CENTRO DE BENEFICIAMENTO DO PESCADO REABILITAÇÃO DE PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: RUÍNAS DA FAGIP E FATBRÁS EM PLATAFORMA
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ALEJANDRA KIRKWOOD
UNIÃO METROPOLITANA PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E CULTURA FACULDADE DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ALEJANDRA KIRKWOOD
CENTRO DE BENEFICIAMENTO DO PESCADO: REABILITAÇÃO DE PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: RUÍNAS DA FAGIP E FATBRÁS EM PLATAFORMA
Lauro de Freitas – BA dezembro de 2016
ALEJANDRA DE OLIVEIRA KIRKWOOD
CENTRO DE BENEFICIAMENTO DO PESCADO: REABILITAÇÃO DE PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: RUÍNAS DA FAGIP E FATBRÁS EM PLATAFORMA
Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da União Metropolitana de Educação e Cultura. Orientador: André Lissonger
Lauro de Freitas 2016
FONTE: Carybé, 2009.
Figura 1: Figura humana de Carybé.
Procurar com atenção as bases culturais de um país (sejam quais forem: pobres, míseras, populares), quando reais, não significa conservar as formas e os materiais, significa avaliar as possibilidades criativas originais. Os materiais modernos e os modernos sistemas de produção tomarão depois o lugar dos meios primitivos, conservando não as formas, mas a estrutura profunda daquelas possibilidades. Lina Bo Bardi, 1976.
AGRADECIMENTOS
O que você pensa, você cria; o que você sente, você atrai; o que você acredita, torna-se realidade. Desta forma, acreditar no futuro e me entregar ao presente tornou-se rotina na construção dessa carreira que aprendi amar. Como dirigir por uma estrada, encontrei obstáculos, suportes, paradas e combustível para seguir. Tenho muito apego ao veículo que me ofereceu abrigo, minha família. E são aos meus pais, Marta e James, que dedico a minha formação. Vocês que me ensinam tudo da vida, a me defender e correr atrás dos sonhos. Obrigada por todas as aventuras que passamos e por virmos parar em Salvador. Agradeço aos meus irmãos, Cristopher, Tis e Exequiel por serem tão cuidadosos e me ensinar que a distância solidifica e não segrega. Ao meu Tio David por continuamente apoiar meu pai, à tia amiga Cris por nos presentear com o príncipe Jonatan. Aos meus anjos de luz, avós Clarice, Arlindo e Clemencia, por toda sabedoria e orações. Às tias conselheiras Jennifer e Jessica, ao tio Carlos, Marcelo e Terezinha. E claro aos primos Márcio, Marlon, Junior, Samantha, Daniel, Alex, Carlitos e Tiago, sem vocês nada teria graça. Aos amigos/irmãos Line, Kel, Léo e Dé pela certeza do apoio de vocês. E por fim ao meu amor André, por segurar na minha mão e querer que eu cresça muito na vida. Juntos vamos seguir, com nossos pensamentos fazemos o nosso mundo. Ao maior de todos os sentimentos, ao amor.
FONTE: Carybe, 2009.
Figura 2: Figura humana.
Figura 3: Croqui Plataforma. FONTE: Lissonger, 2016.
RESUMO
ABSTRACT
KIRKWOOD, Alejandra de Oliveira. Centro de beneficiamento e apoio às atividades de pesca. 93 f. il. 2016. Trabalho final de graduação – Arquitetura e Urbanismo, União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura, Lauro de Freitas/BA, 2016.
KIRKWOOD, Alejandra de Oliveira. Processing center and support for fishing activities. 93 pp. ill. 2016. Final work degree – Arquitetura e Urbanismo, União Metropolitana para o Desenvolvimento da Ed. e Cultura, Lauro de Freitas/BA, 2016.
Este trabalho tem como finalidade apresentar o projeto de
This project aims to present an intervention project on an
intervenção em um edifício sem uso, a antiga Fábrica de Tecidos São
abandoned building, the old Textile Factory São Braz, as the final
Braz, como trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e
project of the undergraduate course of Architecture and Urbanism
Urbanismo da Faculdade Unime no ano de 2016. O projeto tem como
of the Unime college on the year 2016. The project's implantation
local de implantação o bairro de Plataforma, em Salvador, na Bahia.
site is the Platform neighborhood in Salvador, Bahia. The goal is
Tem intuito de promover capacitação profissional voltada para a área
to promote professional training geared toward the fishing area,
de pesca, bem como incentivar o sistema de economia local,
as well as recovery of the local economy system, proposing that
propondo que os moradores e profissionais da área de pesca,
residents and fishing professionals could learn the profession in
mariscagem e comércio de tais produtos possam aprender e
an educational environment and suitable production by shellfish
vivenciar a profissão em um espaço de ensino e produção
and trade of such products. The choice of subject was achieved by
adequados. A escolha do tema se deu através de análises do edifício
analysing the building as the fundamental object in the
como objeto fundamental na relação de memória da população e
relationship between the population’s memory, and how is
responsável pela caracterização do lugar. O projeto pretende
characterized the space occupied by the ruins. The project aims to
oferecer apoio, conforto e qualidade aos profissionais da atividade
offer support, comfort and quality professionals, the product to
pesqueira, qualidade ao produto a ser estocado e comercializado,
be stored and sold, as well as the local and tourist public with the
bem como ao público local e turístico com a inserção de um mercado
insertion of a fish market, modal modernization of railway,
do peixe, modernização do modal de transporte ferroviário,
waterway, and road access.
aquaviário e rodoviário.
Palavras-chave: ruína; intervenção; pesca; mariscagem; transporte
Keywords: ruins ; intervention; fishing ; shellfish ; rail ; water
ferroviário; transporte aquaviário; transporte rodoviário;
transportation; road transport;
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Figura humana de Carybé
02
Figura 2 Figura humana
05
Figura 3 Croqui Plataforma
06
Figura 33 Paróquia São Braz
37
Figura 4 Croqui pescador
09
Figura 34 Colégio Úrsula Martins Catharino
38
Figura 5 Figura humana
17
Figura 35 Entulho e lixo espalhados na Rua da Bela Vista
38
Figura 6 Fachada leste Fatbraz
21
Figura 36 Ausência de sarjeta e boca de lobo para canalizar a água
38
Figura 7 Detalhe da fachada leste Fatbraz, 2016
22
Figura 37 Ausência de barreira física entre a linha férrea e a via
38
Figura 8 Vandalismo na fachada leste Fatbraz, 2016
24
Figura 9 Mapa indicando a localização da cidade de Salvador
29
Figura 38 Calçadas irregulares
40
Figura 10 Mapa indicando a localização da poligonal de estudo
29
Figura 39 Mapa de macrozoneamento da área
40
Figura 11 Mapa indicando a localização do bairro de Plataforma
29
Figura 40 Mapa de zoneamento da área
40
Figura 12 Indicação gráfica do terreno a ser realizado o projeto
29
Figura 41 Mapa do sistema de áreas de valor ambiental e cultural
41
Figura 13 Mapa indicando o limite de borda marítima
30
Figura 42 Figura da canoa
43
Figura 43 Análise dos equipamentos de porte.
44
30
Figura 44 Análise da mobilidade urbana em Plataforma
45
Figura 15 Mapa indicando eixos de modais de transporte
31
Figura 45 Mapa de cadastro do uso do solo
46
Figura 16 Acessos ao terreno
31
Figura 46 Pescadores
49
Figura 17 Rua Almeida Brandão
31
Figura 47 Mapeamento de locais de apoio a atividades pesqueiras
50
Figura 18 Rua Úrsula Catharino
31
Figura 48 Mapeamento de locais de apoio às atividades pesqueiras
53
Figura 19 Linha férrea
32
Figura 49 Catadora de marisco
54
Figura 20 Expansão urbana do bairro de Plataforma 2003
32
Figura 50 Catadora de marisco
57
Figura 21 Expansão urbana do bairro de Plataforma 2007
32
Figura 51 Figura humana
58
Figura 22 Expansão urbana do bairro de Plataforma 2012
32
Figura 52 Figura humana
61
Figura 23 Expansão urbana do bairro de Plataforma 2015
33
Figura 53 Fachada leste da Fábrica de Tecidos São Braz.
61
Figura 24 Análise do sistema viário.
33
Figura 54 Antiga Fábrica de Gases Industriais Agroprotetoras
61
Figura 25 Análise de manchas de ocupação
34
Figura 55 Croqui da R. Úrsula Catharino para as duas fábricas
62
Figura 26 Análise da topografia
34
Figura 56 Planta de situação e cadastro das ruínas a intervir.
63
Figura 27 Análise de ventilação e ensolejamento
35
Figura 57 Vista 1 fachada leste da ruína.
63
Figura 28 Mapa de cadastro de gabarito de altura
36
Figura 58 Vista 2 parede interna
63
Figura 29 Vista da Rua Úrsula Catharino
36
Figura 59 Vista 3 parede interna
63
Figura 30 Casa da antiga vila operária
36
Figura 60 Vista 4 parede interna
63
Figura 31 Croqui de residências na Rua dos Tecelões
36
Figura 61 À esquerda, vista das ruinas das fábricas desde a baía
64
Figura 14 Mapa indicando o eixo de mobilidade do centro para o 30 subúrbio
Figura 32 Fim de linha de Plataforma, rua João da Cruz, à esquerda Colégio Estadual
37 37
local
Figura 62 Vista 5 parede interna
64
Figura 90 -
88
Figura 63 Vista 6
64
Figura 91 Análise eixos de comunicação e fluxos
88
Figura 64 Vista 7 parede interna
64
Figura 92 Planta da intervenção nos galpões e engenho
88
Figura 65 Vista 8 parede interna
64
Figura 93 Planta da intervenção nos galpões e engenho
91
Figura 66 Vista 9 parede interna
64
Figura 94 Proposta para implantação do parque Beira Rio
91
Figura 67 Planta baixa ruína Fatbraz
64
Figura 95 Marquise que marca um dos eixos do projeto e
91
Figura 68 Vista 10 parede interna
65
Figura 69 Vista 11 parede interna
65
Figura 70 Vista 12 parede interna
65
Figura 71 Vista 13 parede interna
65
Figura 72 Vista 14 parede interna
65
Figura 74 Planta baixa ruína Fagip Figura 75 Planta baixa ruína Fatbrás Figura 76 Vista 1 Fatbrás Figura 77 Vista 2 Fatbrás. Figura 78 Vista 3 Fatbrás Figura 79 Vista 4 Fatbrás Figura 80 Vista 5 Fatbrás Figura 81 Vista 6 Fatbrás Figura 82 Prancha do concurso Nac. de Arq. e Urb. para o Sub. Ferroviário Figura 82 Proposta atualização no modelo de transporte ferroviário Figura 83 Prancha do concurso Nac. de Arq. e Urb Fatbrás Figura 84 Proposta para orla de Plataforma Figura 85 Baianas no dia de Senhor do Bonfim Figura 86 Figura 87 Figura 88 Figura 89 Figura 90 -
Figura 96 Intervenção realizada no conjunto KKKK.
91
Figura 4: Figura humana pescadores.
Figura 73 Planta baixa ruína Fagip
conecta os edifícios
65 66 66 67 67 67 67 67 66 70 70 71 72 75 77 80 83 84 87 87 87 FONTE: Lissonger, 2009.
Figura 97 Vista 3 – vista do bloco esportivo com o grande “deck- 93
Figura 125 Render interno Fagip, vista 1
108
solarium”
Figura 126 Hall de entrada Fundação Querini Stampalia
109 109
Figura 98 Análise eixos de comunicação e fluxos
93
Figura 127 Conjunto KKKK., marquise que marca um dos eixos
Figura 99 Planta baixa do conjunto
94
do projeto e conecta os edifícios
Figura 100 Vista 1 - acesso principal
94
Figura 128 - Projeto marquise
110
Figura 101 Vista 2 - espaço de estar, a grande lareira
97
Figura 129 - Galeria Carlo Scarpa
111
Figura 102 Foto de Carlo Scarpa
97
Figura 130 - Exposição Desenho e cidade
112
Figura 103 Hall de entrada Fundação Querini Stampalia
97
Figura 131 - Análise de fluxogramas
112
Figura 104 Foto de Lina Bo Bardi
98
Figura 132 - Análises de cubagem
112
Figura 105 Vista da exposição com produtos industrializados e
98
Figura 133 - Cubagem do programa
113
Figura 134 - Maquete do programa
115
116
objetos artesanais Figura 106 Cubagem do programa de necessidades
98
Figura 135 Análise da estética da laje nervurada, relação com a
Figura 107 Maquete de estudo do programa
99
preexistência
Figura 108 Estudo 1 de fluxograma
99
Figura 136 Análise da laje nervurada aparente com a
Figura 109 Estudo 2 de fluxograma
100
preexistência
Figura 110 Estudo 2.1 de fluxograma
100
Figura 137 Projeto “Lendo nas entrelinhas”
117
Figura 111 Infraestrutura das águas para abastecimento da
101
Figura 138 Placas de aço
117
Figura 139 Projeto “Lendo nas entrelinhas”
117
cooperativa
116
Figura 112 Estudo para novo atracadouro / embarcadouro
101
Figura 140 - Foto do projeto lendo nas entrelinhas
118
Figura 113 Estudo para percepção da espacialidade interna,
102
Figura 141 Render da vista 3
119
Figura 142 Render da vista 4
120
luminosidade natural e conexão superior Figura 114 Estudo para estação intermodal
102
Figura 143 Espelho d’água do Sesc Pompeia
120
Figura 115 - RN 0.00
103
Figura 144 Espelho d’água do Sesc Pompeia
120
Figura 116 - RN +2.00
103
Figura 145 - Render da vita 4
121
Figura 117 - RN + 4.00
104
Figura 146 Render da vista 5
122
Figura 118 - RN +8.00
105
Figura 147 - Render da vista 6
123
Figura 119 - Mezanino
105
Figura 148 Render da vista para a feira
124
Figura 120 - Render externo Fagip
107
Figura 149 - Rn +2.00 setorizado
124
Figura 121 - Render interno Fagip
108
Figura 150 - Render da capela
125
Figura 122 - Render externo Fatbrás
109
Figura 151 - Render da capela
126
Figura 123 - Render interno Fatbrás
109
Figura 152 - Render da vista 5
127
Figura 124 - Render geral
110
Figura 153 - Render externo
128
Figura 155 - Render da vista 7
111
Figura 154 Render da vista 6
129
Figura 156 - Render da vista 8
LISTA DE TABELAS Tabela 1 Anรกlise da infraestrutura urbana do bairro de
36
Plataforma Tabela 2 Anรกlise da projeto referencial Conjunto kkkk
56
Tabela 3 Anรกlise do projeto referencial Sesc Pompeia
58
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UNIME
União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura
FATBRAZ
Fabrica de Tecidos São Braz
FAGIP
Fábrica de Gases Industriais Agroprotetoras
PDDU
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
SAVAM
Sistema de Áreas de Valor Ambiental
APRN
Área de Proteção de Recursos Naturais
VLT
Veículo leve sobre trilhos
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
KKKK
Kagai Kogyo Kabushiki Kaisha
LOUOS
Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo
SUMÁRIO PARA TODOS
1 DE ONDE VENS
15
19
1.1 RECONHECIMENTO E VALOR DA INTERVENÇÃO
22
1.2 ESPECIFICIDADE
22
1.3 A INDÚSTRIA NA BAHIA
23
1.4 A FÁBRICA DE PLATAFORMA
24
1.5 COMO INTERVIR?
25
4 PRA QUEM VEM PRA BEIRA DO MAR
51
4.1 OBJETIVO GERAL
53
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
53
5 DESAFIO
55
6 EU CHEGUEI LÁ
59
6.1 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA
61
6.2 PLANTA DE SITUAÇÃO
62
28
6.3 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
63
2.1 ANÁLISE MACRO DO LUGAR
29
6.4 MAPA DE DANOS
66
2.2 ESCOLHA DO TERRENO
30
6.5 PROPOSTAS EXISTENTES PARA ÁREA
70
2.3 SITUAÇÃO
31
2.4 EXPANSÃO URBANA
31
2.5 TIPOLOGIA URBANÍSTICA
33
7.1 PRÉ PROGRAMA E PRÉ DIMENSIONAMENTO
75
2.6 TOPOGRAGIA
34
7.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES
77
2.7 ESTUDOS CLIMÁTICOS
34
2.8 GABARITO DE ALTURA
35
2.9 TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA
36
2.10 SITUAÇÃO INFRAESTRUTURAL
38
2.11 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA
40
9.1 PROJETOS REFERENCIAIS
87
2.12 EQUIPAMENTOS DE PORTE
43
9.1.1 Conjunto kkkk
87
2.13 MOBILIDADE URBANA
44
9.1.2 Sesc Pompeia
90
2.14 USO DO SOLO
45
2 VOCÊ JÁ FOI A BAHIA?
7 PESCARIA
8 HISTÓRIA PRO SINHOZINHO
81
9 O BEM DO MAR
85
9.2 ARQUITETOS REFERENCIAIS 9.2.1 Fundação Querini-Stampalia
3 VERSOS ESCRITOS N’ÁGUA 3.1 ESTUDO DA DEMANDA
47 49
73
93 94
9.2.2 Desenho do Brasil: história e realidade 94
10 CAMINHOS DO MAR 10.1 CUBAGEM DO PROGRAMA
95 97
10.2 ESTUDOS DE FUNCIONOGRAMA E FLUXOS 98 10.3 FLUXOGRAMA INFRAESTRUTURAL
99
10.4 EVOLUÇÃO DO PARTIDO
101
10.5 SITUAÇÃO GERAL
104
11 FAGIP
105
RN 0.00 – ZONEAMENTO
107
11.1 REFERÊNCIA PROJETUAL
109
RN +4.00 – ZONEAMENTO
110
RN 0.00 – FLUXORAMA
111
CORTES E FACHADA
112
12 FATBRÁS
113
RN +2.00 – ZONEAMENTO
115
12.1 ENSAIOS GRÁFICOS
116
12.2 REFERÊNCIA PROJETUAL
117
RN +2.00 – ÂNGULO IMAGEM 3 E 4
118
12.3 REFERÊNCIA PROJETUAL
120
RN +5.00 – DEPÓSITO BOXES
122
RN 0.00 – ÂNGULO IMAGEM 7
124
RN +2.00 – FLUXOGRAMA
127
RN +8.00 – ZONEAMENTO
128
12.4 REFERÊNCIA PROJETUAL
130
RN +8.00 – FLUXOGRAMA
131
CORTE E FACHADA FATBRÁS
132
12.5 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
133
13 REFERÊNCIAS
136
PARA TODOS
INTRODUÇÃO As ruínas despertam emoções, vinculadas diretamente com a
ou seja, faz parte de um processo que está igualmente no
história e memória das comunidades que residem no seu entorno. É
presente. Assim sendo, voltamos à relação da ruína como
a manifestação do tempo nos vestígios de uma obra. A imagem do
instrumento de origem de uma cultura e seus reflexos na
edifício muda e reflete suas transformações, seu envelhecimento.
contemporaneidade, percebendo o quão se entrelaça com o
Aprofundando o estudo sobre a ruína e seus conceitos foi verificado,
presente e o passado de uma ruína.
pela etimologia da palavra, que no latim “ruína” significa
“desmoronamento; ato ou efeito de ruir, restos de construções
Partindo da análise dos fragmentos de uma obra, o presente
desmoronados, perda de bens materiais, decadência, queda.”
trabalho será desenvolvido em uma ruína, com proposta de
(FERREIRA, 2009, p. 1780) Todos esses pedaços arruinados fazem
intervenção que busque compreender o espaço ocupado.
parte da história de uma sociedade. Na visão de Pontes (2010), essas histórias são refletidas no desenvolvimento cultural da cidade.
A ruína em estudo se localiza em Salvador, subúrbio ferroviário e
Entender os fragmentos da ruína e sua relação com as memórias é
faz parte de um conjunto de prédios do antigo complexo
fundamental para a configuração espacial do lugar.
industrial, que atualmente se encontra degradado.
Partimos da indagação de como o presente lida com o passado e,
A relação do presente com o passado ainda existe na ruína. Os
para entender essa relação é necessário abranger o que a ruína
moradores relatam que a fábrica faz parte da própria construção
transmite. Deste modo, a memória do que foi a ruina será sempre
da sua memória. Essa percepção abrange diferentes grupos de
associada a um momento cultural, a relação do que foi deixado para
pessoas, com idades variáveis como o caso das recordações de
trás e a sua valorização perante àquela sociedade. Conforme
vida do antigo funcionário da fábrica, Bartolomeu, 77, ao lembrar
indicado por HUYSSEN (2004):
da “feira que acontecia toda sexta e sábado do lado da fábrica e dava apoio para todos os funcionários que moravam de aluguel
(...) Tempo e espaço, como categorias fundamentalmente contingentes de percepção historicamente enraizadas, estão sempre intimamente ligadas entre si de maneira complexas, e a intensidade dos desbordantes discursos de memória, que caracteriza grande parte da cultura contemporânea em diversas partes do mundo de hoje. (HUYSSEN 2004, p.10)
na vila operária”, destaca também que “dos 320 funcionários 160 eram fiandeiros. ” (BARTOLOMEU, 2016)
A ruína faz parte do processo de solidificação e expansão urbana do bairro, consolidando a ocupação deste eixo norte da cidade.
Do latim, memória é definida como retenção de ideias, impressões e conhecimentos adquiridos (FERREIRA, 2010, p. 498). Portanto, a memória está associada ao tempo de experiência vivido na cultura, 17
Em uma análise macro urbana, entende-se que as demais comunidades do subúrbio não se relacionam com Plataforma por causa da sua topografia bastante acidentada. O centro do bairro se concentra em uma das partes mais elevadas da falha geológica. Porém é notório que o fluxo de transporte público ocorre pela Avenida Suburbana, e que a topografia dificulta a passagem de ônibus para o interior do bairro.
Existe um fluxo natural de trens e barcos, em função disso é realizado um estudo na escala macro urbana possibilitando as conexões entre os diversos modais, como o morador será favorecido economicamente
com essas ligações.
É evidente que para se gerar economia para o lugar é necessário gerar emprego e o intuito de se intervir no fragmento edificado dessa população de Plataforma é em oferecer serviços essenciais para capacitar urbana, política e economicamente essa população. Nesse
Figura 5: Figura humana.
sentindo, o projeto de intervenção será realizado no ano de 2016.
FONTE: Barreto, 2009.
18
1 DE ONDE VENS
Figura 6: Fachada leste Fatbraz. FONTE: acervo pessoal, 2016.
OBJETO - Intervenção em edifício sem uso
1.1 RECONHECIMENTO E VALOR DA INTERVENÇÃO Para entender as necessidades das ruínas é indispensável abranger
para o desenvolvimento das cidades, agregando pessoas e dando
os processos de intervenção que ocorreram ou podem ocorrer nas
origem a bairros.
mesmas. Logo, intervir tem como significado tomar parte voluntariamente, meter-se de permeio (FERREIRA, 2009, p. 1122). A grande necessidade de se intervir em um edifício arruinado se dá
Os empreendimentos fabris foram os principais agentes produtores de moradia proletária na cidade no final do século XIX e início do XX. Todas as indústrias têxteis investiram, direta ou indiretamente, na construção de habitações para seus empregados(...) (CARDOSO, 2011, s/p)
na relação de situar a obra no seu tempo histórico, possibilitando a leitura para gerações futuras. A importância de sua autenticidade mostra que os dois tempos, passado e presente, trabalham
As habitações operárias necessariamente eram próximas aos locais de trabalho. As áreas se adensavam e transformavam.
mutuamente. Garantir a integridade física da ruína é respeitar seu significado cultural e histórico.
1.2 ESPECIFICIDADE O processo de industrialização no Brasil e a arquitetura de caráter
Devido a Revolução Industrial, os edifícios fabris passaram a ser reproduzidos em grande escala fazendo uso das estruturas metálicas. A funcionalidade dessas fábricas influenciava na dinâmica e economia onde estivessem inseridas.
industrial que se materializou no final do século XIX foi a resposta dada pelo país ao momento que passava por uma importante transição. As indústrias desempenharam um papel imprescindível
A Carta de Nizhny Tagil, redigida em 2003, define um conceito de patrimônio industrial e identifica seus valores para justificar a preservação desse patrimônio (In. KHUL 2011, p. 51):
Figura 7: Detalhe da fachada leste Fatbraz, 2016.
FONTE: acervo pessoal, 2016.
22
O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou cientifico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fabricas, minas e locais de tratamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações. (apud. KHUL 2011, p. 51)
Dentre os valores de patrimônio industrial está a representatividade das atividades desenvolvidas que tiveram consequências históricas; o sentimento de identidade e a influência na sociedade; valor
“ (...) na decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano, reorganizavam-se as estruturas familiares, econômicas e culturais de Salvador (...) A cidade se metamorfoseou. Surgiram indústrias e o comércio cresceu largamente (...). ”
Alguns bairros de Salvador apresentaram focos de indústria, tanto no Comércio e Plataforma, quanto na Península de Itapagipe. As ocupações nos arredores das fábricas foram se tornando cada vez mais adensadas, concentrando residências e vilas operárias.
estético pela qualidade da arquitetura ou concepção; valor científico e tecnológico na história da indústria, engenharia e construção; os sítios industriais que são essenciais, assim como seus elementos construtivos e estruturas, para os registros na memória dos homens e suas tradições; a raridade, por particulares métodos de produção, tipologias, sítios e paisagens.
Meados do século XX, os interesses econômicos mudaram de rumo saindo da cidade e se expandindo para região metropolitana, no Centro Industrial de Aratú, resultando na desativação de grande parte das fábricas, caminhando para o fim da história da industrialização na cidade. Os ex operários que vivem nas antigas vilas convivem com os pedaços arruinados e resquícios da obra.
1.3 A INDÚSTRIA NA BAHIA As indústrias desempenharam um papel imprescindível para o desenvolvimento das cidades, tal como para Salvador, conforme indicado por CARDOSO (2011, s/p)
23
1.4 A FÁBRICA DE PLATAFORMA Figura 8: Vandalismo na fachada leste Fatbraz, 2016.
Inaugurada em 1875, a Fábrica Têxtil São Braz transformou a antiga fazenda Brandão em um bairro operário.
Segundo CASTORE (2016), em 1891 foi incorporada à Companhia Progresso Industrial, sobrevivendo a crise que ocorreu no setor têxtil na Bahia a partir da primeira década do século XX. Após a Segunda Guerra mundial, os preços de produtos têxteis caíram. A manutenção dos maquinários influenciou fortemente na decisão da desativação da Fábrica que ocorreu em 1959. Porém, em 1961, parte da fábrica foi
reativada juntamente com a nova tecnologia dos equipamentos, a fábrica precisou de menos operários para garantir seu funcionamento. Apesar da modernização, a FATBRAZ não conseguiu se manter e torna a fechar as portas.
Nos anos de 1970 a Companhia União Fabril e Progresso Industrial concentrou suas oito fábricas em uma, a FAGIP S/A, Fábrica de Gazes Agro Protetoras. Ela incorporou a Fatbraz em 1975 ocupando o edifício mais próximo ao mar, produzindo 12 toneladas de fio algodão por mês. Não vingando, essa unidade foi desativada na década de 1980 e o edifício iniciou o estado de degradação.
Hoje só restam os escombros da fachada principal e muros
perimetrais de todos os 40 mil metros quadrados de área. A ruina neoclássica apresenta valores arquitetônicos para sua preservação.
FONTE: acervo pessoal, 2016.
24
1.5. COMO INTERVIR? Os processos de interferência que podem ocorrer em uma ruína devem ser compreendidos e relacionados às necessidades que a obra apresenta, do tempo que passou até o momento presente. Portanto intervir significa tomar parte voluntariamente, meter-se de permeio (FERREIRA, 2009, p. 1122) e embasado nessa etimologia, juntamente com as teorias do restauro, foi observado por Carlo Carena “(...) as ruínas podem, na maior parte dos casos, desempenhar seu próprio papel graças à imaginação que vê nelas um signo de acontecimentos do passado, investindo-as assim de valores particulares (...) Enquanto restauro se refere a uma restituição autêntica, e de uma parte do real, cuja proprietária coletiva é a comunidade(...)” (1984, p. 129. apud. www.scielo.br, 2016)
Proporcionar um uso à ruína exige a análise do cotidiano das pessoas que pertencem àquele lugar, não é apenas dar uma nova vida, é entender a dinâmica social e quais os reflexos econômicos, sociais e culturais irão se rebater na população local. As teorias da restauração passaram a existir apresentando métodos de como intervir em uma ruína, ou simplesmente não intervir, apenas conservá-la. Para John Ruskin, o edifício pode evocar ao passado de uma forma mais verdadeira que a própria história e devem ser mantidas suas degradações junto com construções novas para marcar a passagem do tempo, pois em seu ponto de vista, restaurar o edifício é como falsificá-lo e desrespeitar a pátina existente. “(...) não nos deixemos enganar nesse assunto tão importante; é impossível, tão impossível quanto ressuscitar aos mortos, restaurar qualquer coisa que tenha sido 25
grande ou bela em arquitetura (...)” (RUSKIN, 1989, p.194-195). O
No entanto, o teórico que mais questiona o processo de
respeito à historicidade é muito forte na teoria de Ruskin, evitar que o
restauração é Cesare Brandi, pois traz uma abordagem
edifício entre em colapso é seu principal axioma. Uma vez que o
fundamental do conceito que antecede a ação de intervir.
edifício tenha entrado no estado de arruinamento, em ruína ele deve
“ Em geral, entende-se por restauração qualquer intervenção
se manter, respeitando sua temporalidade e mantendo-o em estado
voltada a dar novamente eficiência a um produto da atividade
de conservação.
humana.” (BRANDI, 2005, p.25). Para Brandi, a restauração é um momento metodológico do reconhecimento da obra de arte na
De outro lado, temos o teórico Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc, o qual
sua consistência física e na sua dupla polaridade estética e
fundamenta sua teoria em dois princípios: quando parte do edifício
histórica. Portanto, só se restaura obra de arte que apresente
por sua deterioração coloca em risco todo o conjunto; quando existe
unidade potencial, ou seja, que consiga ser lida e compreendida
uma lacuna, ou seja, partes faltantes que devem ser completadas.
mesmo não estando íntegra. Vale ressaltar que essa restauração
Para Viollet, “restaurar o edifício não é conservá-lo, repará-lo ou
não deve sacrificar a veracidade do monumento.
refazê-lo. É restituí-lo a um estado de inteireza que pode jamais ter existido em um dado momento” (VIOLLET-LE-DUC 2000, p. 29). Devem
Nesse sentido, a linha de desenvolvimento de projeto será
ser desenvolvidas ações para conservar e manter a leitura em sua
ancorada na teoria Brandiana, foi compreendido que para esse
inteireza. Para intervir é necessário penetrar no estilo próprio de
teórico a restauração está associada aos valores do presente. O
cada monumento, entender a obra e as leis racionais que iriam
ato da restauração é responsável pelos valores que a obra
completar o edifício.
retrata e que irá deixar para as gerações seguintes.
Na Itália do séc. XIX, a ruína passa a ser um elemento de classificação e normatização com os princípios de Gustavo Giovannoni, arquiteto que trabalha com o passado sobre bases científicas comprovadas. Para ele, restaurar “(...)se trata não de criar e desenvolver, mas de conservar restos antigos, valorizando os velhos elementos. ” (RUFINONI, 2013) É necessário classificar a preservação quanto a
origem e quanto a importância e caráter, posteriormente para a execução da intervenção é feita uma classificação desses tipos de intervenções: consolidamento, recomposição, liberação, complemento ou inovação. 26
2 VOCÊ JÁ FOI À BAHIA?
2.1 ANÁLISE MACRO DO LUGAR Figura 9: Mapa indicando a localização da cidade de Salvador.
O projeto será desenvolvido no território brasileiro, estado da Bahia, na capital Salvador. A área estudada está localizada à Oeste da cidade, na latitude 12º54’08.46”S e longitude 38º29’23.91”O, a
BAHIA
aproximadamente 16km da Rodoviária, 30,9km do Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, a 12,3km do Porto de Salvador. A área é banhada pela Baía de Itapagipe e está localizada no Subúrbio Ferroviário, no bairro de Plataforma. (FISCHER; PINHO, 2010) FONTE: Google Maps, 2016.
O município limítrofe a leste é Lauro de Freitas e está localizado à
Figura 10: Mapa indicando a localização da poligonal de estudo.
cerca de 29km de distância do mesmo, à 33km nordeste o município limite é o de Simões Filho que sedia o Centro Industrial de Aratú, tendo a saída da cidade pela BR 324 distando aproximadamente 26 km da área de pesquisa ou pela BA 099 à cerca de 32km seguindo na direção leste. SALVADOR
FONTE: Google Maps, 2016. Figura 11: Mapa indicando a localização do bairro de Plataforma.
PLATAFORMA
Figura 12: Indicação gráfica do terreno a ser realizado o projeto.
FONTE: acervo próprio, 2016.
FONTE: Google Maps, 2016.
29
2.2 ESCOLHA DO TERRENO Após a decisão de se intervir em um edifício arruinado de forma a restaurá-lo, foi feita uma análise das áreas em que a relação ruina – memória – valor estivesse fortemente conectada. VALOR HISTÓRICO
Figura 13: Mapa indicando o limite de borda marítima.
A restauração reforça o ato de reconhecer o valor histórico dos vestígios de uma obra, em função disso, o primeiro critério adotado
para a escolha do terreno implica na existência da relação direta entre o passado e uma dada cultura. Optou-se pela escolha do terreno um lugar que tivesse contato com a Baía de Todos os Santos e o subúrbio ferroviário. MOBILIDADE
FONTE: Google Maps, 2016. Figura 14: Mapa indicando o eixo de mobilidade do centro para o subúrbio.
O segundo critério para escolha do terreno foi a mobilidade na
região. O subúrbio ferroviário está passando por reformas de melhorias urbanas. Quais as estratégias para integrar os diversos espaços do município, proporcionando acessibilidade às diversas regiões. FONTE: Google Maps, 2016.
MODAIS DE TRANSPORTE
Figura 15: Mapa indicando eixos de modais de transporte.
O terceiro critério para escolha do terreno foi a acessibilidade, houve uma busca pelo lugar que atendesse os três sistemas de transporte público: hidroviário, ferroviário e rodoviário.
FONTE: Google Maps, 2016.
30
2.3 SITUAÇÃO
2.4 EXPANSÃO URBANA
POLIGONAL DO TERRENO
A consolidação do bairro de Plataforma ocorreu com a
O terreno de intervenção encontra-se no bairro de Plataforma, entre
implantação da estrada de ferro Calçada-Paripe, em 1860 a
os bairros Itacaranha, São João do Cabrito, Alto da Terezinha, Rio
expansão urbana rumo ao subúrbio ferroviário é iniciado. Ao
Sena e Pirajá. Possui como principal acesso a Rua Almeida
final do século XIX a fábrica têxtil São Braz atraiu centenas de
Brandão (1), tendo como outro forte eixo de conexão a Rua
trabalhadores que se estabeleceram nos arredores da fábrica
Úrsula Catharino (2) e a linha férrea (3), sendo possível
transformando a área da antiga fazenda Brandão, num bairro
também chegar ao terreno através da travessia marítima Ribeira
operário. (CASTORE, 2016) Apesar da desativação da fábrica em
– Plataforma.
1968, a área do bairro de Plataforma continuou sendo ocupada com a característica de uso residencial unifamiliar e multifamiliar, oriundos das vilas operárias.
Figura 16: Acessos ao terreno.
2 1
3
‘’
FONTE: Google Maps, editado pelo autor, 2016. Figura 18: Rua Úrsula Catharino.
Figura 17: Rua Almeida Brandão. 1
FONTE: acervo próprio, 2016.
Figura 19: Linha férrea. 2
FONTE: acervo próprio, 2016.
3
FONTE: acervo próprio, 2016.
31
Figura 20: Expansão urbana do bairro de Plataforma 2003.
2003 FONTE: Google Maps, 2016. Figura 21: Expansão urbana do bairro de Plataforma 2007.
Os mapas indicam a evolução urbana da região à partir de 2003, é notório que não houveram grandes 2007 FONTE: Google Maps, 2016.
modificações no tecido urbano, porém constatam a
Figura 22: Expansão urbana do bairro de Plataforma 2012.
diminuição da quantidade de áreas verdes, surgindo em
seus
lugares
edificações em sua maioria 2012
de uso residencial.
FONTE: Google Maps, 2016. Figura 23: Expansão urbana do bairro de Plataforma 2015.
2015 FONTE: Google Maps, 2016.
32
2.5 TIPOLOGIA URBANÍSTICA CHEIOS E VAZIOS
De acordo com os estudos da área de pesquisa e como mostram as imagens a seguir, a distribuição espacial das manchas de ocupação se encontram bem concentradas na região Nordeste e Sudeste da área de estudo, formada por quadras de polígonos irregulares. É notório os vazios existentes entre as manchas de ocupação. Em relação a morfologia urbanística da área, ela se desenvolve em
torno da Avenida Úrsula Catharino e a Rua dos Rodoviários, elas são os principais acessos a poligonal de estudo, além da linha férrea, formando um traçado urbanístico em quadras e lotes, onde a morfologia arquitetônica é variada, sendo
Figura 24: Análise do sistema viário. Fonte: Base SICAR 2008. Modificado pelo autor, 2016.
estabelecimentos
comerciais de pequeno porte, residências, na maioria de térreas e em dois pavimentos. As vias locais e coletoras são bastante acentuadas com os declives e aclives, aduzem largura aproximada de 15 metros, possuindo uma faixa de tráfego para cada sentido e passeios muito estreitos. Em relação a acessibilidade da área, notase uma facilidade pelos tipos de modais que mantém uma dinâmica urbana rotineira, porém todos se encontram necessitados de manutenção
Figura 25: Análise de manchas de ocupação. Fonte: Base SICAR 2008. Modificado pelo autor, 2016.
33
2.6 TOPOGRAFIA A análise topográfica do território de vizinhança ocorre em uma
Figura 26: Análise da topografia
escala cromática, em função da diferença de nível. A metodologia elegida para análise segue o desnível a cada 10 metros, devido aos complúvios e displúvios bastante acidentados. A região
Terreno
Falha geológica
CORTE LONGITUDINAL
apresenta aclive no sentido leste, onde se inicia a Escarpa Natural da cidade, tal falha geológica apresenta alturas de aproximadamente 75 metros. O terreno não é tão acidentado, havendo apenas 5 metros de diferença na superfície.
LEGENDA – Topografia do território de vizinhança TERRENO BAÍA 0 – 5 METROS 5 – 15 METROS 15 – 25 METROS
25 – 35 METROS 35 – 45 METROS 45 – 55 METROS 55 – 65 METROS > 65 METROS
2.7 ESTUDOS CLIMÁTICOS Compreender as mudanças climáticas que atuam em uma região é imprescindível para a elaboração de um projeto adequado e melhor
Fonte: Base Sicar 2008, modificado pelo autor.
Figura 27: análise de ventilação e ensolejamento
desenvolvimento das atividades humanas. Conforto e sustentabilidade são um dos critérios fundamentais para definição da tipologia do projeto. Assim, a avaliação climática da cidade de Salvador influenciará diretamente no projeto de intervenção na ruína da Fábrica de São Braz, no bairro de Plataforma. Entende-se que a fachada principal do edifício é banhada pelo poente e não recebe os ventos alísios de Sudeste, predominantes na maior parte do ano, por causa da encosta. Nas estações primavera-verão a influência preponderante são de ventos Nordeste e Leste, devido aos 75 metros de
desnível, a topografia do bairro se torna uma barreira para o conforto
FONTE: Google Maps. Modificado pelo autor.
0
80m
ambiental.
34
0
100m
Figura 28: Mapa de cadastro do gabarito de altura. Fonte: Base SICAR 2008. Modificado pelo autor.
2.8 GABARITO DE ALTURA Poligonal da área de pesquisa O entorno é ocupado apresentando gabaritos de altura de um a dois pavimentos em sua maioria, tornando a escala homogênea. São poucos edifícios com três e quatro pavimentos. E os que existem estão em desconformidade com o permitido segundo a lei do Plano Diretor de
Gabarito de altura das edificações 1 – 2 pavimentos 3 – 4 pavimentos 5 – 7 pavimentos Ruína, 1 – 2 pavimentos
Desenvolvimento Urbano de 2008. A ruína existente no terreno tem gabarito de 10 metros de altura.
35
2.9 TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA
Figura 29: Vista da Rua Úrsula Catharino
As ruas e avenidas principais apresentam construções de fachadas distintas, com características arquitetônicas do período colonial brasileiro. E existe também na grande maioria do bairro, edificações sem estilo arquitetônico definido, feitos pelo proprietário do terreno conforme suas necessidades e condição financeira, sem preocupação com a estética. A predominância na tipologia arquitetônica incide em residências, existem poucos comércios. Inexistem recuos frontais nas edificações.
Os edifícios são homogêneos na quantidade de pavimentos, variam de 1 a 3 andares. As testadas dos lotes são estreitas, de 5 a 10 metros. Os telhados
FONTE: acervo próprio, 2016.
em sua maioria possuem duas a quatro águas, em telha cerâmica ou
Figura 30: Casa da antiga vila operária
fibrocimento. As direções dos telhados são voltadas para as vias, não havendo canalização adequada de águas pluviais. Existem as casas da antiga vila operária no entorno da Fábrica, as quais os telhados são escondidos por platibanda. Os lotes apresentam topografia acentuada e existem grandes
ladeiras em todo bairro.
FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 31: Croqui de residências na Rua dos Tecelões
FONTE: Lissonger, 2016.
36
Figura 32: Fim de linha de Plataforma, rua João da Cruz, à esquerda Colégio Estadual
FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 33: Paróquia São Braz
FONTE: acervo próprio, 2016.
Figura 34: Colégio Úrsula Martins Catharino
FONTE: acervo próprio, 2016.
37
2.10 SITUAÇÃO INFRAESTRUTURAL
Figura 35: Entulho e lixo espalhados na Rua da Bela Vista.
Após visita ao local de estudo, foi verificado que o fluxo de veículos e pedestres não é intenso, portanto não existem com frequência congestionamentos no bairro, apenas na Avenida Afrânio Peixoto, mais conhecida como Suburbana, que é o principal eixo de acesso aos bairros do subúrbio ferroviário. Praticamente não há sinalização
FONTE: acervo próprio, 2016.
vertical e horizontal de trânsito e acessibilidade para portadores de
Figura 36: Ausência de sarjeta e boca de lobo para canalizar a água.
necessidades especiais. As calçadas se encontram totalmente irregulares, em sua maioria não pavimentadas e mal cuidadas, os postes de iluminação pública ocupam boa parte das calçadas estreitas, não restando passagem para o pedestre. As ruas em sua maioria possuem pavimentação asfáltica.
FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 37: Ausência de barreira física entre a linha férrea e a via local.
A maior parte da região possui saneamento básico, energia elétrica e
comunicação, com exceção da ocupação desordenada no miolo do bairro. Diante da visita técnica, foi desenvolvida uma tabela de situação infra estrutural do bairro de Plataforma, onde a classificação “bom” se refere à existência e boa funcionalidade do item, a classificação “regular” se refere à existência do item, porém não funciona com
FONTE: acervo próprio, 2016.
frequência, a classificação “ruim” se refere a situação precária que
Figura 38: Calçadas irregulares.
se encontra o item, e a classificação “inexiste” se refere à ausência do determinado equipamento.
FONTE: acervo próprio, 2016.
35 38
Tabela 1: análise da infraestrutura urbana do bairro de Plataforma.
SITUAÇÃO INFRAESTRUTURAL BOM
REGULAR
RUIM
X
Fluxo de pedestres e veículos
X X
Rampas de acessibilidade Faixa de travessia de pedestre
X X
Sinalização de trânsito Calçadas Rede de energia elétrica Iluminação pública
X X X
Mobiliário urbano Arborização nas vias Drenagem pluvial
INEXISTE
X X
Fonte: acervo próprio, 2016.
39
4.6 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA MACRONOZEAMENTO
Figura 24: mapa de macrozoneamento da área.
O macrozoneamento está inserido no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), que segundo a Lei Nº7400/2008, é o instrumento que define a estruturação do território expressando as condições do desenvolvimento socioeconômico e espacial do Município, dialogando com a política urbana. Ele considera o adensamento populacional e a atividade econômica, estabelecendo uma referência quanto ao uso e ocupação do solo na cidade. FONTE: PDDU, 2008.
A Macroárea de Proteção e Recuperação Ambiental, onde está
Figura 25: mapa de zoneamento da área.
inserido o terreno, refere-se a áreas que a ocupação urbana ocorreu de forma ambientalmente inadequada. Segundo o PDDU (2008), a diretriz para essa região que já se encontra ocupada, consiste na manutenção da densidade populacional e de ocupação do solo, elevação dos padrões de qualidade dos assentamentos precários, de modo a minimizar os impactos negativos decorrentes da ocupação indevida. ZONEAMENTO FONTE: PDDU, 2008.
A divisão do zoneamento de Salvador pretende organizar o
Figura 26: mapa do sistema de áreas de valor ambiental e cultural.
uso e a ocupação do solo visando garantir a predominância do uso residencial e a implementação de usos compatíveis, mantendo as densidades de ocupação e das tipologias habitacionais, a fim de minimizar a miscigenação de usos, reconhecendo a cidade informal e promovendo a inclusão sócio espacial da sua população. Oferecer vantagens locacionais nas áreas que apresentem condições para o adensamento, assegurar a conservação e uso sustentável das áreas integrantes do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural,
FONTE: PDDU, 2008.
40
SAVAM, facilitar a fluidez na malha viária e destinar áreas
reservas para a construção de grandes equipamentos de uso institucional, são fundamentos que estruturam o conceito de zoneamento. A Zona Predominantemente Residencial do tipo 3, a qual o terreno está contido, refere-se a zonas destinadas preferencialmente aos usos uniresidenciais e multiresidenciais, admitindo-se outros usos,
desde que compatíveis com os usos predominantes, atendendo os critérios e restrições estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, garantindo assim a qualidade de moradia, realizando estudos com propostas de solução para os impactos na mobilidade. ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL O Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural, SAVAM, “(...) compreende as áreas do Município do Salvador que contribuem de forma determinante para a qualidade ambiental urbana e para as quais, o Município estabelecerá planos e programas de gestão, ordenamento e controle, visando à proteção ambiental e cultural, de modo a garantir a perenidade dos recursos e atributos existentes. ” (PDDU, 2008) O terreno adotado corresponde ao Trecho 1 da Área de Borda Marítima da Baía de Todos os Santos, que corresponde ao trecho Figura 42: Figura da canoa.
entre o Canal de Cotegipe até a Enseada do Cabrito, estando à beira da Baía de Todos os Santos, constitui uma Área de Preservação Ambiental, APA. Está inserida também em uma Área de Proteção de Recursos Naturais, APRN, “(...)são destinadas à conservação de elementos naturais significativos para o equilíbrio e o conforto ambiental urbano. ”, nas Bacias de Cobre e Paraguari.
FONTE: Barreto, 2009.
41
Terminal marĂtimo
Parque
Feiras
Terminal ferroviĂĄrio
Atracadouro
Igreja
Esporte
2.12 EQUIPAMENTOS DE PORTE O bairro de Plataforma, onde está compreendido o terreno adotado, e os bairros vizinhos, possuem alguns equipamentos públicos e de serviços comuns necessários para a região, nota-se que há carência dos principais equipamentos mantenedores da forma de viver, que são os de saúde, segurança e alimentação. Inexistem postos policiais, há apenas um posto de saúde e uma farmácia. É perceptível a pouca quantidade de escolas e a grande quantidade de igrejas.
A distribuição e distâncias entre esses equipamentos pode ser observada através da cartografia elaborada, com curvas concêntricas, com distâncias entre si de 250 metros, com o centro próximo a poligonal do terreno, deve-se levar em consideração a escarpa natural da cidade, presente em todo trecho leste.
Praça
Ensino
Ruína
Saúde
0
250m
Figura 43: Análise dos equipamentos de porte. FONTE: Google Maps 2016. Modificado pelo autor.
2 1
PONTO DE ÔNIBUS
LINHA FÉRREA
TERMINAL FERROVIÁRIO
LINHA DE TRANSPORTE PÚBLICO
TERMINAL DE ÔNIBUS
TERRENO
Figura 44: Análise da mobilidade urbana em Plataforma. FONTE: Google Maps. Modificado pelo autor. 0
100m
TERMINAL MARÍTIMO
2.13 MOBILIDADE URBANA No entorno do terreno estudado existem três tipos de modais para
Outro modal de conexão à área de estudo é o hidroviário, que
o transporte público, o modal ônibus que tem como primeiro trajeto
há menos de 100m do terreno se encontra o Terminal Marítimo
(1) a Rua Antônio Balbino, que seguindo pela Ursula Catharino
de Plataforma. De acordo com análises e visitas técnicas ao
chegará na Rua Volta do Tanque, onde se encontra um terminal
local, foi observado que a quantidade de pontos de ônibus é
rodoviário. O segundo trajeto (2) rodoviário é de quem vem da Baía
insuficiente para a população, assim como a inexistência de um
de Itapagipe, seguindo pela Rua dos Rodoviários até chegar ao
subsistema de transporte público nas demais vias do bairro.
terminal que se encontra há aproximadamente 400m do terreno, conforme indicado na figura 28.
Não existem semáforos ou faixas de pedestre na poligonal. Necessitam ser inseridas rampas de acessibilidade, faixa de
Existe o modal ferroviário que conecta a Cidade Baixa ao Subúrbio,
pedestre elevada, sinalização horizontal, iluminação pública. Os
forte eixo de ligação na cidade, existindo um terminal há 200m do
passeios são encontrados em todas as vias, porém na maior
terreno.
parte da área estão degradados, irregulares e bem estreitos.
44
0
100m
Figura 45: Mapa de cadastro do uso do solo. Fonte: Base SICAR 2008. Modificado pelo autor.
2.14 USO DO SOLO O cadastro do uso do solo tem por objetivo identificar e analisar os espaços. No entorno do terreno nota-se uma predominância de tipologias de uso habitacional unifamiliar e multifamiliar, não apresentando afastamentos, recuos e conforto ambiental. É notório a presença de escolas de ensino primário, fundamental e médio. Existem locais de apoio aos modais de transporte, porém se encontram degradados. Na região não há muitos espaços de lazer, apenas alguns campos de futebol. Devido à continuidade no uso habitacional, foi detectado que a área carece de comércios e serviços que estejam mais próximos e que atendam às necessidades da população, assim como a inexistência de serviços públicos de saúde.
Uso residencial Unifamiliar Multifamiliar Uso comercial Lojas adversas, galeria comercial ou centro comercial Restaurante, bar Uso serviços cultos religiosos escola privada e pública Uso misto Residencial / lojas Uso esportivo Esportivo Outros usos Lote vago Em ruína Estação ferroviária Estação rodoviária Estação hidroviária Atividade de pesca informal
45
Figura 46: Pescadores FONTE: Carybé e Caymmi, 2009.
46
3 VERSOS ESCRITOS N’ÁGUA
Me. De Deus Simões Filho
Lauro de Freitas
Vera Cruz
Salvador
3.1 ESTUDO DA DEMANDA O público alvo é definido a partir de uma análise econômica local. É evidente que para se gerar economia para o lugar é necessário gerar emprego e o intuito de se intervir no edifício em ruína no bairro de Plataforma é em oferecer serviços essenciais para capacitar urbana, política e economicamente essa população.
0
5 km Foi constatado que essa população vive da pesca artesanal e
Figura 47: Mapeamento de locais de apoio a atividades pesqueiras FONTE: google maps, editado pela autora, 2016.
industrial, portanto, o público alvo são os pescadores e catadores de marisco.
Atracadouros;
Marinas;
Terminais hidroviários;
Estaleiros (embarcações esportivas e de lazer);
Clubes;
Colônias de pesca.
Outros equipamentos institucionais;
Porto de passageiros;
49
Figura 6: Mapeamento de locais de apoio às atividades pesqueiras. FONTE: google maps, editado pela autora, 2016.
Para capacitar esses profissionais e com o objetivo de aprimorar os
importância dessa atividade pesqueira na Baía de Todos os Santos e
serviços de pescaria para o profissional assim como para o usuário
na cidade de Salvador e sua representatividade enquanto obra
desse produto, será proposto e projetado um curso técnico em
arquitetônica na cidade.
aquicultura. Para que haja rotatividade em uma escala macro, um Mercado do Peixe irá caracterizar a comercialização desse produto, As figuras X e X mapeiam os lugares em Salvador e na Baía de Todos tornando-se também um polo atrativo de turistas ao compreender a
os Santos que dispõem de recursos de apoio às atividades de pesca.
Atracadouros;
Marinas;
Terminais hidroviários;
Estaleiros (embarcações esportivas e de lazer);
Clubes;
Colônias de pesca.
Outros equipamentos institucionais;
Porto de passageiros;
50
4 QUEM VEM PRA BEIRA DO MAR
4.1 OBJETIVO GERAL Desenvolver um projeto arquitetônico de um centro cooperativo de beneficiamento e atividades afins (modais, feira popular, escola
profissionalizante, convívio social e espiritual comunitário) em patrimônio industrial edificado arruinado.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Dar um uso, uma função à antiga Fat Braz e Fagip.
• Promover espaços de apoio às atividades de pesca e mariscagem. • Promover um novo espaço de ensino profissional e empreendedorismo para o bairro de plataforma. • Projetar espaço que propicie o reconhecimento do bairro de plataforma como referência cultural. • Desenvolver um projeto arquitetônico que respeite a leitura da ruína e paisagem. • Indicar uma modernização no sistema ferroviário para o subúrbio. • Propor a integração entre sistemas modais existentes na região, aquaviário, ferroviário e rodoviário. • Projetar centro de atividades profissionalizantes. • Projetar espaços para atividades de lazer.
• Projetar novas construções de linguagem contemporânea para a reconstituição volumétrica do complexo industrial.
Figura 49: Catadora de marisco. FONTE: mauricioacioli.blogspot.com.br, 2011.
53
Figura 50: Catadora de marisco. FONTE: mauricioacioli.blogspot.com.br, 2011.
54
5 DESAFIO
PROBLEMÁTICAS COMPLEXO INDUSTRIAL
RECURSOS PESQUEIROS
1. De que forma valorizar o patrimônio industrial?
1. Devido a existência de um atracadouro, como será o acesso e
2. Como restaurar a ruína relacionando o “novo” com o “antigo”?
adaptação das pequenas embarcações?
3. O complexo está localizado às margens da escarpa natural da
2. Em função da variação do nível d’água, como será o sistema
cidade, como resolver questões relacionadas ao conforto
de amarração e tração para deslocamentos das
ambiental?
embarcações?
4. Como integrar os distintos modais de transporte? 5. A obra está localizada em uma via estreita, como resolver os acessos?
3. Devido as condições de trabalho que os pescadores enfrentam, como promover espaços que tratem da saúde dos mesmos?
6. O complexo é seccionado pela linha férrea, como resolver a integração entre os edifícios?
PROFISSIONALIZANTE
7. Como intervir no edifício sem interferir na leitura da ruína e paisagem? 8. Como projetar edificações de linguagem contemporânea para a reconstituição volumétrica do complexo industrial?
1. Visando o desenvolvimento das atividades pesqueiras, como projetar espaços necessários para dar suporte a essas atividades?
9. Visando estimular uma dinâmica local, como projetar um espaço que seja economicamente sustentável?
Figura 51: Figura humana.
10. Como adaptar os edifícios arruinados ao programa necessário?
FONTE: Barreto, 2009.
57
Figura 52: Figura humana. FONTE: Barreto, 2009.
6 EU CHEGUEI LÁ
6.1 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA que divide a fábrica em duas partes. O desenvolvimento do projeto ocorrerá no terreno onde encontra-se a antiga Fábrica de Tecidos São Baz. A construção do final do sec. XIX, em estilo neoclássico, ocupa uma área de aproximadamente 16 mil metros quadrados. Desenvolvendose sobre superfície plana, está implantado com a fachada leste
O prédio arruinado mais próximo da praia pertence à rede Fagip - Fábrica de Gases Industriais Agroprotetoras – e também será incorporado ao projeto, ocupa uma área de aproximadamente 1300 metros quadrados.
voltada para o mar. A construção faz limite com a linha férrea
FONTE: acervo próprio, 2016.
Figura 54: Antiga Fábrica de Gases Industriais Agroprotetoras.
FONTE: Google Earth, 2016.
Figura 55: Croqui da R. Úrsula Catharino para as duas fábricas
Figura 53: Fachada leste da Fábrica de Tecidos São Braz.
FONTE: acervo próprio, 2016.
61
6.2 PLANTA DE SITUAÇÃO O prédio que se encontra mais próximo à praia ocupa uma área de
legalmente pelo tombamento estadual - Decreto nº.
1230m², já a edificação maior ocupa uma área de 15300m².
8.357/2002. (SIPAC, 2016)
Segundo Castore (2016) atualmente a Fábrica pertence à Companhia Empório de Armazenagens Gerais Alfandegários e está protegida
0
30m
15300 m²
Rua Almeida Brandão
1230 m²
Fonte: Lissonger, 2000.
62
Figura 57: Vista 1 fachada leste da ruína.
Figura 58: Vista 2 parede interna
FONTE: Kátia Zinn, 2016.
Figura 60: Vista 4 parede interna. FONTE: Acervo próprio, 2016.
FONTE: Kátia Zinn, 2016.
Figura 59: Vista 3 parede interna
FONTE: Kátia Zinn, 2016.
FONTE: Kátia Zinn, 2016.
6.3 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO DA ÁREA Considerando que a fábrica é um local que deve ser compreendido
como uma área de proteção cultural e paisagística, a proposta do presente trabalho é a readequação do espaço físico degradado da antiga Fábrica São Braz. Figura 61: À esquerda, vista das ruinas das fábricas desde a baía. FONTE: Lissonger, 2016.
63
Figura 62: Vista 5 parede interna.
Figura 66: Vista 9 parede interna.
FONTE: Kátia Zinn, 2016. Figura 63: Vista 6. FONTE: Aragão, 2015.
FONTE: Aragão, 2015.
Figura 64: Vista 7 parede interna.
Figura 65: Vista 8 parede interna.
FONTE: Aragão, 2015.
FONTE: Aragão, 2015. Figura 67: Planta baixa ruína Fatbraz.
Através das figuras acima é possível perceber profunda 9
descaracterização sofrida pela fábrica ao longo do tempo. O que nos restou deste monumento foram as fachadas, com lacunas que
4 5
6 2
deixam aparente o material, ornamentos perdidos e a inserção de
3
elementos que descaracterizam ainda mais a edificação. FONTE: Lissonger, 2000.
1
64
Figura 69: Vista 11 parede interna.
Figura 72: Vista 14 parede interna.
FONTE: acervo própprio, 2016. FONTE: Aragão, 2015. Figura 68: Vista 10 parede interna. FONTE: acervo própprio, 2016.
Figura 70: Vista 12 parede interna.
Figura 71: Vista 13 parede interna.
FONTE: Aragão, 2015.
FONTE: acervo própprio, 2016.
Figura 73: Planta baixa ruína Fagip
As fachadas das ruínas se encontram muito degradadas. Sempre que possível, será mostrada a relação novo e antigo, evidenciando 13
as marcas do tempo e das intervenções sofridas.
Assim como a fachada leste, as paredes internas encontram-se bastante degradadas. Com a falta de cobertura e a exposição da FONTE: Lissonger, 2000.
alvenaria estrutural, a degradação é acelerada. 65
6.4 MAPA DE DANOS 2
3
9
5
3
8
1
4
13
16
12
12
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -
IPHAN, o Mapa de danos é realizado com o propósito de sintetizar
constituindo-se em uma legítima e importante instância de
as informações a respeito do estado de conservação geral dos
diagnóstico dos bens culturais.
edifícios por meio da representação das alterações sofridas por
Nesse sentido, foi construída uma tabela (página XX) que identifica
seus materiais e estruturas ao longo do tempo. Seu
o sintoma, causa e o diagnóstico das degradações existentes nas
desenvolvimento consiste no registro das patologias/alterações
fachadas cadastradas. O mapa de danos norteou a intervenção
por meio de símbolos gráficos com os quais se representam as
realizada nos edifícios arruinados, tanto estrutural quanto
diversas categorias e níveis de degradação identificados,
esteticamente.
Figura 75: Planta baixa ruína Fatbrás. Figura 74: Planta baixa ruína Fagip 12
9 8 7
9’ 7
6’ 5
10
4
11 FONTE: Lissonger, 2000.
2
FONTE: acervo próprio, 2016.
1
3
Figura 81: Vista 6 Fatbrás.
11
6
3
FONTE: Lissonger, 2000.
8
2
8
8
9
3
2
11
3
5
1
5 66
Figura 76: Vista 1 Fatbrás.
8
4
4
9
3
4
11
3
3
12
13
FONTE: acervo próprio, 2016.
Figura 77: Vista 2 Fatbrás.
3 9
Figura 78: vista 3 Fatbrás.
2
8 9
11 3
5
3
4
13
14 FONTE: acervo próprio, 2016.
FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 79: Vista 4 Fatbrás.
2
11
Figura 80: Vista 5 Fatbrás.
8
1
5
1
4
4
2
3
10
5
FONTE: acervo próprio, 2016.
FONTE: acervo próprio, 2016.
8 2
4
6
3
3
5
2
11
10 67
3
9
3
4
Figura: vista 7 Fatbrás. FONTE: acervo próprio, 2016.
1
3
6
5
Figura: vista 8 e 9 Fatbrás.
2
2
3
1
8
11 11
6
2
9
5
4
FONTE: acervo próprio, 2016.
8
2
8
9
9 Figura: vista 10 Fatbrás. FONTE: acervo próprio, 2016.
4
3 11
3
12
15 2
8
13 4
8
9
2
Figura: vista 11 Fatbrás. FONTE: acervo próprio, 2016.
3
15
5
3
Figura: vista 12 Fatbrás.
8
9
FONTE: acervo próprio, 2016.
9
15
11
4
8
2
5
5 68
SINTOMA
CAUSA
DIAGNÓSTICO
1
Desprendimento de revestimento
Umidade e salinidade
Retirada do reboco; Refaz reboco; Acrescentar sílica; Pintura;
2
Capilaridade descendente
Umidade descendente
Retirada do reboco; Refaz reboco; Verificar alvenaria; Inserir novo reboco; Refazer nova platibanda; Arrematar com chapin (granito);
3
Lacuna na alvenaria e presença de vegetação
Ataque provocado por crescimento de organismos biológicos: vegetação;
Retirada da vegetação; Aplicação de fungicida; Consolidação da alvenaria; Aplicação do novo reboco;
4
Lacuna: ausência de reboco, alvenaria estrutural aparente
Perda do reboco por motivo desconhecido;
Consolidação da estrutura; Aplicação de novo reboco; Acrescentar sílica; Pintura;
5
Parede úmida e com fuligem
Capilaridade ascendente;
Bloqueio do contato de parte com solo de apoio na fundação da alvenaria estrutural; Retirada do solo perimetral; Implantação de alvenaria de contenção de concreto;
8
Perda de cimalha
Umidade descendente;
Retirada do reboco; Inclusão de novo reboco; Verificar alvenaria; Inserir novo reboco; Refazer nova platibanda; Arrematar com chapin (granito);
9
Presença de crosta negra sobre alvenaria
Ataque de microrganismos biológicos ou fuligem;
Retirada de todo reboco; Aplicação de novo revestimento: arenito; Retirada da sujidade através de raspagem e lavagem (água, sabão e cloro);
10
Falência da alvenaria de tijolos
Perda do reboco Possível causa: trepidação;
Reconsolidação da alvenaria;
11
Perda de esquadria
Degradação por motivos desconhecidos;
Proteção do perímetro do vão interno da esquadria;
12
Grafitismo
Vandalismo;
Retirada do grafite através do removedor de tinta tipo aguarraz;
13
Inserção de novos materiais: tijolo
Intervenção humana;
Retirada da alvenaria; Proteção dos vãos internos;
14
Alteração formal: abertura de fenestração
Intervenção humana por necessidade funcional;
Preenchimento da lacuna proveniente da intervenção humana;
15
Degradação diferenciada na parte inferior da alvenaria
Desalinhamento dos níveis da calçada por recalque do solo e/ou do passeio e/ou da edificação;
Retirada do passeio; Aplicação de betume até o nivelamento da fachada; Inserção de uma nova calçada;
16
Perda de parte da alvenaria incluindo ornamentos e comprometimento da preexistência por umidade e microorganismos
Motivos diversos
Retirada do reboco; aplicação de novo revestimento com sílica e consolidação da preexistência.
6.5 PROPOSTAS EXISTENTES PARA A ÁREA
Figura 82: Prancha do concurso Nac. de Arq. e Urb. para o Sub. Ferroviário
Uma das propostas existentes para a área, que foi aqui considerada, foi vencedora do Concurso Nacional de Arquitetura e Urbanização para o Subúrbio Ferroviário (Área Plataforma) no ano de 1999. O projeto desenvolvido pela equipe coordenada pelo Arq. André Lissonger possui alguns aspectos que foram (re)salientados neste TFG: a requalificação urbana da área proporcionada/motivada pela reabilitação das ruínas pré-existentes através da adoção de um complexo programa de forte preocupação social e, em especial, a
adoção da polimodalidade que foi uma das exigências e mote do concurso na época. Todavia, após as nossas pesquisas e convívio com a população do lugar, decidimos atualizar aquelas reflexões sociais e adotamos uma incisiva proposta ligada mais intensamente à vida das marisqueiras e pescadores – daí a opção por um Centro de Beneficiamento de Pescado e suas atividades correlatas e coerentes com a realidade contemporânea do Subúrbio Ferroviário e Baía de Todos os Santos.
FONTE: Lissonger, 1999. Figura 83: Proposta atualização no modelo de transporte ferroviário.
Outra proposta existente para o subúrbio ferroviário é o projeto Novo Subúrbio, coordenado pelo escritório A&P Arquitetura. A qual visa remodelar o centro com requalificação urbana, ambiental e paisagística, desde Plataforma até Itacaranha, abrangendo grande
extensão do subúrbio ferroviário. A orla deverá receber ampla área de novos espaços públicos qualificador para uso de lazer e pedestres, com ciclovias, atualização no modelo de transporte ferroviário (veículo leve sobre trilhos – VLT).
FONTE: atarde.uol.com.br, 2015.
70
Figura 83: Prancha do concurso Nac. de Arq. e Urb Fatbrรกs.
FONTE: Lissonger, 1999. Figura 84: Proposta para orla de Plataforma
FONTE: atarde.uol.com.br, 2015.
71
Figura 85: Baianas no dia de Senhor do Bonfim. FONTE: CarybĂŠ, 2009.
72
7 PESCARIA
7.1 PRÉ PROGRAMA E PRÉ DIMENSIONAMENTO De acordo com a Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo
A Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do
(LOUOS), 1984, o bairro de Plataforma está classificado em uma ZR-
Ministério da Educação (Seap/MEC), juntamente com a
13, Zona de Concentração de Uso Residencial. Nesse sentido,
Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da
foram identificados os usos permitidos nessa área:
Presidência da República (Seap/PR), são responsáveis pela
• Uniresidencial R-(1,2,4.1,5.1 e 6) • Multiresidencial R-(3,4.2,5.2 e 6) • Industrial Id-1 • Comércial e serviços CS-(1,2,3,4,5,6,10,12,14.1*,15,17 e 18.1*) • Misto M-(1 e 2)
criação de uma política para formação na área de pesca marinha (oceânica), continental (rios e lagos) e aquicultura familiar.
Com base nas diretrizes da LOUOS, do Ministério da Educação e da Seap/PR, foi realizado o levantamento do pré dimensionamento
As atividades permitidas são:
do Centro de Beneficiamento do Pescado.
• Comércio de animais vivos. • Comércio de carnes, pescados e animais abatidos. • Prensagem, embalagem e acondicionamento de mercadorias para tecelagem. • Lojas. • Reparação de embarcações e de motores marítimos de qualquer tipo. • Fabricação de artigos de passamanaria, fitas, filós, rendas e bordado. • Fabricação de refeições conservadas - exclusive de confeitaria. • Fabricação de produtos de padaria, confeitaria e pastelaria. • Fabricação de massas alimentícias e biscoitos. • Fabricação de sorvetes, bolos e tortas geladas - inclusive coberturas. • Preparação do sal de cozinha. • Fabricação de gelo. • Fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais com farinha de milho e outros granulados vegetais. • Fabricação de artigos de caça e pesca, esporte e jogos recreativos - exclusive armas de fogo e munições. • Cooperativa de beneficiamento, industrialização e comercialização (sede). Figura 86: fluxograma de pré-dimensionamento. FONTE: acervo próprio, 2016.
75
SETOR DE COOPERATIVA DE PESCA
CURSO TÉCNICO EM AQUICULTURA Descrição
Qtde.
Área (m²)
Recepção Administração Sanitário / Vestiário Secretaria de matrícula Espaço para reprografia Laboratório de Reprodução de Peix es Produção de Organismos Alimento Laboratório de Abate e Corte de Pescados Laboratório de Tecnologia do Pesca do Sala de aula de apoio Sala de Vidrarias Sala de Reagentes Sala de Professores Sala de atendimento aos alunos Mini Auditório Depósito de material de limpeza Triagem Recebimento do pescado
01 01 04 01 01
44,64 17,55 93,08 15 12
01
23,62
01
47,25
01
47,25
01
23,62
01 01 01 01 01 01 01 01 01
47,25 47,25 47,25 29,76 29,76 97,03 29,76 47,06 29,55 TOTAL = 728,68
INFRAESTRUTURA PREDIAL DA COOPERATIVA Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
Reservatório superior Subestação de energia
01 01
16,25 9,83 TOTAL = 26,08
Descrição Recepção público Sanitário Setor de vendas Depósito de lixo Guarita Plat. Carga / descarga
Qtde.
ÁREA (m²)
01 02 01 01 01 01
20,00 38,72 20,00 12,10 28,75 108,42 TOTAL = 227,99
Qtde.
ÁREA (m²)
02 01 01 01
22,21 18,11 12,96
SETOR DE HIGIENIZAÇÃO Descrição Sanitário e vestiário funcionários Pedilúvio Higienização do vestuário Lavanderia
31,29
TOTAL = 84,57
SETOR DE BENEFICIAMENTO Descrição
Qtde.
Área (m²)
Recebimento (chegada do pescado) Sala de processamento: Triagem do pescado; evisceração; manipulação; pesagem e controle de qualidade; embalagem e controle de qualidade; Câmara de estocagem Plataforma de expedição Passagem subterrânea Descarte Câmara frigorífica de lixo
01
13,57
01
162,39
01 01 01 01 01
8,70 4,00 256,20 12 12
Lavagem de caixas plásticas
02
6,40 TOTAL = 475,26 76
OUTROS APOIOS Descrição Oficina de manutenção e reparos Almoxarifado Mini unidade de saúde da cooperativa: Enfermaria e farmácia Sala de fisioterapia Casa de lixo hospitalar Sala de assistência social e apoio psicológico Espaço para apoio e extensão universitária Sala de controle e segurança Estacionamento
SETOR DE APOIO Qtde.
ÁREA (m²)
Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
01 01
15,00 25,00
01 01
15,00 15,00
01 01 01
40,00 20,00 5,00
01
168,29
01
25,00
Sanitário e vestiário Copa Gestão: Administração; logística (gestão do fluxo de mercadorias); financeiro; sala de reuniões; controle de qualidade e higiene Sala de nutricionista
01
29,55 TOTAL = 227,84
01
15,00
01
15,00
51 vagas
1656,11 TOTAL = 1816,11
PROGRAMA DE NECESSIDADES Figura 60: baianas no dia de Senhor do Bonfim. FONTE: Carybé, 2009.
PÁTIO DE CARGA E DESCARGA Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
01 02 03 01
10,00 2158,90 342,24 47,06
01
30,00
01 18 vagas 02
969,98 324,00 23,27
Casa de lixo geral
01
139,20
Espaço para reciclagem de lixo
01
202,82 TOTAL = 4248,17
Guarita de controle Espaço para manobras Docas Controle e triagem Espaço para estoque de paletes Estoque dos boxes Estacionamento Sanitário e vestiário
ESTAÇÃO INTERMODAL (POLIMODAL) Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
Sanitários
01 03 01 01 01 01 02
32,25 206,40 664,22 100,00 435,46 69,66 77,40
Conexão terra mar (passarela)
11
154,30
Restaurante
01
97,80
Bilheteria Adm Embarcadouro (transporte de usuários) Ancoradouro (embarcações turísticas) Área de embarque e desembarque ferroviário Centro de informações turísticas - ENTURSA
TOTAL = 1837,49
PIER PARA OS BARCOS PESQUEIROS Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
Deck de embarque-desembarque (de pesca) Espaço para conserto de redes + rampa Depósitos de material de pesca da cooperativa Acesso de veículo ferroviário de carga-descarga
01 01 01 01
664,22 805,00 68,80 57,00
Posto de abastecimento de embarcações
01
20,00
SERIAM NECESSÁRIOS 18 CAMINHÕES PIPA COM CAPACIDADE DE 25.000 LITROS PARA ABASTECER OS RESERVATÓRIOS DA CENTRAL DE ABASTECIMENTO DO PESCADO.
TOTAL = 895,02 78
ÁREAS DE CONVÍVIO E CONTEMPLAÇÃO
MEMORIAL Descrição
Qtde.
ÁREA (m²)
03 03 01 01
741,30 291,06 291,06 224,40 55,61 TOTAL = 1603,43
Espaços expositivos Oficina de artesanato Oficina de modelismo naval Capela Sala de curadoria
Boxes de hortaliças, frutas e vegetais Boxes de especiarias e ervas Boxes de utensílios de culinária Boxes de grãos Boxes de pescados Boxe de artesanato
Qtde.
ÁREA (m²)
Promenade (linha de frente, borda)
-
421,63 352,37 900 274,41 570,93 TOTAL = 2519,34
Jardins Terraços Passarelas (paçadicos) Espelho d’água
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DO MERCADO
FEIRA E MERCADO DO PEIXE Descrição
Descrição
Qtde.
Unid. (m²)
ÁREA (m²)
40
5,50
220,00
16
4,70
75,20
06
4,55
27,30
10 26 12
3,55 4,50 2,50
35,50 117,00 30,00 TOTAL = 505,00
Descrição Salão Restaurantes Depósitos dos restaurantes Central de gás
Qtde.
ÁREA (m²)
01 05 05 01
522,00 136,00 52,00 40,00 TOTAL = 750,00
INFRAESTRUTURA PREDIAL DO MERCADO Descrição Reservatórios superior e inferior Subestação de energia com gerador Ventilação por sheds Casa de lixo Câmara frigorífica de resíduos do pescado
Qtde.
ÁREA (m²)
433.858,00 L
128,45
01
65,19
16 01
1202,95 139,20
01
35,00
TOTAL Descrição Total estimado final
ÁREA (m²) 17515,77
TOTAL = 1570,79
79
VIABILIDADE ECONÔMICO FINANCEIRA Estimativa de custo do empreendimento Valor geral Projeto executivo completo (5%)
Estimativa de visitantes
Valor R$ 68.087.250,00 R$ 3.404.362,50 4.000 – 5.000 / dia 120.000 – 150.000 / mês
Figura 88: feirantes FONTE: Carybé, 2009.
80
8 HISTÓRIA PRO SINHOZINHO
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA LEI Nº 11.959, DE 29 DE JUNHO DE 2009. - Normas Gerais da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca.
Regula as atividades pesqueiras, com o objetivo de promover a pesca e a Política Nacional de Desenvolvimento da Aquicultura, esse tipo de atividade é fonte de alimentação, emprego, renda e lazer.
LEI Nº 12933/2014 - Institui a Política Estadual de Turismo, o Sistema Estadual de Turismo, e dá outras providências.
Figura 89: músicos.
Turismo Náutico é constituído pelo conjunto de atividades turísticas desenvolvidas em embarcações sob ou sobre águas, paradas ou com correntes, sejam fluviais, lacustres, marítimas ou oceânicas. Artigo 39: para o sistema de atracação das pequenas embarcações, se faz necessário uma rampa escalonada com patamares ou rampa com flutuante de atracação principal, provido de sistema de amarração e tração para deslocamentos em função da variação do nível d’água. É fundamental o cais fixo corrido, de rampa fixa e flutuante, rampa simples para atracação de balsas com adaptação para pequenas embarcações. SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
Dispões sobre a norma técnica para estabelecimentos de pescado ou derivados. 1- Acondicionamento, armazenagem e expedição de produtos prontos, depósito de embalagens e condimentos, sempre separadas por meio de paredes, das instalações destinadas ao manuseio de produtos não comestíveis. FONTE: Carybé, 2009.
83
Figura 90: pescador FONTE: Carybé, 2009.
84
9 O BEM DO MAR
9.1 PROJETOS REFERENCIAIS Os critérios para selecionar os projetos referenciais foram baseados
Figura 91: Análise eixos de comunicação e fluxos.
na ocupação dos edifícios de antigas estruturas que buscam valorizar o patrimônio industrial, na relação de valorização da borda e elementos definidores da paisagem, na relação que é feita entre indústria e o hoje, e principalmente como os arquitetos resolveram a ligação entre o passado e a cidade atual.
Em função disso foi questionada a necessidade de se intervir e o novo uso os quais foram atribuídos às obras listadas a seguir. Fonte: brasilarquitetura.com, 2005. Modificado pelo autor, 2016.
9.1.1 Conjunto KKKK
Figura 92: Planta da intervenção nos galpões e engenho.
Brasil Arquitetura
Localizado na cidade de Registro, a 189km da cidade de São Paulo, o Conjunto KKKK é resultado de um projeto de restauração e recuperação do patrimônio histórico do município, reconhecido por tombamento estadual. A intervenção faz parte do projeto urbanístico
no entorno do rio Ribeira de Iguape. A construção do conjunto é de responsabilidade da Cia. KKKK – Kagai Kogyo Kabushiki Kaisha. Foram construídos quatro armazéns e
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005. Modificado pelo autor, 2016.
um engenho de beneficiamento de arroz no início do século XX.
Figura 93: Planta da intervenção nos galpões e engenho.
Foram levantados sete aspectos básicos que caracterizam o conjunto. Esses critérios de análises se fundamentam nos questionamentos no
processo de interpretação da obra. (brasilarquitetura.com, 2005)
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005. Modificado pelo autor, 2016.
87
Figura 94: Proposta para implantação do parque Beira Rio.
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005. Figura 95: Marquise que marca um dos eixos do projeto e conecta os edifícios.
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005. Figura 96: intervenção realizada no conjunto KKKK.
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005.
88
Tabela 2: análise do projeto referencial Conjunto kkkk .
Critérios de análise 1 Necessidade de se intervir
Pontos positivos Integração do edifício industrial com a cidade revelando o rio como espaço de aproximação;
2 Restaurar ou trabalhar com contemporaneidade
Intervir na ruína e construir um novo edifício em função do uso contemporâneo respeitando a temporalidade das demais obras.
3 Passado x presente
O edifício foi desenvolvido em blocos isolados, portanto o programa novo será descolado do prédio antigo, porém mantendo a integridade do conjunto;
4 Postura teórica adotada
Ao entender os vazios existentes entre um prédio e outro, a
arquitetura passa a ser de característica geminada, entendendo o edifício como um complexo cultural, a geminação irá ocorrer com a inserção de materiais novos. 5 Urbanização
Em escala urbanística, o projeto integra o conjunto à cidade através de uma praça para o mercado, do desenho de eixos de comunicação e fluxo;
6 Qual função a nova
Se tornou um projeto de referência histórica, sendo atribuído
construção assume
o Memorial de imigração japonesa do vale do Ribeira, centro de formação de professores da rede estadual de ensino e um centro de convivência dos habitantes;
7 Valorização da borda e construção da paisagem Fonte: acervo próprio, 2016.
Recuperação do rio Ribeira do Iguape no projeto Parque Beira-Rio.
9.1.2 Sesc Pompeia LINA BO BARDI
Localizado na cidade de São Paulo, o Sesc Pompéia, antiga Fábrica
A intervenção realizada atende ao programa de produção
Nacional de Tambores Ltda., foi projetado no ano de 1938. O
cultural. A preocupação com o uso era em atribuir espaços de
prédio principal sofreu transformações entre em 1963, construindo
convivência entre as pessoas, sendo eles de lazer e recreação
também mais dois galpões menores. As atividades de indústria se
esportiva. Nos galpões, são criados espaços para leitura, reunião,
encerraram no ano de 1971.
projeção de audiovisuais, restaurantes, teatro e oficinas-ateliês.
Com o intuito de garantir a inserção dos novos elementos nos
As novas instalações não rompem a continuidade espacial
edifícios fabris, durante o projeto de intervenção foi decidido que
originárias, os blocos verticais monolíticos de concreto aparente
os antigos galpões iriam ser mantidos, ou seja, a arquiteta
abrigam atividades esportivas.
reconheceu a autenticidade do conjunto fabril e seu valor na história da industrialização da cidade de São Paulo.
Figura 97: Vista 3 – vista do bloco esportivo com o grande “deck-solarium”
FONTE: Lissonger, 2016.
90
Figura 98: Análise eixos de comunicação e fluxos. Figura 99: Planta baixa do conjunto.
FONTE: google maps, 2016, modificado pelo autor.
Conjunto esportivo Leitura e jogos Restaurante Exposições Oficinas Teatro Adm.
1 2 3
FONTE: archdaily.com.br, 2014, modificado pelo autor. Figura 100: Vista 1 - acesso principal.
Figura 101: Vista 2 - espaço de estar, a grande lareira.
FONTE: acervo próprio, 2016.
FONTE: acervo próprio, 2016.
91
Tabela 3: análise do projeto referencial Sesc Pompeia.
Critérios de análise 1 Necessidade de se intervir
Pontos positivos Reconhecimento da autenticidade do conjunto fabril e seu valor na história da industrialização da cidade de São Paulo.
2 Restaurar ou trabalhar com contemporaneidade 3 Passado x presente
As novas instalações não rompem a continuidade espacial originária. Existe o respeito de trabalhar com uma arquitetura contemporânea que dialogue com a estrutura dos materiais pré-existentes, mantendo assim a integridade do que é antigo e novo
4 Qual função a nova
A intervenção realizada atende ao programa de produção cultural.
construção assume
A preocupação com o uso era em oferecer espaços de convivência entre as pessoas, sendo de lazer e recreação esportiva. Nos galpões, são criados espaços para leitura, reunião, projeção de audiovisuais, restaurantes, teatro e oficinas-ateliês.
5 Valorização da borda e construção da paisagem
Desde a entrada até os fundos, existe uma predominância horizontal e que é incorporada à malha urbana preexistente. Preservando e se apropriando da estrutura e espaços dos galpões da fábrica.
Fonte: acervo próprio, 2016.
9.2 ARQUITETOS REFERENCIAIS Figura 102: Foto de Carlo Scarpa.
CARLO SCARPA Arquiteto formado pela Academia de Belas Artes de Veneza, revela seu apreço artesanal nos detalhes construtivos. Na arquitetura de Scarpa, a luz se torna uma linguagem que compõe a forma arquitetônica. Em suas obras existe a intenção de transformar o ato da construção numa operação de conhecimento e comunicação, por exemplo, a janela que se transformou em um elemento angular, conduzindo o espaço a um novo sentido, eliminando os cantos tradicionais.
9.2.1 Fundação Querini-Stampalia O projeto de intervenção tem como principal função resolver o
FONTE: blog.claytongrayhome.com, 2012.
problema das inundações que aconteciam periodicamente no
Figura 103: Hall de entrada Fundação Querini Stampalia.
interior do prédio. Após o projeto, a água entra no edifício e segue por um caminho em um pequeno canal construído ao longo das paredes, possibilitando circular pelas salas. O que era antes um obstáculo, tornou-se um tema do projeto. O solo em mármore compõe o hall de entrada. (TASCHEN, 1993)
FONTE: Taschen, 1993.
93
Figura 104: Foto de Lina Bo Bardi.
LINA BO BARDI Arquiteto formado pela Academia de Belas Artes de Veneza, revela seu apreço artesanal nos detalhes construtivos. Na arquitetura de Scarpa, a luz se torna uma linguagem que compõe a forma arquitetônica.
Em suas obras existe a intenção de transformar o ato da construção numa operação de conhecimento e comunicação, por exemplo, a janela que se transformou em um elemento angular, conduzindo o espaço a um novo sentido, eliminando os cantos tradicionais.
9.2.2 Design do Brasil: história e realidade Exposição realizada em 1982, no Sesc Fábrica da Pompéia, São Paulo. FONTE: archdaily.com.br, 2014. Figura 105: Vista da exposição com produtos industrializados e objetos artesanais.
O conceito não está relacionado à uma exposição de arte. Não tem peças valiosas em destaque. É uma falsa enxurrada, uma falsa confusão, rigorosamente planejada. Por contingências históricas o Brasil industrializou-se de repente, compelido, sem continuidade, da do imprescindível num desenvolvimento orgânico. Na exposição são representados alguns dados: Brasil manual (até 1960), Brasil industrial (70/80). Dedicada ao público popular. É nos moldes das feiras dos sertões nordestinos e supermercados paulistas que hoje inundam todas as capitais do Brasil. Aos designers brasileiros e aos grandes responsáveis, a tarefa de uma revisão e balanço. Ao público, a alegria das feiras e a resistência ou aceitação de todo um modelo de comportamento. FONTE: sescsp.org.br, 2012.
94
10 CAMINHOS DO MAR
10.1 CUBAGEM DO PROGRAMA Buscando atender a dinâmica da cooperativa de pesca, da linha férrea e do terminal marítimo, os estudos se iniciaram com a cubagem do programa e zoneamento do mesmo na maquete. Figura 106: Cubagem do programa de necessidades.
FONTE: acervo próprio, 2016.
Foram compreendidos três fluxos: pescado, pedestre turista / consumidor e pedestre funcionário da cooperativa. Todos os fluxos devem levar em consideração a conexão intermodal.
Ao lançar o programa de necessidades na escala da maquete, 1:500, foram definidas as posições dos ambientes em função dos fluxos ensaiados nos croquis acima.
Figura 107: Maquete de estudo do programa. FONTE: acervo próprio, 2016.
97
10.2 ESTUDOS DE FUNCIONOGRAMAS E FLUXOGRAMAS Figura 108: estudo 1 de fluxograma.
Após definida a localização das áreas do programa na maquete, foram feitos ensaios para definição dos acessos, fluxos e setorização.
No ensaio 1 foram traçados os eixos de circulação, acessos de todos os modais e setorização das áreas. FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 109: Estudo 2 de fluxograma.
O ensaio 2 foi marcado pela movimentação de terra para acesso da carga e descarga nas áreas da feira popular, mercado do peixe e restaurantes. Devido à grande quantidade de lixo que será gerado nesses ambientes, a central de reciclagem teve que ser relocada. Foi inserido um espelho d’água para separar as áreas mas sem criar uma barreira física vertical.
FONTE: acervo próprio, 2016. Figura 110: Estudo 2.1 de fluxograma.
No ensaio 2.1 foi necessário inserir vagas de estacionamento para visitantes e funcionários. A feira popular que estava concentrada em uma área passou a se diluir
e
os
restaurantes
foram
concentrados em uma única barra para
melhor solução de entrada de comida, saída de lixo, depósito de engradados e central de gás. FONTE: acervo próprio, 2016.
98
10.3 FLUXOGRAMA INFRAESTRUTURAL O
fluxograma
infraestrutural
foi
Figura 111: Infraestrutura das águas para abastecimento da cooperativa.
desenvolvido após setorização das áreas. Composto pelos fluxos das águas que abastecem, águas pluviais, águas de esgoto
e águas de incêndio, foram criados ramais principais e ramais secundários para distribuição e coleta das mesmas.
Passada a etapa de funcionogramas e fluxogramas, se iniciaram os estudos através de croquis. Compreender a espacialidade e o entorno é imprescindível
FONTE: acervo próprio, 2016.
para as posteriores decisões de partido arquitetônico. Os croquis à seguir enfatizam a estação intermodal, do desembarque marítimo ao embarque ferroviário.
Figura 112: Estudo para novo atracadouro / embarcadouro. FONTE: acervo próprio, 2016. 99
Figura 113: Estudo para percepção da espacialidade interna, luminosidade natural e conexão superior. FONTE: acervo próprio, 2016.
Figura 114: Estudo para estação intermodal. FONTE: acervo próprio, 2016. 100
1. 2.
1
O programa foi localizado mas não houve a clara compreensão dos espaços preexistentes e das ruínas, provocando vazios residuais sem sentido. Pátio de carga e descarga da Fatbrás distante do setor de alimentação.
10.4 EVOLUÇÃO DO PARTIDO
1. 2.
2
Sistema de atracação inadequado em função do baixo calado (batimetria). Nota-se a ausência de conexão entre as duas áreas, problema a ser resolvido tanto pela passagem do pescado (túnel), bem como pela passagem de pedestres (passarela). 101
1. 2.
3
3. 4.
Houve um descolamento do programa para que ocorresse a leitura visual das ruínas. Por consequência, uma diluição das áreas do programa por nível permitindo maior porosidade, aumentando a percepção espacial e reforçando a leitura visual das ruínas. Para garantir o programa e sua porosidade criou-se níveis superiores (estoques, salas, laboratórios, oficinas, etc). Portanto, as lajes sobrepostas procuram garantir a clareza dos fluxos, o abrigo e diluição do programa, a percepção do espaço e das ruínas.
1. 2. 3. 4. 5.
4.A
Não existe conexão entre embarque/desembarque dos modais: Barco – VLT Não existe conexão de pedestres entre as duas ruínas Não existe conexão entre a descarga do pescado e o Centro de Beneficiamento Não existe conexão entre o pescado beneficiado, a Escola de Aquicultura e os caminhões frigoríficos. Os sheds propostos estão inadequados em escala, esteticamente e funcionalmente (conforto ambiental: as suas reduzidas dimensões não permitem uma maior circulação de ar e exaustão). 102
1.
4.B
A quantidade de sheds melhora a escala, esteticamente, porém funcionalmente não (conforto ambiental: as suas reduzidas dimensões não permitem uma maior circulação de ar e exaustão).
1.
5
Partido final adotado, dando início à elaboração de toda parte técnica do projeto. 103
10.5 SITUAÇÃO GERAL
Baia de Todos os santos Atracadouro Centro de Beneficiamento Estação Intermodal Via do VLT Rua Almeida Brandão Rua Úrsula Catharino
Passarela Acesso de Pedestres Acesso de Veículos Estacionamento Memorial Capela Feira Popular
Praça de Alimentação Restaurantes Escola de Aquicultura Pátios de Carga e Descarga Infraestrutura Predial
0
30m 104
11 FAGIP Fรกbrica de Gases Industriais Agroprotetoras
RN 0.00 – Zoneamento Fagip
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços Circulação vertical
Acesso público Acesso funcionários
0
15m
2’’
2
1’
1
1
107
108
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 125: Render interno Fagip, vista 1.
11.1 REFERÊNCIA PROJETUAL Fundação Querini Stampalia do arquiteto Carlo Scarpa.
Conjunto KKKK do escritório Brasil Arquitetura.
O detalhe do afastamento entre a parede existente e o solo em
A marquise do embarque e desembarque aquaviário e que segue
mármore é seguido no projeto proposto. As águas serão drenadas
para linha férrea mantem a mesma linguagem do projeto abaixo. A
através das calhas que existem nesse afastamento.
arquitetura como característica de unir, a geminação irá ocorrer com a inserção de materiais novos.
Figura 126: Hall de entrada Fundação Querini Stampalia.
FONTE: Taschen, 1993. Figura 127: Conjunto KKKK., marquise que marca um dos eixos do projeto e conecta os edifícios.
Fonte: brasilarquitetura.com, 2005.
109
110
RN +4.00 – Zoneamento Fagip
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços Circulação vertical
Acesso público Acesso funcionários
0
15m
2’’
2
1’
1
111
RN 0.00 – Fluxograma 0
15m
Saída de lixo
Acessos pedestres
Expedição para restaurante
Chegada por mar
Chegada por ferrovia
112
FACHADA OESTE
CORTE 2
CORTE 1
Circulação vertical
CORTES E FACHADA
12 FATBRÁS Fábrica de Tecidos São Brás
115
RN +2.00 – Zoneamento Fatbrás
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços
Memorial Estacionamento Acesso público Acesso funcionários
0
Feira e mercado Pça. Alimentação Infra Predial Sanitários Circulação vertical
30m
Figura 135: Análise da estética da laje nervurada, relação com a preexistência. FONTE: acervo próprio, 2016.
12.1 ENSAIOS NOVO x ANTIGO Figura 136: Análise da laje nervurada aparente com a preexistência. FONTE: acervo próprio, 2016.
116
12.2 REFERÊNCIA PROJETUAL Capela feita pelo escritório Gijs Van Vaerenbergh.
Figura 137: Projeto “Lendo nas entrelinhas”.
A arquitetura é compreendida em sua inteireza através de mais energia e menos matéria. Nesse sentido, as placas de aço na horizontal além de permitirem total circulação do vento, fazem a composição volumétrica da capela. O mesmo conceito é adotado na intervenção das ruínas da Fatbrás e Fagip. Figura 138: Placas de aço.
FONTE: archdaily.com, 2012. Figura 139: Projeto “Lendo nas entrelinhas”.
FONTE: archdaily.com, 2012.
FONTE: archdaily.com, 2012.
117
4
RN +2.00 – Ângulo da imagem 3 e 4
3
118
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços
Memorial Estacionamento Acesso público Acesso funcionários
0
Feira e mercado Pça. Alimentação Infra Predial Sanitários Circulação vertical
30m
119
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 142: Render da vista 4.
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 141: Render da vista 3.
LAJE NERVURADA APARENTE
12.3 REFERÊNCIA PROJETUAL Sesc Pompéia da arquiteta Lina Bo Bardi.
Figura 144: Espelho d’água do Sesc Pompeia.
O espelho d’água gera espaços de convivência entre as pessoas sem romper com a continuidade espacial originária. Figura 143: Espelho d’água do Sesc Pompeia.
FONTE: acervo próprio, 2016.
FONTE: acervo próprio, 2016.
0
30m
6
RN +2.00 – Ângulo da imagem 6 120
121
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 146: Render da vista 5.
122
RN +5.00 – Depósito dos boxes
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços
Memorial Estacionamento Acesso público Acesso funcionários
0
Feira e mercado Infra Predial Sanitários Circulação vertical
5m
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 148: Render da vista para a feira.
123
124
RN +2.00 – Ângulo da imagem 7
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços
7
Memorial Estacionamento Acesso público Acesso funcionários
0
Feira e mercado Pça. Alimentação Infra Predial Sanitários Circulação vertical
30m
125
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 150: Render da capela
126
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 151: Render da capela
127
RN +2.00 – Fluxograma
0
30m
Saída de lixo
Acessos pedestres
Expedição para restaurante
Chegada por mar
Chegada por ferrovia
128
RN +8.00 – Zoneamento Fatbrás
8
Áreas administrativas Setor de processamento pescado Área funcionários Serviços
9
Memorial Estacionamento Acesso público Acesso funcionários
0
Feira e mercado Pça. Alimentação Infra Predial Sanitários Circulação vertical
30m
129
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 155: Render da vista 7.
FONTE: acervo prรณprio, 2016.
Figura 154: Render da vista 6.
12.4 REFERÊNCIA PROJETUAL Hospital Sarah Kubitschek de João Filgueiras Lima (Lelé)
Figura 22: portas pivotantes no hospital Sarah Kubitschek.
FONTE: archdaily, 2012.
Figura 22: croqui dos sheds hospital Sarah Kubitschek. FONTE: archdaily, 2012.
130
131
RN +8.00 – Fluxograma
0
30m
Saída de lixo
Acessos pedestres
Expedição para restaurante
Chegada por mar
Chegada por ferrovia
12.5 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS Tabela 6
Descrição PAREDE Concreto pigmentado Alvenaria em pedras e blocos de massapê PISO Piso drenante cimentício, color premium Grey, Drenaltec. Concreto queimado Deck de madeira Cumaru Grama COBERTURA Telhas termoacústicas na cor cinza Laje nervurada com altura de 56cm Termobrises (150 Hunter e Douglas) fixos Vidro temperado (1.60 x .95) ESTRUTURA DA COBERTURA Estrutura metálica tipo espacial com tratamento antioxidante Vigas de aço para suporte de clarabóia ESQUADRIAS Placas de alumínio anodizado com pintura eletrostática na cor cobre
Figura 22: especificação dos materiais FONTE: archdaily, 2012. Drenaltec, 2016.
133
134
135
13 REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS AGÊNCIA DE NOTÍCIAS. Nova avenida Suburbana e entregue com festa pela prefeitura. Disponível em: http://www.agenciadenoticias.salvador.ba.gov.br/index.php/ptbr/releases-2/geral/4080-nova-avenida-suburbana-e-entreguecom-festa-pela-prefeitura. Acesso em: 28 de junho de 2016.
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CENTRO DE BENEFICIAMENTO DO PESCADO
ALEJANDRA KIRKWOOD
LAURO DE FREITAS 2016
DEDICADO ÀQUELES QUE VIVEM DA PESCA E DA MARISCAGEM