Jornal 360º - UNIP - Jornalismo 2017

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JENIFFER BARCHILHES

TURISMO

Cidade de Embu das Artes é opção cultural histórica e gastronômica

Planetários reabrem e oferecem atrações do outro mundo TURISMO - Pág. 6

360jornal.blogspot.com

JORNAL EXPERIMENTAL - 7ª edição - 2017

ALUNOS DO 4º E 5º SEMESTRES DE JORNALISMO - CAMPUS VERGUEIRO

SOCIEDADE

Crise econômica agrava situação da falta de moradia na cidade

JULIA CORAZZA

O problema habitacional em São Paulo aumentou na última década. Por um lado, os movimentos de luta por moradia vêm ocupando imóveis ociosos, por outro, a prefeitura busca a reintegração de posse para a lenta construção de moradias populares SOCIEDADE - Pág. 4 SAÚDE

MEIO AMBIENTE

Casos de Endometriose já atingiu 6 milhões no Brasil

Macacos viram bode expiatório na epidemia de febre amarela

SAÚDE - Pág. 7

Falta de cuidado com as árvores pode ser uma ameaça à população MEIO AMBIENTE - Pág. 6

Centro de São Paulo é um dos lugares com o maior número de ocupações

CULTURA ESPORTE

Mulheres viram o jogo contra o preconceito nas arquibancadas

Marcas de moda buscam alternativas para reduzir danos ao meio ambiente AMANDA MAGRINI

Presença feminina nas arquibancadas destaca-se em ambientes com participação masculina; Torcidas de São Paulo apoiam movimento

Skatistas lutam por reconhecimento profissional

Esquecido no país, bocha vive às custas da tradição ESPORTES - Pág. 8 AMANDA MAGRINI

Cidade possui grande diversidade religiosa que contrasta com a crescente intolerância

CULTURA - Pág. 5

ECONOMIA

Brasil registra recorde no número de desempregados

Construção civil, indústria e serviços foram as mais afetadas

POLÍTICA E ECONOMIA - Pág. 3

HISTÓRIA

Sebo ao ar livre aposta no inusitado

CÁSSIO FELIPE

CULTURA

Crescente intolerância não combina com diversidade religiosa Leia Também: São Paulo é o primeiro Estado com um Fórum Democrático de diálogo entre religiões CULTURA - Pág. 5

SOCIEDADE - Pág. 4


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360º

Jornal Laboratório |2017

#Editorial

BÁRBARA NOTTARI

O impacto do novo Cassio Almeida

N

ada se faz sozinho ou solitário. A união em torno de objetivos comuns é capaz de produzir grandes conquistas. Na construção deste jornal, claro, não foi diferente. Um grupo de estudantes de jornalismo, quase jornalistas e repórteres, correu atrás de fatos e informações da nossa atualidade, acontecimentos cotidianos e assuntos de impacto. Todos se dispuseram a ir em busca do novo, com a objetividade e a isenção na abordagem dos fatos. Buscamos, entre meios e meios, o novo, principalmente o que pouco foi explorado. Inspirados no new journalism, com notícias e temas que afetam a todos, sem exclusão social. Não temos partido nem escolhas políticas. Não temos um clube nem preferências de times. Nossa finalidade, acima de tudo, é informar, trazer fatos que atraiam o leitor e o impressione. Nossa meta é sermos verdadeiros em nossas palavras. Cada letra

digitada, neste jornal, é real. No plano gráfico, trazemos formas modernas de cores e layouts para a confecção deste meio impresso. Vivemos, atualmente, momentos de tensão em nossa sociedade. O acirramento ideológico e as crises afetaram diretamente o cidadão, especialmente os menos privilegiados. As mulheres, finalmente, estão ganhando espaço por meio de muita luta. Na editoria de Esportes, há duas matérias sobre

O acirramento ideológico e as crises afetaram diretamente o cidadão, especialmente os menos privilegiados. elas – “Mulheres na arquibancada” e “O preconceito no futebol feminino”. Na editoria de Sociedade, temos a história de Marcelo, dono de um sebo ao ar

livre, e discorremos sobre as ocupações de prédios abandonados de movimentos sociais que estão acontecendo em São Paulo. Em Saúde e Ciência, tratamos sobre a endometriose e dicas alimentícias dos CRNS. Em Turismo, discutimos sobre as artes de Embu das Artes e o Planetário. Mostramos, em nossas matérias, o semblante de nossos rostos. Deixamos os padrões de lado. Apuramos os casos com dedicação e vontade, corremos atrás do correto, daquilo que é importante para a coletividade em nosso povo. Em todas as reportagens, temos o selo da informação, o fato que traz uma novidade para você, leitor. Esta edição do 360º pratica o jornalismo em sua essência. Somos críticos e transparentes. Pois não há esperança de sobrevivência humana sem homens e mulheres dispostos a dizer a verdade.

N

QUIETUDE NA MULTIDÃO Bárbara Nottari

a vida, cada um tem o seu momento de paz. Na correria do dia a dia, descansar a mente e a alma é o mais difícil de conseguir, principalmente estando numa cidade que respira o caos. Todos os dias pela manhã, observo o universo ao meu redor com grande atenção. Cada pessoa que me rodeia está submersa em seu próprio mundo. A cada dia, penso no quão incrível a distinção entre cada um caracteriza seu âmago. Vejo pessoas soberbas, que se fecham dentro de seus livros, algumas mergulhadas em tecnologia e redes sociais e

outras em sua própria balada junto a seus fones, apesar de nunca compreender como isso lhes trará calmaria. Talvez fosse muito de meu ego entender que a paz provinha do silêncio. Ora, quem um dia disse que tais coisas andavam de mãos dadas? Eis aqui o tal problema da paz: ela não precisa de quietude externa para nos dominar. As vezes, é nos lugares mais improváveis que ela se encontra. Para alguns, ela pode aparecer de relance, na contramão, ou até mesmo de supetão, mas ela sempre vai estar lá.

mas na rua era Comic Sans, logo, inaceitável. Não que seu João apenas achasse feio alterar a fachada da casa dos outros sem permissão. Não que seu João entendesse verdadeiramente sobre fontes, mas a associação que ele fazia entre os fajutos dizeres nas máquinas de sua vizinha e o grafado fluorescente em seu portão, agora com autoria, era inevitável. Pudera, seu João pouco ligava para dotes manuais ou com o patrimônio e sim com o fato de haver quem pinte com tinta spray e não guache, ou com o porquê da dona Marisa ser Comic Sans

e não Times New Roman. Seu João agora dispunha de câmeras em sua residência. Não que ele esteja interessado na circulação do bingo ilícito de dona Marisa, mas, sobretudo, em quem o estiliza. Mais vale torna público a indignação e a intenção em definir o tratamento que deve ser conferido a qualquer outra fonte que não Arial. A Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) tem 13 membros ativos chamados João, nenhum da Rua Boa Vizinhança.

A grama do vizinho é também a minha LUANA LOPES

Raíne Oliviera

H

á poucos dias a polícia interditou um comércio ilegal ao lado da casa de João. Enganado, o morador da Rua Boa Vizinhança sempre achou que os barulhos vinham de um videoga-

me ou um tipo de tentativa de criar um sample musical com uma mistura de N.W.A. e Garotos Podres. Marisa, sua vizinha e proprietária da casa ao lado, considerava que pintar as paredes da sua

casa era uma arte. Surpresa ele teve ao descobrir o que acontecia ao seu lado direito: a casa de Marisa funcionava como um bingo há anos, tendo, inclusive, funcionários e câmeras estrategicamente colocadas para proteção de quem frequentava o lugar – e também o estiliza. Curiosamente, o barulho não pareceu proporcional à quantidade de máquinas retiradas do local. Era curiosa a forma como a estampa, contida nos objetos de bronze ofertados pelo bingo, agia; as máquinas traziam desenhos enormes, com cores chamativas e em fonte Comic Sans tamanho 72. Há poucos dias, o portão de João foi estilizado. No seu direito, ele rapidamente pintou o portão. Aos gritos, dizia que, se era cor que os vizinhos queriam, alí estava. E espalhava com um pincel a tinta Azul Royal pelas paredes, sem ao menos pensar

360º Jornal Laboratório Alunos de Jornalismo/4º e 5º semestres - Jornal 360º Universidade Paulista - UNIP 2017

que ao apagar o Times New Roman, por decorrência, daria um convite à Comic Sans. Quanto às máquinas e ao que funcionava na sua vizinha, seu João nada podia fazer, mas caso a dona Marisa começasse a exibir a arte no seu maquinário por aí ou passasse a enfeitar a vizinhança com Comic Sans, automaticamente geraria um problema para ele. Para dona Marisa, o uso de Comic Sans não era um problema, e sim a consequência de um: o incômodo de seu João. Para ele, uma pintura de Basquiat no MASP era arte neo-impressionista, EXPEDIENTE

Versão digital do 360º

Editor-chefe Cassio Almeida Editores Tayane Sette Barbara Nottari Amanda Faria Jeniffer Barchilhes Thays Santos Alini Miki João Kalaydjian

Reitor Prof. Dr. João Carlos Di Gênio Diretora do Instituto de Ciências Sociais e Comunicação Prof.ª Marisa Regina Paixão

Diagramação Alan Alexandrino Alexandre Rosa Samuel Olimpio Luana Lopes Yuri Azevedo

Diretor do Campus Paraíso/ Vergueiro Prof. Marcus Vinicius Mathias Coordenadores Gerais Prof. Fernando Perillo da Costa Prof. Roni Muraoka

Coordenador auxiliar do campus Vergueiro Prof. Marco Moretti Professores Responsáveis Prof.ª Sônia Avallone Prof. Marco Moretti

360 Online: https://360jornal.blogspot.com.br/


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#Política e Economia

No começo deste ano, o desemprego no Brasil atingiu 14 milhões de pessoas, o maior índice da história TAYANE SETTE

Gabriella Butieri @gabi.butieri Mayara Oliveira @itmayara

O IBGE divulgou que no último trimestre a situação começa a afetar os trabalhadores por conta própria, que seguravam a taxa de desemprego no país. São 1,1 milhão de pessoas a menos no trimestre encerrado em fevereiro. Essa divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística refere-se aos dois primeiros meses de 2017 e o final de 2016. A pesquisa oficial de emprego do instituto também revela que mesmo para quem ficou no mercado de trabalho, no número de trabalhadores com carteira assinada, caiu 337 mil. Essa queda é forte e a recuperação é lenta. Segundo o economista Hairton Ferreira, 31 anos, os setores mais afetados foram os de Construção Civil, Indústria em geral e Setor de serviços. Ferreira explica que os trabalhadores PJs (pessoas jurídicas) são empregados por empresas que estão buscando redução de custo. Assim, eles desenvolvem um papel similar ao que tinham anteriormente, mas com padrão de salários e benefícios inferior ao que possuíam. “Em períodos de crise é comum aumentar o número de

pessoas contratadas como PJ por conta da redução dos custos da empresa com os encargos sociais. No entanto, se a empresa contrata o funcionário como PJ e ele presta serviço apenas para uma empresa, abre-se um risco jurídico, tendo em vista os aspectos trabalhistas da CLT”, conclui o economista. Emílio Vian Vieira, 50 anos, especialista em finanças, explica que “inicialmente os setores ligados aos bens de capital cortaram, imediatamente, investimentos bilionários de visão de longo prazo. Depois, em uma cadeia interligada, outros segmentos estão progredindo como o de transportes, vestuário, alimentação, chegando ao setor de serviços. A agricultura parece não ter sido muito afetada, pois está no nível um da Pirâmide de Maslow: todo mundo precisa comer”, concluiu Emílio. Na visão microeconômi-

ca, a entrada de pessoas no empreendedorismo individual é sempre bem-vinda, entretanto, para não ser uma ponte para o fracasso individual, precisa ser respaldada por muita perseverança individual, reservas de capital e escolhas no ramo certo. É o que explica Emílio. Já no ponto de vista macro, o grupo de novos empreendedores pode ser uma ponte importante para um futuro mais promissor com crescimento econômico. Mas esses precisam ser respaldados por política de fomento e por crença geral dos políticos e da população no liberalismo e na eficiência. A abertura de novos negócios é a solução encontrada por muitos profissionais para enfrentar o desemprego Muitas pessoas se aventuram em busca de seus ideais profissionais. Depois

de muito procurar por uma oportunidade, muitos encontram uma possibilidade de se reciclar e crescer mesmo com a crise. Todo processo de transição leva tempo, estabilidade e equilíbrio principalmente, quando envolve a carreira profissional. Lyziane Menezes, 41, que atuava como gerente administrativa em um escritório percebeu que a área já não estava relativamente ‘bem’ como antes. “Há seis anos eu passei por um momento difícil, a organização onde eu trabalhava não ia bem e entrou em crise. Na época eu comandava boa parte das coisas, mas nesse momento de instabilidade acabei saindo da empresa. Minha saúde também não ia bem, estava passando por um momento de depressão e ansiedade, me tornando totalmente dependente de remédios”, descreve Lyziane. A partir desse momento começou uma série de desafios na vida de Lyziane, um período marcado por reorganização. “Na época busquei muitas alternativas, primeiro tentei entrar em uma multinacional, mas ainda não era o que eu desejava para mim. Nesse meio tempo, entrei para uma fundação de gestão pública para trabalhar na área de saúde e comecei a atuar como terapeuta. A partir desse momento mi-

nha vida profissional tomou outro rumo, levei em média dois anos para me reestruturar profissionalmente e decidir investir no meu próprio negócio. Abri um escritório pequeno para trabalhar como terapeuta floral e consultora holística, nessa fase de transição contaram com o apoio do meu marido Rafael de Castro Menezes, 50 anos que me deu Divulgação

A terapeuta floral Lyziane Menezes

todo o suporte financeiro e emocional para me tornar uma empreendedora. Atualmente, todos os florais são fornecidos pela escola de alquimia - Joel Aleixo, o preço médio de uma consulta para iniciar o tratamento varia entre R$20,00 a R$200,00”, conta Lyziane. Na maioria das vezes, as pessoas encaram essa forma de trabalho ‘informal’ por não ter outra opção. A situação precária do mercado de trabalho fica evidente quando se analisa o rendimento dos trabalhadores. Cristina Spricigo foi demitida por conta da crise e saiu do ambiente

bancário, no qual era gerente, para investir num novo empreendimento e sua nova opção foi trabalhar com lingeries. “Senti-me bastante frustrada quando fui demitida de um lugar que já trabalhava há anos. Atualmente, estou com a minha loja localizada no bairro do Brás, no shopping Vautier no Pari, há praticamente um ano. Meu marido, Fabricio Spricigo, me acompanha como sócio. Juntos, decidimos abrir nosso próprio negócio, já passamos por muitas dificuldades, pois não é uma escolha fácil abrir o seu próprio negócio quando você ainda se sente inseguro e instável, mas te dá uma liberdade de tentar investir em algo que você acredita, além de ser algo propriamente seu. Abrir um empreendimento é uma forma de aprender a entender o mercado e encontrar satisfação profissional”, explica a lojista Cristina Spricigo.

14 milhões

de desempregados RECORDE, segundo o IBGE

Política divide opiniões entre os jovens Tayane Sette @tayane.sette Ingrid Jacob @gridjacob

A crise econômica é a mais profunda da história do país, segundo o cientista político Paulo Moura, 57. “No campo político, mobilizações de massas botaram 3 milhões nas ruas em 2015 e 6 milhões em 2016. A classe média foi às ruas com bandeiras liberais e conservadoras, mas, pesquisa recente do PT, feita pela Fundação Perseu Abramo (FPA), a população da periferia de SP aderiu a valores liberais e hoje vê a questão central como a luta do indivíduo contra o jogo do Estado”, completa. Uma pesquisa feita pela FPA entre novembro de 2016 e janeiro de 2017 com moradores de bairros periféricos e comunidades, mostrou que, por terem uma rotina agita-

da, a leitura sobre política não é uma prioridade no dia a dia das pessoas. Os assuntos debatidos são aqueles veiculados pela grande mídia, que ainda é a principal fonte da maioria, e não tem aprofundamento sobre conceitos políticos, dificultando uma melhor argumentação. Na visão política, várias mobilizações levaram pessoas às ruas, principalmente a

classe média, com reivindicações conservadoras. Outra mudança significativa foi à periferia ter aderido às propostas liberais, isso impactou na escolha do atual prefeito da cidade de São Paulo, João Dória Júnior. Para Moura, haverá “a maior faxina política da história em 2018”. Ele acredita que as redes sociais facilitaram essas ideias, pois conservado-

res e liberais se descobriram como maioria silenciosa. “Perderam o medo e saíram do armário”, completa. A política sobre a ótica dos jovens Para a estudante de psicologia Giovanna Carrelli, 22, discutir política é importante, porém evita falar por falta de conhecimento sobre o assunto. “Acredito que nada

Faixa etária e sexo do eleitorado jovem

16 anos

1,4%

17 anos

6,08%

22.735.784

Masculino: 49,40% 11.231.364

eleitores entre 16 a 24 anos

18 a 20 anos

36,1%

Feminino: 50,60% 11.504.420

21 a 24 anos

56,4%

Dados do Tribunal Superior Eleitoral. Abril/2017

vai mudar, nem esquerda e direita farão diferente, mas entre um e outro, sei que um governo mais conservador não olharia para o lado social”, completa. O universitário de engenharia civil Mateus Kfouri, 20, acredita que discutir política é importante mesmo não indo muito a fundo no tema. Ao ser questionado sobre as medidas políticas e econômicas do atual governo, Kfouri achaque deve haver mudanças, mas não concorda com a que foi feita. “Isso me afeta”, diz ele. Em relação às ideias de políticos conservadores, Kfouri diz concordar com algumas delas, mas que não chegaria a votar em nenhum político nas próximas eleições. “Acho que, se qualquer candidato for eleito o Brasil vai continuar do mesmo jeito ou pior”, completa. De acordo com João Pedro,

21, estudante de psicologia, o Brasil passou por um momento político de centro-esquerda e não conseguiu colocar as ideias em prática. “Vejo jovens muito desiludidos e acho que essa guinada forte da direita pode ser uma reação a isso”, afirma o estudante, que participa de causas sociais em sua faculdade. A universitária de arquitetura Carolina Carminholi, 22, se interessa pelo assunto e participa de discussões políticas. “São poucos, pelo menos com os que eu conversei, têm um argumento mais de direita - ultraconservador é mais uma aversão à esquerda”. Carolina afirma que essas ideias são baseadas nos discursos das grandes mídias. “Os que estudam, creio que têm argumentos mais relacionados com os ideais de direita e não apenas ‘Fora PT’, completa”.


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360º

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#Socidade MORADIA

Crise econômica agrava situação da falta de moradia na cidade JULIA CORAZZA

Julia Corazza @julia.corazza1

Em São Paulo existem aproximadamente 16 mil pessoas em situação de rua, de despejo e morando em local de risco por conta da situação econômica, déficit habitacional, especulação imobiliária (que faz o custo do aluguel subir cada vez mais) e a má gestão de construção e entrega das moradias populares a preços acessíveis. Apenas 200 pessoas, com emprego, desse número são propícias a sair de situação de rua ou ocupação, de acordo com dados da Secretaria Municipal da Assistência e Desenvolvimento Social (Smads). Na cidade, estima-se que existam pelo menos 2 milhões de imóveis interditados, ociosos e desocupados, em domínio público ou

em briga judicial. Há cerca de dois anos, movimentos como Trabalhadores sem Teto (MTST), Frente de Luta por Moradia (FLM) e o Movimento sem Teto do Centro (MSTC) vêm ocupando esse tipo de imóvel e outros tipos de terreno, principalmente no centro da cidade, como forma de

protesto, de visibilidade a para causa e para acomodar famílias que estão na fila de espera de programas de moradia popular em total vulnerabilidade financeira. No bairro de Santa Cecilia existe uma ocupação do FLM em um antigo hotel de luxo, o Lord Palace Hotel que funcionou de 1954

a 2004 e fechou suas portas por conta das dívidas. Os hotéis ociosos são grandes alvos de rearranjos por terem unidades semi prontas serem mais fáceis de serem revitalizados. A reportagem do 360° não conseguiu adentrar o imóvel porque ele está sendo desocupado pela prefeitura e as famílias quê ainda restaram no local tem medo de represálias, conseguimos encontrar por meio dos comerciantes locais o Leto, antigo morador da ocupação. Leto, ou Wellington, tem 37 anos, morou no prédio ocupado por quatro anos. Ele não fez parte do movimento FLM, foi chamado por amigos para morar. Explica que dentro das ocupações é tudo muito organizado, todos contribuem para a limpeza e juntam dinheiro para pagar um porteiro.

A manutenção dos elevadores, luz, encanamento e afins também são divididos igualmente. Sobre opressão e preconceito, Wellington diz que sofreram muito, ele e sua família foram chamados de vagabundos e receberam inúmeros olhares hostis da vizinhança e até uma tentativa de agressão. Atualmente ele tem um salão de cabeleireiro em frente à ocupação, mudou-se há poucos meses com sua família para um lugar de aluguel. Muitos desses prédios no centro e em regiões do extremo leste da cidade estão sofrendo a reintegração de posse por serem locais de assentamento habitacionais, as Zona Especial de Interesse Social (Zeis). A justiça retira os grupos, seus móveis e pertences, essa ação é acompanhada da polícia e,

em muitas situações, é violenta, resultando em protesto dos grupos desalojados. No último ano o investimento do Estado em moradias populares está acontecendo em parceria com empresas privadas. O primeiro lote de habitações a preços baixos promete entregar 3.683 unidades. Essa iniciativa público-privada conta com um montante de R$900 milhões por parte das empresas, e o Estado entrará com R$465 milhões em parcelas que se estenderão por 20 anos, e a prefeitura fornecerá os terrenos para as construções que não têm data prevista de entrega. Estima-se que existam cerca de 100 imóveis e terrenos ocupados.

HISTÓRIA

EMPREENDIMENTOS COLETIVOS

Mulheres buscam formas de ações efetivas de incentivo e suporte a pequenas empreendedoras

Sebo ao ar livre é uma opção no bairro do Paraíso

CÁSSIO FELIPE

RAÍNE OLIVEIRA

Marcelo de Oliveira, dono do sebo ao ar livre que existe há dois anos Espaço reúnem mulheres que querem conciliar a maternidade e a vida pessoal de forma autônoma

Raine Oliveira

No Brasil, de acordo com o censo do Coworking Brasil 2016, existem 238 estabelecimentos desse tipo, sendo que 57% estão concentrados na região Sudeste. E a cidade de São Paulo abriga 39% de todo o mercado nacional. As empreendedoras encontram várias ofertas de Coworking femininos, com estações de trabalho, ambientes para reuniões e eventos, espaço de convivência e até mesmo endereço comercial para correspondência. A moralidade feminina de coworking começa a ganhar espaço. O grupo colaborativo Feminaria começou com uma página no Facebook, criada em abril de 2016, dedicada a conduzir as mulheres ao sucesso e à realização profissional, pela advogada Ana Carolina

Bavon, que destaca o rápido crescimento do projeto e a procura por profissionais liberais de várias áreas tais como: dentistas, nutricionistas, designers, entre outras, que além de fomentar seus negócios, também buscam um espaço para trocar informações e ampliar seus contatos. A ideia inicial do grupo era a de orientar empreendedoras com relação às questões jurídicas e unir mulheres com espírito colaborativo e engajadas. Com a divulgação do projeto Feminaria e o avanço no mercado de Coworking no Brasil, as parcerias começaram a surgir. Em maio de 2016, a advogada Tatiana Das e a contadora Aline Nicoletti propuseram a elaboração de um Código de Ética e da estrutura de todo o projeto da Rede Feminaria, que incluía eventos, cursos, palestras e uma sede física. O modelo foi

bem aceito e em cinco meses conseguiram cadastrar 4.500 profissionais e alugaram um espaço no bairro da Aclimação: a Casa Feminaria. Também na Zona Sul, a Casa de Viver, localizada na Vila Mariana, é pioneira em coworking com espaço dedicado às crianças, que podem acompanhar à mãe enquanto trabalha e também funciona como espaço de creche para as associadas. A empresa iniciou suas atividades em fevereiro de 2015. Outra opção é a Casa das Crioulas, que funciona como um ambiente de troca de saberes e experiências entre mulheres que querem conciliar a maternidade e a vida pessoal de forma autônoma. Outros espaços semelhantes já foram abertos em outras capitais tais como Curitiba, Belo Horizonte e Brasília.

Cassio Felipe @cassio.felipe.505

No Viaduto Paraíso, próximo ao Centro Cultural São Paulo, há dois anos o paulistano que passa por ali não consegue deixar de se envolver com a ambientação criada pelo vendedor autônomo Marcelo de Oliveira, que decorou todo o caminho com livros expostos no chão, um charmoso carrinho utilizado para receber doações de gibis, CDs, DVDs e livros e uma placa que diariamente estampa frases motivacionais. O acervo é composto por clássicos como as obras de Machado de Assis e José de Alencar. Há, também, literatura americana, como Gay Talese e Nicolas Sparks. O foco são literaturas e ficções. Marcelo é mineiro, tem 43 anos e começou a trabalhar bem cedo, vendendo livros em Belo Horizonte com seu pai. Como o negócio não era rentável, ele procurou outra atividade, o ar-

tesanato. Formou-se no ensino médio e fez um curso de artes em um centro cultural de sua cidade. Trabalhou por quatro anos – criando bonecos de madeira e materiais artísticos. Em 1989, veio para São Paulo em busca de uma vida melhor. Logo se estabeleceu na região do Butantã e depois se mudou para o Paraíso. Seu sobrinho, Ricardo Gomes, de 19 anos, universitário, é amante da literatura brasileira e trabalha no sebo como auxiliar de vendas. Ele ressalta com entusiasmo que a sua atividade contribuí para o seu repertório, uma vez que cursa jornalismo. A maior dificuldade de Marcelo e Ricardo são os roubos e os calotes que tomam dos fregueses, explicam. Diariamente os perigos aumentam e os ambulantes ficam receosos com os constantes assaltos aos clientes, que os alteram para tomarem cuidado. “Muitas vezes pensa-

mos em desistir do negócio por causa da falta de segurança, só que não é possível, pois dependemos da renda do sebo para viver”, desabafam. Marcelo explica que “passar arte e cultura para as pessoas é uma missão, preenche o vazio”. Conta que em um determinado dia, sumiu uma apostila acadêmica. Passou uma semana, ela reapareceu acompanhada de um bilhetinho. Emocionado, Marcelo mostra o conteúdo: “Perdoe-me por pegar sua apostila, quero agradecer, você me ajudou a estudar para o vestibular, prometo não roubar mais”. O Sebo ao Ar Livre fica “aberto” todos os dias – segunda a sextafeira. Nos feriados e domingos, o sebo vai para baixo do Centro Cultural de São Paulo.


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#Cultura

Diversidade religiosa ainda enfrenta a barreira da intolerância Amanda Magrini @amanda.mfaria

A cidade de São Paulo tem cerca de 12,4 milhões de habitantes, com contribuições culturais e religiosas por toda parte. Pessoas com diferentes crenças, muitas vezes, são alvos de piadas e preconceitos vindos de indivíduos que não compactuam com suas convicções. A intolerância está presente e se manifesta mais do que imaginamos pelas ruas paulistanas. De acordo com Marcelo Gaspar, professor do Estado e praticante de candomblé, é importante que haja uma discussão sobre religiões nas escolas, apenas com o intuito de prevenir a incomplacência, sem direcionamentos, tratando-se de um estado laico. “O Candomblé é onde fico bem em todos os sentidos, onde encontro respostas para questionamentos e a paz interior. Essa religião sofre muita intolerância vinda de pessoas que não a conhecem, pois creem em

uma única verdade.”, finaliza Marcelo. O sincretismo cultural ainda é presente, principalmente na Umbanda. “É uma religião que simboliza a caridade. Temos muitos orixás sincretizados na Igreja Católica. Mas fazemos o bem sem olhar a quem.”, afirma Keli Freitas, que comanda o Centro de Umbanda Recanto de Fé, Amor e Caridade com seu marido Orides Pereira. Assim como as matrizes

africanas, evangélicos, católicos e outros também sofrem com discriminação. O pastor da Igreja Evangélica Missão Mundial Graça e Paz, Paulo Moura, afirma que um dos argumentos utilizados é de que sua religião não presta. Em janeiro deste ano, ocorreu o ato de combate ao preconceito religioso, no MASP – promovido pelo Governo do Estado de São Paulo –, e manifestantes pediram mais empatia entre as

pessoas, respeito às crenças e também aos ateus, pois a falta de crença não deve ser motivo para discriminação ou ódio. Além de atos públicos, a prefeitura promove excursões para turistas e moradores da cidade conhecerem um pouco mais sobre as diversas religiões existentes. “O islamismo é uma das religiões mais pacíficas que existem. Condena todo tipo de violência, seja com si mesmo ou com os outros. AMANDA FARIA

Preza a família, o amor e a união familiar.”, conta a estudante muçulmana Zahra Kaebi. O preconceito é resultado da falta de conhecimento, o Brasil é um país grande, culturalmente falando, e seria impossível possuir apenas uma crença religiosa. É importante que a população seja conscientizada através de ações positivas, sem demagogias, para que entendam que o caráter de um cidadão não é definido por sua fé ou pela falta dela. O cidadão que for vítima de qualquer tipo de preconceito, agressão ou humilhação deve registrar o caso à Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, pelo telefone: 155. Segundo dados do Comitê Nacional da Diversidade Religiosa, a cada três dias uma denúncia é feita pelo site. O Comitê foi instituído em 2014 pelo Governo Federal e tem como objetivo diminuir os casos de indivíduos intolerantes motivados pelo ódio contra crenças religiosas diferentes.

São Paulo é o primeiro Estado com um Fórum Democrático de diálogo entre religiões

O governador Geraldo Alckmin oficializou no final do mês de abril, o Fórum Democrático Inter-Religioso, o primeiro e único no país. Segundo divulgação no Portal do Governo, essa é “a mais importante ação que nós poderíamos fazer para unir a sociedade paulista. E com isso damos exemplo para o Brasil, na linha de frente do enfrentamento e combate à intolerância religiosa”, explica Alckmin. O Fórum é composto por uma diretoria presidida pelo secretário da Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa. Entre as competências da instituição está o estímulo ao diálogo entre igrejas, templos, comunidades religiosas, organizações e instituições público-privadas. Desse modo, conduz para o debate e sensibiliza lideranças públicas e religiosas sobre a relevância na divulgação da cultura de paz.

Com quase 90 anos, Silvio A moda ecológica começa a se impor como Santos continua sendo alternativa às roupas tradicionais referência na comunicação Renata de França @RenataInWorld

Nascido em 12 de dezembro de 1930, na Lapa, Rio de Janeiro, Senor Abravanel, o Silvio Santos, iniciou sua carreira aos 14 anos como camelô e devido sua voz destacada, com pouco tempo, foi descoberto pela Rádio Guanabara, também no Rio. Desde então o apresentador vem realizando seus sonhos e conquistando muito êxito em sua carreira. Com mais de 50 anos de carreira, Silvio Santos participou e está presente no crescimento e surgimento de diversas gerações, que acompanham a evolução do apresentador e se divertem com as brincadeiras do seus programas. “Considero-o como um comunicador e empresário de destaque, com influência na mídia. Ele é uma referência, sem dúvida. Soube aproveitar as oportunidades do seu momento e criar situações positivas para seus projetos.”, diz o pesquisador Cesar Belardi, 52 anos. Atualmente com 86 anos, o icônico apresentador também é um empresário muito reconhecido e possui um legado de fãs que o admiram. “Creio que ele já goza

dos frutos do seu trabalho, e deve trabalhar até onde ele se sentir confortável, mesmo que seja até seus últimos dias de vida”, disse a fã de Silvio Santos e pedagoga Lilian Nascimento, 28 anos. Já para o universitário do curso de Rádio e TV, da Universidade Estadual de Santa Cruz, localizada na Bahia, Paulo Santos, 20 anos, “Eu vejo que o Silvio Santos inovou em criar uma emissora que está sempre em contato com o público, acredito ser um dos únicos canais que o dono da emissora trabalha como apresentador, em contato com o telespectador”. A jornalista Mayara Reinado, 22 anos, teve a oportunidade estagiar no SBT por 2 anos e tem sua opinião sobre Silvio Santos e o futuro da comunicação. “Além de ser um dos maiores comunicadores do país, ele tem a própria emissora dele. Faz o que quer, talvez, as vezes, não toma as melhores decisões, mas é o jeito dele e o que dá certo. Não é à toa que a emissora ocupa a vice-liderança há anos. Ele é muito respeitado dentro e fora do SBT por tudo aquilo que construiu. Sobre os futuros comunicadores, acho que teremos bons comunicadores sim, mas igual a ele, não”.

Vaneli Paula @vaneli.paula

Em 2017, a sustentabilidade tem ocupado lugar de destaque na indústria nacional da moda, a segunda mais poluente do mundo. Para atender a este público, os varejistas de moda devem ofertar peças de roupa, calçados ou acessórios que contemplem, em alguma medida, os princípios de moda sustentável. Isso significa que os artigos

vendidos nos estabelecimentos comerciais devem ser feitos com matérias-primas renováveis e fabricados por processos menos poluentes e por empresas que paguem um valor justo aos trabalhadores envolvidos nos sistemas de produção. O consumidor da moda ecológica procura levar a vida de um modo mais tranquilo e consciente. Ele busca o retorno ao equilíbrio, quer que a indústria da moda não comprometa o bem-estar

AMANDA FARIA

Acessórios ecologicamente sustentáveis ganham espaço

das pessoas e produza peças mais duráveis e atemporais. O mercado têxtil utiliza matéria-prima natural, provocando impacto na natureza, das fibras tradicionais. A menos impactante é o Lyocel, em sua criação não existem emissões tóxicas para a água ou atmosfera, é renovável e biodegradável. Já para a produção do algodão são utilizados pesticidas e inseticidas para evitar pragas, causando a contaminação do solo, da fauna e apesar de ser biodegradável, consome alta quantidade de água. Todas as matérias-primas, de uma forma ou outra, agridem o ecossistema. Algumas porque utilizam material de fonte não renovável e não são biodegradáveis, mas podem ser recicladas, como as fibras sintéticas. Já outras, visto que poluem o meio-ambiente com seu processo produtivo, consomem muita água e energia, contudo são biodegradáveis, como o algodão, fibra natural. Segundo Fernando Barros, coordenador do curso de Engenharia Têxtil da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), “Cada fibra tem características e propriedades que definem mercados específicos nas quais

são utilizadas. Então, não se trata de escolher a fibra menos impactante, mas sim de nos conscientizarmos dos problemas gerados e buscar soluções que caso não os eliminem, pelo menos os minimizem”. A responsabilidade não se encontra somente nas mãos da indústria têxtil. Os empreendedores lojistas entram no mercado com opções de produtos menos impactantes, criando coleções com materiais alternativos, como a loja Insecta Shoes, que produz sapatos veganos feitos à mão, a partir de roupas já usadas e tecidos de garrafa pet recicladas. Bárbara Mattivy, sócia fundadora da marca, afirma que “a moda sustentável é um ramo que está em constante ascensão e que a sustentabilidade será uma commodity para todas as marcas.”. Os consumidores também devem ajudar, praticando a customização e frequentando brechós. Para a consultora de estilo Mariane Moreira, o brasileiro tem dificuldade nesse hábito, e o consumismo pelo novo, fala mais alto, mas não é algo impossível de se praticar.


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#Turismo

Planetários reabrem em São Paulo e oferecem atrações do outro mundo Jeniffer Barchilhes @jeniffer.barchilhes.9 Ana Maria Sousa @anna.sousa.50

O turismo em São Paulo é muito rico, pois a cultura desta cidade permite vários passeios para que as crianças - e até mesmo os adultospossam conhecer um pouco mais sobre diversos assuntos. A Astronomia é sempre interessante para quem procura entender um pouco mais do nosso céu. Em São Paulo existem apenas

dois planetários, o Professor Aristóteles Orsini (mais conhecido como Planetário do Ibirapuera), e o Professor Acácio Riberi, localizado no Parque do Carmo, zona leste da cidade. Construído em 1957, o Planetário do Ibirapuera é o mais famoso e o primeiro do Brasil. Nesses 60 anos de existência, ele foi fechado duas vezes, de 1999 a 2006, para reparos no edifício e na cúpula, que se encontrava deteriorada e com cupins;

e de 2012 a 2016, por conta de um raio que danificou o equipamento do projetor e a cúpula. Fernando Nascimento, diretor e porta-voz do Planetário, diz que após a reabertura “as apresentações estão utilizando a Astronomia de uma forma mais integrada, na qual também são abordadas matérias escolares como Química, Física, Biologia, Geografia, História e ciências em geral”. Anexo a essas instalações, existe o prédio da Escola

Municipal de Astrofísica, que abriga uma exposição de telescópios, meteoritos e gravuras sobre as diferentes galáxias do universo. Já o Planetário do Carmo é mais visitado e conhecido pelos moradores da região Leste. Inaugurado em 2005, depois de cinco anos de construção, ele possui uma cúpula maior que a do Parque do Ibirapuera e o seu projetor é o maior da América Latina. Durante a sua breve história, ele foi

fechado em 2007 por causa de um problema estrutural no prédio. Reabriu em 2016 com equipamentos novos e modernos. Além da apresentação sobre os astros, corpos celestes e planetas (com duração de 50 minutos), que inclui ilustrações de constelações e estrelas, os funcionários interagem com as crianças em diversas oficinas, uma das quais emprega os telescópios para mostrar como é o sol na realidade. Há horários preferenciais

para estudantes e idosos em excursão. O Planetário do Carmo também conta com uma biblioteca na qual o visitante pode doar ou escolher algum livro para levar. Ambos os planetários abrem de quarta a sexta-feira somente para as escolas, e nos finais de semana para o público, em horários determinados às 10h, 12h, 15h e 17horas. É necessário retirar os ingressos com uma hora de antecedência e a entrada é gratuita.

Cultura e história se encontram em Embu das Artes Camila Mayume Camila Mayume Nathalia Alves @nathalia.alves.5030927 Pâmela Carvalho @panina456

O Embu das Artes é um município próximo a São Paulo conhecido por suas feiras de artes e artesanatos, que abrigam obras de diversos artistas, e que recebem em média 30 mil turistas por mês– entre jovens, crianças e adultos– que vão até lá para conhecer um pouco da história e da cultura locais.

Em 1964, com o Primeiro Salão das Artes, e a partir dos finais daquela década, Embu passou a ser um polo de atração para os hippies, que expunham os seus trabalhos nos finais de semana, dando origem à Feira de Artes e Artesanato. Desde 1969, ela se realiza todos os finais de semana e até hoje atrai diversas pessoas. “A principal motivação para os visitantes virem até o Embu ainda é a feira de artes, seguida de perto pela nossa gastronomia. Muita gente

vem para almoçar e acaba dando uma passada na feira”, explica o secretário de Turismo da cidade, Régis Pires. A cada ano que passa, a tradição artística local institucionaliza-se e ganha projeção dentro e fora do Brasil. Como a principal fonte de renda é o artesanato, praticado pela maior parte de seus moradores, foi criada a Casa do Artesão, onde são expostos, todos os dias da semana, as obras dos artistas que trabalham no muni-

cípio. Lindaurea Sá Freitas, artista e comerciante, mora na cidade há 30 anos e diz que em sua obra procura retratar a diversidade brasileira, “a sua mistura de povos e de raças, pois o Brasil tem a cara do mundo, mas o mundo não tem a cara do Brasil”. O Embu também abriga a antiga igreja Nossa Senhora do Rosário, originalmente erguida no período colonial e que hoje é o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas.

CAMILA MAYUME

Cores e desenhos são a marca da arquitetura das ruas de Embu das Artes

#Meio Ambiente

OCTAVIO CAMPOS SALLES/Divulgação

Macacos se tornam as principais vítimas na luta contra a epidemia de febre amarela

Thay Santos @thayssanttos

A febre amarela, doença que voltou a afligir o Brasil recentemente, é um mal que afeta a nossa população desde a época colonial. Ela se origina da África e foi trazida com o tráfico negreiro. Trata-se de um vírus mais propício entre os meses de dezembro a maio, quando ocorre o aumento do nível de chuvas e a elevação da

temperatura, o que ajuda na proliferação de mosquitos. A febre amarela possui dois ciclos: o urbano, que atua nas cidades, e o silvestre, nas matas. É esse que vem ocorrendo com mais intensidade, e a sua transmissão é feita principalmente entre macacos e espécies de mosquitos como os Haemagogus e Sabethes. A intensa proliferação da doença levou a população a

acreditar em vários boatos. O mais forte é o de que os macacos transmitem o vírus, o que levou a uma caçada indiscriminada a esses animais. Segundo a bióloga Daniele Coghi Molina, “as pessoas não têm a preocupação de procurar a informação correta e não analisam os prejuízos que ações impensadas como essas podem causar ao meio ambiente”. É necessário salientar que os

macacos são tão vítimas do vírus como os seres humanos e a febre amarela não é contagiosa. A única maneira de transmiti-la é por intermédio do mosquito contaminado. Em nota, o Ministério da Saúde afirma que os macacos são importantes por fazerem o papel de “sentinelas”, alertando para a doença. Matá-los só piora a situação. Além disso, uma grande parte das espécies

do bioma da Mata Atlântica está em extinção. “A crueldade com os macacos prejudica todo o ecossistema, causa desequilíbrios na cadeia alimentar e não resolve o problema”, afirma a bióloga Daniele.

Muriqui-do-sul, espécie ameaçada de extinção

Saiba identificar os sintomas da doença Olhos amarelos Febre de início súbito Náuseas e vômitos Dores nas costas Dores no corpo, em geral

Dor de cabeça Fadiga Fraqueza

Fonte: Ministério da Saúde

Falta de cuidado com as árvores pode ser ameaça à população Clariane Slusarz @clariane.slusarz Gabriel Alves Lenares @gabriel.alveslenares.94

Em março deste ano, durante o período das chuvas, uma árvore de grande porte desabou sobre dois carros na Rua Mairiporã, no município de Caieiras, próximo a São Paulo, provocando sérios danos. Felizmente, ninguém ficou ferido, mas, de acordo com o mecânico Anísio Bonfim Filho, res-

ponsável pelo conserto dos veículos, ambos estão quase em estado de perda total. Esse não é um caso isolado. No mesmo bairro e na mesma semana, duas outras árvores caíram devido à força das águas, embora não tenham causado grandes danos. O problema, segundo os especialistas, é que grande parte das árvores do Estado de São Paulo é centenária e a falta de cuidado com a condição de troncos e raízes pode causar acidentes

graves. “Em geral, as árvores tendem a mostrar evidências

de quando não estão bem de saúde”, explica o biólogo Ricardo Luiz, professor pelo CLARIANE SLUSARZ

Árvores maltratadas e sem cuidados podem trazer riscos para moradores

Centro Paula Souza. Ele diz que sinais como folhas amareladas ou com pintas pretas, a casca do caule que se solta com facilidade e a presença de grandes quantidades de formigas ou outros insetos podem ser indícios de que a árvore não vai bem. “A poda é vista como uma medida para o fortalecimento das árvores, mas é exatamente o contrário. Apenas um biólogo, engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal têm condições de

fazer uma avaliação precisa do estado de saúde de uma árvore”, explica a bióloga Márcia Silveira, assessora técnica do setor ambiental do Rio Grande do Sul. Segundo a engenheira agrônoma Audrey Castello, da subprefeitura do Jabaquara, há um projeto no qual profissionais do meio ambiente vistoriam regularmente as ruas da região para manter o cuidado com as árvores a fim de evitar problemas futuros.


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#Ciências e Saúde

Endometriose – A doença silenciosa que afeta seis milhões de mulheres no Brasil

Alimentos crus, a nova dieta da moda Equipe Beefpoint/Divulgação

Fernanda Oliveira Fernanda Oliveira Tais Carvalho @thais.c.flores.7

Endometriose, muito mencionada por médicos e pacientes, é uma doença feminina bastante comum mas pouco conhecida. Ela está relacionada ao ciclo menstrual e em média atinge 50% das mulheres em idade fértil, ocorrendo com mais frequência a partir dos 35 anos, embora, em alguns casos, possa se manifestar na adolescência. Trata-se de uma doença silenciosa, pois não apresenta sintomas imediatos. Ela afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo todo e 6 milhões apenas

no Brasil. O principal sintoma são as cólicas menstruais intensas que, normalmente, são mascaradas com a automedicação. O diagnóstico não é fácil. Apesar do mal-estar frequente, muitas vezes as mulheres demoram para procurar um médico, como foi o caso de Elaine de Carvalho Costa, diagnosticada com endometriose em 2011, quando tinha 30 anos de idade. Elaine conta o quanto foi difícil identificar os sintomas e ressalta a importância de consultar o médico no momento certo. Ela descobriu o problema depois de realizar vários exames específicos com o acompanhamento de um ginecologista,

que indicou o tratamento adequado. A Dra. Maria Teresa Natel, ginecologista e chefe do setor de ultrassonografia do laboratório CDB, em São Paulo, explica que a endometriose pode ser classificada de várias formas. Quanto aos locais da doença, ela pode ser superficial, quando afeta apenas a membrana que recobre os órgãos abdominais, ovariana, ao atingir os ovários, profunda ou extra pélvica. Com relação à severidade e extensão das lesões, a endometriose varia de mínima (grau I) a severa (grau IV). Segundo a médica, a mulher que sente cólicas intensas no período menstrual, dores na

Saiba mais sobre a endometriose Prejuízos Fortes dores Infertilidade Soluções para as dores Medicamento: analgésicos, anti-inflamatórios, hormônios derivados da progesterona, etc. Cirurgia: laparoscopia, em que é tirado o tecido do endométrio presente em locais onde não deveriam estar. Soluções para a infertilidade Em casos leves: inseminação artificial ou fertilização in vitro. Em casos graves: somente fertilização in vitro. SINTOMAS Cólicas incapacitantes Inchaço abdominal no período menstrual Diarreia ou prisão de ventre antes ou durante a menstruação Dores durante ou após a relação sexual e dificuldade para engravidar Dores e sangramento ao evacuar ou urinar

região inferior do abdômen ou durante a relação sexual ou tem dificuldades para engravidar, deve ficar atenta. Ela também alerta que o tratamento vai depender muito do desejo da paciente em ser mãe, da extensão da doença e, naturalmente, da idade da pessoa. Flavia Oliveira, enfermeira obstetra do Hospital Family, de Taboão da Serra, próximo a São Paulo, lembra que também é muito importante o entendimento e apoio da família, principalmente nos casos em que a paciente descobre a infertilidade em idade reprodutiva. “O acompanhamento profissional é de extrema importância”, ela acrescenta.

Alini Miki @alinimiki.yoshida

Em uma sociedade em que várias pessoas seguem modismos a um ritmo quase diário, surge agora uma nova onda de hábitos alimentares ainda mais restritiva do que o já bastante conhecido veganismo. Trata-se do crudiveganismo. Nesse tipo de dieta, são consumidos apenas alimentos crus, como verduras e legumes. Segundo os especialistas, não há problemas em seguir uma dieta, desde que a pessoa tenha o conhecimento para nutrir o seu corpo com o que ele necessita. Com relação ao crudiveganismo, a nutricionista Aline Freggozzi, do Hospital Geral do Ipiranga, em São Paulo, diz que, nos últimos tempos, aumentou muito a quantidade de pacientes adeptos desse estilo de alimentação, e provavelmente há muitos que não procuram ajuda capacitada. Apesar dos avanços nessa área, a Dra. Freggozzi hesita em indicar

uma dieta tão restritiva, especialmente para as crianças. Formada em balé clássico, a médica não acredita que o crudiveganismo seja uma dieta viável para atletas que praticam exercícios com regularidade, o que exige quantidades maiores e frequentes de alimentos, sem mencionar os suplementos que devem ser tomados, como a vitamina B12. No crudiveganismo, alerta ela, o perigo está no fato de que, ao não cozinhar nenhum alimento, perdemse os nutrientes provenientes de grãos que não podem ser consumidos crus, como o feijão. De acordo com a Dra. Freggozzi, enquanto filosofia de vida e com a ajuda de profissionais, essa dieta pode ser saudável, mas, como modismo inspirado por famosos e blogueiros, pode acarretar problemas sérios.

O que você faz para melhorar sua alimentação? Siga nossas dicas e tenha uma vida saudável

Beleza e Saúde/Divulgação

Fernanda Oliveira Fernanda Oliveira Alini Miki @alinimiki.yoshida

1. Evite dietas milagrosas e remédios para emagrecimento, eles são de difícil manutenção e, ao parar o tratamento, o seu corpo irá demorar para se ajustar e é muito provável que você ganhe peso. 2. Não faça uma alimentação baseada em um único tipo de alimento ou nutriente. Tente variar ao máximo o que ingere. 3. Inclua de uma a duas porções de frutas diariamente. Sobretudo alimentos anti-inflamatórios, como o mamão e o morango. 4. Com relação às carnes,

tente variar os tipos durante a semana (peixe, frango, peru, contrafilé ou porco) e de preferência consuma apenas uma vez ao dia. 5. Inclua gorduras saudáveis presentes em alimentos como coco, abacate, manteiga, castanhas e cacau. 6. Mastigue bem os alimentos e faça as suas refeições com calma, muitas vezes, até o cérebro perceber que o corpo está satisfeito, você já exagerou. 7. Não fique muito tempo sem comer, se o cérebro não tiver carboidratos para gastar, ele usará o que está disponível nos músculos. O ideal é se alimentar de 3 em 3 horas. 8. Dê preferencia aos alimentos integrais, por não serem

processados, eles possuem todos os nutrientes originais. 9. Leve sempre uma garrafinha com água e barrinhas de cereal. Assim, quando bater aquela vontade, você não recorre a salgadinhos e refrigerantes. 10. Nunca pule refeições. O consumo de calorias deve ser bem distribuído. Lembre-se do ditado: café da manhã de rei, almoço de príncipe e jantar de mendigo. Naturalmente, essas dicas, sozinhas, não surtirão efeito. Você também deve procurar praticar exercícios físicos com o acompanhamento de um profissional e realizar exames médicos regularmente.

Frutas e legumes fazem parte obrigatória em qualquer dieta saudável.


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#Esportes

Presença feminina nos estádios e nas torcidas ainda enfrenta o jogo duro contra o machismo Edson Santos @edson.lhp Guilherme Cunha @gui.cunha07

Considerados por muitos como espaços preferencialmente masculinos, os estádios de futebol e as torcidas organizadas são locais em que a participação das mulheres vem aumentando nos últimos anos. No entanto, ainda há um longo caminho pela frente para que a presença feminina seja aceita sem restrições. Para a gerente financeira Ivani de Souza Medrado, 52 anos, sócia da torcida organizada do Corinthians Gaviões da Fiel desde 1976, o futebol e tudo que o cerca ainda é machista. Ela diz que na época em que começou a frequentar os estádios e a torcida organizada o número de mulheres envolvidas com o esporte era escasso: “Eram poucas. O futebol era e é até hoje totalmente machista!”. Ivani revela que em uma conversa com Flávio La Selva, fundador da Gaviões da Fiel, ela o questionou sobre

a presença de mulheres nas arquibancadas. De acordo com ela, Flávio respondeu: “O torcedor corintiano não tem sexo, tem alma e coração”. Isso serviu de incentivo para que ela passasse a frequentar a sede da torcida até hoje.

“O torcedor corintiano, não tem sexo, tem alma e coração”. Flávio La Selva

A estudante Karin Trindade, de 22 anos, também é sócia da torcida organizada Gaviões da Fiel e frequenta os estádios desde os 3 anos de idade. Incentivada pelo pai, a jovem afirma que o machismo ainda faz parte da torcida. “Infelizmente, o tratamento das mulheres dentro das organizadas é bastante machista”, diz a jovem. “Ele está tão enraizado que as próprias mulheres acabam reproduzindo o machismo sem conseguir enxergar que aquilo está errado. A mulher possui o seu espaço, porém, não são disponibilizados os

mesmos acessos permitidos aos homens”. A são-paulina Camila Magalhães, 25 anos, sócia da Independente, do São Paulo, explica uma das dificuldades em frequentar esse tipo de ambiente: “Não é fácil pertencer a uma torcida organizada. Existe o lado da proteção, porque ninguém vai ‘meter a banca com mina de torcida’, mas nós não somos amparadas o tempo todo. Sozinhas, é melhor sermos são-paulinas, corintianas, palmeirenses e santistas – o que já é muito - do que pertencer à torcida X ou Y”. Camila, que frequenta as arquibancadas desde 2006, aconselha as mulheres que pretendem se associar a alguma organizada a procurar conhecer aos poucos, saber a história antes de se associar, para ver se é aquilo mesmo que elas querem. “Torcida é um amor que resiste. Resiste ao Estado, resiste aos erros dos representantes e de quem se utiliza

Preconceito é o maior rival do futebol feminino

Barbara Camile @barbara.camile.7

O futebol feminino ainda luta para conquistar espaço em nosso país e vencer o preconceito. Embora muitos avanços já tenham sido obtidos, entre os quais a recente aprovação de uma lei que determina a criação de equipes femininas desse esporte em todos os grandes clubes, há muito para ser feito nessa área. Nesse sentido, algumas iniciativas promissoras vêm sendo colocadas em prática. Segundo Antônio Carlos Campanha, dono e professor de Educação Física da escola América Futebol Society, em Santo André, no grande ABC, o futebol é o

esporte por excelência do brasileiro, porém, ainda existe um enorme preconceito quando se trata de futebol feminino. Ele diz que enfrentou muitas dificuldades para conseguir formar uma equipe de meninas em sua escola e que no começo foi muito difícil. O professor explica que muitas vezes o incentivo parte somente depois de uma certa idade, e até hoje ele só consegue jogadoras com idade superior a 15 anos, o que dificulta a formação de novas atletas. O sócio da América Futebol Society e também professor, Vinícius Vicentini, vai além e diz que a questão é absolutamente cultural quando se trata de futebol feminino.

“Desde pequenos, os meninos são levados a escolinha para praticar futebol e as meninas vão ao balé. Por que não pode ocorrer o contrário?” A pouca atenção da mídia dada a esse assunto, sobretudo quando se trata de campeonatos disputados por mulheres, também exerce uma influência negativa. Pensando na inclusão das meninas e também para incentivar a prática do futebol entre elas, o professor Antônio vem promovendo campeonatos femininos, com o objetivo de combater o preconceito que impera em nossa sociedade de que futebol é somente coisa de homem.

EDSON SANTOS

Torcedoras na arquibancada da Arena Corinthians.

do nome da entidade para cometer atrocidades. Se depois disso tudo ela realmente quiser entrar, que procure pessoas com pensamentos parecidos com os dela. Na organizada, fiz amigos para toda a vida. E aprendi mui-

A bocha é um dos esportes mais antigos e tradicionais do Brasil. Ela foi trazida pelos primeiros imigrantes italianos que aqui chegaram, e sempre teve enorme popularidade dentro dessa comunidade. Hoje, porém, essa modalidade só é praticada por idosos, e não consegue

competir com gêneros mais modernos, como os videogames e esportes radicais, na preferência dos jovens. O jogo consiste em atirar bolas (bochas) num ponto estabelecido, o bolim, dentro das canchas, baias estreitas como as do boliche. Quem conseguir aproximar mais bolas ou retirá-las do adversário, conquista mais pontos e vence a partida.

O desinteresse crescente com relação a esse esporte faz com que se torne cada vez mais difícil encontrar locais apropriados para praticá-lo. O jogador amador de bocha César Cerri, relata as dificuldades em encontrar canchas. “Hoje não há lugares acessíveis para as partidas. Para conseguir praticar, infelizmente é preciso se associar a um

percepção de que a presença feminina no estádio não apenas embeleza as arquibancadas, mas representa uma bem-vinda mudança de paradigma num esporte predominantemente masculino.

Skate enfrenta o obstáculo do reconhecimento profissional Jéssica Lemes @flashdiamonds Caio Morilha @caio.morilha.5

O skate é um esporte que já existe há mais de 50 anos, ele foi criado por surfistas nos Estados Unidos na década de 1960 e hoje é praticado no mundo todo. Em nosso país, é o sétimo esporte mais popular, embora continue sendo discriminado por muitas pessoas, que relutam em aceitá-lo como uma atividade profissional digna de respeito. Um dos skatistas profissionais brasileiros mais conceituados da atualidade, Kelvin Hoefler, de 23 anos,

Bocha sobrevive às custas da tradição João Pedro @janjopierro

tas lições também!”. Embora a participação das mulheres nas organizadas tenha aumentado nos últimos anos, dificilmente serão encontradas mulheres na diretoria de uma delas. Ainda há muito para se mudar a

diz que as pessoas geralmente pensam assim devido ao preconceito. “Acho que elas gostam de pensar negativamente. Tudo em que se trabalha e se acredita dá dinheiro”, explica ele. Com relação aos ganhos financeiros, existem muitos campeonatos nacionais e estrangeiros que podem propiciar prêmios polpudos em dinheiro. No Street League, dos Estados Unidos, por exemplo, o valor da premiação chega a 150 mil dólares, o que equivale a cerca de R$ 500 mil reais. Uma antiga lei brasileira vetava a premiação em dinheiro nos campeonatos amadores, e somente era permitida a entrega de pro-

dutos patrocinados, como shapes e rolamentos. Mas, agora, como explica o skatista amador Rafael Ramos. “Antes era proibido receber dinheiro em espécie nessas competições. Em alguns eventos, porém, já rola dinheiro, com valores que vão de R$ 500 a R$ 5 mil reais”. Apesar desses incentivos, os skatistas profissionais e amadores reclamam que os patrocinadores ainda relutam em divulgar as suas marcas, e apenas quatro deles realmente investem nessa modalidade esportiva: a Nike SB, a Vans, a Element e a DC Comics.

JOÃO PEDRO

clube que tenha as canchas. Mesmo assim, é muito difícil encontrar um em São Paulo que invista nesse esporte’’, diz ele. Segundo Cerri, essa limitação é o que desestimula os jovens. “Infelizmente, dois fatores propiciam a baixa procura pela bocha: a escassez de espaços e a má divulgação do esporte”. Quadra de bocha recém inaugurada no Parque do Chuvisco


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