Publicação trimestral l abril 2016 l número XLlV (44)
medalha de prata nas olimpíadas de matemática
XXXIV - olimpíadas de matemática - Parabéns, Luís Silva (11ºE) !
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ecorreu na Escola Secundária Luís de Feitas Branco, em Paço de Arcos, a Final Nacional das XXXIV Olimpíadas Portuguesas da Matemática. Depois de duas provas eliminatórias realizadas na escola, fui selecionado para a fase final, na qual tive a oportunidade de participar. A prova propriamente dita consistiu em seis exercícios divididos em duas manhãs. Em cada dia deram-nos três horas para tentar procurar uma solução para os problemas propostos, que envolviam diferentes áreas da matemática. Durante a tarde foram proporcionadas diversas atividades de lazer que envolveram práticas desportivas e uma visita ao concelho de Oeiras. Também tivemos bastante tempo livre para estar com os outros concorrentes que foram de todo o país. No último dia, houve uma cerimónia de entrega de prémios, antecedida por uma palestra sobre uma das várias aplicações daquela disciplina no nosso dia a dia. Foi nesse mesmo dia que tive a felicidade de saber que fora premiado com prata na categoria em que participei e que envolveu alunos de todo o ensino secundário. Para encerrar estas provas foi oferecido um almoço de convívio na escola para todos os participantes e familiares. Paço de Arcos, entre os dias 17 e 20 de março de 2016 Luís Silva, 11º E
clube europeu
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ealizou-se, em Santarém, o XVIII Encontro de Jovens Cientistas da UNESCO. A edição deste ano teve como tema orientador “o papel dos jovens cientistas no entendimento global” e contou com a participação de alunos oriundos de Espanha, Andorra, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Brasil e Portugal. Como é habitual, a organização deste encontro proporcionou aos participantes quatro dias de intensa atividade cultural e intelectual. Não faltou o passeio ao Centro Histórico de Santarém, bem como uma ida a Lisboa – que este ano constou de uma visita à Sede da Fundação Gulbenkian e ao Instituto Gulbenkian da Ciência, em Oeiras . À parte este programa pleno de atividades, a partilha cultural, o espírito científico e o convívio entre alunos e professores caracterizaram o ambiente deste encontro. Da minha parte, apenas me resta agradecer ao Clube Europeu pela oportunidade que me proporcionou de participar neste projeto e de representar a Escola Secundária Aurélia de Sousa num encontro internacional, pela segunda vez consecutiva. Considero igualmente importante referir que, embora tenha apreciado bastante a edição do ano passado, o XVIII Encontro conseguiu surpreender-me muito positivamente. Regressei ao Porto com novas amizades, dotado de mais conhecimento e com a noção de que o entendimento global é alcançável e que deve ser trabalhado por todos, por mais pequena que seja a comunidade. Santarém, 13 e 16 de janeiro de 2016 David Cunha, 12º D
O que vos levou a recandidatarem-se à AE da ESAS? Foi sentirmos que podíamos continuar com o trabalho iniciado no ano passado, que pensamos ter sido positivo. Para além disso, temos uma boa relação com a maior parte dos alunos e sabíamos que tínhamos capacidade para os representar. Isso foi determinante na nossa decisão. Gonçalo Mota, Presidente AE, 12ºE
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AE da ESAS
economia
Haverá formas de travar a corrupção? Sobre este tema tão polémico há muito para ser dito. Todos os anos conhecemos pelo menos mais um escândalo de corrupção envolvendo altos dirigentes, grandes empresas ou instituições de renome internacional.
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xistente e persistente, a corrupção é fruto da ganância infinita e da ambição desmedida de todos aqueles que, quebrando a lei, se aproveitam dos seus cargos ou de outras vantagens para benefício próprio, de forma encoberta. Os efeitos da corrupção não são quantificáveis, uma vez que ela é transversal a diversos campos. Devido à sua quase omnipresença, existem iniciativas como o Sistema Nacional de Integridade e organizações como a TIAC (Transparência e Integridade, Associação Cívica), que procuram lutar contra a corrupção e evitar os seus efeitos destrutivos. Alguns dos grandes nomes ligados a este tema são Bernard Madoff e Charles Ponzi, criador do esquema Ponzi. A corrupção nunca descansa e, enquanto não houver uma “máquina prodígio” que consiga colocar-lhe um travão, seremos vítimas dela a todo o instante. Na atualidade, muitos são os casos de corrupção no âmbito do sistema financeiro. Alguns deles são bem conhecidos dos portugueses, como o BPN, o BES/ GES e o Banif. Em termos internacionais, temos a riqueza de alguns dirigentes africanos que contrasta com milhares de pessoas a morrer à fome e com taxas de mortalidade infantil inadmissíveis nos países que lideram, o caso da Petrobrás com pagamentos inflacionados a fornecedores em troca de subornos a quadros da petrolífera controlada pelo Estado, o escândalo na FIFA, o recente escândalo da falsificação dos testes de poluição do grupo Volkswagen …
Constata-se que as empresas transnacionais (ETN), as instituições financeiras, a moeda informática (bitcoins)… nada parece escapar aos infinitos tentáculos de todos aqueles que, pela ganância e ambição desmedida, quebram todas as leis e princípios éticos e morais com consequências devastadoras para milhares de indivíduos a nível global. Que mecanismos adotar para prevenir o incumprimento das responsabilidades dos principais atores nacionais e internacionais? (…) incentivar e consciencializar a participação da sociedade civil na boa gestão dos recursos poderá ser uma resposta. Miguel Ramos, 12ºE
associação de estudantes
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O que podemos esperar de novidade este ano letivo? Para este ano letivo temos como objetivo continuar o trabalho do ano anterior e temos a noção de que este ano será mais fácil de concretizar as propostas feitas porque temos mais ferramentas de trabalho, mais contactos e também um grupo de maior dimensão, o que nos ajuda na realização de tarefas.
A associação de estudantes organizou uma recolha de roupa, alimentos, produtos higiénicos e afins, no sentido de colaborar com a associação “Coração na Rua”, que ajuda os sem-abrigo e pessoas mais necessitadas das ruas do Porto. Esta recolha decorreu nos dias 28 e 29 de janeiro.
Gonçalo Mota, Presidente AE , 12ºE Pedro Santos, 12ºF
política
Marcelo, o primeiro Presidente eleito pela televisão o passado dia 24 de janeiro, os portugueses, ou melhor, os portugueses que foram votar, elegeram o quinto Presidente da República desde o 25 de abril, o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Considera-se adequado fazer uma avaliação ao trabalho de cada um dos candidatos e à própria campanha eleitoral. Esta eleição é marcada, em primeiro lugar, pelo número de candidatos existentes (10 candidatos). É uma das muitas consequências dos dois mandatos desastrosos do doutor Aníbal Cavaco Silva, que serviram para banalizar a importância da Presidência da República. Já tínhamos visto muitos presidentes a serem criticados pela comunicação social e pelos próprios portugueses, mas nunca se observara no passado um Chefe de Estado a ser vaiado e a ter o descaramento de dizer que a pensão que recebe não chega para nada. Cavaco Silva, o político Cavaco Silva, acabou da forma que não queria: a empossar António Costa como Primeiro-Ministro e a aceitar o governo do PS com apoio parlamentar maioritário do PCP, BE e PEV. Alguns candidatos apenas entraram na corrida a Belém por mero protagonismo, os debates televisivos tiveram pouca mobilização e a abstenção foi tremenda. Jorge Sequeira nada trouxe de novo ao debate político. Cândido Ferreira passou o tempo todo a queixar-se que não lhe davam tempo e, inesperadamente, quando era entrevistado, continuava a queixar-se da pouca atenção que lhe davam. Henrique Neto, empresário de sucesso e um homem com uma visão rara da economia, foi uma grande desilusão, pois foi o primeiro a apresentar a sua candidatura e, mesmo assim, o longo tempo de que dispôs não foi suficiente para cativar o voto. Chegamos agora àquilo que eu costumo chamar de uma "surpresa inesperada": Vitorino Silva. Andamos tantas vezes a queixar-nos da importância de pessoas da sociedade civil surgirem na política e o que nos aparece é um homem alcunhado de "Tino de Rãns"? E o que dizer de Paulo de Morais? Como tem este candidato coragem para lançar o tema da corrupção? Importa dizer que Paulo de Morais, enquanto vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, discriminou os moradores dos bairros e deu uma importância nula aos problemas sociais da cidade. Felizmente, os eleitores responderam bem a este tipo de candidaturas populistas. Por outro lado, Edgar Silva, candidato do PCP, atingiu um resultado menos positivo, mas não creio que esse resultado esteja relacionado com o apoio dos comunistas ao governo socialista. Não confundamos a eleição do Chefe de Estado com a ação política de partidos. Chegamos agora ao top 4. E começamos pela pessoa que, na minha opinião pessoal, menos merecia tal resultado. Refirome a Maria de Belém. É impressionante como 40 anos a servir o Estado Português são recompensados com um resultado abaixo dos 5% (e fico-me por aqui, nada mais digo). Em terceiro lugar ficou Marisa Matias, uma mulher de convicções
Miguel Parente, 10ºH
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e que, apesar de ser a candidata do BE, conseguiu ir muito além do campo político do Bloco. Estou certo que muitas mulheres se reveem no seu discurso e também estou certo que Marisa não ficará por aqui. Ainda tem um longo percurso a percorrer. Sampaio da Nóvoa teve a máquina do PS toda com ele. Conseguiu criar consensos, unir muita gente em torno da sua candidatura, mas não conseguiu garantir uma segunda volta nas eleições. Acredito que isso se deve ao facto do professor Sampaio da Nóvoa e o PS terem estado a lutar, nos últimos tempos, contra muitos fatores alheios e que são desnecessários. E Marcelo foi eleito. Ganhou. Depois de vários anos a fazer propaganda na televisão, conseguiu ganhar à primeira volta. Tarefa difícil? Para ser sincero, parece-me que o árduo trabalho da TVI e da Judite de Sousa tiveram os seus frutos. Não sou uma pessoa que fica presa ao passado, mas o que esperar de alguém que disse que "privilegiar a escola pública em tempo de crise é errado" e que disse ainda que "a banca portuguesa estava segura e em boas mãos"? Todos cometemos os nossos erros e acredito que o doutor Rebelo de Sousa vai cumprir de forma positiva o seu mandato. Agora, Marcelo é o meu Presidente, o nosso Presidente. Desistam aqueles que têm a ideia supérflua de que este novo líder é a salvação da direita portuguesa ressabiada e agarrada ao passado. As relações deste governo serão certamente boas com este órgão de soberania porque este governo e este Primeiro-Ministro sabem estabelecer diálogos credíveis e produtivos para o país com as várias entidades. Esperemos é que Marcelo não seja mais um telespectador.
vírus ZIKA, peste atual
Futuras mães adiam o sonho da maternidade O vírus Zika está relacionado com a dengue, a febre-amarela e a encefalite japonesa. O vírus Zika teve sua primeira aparição registada em 1947, quando foi encontrado em macacos da Floresta Zika, no Uganda.
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responsável pelos milhares de casos de fetos e recém-nascidos com microcefalia, embora esta relação ainda não esteja cientificamente comprovada. Contudo, a inexistência de um meio eficaz de prevenção, nomeadamente o recurso a uma vacina, deixa todas as mulheres em idade-reprodutiva e as famílias respetivas com elevado nível de ansiedade. Com medo, as mulheres adiam a gravidez e esta situação põe em risco a, já frágil, renovação das gerações.
http://novojornal.jor.br/sites/default/files/styles/destaque_da_materia/public/conteudo/field/ image/36ef111bc4bac70ad94a703ab9b39b01.jpeg?itok=jpiT51Dh
Rui Branco , 12º F
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ntretanto, somente em 1954 há registo de seres humanos contaminados, na Nigéria. O vírus Zika atingiu a Oceânia em 2007 e a França no ano de 2013. O Brasil notificou os primeiros casos de Zika, em 2015, no Rio Grande do Norte e na Bahia. O contágio do vírus ZIKA dá-se da seguinte forma… o mosquito, após picar alguém contaminado, transporta o ZIKA durante toda a sua vida, transmitindo a doença. O ciclo inicia-se quando a fêmea do mosquito deposita os seus ovos em recipientes com água. Ao saírem dos ovos, as larvas vivem na água cerca de uma semana. Após este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos a picar as pessoas. O Aedes aegypti procria com uma velocidade prodigiosa e o mosquito adulto vive em média 45 dias. Os sinais de infeção pelo vírus são semelhantes à dengue e começam de 3 a 12 dias após a picada do mosquito. Os sintomas do Zika são febre (entre 37,8 e 38,5 graus), dor nas articulações (artralgia), mais frequentemente nas articulações das mãos e pés, com possível inchaço, dor muscular (mialgia) e dor de cabeça. Desde 2015, as notícias têm chamado a atenção para a propagação do Zika na América Latina, onde se localizam os principais países atingidos. Já este ano, surgiram fortes suspeitas, indicando que o vírus Zika poderia ser transmitido sexualmente. A grande preocupação mundial, relativamente a este vírus, passa pelo facto de haver fortes suspeitas de o vírus ZIKA ser
refugiados e crise do Médio Oriente . parte 2 O Estado Islâmico assumiu-se, no Iraque e na Síria, como uma potência semelhante aos Talibãs no Afeganistão, devido a algum fracionamento da Al-Qaeda e aproveitando as situações de guerra na Síria e no Iraque. Utilizadores das novas tecnologias, os seus membros espalham a sua ideologia virtualmente. O seu modo de financiamento processa-se através da venda de artefactos históricos no mercado negro e de petróleo obtido nos territórios que domina no Iraque. Adquire armamento a países apoiantes da sua causa, como a Arábia Saudita, o Qatar e o Irão, entre outros (há quem diga que a Turquia é um dos seus fornecedores, a troco de petróleo). Este petróleo é também comprado pela Arábia Saudita abaixo do preço de produção. São também financiados de maneira indireta pelos EUA e pela Rússia, quando estes compram petróleo à Arábia Saudita, (o maior exportador de petróleo e um dos maiores apoiantes do Estado Islâmico), bem como através da venda de armas aos sauditas. Frederico Oliveira, 12ºG
«O mapa do Médio Oriente redesenhado? Como cinco estados podem converter-se em catorze países» Catarino; António Luís; Preparar o Exame Nacional História A 10º,11º. e 12º.anos
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o artigo anterior, falámos da crise dos refugiados e dos seus efeitos em Portugal, agora vamos abordar um dos catalisadores da crise migratória. Como já se falou, os refugiados vêm da zona do Médio Oriente e do Norte de África, fruto da grande instabilidade vivida na região. Como é que ela começou? Para responder a isso, vamos retroceder à Cimeira das Lajes de 2003 que ditou a invasão do Iraque, sob o pretexto de este país ter armas químicas, argumento depois provado ser errado. Essa invasão causou a queda do regime de Saddam Hussein e culminou com a desagregação do Iraque, enquanto Estado unificado sob Saddam. Isso criou uma grande instabilidade na zona, o que levou à Primavera Árabe e aos conflitos mais violentos e duradouros na Líbia e Síria. E para instabilizar ainda mais, existem grupos fundamentalistas como o Estado Islâmico (ISIS ou Daesh), o Hezbollah e o Boko Haram, sendo o mais poderoso o ISIS. Mas como é que isso acontece?
como derrubar barreiras invisíveis A comunicação é um dos desafios transversais a muitas patologias e, atualmente, existem múltiplos apoios técnicos que visam minimizar essas limitações das pessoas com Necessidades Especiais (NE). descarregar e permitem às pessoas interagir de acordo com suas capacidades. Há inúmeras adaptações físicas para o manuseio do computador, como a ponteira para digitação e o ponteiro de cabeça, só para citar algumas.
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Rua Santos Pousada, 1204 - 4000 – 483 Porto Tel/Fax.: 225 024 938 / Tlm.: 911 710 979 Email: porto.antas@naomaispelo.pt
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m dos mecanismos mais eficazes é a comunicação alternativa e aumentativa (CAA). É um tipo de comunicação que permite a pessoas com dificuldades em se expressar verbalmente comunicar as suas necessidades aos que as rodeiam. Esta comunicação é feita sobretudo através de tabelas, constituídas por figuras, pictogramas (desenhos), que representam cada uma das coisas a ser dita. Assim, ao apontar, à vez, para cada um desses pequenos quadrados, a pessoa com dificuldades na fala pode formar frases completas que tornem compreensível a mensagem. É certo que estas tabelas podem ser produzidas em suporte de papel mas se, por exemplo, tivermos um programa informático, é possível a utilização desse recurso num tablet, ou num telemóvel. E, assim, a pessoa pode andar com o dispositivo ao pescoço e como o programa emite som, pode abordar os transeuntes na rua e pedir informações, como por exemplo, “Onde fica a estação de metro?”. É ainda possível usar um programa que escreva com este tipo de linguagem no computador e redigir um texto, uma carta a um amigo ou relatar o seu dia. Outras soluções técnicas e ao alcance de todos, e que muitos desconhecem, são opções gratuitas, nomeadamente ao nível de software, acessíveis através do painel de controlo de qualquer computador, e até programas gratuitos que se podem
Em suma, é possível minorar as limitações diárias das pessoas com NE, por vezes com soluções bastante simples. O que por vezes impede a utilização efetiva destes dispositivos é o valor monetário a que alguns estão disponíveis no mercado. As novas tecnologias fornecem, sem dúvida, meios para a inclusão e o futuro afigura-se promissor. Para saber mais sobre o assunto, consultar http://educaja.com.br/2007/09/pnee-%E2%80%93-informatica.html
Ponteiro de cabeça
Alexandra R. Sousa, 10ºI com a colaboração, via facebook, de Miriam de Seixas ex- aluna da ESAS, atualmente em Itália a fazer voluntariado com pessoas portadoras de necessidades especiais.
opinião
“Feminismo é a ideia radical de que as mulheres são gente”
discriminação entre géneros foi sempre um conceito presente na história da Humanidade, com o género masculino a possuir um maior número de direitos, estatutos mais elevados e uma dignidade superior ao feminino. Com o desenvolvimento das socieda-
to à educação feminina e, consequentemente, à sua emancipação: “Estou aqui para afirmar os seus direitos, dar-lhes voz… Não é hora de lamentar por elas. É hora de agir, para que seja a última vez que vejamos uma criança sem direito à educação. (Excerto do discurso de Malala na sede da ONU). Sendo a promoção da igualdade entre géneros um dos objetivos de desenvolvimento do Milénio, o universo feminino necessita de se manter unido e firme, de modo a igualar e estabilizar a sua posição nas sociedades atual e futura. Carolina Barros, 10ºJ
Homenagem a David Bowie
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avid Bowie morreu em Janeiro último, mas deixou-nos um grande legado musical, resultado de mais de quarenta anos de carreira. Executou vários géneros da música como o soul, o funk, a eletrónica, a pop, entre outros. Essa versatilidade sonora, juntamente com os seus múltiplos alter egos musicais, deram-lhe a alcunha de “camaleão” (Ziggy Stardust, Thin White Duke, Halloween Jack e Alladin Sane são os mais famosos). Os seus últimos álbuns, Outsider e Blackstar, já produzidos no final da sua vida, são mais uma prova da capacidade de Bowie se reinventar, através da mistura de sons de saxofone, de flauta, de ruídos eletrónicos, de feedback, entre outros, o que, juntamente com a incorporação de elementos de jazz, confere ao álbum uma aura misteriosa e hipnótica. http://www.telegraph.co.uk/music/what-to-listen-to/david-bowie-blackstar-first-listen-extraordinary/ http://www.nme.com/reviews/david-bowie/16363
Frederico Oliveira, 12ºG
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des que permitiu a igualdade política, a igualdade social e económica e a emancipação feminina foram-se criando movimentos feministas, entre os quais se encontra a mais recente campanha da “ONU Mulheres”, “HE FOR SHE”, coordenada pela atriz Emma Watson, que tem como objetivo envolver os homens na resolução das desigualdades que atingem as mulheres: “Queremos encorajar o maior número possível de homens e rapazes para serem aliados nesta mudança. Queremos garantir que seja algo tangível.” (excerto do discurso de Emma Watson, pela campanha “He For She”). O direito à igualdade no acesso a qualquer profissão, inclusive a cargos político-administrativos, e nas condições de trabalho, bem como na remuneração dos mesmos, foram reivindicados e instaurados na Civilização Ocidental. Contudo, a população feminina dos países do Médio Oriente ainda se encontra silenciada, amedrontada, desprezada e escravizada. Em oposição a esta situação, destaca-se Malala Yousafzai, ativista paquistanesa de apenas 18 anos, que tem vindo a defender o direi-
semana das humanidades
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o passado dia 18 de janeiro, na escola secundaria Aurélia de Sousa, deu-se início à 1ª edição da Semana das Humanidades, subordinado ao tema 'Utopia', escolhido devido à celebração do 5º centenário da publicação de 'Utopia' de Thomas More. Até dia 22 de janeiro, houve a possibilidade dos alunos assistirem a conferências, exposições e a projeções de filmes, cujo objetivo principal foi mostrar a importância do conhecimento humanístico para a evolução do Homem.
Os alunos que participaram nas atividades avaliaram positivamente as ações em que estiveram envolvidos. Em termos de escola, as estruturas artísticas montadas criaram um ambiente festivo que levou os alunos a questionar o que se passava à sua volta, incentivando a sua curiosidade em relação à Semana das Humanidades.
DATA / hora
Conferências
18 janeiro – 14h 30
Conferência de Abertura Prof. Pedro Eiras (FLUP):
Ana Ribeiro, 12º B
“ Estudar hoje Humanidades” “Para que serve a Literatura?” 19 janeiro – 10h 30
Conferência: Prof. Adalberto Dias de Carvalho “Filosofia e Utopia”
20 janeiro – 9h 30
Conferência Profª. Mª do Céu Taveira “A importância da Cultura Humanista nas profissões”
21 janeiro – 14h 30
Conferência Prof. Álvaro Domingues “Cidade e Utopia”
22 janeiro – 14h 30
Conferência de Encerramento Profª Fátima Vieira (FLUP)
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“Pode a literatura mudar o mundo?”
“Nascendo as guerras no espírito dos ho-
mens, é no espírito dos homens que devem ser criados os baluartes da paz” Ato constitutivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) 2016 – Ano Internacional do Entendimento Global
diário da semana das humanidades Prof. Pedro Eiras, com a Diretora da AEAS, Drª Delfina Rodrigues e a Drª Luísa Mascarenhas, responsável pela BE-CRE
Querido diário, choveram sonhos na cantina durante toda a semana! Papéis de sete cores diferentes, a representar todas as instituições do agrupamento, tinham escrito as ambições dos alunos e professores. Foi extraordinário reparar na curiosidade das pessoas! Ninguém era capaz de evitar erguer a cabeça e ler meia dúzia de desejos, cada vez que passava por ali. Não podia haver melhor maneira de principiar, sendo dia 11 de Janeiro: Dia de Martin Luther King, o Homem que tinha um sonho! O tema selecionado para a Semana das Humanidades foi “Utopias”. Uma utopia é um sonho inalcançável, uma realidade improvável de se instalar. No entanto, se pensarmos bem, são exatamente essas aspirações que fazem o Homem olhar em frente, desenvolver-se e superar-se. Ao longo da semana, todas as turmas do secundário tiveram a oportunidade de participar em pelo menos uma atividade. O auditório foi ocupado, com várias sessões diárias, por apresentações das mais variadas pessoas e os mais diversos temas, sempre com o objetivo de valorizar esta área discriminada.
Profª Maria do Céu Taveira
Tivemos o prazer de contar com a presença do Prof. Pedro Eiras (“Para que serve a Literatura?”), da Profª. Fátima Vieira (“Pode a literatura mudar o mundo?”), do Prof. Adalberto Dias de Carvalho (“Filosofia e Utopia”), da Prof. Maria do Céu Taveira (“A importância da cultura humanista em todas as profissões”) e do Prof. Álvaro Domingues (“Cidade e Utopia”). Todas estas personalidades, de forma interativa e carismática, conseguiram captar a nossa atenção e despertar uma nova forma de refletir sobre cada tópico.
Sabes, querido diário, esta semana é verdadeiramente importante! As Humanidades gritam pela valorização há anos e, de certa forma, estes dias conseguem alterar a mentalidade dos próximos, convencendo-os de que a área cujo instrumento é a palavra e cuja paixão são as letras é, sem dúvida, uma excelente opção! Até breve, Viva as Humanidades!
Inês Sincero, Leonor Gonçalves e Maria João Pais, 10ºI
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Cada turma de Humanidades realizou um pequeno vídeo que passou nos ecrãs da escola na maioria dos intervalos. Nestes pequenos filmes estão presentes fotografias de momentos marcantes da História que nos alertam para a necessidade de compreender o passado de modo a entender o presente e lidar com o futuro, visto que nada na História se repete, mas tudo é cíclico.
semana das humanidades
“Para que serve a Literatura?”
Prof. Pedro Eiras
Pedro Eiras
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uma linguagem clara, acessível e poética, o Prof. Pedro Eiras desconstruiu uma série de estereótipos relativos ao estudo das disciplinas da área das Humanidades, em particular da Literatura. Mostrou-nos como a Literatura faz parte do nosso quotidiano, como o uso quotidiano da linguagem é um ato de subversão poética e, por isso mesmo, um ato de liberdade. Ler/compreender e fruir o texto fazem de nós cidadãos mais críticos, mais atentos ao mundo que nos rodeia, mais interventivos e com poder de transformar/melhorar o real.
“Pode a literatura mudar o mundo?” Fátima Vieira
Prof.ª Fátima Vieira
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iteratura e utopia foram os vetores estruturadoras da comunicação da Prof. Fátima Vieira que nos fez ver como, ao longo dos tempos, a utopia (o sonho) permitiu que o homem progredisse e construísse um futuro diferente. Todas as grandes inovações que fizeram, como diz Gedeão, pular e avançar o mundo partiram da insatisfação do presente e da vontade de concretização de utopias, muitas delas nascidas no seio da ficção literária, daí que seja legítimo afirmar que a literatura pode e muda o mundo.
Zaida Braga, profª de Português e de Literatura
Filosofia e Utopia Adalberto Dias de Carvalho
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s objetivos que presidiram à concretização desta conferência foram: relacionar a problemática da Utopia com as questões antropológicas ao longo dos tempos e promover a reflexão crítica e interventiva, na formação cívica dos estudantes. No decorrer da conferência, o Professor Adalberto Dias de Carvalho explicitou a origem do conceito de utopia, a partir da obra de Thomas More; problematizou-o e relacionou-o com a contemporaneidade, promovendo a participação ativa e dialógica dos estudantes, de modo a sensibilizá-los para a atualidade da temática. A conferência foi promovida pelo Núcleo de Estágio de Filosofia A responsável pela atividade: Blandina Lopes (Orientadora Cooperante do Mestrado em Ensino da Filosofia)
Prof. Adalberto Dias de Carvalho
semana das humanidades
A cidade e a utopia “o sentido da utopia – não lugar – cristalizou-se na ideia de um lugar feliz, na possibilidade de se ter uma vida melhor numa sociedade mais justa do que aquela em que se vive.” Rua da Utopia in Correio do Porto, por Álvaro Domingues
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geógrafo Álvaro Domingues reflete sobre os lugares, as paisagens e a ação humana e, nesse percurso, tropeça inevitavelmente com a utopia. Ciente de que o Homem não consegue controlar todos os fatores que influenciam a sua vida e que, embora procure perseguir “o bom”, “o belo”, “o paraíso”, “a utopia”, nomeadamente na escola, tentando contrariar os males sociais, enfrenta realidades “distópicas”. A evolução da Ciência e das Novas Tecnologias transporta-nos para um Mundo que tanto pode ser utópico, como distópico. Hoje, assiste-se à substituição de “Deus” pela Ciência. Na sua dissertação, o geógrafo Álvaro Domingues aproveitou a presença de alunos do Curso de Turismo para comentar situações emblemáticas no âmbito do Turismo em Portugal. A partir de fotografias comentou a situação do Algarve, de como mudou toda a sua imagem para aquilo que se considera ser o conceito mais apelativo para a região.
Há cerca de 50 anos, tinha uma
passado. A cidade do Porto foi outro dos exemplos escolhido. Neste caso, assistimos a um cenário cinematográfico, muito de relance… Apelidou a ponte D. Maria de “piercing” do Porto, pois não é utilizada, mas embeleza a paisagem e falou -nos da pobreza dos estivadores e moradores da zona da Ribeira, no passado, que assistem nos dias de hoje à festivalização do centro histórico. E assim se constroem utopias. Álvaro Domingues é geógrafo, professor na Faculdade Arquitetura da Universidade do Porto e investigador no CEAU (Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo) ___________ Distopia ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma opressiva, assustadora ou totalitária, por oposição à utopia.
Ana Beatriz Gomes, Alexandra Leite, Inês Silva, Maria Alice e Joana Babo, 11ºG
Os turistas apenas contemplam um “Porto” de relance, visitam sempre os mesmos sítios, não conhecem verdadeiramente a cidade.
Foto da seleção apresentada pelo profº Álvaro Domingues
13 l Jornalesas l abril 2016 l X L l V
imagem muito rural e hoje aproveita alguns desses aspetos típicos para vender a nostalgia do
semana das humanidades
“Letras com História de mão em mão” Ao longo de toda a semana de 18 de janeiro, realizou-se a atividade -”Letras com História de mão em mão”, em que o grupo de História e os seus alunos pretenderam divulgar autores que, na sua obra, abordem temas que, de uma forma explícita ou implícita, se cruzem com as utopias construídas pelo Homem ao longo da sua História. Além disso, foi pedido aos professores e aos alunos que comentassem os textos. Aqui divulgamos, algumas dessas notas... Monstrengo O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar,
Como o timoneiro que, receoso, enfrenta o perigo no Cabo das Tormentas, ousemos também lutar contra os medos, defrontar o desconhecido, reinventar a coragem para que consigamos , transcendendonos, partir em demanda da descoberta, romper com o “instalado” e erigir uma comunidade de construtores de novas, e mais justas, estradas.
E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?»
Profª Olga Moutinho
Os medos engolem-nos por inteiro, quando são maiores do que as nossas convicções. Assim que percebemos que a nossa missão é maior que o medo, o “mostrengo” que nos assusta, encolhe e torna-se minúsculo. O homem do leme representa o corajoso e aventureiro povo português que domina o monstro e vence o seu medo porque honra o compromisso que assumiu com o seu rei de levar avante a tal vontade que [o] ata ao leme De El-Rei D. João Segundo! Ana Teresa Ribeiro, 8º D
E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
Fernando Pessoa
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E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu,
semana das humanidades
“Letras com História de mão em mão” Ao desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado. Luís de Camões
Um mundo desconcertado, ontem, hoje, amanhã... Um mundo que espera conserto e que se quer concertado no caminho da utopia, do sonho ... A opinião de um homem lúcido, espírito livre, universal e atemporal, que ousa mostrar o seu descontentamento e o seu desencanto perante um mundo que desistiu de sonhar... Profª Zaida Braga
A árvore ornamentada com os textos de “Letras com História de mão em mão”, no átrio da ESAS
Mar Português
E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! Fernando Pessoa
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Insondáveis são, como se sabe, os desígnios de Deus. Terá querido, talvez, e quando muito, que nos mantivessem unidos o apelo do novo e da distância e o sonho em uma pátria por haver. Profª Fátima Alves
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Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
semana das humanidades
Abril de Sim Abril de Não Eu vi Abril por fora e Abril por dentro vi o Abril que foi e Abril de agora eu vi Abril em festa e Abril lamento Abril como quem ri como quem chora. Eu vi chorar Abril e Abril partir vi o Abril de sim e Abril de não Abril que já não é Abril por vir e como tudo o mais contradição.
Abril é uma poética. Uma construção em processo, uma demanda. Não aprisionável: sem donos, sem carrascos, sem fronteiras. Também por ele, assim vestido, assim despido, se vai em busca, incessante, da Utopia. Prof.ª Delfina Rodrigues
Vi o Abril que ganha e Abril que perde Abril que foi Abril e o que não foi eu vi Abril de ser e de não ser. Abril de Abril vestido (Abril tão verde) Abril de Abril despido (Abril que dói) Abril já feito. E ainda por fazer.
Abril. Este “vir-a-ser” que se constrói e se dissolve numa unidade quase mística. É um lugar, um ser, um estado de coisas cujo fluxo dinâmico permanece, continuando a libertar e a aprisionar... Enfim, quase Abril: uma energia que não se consome; uma esperança; um devir… Profª Maria João Garrett
Manuel Alegre
Portugal, Tão Diferente de seu Ser Primeiro
Os reinos e os impérios poderosos, Que em grandeza no mundo mais cresceram, Ou por valor de esforço floresceram, Ou por varões nas letras espantosos.
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Teve Grécia Temístocles; famosos, Os Cipiões a Roma engrandeceram; Doze Pares a França glória deram; Cides a Espanha, e Laras belicosos.
Se à Utopia se confere o espaço que (ainda) não é, mas que nele se projeta, ao grande Camões, vate intemporal, se deve a grandeza de um país que n’ Os Lusíadas se revê (deve rever). Mais do que aos feitos da Antiguidade, muito mais alto se ergue o Império de quem “Por mares nunca dantes navegados” lançou a epopeia de ser Português. É a nós, cidadãos do Mundo, que se pede, doravante, que façamos do retângulo luso um “ser diferente”, “Sem à dita de Aquiles ter enveja” (X, est. 156).
Ao nosso Portugal, que agora vemos Tão diferente de seu ser primeiro, Os vossos deram honra e liberdade. E em vós, grão sucessor e novo herdeiro Do Braganção estado, há mil extremos Iguais ao sangue e mores que a idade.
Luís Vaz de Camões
Prof. José Fernando Ribeiro
opinião
Nunca se repetem Os sons do silêncio, o direito a ele e um apelo à sua escuta O silêncio Tem uma casa Onde a música entra quase sem pedir licença. de João Pedro Messeder espetacular cria-se juntamente com a música de entretenimento. Já não se consegue ouvir o outro ruído. Aquele mais original, mais autêntico como os sons da cidade, dos carros, das pessoas, das gaivotas portuenses. Kyle Gann, académico e compositor norte-americano, disse no seu recente livro sobre a peça 4’33’’ “Deixem os sons serem apenas sons”… e tudo se resume a isto. O mais interessante em afirmar que o silêncio está a ser desvalorizado é pensar: quando é que ele é valorizado? E como? Respondendo a estas perguntas, apercebemo-nos da sua especifidade. Do seu papel. O silêncio é como um “refúgio universal”, palavras de Thoreau. Não é por acaso que todas as religiões guardam tempo para o silêncio. E quando se pede “um minuto de silêncio” quer dizer que dedicamos a alguém ou a algo a nossa atenção, carinho e tempo. Esta é uma ausência cheia de tudo. Porque não, então, guardar algum desse tempo para nós? Mais uma vez o académico dos Estados Unidos pronuncia-se sobre o silêncio: “ele apela a uma nova abordagem do ouvir, talvez até a um novo entendimento da música em si, um esfumar das fronteiras convencionais entre a arte e a vida”. Esta posição vai ao encontro da sociedade do espetáculo e da música de entretenimento. Aquela nova abordagem do ouvir, fruto da escuta do silêncio, traz mais significado aos outros sons ao invés da banalização da música. Alex Ross, jornalista do The New Yorker, escreveu um artigo chamado Searching for Silence sobre John Cage e a sua relação com o silêncio. O artista vivia num apartamento que fazia esquina com a Sexta Avenida. No final do seu artigo, Ross acaba por demonstrar o que tem de tão especial o silêncio, aos olhos de John Cage que diz “Eu não podia estar mais contente do que estou neste apartamento, com os sons da Sexta Avenida constantemente a surpreenderem-me, eles nunca se repetem.” Maria da Paz, 12º G
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A
afirmação “os sons do silêncio” parece contraditória, mas não o é. Ouvir o silêncio é precisamente ouvir os seus ruídos, desde o tremeluzir da folha de papel do jornal aos sons quotidianos da rua. Já Jonh Cage dizia “there’s no such as silence”. E foi nesta linha de raciocínio que Cage, em 1952, criou a peça 4’33’’. Nesta obra, o intérprete, durante 4 minutos e 33 segundos, senta-se perante o instrumento e não retira nenhum som. A sala de espetáculos fica em aparente silêncio. Na verdade, a peça torna-se num exercício de escuta de todos “os sons interessantes” (palavras do artista) provenientes do momento. Momento no qual o intérprete está em silêncio. Claro que se pode justificar a sonoridade do silêncio nesta obra, defendendo que só se está a encarar um dos lados do conceito da palavra silêncio – o lado do senso comum. Mas e se se entrar num campo mais técnico e científico? Encontraremos o silêncio? As câmaras anecoicas foram criadas não só para isolar os sons exteriores como para absorver o som no interior da câmara de modo a se encontrar o silêncio absoluto. Durante as experiências, as lâmpadas não podem estar ligadas, não vão elas produzir algum tipo de som. As experiências nestas câmaras ditam que o tempo recorde que uma pessoa conseguiu lá estar foi de 45 minutos. O facto de haver um tempo recorde deve-se ao incómodo vivido pelo individuo que se encontra fechado na câmara. Depois de o ouvido se habituar ao silêncio, torna-se sensível a todos os sons como o bater do coração, o som das articulações a funcionarem, o comprimir e descomprimir das veias… É de notar, então, que também não há silêncio absoluto dentro das câmaras híper isoladas e absorventes. Desde que haja alguém para ouvir o silêncio, este deixa de existir. O jornalista George Foy, que bateu o recorde, explica ao The Guardian, num relato da sua experiência que, afinal de contas, “é preciso estar-se morto para a existência do silêncio absoluto”. A adivinha popular, do senso comum, confirma as experiências científicas “Qual é a coisa que se quebra ao falar?”. A questão é a seguinte: neste frenesim citadino, estará o silêncio em vias de extinção? Quando vamos ao ginásio, ao café, à livraria, ao centro comercial, à mercearia, ao restaurante, quando saímos à rua para um simples passeio pela baixa é nos imposta uma faixa sonora qualquer, seja ela qual for. Desde o rádio ao noticiário, tudo roda à volta de um ruído de fundo. A verdade é que normalmente não temos direito ao silêncio no nosso dia-a-dia. Talvez porque esteja a ser cada vez mais desvalorizado, enquanto o espetáculo e o entretenimento (de mãos dadas ao turismo!) são cada vez mais adotados de forma inconsciente, ou não, fazendo expandir o ruído. Ruído tirano que nos tira a opção de escolha. Ruído de entretenimento que não nos deixa pensar. Uma sociedade
projecto - ideias em construção
Elísio Estanque convidado pelo grupo
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ostaria de manter viva a memória de alguns apontamentos que o Elísio Estanque nos ofereceu. Escolhi três e acrescento uma pergunta a cada um. Historicamente vimos de muito longe, de um lugar, no princípio da República em que, enquanto no Reino Unido a taxa de alfabetização era de 70%, em Portugal a mesma taxa era de 4%. Elísio Estanque acrescentou ainda que o investimento na educação é um fator de desenvolvimento. Eu pergunto: Pode um povo que não domina as ferramentas do conhecimento construir o seu próprio caminho de emancipação? Disse o Elísio Estanque que os movimentos de participação cidadã são cíclicos, com momentos de maior atividade e de menor atividade. Que cada geração vive o mundo de forma diferente da geração anterior.
“Ideias em Construção” – janeiro 2016
Eu pergunto: Como é que é possível ser "guardiã/ão do lume", isto é, prescindir um pouco do individualismo de cada um/a e re-inventar a todo o instante as razões que nos unem para o progresso social? Sugeriu o Elísio Estanque que o desenvolvimento dos "Media" criou uma ideia atomizada de isolamento, o "Eu" a sós, diante do teclado. Mas, ao mesmo tempo, as ferramentas da comunicação são um instrumento de construção das redes sociais. Eu pergunto: «Pode alguém ser quem não é?» Ou seja, podem as ferramentas ser auto-reprodutivas e justificar a fuga à gestão de diferença de opinião? Pode o encontro e o desencontro das pessoas ser simplesmente o click de um botão de "like" no Facebook? Profª Alda Macedo, responsável pelo Projeto Ideias em Construção
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18 I Jornalesas l abril 2016 l X L l V
Rua Santos Pousada , 1222 4000-483 Porto
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OGM … sim? não?
Um organismo geneticamente modificado é aquele cujo material genético foi alterado, usando a engenharia genética, de modo a favorecer alguma característica desejada. Dos OGM provêem medicamentos, vegetais e animais geneticamente modificados. alérgico ainda não foi testado em muitos destes produtos. O solo, como organismo vivo que é, sofrerá danos irreversíveis ao incorporar materiais manipulados na sua constituição, resultando com frequência o aparecimento de ervas daninhas para as quais os herbicidas existentes no mercado não são eficazes. Outro grande problema que acompanha os OGM é a falta de informação, dado que a população em geral não sabe o que é um transgénico e mesmo os mais informados não têm o cuidado de se certificar se os alimentos que adquirem são ou não manipulados geneticamente. Estes produtos têm vindo a aumentar a sua importância no panorama agrícola português, sendo representativo o cultivo de milho no Alentejo. Afonso Magalhães, 11º I
http://stopogm.net/sites/stopogm.net/upload/abc/mapa2015a.jpg
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xistem diversos procedimentos que limitam o uso dos OGM. Mesmo assim, estes são vítimas de grandes controvérsias, uma vez que os seus efeitos nos seres vivos, no planeta e inclusive no Homem não são conhecidos a longo prazo, podendo resultar na poluição irreversível da genética planetária. Uma das maiores polémicas associada aos OGM é o facto de os alimentos ficarem nas mãos das multinacionais, resultando na perda de soberania alimentar das populações. Havendo um monopólio da produção de sementes via laboratório e a correspondente produção de químicos específicos que acompanham o seu crescimento e desenvolvimento, há uma perda de espontaneidade em todo o trabalho agrícola. Os agricultores não poderão guardar as sementes para a produção do ano seguinte, pois elas são “fabricadas” com esse intuito e, desta feita, os produtores ficarão à mercê de eventuais empresas especializadas transnacionais (ETN) . No entanto, existem também algumas vantagens propagandeadas relativas ao uso dos OGM. Apesar do investimento inicial ser significativamente superior ao das sementes obtidas pelo processo tradicional, de seleção natural, verifica-se um aumento da produtividade, uma vez que as plantas passam a ter no seu ADN um gene que lhes confere a repulsividade a certos insetos causadores de doenças e inibidores do crescimento de erva, não havendo perdas por pragas, ou seja, quebras de produção, e obtendo-se em simultâneo poupança pela não utilização de pesticidas e herbicidas. Por outro lado, a tecnologia utilizada irá, numa primeira fase, melhorar a quantidade e a qualidade aparente dos alimentos, nomeadamente no que diz respeito à garantia dos nutrientes, pois será feita a monitorização das produções. A principal vantagem associada aos OGM é, pela voz dos seus acérrimos defensores, o fim da fome mundial, uma vez que estes alimentos são mais ricos e mais resistentes, sendo uma esperança para os países mais pobres. Contrariamente, os seus detratores contra-atacam, apresentando inúmeras desvantagens ao seu uso, entre as quais a redução da biodiversidade, provocando um grave desequilíbrio na cadeia alimentar uma vez que, entre vários aspetos, se coloca o da ausência de predadores naturais, pois não haverá animais que integrem aquela espécie “estranha” na sua dieta e, também, o aumento das alergias, visto que o potencial
desporto III corta-mato AEAS
III Corta-Mato do AEAS Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa
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niciava-se a Semana das Humanidades com o Dia de Martin Luther King e, no Jardim Paulo Valadas, 305 alunos e alunas, do 4º ao 12º ano, do Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa participavam numa prova desportiva onde, acima de tudo, interessava estar presente e correr até ao fim, concluindo a distância prevista para cada um dos escalões. Gostávamos de salientar a participação de dois alunos da sala de multideficiência sediada na EB Augusto Gil pois, tal como todos os outros “atletas”, fizeram jus às palavras de Martin Luther King:
“Se não puderes voar, corre. Se não puderes correr, anda. Se não puderes andar, rasteja, mas continua sempre em frente.” 18 de janeiro de 2016 Profª Catarina Cachapuz
A Fontinha no corta-mato
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oi no jardim das pedras que tudo se iniciou. Demos duas voltas e, quando acabámos, fomos saber se tínhamos passado à fase distrital. Tínhamos passado e ficámos muito contentes. Quando chegou a sexta-feira, o dia do corta mato distrital, tivemos que apanhar o autocarro na escola Augusto Gil às 7:30h. Ficámos à espera que chegassem todos para partirmos para o corta-mato. Eram alunos das Florinhas, da Augusto Gil e da Aurélia de Sousa. Quando saímos do autocarro, queríamos saber quantos metros íamos correr e soubemos que íamos percorrer 1000m. No final da prova, estávamos muito cansadas e fomos ver os outros a correr. Eram cerca de 5 000 alunos a participar. Todos tínhamos um número diferente e um chip para controlar o nosso tempo. Quando todos acabaram de correr, voltámos de autocarro numa longa viagem para a Augusto Gil, onde almoçámos. E assim foi o nosso dia fantástico. Lidiane e Mariana, alunas do 4º ano G-3 EB1 da Fontinha
desporto escolar - resultados
N
a Fase Escola do MegaSprint, que contou com a participação dos alunos da Augusto Gil e da Aurélia de Sousa, ficaram apurados 15 alunos que se deslocaram, no dia 12 de março, ao Estádio Municipal da Póvoa de Varzim, em representação do agrupamento, para as provas de sprint, salto em comprimento e corrida do quilómetro.
Encontro de tiro com arco Regional
Eliminatória após eliminatória, os nossos atletas foram ficando pelo caminho. O destaque vai para a nossa Sprinter do 8º E, Luísa Chaves, que resistiu ao cansaço e se apurou para a fase nacional que irá ter lugar no Algarve (em data a definir).
Parabéns aos atletas aurelianos.
N
o dia 27 de fevereiro teve lugar, na escola José Régio, em Vila do Conde, a 1ª prova externa de tiro com arco, onde estiveram presentes cerca de 147 alunos provenientes de 24 escolas da zona Norte, que competem na modalidade. A nossa escola participou nesse encontro com 13 alunos, que tiveram uma ótima exibição e obtiveram os resultados que passamos a destacar.
1º lugar - Infantis femininos – Carolina Martinho 2º lugar - Infantis masculinos – Diogo Santos 3º lugar - Iniciados femininos – Vasilka Borislavova 1º lugar - Iniciados masculinos – Ivo Cardoso e Pedro Aires (1º lugar, com a mesma pontuação)
1º lugar - Juvenis masculinos - Francisco Baptista 2º lugar - Juvenis masculinos - David Carvalho O próximo encontro está agendado para o dia 14 de maio, no Campo de Tiro S. Pedro de Rates. A qualificação será realizada na parte da manhã e as finais regionais da parte da tarde.
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omo vem sendo tradição, participamos mais uma vez no torneio 3x3 da Federação Portuguesa de Basquetebol. O encontro, Fase Local, teve lugar na escola secundária do Cerco do Porto, e contou com a participação de 16 escolas e cerca de 88 equipas. Os basquetebolistas aurelianos, juvenis masculinos e juvenis femininos, destacararam-se pela sua prestação técnico -tática, fair-play, suor, adrenalina, trabalho de equipa e diversão. A equipa dos juvenis do 11º C (David Dias, João Verissimo, Eugénio Silva e Francisco Dias) disputaram a final de grupos e passaram à fase seguinte com o 1º lugar. As juvenis femininas disputaram a final e obtiveram o 2º lugar, com uma diferença de 4 pontos. Foram apurados, para a Fase Regional, as equipas classificadas em 1º lugar. Esta fase irá realizar-se no dia 9 de abril, em Paços de Ferreira. Parabéns aos nossos basquetebolistas. Profª Fátima Sarmento, responsável pelo Desporto Escolar
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MegaSprint
Basquetebol 3x3 FPB
livros
No meu peito não cabem pássaros de Nuno Camarneiro
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onfesso que o que me levou a escolher este livro foi a enorme curiosidade que o título me suscitou. Foi escrito por Nuno Camarneiro (autor vencedor do Prémio Leya em 2012) e é a sua estreia no romance; foi editado pela D. Quixote. Este livro divide-se em cinco capítulos: Exórdio, Confronto, Acerto, Assombro e Fecho. Tem três personagens: Fernando, Jorge e Karl, que viviam em cidades distintas, Lisboa, Buenos Aires e Nova Iorque, respetivamente. A história dos três é contada em regime de alternância. Fernando aparece pela primeira vez na história no meio do Atlântico, rumo a casa de uma tia em Lisboa, que ficará a tomar conta dele durante algum tempo. Trata-se de uma viagem triste, já que culmina no reencontro com uma família solícita, mas com quem não há intimidade, e no enterro confrangedor de uma irmã de tenra idade. A biografia de Fernando é claramente coincidente com a do poeta Fernando Pessoa, que o livro nos dá a conhecer por dentro, no seu destino de jovem solitário e melancólico. Karl é limpa-vidros num arranha-céus. Fica, entretanto, desempregado, começa a vender bíblias e acaba a servir bebidas num bar. E Jorge é uma criança especialista em inventar coisas novas: na escola, traça o destino de Roberto, o seu colega e, mais tarde, descobre que pode alterar o rumo da realidade. Trata-se de dois percursos existenciais com inúmeros elos de ligação às biografias de Franz Kafka e de Jorge Luís Borges, relação, porém, nunca assumida explicitamente. Foi uma leitura bastante agradável, porque estão incorporadas, ao longo da história, muitas metáforas e a história é contada de uma forma dinâmica e interessante. Recomendo este livro pelas qualidades indubitáveis da sua escrita e porque os jovens autores que se iniciam no mundo das letras não podem deixar de merecer o nosso apoio. Lia Costa, 10º A
O Homem Duplicado de José Saramago
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encedor do Prémio Nobel de Literatura em 1998, José Saramago foi um dos escritores mais notáveis da língua portuguesa e, se ao longo da sua vida escreveu obras brilhantes, O Homem Duplicado foi, sem dúvida, uma delas. Este livro fala-nos de um professor de História, Tertuliano Máximo Afonso que, como o autor nos diz, está “só e aborrece-se”, “esteve casado e não se lembra do que o levou ao matrimónio, divorciou-se e agora não quer sequer lembrar-se dos motivos por que se separou”. Aconselhado por um colega, professor de Matemática da mesma escola, Tertuliano aluga um filme intitulado “Quem porfia mata caça” e depara-se com uma situação inacreditável que vai alterar a sua vida drasticamente: no filme aparece uma personagem exatamente igual a ele. O resto do livro consiste no relato das peripécias por que teve que passar Máximo Afonso para encontrar o seu “sósia”, uma busca que termina de forma dramática. Cheio de imaginação e fruto de uma aguda capacidade de observação do ser humano, este livro cativa-nos desde as primeiras páginas até às suas últimas linhas. Fascinante e de leitura obrigatória, O Homem Duplicado é, sem dúvida, uma obra genial. Francisco Moreira, 10º A
livros
Alma de Manuel Alegre
A
lma é um romance de características autobiográficas. Manuel Alegre recorda o tempo da sua infância e dá voz a Duarte, um miúdo de nove anos, que se assume como narrador desta história. Nestas recordações, encontramos o retrato vivo de uma típica aldeia/vila portuguesa da década de 40, de nome Alma (que se acredita ser Águeda, terra natal do autor), com as vivências características da época. Aproveita Manuel Alegre para mostrar a importância que familiares, amigos e outras figuras da vila tiveram na sua formação, como ajudaram a construir a sua alma, através de relatos diversos de acontecimentos em que marcou presença. A formação escolar, a formação religiosa, a formação desportiva, a formação política, todos os aspetos que se tornaram fundamentais na sua vida são abordados com histórias, em que ele teve papel de destaque na sua meninice, que tanto nos fazem rir como nos fazem chorar. É, portanto, um livro de histórias, mas também um romance que se revela como um livro de história, pois apresenta-nos o Portugal dividido entre os que defendiam os valores da República e os que defendiam a ditadura de Salazar; apresenta-nos uma Espanha marcada pela guerra civil e um mundo que acompanha a Segunda Guerra Mundial, torcendo uns pelos nazis, outros pelos Aliados. É um livro que nos apaixona facilmente pelo relato das confusões características das aldeias portuguesas e pela fidelidade de uma linguagem simples, característica das personagens da época e, pontualmente, ousada ou até agressiva. Adriana Silva , 10ºA
Manhã Submersa de Vergílio Ferreira
romance de Vergílio Ferreira, intitulado Manhã Submersa, foi publicado em 1954. Retrata a infância de António Santos Lopes (narrador participante) e de um conjunto de seminaristas, aquando da sua estada no seminário, descrevendo ainda a pobreza e as dificuldades da época, em Portugal. Sendo uma criança oriunda de uma família pobre, foi educado por uma senhora rica que, em troca de ajuda à família, o obriga a seguir a vida eclesiástica. António Santos relata a austeridade que reinava no mosteiro e os sentimentos negativos que dali resultavam. Na minha opinião, a leitura deste livro é importante e enriquecedora, pois alarga o nosso conhecimento sobre momentos da história do nosso país, com características económicas e sociais distintas das que lhe conhecemos hoje. Ideologicamente, tratase de um mundo em que vigora uma perspetiva de vida contrária à da atualidade, sendo que nos dias de hoje dispomos de liberdade de escolha e de expressão. Aconselho a sua leitura a quem gosta de desafios literários e intelectuais, dada a qualidade indiscutível da escrita do autor, que o torna de leitura incontornável para todos os que desejam evoluir intelectualmente e conhecer os nomes ilustres da nossa literatura. Miguel Ribeiro Pereira, 9ºA
23 l Jornalesas l Jornalesas l abril 2016 l X L l V
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dia do diploma
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escola organizou uma ação formal de entrega de diplomas de Mérito e de Excelência aos alunos que se distinguiram no ano letivo 2014-2015, procurando assim sublinhar a importância do sucesso escolar e da formação global do Aluno, nos termos previstos no Regulamento Interno. Considerando a importância que tal ato assume na vida escolar, foi convidada a Comunidade Educativa a associar-se à cerimónia. ESAS, 18 de março de 2016, pelas 16 horas, A Direção Delfina Rodrigues
Profª Manuela Moreira - alunos 8ºC - 2014/2015
João Matos - 10ºA 2014/2015
Profª Margarida Macedo - alunos 11ºE - 2014/2015
Profª Zaida Braga e Afonso Magalhães 10º I - 2014/2015
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Elementos da Direção da AEAS, profª Margarida, profª Beatriz, profª Teresa, Profª Olga (Conselho Geral), profª Delfina (Diretora), profª Manuela e profª Luísa Mascarenhas (biblioteca/BE-CRE)
breves
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o âmbito da Orientação Escolar, o SPO promoveu a realização de uma Feira das Universidades. Estiveram presentes, no espaço polivalente/cantina, mais de 20 instituições de ensino superior de todo o país, para divulgação dos seus cursos e oportunidades de formação. Paralelamente, decorreram dois workshops no Auditório, subordinados ao tema "Acesso ao Ensino Superior", destinados aos alunos dos 11º e 12º anos de escolaridade. Manuela Rios, Serviço de Psicologia e Orientação ESAS
o
NIPES, em parceria com doutorandos da FEUP, promoveu uma palestra de educação ambiental, destinada a alunos do 8º ano, sobre a importância da reciclagem do óleo alimentar. Atualmente, a maior parte do óleo alimentar usado, produzido nas nossas casas, é despejado diretamente nos sistemas de esgotos, causando, desta forma, impactos ambientais e custos elevados. Na ação de sensibilização, os estudantes foram convidados a apresentar ideias de como convencer as famílias a reciclar o óleo de cozinha. A partir do dia 18 de janeiro, será iniciada uma competição em que a turma que trouxer maior quantidade de óleo usado será premiada. Esse óleo será depositado no colector de óleos que vai ser instalado na Escola. ESAS, 4 de dezembro e 11 de janeiro
Rua Aurélia de Sousa nº 49
uma Feira do Livro, com a colaboração da Livraria AL – Antunes Livreiros, na Biblioteca, a partir do dia 11 de abril.
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“Vai Acontecer…”
IV olimpíadas da língua portuguesa
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o dia 19 de fevereiro, pelas 10h, realizou-se, em cerca de 100 escolas do país, a prova da 1ª fase das Olimpíadas da Língua Portuguesa. Na ESAS, onde este concurso teve início há já 7 anos, a forte implantação desta iniciativa justificou a comparência de 84 alunos, distribuídos pelos dois escalões: 46 alunos do 3º Ciclo Básico – escalão A – e 38 alunos do Ensino Secundário – escalão B. Tendo atingido ou superado a elevada classificação de 90 pontos no escalão A e de 180 pontos no escalão B, ficaram apurados para a 2ª fase os seguintes alunos : Afonso Caetano e Marta Figueiró, ambos do 9º ano, turma C ; Ana Sousa e Vasco Trigo, os dois do 12º ano, turma B.
A prova final, que se realiza na escola coordenadora de cada uma das 5 regiões estabelecidas para o efeito, terá lugar no dia 21 de abril, pelas 10 horas e, mais uma vez, a nossa escola – também Escola Coordenadora Nacional - terá o gosto de receber todos os alunos que, na Região Norte, foram selecionados nos dois escalões. Neste ano, serão 105 alunos (36 no escalão A e 69 no escalão B). Integram o Conselho Científico deste concurso o professor José Fernando Ribeiro e a professora Maria do Carmo Oliveira. Profª bibliotecária e elemento da Comissão Organizadora, Luísa Mascarenhas
CURIOSIDADES O que significa… 26 l Jornalesas l abril 2016 l X L l V
“ser utópico”– ser irrealista; diz-se de alguém que acredita em projetos belos mas irrealizáveis. Origem – A expressão tem origem no livro Utopia (publicado em 1516) de Thomas Moore. Neste livro, é descrita uma ilha em que um regime políticosocial perfeito torna todos os seus habitantes em pessoas completamente felizes. Utopia, no entanto, significa literalmente “lugar nenhum”, o que pode indiciar que o próprio Thomas Moore não acreditava completamente na criação de um tal lugar.
índice
“Está na tua mão” 2
Clube europeu
3
Corrupção
4
O presidente Marcelo
5
Virús Zika
6
Refugiados - Parte 2
7
Derrubar barreiras invisíveis
8
Femininismo
9
Semana das humanidades
10
A cidade e a utopia
12
Letras com história
13
A
campanha “ESTÁ NA TUA MÃO” surge da constatação feita por alunos e professores de Educação Física de que a nossa escola está suja, mesmo muito, muito suja!!! Na verdade, se no espaço exterior é frequente tropeçarmos em lixo, nas zonas desportivas e, em particular, no polidesportivo, a situação ameaça tornar-se insustentável!!! Não raras vezes, apanhamos (professores e alunos) lixo do chão antes de começar a aula…
Será que custa assim tanto procurar um balde de lixo?...
Será que gostamos mesmo de ter aulas no meio do lixo?...
Será que não preferimos um recreio sem lixo?... PORQUE A ESCOLA É A TUA SEGUNDA CASA … ESTÁ NA TUA MÃO!
Os sons do silêncio
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Ideias em construção
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NÃO!!!...
OGM ?
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(foto tirada durante a aula de Educação Física por alunos dos 11º I e E com dispensa ocasional da prática desportiva) Profª Catarina Cachapuz
Desporto escolar
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Livros
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Dia do Diploma
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Breves
24
Olimpíadas língua portuguesa
25
Campanha de limpeza
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LIXO NO CHÃO … NA NOSSA ESCOLA
27 l Jornalesas l abril 2016 l X L l V
Medalha de prata
FICHA TÉCNICA
Editorial «Tempos interessantes». Esta foi a expressão muito utilizada por filósofos, historiadores e poetas para ilustrar o seu tempo geralmente atravessado por guerras fratricidas, genocídios e violências totalitárias de toda a espécie. Pelo menos, ouvimo-la desde as guerras franco-prussianas até à II Guerra Mundial. E não será de espantar que estes homens e mulheres tivessem conhecido em vida os massacres das guerras do século XX. Ainda hoje, estas palavras nos parecem deslocadas. Vamos supor que se referiam não à barbárie em si, mas às ideias que construíam novas utopias, que levariam, após as catástrofes, a sociedades mais justas e mais solidárias elevadas por uma Humanidade arrependida e sofrida. Não sabemos se assim é. Se assim foi. Ou se cada um deles se referia ao «interessante» das suas lutas particulares e coletivas. Hoje, tememos que venham aí mais «tempos interessantes». Agora, com as utopias congeladas pela desconfiança e pelo desânimo, pela falta de liderança de uma Europa cansada de si própria, esquecida dos valores que a levaram a unir-se, com uma crise económica profundíssima, a guerra tornou-se permanente como uma realidade que nem a ficção científica poderia prever. O que se passa com os refugiados, com os desempregados europeus cuja percentagem não para de aumentar, a precariedade e desvalorização do trabalho qualificado jovem, a ausência de valores solidários, o desrespeito pelos mais velhos, o fanatismo das religiões, a destruição do património mundial, o aquecimento global e a catástrofe ambiental, o desprezo pela ciência e pela cultura, pelo relativismo reinante no que concerne aos direitos humanos, o desinvestimento na educação e na saúde fazem prever o pior. Gostaríamos de estar enganados e que as utopias solidárias (tema bem presente na Semana das Humanidades da Escola) se tornassem uma realidade. Mas falta-nos a energia, a motivação, o crer numa nova realidade que não passe necessariamente pela guerra contínua e pela avidez das finanças. Precisamos de liderança? Talvez. Alguém que nos fale de futuro concreto e não na reconversão de horrores passados. Isto tornar-se-ia nos «tempos interessantes» de hoje. O tempo da paz, da solidariedade e da concórdia mundiais, muito, mas muito mais difícil do que qualquer declaração de guerra que, lembremos, começa sempre pela humilhação do mais fraco. Mas não conseguimos aprender? Claro que sim. Existe um novo fator que não existia nos tempos das guerras anteriores e que devemos levar em conta custe o que custar: a existência de uma forte opinião pública e uma educação cimentada após 1945. Aproveitemo-las, em nome dos «tempos interessantes».
António Catarino (prof.)
Coordenadores: António Catarino (prof.), Carmo Rola (profª), Julieta Viegas (profª) e Maria João Cerqueira (profª) Revisão de textos: Maria João Cerqueira (profª) Revisão geral : Maria João Cerqueira (profª) Capa: Carmo Rola (profª) Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª) Fotografia: António Carvalhal (prof.), Clube de Fotografia, José Manuel Soares (prof.) e Curso Técnico de Turismo Equipa redatorial: Adriana Silva (10ºA), Afonso Magalhães (11ºI), Alexandra Leite (11ºG), Ana Ribeiro (12ºB), Ana Teresa Ribeiro (8ºD), Ana Beatriz Gomes (11ºG), Alda Macedo (profª), Alexandra Sousa (10ºI), Angelina Mota (profª), António Carvalhal (prof.), António Catarino (prof.), Blandina Lopes (profª), Carolina Barros (10ºJ), Catarina Cachapuz (profª), Delfina Rodrigues (profª), Fátima Alves (profª), Fátima Sarmento (profª), Francisco Moreira (10ºA), Gonçalo Mota (12ºE),Inês Silva (11ºG), Frederico Oliveira (12ºG), Inês Sincero (10ºI), Joana Babo (11ºG), João Garrett (profª), José Fernando Ribeiro (prof.), José Manuel Soares (profª), Julieta Viegas (profª), Leonor Contente (11ºH), Leonor Gonçalves (10ºI), Lia Costa (9ºA), Lidiane (4ºano), Luísa Mascarenhas (profª), Manuela Rios (SPO), Maria Alice (11ºG), Maria João Cerqueira (profª), Maria João Pais (10ºI), Maria da Paz (12ºG), Mariana (4ºano), Miriam Costa (ex-aluna da ESAS), Miguel Parente (10ºH), Miguel Ramos (12ºE), Miguel Ribeiro (9ºA), Olga Moutinho (profª), Pedro Santos (12ºF), Rosa Margarida (10ºH), Rui Branco (12ºF) e Zaida Braga (prof.ª).
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abril. 2016
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