A AUTONOMIA E FINANÇAS NO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA
ALBERTO VIEIRA
O discurso histórico é a ossatura fundamental que alicerça a autonomia político-administrativa. Tudo isto porque a história local faz apelo à valorização do passado histórico regional e permite reforçar a unidade definida pelo espaço geográfico. Uma região sem História dificilmente poderá fazer valer as suas legítimas aspirações autonómicas. Tão pouco uma classe política, alheada ou desconhecedora do passado histórico terá possibilidades de fazer passar e vingar o seu discurso político. Na verdade, a História faz parte da essência do discurso político autonómico sendo com ela onde mais se espelha a identidade local. Conhecer e valorizar a História regional é uma atitude necessária ao nascimento e fortalecimento da autonomia. O apelo à História faz-se, não só pela busca das condições ancestrais que conduziram à materialização do processo autonómico, mas também pelos combates que o mesmo propiciou. Para os actuais desafios do processo autonómico o conhecimento das diversas conjunturas de combate, as opções e justificações que geram são imprescindíveis. A História deve ser entendida também como a homenagem aos que nos precederam neste combate e que ao mesmo tempo que se encontram motivos e alento para novos embates. A História da Autonomia, tal como hoje a entendemos, é recente mas rica em motivos e situações que fortalecem o actual combate político. O sentimento de auto-governo parece ser ancestral e nascido à chegada dos primeiros povoadores. A barreira geográfica, as dificuldades e forma tardia da resposta das autoridades centrais contribuíram para alicerçar o sentimento autonómico. É certo que ele só ganhou a verdadeira dimensão política com a revolução liberal, mas será injusto ignorar o combate dos que o precederam nas centúrias anteriores. A partir de então a leitura do discurso histórico da autonomia, expresso nas páginas dos jornais e panfletos, confunde-se muitas vezes com a questão financeira, do relacionamento entre a metrópole e a região, da gestão e aplicação da riqueza. A autonomia e o debate político institucional estão em relação directa com os problemas financeiros. As primeiras vozes na luta pela autonomia política insular partiram da constatação da realidade financeira pautada pela sangria da riqueza arrecadada. O