P E R N A M B U C O
Exposição retrospectiva de Paulo Bruscky reinaugurando a Galeria de Artes Ronaldo White, do Serviço Social do Comércio - Sesc de Garanhuns - PE - Brasil. De 14 de agosto a 25 de setembro de 2010.
Todos Os Direitos Reservados / All Rights Reserved © Paulo Bruscky (Imagens) e Cristiana Tejo (Texto Crítico)
Presidente do Conselho Nacional Antônio Oliveira Santos
Assistente Executiva, Coordenação de Arte-Educação e Elaboração do Material Educativo Valkíria Dias Porto
Diretor Geral do Sesc Nacional Maron Emile Abi Abib
Produção de Montagem Rosa Melo e Janaísa Cardoso
Presidente do Conselho Regional Josias Albuquerque
Design Gráfico e Sinalização Alberto Saulo
SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO-SESC
Diretor Regional Antônio Inocêncio Lima Diretor de Administração e Finanças Wladimir Vilela Diretora de Educação e Cultura Teresa Ferraz Diretora de Atividades Sociais Silvia Cavadinha Gerente de Planejamento Minéya Helga
Design de Montagem Edmilson Vieira Fotografias Leo Caldas Paulo Bruscky (p. 3, 4, 5, 7 a 17, 19, 25, 29: Arquitetura do Jogo) Tratamento de Imagens Raíza Bruscky Projeto Iluminotécnico Saulo Uchoa Assistente de Iluminação Júlio Cerza
Gerente de Recursos Humanos Eulina Cysneiros
Montagem e Marcenaria
Coordenador de Cultura José Manoel Sobrinho
Estevam Ivan Amorim Alan Duarte
Assessora de Comunicação Daniella Monteiro Gerente do Sesc Garanhuns Cleonice Vaz Santos Supervisora de Cultura Lilian Ferreira Instrutor de Artes Plásticas Edmilson Vieira ARQUITETURAS DO IMAGINÁRIO Criação e Coordenação Artística Paulo Bruscky (pbruscky@terra.com.br) Curadoria Cristiana Tejo (cristianatejo@yahoo.com.br) Coordenação Executiva José Manoel Sobrinho
Produção Executiva em Garanhuns Lilian Ferreira Sandro Farias Cleide Tavares Mediação Educativa e Elaboração do Material Educativo Christian Barbosa Clóvis Teodorico Gidi Santos Janaina Campos José Godoi Milton Lira Camila Santos Lailson Simplício Agradecimentos Departamento Nacional do Sesc Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - Mamam
Foi feito o depósito legal na Biblioteca Nacional e na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.
Paulo Bruscky inaugura a Galeria Ronaldo White, do SESC Garanhuns Há um mote que orienta a gestão cultural do Sesc Pernambuco, cujo entendimento é o de que se trata de uma política de direito, cidadania e educação dos sentidos. E, para que de fato atinja seus objetivos, as diretrizes e metas priorizam as ações formativas, com densidade pedagógica, regularidade e de natureza multidisciplinar, afinal, é particularidade do homem a capacidade expressiva através de muitas linguagens. Um campo aberto para as experimentações, espaços múltiplos para as intervenções e para o pertencimento. Iniciado em 2000, o Programa de Dinamização das Artes Visuais do Sesc no Estado, com apoio do Departamento Nacional, nesta oportunidade reabre as portas da Galeria de Artes Ronaldo White, em Garanhuns, com o significativo acervo de Paulo Bruscky. Anteriormente o Sesc inaugurou as Galerias de Artes de Casa Amarela, com a exposição Iluminogravuras, de Ariano Suassuna; a Mestre Galdino, do Sesc Caruaru, com uma retrospectiva do genial Galdino (graças à participação de colecionadores da cidade); e a Ana das Carrancas, do Sesc Petrolina, com as videoinstalações Espectador em Trânsito, de André Parente, Leandro Lima, Gisela Motta e Luciano Masiussi, como parte do Projeto ArteSesc, de âmbito nacional, com material educativo de Luiz Guilherme Vergara. Está em fase de construção a Galeria do Sesc Ler Belo Jardim e, em processo, as Galerias do Sesc Santo Amaro, no Recife, e de Arcoverde. Ainda como parte do programa, consta o Museu de Artes do Sesc Ler Goiana. Para as ações formativas, o Sesc inaugura ateliês em Petrolina, Garanhuns, Caruaru, nas unidades do Sesc Ler em Surubim, Buíque, Bodocó, Araripina e São Lourenço da Mata e na unidade de Casa Amarela, no Recife.
Diversos artistas ocuparam as galerias do Sesc, com destaque para Rosana Ricalde, Luciano Pinheiro, Abelardo da Hora, Margareth Mee, bem como jovens artistas, a exemplo de Galo de Sousa, Fábio Rafael, Myrna Maracajá, Eduardo Lima, Josélito Vasconcelos e Arnaldo Tenório. Em Casa Amarela está em seu terceiro ano o Salão Universitário de Arte Contemporânea UNICO. Até a presente data, o acervo permanente do Sesc é constituído por 1.096 obras, de tendências estéticas variadas, expostas nas unidades do Estado e na sede da Administração Regional, no Recife. Portanto, não se trata de gesto eventual, e sim de atitude que promove a interiorização, o descentro e a acessibilidade ao patrimônio criativo do povo do Brasil. O próximo passo consiste na ampliação do Programa de Artes Visuais através de um intercâmbio brasileiro a ser estabelecido com os Departamentos Regionais do SESC das Regiões Norte e Centro-Oeste com a realização de exposições de artistas daquelas regiões nas Galerias de Artes do SESC Pernambuco. José Manoel da Silva Sobrinho Coordenador de Cultura do Sesc Pernambuco Garanhuns, 14 de julho de 2010.
Auto-retrato xero/gráfico duplo, N.Y., 1982
Bruscky, Paulo (Recife, 1949) Trabalha com diversas linguagens e mídias, tais como desenhos, performances, happenings, copyart e fax-art, arte postal, intervenções urbanas, fotografia, filmes, poesia visual, experimentações sonoras e intervenções em jornais. Sua primeira exposição individual ocorreu em 1970, na Galeria da Empetur, no Recife. Em seguida, formou com Daniel Santiago a equipe Bruscky & Santiago, e juntos trabalharam por duas décadas. Em 1973, ingressou no Movimento Internacional de Arte Correio e, desde então, além de entrar em contato com artistas internacionais do Fluxus e do grupo Gutai do Japão, entre outros, passou a participar de uma infinidade de exposições de arte postal em todo o mundo. Em 1981, recebeu o Guggenheim Fellowship por um ano e viveu em Nova Iorque. Nesse mesmo ano, foi convidado a participar na XVI Bienal Internacional de São Paulo, assim como em 1989 e 2004, com uma sala especial que reconstrói seu ateliê. Participou da primeira Bienal de Havana, em 1984, e em 2009 foi homenageado com uma sala especial na X Bienal de Havana, Cuba. Ainda em 2009, participou da Bienal do Mercosul. Entre suas exposições na última década, incluem-se: Bienal Brasil Século XX, Fundação Bienal de São Paulo (1994); Arte Conceitual e Conceitualismos: anos 70, acervo MAC/USP, Galeria de Arte do Sesi São Paulo (2001); 27º Panorama Atual de Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2001), Prêmio Aquisitivo. As principais publicações sobre o artista são Paulo Bruscky: Arte, Arquivo e Utopia, de Cristina Freire, e Arte em todos os Sentidos, de Cristiana Tejo. Tem obras em acervos como os do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães e Tate Modern de Londres. Vive e trabalha no Recife.
Arquiteturas do Imaginário, 1987 (instalação), Museu de Arte Moderna do Recife
Arquiteturas do imaginário O trabalho que nomeia esta exposição torna o espaço vertigem. Teto, chão, paredes não têm começo nem fim, são fusão, desequilíbrio e deriva. Sinteriza o estado de suspensão que a obra de Paulo Bruscky exerce sobre nós, nos levando por vezes a nos perguntar: onde estamos? Que horas são? O desnorteamento não é apenas em termos de escala, mas de geografia e de tempo histórico. A impressão que me acompanha desde que conheci a obra de Bruscky, há 11 anos, é a de que seu pertencimento é múltiplo e aberto. Apesar de muitos de seus trabalhos terem sido feitos em momentos históricos específicos, ressoam na atualidade e ganham novos significados. Impregnados de seu lugar de origem, o Recife, dizem respeito a outras paragens. Muitos poderiam ter sido os recortes da produção de mais de quatro décadas de Paulo Bruscky, mas o convite feito pelo Sesc Pernambuco para a reabertura da galeria Ronaldo White, nos incitou a pensar na ocupação de sua arquitetura insinuante. Sem fugir do mote inicial, um apanhado da trajetória deste artista, a curadoria deu preferência a obras que tangenciam a questão do espaço urbano e da arquitetura e assumiu o espaço arquitetônico da galeria como
Arquiteturas do Imaginário (super8), NY, 1982
um pressuposto. As obras deveriam pontuar poeticamente o espaço e este encontro ressaltaria tanto a singularidade das obras quanto a peculiaridade da arquitetura da galeria. Entretanto, outra questão se colocava logo de antemão. Esta autora já vem escrevendo e curando o trabalho de Paulo Bruscky há alguns anos e em 2009 foi responsável pela curadoria de sua Sala Especial na X Bienal de Havana, que rendeu a publicação de um livro de apresentação ao público de Cuba. O que poderia vir à tona que ainda não tivesse sido salientado? Como evitar a repetição, o terrível sentimento de que o novo não brota? Para minha surpresa, o embate com as obras e com o contexto da exposição gerou novas miradas para a empreitada. Primeiramente, porque de dentro de um acervo vasto, imbricado e ainda pouco explorado, ressurgem obras produzidas nos anos 1970, 1980, 1990 e 2000 e trabalhos pensados na semana passada ganham vida. Em segundo lugar, porque apesar de Bruscky ter tido exposições panorâmicas recentes em Havana e em São Paulo e ter feito uma mostra individual na Torre Malakoff, no Recife, em 2001, em Garanhuns ele é um ilustre desconhecido. Compreender Pernambuco além de sua capital é
simples no discurso, mas uma experiência contundente na prática. Identificadas essas questões de ponto de partida, rumamos para a concretização deste discurso visual. Recorrentemente o trabalho de Bruscky é distribuído e apreendido por linguagem. Tendo sido um dos primeiros artistas no Brasil a experimentar com o super 8, vídeo, Xerox, fax, artdoor e a fazer parte da arte correio, é evidente que ele figure nos textos e pesquisas sobre estes suportes e movimento. Entretanto, o que desde o princípio se mostrou a mim muito pungente foi o modus operandi de Paulo Bruscky e sua forma de tirar partido do acaso com extremo humor e poesia. Eu o vejo como um poeta para o qual a palavra não é suficiente, precisa ser extrapolada, e seus poemas concretizados em objetos, gestos, sons, imagens, ambientes. Por isso, este enlace é explicitado logo no início do percurso expositivo e pontua todo o trajeto pelo espaço. Costumo pensar que Dados Biográficos, Alto Retrato e Autum Radium Retratum fazem parte de uma mesma linhagem de trabalhos que dão boas vindas ao universo de Bruscky. Dados Biográficos faz alusão ao seminal poema Um Lance de Dados (Un coup de dês), de Stéphane Mallarmé. Em sua primeira linha, o poeta simbolista afirma: “um lance de dados jamais abolirá o acaso”. Assim como designado por Mallarmé, a potência criativa da casualidade e do desconhecido é norte para Paulo Bruscky. E um dos maiores desafios de lidar com a obra deste artista reside justamente na articulação imposta quando a ordenação que caracteriza a prática curatorial confronta o ímpeto disforme, multidirecional e desregrado do trabalho de Bruscky. Para não ser contrafluxo apenas, temos que também abraçar o acaso e o inesperado na orquestração desses signos. O grupo de poemas visuais é um todo e é parte. Seu colorido por si só já se faz passar por unidade. Cada peça, entretanto, pode ser totalidade em si. Algumas são partes de séries, outras são realizações unitárias de fato. Mas na arrumação imposta, suscitam diálogos com vizinhos semânticos ou formais. Processo um pouco diferente ocorre aos livros de artista. Todos rearticulam a função, o sentido e o padrão dos livros, porém de antemão são visivelmente heterogêneos. A diferença de tamanhos e de materiais parece reafirmar sua índole. A parede principal da galeria acolhe as incontornáveis séries de ações no espaço público ocorridas entre as décadas de 1970 e 1980. Novamente temos uma unidade aparente. São os trabalhos em que talvez emirja mais fortemente o caráter transgressor de Paulo Bruscky, em especial por tomarem de assalto lugares da cidade e envolverem pessoas não iniciadas nas questões da Arte Contemporânea. Tendo em mente que ser artista no Brasil já é um ato político¹, Bruscky utiliza seu corpo como ruído social ao caminhar no centro da capital pernambucana com os dizeres O que é arte? Para que serve? dependurados em seu pescoço. A questão, no fundo, reafirma a prática artística. No mesmo ano, 1978, Bruscky grafita no muro do Museu do Estado, poucos minutos antes da abertura oficial do Salão de Arte, que contaria com a presença dos representantes do poder local, a frase: A arte não pode ser presa. A resposta nervosa do museu é apagar rapidamente a afronta. Sem material apropriado em mãos, os funcionários acabam escavando a parede, o que torna ainda mais evidente a mensagem marcada no muro da instituição. O recorte curatorial de Arquiteturas do Imaginário permitiu, sobretudo, apresentar pela
1. Frase constantemente afirmada por Paulo Bruscky em entrevistas e palestras.
primeira vez obras que estavam arquivadas por décadas no ateliê do artista. Num processo quase arqueológico, vieram à tona trabalhos como Uma tarde no bar da esquina. O nome é autoexplicativo. Bruscky passa uma tarde num bar em Montevidéu bebendo e fotografando o movimento da rua. O resultado, entretanto, remete a uma estética de espionagem típica dos períodos da Guerra Fria e da ditadura militar. A não narrativa e o não assunto amplificam o senso de mistério das cenas.
Lógica x Acaso, 1984
Muito comentado, mas ainda não visto em sua totalidade, Bruscky em Brusque também ganhou sua primeira aparição pública nesta mostra. Em 1978, Paulo Bruscky foi convidado a participar do Festival da Cidade de Aarhus, na Dinamarca. Sua proposta era a vinda de cinco artistas da cidade dinamarquesa para o Recife e a ida de cinco artistas de Pernambuco para Aarhus, após intensa troca de correspondência entre eles sobre gastronomia, economia, história, cultura, geografia e demais questões que achassem relevantes para apreensão do conceito de cidade. A viagem dos artistas aconteceria
"Fungos" - Mural feito com fungos com 2,30 x 100m, Av. Mario Melo - Recife, 1988
Escultura de arame e pães - Espaço de Escultura Abelardo da Hora, Recife, dezembro de 1987/ janeiro de 1988
no mesmo dia e eles chegariam a seus destinos na mesma data e horário. A estada nas cidades visitantes duraria cinco dias e seria encerrada com um debate público sobre seus achados. Como o festival não teve condições de arcar com o projeto, Paulo Bruscky propôs um novo trabalho: sua visita à cidade catarinense de Brusque. Iniciou correspondência com a Prefeitura da cidade e artistas locais e acabou conseguindo mapas e informações, além de um espaço para sua exposição na Associação dos Artistas de Brusque. Por conta própria, o artista viajou de avião a Curitiba e de lá seguiu de carro para Brusque, onde ficou cinco dias coletando material que seria reelaborado para sua obra. O ponto central do projeto era, portanto, a cidade como obra, que se concretiza pelos resquícios de seu percurso, nas intervenções no material gráfico da cidade e na relação que trava com as pessoas do lugar. Feito originalmente como um álbum proposta de políticas públicas para a cultura, o projeto Criatividade em Solo Urbano, Suburbano, Pernambucano, elaborado pela dupla Bruscky & Santiago, compreende 15 propostas de interação entre arte e vida urbana para a cidade do Recife. Muitas das propostas poderiam ser exeqüíveis ou até foram colocadas em prática por comunidades ou mesmo por intermédio de políticas públicas, entretanto, o mais importante é a forma como os artistas enfatizam o artevivendo, ou seja, a arte como lente para sentir e estar no
mundo, estado permanente de experimentação, além de questões partidárias, de classe social ou mesmo de conhecimento especializado. Outro aspecto marcante das propostas é a colaboração de vários artistas na execução de etapas do projeto. Bruscky & Santiago arregimentam Fernando Guerra, Jomard Muniz de Britto, Marco Antonio Hanois, Vera Bastos, Paulo Marcondes, Teresa Macedo, Alex Mont´Elberto, Vila Chan e a Associação de Artistas Plásticos Profissionais de Pernambuco. As propostas foram encaminhadas ao Vice-governador da época (1984), Gustavo Krause, mas foram sendo viabilizadas aos poucos por outros incentivos. Evidentemente que por mais que uma obra seja conhecida ou tenha sido mostrada várias vezes, é a sua relação com o espaço e com as outras obras que abre sentidos. Desta forma, é como se estivéssemos vendo pela primeira vez Via Crúcis, Artdoor e xeroxperformance. Estão todas em movimento e sob novas perspectivas. Assim como o próprio Paulo Bruscky. Cristiana Tejo Coordenadora de Capacitação e Difusão Científico-Cultural da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco e curadora independente
Cadeiras para Caminhar, 1987
Paulo Bruscky na Ladeira da Ă gua Brusca, Salvador - BA, 2006
Marcel WC, 1988
Arte siga pare, Porto - Portugal, 2001
Dis t창ncia, 1977
Fax arte, 1990
Poema para Voar I, 1990
Uma tarde no bar da esquina, Montevideu - Uruguai, 1981
Bruscky em Brusque, 1981/1989
Escada Rolante para o CĂŠu, Rio de janeiro, 2009
O Caminhante, 1988
MD x PB, 1980
Ordem Esso, 1978
Noturno, 1997
Poímã, 2005
Cópia, 1993
Original, 1993
DatiLogo, 1993
Error/ex, 1987
Sinalização, 1969
Limpa Tipos, 1993
Escrituras, 1978
Lúcio Flávio: o passageiro da Agonia, 1978
Pintura em Barreira, obra realizada no Dia da Criação, no Horto de Dois Irmãos - Recife, 1971. Dimensões aproximadas: 50 x 15m
Prazer, 1977
Jesus não vo(L)ta, 1993 Outdoor/Artdoor feito pela equipe Bruscky & Santiago que participou da V Paixão de Cristo em Outdoor, realizada no Parque Solón de Lucena (Lagoa), em João Pessoa - PB. Exposição organizada pela Prefeitura de João Pessoa e suspensa logo após a sua abertura em consequência de protesto de facção religiosa.
Vulcรฃo, 2008
Relicรกrio, 1994
Tempaisagem, 2006
Dicionรกrio, 2008
Napo, 1984
Totem, 1992
Martanha, 1989
Lidos, 1994
MF395 NS341, 1993
Arquivo da mem贸ria II, 1996
Ă lbum Criatividade Compartilhada em Solo Urbano e Suburbano Pernambucano, 1984
Jogo Performance (década 70/2010) entre os jogadores estão: Paulo Bruscky, Yuri Bruscky, Adolfo Montejo, Bioni e Mauro Shampoo
Caixas com quebra-cabeças utilizados pelo Educativo do Sesc de Garanhuns durante a exposição, juntamente com outros materiais.
Arquitetura do Jogo, 2009
intervenções urbanas escultura em gelo performances sonoras* faixas poéticas arte classificada
*Além das 3 performances sonoras, estavam disponibilizados para audição do público os seguintes trabalhos de áudioarte : 01 - poema de Repetição, 1978 (2'48''); 02 - Interferência, 1979 (3'16''); 03 - Parle Vous Français?, 1979 (8'23''); 04 - Música para Eletroencefalograma (com Caito Marcondes), 1979 (1'46''); 05 - Poazia, 1975 (0'51''); 06 - TPR Poema, 1985 (0'51''); 07 - Solidão (Loneliness), 1980 (2'27''); 08 - Brasil, Março, 1990, 1990 (1'45''); 09 - Rádio Clube de Pernambuco/Brasil, 1978; 10 - Rádio Bienalle, Paris - 1982
É proibido colar cartaz, 1977/2010
Pintura no Asfalto, Avenida Santo Antônio, Garanhuns, 2010 Esta ação foi realizada anteriormente em 1971 na Avenida Conde da Boa Vista, em frente à Galeria da Empetur, ond eo artista realizou uma exposição individual.
Escultura em Gelo, Festival de Inverno de Garanhuns, 1974/2010
Performance com mala de gelo, Festival de Inverno de Garanhuns, 2010
Performance/Poesia Sonora Poazia, 1975/2010 (foram utilizados 100 comprimidos efervescentes)
Concerto para 200 rói-rói, 1978-2010 *Detalhe da foto: rói-rói
Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição. Poema de repetição.
Poema de repetição, 1978-2010
Faixas poĂŠticas coladas no parque Ruben Van Der Linden, Garanhuns, 2010
Jornal da Cidade - Garanhuns - PE, 17/07/2010
Jornal do Commercio - Recife, 14/07/2010
Paulo Bruscky opens SESC’s Ronaldo White Gallery, in Garanhuns SESC Pernambuco’s cultural management team is guided by its commitment to rights, citizenship, and the education of the senses. In order to truly achieve these objectives,emphasis is placed on intensive, regular, multidisciplinary training. Human beings are blessed with the capacity to express themselves in many different languages and SESC provides an open field for experimentation and multiple spaces for intervention and belonging. Set up in 2000 with the support of the National Department, SESC’s State Visual Arts Promotion Program, is please to be reopening the doors of the Ronaldo White Arts Gallery, in Garanhuns, with a substantial collection of the work of Paulo Bruscky. SESC has previously opened Arts Galleries in Casa Amarela, with Ariano Suassuana’s exhibition, Iluminogravuras; a retrospective on the genius of Master Galdino at SESC Caruaru (thanks to the participation of collectors from the city); and an exhibition by Ana das Carrancas, at SESC Petrolina, with the Espectador em Trânsito video installations of André Parente, Leandro Lima, Gisela Motta and Luciano Masiussi, as part of the nationwide ArteSesc Project, with educational material by Luiz Guilherme Vergara. Work is under way on the construction of SESC’s Belo Jardim Gallery and other SESC galleries are planned for Santo Amaro, in Recife, and
Arcoverde. The program also covers, SESC’s Goiana Museum of Arts. Training activities have included the setting up of studios in Petrolina, Garanhuns, Caruaru, and at SESC’s units in Surubim, Buíque, Bodocó, Araripina, São Lourenço da Mata and Casa Amarela, in Recife. Various artists have exhibited at SESC galleries, including Rosana Ricalde, Luciano Pinheiro, Abelardo da Hora, Margareth Mee, and young artists, such as Galo de Sousa, Fábio Rafael, Myrna Maracajá, Eduardo Lima, Josélito Vasconcelos and Arnaldo Tenório. Casa Amarela is now running its third annual University Contemporary Art Salon—UNICO. SESC’s permanent collection now contains 1,096 works of art, in a variety of different styles, exhibited at units in Pernambuco and its Regional Head Office, in Recife. This is not a one-off event, but an ongoing policy of decentralizing art in the State of Pernambuco and providing public access to the creative heritage of the Brazilian people. The next step will be to expand the Visual Arts Program through a nationwide exchange with SESC’s Regional Departments in the North and CenterWest Regions and with exhibitions by artists from these regions at SESC’s galleries in Pernambuco. José Manoel da Silva Sobrinho Cultural Coordinator of SESC Pernambuco Garanhuns, 14 July 2010.
Bruscky, Paulo (Recife, 1949) Bruscky works with various languages and media, such as drawing, performance, happenings, copy-art and fax-art, mail art, urban interventions, photography, film, visual poetry, sound experiments and interventions in newspapers. His first solo exhibition was in 1970, at the Empetur Gallery, in Recife. Subsequently, he formed the Bruscky & Santiago group with Daniel Santiago and the pair worked together for two decades. In 1973, he became a member of the International Mail Art Movement and, since then, has been in contact with international artists from groups including Fluxus and Japan’s Gutai and has taken part in countless mail art exhibitions around the world. In 1981, he was awarded a one-year Guggenheim Fellowship and went to live in New York. In the same year, he took part in the 16th São Paulo International Biennial, as he would do again in 1989 and 2004, with a special gallery, in which he mounted a reconstruction of his studio. He took part in the first Havana Biennial in 1984 and, in 2009, was accorded the honor of a special gallery at the 10th Biennial in Havana, Cuba. In 2009, he also took part in the Mercosur Biennial. His exhibitions of the past decades have included: Biennial Brazil Twentieth Century, the São Paulo Biennial Foundation(1994);
Conceptual Art and Conceptualisms: the 1970s, archive of the MAC/ USP, the São Paulo SESI Art Gallery (2001); the 27th Contemporary Panorama of Brazilian Art, at São Paulo’s Museum of Modern Art (2001), Acquisitions Prize. The main publications on the artist are Paulo Bruscky: Arte, Arquivo e Utopia [Paulo Bruscky: Art, Archive and Utopia], by Cristina Freire, and Arte em todos os Sentidos [Art in Every Sense], by Cristiana Tejo. The artist has work in the collections of institutions such as the São Paulo Museum of Modern Art, the Aloisio Magalhães Museum of Modern Art and the Tate Modern in London, UK. He lives and works in Recife. Architecture of the Imagination The piece that gives its name to this exhibition produces a giddying sensation of space. The ceiling, floor and walls have no beginning or end; they are blended together in a drifting disequilibrium. This is the state of suspension that Paulo Bruscky’s work evokes in us, leading us sometimes to ask ourselves: Where are we? What time is it? The disorientation is not only one of scale, but of geographical location and historical time. The impression I have had since I first became acquainted with Bruscky’s work, 11 years ago, is that his sense of belonging is varied and open. Although much of his work has been produced at specific points in
history, they still strike a chord today and take on new meaning. Though imbued with the feel of their place of origin, in the city of Recife, in the Northeast of Brazil, they tell of time spent in other locations. Many different selections could have been made from the fruit of Paulo Bruscky’s four-decade-long career, but SESC Pernambuco’s invitation for the reopening of the Ronaldo White Gallery led us to wonder how we could use Bruscky’s work to occupy this entrancing architectural space. While remaining faithful to the initial remit of presenting a selection from this artist’s lengthy career, the curator gave preference to works that touch on the issue of architecture and urban space and took the architectural space of the gallery as a starting point. The art works aim to punctuate the space in a poetic manner and by so doing point up both the singularity of the art and the peculiarities of the gallery as a piece of architecture. However, another question soon arose. I have been writing about and curating Paulo Bruscky’s work for some years now and, in 2009, was responsible for mounting his special gallery at the 10th Havana Biennial, which gave rise to a publication introducing the show to Cuban audiences. What could be brought out that had not already been seen before? How to avoid repetition, that deadening feeling of sameness? To my surprise, the
way the art combined with the location of the exhibition opened up new vistas. First, because such a vast overlapping and still relatively unexploited collection containing work produced in the 70s, the 80s, the 90s and the 2000s and pieces thought up in the past week takes on a new lease of life. Secondly, because, although extensive exhibitions devoted to Bruscky have been held recently in Havana and São Paulo, in addition to a solo show at Recife’s Malakoff Tower in 2001, little is known of this illustrious artist in Garanhuns. It is easy to get an idea of upstate Pernambuco in theory, but confronting the reality of it is a stunning experience. Once these initial questions had been identified, we set out to put this visual dialogue into concrete practice. Bruscky’s work has continuously been distributed and perceived by way of language. He was one of the first Brazilian artists to experiment with Super 8, video, photocopier art, fax art, artdoor and is part of the mail art movement, and he obviously figures prominently in writings and research that deal with these supports and art movements. However, what has always struck me is his modus operandi, his way of taking the side of chance in an extremely humorous and poetic manner. I see him as a poet for whom words did not suffice. He needed to extrapolate them and his
poems take the form of concrete objects, gestures, sounds, images and environments. This is made explicit throughout the exhibition and accentuates the flow of the space. I have always thought that Dados Biográficos, Alto Retrato and Autum Radium Retratum form a continuous series of works that welcome us into the world of Paulo Bruscky. Dados Biográficos alludes to Stéphane Mallarmé’s seminal poem, Un Coup de Dès. In the first line of this poem, the symbolist poet states that: “One throw of the dice will never put an end to chance”. The creative potential of chance and the unknown, as outlined by Mallarmé, acts as a guiding thread for the work of Paulo Bruscky. One of the greatest challenges in addressing the work of this artist lies precisely in the connections that are generated when the ordering work of the curator comes up against the formless multidirectional quality of a body of work that refuses to be bound by rules. To avoid being constantly going against the flow, we too must embrace chance and the unexpected as we attempt to orchestrate these signs. The series of visual poems both form a whole in their own right and are part of a bigger whole. They seem to be imbued with the same tone. But each piece can also be seen as complete in itself. Some actually do form part of a series;
others were intended to be freestanding. Arranged as they are here, however, the pieces suggest semantic or formal dialogues with those that lie alongside them. A somewhat different process plays itself out in the artist’s books. All of them reconfigure the function, meaning and standard form of the book, although at first sight they are obviously homogeneous. The different sizes and materials seem to reaffirm their essential nature. The main wall of the gallery registers the unforgettable series of interventions in public spaces of the 70s and 80s. Once again, there is an apparent unity. These are the pieces in which Paulo Bruscky’s transgressive nature most strongly emerges, especially since they take parts of the city by storm and involve people who are completely unacquainted with the issues raised by Contemporary Art. Bearing in mind that choosing to be an artist in Brazil is already a political act¹, Bruscky used his own body as a mouth-piece by walking around in downtown Recife with the words What is art? What’s it for? hanging from his neck. The questions basically reaffirm what it means to make art. In the same year, 1978, Bruscky scrawled the phrase “Art can’t be locked up” on the wall of the State Museum, minutes before the official opening of the Pernambuco Art Salon, which was to be attended by local dignitaries.
In their haste to erase the offending words the museum-workers used inappropriate tools and ended up engraving the words into the wall, so that they appeared even more prominently. Architecture of the Imagination exhibits for the first time for the general public pieces that have been gathering dust in the artist’s studio. By way of an almost archaeological process, it brings to like works such as Uma Tarde no Bar da Esquina [An Afternoon in the Bar on the Corner]. The title is self-explanatory. Bruscky spent an afternoon in a bar in Montevideo drinking and taking pictures of the bustling street outside. The result is reminiscent of the spy-film aesthetic of the Cold War and the Military Regime. The lack of plot or subject matter heightens the sense of mystery of the scenes.
and arrived at their destinations at the same time on the same day. Their stay in the city was to last five days and would close with a public debate on their findings. As the Festival was unable to come up with funding for the project, Paulo Bruscky made a new proposal: he would visit the city of Brusque in the Brazilian State of Santa Catarina. He got in touch with the mayor of the city and local artists and managed to get maps and information, in addition to an exhibition space at the Brusque Artists’ Association. He paid for his own flight to Curitiba and from there drove on to Brusque, where he spent five days collecting material to be used in his work. The main idea of the project was, however, the city as a work of art, made up of the remains it leaves behind, alterations to its visual appearance, and the relations of the local people.
The much commented upon Bruscky em Brusque, is also seen publicly in its entirety for the first time here. In 1978, Paulo Bruscky was invited to the Aarhus Festival in Denmark. His proposal was to bring five artists from the Danish city to Recife and to send five artists from Pernambuco to Aarhus, following an intensive exchange of letters on gastronomy, economics, history, culture, geography and other matters that would help them understand the city. The artists traveled on the same date
Originally intended as a portfolio of cultural policy proposals, the project entitled Criatividade em Solo Urbano, Suburbano, Pernambucano [Creativity on Urban, Suburban, Pernambucan Land] drawn up by Bruscky & Santiago contains 15 proposal for interaction between art and the urban life of the city of Recife. Many of the proposals could have been or were actually carried out by local communities, sometimes with the aid of policymakers. The most important thing however was the way that the
artists laid stress on the concept of art-for-living, which meant using art as a lens for sensing and being in the world, a permanent state of experimentation that transcended political, social and academic differences. Another striking aspect of these proposals was the collaboration of various artists during the various stages of the project. Bruscky & Santiago marshaled the efforts of Fernando Guerra, Jomard Muniz de Britto, Marco Antonio Hanois, Vera Bastos, Paulo Marcondes, Teresa Macedo, Alex Mont´Elberto, Vila Chan and the Association of Visual Artists. The proposals were presented to the deputy State governor of the time (1984), Gustavo Krause, but were gradually put into practice over time by others. Clearly, however well-known a work of art is and however many times it has been exhibited, it derives its meaning from its relation to the surrounding space and other works. Hence, it is as if we were seeing Via Crúcis, Artdoor and Xeroxperformance here for the first time; forever changing and seen from new perspectives, as is Bruscky himself. Cristiana Tejo Coordenadora de Capacitação e Difusão Científico-Cultural da Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco e curadora independente
Fábrica, 1983
Este catálogo foi produzido em agosto de 2010. As fontes utilizadas foram Aller do designer Dalton Maag, distribuída pela Font Squirrel, para os texto corridos e HVD Poster de Hanner von Döhren e distribuída pela HVD Fonts, para os demais textos. A impressão e o acabamento foram realizados pela Gráfica Liceu, situada na cidade do Recife - PE - Brasil, com tiragem de 500 exemplares impressos sobre papel couché fosco 150g/m² para o miolo e Cartão Triplex 300g/m² para a capa.