Edição 1167
15 a 21/01/2015
A força da Petrobrás está nos trabalhadores e não no mercado "Nós funcionários da Petrobrás, reconhecemos que há problemas de corrupção na empresa, mas, acreditamos que corrigidos estes problemas, poderemos sair mais fortes e mais competentes como empresa brasileira". Trecho da ata assinada pelos trabalhadores da P-18, após debaterem propostas de defesa da Petrobrás e de boas práticas de gestão. A indicação do empresário João Adalberto Elek Junior para a nova diretoria de Governança, Risco e Conformidade da Petrobrás confirma as preocupações externadas pela FUP em novembro do ano passado, quando a empresa anunciou a criação do cargo em resposta aos ataques que vem sofrendo. Na ocasião, deixamos claro que o combate à corrupção se faz com mudanças estruturais na gestão, que rompam com o modelo autoritário que se perpetua na Petrobrás desde o regime militar. Além de criar uma diretoria com super poderes, enquanto mantém os trabalhadores às margens do seu processo decisório, a estatal ainda terceirizou para o mercado a indicação de seu gestor. É na força do corpo técnico e da massa de trabalhadores que
fazem a Petrobrás crescer a cada dia que a empresa deveria buscar a inspiração para enfrentar os atuais problemas e não no mercado. O novo diretor terá, inclusive, acesso livre às investigações da companhia sobre corrupção, ao contrário dos trabalhadores, que desde outubro passado aguardam uma resposta para a reivindicação da FUP de participação nas comissões internas que apuram as denúncias de desvios de gestão. Nas mãos do mercado Escolhido através de uma lista tripartite, apresentada por uma consultoria internacional, contratada especialmente para selecionar executivos afinados com o mercado, João Elek Júnior é oriundo do setor financeiro e da área de telecomunicações, onde atuou prin-
cipalmente em empresas multinacionais, como o Citibank, AE&T e Telmex. Como diretor de Governança, Risco e Conformidade da Petrobrás, ele terá poderes praticamente absolutos. Todas as questões que forem submetidas à Diretoria Executiva da empresa deverão primeiro passar pelo seu crivo. Seu mandato será de três anos e poderá ser renovado por mais um período. Para destituí-lo do cargo, é preciso que o Conselho de Administração tenha o consentimento de pelo menos um representante dos acionistas minoritários, fato que não ocorre com as demais diretorias da Petrobrás, onde basta a maioria simples dos votos, como assegura o estatuto da empresa. Ou seja, o mercado passa a ter mais influência e poder sobre a Petrobrás do que o próprio Estado, que é o seu acionista con-
trolador. É aquela velha máxima de colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Me diga com quem tu andas... Em entrevista ao jornal Valor, o ex-presidente da Aepet e atual representante dos trabalhadores no CA da Petrobrás, Sílvio Sinedino, considerou “um marco” o processo de escolha da nova diretoria da empresa. Veja o que ele disse: “Deveríamos aproveitar esse gancho para defender que a Petrobrás passe a adotar processos seletivos também para a escolha de gerentes executivos e de novos diretores”. É por essas e outras que é fundamental eleger para o CA da Petrobrás e da Transpetro conselheiros comprometidos com a pauta da classe trabalhadora.