Livro de Memorias ImaPOA - turma 61

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apresentaÇÃo Memórias literárias são textos produzidos por escritores que dominam o ato de escrever como arte e revivem uma época por meio de suas lembranças pessoais. O livro de memórias literárias procura resgatar, por meio do encontro com as memórias de pessoas mais velhas da família, as lembranças que estão guardadas no íntimo de cada um. Os autores do livro são alunos do 6º ano, que foram em busca das memórias de seus familiares, a fim de eternizá-las através da literatura.

agraDecimentos Nossos agradecimentos fraternos a todos os familiares que compartilharam os momentos mais marcantes de sua vida, tornando possível a construção deste livro. À equipe pedagógica e irmãs do Instituto Maria Auxiliadora, que acreditaram e apoiaram o nosso projeto. Nossa gratidão e carinho. Educandos do 6º ano 1 e Professora Ithiana Vieira Menezes

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Dinamite

ANA CLARA FALLER Memória de: Luiz Carlos Faller - pai

Quando eu tinha 9 anos morava em um terreno da empresa onde meu pai trabalhava, lá havia depósitos onde guardavam máquinas e galpões onde guardavam dinamites, pois trabalhavam com construções de estradas. Usavam as dinamites para destruir ou explodir as rochas, que eventualmente bloqueavam as estradas em construção e piche, que era usado para misturar no asfalto e fazer acabamento nas estradas. Lá, em um certo dia, eu e todas as crianças estávamos jogando futebol, quando vimos que estava pegando fogo no depósito de máquinas. Quando vimos, ficamos histéricos,

pois o homem que cuidava do terreno avisou que do lado do depósito, nos galpões, havia dinamites guardadas e que se o fogo chegasse onde estavam guardadas tudo explodiria, assim todas as pessoas pegaram o que conseguiram e saíram correndo, mas não sabiam para onde, pois não tinham noção de onde poderia alcançar a explosão, até que tivemos certeza de que já estava seguro e de que estariam fora de perigo voltando para casa.

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A Boa Vida

AUDREY MILDNER CARTANA Memória de Maria Placídia de Freitas Mildner – avó

Há muito tempo eu e meu irmão Gaspar saíamos todos os dias pela manhã e à tarde saíamos para brincar. Andávamos horas e horas caminhando pelo campo afora conversando, procurando algum lugar em que pudéssemos nos sentar e descasar um pouco. Muitas vezes passávamos pelo gado, pelas ovelhas, pelos cavalos, como eram animais mansos e eram pequenos, não nos atacavam, apenas nos olhavam. Adorávamos ficar debaixo das árvores. Nós fazíamos de conta que elas eram pessoas, conversávamos com elas um bom tempo. Depois seguíamos nossa rotina. Um dia fomos tão longe de casa, que nossa mãe até se preocupou. Nesse dia nossa mãe

nos assustou que andava pelo campo um velho e ele pegava as crianças e levava embora. Meus pais tinham um petiço, quer dizer, um cavalo pequeno baixinho, era muito manso, montávamos nele e saíamos campo afora. Outra coisa que também gostávamos de fazer era mexer nos ninhos de passarinho para ver se tinha ovos ou filhotes. Quando tinha plantação de trigo, ou de arroz, nos rolávamos, na plantação. Assim é a minha história dos tempos de criança.

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Nascimento: Um momento mágico ENZO QUADRO Memória de Liliane Quadro – mãe

No dia 13 de maio de 2004, no Hospital Ernesto Dornelles nascia o meu maior tesouro, o meu filho Enzo, o presente maior que Deus pode dar a uma mulher, ser mãe é mágico, é algo que só as mulheres podem sentir. Na noite anterior, mal consegui dormir, a ansiedade era tanta, uma mistura de sentimentos, medo, felicidade, uma vontade muito grande de ver o rostinho dele. O parto estava marcado para às 8:30, mas eu deveria estar uma hora antes no hospital. Eentão levantei, tomei um banho, me arrumei toda, me maquiei e fomos eu meu marido Volnei, claro ainda levamos as duas avós para aguardar a chegada do nosso anjo tão esperado e amado por todos. Enfim chegada a hora tão esperada, o Enzo nasceu as 10:45, pesando 3.560 kg e medindo 49 cm, quando a Dra. Lisiane tirou o

Enzo da minha barriga e colocou ele nos meus braços foi o momento mais lindo da minha vida, pois ele estava chorando e eu comecei a acariciar o narizinho dele e conversar e ele foi se acalmando, pois todos os dias nós conversávamos com ele, tenho certeza que conheceu a minha voz, este momento realmente é mágico! Depois, já na sala de recuperação, trouxeram ele de banho tomado e com a roupinha que havia separado para ele pôr no primeiro dia de vida, ele estava lindo, realmente parecia um anjo. O que mais me impressionou, foi quando ofereci o peito para ele, abriu a boquinha e saiu sugando o meu peito como se já tivesse feito aquilo antes, então pensei mais uma vez, Deus é perfeito em tudo aquilo que faz.

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Alarme Caseiro ERICK TOMAZONI Memória de: Luis Alexandre Escanhuela Tomazoni – pai

Na década de 80, quando eu tinha, mais ou menos, onze anos, íamos eu e minha família acampar na beira da praia. Posso salientar que, naquela época, não precisávamos nos preocupar tanto com a questão da segurança como hoje. Então, fomos acampar em uma praia da ilha em Santa Catarina. Tínhamos uma barraca daquelas antigas com dois quartos e a montamos na areia em frente ao mar. O local era uma colônia de pescadores e tivemos a oportunidade de realizar atividades como puxar a rede e andar de barco.

Minha mãe tinha medo do mar e por isso colocou latas amarradas em volta da barraca para fazer barulho caso a água chegasse. Em uma determinada noite enquanto dormíamos, as latas soaram, foi uma correria. Imagine acordar com uma onda batendo no seu travesseiro. Fomos embora e só depois soubemos que houve uma ressaca em alto mar.

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A vida como ela é GABRIELA DA COSTA BATISTA. Memória de Maria de Lourdes Rodrigues – avó.

Recordo-me sem saudade nenhuma da cidade onde nasci. Cidade de Bagé, não muito grande, mas uma cidade em desenvolvimento constante. Localizada no interior do Rio Grande do Sul, mas conhecida como ‘A Rainha da Fronteira’. Minha casa era bem simples, feita de pau a pique, coberta de palha na região da campanha. Meu pai e minha mãe tiravam o sustento de casa com a criação de animais, porco, galinha e gado, de onde vendiam a carne e demais derivados como ovos, leite e banha. Também plantavam legumes como abóbora, milho, batata, cenoura e chuchu. No pomar havia pêssego, figo, uva, banana e melancia, onde minha mãe fazia muito doce para vender nas fazendas da região. Meu pai era tropeiro, eles tinham que se virar para alimentar eu e meus dez irmãos. Vivíamos bem na medida do possível, pois tudo era bom, nós éramos crianças pequenas. Foi aí então que me entregaram para uma 8 - IMA - Instituto Maria Auxiliadora - 6º Ano 1

família do Uruguai para que me criassem, não sabia o que estava acontecendo, pois eu tinha 4 anos e nunca tinha visto aquela gente antes! Fiquei apavorada e fui morar em Montevideo. Demorei muitos anos para rever meus pais e meus irmãos novamente e quando consegui vê-los não podia ficar perto deles, tinha que ficar o mais longe possível, pois meus pais adotivos tinham medo que eu pegasse alguma doença. O tempo foi passando e os meus problemas aumentando, por ser muito inteligente não permitiam que eu fosse à escola com medo de que eu não quisesse mais ficar com eles. Aos 28 anos retornei a Bagé e tive a infelicidade de descobrir que minha mãe havia falecido há três anos mais ou menos, pois ninguém tinha me falado nada. Vim morar então em Porto Alegre, onde me casei em seguida e construí minha família e hoje tenho uma neta linda. Por isso não tenho boas recordações da cidade onde nasci.


O menino da Jaula GUILHERME Memória de Marisa – avó

Há muito tempo, quando eu era criança, tinha um primo de 8 anos. Eu o buscava e levava na escola. Certa vez estávamos brincando e ele foi mordido por um cão, daí pensei: “Ai, meu Deus e agora?”. Resolvi levá-lo até sua mãe, o enfaixamos e o levamos para o hospital. O médico deu uma semana de atestado, ele estava com febre e o braço fraturado. Dois dias depois achei o cão maldito, bati muito nele, eu sei que não devia, porém a raiva era tanta que acabei batendo. Duas semanas se passaram e ele não melhorou. Voltamos ao médico, ele estava pensando no pior e falou para o meu tio Vado: - Acho que está com raiva, doença transmitida através de animais.

Meu tio ficou muito aflito, então contei o que havia acontecido na escola. A professora dele falou que ele tinha um comportamento estranho mordendo o lápis e cuspindo na classe. - Porque não falou antes, disse o tio. O sangue dele foi coletado para a realização de testes em uma lebre e ela apresentou os mesmos sintomas da doença. Então, ele foi enjaulado e morreu lá.

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A VIAGEM GUSTAVO BENDER Memória de Janaína Bender da Rosa – mãe.

Meu nome é Janaina hoje me tornei uma pessoa adulta. Desde pequena adorava ler livros. Na escola tive a oportunidade de conhecer vários lugares sem ao menos ter estado lá. Foi através das aulas de português e história que a minha curiosidade aumentava a cada dia. Infelizmente quando era criança não tive a oportunidade de conhecer os lugares para quais os livros me levavam. Agora adulta realizei o meu sonho, fui conhecer a cidade de Roma, conheci o tão famoso Coliseu e vários outros pontos turísticos os quais jamais imaginei conhecer. Fui também à França, visitei a torre Eiffel que por coincidência o fundador se chamava Gustavo, o mesmo nome do meu filho.

Estive em vários museus e me senti criança novamente. Mas ainda não tinha realizado uns dos meus maiores sonhos fui até a Holanda e conheci a casa onde morava “Anne Frank”, uma história real muito linda e triste ao mesmo tempo, uma verdadeira aula de história, e me senti muito feliz. E agora espero ler muito mais e conhecer outros lugares, pois os livros são a minha inspiração.

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O casamento JOÃO PEDRO CALIXTRO Memória de Mara Regina Calixtro Gouvea – mãe.

Eu decidi casar porque era um sonho antigo meu e do meu marido, pois estávamos juntos há nove anos. Nosso filho pediu muito e foi nosso pajem, carregando as alianças em uma almofada de coração, escolhida por ele. Chegado o dia tão esperado fui para o salão fazer o cabelo e a maquiagem, estava radiante, mal poderia esperar para aquele momento que seria único e muito especial para todos que estavam envolvidos e desejavam nossa felicidade. Ao chegar à igreja, avistei o Fábio, elegante e com um sorrido nos lábios, assim que nos vimos os olhos ficaram marejados e as bor-

boletas tomaram conta do meu estômago. Cada passo se tornava mais próximo de realizar o nosso sonho. A festa foi linda, embalada pelos anos 70 e regada de muito amor e risadas. Dançamos a noite toda com nossos amigos e família. Quando todos foram embora fomos terminar a nossa noite num hotel cinco estrelas, pois não podíamos viajar porque o João era muito pequeno e o Fábio tinha que trabalhar.

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Minha infância foi... JOÃO VICTOR CASARA Memória de Ana Maria Casara Jardim – mãe.

Uma das épocas que marcaram minha vida, e que sinto saudades foi a infância, você deve estar se perguntando o porquê, e eu vou lhe responder. Quando eu era criança não existiam essas coisas como brinquedos eletrônicos e shopping centers, mas nos divertíamos de outras maneiras junto com as crianças do bairro. Brincávamos de pular corda e sapata, de roda e de andar de balanço, além de brincarmos de boneca, já que minha mãe era costureira e fazia roupas para vesti-las. Nosso dia a dia não era muito fácil, mas mesmo assim sinto muitas saudades daquele tempo. Em primeiro lugar íamos para a escola; depois voltávamos para casa, fazíamos os temas e as tarefas de casa; somente após isso acontecer podíamos brincar. Uma outra coisa que me faz muita falta

é a presença do meu pai, pois quando eu era criança ele ainda estava vivo, e eu o amava muito. Além do carinho que ele nos dava, quando sobrava algum dinheiro ele comprava comida pronta e refrigerante, mas nós tomávamos só um pouquinho, pois nós éramos quatro crianças, eu e minhas irmãs Sandra e Isabel e meu irmão Sandro, mesmo assim isso nos fazia muito felizes, porque nos reuníamos em volta da mesa da nossa cozinha agradecendo a Deus por termos alimento em nossa mesa e uma família reunida pelo amor. Hoje em dia tenho uma linda e unida família composta por um filho e um marido, mesmo tendo nossas diferenças sempre buscamos a melhor alternativa para que possamos viver da forma mais perfeita possível.

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Na casa dos avós JOÃO VITOR MARIANO Memória de Sandra Bier – mãe

Todos os anos, durante as férias, eu e meus irmãos íamos para a casa de meus avós que moravam no interior. Outros primos, que moravam em outras cidades, também iam para lá. Nesse período participávamos da rotina do campo. Íamos buscar pasto para criação, e tratávamos os bichos. Tirávamos leite, ajudávamos na fabricação de erva mate e colhíamos frutos frescos. Quando não ajudávamos, brincávamos de pega-pega na plantação de soja. Também tomávamos banho de rio e na cachoeira que pertencia à propriedade. Eram momentos muito bons, que permitiam nos desconectarmos do mundo externo, pois tudo o que lá fazíamos era especial.

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As viagens de Snoopy KIANI MOLON Memória de: Cristina Maria Molon - mãe

Numa manhã de domingo acordei com minha amiga me chamando para irmos à casa dela, pois a cachorrinha Laica tinha tido filhotes e eu ia poder escolher um pra mim. Chegamos à garagem da casa da minha amiga e lá estava a cachorrinha com seus filhotes mamando. Eu escolhi o cachorro com pelo branco, muito fofinho e não sabia qual seria o nome dele ainda. Após dois meses, levei para casa e naquela noite ele chorou bastante, tendo que dormir no meu quarto no meu lado da minha cama. Eu andava com ele no colo quando eu ia visitar minhas amigas porque ele não tinha tomado vacina. Ele foi crescendo, gostava de jogar bola, dormia com a cabeça em pé.

No verão fomos para a praia. Numa tarde deixei o Snoopy em casa com meu irmão e fui passear com minhas amigas. Quando voltei meu pai e minha mãe e minha madrinha me chamaram pra conversar, contando que meu irmão tinha ido até a beira da praia com o Snoopy e na volta, ao atravessar a rua um carro bateu no Snoopy. Ele continuou correndo após o acontecimento, mas até que chegou em um muro e caiu, aí ele seguiu seu caminho a outra viagem, mas dessa vez sem volta. Quando voltamos de viagem não conseguia parar de chorar e pensar que seria melhor assim sem ele, mas que sempre estará em nosso coração.

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O Nascimento De Leandro LEANDRO Memória de Sueli Fátima Golub De Oliveira - mãe

No dia 25/10/2003 eu fui ao aniversário do meu afilhado Cristian com meus parentes. Eu estava grávida de quase nove meses, e a previsão para eu ganhar o meu filho, segundo o médico, era para depois do dia 15/11. Então, por isso não estava preocupada, pois me sentia bem, mas quando esperávamos as pizzas que o aniversariante pediu, a minha bolsa estourou. Liguei para o médico e ele disse para eu ir direto ao hospital, falei para os meus parentes que teria que ir e não poderia esperar as pizzas chegarem, mas eles queriam, foi muito en-

graçado, porque todos se reuniram em volta da mesa com o bolo para pelo o menos tirar uma foto, e nisso o meu tio e meu padrinho começaram a discutir; para ver quem iria me levar para o hospital. Daí meu padrinho foi pegar o carro, que não queria ligar, mas ligou e foi falhando até o hospital, mas chegamos lá às 21h:35min do dia 25/10/2003 eu ganhei o Leandro dia 26/10/2003 as 4:45 da madrugada e durante a tarde desse mesmo dia todos os meus parentes foram nos visitar, estava tudo bem.

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Aos domingos à tarde LUCAS VINÍCIUS DA SILVA PADILHA Memória de Everton Padilha- pai

Após o almoço de domingo na casa da minha tia Hijinia eu, meus primos e irmãos aguardávamos ansiosos pelo meu primo, Claudio Padilha, idade na época 40 anos, que tinha um Fusca ano 62. Ele sempre estava disposto a nos levar no parque para nós jogarmos um futebol e andar de balanço. Quando chegávamos lá fazíamos várias brincadeiras legais. Depois de brincarmos bastante, nosso primo comprava algodão doce, pipoca e refrigerante para nós, e depois nós saíamos para

fazer uma caminhada. E nesta caminha nós víamos vários passarinhos bonitos e nós tentávamos imitar o canto deles. E saíamos conversando sobre várias coisas legais. Após voltávamos no carro para ir embora, de tão cansados que estávamos acabamos dormindo pelo caminho. Chegando à casa da minha tia, ela nos aguardava com um belo bolo de chocolate e um suco de laranja. E nós nos deliciamos com aquele bolo, e depois cada um ia para sua casa alegre com o domingo que tínhamos passado juntos.

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Nascimento do meu filho MATHEUS LOPES Memória de Tierry Luciano Martins Lopes – pai

A história que eu vou contar ocorreu no dia vinte e um de janeiro de dois mil e quatro, um típico dia de verão em Porto Alegre, mais uma vez acabou chovendo o dia inteiro e nesse dia eu acordei em torno de 5 horas da manhã, pois minha esposa Sheila me informou que estava com dores. Eu olhei para ela e fomos caminhar um pouco. Por volta das seis horas da manhã nós dirigimos ao hospital da Ulbra para que pudéssemos realizar o nascimento do nosso tão esperado filho, que acabou nascendo por volta de 9h e 9h30min, ele era branquinho com os olhinhos verdes e que só faltou me chamar de papai, e ali naquele momento brotou um sentimento que nunca tinha sentido. Conforme o tempo passou tivemos muitas alegrias em família. IMA - Instituto Maria Auxiliadora - 6º Ano 1 - 17


Meu grande momento: A gravidez MELLANIE Memória de Daiane Fetzner - mãe

Eu soube que estava grávida no dia 13 de dezembro de 2002, que foi a primeira data mais importante da minha vida, desde então sou mãe. A segunda data mais importante foi o nascimento de minha filha no dia 01\08\2003. Tive uma gravidez difícil, pois tenho um problema congênito no útero, foram muitos exames, medicações e repouso. Agradecia todos os dias a Deus por ter segurado meu bebê mais um dia em minha barriga, pois a possibilidade de ser prematura era muito grande, portanto tudo o que pude fazer para evitar isso, eu fiz. Não há como descrever a emoção de sentir o primeiro chute, as primeiras batidas do coração, é uma emoção muito forte, guardada em minhas lembranças.

Não tive enjoos, não tive tonturas nem pressão alta, tinha uma ansiedade sem tamanho para ver o rostinho dela. Passaram-se 38 semanas para eu vê-la, e às 20h38 naquela data tão especial nasceu uma linda princesa que eu chamei de Mellanie. Uma menina tão doce quanto o nome e tão forte como sua mãe. Desde o primeiro dia 13\12\2002 já se passaram 12 anos, 9 meses e 15 dias de muito amor e carinho.

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Vinda para o Brasil PREDRO LUMERTZ Memória de Julia – bisavó

Era tempos de guerras, estavam pegando as pessoas para lutar, mas eu não queria lutar, pois eu poderia morrer. Então decidi fugir para o Brasil, pois lá teria chance de sobreviver. Numa noite vi a chance e corri, mas guardas perceberam e me seguiram. Então vi um galpão e dentro dele encontrei 10 tapes feitos de couro de boi, me escondi no primeiro. Os guardas começaram a levantar os tapetes. Antes que me achassem jurei que se eu conseguisse ir para o Brasil a primeira terra livre que achasse iria fazer uma gruta enorme e assim foi. Quando cheguei no Brasil a primeira coisa

a fazer foi pedir ajuda aos nativos, perguntei se tinha alguma montanha por perto e eles responderam que tinha uma bem próxima. Então comecei a fazer a gruta com 236 degraus cada um com o nome de uma pessoa que contribuiu a construir, depois disso comecei a fundar minha própria cidade, Dom Pedro de Alcântara. Tive filhos e uma família e fui muito feliz.

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Meus Natais Inesquecíveis PEDRO HENRIQUE SPERB DA COSTA Memória de Claudia Porto Sperb - mãe

Na minha infância assim que terminava as aulas eu ia passar as férias com a minha família, na praia de Tramandaí. Meus primos, Fernando, Eduardo e Alexandre veraneavam na mesma praia. A casa deles ficava bem perto da minha. Todo o dia de manhã ia para a praia com os meus tios, minhas irmãs, Fernanda e Alessandra, meus pais e meus avós, nos divertíamos muito. Durante a tarde andávamos de bicicleta e brincávamos até anoitecer. A melhor lembrança que tenho dessa época era a noite de natal, passávamos na casa dos meus avós. Minha avó montava uma árvore de verdade, ela era enorme, cheia de enfeites. Na noite de natal eu, meus primos e

minhas irmãs passeávamos no carro do meu avô, ele tinha um fusca que ficava na praia, e atrás do banco de trás cabiam duas crianças, claro nos éramos pequenos naquela época, com ele procurávamos o papai Noel no centro da cidade e quando desistíamos de procurar e voltávamos para casa e quando chegávamos tinha um monte de presente embaixo da árvore de natal, e os mais velhos diziam que o Papai Noel havia passado por lá e que pena que não estávamos lá para ver.

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A Lâmpada RAFAEL MACHADO Memória de Marcelo Araújo – pai

Em 1975 eu estava vendo as nuvens quando chegou meu avô, o maior “Inventor” da família, com uma novidade: um carrinho com uma lâmpada em cima e uma alavanca para brincar de jogar de um lado para outro. Eu adorei aquele brinquedo e passei a tarde me divertindo, junto com meu cachorrinho Rex. Um dia minha prima veio me visitar e aproveitei para mostrar a ela meu novo brinquedo, inventado pelo nosso avô, brincamos muito. Estávamos nos divertindo até que ela se aborreceu e jogou o brinquedo em mim. Tudo aconteceu muito rápido, e quando eu vi, a lâmpada estourou bem no meio da minha perna, cortou e espalhou muito sangue. Ficamos apavorados.

Minha mãe chegou nesse momento e me levou para o pronto socorro e levei 6 pontos na perna. Quando voltamos pra casa, minha mãe deu uma bronca em meu avô, e ele falou que não iria mais fazer invenções malucas, cortantes e perigosas. A parte boa da história e que não pude ir à escola, tinha acabado de tomar pontos e minha perna estava doendo muito, dei sorte, pois fiquei de repouso vendo televisão. Então vamos ser otimistas, foi até bom.

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tempos De atleta

RAPAHEL Memória de Magali Gren Gimbitzki – avó

Eu era um atleta desde jovem, ou seja, com 12 anos. Joguei vôlei na Sogipa, fiz parte das equipes: infantil, juvenil e adulto. Participei de campeonatos estaduais e torneios estudantis e quase fui em um brasileiro de vôlei, porque fomos campeões estaduais, por várias vezes e iríamos representar o Rio Grande do Sul em São Paulo ( Ribeirão Preto ). Infelizmente não pudemos ir, pois a Federação Gaúcha de Vôlei e a Sogipa não tinham dinheiro para nossa passagem e hospedagem. Treinei por 3 meses intensamente para o brasileiro e sem poder participar do mesmo, foi uma grande frustração. Fiquei muito chateada e foi um fato super marcante pra mim.

Meu time de vôlei da Sogipa era muito forte, pois treinávamos 3 vezes por semana e quando tínhamos campeonatos treinávamos aos sábados também. Nossos adversários na época eram: Grêmio Náutico União, Navegantes São João e Clube Gaúcho. Sobre minha frustração dei uma entrevista para o jornal local.

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Da Bahia para o mUnDo VICTOR GABRIEL Memória de Edgar Araujo - avô

Nasci em uma pequena cidade na Bahia chamada Brotas de Macaúbas a 580 km da capital Salvador. Vivi a minha infância com meus irmãos: jogava bola com eles a minha infância inteira. Depois eu fui crescendo e comecei a trabalhar, trabalhava como professor com vários anos trabalhando em uma escola e não gostando das condições de trabalho porque a prefeitura atrasava meu salário. Então resolvi tomar uma decisão: ficar na Bahia e continuar vivendo uma vida miserável ou arriscar em outro lugar. A escolha demorou dias e dias para ser tomada, então resolvi tentar a vida em outro lugar porque queria dar uma vida melhor para meus filhos e também para mim. Ao contar, a minha esposa ficou chocada, não querendo ir embora porque ela tinha

medo de sair da Bahia e dar tudo errado e ficar pior que situação do momento; Então falei” então eu vou primeiro depois vem você”. Fiz a minha mala e parti da Bahia em direção a São Paulo, deixando tudo para trás, toda minha família, minha casa, tudo absolutamente tudo, mas o que doeu mais foi deixar meu filho de 3 anos. Depois que cheguei a São Paulo em outubro, minha esposa só veio 4 meses depois em fevereiro e meu filho também. Alugamos um quarto com um banheiro no quintal, meu primeiro emprego foi de 3 salários mínimos, eu fabricava laminados e PVC. Depois de longos 30 anos de esforço, em 2009 consegui abrir uma loja chamada Veste Casa, que até hoje é o meu trabalho.

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Sonho Realizado VITÓRIA MION Memória de Cristina Mion- mãe Eu sempre ouvi dizer que ver a felicidade de um filho era a maior compensação que existia. Tive a prova disso no dia 27/6/2015. Em 2012 minha filha, Vitória, começou a assistir e gostar muito de uma novela do Disney Channel, e com o passar do tempo esse amor foi crescendo assustadoramente, ela estava completamente apaixonada pela protagonista de “Violetta”, a Martina, e eu apoiava o fato de Vitória ser fã, pois considerava isso algo saudável. Para mim, esse negócio de artista era algo inatingível, mas mesmo assim viajei para São Paulo e duas vezes para Argentina em busca de realizar o sonho de minha filha. Nestas três viagens que fizemos, não conseguimos realizar o maior sonho: abraçar a Martina. Este ano seria o último show de Violetta, e viajamos para São Paulo dispostas a “fazer o impossível acontecer” para ter o tão sonhado abraço. Passamos a noite do dia 26 acordadas na frente do hotel, e quando amanheceu no dia 27, decidi dar uma caminhada pelo hotel, já desacreditada e decepcionada, pois era o penúltimo dia lá, quando comecei a conversar com o motorista da van que levava os bailarinos, e no meio da conversa, soltei uma frase de brincadeira: “Bem que você poderia descobrir onde o elenco vai jantar, né?!”, e ele me respondeu que poderia tentar e me avisar, então me passou seu telefone. Fiquei pasma!

Fomos ao Citibank Hall, o local do show, e fiquei no estacionamento esperando para mandar mensagem ao motorista. A ansiedade era tanta que o chamei antes do combinado, e ele foi lá falar conosco. Disse-nos o possível restaurante, então chamei algumas amigas da Vitória, que assim como ela, eram fãs de verdade que realmente amavam os artistas como pessoas, não personagens. As coloquei num táxi, e quando chegamos ao suposto restaurante, eles não estavam lá. Avisei ao motorista e ele me disse que haviam trocado de restaurante, em uma rua próxima dali. Pegamos outro táxi e fomos, chegando perto vimos que era uma rua vazia, mas que havia uma van prata na frente de um restaurante japonês. Tivemos a certeza de que era ali e descemos do táxi. Quando entramos, o elenco realmente estava ali, e a Vitória estava em choque! Sentamos numa mesa próxima deles e resolvemos esperar a Martina acabar a refeição. Quando ela acabou, o segurança nos chamou, e Martina foi cantando em direção a minha filha, abraçou-a e conversou com ela, alisou seus cabelos e a chamou de “fofa”. Comecei a chorar por ter diante dos meus olhos um sonho de três anos realizado. É uma sensação indescritível e única, e agora, mais do que nunca sei que sempre vale a pena perseguir sonhos e torná-los realidade.

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