Manual online Trunfo - (Re)Descobrindo a Pina

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Arte Trunfo

Manual de Jogo

Apresentação Alguém avaliou um conjunto de obras para fazer parte do acervo da Pinacoteca de São Bernardo do Campo: esta é a função do curador. Aqui um grupo de trabalhadores da Pinacoteca fez sua própria avaliação quantitativa de algumas dessas obras e com elas surge este jogo. Estas notas servem de mote para a batalha pelas cartas, porém você só vai permanecer com todas as cartas conquistadas se o grupo concordar com as notas atribuídas. Trata-se de um dispositivo para despertar a fala, iniciar um diálogo, criar espaços de subjetividade e participação ativa, mas também, exercitar sensibilidade e despertar a potência da obras, dentro e fora da Pinacoteca.

Componentes 1 dado de categorias; 5 cartas-termos que explicam essas categorias; 48 cartas, pertencentes a 9 grupos, cada qual de um artista.

Público A partir de 2 participantes.

Faixa Etária A partir de 10 anos.

tempo de Jogo A partir de 30 minutos.

Objetivo Geral Conseguir todas as cartas do baralho e manter a maioria delas após os debates.


Modo de Jogar 1 - Tire uma carta do montante - mas cuidado: ninguém pode ver sua carta! 2 - Quem for começar vai escolher uma categoria e uma pessoa para desafiar. 3 - Quem tiver maior nota na categoria escolhida ganha. 4 - O desafiador continua até perder, porém só pode repetir uma categoria depois que todas as outras já tiverem sido escolhidas. 5 - Mas será que você ganhou mesmo? Agora os jogadores é que vão escolher qual das obras (se possível, vejam ela ao vivo!) merecem maior nota na categoria escolhida (a discussão se estende até que haja consenso no grupo). Se a decisão for diferente do resultado das cartas, ganha o/a participante que tirou a carta com maior nota atribuída pelos jogadores.

Bônus ABC Quando o artista teve relacionamento importante com a região, nasceu, vive ou viveu em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires ou Rio Grande da Serra (as chamadas Setecidades), a carta mostra um bônus. Esse valor será somado em cada categoria. Pode também ser usado para desempate.

Desempate Quando há Bônus ABC, este pode ser usado para desempate. Quando há uma mediadora ou mediador no jogo, estes podem escolher uma categoria. Sem mediador, jogar o dado para selecionar uma das categorias.

Jogos dentro do Jogo Existem outras formas de usar os componentes deste jogo para abrir relações com o acervo. Aqui listamos algumas variações e mais jogos possíveis.


Obra-Carta A forma de jogar é a mesma de base, porém, após uma jogada de trunfo, o grupo é dividido para avaliar e dar notas a algumas obras expostas. Elas vão funcionar como cartas, mas o próprio grupo visitante é responsável por “seu conteúdo”.

Dado Curioso O acaso vai definir o tema do desafio ou discussão. Aqui apenas o dado de categorias é utilizado. Jogamos para cima e observamos uma obra para discutirmos a categoria selecionada, a partir da(s) obra(s) expostas ou durante as discussões. Importante: apesar de ser possível jogar sem as cartas é preciso estar dentro de uma exposição para que a proposta funcione.

Vamos expandir um pouco? O Trunfo é um jogo popularmente conhecido seja entre crianças ou imaginário de adultos. Tem uma dinâmica simples que envolve a vontade de obter as cartas das pessoas que estão jogando, como também estratégia para fazer a melhor jogada. Entretanto, há outro aspecto nele que é a capacidade de acumular conhecimento sobre determinado tema. Foi pensando nesta questão que adaptamos o jogo para pensar um pouco sobre arte. Mas, que tipo de arte? Neste jogo estamos trabalhando com a relação entre artes plásticas e museu. Segundo o Dicionário de Conceitos, tradicionalmente é considerado “artes plásticas” a pintura, escultura e arquitetura, mas, tal percepção vem mudando ao longo do tempo “já que com o desenvolvimento das novas técnicas e de certos avanços tecnológicos têm surgido novas formas de expressão artística.” Ainda sim, mais do que a definição, estamos falando de um conjunto de palavras usadas para dar significado a essas expressões artísticas, e que muitas vezes estão afastadas do público que não tem acesso a esses


lugares ou que não se interessam minimamente pelo assunto devido a barreira na interpretação de códigos e sinais pré-estabelecidos. Portanto, a garantia de acesso a esses lugares, seja pela ampliação dos espaços culturais ou gratuidade, não é suficiente para que essas pessoas acessem as obras e construam um pensamento crítico a respeito do que é visto, e de modo geral, ao que é manifestação artística. Para a pesquisadora Daniele Canedo, citando Néstor Canclini, uma das críticas deste autor ao modelo de difusão cultural “é que esta política não muda as formas de produção e consumo dos bens simbólicos.” (CANCLINI, 1987, p. 49 apud CANEDO, s/data, p. 2). Nosso Trunfo, trocadilhos à parte, é jogar com os visitantes ou pessoas que tenham acesso a esse jogo em outros lugares e apresentar esses conceitos de forma simples. Apresentá-los assim é uma forma de desmistificar a palavra e os significados estabelecidos para essas obras, mas, principalmente, democratizar o seu acesso que apesar de ser para todos, infelizmente, ainda é apreciado apenas por uma parcela da população. Sugestão de leitura: CANTON, Katia. Temas de arte contemporânea. (6. vols). Martins Fontes WMF. Ed. 1ª; 2010.

Disparadores É possível também, a partir do Trunfo, aproximar um conceito de arte (categoria) do cotidiano da realidade da jogadora ou jogador. Nesse sentido, ao trabalhar com as categorias “curadoria” e “cor” presentes no dado, a educadora ou educador pode trazer como exemplo o que acontece quando um indivíduo vai reformar um cômodo de sua casa: mesmo sem ter conhecimentos específicos de arte, vai fazer uma escolha da melhor cor para o cômodo, vai analisar aquela que mais combina com os móveis. Observando isso, a pessoa não deixa de fazer uma curadoria ao escolher o que vai ficar melhor em sua casa, ou seja, não deixa de aplicar essas categorias em vários momentos da vida cotidiana, até mesmo quando escolhe uma camisa para trabalhar.


Lembrando que é possível utilizar outros exemplos, adaptando para a realidade de cada indivíduo ou grupo. A ideia é desmistificar esses conceitos de arte que estão presentes na nossa vida e que muitas vezes passam despercebidos. Sugestão de leitura: GALL, Françoise. Como falar de arte com crianças?. Martins Fontes; Ed.1ª; 2012. Com esta dinâmica, é possível não só debater os conceitos de arte (categorias) que serão trabalhados no jogo, mas dar vazão a uma gama de possibilidades de diálogos sobre diversos temas artísticos*. Essa discussão é importante porque uma das funções do museu é abrir diálogo com a sociedade em especial sobre esses temas que parecem abstratos: o que é arte, história da arte e a autonomia dos sujeitos para uma interpretação crítica sobre os objetos expostos no museu e sua relação com a sociedade. * É possível - mas, não obrigatório - utilizar aqui o “Dado Curioso”, inclusive criando outros dados, com outros temas. Ver como jogar em “jogos dentro do jogo”. Sugestão de leitura e vídeo: Antropofagia- Pinacoteca do Estado de SP. https://www.youtube.com/watch?v=hm0s7OGrA48

Referências CANEDO, DANIELE. Democratização da Cultura. Mais definições em trânsito. (Programa de pós graduação multidisciplinar em cultura e sociedadeFacom-UFBA). Disponível: http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/DEMOCRATIZACAODACULTURA.pdf CANTON, Katia. Temas de arte contemporânea. (6. vols). Martins Fontes WMF. Ed. 1ª ed, 2010. GALL, Françoise. Como falar de arte com crianças?. Martins Fontes; Ed.1ª; 2012. https://conceitos.com/artes-plasticas/ http://www.saobernardo.sp.gov.br/pinacoteca


Quer compartilhar suas ideias? Utilize o espaço a seguir para contribuir na (re)construção deste jogo.

Envie também para nós: ajarani.cultural@gmail.com|pinacoteca@saobernardo.sp.gov.br



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