1984-cereaiscanarias

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VIEIRA, Alberto (1984), O Comércio de Cereais das Canárias para a Madeira nos Séculos XVI e XVII, in VI Colóquio de História Canário Americana, Las Palmas, Casa de Colon, pp. 327-351

COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO: VIEIRA, Alberto (1984), O Comércio de Cereais das Canárias para a Madeira nos Séculos XVI e XVII, in VI Colóquio de História Canário Americana, Las Palmas, Casa de Colon, pp. 327-351, Funchal, CEHA-Biblioteca Digital, disponível em: http://www.madeiraedu.pt/Portals/31/CEHA/bdigital/avieira/1984-cereaiscanarias.pdf, data da visita: / /

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o COMÉRCIO DE CEREAIS DAS CANÁR IAS PARA A MADE IRA NOS SÉCU LOS XVI-XV II ALllER TO VIEIRA

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SrO,\RATA 1)[1 VI COlOQUIO D I f' \ c,\ ~ \1\10 _A,\IE kl{ \ ,\ II q ,4) EdltJdo por el Excmo. CabilJo Insu lar d.

Canuia.

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o comercio de cercais surge no mundo insular como uma das \ertentes mais peculiar da economia do '\fc>dirl'rrÚIIl'lI . Ir/tim/co. A elc se deve o aparecimiclllO e m,lIlutcnç(io dll~ roIas comerciais. que apro'liman os três arquipélagos resusllanle da complementaridade deslc espaco insulado. Aqui cstanio cm anàlisc os pncipais \lcClorC'! deS5.1 din.imica no relacionamento entrc a Madeira c fi!> Camirias nos sceulos XVI c XV II. A uni.io da~ coroas Ibéricas (1580- I 640) surgirâ como c1emCnlO agluli nudor dc,>sas solictações. associando ai ilha!> de ulIlzarolc c Fuerte\'cnturn ao celeiro mlcalcnsc. As ilhas que compõem m três arquipélagos athinticos (Canârias. Madeira. Açores) apresentam se como um conjunto com caracteristicas evolutivas seme lhantes. de t<ll modo que Femand Bmudcl as denomina de "'deditnl'lÍllco , I"timico. Reconhecidas c ocupadas cm momentos diversos de mesma conjuntura, desl<lcar-se-ão na dinâmica conjuntural c estrllclUral da Europa dos sccu los XV a XVII como áreas privilegiadas para a conc reti zação das ambições expansionistas dos povos ibéricos. Será assim na co nso n<1n cia dos vectores marcantes da politica expansionista europeia com as direrenças ou assimetrias resultantes de estrutura do solo. do clima que teremos o lançamento das bases da economia in sular. Se por um lado esses impulsos aclUam como mecanismos virtuais de distribuiçào das diversas cultums europeia-mediterriincas (trigo. vinho e açúcar). criando áreas cspecializadas no produção para as necessidades desle restrito mercado. ou antes. do mercado internacional. por outro aClivam uma trama complicada de cirucitos inter-insulares nc~


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I'hl'f/() I 'I<'ira

cessarias à manlcnçào desta tendência monocultura!. resultantes da política cm causal, Assim o desenvolvimento da cultura do açucar na Madeira impulsiona a do trigo açoriano. tornando ·sc esta última arca o principal celeiro dos madeirenses. O mesmo :mccdcra nas Ca· nárias, onde as ilhas de Lanzarolc, Fucrtcvcntura c Tcncrifc estaro

na mesma posição em relação às ilhas do arquipélago. Será do acordo com esta ambiência din::lmica que encaramos os circuitos do comércio c distribuição do cereal cat1<Írio c açoriano. nos séculos XV I e XV II. A Madeira cm relação aos dias arqupélag05. com mercados produclores importantes. surge como urna área

carente que absorve elevados exceden tes dessa produçao aos cercai irera. E será à custa desse rornecimento obrigatório ou não que se manterá na Madeira a dominância do açucar e do vinho. Aos circuitos açoriano-madeirense demos já o tratamento devido em estudo separado; pelo que aqui apenas nos deteremos nos circuitos cana riomadei rense '. A afirmaçao da cultura da cana sacarina na Madeira conduziu a um paultino decresci mo da produção ccrealírera. de tal modo que. desde a década de 70 século XV, a ilha deixou de produzir o trigo necessário para o norma abastccimiento da sua pepulaçao. quando em períodos anteriores assegurara o rornecimento das praças arricanas c. cm parte, o reino. De mercado rornecedor a ilha pass..1 a mercado carente. jogando-se os seus interesses económicos na nova cultura oriunda de Mediterr;ineo '. No ultimo quanel do século XVI. Gaspar Frutuoso escrevia: I. Nem ~mpre se mante\e est3 complementaridade no mercado insular, uma qUC. a partir do século X VII, com o incremento da cultura da vmha nos Irc.; arquipêlagos altera-se a situação. passando·se a uma concorrencia ~m hmitc~ do únho madein:!nse. açoriano c ean;irio e canário no mercado 3mericano. l>arte!> de'laS queslõe\ foram equacionadas em estudo que fizemos sobre O l'illho d(l 11m/eira. ,à.U/OI n'/I- XI \' ('/II \'/lH di' {JllhI,f(/({;O. A historigrafia msulana carece de estudos que contemplem a g.lob31idade do e~paço insular. a tendi!neia ainda Que (,ôlentar é o!':c~ária. c parll a monogrnfia geográfica a tematlea. Esta Slluaç'.lo dificulta a compreensão de alguma problemâtica inerente aos tres arquipelagos. Estas e otras quc:.!ÕCS pcns.amo~ poder dar tratamenlO alargado em estudo cm preparação sobre O ("(unário II//{'r-/IIIII/ar (Canária I . •\lar/I'tra. ' ("Ilrl'.I) ~h-III(l1 \I ' (' .\1 I. 2. VeJa-S(: nosso estudo liQ comércio de cerni.. nO') Açores par:! \1adelra no século XVI\>t. Comunicação aprCSClllada ao colóquio internacion31. 01 ' pln'l (' v ./!tll/I/COo 1é!·U/QI .\11 ti XIII, Angra do Heroismo. 1983. no prelo. J. Veja-se Jael Scmlo. li$obn:! o trigo das ilhas dos securos XV c XVI>t, in /)111 Ir/e\ (' d{1 1I1~If/ria da \ladeira. n" 2. 1950. Vitorino Magalhã~ Godmho, 0\ d,'.lco \Cl


o ,·o/t!l'reill dI' C/'rl'w \ 11m Canóri(n para

Ifadl'irll

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«afora o que se recolhe na terra, há mister a ilha da Madeira cada ano doze mil moios de pão para O seu mantimento e. se lhe vào de fora menos mil passa medianamente com onze mil c com dei mil passa mal. ainda que com eles se sustenta J .

De acordo com os dado::, fornecidos pela documentaçào do!; séculos XVI-XVII podemos estimar que esse valor equivalia a 1/ 3 ou 1/2 do seu consumo. No entanto os números fornecidos pela mesma documentação fi cam muito aquém do valor apontado por Frutuoso, que indica entre as 60.000 e 90.000 fanegas. Mas se tivermos em consideração que esse registro nào é exaustivo e apenas contempla alguns dos anos cm estudo teremos que considerar como certa a informação do texto frutuosiano, corroborada, alias, por textos anleriores e posteriores. Os dados fornecidos pela documentação madeirense, nomeadamente os registros cm veração, são os unicos disponíveis a se rem tratados e, certamente. elucidativos da temática em causa. Partindo desta ideia procuraremos definir de modo sumario o comercio de eerais das Canárias para a Madeira na êpoca referida ~. A Madeira no periodo de 1510 a 1640 recebeu 196087,5 fanegadas de trigo perfaze ndo uma média anual de 5299 fanegadas, soma inferior às necessidades de consumo da ilha de cereal importado. Desse valor uma porção importante de trigo oriundo das ilhas (Açores, Canárias). isto é 135 777.5 fanegadas. o equivalente a mais de 2/3 desse valor. Se luviermaos em conta que o mercado açoriano apenas poderia exportar entre 45000 a 60000 f..1negadas. nas quais se incluía o contrato das praçéls portuguesas do nore de Africa, e. que os dado conhecidos referem apenas a entrada anual de 15000 a 18000 fanegadas de trigo açoriano na Madeira , tcremos forçosa mcn-

brimcntos c a economia mundi31. 2' cd. vol. III. Lisboa, 1982. Fernando Jasmins Pereira. 111:/111\ 1'It'ml'Jl/O~ poro li ('I/m}o dalllltór/U l'I:()I'mIlÍlI da M m/eira. Cllp/umia do Fllnchaf- réC/lftl X V, COImbra, 1959 (dissertação d3 licenciatura policopiada apresentada na Faculdade de Letrns de Coimbra. 4. Slwdlllh'j da Terra.li\fo II. Ponta Delgada. 1968. p. 114. 5. Os dados foram tirndos do registo feIto cm .. ereaçào parn o lançamento do pl'Cço de abcrtuT3 da loja. FalIam para a Madeira os regiStOS de entrada n3 Alfãncga. Vejam-se (Y.) mapas em anexo e n documento n~ 4.


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I/berto 111'1r/1

te que admitir que o fornecimento da Madeira não se fica\a só pelo

excedente açoriano. mas que a esta área fornecedora jutavam-se as Canarias, Europa (Lisboa, Flandres. França, Bretanha Inglaterra, Irlanda. Dantizig) e Africa (Berberia). Deste modo os Açores funcionavam, é certo, como o celeiro abastecedor da Madeira. a reserva necessária e obligatória para suprir as necessidades correntes da ilha. A Europa c as Canárias surgem como áreas subsidiárias c como um tmto frequente, ou então como meio de recurso cm momentos de carencia no celeiro oficial.

CONJUNTURA CERALlFERA INSULAR

Aprescntando-se o trigo e mais cereais como a base de alimentação da população insular-europeia, torna-sc necesario actuar de modo a Que estas paragens sejam devidamente providas do grão necessária à dieta diária. Se num primeiro momento, de acordo com a premência dessa solic itação, é dada prioridade ás culturas componentes desse regime alimentar, num segundo momenlO processar-seão alterações estruturais na agricultra que conduzirão à afirmação de uma monocultura de mercado, ameaçando o normal abastecimento das rereridas ilhas. Sendo assim, na primem rase de ocupação do solo a garantia desse abastecimento do mercado razia-se naturalmente com os provento de cada região. sem auxílio de qualquer medida regulamentadora. Mas numa segunda rase com a afirmação dessa tendencia monocultural surgirão desajustamentos no normal runcionamento do mercado abastecedor. Esta situação surgirá na Madeira a partir do último quartel de século XV. evidenciando-se nos séculos seguientes. Perante uma conjuntura dilicil de abastecimento do mercado em cereal, evedenciada pela sua carência c rome. tornava-se necessário definir normas de conduta (as posturas) conducentes a colmatar essa situação. O aparecimento dos muncipios na Madeira. Açores e Canárias veio institucionalizar essa adção reglamentadora. As com pctencias económicas eram consideradas como das mais importantes atribuiçocs do concelho. de modo que este actuará no mercado local, por meio de postura e ordenanças, com a finalidades de garantir O abastecimento da população dos produtos essenciais da dieta insu lar. De un modo gera l a sua acção alargava-se a todos os aspectos da vida económica, como o controle da qualidade. dos preços, medi-


o comt>róo de Cl'rl'aü da~ Canárlat para

Hadetra

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das, de importação e exportação, da limitaçào dos locais de venda ao público h • Da leitur'a dos acordãos dos concelhos de Ponta Delgada, Funchal e 5.,nta Cruz de Tenerifc constata-se que o trigo era o produto mais referenciado nas vereações, sendo sem dúvida, uma das mais prementes pcrocupaçõcs de conccJho, o assegurar o normal abastecimiento deste cereaP. A actuação de cada vereação sera decidida de acordo com as peculiaridades e conjuntura especifica de área a que se circunscreve. Podemos considerara para os (c-cs arquipélagos uma linha de conduta que, na globalidade, apresenta muitos pontos comuns. Assim (cremos para a Madeira e Açores a sua in spiração na administração de Lisboa e para as Canarias a transplantação e adaptação do modelo andaluz'. Embora de raíz deferente essa actuação dos municipios insulares poderá definir-se do seguinte modo : -Controle da produção de abastecimento e conservação do cereal. -Controle/regulamentaçào/proibição do comercio e transporte de cereal no mercado interno c externo. Isto é. toda a acção concelhia é orientada no sentido da regulamentação, controle da produção e comércio do cercai, por meio dos exames na Madeira e, nos Açores e da tazmia ou cala nas Canárias, das medidas limitati vas ou proibitivas da sua exportação. A sua aplicação na práctica variava de concelho para concelho con-

6. Veja -se Urbano de MClldoça DLas. ti l'lda dI.> 1I0lJOS a,·óJ. "'01. 111. Vila fmnca do Campo. 1944: idem. A I"Iftl, Vrlla Franca do Campo. 1921. vol. VI: maria Tcresa Campos Rodriguez.·1 AdmlllslrQ(ão do Mlm iópio di' Lunoo no séclllo fi'. separata dos n" 101 ·9 da R e\'i~ta Municipal. pp 8) ·1 10: Miguel Angel Leandro Qucsada . .cOrdenam:.as municlpales y rcgu lación de la actlvidad economica cn Andalueia )' Canarias siglos XIV·XVII!+, in 11 Cu/iíqlllu til' 1I1 1/ória Calldrio-,Imf'ricami. 1911. GrJ Canária II. pp. 14)-56; Eduardo A.mar Vallejo. Itllf'graóáll di' las Bla~ ((marias "" la coral/a dI' Ca\ll//lI (/478· /51"). Scvilla. La Laguna, (98 ); Emma Gon1~ilcl Yancs. .cimportación y exponacióo eo Tcncrifc durante los primcros anos dc la conquista (1491-1 503)>>. in RI'r·ism tle IImor;a. La Laguna. nO 101 -4. pp. 70-91. 1. Para os Açores tcmos conhCClmento de alguns livros de \crcaçõcs do sCculo XVI . nas Velas (S. Jorge). Rlbe ra Grande (S. Miguc-l), S. Sebastião (Tcrceirn). Para o st!culo XVII temos nos concelhos atrás referidos. mais cm Angra fTerceird). Ponta Delgada e Vila Franca do Campo (S. Miguel). A Madeira dISpõe apenas das vereações do Funchal desde 1416, mas com alguns anos cm falta. No que coneernc as Ca nâ rias temos cohecimentos dos acucrdos dei Cabildo de Tencrife. 1491- 1525. 8. VeJa·se os estudos citados na nOla 6.


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l !h('rto I ·,e'ra

soante a prioridade fosse dada à produção ou importação. Assim nos cocelhos de Ponta Delgada , Vila Franca do Campo, Ribcim Grande, Angra , São Sebastião, do arquipélago dos Açores e em Santa Cruz de TcncriCc c de La Palma c ce rtamente nos cabildos de Lallí'arotc c Fueneventura, predominam as ordenanças e posturas regulamenta deras de produção do referido cercaI. assentes na principio básico de assegurar as necessidades do consumo loca l, apenas facultando a sa ida apõs isso. No Funchal, Las Palmas de ara" Canaria dominam as ordenações facultativas de importação do preci oso grão. quer por meio da abertura do mercado a qualquer dele. quer por meio de medid;'l S aliciadoras. como sejcam no Fun chal , o pagamento da descarga, dos sacos e loja, quer,a inda. por meio de medidas proibitivas à sua saida (docs. nO2, 4 , 5 em anex.o). A eonereti7ação da primeira medida da referida politica definase nos Açores pelo lrigo dos exa mes, isto é, o trigo resu ltant e do ex.ame da produção e dos stocks de abastecimento dos graneis conce lhios ou particulares, necessários para o fornecim en to à população em momentos de penúria. Segundo O regimento régio de 26 de Junho de 1507 a vereção tinha a incumbência de fa zer no mício do Veroio, por altura das colheitas. o orçamento do trigo necessârio ao consumo c se mentei ra até a nova colheitas, annazcnando-o em graneis à sua guarda, de modo a poder distribuir na altura de carc ncia. A partir de 156 1 juntar-se-à 1/4 dos vHlores exportados. Para dar cumprimento a estas medidas a ve reação ordenará que toda a exportação só deveria se r feita mediante licença sus passada após vistoria aos graneis pelo oficial dos examen'. as Canárias e, mai s propriamente. em Tenerife encontramos definida a mesma orientação sob a designaçáo de tazmia ou ca la y cata, isto é o ca bildo em momento de penúria. antes de autorizar a saída do cerea l pocedia ao exame dos graneis e do arrolamento da população. de modo a avaliar o trigo necessário ao consumo concelhio e assegurar a reserva satisfactoria 10. Esta práclica. documentada a

9. Bta questão foi tratada em estudo que elaboramos sobrt: .u\ questJo l-erclircra nos Açores (elemenlOS para o sue estudo) séculos XVI·XVII». a publicar na Inh,péIOf{o. Veja-se. Urbano de MendOl;õl Dias. I I'ldo de tlOJ JOç OI1ÍI. \01 III. pp. 32·8_ ~89.

62-63.

lO. Conhece-se uma tazmia de 1552. puhllcada por F. Moreno Fuenlo. tlTvmia de la i51a de Tencrifc cm 155h. in lmlQTlo df: Ertudm\ ItlolUicOl. n· 25. pp. 411-92


o comércio dI' o!r('{1/j flUI Canária, para

Ifoe/eira

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partir de 1552 deveria ser resultado das primeiras medidas. de 1512. em que se regulamentava o comercio de exportaçHo do cereal na ilha e rora dela. Mas se cm 1502. 1506. 15 10 ordenara. se a proibição de qualquer saída do cereal de Tenerirc. em 1512, perante as reelamações dos productores. a coroa autoriza a exportação dos excedentes, ou antes. 1/3 da produção de cada vizinho (II). De modo a controlar· se o cumprimento desta ordenaçào rcgulamentara·se a obrigatoriedade do resgisto do cereal a exportar e a solicitação da respectiva licença ao Cabildo. ao mesmo tempo que se estabeleciam guardas e vigias nos portos I!. Quer em S. Miguel. quer em Tenerire os produ· tores e mercadores ent re os quais se colocavam o capitão donatário_ o senhorio e alguns runcionarios concelhios e regias. usavam de todos os subterfúgios para fazer sair o seu trigo e que mesmo assim em diversos momenlos fazia -se sentir a sua falta l~. No mercado consumidor carente toda a política ceralifera incidia a dois niveis no seu comércio: primeiro procurando o normal es· tablccimento de trigo. por meio de incentivos à sua introdução: de· pois O conlrole dos circuitos de rornecimenlO de mercado local. e\ itando a sua saída. sob a forma de grão ou de biscoito. Ao nível da Madeira temos a aClUaçào funchalense; primeiro, com o cstablecimcnto de contratos com alguns mercadores para meterem anualmente o trigo necess..'Írio ao provimento dela. pagando-se a descarga. saeos e soja: depois com a abertura total do mercado à sua introdu· çào por meio de isenção do dizimo de entrada'''. Caso estas medidas não fossem suficientes. então a vereação punha em prática o seu pia·

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I l. Veja-se Pierre c IIugucu{' Chaunu. S{'w/lo l'l 1//om/llqlU.'. Paris. 1959. T . VJJI. p. 370: Scbastian Jirncnel Sanche/..». EI trigo uno de los alimentos de I~ Gmn Canarios prehispanicos». ln R('rlltC/ de' /l1I/úrla. L1 Laguna. n I. p. 213; J. j'erc7 VidaI. «Aportaeion portuguesa a la poblaci6n de Canarias». ln Am/Orw dI.' 1~II!It1tu.\ It/mll/coI. n° 14. pp. 65-6: E. Gonzalez Yancs. ob. ui .. p. 85: LeopoldO de La Rosa. «Catálogo de! Arqui\O Municipal de la Laguna)). in RI'I·I.\ftJ dI' /llIleirm. L1 L1guna nO> 101-4. pp. 256.261: idem ,hll/{·m. nO> 113·4. assim; Manuela ~larrcro. «Algunos lia)3ntcs atlânticos de lO!. \ccinO!> de Tcnerife tn ti primer tcreio dei siglo XVI ... III II Cn/eiquio de lliJ/flrü, ('muirlQ' .IIIu·rice/llu. Lu Palm.15. 1917. \01. I. pp. 64-5: idcm. «AIgunas con~lder:tcioncs sobrt T enerife». in Alluortu di' };;)/I/(/i(/\ It/dmicol. nO> 23. p 379. 12 . LeopoldO de La Rosa. op ri/.. nl> 101 ..t p. 26 I (n~ 1-3): 264 (nO 18): E. Gonzalez YDnes. op. cit. pp. 88. 13. E. Gonzalez .. anes. ihll/rm. p. 87 e no:.so estudo supmcitado. 14. ArqUIVO R~ional da Madeira. Ctlmtlfll I/lIIlIopal d(l FIII/dm/. (referenci:1 a partir daqui com seguime abrC\'ialUra: ARM-CMF). n" 1297. fols. 17 \"'-8. 'iereação G


334

de emergência, que consistia na actuação da vcraç.io junto dos mercadors e mestres de navios obrigando-os a descarregar o trigo Que conduziam ao reino ou às Canárias. ou então forçando-os a irem buscar trigo aos Açores ou outras partes lS • a esta orientação aliavam-se as ordenações régias de 1508 e 1521, que tomavam obigalória a rota do fornecimento de trigo açoriano ao mercado madeirense It.. Assegurados os circuitos de abastecimento do marcado Cunchalense tornava-se necessário controlar e regularmcntur os circuitos internos de distribuição e venda, de modo a evitar-se o açambarcamemo e a especu lação. Neste caso a vereaçâo actuava com medidas drásticas, quer por meio do exame das lojas pelos ai motacés, quer lançando pesadas multas aos infractores l 1 . Ao mesmo tempo. desde 1496. proib ira-se a saída deste cereal, até mesmo para o romecimento das naus que esca lavam a ilha pois. segundo se diz.ia. estas deveriam vir devidamen te providas de Lisboa II. Ide ntica situação encon tra-se definida no arquipélago canário nas ilhas de Gran Cana ria. La Gomera onde encontramos regulamentada a probição de saída e medidas de apoio aos circuitos e rotas abastecedoras com origem em Lanzarotc, Tcnerife ou Fuerteventura 19. A ilha de Gran Canaria tinha em Tenerife o celeiro de abastecimento anu al, mas tal como sucede na Madeira em relação aos Aço110

de 4 de Março de 1481: idem ibltlem, Os. 23·23 ...... vercção de 8 de Junho de 1481 : idem, Ibidem, Os. 27-27 vo. \ereção de 4 de Agosto de 1481; idem. ibidem. Os. 49 v", vereção de 21 de Janeiro de 1486; idem, ihu/em, n. 62, vereação de 11 de Fc\ereriro de 1486; idem, ibidem. Os. 49 vo, ver.lção de 21 de Janeiro de 1486 : idem. ibulem, n. 62 \'ereação de I I de Fevreiro de 1486 : idem, ,h,dem, n. 78 \eração de 20 de Março de 1486; idem. ibitlenJ. n. 130, vereação de 14 de Maio de 1486: idem.ibülem. n. 138·41. ver.u;ào de 5 de Julho de 1486: idem. ihidem. n" I 03 I. n. 48 ...... , vCr.lção de 10 de Agosto de 1496. A referida despesa era assegurada por 2J3 da remda da Imposiç-Jo do vinho. n. 141 . carta de 5 de Dezcmbre de 1581 . 15. A.R.M .. c.M.F., n" 1302, n. 23, vereçAo de 31 de Agosto de 1496: idem. Ibi· demo n. 27, vereçào de 21 de fevreiro de 1497. 16. Veja·se nosso estudo, 4<Ü comercio de cereais I .. h,jâ citado. 17 . A,R.M .. CM. I':, nO 1298, n 38 vo, ccreação de 17 de Octubro de 1495: idem, IhiJe/IJ, n° 1301, O. 48 "", \'ereação de 17 de Octubro de 1495; idem ,hidem, n- 1308, n. 8, vereação de? de Janeiro de 1547: idem, ibid('m. n· 1309. ns. 26 ""'·'27. \ereação de 13 de abril em 1550. 18 . Idem .bulem. ne 1302, ns. 46-46 V" de 26 de Setembro de 1496: idem. lhe· ./em. nO 1313 , fls. 47 "".48, de 8 de Octobro de 1597 . 19. Eduardo A"lnllr Vallejo, oh. cit. pp. 1"51 ,25 1-2. 313 .


o comércio d(' rerl'oi.t (/os COllário.í para

11m/eira

33S

res esse provimento despoletou varios litigios entre as duas ilhas no período de 1531 -1603, devido à negação da segunda esse fornecimenl0 20 • No que concerne a La Gomera. o trato foi assegurado por cédula de 1521 11 • Se é certo que as medidas alrás enunciadas atestam o interesse do concelho em assegurar o normal funcionamento dos circuitos de abastecimento de modo a evitar-se qualquer situação de penúria ou de fome, também é certo que as mesmas documentam, de modo evidente, a premencia da conjutura de crise, resulLante do solo e, acima de tudo, do aumento da população insular. Assim , ao nível das áreas produtoras as medidas regulamcntadoras do comercio do referido cercai surgem com maior acuidades, aportando para uma nítida afirmação das medidas proibitivas. Tal sucede nos Açores, a partir de década de 30 do século XVII e em Tenerife, a partir de 1564-65 evidenciando-se aqui a partir de principias do século XV II. Assim, se as crises de 1502. 1506, 152 1 (doc. nO 1, em anexo) c 1546 surgem como fenómenos isolados. articulando-se de acordo com as más colheitas, ocasionadas por f..,ctores sazonais, o mesmo já não se poderá dizer em 1574, 1604. 1616. 1625 , em qe se denota uma marca evidente da crise estrutural. cujo bajo agravamento da situação se acentua em ciclos decenais 21 • Esta ambiencia da economia ceralífcra nas Canarárias repercutir-sc-á de modo evidente no mercado madeirense que tinha nesse arquipélago un mercado importante de abastecimenta em 1 589.1616.1625 ~).

o COM ERCIO DO CER EA L o comércio do cereal das Canárias para a Madeira

imbrica- se de modo directo no sistema de trocas entre os dois arquipélago, sendo considerado como o principal motor desse trato. Esse movimento

0".

20. Leopoldo de la Rosa. cir . Rel'isfo de f1mória. nO 113-4, p. 25t (n" 12). 253 (n" 3) idem, '''idem. nO11 5 -6 (1958) p. III (n° 108). 132 (n~ 7). 21. ldem./bideln . nO 101 -4, p. 246 (nO5) 22. Veja.§c nosso estudo. ~O comércio dc ccrcais...lo; P. Chaunu. 00. clf. pp. 371-3 23. A.R.M .. CM F . nO 1301. n. 142 V" .... ereação de 20 de Fevereiro de 1496 idem. ibldem. nO 1311. ns. 16-17 V". vereação de 4 de Fevereiro de 1589 idem. ibulem. \ercação de 22de Agosto de 1616 ; idem. ihldem. vereação de 18 de Junho de 1625.


))6

comercial e contactos assíduos resultam da actuação de v<Írios raclores, entre os quais é de rca lçar a \ izinhança dos dois arquipélagos e atracção exe rcida peLa terra canária tardiamente conquistada c oeupada ~~.

Os contactos permanentes entre os dois arquipélagos. evidenciados pela constante corrente cmigratória bidirccional. marcam uma constante da História deste dois arquipélagos e salientam as afinidades existentes, consequentes de um idêntico. senào parecido. posicionamento na politica expansionista dos monarcas ibéricos. A juntarse a tudo isto a Madeira surge-nos en tre o século XVI c XV II como porto importante de escola para a navegação atlàntica entre a Europa e as Canárias e viceversa. Assim nos rereridos séculos lemos conhecimento da passagem pelo porto do Funchal de navios desS<1 rota. No século X VI das 14 embarcações saídas das Canárias e que escalaram o Funchal surgem 4 com destino ú Europa (Cadil. Lbboa. Bayona. Vigo) e Arrica (Safimr\. No mesmo período há notícia da passagem pelo porto runchalense de uma embarçào com trigo de Castela para o rererido archipélago. de que deixaram 500 fancgas para o rornecimento da cidade. vista a sus r.1lta na ilha~~. Ilara o século seguinte abundam referencias à passagem de embarções de c com destino às Canárias~7. Deste modo o porto do Funchal surge nos séculos XVI c XVII como um porto important e de escala para os navios que faziam as rotas que ligavam as Canárias à Europa c desta ao arquipélago. nomeadamente da Inglaterra. Se é certo que a maioria dos contactos entre os dois arquipélagos advêm da posição privilegiada da Madeira em relação às Canárias, também é certo que o IralO comercial entre estas áreas. baseado em certos productos da produção local e na exportação, apresenta-se

24. José Perez Vidal. «aportllción portugUl$.1 a la población dc CanaTl;I.!>. Dato~ parn ~u cstudio». in IlIIlOrlO de /üwdiQ5'ltlall/ieM. nO 14 «(968) pp. 41-106: Eduardo A/nar Vallcjo. oh. ril. p. 340: Margarita I. Martin Socas e Manuel Lobo ('abrern. «Emigrnci6n ) comcrcio entre Madclrn )' Canarias cn cl siglo XVI». "omunu:ação apresentada no ColÓQuio internacional 05 ·lroreI j' o 'lI/aflllá/. 1///1 \álllol ,\II /1 \I li. Angra do IIcroismo. 198] no prclo. 25. Marganta Martin Soca~. O/I, fII. 26. A R.M. C \I F.. 1310. fis. 28-]0 y~ \erCilção de 5 c 8 dc MaIO do: 157-1. 27. Idem. Ihükm. fi. 49 V" de 7 de Dezembro dc 1613: idcm. ih/dell!. fi. JJ \.... \ereçào dc 12 dc Fc\cremo dc 1620. A correspondência de William Hollon (l696-1700) atesta essa situação. vCJa·se Anlónio Arn&:10. I I/adl'iro \'1 '1/1 (lor .'I/ri//!}t1'1r0J. Funchal. 1981. pp. 325. ]57.360.362. ]70. ]80-81. 386. 1 n .


o comércio dI' Cl'reQÚ das CatJária~' para

\ladeira

JJ7

como um incentivo à manutenção e rendimensionamenlo dos referi· dos contactos. O arquipélago da Madeira receberá trigo, queijo, car· ne e em troca fornecerá canas de soca, pães de açúcar, meL remei, fruta verde, castanhas. nozes, mermelada, sumagre e productos de reexportação , como azeite, sal sardin has, tecidos ingleses e arcos ~a . O trigo será sem dúvila a móbil de todo este trato, actuando como activador e suporte do sistema de trocas entre os dois arquipé· lago nos sécu los XVI c XVII. A contrapartida madeirense surgi rá como consequência da troca deste precioso producto. Desde 1504 há notícia do envio de trigo para a Madeira, proveniente de Palma. a que se segue a ilha de Tenerife cm 1506 29 • A partir deslas datas are· gularidade das ligaçõcs atestam que a Madeira passará a contar com um novo celeiro concorrente com o açoriano e europeu e. isto de tal modo, que cm 1527 esta área fornecedora é isto de tal modo. que em 1527 esta área fornecedora é considerada ao mesmo nível do reino (Lisboa)lO . Para as autoridades do arquipélago vizinho a abertura desta nova rota irá criar alguns problemas ao mercado local, de tal modo que o Cabildo catedral se queixava de não receber a sua parte do siezmo, que se escoava para a Madeira, chegando·sc a ordenar cm 1532 o seu embargo, argumentando·se para talo connito entre as coroas de Portugal e de Castela 11. Esta situação comprova, aliás, a importãncia que adquiriu o comércio de cereal com a Madeira, evidenciada no registro de saída de 2070 fanegadas, no primeiro terço do sêculo XVI'2. A situação evoluirá favoravelmente a partir de meados do re·

28. O trotamento das trocas oomerciais será abordado oportunamente em estudo e preparoçào. já citado. Os produtos referidos fazem parte do registo de saída de 1620-21, \eJa-se Arqui\o da Torre do Tombo. Prow'(loria e JIIII/(I tltl Re(l/ r(I :{'nda do Funcha/, n° 364. 29. (IReformaeión deI Repartimienlo de Tenerife em IS06~, in ('0//('(.';6,1 docl/mentos robre ef Ade/all/adll)'1'II xohief/Jo. Santa Cruz de Tenerife, 1953. pp. 90·1: Manuela Marrero, ... AIgunas considerociones sobre Tenerife / ... / ja cilado. p. 380. 30. AR.M. C.M.F, n" 1305. n. 43. \ereação de 28 de Junho de 1527. em anc;o:o dos. n- 3. 3 I. Veja-se O. Camacho y Perez GaldÓz. «Culti ... os de cereales.\ina y huerta en Oron Canaria 1510 - 1537», in AIJllaria de Eswdios AII(IIII;WS, IJ - 12 (/966), p. 246, Jow Pere: ' ·ida/, 00. cil, p. 61 32. Margarita Martin Socas. oh. cito Aí refcre·se que esse \alor poderia cirror·se em 9000 fancgas.. se ti,'crmos em conta o numero de emba~õcs fretadas e respeeti\:I tonelagem.


338

.1I"crlO I'ipira

ferido século, afirmando-se cm pleno no período da ligação das duas coroas 1580-1640 33 , A Madeira lerá recbido no século XVI 8788 fanegas de trigo das Canárias. sendo 2542 (28.9 %) de Lanzarotc. 1170 (13.3 %) de Tenerife e apenas 6 fanegas (0,1 %) de FucrtC\Cnlura. Enquanto TencriCc surge isolada au! meados do século cm causa, afirmandose como o principal mercado forncccdordo trigo canário. a ilha de Lanzarotc surgirá apenas em J 523. mas acabará por assumir a posição cimeira a partir das últimas ccntúrias do século. Esta úl. tima situçào mantcr-sc-à até 1640, período cm que esta área se afirma como a pricipal fornecedora de trigo deste arquipélago à Madeira H .

No século XV II apenas temos noticia de entrada deste cereal entre 1605-40. momento em que a ilha recubeu 27817 fanegas de trigo sendo 14749 112 (77,5 'lO) de Lanzarole, 2680 (14,1 %) de Fueteventura. O mercado tenerifenho Que se havia afirmado. na primeira metade do século XVI deixar.! de ter qualquer representação a partir de então. a dominãncia sera dada à ilha de Lanzarotc que surge assim como o principal celeiro de trigo canario para a Madeira 3s . Tenerife terá sido assim um mercado fugaz no fornecimento de ceral cuja imponancia foi muito reduzida ao nível do comércio de cereal deste arquipélago com a Madeinl. lugar de destaque terão assim as ilhas de Lanzarote c Fuerteventura. A Madeira recebeu nos sécu los XV I e XVII mais de 194917.5 fanegas de trigo, oriundo dos Açores. Europa e Canárias. As ilhas do arquipé lago açoriano dominaram esse trato. surgindo com 108000 fanegas (55,4 %) logo seguidas da Europa com 54967.5 fancgas e das Canárias com 27777 (13,7 %). No entanto se considerarmos os dados

33. Veja-se Gaspar Frutuoso. Saudades da Terra. I- II, Ponta Delgada. 1968. pp. 202, 204: e quadros cm ane'(o. 34. Salienta-se que enquanto em 1583 Thomas Nichols refl!ria que a \o1adcira recebia trigo de Canarias (A. Cioranescu, Thomas MidlOf~. mef('atfnr de a:úrQr hilpa· l1isflI J' hereje. La Laguna, 1963.p. 126), Torriani em 1590 refere que o trigo de Lanla· rOle é c,'(ponado para a Madcira (Desaipôol1 t his/()riu ddre",o dI! 1m IIftB Cmwrwç. lo'l Laguna. pp. 45-6). Alias Gaspar Fructuoso.Já citado refere apenas os navios com trigo de Lanzarote. 35. A ra7110 de valori7.aç.io do mercado de Tenerife na I" mctade do ~ulo XVI dc\e-se à politica económica de Adclantado don Alonso de lugo. VCJa->;e Manuela lvIarrero ... Algunas considcraciones sobre Tenenfe ... ~. já citado. pp. 373 -~.


o comércio dr' reri'Q/\ das Ca"árla~ para Mad(!lra..

339

da Europa em separado, de açorda com as áreas de proveniêncitt do grão teremos o mercado canário em segundo lugar, com uma si tua· ção vantajosa em relação a Li sboa, França, Inglaterra e Flandres. Deste modo conclui -se que as Canárias conjuntamente com os Açores funcionaram, ao longo dos séculos referidos como os principais celeiros fornecedores do mercado funchalense. E, como tal. o madeirense aposta na área insular para o fornecimento do grão necessário. O continente europeu permanecerei como a área de recurso em momcntos de penúria. ou então como forma lucrativa c activadora das trocas com essas áreas. Evitava-se o lastro dos navios que vinham de Flandres. Londres. Li sboa a buscar açúcar e seus derivados e das embarções que conduziam o afamado rubinéctar aos quatro cantos da Europa. por meio do carregamento de alguns moias de trigo. cevada ou centeio de Flandres Londres, Lisboa. Escócia. Daí a razào de o trigo surgir com muita assiduida no mercado madeirensc. No entanto tal movimento mào implicava o delinear de uma rota de fornecimento do cerea l, mas si n o aproveitamento das rotas do açucar e vinho, já ex istentes. A rota do trigo só funcionará. segundo pensamos, com os Açores e as Canárias e. mais propriamente das ilhas de S. Miguel. Tenerife. Lanzarotc e Fuerteventura. Se é certo que a rota se apresenta como unidireccional e sob protecção conce lhia e regia, a Canaria surge liberta desses entraves só assim facilitado ao mercador o negócio rendoso ao menos ao nível da sua importação.

O MERCADOR DE TRIGO

o grupo de mercadores de grande e pequeno trato ligados ao coo mércio da prança do Funchal, dedicando-se, quer ao comérc io de trigo, quer à exportação de açúcar e vinho e. mesmo. à importação de manufacturas. apresentava-se muito heterogeneo na sua origem geográfica e actividade de trato. Não sc pode falar de um mercador de trigo que dedicasse toda a sua actividade ao comércio deste cereal, pois como vimos esse trato mercc das medidas proteccionistas não sc apresentava com o mais lucrativo. Além disso os mercadores que se dedicavam a acção nesse comerc io não o faziam apenas numa área de fornecimento definida. A sua actuação alargava-se a todas as regiões produtoras. no intuito de encontrar grão em condiçiõcs ventajosas. Este tanto comerciava com o trigo dos Açores, das Canárias e


340

Jllbí'f/O

I';eira

da Europa 16, O traIO c venda ao público do referido trigo na Rua Direita nào justificava por si a acção do mercador de pequeno trato e, muito menos, de grande trato. A vigilancia e regulamentação assídua do comércio por parte de vereação punha em causa esta actividade. Com preços protegidos e lojas constantemente vigiadas. o mercador não podia actuar livremente no mercado, procurando a melhor forma de aumentar os seus lucros. Deste modo o comércio do cercai nào justilicará a sua acção nem os motivará muito. daí que vereação sentisse a necessidade de coagir os mercadores do Funchal a irem buscar trigo aos Açores. Canárias c Europa. De acordo com a quantidade de fanegas registadas destacam-se 16 mercadores como os mais importantes no trato do cereal". Se estabelecermos uma comparação com os referenciados para o comércio do cereal açoriano e que actuam no trato do grão em causa temos que salientar a acção de João Feria (1624-1620), Ignacio Fernandes Pinto (1647 - 1658). Este último é referenciado como ~(mercador.pes­ soa reica e abonada)) com Loja na Rua Direita. onde vendia António Lopes de Sá 18. A escassez de dados identificadores dos referidos mercadores difuclta qualquer tentativa de atribuição da origem geográfica e consquente valoração nessa actividade. No entanto de acordo com aeonclusào aludida no estudo sobre o cereal açoriano podemos afirmar a dominãncia do mercador madeirense. a que se seguia O estrangeiro nomeadamente ingleses e flamengos que tinham uma forte implantazão no mercado insular. Destes últimos podemos referenciar 19 mercadores e de entre estes omercado oriundo das Canárias deveria surgir em posição destacada. a considerarmos como originários dai Pero

36. Estão nestas condiçõcs Francisco Correa. Franci~ Gonçates Dousm. J030 Faria. Pero Ferreira. Gonçalo Fernandes. Gonçalo Fcrnandes Gondim. Custódio GonÇl.llves. Manuel Gonçahes, Pero Gonçales. Sim30 Nunes Machado. Luis Fcrnandes Pinto. António Roiz, João Rois Tavora. 37. Pero Gonçales. Antonio Roiz Torzilho. Diego Fernandes Branco. Diogo Cabrera. Gonçalo Fernandes, Tomé Fernandes. Agostinho Goncçl\'es. António Gonçal\es. Gaspar Gonçl:ncs. Antonio Gonçalvcsa. Custodio Gonçal\cs. Gaspar Gonçl:l\es, Simão Nunes Machado. Andre de Monte. Pero Nunes. Fernà Perasa. Thomas Qucvel. João Roiz Teixeird. 38. A.R.M . C.M.F, n- 1328, n. II , vereação de 6 de Fe\ereiro de 1637: idem. Ibidf.'lII. n~ 1331. n. 16 ..... vereação de 27 de Maio de 1647; jdemm Ihidl'm nO 1333. n. 27. \erec,-:lodc 17 de Novembreo de 1657.


o fOlllboo di' l'erl'llis das Ccwárias para

Hadl'lra...

341

de Meza, Luis de Semana, Diogo Cabrera, João Cardona. Palio de Lucas, Martial de Lugo , Fernão Perasa J9 .

CONCLUSÃO

A ilha da Madeira que, desde o úhimo quartel do séc ulo XV , se destacou como uma área carente de cereal procurou o seu abasteci· mento nas ilhas vizinhas (Canárias, Açores), usufruindo de condiçõ· es favoráveis criadas pela coroa, primeiro nos Açores c, depois. nas Canárias, com a ligação das duas coroas. Esta terá sido a melhor soluçà· o para colmatar OS prementes problemas do mercado madeirense, ao nível do abastecimento de cemis que a ilha pouco produzia, O arquipélago madeirense devido à pequenez da sua superficie arável coloca·se a um nível inferior do açoriano e canário, pois. enquanto estes últimos dispunham de uma vata àrea onde poderiam lançar várias culturas. a Madeira detem apenas uma parca granja in· suficiente para os canviassis e vinhedos, e muito menos, para os ce· reais. Deste modo o madeirense deveria buscar e assegurar fora de portas o celeiro de abastecimento de uma população em constante aumento. A sua escolha preferencial incidiu, primeiro em S. Miguel aliando· se depois Tenerife. subtituída. cm meados de século XVI, por Lanzarote. Se a rota do trigo açoriano se mantinha o início regulamentada e sob vigilancia directa do co ncelho. o que impedia a livre acção do mercador, a canária poderá considerar-se liberta desses entraves, numa primeira fase. se ndo a sua manutenção resultante do movimiento comercial entre os dois arquipélagos e do permanente fenó· meno emigratório. Um movimento assíduo de produtos e pessoas, dificultado apena s pela peste. piratas ou corsários e invernias. Esta úhima situação deveria atrair a classe mercantil para estas rotas, mas os entraves posto peJo mercado fornecedor,com as constantes medidas regulamentadoras e proib itivas das autoridades locais desvanece·

39. Como CSIr:lngeiros podemos reremciar Cosmo Maquel. Pero de Mcza. LUIS de Semana. Anrique Alradrique. Anlonio AI\cmes. Reimiio Biane. Diogo cabrera, João Cardona. ah'aro Cenis. Franci~o Femandes Dousim. Gaspar Femdandcs Dou~m. Jaques Guilhemle. I>ailo de Lucas. Manial de Lugo. João Minhol. Femào Percs.1.. Thomas Quevel. Anlonio S:amarim. Antonio Sevar


342

A/berto I 'ieira

ram essa espectativa. Mesmo assim a Madeira nào abdicou dos seus direitos preferenciais ao trigo produzido nestes dois mercados. Essa mudança só se processará a partir de meados do século X VII quando as dificuldades aumentam nos celeiros preferenciais c surgem OU lroS Que apresentam o produto cm condiçõcs f..1voráveis -América-, pois que facultava a sua aquisição a troco do afamado ruhinéctar.

EXTRACTOS DAS VEREAÇÕES DO fuNCHAL

N' 1 1521, Novembro, 23 A.R.M., C.M.F.. n'1304,

ns. 82 v'-84

Item lougo tamlo que se forom juntos per allgus mercadores de triguo Que esta em esta c idade ho seu trigo nom podere vernder sem rcparrição e su rcparido per o polvo elles 1/(83) se agrcvavam que dizemdo que porqucnto se temià nã viir allgu trigo eJles nõ venderê ho seu o Quall per ficar d'atirar el les per fazere veeren ho povo posam ho seu trigo sendo muito bõ ha noventa reasi ho alquiere o qualllrigo ellles jaa orJ leram vendido se lho deixarà vender e porque suasmerces lhes tinhà posta pena que ho nõ desc sem reapriçam poderiam viir a llgüs navios de trigo e ho seu trigo se podera emtà vemdcr ha menos preço dos LR rcais algü do Que ho tinham posto que eles venhã alli requerer a usas merces qic lho deixarem vender ho dieta preço e nõ leh querê de lIeixar vender somente per repartiçam como tinham suas merces vito lho segurarê ho dito preço de LR rcais aliqucire logo per elles senhor proucrador e ofieiasis foi dito que Ices avià per serviço de deus e bem do povo que ho dieta trigo se reaprtisê e dese por repertiçam ho povo segundo tinhã visto c lhe segiravã todo ho dieta seu trigo ho preço dos diros noventa reais a queall to· dos os mercadores somente ho de joham vaaz per nõ ser làbao como O outro e nõ valler a LR reais o queall joham vaaz II (83v\'o) ho pcdera por em seu proeço he nio o que justamente valler e entà lho po· derd: segurar queando quer que se pos certo ho praça he niso e por meree diso asinarà aqui todos aronso ànes ho screpvy. Item loguo na dila vereaçam pareceo Famàdo de Cabrera castelhano que hora trouxera eartas dos reg..1dores de grã eanarca aos regedores desta cidade pera que lhe desem hü navio de trigo per a grande


o coml!rl'/O de ClW!IJ.I.\ dll\ Cantlria., para ,\ladl'lfll

H3

estrelidade de rome que havia na dita ilha avendo rdspe ito elles doys vizinhare sempre com roi acordado que lh e desê que podesc lIevar oyto moios de trigo e lIogo lhes roi ordenado que ouvesê outros vynte moios sciJicet dez dos que erà embargados per ell c senho r e oficiacs Antoni o Correa e outros dez dos Que crà embargados se di so deterles e lho desê e posa sê vistos pera eles lhe da rem hi dito rei to derradeiro os ditos vynte moios e que lhe scrcpvese que mis lhe nõ davâ II (84) perque ISO meso a terra estava em nccesidade de trigo Aronso Anês ho screpvy e que somen te rose treladada em ese li vro. Anrique daguiar, João Corrca, Joam Roiz, Joham Coe lh o. Gi ll Fernandes Godeso, Syman daria, Pero de Magalhães.

N°. 2 1552. OClobro, II A.R.M .. C. M.F.. n°. 1304.

ns.

106 -V"

ILcm logo pcr Joham Corrca \erador doi dito que clle rereLa per prezimcnto dos mestres com os mercadores que haqui trouxese trigo que lhe pagasê a desca rrega dos bateis e esto visto como avia peste na cidade e que os mercadores nõ Queriã viir a ella e pcr lh es pareçia bem e per todos // (106 vo) roi dito Que hera bem QUC rosê pagos da descarrega dos batei s e màdarJ que pase visto per a Francisco Gonçalvez Que ho pago do dinheriro da imposisam dos vi nhos. Aronso Annes ho sscrepvy. João Correa. Andrc daguiar, Joham Coe lho. Joham do Porto, Joham De\ora. Pero Gllz. Francisco Gllz.

N°. 3 1527, Junho. 28 A.R.M .. C.M.F.. nO 1305 . n 43 Item loguo na dila \ereaçam roi acordado que toda a pessoa Que mcter tri go de Portugal! ou de Canerea atee Janeiro primeiro que vêm Que lehes sera dada Ioda descarrega e asy logea e saquos o que leite sera pagao de dinheiro da imposçã dos vi nhos. Aronso Annes o screp\y e seja apregoado e asy o que vcm de Caslclla. Manucl Corelho Pero Doria , Jorge de Vasconcelos, João Lopes. João Gomes. Pero Annes I, Mateus Roi s. gonça lo Pi ris.

I. Com régua c compa~50. pcdciro da

se do runchal


344 N.o4 1546, Setembro, 15 A.R.M., C.M.F.. Ver 1546,

I/hmu I 'ieira

n. 92

v.o

Prcgã acerqa dos mestres que se vem com trigo Na dita vereaçã acordarâ que nhíl navio dos ilhas ou de Qual· quer parle que a este porto da cidade vier com trigo c partes dele sem vir primeiro a camara fazer certo como descarregou todo o trigo e o Que o nõ rezer certo cm todo tempo Que o dcmnadarcm poríso e se

nõ achar que vco a camara e que diso se fezç asemto o queal ele asynara que page vimte curzados 1/(92 vl) por o nõ hir asy fazar a saber posto que dscaregase e chandosc qucsc fogco como triguo pagara cimquocnta cruzados e o dono do trigo o perdera a est posto quho levê ao reino c indo a outra parte avera mais a penas de ordllação Joguo se mamdou apregoa r aquel asernto se fez por se ter por cm emrormaçao que muitos navios se foge con trigo e se vão esy por os mestres nogarem de levar pera onde são moradores como outros que se rogem de mamdado de mercadores e pesoas quento prejizo desta terra os fazem ir asy por segirem O preço do trigo que aquitem como por o hirem vemder a outra parte omde preservem que terra mar valia en maneira que todos que asy f:'lzem he em muito prejuizo da teera e per outra maneira nõ se pode saber o que descaregã na cidade ou ilha e qui vicra muitas vezes a chegar a que dcseargã na eiudade ou ilha ao trazer aqui e soo por saberem que deitar ameara e lhe vire descaregar quatro mais pareco que dcscargava de todo e se lh pasara eertidã porque seja a solto da finaça nas ilhas e o mais Icvall0 pera as eanarias ou a reino estranho onde o nienles e se comprimir com o que ha mais serviço de Sua Alteza e bem de seu povo e posto que no vehnã em vercaçã abastara em quealquer dos outros dias em que o fizer a saber ao escripLivão da camara que rara asemto c nele se declara quanto trigo descaregou e donde o trouxe e que são os mercadores pero as certidões que se pasarã per as ilhas ser em rorma e verdadeiras e na çidad se saber quem são os que tem o trigo pena he a terça parle quem acusar e os dous terços pera o concelho e calivos. Rafael Aronso o screpvi. Manuel Delgado, João Malheiro, Mem de Brito. Anrique Muntz.


o com/>rno de c('r('(Ii\ d(l~ C(III/mas p(lra M adeira

345

N° 5

1550, Janeiro, II A.R.M .. CM.F. Que nõ tirem trigo sem licença Na dita veração se praticou sobre as licenças II (8 v") que se davam pera tirar trigo pera 1T0ra da cidade queera muito prejudiciall darom se da fTora da camara e pera atlhar ao imconveniente Que nisto ha acordarão que ncnhüa lincaça tenha vigor nem força seja nhüa tanto que nom respeita a camara e veraça tenha vigor nem força seja nhüa tanto que nom respetia a camara e veraçã e scripota por myrn scrpvão e asinada per o vereador do meo e hü dos juizes a quall licemça estar em mão de Manuel Gonçallvez procurador dos mesteres e nõ se tirara trigo posto que aja lieemça sem lho fazer a saber e semdo cousa que nõ se aehe em casou por fora da cidade farseha saber a mim screpvão e diarei diso certidão conforme a licença que for pasada as quais leccmça scrã cspritas em hü cahenho uqe se trara sempre a veração para se sabe tamben quento trigo se tria e o que cada hu perde e o dito procurador dos mesteres asy como se for tirando otrigo declarara quanto aa tirou pera se !lÕ tirar mais daquilo pera que lhe foi dado licença maneira se o fara em todooutro mantimento e somente pode rã levarcmm lecença p qie se soe Icver conforme a postura e de todo se mandou fazer este ascrnto e o que ouverà por asinado todo o que se fez na dita verç;:i. Rafael Afonso o screpvy. Nuno Gonçallvez. Luis de Brito Vellosa , Anrique Muniz. André Pereira, Pero Roiz. Antonio Gonçallves. Fernã Figueriredo. Manuel Gonçalvez.


346

Alberto I'ie"a QUADRO 1- REGISTO

ANOS

CANA RIAS

Dt: TRIGO DAS CANÁ IU \ S (cm r:ln~:W1S)

LANZ,\ROTE Fl [R'I E\ FNTl R \

40 200 130 800

1505 1511

1523

1524 1527

310

1596

4.195

1597 [599

llO 115

1605

1616

1.950 502,5

827.5

1618

4.067.5

15

800

3.430

60 1.9]0

1620

1623 1624

1625 1629

79l

575

677

108 250

1637

ANOS

90

480

599

1631

1640

ISO

825

1634 1638

6

90 1.950 300

1617 16 19

TE1\ER I...-E

845 105

60

6.6]0

17.291

2.686

1.110

FONTE: Vereaçõcs da Câmara Mun icipal do Funchal. 1474·1699 c Margarita Ma rtim Socas. Op. C/I


() ('omércia dr Cf.'({!{J/i dar Canú,,05 para

~.tQ(I{!lra

347

QL"ADRO 11- REC ISTO DE 1 RIGO II\ II'OR'I ADO ..... O FU'IClUL(em rllneglls) ANOS

\ÇORF

1510 1511 1523

60 450

225

450 .l.7J5 3.741.5

990

1603 1605 1606

~710

1607 1609

1.605 600

TOTAL

INDETt-:R\II"\AJ>Q

40

1.875 7.890 1.185

1611 1616 1617 1618 1619 1610 16::!3 1624 1615 1626 1627 1629 1631 1632 1634 1635 1637 1638 16]9 1640

EUROP \

200 130 800 310

152~

1527 1546 1547 1589 1596 1597 1599 1602

CA'IÁR IAS

195 4.230 5.685 6.120 5.535 4200 ll05 7.0B 13.995 6.105 7.770

6.145 858.5 265

1.950

300 1.007,5 4.067,5

965 60 5.360 825 1.175

1.45~

10.117,5 1.225

1.977,5

195

1.415 825 15 3.045 6.300 11.070 4.500 1.110

990

1.125 1.174 611

930 45 9.155

4.0110 3.300 I

108

n~

250

937.5 2.-145 4.575

905

108.000

105 17.777.5

rONTE: I á('t.lriks da C.I/ F, /474- /699_

54.967.5

5.302.5


348

Afherro I'it>ira

Q UADRO 111 - REGISTO DETRICO DAS CANÁR IAS NO SÉCULO X\'I ;\1ERCADOR

Francisco Accioh Frnncisco d'Afonseca Mateus Alvares Gaspar Amado

Semana Bctcncoun Pero Borges

Agostinho da CosIa Gaspar Fernandes Sebastião Fernandes Vicen te Fernandes Cast ilho Gomes

Gaspar Gomes António Gonçalvcs

Francisco Gonçal\'cs Gonçalo Gonçahes Pera Gonçah'cs Iklchior Lopes Franc<'. R. Magalhães

DATA

1596 1599 1596 1596 1597 1596 1599 1599 1597

750 60 105 50 100 320 90 15

Canárias Lanzarote unzamle

7

1596

150 50 165 40

L.anl.arOlc L.anzaroll: Lanzarole Canárias

Canárias Lan7.arotc

Lanzarou: Fuenc\cntura LanzarOlc

1596 1596 1596 1597 1597 1597 1596

3.000

Lanzarote

J 597

375 45

80 30 60 60 6 150 750

Lanzarolc Canârias Lanzarotc Lanl.arole Fuerteventura Canárias Lanzarotc: Lanzarotc: Cnnãrias L1nzarote L1nzarolc Lan1.arole

1596

Cosmo Manocl Pero de Meza Antonio Moniz An''', R, Torzilho

1596 1596 1596 1597 1596

Bento Roiz Gaspar Roiz Luis de Semana Manuel Tristão

1597 1597 J 597 J 597 1599

Al\aro Manim

FANEGAS I>REÇO PROVE'\JIÊNCIA

FONTE: 1'aea('Õt',f da C,I I F., 1474-1599

39

Canárias l.anzarotc Canárias

247.5

Canárias

37.5

210 12,5 45

200 100

Canliria~

L:m7.arotc

260

280


o romérflo J, {'ert!ai$ da1 CUllár/U$ puru

Ifadetra

349

QUADRO 1\' - REGISTO DE 'I RICO O/\ S CANÁ RI AS i\OSt.:c. X\' II \lute '00II.

Gaspar d'Abreu Álvaro Afonso Aurique Alfrndile Brâ~ AJ\.ares AntoniO Al\emos JOIJC Annes

Brás Dias Aranha Francisco Aranha Manuel A. AraújO Manuel Ba)ão Reimào Biane Pero Borges Di080 F. Branco DU)lo Cabrera Antão A. Caldeir" João Cardon::! Aluro Cc:rtis Meo;tre Coelho hanehco Correa Leonardo Correia Pcro Rois de Castro LoJ"lO Ola<; Manuel Duarte Francisco F. Dousin JoJo raria Iknlo Fernandes Gonçalo Fcrnandes

IHI'

1638 1624

40 19'

160' 1606 1618 1631 1615 1618 1611 1613 1637 1623 1631 1629 1616 1623 1617 1618 1619 1638 1623 162.5 1629 1611 1616 1618 1617 1611 1617 1931 1623 1629 1631 1638

1640 Lucas Fernandes Lizaro Fernandes Manuela Fernandes Scbast~o Fernandes Tomé Fernandes Gonçalo Ferreira

~''''U;\..<;

1637 1619 1634 1623 1616 1618 1623

22.5

I'M~CO

190 130 140 130 180

20

180 220

135

180 140 160 190 200 260

30 100 10 80 35 ISO

100 120

240

140 160 260

600

ISO

260 100 16 15

180 190 180 130

140

240

22.5 100

260 160

22,5

140 220

150 80

., 30

'"

49 30 460 10' 150 40 75

300 60 60

170 260 250 140 240 260

ISO 160 200 130 200 180 180 200 150

!'MO' t '11':'("1 \

Fuene\entum Lanzarote Lanzarole Canarm Lanzarote Lanzarole Canilrias LanzarolC: LanzarolC: Lanzarote Lanzarote LanzarolC: Lanzarote Canarias Fuene\entUf3 Fuenc\c:nlur"d Lanzarolc Lanzarote Lanzarole Lanzarote Lanzarote Lanzarole Canánas Lanzarole Lanzarote Lam.ilrole Lanzarolc Fuerte\entura Lamarole Lanzarotc LanzarolC L1nzarotc Lanzarole Lanzarote Cananas L1nzarote Canárias Lanzarote Lanzarole Lanzarole Lanzarole [..1nzarote lanzarote

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R.Sabão

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350

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Marcos Ferreiro

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Roque

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Roque Fi8U('i~do

Jorge Freire Antomo Garcia

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Gonçah~

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Gonç'J h t'~

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1624

30

1625

120

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1629 16]1 1623 1638 1629 16 16 1617

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1623

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1619 1623 1025 1619 1623 162!i

I60S 16 18 1618 1623

100 20 40 150 100 100 60 90

1.470

315 90 1.470 90 1.950 22.5

100 30 14 600 60

João Gonçah'f:S Manuel Gonçahó Martim Gonçaheo; Pem Gonçahes Gaspar F. Goudlm JaquCi Guilherme Frnne-. R. jardim Ferniío Lemos Gonçalws Lopes loão Lopes Simão Lopes Palio de Lucas Martlal de Lugo Si mào N. Machado André Man.M) \1anuel Manso Andrê M Maios

1625

162S 162S 1615 1618 1618 1631 162S 163 1 1629 1631 1674 1638 1629 162S 1624 1624 163 1

30 30 75 60 ISO 200 30 20 30 50 80 4S 2l

400 45 lOS 810 30

, 'jt'trD

I'Rf (;O

140 130 130 220 20 200 110 130 200 220

140 200 130 180 200 200 180 200 130 160 140 180 150 140 180

l'IIO\I\ , í \ C"I\

Lanlarotc Lan/arolc LanzarOlc

Lanzarolc Lan/.arote

Lanzarole ' -ut'ne\cnlura Lan/arOle Lan/3role Lan/arOlc ]'uenc\cntura

Fuenc\cnluru Lanzarolc Fuenc\cntura

'-nn/arole Fucnc\cnlura Fuenc\cntura Lan/arole

L..1nz3rolc L:ln13rote

L.lnlarote Lm/;\TOtc 1~1n/arotc

Fucnc\cnlura L:Ullarotc

'"o 130

Fucnc\cntura Lunzarotc

140

Fuerte\cnlur.t uan7arolC: Lanzarole unzamle Uln7.arote Fuertc\cntura Lan/amle Lan7l1mtc LanlMote unzamtc LanzafOtc Lanl.llfOte LanzilTote C'anoinas LanzarolC Ltnlarole Lan7arote unzamlc

120

130 180 ISO 160 :!80 110

260 230 250 200 160 240 130 ISO 140 260

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R. Ferreiros


o comhcio (/t, ('(''''alI (Ias Cal/final (/fira

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Francisco de Medina Inacio de Medeiros J0.10 Mmhol Gonçahcs F. Moniz Maria de MotB Pascool Monteiro António I"CIO Pedro l\umcs Fernão Perasa Gondinho Pereira Ga~par Pimicnta 19oaeio F Pinto Thomas Quevct Antonio Reis Pero da Rocha Manuel Rois Sebastião Roiz Antonio Samarim António $e\ur GaspJrda Silva t\ndres de Sousa Iklnolomeu de Sousa João Cabral Tava~ João R Ta\·irn Simão R. Teixeira () Vale Luis do Vale Manuel M Velo:.o

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1617 1629 1618 1618 1626 163 I 1616 1623 1625 1623 1624 1623 1638

1631 1623 1629 1629 1617 1619 1618 1631 1624 1634 1638 1628 1623 1624 1631 1617 1623 1620

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351

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Lanzarote LanulrQtc Canoirias Lanzarolc Lan7:ITotc LanUlrote Lanzarotc Fucncvenlura Lanlarotc Lar\l:HOlc Larll ..rOle Lan/.arole LanlurOlc Lan7arotc Lanlarole LanlarOlc L.1n ..arote Cm;lria~

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Lanzarotc Lan .. arotc L:mzarolc Lan"uTote Lanzarote Lanzarotc t:ucne\ctllura Lan7:lfotc Lanlarole Lanlarotc L.1nlilrotc Canária~

R. Ferrt:iros


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