aranhas, sendo que as de maior interesse para o ecoturismo e para a educação ambiental são as aranhas da família Theraphosidae, Tetragnathidae e Theridiidae e 24 espécies de formigas altamente adaptadas a ambientes antrópicos. Quanto à ocupação pré-histórica da região, o levantamento das potencialidades arqueológicas identificou mais de oitenta pontos com evidências arqueológicas em Barcarena, o que corrobora o potencial e a importância arqueológica do município no entendimento da ocupação pré-histórica da Amazônia.

Para saber mais

Fonte: SEICOMTUR, 2011

Avifauna: Conjunto das espécies de aves que vivem numa determinada região. Ictiofauna: Conjunto de espécies de peixes que vivem numa determinada região. Herpetofauna: Conjunto de espécies de répteis, anfíbios e quelônios existentes numa determinada região.

Morada típica do Ribeirinho

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Esse rio é minha rua “Esse rio é minha rua Minha e tua, mururé Piso no peito da lua Deito no chão da maré Pois é, pois é Eu não sou de igarapé Quem montou na cobra grande Não se escancha em puraqué Rio abaixo, rio acima Minha sina cana é Só de pensar na mardita Me alembrei de Abaeté Pois é, pois é... Eu não sou de igarapé Quem montou na cobra grande Não se escancha em puraqué Me arresponde boto preto Quem te deu esse piché Foi limo de maresia Ou inhaca de mulher? Pois é, pois é... Eu não sou de igarapé Quem montou na cobra grande Não se escancha em puraqué (Ruy Barata)

Após nos lembrarmos deste poema que virou canção popular, vamos lembrar que, em Barcarena, se você caminhar em qualquer direção, chegará a um rio que poderá ser grande (chamaremos os maiores de bacias) ou menor (que os nossos pais índios denominavam de Igarapé ou Paraná-mirim).

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Fonte: SEICOMTUR, 2011

Igarapé típico de Barcarena

Nossas principais bacias internas têm seu início, ou seja, sua montante, no território de Barcarena e seu término ou jusante em rios maiores. A totalidade territorial do município é de 1.311,5 km2, possuindo uma orla fluvial de cerca de 20 km de extensão banhada pelo Rio Pará. Bacia

Montante

Jusante

São Francisco

Nasce na grande

Mucuruçá

Nasce do deságue dos Deságua na baía do rios São Francisco e Carnapijó Aipi

Murucupi

Nasce na área da Alu- Deságua no Rio São norte José do Arrozal

Aipi

Nascente atrás da es- Deságua no Murucupi cola tecnológica

Aicaraú

Nasce na localidade de Deságua no Rio CafeBacharela zal

Tapoá Guajará da Serraria

cabeceira Rio Mucuruçá

Nasce no Cafezal

Deságua no Rio Mucuruçá

Nasce na localidade do Deságua no Rio São mesmo nome Francisco

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Mapa PolĂ­tico Administrativo

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Fonte: Cláudio Oliveira

Os indígenas mortigura e gibirié, nossos primeiros habitantes, sempre se utilizaram dos rios como via de circulação. Os rios de Barcarena interligam quase todo o nosso território e, até os anos de 1960, as maiores cidades do Pará estavam localizadas às margens dos rios. Foi a partir desta data que o governo do Brasil definiu que as estradas seriam o principal meio de circulação de pessoas e mercadoria pelo país. Assim, Barcarena ganha importância vital para o Brasil pelo potencial logístico, pois o nosso município tem uma costa com grande profundidade para construções de portos, sendo construído o principal porto da região Norte: O porto da Ponta Grossa na Vila do Conde:

Foto antiga aérea de onde se localiza o porto

fonte: História da Albras

O Complexo Portuário Industrial de Vila do Conde, caracterizado por ser fluvial e marítimo, é um porto público administrado pela Companhia Docas do Pará (CDP). Está localizado à margem direita do Rio Pará, no local denominado de Ponta Grossa, cerca de 3,3 km a jusante da Vila do Conde (MORTIGURA), em frente à baía de Ponta Grossa 1976, local onde hoje Marajó, formada pela confluência dos se encontra o Porto de Vila do Conde rios Tocantins, Guamá, Moju e Acará, dentre outros.

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Fonte: PDZ/LABTRANS

A figura a seguir ilustra a localização do Porto de Vila do Conde, no território brasileiro. Ter o maior porto também eleva o risco ambiental, como veremos a seguir.

Acesso ao Porto Vila do Conde

Vamos praticar 1. Destaque as principais bacias hidrográficas do território barcarenense. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Qual tipo de vegetação é predominante em nosso território? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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_________________________________________________________ 3. O que é uma região estuarina? Exemplifique. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. O que é Ictiofauna? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 5. Caracterize nosso meio ambiente hoje quanto ao nível de antropização. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 6. Segundo a meta 11 dos ODS da ONU, faça um resumo dos nossos objetivos para sermos uma cidade sustentável. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Nossa vocação natural é a logística portuária O município de Barcarena, no estado do Pará, é um importante polo industrial, onde são realizados a industrialização, o beneficiamento e a exportação de caulim, alumina, alumínio e cabos para transmissão de energia elétrica. A economia tem base tradicional na agricultura, mas também avança com o turismo e com as indústrias instaladas na cidade, gerando crescimento econômico para o município e para o estado do Pará. É no município de Barcarena que está localizado o maior porto do estado do Pará: o Porto de Vila do Conde, onde se movimentam os mais variados tipos de cargas, desde os contêineres até cargas vivas de animais.

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6. O acidente do navio Haidar e suas consequências na Vila do Conde O cargueiro Haidar estava atracado no cais do porto quando começou a tombar e, cerca de duas horas depois, naufragou matando milhares de bois. Algumas embarcações ajudaram no resgate dos animais que saíram pela lateral do navio, mas a maioria morreu afogada dentro do compartimento de carga do navio. O gado seria levado para o abate na Venezuela.

Fonte: Jornal Amazônia

Fonte: Jornal Amazônia

Acidente Navio Haydar

Horas depois do acidente, alguns animais que morreram afogados começaram a boiar no mar e foram trazidos pela maré para a praia. Moradores de Barcarena aproveitaram para retalhar os animais mortos na beira-mar e dividir a carne para consumo. Devido ao risco sanitário que a carne possuía por não ter certificação sanitária e estar em putrefação, o município, em conjunto com o Governo do Estado do Pará, através da Secretaria Estadual de Meio Ambiente/SEMAS, órgão responsável no estado pelo licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental de todas as atividades industriais no município, montou um centro de crise para apreender as carnes furtadas e incinerar os animais mortos.

Fonte: SEICONTUR

Fonte: SEICONTUR

Bois à deriva sobre o rio Pará

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Fonte: Jornal Amazonia .2016

População abatendo os bois que chegaram a Itupanema

Além das 5.000 cabeças de gado, o navio estava carregado com 700 mil litros de óleo BPF estocados em oito tanques. Logo depois do acidente, parte do combustível que vazou começou a aparecer no rio.

Fonte: ASCOM PMB

Fonte: ASCOM PMB

Bois mortos na barreira de contenção

Fonte: SEICONTUR

Fonte: SEICONTUR

400 bois mortos chegando à Praia de Vila do Conde

Sem sombra de dúvida este foi o maior acidente ambiental da história de Barcarena. A partir dele, a relação da comunidade com todo o complexo foi alterada pelo problema causado a toda comunidade barcarenense.

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Distribuição da população etária no município de Barcarena – CENSO 2010

Hoje, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE, nossa população é de 121.190 pessoas. Nossa densidade demográfica é de 76,21 habitantes por quilômetro quadrado.

7. Do Extrativismo do Açaí e forno de farinha para a Indústria do Alumínio Trecho da canção açaí “...Põe tapioca, põe farinha d’água, põe açúcar não põe nada ou me bebe como suco que eu sou muito mais que um fruto, sou sabor Marajoara, sou sabor...”

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Guitarrando a canção de Nilson Chaves, vamos lembrar-nos de dois itens que fazem parte da alimentação diária do povo de Barcarena: o açaí e a farinha, que pode ser de tapioca ou a famosa farinha d’água. Você sabe como eles são produzidos?

Fonte : PARATURR

Você sabia que o açaí em nosso município é uma riqueza que tem uma rota de exportação?

Rota do açaí

O açaizeiro tem um nome que os botânicos (cientistas que estudam as plantas) chamam de EUTERPE OLERACEA, sendo uma árvore que é denominada de palmeira (da mesma família do tucumã, da pupunha, da bacabeira... porque suas folhas lembram a palma das mãos), produzindo um fruto cor de vinho tinto, com grande valor nutritivo de onde se extrai uma bebida que é intensamente consumida pela população de Barcarena.

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Fonte: Cláudio ASCON

O melhor açaí em produção é nativo de Barcarena, mais precisamente da Ilha das Onças, localizada em frente a Belém (capital do Pará), sendo comum vermos placas de propaganda dizendo: Açaí da Ilha. De seu caule (tronco) quando a árvore é cortada, do cerne (parte central do topo) se obtém o palmito, um talo que é cozido e pode ser consumido em conserva nas saladas, pizzas, tortas, etc. Árvore do açaí – Euterpe oleracea – palmeira típica da várzea

Nossas florestas apresentam três características: terra firme (mesmo com as cheias dos rios nunca ficam alagadas), várzea (alagam com as cheias dos rios e igapó (estão sempre alagadas). O açaizeiro é uma palmeira que tem seu habitat entre a várzea e o igapó. Os açaizais são procurados pelos apanhadores, que trançam as folhas da árvore como uma corda e formam a peconha, utilizando-a para subir e apanhar o cacho da fruta, que é debulhado e colocado em um paneiro chamado rasa e levado por canoa ou pequenos barcos para ser comercializado na cidade. Durante décadas, o açaí foi extraído da floresta sem que houvesse da parte do homem nenhuma atividade de trabalho para reproduzi-lo. No período denominado de safra (colheita), entre os meses de junho a dezembro, a fruta fica madura. Há uma época em que o açaí amadurece na várzea. Diferente do açaí do igapó, sua produção é pouca e o seu vinho não possui o mesmo sabor e textura (fica mais fino) (o povo chama de parol). Como a procura do açaí é maior que a oferta, o preço do produto fica mais caro e mais difícil de achar para comprar (o povo diz vasqueiro). De um produto sem valor no passado, sendo até denominado de comida de pobre, o açaí foi extremamente valorizado. Os donos de açaizais lucram com suas propriedades e preservam as árvores, pois sabem do lucro que terão com a venda dos frutos. A EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolveu espécies de açaí em laboratório com maior produtividade que produzem na entressafra (período de pou-

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Foto: Claudio ASCOM

Foto: Claudio ASCOM

ca oferta). Logo, vários empreendimentos surgiram para plantar açaí na terra firme e desenvolver ainda mais esta cultura que de extrativista se transformou em economia de manejo (agroindústria). O município tem duas indústrias, a SAMBAZOM, localizada na comunidade da Vila Rica, no Massarapó, e a Palmeiral, no Bairro Beira-Rio, que beneficiam o açaí (transformam em polpa), que é exportado para Europa, Ásia e Estados Unidos. O barcarenense gosta de comer açaí com farinha d’água acompanhado principalmente de peixe, carne ou camarão. A produção de farinha era nossa principal atividade fabril que demandava muito esforço, nesta sequência:

Produção de farinha e planta maniva

Primeiro teria que derrubar a floresta e como não havia tratores nem motoserra, praticava-se a coivara (queima controlada de parte da mata), depois a destocada (retirada manual de restos das raízes, troncos e galhos), então plantava-se a mandioca. A colheita é a retirada da planta, que é arrancada da terra para se ter acesso à raiz, tubérculo que é descascado e colocado de molho (quase sempre no igarapé para ficar mais mole) para depois ser ralado, espremido no tipiti, uma espécie de peneira comprida, para se retirar o tucupi (líquido amarelo e venenoso, pois tem altos níveis de glicosídeos precursores de ácido cianídrico, tóxico para homens e animais), que depois de descansar deixa como resíduo a goma de tapioca, que quando é fervida tem um sabor incomparável e torna-se indispensável para a produção de delícias de nossa culinária: pato no tucupi, tacacá, sopas, caldos etc.

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A massa que sobra no tipiti é peneirada e levada a um forno a lenha, que consiste num tacho de cobre, onde é transformada na crocante farinha d’água, ou quando feita da goma vira farinha de tapioca.

Foto: Claudio ASCOM

Foto: Claudio ASCOM 2018

Foto: Claudio ASCOM

Foto: Claudio ASCOM

Produção de farinha

O extrativismo de frutas, óleos (retirados de sementes tais como andiroba e da copaíba), madeiras e a pesca nos rios são as principais atividades dos povos das florestas, também denominados de comunidades tradicionais (descendentes de índios e negros que fugiam da escravidão quilombolas e a mistura de brancos com eles).

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Fonte: Plano de habitação SEMPLA

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Foto: Claudio ASCOM

Esta economia do forno da farinha sofreu um grande impacto no ano de 1979, pois neste ano veio uma ordem de Brasília, capital do Brasil, que afetou o estado do Pará e todo o município de Barcarena. Com a finalidade de encontrar uma saída para a crise financeira que o BraForno de alumínio da Albras sil atravessava, foi realizado um acordo financeiro com o Japão para que uma grande indústria metalúrgica que produzisse alumínio fosse construída no Brasil. O melhor lugar encontrado para sua construção foi Barcarena. Desta forma, traçou-se um mapa que começava no Cafezal até o município de Abaetetuba (Vila de Beja), para que o que estivesse dentro do interesse do investidor fosse desapropriado e entregue para a CONSOAL- Consórcio Albras-Alunorte, empresa pertencente à estatal Vale do Rio Doce, que, na época, era uma empresa do governo brasileiro. Esta empresa teria 51% da propriedade e os outros 49% pertenceriam à NAAC (Nippon Aluminium Association Company), empresa japonesa. Todo o empreendimento do alumínio em Barcarena foi vendido para a HIDRO, empresa norueguesa que passou a controlar a produção de alumínio no Brasil e, especialmente, em Barcarena, onde se localiza a Albras, maior fábrica de alumínio do mundo, e a Alunorte, maior refinaria de bauxita do planeta.


A preocupação passou a ser os depósitos de resíduos sólidos DRS 1 e 2 da empresa HIDRO ALUNORTE, que contêm o material restante da transformação da bauxita em alumínio, o qual é tóxico, pois contém produtos químicos nocivos à saúde humana. Embora monitorados, existem suspeitas fortes de que estes podem estar contaminando o meio ambiente. De 20 mil moradores em 1979, antes da implantação do projeto Porto e Albras/Alunorte, somos hoje 121.190 habitantes. Os problemas são variados, mas a gestão atual da prefeitura tem trabalhado de forma incansável para tornar realidade as metas da Agenda 2030. O município de Barcarena, nesta gestão, teve aprovada a lei 2190/2017 que institui o Sistema Municipal de Áreas Verdes, definidas como áreas indisponíveis para construção de moradias ou atividades industriais ou econômicas, conforme citação abaixo:

“O Prefeito Municipal de Barcarena, no uso de suas atribuições legais, faz saber que a Câmara Municipal Aprova e ele Sanciona a seguinte Lei Municipal, Art. 1º - Fica criado o Sistema Municipal de Áreas Verdes, destinado a desenvolver ações para implantação, gestão e conservação das áreas verdes urbanas, visando à ampliação da cobertura vegetal urbana. § 1º - Para os efeitos desta Lei, foi adotado para a definição de Áreas Verdes Urbanas o novo Código Florestal, Lei nº 12.651/2012, que estabelece no Art. 3º, que “área verde urbana são espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais”. Lei municipal nº 2190/2017, de 16 de outubro de 2017

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Fonte: Cartografia Municipal 2018

3.0 Cartografia de áreas verdes, áreas de risco e áreas de interesse social de habitação

Fonte: Cartografia Municipal 2018

Renascer com Cristo, São João e Fazendinha – Áreas verdes 01

Fonte: Cartografia Municipal 2018

Vila dos Cabanos, Itupanema, São Francisco e Laranjal – Áreas verdes 02

Beira Rio, Água Verde, Pioneiro, Murucupi, Burajubaáreas verdes 03

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Embora o poder de controlar, monitorar, fiscalizar e multar seja da SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE – SEMA, o órgão local, a SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE – SEMADE, tem desenvolvido ações de monitoramento e fiscalização, focada na educação ambiental, para ajudar na conscientização da necessidade de preservação e cuidado com o meio ambiente, desenvolvendo atividades como: O DIA DO RIO - 30 DE SETEMBRO DIA DA ÁGUA - 22 DE MARÇO Semana Integrada do Meio Ambiente, conforme cartaz abaixo:

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Além da sala de aula Faça uma pesquisa e descubra o que é uma região metropolitana, quais as vantagens ou desvantagens que o município tem em compor esta região e quais os municípios que integram com Barcarena esta messoregião e suas características econômicas.

Fonte: FANPESPA

Nosso município compõe a messoregião de Belém, compondo o que se chama de região metropolitana, conforme mapa abaixo:

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Vamos praticar 1. A quem compete licenciar, monitorar/fiscalizar os empreendimentos industriais de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Qual o mais grave acidente ambiental da histĂłria de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Descreva com suas palavras como foi a saĂ­da do forno de farinha para o forno eletrointensivo do alumĂ­nio: _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Além da sala de aula Professor, faça uma pesquisa com seus alunos sobre os principais potenciais econômicos de Barcarena e seus principais riscos ambientais.

Fonte:Drone SEMPLA

Produza um mural na escola sobre esta pesquisa.

Barcarena sede ♪ ♪ ♪ DA FORÇA DA GRANA QUE ERGUE E DESTRÓI COISAS BELAS, DA FEIA FUMAÇA QUE SOBE APAGANDO AS ESTRELAS. ♪ ♪ ♪ ESTE TRECHO DA CANÇÃO SAMPA DE CAETANO VELOSO ME FEZ PENSAR... QUERO COMPARTILHAR COM VOCÊS: De um espaço pacato e tranquilo, nossa Barcarena se transformou na porta de entrada e saída do agronegócio do Brasil, no maior polo industrial minero-metalúrgico do Brasil. Carretas, navios, barcaças (e logo também o trem) incorporaram-se à nossa paisagem. Isto aumenta nossa responsabilidade de trabalharmos com a meta 11 dos ODS para termos um município justo na distribuição das riquezas aqui produzidas e sustentável no que se refere ao meio ambiente.

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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“Lazer, turismo e cultura são elementos indissociáveis no desenvolvimento histórico e social de um lugar. As praias, rios, igarapés, matas, monumentos históricos, diferentes manifestações religiosas ou folclóricas, danças, músicas, brincadeiras são alguns dos elementos que constroem a identidade de um povo ao longo dos anos."

Roberto Carlos Dias dos Anjos


Unidade 5 Barcarena – Pará: Lazer e turismo


Unidade 5

Barcarena – Pará: O lazer na cidade e o turismo Quero convidar cada um para adentrar esta Unidade que mostra a grandiosidade de nossa cidade, as belezas naturais, os aspectos culturais e as diferentes opções de lazer existentes em nossos espaços. Boa leitura!

VEM QUE É LEGAL (Minha terrinha) Quero falar agora Da minha terrinha que é legal Rainha do abacaxi E do alumínio é a capital Sem esquecer-se desse ciclo Que é esse polo industrial Que foi criado com amor E com todo carinho especial. Vem, vem pra Barcarena Vem ver as belezas que existem aqui As praias de Itupanema, Vila do Conde e Caripi Sem falar das morenas Que despertam grande paixão O farol lá do Guajará que ilumina O mar e o seu coração

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Vem ver a canoa navegar Vem ver o boto rosa acompanhar ooo Oh! Que cidade mais linda do meu Pará Vem para Barcarena que um bom lugar aa O porto de Vila do Conde vem visitar Vem para Barcarena que é um bom lugar aa 2x Quero falar agora ... seu coração Vem ver a canoa navegar Vem ver o boto rosa acompanhar ooo Oh! Que cidade mais linda do meu Pará Vem para Barcarena que é um bom lugar aa


Fonte: Arquivo Pessoal Waldo Possa

Orivaldo do Espírito Santo Magno da Possa, popularmente conhecido como Waldo Possa. Cantor/Compositor, nascido em 2/6/1968 na cidade de Barcarena/PA. Começou a cantar profissionalmente aos 19 anos. Músico autodidata aprendeu a tocar violão, guitarra, contrabaixo, teclado e outros instrumentos, mas sua paixão sempre foi cantar. Cantou em várias bandas no estado do Pará, dentre elas: Banda “Pôr-do-Sol” (Barcarena); Bandas “Columbia” e “Os Camutás” (Cametá); Banda “Gênesis” (Belém), Banda“ Esquema Central” e Esquema “Magnífico” (Abaetetuba). As músicas que tornaram seu trabalho mais conhecido na região foram: “A dança do Terurê” (sucesso em todo o estado do Pará) e aquela que é uma espécie de Hino de Barcarena, “Vem Que é Legal”, composta por Waldo, em 1998, e gravada em primeira mão por Robson Gomes.

1. Iniciando a conversa O município de Barcarena possui um grande potencial turístico e de lazer com suas belas e extensas praias (Caripi, Trambioca, Sirituba, Itupanema, Vila do Conde, Guajarino, Praia do Sol, Boa Morte...); seus rios e igarapés (Arienga, Cabresto, Mucuruçá, São Francisco, Murucupi, Dendê, Furo do Arrozal, Furo do Carnapijó...); balneários (Cai-n’água, Igarabar, Belo Horizonte, Guajaraúna, Lar de Mãe, Chácara no Limite, São Luiz...); arquiteturas religiosas (Igreja de São João Batista, Igreja de São Francisco Xavier, Igreja Nossa Senhora das Dores, Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, monumento de Nossa Senhora do Tempo...); sítios históricos (Engenho Conceição, Engenho Madre de Deus, Engenho São José, Engenho Farol ou Engenho do Carnapijó, Engenho Boa Vista, Engenho Velho, Engenho São Bento, Engenho São Mateus, Engenho Arapari, Olaria Landi...); arquitetura civil (ruínas do Casarão do Cafezal, Casa da Árvore...). No aspecto cultural, o município destaca-se na música (Mestre Vieira e Banda, Nazareno Muniz, Waldo Possa, Fernandinho, Juarez e Banda, Edna Marks...); teatro (Grupo Chama, grupos de diferentes igrejas...); eventos (Festival do Abacaxi, Festival do Peixe, Festival do Caranguejo,

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Festival do Açaí, Círio de Nossa Senhora de Nazaré, Círio de São Francisco Xavier, Círio do Bom Jesus dos Navegantes, Círio de São João Batista, Carnaval, Marcha para Jesus...). O turismo deve gerar oportunidades de trabalho e renda e outros mais benefícios à população e à economia local, garantindo a valorização e proteção do patrimônio natural e cultural do lugar.

Você sabia que nosso município possui muitos atrativos turísticos, culturais e de lazer? Que ainda existe um grande potencial a ser explorado? Você gostaria de visitar alguns desses locais?

2. O turismo natural Baía do Marajó Grande baía na foz do Rio Tocantins, entre Belém e a Ilha do Marajó. Serve como limite para a maioria das praias e ilhas do município de Barcarena, dentre elas as ilhas de Arapiranga e Trambioca; as praias do Caripi, Conde e Itupanema. Baia do Carnapijó Baía formada entre Barcarena, Ilha das Onças e Ilha Trambioca. No local, há um monumento com a imagem de Nossa Senhora do Tempo. Ilha das Onças A Ilha das Onças integra o território de Barcarena, ocupa toda a margem esquerda do Rio Pará, de frente para Belém (a 20 minutos de Belém). Sofre influência diária do regime de maré, dada sua proximidade com a região costeira. Os grandes açaizais ali existentes são grandes atrativos naturais.

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Praia do Caripi

Fonte:SEICOMTUR

Esta praia está localizada à margem da baía do Marajó. A praia possui uma extensão de aproximadamente 3 km, com areia branca e fina e uma arborização bem variada. Os restaurantes e bares existentes no local oferecem um cardápio variado de comidas e de bebidas. O acesso é feito pela rodovia que liga Barcarena à localidade do Caripi. Na Praia do Caripi, um equipamento que se transformou em atração especial e chama a atenção dos visitantes é a Casa da Árvore, que faz parte das instalações do Hotel Samaúma e que oferece quatro suítes, combinando conforto moderno ao espírito de aventura.

Fonte: Cláudio Oliveira

Fonte: Cláudio Oliveira

Casa da Árvore, na Praia do Caripi

Praia do Caripi

Praia da Vila do Conde

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Praia da Vila do Conde Localizada na vila de igual nome e banhada pela baía do Marajó, esta praia possui grande extensão com areia branca e fina. Os bares e barracas existentes no local oferecem um cardápio variado de comidas e de bebidas. O maior fluxo de pessoas acontece durante os fins de semana e no período de férias escolares. No início dessa praia está localizado o famoso Porto da Vila do Conde. Está situada a uma distância aproximada de 22 km, por via rodoviária da sede de Barcarena. Praia de Itupanema Localizada na vila de mesmo nome com acesso pela estrada que liga Barcarena ao complexo ALBRAS/ALUNORTE. Situada às margens da baía do Marajó. Na Vila de Itupanema encontram-se trechos de praias entrecortados por vegetação que recebem as seguintes denominações pelos moradores: Tanguá, Lamporte, Praia da Sepultura, Praia da Espera, Italiano, do Amor, Porto Grande (Pescadores) Capela (Praça da Matriz), Praia do Catulino, Praia do Piri, Praia Bar, Praia do Porto dos Milagres - às proximidades de Vila Nova, Praia do Taco, Praia do Arrozal (Horto), Praia do Guajará e Praia Grande.

Fonte:SEICOMTUR

Fonte: Cláudio Oliveira

Praia de Itupanema

Praia do Cuipiranga

Praia do Cuipiranga Situada na Ilha Trambioca, esta praia apresenta grande faixa de terra com areia amarelada e bastante arborizada. Existe no local uma comunidade com o mesmo nome da praia. O acesso ao atrativo pode ser realizado via balsa, em Barcarena, mesmo local em que é feita a travessia para Trambioca, estando o atrativo distante cerca de 30 a 40 minutos de

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carro da sede do município. Praia do Sirituba

Fonte:SEICOMTUR

Fonte: Cláudio Oliveira

Praia com areia fina e amarelada, localizada na Ilha Trambioca, na entrada do Rio Carnapijó. O acesso ao atrativo pode ser realizado via balsa, em Barcarena, que faz a travessia para Trambioca. Também se pode chegar por via fluvial, estando cerca de 50 minutos de barco da cidade de Barcarena. É a maior praia de faixa contínua da Ilha de Trambioca.

Praia do Sirituba

Praia do Guajarino

Praia do Guajarino Situada na Ilha Trambioca. O acesso ao atrativo pode ser realizado via balsa, em Barcarena, que faz a travessia para Trambioca. A praia apresenta faixa de areia de pequena extensão, com predominância de árvores frutíferas. Existe no local uma pequena comunidade que recebe o nome da praia. Existem ainda a Praia do Sol (antiga Praia do Maruim); Praia da Fazendinha; Praia da Boa Morte (Paraíso); Praia Grande ou Praia do Loiola-Montanha (o acesso por terra é proibido por ela estar cercada de empresas, o acesso é apenas pela baía do Marajó). Rios e igarapés O município possui dezenas de rios, igarapés e furos. Conheça alguns deles.

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Acuí, Aicaraú, Araraquara, Arienga (Uraenga indígena), Buçuquara, Mojuquara, Cabresto, Caju, Curuperé, Cutaju-Açu, Cutaju-Mirim, Dendê, Furo do Arrozal, Furo Nazário, Guajará da Costa, Guajará da Serraria, Ipixuna, Jandiaquara, Jupariquara, Laranjal, Laranjeiras, Madre de Deus, Maricá, Massarapó, Mucuruçá, Murucupi, Nazário, Papaquara, Pau Grande, Piramanha, São Francisco (ou Barcarena, ou Gibirié), Serrão, Tauerá...

Fonte: Cláudio Oliveira

Fonte: Cláudio Oliveira

Rio Arienga

Igarapé Dendê

Balneários A população barcarenense, além das praias, possui vários balneários como opção de lazer. Confiram alguns deles. Belo Horizonte, Cain’água, Chácara Vitória, Guajaraúna, Igarabar, Lagoa (Arapiranga), Lar de Mãe, No Limite, São Luiz, Sítio Espanha, Espaço Verde, Paraíso Verde.

Para saber mais A maioria das pessoas curte uma boa praia. A maior porcentagem de praias brasileiras é de água salgada (praias de oceano), porém nosso país possui lindas praias de água doce (praias de rio), principalmente na Amazônia. As praias de Barcarena são todas de água doce.

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Vamos praticar 1. Destaque da letra da Música “Vem que é legal” algumas questões que você achou interessantes e justifique sua escolha. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Na música “Vem que é legal” existe alguma colocação com que você não concorde ou que não ache adequada? Em caso afirmativo, destaque esse fragmento e faça um comentário. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Retomando tudo o que você leu até aqui, destaque: a. Alguns lugares que você já conhece. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ b. Um local que você não conhece, mas que gostaria de visitar. _________________________________________________________

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Além da sala de aula Certamente, ao visualizar os nomes de rios, igarapés, furos e balneários presentes nesta Unidade, você deve ter se deparado com locais que não conheça, talvez nunca tenha ouvido falar, mas também pode ter ocorrido de ter notado a ausência de algum local que você conheça e não tenha encontrado na lista citada. Então, para a próxima aula, você deverá fazer uma pesquisa para encontrar nomes de rios, igarapés, furos e balneários que não foram citados para conhecemos mais lugares de nosso município.

Rios, igarapés e furos: ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ Balneários: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________

3. O turismo histórico Engenhos de Barcarena Segundo padre Carlos Borromeu (Borromeu, 1946), Barcarena contava com aproximadamente 25 engenhos distribuídos nas várias localidades do município. Engenho do Mojuquara (os jesuítas instalaram um engenho de energia hidráulica na localidade de Mojuquara), próximo à Vila de São Francisco; Engenho de Santa Cruz de Mucuruçá; Engenho de Itauaporanga; Engenho de Massarapó; Engenho de São Lourenço; Engenho de Aipi; Engenho D’água de Atituba; Engenho de São João de Aicaraú; Engenho de Conceição de Guariju; Engenho de Pedras; Engenho de Santa Cruz de Tábuas (Igarapé Tapuá); Engenho Canta Galo; Engenho Germana, fundado

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Fonte: Arquivo Pessoal Lana Cristina Rodrigues

Fonte: Arquivo Pessoal Lana Cristina Rodrigues

pela Companhia de Jesus; Engenho de Carnapijó; Engenho Pescaria Real de Madre de Deus; Engenho de Conceição do Guajará da Costa; Engenho do Tapari; Engenho de Paranaguá; Engenho de Água Boa; Engenho de Santana do Cafezal; Engenho de São Mateus; Engenho do Arapari; Engenho do Coroçambá; Engenho de Mocajuba; Engenho do Bom Jardim. Desses engenhos restam vestígios de muralhas, sendo que boa parte se encontra tomada pela vegetação.

Ruínas do Engenho São Bento, na Comunidade Nova Vida, (Rodovia PA 481), localizado na trilha de mesmo nome.

Para saber mais Pesquisas arqueológicas realizadas pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, em diversas áreas do estuário Amazônico, revelaram a existência de vestígios estruturais de antigos engenhos coloniais movidos à maré. Na área do município de Barcarena, foram encontrados os locais destes antigos engenhos ainda com “vestígios de obras hidráulicas (barragens, canais e comportas)” Segundo o levantamento arqueológico realizado pelo Museu Goeldi, em 2002, existem no município os seguintes sítios arqueológicos e históricos: Engenho Conceição: No Sítio São Pedro, localizado a nordeste da Ilha Trambioca, na margem direita do Rio Urucuriteua, classificado como Sítio Arqueológico Histórico de Engenho de Maré, apresenta obras hidráulicas de calha e barragem.

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Engenho Madre de Deus: Localizado na Ilha Trambioca, na parte mais oriental da Ilha. Classificado como Sítio Arqueológico Histórico de Engenho de Maré apresenta obras hidráulicas de calha e barragem. Engenho São José (Engenho D'água): Localizado ao sul da Ilha Trambioca, no Furo do Arrozal. Classificado como Sítio Arqueológico Histórico de Engenho de Maré, apresenta material cerâmico e material colonial, com engenho, poço, caieira e forno. Engenho Farol ou Engenho do Carnapijó: Localizado às margens do Rio Carnapijó, a aproximadamente 1,5 km da confluência com o Rio Barcarena. Estas ruínas se encontram na propriedade onde se localiza o monumento de Nossa Senhora do Tempo. Engenho Boa Vista e Engenho Velho: Ambos localizados na Ilha das Onças. Engenho São Bento: Localizado no Rio Itaporanga, região das Ilhas. Engenho São Mateus e Engenho Arapari: Ambos localizados na Ilha do Arapari. MUSEU PARAENSE EMILIO GOELD. Interventário da Flora da Região de Barcarena, Pará. Belém, PA, 2002.

Olaria Landi: Estava localizada na Ilha das Onças e possuía maquinário importado e 1.100m de trilhas. Era utilizada na produção de telhas, tijolos e outras cerâmicas usadas nas grandes construções na capital e no próprio município, como na construção do Casarão da Fazenda Cafezal. Hoje, ainda é possível ver os restos das velhas máquinas importadas da Itália, abandonadas, que eram utilizados para mover a grande produção ceramista naquela olaria. Usina Vitória: Localizada na Ilha das Onças, serviu de entreposto na fase áurea da produção da borracha, desempenhando um papel econômico muito importante na região. Olaria do Arapiranga: Localizada na ilha de mesmo nome, desenvolveu suas atividades do século XIX até o século XX (década de 60 ou 70). As telhas produzidas nessa olaria foram utilizadas inclusive por Henri

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Ford em seu projeto na Amazônia. Ruínas do Casarão do Cafezal: arquitetura imponente às margens do rio cafezal, que na década de 60 recebeu a visita de Gilberto Freire. Monumento de Nossa Senhora do Tempo (Nossa Senhora do Livramento): Construído nos fins do século XIX, por ordem do proprietário do lugar, capitão Francisco Bernardo da Silva, com a intenção de proteger os caboclos ribeirinhos e os viajantes que navegavam pela baía do Carnapijó. Igreja de São João Batista: Considerada o “marco zero” da história barcarenense, foi construída por índios e negros, sob comando dos jesuítas. Foi inaugurada no ano de 1653 sendo a “pedra fundamental” da Missão dos Mortiguras (hoje, Vila do Conde). Igreja de São Francisco Xavier: Construída pelos jesuítas por volta do ano de 1709, na Missão dos Gibiriés (atual Vila de São Francisco). Durante alguns anos abrigou os restos mortais do cônego Batista Campos. Hoje, na referida igreja, ainda existe a urna funerária, fixada na parede, do famoso líder cabano. Igreja de Nossa Senhora das Dores: Erguida em 1910, a Igreja de Nossa Senhora das Dores serve como testemunho de fundação da Vila de Itupanema. Segundo Conceição & Guimarães (1999), a Vila de Itupanema formou-se no entorno da Igreja, em parte do território pertencente aos padres Jesuítas, cuja denominação era “Caripi”. Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré: Localizada na sede do município, foi construída a partir de uma capela já existente no local. A edificação original já havia passado por reformas e ampliações iniciadas em 1943, não tendo data precisa de sua fundação. Igreja de São José: A referida igreja foi construída para atender aos religiosos católicos da Vila dos Cabanos.

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Monumentos e igrejas históricos do município de Barcarena

Fonte:SEICOMTUR

Fonte:SEICOMTUR

Fonte: Cláudio Oliveira

Igreja de Nossa Senhora das Dores.

Igreja de São Francisco Xavier.

Igreja de São João Batista.

Igreja de São José.

Fonte: Cláudio Oliveira

Fonte: Cláudio Oliveira

Fonte: Cláudio Oliveira

Monumento de Nossa Senhora do Tempo.

Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.

4. A cultura barcarenense Mestre Vieira, de criador da lambada a Mestre da Guitarrada

Fonte: Cláudio Oliveira

Joaquim de Lima Vieira nasceu em Barcarena, no dia 29 de outubro de 1934, filho do senhor Zacarias, de origem portuguesa, e de dona Sofia, lavradora. Desde pequeno, mostrou vocação para a música: aos cinco anos aprendeu sozinho a tocar bandolim e, nos anos seguintes, já tocava violão, cavaquinho e cantava. Com dez anos formou um grupinho de música com os irmãos mais velhos que também tocavam violão,

Joaquim de Lima (Vieira)

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cavaquinho e pandeiro: era o “REGIONAL DOS IRMÃOS DO SAMBA”, que fazia as serestas e tocava nos bailes nas noites de sábado. Pode-se imaginar que, para um menino que acordava cedo para trabalhar no roçado, não era fácil ficar acordado até tarde, propiciando diversão aos outros. Com quinze anos ganhou o prêmio de duzentos cruzeiros do programa de calouros da RÁDIO CLUBE DE BELÉM, obtendo a nota máxima tocando, ao bandolim, seu choro “TE AGASALHO” (foi eleito como o melhor solista do Pará). Depois disso, o Regional desfez-se porque os irmãos começaram a sair para lutar pela vida. Vieira também se viu obrigado a deixar a música, indo trabalhar como carpinteiro e, depois, como mecânico de motores marítimos, durante dez anos. Em 1964, a Prefeitura de Barcarena resolveu formar uma Banda na cidade e convidou da capital o professor Batock para, nos fins de semana, dar aulas para trinta pessoas interessadas e selecionadas; já com trinta anos, Vieira, naturalmente, era uma delas; aprendeu teoria de música e saxofone. Durante cinco anos, a BANDA NOSSA SENHORA DE NAZARÉ atuou, até que ficaram apenas seis elementos, incluindo Vieira, que formaram o conjunto “OS RESTANTES”. Este conjunto promoveu bailes e festas no município e redondezas durante três anos. Nessa época, Vieira já havia aprendido também sozinho a tocar guitarra e aconteceu de a Igreja convidá-lo para tocar lá, nas solenidades e nas peças de teatro que eram montadas. Em 1975, já trabalhando como rádio-técnico (montava e consertava rádios), Vieira juntou uns amigos, também apaixonados por música, conseguiu uns instrumentos usados e formou o “VIEIRA E SEU CONJUNTO”, inicialmente, eram cinco elementos: Vieira (violão elétrico ou guitarra), Pereira (bateria), Magno (cantor), Possa (pandeiro), Arlindo (banjo ou contrabaixo), seu filho Valdir Vieira Coutinho, o Vieira Filho (ritmo) e um elemento variado com guitarra ou instrumento de sopro (pistão, sax ou trombone). Aos poucos foram aumentando os convites para apresentações em outras cidades, além da capital: Abaetetuba, Muaná, Igarapé-Miri, Boa Vista, Vigia, Marituba. É importante destacar que Mestre Vieira teve seu primeiro contato com a guitarra depois de ter assistido a um filme em um cinema da capital. Segundo ele, nesse filme, viu um homem tocando em um instrumento de pau com cordas e amplificado. Ficou com muito desejo de

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possuir um instrumento como aquele; passado algum tempo, ganhou uma guitarra de presente e, a partir daí, tornou-se inseparável do referido instrumento. Outro detalhe importante era que Vieira não tinha um amplificador e na cidade não tinha energia elétrica. Com sua extrema inteligência montou então um amplificador a pilha, que alimentava em baterias de automóvel. Em 1976, foi “descoberto” por Jesus Couto, então representante da Continental em Belém e, algum tempo depois, surgiu o primeiro LP de Vieira e seu Conjunto: “LAMBADAS DAS QUEBRADAS”, pela etiqueta Musicolor da Continental. O que vem a ser a “lambada”? Vieira diz que a criou a partir da reunião de vários ritmos brasileiros alegres, como merengue, arrasta-pé, baião, maxixe, que levanta qualquer um da cadeira para dançar. Em 1980, pela Chantecler, surgiu o segundo LP, com doze faixas do próprio Vieira, tendo obtido mais sucesso as músicas “MELÔ DO BODE” e “LAMBADA DO REI” (vendeu, à época, 230 mil cópias do último disco citado). Fizeram apresentações nas TVs do Pará e do Ceará e foram considerados “o melhor conjunto do ano de 1980” pela crônica especializada de Fortaleza. A música do Mestre Vieira chegou à Suíça, França e Inglaterra, os ingleses negociaram com a Continental a regravação do LP “Lambada das Quebradas-volume 2” em inglês. Em 2002, foi premiado pelos escoceses e ingleses como “o melhor guitarrista do mundo”. Em 2006, tocou na Copa do Mundo da Alemanha com seus amigos Aldo Sena e Curica, que formavam o famoso grupo Mestres da Guitarrada. Nos dias 11 e 12 de julho de 2012, em um grande evento no Theatro da Paz, foi gravado o DVD “Mestre Vieira, 50 anos de Guitarrada”, tendo a companhia da Banda original “Os Dinâmicos” que o acompanhava nos anos 1970. Também teve a participação especial de Gaby Amarantos, Lia Sophia, Manoel Cordeiro, Sebastião Tapajós, Luiz Pardal, Fernando Catatau (CE), entre outros. Mestre Vieira tocava de forma diferente do convencional, normalmente usava pente, garrafa, extintor e a própria boca. Sempre foi um homem simples e sem grandes ambições, era comum vê-lo andar pela cidade em sua conhecida bicicleta. Sua única ambição sempre foi a música, tinha sede de saber cada vez mais, era um gênio que vivia da música, pela música e para a música. Em 2005, a Câmara Municipal de Barcarena diplomou Mestre Vieira

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como Patrimônio Histórico e Cultural de Barcarena e Melhor Guitarreiro do Mundo. Mestre Vieira faleceu no dia 2 de fevereiro de 2018, aos 83 anos de idade, deixando saudades para milhares de pessoas que aprenderam a amá-lo e admirá-lo por seu talento, genialidade e simplicidade.

Para saber mais O que Gilberto Gil escreveu a respeito do Mestre Vieira “O Brasil tá com a corda toda. Qualquer cor... Cordas elétricas, cordas acústicas, cordas vindas de toda parte. O cavaquinho veio de Portugal, o banjo veio dos Estados Unidos, a guitarra elétrica veio da Bahia. E quem poderia saber, o mais original guitarrista elétrico brasileiro mora escondido numa ilha de Belém do Pará. Você já foi a Barcarena, nega, então vá.” https://m.facebook.com

Galeria de artistas barcarenenses Artistas barcarenenses (Música) Barcarena possui muitos talentos na área musical, artistas que alegram cada canto do município, que se destacam no cenário regional, participando de festivais, eventos culturais diversos, festas religiosas, apresentam-se na noite etc. Na galeria de artistas barcarenenses ou que adotaram esse município como seu, podemos destacar Nazareno Muniz e Banda Cuia Pitinga; Waldo Possa, Jhacy Farias e Banda Zanzuê, Juarez e Banda, Fernandinho, Luiz Poça, Hobson dos Teclados, Daniel e André Apolaro, Danielzinho, Edna Marks, Anna Oliver, Banda Ressurreição...

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RAINHA DO ABACAXI

Nas palhetadas do Mestre Vieira Suas guitarradas que fazem dançar aa No mês de setembro convida seu povo Pra essa festa que é tradição Virou festival Tu és linda, És Rainha do Abacaxi iêiêiê És Rainha desse festival Que encanta o Pará. Tu és linda, És Rainha do Abacaxi iêiêiê És Rainha desse festival Que encanta o Pará. Nazareno Muniz e Banda Cuia Pitinga

Ilustração da Capa: Fabricio Reis e Rauni Pacheco

Tudo isso eu fiz pra você Barcarena linda dos Gibiriés Terra forte que vem do Norte Tem cheiro cheiroso do abacaxi Contada mais linda tu és Em versos e frases poeta Zenir Saudades de Mestre Arlindo Em cores de tantos discípulos mais

Biografia Nazareno Marinho Muniz é um artista barcarenense, na verdade um show man, que canta, interpreta vários personagens e toca (vários instrumentos). Já gravou dois CDs autorais, também gravou um CD intitulado “Lambadão do Vieira” com o “Mestre”. Participou da Banda Kairós, Banda Pôr do Sol, Banda Kauê, Vieira e Banda, Nazareno Muniz e Banda, hoje faz parte do Grupo de Carimbó Cuia Pitinga. Possui mais de 100 composições incluindo axé, MPB, rock; porém o ritmo que mais o caracteriza é o carimbó (compôs mais de 50 carimbós).

Poesia

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Fonte: Luiz Guimarães

Uma das figuras mais emblemáticas de Barcarena certamente foi o Poeta Zenir Campos (O Poeta Apaixonado). Originário do Aicaraú (de uma família de renome na região) passou uma longa temporada nas Forças Armadas Brasileiras, carreira que o levou para a distante Itu/SP, onde constituiu família e uma carreira profissional, mas, mesmo distante de sua terra, nunca se esqueceu das “coisas de Barcarena”. Seus olhos se enchiam de lágrimas quando começava a falar apaixo-

Zenir Monteiro de Campos 1930-2011


nadamente de personagens e episódios que marcaram sua vida nessa localidade. O velho poeta, boêmio como poucos, não deixava de recitar Bruno de Menezes, Rodrigues Pinajé, ou versos como “Oh! Mocidade, vós sois relâmpago perante a eternidade...” (Castro Alves). Autor de dezenas de poemas, era figura recorrente nos eventos cívicos ou políticos em que seus inflamados discursos eram sempre versejados, atraindo a atenção do público presente. Texto adaptado de GUIMARÃES, Luiz. " SÓ DE RAIVA": impressões sobre a vida do poeta Zenir Campos, 2017.

5. Eventos culturais FESTIVAL DO ABACAXI O Festival do Abacaxi é o maior evento cultural do município de Barcarena, atraindo milhares de pessoas de todo o território nacional. A programação inicia-se por meio do circuito cultural, com atividades esportivas, educacionais e artísticas na semana anterior aos quatro dias principais do evento. Um dos pontos de destaque do festival é o concurso da Rainha do Abacaxi, que ocorre um dia antes da abertura oficial do evento e conta ainda com grandes shows de artistas locais e nacionais, concurso gastronômico e degustação de diversas iguarias preparadas com o fruto. O festival nasceu de um projeto do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização de Adultos) e da Prefeitura Municipal de Barcarena, em 1979, porém foi somente no ano seguinte que seria concretizado. A proposta surgiria da “constatação da existência de sessenta produtores de abacaxi”, destacando a produção do fruto, chamando a atenção dos representantes do MOBRAL, que, a partir daí, colocava a necessidade de promover a reunião festiva para comemorar o resultado da produção agrícola com os principais responsáveis - o produtor, que mesmo produzindo de forma artesanal, fazia do abacaxi a identidade agrícola de Barcarena. O I Festival foi realizado em 1980, na gestão do prefeito José Pinheiro Rodrigues, e teve como presidente o Sr. José Magno da Silva, mais conhecido por “Zé Gavião”, que na época era representante do MOBRAL em Barcarena. Entre os principais acontecimentos do I FESTIVAL DO ABACAXI, estão:

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1. Local de Realização: Em frente à Prefeitura Municipal de Barcarena 2. Período: Provavelmente no mês de julho. 3. Rainha: Maria Magaly Campos dos Santos 4. Atrações: Vieira e seu Conjunto 5. Música: Som Perpétuo Socorro 6. Objetivos: Destacar a produção do abacaxi e estimular os produtores da região. 7. Prefeito da Época: José Pinheiro Rodrigues O I, II e III Festivais foram realizados em frente à Prefeitura Municipal de Barcarena, o IV e V na Feira Coberta, o VI em lugar incerto. A partir do VII (1987) passou a ser realizado no Centro de Exposição Cultural Maria Siqueira dos Santos Dias, onde permanece até os dias atuais. Neste ano (2018), o município já se prepara para realizar o 38º Festival.

Fonte: Cláudio Oliveira

Concurso da Rainha do Festival do Abacaxi

Festival do Peixe O Festival do Peixe em Vila do Conde teve início em 1992, por intermédio do “Professor Aldo”, com a intenção de se criar um espaço para a comunidade comercializar o pescado da região. O evento já está na XXVI versão com shows de artistas da terra e da região, incentivando a

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tradição de vila pesqueira, promovendo a cultura local e estimulando o turismo. É promovido pelo Centro Comunitário de Vila do Conde. Círio de Nossa Senhora de Nazaré Realizado no mês de novembro, na sede do município, atrai grande multidão de fiéis. A devoção originou-se no município por meio de famílias tradicionais. Hoje, é uma das procissões religiosas mais populares da região. Em 2018, será realizado o 59º Círio. Círio de São Francisco Xavier O Círio do padroeiro do município é realizado no final do mês de novembro e início de dezembro na Vila de São Francisco. A imagem do padroeiro peregrina por diferentes locais do município até seu retorno à igreja de origem. O seu dia festivo é 3 de dezembro, feriado municipal, instituído pela Lei Municipal nº 808, de 10 de outubro de 1977, e assinado pelo então prefeito José Pinheiro Rodrigues. Círio do Bom Jesus dos Navegantes O Círio centenário realizado na Vila do Conde, no mês de janeiro, reúne fiéis de diversas comunidades de Barcarena e Abaetetuba, de onde retorna a imagem peregrina de Bom Jesus após dois meses de peregrinação no município vizinho. Outro importante Círio realizado em Vila do Conde é em homenagem a São João Batista, padroeiro local. O evento ocorre no mês de junho. Espetáculo Paixão de Cristo, Paixão da Amazônia: Encenado pelo Grupo Chamado de Artes Cênicas, fundado na década de 80. É coordenado pelo senhor Arildo Poça, reconhecido diretor de teatro do Baixo Tocantins. Possui cerca de 120 atores e 250 figurantes e 10 palcos. O evento ocorre durante a Semana Santa e atrai centenas de pessoas de toda a região. É um grande espetáculo, vale a pena conferir.

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Marcha Para Jesus: É um evento internacional e interdenominacional que ocorre anualmente em milhares de cidades espalhadas pelo mundo. Barcarena é uma dessas cidades. O evento traz às ruas as igrejas atrás de carros sons, ou trio elétrico, que caminham até um determinado local onde se encontram e realizam um culto ou show com pregadores e cantores gospel. No município também ocorrem outros grandes eventos como o Carnaval, as festas juninas, os congressos das Igrejas Evangélicas, o Festival do Caranguejo, o Festival do Açaí, entre tantos.

Para saber mais Circuito Cultural O Circuito Cultural é um evento criado pela Prefeitura Municipal de Barcarena para divulgar o Festival do Abacaxi. Ele antecede ao festival e todas as secretarias se envolvem nas ações. É realizado na praça em frente à prefeitura. Durante o Circuito os visitantes podem aprender um pouco mais sobre a história do município e curiosidades sobre o próprio Festival. As principais atividades são a Corrida do Abacaxi para os adultos, a Corridinha para as crianças e a escolha da Rainha Mirim do Festival do Abacaxi. Também são feitas diferentes exposições e oficinas para as crianças e a comunidade em geral. As apresentações de artistas locais também é um dos pontos altos do Circuito. Portanto, fica o convite: participe do Circuito Cultural.

Lidiany Santos

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Vamos praticar 1. Você conhece alguma música de Mestre Vieira? Cite o título daquelas que você conhece. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Na sua maneira de ver, qual foi o grande legado que Mestre Vieira deixou ao município de Barcarena? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Cite o nome de artistas da área musical que deveriam fazer parte da lista presente nesta Unidade. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Você conhece alguém que tenha sido Rainha do Festival do Abacaxi? Caso a resposta seja SIM, escreva o nome dessa pessoa. Caso a resposta seja NÃO, faça uma pesquisa e descubra o nome de uma dessas rainhas e escreva na linha abaixo. _________________________________________________________

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Para saber mais Barcarena carrega o epíteto de “A Capital do Alumínio”, uma nomenclatura criada a partir dos grandes empreendimentos industriais no município, porém o que sempre caracterizou o lugar foram seu povo trabalhador, simples e hospitaleiro e suas práticas de subsistência como pescadores, caçadores, agricultores, produtores e coletores de açaí, coletores de frutos, sementes, leite de seringa etc. Com a implantação do polo industrial, muitos desses profissionais tiveram que aprender uma nova maneira de sobreviver trabalhando nas empresas; porém há ainda centenas de pessoas que mantiveram as práticas tradicionais de subsistência. Esse povo também se destaca em muitas manifestações culturais: na dança, na música, na poesia, no esporte, no teatro. Então, poderíamos dizer “Barcarena, a Capital do Abacaxi”; “Barcarena, Capital da Guitarrada”; “Barcarena, a Cidade dos Ribeirinhos”; Barcarena, a Cidade dos Mortiguras, Gibiriés e Carnapijós”; “Barcarena, Berço da Cabanagem”; “Barcarena, Terra de Povos Tradicionais”, entre outros.

Barcarena, minha terra amada, famosa, de gente importante, de gente humilde, de gente trabalhadora, de gente que dá sem nada pedir, capital do alumínio, do famoso Festival do Abacaxi. Berço esplêndido da Cabanagem e de grandes nomes, como o Cônego Batista Campos, és forte, és rica, és formosa, és minha terra amada. Barcarena, do teu povo, muitos levam teu nome a celebrar pelo Brasil afora as tuas belezas, seja em música, verso ou prosa. Como teu filho ilustre – Mestre Vieira que conquistou o mundo e nunca deixou de te homenagear com suas lambadas, transformando-se no grande rei da guitarrada.

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Muitos visitantes vêm de longe conhecer essa terra que não existe outra igual, com povo caloroso, amigável, aconchegante. Todos querem conhecer as maravilhas que existem aqui como as praias de água doce: Praia do Caripi, Praia do Conde e as famosas praias da Ilha Trambioca: Praia do Farol, Cuipiranga, Guajarino e Sirituba. Sem falar na imensidade de igarapés existentes nessa terra maravilhosa. Nessa terra tão querida, durante o carnaval, ganha as ruas o famoso bloco Bica Grande arrastando uma multidão de brincantes a se divertir. Ah, Barcarena! O que dizer dos teus artistas? Gente que canta tua história em prosa e verso: Aldenora Cravo, Waldo Possa, Jhácy Farias, Braulino Poça, Nazareno Muniz, Juarez Nascimento, Roberto Anjos, grandes nomes, grandes professores, sim, professores. Ah, Barcarena! Saudades do teu tempo de outrora! Do cais do porto, da doca dos pescadores, do Bar Alvorada, do Bar o Seresteiro, do antigo Grupo Escolar Cônego Batista Campos, saudades das tuas ruas de terra batida, da mercearia do Marião, da mercearia do Zeca Furtado, da sede do João Preto, do Fluminense e do Guanabara, dos jogos de salão entre o time da Fundação SESP e o São José, das disputas de Carnaval entre Mão Aberta e Quem é Quem. Ah! Que saudades da caranguejada nas quintas no Grêmio. Ah, minha Barcarena, terra amada, saudades do que não volta mais!

Aldenora do Socorro Silva de Oliveira Cravo

Estamos finalizando esta Unidade. Foi um prazer tê-lo como companheiro neste passeio pela cultura, turismo e lazer deste município que é belo por natureza. Agora, para fechar esta Unidade com chave de ouro, gostaria de lhe dar a sugestão de fazer um convite por escrito a um amigo para que conheça seu município e conte a ele sobre tudo o que você aprendeu, sobre todas as belezas e encantos desta terra!

Vem para Barcarena que é um bom lugar! 169


Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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“Poder e cidadania não podem ser compreendidos como forças paralelas ou muito menos opostas, mas, sim, complementares, duas faces da mesma moeda. Os poderes constituídos são exercidos por cidadãos escolhidos por outros cidadãos. Do mesmo modo, o exercício da cidadania constitui motor fundamental do pleno funcionamento dos poderes constituídos. Poder é poder servir o cidadão. Cidadania é legitimar o poder, no sentido mais sublime que se possa conceber.”

João Poça


Unidade 6 Barcarena – Parå: Poder e cidadania


Unidade 6

Barcarena – Pará: Poder e cidadania O município de Barcarena, como todos os demais, é uma grande comunidade, ou seja, um grande grupo de pessoas e de famílias diversas que habitam o mesmo espaço e, para conviver, precisam seguir regras e desempenhar papéis sociais e políticos. Vamos falar um pouco sobre isso?

1. Introdução à Unidade Nossa Constituição Federal, a Lei Maior do nosso país, inicia declarando que todo poder emana do povo, isto é, que os poderes constituídos só são legítimos se representarem seu povo, se defenderem os direitos daqueles que os escolheram. Isso se realiza, por exemplo, quando os impostos pagos pela população voltam para ela em forma de boas condições de educação, saúde, segurança, acesso à justiça, entre outras necessidades dos cidadãos das quais os serviços públicos devem encarregar-se. Por outro lado, exercer a cidadania é muito mais do que apenas eleger representantes. As pessoas também podem (e devem) participar de associações, sindicatos, conselhos e muitas outras organizações não governamentais (também conhecidas como “ONGs”), votar e ser votadas, reivindicar direitos, entre outras iniciativas. Dessa forma, contribuir para uma vida melhor, mais digna e mais feliz para a comunidade é tarefa de todos e sempre há modos de cada um contribuir. Nesta Unidade, falaremos sobre a configuração do município com suas

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aglomerações urbanas e demais espaços, bem como sobre as formas de organização política e social presentes no município de Barcarena, as quais, na maioria das vezes, encontram equivalências em âmbito estadual e nacional. Afinal, quando conhecemos os órgãos e representações, suas funções e responsabilidades, saberemos a quem recorrer e como fazer para garantir o pleno exercício da cidadania.

2. Barcarena: cidade, comunidade De distrito a município Como vimos, Barcarena já pertenceu ao município de Belém, assim como ainda hoje pertencem à capital os distritos de Icoaraci e Mosqueiro. Nessa época, era nomeado para cá um chefe distrital, que representava o prefeito de Belém e, assim, exercia a função de prefeito nessa área, porém chegou o dia em que se emancipou, isto é, tornou-se ela própria um município autônomo e, a partir daí, seus governantes e seu povo puderam tomar suas próprias decisões, sem depender das ordens vindas da capital. Foi no ano de 1943 que o senhor Frederico Duarte de Vasconcelos, prefeito nomeado, solicitou ao interventor federal do estado do Pará, Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, a emancipação do distrito de Barcarena do município de Belém, sendo esta concedida através do Decreto Lei nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943. Nessa mesma ocasião, o senhor Raimundo Augusto Torreal foi nomeado como o primeiro prefeito do município recém-criado. Desse modo, o dia 30 de dezembro marca atualmente as comemorações do aniversário do município e constitui, junto com o dia de São Francisco Xavier, padroeiro do município, em 3 de dezembro, os dois únicos feriados municipais. Sob essa nova condição, foi necessário que Barcarena fosse dotada de estrutura para o funcionamento adequado dos poderes legalmente constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. Nesta Unidade, você aprofundará os conhecimentos sobre esses três poderes.

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Vamos praticar 1. Faça as contas: quantos anos o município de Barcarena tem, se contarmos como ponto de partida a data de sua emancipação? Data do preenchimento desta resposta: ___/___/_____ Idade de Barcarena emancipada até a data deste preenchimento: ______ anos 2. Assinale com X a única declaração correta: ( ) Embora Barcarena seja hoje um município, ainda funciona como distrito de Belém. ( ) Quando um município se emancipa, significa que passa a ter autonomia política e administrativa. ( ) As vilas e povoados de Barcarena passaram a se formar a partir de 1943. ( ) Antes da emancipação, Barcarena já possuía prefeito, por isso, já era um município de Belém. 3. Que informações precisam ser corrigidas nas declarações incorretas da questão anterior? Discuta na turma. Do Rio São Francisco para o Rio Mucuruçá Já vimos anteriormente neste livro que a sede do município já se localizou na atual Vila de São Francisco. Em outras palavras, quando Barcarena se emancipou de Belém, sua sede se localizava mais acima no rio em relação à sua localização atual. Porém, ali, a cidade ficava isolada e numa rota pouco utilizada pelas embarcações. Esta circunstância deixava a situação econômica do município ainda mais precária. Por essas razões, no fim da década de 40, líderes políticos e famílias influentes locais se mobilizaram para transferir a sede do município, da margem direita do Rio Barcarena, para a margem esquerda do Rio Mucuruçá. O senhor Frederico Vasconcelos, prefeito na época, deu voz a esse desejo frente aos órgãos oficiais. Após intensos debates e tentativas, a

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transferência da sede foi aprovada por meio de decreto pelo interventor federal. A antiga Vila de Barcarena passou a se chamar Vila de São Francisco. A “nova” Barcarena passou a se localizar em local de navegação mais intensa, antes do furo do Arrozal.

Para saber mais

Fonte: jornal de divulgação da prefeitura, ano de 1982

Durante muito tempo, era possível ouvir as pessoas chamarem a sede municipal atual de “cidade nova”, por considerarem como “cidade velha” a hoje chamada Vila de São Francisco.

Foto aérea da nova sede da cidade de Barcarena.

Em sua nova localização, a cidade pôde expandir-se e interligar-se mais efetivamente ao restante do estado e do país, porém a transferência para a nova área somente foi de fato iniciada com a edificação do prédio da prefeitura, na gestão do prefeito Raimundo Alves Dias. Apenas depois disso é que as famílias começaram a se mudar para a “cidade nova”, re-

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cebendo estímulos como concessão de terrenos e até materiais de construção para construir suas residências.

Além da sala de aula Relate aos seus familiares sobre a emancipação do município e a transferência da sede para o atual local. Depois disso, faça uma pesquisa na sua família. Entre outras informações, questione: • Quanto tempo faz que seus familiares moram em suas residências atuais? • Como chegaram aqui, para hoje serem habitantes do município? • Seus parentes mais afastados no tempo já moravam aqui ou vieram de outro lugar? • Quais são as principais mudanças que seus parentes mais idosos percebem entre a Barcarena de hoje e a de muito tempo atrás? Apresente os resultados de sua pesquisa à turma.

Vamos praticar 1. Observe novamente o mapa do município na página 124 e identifique nela: • O local onde você mora › n.º ___ • A localização de sua escola › n.º ___ • Um lugar que você não conhece › n.º ___ Compare suas respostas com as dos colegas da turma.

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3. Poder: a cidade e seus governantes É importante conhecer como uma sociedade baseada no modelo democrático representativo se organiza para poder administrar o patrimônio e os recursos que pertencem à coletividade.

Poder Executivo municipal Como o próprio nome deixa entender, o Poder Executivo tem por função executar, isto é, fazer, transformar em ação, realizar. O cargo mais importante é o de prefeito, cujo papel principal é administrar as verbas do município, zelando para que revertam em obras e programas úteis e importantes para a população. Essa função também se realiza por meio da elaboração de projetos de lei que são enviados à Câmara Municipal, onde serão avaliados, debatidos e aprovados (ou rejeitados) pelos vereadores, portanto é essencial que haja um diálogo cívico, respeitoso e produtivo entre o prefeito e os vereadores, para que as ações em benefício de todos os cidadãos se tornem realidade.

Conheça, na página seguinte algumas pessoas que já exerceram a função de prefeito no nosso município

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Laurival Campos Cunha

José Pinheiro Rodrigues

1º mandato 1963-1967

Único mandato 1977-1983

Wandick Gutierrez 1º mandato 1989-1993 2º mandato 1997-2000

2º mandato 1983-1989 3º mandato 1993-1996

Laurival Magno Cunha

João Carlos dos Santos Dias

Antônio Carlos Vilaça

1º mandato 2001-2004

Único mandato 2009-2012

1º mandato 2013-2016

2º mandato 2005-2008

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2º mandato 2017-atualidade


Além da sala de aula Na sede do município, há vários logradouros (como, por exemplo, ruas e praças) que homenageiam alguns prefeitos de Barcarena. Para conhecer melhor aqueles que não estão presentes na galeria acima, você e seus colegas de turma podem organizar-se em grupos e levantar informações (além das já encontradas neste livro) sobre os seguintes nomes: 1- Frederico Vasconcelos 2- Miguel Costa 3- Oscar da Silva Costa 4- Raimundo Dias 5- Sebastião Oliveira Procurem saber: I- os nomes completos desses prefeitos; II- em que anos e por quanto tempo exerceram essa função; III- onde se localizam as ruas ou praças que receberam seus nomes; IV- se algum colega da turma mora numa dessas ruas ou perto das praças em questão. A pesquisa pode resultar em outras informações interessantes. Fiquem à vontade para selecioná-las. Apresentem os dados obtidos em exposição oral. Nessa tarefa, peçam ajuda aos professores de história e de estudos amazônicos.

Foto: Cláudio Oliveira.

Prédio da Prefeitura de Barcarena.

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Logicamente, é difícil a tarefa de administrar um município. Por esse motivo, o prefeito nomeia auxiliares para a missão: são os secretários municipais, que assumem funções em setores específicos e coordenam mais de perto os trabalhos a serem feitos. Conheça abaixo as secretarias municipais que, de modo integrado, implementam ações inspiradas na Agenda 2030 (um plano de ação da Organização das Nações Unidas para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade a todos). Secretaria Municipal de Cultura (SECULT) • Missão: democratizar, modernizar e otimizar a gestão da cultura e dos equipamentos culturais, integrando-os ao Sistema Nacional de Cultura; fomentar espaços culturais, programas de apoio e inventariação de grupos, movimentos e espaços culturais. • Principais ações em curso: cursos e oficinas de artesanato para mulheres de baixa renda; eventos de valorização da cultura local como Carnaval, veraneio, Festival do Abacaxi, concurso municipal de quadrilhas; readequação da Lei da Secretaria Municipal de Cultura; aprovação da Lei de Implantação do Sistema Municipal de Cultura para a criação do Conselho Municipal de Cultura, do Fundo Municipal de Cultura e do Plano Municipal de Cultura; exposição histórica do município para o fortalecimento da identidade do município; cadastro de artistas e segmentos culturais existentes no município; apoio a eventos religiosos: festividades de comunidades católicas, shows gospel, tapete sagrado. Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (SEICOMTUR) • Missão: desenvolver ações que fomentam o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável e o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais. • Principais ações em curso: Programa de Compras Públicas Sustentáveis; fomento à formalização e qualificação do pequeno empreendedor local; parcerias públicas, público-privadas, privadas e com a sociedade civil. Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (SEMADE) • Missão: desenvolver ações de proteção e educação ambiental. • Principais ações em curso: estímulo à regularização ambiental de

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empreendimentos comerciais e industriais; Calendário Ecológico, que realiza ações alusivas ao Dia Mundial da Água, à Semana do Meio Ambiente, ao Dia da Árvore e ao Dia do Rio; campanhas de conscientização contra queimadas. Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI) • Missão: coordenar a política agrícola do município. • Principais ações em curso: fomentar a produtividade e a renda dos pequenos produtores, por meio da feira livre do produtor rural, apoio ao licenciamento ambiental dos piscicultores, projeto Mecaniza Barcarena, que prepara áreas em comunidades rurais, acesso a alimentos nutritivos e seguros por meio da Horta da Escola e da feira do peixe vivo. Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) • Missão: promover no município a redução das desigualdades sociais. • Principais ações em curso: projeto BarcaFlor: plantando sonhos, colhendo dignidade; projeto Empreendedorismo Sustentável; Plano Decenal de Medidas Socioeducativas; Plano Municipal das Ações Estratégicas de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil. Secretaria Municipal de Administração e Tesouro (SEMAT) • Missão: desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis. • Principais ações em curso: portal da prefeitura em contínuo aprimoramento, oferecendo diversos serviços ao cidadão; obtenção do Selo Verde Gestor Transparente 2017 do Tribunal de Contas dos Municípios. Secretaria Municipal de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano (SEMDUR) • Principais ações em curso: arruamento (urbanização, terraplenagens, pavimentação, asfaltamento); coleta de resíduos sólidos e domiciliares; iluminação pública; água e esgoto; atividades nos prédios públicos (construção e reforma); construção civil e rodoviária; atividades ligadas ao departamento de trânsito; obras urbanas.

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Secretaria Municipal Extraordinária de Ordenamento Territorial e Habitação (SEMEOTH) • Missão: formular e executar políticas urbanas relacionadas ao ordenamento físico e territorial do município. Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (SEMJEL) • Missão: promover a inclusão e integração social, qualidade de vida e incentivo à formação socioesportiva, através de políticas de juventude, esporte e lazer. • Principais ações em curso: programa Construindo o Jogo, voltado a crianças e adolescentes, nas modalidades futsal masculino, voleibol e basquete masculino e feminino;torneios e eventos de forma integrativa nas diversas modalidades e categorias. Secretaria Municipal de Planejamento e Articulação Institucional (SEMPLA) • Missão: elaborar e gerir o Plano Plurianual (PPA), principal instrumento de planejamento governamental. • Principais ações em curso: Gestão Orientada para Resultados e Planejamento Governamental Participativo. Secretaria Executiva Municipal de Segurança, Trânsito e Defesa (SEMSP) • Missão: promover segurança à população barcarenense, através da articulação com os órgãos de segurança pública do estado e da União Federal, objetivando a manutenção da ordem urbana. • Principais ações em curso: apoio técnico-administrativo à Coordenadoria de Defesa Civil; construção do edifício sede da secretaria; apoio às ações articuladas com os demais órgãos de segurança pública; manutenção do serviço municipal de vídeomonitoramento; implementação do Sistema Municipal de Transporte Coletivo de Passageiros. Secretaria Municipal de Receita (SEMUR) • Missão: coordenar a arrecadação de tributos.

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• Principais ações em curso: emissão de alvarás e certidões; pagamento de fornecedores; prestação de contas junto aos órgãos competentes. Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSB) • Missão: cuidar das políticas de saúde relacionadas à prevenção e à cura do cidadão barcarenense, assegurando uma vida saudável e promovendo o bem-estar para todos, em todas as idades. • Principais ações em curso: revitalização do prédio do hospital e maternidade municipal; ações educativas e informativas permanentes; testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites virais; projeto Em busca de Marias; revitalização do Programa Estratégia Saúde da Família e construção de dezesseis novas Unidades Básicas de Saúde (UBS), ampliando a cobertura da Atenção Básica para 82%. Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego (SEMUTE) • Missão: promover trabalho decente e crescimento econômico no âmbito do município. • Principais ações em curso: intermediação da mão de obra qualificada; acesso à emissão de documentos como RG e carteira profissional; qualificação profissional. Secretaria Municipal de Educação e Desenvolvimento Social (SEMED) • Missão: planejar e executar políticas públicas para e educação no município. • Principais ações em curso: implantação do Conselho Municipal de Educação; cursinho municipal como modelo de incentivo ao ensino superior; garantia de transporte aos alunos do município para o ensino superior (passe escolar, único no estado); incentivo à inclusão através do esporte paralímpico, com diferencial de proporcionar acesso ao sistema profissional (Circuito Caixa).

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Foto: acervo pessoal do professor Éder Quaresma.

Foto: acervo pessoal da professora Magda Cardoso Costa.

Equipe paralímpica municipal nos Jogos Paralímpicos Estudantis Paraenses de 2018, em Marabá, Pará.

Embarque da equipe completa para a fase nacional das paralimpíadas.

Uma educação de qualidade começa por uma escola que proporcione bem-estar a todos os que ali estudam e trabalham.

No que diz respeito às ações da Secretaria de Educação e Desenvolvimento Social, a atual administração municipal tem-se desdobrado para melhorar as condições infraestruturais das unidades escolares distribuídas pelo município. São muitas melhorias que os prédios experimentam, seja na cidade, seja no campo: edificações revitalizadas, climatizadas e

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Fonte: SEMED

Fonte: SEMED

mobiliadas, instalações acessíveis a pessoas com deficiência, entre outras adequações.

Escola Mun. Genaro Apollaro (Fazendinha).

Sala de aula da Escola Manoel Nascimento do Amaral (área da estrada).

Escola Mun. Furo das Laranjeiras (área das ilhas).

Fonte: SEMED

Fonte: SEMED

Escola Mun. N. S.ª Aparecida (sede).

É importante destacar que, desde 2014, o planejamento pedagógico (ou seja, a organização dos trabalhos a serem desenvolvidos durante o ano nas escolas) vem sendo pautado pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e posteriormente pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o que representa o esforço redobrado do Poder Executivo municipal de promover, por meio da educação, um mundo melhor e mais justo para todos.

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O ODS n.º 4 orienta as ações desenvolvidas na rede municipal de ensino de Barcarena.

Para saber mais Os investimentos em infraestrutura são muito importantes, mas isso não é tudo. É importante também se debruçar em práticas que resultem em bons índices de aprendizado. Nesse caso, a SEMED desenvolve, entre outras iniciativas, o Projeto Catavento, em parceria com a ALUBAR. Realizado há oito anos, esse projeto atende a 28 escolas ribeirinhas com a intenção de estimular a leitura e a produção de textos. Uma vez por mês, os professores do projeto recebem formação e planejam as aulas; ao retornarem às escolas, realizam as atividades junto aos alunos. Os frutos dessa ação já se fazem perceber, pois já foram lançados dois livros, com produções escritas dos próprios alunos: 1-Contando as histórias que nos contaram: mitos, lendas e contos de assombração; 2-Fábulas. O programa televisivo É do Pará, inclusive, já divulgou em rede estadual essa bela ação educativa premiada nacionalmente, porém o maior mérito do Projeto é dar oportunidade aos alunos ribeirinhos de desenvolver adequadamente a prática da leitura e da produção textual.

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Um educador nota 10 Ao longo de dezenas de anos, muitos educadores barcarenenses têm dedicado suas vidas à tarefa de educar. Tanto na cidade quanto no campo, sempre fizeram a diferença, levando conhecimento e esperança a tantas pessoas que buscavam uma aprendizagem que lhes desse uma melhor Professor Marinaldo Sarmento condição de vida. Estes professores sempre foram merecedores de premiações, aplausos e reconhecimento, mas a maioria nunca se inscreveu para participar de um concurso que lhe desse reconhecimento por tudo que fizeram pela educação. O professor Marinaldo Sarmento de Souza, um desses tantos professores barcarenenses dedicados, decidiu inscrever-se para concorrer ao Prêmio de EDUCADOR NOTA 10, patrocinado pela Rede Globo e Editora Abril, entre outras. Ele atua numa escola ribeirinha (Escola Municipal Jupariquara) no município de Barcarena e inscreveu nesse concurso um trabalho que desenvolveu em sala, com produção textual de fábulas. Não foi surpresa quando a apresentadora Fátima Bernardes anunciou, entre os dez professores vencedores, o nome do professor Marinaldo como um educador nota 10. A premiação foi realizada no mês de outubro em um grande evento em São Paulo. Na oportunidade, o professor ainda concorreu, com os outros nove educadores nota 10 do Brasil, ao prêmio de PROFESSOR DO ANO.

WWW.facebook.com/fundacaovictorvita/photos/a.229916207050026/2056590274382601/?type=3&theater

Para saber mais

Roberto Carlos Dias dos Anjos

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Poder Legislativo municipal O Poder Legislativo é formado por aqueles que devem legislar, isto é, zelar pelas leis que ordenarão a coletividade. Na esfera municipal, esse papel cabe aos vereadores que, assim como o prefeito, são escolhidos por meio do voto a cada quatro anos. É sua tarefa apresentar, debater e votar leis de interesse da população do município. Outra tarefa de suma importância que lhes compete é fiscalizar as ações do Poder Executivo municipal. Atualmente, a Câmara Municipal de Barcarena conta com quinze vereadores, com mandato até o final de 2020. Muitas ações dos responsáveis pelo funcionamento do Poder Legislativo do município são divulgadas no site oficial da Câmara, no endereço <www.barcarena.pa.leg.br>.

Foto: Cláudio Oliveira.

Prédio da Câmara Municipal de Barcarena.

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Algumas leis municipais importantes

As leis são regras necessárias para o bom funcionamento da vida em sociedade. No caso das leis municipais, regulam o correto funcionamento dos órgãos públicos em questão.

Fonte: Fabrício Reis

• LEI ORGÂNICA: do mesmo modo como o país e os estados possuem uma Constituição, o município possui a sua, que é denominada Lei Orgânica, que deve estar em conformidade com as leis maiores do estado e do país e que se volta para os aspectos específicos da realidade do município. A Lei Orgânica de Barcarena data do ano de 1990.

• LEI COMPLEMENTAR: é um tipo de Lei que regulamenta norma prevista na Lei Orgânica, ou seja, que dá mais informações sobre o modo como alguns direitos ou obrigações dispostos na Lei Orgânica funcionarão e serão garantidos. • EMENDA: é uma modificação imposta ao texto da Lei Orgânica, após a promulgação desta. As emendas são uma maneira de manter atualizada a Lei, sem alterar seus dispositivos essenciais. • PLANO DIRETOR: instrumento básico do planejamento municipal

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voltado para a sua política de desenvolvimento urbano, disciplinando a atuação dos agentes públicos e privados, a ocupação dos espaços e buscando assegurar que a população tenha condições adequadas de vida. • LEI ORÇAMENTÁRIA: é a Lei que cada município pode criar para definir como serão gastos os recursos financeiros durante um ano, sempre em conformidade com as leis equivalentes nas esferas estadual e federal. Compete ao prefeito elaborar a Lei Orçamentária e enviá-la para apreciação dos vereadores.

Vamos praticar 1. Pergunte aos seus pais em quem eles votaram nas últimas eleições municipais e se os seus escolhidos estão entre os atuais gestores e legisladores. Converse com eles sobre os critérios que devem ser levados em conta para que o direito de votar seja bem exercido. Registre abaixo suas impressões. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Faça de conta que você pretende candidatar-se a vereador(a) ou a prefeito(a) nas próximas eleições municipais. Verifique a realidade em sua rua ou bairro, depois, elabore um projeto de trabalho se eleito for. Faça sua “campanha” entre os membros de sua família, entre seus amigos e na sua vizinhança. Ouça o que eles esperam de você. Dialogue com seus potenciais “eleitores”. Por fim, comente essa experiência eleitoral na turma. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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3. Assinale as declarações corretas: ( ) Pode-se dizer que a Lei Orgânica do nosso município funciona como uma Constituição específica de Barcarena. ( ) Uma Lei Orgânica, depois de aprovada e sancionada, não pode ser alterada por nenhum meio. ( ) A Lei Orçamentária do município é enviada ao prefeito pelos vereadores, que a aprovam e depois fiscalizam o Poder Executivo, que deve executá-la. ( ) Um Plano Diretor bem elaborado e devidamente aplicado evita invasões e a criação de aglomerados urbanos desordenados e sem infraestrutura adequada. 4. Corrija as informações erradas nas declarações incorretas da questão anterior. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

Para saber mais Os Poderes Executivo e Legislativo de Barcarena mantêm páginas na Internet para que qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer lugar, tenha acesso a informações e serviços por meio da rede mundial de computadores. • Site da Prefeitura Municipal de Barcarena: www.barcarena.pa.gov.br • Site da Câmara Municipal de Barcarena: www.barcarena.pa.leg.br Escolha um dos órgãos ou serviços dos Poderes Executivo e Legislativo municipal e enriqueça as informações aqui apresentadas.

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Poder Judiciário Formam o Poder Judiciário os juízes, procuradores, defensores públicos e outros membros do sistema incumbido de interpretar as leis e fazê-las cumprir. Com raras exceções, esses cargos não são ocupados por pessoas escolhidas pelo voto dos eleitores, como ocorre com os membros do Executivo e do Legislativo. Como essa esfera de poder tem autonomia administrativa e financeira, não cabe ao município gerenciá-lo. Compete ao Poder Judiciário garantir os direitos dos sujeitos sociais e zelar pelo respeito às leis, possibilitando a resolução de conflitos e o acesso à Justiça para todos os cidadãos. Em Barcarena, quase todos os prédios onde funcionam os órgãos do Judiciário se localizam próximos uns dos outros, na avenida Magalhães Barata e na travessa Cantídio Nunes.

Fórum do município de Barcarena

Procuradoria-Geral do Município Uma instância que representa o encontro funcional entre os Poderes Executivo e o Judiciário é a Procuradoria-Geral do Município. Sua função principal é coordenar, controlar e definir a orientação jurídica a ser seguida pelo Poder Executivo e representar o município judicial e extrajudicialmente. Em termos práticos, funciona como “advogado da prefeitura”.

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Numa sociedade democrática sadia, os três poderes fiscalizam uns aos outros e, assim, garantem a correta realização das políticas públicas, a justiça ao cidadão, a aplicação planejada e produtiva dos recursos, o adequado funcionamento dos órgãos públicos e, com tudo isso, uma vida digna a todos os seus habitantes.

Símbolos cívicos municipais Os símbolos cívicos municipais têm a função de representar e fazer memória de Barcarena em eventos, cerimônias e documentos oficiais e constituem importantes elementos de identidade nas mais diversas situações em que outros municípios estejam também representados. Veja a seguir os símbolos cívicos de Barcarena. Bandeira A bandeira do município de Barcarena foi criada através da Lei Municipal nº 697, de 18 de outubro de 1976, na gestão do prefeito Hamilton Reis de Souza (1973 a 1977). Ela é composta por três faixas horizontais, sendo a primeira e a terceira verdes, representando as matas da floresta amazônica, enquanto a do meio é vermelha, representando o sangue cabano derramado na revolução popular, que ocorreu no Pará e teve neste município seu berço; um losango amarelo simboliza o ouro; no centro de um círculo azul, o escudo do município o identifica em definitivo e vem abaixo descrito.

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Escudo É composto por um círculo, em cujo interior é possível ver uma chaminé, que simboliza as muitas fábricas de cerâmica que existiam no município. A circunferência do círculo é acompanhada internamente por uma roda dentada que reproduz as letras C e B e representa os engenhos que outrora também funcionavam aqui.

Para saber mais As letras estilizadas em roda dentada no escudo oficial do município significam, provavelmente, “Cidade de Barcarena”, embora esse significado careça de comprovação documental, que não foi encontrada nos arquivos oficiais da Câmara Municipal, a qual estabeleceu o símbolo em questão por meio de Lei, no ato de adoção da bandeira.

Hino Embora um hino oficial seja símbolo muito representativo de uma identidade ou uma origem, ainda não existe uma composição oficialmente reconhecida pela municipalidade. Já foram realizados concursos por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Câmara dos Vereadores, que, no entanto, não resultaram na oficialização da composição vencedora. Do mesmo modo, não foram acatadas as propostas apresentadas por alguns munícipes em diferentes momentos. Desse modo, o município espera a oficialização de alguma composição aclamada em concurso, ou do reconhecimento de alguma outra proposta de hino oficial. Cabe ainda, quem sabe, a realização de novo concurso, que traga, enfim, um desfecho feliz e apresente à população barcarenense a letra e a música que façam jus à história e à identidade do seu povo.

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Enquanto isso não acontece, vem à mente a composição reproduzida na Unidade 5, de autoria do cantor e compositor Waldo Possa, que, de certo modo, ilustra o carinho dos barcarenenses por sua terra e, em caráter extraoficial, identifica o município em diversos eventos.

4. Cidadania: representatividade da população Os políticos eleitos são legalmente legitimados como representantes da população na criação e cumprimento de leis, além da realização de obras e ações em benefício dos cidadãos, porém não são seus únicos representantes dentro das relações que se estabelecem na vida em sociedade. Vejamos a seguir algumas outras formas de representação das vontades e necessidades da população.

Direitos e deveres do cidadão

Falando em tom de brincadeirinha, mas falando sério ao mesmo tempo, podemos dizer que “é dever do cidadão conhecer seus direitos”. Vamos conhecer alguns?

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Direitos humanos Atualmente, muito se fala sobre os direitos humanos, geralmente de forma negativa, como algo que legitima situações injustas e serve apenas para defender pessoas acusadas de crime. No entanto, esse é um discurso equivocado, pois direitos humanos são coisas bem diferentes disso. Eles foram elaborados por muitos países em conjunto para garantir condições dignas de vida a todas as pessoas do planeta. Para uma vida digna, o ser humano precisa, por exemplo, de liberdade para ir e vir, de lugar para morar, de uma nação para se identificar, de possuir documentos que comprovem sua identidade, de alimento e água para se manter, de igualdade de tratamento pelos poderes públicos, de emprego para tirar o seu sustento, de lazer para si e sua família, de condições adequadas de atendimento à sua saúde, de respeito à sua pessoa independentemente de cor da pele, gênero, procedência, idade, condição social, religião, escolaridade etc. O ser humano precisa de tantas coisas! O próprio nome diz: direitos humanos são direitos dos seres humanos, de todos nós. Numa sociedade onde não há respeito aos direitos das pessoas, não haverá justiça, igualdade nem respeito.

Além da sala de aula Pesquise na web a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Aproprie-se do texto, estude-o, compreenda-o a fundo, analise-o, verifique sua atualidade, avalie sua validade. Forme sua opinião, seja ela qual for, com informações consistentes, a partir de vários pontos de vista. Isso também é cidadania.

Direitos e deveres da criança e do adolescente O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990, estabelece a proteção integral à criança (pessoa com até 12 anos de idade incompletos) e ao adolescente (pessoa entre 12 anos de idade completos e 18 incompletos). Entre outros, o documento

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salienta o direito à vida e à saúde, à convivência familiar e comunitária, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer e à profissionalização. Mas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, o ECA não se limita a indicar os direitos das crianças e adolescentes. Há também a regulação das formas como elas e eles sofrerão punições, caso não cumpram seus deveres enquanto cidadãos. Afinal de contas, a cidadania consiste no justo equilíbrio de direitos e deveres. Ainda assim, mesmo as punições devem assegurar ao menor as condições para que ele se ressocialize e venha a contribuir para o bem da sociedade enquanto sujeito de direitos e cumpridor de seus deveres. É importante que cada criança e cada adolescente leiam o ECA, juntamente com sua família, busquem esclarecimentos e discutam seu conteúdo. A escola é lugar propício para aprofundar esse conhecimento. Nesse sentido, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), no seu papel de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes do município (bem como de fiscalizar o andamento adequado das situações motivadas por atos infracionais de menores de idade), são importantes aliados da escola na prevenção a situações de risco que ameacem a integridade física, psicológica, emocional e familiar daqueles que representam a sociedade adulta de amanhã. Direitos do idoso A Lei n.º 10.741/03, de 1º de outubro de 2003, estabelece vários direitos voltados às pessoas idosas do país. Essa Lei é denominada “Estatuto do Idoso” e contempla as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Ela vem acrescentar mais direitos ao conjunto de todos aqueles direitos que o idoso já tem como cidadão. As pessoas idosas têm, por exemplo, prioridade em suas necessidades, nas mais diversas situações: em filas, em atendimentos, em recebimento de valores monetários, entre outros. Também têm direito à proteção do Estado e de suas famílias, para não viverem em condição de abandono e precariedade. Em relação ao amparo ao idoso, a Prefeitura de Barcarena, por meio de suas secretarias, oferece espaços de convivência (Casa do Idoso) e gratuidade no transporte coletivo municipal. Na sua família ou vizinhança existem pessoas idosas? Procure veri-

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ficar se estes e outros direitos delas estão sendo respeitados. Afinal, é para a “melhor idade” que todos caminhamos. Direitos da pessoa com deficiência Por meio da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, mais conhecida como “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, a sociedade brasileira se compromete a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais pela pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. As pessoas com deficiência têm direito a habilitar-se e reabilitar-se, ir e vir, conviver, frequentar a escola, isso só para falar de alguns itens necessários para que elas tenham condições dignas de vida e exerçam efetivamente sua cidadania. Na rede municipal, só para citar um exemplo de implementação de políticas inclusivas, há professores lotados nas escolas atuando como cuidadores de alunos com deficiência, para que estes recebam a devida atenção em seu processo de aprendizagem. Há uma equipe especializada na Secretaria de Educação para acolher, orientar e acompanhar alunos com deficiência juntamente com suas famílias. Além do mais, as escolas da rede municipal se adaptaram para garantir a locomoção por pessoa que usa cadeira de rodas e pessoas com deficiência visual. O aluno também deve participar da inclusão da pessoa com deficiência, pois esta é uma tarefa da sociedade como um todo. Para isso, deve ser solidário, perguntar se ela quer ajuda, deixá-la à vontade para se expressar, respeitar suas limitações e, o mais importante, compreender como algo natural que todos são iguais, importantes e merecedores de carinho e respeito.

Vamos praticar 1. Você sabia que, para melhor exercer sua cidadania, é necessário você possuir uma série de documentos? Assim, veja como anda sua situação em relação aos seus documentos e assinale abaixo aqueles que você já possui.

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(

(

) Certidão de Nascimento

) CPF (Cadastro de Pessoa Física)

(

) CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência Social)

(

) RG (Registro Geral)

(

) Título Eleitoral

( ) Carteira do SUS (Sistema Único de Saúde)

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(

) Caderneta de Vacinação

2. Qual a utilidade de cada um desses documentos? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Qual (ou quais) documento(s) você possui e não está/estão entre os apresentados nesta questão? Para que serve(m)? _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Caso você não possua algum (ou alguns) documento(s) do quadro da questão 1, identifique-o(s) abaixo e assinale o motivo de ainda não o(s) ter. ( ) Documento(s): _________________________________________________________ Ainda não possuo idade suficiente para o(s) obter. ( ) Documento(s): _________________________________________________________

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Nem eu nem meus responsáveis sabíamos que eu já podia obtê-lo(s). ( ) Documento(s): _________________________________________________________ Meus responsáveis ainda não conseguiram obtê-lo(s) para mim. ( ) Documento(s): _________________________________________________________ Outro motivo: _________________________________________________________ 5. Abaixo, seguem declarações e comentários sobre os diversos direitos dos cidadãos aqui estudados (Declaração Universal dos Direitos do Homem, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso e Estatuto da Pessoa com Deficiência). Após ler cada um, assinale-o como correto (C) ou incorreto (I). Em seguida, corrija a informação, se ela for considerada incorreta. Se for preciso, consulte os próprios documentos informados neste estudo. ( ) O ECA legitima delinquências, infrações e crimes de menores de idade, por isso é muito difícil puni-los. Crianças e adolescentes têm apenas direitos e nenhum dever na sociedade. _________________________________________________________ _________________________________________________________ ( ) A criação de leis é ação suficiente para que crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência sejam plenamente integrados à sociedade. _________________________________________________________ _________________________________________________________ ( ) Os diversos estatutos são necessários porque atingem situações específicas de muitos cidadãos que não são supridas pelas leis que regem o conjunto dos cidadãos de nossa sociedade. _________________________________________________________ _________________________________________________________

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( ) É proibido o uso da força de trabalho de crianças e adolescentes, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos de idade. Criança tem de estudar e brincar. _________________________________________________________ _________________________________________________________ ( ) Pessoas com deficiência têm de ser tratadas de modo diferente, com privilégios, pois suas limitações a tornam menos capacitadas do que aquelas pessoas que não possuem nenhuma deficiência. _________________________________________________________ _________________________________________________________ Instâncias representativas dos cidadãos Como temos visto neste livro, a população barcarenense não se esquivou de lutar por seus ideais, seja nas lutas cabanas, seja mudando o local da sede do município, seja resistindo às adversidades trazidas pelo desenvolvimento econômico e pelo aumento populacional. As pessoas sem cargos eletivos (isto é, cargos obtidos por meio de eleições democráticas), além do importante exercício do voto, têm o dever cívico de fiscalizar aquelas que foram eleitas, cobrar que cumpram seus compromissos de campanha. Além disso, a Constituição Federal garante a todo e qualquer cidadão a liberdade de se organizar em ONGs, associações, sindicatos e outras formas de reunião de forças, para reivindicar direitos, exigir o cumprimento das leis e, assim, colaborar na construção de uma sociedade justa e igualitária. Algumas modalidades de organização e mobilização popular e de classes são apresentadas a seguir. • Organizações não governamentais (ONG) ONG é toda organização sem fins lucrativos, criada por pessoas que trabalham voluntariamente (isto é, sem receber remuneração) em defesa de uma causa, seja ela em prol de um grupo social necessitado, seja para proteger o meio ambiente, os direitos humanos ou a dignidade das crianças, entre outros. Para isso, podem oferecer serviços diversos, orientação jurídica e psicológica, cursos, palestras, visitas, estudos e muitas outras

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formas de ajuda. A legislação brasileira determina que uma ONG, para ser reconhecida como pessoa jurídica, deve seguir alguns procedimentos legais, organizar seu estatuto e se registrar sob forma de associação sem fins lucrativos. Contudo, embora sejam de natureza privada, as ONG atuam na esfera pública, isto é, contribuem em setores onde o Estado não consegue suprir aquilo de que públicos específicos precisam. Desse modo, são muito importantes na luta para que as políticas públicas sejam efetivadas e alcancem aqueles que delas precisam.

O lugar onde você mora possui uma associação de moradores ou outro tipo de organização popular? Se sim, que tal dispor de um pouco do seu tempo e participar junto com os demais membros das ações voluntárias e solidárias que estejam sendo realizadas?

• Sindicatos Um sindicato é uma associação de classe, ou seja, um grupo organizado de trabalhadores que buscam defender os seus interessese e direitos profissionais. É garantido ao trabalhador brasileiro o direito de criar sindicatos, sindicalizar-se e participar ativamente das decisões e ações coletivas de sua categoria. Um conjunto de trabalhadores tem mais força para agir do que cada um por si, individualmente, por isso os sindicatos assumem papel primordial nas sociedades modernas. • Conselhos A palavra “conselho” tem muitos significados. No assunto ora tratado, refere-se ao grupo de representantes de diversas categorias de uma de-

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terminada comunidade (como, por exemplo, a sua comunidade escolar, a sua escola!) que têm direito à voz e ao voto em questões de interesse coletivo. No âmbito da gestão de políticas públicas municipais, são canais efetivos de participação democrática da sociedade. Por meio dos conselhos, a cidadania encontra espaço para deixar de ser apenas um direito e se tornar uma realidade. Desse modo, eles fortalecem a participação democrática na formulação e implementação de ações governamentais relevantes e condizentes com as aspirações da população. A legislação brasileira prevê a constituição de conselhos municipais da Juventude, de Saúde, de Assistência Social, de Direitos da Criança e do Adolescente, de Direitos da Pessoa Idosa, de Cultura, de Meio Ambiente,de Segurança Alimentar, de Direitos da Pessoa com Deficiência, de Direitos da Mulher, de Educação e de muitas outras demandas específicas. É importante que a população valorize essa forma de democratização das decisões, afinal de contas, se “todo poder emana do povo”, isto significa, nada mais nada menos, participar das decisões em prol do interesse popular e social. As lutas por condições dignas de vida, moradia adequada, educação de qualidade, segurança, preservação do meio ambiente e das populações, além de tantas outras demandas sociais, continuam hoje e sempre.

Além da sala de aula Você conhece a “Casa dos Conselhos”? Sabe para que ela serve? A Casa dos Conselhos é o prédio onde são abrigados os diversos conselhos de políticas públicas, como alguns acima listados. Que tal organizar sua turma para uma visita a esse espaço de decisões democráticas? Aproveite e verifique quantos conselhos o poder público de Barcarena já dispõe à sua população.

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Vamos praticar 1. Assinale as alternativas que possuem informações corretas. ( ) Apenas as autoridades eleitas e os membros do Judiciário têm poder para fazer algo por nosso município. ( ) Qualquer pessoa pode tomar iniciativa e organizar uma associação para buscar os direitos e defender os interesses de um grupo. ( ) Manter uma cidade bonita, emprego e segurança é tarefa do prefeito e dos vereadores. O restante da população deve apenas votar neles e aguardar que cumpram essa tarefa. ( ) As associações, conselhos, sindicatos e demais grupos organizados de representação são espaços válidos de discussão e construção do bem comum. 2. Nas alternativas incorretas da questão anterior, que informações precisam ser corrigidas? _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Você sabia que a escolha de representante de turma é uma experiência de democracia parecida com as eleições que definem prefeitos, vereadores, governadores, deputados estaduais, deputados federais, senadores e presidentes? Para você, como deve ser um representante de turma? Que funções ele deve exercer? Que condutas ele deve evitar para corresponder à função que lhe foi confiada por seus colegas? Discuta com a turma. Registre abaixo o que achar interessante. _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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Além da sala de aula Com o auxílio de seus professores, procure na Wikipédia o verbete Barcarena, acessível no endereço <https:// pt.wikipedia.org/wiki/Barcarena_(Par%C3%A1)>. Em seguida, compare as informações ali divulgadas com as oferecidas neste livro. Observe os seguintes aspectos: • As informações estão atualizadas? • As fontes de informação são confiáveis? • É possível contribuir para o aperfeiçoamento do verbete publicado na web? Se sim, que tal aproveitar seus conhecimentos sobre o município e enriquecer os dados ali fornecidos?

5. Sugestão de subsídios para aprofundar os conhecimentos sobre Barcarena Brasil visto de cima: ilhas em torno de Belém, 5ª temporada, episódio 4 Programa exibido em canal fechado, porém acessível em DVD, com imagens feitas em sobrevoo sobre muitos lugares do Brasil. Nesse passeio aéreo, o narrador associa os locais, monumentos e paisagens naturais a aspectos da história, geografia, cultura e linguagem do local apresentado. O episódio 4, da 5ª temporada, sobrevoa locais em torno da capital paraense, entre os quais Barcarena. São retratados a sede do município, a Ilha das Onças, as praias, o Complexo Industrial, entre outros cenários conhecidos. Disponível em: <https://www.facebook.com/josehroberto/videos/10215647088191860/?t=144>. Livro: Cabanos: a história (Marcos Reis) O autor, por meio de uma narrativa de natureza literária, percorre em detalhes uma série de eventos e situações ocorridas no interior do movimento cabano. Trata-se da primeira parte de uma trilogia toda am-

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bientada no período da Cabanagem. O narrador se propõe a testemunhar fatos verídicos, transitando entre a linguagem literária e a função informativa validada na pesquisa documental, iniciando pelo relato da morte do cônego Batista Campos. Ao descrever paisagens pertencentes à região em que as personagens do levante popular se movimentam, o leitor barcarenense pode reconhecer seus locais de referência e conhecer outros novos, enquanto saboreia o enredo que, mesmo baseado em fatos históricos, reserva muitas páginas de expectativas e surpresas. Filme: O cônego: senderos da cabanagem. Disponível em: <www. youtube.com/watch?v=S81bW7sTkwQ>. Direção: Paulo Miranda Duração: 125 min. Sinopse: Ficção inspirada em fatos históricos cuja trama tem por base a experiência vivida pelo cônego Batista Campos no período preparatório à eclosão da Revolução Cabana, que teve seu desfecho em 7 de janeiro de 1835, com a tomada de Belém. Seguindo a trilha do cônego, o espectador será levado ao encontro com Lavor Papagaio, Manoel Vinagre e diversos homens e mulheres que, por sua condição social e ímpeto revolucionário, passariam a ser conhecidos pela alcunha coletiva de cabanos. O filme foi rodado quase inteiramente no município de Barcarena e contou com a quase totalidade de atores locais. Por reproduzir situações historicamente enquadradas no contexto das lutas do movimento da Cabanagem, é útil subsídio para ilustrar e criar debate em sala de aula sobre a participação do espaço barcarenense na referida mobilização popular.

Querida aluna, querido aluno, chegamos ao fim deste livro. Esperamos que sua viagem no tempo e no espaço pelo município de Barcarena tenha sido de descobertas, de questionamentos, de um novo modo de enxergar a terra de nossa habitação. Foi ótimo acompanhar você por essas páginas. Tomara que tenhamos outros encontros plenos de conhecimento e aprendizado!

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Foto Foto Claudio Claudio Oliveira Oliveira

BIOGRAFIA DOS AUTORES Luiz Antonio Valente Guimarães nasceu em Barcarena no Pará, é professor do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Membro do Grupo de Pesquisa População Família e Migração na Amazônia (Ruma) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Graduado em História pela UFPA em 1994. Em 1996, pós-graduado latu sensu em História e Cidade pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/UFPA). Em 2004 cursou o mestrado em História da Amazônia pela UFPA, apresentando em 2006 a dissertação A Casa e as Coisas: um estudo sobre vidamaterial e domesticidade nas moradias de Belém – 1800-1850. No ano de 2016 defendeu a tese de doutorado em História sobre migrações portuguesas no Pará com o título “De chegadas e partidas: migrações e trajetórias de vidas de imigrantes portugueses no Pará (1800-1850)”. Paralelo a sua formação acadêmica não deixou de dar atenção ao estudo de sua cidade natal, produzindo entre outros: “Subsídios para um estudo da História do município de Barcarena” 1999; “Memória e Cotidiano: retratos da vida cotidiana em Barcarena” 2010; “Só de Raiva: impressões sobre a vida do poeta Zenir Campos” 2017 e “Fragmentos de Memória: do matuto Tibúrcio ao poeta Zenir Campos” 2017. Atualmente dedica esforços em pesquisas sobre migrações populacionais na Amazônia e história das famílias, sem contudo, perder de vista o estudo de sua cidade – Barcarena.

Foto Foto Claudio Claudio ASCOM ASCOM 2018 2018

Luiz Antonio Valente Guimarães

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Técnico em Contabilidade formado pela Escola José Maria Machado /GEOGRAFO / PEDAGOGO-UFPA/ Administração Comercio Exterior –UNAMA- Pós Graduado em Gestão. Ingressou no serviço publico municipal como professor através de concurso público na prefeitura no ano de 1994. Atuou como Professor do Ensino Fundamental, foi Diretor da Escola Municipal Aloysio da Costa Chaves de 1997 a 2000, e diretor da Escola de Estadual de Ensino Médio José Maria Machado. Lecionou e coordenou o Curso Pré Vestibular Municipal, foi Secretário Adjunto de Educação de Barcarena, trabalhou como técnico na Secretaria de Industria Comercio e Turismo. Atuou também como um dos coordenadores técnicos na reelaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Barcarena- PDDU, foi Secretário Municipal de Emprego e Renda de Barcarena e atualmente e secretario de Planejamento e


articulação institucional. Na sua carreira atuou como professor nas seguintes Escolas e Sistemas de Ensino: Centro Educacional Olimpos, Curso Exemplo, Colégio Impacto, Colégio GEO e Sistema Elite de Ensino.

Foto: Cláudio Oliveira.

Jacobson José Estumano Santos

Roberto Carlos Dias dos Anjos é Barcarenense, de Vila do Conde. É Formado em pedagogia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Iniciou sua carreira como professor da rede de ensino de Barcarena atuando com classes multisseriadas na Escola Montanha onde permaneceu por um período de 17 anos. Posteriormente passou a fazer parte da equipe do Setor Técnico Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação atuando na formação de professores dos diferentes segmentos da rede. Recebeu formação especializada do Centro de Educação e Documentação Para a Ação Comunitária-CEDAC (SP). Foi Coordenador Municipal do Programa Escola Que Vale (SEMED/CEDAC/VALE); formador do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores-PROFA (MEC); formador do Programa Brasil Alfabetizado (MEC); formador do Projeto Catavento (SEMED/ ALUBAR); atualmente assume a função de Coordenador Municipal do Pacto Pela Alfabetização na Idade Certa (MEC) e formador do Programa Mais Alfabetização (MEC). Também atuou como consultor do Programa Parceria Votorantim Pela Educação-PVE (CEDAC/VOTORANTIM/MEC) atuando nos municípios de Primavera/PA e Paulista/PE. Realiza formações e palestras por todo país, com destaque para apresentações nos Seminários Regionais do Programa Escola Que Vale (Paragominas/Parauapebas) e no Seminário Cenários da Educação (RJ). Possui textos literários publicados em coletâneas de diferentes autores e é co-autor de dois livros: Lendas, Mitos e Contos de Assombração e Contando as Histórias Que nos Contaram: Fábulas (Projeto Catavento), lançados pela Editora Paka-Tatu.

Foto: Cláudio Oliveira.

Roberto Carlos Dias dos Anjos Natural de Barcarena, é professor de língua portuguesa da rede pública estadual e municipal de ensino. Graduado em Letras (Língua Portuguesa e Língua Alemã) pela Universidade Federal do Pará (UFPA), tem aperfeiçoamento em Tecnologia Educacional pela SEDUC/PA e mestrado em Letras pela UFPA. Já atuou como professor de alemão na Casa de Estudos Germânicos da UFPA e como assistente editorial no Museu Paraense Emílio Goeldi. É também tradutor alemão-português.

João Batista Poça da Silva

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Anotações _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 1 GUIMARÃES, Luiz A. V. e CONCEIÇÃO. Subsídios para um estudo da história de Barcarena. Barcarena: PMB/SECULD, 1999. GUIMARÃES, Luiz A. V. Memória & Cotidiano: retratos da vida cotidiana em Barcarena. Barcarena: 2011. IDESP. Repercussões socioeconômicas do Complexo Industrial Albrás-Alunorte em sua área de influência imediata. Belém-Pa: Relatório de pesquisa, 1988. Jornal Diário do Pará, disponível em: <http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/>REGO, José Moraes. Inspeção sanitária do município de Barcarena. Ano 1956. SIMONIAN, Lígia T. L. Gestão em Ilha de muitos recursos, história e habitantes: experiência na Trambióca (Barcarena-PA). Belém: NAEA/UFPA, 2004. UNIDADE 2 BARBOSA, José Maria. Mapa Geral do Bispado e a Divisão Política da Província do Grão-Pará em 1759. In Revista do Conselho Estadual de Cultura, 1976. GUIMARÃES, Luiz A. V. e CONCEIÇÃO. Subsídios para um estudo da história de Barcarena. Barcarena: PMB/SECULD, 1999. IPHAN. Projeto de Conservação e Restauro da Igreja de São João Batista de Vila do Conde. Belém: vol. 1, 2006. LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil, 1943. LOPES, Paulo R do Canto e CANTO, Otávio do, (orgs.). Novas Abordagens em Arqueologia Preventiva: sítios arqueológicos Bittencourt, Alunorte e Jambuaçu. Belém: MPEG/VALE, 2009. MARQUES, Fernando Luiz T. Engenhos de Maré em Barcarena, Pará: Arqueologia de seus sistemas motrizes. Porto Alegre: PUC/ RS, 1993; RAIOL. Domingos Antonio. Motins Políticos ou História dos principais acontecimentos políticos da província do Pará desde 1821 até 1835. Belém: Universidade Federal do Pará, vol.2. RICCI, Magda. Fronteiras da Nação e da Revolução: identidades locais e a experiência de ser brasileiro na Amazônia (1820-1840). Boletín Americanista, Ano LVIII, nº58, Barcelona, 2008. ROCQUE, Carlos. História Geral de Belém e do Grão-Pará. Atualização de texto: Antonio José Soares. Belém: Distribel, 2001. SOUSA, Fr. João de. Vestígios da língua Arábica em Portugal ou Lexicon Etymologico das palavras, e nomes portuguezes, que tem origem arábica. Lisboa: Academia Real de Sciencias, 1830. UNIDADE 3 GUIMARÃES, Luiz A. V. e CONCEIÇÃO. Subsídios para um estudo da história de Barcarena. Barcarena: PMB/SECULD, 1999. GUIMARÃES, Luiz A. V. Memória & Cotidiano: retratos da vida cotidiana em Barcarena. Barcarena: 2011; Jornal A Província do Pará de 04/08/1974 – disponível na Hemeroteca do CENTUR/SECULT Jornal O Liberal de MANSON, Michel. História do brinquedo e dos jogos: brincar através dos tempos. Lisboa/Portugal: Ed. Teorema, 2002. MORAES, Gabriela T. F. e POÇA, Virgínia F. C. da. As Narrativas Orais: memórias do imaginário lendário do município de Barcarena. TCC, UFPA, 2002. Unidade 4 Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Barcarena1. Mapa Municipal Estatístico, IBGE, ano 2007 - Escala 1:100:000 2. Mapas Urbano Digital, IBGE, ano 2007 2011. Barcarena,Pará, 2011.mimeo. 3. Base Cartográfica do Município de Barcarena, PDDU, ano 2016

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AB’SÁBER, A. N. Domínios morfoclimáticos atuais e quaternários na região do AB’SÁBER, A. N. Os domínios de Natureza no Brasil: potencialidades AB’SÁBER, A. N. Os domínios morfoclimáticos da América do Sul: primeira aproximação. Geomorfologia. São Paulo: IGEOG/USP, 1977. nº. 52. BARCARENA. Inventário da Oferta Turística do Município de Barcarena- Base Cartográfica, Mapas e Plantas: Carta Imagem Spot Carta Satélite Quick Bird cerrado. Craton& Intracraton. São José do Rio Preto: UNESP, 1981. nº. 14, FAPESPA. Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas. Imagens e Mapas Inventário da Oferta Turística do Município de Barcarena 2011-Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (SEICOMTUR) LORENZ, Edward N. A essência do caos. Brasília: Editora da UNB, 1996 Mapa Base Material de conhecimento técnico e científico já confeccionado sobre o Material técnico-científico disponível (referências bibliográficas) Município (estudos, pesquisas, planos, levantamentos, dentre outros): paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. PDDU.Barcarena, Pará, 2016. pp. 1-37. RIMA - Porto da CDP Unidade 5 CONCEIÇÃO, Antônio Tavares da & GUIMARÃES, Luiz Antônio Valente. Subsídios para um Estudo da História do Município de Barcarena. Barcarena,PA.1999. Mimeo, 201p. GUIMARÃES, Luiz Antonio Valente Fragmentos de Memórias-Do matuto Tibúrcio ao poeta Zenir Campos. Barcarena, Pará. 2017, Mimeo, 55 p. https://m.facebook.com MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI. Inventário da Flora da Região de Barcarena, Pará. Belém, PA, 2002. Mimeo, 198p. Vegetação: MPEG, 2002. P.72 • Base de dados das Secretarias Municipais • Censo do IBGE • Diagnóstico do Plano Diretor de Barcarena 2016 • Estudo de Impacto ambiental – EIA e Relatório de Impacto ambiental – • Inventário da Oferta Turística de Barcarena • Política Municipal de Meio Ambiente • Riqueza Florística de Espécies e Famílias entre os Tipos de • Sistema Municipal de Áreas Verdes Unidade 6 FROTA, Liane; SOARES, Carolina; CAMPINA, Laudir. Eusébio: cidade da gente – História e Geografia – Fundamental II. Fortaleza, Didáticos Editora, 2018.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BARCARENA. Subsídios para um estudo da história do município de Barcarena. Barcarena: Departamento de Patrimônio Histórico, 1999. AGRADECIMENTOS À Srª. Helenice Rodrigues, pelo gentil acesso à foto do seu genitor, oSr. José Pinheiro Rodrigues, ex-prefeito de Barcarena. Ao Sr. Fabrício Reis, pela releitura gráfica da capa da Lei Orgânica do Município de Barcarena e pelo fornecimento de outros componentes gráficos.

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O livro ’’Barcarena cidade da gente’’ tem como proposta de estudo, o município de Barcarena - Pará, apresentando-o como espaço construído pelas relações de trabalho, de cultura e de identidades históricas. Conhecendo nossas origens e recortes de nossa história, podemos no presente, alicerçar para o futuro, as bases de uma Barcarena cada vez melhor.


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