Informativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco Edição 57 | Fevereiro 2014
Mais Verde -
Educação Ambiental com o envolvimento de comunidades rurais é foco de projeto em Vitória Memória - Crenças de Santo Antão que vai e costumes de antigos reflorestar áreas degradadas moradores de Belo Jardim, Pág. 10 como uso de plantas medicinais nativas da região, são resgatados por estudantes - Pág. 12
Agroecologia - Criado no
Campus Barreiros e único em Pernambuco, núcleo incentiva a agricultura familiar de forma sustentável Pág. 4
Navios made in Pernambuco
Estudantes e egressos do Campus Ipojuca dão impulso à Construção Naval do Estado
Palavra da Reitora
Cláudia Sansil gabinete@reitoria.ifpe.edu.br
Começamos um novo ano com boas notícias! Adquirimos a mais moderna tecnologia em salas modulares. Esses espaços vêm com ar-condicionado, piso em cerâmica e instalações confortáveis. Todos os campi do IFPE, exceto um que não aderiu ao projeto, estão com ampliação física. Teremos, portanto, possibilidades de oferecer melhores condições de trabalho aos educadores e de conforto aos estudantes. Esses investimentos estão na ordem de R$ 14 milhões. Registre-se a expansão de infraestrutura física, como a construção do prédio dos cursos Superiores, com aporte de R$ 4 milhões da Reitoria, cujas obras foram iniciadas no Campus Vitória, enquanto Caruaru começa o semestre em um local adequado às práticas de laboratório do curso de Engenharia Mecânica e demais cursos Técnicos. Ampliamos, também, os recursos da Assistência ao Educando em
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todas as unidades do IFPE. Disponibilizamos R$ 2,7 milhões para Mestrados e Doutorados pagos, integralmente, pela Instituição, além de outros investimentos em cursos de Formação Continuada. Dentro do Programa do FNDE, iniciamos a distribuição dos tablets aos professores e estamos finalizando as etapas relacionadas aos que serão entregues entre os discentes. Continuamos apostando, sem fronteiras, na internacionalização do Instituto. Neste início de ano, dois professores seguem para o Canadá e Estados Unidos. A Assessoria de Relações Internacionais (Arinter) desenvolve uma política de intercâmbio, também, com os institutos vizinhos. Aguardamos possibilidades jurídicas relacionadas às bolsas de mobilidade internacional. Novas contratações de docentes e técnicos-administrativos foram liberadas e dois dos sete campi da Expansão III tiveram autorização de funcionamento. De acordo com a Setec, nosso formulário de funcionamento em sedes provisórias tem sido recomendado como modelo. Numa perspectiva qualitativa, fomos criteriosos ao observarmos condições de mobilidade,
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segurança, conforto e infraestrutura aos servidores (técnicos/professores) e estudantes que ingressarão nesses novos campi. Temos quase todas as escrituras dos terrenos onde esses equipamentos serão instalados, restando apenas uma para começarmos a construção das instalações definitivas. Desejamos, portanto, um ano com mais realizações, com novas possibilidades. Buscamos avançar com o objetivo de atender à complexidade de uma Instituição híbrida, diversa, delineando uma unificação que respeite as particularidades e as especificidades de cada campus e da Educação a Distância numa perspectiva de gestarmos a Instituição voltada à emancipação humana, ao desenvolvimento e à estética em nossas práticas educativas. Contamos, mais uma vez, com o esforço de cada um e de todos para que, juntos, de maneira fraterna e coletiva, possamos responder aos anseios da sociedade, dos nossos servidores, dos nossos estudantes com vistas ao desenvolvimento de múltiplas relações e interações num espaço de formação, num território humano, numa Casa de Educação.
Expediente Reitora: Cláudia Sansil | Textos: Carol Falcão, Cláudia Sansil, Débora Duque, Erika Targino, Juliana Costa, Hugo Peixoto, Marcílio Pereira, Maria Denise Galvani, Mayara Santos e Patricia Yara Rocha | Estagiária de Comunicação: Marcella Queiroga | Diagramação: Amanda Andrade | Ilustrações: Amanda Andrade e Enifrance Vieira | Revisão: Karla Araújo e Xênia Luna | Jornalista Responsável: Patricia Yara Rocha (DRT: 2807) | Reprodução: Gráfica Tavares & Tavares LTDA | Tiragem: 4000 exemplares
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Juliana Costa juliana.costa@ead.ifpe.edu.br
A qualidade que não mede distâncias
Pesquisa compara formações presencial e a distância e aponta vantagens da modalidade EaD
Que a tecnologia está presente no cotidiano dos cidadãos do mundo, ninguém duvida. Que ela facilita e otimiza processos, também. Na Educação a Distância, a tecnologia é o meio de dar oportunidade a quem não tem condições de fazer um curso presencial e não abre mão da qualidade. Mas a pergunta que paira sobre as cabeças de quem desconhece a modalidade é: o egresso de um curso feito a distância tem a mesma qualidade em sua formação que outro, formado na modalidade presencial? No IFPE, a resposta é sim. A Diretoria de Educação a Distância (DEaD) atende ao segundo maior número de estudantes de todo o Instituto: a previsão do total de alunos até o fim do ano é de cerca de 2500. A preocupação com a permanente oferta de qualidade é uma constante: prova disso foram as notas recebidas pelos cursos de Licenciatura em Matemática e Tecnologia em Gestão Ambiental, avaliados no segundo semestre de 2012 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ambos receberam conceito 4 – numa escala que vai até 5. “Atualmente, vivenciamos um momento em que ocorre uma ruptura de paradigmas no que diz respeito à imagem da Educação a Distância (EaD). Está em curso um processo cada vez maior de esclarecimento sobre a modalidade e aceitação dos benefícios dela pela sociedade. A EaD é tão eficiente quanto a modalidade presencial”, sentencia Fernanda Dornellas, diretora de Educação a Distância do IFPE.
de demandarem muita disciplina e organização. A pesquisa retrata o perfil de nosso aluno e a qualidade dos nossos cursos”, declarou Fernanda Dornellas.
E foi essa ruptura de paradigmas o principal combustível para a condução de uma pesquisa orientada por Renata Carvalho, professora-formadora do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental na DEaD do IFPE. A proposta era fazer uma análise comparativa entre as modalidades a distância e presencial nos cursos superiores de Licenciatura em Matemática e Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto, a fim de perceber em que medida a modalidade interfere na qualidade da formação profissional. A pesquisa buscou identificar as principais diferenças entre os alunos dos dois grupos, bem como a visão que estes tinham dos conteúdos abordados. O resultado foi animador para os estudantes da EaD: foi detectado que estes têm mais autonomia; são por natureza pesquisadores; e, apesar da distância física, costumam se organizar em grupos de estudo. A pesquisa ainda apontou que os alunos avaliam as duas modalidades como apresentando o mesmo grau de dificuldade e a mesma qualidade. “Os resultados da pesquisa apontam a qualidade dos cursos ofertados pelo Instituto na modalidade a distância. Agora, a proposta é pensar em como estes dados serão empregados para aproveitamento máximo da formação deste aluno”, declarou Renata. “O perfil do estudante que foi detectado na pesquisa e a formação versátil e dinâmica características da EaD andam de mãos dadas. Cursos a distância significam oportunidade de capacitação e qualificação profissional, além
Ensino
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Pesquisa
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Débora Duque debora.duque@barreiros.ifpe.edu.br
Por uma agricultura sustentável Núcleo coordena pesquisas e estudos que incentivam práticas sustentáveis na agricultura
Difundir um modelo de agricultura que seja socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável. É com essa missão que nasce o Núcleo de Estudos em Agroecologia, Agricultura Orgânica e Desenvolvimento Sustentável do Campus Barreiros, cujo projeto foi aprovado no final do ano passado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Formado por professores do curso superior em Tecnologia em Agroecologia, o único existente em Pernambuco, o Núcleo inicia 2014 se preparando para colocar em prática uma proposta ousada que busca transformar as relações entre o homem e o campo no território da Mata Sul pernambucana. Historicamente, a região teve seu desenvolvimento econômico e social pautado pela monocultura canavieira. Com a decadência de engenhos e usinas ao longo da década de 90 e a criação de assentamentos rurais, abriu-se uma lacuna no principal arranjo produtivo local. Muitos dos agricultores, até então acostumados a trabalhar no cultivo da cana-de-açúcar, se viram envoltos por um novo desafio: diversificar o cultivo e, agora, comandá-lo em suas próprias terras. É dentro desse novo contexto que o Núcleo de Agroecologia pretende atuar. Sob a coordenação do professor Rômulo Vinícius, o Núcleo espera se colocar como agente fomenta-
dor de uma agricultura familiar que caminhe em profunda harmonia com o meio ambiente. “O Campus Barreiros sempre serviu de referência para os agricultores da região. Com a mudança no cenário produtivo, viemos para contribuir com as diversas ações já desenvolvidas por ONGs no sentido de estimular uma agricultura voltada à realidade desses novos assentamentos rurais. Vamos atender aos anseios da região na formação e qualificação desses agricultores e, ao mesmo tempo, desenvolver estudos e pesquisas que nos auxiliem nesse sentido”, explica Rômulo Vinícius. Esse trabalho na verdade já vem sendo feito desde a criação do curso de Tecnologia em Agroecologia, em 2012, e culminou com a realização da I Jornada de Agroecologia e Agricultura Familiar, em novembro do ano passado. A proposta envolve uma troca direta de saberes entre o meio acadêmico e os pequenos trabalhadores rurais, que encontram na adoção de práticas agroecológicas uma forma de garantir a segurança alimentar da família, além da preservação dos recursos naturais disponíveis no seu lote de terra e, mais que isso: conseguem aumentar a produção e comercializar o excedente, ganhando, assim, uma nova fonte de renda. “As pessoas têm se conscientizado sobre a importância de consumir alimentos de melhor qualidade e isso passa pelos alimentos
Pernambuco ganha núcleo de estudos, único no estado a realizar pesquisas na área de Agroecologia, Agricultura Orgânica e Desenvolvimento Sustentável
Trabalho também envolve estudantes através de eventos como a I Jornada de Agroecologia e Agricultura Familiar, que aconteceu em novembro de 2013
orgânicos. Esse mercado já tem um público cativo. É gratificante ouvir os testemunhos dos agricultores que têm participado dessas feiras agroecológicas. Eles dizem que o cliente tem se fidelizado, que a qualidade de vida e saúde em casa têm melhorado muito. São mudanças econômicas e sociais muito sensíveis”, observa o professor Rômulo Vinícius. Faz parte dos objetivos do Núcleo investir na recuperação de áreas degradadas bem como na implantação dos sistemas agroflorestais e de hortas comunitárias, além do desenvolvimento de pesquisas sobre novas técnicas de produção e a formação de um banco de sementes. Também consta na linha de ação do Núcleo o estí-
mulo ao plantio comercial do caju orgânico. Por ser nativo da região, onde as condições climáticas são amplamente favoráveis a seu cultivo, o fruto tem potencial para impulsionar a produção agrícola da Mata Sul, mas, apesar disso, tem sido pouco explorado. Para dar conta do desafio de tornar a agroecologia um elemento presente no cotidiano dos agricultores, o Núcleo não trabalhará sozinho, mas por meio de parcerias com diferentes instituições. Entre elas, o Centro Sabiá, a Assocene (Associação de Orientação de Cooperativas do Nordeste) e o Núcleo de Agroecologia e Campesinato da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
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Extensão
Marcilio Pereira marcilio.lopes@caruaru.ifpe.edu.br
Dois projetos de Extensão do Campus Caruaru desenvolvem ações no Alto do Moura para melhorar a situação de trabalho dos artesãos do barro
Um incentivo à arte
Terra dos bonecos de barro, o Alto do Moura é um bairro de Caruaru que se tornou conhecido pela arte do Mestre Vitalino e de seus seguidores. Apesar de ser considerado o maior centro de artes figurativas das Américas, é comum os artesãos trabalharem em condições precárias e em jornadas exaustivas. Diante dessa realidade, professores e estudantes do IFPE criaram projetos de extensão para melhorar as condições de trabalho dos artistas e dialogar com essa comunidade, vizinha ao Campus Caruaru. A professora Elaine Rocha, coordenadora do curso técnico em Edificações, e os estudantes Alex Lino e Djanice Freitas pensaram em aplicar nas atividades dos artesãos o programa 5S, desenvolvido no Japão para otimizar a produção das fábricas e utilizado em diversos setores, como a construção civil. “São práticas que podem melhorar a produtividade e qualidade de vida dos artesãos, pois aprendem a organizar melhor o local de trabalho, evitando desperdício de material e tempo e reduzindo o estresse e riscos de acidente”, explica Elaine. Cinco sensos compõem o programa: utilização, para descartar o inútil; ordenação, colocando tudo no lugar certo; limpeza, mantendo o ambiente agradável; saúde, focando no bem-estar ao trabalhar; e autodisciplina, para realizar tarefas cotidianas e manter esforços do 5S. Para facilitar a divulgação dessas ideias, foi criada uma cartilha em forma de literatura de cordel. Alex e Djanice adaptaram as ilustrações e textos após pesquisas sobre o 5S, sobre o cordel e também com os ar-
ne destaca que os artistas tiveram grande interesse pelas orientações. “Quando viam um aluno fardado, já sabiam que a gente trazia algo novo em benefício deles. Se queixam que não recebem informações, por isso têm muitas dúvidas e gostam de perguntar”, conta. Com problemas nos dedos por causa do trabalho que realiza há 12 anos, a artesã Kátia Iris diz que agora ficou mais consciente dos riscos e faz alongamentos e pausas para relaxar. “É muito bom ter alguém orientando nossa saúde. A gente precisa mesmo, pois essas dores e problemas são comuns, já que repetimos sempre os mesmos movimentos”, relata. A ideia das professoras e dos alunos bolsistas do Pibex é ampliar os projetos, com ações para auxiliar os artesãos a colocarem em
tesãos, indo de ateliê em ateliê para conhecer a realidade de trabalho. Para Nerice Otília, artesã há 34 anos, a iniciativa é muito boa e beneficia a comunidade. “Nosso trabalho é bagunçado mesmo. É importante sempre jogar fora o que não presta mais e deixar organizado pra facilitar. Aqui já é bem arrumado, até elogiaram!”, diz. Como trabalham em suas casas, os artesãos não têm horários fixos e a maioria trabalha mais de 12 horas por dia. “Querem produzir mais e acabam não ligando para a saúde. Enquanto ordenação é o senso do 5S mais utilizado, pois costumam organizar as ferramentas e materiais, o senso de saúde é o que mais deixam de lado”, constata o estudante Alex. É aí que entra outro projeto do Campus Caruaru, para promover a saúde no trabalho. A professora Janine Arruda, coordenadora do curso técnico em Segurança do Trabalho, e a estudante Daiane Rodrigues visitaram os ateliês e constataram que o principal problema é a ergonomia, ou seja, a adaptação do ambiente de trabalho às características de cada indivíduo, já que trabalham com cadeiras, mesas e iluminação em condições precárias. Os artesãos reclamam muito de dores na coluna, punhos, ombros e pernas,pois permanecem em posições erradas durante longas jornadas. “Por isso fomos conscientizá-los da importância de se alongar, relaxar e fazer pausas, de trabalhar em posturas adequadas, com cadeira e bancada em altura correta e com o material próximo”, explica Janine. A estudante Daia-
prática cada “S” do programa 5S; e para diminuir problemas como a falta de equipamentos de proteção e a exposição à fumaça tóxica da queima do barro, além de treinar agentes de saúde para que a prevenção de riscos e doenças se torne permanente.
Kátia Iris é uma das artesãs que receberam orientações e hoje faz alongamentos e pausas no trabalho para evitar doenças
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Maria Denise Galvani denisegalvani@ipojuca.ifpe.edu.br
Demanda por mão de obra especializada faz Campus Ipojuca apostar em curso de Construção Naval
Uma jovem indústria Em poucos anos, os investimentos no Complexo Industrial Portuário de Suape transformaram a Região Metropolitana do Recife em polo industrial de ponta. Mas o sucesso desse projeto depende também do capital humano – área em que o IFPE faz sua contribuição, preparando os profissionais que fazem Suape crescer. A Construção Naval é uma das indústrias de maior valor agregado já instaladas em Ipojuca. Novidade na região, o setor aos poucos encontra a necessária mão de obra especializada. “Terminou a fase de instalação e começou a fase de produção do estaleiro. No início treinamos algumas pessoas, mas nossa demanda hoje é maior por profissionais já prontos no mercado”, afirma Teresinha Silveira, diretora de Recursos Humanos da empresa VARD-Promar. Em operação desde maio de 2013 com cerca de 800 funcionários, o estaleiro deve contratar outros mil em 2014. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), cuja instalação foi concluída no final de 2009, emprega mais de 90% de seus 6 mil funcionários na área de produção. A empresa também planeja a ampliação do quadro de técnicos para atender a contratação de novos navios. “Nossa dificuldade é encontrar mão de obra com experiência, técnicos formados e com vivência no mercado. Por isso investimos tanto no programa de estágio”, afirma
Rejane Penteado, gestora de Treinamento, Desenvolvimento e Seleção do EAS. Mais de dez alunos e egressos do Campus Ipojuca integram já como profissionais a equipe dos dois estaleiros em operação no Complexo de Suape, com quem o Campus também mantém convênios de estágio. A parceria com os estaleiros viabilizou ainda a organização de aulas e visitas técnicas e a doação de equipamentos ao IFPE. Nova era - Tudo indica que o momento é promissor para a indústria de construção e reparação naval em todo o Brasil. Em Ipojuca, além dos dois estaleiros em operação, as obras de um terceiro foram confirmadas no ano passado. Ibsen Danilo da Silva tinha acabado de sair do Ensino Médio quando entrou na primeira turma do curso de Construção Naval do IFPE, em 2011. “Eu sabia que era um mercado promissor, ouvia falar muito dessa área”, ele lembra. Depois de um ano de estágio, aos 20 anos, ele foi efetivado no Atlântico Sul. Passou pela área de Engenharia e há três meses foi destacado para atuar diretamente na fabricação de painéis de navios. “As cadeiras de desenho técnico, teoria do navio e nomenclatura foram essenciais. É ótimo ter o certificado, também, e sair do Instituto já com registro no CREA (Conselho
Ibsen Danilo da Silva da primeira turma de Construção Naval do IFPE, hoje trabalha no Atlântico Sul
Regional de Engenharia e Agronomia)”, diz Ibsen. O setor desperta também o interesse de profissionais experientes por mais especialização. “Desde que entrei, me aconselharam a buscar formação na área. O curso técnico no IFPE vai ajudar em meu plano de carreira”, conta Daniel Marques dos Anjos Filho, que entrou no Estaleiro Atlântico Sul (EAS) há cinco anos, ainda no início das obras, como ajudante industrial. Técnico em Mecânica, ele decidiu prestar o Vestibular do IFPE junto com a filha; foi aprovado e começa o curso de Construção Naval no meio do ano, na segunda entrada. Também os egressos dos demais cursos oferecidos no Campus Ipojuca encontram boas perspectivas na indústria naval. Rodrigo José Gomes, formado em 2012 em Automação Industrial, passou de estagiário a técnico em edificação
do EAS. “O curso de automação dá uma visão multidisciplinar, que é necessária em grandes empreendimentos como o de um estaleiro”, explica Rodrigo. Ele trabalha no escritório de produção e já se envolveu em projetos diferentes: “Trabalhei com inspeção de automação de soldagem, com a implantação de mini-robôs, o que foi muito interessante. Hoje, estou elaborando planos de içamento dos blocos dos navios”. Iranita Costa Serafim, formada em 2010 no curso de Segurança do Trabalho, completa em breve quatro anos no EAS. Suas atribuições envolvem a inspeção de máquinas e andaimes e o monitoramento do uso dos equipamentos de segurança. “No estaleiro tem muitas atividades diferentes, por isso usamos o conteúdo de várias das cadeiras do IFPE”, ela diz. Iranita também não parou de investir em qualificação: começou a faculdade em Ad-
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Da esquerda para a direita: os egressos José Clênio, Guilherme, Flavio e Andelly são assistentes de Planejamento no Promar
ministração, e pensa no futuro se concentrar nos aspectos ligados à gestão da área de segurança. “Os técnicos desempenham um papel importante de ligação: são a interface dos gestores do estaleiro com a área de produção”, afirma Rejane Penteado. “O técnico tem uma capacidade de análise elevada, é capaz de operar equipamentos de maior complexidade, pode avaliar indicadores e pensar soluções para os problemas que surgem na rotina da produção”. Segundo Rejane, em certas áreas um técnico experiente pode chegar a ganhar tanto quanto um engenheiro sênior, tão fundamental é seu trabalho.
Thayane Andelly Felipe também é da primeira turma de Construção Naval do Campus Ipojuca, formada em janeiro de 2013. Passou em mais de uma seleção e escolheu estagiar no VARD-Promar. Há seis meses, Andelly é assistente de planejamento e trabalha com delineamento e marcação de painéis navais. “Fazer o técnico em Construção Naval foi a melhor escolha da minha vida, estou apaixonada pela área”, diz. Da turma seguinte, Guilherme Gonçalves e Flávio Pinto seguiram caminho parecido com o de Andelly: entraram como estagiários e foram efetivados antes mesmo de
Técnicos de outras áreas também encontraram boas perspectivas na Construção Naval e hoje têm as instalações como seu ambiente de trabalho
concluir os seis meses do contrato. A eles se juntou mais um colega, José Clênio Tenório dos Santos, que começou no Promar como operador de solda e hoje trabalha com planejamento. “Meu interesse era chegar mais perto da área de Engenharia, por isso falei do meu curso no IFPE e pedi ao RH para participar da seleção para estagiário”, ele conta. O resultado foi melhor do que o esperado: José Clênio passou na seleção e foi convidado a começar no novo setor já como técnico em Construção Naval. Contratado para construir oito navios gaseiros da Petrobras, o estaleiro ampliou sua carteira de
obras com a encomenda de dois navios PLSV (Pipe Laying Support Vessel) para 2014. “São navios de tecnologia mais complexa, que vão exigir ainda mais conhecimento técnico”, afirma Teresinha Silveira, do Promar. Ela vê nos técnicos um grande potencial para exercer funções de liderança na operacionalização da indústria naval: “As áreas de produção tem um líder, ou contramestre, para cada dez funcionários. O ideal é que esses líderes tenham formação sólida”, afirma. “A época é de muitas oportunidades para todos”.
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Cursos
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Carol Falcão carolfalcao@recife.ifpe.edu.br
Entre os mais concorridos
Fotos: Jeiesell Augusto
Cursos do IFPE Campus Recife ocupam o ranking dos mais procurados no SiSU 2014
Radiologia tem duração mínima de três anos e prepara profissional para execução de técnicas radiológicas
Demanda crescente de obras no Estado é apontada como um dos motivos da alta concorrência para Engenharia de Produção Civil
Engenharia da Produção Civil do IFPE Campus Recife é o terceiro curso de Engenharia mais procurado do Sistema de Seleção Unificada (SiSU 2014), do Ministério da Educação (MEC), por meio do qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. A procura não espanta o coordenador do curso, Ronaldo Faustino: “Estamos com um mercado muito aquecido para a área: há uma quantidade muito grande de investimentos em obras estruturantes, como estradas e aeroportos, por exemplo, o que está requerendo cada vez mais profissionais qualificados, sobretudo aqui em Pernambuco”. Além da demanda crescente, Faustino explica também que o curso do Campus Recife possui
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE). Esses profissionais podem atuar em qualquer área da Construção Civil ou até mesmo seguir carreira acadêmica. Radiologia – Outro curso do IFPE que teve desempenho de destaque no ranking do SiSU 2014 foi Radiologia, também do Campus Recife, que ocupou a 33ª posição na concorrência geral em nível nacional. O curso Tecnológico, com duração mínima de três anos, ofereceu 36 vagas no Sistema para início no segundo semestre deste ano. Radiologia prepara o profissional para executar técnicas radiológicas e para gerenciar serviços e procedimentos desta área, atuando conforme as normas de biossegurança e radioproteção.
um aspecto muito voltado para a produção e administração de processos como planejamento e orçamento. Quem conseguir uma das 40 vagas disponibilizadas anualmente vai se deparar com um curso de carga pesada: são 85 disciplinas, entre obrigatórias e eletivas, além do trabalho de conclusão. O curso, criado em 2008, começa a passar por algumas modificações ainda em 2014, para enxugar a quantidade de disciplinas (reduzi-las para um total de 60) e garantir que mais estudantes concluam o bacharelado no tempo hábil. “Temos a previsão de formarmos cerca de 10 novos engenheiros ainda este ano”, prevê Faustino. Mesmo com uma nomenclatura diferente, o curso forma engenheiros civis reconhecidos pelo
Engenharia da Produção Civil 3º curso das Engenharias mais procurado no Brasil * * O primeiro é Engenharia Civil do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e o segundo, Engenharia Civil da Universidade Federal do Tocantins 35º curso mais procurado no ranking nacional do SiSU 2014 Oferece 40 vagas anuais, numa única entrada Criado em 2008
Radiologia
2º curso de Radiologia mais concorrido do país * * A primeira posição ficou com Radiologia da Universidade Federal de São Paulo 33º curso mais concorrido no ranking nacional do SiSU 2014 Ofertou 36 vagas para entrada no segundo semestre Criado em 2002, no Campus Recife
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Especial
Erika Targino erika.targino@garanhuns.ifpe.edu.br
Colhendo os frutos Os esforços em ofertar uma educação pública de qualidade têm contribuído com a aprovação dos egressos dos Campus Garanhuns em vestibulares, concursos e pós-graduações Qual o sonho de um estudante ao ingressar no IFPE? A grande maioria almeja se qualificar para conseguir um lugar ao sol no mercado de trabalho. Crescer profissionalmente foi o que levou Alan Ferreira do Nascimento a cursar Eletroeletrônica no IFPE-Campus Garanhuns. Logo após o término do curso comemorou não apenas o fim de mais um ciclo de sua vida, mas também a aprovação em primeiro lugar para Técnico de Laboratório de Eletroeletrônica no concurso público da instituição que o formou. Para Alan, voltar para o IFPE como servidor, além de ser uma realização pessoal, é fruto da qualidade do ensino ofertado pela instituição. “Hoje vejo como valeu a pena minha decisão de ingressar no IFPE; agora como profissional atuarei numa instituição de qualidade, trabalhando na área que escolhi, estou muito satisfeito”. Além do ensino de excelência, outro fator apontado por Alan merece destaque: o envolvimento dos docentes com o crescimento acadêmico do alunado chamou a atenção dele. “Tenho meus professores como grandes incentivadores do meu sucesso, pois aqui temos muito contato com eles, que são bem preparados e fazem questão de manter uma relação de muita proximidade com a gente”, ressalta. Segundo colocado no Concurso do IFPE 2013 para o mesmo cargo, Patrick Everton Rodrigues Florêncio tem uma trajetória bem parecida com a de Alan. Além de ser formado em Eletroeletrônica pelo Campus Garanhuns, também vivenciou suas primeiras experiên-
fotos: Érika Targino
Da esquerda para a direita: Alan acredita que a dedicação dos professores foi imprescindível para a aprovação em 1º lugar ; Sylwerton buscou o IFPE para superar limitações educacionais e conseguir a tão sonhada vaga em Engenharia Mecânica, e para Patrick sua aprovação é fruto das experiências vividas no IFPE
cias profissionais no IFPE ainda como estagiário. “Aproveitei ao máximo todas as oportunidades que o Instituto pôde me proporcionar: estagiei, fui monitor de disciplina, participei de congressos apresentando trabalhos e acho que tudo isso contribuiu para a minha aprovação”, analisa. Ensino de qualidade, professores comprometidos, boa estrutura de salas de aula e laboratórios. Todos estes fatores foram citados pelos entrevistados como pontos positivos em suas formações, permitindo a colheita de bons frutos profissionais. Destaque ainda no Concurso IFPE para Camila Américo Paulino, também egressa do Campus Garanhuns, que alcançou a terceira colocação para o cargo de Técnico de Laboratório de Eletroeletrônica, sendo convocada para o Campus Pesqueira.
Novato veterano – O estudante Sylwerton Miguel Laurindo dos Santos, mesmo já tendo feito o ensino médio em escolas da rede estadual, cursou-o novamente no IFPE por acreditar que a base educacional que tinha não permitiria sua aprovação em vestibulares. “Entrei no Integrado por acaso, sem saber que teria de fazer novamente o ensino médio, mas vejo que foi graças a este reforço que consegui”. Silwerton foi aprovado no Vestibular IFPE 2014 em sétimo lugar, entre os cotistas, para o Bacharelado em Engenharia Mecânica no Campus Caruaru. Além das conquistas de Alan, Patrick, Camila e Sylwerton, destaque ainda para a aprovação de Anderson Mendes no mestrado em Informática na Universidade Federal de Pernambuco, e de Raul Pontes no processo seletivo para
Técnico do SEBRAE. Para o diretor-geral do Campus Garanhuns, José Carlos de Sá Júnior, “é muito gratificante ver que nossos esforços foram transformados em realizações”, diz.
Aposte na sua carreira Dicas para concurseiros de primeira viagem: 1 - Escolha a carreira 2 -Tenha o hábito de manter-se bem informado 3 - Faça um cronograma de estudos 4 - Fuja de expectativas negativas sobre as disciplinas 5 - Estabeleça mecanismos de controle de ansiedade 6 - Não se disperse navegando na internet 7 - Resolva provas anteriores 8 - Frequente cursos específicos para concurseiros 9 - Tenha critério na escolha do material de estudos 10 - Coragem e disciplina
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Hugo Peixoto hugo.peixoto@vitoria.ifpe.edu.br
O que é preciso além do verde Projeto desenvolvido pelo Campus Vitória acredita que Educação Ambiental é o segredo para o reflorestamento dar certo
Espécies nativas da Mata Atlântica já são produzidas e o plantio começará em breve
Apesar de serem gestos comuns, bonitos e bastante simbólicos, distribuir mudas e plantar árvores não são suficientes para que se tenha sucesso em um processo de reflorestamento. É preciso cuidar. Por isso, o projeto Recuperação de matas ciliares e ambientes degradados por meio de transferência de tecnologias sustentáveis – desenvolvido pelo Campus Vitória de Santo Antão em cooperação com o Ministério do meio Ambiente – aposta na Educação Ambiental e na participação das comunidades rurais para que o verde volte a predominar às margens dos rios que cortam a cidade. Lançado há cerca de um ano, o projeto, que foi destaque da edição nº 52 deste Acontece, tem o objetivo de recuperar áreas degradadas através da plantação de 200 mil árvores de espécies nativas e continua em plena atividade, atuando, sobretudo, na formação do público-alvo. Durante todo ano de 2013, a equipe levou as oficinas de apresentação do projeto e sensibi-
lização dos agricultores para 20 comunidades; além disso, realizou o diagnóstico socioeconômico desses locais. No final do ano passado, a segunda fase de oficinas foi iniciada, em parceria com a unidade de Vitória de Santo Antão do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Os primeiros agricultores a serem capacitados nesta nova etapa foram os de Boa Sorte, em um encontro no Campus, realizado no mês de dezembro. O curso, denominado “Capacitação em Meio Ambiente” é ofertado em parceria com os alunos do curso técnico de Meio Ambiente do Senac – Vitória e tem carga-horária total de quatro horas. Os participantes recebem orientações sobre o Novo Código Florestal, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e ainda sobre o Cadastro Ambiental Rural, ou CAR, em que todas as propriedades rurais do país terão que se cadastrar eletronicamente, com informações sobre localização do imóvel, presença de vegetação na-
tiva, produção consolidada, reserva legal e Áreas de Preservação Permanente. “Nós não substituímos os órgãos de extensão rural para o cadastro das propriedades, o que nós fazemos é prestar todos os esclarecimentos para que os agricultores possam conhecer essa necessidade e cobrar dos órgãos esse cadastramento, que é obrigatório”, ressalta o coordenador técnico do projeto, Alisson Rocha. Esse diferencial, com foco na formação, também é destacado por quem participa das oficinas, como a presidente da Associação dos Agricultores de Boa Sorte, Risoneide Maria da Silva. “É uma oportunidade muito boa, pois nossa preocupação é com o futuro. Hoje já sentimos os impactos do meio ambiente, mas será muito mais difícil para nossos filhos e netos. O mais difícil é conscientizar as pessoas disso”, comentou, na ocasião, a agricultora. Passada a capacitação, a comunidade em que ela mora deverá ser uma das primeiras a receber as novas árvores.
As duas estufas onde serão produzidas as mudas a serem utilizadas no reflorestamento ficaram prontas no final do segundo semestre, e uma delas já está ocupada por cerca de três mil pequenas árvores de espécies nativas da Mata Atlântica, como Ingá, Ipê, Pau-Brasil, Jenipapo e Angico Vermelho. A produção, ainda em pequena escala, será ampliada à medida que o cronograma de oficinas avance. “Não adianta produzirmos uma grande quantidade de mudas agora e elas passarem do tempo correto para o plantio nas comunidades. Essa etapa acontecerá quando os agricultores estiverem capacitados e os locais prontos para receber as mudas”, explica Alisson Rocha, que destaca: “Não é uma simples doação de mudas, nós damos o máximo de capacitação técnica para que o problema não volte a acontecer naquela área e ela seja utilizada novamente como lavoura. Por isso nosso cuidado com a sensibilização”.
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Entrevista
Patricia Rocha patriciarocha@reitoria.ifpe.edu.br
Para motivar
Socorro Moreira está à frente da área de Gestão de Pessoas do Instituto e planeja ações para motivar e qualificar servidores
As Instituições e organizações têm procurado cada vez mais valorizar o capital humano, dando o suporte para que as pessoas cultivem novas aptidões e aperfeiçoem características que já possuem. No setor público não é diferente. Ações de estímulo profissional são essenciais para que os servidores tenham oportunidades de progressão e deem o seu melhor, gerando resultados positivos não só para si próprios, mas, sobretudo, para a Instituição. Pensando nisso, a área de gestão de pessoas do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) vem desenvolvendo ações de gerenciamento, planejamento e incentivo com o intuito de motivar servidores a se sentirem peça importante na Instituição. Se isto acontecer, seguramente terão um melhor desempenho nas suas funções. Nessa entrevista, a diretora de Gestão de Pessoas do Instituto, Socorro Moreira, explica quais as práticas que vêm sendo exercitadas no IFPE para se criar e manter esse ambiente profissional positivo, abordando também o que tem sido planejado para incrementar a qualidade de vida e a qualificação profissional dos servidores. Como a área de gestão de pessoas avalia a qualidade de vida e
motivação dos servidores e colaboradores no IFPE? Em 2012 foi iniciado o Projeto de Qualidade de Vida no Trabalho; os servidores da DGPE Saulo Medeiros e Marília Rique foram a todos os campi realizar palestras sobre Qualidade de Vida e aplicar um questionário com os servidores presentes a fim de coletar subsídios para a elaboração do Projeto QVT, respeitando as especificidades dos campi. A partir da compilação desses dados começamos a desenvolver ações direcionadas à motivação dos servidores do IFPE. O que um servidor deve fazer para acompanhar suas progressões por capacitações e de que forma isso se dá? O corpo docente deve fazer o acompanhamento junto às CPPDs dos campi, e os docentes da Reitoria junto `a CPPD da Reitoria; tal atribuição foi definida a partir da lei 12.772/2012. Em dezembro de 2012 foi disponibilizado a todos os docentes o histórico funcional relativo às suas progressões funcionais, bem como as futuras progressões considerando o interstício fixado na referida legislação. Com relação aos técnicos, o acompanhamento deve ser feito junto às CGPEs dos campi; e
Conheça as ações e programas que a Diretoria de Gestão de Pessoas (DGPE) vem realizando para estimular a motivação e o crescimento profissional de servidores
os técnicos da Reitoria, junto à DGPE. Começando um novo ano, muitos servidores pensam em retomar estudos e se especializar em suas carreiras. Quais as ações que a instituição está desenvolvendo para incentivar a qualificação profissional do seu quadro de pessoal? Temos algumas ações sendo desenvolvidas, dentre elas podemos citar: - O Plano de Capacitação biênio 2014/2015, que já foi aprovado pela Magnífica Reitora. O mesmo foi desenvolvido através de pesquisa feita em todos os campi e na Reitoria através das CGPEs e DGPE. Levantamos as demandas de cursos de cada servidor levando em consideração as atribuições no cargo e no setor, algo inédito na Instituição, uma vez que perguntamos ao servidor qual(is) curso(s) ele gostaria de realizar. No momento, estamos correndo atrás de parcerias para ofertar os cursos. - Outra ação que já está na Procuradoria Jurídica para ser analisada é a possibilidade de realizarmos convênios com instituições de ensino no intuito de conseguirmos desconto para nossos servidores cursarem a graduação. - Um ponto importante a ser destacado são os primeiros Mestrado e Doutorado a serem ofertados para os nossos servidores, totalmente financiado pelo IFPE, especificamente pela Reitoria. Este fato é interessante, pois a maioria dos IFs financia no máximo até
50%, mas a reitora fez questão de que fosse financiado totalmente pelo IFPE. Teremos 20 vagas para mestrado e 15 para doutorado. O processo licitatório será iniciado ainda esse mês. E em relação a programas de qualidade de vida para o servidor, o que se pode esperar para 2014? É importante ressaltar que todas as ações citadas foram fruto da pesquisa realizada com os servidores no ano de 2012 através do questionário referente à Qualidade de Vida, logo, acreditamos que todas elas estão inseridas no programa de qualidade de vida. Além das ações citadas, pretendemos iniciar esse ano os jogos intercampi, pois compreendemos que também se faz necessário cuidar da saúde física. Dessa forma, promoveremos treinos em várias modalidades e posteriormente um campeonato entre os times formados nos campi. Também iniciaremos neste semestre os exames periódicos, exames específicos na prevenção da saúde do servidor. Estamos desenvolvendo também um Programa de Integração para os novos servidores e pretendemos iniciar um Programa para Aposentadoria. Além disso, sempre tentamos celebrar datas comemorativas (Dia das Mães, São João, Agosto para Homens, Dia do Servidor Público, Dia da Secretária, dentre outros) em parceria com a Proext.
ifpeacontece
Leitor Pauteiro
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#57fevereiro2014
Mayara Santos ascom@belojardim.ifpe.edu.br
Unindo os saberes Incentivar ações que valorizem o saber popular, atrelando-o ao saber acadêmico, para assim desenvolver uma forma de aprendizado mais democrática e despertar nos mais jovens o interesse de procurar nas gerações anteriores uma fonte para o conhecimento, através de suas memórias, experiências, crenças e costumes. Esses foram pontos trabalhados no projeto de extensão “Flora Útil de áreas de agreste: Um resgate do uso e conhecimento a partir da memória de idosos”, desenvolvido no Campus Belo Jardim. Coordenado pela professora de biologia Lucilene Santos, com a colaboração da professora de geografia Maelda Lacerda, e a participação voluntária dos estudantes Calebe Ribeiro, Fellipe Almeida, Luana Cândido e Vicente Azevedo, dos cursos de agroindústria e informática, o projeto surgiu com o objetivo de resgatar a história de plantas do agreste pernambucano através do saber popular, utilizando-se do relato de idosos da região. Visitando semanalmente o Centro de Convivência dos Idosos de Belo Jardim (CCI), os estudantes puderam se socializar com o público-alvo para dar início às atividades do projeto. Para melhor apreensão e organização dos conteúdos, foram realizadas as seguintes etapas: caracterização das áreas, entrevistas semi-estruturadas, checklist entrevista, mapas mentais e caderno educativo. Na primeira etapa, os idosos descreviam detalhadamente as áreas do agreste pernambucano, com ênfase no município de Belo Jardim. A segunda consistia em obter informações sócio-econômicas ge-
Projeto tenta conservar e valorizar o conhecimento e a memória de pessoas da teceira idade em Belo Jardim
Professoras e estudantes se socializam com assistidos pelo Centro de Convivência dos Idosos de Belo Jardim (CCI) para realizar as atividades do projeto
rais e informações sobre quais são as plantas úteis da região, com que finalidade eles as utilizavam, podendo ser medicinais, madeireiras, forrageiras, alimentícias, dentre outras utilidades. Sendo adotado também o método checklist entrevista, pôde haver uma confirmação das informações adquiridas durante a etapa anterior, uma vez que foram apresentados estímulos visuais que contribuíam para a veracidade das informações. Essa etapa funcionou da seguinte forma: um álbum foi montado com
fotos retiradas de arquivos pessoais, materiais publicados, como livros, artigos e páginas da internet com divulgações científicas, e essas imagens eram mostradas aos idosos para eles confirmarem se as plantas que haviam sido mencionadas ao longo das entrevistas eram as mesmas das fotografias. Posteriormente, mapas mentais foram elaborados, nos quais os idosos desenhavam os lugares que haviam informado, transpondo para o papel características de tais espaços. Por fim, o caderno educativo, que
se encontra em fase de produção, servirá como um registro das informações adquiridas durante todas essas atividades. A iniciativa de desenvolver tal projeto, vinculado ao público da terceira idade, além de contribuir de forma muito rica para o aprendizado, teve sobretudo uma responsabilidade social, atendendo ao capítulo V do Estatuto do Idoso, que prevê a transmissão de conhecimentos e vivências para as demais gerações, no sentido de preservação da memória e das identidades culturais, viabilizando, desse modo, o cumprimento de formas eficazes de convívio, ocupação e participação, sobretudo dos mais jovens com os idosos. Como conclusão do que foi apreendido ao longo dos meses, um seminário expondo os resultados foi apresentado, complementado por palestras e um documentário que focavam na pessoa idosa, os quais foram assistidos pelo público-alvo que colaborou ao longo do projeto. “Observamos durante as atividades realizadas com os idosos um profundo grau de satisfação dos mesmos ao perceberem que estavam sendo valorizados e inseridos num projeto educativo que reconhecia o quanto as suas experiências de vida são extremamente valiosas”, concluiu a professora Maelda Lacerda. Devido ao resultado positivo do projeto, surgiu a pretensão de dar continuidade a atividades que tenham a contribuição de idosos. A ideia ainda se encontra em fase de amadurecimento, mas pretende ser composta por registros de aspectos culturais a partir da narrativa dos mesmos.