UNIVERSIDADE VILA VELHA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
ÁGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
VILA VELHA 2014
ÁGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Rabello Lyra
VILA VELHA 2014
Profa.
Dra.
Ana
Paula
AGHATA BRAGA LOPES
A ARQUITETURA COMO RECURSO TERAPÊUTICO: INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.
Aprovada em_____ de ____________________de 2014.
COMISSÃO EXAMINADORA
Profª. Dra. Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Orientador
Profª. Me . Edna Mara Pires Gumz Universidade Vila Velha Coorientador
Arquiteto Jorge Freire de Paiva Almeida Secretaria de Saúde de Vila Velha Convidado externo
Dedico este trabalho aos meus pais, que são a minha motivação e meus exemplos. A todos os idosos e profissionais que lidam com a Doença de Alzheimer.
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, minha fortaleza, minha fonte de renovação e perseverança. Se eu cheguei até aqui, foi com a graça de Deus. A Ele toda honra e toda glória! Agradeço aos meus pais, por todo amor, zelo e paciência. Agradeço por terem acreditado em mim até mesmo quando eu não acreditei, por terem me oferecido todo o suporte para que eu tivesse uma profissão. É por eles e para eles! Agradeço ao meu irmão, de quem eu tenho tanto orgulho e admiração. Ao meu noivo, peça fundamental nesta conquista, meu grande companheiro e amigo, por todo o amor, força, compreensão e paciência. Agradeço também aos meus amigos, pois mesmo sem saberem, foram minha base e meu estímulo até nos momentos de brincadeira. Agradeço a Rafaela, minha grande amiga, que nunca me deixou fraquejar. Aos meus amigos de turma, que se tornaram minha família nestes 5 anos de caminhada. Pessoas que eu levarei sempre comigo. A equipe GS Construtora, por toda a contribuição para o meu crescimento profissional. Agradeço ao Jorge Freire, por todo o ensinamento e auxílio que me foi dado neste projeto. A professora Edna Mara, por tudo o que me ensinou durante o curso e agora como minha coorientadora. Por último, mas não menos importante, agradeço a minha orientadora, Ana Paula Rabello Lyra, por todo a atenção, auxílio, confiança e incentivo que me foram dadas. No mais, agradeço a todos que entenderam minha ausência e permaneceram comigo nesta caminhada.
“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1Samuel 7:12)
RESUMO A demência do tipo Alzheimer está ganhando destaque na sociedade brasileira, tendo em vista o aumento da taxa de envelhecimento da população e o predomínio da doença entre os idosos. Diante da inexistência de cura para esta demência, buscam-se alternativas que possibilitem promover o bem-estar dos idosos e retardar a progressão da doença no indivíduo. Além da medicina, diversas disciplinas estão relacionadas com o tratamento da doença, dentre as quais está a Arquitetura, devido a função positiva e indispensável que o espaço pode ter sobre a melhoria da qualidade de vida do paciente com Alzheimer, adaptando o ambiente às necessidades que surgem com o envelhecimento e, principalmente, com a doença. O objetivo deste trabalho foi elaborar o Estudo Preliminar arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) com a Doença de Alzheimer, considerando a importância do espaço físico para amenizar os déficits cognitivos e prolongar a autonomia destes indivíduos, garantindo a qualidade de vida dos mesmos. A análise foi feita a partir de autores que desenvolveram estudos sobre o envelhecimento, a Doença de Alzheimer e o ambiente físico como recurso terapêutico. A revisão teórica foi complementada através da participação em congresso e da elaboração de estudos de caso. A pesquisa aborda as estatísticas relacionadas ao envelhecimento, bem como as características,
dificuldades e
doenças correlatas a este período do desenvolvimento, dentre as quais estão as demências. No segundo momento são apresentados os sintomas, estágios e tratamentos existentes para a Doença de Alzheimer. Na sequência discute-se o ambiente físico e o papel positivo que este exerce no comportamento do idoso doente, onde são destacados os benefícios das Instituições de Longa Permanência para o bem estar de Idosos com Alzheimer, apresentando o histórico, aspectos positivos, legislações existentes que estabeleceram normas ambientais para as instituições e exemplos de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer. Por fim, o projeto é apresentado, considerando todos os requisitos necessários para a fase de Estudo Preliminar, desenvolvido com base em todas as informações obtidas durante as pesquisas realizadas. Palavras-chave: Ambientes terapêuticos. Arquitetura para Alzheimer. Instituições de Longa Permanência para Idosos.
ABSTRACT The Alzheimer's dementia is gaining prominence in Brazilian society, considering the increased rate of aging population and the prevalence of the disease among the elderly. Given the absence of a cure for this dementia, alternatives that enable the well-being of the elderly and slow the progression of the disease in the individual have been sought. Apart from medicine, various disciplines are related to the treatment of the disease, among which is architecture, due to the positive and essential role that space can have on improving the quality of life of patients with Alzheimer's, adapting the environment to the needs that come with aging and especially with disease. The aim of this study was to prepare the draft of an architectural design of a Long Permanence Institution for the Elderly (LPIE) with Alzheimer's disease, considering the importance of physical space to alleviate the cognitive deficits and extend the autonomy of individuals, ensuring there quality life. The analysis was made from authors who developed studies on aging, Alzheimer's disease and the physical environment as a therapeutic resource. The literature review was supplemented by participation in congress and the development of case studies. The research approaches statistics related to aging, as well as the characteristics, difficulties and diseases related to this period of development, among which are the dementias. On a second moment, the symptoms, stages and existing treatments for Alzheimer's disease are presented. Afterwards, there are discussed the physical environment and the positive role it plays in the behavior of the sick elderly, as well as the role of Long Permanence Institution for the Elderly with Alzheimer's, presenting the history, positive aspects, existing laws that established environmental standards for institutions and examples of LPIE specializing in elderly with Alzheimer's. Finally, the project is presented, considering all necessary requirements to the draft stage, developed based on all the information obtained during the research conducted. Keywords:
Therapeutic
environments.
Permanence Institution for the Elderly.
Architecture
for
Alzheimer’s.
Long
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade .................................................. 22 Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma comparação entre os dois cérebros. ......................................................................... 28 Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex............................ 29 Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. .................. 29 Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. ................... 30 Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé .................. 52 Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas ..................... 52 Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas ........................... 53 Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro .................. 53 Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário ...... 54 Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso ..................................... 54 Figura 12 - Casa do Alecrim ...................................................................................... 62 Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63 Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim ...................................................... 63 Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim .............................................................. 64 Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim ........................................................... 64 Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. ......................................................... 65 Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim .......................................................... 65 Figura 19 - Casa do Alecrim. ..................................................................................... 66 Figura 20 - Alzheimer's Respite Centre ..................................................................... 66 Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre ............................................ 68 Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre ............................................ 69 Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre ........................................... 69 Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre .............................. 70 Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre ........................ 70 Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71 Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre .................................................. 71 Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre .................................. 72 Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica ................................................. 76
Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno ............................................................ 77 Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias ..................................................................... 78 Figura 32 - Avenida Aracruz ...................................................................................... 78 Figura 33 - Rua Itaperuna ......................................................................................... 78 Figura 34 - Rodovia do Sol ........................................................................................ 79 Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 79 Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 80 Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol ............................................................. 80 Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno ............................................................ 81 Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias ..................................................................... 82 Figura 40 - Avenida dos Flamboyants ....................................................................... 82 Figura 41 - Avenida Central....................................................................................... 82 Figura 42 - Avenida dos Ipês..................................................................................... 82 Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. ....................................................... 83 Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. ................................................................ 83 Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da White Oak Cottages, modelo Green Houses............................................................. 88 Figura 46 - Fluxo entre setores ................................................................................. 98 Figura 47 - Organograma dos setores ...................................................................... 99 Figura 48 - Organograma geral dos ambientes ......................................................... 99 Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. ................................................................................... 101 Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer. ................................................................................... 102 Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer............................................................ 102 Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer. ......................................................................................................... 103 Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. ................................................................................... 104 Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização. .......................................... 105
Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto. ......................... 106 Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos. ............. 107 Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. ............................................................. 108 Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI. .......... 109 Figura 59 - Fachada principal. ................................................................................. 110 Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos. Jardim reservado com divisória de cobogó. ............................................................ 110 Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento vazado de madeira e parada de emergência. ......................................................... 111 Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a área externa. ........................................................................................................... 111
LISTA DE SIGLAS
ABN – Academia Brasileira de Neurologia ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer DA – Doença de Alzheimer IAB – Instituto Alzheimer Brasil IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos NBR – Norma Brasileira NUDEC – Núcleo de Envelhecimento Cerebral OMS – Organização Mundial da Saúde ONU – Organização das Nações Unidas PDM - Plano Diretor Municipal RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15 2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER ...................................... 21 2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE ....................................... 25 2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA IDADE ....................................................................................................................... 27 2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer ......................................................... 31 2.2.2 O Diagnóstico ................................................................................................. 32 2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer .......................................................... 33 2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER ......... 35 2.3.1 O tratamento não-farmacológico .................................................................. 35 2.3.1.1 Estimulação cognitiva .................................................................................... 36 2.3.1.2 Estimulação social ......................................................................................... 36 2.3.1.3 Estimulação física ......................................................................................... 37 2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR) ...................................................... 37 2.3.1.5 Orientação familiar ........................................................................................ 38 2.3.1.6 O ambiente físico .......................................................................................... 38 3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO ............................................... 40 3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER .......... 42 3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO ..... 44 3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO ....................................................... 46 4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPIs) ................. 48 4.1 LEGISLAÇÃO...................................................................................................... 50 4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER: EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS ................................................................ 55 4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim ...................................................................... 62 4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre ..................................................... 66 5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO ............................................. 73 5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO ......................................................... 74 5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO ................................. 75
5.2.1 Terreno 1 ......................................................................................................... 76 5.2.2 Terreno 2 ......................................................................................................... 80 5.2.3 Definição do terreno....................................................................................... 84 5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO ................................................... 85 5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................... 90 5.4.1 Setor de Serviço ............................................................................................. 91 5.4.2 Setor Administrativo ...................................................................................... 92 5.4.3 Setor Moradia ................................................................................................. 93 5.4.4 Dimensões dos ambientes ............................................................................ 96 5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA .......................... 97 5.5.1 Planta baixa .................................................................................................. 100 5.5.2 Implantação e Paisagismo........................................................................... 106 5.5.3 Fachadas ....................................................................................................... 110 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 112 7 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 115 APÊNDICES ........................................................................................................... 127
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1 INTRODUÇÃO A população brasileira está envelhecendo em um ritmo acelerado, passando de 3,3 milhões de pessoas em 1960 para 20,5 milhões em 2010, com previsão de tornar-se a sexta maior população idosa do mundo até o ano de 2025 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2012), considerando-se idoso aquele que possui 60 anos ou mais – Lei nº 8.842 (BRASIL, 1994). Diante disso, o envelhecimento tem ganhado cada vez mais evidência em diferentes áreas de pesquisas, principalmente pelo fato de que o processo de envelhecer traz consigo transformações, tanto para quem está envelhecendo quanto para aqueles que convivem com estas pessoas. Destacam-se nesta fase da vida os problemas relacionados à saúde, perda de resistência física e psíquica, onde a mais frequente é a Doença de Alzheimer (DA) (ABRAz, 2013). A referida doença é caracterizada pela morte dos neurônios, as células constituintes do cérebro, ocasionando a perda progressiva e contínua da memória, afetando as capacidades físicas e mentais, deixando o paciente completamente dependente de terceiros (CANINEU, 2013). Embora ainda não tenha sido descoberta a causa específica da doença e a sua cura, os profissionais estão se empenhando em descobrir diferentes formas de tratamento que, ao menos, possibilite retardar o avanço da doença e permita que o idoso tenha uma melhor qualidade de vida. Tais tratamentos são classificados em: farmacológico e não-farmacológico (COSTA, 2011), sendo que entre as opções não-farmacológicas, o espaço físico adequado aparece como um item indispensável para o paciente, devendo atender as suas necessidades e estimular a sua independência. O médico André Palmini, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), afirma que os números crescentes da doença no país se tornaram um problema real de saúde pública (GANDRA, 2011). Porém, os setores de saúde do Brasil oferecem pouquíssimas alternativas para minimizar os impactos negativos da doença e não estão preparados para o crescimento do número de idosos com Alzheimer, tendo em vista que a estimativa é de que existam, atualmente, 1,2 milhões de pessoas com mais de 65 anos que possuem DA (BORGES, 2012; ABRAz,2012).
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O idoso, para manter a sua qualidade de vida, necessita de cuidados e serviços especializados e, para isso, pode recorrer a diversas modalidades de atenção. Estas, conforme o Decreto Nº 1.948 (BRASIL, 1996), podem ser classificadas como não-asilares, onde são oferecidos cuidados durante o dia ou parte dele, e asilares, nas quais os cuidados são permanentes e possuem características de uma residência, como as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Esta é a modalidade mais recomendada para os idosos que possuem DA, pois estes necessitam de referências espaciais bem definidas e o fato de passar o dia em um local e dormir em outro, como acontece na forma não-asilar, poderia prejudicar o tratamento. Tais ambientes (asilar e não-asilar), quando devidamente projetados, são capazes de minimizar os sintomas da DA e melhorar a qualidade de vida do paciente e daqueles que cuidam do mesmo, permitindo que o idoso se sinta independente e seguro (NÚCLEO DE ENVELHECIMENTO CEREBRAL, 2012; ABRAz, 2013). Entretanto, através de visitas em Instituições de Longa Permanência para Idosos e segundo a Vigilância Sanitária do município de Vila Velha, foi constatado que as ILPIs existentes foram implantadas em edificações já construídas, de forma que as adaptações foram feitas dentro do possível para receber idosos com diferentes tipos de limitações, mas que nenhuma delas, nem em âmbito nacional, são especializadas em idosos com Doença de Alzheimer. Estes necessitam de cuidados especiais e, muitas vezes, diferenciados dos que são oferecidos aos idosos que não possuem um diagnóstico degenerativo, motivo pelo qual o ambiente em que vive um indivíduo que não possui DA não supre as necessidades de um idoso com Alzheimer (ALFONSO et al., 2013). Muitas famílias que possuem em casa um idoso com demência do tipo Alzheimer optam por levá-lo para uma ILPI, pois, além da falta de infraestrutura física em seus lares, a doença causa um imenso desgaste psicológico àqueles que convivem diretamente com o doente, que por não estarem preparados para lidar com todas as necessidades do idoso com Alzheimer optam pela institucionalização (LEITE, 2000).
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Entretanto, algumas famílias ainda possuem uma visão negativa sobre os efeitos que tal institucionalização pode causar no idoso devido ao histórico dos antigos asilos. Porém, é possível mudar esta impressão através da Arquitetura, projetando locais de acordo com as necessidades do idoso com Alzheimer. Desta forma, além de estarem em um local devidamente construído, acessível e que ofereça o aconchego de um lar, os idosos estarão sob cuidados de profissionais qualificados para lidarem com todos os efeitos que a Doença de Alzheimer causa nos pacientes (ROSSETO, 2012). Ainda que as publicações a respeito do ambiente como recurso terapêutico no Brasil sejam limitadas, em outros países o estudo dos aspectos ambientais com perspectiva terapêutica para idosos com Alzheimer vem sendo cada vez mais aprofundado e utilizado para o tratamento dos indivíduos acometidos por esta doença. Diante do exposto, o presente trabalho de conclusão de curso justifica-se ao considerarmos os índices estatísticos sobre o aumento do número de idosos com Doença de Alzheimer no Brasil, a falta de estrutura psicológica e ambientes adequados das famílias que cuidam destes indivíduos, a necessidade da institucionalização para melhor qualidade de vida tanto do idoso quanto da família, a ausência de espaços, como as ILPIs, devidamente projetadas para idosos com Alzheimer e estudos que comprovam a importância do ambiente físico como recurso terapêutico na modalidade de atenção ao idoso. Sendo assim, a elaboração de um projeto arquitetônico, em nível de Estudo Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com a Doença de Alzheimer constitui-se como o objetivo geral deste trabalho. Considera-se, neste caso, a importância do espaço físico ser adequado para suprir os déficits cognitivos e reforçar as capacidades destes indivíduos, a fim de garantir a qualidade de vida e a preservação da dignidade dos mesmos. A problemática ocorre em torno de como a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico pode contribuir para o bem estar do Idoso com a Doença de Alzheimer e como propor espaços adequados em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer.
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Para tanto, foi necessário estudar o processo de envelhecimento do idoso com Alzheimer; entender os sintomas e as necessidades físicas do idoso doente; identificar os fatores do ambiente físico, bem como de sua concepção ou adequação que proporcionasse melhor qualidade de vida a esses idosos; analisar as contribuições que a Arquitetura, enquanto recurso terapêutico pode trazer para o tratamento da Doença de Alzheimer; identificar as características ambientais necessárias para uma Instituição de Longa Permanência para idosos com Alzheimer;
apresentar
exemplos
de
Instituições
de
Longa
Permanência
especializadas em acolher esses idosos, enfatizando os aspectos ambientais das mesmas; para fundamentar a proposta final desta monografia: uma proposta projetual em nível de Estudo Preliminar, de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer. O presente estudo foi então dividido em três fases distintas, conforme exposto a seguir: - Fase 1: Onde foram levantadas informações sobre o envelhecimento, a Doença de Alzheimer, as características e necessidades especiais dos idosos que possuem a doença e a importância do ambiente físico enquanto recurso terapêutico para estes idosos. Para tanto, foram utilizados além da revisão bibliográfica, índices estatísticos, diretrizes de legislações que regem os direitos dos idosos quanto ao ambiente que eles vivem e, relatos de profissionais da área, sejam médicos ou arquitetos. Para a elaboração das entrevistas, foi descartada a utilização de um roteiro de perguntas, devido a diversidades de áreas consultadas e o interesse de obtenção de informações diferenciadas. Além disso, foi possibilitada em algumas abordagens a visita em Instituições de Longa Permanência para Idosos, locais. Dos profissionais entrevistados: duas são fisioterapeutas, sendo uma delas proprietária de uma das ILPIs visitadas; uma é médica geriatra; outra, psicóloga; e ainda outras duas que são terapeutas ocupacionais, sendo esta, proprietária da outra ILPI visitada. Todos os profissionais têm relação com idosos que possuem Doença de Alzheimer e consideraram este trabalho coerente à realidade local.
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- Fase 2: Através dos dados recolhidos nas atividades desenvolvidas na fase 1, foram levantadas e analisadas as necessidades a serem supridas em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer. Em seguida, foram apresentados exemplos de ILPIs especializadas em idosos com este tipo de demência, possibilitando a análise destes ambientes. Tais instituições foram consultadas apenas por intermédio da internet devido à impossibilidade de visita por estarem localizadas no exterior e ao tempo existente para a pesquisa. Para atingir os objetivos propostos foi realizada ampla pesquisa bibliográfica e iconográfica, bem como entrevistas com profissionais conscientes das necessidades do paciente com DA, abarcando tanto questões específicas da arquitetura quanto questões médicas e comportamentais. O capítulo 1 descreve a metodologia utilizada, descrevendo as fases distintas do projeto. O capítulo 2 traz uma revisão teórica a respeito do envelhecimento e a Doença de Alzheimer. Neste capítulo fez-se a apresentação da doença, sintomas, possíveis causas, a evolução dos estágios da doença no idoso e a apresentação das formas de tratamento, na qual o ambiente físico aparece como um importante aspecto do tratamento não-farmacológico. Na sequência, o capítulo 3 aborda o ambiente físico como recurso terapêutico, enfatizando os benefícios da Arquitetura com a Doença de Alzheimer. Neste capítulo são destacados os objetivos que devem ser atingidos ao se propor ambientes para Idosos com Alzheimer e são apresentados, ainda, as diferentes modalidades de atenção ao idoso, sendo que entre elas está a Instituição de Longa Permanência destinada a acolhê-los. O 4º capítulo apresenta o histórico das ILPIs, os aspectos legais que garantem os direitos dos idosos quanto a um local adequado de moradia e, em seguida, apresentam-se exemplos de ILPIs especializadas em idosos com Alzheimer, fazendo uma análise dos seus espaços de acordo com as diretrizes das legislações e as demais informações obtidas durante o desenvolvimento deste trabalho.
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- Fase 3 Após todo o embasamento teórico realizado nas fases anteriores, o capítulo 5, consiste no desenvolvimento do projeto da Instituição de Longa Permanência para idosos com Doença de Alzheimer, em nível de Estudo Preliminar. Primeiramente, é definida a quantidade de idosos que a ILPI poderá receber, levando-se em consideração as pesquisas que já foram feitas relatando a importância e influência que este aspecto pode causar no idoso com Alzheimer. Em seguida, é feita uma investigação para definição da área para implantação do projeto, considerando os aspectos físicos, recomendações encontradas nas pesquisas, condicionantes climáticas e a legislação vigente. O terreno escolhido fica no bairro Coqueiral de Itaparica, no município de Vila Velha, Espírito Santo, por ser um local de ambiente comunitário, com infraestrutura consolidada, próximo a áreas de lazer, comércios, hospitais e outras ILPIs não especializadas em Alzheimer. Na sequencia, são descritos os fatores determinantes para a definição do Partido Arquitetônico, assim como os ambientes necessários levando-se em conta as exigências da legislação local vigente para projetos de ILPI e as recomendações identificadas em publicações de especialistas em projetos para idosos com Alzheimer. Por fim, é apresentado o projeto através de suas diferentes etapas que contemplaram o estudo do fluxograma e da setorização para melhor definição da implantação e planta baixa, seguidos do paisagismo projetado com outras opções de estar que estendem os limites e atividades da edificação para as áreas livres de seu terreno. O 5º capítulo apresenta as considerações finais deste trabalho de conclusão de curso, onde os aspectos relevantes ao tema e a aplicabilidade dos condicionantes de projeto, resultaram no Estudo Preliminar proposto. As dificuldades encontradas para o desenvolvimento deste trabalho destaca a necessidade de novas pesquisas e estudos relacionados à arquitetura e a qualidade de vida para idosos com Alzheimer. Para concluir, foram inseridos ao final deste trabalho as referências bibliográficas pesquisadas e os anexos, onde se encontra o projeto de arquitetura proposto para a Instituição de Longa Permanência para Idosos com Doença de Alzheimer em Vila Velha, Espírito Santo.
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2 O ENVELHECIMENTO E A DOENÇA DE ALZHEIMER A vida de qualquer ser humano costuma ser dividida em fases: desenvolvimento, reprodução e o envelhecimento. As duas primeiras são responsáveis pelo processo de crescimento, desenvolvimento de órgãos e preparação do organismo para a reprodução que garante a perpetuação da espécie. Já na fase do envelhecimento, ocorre o declínio das capacidades adquiridas durante toda a vida (CANCELA, 2007). Porém, é um processo que possui conceitos distintos e as formas como ocorrem estes declínios são variadas, pois também são influenciadas pelo estilo de vida de cada grupo social. Os idosos são uma camada da população com características próprias e necessidades específicas. (EIZIRIK, CANDIAGO, KNIJIK, 2001). A Organização das Nações Unidas (ONU) define o idoso a partir da sua idade cronológica
e
características
socioeconômicas,
considerando
nos
países
desenvolvidos, aquelas pessoas com 65 anos ou mais e nos países em desenvolvimento, aquelas pessoas com 60 anos ou mais. Esta denominação é confirmada pela Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 (1994) e pelo Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741 (2003), onde a pessoa é considerada idosa quando atinge os 60 anos. Embora alguns autores aleguem que é vago e complexo definir o envelhecimento humano por critério cronológico (STUART- HAMILTON, 2007; CASARA; CORTELETTI, HERÉDIA, 2010), para efeito desse estudo, têm-se como referência as definições nacionais e da ONU, isto é, a partir de 60 anos. Além da denominação “Envelhecimento” e “Idoso”, esta fase da vida também recebe a classificação
de
“Terceira
Idade”
ou
“Melhor
Idade”
(PORTAL
DO
ENVELHECIMENTO, 2010). Nos últimos vinte anos, o idoso vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade, pois, devido à diminuição da taxa de mortalidade e fecundidade registradas desde a década de 60, o fenômeno do envelhecimento passou a avançar de forma rápida e contínua, despertando a preocupação da estrutura social e econômica que o país possui para lidar com a realidade da atual pirâmide etária brasileira (SILVA, 2005). A comprovação disso pode ser feita através do surgimento de instrumentos de proteção às pessoas idosas como a Política Nacional do Idoso (PNI) – Lei 8.842/94 regulamentada pelo decreto 1948/96, na qual, mesmo sendo somente em nível
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legislativo, criou o Conselho Nacional do Idoso, garantindo os direitos sociais, a autonomia, integração e participação do idoso na sociedade. Já em 2003, através do projeto de lei nº 10.741/2007, foi criado no Brasil o Estatuto do Idoso, na tentativa de assegurar o direito dos Idosos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (G1, 2012), divulgados em 2012, o número de idosos na população brasileira, em 1960, era de 3,3 milhões e representavam 4,7% da população. Já em 2010, quando foi realizado o último censo demográfico, os idosos já eram em 20,5 milhões e representavam 10,8% da população brasileira (Figura 1). Percebe-se a mudança na pirâmide demográfica, pois a base, onde estão as crianças, estreita-se, enquanto o corpo e o cume alargam-se devido à redução da taxa de natalidade e crescimento da expectativa de vida da população adulta e idosa.
Figura 1 - Índice de crescimento da Terceira Idade Fonte: G1 (2012).
De acordo com Bárbara Cobo (G1, 2012), pesquisadora de indicadores sociais do IBGE: “o envelhecimento da população é uma tendência e grande parte dos países desenvolvidos já chegaram nessa etapa, decorrentes do maior desenvolvimento social e do aumento da expectativa de vida.”. Estima-se que em 2025 o Brasil terá a sexta maior população de idosos do mundo (PORTAL DO ENVELHECIMENTO, 2010). O fato é que o envelhecimento da população está presente e já deixou de ser um fator exclusivo de países desenvolvidos. Sendo assim, é impossível não perceber as mudanças que isso traz à sociedade bem como à vida de cada um. Percebe-se que algumas mudanças são consideradas agradáveis, visto que pode significar o
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prolongamento do tempo de vida com saúde, além disso, os idosos podem se mostrar úteis à sociedade desempenhando alguns papéis importantes no ambiente familiar ou fora dele. Porém, segundo Cavalcanti e outros(2006), o envelhecimento pode trazer diversas alterações negativas para o cotidiano dos idosos. Entre eles estão: problemas econômicos; perda do status profissional; sentimento de inutilidade e insegurança; falta de oportunidades para ocupação, seja social ou de lazer; diminuição da capacidade de aprendizagem; transformações físicas, hormonais e vitais; necessidade de cuidados médicos, gerando mais despesas, mais atenção familiar e; comprometimento da saúde. Néri (1997, apud PASCALE, 2002) destaca que no Brasil as apreciações negativas à velhice são improdutividade, dependência, isolamento e desvalorização e as apreciações positivas estão dirigidas à sabedoria e à dignidade. De acordo com Costa (2011) o aumento, tanto relativo como absoluto, do número de idosos, traz consigo uma maior prevalência de doenças associadas com a idade. As enfermidades cardiovasculares, as osteo-articulares e as de tipo demencial são patologias muito frequentes da população idosa, geram uma crescente fragilidade funcional e psíquica, dando sequência ao alto grau de dependência, obrigando o idoso e seus familiares a encontrarem meios de adaptação para garantir a saúde e sua qualidade de vida. De acordo com Fonseca e Paúl (2007), “a saúde desempenha um papel central no envelhecimento, podendo prever a qualidade de vida dos indivíduos idosos pela sua saúde”. A manutenção da saúde no processo de envelhecimento fica condicionada então, a qualidade de suas funções orgânicas. Sendo que o processo natural e preferencial do envelhecimento, onde as perdas intelectuais e físicas acontecem em nível aceitável, é denominado senescência. Já quando as perdas ocorrem de forma intensa e com grandes sinais de degeneração, este processo é classificado como senilidade (OLIVEIRA, 2006). Muitas pessoas possuem medo de envelhecer, devido às mudanças do corpo, a diminuição de defesas contra doenças, a perda de parentes ou pessoas queridas e a redução da disposição até mesmo para realizar tarefas diárias (CEREDA, 2013). De acordo com a psicóloga clínica da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile,
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Maria José Gálvez (2013, apud CEREDA, 2013), é possível diferenciar o medo que as pessoas sentem ao envelhecer em desenvolver: - Perdas dos papéis sociais: como, por exemplo, quando o idoso se aposenta e teme ser excluído da sociedade por estar produzindo, ou quando fica viúvo e teme a perda do suporte social do restante da família. Além disso, existe o medo de morrer sozinho e sem dinheiro. - Mudanças na funcionalidade: a psicóloga afirma que o principal medo dos idosos é o da dependência. Os idosos temem depender dos outros para executar tarefas diárias e se tornarem um “peso” na vida dos familiares, principalmente os filhos. Também relacionado a funcionalidade, existe o medo de déficits sensoriais ou de mobilidade e o grande temor é a perda da memória ou da capacidade de decisão, pois temem depender de terceiros para que tomem conta de questões como o patrimônio e medicamentos. - Doenças específicas: entre as doenças mais temidas pelos idosos estão a demência, principalmente a do tipo Alzheimer, câncer e doenças que acarretam a perda da mobilidade. Muitos idosos possuem medo de cair ou sofrem da tensão pós-queda, deixando muitas vezes de realizar algumas atividades por conta do medo. O presidente da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Chile, Dr. Vítor Hugo Carrasco (CEREDA, 2013) afirma que o medo das doenças está relacionado principalmente ao medo de sofrer com a dor, depender dos outros ou não ter locais apropriados para viverem com qualidade de vida. O idoso pode ter vários problemas de saúde, sendo que as doenças que provocam perdas cognitivas seguidas de um comprometimento da memória, como as demências apresentadas a seguir, são os problemas mais comuns apresentados pelos idosos nos consultórios médicos (RAMOS; MACEDO, 2001, apud PASCALE, 2002).
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2.1 AS PRINCIPAIS DEMÊNCIAS DA TERCEIRA IDADE Uma pessoa, durante o processo de envelhecimento, costuma apresentar a perda dos reflexos rápidos, da coordenação motora, além de perdas sensoriais e dificuldades em interagir com o meio em que vive. Porém, quando ocorre a perda cognitiva progressiva, juntamente com alguma confusão mental e com as demais perdas classificadas como naturais do envelhecimento, é necessário ter mais atenção, pois são sinais de um possível desenvolvimento de alguma doença demencial e o idoso terá uma dificuldade muito maior, muito mais comprometida para manter a interação com a sociedade e o meio ambiente. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10), estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) define demência como: Síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crônica ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, a começar pela memória, incluindo distúrbios do pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento.
Dias (2001, apud PASCALE, 2002, p.2) afirma que “a demência é uma doença cerebral e, portanto, não faz parte do envelhecimento normal”, sendo conhecida pelos leigos com o nome de “esclerose”. O idoso que possui alguma demência não perde somente o domínio da atividade psíquica. Ele perde suas funções intelectuais, afetivas, psicomotoras, linguísticas e seu comportamento social é afetado junto à vida de todos com os quais ele convive diretamente. Muitos estudos e médicos classificam a demência como uma doença em que o diagnóstico deve ser bem criterioso. Segundo a OMS (1993), a pessoa só é diagnosticada com demência caso apresente incapacidade de raciocínio e de abstração (memória e pensamento), em um prazo de pelo menos seis meses de evolução. Sendo que devem ser realizados exames do estado mental e o acompanhamento da história clínica do indivíduo. De acordo com Bizar, Canineu, Canineu (2013) existem aproximadamente sessenta tipos de demências, sendo que as principais são:
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- Demências Vasculares: Correspondem a aproximadamente 20% de todos os tipos de demências. Dependendo do grau de acometimento, elas podem ocasionar alterações tanto motoras quanto cognitivas e se diferenciam da Doença de Alzheimer, pois é possível ver alterações dos quadros vasculares nos exames de imagem cerebrais. - Demência Fronto – Temporal (DFT): Ela aparece principalmente em indivíduos que possuem entre 45 a 65 anos de idade e ocorre na mesma proporção entre homens e mulheres. Entre os sintomas dessa doença estão: desinibição e o comportamento antissocial, apatia, perda capacidade de planejamento, perda de significado de palavras ou conceitos. O paciente pode ficar mudo. No diagnóstico relativo a estes pacientes foi verificada a ausência de células e presença de outras como, por exemplo, “células de Pick”, diferente do encontrado na Doença de Alzheimer. - Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL): Depois da Doença de Alzheimer, é a segunda demência mais frequente em idosos. Os sintomas típicos são: declínio cognitivo, mudanças no estado de alerta e de atenção, desorientação, dificuldades de comunicação, alucinações, delírios e quedas frequentes. Diferentemente da Doença de Alzheimer que não possui causa definida, a DCL tem como causa o acúmulo de grande quantidade de substâncias chamadas de Corpos de Lewy, no córtex cerebral. - Demência na Doença de Parkinson (DP): A demência na DP faz parte do grupo de demências secundárias a um estado físico. O início da doença em idade mais avançada, o baixo nível educacional e o baixo nível em testes verbais, são alguns dos fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento da demência em pacientes com DP. Os sintomas apresentados são lentidão cognitiva, apatia, comprometimento da memória e das funções executivas. - Doença de Huntington: Essa doença é caracterizada por mudanças motoras, cognitivas e psiquiátricas de caráter progressivo. Possui uma importante influência genética e começa a aparecer a partir dos 30 e 50 anos. A demência do tipo Alzheimer está entre as principais demências, sendo a mais comum entre os idosos (ABRAz, 2012) e será explicada a seguir. De acordo com
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especialistas da área de geriatria e neurologia, é necessário atenção para diferenciar as demências de perturbações como delírio, depressão, esquizofrenia ou alterações naturais do processo de envelhecimento.
2.2 DOENÇA DE ALZHEIMER (DA): A PRINCIPAL DEMÊNCIA DA TERCEIRA IDADE A Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993) define a DA como: Uma
doença
cerebral
degenerativa
primária,
de
etiologia
desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos.
Instala-se
usualmente,
de
modo
insidioso
e
desenvolve-se lenta, mas continuamente por um período de anos, e este pode ser tão curto, como dois ou três anos, mas ocasionalmente, pode ser consideravelmente mais prolongado. O início pode ser na meia-idade ou até mais cedo (início pré-senil), mas a incidência é maior na idade avançada (início senil). Em casos com início antes da idade dos sessenta e cinco a setenta anos, há a probabilidade de uma história familiar de uma demência semelhante, tendo um curso mais rápido e uma predominância de aspectos de dano do lobo1
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temporal e parietal, incluindo disfasia ou dispraxia . Em caso com início mais tardio, o curso tende a ser mais lento e caracterizado por 3
um comprometimento mais geral das funções corticais superiores .
A doença recebeu este nome depois que o médico alemão Alois Alzheimer publicou, em 1906, um trabalho relatando a avaliação pós-morte feita no tecido cerebral de uma mulher de cinquenta e um anos que apresentou sintomas de delírio, perda de memória, alterações na linguagem e que apresentava uma piora progressiva (COHEN, 1995).
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Disfasia ou Afasia é uma dificuldade em usar e compreender a linguagem falada e escrita. Incapacidade para ordenar palavras. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013). 2
Dispraxia é um déficit, ou perda parcial da faculdade de executar movimentos coordenados. (DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, acesso em 26 set. 2013).
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Funções corticais superiores ou raciocínio são as capacidades que os indivíduos possuem de calcular, escrever, orientar-se e integrar todos esses conhecimentos (ASPESI; FERREIRA, 2010)
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A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência e, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde e da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz, 2012), a estimativa é que a doença atinja hoje 1,2 milhão de pessoas com mais de 60 anos no Brasil e o número de casos vai mais que dobrar até 2030. As chances de alguém com menos de 60 anos ser diagnosticado com Alzheimer, são raras. Porém, a partir do 60 anos existe uma prevalência que duplica a cada cinco anos (ABRAz, 2012). Na Doença de Alzheimer, ocorre a morte dos neurônios, que são as células constituintes do cérebro, por motivos ainda não identificados. Essas perdas, inicialmente, acontecem “especialmente em regiões localizadas no lobo temporal e parietal, ocasionando diminuição de várias substâncias químicas, especialmente a acetilcolina, considerada a principal substância envolvida no controle de memória” (CANINEU, 2013, p.36). Coons (1991, apud PASCALE, 2002) afirma que as mudanças no cérebro provocadas pela DA são irreversíveis e que o paciente pode ter uma sobrevida de três a vinte anos após o início dos primeiros sintomas. Devido à perda de tecido e a morte neural, o cérebro, com o passar do tempo, vai encolhendo (Figura 2) e afetando quase todas as suas funções (ALZHEIMER’S ASSOCIATION, acesso em 27 set. 20013).
Figura 2 - Modificações do cérebro na Doença de Alzheimer: 1 – Um cérebro sem a doença; 2 – Um cérebro com Alzheimer em estágio avançado e; 3 – Uma comparação entre os dois cérebros. Fonte: Alzheimer’sAssociation(Acesso em: 27 set. 2013). Imagem adaptada pela autora
De acordo com o Alzheimer’sAssociation (acesso em 27 set. 2013), durante o desenvolvimento da Doença de Alzheimer: o córtex (Figura 3) encolhe e danifica as
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regiões envolvidas com os pensamentos e lembranças; devido ao encolhimento, o hipocampo (Figura 4), região do córtex responsável pela formação de novas lembranças, também é encolhido e os ventrículos (Figura 5), que são espaços preenchidos por fluidos dentro do cérebro, ficam maiores.
Figura 3 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - córtex. Fonte: Alzheimer’sAssociation.Acesso em: 27 set. 2013
Figura 4 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos – hipocampo. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013
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Figura 5 - Corte transversal do cérebro, entre os ouvidos - ventrículos. Fonte: Alzheimer’sAssociation. Acesso em: 27 set. 2013.
Pascale (2002) cita que a doença não é causada pelo envelhecimento funcional de vasos e artérias, já que muitos portadores de DA possuem os vasos sanguíneos normais que fazem a condução ao cérebro. Porém, já foram levantadas algumas circunstâncias e aspectos que estão sendo associados como favorecedores para o surgimento e desenvolvimento. Dentre estes aspectos especulam-se, mesmo que por motivos ainda não comprovados, o paciente ser do sexo feminino, o ambiente social, o nível de escolaridade, a falta de prática de atividades físicas e o desenvolvimento de outras doenças como, por exemplo, a hipertensão e diabetes (FERREIRA, 2013). Todos esses fatores são possíveis causas e esporádicos. Além desses, existem outras prováveis causas como a herança genética bem determinada, causas infecciosas e ambientais. Todas passíveis de erro e sem comprovação, porém, é levemente maior a possibilidade de desenvolvimento da doença em indivíduos que possuem algum grau de parentesco de primeiro grau com algum paciente (FERREIRA, 2013). Constata-se que mesmo sendo cogitadas algumas hipóteses de causas da doença, ainda é necessário muito estudo para a comprovação das mesmas.
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2.2.1 Os Sintomas da Doença de Alzheimer Para reconhecer os sintomas do Alzheimer, principalmente os iniciais, é necessário muita atenção aos sinais que as pessoas vêm demonstrando, pois muitos deles podem se confundir com sintomas do processo natural do envelhecimento. Os primeiros sintomas que costumam aparecer, na maioria dos casos, estão relacionados a alterações na memória, de forma que se for uma perda de memória incomum à velhice, pode significar o desenvolvimento de demência. O Instituto Alzheimer Brasil (IAB) (acesso em 27 set. 2013) divulgou uma lista de sintomas que podem indicar manifestações da Doença de Alzheimer. Porém, a apresentação destes sintomas não significa que a pessoa tem a doença, mas sim que ela precisa de um acompanhamento médico. Os sinais são: - Perda de memória: Esquecimento de informações recentes, repetição de perguntas e histórias por várias vezes, necessidade de auxílio de lembretes e membros da família para coisas que normalmente a pessoa lembraria sozinha e dificuldade de aprender novas tarefas. No envelhecimento natural, podem acontecer lapsos de memórias, porém a pessoa pode lembrar posteriormente, seja sozinha ou com a ajuda de alguém. - Trocar o lugar dos objetos: A pessoa passa a colocar as coisas em lugares inadequados, perder os objetos e ter dificuldade de lembrar onde os guardou. Porém, não é incomum que a pessoa durante o processo de envelhecimento, confunda ou esqueça algum lugar. - Perda de habilidade para realizar tarefas: Pessoas com Alzheimer têm dificuldade em realizar tarefas que antes fazia com facilidade, como: cozinhar, lidar com dinheiro, lidar com equipamentos domésticos. Em um processo de envelhecimento natural, o idoso pode precisar de ajuda para executar algumas dessas tarefas, mas não de forma sistemática. - Descuido da aparência e higiene pessoal: A pessoa perde o interesse em se arrumar, em tomar banho, escovar os dentes e não se incomoda ou percebe o descuido. - Alterações de humor e personalidade: O humor e a personalidade das pessoas com doença de Alzheimer pode alterar-se em um curto espaço de tempo, do riso ao choro, da tranquilidade à agitação, sem um motivo aparente. A pessoa torna-se desconfiada, deprimida, ansiosa e costuma se irritar com facilidade. É
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importante não confundir essas alterações com alterações de humor comuns da idade, como por exemplo, quando a pessoa só se sente bem em fazer as coisas somente de uma determinada maneira. - Apresentação de comportamentos atípicos: A pessoa com Alzheimer pode apresentar comportamentos estranhos, como tirar comida da boca e jogar no chão. - Perda da noção de tempo e espaço: A doença de Alzheimer pode fazer com que a pessoa perca a noção sobre o dia, ano, estação em que estão vivendo. Muitas vezes não sabe voltar pra casa quando vai para algum lugar desconhecido. Essas situações são completamente diferentes de quando uma pessoa ao envelhecer esquece, casualmente, onde estava indo. - Problema com a linguagem: A pessoa pode começar a apresentar dificuldade em inserir-se numa conversa. Além disso, pode apresentar um vocabulário empobrecido, dificuldade para encontrar palavras ou substituir palavras por outras inadequadas. - Falta de pensamento abstrato: A pessoa apresenta incapacidade para resolver problemas, planejar suas ações ou trabalhar com números. Podem apresentar dificuldade em seguir instruções e de se concentrar em tarefas comuns. A diferença é que no envelhecimento natural, essas dificuldades são ocasionais. - Lapsos de julgamento: Algumas vezes pode acontecer da pessoa acusar os outros de terem lhe roubado objetos, vestir-se inadequadamente e não perceber quando está claramente sendo enganada.
2.2.2 O Diagnóstico Com o aumento do número de pessoas com a Doença de Alzheimer nos últimos anos, os pesquisadores estão buscando novos métodos para melhorar e facilitar o diagnóstico. Quando precoce esse diagnóstico permite que o paciente e a família se preparem para lidar com o efeito progressivo da doença. Além disso, aumenta as chances dos possíveis tratamentos fazerem efeito, retardando as consequências da doença e melhorando a qualidade do idoso acometido pela doença. Sendo assim, é muito importante que, mesmo na desconfiança do aparecimento dos sintomas, o idoso
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seja levado à um médico especialista (neurologista ou psiquiatra), para que eles façam a detecção dos primeiros sintomas e encaminhe para os próximos exames. De acordo com a NINCDS/ADRDA 4(1984, apud HOTOTIAN, BOTTINO, AZEVEDO, 2006), o diagnóstico de Alzheimer pode ser classificado em: - DA possível: apresenta quadros que iniciam com sintomas que não são característicos apenas da Doença de Alzheimer, como esquecimentos rápidos ou pequenas perdas na mobilidade; apresenta déficit cognitivo progressivo único sem que haja outra causa identificável. - DA provável: quadros com sintomas característicos de DA; apresentação de déficits cognitivos evidentes em duas ou mais áreas da cognição; início dos sintomas entre as idades de 40 e 90 anos, mais frequentemente após os 65 anos. - DA definitiva: confirma o quadro clínico após a morte. O diagnóstico de demência do tipo Alzheimer, ou demência na doença de Alzheimer (DA) é feito quando está presente quadro clínico caracterizado por declínio cognitivo global, sem distúrbio de consciência, de início habitualmente insidioso e piora progressiva, que interfere nas atividades da vida diária do paciente. Outras condições causadoras de demência devem ser afastadas (hipotireoidismo, deficiência de vitamina B12, AIDS, doenças neurológicas)(AZEVEDO, BOTTINO, HOTOTIAN, 2006, p. 54).
O diagnóstico da Doença de Alzheimer ainda é complexo e necessita de estudos para ser aprimorado. É necessária a avaliação de fatores clínicos, neuropsicológicos e funcionais para a determinação da intensidade e evolução da doença, para que sejam feitas as estratégias de tratamento. (ENGELHARDT, LAKS, MARINHO, 2006).
2.2.3 Os Estágios da Doença de Alzheimer Por ser uma doença com efeitos e perdas progressivas que variam de pessoa para pessoa, foram definidos alguns padrões na forma da sua evolução, dividida em três estágios (ABRAz, acesso em 27 set. 2013):
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Instituto Nacional de Doenças Neurológicas, Comunicativas e Acidentes Vasculares Cerebrais e, Associação da Doença de Alzheimer e Transtornos Relacionados.
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- Estágio inicial: Este estágio é raramente percebido. Os idosos começam a apresentar os primeiros sinais da doença. A pessoa apresenta lapsos de memória e desinteresse por acontecimentos recentes ou informações recém-adquirida. É uma fase em que a pessoa ainda tem um grau de independência. Porém, é comum a pessoa que está no primeiro estágio deixar o objeto em algum lugar e logo depois não se recordar onde deixou (BERGER, 2003). A pessoa não consegue resolver problemas sozinhos, apresenta dificuldade em conversar, pois esquece as palavras que serão ditas. Além disso, a pessoa perde o interesse por hobbies, apresenta mudança de humor, comportamento, personalidade e quadros de depressão. - Estágio Intermediário: Neste estágio, os sintomas já são perceptíveis com perda significativa da memória, devido ao agravamento dos sintomas do estágio anterior. A pessoa pode se perder tanto na rua quanto em casa, já não consegue viver sozinha, pois não tem mais capacidade de executar tarefas diárias como, por exemplo, cozinhar, fazer compras, além de necessitar de ajuda para a higiene pessoal. Ocorre o aumento da dificuldade com a fala e apresenta redução da capacidade física. - Estágio avançado: A pessoa passa a ter necessidade de cuidado em tempo integral. O idoso perde a memória praticamente por completo, inclusive a memória remota, já não entende o que acontece ao seu redor e mal consegue se comunicar. Pode apresentar um comportamento inadequado em público. Apresenta dificuldade para comer, para caminhar, incontinência urinária e fecal. Muitas vezes o idoso fica confinado em uma cadeira de rodas ou cama e fica muito mais vulnerável a ter complicações como: lesões de pele, infecção de rins e pulmões, desnutrição, entre outras. A ABRAz explica que, embora a doença apresente uma piora progressiva, alguns pacientes podem ter períodos de estabilidade. Além disso, apesar da divisão de estágios, os sintomas de diferentes fases podem se misturar no mesmo período, demandando cuidados especiais no seu tratamento.
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2.3 AS FORMAS DE TRATAMENTO DA DEMÊNCIA DO TIPO ALZHEIMER Embora a Doença de Alzheimer ainda não tenha cura, existem medidas que ao serem administradas podem amenizar os sintomas da doença. Segundo o Instituto da Memória – Núcleo de Envelhecimento Cerebral (NUDEC) (acesso em 27 set. 2013), atualmente, o tratamento visa aliviar os sintomas, minimizar as perdas cognitivas e tratar as alterações de humor e comportamento, de forma que os pacientes tenham uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter sua independência por mais tempo. Os avanços da medicina associada ao ambiente físico estão permitindo que, mesmo na fase grave, os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida e maior sobrevida. É importante que o tratamento seja abordado de forma global, com profissionais de diferentes áreas, e deve incorporar o tratamento farmacológico, com o uso de medicamentos que melhoram a função cognitiva e retardam a progressão da doença, e o tratamento não farmacológico. Para efeito desta monografia, que tem como objetivo estudar o ambiente físico como fator positivo para o tratamento da DA, serão abordados a seguir os aspectos relacionados aos tratamentos não farmacológicos.
2.3.1 O tratamento não-farmacológico O tratamento não farmacológico visa complementar o tratamento farmacológico na Doença de Alzheimer, com objetivo de orientar no processo de adaptação da doença, além de aumentar o funcionamento cognitivo e o bem estar do paciente (COSTA, 2011). A memória é o principal aspecto afetado pela doença. Portanto, a prioridade da maioria das intervenções é estimular o uso mais eficiente da memória, preservando por mais tempo a dignidade e conforto do paciente (ÁVILA, et al., 2006). É fundamental que estes tratamentos sejam realizados por uma equipe multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, assistente social, arquiteto) e que as atividades propostas sejam realizadas em ambientes agradáveis que propiciem o
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desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, sociais e motoras e, de acordo com as capacidades do paciente. Segundo a ABRAz (acesso em 27 set. 2013), as principais intervenções não farmacológicas existentes abordam desde a estimulação cognitiva, social e física dos pacientes até o bem estar da família, sendo que o ambiente físico, além de ser um tipo de intervenção não farmacológica, também contribui para as outras tipologias de intervenção.
2.3.1.1 Estimulação cognitiva A partir de uma estimulação sistemática juntamente com situações que requerem o uso do pensamento, raciocínio lógico, atenção, memória, linguagem e pensamento, deve ocorrer a potencialização das habilidades cognitivas. Segundo Borges, et al. (2005, apud COSTA, 2011), a estimulação cognitiva pode ser dividida em reabilitativa e compensatória. A reabilitativa defende o uso da estimulação, através da realização de atividades de modo repetitivo, para recuperar os processos cognitivos deteriorados. Já a compensatória parte da premissa de que os déficits de memória não podem ser enfrentados diretamente. Sendo assim, devem ser utilizadas agendas, blocos, sinalizações, etc.. Entretanto, Ávila e outros (2006, pag. 355) afirmam que é uma intervenção limitada, pois alguns pacientes possuem outros déficits que não os permitem utilizar estes recursos. As atividades podem ser realizadas em grupo ou individualmente, porém, é preciso estar atento às necessidades e limitações do paciente, para que os estímulos sejam eficientes.
Burgeois (1990, apud ÁVILA, et al., 2006) diz que “em geral, essas
estratégias trazem maior benefício quando o paciente ainda está em fases precoces da doença, ou quando o cuidador o auxilia no uso dos recursos”.
2.3.1.2 Estimulação social Esse estímulo é direcionado para os aspectos comportamentais e emocionais dos pacientes. O objetivo é estimular as habilidades de comunicação, convivência e
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afeto, para evitar a apatia, inatividade e promover a integração. É importante que ocorram atividades de lazer, culturais e celebração de datas comemorativas, mas que estas sejam desenvolvidas a partir de experiências anteriores dos pacientes e que estas envolvam temas que interessem a eles. Além disso, é importante se atentar ao ambiente em que serão realizadas as atividades, pois alguns idosos podem ficar mais agitados e não desenvolver a tarefa, caso o ambiente seja muito movimentado (ABRAz, acesso em 27 set. 2013).
2.3.1.3 Estimulação física A prática de atividades físicas e fisioterápicas contribui para a melhoria da qualidade de vida da população idosa com ou sem demência, oferecendo benefícios neurológicos, melhoria na coordenação, força muscular e equilíbrio. Segundo a ABRAz (acesso em 27 set. 2013), existem estudos comprovando que a prática de atividades regulares contribuem para a evolução mais lenta da Doença de Alzheimer.
2.3.1.4 Terapia de orientação de realidade (OR) A OR visa criar estímulos ambientais que favoreçam a orientação do paciente que o situe na realidade, apresentados de forma organizada e contínua. Esta terapia consiste em promover a interação do paciente com o meio social, bem como melhorar a sua comunicação neste meio, através de sinalizações no ambiente, treinamento de habilidades cognitivas e linguagem clara ou não verbal. É importante abordar temas como datas, nome de refeições, clima, espaço, entre outros (ÁVILA, et al., 2006).
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2.3.1.5 Orientação familiar A qualidade de vida do idoso com demência depende, consideravelmente, daqueles que são responsáveis pelo seu cuidado, tornando indispensável que a família também faça parte das intervenções e receba orientações. São preocupantes o estresse e a angústia que o indivíduo acometido de DA provoca na sua família e no contexto social como um todo, pois a pessoa que cuida desse indivíduo, em geral o cônjuge ou outro membro da família, poderá se tornar a segunda vítima da doença (PASCALE, 2002).
Sendo assim, a grande maioria das abordagens terapêuticas de tratamento da Doença de Alzheimer se estende aos familiares e cuidadores, com objetivo de ajudar a família a lidar com a sobrecarga emocional e ocupacional, oferecendo subsídio para as famílias ajudarem o paciente. Os grupos que oferecem este tipo de serviço para os familiares procuram informar sobre a doença, a evolução dos sintomas durante as fases da doença, bem como as possíveis formas de tratamento, orientam sobre como lidar com as situações do dia a dia, além de possibilitarem a troca de experiência e sentimentos entre os familiares participantes. Miesen (1997, apud ÁVILA, et al., 2006) destacou que com esses grupos de orientação, as famílias passam a diminuir o sentimento de incerteza e culpa, aceitam a doença e suas consequências de forma mais saudável, refletindo no bem estar no paciente.
2.3.1.6 O ambiente físico Idosos com a Doença de Alzheimer são pessoas que necessitam de mais tempo para cuidados e atendimentos pessoais. Sendo assim, é importante um maior entendimento da arquitetura para que eles vivam em ambientes que favoreçam e facilite o atendimento de todas as necessidades impostas pela doença. O ambiente, para o idoso acometido de DA, pode influenciar seu humor, sua relação com as pessoas e até a capacidade cognitiva. De acordo com a ABRAz, o ambiente organizado é uma das formas de contribuir para minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Um ambiente voltado para um idoso com DA deve proporcionar tranquilidade, ser fácil de localizar e evitar características que causem confusão.
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De acordo com o neurologista Eduardo Mutarelli (1999), quando os pacientes apresentam um quadro de agitação e agressividade, é possível que o tratamento seja apenas comportamental (não farmacológico), estabelecendo um ambiente tranquilo, acolhedor e colaborativo, pois um ambiente agitado e confuso leva a agitação do paciente. Caso o paciente não apresente melhoras, é recomendado acrescentar o uso de remédios. Além disso, um ambiente bem planejado diminui os riscos de acidentes que podem comprometer ainda mais a qualidade de vida do idoso, favorecendo o prolongamento da independência e capacidade de realizar atividades diárias. O neurologista Rodrigo Rizek Schultz, do NUDEC (2012, apud PENTEADO, 2012), afirma que um ambiente planejado de acordo com as necessidades do paciente permite que ele se sinta mais seguro e confiante para transitar pelo local, garantindo sua sociabilidade por mais tempo, além de trazer tranquilidade aos seus familiares. A arquitetura, através do ambiente como recurso terapêutico, vem ganhando espaço entre profissionais da área de medicina, principalmente com os neurologistas, que buscam cada vez mais encontrar opções de tratamento que amenizem os sintomas da demência (KINDLE, 2012). A seguir, será abordada a importância e a relação do ambiente com os idosos que possuem Doença de Alzheimer.
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3 O AMBIENTE COMO RECURSO TERAPÊUTICO Como neurocientistas, acreditamos que o cérebro é o órgão que controla o comportamento, que os genes controlam o projeto, a concepção e estrutura do cérebro, mas o ambiente é capaz de modular a função dos genes e, finalmente, a estrutura de seu cérebro. Mudanças no ambiente podem mudar o cérebro e, portanto, mudar o nosso comportamento. O projeto arquitetônico muda nosso cérebro e nosso comportamento. (GAGE, 2003, apud EBERHARD, 2006, p.11).
De acordo com Kindle(2012), a Academia de Neurociência para Arquitetura (ANFA), existente há quase onze anos, acredita que “[...] o estudo do sistema nervoso pode fazer a maior contribuição para o campo da construção desde os estudos de física do século 19, que estabeleceram novos métodos estruturais, acústicos e de iluminação”, onde o conforto ambiental passa a contar como um importante fator para amenizar os efeitos de transtornos cognitivos provocados, por exemplo, pela Doença de Alzheimer. Há anos, sabe-se que além de todas as atribuições do Arquiteto e Urbanista, existe a preocupação em propor espaços que contribuam para o bem estar de quem está nele. Essa preocupação vem aumentando, desde quando estudos divulgados revelaram a importância da arquitetura no tratamento de doenças cognitivas como, por exemplo, na Doença de Alzheimer, em que o espaço físico faz parte do tratamento não farmacológico. Cada vez mais os neurocientistas estão estendendo sua área de estudo e referenciando a importância do ambiente físico para o cérebro (EBERHARD, 2006). Rego (2012, p. 3) define o ambiente terapêutico como: [...] o cenário de atenção à saúde que estimula o processo de cura através da criação de um ambiente físico e social que promova a sensação de bem-estar, reduza o stress e fadiga, encorajando uma atitude positiva por parte dos pacientes, familiares e dos profissionais de saúde.
Sabe-se que a preocupação em projetar ambientes que promovam o bem estar das pessoas que possuem algum tipo de deficiência/demência existe desde a Antiguidade como, por exemplo, nos templos da Grécia e nas termas de Roma, onde eram oferecidos conforto físico e espiritual para aqueles que precisavam de algum tratamento (BRAGA; GONÇALVES; TAVARES, 2012).
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Em 1986, a Organização Mundial da Saúde na 1º Conferência Internacional sobre promoção da Saúde, apresentou uma proposta para a valorização dos valores humanísticos para espaços que de alguma forma estavam voltados à saúde (SAÚDE PÚBLICA, acesso em 30 set. 2013). Esta proposta afirma que estes espaços precisam de uma abordagem da humanização com uma visão de projeto que incorpore necessidades técnicas, formais, funcionais, econômicas, bem como considerar os efeitos que o ambiente provoca no seu usuário, de forma que deve promover a autonomia, bem-estar e melhoria dos aspectos clínicos do mesmo (REGO, 2012). Sendo assim, o conceito de humanização tem sido cada vez mais empregado nos projetos de arquitetura de espaços para idosos, devido a preocupação com a saúde dos mesmos. Os arquitetos estão cada vez mais preocupados e atentos a projetar ambientes conforme a necessidade do usuário, principalmente quando o idoso possui debilitações cognitivas e físicas. A terapeuta ocupacional Ana Katharina de Figueiredo Leite (2010) afirma que, como por exemplo, em uma ILPI os idosos que possuem ou não alguma debilitação podem ter a qualidade de vida melhorada pelo ambiente construído. Caso os espaços de moradia dos idosos sejam mal projetados, estes podem contribuir para a piora do quadro de dependência do idoso (PERRACINI, 2006). No espaço vivido é muito importante para o idoso ter referências espaciais e temporais que lhe permitam ter identidade e segurança (PAIVA; VILLAROUCO, 2012), de forma que se deve sempre pensar no caráter afetivo do ambiente, além das dimensões do local e dos mobiliários (NEUFERT, 1974). Segundo Benetti (2004), “A arquitetura bem resolvida e de qualidade pode ser também um ótimo remédio para os males da saúde”. Dentre estes males, encontrase a Doença de Alzheimer, na qual, como citado anteriormente, existem estudos que comprovam
o
efeito
positivo
desenvolvimento da doença.
do
ambiente
para
amenizar
e
retardar
o
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3.1 RELAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER O ambiente apropriado para o idoso com Alzheimer faz parte das formas de tratamento não farmacológico da doença, como já foi citado anteriormente. A neurociência comprova que o cérebro da pessoa com Alzheimer permanece com os neurônios saudáveis durante anos, favorecendo as intervenções não farmacológicas que abordam métodos que contribuam para o bem-estar do idoso e retardem o desenvolvimento da doença (WISDEM, acesso em 3 set. 2013), contribuindo para manter a sua dignidade, independência e cuidado. Segundo o sociólogo americano John Zeisel (2006), que também é doutor em arquitetura e design, as pessoas com Doença de Alzheimer precisam de ambientes planejados especialmente para eles, pois além de todos os sintomas já citados, eles possuem dificuldades de se situar em um ambiente. Profissionais e disciplinas de diferentes áreas estão cada vez mais focados na Doença de Alzheimer, preocupando-se em descobrir a causa, obter um diagnóstico mais preciso e métodos de tratamento para a doença. Muitas destas disciplinas estão relacionadas à busca de benefícios através do ambiente físico, como é o caso da Ergonomia, definida como: [...] uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ERGONOMIA - IEA, apud DUL; WEERDMEESTER, 2006, p. 1).
Os domínios da Ergonomia podem ser divididos em (IEA, 2000): - Ergonomia física: voltada para os aspectos físicos, ambiente físico, estruturas e funções do corpo (LEITE, 2010). É importante para propiciar espaços seguros que agem como elementos preventivos para os idosos. - Ergonomia cognitiva: relacionada a processos mentais, como a memória, raciocínio e coordenação motora (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, acesso em 1 out. 2013).
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- Ergonomia organizacional: trata da otimização dos processos de produção e outras
questões
relacionada
a
execução
de
atividades.
(ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE ERGONOMIA, acesso em 1 out. 2013). Leite (2000) afirma que a Arquitetura é responsável pelo projeto e edificação dos ambientes e que em complemento a esta disciplina existem outras que contribuem para o espaço e a qualidade de vida do idoso. Uma delas é a Ergonomia do Ambiente Construído (EAC), domínio responsável pela preocupação de projetar e adaptar o ser humano ao espaço construído, unindo o ambiente arquitetônico à necessidade do usuário e a Psicologia Ambiental, referente à relação do comportamento humano e o ambiente físico (LEITE, 2000). De acordo com Paulo Roberto Canineu, geriatra da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, “[...] os idosos precisam de condições especiais para que vivam com conforto e segurança” (MASC, 2011). Os idosos com DA que vivem em um ambiente devidamente planejado, se tornam mais funcionais, ativos e independentes (ZEISEL, 2006). Estes indivíduos possuem o direito de serem reconhecidos e valorizados e o ambiente que eles vivem deve contribuir para isso (PASCALE, 2002). Portanto, o design de ambientes contribui para a redução dos sintomas e, por isso, é considerado uma importante intervenção não-farmacológica, pois muitos indivíduos no início ou no meio da doença ainda não necessitam de cuidados médicos (PASCALE, 2002). Costa (2011) afirma que o ambiente planejado para os idosos com Alzheimer, apresenta necessidades diferentes daqueles projetados para idosos com apenas limitações físicas, tanto no que diz respeito as metas que serão alcançadas, quanto na orientação do paciente e do cuidador. O arquiteto espanhol Manoel Del Rio, afirmou em um congresso realizado em Madrid (2011), que o ambiente projetado para o idoso com Alzheimer atende à outros idosos, pois solucionam problemas de falta de vigor e outras capacidades. Mas que não é qualquer espaço de idosos sem DA que atende aos pacientes com demência (ALFONSO et al., 2013). É importante lembrar que o ambiente planejado não beneficia apenas os idosos com DA, mas também e tão importante quanto, beneficia àqueles que cuidam e convivem diretamente com o paciente (ABRAz, acesso em 27 set. 2013). A função do
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ambiente envolve o bem estar do idoso além de tranquilizar os cuidadores e familiares que desejam um ambiente seguro e confortável para o paciente, mas que também os deixem tranquilos de manter o idoso no local. Portanto, os arquitetos responsáveis por projetarem esses espaços devem se atentar para atender as necessidades dos utentes, além de agradar os familiares, preocupando-se tanto com a saúde e segurança, quanto com o ambiente físico. (WISDEM, acesso em 3 set. 2013). Segundo o psicólogo Donald Normam (1990, apud ZEISEL, 2006), os ambientes devem ser auto-evidentes, ou seja, sem dificuldade de serem mapeados, pois para o cérebro da pessoa com Alzheimer, quanto mais difícil entender o ambiente, mais o idoso ficará agitado, ansioso e assustado. A DA é progressiva, de forma que os doentes podem chegar a um estágio de completa dependência. Sendo assim, a arquitetura e o design dos ambientes tornaram-se um importante meio de contribuir para o estímulo da independência dos idosos, amenizar os sintomas e retardar o desenvolvimento da doença (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013).
3.2 OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS ATRAVÉS DO AMBIENTE FÍSICO Embora já existam diversos estudos internacionais que relacionam o ambiente físico e a Doença de Alzheimer, no Brasil ainda existe uma carência de estudos nessa área. Acredita-se que tal fato pode ser justificado devido ao envelhecimento populacional ser um processo recente no país. Neves Peinado, arquiteta do Centro de Referência Estatal de Autonomia Pessoal e Ajuda Técnicas da Espanha (CEPAT), afirma que o espaço do idoso com Alzheimer deve sempre manter a capacidade de adaptação além de possuir três tipos de intervenções (ALFONSO et al., 2013): - Segurança: É o grau de intervenção mais básico, pois é fundamental que se tenha “controle de acesso” do ambiente. O idoso com Alzheimer, ao perder a memória, perde também a noção de onde está e muitas vezes por julgarem não conhecer o local, tentam fugir ou entrar em outros ambientes que podem ser
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perigosos como, por exemplo, as cozinhas. Porém, manter o espaço e o entorno seguros representa uma das difíceis tarefas dos cuidadores e familiares, pois a adaptação ou criação de um espaço seguro varia de acordo com o estágio da doença de Alzheimer, a forma como está progredindo e o perfil da pessoa. À medida que a doença vai se desenvolvendo, os idosos precisam de mais cuidados e atenção daqueles que convivem com eles. É uma carga emocional muito pesada, mas que se o local atender as necessidades de segurança do idoso, consequentemente contribuirá para o bem estar daquele que cuida. - Acessibilidade: durante o desenvolvimento da DA, o idoso acaba perdendo a capacidade de se deslocar sozinho ou de realizar atividades que conseguia fazer sem auxílio de terceiros. A arquiteta enfatiza que a acessibilidade torna os locais mais seguros e permite que os idosos tenham mais independência. Além disso, a acessibilidade precisa deixar de ser algo imposto, mas sim ser um item natural na concepção do projeto. - Personalização: Em virtude dos sintomas como a perda de memória, alterações de personalidade e lapsos de julgamento, uma das grandes dificuldades do idoso com Alzheimer é manter a sua identidade. Sendo assim, o ambiente deve criar formas de manter a referência, estimular a memória e preservar a história de vida do morador. É necessário que as pessoas, ao entrarem no ambiente, saibam que ali reside um idoso. Santiago Quesada, professor da escola de arquitetura de Málaga – Espanha, afirma que diante da perda da noção de tempo e espaço que ocorrem com os idosos com DA, os ambientes projetados para eles devem ser iluminados com luz natural, para que o idoso possa perceber a passagem do tempo e com identidade doméstica, para que o idoso associe a uma referência familiar (ALFONSO et al.,2013). Além destes objetivos, Pascale (2002) complementa que é muito importante oportunizar a sociabilidade, de forma que o ambiente deve inibir e facilitar o contato do individuo com outros moradores do local. Além disso, a autora afirma que o ambiente deve estimular a execução das atividades da vida diária do idoso, influenciando de forma positiva na sua autoestima e na sensação de competência, principalmente quando os ambientes em questão objetivam receber e abrigar idosos
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com DA, como é o caso dos locais que auxiliam a promoção do bem-estar dos idosos ou as ILPIs, local cada vez mais escolhido como moradia para idosos com DA.
3.3 MODALIDADES DE ATENÇÃO AO IDOSO Como pode ser visto nos capítulos anteriores, a população idosa brasileira está crescendo e tende a crescer cada vez mais, assim como os casos de Doença de Alzheimer nos idosos. Sendo assim, a necessidade de melhorar e manter a qualidade de vida dos idosos tem despertado cada vez mais a preocupação com aspectos relacionados ao ambiente em que esta população está vivendo. Diante destas preocupações e com a criação de leis que asseguram direitos aos idosos, foram estabelecidas modalidades de atenção ao idoso. Trata-se de alternativas que possibilitam auxílio às famílias que não possuem plenas condições de garantir a qualidade de vida do idoso. As modalidades podem ser classificadas em: não-asilares e asilares. De acordo com o art. 4º, do Decreto nº 1.948 (BRASIL, 1996, p.1): Art. 4º. Entende-se por modalidade não-asilar de atendimento: I – Centro de Convivência: local destinado à permanência do idoso, onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania; II – Centro de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia – local destinado à permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de assistência médica ou de assistência multiprofissional; III – Casa-Lar: residência, em sistema participativo, cedida por instituições públicas ou privadas, destinada a idosos detentores de renda insuficiente para a sua manutenção e sem família; IV – Oficina Abrigada de Trabalho: local destinado ao desenvolvimento, pelo idoso, de atividades produtivas, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo regida por normas específicas; V – Atendimento Domiciliar: é o serviço prestado ao idoso que vive só e seja dependente, a fim de supriras suas necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar, por profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria comunidade; VI – Outras formas de atendimento: iniciativas surgidas na própria comunidade, que visem à promoção e à integração da pessoa idosa na família e na sociedade.
De acordo com conversas obtidas com profissionais da área, embora o Centro-Dia surja como uma ótima opção para as famílias que desejam manter o idoso em suas
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residências, mesmo que em um curto tempo, ela não é uma modalidade que deve ser tão indicada para idosos com a Doença de Alzheimer. Eles alegam que o idoso com Alzheimer precisa de uma referência espacial e que passar o dia em um local e dormir em outro poderia confundi-los. Além disso, muitas famílias não conseguem manter a rotina de levar e buscar o idoso todos os dias, no mesmo horário, já que é uma das características do Centro-Dia, de forma que muitas famílias acabam trocando para a modalidade da ILPI. (OLIVEIRA5; RODRIGUES6; PINTO7, informação verbal). As ILPIs são classificadas como atividade de modalidade na qual o atendimento acontece de forma contínua, em regime de internato, para idosos que não possuem vínculo familiar ou para aqueles que possuem, mas a família não tem condições de mantê-los em casa (BRASIL,1996). Estas instituições, foco deste trabalho de conclusão de curso, serão detalhadas no capítulo seguinte.
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OLIVEIRA, Maria Trícia Guerra e. Doença de Alzheimer. 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 10 set. 2013.
6
RODRIGUES, L. A. B. de S. Doença de Alzheimer. 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 3 set. 2013.
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PINTO, C. C. H. Doença de Alzheimer. 2013. Entrevista concedida a Ághata Braga Lopes, Vila Velha, 24 set. 2013.
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4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPIs) Na bibliografia disponível sobre as ILPIs são encontradas diversas denominações sobre este tipo de modalidade de atenção ao idoso: asilo, abrigo, lar de idosos, clínica geriátrica, casa de repouso e ancianato (LEITE, 2010). O termo mais antigo é “asilo”, definido de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2003, apud TOSTA, 2008) como: “[...] casa de Assistência Social onde são recolhidas, para sustento ou também para educação, pessoas pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos e velhos”. Born (2005, apud TOSTA, 2008) afirma que a primeira instituição para idosos surgiu em 1782, no Rio de Janeiro, fundada pela Ordem Terceira da Imaculada Conceição. Em 1989, no mesmo estado, surgiu o “Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada”. Era um asilo apenas para idosos que dava suporte as necessidades básicas como alimentação e vestuário e era sustentado pela sociedade (SILVEIRA, 2012). Foi a partir da Constituição Federal de 1988, quando a assistência social passou a fazer parte da política pública brasileira, que os serviços aos idosos foram inclusos da rede da Assistência Social, divididos entre modalidade asilar e não asilar (SILVEIRA, 2012). Silveira (2012) afirma que a partir deste decreto nº 1.948, no qual ficaram definidas as modalidades de atenção ao idoso, o número de idosos institucionalizados começou a crescer, pois esta passou a ser reconhecida pela família e pelo Estado,como uma forma de oferecer melhor qualidade de vida, principalmente dos idosos com Alzheimer. Por outro lado, as instituições ainda são associadas a uma imagem negativa dos antigos asilos. Para Casara e outros (2010) a entrada do idoso em uma instituição asilar representava o abandono, a velhice vista como degeneração e que a sociedade descartava os indivíduos no momento em que eles começavam a não ser produtivos. O mesmo pensamento é apresentado por Cupertino (1996, apud TOMASINI; ALVES, 2006), que afirma que o idoso quando vai para um asilo se sente abandonado e solitário.
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Os antigos asilos eram conhecidos como locais sem higiene adequada, mantidos por ajuda do governo, ocupados por idosos que eram abandonados por suas famílias (LAFIN, 2010). Devido a este histórico, a denominação “asilo” faz referência a imagens negativas, pobreza e abandono (BORN; BOECHAT, 2006). Com o objetivo de desvincular das imagens negativas e tendo em vista a demanda que existe e que vai existir, órgãos competentes estão buscando meios de estabelecer regras básicas para o funcionamento destas instituições (NETO; CARRÉRA, 2013). Um exemplo disso é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 283, criada em 2005 pela ANVISA, na qual estabelece como padrão a mudança da nomenclatura “asilo” para Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) definida como: [...] Instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania. (RDC 283, 2005).
De acordo com Rosseto (2012), é possível diferenciar as ILPIs das antigas Instituições Asilares, pois estas eram locais em que os idosos viviam isolados, inativos fisicamente e mentalmente. Já a ILPI é um lar especializado, oferece assistência médica, mas ao mesmo tempo, um ambiente doméstico que transmite aconchego, preserva a identidade, a dignidade e intimidades dos idosos residentes. Os idosos com DA, assim como foi mostrado no capítulo 2, precisam de atenção e cuidados especiais, por serem pessoas dependentes, necessitando de referências psicológicas e ambientais que contribuam para retardar o desenvolvimento da doença. Porém,as famílias estão com cada vez menos suporte para manter um idoso em casa, principalmente aqueles que possuem dependência, seja por questões psicológicas e emocionais ou pela ausência de infraestrutura adequada. Sendo assim, estes aspectos estão determinando a procura cada vez maior por ILPIs (LEITE, 2010). Esse fato é confirmado por Rosseto (2012) que afirma que embora as famílias ainda tenham resistência e preconceito em levar o idoso para morar em uma ILPI, a falta de alternativas que permitam manter o idoso com DA em casa, torna crescente a procura por ILPI em todo o país.
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Diante da necessidade dos idosos com DA viverem em ambientes adequados, Born e Boechat (2002, apud TOMASINI; ALVES, 2006) afirmam que caso as ILPIs sejam projetadas garantindo a qualidade de vida do idoso e, automaticamente, daqueles que cuidam e convivem diretamente com o paciente, estas serão instituições cada vez mais procuradas pelas famílias que se sentirão seguras em oferecer a seu parente uma nova opção digna de moradia.
4.1 LEGISLAÇÃO O ambiente em que o idoso vive deve ser devidamente apropriado às necessidades impostas pelas perdas físicas e cognitivas decorrentes do processo de envelhecimento, seja ele ocorrido de forma natural ou não, pois os idosos, como um todo, são suscetíveis a influências ambientais, como iluminação, cores, ruídos e variação de temperatura. Esta monografia pretende abordar dentre todas as normas relativas ao envelhecimento, aquelas sobre o ambiente físico, mais especificamente as ILPIs. Segundo a arquiteta e mestre em gerontologia, Adriana Romeiro de Almeida Prado (2003), quando a pessoa envelhece ela passa a não suportar os níveis baixo de conforto do ambiente e tende a perder a capacidade de adaptação ao espaço. Sendo assim, é importante criar ambientes que promovam a independência e inclusão dos idosos. De acordo com o artigo 10 da Política Nacional do Idoso, estabelecida na Lei Federal nº 8.842 de 1994, deve-se: [...] Incluir nos programas de assistência ao idoso, formas de melhoria de condições de habitualidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção.
[...] Outra diretriz que comprova a necessidade da preocupação com os referidos ambientes está no artigo 38 do Estatuto do Idoso, estabelecido na Lei nº 10.741 de 2003, em que trata da habitação e que afirma a necessidade de um ambiente que
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tenha “[...] eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso. [...]”. Portanto, diante da evidência de que a acessibilidade deve ser garantida no ambiente físico, foi criada pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) a Norma Brasileira (NBR) 9050, que estabelece parâmetros técnicos a serem observados seja na concepção do projeto e construção, ou na adequação de espaços já existentes de forma a promover a inclusão de todas as pessoas. A primeira NBR 9050 foi publicada em 1985, tratando especificamente de pessoas com deficiência. Em 1994 ela passou por uma nova revisão, sendo que em 2003, a norma foi concluída e denominada como: “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” (CASA SEGURA, acesso em 15 de out. 2013). Trata-se da principal norma focada na acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, gestantes, idosos e obesos (ABNT, acesso em 16 set. 2013). A NBR 9050 tornou-se o instrumento de consulta oficial para projetar ambientes acessíveis e funcionais (MARTINEZ; EMMEL, 2013). As normas da NBR 9050 não abordam diretamente os ambientes específicos para os idosos. Entretanto algumas delas contemplam as necessidades e limitações destes como, por exemplo, a definição de medidas padrões para pessoas que necessitam de bengala, andador e muletas para se locomoverem (Figura 6). Essas medidas são fundamentais para especificar as dimensões dos ambientes de uma ILPI como, por exemplo, os corredores.
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Figura 6 - Dimensões referenciais para deslocamento de idosos em pé Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).Nota: Figura adaptada pela autora.
Além de normas para pessoas que se locomovem em pé, mas com limitações, a NBR 9050 estabelece as dimensões das cadeiras de rodas (Figura 7) e os espaços necessários para a locomoção de cadeirantes (Figura 8). Essas medidas são necessárias, pois em uma ILPI é importante que tenha os espaços adequados para a circulação, assim como locais para guardar as cadeiras.
Figura 7 - Dimensões do módulo de referência para cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
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Figura 8 - Dimensões da área de manobra para cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Dentre outras recomendações, a norma também estabeleceu dimensões a serem seguidas para os banheiros acessíveis, com áreas de transferências para o chuveiro (Figura 9), para o vaso sanitário (Figura 10), barras de apoio e piso antiderrapante, informações essenciais para o projeto da Instituição de Longa Permanência para Idosos, onde é indispensável a existência dos mesmos. Além disso, para os demais ambientes é fundamental se atentar para as regras estabelecidas quanto a inclinação de rampa, altura e posicionamento de corrimãos e, dimensões mínimas para dormitórios, sendo que estes devem ter a área de manobra para cadeiras de rodas (Figura 11).
Figura 9 - Possibilidade de transferência do cadeirante para o chuveiro Fonte: ABNT NBR 9050 (2004)
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Figura 10 - Possibilidades de transferência do cadeirante para o vaso sanitário Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Figura 11 - Dimensões mínimas para o dormitório do idoso Fonte: ABNT NBR 9050 (2004).
Todas estas normas exemplificadas, assim como as demais citadas na NBR 9050, juntamente com determinações do Estatuto do Idoso e outras normas da ABNT, estabeleceram diretrizes para a RDC 283. A RDC 283, de 26 de setembro de 2005, foi criada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com o objetivo de estabelecer normas para o
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funcionamento
das
Instituições
de
Longa
Permanência
para
Idosos.
Tal
denominação foi definida nesta norma, pois até então ainda eram usados termos como “Casa de Repouso” e “Asilos” (LEITE, 2010). Este Regulamento Técnico foi adotado, Considerando a necessidade de garantir a população idosa os direitos assegurados na legislação em vigor; considerando a necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde ao quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de Longa Permanência; considerando a necessidade de definir critérios mínimos para o funcionamento e avaliação, bem como mecanismos de monitoramento das Instituições de Longa Permanência para idosos e; considerando a necessidade de qualificar a prestação de serviços públicos e privados das Instituições de Longa Permanência para Idosos [...](RDC/ANVISA 283, 2005).
Levando em consideração o direito dos idosos, a norma define os graus de dependência dos idosos, além de condições indispensáveis para a organização e estruturação de uma ILPI, desde aspectos administrativos até infraestrutura. Segundo a gerente-geral de Tecnologia em Serviços de Saúde da Anvisa, Flávia Freitas, a RDC 283 representa mais um instrumento de atuação das vigilâncias sanitária na realização de fiscalizações, garantindo medidas que não coloquem a vida do idoso em risco e consolidando os direitos já estabelecidos no Estatuto do Idoso (VISA, 2011). Considerando o objetivo desta monografia apresentado anteriormente, as diretrizes mais detalhadas da RDC 283 a respeito dos ambientes físicos serão abordadas para a formulação do plano de necessidades a ser desenvolvido na segunda etapa deste trabalho de conclusão de curso.
4.2 CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS IDEAIS PARA IDOSOS COM ALZHEIMER: EXEMPLOS DE ILPIs ESPECIALIZADAS No Brasil existe uma carência muito grande de estudos voltados para a relação entre a Arquitetura e os benefícios que ela pode trazer para o tratamento da Doença de Alzheimer. Sendo que, durante todas as pesquisas realizadas para a elaboração desta monografia, foram identificadas poucas referências brasileiras, exceto a RDC
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283, que pudessem auxiliar na produção de um projeto arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com demência do tipo Alzheimer. A mesma carência foi notada no que diz respeito a existência de ILPIs brasileiras especializadas em idosos com Alzheimer, fator estimulante para o desenvolvimento deste trabalho, tendo em vista a crescente demanda de possíveis usuários. Entretanto,
existem
diversas
referências
internacionais
que
estabelecem
recomendações para tornar o ambiente do idoso com Alzheimer apropriado para a sua moradia, assim como existem instituições em outros países que foram projetadas para os idosos com DA. De forma que, estas referências também servirão como base para o desenvolvimento desta pesquisa, tendo em vista que as características, sintomas e necessidades do idoso com DA são as mesmas. A ABRAz afirma que o ambiente bem planejado melhora a qualidade de vida do paciente e facilitam a vida do cuidador (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013). No livro “Você não está sozinho... nós continuamos com você” lançado em 2013 pela ABRAz, mostra algumas recomendações que devem ser consideradas quanto ao ambiente seguro para o idoso com DA (PERRACINI; KATO-NARITA, 2013): - Controlar os acessos, pois muitos idosos com Alzheimer perdem a noção de tempo e espaço e, muitas vezes tentam fugir ou entrar em locais que são perigosos. - Espelhos causam alucinações, devendo ser usados apenas no banheiro e assim mesmo, com atenção ao efeito que estará causando ao paciente; - Objetos como quadros, tapeçarias e porta-retratos causam excesso de estímulos ou alucinações, de forma que devem ser retirados ou utilizados de acordo com o comportamento do paciente; - Evitar o uso de eletrodomésticos que fazem barulho, na presença de uma pessoa com DA; - A luminosidade, caso provoque ofuscamento da visão, deve ser controlada com cortinas. Em relação aos abajures que refletem sombra na pele, estes devem ser evitados;
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- Passadeiras e tapetes soltos podem provocar quedas. Caso a retirada dos mesmos provoque agitação no idoso, os mesmo devem ser fixados no chão com fitas adesivas e antiderrapantes; - É importante se atentar para a disposição dos móveis, de forma que facilite a passagem da pessoa. As mesas de centros podem ser retiradas, deixar poucas opções de cadeiras para sentar, demarcando a favorita do doente com algo que facilite o seu reconhecimento; - As cores do chão e das portas devem ter contrastes, pois favorecem a noção de espaço e equilíbrio; - Cozinhas, escadas e outras áreas de perigo devem ser protegidas e ter acesso restrito; - Objetos no chão, como fios de telefone, sapato e brinquedos, devem ser retirados. Estas adaptações devem ser feitas respeitando a relação que o paciente tem com o local, pois qualquer mudança repentina pode provocar a sensação de desorientação do paciente. Arantes (2013) reforça a importância do cuidado com o ambiente complementando com outras recomendações: - Mobílias: devem-se utilizar móveis de centro e de canto sem quinas; as poltronas devem ter encostos para as costas e apoio para os braços; - Quartos: a localização deve ser preferencialmente no térreo com banheiros próximos; as janelas devem ser de correr; camas com altura de 45 cm e; interruptor perto da cama; - Banheiro: devem ter barras de apoio; pia fixa; cadeira adequada para banho e piso antiderrapante; Na Espanha, profissionais de diversas áreas, o Governo, o Centro de Referência Estadual de Atenção a Pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências da Salamanca e a Confederação Espanhola das Associações de familiares de pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências elaboraram uma cartilha com
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recomendações específicas para o ambiente do idoso com Alzheimer. O objetivo é mostrar soluções precisas para o espaço destinado aos idosos com DA, e auxiliar o trabalho dos arquitetos. Nesta cartilha intitulada “Guia de Implantação – O espaço e o tempo na Doença de Alzheimer” (IMSERSO8; CEAFA9, 2013, tradução nossa), as recomendações foram separadas por ambientes, o que garante o entendimento dos leitores. São diretrizes que podem auxiliar a eliminar as dificuldades existentes nos diferentes locais de uma residência, e que auxiliam a adaptação ou construção de um ambiente com as necessidades do idoso. Segundo o guia, a ILPI deve ter características familiares, não deve remeter a um hospital ou qualquer ambiente do gênero. O idoso precisa se sentir em casa, ter estímulos que o mantenha independente e continue praticando suas atividades diárias. O espaço precisa oferecer comodidade, de forma que as características do ambiente sejam agradáveis, respeitando a privacidade, dignidade e opiniões pessoais. A Instituição deve ter ambientes que permitam atividades tanto no interior quando ao ar livre, mas permitindo que o idoso escolha participar ou não. Sendo que se o ambiente permitir a autonomia do enfermo, seja sem obstáculos ou com mecanismos que compensem a perda da mobilidade, este aumenta a participação nas atividades propostas. De acordo com a cartilha, a ILPI deve conciliar a intimidade e a convivência dos usuários através de zonas de uso comum como a cozinha, sala de estar, locais para receber visita da família, além de espaços individuais como os quartos e banheiros. Os espaços devem ser iluminados e alegres. Com relação às áreas comuns que recebem os familiares, estas devem manter a privacidade para que as visitas não atrapalhem ou incomodem os outros moradores. As áreas comuns, como a sala de estar, devem estar na melhor orientação possível e sempre visível. As áreas externas, como os jardins, devem ser acessíveis, sem obstáculos, estimuladores e com espaços de descanso.
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Instituto de Idosos e Serviços Sociais – Centro de Referência Estatal de Atenção a pessoas com Doença de Alzheimer e outras demências da Salamanca (Espanha). 9 Confederação Espanhola das Associações de Familiares de pessoas com Alzheimer e outras demências.
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É importante lembrar que um ambiente bem planejado, não favorece apenas ao paciente, mas também, aos cuidadores dos idosos e demais funcionários da ILPI. Com relação às cores e iluminação, a cartilha explica que como os idosos com Alzheimer possuem mudanças na visão, como a dificuldade de percepção, a iluminação pode ajudar de forma eficaz a identificar contrastes das cores. Sendo que este contraste deve ser cuidadosamente considerado quando da escolha das cores, pois muitas vezes estas podem causar desconforto aos usuários já que o contraste pode aumentar ou reduzir a visibilidade do paciente. Cooper (1993, apud PASCALE, 2002) confirmou que o indivíduo durante o processo de envelhecimento passa por um decréscimo na capacidade de distinguir cores frias como, por exemplo, azul, verde ou demais cores que transmitem frescor e repouso físico. O autor afirma que os tons lavanda, rosa e pastéis podem confundir os idosos, pois para eles essas cores podem parecer bem similares e devem ser usadas com cuidado em ILPIs. Cores quentes como, por exemplo, vermelho e laranja, são mais fáceis de serem distinguidas pelos idosos. Estas cores são estimulantes e devem ser usadas em ambientes onde o indivíduo necessite de ação e entusiasmo (VERDUSSEN, 1978, apud PASCALE, 2002). Das recomendações citadas para cada ambiente específico estão (IMSERSO; CEAFA, 2013): - Banheiros: Com relação aos banheiros, o guia orienta que o mesmo deve localizar-se dentro do quarto, já que o paciente pode ter dificuldade de orientação, localização e mobilidade. Como a doença provoca déficits sensoriais, que aumentam os riscos de queimaduras, devem-se utilizar reguladores de temperatura da água. O piso precisa ser com um material antiderrapante e de secagem rápida, pois o idoso com Alzheimer possui maior risco de perda do equilíbrio. Com relação a pia, ela deve ter uma altura apropriada para cadeira de rodas e não deve ter armários embaixo. O vaso deve ter barras de ambos os lados. Não é recomendado o uso de banheiras. O espaço do box do chuveiro deve permitir a entrada de uma cadeira de banho. É recomendável que as cores dos revestimentos do banheiro sejam claras,
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para que o idoso fique relaxado, pois o paciente com Alzheimer tende a ficar agitado e nervoso durante o banho. - Zonas comuns e sala de estar: Além dos cuidados anteriormente com os mobiliários, é importante sinalizar adequadamente as zonas de jardins, salas de terapia e outras áreas comuns da instituição. Sendo que estas sinalizações devem estar visíveis para um cadeirante.É importante que os ambientes das áreas comuns tenham aspecto bem familiar, pois é onde os idosos recebem os familiares e interagem com os demais moradores. - Cozinha: Devido aos problemas de memória dos pacientes com Alzheimer, a cozinha é tida como um espaço perigoso. Sendo assim, deve ter entrada restrita aos funcionários. A cozinha é um espaço onde deve prevalecer a segurança e funcionalidade. Porém, é recomendado que os idosos possam praticar as atividades diárias, como por exemplo, cozinhar. Por isso, podem ser criadas duas cozinhas, uma central para a produção diária, com entrada restrita e uma cozinha terapêutica, com acesso livre e utensílios seguros. - Corredores: Devem ser livres de obstáculos, com boa ventilação e iluminação. Os corredores precisam ter corrimãos nos dois lados e identificação dos ambientes aos quais ele está interligado. - Sala de jantar: Deve ser um ambiente agradável, estimulante e que não tenha a imagem vinculada a um ambiente hospitalar. A cartilha recomenda que a cozinha esteja próxima da sala de jantar, para que o cheiro da comida sendo preparada estimule o apetite dos idosos, mas que é importante se atentar ao ruído que pode vir em virtude do manuseio de louças, talheres etc. Com relação ao mobiliário, as mesas devem ter altura suficiente para o conforto de um usuário cadeirante, tendo no mínimo 74 cm de altura livre. - Quarto: O quarto é o único lugar onde pode reforçar a identidade pessoal e atuar como um local de refúgio. As cores da parede devem ser suaves e claras, pois é uma área de descanso. Elementos como interruptores devem ter cores diferenciadas da parede para facilitar a localização. O quarto deve possuir janelas que possibilitem a entrada de iluminação natural. Quanto ao mobiliário, as camas
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devem possuir proteção lateral e regulagem de altura e, o guarda-roupa deve ser adaptado para cadeirantes. - Espaços externos: Os espaços externos como, por exemplo, os jardins podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, tendo um grande potencial terapêutico quando bem planejado. Os caminhos devem ser livres de obstáculos, reduzindo os riscos e respeitando o direito de ir e vir do usuário. Os elementos paisagísticos e a vegetação podem estimular sensações boas nos idosos com DA remetendo a um ambiente sossegado. Para promover o uso e a estimulação sensorial, deve-se atentar para a variedade da vegetação, as espécies e os aromas naturais. Os jardins devem ser seguros, com caminhos acessíveis e delimitações
seguras,
para
permitir
que
os
idosos
tenham
liberdade
e
independência. É fundamental que os caminhos para a área externa sejam visualmente acessíveis desde alguns locais internos, o que favorece a iniciativa própria de alguns pacientes irem até os jardins. Porém estes caminhos devem ser direcionais, com sinais de orientação, evitar desníveis, ser acessíveis para cadeirantes e ter corrimãos, para que o usuário se sinta mais seguro. Além de jardins, hortas favorecem o cultivo, estimulando a atividade e os sentidos dos idosos. É interessante colocar mesas de baralho ou outros jogos que podem servir como outro estímulo a memória, sendo que os mobiliários devem ser pesados e difíceis de mover sem ajuda de outra pessoa e resistente as variações climáticas. Os mobiliários devem ser distribuídos estrategicamente em áreas com sombra, ou ensolaradas para um banho de sol e até mesmo em áreas que garantam mais privacidade. Além disso, é indicada a possibilidade de colocar áreas como salão de jogos infantis e outros ambientes em que o idoso poderá receber os netos e familiares. No ano de 2007 foi inaugurado no bairro Morumbi, em São Paulo, o Hiléa, que funcionava como um hotel, residencial e clube, especializado em idosos com a Doença de Alzheimer. O local, que tinha qualidade de hotel cinco estrelas, funcionou por três anos e em 2009 encerrou suas atividades por problemas de administração (GONÇALVES, 2009). Sendo assim, os exemplos utilizados para comprovar a aplicabilidade das recomendações de ILPIs especializadas em Idosos com Alzheimer, serão expostos
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e explicados baseados nas informações disponíveis em sites, tendo em vista o desconhecimento de instituições com esta especialidade no Brasil, a impossibilidade de visita por estarem localizadas no exterior, pouco tempo existente para a pesquisa e a falta de recursos para visitas fora do país.
4.2.1 Instituição 1: Casa do Alecrim A Casa do Alecrim (Figura 12) é o primeiro lar da Associação Alzheimer Portugal, construído exclusivamente para idosos com Alzheimer. A casa foi inaugurada em janeiro de 2013 e fica localizado em Cascais, Portugal (ALZHEIMER PORTUGAL, acesso em 28 out. 2013).
Figura 12 - Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (Acesso em: 30 out. 2013).
A instituição oferece serviços para longa permanência, centro-dia e apoio domiciliário. São oferecidos serviços especializados e individualizados, prezando pela qualidade de vida do idoso e apoio as famílias. No local são desenvolvidas atividades de estimulação cognitiva, sensorial e motora. A casa tem capacidade para acolher 30 clientes para longa permanência e 15 em centro-dia (ALZHEIMER PORTUGAL, acesso em 30 out. 2013). A Casa foi um resultado de parcerias públicas e privadas, como várias doações que vão desde o terreno, até o projeto de interiores.
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Com relação aos quartos (Figura 13), eles podem ser individualizados ou duplos, todos com banheiros. Cada quarto é decorado de uma forma diferenciada, com o objetivo de ajudar na referência dos usuários (ALZHEIMER PORTUGAL, 2013).
Figura 13 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
As cores são claras e diferenciadas quanto ao piso, parede e teto. Os quartos possuem iluminação natural, sendo que a sua incidência é controlada com o auxílio de cortinas e, iluminação artificial com arandelas e abajures posicionados de forma a não causar sombra, como pode ser visto na Figura 14.
Figura 14 - Quarto do idoso na Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
De acordo com a Figura 15, os corredores são amplos, devidamente equipados com corrimãos. O revestimento é diferenciado para sinalizar a entrada dos ambientes que não possuem portas.
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Figura 15 - Corredores da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
A Casa possui jardins e amplas áreas de vivência, tanto no interior quanto no exterior da edificação (Figura 16). A proposta é que todos os usuários tenham acesso às áreas de vivência, sendo os espaços estimulantes em nível de cheiros, cores e ruídos. Todas as áreas possuem boa ventilação e iluminação natural (CIÊNCIA PT, acesso em 28 out. 2013).
Figura 16 - Área externa da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal (2013).
As áreas comuns internas, como por exemplo a sala de estar, possui diversas aberturas para as áreas externas pemitindo a entrada de luz natural, que também são controladas pelas cortinas (Figura 17). Os revestimentos de piso e parede são diferencidados e a disposição dos móveis permite o tráfego livre. Mas, conforme observado na Figura 18, os mobiliários não possuem muita variedade de cor, o que
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pode causar dificuldades para que os idosos identifiquem e referencie o seu assento, a não ser que a Instituição utilize de outros métodos para identificar os assentos. A ABRAz, como foi dito anteriormente, recomenda que os assentos possuam algum tipo de identificação que facilite a localização para o idoso.
Figura 17 – Sala de estar da Casa do Alecrim. Fonte: Alzheimer Portugal(2013).
Figura 18 - Área de estar da Casa do Alecrim Fonte: Alzheimer Portugal(2013).
De acordo com levantamentos feitos em entrevistas com profissionais da área, os mesmos informaram sobre a desvantagem de uma Instituição com mais de um pavimento, como é a Casa do Alecrim (Figura 19). A informação obtida é que a casa, quando não funciona apenas no térreo, exige maiores cuidados e mais gastos. Além disso, precisam ter circulação vertical e, como já foi visto anteriormente, as escadas representam um perigo para os idosos com Alzheimer, servindo como limitadores do deslocamento dos mesmos.
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Figura 19 - Casa do Alecrim. Fonte: Alzheimer Portugal. Acesso em: 30 out. 2013.
4.2.2 Instituição 2: Alzheimer’sRespite Centre O Centro de Refúgio de Alzheimer (Figura20) fica localizado em Dublin, Irlanda. O projeto arquitetônico foi elaborado por Niall McLaughlinArchitects e as obras foram concluídas em 2009.
Figura20 - Alzheimer's Respite Centre
Fonte:Níall McLaughlin Architects (Acessoem: 30 out. 2013).
O Centro funciona como um local de apoio temporário para os idosos com DA, oferecendo o serviço de Centro-Dia e estadia temporária. Além disso, conta com escritórios da Sociedade do Alzheimer da Irlanda, que oferecem serviços de apoio aos cuidadores e familiares (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).
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A área total do edifício é de 1392m² e foi construído em um jardim murado do século XVIII adjacente a um convento, que foi considerado como restrições do projeto, pois os muros são protegidos pela lei de conservação da Irlanda e não poderiam ser demolidos. O objetivo do arquiteto foi de eliminar qualquer vínculo com o ambiente hospitalar, propondo um fluxo descontraído de espaços externos e internos e, aproveitando a luz natural (MC LAUGHLIN, acesso em 30 out. 2013). A edificação consiste em pavilhões interligados com jardins e pátios. Como pode ser visto na Figura 21, a entrada dos escritórios (1) da Sociedade do Alzheimer da Irlanda fica separada da entrada e recepção do Centro (2), o que garante a segurança e privacidade das pessoas que frequentam os dois espaços. O projeto foi pensado de forma a favorecer também as pessoas que ficam nos escritórios, pois eles possuem acesso ao Jardim dos Funcionários (21) e como foi citado nos capítulos anteriores, é muito importante garantir o bem estar das pessoas que convivem diariamente com os idosos. Já na parte do Centro, os pacientes podem transitar livremente, pois a disposição dos ambientes foi feita de forma que áreas de risco como a cozinha (3) ficassem isolada dos espaços de vivência como as salas de estar (7). Os quartos (9) ficaram em uma ala única, o que garante a privacidade e conforto para o descanso, mas para maior segurança, ficam próximo das salas da enfermagem e outras que fazem partem da administração interna (12), que também possuem vista para os ambientes comuns como o espaço central (6) e a sala de contemplação (8), posicionada de frente para o pátio magnólia (17). A edificação está locada no centro do terreno e no seu entorno estão os jardins que ficam orientados para uma direção diferente.
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LEGENDA: 1-Entrada do Escritório da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 2- Entrada para o Centro; 3 – Cozinha; 4 – Sala de Jantar; 5 – Sala das atividades; 6 – Espaço Central; 7 – Salas de Estar; 8 – Sala de contemplação; 9 – Quartos; 10 – Cabeleireiro; 11- Administração do Centro; 12 – Administração da Sociedade do Alzheimer da Irlanda; 13 – Sala de terapia; 14 – Terraço da manhã; 15 – Terraço superior; 16 – Terraço da tarde; 17 – Pátio Magnólia; 18 – Terraço da Noite; 19 – Terraço Herb e Scent; 20 – Pomar; 21- Jardim dos Funcionários. Figura 21 - Planta Baixa do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Curtis (2011).
O projeto teve como partido arquitetônico o terreno acidentado. Sendo assim, o arquiteto projetou um jardim em três níveis, de forma que a edificação ficasse no nível intermediário (Figura 22). De acordo com a figura 21, nestes jardins/áreas externas foram planejados pátios, pomares e gramados. Mas, analisando a planta baixa, percebe-se que os acessos aos mesmos são através de escadas, tornandose um fator limitante para os idosos cadeirantes. O muro antigo e preservado foi revestido com tijolo stocks (Figura 23), que favorecem a temperatura agradável com relação ao clima da região (CURTIS,2011).
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Figura 22 - Área Externa do Alzheimer Respite Centre Fonte: Curtis (2011).
Figura 23 - Área externa do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Curtis (2011).
De acordo com as imagens das áreas externas, pode-se notar que os pátios não aparentam serem estimulantes, são monocromáticos, com pouca vegetação e mobiliários. Porém, as áreas de vivência internas possuem cores vibrantes, que estimulam o usuário. As cores diferenciadas servem para marcar determinadas áreas da instituição. Os pisos e paredes são diferenciados por cores (Figura 24). Já o mobiliário possui cores padronizadas para não confundir com as cores das paredes (CURTIS, 2011). Isso favorece aos usuários a identificação dos mesmos no ambiente, mas, levando-se em conta as recomendações da ABRAz, é recomendável alguma identificação nas cadeiras ou poltronas. As áreas internas possuem aberturas, com janelas de madeiras em diferentes alturas, que possibilitam a vista para o jardim de diferentes locais da instituição.
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Além disso, permite que o usuário acompanhe a passagem do sol durante o dia, para que não se sintam perdidos no tempo (LABEAU, acesso em 28 out. 2013). Um aspecto negativo destas aberturas é que elas não possuem cortinas, para controlar a incidência da luz natural, como mostra a Figura 25.
Figura 24 - Área de estar interna do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Curtis (2011).
Figura 25 - Área de estar e refeições do Alzheimer’sRespite Centre Fonte:Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).
Os corredores (Figura 26), para não ficarem monótonos, receberam assentos e janelas, de forma que também se tornaram espaços de interação. Além disso, corrimãos foram instalados por todas as paredes para facilitar e estimular o deslocamento do usuário (LABEAU, acesso em 28 out. 2013).
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Figura 26 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Bennett (Acesso em: 30 out. 2013).
As entradas dos quartos são marcadas por cores diferenciadas, de acordo com a Figura 27, para facilitar a referência do idoso de onde ele pode ou não entrar (CURTIS,2011).
Figura 27 - Corredor do Alzheimer'sRespite Centre Fonte: Architizer (Acesso em: 30 out. 2013).
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AlĂŠm disso, os quartos (Figura 28) sĂŁo individuais, com banheiros privativos e possuem vista para o jardim externo. Quanto ao mobiliĂĄrio, foram usados mesas e assentos para cada quarto com o intuito de permitir que o idoso se aproprie do ambiente, coloque objetos pessoais e arrume de acordo com o gosto pessoal.
Figura 28 - Quarto do Idoso com Alzheimer's Respite Centre Fonte: Curtis (2011).
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5 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS COM ALZHEIMER EM VILA VELHA, ES : PROJETO ARQUITETÔNICO Conforme apresentado nos capítulos anteriores e segundo Marquardt (2009), a maioria das pessoas com Alzheimer são institucionalizadas em algum momento da doença. Os cuidados que envolvem o bem estar e a segurança destas pessoas demandam configurações espaciais e conhecimentos específicos que vão além das possibilidades físicas e emocionais de seus familiares e suas residências. As ILPIs localizadas em Vila Velha não possuem infraestrutura necessária para atender a todas as necessidades impostas pelo avanço da doença de Alzheimer, pois ocuparam imóveis já existentes, com adaptações que, quando acontecem, se restringem basicamente a adequação largura das portas, colocação de barras de apoio ou inserção de rampas. Segundo Assad (informação verbal) a cidade necessita da construção de um local devidamente planejado para receber os idosos. Este capítulo traz informações referentes aos aspectos necessários para desenvolvimento do projeto arquitetônico, em nível de Estudo Preliminar de uma ILPI destinada e planejada para acolher idosos com Alzheimer, contemplando: •
A delimitação do número ideal de idosos a serem assistido pela instituição proposta;
•
As considerações sobre o lugar escolhido para implantação da edificação;
•
O partido arquitetônico que resgata os aspectos referentes ao ambiente como recurso terapêutico descrito no capítulo 3 (três).
•
O programa de necessidades, contendo os ambientes exigidos pela RDC 283 e aqueles recomendados pelas pesquisas consultadas, específicos para uma ILPI especializada em Alzheimer;
•
Fluxograma e setorização, levando em conta a necessidade do controle de acesso dos idosos e, ao mesmo tempo, permitindo que os mesmos se sintam livres e independentes. A definição da planta baixa, acontece baseada nas decisões aqui tomadas, tendo em vista a importância da setorização clara e objetiva como uma das principais garantias de qualidade de vida para o idoso com Alzheimer (MARQUARDT, 2011).
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•
Implantação e paisagismo, considerando as decisões tomadas na setorização e no desenvolvimento da planta baixa.
5.1 DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO ASSISTIDO Considerando as ILPIs em funcionamento hoje, conforme descrito no capítulo 4, e o número médio de vagas disponíveis, foi observado que estas disponibilizam de 15 a 25 leitos por Instituição, muitas vezes com quartos compartilhados entre até 4 idosos. Entretanto, Cantley e Wilson (2002), ao analisarem o design de Instituições destinadas ao tratamento de idosos com Alzheimer, destacaram algumas distinções entre estas e aquelas que funcionam como lares para idosos que não apresentam limitações cognitivas. Ainda que ambas apresentem algumas necessidades comuns aos idosos, tais como segurança, conforto e um ambiente agradável e estimulante, as instituições destinadas a acolher idosos que recebem o diagnóstico de Alzheimer necessitam de requisitos adicionais que contribuam para estimular e intensificar as formas de tratamento não-farmacológicas. Neste caso, a quantidade de moradores na instituição torna-se um fator de grande influência no bem-estar dos idosos com Alzheimer, uma vez que o nível de orientação dos idosos com demência tende a diminuir na medida em que se aumenta o número de pessoas com quem eles dividem o ambiente. Além disso, a redução do número de idosos em um mesmo local produz efeitos positivos como: diminuição da agitação e do estresse, maior interação dos familiares durante as visitas, aumento da facilidade para os cuidadores e da percepção de um ambiente familiar pelos moradores (CANTLEY, WILSON, 2002; MARQUARDT,2009; CALKINS 2011). Segundo Benbow (2013) e Calkins (2011) o número ideal de moradores que ajuda a preservar a qualidade de vida dos idosos é de 10 a 12 habitantes. Portanto, diante dos benefícios citados, das recomendações dos autores e da ausência de uma diretriz que estabeleça a quantidade mínima ou máxima de moradores em uma ILPI, fica definido para este projeto a capacidade máxima de 12 habitantes.
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Condicionado a definição do número de habitantes está a quantidade de cuidadores para os idosos, uma vez que a RDC 283 estabelece um número mínimo relacionado ao Grau de Dependência dos Idosos. A ILPI proposta está enquadrada no grau III que é referente a idosos que necessitam de assistência em todas as atividades diárias e que possuem comprometimento cognitivo. Neste caso a norma estabelece que o número mínimo seja de 1 cuidador para 6 idosos. Entretanto, a mesma norma não especifica a quantidade ideal para uma instituição especializada em idosos com Alzheimer, motivo pelo qual adotou-se como parâmetro para este projeto o número de 3 cuidadores para 6 idosos, totalizando 6 cuidadores.
5.2 CONSIDERAÇÃO SOBRE O LOCAL DE IMPLANTAÇÃO O município de Vila Velha, cidade escolhida para a implantação da ILPI especializada em idosos com Alzheimer, faz parte da Região Metropolitana do Estado do Espírito Santo. De acordo com o Plano Municipal de Saúde de Vila Velha (2013), no Censo realizado em 2012, o município possuía 424.948 habitantes, sendo que destes 45.596 faziam parte da população idosa com uma taxa de crescimento de 4,13%. A cidade de Vila Velha já possuía em 2009 cerca de 20 ILPIs (FELIZ, 2010) quantidade esta que só aumentou e tende a aumentar. Assad (informação verbal) informou que, atualmente, o município possui 24 ILPIs em funcionamento. Sendo assim, a cidade se mostra apta a receber locais nesta classificação de atividade, Entretanto, segundo entrevistas realizadas com alguns proprietários, nenhuma destas
IPLIs
tenham
sido
construídas
especificamente
para
atender
as
necessidades além de ainda não existir nenhuma ILPI na região que tenha sido projetada para acolher exclusivamente Idosos com o diagnóstico da doença de Alzheimer. Buscando atender aos objetivos deste TCC, embora seja escolhido apenas um terreno, foram identificados dois terrenos para serem analisados a respeito de suas potencialidades para receber uma ILPI. Para análise dos condicionantes legais destes terrenos foi considerado o Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha do ano de 2007
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5.2.1 Terreno 1 O primeiro terreno analisado fica localizado no Bairro Coqueiral de Itaparica, Vila Velha na esquina da Avenida Aracruz com a rua Itaperuna, confrontando com a Rodovia do Sol e ocupa uma área de 4929,87m².
Figura 29 - Terreno 1: Bairro Coqueiral de Itaparica Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
O bairro possui um uso predominante residencial, conhecido pelos conjuntos habitacionais, porém com um setor de comércio e prestação de serviços já consolidados. Ao lado do terreno encontram-se uma clínica de especialidades médicas, como a geriatria, uma Igreja e várias residências, dentre elas, um condomínio horizontal. Nas suas proximidades existem dois supermercados, duas padarias, farmácias, um posto de saúde, uma praça para lazer, bancos, a Sede da Prefeitura de Vila Velha, três Instituições de Longa Permanência para Idosos, um hospital e diferentes tipos de comércio local. Além disso, o terreno fica próximo a pontos de táxi e ônibus.
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Trata-se de um dos poucos terrenos ainda desocupados na região e inserido em um contexto já consolidado.
Figura 30 - Terreno 1: Ocupação do entorno Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
Com relação ao fluxo de veículos, ele é intenso com sentido único na Avenida Aracruz e duplo na Rodovia do Sol, porém é reduzido e com sentido duplo na Rua Itaperuna. Todas as vias são asfaltadas e devidamente sinalizadas. Já a calçada que contorna o terreno precisa ser reconstruída.
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Figura 31 - Terreno 1: sentido das vias Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
Figura 32 - Avenida Aracruz Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Figura 33 - Rua Itaperuna Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
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Figura 34 - Rodovia do Sol Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Prioritária 3 - ZOP 3 e atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.
Figura 35 - Terreno 1: Zoneamento urbanístico. O terreno está sinalizado em vermelho localizado na ZOP3 Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o coeficiente de aproveitamento máximo para este terreno é de 3.5, a taxa de ocupação de 60% e taxa de permeabilidade de 10%. O gabarito para ZOP3 é de no máximo 15 pavimentos com altura máxima de 52,6m.
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Figura 36 – Terreno 1: Coeficientes de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)
Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 13.696 habitantes, sendo que destes, 1004 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portanto, diante de todas as características citadas acima, o bairro é classificado como um bom local para receber uma nova ILPIs.
5.2.2 Terreno 2 O segundo terreno analisado fica localizado no Bairro Morada do Sol, Vila Velha entre a Rua dos Flamboyants e a Avenida dos Ipês, confrontando com a Avenida Central e ocupa uma área de 4800m².
Figura 37 - Terreno 2: Bairro Morada do Sol Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
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O bairro possui um uso predominante residencial, muitos terrenos vazios e na visita em campo, não foram identificados comércios e serviços locais. Porém é um bairro silencioso, em desenvolvimento e próximo da Rodovia do Sol, importante via arterial que faz conexão com outros bairros vizinhos. Além disso, o bairro é conhecido por possuir uma lagoa e a proximidade com a praia.
Figura 38 - Terreno 2: Ocupação do entorno Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
Com relação ao fluxo de veículos, ele é reduzido em todas as vias do bairro. As vias de acesso ao terreno são asfaltadas, com sentido duplo e pouco sinalização (Figura 39).
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Figura 39 - Terreno 2: sentido das vias Fonte: Google Earth (2014) Nota: Imagem adaptada pela autora
Figura 40 - Avenida dos Flamboyants Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Figura 41 - Avenida Central Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Figura 42 - Avenida dos IpĂŞs Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
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No que diz respeito a legislação de Uso e Ocupação do Solo no Município de Vila Velha, o terreno está localizado na Zona de Ocupação Controlada 1 - ZOC 1 e atividade na qual uma ILPI está enquadrada é "Prestação de serviços a pessoas de terceira idade) classificada como Grau de Impacto I.
Figura 43 - Terreno 2: Zoneamento urbanístico. O terreno está circulado localizado na ZOC1. Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em 12 mar. 2014) Nota: Imagem adaptada pela autora.
De acordo com o Quadro V referente aos Coeficientes de Aproveitamento da zona em que se situa o terreno e Parâmetros Urbanísticos do Plano Diretor vigente, o coeficiente de aproveitamento básico para este terreno é 1, a taxa de ocupação de 50% e taxa de permeabilidade de 20%. O gabarito para ZOC1 é de no máximo 2 pavimentos com altura máxima de 9m.
Figura 44 – Terreno 2: Coeficiente de Aproveitamento do terreno e Parâmetros Urbanísticos do PDM 2007 de Vila Velha. Fonte: PDM 2007 de Vila Velha (Acesso em: 12 mar. 2014)
Segundo o Censo realizado em 2010, o bairro possui 341 habitantes, sendo que destes 26 são idosos (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE, 2013). Portando,
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diante de todas as informações obtidas, conclui-se que o bairro é um bom local para receber uma ILPI.
5.2.3 Definição do terreno De acordo com a RDC 283, a localização de uma ILPI deve analisar se o local possui infraestrutura como água, esgoto e telefone. Além disso, o terreno preferencialmente não deve apresentar desníveis, mas caso isso aconteça, devemse implantar rampas. O Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) (Acesso em: 12 mar. 2014) divulgou em sua cartilha de ideias de negócios que, ao escolher um terreno para implantar uma ILPIs, o empreendedor deve considerar o tráfego no local, a facilidade de acesso e a proximidade com pontos de ônibus e táxi. Além disso, recomendam que um terreno de esquina com via de mão dupla é sempre a melhor opção e que se deve considerar um local onde exista a presença de pessoas para que os idosos fiquem integrados a sociedade. Cantley e Wilson (2002), afirmam que é necessário muito rigor na escolha de um terreno, analisando os acesso, que o mesmo esteja inserido em um ambiente comunitário e os serviços de transportes públicos. Diante das análises dos terrenos e os aspectos destacados pelos autores e legislações descritos, entende-se que os pontos principais a serem analisados são: infraestrutura e serviços públicos, topografia, acessos, fluxos e a proximidade com a comunidade. Com relação à infraestrutura e serviços públicos, tanto a região do terreno 1 quanto do terreno 2 possui abastecimento de água, tratamento de esgoto, rede elétrica, telefone, recolhimento de lixo e distribuição de gás. No que diz respeito ao transporte público, o terreno 1 atende aos requisitos pois, como citado anteriormente, ele possui pontos de ônibus e táxis, ao contrário do terreno 2 no qual o ponto de ônibus fica distante e não possui pontos de táxi. A topografia nos dois terrenos possui pequenas diferenças que podem ser resolvidas com aterros. Embora ambos os terrenos estejam em uma esquina,
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próximos a importantes vias do bairro no qual se situam, o acesso ao terreno 1 é mais simples que ao terreno 2, tendo em vista que o último está localizado em um bairro ainda em crescimento e que precisa de melhores sinalizações. Já o terreno 1 está localizado próximo a importantes comércios e pontos de referências do bairro. O fluxo de veículos é grande nas proximidades do terreno 1, pois localiza-se atrás da Rodovia do Sol que é uma via arterial de fluxo intenso. Já o no terreno 2, praticamente não há fluxo de veículos, ocorrendo uma movimentação maior nos finais de semana devido a proximidade com a praia. Um fator importantíssimo que não pode ser esquecido é o ruído provocado pelos veículos, pois o terreno 1 é prejudicado nessa questão devido ao alto movimento no local. O terreno 1 está em um local próximo a praça de lazer, comércios, hospitais e até mesmo de outras ILPIs, estando inserido em um ambiente comunitário, onde os idosos estariam integrados e inseridos na sociedade, além de ser um local de fácil acesso para os seu familiares. Já o terreno 2, não oferece esse ambiente comunitário, pois o bairro ainda está em desenvolvimento e fica em um local mais isolado, sendo mais difícil o acesso da família. Diante das análises e comparações feitas, o Terreno 1 ficou definido como o local de implantação da ILPI especializada em idosos com Alzheimer, considerando a facilidade que as famílias terão em visitar os idosos e a praticidade de estar perto dos equipamentos urbanos já citados. Com relação aos aspectos negativos, como o ruído provocado pelo alto fluxo de veículos, para minimizar os impactos causados aos residentes, itens como vegetação, posicionamento dos quartos e materiais antiruído deverão ser levados em conta durante o desenvolvimento do projeto.
5.3 DEFINIÇÃO DO PARTIDO ARQUITETÔNICO Para definição do partido arquitetônico foi levado em consideração as necessidades daqueles que estarão na ILPIs prestando serviço, dos idosos que irão residir nesta instituição e de seus familiares que também precisam sentir que o ambiente proporcionado pela arquitetura é adequada é confortável e seguro para seus parentes.
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Neste caso, o desafio está em desenvolver um projeto que ofereça a estes idosos, que serão de fato os moradores desta instituição, ambientes que reproduzam as características do que eles se habituaram a chamar de casa e que de alguma forma, segundo pesquisadores, ficou gravado na memória coletiva dos idosos, mesmo quando acometidos pelos sintomas da demência. Se considerarmos a faixa etária que caracteriza o idoso como aquele que possui 60 anos ou mais e as fachadas de grande parte das residências unifamiliares do período em que estes eram jovens ou adultos, nota-se que as casas possuem características da arquitetura colonial: casas simples, esquadrias de madeiras emolduradas, aberturas amplas e altas, e telhado de duas águas com telhas cerâmicas aparentes e grandes beirais (GALLO, acesso em 31 mai. 2014). Baseado nas características supracitadas, a fachada da edificação da ILPI aqui proposta neste trabalho procura resgatar a simplicidade, harmonia e tranquilidade de um lar familiar para aqueles que chegam ao local, de forma que, optou-se por utilizar os conceitos e traços da arquitetura colonial com telhado de telha cerâmica aparentes, esquadrias de madeira de demolição, grandes vãos para iluminação natural e revestimentos de tijolo aparente de cor branca e bege. Características estas, de uma residência compacta que para Benbow (2014), remete ao ambiente doméstico e familiar, composta pelos tradicionais setores sociais, serviço e íntimo que compõem uma residência unifamiliar, constituindo assim o conceito espacial mais indicado para configuração de instituições destinadas a abrigar residentes idosos que desenvolveram perdas cognitivas caracterizadas pela demência. Porém, é importante atentar para os ambientes em que os idosos não devem circular, como por exemplo as áreas de serviço e, através da distribuição dos espaços, criar maneiras de isolar estas área. A criação de blocos destes setores torna-se fundamental, pois facilita este isolamento, mas permite também a interação entre os ambientes que devem ser de livre acesso. Estes blocos permitem o jogo de volume e trazem movimento para fachada, sendo o bloco das áreas comuns aquele que se destaca. A desorientação espacial é um dos primeiro motivos que levam a institucionalização (MCSHANE et al, 1998, apud MARQUARDT, 2011). Portanto, o partido deve prezar
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pela funcionalidade e simplicidade, de forma a tornar os ambientes de fácil percepção e localização para quem mora na ILPI, sendo este aspecto determinante para a proposta projetual, pois a capacidade que os idosos têm para se localizar dentro de uma ILPI é um pré-requisito para garantia de uma vida confortável e segura (GONZÁLES-SALVADOR et al., 2000, apud MARQUARDT, 2011). Em relação ao exposto, Marquardt (2011) estabeleceu quatro diretrizes de apoio que podem aumentar a capacidade de localização dos idosos com Alzheimer em projetos de arquitetura: - a tipologia do edifício deve ter uma forma conhecida, sem exigir dos moradores novas habilidades para se localizarem nos ambientes. Um layout simples com planta baixa bem definida são pré-requisitos para uma boa orientação espacial em IPLI; - Os locais relevantes, devem estar localizados de forma que permitam o acesso visual direto, para que os idosos consigam reconhecer todo o ambiente de forma imediata. - Evitar mudanças de direção nos corredores que provoquem a tomada de decisão dos idosos, pois com o avanço da demência, estas decisões se tornam cada vez mais difíceis. Os corredores devem ser direcionais e caso necessário, deve-se usar pontos de referências nos locais onde ocorrerem estas mudanças. Estes pontos podem ser objetos, ou até mesmo ambientes como a cozinha terapêutica. - A função de cada ambiente devem ser bem definida e legível para os idosos. Isto pode ser proporcionado através de móveis diferenciados para cada ambiente, cores e dimensão dos espaços.
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Considerando estas diretrizes e inspirando-se no conceito da "Green House"10, o interior da edificação deve promover interação dos residentes através de áreas comuns abertas como, por exemplo, sala de jantar integrada com a cozinha e área de estar (Figura 45) porém, garantindo a privacidade de forma que cada residente tenha o seu quarto com banheiros.
Figura 45 - Sala de estar integrada com a cozinha terapêutica e sala de jantar da White Oak Cottages, modelo Green Houses. Fonte: White Oak Cottages (Acesso em: 31 mai. 2014).
Sendo assim, diante de todas as recomendações vistas, verificou-se qual seria a melhor distribuição dos setores da edificação no terreno, levando em conta a insolação, ventilação e as recomendações estabelecidas para um design que contribuísse para a localização espacial de idosos com Alzheimer (MARQUARDT, 2011). Trata-se de uma edificação térrea, com 12 moradores e, portanto, compacta, para proporcionar melhor localização espacial e segurança aos idosos (NETTEN, 1989, apud BENBOW, 2013).
A disposição horizontal da planta da edificação
permite a mobilidade plena de todas as pessoas independente de suas limitações físicas por toda a casa, proporcionando um conforto na circulação dos moradores. Para favorecer mais a independência e o sentido de localização dos moradores, o projeto deverá prever corredores curtos e com pontos de referências (ambientes ou mobiliários) nos locais onde ocorrem as mudanças de direções além de procurar fornecer o acesso visual direto para que o idoso saiba onde ele se encontra e para 10
O Projeto GreenHouses, foi criado pelo médico Biil Tomas em 2003 e fica localizado no Texas, Estados Unidos. O projeto visa conciliar a filosofia de cuidados com idosos, a arquitetura e a estrutura organizacional de cuidado a longo prazo para criar modelos do que é chamado de Instituição de Longa Permanência. São casas projetadas para no máximo 12 residentes, também especializadas em idosos com demência, com quartos e banheiros individuais e áreas comuns integradas. Além disso, possuem equipes treinadas que trabalham como gestores das casas. Atualmente o projeto conta com mais de 200 casas em operação ou desenvolvimento, espalhadas por 27 estados do país (THE GREEN HOUSE PROJECT, acesso em 27 mar. 2014).
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onde ele está indo, facilitando e estimulando a liberdade de escolha no uso dos diferentes ambientes da residência (MARQUARDT, 2009). Com relação a iluminação e ventilação, o projeto deverá conter grandes e numerosas aberturas nos cômodos, favorecendo tanto a ventilação quanto a iluminação natural, sendo que o nível de incidência da iluminação será controlada através do uso de cortinas, para que não cause desconforto aos moradores. Para garantir o conforto ambiental em todos os cômodos, o projeto contará com jardins internos que, através de aberturas localizadas sobre eles em um bloco com altura superior que se destacará dos demais cômodos, garantirão maior entrada da iluminação natural e melhor circulação da ventilação O projeto deverá prever ainda um sistema complementar de climatização com uma ventilação artificial de ar condicionado e, iluminação artificial, utilizando lâmpadas com a precaução de não provocar sombras que causem delírios nos idosos. Os quartos deverão possuir varandas, cuja cobertura funciona como um brise favorecendo a ventilação necessária ao considerarmos o clima local,
e que servirão
como transição do
interior para o exterior, sendo de grande utilidade, principalmente, para os moradores que não conseguem se locomover e são acamados pois poderão ter maior contato com os ambientes das áreas comuns externas a edificação. Além de se diferenciarem pelos tipos de mobiliários e pictogramas, os ambientes terão suas cores escolhidas de forma que sirvam de ponto de reconhecimento para os habitantes. Todos eles terão contrastes entre a cor do mobiliário, da parede e das portas. As cores vibrantes serão restritas a função de reconhecimento de ambiente e para estimular o usuário como, por exemplo, nas áreas de vivência. Já nos quartos, as cores serão suaves e claras, mantendo entretanto, um contraste entre piso, parede e teto. Assim como foi citado no capítulo 4, as áreas externas quando bem planejadas podem melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer, proporcionando um outro potencial terapêutico a unidade. Nestas áreas os idosos irão contar com espaços que estimulem a sua memória, locais de relaxamento e também que estimulem a prática de atividades que eles poderiam realizar diariamente em suas antigas casas. Deverão ser utilizados elementos que incentivam e chamam a atenção dos idosos, como por exemplo a água cujo som torna-se atrativo, para que
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as áreas externas sejam utilizadas, além de saídas da área interna para o jardim com elementos visuais que se destacam convidando moradores a se aproximarem. Portanto, deve ser possível que da área interna, tanto os idosos quanto os funcionários vejam a área externa ou vice-versa. Isto permitirá que os moradores se sintam independentes e facilitará o monitoramento por parte dos funcionários. No jardim, o caminho deve ser evidenciado pelo contraste entre revestimento e massas verdes, sem obstáculos e contínuo formando um percurso cujo ponto de origem e fim seja o acesso a área interna da edificação, para que mesmo se o idoso se sentir perdido, ele possa voltar para o ponto de onde saiu apenas seguindo o caminho (BENBOW, 2014).
5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades é a fase em que são definidos os ambientes que irão compor o edifício com base nas exigências legais e nas necessidades e expectativas dos usuários finais: moradores, funcionários e visitantes. As atividades e as demandas legais e cognitivas referentes ao edifício de uma ILPI especializada em Doença de Alzheimer descritas nos capítulos 3 e 4, definem as condicionantes para elaboração do programa de necessidades e consequentemente o pré-dimensionamento dos ambientes que o compõem necessários para auxiliar na escolha do terreno e para definição de sua implantação. De acordo com as pesquisas feitas no decorrer da primeira fase deste trabalho, além de entrevistas realizadas com profissionais desta área de prestação de serviço ao idoso, os edifícios de uma ILPI devem funcionar em apenas um pavimento térreo, pois assim permite uma maior vigilância por parte dos funcionários além de maior liberdade e segurança na mobilidade de seus residentes. Objetivando atender as demandas de uma ILPI destinada a abrigar 12 idosos que possuem Alzheimer, será necessário a criação de ambientes distribuídos em três setores complementares: Serviço; Administrativo e Moradia.
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5.4.1 Setor de Serviço O setor de serviço deverá abrigar as instalações de apoio para o funcionamento e manutenção da instituição. Estes deverão ser de uso exclusivo dos funcionários e seu acesso deverá ser controlado para segurança dos moradores. Para este setor, a RDC 283 estabelece a necessidade de previsão dos seguintes ambientes: - Lavanderia: Embora a RDC 283 estabeleça que este serviço possa ser terceirizado, através de entrevistas com profissionais da área e visitas a ILPIs locais percebeu-se que a terceirização é fator limitante, tendo em vista a alta demanda dos serviços. A norma estabelece que a lavanderia deve contemplar o processo de lavagem e secagem das roupas, espaço para passá-las e armazená-las até a distribuição. Baseando-se no Manual Técnico de Processamento de Roupas de Serviço de Saúde da Anvisa (2007), foram calculados o peso de roupas a serem processadas por dia, para que assim fosse estabelecido a quantidade de equipamentos e o tamanho do ambiente. A quantidade total de roupas a serem lavadas foi de aproximadamente 28kg/dia.
Sendo assim, a lavanderia da ILPIs
possuirá uma sala para a entrada e separação da roupa suja, e a mesma possuirá uma única máquina de lavar de 30kg que possui duas portas e funciona como barreira entre a área suja e limpa. Já na área limpa, possuirá uma centrífuga, uma máquina centrífuga e uma máquina secadora. Para o processo de passar e armazenar as roupas, o ambiente possuirá uma calandra para passar lençóis e uma bancada para passar o restante das roupas. A lavanderia deverá reservar ainda um local para guarda de roupa de uso coletivo com armários que possibilitem a armazenagem separada por tipo de roupa; - Local para guarda de material de limpeza: Os materiais devem ser armazenados em um local arejado com prateleiras; - Vestiários e banheiros para funcionários: Segundo a RDC 283, estes espaços devem ser separados por sexo, de forma que a cada 10 funcionários, devese disponibilizar 1 vaso sanitário, 1 lavatório e 1 chuveiro e, uma área mínima de 0,5m² por funcionário;
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- Cozinha: Assim como a lavanderia, a RDC 283 também estabelece que serviços de alimentação podem ser terceirizados. Mas esta prática não é exercida pelos profissionais entrevistados ou nas ILPIs visitadas. Sendo assim, a norma impõe que a cozinha deve possuir espaço para manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento e distribuição de alimentos, seguindo o que está estabelecido na RDC n° 216/2004 correspondente ao Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação; - Lixeira: A RDC 283 exige que a ILPIs tenha uma lixeira ou abrigo externo à edificação para armazenamento de resíduos até o momento da coleta; Além dos ambientes definidos na RDC, esta proposta considerou as necessidades impostas pelos profissionais entrevistados nas ILPIs locais. Desta forma o setor também contará com os seguintes ambientes: - Depósito de mobiliários: Este ambiente será utilizado como apoio para guarda de cadeiras de rodas, camas e demais mobiliários que não podem faltar na ILPIs; - Copa e espaço de descanso: Os funcionários entrevistados relataram a necessidade de um espaço diferenciado para fazer suas refeições assim como um local de descanso, tendo em vista toda a demanda psicológica e física exigida de um profissional que trabalha diariamente com idosos que possuem a Doença de Alzheimer;
5.4.2 Setor Administrativo O setor administrativo é composto de ambientes destinados a funcionários e visitantes da ILPIs. Conforme a RDC 283, toda ILPIs deve ter os seguintes ambientes: - Sala Administrativa/Reunião: Embora a norma permita que as duas atividade funcionem em uma mesma sala, o projeto permitirá que estas funcionem em ambientes diferenciados visando não interferir na rotina de trabalho do funcionário da administração quando ocorrerem reuniões de outros setores e até mesmo cursos
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para os demais funcionários. A sala da administração contará com espaço para dois funcionários trabalharem e receberem os visitantes; - Sala de Reunião: Será projetada para comportar 8 pessoas, pois foi previsto um número máximo de 16 funcionários na instituição e assim a mesma deverá manter pelo menos metade deles trabalhando. Caso tenha a necessidade de reunir mais pessoas, a reunião poderá acontecer na área externa coberta. - Almoxarifado: Destinado a armazenar objetos e materiais do setor administrativo, a RDC estabelece que este ambiente deve possuir 10m²; Além destes ambientes, também fará parte deste setor: - Arquivo morto: Os profissionais entrevistados relataram a necessidade de um espaço para guardar documentos tanto dos idosos que moram ali, quanto dos que já moraram. Por isso, o projeto contará com este ambiente que possuirá armários para guardar estes documentos quando impressos. Aqueles que estiverem em formato digital, poderão ser acessados pelos computadores da administração. - Farmácia e esterilização: Embora não seja citada na RDC 283, a farmácia é um ambiente indispensável nas ILPis, pois todos os medicamentos dos idosos devem ficar guardados em um local sem acesso para os moradores e que seja controlado pelos funcionários. Além disso alguns idosos utilizam sondas ou necessitam de seringas para os uso de medicações, de forma que os profissionais consultados sentem necessidade de um local para esterilizar estes ou demais materiais que exigem esta prática.Neste local deve ter uma pia e armários para armazenagem dos materiais. - Posto de enfermagem: Embora a ILPI não deva apresentar semelhanças com um ambiente hospitalar, é importante a existência de um local anexo a farmácia e esterilização e, próximo aos quartos e áreas comuns. No posto de enfermagem poderão ser armazenadas as fraldas trazidas pelos familiares, separadas por morador, pois existe um grande consumo deste produto. 5.4.3 Setor Moradia O setor Moradia é formado pelos ambientes que os idosos moradores da ILPIs poderão acessá-los ou utilizá-los, assim como os funcionários e visitantes.
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A RDC 283 estabelece que é obrigatório a existência dos seguintes ambientes: - Sala para atividades coletivas: A norma recomenda que este ambiente seja usado por no máximo 15 moradores e que este possua área mínima de 1,0m² por pessoa; - Sala de estar: De acordo com a RDC, deve-se oferecer um espaço para convivência com dimensão calculada para 1,3m² por pessoa; - Sala para atividades de apoio individual e sócio familiar (consultórios): As ILPIs oferecem serviços de fisioterapia, dentista e demais atendimentos médicos de forma que profissional vai até a instituição para atender os idosos. A norma recomenda que estes ambientes devem ter acima de 9m²; - Espaço ecumênico: A RDC estabelece como obrigatório este tipo de espaço, mas não estipula qual a dimensão do ambiente. Entende-se que deve ser um ambiente que respeite a crença de todos os residentes e que o ideal seja um ambiente que também permita a interação com a família, de forma que optou-se por calcular como uma área de estar; - Dormitórios: A RDC 283 estabelece ainda que os dormitórios podem ter no máximo 4 pessoas com área mínima de 5m² por cama. Porém, de acordo com Calkins (2011) quando se trata de idosos com demência, a mudança de um quarto compartilhado para um individual contribui para o sono do residente e para o seu comportamento agitado. Além disso, o autor afirma que em uma pesquisa realizada em uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer, os próprios funcionários se sentiam menos estressados quando os idosos ficavam em quartos individuais. A mesma opinião é apresentada por Benbow (2014), que afirma que, no caso de idosos com Alzheimer, quando o quarto não é compartilhado os residentes podem receber uma melhor assistência, além de oferecer maior privacidade, redução do ruído, redução do constrangimento, melhora a qualidade do sono, evita o incomodo a outros residentes e os próprios familiares preferem, pois se sentem mais a vontade caso precisem dormir no local algum dia.
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Sendo assim, todos os residentes possuirão quartos individuais, totalizando 12 unidades e cada uma com banheiro respeitando a área mínima de 3,60m² estipulada pela RDC. Além dos ambientes exigidos pela norma, neste setor também foram previstos ambientes que foram classificados como indispensáveis pelos profissionais e estudos consultados, sendo eles: - Sala de jantar: Embora não se tenha uma referência na RDC 283, o projeto de ILPIs em questão terá uma sala de jantar integrada a cozinha terapêutica com o objetivo de possibilitar a participação dos idosos que quiserem ajudar na organização da casa. Para este ambiente foi adotado como base o cálculo de 1m² por pessoa utilizado pela norma para a sala de atividades coletivas; - Cozinha e lavanderia terapêutica : A intenção é fazer os idosos se sentirem em sua casa, de forma que aqueles que sentirem falta de ajudar nas tarefas, tenham a oportunidade de cozinhar, lavar roupa ou qualquer outra atividade relacionada a cozinha ou lavandeira. Ambientes como a cozinha e a lavanderia terapêutica são importantes para que os idosos se sintam estimulados a praticar atividades diárias e se sintam prestativos (CANTLEY, WILSON, 2002). Elas não devem substituir a cozinha e lavanderia da casa, pois devem ser utilizadas apenas como apoio terapêutico sem o uso de utensílios de risco.
A cozinha terapêutica pode ser
integrada a sala de jantar e a lavanderia próxima ao jardim externo. Os cálculo de área suficiente serão baseados na sala de jantar. - Salão de Beleza: Assim como os serviços médicos a domicílio, o serviço de beleza são utilizados pelos idosos e por isso é de extrema importância, segundo os proprietários de ILPIs consultadas, que possua um espaço para este serviço, até mesmo para o idoso se sentir independente. - Sala de televisão: Segundo os profissionais que trabalham nas ILPIs visitadas, é muito importante que se tenha um ambiente para assistir televisão, pois existem idosos que preferem não ver ou aqueles que precisam do som mais alto. Por isso é fundamental que se tenha um ambiente específico para esta atividade. O cálculo também será baseado no recomendado para sala de atividades coletivas com acréscimo dos mobiliários.
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5.4.4 Dimensões dos ambientes Assim como os ambientes básicos para uma ILPI, a RDC 283 determina também a dimensão mínima para os mesmos. Partindo da análise da norma juntamente com as necessidades impostas pelos profissionais da área que foram entrevistados, foram estabelecidas as áreas dos ambientes para que auxiliassem na escolha do terreno de implantação. A área final da edificação apontada neste item levará em conta que ao menos 20% da área total do edifício deverá ser ocupada por circulações que, somadas com as áreas previstas para os demais ambientes, totalizam a área final aproximada de 1780m², conforme a Quadro 1.
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SETOR SERVIÇO AMBIENTE ÁREA
SETOR ADMINISTRATIVO AMBIENTE ÁREA
Lavanderia
40,73m²
Administração
22,75m²
Arm. Roupa
11,28m²
Sala de reunião
16,45m²
10m²
Almoxarifado
10,50m²
28,76m²
Arquivo Morto
8,05m²
Lixeira externa
12m²
Farmácia/ Esterilização
8,58m²
Despensa
14,75m²
Enfermagem
20,57m²
Cozinha
34,60m²
Arm. Mat. Limpeza Vestiário/Banh . Func. (2)
Depósito de mobiliários Copa para funcionários Descanso para funcionários
Total
13m² 11m²
14m²
190,12m²
Total 86,90m²
SETOR MORADIA AMBIENTE ÁREA Sala de estar e 78,80m² leitura Sala para 45,90m² atividades Sala de 83,78m² televisão Espaço Ecumênico
28,30m²
Suítes (12)
12x27 = 324m²
Sala para 42,30m² fisioterapia Sala para 13,70m² consultório Salão de 13,30m² Beleza Cozinha terapêutica/ 58,22m² Sala de jantar Lavanderia 20,55m² terapêutica Banheiros 9m² (4) Área de estar 94,53m² coberta Total 812,38m²
Circulações (aprox.)
691,52m²
Área total
1780,92m²
Quadro 1 – Programa de Necessidades Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
5.5 FLUXOS E SETORIZAÇÃO: DEFINIÇÃO DA PLANTA BAIXA Conforme informado na definição do Programa de Necessidades, para fins de setorização e organização, o projeto foi dividido em três setores: Serviço, Administrativo e Moradia. Tendo em vista que será uma edificação com apenas um
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pavimento, esta setorização permite também a melhor definição dos ambientes em que cada tipo de usuário (morador, funcionário ou visitante) poderá acessar na Instituição pois, como já foi citado anteriormente, os idosos não podem ter acesso a ambientes que representem risco a saúde e integridade física deles. Portanto, a Figura 46 representa um esquema ilustrativo sobre os fluxos entre todos os setores.
Figura 46 - Fluxo entre setores Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Aqueles que estiverem no setor de Serviço (funcionários) poderão ter acesso ao setor Administrativo e Moradia. Funcionários que estiverem no setor Administrativo poderão transitar para o setor Serviço e Moradia. Já os visitantes que estiverem no Administrativo poderão transitar para o setor Moradia. Por fim, os idosos que ocupam o setor Moradia não terão acesso aos demais setores já citados. No Partido Arquitetônico ficou definido que embora a Instituição de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer seja um local de prestação de serviço, a ideia é que reproduza as características de uma residência unifamiliar. Sendo assim, como em uma habitação, a Instituição possuirá uma entrada principal que dará acesso à uma área social e, a partir desta, as conexões ao demais setores (moradia, serviço e administrativo), apresentando ainda uma entrada externa adicional para a área de serviços (Figura 47).
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Figura 47 - Organograma dos setores Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
A partir da definição do fluxo entre os setores, estabeleceu-se os fluxos e conexões entre os ambientes já citados no Programa de Necessidades (Figura 48).
Figura 48 - Organograma geral dos ambientes Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
De acordo com Marquardt (2011) e Benbow (2014), a disposição dos ambientes que compõem uma IPLI é a garantia de eficácia dos benefícios que uma IPLI pode trazer
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para o idoso com Alzheimer, pois a maior dificuldade do idoso doente é se situar dentro de um ambiente e reconhecer tudo que está a sua volta. Sendo assim, espera-se que um projeto com as inúmeras especificidades impostas pelos usuários, como o caso dos idosos com Alzheimer, é fundamental que a setorização dos ambientes e o fluxo entre eles sejam os principais norteadores do
projeto e,
consequentemente, as decisões tomadas no desenvolvimento da planta baixa sejam fatores determinantes para os demais aspectos do projeto arquitetônico, como por exemplo, a implantação e o paisagismo.
5.5.1 Planta baixa A edificação possui dois acessos pois, conforme a RDC 283, a ILPI deve ter, no mínimo, duas portas para separar a entrada de serviço da entrada de residentes e familiares. Na proposta, os funcionários entram pela entrada de serviço, indo diretamente para o vestiário e seguem para os seus respectivos ambientes de trabalho. Entre a lavanderia e a rouparia existe um acesso direto para melhor organização e agilidade no processo de lavagem das roupas. O mesmo acontece entre a despensa e a cozinha, sendo que esta também tem conexão direta com a sala de jantar (Setor Moradia). A copa dos funcionários fica perto da cozinha e do descanso dos funcionários. Este fica próximo a circulação principal que leva para o Setor Moradia. O setor Administrativo está localizado ao lado do hall social para facilitar o acesso dos visitantes e evitar o fluxo de desconhecidos por demais áreas da Instituição. A sala da administração possui janelas de frente para a entrada externa principal, permitindo um maior controle de acesso. A entrada do arquivo morto é através da administração, pois é um ambiente de acesso exclusivo dos funcionários do setor. O final do corredor administrativo possui uma janela com vista para a área externa da edificação, favorecendo a ventilação e iluminação natural. Entre o hall social e o setor Moradia, existe uma porta para controlar o acesso, pois assim como citado no capítulo 4, além de impedir a circulação de pessoas não autorizadas, é fundamental que os idosos com Alzheimer tenham este tipo de controle, evitando que eles saiam do local sem que ninguém perceba e se percam
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em outros ambientes. O posto de enfermagem localizado na entrada do setor possui uma posição estratégica para auxiliar no controle de acesso e supervisionar os idosos nos demais ambientes da instituição. Ao entrar no setor Moradia, a proposta é que, assim como costuma acontecer em diversas residências, os moradores ou visitantes possuem uma vista geral das áreas comuns, mantendo os quartos e outras áreas íntimas mais reservados. As salas de estar (Figura 49) , televisão (Figura 50) e jantar, possuem acesso livre e contínuo entre elas, sendo que a última funciona como espaço de refeições e cozinha terapêutica (Figura 51). Através destas salas, os idosos poderão acessar o pátio externo coberto, que também funciona como área de integração, e dá acesso a sala de fisioterapia, sala de atividades e lavanderia terapêutica. O objetivo é que, como os idosos não terão passagem livre para o hall social, este pátio funcione como a entrada e saída da "casa", resgatando a imagem das varandas com quintais comuns nas residências antigas, já que este é o acesso direto que eles terão para os jardins, Espaço Ecumênico e demais áreas de vivência e relaxamento.
Figura 49 - Imagem 3D da sala de estar gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. Os idosos podem circular livremente entre os ambientes. A cor das paredes e do mobiliário servem de referência para reconhecer o ambiente que possui uma porta de conexão com a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
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Figura 50 - Imagem 3D da sala de televisão gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer. Uso de cores e mobiliários diferenciados dos outros ambientes para facilitar o reconhecimento da atividade do local Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Figura 51 - Imagem 3D da cozinha terapêutica e sala de jantar gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer. Cores vibrantes que estimulam a atividade. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Assim como citado anteriormente, procurou-se localizar os quartos de maneira que preserve a intimidade dos idosos mas sem perder e proposta de que eles saiam do quarto e tenham uma vista geral dos demais ambientes. Para isso, os quartos estão
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localizados contornando as áreas comuns através de um corredor em formato de "L" e com grandes vãos distribuídos estrategicamente ao longo do corredor, para que os idosos consigam reconhecer os ambientes. Espera-se, com isso, que os quartos não fiquem totalmente visíveis, aproveitando-se da setorização de ambientes, como o posto de enfermagem que já funciona como uma barreira, além de paredes que receberam pinturas diferenciadas e os jardins internos que receberão flores com cores e disposição das plantas diferenciadas para delimitar a função que cada jardim tem na orientação espacial. Seguindo as informações obtidas no estudo de caso, optou-se por utilizar cores diferenciadas nas entradas dos quartos, facilitando o reconhecimento dos mesmos ao longo do corredor (Figura 52).
Figura 52 - Imagem 3D do corredor gerada a partir do projeto da ILPI especializada em Alzheimer. Cores diferenciadas nas portas dos quartos para facilitar reconhecimento. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Com relação ao layout interno dos quartos (Figura 53), assim como citado no Partido Arquitetônico, todos eles terão diferença nas cores de revestimento entre piso, parede e teto. Além disso, cada idoso poderá utilizar objetos pessoais como portaretratos, quadros e até mesmo substituir os mobiliários. Seguindo a recomendação feita por todos os autores citados, é fundamental que a posição da cama permaneça a mesma, pois permite que o idoso, mesmo deitado, tenha visão direta para o banheiro.
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Assim como indicado anteriormente, cada quarto conta com uma varanda que dá acesso ao jardim reservado da Instituição, possibilitando que mesmo o idoso acamado tenha contato com a área externa.
Figura 53 - Imagem 3D do quarto do idoso gerada a partir do projeto da IPLI especializada em Alzheimer. As cores utilizadas variam entres os quartos. Os mobiliários podem ser alterados e o idoso pode utilizar objetos pessoais que favorecem o reconhecimento do ambiente. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Outro aspecto importante do projeto é a existência de uma saída de emergência situada no final do corredor, próxima aos quartos para que, caso algum idoso precise de atendimento hospitalar ou venha a óbito, a saída seja feita de forma discreta sem causar agitação nos demais moradores. No final do outro corredor está uma janela que possui vista para o jardim e o Espaço Ecumênico. A opção de não ter outras aberturas além da que existe na sala de estar visa garantir um maior controle dos idosos e que estes não se sintam confusos por usarem mais de um acesso.
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Figura 54 - Planta baixa humanizada com setorização. Vermelho: setor de Serviço; azul: setor Administrativo; laranja: Hall social; amarelo: setor Moradia e; verde: Área Externa Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
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5.5.2 Implantação e Paisagismo Assim como citado anteriormente, a implantação da edificação no terreno foi desenvolvida através da definição dos fluxos na planta-baixa interna da ILPI em consenso com algumas decisões tomadas ao analisar o entorno, como, por exemplo, os acessos e, atendendo as normas estabelecidas no Plano Diretor Vigente. Conforme apontado no item 5.2, o terreno está localizado na ZOP3 e diante das demais
informações
obtidas,
conclui-se
que
o
projeto
atende
todas
as
condicionantes solicitadas no PDM de 2007 da cidade de Vila Velha (Figura 55). Considerando que o projeto da ILPI proposta se limitou ao número máximo de dois pavimentos e que o presente terreno está localizado entre duas esquinas, entendese que não possui fundos, de forma que foram considerados os valores mínimos de afastamento frontal e lateral.
Figura 55 - Quadro de área e parâmetros urbanísticos do projeto. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
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Levando-se em conta as análises feitas na definição do terreno houve a necessidade de propor soluções quanto aos acessos e minimizar o ruído provocado pelas vias do entorno, principalmente a Rodovia do Sol. Optou-se por estabelecer três acessos diferentes: entrada e saída de serviço, pela Avenida Aracruz; entrada e saída de moradores, visitantes e de emergência, ambos pela rua Itaperuna. O lado do terreno que confronta com a Rodovia do Sol não terá nenhum acesso e o muro receberá tratamento acústico (Figura 56).
Figura 56 - Planta esquemática da implantação da ILPI com os acessos. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
A edificação foi posicionada de forma que os quartos recebam a maior incidência do sol da manhã (faces de orientação nordeste), tendo em vista os benefícios do sol da manhã, já que são áreas de grande permanência dos idosos que trazem maior apropriação das áreas propostas, como por exemplo as varandas e o gramado com mesas e banquinhos na frente dos quartos. As áreas de estar externas e os jardins ficaram localizados na parte de trás da ILPI, garantindo maior privacidade ao usuários e menor incidência do sol da tarde. As áreas de serviço ficaram posicionadas na orientação noroeste, aproveitando-se também do posicionamento do acesso de serviço (Figura 57).
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Figura 57 - Planta de implantação da ILPI. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
As áreas externas e jardins a serem utilizadas pelos idosos foram separadas das demais através de divisórias com elementos vazados. O objetivo é que os idosos não vejam carros entrando e saindo do local, assim como a circulação de prestadores de serviços, para que não se confundam, o que pode aumentar a agitação e diminuir a sensação de estarem em suas próprias casas. Com base nas recomendações citadas por Benbow (2014), a respeito do design das áreas externas de Instituições de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer, para facilitar e incentivar o uso dos jardins e espaços de vivência externos, estes foram posicionados de forma visível e com fácil acesso para os idosos, a partir das áreas comuns (sala de estar e pátio coberto). Isso traz sensação de independência para os moradores e segurança pois poderão ser vistos pelos funcionários que podem estar na área interna. Outro aspecto fundamental para o jardim é que ele tenha um caminho orientador, ou seja, que o idoso consiga identificar pelo próprio percurso por onde que ele pode sair ou voltar para a área interna da edificação. Por isso, o layout do jardim da ILPI foi feito de forma simples, com um caminho que
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passa por toda a área externa, revestido com material antiderrapante e que conduz o idoso a partir de qualquer ponto do jardim para a área interna da ILPI. Além disso, o paisagismo externo segue o conceito de reproduzir ambientes que sejam familiares aos seus residentes. Foram propostas áreas para aqueles que desejarem trabalhar com o plantio nas hortas que são elevadas para também serem utilizadas por cadeirantes, bem como áreas para relaxar e tomar sol contemplando o jardim com o as mesas no entorno do espaço ecumênico. Os idosos também podem colher frutas ou simplesmente sentarem em bancos no deck de madeira para observar os pássaros sob um pergolado com um formato que acompanha a linhas do caminho. Os netos que vierem visitar os avós, podem brincar no playground enquanto o restante da família os observam, sentados nas mesas sob o pergolado coberto por trepadeiras bem como nos banquinhos próximos a "parede das águas". Somado a isto, criou-se ambientes cenográficos com um carro locado estrategicamente, para idosos que sentem falta de cuidar dos seus veículos e também um ponto de ônibus, para os idosos que quiserem "esperar" um ônibus, mas que necessitam ser protegidos para que não saiam e se percam pela cidade. Já aqueles que desejarem ficar mais reservados ou que tiverem maior dificuldade de se locomover, poderão acessar, através das rampas nas varandas, o jardim em frente aos quartos.
Figura 58 - Planta humanizada esquemática do jardim terapêutico da IPLI. Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
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5.5.3 Fachadas Assim como definidas no partido arquitetônico, a fachada da ILPI proposta, utiliza materiais característicos da Arquitetura colonial, objetivando associar com a imagens das casas em que os idosos viviam e eliminar qualquer relação da ILPI com um ambiente hospitalar.
Figura 59 - Fachada principal. Materiais que resgatam a memória dos idosos: cobogós, madeira, telhado aparente, tijolo aparente e esquadrias de madeira. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
Figura 60 - Fachada Principal: elementos que resgatam a memória dos idosos. Jardim reservado com divisória de cobogó. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
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Figura 61 - Fachada Nordeste: tijolo aparente, divisórias das varandas com elemento vazado de madeira e parada de emergência. Fonte: Arquivo Pessoal (2014)
Figura 62 - Fachada Noroeste: aberturas do setor administrativo e serviço para a área externa. Fonte: Arquivo Pessoal (2014).
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O aumento do número da população idosa, especificamente no Brasil, é crescente e segundo dados do IBGE só tende a aumentar. Paralelamente ao processo de envelhecimento surgem doenças que atingem a maioria dos idosos, dentre as quais se destacou a Doença de Alzheimer. Esta, conforme descrito nos capítulos anteriores, é um tipo de demência que afeta o sistema cognitivo do idoso e a sua memória, tornando-o uma pessoa dependente, afetando não somente a vida dele, mas também aqueles que convivem diretamente com o doente, pois a vulnerabilidade e a dependência em que o indivíduo se encontra exigem um controle psicológico e emocional muito grande daquele que cuida. Nesta situação, muitas famílias têm optado por levar o idoso com Alzheimer para alguma Instituição de Longa Permanência (comumente denominada “Casa de Repouso”). Entretanto, muitos impedimentos e resistência são apresentados antes da institucionalização devido à preocupação que a família possui com o impacto que isso pode causar no idoso, bem como pela falta de locais com ambientes planejados e especializados para o tratamento da doença. Além disso, parte desta resistência deve-se ao preconceito, fruto das imagens negativas dos antigos asilos e do receio de que o idoso não seja bem cuidado. Um ambiente físico bem estruturado e planejado conforme as necessidades desses idosos é de fundamental importância no tratamento da doença e influencia diretamente na qualidade de vida do idoso com Alzheimer, tornando os arquitetos personagens extremamente importantes na promoção de bem-estar do idoso com Alzheimer. Os autores citados neste trabalho de conclusão de curso (TCC) como, por exemplo, Sérgio Luiz Valente Tomasini e Simone Alves, acreditam que existe uma demanda por locais adequados a estes idosos, que reproduza a sensação de bem estar de um lar, assistidos por profissionais habilitados a lidarem com a Doença de Alzheimer. Considerando todas as características e especificidades da Doença de Alzheimer, a falta de preparo das famílias bem como de infraestrutura física adequada em suas casas e nas ILPIs do Espírito Santo, identificou-se nesta carência a necessidade do
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projeto arquitetônico de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos com Alzheimer no município de Vila Velha -ES, foco do presente trabalho. Este projeto teve como diretrizes norteadoras as comprovações feitas por médicos e pesquisadores sobre a influência direta do ambiente na progressão da doença e na qualidade de vida do doente, bem como recomendações feitas pelos mesmos sobre como devem ser estes ambientes terapêuticos que, em conjunto com as informações do capítulo 4 sobre o espaço adequado de uma ILPI especializada em Idosos com Alzheimer e os exemplos de instituições existentes, serviram como bases para o desenvolvimento do projeto arquitetônico. Para Implantação e definição deste Projeto considerou-se a demanda e legislação urbanística local; bem como o partido arquitetônico desejado que procurou resgatar características das residências do imaginário coletivo dos futuros residentes. As necessidades espaciais dos ambientes levaram em consideração dentre outras coisas, os aspectos espaciais que inibissem a confusão com corredores curtos onde cada mudança de direção foi sinalizada por um ambiente que se utilizou do princípio da fácil legibilidade do desenho universal, destinado a favorecer o idoso na identificação dos diferentes espaços projetados para a residência. Além do programa de necessidades desta Instituição de Longa Permanência para Idosos com Alzeimer ter seguido as normas que regem o funcionamento regular de tal modalidade; destaca-se ainda a proposta do projeto de paisagismo do entorno da edificação que incorporou os estudos relacionados às características de ambientes destinados ao tratamento não-farmacológico de Idosos com Alzheimer para as áreas livres do terreno da ILPI ao propor através de seu desenho estender as atividades e ambientes terapêuticos para o exterior da edificação. Tais características foram fundamentais para o resultado final proposto no projeto apresentado de uma Instituição de Longa Permanência destinada especificamente a acolher Idosos com Alzheimer. Até a conclusão desta pesquisa, é desconhecida a existência de alguma ILPI especializada em idosos com Doença de Alzheimer no Brasil. Na realidade, uma das grandes dificuldades e até mesmo limitação foi a ausência de pesquisas brasileiras relacionadas ao tema. Este cenário é completamente diferente em outros países como, por exemplo, Portugal, Estados Unidos, Irlanda e Alemanha. Nestes países
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existem inúmeras pesquisas e publicações a este respeito, muitas delas foram usadas como referência neste trabalho, além de profissionais da Arquitetura que fizeram especialização em ambientes para idosos com Alzheimer e das diversas instituições estrangeiras especializadas neste tipo de demência, como é o caso das casas modelo “Green House”, citadas no capítulo 5. Portanto, através dos dados estatísticos crescentes a cerca da taxa de envelhecimento e de idosos com Doença de Alzheimer, as pesquisas apresentadas sobre o benefício do ambiente devidamente projetado para o idoso doente e a carência de Instituições especializadas em Alzheimer no Brasil, sugere a relevância deste trabalho cujo tema envolvente despertou o interesse desta autora em dar continuidade ao estudo desta temática através de uma posterior pós graduação, pois assim como foi afirmado pela autora Gesine Marquardt (2011), a influência positiva da arquitetura na melhoria da qualidade de vida de idosos com Doença e Alzheimer, será cada vez maior e necessária, tendo em vista os efeitos benéficos destes ambientes na qualidade de vida desses pacientes.
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APÊNDICES APÊNDICE A - Prancha 01/07: Planta de Situação e Locação APÊNDICE B - Prancha 02/07: Implantação e Paisagismo APÊNDICE C - Prancha 03/07: Planta Baixa APÊNDICE D - Prancha 04/07: Planta Baixa Humanizada APÊNDICE E - Prancha 05/07: Planta Baixa - Cobertura APÊNDICE F - Prancha 06/07: Corte AA e Corte BB APÊNDICE D - Prancha 07/07: Fachadas
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