1001 Dias que Abalaram o Mundo parte 3

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Si

O vento divino derrota os mongóis Um violento tufão salva o Japão do invasor mongol Kublai Khan.

Desde o início d o século XIII, os mongóis haviam passa-

Khan voltou ao J a p ã o e m 1281 c o m cerca d e 150 mil

d o d e uma tribo sem importância a líderes d o maior

soldados. Ele derrotou os defensores samurais e r u -

império terrestre da História. E m 1264, Kublai Khan c a p -

m o u para Takashima, n o sul. U m ex-imperador j a p o -

turou Beijing para assegurar o controle d o norte da Chi-

nês foi a u m santuário xintoísta rezar por vitória. Na

11, i, e c o m b a t e u os membros remanescentes da dinastia

noite seguinte, u m violento tufão afundou quatro mil

Sung no sul. 0 imperador japonês HojoTokimune, alia-

navios mongóis e afogou u m número estimado e m

(Io dos Sung, era o alvo seguinte d e Kublai Khan. E m n o v e m b r o d e 1274, uma frota d e invasão m o n g o l zarpou da Coréia e aportou na baía d e Haka-

100 mil h o m e n s . A c h a d o s arqueológicos

sugerem

q u e os navios d e f u n d o chato eram para uso fluvial e incapazes d e resistir a tempestades n o mar.

ta, na ilha d e Kyushu, derrotando u m exército samurai

A s e g u n d a derrota pôs fim às aspirações m o n -

japonês reunido para enfrentá-la. Mas os soldados

góis d e expansão e foi celebrada no J a p ã o c o m o re-

voltaram às embarcações, q u e foram dispersadas por

sultado d e u m kami kaze ("vento divino"). Essa idéia

i ima súbita t e m p e s t a d e - 200 navios e 15 mil h o m e n s

d e proteção divina à n a ç ã o perdurou até a S e g u n d a

p o d e m ter sido perdidos e m uma única noite. A p ó s

Guerra Mundial, q u a n d o o conceito d e kami kaze foi

completar a destruição dos S u n g e m 1279, Kublai

ressuscitado e m circunstâncias b e m diferentes. P F


Revolta das Vésperas Sicilianas Os sinos de vésperas anunciam a rebelião e dão início a uma guerra.

O

U m q u a d r o d o final d o s é c u l o X I X , p o r E r u l o Eruli, m o s t r a a revolta e m u m a igreja n o s a r r e d o r e s d e P a l e r m o n o h o r á r i o d e v é s p e r a s .

Na Páscoa d e 1282, os habitantes d e Palermo esta-

i n c e n d i a d a n o p o r t o d e Messina. A rebelião, q u e

v a m c e l e b r a n d o u m festival fora dos muros da cida-

passou a ser conhecida c o m o as Vésperas Si< ili,in.i\,

de. Os franceses, q u e na é p o c a o c u p a v a m a Sicília

transformou-se e m guerra q u a n d o os sicilianos o f e -

e m n o m e d o rei a n g e v i n o Carlos I, d e s p a c h a r a m sol-

receram o trono da Sicília a P e d r o III, rei d e Aragâo.

d a d o s para verificar se o festival não representava

P o r é m , e m resposta à rebelião, Carlos I m a n d o u i n n,i

n e n h u m a a m e a ç a . Relatos a l e g a m q u e os franceses

lorça d e s e m b a r c a r e m Messina e sitiar a c idade Ma ,

trataram os sicilianos c o m violência e, sob o pretexto

o exército d e Carlos foi a t a c a d o pelas forças ,n.i< je >r n •

d e procurar armas, agrediram as mulheres. Revolta-

sas d e P e d r o e logo a b a n d o n o u a Sicília.

dos, os sicilianos c o m e ç a r a m a se rebelar. Nessa hora, os sinos d e vésperas puseram-se a

1

Durante os 20 anos seguintes, as Véspera'. >n lllanas prosseguiram Mediterrâneo afora entre, d e u m lado, os

tocar por toda Palermo, c o m o se estivessem c o n c l a -

reis angevinos da França, seus parentes e o papa, e, d o

m a n d o os sicilianos à rebelião. A notícia d o levante

outro, os reis d e Aragão. O conflito c h e g o u a o In11 e m

se espalhou pela Sicília e este l o g o se transformou

1302 c o m o Tratado d e Caltabellotta, q u e dividiu o reli i< >

e m u m a insurreição e m g r a n d e escala na qual milha-

da Sicília entre a ilha da Sicília e o sul da Itália, mais t a i d e

res d e franceses f o r a m massacrados e a frota cruzada

c o n h e c i d o c o m o reino d e Nápoles. T B


Histórias de um viajante O popular relato das viagens de Marco Polo revela um mundo novo aos europeus.

O

Relato d e M a r c o Polo s o b r e o m a p a da Ásia, g r a v a d o p o r J e n k i n s o n e m

1562 e h o j e na B i b l i o t e c a Britânica d e L o n d r e s .

Três anos d e p o i s d e o mercador e viajante v e n e z i a n o

Khan, na atual Beijing, e sido enviado por ele e m diversas

Marco Polo (1254-1324) voltar à Europa d e uma via-

missões diplomáticas por Catai (China), chegando até a

I |em d e 25 anos pela Ásia, sua galé d e guerra foi c a p -

Birmânia, a Indochina e o sul da índia. Marco descrevia a

turada pelos g e n o v e s e s e ele foi j o g a d o na prisão.

vida na corte e nas cidades e países q u e visitara.

Ali, c o m e ç o u a ditar as maravilhosas m e m ó r i a s d e

Durante centenas d e anos - até viajantes europeus

Mias g r a n d e s aventuras para outro prisioneiro, Rusti-

c o m e ç a r e m a se aventurar pela Ásia nos séculos XVIII e

c hello, u m escritor d e romances. As viagens

de

Polo (conhecidas e m italiano c o m o // milione)

Marco

XIX -, seu relato foi a mais importante fonte ocidental

torna-

d e informações sobre o Extremo Oriente. Cristóvão C o -

ram-se u m sucesso d e vendas. O livro foi traduzido

lombo usou suas informações geográficas para plane-

e m mais d e uma dúzia d e idiomas e m uma é p o c a

jar a viagem d e descobrimento d e 1492. Algumas pes-

e m q u e a imprensa ainda não era conhecida, d e m o d o

soas questionavam se Marco Polo havia d e fato viajado

i |ue cada exemplar precisava ser c o p i a d o à mão.

até a China - ele poderia ter coletado as informações

Por que todo esse afã? A resposta é simples: Marco

c o m mercadores árabes ao longo da Rota da Seda -,

Polo contava uma história incrível. Ele dizia ter viajado

mas não pairam dúvidas sobre a e n o r m e influência que

pela Ásia Central até a corte d o grande mongol Kublai

seu livro teve na imaginação européia medieval. S K


"A liberdade está em cada golpe!" A execução de William Wallace em Londres faz dele uma lenda escocesa.

O

D e t a l h e d o Retrato de sir William

Wallace,

E s c o l a E s c o c e s a , c. 1870.

A turba nada sabia sobre o escocês q u e foi arrastado

da p e q u e n a nobreza d e Ayrshire, Wallace se rei USI

nu pelas ruas e m 23 d e agosto d e 1305 a não ser q u e

va a aceitar q u e Eduardo "Pernas Compridas" hoi

sua morte seria u m b o m divertimento. Uma corda foi

vesse conquistado os escoceses e m 12<)í> r

passada e m volta d e seu pescoço, o q u e significava

u m exército q u e o b t e v e u m a famosa vitória na p o n l

num

uma estrangulação lenta, mas o experiente carrasco

Stirling e m 11 d e setembro d e 1297, m a t a n d o mais d

cortou a corda antes d e a vítima morrer. Então, e m

c i n c o mil h o m e n s . U m exército d e c a m p o n e s e s sei

meio aos vivas da multidão ensandecida, cortou fora

cavalos havia derrotado os poderosos ingleses. I < li

seus genitais e abriu u m talho e m seu peito, arrancan-

ardo a c a b o u c a p t u r a n d o W a l l a c e e m 1305 e este li

d o o coração e outros órgãos. A cabeça foi cortada,

levado a j u l g a m e n t o e m W e s t m i n t e r Hall. Ele s e i li

mergulhada e m piche, para retardar a putrefação, e

clarou culpado d e todas as acusações, exceto a < l< > 11,i

exibida na p o n t e d e Londres. O q u e restou d o corpo

ção. C o m o , afinal, ele poderia ser culpado d e i M Í t , , n

foi esquartejado e exibido no norte c o m o alerta.

q u a n d o sua lealdade era para c o m o rei da Escócia!

1

N ã o se sabe muito sobre Wallace, c o m exceção

Sua e x e c u ç ã o fez d e William Wallace o paiiii ii.

d o relato d e sua m o r t e e d o m o t i v o q u e levou o rei

escocês por excelência. Ele inspirou muitos o u t r o s ,

inglês Eduardo I a executá-lo. Filho d e u m m e m b r o

se rebelarem contra o inimigo inglês. R P



O papa em Avignon

0 último grão-mestre

Clemente V decide transferir a corte pontifícia para a luxuosa Avignon.

O rei Filipe IV da França provoca a gueda dos templários.

No início d o século XIV, os sectarismos e a violência e n -

A brutal execução por heresia e m frente à Catedral d e

tre aristocratas romanos rivais haviam se tornado tão

Notre-Dame d e Paris e m 19 d e março d e 1314 d e Tiago

perigosos q u e o papa Clemente V transferiu toda a cor-

d e Molay, vigésimo terceiro e último grão-mestre dos

te pontifícia para Avignon. Além disso, não devia ser

cavaleiros templários, foi injusta, mas teve utilidade p o -

muito confortável viver e m Roma, já que um incêndio

lítica. Os templários, que haviam jurado defender o

tinha destruído a antiga sé eclesiástica d o papa. A m u -

Templo d e Jerusalém, eram uma das mais poderosas

dança, e m 1309, marcou o início d o período conhecido

ordens d e cavalaria criadas a p ó s a Primeira Cruzada.

c o m o Papado d e Avignon, q u e durou até 1377.

A o r d e m possuía muitas terras e era administrada c o m o

Talvez n ã o seja uma casualidade t o d o s os sete

uma eficiente organização profissional e d e emprésti-

papas q u e moraram e m Avignon terem sido france-

mos financeiros. Q u a n d o os templários foram forçados

ses. No entanto, a França n ã o era uma nação unificada:

a sair da Síria e perderam seu propósito nas Cruzadas, sua riqueza c o m e ç o u a provocar ressentimento e inicia-

"Fico pasmo, ao me lembrar de seuspredecessores, quando vejo esses homens cobertos de ouro." Petrarca, 1340-1350

ram-se boatos d e corrupção no seio da ordem. I ilipe IV da França, muito e n d i v i d a d o c o m os templários, viu nesses boatos uma forma d e escapar d e suas dificuldades financeiras. E m 12 d e outubro d e 1307, ele o r d e n o u a prisão d e todos os templários da França, acusando-os d e atos blasfemos c o m o cuspir o u pisotear a Cruz durante seus ritos secretos d e inicia-

0 norte estava s u b m e t i d o à influência dos reis france-

ção. Muitos cavaleiros, incluindo Tiago d e Molay, c o n -

ses, enquanto o sul estava alinhado c o m os interesses

fessaram esses crimes sob tortura, e, e m b o r a p o s t e -

d o Sacro Império Romano. Foi só no p a p a d o d e Urba-

riormente t e n h a m se d e s m e n t i d o , Filipe m a n d o u

no V (1362-1370) q u e a coroa francesa passou a exercer

queimar dezenas deles na fogueira e m 1310. O rei in-

influência sobre o papado. U m atrativo a mais para a

tensificou a pressão sobre Clemente V para q u e este

corte pontifícia talvez tenha sido o fato d e a Cúria R o -

desmantelasse a o r d e m , coisa q u e o papa a c a b o u fa-

mana (a administração da Igreja) já ter se m u d a d o para

zendo, c o m relutância, e m 1312.0 último ato foi a q u e i -

Avignon e m 1305 para fugir da mesma violência q u e

ma na fogueira d e Tiago d e Molay e G o d o f r e d o d e

levou C l e m e n t e a se mudar e m 1309.

Charney, preceptor da Normandia. A m b o s morreram

Entretanto, o período e m Avignon prejudicou o

proclamando inocência, e diz-se q u e D e Molay gritou

prestígio d o papa - a corte pontifícia a d o t o u o m e s -

d o meio das chamas que o papa e o rei logo iriam e n -

m o fausto d e u m a c o r t e real, e oficiais eclesiásticos

contrá-lo perante Deus. Clemente V morreu u m mês

importantes viviam c o m o príncipes. A vida d e luxo d e

depois, e Filipe IV, antes d o fim d o m e s m o ano. S K

Urbano V enfraqueceu a autoridade da Igreja e a u m e n t o u a atração das ordens religiosas que pregavam u m retorno aos votos d e pobreza e humildade. T B

O

U m m a n u s c r i t o da Escola Francesa d o século XIV mostra T i a g o d e M o l a y s e n d o q u e i m a d o na f o g u e i r a p o r h e r e s i a .



Escoceses em triunfo

Surge a capital asteca

Roberto Bruce garante a independência da Escócia ao derrotar Eduardo II.

Uma águia com uma serpente no bico marca o local da nova cidade asteca de Tenochtitlán.

I rn 1314, os escoceses lutavam para escapar ao d o -

E m 1325, os astecas percorriam as margens do lagoTex-

mínio d o s reis da Inglaterra e eram liderados pelo

coco, no vale d o México, à procura d e u m lugar para se

temível Roberto Bruce, q u e t a m b é m combatia para

fixar. Fazia mais ou menos um século q u e eles haviam

Si • manter n o trono escocês, c o n q u i s t a d o pela força.

migrado para o vale e recebido autorização para se ins-

Bruce, e m geral, evitava c o m b a t e s predeterminados,

talar e m terras dominadas pela cidade d e Culhuacán,

mas no fim d e j u n h o , e m B a n n o c k b u r n , decidiu man-

mas u m desafortunado mal-entendido custou-lhes a

II 'i sua posição e enfrentar os soldados ingleses v e s -

sua casa: depois d e os astecas se saírem b e m e m uma

tidos c o m suas armaduras.

batalha, Coxcox, rei d e Culhuacán, dera e m casamento

Confiante d e sua superioridade militar, o rei inglês

uma das filhas ao chefe asteca. Muito gratos, os astecas

I d u a r d o II havia conduzido u m exército até a Escócia

decidiram sacrificar a moça, acreditando q u e ela seria

I >, ira enfrentar os homens d e Bruce, que sitiavam o cas-

transformada e m deusa da guerra.

"Enquanto 100 de nós seguirem vivos, jamais seremos submetidos aos ingleses."

cas convidaram-no para a cerimônia. Este c o m p a r e -

P e n s a n d o q u e isso agradaria a Coxcox, os aste-

Declaração

de Arbroath

a o p a p a , 1320

ceu e s p e r a n d o uma celebração d e c a s a m e n t o e fic o u horrorizado. Expulsos das terras d e Coxcox, os astecas encontraram u m n o v o lar e m uma ilha pantanosa perto da m a r g e m ocidental d o l a g o T e x c o c o . S e u c h e f e o r d e n o u q u e ali fosse erguida uma cidade, q u e está hoje enterrada sob a Cidade d o México.

leio d e Stirling, controlado pelos ingleses. As primeiras

Encontrar o local da construção era a realização

escaramuças e m 23 d e j u n h o revelaram imediatamente

d e uma antiga profecia s e g u n d o a qual os astecas

, i lormidável disposição dos escoceses para a luta. Bruce

construiriam uma cidade o n d e vissem uma águia s e n -

deu o exemplo a o matar o cavaleiro inglês sir Henrique

tada e m u m cacto c o m uma serpente no bico. 0 t a m a -

d e Bohun c o m u m forte golpe d e machado. No dia se-

nho reduzido da ilha não lhes permitia se expandir mui-

quinte, os escoceses formaram uma barreira impenetrá-

to, então os astecas c o m e ç a r a m a construir

v e l a u m ataque d e cavalaria. 0 trunfo d e Eduardo deve-

- ilhas artificiais feitas c o m placas d e plantas aquáticas

chinampas

ii, i m ter sido seus arqueiros, mas os cavaleiros ingleses

flutuantes. Elas se tornaram a base d e u m sistema agrí-

atacaram d e forma indisciplinada, bloqueando a linha

cola altamente produtivo, capaz d e sustentar u m a

i le tiro dos arqueiros. Muitos se empalaram nas lanças

grande p o p u l a ç ã o urbana. Isso permitiu o desenvolvi-

dos escoceses. Na confusão, Bruce lançou u m contra-

m e n t o d e uma formidável máquina d e guerra que,

i itaque q u e expulsou os ingleses d o c a m p o d e batalha.

nos 150 anos seguintes, conquistou boa parte da

Foram necessários mais 14 anos para os ingleses reconhecerem

a independência

da

Escócia,

mas

Bannockburn é considerado um momento-chaveda história escocesa. R G

América Central. J H

O

A c a p a d o Codex Tenochtitlán.

Mendoza,

retratando a fundação

de



1337 8 DE JANEIRO

Morte de Giotto Morre o grande pintor cujos inovações ajudaram a dar início ao Renascimento. Giotto di B o n d o n e ganhou fama e m sua época por fazer a pintura superar as formas tradicionais estilizadas da composição bizantina e medieval. Ao morrer, e m 8 d e janeiro d e 1337, Giotto era rico e b e m relacionado, mas há poucos indícios documentais sobre sua vida, e até hoje muitas das obras que lhe foram atribuídas perm a n e c e m objeto d e acaloradas contestações. Nascido e m u m a p e q u e n a aldeia nos arredores d e Florença e m 1260, Giotto foi aprendiz d o g r a n d e pintor florentino C i m a b u e , e m cujo ateliê adquiriu uma r e p u t a ç ã o singular por pinturas q u e apresentav a m uma semelhança i n c o m u m c o m a realidade. Durante os primeiros anos d o século XIV, pintou u m famoso ciclo d e afrescos na Capella degli Scrovegni ( t a m b é m c o n h e c i d a c o m o (.apela Arena), e m Pádua. Os p e r s o n a g e n s dessas cenas religiosas são notáveis por sua tridimensionalidade. Pintados e m estilo n a t u ralista, são retratados interagindo e gesticulando. O trabalho d e Giotto t a m b é m foi muito a d m i r a d o por sua c a p a c i d a d e d e transmitir as e m o ç õ e s h u m a n a s . Depois d e Pádua, Giotto viajou pela Itália e trabalhou e m Assis (onde diz-se q u e pintou a vida d e São Francisco na basílica da cidade, e m b o r a não haja prova disso), Florença, Roma e Nápoles. E m m e a d o s da O

O

Detalhe de u m retrato quatrocentista de Giotto atribuído a

década d e 1330, ele voltou a Florença, o n d e projetou

P a o l o U c c e l l o (1397-1475).

o campanile

A adoração

de Sáo

Francisco

(c. 1320), d e t a l h e d e u m a f r e s c o

d e G i o t t o na Basílica d e S ã o Francisco, e m Assis, Itália.

("campanário") ao lado da catedral.

Boa parte das histórias sobre a vida d e Giotto t e m por base Vidas dos pintores,

d e Giorgio Vasari,

q u e só foi escrito no início da d é c a d a d e 1500 e, por-

"Giotto traduziu a arte da pintura do grego para o latim." C e n n i n o C e n n i n i , p i n t o r , c. 1 4 0 0

tanto, se baseava e m fatos históricos. Ao morrer, Giotto foi p r o v a v e l m e n t e enterrado na Catedral d e Florença. Na d é c a d a d e 1970, alguns ossos descobertos na catedral foram identificados d e forma plausível c o m o pertencentes a Giotto. Eles revelam o e s q u e l e to d e u m h o m e m d e p o u c o mais d e 1,20 m d e altura, d e c a b e ç a g r a n d e e nariz a d u n c o . P F


1346 26 DE AGOSTO

0 triunfo do arco inglês em Crécy Arqueiros ingleses e galeses derrotam o exército francês de Filipe VI na primeira grande batalha terrestre da Guerra dos Cem Anos. Na tarde d e 26 d e agosto d e 1346, dois exércitos se c h o caram perto da aldeia d e Crécy, norte da França. O rei inglês Eduardo III havia liderado u m ataque através d o canal da Mancha para impor sua reivindicação ao trono francês. Para enfrentá-lo, o rei francês Filipe VI reunira u m exército considerável - possivelmente composto d e 30mil h o m e n s - c o n t r a os 12 mil ingleses. S e m ter c o m o evitar o embate, Eduardo assumiu posição defensiva e m cima d e u m morro e esperou a chegada dos franceses. Depois d e u m dia d e árdua caminhada sob u m c a lor opressivo, as forças d e Filipe chegaram ao c a m p o d e batalha no fim da tarde. O rei francês preconizou u m descanso até o dia seguinte, mas seus nobres exaltados insistiram para atacar imediatamente. Os balesteiros d e Filipe, mercenários genoveses, foram m a n d a d o s na frente para preparar o ataque dos cavaleiros d e armadura. Logo sucumbiram a uma chuva d e flechas dos arqueiros ingleses e galeses. Q u a n d o os genoveses recuaram, o c o n d e d'Aleçon, irmão d o rei francês, c o n d u ziu seus cavaleiros morro acima, mas o ataque foi repelido pelas flechas. A batalha se transformou e m uma violenta confusão na qual cavaleiros apeados partiam para o c o m b a t e corpo-a-corpo e os soldados d e infantaria ingleses matavam os feridos franceses. A o final d o dia, pilhas d e cadáveres franceses c o briam o c h ã o . Os mortos incluíam o c o n d e d A l e ç o n , o d u q u e d e Lorena e o c o n d e d e Flandres. A batalha marcou o triunfo d o arco inglês sobre a cavalaria m o n t a d a . Apesar da vitória, Eduardo não c h e g o u mais perto d o trono francês. R G

O

U m a i l u s t r a ç ã o d e Crônicas

de Jean

Froissart

{c. 1337-1404)

retrata a vitória d o Príncipe N e g r o na Batalha d e Crécy. O

O d e t a l h e d e u m a iluminura quatrocentista da

batalha

m o s t r a f r a n c e s e s (à e s q u e r d a ) e i n g l e s e s {à d i r e i t a ) .


A peste põe fim ao cerco

Eleições imperiais

No cerco a Kaffa, vítimas da peste negra são usadas como armas biológicas.

Carlos IV redefine a constituição do Sacro Império Romano.

Durante quase u m ano, o exército d o canato da Horda

F m 10 d e janeiro d e 1356, o imperador Carlos IV de

d e Ouro, na Ásia Central, vinha sitiando o porto d e Kaffa,

L u x e m b u r g o (que reinou entre 1346 e 1378) p r o p ô s

no mar Morto, controlado pelos genoveses. Kaffa fica-

aos príncipes alemães n o v a s regras para a eleição < lu

va e m u m a das extremidades ocidentais da Rota da

sacro i m p e r a d o r r o m a n o . Estas f o r a m p r o m u l g a d a s

Seda, eixo comercial q u e ia da Ásia à China. Seus cais e

e m u m a Bula d e O u r o - assim batizada por contei

mercados d e escravos eram muito movimentados. E m

u m selo d o u r a d o para realçar sua importância.

outubro d e 1347, os habitantes se encolheram aterrori-

Na é p o c a , quatro famílias rivais d e príncipe . ale 1

zados q u a n d o o inimigo c o m e ç o u a catapultar c a d á v e -

m ã e s (os Wittelsbach da Bavária, os Luxemburgo, os

res mortos d e peste por cima das muralhas da cidade.

W i t t e n b e r g da Saxônia e os Habsburgo) c o m p e t i a m

Eles haviam sucumbido a uma pandemia conhecida

entre si pelo controle das eleições imperiais. Sujeito a

c o m o peste negra ou morte negra, iniciada na China

c o n f i r m a ç ã o pelo papa, o c a n d i d a t o escolhido

era

c o r o a d o formalmente rei d o s romanos na Alemanha

"Nenhum sino dobrou e ninguém chorou... As pessoas diziam: 'É o fim do mundo/"

antes, t e o r i c a m e n t e , d e seguir para R o m a para ser

A g n o l o d i T u r a , A peste em Siena,

násticas q u e enfraqueciam a autoridade d o i , i n | o

c. 1349

c o r o a d o sacro imperador r o m a n o pelo papa, e m b o r a p o u c o s imperadores t e n h a m tido uma

coroaçâo

imperial completa. O objetivo d e Carlos era pôr fim às disputas dt

imperial. Ele queria fortalecer a posição da própria u m a n o antes e q u e havia se disseminado pela Ásia. A d o e n ç a se espalhou depressa. Q u a s e n i n g u é m

família n o m e a n d o sete príncipes eleitores: os arre bispos d e Mainz, Colônia e Trier, o rei da Boêmia,«>

e s c a p o u , e os m o r t o s e r a m e m p i l h a d o s c o m o lenha

c o n d e Palatino (um Wittelsbach) e os d u q u e s da S a

para o fogo. Alguns comerciantes c o n s e g u i r a m fugir

xônia e d e B r a n d e m b u r g o (a Boêmia e B r a n d e m b u i

e m navios, mas q u a n d o estes c h e g a r a m a Messina,

g o e r a m a m b o s controlados pelos Luxemburgo). Es-

na Sicília, a maioria dos tripulantes estava morta. A doença fez sua visita mortal a todas as grandes

ses príncipes elegeriam o sacro imperador r o m a n o d e m o d o q u e a eleição não pudesse ser contestai l.i

artérias comerciais da Ásia, d o Oriente M é d i o e da Euro-

As eleições aconteceriam e m Frankfurt-am M a i n ,

pa Setentrional. E m poucas semanas já havia assolado a

e o candidato q u e recebesse a maioria dos v o u is teril

Itália, e e m j u n h o d e 1348 c h e g o u à França, Espanha e

total autoridade real imediatamente, p o n d o fim assim

Inglaterra. E m 1351, cerca d e dois terços da população

ao papel d o papa. Caso os eleitores não conseguissi 'i 11

européia haviam sucumbido. Aldeias ficaram desertas,

tomar u m a decisão e m 30 dias, deveriam passar a p a o

cidades foram devastadas. Os efeitos sociais e e c o n ô m i -

e água até fazê-lo. Esse sistema, c o m o acréscimo pos

cos foram cataclísmicos. Ao longo dos 300 anos seguin-

terior da Bavária e d e Hanover a o número d e prínci| ><",

tes, a peste negra voltaria regularmente mais d e 100

eleitores, controlaria a eleição d o sacro imperai li >i n i

vezes antes d e se extinguir na década d e 1700. SK

m a n o durante os quatro séculos seguintes. SK


Dia de tragédia para a França Eduardo, o Príncipe Negro e seu exército em desvantagem numérica derrotam o rei francês. N o raiar d o dia 19 d e setembro d e 1356, a calmaria d o c a m p o francês nos arredores d e Poitiers foi interrompida pelo inesperado ataque d o exército d o rei J o ã o II. D e u m declive arborizado, os cavaleiros e arqueiros d e Eduardo, o Príncipe Negro, filho d o rei inglês Eduardo III, o b s e r v a v a m apreensivos. Eles formavam um grupo

fia

d e ataque rápido q u e estava e m grande d e s v a n t a g e m numérica e tinha feito o possível para evitar a batalha q u e agora se via obrigado a travar. Os franceses deram início a o combate c o m u m ataq u e m o n t a d o d e 300 cavaleiros. A posição inglesa era protegida por sebes e valas, o q u e obrigou os franceses a se afunilarem. Os arqueiros d e Eduardo miravam nos flancos desprotegidos dos cavalos, e logo o chão ficou coalhado d e montarias agonizantes e cavaleiros caídos. E m meio a essa carnificina, u m batalhão d e cavaleiros a p é c o m a n d a d o s pelo delfim francês d e 19 anos avançou. Q u a n d o chegaram à linha inglesa, deram início a u m corpo-a-corpo, matando muitos cavaleiros inimigos. N o entanto, q u a n d o os h o m e n s d o delfim recuaram para se reposicionar, sua aparente debandada fez o batalhão atrás deles entrar e m pânico e a b a n d o nar o c a m p o d e batalha. O rei J o ã o ainda c o m a n d o u u m terceiro batalhão, intocado pelo combate. Corajosa-

'^MJÍÊPS&B • O

*..mZ-

••••

r

mente, os ingleses assumiram a ofensiva. Eduardo orde-

?**mà

Iluminura d e u m manuscrito d o século XIV m o s t r a n d o a Batalha d e Poitiers, na q u a l os ingleses d e r r o t a r a m os cavaleiros franceses.

nou u m ataque frontal dos cavaleiros e outros c o m b a tentes, enquanto u m corpo separado d e cavaleiros rodeava para atacar os franceses por trás. J o ã o ficou cercado. Q u a n d o seus guarda-costas caíram ao seu redor,

"Com a graça de Deus, o inimigo foi vencido e o rei, aprisionado..."

o rei ferido aceitou se render.

C a r t a d e E d u a r d o , o P r í n c i p e N e g r o , 1356

guiu juntar o dinheiro necessário para libertar seu rei,

J o ã o e outros prisioneiros nobres foram levados para a Inglaterra e e l e v a d o s resgates foram c o b r a d o s por sua d e v o l u ç ã o . E m p o b r e c i d a pela guerra e assolada por revoltas c a m p o n e s a s , a França nunca c o n s e q u e morreu prisioneiro dos ingleses e m 1364. R G


A guilda dos mercadores se torna uma força poderosa A primeira assembléia da Liga Hanseática se reúne em Lübeck em 1356. Na assembléia da Hansa, e m 1356, a Liga Hanseática g a nhou pela primeira vez uma estrutura formal. Os historiadores, porém, relacionam a origem da Liga à fundação da cidade d e Lübeck, norte da Alemanha, e m 1159, depois d e a região ser capturada por Henrique, o Leão, duque da Saxônia. Ao longo dos 100 anos seguintes, Lübeck se tornou uma cidade próspera e base d e mercadores q u e atuavam nos mares Báltico e d o Norte. A Liga Hanseática passou a d o m i n a r o c o m é r c i o no Báltico e, à m e d i d a q u e suas atividades cresciam, os comerciantes foram f o r m a n d o guildas, o u hansas, para proteger seus interesses m ú t u o s e se d e f e n d e r da pirataria. Apesar d e o b t e r e m u m a organização formal a p ó s a dieta d e 1356, a Liga n u n c a se tornou uma instituição política única e unificada. As dietas se reuniam c o m regularidade, mas n e m todas as c i d a d e s m a n d a v a m representantes a cada reunião. E m vez disso, c o m o t e m p o , a Liga passou a formar uma rede d e alianças informais q u e c o m p r e e n d i a mais d e 70 c i d a d e s maiores e menores. L ü b e c k c o n t i n u o u a ser a mais i m p o r t a n t e delas, e era muitas vezes c h a mada d e Rainha da Hansa. E m 1368, o rei dinamarquês Valdemar IV tentou acabar c o m o controle da Liga sobre o comércio dos mares Báltico e d o Norte. E m u m dos encontros, os m e m b r o s da Liga Hanseática decidiram reunii um exército q u e derrotou os dinamarqueses e possibilitou a ela controlar a Dinamarca por u m curto período.

O

Ilustração quatrocentista da Carta da C i d a d e d e

Hambimn»

mostrando a importância dos portos e do comércio.

A influência da Liga atingiu seu ápice e m m e a d o s d o século XIV, mas, no século XV, desavenças regionais c o m e ç a r a m a enfraquecer os vínculos entre seus m e m b r o s . N o século XVI, a ascensão d o s h o l a n deses c o m o rivais n o c o m é r c i o e n f r a q u e c e u ainda mais a Liga e, q u a n d o o c o m é r c i o c o m o N o v o M u n d o se e x p a n d i u , ela entrou e m declínio e jamais se recuperou. A última assembléia foi e m 1669. T B

"Cada cidade dará o melhor de si para manter o mar livre de piratas..." Decretos da Liga Hanseática, Primeiro Decreto


Fundação da dinastia Ming Início do Grande Cisma O camponês Zhu Yuanzhang unifica a China sob sua dinastia "brilhante".

A eleição de dois papas divide a Igreja Católica e cinde a Europa.

A dinastia m o n g o l dos Yuan na China, estabelecida por

E m 1377, o papa Gregório X I transferiu a capital p o n

Kublai Khan, sofria c o m uma liderança degenerada e in-

tifícia d e A v i g n o n , o n d e estivera estabelecida poi 70

dulgente q u e promovia a discórdia racial, não conseguia

anos, d e volta para Roma. Q u a n d o Gregório morreu,

supervisionar seus funcionários e cobrava impostos a l -

o p o v o r o m a n o - cujas lutas internas haviam provo

tos. A necessidade d e u m novo líder conduziu ao bem-

c a d o a fuga papal d e Roma e m 1305 - saiu ir, ru.is

sucedido reinado d e Zhu Yuanzhang, iniciado e m 1368.

para exigir u m papa italiano. A escolha d o c o n c l a v c

A rebelião havia c o m e ç a d o n o final da década d e

recaiu sobre o arcebispo d e Bari, q u e a d o t o u o título

1340, q u a n d o líderes rebeldes das classes mercantis o u

d e U r b a n o V I , mas, e m p o u c o t e m p o , a maioria d o s

inferiores assumiram o controle d e cidades e se instala-

c a r d e a i s c o m e ç o u a t e r d ú v i d a s . O n o v o p a p . H sta

ram c o m o reis. A China foi dividida entre os guerreiros

se m o s t r a n d o u m disciplinador severo d e m a i s para o

rebeldes, u m dos quais, e m Anhui, n o m e o u o c a m p o -

seu gosto, e e m 20 d e s e t e m b r o d e 1378 eles e l e g e

nês Zhu Yuanzhang seu general. U m estudioso disse a Zhu q u e ele conseguiria realizar sua ambição d e c o n quistar a China contanto q u e seguisse três regras: construir muralhas resistentes nas cidades, armazenar o m á ximo possível d e cereais e demorar para adotar títulos. Em 1368, Z h u já controlava todo o sul da China, e estabeleceu o seu império Ming ("brilhante") e m N a n -

"Eles nos compeliram... pela violência e pelo medo, a eleger um italiano." Manifesto

dos cardeais

em revolta,

1378

jing, devolvendo o império à dinastia chinesa nativa dos Han. Ele batizou a si m e s m o d e imperador H o n g w u e é

ram o u t r o papa, C l e m e n t e V I I , a l e g a n d o q u e a pri

hoje considerado u m dos mais importantes imperado-

meira eleição havia ocorrido s o b pressão.

res chineses. Junto c o m Liu Bang, fundador da dinastia

Havia e n t ã o dois papas: u m b a s e a d o e m R o m a ,

Han, Z h u foi u m dos dois camponeses a alcançar esse

o u t r o e m A v i g n o n , o n d e o a n t i p a p a C l e m e n t e V I I se

posto. E m 1369, e l e j a havia expulsado os mongóis da

fixou. Essa situação sem p r e c e d e n t e s c a u s o u dam iS

China, c o m exceção d e Sichuan e Yunnan. H o n g w u reafirmou a autoridade d o sistema i m p e -

à r e p u t a ç ã o da Igreja e a o p a p a d o . C o m o seus c h e fes seculares se viram f o r ç a d o s a escolher entre dois

rial: restabeleceu u m sistema d e provas para funcioná-

p a p a s , a Europa se dividiu e m dois c a m p o s . M e s m o

rios públicos, passou a não tolerar a dissidência dos

d e p o i s da m o r t e dos dois primeiros eleitos, o (asma

estudiosos e aboliu o cargo d e ministro-chefe. S o b os

Papal c o n t i n u o u a eleger seus sucessores. E m 1 4 0 9 ,

Ming, o império alcançou seu zênite, expandindo-se

o Concilio d e Pisa, c o n v o c a d o para pôr fim à dlS| iU

para oeste e para o sul e realizando importantes e x p e -

ta, e l e g e u u m terceiro antipapa, A l e x a n d r e V ( q u e

dições navais pelo o c e a n o Índico até a África. N J

l o g o m o r r e u e foi s u c e d i d o p e l o antipapa

João

X X I I I ) , mas, c o m o os dois outros papas se r e c u s a v a m O

Retrato d o primeiro imperador da China, Z h u Yuanzhang,

a renunciar, essa tentativa d e reconciliação só l e /

hoje exibido e m Nanjing.

p r o l o n g a r o cisma. S K



O rei confronta os rebeldes Ricardo II convence os líderes da Revolta dos Camponeses a se dispersarem.

O

I l u s t r a ç ã o d u p l a m o s t r a n d o a m o r t e d e W a t T y l e r e o j o v e m r e i R i c a r d o II c o n v e r s a n d o c o m o s r e b e l d e s .

I in 15 d e j u n h o d e 1381, o rei Ricardo II, u m m e n i n o

d e presença d e espírito, o j o v e m rei dirigiu-se aos

d e 14 anos, foi se encontrar c o m os líderes da Revolta

rebeldes e convenceu-os a se dispersar.

dos C a m p o n e s e s da Inglaterra e m Smithfield. A re-

A Revolta dos Camponeses atraiu tanto artesãos

volta havia c o m e ç a d o e m Essex c o m protestos pela

urbanos quanto agricultores. Havia u m viés moral e m

< obrança d e u m imposto. À medida q u e a resistência

sua raiva, instigado pelas idéias igualitárias d o padre re-

se alastrou, g r u p o s d e rebeldes d o sul da Inglaterra

belde J o h n Bali. O clero, e m especial, era alvo da fúria da

marcharam r u m o a Londres, o n d e a t a c a r a m os bens

multidão. O descontentamento q u e conduziu à revolta

dos ricos, incluindo o palácio d e J o ã o d e Gaunt, tio

tinha sua origem nas perturbações sociais q u e se segui-

d o rei. O g o v e r n o , p e g o d e surpresa, c o m e ç o u a n e -

ram à peste negra. C o m a população muito reduzida,

gociar c o m os rebeldes, mas a violência prosseguiu

havia escassez d e mão-de-obra, e o Estatuto dos Agri-

e, e m 14 d e j u n h o , uma turba c o m a n d a d a por W a t

cultores (1351), que tentava conter os salários, era m o t i -

fyler invadiu a Torre d e Londres e d e c a p i t o u o arce-

vo d e grande ressentimento. Após a morte d e Wat Tyler

bispo d e C a n t e r b u r y e o c h e f e d o Tesouro real.

e da prisão d e outros líderes rebeldes, a rebelião se des-

Depois d e u m violento diálogo e m Smithfield, o prefeito d e Londres abateu Tyler. D e m o n s t r a n d o g r a n -

mantelou, e e m 25 d e j u n h o o primeiro grande levante popular da Inglaterra já havia terminado. S K


Vitória crucial em Aljubarrota O rei João defende o exército de Castela para preservar a independência

O

portuguesa.

U m a iluminura quatrocentista mostra J o ã o I d e Portugal derrotando J u a n d e Castela.

A Batalha d e Aljubarrota, e m 14 d e agosto d e 1385, é

acompanhado

considerada pelos portugueses a mais importante d e

seja d e espantar q u e a batalha tenha se parecido i anio

por cavaleiros franceses, talvez n a u

sua história, pois ocorreu e m u m m o m e n t o e m q u e a

c o m os embates anglo-franceses e m Crécy e Poitiers,

própria existência d e Portugal c o m o reino i n d e p e n -

N u n o Álvares Pereira, general d e J o ã o , assumiu

dente estava e m cheque. O rei português Fernando I

posição defensiva c o m cavaleiros a p é no centro c ,ir

havia morrido e m 1383, deixando a filha Beatriz c o m o

queiros nos flancos. Valas cavadas e m frente à íoim.i

única herdeira legítima. O marido d e Beatriz, rei J u a n d e

ç ã o protegiam d e um ataque d e cavalaria. Os cavalei

uma

Castela, reivindicou o direito d e anexar Portugal. M u i -

rosfrancesesatacarammesmoassim.comaconheclda

tos portugueses q u e temiam u m domínio castelhano

falta d e sucesso. Q u a n d o a noite caiu, o vento da I

apoiaram uma contra-reivindicação a o trono feita pelo

lha soprava a favor dos portugueses. 0 recuo castt'

>aia

irmão ilegítimo d e Fernando, J o ã o , mestre da O r d e m

lhano se tranformou e m d e b a n d a d a à medida qui

d e Aviz. A disputa tornou-se vinculada à Guerra dos

c a m p o n e s e s locais c o m e ç a r a m a atacar os soldados

C e m Anos: a Inglaterra apoiava João, e a França, Juan. O exército português incluía u m contingente d e s o l d a d o s i n g l e s e s . C o m o o exército c a s t e l h a n o era

e m fuga usando instrumentos agrícolas c o m o anua'. J o ã o g a n h o u a coroa portuguesa e f u n d o u a casa d e Aviz, q q e iria governar o país por quase 300 a n o v R G


Batalha de Kosovo A derrota dos sérvios pelos turcos otomanos resulta em quatro séculos de domínio turco e planta as sementes do nacionalismo sérvio que perdura até hoje. A Batalha d e Kosovo foi travada no dia d e São Vitus (28 d e junho) d e 1385 no Kosovo Polje (Campo dos Melros) entre os exércitos d o império turco otomano e m expansão comandados pelo sultão Murad I e uma coalizão d e exércitos cristãos d e vários Estados balcânicos chefiada pelo príncipe Lázaro. Os historiadores calculam q u e as forças otomanas superassem e m muito as dos sérvios. A batalha c o m e ç o u c o m uma saraivada d e flechas dos arqueiros otomanos, provocando u m avanço dos sérvios, que inicialmente superaram todos os obstáculos. Os turcos estavam desmoralizados c o m a morte d e Murad, assassinado na véspera pelo sérvio Milos Obilic, q u e conseguiu entrar no a c a m p a m e n t o o t o m a n o e apunhalou o sultão na barriga. Eles se reuniram e m torno d o sucessor d e Murad, Bajezid I, e, após u m combate violento, sua vantagem numérica suplantou os sérvios. Lázaro foi decapitado no c a m p o d e batalha. As conseqüências foram duras para os sérvios. Seu

^AfURATB |

reino foi anexado pelos otomanos, o que levou a quatro séculos d e domínio turco. Os sérvios, porém, conservaram sua cultura cristã ortodoxa. Kosovo tornou-se u m dos alicerces d o nacionalismo sérvio e seu aniversário foi celebrado ao longo dos séculos. Não por acaso, o assas-

-v*V--.-

sinato d o arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria por u m nacionalista sérvio e m 1914 (que d e u início à Primeira Guerra Mundial) ocorreu e m 28 d e junho. Kosovo se tornou a pátria espiritual dos sérvios. O conflito kosovar na década d e 1990 entre sérvios e grupos étnicos albaneses foi alimentado pelas fortes questões q u e a região havia passado a representar. N J

O

O s u l t ã o M u r a d I, c h e f e d o e x é r c i t o t u r c o - o t o m a n o , q u e f o i

O

G r a v u r a s e t e c e n t i s t a i n t i t u l a d a A Batalha

a p u n h a l a d o fatalmente na noite anterior à Batalha d e Kosovo.

Melros.

do Campo

dos


Torres de caveiras

Propaganda chinesa

Tamerlão saqueia Bagdá e massacra a população.

O almirante Zheng He começa a restabelecer o poderio naval chinês.

Timur, o Coxo (ou Tamerlão) capturou Bagdá e m 10 d e

Em I405, o almirante e u n u c o Z h e n g He zarpou d e Nai i

julho d e 1401 após u m cerco d e seis semanas. Apesar

jing à frente d e uma frota d e 62 navios c o m mais d e 27

d e uma corajosa resistência, o ataque d e Tamerlão à c i -

mil marinheiros e soldados e u m e n o r m e tesouro. A o

dade d e sete direções diferentes sobrepujou os defen-

longo dos dois anos seguintes, Z h e n g He visitou Vir 't na,

sores. Tamerlão é muitas vezes considerado o último

Sião (Tailândia), Málaca, Java, índia e Ceilão (Sri I a n k a )

grande conquistador mongol, mas, embora se dissesse

Z h e n g H e não era u m explorador e t a m p o u c o u m m a

descendente d e Gêngis Khan e fosse n ô m a d e por nas-

rinheiro, mas u m diplomata. Sua missão era u m exercí-

cimento, provavelmente; era turro e muçulmano do

cio d e hastear a bandeira para mostrar aos reinos "bár-

ponto d e vista étnico e cultural. Tornara-se emir d e Sa-

baros" d o sudoeste da Ásia e d o oceano Índico que,

marcanda e m 1361 e usara a cidade c o m o base para

de| >ois d e u m século d e o c u p a ç ã o mongol, a China cia

construir u m império d e breve duração q u e englobava

uma força a ser levada e m consideração.

"Depois de devastar uma grande cidade, em todos os seus jar-

gol (1211-1368), a economia chinesa havia sido devasta

I )urante o período da conquista e ocu| >aç,

dins ele construiu um palácio..." I b n A r a b s h a h , Tamerlão

de Timur, c. 1420

da pela queira e pelos impostos. Sob o capa/ • (• >< e i nante da primeira dinastia Ming, imperador H o n g w u (que reinou entre 1368 e 1398), a China se recuperou depressa, mas seu prestígio e influência na Ásia ha i a m sido seriamente prejudicados. O filho d e H o n g w u , Yongle (que reinou entre 1403 e 1424), colheu as

boa parte da Ásia Central, Irã, Iraque e Afeganistão. Após a queda d e Bagdá, Tamerlão ordenou a todos os soldados que voltassem trazendo pelo menos duas

11

m

pensas da política d o pai. C o m paz interna e t i m tesi iun i cheio, Yongle usou expedições militares e navais p a i a restabelecer o prestígio internacional d e seu pais.

cabeças humanas cortadas, q u e foram então empilha-

A e x p e d i ç ã o d e Z h e n g H e foi considerada u m M I

das ao redor da cidade. Estima-se q u e 90 mil pessoas

< esso, e ele foi enviado e m mais seis expediçoi •', c 'i iin •

tenham morrido na carnificina, uma das maiores atroci-

1407 e 1433, estendendo a rede d e contribuinte', i hi

dades d e Tamerlão. Poupando apenas as mesquitas, ele

neses até a Arábia e o leste da África e trazei uIo iepn •

ordenou q u e Bagdá fosse incendiada.

sentantes d e dezenas d e Estados para prestar h o m e

Tamerlão, no entanto, não era u m simples bárbaro.

n a g e m a o imperador. Depois da morte d e Zheiu i, e m

Ele p o u p o u a vida d e estudiosos e teólogos; muitos as-

1435, o imperador Z h e n g t o n g interrompeu todas as

trônomos foram mandados para seu observatório e m

iniciativas marítimas para concentrar seus recursos na

Samarcanda, que se tornou u m próspero centro cultu-

defesa da fronteira norte da China contra os monqrtls,

ral sob a sua liderança. N o entanto, a cidade d e Bagdá

q u e haviam voltado à carga. Foi uma decisão desai-

entrou e m longo declínio. Foi só e m 1921, ao se tornar a

trosa, q u e deixou o litoral chinês indefeso contra pira

capital d o mandato britânico d o Iraque, que ela final-

tas japoneses e os agressivos mercadores europeus

m e n t e c o m e ç o u a se recuperar. J H

q u e c o m e ç a r a m a chegar no início d o século XVI J H


Reformador tcheco queimado na fogueira Jan Hus é julgado pelo Concilio de Constonço e condenado por heresia. J a n Hus, o controverso reformador tcheco, foi c o n v o c a d o p e l o sacro imperador r o m a n o S i g i s m u n d o d e L u x e m b u r g o (que g o v e r n o u entre 1410 e 1437) a d e fender seus pontos d e vista religiosos diante d e p r e lados da Igreja reunidos para o Concilio d e Constança.

Embora

Sigismundo

tivesse

prometido

um

salvo-conduto a Hus, este foi preso logo a p ó s c h e g a r à cidade lacustre e m n o v e m b r o d e M M e julgado c o m o h e r e g e e m j u n h o d e 1415. O s acusadores n e garam-lhe a o p o r t u n i d a d e d e explicar suas opiniões, e Hus se recusou a negar qualquer crença q u e não pregava, mas que, s e g u n d o ele, lhe havia sido atribuída por falsos t e s t e m u n h o s . O Concilio v o t o u contra ele e, c o m o a m o r t e prevista para u m h e r e g e era p e l o f o g o o u pela água, Hus foi q u e i m a d o na f o g u e i ra e m 6 d e julho d e 1415. U m século antes da Reforma, J a n Hus foi precursor d e muitas das a r g u m e n t a ç õ e s teológicas d o reformador a l e m ã o M a r t i n h o Lutero. Ele havia se tornad o c o n h e c i d o c o m o professor na Universidade d e Praga, na B o ê m i a (hoje parte da República Tcheca), na d é c a d a d e 1390, d e o n d e desafiou cada vez mais o p o d e r da Igreja nos anos anteriores a sua morte. F o r t e m e n t e influenciado pelos escritos d o reformador inglês J o h n Wycliffe (c. 1329-1384), criticava a riqueza da Igreja e os abusos d o clero, sobretudo a O

X i l o g r a v u r a d r a m á t i c a d e J a n H u s s e n d o q u e i m a d o na

c o n c e s s ã o d e indulgências. Sua defesa d o idioma

fogueira, c o m u m a e x p r e s s ã o q u e indica sua inocência.

t c h e c o lhe v a l e u a p o i o popular, e e l e é até hoje c o n siderado u m herói nacional tcheco. A m o r t e d e Hus p r o v o c o u indignação na B o ê -

"Na verdade do Evangelho... morrerei hoje contente."

q u a n d o S i g i s m u n d o h e r d o u a coroa da B o ê m i a d o

J a n Hus recusa u m último convite a se retratar

até, graças a u m acordo firmado e m 1436, conquista-

mia. Seus seguidores a d o t a r a m o n o m e d e hussitas e, irmão, e m 1419, iniciou-se u m a longa e amarga guerra. Os hussitas resistiram às tentativas d e destruí-los rem o controle da Igreja da Boêmia. S K


Vitória dos 'poucos afortunados" de Henrique V Um exército inglês em desvantagem

numérica esmaga os franceses em Agincourt.

Na manhã d o dia d e São Crispim, e m 1415, a cena estava armada para uma grande vitória francesa. 0 rei in glês Henrique V havia d e s e m b a r c a d o e m uma invasão mal avaliada da Normandia. C o m suas forças assoladas pela d o e n ç a durante o prolongado cerco a Harfleur, ele m a r c h o u para o norte e m direção à segurança d e Calais, controlada pelos ingleses. Mas u m exército francês c o m a n d a d o pelo condestável Carlos d'Albret já havia m a n o b r a d o para impedir a passagem d e H e n rique, forçando-o a lutar. Famintos, exaustos e e m g r a n d e d e s v a n t a g e m numérica - cerca d e seis mil h o m e n s contra d e 20 a 30 mil -, os ingleses estavam diante d e uma derrota quase certa. A chave para o improvável desfecho d e Agincourt foi o terreno. O rei inglês montou sua linha defensiva e m u m prado estreito, e m meio a uma mata fechada. Seus 900 cavaleiros e outros combatentes apearam, e n q u a n to os arqueiros se concentraram nos flancos. Forçados a lutar nesse espaço reduzido, os franceses não conseguiram tirar vantagem d e sua superioridade numérica. A densa formação d e cavaleiros franceses avançou c a m baleando c o m suas pesadas armaduras por u m terreno fofo e lamacento, atacada por uma chuva d e flechas. Os combatentes ingleses derrubaram-nos e m u m violento corpo-a-corpo ao qual se juntaram os arqueiros. A vitória inglesa foi maculada pelo cruel massacre d e nobres franceses - ordenado por Henrique, q u e temeu ficar cercado q u a n d o d e u m ataque à sua equipagem.

O

D e t a l h e d e u m a r e p r e s e n t a ç ã o m e d i e v a l d a B a t a l h a d e A<|in< IHII I m o s t r a n d o os estandartes militares ingleses e franceses,

Para a França, Agincourt foi u m a catástrofe militar. Cerca d e 100 nobres franceses foram mortos. A c o v a r d a d o , o rei francês Carlos VI r e c o n h e c e u H e n rique c o m o herdeiro legítimo d e seu trono e lhe d e u e m c a s a m e n t o a m ã o da filha, Catarina d e Valois. A m o r t e d e H e n r i q u e e m 1422, aos 34 anos, desfez t o d o s esses arranjos, privando a batalha d e qualquer c o n s e q ü ê n c i a a longo prazo. R G

"A sangue-frio, a nobreza da França foi decapitada e esquartejada." J e h a n d e W a v r i n , Recueil,

c. 1471



Fim do Grande Cisma

A Trindade de Masaccio

0 Concilio de Constança resulta na eleição de um único papa, Martinho V.

O artista florentino Tommaso Cassai usa a perspectiva para pintarem três dimensões.

Após três anos d e deliberações, o Concilio d e Constança

Filho d e u m tabelião d e uma aldeia nos arredores d e

finalmente elegeu u m novo papa e m 11 d e novembro

Florença, Tommaso Cassai era conhecido c o m o Masac-

d e 1417: u m romano c h a m a d o O d d o n e Colonna, que

cio, q u e significa "Grande Tomás", para distingui-lo d e

assumiu o n o m e pontificai d e Martinho V e m h o m e n a -

seu colaborador Masolino ("Pequeno lomás"). Ele tra-

g e m ao santo d o qual se celebrava a festa nesse dia. O Cisma Papal ( t a m b é m c o n h e c i d o c o m o o ( i r a n d e Cisma o u o Cisma d o O c i d e n t e ) já durava 40

balhou e m Florença durante a maior parte da carreira. Masaccio morreu aos 20 e poucos anos, provavelmente na miséria, e diz-se q u e foi envenenado por u m rival.

a n o s e p r e j u d i c a v a c a d a v e z mais a r e p u t a ç ã o d o

Os dois grandes feitos d e Masaccio foram incorpo-

pontificado. D e s d e 1409, três papas reivindicavam o

rar o aprendizado clássico à sua arte e desenvolver téc-

posto, cada qual c o m seu próprio c o l é g i o d e c a r d e -

nicas d e perspectiva arquitetônica e redução d e escala

ais, cúria e seguidores: J o ã o XXIII, a p o i a d o sobretudo

para dar verdadeira profundidade a seus quadros. Am-

pelos alemães; o papa d e A v i g n o n , B e n e d i t o XIII, cujo apoio havia se reduzido a Escócia, Sicília, A r a g ã o e Castela; e o papa r o m a n o Gregório XII. E m uma nova tentativa d e pôr fim a esse escândalo, o imperador Sigismundo pressionou J o ã o XXIII para q u e este c o n vocasse u m concilio geral da Igreja e m Constança, sudoeste da A l e m a n h a , iniciado e m n o v e m b r o d e

"Ele era distraído, imprevisível, [e] cuidava pouco de si mesmo." V a s a r i , Vidas

dos artistas,

1550

1414. D e c l a r a n d o o próprio poder superior ao d o papa (decreto i g n o r a d o pelos pontífices s u b s e q ü e n tes), o Concilio r e c o m e n d o u q u e todos os três papas abdicassem d o cargo, deixando o c a m i n h o aberto para a eleição d e u m n o v o papa q u e fosse reconhe1 ido e aceitável para toda a cristandade. F o r a m necessárias n e g o c i a ç õ e s d e m o r a d a s e

bas as técnicas são exemplificadas e m seu afresco Santa Trindade, c o m 7,6m d e altura, pintado e m meados da década d e 1420 na Igreja d e Santa Maria Novella, e m Florença. É possível q u e Masaccio tenha trabalhado c o m Brunelleschi, arquiteto da Catedral d e Florença, q u e revolucionou as noções estéticas da época.

uma c o m p l e x a d i p l o m a c i a para o b t e r o resultado

Na Santa

Trindade, os personagens estão e m o l -

d e s e j a d o . E m m a r ç o d e 1415, J o ã o XXIII fugiu d e

durados por u m arco clássico d e proporções c u i d a -

( o n s t a n ç a e supôs-se q u e ele h o u v e s s e a b d i c a d o .

dosas. N o fundo, u m teto seccionado e c u r v o dá ao

I m julho, G r e g ó r i o XII a p r e s e n t o u sua renúncia par-

artista a o p o r t u n i d a d e d e explorar a perspectiva. O

t i n d o d o princípio d e q u e o Concilio elegeria u m

p o n t o d e fuga fica na m e s m a altura d o s olhos d o o b -

n o v o pontífice. No entanto, B e n e d i t o XIII recusou-

servador, q u e é atraído por p e r s o n a g e n s laterais. A

se a sair, f o r ç a n d o o C o n c i l i o a depô-lo. Ele se reco-

obra influenciou pintores c o m o M i c h e l a n g e l o . P F

Iheu a o castelo insular d e Pehíscola, p e r t o d e ValênCia, o n d e m o r r e u e m 1423, aos 95 a n o s , ainda se d i z e n d o papa. S K

O

A Santa

Trindade

d e M a s a c c i o ( m e a d o s d a d é c a d a d e 1420); s e u

uso da perspectiva influenciou muitas gerações d e artistas.


Reino de sangue Itzcoatl fundo o Império Asteco no México, e sacrifícios sangrentos são oferecidos. O p o v o asteca, q u e se a u t o d e n o m i n a v a

"mexica",

mudou-se para o q u e hoje é o México Central n o s é culo XIII; s e g u n d o acreditavam, faziam isso por ord e m d e seu deus tribal, Huitzipochtli. Por volta d e 1325, f u n d a r a m a c i d a d e d e Tenochtitlán e m uma ilha na região alagada d o lago Texcoco - o n d e hoje fica a C i d a d e d o México. A c i d a d e tinha seu próprio rei, mas os astecas eram subordinados à cidade-estad o d e Azcapotzalco, q u e d o m i n a v a a região inteira e da qual e r a m o b e d i e n t e s aliados. E m 1426, p o r é m , o idoso líder d e Azcapotzalco morreu, o q u e d e u início a complicadas intrigas entre as cidades-estado q u e c u l m i n a r a m c o m o assassinato d o c h e f e asteca d e Tenochtitlán. S e u sucessor, Itzcoatl, c o m o a p o i o d o principal c o m a n d a n t e militar, M o c t e z u m a , viu aí uma o p o r t u n i d a d e . Ele reuniu aliados e n t r e os outros p o v o s da' região, revoltou-se e e m 1428 liderou u m a b e m - s u c e d i d a i n v a s ã o a A z c a p o t z a l c o depois d e u m cerco q u e se diz ter d u rado 114 dias. O chefe derrotado d e Azcapotzalco foi c o l o c a d o e m cima d e u m a pedra sacrificial, seu coraç ã o arrancado c o m uma faca d e obsidiana e seu s a n g u e e s p a l h a d o nas quatro direções. Os astecas e seus aliados e r a m e n t ã o a potência d o m i n a n t e d o M é x i c o Central. Itzcoatl foi sucedido e m 1440 por M o c t e z u m a , e os astecas construíram O

O líder a s t e c a Itzcoatl t r a j a n d o peles d e a n i m a i s e p e n a s d e

u m império q u e , q u a n d o Cortes e os espanhóis d e -

aves d e m o d o a se apropriar d e suas habilidades.

s e m b a r c a r a m e m 1519, se estendia por aproximadam e n t e 194 mil quilômetros quadrados. M o c t e z u m a

"Eles arrancam o coração e as entranhas e os queimam diante dos ídolos em sacrifício."

governava u m a p o p u l a ç ã o d e c i n c o a seis milhões

Cartas de Hernán Cortês

tras divindades astecas, e sua c a r n e consumida e m

d e pessoas. A p a r e n t e m e n t e , os deuses astecas t i n h a m u m apetite voraz por corpos h u m a n o s . As vítimas eram sacrificadas aos milhares para Huitzilopochtli e o u sinal d e c o m u n h ã o c o m esses deuses. R C


A 'Donzela de Orléans" é condenada à morte Os ingleses queimam Joana d'Arc na fogueira sob a acusação de heresia. Na praça d e m e r c a d o d e R o u e n , na França, existe hoje u m a igreja o n d e uma j o v e m d e 19 anos foi amarrada a u m a estaca e q u e i m a d a diante d e uma multidão e m 30 d e maio d e 1431. E n q u a n t o ardiam as c h a m a s , ela p e d i u a u m padre q u e segurasse u m c r u cifixo b e m diante d e seus olhos e rezasse e m voz alta o bastante para q u e ela pudesse ouvi-lo m e s m o c o m o crepitar d o fogo. Depois d e sua morte, os ingleses j o g a r a m as cinzas n o Sena. A c a m p o n e s a d e D o m r é m y q u e dizia ter recebid o ordens dos santos Miguel, Catarina e Margarida para livrar seu país dos ingleses e q u e , u s a n d o u m a armadura branca e p o r t a n d o seu próprio estandarte, liderou u m exército para pôr fim ao cerco a Orléans e m 1429 havia sido capturada por J o ã o d e L u x e m burgo, capitão b u r g ú n d i o q u e a v e n d e u aos ingleses. Estes levaram-na a julgamento por heresia e m u m tribunal eclesiástico sob a jurisdição d e Pierre C a u c h o n , bispo d e Beauvais e simpatizante d o s ingleses. Durante a primavera d e 1431, as sessões se arrast a r a m e n q u a n t o o tribunal a intimidava t e n t a n d o fazê-la confessar a culpa. Os autos d o j u l g a m e n t o i n f o r m a m : "Perguntada se sabia se estava nas graças d e Deus, ela respondeu: ' S e eu n ã o estiver, q u e Ele m e p o n h a lá; e, se estiver, q u e m e m a n t e n h a lá.'" E m 29 d e maio, três dias depois d e assinar u m d o c u m e n to r e n e g a n d o suas crenças, ela m u d o u d e idéia, tirou o vestido q u e fora obrigada a usar e tornou a vestir

O

Ilustração m o s t r a n d o J o a n a d'Arc s e n d o q u e i m a d a i f o g u e i r a , feita a p e n a s 53 a n o s a p ó s a sua m o r t e .

roupas masculinas. Esse ato selou seu destino e ela foi e n t r e g u e aos ingleses. A "Donzela d e Orléans", q u e dois anos antes obtivera u m a g r a n d e vitória c o n tra os ingleses e vira o delfim ser c o r o a d o rei da F r a n ça, foi executada publicamente. Vinte e quatro anos depois, c o m os ingleses já expulsos da França, a sentença d e Joana foi revogada pelo papa. Ela foi canonizada e m 1920. S K

"Se eu não estiver [nas graças de Deus], que Ele me ponha lá; e, se estiver, que me mantenha lá." Dos a u t o s d o j u l g a m e n t o d e J o a n a d'Arc


1436 25 DE MARÇO

1438

0 domo de Brunelleschi As pedras guerreiras O papa Eugênio IV consagra a recémconcluída Catedral de Florença.

Pachacutec funda o Império Inca depois de derrotar os chancas.

Era u m desafio capaz d e testar o mais e n g e n h o s o dos

E m 1438, o p o v o chanca a t a c o u a capital inca d e

cérebros: c o m o erguer uma cúpula sobre a ala leste da

Cuzco e a m e a ç o u conquistá-la, mas foi repelido poi

Catedral d e Florença, na Itália? A construção havia sido

P a c h a c u t e c , principal arquiteto dos incas, q u e < |i I V I il

iniciada e m estilo gótico e m 1296, mas, 70 anos d e -

n o u entre 1438 e 1471, e seus h o m e n s . S e g u n d o a

pois, a e q u i p e responsável decidiu q u e o resto da obra

lenda, n o m o m e n t o crucial da batalha, as pedras clc )\

deveria ser feito e m estilo românico clássico, d e m o d o

c a m p o s se transformaram b r e v e m e n t e e m g u e i i e i

a refletir a importância crescente da cidade. O n o v o

ros e a j u d a r a m P a c h a c u t e c a destruir o inimigo A\

projeto exigia u m d o m o octogonal d e 42m d e enver-

pedras foram d e p o i s recolhidas e respeitosamente

gadura. A forma tradicional d e se construir um arco ou

dispostas e m santuários.

a b ó b a d a era apoiá-lo e m uma estrutura d e madeira,

P a c h a c u t e c assumiu o p o d e r q u a n d o os in< as

mas a g r a n d e envergadura tornava isso impossível.

estavam a m e a ç a d o s pela tribo dos chancas e seu p,n,

Durante mais d e meio século a cúpula p e r m a n e c e u

o idoso inca Viracocha, havia fugido. Essa vitória foi o

incompleta - após finalmente ficar pronta, o papa

t r a m p o l i m para a expansão inca. P a c h a c u t e c e s t e n -

consagrou-a e m 25 d e março d e 1436.

d e u seu d o m í n i o por boa parte das terras altas d o

O h o m e m q u e encontrou a solução para o pro-

Peru e reconstruiu o t e m p l o a o deus-sol e m ( u/< o

blema foi Filippo Brunelleschi (1337-1446), ourives e

M a c h u Picchu p o d e ter sido originalmente seu refú

escultor q u e tinha feito várias viagens a Roma para es-

gio campestre. A história da guerra d e Pachacutec

tudar a construção das ruínas antigas, sobretudo o

c o m os c h a n c a s foi contada muito depois, no séi ulo

grande teto e m cúpula d o Panteão. Ele c o n v e n c e u as

XVI, por J u a n Betanzos, espanhol q u e se casou c u m

autoridades d e q u e sabia c o m o construir o d o m o . Seu

u m a das d e s c e n d e n t e s d e P a c h a c u t e c , a p r e n d e u ,is

projeto foi aprovado, e a obra c o m e ç o u e m 1420.

tradições familiares e as registrou. A fama d e P.u ha

Brunelleschi construiu uma leve cúpula interna c o berta por uma camada externa para reduzir o peso da

c u t e c continua viva no Peru atual. A palavra "inca" era o r i g i n a l m e n t e o título da

estrutura e projetou máquinas complexas para erguer o

d o a o c h e f e d e u m a tribo d o s A n d e s Centrar,, na

material d e construção. Em seguida, assentou os tijolos

A m é r i c a d o Sul, por volta d o s é c u l o XI. Essa tribo

e a alvenaria formando u m desenho d e espinha d e pei-

a p a r e n t e m e n t e vinha d a s p r o x i m i d a d e s d o

xe - técnica aprendida estudando as construções ro-

Titicaca e m i g r o u para o n o r t e para se estabelec 61

lago

manas antigas. Seus rivais caçoaram d o projeto e previ-

no e n t o r n o d e Cuzco, no atual P e r u . Eles a< redlta

ram u m fracasso. Porém, apesar das zombarias, a cúpula

v a m q u e seus g o v e r n a n t e s e r a m d e s c e n d e n t e s d o

foi erguida por etapas e, em 1436, pairava 106m acima

deus-sol e, e x e r c e n d o u m a a u t o r i d a d e i n q u e s l i o

da Catedral d e Florença. Ela é hoje u m m o n u m e n t o à

nável n o s é c u l o XV, c o n s t r u í r a m o maior E s t a d o da

perícia e à arte da engenharia renascentista. S K

A m é r i c a p r é - c o l o m b i a n a , q u e se estendia da atual C o l ô m b i a até o Chile e a A r g e n t i n a . A p o p u l a ç ã o

O

Dois d e s e n h o s d o d o m o d e Brunelleschi, p e l o artista t o s c a n o

d e seu i m p é r i o é e s t i m a d a e m até 10 m i l h õ e s d e

L u d o v i c o C i g o l i (1559-1613).

pessoas. R C



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I

453 29 DE MAI

455

Queda de Constantinopla Primeiro livro impresso O sultão otomano Mehmed II conquista a capital do Império Bizantino.

A Bíblia de Gutenberg revoluciona o aprendizado e a divulgação de idéias.

Na tarde d e 29 d e maio d e 1453, o sultão M e h m e d II

Lm 1450, J o h a n n Gutenberg, artesão e grande c o n h e -

percorreu Constantinopla (atual Istambul) m o n t a d o

cedor da fundição d e metais d e Mainz, na Alemanha,

e m seu cavalo. Aos 20 anos, ele havia conquistado

fez u m empréstimo c o m u m financista. Ele vinha expe-

uma das maiores cidades cristãs. Enquanto as casas

rimentando maneiras d e imprimir c o m tipos móveis,

i los ricos eram saqueadas e o sangue corria pelas ruas,

usando seu conhecimento d e fundição para criar u m

M e h m e d entrou na Catedral d e Hagia Sophia, e m p é

m é t o d o q u e permitia fundir tipos d e metal e m grandes

havia n o v e séculos, e agradeceu a Alá pela vitória.

quantidades usando moldes feitos à mão. Precisava d e

Já descrita c o m o "a cidade q u e o m u n d o t o d o de-

recursos para desenvolver novas ferramentas e equipa-

seja", Constantinopla era apenas uma sombra d e sua

mentos, incluindo uma prensa d e madeira, tintas d e

antiga glória. Q u a n d o o exército d e M e h m e d a sitiou

impressão à base d e óleo e papel capaz d e absorver a

e m abril d e 1453, ela ainda era protegida por muralhas

impressão. C o m a imprensa q u e criou a partir d e todos esses elementos, ele pôde começar a trabalhar e m sua

"O sangue corria na cidade como a chuva nas calhas depois de um temporal repentino." Nicolo Bárbaro, diário c o n t e m p o r â n e o

obra-prima, a GrandeBíbliadeGutenberg,

cuja impressão

foi concluída no máximo e m 1455. A liíblia de Gutenberg

(também conhecida c o m o

Bíblia de quarenta e duas linhas, porqUecada página tinha 42 linhas d e texto) é c o m u m e n t e considerada o primeiro livro impresso da Europa e marcou o início da produção e m massa d e livios. Provavelmente foi preciso um ano

milenares. M e h m e d reuniu 80 mil turcos e sérvios e

para produzir a primeira tiragem d e 180 exemplares d e

uma poderosa frota para atacar Constantinopla; o i m -

1.282 páginas cada u m . Gutenberg c o m e ç o u a ter mui-

perador bizantino Constantino XI só conseguiu juntar

tos imitadores, e imprensas foram construídas e m várias

sete mil soldados para defendê-la. U m especialista

cidades para produzir bíblias, enciclopédias, obras d e

húngaro e m artilharia fundiu u m imenso c a n h ã o para

teologia, histórias e romances para atender a u m apetite

M e h m e d derrubar as muralhas.

cada vez mais voraz pela palavra impressa.

Nas primeiras horas d e 29 d e maio, u m a p e s a -

A invenção d o tipo móvel já foi comparada ao sur-

da salva d e tiros d e c a n h ã o a n u n c i o u o ú l t i m o a t a -

g i m e n t o da internet. Ela foi a inovação tecnológica

q u e . Q u a n d o o dia raiou, os soldados-escravos da

q u e possibilitou a disseminação d e idéias durante o

tropa d e elite d o sultão, os janízaros, p e n e t r a r a m

Renascimento e a explosão d e aprendizado humanis-

nas f o r t i f i c a ç õ e s . O ú l t i m o i m p e r a d o r

ta d o início d o século XVI. E m 1999, a revista Time e l e -

bizantino

m o r r e u d e e s p a d a na m ã o . A o l o n g o d o s dias s e -

g e u a imprensa d e G u t e n b e r g a invenção mais impor-

g u i n t e s , b o a p a r t e da p o p u l a ç ã o cristã foi e s c r a v i -

tante d o milênio. S K

zada o u m o r t a . A perda d e C o n s t a n t i n o p l a para o Islã a b a l o u o m u n d o cristão. Para os turcos o t o m a nos, foi o triunfo s u p r e m o . R G

O

P á g i n a i l u m i n a d a d a BíbliadeGutenberg, d a p r o d u ç ã o e m m a s s a d e livros.

q u e m a r c o u o início


Invasores muçulmanos repelidos Cruzados camponeses se unem a guerreiros, cavaleiros e padres húngaros derrotar as forças otomanas em Belgrado.

para

E m julho d e 1456, o sultão o t o m a n o M e h m e d II, animad o pela conquista d o Império Bizantino, marchou rumo ao norte à frente d e u m exército para atacar o reino cristão da Hungria. A defesa da Hungria dependia d e dois homens: o veterano guerreiro húngaro J o ã o (János) Hunyadi e o frei italiano d e 70 anos Giovanni da Capistrano. Pregador arrebatado, Capistrano vinha instigand o a violência contra judeus e hereges. O primeiro alvo d e M e h m e d foi Belgrado, na é p o ca uma fortaleza húngara d e fronteira. Embora sua tripla muralha fosse formidável, não se esperava q u e Belgrado resistisse a o sultão q u e havia t o m a d o Constantinopla. Enquanto os otomanos sitiavam Belgrado, Capistrano usou sua oratória para pregar uma cruzada. Milhares d e c a m p o n e s e s , armados c o m foices e porretes, juntaram-se aos cavaleiros'e mercenários d e Hunyadi para formar u m exército d e emergência. Eles desceram o Danúbio e furaram o bloqueio o t o m a n o para se unir aos defensores e m Belgrado. E m 21 d e julho, soldados otomanos invadiram a fortaleza, mas foram repelidos. N o dia seguinte, alguns dos entusiasmados cruzados camponeses d e Capistrano atravessaram as muralhas para ir lutar no a c a m p a mento dos turcos. Foi u m ato d e temeridade indisciplinada que Capistrano fez o possível para evitar, mas, por milagre, a surtida cristã ganhou u m ímpeto irrefreável. Q u a n d o os e x p e r i e n t e s profissionais d e

Hunyadi

entraram no combate, o sultão M e h m e d foi ferido e carregado para fora d o c a m p o d e batalha. Os turcos bateram e m retirada. Infelizmente, Hunyadi e Capistrano tiveram p o u c o t e m p o para saborear seu triunfo: a m b o s morreram antes d o final d o ano. R G

O

U m a gravura quinhentista turca mostra o a u d a z a t a q u e d e M e h m e d a B e l g r a d o - m a s n ã o sua derrota.


1469 3 DE DEZEMBRO

17 DE OUTUBRO

Idade de ouro dos Mediei Hereges extirpados Lourenço de Mediei assume o controle da cidade-estado de Florença.

Fernando e Isabel estendem a Inquisição pela Espanha.

Não havia dúvida sobre qual dos dois irmãos era o mais

Isabel d e Castela e F e r n a n d o II d e A r a g ã o - cujo < , i

bonito. Juliano superava c o m facilidade o irmão mais

s a m e n t o e m 1469 havia u n i d o os dois reinos da f s

velho e m beleza, assim c o m o nos esportes. O nariz d o

p a n h a m e d i e v a l - c o n s i d e r a v a m d e v e r d i v i n o ex-

feioso Lourenço era tão achatado q u e ele não tinha ol-

pulsar a heresia d e suas terras. Isabel já obtivera d o

fato, e era atormentado constantemente por proble-

p a p a a permissão para e s t a b e l e c e r a Inquisição e m

mas d e saúde. No entanto, foi a Lourenço q u e o p o v o

Castela d e m o d o a extirpar q u a l q u e r j u d e u o u m u

d e Florença recorreu e m busca d e liderança q u a n d o

ç u l m a n o q u e alegasse f a l s a m e n t e ser católico c o n

Pedro d e Mediei morreu, e m 2 d e dezembro d e 1469,

verso, e e m 17 d e o u t u b r o d e 1483 o p a p a Sisto IV

deixando os dois filhos c o m o co-herdeiros.

e m i t i u u m a bula q u e instituía a Inquisição e m t o d o s

N o dia seguinte à m o r t e d e Pedro, nada m e n o s d e 700 partidários d o s Mediei foram visitar os j o v e n s

o s territórios a r a g o n e s e s d e F e r n a n d o . Inquisições já haviam sido criadas antes

pHn

irmãos no Palácio Mediei, no centro da cidade, para pedir q u e L o u r e n ç o assumisse o controle. S o b a sua liderança, iniciou-se u m período d e 24 anos c o m u m e n t e c o n s i d e r a d o uma i d a d e d e ouro. Muitos logo c o m e ç a r a m a pensar q u e "II Magnifico" não era a p e nas o líder renascentista ideal, mas o príncipe d e Florença, o q u e não é verdade.

"Se não houvesse existido Inquisição, [nós] estaríamos em um estado lamentável..." R e i F i l i p e II d a E s p a n h a , 1 5 6 9

Os Mediei haviam se tornado a família mais rica da cidade, mas a Florença d e Lourenço era uma república,

pontificado m e d i e v a l para c o m b a t e r a heresi,i (.i pii

e o poder executivo estava nas mãos da Signoria c o m -

meira foi contra os cátaros, e m 1231), mas a Inqulll

posta d e n o v e h o m e n s e ainda eleita pelas famílias mais

ç ã o espanhola foi u m caso especial. Ela era orqanl/d

importantes a cada dois meses. Lourenço precisou ma-

da c o m o u m a corte real, seus atos e r a m secretos e se

nobrar c o m grande afinco e astúcia para influenciar os

apoiava f o r t e m e n t e e m informantes. A tortui.i mui

eleitores e controlar os conselheiros. Não havia c o m o

tas vezes era usada para extrair confissões, e os

evitar os rivais, e a n o b r e família toscana dos Pazzi

g e s c o n d e n a d o s eram q u e i m a d o s diai ite < le i n ,u |i ••,

conseguiu assassinar Juliano e m 1478. Lourenço viveu

multidões nas populares cerimônias dos autos-dc fé,

até 1492 e morreu d e forma pacífica.

A coroa, a Inquisição e os informantes dividiam entre

Na data d e sua morte, Florença acabara d e passar por u m magnífico florescimento da produção artística devido e m parte ao patrocínio d e Lourenço a estudio-

htn M

si os b e n s confiscados da vítima. Mais tarde, a Inquisição passou a ter c o m i >, ilvi > I iu manistas e protestantes, sobretudo no reinai Io d e I ih

sos, r e u n i d o s e m sua A c a d e m i a Platônica, e artistas,

p e II. Isso foi usado c o m o propaganda pelos inimigos

c o m o Botticelli e Leonardo da Vinci. O j o v e m Miche-

da Espanha, e m particular pela Inglaterra. Nessa época,

langelo passou vários anos m o r a n d o no palácio d e

a Inquisição espanhola adquiriu sua reputação possível

Lourenço, tratado c o m o u m m e m b r o da família. R P

m e n t e exagerada d e sádica crueldade. S K


485 22 DE AGOSTC

0 rei inglês é morto por rebeldes A vitória na Batalha de Bosworth Field põe fim à Guerra das Rosas e abre caminho para Henrique Tudor fundar uma nova dinastia. A Inglaterra d o século X V foi assolada por lutas internas devidas à disputa pelo trono entre as casas d e York e Lancaster. Conhecidos c o m o Guerra das Rosas, esses combates civis chegaram a uma conclusão decisiva e m agosto d e 1485, quando o rei dos York, Ricardo III, foi derrubado no c a m p o d e batalha vítima d e revolta e traição. O líder rebelde, H e n r i q u e Tudor, era exilado e v i via na Bretanha. Sua reivindicação a o trono era frágil, mas foi o melhor candidato q u e os o p o n e n t e s d e Ricardo c o n s e g u i r a m . Ele a p o r t o u e m Milford H a v e n e m 7 d e agosto c o m dois mil mercenários franceses e a v a n ç o u pelas Midlands inglesas s e m encontrar oposição, j u n t a n d o seguidores pelo c a m i n h o . L o g o ficou claro q u e Ricardo estava c o m dificuldades para assegurar a lealdade d e seus súditos. O seu direito a o trono era d ú b i o - dizia-se q u e assassinara os sobrinhos Eduardo V e Ricardo, d u q u e d e York. A aliança da poderosa família Stanley estava a m e a ç a d a . Em princípio, o exército d e Ricardo era superior e m tamanho a o d e Henrique, mas tanto os Stanley quanto o d u q u e d e Northumberland seguraram seus homens quando o combate c o m e ç o u , e m 22 d e agosto. E m uma tentativa desesperada para conquistar o poder pelas próprias mãos, Ricardo c o m a n d o u u m ataque, abrindo uma brecha na fileira d e cavaleiros. No m o m e n t o crucial da batalha, sir William Stanley ordenou a seus homens que lutassem ao lado dos rebeldes. Ricardo foi morto c o m u m golpe d e machado. Henrique Tudor subiu ao trono c o m o Henrique VII e sua dinastia reinou por 118 anos, até a morte da rainha Elisabeth I, e m 1603. R G

O

R e t r a t o d e R i c a r d o III, m o r t o n a B a t a l h a d e B o s w o r t h

Field,

p i n t a d o por u m artista d e s c o n h e c i d o . O

U m a gravura oitocentista mostra os m o m e n t o s anteriores à m o r t e e m c o m b a t e d e R i c a r d o III.


1488

Dias dobra o cabo

Conversão de Nzinga

É inaugurada uma rota marítima para a índia e seu valioso comércio de especiarias.

Líderes portugueses império na África.

A primeira v e z q u e B a r t o l o m e u Dias n a v e g o u pelo

Nzinga N k u w u g o v e r n o u c o m o quinto rei heiedita

tentam criar um

c a b o da Boa Esperança, e m janeiro d e 1488, ele n e m

rio da tribo kongo,

sequer o viu: a famosa ponta meridional da África e s -

g o , centro-oeste da África. O explorador p o r t u g u ê s

q u e vivia na região d o atual C o n

tava e n c o b e r t a por uma t e m p e s t a d e . Dias, experien-

D i o g o C ã o travou os primeiros contatos c o m os kon

te marinheiro, n a v e g a d o r e projetista d e e m b a r c a -

go e m 1482 e voltou dois o u três a n o s depois c o m

ções, havia partido d e Lisboa e m agosto d e 1487

presentes d o rei p o r t u g u ê s J o ã o I. Nzinga r e c e b e u

c o m duas p e q u e n a s caravelas e u m navio d e manti-

l a o e m sua capital, M b a n z a (mais tarde São '.alva

m e n t o s mais largo. A São Cristóvão

dor) e e n v i o u seus próprios emissários paia pedii

e a São

Pantaleão

l e v a v a m três padrões d e pedra c o m e m o r a t i v o s , gra-

ajuda à corte portuguesa. Os p o r t u g u e s e s res|><>i i< li •

v a d o s c o m as armas d e Portugal, para marcar locais

ram e m 1490, q u a n d o o explorador Rui d e Souza

d e d e s e m b a r g u e e reivindicar territórios. O objetivo

c h e g o u a K o n g o c o m navios l e v a n d o presentes, sol

da e x p e d i ç ã o era assegurar u m a rota até o o c e a n o Indico e o atraente comércio d e especiarias asiático. Depois d e ancorar c o m segurança o navio d e mantimentos, Dias e sua tripulação desceram o litoral d o sudoeste africano antes d e rumar para águas mais piofund.is (>m bus< a de ventos melhores. U m oesle predominante levou-os para o sudoeste, mas os v e n -

"Aquele que atira uma pedra esquece; o apedrejado, jamais." Provérbio angolano

tos logo se transformaram e m tempestade. Q u a n d o esta a m a i n o u , Dias t o m o u o rumo leste, esperando

d a d o s e padres. Nzinga converteu-se p r o n t a m e n t í

aportar na costa oeste africana, mas nada viu. Isso o

ao cristianismo e foi batizado.

fez desconfiar d e q u e havia d o b r a d o a ponta da África,

As tropas portuguesas ajudaram-no a impor o cris-

Ele seguiu para o norte e alcançou a costa sul d o c o n -

tianismo reprimindo uma revolta dos que se 11| n II il iam

tinente, cerca d e 400km a leste d o c a b o da Boa E s p e -

à cristianização forçada. Nzinga adotou o título < l( • l< >",k > I

rança, e m 3 d e fevereiro d e 1488.

e m h o m e n a g e m ao rei de Portugal e mande

Dias p e r c e b e u q u e havia d e s c o b e r t o os limites

iu seu filho

mais velho, Nzinga Mvemba, receber uma formação d e

meridionais das terras africanas. C o n t i n u o u no r u m o

líder cristão e m Portugal. Este retornou 10 anos mal',

leste, m a s a essa altura a tripulação já se mostrava

tarde, totalmente ocidentalizado, c o m o non i i ' i le Almi

nervosa por estar t ã o afastada d o navio d e m a n t i -

so. M a s as tensões entre os "modernizadores" i n-,t

mentos. Depois d e uma reunião geral, decidiram v o l -

m o n ó g a m o s , chefiados por Afonso, e os ii.nl

tar. Então, finalmente c h e g a r a m a o g r a n d e c a b o q u e

tas polígamos levou Nzinga Nkuwu a exilai Alonso r

,

iall

estava e n c o b e r t o na ida. Dias erigiu seu último p a -

nomear u m segundo filho, Mpanzu u Kitima, seu hi

drão, batizando o lugar d e c a b o das Tormentas. O rei

deiro. Desiludido, o rei renunciou ao cristianistno anli",

d e Portugal, p o r é m , não aprovou o n o m e e rebatizou

d e morrer e m 1506. Depois d e sua morte, Alt >nso sul ili i

o promontório d e c a b o da Boa Esperança. J J H

ao trono e d e u prosseguimento à cristianizaçai > N J


1492 2 DE JANEIRO

92 31 DE MARÇO

A nova era de Granada

Os judeus são expulsos

A capturo da cidade marca o último ato da Reconquista.

Um édito de Isabel e Fernando exige que todos os judeus deixem a Espanha.

A p ó s u m a luta d e 800 anos, a Reconquista da Espa-

E m 31 d e março d e 1492, m e n o s d e três meses depois

nha m u ç u l m a n a se c o m p l e t o u q u a n d o o g o v e r n a n t e

da queda d e Granada, Isabel e Fernando promulga-

m o u r o A b u A b d u l l a h M u h a m m a d XII (ou "Boabdil")

ram o Édito d e Alhambra, q u e ordenava a expulsão

entregou as c h a v e s da c i d a d e d e Granada a F e r n a n -

e m massa d e todos os judeus da Espanha q u e se recu-

d o e m 2 d e janeiro d e 1492. D e u m d o m í n i o guase

sassem a abraçar o cristianismo. O autor d o édito era o

total da Península Ibérica, os m o u r o s haviam sido sis-

inquisidor-geral Tomás d e Torquemada. Conta-se q u e

t e m a t i c a m e n t e repelidos até, na d é c a d a d e 1400,

q u a n d o u m rico financista e estudioso judeu, Isaque

apenas a província meridional d e Granada p e r m a n e -

Abravanel, ofereceu a Fernando u m suborno d e 600

cer sob controle m u ç u l m a n o . D e t e r m i n a d o a unificar

mil coroas para revogar o édito, Torquemada atirou

a Espanha sob os cristãos, F e r n a n d o II d e A r a g ã o e

u m crucifixo no chão diante d o rei e da rainha e per-

sua e s p o s a Isabel d e Castela d e r a m início a u m a

g u n t o u se, c o m o Judas, eles iriam trair o Senhor por dinheiro. Abravanel foi u m dos milhares d e judeus - os

"Você chora como uma mulher por aquilo que não conseguiu defender como homem." M ã e d e B o a b d i l d u r a n t e o exílio dele

números variam entre 165 mil e 800 mil - forçados a deixar a Espanha. Morreu e m Veneza, exaurido e sem u m tostão, e m 1508. I Lívia muito t e m p o q u e a Península Ibérica abri gava uma c o m u n i d a d e judaica considerável, e os j u d e u s e m g e r a l t i n h a m b o a s relações c o m os g o v e r n a n t e s m u ç u l m a n o s , m a s sua p o s i ç ã o havia se

ofensiva contra Granada na d é c a d a d e 1480. Divisões

deteriorado c o m o a v a n ç o da Reconquista cristã. E m

internas prejudicaram os m o u r o s e, n o verão d e 1490,

1300, os j u d e u s já eram obrigados a usar u m e s c u d o

depois d e conquistar a maior parte da província, Fer-

d e identificação, e 1348 e 1391 viram eclodir v i o l e n -

n a n d o encurralou Boabdil e m Granada.

tas rebeliões anti-semitas. Milhares foram c o n v e n c i

Após uma troca d e insultos religiosos - a oração

d o s a se converter ao cristianismo.

da ave-maria foi pregada na porta d e u m a mesguita;

Após o Édito d e Alhambra, muitos judeus fugiram

os m o u r o s retaliaram amarrando-a a o rabo d e u m

para Portugal ou para o norte da África. Outros se insta-

j u m e n t o - u m a batalha decisiva ocorreu e m julho d e

laram no Império Otomano, o n d e foram acolhidos pelo

1491. Os m o u r o s foram e m p u r r a d o s para trás dos

sultão, que, c o m sarcasmo, agradeceu a Fernando por

muros da cidade, deixando dois mil mortos.

lhe enviar alguns d e seus mais valiosos súditos. U m n ú -

Os espanhóis apertaram o cerco até os mouros

mero considerável d e judeus acabou rumando para a

c o m e ç a r e m a passar fome. Negociações foram inicia-

Europa Setentrional, sobretudo para os Países Baixos, a

das, e e m janeiro d e 1492 Boabdil aceitou c a p i t u l a r e m

Inglaterra e a Escandinávia. Na Espanha, a expulsão dos

troca d e garantia d e liberdade religiosa ou d e uma via-

judeus foi considerada u m triunfo da religião católica,

g e m d e volta a o norte da África para os mouros q u e

mas seu principal efeito foi privar o país d e alguns d e

não quisessem se submeter ao controle cristão. N J

seus cidadãos mais importantes e bem-sucedidos. S K


1492 9 DE MAIO

Morte de Lourenço, "0 Magnífico" O desaparecimento de Lourenço de Mediei marca o colapso da idade de ouro de Florença e inaugura uma época de turbulência e conflitos. A m o r t e d e L o u r e n ç o d e Mediei aos 43 anos, e m 9 d e maio d e 1492, marcou a última fase grandiosa da liderança cultural fbrentina no Renascimento italiano. Desd e a década d e 1470, Lourenço controlava c o m mão d e ferro o poder d e Florença entre as várias cidades-estado italianas. Poeta, esteta, banqueiro e estrategista político, ele presidiu u m período d e p a z e cultura refinada. Incentivou outros a darem trabalho para os artistas da cidade, e tanto Leonardo da Vinci quanto Boccaccio usufruíram da generosidade d e Lourenço. Ele t a m b é m abriu uma escola d e escultura no jardim d e San Marco, o n d e um

"Ah, pobre de mim! / Ó tristeza, ó tristeza! / O raio derrubou / nosso loureiro." A. Poliziano, Lamento pela morte de Lourenço,

1492

aluno d e 15 anos foi criado c o m o filho da família - seu n o m e era Michelangelo. Savonarola compareceu a o leito d e morte d e L o u renço. Esse m o n g e d o g m á t i c o se o p u n h a c o m v e emência ao que considerava a obsessão da Igreja c o m as riquezas materiais. Na sua opinião, isso havia sido e n corajado por Lourenço, patriarca pragmático. Depois da morte d o Magnífico, a ortodoxia religiosa logo ganhou importância graças a Savonarola. Dois anos depois, Carlos VIII, rei da França, já havia invadido Florença e o Palácio Mediei foi saqueado. C e m anos d e valorização artística foram vandalizados e m poucas horas. Os Estados italianos mergulharam e m 50 anos d e turbulência. J J H

O

L o u r e n ç o , o M a g n í f i c o , d e t a l h e d o s a f r e s c o s (1459-1460) pintados por Benozzo Gozzoli no Palácio Mediei Riccardi.


I

492 12 DE OUTUBRO

Colombo descobre a América Cristóvão Colombo não percebe que encontrou um novo continente.

O

U m a republicaçãoseiscentista da gravura d e cerca d e 1 5 9 4 d e T h e o d o r d e Bry m o s t r a n d o a descoberta da América por C o l o m b o .

I n i uma sexta-feira, 12 d e outubro d e 1492, Cristóvão

C o l o m b o prosseguiu até o q u e hoje são Cuba e Haiti

i i (lombo c h e g o u a uma ilha nas Bahamas, g u e imagi-

antes d e retornar e m março d o a n o seguinte a Paios,

n o u fazer parte da Ásia, e batizou-a d e San Salvador. A

o n d e teve u m a acolhida esfuziante. Sua segunda via-

v i a g e m q u e conduziu à conquista d o N o v o M u n d o

g e m , mais tarde no a n o d e 1493 e c o m uma frota d e

pelos europeus havia c o m e ç a d o n o porto espanhol

2 0 navios, desbravou outros lugares d o Caribe.

d e Paios e m 3 d e agosto. C o l o m b o , q u e recebera d o

N o c o m e ç o , todos na Europa compartilhavam a

regime espanhol a missão d e "descobrir e conquistar

suposição d e C o l o m b o d e q u e havia c h e g a d o à Ásia,

ilhas e continentes no Mar Oceano", havia zarpado

e foi só q u a n d o o grande navegador avistou terras v e -

i M I I I 120 h o m e n s e m uma flotilha formada por três

nezuelanas na terceira d e suas viagens, d e 1498 a 1500,

p e q u e n a s e m b a r c a ç õ e s - Pinta, Nina e Santa Maria

-

q u e ele c o m e ç o u a se perguntar se por acaso não teria

I >ara alcançar a China e o Extremo Oriente pelo oeste.

descoberto u m n o v o continente. Sua última v i a g e m ,

D a n d o graças a Deus, C o l o m b o t o m o u posse d a -

e m 1502, levou-o até o golfo d o México, mas ele não

quela terra e m n o m e d e Fernando e Isabel da Espa-

conseguiu encontrar passagem para a China e passou

nha. L o g o surgiram habitantes nativos da ilha trazen-

o último a n o d e vida aposentado e esquecido na Es-

d o d e presente fios d e algodão, periquitos e tabaco.

panha até morrer, aos 5 5 anos, e m 1506. R C


0 Novo Mundo é dividido O Tratado de Tordesilhas divide o Novo Mundo ainda quase

inexplorado.

«••^•••••••••••••kMMHI O

O p r i m e i r o m a p a m o s t r a n d o a l i n h a d e d e m a r c a ç ã o p o n t i f i c a i q u e d i v i d i a a s d e s c o b e r t a s d o N o v o M u n d o e n t r e E s p a n h a e 1'or t u q . i l . r . u

A abrangência e a presunção da iniciativa e r a m d e

1

tou seu p e d i d o d e garantir o controle das len.r,

uma audácia extraordinária: e m 7 d e j u n h o d e 1494,

mares recém-descobertos por C o l o m b o . U m a l i o u

os direitos às terras d o N o v o M u n d o foram reparti-

teira imaginária 100 léguas (480km) a o e s l e i|e i .11 >.,

dos por u m a linha arbitrária q u e cortava o o c e a n o

Verde d e u à Espanha direitos exclusivos á s l e n a s a

Atlântico a o m e i o d e u m p ó l o a o outro.

o e s t e dessa linha. J o ã o ficou furioso, mas m u u m i lis

0 catalisador disso tinha sido C o l o m b o e sua boca grande. S e m tato n e m diplomacia, ele havia provocad o o rei J o ã o II por ter deixado escapar o patrocínio d e sua épica v i a g e m para as mãos d e Fernando e Isabel

cussões c o m Fernando e Isabel para m o v e i ,i linha 270 léguas (1.296km) para oeste. Nas negociações d e Tordesilhas, a deli •< |, u, á< > |»>i tuguesa incluía navegantes e u m cartógrafi i, e a da Es

da Espanha. P r e o c u p a d o q u e a Espanha pudesse pre-

panha, cortesãos q u e pouco sabiam sobre o A l i min 11

judicar suas ambições d e garantir uma rota até as ilhas

O acordo para ajustar a linha atendeu os inien 'ssi ••. 11

das Especiarias passando pela África, J o ã o r a p i d a m e n -

Portugal. Houve, porém, u m ponto crítico: a m iv, J i

te d e s p a c h o u uma frota para o N o v o M u n d o .

são entregava o Brasil a Portugal. A "teoria d a < oi r . p n a

M a s F e r n a n d o e Isabel foram mais astutos q u e J o ã o e, a 3 d e m a i o d e 1493, o papa Alexandre VI a c a -

ção" (os portugueses já teriam descoberto o Brasil) 11 mais ficou provada. J J H


Em busca de novas águas para a pesca Labrador e Terra Nova são descobertos por João Caboto.

O

D e t a l h e d e A partida

de Joàoe

Sebastião

Caboto

de Bristol,

p o r Er

João Caboto avistou terras o n d e hoje fica o Canadá e m

VII autorizou C a b o t o a encontrar e conquistar terras

24 d e j u n h o d e 1497, e m algum lugar perto da d e s e m -

"dos p a g ã o s e infiéis". Depois d e u m a primeira tenta-

bocadura d o estreito d e Belle Isle, entre o Labrador e a

tiva malograda, C a b o t o zarpou d e Bristol e m 20 d e

ferra Nova. Ele reivindicou o território e m n o m e da In-

maio d e 1497, n o Matthew,

glaterra e da cristandade. Depois d e uma cuidadosa in-

cerca d e 15 marinheiros.

c o m uma tripulação d e

v i '.ligação d o litoral, Caboto voltou para Bristol, o n d e

C a b o t o havia e n c o n t r a d o águas d e pesca, mas

foi acolhido por u m oficial aduaneiro c h a m a d o Ricardo

acreditava ter c h e g a d o a o nordeste da Ásia. Partiu

,i Meyric - alguns habitantes d e Bristol gostam d e p e n -

e m u m a s e g u n d a v i a g e m e m 1498, mas se p e r d e u

sar q u e a América foi batizada e m sua h o m e n a g e m .

no mar e jamais v o l t o u . Existe uma torre e m sua h o -

J o ã o C a b o t o era u m marinheiro experiente, q u e

m e n a g e m na B r a n d o n Hill, e m Bristol.

parece ter c o n h e c i d o C o l o m b o na Espanha e m 1493

Quinhentos anos antes, o norueguês Leif Eriksson

e ficado inspirado por suas a m b i ç õ e s transatlânticas.

já descobrira a América d o Norte e fundara u m povoa-

( h e g o u a Bristol, na Inglaterra, u m o u dois anos d e -

d o d e vida curta na Terra Nova, mas a descoberta d e

pois e e n c o n t r o u comerciantes interessados na des-

Caboto propiciou à Inglaterra u m papel-chave na histó-

i oberta d e novas águas para a pesca. 0 rei H e n r i q u e

ria d o Canadá e da América d o Norte. R C


Vasco da Gama chega às índias Os portugueses rompem o lucrativo monopólio veneziano do comércio de especiarias.

O

A chegada

de Vasco

da Gama

a Calcutá,

20 de maio

de 1498, t a p e ç a r i a q u i n h e n t i s t a d a e s c o l a f l a m e n g a .

E m 20 d e maio d e 1498, Vasco da Gama ancorou e m

para evitar condições adversas e aproveitar c orn-iiii-.

Calicute, importante porto da costa sudoeste da índia,

favoráveis. E m 4 d e novembro d e 1497 c h e g o u a Una

depois d e partir d e Melinde rumo ao norte pelo oceano

d e Santa Helena, cerca d e 260km ao norte da moderna

Índico. E m 8 d e julho d e 1497, ele havia se encaminhado

Cidade d o Cabo. Era u m feito d e navegação notável <•

e m procissão até o cais d e Lisboa c o m sua tripulação d e

d e longe o mais longo realizado por marinheiros' lun i

170 homens. Fora escolhido pelo rei Manuel I para pre-

peus sem avistar terra. Subindo a costa oriental

parar seus h o m e n s para a longa v i a g e m até as índias,

mapeada da África, os navegantes passaram c m ,''< d c

estabelecer relações c o m líderes orientais e abrir c a m i -

dezembro por u m local que batizaram d e Natal.

n h o para missionários e mercadores portugueses. A São Gabriel e a São Rafael haviam sido c o n s t r u -

O s navios d e Vasco da G a m a passaram ent

nío

i

ser recebidos por comerciantes m u ç u l m a n o s c m l i i

ídas e s p e c i a l m e n t e para a e x p e d i ç ã o sob orientação

dos os portos. Fram acolhidos c o m surpresa, di ••

d e B a r t o l o m e u Dias. Esteja havia n a v e g a d o pela cos-

fiança e hostilidade. E m M o ç a m b i q u e , tiros gari

ta ocidental da África e conhecia seus perigos. Os

ram uma passagem segura. E m Melinde, 80km ao

navios t a m b é m l e v a v a m armas para defesa.

norte d e M o m b a ç a , o sultão consegiu u m piloii > qui

Vasco da G a m a e s c o l h e u u m curso mais aberto,

lhes mostrou o resto d o c a m i n h o para as índias J J H




1498 23 DE MAIO

Savonarola paga o preço por seu zelo O frei dominicano e pregador Girolamo Savonarola é queimado na fogueira em Florença. E m 1497, a arrebatada denúncia feita por Savonarola da riqueza material e da devassidão moral havia inspirado os habitantes d e Florença a e r g u e r e m uma pilha c o m todos os bens profanos q u e p u d e s s e m e n contrar - espelhos, livros sobre t e m a s pagãos, esculturas imorais, peças d e j o g o , roupas luxuosas, instrum e n t o s musicais - e a queimarem-nos na Piazza delia Signoria. E m 23 d e maio d e 1498 foi a vez d e o frei d o m i n i c a n o arder e m c h a m a s . Ele havia t e n t a d o criar uma república cristã e m Florença, mas foi acusad o d e falso profeta e herege. Foi enforcado e m uma corrente amarrada a uma cruz, ladeado por dois d e seus discípulos mais próximos, e uma imensa f o g u e i ra foi acesa debaixo deles no lugar exato o n d e a " F o gueira das Vaidades" havia ardido no passado. Os sermões d e Savonarola sobre o fogo d o inferno haviam c o m e ç a d o a atrair u m público a m p l o logo após sua c h e g a d a a Florença, e m 1490. Seus ataques à c o r r u p ç ã o fizeram sucesso c o m muitos habitantes da c i d a d e desgostosos d o controle político da rica família Mediei. E m 1494, q u a n d o Pedro d e Mediei foi d e r r u b a d o pelos franceses, Savonarola tornou-se a inspiração para a criação d e uma república cristã. C o m a aproximação d o a n o 1500, o espírito d o O

Moeda de bronze do século XV mostrando Savonarola

O

Savonarola

u m d e s e n h o d e L u c a (1400-1482) e A m b r o g i o d e l i a

Florença,

queimando

na fogueira,

Piazza

delia

em

Robbia.

Signoria,

ó l e o quinhentista da Escola Italiana.

milenarismo estava no ar, e no início os florentinos reagiram c o m entusiasmo à m e n s a g e m apocalíptica d e tragédia iminente pregada por Savonarola. Puseram-se a jejuar e cantar hinos e aprovaram d e b o m g r a d o leis severas e m relação a o vício e à frivolidade.

"Ele é um infiel, um herege, e como tal deixou de ser papa." Girolamo Savonarola, sobre o papa Alexandre VI

E m 1497, p o r é m , já haviam c o m e ç a d o a se cansar d e Savonarola. As tabernas reabriram, e a dança e a j o gatina e m público foram retomadas. E m 8 d e abril d e 1498, uma multidão atacou o frei e m seu c o n v e n t o d e San Marco e várias pessoas morreram. Savonarola se rendeu e foi j u l g a d o por o r d e m d o papa A l e x a n dre VI, alvo d e seus mais virulentos ataques. S K



Cabral chega ao Brasil

Relatos do Novo Mundo

Confundindo-o com uma ilha, Cabral reivindica o Brasil em nome de Portugal.

Vespúcio é o primeiro a relatar o que existe para lá do Atlântico.

Pedro Álvares Cabral zarpou d e Lisboa e m março d e

A paixão q u e A m é r i c o Vespúcio tinha pela geografia

1500 c o m 13 navios e 1.200 h o m e n s , mas foi desvia-

o fez embarcar e m uma série d e expedições e s p a -

d o d e seu curso indo para o sudoeste d o o c e a n o

nholas para o N o v o M u n d o entre 1499 e 1502. E m

Atlântico e a l c a n ç o u a costa brasileira, perto da atual

maio d e 1501, a v i a g e m o fez percorrer a costa d o q u e

c i d a d e d e Porto Seguro, e m 22 d e abril. Há muito se

hoje c o n h e c e m o s c o m o América d o Sul. Seus c o -

desconfia d e q u e esse feito c o m p o r t a u m e l e m e n t o

n h e c i m e n t o s geográficos e r a m muito sólidos e ele

calculista mais forte d o q u e os p o r t u g u e s e s deseja-

desconfiou d e q u e as ilhas avistadas por C o l o m b o

v a m admitir, mas não há provas.

e m 1498 e r a m na v e r d a d e u m continente - o N o v o

Cristóvão C o l o m b o havia d e s c o b e r t o o c o n t i -

M u n d o - e não parte da Ásia. Ressaltou o grande tama-

nente sul-americano e m 1492, e uma e x p e d i ç ã o es-

nho desse continente e sugeriu g u e as índias poderiam

panhola zarpou para explorar o q u e hoje é a V e n e -

ser a l c a n ç a d a s p e l o sudoeste, i n d i c a n d o o c a m i n h o

zuela e m

1498. N o m e s m o ano, Vasco da

Gama

retornou a Portugal d e sua revolucionária v i a g e m às índias. U m a nova e x p e d i ç ã o pela m e s m a rota foi organizada sob a liderança d e Cabral e m 1500. Ao aportar no Brasil, Cabral pensou q u e tivesse i h e g a d o a uma ilha, q u e batizou d e Vera Cruz. M a n d o u rezar uma missa, ergueu uma cruz e d e s p a c h o u

"Eles vivem juntos sem rei, sem governo, e cada qual é seu próprio senhor." Américo Vespúcio

uma e m b a r c a ç ã o veloz d e volta a Portugal para relatar a descoberta. Depois d e passar 10 dias ali, deixou para

para u m a p a s s a g e m o c i d e n t a l para o O r i e n t e .

trás u m p u n h a d o d e criminosos c o n d e n a d o s (os a n -

Não se sabe exatamente quantas viagens Vespúcio

cestrais da p o p u l a ç ã o mestiça brasileira) e tornou a

fez, mas suas explorações incluíram a maior parte da

atravessar o Atlântico para dobrar o c a b o da Boa Espe-

costa atlântica da América d o Sul até o litoral da Patagô-

rança e continuar sua expedição r u m o às índias.

nia. Seu diário d e bordo e seus mapas supostamente se

A m é r i c o V e s p ú c i o a l e g o u ter c h e g a d o à América

perderam, mas uma série d e cartas para os amigos Pie-

d o Sul e m 1497, antes d e C o l o m b o , e d e s c o b e r t o o

ro Sonderini e Pedro d e Mediei descrevendo suas via-

Brasil. Ele d e fato foi a o Brasil e m uma e x p e d i ç ã o por-

gens foi publicada. A descrição dos lugares avistados

tuguesa, mas só e m 1501. O g o v e r n o p o r t u g u ê s foi

pelos navios d e Vespúcio instigou a imaginação dos

u m tanto lento para tomar providências e m relação à

h o m e n s d o Renascimento. A autoria das cartas publica-

descoberta, u m a vez q u e durante u m século o mais

das é controversa, mas Vespúcio, c o m certeza, partici-

i m p o r t a n t e p r o d u t o d e e x p o r t a ç ã o brasileiro foi a

pou das viagens e seu n o m e foi ligado a relatos mais

madeira bruta. C o m a introdução dos e n g e n h o s d e

tarde usados pelo cartografo Martin Waldseemüller. Em

açúcar, n o século XVII, a e c o n o m i a cresceu, e c o m ela

1507, este produziu u m famoso planisfério impresso

o tráfico d e escravos africanos, f a z e n d o d o Brasil u m

q u e pela primeira vez se referia a o novo hemisfério

território i m p o r t a n t e d o N o v o M u n d o . R C

c o m o "América". J J H


A dinastia sefévida assume o controle da Pérsia O muçulmano xiita Ismail I proclama-se xá da Pérsia e obriga os persas a se converterem à sua fé. A p ó s séculos d e conquista e d o m í n i o d e invasores estrangeiros, uma dinastia d e o r i g e m iraniana, os sefévidas, assumiu o controle da Pérsia e m 1501. A d i nastia o t o m a n a Akkoynlu (Ovelha Branca) foi d e r r u bada pelo j o v e m xá Ismail I. Ismail vinha da cidade azerbaijana d e Ardabil, mas t a m b é m contava c o m o a p o i o das ferozes tribos t u r c o m a n a s da Anatólia Oriental, c o n h e c i d a s pelas cores d e seus turbantes c o m o qzilbashi

(cabeças ver-

melhas). Depois d e perder o pai e o irmão q u a n d o criança, ele se p r o c l a m o u xá na c i d a d e d e Tabriz e m 1501, ainda adolescente. E m 1510, depois d e adotar o idioma farsi, já havia conquistado t o d o o atual Irã, acrescentando posteriormente a seus domínios os modernos Azerbaijão, Iraque, boa parte d o Afeganistão e da Anatólia. M u ç u l m a n o xiita devoto, converteu a maioria dos persas à sua religião por meio da força. As conquistas d e Ismail foram interrompidas e m 1514 na Batalha d e Chaldiran, leste da Anatólia, q u a n d o seu exército d e turcomanos foi neutralizado pela cavalaria d e janízaros otomanos e pela artilharia d o sultão Selim I, Apesar d e escapar por p o u c o d e ser capturado na derrota, q u e lhe custou a Anatólia, ele continuou a guerrear contra os o t o m a n o s e outros sunitas, derrotando o líder uzbeque Shaybani e transform a n d o seu crânio e m u m cálice incrustado d e jóias. Embora Ismail tenha m e r g u l h a d o na melancolia durante os últimos anos d e vida, sua dinastia contin u o u a prosperar. U m xá sefévida posterior, A b b a s I, transferiu a capital para Isfahan no final d o século XVI. D e lá, A b b a s I c o m a n d o u u m magnífico renascim e n t o da arte e arquitetura islâmicas persas. N J

O

P i n t u r a p e r s a d o s é c u l o X V I i n t i t u l a d a Uma

principesca,

hoje no Louvre, Paris.

recepção



Obra-prima de um gênio florentino O Davi de Michelangelo é exibido nos degraus do Palazzo Vecchio, em Florença. E m 8 d e setembro d e 1504, já fazia três anos q u e M i chelangelo trabalhava e m sua obra-prima. A colossal estátua d e Davi nu fora originalmente concebida para a Catedral d e Florença, mas e m vez disso decidiu-se instalá-la nos degraus d o Palazzo Vecchio. Quarenta h o m e n s levaram quatro dias para transportar a escultura, dentro d e uma moldura especial, d o ateliê d e Michelangelo até o lugar d e exibição. N o caminho, passantes atiraram pedras na estátua, provavelmente protestando contra sua nudez paga (depois escondida por u m cinto d e bronze folheado a ouro). Enquanto a estátua era montada, Piero Sonderini, o

gonfaloniere

(chefe d e Estado) eleito para governar Florença e m 1502, disse a Michelangelo q u e o nariz estava grande demais. O escultor logo e m p u n h o u u m cinzel, subiu nos andaimes e fingiu arrancar o órgão ofensivo. I lavia muito t e m p o q u e os florentinos considerav a m Davi, herói bíblico q u e m a t o u o gigante Golias, u m símbolo d e sua virtude cívica. Michelangelo tinha apenas 26 anos d e idade q u a n d o , e m 1501, administradores da catedral o escolheram entre vários outros escultores mais conhecidos e experientes para criar a estátua. Ele a esculpiu a partir d e u m bloco d e m á r m o re d e Carrara d e 4,2m q u e estava no pátio da catedral de Davi

com

sua

funda,

d e s d e a década d e 1400, originalmente destinado a

O

D e t a l h e d e Esboço

feito e m 1503-1504.

uma gigantesca estátua a ser m o n t a d a e m u m dos

O

O Davi

contrafortes semicirculares da matriz.

de Michelangelo,

de M i c h e l a n g e l o e s t á h o j e n a A c a d e m i a d e F l o r e n ç a . A

escultura se t o r n o u u m s í m b o l o r e c o n h e c i d o n o m u n d o inteiro.

O mais incrível para os c o n t e m p o r â n e o s foi q u e o artista trabalhou sem usar u m m o d e l o e m t a m a n h o

"Depois de ver isso, ninguém precisa querer olhar para nenhuma outra escultura..." G i o r g i o V a s a r i , Vidas

dos artistas,

1550

real c o m o guia, e d e s e n h o u diretamente na fachada d o bloco d e mármore antes d e entalhá-lo. Ele tirava as medidas a olho. Primeiro nu a ser esculpido e m escala semelhante d e s d e a Antigüidade, o Davi é simples e gracioso, apesar d e seu t a m a n h o . Abrigado na galeria da Academia d e Florença, é considerado uma obraprima d e todos os t e m p o s . S K



Um teto feito para inspirar O papa Júlio II contrata Michelangelo para pintar o teto da Capela Sistina. Michelangelo não queria aquele trabalho. Já havia d e cidido esculpir o túmulo d o papa Júlio II - e n c o m e n d a recebida e m 1505 - e, d e toda forma, não tinha e x p e riência c o m a técnica d o afresco. N ã o seria melhor o papa pedir a outro artista q u e pintasse o teto da C a p e la Sistina? Mas o papa Júlio insistiu c o m Michelangelo g u e aceitasse o prestigioso projeto e, e m 10 d e maio d e 1508, p a g o u u m adiantamento ao artista, O d e s e n h o original previa 12 grandes figuras d o s apóstolos, mas Michelangelo reclamou q u e Isso seria " p o u c o " e c o n v e n c e u o papa a concordar c o m u m d e senho mais complexo, c o m nove painéis alinhados n o centro da a b ó b a d a Ilustrando a criação, a queda d o h o m e m e a promessa d e salvação da família eleita d e Noé. O d e s e n h o original pedia 12 apóstolos, q u e M i chelangelo substituiu por 12 profetas e sibllas a n u n ciando a chegada d o Messias, A o todo, o desenho d e finitivo t e m mais d e 300 personagens. Michelangelo c o m e ç o u o trabalho n o Inverno d e 1508 para 1509 e termlnou-o e m 1512. A o contrário d o que se diz habitualmente, não pintou o teto deitado d e costas n u m andaime, mas d e cima d e uma plataforma que se projetava das paredes sustentada por suportes

t

e m forma d e L, Foi u m trabalho confinado, árduo, E m -

•A O

O

E s t u d o s d e M i c h e l a n g e l o para o teto d a C a p e l a Sistina, q u e

bora o próprio artista tenha pintado os personagens

e l e c o m p l e t o u e m 1512.

mais importantes, pedia aos assistentes q u e moessem

Vista geral d o teto da C a p e l a Sistina antes d a restauração na

os pígmentos e preparassem o gesso para a glornate

d é c a d a d e 1980.

(sessão) d e cada dia, À medida que ficava mais confiante e m relação ao trabalho, suas pinceladas foram se tor-

"Quando o teto foi descoberto, todos... ficaram olhando, mudos de espanto/' G l o r g i o V a s a r i , Vidas dos artistas, 1 5 5 0

nando mais livres e enérgicas, os contornos decididos e amplos, E m seu Vidas dos artistas (1550), Glorglo Vasarl conta, e m t o m d e admiração, que Michelangelo levou apenas u m dia para completar a figura d e Deus estend e n d o a m ã o para Adão, Essa é hoje a imagem mais representativa d o teto da capela, reproduzida m u n d o afora e m mousepads

e ímãs d e geladeira. S K



Triunfo de Rafael

Igreja criticada

Rafael conclui seu afresco mais famoso, A Escola de Atenas.

O estudioso humanista Erasmo castiga a Igreja em Elogio da loucura.

Em Roma, os anos e m torno d e 1510 foram d e uma

O estudioso holandês Desidério Erasmo escreveu o li-

atividade artística febril: D o n a t o Bramante, arquiteto

vro pelo qual é mais célebre e m apenas uma semana

d o Alto Renascimento, trabalhava na nova Basílica d e

d o a n o d e 1509, hospedado na casa d o estadista e c o -

São Pedro; M i c h e l a n g e l o estava o c u p a d o c o m o teto

lega humanista inglês sirThomas More, a q u e m a obra

da Capela Sistina; e Raffaello Sanzio - mais c o n h e c i -

é dedicada. Seu título e m grego, Moriae Encomium,

d o c o m o Rafael - d e c o r a v a u m a s e q ü ê n c i a d e c ô -

u m trocadilho c o m o n o m e d e M o r e (a versão latina,

m o d o s no Vaticano q u e incluía seu afresco A

Stultitiae Laus, é geralmente traduzida c o m o Elogio

de Atenas.

Escola

Os artistas haviam sido contratados pelo

papa Júlio II, g r a n d e patrono das artes. A t r a e n t e , s e d u t o r e a m b i c i o s o , Rafael

loucura).

é

da

Escrito e m latim, o livro se tornou popular

logo depois da publicação, e m 1511, g a n h a n d o 43 e d i havia

ções durante a vida d o autor. Trata-se d e uma avalia-

a p r e n d i d o sua arte e m Florença, o n d e fora influen-

ç ã o satírica das práticas corruptas da Igreja Católica Romana, precursora das críticas d o reformador a l e -

"Aquijaz... Rafael, por quem a Natureza temia ser superada enquanto ele viveu."

m ã o Martinho Lutero. Erasmo t a m b é m faz uma sátira espirituosa da loucura dos pedantes, incluindo ele próprio, e conclui c o m uma afirmação d e sua fé cristã. Erasmo foi o principal estudioso humanista d e sua

Epitáfio, t ú m u l o de Rafael, Panteão de Roma

geração. Ex-monge agostiniano, havia abandonado o claustro, desiludido c o m o rígido dogmatismo da escolástica medieval, para se dedicar aos estudos clássicos.

ciado por L e o n a r d o da Vinci e Michelangelo. Mas foi

E m 1500 publicou Adagia

B r a m a n t e q u e m o r e c o m e n d o u a Júlio II e m 1508. O

vérbios e expressões que se tornou u m sucesso. A ami

projeto para decorar u m a seqüência d e stanze

zade cada vez mais próxima c o m M o r e e outros h u m a -

(cô-

(Adágios), coletânea d e pro-

m o d o s ) nos aposentos particulares d o papa foi u m

nistas ingleses levou-o a passar vários anos na Inglaterra,

m o m e n t o decisivo na carreira d e Rafael. Para a stanza

e foi lá q u e ele c o m e ç o u a trabalhar e m sua famosa e d i -

(quarto da assinatura), Júlio havia e s -

ção d o Novo Testamento Grego (1516). Seus escritos aju-

colhido o t e m a da sabedoria celeste e terrena, e é

daram a preparar a vinda da Reforma d e Lutero e, e m b o -

delia segnatura

esta última q u e Rafael representa e m A Escola de Ate-

ra ele tenha se mostrado inicialmente receptivo às idéias

nas, obra-prima da arte d o afresco q u e relaciona os

deste último, descrevendo-as para o papa Leão X c o m o

Filósofos p a g ã o s da A n t i g ü i d a d e c o m o neoplatonis-

"uma potente trombeta d e verdade evangélica", lamen-

m o d o p e n s a m e n t o renascentista.

tou a ruptura da unidade da Igreja. Mais tarde tornou-se

N o centro da c o m p o s i ç ã o estão Platão e Aristóteles. O m o d e l o d e Platão foi Leonardo da Vinci, q u e

u m crítico v e e m e n t e d e Lutero, e tanto católicos quanto protestantes passaram a vê-lo c o m desconfiança. S K

Rafael muito admirava, e o pintor t a m b é m incluiu r e tratos d e si próprio e M i c h e l a n g e l o entre os c o a d j u vantes dos filósofos gregos e romanos. T B

O

R e t r a t o s e m d a t a p o r Q u e n t i n M e t s y s (c. 1466-1530) i n t i t u l a d o Erasmo

de

Roterdã.


A Espanha toma Cuba

A Fonte da Juventude

Diego Velázquez funda povoados no novo domínio espanhol de Cuba.

Ponce de León reivindica oficialmente a Flórida para a Coroa espanhola.

E m 1510, os espanhóis já haviam d e s c o b e r t o o Caribe

Os primeiros europeus a explorar e colonizar o q u e

ao sul d e Cuba, mas a ilha e m si e o golfo d o M é x i c o

hoje são os Estados Unidos da América foram espa-

ainda não e s t a v a m m a p e a d o s e t a m p o u c o o g r a n d e

nhóis, ingleses, franceses e holandeses. N o início d e

território c o m p o s t o por México, América d o N o r t e e

1513, J u a n P o n c e d e L e ó n , soldado espanhol q u e t i -

Flórida. C o l o m b o havia d e s e m b a r c a d o e m C u b a pela

nha viajado até o N o v o M u n d o j u n t o c o m C o l o m b o

primeira vez q u a s e 20 anos antes. E m 1511, seu irmão

e m 1493 e feito fortuna e m Puerto Rico, a r m o u três

Diego e n c o m e n d o u a conquista da ilha.

navios e zarpou d e Puerto Rico r u m o ao noroeste.

Comandada por Diego Velázquez d e Cuéllar e Her-

E m 27 d e março, avistou uma terra q u e batizou d e La

nán Cortês, uma força percorreu os 100 quilômetros d o

Florida e m h o m e n a g e m ao dia d e seu d e s e m b a r q u e

estreito d e W i n d w a r d partindo d e Hispaniola e logo se

- a Pascua

instalou e m Asunción d e Baracoa. A conquista correu

abril, P o n c e d e L e ó n atracou u m p o u c o a o norte da

de Flores (o d o m i n g o d e Páscoa). E m 2 d e

relativamente sem percalços, uma vez q u e os arcos, flechas e fundas dos índios tainos não eram páreo para as armaduras, arcos, artilharia e longas e mortais espadas de aço dos espanhóis. Velázquez prosseguiu rumo ao interior e m direção a Bayamo, o n d e cerca d e 100 índios tainos foram chacinados e o chefe da tribo executado - estabelecendo assim o padrão d e matança impiedo-

"É motivo de alegria Ponce de León ter... ido encontrar o rio Jordão." H e r n a n d o F o n t a n e d a , Memórias,

1575

sa para a conquista d o continente. Os conquistadores travavam amizade c o m alguns índios, mas o massacre

atual St. A u g u s t i n e e t o m o u posse d o território. E n -

era usado c o m o c a m i n h o mais rápido para a vitória.

t ã o t o r n o u a zarpar para a costa ocidental, s e n d o r e -

A fórmula para a construção d e u m império t a m b é m foi usada e m Cuba. Foi projetado u m p o v o a d o ,

p e t i d a m e n t e a t a c a d o pelos nativos antes d e voltar para Puerto Rico.

e os índios distribuídos entre soldados e proprietá-

Aparentemente, P o n c e d e León estava e m busca

rios d e terras. O s nativos foram forçados a garimpar

d e ouro e escravos, mas uma história apócrifa se espa-

ouro e a plantar m a n d i o c a , milho, batata-doce e ar-

lhou s e g u n d o a qual ele estava procurando o mítico

roz e m troca d e instrução religiosa. Era u m a escravi-

rio Jordão, o u Fonte da J u v e n t u d e , para curar sua i m -

d ã o c h a m a d a por outro n o m e , muito e m b o r a a d o s

potência sexual e devolver sua juventude. E m 1521,

índios c u b a n o s fosse proibida.

partiu d e Puerto Rico rumo à Flórida para fundar u m

Ovelhas, porcos, bois e escravos negros foram trazi-

p o v o a d o . Aportou na costa oeste, talvez perto d e

dos, e os desbravadores mandaram buscar suas e s p o -

Charlotte Harbor. Porém, e n q u a n t o ele e seus c o m p a -

sas. A pecuária, a mineração e outras atividades comer-

nheiros estavam construindo casas, foram atacados

ciais se desenvolveram, c o m o a criação d e tartarugas e

pelos índios calusas e P o n c e d e L e ó n foi ferido por

o plantio d e tabaco. C o m o governador, Velázquez f u n -

uma flecha envenenada. Os espanhóis fugiram para

d o u Santiago d e Cuba e m 1514 e Havana e m 1515. J J H

Havana, e m Cuba, o n d e Ponce d e L e ó n morreu. R C


Ceifados como flores da floresta A Batalho de Flodden, na qual os escoceses são derrotados e seu rei e vários nobres mortos, é o sangrento ápice das hostilidades anglo-escocesas. C o m a perda d e algo e m torno d e cinco mil vidas, a Batalha d e Flodden foi uma das piores derrotas jamais sofridas pelos escoceses. Foi dito q u e as "Flores da Escócia" morreram nesse dia d e setembro d e 1513, incluindo o próprio J a i m e IV e quase toda a nobreza escocesa. Na avaliação d o cronista Edward Hall, Henrique VIII "ansiava constantemente por servir a Marte". S e m dúvida, os escoceses ficaram alarmados q u a n d o ele insistiu, e m 11 d e agosto d e 1513, q u e era "o d o n o da Escócia". No entanto, a prioridade d e Henrique era a guerra c o m a França, e ele enviou tropas para o norte apenas c o m o medida defensiva. M e s m o assim, J a i m e IV partiu para a ofensiva. U m formidável exército d e 20 mil homens c o m a n d a d o pelo rei escocês cruzou o rio T w e e d e subjug o u os castelos d e fronteira ingleses. Ao cair da noite d e 8 d e setembro, os soldados assumiram posição e m Flodden Edge, Northumberland, d e o n d e podiam avistar a pequena força inglesa mais abaixo. Os escoceses abriram fogo na tarde seguinte, lançando pedras que passaram por cima da cabeça dos ingleses. As armas inglesas, menores porém mais certeiras, causaram d a nos consideráveis até o c o n d e d e Huntly e lorde H o m e a t a c a r e m o f l a n c o direito d o s ingleses. Nessa hora, J a i m e entrou no combate. Tudo corria a favor dos escoceses a t é Huntly e H o m e r e c u a r e m s e m explicação. A batalha foi renhida, e os escoceses foram arrasados. Henrique estava preocupado demais para tomar providências e m relação à vitória, mas podia ficar descansado: J a i m e V era u m b e b ê d e 18 meses e a Escócia quase já não tinha nobres para formar uma oposição. R P

O

Q u a d r o d o s é c u l o X I X r o m a n t i z a n d o a b a t a l h a : Notícias

Flodden, O

1513, p o r W i l l i a m B r a s s e y H o l e ( 1 8 4 6 - 1 9 1 7 ) .

G r a v u r a q u i n h e n t i s t a d e J a i m e IV d a Escócia, m o r t o na Batalha de Flodden.

de


Os europeus avistam o Pacífico pela primeira vez A descoberta de Balboa traz esperança de uma rota marítima ocidental para o Oriente.

O

Vasco

Nunez

de Balboa

reivindica

os Mares

do Sul, g r a v u r a e m c o b r e c o l o r i d a q u e r e m o n t a a 1 5 1 3 .

D o alto d e u m morro acima da densa floresta, Vasco

e algumas canoas, seguido por centenas d e índios.

N u n e z d e Balboa fitava a imensidão azul d o golfo d e

Aportaram e m Acla, trecho mais estreito d o istmo, e

San M i g u e l . Eram 10 da manhã, e o conquistador e s -

seguiram pelo interior e m meio à mata úmida e d e n -

panhol havia a c a b a d o d e se tornar o primeiro e u r o -

sa, atravessando rios largos e caudalosos, pântanos

p e u a avistar o o c e a n o Pacífico.

infestados d e cobras e repelindo atagues d e índios.

Balboa não fazia idéia da vastidão daquelas águas,

Foi uma expedição corajosa e determinada.

mas, assim c o m o muitos aventureiros, imaginava q u e

E m p u n h a n d o u m estandarte real e reivindicando a

se estendessem por toda a costa ocidental da Améri-

posse do Mar dei Sur (mar do Sul) e m n o m e d o regente

i a. Calculava t a m b é m q u e o chão q u e estavam pisan-

D o m Fernando e d e sua filha, a rainha Joana, Balboa e n -

d o (no atual Panamá) era uma fina nesga d e terra e

trou na água até os joelhos. Os sobreviventes q u e o

q u e uma rota inteiramente marítima até o Oriente es-

a c o m p a n h a v a m montaram uma pilha d e pedras e uma

lava agora ao alcance da Espanha. Cauteloso d e v i d o

cruz improvisada, q u e gravaram c o m o n o m e d o rei Fer-

aos vários nobres poderosos c o m q u e m havia se d e -

nando. U m certificado legal d e descoberta foi redigido

sentendido, Balboa não esperou autorização oficial:

c o m os nomes dos presentes, incluindo o futuro c o n -

partiu c o m 190 soldados espanhóis e m u m bergantim

quistador Francisco Pizarro. J J H


Glória para o jovem monarca francês O rei Francisco I derrota os suíços na Batalha de

O

A Batalha

de Marignano,

14 de setembro

Marignano.

de 1515, p o r N a t a l e D a t t

Em 1515, q u a n d o Francisco I subiu ao trono da França

Após u m demorado impasse, as forças suíças saiiam

aos 21 anos, ele fez soprar na corte u m vento n o v o d e

marchando d e Milão e se chocaram c o m o exéii iii i d e

ambição. Francisco era u m humanista culto, q u e g a -

Francisco na aldeia d e Marignano (ou Melegnano) A

nharia fama c o m o patrono d e artistas d o Renasclmen

batalha foi violenta e equilibrada. Ataques determina-

to c o m o Leonardo da Vinci e B e n v e n u t o Cellini. Mas o

dos dos lanceiros suíços conseguiram rompei ,i< CIMII.I

jovem

monarca t a m b é m estava ansioso para d e -

monstrar seu valor no c a m p o d e batalha. N o primeiro

barreira dos infantes alemães mercenários d e I ram ls( o, os Landsknechte, que tinham os suíços c o m o Inimigos

verão d e seu reinado, ele c o m a n d o u u m exército até a

mortais. Os canhões franceses abateram nu n >s 11

Itália - atravessando os Alpes c o m cerca d e 50 pesa-

qos, e Francisco liderou seus cavaleiros e m al.n |i •• •-..«.

dos c a n h õ e s d e bronze por u m a estrada até então

estilo medieval, c o m lanças na horizontal. (> < < nuhale

considerada intransponível - e lá, na segunda semana

durou 24 horas cruciantes. O m o m e n t o dei isivo loi ,i

d e setembro, enfrentou os melhores guerreiros e u r o -

chegada tardia da cavalaria mercenária enviada por V r

peus da época: os lanceiros suíços.

neza, na segunda manhã. Diante dessa nova força, os

O objetivo d e Francisco, aliado d e Veneza, era arrancar o próspero d u c a d o d e Milão d o controle suíço.

suíços abandonaram o c a m p o d e batalha, e I ram isi i > se deliciou na glória d o triunfo militar. R G


Carlos de Habsburgo sobe ao trono espanhol A Espanha ganha um novo monarca, não espanhol, e tem Início uma conturbada sucessão. P o u c o depois da morte d o avô Fernando e m 23 d e janeiro d e 1516, Carlos o s u c e d e u n o trono espanhol, Suas credenciais eram impressionantes, e três anos d e p o i s ele se tornou sacro imperador romano. Carlos, d u q u e da Borgonha, era neto d e Maximiliano I e dos reis católicos F e r n a n d o e Isabel I. Era piedoso, p á lido e magro, mas v e n c e u e m d u e l o outro d u q u e q u e o acusara d e apreciar música efeminada. E m 1504, a m o r t e d e Isabel privou Fernando d o título d e co-monarca, e Castela passou às m ã o s d e J o a n a , filha d o casal, q u e se casou c o m o a r q u i d u q u e Filipe da Borgonha, ligando o destino da Espanha à corte borguinhona. Intrigas d e corte sobre os direitos d e sucessão e l e v a r a m a t e n s ã o entre Filipe e o s o gro. M a s F e r n a n d o se retraiu e m favor d e seus "mui a m a d o s filhos". Seria o fim da história, caso Filipe n ã o houvesse morrido d e repente, deixando J o a n a c o m o única herdeira. P r e o c u p a ç õ e s c o m sua saúde mental garantiram a seu filho mais velho, Carlos, a f u n ç ã o d e regente - e m b o r a o p o d e r fosse exercido pelo a r c e bispo Cisneros. O j o v e m regente tornou-se u m peão nas mãos d e seu grão-conselheiro Chièvres, q u e escreveu para Cisneros q u a n d o Fernando morreu, dizendo q u e seus serviços não e r a m mais necessários. A ascensão d e Carlos, q u e nada sabia sobre as questões da Espanha, O

Carlos

Va

cavalo

(1620), d o ateliê d o m e s t r e b a r r o c o

Antoon

v a n D y c k (1599-1641).

não tinha b o m agouro, e seu g o v e r n o era p o u c o m e lhor d o q u e u m controle estrangeiro. Os cortesãos se beneficiaram financeiramente, d a n d o origem à tirada

"Tão magro que mal se pode acreditar; pálido, melancólico, sempre com a boca aberta."

espirituosa: "Parabéns, d u p l o dobrão, por não cair nas

Cortesão falando d e Carlos, d u q u e da B o r g o n h a

Central e Ocidental, m a s a conturbada sucessão h a -

mãos d e Chièvres." E m 1518, Carlos I tornou-se o sacro imperador r o m a n o Carlos V. Seus d o m í n i o s se estendiam das Filipinas a o Peru e e n g l o b a v a m b o a parte da Europa via a p e n a s c o m e ç a d o . J J H


0 Império Otomano dobra de tamanho Selim I assume o controle do mundo árabe e aumenta o Império

Otomano.

Q u a n d o o último xerife m a m e l u c o d e M e c a c e d e u o c o n t r o l e da c i d a d e a o sultão o t o m a n o Selim I e m j u l h o d e 1517, o t a m a n h o d o Império O t o m a n o d o brou e m u m piscar d e olhos, A aquisição d e todas as terras d o a n t i g o califado islâmico, c o m e x c e ç ã o d e Irã e M e s o p o t â m i a , b e n e f i c i o u muito os o t o m a nos. A o proporcionar uma administração eficiente para o m u n d o árabe, Istambul p ô d e utilizar r i q u e zas e recursos q u e iriam solucionar a crise financeira d o século X V e permitir aos o t o m a n o s expandir seu império até torná-lo u m d o s Estados mais ricos e p o d e r o s o s d o século XVI. A l é m disso, o controle dos lugares santos d o Islã, c o m o M e c a , d e u a Selim I e seus sucessores a o p o r t u n i d a d e d e p r o m o v e r o sultão c o m o a mais i m p o r t a n t e a u t o r i d a d e d o m u n d o islâmico, possibilitando assim acesso a o l e g a d o intelectual, artístico e administrativo dessa civilização. Para completar, a conquista d o s territórios a n t e r i o r m e n t e controlados pelos m a m e l u c o s d a v a e n t ã o aos o t o m a n o s o c o n trole das antigas rotas comerciais entre a Europa e o E x t r e m o Oriente. C o m o v á c u o d e p o d e r no Oriente M é d i o p o s t e rior à q u e d a d o Império Abássida finalmente p r e e n c h i d o e a renda d o tesouro o t o m a n o

duplicada,

q u e m c o l h e u os frutos das conquistas d e Selim foi seu sucessor, Solimão I. Solimão passou a ser c o n h e cido c o m o "O Magnífico" e, durante o seu reinado, o

O

Fiéis em frente

àKa'bah,

em Meca,

p i n t u r a d o s é c u l o X V I l i . ijfl

no Palácio Topkapi, e m Istambul, Turquia.

Império O t o m a n o foi r e c o n h e c i d o c o m o uma p o tência européia d e peso, aliando-se à França, à Inglaterra e aos Países Baixos contra o p o d e r da Espanha e da Áustria dos Habsburgo. Entretanto, após a m o r t e d e S o l i m ã o e m 1566, o Império O t o m a n o passou a ser pressionado pela crescente superioridade naval espanhola, c u l m i n a n d o na derrota na Batalha d e Lepanto, e m 1571. T B

"O poder de Deus e os milagres de Maomé me acompanham." S o l i m ã o , o M a g n í f i c o . I n s c r i ç ã o , 1538


Pregadas na porta em Wittenberg As 95 teses de Martinho Lutero dão início à Reforma Protestante. E m 1517, JohannTetzel, u m frei dominicano, viajava pela Alemanha para angariar fundos. 0 papado precisava d e dinheiro para pagar a reconstrução da Basílica d e São Pedro, e Tetzel estava usando o já desgastado recurso d e vender indulgências - certificados que concediam a remissão d o t e m p o passado no purgatório por pecados já perdoados. Martinho Lutero, m o n g e agostiniano e professor da faculdade d e teologia d e Wittenberg, na Saxônia, ficou tão irado c o m isso que escreveu a o arcebispo d e Mainz, superior d e Tetzel, listando suas objeções. Nesse m e s m o dia, 31 d e outubro, diz-se q u e Lutero pregou suas 95 teses, o u afirmações, na porta da igreja d o castelo d e Wittenberg para g u e todos pudessem ler. 0 q u e irritava Lutero e m especial era a alegação d e Tetzel d e que "assim que a moeda tilinta no cofre, a alma sai v o a n d o d o purgatório". A n i e r i o r m e n t e , Lutero dera poucas indicações d e sua desilusão crescente c o m a autoridade da Igreja. Foi u m estudioso diligente, cuja t r a d u ç ã o da Bíblia ajudou a desenvolver uma versão padronizada d o idioma a l e m ã o . Sua o b j e ç ã o às indulgências parece ter surgido e m 1511, durante u m a visita a Roma, o n d e ficou p r o f u n d a m e n t e c h o c a d o c o m a d e v a s s i d ã o m u n d a n a da c o r t e pontifícia. M a s é provável q u e ele já estivesse f o r m u l a n d o as idéias sobre a "justificação pela f é " e o "sacerdócio d e todos os fiéis" q u e constiO

R e t r a t o d e M a r t i n h o L u t e r o p i n t a d o e m 1543 p o r L u c a s C r a n a c h , o V e l h o (1472-1553), h o j e n a G a l e r i a U f f i z i , F l o r e n ç a .

tuiriam a base d e sua s u b s e q ü e n t e teologia. U m a v e z registrado seu protesto, Lutero n ã o d e m o r o u para mobilizar a tecnologia c o m p a r a t i v a m e n -

"Aguardamos ansiosos um novo paraíso e uma nova Terra onde reinará a justiça.'

te nova da imprensa. E m duas semanas, exemplares

M a r t i n h o L u t e r o a F e l i p e M e l â n c t o n , 1521

p r o m u l g o u o Édito d e W o r m s , d e c l a r a n d o M a r t i n h o

impressos das Noventa

e cinco

teses já circulavam

pela A l e m a n h a e e m dois m e s e s por toda a Europa. Para Lutero, e para a Igreja, já n ã o havia c o m o voltar atrás. E m 25 d e m a i o d e 1521, o i m p e r a d o r Carlos V Lutero u m fora-da-lei. S K


•HhIIIIÍÍIIE O tráfico de escravos recebe o selo de aprovação real O sacro imperador romano Carlos V concede o primeiro Asiento. A concessão oficial d o primeiro Asiento (o termo espanhol significa "acordo" ou "permissão" real) para licenciar e aprovar o tráfico d e escravos, e m 1518, foi u m dos primeiros atos importantes d o j o v e m sacro i m p e rador r o m a n o Carlos V depois d e subir a o trono espanhol. O Asiento dava a comerciantes registrados o m o nopólio para raptar escravos na África e transportá-los pelo Atlântico Sul até as colônias espanholas carentes d e mão-de-obra na América Latina e no Caribe. O acord o marcou o início d o d e s u m a n o tráfico d e escravos transatlântico, e os comerciantes não tardaram a g a nhar o mar. O primeiro carregamento regislrado d e escravos negros da África aportou nas índias 0< iden tais no m e s m o a n o da concessão d o primeiro Asiento. Mais tarde, Carlos V r e v o g o u sua aprovação d o tráfico d e escravos e e m 1542 proibiu-o, influenciado pelo missionário católico B a r t o l o m e u d e Ias Casas (1474-1566), autor d e relatos c o n t u n d e n t e s sobre o sofrimento dos índios nos territórios espanhóis. O tráfico d e escravos, p o r é m , prosseguiu. Contratantes portugueses c o m p r a v a m escravos d e negociantes nas regiões d o norte da Guiné e d e Serra Leoa, na África Ocidental, e os transportavam até as Américas. Depois da fundação da colônia portu guesa d e Angola, e m 1575, o governador português Bento Banha Cardoso tornou-se famoso por lucrar pessoalmente c o m sua aliança c o m mercadores d e escravos - prática perpetuada por seus sucessores. No

O

R e t r a t o d e C a r l o s V, q u e s a n c i o n o u i n t e g r a l m e n t e o I r ã í n o d<* e s c r a v o s , e m b o r a m a i s t a r d e t e n h a t e n t a d o proibi-lo.

início d o século XVII, cerca d e 8 5 % dos escravos que c h e g a v a m aos portos espanhóis das Américas vinham d e Angola, transportados pelos portugueses. Os portugueses resistiram às tentativas espanholas d e controlar diretamente o tráfico d e escravos, mas, à medida q u e o poder ibérico foi se enfraquecendo duranteo século XVII, o tráfico passou a ser dominado pe-. Ias novas potências marítimas: Inglaterra e Holanda. N J

"Todos os dias há traficantes raptando nosso povo - filhos desta terra." R e i A l f o n s o d o C o n g o a o r e i J o ã o I I I , 1526


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Morre um grande artista Leonardo da Vinci, gênio do Renascimento, morre nos braços do rei Francisco I. No fim da vida, Leonardo da Vinci tornou-se pintor da corte d o rei Francisco I da França, e foi na residência real d e Cios Lucé, perto d o palácio d e verão e m Amboise, às margens d o rio Loire, q u e o maior artista da é p o c a d o Renascimento morreu, e m 2 d e maio d e 1519. S e g u n d o a história contada por Giorgio Vasari e m seu Vidas dos artistas (1550), o próprio rei abraçou Leonardo no m o m e n t o da morte. Nascido e m 1452 não muito longe d e Florença, Leonardo havia entrado c o m o aprendiz, aos 18 anos, para o ateliê d o artista florentino Andréa dei Verrocchio, d e q u e m recebeu uma formação equilibrada e m pintura, escultura, arquitetura e d e s e n h o de projetos. Desde o início, Leonardo se mostrou muito interessad o por questões técnicas, e e m 1482 escreveu para o d u q u e d e Milão, Ludovico Sforza, oferecendo seus serviços d e engenheiro militar. S o m e n t e no final da carta m e n c i o n o u q u e t a m b é m esculpia e pintava. Leonard o p e r m a n e c e u na corte d o d u q u e até 1499, e durante esse período pintou seu primoroso afresco da

Última

ceia. Q u a n d o Ludovico foi expulso d e Milão, Leonardo voltou para Florença e c o m p l e t o u seu mais famoso quadro, a Mona

Lisa (cerca d e 1504). Ele trabalhou d u -

rante algum t e m p o c o m sucesso e m Milão e Roma, e O

O

A u t o - r e t r a t o c o n t e m p l a t i v o d e L e o n a r d o da V i n c i na v e l h i c e

e m 1515 recebeu a e n c o m e n d a d e construir u m leão

(c. 1515), f e i t o e m g i z v e r m e l h o .

m e c â n i c o para Francisco I, para q u e m c o m e ç o u a tra-

U m a das páginas dos cadernos de Leonardo mostra o d e s e n h o d e

balhar no a n o seguinte.

u m a m á q u i n a d e voar, c o m suas a n o t a ç õ e s e m escrita e s p e l h a d a .

Vasari conta q u e 60 pedintes a c o m p a n h a r a m o caixão d e Leonardo até o lugar d e seu descanso final

"Seu espírito... partiu nos braços do rei no setuagésimo quinto ano de sua vida." G i o r g i o V a s a r i , Vidas dos artistas,

1550

na capela d e A m b o i s e . A reputação d o artista e m vida foi imensa e até hoje n ã o diminuiu d e i m p o r t â n cia. Sua m e n t e incansavelmente curiosa e sua busca por c o n h e c i m e n t o iluminavam t u d o q u e ele d e s e nhava e estudava - da articulação das próprias m ã o s ou das espirais d e uma flor até balestas, c a n h õ e s e máquinas d e voar. S K


Lutero em debate

Uma acolhida calorosa

Uma disputa com Johann Eck ajuda a transformar Lutero em protestante.

Cortês e os espanhóis entram em Tenochtitlán e conhecem Moctezuma.

Em 26 d e j u n h o d e 1519, e m Leipzig, a pedido d o papa

O conquistador espanhol Hernán Cortês encontrou o

Leão X, J o h a n n Eck, professor d e teologia na Universida-

líder asteca Moctezuma pela primeira vez e m Tenochti-

d e d e Ingolstadt, d e u início a uma maratona d e 18 dias

tlán, e m 8 d e novembro d e 1519. Após as descobertas

d e debates públicos c o m Martinho Lutero. Era preciso

d e Colombo, os espanhóis haviam desbravado rapida-

evitar u m cisma a qualquer custo, e isso significava q u e

m e n t e o N o v o M u n d o . Instalaram-se no Caribe e no

Lutero devia ser controlado. Alguns humanistas haviam

Panamá e, a partir d e 1517, passaram a explorar o litoral

apelidado Eck d e "sofista palavroso", mas poucos ques-

d o lucatã. Estavam se aproximando cada vez mais d o

tionavam sua inteligência o u talento para o debate. Afi-

reino dos astecas, entre os quais parecia ter se espalha-

nal, ele não havia defendido c o m sucesso e m 1514 a

d o o boato d e que o deus-rei Quetzalcoatl, a Serpente

prática dos empréstimos financeiros, para grande satis-

Emplumada, que havia muito t e m p o já não vivia neste

fação da dinastia d e banqueiros Fugger?

mundo, iria voltar c o m u m grupo d e companheiros d e pele branca para recuperar seu trono. Em 1519, d e fato,

"Ele é erudito... Tem sob seu comando uma floresta perfeita de palavras e idéias."

u m e onquistador branco c h e g o u d e Cuba. Cortês aportou na costa mexicana c o m 500 soldad o s e m a n d o u afundar os navios para n e n h u m d e seus companheiros poder ir embora. O líder asteca M o c t e z u m a mandou-lhes d e presente discos d e ouro

U m o b s e r v a d o r e m Leipzig ao descrever Lutero

e prata, e trajes rituais cobertos d e penas apropriados

A disputa abarcava muitos assuntos, das indulgên-

tal, os intrusos se viram b e m recebidos pela popula-

cias à graça, penitência, purgatório e pontificado. Eck

ção asteca. Cortês a p e o u d o cavalo para c u m p r i m e n -

para deuses. Q u a n d o marchavam e m direção à capi-

não teve dúvidas d e q u e havia levado a melhor, forçan-

tar M o c t e z u m a , mas os nobres astecas intervieram

d o Lutero a levar as próprias idéias à sua conclusão lógi-

antes q u e ele pudesse abraçar o imperador. O espa-

ca e e m seguida tachando-o d e herege. Os protestos d e Lutero contra as indulgências, feitos

nhol tirou d o pescoço u m colar feito d e pérolas e delic a d o vidro d e Veneza e colocou-o no pescoço d e

e m suas Noventa e cinco teses (1517), tinham sido mal re-

Moctezuma.

cebidos. Muitos católicos apreciavam a idéia d e a salva-

Cortês c o m colares d e ouro. Os dois então c a m i n h a -

O

imperador

retribuiu

presenteando

ção só poder ser alcançada por meio da penitência, e

ram até u m palácio preparado para os espanhóis.

não pela compra da remissão dos pecados. Lutero não

S e g u n d o o relato espanhol, Cortês disse a M o c t e -

ultrapassava os limites da doutrina; apenas carecia da

zuma ter vindo e m n o m e d o Único Deus Verdadeiro e

virtude da obediência. A disputa c o m Eck cristalizou suas

q u e servia a u m rei poderoso, q u e governava boa par-

idéias, sobretudo a d e que a salvação era apenas uma

te d o m u n d o , e M o c t e z u m a disse q u e estava disposto

q u e s t ã o d e fé. C o n v e n c i d o d e q u e Lutero era u m a

a ser vassalo desse rei. N o entanto, M o c t e z u m a não

ameaça, o papa promulgou uma bula d e excomunhão

t e v e muita escolha. Seu tratamento cordial logo leva-

e m j u n h o d e 1520. Começava a Reforma. R P

ria à sua m o r t e e à destruição d e seu império. R C


Revolta dos Comuneros Precursora de futuras revoluções populares, Castela se rebela contra pesados impostos e declara um novo tipo de governo. E m abril d e 1520, as comunidades d e Castela se rebelaram contra os pesados impostos cobrados à Espanha por Carlos V, sacro imperador romano. As altas despesas das aventuras européias d e Carlos não poderiam ter vindo e m pior hora para Castela. A área padecia d e más colheitas, e os nobres vinham tentando restabelecer sua influência após o reinado d e Isabel I. E m 1520, Carlos V deixou a Espanha para dar prosseguimento a suas a m b i ç õ e s européias, deixand o o país sob a regência d e seu aliado, Adriano d e Utrecht, í u l u i o papa Adriano VI. No entanto, o alto valor dos impostos necessários para custear as c a m panhas d e Carlos provocou u m levante popular e m Toledo. Outras cidades logo seguiram o exemplo, e uma corfe (assembléia) revolucionária foi estabelecida c o m o g o v e r n o legítimo, d e p o n d o assim o C o n s e lho Real. Era o início da Guerra das C o m u n i d a d e s d e Castela, p e r í o d o muitas vezes c h a m a d o d e Revolta dos C o m u n e r o s . As tentativas d e Adriano d e conter o levante fracassaram; q u a n d o as perturbações se espalharam e os c a m p o n e s e s se juntaram à rebelião, o exército d e Adriano se d e s m a n t e l o u . Carlos se viu forçado a agir e m 1521, n o m e a n d o u m co-regente q u e gozava da confiança dos nobres. Apesar d e u m a derrota frente aos c o m u n e r o s e m Torrelobatón, o exército d e Carlos foi vitorioso na Batalha d e Villalar, e alguns d o s líderes revolucionários foram executados. U m a a uma, as cidades se r e n d e ram a o exército imperial; a última a cair foi Toledo, o n d e a revolução havia c o m e ç a d o . T B

O

D e t a l h e d e u m r e t r a t o d o p a p a A d r i a n o V! p i n t a d o e m 1650. O o r i g i n a l é d e a u t o r i a d e J a n v a n S c o r e l (1495-1562).

O

Execução

de Padilla

e seus comuneros

em Madri,

p o r A n t ô n i o G i s b e r t P e r e z (1834-1901).

1521 ( 1 8 6 0 ) ,


1520 30 DE MAIO

Fim do Império Asteca A morte de Moctezuma

O

Uma

águia

leva

embora

Moctezuma,

anuncia o nascimento da Nova

Espanha.

p o r T h e o d o r d e B r y (1528-1598); e s t a g r a v u r a t o r n o u - s e m u i t o p o p u l a r n o s é c u l o X V I .

U m a n o depois da chegada d e Cortês a Tenochtitlán, o

Os astecas foram atrás e mataram muitos deles, mas

imperador asteca Moctezuma estava morto. Os espa-

Cortês n ã o era h o m e m d e se dobrar c o m facilidade.

nhóis o prenderam logo após sua chegada e convence-

Ele e os companheiros restantes c h e g a r a m à seguran-

ram-ho a se declarar vassalo d o rei da Espanha. Ele

ça da cidade d e Tlaxcala, o n d e ele recrutou aliados

tentou conter a ira crescente d e muitos nobres astecas,

voluntários entre os povos subordinados ao Império

mas seu palácio foi atacado. Moctezuma subiu ao t e -

Asteca e c o n d u z i u milhares d e seus guerreiros e m

lhado d o palácio e pediu calma. Seu irmão Cuitláhuac

u m cerco a Tenochtitlán. S e u s aliados n ã o p e r c e b e -

foi escolhido n o v o imperador, mas o ataque se repetiu.

ram q u e estavam ajudando a própria futura submis-

Moctezuma tornou a subir a o telhado, mas dessa vez

são aos espanhóis - três meses depois, e m agosto d e

foi recebido c o m saraivadas d e pedras e flechas. Foi le-

1521, os defensores d e Tenochtitlán se renderam.

v a d o para dentro d o palácio, mas morreu e m 30 d e

O Império Asteca caiu nas m ã o s dos espanhóis e,

maio d e 1520, embora não se saiba a o certo se a morte

no a n o seguinte, Cortês foi n o m e a d o g o v e r n a d o r da

se deveu a o ataque ou aos espanhóis.

Nova Espanha. Imigrantes vieram d o Caribe e da Es-

T e m e n d o repercussões, Cortês e seus homens saíram d e Tenochtitlán sem fazer alarde, no meio da noite.

p a n h a para fazer d o M é x i c o o principal c e n t r o d o N o v o M u n d o , ao qual iria se juntar o Peru. R C


Lutero é acusado de heresia por Carlos V Martinho Lutero defende o conteúdo de seus escritos na Dieta de Worms.

O

Lutero

na Dieta

de Worms

(1872), p i n t a d o p e l o artista a l e m ã o P a u l T h u m a n n (1834-1908).

O confronto entre o sacro imperador romano Carlos V

N o dia seguinte, disse q u e n ã o podia negai nada,

- d e apenas 21 a n o s , mas já consciente d e suas respon-

"pois n ã o é seguro n e m h o n r a d o agir conlra a i m i

sabilidades c o m o principal rei católico da Europa - e

pria consciência", mas há dúvidas se e l e d e lali i p i o

Lutero tornou-se inevitável depois d e o m o n g e refor-

n u n c i o u a célebre frase: "Esta é minha posiçai i N.in

mador dar o passo irrevogável d e queimar a bula papal

posso ter outra. Q u e Deus m e ajude. A m é m . "

d e excomunhão e m dezembro d e 1520. Lutero rece-

Carlos V declarou Lutero formalmente u m (ora da

b e u a o r d e m d e se apresentar diante da dieta (as-

lei e ordenou sua prisão c o m o "herege notórli i" I

sembléia geral) imperial e m W o r m s para responder a

tiro inaugural d e sua guerra contra o protestantlsmo

acusações d e heresia, protegido por uma promessa d e

Frederico da Saxônia providenciou para q u e Luterofol

salvo-conduto d o eleitor Frederico III da Saxônia.

se preso e escondido, para sua própria seguiam,,!, iu>

E m 7 d e abril d e 1521, Lutero postou-se diante d e uma mesa coalhada d e exemplares d e seus escritos.

castelo d e Warburg, e m Eisenach, q u e p< 'i li -m ia, u > • -< l i tor. Lutero permaneceu escondido ali por quase u m ,

P e r g u n t a d o se os livros e r a m seus e se defendia seu

e durante esse t e m p o c o m e ç o u a tradiu,

c o n t e ú d o , Lutero c o n f i r m o u ser o autor, mas pediu

Testamento para o alemão, d e m o d o q u e , i mensai |em

t e m p o para pensar na resposta à s e g u n d a pergunta.

da Bíblia pudesse estar disponível para todos S K

I' i i I • . •


Morte de Magalhães

Fim cavalheiresco

O explorador português Fernão de Magalhães é morto em combate nas Filipinas.

Os Cavaleiros de São João são educadamente expulsos de Rodes por Solimão.

Embora o feito lhe seja atribuído, Fernão d e M a g a -

Na véspera d o ano-novo d e 1 5 2 3 , cerca d e 163 C a v a -

lhães n ã o foi o primeiro a circunavegar o g l o b o ter-

leiros da O r d e m d e S ã o J o ã o , liderados p e l o grão-

restre. Na v e r d a d e , ele morreu no m e i o d o c a m i n h o .

mestre Philippe Villiers d e 1'lsle-Adam, saíram mar-

Magalhães não pretendia dar a volta na Terra g u a n -

c h a n d o d e sua fortaleza e m Rodes trajando armadura

d o seus cinco navios e 250 h o m e n s zarparam da Espa-

completa, c o m estandartes a o v e n t o e tambores ru-

nha e m 20 d e setembro d e 1520; a missão confiada pelo

fando. O sultão Solimão I e seu exército, q u e haviam

rei da Espanha era encontrar uma rota comercial oci-

lutado durante cinco árduos meses para expulsar os

dental mais curta para as lucrativas ilhas das Especiarias,

soldados cristãos d e sua base na ilha d o Mediterrâneo,

hoje Indonésia. Porém, depois d e dobrar o c a b o Horn,

assistiam à cena. A c o m p a n h a d o s por soldados c o -

os h o m e n s d e Magalhães se viram à deriva na imensi-

m u n s e civis q u e preferiam o exílio a o domínio turco,

dão d o o c e a n o Pacífico. C h e g a n d o às Filipinas c o m a

os cavaleiros e m b a r c a r a m e m 50 navios fornecidos pelo sultão e zarparam r u m o a Creta.

"Mataram nosso espelho, nossa luz, nosso conforto e nosso verdadeiro guia."

Os Cavaleiros d e São J o ã o (ou hospitalários) eram uma das ordens monásticas militares criadas na Palestina durante as Cruzadas, dedicadas à guerra santa contra o Islã. Haviam fixado residência e m Rodes após a perda da Palestina para os muçulmanos e m 1291 e controla-

Antônio Pigafetta, diário contemporâneo

ram a ilha por mais d e 200 anos. E m 1522, porém, Soli-

tripulação reduzida a 150 homens, o vigoroso marinhei-

águas não podia mais ser tolerada e aportou na ilha no

ro convenceu u m líder local, o rajá H u a m b o n , a abraçar

final d e julho c o m u m exército d e mais d e 100 mil h o -

m ã o decidiu q u e a presença dos cavaleiros e m suas

0 cristianismo e a se tornar súdito da Espanha, e concor-

mens. Seus canhões castigaram as muralhas; seus sapa-

d o u e m comandar u m ataque contra o inimigo d e H u -

dores escavaram túneis sob elas e as fizeram explodir;

a m b o n , Lapu-Lapu, chefe da ilha vizinha d e Mactan. Os recifes d e coral impediram Magalhães d e utilizar seus canhões e, q u a n d o ele partiu pelas águas rasas à

seus janízaros atacaram todas as brechas. E m dezembro, os sitiados continuavam a resistir, enquanto as forças d e Solimão sofriam c o m ferimentos e doenças.

frente d e 50 marujos, foi atacado por 1.500 h o m e n s ar-

O cerco não terminou c o m uma orgia d e violência,

mados c o m lanças d e b a m b u e flechas envenenadas.

mas c o m u m acesso d e cavalheirismo e b o m senso. O

1 Jepois d e perder o capacete, Magalhães foi transpassa-

sultão e o grão-mestre estabeleceram uma relação d e

d o por uma lança e esquartejado.

confiança e negociaram a rendição da fortaleza, p o u -

C o m a m o r t e d e Magalhães, J u a n Sebastián Elca-

pando as vidas, os bens e a honra dos cristãos. Solimão

n o assumiu o c o m a n d o da e x p e d i ç ã o e d o b r o u o

viveria para se arrepender da generosidade c o m os

c a b o da Boa Esperança s o m e n t e c o m arroz para c o -

hospitalários, q u e criaram uma nova base e m Malta e m

mer, retornando à Espanha, dois anos depois, c o m

1530, e e m 1565, já no final d o reinado d o sultão, infligi-

a p e n a s 18 h o m e n s . N J

ram importante derrota às forças muçulmanas. R G


A Suécia elege um novo rei Gustav Eriksson torna-se o rei Gustavo I da Suécia e unifica rapidamente o país, criando as bases tanto do protestantismo quanto do moderno Estado sueco. Gustav Eriksson finalmente conseguiu expulsar os dinamarqueses d e seu país e m 1521. E m troca foi proclamad o regente e, e m 6 d e j u n h o d e 1523, eleito rei. E m 24 d e junho, o relativamente desconhecido rei Gustavo I adentrou Estocolmo e m marcha triunfal. Reza a lenda que, enquanto c o m a n d a v a a c a m p a nha sueca contra a Dinamarca, o j o v e m Gustavo escondeu-se d e soldados dinamarqueses e m uma fazenda. T e m e n d o q u e o sueco fosse descoberto, a dona da casa conseguiu atrair a atenção dos dinamarqueses surrando Gustavo c o m uma pá d e padeiro. Os soldados dinamarqueses ficaram tão desconcertados c o m o espetáculo q u e não reconheceram no serviçal 0 h o m e m q u e procuravam. Estudiosos mais tarde passaram a se referir a G u s tavo c o m o Gustavus Vasa, sendo o s e g u n d o o n o m e d e sua família. H o u v e q u e m qualificasse Gustavo d e tirano, mas outros o v ê e m c o m o libertador. N o e n t a n to, todos c o n c o r d a m que, c o m o primeiro líder c o m real autoridade na Suécia, Gustavo assentou as bases d e u m Estado estável e centralizado e, a o constituir o primeiro exército profissional da Suécia, criou as c o n dições q u e permitiriam ao país se tornar uma potência regional n o século XVII. O legado d e Gustavo não pára por aí. O rei entrou em conflito c o m o p a p a d o devido à sua intenção d e escolher o próprio arcebispo, já q u e Gustav Trolle, o escolhido d o papa, era considerado simpatizante dos dinamarqueses. Apesar dos protestos d e Roma, Gustavo n o m e o u Laurentius Petri, irmão d e u m estudioso luterano. Foi o pontapé inicial nos acontecimentos que levariam a Suécia a adotar o protestantismo. T B

O

R e t r a t o d e G u s t a v o I p i n t a d o e m 1542 p o r u m artista d e s c o n h e c i d o , hoje n o Castelo d e Kalmar, na Suécia.


Desastre para a França em Pavia Francisco I é capturado quando seu exército sucumbe às forças de Carlos V. Depois d e u m a vitória militar e m M a r i g n a n o e m 1515, o rei francês Francisco I voltou da Itália c o b e r t o d e glória. Dez anos depois, e m 24 d e fevereiro, outro c a m p o d e batalha italiano e m Pavia serviu d e palco para sua derrota e humilhação. Entre essas duas d a tas, o equilíbrio d e poder na Europa havia se modific a d o d e forma decisiva q u a n d o o rei Hasburgo Carlos I da Espanha uniu os recursos d e seu reino aos d o Sacro Império R o m a n o , q u e passou a governar e m 1519 c o m o Carlos V. Em outubro d e 1524, e m guerra contra o império, Francisco I cercou Pavia. O imperador enviou u m exército para libertar a cidade, e as forças se opuseram e m seus arredores, d e u m lado e outro d e u m riacho. Na noite d e 23 d e fevereiro d e 1525, ocultado pela escuridão, o exército imperial atravessou o riacho. Q u a n d o o dia raiou, iniciou-se u m combate caótico. A bruma d o início da manhã piorou ainda mais a confusão e n q u a n to os franceses lutavam para se organizar e m reação àquele avanço inesperado. Francisco c o m a n d o u ataques montados d e seus cavaleiros vestidos c o m armaduras, muito embora isso atrapalhasse a linha d e tiro d e sua artilharia. Os infantes alemães Landsknechte lutav a m e m a m b o s os campos c o m ferocidade. A nobreza francesa sofreu perdas severas, incluindo a d o veterano cavaleiro Luís III d e Ia Trémouille. Depois d e muitas h o O

Detalhe d e u m a tapeçaria imperial d e Bruxelas mostra os merc e n á r i o s s u í ç o s d e F r a n c i s c o I t e n t a n d o f u g i r (c. 1530).

ras, os franceses foram derrotados, embora seu "Bando Negro" d e Landsknechte tenha continuado a lutar até ser praticamente dizimado.

"Tudo para mim está perdido, a não ser a honra e a vida, que está salva..." Rei Francisco I e m carta à m ã e , Luísa d e S a b ó i a

O rei Francisco foi cercado e capturado no c a m p o d e batalha. Levado para Madri, o cativeiro o deixou à beira da morte. O imperador o libertou e m janeiro d e 1526, depois q u e ele assinou u m tratado c e d e n d o grandes trechos d e território. Uma vez e m liberdade, Francisco renegou o tratado e a luta entre a França e o Sacro Império R o m a n o recomeçou. R G


Revolta alemã é sufocada O levante conhecido como Guerra dos Camponeses sofre esmagadora

derrota.

E m 15 d e maio d e 1525, a Guerra dos C a m p o n e s e s sofreu u m g r a n d e revés e m Frankenhausen q u e resultou na captura e e x e c u ç ã o d o líder anabatista T h o m a s Müntzer. A revolta c h e g o u a o fim depois d e cidades e nobres n e g o c i a r e m a paz s e p a r a d a m e n t e c o m o sacro imperador r o m a n o Carlos V. E m 1524, uma rebelião havia estourado na Alemanha e se espalhado por regiões da atual Suíça e da Áustria. A revolta foi o maior levante popular antes da Revolução Francesa, e m 1789, e e n v o l v e u toda a sociedade, da nobreza a o c a m p e s i n a t o . A Guerra dos C a m p o n e s e s mobilizou u m n ú m e r o estimado e m Í00 mil pessoas e resultou e m 100 mil mortes. T h o mas Müntzer tornou-se u m d e seus líderes à medida que as dificuldades e c o n ô m i c a s e o fervor religioso se transformavam e m uma revolta contra o feudalismo, c o m uma lista d e queixas c o n h e c i d a c o m o os Doze Artigos da Floresta Negra. As causas da revolta t i n h a m suas raízes e m fatores sociais, religiosos e e c o n ô m i c o s . As c o n d i ç õ e s d e vida favoráveis d o c a m p e s i n a t o no fim d o século X V loram g r a d u a l m e n t e minadas pela alta dos preços dos alimentos e da lã no início d o XVI, b e m c o m o por uma q u e d a na renda. A l é m disso, as árduas c o n d i ções d e vida pioraram ainda mais q u a n d o os proprietários d e terras a u m e n t a r a m o valor dos arrendamentos para preservar o próprio padrão d e vida. No entanto, fatores religiosos t a m b é m p o d e m ter

O

L i t o g r a f i a e m g i z ( c . 1861) m o s t r a n d o u m a t e n . i d a Batalha de Frankenhausen.

tido o seu papel, sobretudo a resistência à autoridade teligiosa por u m g r u p o c o n h e c i d o c o m o anabatistas. U m fator crucial foram as extensas viagens d e Müntzer e m 1524, nas quais ele proclamou suas doutrinas radicais c o m u m sucesso cada vez maior entre as baixas t a m a d a s da sociedade. O desafio d e Müntzer à autorid a d e da Igreja e d o Estado c h e g o u até m e s m o a ser ilvc i d e críticas d e Martinho Lutero. T B

"Lembrem-se de que nada pode ser mais venenoso... ou diabólico do que um rebelde. M a r t i n h o L u t e r o , m a i o d e 1525


Os mogóis derrotam o sultanato de Lodi A vitória de Babar na Batalha de Panipat funda o Império

Mogol.

E m abri! d e 1526, o líder m o g o l Babur a v a n ç o u sobre Deli c o m u m exército d e 15 mil h o m e n s , i n c l u i n d o arqueiros n ô m a d e s m o n t a d o s e artilheiros turcos o t o m a n o s c o m cerca d e 20 c a n h õ e s (desconhecidos na índia da época). Para resistir, o sultão Ibrahim Shah reuniu u m exército d e 40 mil soldados e 100 elefantes d e guerra, mas s e m artilharia. Expulsos pelos u z b e q u e s e m 1501 d e seu território original e m Ferghana, na Ásia Central, os mogóis (assim c h a m a d o s por se dizerem descendentes dos mongóis) migraram para leste sob a liderança d e B a bur e fundaram u m n o v o principado e m Cabul e m I504. E m 1515, Babur deu início a u m a série d e incur soes agressivas ao norte da índia, e n i á o g o v e r n a d o pelo sultanato dos Lodi, baseado e m Deli. Q u a n d o o Punjab se rebelou contra o sultão Ibrahim, Babur aproveitou a o p o r t u n i d a d e para se apoderar d e I ahore. Ele logo foi expulso, mas voltou e m 1525 c o m u m a força maior e conquistou t o d o o Punjab. E m Panipat, Babur estava e m desvantagem n u m é rica e preparou a defesa usando suas carroças d e bagag e m . Nas brechas entre as carroças, Babur posicionou seus canhões otomanos, prendendo-os c o m correntes para que não pudessem ser derrubados pela cavalaria. Depois de vários dias, Ibrahim atacou na madrugada d e 20 d e abril. Os canhões d e Babur causaram pânico nos O

Batalha

de Panipat,

1526 ( c . 1590), p o r D e o G u j u r a t i , i l u m i n u r a d e

u m livro n a B i b l i o t e c a Britânica e m L o n d r e s .

elefantes d e Ibrahim e os fizeram fugir, pisoteando e desorganizando o exército d o sultão. A cavalaria d e Babur então atacou pelos flancos, obtendo uma virória

"[Os califas encontraram] o corpo de Ibrahim e trouxeram-me a sua cabeça.' B a b u r , Diário

do imperador

Babar

completa. Ibrahim e mais d e 15 mil d e seus soldados morreram. Embora as baixas mogóis t a m b é m tenham sido pesadas, Babur capturou Deli uma semana depois, fundando o Império M o g o l , q u e iria dominara índia por 200 anos. Ele c o m e m o r o u a vitória e m Agra, o n d e recebeu d e presente o famoso diamante Koh-i-noor, pertencente hoje à Coroa britânica. J H


A Hungria perde sua independência O rei Luís II é derrotado pelo sultão Solimão na Batalha de Mohács. Em 29 d e agosto d e 1526, uma pequena cidade a a p e nas 185km d e Budapeste foi palco de uma batalha entre as forças d o rei Luís II e as do sultão otomano Solimão, o Magnífico. Em jogo a independência da Hungria e, segundo alguns, a futura direção da Europa. A batalha foi difícil e, apesar d e sucessos preliminares nos quais os arqueiros húngaros quase mataram o sultão, as forças húngaras foram progressivamente exauridas por u m contra-ataque dos soldados d e elite d o sultão, os janízaros. Ao cair a noite, o que restava d o exército húngaro foi cercado e capturado. Quando o rei Luís estava fugindo do c a m p o d e batalha, foi derrubado d o cavalo e morto. Após o combate, o sultão ordenou a morte d e dois mil prisioneiros húngaros. Entre os mortos estavam muitos membros da nobreza da Hungria. A derrota foi u m desastre para a Hungria e resultou na divisão d o país e, na prática, no seu fim c o m o reino independente. O resultado imediato da batalha foi a divisão da Hungria entre o Império O t o m a n o , a dinastia austríaca dos Habsburgo e o Principado da Transilvânia. Ao longo das décadas seguintes, essa d i visão da Hungria entre o Império O t o m a n o alinhado ao Oriente e a monarquia austríaca alinhada ao O c i dente d e u origem a muitas batalhas. A Boêmia e a Croácia foram conquistadas pela Áustria, mas o I m p é rio O t o m a n o conseguiu manter o controle da Hungria Central e da Transilvânia. No entanto, as guerras entre o império dos Habsburgo e o Império O t o m a n o conti-

O

U m manuscrito iluminado do século XVI moslr.i Solim.m, o M a g n í f i c o na B a t a l h a d e M o h á c s .

nuaram por mais d e dois séculos, devastando a zona rural e a população húngaras. A Batalha d e M o h á c s é considerada pelos húngaros u m trauma nacional e o ponto mais baixo da história d e sua nação. A derrota está tão arraigada no imaginário das pessoas que, e m m o m e n t o s d e tragédia pessoal, muitos húngaros ainda se referem a ela c o m expressões c o m o "perdeu-se mais e m Mohács". T B

"Eu me apoderei da coroa húngara e a dei de presente ao mais reles de meus escravos..." Solimão, o Magnífico, inscrição


O saque de Roma cobre Carlos V de vergonha Soldados não demonstram misericórdia em três dias de pilhagem e assassinato.

O

O saque

de Roma

em

1527, p e l o p i n t o r h o l a n d ê s J o h a n n e s L i n g e l b a c h ( 1 6 2 2 - 1 6 7 4 ) .

A captura e o saque d e R o m a e m 1527 por u m exército

A Guarda Suíça, composta pelos guarda-costas

imperial a m o t i n a d o obrigaram o papa C l e m e n t e VII a

pessoais d o papa, possibilitou a fuga d e Clemente VII -

salvar a própria vida fugindo por uma passagem s e -

apenas 42 dos quase 200 guardas sobreviveram à inva-

creta d o Vaticano e se refugiando no Castel Sant'Angelo

são d o Vaticano e m 6 d e maio. Igrejas, mosteiros e palá-

e c h o c a r a m a Europa, cobrindo d e vergonha o i m p e -

cios foram pilhados, cardeais e prelados atacados e

rador Carlos V.

freiras estupradas durante três dias d e violência. Os sol-

O d u q u e d e B o u r b o n estava à frente d o exército, c o m p o s t o d e alemães, espanhóis e italianos, q u e se

dados só se retiraram q u a n d o o papa Clemente concord o u e m pagar u m resgate d e 400 mil ducados.

encontrava na Itália para criar a Liga d e Cognac, alian-

Embora o saque tenha sido c o n d e n a d o por Car-

ça antiimperial c o m a n d a d a pela França e pelo pontifi-

los V e fora d o seu controle, poucos lamentaram a difícil

< ado. E m abril d e 1527, c o m o soldo atrasado, as tropas

situação d o frágil Clemente VII. Ele continuou prisionei-

se amotinaram e marcharam sobre Roma. À frente d o

ro d e Carlos por alguns meses e, depois d e libertado,

ataque estavam os Landsknechte (infantes m e r c e n á -

cessou qualquer oposição ao Sacro Império. E m 1530,

rios alemães), muitos deles luteranos, encantados c o m

coroou Carlos e m Bolonha, última vez q u e u m sacro

,i idéia d e saquear a corrupta cidade pontifícia.

imperador romano foi coroado por u m papa. SK


Termina o cerco a Viena A resistência austríaca marca o fim da expansão otomana na Europa.

O

D e t a l h e d o s a f r e s c o s (c. 1540) a t r i b u í d o s a M a r c e l l o F o g o l l n o m o s t r a n d o o c e r c o a V i e n a p o r s o l d a d o s t u r c o s .

O cerco a Viena encerrou-se e m 1529 e foi o ápice das

homens, chegaram a Viena e m 26 d e setembro, m.is

incursões otomanas na Europa. A rivalidade entre o rei

abandonaram suas armas d e cerco atoladas nas esiia

Francisco I da França e o sacro Imperador r o m a n o

das cheias d e lama, Os turcos puseram minas sob as

Carlos V enfraquecera a Europa quinhentista. O sultão

muralhas, enquanto lanceiros austríacos repeliam •>••

o t o m a n o Solimâo I, o Magnífico havia tirado vanta-

ataques dos janízaros - cavalaria turca composta d e os

g e m dessa divisão para capturar Buda e fazer da H u n -

cravos cristãos conversos treinados c o m o uma elite

gria u m Estado vassalo. Alarmado, o arquiduque Ferdi-

guerreira, E m 14 d e outubro, depois d e perder 20 mil

nando da Áustria incentivou uma revolta húngara e m

soldados, Solimâo ordenou uma última investida, M a i

1528, e n q u a n t o Solimâo estava na Pérsia.

uma imensa mina derrubou a muralha para fora, impe

Em 1529, Solimâo conduziu seus exércitos d e Cons-

dindo a passagem. Foi o fim do ataque. O conde Salm

tantinopla até a capital d e Ferdinando, Viena, o n d e o

foi ferido (e morreu no ano seguinte); os turcos queima-

comandante, c o n d e Nícholas zu Salm-Reifferscheidt,

ram tudo, inclusive os prisioneiros, e foram embora.

m a n d o u rapidamente consertar as muralhas da cidade,

Os o t o m a n o s ainda fariam nova tentativa fracas

Os austríacos dispunham d e 22 mil infantes, dois mil

sada d e invadir Viena e m 1638, a p ó s a qual o Império

cavaleiros e 72 canhões, Os otomanos, cerca d e 350 mil

iniciou seu longo declínio. N J


0 rei se casa de novo

Execução de Atahualpa

Henrique VIII toma por esposa Ana Bolena, contra a vontade do papa e de Roma.

A derrubada do rei inca deixa a América do Sul à disposição dos espanhóis.

O casamento d e Henrique VIII e m 1533 c o m Ana Bole-

O imperador inca Atahualpa teria sido queimado vivo

na, dama d e honra q u e havia c h a m a d o sua atenção

c o m o herege e m 1533, mas uma conversão d e última

pela primeira vez e m u m baile d e máscaras, foi celebra-

hora ao cristianismo trocou seu suplício por estrangula-

do seis anos depois d e Henrique recorrer a o papa Cle-

mento. Atahualpa sucedera ao pai e m 1525 no c o m a n -

mente VII para anular sua união d e 1509 c o m Catarina

d o d o vasto e próspero Império Inca, q u e dominava o

d e Aragão. S e g u n d o Henrique, esse matrimônio ia c o n -

Peru, depois d e travar uma guerra contra seu meio-ir-

tra a lei divina. Na verdade, ele estava cansado d e Cata-

m ã o Huáscar. Em seguida mandara matar toda a família

rina, q u e tinha 40 anos e jamais lhe daria u m filho e

d e Huáscar. E m 1532, sua nêmesis surgiu na forma d o

herdeiro (sua única filha, Mary, tinha nascido e m 1516).

aventureiro espanhol Francisco Pizarro e seus homens.

Para infortúnio d e Henrique, seu pedido ao papa ocor-

Embora dispusesse d e u m grande exército, Atahualpa

reu logo depois d o saque a Roma. Clemente VII não

não atacou a pequena força espanhola. E m vez disso,

"Minha amante e amiga... a dor da ausência já é demasiado grande."

"Ele não parava de repetir: 'Por que estão me matando?... O que eu fiz?../"

H e n r i q u e V I I I e m c a r t a a A n a B o l e n a , 1528

P e d r o C i e z a d e L e ó n , Crônicas

do Peru,

1533

ousou ofender Carlos V - sobrinho d e Catarina d e Ara-

mandou-lhes presentes e deixou q u e se apoderassem

gão - e a resposta foi não. Durante três anos, Henrique

da cidade d e Cajamarca. Então aceitou o convite d e Pi-

tentou, sem sucesso, encontrar formas legais d e solu-

zarro para visitar Cajamarca. A maioria dos homens d o

cionar "a grande questão d o rei", c o m o o divórcio se

espanhol estava escondida. U m padre disse ao inca que

tornou conhecido, e foi ficando cada vez mais determi-

seu p o v o deveria se converter ao cristianismo e entre-

nado a desposar Ana. Por fim, m u d o u d e estratégia: se

gou-lhe uma Bíblia, g u e Atahualpa j o g o u longe.

Roma não lhe desse o q u e ele desejava, a Igreja da Inglaterra iria se separar d e Roma.

Diante desse ato d e heresia, os h o m e n s d e Pizarro saíram d e seu esconderijo, matando muitos incas e fa-

Assim, o rei desposou Ana, e e m maio o arcebispo

zendo Atahualpa prisioneiro. O exército inca não rea-

Cranmer anulou seu primeiro casamento. Ana foi coro-

giu, e Pizarro exigiu e n o r m e resgate e m troca d o prisio-

ada rainha e m maio, e e m setembro deu a Henrique

neiro, q u e d e u ordens para e n c h e r e m u m c ô m o d o

uma filha, Elisabeth. Em 1534, o Ato d e Supremacia pro-

uma vez c o m ouro e duas c o m prata e entregarem aos

clamou o rei "único chefe supremo na Terra da Igreja da

espanhóis. O tesouro c h e g o u conforme o combinado,

Inglaterra". As conseqüências d o divórcio d e Henrique e

mas Pizarro m a n d o u executar Atahualpa. Estava aber-

Catarina d e Aragão haviam se mostrado mais revolucio-

to o c a m i n h o para a submissão d o Império Inca e d e

nárias d o q u e originalmente pretendido. S K

boa parte da América d o Sul. R C


Fundação da Companhia de Jesus Inácio de Loyola e seis companheiros fazem em Paris votos que levarão à criação dos jesuítas, uma arma da Contra-Reforma. E m agosto d e 1534, durante u m retiro, sete amigos alunos d e teologia na Universidade d e Paris fundaram a Companhia d e Jesus. Seu líder, Inácio d e Loyola, era u m ex-soldado basco q u e passara por uma conversão religiosa e n q u a n t o se recuperava d e u m ferimento d e batalha. Após descansar durante u m a n o n o mosteiro d e Manresa, próximo a Barcelona, passara a se dedicar a uma vida d e estudos e preleções q u e o levara até Paris. O r a n d o juntos, os amigos prestaram votos solenes d e pobreza e celibato, imitando Cristo, e juraram ir até Jerusalém converter os infiéis muçulmanos. E m Veneza, porém, não < onsequiram ene onlrar n e n h u m navio q u e os levasse até a Palestina, e n l á o loiam paia Roma, o n d e se puseiani ,i c lisposic,,iodo papa. E m 1539, e m Roma, Inácio escreveu u m a p r o p o s ta d e constituição para a o r d e m , q u e foi aprovada pelo papa Paulo III e m 27 d e s e t e m b r o d e 1540, e m bora c o m a ressalva d e q u e o n ú m e r o d e m e m b r o s não podia ultrapassar 60. A C o m p a n h i a d e Jesus foi criada c o m o o r d e m missionária, pronta para ir a o n d e o papa mandasse, "entre os turcos, para os Novos M u n d o s , j u n t o a luteranos o u qualquer espécie d e fiel o u infiel", c o n f o r m e escreveu Inácio. E m 1548, Inácio abriu u m a escola para alunos laicos e m Messina, Sicília, e a e d u c a ç ã o tornou-se u m a das atividades mais importantes da o r d e m . Sua ênfase na d e d i c a ç ã o e o b e d i ê n c i a a tornava eficaz para formar m e n t e s j o v e n s n o catolicismo, e as escolas j e suítas viriam a d e s e m p e n h a r u m papel-chave

na

Contra-Reforma, m o v i m e n t o da Igreja para r e c u p e rar o terreno perdido para o protestantismo, s o b r e t u d o nos Países Baixos e na Polônia. S K

O

Santo papa

Inácio Paulo

de Loyola

recebe

a Bula

da Ordem

dos Jesuítas

do

III ( d e t a l h e ) , p o r J u a n d e V a l d é s L e a l ( 1 6 2 2 - 1 6 9 0 ) .


Poderes pontificais são conferidos a Henrique VIII O Ato de Supremacia sanciona o monarca como chefe da Igreja da Inglaterra. C o m o preencher o v á c u o criado pela remoção da autoridade d o papa (agora apenas "bispo d e Roma") sobre a Inglaterra? A nova Igreja da Inglaterra deveria governar a si mesma? Boa parte d o clero achava impossível os laicos terem qualquer controle. Henrique VIII, porém, t i nha outros planos. Só havia u m lugar o n d e os antigos poderes pontificais podiam ser depositados, e era junto à Coroa. O Ato d e Supremacia d e 1534 deixou claro que o monarca era o "chefe supremo" da Igreja Anglicana. Havia, no entanto, u m problema e m potencial, pois t u d o q u e era c o n c e d i d o pelo Parlamento podia c o m a mesma facilidade ser retirado. Será q u e a forma encontrada por Henrique d e garantir sua supremacia iria na verdade miná-la, obrigando-o na prática a c o m partilhar o poder c o m a Câmara dos Lordes e a C â m a ra dos Comuns? Henrique tinha consciência dessa armadilha. O Ato ressaltava q u e o rei era o chefe supremo da Igreja "de forma justa e correta", o que implicava q u e o cargo era uma concessão d e Deus - t u d o q u e a nova lei fazia era "corroborar e confirmar" o q u e já existia. Henrique não iria tolerar n e n h u m rival. E m 1521, Leão X dera a H e n r i q u e o título d e " d e fensor da fé", e o rei poderia muito b e m ter p e r m a n e c i d o fiel a o p a p a d o caso C l e m e n t e VII lhe houvesse c o n c e d i d o o divórcio. Foi "a g r a n d e q u e s t ã o d o rei" q u e levou à ruptura c o m R o m a e à declaração d e s u O

Henrique

VIU apresenta

Ana

Bolena

à cone,

por William

H o g a r t h (1697-1764).

premacia real. Qualquer m u d a n ç a ocorrida a seguir não fazia parte da intenção d e Henrique. Henrique não era protestante, mas seu ato d e sepa-

"O rei... será considerado... único chefe supremo da Igreja da Inglaterra." A t o d e S u p r e m a c i a , 1534

rar a Igreja da Inglaterra d e Roma aumentou as o p o r t u nidades dos reformadores. Após sua morte, seu filho tornou a Inglaterra oficialmente u m país protestante. Da mesma forma, seu uso extensivo d o "Parlamento Reform a d o " tornou essa instituição mais importante, e m b o ra não dominante, na política inglesa - m e s m o que o Ato tenha sido revogado por Mary e m 1554. R P


Thomas More é executado na Torre de Londres Thomas More prefere a morte à nova disposição religiosa de Henrique VIII. I le foi u m dos homens mais importantes d e sua época e u m dos mais poderosos da Inglaterra. Privado, então, d e seu alto cargo e d e sua liberdade, pouco restava a I homas More a não ser seus elevados princípios e sua • uragem incomum. Na segunda-feira, 5 d e j u n h o d e 1535, ele escreveu à filha que ansiava "ir para junto d e Deus". Na manhã seguinte, ao subir no frágil cadafalso montado e m frente à Torre d e Londres, pouco antes das 9 horas, brincou dizendo q u e o comandante da Torre deveria cuidar para q u e ele subisse e m segurança, mas que "para descer, deixe q u e eu m e s m o m e viro". I ntão instou o carrasco a "se a n i m a r " e fazer seu trabalho sem m e d o , embora não devesse "errar o golpe", I IOÍS seu pescoço era " b e m curto". O rei o havia instruído , i não falar demais durante a execução, e ele o b e d e c e u . Suas últimas palavras, enquanto afastava a barba antes de pousar a cabeça no apoio, foram: "Isto não ofendeu 0 rei." Assim c o m o o barão d e Cawdor d e Shakespeare, 1 homas More pareceu "jogar fora aquilo que mais prezava c o m o se fosse 'uma reles ninharia'". Além d e a d v o g a d o d e sucesso, renomado h u m a nista e teólogo erudito, More vinha prestando serviço à monarquia desde 1518, tornando-se chanceler e m 1529. I le renunciou e m maio d e 1532, incapaz d e aceitar o u tolerar a decisão d e Henrique d e se divorciar d e Catarina d e Aragão. Mas o que selou seu destino foi a recusa de prestar juramento para aceitar a supremacia real da !• ireja no lugar da pontificai. A determinação d e Henri-

O

Cópia quinhentista tardia d o retrato d e T h o m a s M o p i n t a d o e m 1527 p o r H a n s H o l b e i n , o J o v e m .

que VIII d e governar a Igreja da Inglaterra logo abriu c a minho para o protestantismo q u e ele, e obviamente More t a m b é m , considerava anátema. More, por sua vez, tornou-se o arquetípico mártir e m n o m e da própria consciência, sendo canonizado e m 1935. A história d e Thomas More é contada e m

0homem

que não vendeu sua alma, peça d e teatro escrita por Roberl B o l t e filmada duas vezes, e m 1966 e 1988. J J H

"Preferiríamos ter perdido a melhor cidade... a um conselheiro tão valoroso." I m p e r a d o r C a r l o s V, s o b r e a e x e c u ç ã o d e Mor<>


0 fim da "Nova Jerusalém" A sangrenta derrota dos anabatistas de Münster marca o fim de seu regime. A p ó s oito meses d e controle d e Münster, Vestfália, os anabatistas - fiéis radicais q u e só acreditavam n o b a tismo d e adultos confessos - foram expulsos da cidad e e m 24 d e j u n h o d e 1535. Vários grupos d e anabatistas haviam surgido na A l e m a n h a e na Suíça na d é c a d a d e 1520, enfrentand o fortes perseguições. Melchior H o f f m a n n , p r e g a dor anabatista fanático cuja m e n s a g e m

profética

proclamava a iminência d o Juízo Final, atraiu muitos seguidores, dois d o s quais - J a n Matthys, padeiro d e Amsterdã, e J a n Bockelson ( J o ã o d e Leyden) - d i f u n diram suas idéias até Münster, q u e declararam ser a Nova J e r u s a l é m . S o b sua influência, o conselho o r d e n o u a expulsão d e todos os adultos n ã o batizados, acarretando batismos e m massa na praça central. E n q u a n t o isso, u m exército católico e luterano c o m a n d a d o p e l o bispo expulso sitiou a cidade. N o d o m i n g o d e Páscoa d e 1534, Matthys, a c r e d i t a n d o ser u m s e g u n d o G e d e ã o e n v i a d o para matar os inimigos d e Israel, c o m a n d o u u m a surtida da cidade, mas foi logo interceptado, e Bockelson se proclam o u rei. Ele legalizou a poligamia e declarou todos os bens coletivos - passo necessário e m vista da e s cassez d e c o m i d a . O final d e seu reinado, u m a n o depois, foi súbito e violento. A c i d a d e foi t o m a d a g r a ças a u m a traição e g u a s e n i n g u é m e s c a p o u c o m O

U m a g r a v u r a d e 1890 m o s t r a J a n B o c k e l s o n c o n d u z i d o

por

M ü n s t e r e m u m a gaiola d e ferro antes da execução.

vida. Bockelson e outros líderes foram executados as gaiolas d e ferro e m q u e seus corpos foram e x p o s tos ainda p e n d e m da torre da Igreja d e S ã o Lamber-

"Esse batismo de crianças é um ultraje tolo, blasfemo, contrário a todas as Escrituras." C o n r a d G r e b e l , líder dos anabatistas d e Zurique

to. Relatos d o levante espalharam terror pela Europa, e estima-se q u e 30 mil anabatistas t e n h a m sido mortos s o m e n t e nos Países Baixos nos anos seguintes à q u e d a d e Münster. S K


Execução de Ana Bolena Esposa de Henrique VIII, Ana Bolena sobe ao patíbulo sob acusações

forjadas.

Usando u m a c o m b i n a ç ã o vermelha sob u m vestido solto d e a d a m a s c a d o cinza-escuro, Ana Bolena subiu 10 patíbulo da Torre d e Londres. A o saber q u e Henrique VIII modificara a sentença da fogueira para a deI apitação por espada, diz-se q u e brincou q u e o carrasco n ã o teria muito trabalho, "pois m e u p e s c o ç o é fino". A e x e c u ç ã o foi rápida, d e u m g o l p e só. E m 29 d e janeiro, três anos a p ó s o c a s a m e n t o m m Henrique, Ana havia a b o r t a d o u m íilho h o m e m uma d e suas várias gestações malogradas. Henriq u e já tranferira seu afeto para J a n e Seymour, d a m a d e c o m p a n h i a d e Ana, e d e s d e e n t ã o c o m e ç a r a a maquinar sua q u e d a . N o final d e abril, u m músico flam e n g o , M a r k S m e a t o n , foi p r e s o e c o n f e s s o u s o b tortura ser a m a n t e d e Ana. Outras prisões se seguiram, incluindo a d o irmão d e Ana, G e o r g e , e e m 2 d e maio a própria Ana foi capturada e presa na Torre d e I (indres acusada d e adultério, incesto, bruxaria e trai, K >. O n z e dias depois da e x e c u ç ã o , Henrique casouse c o m J a n e . Ana Bolena ainda hoje gera controvérsias. Há q u e m a j u l g u e inocente, simples vítima da volubilid a d e d o rei. Para outros, ela defendia secretamente o protestantismo m e s m o antes d e se casar, mantinha ( o n t a t o c o m muitos reformadores radicais ingleses na Europa e foi a força motriz por trás da ruptura d o rei c o m R o m a . Sua filha Elisabeth, criada protestante, sobreviveu a uma infância precária e a o reinado da

O

Q u a d r o d e P i e r r e - N o l a s q u e B e r g e r e t (c. 1814)

mostNI

An.i

Bolena sendo condenada à morte.

meia-irmã católica Maria I antes d e se tornar a maior das rainhas inglesas. J a n e Seymour, s e m dúvida a esposa preferida d e Henrique, morreu d a n d o à luz seu único filho, Eduardo VI, e m 1537. Henrique ainda se asi " I mais três vezes. S K

"Vim aqui para morrer... rezo a Deus para que salve o rei e lhe dê um longo reinado." Do discurso de Ana Bolena no patíbulo


Morre o líder dos siques

Visão do Mississippi

Aos 69 anos, morre o primeiro guru sigue, Guru Nanak.

Desbravadores espanhóis em busca de ouro e prata descobrem o "grande rio".

Q u a n d o a m o r t e d e G u r u N a n a k foi se a p r o x i m a n -

E n c a r r e g a d o d e explorar as terras a o n o r t e d o Mé

do, seus s e g u i d o r e s h i n d u s e m u ç u l m a n o s c o m e -

xico, H e r n a n d o d e S o t o z a r p o u e m 1 5 3 9 d e < ub.i

ç a r a m a se d e s e n t e n d e r . Os h i n d u s c o n s i d e r a v a m

para a costa o e s t e da Flórida e c o n d u z i u seus 600

Nanak seu rama

h o m e n s até a atual Tallahassee, a o n o r t e . H e |,i

e d e s e j a v a m cremá-lo, e os m u -

ç u l m a n o s v i a m n e l e o avatar d e Alá e q u e r i a m por-

p a s s a r a m pela G e ó r g i a para as Carolinas, trav.n n h >

tanto enterrá-lo. O ú l t i m o ato d e N a n a k foi p r o p o r

d u r a s b a t a l h a s contra os h a b i t a n t e s locais, Ap<v,

u m a c o r d o : c a d a g r u p o c o l o c a r i a u m a guirlanda

a c a m p a r d u r a n t e o i n v e r n o , s e g u i r a m para n o r o e s

d e flores j u n t o a seu c o r p o . E m três dias, o g r u p o

t e a t é q u e , e m 8 d e m a i o d e 1 5 4 1 , os b a t e d o r e s

cuja g u i r l a n d a h o u v e s s e m u r c h a d o m e n o s p o d e -

a v i s t a r a m o rio Mississippi. O n o m e signiíii a " g u n

ria decidir. Q u a n d o f o r a m verificar as g u i r l a n d a s ,

d e rio" e m a l g o n q u i m , m a s D e S o t o batizou-o d e

só r e s t a v a m as flores: o c o r p o d e G u r u Nanak havia

Rio d o Espírito S a n t o ; era largo, profundei, l a m a

s u m i d o . Os h i n d u s c r e m a r a m suas flores, e n q u a n to os m u ç u l m a n o s as e n t e r r a r a m . N a n a k se interessou por q u e s t õ e s

religiosas

.linda j o v e m , c o m p o n d o hinos c o m M a r d a n a , criad o da casa o n d e N a n a k t r a b a l h a v a c o m o c o n t a d o r . Abriu uma cantina o n d e m u ç u l m a n o s e hindus d e várias castas p o d i a m c o m e r j u n t o s e ouvir os h i -

"Muitos conquistadores disseram que o rio era mais largo do que o Danúbio." Rodrigo Rangel, relato contemporâneo

nos. Acredita-se q u e t e v e uma visão d e D e u s e m S u l t a n p u r , r e c e b e n d o a o r d e m d e p r e g a r para a

c e n t o e rápido, c o m d e s t r o ç o s p a s s a n d o v e l o z e s

h u m a n i d a d e . Diz-se q u e N a n a k viajou m u i t o p r o -

na c o r r e n t e z a .

p a g a n d o sua fé, m a s p a s s o u os ú l t i m o s a n o s e m Kartapur, atual P a q u i s t ã o . Os n o v e gurus s e g u i d o r e s d e N a n a k d e s e n -

Os espanhóis atravessaram o rio e

sequii.im

r u m o às m o n t a n h a s Ozark, mas não a c h a r a m o ouro o u a prata esperados e voltaram para o Mississippi

volveram a religião sique apesar da perseguição m u i -

para passar o inverno. A essa altura, D e S o t o já havia

tas vezes brutal dos líderes mogóis. O último, G o b i n d

e s p a l h a d o entre os índios o boato d e q u e ei.i u m

VAí,

S i n g h , m o r r e u e m 1708 e foi s u c e d i d o p e l o g u r u

deus, mas morreu d e febre na primavera d e

(.ranth Sahib, q u e e s t a b e l e c e u a Santa Escritura d o s

c o m p o u c o mais d e 4 0 anos. Para preservai a l e n d a d e

siques e se t o r n o u o guru p e r p é t u o da seita. T B

sua divindade, o corpo foi afundado no Misslssi| 1 1 m e i o da noite. Após essa primeira explorar,,i<> d o su deste norte-americano, os espanhóis construíian11 >. 11 cos e desceram o Mississippi até o México. A|«-s.u d e seus esforços, o território seria capturado pelos li, nu e

O

G u r u N a n a k e M a r d a n a c o m o rei S h i v a n a b h , a p ó s c. 1 5 0 0 (artista d e s c o n h e c i d o ) .

ses no século XVII. R C



Pizarro é brutalmente assassinado A morte por vingança de Francisco Pizarro em seu palácio limenho aumenta a interferência da Espanha na América do Sul. Francisco Pizarro p e r d e u a vida e m u m ataque, m o v i d o por vingança, a seu palácio d e Lima, e m 16 d e j u n h o d e 1541. M a t o u dois dos atacantes e varou u m terceiro c o m a espada, mas foi a p u n h a l a d o no p e s c o ç o e caiu, s e n d o g o l p e a d o repetidamente. Diz-se q u e d e s e n h o u no c h ã o uma cruz c o m o próprio s a n g u e e c h a m o u Jesus a o morrer. E n q u a n t o havia mantido Atahualpa prisioneiro e m Cajamarca, Pizarro tivera longas e amigáveis c o n versas c o m o inca, informando-se sobre a situação política, rivalidades e facções n o império. Depois da e x e c u ç ã o d e Atahualpa, o astuto espanhol usou essa informação, auxiliado por parte da nobreza inca. Essa situação, aliada a trapaça, armas d e qualidade s u p e rior e uma c r u e l d a d e q u e Pizarro e seus h o m e n s j u s tificavam c o m o necessária para levar ao p o v o inca as b ê n ç ã o s d o cristianismo, foi crucial para ajudá-lo a controlar muitas províncias incas. Ele c a p t u r o u Cuzco, instaurou u m f a n t o c h e inca no g o v e r n o e fez d e Lima seu quartel-general, mas se d e s e n t e n d e u c o m o braço direito D i e g o d e Almagro, q u e t o m o u a c i d a d e e m 1537. Pizarro m a n d o u os três irmãos - H e r n a n d o , J u a n e G o n z a l o - para subjugarem Almagro. Eles o derrotaram e m uma batalha e m Las Salinas e m 1538, e H e r n a n d o m a n d o u executá-lo na praça principal d e Cuzco. Três anos depois, Diego, filho d e Almagro, e seus seguidores se vingaram i n v a d i n d o o palácio d e Pizarro e matando-o. D i e g o A l m a g r o foi e x e c u t a d o e m 1542, q u a n d o o g o v e r n o e s p a n h o l d e u início a u m controle mais rígido d e seu império sul-americano. R C

O

Francisco

Pizarro

assassinado

por

um exército

de

g r a v u r a d e 1 5 4 1 , p o r T h e o d o r e d e B r y (1528-1598).

conspiradores,


Visão do Apocalipse

Livro de Bartolomeu

Michelangelo conclui O juízo final para a < apela Sistina.

O padre defende a causa dos índios americanos do Novo Mundo.

I in 1534, M i c h e l a n g e l o havia sido c o n v i d a d o p e l o

A c h e g a d a dos espanhóis às Américas a parlii d e

papa C l e m e n t e VII para voltar a R o m a e pintar u m

1492 representou uma catástrofe para os índios. A

alresco na p a r e d e d o s f u n d o s da C a p e l a Sistina. C l e -

varíola dizimou a p o p u l a ç ã o d o M é x i c o até o Peru,

m e n t e m o r r e u p o u c o depois, e foi seu sucessor,

religiões e tradições nativas foram extintas e po| m i a

i aulo III, g r a n d e a d m i r a d o r d o artista, q u e o incenti-

ções inteiras massacradas o u escravizadas pef

v o u a aceitar o projeto. Diz-se q u e , q u a n d o Paulo

lonizadores e forçadas a trabalhar e m minas d e « n o

viu o afresco pronto, e m 1541, caiu d e j o e l h o s e i m -

e prata. E m 1542, frei B a r t o l o m e u escreveu Um

plorou a D e u s q u e perdoasse os seus p e c a d o s n o

relato da destruição

• lia d o J u í z o Final, t a m a n h o o i m p a c t o d o desespe-

c i d a d e s g e n o c i d a s d o s c o n q u i s t a d o r e s . O livio li u

10 d o s c o n d e n a d o s a o inferno e da

d e d i c a d o a Filipe II da E s p a n h a e p u b l i c a d o a n o s

intensidade

e m o c i o n a l da c o m p o s i ç ã o . Nos 25 anos d e s d e q u e M i c h e l a n g e l o pintara o teti I (ia capela, o p a p a d o havia sido a b a l a d o por de-

breve

das índias, e m q u e expôs a s a l i o

mais tarde. Traduzido e m muitas línguas, influem iou a I uropa inteira. Frei Bartolomeu d e Ias Casas era d e Castela e h a v i a

lafios à sua autoridade vindos d e Lutero e líderes

emigrado para o Caribe e m 1504, aos 18 anos. I m l' • 11.

11 uno H e n r i q u e VIII. O n o v o papa, muitas vezes con-

escutou u m sermão d o padre Antônio d e Montesinos

II lerado o guia espiritual da Contra-Reforma, estava d e i idido a reafirmar a autoridade da Igreja. Para os o n t e m p o r â n e o s , o tema d o afresco, o Juízo Final,

d e n u n c i a n d o o c o m p o r t a m e n t o espanhol n a s A

n

cas. L o g o depois, e m 1512, tornou-se o primem i ho m e m a ser ordenado padre no N o v o M u n d o e vlaji 1 11

• li 'ixaria claro q u e a salvação só podia ser obtida pela

c o m o missionário para Cuba, o n d e testemunhoi i a l i o

li iieja d e Roma.

cidades espanholas. Bartolomeu voltou à I spanha e m

No centro d o afresco, q u e o c u p a toda a parede, ( risto, c o m o braço direito erguido, aponta o c a m i nho d o paraíso para os salvos, e n q u a n t o o braço e s -

1515 para defender a causa indígena junto ai > i n ' ,n los I (sacro imperador romano Carlos V). N o início dos anos 1520, c o m o apoio d o l e i , e l e

querdo abaixado indica o inferno para os condena-

tentou fundar uma c o m u n i d a d e racialmente iquall

11) is, As figuras são pesadas e corpulentas, c o m os

tária na Venezuela, mas fracassou q u a n d o s e u s vi i

m e m b r o s contorcidos - m e s m o os mártires q u e se-

nhos incitaram a oposição entre os índios

i iniam seus instrumentos d e tortura p a r e c e m t e m e -

e n t ã o para a o r d e m dominicana e, e m 1530, v< ilti iu i

l ni

rosos e a p r e e n s i v o s . H o u v e q u e m se sentisse ultra-

Espanha n o v a m e n t e para fazer c a m p a n h a < ontia a

|.i< Io pela n u d e z retratada n o afresco, considerada

e s c r a v i d ã o n o P e r u . Mais t a r d e tornou-se bispo d o

sa< rílega. Paulo d e f e n d e u f i e l m e n t e M i c h e l a n g e l o

Chiapas, Guatemala, o n d e protestou contia o s l s i e

d o s a t a q u e s , m a s u m p a p a posterior o r d e n o u a

m a d e t r a b a l h o f o r ç a d o da encomiendu.

i M n i e l e Volterra, ex-aluno d e M i c h e l a n g e l o , q u e

N o v o M u n d o e m 1540. Dez anos depois pariu i p o i i

pintasse p a n o s por c i m a d a s partes p u d e n d a s , v a li n d o a o d e s a f o r t u n a d o artista a v e r g o n h o s a a l c u nha d e // Braghetone

(pintor d e braguilhas). S K

I)ei>

d e u m f a m o s o d e b a t e c o m J u a n Ginés d e S e | >i ilvi •< I, i sobre a c a p a c i d a d e dos índios americam >s d e q narem a si m e s m o s . P F


Inquisição em Roma

Publicado um livro-chave

0 papa Paulo III espera combater o avanço da heresia com a Inquisição romana.

Copérnico revela que a Terra e os planetas giram em torno do Sol.

Diante d o q u e p a r e c i a m atos c a d a v e z mais f r e -

Diz-se q u e Nicolau C o p é r n i c o (Nikolaj Kopernik), m a -

q ü e n t e s d e heresia contra a Igreja Católica, o p a p a

temático e a s t r ô n o m o polonês, morreu e m 24 d e

Paulo III criou u m tribunal p e r m a n e n t e d e cardeais

maio d e 1543 p o u c a s horas d e p o i s d e receber u m

e m R o m a para d e f e n d e r a integridade da fé. E m 21

exemplar impresso da obra q u e tanto havia espera-

d e j u l h o d e 1542, e l e s a n c i o n o u o g u e passou a ser

d o para publicar. E m 1530, ele c o m e ç a r a a escrever

c o n h e c i d o c o m o Inquisição r o m a n a . Os tribunais

De Revolutionibus

p e r s e g u i a m pessoas acusadas d e crimes c o m o feiti-

das órbitas celestes), e m q u e e x p u n h a sua teoria d e

çaria, bruxaria e blasfêmia e a g i a m e m b o a p a r t e da

q u e o Sol é o centro d o Universo e à sua volta giram

Itália, b e m c o m o e m outras áreas sob jurisdição

a Terra e os o u t r o s p l a n e t a s . M a s suas o p i n i õ e s t i -

pontificai, c o m o A v i g n o n .

Orbium

Coelestium

(As revoluções

n h a m surgido ainda mais c e d o , entre 1508 e 1512, no

O papa elegia os cardeais q u e presidiam as r e u -

Commentariolus

(Breve comentário).

niões e, a l é m destes, uma e q u i p e d e consultores, e s tudiosos experientes q u e a c o n s e l h a v a m os cardeais e m relação a q u e s t õ e s complexas d e direito canônico. A Inquisição foi criada principalmente para < o m bater o a v a n ç o d e idéias protestantes na Itália, mas, d e v i d o à influência dos Estados pontifícios, perdurou até o século XVIII, q u a n d o os Estados italianos c o m e -

"No centro de tudo está o Sol... como sentado em um trono real..." C o p é r n i c o , em seu livro

de 1 5 4 3

çaram a acabar c o m as reuniões. A e q u i p e d e consultores foi c h a m a d a para avaliar

A Igreja afirmava q u e a Terra era o centro fixo d o

a afirmação d e C o p é r n i c o d e q u e o Sol era estático e

Universo, e aceitava o m o d e l o geocêntrico d o astrô-

a Terra se movia a o seu redor. Os t e ó l o g o s julgaram

n o m o g r e g o P t o l o m e u (c. 83-161), q u e havia s e g u i d o

suas idéias absurdas e o r d e n a r a m q u e sua obra D e

os passos d e Aristóteles. C o p é r n i c o d e s e n v o l v e u seu

fosse incluída no

sistema e n q u a n t o buscava soluções para as dificul-

índex d e livros proibidos. O caso mais f a m o s o julga-

d a d e s matemáticas apresentadas pelo m o d e l o pto-

Revolutionibus

Orbium

Coelestium

d o pelos cardeais da Inquisição romana foi o d e Gali-

lomaico, e h o u v e q u e m dissesse q u e ele hesitou e m

leu Galilei, e m 1633. Galileu foi preso por suspeita d e

tornar públicas suas descobertas d e v i d o à possível

heresia g r a v e e por se recusar a refutar o heliocentris-

controvérsia religiosa e a o m e d o d o ridículo diante

m o - a c r e n ç a d e q u e o Sol é o c e n t r o d o sistema

dos colegas matemáticos.

solar. 0 inquisidor, cardeal Bellarmine, citou salmos e

Em 1539, o astrônomo G e o r g J o a c h i m Rheticus

trechos da Bíblia q u e " p r o v a v a m " q u e n ã o podia ser

visitou Copérnico e convenceu-o a publicar seu traba-

assim. E m b o r a Galileu acreditasse q u e seus indícios d e m o v i m e n t a ç ã o das marés d e m o n s t r a v a m o héliocentrismo, a c a b o u se retratando e morreu e m prisão d o m i c i l i a r e m 1642. T B

lho. Poucos perceberam as colossais implicações d o s achados d e Copérnico. A controvérsia e m relação a o universo heliocêntrico perduraria até os trabalhos d e Kepler e Galileu, 70 anos mais tarde. S K


0 MaryRose naufraga na costa britânica O navio de guerra Tudor, uma das mais poderosas embarcações da Marinha Real inglesa, emborca e afunda enquanto Henrique VIII assiste da costa. • > MaryRose

fazia parte d e uma frota d e 80 navios d e

iiuerra q u e partiu d e Portsmouth para enfrentar uma I l o t a invasora francesa composta d e 200 galés no estreii " i I r Solent. O rei Henrique VIII havia assumido posição ROÍ astelo d e Southsea, ali perlo, para assislit à liai,ilha, m a s a falta d e vento e m 19 d e julho d e 1545 deixou a l o t a inglesa à deriva enquanto as galés francesas, movii Ias a remo, puderam aproximar suas armas. Durante a tarde, o vento apareceu e a frota inglesa avançou. O MaryRose

então emborcou e, quando a água c o m e ç o u

a entrar pelas escotilhas, afundou e m poucos minutos, l' v, indo consigo cerca d e 400 homens. Construído e m 1509, o Mary Rose era u m grande 11. ivlo d e guerra c o m altos mastros na proa e na popa, e foi o | irimeiro a ter escotilhas no casco para disparar ari . A perda d e u m grande navio d e guerra, à vista da i .ia e sem danos visíveis causados pelo inimigo, cauM 'ii (onstemação. Mas o Mary Rose é mais lembrado l 'i li > q u e lhe aconteceu cerca d e 430 anos mais tarde, quando uma equipe d e arqueólogos marinhos comeI,I tu a escavar o local d o naufrágio, exposto após uma l. 'i t e tempestade q u e revelou parte da estrutura d o navu i. Milhares d e artefatos, d e canhões d e bronze a tabuli III is d e jogos e utensílios d e cozinha, foram trazidos à ti ma, e e m 11 d e outubro d e 1982, diante d e 60 milhões i li • telespectadores, o casco d o navio foi içado. Desde e n t ã o , análises dos restos d e cerca d e 200 pessoas e o • " t u d o d e seus pertences proporcionaram uma comI neensão inédita das condições a bordo d e u m navio d e guerra Tudor. SK

O

I l e t a l h e d o q u a d r o novecenxisxa

Mary

Rose,

navio

de

Henrique

VIII, p o r R i c h a r d W i l l i s . O

I o t o g r a f í a d o r e s g a t e d o c a s c o d o M a r y R o s e e m 11 d e o u t u b r o i le 1982; e l e h o j e s e e n c o n t r a e m P o r t s m o u t h , I n g l a t e r r a .


1549 15 DE AGOSTO

Missão no Oriente

1555 5 DE FEVEREIRO

Paz de Augsburgo

0 jesuíta Francisco Xavier chega a Kagoshima, Carlos V esnoba a Dieta, convocada para Japão, a bordo de um navio português. sanar as divisões religiosas da Alemanha. O avanço d o cristianismo pela Ásia a c o m p a n h o u d e

A Dieta imperial reunida e m Augsburgo, Bavária, e m

perto a expansão d o comércio português pelo Índico

fevereiro d e 1555, tinha u m objetivo: pôr fim às ferre-

e pelo Pacífico. E m 1542, Francisco Xavier, m e m b r o d o

nhas guerras d e religião q u e tanta destruição haviam

grupo original d e jesuítas d e Inácio d e Loyola, viajou a

causado na A l e m a n h a . E m 1552, o eleitor Maurício da

convite d o rei português J o ã o III até o entreposto c o -

Saxônia havia liderado u m a aliança protestante c o n -

mercial p o r t u g u ê s d e G o a , índia, o n d e passou três

tra o imperador. Nas n e g o c i a ç õ e s subseqüentes, c a -

anos e fez muitos conversos antes d e zarpar para f u n -

tólicos e protestantes queriam u m acordo duradouro,

dar missões e m Málaca e nas ilhas das Especiarias. E m

mas Carlos V só c o n c e d e u a paz até a Dieta imperial

1548, e m Málaca, c o n h e c e u Anjiro, comerciante j a p o -

seguinte, e m Augsburgo.

nês d e Kyushu, q u e c o n v e n c e u Francisco d e q u e o J a -

Revoltado c o m os compromissos q u e teria d e

pão seria u m terreno fértil para as conversões. Foi as-

assumir, Carlos n ã o foi à Dieta e m a n d o u o irmão Fer-

sim que, e m 15 d e agosto d e 1549, u m navio português levando Francisco, o recém-batizado Anjiro e vários companheiros adentrou o porto d e Kagoshima. Nessa época, os europeus não sabiam praticamente nada sobre o J a p ã o - fazia apenas sete anos q u e o primeiro navio português aportara lá. Francisco passou quase u m ano e m Kagoshima aprendendo japonês e

"Que nenhuma... majestade nem nenhum eleitor faça... mal a qualquer Estado do Império." Paz de Augsburgo

traduzindo o catecismo e as escrituras, e mais tarde visitou Kyoto e Yamaguchi. Constatou q u e os japoneses

d i n a n d o e m seu lugar. Este se mostrou muito mais

não se deixavam impressionar pelas vestes simples d e

realista d o q u e Carlos a o avaliar a situação religiosa.

u m jesuíta e se mostravam muito m e n o s receptivos a

S e g u n d o a Paz d e Augsburgo, até q u e fosse sanada a

suas pregações d o que Anjiro dera a entender. M e s m o

ruptura e n t r e católicos e luteranos, os E s t a d o s a l e -

assim, q u a n d o retornou a Goa e m 1551, deixou dois mil

mães n ã o guerreariam entre si por motivos religio-

conversos a cargo d e seus companheiros.

sos. E n q u a n t o isso, a religião d e cada u m seria d e c i d i -

Francisco estava e m outra missão, dessa vez à

da por seu líder - preceito resumido na fórmula latina

China, q u a n d o morreu d e febre n o litoral chinês e m

cuius regio, eius religio (aquele q u e d e t é m o reino, d e l e

21 d e n o v e m b r o d e 1552. Nas d é c a d a s seguintes, o u -

é a religião). O s ú d i t o q u e n ã o a c e i t a s s e a e s c o l h a

tros seguiriam seus passos. Trinta anos mais tarde,

d e seu líder podia se mudar.

M a t t e o Ricci, jesuíta italiano consideravelmente e r u -

A paz se aplicava a católicos e luteranos, mas cal-

dito, viajou até M a c a u ; durante várias visitas à China,

vinistas, zwinglianos, anabatistas e m e n o n i t a s n ã o

c o n v e r s o u c o m estudiosos sobre matemática e a s -

e r a m m e n c i o n a d o s . O a c o r d o m a n t e v e o Sacro I m -

tronomia e a p r e n d e u escrita chinesa clássica. E m

pério R o m a n o livre d e guerras civis por mais d e 50

1601 tornou-se o primeiro ocidental a ser c o n v i d a d o

anos. Os maiores v e n c e d o r e s foram os príncipes a l e -

à Cidade Proibida d e Beijing. S K

mães, cuja i n d e p e n d ê n c i a a u m e n t o u . S K


O rei da Espanha cede o poder ( arlos V renuncia ao trono da Espanha em favor do filho Filipe e se desfaz do cargo I 'in preparação para uma aposentadoria discreta. [ i r n h u m monarca jamais tivera tanto poder. C o m o n 'i i l,i Espanha, Carlos controlava o Império Espanhol ' i n expansão n o N o v o M u n d o ; a l é m disso, c o m o sai u imperador romano, controlava as possessões dos I lahsburgo na Europa. Sua extraordinária decisão d e entregar a Coroa da Espanha a o filho Filipe II e m jai M 1 1 0 d e 1556 veio logo d e p o i s d e ele c e d e r a Filipe U Países Baixos e o d u c a d o da B o r g o n h a e m u m a ' eiimônia n o Salão d o Velo D o u r a d o , e m Bruxelas, em

1555. Por q u e Carlos abriu m ã o d o p o d e r voluntaria-

m e n t e ? C o m a saúde debilitada, ele sofria dores forI requentes por causa da gota, mas h o u v e outros motivos. Católico devoto, Carlos via a expansão d o I iiotestantismo durante seu g o v e r n o c o m o seu maior frai asso. Infeliz c o m as decisões t o m a d a s na A l e m a nha, confiara a administração d o Sacro Império R o m a n o a o irmão Ferdinando após o compromisso c o m os príncipes protestantes e m A u g s b u r g o e, já q u e n.io era mais rei da Espanha, t u d o q u e lhe restava era la/er as pazes c o m Deus. Carlos a b d i c o u f o r m a l m e n t e d o título d e impei. ii li >r e mudou-se para o mosteiro d e Yuste, nas distantes m o n t a n h a s da Extremadura, na Espanha, país o n d e só havia passado 16 d e seus 40 anos c o m o rei. Ali, entre livros e quadros, c u i d o u d o jardim até morrer, e m 1558.0 império d e Carlos V havia se revelado ' l i a n d e d e m a i s para u m h o m e m só, e dali e m diante OS H a b s b u r g o p e r m a n e c e r i a m divididos e m dois ramos: austríaco e espanhol. N o v e m e m b r o s dos Habsburgo austríacos foram eleitos imperadores d e 1558 a 1/40. SK

O

Retrato

de Filipe

II de Espanha,

pintado porTiciano e

a s s i s t e n t e s e m 1548-1550, h o j e n o P a l á c i o Pitti, F l o r e n ç a .


Vingança de uma rainha católica Thomas Cranmer, primeiro arcebispo protestante de Canterbury, é queimado na fogueira quando a rainha Maria I reintroduz o catolicismo na Inglaterra. T h o m a s Cranmer - ex-arcebispo d e Canterbury, hereg e c o n d e n a d o - foi conduzido e m cortejo público até a Igreja d e Saint Mary, e m Oxford, e m 21 d e março d e 1556. Preso por mais d e dois anos, destituído d o cargo e publicamente humilhado, fora forçado a assinar seis d o c u m e n t o s r e c o n h e c e n d o sua heresia e devia agora se retratar e m público. Para espanto dos q u e o escutav a m , ele retirou o q u e dissera e declarou que, c o m o sua m ã o direita havia c o m e t i d o uma oftnsa, por "escrever contra o m e u coração", iria pô-la n o fogo primeiro. E foi o q u e fez a o ser q u e i m a d o na fogueira, e r g u e n d o a m ã o "para q u e todos pudessem vê-la se transformar e m carvão". Por formação e inclinação pessoal, Cranmer era u m estudioso q u e mantinha estreito contato c o m reformadores d o continente, e fora n o m e a d o arcebispo a c o n tragosto por Henrigue VIII. Supervisionara a tradução da Bíblia para o inglês, mas fora c o m o arcebispo d e Eduard o VI, filho d e saúde frágil d e Henrique VIII, q u e havia ostabolei ido a

liluKjia

básii

a da Igreja da Inglaterra,

sendo e m grande parte responsável pela criação d o Book of Common

Prayer (Livro d e Preces, 1552).

Maria I não havia perdoado Cranmer por seu papel no divórcio entre Henrique e sua mãe, Catarina d e Aragão. Católica devota, considerava seu dever divino restaurar a verdadeira fé na Inglaterra e reintroduziu leis contra os hereges. Longe d e recuperar fiéis, suas políticas brutais criaram novos mártires e mais d e 300 protestantes foram queimados nos últimos anos d o reinado d e Bloody Mary - Maria, a Sangrenta. S K

O

Gravura de Thomas Cranmer, arcebispo de Canterbury entre

O

C r a n m e r a r d e n d o n a f o g u e i r a , d o Livro

1533e1556.

Foxe(1563).

dos mártires,

de John


Í556 15 DE OUTUBRO

1556

5 DE NOVEMBRO

Imperador menino

Os mogóis são salvos

Aos 13anos,JalahuddinMuhommad Akbor torna-se imperador mogol.

Vitória de Akbar, o Grande em Panipat constitui uma virada para o império.

I i n 12 d e fevereiro d e 1556, o p r e t e n d e n t e a o t r o n o

L a d e a d o p e l o n o b r e persa Bairam Khan, o imperai li h

m o g o l H u m a y u n estava d e s c e n d o a escada d e sua

m o g o l Akbar m a r c h o u r u m o à Batalha d e Panipat, ao

biblioteca q u a n d o o c h a m a d o da prece soou. A o

norte d e Deli, e m n o v e m b r o d e 1556. Tinha 13 ani r$, I

tentar s e c u r v a r e m reverência, H u m a y u n caiu da es-

fora c o r o a d o i m p e r a d o r m e n o s d e u m m ê s antes

i a d a e m o r r e u . Esse i n f o r t ú n i o p ô s s e u filho d e 13

E já enfrentava u m exército afegão liderado p

anos, Akbar, no trono m o g o l , mas ele só foi c o r o a d o

general híndi, I lemu.

i ' i n 15 d e outubro, pois seu pai estivera e n v o l v i d o e m

m

E m fevereiro d o m e s m o a n o , q u a n d o o seguiu f >

uma disputa c o m o xá afegão Sikandar p e l o c o n t r o -

g o v e r n a n t e da disnastia m o g o l H u m a y u n

verso trono m o g o l .

e m decorrência d e uma q u e d a , o futuro d o di

moneu UIIIIIU >

No dia seguinte à m o r t e d o pai, Akbar vestiu

m o g o l na índia parecia mais precário d o q u e num a

uma túnica dourada, p ô s uma tiara na c a b e ç a e pro-

Durante o reinado d e Humayun, a maior parle das m u

"Graças a esses vínculos de "...como Alexandre da IVlacedônia, ele estava sempre harmonia... sua majestade garante a paz do mundo." disposto a arriscar a vida." A b u l F a z a l , Livro

de Akbar,

d é c a d a d e 1590

A b u l F a z a l , Livro

de Akbar,

d é c a d a d e 1590

• lamou a si m e s m o Rei d o s Reis. Durante seu reinado

quistas d e seu pai Babur haviam sido perdidas e r t l

i le q u a s e 55 anos, Akbar mostrou-se u m líder sensato

tava apenas u m p e q u e n o território ao redor dc> t abul

e b e n e v o l e n t e , e h o m e m d e idéias inovadoras. Elimi-

e n o Punjab. A vitória e m Panipat era f u n d a m ' 'i ital

n o u a a m e a ç a militar d o Afeganistão, garantiu o con-

Parecia q u e as forças mais numerosas d e I l e m u

nole d o Hindustão e c o n s e g u i u o a p o i o d e não-mu-

fossem vencer, mas uma flecha atingiu o n o o l h o e

i.ulmanos eliminando os impostos q u e se aplicavam

ele foi levado até diante d e Bairam Khan e A H m i e

s o m e n t e a eles. Sua tolerância religiosa levou à pre-

d e c a p i t a d o . Depois da derrota, por Babui, d e I uai ui 11

servação d o s t e m p l o s hindus, e sua corte abrigou

Lodi, último sultão d e Deli, essa foi a segunda viimia

debates entre estudiosos m u ç u l m a n o s e represen-

m o g o l i m p o r t a n t e e m Panipat. Em dois a n o s , Akb.ii

lantes d e siques, hindus e jesuítas. U m prédio espe-

já controlava a parte ocidental da planú i e d

< ial, a IbadatKhana

g e s , as férteis terras d o s mogóis, e a o morrer, e m

(Casa da Adoração), foi construído

I iara os d e b a t e s religiosos. Talvez o maior legado d e Akbar tenha sido nas artes. Ele e n c o m e n d o u trabalhos d e literatura, ador-

ui

1605, havia estendido as fronteiras d o impem i paia i > leste até Bengala e para o sul até o D e c c a n . Akbar, o Grande consolidou o poder mo< i< >l < |i,u,as

n o u seus palácios c o m obras d e arte d o m u n d o intei-

a impostos centralizados, formou alianças c o m |

ro e erigiu muitas belas construções. S K

pes rajput hindus e incentivou debates teolóqii i >s S K

i


A França recupera Calais Após dois séculos, Maria I perde "a jóia mais brilhante da Coroa inglesa".

O

D e t a l h e de A tomada

de Calais

por Francisco,

segundo

duque

de Guise

(1519-1563),

por François-Édouard Picot.

Calais caiu diante d e u m exército francês liderado

l a m e n t o inglês. C o m o fim da Guerra dos C e m Anos,

pelo d u q u e d e Guise e m janeiro d e 1558. A o saber da

e m 1453, Calais p e r m a n e c e u o único bastião inglês

notícia, a rainha Maria teria dito: " Q u a n d o eu morrer

na França.

e m e abrirem, encontrarão 'Filipe' e 'Calais' gravados

O c a s a m e n t o d e Maria I c o m Filipe II da Espanha

n o m e u coração." O p o r t o d e Calais, n o litoral norte

e m 1554 foi u m fracasso. Ela era 10 a n o s mais velha,

da França, era inglês d e s d e a captura p e l o rei Eduar-

já n ã o podia ter filhos, e ele passava p o u c o t e m p o na

d o III e m 1347 - ele ficara tão irado c o m a longa resis-

Inglaterra. Pior d e t u d o : e m 1557, o c a s a m e n t o arras-

tência da c i d a d e q u e concordara e m p o u p a r seus

tou a Inglaterra, c o m o a p o i o e s p a n h o l , para u m a

habitantes c o n t a n t o q u e os seis principais cidadãos

guerra muito impopular contra a França. Propagan-

se rendessem d e c a b e ç a descoberta e c o m u m a cor-

distas protestantes instigaram a opinião pública c o n -

da n o p e s c o ç o . S o m e n t e as súplicas da rainha Filipa

tra a aliança c o m o inimigo católico e, q u a n d o a

o fizeram perdoá-los. O rei e n t ã o e n c h e u a c i d a d e d e

guerra d e s a n d o u e resultou na perda d e Calais, a r e -

comerciantes ingleses, e esta se tornou u m porto

volta contra Maria a u m e n t o u tanto q u e a notícia d e

" f u n d a m e n t a l " para a e x p o r t a ç ã o d e lã, tecidos, latão

sua m o r t e e m 17 d e n o v e m b r o d e 1558 foi saudada

e c h u m b o , c o m seus próprios representantes no par-

por fogueiras e pelos sinos das igrejas. S K


Rei francês morre em acidente bizarro Henrique II morre 10 dias depois de ser ferido em um torneio pela paz em Paris.

O

Representação do torneio r

, d u r a n t e o q u a l H e n r i q u e II f o i m o r t a l m e n t e f e r i d o .

U m torneio e m Paris comemorava o fim da guerra da

q u e e m 1551, e pela Paz d e Cateau-Cambrésis, assina

I rança c o m a Espanha e o casamento da filha d o rei

da e m 3 d e abril, H e n r i q u e r e n u n c i o u a q u a l q u e i

Irancês Henrigue II, Isabel, c o m Filipe II da Espanha. D u -

reivindicação na Itália.

rante o torneio, uma farpa da lança espatifada d e Ga-

H e n r i q u e queria se liberar dos compromissos

briel, capitão da guarda escocesa d o rei, entrou no olho

militares para concentrar esforços na lula ( o n i i a n

esquerdo d e Henrigue e penetrou seu cérebro. Ele

protestantismo, rapidamente p r o p a g a d o p e l a h a n

morreu 10 dias depois, e m 10 d e julho d e 1559.

ça pelos escritos d o reformista g e n e b r i n o nascido

H e n r i q u e II sucedera ao pai, Francisco I, e m 1547,

francês J o ã o Calvino. Henrigue perseguiu o s pi< iies

aos 28 anos. Casara-se c o m Catarina d e Mediei e m

tantes sem descanso, m o n t a n d o u m tribunal r s p e

1533, a m b o s c o m 14 anos, e e m b o r a t e n h a m tido

ciai, a Chambre

oito lilhos, incluindo três futuros reis (Francisco II,

os hereges. E m 2 d e j u n h o d e 1559, public o u o I • 111< >

Carlos IX e H e n r i q u e III), foi a a m a n t e d e Henrique,

d e É c o u e n , declarando guerra aos protestantes, n ã o

I liana d e Poitiers, q u e m teve mais influência na corte.

v i v e u para vê-lo aplicado, mas o édito abriu i ,

E m 1559, já estava claro q u e n e m França n e m Espa-

para as guerras d e religião g u e iriam dividir a I rança

nha p o d i a m prolongar a guerra iniciada por Henri-

durante 40 anos. S K

Ardente (Câmara Ardente), p a i a 1111 • |.n

nh<


Nasce uma capital real Filipe II fixa sua corte em Madri, no centro da península Ibérica.

O

VistadaCalledeAlcatá,

Madri,

p o r A n t ô n i o J o l i , c. 1750.

Em 1559, Filipe II voltou dos Países Baixos para a Espa-

cias e aperfeiçoando u m sistema burocrático d e gover-

nha, d e o n d e n u n c a mais sairia. Dois a n o s depois,

n o secreto, p e s a d o e lento, a o m e s m o t e m p o q u e

decidiu basear sua corte e m Madri, centro da p e n í n -

mantinha a distância os nobres da corte, atribuindo-

sula Ibérica. Antes disso, a corte ia a o n d e o monarca

lhes postos diplomáticos o u militares no estrangeiro.

estivesse, e m Castela, A r a g ã o o u Nápoles, mas e m

Certo dia, durante u m a caçada, Filipe descobriu,

1561 já contava cerca d e 15 mil pessoas, o q u e torna-

uns 40 q u i l ô m e t r o s a o n o r t e d e M a d r i , o l o c a l

va isso c a d a vez mais impraticável.

para o maior m o n u m e n t o d e seu reinado, o palácio-

C o m u m clima hostil e poucos recursos naturais,

mosteiro d o Escoriai. Esse i m e n s o c o m p l e x o levou 20

Madri era u m local p o u c o promissor para uma capital.

anos para ficar pronto, d e 1563a 1584, c o m c ô m o d o s

A o escolher u m a cidade desconhecida longe dos c e n -

para abrigar as grandes c o l e ç õ e s d e livros, m a n u s c r i -

tros mais populosos da Espanha c o m o Sevilha, Cádiz

tos e relíquias sagradas d e Filipe, b e m c o m o

o u Barcelona, Filipe se afastou d o olhar público d e

m a u s o l é u para os reis da Espanha, a c o m e ç a r por

seus súditos. U m viciado e m trabalho q u e detestava

Carlos V. Filipe passou muito t e m p o ali até sua morte,

delegar decisões, grandes o u pequenas, ele passava

e m 1598. C o u b e a seu filho, Filipe III, transformar

horas sentado à escrivaninha preocupado c o m m i n ú -

Madri e m capital barroca. S K

um


Concilio esmiuça o catolicismo O Concilio de Trento passa 18 anos estabelecendo os preceitos da

O

O Concilio

de Trento

Contra-Reforma.

(1563) é a t r i b u í d o a T i c i a n o e p o d e ser v i s t o n o M u s e u d o L o u v r e , e m Paris.

0 C o n c i l i o se reuniu três v e z e s e n t r e 1545 e d e -

eucaristia - e d e f e n d e u o e n s i n a m e n t o d e q u e a sal

z e m b r o d e 1563 na c i d a d e d e Trento, às m a r g e n s

v a ç ã o v e m pela graça da fé e das obras, q u e I u i e i o

d o rio A d i g e , Itália, c o n v o c a d o p o r três p a p a s dis-

outros c o n t e s t a v a m . Introduziu u m a missa padronl

tintos - P a u l o III, J ú l i o III e Pio IV. E m i t i u 17 d e c r e t o s

/ a d a , q u e passou a ser c o n h e c i d a c o m o " m i s s a tu

assinados por 255 m e m b r o s , i n c l u i n d o q u a t r o l e -

dentina" (de Tridentum,

g a d o s pontifícios, dois cardeais, três patriarcas, 25

tabeleceu

a r c e b i s p o s e 168 bispos. A o e s m i u ç a r a d o u t r i n a

Práticas c o m o as indulgências, romarias, v e n e r a ç ã o

1 atólica, c o n d e n a r os e n s i n a m e n t o s p r o t e s t a n t e s e

d e santos e relíquias e da V i r g e m foram reahiinadas

um

n o m e latino d e írento)

catecismo

(manual

de

insiiuçao)

reformar a disciplina da Igreja, o C o n c i l i o d e Trento

Os pronunciamentos d o Concilio r e í o i ç a i a m a

lornou-se u m p o d e r o s o i n s t r u m e n t o da Contra-

autoridade d o papa e as tendências a h s i ilutist.r.. I..-.

R e f o r m a - m o v i m e n t o d e r e a ç ã o da Igreja Católica

m o n a r c a s católicos. Essa confiança revigorada to

ao protestantismo.

m o u forma e m igrejas barrocas grandiosas, c u m

O Concilio a d o t o u uma postura rígida e m rela-

n o v o zelo missionário e n c o n t r o u expressar > no ,ivai i

ção à transubstanciação - doutrina q u e afirma a pre-

ç o d e novas ordens religiosas, c o m o a dos jesuítas r

sença d e Cristo na hóstia e n o v i n h o consagrados da

a dos capuchinhos. S K


Os turcos são forçados a levantar o cerco Os Cavaleiros de São João resistem a um ataque otomano para assumir o controle de Malta.

O

R e p r e s e n t a ç ã o d o a t a q u e à g u a r n i ç ã o d o c a s t e l o d u r a n t e o g r a n d e c e r c o a M a l t a e m 1565.

0 cerco a Malta perdia fôlego q u a n d o , e m 7 d e s e -

deles, 550 cavaleiros apoiados por oito mil soldados d e

t e m b r o d e 1565, uma força d e socorro cristã c h e g o u

todos os tipos liderados pelo grão-mestre da o r d e m ,

da Sicília. " N ã o a c h o q u e qualquer música jamais t e -

J e a n d e Ia Valette. E m maio, canhões otomanos b o m -

nha s o a d o t ã o d o c e a o u v i d o s h u m a n o s . Fazia três

bardearam o Forte Sant'Elmo, junto a o porto da ilha.

meses q u e só o u v í a m o s sinos c o n c l a m a n d o à bata-

As muralhas logo foram reduzidas a escombros, mas

lha contra o inimigo." Foi assim q u e o soldado e s p a -

600 h o m e n s resistiram quase u m mês, lutando até a

nhol Francisco Balbi descreveu a sensação d e ouvir

morte. E m seguida, os otomanos voltaram sua atenção

os sinos d o júbilo q u a n d o os o t o m a n o s se retiraram,

para as fortificações internas no porto. Hassan, paxá

e m 8 d e setembro.

d e Argel, organizou u m ataque às defesas marítimas

Malta era a base dos Cavaleiros Hospitalários d e

c o m uma flotilha d e barcos pequenos, q u e foi repelida

São J o ã o d e s d e 1530. N o meio d e rotas marítimas entre

c o m fortes baixas. Minas e b o m b a s destruíram as m u -

Istambul, Constantinopla e portos norte-africanos, a

ralhas, mas estas não p u d e r a m ser transpostas.

fortaleza cristã era u m alvo inevitável para os o t o m a -

O fracasso d o cerco b l o q u e o u a expansão oto-

nos. A força d o general Mustafa Pasha aportou e m

mana no Mediterrâneo Ocidental. Os cavaleiros m a n -

Malta e m 1565 c o m prováveis 30 mil homens. Diante

tiveram o controle da ilha até 1798. R G


Abatido diante da rainha O assassinato de David Rizzio inicia a derrocada de Maria, rainha da Escócia.

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O assassinato

de Rizzio,

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p i n t a d o e m 1787 p o r J o h n O p i e , e s t á e x p o s t o n a G a l e r i a d e A r t e G u i l d h a l l , e m L o n d r e s .

Holyrood,

E m julho d e 1565, casou-se (por amor) t o m o

I d i m b u r g o , e m 9 d e março d e 1566, q u a n d o u m gru-

c o n d e d e Darnley, mas o c a s a m e n t o logo azedou, e

A jovem

rainha jantava

no Palácio d e

l ii i < le h o m e n s a r m a d o s invadiu o palácio e a p u n h a -

Darnley se uniu a alguns nobres protestantes paia

l o u m o r t a l m e n t e seu secretário particular e c o n f i -

tramar a m o r t e d e Rizzio, suspeito d e incentivar as

d e n t e David Rizzio. Foi o início d e uma seqüência

simpatias católicas d e Maria. Grávida, ela d e u a lu.\

hi/arra d e a c o n t e c i m e n t o s na vida d e Maria, rainha

e m j u n h o d e 1566, u m filho, o futuro J a i m e VI ( J a i m e

d, 1 1 scócia, já marcada por d r a m a e tragédia.

I da Inglaterra), e e m seguida Darnley foi e n c o i i i m 1.1

Rainha aos seis anos após a morte do pai, J a i m e V d.i I scócia, Maria fora criada na corte francesa desde VAI.

E m 1558, casou-se c o m o delfim, u m menino d e

m o r t o e m circunstâncias suspeitas. O passo soguinie e desastroso d e Maria foi desposar o c o n d e d e H< >i I ivw I I , e n v o l v i d o na m o r t e d e Darnley. U m erro fatal: a n o -

i I anos d e saúde frágil, e, q u a n d o Henrique II morreu

breza escocesa reuniu u m exército contra os dois, e

i i o ano seguinte, Maria tornou-se rainha da França. Em

e m j u l h o d e 1567 Maria foi forçada a se render e for-

poucos meses, seu marido, Francisco II, t a m b é m mor-

m a l m e n t e deposta. Mais tarde, fugiu d a prisão e m

i e u , e ela voltou e m agosto d e 1561 à Escócia, o n d e en-

L o c h L e v e n para a Inglaterra e passou o resto da v l d , i

i i " i i e m conflito c o m seus súditos protestantes.

no exílio. S K


Rebeldes holandeses derrotam força espanhola Vitória sobre o exército espanhol dá esperança temporária de independência aos holandeses.

1

O

Perseguição

pelo

duque

de Alba

I ]

(1568) faz p a r t e d e u m a c o l e ç ã o d a G a l e r i a d e A r t e & M u s e u C h e l t e n h a m , na Inglaterra.

A vitória d e 1568 sobre os espanhóis e m Heiligerlee,

As brutais políticas d e Alba causaram indigna-

província d e G r o n i n g e n , é considerada o início da

ção. O tribunal especial m o n t a d o para julgar os re-

Guerra dos Oitenta Anos, longa luta pela i n d e p e n -

beldes logo g a n h o u o n o m e d e Concilio d e S a n g u e ,

dência holandesa q u e terminaria e m 1648, q u a n d o

tantas as e x e c u ç õ e s . N i n g u é m foi p o u p a d o - até os

os espanhóis r e c o n h e c e r a m f o r m a l m e n t e a repúbli-

c o n d e s d e H o r n e e E g m o n t , nobres católicos leais,

ca holandesa na Paz d e Vestfália. A resistência a o d o -

foram presos por traição e d e c a p i t a d o s . Guilherme, o

mínio e s p a n h o l nos Países Baixos vinha a u m e n t a n d o ,

Taciturno, príncipe d e Orange, o mais poderoso dos

instigada pelo avanço d o calvinismo, pelas dificul-

stadholders

d a d e s e c o n ô m i c a s e altos impostos e pela oposição

fugira a o ver Alba chegar, voltou à frente d e u m exér-

(magistrados hereditários) holandeses, q u e

da nobreza local à supressão d e seus privilégios pelo

cito protestante, mas, após sucessos e m Heiligerlee, a

g o v e r n o e s p a n h o l . Q u a n d o e m 1566, e m u m surto

falta d e dinheiro a c a b o u c o m sua c a m p a n h a e G u i -

d e violência contra os católicos, multidões invadiram

lherme m a n t e v e distância. A medida q u e o controle

igrejas e destruíram estátuas, Filipe II m a n d o u u m

d e Alba se fortalecia, s o m e n t e os Geuzen

exército d e 10 mil soldados c o m a n d a d o pelo d u q u e

d o M a r ) - piratas q u e a t a c a v a m navios espanhóis -

d e Alba sufocar o início d e rebelião.

m a n t i n h a m viva a esperança holandesa. S K

(Mendigos


A arma de fogo é mais forte que a espada Oda Nobunaga

O

captura Kyoto e inicia a unificação do Japão.

Este retrato e m s e d a d e O d a N o b u n a g a , por u m artista d e s c o n h e c i d o , p o d e ser visto n o M u s e u M u n i c i p a l d e K o b e , n o J-ipao

m 1568, O d a N o b u n a g a , senhor d e O w a r i , capturou

p ã o Oriental. O segredo d o sucesso d e Nobuu,n | a f i

<i capital imperial Kyoto, d a n d o início à reunificação

o uso d e m o s q u e t e s , introduzidos no J a p ã o peli

d o J a p ã o . Essa a m b i ç ã o n ã o se realizou durante sua

p o r t u g u e s e s e m 1542. Treinar e equipar u m samurí

vida, mas g u a n d o ele morreu, e m 1582, já controlava

era caro e d e m o r a d o , e a carreira só estava a b e r l

i |uase m e t a d e d o país.

aos nobres. Por sua vez, quase qualquer u m pndi

N o início d o século XVI, o p o d e r n o J a p ã o havia I aído nas m ã o s dos daimyos

(senhores feudais) locais

e n e m o i m p e r a d o r n e m os shoguns

militares exer-

i iam qualquer a u t o r i d a d e real. Os daimyos

mais p o -

derosos l u t a v a m entre si pelo d o m í n i o regional para

0 primeiro a alcançar essa posição foi N o b u n a após a Batalha

Brigadas d e três mil mosqueteiros se revezavam ei três fileiras, t o r n a n d o possível disparar uma saiaiv.u I a cada 10 s e g u n d o s . Os o p o n e n t e s , q u e ,

de

Ia d<

p e n d i a m d e samurais a cavalo e lark em IS, ei.im l.u il m e n t e derrotados. N o b u n a g a t a m b é m

p o d e r e m iniciar a reunificação d o país.

ga, q u e g a n h o u proeminência

ser treinado c o m o mosqueteiro e m p o u c a s semana

consolidou

seu p o d e r c o m u m n o v o t i p o d e castelo e m A/i u In, perto d e Kyoto. Azuchi foi construído d e m o d o a

O k e h a z a m a , e m 1560, q u a n d o derrotou e capturou

controlar os arrozais, aldeias e estradas da plani

I m a g a w a Yoshimoto, mais p o d e r o s o s e n h o r d o J a -

impedir levantes c a m p o n e s e s . J H


Batalha santa em Lepanto A Sonta Liga derrota os otomanos na última batalha de galés a remo. Na m a n h ã d e u m d o m i n g o d e o u t u b r o d e 1571, no g o l f o d e Corinto, Grécia, 100 mil h o m e n s se p r e p a raram para u m a batalha n ã o a p e n a s e n t r e frotas, mas entre religiões. A v a n ç a n d o d e Lepanto (hoje Navpaktos) para oeste, o c o m a n d a n t e das galés d o I m p é rio O t o m a n o , o paxá Ali Mouezinzade, hasteou u m a bandeira c o m o n o m e d e Alá inscrito 28.900 vezes. S e u adversário, J o ã o da Áustria, filho ilegítimo d o i m perador Carlos V, navegava sob uma i m a g e m d e Cristo crucificado a b e n ç o a d a p e l o papa. Unidos na Santa Liga, os cristãos tinham 220 navios a remo, sobretudo da Espanha, d e Veneza e d e Gênova, incluindo seis galeaças venezianas duas vezes maiores d o q u e o normal fortemente armadas c o m canhões. Os otomanos possuíam 280 navios, embora menores. A m bos levavam muitos remadores e soldados. O objetivo era se aproximar o suficiente para disparar armas e arcos e e m seguida abordar para lutar c o r p o a corpo. As g a leaças d e J o ã o arremeteram contra o centro da formação inimiga, apoiadas pela esquerda e pela direita pelo comandante veneziano Agostino Barbarigo e pelo genovês Andréa Doria. H o u v e muitas mortes; n e m m e s m o os comandantes foram poupados: Barbarigo morreu d e u m ferimento na cabeça, enquanto o paxá foi decapitado q u a n d o os espanhóis invadiram sua nau capitania. E m cinco horas d e combate, os otomanos O

A Batalha

de Lepanto,

quadro maneirista d o século XVI,

p i n t a d o p o r P a o l o Caliari V e r o n e s e .

perderam 30 mil h o m e n s e a maioria dos navios. Estima-se q u e oito mil cristãos tenham morrido. A cristandade triunfou, mas não foi uma vitória

vocês so rasparam a nossa barba... [ela] tornará a crescer mais viçosa depois da navalha." Grão-vizir Sokullu M e h m e d Pasha

decisiva. A Santa Liga fora criada para impedir q u e os o t o m a n o s t o m a s s e m Chipre e para deter o tráfico d e escravos n o Mediterrâneo, p o r é m falhou. O Império O t o m a n o t e v e recursos para reconstruir a frota n o a n o seguinte. Lepanto se destaca, sobretudo, c o m o o último g r a n d e e x e m p l o d e u m estilo d e batalha n a val q u e havia durado dois mil anos. R G


Banho de sangue em Paris Milhares são mortos nas ruas quando os católicos atacam os huguenotes. o g o antes d o raiar d o dia d e S ã o B a r t o l o m e u , e m 1572, u m sino d e igreja d o b r o u m a r c a n d o o início da matança. U m a horripilante o n d a d e violência varreu Paris - protestantes foram c a ç a d o s e mortos e m casa, lojas saqueadas, famílias inteiras massacradas. A nata da aristocracia h u g u e n o t e (protestantes franceses) ,iinda estava e m Paris após assistir, p o u c o s dias antes, 8 0 c a s a m e n t o d o príncipe protestante Henrique d e Navarra c o m Margarida d e Valois, irmã d o rei francês ( arlos IX. A atmosfera era tensa. O c a s a m e n t o , organizado pela m ã e d o rei, Catarina d e Mediei, para ten1

ir conciliar católicos e protestantes, fora a m p l a m e n t e

< liticado pelos católicos, e o sentimento anti-huguenoi i ' e m Paris era forte. Na véspera, o líder h u g u e n o t e almirante d e Coligi iy sofrerá u m atentado. Os relatos d o q u e ocorreu nas .'4 horas seguintes são confusos, mas aparentemente, na noite d e 23 d e agosto, Catarina, t e m e n d o represálias anticatólicas, c o n v e n c e u o fraco rei q u e dominava a se livrar d e todos os huguenotes importantes na c i dade. Coligny foi tirado da c a m a o n d e convalescia e ilanspassado c o m uma espada. Outros nobres morreiam. O recém-casado Henrigue d e Navarra escapou lingindo se converter. Tarde demais o rei tentou deter 0 massacre, mas esteja se espalhara para outras cida1 les. E m outubro, q u a n d o a matança cessou, cerca d e ires mil h u g u e n o t e s haviam morrido e m Paris e até ÍO mil e m toda a França.

O

D e t a l h e d e Relato

Bartolomeu

em primeira

mão

do massacre

de SÕO

(1572), p o r F r a n ç o i s D u b o i s .

Filipe II da Espanha r e c e b e u c o m alegria a notícia ilo massacre. O papa Gregório XIII m a n d o u cunhar uma m e d a l h a c o m e m o r a t i v a e e n c o m e n d o u ao artista Giorgio Vasari u m q u a d r o da m a t a n ç a . N o e n tanto, l o n g e d e sufocar a o p o s i ç ã o h u g u e n o t e , o massacre m e r g u l h o u a França e m outra guerra civil q u a n d o os h u g u e n o t e s c o m e ç a r a m a preparar u m confronto a r m a d o c o m o Estado. S K

"Fui tomado de horror ao ver as fúrias bradando: 'Massacrem os huguenotes!"' Memórias

do duque de Sully, p u b l i c a d a s e m 1638



Massacre de Antuérpia Morre o líder da renomada Escola de Veneza do Renascimento italiano.

Tropas espanholas amotinadas descartam reconciliação com os rebeldes holandeses.

Quando Ticiano sucumbiu à peste e m Veneza, e m 1576,

U m observador inglês c o m p a r o u o resultado d o mas-

já era famoso não apenas por suas grandes obras d e

sacre d e Antuérpia, iniciado e m 4 d e n o v e m b r o d e

arte, mas t a m b é m pela idade avançada, tema d e muitos

1576, ao luízo final d e Michelangelo. A crueldade e a

debates. Embora ele afirmasse ter nascido e m 1477 e al-

destruição infligidas pelo exército espanhol tornaram-

guns contemporâneos alegassem a improvável data d e

se conhecidas c o m o "Fúria Espanhola" e valeram m u i -

1473, estudiosos sugerem uma mais próxima d e 1490.

tos inimigos à monarguia dos Habsburgo. As 10 pro-

Em sinal d e respeito, Ticiano, a única vítima da peste a ser

víncias d o sul aceitavam o domínio espanhol, mas as

enterrada, foi sepultado na igreja d e Santa Maria Gloriosa

sete d o norte resolveram lutar pela independência -

dei Frari. Mas a consideração pelo artista não impediu os

mais tarde elas virariam a República Holandesa no

saqueadores d e pilharem sua luxuosa mansão.

norte e os Países Baixos espanhóis n o sul, precursoras da Holanda e da Bélgica q u e c o n h e c e m o s hoje.

"Um sol em meio a estrelas pequeninas não apenas entre os italianos, mas entre todos os pintores..."

N o século XVI, Antuérpia era o centro comercial e financeiro da Europa. Negociava lã inglesa, especiarias das M o l u c a s e prata espanhola, e sua florescente indústria vendia mercadorias e produtos d o Báltico ao Brasil, A cidade prosperou até as tropas dos H a b s b u r g o m a t a r e m oito mil pessoas e incendiarem o porto. Depois disso, comerciantes estrangeiros foram

G i o v a n n i L o m a z z o , 1590

forçados a procurar n o v o s contatos. Antuérpia era u m a d a s muitas c i d a d e s e E s t a -

Ticiano foi u m artista versátil, destacando-se a o

d o s católicos d e línguas f l a m e n g a e francesa f e d e -

pintar t e m a s mitológicos e religiosos, e g a n h o u fama

rados e m 17 províncias sob os H a b s b u r g o e s p a n h ó i s

nos gêneros d o retrato e da paisagem. Seu estilo m u

e o rei Filipe II. A dissidência d e nobres, protestantes

dava s e m p r e , e m b o r a as primeiras e as últimas obras

e c o m e r c i a n t e s d e s c o n t e n t e s c o m os impostos d o s

exibam o m e s m o uso sutil da cor, algo s e m p r e c e -

H a b s b u r g o se t r a n s f o r m o u e m revolta. Filipe p r e c i -

dentes na é p o c a .

sava aplacar os rebeldes, m a s isso só funcionaria se

O início da carreira d e Ticiano é muito exemplificado p e l o afresco da Assunta

bem

controlasse o exército. Na d é c a d a d e 1570, a reces-

(Ascensão da

são atingiu o c o m é r c i o d e Sevilha c o m as Américas,

Virgem), e m q u e seu uso da cor o estabeleceu c o m o

e l i l i p e n ã o c o n s e g u i u pagar r e g u l a r m e n t e os sol-

o maior pintor a o norte d e Roma. E m 1548, seu retra-

d o s d e seus d e s c o n t e n t e s s o l d a d o s nos Países B a i -

to d e Carlos V a cavalo criou o g ê n e r o d o retrato

xos, q u e d e c i d i r a m pagar a si m e s m o s s a q u e a n d o

eqüestre, e e m 1562 e l e m e n t o s d e O rapto de

Antuérpia. J J H

Europa

anteciparam o estilo barroco. Ticiano aceitou e n c o m e n d a s até o a n o d e sua morte. Seu último trabalho, Pietà, foi c o n c l u í d o por Palma, o J o v e m . T B

O

D e t a l h e d e Fúria

espanhola

em Antuérpia

1576, d e a u t o r i a d e s c o n h e c i d a .

em 4 de novembro

de


DE JANEIRO

Sebastião desaparece

Rebelião holandesa

Orei de Portugal é dado como morto na 1 1 Kastrófica Batalha de Alcácer-Quibir.

As Províncias Unidas dos Países Baixos afirmam sua independência.

'•i'bastião I d e Portugal tinha 24 anos d e idade mbarcar na conquista d o reino m u ç u l m a n o d o ii » s . N ã o foi uma atitude sensata: e m 4 d e • d e 1578, ele d e s a p a r e c e u d u r a n t e uma sann i . i I latalha, e seu corpo jamais foi e n c o n t r a d o . U m líder marroquino d e p o s t o , M u h a m m a d AlM u i i . i l - a w i l , pedira a Sebastião q u e o recolocasse no Isso d e s p e r t o u no j o v e m rei fantasias d e liderar li, inde a t a q u e ao Islã. O s o n h o deveria ter acaba' ! " d e p o i s d e Filipe II da Espanha deixar claro q u e 111 participar d e uma cruzada c o m a n d a d a pelos i

A U n i ã o d e Utrecht, assinada e m 23 d e J a n e

le

1579, limitou-se às sete províncias d o n o r t e dos Países Baixos e declarou-as i n d e p e n d e n t e s da I spanha N o início d o mês, as províncias d o sul haviam s e n< conciliado c o m Filipe I! e m u m a c o r d o t o n h e i u l o c o m o U n i ã o d e Arras. Q u a n d o o sacro imperador r o m a n o ( arlos V ie n u n c i o u a o título e m favor d o filho Filipe II, e m 1 ' ' ' . ' ' . seus territórios nos Países Baixos eram o s mais m i is, industriosose urbanizados da é p o c a . E m p m

, anos

p o r é m , as 17 províncias, q u e incluíam Holl.ni< I, / i v i a m I

iriugui ">es, mas Sebastião não desistiu. Alistou mer-

Stnárlos da Espanha, da A l e m a n h a e da Irlanda e zarI' • I isboa e m 25 d e j u n h o c o m u m exército d e I homens. I >epois d e aportar e m Tânger, os cristãos a v a n ç a r i a i a duras penas pelo Marrocos sob o sol abrasador i irão. As forças mais numerosas d o sultão A b d al-

"[As províncias são] para todo o sempre como uma única província." União de Utrecht

M.ihí, i o m muitas armas d e fogo, os aguardavam e m Ali á< er-Quibir (Kasr el-Kebir). Toda c h a n c e d e sobrevini i i dos cristãos foi arruinada pela impetuosidade

e Utrecht, e cidades importantes c o m o Aniuéipla, G h e n t e Bruges se revoltaram contra o domínio

espa-

ll ii llsi iplinada dos cavaleiros portugueses, a q u e m Se-

nhol. A rebelião foi provocada pelo g o v e r n o bun u i,i

i '.i .n. i o d e u o exemplo, atacando o inimigo d e frente.

tico e centralizado d e Filipe I I , pelas atividades d a

1

ii i. i,i • iodos os cristãos foram mortos o u capturados. A perda d e Sebastião foi significativa. E m 1580,

Inquisição espanhola e pelo s u f o c a m e n i o e x e n i d o pelos soldados espanhóis d o d u q u e de Ali ia I I

I l l l | h e r d o u o t r o n o p o r t u g u ê s . A b s o r v i d o p e l o rei-

tanto, s e m ajuda efetiva da Inglaterra o u d a I i a m , a , i is

n o e s p a n h o l por oitenta anos, Portugal deixou d e

rebeldes não constituíam uma ameac a mililai a I spa

Istlr. Muitos p o r t u g u e s e s ainda acreditavam q u e Sebastião voltaria para reivindicar o trono. O sebasi I I n . m o , mito da volta d o rei perdido, perdurou crença mística n o p e n s a m e n t o p o r t u g u ê s até II

séc ulo XX. R G

O

i i t . i v u r a d e Dom

nha. A União d e Utrecht era, na verdade, uma n isi ç ã o d e f a c h a d a destinada a apresentai u m a l i e n l e unida ao resto d o m u n d o e angariar apoio. Q u a n d o a tensão a u m e n t o u , o líder da icvolla, G u i l h e r m e , o Taciturno, p r o m u l g o u o luramentO di Abjuração

Sebastião

na Batalha

f e r i d o e e x a u s t o , o rei c a i d o c a v a l o .

de Alkassar,

d e 1578:

na realidade, uma "declaiaçan d e i m l '

pendência", uma vez q u e a União d e Utrm hi piatii .i m e n t e renegava o rei da Espanha. J J H



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