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Tiamat-World Orgulhosamente Apresenta:

Christine Feehan Dark Peril Série Cárpatos 21 Dominic, da linhagem Caçadores de Dragões, uma das mais poderosas do povo Cárpato, ingere sangue infectado com parasitas para poder ir ao coração do acampamento inimigo e aprender seus planos. É uma missão de um só sentido. Ele sabe que tem pouco tempo uma vez que os parasitas e o sangue comecem a trabalhar. Pretende entrar rapidamente, retransmitir a informação ao líder dos Cárpatos que vive na área e sair lutando, uma maneira honorável de terminar com sua vida. Solange Sangria é uma das últimas do povo jaguar, um puro sangue real. Seu povo, uma vez muitos, agora estão quase extintos, uma espécie em extinção que não pode recuperar-se das escolhas que fizeram ao longo dos anos. Esteve muito tempo sozinha, lutando para salvar às mulheres restantes capazes de trocar das mãos de Brodrick, o Terrível, seu próprio pai, que matou sua família e todos aos que amava. Ferida e cansada, planeja uma última batalha, esperando deter o homem que fez uma aliança com os vampiros, aceitando que não sairá viva. Eles são dois guerreiros que viveram suas vidas sozinhos. Agora, ao final de seu tempo, encontram um ao outro, uma complicação que nenhum viu chegar.

TRADUZIDO E REVISADO DO INGLÊS Envio do arquivo: Gisa Revisão: Sandra Maia Revisão Final: Fabrícia Leitura Final: Táai Formatação: Greicy Tiamat - World


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Comentário da Revisora Sandra Maia: Eu gostei bastante. Prefiro as histórias que acontecem nas montanhas cárpatas, mas esse foi bom. Só teve muita lenga lenga para domesticar a Solange. Mas o Dominic é tudo de bom. Deve ser o sangue, porque ele é tão ou mais suave que o Razvan. Comentário da Revisora Fabrícia: Um dos mais românticos cárpatos, se isso for possível! Este livro dá muito mais destaque às relações entre os companheiros que às batalhas, no meu ponto de vista, uma bela escolha. Comentário da Táai: Lindo, muito lindo. A evolução do amor deles é linda, na minha opinião, só perde pro livro do Falcon e pro do Razvan. Deliciem-se!

Capítulo 1 "Estive meio-vivo durante mil anos. Abandonei toda esperança de nos encontrarmos neste tempo. Muitos séculos. Tudo desaparece enquanto o tempo e a escuridão roubam a cor e a rima."

— Dominic para Solange Os machos Cárpatos sem companheira não sonhavam. Não viam em cores e certamente não sentiam emoções. Dor, sim, mas não emoção. Então, por que esteve sonhando durante os últimos anos? Era um antigo, um guerreiro experiente. Não tinha tempo para a fantasia, nem para a imaginação. Seu mundo era duro e árido, uma necessidade por combater a um inimigo que, inevitavelmente, tinha sido um amigo ou membro da família. Durante os primeiros cem anos mais ou menos, depois de perder suas emoções, teve esperança. Enquanto os séculos passavam, a esperança de encontrar sua companheira se desvaneceu. Aceitou que a encontraria na próxima vida e estava cumprindo com resolução seu último dever para com sua gente, mas aqui estava, um antigo de grande experiência, Dominic da linhagem dos Caçadores de Dragões, uma linhagem tão antiga como o tempo, um homem de sabedoria, um guerreiro renomado e temido, tombado acordado sob a terra rica, sonhando. Os sonhos deveriam sentir-se insubstanciais e ao princípio o seu havia sido. Uma mulher. Só uma vaga ideia do seu aspecto. Tão jovem em comparação a ele, mas uma guerreira por direito próprio. Ela não era sua noção de mulher com a qual se uniria, mas, enquanto ela se tornava mais substancial com o passar dos anos, se dava conta de quão perfeita era para ele. Ele tinha lutado durante muito tempo para depor sua espada. Não conhecia nenhum outro estilo de vida. O dever e o sacrifício estavam impressos em seus ossos e necessitava de uma mulher que pudesse compreendê-lo. Possivelmente isso era o que eram seus sonhos. Ele nunca havia sonhado até alguns anos atrás. Nunca. Os sonhos eram emoções e as tinha perdido fazia muito tempo. Os sonhos eram em cores, 2


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embora os seus não. Mas os percebia em cores enquanto os anos davam forma à mulher. Ela era um mistério, completa confiança quando lutava. Frequentemente tinha machucados e feridas frescas que deixavam cicatrizes em sua pele suave. Ele chegava a examiná-la cuidadosamente cada vez que se encontravam, curá-la se converteu em sua saudação usual. Encontrou-se sorrindo por dentro ao pensar em como ela era inteiramente o oposto de confiante quando se tratava de ver-se como mulher. Durante uns poucos momentos, contemplou porque deveria estar sorrindo por dentro. Sorrir era igual à felicidade e ele não tinha emoções para sentir tais coisas, mas suas lembranças de emoções estavam afiando-se ao final de sua vida, em vez de obscurecer-se como esperava. Por que, quando convocava o sonho, sentia uma sensação de consolo, de estar bem e feliz. Com o passar dos anos ela se tornou mais clara para ele. Uma mulher jaguar. Uma guerreira feroz com exatamente os mesmos valores que ele hasteava: lealdade, família e dever. Ele nunca esqueceria a noite, há uma semana, em que viu a cor de seus olhos. Por um momento não pôde respirar, olhou-a maravilhado, surpreso de que pudesse recordar as cores tão vividamente para poder atribuir uma cor verdadeira a seus olhos felinos. Os olhos eram formosos, resplandecendo em algum lugar entre o ouro e o âmbar com débeis insinuações de verde que se obscureciam quando ele conseguia obter alguma risada. Ela não ria frequentemente, nem facilmente, e, quando o fazia, sentia que era mais que qualquer batalha que uma vez tivesse ganho. Enquanto os sonhos continuavam, e só ocorriam quando estava acordado, sempre pareciam um pouco desfocados. Mas esperava vê-la. Sentia-se protetor para com ela, como se sua lealdade já se balançasse para a mulher de seu sonho. Escreveu-lhe canções de amor dizendo todas as coisas que desejava dizer a sua companheira e quando ela se negava a descansar, ele a tombava com a cabeça no colo, acariciava-lhe a espessa juba de cabelo e cantava em seu idioma. Nunca se sentiu mais contente, nem completo. Revolveu-se, perturbando à terra rica que o rodeava. No momento que se moveu, a dor lhe apanhou, milhares de facas lhe rasgaram de dentro para fora. O sangue poluído do vampiro, que tinha tragado deliberadamente, estava cheio de parasitas e se agitavam dentro dele reproduzindose, procurando tomar o controle de seu corpo, para invadir cada célula, cada órgão e, por muito frequentemente que purgasse alguns para manter seu número baixo, eles pareciam trabalhar mais duro para multiplicar-se. Dominic vaiou um fôlego entre dentes enquanto se forçava a elevar-se. Não era ainda completamente de noite e ele era um antigo Cárpato com muitas batalhas e mortes em suas costas. Geralmente os antigos não se elevavam antes que o sol tivesse se posto, mas necessitava o tempo extra para explorar a seu inimigo e orientar-se nesta terra de mitos e lendas. No fundo da cova que tinha escolhido na selva do Amazonas, moveu a terra brandamente, deixando que se assentasse a seu redor enquanto despertava, querendo manter a área tão tranquila quanto fosse possível. Viajava só de noite, como os de sua raça faziam, escutando o cochicho do mal sobre o rastro de um mestre vampiro, um que certamente sabia dos planos de destruir a espécie dos Cárpatos de uma vez por todas. Seu povo sabia que os vampiros estavam se reunindo sob o

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comando dos cinco. No início, os grupos eram pequenos e dispersos, os ataques facilmente defensáveis, mas ultimamente o cochicho da conspiração cresceu a um rugido e os grupos eram maiores, mais organizados e extensos do que acreditavam a princípio. Estava seguro que os parasitas do sangue poluído eram a chave para identificar a todos os que forjavam uma aliança com os cinco mestres. Deduziu isso durante seus dias de viagem. Provou a teoria várias vezes, encontrando três vampiros. Dois eram relativamente novatos e nenhum tinha os parasitas, foi fácil para um caçador experiente matá-los, mas o terceiro esclareceu suas perguntas. No momento em que se aproximou, os parasitas entraram em um frenesi de reconhecimento. Escutou o vampiro gabar-se durante a maior parte da noite, lhe contando sobre as legiões crescentes e como os emissários se estavam reunindo no Amazonas, onde tinham aliados entre os homens jaguar e uma sociedade humana que não tinha a menor ideia de que estavam se deitando com os que tentavam destruir. Os mestres utilizavam tanto a humanos como a homens jaguar para caçar e matar Cárpatos. Dominic matou o vampiro, uma extração rápida do coração e chamando o relâmpago, incinerou-o. Antes de deixar a área, teve muito cuidado de eliminar qualquer rastro de sua presença. Sabia que o tempo estava se acabando rapidamente. Os parasitas estavam muito ocupados trabalhando, sussurrando-lhe, murmurando malvados incentivos, incansáveis em sua busca para que ele se unisse aos mestres. Era um antigo sem companheira e a escuridão já era forte nele. Aceitou que sua companheira viria na próxima vida e dedicou sua vida a ajudar seu povo. Sua amada irmã tinha desaparecido fazia centenas de anos, agora sabia que estava morta e que suas filhas estavam a salvo com o povo Cárpato. Poderia fazer esta última tarefa e terminar sua árida existência com honra. Levantou-se da terra rica, tão rejuvenescido como alguém com parasitas no sangue poderia estar. A caverna, no fundo da terra evitava que o sol tocasse sua pele, mas o sentia de todos os modos, sabendo que estava justo fora da escuridão, esperando para torrá-lo. A pele ardia e ardia com antecipação. Caminhou a longos passos pela caverna com confiança absoluta. Moveu-se com a fácil segurança de um guerreiro, fluindo sobre o chão desigual na escuridão. Quando começou a subir à superfície, pensou nela, sua companheira, a mulher de seus sonhos. Não era sua verdadeira companheira, é óbvio, porque a veria em vívidas cores, não só seus olhos. Veria as variadas sombras de verde na selva tropical, mas tudo em torno dele permanecia em tons cinza. Estava encontrando consolo em seu engano? Eram suas canções a ela, seu amor por sua companheira um engano? Desejava-a, precisava evocá-la às vezes para passar a noite quando seu sangue estava ardendo e era comido vivo, de dentro para fora. Pensou na pele suave, uma sensação que parecia assombrosa quando ele era como um carvalho, ferro duro, a pele tão dura como o couro. Quando se aproximou da saída, pôde ver a luz que se derramava no túnel e seu corpo se encolheu, uma reação automática depois de séculos de viver na noite. Adorava a noite, sem importar onde estivesse ou em que continente estivesse. A lua era uma amiga, as estrelas frequentemente luzes pelas quais se guiava. Agora estava em um território não familiar, mas sabia que os irmãos Da Cruz patrulhavam a selva tropical, embora houvesse cinco deles para cobrir um território tão grande e estavam disseminados. Ele tinha a sensação de que os cinco que estavam recrutando vampiros

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menores contra os Cárpatos, tinham escolhido deliberadamente o território dos Da Cruz como sua sede. Os irmãos Malinov e os irmãos Da Cruz cresceram juntos, mais que amigos, reclamando um parentesco. Foram considerados pelo povo Cárpato como duas das famílias mais poderosas, guerreiros não superados por muitos. Dominic pensou a respeito de suas personalidades e sobre o companheirismo que se tornou uma rivalidade. Teve o pressentimento de que os irmãos Malinov escolheriam estabelecer sua sede sob o nariz daqueles que tinham tramado maneiras hipotéticas de remover a linhagem Dubrinsky como governantes do povo Cárpato e logo ao final, tinham jurado lealdade ao príncipe. Os irmãos Malinov tinham convertido aos irmãos Da Cruz em seus inimigos mais amargos e inexoráveis. A linha lógica do raciocínio de Dominic tinha sido confirmada pelo vampiro que matou nas Montanhas Cárpato, um vampiro menor, muito falador, que queria gabar-se de tudo o que sabia. Ele fez a seu modo, sem tomar prisioneiros, por assim dizer, surpreso de quão fantástico sistema de advertência eram os parasitas. Aos irmãos Malinov, nunca lhes ocorreu que algum Cárpato se atreveria a ingerir o sangue e invadir seu acampamento. Ao aproximar-se da entrada, foi golpeado primeiro pelo ruído, sons de pássaros, macacos e o zumbido incessante dos insetos apesar da chuva constante. Fazia calor e o vapor se elevava do chão justo fora da caverna enquanto a umidade vertia dos céus. As árvores desciam sobre as torcidas bordas do rio, suas raízes eram grandes jaulas nodosas, as gavinhas grossas deslizavam sobre o chão para criar ondas de madeira. Dominic era insensível à chuva ou ao calor, podia regular sua própria temperatura para permanecer cômodo, mas esses dez metros da entrada da caverna à segurança relativa sob o espesso dossel foram um verdadeiro inferno e não esperava por isso. Viajar sob o sol, inclusive sob outra forma era doloroso e com a sensação de fragmentos de vidro lhe rasgando o interior em pedaços, já era o bastante ao que enfrentar-se. Foi difícil não alcançar o sonho. Em companhia dela, a dor aliviava e o sussurro em sua cabeça cessava. O constante murmúrio, os parasitas trabalhando para que aceitasse aos mestres e seu plano, era exaustivo. O sonho lhe dava consolo, mesmo sabendo que sua companheira não era real. Sabia que tinha construído lentamente sua companheira em sua mente, não seu aspecto, a não ser suas características, os traços que eram importantes para ele. Necessitava de uma mulher que fosse leal além de tudo, uma mulher que protegeria suas crianças com ferocidade, que estaria com ele sem importar o que viesse para eles, ele saberia que estaria a seu lado e não teria que preocupar-se de que não pudesse proteger a ela mesma ou a seus filhos. Necessitava uma mulher, que, quando só estivessem eles dois, seguiria sua liderança, que seria feminina e frágil e todas essas coisas que ela não podia ser durante as vezes que teriam que lutar. E desejava esse lado dela completamente para ele mesmo. Era egoísta, possivelmente, mas nunca teve nada para si mesmo e sua mulher era somente para ele. Não queria que outros homens a vissem do modo em que ele o fazia. Não queria que ela olhasse a outros homens. Ela era só para ele e possivelmente isso era o que o sonho verdadeiramente era, a formação de uma mulher perfeita na mente quando sabia que nunca teria uma.

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Conhecia muito bem as habilidades de combate dela. Tinha visto as cicatrizes das batalhas. Respeitava-a e admirava quando caminhava com ela, mesmo que realmente não pudesse reter sua imagem durante muito tempo. Nos sonhos que vinha a ele, estiva protegida por um denso véu, trocavam imagens mais que palavras. Tinha levado muito tempo para revelarem uma parte de si que não fosse a de guerreiro. Construíram a confiança entre eles lentamente e gostava disso nela. A mulher não entregava sua lealdade facilmente, mas quando o fazia, dava-a por completo. E foi para ele. Outra vez se encontrou sorrindo por dentro com uma fantasia tão ridícula para sua idade. Devia ser um sinal da piora de sua mente. A senilidade se impunha. Mas como sentia sua falta quando não podia trazê-la a ele. Ela parecia mais perto ali no calor da selva, com a chuva caindo em capas prateadas. O véu de umidade lhe recordou a primeira vez que tinha conseguido olhar atentamente através da neblina de seu sonho e visto sua face tão claramente. Roubou-lhe o fôlego. Parecia tão assustada, como se tivesse se revelado deliberadamente, correndo o risco finalmente, mas estava tremendo, esperando que ele a julgasse. Ele se sentiu mais próximo ao amor verdadeiro do que jamais havia sentido. Tratou de comparar o sentimento com o que teve por sua irmã Rhiannon, nos primeiros dias quando todos eram felizes e ele ainda tinha suas emoções. Tinha guardado a lembrança desse amor todos esses séculos, mas agora, quando necessitava do sentimento para completar seu sonho, antes de sair a lutar, o sentimento era inteiramente diferente. Sentimento. Deu-lhe voltas à palavra uma e outra vez em sua mente. O que significava? Lembranças? Ou realidade? E por que suas lembranças eram tão nítidas de repente, aqui na selva? Cheirou a chuva, inalou o aroma e houve um pouco de prazer na sensação. Era frustrante, quase captar o sentimento e ainda assim, o iludia. Não era simplesmente um subproduto de ingerir o sangue de vampiro, tinha começado a "sonhar" muito antes. E os sonhos aconteciam enquanto estava acordado. Ele suspeitava de todas as coisas que não tinham sentido. Não era um homem propenso aos sonhos ou às fantasias e esta mulher mítica estava se convertendo em uma grande parte de sua vida, em parte dele. Estava se enganando ao pensar que era uma companheira verdadeira, realidade em vez de um mito, mas aqui na terra onde mitos e lendas vinham à vida, ele quase podia convencerse de que ela era real. Mas inclusive se fosse, era muito tarde. A dor contínua que lhe arranhava o ventre dizia que seu tempo tinha acabado e que tinha que levar a cabo seu plano de infiltrar-se no acampamento inimigo, obter seus planos, enviar a informação a Zacarias Da Cruz e logo matar tantos vampiros quanto pudesse antes de sucumbir. Havia escolhido sair e lutar por seu povo. Trocou, tomando a forma do senhor dos céus, a águia harpia 1. O pássaro era maior que o normal e as harpias eram grandes aves. A envergadura das asas era de uns bons dois metros, as garras enormes. A forma ajudaria a protegê-lo quando entrasse na luz

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Nota: Também conhecida como gavião-real, são predadores tremendamente eficazes, adaptadas ao voo acrobático em ambientes de selva fechada.

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do sol antes de alcançar o refúgio relativo da canópia 2. Elevou-se do chão à luz do sol. Apesar do aguaceiro, a luz lhe queimou. A fumaça se elevou das plumas escuras, emanando inclusive da forma do pássaro. Já havia sofrido queimaduras e seu corpo ficou destroçado com as cicatrizes, embora aliviassem com o tempo, mas nunca esqueceria essa dor. Estava gravado em seus ossos. Aspirando o fôlego bruscamente, forçou-se a levantar o voo e subir para essa massa horrorosa de ardente calor. A chuva crepitou sobre ele, cuspindo e vaiando como um gato zangado, quando o grande pássaro decolou, batendo as asas com força para ganhar altura e lhe levar às árvores. A luz quase o cegou e dentro da águia se encolheu longe dos raios, sem importar como se peneirasse com a chuva. Pareceu que cruzar os dez metros durava uma eternidade, embora o pássaro estivesse nas árvores quase imediatamente. Levou-lhe uns poucos momentos para dar-se conta de que o sol já não estava diretamente sobre suas plumas. O vaio e os cuspidos cederam uma vez mais à convocação dos pássaros e dos macacos, desta vez com um agudo alarme. Debaixo dele, um porco-espinho deixou cair os figos que jantava quando a sombra da águia passou sobre sua cabeça. Duas bonitas aranhas, bêbadas pelas frutas fermentadas lhe olharam fixamente. A selva do Amazonas atravessava oito fronteiras, estendendo-se pelos países com suas próprias formas diversas de vida. Um tamanduá, que subia aos ramos de uma árvore, deteve-se para olhá-lo cautelosamente. As araras de penas vermelhas e azuis gritaram advertências quando passou por cima, mas as ignorou, expandindo seu círculo mais amplamente para abranger cada vez mais território. A águia se movia silenciosamente pela floresta, tão alto quanto as canópias permitiam, sem emergir por cima, cobrindo milhas. Necessitava o refúgio dos ramos torcidos e a densa folhagem para bloquear a luz. Com os olhos da águia harpia podia ver algo tão pequeno como algo de dois centímetros ou algo com quase dois metros. Podia voar a até oitenta quilômetros por hora se estava em um espaço aberto e mergulhar com uma velocidade vertiginosa, se fosse necessário. Agora, a visão era a razão principal para ter escolhido a forma da águia. Divisou centenas de rãs e lagartos que pontilhavam os ramos e troncos enquanto varria o céu. As serpentes estavam enroladas entre os ramos torcidos, escondidas entre as flores empapadas pela chuva. Um leopardo se encolheu mais profundamente na folhagem de um alto kapok3, seus grandes olhos fixos na presa. A águia voou mais baixo, inspecionando a vegetação perto das ervas daninhas. Blocos de pedra calcária jaziam meio enterrados em escombros, como se tivesse sido pulverizados por uma mão voluntariosa. Um sumidouro brilhava com água azul, atestando um rio subterrâneo. A águia continuou expandindo seu círculo, abrangendo cada vez mais quilômetros, até que encontrou o que procurava. O pássaro se assentou no alto dos ramos de uma árvore alta ao bordo de uma clareira feita pelo homem. Um edifício grande, de aço e ferrolhos tinha sido introduzido peça a peça e construído no último ano. Favoreceu-se o crescimento ao redor dele, presumivelmente com 2

Nota: é o estrato superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores biodiversidades do planeta, contendo, segundo estimativas, até 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura. Devido à dificuldade de acesso e observação é um ambiente ainda pouco conhecido. A partir da década de 1980, biólogos e ecólogos passaram a ter interesse em pesquisas neste campo, passando a adaptar técnicas de escalada utilizadas em alpinismo para ascensão às copas das árvores. Essa técnica passou a ser conhecida como arvorismo. 3 Nota: Árvore da floresta tropical, nativa do México, América Central, Caribe e norte da América do Sul.

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intenção de ocultá-lo, mas não com tempo suficiente para que a floresta recuperasse o terreno perdido. Algo fez um buraco através do metal exterior e começou um fogo. O cheiro de fumaça não pôde evitar que o fedor de carne podre se elevasse para fazer que sua pele se arrepiasse inclusive no profundo da forma do pássaro. Vampiro. O aroma estava ali, embora esvaído, como se muitas sublevações tivessem acontecido desde que o não morto tinha visitado este lugar. Ainda assim, o lamento da morte se elevava dos terrenos dos arredores. O lado direito do edifício estava enegrecido e um buraco dava vistas do interior. Uma batalha muito recente, possivelmente nos últimas horas teve lugar aqui. Os olhos agudos da águia podiam ver os móveis de dentro derrubados, um escritório e duas jaulas. Um corpo jazia imóvel no piso. Dois homens, humanos estava seguro, estavam fora do edifício com a equipe de combate, grandes fuzis atados aos ombros. Um deles inclinou uma garrafa de água na boca e logo retrocedeu ao refúgio relativo da porta, tentando evitar a chuva constante. O segundo aguentava firmemente, a água o encharcava, enquanto dizia umas poucas palavras ao primeiro guarda antes de mover-se para rodear o edifício. Ambos estavam vigilantes e o guarda da porta protegia a perna esquerda, como se tivesse sido ferido. A águia olhou, imóvel, escondida entre os ramos grossos e retorcidos e sob o guarda-chuva das folhas por cima da clareira. Não passou muito tempo antes que um terceiro homem aparecesse, saindo do bosque. Nu, tinha um largo peito com pernas curtas e fornidas e braços muito musculosos. Levava um segundo homem sobre o ombro. O sangue lhe descia pelo ombro e costas, embora fosse impossível dizer se era do homem inconsciente ou dele. Cambaleou um pouco antes de alcançar a porta, mas o guarda não se moveu para ajudá-lo. Em vez disso, afastou-se a um lado, levantou apenas o canhão de sua arma, mas o suficiente para cobrir aos recém-chegados. Homens jaguares. Troca-formas. Não havia dúvida na mente de Dominic. Alguém atacou este complexo e fez uma quantidade considerável de dano. Obviamente o guarda humano desconfiava dos homens jaguar, mas lhes permitiu entrar no edifício. O segundo guarda se colocou detrás e cobria aos dois shifters, com o dedo no gatilho. Claramente, havia uma trégua inquieta entre as duas espécies. Dominic sabia que os homens jaguar estavam à beira da extinção. Ele viu o declive umas poucas centenas de anos atrás e soube que era inevitável. Nesta época, os Cárpatos tinham tentado lhes advertir do que vinha. Os tempos mudavam e uma espécie tinha que evoluir para sobreviver, mas os homens jaguar recusaram o conselho. Quiseram permanecer com os velhos costumes, vivendo no profundo das selvas, encontrando uma companheira, emprenhando-a e seguiam em frente. Eram selvagens e de mau temperamento, sempre incapazes de assentar-se. Os poucos homens jaguar com os que Dominic passou algum tempo tinham um tremendo sentimento de direito e superioridade. Viam todas as outras espécies como inferiores e suas mulheres não significavam muito mais que um recipiente para levar suas crias. A família real tinha uma longa história de crueldade e abuso sobre suas mulheres e meninas, uma prática que os outros machos viram como exemplo e a seguiram. Houve uns poucos e raros homens jaguar que tentaram convencer aos outros que deviam valorar a suas mulheres e meninas, em vez de as tratar como uma

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propriedade, mas foram considerados traidores, rechaçados e ridicularizados, ou pior, assassinados. No final, os Cárpatos deixaram os homens jaguar a sua própria sorte, sabendo que a espécie estava condenada. Brodrick X, um raro jaguar negro, guiava aos machos como seu pai e seus antepassados haviam feito antes dele. Era considerado um homem difícil e brutal, responsável por matanças de aldeias inteiras de híbridos que acreditava não aptos para viver. Corriam rumores que havia feito uma aliança com os irmãos Malinov assim como com a sociedade de humanos dedicados a aniquilar vampiros. Dominic sacudiu a cabeça com a ironia. Os humanos não podiam distinguir a diferença entre um Cárpato e um vampiro e sua sociedade secreta foi infiltrada pelos mesmos que estavam tentando destruir. Os Malinov estavam usando ambas as espécies em sua guerra contra os Cárpatos. Até agora, os homens lobo não tinham escolhido nenhum lado, permanecendo estritamente neutros, mas existiam, como Manolito Da Cruz comprovou com sua companheira. Dominic levantou voo e se aproximou, afinando sua audição para captar a conversa dentro do edifício. — A mulher está morta, Brodrick. Saltou sobre o precipício. Não pudemos detê-la. — Havia cansaço e aversão na voz. Uma segunda voz, cheia de dor adicionou: — Não podemos nos permitir o luxo de perder mais de nossas mulheres. A terceira voz foi mais baixa, um grunhido de puro poder, impressionante pela autoridade absoluta. — O que disse, Brad? — A voz transmitia uma ameaça clara, como se o pensamento que qualquer um de seus peões tivesse ideias próprias de algum modo os convertesse em traidores. — Precisa de um médico, Brodrick. — Interveio a primeira voz apressadamente. Dominic olhou como um homem grande vestido com jeans frouxos e uma camisa aberta surgia da casa. Usava o cabelo comprido, desgrenhado e muito espesso. Dominic soube instantaneamente que estava olhando a Brodrick, o governante dos homens jaguar. Seu príncipe tinha decretado que os Cárpatos deviam deixar a espécie a seu próprio destino ou do contrário estaria tentado a matar o homem no lugar onde estava. Brodrick era diretamente responsável pelas mortes de inúmeros homens, mulheres e crianças. Estava consumido pelo demônio, bêbado de seu próprio poder e com a crença que era superior a todos os outros. Brodrick olhou os dois guardas depreciativamente. — Que porra fazem perdendo tempo na porta? Supostamente deveriam estar trabalhando. O segundo guarda manteve seu fuzil apontado na direção de Brodrick inclusive enquanto os dois humanos se moviam em círculos opostos, o que estava se refugiando na porta, coxeando bastante, confirmando a crença de Dominic que estava ferido. Brodrick franziu o cenho à chuva, deixando que vertesse sobre seu rosto. Cuspiu com repugnância e caminhou pelo lado do edifício onde houve o fogo. Agachando-se, procurou pelo chão. Foi muito minucioso, inclinou-se para farejar, utilizando todos os sentidos para recolher o rastro de seu inimigo. De repente se recostou sobre os calcanhares, se esticando. — Kevin, vem aqui. — Chamou.

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O homem jaguar que estava ferido correu para fora, descalço, mas em jeans e enfiando uma camiseta pelo peito. — O que é? — Conseguiu um bom olhar de quem quer que irrompeu e libertou Annabelle? Kevin negou com a cabeça. — Foi uma tentativa magnífica. Eliminou dois guardas, os tiros tão perto um do outro que todos pensaram que tinha sido um só. — Não há nenhum rastro. Nenhum. Onde diabos ele estava? E como soube o lugar exato onde fazer voar o edifício para libertar Annabelle? Não havia janelas. Kevin olhou para os guardas. — Acredita que alguém ajudou? — O que aconteceu ali? — Brodrick fez gestos para o bosque. Kevin deu de ombros. — Perseguimos Annabelle. Correu pela floreta, para o rio. Pensamos que possivelmente fosse seu homem, o humano de quem falou, vindo para tentar salvá-la. Não necessitávamos de armas para lutar contra ele, assim mudamos. Seríamos mais rápidos que Annabelle viajando pela floresta, inclusive se mudasse. Tinha sido um pensamento lógico, concedeu Dominic de sua posição acima deles, mas tinham perdido à mulher. Brodrick sacudiu a cabeça. — Como Brad foi atingido? E onde está Tonio? Kevin suspirou. — Encontramos seu corpo do outro lado das cavernas. Enredou-se com outro gato. Brad estava ajoelhado ao seu lado e em seguida estávamos no chão e imobilizados. Eu não tinha armas e mudei de forma para tentar rodear e encontrar o atirador, mas não pude encontrar nenhum rastro. Brodrick xingou. — É ela. Ela fez isto. Sei que foi ela. Por isso não encontrou nenhum rastro. Veio pelas árvores. Ninguém disse quem era ela. Dominic queria saber quem podia ser a mulher misteriosa que obviamente odiavam e temiam. Alguém a quem não se importaria de conhecer. Quatro dos cinco irmãos Da Cruz tinham companheiras. Poderia a evasiva mulher ser uma de suas companheiras? Era possível, mas duvidava. Os irmãos Da Cruz não desejariam suas mulheres na batalha. Eram homens com naturezas violentamente protetoras e vir para esta região só tinha incrementado suas tendências dominantes. Tinham oito países para patrulhar e os irmãos Malinov sabiam que era impossível cobrir cada centímetro de selva. Eles nunca, sob nenhuma circunstância, enviariam suas mulheres sozinhas. Não, esta tinha que ser outra pessoa. A águia abriu as asas imensas e saiu voando. O sol começava a desaparecer, o fazendo sentir um pouco mais cômodo, mas o sussurro dos parasitas ficou mais forte, tentando, empurrando sua fome a um nível voraz, até que mal pôde pensar claramente. Era só a forma do pássaro que mantinha sua prudência enquanto tentava se ajustar ao nível crescente de tortura. À medida que a noite se aproximava, os parasitas passavam da lerdeza à atividade, apunhalando os órgãos internos enquanto

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o sangue de vampiro queimava como ácido. Devia se alimentar, mas cada vez estava mais preocupado por essa loucura que o estava apanhando e se por acaso não encontrasse a força para resistir à tentação de matar enquanto se alimentava? A cada sublevação despertava vorazmente faminto e, a cada vez que se alimentava, os parasitas ficavam mais fortes, o empurrando a matar, exigindo que sentisse a rajada do poder, a legítima rajada do poder, a promessa do doce frescor em seu sangue, um sentimento de euforia que afastaria cada dor de seu corpo fatigado. Manteve-se sob a sombra das canópias enquanto expandia sua exploração, dirigindo-se ao lugar da batalha, esperando que a águia pudesse divisar algo que os homens não puderam. Encontrou as entradas das cavernas, muito pequenas e feitas de pedra calcária, mas estas não pareciam se curvar embaixo da terra para formar o labirinto de túneis do sistema de cavernas que havia a quilômetros de distância. Só havia três pequenas câmaras e em cada uma, encontrou arte maia nas paredes. As três cavernas mostravam sinais de ocupação, breve, mas violenta de algum jeito. Havia lugares com sangue seco em todas elas. Dirigiu-se ao céu outra vez, com uma vaga intranquilidade no estômago. Isso o incomodou. Tinha visto lugares horríveis de batalha, tortura e morte. Era um guerreiro Cárpato e sua falta de emoção o servia bem. Sem uma companheira para equilibrar a escuridão nele, necessitava da falta de emoção para permanecer cordato durante os mais de mil anos vendo crueldade e depravação, mas a visão do sangue nessa cova e saber que as mulheres tinham sido levadas ali pelos homens jaguar para serem utilizadas quando desejassem, o adoecia. E isso nunca deveria acontecer. Intelectualmente, possivelmente. Uma reação intelectual era aceitável e a honra em seu interior se elevaria para abominar tal conduta, mas uma reação física era completamente inaceitável e impossível. Mas… Inquieto, Dominic expandiu sua busca para incluir os precipícios acima do rio. A chuva continuava, aumentando em força, convertendo o mundo em cinza prateado. Inclusive com as nuvens como cobertura, sentia o calor brilhante que invadia tudo enquanto irrompia na clareira sobre o rio. Um corpo estava caído e sem vida no rio, preso nas pedras, golpeado e esquecido. O comprido e espesso cabelo, estava estendido como um alga, um braço imobilizado na fenda que formavam duas grandes rochas. Estava de barriga para cima, os olhos mortos olhavam fixamente o céu, a chuva caía sobre seu rosto como uma inundação de lágrimas. Amaldiçoando, Dominic deu uma volta e se deixou cair. Não podia deixá-la dessa maneira. Não podia. Não importava quantos mortos tinha visto. Não a deixaria, uma boneca quebrada, sem nenhuma honra nem respeito pela mulher que tinha sido. Pela conversa entre Brodrick e Kevin, ela tinha uma família, um marido que a amava. Ela, e eles, mereciam mais que o corpo açoitado pela água, abandonado para inchar, decompor e ser comida dos peixes e carnívoros que fariam um banquete com ela. O pássaro se decidiu pela rocha bem acima de seu corpo e mudou de forma, cobrindo a pele com uma capa pesada com capuz, ajudando a proteger seu pescoço e rosto enquanto agachava e pegava o pulso. Ele era forte e não teve problemas para tirá-la da água e segurá-la em seus braços. A cabeça pendurava sobre o pescoço e viu os machucados que danificavam a pele e as impressões

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ao redor do pescoço. Havia círculos, negros e azuis em torno dos pulsos e tornozelos. Outra vez se emocionou por sua reação. Pena mesclada com raiva. Uma pena tão pesada no coração que apagou lentamente a raiva. Respirou e exalou. Estava sentindo as emoções de outra pessoa? Os parasitas amplificavam as emoções em torno dele, acrescentando-se ao pico que o vampiro recebia do terror que sua vítima sentia, a que proporcionava o sangue com adrenalina? Isso era uma possibilidade, mas não podia imaginar que um vampiro pudesse sentir pena. Dominic levou a mulher à selva, cada passo aumentava sua pena. No momento que entrou nas árvores, farejou sangue. Aqui foi onde a segunda batalha teve lugar e Brad foi ferido. Encontrou o lugar onde o terceiro homem jaguar tinha solto sua roupa e saído a caça, esperando dar a volta e apanhar o atirador. Havia poucos rastros que mostravam a passagem do jaguar, um pequeno pedacinho de pele e um rastro parcial que a chuva tinha enchido, mas em pouco tempo encontrou o corpo do gato. Houve uma batalha aqui, uma entre dois gatos. Os rastros do gato morto eram mais pesados e mais extensos, indicando que era maior, mas o gato menor era obviamente um combatente veterano, tinha matado com uma mordida no crânio, depois de uma luta violenta. A folhagem estava empapada com sangue e havia mais no chão. Dominic sabia que os jaguares voltariam para queimar o gato caído, assim depois de estudar com cuidado o chão para guardar os rastros do jaguar vitorioso na memória, levou a mulher ao lugar mais exuberante que pôde encontrar. Uma gruta de pedra calcária coberta por trepadeiras de flores seria seu único indicador, mas abriu a terra profunda e lhe deu um lugar onde descansar. Quando a terra se fechou sobre a mulher, murmurou a oração da morte em sua língua materna, pedindo paz e que a alma da mulher fosse bem-vinda na sua seguinte vida assim como pedindo que a terra recebesse seu corpo e desse as boas-vindas à carne e os ossos. Permaneceu um momento enquanto os raios do sol o buscavam através da cobertura do dossel e da chuva, queimando através da sua capa pesada para levantar bolhas na pele. Os parasitas reagiram, retorcendo e chiando em sua cabeça, o interior de seu corpo era uma massa de cortes, assim cuspiu sangue. Expulsou alguns deles de seu corpo pelos poros. Descobriu que se não aliviasse seu número os sussurros se tornavam mais fortes e a tortura impossível de ignorar. Teve que incinerar os sanguessugas mutantes que se retorciam antes que deslizassem no chão e tentassem encontrar um modo de retornar aos seus mestres. Moveu a vegetação no chão para cobrir todos os sinais da tumba. Os homens jaguar retornariam para apagar os rastros de sua espécie, mas não a encontrariam. Descansaria longe de seu alcance. Era tudo o que podia dar. Com um pequeno suspiro, Dominic verificou uma última vez, certificando-se que o lugar escolhido parecia antigo e logo mudou de forma outra vez, tomando a forma da águia. Precisava encontrar aonde tinha ido o jaguar vitorioso. Não levou muito tempo aos olhos agudos da águia divisar sua presa a vários quilômetros do lugar da batalha. Simplesmente seguiu os sons do bosque, as criaturas advertindo umas as outras da proximidade de um predador. A águia deslizou silenciosamente através dos ramos das árvores e pousou em um ramo largo no alto do bosque. Os macacos uivaram e chiaram advertências,

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chamando uns aos outros, atirando ocasionalmente raminhos no gato grande com manchas que abria caminho entre o mato para algum destino desconhecido. O jaguar era fêmea, a grossa pele dourada estava salpicada com escuras manchas roxas e apesar da chuva, com sangue. Coxeava, arrastando ligeiramente a pata detrás onde parecia estar o pior dos rasgos. Tinha a cabeça baixa, mas parecia letal, um fluxo de manchas deslizavam dentro e fora da folhagem, assim às vezes, ainda com a vista extraordinária da águia, era difícil descobri-la contra a vegetação do chão do bosque. Movia-se em completo silêncio, ignorando os macacos e os pássaros, caminhando num ritmo constante, os músculos fluindo sob a pele grossa. Estava tão intrigado por sua persistência obstinada em viajar apesar de suas feridas severas, que levou vários minutos para dar-se conta que os sussurros horríveis de sua mente haviam se acalmado consideravelmente. Todas as vezes que tinha drenado os parasitas para se dar algum alívio nunca tinham cessado seu contínuo assalto ao seu cérebro, mas agora, estavam quase silenciosos. Curioso, pôs-se a voar, dando voltas acima, permanecendo dentro da copa das árvores para evitar os últimos raios do sol. Notou que quanto mais se afastava do jaguar, mais fortes se tornavam os sussurros. Os parasitas cessavam sua atividade quanto mais se aproximava dela, inclusive os afiados fragmentos de cristal que cortavam seu interior permaneciam imóveis e durante um curto momento teve uma pausa da dor brutal. O jaguar continuou se movendo constantemente para a profundeza da floresta, longe do rio, entrando no interior. A noite caiu e continuou viajando. Ele descobriu que não podia abandoná-la, que não tinha desejos de deixá-la. Começou a comparar a estranha calma dos parasitas com ela assim como as constantes emoções estranhas. A raiva tinha amainado a uma pena e angústia inexoráveis. Tinha o coração tão pesado com a carga que mal podia funcionar enquanto se movia acima. Abaixo, grandes blocos de pedra calcária apareceram meio enterradas no solo. Os restos de um grande templo maia jaziam gretados e quebrados, as árvores e videiras quase tinham arrasado o que restava do que uma vez foi uma impressionante estrutura. Dispersos durante os seguintes quilômetros estavam os restos de uma civilização muito antiga. Os maias tinham sido fazendeiros, cultivando milho dourado no meio da selva tropical, sussurrando com reverência aos jaguares e construindo templos para unir o céu, a terra e o Submundo. Divisou o sumidouro e abaixo as águas frescas do rio subterrâneo que tinha notado antes pela tarde. O jaguar continuou sem se deter até que chegou a outro lugar maia, embora este fosse utilizado mais recentemente. O crescimento de trepadeiras grossas e árvores punham a data em quase vinte anos atrás, mas haviam claramente casas mais modernas aqui. Um gerador há muito tempo oxidado e envolto em grossa lona e brotos verdes jaziam ao lado. O terreno chorava com as lembranças de batalhas e matanças que tinham acontecido aqui. A dor era tão pesada agora, que Dominic precisava aliviar a carga. A águia harpia voou pelo dossel se afastando do jaguar e ficou imóvel, olhando como o jaguar avançava através do antigo campo de batalha, como se estivesse conectada aos mortos que gemiam ali.

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Capítulo 2 “Minha vida era uma angústia, minha família arrancada de mim. Minha raiva me sustentava. Eu tinha abandonado a esperança. Lágrimas caíram na floresta tropical, coração sangrando na terra. Meu pai me traiu. Mal pude suportar.”

— Solange para Dominic A chuva caía de forma constante, fazendo o miserável calor ficar pior, um aguaceiro implacável, não garoa leve, mas chuva torrencial, infinita, cegante. Pássaros se ocultavam entre os grossos galhos torcidos, no alto das copas, com esperança de alívio. As rãs salpicavam os troncos e ramos das árvores enquanto lagartos usavam as folhas como guarda-chuva. O ar estava parado e sufocante no chão da floresta, mas acima das copas, a chuva torrencial parecia determinada a ensopar muitas criaturas que viviam lá. Através da chuva cinza e do calor úmido, o jaguar caminhava silenciosamente por sobre a vegetação que apodrecia, as árvores caídas e pelas várias samambaias gigantescas semelhantes à renda que cresciam em cada rachadura concebível ou fenda. O pequeno riacho que ela seguia conduziu a um rio largo, um movimento rápido nas extremidades da floresta tropical ao interior profundo. Ela tinha trilhado este caminho duas vezes por ano durante os últimos vinte anos, fazendo o caminho de volta onde tudo tinha começado, uma peregrinação quando estava cansada e precisava lembrar-se por que fazia o que fazia. Não importava o quanto a floresta tinha se modificado, não importava quanto novo crescimento tinha emergido, ela conhecia o caminho infalivelmente. Flores irrompiam em cores brilhante, enfeitando os grandes troncos, enrolando em volta dos galhos, pétalas ensopadas e gotejando com a beleza vívida por vários tons de verde que compunham a floresta tropical. As raízes fortes das árvores emergiam - gigantes que atravessavam o dossel dominado pelo chão da floresta. As formas torcidas, complicadas forneciam alimento bem como suporte às maiores árvores na floresta tropical. Os sistemas de raízes eram maciços e tomavam todas as formas, barbatanas, jaulas e labirintos escuros, torcidos que forneciam coberta para criaturas desesperadas o bastante para desafiar o tapete de insetos sob as camadas de folhas mortas, compartilhando o espaço com os pequenos morcegos da madrugada, que faziam suas casas na enorme rede de raízes da impressionante Kapok. Acima do jaguar, acompanhando seu progresso, voava uma grande águia, muito maior que o normal, as asas escuras abertas, medindo bem uns dois metros. Ela se movia em silêncio, mantendo seu ritmo no céu, serpenteando pelo labirinto de galhos com tranquilidade. Com dois predadores à espreita, os animais se precaveram, tremendo miseravelmente. A águia perscrutou abaixo, ignorando a visão tentadora de uma preguiça e um bando de macacos para examinar o progresso do jaguar pela entrançada vegetação no chão da floresta lá em baixo. Raízes serpenteavam pelo chão, buscando nutrientes e fazendo a terra ser uma massa de obstáculos às vezes impenetráveis. Enrolada em volta dos troncos maciços estavam milhares de trepadeiras de várias naturezas, usando as árvores como escadas para alcançar o sol. Cipós, caules 14


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e até raízes de trepadeiras suspensas como cordas ou trançadas, árvore a árvore, fornecendo uma estrada aérea para os animais. Os cipós, enrolados e trançados, estavam cheios de fendas e ranhuras, lugares ideais para ocultar animais acima e abaixo dos troncos e galhos. O jaguar hesitou, consciente da grande ave de rapina que viajava com ela. A noite caía rápido e o grande pássaro continuava acompanhando seu progresso, às vezes deslizando em círculos preguiçosos acima e outras vezes mergulhando pelas árvores, levantando a vida selvagem até que o estrondo fosse frenético e tão barulhento que o jaguar rugisse como aviso. Ela decidiu ignorar o pássaro e seguir seus instintos, que se moviam em direção ao seu objetivo. Morros e encostas estavam cheios de córregos e riachos de água doce que fluíam sobre as rochas e vegetação se apressando em direção aos rios maiores. Os rios de água branca, pesada com sedimento, pareciam da cor do café cremoso. Ricas em vida, as águas eram a casa dos raros botos. Os rios de água negra pareciam claros e possivelmente mais convidativos, já que os sedimentos estavam soltos, mas eram quase sem vida, artificialmente claros, matizados de marromavermelhado e envenenados pelo tanino que penetrava na terra pela vegetação que apodrecia. O jaguar sabia caçar nas águas ricas dos rios de água clara, facilmente jogando os peixes para os bancos quando estava com fome. Carrapatos e sanguessugas transbordavam, encontrando no calor e na chuva um frenesi e precisando de sangue, procurando qualquer presa de sangue quente. O jaguar ignorou as sanguessugas enfadonhas, atraídas pelo seu calor e a ferida aberta no seu lado esquerdo. O trovão soou, sacudindo as árvores, um presságio sinistro de problema. A preguiça se moveu com lentidão infinita, sua pele coberta por algas verdes, ajudando-a a se misturar nas folhas da árvore em que jantava atualmente. Mas o jaguar estava muito consciente dela acima da sua cabeça, como estava consciente de todas as coisas vivas enquanto a águia continuava acossando-a a cada movimento, alta no céu, apesar da noite agitada. Em vez de se incomodar com ela, sua presença excepcional a acalmava, acalmava o medo crescente e o cansaço completo enquanto caminhava penosamente pelo labirinto de vegetação. O emaranhado de cipós tornou-se mais grosso quando o jaguar deslizou silenciosamente pelos troncos caídos e folhas parecidas a guarda-chuvas que gotejavam a água. Ela se movia com segurança completa, um mar de lugares fluindo pelo pincel grosso apesar da sua coxeadura óbvia. O som de água era ensurdecedor quando se aproximou das encostas onde a água explodia pelo banco e caía rio abaixo. Enquanto o grande gato se movia pela floresta e a ave de rapina flutuava no céu, os macacos e pássaros lançaram um aviso aos queixadas, cervos, antas e pacas que qualquer predador poderia considerar uma refeição. Os bugios gritaram terrivelmente, chamando uns aos outros. A mordida de um jaguar podia partir suas cabeças como uma noz. Capaz de subir árvores ou nadar com capacidade igual, ela podia caçar na terra, em árvores ou na água. A águia podia arrancar facilmente a presa de um galho, caindo silenciosamente de um poleiro de vigia para pegar uma vítima imprudente. Os músculos se encresparam sob a pele lisa e manchada do jaguar. Suas manchas estavam em mais lugares do que as de um leopardo e sua pele era da cor tanto da noite como das sombras do dia, permitindo que se movesse como um fantasma silencioso pela floresta. A zibelina de ouro era

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marcada com manchas e alguns consideravam sua pele um mapa do céu noturno e a caçavam como um tesouro. Ela se movia com nobreza apesar de sua óbvia lesão, rondando seu domínio, impondo respeito a todos os outros ocupantes da floresta. Criada para furto e emboscada, tinha garras retratáveis e visão seis vezes melhor que um ser humano. Os animais tremiam quando ela passava, gritando avisos e vigiando com olhos cuidadosos, mas ela continuou subindo, contornando a fina faixa de terra que mal cobria o topo da cachoeira, sabendo por viagens passadas que a ponte delgada coberta por plantas era um risco traiçoeiro que esperava o imprudente dar um passo incorreto. Era a via mais tortuosa abrindo seu caminho pelo entrançado viscoso escuro de videiras e raízes, no interior mais escuro. Penas como ardósia negra cobriam as asas e atrás da águia. O manto branco era misturado com o preto e uma faixa preta como colarinho da ave de rapina poderosa, fazia a cabeça cinza se destacar com a pluma dupla na crista. As perneiras listradas de preto e branco levavam a garras enormes quase do tamanho das garras de um urso pardo. Com suas asas abertas, parecia impossível para o predador poderoso manobrar pelos corredores apertados das copas, com os galhos nodosos e torcidos e os cipós pendurados, mas a águia o fazia com tranquilidade majestosa, acompanhando o passo do predador na terra. O jaguar continuou pela floresta e seu coxear ficou mais pronunciado quando tentou aliviar o peso das feridas no seu lado esquerdo. O sangue endurecido começou a correr com a infusão de água na sua pele, abaixo da sua perna, gotejando para o chão. O jaguar manteve o mesmo passo constante, cabeça baixa, seus lados levantando quando se movia com a dor crescente pela rede torcida de raízes e videiras, determinada a alcançar seu objetivo. O céu acima das copas ficou escuro e a chuva finalmente diminuiu. Morcegos se elevaram no ar e o chão cobrou vida com milhões de insetos. Ela continuou a se mover, tecendo seu caminho pelas árvores. Duas vezes teve que tomar à estrada aérea, usando os ramos para passar por cima da água rápida. Ela podia nadar, mas estava esgotada e a chuva tinha crescido os bancos até das correntes menores, portanto o chão inteiro parecia estourar com água. Todo o tempo, a águia manteve sua companhia, dando força para continuar sua viagem. Ela andou a maior parte da noite até que viu o primeiro indicador que reconheceu, uma sobra quebrada de um templo antigo, uma estrutura impressionante apesar das ruínas juntarem céu, terra e submundo juntos. A estátua do jaguar permanecia, feita de pedra calcária, rosnando, olhos bem abertos e fixos, julgando seu valor. Agora mesmo, esgotada e muito cansada, não se sentia muito digna. Ela baixou sua cabeça e deslizou furtivamente além da estátua, pela primeira vez deixando seu queixo cair, evitando os olhos fixos quando passou silenciosamente por cima das pedras antigas e entrou mais profundamente na cobertura vegetal. A poucos quilômetros a noite parecia mais escura, as árvores mais próximas. A vegetação enrolava ao longo de cada tronco e tomava cada espaço disponível, tão unida que requeria muito esforço ultrapassar os blocos de pedra calcária quebrados espalhados e semi-enterrados na densa vegetação que cobria o que uma vez tinha sido uma clareira. As árvores tinham coberto há muito o lugar onde a terra tinha sido limpa para abrir caminho

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a uma pequena aldeia e fazenda. O milho há muito tempo tinha acabado, mas o jaguar se lembrava dele, as linhas de talos verdes brilhantes que levantavam suas cabeças para o sol e chuva no meio da floresta circundante. Abóboras e feijões revestiam as linhas, quando seu povo retornou aos velhos caminhos, usando a mesma mistura de milho, pó de pedra calcária e água para sua farinha como seus antepassados uma vez tinham feito aqui, neste mesmo lugar. Ela podia sentir o sangue, correndo como um grande rio subaquático sob seus pés, fluindo, embebido permanentemente na terra. Seus antepassados tinham morrido aqui - e em seguida, há vinte anos, sua família e amigos. Ela ouviria para sempre os sons dos seus gritos, conheceria o terror e o medo do verdadeiro mal. Acima, o grito da harpia fez os macacos adormecidos uivarem, o som crescendo pela floresta, mas o barulho a tranquilizou. A águia, senhora do céu, pousada na copa, dobrou suas asas e perscrutou abaixo o jaguar. Ela reconheceu sua presença com um elevar da sua cabeça, perscrutando para cima na grossa copa. Era excepcional o grande predador caçar à noite e deveria ser inquietante. Qualquer coisa extraordinária nesta floresta onde as lendas e pesadelos cobravam vida e andavam à noite a deixava preocupada, mas sentia uma estranha camaradagem com o pássaro. O jaguar e a águia se fitaram por um longo tempo, nenhum piscando, nem cedendo terreno. O jaguar estudou o predador do céu, vagamente se imaginando o que significava um predador diurno se deslocando à noite na chuva afilada. Estava demasiado cansada para ter muito interesse na resposta, e foi a primeira a quebrar o contato de olhos. Aqui, nas ruínas de duas aldeias mortas, onde os espíritos lamentosos uivavam por vingança, não era o lugar para encontrar o descanso que tanto precisava. Ela continuou sua viagem, escolhendo seu caminho pelas pedras quebradas e meioenterradas para a alta Kapok onde a águia se empoleirou. Majestosamente o pássaro subiu ao ar, rodeou as ruínas Maias e caiu mais abaixo para perscrutar o que foi deixado das fundações na destruição mais recente. Os olhos agudos examinaram a terra quando voou por cima, então mergulhou mais baixo, quase roçando o jaguar antes de subir abruptamente, a envergadura da asa gigantesca levando a grande ave de rapina até a copa. O jaguar sentiu as batidas daquelas asas poderosas quando passou perto dela. Levantou sua cabeça e olhou até que a águia estivesse longe da vista, sua única reação antes que ela fosse para a árvore, usando suas garras para ajudar sua subida. Ela parou um momento vendo o céu vazio, sentindo-se absolutamente e completamente sozinha, sua tristeza uma carga pesada. Ela não podia se permitir sentir tristeza. Ela precisava desta viagem para dragar a ira; não, a raiva - que não era bastante para mantê-la quando estava sozinha, esgotada e ferida. Ela precisava de um poço de raiva, uma arma afiada por anos de luta contra o mal, lutando por mulheres que não podiam lutar por si. Ela encontrou um confortável gancho em um largo galho e ajustou seu corpo dolorido, protegido da chuva infinita, e enfiou sua cabeça nas patas, olhando abaixo para os destroços da sua aldeia. As ruínas retrocediam e ela fitou a destruição do que tinha sido uma vez sua casa. A densa vegetação desapareceu na sua mente, e o lugar sagrado não era mais um cemitério embebido por sangue, mas um lugar de vida com quatro pequenas casas e um campo de milho e horta. Ao mesmo tempo podia ouvir o som da risada, crianças brincando na terra limpa, chutando

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uma bola. Seus irmãos mais jovens, Avery e Adam, ambos tão parecidos com seu padrasto querido. Ele era tão alto e bonito, seu rosto sempre sorrindo, levantando-a alto no ar e girando-a, fazendo-a se sentir como uma princesa no meio da floresta tropical. Havia sua melhor amiga, Marcy, bem como o irmão de Marcy, Phin, um menino alto, sério que gostava de ler. Marcy sempre com suas brincadeiras, com seu vitorioso sorriso e grandes olhos verdes. Seus pais... O jaguar pestanejou, tentando lembrar dos nomes dos pais de Phin e Marcy. Como podia esquecer? Ela nunca esqueceria essa gente. Ela era a única pessoa que restou para marcar sua existência. Agitada, ela se levantou, erguendo os lados, arquejando, língua refestelando enquanto lutava com seu cérebro lento para lembrar das duas pessoas que eram tão boas para todo mundo na pequena casa. Annika e Joseph. Respirando pesadamente, se instalou novamente no ramo. A terceira casa pertencia a Tia Audrey, irmã mais jovem de sua mãe, com suas filhas Juliette e Jasmine, suas primas mais novas. Ela era muito próxima de Juliette, com menos de um ano de diferença na idade e ficavam entre as duas casas todo o tempo. A quarta estrutura abrigava a maioria das crianças - quatro meninos e duas meninas, todos órfãos que o casal, Benet e Rachel, tinham adotado. Eles viviam, trabalhavam e brincavam na floresta, longe de outras civilizações e eram ensinados a segregar-se em cavernas próximas e túneis subterrâneos. Infelizmente as cavernas eram muitas vezes embaixo da água, e tinham que ter cuidado para nunca ficar presos no interior quando os túneis submergiam. Mas entretanto, todos os dias seus pais conduziam treinos, corridas rápidas, sem olhar para trás, atravessando água e não deixando nenhuma pista. Phin era o mais velho deles, e ela muitas vezes o seguiu, bombardeando com perguntas sobre o mundo exterior e por que, de vez em quando, tinham que se ocultar tão quietos. Ele parecia triste, e passava a mão no topo da sua cabeça e dizia como ela era especial. E por isto todos tinham que a vigiar. O jaguar suspirou. A chuva caiu e ela levantou sua cara, permitindo as gotas lavar as lágrimas do seu focinho. Não era bom chorar pelo passado. Ela não podia modificar o que aconteceu; só podia tentar impedir que outros sentissem sua dor e perda. Quando olhou de novo as ruínas, a risada das crianças se transformou em gritos quando homens saíram do mato, e com eles, grandes gatos, garras rasgando e dilaceramento, arrancando as gargantas dos meninos. Adam e Avery foram pegos no meio do milharal. Três deles brincavam de esconde-esconde e repentinamente os grandes homens jaguar os rodearam. Eles partiram as cabeças de seus irmãos sem clemência, derramando sangue e miolos na terra e pisoteando o milharal. Ela tentou correr, mas foi agarrada por um dos grandes brutos e levada para a clareira onde Phin e seu pai lutavam, costas com costas, tentando impedir os homens de arrastar sua mãe da casa. Um soluço brotou estrangulado da garganta que o jaguar não pode conter. Ela ofegou, seu rosto para o céu, lágrimas queimando, misturando-se com as gotas da chuva. Adam e Avery foram jogados, brutalmente lançados de lado, seus corpos jogados como lixo. Ela lembrava do passeio vertiginoso quando estava presa embaixo de um braço e correndo pelo campo, o milho acertando seu rosto, sangue respingando para todo lugar. Ela viu um homem com um facão matar Benet e logo os quatro meninos atrás do seu corpo caído, até o mais jovem: o pequeno Jake, que só tinha dois

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anos. Rachel lutou usando uma arma, atirando contra os homens para mantê-los longe das três pequenas meninas. Um dos homens usou uma espingarda, e Rachel ficou ferida e sangrando na entrada da sua casa. Os homens pisaram sobre seu corpo enquanto puxavam as meninas gritando do interior. Havia tanto sangue. Tanto. Ele corria vermelho e logo preto e brilhante quando a lua saiu. Alguém começou um fogo, queimando suas casas e hortas em volta deles. Phin virou sua cabeça e olhou diretamente para ela quando um dos homens jaguar empurrou uma faca no seu rim. Eles fitaram um ao outro, sua boca aberta em um grito silencioso, combinando com sua boca. Seu captor a lançou na terra junto ao corpo amarrotado de Phin e ela olhou com horror como a vida era drenada dos seus olhos. Seu padrasto lutou bravamente, tentando proteger sua mãe. Ela perdeu a conta das facadas no seu peito e costas. Um grande homem cortou sua garganta, terminando a luta, e sua mãe foi arrastada da casa pelo mesmo homem, o sangue de seu marido cobrindo suas mãos. Ele bateu em sua mãe repetidamente no rosto e a empurrou aos homens antes de ir até cada corpo se assegurar que nenhum homem ou criança do sexo masculino permaneciam vivos. E logo se virou em direção às meninas. Dentro do jaguar, seu coração bateu, e ela provou o medo e o início da raiva. Raiva. Ela se estendeu para ela. Precisava dela. Tentou desesperadamente a deixar se juntar dentro dela quando o homem horrível pegou seu grosso cabelo e a arrastou através do sangue e na casa onde levaram cada uma das jovens meninas. Eles deviam ter espiado a pequena aldeia porque os homens foram procurar Audrey, Juliette e Jasmine. Felizmente, as três tinham partido para buscar provisões, marchando pelo rio para encontrar o barco de provisão quando os atacantes tinham chegado. Seus atacantes eram homensjaguar à procura de mulheres que ainda pudessem mudar para a forma de animais. Tantas tinham feito como sua mãe, encontrado um homem humano que as amasse - criando uma família com eles. Mas isto tinha enfraquecido a espécie metamorfa, e agora menos e menos fêmeas podiam fornecer um metamorfo. Alguns homens, conduzidos por um jaguar preto incomum, começaram a forçar as mulheres à servidão, essencialmente usando-as como parideiras. Qualquer criança não capaz de mudar era eliminada. Solange Sangria desviou o olhar para a terra embebida com o sangue dos seus antepassados e o sangue da sua família. Ela só podia voltar aqui na forma do jaguar, incapaz de enfrentar a perda na forma humana. Ela podia chorar, com a chuva embebendo seu rosto e seu coração rasgado, lembrando-se de quando olhou os olhos daquela grande besta preta, grandes olhos verdes amarelos que mediam seu valor. Seu pai: Brodrick, o Terrível. O homem que tinha acasalado vigorosamente com sua mãe por causa do seu sangue puro e logo, quando ela escapou, a tinha caçado implacavelmente. Ele a tinha encontrado finalmente e tinha matado seu marido e filhos e o resto dos que residiam na sua pequena aldeia, as crianças dos pais que ele considerava impróprios de andar na terra. Ela iria se lembrar para sempre de seu olhar fixo. Frio. Cruel. Um homem que devia tê-la amado como sua filha, mas que só via seu valor se pudesse produzir com sucesso um metamorfo.

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As meninas tinham sido amarradas e logo a tortura começou. Uma por uma. As meninas foram forçadas a olhar como cada uma era cortada com pequenos cortes e logo maiores, repetidas vezes, num esforço para provocar um jaguar a emergir para proteger a criança. Uma por uma, quando nenhum gato emergiu, na frente dos outros, o líder - seu pai - as declarava sem valor. A menina era assassinada e seu corpo lançado fora da casa na clareira com os outros. Então foi sua vez - a última menina. O homem que a tinha procriado trabalhava nela meticulosamente, usando uma grande lâmina, sua fúria fria crescendo enquanto ele tentava provocar seu gato a se revelar. A dor era insuportável. Ele cortou suas pernas até que sangrasse, até sua mãe protestar e lutar e finalmente tomar a forma de um jaguar fêmea só para ser presa e contida pelos homens. Eles tinham levado sua mãe embora, deixando Solange enfrentando o férreo olhar de seu pai, impiedoso como aço. Era chamado de Brodrick o Terrível por uma razão. Ele passou horas a torturando, certo que podia mudar, pois tanto sua mãe como ele eram da linhagem mais poderosa de homens jaguar. Uma linhagem honrada pelos outros. Ela ocultou firmemente seu gato contra ele, obedecendo sua mãe, sabendo que seu pai era mau. Para sobreviver à dor encheu sua jovem mente com pensamentos infantis de vingança. Durou horas dias. As noites e os dias correram juntas, e o homem que a tinha gerado era paciente, sem sentimentos por seu desconforto, fazendo cortes muito pequenos na sua pele, cutucando, como se sua faca pudesse descascar atrás da sua pele humana e encontrar sua forma jaguar. Ela não disse nada. No fim, não tinha chorado. Nem mesmo quando agarrou seu cabelo emaranhado e sangrento e a lançou da cama ao chão, sacudindo sua cabeça com repugnância. “Uma criança que procriei e ela não serve para nada,” ele pronunciou. “Realmente sem valor.” Ela viu a grande garra vir na sua garganta para rasgá-la, e não tinha estremecido, não tentou sair do caminho, fitando diretamente os seus olhos desafiadoramente. Ela nunca esqueceria a dor horrível que rasgou através dela, o sangue que jorrou quando ele lançou seu corpo descuidadamente entre os mortos na terra encharcada de sangue. Solange não tinha nenhuma ideia de quanto tempo ficou inconsciente, mas quando acordou, já era dia. Estava com sede e cada osso no seu corpo parecia como se estivesse quebrado. Os homens jaguar tinham ido embora e a sua volta estavam os corpos dos seus amigos e família. Ela tropeçou em seus pés e vagou pelo que parecia um matadouro. A terra estava vermelha e úmida e os insetos já se apinhavam por cima dos corpos. Ela não tinha a menor ideia de por que estava ainda viva quando sua garganta estava aberta e o sangue coagulado, pegajoso e molhado. Ela foi a cada corpo, tentando despertá-los, uma menina de oito anos sozinha na floresta com todos que conhecia e amava mortos. A sede a levou ao escoadouro onde o rio subterrâneo sob a pedra calcária corria. Ela bebeu e mais uma vez deitou-se para permitir que a escuridão a levasse. Ela acordou com o som de gritos. Seu coração bateu forte no seu peito e o terror a manteve congelada. Tinham voltado? Aquele homem horrível com seus olhos frios, mortos a julgando sem valor? Tia Audrey explodiu pelo mato, Juliette ao seu lado, seguindo o rastro de sangue até o escoadouro. As lágrimas corriam pelo rosto de Audrey e Jasmine gritava nos seus braços. Ela caiu de joelhos junto a Solange, puxando sua sobrinha no seu abraço, e as quatro choraram infinitamente

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por todos que amaram. O jaguar estendeu-se, aliviando o peso da perna ferida, pestanejando enquanto seus olhos doíam e seu coração retorcia com a dor terrível. Tantas mortes que não pode evitar, e estava tão cansada. Muito cansada. Como manter o ódio vivo? E como podia continuar alimentando a raiva para poder continuar com sua missão? Acima de tudo, como ficar completamente, absolutamente sozinha? Sua prima Jasmine estava grávida, e Juliette acasalada a um macho Cárpato. Ela poderia dizer que aqueles homens eram o flagelo da terra, mas na realidade, estava feliz por Juliette. E Jasmine agora estava aos seus cuidados. Ela amava Juliette e Jasmine como irmãs e não queria esta vida para elas, mas alguém tinha que resgatar as mulheres dos monstros que as atacavam na floresta. Ela descansou o focinho nas suas patas e permitiu que seus olhos fechassem, convocando seu único companheiro. Um mito. Um sonho. Juliette e Jasmine ririam se soubessem como Solange que odiava homens realmente sobrevivia aos terrores da sua vida. Ela chamou para si seu amante de sonho, um homem que chegava a cada evento horrível. E Deus sabia, esta noite ela precisava dele desesperadamente. Ela chamou na sua mente, conhecendo o sonho tão intimamente agora. Sua voz era doce e envolvente. Quantas noites ele tinha cantado para ela dormir? Ela amava sua canção, aquela melodia que nunca esqueceria enquanto vivesse. O Amazonas era um lugar onde lendas e mitos cobravam vida, onde a realidade e o sonho se encontravam. Onde o céu, a terra e o submundo estavam unidos pelos grandes templos dos seus antepassados. Em todas as partes da história, os xamãs4 tinham honrado o espírito do jaguar, conhecendo os metamorfos que caçavam tanto como homem como animal, dia ou noite, assumindo o comando do desconhecido. Há muito, quando estava fundo em uma caverna de pedra calcária, suas feridas graves, a esperança desaparecendo, ela tinha evocado o companheiro, uma lenda tomando vida na sua mente. Talvez estivesse delirando e talvez, como agora quando precisava dele, ainda estivesse. Ele era um guerreiro, claro. Ela precisava ser capaz de respeitá-lo. Ela sonhava com ele, às vezes à noite, às vezes durante o dia, lentamente permitindo-o tomar forma na sua mente. Era alto, com cabelo preto, largos ombros, braços fortes e cara de homem. Ele tinha lutado muitas batalhas e, como ela, estava cansado de ficar sozinho, mas sabia que só a teria nos seus sonhos. Ele vinha depois das suas batalhas e a deitava em seus braços e encontrava consolo nela. Ela nunca conseguia decidir sobre a cor dos seus olhos. Ela gostava de vê-los intensamente azuis, mas de vez em quando pareciam com o verde esmeralda. Ela sempre ficava fascinada pelos olhos de seu amante de sonho. Nunca o mesmo, sempre imprevisível, eles refletiam o mistério do homem. Tinha a alma de um poeta. Era muito doce, sua voz hipnotizante, melódica e muito bela. Muitas vezes cantava para ela dormir quando a dor cobria sua mente e ela estava sozinha na escuridão com seu coração batendo forte e o gosto do medo em sua boca. Ela não ousava sonhar com ele quando estava na forma humana, ou com alguém mais. Ele era só seu, e devia protegê-lo, portanto só permitia que ele invadisse seus sonhos quando estava na

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Nota: Xamãs são sacerdotes ou sacerdotisas, médicos, curandeiros, conselheiros e adivinhos. São líderes espirituais.

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forma de jaguar. Profundamente dentro do corpo do animal, ela não podia murmurar em voz alta onde outro poderia ouvir dele. Ele era sua fraqueza secreta - ou força - contudo estava com vontade de ver seu sonho. Ela se assegurou que tivesse todos os atributos de um homem nobre, alguém como seu padrasto, que assumiu uma esposa e criança e as amou com tudo nele. Ela nunca tinha sido tratada diferentemente por ele, nem mesmo quando seus filhos nasceram. Ele a tinha amado e tratado como uma princesa, até a estragou. Ela o tinha amado tanto, que se alguma vez tivesse um homem próprio, o que sabia ser impossível, teria aquele espírito generoso, leal. Uma pequena parte dela sorriu. Ela tinha dado aqueles atributos ao seu homem de sonho. E precisava dele agora, quando o passado estava muito perto e tudo tinha ido tão mal. Quando falhou e uma mulher morreu. Preciso de você. Venha para mim esta noite. Estou tão cansada. Não pude salvar a mulher antes que eles a perseguissem e ela se matou, jogou-se no rio. Segui a pista deles durante quatro semanas e lutei para reavê-la, mas era demasiado tarde. Às vezes parece que estou sempre atrasada. Ela o visualizou, construindo-o polegada por polegada em sua mente. As coxas fortes, cintura estreita e olhos ardentes, muito verdes esta noite. Ultimamente, quando ela o chamava, ele tinha novas cicatrizes, uma coisa estranha em um sonho onde ela era a conjuradora e ainda assim não podia se lembrar de atribuir novas cicatrizes. Algumas marcas de queimadura no lado esquerdo do seu rosto e pescoço, estendendo abaixo por seu ombro, piorando ao longo do seu braço. Talvez, porque tinha sofrido feridas, seu amante de sonho o fazia também. Ela escolheu uma caverna de pedra calcária profundamente debaixo da terra para se encontrar com ele - um lugar seguro onde os homens jaguar não seriam capazes de encontrá-los mesmo se procurassem. Ela puxou a caverna acolhedora, um lugar que muitas vezes selecionava para se recuperar, em sua memória, e acrescentou um fogo quente e algumas cadeiras suaves. No seu sonho, podia se permitir ser feminina, embora não fosse bela como Juliette ou Jasmine; seu corpo carregava muitas cicatrizes e tinha esquecido há muito como sorrir - a menos que estivesse com ele. Mesmo embora quisesse ver-se como bela no seu mundo de sonho, era impossível. Não podia imaginar a pele lisa, sem defeito ou um corpo esbelto. A parte bonita sobre seu homem de sonho era que ele não prestava atenção se ela não fosse perfeita ou bastante feminina. Ele não prestava atenção que ela às vezes chorasse, ou mostrasse o que ela não podia mostrar ao resto do mundo. E ele nunca a trairia, nunca a desapontaria; ela podia sussurrar seus medos mais profundos e os piores segredos e ele ainda a aceitaria. Ele sabia coisas sobre ela que ninguém mais sabia. Imaginou a caverna, a arte maia decorando as paredes, histórias de vidas há muito tempo idas, um mundo no passado distante onde a lua e as estrelas eram próximas e os jaguares andavam eretos, os homens os respeitavam e honravam, não evitavam e desprezavam. Um tempo muito mais feliz. Ela não podia se imaginar em um vestido, uma suave roupa feminina como Juliette muitas vezes usava, mas se fez tão bonita como podia. Seu top favorito, suave e justo, que às vezes a fazia se sentir um pouco tola. Ela nunca o usou em público, nem mesmo em volta das suas primas, mas quando

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queria se sentir feminina e um pouco bonita, ela o usava - só por um momento. Naturalmente usava jeans, nunca uma saia, porque ele veria as cicatrizes acima e abaixo das suas pernas. Ela sabia que ele não se preocuparia, mas queria mostrar seu melhor para ele. Ela considerou tentar brincos, e uma vez, MaryAnn, uma mulher que conhecia e admirava, tinha pintado suas unhas, que por alguma razão estranha a fizeram sentir-se mais feminina, mas estava muito embaraçada para tentar evocar aquele detalhe nos seus sonhos também. Ela sentou-se perto do fogo, de pés descalços, parecendo tão bonita como poderia, o coração batendo forte, à espera dele. Era bobagem realmente, que investisse tanto em um homem que não era verdadeiro, mas não tinha ninguém mais. Ela passou uma mão pelo seu grosso cabelo. Era mais da cor das manchas escuras na pele do jaguar do que da cor dourada da sua pele. Quase um negro, praticamente incontrolável da forma como crescia. Não havia muito tempo. Era impossível continuar lutando e não terminar morta. Mais algumas polegadas e sua última ferida a teria matado. E a vida no campo jaguar era muito pior que a morte. Se tivessem sucesso nas suas tentativas de capturá-la - e a conheciam agora e a procuravam ativamente - ela encontraria um modo de tirar sua própria vida. Não diga isso. Nem pense. Eu voltaria. A sustentaria. E encontraria um modo de libertá-la. O jaguar fechou os olhos apertados, como se isso pudesse mantê-lo com ela. Ela o viu vir na direção dela, emergindo das sombras lançadas pelas bordas do fogo. Ela adorava o modo como se movia, a confiança segura, os passos longos. Ele sempre era assim, tão confiante que nunca levantava sua voz ou parecia chateado, mesmo quando a repreendia pela covardia. Não é covardia, ele se opôs, fluindo através da sala com sua graça habitual até que aparecesse na frente dela, muito alto acima dela, fazendo ela se sentir pequena e feminina em vez de uma amazona. Ela não era alta de nenhuma maneira; era compacta, certamente não era esbelta. Era uma coisa estranha ter tal confiança completa e absoluta nela como guerreira e nenhuma em absoluto como mulher. Está cansada, csitri, é tudo. Venha deitar nos meus braços e me deixe te abraçar enquanto descansa. Mas primeiro, devo ver suas feridas. Ele muitas vezes a chamava de csitri, sua língua acariciando a palavra. Ela não tinha ideia do que significava, mas era a única palavra que fazia um enxame de borboletas voar no seu estômago. Ela olhou para cima nele, temerosa de mover-se ou pestanejar, apavorada que desaparecesse, que seu sonho perfeito se destruísse. Ela não queria que visse suas feridas. No seu sonho não se supunha que tivesse feridas. Ela sempre foi capaz de controlar seu sonho, mas ultimamente, a realidade entrava sem ser notada cada vez mais. Ele segurou seu queixo na sua mão e virou seu rosto na direção da luz do fogo que bruxuleava, uma pequena carranca se instalando por cima das suas feições ásperas. Seu rosto está machucado. Aqueles hematomas não deviam estar lá. O que estava errado que ela não podia manter suas feridas fora dos seus sonhos mais? Estava tão cansada? Lendo seus pensamentos, como sempre fazia, seu guerreiro varreu seu cabelo do seu rosto com dedos delicados. Você nunca diz meu nome. Mesmo enquanto empurrava as palavras na sua mente, seus dedos se moviam para as contusões.

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Ao mesmo tempo Solange sentiu a dor no seu rosto contundido diminuir. Ela hesitou. Como explicar sem ferir sua sensibilidade. Isto é um sonho. Eu o inventei. Não tenho um nome para você que se sinta certo. Ele sorriu para ela, seus olhos agora muito, muito azuis. Você considerou alguma vez que talvez eu o tenha inventado? Que você seja meu sonho? Ela gostaria de ser o sonho de alguém, mas duvidava seriamente se alguma vez seria. Na vida real ela era áspera, sua única proteção quando sentia muito. Às vezes parecia como se andasse com seu coração rasgado todo o tempo. De qualquer maneira acho que alguém como você podia ter um sonho melhor. Alguém como eu? Sou um guerreiro que passou mil anos procurando minha companheira. Sei exatamente como ela é e que qualidades têm. Solange suspirou. Esta conversa patinou muito perto da necessidade de admitir suas falhas. Ela não queria lembrá-lo de todos os tempos em que se lamentou por estar sozinha, com medo e cansada. O fiz Cárpato. Não queria, sabe. Respeito os maridos de MaryAnn e Juliette. Companheiros, ele a corrigiu suavemente. Quando estamos unidos, alma a alma, chama-se companheiros. Essa ligação vai de uma vida a outra. Ela sorriu para ele e afundou perto do fogo. Ele enchia a caverna com sua força masculina. É um belo conceito. Juliette é muito feliz com Riordan, seu companheiro. Ele é mandão, mas realmente, depois de olhá-los, posso ver que faz tudo para torná-la feliz. Como eu com você. Esperei muitos anos, csitri, e meu tempo na terra chega ao fim. Ingeri sangue de vampiro na esperança de me introduzir no campo do nosso maior inimigo e os espionar. Serei incapaz de chegar até você. O sangue já está me consumindo, talvez mais rápido do que acreditei. Terei só algumas insurreições para concluir minha tarefa antes que deva buscar a alvorada, ou cair lutando. Não posso encontrá-la nesta vida, mas mantenho a esperança na seguinte. Seu coração quase parou de bater. O pânico se estabeleceu. Pânico completo. Os sonhos não terminavam assim. Os pesadelos o faziam. Ele não era verdadeiro, mas era a única realidade para ela quando a vida se fechava e ela não tinha mais onde ir. Ela tinha caído de amor por ele, tão idiota como soava. Este homem com cicatrizes de guerreiro, o rosto de um anjo e demônio, tudo em um, este homem com a alma de um poeta. Não. Recuso-me a deixá-lo ir. Não o fará. É tudo que tenho. Você não pode me deixar sozinha. Ele tocou seu cabelo, esfregando as ondas sedosas entre seus dedos. Acredite-me, pequena, eu preferiria ficar com você no nosso mundo de sonho. Você tantas vezes veio a mim por meio dos sonhos que até me preocupei um pouco. Mas tenho um dever com meu povo. Sua garganta fechou com lágrimas inesperadas. Se eu for a companheira que você fala, seu primeiro dever não deveria ser eu? Seu sorriso era triste. Se fosse realmente minha companheira, quando ouvi sua voz, você teria restaurado minhas cores e emoções. Você está se sentindo triste. Posso ver nos seus olhos e ouvir na sua voz. Simplesmente um truque, csitri. Desejo essas emoções e procuro nas lembranças. Você me sustentou nesses últimos anos, e agradeço por isto.

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Não! Não vou desistir de você. Era egoísmo da parte dela. Ele tinha direito à sua nobreza e sacrifício. Ela não tinha sacrificado sua vida inteira pelas mulheres da sua espécie? Mas entregar-se aos vampiros... No desespero, sem considerar todos os aspectos reais da sua decisão, Solange mudou, lá no galho da árvore, e, presa ao galho, gritou pelo único homem que importava. Solange Sangria, a mulher que nunca precisou - ou quis - qualquer homem, de sangue real, poderosa por seu próprio direito. Uma guerreira famosa e temida. Em sua forma humana, sua própria voz, carregada de desespero e necessidade, aterrorizada que seu amante de sonho pudesse ser verdadeiro e estivesse indo para o perigo sacrificando sua vida por seu povo, ela levantou sua voz aos céus, permitiu que os céus a carregassem para longe. Ela se humilhou perante os moradores da floresta para salvá-lo - para salvar-se. “Não me deixe!” O grito foi arrancado da sua garganta, da sua alma, sua dor caindo como o sangue da sua família na terra onde todo mundo que ela amava tinha sido morto e a tinham abandonado sozinha - a última esperança de justiça para as mulheres e crianças da sua espécie. O som da sua voz levantou os pássaros das copas e se estendeu pela floresta como o vento, enchendo cada espaço vazio, sua tristeza tão aguda que as mesmas árvores tremeram e os animais choraram com a chuva.

Capítulo 3 “Mas, então, além da esperança, você entrou no meu sonho... Olhos brilhantes como um gato, mas a carência impetuosa de uma criança. Seu coração de guerreiro, leal. Seu angustiado: “não me abandone”. Sua cabeça em meu colo: Csitri! Forte e selvagem.”

— Dominic para Solange Os pássaros ficaram tranquilos. Os macacos cessaram todo som. Até os insetos prenderam a respiração. Tudo na floresta acalmou. Cores explodiram nos olhos de Dominic, cegando-o, mesmo dentro do corpo da águia, tudo que pode ver por um momento foram as cores vívidas, agudas, cada tom de verde, deslumbrantes vermelhos e violetas, as flores nas árvores ensopadas e brilhantes além da imaginação. Seu estômago apertou e embrulhou, a náusea aumentando como uma onda, as cores tão brilhantes que batiam na sua mente depois de séculos vendo sombras cinzentas. Ele pensou que a águia seria uma proteção, mas as cores não tinham para onde ir, nenhum modo de se dispersar atrás dos olhos do pássaro, batendo nele, enchendo sua mente, o esmagando com vários tons brilhantes. As araras se destacaram nos galhos, fitando-o curiosamente quando pousou na terra e voltou à sua própria forma. Dominic cambaleou, apertando uma mão no estômago agitado e outra como escudo em seus olhos. Não havia modo de parar as cores - era como se uma represa houvesse estourado no seu cérebro e cada cor e tonalidade concebível, cada matiz, misturadas lutavam pela supremacia. A tristeza o encheu, inspirou-o. Desgosto. Medo. Choque. Cada emoção que podia ser sentida batia nele com a seguinte onda do ataque. Caiu em um joelho, tentando processar, classificar o que 25


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sentia e o que ela sentia, as emoções tão esmagadoras que o deixavam desorientado e vulnerável. Sua companheira estava viva - aqui nesta floresta tropical em algum lugar próximo. A mulher de seu sonho, a mulher que tinha cortejado tão lentamente, construindo a confiança entre eles, era verdadeira, não o mito insubstancial que pensava. Não. Sua negativa foi baixa, seu apelo a chamando. Isto não podia estar acontecendo. Não agora. Não depois de tantos séculos. Não quando tinha desistido e tomado um caminho que destruiria ambos. Ela não podia ser verdadeira. Isto não podia estar acontecendo. Ele tinha apenas alguns dias para viver. Se a tocasse, a reclamasse, os unisse, ela estaria presa ao seu destino. Serei destruída se você me abandonar. Sua voz encheu sua mente, o tom suave e tão dolorosamente familiar. Por que não tinha considerado que ela era real? Ela esteve na frente dele o tempo todo e ele não percebeu. Mil anos ele andou pela terra a procurando. Companheira. Ele podia degustar a palavra na sua boca, senti-la na sua alma. Esteve sozinho por tanto tempo, trilhando um caminho honroso, um que tinha selecionado, mas a queria - não, precisava dela. A escuridão chamava sua alma. Mil homens, muitos amigos seus e parentes, tinham visto a morte nas suas mãos. Não havia nenhum consolo, nenhum lugar, só a memória da honra e a esperança que se desbotava de que ela viria. Quantas vezes tinha andado na noite necessitado? Salve-me. Ele se achava até mesmo insano às vezes. A solidão o assombrava, a chamada da maldade sempre o puxando, aquela necessidade de sentir algo - qualquer coisa - era tão esmagadora como os intermináveis anos que se estendiam na solidão implacável. Preciso de você. A dor na voz dela rasgou por ele. O que tinha feito? Desistido. Perdeu toda a esperança e tomou medidas para deixar o mundo enquanto sua honra ainda estava intacta. A decisão foi tomada por nobreza, um caminho que se ajustava a um Caçador de Dragão para terminar sua existência, mas ainda era um ato de covardia. Tinha chegado a um ponto que estava muito perto da escuridão, a necessidade por sentir tão forte que criava raízes até mesmo na sua forte linhagem de sangue. Não queria se arriscar a ser o primeiro Caçador de Dragão a sucumbir à chamada do vampiro. Ele se recusava a arriscar sua alma e assim, quando o risco estava agudo e agonizava, tomou a decisão de terminar seus dias. Fique. Fique comigo. Sua dor o arranhou. Como dizer que era tarde demais? Ele cobriu o rosto com a mão, chorou lágrimas de sangue. Sua decisão de ingerir o sangue de vampiro e terminar sua vida tinha custado este último retalho de um sonho. Pior, tinha custado ela. Sua mulher. Tão forte, mas tão frágil. O que tinha feito? Ele a tinha traído como cada outro macho fez em sua vida. Ele a conhecia - conhecia a maior parte de seus medos mais íntimos. Seus pensamentos. Ela tinha dito, mas não a tinha escutado, não como uma companheira. Ele deveria saber, mas tinha desistido, tinha se desesperado, tinha virado as costas à pessoa mais importante na sua vida. Não foi traição. Resignação tingia o tom dela. Aceitação. Doía quase tanto como saber que tinha desistido de achá-la. No momento que teve o primeiro sonho estranho, um sonho acordado, deveria ter

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renovado seus esforços para encontrá-la. Diferente dos Cárpatos mais jovens, tinha ouvido histórias estranhas que alguns anciões contavam de como a chamada de companheiros podia ser ouvida a grandes distâncias e podia se manifestar de vários modos estranhos. Tinha caído na mesma armadilha que tantos da sua espécie sem perceber. Tinha perdido a esperança, e isto o tinha deixado aberto e vulnerável à tentação do vampiro. Ela não chamava traição, mas para ele, um homem de honra, quando a honra era tudo que restava, era o pior pecado que podia ter cometido. Possivelmente outra não possa entender. Perdi a esperança muitas vezes. Quando tudo que temos é a honra, quando estamos sozinhos contra tais horrores como vimos, às vezes o desespero é tudo que nos resta. Ela o envergonhou e ainda o fez orgulhoso. Uma mulher para ficar ao seu lado. Ela sabia o que tinha feito. Ele tinha dito. Sabia que era um Cárpato, e o que podia acontecer se perdesse, mesmo por um momento, o caminho. E sabia o que significava quando a informou que tinha ingerido o sangue do vampiro e entrado no seu campo para espionar. Em volta dele, a floresta tropical tornou-se outro mundo. O som da chuva era um ritmo suave, música que tamborilava no compasso da batida do seu coração. O cinza tornou-se uma névoa prateada, inacreditavelmente bela, cada gota um prisma cristalino brilhante. Ele sentiu as gotas individuais na sua pele, e pela primeira vez, a sensação era sensual. Abriu a boca e provou a chuva, olhando em torno maravilhado abriu sua mente para compartilhar o presente precioso que ela tinha dado. Ele ouviu sua respiração quando ela compreendeu a enormidade do seu vínculo. Era uma partilha que nunca tinha esperado experimentar, e sua presença aumentou a reação do seu corpo. Ele respirou fundo quando o sangue se apressou à sua virilha, cada terminação nervosa no seu corpo entrou em alerta e sua pele parecia chiar só com o toque da chuva. Estranhamente, os parasitas estavam tranquilos, quase como se estivessem hipnotizados pela sua presença como ele. Os sussurros horríveis na sua mente cessaram completamente. Ele se permitiu apenas sentir, beber sua presença, apreciar aquele momento de não estar sozinho. Eles compartilhavam a mesma mente e, durante aquele tempo, tudo nele se ajustou, ficou em paz. Podia sentir o acerto nela também, embora soubesse que estava horrorizada pelas coisas que tinha revelado sobre ela nos seus sonhos compartilhados. Ela estava embaraçada por ter sido tão vulnerável, que ele tivesse visto um lado dela que mantinha oculto de todas as pessoas. Sinto-me tanto honrado como privilegiado por conhecer você tão completamente - conhecer a mulher, não somente a guerreira. Uma parte muito masculina dele cresceu, dominante, protetora, uma insinuação de ciúme à ideia de outro homem descobrindo sua vulnerabilidade. A mulher pertencia só a ele, como ele a ela. O mundo podia ver o guerreiro em ambos, mas o homem e a mulher não eram uma intimidade que nenhum outro precisasse conhecer. Em cima, a última luz desvaneceu-se sombreando a terra com escuridão completa. Tudo acalmou - até a chuva na floresta prendeu o fôlego. Não havia nenhum vento, mas uma nuvem escura se movia rápido pelas copas, o bater de asas alto na calma da noite que descia. Morcegos. Dominic assobiou o aviso na sua mente. O não-morto está levantando. Das cavernas formadas pelas raízes entrelaçadas da subaúma saíram milhares de morcegos

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muito pequenos, respondendo a chamada dos mestres. O chão explodiu com carrapatos e exércitos de formigas, enxameando sobre as árvores e rochas. Eles estão com fome. Mude e se esconda, fique em segurança. É perigoso se comunicar por este caminho. Qualquer onda de poder os alertará. Ele já estava de pé, se movendo rápido, deslizando na forma familiar de um guerreiro sem igual. Ser um companheiro era novo para ele, mas isto - isto sabia como fazer. Ele tomou o ar, riscando através do céu, uma nuvem escura entre as nuvens escuras formadas por mil morcegos, todos com presas e garras, todos vorazmente famintos como ele. Deixou sua fome amplificar, ouviu o vento uivante acima das copas, protestando pelas coisas desnaturais que viajavam através do céu. Qualquer um no seu caminho seria destruído. Os animais ficaram silenciosos, os predadores da noite escapulindo embaixo de abrigos. Relâmpagos bifurcaram no céu da noite, partindo-o como quentes açoites de eletricidade branca. O trovão ressoou, sacudindo a terra. Venha para mim, Dominic. Havia uma ordem na voz masculina. A voz profunda e forte do homem - a autoridade usada para a obediência imediata. Dominic reconheceu a voz. Tinha sido há muito tempo. Foram amigos, guerreiros nos velhos dias. Tinha muito respeito pelo homem e suas habilidades de luta assombrosas. Zacarias. Deixe este lugar. Vou ajudá-lo. Fui avisado do que fez. Precisará de cada ajuda possível para tal tarefa. Estou no sul, um velho homem andando sozinho pelo rio. Dominic sentiu a velha camaradagem brotando do nada. Ele morreria nesta subida ou na próxima e ainda assim sua companheira tinha dado este presente poderoso de emoção. Ele podia sentir, não somente lembrar, o quanto gostava de Zacarias com sua inteligência rápida e habilidades de luta ferozes. Ele não se perguntou se qualquer vampiro podia imitar a voz do irmão De La Cruz mais velho, a ressonância era muito perfeita - ninguém podia retratar apropriadamente o poder do homem apenas com sua voz. Seria bom ver você, velho amigo, mas perigoso. Se os cinco colocarem suas mãos em você, estariam provavelmente mais felizes do que se conseguissem capturar o príncipe. Dominic enviou o aviso, certo que Zacarias era bem consciente que quem lideravam os vampiros eram os irmãos Malinov. Uma vez, os irmãos De La Cruz e os Malinovs tinham sido como uma família; agora os Malinovs odiavam os irmãos De La Cruz com cada pedaço de malícia e infidelidade que suas almas pretas podiam evocar. Você sabe se os irmãos restantes estão aqui? Dominic virou ao sul. Fez isso mais para proteger Zacarias do que por qualquer outra razão. Se um não-morto o detectasse, uma luta seguiria. Ele não tinha dúvidas da capacidade de Zacarias numa luta, mas o não-morto agia em números significativos, e até um guerreiro com a habilidade de Zacarias podia ser derrotado. Os tenho caçado. Parece haver vários não-mortos menores, recentemente recrutados, e alguns com mais experiência. Localizei dois mestres, mas nenhum é Malinov. Foram direcionados aos meus irmãos, Dominic. Não tenho nenhuma escolha, apenas caçá-los. Esse era Zacarias. Seus irmãos sempre vinham primeiro. Ele se preocupava pouco com sua própria vida, mas sobreviveria para remover qualquer ameaça a seus irmãos mais jovens. O que era

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divertido. Os outros quatro irmãos De La Cruz eram mais que guerreiros capazes, cada um altamente experiente, treinados por Zacarias, com a experiência de milhares de batalhas. Os morcegos rodaram no céu, um adejo preto de asas quando deram voltas mais perto para uma melhor olhada à terra. Muito abaixo, andando pelas árvores, estava um velho homem, curvado, usando uma alta bengala, parecendo muito vulnerável, uma sedução a qualquer vampiro que se preze. Dominic sorriu para si mesmo. Zacarias não era propenso a muita fala. Ele chamava seu inimigo e o eliminava sem fanfarra ou desafio. Desceu na terra a uma distância segura, somente porque a prudência ditava cautela no meio do território inimigo. O velho homem permanecia a algumas jardas dele. Estudaram um ao outro. Zacarias mantinha a aparência idosa, mas não havia nada de confuso nos olhos penetrantes de aço. O cabelo desgrenhado estava riscado de cinza, mas Dominic sabia que era tão preto como a asa de um corvo, sem o disfarce. — Arwa-arvod mäne me Kodak. — Possa sua honra te reter do escuro. Cumprimentou Dominic, andando com passos largos para a frente. Ele apertou os antebraços de Zacarias na saudação antiquíssima de respeito mais alto entre dois guerreiros. Zacarias prendeu-o forte, com o afeto lembrado. — Arwa-arvo olen isäntä, ekäm. — A honra te mantenha, meu irmão. Ele voltou formalmente. — Foi há muito que ouvi nossa língua. Falamos português ou espanhol geralmente. Às vezes holandês. Temos que nos adaptar a qualquer país em que estamos caçando vampiros. É um grande continente para cinco de nós patrulhar e os Malinovs sabem disto. Eles deram passos atrás e examinaram um ao outro. Dominic sorriu. — Faz muito tempo, Zacarias. Zacarias concordou. — Muito tempo lutando, preso à honra. Meus irmãos encontraram suas companheiras e meu trabalho está quase feito. Dominic o olhou agudamente. — Você perdeu toda a esperança de uma companheira própria. — Estou cansado desta vida, Dominic. — Zacarias concordou. — E não posso mais me adequar aos tempos. As mulheres estão diferentes, excederam tudo que conhecemos. Vivi muito tempo como um homem dominante, minha palavra sendo lei, tudo a minha maneira. As mulheres que observei não seriam felizes sob tais restrições, nem posso ser diferente de que quem sou. — Ele sacudiu sua cabeça. — Não posso lamentar o que não conheço. Não estou preparado para ter uma companheira. Esses dias já passaram. — Não seja tão apressado, velho amigo. — Disse Dominic, sacudindo a cabeça. — Abandonei a esperança e decidi desistir da minha vida por meu povo. É tarde demais, tomei o sangue e ele me revira do avesso. Logo meu cérebro apodrecerá, e não terei nenhuma opção além de mostrar-me àqueles que eu espio. Cairei lutando, mas deixarei minha companheira para trás. Encontrei-a finalmente, na minha última hora. Não traia sua mulher como eu traí a minha. Houve um longo silêncio. O olhar fixo de Zacarias nunca vacilou no rosto de Dominic. Dominic acenou com cabeça.

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— Vejo em cores. Sinto a emoção. — E vai para o coração da toca do inimigo. — É assim. A tristeza é uma pedra pesada para carregar. — Admitiu Dominic. — E culpa. Encontrei-a, mas devo deixá-la em paz. Se a reclamar, ela me seguirá. A aparência de Zacarias nunca vacilou. Sua impressão de um ser humano mais velho era impecável. Ele olhava e cheirava e até mantinha seu cérebro, no caso de um exame de vampiro, com os pensamentos de um homem seguindo as criaturas noturnas. Contudo, atrás da fachada, era o homem que Dominic conheceu há muito tempo atrás. — Devemos encontrar uma maneira de mudar de lugar. Infete-me e volte aos curandeiros para ver se podem salvá-lo. Dominic queria sorrir pela exigência na voz de Zacarias. Possivelmente o homem estava certo ao dizer que era um predador dominante por muito tempo. Não haveria recuo. Suas experiências formaram quem e o que eles eram e o que se tornaram. Zacarias não saberia lidar com uma mulher moderna. Um companheiro era dedicado a fazer sua outra metade feliz. Ele só conhecia seu caminho. Tristeza pelo homem e as muitas vidas de serviço apertou em Dominic. Zacarias, como se lendo os pensamentos de Dominic, encolheu os ombros. — Não há nenhuma necessidade de sentir emoção por mim, Dominic, já que não posso sentir. Estou aqui primeiro para recuperar um membro da família caprichoso, e segundo, descobrir onde os Malinovs estão. O aviso veio que você poderia precisar de ajuda no seu plano. Tomar seu lugar faz sentido, se for de fato possível. Dominic franziu a testa. — Membro da família caprichoso? — Ele não podia imaginar nenhum membro da família de Zacarias não se submetendo às suas regras. Zacarias inclinou sua cabeça. — Solange Sangria. Ela é jaguar. Sua prima Juliette é companheira de Riordan, e a irmã de Juliette, Jasmine, está sob os cuidado e proteção da nossa família. Solange é um problema, uma pequena gata selvagem. Tenho que admitir - com relutância - que tem meu respeito como guerreira, mas será morta se continuar no caminho que escolheu. Ambas as primas choram por ela e temem, como deveriam, por sua vida. Dominic sentiu uma guinada no coração. Solange Sangria. O nome era belo. O som ressoou na sua alma. Ela era dele. Não de Zacarias, não de sua família; ela pertencia só a Dominic. A Solange Sangria era a única pessoa - a única coisa - no mundo inteiro que queria para ele. Ele manteve o nome para ele, sabendo com certeza absoluta que Solange era o nome da sua companheira. Soava verdadeiro, o coração de um guerreiro, sua feminilidade oculta do mundo, mas não para ele. — Ela é minha. Os olhos de Zacarias cintilaram. — Devia saber que seria Solange. A mulher é tão esperta e tão selvagem como os gatos da floresta tropical. Apesar disso, Dominic, ela é uma mulher valorosa e digna de um guerreiro como você. Ela viu demasiado horror e matança. Vive só para a batalha. Temo que ela não se retire desta

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luta. Ela precisará de cuidados, Dominic. Mais uma razão para eu tomar seu lugar. — Foi minha decisão ingerir o sangue e abrir caminho no campo inimigo. — Respondeu Dominic.— Esta é minha batalha, Zacarias. Foi minha escolha e não tenho nenhuma opção honrosa além de levar esta carga até o fim. — Sua companheira pode pensar diferente. — Se for minha verdadeira companheira, entenderá que não posso fazer nada além de continuar este curso. Eu não esperaria que outro, não importa como generosa seja a oferta, tome meu lugar. Seria um desserviço tanto a ele como a sua companheira. Você não pode abandonar sua própria mulher, Zacarias, entregando-se tão cedo. Um leve sorriso tocou a boca de Zacarias, mas não conseguiu suavizar seus traços ásperos ou abrandar o aço dos seus olhos. — Abandonei-a há muito tempo, meu amigo. Não posso mudar. Não posso ser o que este século dita, nem quero. Não posso exigir que uma mulher viva dentro das minhas regras. — Ele encolheu os ombros. — Aceitei isto há muito. — Possivelmente ela escolheria assim, considerando sua própria vontade. — Meu ponto. Que livre-arbítrio teria comigo? Você e eu sabemos que não teria nenhum. — Você não pode saber até que aconteça. — Disse Dominic. — O mundo se transforma. Você não sente nada agora, mas se uma mulher restaura suas emoções... — Eu a manteria muito apertada. Sou muito velho, Dominic, muito arraigado nos meus caminhos. Minhas exigências seriam absolutas. — Então sua companheira teria que ser uma mulher extraordinária que encontrará o caminho na relação até você. — Previu Dominic. — Não esteja tão ansioso para jogar fora a esperança ainda. Os companheiros são destinados, Zacarias. Não os encontramos em qualquer lugar. Há só um para nos completar, e embora não acredito que seja fácil, realmente acredito que o vínculo só pode ocorrer com aquele que é a outra metade da nossa alma. Zacarias deu de ombros, descrente. Sem mais preâmbulo, rasgou seu pulso com os dentes e ofereceu a Dominic. — Você precisará de sangue forte para fazer isto, meu irmão. Tome o que livremente ofereço. Atenderei sua chamada e o sustentarei nesta prova. Dominic levou o pulso à sua boca e bebeu, o ímpeto do sangue forte, antigo batendo como uma bola de fogo, se apressando pelo seu sistema para embeber os órgãos infeccionados. Os parasitas reagiram com frenesi de dor alucinante. Podia senti-los nas suas veias, rastejando sob sua pele, rasgando e arranhando suas tripas. Ele fechou a ferida no pulso de Zacarias e imediatamente empurrou tantos parasitas pelos seus poros quanto pode, mantendo o dano em seu corpo tão pequeno quanto possível. Zacarias examinou as mutações com interesse. — Riordan me falou de tais coisas. Assim é como identificam quem trabalha com os Malinov? Dominic levantou a mão para chamar o relâmpago, incinerando as criaturas vis. — Sim. Devo mantê-los dentro de mim e eles se multiplicam muito rápido. Gregori foi o primeiro que chamou nossa atenção quando os encontrou em Destiny, companheira de Nicolae.

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Gary, um macho humano que trabalha com ele, comparou aqueles parasitas com os que ingeri desde então e os mais novos são muito mais fortes. Ele não está seguro do que isto significa, só que Xavier os transformou ainda mais. Penso que levam aqueles que os carregam à insanidade. Eles sussurram constantemente... — Sua voz diminuiu e seus olhos encontraram os de Zacarias. — Quando estava perto do jaguar, as vozes cessaram. Os parasitas deixaram de se mover dentro de mim, quase como se estivessem com medo, como se quisessem se ocultar. — Do quê? — Zacarias perguntou. — Da sua mulher? — Se temessem uma fêmea, não poderiam ter infeccionado Destiny. — Indicou Dominic. — Possivelmente, com Solange perto, a dor simplesmente é mais fácil de ignorar. Dominic sacudiu a cabeça. A sobrancelha de Zacarias subiu vertiginosamente. — Embora aprecie seu disfarce atual como vampiro, os parasitas que se movem perto do seu olho são um pouco demais. Dominic expulsou a criatura ofensiva e olhou-o incinerar. O relâmpago bifurcou de cima e as árvores tremeram. — Estão chegando, Zacarias. Zacarias o observou com seus olhos frios. — Pensa que viajei todo este caminho para correr quando o inimigo se aproxima? Ficarei aqui e desempenharei meu papel como pesquisador instalando câmeras noturnas para avistar jaguares. Até tenho uma licença própria para meu trabalho e credenciais. Descobri que é uma boa isca para os maus. — Seus irmãos estão perto? — Não fico perto deles. Sua felicidade é tudo que procuro assegurar, mas estar perto deles é inquietante de um modo que não posso explicar. — Ele piscou outro sorriso sem graça. — Irrito suas companheiras com minhas exigências. Parece que não sei o modo certo de pedir sua segurança. Dominic riu, indiferente ao vampiro que apontou com os dentes pretos e cruéis na noite. — Posso imaginar como lida com aquelas mulheres. Zacarias encolheu os ombros. — Nenhum deles deveria permitir o que fazem. Até mesmo Rafael é mole. Um exército de formigas enxameou acima do tronco caído atrás de Zacarias. Num momento o tronco estava coberto de musgo e fungo e no seguinte um carpete preto e vermelho se movia por cima dele. Dominic empurrou Zacarias longe do tronco, lançando-o atrás dele, uma reação instintiva para proteger o outro homem. Enquanto fazia isso, esticou uma mão para cima em direção ao céu, descendo várias bifurcações de relâmpagos. A luz branca, quente e brilhante, se chocou com barulho na árvore caída. As formigas irromperam em chamas, crepitando e chiando, algumas pulando no ar, outras rastejando pela vegetação no chão, estalando em volta dos pés calçados de Dominic para chegar a Zacarias. A respiração de Dominic assobiou entre seus dentes. Vampiro. Está vindo por você. Então certamente devo me ocultar atrás de você por covardia. Havia quase uma ponta do humor áspero na voz de Zacarias, como se lembrasse um pouco da ironia e humor.

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O relâmpago seguiu o enxame de formigas, atacando, mas os números maciços se espalhavam através da terra rodeando Zacarias. Os dois guerreiros estavam costas com costas, varrendo a terra em torno deles com fogo para limpar os destroços. — Muonìak te avoisz te. — Eu te ordeno se revelar. Ordenou Dominic, sua voz baixa, mas o tom de uma autoridade absoluta. As palavras antigas usadas com a força do guerreiro antigo carregavam cada pedaço de força como o relâmpago. A massa de insetos ondulou, um tapete vivo que começou a tecer com relutância uma sombra escura que se arrastava ao longo da terra. Obviamente, tentando resistir, a sombra se transformava vez e outra em sombra insubstancial e milhares de formigas. — Veriak ot en Karpatiiak, muonìak te avoisz agbaainad és avoisz te ete kadiket. — Pelo sangue do príncipe te ordeno a tomar sua verdadeira forma e se revelar ante os instrumentos da justiça. Exigiu Dominic. Um lamento soou, como pregos em um quadro-negro, reverberando pelas árvores. A floresta respondeu com gritos dolorosos. Os macacos choramingaram, caudas dobradas, cabeças baixas, mãos sobre os ouvidos. A sombra insubstancial tornou-se um corpo alongado, os braços do vampiro esticados em direção a Zacarias, os dedos das suas mãos ossudos e retorcidos, as unhas afiadas e enroladas como garras. O vampiro levantou sua cabeça em desafio, revelando a pele esticada sobre os ossos, desgastada em alguns lugares, parecendo feridas raspadas, larvas saindo dos buracos abertos. Ele cuspiu a Dominic. — Traidor. Você é um de nós. Compartilhe este tolo. — O vampiro cavou suas unhas na terra e se arrastou mais perto de Zacarias, sua atenção concentrada “no pesquisador humano.” Rosnava quando falava, suas cordas vocais enferrujadas e tensas. Soava mais animal que homem. Seus joelhos ossudos afundavam na sujeira, e abaixo do seu corpo a terra gemia e pequenas larvas brancas feias torciam-se e meneavam quando as deixou cair. Seu corpo estava há muito tempo podre, indicando que era vampiro há muitos anos, possivelmente séculos, ainda que não fosse nenhum mestre. Dominic bateu rápido, como era seu costume. Tinha abandonado há muito o desafio ou conversa. Estava lá para só um objetivo - destruir o não-morto. Não havia nenhuma razão para falar com eles a menos que extraísse informação, e sabia que havia mais na área. Este estava muito perto de Zacarias e poderia contar mentiras. Ele golpeou enquanto o vampiro ainda rastejava na sua barriga em direção a Zacarias, que permanecia completamente imóvel, o quadro perfeito de um homem humano chocado por um pesadelo cobrando vida. O punho de Dominic se fechou com barulho por trás do vampiro, rasgando músculos e osso, penetrando profundamente, atingindo o coração. O vampiro vomitou sangue por cima da sua mão e braço, preto e brilhante na escuridão da floresta. Ele queimou sua pele. Todo o tempo os parasitas dentro de Dominic gritaram e gritaram em protesto impotente, apunhalando seu interior como se tivesse engolido vidro. Fogo quente fechou em volta do seu pulso e braço, quando as sanguessugas do não-morto tentaram protegê-lo,

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enrolando em volta da carne de Dominic e mastigando rápido. Dominic empurrou mais fundo, ignorando a dor. Sentindo que o caçador se aproximava do seu coração, o vampiro desesperado rolou rápido, uivando, seus dentes tentando morder Dominic enquanto a outra mão seguia para o tornozelo de Zacarias. Dominic foi a terra sob a podridão do cadáver ambulante, sua mão infalivelmente empurrando pelo ataque de parasitas mesmo enquanto aqueles no seu próprio corpo reagiam com agitação, apunhalando e arranhando, rasgando seus órgãos para controlá-lo. Zacarias iludiu a mão do vampiro, desaparecendo para reaparecer alguns metros adiante, seus olhos frios estudando o céu e a terra e não a luta entre caçador e presa. A poucos metros de distância, a seiva corria como sangue preto, gotejando do tronco de uma figueira. As folhas enrugaram e as gotas de seiva batiam na terra em um gotejamento lento, chiando e queimando um buraco na vegetação grossa que rodeava a árvore. Um pequeno porco-espinho eriçou seus espinhos, apressando-se longe da árvore, deixando cair o fruto das suas patas. Um macaco gritou e pulou, como se queimasse, dos galhos mais baixos à seguinte árvore. Vários pássaros se puseram em fuga e uma cobra levantou sua cabeça, a língua bifurcada na direção da seiva escura, que escoava. Abruptamente se desenrolou, se estendendo para um galho da árvore vizinha. As rãs e lagartos abandonaram os galhos, e os insetos fizeram um êxodo em massa. Zacarias se aproximou, correndo pela terra, movendo-se rapidamente, atingindo a árvore assim que o tronco maciço se rompeu e expeliu a criatura suja que o envenenava. Ao mesmo tempo o fedor de ovos podres se misturou com carne em decomposição vomitada no ar. As folhas nas árvores circundantes e moitas de arbustos murcharam. As flores fecharam as pétalas e se encolheram longe da abominação. — Drago, velho amigo. Vejo que veio me visitar. — Disse Zacarias suavemente. — Há muito tempo enviei um convite, mas você recusou. É bom que finalmente optasse pela justiça. Passou muito tempo. Drago resmungou, puxando seus lábios em um rosnado para revelar dentes horríveis, afiados e pretos, sujos com o sangue de muitas vidas que tinha tomado. Ele acariciou o ar debaixo das suas mãos, como se acariciasse uma criatura invisível, suas unhas parecendo um punhal, cada golpe preciso. — Arrogantes novatos. Tão ocupados lutando pelos restos de uma refeição, que não conseguem perceber o prêmio que têm. — Quando falou, Drago rosnou cada palavra, tão precisamente como os movimentos da sua mão. — Mas você percebeu. — Disse Zacarias suavemente. Seus olhos frios continuaram a varrer os arredores. Drago nunca o confrontaria tão calmamente a menos que pensasse que tinha a vantagem. Atrás deles, Dominic era muito consciente do segundo vampiro em cena, mas em torno dele, tentáculos romperam pela terra, correndo ao longo do chão, buscando presas. Ele soltou o vampiro, batendo o rosto apodrecido na terra entre os tentáculos, enquanto seu punho empurrava a massa de parasitas se torcendo para alcançar o coração. Os tentáculos imediatamente rodearam o pescoço do vampiro e o crânio; puxando suas pernas

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e braços numa tentativa de arrastá-lo ao subsolo. As pontas dos dedos de Dominic alcançaram o frio, murcho coração. O não-morto gritou e redobrou seus esforços para afastar Dominic dele. O silêncio absoluto do caçador era enervante. O vampiro não tinha nenhuma ideia se Dominic era um dos recrutas dos mestres, como seu sangue parasítico indicava, ou se era um caçador altamente experimente, como suas ordens anteriores indicavam. Dominic tinha invocado o nome do príncipe, algo que nenhum vampiro jamais faria. Os dedos de Dominic alcançaram em volta do órgão enegrecido, sentindo mais zigue-zague dos parasitas contra sua palma quando cercou o prêmio no seu punho e começou a extraí-lo do corpo do vampiro. Os tentáculos lutavam pela posse. Acima, um relâmpago bifurcado em prontidão. Trovões rolaram ameaçadoramente. O som era horrendo, o sangue ácido do não-morto tentando desesperadamente se agarrar ao coração, o grito alto do vampiro e o lamento dos parasitas que já caíam fora do corpo, abandonando seu anfitrião. Os tentáculos batiam freneticamente no não-morto num esforço para levá-lo abaixo da terra, fora do alcance de Dominic, mas Dominic se levantou, o coração no seu punho, gotejando parasitas e ácido na terra quando pulou longe, chamando o relâmpago. A ponta bateu com barulho no corpo antes que os tentáculos pudessem salvá-lo. Ele lançou o coração na chama branca aquecida e dirigiu a energia através da terra enegrecida até cada tentáculo e parasita a ser incinerado. Seu braço e mão queimaram-se, a carne quase devorada até o osso. Banhou sua carne nas bordas da luz para tirar o sangue e matar qualquer parasita restante que pudesse ter chegado a sua pele. Profundamente dentro do seu corpo, nas veias e órgãos, os parasitas se apressaram a se ocultar contra o calor cegante, dando, por um momento, um alívio na tortura agonizante constante. Nunca permitia que sua aparência se modificasse de vampiro para caçador Cárpato. Só quando terminou, levantou os olhos para encontrar os olhos de Drago. Ele rosnou, puxando os lábios finos para revelar dentes serrilhados, manchados de sangue, seu rugido um desafio. — É com a minha comida que você está brincando. — Ele soltou e andou com passos largos pelas árvores para pôr seu corpo entre Zacarias e a nova ameaça. Ele sabe quem sou, Zacarias avisou. Nunca me desafiaria abertamente se não tivesse uma pequena surpresa sórdida na manga. — Você não tem ideia de quem ele é. — Rosnou Drago. — Ele é um prêmio incomparável. — Lembro de você dos velhos tempos. — picou Dominic. — Drago, lamentoso, covarde que choramingava. Sempre desaparecia numa batalha. Drago sorriu de modo afetado. — Consegui viver outro dia enquanto tantos outros caíram. Dominic estudou seu inimigo. A mão de Drago continuava aqueles golpes exatos, embaixo, perto do seu quadril, como se estivesse acariciando um cão. Seu tom tinha uma cadência estranha, cada palavra separada, quase como se acentuasse cada uma com um ponto depois dela. Dominic tinha visto muitas armadilhas nos seus séculos de combater o vampiro, mas estava em território novo aqui. Ele deu outro passo mais perto do não-morto num esforço para ficar numa posição que fechasse a fenda rapidamente e acabasse com o vampiro antes que a armadilha fosse solta.

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Drago sacudiu sua cabeça. — Você é um de nós, jurado aos cinco mestres. Este é Zacarias De La Cruz, inimigo jurado de nossos líderes. Eles o quererão vivo. Dominic encolheu os ombros. — Você não pode tomar o crédito porque eu o encontrei. Zacarias flexionou os ombros, olhando a ambos com olhos frios. — Não fui capturado ainda, nem penso que um de vocês tenha a capacidade de me derrotar na batalha, sozinhos ou juntos, mas, por favor, tentem. Dominic zombou. — Caçador, quieto enquanto lido com este tolo. — Ele permitiu que seu olhar varresse a floresta circundante, atento às árvores mais próximas a eles. Drago tinha, evidentemente, viajado pelo solo e entrou pelas raízes da figueira, emergindo do tronco quando achou seguro. Se viajava com outros - de sua confiança, Dominic estava seguro que sim - podiam usar as árvores para se ocultar. Fique afastado das árvores, ele acautelou Zacarias. Zacarias deve ter tido o mesmo pensamento que Dominic, porque já mudava de posição, tentando garantir um lugar de onde pudesse vigiar as árvores circundantes. Dominic estava grato por ter o caçador às suas costas. Podiam parecer predador e presa, mas tinham batalhado juntos muitas vezes no passado, nos velhos dias, caçando vampiros e inimigos de seres humanos e Cárpatos. Não havia nenhum outro que teria escolhido para lutar com ele. Os dedos de Drago subiram e caíram sobre seu companheiro invisível. — Este Caçador será entregue aos mestres. Dominic arriscou um olhar para Zacarias. Era um Caçador Cárpato em cada polegada, largos ombros, cabelo longo e esvoaçante e olhos frios embaixo do fogo, onde minutos antes era um homem velho, curvado, prendendo suas câmeras nas árvores. Como sabia quem era? O disfarce de Zacarias era irrepreensível. Não tenho nenhuma ideia. — Sou um mestre. — Rosnou Dominic para Drago, permanecendo no papel de fanfarrão e provocador, como tantos não-mortos eram. — Você não pode me dizer o que devo fazer com minha presa. Afaste-se ou encontrará o mesmo destino daquele tolo que me desafiou. Drago cuspiu no chão da floresta, e pequenos parasitas menearam obscenamente nas secas folhas em decomposição. Seus olhos incandesceram num vermelho profundo, e ele jogou sua cabeça para trás e uivou. Uma árvore à esquerda de Dominic tremeu. Uma grande cobra que estava enrolada a volta dos galhos levantou sua cabeça e escorregou ao longo do tronco, desenrolando seu corpo longo quando desceu a terra e escorregou quase aos pés de Drago. Sua longa língua testou o ar e logo chicoteou sobre os parasitas antes que se levantasse, tomando sua forma verdadeira horrível, ficando a alguns metros do seu companheiro. Os dedos de Drago continuaram acariciando o ar sob sua palma quando a terra logo atrás de Zacarias se abriu e vomitou um terceiro vampiro. Um quarto emergiu dos galhos torcidos da figueira enegrecida em que Drago tinha vindo, e Dominic automaticamente o classificou como o elo mais

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fraco. Seu rosto ainda era meio reconhecível, a carne ainda cobrindo os ossos encolhendo. Dominic o tinha encontrado quando era ainda Caçador, não era antigo, mas tinha sido incapaz de controlar seu desejo por emoção e tinha capitulado obviamente ao sussurro da escuridão. Seu nome tinha sido Robert, mas Dominic pensou nele como um verme. Zacarias olhou os quatro vampiros que os rodeavam. Podemos ter um pequeno problema aqui. Dominic enviou a impressão de um sorriso presunçoso. Como nos velhos tempos. Do jeito que eu gosto. Sempre foi um pouco maluco. Você ama a batalha. O tom de Zacarias era irônico. E você não? Havia risos na pergunta.

Capítulo 4 “Mas, então, além da esperança, você entrou no meu sonho... Sua melodia assombrosa, sua doce voz curativa. A alma de um poeta, grande coração de um guerreiro. Você deu tudo para seu povo. Deixe-me te dar o sentimento!” — Solange para Dominic

O que tinha feito? Solange estava na chuva, suas mãos cobrindo seu rosto, a garganta doendo, seu coração trovejando no peito. Ela tinha contado cada segredo seu. Achava que era seguro, que ele não era real. Tinha exposto cada fraqueza. Os sonhos tinham sido uma espécie de truque? Ela gemeu e passou uma mão por cima da sua garganta para tentar aliviar a dor terrível. Suas cordas vocais pareciam rasgadas - como seu coração. Um guerreiro Cárpato. Ela o tinha feito. Construído sua imagem detalhe por detalhe, não tinha? Ela soube na época, quando começou a sonhar, que tinha abandonado toda a esperança e estava chegando ao fim dos seus dias. Seu guerreiro foi a única coisa que a manteve atravessando todas as batalhas e todas as matanças horríveis que tinha encontrado. Brodrick, o Terrível, estava determinado a purgar cada cepa diluída de jaguar que pudesse encontrar. Só aqueles que podiam mudar eram poupados - machos e fêmeas. Não havia maneira de parar o mau dentro de seu pai. A doença começou centenas de anos antes, tratando as mulheres como escravas, como parideiras, os homens seguindo a família real. Tinham sido autoindulgentes, depravados, almejando o poder e construindo sobre ele, estimulando os piores traços da sua espécie ao invés de tentar algo diferente. Brodrick gostava de matar. Ele se rodeou de homens como ele. A chuva familiar parecia estranhamente sedutora, provocando seus sentidos, correndo entre o vale dos seus seios e abaixo da sua barriga até a ligação entre suas pernas. Estranhamente despertada pela sensação, Solange levantou seu rosto para a chuva, capturando algumas gotas em sua boca, permitindo-as na sua garganta para aliviar a dor. Não houve nenhum alívio da dor entre suas pernas. Cores tão brilhantes como o sol giraram na frente dos seus olhos, quase a cegando. Cada emoção estava ampliada mil vezes. Humilhação. Embaraço. Tristeza. Raiva. Uma fome sexual terrível, crua e volátil, uma ânsia que nunca experimentou. A chuva gotejava das pontas dos seus seios, agora apertados, desabrochando em dois montes gêmeos rígidos. Ela olhou para seu corpo, e lágrimas queimaram atrás dos seus olhos.

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Esta necessidade, este desejo era mais forte do que qualquer calor que experimentou alguma vez. Roubava sua respiração e sua sanidade mental. A paixão não implicava somente seu corpo cada parte dela, coração e alma, parecia ter o desejo esmagador de estar com ele. Companheiros. Ela tinha visto a devoção que o companheiro de sua prima Juliette tinha. Prestava atenção à menor coisa, parecida completamente concentrado nela a cada momento - a espécie de concentração que deixaria Solange maluca. Ela estava sozinha há muito tempo. Passava semanas sem ver ou falar com outra pessoa. Como poderia entrar em uma relação? Ela não sabia como. Ela não sabia partilhar sua vida ou - ou qualquer coisa. Apavorada, mal conseguia respirar, seus pulmões queimando por ar. Ela nunca poderia ir para ele. Nunca. Não havia um único lugar em seu corpo que não estivesse marcado. Não tinha nenhuma pele lisa para oferecer, nenhum lado suave na mulher endurecida, que era mais uma máquina de luta. A mulher do sonho tinha sido uma ilusão. MaryAnn, companheira de Manolito, era o mais perto de uma amiga que teve, e até MaryAnn a repreendia por seu cabelo selvagem e falta de feminilidade. Ela fingia que não se importava, que não era feminina, e não era então. Mas agora agora que ele estava na sua vida, agora que tinha vindo, este homem entre homens, este guerreiro que estava uma polegada acima do resto... Ela gemeu e apertou os punhos nos seus olhos. Ela não era mulher de gritar. Ou desejar um homem. Ou precisar dele. No entanto, ao longo dos últimos meses, tudo tinha mudado. Ela tinha mudado - se dirigindo à beira da destruição pelo horror infinito da sua vida escolhida. Não houve nenhuma trégua - mas ele. O Cárpato. O seu Cárpato. Ela inalou agudamente e silenciosamente admitiu que precisava do Cárpato, mesmo que fosse para compartilhar seus últimos dias. Ele nunca recuaria do seu dever com seu povo por ela. Isto era uma desordem terrível e ele veio no pior momento possível. Ela tinha finalmente encontrado Brodrick. Sabia onde estava, mas também sabia que ele não ficaria muito tempo. Normalmente viajava com seus soldados mais violentos. A seu redor o ar acalmou. Todo o barulho cessou na floresta. Seu jaguar se congelou, empurrado perto da sua pele para protegê-la. Os cabelos nos seus braços se arrepiaram e um frisson de medo deslizou abaixo da sua espinha. Os insetos fluíram por cima da terra, formigas e besouros voando, cobrindo tudo no caminho. Ela os viu fluir como um rio preto por cima dos troncos caídos, movendo-se na direção dela. Em cima, o céu se encheu de morcegos, movendo-se rápido pelas copas, uma nuvem preta sinistra, presságios escuros das coisas por vir. Os vampiros tinham levantado. Ela mudou rapidamente, deixando a mudança tomá-la. O nãomorto levantaria com fome e procurando presas. Na sua forma humana os atrairia facilmente. Sua forma jaguar podia entrar nas copas e esperar até que passassem. Morcegos. A voz de seu amante de sonho assobiou o aviso na sua mente. O não-morto está levantando. Ela já estava de volta nas árvores, o jaguar subindo na curva de um galho, alto, sob um guardachuva de folhas grossas. Ela ficou muito quieta. Eles estarão com fome. Mude e se esconda, fique segura. É perigoso se comunicar por este caminho. Qualquer onda de poder os alertará. Seu rabo se contraiu em aborrecimento. Ele achava que ela não era consciente do que fazer? Ela não era estúpida. Manolito e Riordan tinham ensinado a ela, Juliette e Jasmim como matar um vampiro se a necessidade surgisse. Ultimamente, nas últimas semanas, seu treinamento tinha salvado sua vida várias vezes. Ela era primeiro uma guerreira. Sempre. Ela não teve chance de responder por que seu Cárpato estava certo, e o não-morto poderia sentir a onda de poder que

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usava para se comunicar telepaticamente. Provavelmente podia ser feito sem eles saberem, mas ela não era experiente o bastante e Solange nunca arriscava desnecessariamente. Ela manteve sua cabeça nas patas e empurrou tudo da sua mente quando os morcegos rodaram e mergulharam no ar, uns poucos consumindo insetos enquanto outros iam pelos frutos nas árvores. Ela pode ver outros rastejando pela terra à procura de presas quentes. Ela permaneceu quieta, mantendo inclusive a ponta da sua cauda imóvel, até que lentamente, os morcegos se afastaram para um novo território. Só então levantou e se esticou da maneira lânguida de um gato. Ela tinha um trabalho. Tinha feito uma armadilha e sabia que Brodrick e seus homens cairiam nela. Nunca esperariam que ela voltasse. Por agora achariam que estava ferida. Se achariam seguros. E Brodrick tinha formado uma aliança preocupante com os vampiros. O não-morto podia controlar as mentes dos jaguares com sangue diluído e até mesmo sangue-puro, mas certamente não da família real. Enquanto Brodrick conseguisse o que queria dos vampiros, continuaria a relação com eles. Era um pacto feito no inferno pelo que estava preocupada. Brodrick estava determinado a destruir qualquer jaguar incapaz de mudar. Os vampiros tinham jurado ajudá-lo a conseguir seu objetivo, portanto a ajuda deles era perfeita. O enorme laboratório construído pelo grupo de humanos - a sociedade que se dedicava à caça e matança de vampiros - era usada supostamente só para pesquisa, mas ela esteve no interior e sabia que o edifício era usado para muito mais objetivos nefandos. Os inimigos eram mantidos e torturados lá. As mulheres jaguar muitas vezes eram mantidas lá para serem usadas por Brodrick e seus homens. Mas o verdadeiro objetivo do edifício era muito mais grotesco. Tinha visto os bancos de computadores. Os vampiros não podiam se sentar por horas em um computador compilando dados, mas tanto seres humanos como homens jaguar podiam fazer isso, e os vampiros precisavam deles para executar a tarefa de construir um banco de dados de mulheres psíquicas ao redor do mundo para eles. Os homens de Brodrick pareciam tratar da maior parte dos detalhes, e estava segura que compilavam uma lista de pessoas - mulheres em particular - quem carregavam o sangue jaguar. Ela não foi capaz de confirmar isso, mas muitas vezes se pôs nos galhos das árvores durante horas vigiando - um risco terrível certamente, mas esperava que rendesse uma parte única de informação importante. Agora que os vampiros já tinham passado à procura de sangue, Solange começou a fazer seu caminho de volta em direção ao penhasco do alto do rio onde a mulher, Annabelle, tinha se lançado nas rochas abaixo para não ser recapturada pelos homens que a caçavam. Ela tentou afastar o rosto da mulher desesperada da sua mente. Solange tinha mudado e a tinha chamado, se expôs para impedi-la, mas Annabelle estava tão desesperada, que se recusou a arriscar quando os homens começaram a disparar em Solange. O jaguar sacudiu a cabeça. Os mortos, muitas vezes, se levantavam para questioná-la. Às vezes pensava que podia se afogar nos seus gritos, na crueldade terrível feita a eles. Solange sabia que o tráfico humano era um grande problema em outros lugares, mas aqui, no seu mundo, ele existia há séculos, graças aos líderes do seu povo. As mulheres eram objetos, nada mais. Recipientes e posses. Os homens tinham esse direito, acreditando-se acima de todas as leis, até mesmo as da decência. As mulheres estavam lá simplesmente para servir suas necessidades sexuais bestiais e dar-lhes crianças. Solange deslizou suavemente ao longo do labirinto de galhos entrelaçados que formavam a estrada arbórea. Os animais e pássaros, ainda amedrontados pela passagem da maldade, simplesmente tremeram quando se moveu além deles em direção ao seu destino. Ela era rápida tinha coberto muitas milhas durante o dia para voltar à casa da sua infância, e agora tinha um longo

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caminho de volta. Era mais rápido usar as copas para viajar, mas várias vezes foi obrigada a ir ao chão. A ferida em seu quadril abriu, escorrendo mais sangue. Não podia permitir o odor no ar. Com uma fungadela de impaciência, fez seu caminho a uma das suas muitas reservas em todas as partes da floresta. Profundamente dentro de uma gaiola de raízes tinha ocultado uma pequena caixa impermeável. Uma muda de roupa, armas, munição, comida seca, água limpa e um conjunto médico esperando por ela. Ela teve de mudar e costurar a ferida. Era sempre importante na floresta tropical limpar e fechar uma ferida, aplicando uma pomada de antibiótico - e esta não era nenhuma exceção. As infecções eram exuberantes, fáceis de conseguir e fáceis de morrer. Por via de regra era meticulosa com feridas, e o fato de viajar durante todo o tempo até o lugar da matança da sua família sem cuidar das lacerações disse muito do seu estado mental. Ela precisava descobrir uma saída ou morreria logo. Ela não tinha mais nada para dar - e isto a envergonhou. Ela mudou para sua forma de jaguar. Era mais fácil lidar com a emoção profunda que ameaçava sua sanidade mental quando protegida por seu animal, especialmente sabendo que não haveria fim para as depravações de Brodrick. Havia muito poucas mulheres na floresta tropical, ou vivendo na borda dela, então Brodrick tinha ordenado a utilização do banco de dados dos vampiros para encontrar mulheres jaguar em outros países. Ele as mandou raptar e trazer. Foi assim que Annabelle tinha sido tomada. Seu marido era humano, pelo que Solange tinha entendido, mas isto não tinha detido os homens que Brodrick contratou para raptá-la. A sociedade humana era estreitamente ligada com Brodrick, embora ela notasse que todos os homens que protegiam o laboratório o temiam. Como deveria ser. Brodrick era tão cruel e depravado como qualquer vampiro, e tão astuto como. Ele conhecia a floresta tropical - era seu quintal. Sua reputação tinha crescido durante anos, e agora, ele sabia que tinha uma mutante feminina de sangue puro causando estragos em seus planos. Ele desprezava a desobediência e suas punições eram rápidas e brutais. Ele exigia a submissão completa, especialmente de uma fêmea. Ele a queria viva - ela era uma vantagem. Os machos que encontrou foram mortos tentando levá-la para Brodrick ainda respirando. Ela se apressou agora, galopando ocasionalmente. Eles queimariam o corpo do macho jaguar que tinha matado esta noite para manter sua presença oculta. Eles iriam querer que o corpo de Annabelle fosse queimado também. Esperava que Brodrick dirigisse a operação pessoalmente, mas se não, e ela conseguisse enviar-lhe outro corpo ou dois, ele ficaria para caçá-la. Ele nunca seria capaz de levar uma tapa na cara assim de uma fêmea. Ele moveria céu e terra para encontrá-la. Ela deixaria e o mataria. Ela esperava morrer, mas não ia sozinha. Ela libertaria as mulheres jaguar restantes mesmo que pagasse com sua morte. Ela pode ouvir o rugido do rio e deitou de barriga, escutando, cheirando o ar, procurando sinais nos animais também. Ela cheirou a presença de pelo menos dois machos, homens jaguar, mas não nas suas formas animais. Seus sentidos seriam um pouco mais embotados, sua audição menos aguda. Ela fez seu caminho ao sul deles até chegar à outra de suas pequenas reservas, novamente protegida dos elementos pelas raízes de uma árvore. Esta caixa era mais longa e guardava suas armas, cuidadosamente limpas, com muita munição. Ela mudou e se vestiu rapidamente, segurando uma faca, uma besta, flechas extras e seu rifle. Ela não era a melhor com uma pistola, embora não fosse má, mas à distância, tinha um tiro danado de bom tanto com um rifle como com a besta. Ela fez seu caminho pela floresta, conservando-se nos rastros dos animais. Tinha a vantagem de ser pequena e compacta, entrando em espaços nos quais os grandes machos jaguar não

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poderiam buscar seu odor. Ela rastejou nas mãos e joelhos às vezes e noutras deslizava na sua barriga para chegar ao lugar que tinha escolhido para seu ataque. Ela deu uma olhada cuidadosa à volta, provando o odor no ar, antes que subisse na árvore. Era muito mais difícil ser metade humana, metade gato, mas tinha usado a técnica muitas vezes durante os anos, portanto podia subir à copa rápido e ainda levar as armas e roupa que poderia precisar. Ela se instalou numa curva da árvore, escutando os sons que vinham da borda do rio. Um monte de palavrões. Resmungos. Ela estreitou sua visão, perscrutando pelas folhas para inspecionar as rochas. Daquele ângulo, não podia ver um corpo. Eles o moveram, ou possivelmente o corpo tinha soltado das rochas na água e sido varrido rio abaixo. Evidentemente era a conclusão a que os dois homens tinham chegado. –– Você devia tê-la puxado para o banco, Kevin. –– Um se queixou. Ela reconheceu o falante. Ela o tinha ferido. Esperava ter feito um trabalho melhor, mas andava por conta própria agora. –– Estava muito ocupado levando sua bunda de volta ao laboratório para parar a hemorragia. Você teria morrido aqui se não tivesse te levado, Brad. –– Soltou Kevin. Os homens jaguar eram famosos por seus temperamentos horríveis. Nenhum queria seguir o rio por milhas na esperança de encontrar o corpo, mas não tinham nenhuma escolha. Era uma lei pela qual todos viviam, destruir toda a evidência da sua espécie. Os dois homens ficaram olhando abaixo e acima do banco, e logo cuspiram, quase simultaneamente, sua repugnância evidente. Solange mordia seu lábio duro, furiosa que mostrassem tal desrespeito à mulher que tinham usado tão brutalmente - a mulher que tinham encaminhado ao suicídio. Ela pôs o rifle no seu ombro, respirou, dedo no gatilho, e pôs Kevin diretamente na sua mira. Havia sempre aquele momento quando se perguntava se podia fazer isto - se hesitaria e os alertaria da sua presença, permitindo-os matá-la primeiro. Ela nunca seria levada viva. Tinha resgatado muitas mulheres e tinha visto de perto o que fizeram às suas vítimas, e nunca se permitiria cair em suas mãos. Jasmine, sua prima, tinha sido tomada por esses mesmos homens. Solange os detestava. Mereciam morrer. Cada um deles tinha cometido um assassinato, matando homens, mulheres e crianças. Ainda... Ela sentiu o momento horrível se esticando à sua frente. Podia fazer isto novamente? Quanto dela perderia mesmo que fosse pela justiça? O preço de tomar vidas era tão alto que não sabia mais se estava disposta a pagar. Ela apertou o gatilho. Kevin se moveu aos arrancos, e o som do tiro reverberou pela floresta quando o corpo lentamente dobrou, um buraco florescendo atrás da sua cabeça. Brad girou em volta, pulando no ar quando tentou localizar a fonte do som enquanto ela apertava o segundo tiro. A bala o pegou no ombro, girando-o quando começou sua queda da borda do rochedo íngreme ao rio feroz embaixo. Ele mudou no ar, freneticamente tentando rasgar sua roupa quando caiu verticalmente na água. Bile se agitou no seu estômago, subindo à sua garganta quando esfregou o suor do seu rosto. O segundo homem provavelmente viveria, mas estaria fora de serviço por algum tempo. Ela teria que caçá-lo depois. E não podia apostar em outro corpo novamente; estariam esperando por ela. Guardou automaticamente as armas no lugar próprio para uma descida, tremendo o tempo inteiro, mas se movendo mais por pura experiência e reflexo. Ela tinha que se mover rápido e sair da área. Brodrick viajava com um grupo de combatentes e não estava em forma para se defender deles. O som viajou pela noite e teriam ouvido os tiros. Um pássaro gritou. Ela pulou do galho, mão esticada, pegando nos cipós grossos pendentes das árvores e balançando muito, usando seu ímpeto para dirigi-la até o seguinte cipó. Seus braços

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foram quase arrancados quando lançou seu corpo através do espaço aberto em direção à seguinte árvore. Ela conseguiu subir num galho, deslocando seu peso para um melhor salto na direção aos cipós que penduravam entre as duas árvores seguintes. Ela lançou um olhar por cima do seu ombro quando pulou, e viu o enorme jaguar preto correr ao longo dos galhos da árvore que tinha desocupado. Seu coração bateu forte no seu peito, sua respiração explodindo dos seus pulmões. Brodrick, o Terrível. Por um momento ela voltou a ser uma criança aterrorizada novamente. A menina de oito anos com sua família morta a sua volta e o homem, maior que a vida, a fitando com olhos planos, mortos, dirigindo a ponta da sua faca na sua pele tentando provocar seu gato a se revelar. Não entre em pânico, ela disse a si mesma, forçando seu cérebro a trabalhar enquanto se movia entre as árvores. Ela mudou seu curso sutilmente, sempre um passo à frente daquele gato feroz, zangado. Ele era muito pesado para usar os cipós, forçado a correr ao longo dos galhos. Sua vantagem era o ar, e ela foi para as árvores sem galhos entrelaçados, forçando-o a reduzir a velocidade na sua perseguição, fazendo-o ir para o chão para acompanhar seu progresso. Abaixo dela, ele se enfureceu, correndo, rosnando, seu rugido enchendo a noite. Depois do choque inicial, Solange manteve seu terror preso. Conhecia esta parte da floresta tropical, provavelmente melhor que Brodrick. Ele não tinha nenhuma ideia que ela fosse sua filha, a que pensou ter assassinado e jogado no lixo anos antes. Tinha algumas vantagens se mantivesse sua cabeça clara. Era o cipó que a levaria à árvore mais próxima do rio fluente. Inchado pela chuva infinita, a água inundava os bancos de ambos os lados e a agitação derrubou as rochas, criando uma série de corredeiras. Ela se moveu pelas árvores que contemplavam o alto do rio. Brodrick rugiu novamente e pulou no cipó grosso que ela agarrou, seu ímpeto balançando a corda na direção do seu destino. Ela sentiu o empurrão e seu coração pulou na garganta. Seu corpo bateu no galho duro, as mãos tentando desesperadamente se prender. Ela falhou com a mão esquerda, mas a direita pegou o galho áspero firmemente. Ela conseguiu se agarrar com a esquerda e continuou a se mover, usando seu peso como um pêndulo para se balançar para o galho. Ela correu ao longo dos galhos, ajustando uma flecha na sua besta. Brodrick subiu no tronco e aterrissou atrás dela, com força suficiente para sacudir a árvore. Ela o enfrentou, firme, olhando aqueles olhos amarelos maus. Ele a fitou, imóvel, agachado, preparado para a corrida. Sentiu o puxão do seu poder hipnotizante, aqueles olhos queimando sobre ela, marcando-a como presa. Ela manteve a besta no seu quadril, vagamente apontada, e fitou seus olhos. Ela o deixou ver sua repugnância. Seu desprezo. Não haveria nenhum respeito. Não a este monstro. E nenhum medo. Ela nunca mostraria medo novamente. Seu lábio se ergueu na sua insubordinação. Grandes homens-jaguar, lutadores experientes se curvavam ante ele, mas ali estava ela, uma humilde mulher, encontrando seu olhar, não o afastando - se atrevendo a desafiar sua autoridade. Solange se assegurou que pudesse ver seu desprezo. Seu desafio. Sua repulsa completa por tudo que era. Tripudiando. Ela o conhecia. O tinha estudado. Ele exigia reverência completa e a conseguia por intimidação e crueldade. Todos deviam se curvar ante ele, especialmente as mulheres. Ele odiava as mulheres que carregavam a vida nos seus corpos, mas se recusavam a seguir sua vontade. Foram postas na terra para servir aos seus homens, ser usadas de qualquer modo que os homens entendessem e ainda assim tinham abandonado a floresta tropical e sua autoridade para encontrar machos humanos. Era uma tapa na sua cara e as desprezava. A cada oportunidade as punia de forma degradante e brutal. Ela sabia que seu desafio o enfureceria - e ela o queria enfurecido. Eles se fitaram por um longo tempo, sem piscar. Ela viu que recolhia poder em seus músculos, a franqueza feroz no seu fitar.

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–– Faz tempo, pai. –– Ela cuspiu a palavra. O jaguar aclamou, os músculos tensos. Ela tinha lançado seu ataque. Ela manteve seu olhar fixo, jogando vida ou morte com ele. –– Você queria sangue real. Sou a única que não conseguiu destruir? Ela percebeu a hesitação - a perplexidade. Ele queria uma mutante feminina de sangue puro, mas de onde ela vinha? E Sangue Real? Mas de todas as centenas de meninas que tinha destruído, ele não se lembraria de uma. Ele a queria viva. Ele sabia que ela era mutante e rápida. Havia muito poucas mulheres que podiam mudar. Ela esperou pacientemente, respirando. Dentro. Fora. Esperando ele ouvir o que ela disse. Não puro. Real. Ela viu o momento em que ele entendeu. Pai. Real. Sim, ele juntou. Ele sacudiu sua cabeça, claramente chocado, seus olhos nunca deixando seu rosto. Ela mostrou seus dentes. –– Não vai me dar boas-vindas, papai? Era um insulto. Um desafio. Uma fêmea o desafiando. Ele rosnou e começou a mudar - como sabia que faria. Ela tinha apenas segundos. Ele foi rápido - mais rápido do que ela tinha imaginado. Ela ergueu a besta e disparou uma flecha diretamente na sua garganta. Virando, pulou na árvore seguinte, movendo-se rápido, sabendo que se não o tinha matado, ele viria atrás dela. Ela ouviu o rugido, respingos de sangue nas folhas em volta dela e continuou. O jaguar estava enfurecido, e um gato ferido era duplamente perigoso. Algo grande caiu na árvore atrás dela e a árvore inteira tremeu, quase desalojando-a. Ela se lançou precariamente para o galho seguinte, subindo com dificuldade para atravessar o galho que tremia. As rãs de árvore pularam fora do seu caminho. Um lagarto explodiu debaixo das folhas e correu. Ela pegou o movimento pelo canto do seu olho, mas não reduziu a velocidade, pulando à seguinte árvore, aterrissando agachada para girar de volta e deixar voar uma segunda flecha. O jaguar preto parecia horrível, todo dentes, sangue escorrendo do seu pescoço para o peito largo. Lá na escuridão dos seus olhos incandescia o vermelho, concentrado nela, zangado e determinado, suas orelhas eretas quando viu a besta carregada. A flecha acertou alto no ombro e ele rugiu sua raiva, o som reverberando pela floresta. Os pássaros gritaram, saindo das copas apesar da escuridão, tomando os céus para evitar a vingança de um jaguar enfurecido. Solange conhecia bem a força com que um grande gato podia bater, e quando Brodrick saltou nela, ela mergulhou na seguinte árvore. Suas mãos perderam o galho e seu coração deu cambalhotas. Seus braços esticados fecharam com barulho em um galho fino. A ruptura era audível, mas ela o agarrou em desespero absoluto. Seus dedos enrolaram em volta do galho e o jaguar bateu nas suas costas, as garras rasgando sua carne. O bafo quente atingiu seu pescoço quando o jaguar tentou morder seu ombro. O galho estalou e eles caíram juntos. Solange tentou virar para apertar a besta contra a lateral do gato, mas era impossível. Sua espinha era muito flexível e ele se virou com ela, impedindo-a de desalojá-lo. Seu corpo bateu em um ramo e o quebrou na metade, enviando o jaguar pesado contra o tronco e finalmente longe dela. Solange olhou abaixo para a água borbulhando e logo o jaguar que se preparava para outro salto. Abaixando a cabeça, ela deu uma cambalhota no galho para a água feroz. O berro do jaguar a seguiu abaixo. Ela tentou entrar na água em linha reta, os pés primeiro. O frio foi chocante para seu corpo quando as águas escuras fecharam sobre sua cabeça e a lançou em acrobacias rio abaixo. Rolou repetidas vezes, os pulmões ardendo. Perdeu o rifle e a besta imediatamente, as armas arrancadas das suas mãos quando a corrente viciosa a levou.

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Exausta, seu corpo entorpecido, Solange abriu caminho até a superfície para pegar uma golfada de ar antes que a corrente a rolasse abaixo novamente. Ela dobrou suas pernas no peito e tentou não lutar contra a correnteza, somente permitir que a força do rio a levasse longe do seu inimigo. Pegava ar quando podia, e duas vezes bateu forte nas rochas. A superfície estava muito escorregadia para ela se agarrar, portanto girou abaixo pelo rio novamente. Na escuridão, viu uma onça-pintada deitada no banco, esticada, e passou tão rápido que não pode ver se estava morta ou viva. Tentou ficar tranquila, suprimir sua respiração, os soluços que tentava evitar fazendo seus pulmões arderem. Ela estava tão esgotada que era difícil mover seus braços ou tentar manter seu corpo reto, os pés à frente dela. Ela não podia ver as rochas até que estivesse nelas, e não tinha nenhuma oportunidade de sair da água. Por um momento veio à cabeça deixar a água levá-la. Estava cansada da luta e seu corpo golpeado e ferido. Mal podia mover os braços, muito menos encontrar forças para sair da água. E sangrava por várias punções e mordidas. Não podia nadar, não podia ver, e sua roupa pesava. Ela podia apenas deixar ir... Mas havia o problema do seu Cárpato. A água a atirou numa curva e algo grande apareceu na frente dela. Seu coração pulou. Uma árvore caída parcialmente através do rio, galhos saindo. Se não se matasse batendo a cabeça no tronco, poderia ter uma chance. Ela se encolheu quando se aproximou dos galhos externos. Bateu mais forte do que esperava, a madeira sólida jogando seus joelhos no seu peito, despojando-a do pouco ar dos seus pulmões. Quando o rio a sugou para baixo, ela jogou suas mãos e conseguiu enganchar seu braço em volta de um galho. Enviando uma oração silenciosa que o galho fosse bastante forte para resistir ao puxão da água, ela reuniu suas forças para o seguinte passo. Antes que pudesse se arrastar pelos galhos, ouviu um barulho arrepiante. Quase não distinguiu o som acima do rugido do rio e sua própria batida de coração que trovejava na sua cabeça, mas havia uma voz inconfundível, uma mistura de rosnado e voz humana. Por um momento terrível quase perdeu seu aperto no galho, chocada por não estar sozinha e que a voz fosse distintamente jaguar. Tremendo constantemente, se manteve imóvel, tentando não permitir que sua respiração irregular escapasse. –– Ela não pode estar viva. –– A voz rosnou quando chegou mais perto. –– Ele está doido. Ela tentou se puxar no entrançado de galhos. Não queria se deixar levar. Sabia que se afogaria. Como avançou dentro do labirinto de ramos, sua canela bateu em um tronco grosso abaixo da linha da água e ela rapidamente enrolou suas pernas nele. Tinha que soltar o aperto mortal no galho mais alto. Era horripilante considerar tal loucura, e levou vários segundos para se forçar a soltar seus dedos ao longo do galho até que seu corpo não estivesse mais a vista. Ela fechou seus olhos e se soltou, usando cada pedaço de força que possuía para se prender só com as pernas. A correnteza a arrastou, uma força poderosa a empurrando rio abaixo. Mas tentou se segurar, lentamente pressionando a parte superior do seu corpo em direção às suas pernas. As pontas dos seus dedos roçaram folhas e pequenos galhos finos. Ela se esforçou mais e conseguiu prender seus dedos em volta do ramo subaquático. Lutando para não respirar alto, ela tentou ficar calma. Estava em uma posição precária, sem forças. A árvore tremeu e sabia que algo pesado tinha pulado nela. Seu coração trovejou mais alto que o rugido do rio. –– Ele tem duas flechas nele. –– Uma segunda voz disse. –– Se voltarmos sem ela, é capaz de matar a ambos. –– Talvez devêssemos partir por algum tempo, procurar rio abaixo e não voltar por alguns dias. Ele vai mandar aqueles guardas preguiçosos procurar nos bancos e descontará sua frustração neles. –– Ela matou Kevin.

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Solange fechou os olhos e tentou não tremer. Estava bem em cima dela. Estava na forma humana, mas cheirava como um gato molhado. Ela se perguntou se tinha o mesmo cheiro. Provavelmente cheiro de rato afogado. –– Ela matou muitos de nós, Brett. –– A segunda voz continuou do banco. –– E se não a pegarmos, matará mais. –– Sim. –– Brett respondeu com um pequeno suspiro. –– Sei disso. –– Brad está uma bagunça. Mal pode se arrastar de volta ao laboratório. Disse que Brodrick os usou como isca. Ele supôs que a mulher voltaria por eles quando fossem queimar os corpos, mas Brodrick não avisou nenhum deles que ela poderia emboscá-los. –– Brodrick está insano. –– Disse Brett baixinho. –– Quê? –– Outra voz sussurrou em uma corrente suave de medo. –– Ele nunca vai descansar até que a encontre, ou seu corpo, Steve. –– Disse Brett. –– Ele está obcecado. Steve se aproximou, dando passos para a árvore maciça caída. Solange sentiu a vibração embaixo da água. Ela tremia constantemente agora. Se não partissem logo, ia soltar os galhos. Não podia mais sentir seus dedos, mas a faca era um peso tranquilizador ao seu lado, não que pudesse a alcançar. –– Isto costumava ser divertido. Podíamos ter todas as mulheres que quiséssemos, do jeito que quiséssemos. –– Disse Steve. –– Vai ser difícil encontrar em outro lugar tudo o que queremos, tomar o que quisermos. Mas talvez devêssemos partir, Brett. Sair daqui. Podemos ir para a Costa Rica, ou outro lugar. Brett andou na direção de Steve, escolhendo seu caminho por cima do tronco da árvore. Solange prendeu sua respiração. Estava bem em cima dela. Podia cheirá-lo. A escuridão apenas abaixo da sua pele, a depravação e violência. –– Eu não me importaria de partir, mas se o fizermos, gostaria de encontrar a pequena doce virgem que tivemos. Poderíamos levá-la conosco para as longas noites. –– Ele riu baixinho. –– Ela era uma pequena lutadora. –– Toda dentes e garras. –– Acrescentou Steve. –– Sim, ela ficou na minha cabeça, também, mas não há nenhum modo que cheguemos sequer perto dela. Brodrick disse que está sob proteção dos irmãos De La Cruz. Nunca chegaríamos perto dela. –– Havia especulação na sua voz. –– Provavelmente suicídio. –– Concordou Brett. –– Me alimentei do seu medo. Era como uma tara. Fico duro só de pensar nisso. –– Você está duro o tempo todo. –– Riu dissimuladamente Steve. Solange sabia exatamente sobre quem falavam. Sua prima Jasmine foi presa pelos homens jaguar. Solange e Juliette tinham conseguido reavê-la com a ajuda de Riordan. O resgate tinha quase custado a vida de Juliette. Riordan tinha convertido Juliette em Cárpata para salvá-la. Mas era tarde demais para manter Jasmine longe das mãos dos homens jaguar e ela carregava uma criança. Solange cerrou os dentes para tentar impedi-los de bater. A raiva substituiu seu cansaço. Ela queria sair da água e empurrar sua faca na garganta de Brett. Ela lembrou do rosto de Jasmine, machucado e surrado, seus olhos arregalados com o choque. Nunca mais seria a mesma menina despreocupada. Havia sombras agora onde antes era brilho. O ódio cresceu e inspirou Solange, e se desprezou por ser débil e incapaz, agachada num rio inchado, apegando-se como uma criança aos ramos da árvore. Mas estava ferida e esgotada. Era impossível lutar direito contra um dos homens então, muito menos os dois juntos. Steve saltou da árvore atrás no banco.

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–– Digo para escaparmos antes que Brodrick mate todos nós. Não posso tolerar os humanos idiotas com quem trabalha. –– Eles encontraram mulheres para nós. –– Disse Brett. Seguiu Steve, aterrissando no banco agachado, olhando o rio. –– Devemos encontrar uma pequena ilha que ninguém conheça e começar uma coleção. Podemos treiná-las para fazer tudo o que quisermos. Steve lambeu os lábios. –– Escravas sexuais. Brodrick tinha uma sala cheia delas até que ficou tão brutal que as matou uma por uma. Maníaco maldito. Passei muito tempo com suas pequenas escravas. –– Ele não vigiava? Steve sacudiu sua cabeça. –– Ele não dava uma maldição por elas. Ele gostava de olhar, especialmente se as machucava. Ele saía de si. Brett sorriu. –– Eu gosto disso, também. Steve riu. –– Você é tão desordeiro. –– Não o ouvi se queixar quando compartilhamos uma pequena cadela quente. –– Inferno, não me preocupo se gosta de marcá-las. Tudo que me importa é fodê-las. –– Rodeou sua virilha com a mão em concha de forma obscena. –– Foram postas aqui para uma coisa. –– É onde Brodrick errou. Ele quer filhos. Esqueça isto. –– Rosnou Brett. –– Use-as e abuse delas. Metade do divertimento é encontrá-las, ficar à espreita, atacar e levá-las embora das suas pequenas vidas seguras. Gosto de olhar uma mulher dançando em um bar, sabendo que a qualquer momento posso tomá-la diretamente embaixo do nariz de alguém que ela ama. Posso matar seu namorado ou amante ou marido e tomá-la ao lado do corpo. –– Ele piscou outro sorriso. –– É ainda melhor quando forço o homem a olhar. Eu gosto de fazer a cadela pedir que a tome de cada modo possível bem na frente dele, mostrando que é completamente inútil e a prostituta que ela é. –– Você é tão idiota. –– Steve bufou com a risada. –– Vamos nos mandar daqui. –– Disse Brett. –– Longe deste lugar. Mas estou dizendo, Steve, quero aquela pequena. Quero-a na nossa coleção. Jasmine. Solange sentiu as lágrimas queimando atrás dos seus olhos e empurrou abaixo suas emoções. Ela não podia se permitir emoções. Encontraria de qualquer maneira força para caçar esses dois. Alguém que ameaçasse sua prima morria. Era somente questão de tempo. Mas estava tão cansada. Ela brutalmente repeliu o cansaço. Ela tinha momentos débeis - era permitido. Compaixão não. Tinha escolhido esta vida. Tinha se preparado para ela. Sabia que não havia volta uma vez estabelecido o caminho. Havia muita maldade e não podia ser ignorada. A lei da civilização não tinha chegado à floresta tropical ainda, e até que o fizesse, havia apenas um punhado entre os predadores e suas presas. As vozes desapareceram na noite. Ela esperou o quanto se atreveu e logo começou a tentar abrir caminho até a praia. Novamente temia soltar seu aperto, mas estaria em uma melhor posição na massa de ramos abaixo da água para subir, se pudesse fazer seu corpo de chumbo se mover. Ela soltou uma mão primeiro, dobrando seus dedos debaixo da água antes que chegasse a um dos galhos somente acima da superfície. Ela agarrou o galho apertado e soltou a outra mão. Muito lentamente contou até três, juntando cada grama de força que restava. Deixou cair suas pernas e deu um pontapé forte para se impelir para cima. Arrastou sua cabeça e peito completamente fora da água para deitar na cama de ramos.

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Ela não tinha nenhuma ideia de quanto tempo ficou lá, mas fora o rugido constante do rio, estava tranquilo na floresta. Quando foi capaz de encontrar força para levantar sua cabeça novamente e rastejar o resto do caminho do labirinto de ramos ao tronco sólido, os insetos zumbiam mais uma vez, as rãs coaxavam e a chuva tinha deixado uma névoa prateada perfeita.

Capítulo 5 “Quando você me encontrou, me completou. Você me trouxe à vida novamente.”

— Dominic para Solange Dominic deu outra olhada lenta aos quatro vampiros que os rodeavam. Dizer que era excepcional ter tantos não-mortos reunidos seria suavizar. E ainda havia o motivo obscuro pelo qual Drago andava fazendo bajulações. Dominic tentou não olhar para Zacarias, mas o outro Cárpato tinha nervos de aço. Ele podia sentir a fome emanando dos vampiros. Tinham surgido com apetites vorazes e supôs que os seres humanos no laboratório estavam estritamente fora dos limites se queriam manter a fachada de que ajudavam a caçar e matar vampiros - os Cárpatos sendo os supostos vampiros. Isto significava que Zacarias era a comida de todos eles. Drago sorriu de modo afetado. — Penso que está excedido em número. A sobrancelha de Dominic subiu vertiginosamente. — Realmente? — Ele encolheu seus ombros. — O prêmio é meu. Reclamei-o e ninguém ninguém - o tomará de mim. Um rosnado subiu em torno do círculo. Dominic ganhou um pouco de terreno, principalmente para que ele e Zacarias pudessem lutar costas a costas. Normalmente Dominic preferia atacar simplesmente sem qualquer preliminar, mas suspeitava que havia outro que ainda não tinha se juntado ao grupo e isto significava continuar seu ato de vampiro ultrajado. — Você pensa que viajar em matilha me intimidará, Drago? Aquele - Dominic indicou o vampiro baixo que encontrou nos campos de batalha - é um verme, que rasteja na sua barriga a cada batalha. Ele não será de nenhuma serventia para você. — Sua voz era cheia de desprezo. — E logo este. — Dominic indicou o melhor vestido do grupo. Era mais alto e mais cheio, sua forma asseada, os dentes pouco enegrecidos. — Jason, um janota que prefere roupa colorida à um trabalho bem feito. Você me diverte, Drago, com sua escolha de guerreiros. Você não pode lutar por si mesmo e não tem nenhum olho para aqueles que o ajudarão na batalha. Um murmúrio de protesto subiu, mas nenhum deles se atreveu a atacar, não sem permissão, e não quando Dominic parecia tão confiante. Saliva explodiu da boca de Drago quando gritou em protesto. Sua mão agarrou algo duro no meio dos quadris, suas unhas afiadas, pontudas cavando profundamente o que estava acariciando. Fumaça e chamas explodiram sob seu punho e Drago gritou e retirou sua mão. Empolada e 47


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ferida, a carne caía dos ossos. Uma sombra tomou substância. Drago se afastou com dificuldade, gemendo, mantendo sua mão no peito. Outros três vampiros puseram distância entre eles e o fantasma que se desenvolvia, deslizando, tentando ser sutis. Dominic e Zacarias permaneceram imóveis. O homem que emergiu das sombras era alto com largos ombros e cabelo fluido, sua pele sem defeito, sua roupa imaculada. Seus olhos escuros pousaram em Dominic durante um breve momento, caíram sobre Zacarias e logo voltaram a Dominic. A figura imponente do poder, claramente um mestre, não era um dos irmãos Malinov. De alguma forma, a mais estranha que fosse, os irmãos retorcidos conseguiam recrutar outros mestres para servir a eles. Demyan da linhagem Tiranul. Irmão de Dimitri. Pensamos que estava morto todos esses anos. Dominic identificou o mestre para Zacarias. Crescemos com ele. É um mestre na batalha. As novas emoções eram difíceis de controlar; tinha sido amigo de Demyan. Tinham viajado por algum tempo juntos, combatendo o inimigo, matando qualquer vampiro que encontrassem. Tristeza brotou, intensa, sacudindo-o por um momento. A família Tiranul era famosa como espadachins mestres, e estava certo que Demyan nunca abandonaria seu amor pela lâmina. O não-morto inclinou sua cabeça. — Vejo que está disfarçado e esses imbecis não o reconheceram. — A voz hipnotizava. Derrubava. Dominic tinha esquecido do poder daquela voz que prendia numa armadilha. Ele mudou suas características, ocultando cada cicatriz para ficar como Demyan se lembrava dele. Dominic sabia que era um homem bonito para qualquer padrão, muito antes que fosse queimado na luta para salvar o príncipe. Ele permitiu que seu cabelo preto longo fluísse asseadamente abaixo das suas costas em um rabo de cavalo, atado com a corda de couro fina, sempre uma arma se precisasse dela. — Muito melhor. Dominic Dragonseeker 5. Dominic inclinou sua cabeça regiamente. — Esses... — Ele varreu sua mão em um círculo desdenhoso para indicar os vampiros que o rodeavam. Ele não incomodou em olhar os ofensores, seu gesto e tom disseram tudo. — Interromperam minha noite. — Estúpidos. Mas então, não permitiu que soubessem quem você realmente é. Dominic encolheu os ombros. — Não acho minha identidade necessária para intimidar algo como isso. Drago rosnou, mas parou quando Demyan disparou a ele um brilho frio. — Não ouvi as notícias que um Dragonseeker tinha se juntado as nossas filas - o que seria uma enorme notícia, mas seu sangue chama o meu. Dominic enviou-lhe um sorriso enigmático. — Posso andar entre os Cárpatos sem medo de suas suspeitas. É útil, embora tedioso de vez em quando. Este - ele indicou Zacarias, com um gesto indolente - reconheceu minhas intenções antes que eu pudesse matá-lo. — Ele inalou profundamente, puxando o odor atormentador do

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Nota: Caçador de Dragão, do inglês.

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sangue poderoso nos seus pulmões, e enviou a Zacarias um sorriso afetado, permitindo que, apenas por alguns segundos, seus olhos incandescessem ao rubi vermelho quando se voltou para Demyan. — O seu sangue é... Poderoso. Por um momento, Demyan perdeu sua calma, a atração do sangue antigo uma tentação além do controle. A pele se estendeu e esfiapou e logo partiu em lugares, revelando as massas de vermes se torcendo. Seus lábios se estreitaram, recuando para revelar seus dentes pontudos, agulhas negras hediondas em uma boca aberta afundada. O crânio cedeu, os ossos furando através da carne, tão torto e torcido como o coração enegrecido. O vampiro mestre cheirou o ar, um cão na caça, desesperado pelo rico, poderoso sangue do antigo. Os vampiros menores reagiram, salivando, assoviando, se aproximando de Zacarias. Dominic levantou suas mãos em direção ao céu e eles imediatamente pararam. — Você não entende. — Disse Demyan, sua voz ruidosa agora, mas conseguiu recuperar sua calma, a ilusão da beleza se instalando acima dele. — Este deve ser levado ao laboratório. Você pode usá-lo tantas vezes como quiser para seu sustento, mas não pode matá-lo. Dominic lentamente permitiu que as suas mãos baixassem mais uma vez ao seu lado, como se o vampiro mestre o embalasse com sua voz. — Posso usá-lo aqui sem compartilhar. — Indicou Dominic. Ele deslizou um pequeno passo mais perto de Demyan, Zacarias se movendo com ele numa ação tão sutil que aqueles em volta deles não notaram. — Ele é o inimigo mais odiado dos nossos líderes. Eles recompensarão a todos por sua captura. — Você quer dizer o mais temido. — Pela primeira vez Zacarias falou, um açoite de desprezo. — Ele me teme, todos o fazem.— Ele fez uma pausa. — Como deveriam. Demyan assobiou. — Você é alimento para os cinco. Você vai rastejar diante deles. Os olhos de Zacarias estavam muito pretos. — Acredito que não são mais cinco. Um par deles buscou e encontrou a justiça. — Você pensa em zombar deles? Os insultar? Você sofrerá muito antes que eles permitam sua morte. Zacarias abriu seus braços. — Eles enviaram muitos atrás de mim, século após século me caçaram, mas ainda vivo. — Sou o único que enganou Zacarias. — Dominic declarou a propriedade. — Ninguém mais. — Um Dragonseeker. — Zacarias cuspiu sua repugnância. — Você não tem nenhum direito de usar esse título. Você o desonra. Te kalma, te jama ni?kval, te apitäsz arwa-arvo. — Você é apenas um cadáver infectado por larvas que anda, sem honra. — Ele inclinou sua cabeça regiamente em direção a Dominic. — Sei que busca a justiça que merece, e uma vez que esses vermes com quem viaja se forem, terminaremos nossa pequena dança. Drago não pode se conter. Ele voou em Zacarias, seus dentes expostos, rosnando e cuspindo. Demyan e Dominic giraram na direção dele, apoiando uma mão. O vampiro menor bateu forte em uma barreira invisível e saltou atrás. Dominic deu um riso curto, sem humor.

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— Vejo que sua besta precisa de um pouco mais de treinamento, Demyan. Ele não está exatamente à altura dos seus padrões. Demyan encolheu os ombros. — É difícil conseguir ajuda decente nos dias de hoje. Eles acreditam que sabem tudo. Sem paciência para aprender como matar um Caçador. — Por que se incomoda? Você não precisa disto. — Dominic apontou em direção a Drago, seu desprezo óbvio. Demyan, como a maior parte dos vampiros, se envaidecia com elogios. — São úteis, como descobrirá. Você está acostumado a trabalhar sozinho, mas descobrirá que ter vermes servindo você é vantajoso, especialmente em uma situação como esta. Junte-se a nós. — Sim, hän ku lejkka wäke-sarnat. — Traidor, mentiroso. Rasteje ao seu novo mestre. Zacarias incitou. Demyan girou para enfrentá-lo. — Você pode gritar como quiser, mas seu sangue logo alimentará nossas filas. Dominic pigarreou. — Um pequeno detalhe, Demyan. — Ele esperou até o vampiro mestre se virar para enfrentálo. — Seu sangue me pertence, e nunca acreditei em partilha.— Ele sorriu e havia um desafio claro no seu sorriso.

Solange se empurrou nas mãos e joelhos e deu uma olhada cuidadosa em volta. Ela inalou o odor dos dois homens jaguar. Queria se lembrar deles, ser capaz de conhecê-los em qualquer lugar, conhecer os homens responsáveis por tomar a luz dos olhos de sua prima querida. Reunindo tanta força como podia, rastejou ao longo do tronco até o banco e se deixou cair na terra, lama e grama. As gaiolas de raiz gigantescas faziam o mato grotesco parecer escuro e misterioso, onde as criaturas podiam olhá-la com receosos - ou famintos - olhos. Ela levantou e caiu duas vezes, então se arrastou para o interior da floresta. Ela podia mudar, mas tinha tantas lesões que duvidava que o jaguar estivesse melhor do que a humana. Ela usou um cipó pendente para se puxar para cima novamente e, aos tropeções, foi na direção de cinco pequenas cavernas de pedra calcária. Cada uma delas parecia ser única, mas tinha descoberto anos antes, em uma delas, uma entrada que levava ao favo de cavernas muito mais profundas abaixo da terra. Mais de uma vez, tinha se retirado para elas quando tinha que curar feridas e ficar segura. Nunca lhe ocorreu ir às suas primas, ou a alguém mais. Ela estava ferida e vulnerável. Nunca arriscaria conduzir um inimigo até a porta da sua família. Simplesmente não estava no seu código. Ela enrolou seus braços em volta de si mesma e continuou sua viagem. Era perigoso se mover pela floresta tropical à noite, sangrando de uma meia dúzia de feridas, mas não arriscou tentar examinar seu corpo. Ela queimava a cada passo dissonante, e sabia por experiências passadas o que as garras e dentes podiam fazer de dano, mas via de regra se curava rápido. Brodrick podia tê-la

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matado, mas não matou. Estava zangado, mas queria seu sangue real e a capacidade de mudar. Ele era depravado o bastante para pensar que ela poderia dar-lhe um filho real. Ela empurrou a mão pelo seu cabelo coberto de sujeira, fibroso. Muitas vezes o cortava quando saia do controle. Seu cabelo era grosso, como da maior parte do povo jaguar, e crescia rápido. Quanto mais cortava, mais rápido parecia crescer. A cor era zibelina escura, parecida com sua pele jaguar, com algumas mechas de ouro. Se houvesse qualquer coisa que poderia ser considerada bela nela, seria seu cabelo. Não tanto agora. Seus olhos de gato permitiam que visse na escuridão enquanto abria caminho pelas árvores e arbustos, a floresta de samambaias gigantes e o entrançado de raízes serpenteando através da terra. Ela simplesmente pôs um pé na frente do outro. Esteve aqui antes, ferida, cansada, deprimida e estaria novamente. Às vezes, como esta noite, não havia nenhuma vitória para ninguém. Annabelle tinha morrido; não voltaria para a casa de seu marido. Annabelle provavelmente nem mesmo sabia por que os homens a tinham raptado da sua casa na França. Solange fechou seus olhos por breves instantes e logo os abriu, respirando profundamente, consciente do silêncio dos insetos. O zumbido era contínuo via de regra, um barulho de fundo que nunca cessava, mas esta parte da floresta estava anormalmente quieta. Algo perigoso espreitava aqui. Algo antinatural. Não era nenhum jaguar. Nenhum predador que andava pela noite familiar aos habitantes da floresta tropical. O perigo devia ser o não-morto. Ela se fundiu nas árvores, seu corpo perto do tronco. Atraindo seu jaguar, ela testou a noite. Seu coração começou a pular. Não um, mas vários, logo a frente. Ela sentiu a reação familiar e muito estranha nas suas veias. A adrenalina corria pelo seu corpo. Virou para escapulir e pegou um odor familiar. De La Cruz. Ela reconheceria aquele odor em qualquer lugar. Juliette o tinha por todas as partes, como também MaryAnn. Ela praguejou baixinho. Estava esgotada, mas ele era família e a família era sagrada. Tentou limpar seu cérebro e pensar. Agora mesmo estava ferida, desequilibrada, e não podia entrar na batalha com vampiros sem um plano ou uma cabeça clara. Em algum lugar próximo ela tinha um esconderijo, mas... Ela virou em cada direção, tentando desfazer-se do esgotamento, em preparação para a batalha. Vampiros eram difíceis de matar. Ela podia arrancar seus corações como jaguar, mas não podia incinerá-los. O não-morto pedia armas especiais. Riordan e Manolito tinham trabalhado com ela, aperfeiçoando suas habilidades, e, tinha que admitir, chegando com armas especializadas para lhe dar uma pequena vantagem, se necessário. Eram criaturas monstruosas. Ela se afastou algumas jardas ao norte, correndo, ignorando a dor no seu corpo agora. Nada importava além de dar auxílio a qualquer irmão que precisasse. Ela encontrou seu esconderijo apenas fora da trilha que levava à primeira caverna de pedra calcária. Ela nunca escondia dentro de uma caverna, ciente que os vampiros e Cárpatos as usavam para descansar. Ela arrancou as armas que precisava, mastigou várias folhas que ajudariam a entorpecer a dor ardente no seu corpo, mas não o nevoeiro na sua mente, e correu de volta em direção ao campo de batalha. Ela entrou a favor do vento, atraindo a força do seu jaguar quando temeu que não pudesse

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continuar. Quando sentiu suas pernas como borracha, ela deitou sua barriga e escorregou pela vegetação, ignorando o enxame de insetos andando pelas suas feridas. Usando os dedos do pé e cotovelos, ela avançou mais perto do grupo de homens reunidos embaixo das árvores. Ela podia ouvir o gemido das árvores e o lamento da grama quando os fetos não-mortos a pisaram, flores murchas e folhas caindo, envenenando tudo que tocavam. O irmão De La Cruz foi facilmente reconhecível. Todos tinham aquela marca impressionante de autoridade absoluta, os largos ombros e rosto bonito. Este devia ser o esquivo Zacarias, o mais velho dos cinco irmãos. Ela tinha vislumbrado uma vez Nicolas, e conhecia Riordan, Rafael e Manolito. Zacarias parecia calmo e confiante e nem um pouco preocupado por estar rodeado de vampiros. Ela suspirou quando o homem que estava na frente dele virou ligeiramente e ela o vislumbrou. Era o Cárpato dela, o homem dos seus sonhos. Ele não tinha nenhuma cicatriz, mas era definitivamente aquele que chegava nos seus piores momentos. Aquele que ela feliz - e estupidamente derramou sua coragem e gemeu como um bebê chorão na frente. Ele era até mais bonito na vida real do que na sua imaginação, o que tornava pior ela ter contado seus segredos mais escuros. Ela deixou sair sua respiração lentamente, xingando-se por reagir como uma mulher em vez de guerreira. Ele não precisava de uma mulher agora; ele precisava das suas habilidades de luta - e isso ela podia lhe dar. Poderia ser o único presente que alguma vez desse a ele, mas lutaria com cada respiração no seu corpo para salvá-lo do círculo de carne podre que o rodeava. Ela avançou mais perto, e parou abruptamente quando pegou o flash dos olhos do alto Cárpato. Seu olhar fixo moveu-se sobre dela - sabia que ela estava lá. Ela estava certa que sabia. Ele deu uma pequena sacudida de cabeça, que tinha toda a intenção de ignorar. Zacarias lançou os olhos na sua direção, e ela sentiu o peso da sua reprovação. Isto iluminou seu humor consideravelmente. Ele sempre a reprovava, e essa constante na sua vida dava um impulso extra de energia. Ela realmente encontrava um prazer secreto em irritar homens autoritários. Afastou os pensamentos satisfatórios e atraiu suas últimas reservas de força.

Dominic sentiu a súbita mudança em seu sangue - tudo ficou tranquilo e quieto. Os parasitas estavam em alvoroço, tentando matá-lo de dentro para fora, mas agora recuaram como se de um inimigo mortal. Cada terminação nervosa no seu corpo seguiu o alerta. Ele cheirou o ar, mas não havia nenhuma fragrância indicadora. Isto não importava. Ele sabia. Sua companheira estava próxima. Muito próxima. A cabeça de Zacarias repentinamente subiu vigilante, seu olhar fixo escuro varrendo a floresta circundante antes de fitar o rosto de Dominic. Temos companhia. Poder chamejou ao redor deles quando Demyan manteve o controle dos vampiros menores. Não havia nenhuma maneira deles saberem que os dois Cárpatos estavam se comunicando.

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Minha companheira. Previna-a. Dominic nunca alterou sua expressão. Simplesmente lançou os olhos a Zacarias, mantendo sua atenção dirigida a Demyan. Você nunca abandonaria sua companheira, Zacarias, não em uma luta. Você não é capaz disto, nem ela é. Ela é mulher. Ela é minha mulher e é guerreira como convém às minhas necessidades. Zacarias fez um som que significava muitas coisas. Ultraje. Desaprovação. Discordância. Solange estava sob sua proteção, mas companheiros tinham prioridade sobre todo o resto. Em todo o caso, ele conhecia a mulher pela reputação. Era tão teimosa como uma mula. E o que acontece se a matam? Você se suicidará. Estou em uma missão suicida, Dominic respondeu. Já estou morto. Zacarias suspirou. Que seja, velho amigo. Os vampiros menores balançaram, seus pés se movendo em um padrão parecido com a batida em um ritual cerimonial. O poder crepitou no ar. O trovão ressoou à distância. Um chicote de relâmpago quebrou em cima. — Vejo que está impaciente, Demyan. — Disse Dominic. — Não estou acostumado à interferência. — Ele respondeu. Ele sabia tão bem quanto Dominic que o atraso só o faria parecer débil aos olhos dos seus seguidores, mas estava relutante em atacar um Dragonseeker. — Nunca tive ninguém estúpido o bastante para ficar entre mim e o que é claramente meu. — Você acha que pode nos impedir de levar este traidor aos mestres? — Demyan rosnou. Mais uma vez seus lábios recuaram e os dentes enegrecidos, parecidos a agulhas eram um escárnio contra sua bonita imagem. Rosnados horríveis e murmúrios de protesto vieram dos quatro vampiros menores. Eles se separaram, tomando suas posições em um semicírculo solto em volta de Dominic. Os insetos enxamearam por cima dos troncos das árvores e galhos caídos. Os morcegos cruzavam e rodavam no ar acima deles. Uma cobra escorregou ao longo do ramo da árvore mais próxima e rãs brilhantes muito pequenas os fitaram com olhos escuros redondos. Demyan dirigia seu exército. Dominic se afastou um pouco de Zacarias para dar ao Cárpato espaço para lutar. Dominic iria por Demyan, a ameaça maior. Ele teria que confiar em Zacarias para manter os outros longe dele. Não seria fácil, mas podia ser feito. — Talvez você chame outro de mestre, Demyan, mas eu não. Drago deixou sair um grito de ultraje. — Ele é jurado. Sinto sua chamada de sangue. — Faço o que me convém. E não me convém entregar meu prêmio a vocês e logo ver os três se alimentando do sangue que me pertence. — Deliberadamente lembrou Demyan que cinco irmãos Malinov tinham começado a campanha para destruir o povo Cárpato, mas agora só três permaneciam vivo. Os irmãos de Zacarias tinham sido uma parte importante para destruir os vampiros mestres.

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— O sol está perto de subir e já cansei deste pequeno jogo. Quem começará esta dança então, Dominic? — Demyan perguntou calmamente. O silêncio caiu. A floresta susteve sua respiração. Os vampiros balançaram para a frente e para trás. Solange emergiu das sombras, sua arma segura baixa, já apontada para o vampiro vestido na roupa da moda. Ela o tinha marcado como fácil de matar, e Deus sabia que precisava de um fácil. Dominic não virou ou olhou-a. O olhar fixo de Zacarias era frio, sem reconhecimento. A oscilação de vampiros parou durante um momento, murmúrios e mostra de dentes pretos. A sobrancelha elegante de Demyan subiu vertiginosamente e logo ele sorriu, um sorriso afetado lento, mau. — Eu gosto de dançar. — Ela anunciou e disparou a flecha diretamente em Jason, o vampiro com vestes coloridas, apontado ao lugar perfeito no seu peito coberto por seda. A flecha inflamou justo antes que rasgasse pela carne para encontrar o coração murcho, incinerando-o com a chama aquecida branca. Jason não teve nenhum tempo para reagir, nenhum tempo para gritar ou retaliar. Ele implodiu, fogo estourando por pele e ossos, borrifando sangue fervente e vermes enegrecidos na terra. Zacarias girou em volta para fechar seu punho forte no peito do vampiro mais próximo, se dirigindo direto ao coração. Ele o rasgou, a ação tão rápida que o não-morto bem vestido ainda não tinha caído em terra. Zacarias chamou o relâmpago abaixo para incinerar o coração enquanto virava para enfrentar seu seguinte oponente. Drago era o discípulo de Demyan, o vampiro menor um peão para o mestre, mas enquanto Drago vivesse, Demyan ficaria e lutaria, acreditando ter uma melhor chance de sobrevivência contra um Caçador. Era imperativo manter Drago ocupado e se possível o matar até que Dominic manobrasse Demyan a uma posição mortal. Dominic estava em Demyan antes que o vampiro mestre pudesse reagir, pulando através da distância num esforço para terminar a batalha antes que de fato começasse. Esse vampiro tinha séculos de treinamento, aperfeiçoando habilidades e adquirindo conhecimentos, tornando-se mais poderoso a cada século até que pudesse parecer belo e limpo, mantendo os outros vampiros como servos. Os Cárpatos envelheciam do mesmo modo, mas o astuto engano só vinha quando estavam perto de se transformar. Dominic queria parar a luta antes que começasse. Os olhos de Demyan se arregalaram de choque. Estava claro que acreditava que os parasitas no sangue de Dominic o controlariam, o impediriam de atacar um dos seus, como devia ser. Ele girou fora de alcance justo antes que o punho de Dominic penetrasse seu peito, buscando o coração. Seus olhos eram ferozes e Dominic não conseguiu agarrar a mão que girava facas em volta de Demyan, criando uma armadura móvel. — Sabia que usaria a perícia da sua família. — Disse Dominic, estudando as facas giratórias. Ele nunca tinha encontrado nada como isso antes em todas as suas lutas com o não-morto. Parecia não haver nenhum padrão perceptível que pudesse descobrir, as lâminas giratórias se moviam em volta de Demyan em diferentes taxas de velocidade, de modo que era impossível passar seu punho pela armadura sem ter seu braço cortado. — Você devia pensar melhor ao me desafiar. — Corrigiu Demyan.

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Dominic arquivou a insinuação do ego do vampiro para uso futuro. As lâminas giravam e balançavam, prata brilhante na noite escura. Dominic pegou o vislumbre de uma lâmina longa, somente um relâmpago rápido, seu único aviso. Ele mal conseguiu formar sua própria espada para encontrar o balanço da lâmina de Demyan. As faíscas choveram em volta deles quando o metal se encontrou com tal força que a floresta tremeu. O som reverberou pelas árvores. Os pássaros gritaram. Um êxodo em massa seguiu quando as espadas se chocaram uma com a outra repetidas vezes. A espada de Demyan baixou reta diretamente acima da cabeça de Dominic. Ele mal conseguiu levar sua lâmina para aparar e afastar o golpe, os braços para cima, no nível da cabeça para impedir a espada de atingir o topo da sua cabeça. No momento que seus braços subiram, pequenas lâminas explodiram em rodopio na direção dele, como se disparassem de uma arma, cem facas lançadas simultaneamente. Dominic varreu sua espada através do seu corpo, batendo a maioria delas longe, mas uma se alojou na sua coxa e outra no seu peito. As lâminas foram feitas com a habilidade Cárpata, forjadas por um mestre, e cortaram limpo através da carne e músculo, enterrando profundamente. Dominic não teve nenhuma escolha além de dissolver-se em vapor para se libertar do metal. As lâminas caíram na terra, mas Demyan era muito experiente para permitir que uma breve pausa o parasse. Ele seguiu as gotinhas de sangue, o odor nas suas narinas, e como um sabujo, ele se dirigiu à nuvem de vapor, cortando com sua espada. Dominic desmaterializado, contrariando, empurrou atrás a dor na sua mente enquanto observava cada um dos movimentos de Demyan, seu cérebro trabalhando para encontrar o padrão das facas giratórias também. Ele tinha que antecipar cada um dos movimentos de Demyan e chegar na frente dele. Quando Dominic saltou para atacar Demyan, Solange virou e atirou no verme Robert em um movimento suave. A flecha voou certeira, fechando forte no peito para furar o coração, explodindo no mesmo calor aquecido branco que incinerou tudo ao seu contato. A exaustão era algo que até sua força de vontade não podia superar. Suas pernas dobraram debaixo dela e se encontrou sentada na terra ondulante. Em volta dela a terra gemia. Rachaduras começaram a surgir através do chão, fendas muito finas que lentamente se alargavam até que o entulho começasse a cair nelas. — Saia do chão. — Zacarias gritou quando se apressou na direção de Drago. — Procure segurança. Ela enviou um olhar chamejante. Parecia estúpida? Já tinha se levantado com dificuldade e pulado para os ramos mais baixos de uma jovem árvore. Como cobertura, não oferecia muito, curvando-se sob seu peso, mas a mantinha longe da terra que se fragmentava. Ela ouviu o choque de metal contra metal e virou a cabeça para ver faíscas chovendo. Seu coração pulou para sua garganta. Ela quase se levantou no ramo franzino, medo que seu Cárpato caísse inesperadamente. Ela não tinha nenhuma ideia do quanto tinha investido no homem que tinha criado. Ela o olhou fluindo como água acima da terra desigual, evitando raízes quando dançava em volta do vampiro mestre. As lâminas afiadas hipnotizavam, e ela conseguiu voltar sua atenção a Zacarias. Não havia nenhum modo que pudesse ajudar seu Cárpato, mas se Zacarias derrotasse Drago, seria capaz de ajudar a derrotar o poderoso vampiro.

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Zacarias e Drago se juntaram, dois lutadores ferozes, subindo da terra, pairando no ar por um momento. Zacarias fechou seu punho com força na parede do peito e imediatamente milhares de morcegos caíram do céu para cobrir seu corpo, dentes serrando a carne, afastando-o do vampiro menor. Ele tropeçou sob o peso, caindo a terra onde os morcegos o levaram ao chão. Solange soltou uma terceira flecha quando Drago se apressou ao frenesi dos morcegos, obviamente pretendendo matar Zacarias enquanto as criaturas da noite o tinham preso. A flecha afundou no ombro de Drago, irrompendo em chama quando bateu na carne. O ombro do vampiro explodiu de dentro para fora. Seu ombro, seu braço e o lado do seu pescoço ficaram pretos e caíram em cinzas. Drago gritou, agarrando a cabeça, aqueles olhos vermelhos a encontrando na cobertura precária da árvore. Seu coração bateu forte no peito. Ela se agachou, preparada para pular, mesmo enquanto ajustava outra flecha na besta. Uivando, Drago lançou seu braço bom na direção do céu para que as nuvens escuras fervessem e o relâmpago bifurcado saísse ao longo das bordas. A ponta bateu forte na árvore quando ela pulou nos ramos da árvore seguinte, aterrissando forçada, garras saindo pela sua mão esquerda para agarrar o tronco enquanto a mão direita apertava sua arma. Poucas da sua espécie podiam executar um feito tão difícil no meio de uma batalha, utilizando uma parte do corpo na forma jaguar e outro na forma humana. Ela se arrastou para o galho, levantando seu arco para conseguir outro disparo. Zacarias estava de pé de novo, girando tão rápido que seu grande corpo parecia obscurecer, desfazendo-se dos morcegos, deixando sua roupa rasgada e sangrenta. Ele se curvou ligeiramente quando se moveu à sua direita, forçando Drago a se mover também. — Vejo que aprendeu um truque ou dois com seu mestre. Drago puxou seus lábios para mostrar seus dentes horríveis. — Você lamentará seu desprezo. Zacarias sorriu. — Penso que não. Os dois oponentes correram novamente, dois gladiadores batendo um no outro enquanto trovejava sobre suas cabeças. Em volta de Solange as árvores gemiam e se inclinavam enquanto a luta continuava. Da sua posição podia ver o centro da teia, com as rachaduras se espalhando, como fios de seda, procurando... Ela suspirou. Este era um ataque contra uma pessoa específica. Seu Cárpato. A terra inchava e as fendas o procuravam. Ela podia ver as linhas abertas na terra mudando de direção, longe de Zacarias e do vampiro com quem lutava. As lâminas giravam muito rápido, dar um tiro com sua flecha era quase impossível. Ela era boa, mas o tempo estava fora de questão. Com o coração na garganta, ela olhava seu Cárpato. Ele parecia antecipar cada movimento do vampiro, sua espada se encontrando choque após choque violento. Do seu ponto de observação podia ver o vampiro tentar manobrá-lo em uma posição, mas o Cárpato parecia capaz de evitar as armadilhas. Duas vezes viu sua lâmina penetrar nas facas giratórias, até que um golpe entrou limpo pela armadura e acertou fundo no vampiro.

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O sangue preto borrifou através das lâminas giratórias, assobiando quando o ácido atingiu a terra. Demyan cuspiu sangue no seu Cárpato e tocou sua cabeça em uma saudação falsa. Seu Cárpato cortou uma segunda vez, removendo a armadura, e os olhos de Demyan enlouqueceram, a neblina vermelha de matança refletida lá. Ele atacou duro, dirigindo seu Cárpato para trás, temeroso agora de permitir o dano, quando tinha compreendido de alguma maneira o tempo do giro das lâminas. As rachaduras aumentaram, chamando a atenção de Solange novamente, agora vários metros de comprimento, a terra abrindo uma boa polegada de diâmetro. Era impossível ver a profundidade de cada fenda. Olhe! Ela notou que não sabia seu nome. Na terra, uma armadilha. Ela não sabia que tipo de armadilha, mas se fechava nele, anel após anel de rachaduras como teia de aranha. Ela enviou a imagem detalhada na sua mente. Dominic. O nome foi dado em tom calmo, destacado, enquanto sua espada aparava impulso após impulso, o vampiro claramente tentando manobrá-lo em direção ao enorme buraco aberto no chão. Eu sou um Caçador de Dragões. Solange franziu a testa, a adrenalina correndo selvagem, o sangue bombeando nas suas veias numa reação feroz e quase violenta aos parasitas no sangue do vampiro. Ela de fato podia sentir a reação dentro dela, como se seu sangue lutasse contra o sangue do vampiro em repulsa completa. Tudo dentro dela estava feroz e incontrolável, mas ele era exatamente o contrário. Dominic. Isso era tudo. Como se estivesse passeando por um prado de flores silvestres, e não lutando por sua vida. Ela respirou fundo, observando o modo como o vampiro mestre o manobrava, retrocedendo, puxando-o, virando à esquerda, então direita, ataque, retirada, mas mantendo a atenção de Dominic nele enquanto peritamente manejava sua espada. Aquela lâmina afiada terrível cortou o peito de Dominic, rasgando a roupa elegante e deixando um profundo corte na sua pele. O vampiro mestre e Dominic antecipavam os movimentos um do outro, um balé muito violento que era horripilante, mas tão fascinante que não podia desviar o olhar. Todo o tempo aqueles anéis continuaram a rodear Dominic, chegando mais e mais perto. Para seu horror, aranhas começaram a fluir das fendas. Ela as reconheceu imediatamente. As aranhas armadeiras eram altamente venenosas e agressivas. As pernas altas e delgadas mediam cerca de 5 cm, e pareceram fazer uma pausa para fitar Dominic com seus oito olhos, os dois maiores incandescente com o mesmo ódio maníaco vermelho rubi dos olhos de Demyan. Expuseram mandíbulas vermelhas, um sinal da raiva, evidência da sua disponibilidade para atacar. Solange sabia por experiência, que Cárpatos podiam empurrar o veneno mortal do seu corpo, mas com múltiplas mordidas excruciantemente dolorosas, Dominic teria problemas lutando com o vampiro mestre. Ela não podia borrifar a terra com fogo para incinerá-las, mas talvez pudesse perturbar o plano de batalha de Demyan. Ela não tinha nenhuma ideia de como ultrapassar as lâminas giratórias, mas estava disposta a tentar. Antes que tivesse uma chance de avisá-lo, ela sentiu a agitação na sua mente. Distraia-o com suas flechas e chamarei o relâmpago para queimar essas criaturas. Preste atenção no pequeno borrão abaixo do seu coração. Atacarei forte. Vai ser difícil para ele manter as

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facas em diversos padrões. É seu ponto mais vulnerável. Ela devia saber que ele teria o mesmo plano que ela. Nos seus sonhos, muitas vezes discutiam as batalhas nas quais lutaram e definitivamente pensavam igual. Ela mirou cuidadosamente, respirando fundo para se acalmar, seus olhos imediatamente logo abaixo do coração de Demyan. As facas eram terríveis, reluzindo, rajadas de prata que nunca pareciam mostrar uma abertura. Ela esperou com fé absoluta que Dominic manobraria o vampiro mestre na sua linha do fogo. Ela dispararia uma, talvez duas flechas e ele a atacaria. Tinha que estar pronta para abandonar seu poleiro, mas não ia ao chão, não com aquelas aranhas em todo lugar. Ela não tinha a capacidade Cárpata de retirar o veneno do seu corpo. Dominic, tão calmo como sempre, ignorou os milhares de olhos que o fitavam e deslizou perto de Demyan, entrando em um ângulo que forçou Demyan a desviar ou ir para trás. Durante um segundo muito pequeno sua armadura vacilou, repetindo o padrão, e Solange soltou a flecha. Não estava nem perto de um tiro mortal, mas afundou um pouco abaixo do coração e explodiu. O ar carregou rápido, seu cabelo ficou em pé. Ela pulou. Imediatamente, o mundo ao redor dela explodiu com calor e um grande estouro de luz. A força a jogou para trás no ar. Ela usou sua espinha de gato flexível para virar, mãos buscando um galho. Não tinha nenhuma escolha senão soltar sua besta para se salvar. Ela precisava de ambas as garras para se agarrar e impedir cair na terra, agora com fogo, queimando as aranhas que avançavam com gritos horríveis, um fedor permeando o ar, fazendo-a tossir. Ela arrastou seu corpo por cima na árvore, sua força diminuindo. Ela viu Zacarias olhar Dominic, que deu um aceno imperceptível. Seu coração pulou. Estavam se comunicando e planejavam um ataque completo. Zacarias atravessou as defesas de Drago com uma tranquilidade que a fez perceber que estava mantendo deliberadamente o vampiro menor vivo por alguma razão que não podia entender. Ele atravessou seu punho pela parede do peito, quase levantando o nãomorto no ar com a força. Houve um som horrível de sucção quando extraiu o coração e o arremessou na chama ígnea que Dominic chamou. Ao mesmo tempo, Dominic cronometrou seu ataque, empurrando sua lâmina com força diretamente pelas facas. As faíscas saltaram como fogos de artifício, o giro das lâminas parou quando caíram despedaçadas, revelando o corpo riscado por sangue de Demyan. O vampiro mestre rugiu seu ódio, quando viu o corpo de Drago virando cinzas, seu olhar fixo pulando para Zacarias. O conhecimento que os dois caçadores trabalhavam juntos o atingiu. Solange viu o choque na sua cara. Imediatamente cipós caíram das árvores, enrolando como cobras vivas em volta de Dominic quando empurrou seu punho na direção do peito de Demyan. Solange tirou sua roupa apressadamente, arrancando a blusa e empurrando sua calça de lado. Ela pulou da árvore no chão rolando, se deslocando com velocidade experiente. As videiras enrolaram Dominic apertado, prendendo um braço e cobrindo sua boca e nariz. Um laço em volta do seu pescoço puxava firme enquanto outro crescia como a cabeça de uma víbora e recuava, os dentes expostos para atacar seus olhos. O jaguar superou a convulsão repentina na terra abaixo dela, ficando em pé, esperando. No momento que o monte afundou, ela atacou Demyan, chegando por trás. Sua atenção estava em

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Dominic, dirigindo as videiras que o prendiam. O jaguar bateu em cheio no vampiro mestre, dentes afundando na parte de trás da sua cabeça. As mandíbulas poderosas apertaram seu crânio quando o ímpeto do ataque do jaguar o jogou para a frente empalando seu peito no punho esticado de Dominic. Quando Solange pulou atrás, Zacarias pegou a espada descartada de Dominic e, com um balanço feroz, cortou o pescoço de Demyan com a lâmina. Sua cabeça voou e Solange se afastou, incapaz de olhar a cabeça rolando através da terra, diretamente ao fogo. Seus gritos remexeram seu interior, e até mesmo na sua forma jaguar, sentiu a bile subindo. Dominic lançou o coração na chama e os dois Cárpatos pararam, cabeças baixas, respirando difícil, enquanto a terra ao redor deles brilhava com o fogo queimando o sangue do vampiro da pele até o osso. Solange voltou à árvore onde tinha deixado sua roupa esfarrapada, sem olhar para trás. Sabia que os dois machos Cárpatos atendiam suas feridas, curando-se como melhor podiam antes de tentar limpar a área e retirar todo o sangue de vampiro bem como os parasitas para ajudar na recuperação florestal. Vestiu-se por trás de alguns arbustos, considerando correr para ele, mas estava tão cansada para tentar. Não podia ajudar na limpeza. Teria sorte se encontrasse um lugar seguro para dormir. Endurecendo, enquadrou seus ombros e virou, quase se chocando - com ele.

Capítulo 6 “Meu amante de sonho e companheiro, você conhece cada parte de mim.”

— Solange para Dominic Solange olhou para cima - e acima. Dominic era muito mais alto e maior na vida do que parecia em seus sonhos. Esta não era uma figura obscura, mas um homem real, de carne e sangue diante dela. Era uma figura imponente, seus ombros muito largos, seu peito muito musculoso, quase tudo muito. Seu olhar fixo viajou por seu corpo, observando cada ferida, observando os quadris estreitos, a cintura afilada e as ondulações de músculo sobre a barriga chata. Seus pulmões se recusavam a puxar o ar. Ela literalmente não tinha nenhuma ideia de como reagir. Seu olhar ficou preso na sua boca. Ele tinha uma boca linda, os lábios muito esculpidos. Ela apenas ficou lá, seu coração martelando, sua mente gritando, fitando sua boca, incapaz de afastar o olhar ou ver além do seu rosto. Ela se sentiu pequena e insubstancial perto dele. Ela sentiu-se feminina. Como uma menina. Uma menina jovem e boba que não tinha nenhuma ideia do mundo entre um homem e uma mulher. Estava em total desvantagem. Ela provavelmente deixaria escapar algo insultante. Ela repelia as pessoas quando se sentia vulnerável, e nunca se sentiu mais vulnerável na sua vida inteira. Este homem podia partir seu coração. Ela sabia que apenas por estar na sua presença, e quando seu coração estava envolvido, ficava mais letal. Suas garras eram venenosas. Podia ser muito mesquinha, capaz de reduzi-lo a pedaços com palavras insultantes. Tinha aperfeiçoado sua atitude sarcástica, sem sentimentos até

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que fosse uma forma de arte. Ela já o tinha perdido e não abriu a boca. Não podia fazer isto. Ela podia lutar qualquer batalha necessária, passear destemida no coração do campo do inimigo e roubar uma mulher sob o nariz deles para pô-la em liberdade, mas não podia fazer isto. Ela apertou seus lábios com força, as pernas estremecendo, virando geleia, querendo correr. Ela provou o medo na sua boca. Medo. Ela. Solange Sangria, com medo de um homem. Ela detestou a sensação. Solange com um homem. Pela primeira vez na sua vida adulta, estava apavorada. Absolutamente apavorada. Não podia fazer isto. Não podia enfrentar isto - uma pessoa na terra a quem deu sua alma. Ela tinha aberto sua alma, contado cada desejo secreto, cada medo, tudo. As mulheres jaguar eram naturalmente submissas aos seus machos. Lutavam até que o mais forte, o mais agressivo as desafiassem a acasalar com ele, e se submetiam ao macho. Ela estava préprogramada para a dança de luta/submissão entre macho e fêmea, e a aterrorizava. Nunca poderia reconhecer esse lado da sua personalidade. Nunca poderia se submeter, ainda que uma parte dela quisesse, portanto ela a empurrou fundo, submergiu-a totalmente sob a lutadora, oculta de todos os olhos - todos exceto os dele. Ela estremeceu - ou tremeu; honestamente não sabia. Ele pegou seu queixo entre seu polegar e indicador em um aperto firme. Pássaros revoaram no seu estômago. Seu toque era como imaginava, gentil, mas impossivelmente firme, o toque de um homem no comando completo dele e dela. — Olhe para mim, Solange. Sua voz era tão suave como seu toque. Uma carícia baixa, como veludo contra a pele. Terna, mas, no entanto, um comando. Ela lutou com sua natureza, com o calor entre eles, a necessidade dela por um companheiro de alma, por alguém para compartilhar sua vida solitária, uma necessidade tão forte que mal podia pensar com o desejo de ser tudo o que ele desejava. Alguém como ela estava perdida para alguém como ele. Outro homem, somente um pouco menor - e seria capaz de se salvar. O outro lado dela, feroz e orgulhoso - o lado que era mais familiar, aquele em que se refugiava e confortava - nunca respeitaria um homem menor. O silêncio se estendeu entre eles. Era pura agonia obedecer. Era pior não. Ele deixou a decisão completamente para ela, mas a força da sua personalidade era assustadora. — Precisa de coragem, então, para me olhar, kessake - gatinha? — Aquela voz suave que acariciava seus nervos a sacudiu. Ele soou tão enganosamente suave, mas o tinha visto rasgar o coração de um vampiro mestre. Ela de fato tremeu. — Acredito que se há uma mulher com coragem nesta terra - é a minha companheira. Seu olhar saltou para o dele. Preso naqueles olhos verdes frios. Não, estavam lentamente ficando tão azuis como a água mais profunda, mudando de cor quando o guerreiro nele deu lugar ao homem. Seu estômago deu cambalhotas. Seu coração contraiu. Ele sorriu para ela, um sorriso lento, sexy que tomou sua respiração. Seus dentes brilharam, perfeitos e retos. Seu nariz aristocrático reto, até suas cicatrizes pareciam pertinentes - realçando e

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não diminuindo sua aura masculina potente. Tudo nele parecia tão perfeito. Ela ficou lá com a pele molhada, tremendo, seus cabelos úmidos selvagens e desgrenhados, seu corpo coberto com cicatrizes, hematomas e cortes, coberto de sangue e cheirando a suor em vez de perfume. Seu polegar deslizou por seus lábios, a mais suave das carícias. Sua palma enquadrou o lado do seu rosto. Ele a viu como se não houvesse nenhuma outra mulher no mundo. Uma ilusão, mas a aqueceu quando estava tão fria por dentro. — Olá. A saudação simples acompanhada por aquele olhar fixo azul intenso queimou sobre ela, aquele sorriso lento, sexy e a voz escura, que a fundia, virava pelo avesso. Ela umedeceu seus lábios, querendo responder, mas nenhum som saia. Ela só podia ficar lá impotente olhando para ele, desejando ser Juliette ou Jasmine. Alguém que não fosse Solange Sangria. — Preciso examiná-la, sívamet - meu coração. Seu coração pulou novamente. Examiná-la? Para quê? Ver se era boa o bastante para um homem como ele? Mil comentários ferinos brotaram, mas não conseguiu proferir uma palavra, não podia nem mesmo olhá-lo. Silenciosamente, sacudiu sua cabeça. As lágrimas queimaram atrás dos seus olhos. Não permitiria nenhuma inspeção se procurava a mulher perfeita. Seu cabelo estava por toda parte, enlameado e embaraçado. Estava coberta por água do rio e sangue. Tentou imaginar como seu corpo parecia. Ela não tiraria sua roupa. Jaguares não eram modestos, mas na frente dele? De jeito nenhum! Não aconteceria. Por um momento horrível ela se viu na frente dele, nua, mãos atrás da sua cabeça, se mostrando a ele. Ela tinha coxas raiadas. Não queria pensar sobre seus quadris ou bunda. Certo, realmente tinha peitos bonitos, e uma cintura estreita, mas tinha cordas de músculo por toda parte. Ela era muito pesada... O pânico assumiu. Ela quase hiperventilou. Suas mãos eram doces na sua pele e ela fechou seus olhos, engolindo um soluço. Ela não correria dele como uma covarde. Ela era da realeza, embora Juliette muitas vezes dissesse que era uma real dor na bunda - que era verdade. Como outras mulheres lidavam com isto? Seus dedos desceram por seus braços e logo pararam. Seu coração saltou. Ele a virou ao contrário e curvou sua cabeça para a mordida no seu ombro, aquela que ainda escoava sangue. Ele inalou, tomando o odor nos seus pulmões para reconhecer em qualquer lugar o homem que a tinha agredido, simplesmente pelo cheiro. — Mantenha-se quieta, kessake. Ela não podia se mover mesmo se quisesse. Sentia-se como um animal selvagem acuado sem ter onde correr. Sua língua correu sobre as feridas da perfuração com a saliva curativa. A sensação daquele grosso veludo contra sua pele nua roubou sua respiração. Ele empurrou sua camisa fora do caminho e seguiu as feridas das suas costas. É claro que ele não queria inspecionar seu corpo para ver como sua companheira era. Ela se sentiu embaraçada mais uma vez, rezando que não tivesse lido sua mente caprichosa. Ele a surpreendeu quando levou um tempo vendo suas feridas relativamente pequenas quando a sua era maior. Ele até mesmo tirou a dor da maior parte dos hematomas. Ela nunca realmente teve uma experiência sensual, mas a sensação dos seus dedos e boca na sua pele converteu seu corpo em um

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pacote sensível, os nervos pulsando. — Você precisa de sangue. A voz a assustou e se moveu aos trancos longe de Dominic, arrastando para baixo sua camisa. Zacarias. Como o tinha esquecido? Ela quase - bem, certo, teve pensamentos eróticos, esquecendo que não estavam sozinhos. O que estava errado com ela? Ela nunca ruborizou antes, mas ele testemunhava sua humilhação total e podia sentir a cor de seu rosto indo a um vermelho feio. Ela pestanejou rapidamente, tentando quebrar o feitiço que Dominic tinha tecido em volta dela. Ela levou um segundo para perceber que o grande corpo de Dominic tinha bloqueado a visão de Zacarias dela. Por alguma razão idiota saber que Dominic a tinha protegido em seu momento de fraqueza dos olhos indiscretos a fez quente e confortada. — Como você. — Respondeu Dominic. Ele virou então, mantendo Solange perto dele, sua mão no seu braço. Ambos os homens a olharam. Seu coração pulava freneticamente. Ela tinha visto Juliette dar sangue a Riordan. Zacarias estava despedaçado e era família. Era sua família, estendida ou não, e por isso sob sua proteção. Mas isto... Ela nunca tinha considerado de dar, alguma vez, a um homem seu próprio sangue. — É nossa maneira, kessake. — A voz de Dominic era baixa, mas o som se movia dentro dela como uma carícia suave, aveludada, serpenteando sedutoramente na sua mente. Ela mordia seu lábio forte, estremecendo, querendo fazer isto por ele, algo tão pequeno, mas enorme na sua mente. Por que se importava em agradá-lo? Ela nunca se preocupou com o que alguém pensasse dela, mas estava lá como uma imbecil muda, incapaz de dizer não quando tudo nela exigia que corresse. Estava tremendo, desesperada para escapar, mas não podia se mover, em guerra com sua própria natureza. Dominic era seu escolhido. Pouco importava se achava que não era real. Ele estava lá agora, mais homem que qualquer um que conhecesse, mais respeitado e mais poderoso. Ela queria ser a mulher que precisava, e ele precisava disto dela. Mal ousando respirar, viu a aproximação de Zacarias, seu corpo sangrando mil lágrimas dos morcegos hematófagos, seus dentes e garras despojaram seu corpo da carne a ordem de Drago. Seu estômago se agitou. A bile subiu. Ele ia afundar seus dentes na sua pele e ela ia ficar lá, tremendo com desgosto, presa no feitiço de Dominic. Ela tinha que encontrar força para resistir à loucura instalada em volta dela, movendo seu corpo pesado. Ela engoliu em seco e olhou para Dominic. No mesmo instante seus olhos azuis prenderam o seu olhar e a mantiveram prisioneira. Seu sorriso era terno, só para ela, como se lesse sua mente e soubesse sua aversão a este ato, sabia que estava a ponto de fugir e que era apenas o poder absoluto da sua personalidade que a mantinha lá. Ele a puxou contra seu corpo, suas costas para ele, um braço embaixo dos seios arfando, a segurando tão suave que não percebeu no início que estava presa pela sua força enorme, incapaz de fugir se quisesse. Sua outra mão lenta, mas inexoravelmente, esticou seu braço na direção de Zacarias em um convite. — Do seu pulso, e seja gentil. — Ele acautelou. Ela estremeceu novamente quando o macho Cárpato se aproximou. Dominic baixou sua

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cabeça e sussurrou baixinho na sua própria língua. — Solange. Emnim. Tõdak pitäsz wäke bekimet mekesz kaiket. Te magköszunam nä ?ama? kac3 taka arvo. Solange. Minha mulher. Eu sabia que tinha coragem para enfrentar tudo. Obrigado por este presente sem preço. Sua respiração era quente no seu pescoço, e ele apertou seus lábios sobre seu pulso frenético. Seus dentes roçaram para frente e para trás, doces, mas sedutores, fazendo seu coração bater rápido e sua respiração ficar irregular. Ela era consciente dele com cada célula do seu corpo. Ela fechou os olhos e absorveu o som da sua voz, o prazer nela, o modo que fazia sentir como se soubesse que ela alimentava outro macho somente por ele - só por ele. Ela nunca poderia fazer isto sem sua voz sedutora em seu ouvido, ou seu corpo duro contra o dela. Era como se estivesse dando a si mesma, dando tudo que ela era, e ainda que fosse outro homem que tomava do seu pulso. No último segundo, quando a respiração quente tocou sua pele e ela viu o tamanho das presas, ela sentiu pânico e quase puxou seu braço. Antes que pudesse se mover, Dominic mordeu seu pescoço e a dor virou imediatamente um prazer tão intenso que ela gritou, seu corpo reagindo com uma onda de fogo puro. Tinha experimentado o calor da sua gata muitas vezes, um passeio puramente físico que não a tocava além do abstrato. Mas isto - isto abrangia tudo. Cada nervo estava envolvido em desejo. Seu ventre convulsionou. O calor cresceu entre suas pernas e seus mamilos apertaram em picos duros, desesperados. O fogo queimou sua pele, seu interior, vazando como ouro fundido pelo seu corpo até que ela se retorcesse contra ele, incapaz de se controlar. Solange, que tinha tanto controle. Solange, que desprezava os homens, dava-se de corpo e alma a este homem e suas necessidades - não somente suas necessidades, cada desejo seu. Um pequeno soluço escapou. Dominic nunca tinha imaginado que algo podia ser tão erótico como tomar o sangue da sua companheira. Para ele, o ato de tomar ou ofertar sangue sempre era banal, uma necessidade sem nenhum sentimento especial, até mesmo antes que perdesse suas emoções. Não estava preparado para a necessidade que bateu forte e baixa, um soco duro da excitação que sacudiu sua calma mortal como nada antes. Ele era disciplinado e controlado. Nunca tinha ocorrido que uma vez que tivesse Solange nos seus braços e seus dentes os unissem, o ato de tomar seu sangue seria tão íntimo como tomar seu corpo ou sua mente. Ele estava em tal estado de excitação, que sentiu que a compartilhar com outro homem era um ato extremamente íntimo - algo que nunca faria. Era sua para proteger, amar e estimar. Ele não queria que outro homem a visse vulnerável ou medrosa ou sexy, e exatamente naquele momento, a achava o ser mais sensual na terra. Aquela parte dela pertencia só a ele. Se soubesse como seria tomar seu sangue, ele nunca, em nenhuma circunstância, a forçaria a dar sangue para Zacarias. E ele a tinha forçado - ou pelo menos coagido. Ele sabia que achava a ideia repugnante, ainda que Zacarias fosse família para ela. Ela vivia pelo código, sua honra, seu dever. Ela não teria se perdoado por negar no seu momento da necessidade. Ela se culparia por sua recusa nas horas longas do dia quando Dominic não podia consolá-la. Ele tinha um código, também, e aquele código devia prover sua companheira de tudo que precisasse, mesmo que excedesse seus limites além do que

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ela pensava poder lidar. Mas isto podia esticar seus limites além do que ele podia lidar. Ela era uma guerreira para Zacarias, mas Dominic a tinha visto vulnerável. Sua vulnerabilidade era bela para ele e mostraria que para ele era uma honra. Ele tirou cada instinto protetor seu, e a besta que rondava dentro dele rugiu para ela. Não simplesmente acoplamento físico, mas a perfeição que uma companheira era. Ela precisava. Ele provia. Ele precisava. Ela provia. Cada um dedicado só ao outro. Mas isto - esta reação chocante de corpo e mente - era quase sua ruína. Seu sangue correu no seu corpo e os parasitas ficaram acuados ante ele, mais do que se fosse o sangue Cárpato puro de Zacarias. Eles se retiraram, ficaram tranquilos, se ocultando contra o sangue real jaguar como se temessem a gata feroz. Quando o sangue se espalhou pelo seu sistema, o fogo interno começou, uma grande tempestade varrendo quente e rápido e fora de controle. O corpo dela se movia contra o seu, inflamando sua virilha já dura. Ele não queria parar; sua mão acariciou o lado inferior do seu seio, embora o que quisesse - não, precisasse - era sentir sua pele de seda contra a dele. Seu pequeno soluço o trouxe de volta. Controle restaurado. Ordem. Uma consciência de onde estava e o que acontecia a volta dele. Ele foi tão longe no auge da loucura, que ficou assombrado quando deu uma lambida lenta através dos furos e seguiu as gotas vermelhas rubi de sangue abaixo por seu ombro. Ele se endireitou lentamente, respirando-a, absorvendo a sensação do seu corpo pequeno, cheio de curvas apertado contra ele. Nada nunca foi tão certo para ele. Consciente do seu medo crescente, ele apertou sua boca no seu pulso, querendo só a calma e conforto dela. Sua pequena gata selvagem tinha um lado feminino que considerava submisso, e isso a aterrorizava. Ele estava à altura para mostrar que cada parte dela era tão importante como a guerreira e que ser mulher não a faria, de nenhum modo, deixar de ser quem era. — Pesäd te engemal. Você está segura comigo. — Ele sussurrou as palavras contra o pulso frenético, sua língua girando lá, a mantendo enquanto se acalmava. Sua natureza selvagem era evidente. Solange tinha vivido sua vida à margem da sociedade, nunca no meio. As leis não se aplicavam no seu mundo. Ela não aprendeu as sutilezas da vida numa cidade, ou mesmo numa comunidade. Seu mundo era apenas a sobrevivência, muito como seu mundo tinha sido. Zacarias deslizou sua língua por cima da laceração para fechá-la educadamente, mas Dominic puxou seu pulso à sua boca. Ele tomou um gole, sentiu a bola de fogo rolando pelo seu corpo e logo fechou a ferida. — Obrigado. — Zacarias disse. Dominic sabia que o Caçador Cárpato o agradecia, não a Solange. Nos tempos antigos, companheiras eram sagradas e os outros não lhes falavam sem permissão expressa. Zacarias era daquela velha escola, e possivelmente, se fosse inteiramente honesto com ele, Dominic também era. Ele levantou a cabeça para encontrar o olhar fixo de Zacarias. — A alvorada se aproxima. Zacarias acenou com a cabeça.

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— Kolasz arwa-arvoval. Possa você morrer com honra. — Parou um momento. — Foi há muito tempo que ouvi nossa própria língua. Por um momento, senti o chamado da nossa pátria. — Veri olen piros, ekäm. O sangue é vermelho, meu irmão. — Respondeu Dominic. O significado era claro. Encontre sua companheira. Zacarias olhou dele para Solange, sua roupa e pele suja com sangue. Ele sacudiu a cabeça. — Meu tempo já passou para isto. O mundo mudou e me deixou para trás. O ajudarei quando chamar, velho amigo. Ele simplesmente desapareceu, o vapor fundindo com a fumaça do fogo que morria. Houve silêncio. Solange não virou sua cabeça para olhar Dominic, simplesmente ficou esperando pela sua orientação, já que a mantinha segura ainda, embora pudesse sentir os tremores por sua espinha. Acima da sua cabeça, ele sorriu, a tensão aliviando seu corpo agora que não havia nenhum macho perto dela e estavam sozinhos. Ele a apertou. — Vamos a um lugar seguro onde tomaremos banho e descansaremos. Ela queria apenas o deixar ir e cair na terra partida em pedaços. Outras mulheres sentiram isso? Querer agradá-lo, fazer o que pedisse e ainda a sensação horrível que não podia respirar? E o que ele pedia? Uma coisa simples. Banho e descanso. Ele não tinha dito nada mais. Ela nunca, jamais, poderia dar seu corpo a ele. Não a ele. Um tremor atravessou seu corpo. Silenciosamente, ela sacudiu sua cabeça. Ele ouviu a entrada rápida da sua respiração quando a levantou. — Coragem. — Ele sussurrou contra sua nuca. Ela não temia o método da viagem que ele escolhesse, sabia disso. Também sabia que ela não o temia - não Dominic, o guerreiro. Ela confiava nele ou nunca entraria na batalha com ele. Era Dominic, o homem, que ela temia, e era esse que tinha que ganhar sua confiança. Mais que qualquer coisa, queria tudo dela. Sabia que sua necessidade era egoísta, mas teve muito pouco brilho na sua vida, e Solange brilhava como a mais brilhante das estrelas. Ele a levou aos céus, seu corpo apertado no dele. Solange apertou o punho na boca para não protestar. Não queria fazer nada errado, mas se não tinha ideia de como agir, cometeria um erro. Sua gata rondava para frente e para trás, num momento ronronando contente e no seguinte assoviando e resmungando quando sentia o terror crescente de Solange. Como ia tirar sua roupa na frente dele? Por que não tinha escutado MaryAnn quando tentava ajudar Solange a ser mais mulherzinha? Ele se inclinou para ela e acariciou com a língua acima do lugar exato onde tinha tomado seu sangue. Sua mente perdeu a linha de raciocínio. O calor subiu entre suas pernas. Os músculos do seu estômago apertaram debaixo da sua palma e seus seios repentinamente ficaram maiores e doloridos. Ainda por cima, estava reagindo como uma gata no cio. Exceto... Ela nunca poderia se deitar com ele, nunca se daria porque ele a consumiria, a deixaria sem nada. Ele cheirou seu pescoço. Pare de pensar e somente aprecie o que resta da noite. Relaxe para mim. Ela se mantinha rígida, apavorada por sentir sua força imensa, petrificada pelo compromisso

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de somente o acompanhar ao destino. Quanto além disso ela iria para agradá-lo? Ela perderia o sentido de si mesma? É tão difícil, kessa ku toro – minha gata selvagem – relaxar para mim? Era? Estava sendo boba. Ela respirou fundo e deixou sair. Ela forçou seus olhos a abrir e levantou os olhos para a noite. Estavam fora da copa pesada no céu aberto. Alto. Mais alto do que já esteve alguma vez antes. Ela nunca tinha saído da floresta tropical. Nunca tinha voado em um avião. Por um momento ficou assustada e se apertou nele. Abra seus braços, minan - minha. Ela engoliu em seco. Havia um ronronar baixo na sua voz, como se tudo que tivesse que fazer fosse esticar seus braços como asas e ela o agradaria além de tudo. Era tão simples? Ela tinha que confiar nele para impedi-la de cair. Ela tinha confiado nele na batalha implicitamente. Naturalmente ele a manteria segura. Era ridículo pensar que não. E ela teria a experiência do voo, talvez única em sua vida. Ela soltou sua respiração e abriu cada dedo do seu braço. Só então percebeu que estava agarrada nos seus antebraços com suas garras. Ela deu um grito inarticulado suave, envergonhado. Sem problema, gatinha. Somente se solte e voe comigo. Era um sussurro sedutor. Ela sentiu o calor da sua respiração no pescoço de alguma maneira a tranquilizando. Para agradá-lo - para dizer que sentia o ter ferido inadvertidamente - ela o largou e estendeu os braços no vento como se fosse um grande pássaro. O vento tocou seu rosto e acariciou seu cabelo. Acima dela era um mar de nuvens, rolando e turbulentas, mas tão belas. Em volta dela, o céu aberto. Abaixo, os topos das árvores, algumas sobressaindo além da cobertura grossa para emergir triunfantemente da multidão. A terra embaixo deslumbrava seus olhos. Nunca se sentiu tão livre na sua vida. Sua boca se aninhou no seu pescoço, um sussurro realmente, mas sentia o toque como uma marca. Ninguém jamais a fez se sentir assim - tonta, importante, totalmente focado nela. Com somente um toque. E tinha pedido. Podia fundir facilmente sua mente com a dela, Cárpatos o faziam todo o tempo - uma invasão, ela sempre pensava. Errado. Ninguém devia ter acesso aos pensamentos privados de ninguém. E ainda... Não é necessário. Ela não podia detectar a decepção, mas ainda assim, por que não podia dizer somente sim? Ele lhe deu uma experiência tão bela, uma que duvidava que muitas pessoas alguma vez tivessem a chance de ter. Era tão grande coisa deixá-lo ver o quanto ela apreciava este momento? Ele não a fazia se sentir culpada; era ela mesma. Era realmente tão covarde? O que podia acontecer se somente por este momento dissesse sim? Ela respirou, sabia que suas mãos sentiram, aquela entrada rápida de respiração, tão crua e irregular. Não me importo. Você me honra. E então ele estava dentro da sua mente, uma penetração lenta que enviou mil dardos de fogo queimando sobre sua pele e dentro dela, enviando um lento fogo pelo seu estômago até seu útero. Ela o sentiu nela, exatamente como se partilhassem a mesma pele, fundida tão completamente que

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não sabia onde ele começava e ela acabava. Ela notou que sua insegurança foi exposta a ele, ela frágil se agarrando a sua coragem, a necessidade terrível que tinha dele, o medo horrendo, quase insuperável de perdê-lo. Shh, minan, veja a noite comigo. É tudo. Somente compartilhe a noite. Seu murmúrio suave, quase uma carícia, acalmou seus pensamentos selvagens e ela voltou sua atenção à sensação espetacular de voar. Ela achou o milagre mais especial quando compartilhado. Ele os levou em um grande círculo acima do rio e ela viu os raros botos cor de rosa. Naturalmente os tinha visto antes, mas não assim, onde podia ver sua velocidade assombrosa na água. Ela riu. Com suas mentes fundidas, sua explosão de felicidade a alegrou. Ele parecia uma criança que experimentava tudo pela primeira vez depois de centenas de anos sem emoção, e isto realçou seu prazer. Ela virou sua cabeça na direção dele e se viu querendo acariciar seu pescoço numa exposição rara de afeto tímido, mas não se atrevia a tocá-lo, assim só inalou seu odor, tomou sua essência masculina nos seus pulmões e a manteve lá, como se a abraçasse. Vou prender minhas mãos em volta da sua cintura, Solange. Incline-se para fora e me deixe tomar seu peso para que sinta o voo real. Seu coração falhou com a ideia. Estava realmente empurrando seus limites de confiança, mas parecia ignorar isso. Ou era ele? Ele não podia ser. Estava dentro da sua mente. Conhecia seus medos. Ela umedeceu seus lábios, seu trovejante pulso batendo em seus ouvidos. Como antes, ele permaneceu silencioso, e não repetiu o pedido. Ele simplesmente esperou sua escolha. Ela lambeu os lábios repentinamente secos. Sua vida estaria nas suas mãos. Braços esticados, seu corpo caindo para frente quando ela realmente voasse, não teria chance de se segurar nele. Duvidava que fosse o bastante rápida para virar e se travar com as garras se a deixasse cair. Ela podia fazer isto? O desagradaria se não fizesse? Importava? Ela tentou tocar sua mente, mas ele simplesmente esperava. Podia sentir o peso do seu olhar fixo nela. Único foco. Sua concentração completa só nela. Ela sentiu lágrimas queimando atrás dos seus olhos. Ela queria dar isto. Era tudo que podia dar. Momentos como este. Ela sabia que não havia nenhuma outra mulher para ele. Não que a amasse. Ou quisesse. Ele não tinha nenhuma escolha, mas estava disposto a deixá-la escolher. Era apenas que sua personalidade era tão dominante. Ela fechou os olhos e acenou com cabeça. Ele pousou um beijo em cima da sua cabeça, desencadeando uma vibração peculiar na boca do seu estômago. Ela prendeu a respiração quando a boca foi à deriva em sua têmpora e logo apertou seus lábios frescos, firmes na sua orelha. Minha mulher. Seu coração contraiu. Seu útero apertou e ela sentiu uma inundação de calor úmido entre as pernas. Duas palavras e ela derretia. O que queria dizer? Estava tão desesperada por sua aprovação que tudo que ele tinha a fazer era um som feliz e ela faria tudo que ele quisesse? Ele esperou ela mudar de posição sozinha. Ela quase desejava que ele se movesse primeiro, mas ele não o fez. Ela lentamente, com prudência, começou a se inclinar nas suas palmas, para virar

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para fora, longe do conforto sólido do seu corpo. O vento aumentou e ela não pode impedir suas mãos de agarrar seus pulsos. Imediatamente ele a trouxe contra ele e... Esperou. Ela sabia que esperava ela reunir sua coragem e pôr sua confiança nele. Não houve nenhum fingimento de que estava muito cansada - ele sustentava seu peso inteiro. Tudo que tinha a fazer era se erguer lá no céu, enquanto a magia da noite a rodeava. Ele entregava um presente muito importante. Não houve nenhum presente desde que sua família foi morta, até agora, até este momento. Ele parecia um mágico escuro a que ela não podia resistir - sobretudo quando oferecia uma experiência tão rara, fenomenal. O tempo ficou lento. Podia sentir o coração batendo. Ele a fez se sentir importante quando nunca se sentiu assim antes, nem ninguém. O ar parecia anelado e fresco, a noite uma manta fresca. Ela fechou seus olhos, respirou profundamente e deixou sair. Ela abriu seus braços longe do seu corpo. Ele retirou as mãos dela e ela soube que este era o momento, agora ou nunca. Ela nunca chamaria esta espécie de coragem - ou confiança novamente. Ela deixou-se cair para frente. A sensação levou seu estômago e por um momento ela temeu que ele não a pegasse, mas lá estavam suas mãos, e ela ficou suspensa no ar com apenas suas mãos embaixo dela. Muito lentamente abriu os olhos. Sua respiração parou na garganta quando ela voou e mergulhou e rodou com a liberdade dos pássaros. Novamente experimentou o êxtase estonteante que era físico, a adrenalina fluindo no seu sangue como ouro negro, espessando seu sangue, estendendo calor por ela. Ela sentiu Dominic com ela - nela - compartilhando os momentos deslumbrantes. Era magia pura - ele era magia pura. O vento arrancou lágrimas dos seus olhos. Depois de um dos piores dias da sua vida, perdendo Annabelle, matando dois homens e quase sendo capturada ou morta pelo seu próprio pai, lutando com vampiros e enfrentando seu companheiro, foi esmagada pela pura força da alegria quando voou pelo ar. Era demais e ainda assim não queria que terminasse. Dominic a chamou, virando-a de modo que seu rosto ficou apertado por cima do seu coração. A batida constante a consolou, ajudando a impedir de soluçar em voz alta. Ela chorava em silêncio, seus dedos enterrados na frente da sua camisa. Ela simplesmente não se importava com nada naquele momento. Nem aonde iam ou o que aconteceria quando chegassem lá. Ele tinha um destino em mente e era evidente que não a deixaria, portanto somente se entregou aos seus cuidados. Dominic sentiu o momento exato que se soltou e se entregou a ele. Seus braços apertaram em volta dela, a mantendo perto dele. Ela era muito frágil, e tão vulnerável. Não a forma física, mas a mulher que ocultava do resto do mundo. Estava exausta e teria ido a um refúgio úmido para lamber suas feridas sozinha e tentar se recuperar antes de enfrentar o inimigo novamente. Não desta vez, minha gatinha. Desta vez eu cuidarei de você. Ela não respondeu, mas seu choro, as lágrimas que rasgavam seu coração, diminuíram. Ele meticulosamente esquadrinhou a área a procura de sinais do não-morto antes que baixasse ao chão da floresta, na entrada de seu refúgio favorito. Ele o tinha visto uma dúzia de vezes, a pequena caverna confortável profunda nos recessos do labirinto de calcário, quando se uniram em suas mentes. As imagens eram muito detalhadas. Ela não tinha nenhuma ideia de quanta informação ele podia puxar da sua mente em segundos quando necessário. E ambos precisavam disto.

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Ele encontrou a entrada muito pequena, e com relutância a deixou baixar aos seus pés, seu braço firmemente a segurando nele. — Como você sabia...?— Solange olhou em torno, os cílios molhados, seus olhos brilhantes e ligeiramente chocados. — Sou seu companheiro. — Ele indicou, a voz doce. — Este lugar te traz conforto. Ela se afastou dele e mergulhou no interior, pestanejando as lágrimas. Ele duvidava que alguém tivesse se incomodado com seu conforto em anos. Ele a seguiu, observando o movimento fluido do seu corpo, como a gata era uma parte dela. Ela tinha um odor selvagem, indomável que o atraía mais que qualquer outro perfume que tinha cheirado alguma vez. Ela pertencia à floresta, e se movia silenciosa, mesmo na forma humana e na escuridão. O túnel conduzia para baixo, profundamente embaixo da terra. Ela parou no que parecia um beco sem saída e trabalhou em várias grandes pedras. Dominic suavemente a afastou e simplesmente levitou os grandes blocos de pedra calcária e os deixou de lado, e com uma reverência gesticulou para ela precedê-lo. Ela hesitou, muito perto dele nos pequenos limites do túnel. Ele podia ouvir seu coração, o ritmo muito barulhento. Estava assustada, mas ainda se punha em suas mãos; sua coragem o humilhou. Para estimulá-la, ele tomou sua mão e a levou à sua boca. Ele acariciou por cima do seu pulso, onde Zacarias tinha tomado sangue, então deu um beijo no centro exato da sua palma. A respiração de Solange engasgou, seu olhar fixo pulou para seu rosto e rapidamente deslizou longe. — Você tem que rastejar para entrar na câmara, e seus ombros... Ele manteve a posse da sua mão, seus dedos contra sua boca. — Posso virar vapor. — Ele lembrou, um sorriso na sua voz. Ele sentiu seu embaraço por não ter se lembrado. Seu corpo inundou com calor e imediatamente ficou tenso. Ela começou a puxar sua mão, mas ele se recusou a ceder o controle de volta para ela. Em vez disso, envolveu seus dedos no calor da sua boca e os chupou. Um tremor de consciência atravessou seu corpo quando então pôs seus dedos nos lábios e mordeu suavemente as pontas. — Você está muito cansada, Solange. Agradeço sua preocupação. Mais uma vez seu olhar se afastou do dele. Ela parecia tão incerta que queria esmagá-la contra ele. Em vez disso, soltou sua mão e deixou a mão nos seus ombros, silenciosamente guiando-a aos seus joelhos. Por um momento, ele saboreou a sensação da sua respiração quente no seu pênis duro e erguido, diretamente através do tecido das suas calças. Seria tão fácil retirá-lo. A ideia da sua boca nele o sacudiu, mas não permitiu que seus próprios prazeres fossem postos antes dos seus cuidados. Ele a pressionou suavemente até que estivesse de gatinhas e rastejando no túnel estreito, apertado que levava à câmara. O canal lembrava uma toca de coelho. Ele fluiu por ele facilmente, atrás da sua mulher na caverna. Ela o tinha feito um pouco como uma casa e seu coração acalmou no seu peito quando notou que ela nunca tinha compartilhado este lugar sagrado, seu único refúgio verdadeiro, com ninguém mais. Ela foi à parede norte encontrar sua lanterna, mas ele iluminou as velas com um

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aceno da sua mão. Imediatamente a luz suave lançou sombras sobre tudo. Ele ficou agradecido pelo chão de terra rica. Em um canto tinha um tapete tecido à mão e alguns pratos de madeira. O som de água era música de fundo enquanto gotejava firmemente da parede no lado leste para encher a bacia, até uma larga piscina que tomava todo o canto da câmara. O teto era alto, dando a ilusão de espaço quando na verdade a caverna era confortável. Ele observou que ela ficou a uma boa distância dele, silenciosa, os olhos de gato verdes olhando cada movimento seu enquanto ele explorava. Ele levou seu tempo, permitindo o silêncio se esticar, escutando a batida do seu coração, esperando que ela se acalmasse. Ele viu livros e pegou vários para ler os títulos. A maioria era sobre fabricação de armas e plantas do Amazonas. Ele folheou um dos volumes e encontrou muitas das plantas medicinais destacadas. Quando se aproximou de Solange, ela reagiu como um gato selvagem encurralado, recuando, seus olhos arregalados, quase hipnotizantes. Ela manteve sua cabeça baixa, rosto ligeiramente afastado, mas o olhava o tempo inteiro. Ele foi para uma pequena pilha de artigos cuidadosamente guardados em uma prateleira de rocha dentro de uma pequena alcova, e a tensão pareceu sair dela um pouco. Sua frequência cardíaca reduziu a velocidade quase normal. Havia um cobertor esfarrapado, muito velho, que alguém tinha feito amorosamente para uma criança. Não dela, ele adivinhou pela cor azul. Um menino. Alguém que ela amou, aparentemente. Uma foto desbotada de uma mulher em uma armação feita à mão de madeira, uma mulher que devia ter sido sua mãe, pousava em uma prateleira. Ela tinha os mesmos olhos assombrosos. Um pente esculpido a mão da madeira mais perfeita. Ele tocou cada item. Lia as memórias impressas lá. Um irmão - não, dois irmãos. O pente tinha sido feito pelo seu pai. Ele franziu a testa. Não seu pai de nascimento. O homem que amava como um pai. Todos se foram. Cada um deles. Ele levantou sua cabeça e a viu, seu olhar fixo colidindo com o dele. — Venha aqui, Solange. Bem aqui. — Ele apontou para um ponto na frente dele. Ela olhou assustada. Seus olhos ficaram escuros. Seu coração começou a pular novamente, enchendo a pequena câmara com seu frenético ritmo.

Capítulo 7 “Você pode vir a confiar em um homem mais uma vez? Você pode vir a amar um velho como eu? Deixe meus braços fortes a protegerem, deixe-me cantar para você dormir. Deixe minha canção trazer a cura, como a terra e o mar.”

— Dominic para Solange O coração de Solange quase explodiu no peito. Os tremores correram de cima abaixo do seu corpo, e os dedos frios do medo deslizaram a sua volta. Dominic encheu a sala com seu poder. Ela não podia ver seu rosto, nem aqueles olhos que podiam mudar de cor como uma tempestade. Ela realmente apertou as mãos. A distância entre eles pareciam quilômetros, embora fossem só alguns passos. Ele poderia estar também a quilômetros. Não deveria haver homens como ele - exceto em sonhos. Ela podia lidar com ele nos sonhos, mas isto era loucura. O que ele queria dela? 70


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Ele esperou. Ele sempre parecia estar esperando pacientemente que ela se decidisse. Nunca levantava a voz, seu tom suave e envolvente. Ela fitou seu peito por um longo tempo antes que pudesse mover seu pé congelado para frente. Um. Ela contou para si. Dois. Ele parecia maior do que nunca. Três. Ela podia ver a ondulação de músculos abaixo da sua camisa. Quatro. Cabeça baixa, se recusando a encontrar seus olhos, ela deu o último passo para ficar no lugar exato que tinha indicado. Era o melhor que podia fazer por ele. — A alvorada está se aproximando rápido, päläfertiil - companheira. Tenho que ter certeza que cuidei apropriadamente de você. Seu estômago deu cambalhotas. O que isto significava, “Cuidar de você”? Ela lambeu seus lábios, tentando conseguir bastante umidade para fazer mais que chiar. Ela era perfeitamente capaz de se cuidar se pudesse encontrar um modo de se mover. Ela sentia-se paralisada. Ele pegou a barra da sua camisa e simplesmente a puxou por cima da sua cabeça antes que ela tivesse chance de pará-lo. Ela respirou e cobriu seus seios generosos com as mãos, seu rosto indo do brilhante vermelho a quase um branco translúcido. — Seu banho, Solange. — Ele lembrou. Ela engoliu duas vezes. — Posso me despir. — Ela falou sem pensar. Era uma mentira gritante. Ela não podia tirar a roupa na frente dele nem para salvar sua vida. — E me negar o prazer de fazer isso para você? Ela fitou silenciosamente seu peito. Ele a veria. Não havia nenhum lugar para se ocultar na pequena caverna. Ele pegou seus pulsos suavemente, e baixou seus braços longe do seu corpo. Um rubor se estendeu dos seus dedos do pé até o seu rosto. Ela podia sentir o calor correndo embaixo da sua pele, e pior, umidade se reunindo entre suas pernas. O ar fresco na caverna provocou seus seios nus, de modo que seus mamilos reagiram, formando nós duros que chamaram sua atenção. Ele tomou fôlego, seu olhar à deriva sobre ela com uma insinuação de posse. — Por que ocultaria seus seios de mim? Não são parte da minha mulher? Eles não me pertencem tanto como ela? O meu corpo não é seu? Ela ouviu um som estrangulado emergir da sua garganta, mas foi o único som que pode sair. Ela se sentiu hipnotizada por ele, ali tremendo, enquanto ele se aproximava, tão perto que sentiu seu peito contra seus mamilos sensíveis. A cada respiração ela inalava o odor dele nos seus pulmões. Se levantasse sua cabeça, sabia que veria aqueles olhos verdes ferozes em vez dos calmos azuis. Estava tão excitado como ela, seu calor a incendiando. Ela fechou seus olhos quando suas mãos foram para frente de seu jeans. — Não sou bonita. — Ela conseguiu avisar, na esperança que se dissesse primeiro, a decepção seria menor. Suas mãos pararam. — Solange. Ela estremeceu. Sua voz era severa. Ainda baixa, mas muito severa. — Olhe para mim. Queria olhar para qualquer lugar menos para ele, mas não pode evitar levantar os olhos. Ele

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era compulsão pura. Ela se sentiu esmagada pelo desprazer no seu rosto. — Esta é uma regra muito importante, Solange. Minha companheira é a mulher mais bela nesta terra para mim. Alguém que fale diferente a insulta, que é uma ofensa capital e me insulta. Não acho que quer fazer isto, não é? Ela sacudiu a cabeça. Para seu horror lágrimas queimaram atrás dos seus olhos. Ela não podia fazer isto. Ela odiava o decepcionar, mas o que seria pior? Permitir que descobrisse sozinho, ou tentar dizer? — Eu tentava ser honesta. Sua mão em concha apoiou o lado de seu rosto, sua doçura quase a desfazendo. Seu polegar acariciou sua face e o maxilar. — Kessake - minha gatinha. Não pareça tão aflita. Quando um homem espera mil anos por uma mulher que é só sua, ela é a definição da beleza para ele. O que os outros veem, não importa. Só o que vejo importa. E quero que você se veja pelos meus olhos. Você deve ver a mulher que vejo. Seus dedos se arrastaram por sua garganta até a clavícula e logo abaixo ao aumento dos seus seios. — Olhe para você. O epítome de uma mulher. — Os dedos tocaram seus mamilos. Ela prendeu a respiração, a segurou, chocada pela eletricidade que chiava entre seus seios e barriga, movendo-se mais baixo ainda para provocar suas coxas com excitação e pegar fogo no centro do seu cerne. Abruptamente suas mãos foram aos seus jeans novamente, baixando-os pelos quadris. Solange reteve sua respiração novamente, fechando os olhos quando obedeceu a pressão da sua mão para dar passos fora da sua roupa. Os jaguares não usavam roupa de baixo por via de regra porque não podiam sair da sua roupa o bastante rápido quando mudavam. Ela estava absolutamente nua na frente dele, agradecida pelo efeito brando das velas, incapaz de olhar para ele. Ela manteve seus braços onde ele os tinha posicionado e mordeu seu lábio inferior para impedir deixar escapar algo mais que pudesse desapontá-lo. Não importa o que dissesse sobre ser bela, ela não se sentia assim. E queria ser bela para ele. Ela ia morrer logo. Não havia modo de sobreviver numa luta com Brodrick; ele era muito forte. Ela tinha aceitado que em pouco tempo o deixaria, e de certa forma, estava grata. Estava tão cansada de dias como este, dias de fracasso, de matança. De não ter ninguém... Ela queria esses últimos momentos com Dominic. Ela o respeitava acima de todos os outros homens. Nunca seria capaz de aceitar outro homem. Mas queria tanto, por uma vez na sua vida, pertencer. Ser amada. Ser mulher, não uma guerreira. Esta era sua chance, agora no fim dos seus dias... Se pudesse suportar que visse seu corpo cicatrizado, repulsivo. — Solange. Ela estremeceu. Definitivamente ele lia sua mente. Ele sacudiu a cabeça. — Não sua mente. Sua expressão. — Ele fez um círculo lento em volta dela. Ela teve um forte impulso forte para mudar para seu jaguar, mas agora era um desafio. Ele disse a verdade? Era um homem honrado? Tinha que saber. Era a primeira pessoa em quem tinha confiado o bastante para

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permitir que a conduzisse. Ela nunca permitiu nem que suas primas queridas fizessem isto. Ele voltou a ficar na frente dela e suas pernas quase saíram debaixo dela. Ele estava nu. Magnificamente assim. Não havia modo de respirar. Sua mente paralisou. Não havia nada pequeno em Dominic, e agora mesmo, não havia dúvida que estava desperto - para ela. Ele respirou fundo e ela sabia que ele podia cheirar sua própria excitação. Seus olhos ficaram um verde mais escuro. — Amo o modo como ruboriza. — Ele disse. — Seduzindo. Não tinha ideia que minha gatinha selvagem seria tão sexy. Ela se sentiu frívola. Tonta. Desmaiando. A sala inclinou. Ele a pegou nos braços, a embalando contra o peito. — Você esqueceu-se de respirar, kessake. Isso ajuda. Ela estava segura que nada ia ajudar, mas respirou de qualquer maneira. — Não posso... — Ela gesticulou vagamente. Não ia haver sexo. Ela não podia ir tão longe, não é? — Não posso também. — Ele respondeu, diversão na sua voz. Ela relaxou um pouco, confortada pelo seu humor. Era muito parecido com o homem que evocava. Paciente. Relaxado. Contente com quem era e quem ela era. — Parece que poderia. — Ela indicou. Seu olhar fixo passeou sobre ela e definitivamente havia diversão. — Eu pareço como se pudesse. Mas, não poderia. Você não está pronta, não importa o que seu corpo diz. E tenho parasitas vis no meu corpo. Não posso me arriscar a passá-los. — Ele deu passos na bacia de água. Ela segurou nele. — A água está fria. Seus olhos foram a um tom esmeralda profundo. — Eu permitiria que minha companheira sentisse frio quando está esgotada e ferida? Atendo suas necessidades, minan, sempre. Eles afundaram na água felizmente quente. Ela não se importou como fez, mas cada célula no seu corpo agradeceu. O calor a rodeou, aliviando a tensão terrível nos seus músculos que o esforço físico do dia trouxe, bem como a tensão por encontrar o homem que acreditava ter criado. Ela mergulhou sua cabeça embaixo da água, mas quando emergiu e pegou o xampu que mantinha escondido em uma pequena borda da rocha, a mão dele estava lá antes da sua. — Deixe-me. Dará-me prazer. Talvez se ele não soasse tão sexy todo o tempo ela pudesse lidar com ele. Era o tom da sua voz. Sua escolha de palavras. Prazer. Ela podia ver suas mãos, grandes e fortes como o resto dele. Ele lidava com a morte, como ela, mas havia conhecimento nos seus olhos - conhecimento dela, do que queria e nunca acreditou que teria. Ele ocupava muito espaço. Enchia a câmara inteira com sua presença. Sentia-se pequena junto dele, e era uma mulher forte. Fez suas curvas parecerem exuberantes e sexy em vez de grandes. Tudo que fazia era deliberado e exato. Ele a posicionou exatamente como quis, a virando de costas para caber confortavelmente no seu colo, e sua cabeça descansou contra seu peito. Ela podia senti-

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lo, duro como uma rocha, longo e grosso, sem pudor contra suas nádegas. Ela tentou, desesperadamente, não pensar em sexo. Sua gata não estava próximo ao cio, e ela nunca pensou sobre um homem a tocar. Seria inimaginável permitir as mãos de um homem no seu corpo depois de todas as coisas terríveis que tinha visto os homens fazerem. No entanto, dentro na água, seu corpo se aqueceu e cercou de calor líquido, sua cabeça para trás, seus seios flutuando e sua óbvia ereção em mente, teve que lutar para afastar os pensamentos eróticos da sua mente. Ele esfregou delicadamente o xampu no seu cabelo. Seus dedos se movendo no seu couro cabeludo, começando uma massagem lenta, mágica que enviou seu corpo a um estado próximo ao hipnótico em relaxamento. Sentiu o formigamento se espalhar através dela, uma sensação agradável que se tornou prazer puro. Ele levou seu tempo enxaguando seu cabelo completamente antes que suas mãos caíssem no seu pescoço, aqueles dedos fortes, maravilhosos massageando cada nó e músculo tenso. Solange suspirou, chocada por como se sentia bem. A água quente, suas mãos e a sensação de limpeza aliviaram a maior parte da tensão dela. — Além da coisa nua por inteira, por que é tão difícil falar com você? — Ela ouviu sua própria voz meditando em voz alta, e ficou ligeiramente surpresa. Eram suas mãos mágicas, que agora trabalhavam nos seus ombros, que pareciam fazê-la menos inibida. — Falei com você todo o tempo antes. — Você estava segura. O homem que acreditava ter evocado não podia esperar nada de você. Isto a fez parecer covarde. Ela era covarde? Não pensava assim. Mas estava com medo. Ele levantou seu braço da água para começar a usar seus dedos fortes para aliviar a tensão daqueles músculos também. Músculos definidos. Cordas de músculo sob sua pele cicatrizada. Ela podia ver centenas de cortes brancos, muito pequenos que a lembraram dos golpes dolorosos da faca do seu pai quando trabalhou sobre seu corpo inteiro determinado a fazer sua gata se revelar. Ela odiava ver seu corpo. Ela odiava aquele desfiguramento de cicatrizes formando sua pele. Ela não podia ver-se sem lembrar-se da matança. Se fechasse seus olhos podia cheirar o sangue correndo pela casa e fora na terra. Os corpos de seus irmãos lançados descuidadamente de lado, braços e pernas abertos, o pequeno Avery parcialmente debaixo de Adam como se fossem lixo. A bile subiu e ela lutou para não vomitar. Seus amigos. Sua família. Ela fez um som único, inarticulado, e tentou puxar seu braço longe dele. Ele não a deixou ir. Seu olhar saltou ao rosto dela. — Não se afaste de mim, Solange. Compartilhamos isto. A matança da sua família. A matança da minha. Suas palavras suaves permitiram que respirasse longe as imagens. — Deseja retirar a evidência da sua pele? Ele fez a pergunta calmamente, sua voz tão suave que ela olhou longe porque não podia parar as lágrimas jorrando. Nunca tinha sido tão emocional. Ou talvez quando falava com ele, pensando que não era real. Sentia-se bastante segura para chorar na frente dele. Ele tinha sido sua única saída. Juliette e Jasmine muitas vezes a ajudavam com os resgates, Juliette mais que Jasmine, uma vez que ambas tentavam protegê-la. Mas elas confiavam em Solange e ela as protegia ferozmente. Ela se

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culpou por estar longe quando os homens jaguar encontraram sua tia Audrey e a arrastaram longe. Tinham montado um resgate mas... O dano estava feito. Tal como Jasmine. Ela tentou desesperadamente parar seus pensamentos. Estava em um banho quente com um surpreendentemente belo homem - maior que a vida - e de tão emocionada quase tinha se esquecido desse pequeno detalhe. — Solange? — Seus dedos continuaram a trabalhar sua magia abaixo do seu braço. — Você faria se pudesse? Removeria esses tributos? Ela fechou os olhos e permitiu que ele puxasse sua cabeça até que descansasse contra seu peito quando levantou outro braço e começou aquela massagem lenta, calmante. Nunca tinha pensado nas cicatrizes como emblemas ou tributo. Eram? Tinha pensado nas cicatrizes com ódio e raiva, uma lembrança de quem era seu pai, que sangue carregava nas suas veias. Ela nunca considerou os pequenos pontos brancos como algo belo - um tributo para o amor de sua mãe, sua família. — Você pode retirá-los? — Seria possível? — Possivelmente. — Seu tom foi reservado. Solange não tentou olhar para ele; simplesmente relaxou, sua cabeça descansando no peito enquanto ele massageava seu braço, sabendo que esperaria com paciência infinita por sua resposta. Ela amava aquela calma nele, a falta de raiva e necessidade de vingança. Era conduzida por tantas emoções destrutivas, que precisava desesperadamente da calma no meio da fúria selvagem que tornava tão dura. Quando estava perto dele assim, sentia-se estável. Segura. Consolada. Ela poderia estar desequilibrada, mas enquanto não pensava em homem e mulher, podia suspender a luta e apenas ficar parada. Ele levou sua boca ao ombro onde as feridas estavam. — Ele quase te conseguiu hoje. Ela assentiu com cabeça. — Estava apavorada. Não quero que ele coloque suas mãos em mim novamente. Joguei-me no rio, como a pobre Annabelle. — Ela apertou os dedos nas têmporas e sacudiu a cabeça. — Abandonei-a lá. No rio. Para emboscá-los. Não me preocupo com o homem jaguar, ele pode apodrecer lá. Mas não a posso tirar da minha mente. Devia ter tentado encontrar seu corpo. — Encontrei seu corpo e a enterrei fundo onde nenhum ser humano, animal ou jaguar a encontrará. Retirei todo o odor da área. Ela está segura deles. O alívio foi esmagador. Solange se inclinou atrás e descansou a cabeça no seu peito mais uma vez. — Obrigada. Nunca deixei uma mulher sozinha na sua morte. Faço meu melhor por elas, mesmo se não puder salvá-las. Ela teria me assombrado se não fosse enterrada ou queimada apropriadamente. Seus braços a rodearam, apenas sob seus seios, a abraçando. — Está feito, sívamet - meu coração. Você pode descansar agora. Sentiu-se relaxada, a tensão finalmente saindo completamente dela. Seus braços a mantinham segura, e quando fechou seus olhos se permitiu ir à deriva um pouco apenas para apreciar a

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sensação dele a abraçando. Isto, então, era o que as outras mulheres sentiam. Parte de alguém. Cuidadas. — Não poderia. — Ela murmurou. — Não poderia? — Ele repetiu. — Remover minhas cicatrizes. São parte de mim, parte de quem sou agora. Não gosto de estar com raiva e matar me deixa doente. Depois de um tempo me pergunto se sou tão má como eles, mas de certa forma, você tem razão sobre as cicatrizes. Não me quebrei. Não o deixei me usar e me converter em algo débil e incapaz. Honrei minha mãe e a memória de meu padrasto, bem como dos nossos amigos e meus dois irmãos mais jovens. — Correu os seus dedos sobre seus braços, pela primeira vez vendo sua pele diferente. Um tributo, não algo tão feio. — Você é um presente, Solange. Um presente incrível, inestimável. —Ele ignorou seu cabelo molhado e depositou um beijo ao longo do seu pescoço. Sem outra palavra a levantou nos braços e saiu da bacia. Ela abriu sua boca para protestar. A água era um casulo de calor. Pela primeira vez que podia lembrar, ela estava protegida e confortada, e não queria que terminasse. Mas havia algo implacável em sua expressão. As linhas estavam marcadas profundamente. Seus olhos eram novamente um azul profundo, e havia uma insinuação de posse lá que a deixava secretamente emocionada. A caverna devia estar fria, e Solange estava preparada para tremer, mas o ar era quente. Tinha providenciado seu conforto mais uma vez. Ele a colocou de pé na frente dele, produziu uma toalha suave do ar, ao modo estranho que Cárpatos podiam produzir roupa, e começou a esfregar suavemente as gotinhas de água do seu corpo. Ela ficou insuportavelmente tímida mais uma vez. Ele estava tão perto, seu calor a envolvendo, seu olhar vagando sobre seu corpo como se lhe pertencesse. Ele não tinha usado de fato aquelas palavras? Era lento e metódico, tomando seu tempo, usando a ponta da toalha para esfregar seus braços secos, mas então repentinamente se inclinou e tirou uma gota de água da ponta do seu seio com a língua. Ela pulou quando faixas de fogo se apressaram ao seu canal feminino, desencadeando uma onda de necessidade. Sua boca se moveu à marca da mordida já curada. As feridas estavam seladas, mas desta vez ele marulhou no tecido danificado até que ela não sentisse mais a marca nela. — Você não precisa fazer isto. — Ela tremeu, não de frio, mas por seu toque sensual. — Você está errada, kessake. — Ele corrigiu. — Nenhum outro homem pode pôr sua marca na minha mulher. Ele não pode prejudicá-la de nenhum modo. Tenho que curá-la ou não poderei viver comigo. Ela deixou. Não sabia por que deixou. Seu toque deveria ser perturbador, possivelmente era excitante - mas não se importou. Nunca tinha experimentado a atenção de alguém antes, muito menos de um homem totalmente enfocado no seu bem-estar. Ele a fazia se sentir especial e bela, quase como uma flor frágil na floresta tropical. Não era, e ambos sabiam, mas durante aqueles poucos minutos quando esbanjava cuidados com ela, não queria que o momento terminasse. Um conto de fadas. Ela fechou os olhos e entregou-se a experiência. O homem perfeito, um guerreiro com olhos mutantes, a calma absoluta no centro de uma tempestade. Ele a achava bela quando era uma perfeita bagunça, terrível. Mas ele fazia isso. De alguma forma, Dominic a fazia

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assim. Ele prestava atenção nos detalhes, e cada vez que encontrava uma mancha preta ou um arranhão, curvava sua cabeça e usava sua boca para curá-lo. O ato era erótico, embora adivinhasse que não tinha essa intenção. Estava focado na sua saúde, não na sua forma. Sua língua encontrou uma ferida pequena nas costas, várias perto das suas nádegas. Suas mãos seguravam seus quadris imóveis enquanto se ocupava de cada uma das feridas. Solange se esforçou para controlar sua respiração. Estava agradecida por ele ter se movido atrás dela assim não admirava seu físico, porque, para ela, ele era a perfeição. Não tinha nenhuma ideia do que aconteceria depois deste encontro com ele, mas aproveitaria este momento e o guardaria no seu coração para sempre. Ele fez um círculo completo até estar na frente dela novamente. Desta vez inclinou-se e roçou um beijo na boca tremente. De repente ele ficou de joelhos na frente dela. Ela não podia se mover. Não conseguia encontrar fôlego. O que um homem como Dominic fazia de joelhos na frente dela? Estava errado. Ela podia lutar lado a lado com ele, e se consideraria sua igual, não importa que fosse um guerreiro sem igual. Mas não era sua igual aqui. Não quando estavam sozinhos. Ela quis protestar, recuar, se entregar, mas não tinha nenhuma ideia de como. — Não posso fazer isto. — Ela conseguiu soltar. Sua voz não era a dela, apenas um som trêmulo que podia ser tomado por medo. Ele olhou para ela com olhos escurecidos de desejo. Seu coração apertou no seu peito. Havia algo convincente no modo como a olhou. Ela era jaguar, usava olhares fixos - mas ficou presa no olhar de um predador. Dominic a olhava como se fosse a mulher mais desejável no mundo - e ela era sua. Ela sacudiu a cabeça, mordendo seu lábio inferior para se impedir de deixar escapar que não era o que ele pensava. — Você merece... — Seus dedos timidamente tocaram as ondas sedosas daquele cabelo, tão preto como a asa de um grande pássaro brilhando no céu. — ... Muito mais. Não posso ser o que você precisa. — Mereço você. — Ele disse, sua voz tão doce como nunca. — Preciso disto. — Ele se inclinou para a frente e capturou gotinhas de água escorrendo por seu quadril diretamente acima da ferida dentada, feia. Ela gritou, o choque da sua boca enviando ondas de calor pelo seu corpo. O roçar do seu cabelo contra suas coxas enviou mil raias de excitação queimando pelas suas pernas de modo que poderia ter caído se não se agarrasse aos seus ombros. Sentiu-o sólido, como uma rocha, alguém em quem podia inclinar-se e apenas se apoiar. E talvez o tenha sido após esse tempo todo. Suas mãos se estenderam para suas coxas. Ele não disse uma palavra, simplesmente posicionou-a com as mãos. Sua respiração a tocou primeiro. O som do seu coração repercutiu pela caverna. Ele cuidadosamente marulhou cada corte, cada arranhão, e quando mais uma vez encontrou as feridas de cortes nas suas costas e nádegas, ela quis chorar com o cuidado que tomou. — O que aconteceu? Ela teve que procurar suas cordas vocais. Ele não a tinha tocado sexualmente, não realmente, mas seu corpo não era mais seu. Flexível e suave, ele pertencia-lhe - ela pertencia-lhe. Ela não sabia

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que tipo de reclamação os Cárpatos faziam com suas companheiras, mas sentia-se reclamada. Sentia como se ele gostasse muito dela como uma joia rara e preciosa. Nada jamais chegou perto de tal sensação antes. — Fiz uma armadilha e ele esperava por mim. Sacrificou seus homens, deixando-os como alvo, e os derrubei a tiros. Estava a ponto de correr quando ele surgiu do nada. É difícil enganar meu jaguar. É muito vigilante, especialmente a qualquer macho na área. Tem que ser. Mas ele estava lá e agora tem o odor do meu sangue. — Quem é ele? — Dominic curvou sua cabeça para frente para dar um beijo nas feridas, seu cabelo a fazendo tremer quando se encostou à sua pele. — Ele se chama Brodrick. Brodrick, o Terrível. Ele é meu pai. Dominic ficou silencioso por um momento, levando seu tempo para subir. Ele envolveu seu corpo na toalha quente e a envolveu nos seus braços. — Fale-me dele. Solange descansou a cabeça contra seu peito e permitiu-se o prazer de rodear sua cintura com seus braços. Podia ouvir o ritmo constante do seu coração, uma batida segura. Onde todos os homens como Dominic estavam? Ela duvidou que merecesse tal homem, não quando não sabia como ser mulher. Mas havia tantas outras mulheres, boas e carinhosas, quem se preocupariam, alimentariam e partilhariam um homem no mundo. Como isto tinha acontecido? Um erro? Possivelmente, mas estava disposta a aceitar o presente dado. Seu tempo estava correndo e talvez o dele também. — Ele matou cada pessoa que amei. Ele mata qualquer mulher ou criança que não possa mudar. Mata cada criança jaguar macho que tenha sangue humano nas suas veias. Os homens que o seguem não são da família real, mas todos mudam e o ajudam a matar nossa gente. — Por que está trabalhando com humanos se os despreza tanto? — Ele fez uma aliança com os vampiros também. Penso que estão compilando um banco de dados de mulheres com capacidade psíquica. Ele visa mulheres que acredita terem sangue jaguar. São raptadas por todo o mundo e trazidas aqui. Se ela pode mudar, tentam emprenhá-la; se não pode, é estuprada, torturada e morta. A aliança inteira é feita numa teia de enganos. Os seres humanos não sabem que estão trabalhando com vampiros que os usam para matar a mesma gente que os protege. Brodrick não pode ser influenciado pelos vampiros, portanto se acredita a salvo deles. E os vampiros estão tentando usar todo mundo para aumentar seus números para derrotar os Cárpatos. Querem todas as mulheres mortas assim não pode haver companheiras para os Cárpatos. Pelo menos, isto é o que acredito. — Como descobriu tudo isto? — Sua mão se aproximou do seu cabelo. — Só recentemente consegui entrar, assim um pouco do que disse são conjecturas. Passo muito tempo recolhendo informação antes de fazer uma incursão. Não tenho nenhuma ajuda, e planejar um resgate com só uma pessoa é extremamente difícil. — Pensei que sua prima... — Tem companheiro. Seu homem não a quer em perigo. Na realidade, eu também não. Jasmine está grávida, e Juliette é muito suave para esta espécie de vida. — Ela suspirou e olhou para

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ele. — Isto não está certo, Dominic. Ela é boa demais para isto. Há um brilho nela e não quero que desapareça nunca. No início fiquei apavorada quando encontrou Riordan, mas posso ver que ele a faz feliz. Sou grata a ele. Ele cuidará de ambas. Seus olhos escureceram. — Você pretende matar Brodrick. — Ele fez uma afirmação, nem boa nem má, nenhum julgamento no seu tom, apenas um fato. — Sim. — Não havia mais nada a dizer. Ela não tinha nenhuma escolha. Ele nunca pararia. Sem ele, os outros homens se dispersariam. Não eram bons homens, e causariam problemas, mas sem liderança, seriam manejáveis. Se saíssem da floresta tropical, a lei os encontraria consequentemente. Dominic passou um copo de água. — Beba. Onde o conseguiu, não tinha a menor ideia, mas pegou-o sem protesto e quando bebeu, ele abriu a terra. — Precisarei do solo para curar minhas feridas completamente. — Ele disse. — Coloquei proteções em volta da sua caverna e nada nos perturbará enquanto dormimos. Solange olhou abaixo na cova profunda. Uns bons 3 metros abaixo. Sua gata podia pular para fora se necessário, mas dormir na terra? Ela queria estar perto dele, mas... Ele sorriu para ela, aquele sorriso lento, sexy que de algum modo transformava seu interior em uma piscina derretida de calor. Como fazia isto? — Você precisa confiar em mim. Confiança. Era um guerreiro respeitado. Tinha vivido mil anos com honra absoluta. Sua palavra era sua honra. Se dizia que ela era dele, que era bela para ele, que era a que queria, deveria ser capaz de aceitar sem todas as dúvidas sobre si mesma. E mais que tudo, devia confiar nele. — Acho que confiança é um presente. — Ela disse em voz baixa. — Um belo presente que tantas mulheres dão naturalmente. Quero isso, Dominic. Mais que tudo, quero esse presente, mas... — Ela diminuiu. Ela era capaz de confiar mais? Seus dedos envolveram sua nuca. — Sua confiança em mim é profunda, Solange. Você não confia em você, a mulher. Você se vê como dois seres. Uma, a guerreira: confiante, incrível na sua resolução, indiferente de como o mundo a vê enquanto resgata as mulheres da sua espécie da brutalidade dos homens. Você vive em um mundo de mentira e violência e entende e aceita as regras. Outro ser é este, aquele que compartilha comigo - seu companheiro verdadeiro. É a outra metade da minha alma. A luz para minha escuridão. Você não a pode ver, porque ela vive na escuridão. Você a enterrou fundo, minha mulher, mas o que não entende, sívamet, é que aprecio isto em você. Não desejo que outros a vejam como eu. Não quero compartilhar esta mulher com ninguém, macho ou fêmea. Este lado de Solange é só meu. Ela sacudiu a cabeça, mas tomou cada palavra no seu coração e manteve cada uma perto dela. — Não se iluda, a guerreira e a mulher não são duas entidades separadas. Você é ambas, e vejo-o claramente. Sei que tenho de compartilhar a guerreira. É um traço forte, e não há como você

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negar. Os eventos formaram o espírito de uma lutadora, aguda e aperfeiçoada nos fogos da agonia. Para sobreviver e assegurar a segurança de mulheres que ama, mulheres que só sobreviveram por que você ajudou, teve que suprimir a luz em você. Mas a luz está lá e posso vê-la. Se eu for o único que o faz, é tudo que importa. Deus a ajudasse, cada palavra tocou sua alma. Ele a viu. A conhecia. A conhecia melhor do que pensava. Ela queria ser tudo para ele, aquela mulher que vivia na luz, pelo menos durante os momentos que pudesse passar com ele. Ela queria dar a ele tudo que quisesse. Ambos tinham tão pouco tempo. Ela aceitava e ele também. Eles se arriscavam em suas trajetórias individuais. Mas este era seu tempo - talvez seu único tempo. Ela levou sua mão ao seu rosto, traçando aquelas linhas fundas, linhas que o faziam parecer um homem tão duro, implacável. Não havia nenhum traço de menino em qualquer lugar. Era todo um homem. Ele não se afastou da sua exploração tímida, nem apressou sua decisão de entrar naquela cova de solo escuro, rico com ele. Ele ficou sob seus dedos e a deixou memorizar seu rosto. — Você quer que eu durma junto com você? — Não a quero nem uma polegada longe de mim, minan. Preciso de você hoje. Ela engoliu cada medo e levantou seu queixo. — Como saberá que estou lá? — Ela daria esta coisinha. O que importava? Era tudo que podia dar. Ela não podia tocar seu corpo, não podia aliviar a excitação feroz. Ele deu e deu, e ela... — Recebo o prazer de te dar prazer, Solange. E você é sempre o bastante graciosa para compartilhar cada momento comigo, embora me permitir na sua mente seja horripilante para você. Saberei que está comigo. — Não entendo por que não me deixa... — Ela não pode articular o que queria, então simplesmente deixou sua mão em volta da sua ereção grossa, dura. A respiração sibilou fora dele. — Não é seguro. — Muito suavemente retirou seus dedos e puxou sua palma ao seu coração. — É suficiente compartilhar seu prazer. Ela duvidava, mas estava muito insegura no momento atual para insistir. Teria que pensar na sua afirmação durante algum tempo. O sangue do vampiro? Ele poderia perder o controle e convertê-la? Ela sabia, falando com Juliette, que o impulso era feroz e inflexível no macho para vincular sua companheira, mas Dominic não mostrava nenhum sinal de precisar vinculá-la, ou querer convertê-la. O que significava? Se tomasse sua palavra que era tudo que queria, então havia outra razão. Ele passou seu braço em volta da sua cintura e os levou a cova profunda. Pouco antes que seus pés assentassem no solo, um pequeno acolchoado fino cobriu um lado do chão de terra. Seus pés nus aterrissaram no material. Ele afundou no solo e deixou sair um suspiro. — Juliette tentou me descrever como era ser rejuvenescida pela terra, mas não consegui entender. — Você gostaria que eu compartilhasse a experiência com você, kessake? — Ele se instalou no berço de terra escura, rica e estendeu a mão para ela. Ela pegou sua mão e permitiu que a deitasse ao seu lado. Ela se acomodou contra ele,

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ondulando como o gato que era, uma mão jogada corajosamente em seu peito. — Sim. — Ela queria cada experiência com ele que pudesse ter. Ninguém, provavelmente, jamais saberia sobre Dominic, seu amante de sonho. Ele era só seu, e talvez fosse como deveria ser. Tinha feito muitas coisas terríveis na sua vida, uma série de pecados. Na floresta tropical, dizia a si mesma que era matar ou morrer, mas a verdade era que ela determinava quem vivia e quem morria. Se tinha dois homens jaguar a vista, ela aspirava a ambos, mas o primeiro era sempre o que considerasse o mais perigoso e violento. Esses momentos de felicidade roubados com Dominic compensariam uma vida sem. Ele deu um beijo em cima da sua cabeça e logo acenou com a mão. Outro acolchoado se instalou por cima dela. — Enquanto durmo, se acordar, não quero que sinta frio. Ela tocou o acolchoado requintado com símbolos tecidos nele. O material era suave, verde escuro, como sua floresta, com animais bordados em quadrados junto aos símbolos. Ela se encontrou traçando cada um com dedos leves. — Isto é bonito. — A mulher de Gabriel os faz para nós. Ela tece o que for necessário. Eu quero a confortar e trazer paz a sua mente. Parecerei morto, Solange, sem respiração ou batida de coração. Você não pode se apavorar. Ela sorriu à ordem na sua voz. — Não me apavoro facilmente. Bem, não por via de regra. Você definitivamente me surpreendeu. — Sendo real? — Sim. Ele riu baixinho. — Você me surpreendeu também. Tempos ruins, päläfertiil. Talvez o pior momento de qualquer par na história. Ela virou as palavras na sua mente. — Precisava de tempo para crescer, Dominic. Havia tanta raiva em mim, tanto ódio pelos homens que mataram minha família, que estiveram cometendo sistematicamente o genocídio na nossa própria gente porque acreditam na necessidade de linhas de sangue puras. Odiei por tanto tempo e que não podia distinguir entre aqueles homens que destruíram nossa espécie e outros homens. Foi só quando Juliette encontrou seu companheiro, e vi a honra nele, que diminuí minha raiva. Ele tirou o cabelo do seu rosto com dedos doces. Ela se lembrava daquelas mesmas carícias sensíveis do seu homem de sonho e seu coração tremulou no peito. Ele se parecia tanto com a imagem que tinha evocado, e ainda assim um pouco assustador. Principalmente porque ela queria trazer-lhe a mesma paz e alegria que ele dava a ela. Ele esfregou o nariz no topo da sua cabeça, e ao mesmo tempo fundiu sua mente com a dela, pegando os pensamentos não tão altruístas, mas a necessidade de devolver o que ele dava. Dominic suspirou. Não arriscarei com você.

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Ele podia sentir a necessidade que a arranhava, viu as imagens eróticas na sua mente, mas não seria capaz de encontrar o controle que o impediria de reclamá-la tanto com seu corpo como sua alma. Ele a ansiava. Uma necessidade escura que crescia quanto mais tempo passava com ela. Seu primeiro dever era protegê-la, até dele. Ele tinha o sangue de um vampiro correndo nas suas veias, e com o veneno ácido de milhares de parasitas gananciosos que trabalhavam para consumi-lo de dentro para fora - embora... As criaturas vis estivessem imóveis. Nenhum deles se movia nele. Não havia nenhuma ordem sussurrada, e nenhum ataque, dor implacável, não desde que estava perto da sua companheira. Por que isto? Como podia ser? Companheiras podiam prover tal consolo até para um já perdido? Ele respirou fundo. A noite terminava. O sol subia firme no céu. Estava fundo abaixo da terra, mas podia sentir os efeitos em seu corpo. Logo seria um peso de chumbo e seu coração deixaria de bater. Sentiu a respiração aguda de Solange e soube que ela experimentava a sensação espinhosa na sua pele, a queimação sob sua pele em todos os nervos. Ele relaxou na riqueza da cama de terra. A terra deu as boas-vindas a ele, sussurrando, a abundância de minerais imediatamente penetrando nos seus poros, enriquecendo seu corpo, apressando-se a curar cada ferida, os cortes longos causados pela espada na sua carne. Zacarias tinha ajudado a apressar a cura, mas aqui na terra era onde encontraria a medicina natural da sua espécie. O espanto de Solange o encantou. Ela pôs sua mão no solo entre eles e permitiu que deslizasse pelos seus dedos. — Não tinha nenhuma ideia. Todo este tempo andei nele e não o senti vivo, vivendo e respirando com cura. Mesmo não sendo para a minha espécie, é um milagre o que a terra faz para a sua. — Ela dá boas-vindas a nós como seus filhos. — Ele tentou exprimir em palavras que ela pudesse entender, embora pudesse sentir sua aceitação. Ele os cobriria de terra, mas não seus rostos. Diferente dele, Solange precisaria de ar para respirar. Ele se moveu, e as exigências doloridas do seu corpo se moveram com ele. — Eu podia... — Ela parou quando ele pôs a mão na sua cabeça e a puxou ao seu peito. — Você não pode me tentar, Solange. Batalho com a minha honra. A honra é importante para mim. E você - você é meu presente mais precioso. Nunca poderia viver comigo se meu egoísmo a colocasse em perigo. Vá dormir e será o bastante segurá-la nos meus braços. Ele tinha cantado no seu sonho compartilhado, e o fez agora, sua canção para ela, a melodia assombrosa, todas as coisas que sempre quis dizer a sua companheira. Estive meio-vivo durante mil anos. Abandonei toda esperança de nos encontrarmos neste tempo. Muitos séculos. Tudo desaparece enquanto o tempo e a escuridão roubam a cor e a rima.

Capítulo 8

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“Você pode encontrar beleza nesta mulher tosca? Você pode vir a amar uma metamorfo como eu?”

— Solange para Dominic O jaguar feminino cheirou sangue. O odor estava nas suas narinas e ela apressou o passo, abrindo caminho ao longo dos galhos, cuidadosa para não deslizar. Ela ignorava os animais subindo com dificuldade para sair do seu caminho. Ela não tinha tempo para caçá-los, tudo com que se preocupava era encontrar sua mãe. Tinha conseguido finalmente seu rastro depois de quatro longos anos. Tia Audrey estava com ela e Juliette cuidava de Jasmine, ainda muito jovem. Solange tinha discutido com sua tia por horas, mas no fim, ela só tinha doze anos, e Audrey era adulta. Ela sabia que não deviam ter trazido Jasmine na missão de resgate, mas não tinham onde deixá-la em segurança. Audrey tinha razão sobre isto, mas a presença da filhote dobrava o perigo para todas elas. Já o jaguar de Solange era uma lutadora feroz e ela tinha aprendido a lidar com armas, em particular pistolas. Praticava noite e dia. Gastou centenas de cartuchos de munição, que era difícil obter. Lançava facas quando não disparava armas. E praticou na floresta discrição e rastreamento, às vezes chegava perto de um jaguar masculino, a ponto de estender a mão para tocá-lo, mas ele nunca sabia que ela estava lá. Audrey muitas vezes a punia por isto, mas Solange não se preocupava. Foi tudo por essa razão. Este momento. O regresso de sua mãe. Solange pulou de um galho ao seguinte, e finalmente ao chão da floresta. O odor do jaguar masculino era forte em todas as partes da área. Seu coração batia tão rápido. Sua mãe. Solange a amava ferozmente e tinha jurado, de pé sobre seu padrasto e irmãos, que a recuperaria. Ela tinha escapado furtivamente tantas vezes, desaparecendo no interior da floresta tropical por dias, seguindo a pista dos homens jaguar. Eles se moviam constantemente, e ela sabia que uma vez que pegasse o odor de sua mãe, se perdesse esta oportunidade, nunca a recuperariam. Audrey estava dividida entre a proteção das crianças e o regresso de sua irmã. No fim, Juliette e Solange a tinham persuadido, ou possivelmente fosse saber que Solange iria sozinha. Sua infância tinha terminado lá na clareira com os corpos dos seus amados a rodeando. Ela nunca dormiu sem ouvir os gritos dos mortos e moribundos, ou o som da dor de sua mãe quando os homens jaguar arrancaram sua filha de seus braços e a arrastaram para casa para torturá-la. Ela sabia aonde o rastro conduzia agora. Os homens moviam os presos muitas vezes, mas usavam estruturas existentes quando já estavam em movimento. Próximo estava uma velha cabana construída nas árvores, longe do chão. Era raramente usada, mas os jaguares saberiam sobre ela e provavelmente a usariam. Seu jaguar era pequeno ainda, movendo-se pela floresta ao longo das trilhas, deslizando sob grandes folhas como guarda-chuvas quando infalivelmente se moveu perto das duas árvores que apoiavam a estrutura. Em algum lugar atrás dela estava sua tia Audrey, pronta para protegê-las se Solange estivesse certa e sua mãe era prisioneira naquela casa. Seu coração bateu alto, muito alto, quando deixou a segurança da folhagem e subiu às árvores mais uma vez. Ela avistou um sentinela nos ramos acima da coberta de madeira. O jaguar estava nas sombras da copa, sonolento, quase cochilando, só a

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ponta do seu rabo ocasionalmente se contraindo. Solange manteve um olho atento sobre ele enquanto rastejava ao longo do galho torcido. Ela tremia com medo e antecipação. Tinha sonhado com este momento, rezado por ele, passou os últimos quatro anos se preparando para ele. Agora que o momento chegou, mal conseguia se controlar. Precisava de cada gota de discrição que tinha trabalhado para se manter lenta, palmo-apalmo da sua espécie para não chamar a atenção do sentinela. Quanto mais perto chegava da casa muito pequena, mais o odor de sua mãe enchia seus pulmões. Ela se arrastou através do meio metro de cobertura escassa para chegar ao alpendre. Estava agora fora da vista do sentinela. Ela levantou-se e perscrutou na janela suja. Metade de uma mulher estava sentada no chão, um colar em volta do seu pescoço, suas mãos atadas atrás dela. Seu rosto estava inchado, um olho fechado. Um corte no seu lábio escoava sangue e havia hematomas no rosto e pescoço e abaixo nos seus braços. Solange não a reconheceu por um momento. Estava magra, como um esqueleto, e o outrora cabelo glorioso caía emaranhado coberto de sujeira. Ela levantou a cabeça lentamente e abriu o olho bom. Olharam uma a outra, Solange temendo que seu coração partisse. O fogo havia partido de sua mãe, deixando uma concha vazia no lugar. Solange olhou em torno da sala. Sua mãe estava sozinha. Era agora ou nunca. Ela deslizou no interior e se apressou através do espaço. Usou seus dentes nas cordas que atavam sua mãe. Sabine Sangria sacudiu sua cabeça, lágrimas caindo dos seus olhos. — Você não devia ter vindo, bebê. — Ela sussurrou. Solange empurrou a cabeça contra sua mãe, o único modo que podia transmitir seu amor profundo. Tinham que se apressar. Não havia tempo para se lançar nos braços de sua mãe. Tinham que partir antes que os outros voltassem. Ela olhou a luta de sua mãe para ficar em pé e coxear lentamente através do chão até a porta. Ambas perscrutaram fora. Solange começou a abrir caminho fora da sala, mas sua mãe deixou cair a mão no seu ombro. Solange fez uma pausa e levantou os olhos. — Nunca os deixe levá-la viva, Solange. Você entende? Eles são piores que monstros, e você não pode deixá-los nunca colocar as mãos em você. Solange assentiu. Ela os tinha visto. Tinha visto muitas mulheres depois que os homens jaguar tinham posto suas mãos nelas para não conhecer a brutalidade desses homens. — Audrey? As meninas? — Havia inquietude na voz de Sabine. Solange indicou com a cabeça que esperavam fora. Sabine assentiu e Solange saiu pela porta, seu coração quase estourando de alegria. Não podia esperar para pôr seus braços em volta de sua mãe e somente a abraçar. Quatro anos de trabalho para este momento e estava tão perto. Ela se forçou a ir lentamente através daquele espaço aberto. Ela se virou para olhar como sua mãe mudava. Mal conseguia tirar os olhos da sua mãe. Era chocante ver o esforço que custou mudar, a dor ofegante tanto da humana como do animal. Sua mãe tinha danos internos? Ossos quebrados? Só aquela espécie de dor podia afetar o gato. Solange tentou vigiar sua mãe enquanto cuidadosamente cruzavam aquele espaço quase aberto no galho juntas e saíam furtivamente pela copa em direção à liberdade.

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Quando colocaram um bom quilômetro e meio entre elas e o sentinela jaguar, Solange permitiu a alegria estourar por ela. Elas tinham feito. Tinham finalmente recuperado sua mãe. Ela queria chorar de felicidade. O pequeno filhote repentinamente gritou e mudou na forma humana, e Jasmine quase caiu da copa. Não fez nenhum som, uma criança já bem versada na necessidade do silêncio absoluto. Nunca foi capaz de manter a forma jaguar por muito tempo. Seu pai era humano. Se estivesse na aldeia no dia que Brodrick veio, teria sido morta com os outros. Esperaram enquanto ela desajeitadamente rastejou para trás de sua irmã e, por ela estar na forma humana e ser muito perigoso continuar a se mover pelas copas, abriram seu caminho pelo chão. Audrey tinha as armas escondidas em uma bolsa em volta do seu pescoço, mas ainda assim, se moveram rápido. Cada passo iluminava mais o coração de Solange. Sua mãe. Ela sonhava com ela à noite, acordando mais de uma vez chamando sua mãe. Mal podia acreditar que tinham conseguido de fato a encontrar. Um silêncio súbito na canópia a congelou. Um macaco sentinela deu um aviso. Um pássaro gritou. Seu coração quase parou. Ela reagiu imediatamente, ainda uma criança, mas já experiente. Ela mudou imediatamente e pegou a bolsa de armas do pescoço de Audrey e sinalizou para Juliette correr com Jasmine. Juliette a levaria pela água para não deixar pistas. Audrey e Solange atrasariam os seguintes para dar a Juliette melhor possibilidade de escapar com Jasmine. Ela desceu para a terra e rapidamente chegou à bolsa para arrancar uma arma. A mão de sua mãe no seu pulso a parou. Ela, também, tinha mudado à forma humana. Muito suavemente puxou a arma na mão de Solange. Solange sacudiu sua cabeça obstinadamente, segurando. — Me dê, bebê. — Disse Sabine. Solange viu sua mãe, tomada por manchas pretas e cicatrizes, a caixa torácica disforme, os sinais de brutalidade que tinha aguentado esses últimos quatro anos. — Vá com sua tia agora. — Não. Você vai com ela. Sou boa atiradora. — Você não pode conter todos. Faça como digo. — Sabine apertou-a durante breves segundos. — Nunca os deixe pegá-la viva, Solange. — Ela sussurrou. — Amo você, bebê. Vá com sua tia agora. — Ela empurrou Solange para sua irmã. — Obrigada, todas vocês. Entendimento correu por Solange. Sua mãe ia repelir os atacantes para permitir que o resto delas escapasse. E morreria aqui. Ela sacudiu sua cabeça, abriu a boca para gritar um protesto, mas Audrey, com força surpreendente, tapou a boca de Solange, enrolou um braço em volta da sua cintura e virou correndo com ela. Solange gritou e gritou. Nenhum som saiu da sua garganta. Ela ouviu os tiros do rifle e logo o som horrível da luta de jaguares. Ela gritou novamente, chamando sua mãe. Novamente não houve nenhum som, nada. Ela não podia chorar. Não podia olhar para ninguém. A dor que tinha era tão profunda que não tinha como exprimir. Solange encontrou-se balançando para frente e para trás, segurando o acolchoado, as memórias se recusando a retroceder, como sempre quando se lembrava. Mãe, ela sussurrou baixinho, eu queria ir com você. Solange, a Insensível, tinha nascido naquele dia. A filha da sua mãe estava morta. Nunca

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conseguiu ter sua mãe próximo novamente, nem mesmo seu corpo. A tinham queimado e não tinham deixado nenhum traço para Solange marcar. Ela percebeu que algo dentro dela morreu naquele dia, algo que nunca pode regressar. Ela treinou diariamente para se tornar o que era agora – uma assassina. Alimentou sua fúria para se manter a cada dia. Mas não era mais Solange. Eles a tinham matado naquela tarde quente, tão certo como mataram sua mãe. Ela estava sozinha. Ninguém podia entender a mudança que teve lugar naquele dia. Tinha feito um voto, jurado sobre o sangue de sua mãe, e em seguida, quando tinha feito sua peregrinação de volta a sua aldeia, jurando por cima do resto da sua família - ela nunca mais viraria as costas a outras mulheres que precisassem dela. Ela ficaria sozinha. Fél ku kuuluaak sívam belso - amada. A voz se moveu na sua cabeça. Suave. Terna mesmo. Você não está mais sozinha. Eu vejo. Ouço seus gritos e compartilho sua dor. Solange ouviu a verdade na voz de Dominic. Ele tinha compartilhado suas memórias. Tão violentas e vívidas como eram, cada detalhe gravado para sempre na sua mente, ela tinha perturbado seu sono, empurrando aquelas memórias nele sem seu conhecimento. Sua própria irmã querida e seu companheiro tinham sido arrancados dele. Ele tinha passado várias vidas tentando encontrá-la, só para descobrir que tinha sido há muito torturada e morta. Sim, ele realmente conhecia a dor e angústia dentro dela, a morte lenta de tudo que era bom. Ela empurrou o acolchoado contra a boca, ainda se balançando lentamente. Se o olhasse na escuridão, o veria com os olhos do seu gato, mas não queria ver a morte, vê-lo sem batida do coração, sem respiração, não quando a morte de sua mãe era tão próxima. Não suportaria vê-lo desse modo. Não agora. Não com o passado tão próximo e sua vida fechando em volta dela. Não morto, avio päläfertiil — minha companheira. A terra me mantém em seus braços e me cura. Alimenta-me do seu modo. Isto é vida, apenas uma versão diferente do que conhece. — Tenho de sair e respirar. — Ela não podia dormir. Precisava perder-se em sua gata, rondar a floresta tropical e procurar - por ele. Acho que não, gatinha. Se tem de mudar, naturalmente deve fazer, em particular se alivia sua mente, mas não pode sair caçando-o no seu presente estado de espírito. Você seria morta. Você está buscando a morte. — Poderia ser verdade. — Ela disse, disposta a admitir a possibilidade que tivesse razão sobre sua busca pela morte. — Mas infelizmente para você, está morto ou não morto, e não pode fazer nada para me impedir. O divertimento encheu sua mente. Sou um Cárpato antigo, minan, e muito mais poderoso do que pode imaginar. Sou seu companheiro e é meu dever velar por sua saúde. Não pense que porque sou doce com você, não tenho capacidade de cuidar das suas necessidades. Qualquer outro que dissesse aquelas palavras para ela, Solange teria ridicularizado, mas Dominic era Cárpato, e ela tinha visto e sentido seu poder. E tinha algum tipo de poder sobre ela. Um que não entendia o bastante. Você pode tentar naturalmente, Solange, mas iria contra minha vontade e me desapontaria. Novamente não havia julgamento na sua voz, nenhuma raiva. Ele simplesmente esperava que ela tomasse sua decisão.

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Seu coração apertou duro no seu peito. A dor era tão real que ela apertou o acolchoado forte com seus punhos no coração dolorido e logo pousou seu rosto no material suave. Ela não estava chorando. Ela estava na forma humana. Seu braço se moveu. Ela sentiu. Ele tocou seu cabelo e ela sentiu o esforço tremendo que ele fazia. Nunca tive o prazer de descansar junto a um jaguar. Isso foi tudo. Uma frase simples, mas Solange fechou seus olhos, agradecida por tudo, por nada, empurrando as memórias longe. Ela respirou e se forçou a olhá-lo. Era tão bonito. Cada músculo cuidadosamente trabalhado, e a grossura dos seus braços e peito a fazia se sentir pequena em comparação, quase feminina. Ela se debruçou nele, seus seios roçando seu peito, quase rastejando nele para estudar seu rosto. Seus olhos estavam fechados, mas sentiu que ele a via. Talvez estivesse só na sua mente, mas não sentia assim. Sentia como se seu poder enchesse a câmara e a rodeasse de calor, de aceitação. Ele não pensava menos dela porque chorou. Ou se enfureceu. Ou assassinou. Ele aceitava tudo sobre ela. Ela duvidava que pensasse menos dela se tentasse partir, e não havia dúvida na sua mente que nem ela nem seu jaguar encontrariam um caminho fora da câmara. Ela não ia desperdiçar sua força tentando. Você não o quer desapontar, sua guerreira zombou. Ela montou sobre ele e se abaixou, as mãos enquadrando seu rosto. Ele era tão incrível, este homem que pensava não encontrar nunca. Ela não sabia nem como ele podia existir. Estava na sua mente, sabia que era um homem que protegeria uma mulher, lutaria até a morte por ela. Ela passou os dedos ligeiramente por cima dos seus traços fortes. Não era nenhum menino. Um rosto forte, para um homem forte. Tinha escolhido o dever à sua gente, uma coisa que ela entendia. Ele pensava em morrer. — Há tantos homens terríveis no mundo, Dominic, homens que fazem coisas horríveis aos mais fracos somente porque podem. Não entendo mais. Por que você escolheu uma missão tão terrível, e não um deles? Eu escolhi, fél ku kuuluaak sívam belso - amada. Não sabia que você estava neste mundo. Eu ia à vida seguinte na esperança de achar você. É claro que ele estava ciente das suas mãos nele. Ela suspirou e rolou, temerosa de ser muito carente de seu toque, de sua sabedoria. De sua companhia. — Você teria decidido não seguir esta missão então? Se soubesse sobre mim, teria permitido que outro tomasse seu lugar? Uma imagem de Zacarias entrou na sua mente. Ele se ofereceu. Quis que eu fosse a um curandeiro e tentasse retirar o sangue. Disse que entraria no meu lugar. Seu coração se contraía enquanto ele repetia a imagem na sua cabeça. — Como sou sua família? Desprezei-o. Ele é muito... Dominante. — Ela se envergonhou. — Não tinha nenhuma ideia que faria tal coisa por uma mulher que nunca encontrou. Ele ama seus irmãos. Sua memória daquele amor e da sua honra o manteve por todos esses infinitos anos, Solange. Ele acredita que não pode viver com uma mulher que se ressentiria da sua dominância. Ele tem pouca coisa, além do serviço àqueles que ama. Ela apertou forte as palmas das mãos nos seus olhos.

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— Por que você não disse sim? — Seu coração batia forte, esperando pela resposta. Tenho maiores chances de lutar contra o puxão da chamada da sede de sangue. Sou Dragonseeker. Não vou, para meu próprio prazer, transferir este trabalho a alguém. Escolhi este caminho e devo segui-lo. Ela soltou a respiração. Naturalmente ele faria a coisa certa. Tinha honra. — Quando Juliette encontrou Riordan no laboratório, Jasmine foi levada. Conseguiram por as mãos em minha mãe, minha tia e pouco depois em Jasmine, embora eu tivesse feito um juramento para protegê-las, especialmente ela. Havia um jaguar que podia mudar parcialmente. Eu nunca tinha visto nada assim. Nenhuma de nós podia fazer isto, não minha mãe, e não a Tia Audrey. Eu soube como eram fortes quando vi isto. Ela ficou em silêncio e ele simplesmente esperou que continuasse. O silêncio se esticou por um longo tempo, mas nunca se mexeu, nem mesmo na sua mente. Ela podia sentir sua presença lá, mas não a empurrou. Se quisesse compartilhar, ele escutaria, mas não forçaria sua confiança. Solange suspirou. Nunca precisou de ninguém, e contar seus segredos era assustador e ainda libertador. Ela respeitava suas habilidades como guerreiro. Queria ter sucesso na morte de Brodrick. Não queria morrer em vão e deixar seu pai de nascimento atrás para continuar sua purificação vil de qualquer cepa jaguar que não fosse pura. — Comecei a praticar. Corrida e mudança. Pular de árvores e mudança. Acima de tudo, mudar parcialmente, e fiquei muito boa nisso. Os puro-sangue podem fazer coisas que outros jaguares não podem. O meu sangue é puro, Dominic, mas também é real. Pelo que sei só há duas pessoas na terra com meu tipo de sangue. Ela tocou as marcas de mordida quase sumidas do seu ombro, graças aos cuidados de Dominic. — Sou muito mais rápida do que ele pensa. Talvez tão rápida ou mais do que ele. Portanto seu plano é confrontá-lo. Ela ouviu a repreensão na sua voz, mas como sempre soava estritamente neutro. — É a coisa última que vai esperar. E sabe que sou sua filha agora, que carrego o sangue real. Tão vil como é, acreditará que sou a sua possibilidade de um herdeiro. Ele não é da espécie de homem que permitiria que uma pequena coisa como o incesto o detivesse. Você acredita que ele hesitará em te matar, que procurará incapacitá-la de alguma maneira. — O que será outra vantagem. Ele pôs seus dentes em você, suas garras. — Mas sua mordida foi no ombro, não no meu pescoço. Sua mão se aproximou para acariciar as cicatrizes lá, onde, há tanto tempo, as garras de Brodrick tinham cortado seu pescoço num esforço para matá-la. Ela tinha se movido o suficiente para ser mais superficial do que ele desejava? Ela não tinha nenhuma ideia do que a salvou. Ela se lembrava da sua cara, torcida com repugnância, sangue respingado através dele, e aqueles olhos maus que a faziam desviar os seus. Ele a tinha agarrado pelo cabelo e tinha corrido sua garra através do seu pescoço e depois, como as meninas antes dela, a lançado ao exterior da cabana na clareira com os outros corpos que considerava lixo. Então tentará mantê-la viva. E se você não tiver sucesso na morte dele e ele a capturar, a

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forçará a carregar sua criança, tal como o mago forçou minha irmã a carregar a dele. Seu coração doeu por ele. Não tinha considerado como o cenário era semelhante ao de seu passado. Seu tom da voz não acusou nada, entretanto, havia repreensão lá, nas suas palavras. Ela lamentava não poder tranquilizá-lo, mas não mentiria. — Encontrarei um modo de me suicidar antes que isto aconteça. Você sabe que é inaceitável. Ela bufou e lentamente se esticou, lânguida como um gato preguiçoso. — Você deve saber. Seu plano é igualmente estúpido. Você é muito valente quando não posso me mover. Ela se encontrou sorrindo. Isto era o que ela estava mais familiarizada. Na escuridão, podia fingir que era um homem de sonho e não um real de carne e sangue. Ela não tinha nenhuma inibição com este homem. Podiam jogar seu xadrez verbal muito tempo na noite e estava absolutamente segura. Ela mudou na sua forma de jaguar e a gata se enrolou em volta dele, o vigiando, desafiando alguém ou algo a tentar prejudicá-lo. Com certeza, ela concordou, segura na forma do grande gato. Mas não faz nada que digo menos razoável. Você planeja entrar no campo do inimigo, ouvir seus planos, retransmiti-los a Zacarias e sair lutando. Não é a mesma coisa? Ele ficou em silêncio por um momento, e dentro do corpo do jaguar, Solange sorriu de modo afetado. Ela se sentia perfeita agora. Ele a tinha desequilibrado com sua masculinidade absoluta e sua sexualidade flagrante, mas agora estava de volta ao seu jogo. Igualados. Não é a mesma coisa. Eu não sabia que você estava neste mundo quando ingeri o sangue de vampiro. Você, contudo, sabe que existo. Isto a acendeu. Você está planejando morrer por causa do sangue de vampiro? É por isto que não tentará deixar o campo sem eles suspeitarem da espionagem? Ela não tinha pensado nisso. Deveria ter. É claro que pensaria que o sangue o converteria eventualmente na mesma coisa contra a que lutava. Nenhum curador será capaz de retirar todos os parasitas do meu corpo. Houve uma mulher jovem que viveu com eles por anos, mas não eram mutantes como são agora. Eles são fortes e se multiplicam rápido. Não podia ouvir pesar na sua voz, e era uma das coisas que admirava nele. Ele não desperdiçava seu tempo com arrependimento. Entrava por um caminho e pretendia segui-lo apesar das circunstâncias que tinham modificado tudo. Ela respirou fundo e revelou a verdade, segura dentro do corpo da sua gata. Seu segredo mais terrível e maravilhoso. O segredo que sabia traria cada vampiro sobre ela, bem como cada membro da raça Cárpata. Meu sangue mata os parasitas. Ela deu-lhe a verdade como um presente. Só Dominic saberia a enormidade do custo que a admissão era para ela. Nunca tinha confiado a ninguém, nem mesmo Juliette, aquele conhecimento acidental que tinha descoberto. Seu sangue resistia à atração do vampiro, suas sugestões hipnóticas. Sabia que havia algo que chamava os magos também. Não era sobre ser um jaguar de sangue puro;

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era sua linhagem real, a linhagem que seu pai tinha conseguido destruir. Sabia que se alguém descobrisse sobre ela, a trancariam em um laboratório e ela nunca escaparia. Brodrick ainda não tinha percebido a importância do que magos, vampiros e até seres humanos procuravam. Estava muito concentrado na sua missão de destruir todos aqueles da sua espécie que não podem mudar, que considerava impuros. Como você pode saber isto? Mesmo dentro do jaguar seu coração deu pancadas em alarme. Não havia nenhuma diferença na sua voz, mas algo... Recolho informação todo o tempo. Sento nas árvores fora do laboratório e escuto guardas, homens jaguar, magos, até vampiros. Eles nunca são conscientes da minha presença. Notei que raramente são conscientes de Brodrick até que ele se mostre, no entanto os vampiros e a maior parte dos magos sempre parecem saber quando outros homens jaguar estão próximos. Portanto algo deve ser diferente em Brodrick e em mim. Dominic se agitou na sua mente, inundando-a com calor como muitas vezes fazia nos seus intercâmbios quando ela achava difícil dizer algo. Uma pequena cutucada de encorajamento. Mas isto - isto era monumental e ela sabia. Algumas semanas atrás, quebrei seu laboratório. Ouvi que Annabelle tinha sido tomada e muitas vezes levam os presos lá agora. Eles têm forte segurança e poucos presos conseguem escapar. Eu tinha que conhecer o layout do edifício. E quis dar uma olhada nos computadores. Ela teve que ir sozinha. Juliette a ajudava cada vez menos, e só se Riordan fosse com elas. Muitas mulheres deslizavam pelas fendas. Ela não podia culpar Riordan. Ele e seus irmãos tinham tanto território para proteger que não podia estar em todos os lugares num dia, mais do que ela podia. Ela tinha ido sem dizer a Juliette ou Jasmine. Cada vez mais ela partia por períodos longos, evitando as fazendas dos De La Cruz e suas muitas casas espalhadas por todas as partes dos países que bordejavam com a floresta tropical. Tinha aprendido a confiar só nela. Era muito boa se escondendo bem debaixo dos narizes dos seres humanos e até homens jaguar. Os magos e vampiros a tinham apavorado até que descobriu que não podiam sentir sua presença. Consegui entrar no laboratório por uma janela que tinham barreado, mas as barras não estavam bem soldadas. Fui capaz de soltá-las e logo as colocar como se estivessem intactas. Verifiquei suas câmeras de segurança e encontrei as salas onde mantinham os presos. Os computadores foram difíceis - eu realmente não sei muito sobre eles - mas encontrei um lugar na sala onde pude me ocultar. Fiquei por horas. Dominic permanecia calado, mas por dentro podia sentir a insurreição da besta, um macho Cárpato vendo sua companheira em perigo extremo. Ela não disse como tinha se encolhido o máximo possível e ficado absolutamente imóvel, seus músculos enrijecendo até que temesse não ser capaz de andar novamente, mas ele pegou as imagens e o medo muito real de ser apanhada saindo dela. Mudando, ela não tinha nenhuma roupa, uma mulher solitária nua no coração do campo inimigo. A sua coragem o apavorou, mas seu orgulho e respeito por ela cresceram mais. Ela tinha

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nervos de aço, mas quando veio a ele, estava aberta e vulnerável. Ele não esperava amá-la. Respeitar, admirar, proteger e cuidar, sim; até luxúria depois. Mas ver a imagem dela, quase curvada pela metade, encolhida, mas se forçando a reunir a informação necessária para ajudar as mulheres da sua espécie, trouxe uma emoção esmagadora que estourou por ele como um vulcão. Ele não podia segurá-la enquanto ela contava, mas podia rodeá-la de calor e o fez, envolvendo-a no seu amor. Ouvi os técnicos falando para frente e para trás. No início realmente não entendi, mas finalmente percebi que investigavam genética, procurando mulheres psíquicas. Os jaguares têm capacidades psíquicas, portanto eu soube como encontravam os outros em outros países e os visavam para o rapto. Alguns estavam em uma lista de ocorrências e outros eram postos em uma lista para trazer de volta ao laboratório. Isto fez sentido. Dominic tinha que por as mãos naquelas listas. Entraria no laboratório e extrairia as listas antes de destruir aqueles computadores. Um mago chegou enquanto eu estava lá e queria que puxassem as linhagens jaguar. Disse que seu mestre precisava de uma determinada linha de sangue. Ele não fazia sentido. Quando perguntaram o que procurava, murmurou algo sobre um livro sagrado e sangue. Tive arrepios na espinha, algo que acontece quando tropeço com algo importante. Naturalmente. Os jaguares eram psíquicos. Ela tinha um radar. Dominic sabia sobre o livro, roubado de Xavier, o mago que tinha começado a guerra com o povo Cárpato. Tinha sido ele a raptar, usar e matar consequentemente a irmã de Dominic. O livro estava agora seguro nas mãos do príncipe. Dominic tinha ouvido que o livro não podia ser aberto, mas destruído. Ninguém sabia como. Estas notícias eram inesperadas, e como Solange, sentiu imediatamente que era importante. Quanto o mago se aproximou de você? Ele não devia perguntar. Já tremia por dentro. Queria ser o homem para protegê-la de tudo, qualquer dano, qualquer dor, especialmente o tormento do seu passado, mas só podia ficar como morto enquanto ela contava o que tinha feito. Ele não podia sequer segurá-la perto dele, protegê-la nos seus braços. Dominic não podia imaginar como ela se sentiu, sabendo que poder andava na sala e ela não tinha nenhuma arma, nenhuma defesa, se a encontrassem. Eles a encadeariam em uma das suas células e os homens jaguar a teriam sempre que quisessem. Você deve ter ficado apavorada em ser pega. E se não ficou, ele estava por ela. O medo tem cheiro. Eu disse a mim mesma que era invisível. Na floresta tropical, muitas vezes digo isto quando um macho jaguar se aproxima muito. Às vezes acredito que sou. O mago esteve tão perto de mim que podia estender a mão e tocá-lo. O controle da minha respiração foi de fato a tarefa mais difícil. Ele estava zangado por não encontrar o que procurava. Queria alguém da linha de Brodrick, mas o sangue de Brodrick estava contaminado de algum modo para seu objetivo. Suas depravações, o mago disse. Mas não encontraram ninguém mais. Porque você está morta. Dominic percebeu que era a verdade. Brodrick tinha matado sua filha inútil. Sabine e Audrey tinham carregado o mesmo sangue real, as últimas da sua linhagem. Ambas tinham acasalado com seres humanos assim suas crianças tinham diluído aquela linha pura. Sua mãe nunca ficou grávida novamente, em todos os anos de cativeiro. Seguramente Brodrick tentou com ela.

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Tia Audrey, também. Ele a capturou um par de anos depois. Eles a mantiveram por aproximadamente dois anos antes que a encontrássemos e ela estava grávida. Ela e o bebê morreram no parto. Acho que, para um jaguar, o stress do cativeiro foi demais. Ele bateu nela regularmente, e cruelmente. Acho que odeia as mulheres. Dominic girou a informação repetidas vezes na sua mente. Então Brodrick acreditava que você estava morta todos esses anos, portanto nunca foi introduzida no seu banco de dados. Os magos, vampiros, e até jaguares nunca souberam sua verdadeira identidade. Ele sabe agora. Pus as coisas em movimento. Brodrick virá atrás de mim agora. Sua reação instintiva foi um protesto violento, mas permaneceu tranquilo, disposto a deixar ela falar sobre as propriedades do seu sangue. Comecei a pensar porque os vampiros e magos não podiam me sentir. O que era diferente sobre mim e Brodrick? Sou mulher, ele é homem; somos ambos jaguar, mas sexos diferentes. Mas então me ocorreu que tudo relativo a vampiros e magos se relaciona com sangue, pelo menos os magos que seguem Xavier. Ele está morto. As notícias chegaram há uma semana. Xavier? Então isto foi o que sacudiu todo mundo. Eu sabia que algo grande tinha acontecido. Havia um frenesi de atividade por aqui. Como descobriu sobre os parasitas? Ele incitou, quase medroso em perguntar. Como se ela tivesse feito algo muito, muito perigoso. Ele sabia que era uma mulher assombrosa desde a primeira vez que começou a falar com ela nos seus sonhos, mas então, como agora, quando estava na forma de jaguar, ele não ouvia de fato sua voz. Devia saber que era sua companheira porque tinha começado a sentir emoção, um processo lento emergente e não o estouro habitual. Ele não tinha reconhecido o que acontecia porque ela estava fora do reino das possibilidades. Achava que a mulher que tinha evocado para falar era uma guerreira destemida porque só outro guerreiro podia entendê-lo. Agora sabia que era real. Ela realmente sentiu medo simplesmente lidou com ele porque não tinha nenhuma outra escolha se quisesse ter sucesso. Como lidava com seu medo de dar-se inteiramente. Ele sabia que provavelmente tinha mais pavor dele do que do vampiro. Lutei com um par de vampiros com Riordan quando nos atacaram inesperadamente. Ele disse que eram vampiros menores, ou mais novos e não estavam ainda no controle total dos seus poderes. Ele esteve trabalhando com todos nós em como matar um, assim enquanto estava ocupado... Ele disse para você ficar atrás. Nenhum De La Cruz colocaria um membro feminino da sua família em perigo. Mesmo o mais jovem seria influenciado por seu irmão, o macho mais dominante que Dominic conheceu alguma vez. Solange deu o equivalente mental a um encolher de ombros. Ele pode ter dito algo assim. Quem escuta quando está despejando ordens todo o tempo? Ele não é meu companheiro. Não, Dominic era seu companheiro, e teria que a prender de tal modo que decidiria seguir suas ordens. Tinha que ser sua escolha. Solange lutaria numa jaula. Ela precisava da liberdade de ser quem realmente era, e teriam que encontrar um equilíbrio entre os seus instintos e os dela.

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Demorou um pouco para perceber que pensava em continuar vivo. Ele mais ainda. Ele acreditava nela; seu sangue era valioso à sua espécie inteira e podia parar a infestação dos parasitas que se estendia exuberante pelo seu corpo. Tinha uma chance de viver com ela. Por um momento, apesar de ser dia, seu coração tremulou, o som barulhento na câmara. Ele a sentiu se assustar. O gato se mexeu e levantou sua cabeça, olhando em torno cautelosamente. O que foi isso? Ele ouviu a coragem na sua voz. A determinação em protegê-lo. Ela arriscaria sua vida por ele. Mas quando percebesse que nenhum deles ia morrer, ela temeria que a prendesse. Era um fio tênue que podia ser quebrado tão facilmente. Ela não se dava facilmente, e era uma das coisas que mais admirava nela. Está tudo bem. Nenhum vampiro sairia de dia, e não sinto um jaguar perto. Conte-me dos parasitas. Mostre-me. Ele tinha que ver a batalha, ver como tinha travado sua primeira luta sozinha com um vampiro. Ele sentiu sua hesitação e sabia que temia sua desaprovação. Ele sentiu um pouco de satisfação nisto. Claramente, Solange não se preocupava com o que os outros pensavam - exceto ele. Não vou criticar você, kessake. É essencial para mim entender como você pensa na batalha. A honestidade era crucial em cada encontro seu com sua companheira. Se tivessem um futuro, tinha que conhecê-lo tão bem como a conhecia, e pela primeira vez, acreditou que realmente poderiam ter um futuro. Dois vampiros atacaram Riordan. Ele é rápido. Realmente rápido. Olhei como tentavam apanhá-lo numa armadilha com um padrão hipnótico, Juliette teve que afastar o olhar, mas não parecia afetar Riordan, ou a mim. Ele girou em volta e foi pelo maior e mais agressivo. O vampiro manobrou Riordan para que suas costas virassem para o segundo vampiro. Ele podia ver a batalha inteira na sua mente. Tinha bom olho para detalhes. Podia ver o rio brilhar pelas árvores, até ouvir o fluxo dele. Não havia nenhuma chuva, mas nevoeiro pesado pelas árvores. Riordan lutou ferozmente, dando voltas no vampiro maior, fluindo como os irmãos De La Cruz pareciam fazer quando lutavam. Seu cabelo longo caía além dos seus ombros e seus olhos eram pontas ferozes de aço. Ele viu o segundo passo do vampiro na posição e sabia imediatamente que o dois não-mortos tinham lutado batalhas juntos antes. Ele reconheceu a manobra como uma que os Malinovs usavam. Riordan reconheceu também. Tinha lutado lado a lado com os Malinovs por séculos. Esses dois vampiros menores eram alunos de um dos irmãos. Solange explodiu das árvores, correndo diretamente ao vampiro, interceptando-o antes que pudesse fechar seu punho forte em Riordan por trás. Riordan já tinha desaparecido, mudando para névoa, reaparecendo atrás do vampiro maior. Solange obviamente usou a velocidade e o músculo do seu jaguar, batendo no vampiro com a força do grande gato. Ele viu o grunhido do vampiro e o uivo, e logo suas garras rasgando seu ombro e pescoço. Ela pulou longe, seu braço coberto até o ombro com o sangue ácido preto, seu próprio corpo sangrando sangue vermelho. Na sua garra, segurava o murcho coração enegrecido.

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— Riordan! — Ela chamou seu nome e lançou o órgão morto na direção dele. O relâmpago iluminou o céu e uma ponta bateu no coração, e logo pulou para o vampiro que já se esmigalhava na terra. Solange não tinha o luxo de limpar o sangue de vampiro tomando banho na energia aquecida branca; ela a teria matado. Ela correu ao rio e mergulhou seu braço na água, enxaguando. Ele viu os parasitas sair das feridas que o vampiro tinha rasgado na sua pele. Eles deveriam ter se entocado nas lacerações, mas em vez disso pareciam fugir com toda a pressa possível. Eles caíram na terra, seu sangue gotejando em cima deles. Dominic pode ver claramente os vermes muito pequenos se torcendo, e logo lentamente começaram a desaparecer, aquelas gotas vermelhas rubi os consumindo.

Capítulo 9 “Você pode confiar em um homem mais uma vez? Você pode amar um velho como eu?”

— Dominic para Solange Dominic soube o momento exato que o sol baixou. Tinha passado séculos debaixo da terra à espera daquele momento quando seu corpo cobrava vida e o solo o lançava no mundo. Tinha esperado impacientemente seu tempo para levantar. Solange estava introspectiva, silenciosa após sua revelação. Sabia que ela sentia que tinha dado muita informação, e mais importante, que tinha fornecido um caminho para ambos sobreviverem. Solange era muito inteligente. Sabia que entregava uma chave ao futuro, e logo desapareceu, profundamente dentro do seu jaguar, se ocultando dele, se ocultando dela e mais que tudo, se ocultando das repercussões da sua admissão. A confiança estava equilibrada na borda de uma lâmina muito aguda. Se ele fizesse o movimento incorreto, perderia tudo. Solange era um prêmio muito grande para perder pelo manejo descuidado. Solange Sangria era um milagre de mais modos do que Dominic tinha pensado. Ele repetiu a imagem da sua luta com o vampiro repetidas vezes na sua cabeça. Ela não poderia ter notado uma coisa tão pequena, mas ele fitou por um longo tempo a terra onde tantos parasitas tinham caído quando fugiam do seu sangue. Sem saber, com a outra mão esfregou o sangue de vampiro, espalhando mais do dela por cima do ácido preto que queimava pela sua pele - ou deveria queimar. O sangue ácido tinha queimado pela carne, mas no momento que entrou em contato com suas veias, o sangue de vampiro secou e caiu da sua carne. Ela estava ocupada se lavando no rio, e não tinha notado. O que tinha no seu sangue? Era aquilo que Xavier estava caçando para seu sangue? E nesse caso o que tinha a ver com o livro que o príncipe guardava tão cuidadosamente? O som do seu coração batendo encheu a caverna. Seus olhos se abriram. O jaguar se ergueu através do seu corpo, obviamente alerta. Ele enterrou uma mão na pele grossa. Era sedosa, como o cabelo suave de Solange, as ondas escuras riscadas daquela cor suave, fulva que parecia se fundir em redemoinhos no seu cabelo. Ele passou seus dedos pela pele até sua cabeça. O jaguar bocejou preguiçosamente.

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— Você ficou alerta o dia todo. Tinha proteções fortes nos rodeando. — Ele se sentou. — Mude. Você se protegeu contra o não-morto e magos. Suas proteções trabalhariam em humanos e outros animais também, mas não estou certa que funcionariam em Brodrick. Não quero que ele o encontre incapaz de se defender porque está me caçando. Ele esperou. Tinha uma paciência infinita. Ela não queria enfrentá-lo, mas quanto mais tempo ficasse na forma de gato, mais difícil seria ficar de frente a ele. Estava na sua mente muitas vezes agora. A informação passava de um ao outro e começava a saber como ela pensava. Se não fosse muito cuidadoso, ela correria, mais medrosa da sua conexão, crescendo tão rápido como estava, do que qualquer batalha. Levou alguns minutos. O gato suspirou, o bafo quente soprando seu peito. Eu gostaria de roupa, por favor. Seria... Mais fácil. — Claro. — Embora a preferisse nua. Infelizmente era uma tentação que seria difícil de continuar resistindo. A paixão corria profundamente nela. Como não poderia? Ela era apaixonada por sua causa, apaixonada por sua família, e seria apaixonada com seu companheiro na cama. Misture esse fogo com sua vulnerabilidade absoluta e seria um afrodisíaco bastante emocionante. Ela parecia sonolenta. Sabia que tinha ficado acordada a maior parte do dia, preocupada que Brodrick encontrasse seu lugar de descanso. Ele esfregou seus dedos pela pele grossa, massageando aqueles músculos fortes. — Fique aqui e voltarei logo. Você pode dormir enquanto caço. Mmmmm. A nota sonolenta na sua voz era mais de Solange que do jaguar, e seu corpo apertou imediatamente. O som suave produziu um soco duro na sua virilha, e isto era esperado. Mas a besta crescendo ferozmente, exigindo que reclamasse sua companheira, não foi só chocante, mas inquietante. Não era o sangue de vampiro nas suas veias; era seu sangue Cárpato. Tinha encontrado sua companheira depois de esperar séculos, e havia uma possibilidade de futuro com ela. Sua alma chamava a dela, e de repente a escuridão ficou mais grossa e muito mais feia. Sua existência estéril tornou-se insuportável agora que esteve na sua mente - agora que podia sentir novamente. Ele tremulou sua mão e a manta de solo permitiu que ele saísse cuidadosamente debaixo do corpo do jaguar sonolento. Quando o fez, murmurou uma ordem, suavemente empurrando-a em direção ao sono. Ele sentiu-a lânguida na sua mente. Isto não funcionará em mim. Ele riu em voz alta, assustando-se. O som encheu a caverna de felicidade. — Somente testando, kessake, para ver se estava atenta. Pela primeira vez ele sentiu diversão, e a sensação se precipitou sobre ele. Ela tinha relaxado o bastante para responder à sua brincadeira. Não era muito, mas um ponto de partida. Ela o tinha ajudado com sua revelação, e estava apavorada pelas consequências, mas ainda conseguia deslizar além da sua guarda e o fazer rir. — Isto não levará muito tempo. — Ele prometeu e porque amava a sensação da pele suave, sedosa e sabia que ela se ocultava profundamente na forma do gato, ele deliberadamente dirigiu

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seus dedos abaixo por sua espinha inteira. Ele sentiu seu tremor em reação, mas o jaguar não levantou a cabeça e olhou-o com seu olhar penetrante. Ela mantinha a cabeça nas suas patas. Ele flutuou à superfície da caverna e fluiu pelo túnel como vapor, esquadrinhando a área que rodeava seu lugar de descanso antes de desvendar as salvaguardas. Ele as substituiria, mas se tinha razão sobre Brodrick, não podia garantir sua segurança do jaguar masculino. Isto significava que não podia viajar muito longe dela e teria que ser especialmente vigilante com o predador. No momento que ficou a uma boa distância de Solange, os parasitas começaram seus sussurros, chamando-o a sentir o ímpeto de matar. Não eram tão ativos, seu sangue ainda os subjugava, mas quanto mais longe se movia de sua companheira, mais os vermes mutantes acordavam, limpando e arranhando seu interior, exigindo que removesse todos os traços de sangue Cárpato e sangue jaguar real e o substituísse com o sangue ácido do vampiro, o ambiente onde as criações prosperavam. Os ignorando, continuou saindo das cavernas. O vapor fluiu através da terra aberta, baixo, paralelo ao chão, subindo mais alto quando alcançou a floresta mais densa. A névoa cinza deslocou até que se empilhou, tomando a forma da águia harpia, dando voltas acima da área enquanto fixava proteções em volta da série de rochedos íngremes que ocultavam as cavernas de pedra calcária, todo o tempo usando os olhos agudos para descobrir qualquer movimento no terreno que indicasse que o macho jaguar estava no seu rastro. A floresta explodia numa chuva de cores, flores enfeitando os troncos de árvore, grandes manchas roxas, rosas e vermelho brilhantes. Ele observou todas e cada uma, saboreando as belas cores que não via há séculos. Podia apreciar mais uma vez a beleza do mundo em vez de se lembrar simplesmente dele. De fato, até suas memórias tinham sumido no século passado. Agora podia olhar abaixo do seu círculo crescente e beber a vista das árvores cobertas por flor, a explosão de cores, os verdes vívidos das árvores e as cores brilhantes dos fungos. As cachoeiras e piscinas pontilhando a paisagem junto com a curva do rio cheio entrando e saindo da floresta, esculpindo seu caminho pelo terreno áspero, belos para ele. Não encontrou nenhuma evidência de Brodrick em qualquer lugar. Aliviado, dobrou de volta em direção ao lugar onde tinham combatido os vampiros. Sabia que Zacarias o encontraria lá sempre que possível. Abaixo dele, divisou o laboratório. Alguém já tinha começado os reparos no lado do edifício. Ele deu voltas em cima, tentando buscar o odor de Brodrick. Se encontrasse o homem, o mataria. Sabia que Solange pretendia enfrentar seu pai de nascimento, mas tudo que realmente importava era que ele fosse incapaz de continuar sua matança daqueles que considerava impuros e o rapto e assalto brutal das mulheres. Uma energia súbita incorporou o ar circundante e Dominic se ajustou nas árvores, dobrando as asas e olhando como uma figura alta, impressionante emergia do nevoeiro até os joelhos que rolava através da terra. O homem parou um momento, o cabelo de prata abaixo das suas costas, grande e musculoso. Ele virou, e Dominic o reconheceu dos velhos dias. Giles. Um velho amigo. Sua família tinha sido artesã. Dominic sempre admirou Giles. Era suave e controlado na batalha, um bom homem para ter atrás em uma luta. Nunca esperou ver Giles como vampiro.

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Ele parecia bem, seu rosto impecável, seus dentes brancos e seu encanto perceptível até na distância entre eles. Devia ser vampiro há um longo, longo tempo para adquirir a habilidade necessária de cobrir toda a evidência da carne apodrecida e alma enegrecida. Giles bateu o pé, único movimento que indicava que estava aborrecido. Esperava obviamente por algo e impaciente que algo ou alguém o atrasasse. E isto disse tudo que Dominic precisava saber. Giles era um vampiro mestre, experiente nas artes escuras bem como nas batalhas. Estava acostumado a estar em cima na cadeia alimentar. E se estava implicado na conspiração dos Malinovs para derrubar o príncipe, havia muito mais perigo que alguém tinha concebido alguma vez. Nenhum mestre do calibre de Giles se ataria para servir abaixo de outro. Os vampiros estavam evoluindo. De alguma forma os Malinovs tinham conseguido encontrar um modo de controlar a vaidade do vampiro e a necessidade da destruição imprudente. Mais duas figuras oscilaram, transparentes por alguns momentos antes de se revelar totalmente, uma ocorrência que normalmente acontecia quando alguém tinha se transportado rapidamente. Ambos estavam desgrenhados, embora quando emergiram totalmente sob a lua, sumiram novamente juntos. Giles já olhava com desagrado sua falta de capacidade de manter sua aparência. Os recém-chegados não eram vampiros menores, outra marca de Giles. A maioria dos Mestres podia manter só os mais novos perto deles, servindo de peões enquanto aprendiam os caminhos do vampiro, mas ambos os homens tinham habilidades óbvias. — Estão atrasados. — Acusou Giles. Ele estreitou seu olhar, fixando o olhar vermelho rubi no homem à sua esquerda. — Você devia escoltar Demyan e seus seguidores a este local. Não os vejo. Espero que tenha uma boa explicação, Beau. — Ele virou sua cabeça lentamente, um movimento reptício que fez o segundo homem dar um passo atrás. — E você, Fabron, não os vejo com você também. Um tremor atravessou Beau. — Fomos ao lugar marcado para encontrar com eles, Giles, mas não estavam lá. Procuramos na área. Algumas milhas a leste, havia sinais de uma batalha. Acredito que o irmão De La Cruz mais velho está nesta área e os atacou. A respiração de Giles assobiou entre seus dentes. — Aquele humano de larva que torturamos mentiu para nós. Devia tê-lo mantido vivo mais tempo. Você disse que esquadrinhou seu cérebro... — Os irmãos protegem aqueles que os servem. — Lembrou Fabron. Imediatamente o ar chiou e algo quebrou contra a face de Fabron. As faíscas caíram abaixo, uma exposição deslumbrante. Giles não tinha sequer elevado sua mão. Dominic estudou o vampiro mais estreitamente. Ele era bom. Muito rápido, a ação demasiado rápida para seguir com o olho humano, mas Dominic tinha visto a ação como um borrão. Por um momento pensou que tinha pestanejado, mas Giles tinha se movido de fato, tinha usado uma onda da sua mão para empurrar a carga elétrica na direção de seus seguidores. Não era de admirar que os amedrontasse. Ele devia parecer como um mago, capaz de coisas que nenhum outro podia. — Você acredita que Zacarias destruiu Demyan e seus seguidores? Fabron e Beau, ambos acenaram com a cabeça energicamente.

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— Houve uma batalha. Não pudemos ler a terra. Logo, a floresta tropical está se refazendo. Profundamente dentro do corpo da águia harpia, Dominic sorriu. Ele e Zacarias tinham se assegurado de retirar cada traço do sangue de vampiro da terra e das árvores, portanto a floresta tropical poderia fazer seu próprio reparo. Dominic tinha até lembrado de estimular o crescimento florestal antes que se permitisse olhar para sua companheira. Ela estava tão bela para ele, parada lá como uma guerreira feroz que tinha batalhado lado a lado com ele, olhando-o com os olhos de uma mulher vulnerável. Ele não esperava a inundação de emoção esmagadora. Ele tinha se sentido protetor com ela. Queria abraçá-la e apertar. A confiança era tudo com uma mulher como Solange. Tinha que ganhar sua lealdade e respeito, e mais que tudo seu amor. Ele entendia o presente que era e a avaliou mais por sua reserva. Não era homem para compartilhar nunca sua mulher, e aquele lado dela, suave e vulnerável, pertencia só a ele. Ele estudou o inimigo. Esperava entrar naquele campo e consequentemente morrer. Agora, um milagre tinha acontecido. Ele podia libertar seu corpo dos parasitas e reclamar sua companheira. Havia futuro para ele - para ambos - e isto mudava tudo. Teria que ser mais cuidadoso. Tinha tudo para viver agora. Antes quando entrava na batalha não havia nada a perder. A vida mudou drasticamente quando encontrou a outra metade da sua alma. Ele queria viver. Queria passar tempo com ela. Poder levantar a cada tarde para o resto da sua existência, olhando seus olhos. Giles repentinamente levantou a cabeça e deu uma olhada rápida em volta. Uma rápida sonda, penetrante bateu em Dominic, um rápido, muito bem dirigido ataque, um empurrão para localizar o inimigo. Dominic sentiu a dor penetrante, debilitante, acalmando o pássaro, mantendo os padrões cerebrais iguais para não alertar o inimigo da sua presença. A sonda passou lentamente, mas ele permaneceu profundo dentro da águia, mantendo-se ainda. O pássaro estava com fome, procurando comida, observando com olhos agudos a presa antes que se instalasse durante a noite. A sonda veio novamente, mais forte, mais profunda, o eixo doloroso e exato. O pássaro estendeu suas asas e logo se reinstalou quando Giles se afastou, satisfeito que não houvesse nenhum inimigo em volta. — Onde está Etienne? — Giles exigiu. — Ele procurava pistas, esperando descobrir onde Zacarias poderia ter ido. — Stupide! Imbécillité!6 — Giles assobiou seu desprazer. — Ele não tem nenhuma esperança de matar Zacarias. Já está destruído. — Com uma onda de repugnância, Giles cuspiu na terra. Os parasitas brancos muito pequenos menearam e torceram. — Os outros devem estar aqui em alguns dias. — Disse Beau, claramente esperando que Giles permitisse uma mudança de assunto. — Se perdemos Demyan e seus seguidores, temos poucos para estender os planos. Estou representando os mestres. Temos que organizar nossa gente para um assalto contra o príncipe. Ele deve cair de joelhos. Os três homens se moveram na direção do laboratório. Quando se aproximaram dos guardas

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Nota: Do francês : Estúpido, imbecilidade.

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humanos, Giles ergueu sua mão para os outros e sussurrou uma ordem. — Deixe-os. Vocês são humanos. Dominic ficou surpreso pelo modo como os vampiros imediatamente assumiram a conduta de um ser humano, mantendo seus olhos na terra antes que vissem a tentação de carne humana e sangue. Sentiam o desprezo completo pelos humanos com quem trabalhavam, mas não caíam sobre eles e enchiam suas mentes como normalmente faziam. Dominic sentiu a fome voraz, a chamada de sangue, os parasitas gritando pelo desejo da tentação quente e rica, até mesmo apenas pela necessidade de mostrar como eram inferiores. Mas os vampiros simplesmente ignoraram a chamada. Os mestres tinham feito um bom trabalho, forçando suas vontades sobre os vampiros menores. Aquilo só representava um perigo. O comportamento tinha evoluído para a inteligência real. Os vampiros sempre foram astutos e letais, mas um grupo coordenado com inteligência e estratégia por trás deles, com capacidade de controlar aquelas criaturas mortais, poderosas, era chocante e até assustador. Os irmãos Malinov tinham formado um exército composto de jaguares, humanos e vampiros. Tinham um plano e tinham semelhante disciplina. Para Dominic, a disciplina era a mais incômoda. Ele viu os vampiros desaparecerem dentro do edifício antes que estendesse suas asas e tomasse o céu para encontrar Etienne. O vampiro não voltaria ao seu mestre, mas seria Dominic que contribuiria para a reputação feroz de Zacarias. A águia harpia cortou pelas copas com assombrosa velocidade, movendo-se rápido para cobrir a distância antes que Etienne encontrasse o lugar de descanso de Zacarias. Dominic sabia que o Caçador tinha casas reais na área. Era possível que tivesse ido a uma delas. Os irmãos De La Cruz, séculos antes, tinham estabelecido uma relação com uma família humana que os protegia durante o dia, zelava pelas suas terras e ajudava a manter a ilusão que eram humanos. Tinham construído um império, suas fazendas de gado renomeadas, mas seus inimigos muitas vezes iam atrás dos membros de sua família também. Zacarias teria proteções fortes, mas se o vampiro seguisse a pista dele até sua casa, os humanos estariam em perigo. A esta hora, Zacarias estaria fora caçando. Ele viu o lugar onde sua luta com Demyan e seus vampiros menores aconteceu. A área à primeira vista parecia imperturbada, mas quando baixou mais, pode ver a vegetação murcha onde a abominação desnatural andou sobre a terra quando Etienne e outros vampiros procuravam Demyan. Alguns arbustos tinham se enrugado onde o não-morto tinha passado. A águia harpia voou na direção do rio, tomando uma via direta. Dominic estava repentinamente preocupado sobre o que podia encontrar. Na borda das árvores, a enorme fazenda dos De La Cruz estava aninhada no vale entre as colinas. Estava rodeada pela floresta, mas meticulosamente cercada, portanto o gado podia vagar livremente nas gramas viçosas. A casa, em estilo espanhol, com paredes grossas e varandas frescas, era formada como um U com um pátio no centro. O verde do pátio fornecia uma espécie de oásis, cores provocando distúrbios com várias flores e arbustos. Ao longo da passarela de pedestres de pedra, os olhos agudos da águia visualizaram o sangue vermelho brilhante. A pequena corrente era estreita e lentamente se movia ao longo das pedras em

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uma linha carmesim fina. Dominic desceu, mudando a sua forma humana quando se debruçou no homem caído. Tinha lutado, mas o vampiro quase tinha arrancado sua garganta. Já estava morto, e Dominic o abandonou, andando com passos largos na casa. A porta tinha sido deixada aberta, provendo-o com uma boa visão da sala longa, sombreada. Ele ouviu um rosnado e uma tapa duro vindo de outra sala. — Onde está ele? — Etienne exigia, sua voz cuspindo e assobiando, alertando Dominic que perdia o controle rápido. — Eu nunca direi. Uma voz feminina. Relativamente jovem. Apavorada. Somente o vampiro gostaria dela. O ímpeto da adrenalina no sangue servia como uma droga inundando o sistema. — Portanto você morreria por ele. — Sim. — A voz tremeu, mas a palavra era firme. Dominic irrompeu pela porta tão dramaticamente quanto possível, esperando fazer o vampiro perder tempo. Etienne girou mesmo enquanto desferia o soco assassino, batendo na garganta da mulher, rasgando as artérias, cordas vocais e carne. Sangue borrifou através da sala. A mulher apertou ambas as mãos na sua garganta e caiu de joelhos mesmo Dominic pulando à distância, batendo forte no não-morto, afastando-o da mulher. Um rugido anunciou a chegada de Zacarias. Ele estourou pela janela, quebrando vidro e madeira. O entulho choveu neles quando Dominic agarrou o vampiro com uma mão e se dirigiu ao seu peito com a outra. Etienne se dissolveu, tentando correr da sala pela janela aberta. Gotinhas de sangue caíram atrás dele, assinalando-o no banco de névoa. Zacarias caiu de joelhos e suavemente retirou as mãos da mulher da sua garganta. Ela era jovem, mesmo para os anos humanos, possivelmente no início dos 20 anos. Seus olhos eram marrom escuros, muito grandes, emoldurados com longas pestanas pretas. Ele podia ver a luz retroceder dos seus olhos, mas parecia contente por vê-lo vivo. Por alguma razão, aquele pequeno adejo de reconhecimento o abalou depois de tantos séculos de vazio. Sua família tinha servido, geração após geração, à sua família. Seu pai estava morto no seu pátio e esta mulher jovem morria no chão do seu quarto, obviamente tentando proteger seu lugar de descanso. Ele envolveu as mãos em volta da sua garganta e apertou o calor na sua pele, brilhante, quente e doloroso para ela, ele sabia. Não podia impedir a dor, não com sua vida se esvaindo do seu corpo tão rápido. Sua garganta estava esmagada. Ele se enviou fora do seu corpo e entrou no dela, trabalhando tão rápido como possível no reparo do dano à artéria, parando o fluxo de sangue precioso. Confiando que Dominic mantivesse o não-morto afastado enquanto trabalhava na mulher, deixou seu corpo vulnerável para atacar enquanto meticulosamente cauterizava a artéria, fechando e selando a ferida aberta. Sem pensar nas consequências, Zacarias abriu seu pulso e gotejou o sangue na sua boca, acariciando até que seu reflexo permitisse que ela engolisse. Ele teve que guiar o sangue pela sua garganta rasgada para permitir que embebesse suas veias e cada célula do seu corpo. Ele substituiu o que ela tinha perdido, sem pensar que ficaria muito débil para se mover. Não havia nenhuma provisão de sangue para ele, não com o sangue de Dominic tão contaminado. Naquele preciso

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momento não importava. A família desta mulher tinha feito tanto pela família De La Cruz, e não ia perdê-la. Ele tinha visto seu movimento pela sua casa algumas vezes, limpando, sempre à distância. Ele raramente chegava perto de alguém nesses dias. A chamada da escuridão estava forte nele nesses últimos anos e passava a maior parte do seu tempo sozinho, longe da tentação. Ele raramente usava esta casa, até essas poucas semanas passadas. Seus irmãos tinham companheiras, o que só aumentava a escuridão nele quando se sentia separado deles, tanto tempo sozinho. Não conhecia nenhum outro caminho na vida, portanto tinha vindo aqui para pôr distância entre ele e seus irmãos. Mas ao fazêlo, tinha posto em perigo aquela gente que estava sob sua proteção. Zacarias conseguiu ficar em pé e, se dobrando, tomou o peso leve da mulher nos braços, embalando-a perto do seu peito. Ele era forte, mas tinha despertado voraz e o odor do sangue só aumentou sua necessidade. Ofertar seu sangue o tinha enfraquecido além disso. Ele a transportou pela casa até o dormitório principal, situado acima do seu covil. Sua trança era longa e grossa, uma massa de cabelo negro-azulado, agora sujo com sangue. Não tinha nenhuma ideia se viveria ou morreria, mas tinha feito o que podia. Ele a pôs na cama e cobriu seu corpo com uma manta antes de voltar na direção do som da batalha. Rosnados horríveis saíram com ímpeto, enquanto Etienne lutava com a armadilha que Dominic o tinha prendido, fazendo impossível ficar na forma de vapor. O sangue riscava a face de Dominic e o ombro. As marcas de garra selvagens lascaram dois lugares no seu peito, passando pela roupa quando o vampiro tentou chegar ao coração do caçador. Etienne não era nenhum amador na batalha, e lutava com magia e habilidade, sabendo que enfrentava um perito antigo na destruição do não-morto. Etienne parecia pior que Dominic, sangue preto riscando seu corpo. Tinha perdido sua capacidade de manter a aparência, sua pele apertada contra seu crânio, o fazendo parecer um esqueleto que anda. Seus, uma vez escuros, cabelos eram topetes cinzas, longos tufos dele, como rabos sobressaindo acima de uma caveira na maior parte calva. Seus olhos eram covas afundadas de ódio, e seus dentes tinham tomado sua forma serrilhada, pontuda, cobertos pelo sangue de suas muitas vítimas. Dominic correu, agarrando a cabeça nas suas grandes mãos e puxando, mergulhando longe quando Etienne o buscou novamente com garras sangrentas, agudas. Houve um estalo audível e Etienne gritou, girando tão rápido que era um borrão, pulando em Dominic, levando-o ao chão, seu rosto alongando em um focinho com caninos gotejando. Ele abriu suas maxilas largas e se dirigiu duro ao pescoço de Dominic. O capataz de Zacarias, Cesaro Santos, correu pelo quintal com três dos seus homens atrás dele, todos com rifles. Eles frearam quando viram o não-morto rasgar Dominic, meio-esqueleto e meioanimal. Antes que alguém pudesse se mover, um jaguar se apressou além dos três homens para bater com força total nas costas do não-morto, atropelando-o para que capotasse e aterrissasse muito metros adiante. Dominic já tinha se dissolvido debaixo dele, deslizando em volta com a intenção de tomar o coração do vampiro, mas ele não estava mais na posição. O jaguar o prendia à direita. Seus dentes

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rangiam sob a cabeça e ela o sacudia como uma boneca de pano. A caveira quebrou como uma noz, os ossos esmagando o cérebro. Um dos homens junto de Cesaro levantou seu rifle no seu ombro, mas Zacarias estava lá antes que pudesse puxar o gatilho, empurrando o cano na direção da terra. Cesaro rasgou sua camisa, expondo seu pescoço a Zacarias. — Tome o que precisa. — Ele ofereceu. Zacarias pode ouvir seu coração batendo. A tentação era muita. Nunca seria capaz de parar, não no calor da batalha quando estava tão voraz. Ele sacudiu a cabeça e se afastou, suas presas irrompendo na boca. Ele não poria em perigo aqueles que serviam a ele, aqueles sob sua proteção. Melhor encontrar a alvorada do que sucumbir agora. Sinto. Percebendo seu erro, Solange pediu desculpa a Dominic, enquanto tentava se afastar do não-morto. Etienne a atacou, um golpe de sorte dilacerando a pele na sua barriga. Ele a pegou no ar, lançando o grande gato com sua força enorme. Ela pousou muito distante dele. Ele rastejou na direção a ela, balançando a cabeça, derramando suas vísceras. Sem problema, Dominic respondeu com sua calma infalível. Aprenderemos a coordenar nossos ataques com o tempo. Mova-se à direita só um pouco, reduza a velocidade o bastante para ele pensar que pode chegar em você, mas que está dando voltas para outra tentativa. Quando me mover, pule longe rápido. Dominic a sentiu segura e calma. Ela sabia como lutar, e com um vampiro, ele era o mestre reconhecido. Ela era muito inteligente e muito experiente para não reconhecer isto. Se não tivesse interferido, ele já teria o coração do não-morto. Era uma lição e ela aprendeu rápido. Ele respeitava o fato que ela não se deprimisse pelos erros. Ela simplesmente fazia o que tinha que ser feito. O jaguar fêmea começou seu círculo, seus olhos verdes incandescendo quando se concentrou na sua presa. Cabeça baixa, as orelhas para trás, indicando agressão sem medo, ela começou uma perseguição lenta, nunca tirando seus olhos da sua presa. Os humanos recuaram, ódio em seus olhos quando olhavam o jaguar rodear o vampiro, rifles prontos. A única coisa que os retinha do tiroteio era a vontade de seu Chefe ou Jefe, dependendo de que língua pensavam. Eles detestavam ambas as espécies. Por um longo tempo tinham aguentado os homens jaguar abusando das suas mulheres. Tinham que guardar suas mulheres cuidadosamente sempre, reduzindo sua liberdade perto da floresta. O vampiro era uma ameaça onipresente que pairava acima das suas cabeças e ameaçava seu chefe bem como suas famílias. Bem versado nos modos de matar um vampiro, cada um deles estava armado com uma estaca, uma tocha e uma cruz bem como seus rifles. Zacarias não se atrevia a se afastar deles, sabendo que era somente sua presença que os impedia de disparar no gato, e se o fizessem, Dominic mataria todo mundo à vista. O Dragonseeker estava em movimento, uma coisa de beleza, seu corpo fluido e gracioso, tão rápido que era um borrão, pulando forte em Etienne enquanto o jaguar pulava atrás fora de alcance. Etienne gritou, um som animal e grotesco que assustou o gado adormecido à distância. O rebanho levantou, mugindo e pisoteando inquieto. Cesaro empurrou sua mão atrás, gesticulando em direção às colinas, e seus homens saíram disparados. Outros fluíram de casas espalhadas em

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volta das colinas, pulando nos cavalos, correndo para acalmar o gado assustado. O vampiro girou, movendo-se rápido como um furacão, girando e girando, tentando usar seus pés como uma broca, cavando na terra, esperando evitar o caçador implacável. Dominic girou com ele, perdido à vista nos escombros, envolvido no tufão que saia da terra ao céu. Ele fluiu com os ventos turbulentos, implacável na sua resolução de destruir o não-morto. O ar começou a carregar. O cabelo em seus braços levantou. Zacarias deu um aviso a Solange quando jogou Cesaro na terra, o cobrindo com seu próprio corpo. Solange pulou longe do ar carregado e quase aterrissou em uma fonte. Ela se esticou tão rente ao chão quanto possível quando o relâmpago bateu, a ponta indo da terra ao céu e de volta à terra novamente. Etienne gritou horrivelmente. O cheiro de carne decomposta, carne podre virando cinzas permeou o ar com um fedor sujo. Zacarias só podia cheirar o sangue em volta dele quando se deitou em cima do seu capataz. O odor estava por todo lugar, pesado nos seus pulmões. Suas presas se recusavam a retrair. O som de corações batendo tornou-se um tambor de desejo batendo pelo seu crânio. Carne quente acenando, a atração de sangue quente forte, o pulso diretamente abaixo da sua boca. Tão perto. Tão tentador. O sussurro era insidioso no seu ouvido. Somente desta vez. Sua boca quase tocou aquele pulso martelando. Seus ouvidos se encheram com o som, a maré e o fluxo da força de vida no corpo de Cesaro. Sua mente se recusava a funcionar, inundada agora com a necessidade. Somente desta vez. Ele podia cheirar o medo delicioso. A adrenalina que corria pelas veias. Ele moveu para trás sua cabeça, sua vista presa naquela tentação. O jaguar bateu nele com força, tirando-o do corpo de Cesaro. Ele rolou e levantou, sua mente uma neblina vermelha de necessidade e raiva. Os olhos vermelhos rubi se concentraram em Solange, furioso que tivesse roubado sua presa. Ela rondou para frente e para trás entre Zacarias e Cesaro, afastando-o do sangue quente, condimentado que seu corpo precisava tão desesperadamente. Ele assobiou sua raiva, os dois predadores presos pelo olhar, cada um esperando o outro atacar. Cesaro se movia lentamente, cuidadosamente, tentando não chamar a atenção do grande gato. Seus dedos avançaram para seu rifle e, palmo a palmo, o puxou. Don Zacarias precisava e ele provinha, tal como sua família tinha feito século após século. Se fosse do seu sangue que Zacarias necessitava, Cesaro o daria. Seus dedos envolveram o rifle na sua mão e seu punho fechou em volta dele. Ele respirou fundo e levantou, a coronha da arma se ajustando confortavelmente no seu ombro, sua vista no gato. Muito lentamente seu dedo encontrou o gatilho e ele começou a apertar. Atrás deles, sangrento, a camisa e peito rasgado, Dominic rugiu um desafio a Zacarias enquanto arrancava o rifle de Cesaro com uma mão e o esbofeteava longe com a outra. A pancada foi casual, mas a grande força enviou Cesaro voando pelo ar para aterrissar contra a casa. — Olhe a mulher. — Ordenou Dominic, sua voz uma ordem baixa que não admitia nenhum argumento. Ele apontou e o homem lentamente ficou de pé, parecendo ofuscado, seus olhos mostrando confusão. Cesaro estava protegido da compulsão, por isso foi só a força absoluta da personalidade de Dominic que o fez ignorar a lealdade enraizada no capataz para proteger Zacarias. — Ela está no quarto e precisa de atenção médica imediata. — Isto esporeou o homem à ação.

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Ele se apressou na casa, deixando os dois Cárpatos frente a frente. Dominic ergueu suas mãos. — Zacarias. — Somente o nome. Uma chamada. Zacarias sacudiu a cabeça. Os sussurros se recusavam a parar, dando pancadas como um rufo profundamente nas suas veias, na sua mente, até que fosse consumido com o desejo escuro do sangue. — Vá. Vá enquanto pode, velho amigo. Salve-se. — Ekam. — Meu irmão. — Anaakfel. — Velho amigo. Havia dor na voz de Dominic - no seu coração e mente. — Isto não é sua escolha. Sua escolha é servir à sua gente. Preciso de você. O príncipe precisa de você. Temos de conseguir esta informação para ele. — Mesmo enquanto falava, Dominic deslizava de posição, seu coração tão pesado que mal podia impedir as lágrimas ardentes passando por sua garganta. Havia uma bola delas alojadas lá. Zacarias. Um homem nobre além de imaginação. Matá-lo seria como um sacrilégio. Eu vou mudar, Dominic. Preciso de roupa. A voz de Solange o assustou. Estava tão calma. Sua calma completa o surpreendeu. Ele a sentia na sua mente, sabia que ela sentia seu amor por Zacarias. Eles eram antigos. Foram amigos de infância. Tinham passado séculos lutando com o mesmo inimigo, às vezes ombro a ombro, noutros tempos sozinhos, mas sempre estavam no mundo compartilhando o mesmo fardo. Seu coração se quebraria quando matasse Zacarias - mas o mataria. Ele dispensaria Zacarias da humilhação de perder sua honra. O povo Cárpato se lembraria dele como o herói que realmente foi. Deixe-nos, Solange. Dominic flexionou seus dedos. Tinha tomado uma surra matando Etienne. O antigo era um lutador experiente e sofreu vários danos. Zacarias era um dos melhores guerreiros, o mais experiente que já tinha encontrado. O amor de Dominic por ele, seu respeito, seria difícil de superar. Ele não queria Solange em qualquer lugar perto desta batalha. Não havia dúvida que mataria seu amigo, mas havia a possibilidade que Zacarias o matasse, também. Há uma chance de salvá-lo. Sua primeira reação foi mandar ela embora, mas a fé absoluta na sua voz se agitou nele. Mais do que tudo, a queria protegida. No entanto, Zacarias era o mais perto que tinha de um verdadeiro amigo, e Dominic não queria ter que matá-lo. Ela não esperou que ele se decidisse, mas mudou somente à esquerda dele. Ele a vestiu com sua roupa normal, calça desbotada e camiseta fina que funcionavam melhor quando se movia pela floresta. Ela tinha emergido mais perto de Zacarias do que ele gostaria, e sabia que foi deliberado. — Sou família para você, Zacarias. — Ela disse, se dirigindo ao caçador Cárpato. Com muitos séculos, Zacarias era mais que intimidador em circunstâncias normais. Mas estava tão perto de virar, que rosnava, seus olhos já mudando, revelando a neblina vermelha do vampiro que tentava possuir sua mente. Dominic se moveu para a posição de ataque. Precisaria de cada pingo de velocidade e força que possuísse para atravessar a parede do peito de Zacarias e extrair o coração antes que Zacarias pudesse retaliar. O ataque teria que ser um choque completo se queria alguma possibilidade de terminar rápido. A ideia o deixou doente, mas meticulosamente revisou cada movimento na sua

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cabeça. Solange tinha fundido sua mente com a dele. Sabia que via o ataque na sua mente, mas continuou tentando, dando outro passo em direção ao caçador. Mesmo quando Dominic estendeu a mão para pará-la, Zacarias deu passos longe e sacudiu a cabeça. — Pegue-a e vá enquanto pode, Dominic. — Sua voz era pouco mais que um rosnado. — Olhe para mim. — Persistiu Solange. — Sou sua família. Irmã para você. Você realmente destruiria aquilo que protegeu por tanto tempo? O odor do sangue, tanta morte, está te chamando, mas estou oferecendo livremente, como sua irmã, como uma na sua proteção... A respiração de Dominic saiu entre os dentes, seu coração saltando. Ela lia sua mente, vendo os caminhos Cárpatos tradicionais e muito formais. Sua vida pela dele. Não, Solange. Não aceitarei isto. Para você, não para ele. Isto é um presente para você. Quero amá-lo e vê-lo como você faz. Você vê a honra e quero ver isto também. Deixe-me dar-lhe o que posso de mim. Isto é por você. Não arriscando sua vida. Você arrisca a sua para matá-lo. Deixe-me arriscar a minha para salvá-lo. Se não a amasse antes, o faria agora. A força da emoção o sacudiu quando Solange estendeu seu pulso em direção a Dominic. Todo o tempo ele olhava Zacarias os observando. Zacarias era mais predador que Caçador. Possivelmente ambos fossem naquele momento. Ambos seres perigosos. Mas então Solange enfrentou o perigo inflexivelmente. Ele respirou e permitiu uma unha escorregador por cima da sua pele, abrindo a veia. Gotinhas da cor do rubi brilhantes brotaram, pequenas, belas joias, resplandecendo como joias. — Venha, irmão. — Ela disse baixinho. — Alimente-se e logo vá a terra. Isto passará. Aconteceu antes. Você é forte e precisamos de você. Zacarias não podia tirar seus olhos do sangue. — Não assim. Nunca assim. É muito perigoso, Dominic. Mande-a longe de mim. — Honrarei seus desejos se for muito longe. — Prometeu Dominic, seu coração na garganta junto com a bola de lágrimas não derramadas. — Você é meu irmão. Nosso irmão. Beba. Você ficará no controle. — Ele tentou um pequeno empurrão para ajudar Zacarias, mas enfim, era sua escolha. Tinha que lutar com a besta, encontrar que o último pedaço de força para levá-lo através desta desagradável crise. Solange manteve sua posição. De todos, era a mais calma. Estendeu seu pulso a Zacarias. Se desse um passo a frente para tomar o oferecimento, estaria totalmente exposto a Dominic. Ela tinha se colocado como isca. Todos os três sabiam. Vida ou morte. Escolha a vida, Dominic suplicou silenciosamente. Zacarias deslizou através do espaço entre eles, tomando o pulso oferecido, seu peito e coração completamente expostos e vulneráveis a Dominic. Deliberadamente manteve um braço longe do corpo enquanto com a outra mão tomava o pulso de Solange. Ela não conseguia parar o tremor que tomava sua mente - ou seu corpo - mas ela manteve sua posição quando a boca de Zacarias cobriu seu pulso e ele bebeu.

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Capítulo 10 “Deixe meus braços suaves a acariciar, deixe nossas músicas se misturarem. Deixe-me ficar ao seu lado, deixe-me libertar seu coração!”

— Solange para Dominic Dominic chegou mais perto de Zacarias, sabendo que velocidade o outro Cárpato possuía. Tinha lutado com Zacarias em inúmeras batalhas e sabia cada movimento seu. Como sombras dançando, olhando um ao outro, Zacarias se debruçou no pulso de Solange. Zacarias parecia vulnerável, mas Dominic não foi enganado. Solange era companheira de Dominic, e era a mais vulnerável de todos. Zacarias podia matá-la em segundos. Aquilo só sacudiria Dominic o bastante para dar a Zacarias uma pequena vantagem. A tensão aumentou. Solange ficou muito quieta, seus olhos no rosto de Dominic. Ela não olhou para Zacarias nem quando chupou o sangue precioso do seu corpo. Ela saiu da mente de Dominic, mas ele deslizou na sua, ouvindo seus gritos silenciosos, vendo o medo que subia para terror. Ainda surpreendentemente, nenhum deles mostrou nos seus rostos, nem mesmo nos olhos. Se não estivesse unido com ela, Dominic nunca saberia o quão assustada estava. Sua mulher. Sua companheira. Sua coragem era horripilante para ele. Ele queria empurrar Zacarias longe dela. Podia ver a ganância, a necessidade desesperada, o perigo aumentando. O tempo se esticou. O som de Zacarias tomando seu sangue era horrível, a vista intolerável, mas se forçou a ficar imóvel como Solange e resistir. Suor escorria em gotas no seu corpo, gotejando por seu peito para se misturar com as lágrimas irregulares na sua carne. Para um Cárpato saber que sua companheira não estava só em perigo, mas sofria era uma das piores coisas possíveis. Dominic começou a se mexer, mas sentiu a resistência de Solange. Por favor, dê-lhe tempo para se recuperar. Ele está tentando recuar. Ela sabia. A boca de Zacarias cruzou sua veia, puxando pesadamente nela. Ela estava pálida, pegajosa, mas não resistia. Dominic percebeu o que mantinha Zacarias em cheque - sua falta da resistência. Ela tinha oferecido sua vida. Ela era sua família, sob sua proteção, e Zacarias era tudo sobre honra. Ela o fez lembrar. Ela o forçou a escolher a honra. Não haveria nenhuma fuga para Zacarias esta noite. Sua vida continuaria, estéril e feia e sem esperança. Quando digo é suficiente, você não discute, você corre. A sua voz foi implacável. Se acreditar que é tarde demais, respeitarei sua decisão, ela concordou. A tensão se esticou a um ponto de ruptura. Dominic lutou com seus instintos, tentando dar ao seu amigo o tempo que precisava para sair do próprio precipício, mas a vista da boca tragando o sangue da sua companheira era pior do que qualquer coisa que já tinha sofrido. Ela estava estoica, mas assustada, e sua própria disciplina estava perto da borda. Pareceu uma vida antes que Zacarias conseguisse conter a besta que crescia nele. Ele varreu a língua através do pulso de Solange e se curvou abaixo, um gesto do seu respeito mais profundo. Ele

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tinha que saber que ela estava assustada. Seu sangue estava misturado com a adrenalina, dandolhe ímpeto, uma bola de fogo queimando pelas suas veias, mas sua coragem tinha desafiado toda a lógica, seu sacrifício grande para um guerreiro assim perto da virada. Parecia envergonhado por estar na companhia de Dominic, e mais envergonhado por estar na dela. Dominic deixou sair sua respiração, a emoção o sacudindo, sabendo o custo para seu amigo e sua companheira. — Peço desculpas, Zacarias. Não podia deixá-lo ir. Sei que é difícil, mas ainda não posso abandoná-lo. Solange sabia disto. Ele é minha fraqueza, não a sua. Ele estendeu a mão e agarrou Zacarias pelos seus antebraços, guerreiro para guerreiro, se fitando nos olhos. Ambos sabiam que o gesto era de fraternidade, respeito, e para verificar se Zacarias tinha conquistado seu inimigo por mais tempo. O rubi vermelho nos olhos de Zacarias tinha retrocedido junto com a neblina. Suas presas lentamente retraíram. Ele levou um momento para responder, enganchando os antebraços de Dominic em um aperto firme. — Não há nada fraco em você, Dragonseeker. Você oculta sua natureza feroz sob esse encanto de calma, mas quem o conhece é totalmente consciente do poder que maneja. Esperarei pela sua chamada. Vou para a terra agora para manter minha gente segura. — Se precisar de sangue, — Disse Solange. — nos chame. Dominic não protestou, mas nunca ia permitir tal risco novamente. Lutar com vampiros era uma coisa, mas andar nas presas de um Cárpato na beira da virada era algo completamente diferente. Seu coração ainda dava pancadas, o tamborilar sólido nas suas veias. Ele olhou para ela, esta mulher que era tal milagre para ele. Solange parecia tão jovem, mas tão intensamente vital. Seu cabelo preto era grosso e riscado de vermelho e dourado, como se o sol a tivesse beijado. As faixas vermelhas representavam o fogo e a paixão que a dirigia tão profundamente. E o cabelo escuro grosso, brilhando no luar, era sua coragem, aguda, terrível e tão infinita, como os rios que cortavam pela floresta. Ele precisava dela, tinha que uni-los, abraçá-la, reclamá-la para si mesmo. Ele queria puxá-la para seus braços e beijá-la para sempre. Queria virá-la acima dos seus joelhos e puni-la por assustá-lo. Ele não sabia o que fazer com ela, mas resolveriam de um modo ou outro, porque não podia atravessar tal provação novamente. Com séculos enfrentando o não-morto, experiência em inúmeras batalhas, enfrentando a morte a cada dia, nada o tinha preparado para a vista de sua companheira oferecendo sua vida. Por ele. Em seu nome. Seu presente para ele. Um som único emergiu profundamente dentro da sua garganta e ele girou e apontou em direção à residência, precisando afastá-la do outro Cárpato. Zacarias seria capaz de encontrá-la, chamá-la, talvez torná-la uma vítima inconsciente. Ele sempre seria uma ameaça a ela enquanto ele não estivesse acasalado. — Temos que ver se podemos ajudar a mulher jovem. Zacarias inclinou a cabeça. — Obrigado. Tente salvá-la para mim, Dominic. Eu consideraria um grande favor. Iria eu mesmo, mas não confio em mim mesmo para ficar perto da minha gente. Iriam se sacrificar por mim. — Ele se curvou novamente em direção a Solange. — A infusão do sangue de sua companheira

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acalmou os sussurros escuros, mas devo ir embora daqui. — Esperará minha chamada? Zacarias acenou com cabeça. — Ouvirei quando chamar ou se precisar de sangue. Pode confiar mim para enviar informação. — Ele se fundiu em vapor e correu longe. Com o coração pesado, Dominic gesticulou para Solange precedê-lo na casa. Ela deu um passo cauteloso, como se provasse suas pernas. Pareceu um pouco tonta, mas não a tocou, olhando Zacarias em vez disso. Ele a queria longe do Caçador Cárpato o mais rápido possível, e tinha que ficar vigilante. Zacarias estava muito perto da virada e ambos sabiam que tinha pouco tempo para ele. O perigo era duplo agora. Uma vez que Zacarias determinasse que não era mais necessário, depois desta crise, escolheria a alvorada ou sucumbiria à escuridão. A perda de tal amigo era quase inimaginável, uma pedra pesando no peito de Dominic, mas não arriscaria mais Solange. Tinham feito o que podiam por Zacarias. Cabia a ele agora. Ao lado de Dominic, Solange se aproximou um pouco, como se para consolá-lo, mas não o tocou. Quando ergueu os olhos e viu seu olhar fixo nela, seus olhos se afastaram dos dele. Ela ainda ficava desconfortável ao seu redor, em qualquer forma que não fosse a de guerreiro. Ele não falou, permitindo o silêncio se estender entre eles. Ele estava orgulhoso dela, ainda que incomodado. Chateado. Os músculos do seu estômago estavam apertados. Tinha o impulso de sacudi-la, ou dobrá-la e abraçar tão apertado que ela não pudesse respirar. Ele sentiu como se estivesse caindo de uma alta adrenalina que o deixou nervoso e fora de prumo, coisa que não estava familiarizado. Dominic pôs Solange atrás dele, indiferente que ela pudesse ficar chateada que ele a protegia, mas não ia vê-la mais colocando seu corpo em perigo. Zacarias tinha tomado bastante sangue e ela estava fraca, e por causa dos parasitas, ele não podia provê-la. Ela tinha tropeçado duas vezes e tentou disfarçar, mas não pode deixar de notar. Ele bateu polidamente na porta aberta que levava ao quarto principal. Em baixo, ele estava seguro, Zacarias tinha um covil, mas não o usaria, não arriscaria sua proximidade à sua gente, não com sua força em declínio. Ele nunca os poria em perigo deliberadamente. — Zacarias pediu que eu viesse ajudar. — Dominic cumprimentou quando Cesaro virou. O homem parecia desgrenhado. Seu rosto estava marcado com a pena. — Não sei o que pode fazer por ela. — Ele respondeu, dando passos longe da cama para dar espaço a Dominic. — Está viva, mas sua garganta... — Ele diminuiu. Dominic tomou seu lugar, observando antes de se aproximar do lado da jovem, Solange foi às janelas, movendo-se como uma sombra silenciosa pela sala, verificando o exterior. — Seu pai está morto. Fora no pátio. Ela não tem mãe. Nenhuma outra família. — Ela tem Zacarias e seus irmãos, e ela tem você. — Disse Dominic. — Zacarias quer que todo o possível seja feito, e que esta casa seja considerada sua casa. Cesaro acenou com cabeça. — Ele faz isto. Sempre cuida de nós. — Qual é seu nome? — Dominic perguntou. Ele precisava de um momento para respirar seu

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caminho através dos olhos da jovem, tão pequena e incapaz, mal fazendo uma ondulação no grande acolchoado, rasgado como estava, sua trança escura, grossa e sangrenta e seu rosto quase cinza. A lembrança da destruição que um vampiro podia causar em segundos só aumentava sua resolução de restringir a coragem de Solange o bastante para que pudessem viver bem. — Marguarita. — Cesaro respondeu. Ele esfregou sua mão por cima do rosto. — Não sei o que dizer aos outros. Dominic debruçou sobre a jovem. Sua respiração mal passava pelos seus pulmões. Faça com que ele deixe o quarto, Solange. Solange não hesitou. — Precisamos que patrulhe as terras com seus homens. Se tiver que retirar o corpo do seu pai do pátio, o faça, mas pode haver outro ataque. Estão atrás de Zacarias. Ele é uma enorme ameaça a eles. Ela foi direta. Cesaro se apressou a guardar a propriedade do seu chefe e abandonou a mulher que morria. Dominic confiava em Solange para zelar pelo seu corpo vulnerável enquanto saia dele e enviava sua energia em Marguarita. Ao mesmo tempo pode ver que Zacarias tinha realizado um milagre no curto tempo que teve. O Cárpato tinha despertado voraz, mas ainda deu seu sangue e energia tentando salvar sua leal empregada. Sabia que ela tinha sido atacada porque se recusou a contar sobre seu lugar de descanso? Sua mente estava protegida e o vampiro foi incapaz de abrir passagem nas proteções que Zacarias tinha tecido para cada um dos que trabalhavam para ele. O sangue Cárpato se apressava em cada célula, tentando reparar o dano terrível. Suas cordas vocais estavam quase destruídas. Dominic assumiu os reparos onde Zacarias tinha desistido, esforçando-se para fazer que pudesse respirar e engolir apropriadamente. Os músculos rasgados foram reatados. Felizmente Zacarias tinha dado o sangue que ela precisava. Dominic não podia fornecer, e não havia nenhum modo de saber se o sangue de Solange era compatível. Ele fez o melhor possível, percebendo que não tinha se alimentado quando voltou ao seu corpo débil e balançou. — Você está trabalhando há muito tempo. — Disse Solange, segurando seu pulso. — Você precisa... — Não! — Ele apoiou sua mão. — Penso que já tive o bastante dos seus sacrifícios para durar uma vida. Caçarei enquanto você cuida dela. Solange estremeceu, mas deixou seu pulso de lado sem protesto. Seu rosto corou e ela desviou o rosto. Suas palavras foram mais agudas do que pretendia, a necessidade do sangue dela forte. Ele queria mais que seu sangue. A besta ainda estava muito perto, a necessidade de levá-la, mantê-la segura. Ele tinha toda a intenção de estabelecer a lei de modo que sua companheira pudesse entender, mas agora mesmo, quando seu corpo inteiro ainda estava em choque do terror daqueles dentes nas suas veias e os olhos vermelhos rubi do quase-vampiro a marcando como presa diretamente embaixo do seu nariz, ele não podia ser doce com ela. — Ela vai viver?

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Havia um tremor na sua voz? Ele pegou seu queixo e levantou sua cabeça até que seus se encontrarem. Ela tremia como um passarinho. A ponta do seu polegar passou através dos seus lábios suaves. — Ela viverá. Sua gente cuidará dela. Sou o único que cuida de você, e não estou fazendo um trabalho muito bom. Ela franziu as sobrancelhas, os cílios esvoaçando. Parecia confusa, a cores correndo em seu rosto. — Por que cuidaria de mim? Realmente errei, mas corrigi imediatamente. Não há nenhuma necessidade de se incomodar comigo. Sinto que eu arrancasse o vampiro de você. Devia saber que tinha um plano. — Suas palavras saíram, uma explicação sem fôlego, quase dolorosamente entregue. Ela mal conseguia se forçar a olhá-lo. — Você é uma guerreira de grande habilidade e não tenho nenhum problema com o modo como ajudou nesta insurreição. Você impediu Cesaro de ser morto e Zacarias de se desonrar enquanto eu matava o vampiro. — Ele lhe deu o crédito devido. — Fiquei orgulhoso de você. Ela engoliu em seco, seus olhos um verde profundo, quase esmeralda. Os cílios longos tremularam e ela olhou longe. Não estava acostumada a elogios - ou atenção. Dominic viu a vulnerabilidade absoluta no seu rosto transparente. Isto era só seu. Era um privilégio, um tesouro, e ainda, uma grande responsabilidade. — Você está com raiva. — Ela fez uma afirmação. — Não de você, kessake. Estou chateado comigo. Mantenha-se alerta. Os não-mortos estão viajando em bandos. Ainda não tive tempo para retirar todas as evidências da sua presença. Ela abriu sua boca e logo abruptamente a fechou, acenando com a cabeça uma vez antes de voltar sua atenção para Marguarita. Dominic não tocou Solange como queria. Saiu a passos largos do quarto e entrou na pequena sala onde Etienne esteve interrogando Marguarita. Este era seu quarto. Ela cuidava da casa do proprietário ausente enquanto seu pai e Cesaro dirigiam a grande fazenda de gado. Provavelmente nunca tinha encontrado Zacarias, mas a lealdade era tão enraizada nas famílias - do nascimento, o segredo dos Cárpatos confiado a sua linhagem - que todos preferiam morrer a trair sua honra. Ele suspirou enquanto meticulosamente consertava o dano à estrutura e retirava toda a evidência do ataque. O mestre de Etienne saberia que estava morto e iria querer saber onde tinha acontecido e como. Se viesse olhar, não encontraria nenhuma evidência de Zacarias ou Etienne neste lugar. Lembraria Cesaro de ter cautela com o corpo do pai de Marguarita. Seria melhor incinerá-lo. O não-morto cheio de parasitas muitas vezes os deixavam para trás nas feridas irregulares e eles chamariam seus mestres. Marguarita não tinha nenhum no seu sangue, mas Dominic tinha interrompido o ataque antes que o vampiro tivesse tempo para injetar seus viajantes nela. Ele olhou ao redor da sala. O quarto de uma mulher. Será que Solange tinha um quarto de mulher oculto em algum lugar? Duvidava. Se envergonharia de reconhecer esse lado dela. Considerava a guerreira forte e a mulher fraca. Ocultaria o lado mais suave contra todo mundo que a conhecia. Seu corpo reagiu àquele pensamento. Ela não o ocultaria dele. Ele descascaria as

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camadas até que a mulher ficasse exposta e dada exclusivamente a ele. Dele. Assim como Solange, ele nunca teve nada só seu. Nunca tinha pertencido a ninguém. A ideia que fosse sua e só sua e nunca querer ser de ninguém mais era um pensamento intrigante. Enquanto trabalhava rápido no quarto, observava tudo: as escovas, os espelhos e os vidros de perfume. Tudo na sala sugeria que Marguarita fosse ultra-feminina, e ainda assim teve uma espinha de aço, se recusando a abandonar seu empregador a uma morte certa. A criatura horrível, vil que a atormentava não a tinha quebrado. As mulheres podiam ser muitas coisas. Vinham em todas as formas e tamanhos com personalidades muito diferentes, mas não importa o que estava na superfície, era o que estava abaixo que contava para ele, bem como para todos os Cárpatos. Podiam ver dentro da mente, o que estava lá, junto com o coração e a alma das mulheres, o que as fazia bonitas, não a embalagem. Ele conhecia Solange o suficiente agora para saber que se dissesse que a embalagem exterior não importava em absoluto a um Cárpato, ela o levaria mal. Ela entenderia que era sua forma de dizer educadamente que via o corpo dela "sem atrativos" o que estava distante da verdade. Ele voltou pelo mesmo caminho de Etienne, destruindo todas as evidências da sua passagem. Chegou ao pátio. O corpo tinha sido retirado, mas o sangue permanecia, manchando os canteiros, as lajes do piso e o solo escuro, rico. Várias plantas tinham murchado, os efeitos da natureza em contato com a abominação do não-morto. Os vampiros detectariam facilmente aquele sinal revelador do céu. Novamente, foi meticuloso na remoção de todos os traços da presença do não-morto e a luta aconteceu aqui. Se soubessem que Zacarias esteve aqui, esta fazenda e todo mundo nela ficaria visado. As coisas tinham que parecer mundanas - como se ninguém tivesse qualquer ideia da presença de vampiros. Estava voraz quando terminou. Soube o momento exato que Cesaro se aproximou, vindo lentamente, quase com relutância, por trás dele. Dominic virou. — Você tem perguntas? Cesaro sacudiu a cabeça. — Don Zacarias enviou uma mensagem que você pode precisar de sangue. Ele pediu, como um favor a ele, que atenda suas necessidades. Dei minha palavra. Ele me pediu para seguir qualquer instrução que possa dar. — Ele o assegurou que eu não o prejudicaria? — Não seria fácil com as proteções de Zacarias no homem. Saberia que Dominic tomava seu sangue, e ainda, corajosamente, seguia as ordens. Não, não ordens; um pedido. — Foi uma noite traumática para todos vocês. — Disse Dominic com um pequeno suspiro. — Não desejo fazê-la pior. Infelizmente o corpo do pai da moça deve ser incinerado. Os não-mortos deixam atrás pequenos parasitas que chamarão seus mestres e os trarão a este lugar. Estou retirando todas as evidências da batalha, mas você não pode permitir que ninguém fale desta noite, ou mesmo mencione os danos de Marguarita. É para a segurança de todos aqui. Cesaro inclinou sua cabeça. — Fomos bem treinados no que fazer. Estamos preparando o corpo agora.

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— Sei que preferiam queimar o corpo vocês mesmos por respeito, mas meu modo será mais rápido, mais limpo e assegurará que nenhum parasita fuja. Também não fornecerá um farol para os não-mortos. — Esta é uma noite ruim. — Cesaro suspirou. — Diga-me honestamente se Marguarita viverá. — Ela viverá. Não sei se ela falará novamente. Fizemos o possível, mas sua garganta foi muito rasgada. Terá este lugar e todos os Cárpatos a honrarão por seu sacrifício. Cesaro esfregou suas têmporas, como se tentasse aliviar uma dor de cabeça lancinante. — Nossa gente sempre foi De La Cruz. Lutamos por eles, os guardamos e temos a honra de morrer ao seu serviço. Marguarita não é diferente. Cuidaremos dela. — Ele respirou, deixou sair. — Seria uma honra realizar os desejos do Jefe. — Você está certo. — Perguntou Dominic, gostando do homem cada vez mais. — Acredito que sim. Dominic não desperdiçou tempo. Cada célula no seu corpo pedia alimento aos gritos. Usou tanta energia para curar Marguarita e retirar todos os sinais da batalha que estava pálido. Se moveu na direção do homem ao invés de forçar Cesaro a andar até ele. — Meu povo vive do sangue, como você vive da carne de animais. Não matamos. Só o vampiro faz isto. O engolir de Cesaro foi audível. Ele acenou com a cabeça. — Don Zacarias explicou-nos isto. É... Difícil, mas desejo fazer isto por você. — Se me permitir, o ajudarei a não sentir nada. Você conservará a memória sem medo. Cesaro franziu a testa, mas sacudiu sua cabeça. — Quero saber como é servir àqueles que cuidaram tão bem das nossas famílias esses anos todos. Dominic preferia tomar o sangue do pescoço, como todos os Cárpatos, mas não queria que o coração deste homem explodisse. Podia ouvir o medo no seu pedido valente, e a aceleração do coração. Era tudo que podia fazer para respeitar os desejos do homem e não o acalmar. Ele passou a língua por cima do pulso oferecido para entorpecer a pele e logo afundou suas presas profundamente na veia, quase em um movimento contínuo. Cesaro fez um som único, mas não estremeceu ou tentou remover seu braço. Dominic entendeu por que a família De La Cruz acreditava nesses seres humanos. Eram leais tanto como corajosos. O sangue quente fluiu no seu corpo, embebendo as células, músculos e tecido, imediatamente fornecendo força, o enchendo novamente de energia. Ele procurou não tomar muito, mas quando passou a língua por cima dos buracos gêmeos, fechando-os, Cesaro se agitou e Dominic o ajudou a sentar. — Não doeu como pensei. — Murmurou Cesaro. Ele deu a Dominic um pequeno sorriso. — A gente fica imaginando até ficar com medo, mas houve pouca dor. — Pode ser perigoso. — Lembrou Dominic. — Quando vivemos muito tempo e matamos muitas vezes, já não resta sentimento. — Don Zacarias me disse isto. Ele disse que você e sua mulher me salvaram. E salvaram a ele. Dominic sacudiu sua cabeça.

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— Possivelmente fizemos sua escolha mais fácil. Limparei o campo de batalha enquanto você bebe muita água. Então deve me levar ao corpo e enviar todos embora.

Solange retirou os gravetos desgarrados do cabelo no rosto de Marguarita. Ela parecia uma bela boneca quebrada tão quieta e pálida. Havia círculos escuros embaixo dos seus olhos, e dois crescentes grossos de cílios escuros sombreavam suas faces. Era uma mulher bela, cheia de vida somente horas antes. Solange suspirou baixinho. Havia tanta violência no mundo, especialmente, parecia, contra mulheres. O que esta mulher tinha feito a alguém? Vivia sua vida, feliz. Agora, seu pai estava morto e sua garganta foi esmagada. Tudo parecia tão insensível a Solange. Tinha passado quase cada dia da sua vida trabalhando para prevenir tais atrocidades, e ainda parecia falhar a cada ocasião. — Sinto não estar aqui. — Ela murmurou baixinho. Às vezes parecia que estava sempre atrasada, sempre um pouco atrás, e o último par de dias tinham sido maus. Ela retirou os sapatos de Marguarita e as meias e pôs uma manta por cima dela. Estaria a cargo das pessoas na fazenda ver seus cuidados agora. — Como vão explicar tudo isso? — Eles têm doutores na família. — Disse Dominic a ela. Ela girou, um rosnado saindo. Ninguém andava furtivamente a sua volta. Ela era o gato. Ela cheirou a presença dos outros, mas lá estava ele, enchendo o quarto com seus largos ombros e estrutura poderosa. — Como chegou aqui? — Usei outra forma. Parecia mais fácil do que tentar permanecer invisível aos funcionários. Você está pronta para ir? Ele falou naquela mesma voz doce, mas sentiu algo nele. Foi depois que tinha dado seu sangue a Zacarias. Tentou compreender o que tinha feito de mal. Passou muito tempo desde que ficou tanto tempo na companhia de alguém, e especialmente a companhia de um homem. Como podia ser o que ele queria quando mal podia se forçar a falar com ele? Supunha-se que uma relação era tão difícil, ou ela a fazia assim? Não tinha nenhuma ideia de como atuar. O que sentir ou pensar. Ou dizer. Especialmente dizer. Solange queria dizer que sabia que podia ser tudo o que ele precisasse, mas não acreditava nisso. Ela não queria outra mulher o tocando, compartilhando seu tempo, sua vida, até sua risada ou conversa. Sabia que tinha dado, de algum modo, um passo irrevogável quando contou a verdade sobre seu sangue. Tinha aberto a porta da possibilidade de futuro. Estava terrificada pelas consequências. Ela não dava seu coração para um homem cuidar, simplesmente não. Mas não podia se impedir de querê-lo. Ele levou embora a solidão completa que tinha aguentado a maior parte da sua vida. Ela se disse que não era real, apenas seu sonho e tinha dado ao verdadeiro homem as características do homem do sonho, mas sabia melhor. Dominic era - Dominic. Ele era também Dragonseeker, e isto

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dava a ela uma pausa por ser do sexo masculino. Ela tinha ouvido o nome Dragonseeker. O título era sussurrado, uma lenda. Um mito horripilante. Mesmo os irmãos De La Cruz inadvertidamente baixavam suas vozes falando do Dragonseeker. Não achava que era real, mas uma história contada na sociedade Cárpata, um grande guerreiro, um lutador feroz, tão forte que ninguém na sua linhagem virou alguma vez vampiro. Tinha visto o respeito de Zacarias por ele, e Zacarias respeitava poucos. Sabia que Zacarias tinha uma reputação feroz também, mas definitivamente tinha retrocedido com Dominic. Era difícil comparar o homem que a tratou tão suavemente com a lenda sussurrada. Ela deu uma olhada rápida em seu rosto. Podia ver a marca da crueldade naquelas linhas fundas. Ele tinha lhe dado os melhores momentos da sua vida no curto tempo que passaram juntos, mas a que preço? Ele não era alguém que poderia empurrar, e ela tinha um temperamento ardente. O que aconteceria quando abrisse sua boca e a coisa incorreta saísse? — Solange? — Ele incitou. — Você está pronta? — Ele estendeu a mão. Seu coração pulou na garganta. Ela nunca poderia tomar sua mão publicamente. E se alguém visse? Ela pareceria feminina... Fraca. Seu pulso era selvagem. Frenético. Ele simplesmente a olhou, seus olhos sempre-mudando no seu rosto, compelindo-a a dar passos para a frente e pôr sua mão na dele. As mulheres faziam o tempo todo, mãos dadas com seu homem. Ela esfregou suas palmas ao longo das suas coxas em agitação. Ele não deixou cair sua mão, só continuou olhando-a. Ela cheirou o ar e lambeu seus lábios repentinamente secos, seu olhar fixo na direção à porta, verificando se alguém se aproximava. — Me olhe. — Instruiu Dominic. — Só a mim. Não importa o que alguém mais pensa ou sente. Só eu. — É exatamente isto... — Ela parou sob seu olhar ardente. Por que não podia fazer uma coisa tão simples? O que estava errado com ela? Ela se encontrou sacudindo a cabeça, recuando para longe dele, sabendo que perdia a única oportunidade que tinha de felicidade, mas incapaz de chegar a sua mão. Ele não oscilou. Não baixou seu braço. Ele curvou seu dedo para ela. — Sou consciente da posição de cada pessoa nesta fazenda, e consciente dos seus medos. Você não confia em mim para vigiar para você? Ela quis chorar ao olhar seus penetrantes olhos azuis. Naturalmente ele sabia onde todo mundo estava. Ele não devia a ter lembrado. Sabia que ele não daria um passo na direção dela. Ela teria que fazer. Ela olhou a mulher tão silenciosa e pálida na cama. Marguarita poderia fazer e não teria pensado duas vezes. Era orgulho que a impedia? Seu orgulho já estava em farrapos. Ela fechou seus olhos, respirou e deu um passo adiante, colocando sua mão na de Dominic. Ao mesmo tempo seus dedos fecharam em volta dos dela, a fazendo se sentir pequena e muito vulnerável. Ele a puxou para ele, tão perto que seu corpo quase tocava o seu. Assim, podia sentir o calor que irradiava dele. — Esta é minha gatinha. A aprovação na sua voz a aqueceu e isto a assustou. Ela nunca precisou ou buscou a aprovação de ninguém. Por que era tão importante para ela? Ficou chateada por nunca ter perguntado a

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Juliette ou MaryAnn sobre como se sentiam quando seus homens ficavam chateados ou felizes com elas. Ela era normal? Com quem estava brincando? Não havia nada normal nela. Ele levou sua mão à boca. Ela podia sentir o calor da sua respiração, ver o calor nos seus olhos, embora mal pudesse olhá-lo. Ela ia explodir assim. Seu estômago sacudiu e seu ventre apertou quando ele mordiscou a ponta dos seus dedos. — Você está pronta? — Ele perguntou novamente. Pronta para ficar a sós com ele novamente? Estava pronta para isto? Ela duvidava, mas o que ia fazer? Era melhor somente não dizer nada. Ela acenou com a cabeça. Ele a soltou e uma parte dela ficou agradecida enquanto a outra parte idiota lamentava que não continuasse a segurando. Ele se debruçou sobre Marguarita e ela provou a amargura na sua boca. Seu gato bateu forte contra sua pele e, olhando no espelho, viu que seus olhos eram completamente do jaguar. Afastou-se daquela exposição de ciúme feminino. Estava triste pela pobre Marguarita, sua vida mudada para sempre, mas estava ansiosa que Dominic pudesse compará-las. Marguarita era uma bela mulher, magra, com curvas e pele sem defeito, enquanto ela era... Toda músculos fortes e cheia. Dominic se virou, e desta vez fazia careta. — Não gosto da sua comparação pouco lisonjeira da minha mulher com outra. Seu coração deu o salto agora tão familiar. Ela suspirou. Talvez não devesse ler meus pensamentos sem meu conhecimento. Ela não podia evitar os pensamentos na sua cabeça e estremeceu, esperando que não ouvisse isto. Ela esmagou cada coisinha que queria dizer e mordeu seu lábio inferior. Não podia imaginar o que ele faria quando enfrentasse sua personalidade - era inevitável. Mesmo sua prima mais jovem Jasmine, que a amava muito, dizia que tinha um grave problema de personalidade. — Você parece estar tendo problemas para censurar seus pensamentos. — Havia diversão na sua voz. Ele não esperou pela resposta, mas abriu caminho para o quintal. Cesaro sentava-se em uma cadeira na varanda dianteira. Parecia cansado e desgastado, mas dirigiu um pequeno sorriso. — Enviarei minha esposa para Marguarita. Ela ficará com ela até que o doutor chegue aqui. O doutor é meu irmão, assim não tenha nenhum medo, não haverá ninguém falando desta noite terrível. E obrigado por matar aquele monstro. Dominic fez uma mesura, formal e continuou andando com passos largos longe da fazenda nas árvores. Solange levantou sua mão, e sem falar, seguiu Dominic até que a floresta os engolisse completamente. Eles andaram em silêncio por alguns minutos, Solange alguns passos atrás e à sua esquerda, dando bastante espaço para manobrar se encontrassem um inimigo. — A que distância iremos? — Ela perguntou. Ele parou e virou, seu olhar pensativo sobre ela. — A distância até nossa caverna. — Ele reconheceu. E esperou. Sua respiração saiu entre os dentes. Instintivamente soube o que queria dela, e a parte teimosa dela simplesmente não queria. Não ia pedir para ser carregada. O que era? Uma criança? Ela podia andar. Ela podia andar toda a noite se precisasse. Talvez se mudasse para seu gato fosse

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mais fácil... — Não. — Seus olhos prenderam os dela, se recusando a permitir que ela afastasse os seus. Ela mordia seu lábio. — O que quer? — Penso que você deve responder essa pergunta. — Você não entende. Realmente. Não entende. — Frustrada, Solange empurrou seus dedos pelo cabelo, fazendo uma confusão na massa grossa. — Você pensa que me conhece, mas não conhece. Se eu abrir minha boca vou arruinar tudo. Um sorriso lento, sexy suavizou a sua dura boca e fez borboletas voarem no seu estômago. — Duvido muito, Solange. Você é minha companheira. Não funciona assim. Você não pode arruiná-lo, nem eu. Encontraremos nosso caminho um com o outro. Você apenas não decidiu se comprometer com nossa relação ainda. Ela sacudiu a cabeça. — Me comprometi. Eu contei do meu sangue, que ele pode te livrar dos parasitas. Não fui atrás de Brodrick enquanto você saiu. Isto é compromisso. — Então por que acha tão difícil pedir uma coisa tão simples como te levar até nossa caverna? Quando posto assim, realmente soava bobo. Mas não tinha o hábito de pedir favores. Era mais honesta com ela do que isto. Certo. Não era sobre favores. Ela não queria mostrar fraqueza. Ou pedir algo. Ela odiava que ele tivesse razão. Era sobre confiança, mas como ser diferente? Ela queria ser diferente. Ela só não pode passar por aquela parede terrível que tinha construído em volta dela para sobreviver. — Não sei como fazer isto, Dominic. — Havia desespero na sua voz. — Não posso falar com você. — Ela começava a ter o impulso de correr - e ela nunca tinha corrido de nada em sua vida. — Você não tinha nenhum problema para falar comigo nos nossos sonhos. Ele era implacável. E calmo. Ela tinha vontade de bater nele. Não se tratava de um sonho. — Você não era real então. Podia falar tudo e não havia... — Ela parou tentando encontrar a palavra certa. — Repercussões. Você tem que saber que é diferente. Não é diferente para você? — Ela não conseguia tirar o tom suplicante da sua voz. Ela queria que ele entendesse. — Completamente diferente. — Ele concordou. — Melhor. Sinto emoções que não sentia há centenas de anos. Sei o que é amor. Sei o que é ser ciumento e feliz. Posso olhar minha mulher e sentir as exigências do meu corpo. Dou boas-vindas até à possibilidade da angústia. Sei o que é não sentir, Solange, e tomarei a emoção e os riscos que vêm com a capacidade. Ela levantou seu queixo. Sabia que os seus olhos eram do gato, mas ela não podia conter a raiva pela reprimenda subentendida. — Senti muito toda a minha vida, Dominic. Tristeza. Angústia. Raiva. Se quiser admitir ou não, é um risco. Ele baixou seus braços ao seu lado, seu olhar constante. — Então tem que decidir se mereço o risco. Sua respiração saiu em um silvo longo. — Você está me acuando. Sou lutadora. Não gosto de ser encurralada.

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Aqueles olhos brilhantes nunca deixaram seu rosto. Ele sacudiu a cabeça. — Você está tentando encontrar uma razão para correr porque me teme, Solange. Por que me temeria? — Porque, — Ela disse, desesperada. — não sei o que fazer. — No momento que as palavras saíram, ela quis tomá-las de volta. Soava tão boba. Era uma mulher crescida e devia ser capaz de lidar com uma simples conversa com um homem, mas esse era o problema. Nunca tinha sido mulher. Não sabia como ser. Sabia que não podia ser a mulher que ele queria e mais cedo ou mais tarde ele partiria. Ela ficaria quebrada. Completamente e totalmente quebrada. Era um risco muito grande. Ela podia ser covarde neste caso, porque era o instinto de autopreservação. Ela esperou por seu desgosto, que simplesmente desaparecesse como os Cárpatos faziam. Dominic deu passos para frente e enquadrou seu rosto, forçando seu olhar a encontrar o dele. — Tudo que tem a fazer, kessake, é pedir que a leve até nossa caverna - nossa casa. É realmente tão difícil? Ele usou aquela voz, a que se arrastava no seu interior e enrolava em volta do seu coração, espremendo até que quisesse gritar. Ela o queria tanto. Queria lhe pertencer. Como pode acreditar alguma vez que era digna dele? Que realmente a escolhesse entre todas as mulheres que podia ter? Como podia amar uma mulher como ela? Ele não a incitou novamente e ela sabia que não o faria. Ficaria somente lá até que ela aquiescesse. Sabia que ele podia ouvir a batida do seu coração. Ela provou o medo na sua boca. Por que isto não era fácil? Ela respirou. Deixou sair. — Pode nos levar para casa, Dominic? — Com aquela frase, arriscou tudo que era ou seria alguma vez. A aprovação nos seus olhos enviou um calor se apressando pelo seu corpo. Ela já estava tão perdida nele. Não importava o que acontecesse no futuro. Já era muito tarde para ela, podia dizer por sua reação ao olhar seu rosto. Queria agradá-lo quando nunca se importou em agradar ninguém. E isto dizia que era muito tarde para ela.

Capítulo 11 “Quando me encontrou, você me completou. Você me traz de volta à vida.”

— Dominic para Solange A caverna estava iluminada com tochas, enviando uma incandescência suave que dançava pelo teto. As teias de aranha prateadas brilhantes adornaram as paredes em vários padrões. Os tapetes estendidos no chão e duas cadeiras altas, estofadas estavam em ambos os lados de uma pequena mesa. Um cesto de frutas frescas parecia convidar na mesa junto a uma travessa com queijo e pão. Solange olhou os pequenos acréscimos que Dominic adicionou ao seu santuário. A comida fez seu estômago rosnar, mas estava muito ocupada vendo a piscina brilhante na bacia de rocha.

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A água brilhava em meio a uma chama vermelho-alaranjada que bruxuleava. As cores faziam a água parecer até mais convidativa, e ela caminhou para a piscina para dar-se tempo de reunir seus pensamentos. Ela tinha tomado a decisão, agora só tinha que compreender como manobrar pelas armadilhas. Se ele não fosse tão sexy. Ou tão bom guerreiro. Se pudesse encontrar um equilíbrio com ele podia lidar com isto. — Você gosta das mudanças? — Ele perguntou. Ela acenou com cabeça. — Muito. — Ele não tinha tocado nada seu, simplesmente acrescentado ao que já tinha, e isto a fez se sentir um pouco melhor. Ela o queria como as poucas coisas que tinha reunido durante os anos. — Como no mundo faz a água parecer que há uma chama dentro dela? — Ela virou para ele e pulou quando seu corpo quase se chocou contra o seu. Ele estava tão perto. Silencioso. E seu odor não a alcançou até que ele quis. Ela respirou e o respirou nos pulmões. Seu calor corporal a rodeou. Estava bastante próximo para que sentisse a pesada ereção roçando seu estômago. Ela mal conseguia se forçar a seguir seu alto corpo, seu olhar descansando na sua boca tentadora, não ousando ir um pouco mais alto para ver seus olhos. Seu corpo reagiu a ele, ficando suave e flexível, seus nervos perto da superfície. Ela nunca reagiu fisicamente a homens, nem mesmo quando sua gata estava no cio. O desejo batia duro, sua gata alimentando seu desejo para procriar, mas no momento que chegava perto de um homem, somente não podia se sentir fisicamente pronta. Nem mesmo rosnando, a gata irritada podia superar sua aversão por machos. Mas com Dominic, não conseguia manter seus hormônios ferozes sob controle. Ela sabia que ele era consciente da reação do seu corpo, tanto como ela era consciente do dele, mas de qualquer maneira sua falta de controle a embaraçou. O desejo por um companheiro era perfeitamente natural, mas... — Você é tão dura consigo mesma. — Ele disse. Sua voz era uma mistura sexy que só aumentou seu desejo. Ela engoliu seco. — Só não sei o que estou fazendo. — Isto é realmente tão mal? — Seus dedos entraram debaixo do seu cabelo, prendendo uma mecha atrás da sua orelha com delicadeza. — Você tem que ser perfeita sempre? Imagino que seria cansativo. A ponta do seu dedo traçou sua boca, para frente e para trás até que ela abrisse seus lábios. Ele empurrou dentro da sua boca e instintivamente ela fechou seus lábios em volta do seu dedo, sua língua chicoteando por cima dele, chupando antes que pudesse parar. A cor quente correu no seu rosto e ela tentou virar sua cabeça, mas sua mão cobriu sua garganta, a segurando, sua cabeça ligeiramente inclinada como se gostasse da sensação da sua boca em volta do seu dedo. Ela acariciou ao longo da articulação com a língua, e o seguiu quando lentamente se retirou, para que mordicasse a ponta do seu dedo antes que voltasse à investigação dos seus lábios. — Você, Solange? Tem que ser perfeita todo o tempo? — Naturalmente que não. — Ela mal podia falar.

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— Só comigo então. — Ele curvou sua cabeça e passou sua boca na dela. O abalo chocante atravessou seu corpo com a força de um relâmpago. Seu toque era tão leve, mas uma bola de fogo passou por ela para se instalar profundamente no seu núcleo. — Você quer me agradar. — Ele fez uma afirmação. Ela acenou com a cabeça, medrosa para falar. Medrosa que ele se movesse. Medrosa que ele não se movesse. — É como deve ser. Já te ocorreu que desejo agradá-la? Ela olhou para cima, seu olhar colidindo com o dele. Parecia tão poderoso. Um predador sobre a presa. Ela era o jaguar e não temia nada - com exceção do seu companheiro - e isso não era insano? Companheiro. Ela provou a palavra. — Solange. — Ele se recusou a permitir que ela afastasse o olhar. — Quando faço uma pergunta, preciso de uma resposta. A cor no seu rosto foi de cor de rosa a carmesim. — Sim, sinto. Ocorreu-me. É só difícil de acreditar. Vou me acostumar, entretanto. — Talvez. — Só preciso de um pouco de tempo. Ele sorriu para ela, aquele sorriso lento, sexy, derretendo seu coração e abrindo caminho até os dedos do seu pé. Gostava de ver aquela expressão em seu rosto. A luz nos seus olhos. — Não foi tão difícil, não é? Dizer como você se sente? Como a agradarei se não me disser as coisas que precisa? Ele roçou um beijo por cima da sua boca novamente. Seus lábios tremeram em resposta. O globo de fogo no seu núcleo irradiou tanto calor que ela temia se queimar espontaneamente. Seu canal feminino queimava para ele, e entre as suas pernas podia sentir a umidade quente. — Coloquei várias roupas na pequena alcova para você. Agradaria-me muito se, quando estivermos sozinhos, usasse uma para mim. Mais uma vez seu coração começou a acelerar. Seu pulso batia freneticamente, chamando sua atenção. Ele tirou o cabelo do seu pescoço e se inclinou na direção dela. Ela ficou absolutamente imóvel. Sua respiração era quente contra sua pele. Um tremor de desejo começou uma onda de tremores. Ela esfregou suas mãos nas coxas vestidas de jeans - sua armadura. Solange teve que umedecer seus lábios duas vezes antes que pudesse tirar uma palavra e foi um resmungo. — Onde? Ele virou e gesticulou na direção da pequena alcova onde ela tinha escondido roupa extra e armas. Precisando pôr espaço entre eles, ela forçou suas pernas trementes a andar através da pequena gruta arqueada de rocha onde pudesse ocultar seu rosto ardente dele. Havia um espelho de corpo inteiro que não estava lá antes. Pode ver o choque e excitação no seu rosto. Seus olhos estavam brilhantes, quase verde-esmeralda. Sua respiração era irregular, chamando atenção aos seus seios cheios, mais do que cheios. Ela não era magra, elegante, por todo o exercício que fazia. Ela era forte - robusta. Compacta e robusta. Solange estava agradecida por ele não a ter seguido. Ela se sentia esmagada por ele. De algum modo ele tinha conseguido colocar um pequeno armário para pendurar vários itens em um canto.

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Ela tocou o tecido do vestido longo mais próximo. Pelo menos pensava que era um vestido ou uma espécie de vestido. Era longo, e ela apostava que servia perfeitamente, mas era um vestido - e ela nunca teve vestidos. Feito de renda negra, era de encaixe em cima, com tiras finas. A frente era escandalosamente curta, mal cobrindo o v entre suas pernas, e as costas eram longas alcançando seus tornozelos. A renda era totalmente fina. Transparente. Só algumas teias mais escuras de tecido tentavam ocultar algo, e mais brincava do que ocultava. Se vestisse a coisa, seu corpo cheio de curvas ficaria em exposição. Não havia nenhuma calcinha ou sutiã. Ela limpou sua garganta. — Você quer que eu use isto? — Quando estivermos sozinhos juntos. Aquela mesma voz suave e atraente. Nenhuma exigência. Seria sua decisão. Mas disse que isto o agradaria. Ela queria fazer isto para ele? Podia? Seus dedos tocaram a renda com uma espécie de reverência. Ela não era o tipo da mulher que podia usá-la, mas... Solange tirou o próximo para ver se talvez lhe daria mais confiança. Isto era um sobretudo, uma tremulação luminosa metálica vermelho que caia até o chão. No início soltou um suspiro de alívio, mas quando o estudou, percebeu que o tecido esticado iria se ajustar como uma luva sobre seus seios, se ajustaria na sua cintura e tremularia ao chão com a frente completamente aberta da cintura para baixo. Uma porção generosa dos seus seios seria revelada pela gola V. Ela retrocedeu, engolindo seco. — Você já ouviu falar de roupa de baixo? — Ela ousou perguntar porque não podia vê-lo. — Eu gostaria da minha mulher disponível para mim quando estivermos sozinhos. — Ele respondeu naquela mesma voz calma. Mas a maneira como seu tom baixou quando disse “disponível para mim” enviou outra onda de excitação sobre ela. Ela respirou fundo e olhou o seguinte vestido. Desta vez estava mais preparada, mas ainda surpresa quando viu o vestido - se podia ser chamado disto. Era apenas tecido em tiras, um vestido micromini com uma frente transparente apenas e as costas nada além de pedaços de tiras finas até embaixo, apertando de tal forma que as bordas do seu bumbum sairiam a cada passo. Havia mais pele que material abaixo das costas. — Nunca usei nada como isto na minha vida. Nunca até vi tal coisa. — Você não é confortável com seu corpo, kessake. Vestir isto não só me agradará, mas a fará muito consciente de como é realmente sexy. Ela engoliu seco e se forçou a ver o vestido verde-esmeralda. Novamente, era muito curto. Feito para apertar sua figura cheia de curvas e exibir, o material esticava e aderia à pele. Também tinha tiras finas, um grande decote na frente. Um v de tiras ladeava abaixo o vestido tanto na frente como atrás, revelando pele nua. A maior parte do seu peito ficaria nu, e o que estava coberto podia claramente ser visto pelo tecido fino. Devido às tiras o vestido era tão aberto na frente como nas costas. Ela olhou-se com desagrado no espelho. — Estive em uma batalha. Preciso... — Banho? A água está quente. E logo você pode pôr sua escolha e vir comer.

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Ela tremeu. Outro banho na frente dele. Mas se ela pudesse fazer isto, então seguramente podia usar um dos seus vestidos. Ela se forçou a tirar sua camisa. Ao mesmo tempo pegou a vista dela no espelho grande, de corpo inteiro. Seus seios eram cheios, altos, e seus mamilos chegavam ao ponto máximo na fresca caverna. Seu cabelo estava selvagem e com os olhos puxados do seu gato, ela se viu... Exótica... Se não fosse muito dura consigo mesma. Nunca foi tão consciente dela como fêmea - e dele, o que era o problema, ela percebeu com um suspiro. Dominic Dragonseeker a fazia sentir completamente, totalmente, absolutamente feminina quando estava a sós com ele. Ela tirou sua calça e fitou seu corpo. Era baixa, mas tinha forma de ampulheta. Juliette a tinha descrito uma vez como “uma Vênus de bolso” e ela olhou para cima. Para sua surpresa, a descrição tinha sido de uma mulher voluptuosa, bela. Bem, não era bela, mas definitivamente voluptuosa. — Não tenho uma navalha. — Ela não queria sair nua na frente dele e não podia encontrar o que enrolar em volta dela. — E preciso de um robe. — No momento que as palavras saíram da sua boca, ela mordeu seu lábio. Ele tinha pedido para não cobrir seu corpo e foi a primeira coisa que fez. Mas honestamente, as mulheres andavam nuas na frente dos seus homens? Sem barbear as pernas primeiro? Ela devia ter feito a Juliette ou MaryAnn aquela pergunta, também. Dominic repentinamente apareceu atrás dela no espelho, um bom palmo mais alto do que ela. Parecia dominar o pequeno espaço e não era somente sua estrutura física, mas o poder que emanava dele. Mantinha o poder nos seus olhos e voz, compelindo-a sem força física a fazer como ele desejava. Ou talvez fosse realmente ela, tão desesperada para manter aquele olhar que amava tanto no seu rosto. Por reflexo, tentou cobrir seus seios com as mãos, mas ele pegou seus pulsos e manteve seus braços esticados, longe do seu corpo. — Olhe como você é bonita. Só para mim. Você tem alguma ideia de como é atrativa para um homem que não teve ninguém só sua por séculos? Você é minha outra metade e acho-a inacreditavelmente sexy. Ela encontrou seus olhos no espelho. Havia uma luxúria escura lá, um vislumbre de fome crua que a fez tremer em antecipação. Sua ereção pesada, evidência da verdade que a achava sexy, era quente contra as nuas costas dela pelo tecido fino das suas calças. Havia algo muito decadente sobre estar nua, se fitando no espelho, braços esticados, com Dominic totalmente vestido, a observando com um predador e assim tão perto atrás dela. Seus braços a envolveram enquanto suas mãos em concha subiam pegando o peso dos seus seios cheios nas suas palmas. Ele olhou-a no espelho. Ela podia ver seus olhos mudarem para os do gato, sonolentos, seus cílios caindo quando seu cabelo roçou seu ombro nu. — Fique assim para mim. — Ele murmurou baixinho quando abaixou sua cabeça ao pulso que batia tão freneticamente no seu pescoço. — Aberta e oferecida. Minha mulher. Ela sentiu a língua grossa, um golpe de veludo que enviou um tremor pelo seu corpo. — Você é minha mulher? Ele fez uma pergunta. Quando fazia uma pergunta, precisava de uma resposta, não importa o quão difícil era. Ela tremia, seu corpo necessitado só pelo modo que suas mãos levantavam seus

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seios tão possessivamente. — Sim. — Mal saiu um sussurro, mas ela se arranjou. — Sua pele é tão suave, minha gatinha. Como a pele do seu jaguar, só que melhor. Sedosa e suave. Seus dentes rasparam ao longo do seu pulso e a respiração abandonou seus pulmões em um ímpeto. Seus seios levantaram, os mamilos como pequenas contas. Seus polegares roçaram contra ela, como plumas, e logo suas unhas enviaram um raio de fogo se movendo dos seus mamilos pela sua barriga para se alojar com o calor branco aquecido no seu núcleo. — Diga que você quer isto. — Ele sussurrou. Uma tentação. — Diga, por favor. Peça isto. Ela engoliu o nó na sua garganta. Sua mente já aceitando - não, não aceitando, desejando - a mordida erótica. Seus dedos acariciavam seus seios, logo rolavam e puxavam seus mamilos até que ela pensou que poderia cair. Ela não podia afastar a vista dele. Tão bonito. Todo esse cabelo preto caindo como uma cachoeira brilhante na noite mais escura. Seus olhos queimavam com paixão, com desejo, seus braços tão fortes em volta dela. Ela nunca tinha visto nada mais erótico do que os dois no espelho. — Peça. — Ele incitou. Seus dentes deram um pequeno beliscão, enviando ondas de fogo pelas suas veias. Ela mal podia respirar, muito menos falar, mas queria este momento para ela tanto como para ele. — Quero que tome meu sangue. — Ela sussurrou. Ele esperou. Uma batida de coração. Duas. Seu ventre apertou. Seu canal feminino saltou. Por um momento pensou que estava à beira de um orgasmo. Estava tão perto, na borda, e ele não tinha feito nada mais que tocar seus seios e dar pequenos beliscões acima do seu pulso. Estava molhada e necessitada, a pressão crescendo em um ritmo alarmante, empurrando-a mais longe e mais rápido do que nunca. Sua gata sempre dirigia suas necessidades sexuais, e esta ânsia era assustadora, mas impossível de ignorar. — Por favor, tome meu sangue. — Ela sussurrou, sabendo que seu desejo era tão grande como o dela. Seus dentes afundaram profundamente e ela gritou com prazer e dor juntas, estourando pelo seu corpo como uma explosão estelar. As luzes brancas dançaram atrás das suas pálpebras. Seu corpo ficou sem ossos, assim se sentia derretendo nele. Seus dedos estavam em seus seios, mas os sentiu entre suas pernas, acariciando, penetrando profundamente. Ou era sua língua que acariciava profundamente dentro dela? A pressão cresceu e cresceu enquanto o calor aquecido branco a consumia. Ela não queria que ele parasse nunca. O fogo rugiu no seu ventre e se estendeu pelo seu corpo. Seu cérebro parecia aproveitar, até que não havia mais nada na sua mente exceto o prazer puro. Cada pensamento desapareceu, cada embaraço. Havia só Dominic e sua boca mágica e mãos. Havia só o fogo que queimava pelo seu corpo. Ela sentiu as primeiras ondulações de um orgasmo e engasgou, nenhum som saindo. O ímpeto era forte, ondulações se avolumam com força, ganhando velocidade e força, rasgando seu corpo como um tremor maciço. Ela ouviu seu próprio soluço

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estrangulado de prazer como se de longe. Suas pernas perderam a força, mas Dominic a segurou. Abra seus olhos para mim. A ordem suave foi um sussurro pecador impossível de ignorar. Seus cílios tremularam uma vez antes que conseguisse encontrar a capacidade de levantá-los. Ela se encontrou fitando o espelho. Seu corpo estava lavado com prazer. Sua boca aberta, seus olhos vidrados e brilhantes, seus seios inchados, aconchegados nas grandes mãos. Atrás dela, ele aparecia grande e poderoso, rodeando-a com seus braços, sua boca contra seu pescoço enquanto seu cabelo longo caia numa cascata brilhante de seda. Esta era ela? Sexy e desinibida com o homem mais sensual da terra? Podia sentir sua ereção pesada apertada justamente contra ela. Ela tinha feito isto? Trazido seu corpo a tal estado? Seu ventre quase convulsionou com a vista erótica. Ela nunca tinha se considerado um ser sensual, mas Dominic viu esse lado seu, e investigando o espelho, não teve nenhuma escolha só ver o mesmo lado. Sua língua deslizou por cima das pequenas alfinetadas, fechando-as. Ele descansou seu queixo em cima da sua cabeça e somente a olhou no espelho, a segurando enquanto os tremores aliviavam no seu corpo. — Olhe como você é bela, Solange. — Isto é como você me vê. — Isto é como você é. Vejo a verdade. Ela não tinha coragem para perguntar em voz alta, mas queria dar o mesmo tipo de prazer. Deixando seu olhar fixo no espelho, ela conseguiu usar os meios mais íntimos da comunicação. Não tenho nenhuma ideia de como cuidar dos seus desejos como você fez, mas gostaria de tentar... Por favor. Ele deu um gemido suave e beijou seu cabelo. — Este é seu tempo, kessake. Quando você chegar ao ponto onde meu desejo é seu desejo, ensinarei tudo que precisa saber. A beleza está na oferta. Você precisa disto agora, ficando cômoda com quem realmente é, não me dando prazer. É só uma complicação a mais para você e mais uma coisa para ficar nervosa. Não desejo que tema quem é, não quando está comigo. — Quem você pensa que sou? Ele sorriu e seu mundo balançou. — Você é uma mulher sensual, apaixonada em todos os sentido. Só precisa de tempo para descobrir isto. Ela não tinha certeza como se sentia, uma mistura de decepção e alívio. Ele efetivamente a permitiu relaxar um pouco agora que sabia que nada era esperado dela, mas ainda havia a umidade e pressão dolorida implacável contínua que não parecia partir. E, se fosse honesta, o desejo de explorar seu corpo. Ela queria ser a mulher que podia dar-lhe prazer. Dominic estendeu uma mão, ainda conservando a posse do seu seio esquerdo com a outra, seu polegar quase preguiçosamente acariciando seu mamilo. Enquanto ela tremia contra ele, e abalos secundários ondulavam por seu corpo, um manto longo apareceu através da sua palma. — Para você, Solange.

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Ela amava sua voz, aquele tom baixo, sexy que a fazia se sentir tão especial. Ela levantou os olhos para ele quando a envolveu nas pregas suaves. O manto drapejado sobre seu corpo. Sensual. Delgado. Mal estava lá. Ela podia ver seu corpo, cada curva, pela meia-noite azul do tecido apesar da constelação de estrelas formando um dragão de prata espalhado através do material. O manto realçava e acentuava suas curvas e não as ocultava. — Obrigada, Dominic. — Ela sussurrou, passando a mão por cima da sua coxa. Ela se sentia tímida. Um pouco embaraçada por seu comportamento arrojado. Novamente, foi difícil o olhar nos olhos. Os jaguares não tinham nenhum problema em fixar olhar, e em toda a sua vida ninguém, macho ou fêmea, foi capaz de prender os olhos com ela e não desviar o olhar primeiro. Com Dominic, parecia não poder encontrar seu olhar fixo e direto. Ela não sabia o que pensar da sua aparência. Ele a fazia sentir tão diferente sobre ela. Era difícil não ser pega no feitiço que ele teceu. Ela se sentia não só feminina, mas sensual. Seu corpo estava muito sensível, cada nervo vivo, cru e concentrado nele. — De nada. Dominic recuou, permitindo-a passar por ele. Era estranho andar com o manto transparente, a luz dançando e transbordando a constelação para que o dragão raiasse como se estivesse no céu da noite. Ela podia sentir seus olhos nela a cada passo, o que enviava mais calor pelo seu corpo. Ela estava tão úmida que sabia que a evidência de seu desejo brilhava entre suas pernas. Ele era Cárpato; não poderia deixar de cheirar sua excitação. Ela se forçou a continuar andando, e se havia um balanço extra nos seus quadris, que não podia parar, ia culpar o manto. Quem podia usar tal coisa e não se sentir especialmente sexy, especialmente sob seu olhar ardente, e seus elogios girando em volta e ao redor da sua mente? Ela alcançou a borda da bacia e tirou o manto quase com relutância. Assim como sua calça e camiseta eram sua armadura de combate, a lingerie sensual a fez se sentir feminina e atraente. O material parecia ocultar tanto como revelava. Ela se sentiu sem defeito nele, mas no momento que o tirou, se sentiu estranhamente exposta. Sua mão alcançou o ombro do manto e ela o tirou, sabendo que a roupa sempre seria sua favorita não importa o que acontecesse. Usando o manto, pela primeira vez na sua vida se sentiu querida como mulher. Ela sentiu-se sexy e até bela. O manto era tão mágico como Dominic. Estando tão perto, com ele atrás dela, estava consciente do seu calor, do controle absoluto que parecia ter de ambos, e da sua força enorme. Como jaguar feminino, ela procurava aquelas qualidades em um companheiro, e ele as tinha em abundância. Ela deslizou na água cheia de vapor e grata afundou profundamente. O calor aliviou a tensão nos seus músculos. — Dominic, isto é tão bom. Ele se moveu nas sombras, sentando em uma das duas poltronas, quase oculto dela. Uma vela bruxuleou o bastante para jogar luz ocasionalmente sobre seu rosto. O rosto de um guerreiro. Escuro. Misterioso. Tão forte. Ele era lindo para ela. Ela mergulhou sua cabeça na água e enxaguou seu cabelo. Estranhamente, até aquela ação familiar parecia sensual. Solange permitiu que sua cabeça descansasse contra o lado da piscina de rocha. Sabia que

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Dominic a olhava. A luz derramava diretamente através dela, provavelmente iluminando seus seios embaixo da água transparente. A chama convertia a água em prismas de cor, formando o olho, mas com Dominic nas sombras, ele parecia quase como nos seus sonhos quando vinha para falar com ela. — Estou contente que esteja gostando do seu banho. Pensei que ainda estava dolorida das suas feridas. Ela deu um sorriso pequeno, tentativo. — Você de fato curou as piores delas. Só tenho algumas dores. Nada sério. — Ela hesitou. Ele esperou. Ela encheu uma mão de água e a olhou escorrendo por seus dedos. — Você me faz sentir querida. — Gosto muito de você. Seu olhar saltou para o seu. Seu estômago tremulou no impacto de encontrar aqueles olhos escuros, misteriosos. — Obrigada. — Se pudesse viver em qualquer lugar do mundo, onde seria? Ela franziu o cenho. — Nunca fui a qualquer lugar. Nunca. Só vivi aqui na floresta tropical, mas sonhava em viajar. Teria adorado ver todas as florestas tropicais diferentes no mundo. Minha tia às vezes falava de lugares distantes. Costumava fingir que era uma princesa, como nas histórias que ela nos lia, e um príncipe viria e me resgataria. — Ela encolheu seus ombros. — Parei de precisar ser resgatada há muito tempo. — Pode ser. — Ele murmurou. — Ou pode ser que simplesmente deixou de sonhar. — Que tal você? Onde gostaria de viver se pudesse viver em qualquer lugar? Ela ouviu o movimento da cadeira ligeiramente, como se tivesse mudado de posição. Ela olhou para cima e viu seus olhos acima dela. Imediatamente ficou consciente do seu corpo novamente. Era olhar em seus olhos, ela decidiu, que a fazia se sentir tão sexual. Sua gata não estava no cio, então era ela. A ardência entre suas pernas continuou a crescer, como se seu corpo não estivesse saciado o bastante. A ânsia dele parecia infinita. Ele queria que ela se visse como mulher e que seus desejos fossem os dele. Ela se aproximava rápido do ponto de precisar dele. Achou que tinha ficado aliviada quando ele disse que não esperava nada dela, mas agora suas palmas coçavam para tocar sua pele. Ela se encontrou sentada no banho aquecido e fantasiando um pouco sobre o tomar na sua boca, somente ver que gosto tinha, e mais que tudo, como seria tê-lo dentro dela, aliviando a dor implacável. — Viajei todo o mundo e fui aos picos mais altos, e selvas mais densas. As Montanhas Cárpatas sempre serão minha pátria, mas minha casa é minha mulher. Solange Sangria. Você é a casa para mim. Seu corpo é minha casa. Sua mente. Seu coração e alma. Importa pouco onde estamos. Ela inalou agudamente. Agora lamentava não poder ver seu rosto mais claramente. — Você está dizendo que podemos viver em qualquer parte do mundo que eu quiser? — Só tem que querer.

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Não havia nenhum modo de ocultar o choque no seu rosto, e ela sabia que ele o viu pelo seu suspiro. — Se acha inferior a mim? — Não!Absolutamente não, mas... Ele acenou com a cabeça. — Sei. Você pensou que eu a acharia inferior a mim. Ela se envergonhou. — Sinto muito. — Ela sentiu sua decepção por sua falta de fé nele, e isto doeu mais que se tivesse gritado com ela. Dominic nunca deu motivo para pensar que ela era inferior. — Acho que a maior parte dos homens... — Ela parou quando ele levantou sua mão para pará-la. — Só há um homem na sua vida, Solange. Você só tem que se preocupar com o que penso e sinto, não outros homens. Sua voz, como sempre, era completamente calma, mas sentiu a aresta e puxou os joelhos e enrolou seus braços em volta deles, embaixo da água onde se sentia quente e segura. — Você entende? Ela acenou com a cabeça. Ele esperou. — Sim. — Ela disse em voz alta, quase gaguejando. — Realmente não pensei em acusá-lo de... — Do que o tinha acusado? O que estava errado com ela? Por que importava tanto que pudesse machucá-lo? — Você pensou que eu mandaria em você. — Ele terminou para ela. — Somos iguais, Solange, em cada sentido da palavra. Como seu companheiro, sua felicidade e saúde são mais importantes para mim do que a minha própria, mas companheiros estão na mente um do outro. Sei do que precisa. Penso que algumas coisas são difíceis para você ver ou admitir sobre você, e é meu trabalho ter certeza que consiga tudo que precisa. Ela baixou seus olhos. — E seus desejos? — Veremos com o tempo. Esperei séculos para encontrá-la. Nesse tempo aprendi a ter paciência. Antes de tudo, preciso da sua confiança. Sua confiança absoluta em mim - e em você. Tem que saber que é a única mulher que quero ou preciso. Tem que saber que está em você encontrar cada desejo meu, como encontrarei os seus. — E se eu não for boa no sexo? — Ela soltou a pergunta que mais rodava na sua mente e ruborizou de um carmesim profundo quando o fez. Seu corpo estava quente e muito grata pela água cheia de vapor que ajudava a disfarçar seu embaraço. — Então seu professor terá falhado e começaremos novamente. Ela engoliu seco. — É isto o que está fazendo? Ensinando-me sobre sexo? Seus dentes brancos brilharam brevemente na luz bruxuleante da vela e logo ele estava completamente nas sombras. — Ainda não começamos sua instrução no sexo. — Oh. — Seu coração pulou e logo bateu de modo selvagem no seu peito.

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— Levante sua perna fora da água para mim. Seu olhar se arregalou quando ele levantou e deslizou à borda da bacia. Seus movimentos eram tão fluidos que não havia nenhum outro modo de descrever. Ele apareceu acima dela, seus ombros largos e cabelo escuro fluindo. Ela hesitou, incerta do que ele queria dela. Se esticasse sua perna fora da água, teria que se inclinar para trás e certamente afundaria. Ele não disse nada em absoluto, simplesmente esperou. Solange foi para frente tanto quanto pode e respirou fundo, se apoiando para trás quando obedientemente levantou sua perna fora da água. Para seu choque, suas costas e cabeça foram imediatamente apoiadas. Dominic tomou seu tornozelo nas mãos, seu toque suave. Ele sorriu para ela. — Essa é minha kessake. Sua confiança em mim está crescendo. Ela não estava segura que fosse sua confiança nele tanto quanto seu desejo de agradá-lo. Ela queria seu sorriso e o olhar de aprovação nos seus olhos. Ela não conseguia desviar o olhar dele, consciente de como devia parecer, só a água em vapor como cobertura. A água marulhou nos seus seios, brincando nas curvas suaves, femininas. Uma perna estava curvada, seu pé no chão da bacia enquanto suas mãos prendiam o tornozelo da outra. Ele moveu suas palmas por sua panturrilha até seu joelho, num longo, lento afago. Seu corpo sentiu o toque no fundo. Se era possível ficar mais úmida e quente na água, ela ficou. Levou um momento para perceber que tinha retirado os pelos curtos na sua perna. Suas mãos continuaram por cima da sua coxa. Um pequeno gemido escapou. Ela mordia seu lábio para evitar mais sons. Seus dedos roçaram por cima da sua entrada, brincando nos seus lábios por alguns momentos antes da sua palma cobrir seu monte, surpreendendo-a. Ela quase se moveuse, mas seus olhos a mantiveram quieta. Ela engoliu seco enquanto seus dedos se moviam sobre seu corpo, explorando cada sombra, cada cova, até que não podia deixar de se torcer, seu corpo não lhe pertencia mais. — Não entendo o que está fazendo. — Ela ofegou as palavras, sentindo-se um pouco desesperada. Nunca sequer sonhou que uma mulher podia querer um homem tanto. — Não haverá nada entre minha boca e seu corpo. Quero que sinta tudo que faço. Ela já sentia. Como ia sentir mais sem ele a matar? Ele substituiu sua perna suavemente e curvou um dedo para ela. Solange deu sua perna esquerda e fechou seus olhos, tentando respirar através do prazer requintado. Uma mulher podia ter orgasmos repetidas vezes sem seu homem de fato entrar nela? Evidentemente Solange podia, porque estava à beira de um. Suas mãos trabalharam sua magia, e quando ele acabou, abaixou sua perna cuidadosamente, como se fosse feita da porcelana mais perfeita. Desta vez, ao invés de pedir para levantar sua perna, ele enfiou a mão na água e segurou seu tornozelo direito, puxando sua perna. Ela estava agradecida. Sentia-se quase débil, incapaz de se mover, hipnotizada pelo olhar no seu rosto. As linhas eram fundas. Seus olhos escuros com a luxúria. Ele parecia tão focado nela que quase temia respirar. As pequenas gotinhas de água reluziram na sua perna, revelando a pele lisa sedosa. Ele curvou sua cabeça e lambeu as gotas da sua coxa.

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A respiração de Solange sibilou fora dela. — Dominic! Ele sorriu e soltou sua perna tão suavemente como a levantou. — Penso que está começando a entender. A única coisa que ela entendia era que ele era o homem mais assombroso no mundo. Desta vez quando estendeu à mão, ela não hesitou. Ele a puxou fora da água e ela se levantou, totalmente exposta para ele. Desta vez, quando seu olhar se moveu sobre ela, ficou imóvel para ele, não tentando se cobrir. — Você está linda. — O calor na sua voz a fez ruborizar. — Você me faz sentir linda. — Ela respondeu. E ele fazia. Seu olhar a fazia se sentir como se fosse a mulher mais querida no mundo. Como seria ter o amor e respeito de um homem como Dominic? Estar aos seus cuidados? Ela era uma mulher que só respondia a ela. Dominic a envolveu em uma toalha quente e secou. Ele levou seu tempo, atento a cada detalhe, fazendo questão de pegar cada gota de água. Ele esfregou seus seios, sua barriga abaixo e até no meio das suas pernas. Ele cutucou seus joelhos para abrir e se certificou que suas coxas e nádegas estavam completamente sem umidade. Não foi impessoal como ela tinha esperado. Seus golpes eram deliberadamente provocantes, a fazendo se contorcer. Podia ouvir sua própria respiração mudando quando suas mãos se demoravam. Uma vez que ele curvou a cabeça e pegou uma gota de água que escorria por sua coxa. Seu corpo inteiro estava corado e vivo, agudamente consciente dele. Ele deslizou as mangas do manto de dragão por cima dos seus braços e amarrou na cintura. O tecido fino deslizou por cima da sua pele nua como seda viva. Ela ficou imóvel enquanto ele secava seu cabelo. Para seu espanto, ele começou a soprar ar quente sobre ele enquanto usava os dedos para estimular as ondas rebeldes. Só quando terminou, indicou a cadeira. Ela sorriu para ele, ofuscada pelo seu cuidado. — Minha tia me recebeu quando tinha oito anos, Dominic, mas estávamos sempre fugindo. Estudamos em casa, e aprendemos armas e luta, mas não havia... — Ela olhou em torno na sala confortável. Ele tinha feito tudo isso para ela. — Fiquei responsável por minhas primas aos catorze anos. Não sei como fazer estas coisas para você. Sua mão envolveu sua nuca e ele a puxou perto dele, curvando a cabeça. Sua respiração ficou presa na garganta quando seus lábios roçaram os dela. Ela estava atordoada pelo impacto daquele toque leve. A eletricidade correu por sua pele, enviando um ímpeto quente, chiando pelas suas veias. Seus seios cresceram, os mamilos sensíveis e doloridos por atenção. O fogo queimou mais baixo. Entretanto, profundamente no seu sexo, pulsando e pulsando com desejo. Ele se endireitou, a pegou pelos ombros e conduziu a cadeira. — Você tem que comer. — Comer? — Ela levantou os olhos para ele. — Não posso nem respirar. Ele riu baixinho, o som a enchendo de alegria inesperada. Ela não conhecia a alegria. Não sabia que um homem podia se parecer com Dominic.

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— Então respirarei para você. Ele provavelmente o faria, também. Ela pegou uma laranja, admirada para saber onde ele a conseguiu. — Temo tanto decepcionar você. Não sou muito boa em relações. Pergunte às minhas primas. Elas só ficam comigo porque somos parentes. — Elas ficam com você porque a amam. — Ele corrigiu, e pegou a laranja das suas mãos trementes para descascá-la ele mesmo.

Capítulo 12 “Você me revelou. Então me curou de todas as cicatrizes e luta. E quando minha vida despencava, você me pegou. Eu tinha esquecido como sorrir, mas você me re-ensinou.”

— Solange para Dominic Solange tentou retardar sua respiração, sabendo que a olhava estreitamente. Ela limpou a garganta e tentou soar calma. — Acho que não passei tanto tempo com outra pessoa em anos. Minan - minha. As palavras eram um sussurro suave, doce na sua mente. Em voz alta, no seu tom calmo, ele acrescentou. — Eu também não. — Ele não entregou a laranja descascada, mas em vez disso pegou um pedaço e o levou aos seus lábios. — Faremos esta viagem juntos. Tudo em Solange imobilizou. Sua mente se acalmou e ela descobriu que podia respirar. Só tinha que combinar o ritmo básico dos seus pulmões. Dentro e fora. Não era realmente difícil. Estavam nisso juntos, para o que desse e viesse. Ele não parecia se importar que ela se atrapalhasse com suas palavras, que não tivesse ideia do que fazia. Parecia aceitá-la com todos os seus defeitos. Ela abriu a boca e aceitou a fruta fresca. Estava saborosa. A laranja era uma de suas favoritas e difícil de conseguir. Sabia que ele a tinha criado especialmente para ela. Ele parecia pensar dessa forma, encontrando as coisas que amava mais em algum pequeno canto da sua mente e as fornecendo para ela. Ela passou a mão sobre o manto requintado. Podia ver sua pele sedosa, macia apesar das pequenas cicatrizes brancas, aqueles pequenos pontos que sempre detestou e tinha ocultado, estavam agora revelados como se não importassem. Um pouco inconsciente, esfregou-os pelo material semelhante à renda. — Quando a luz da vela passa sobre os pontos, parecem vivos, dançando seu caminho até a coxa. É uma visão muito erótica, Solange, e me faz querer segui-los com minha língua. Provarei cada polegada de você, e esses pontos encantadores mostram o caminho à festa. Ela ruborizou novamente. Não havia nenhum modo de controlar a cor se estendendo portanto abriu a boca quando ele deslizou outra fatia de laranja contra seus lábios. Suas palavras tinham chamado mais uma vez a atenção ao seu corpo, o modo como o via, suas curvas voluptuosas acentuadas pela renda elástica do manto. As estrelas espalhadas não faziam nada para ocultar o

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inchaço dos seus seios ou seus quadris bem largos. Ela se torceu um pouco, lamentando que sua cadeira não estivesse mais nas sombras como a dele. Ela cruzou suas pernas. — Eu prefiro você aberta para mim. Sua voz era tão suave. Não era uma ordem, apenas uma simples afirmação. Ela não teve intenção de se fechar... Ela olhou para seu rosto. Deus, mas ele era bonito. — Será que você não prefere que eu seja mais modesta? — Quando pensou nisso, foi hilário. Gatos nunca eram modesto por via de regra. Quando mudava, ficava nua. Isso era tudo, mas parecia diferente. — Prefiro uma mulher só para mim e que esteja cômoda - e confie em mim o bastante - para se deleitar com sua sexualidade. Você é naturalmente apaixonada e sensual. Gosto de vê-la, ver você me querer. Quando sinto seus olhos se movendo sobre meu corpo, e quando posso ver abertamente o que é meu, me dá grande prazer. Soava tão simples, mas tomou grande esforço da sua parte descruzar suas pernas para dar-lhe a visão de uma mulher arrojada, indigente. Não podia deixar de se sentir sexy e um pouco má, mas ainda era uma das coisas mais difíceis que tinha feito. Pior, enviou outro ímpeto de calor que brilhou entre suas pernas. Ele inalou, puxando o odor da sua excitação nos pulmões. Solange sabia que sua reação ao seu pedido só o estimulava a tirá-la fora da sua concha - e ela temia um pouco onde isto poderia levar. Esse simples sorriso de agradecimento, para ela, era o maior elogio que ele podia dar. Era chocante a satisfação de agradá-lo, quando nunca se esforçou para agradar ninguém. — Esta é minha mulher. Ele fez uma pequena reverência, elegante que enviou uma onda de prazer por ela. Suas maneiras eram do Velho Mundo, como seu discurso formal, mas parecia se adequar a ele, a ela, tudo muito sedutor. — Qual é seu plano? Sua sobrancelha subiu vertiginosamente e ela ruborizou. — Não esse. — Ela salientou. — No campo do vampiro. Você me disse que tinha ingerido o sangue de vampiro, portanto o reconheceriam como parte da sua conspiração. Pensa que apenas os parasitas no seu sangue os farão te aceitar? — Os vampiros que encontrei até agora acreditaram na chamada dos parasitas, mas eles não ficam ativos com você à volta. Também tomei seu sangue há pouco. — Ele levou outra fatia de laranja aos seus lábios e esperou até Solange morder. — Portanto se estiver pensando em me acompanhar, de qualquer modo, não funcionará. Ela o olhou com desagrado. — É claro que cobrirei suas costas. Não posso imaginar que já não esteja pensando em modos de matar Brodrick. — Naturalmente. Ela esqueceu tudo e vestiu sua armadura de guerreira. Seus olhos verdes eram os da sua gata e ela o olhou com desagrado. — Nunca cometa o erro de pensar que não sei o que estou fazendo. Se pensar no que disse

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sobre parceiros, respeito e igualdade, e conhecendo quem realmente sou, então saberá que vou estar guardando suas costas. Ela saiu da cadeira, esquecendo o manto fino quando passeou agitada através do chão da caverna, sua gata rondando perto da superfície. — Você me aceita como sou, ou não. Não pode ter as duas coisas. Eu nunca serei capaz de ficar esperando segura, enquanto você está em perigo. Só o som da água caindo na bacia enchia a sala. Ela ficou consciente da sua respiração áspera, agitada, seu coração acelerado, o ímpeto da adrenalina no seu corpo. O silêncio se esticou até a tensão ficar quase insuportável. Ele simplesmente a olhava com seu olhar escuro, insondável, muito direto que dizia muito. Ela ergueu seu queixo e o fitou direito. Proteger quem amava era seu núcleo fundamental. Se pensava que podia moldá-la em algo ou alguém diferente com alguns equipamentos sexys, estava muito errado. Ela não era boa nesta espécie de merda mesmo. Voltaria apenas a ser um jaguar e encontraria seu lugar na floresta. Sentiu a coceira familiar sob sua pele e a chamada selvagem assolou dentro dela. Escapar... Era o único caminho. — Você é uma lutadora feroz, Solange. Quando não pode ganhar uma batalha, o que faz? Ela tentou conter sua gata para tentar usar suas cordas vocais. — Recuo e planejo um caminho diferente. — Você não pode ganhar uma batalha comigo. Não você. Não sua gata. Ambos perderíamos se insistisse em tal ação. — O que exatamente está me dizendo? Porque você não vai mandar em mim. — Você está procurando uma briga e eu me recuso. Você tem o péssimo hábito de tirar conclusões e as expor da pior maneira possível. Ela abriu a boca e fechou novamente, se forçando a afastar o pânico. E estava em pânico. Ela queria, precisava correr antes que isto fosse mais longe. Antes que o quisesse com cada célula no seu corpo e fizesse tudo para mantê-lo. Tinha mais autoestima do que isto. Ele parou perto dela, ignorando o olhar de advertência nos seus olhos, uma mão cobrindo sua garganta, deixando-a sentir sua força imensa. Mais que força física, podia ver o poder e confiança que os séculos lhe tinham dado. O olhar em seus olhos a sacudiu. Censura. Pura censura. E doeu. Talvez merecesse, mas realmente doeu. — Você não pode mentir para mim ou para você mesma, Solange. Não permitirei isto. Você quer fugir de mim, não por autoestima mas por covardia. Você não quer confiar em mim com seu corpo ou seu coração, e estou me aproximando de ambos. — Eu me partiria em um milhão de pedaços. — Ela se defendeu. — Você não vê? Não sou esta mulher que você quer. — Como sabe o que quero quando você se recusa a ver - ou escutar? Você esperava essa chance e achou que a encontrou. Eu não disse que a respeitava como guerreira? Que eu acreditava que era minha igual e parceira? Você pensa que eu mentiria? Sou Dominic Dragonseeker, e a honra de um Dragonseeker nunca foi posta em dúvida, nenhuma vez em milhares de anos. — Havia uma aresta agora na voz normalmente calma.

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Solange sentiu as lágrimas nos olhos. Claro que tinha ferrado tudo. Era bom demais para ser verdade. Ou talvez ela só não pudesse ser feliz após tantos anos de raiva e tristeza. Sua mão envolveu seu pescoço, e repentinamente seus dedos faziam uma massagem calmante. — Respire, Solange. Só respire. Seus pulmões ardiam por ar e não tinha percebido. Verdadeira vergonha, uma emoção que não conhecia, era mais amarga que a raiva. Dominic a tinha posto na linha. Ela realmente não tinha dado uma chance a ele, não em seu coração. Sua mente tinha tentado, e seu corpo certamente o queria, mas tinha tanto medo de ferir seu coração que realmente não tinha se comprometido com ele. Estava pronta para correr ao primeiro sinal de perigo com ele. — Não vê? Não posso fazer isto. — Ela disse. — Vou continuar te machucando. Sequer morei em uma casa com pessoas. Vivemos nos campos e aprendemos a nos defender. Não tive uma casa desde os oito anos. — Ela não sabia se suplicava para ele entender ou suplicava para ele a deixar ir. Seus dedos continuaram aquela massagem lenta, sedutora. — Então provavelmente é tempo de ter uma casa, Solange. Quero ser sua casa. Dê-me sua confiança. Sei que podemos fazer isto. — Precisaríamos de um milagre. — Disse Solange, sacudindo sua cabeça. — Quero fazer isto, Dominic, realmente quero, mas acho que não sou capaz. Investigo seus olhos e uma parte de mim sabe que ficarei segura se me entregar a você, mas estou me agarrando tanto à segurança, com tanta força que não acho que posso soltar e cair. Você parece um herói incrível, maior-que-a-vida no meu pesadelo pessoal, só que nunca acreditei em heróis. Ele tirou as lágrimas dos seus olhos com seus dedos, pegou-as na mão e apertou. Ela prendeu a respiração quando ele abriu suas mãos. Joias brilhantes vermelhas e verde presas com elos de ouro estavam na palma da sua mão. — Verde para seus olhos e vermelho para seu temperamento, ambos muito parciais. Solange teria recuado se ele não a segurasse no lugar. — Você tem muito poder para uma pessoa, Dominic. — Ela não pode manter o tremor fora da sua voz. — Você disse que precisamos de um milagre. — Ele cutucou sua mão até que a abrisse. Ele deixou o bracelete na sua palma. — Temos um milagre, Solange. Você e eu juntos podemos ser um milagre. Qual a chance, depois de tantos séculos sozinho, de te encontrar aqui neste lugar onde vim para minha batalha final? Seus dedos fecharam em volta das joias e ela as segurou. — Quero ser a mulher que precisa, Dominic, mas temo demais a perda. — Como faria isto? — Você perguntou o que faço quando não posso ganhar uma batalha. Como posso ganhar alguma vez com você? Você é muito forte. Não só força física; eu poderia lutar com isto. E não seus dons. É o poder em você. O poder absoluto que sinto irradiando de você. Ele sorriu para ela e tirou as ondas suaves do seu rosto. — Este poder te pertence, Solange. Está aqui para sua proteção. Para sua felicidade. Para seu

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uso. Ele te pertence. Você não compreendeu ainda, mas é tanto inteligente como lutadora. Não lute comigo. Lute por nós. Lute por mim. Sem você, não posso sobreviver. Você pode fazer isto? — Ele se inclinou e depositou um beijo suave nos seus lábios. — Você é uma mulher forte, Solange. Você me salvará? Você é a única que pode. Seu coração contraiu. — Você não precisa de mim, Dominic. Você é tão, tão absoluto. Você pode ter qualquer mulher que quiser. Isto só pode ser algum erro bizarro. Ele sacudiu a cabeça. — De muitas maneiras os Cárpatos parecem uma espécie superior, e é verdade que temos muitos dons, mas na realidade, como qualquer espécie, temos fraquezas. Os jaguares e os humanos podem acasalar com qualquer pessoa, e muitas vezes confundem atração física com uma relação duradoura. Para os Cárpatos só há um. Você é minha outra metade. Não há nada errado, Solange. Você foi feita para mim. Se optar por não se comprometer comigo, estarei perdido. Solange piscou para conter as lágrimas e abriu sua mão para olhar a pulseira, as joias vermelho fogo aninhadas na sua palma. — Tenho um temperamento muito, muito ruim. — Ela avisou. — E uma boca muito malvada. Muito suavemente ele pegou a pulseira da sua mão e a encaixou no seu pulso. Inclinou-se e deu outro beijo nos seus lábios antes de deslizar suavemente o manto do seu corpo. — Então teremos que ensinar outros usos para sua boca. Sonho com isto muitas vezes. Seu corpo reagiu, inundando com calor. Ele inclinou sua cabeça na direção dela, um movimento lento, constante que só parecia aumentar sua antecipação. Suas pernas tremeram e viraram geleia. Ela respirou quando a levantou nos braços e quando se viraram, havia um tapete grosso na mesa. Ela teve tempo para um breve pensamento — Como faz isto? — Acho que tem que relaxar. Você está tremendo novamente. Ele a colocou na mesa almofadada. Ela olhou para o teto da caverna. Era como se tivesse lançado o manto azul meia-noite acima dela e tivesse espalhado estrelas prateadas assombrosas através do céu da noite. Reconheceu a constelação do dragão. Este dragão estava em chamas, como se as estrelas não tivessem desaparecido com o tempo e ainda tivesse as asas. — Vou massagear seu couro cabeludo. Não tem que se preocupar com nada, Solange. Não estou esperando ou pedindo nada de você agora. Só relaxe. Seus dedos eram fortes, mas muito suaves. A voz macia e hipnotizante acariciava como veludo sobre sua pele enquanto seus dedos trabalhavam sua magia. — Quero que se sinta quente, kessake. E segura. Como sempre estará segura aos meus cuidados. Você sabe que o ritual é obrigatório? Sua prima falou com você sobre isso? Sua voz estava uma oitava mais baixa. Solange escutou o som, concentrando-se em cada cadência e ritmo do seu tom enquanto olhava os olhos ardentes e os dentes agudos do dragão acima. — Não realmente. Não entendi o que ela realmente disse. — Sua mente estava um pouco nebulosa pelo prazer absoluto que suas mãos induziam. Não havia nenhum modo que pudesse não relaxar, não com suas grandes mãos tiram a tensão dela.

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— O macho da nossa espécie já vem impresso com as palavras obrigatórias antes do nascimento. Uma vez que as dizemos a nossa companheira, ela é vinculada, alma à alma, conosco. Acreditamos que a alma foi dividida. O macho é a escuridão e ela é a luz. Apesar da magia absoluta dos seus dedos, ela estremeceu. — Certamente erros são cometidos. Eu disse antes, há muito pouca luz em mim. Eu mato, Dominic. Planejo um ataque e o executo com precisão e nenhuma hesitação. Ele esperou em silêncio, e Solange mordeu seu lábio e logo levantou sua mão esquerda no ar para poder ver o bracelete. A luz das velas pegou os rubis e esmeraldas, e eles inflamaram com vida. — Talvez isto não seja exatamente verdade. Ultimamente, estive hesitando. — A confissão saiu num pequeno ímpeto suave. Não queria mentir para ele. — Nas últimas vezes que precisei matar alguém, me senti doente por dentro. Mas se não o fizer, sei que machucarão outra mulher algum dia, em algum lugar, e não há mais ninguém para detê-los. — Sei que é difícil para você admitir, principalmente para mim. A aprovação na sua voz a aqueceu. Ela estava assustada por vê-lo em cima dela, mas suas mãos começaram a trabalhar nos seus ombros, aqueles dedos fortes cavando cada músculo tenso, e ela afundou sob sua magia. — Não pode haver nenhum erro. Quando ouvi sua voz, minhas emoções voltaram. Depois de séculos de vida em memórias, foi um pouco difícil não ficar oprimido. Meu primeiro pensamento foi te encontrar e te levar, como acredito que meus antepassados teriam feito. Vejo a cor. Seu cabelo, todo seu cabelo suave, sedoso de tantas cores misturadas juntas. — Ele esfregou as ondas entre seus dedos. — Tão belo. Ela tentou sufocar o pequeno gemido do prazer que seus elogios provocaram. Ela tentou se concentrar na boca do dragão enquanto aquelas mãos mágicas continuaram sua massagem diretamente ao longo da sua clavícula. A sensação era a fusão dos ossos. Seu corpo começou um delicioso formigamento, como se seus nervos começassem a despertar mais uma vez. Devia ser alarmante, mas estava muito relaxada sob seus cuidados para protestar. Ele a fazia se sentir bela e bem cuidada. A fazia sentir como se realmente fosse sua companheira protegido e segura. — Por que não me levou? — Ela perguntou. Sua voz soou distante, sonolenta. Talvez até um pouco sexy. Certamente não era realmente ela. Suas mãos encaixaram seus seios. Seus músculos do estômago enrijeceram quando começou uma massagem lenta, doce, e desta vez havia óleo nas suas mãos. Seu coração saltou, chamando sua atenção para seu pulso acelerado. — Levá-la não seria certo para você. Para algumas mulheres, sim, mas você, minha kessake, minha gatinha - você precisa de sedução. Delicadeza. Carinho. Tenho que ganhar sua confiança, e não a quero de nenhum outro modo. Seu olhar pulou para seu rosto quando ele puxou e rolou seus mamilos entre seu indicador e polegar. Ele deixou atrás um óleo de hortelã que começou a gerar calor nas pontas dos seus seios. — Sente-se bem, Solange? Seu corpo é sexy, uma tentação que está ficando mais difícil resistir. Você é muito sensível, e é tão sedutora para mim. Ele baixou a cabeça e a longa queda meia-noite sedosa do seu cabelo preto cobriu seu peito,

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provocando seus sentidos quando ele sugou seu mamilo profundamente na sua boca e o acariciou com a língua. Ela se ouviu gemendo, um som suave, rouco que chegava perto de uma súplica. Ele segurou ambos os seios, virou a cabeça e encontrou seu outro mamilo, lamentavelmente negligenciado e o envolveu na sua boca, dando ao seu seio esquerdo a mesma atenção carinhosa e sem pressa. O prazer era tão intenso que ela tremeu, seus quadris se movendo agitados. Suas mãos acariciaram suas costelas e sua barriga. Ele encontrou os pequenos músculos apertados e começou sua massagem lenta, devagar. — Vê, Solange, que é a única mulher no meu mundo? Uma mulher que pode escolher a vida ou a morte para mim. Você é o centro do meu mundo e sempre será. Quando digo que seu prazer é meu, penso isto literalmente. Posso sentir a resposta do seu corpo. Posso sentir sua mente relaxando como seus músculos, e me agrada saber que sou eu, o único, que pode fazer isto para você. Sou o homem que seu corpo responde e sua mente aceita. Seus dedos deslizaram mais baixo ao seu montículo, massageando muito suavemente, acariciando ligeiramente por cima do seu sexo úmido e se movendo ao interior das suas coxas. Sua respiração saiu numa corrida irregular quando suas mãos continuaram aquele derrete ossos amassando seus músculos tensos. Durante todo o tempo descendo pelas panturrilhas aos pés, ele continuou amassando e acariciando até que ela simplesmente se fundisse lá na mesa. Sua mão no seu ombro a incitou a virar. Ela mal podia juntar forças, já que estava a deriva em um estado de excitação e relaxamento. Ela virou sua cabeça de lado quando ele esticou seus braços de lado e começou o trabalho nos seus ombros com seus dedos inteligentes. — Por que diz que não posso acompanhá-lo quando se reunir aos vampiros, se sabe que não serei capaz de ficar afastada? — Ela murmurou as palavras, seus cílios fechando quando suas mãos foram às suas costas. Ele usava algum tipo de óleo. Cheirava um pouco a hortelã, e quando o aplicou, esfregando-o nos seus músculos, o calor se estendeu. Não estava segura se era o óleo, suas mãos ou a resposta do seu corpo, mas profundamente dentro do seu núcleo, sua temperatura voou. Ele trabalhou cada braço e logo a parte mais baixa das suas costas até que ela quase ronronasse. Um jaguar puro não podia ronronar, mas sua espécie podia felizmente, e agora mesmo seria um momento apropriado. — Você não pode ficar perto de mim - ou deles. No momento que os parasitas a sentem, ficam tranquilos e eles saberão que você ou Brodrick está por perto. Precisaremos de um bom plano. Ela esfregou a face contra o acolchoado suave da mesa. — Isto é o que você tentava me dizer, mas tirei minhas próprias conclusões. — Foi como me expressei. Possivelmente poderia ter escolhido minhas palavras melhor. Suas mãos nas suas costas eram maravilhosas. — Acho que estava sendo quem é, Dominic. Você é assim. Tem tendências dominantes. Infelizmente, embora duvide que nascesse com elas, as desenvolvi. — Suas habilidades de luta são extraordinárias, como é sua coragem na batalha. — Ele reconheceu. Seu louvor enviou uma incandescência quente por ela. Suas mãos se moveram mais abaixo, a suas nádegas, trabalhando profundamente nos músculos, amassando até seu corpo ficar mole. Ele

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levou alguns momentos acariciando por cima das suas curvas viçosas antes que suas mãos se movessem as suas coxas. Ela pensou em protestar; já estava excitada além do que pensou que podia aguentar. Mas desta vez ele começou com seus pés, portanto ela se submeteu, se achando segura. Quantas vezes mancou de volta até esta caverna, fria, sangrenta e dolorida, e desejando somente isto, uma massagem. Ela lembrou que disse ao seu homem de sonho como muitas vezes fantasiava sobre uma massagem. Aqueceu-a que ele se lembrasse e se preocupasse o bastante para lhe dar esta experiência assombrosa. Ela nunca se sentiu tão mimada na sua vida. Suas mãos trabalharam de maneira constante por suas pernas e a respiração ficou retida na sua garganta quando começou a pressionar e esfregar acima dos joelhos. Os golpes subiram mais alto, em direção à ligação das suas pernas, e ela não pode conter a inundação de calor úmido delator. Ela de fato podia sentir sua vagina pulsando, vazia e necessitada. Um pequeno som escapou e ela apertou seu punho na boca. Devia pedir que parasse, mas sentia-se no céu. — Então o que você acha que devemos fazer? — Ela tentou manter sua mente na batalha, em qualquer distração, mas era tão consciente daqueles dedos fortes se aproximando mais e mais do lugar onde mais precisava dele. — Acho que temos um par de dias antes que a grande reunião se realize. Mais vampiros estão na área. Quero ter certeza que ficaram longe da gente de Zacarias. Ela franziu o cenho. — Você pode fazer isto? — Vou tentar. Será uma proteção difícil de lançar, e precisarei de sangue para fazê-la. — Não me importo que tome o meu. — Solange disse, e percebeu que era verdade. Ela preferia provê-lo a que alguém mais o fizesse. No fim, quando passou seu medo de ser conquistada, ela tinha achado uma experiência erótica. Seu dedo se moveu abaixo por sua nádega, traçando a carne firme e deslizando através do seu sexo muito molhado. Ela inalou agudamente e deu a volta. Ela não podia ficar nem mais um minuto nas mãos dele. Nunca tinha se sentido tão carente na sua vida. Ele recuou e a ajudou a sentar. Estava muito mole para ficar. — Não sei se é seguro para mim tomar seu sangue, para qualquer um de nós. Não antes de ter a informação necessária dos vampiros. — Para qualquer um de nós? — Solange achou difícil olhar para ele. Ele era tão magnífico e ela estava tão nua, sua pele corada, sua respiração quase dura. Ele estava tão afetado a tocando como ela pelo seu toque? — Seu sangue pode estar matando os parasitas, e preciso deles. — Ele explicou. — Quanto a você, o ato de tomar seu sangue é muito sensual, e não ouso perder o controle e convertê-la. Como está se sentindo agora? — Sinto-me melhor. Obrigada. Mais relaxada? Ela mordia seu lábio. Não queria mentir. Ele era um monte de problemas para ela. Dois dedos levantaram seu queixo. — O que é, kessake ku toro sívamak - gatinha selvagem querida? Pensei que tínhamos

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concordado que quando faço uma pergunta, preciso de uma resposta. Não é fácil? Ela sacudiu a cabeça e tentou um sorriso. — Não é fácil quando se fala. — O que estaria com medo de me dizer? Agora ela estava embaraçada para sentar na frente dele completamente nua, seu corpo tão insuportavelmente excitado que mal podia pensar direito, muito menos encontrar as palavras certas a dizer. Ela se sentiu vulnerável mais uma vez. Por que era tão difícil exprimir suas necessidades sexuais? O que mais queria dele? A maneira como tinha dito que tomar seu sangue era sensual, e o tom da sua voz quando falou sobre a conversão tinha enviado seu corpo já excitado a um frenesi chocante de desejo. Que ela acalmou; apesar do seu corpo feroz, desesperado pela liberação, não estava segura que seu cérebro permitisse que ela o recebesse sem luta. Jogos jaguares eram tão clássicos e difíceis de explicar. — É embaraçoso e não quero desapontá-lo. — Pronto. Ela tinha dito a verdade. Certo. Talvez tenha sussurrado, mas conseguiu dizer as palavras sem gaguejar. — Você só me desaponta quando não confia mim o bastante para compartilhar seus desejos. Como podia descrever o lento crescimento, a ardência, dor implacável que se recusava a dar descanso? O silêncio se estendeu entre eles. Ele não se moveu, seu corpo imóvel, seus olhos nos dela, se recusando a permitir que ela olhasse longe. — Estou muito... — Sua voz diminuiu e ela sacudiu a cabeça. — Sinto como se estivesse queimando viva. Dói. Um sorriso lento brevemente importunou sua boca. Seus olhos se aqueceram. — Por mim? Pus essa dor aqui? — Seus dedos deslizaram para baixo do seu estômago nu ao montículo liso. As pontas dos seus dedos fizeram uma lenta massagem. — Faço você ficar assim? Toda essa umidade são boas-vindas para mim? Ela fechou os olhos, sua cabeça baixando com seu toque. No fundo, seu corpo começou a pulsar. — Naturalmente para você. Não sabia que podia me sentir assim. — Você nunca deve ocultar quem é, Solange. Ou seus desejos. Certamente nunca deve tentar ocultá-los de mim. Sou o único para te dar satisfação. Você entende o que estou dizendo? Só eu. Quero que você se abrace como uma mulher, como minha mulher. Nunca entendi por que uma mulher deve ficar insatisfeita sexualmente, ou de qualquer outro modo. Os parceiros devem confiar um no outro o bastante para compartilhar seus desejos. Muito suavemente, ele apertou sua mão contra seu ombro, forçando-a a deitar no banco. — Somente relaxe novamente e me deixe colocá-la onde quero. Ela engoliu sua apreensão e o deixou deslocar seu corpo até que seu traseiro estava no fim do banco e suas pernas dobradas sobre o fim dele. Ele abriu suas coxas, pendurando-as até apoiar seus pés no chão. Seu primeiro instinto foi fechar suas pernas, mas sua mão descansava por dentro dos seus joelhos muito suavemente, e descobriu que não podia se mover. Tentou respirar uniformemente. Ele não a impedia fisicamente, entretanto, o poder da sua mente o fazia. Não queria que parasse,

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mas se sentia tão completamente vulnerável. Seu corpo estava aberto para ele, seu centro mais privado. Era mulher e teria que aceitar a invasão. Um pequeno soluço escapou. Invasão. Era assim como via o sexo? Fazer amor? O que estava errado com ela? E como ele podia ficar com ela se estava absolutamente terrificada com um ato tão natural? Ela o queria. Precisava dele. Estava extremamente excitada, tanto que sabia que seu odor permeava o ar. Mas não se movia. Não podia se mover. Dominic pairava sobre seu corpo nu, completamente vestido, e ela achou a situação até mais excitante, sobretudo quando seu olhar pesado foi à deriva tão possessivamente sobre dela. Ela podia ver que estava duro e grosso e pronto para ela. Ela tinha feito isto. Solange Sangria, com seu corpo "não tão perfeito", seus modos estranhos e idiotas e milhões de erros que cometeu na relação. Tinha sido ela a pôr aquela ereção enorme num homem tão assombroso, poderoso, muito sensual. — Quando deixar sair esses pequenos soluços roucos, Solange, deve ser de prazer, não porque está chateada com seus pensamentos. Você não está pronta para se juntar comigo ainda. Quando você estiver, vai querer cuidar dos meus desejos. Será a única coisa na sua mente. Você deixará de existir só para me agradar, como faço por você agora. Assim é como deve ser. Seus dedos traçaram por cima dos seus seios e ele simplesmente curvou sua cabeça e tomou posse da sua boca. O choque de prazer enviou uma corrente de eletricidade diretamente ao seu núcleo. Ela gemeu quando sua língua entrelaçou e duelou com a dela. Nunca tinha beijado um homem deste modo. Nenhuma vez. Nada a tinha preparado para Dominic a carregando para um mundo sensual, deslumbrante onde seu corpo se recusava a ser dela mesma. Sua reclamação era a coisa mais dominante que tinha experimentado alguma vez. Sua boca tomou o comando da dela e insistiu na sua complacência. Não podia parar mesmo se quisesse. Além da sua compulsão, natureza sedutora, podia provar a luxúria escura nele, a paixão brotando nela, tão forte, como um rio feroz. Ele parecia se alimentar na sua boca, beijando-a muitas vezes, suas mãos fortes enquadrando seu rosto enquanto a devorava. Apenas quando seus braços começaram a rodear seu pescoço, ele mordeu seu lábio inferior o bastante apenas para picá-la, enviando um solavanco de fogo dos seus seios ao seu sexo. Ela gemeu novamente quando beijou o caminho abaixo até os seios. Ele se aninhou lá por um momento enquanto seu coração pulava e seus quadris ficavam mais agitados. — Amo como me toca. Tão sexy. — Ele murmurou contra seu mamilo. Antes que pudesse responder ele puxou seu seio dentro do caldeirão-quente da sua boca, sugando forte, sua língua chicoteando e lambendo, alternando com seus dedos que puxavam e rolavam seu mamilo. Ela ouviu seu próprio grito quebrado e seus quadris pinoteando. Não sabia que podia ser tão sensível. Ela arqueou suas costas, dando melhor acesso, compulsivamente rodeando sua cabeça com os braços. Ela tentou sufocar os pequenos soluços de desejo, mas toda a disciplina e pensamento a abandonou. Pequenas luzes estouraram atrás dos seus olhos, e sensação a esmagou. Ele esbanjou atenção sobre seus seios. Ela sentiu o raspar de seus dentes e ouviu a mudança na sua respiração - para ela. Tudo para ela. Ele estava na sua mente, aumentando seu prazer, mostrando o seu. Ele amava seus seios. Podia passar horas mamando lá, brincando, importunando

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e atormentando. Algumas imagens na sua cabeça eram chocantes, mas ainda assim muito eróticas, e estava disposta, naquele momento, a fazer qualquer coisa se ele simplesmente aliviasse a pressão crescente terrível no seu corpo. Seu cabelo varreu seu estômago quando beijou o caminho abaixo, fazendo uma pausa para somente por um momento importunar seu umbigo antes de se mover mais baixo ainda. — É por isso que, — Ele murmurou contra seu montículo nu. — não quero nada entre minha boca e sua pele. Quero que sinta tudo que posso te dar. Suas mãos agarraram seu traseiro e ele levantou seus quadris até sua boca, sua língua varrendo por cima dela numa lambidela lânguida, quase preguiçosa. Ela pulou, seu grito a surpreendeu. Aquele som desesperado, indigente não podia ser dela. — Mmm. Delicioso. Você tem gosto de néctar. Espero que goste, kessake, porque tenho a sensação que isto será meu passatempo favorito. Ele levou seu tempo primeiro, um doce, lento tormento enquanto beijava, lambia e explorava até que ela se torcesse embaixo da sua boca. Sua língua mergulhou fundo e a respiração silvou fora dela. E logo ele acariciou aquele pequeno botão duro onde cada nervo se centrava. Ela quase convulsionou com o êxtase. Dominic brincou, exatamente como se isto fosse seu passatempo favorito. Sua língua perita nunca parava, e quando chicoteou e logo chupou seu clitóris, seus gritos despedaçados se tornaram súplicas. Ele levou seu tempo, seus dedos mergulhando profundamente enquanto ele marulhava na sua nata. Os tremores rolaram por ela enquanto gemia intermitente, desesperada pela liberação. Seu coração corria tão rápido, quase como a pulsação no seu ventre. Seu corpo apertava mais e mais até que a sensação era quase insuportável. Ela tentou se empurrar na sua boca; seus quadris pinoteando incontrolavelmente. A fome nela cresceu e cresceu sem fim à vista. Ela temeu enlouquecer, batendo na mesa, seus gritos e súplicas enchendo a sala. Sua boca implacável não parou, sua língua chicoteia seu pequeno botão, inflamado, rápido e lentamente, logo mergulhando profundamente para tirar mais néctar, empurrando-a além de cada limite que conhecia, além de qualquer imaginação. Ela soluçou, pediu e prometeu tudo se permitisse somente sua liberação. Seus quadris subiram empurrando na sua boca sem ajuda. Seu tormento era requintado, um prazer tão profundo que beirava a dor. — Dominic, por favor. — Ela suplicou. — Preciso... De mim. Você precisa de mim. As palavras reverberaram na sua mente. Ele levantou a cabeça e seus olhos resplandeceram, quase vermelho rubi, uma promessa feroz, escura que quase parou seu coração. Então curvou sua cabeça e chupou mais uma vez seu lugar mais sensível, sua língua chicoteando muito e rápido. Dois dedos a penetraram e ela sufocou, gritando quando seu corpo apertou abaixo como um torno, o orgasmo batendo rápido e duro, fazendo suas costas arquearem e seus quadris baterem contra a sua mão. Lágrimas rolaram por seu rosto, e quando levantou a mão para limpá-las, ele se moveu acima dela. Ele tirou o suor da sua pele como se nunca estivesse lá, provando suas lágrimas como fossem um vinho perfeito, acariciando para trás seu cabelo úmido enquanto ela baixava das ondulações

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fantásticas de felicidade pura. Ele era infinitamente suave, tão macio que se sentia envolvida em um casulo de amor quando já tinha esquecido há muito que havia tal coisa. Ele estava dando algo além de preço, e ele não era o êxtase do seu amor. Ele a fez sentir esperança novamente. Sua voz suave sussurrava, dizendo como ela era bonita. Quando encontrou energia, ergueu sua mão e traçou as linhas no seu rosto, a pequena teia de cicatrizes que desciam ao seu ombro. — Me sinto no meio de um daqueles contos de fadas que minha tia contava. — Sua voz tremia, seus cílios estavam molhados e sua boca trêmula. — Você é real, Dominic? Ouso acreditar em você? Ele a levantou nos braços, aconchegando perto do seu peito. — Sim. Ela fitou seus olhos atraentes. Ele não se moveu ou falou. Somente esperou. Ela o conhecia melhor agora. Ele não contava o tempo que demorava para ela compreender as coisas. Se precisava de tempo, ele fornecia. Algo dentro dela mudou. Ela se sentiu um pouco exposta; aquela pequena pepita da confiança estava tomando conta, e a fazia tão vulnerável a ele. Ela nunca tinha se permitido precisar de alguém; era muito fácil a morte levá-los. Tinha aprendido essa lição em uma idade muito precoce. Ninguém estava seguro. Não seus pais, não seus irmãos bebê. Nem as melhores amigas. Ninguém. Se ousasse amá-los, logo seriam arrancados dela. — Você não me deixou devolver. — Ela sussurrou. — Você me deu mais do que imagina, kessake. Você está esgotada. Descansaremos agora, e amanhã você comerá apropriadamente. Ela sorriu para ele, muito cansada para notar que ele parecia dar ordens. E talvez estivesse. Mas por agora, ela precisava desesperadamente dormir. Ela nem se preocupou que ele abrisse a terra e os fizesse flutuar abaixo, a mantendo próxima.

Capítulo 13 “Minha amante de sonho e companheira, você conhece cada parte de mim. Estamos ligados para sempre, alma à alma. Você segura meu coração.”

— Dominic para Solange Dominic estava sem respiração num momento, e no seguinte seu coração começou um ritmo forte, o ar entrou em seus pulmões e seus olhos se abriram. Totalmente vigilante, deixou seus dedos na pele grossa e suave que o cobria. Em algum momento durante o dia Solange tinha mudado à sua forma de jaguar. Algo a tinha perturbado o bastante para que sentisse que poderia precisar da sua forma animal para protegê-los enquanto ele dormia. Minan, está acordada? Ele derramou amor na sua voz. O sol ainda não tinha caído, mas estava perto. Seu corpo sentia os espinhos da consciência que dizia que o céu da noite ainda não tinha descido para manter sua pele protegida. Você os ouve? É isto o que o acordou? Eles estiveram trabalhando em volta da entrada da caverna durante algum tempo, mas suas proteções estão aguentando. Brodrick não está com eles.

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O jaguar fêmea levantou seu focinho e se estendeu languidamente, como só um gato pode fazer, mas desembainhou suas garras, testando-as também. As cordas de músculos lisos encresparam debaixo da pele luxuosa com manchas escuras e fulvas ricas. Não há nenhuma necessidade de você levantar ainda, ela acrescentou. Posso segurá-los se chegarem muito perto. Estive refletindo sobre a situação e sei onde os pegarei. Essa era sua mulher. Calma. Prática quando enfrentava a morte. Podia lidar com uma batalha terrível com tal tranquilidade, mas quando o enfrentava como uma mulher, era tímida e vulnerável. O contraste entre seus dois lados era uma das muitas coisas que o intrigavam sobre ela. Ela era só sua mulher. Nenhum outro homem veria alguma vez seu corpo, sexy e suave e ruborizado, tão excitado, somente ele. Ela nunca mostraria esse olhar confuso para ninguém mais. A Solange que o mundo via era só um lado dela; ele tinha ambos, e isto o agradou imensamente. — Eu esperava acordar com um beijo esta manhã. — Seu divertimento transbordou na sua voz. O jaguar virou a cabeça para ele, seus olhos verdes brilhantes malvados. Sua língua longa saiu e limou por cima do seu rosto. Ele caiu na gargalhada. O jaguar sorriu para ele, muito satisfeita com seu trabalho. Dominic a empurrou, usando sua força enorme, derrubando o gato no solo rico, e logo mergulhou em cima dela. Solange se retorceu fora do seu caminho para que ele aterrissasse agachado perto dela. Ela continuou rolando, ficou em pé e saltou nele. Ele se dissolveu em vapor. Isto é trapaça, ela acusou, os olhos do seu gato olhando a corrente de vapor saindo da cova profunda até o chão da caverna. Ele sabia que ela não se importava. Ela tinha suas próprias habilidades. Poderia pular uns bons 6 metros e correr a 60 km por hora. Tinha uma espinha flexível e o radar que dizia que ele estava... Sua risada suave zombou dela. Ela olhava no lugar errado. Ela pulou à superfície atrás dele, olhando em torno. Podia cheirá-lo, mas não vê-lo. Ela levantou os olhos. Dominic caiu do teto e aterrissou a cavalo sobre suas costas, enrolando suas pernas em volta da sua barriga e seus braços justamente em volta do seu pescoço. Ela rolou imediatamente, repetidas vezes, sentiu seu aperto afrouxar. Usando sua força enorme, saltou uns bons 3 metros diretamente no ar, baixou com a cabeça na direção da terra e o lançou por cima do seu focinho. Ele aterrissou nas suas costas, e antes que pudesse se dissolver novamente, ela se lançou sobre seu peito. Rindo, ele literalmente a levantou, lançando-a pelo ar, dando cambalhota e ficando em pé. Ela era rápida e forte e podia sentir a alegria estourando por ele no seu jogo "pega e joga". Quase tinha esquecido como brincar. Solange se torceu no ar, passando através da sala e atacou, levantando-se nas patas traseiras no último momento quando se encontraram, suas grandes patas dianteiras nos seus largos ombros, as mãos sobre os dela. Eles dançaram em círculo, cada um forçando o outro, tentando empurrar. Dominic repentinamente a agarrou, barriga com barriga, enrolando seus braços em volta dela, dolorido por ela de forma inesperada. Mude. Quero senti-la mudando nos meus braços. Ele sabia que havia sedução na sua voz. Seu corpo estava inflexível no seu desejo por ela, e as exigências urgentes estavam mais difíceis de

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ignorar, mesmo com seus séculos de disciplina. Ele queria acordar com suas suaves curvas exuberantes, mesmo se não pudesse tê-la ainda. Precisava beijar a perfeição da sua boca, e tinha usado inconscientemente sua voz hipnótica - que tinha pouco efeito na sua real... Linhagem de sangue – que não podia ajudar. Ela riu baixinho, o som brilhando por cada nervo no seu corpo. Ele sentiu sua mente deslizando contra a dele. Você pensava “real dor na bunda,”, mas mudou de ideia no caso de eu estar ouvindo, não é? Ele esfregou a cabeça contra a pele grossa, rica do focinho do jaguar. Eu pensava no seu belo traseiro, é verdade. Mude, agora mesmo, enquanto a estou segurando. Era uma manobra extremamente difícil, assim como mudar na corrida. Está me desafiando? Posso fazer, você sabe. Ele sentiu o brilho na sua certeza. Sua mente ficou mais suave, mais íntima, e ela se abriu mais para ele, como se sua aprovação permitisse que relaxasse na sua companhia somente um pouco mais. Serei de mais ajuda na caça nesta forma. É verdade e pode mudar de novo quando formos, mas agora gostaria de segurar minha mulher e dizer boa noite. Que era verdade, embora quisesse fazer o mapa do seu corpo com as mãos - e sua boca - e aprender cada curva de cor e memorizar para sempre. Ele sentiu o movimento na sua mente primeiro, o momento excitante quando a mulher mudava para sua forma; a mente rápida, inteligente; o começo suave, quase tímido de sensualidade; de consciência; a hesitação de estar nua nos seus braços; a rápida convocação de coragem para fazer como ele pediu - porque gostava de agradá-lo. Ela almejava a aprovação nos seus olhos, na sua mente, e o pequeno sorriso que sempre dava quando ela fazia algo que pedia. Isto não só o humilhava, mas era uma responsabilidade tremenda. Ele sentiu o arranco nos seus ossos, ouviu os estalos e rachaduras de um shifter7 em transformação. A pele deslizou ao longo dos seus braços e peito e logo retrocedeu. O focinho retraiu. O jaguar afastou sua cabeça dele, deixando seu queixo para proteger sua garganta exposta. Olhe para mim. Olhe nos meus olhos. Não podia perder a intensidade do momento. Ver como ela vinha para ele. Precisava deste momento. Tinha que olhar nos olhos do gato e ver sua mulher chegar. Emergindo só para ele. Ela nunca faria tal coisa perto de ninguém mais, deixar alguém testemunhar a vulnerabilidade total de tal momento quando estava completamente a sua mercê, incapaz de se proteger como jaguar ou humana. Aqueles olhos verdes assombrosos resplandeceram nele. Toda a inteligência. Olhando para ele - dentro dele. Ele travou seu olhar nela, a segurando no seu momento mais indefeso, vendo o medo passando, bebendo na sua luta para confiar nele com sua vida, com a essência de quem ela realmente era. Ele sabia que ela lutava com sua própria natureza, a natureza elusiva, selvagem que insistia que permanecesse reservada, oculta do mundo. Mas por ele, ela lutou para se expor na sua posição mais débil. Seus olhos mudaram sutilmente, ainda inclinados, ainda enormes, mas muito mais humanos. Parecia quase terrificada, mas não desviou o olhar, nem estremeceu quando sua

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Nota: Termo usado para os seres capazes de assumir outra forma (transmorfos).

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forma muito menor deslizou contra ele. Dominic segurou suas curvas suaves e sedosas apertadas contra a dureza do seu corpo, olhando a expressão dos seus olhos mudarem de medo à alegria. Seus cílios longos tremularam, e a timidez doce deslizou naqueles olhos verdes brilhantes, uma olhada que enviou cada instinto protetor que tinha à superfície. Ainda mantendo seu olhar fixo, ele curvou sua cabeça até ela, sem pressa, centímetro a centímetro, esperando para vê-la encontrar sua sensualidade natural. Ele precisava que ela o quisesse tanto como ele precisava do solo que cada dia o rejuvenescia. Seus olhos estavam sonolentos, sexy. Seus lábios se separaram em antecipação. Ele tomou sua respiração quando os lábios ajustaram por cima dos dela. Suas mãos deslizaram para baixo nas curvas do seu traseiro muito real e ele a levantou em volta da sua cintura, enquanto sua boca mantinha a posse dela. Ele estava muito duro, sua ereção completa e dolorosa, e por um momento descansou a cabeça de cogumelo do seu pênis latejante na sua entrada aquecida, a tentação quase maior do que podia suportar. Mas tinha que saber com certeza se ele era o que ela queria, e mesmo não querendo admitir, ainda não tinha confiança total nele. Não tinha se entregado completamente. Ele a colocou no tapete, suas mãos deslizando por seu corpo enquanto a beijava. Quando levantou a cabeça, ela parecia um pouco ofuscada, confusa e até decepcionada. — Boa noite, Solange. — Ele cumprimentou. Seu meio-sorriso virou uma carranca quando seu olhar fixo caiu na ereção pesada que roçava seu estômago. — Não entendo. Você claramente me quer. — Sim. — Ele sorriu para ela, seu polegar traçando o que restava da desaprovação no seu rosto. — Eu te quero. — Um pouco. Não o bastante. Você tem dúvidas, Solange. Seu olhar se afastou, somente um pequeno movimento, mas foi o bastante para saber que tinha razão. Ela sacudiu sua cabeça. — Realmente te quero. Meu corpo está em um estado constante de excitação. Foi difícil para ela admitir. Ele podia dizer que foi um esforço tremendo dizer a verdade, mas ele se sentiu triunfante de que ela o fez. Estava muito mais próxima à aceitação dele do que ele tinha pensado. — Como o meu. — Ele concordou. — A diferença, kessake, é que eu preciso cuidar dos seus desejos. Você quer cuidar dos seus próprios desejos também. Ela abriu a boca para protestar e abruptamente a fechou, sua carranca ficando mais profunda. Ela estudou seu rosto e logo o seu olhar foi à deriva até sua ereção enorme, desavergonhada. — Não se supõe que seja mútuo? — Não para mim. Tenho que sentir sua aceitação, Solange. Na sua mente, no seu coração. Mesmo na sua alma. Quando você se queimar para me agradar, quando for à única coisa que importa, então saberei que você me aceita. — Realmente aceito você, Dominic. — Seus cílios baixaram e seu lábio inferior tremeu

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ligeiramente. Ele acariciou seus dedos abaixo da sua face, infinitamente doce. — Quando tomar seu corpo, Solange, não pode haver nenhuma gota de dúvida na sua mente. Não importa o que pedir a você, confiará em mim o bastante para fazer sem duvidar porque você saberá que cada pensamento que tenho é para você. Sua segurança. Sua saúde. Seu conforto. Se eu fizesse amor agora, satisfaria seu corpo, mas você ainda se perguntaria se a amo por você mesmo ou porque preciso. Ela estremeceu. Ele definitivamente a leu corretamente. Estava preocupada com isto. Não entendia como podia se apaixonar por ela. Até não acreditava possível. — Não sou uma pessoa bonita, Dominic. Ele pegou seu queixo na mão e forçou sua cabeça até o seu olhar verde encontrar o seu. — Nem eu, Solange. Não do modo como a sociedade educada me examinaria. Tomo vidas como você. Tomo decisões de vida ou morte a cada dia e o faço por séculos. Não duvido de mim como você, possivelmente porque estou perseguindo o não-morto por tanto tempo. — Não é a mesma coisa. Os homens jaguar são minha própria gente. — Matei meu melhor amigo enquanto ainda tinha minhas emoções, Solange. E teria matado Zacarias se não interferisse. Você salvou sua vida. Ela suspirou. — Somente não quero que tenha uma impressão falsa de quem sou. Ele riu baixinho. — Olho sua mente e vejo uma bela alma. Você brilha para mim. Agora se vista em um dos seus vestidos e coma algo. Caçaremos depois. Ela respirou fundo e deixou sair. Mas quando virou, passou seus dedos por cima da sua ereção pesada. Se levantou empurrando. Cada nervo disparado. Ela deu um sorriso atrevido e andou até a pequena alcova, seus quadris num balanço sedutor. Ele não podia conter o sorriso predador. Ele olhou quando ela arrancou o vermelho metálico longo. — O verde. Quero ver se combina com seus olhos. — O verde? Havia um pequeno soluço na sua voz. Ela não estava pronta para pôr um micromini e desfilar na frente dele com nada mais que o ultra-revelador vestido. Ele empurrava sua zona de conforto, muito, mas não estava segura de quanto tempo mais podia resistir. Ele queria sua confiança em precisar dele. Solange umedeceu seus lábios, mas não recuou. Ela hesitou, mas conseguiu se forçar a devolver o sobretudo vermelho e pegar o vestido verde decotado. Rebolou um pouco para passá-lo pelos quadris. O material elástico aderia a cada curva. As aberturas, de tiras finas, iam até embaixo na frente e atrás, deixando a maior parte da sua pele nua. As alças finíssimas moldaram-se aos seus ombros como se fossem feitas para ela, o que, percebeu, era verdade. Isto lhe deu um pouco mais de confiança. Ela empurrou seu cabelo grosso e ondulado antes de se olhar atentamente no espelho de corpo inteiro. O vestido não só evidenciava seus olhos, mas exibia seu corpo. As aberturas

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desnudavam seus peitos, o tecido mal cobrindo seus mamilos. Como era quase transparente, podia ver seus mamilos eretos através do tecido. As aberturas formavam um V que descia até a bainha do vestido mostrando seu umbigo pelas tiras finas e ela até mesmo vislumbrou seu montículo quando se moveu. Ela virou para dar uma olhada sobre seu ombro. Suas costas e traseiro estavam cobertos só com as tiras finas também. Podia ver inclusive, o começo de suas nádegas a espreitando. Ela se olhou, chocada como o vestido justo e revelador a fazia sentir. Estava sexy, e saber que Dominic o tinha feito para ela deu a confiança para usá-lo. Ela o queria em tal estado de desejo urgente que da próxima vez que tivesse uma chance, ele não seria capaz de resistir. Quando caminhou para a caverna, as luzes suaves brincavam sobre as paredes, a chama queimando na piscina e uma mesa posta com velas. Estava vestindo um terno. Alto. Bonito. Magnífico. Estava de parar o coração com seu cabelo longo preso com uma tira de couro e seus olhos sempre mudando de um azul-esverdeado vívido. Seus largos ombros e quadris estreitos foram feitos para um terno elegante. Ele parecia mais do Velho Mundo que nunca. Muito galantemente tomou sua mão, e com um pequeno meio-arco, beijou seus dedos, prendeu-os na curva do seu cotovelo e a levou à mesa. Ele puxou sua cadeira e esperou que ela sentasse. — Posso ouvir seu coração batendo. — Ele sussurrou quando se inclinou, sua boca na sua orelha quando empurrou sua cadeira. — Ele segue o ritmo do meu. Para surpresa de Dominic e prazer, Solange sorriu para ele, e havia sedução no seu sorriso. Ela se moveu só um centímetro, mas seus seios esticaram contra as pequenas tiras finas do material, chamando sua atenção. Seus dedos foram à deriva sobre o tecido elástico para se demorar por um momento nos seus mamilos. — Você me agrada, Solange, fazendo o que pedi a você. Obrigado. — Eu quis ver esse olhar nos seus olhos. — Ela admitiu, abaixando seu olhar. Ele abriu sua mão e mostrou dois brincos pendentes, os rubis e esmeraldas combinando com seu bracelete. — Posso? — Por favor. — Ela ficou imóvel enquanto ele os punha nas suas orelhas. Ela esperou que doesse, mas não o fez. Ela os tocou. — O verde combina com o vestido. — As pedras combinam com seus olhos. — Ele corrigiu suavemente. — E qual o olhar nos meus olhos? Ele rodeou a pequena mesa e sentou na cadeira em frente a ela. Ele pegou uma garrafa e derramou um líquido brilhante no seu copo para vinho e um muito mais escuro no dele. A luz da vela brincou por cima do seu rosto, acariciando sua pele suave e iluminando os olhos do seu gato. O desejo socou baixo e perverso, um assalto imediato e bastante brutal no seu corpo. Era tão bela para ele, no interior e fora, se ela pensava assim ou não. — Eu gosto do modo que você me vê. — Ela disse. — Como fica agradado comigo quando faço algo tão simples como usar o que me pede. — Ela passou a mão ao longo da sua coxa. — É um belo vestido. Mas não está preocupado com os jaguares caçando tão perto? Seu olhar seguia a progressão nervosa da sua palma alisando sua coxa nua. O vestido era muito sexy, seu corpo excitante nas luzes bruxuleantes e suaves. Ele amou como a luz brincou sobre seu

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rosto. Ela não era especialista em ocultar seus pensamentos dele, e se encontrou quase voando quando tocou sua mente e viu seu desejo de agradá-lo - que fazê-lo feliz a excitava. Ela começava a se ver como ele a via: feminina, sexy e inteiramente sua. Ele apontou para ela comer seu bife. Esperou ela começar antes de responder. — De fato, duvido que estejam nos caçando. Eles parecem mais nervosos, de fato não caçando. Muitos vampiros em uma área fazem alguém com sangue quente pensar que está em perigo. Ela empurrou pequenos pedaços pelo seu prato. — Como consegue tudo isso, nunca saberei. — Nunca sentei numa mesa e compartilhei uma refeição. — Ele disse. — Isto é uma experiência nova e muito agradável para mim. Ele percebeu que não podia tirar seus olhos dela. Tudo que fazia o encantava. Como mastigava e engolia. Suas pequenas olhadas nervosas. A mão abaixo que puxava a bainha impossivelmente curta do seu vestido. Cada vez que se movia na sua cadeira, seu traseiro nu deslizava pela madeira polida e ele vislumbrava a tentação encantadora entre suas pernas. Ele se inclinou através da mesa e esperou até que levantasse seus cílios. — Sonho tomar seu corpo repetidas vezes, enquanto está escorregadia e quente com seu néctar tão doce. Gosto de ouvir o modo como geme e choraminga, uma bela música, minha gatinha. Quero ouvi-la implorar que nunca saia do seu corpo. Ele manteve seu tom igual, como se discutissem sobre jaguares e vampiros. Os olhos dela se arregalaram. Seu corpo ruborizou e ela se moveu agitada na cadeira. Ele sentiu o odor da sua excitação. Sua pequena língua saiu correndo para lamber nervosamente seus lábios. Abaixo do tecido verde fino, seus mamilos tornaram-se mais duros. — Você não pode falar essas coisas. — É verdade. — Ele apontou com a cabeça na direção da tigela de frutas. — Você precisa comer um pouco disto também. — Não posso comer quando diz coisas assim. — Ela empurrou seu cabelo de onde tinha caído em volta do seu rosto. Suas mãos tremeram. — Acho, que desde que chegamos em casa, estive em um estado constante de excitação. — É uma má coisa? — Seus olhos o intrigavam, mas foi a reprimenda na voz dela que enviou uma onda do calor pelo seu corpo. — É quando se supõe que estejamos nos concentrando em planejar como você vai sobreviver indo a uma reunião com quem sabe quantos vampiros, os quais gostariam de rasgá-lo e se encher com seu sangue. — Antes que eu considere a tentativa de sobreviver aos vampiros, tenho que achar um modo de sobreviver a esta dor implacável que você pôs aqui. Ela se recusa a ir, Solange. — Sua mão deliberadamente baixou às suas calças imaculadas, chamando atenção à protuberância grossa lá. — E você a colocou lá. Seus olhos mudaram. A mulher quase terrivelmente tímida desapareceu, para ser substituída por uma sedutora. Ela deu um pequeno sorriso, bastante presunçoso quando pegou a taça de champanha brilhante, se movendo novamente na sua cadeira, chamando sua atenção aos seus seios

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viçosos. — É muito gratificante saber que não sou a única sofrendo. Sua voz baixou uma oitava. — Você está sofrendo? Ela lambeu as gotas de champanha dos seus lábios. — Você sabe que estou. — Por quê? — Tenho alguns sonhos próprios. — Ela indicou. — Enquanto dorme, fico pensando em todas as coisas que gostaria de fazer com você. — Agora você tem minha total atenção. — Ele se acomodou na sua cadeira, seu coração começando a trovejar. Finalmente. Ela pensava nele e a melhor forma de lhe dar prazer. Podia ver a determinação na sua expressão e a curva sexy, intrigante da sua boca. — Na verdade, — Ela corrigiu, brincando com a haste da sua taça. — sempre tenho sua total atenção, seu foco total e absoluto. Você me faz sentir não só bela, mas importante e sexy e tudo que precisa. Você me faz sentir importante. — Você é todas essas coisas. Ela comeu outro pedaço do seu bife, uma pequena carranca de concentração no seu rosto. — Tive muito tempo para pensar nas coisas enquanto você dormia, e percebi que é realmente tudo sobre a coragem. Tenho que encontrar coragem para me por totalmente em suas mãos. — Ela levantou os olhos para ele então, seus olhos mostrando a mesma determinação, mas desta vez misturado com medo. — Isto é o que você está me dizendo, não é? Ele acenou com a cabeça. Naquele momento de auto-descoberta, ela estava mais bela do que nunca para ele. — Você quer que eu reconheça que este meu lado é tão importante como a lutadora em mim. — Importante não só para mim, Solange, — Ele concordou. — mas para você também. — É muito mais fácil contemplar tudo isso quando estou na minha forma jaguar. Sinto-me segura. — Quero que se sinta segura comigo. Sua sobrancelha subiu vertiginosamente. — Sim e não. — Ressaltou, mostrando que era tão perspicaz e inteligente como tinha suspeitado. — Você gosta de mim um pouco desequilibrada. Tenho a sensação que confrontar você é como tentar brincar com fogo. — O pulso no lado do seu pescoço tremulou. — Não quero ficar queimada. Ele deu um sorriso predador. — Só você pode se decidir se vale a pena se por aos meus cuidados. Só você pode decidir confiar mim com seu coração, Solange. Ela deu uma mordida na maçã, sua expressão pensativa. — Se fizermos isto, Dominic... — Quando. — Ele corrigiu. — Quando fizermos isto. Porque, kessake, não há nenhuma dúvida que me pertence. Você me aceitará eventualmente. — Ela estava tão perto. Ele podia sentir seu

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alcance na sua mente, querendo dar-se, mas o medo da traição a mantinha paralisada. Amava como ela o fazia, analisando cada passo cautelosamente, tão como seu gato. Sua reserva o fazia admirá-la até mais. Ela respirou. — Quando fizermos isto, teremos um futuro. O que isto significa para você? — Eu a vincularia, naturalmente. — Ele disse, trancando seu olhar com o dela para que não desviasse o dela. Ela engoliu quase convulsivamente. — Certo, entendo isto. Mas e depois? — Tomarei seu sangue - e seu corpo - e a farei inteiramente minha. — Não havia nenhum compromisso na sua voz, ou nos seus olhos. Seus seios levantaram quando puxou uma respiração irregular. Ela largou seu garfo e mais uma vez buscou a haste cristalina. — Você sempre faz tudo soar tão simples. — É muito simples, Solange. Quando estamos em uma batalha, você confia em mim com sua vida, como eu faço. Aqui, quando estamos sozinhos, você tem que me dar a mesma confiança. Já tenho sua honestidade completa, e você é mais leal do que qualquer pessoa que já conheci. Devolvo as mesmas coisas para você sempre. Ela umedeceu seus lábios novamente. — Confio em você. — Ela disse. Havia hesitação na sua voz. Ele sorriu para ela. — Você está começando a confiar em mim, e acho um presente assombroso. Agradeço por sua crença em mim. Você se senta usando um vestido que fiz para você porque quer me agradar. E faz, muito, muito. Ela corou com um rosa suave, a cor realçando o verde dos seus olhos. — Dominic, e depois? Juliette foi convertida. MaryAnn, também. Todas as companheiras são convertidas? — Por via de regra, mas é uma escolha. Se você escolhesse não, você envelheceria e morreria, e naturalmente, eu decidiria envelhecer e morrer quando você deixasse esta vida para a seguinte. A chama da vela pulou, lançando uma sombra escura através da parede. Dominic ficou em pé imediatamente. Nenhum inimigo podia penetrar suas proteções. Ele sabia disto. Mas... Ele se virou lentamente, seguindo a pista da sombra escura. Avistei-o por um momento. Ele se mistura no escuro quando cessa todo o movimento. Solange puxou o vestido por cima da sua cabeça e o pôs cuidadosamente nas costas da sua cadeira como se fosse precioso para ela. Não havia nenhum pânico nos seus movimentos, e ele quis sorrir para ela. Ela era a mulher certa para ele, não havia nenhuma dúvida. Toda profissional. Todo o resto deixado de lado, todas as dúvidas e medos partiam para que sua guerreira forte estivesse costas a costas com ele contra qualquer adversário. Vampiro? Jaguar? Não podia cheirar o inimigo, mas cada instinto dizia que não estavam mais sozinhos.

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Não acho. Meu jaguar pode ser mais útil. Ela mudou sem perguntar se devia, confiando em seus próprios instintos que sempre teve na batalha. Apesar do perigo, sentiu o primeiro sussurro de preocupação com a ideia de perdê-la. Ela tinha sido a que se preocupou se algo lhe acontecesse, mas neste estranho momento, ele soube que não enfrentaria a vida sem Solange. Sem seu espírito de luta feroz e a mulher sensual, tímida que estava começando a conhecer. Deixe-me ir à frente. Cada músculo na sua barriga apertou em um nó de protesto. Ele não sabia com que lidavam. Ela realmente não pediu, só informou que tinha se aproximar mais e o guerreiro dizia sim enquanto o homem dizia não. Descobriu que estava em guerra com seus próprios instintos. Minha gata está enfurecida. Ela sabe que temos companhia. Ela não fez nenhuma exigência, simplesmente esperou. Dominic não pode ficar um passo atrás do grande animal, mas deslizou ao lado dela. Ela se agachou e levantou seu focinho. Ele gosta do escuro. Ilumine a sala. Dominic o fez sem hesitação e vislumbrou algo deslizando através das paredes na fenda da piscina mais próxima, onde a água corria. Não pode identificá-lo, mas agora que estava fundido com Solange, seus sentidos sintonizados de forma diferente, podia "sentir" a criatura. Ele não tinha o mesmo sentido que Solange. Ela e a gata eram uma e a mesma, e podia sentir o padrão na mente do jaguar. Nunca vi nada como isso. Descreva. Parece muito pequeno, como um gato de casa, mas sombrio, como se não pudesse ser substancial. Entrou pela água, portanto ele nada. Ele tinha visto quatro pernas distintas, portanto era um animal, ou pelo menos tinha sido. Garras? Pés palmados possivelmente? Dominic inalou agudamente e observou o jaguar confiar na sua audição e visão. Havia pouco odor para trair a criatura, portanto não podia identificar onde estava. Talvez ambos. Moveu-se no escuro antes que eu realmente pudesse percebê-lo. Ouvi pele escorregando ao longo da parede da caverna. Um sussurro só, ela o informou. Ele está nos caçando? Ele está caçando algo. Não cheiro medo. E você? Ele também não. Agora que sabia onde a criatura se ocultava, se dissolveu em vapor, riscando através da sala para fluir na fenda. Um uivo encheu a caverna, e a coisa se lançou no centro da sala, uns bons 6 metros, crescendo em tamanho enquanto voava pelo ar, garras esticadas, apontando aos olhos do jaguar. Solange se torceu longe no último segundo, e as garras abriram sulcos profundos através do seu pescoço e pela sua lateral quando ele caiu no chão. Dominic, fundido como estava com Solange, sentiu o estouro da ferida, a dor queimando quando o gato de sombra atacou. Ela virou de costas e cortou o intruso. Sua enorme pata atravessou a criatura insubstancial. Ele demorou um segundo preso e se apressou nas sombras perto dos seixos na entrada da câmara, mais uma vez pequeno,

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quase do tamanho de um gato doméstico. Você está bem? Ele manteve a preocupação fora da sua voz. Não serviria a nenhum deles. Ela pode se cuidar numa luta até mesmo contra vampiros. Esta - coisa - não a perturbaria. Ela deu o equivalente mental de um encolhimento de ombros, reforçando sua crença nela. O que é isso? Algo muito perigoso. Dominic emergiu mais uma vez ao seu lado. Afaste-se de mim, mas tenha muito espaço se ele atacar novamente. Você pensa que ele está me caçando? Novamente, sua voz era muito calma. Testaremos essa teoria. Farei-me de alvo. Ele a ouviu recuperar o fôlego, mas não protestou, confiando que ele sabia o que estava fazendo. Moveu-se para bloquear o jaguar da vista da criatura, enchendo a caverna com seu poder e presença, crescendo em estatura. Solange permaneceu muito pequena atrás dele, agachando rente ao chão, mas, ele observou, longe das paredes onde tinha distância para manobrar. Dominic se concentrou em tentar alcançar a criatura com sua mente. Não havia nada em absoluto. Nem espaço em branco, como o não-morto, uma abominação da natureza poderia deixar, mas realmente nada, como se a criatura não fosse real. Ele considerou isto. Uma alucinação que compartilhava com Solange? Sabia que era possível, embora improvável. Era um antigo e difícil de enganar. E o sangue que manchava a pele do jaguar era muito real. O som da sujeira escorrendo pela parede da caverna foi seu único aviso. Ele virou a cabeça e vislumbrou uma sombra se apressando através do teto acima da sua cabeça, parecendo uma faixa preta, se alongando. Vindo para você, ele avisou quando pulou no ar para tentar pôr suas mãos na coisa. Suas mãos se encontraram, passando diretamente pelo gato de sombra, mas sentiu a respiração quente, e quando a criatura saltou além dele, o roçar da pele áspera. Solange encontrou o gato em pleno voo, desta vez dirigindo seu largo focinho e uma boca cheia de dentes profundamente na sua parede torácica. Novamente, ela atravessou pelo gato, mas ele girou quando ela começou a cair, agarrando suas costas com as garras e afundando os dentes no seu pescoço, levando-a para o chão. Ela rolou, rugindo, quando os dentes afundaram, encontrando sua veia. Dominic bateu duro, arrancando o gato de Solange e arrastando-o longe dela. Ele sentiu a pele, os músculos pesados e o borrifo de sangue através do seu rosto, e logo a criatura era insubstancial novamente, deslizando pelo seu aperto para se tornar mais uma vez apenas uma sombra. Solange! Fale comigo. Sua respiração sibilou em uma agonia tranquila. Ela mudou, apertando a mão no seu pescoço. O sangue fluía entre seus dedos. Dominic girou e a puxou, apertando sua palma na ferida para cauterizar e parar o fluxo do sangue precioso. A criatura saltou no chão, mais uma vez emergindo em substância, marulhando ferozmente no sangue na terra. Feche seus olhos. Por precaução ele protegeu seus olhos, pondo sua mão por cima do seu rosto.

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Chamas pularam da vela na mesa, se juntando com a do fundo da piscina. A luz branca irradiou em todas as partes da caverna, um raio cegante de calor que atingiu a criatura antes que pudesse escapar. Ele gritou e irrompeu em chamas purpúreas azuis, que se estenderam através da sala, crescendo em uma forma gigantesca com uma enorme boca aberta cheia de dentes. As pernas ficaram duras e a espinha curvada. Dominic pode ver pequenos apêndices parecidos a tubos dentro da boca cheios do sangue de Solange - e seu coração falhou uma batida quando começou a compreender. O gato de sombra foi enviado por alguém para recolher seu sangue. Alguém mais sabia sobre seu sangue real e o queria para seus próprios objetivos malignos. Os olhos da criatura focaram Dominic pela primeira vez, aparentemente mal o notando. Os olhos giraram, de pretos a vermelho, vagos e vazios. Repentinamente, pelo espaço de uma batida de coração, ficaram prata brilhante, inteligência, esperteza fitando a sala, procurando. Antes que aqueles olhos pudessem se concentrar neles, Dominic levou Solange diretamente ao chão, cobrindo seu corpo com o dele, sua mão ainda por cima dos seus olhos quando a boca grotesca se abriu mais larga e os olhos prata esquadrinharam a sala. Dominic sacudiu sua mão no fogo, abanando o ar em um redemoinho de vento turbulento que enviou as chamas em uma bola ardente selvagem. Os olhos de prata voltaram ao purpúreo azul vago. A boca abriu maior, emitindo um guincho angustiante de horror quando as chamas consumiram a criatura. No meio das chamas Dominic pode ver uma lasca preta muito pequena de uma sombra que desesperadamente tentava se separar e escapulir na direção da água. Dominic dirigiu uma bola de fogo nela, olhando com satisfação como o último remanescente virava cinza, completamente incinerado. Um fedor sujo permeou o ar, e novamente ele enviou o vento pela caverna para arejá-la. Abaixo dele, Solange estava completamente imóvel. Ele tirou a mão dos seus olhos e empurrou atrás seu cabelo, seu coração trovejando. — Fale comigo, minan. Ela se mexeu, piscou para ele - e sorriu. Seu coração gaguejou. Havia sangue cobrindo sua mão, cobrindo seu pescoço e ombro, havia sulcos profundos na sua pele ao longo das suas costelas e abaixo do seu quadril esquerdo, mas ela sorria para ele. Seus olhos verdes estavam totalmente claros. Podia ver a dor refletida lá, mas ela se sentou, uma mão subindo para tocar seu rosto. — Não me olhe assim. Estou perfeita. Já estive pior. Obrigado por parar a hemorragia. Não poderia fazer isto sozinha. Ela tremeu e ele imediatamente enrolou uma manta em volta dela, o acolchoado com todos os símbolos de cura nele. Solange sacudiu a cabeça. — Não quero derramar sangue nele. É tão bonito e eu odiaria arruiná-lo. — Deixe-o. — Ele ordenou, mantendo a manta no lugar. — Posso tirar o sangue. Só fique sentada por um minuto, Solange, enquanto limpo tudo. Você está em choque. — Não, somente me chocou como aquela coisa foi capaz de passar suas proteções e entrar diretamente sob nossos narizes. Ele deveria ter me matado. Sugava meu sangue muito rápido, ao invés de tentar acabar comigo. O que era ele? — Sua voz era baixa e rouca, como se sua garganta

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tivesse sido danificada no ataque. Ela limpou sua garganta várias vezes e tossiu, levando a mão até sua boca para cobri-la. Dominic puxou sua mão. Sua palma foi suja com sangue. Ele a levantou - e abriu a terra, fazendo-os flutuar abaixo no solo rico. Ele a enrolou no acolchoado. — Vou curá-la, kessake. Somente descanse. Discutiremos isto mais tarde. Enquanto isso, vou salvaguardar nossa água e as fendas nas rochas. Ela tocou seu rosto novamente. — Estou realmente bem, Dominic. — Seus cílios tremularam e baixaram. Dominic sentiu o sussurro suave do medo se arrastando por sua coluna, um sussurro que se tornou dedos de terror quando sua respiração ficou difícil. Solange. Não me deixe! A dor foi aguda, terrível e tão inesperada. Ela era a ferida apertada no seu coração. Ele emitiu a ordem com cada grama de força que tinha e começou a trabalhar freneticamente nela. Ele levou três vezes saindo dele e entrando nela antes que localizasse as gotinhas de veneno muito pequenas deixadas para trás pelo gato de sombra assassino.

Capítulo 14 “Meu amante de sonho e companheiro, você conhece cada parte de mim. Estamos ligados para sempre, alma com alma. Você segura meu coração.”

— Solange para Dominic Solange acordou lentamente, centímetro a centímetro, e não de repente como normalmente fazia. Podia ouvir seu coração batendo muito forte no seu peito e seu pulso rugindo nas suas orelhas. Sua mente estava lenta e nebulosa e seu corpo dolorido. Estava muito desorientada e não conseguia abrir seus olhos o suficiente, o que a terrificou. Ela começou a lutar, tentando abrir caminho fora do sono, sabendo que não estava segura nunca e que acordar era um dos seus momentos mais vulneráveis. — Estou com você, Solange. A voz de Dominic penetrou as camadas de medo que ela sentia por não ser capaz de funcionar adequadamente, e ela cedeu, consciente que estava nos seus braços. Ao mesmo tempo sentia-se segura e protegida, uma sensação inteiramente desconhecida. Pode sentir seu odor masculino e inalou para levá-lo mais fundo nos seus pulmões. A tensão recuou ainda mais. Ela umedeceu seus lábios secos e encontrou sua voz. — O que aconteceu? — Sua garganta estava muito dolorida e tinha muita sede. — Você foi atacada por uma criatura de sombra. — Suas mãos acariciaram seu cabelo. — Tente abrir seus olhos para mim, hän sívamak - amada. Você me deu um susto e tanto e tenho que dizer que não fiquei feliz. Ela não pode evitar o sorriso na beira da sua voz. Ela o tinha assustado, e óbvio, ele não gostou. De qualquer maneira isto a aqueceu até mais.

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Ele se inclinou, seus lábios contra sua orelha. — Não pareça satisfeita depois que estive lutando por sua vida nas duas noites. Não estou acima de puni-la por me assustar. Seus cílios tremularam e ela segurou a onda de risada pela irritação masculina na voz que estava tão diferente de Dominic. Ela tinha, aparentemente, o levado à borda da sua paciência e nem estava consciente. — Se eu for punida a cada vez que o assustar, acho que vamos estar em apuros. Ela encontrou energia para levantar seus cílios. Seu rosto entrou em foco. Todos aquelas duros e resistentes traços. Aquele rosto magnífico. Seus olhos, azul meia-noite, estavam escuros de preocupação. Podia ver a tensão onde nunca esteve. De fato parecia esgotado. As horas tentando salvá-la tinham cobrado seu preço, e não parecia que a terra o tivesse rejuvenescido muito. — Sinto, Dominic. Ele a beijou, um longo, lentamente, inacreditavelmente beijo carinhoso. Lágrimas brotaram nos seus olhos e ela pestanejou para afastá-las. Podia sentir seu corpo tremendo contra o dela. — Realmente sinto. O ferimento não parecia grande. — Ela repetiu. — Sabia que você podia parar a hemorragia, portanto não me preocupei. — A criatura injetou três gotas de veneno no seu sangue. Levou várias sessões de cura para encontrá-las. Sabia que algo estava errado, você deslizava mais e mais longe de mim. — Veneno? Ele sacudiu a cabeça. — Não penso que a intenção era matá-la. Você teve uma reação ao veneno. Se a intenção fosse matá-la, o gato de sombra teria injetado uma dose letal. Ela indicou que queria se sentar. Ele se moveu, conservando seu aperto, permitindo-a se sentar muito cautelosamente. Ela ficou ligeiramente nauseada, mas depois de puxar algumas respirações profundas, conseguiu se manter. — O que era? — Se tivesse que adivinhar, diria que se parecia muito com o familiar alto mago. Xavier foi destruído, sei que é verdade, mas o estudei por anos. Ele usa as criaturas para espionar. Em todos os meus séculos, nunca encontrei nada como isso, mas não tive tempo para pensar nisso. As proteções não o pararam porque veio pela água como uma sombra. Devem ter conseguido uma amostra de sangue, algum modo de seguir a pista até você especificamente. Ela inalou bruscamente. — Brodrick. Seu jaguar me arranhou. Meu sangue estaria por todas as partes dele. Não vi muitos magos nesta área, mas de vez em quando, um se destaca. Ele deve ter sido usado para seguir minha pista. — A criatura levava seu sangue de volta a quem seja que o enviou. Penso que o veneno devia paralisá-la, assim seria incapaz de resistir quando voltassem para levá-la. A voz de Dominic era sombria e ela lançou um olhar rápido, pelos olhos entreabertos. Ela esfregou sua mão por seu queixo definido onde um músculo saltava, mostrando seu humor subjacente da fúria reprimida.

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— Dominic, não importa onde estivermos, teremos inimigos. Nós dois. Você deve ter feito muitos nos seus séculos de existência, e certamente os tenho aqui. O que quer que pretendiam fazer comigo não vai acontecer. Você impediu isto. — Eles a atacaram na nossa casa, diretamente sob meu nariz. — Nossos narizes. — Ela corrigiu suavemente. Ela o fitou fixamente. — O que realmente está perturbando você, Dominic? Sua respiração sibilou entre seus dentes e seus olhos mudaram para uma geleira verde. — Dei minha palavra que estaria segura comigo quando estivéssemos sozinhos. Alguém quase a matou e me assustou como o diabo - todas aquelas horas tentando desesperadamente encontrar o que se ocultava de mim enquanto você deslizava, centímetro a centímetro, longe de mim - mas tenho que enfrentar o fato que falhei com você. Um sorriso lento iluminou seus olhos e ela se inclinou nele para cheirar seu pescoço. — Meu Deus, Dominic, você não é perfeito. Como é chocante isto, não é? — Ela riu baixinho. — Você me manteve segura. Não estou morta, não é? Se a situação fosse inversa, duvido que pudesse salvá-lo. Não tenho sua capacidade de cura. Ele envolveu seus braços ao redor dela, apertando. Por um momento ela pensou que corria o risco de ter cada costela quebrada, mas se fundiu contra ele, sem resistência, reconhecendo que tinha que mantê-la tão perto quanto possível. Quando sua força diminui e permitiu um centímetro entre eles, ela inclinou sua cabeça para olhar para seu rosto. A noite tinha cobrado seu preço. Seu imperturbável, o homem "calmo a cada circunstância" estava extremamente perturbado por causa dela. — Vamos seguir a pista da coisa atrás do remetente. — Ela sugeriu. — Meu jaguar não será de muita ajuda no início, não pela água. Vou ter que andar em volta da fonte, mas você pode acompanhar pelas fendas onde a água entrou. — Como seguir a pista de uma sombra? — Ele perguntou em voz alta. — É um truque de mago, certo? — Ela perguntou. — Assim há uma pegada. Só temos que encontrá-la. Você faz isso melhor que eu. Só está um pouco abalado agora. Seguimos o cheiro e a visão para ir atrás dele, mas você pode bloquear a ilusão do mago. — Ela vazou sua confiança nele na sua voz e mente. — Não pode? Seu sorriso demorou a chegar. O verde nos seus olhos inflamou para azul-esverdeado. — Acredito que seja possível. Ele me viu, um pouco antes que o destruíssemos. Ela não o lembrou que não teve nada a ver com a destruição do gato de sombra, que tinha sido só ele. Ela teria perdido sua vida não fosse por ele. — Os olhos eram vagos, e logo, só por um momento, mudaram, ficaram inteligentes, e eram prata. Ela sentiu a preocupação na sua mente, embora parecesse só especulação na sua voz. — O que isto significa? — Poucos magos, apenas alguns, podem possuir outro corpo, deixando pedaços de si para trás. Não é o mesmo que um laço de sangue, que os Cárpatos usam para seguir a pista daqueles que podem nos trair. Uma vez dentro do anfitrião, o mago pode forçar o corpo a fazer sua vontade. Pelo

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que sei, nenhum vampiro jamais conseguiu. E nenhum Cárpato faria uma coisa tão suja. Tudo nela se acalmou. Mesmo a respiração nos seus pulmões. — Alguém como eu poderia fazê-lo? Um jaguar? — Ela podia ouvir seu próprio coração rugindo nas suas orelhas. — Brodrick? Ela mordeu nervosamente o lábio. — Eu disse que era sua filha. Ele não deu uma mordida mortal na minha cabeça quando aterrissou nas minhas costas, e podia. Fiquei muito vulnerável por um momento, e era tudo que ele precisava, mas hesitou. Ele me mordeu, e levou meu sangue nele. Talvez não estivesse seguro se eu dizia a verdade, mas seu jaguar saberia, de modo que não faz sentido. — Ele teria que ser mago-treinado para fazer isto. Não seria fácil, e duvido que tenha tido tempo para tal treinamento complexo. — Disse Dominic. Ela soltou um suspiro de alívio. — Mas eles conseguiram o sangue dele para seguir minha pista, portanto ele pelo menos conhece o mago - e deve ser um mago - que enviou o animal. Brodrick conheceria sua cooperação. Ele trocou o sangue por algo de valor. — Sabemos que tem uma aliança com os vampiros. Solange empurrou para trás seu cabelo quando suspirou. — Os outros homens jaguar não estão protegidos dos vampiros ou magos pelo sangue deles. — Sabemos que tem algo extraordinário no seu sangue. — Concordou Dominic. — Tive muito tempo para estudar o que acontecia no meu corpo bem como no seu. Talvez os magos precisem dele por alguma razão - e alguém disposto a forçar o corpo de outro à sua vontade não deve ter acesso ao seu sangue. — Vamos fazer isto, então. Ele nunca esperará que sejamos capazes de seguir a pista atrás do seu animal. Alguém bastante arrogante para tomar posse do corpo de outro acreditará que é muito poderoso para ser pego. Ela ficou repentinamente consciente do seu corpo. Estava tão cômoda com ele, que não percebeu que tinha despertado nua. Sentiu-se bem por não se preocupar sobre o que poderia pensar dela. Já sabia. Ela não se envergonhou ou quis se ocultar dele. Se muito, se sentiu um pouco sexy e muito amada. Ele havia dado a ela uma confiança que nunca imaginou que teria. Não odiava mais suas cicatrizes. Não se lembrava que tinha muitas curvas pelos padrões da sociedade moderna. E mais que tudo gostou de não se importar se estava de calça e camiseta, pronta para lutar com ele, ou nua na mudança, ou juntos cara a cara como homem e mulher, e não tinha que ocultar quem era dele. Ele lhe deu o presente da liberdade, da aceitação, e, levantando os olhos para seu rosto, seu coração se abriu para ele e o recebeu. Seu momento de revelação foi despertar nos seus braços para vê-lo se recriminar porque achava que era imperfeito. — Por que está me olhando assim, kessake? — Ele perguntou. Ela pode ver o conhecimento surgindo nos seus olhos e sorriu. — Acho que estou loucamente apaixonada por você, meu amigo Dragonseeker.

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— Amante. — Ele corrigiu. Ela deu um sorrisinho afetado. — Não ainda. — Ela se estendeu-se languidamente como só um gato podia fazer. Ela se estendeu sensualmente como só uma mulher segura dela mesma podia fazer. — Vamos caçar. Ele gemeu. — Isso foi muito malvado. Seu sorriso afetado se converteu em um sorriso cheio de convencimento. — Agora está vendo finalmente a verdadeira Solange. — Eu gosto da verdadeira Solange. — Bem, ninguém nunca se certificou se você está são, não é? Tire-nos daqui. Ele envolveu seus braços ao redor dela e os fez flutuar da terra profunda. — Você está ficando uma coisinha mandona. Posso ver que te dei muito espaço, mulher. Ela não estava disposta a testar a ameaça na sua voz. Ele tinha um lado decididamente mau, definitivamente muito sexual, e não ia se meter em apuros. Sua confiança crescia a cada minuto passado na sua companhia, mas tinha a sensação que ele conhecia muito mais seu corpo do que ela mesma, e usaria seu conhecimento em sua vantagem. Ela cheirou seu pescoço. — Você sempre cheira tão bem. — Não deveria deixá-la me distrair. Ela rodeou seu pescoço com os braços e subiu sua boca na dele, seu primeiro atrevimento a iniciar qualquer verdadeiro contato físico entre eles. Ela se sentiu muito valente, e seu coração quase explodiu quando seus lábios se moveram sob os dela, separando para envolver a língua na sua boca. Não houve nenhuma hesitação, só a mesma ânsia aquecida que ela sentia. Seus beijos a emocionaram, enviando-a a outro mundo de sensações puras onde se perdeu, seu corpo em chamas. Ela pressionou apertada contra ele. Seus seios doíam, e como sempre, estava molhada e dando boas-vindas para ele. Não a incomodou que ele soubesse. Queria que soubesse. Tinha orgulho da sua reação aos seus beijos quentes, inflamados. — Você é tão bonito. — Ela murmurou contra sua boca. — Realmente, realmente bonito, Dominic. Obrigada por salvar minha vida. Seus dedos prenderam seu cabelo e puxaram para trás. Seu ventre apertou em reação à sua agressão súbita. — Disponha sempre que precisar. Mas pense no que eu disse. Nunca me assuste assim novamente. A colocarei em uma bolha impenetrável se o fizer. Ela riu em voz alta. — Provavelmente realmente pode fazer isto. Vamos. Estou um pouco preocupada que se este mago o viu, pode identificá-lo aos vampiros. Se estiver de comum acordo com Brodrick, pode muito estar bem junto com os vampiros também e estragaria seu disfarce. — Me protegendo de novo. Ela encolheu os ombros. — Funciona para os dois lados. Eu não seria capaz de colocá-lo numa bolha impenetrável, mas

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posso encontrar outra coisa. Ele arrepiou seu cabelo, massageando o couro cabeludo onde foi tão áspero antes. — Apostei que poderia, também, minha mulherzinha guerreira. Quando tivermos filhos, faça todos meninos. Menininhas correndo em volta sem medo será muito para meu coração. Solange se afastou dele, virando rápido a cabeça. Sabia que nunca seria capaz de ocultar o choque que sua brincadeira provocou. Seu coração bateu tão alto que temia que pudesse cair pelo seu peito. Crianças? Plural? Uma família. Ela mordeu forte seu lábio. Ela supôs que era a progressão natural de uma relação engajada. Dominic sempre estava cinco passos à frente dela. Ela ainda andava nas pontas dos pés em tê-lo dentro dela e ele já estava nas crianças. — Você está hiperventilando. — Havia divertimento na sua voz. Ronrono, puro divertimento masculino. Solange olhou para ele. — Você disse isto de propósito. Definitivamente a desequilibrava, e de um modo divertido. Ela nunca ficaria com um homem que pudesse pisar, muito menos alguém que não estimulasse sua inteligência. Ela gostou que ele brincasse. Tinha esquecido a risada e a brincadeira. Tinha esquecido certamente como brincar, e era pura diversão com ele. Ela nunca usaria uma roupa sexy. Era uma nova experiência para ela, uma que manteria e jamais diria às suas primas. Dominic encolheu os ombros. — Não obstante, é verdade. — Só por isto, vou fazer dez filhas. Duas de cada vez. E já que não tenho nenhuma ideia sobre criação de crianças e você é tão informado, o deixarei cuidar desta parte. — Ela conseguiu fazer a voz soar como se fizesse um grande favor, mas a parte "verdade" tinha enviado definitivamente outra cambalhota rolando pelo seu estômago. Ele riu e a cutucou. — Aceitarei seus termos. Principalmente porque você nunca as prenderá. É muito teimosa. — Estive muito calma nos últimos dias. — Elevações. — Ele corrigiu automaticamente. — Estou na sua mente, nunca esqueça isto. Ela tentou não ruborizar. Se estivesse na sua mente, estaria vendo várias coisas chocantes, especialmente no último par de elevações. — Devemos ir antes que o rastro fique muito fraco. Seu sorriso disse que sabia que mudava deliberadamente de assunto. — Suponho que tem razão, embora ache esta conversa muito interessante. Uma vez que retire as proteções, espere eu esquadrinhar a área e ter certeza que está limpo antes que deixe a câmara. Ela revirou seus olhos. — Acho que sou perfeitamente capaz de determinar quando é seguro emergir. Não é como se isto fosse minha primeira vez. — Você quase morreu. Goste ou não, vai ter que me aturar sendo um pouco protetor por um bocado de tempo. Ela secretamente não obedeceria seu lado protetor porque faria o que fosse preciso para

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ganhar cada batalha, e esperava que sempre pensassem igual, mas era bonito ter alguém preocupado por ela. Ela soprou um beijo e mudou, chocada como o fazia tão facilmente, segura dele agora. Ela gostava de estar tão segura dele. Ele realmente confiava nela ao seu lado em uma luta, e ela descobriu que podia explorar suas experiências de batalha, que lhe deram discernimento sobre o modo que trabalhava e também informação valiosa enfrentando seus inimigos. — Eu seguirei a água até a fonte e vejo se posso conseguir alguma “pegada”. Estarei esperando na floresta no rio onde penso que é mais provável que ele encontrou um caminho para dentro. Em algum momento teve que ser mais que a sombra. Cada vez que atacava, tinha de se tornar carne e sangue, assim haverá pistas. Nesta forma, posso seguir a pista de algo substancial. Ela esperou, agachada aos pés de Dominic, aproveitando a oportunidade de olhar seu corpo magnífico. Era realmente magnífico, embora achasse sua masculinidade dura um pouco intimidante. Era bem dotado e teve que admitir que se encontrava olhando essa parte da sua anatomia mais que qualquer outra, absorvendo a forma, circunferência e comprimento. Ela nunca se interessou pelo falo masculino, certamente nunca a coisa de verdade. Agora estava quase obcecada, querendo tocálo, prová-lo, conhecê-lo tão intimamente como ele a conhecia. Oculta profundamente dentro do jaguar onde estava segura, ela suspirou, reconhecendo que agora era essencial agradá-lo. Ela desejava lhe dar prazer. Ela. Nenhuma outra mulher. Ela queria ser a única a fazê-lo voar, e não sabia nada sobre fazer amor com um homem. Ela não fazia aquele tipo de coisa. Geralmente os matava. Dominic deixou a mão em cima da cabeça do jaguar. — Se diz que o sol se oculta dentro do jaguar à noite. Depois de encontrar você, Solange, acredito que pode ser verdade. Vejo-o, em qualquer forma que você decida se mostrar, e vejo a luz brilhante que me conduz num labirinto de trevas. Sei que nossa união foi difícil para você, e agradeço por estar aberta para mim. Solange sentiu uma fusão curiosa na região do seu coração. Ele era tão bom em fazê-la se sentir bonita e importante para ele. Ela queria devolver isto e estava determinada a aprender como. Eu não teria perdido estar com você por nada no mundo, ela admitiu timidamente. Segura dentro do corpo do jaguar, onde muitas vezes se ocultava para contar ao seu amante de sonho seus segredos mais profundos, ela achou mais fácil admitir a verdade. Ele esfregou seus dedos na sua pele por mais momentos. — Não há ninguém perto, kessake. Fique segura. Você, também. Ela saltou além dele, ansiosa para continuar a caça. Insistir se seria boa de cama era deprimente - e assustador. Caçando algo - ou alguém - perigoso era revigorante e natural. Ela rastejou pelo labirinto se torcendo nos túneis para emergir na floresta. No momento que sentiu o ar da noite no seu focinho, ela se sacudiu, felicidade explodindo por ela. Ela amava a floresta. No chão, o ar era rico e os níveis de oxigênio tão altos que se sentiu energizada. A floresta tropical estava vibrante e viva, sempre se modificando e ainda assim, sempre a mesma. Ela podia contar com o ciclo de vida da floresta, vivendo tudo, respirando, crescendo e logo caindo. A morte

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e a decadência vinham em seguida, às vezes rápido, às vezes lento, mas sempre alimentando e enriquecendo o ciclo da vida. Ela amava a floresta tropical durante o dia, mas à noite sempre parecia especial. Este era seu mundo. Ela queria viajar, mas principalmente ver outros mundos ela mesma enquanto ainda existiam. O tempo da gente jaguar estava acabado. Não havia nenhum modo de salvá-los, não mais. Não com a liderança de Brodrick transformando os homens em brutos que decidiam viver com a violência contra as mulheres, que tomavam parte na matança de mulheres e crianças que consideravam inaceitáveis. Como poucos da sua espécie sabiam, não havia nenhuma lei ao longo dos séculos para proteger suas mulheres, e sem liderança para reconhecer sua importância, a espécie estava condenada. Ela suspirou e começou a fazer seu caminho pelas árvores em direção ao pequeno córrego acima da sua caverna escolhida, alimentando sua pequena cachoeira. Ela escutou os murmúrios dos animais nas copas acima da sua cabeça. Ouviu o adejo de asas e o escorregar de macacos enquanto deslizavam de um galho ao outro, ainda não prontos para se acomodar completamente para a noite. Morcegos rodavam e mergulhavam, perseguindo insetos, enquanto pequenas rãs pulavam ao longo dos ramos das árvores. Já as músicas de muitas espécies de pássaro davam espaço à chamada das cigarras. As rãs começaram seu coro noturno, cantando uma à outra de várias poças no chão, enquanto os sapos tocavam muito mais suaves e harmoniosos. Mariposas tão grandes como pratos se espalhavam através do céu. Os morcegos frutívoros se agarravam às frutas suculentas. Pirilampos sinalizavam um ao outro em breves relâmpagos como sinais de néon. Solange observava tudo enquanto atravessava pela vegetação grossa, ocasionalmente descobrindo um porco-espinho se enchendo com as frutas caídas. Uma cobra atacou um rato, detectando o calor quando a pequena criatura correu muito perto ao predador silencioso. Ela assustou uma lagartixa que emergiu do seu esconderijo para caçar. A criatura com fome correu até a árvore, seus olhos brilhando vermelho na noite pelas folhas quando olhou abaixo para ela. O jaguar ignorou os animais noturnos e se manteve no seu curso, se movendo um pouco mais rápido agora que estava longe do sistema de cavernas. Acima da sua cabeça, cogumelos fluorescentes pareciam suspensos no ar, crescendo nos troncos das árvores que se misturavam com a noite. Uma luz fraca incandescia aqui e lá de fungos luminosos pontilhando o chão. Manteve um ritmo acelerado por vários quilômetros, fazendo seu caminho até as encostas mais íngremes, pulando por cima de troncos caídos e contornando cupinzeiros. O som de água saindo das rochas era constante. Ela assustou uma pequena família de antas. O herbívoro, relacionado a cavalos e elefantes, parecia um porco com um focinho mais longo. Os adultos tinham pele mais escura com orelhas brancas e a garganta amarela, mas o único bebê que corria com eles tinha a pele vermelha com listras e manchas. Em casa na água, a anta muitas vezes pastava nos rios e córregos. Estava perto do seu destino e começou ao esquadrinhar a área, levando seu tempo, procurando traços de algo grande passando no mesmo caminho. O gato de sombra devia ter chegado na sua forma verdadeira. Seja qual for a criatura, mesmo um híbrido, devia ter deixado

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evidência de sua passagem. Teve o cuidado de examinar árvores, certa que se a criatura fosse um gato afiaria suas garras muitas vezes. Deixaria marcas de odor atrás. Alguém poderia tê-lo criado, mas havia certas características impressas pela natureza de um gato que nunca podia ser erradicada. Ela procurou sinais de folhas espalhadas, marcas de arrasto, indo e voltando ao longo da trilha. O caminho da anta era bem viajado e levava à corrente. Ela cruzou a trilha usada várias vezes, marcando um novo odor muito fraco, que já desaparecia. A chuva estava sempre presente, quase todos os dias nesta época do ano, e ajudava a retirar traços de animais que passavam ao longo das vias dos animais, mas este odor era distinto porque nunca o tinha encontrado antes por acaso. Ela seguiu o cheiro e encontrou cogumelos esmagados onde um grande felino tinha caminhado nos fungos frágeis, as cabeças esmagadas como uma pista parcial. Ela encontrou marcas de garras altas em uma figueira e um arranhão em uma raiz aérea onde o gato tinha caçado um jupará, pequeno animal que parecia muito com um furão, mas era da família do guaxinim, o favorito dos jaguares para caçar. O gato de sombra tinha borrifado liberalmente uma samambaia onde um jaguar masculino tinha o odor marcado, desafiando o outro macho pelo território. O gato de sombra parecia estar no auge e destemido para desafiar qualquer macho, claramente agressivo até mesmo em território estranho. Ela seguiu os pequenos pedaços de informação - folhas esmagadas, uma pedra caída, um rasgo em um galho de árvore e outra impressão parcial junto das fitas de água que fluíam na pequena corrente que alimentava sua bacia subterrânea. Estava certa que tinha encontrado o rastro do gato de sombra. Ela deitou perto do banco da corrente e esperou, sua cabeça nas patas, seu corpo imóvel, as manchas a ocultando no quadro manchado e folhas. Um galho quebrou. Os grilos cessaram seu coro por um breve momento. Ela ficou muito imóvel, desejando ter escolhido um lugar nas árvores onde pudesse ver o que - ou quem - vinha para ela. Não Dominic. Ela sabia onde ele estava a qualquer momento. Não um vampiro. Não havia nenhuma sensação de medo que o não-morto trazia com eles. A floresta não tinha encolhido, assustada com a abominação suja da natureza. Houve uma súbita dispersão de macacos acima. Um jaguar, então - e estava nas árvores. Tinha, provavelmente, pego o odor do gato de sombra, e vinha caçar o macho que foi bastante agressivo para desafiá-lo. Ela precisava identificar sua posição exata sem se mostrar em qualquer lugar perto. Dominic. Se pode me ouvir, não venha à tona quando emergir das rochas. Há um jaguar aqui. Não sei se é inofensivo ou está caçando. Posso ouvi-la. A voz de Dominic veio imediatamente, deslizando na sua mente intimamente. Está em perigo? Havia uma aresta severa na sua voz, como se, caso estivesse mais uma vez em perigo, ele fosse cumprir sua promessa de pô-la em uma bolha. Solange lutou para manter a diversão fora da sua mente, sabendo que ele não achava graça na situação. Ela tinha corrido risco sua vida inteira. Hoje não seria diferente. Era a vida na floresta tropical e sendo jaguar sabia o que significava. Estou perfeitamente bem por enquanto. O que encontrou? Ela avançou para uma melhor posição, olhando as árvores. Ele teria escolhido um ramo mais

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baixo para poder saltar facilmente na sua presa. Isto estreitava um pouco suas escolhas. Escolheria um ramo perto da corrente. Havia uma trilha de anta claramente marcada pelas viagens frequentes da floresta à água. Os bancos estavam enlameados e pegadas indicavam que várias antas tinham vindo se alimentar na água recentemente. O gato de sombra definitivamente veio por este caminho. Não vi a impressão deste mago antes; cada uma é única ao usuário. Mas sei que devo ir atrás dele. Você está próximo? Bem atrás de você. Estou à deriva com o vapor saindo do chão. Você já localizou sua posição? Ela viu a ponta de um rabo se contraindo na árvore à sua direita. Um galho varrendo acima da água e o jaguar agachado, muito imóvel, mas o rabo muitas vezes traía excitação, os olhos colados em alguma presa na água que ela não podia ver. Não estou bastante próxima para saber se é totalmente animal ou da minha espécie. Não posso cheirar o homem nele. De qualquer forma, seria perigoso se mover. Ela estava no seu território, e mesmo que fosse animal ou homem jaguar, estaria interessado em uma fêmea. O vapor no chão começou a expandir e subir, lentamente obscurecendo a visão como a difusão de vapor cinza, uma névoa grossa ao longo do banco e das árvores circundantes. Camada após camada tornou-se mais profunda até que o chão e a corrente não eram mais visíveis. A névoa grossa enrolou em volta da figueira, rastejando pelo tronco como os cipós. O jaguar começou a tossir. Solange ouviu uma série de grunhidos e o sussurro da pele ao longo do tronco. Uma chamada alta veio do banco - a anta chamava um membro da família parecendo um pássaro. Ela ouviu o choque do macho pesado quando caiu à terra, não mais de seis metros dela. Ela ficou muito imóvel, deixando-o passar por ela na névoa grossa. As camadas de nevoeiro a rodearam, e profundamente dentro do corpo do jaguar, Solange sorriu. Dominic tinha conseguido a enrolar numa bolha. O jaguar masculino não ia cheirá-la, vê-la ou ouvi-la. Ele não teria me encontrado. Não vou arriscar até que a vista do seu rosto pálido, seu corpo sem respiração me abandone. E isto pode levar algum tempo. Você realmente tem uma tendência ao drama, não é? A mulher dentro do jaguar se esticou, sorriu, uma insinuação da sua natureza sensual oculta. Não podia menos que importuná-lo, sobretudo quando estava segura, profundamente no jaguar onde ele não podia encontrar um modo de retaliar. Tenho uma tendência a manter minha palavra, e você deveria se lembrar, kessake, quando está se sentindo toda confortável e aquecida aí na sua pequena toca segura. Sua risada suave rolou sobre ele. Ela sentiu sua reação, e por um momento seu coração bateu mais rápido e sua mente aqueceu. A primeira tentativa de fusão da Solange mulher com a Solange guerreira foi divertida e a fez se sentir muito valente - o que, considerando que estava pronta para lutar com um jaguar, era vagamente divertido para ela. Ela esperou enquanto Dominic empurrava o jaguar fora do caminho usando uma mistura de nevoeiro pesado e um empurrão compulsório leve. Está enganada. Não estou seguro que se aproxima uma batalha justa. Poderia haver uma questão moral aqui.

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A mente dele inundou a dela com calor, uma brincadeira, diversão sexy que fez o calor aumentar pelas suas veias. A caça era muito mais divertida com um parceiro. Ela se sentia muito mais segura, e ajudava que ele fosse inteligente e experiente. Não sentia como se tivesse que protegê-lo. Ela podia até mesmo reconhecer que ele sentiria necessidade de protegê-la. Ele tinha bastante arsenal para se aproximar, e de fato, na batalha, pelo que ela estava preocupada, tudo os levaria a uma vitória justa. Está limpo agora, Dominic informou. Vou me livrar do nevoeiro. Solange caminhou ao banco da corrente enquanto a névoa lentamente evaporava e Dominic estava junto dela, uma mão na sua pele, seus dedos massageando seu pescoço. Seu jaguar adorou, esfregando sua cabeça contra sua coxa em resposta. Foi este o caminho. Solange deu alguns passos, agora na pista do gato. Mesmo com o jaguar masculino na área, as pegadas do gato de sombra se sobrepunham em alguns lugares, ela facilmente distinguindo entre os dois. O gato de sombra tinha entrado na água na mesma entrada do labirinto de pedra calcária. Por que arriscou a ser rastreado quando podia tomar a forma de uma sombra? — É uma excelente pergunta. — Murmurou Dominic em voz alta. — Será que seu mestre tem que estar próximo para mantê-lo uma sombra? Nesse caso devemos ser capazes de encontrar onde seu mestre esperou por ele. Ele veio daquela direção. Solange o levou atrás pela floresta onde tinha encontrado as primeiras pistas. Sabemos que entrou na água e não saiu, mas seu treinador deve ter chegado bastante perto para buscar o odor do meu sangue. Ela podia sentir a carranca de Dominic, e seus dedos mergulhados na sua pele, mas ele não reagiu, simplesmente permitiu que ela o conduzisse pela floresta, regressando agora. Uma vez que pegou o rastro do gato de sombra, ela ficou mais segura, se movendo mais rápido, entrando e saindo das árvores longe da corrente e ainda mais no interior. Nenhum gato viria nesta direção a menos que se alimentasse de gado. Esta área é patrulhada por homens fortemente armados. Eles protegem o gado ferozmente, e a menos que um jaguar esteja velho ou ferido, vai jogar aqui na floresta. Talvez procurasse uma refeição fácil. Ela não gostava de ficar muito perto da fazenda de gado enorme que estava somente nas bordas exteriores da floresta. Os homens disparavam um tiro de aviso por via de regra, tentando dirigir o gato vagante de volta à floresta, mas muitas vezes, podiam ser rápidos no gatilho. Tinha observado a reação de Cesaro ao seu gato. Era quase instintivo. Os pecuaristas consideraram seu dever manter seu gado seguro, e gatos eram predadores que não queriam perto das fazendas. — Estamos na propriedade De La Cruz. — Dominic soou severo. Sim. É muito grande. Todos os seus lugares são enormes. São muito ricos. Empregam muita gente que é muito leal a eles. Cuidam dos seus funcionários e as famílias que ficam com eles ao longo dos anos parecem ficar ricas também. Muitos dos habitantes são ferozmente leais a eles. — Solange, seja quem for que está dirigindo o gato tem que estar nesta fazenda. Seu coração pulou. Talvez não. Talvez procurasse uma refeição. Mas sabia que ele tinha razão. Fazia sentido. As pistas conduziam diretamente a uma estrada. E na estrada havia marcas de pneus. Ela as tinha visto muitas vezes em suas andanças. Os caminhões que os funcionários dos De La Cruz

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usavam eram assim, como as marcas de pneus tão claras lá na lama. O gato pesado tinha saltado da parte de trás do caminhão. As marcas eram profundas atrás onde o veículo tinha estacionado. Dominic agachou para examinar a terra. — Há marcas de bota aqui. Devia ter uma jaula de alguma espécie atrás do caminhão e ele o deixou sair. Não um vampiro. — Definitivamente não um vampiro. O que acha que está acontecendo aqui, Solange? Uma sensação boba que oscilou na boca do seu estômago lhe disse o quanto era importante que ele tivesse pedido sua opinião. Ela virou o pequeno pedaço de informação que tinham reunido repetidas vezes na sua cabeça. Talvez não sejamos o objetivo em absoluto aqui, Dominic. Eles não sabem sobre você ainda. E que ameaça me considerariam? Zacarias é a maior ameaça que têm nesta parte do mundo. Ele é o mais temido de todos os irmãos De La Cruz. Carrega a maior parte do poder e é o mais influente com os líderes aqui. — Tudo isso é verdade, mas por que precisariam do seu sangue? O que isto teria a ver com Zacarias? Seja o que for, aposto que não contaram comigo dando meu sangue a Zacarias. Não sou conhecida por minha generosidade nessa área. — Portanto se não é um vampiro, — Dominic já seguia as marcas do caminhão na lama, sabendo que os conduziria de volta à fazenda De La Cruz. — então quem enviaria um gato atrás de você? E quem tem esse tipo de habilidade de magia negra para possuir o corpo de outro agora que Xavier está morto? Todos os magos são aliados com os vampiros? Todos seguiram Xavier? — Não, os magos se espalharam pelos quatro cantos do mundo. Muitos foram experiências. Xavier manteve Razvan por séculos, e nesse tempo ele viu muitas coisas terríveis feitas às jovens mulheres magas e homens. Alguns magos fanáticos o adoravam e seguiram seus ensinamentos. Eles odeiam os Cárpatos e nos querem removidos da terra tanto quanto os vampiros o fazem. Então sabemos que seja quem for que enviou o gato tem de ser mago, e não necessariamente aliado com os vampiros. Pode ter sua própria agenda. E está usando alguém na fazenda de Zacarias. Se está lá há algum tempo, estabelecido, deve ter ficado muito aflito quando Zacarias apareceu. Ele raramente vem aqui. Estavam na borda da floresta, olhando a cerca entre a floresta e a fazenda de gado extensa. As marcas de caminhão seguiam o caminho diretamente à propriedade De La Cruz. Solange mudou e ficou nua junto de Dominic, sorrindo um pouco pela resposta imediata do seu corpo. — Você pode me avisar um pouco antes para eu aprontar a roupa. — Ele disse. Ela levantou uma sobrancelha. — Penso que está um pouco lento no jogo, Dragonseeker. Esperei a roupa. Talvez devesse visitar nossos vizinhos assim. Definitivamente nos levaria à porta da frente. Imediatamente seu corpo foi vestido na calça familiar e camiseta. Ela riu dele. Mesmo seu cabelo estava preso em um alto rabo de cavalo.

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— Sim, foi que pensei. Vamos ver quem quer meu sangue. Dominic estendeu a mão. Solange só hesitou por um segundo antes que pusesse sua mão na dele e andasse com ele acima pelo caminho turvo em direção à casa da fazenda De La Cruz que se alastrava.

Capítulo 15 “Nunca posso traí-la. Você nunca pode se separar de mim. No amor para sempre, nesta vida e depois. Você é meu próprio coração.”

— Dominic para Solange Cesaro viu a chegada de Solange e Dominic e cavalgou para cumprimentá-los em um cavalo escuro. Na roupa típica de gaúcho completa, era uma vista impressionante. O cavalo quase empinou embaixo dele. Ele lançou um sorriso cuidadoso de saudação. — Tudo bem? — Ele perguntou. Dominic sacudiu a cabeça. — Podemos ter descoberto uma conspiração contra Zacarias, Cesaro. Não estamos certos, mas gostaríamos de discutir com você. Sabe mais sobre esta fazenda e as pessoas daqui do que qualquer um, eu imagino. Cesaro deslizou facilmente pela traseira do cavalo, segurando as rédeas. — Naturalmente. Só tem que dizer o que precisa. — O não-morto está se reunindo perto deste lugar e sua gente está em perigo. O não-morto estará buscando sangue a cada noite. Como há muitos, tomarão muitas vidas. Podem tomar qualquer forma, homem ou criatura, inclusive morcegos. Como estão preparados para quando vierem? — Cada casa está protegida, mas devemos guardar o gado. — Respondeu Cesaro. Eles entraram na casa na outra noite, Solange indicou a Dominic, não querendo refutar a afirmação de Cesaro e ferir seu orgulho. Como mulher, ele não gostaria do protesto vindo dela. — Desculpe-me, — Dominic se inclinou ligeiramente. — mas como o vampiro entrou na casa principal na outra noite? Ele atacou a jovem Marguarita. Você se perguntou? Cesaro franziu a testa, tirando seu chapéu e coçando sua cabeça. — Não posso imaginar como tal coisa aconteceu. Ela nunca convidaria ninguém para dentro da casa, e saberia que estava segura no interior. Don Zacarias deu instruções exatas e as seguimos exatamente. Cada família que reside aqui sabe que é vida-ou-morte. Ninguém abriria a porta ao nãomorto. Ninguém. Zacarias os teria protegido da compulsão também, Solange raciocinou. Todos os irmãos protegiam suas famílias de alguma maneira. Alguém abriu a porta e deixou o vampiro entrar. Alguém aqui estava trabalhando para os vampiros. Dominic virou a afirmação de Solange repetidas vezes na sua mente. Ainda não estava certo.

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Faltava algo. — Eu gostaria de verificar Marguarita, e discutir mais isto com você, Cesaro. Possivelmente pode me apresentar aos que trabalham aqui. A sobrancelha de Cesaro subiu vertiginosamente. Era responsável pelos homens e mulheres que trabalhavam para os irmãos De La Cruz. — Você acredita que temos um traidor? Dominic escolheu suas palavras cuidadosamente. A maior parte dos que trabalhavam nas fazendas De La Cruz estavam relacionados de algum modo. — Só quero ter certeza que todos estão seguros. Cesaro virou a cabeça e assoviou. No mesmo instante um adolescente apareceu e tomou as rédeas do cavalo, seus olhos curiosos, mas não fez perguntas. Quando Cesaro o dispensou, parecia desapontado, mas levou o cavalo em direção aos currais. Dominic lançou os olhos no rosto de Solange com a pergunta nos seus olhos. Ela estava na sua mente quando tentou tocar o menino. Podia ver a barreira de Zacarias firmemente no lugar. Se um mago tinha conseguido de qualquer maneira assumir um dos funcionários, teria que atravessar aquela barreira. Marguarita? Poderia ser possuída e abrir a porta para ele? Dominic sacudiu a cabeça. O não-morto tentou entrar na sua cabeça e foi mal sucedido. Ele a interrogou, e embora sentisse a força da compulsão na sua voz, se recusou a dar informação. Eles seguiram Cesaro a casa. Dominic deslizava em vez de andar, embora parecesse estar andando com seu passo rápido, fluido, gracioso e prestando atenção a Cesaro quando identificava funcionários por onde passavam. Ele não queria se arriscar que alguém percebesse que estava examinando a mente de cada pessoa dentro do alcance. Todo mundo parecia protegido. A casa apareceu enquanto caminhavam. Dominic parou abruptamente. — Zacarias está aqui? — Ele não sairia com os não-mortos andando na noite. O gado está agitado e na noite passada perdemos vários para as sanguessugas. Caíram do céu. Dois dos meus homens mal escaparam com suas vidas. Zacarias voltou logo depois disto e reforçou a proteção em cada casa. Ele nos disse que não vale a pena morrer pelo gado, e quer seus homens no interior à noite. — E ainda assim, é noite e você está olhando o gado. Cesaro franziu o cenho. — Não podemos só deixá-los ser mortos. Isto é o que fazemos. Quem somos. Estamos tomando providências. Se houver uma perturbação, todos entramos imediatamente. Temos abrigos criados para nossa proteção. Dominic trocou um longo olhar com Solange. Esses homens eram feudais à sua própria maneira. Tinham um trabalho de que se orgulhavam, e não estavam dispostos a abandonar seu gado aos vampiros fazendo rebuliço perto das suas casas. — Marguarita piorou. — Disse Cesaro. — Teve muita febre e mal pode respirar. Don Zacarias deve ter sentido que morria e veio para tentar curá-la novamente. Ele passou muito tempo com ela e logo partiu. Não está descansando aqui. Disse que seria muito perigoso para todos nós.

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— Possivelmente tenha razão. — Reconheceu Dominic. Havia um pouco de culpa na voz de Cesaro, como se o envergonhasse que Zacarias pensasse que eles não podiam protegê-lo enquanto dormia. — Ele é temido pelo não-morto e não sabem que estou aqui. Acreditam que ele é a única coisa entre eles e o que querem. Tentarão qualquer meio para matá-lo. — Ele olhou Cesaro nos olhos. — Você entende o que estou dizendo? Ele faz isto porque você é sua família. Irá a qualquer distância para protegê-lo, até dele. Cesaro soltou um suspiro. — Entendo. É nosso dever servir e protegê-lo também. Isto não parece direito para mim. — Ele tem sorte por tê-lo. — Disse Dominic com outro pequeno arco. Pergunte se alguém o visita regularmente, que talvez não trabalhe para Zacarias, mas empresta seus transportes de vez em quando, Solange incitou. Dominic empurrou um sorriso na sua mente. Naturalmente ela acertaria na pergunta certa. Ele amava quanto mais entendia a forma como esses homens pensavam e agiam, e não a incomodava. Eles se sentiriam muito menos inibidos discutindo o trabalho da fazenda com um macho do que com ela. Ele era Cárpato, como a família para quem trabalhavam, e sabiam que era amigo de Zacarias. Ela era um gato shifter - comparada a um inimigo. Cesaro era respeitoso, mas preocupado na sua presença. Não me preocupo com o que outros pensam de mim, Solange disse. Só você. Ele pode sentir a verdade das suas palavras e o aqueceu. Ela pertencia a ele - queria ser só dele. Sua opinião, bem como suas habilidades, e mais que tudo o amor que começava a se mostrar em seus olhos de gato. O coração dele disparou um pouco por aquela olhada tímida, muito nova. Às vezes quando o olhava, sua expressão enviava seu corpo a um estado violento, quase brutal de excitação. Era tão nova a ideia de compartilhar sua vida com alguém, e ainda assim ela tentava muito encontrar um caminho em volta do terror absoluto para chegar a ele totalmente. Ele amou a experiência de assistir sua luta para aceitar não somente ele, mas seu crescente amor por ele. Era uma viagem inesperada que nunca pensou que faria, e se encontrou amando-a ainda mais. — Cesaro. — Dominic parou fora do quarto de Marguarita. — Você tem um vizinho a quem empresta os caminhões De La Cruz? Possivelmente alguém que estava aqui no dia do ataque, e há duas noites? Cesaro congelou com sua mão na porta de Marguarita. Ele virou lentamente, a cor sumiu do seu rosto. Seus olhos eram diamante duro. — Há um homem, esteve tentando cortejar Marguarita. A família De La Cruz tem sido boa para ele. Ele comprou a fazenda que faz fronteira com a nossa há aproximadamente um ano. Ele tem pouco dinheiro depois da compra e os ajudamos várias vezes. — Você disse que ele está cortejando Marguarita. — Tentando. Achamos divertido. Marguarita, como viu, é bastante bonita, mas é jovem e um pouco selvagem. Não com homens, não me interprete mal. É uma boa menina. Mas gosta da sua independência. Ela cozinhava e limpava para seu pai e selecionava os cavalos. Ela ama cavalos e é boa amazona. Este homem, ele não pode amansá-la. Seu pai e eu tivemos muitas noites de

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divertimento durante este namoro. Marguarita nem sequer parecia perceber o que ele estava fazendo com suas flores e doces. Ela sorria para ele, como faz com todos os funcionários, e agradecia em nome do seu pai e todos que se alegrariam com suas ofertas. Ela atuava como se ele trouxesse coisas porque ela emprestava equipamento. — Ele mostrou raiva por sua rejeição? — Ninguém pode ficar zangado com Marguarita. Ela é uma alegria. Dominic indicou para abrir a porta. No momento que entrou, soube que a morte estava muito próxima. Se Zacarias não a tivesse ressuscitado, esta jovem, antes uma mulher vibrante, teria morrido. Ela parecia tão pálida que estava quase translúcida. Dominic se aproximou da cama. Olhou para Solange. Ela acenou com cabeça, compreendendo. Ele deixaria seu corpo e entraria em Marguarita para examiná-la, assegurar que sobrevivesse e procurar, desta vez, pelas lascas da posse. Solange teria que vigiar suas costas para ele. — Seria melhor, — Ela disse baixinho. — se nos deixasse a sós por um momento, Cesaro. E gostaríamos muito do nome deste homem que visitou e usou um dos seus caminhões. Cesaro acenou com cabeça e deixou o quarto. Dominic sabia que estava junto da porta com uma mão na sua arma. Seja para proteger eles ou Marguarita, pouco importava. O homem tinha um dever, e estava preparado para defender a propriedade De La Cruz e todo mundo nela. — Gente muito leal. — Disse Solange. Lealdade, Dominic sabia, era uma qualidade que Solange admirava muito. Ele olhou seu rosto. Cesaro era um bonito homem. Solange riu. — Você está como um macho. Ele envolveu seu braço na sua cintura e a puxou firme contra ele. — Muito macho. — Ele confirmou. — E mantenho o que é meu. Ela revirou seus olhos. — Evidentemente está se sentindo um pouco inseguro esta noite. Fiz algo para você pensar que estava olhando outro homem? — Você não estava olhando para mim. Sua risada suave parecia um afrodisíaco para ele, sexy e provocante e toda mulher. — Estou sempre olhando para você, Dominic. — Sua voz mudou, perdendo a nota de brincadeira, e indo a honestidade pura, crua. — Você enche minha visão tanto que não há espaço para ver outro homem nunca. Só vejo você, Dominic. Sua mão alcançou seu pescoço e curvou a cabeça para prová-la novamente. Ela parecia a mistura mais perfeita de mel e tempero e nunca teria o bastante dela. — Posso beijá-la para sempre. — Ele sussurrou contra seus lábios. Ele provou tanto a guerreira como a mulher, e era uma mistura potente. — Não tinha ideia que beijar podia ser tão viciante. — Ela disse. Por um breve momento seu corpo se fundiu ao dele, suave, flexível e receptivo. Ela baixou os olhos à mulher pálida. — Você acha que o vizinho deliberadamente a marcou para morrer nas mãos de um vampiro porque não cooperou com ele?

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Ele viu a mudança na sua mente, as depravações dos homens jaguar, e sabia que seus pensamentos a deixavam doente. Sua mão se moveu ao seu rabo de cavalo, tocando suavemente os fios grossos. — Há bons homens e maus homens em todas as raças e espécies, Solange. Vivendo aqui, fazendo o trabalho que faz, a faz ver todos os homens em uma luz negativa. Cesaro nunca bateria na sua mulher. Uma vez que seja capaz de esquadrinhar mentes será capaz de ver que muitos bons homens existem no mundo. Ela estremeceu ligeiramente e ele soube que sua referência a ser totalmente Cárpata a perturbava um pouco. Ela trouxe o assunto uma vez de modo indireto, mas ele sabia que ela não se permitia chegar lá ainda, e respeitou sua necessidade de chegar a um acordo, muito lentamente, com o que sua vida seria juntos. Dominic se voltou para Marguarita e saiu do seu corpo físico para ficar inteiramente em espírito. Não tinha nenhuma dúvida que Solange guardaria seu corpo do dano enquanto trabalhasse na cura da jovem cuja garganta estava tão mutilada. Zacarias tinha dado seu sangue, mais do que provavelmente podia dispensar. O interessante foi que encontrou traços do sangue real puro de Solange. O sangue Cárpato era normalmente predominante, e ali estava, mas sua cepa era muito distinta e, de alguma forma se ligou ao sangue Cárpato, totalmente compatível, mas não foi absorvida. Seu sangue era único e tinha propriedades de cura definidas. Não houve maneira de reparar as cordas vocais totalmente. O não-morto tinha usado garras afiadas, rasgando as cordas. Tanto Dominic como Zacarias tinham se concentrado nos músculos da sua garganta usados para respirar e engolir. Ela viveria, seria tão bela como nunca, mas provavelmente nunca falaria novamente, ou se o fizesse, não mais que um sussurro rouco. Mas viveria. Tinham feito o possível por ela. Ele examinou sua mente, suas memórias, mas não havia nenhuma lasca escura de posse. Ela não tinha aberto a porta para o vampiro. Tinha ouvido o aviso da morte do seu pai e o tinha obedecido, indo para seu quarto e esperando pelos funcionários. Esteve gritando por seu pai, sabendo que estava morto, mas não tinha ido à porta. E isto significava que alguém mais esteve na casa sem seu conhecimento. Alguém bastante familiarizado para entrar sem ser notado, e as proteções não o afetaram. Ele não era considerado um intruso. Dominic voltou para seu corpo, balançando um pouco sem ideia da passagem do tempo. Solange andava como um gato agitado de janela a janela. Ela o olhou por cima do ombro. — Você está bem? Parece pálido. Precisa de sangue? — Não o seu. Você está matando os parasitas e precisamos deles. Perguntarei a Cesaro qual o homem mais forte daqui. — Ele insistirá que tome seu sangue. Dominic sorriu para ela. — Eu sei. Ela cobriu Marguarita suavemente e escovou os fios de cabelo de seu rosto pálido. — Ela ficará traumatizada por isto. E se um amigo a traiu, será o pior. Talvez devêssemos pedir

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a MaryAnn para vir visitá-la. — Ela olhou para ele e havia confiança em seus olhos. — Possivelmente pode sugerir a Cesaro que a mandem buscar. Conhecendo sua necessidade de ajudar mulheres abusadas por homens, ele acenou com a cabeça. — Acho que seria uma boa ideia. Dominic a conduziu à porta. Ainda tinham que acrescentar proteção a essa gente, bem como ir ao encalço do vizinho. E o não-morto estava fora e forte. Provavelmente os encontros significavam que estavam no auge da força. Cesaro ergueu a cabeça quando surgiram na porta. — Ela está dormindo tão pacificamente quanto possível. — Disse Dominic. — Acredito que sobreviveu à crise e está a caminho da recuperação. Você conhece todos os irmãos De La Cruz? Cesaro acenou com cabeça. — Eles vêm aqui de vez em quando. Os irmãos compartilham as fazendas. — A esposa de Manolito, MaryAnn, seria uma escolha muito boa para ajudar Marguarita nisto. Possivelmente se a mandasse buscar, ela viria. — Isso nos daria outro homem para defender a fazenda. — Cesaro reconheceu, sabendo que Manolito viria com sua companheira. — Obrigado. — Ele se inclinou ligeiramente na direção de Solange, como se soubesse que a ideia tinha sido sua. — Farei imediatamente. — Fale-nos do seu vizinho. — Seu nome é Santiago Vazquez. Tem aproximadamente trinta anos e só três homens trabalhando para ele. Raramente vejo alguém em volta da sua casa. A fazenda é muito degradada. Precisa de dinheiro para construí-la, e há pouco dinheiro a ser feito numa fazenda começando. — Você tem um homem muito saudável, forte trabalhando para você que poderia estar disposto a doar sangue esta noite? Tenho muito a fazer e não posso ir caçar. — Estou com boa saúde. — Disse Cesaro. — Por favor, é uma honra. Está fazendo tanto para nos ajudar, e não temo mais a oferta. — Aceito com gratidão. — Dominic disse, e deu passos até o homem imediatamente, novamente não querendo dar-lhe tempo para se assustar. Solange olhou suas mãos e ele tocou sua mente enquanto seu corpo sentia o ímpeto de energia que o sangue quente fornecia. Ela estava chateada por ele não tomar seu sangue, e alimentava sua ansiedade boba de ser inapropriada. Ele estendeu a mão e passou a ponta do seu polegar abaixo da sua bochecha. Seu olhar pulou para o dele. Ele deslizou sua mente intimamente contra a dela. Seu sangue é superior ao dele, kessake. E prefiro muito mais tomar da minha mulher, mas ainda tenho que entrar no campo do inimigo. Sei. É somente que não satisfaço nenhuma das suas necessidades. Nenhuma. E você sempre está fazendo algo para mim. Quero ser aquela que te dá tudo que precisa. Outra mulher... Nunca me agradaria como você. Ele sentiu o breve sorriso, embora ela não mudasse a expressão. Ele polidamente fechou os dois furos e se curvou ligeiramente antes de começar a teia intricada de proteções para acrescentar

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ao trabalho de Zacarias. A fazenda seria duplamente protegida contra o não-morto. — Não deixe estranhos se aproximarem. Muitas vezes o não-morto parece bonito. Se forem muito poderosos, podem controlar como olham e falam, e muitas vezes tomam a forma de alguém que você conhece. Não podem pegar nada da sua mente, mas estudarão aqueles que vivem aqui e tentarão parecer como um deles. Seus olhos podem entregá-los, e muitas vezes, quando andam sobre a grama, ela enruga ou murcha. A natureza recua deles. Os animais ficarão inquietos quando estão perto e nenhum cão pode suportá-los. Cesaro acenou sua compreensão com a cabeça. Sentindo que não podia fazer mais nada para protegê-los, Dominic indicou a Solange que era seguro deixar a casa. Saíram na noite, inspirando profundamente para limpar o aroma de medo, doença e morte próxima dos seus pulmões. Andaram até que estavam longe da vista e de volta à cobertura das árvores. Dominic pegou Solange nos braços e subiu no céu. Ela levantou o rosto para que o vento soprasse nela. Estava completamente relaxada nos seus braços, confiando que a manteria segura não importa a que velocidade ou altura voassem. Amo isto, ela confessou. Há algo muito liberador no voo, como correr pelos galhos no modo jaguar. Ela riu baixinho e cheirou seu pescoço. Você me deu algumas das melhores experiências da minha vida. Quero dar muito mais, Solange. Ele amava a felicidade na sua voz. Soubesse ou não, sua confiança nele crescia a cada momento que passavam juntos. Tinha se alinhado totalmente com ele. A mulher e a guerreira se fundiam. Sua confiança em depender dele também ganhava força. Ele curvou a cabeça e mordeu suavemente seu pescoço, em cima do seu pulso tentador. Definitivamente iria à reunião na seguinte elevação, para que pudesse libertar finalmente seu sangue permanentemente dos parasitas e não ter nenhuma preocupação em se unir a ela - se pudesse resistir. Ele circulou acima da pequena fazenda que se alastrava através das colinas apenas na ponta sul da propriedade De La Cruz. Onde os campos estavam limpos e bem cuidados, as cercas robustas e o gado em boa forma na fazenda De La Cruz, era o contrário aqui. O poço de água era imundo e o gado estava na lama grossa, cabeças baixas na miséria. A floresta tinha começado a invadir, cipós pesados derrubando as cercas em vários lugares. Não havia nenhuma tentativa de reparo nas cercas recentemente, embora Dominic visse vários lugares onde o pasto tinha sido limpo algum tempo antes. Ele comprou uma terra que foi usada, ele indicou. Mas não a melhorou em nada. Dominic desceu a terra dentro da linha de árvores. — Mude, Solange. Entrarei primeiro. — Tenho uma reserva de armas aqui perto. O cobrirei com uma arma. Ele é humano, não jaguar, e acabo de sentir esta sensação estranha. Acho que vou precisar da minha inteligência para ser mais útil do que das minhas garras desta vez. Seu olhar escuro passeou sobre ela. Realmente não perguntava, só dava sua opinião. Não lhe ocorreu que ele poderia ignorá-la. Amou aquela confiança nela quando lia um cenário perigoso.

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— Apresse-se, Solange. Estamos perdendo muito da noite. Ela acenou com a cabeça e saiu apressada. Levou uns bons cinco minutos, mas voltou com um pequeno saco coberto de sujeira. — Acho que estarei melhor nas árvores acima da casa. Tente mantê-lo centrado nas janelas ou ainda melhor, do lado de fora. Devo ser capaz de cobri-lo se tiver companhia. Você está sentindo mais de uma pessoa? — Não na casa. Está sozinho agora, mas há alguém no edifício menor atrás da casa principal, e um terceiro homem parece estar no celeiro. — Devo ser capaz de cobrir as três posições. Meu jaguar está preocupado, Dominic. Há algo muito perturbador para ela neste lugar. Tenha cuidado. Ele sabia que a envergonharia, mas inclinou-se abaixo, enquadrou seu rosto com as mãos e a beijou completamente. — Lembre-se do que eu disse sobre me assustar. Ela esfregou sua face contra a dele como o gato que era. — Sem problema. Leve-me até aquele galho de árvore. Será mais rápido que se eu subir. Ele ergueu os olhos. O galho estava a uns bons quinze metros da terra. A maioria das pessoas teriam medo da altura, sem falar na noite com pouca lua. A chuva tinha começado a cair novamente, somente uma garoa, mas seria o bastante para fazer o galho escorregadio. Sem uma palavra envolveu seu braço na sua cintura e a levou até seu poleiro. Foi mais difícil deixá-la do que imaginou. Realmente confiava em seu julgamento e se sua gata estava preocupada, algo estava errado na fazenda. Esperava encontrar um homem possuído, mas sabia que Solange esperou algo mais também, e pela primeira vez não tinha nenhuma verdadeira pista do que enfrentavam - ou por quê. Havia algo no sangue de Solange que a fazia especial, e começava a pensar que eles eram os caçados agora - e por seu sangue. Mas quem estava atrás dela? Os vampiros? Brodrick? Alguém mais? Ele deixou sair sua respiração em um longo, lento assobio de frustração. Realmente importa? A sua voz era suave na sua cabeça, quase sensível, passando ao longo dos nervos que se sentiam quase crus. Este é meu caminho na vida e o escolhi há muito, tanto como você escolheu sua vida. Não estão esperando dois de nós. Acreditam que estão enfrentando só um jaguar feminino, e cometerão um erro - se já não o fizeram. Lembrou-se daqueles olhos de prata. Possuir o corpo de outro, assumindo sem consentimento e forçando o corpo a fazer a vontade de alguém era um crime tão sujo, vil. Mesmo com tudo que tinha visto nos seus longos séculos, não podia imaginar por que alguém estaria disposto a cruzar aquela linha da humanidade além de Xavier, o mago que tinha começado a guerra com o povo Cárpato tantos séculos antes. A resposta de Solange era tranquilizadora. Era prática sobre encarar a morte e sua calma aceitação do seu caminho na vida permitia que sua mente aceitasse a tarefa à mão. Não era mulher que se apavoraria, ou pior, se lançaria ao perigo desnecessário para comprovar algum ponto. Era experiente e lia as situações corretamente, tinha paciência infinita e sabia quando recuar sem seu ego estar implicado. Era uma boa parceira para ter. Quando houvesse necessidade, estaria nas suas

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costas - ou ao seu lado sem hesitação. Havia algo atraente sobre ter um parceiro com quem contar. Ela sabia que seus instintos protetores entrariam no jogo e aceitou isto como fez com todo o resto sobre sua vida juntos. De qualquer maneira, sua Solange tinha se tornado seu mundo e tinha realçado tudo nele, inclusive entrar na batalha. Seja quem for que estava no celeiro agora está na casa com Santiago Vazquez. Tenho uma boa visão dele, e não o reconheço. Conheço a maior parte dos humanos que trabalham no laboratório bem como a maior parte dos homens jaguar. Este homem não é daqui. Ele alcançou a varanda sem alertar ninguém da sua presença. Alguém se moveu no interior e ele pode ouvir uma voz que vinha do fundo da casa. O homem que ele assumiu como Vazquez respondeu numa voz mais barulhenta, muito mais zangada. — Ela está viva. Eu estava lá e ela ainda está viva. Dominic ficou na varanda, ouvindo. Eles tinham que estar falando sobre Marguarita. — Você prometeu que a mataria se eu fizesse o que pediu. Fiz tudo. A sedutora ainda está ainda viva e não é divertido ficar neste buraco do inferno. O homem com a voz mais baixa murmurou muito baixinho, mas seu tom carregava ordem. — Ela não tem nenhuma importância agora. — Ela era importante para mim. Ela era minha com a família De La Cruz. Tentei ficar sozinho com ela para comprometê-la, mas não saía comigo. O homem com a voz baixa suspirou. —Sua família o teria matado por fazer uma coisa tão estúpida, e logo tudo que trabalhamos estaria perdido. Ela não é nada, Santiago. Há muitas mulheres, e podemos pegar qualquer uma, uma vez que estivermos na posse do livro e do sangue jaguar real. Concentre-se no que é importante aqui. Se conseguirmos essas duas coisas, teremos tudo. Poder. Mulheres. Prosperidade além dos sonhos. E os vampiros, Cárpatos e homens jaguar se curvarão ante nós. Podemos governar onde quisermos governar. Você ouviu, Solange? Dominic tinha repetido a conversa na sua mente para que ela pudesse seguir à distância. — Maldito Brodrick. Está tão fodido de maldade que seu sangue está contaminado agora. Arruinou tudo com sua doença. — Santiago se queixou. — Sua mente é podre como tudo no seu corpo. — A encontraremos. — A segunda voz acalmou. Eles são magos então, ela disse. E têm seus próprios planos. O que é tão especial em meu sangue? E por que o sangue de Brodrick não serve? Eles obviamente têm uma espécie de conexão, e devem saber que ele tem a mesma linha de sangue. De alguma maneira seu estilo de vida depravado de assassinatos e roubos arruinou a pureza do seu sangue, Dominic respondeu. Ele não tinha ideia de como, mas não podia haver nenhuma outra explicação. Os dois homens dentro da casa estavam obviamente conspirando juntos. Um queria a vida de um rancheiro rico e o outro poder. Santiago provavelmente era a conexão mais débil, e aquele cujo corpo foi possuído pelo outro, embora Dominic estivesse seguro que estavam relacionados. Os dois

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cheiravam como irmãos. Vou ao celeiro ver quem está lá. Eles não teriam ninguém aqui que não fosse parte do seu plano. Não posso cobri-lo deste ângulo, Solange objetou. Posso ver ambos os homens na casa pelas grandes janelas, mas daqui não posso ver dentro do celeiro. Estarei em outra forma. Ele se encontrou sorrindo quando se moveu em volta da varanda na direção dos fundos da casa, uma corrente muito fraca de vapor. Quando se aproximou do celeiro, reduziu a velocidade em uma corrente perfeita, quase flutuante em volta do pequeno edifício de madeira. Podia sentir a força da energia que pulsava do interior. As paredes curvas mal podiam conter o poder que pulsava preso no interior. Você sente isto? Ele sentiu a respiração aguda de Solange. Saia daí, Dominic. Não chegue muito perto. Onde não havia nenhuma brisa no chão da floresta tropical abaixo das copas, sem aviso, o vento chicoteou em frenesi, se apressando na linha de árvores que rodeavam a fazenda pelos três lados e diretamente para Solange. Um rugido saiu do abrigo. Dentro algo brilhou branco-alaranjado, brilhando pelas fendas da velha madeira empenada. Algo grande bateu na porta do abrigo o bastante forte para sacudir o prédio inteiro. A porta se fragmentou, estourando para fora. Saia daí, Solange, Dominic ordenou. Tenho estúpida escrito na minha testa? Um meio riso, metade exasperação e metade medo, muito saudável, bordeava sua voz. Ela sabia que o que fosse que estivesse naquele abrigo tinha cheirado sangue - seu sangue - e vinha por ela. Dominic rebateu a direção do vento, repelindo a criatura de Solange assim - ou por que fosse - não podia encontrá-la pelo odor. O abrigo tremeu uma segunda vez quando o grande animal bateu na porta. Desta vez a madeira partiu ao meio, estalando e empurrando pedaços irregulares para fora. Dois homens explodiram do fundo da casa, correndo pelo chão desigual, enlameado na direção do abrigo. Os dois pareciam exatamente iguais - e nenhum tinha olhos de prata. Ambos pararam abruptamente a meio caminho do abrigo, girando em volta, costas com costas, as mãos erguidas. Um avistou os tentáculos no nevoeiro e imediatamente assobiou algo ao seu gêmeo. — Alistair! — Santiago gritou quando a enorme criatura no abrigo bateu forte na porta uma terceira vez, saindo por ela. Um gato preto enorme pulou fora, correndo em linha reta para a floresta. Dominic reconheceu a voz de Santiago, que sabendo que estavam com problemas começou a riscar por todo o quintal. Dispare no gato, Solange. A porta dos fundos do galpão estourou e um terceiro homem saiu correndo, suas mãos erguidas também. Santiago girou, ombro a ombro com seu irmão, e simultaneamente ambos os homens fecharam suas mãos com força diretamente na névoa. Atrás deles, os olhos de prata de Alistair acrescentava sua energia poderosa aos outros dois. Por um momento foi como se estivessem fundidos em um só ser.

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Luz saía das pontas dos seus dedos, explodindo direto no vapor riscado longe deles. O som de um tiro reverberou pela floresta. Um buraco floriu no centro da testa de Santiago. O segundo homem caiu na terra, rolando na direção da cobertura. A força da explosão atingiu Dominic e o soprou do céu. Um segundo tiro soou e o homem na terra gritou. Dominic bateu forte em uma árvore e mal conseguiu aterrissar agachado em seus pés. Seu corpo inteiro estava queimado e levou um momento para avaliar o dano. Solange borrifou a terra na frente dele, dirigindo atrás qualquer ataque dos irmãos magos. O gato estava fora da sua vista, mas corria rápido para Solange. Dominic tinha que escolher entre destruir os magos ou proteger Solange. Realmente não era nenhuma escolha. Foi atrás do gato enorme. Feito como um tigre dente-de-sabre com músculos enormes, o gato preto podia se tornar uma sombra insubstancial e só podia ser morto quando estava na forma de substância. Quando correu atrás do gato, Dominic assumiu o comando dos céus. O trovão rolou, escuras nuvens ameaçadoras saíram de lugar nenhum. A chuva fluiu abaixo. Relâmpagos bifurcavam através do céu, incorporando eletricidade e energia em uma massa assustadora. Os relâmpagos bateram forte na terra repetidas vezes, atingindo todo o pátio entre a casa e o galpão. Um golpe no galpão e ele irrompeu em lascas enegrecidas de madeira, mostrando o que estava dentro. No interior havia pequenos filhotes em várias etapas de miséria, alguns formados pela metade, alguns gritando de dor enquanto seus corpos se torciam metade sólidos e metade sombra. Seus miados lamentáveis e rosnados podiam ser ouvidos acima do trovão que sacudia a terra. O mago ileso correu na direção de um dos gatos que fugia, gritando uma ordem. Meio-crescido, com parte do seu corpo transparente e olhos incandescentes de um vermelho quente, o gato girou de volta, assobiando e cuspindo, lutando com a compulsão para voltar ao mago. O relâmpago bateu forte na terra novamente em grandes explosões branco-quentes em volta dos gatos mutilados, incinerando-os tão rápido que não puderam sentir a rajada do calor. Só o meio crescido permaneceu, agachado, tentando escapulir longe do mago. Não o mate! Solange soava abalada. Podia ouvir seu choro profundamente na sua mente. Seu jaguar fêmea estava ultrajada e lutando para emergir. Podemos salvar um, Dominic. Por favor. Por favor não o mate. Dominic conteve os relâmpagos, conduzindo o mago longe do gato enquanto tentava sintonizar sua mente ao gato. Não estava absolutamente seguro se era uma boa ideia tentar salvar um filhote transformado e programado para ir atrás do sangue de Solange, mas não pode resistir ao argumento na sua voz ou as lágrimas na sua mente. Corra! Ordenou ao filhote. Alcance o rio e o ajudarei se possível. O gato, com a ajuda extra de Dominic, soltou-se do feitiço do mago, girou de volta e correu para a floresta. Solange disparou várias rondas quando o grande gato preto rasgou o tronco da árvore, rasgando a casca enquanto subia com dificuldade para chegar nela. A coisa era pesada, e ela subiu mais alto, nos galhos mais finos, mas estavam cobertos com folhas e Dominic perdeu de vista dela. Podia ver o gato, um enorme animal, os músculos se esticando enquanto arranhava seu caminho

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lentamente acima da árvore, seus olhos concentrados em Solange. Se Dominic acertasse o animal, derrubaria a árvore - e Solange - a menos que sua regulação de tempo fosse perfeita. O gato brilhava, quase translúcido, e deu um enorme salto para os galhos pesados mais baixos. Seus rosnados estrondaram horríveis e barulhentos, fazendo as criaturas da floresta ficarem silenciosas, agachados em tocas. Mesmo as cigarras muito vocais sempre presentes estavam silenciosas. A floresta parecia conter sua respiração enquanto o gato arrastava seu corpo até o nível seguinte. Você está pronta? Dominic perguntou, seu coração na garganta. Era possível para ela tirar sua roupa e mudar no tempo que a árvore caía? Sabia que ela era rápida, mas... Ele repeliu o pensamento. Ele precisava de uma zona de ataque clara. Solange esperava, na intenção de conseguir um tiro claro pela folhagem densa. Não tinha espaço para manobrar e seu poleiro era precário. Não só o galho era fino, mas o peso do gato fazia os ramos da árvore oscilar. Dominic se moveu rápido, tentando cobrir a distância para pegá-la se necessário, mas todos os seus sentidos estavam enfocados no gato. O grande animal continuava fitando Solange, rosnando e babando. Você pode alcançar sua mente? Solange ainda soava calma, muito mais calma do que ele se sentia com o enorme rasgando pela árvore para alcançar sua companheira. O outro gato estava protegido pelo mago com uma barreira forte. Dominic se empurrou forte na mente deste gato. A criatura existia para um só objetivo - trazer o sangue de Solange para seu mestre. Os sentidos do animal transformado estavam programados para um odor, para uma pessoa. Nada o impediria de arrastá-la das árvores e levá-la ao mago. Ele respirou e estreitou sua visão, centrando no espaço abaixo de Solange. Era o único espaço aberto real. Esteja pronta, querida. O gato pulou nela. Dominic atacou, pegando-o no ar, mas o relâmpago espatifou pelo enorme corpo, batendo forte na árvore. O gato virou cinzas e a árvore tombou com um choque terrível se fragmentando. Solange determinou seu salto cronometrando a mente de Dominic. Ela se arqueou da árvore quando o relâmpago passou pelo gato, pulando longe da árvore que caia. Ainda apertando o rifle nas suas mãos, não fez nenhuma tentativa de mudar, simplesmente confiando que a pegaria. Ele conseguiu envolver seus braços em volta dela enquanto estava a dois terços do caminho. Em nenhum momento sentiu pânico nela. Mas se sentia apavorado, seu coração trovejando no peito quando a segurou tão apertado que ela mal podia respirar. Ela não tentou se afastar, simplesmente permitiu seu momento de alívio. Ele voou por cima da fazenda. O corpo morto de Santiago ainda estava na terra. Um rastro de sangue levava onde um veículo esteve estacionado. O mago de olhos de prata e seu irmão estavam muito longe. Dominic mudou a direção, rumo ao rio. O pequeno filhote caminhava acima e abaixo do banco, uivando em aflição. Ele agarrou a criatura e a empurrou nos braços de Solange. Ela o pegou abaixo das suas pernas dianteiras, segurando-o longe dela, rosto para fora,

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balançando suavemente. A cabeça do gato se inclinou de lado e ele imediatamente dormiu. Grande. Agora temos um pequeno gatinho amistoso. O que vamos fazer com isto? Dominic perguntou com desgosto. A risada suave de Solange o aqueceu como nada mais poderia. Tinha a sensação que na sua vida juntos, resgatar crianças, animais e possivelmente adultos seria comum.

Capítulo 16 “Nunca posso traí-lo. Você nunca pode se separar de mim. No amor para sempre, nesta vida e depois. Você está no meu coração.”

— Solange para Dominic Solange acordou com o corpo enrolado em volta de Dominic. Pela primeira vez não tinha dormido na forma do seu jaguar. Queria estar junto dele, pele com pele, e despertar vendo seu rosto, tocando seu corpo. Ela sonhava com ele, às vezes à noite, às vezes durante o dia, mas Dominic sempre enchia sua mente agora. De vez em quando parecia o centro do seu mundo e ela não sabia como - ou quando - tinha assumido assim seus pensamentos. Às vezes, como agora, parecia estar à deriva num mar de desejo, almejando seus belos olhos se movendo sobre ela com aquele olhar de tal desejo intenso que mal podia respirar. Esta noite, ao acordar, sentiu-se quase possuída por seu desejo de estar com ele, como se ele realmente possuísse metade da sua alma. Tinha passado sua vida sozinha, independente, e era estranho despertar com Dominic como seu primeiro pensamento. Ela queria ser tudo que ele precisasse tanto como ele era tudo que ela precisava. Dominic tinha despertado a mulher nela. Pela primeira vez na sua vida sentia-se sexy e viva. Gostava do modo como a olhava quando vagava na caverna com a roupa que tinha pedido para usar. Ela descobriu que gostava de se vestir para ele, ver a luxúria escura crescendo enquanto seu olhar a seguia em volta da câmara. Ela sentou lentamente e deu uma olhada nele. Seus cílios tinham levantado no momento que ela se moveu, seus braços subindo para parar seu progresso. Seus seios nus roçaram seu peito duro quando a manteve no lugar. Ele tinha cílios tão longos que teriam parecido femininos em outro, mas os quartos crescentes muito pretos só serviam para salientar as cores nos seus olhos. Seu sorriso lento, sexy derretia seu coração e ligeiramente a hipnotizava. — Me beije, kessake. Beije-me agora antes que a pequena bola de problemas pule em cima de nós e estrague meu bom humor. — Ele rosnou. Sua mão deslizou até o seu cabelo, não dando nenhuma escolha, só obedecer. Solange se debruçou sobre seu corpo, inconscientemente sensual, deslizando sua pele contra a dele somente pelo puro luxo do toque dele. Era tão fisicamente belo para ela, seu corpo afiado pela batalha, um guerreiro principalmente, tudo que atraía sua gata. Mas a doçura inesperada nele, o modo que atendia cada necessidade, o modo que se enfocava tão completamente nela, como se

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tudo que dissesse e fizesse importasse - atraía a mulher. Ela tomou seu tempo abaixando a cabeça na direção dele, saboreando o modo como se sentia, o desejo quente, delicioso, agitado que fluía sobre ela, misturando-se com um amor terrível, assustador, esmagador que roubava sua sanidade mental. No momento que seus lábios encostaram contra ele, o fogo começou, derrubando-a, queimando fora de controle. Sua mão mantinha a pressão constante na base da sua cabeça quando ele levou seu tempo explorando sua boca, muito tempo, a drogando com beijos que derretiam seus ossos. Suas mãos acariciaram cada curva, inflamando os nervos ainda mais, até que seu corpo tremia de desejo. Uma mão foi à deriva mais baixo, seu polegar roçando, quase suave por cima do seu montículo e abaixo ao seu sexo. Ele reteve sua respiração irregular na sua boca, mantendo-a prisioneira enquanto levava seu tempo a beijando até que se envergasse contra ele, tão sem ossos que mal podia se mover. Dominic envolveu seus braços nela, e com sua boca colada na dela, os fez flutuar acima na terra rica do chão da câmara. Ele viu o pequeno filhote enrolado em uma pequena bola de pele, ainda adormecido no solo se curando. Solange sentiu o tapete embaixo dos seus pés nus quando a desceu, mas seu corpo não estava mais só. Principalmente se sentia quente e carente e tão apaixonada que mal podia encontrar as palavras. Só conseguia olhá-lo com seu coração nos olhos. Dominic Dragonseeker. A lenda. O homem. Seu. Seu sorriso era lento e seguro. — Banho ou comida? Ela esmagou sua necessidade de dizer você. Ele a confundia completamente e não podia falar. Lançou um olhar à água quente convidativa e sorriu para ele, esperando que se juntasse. — Você ama um banho. — Ele disse, seu olhar queimando sobre ela. Solange acenou com cabeça. Estava muito consciente dele atrás dela quando andou até a piscina que emitia vapor. A água fechou sobre sua pele, formigando, borbulhando, espumando sobre seus nervos crus até que sua respiração ficou presa na garganta e ela fechou os olhos, permitindo a sensação correr sobre ela. Dominic a seguiu no banho, encontrando um nicho na rocha lisa para que só seu peito e cabeça ficassem acima da água. Solange mergulhou sua cabeça embaixo da água e permitiu que ele a puxasse contra ele assim poderia lavar seu cabelo. Amava a sensação dos seus dedos fortes massageando seu couro cabeludo. A água marulhou no seu queixo quando ele enxaguou seu cabelo. — Estive pensando no pequeno filhote... — Ela arriscou, tentando não soar tímida. Sua descoberta recente de quanto ele estava enrolado dentro dela a fazia se sentir mais vulnerável do que nunca. — Se lhe der sangue Cárpato, acha que pode consertá-lo? Ele é tão doce, Dominic. É possível? Dar seu sangue quando os parasitas forem retirados? O filhote estava sólido na frente e atrás, mas seu meio era sombra, o que fazia difícil, senão impossível, o gato comer. — Talvez. Honestamente não sei o que pode ser feito pelo pequeno rapaz. — Ele mergulhou sua cabeça abaixo da água para lavar a massa de seda longa.

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Havia desgosto na sua voz e Solange franziu a testa. Esperou até que terminasse e logo passou a palma da sua mão por cima dos músculos pesados do seu peito. — Pensei que o sangue dos Cárpatos podiam curar quase tudo. — Isto é magia retorcida, Solange. — Ele disse, pegando sua mão e apertando a palma apertada por cima do seu coração. — Quero ajudar, mas ainda não vejo como podemos desfazer este dano. Ela suspirou e se inclinou para frente lambendo, sem pensar, uma gota que escorria pelo seu peito. — Não tiveram tempo de programá-lo para precisar do meu sangue. É uma coisinha tão doce, mas teremos que encontrar uma solução rápido ou vai morrer de fome. O que eles pensavam? — Duvido que se preocupassem se o gato estava com fome, desde que fizesse o que queriam. — Temos que fazer algo por ele. Mantê-lo adormecido é o único modo de impedi-lo de morrer de fome, mas isto é temporário. Ele sorriu para ela e seu estômago deu uma pequena sacudida. — Se for possível, encontraremos uma solução. Ela acreditou. Ele disse que queria ajudar, mas ainda não sabia como. Ela conhecia Dominic profundamente agora, o núcleo de quem era, o que representava, e não permitiria que o gatinho sofresse. Ele prestava atenção nos detalhes, não importa onde estavam. Ela se virou nos seus braços e timidamente o tocou. Ele era tão sagrado para ela, que quase sentia como se devesse pedir sua permissão para tocá-lo. Ela se sentiu muito atrevida passando suas palmas pelo seu peito. Ele não fez nenhum movimento para pará-la, e sua reserva desapareceu. Ela seguiu os contornos esculpidos, memorizando cada músculo definido, tentando absorver a forma e a sensação dele pelas pontas dos seus dedos enquanto acariciava seu corpo. Ela ouviu sua respiração mudar, seu corpo se agitar, o desejo crescer. Ele ficou quieto, somente a olhando com a aprovação que ela desejava nos seus olhos. Seus dedos traçaram cada costela, sua cintura afilada, alargada acima da barriga chata, dura. Sentiu o feixe de músculos abaixo da sua mão reagir. Já estava muito, muito desperto, grosso e longo e se inclinando na direção das suas mãos, mas ele se moveu então, suspirando baixinho. — Temos que ter cuidado, Solange. Você tem que comer. Sua voz era firme e ela deixou seu protesto morrer na garganta. Realmente tinha que comer, mas precisava mais dele. Ela tocou sua língua nos lábios dele e acenou com a cabeça, apenas se atrevendo a respirar para nada incorreto sair. Como um protesto. Não se supunha que esta noite fosse para ela e o que precisava - ela queria que fosse dele, mas estava indecisa como proceder. Ele a secou com uma toalha suave, quente, como sempre verificando se estava completamente seca e rosada antes que fizesse o mesmo com ele. Solange não se moveu, olhandoo sem pestanejar, temendo perder algum pequeno sinal dele. Ele vestiu sua elegante roupa habitual, com o ondular da sua mão que ela achava tão excitante. — O que vai vestir? — Sua voz era baixa e rouca, dando por certo que usaria um dos vestidos que tinha feito para ela - os vestidos que ele preferia que usasse quando estavam sozinhos.

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— O manto de dragão. — Ela disse, incapaz de encontrar seus olhos. Ela amava aquele manto. Seu coração pulou e ela provou o medo e excitação na sua boca. Quando usava o manto Dragonseeker, sentia-se não só bela, mas como se realmente lhe pertencesse. Dominic estendeu sua mão, e o tecido fino apareceu na sua palma. Galantemente ele segurou o manto enquanto deslizava os braços nele. Ele amarrou a cintura, para que ficasse apertado no meio, chamejando por seus quadris, mas deixando a frente aberta. O tecido aderia aos lados dos seus seios, deixando-os nus até a renda coberta por estrelas. Ele pegou seus seios nas mãos, levantando o peso suave, seus olhos aquecendo. Sua respiração explodiu dos seus pulmões quando se curvou e sugou um mamilo profundamente na sua boca, puxando e rolando com a língua e dentes até que fosse uma pequena conta dura. Sua boca se moveu ao seio esquerdo para repetir a mesma atenção, levando seu tempo, importunando e acariciando até seus gemidos suaves virarem súplicas ronronadas de desejo. Sua respiração ficou irregular enquanto continuava esbanjando atenção aos seus mamilos sensíveis. Seus seios pareciam inchados e quentes e seu corpo apertou em uma dor agitada, familiar. Ela sacudiu a cabeça, seu olhar nublado, seu cabelo caindo em volta dos seus ombros numa desordem completa. — Achei que isto seria para você. — Ela sussurrou. Ele sorriu e inclinou o rosto. — É para mim. — Sua mão deslizou abaixo do seu manto aberto para encontrar seu sexo. Deslizou seu dedo dentro dela. — Você está tão quente e molhada para mim, Solange. Tão pronta. Para mim. Ela tremeu, respirando no calor chocante que corria pelo seu corpo. — Isto é definitivamente para meu prazer. — Ele sussurrou. — Tudo para mim. Quero tocar você, Solange. E preciso saber que dá boas-vindas ao meu toque a qualquer hora. — Ele empurrou dois dedos nela e fez um som de apreço profundamente na sua garganta. Ela sentiu o som ressoando pelo seu corpo inteiro. Tudo nela apertou. Faria tudo por seu prazer. Se fosse importante para ele que ela estivesse excitada, teria orgulho de estar pronta para ele. — Amo te sentir. — Ele sussurrou, seus olhos escurecendo mais. — Suave como seda. — Ele trouxe seus dedos à sua boca. — Mas ainda mais, amo seu gosto. Seu coração balançou. Perdeu-se nos seus olhos, na escuridão, profundidades aquecidas, somente derretendo até que o mundo violento em volta dela caísse e ela pensasse apenas nele. Um tremor percorreu seu corpo quando Dominic sugou seus dedos, seus olhos escuros e quentes. Um pequeno gemido não pode ser evitado quando um raio de desejo sacudiu seu corpo inteiro. Ele sorriu, a satisfação masculina muito evidente. — Venha comigo, Solange. Você tem que comer. Comer? Ele falou mesmo em comer? Seu corpo estava quente e carente e ele queria que ela comesse? Ela lambeu seus lábios e pegou sua mão esticada. Ele a conduziu à mesa iluminada pela luz das velas e segurou a cadeira de recosto alto para ela. Esta pequena caverna era seu mundo, e ele gostava de elegância e decoração vistosa. Os pratos na mesa eram belos, como a prataria. Tudo

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que Dominic fazia tinha um toque elegante. Ele era o Velho Mundo elegante e a fazia se sentir especial além de tudo que pudesse ter fantasiado alguma vez. Solange afastou a sensação pouco confortável de não pertencer. Ela pertencia aqui, com Dominic. Pôs o guardanapo de tecido no seu colo, deslizando os dedos pelo material suave. Abaixo da mesa torceu seus dedos juntos em uma agonia de desejo. Ele tinha dado tudo isto, uma casa. Um homem que a tratava como igual. Um homem que a escutava e lidava com seus medos com respeito e amor. Nunca tinha imaginado que uma relação fosse tão boa, e se entristeceu pela perda do seu povo. Todas as mulheres que tinham sido brutalmente usadas e jogadas de lado porque Brodrick se recusava a reconhecer que eram boas para algo, além de para procriar. Dominic era o contrário de tudo que desprezava em um macho. Ele a alimentava com carne, uma pequena mordida de uma vez, carne que achava repulsiva e ainda reconhecia que o gato nela necessitava. Podia ver seu esforço para estudar que comida se ajustaria melhor ao seu corpo, e o equilíbrio estava todo lá. Dominic cuidava muito da sua saúde e conforto. Ele cuidava muito da sua paz de espírito. Solange mordeu forte seu lábio inferior, lágrimas resplandecendo nos seus olhos. Ela piscou, esperando que ele não visse, mas Dominic via tudo, cada pequeno detalhe. — O que é? — Ele pegou seu queixo na mão e inclinou seu rosto. — Me diga. Ele poderia ter investigado facilmente sua mente, mas ela amou que ele tivesse feito isso. Que esperasse. Ele permitia que juntasse coragem quando ela estava muito tímida ou embaraçada. Eventualmente, ela sabia, isso acabaria, então faria e diria tudo que fosse importante para ele. — Você me balança. — Ela não podia encontrar melhores palavras. — O jeito como me ama, me balança. — Ela lutou para tirar as palavras presas na sua garganta. Ela não se parecia com ele. Não podia encontrar elogios fáceis, mas não significava que não sentisse emoções tão profundas e intensas como as dele. Seu sorriso fez o mundo balançar novamente. Seu coração tremulou e ela se encontrou sorrindo, respirando mais fácil, como se seus pulmões seguissem o ritmo dos dele. —Quero discutir a conversão com você, Solange. Temos que vê-la de cada ângulo antes de tomar uma decisão. Não temos nenhuma ideia do que fará ao seu sangue - ou para você - e isto me preocupa. Seu jaguar é forte e pode haver repercussões. Ela continuou comendo, olhando seu rosto na luz da vela bruxuleante enquanto virava a ideia repetidas vezes na sua mente. Conversão. Tornar-se Cárpata. Viver na terra. Beber sangue em vez de comida. Podia fazer todas aquelas coisas enquanto estava com ele - mas não podia abandonar a outra metade de quem era. Ela era jaguar. Sempre seria jaguar. Sua gata se sobrepunha. — O que acontece se não me converter? Ele encolheu os ombros, o movimento fácil e casual. — Eu já disse. Envelheceríamos e morreríamos juntos. — Você ficaria comigo? — Você é minha companheira. É a mulher que amo. Não há nenhuma outra resposta. E Solange, — Ele se inclinou para ela, seu olhar prendendo o dela. — nunca haveria pesar. Ela acreditou. Isto mudou as coisas imediatamente para ela. Ele daria tudo para ela sem

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desgosto. Tudo nela o amava, se desesperava por ele, queria dar de volta todas as coisas que ele tinha dado. Ela se sentia um pouco incapaz por não saber o que as mulheres faziam para seus homens, mas mesmo se não soubesse, forjaria seu próprio caminho, como ele parecia estar fazendo com ela. Ela pegou uma fatia da manga. — O meu jaguar seria destruído? — Não tenho resposta para isto. O que aconteceu com sua prima? — Ela disse que seu jaguar tornou a conversão difícil, mas sente seu gato com ela, mas não do mesmo modo. — Seu sangue é diferente da sua prima? Ela acenou com a cabeça. — Sua mãe era da realeza, mas não seu pai. A linhagem está quase apagada agora. Só há Brodrick e eu. Sei que sou a última da minha espécie. Não posso salvar nossa gente. Eu já sabia há algum tempo, e tão triste como é, é a verdade. O nosso tempo acabou. — Ela respirou. — Quero proteger meu jaguar. Ela é tanto eu como a guerreira e a mulher. Há um modo de ir devagar ao mundo Cárpato e ver se ela está aceitando? — Uma vez que consiga reunir a informação que precisamos, podemos tentar uma troca de sangue para ver como ela reage. Agora mesmo, se eu tomasse seu sangue, ele mataria os parasitas restantes no meu corpo, e preciso deles para entrar no conclave de vampiros que se realizará na próxima elevação. Ela tentou respirar corretamente, impedir seu coração de pular. — Devemos testar a que distância tenho que estar longe de você para os parasitas não reagirem à minha presença. Sou boa atiradora e posso atirar de uma boa distância, mas não com a besta. E preciso dela para matar os vampiros. Ele acenou com cabeça. — Achei sua besta genial. — Eu gostaria de ganhar o crédito, mas Riordan, companheiro de Juliette, me ajudou com ela. Ele misturou este grande acelerador para mim porque os vampiros pareciam estar aparecendo cada vez mais nesta área. Sabíamos que Brodrick tinha feito uma espécie de aliança com eles. Levou tempo para compreender por que. Todo mundo pensava que era controlado pelos vampiros, mas eu sabia que não. Sabia que não podiam influir nele. — Tenho passado muito tempo sondando por que um homem venderia sua espécie inteira sem um vampiro controlando sua mente, porque ele tem que saber que os vampiros estão influindo seus homens jaguar que não têm sua determinada marca da proteção. — Ele é inteiramente mau. — Disse Solange, inconscientemente baixando sua voz. Ela tremeu, lembrando dos olhos de Brodrick quando lascou a garganta da sua amiga de seis anos porque ela não pode mudar. — Ele gosta do seu poder sobre as mulheres. Minha tia me disse como ele arrastou minha mãe da casa pelos seus cabelos depois que matou seus pais, logo a manteve prisioneira durante meses. Ela estava muito quebrada quando a deixou ir. Ela só tinha dezessete anos, e ele foi terrivelmente cruel. Ele gosta de machucar mulheres, e na sua posição como líder do povo, os

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homens abraçaram sua filosofia de que as mulheres devem servir a cada desejo seu e podem tratálas como quiseram. Brodrick acredita que todas as mulheres são menos do que ele, e que tem o direito de machucá-los para seu próprio entretenimento. Dominic pegou uma fatia de manga e a levou à sua boca até que ela desse uma mordida. Ela sabia que estava preocupado sobre não estar comendo o bastante; podia ler na sua mente. Portanto comeu o fruto e sentiu uma pequena incandescência boba quando o resplendor de aprovação iluminou seus olhos. — Seu pai antes dele fez o mesmo caminho, que foi o de seu pai. Algo aconteceu há muito tempo para incitar isto, se ele nasceu doente e retorcido, ou se algum evento o pôs nesse caminho, nunca saberemos, mas Brodrick foi criado pelo seu pai para gostar de machucar mulheres. — Ele não tinha que seguir o que foi antes. No fim, somos todos responsáveis pelas escolhas que fazemos. — Ela discutiu. — Ele permitiu a extinção de uma espécie inteira para perseguir suas propensões depravadas. Odeio o fluxo de seu sangue nas minhas veias. Ele passou sua mão por seu cabelo, consolando-a. — Você é uma mulher incrível, Solange, e não uma parte dele. Ela sentiu o adejo no seu coração e levantou os olhos para ele, indiferente que visse as estrelas nos seus olhos. Ele a fazia sentir-se como uma princesa de conto de fadas, bela quando sabia que não era, especial quando era comum, sexy quando não tinha nenhuma pista sobre ser uma mulher. Dominic era seu Príncipe Encantado e sempre seria. Cada dia com ele parecia um presente, uma fantasia que nunca poderia ter evocado sozinha. Todos aqueles dias quando compunha um companheiro de fantasia, seu “homem perfeito, ideal,” nunca tinha imaginado quão perfeito ele podia ser para ela. Ele era homem, e ela nunca foi capaz de confiar em um homem. Depois de encontrar Riordan e Manolito De La Cruz, vendo como os dois homens tratavam suas primas e sua amiga MaryAnn, quis confiar neles e vir a amá-los por quem eles eram, mas... Ela suspirou. Tinha sido Dominic quem tinha permitido que ela encontrasse a fé nos homens novamente. — Ele quer o banco de dados de mulheres psíquicas que os vampiros compilaram. — Disse Solange. — Estão encontrando cada mulher com capacidade psíquica, e fazendo perguntas sobre sua origem, são capazes de fornecer bastante informação para traçar aquelas que são descendentes jaguar. Essencialmente, Brodrick usa o banco de dados como uma lista para matar aquelas que acha que não podem produzir um shifter e raptar aquelas que podem. — Vamos conseguir os dados, Solange, protegeremos as mulheres e destruiremos o laboratório e todos os seus computadores. — Ele assegurou. Parecia uma tarefa impossível. Há vários anos tentava encontrar uma maneira de fazê-lo, mas foi incapaz de chegar a um plano. — Não sou boa com computadores. — Ela admitiu. — Não tenho nenhuma ideia de como copiar a informação. No fim, somente imaginei que era melhor dinamitar a coisa inteira e esperar que os dados sumissem também. Tracei um projeto do edifício, portanto posso plantar explosivos e derrubá-lo. Dominic se debruçou e lambeu o suco de manga dos seus lábios. Seu ventre apertou

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firmemente e seus músculos do estômago latejaram. — Acho que podemos conseguir a informação. Tenho um amigo que está a postos para ajudar com o problema do computador. Ele me deu instruções muito exatas. Aquela lambidela sensual tinha feito sua temperatura voar, e ela ficou agudamente consciente do seu corpo mais uma vez. Ele parecia bem consciente dela, também. — Que amigo? — Ela perguntou, tentando voltar ao trabalho. A ponta do seu polegar traçou uma linha lenta da sua clavícula à ponta do seu seio. Ela inalou agudamente. Seu polegar continuou alisando sua barriga nua até escorregar mais baixo. Um pequeno sorriso puxou a boca de Dominic. — Ele é considerado um punk, embora não seja muito mais jovem em anos humanos do que você, mas é muito dotado para computadores. Ele queria vir, mas não posso me arriscar que se achasse capaz de lutar com um vampiro. Seu nome é Josef, e de vez em quando penso que a maior parte dos machos Cárpatos, inclusive eu, já pensou em enviá-lo aos vampiros somente para parar suas palhaçadas. O menino é muito moderno e um pouco selvagem. Está esperando em seu computador para assumir aqueles no laboratório bem como sua rede. Ela riu. — Nunca considerei que Cárpatos poderiam ter problemas com seus filhos. E esse parece esperto. — Você ficaria surpresa. Fui um menino muito selvagem. Uma vez que quase mudei dentro de um enorme seixo somente para me mostrar. Sua sobrancelha arqueou. — Selvagem? Quanto de selvagem? Seu sorriso se limitou a um sorriso afetado. — Não tão selvagem como pretendo ser. Seu corpo tremeu quando tomou seu sexo, longas carícias com seu dedo. Seu olhar tinha ido aos seus seios, a fazendo muito consciente do seu corpo mais uma vez. Podia fazer isto tão facilmente, somente fixar seu olhar, e cada célula respondia. O rubor começou em algum lugar perto dos seus dedos do pé e subiu. Ela esqueceu sobre o que falavam, tudo saindo do seu cérebro para deixá-la aberta para ele. Ela respirou profundamente e admitiu a verdade. — Não posso pensar enquanto desejo você. Seu olhar pulou ao dela. — Você confia em mim o bastante, Solange? Não quero somente seu corpo. Quero que você se dê completamente. Tudo que eu pedir. Tudo que eu precisar. Mesmo se a assustar um pouco, se você confiar em mim, podemos ter tudo. Não há como voltar atrás. Nos vincularei juntos e não há nenhum recuo dessa posição. Nossas almas serão atadas e não haverá nenhuma saída para nenhum de nós. Você não pode cometer um erro. Minhas necessidades devem ser as suas. Cada momento da sua vida me será dedicado. Ao meu prazer e conforto. Você estará se pondo aos meus cuidados, sua saúde e felicidade, tudo para mim. Ela engoliu o medo que crescia. Recusava-se a ser derrotada nisto, sua única possibilidade de

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felicidade. — Como seu cuidado estará nas minhas mãos. — Ela queria que ele visse que ela entendia o que ele tentava dizer. Tudo que ela pensava, tudo que ela se importava, era importante para ele - e queria que ele fosse importante para ela. Ele acenou com a cabeça lentamente. A sala parecia muito imóvel e completamente silenciosa, como se até sua caverna prendesse a respiração. Seu olhar permaneceu constante no dela. Solange respirou e sorriu, a pancada no seu coração se ajustando quando ele encontrou o ritmo do dele. Ela nunca esteve assim segura de nada. — Quero-o com todo o meu coração, Dominic. Eu poderia ter medo de vez em quando, mas confio que você me acalmará. E prometo, farei tudo em meu poder para fazê-lo feliz. Seus olhos foram a um profundo, penetrante azul. Sua voz caiu à nota baixa, sedutora com que tinha ficado familiarizada. — Esperei um longo tempo para ouvi-la dizer isto. — Seus dedos acariciaram sobre seu seio. Seu mamilo chegou ao ponto máximo e ele se inclinou e capturou seu seio no caldeirão quente da sua boca. Ela gritou, arqueando suas costas, suas mãos subindo a sua cabeça. Seu cabelo de seda fluía por cima dos seus braços e ela sacudiu a cabeça quando o fogo se apressou nela. Ele tinha uma boca mágica, quente e tão talentosa. Ela ficou um pouco confusa quando ele a puxou para cima e a tirou da cadeira para o meio da câmara. Uma onda da sua mão mudou a sala inteira. As velas saltaram à vida ao longo das paredes, altas para que só uma incandescência suave clareasse através da sala. O tapete parecia mais grosso debaixo dos seus pés nus, mas realmente, tudo que ela via era o homem na frente dela. Muito suavemente ele deslizou o manto de dragão diáfano dos seus ombros, deixando a piscina de tecido em volta dos seus pés. Sua respiração prendeu na garganta quando sentiu o tecido escorregando abaixo pela sua pele nua. Ele segurou seus ombros, olhando seu rosto virado para cima. Seu coração trovejou no seu peito, quase hipnotizada pelo seu controle absoluto, sua força enorme, mas principalmente o calor nos seus olhos. Ela tremeu sob seu toque, incapaz de olhar longe da intensidade crescente nos seus olhos. Ele deslizou as mãos abaixo por seus braços aos seus pulsos, olhando-a com foco completo. Ele fitou seus olhos por mais alguns momentos, a mantendo prisioneira no olhar fixo enquanto suavemente entrelaçava seus dedos com os dela e puxava seus braços longe do seu corpo. Muito lentamente seu olhar baixou para uma inspeção longa do seu corpo. Ela sentiu a cor subindo e atingindo seus mamilos que chegavam ao ponto máximo sob seu olhar faminto. Onde antes poderia estar embaraçada, agora podia ver a avaliação nos seus olhos, o desejo absoluto, e se sentiu mais sensual do que nunca. Mais uma mulher que uma guerreira. Tinha orgulho de ele estar excitado por ela. — Amo o modo como seu corpo fica tão molhado para mim. — Ele disse, inalando seu odor de boas-vindas. Ele tinha dito isso muitas vezes antes, mas desta vez era diferente, sabendo que dizia uma verdade simples. Ela ruborizou num profundo tom rosa. Estava molhada para ele. Boas-vindas. Ele

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não a tinha tocado e seu corpo respondia com um desejo urgente, apertado, ardendo em cada nervo cru. Ela descobriu que também se orgulhava de como o excitar podia fazer o mesmo em seu corpo quando estava perto dele. Ele precisava dela para responder - e ela fazia. — Não posso impedir. — Ela respondeu. — Só te olhar me deixa assim. Ele sorriu para ela, um sorriso lento, sexy que fez seu coração apertar firmemente no seu peito. Ele puxou seu corpo nu lentamente, inexoravelmente, no seu totalmente vestido. — Me dispa, kessake. Lá estava ele, tudo que tinha estado esperando, ansiando. Os seus olhos estavam escuros com uma mistura potente, muito intensa de amor e luxúria. Ela sentiu a resposta imediata do seu corpo, já tão completamente concentrada nele. Podia contar as batidas do seu coração. Conhecia a maré e o fluxo do sangue nas suas veias. Conhecia sua mente, e seu coração. Finalmente tinha a oportunidade de conhecer seu corpo, memorizar cada músculo, cada zona erógena. Ela deslizou a jaqueta elegante dos seus ombros, dobrou-a cuidadosamente e a colocou quase reverentemente no pequeno assento junto da piscina. Um ímpeto de calor coloriu sua pele quando suas mãos alisaram sua camisa e logo foram aos botões. Ela mal podia respirar quando deslizou cada um e abriu para revelar seu peito nu. Novamente deslizou o material pelos seus ombros. Ela manteve a camisa de seda branca no seu rosto, inalando seu odor profundamente nos seus pulmões antes que dobrasse a seda e a colocasse no banco. Calor explodiu pelo seu corpo quando dirigiu suas mãos sobre seu peito e abaixo da sua barriga chata antes alcançar à frente das suas calças cuidadosamente dobradas. Ele esteve de pé descalço, seus sapatos arrumados embaixo do banco como se ela os tivesse posto lá ela mesma, permitindoa se ajoelhar na frente dele enquanto puxava as calças abaixo das suas pernas longas. Ele colocou sua mão suavemente no seu ombro quando saiu, uma perna de cada vez. A respiração de Solange ficou presa na garganta quando sua ereção pesada saltou livre. Estava grosso e cheio, tão fascinante como o resto dele. Ela dobrou suas calças quase distraidamente, seu olhar concentrado nele. Ela mal notava o tecido que deixava suas mãos para se juntar na pilha de roupa no banco. Ela só pode olhar, hipnotizada, irresistivelmente atraída pela evidência da sua excitação por ela. Pegou seu saco pesado com suas mãos em concha e se inclinou para lamber a pequena gota perolada que brilhava na larga cabeça de cogumelo. Sua respiração deixou seus pulmões em um ímpeto explosivo quando seu pênis levantou empurrado pelas sensações ígneas que ardiam por ele. Ela se inclinou para frente e tomou-o mais fundo na sua boca, sentindo satisfação quando seu corpo inteiro tremeu de prazer. Ela adorou como era inacreditavelmente quente e liso contra sua língua, o peso enchendo sua boca, deslizando, oh, tão lentamente, um pouco mais longe a cada vez. Ele permitiu que ela controlasse tudo, a deixando se acostumar ao tamanho e sensação dele. Veludo sobre aço, enchendo sua boca do calor e fogo dele, com seu desejo por dela. Ela levou o seu tempo, querendo conhecê-lo intimamente, cada pulso da sua carne dura. Ele gemeu fundo na sua garganta quando ela passou sua língua por cima da larga cabeça e passou a recuar para lamber delicadamente mais uma vez. Seu olhar chicoteou ao dela e a satisfação

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voou por ela com a excitação tensa gravada em sua face. Sua mão entrou no seu cabelo, e luz vermelha bruxuleou nas profundidades dos seus olhos quando empurrou seu pau pulsando contra sua boca. Ela acariciou seu quadril nu com uma mão enquanto a outra rodeava a base da sua ereção pesada, e ela deliberadamente enrolou sua língua em volta da base da larga cabeça. Ele empurrou contra sua boca e sua respiração deixou seu corpo em uma explosão áspera. Um rosnado de aviso estrondou no seu peito e garganta. Novamente, a satisfação voou por ela. Ela sempre prestava atenção nos detalhes. Ela merecia isto. Não era para ela, era para ele e seu prazer, e ela percebeu que podia lhe dar prazer. Ela olhou seus olhos, olhou o feixe de músculos na sua mandíbula, com lentidão infinita, tomou a cabeça sensível do seu pau no calor escaldante da sua boca. Seus quadris se moveram empurrando involuntariamente, desesperado para ela tomá-lo mais fundo. Ela sentiu a mordida erótica da dor no seu cabelo onde seus dedos se apertaram em reflexo, e ela gemeu. A vibração atravessou sua boca diretamente à carne dura e sentiu a batida em resposta. Ela permitiu que o comprimento duro afundasse na sua boca e foi recompensada com um empurrão dos seus quadris e o som da sua respiração áspera que enchia a câmara. As velas bruxulearam, as sombras jogando sombras suaves ao longo das linhas profundas esculpidas no seu rosto. Seu peito subia e descia, bronze brilhando na luz que dançava. Ele ajustou o ângulo da sua cabeça para que pudesse deslizar um pouco mais fundo, usando pequenas, quase impotentes estocadas. Ela sabia que ele controlava seus movimentos, mas amou o modo que não podia ficar parado, precisando do gancho quente da sua boca. Ele pulsou contra sua língua, e ela amou a sensação crua dele, a textura lisa e calor quente, sexy. Ele tinha gosto de macho, um sabor condimentado, erótico, muito masculino que ela sabia ficaria viciada para sempre. Tinha gosto de Dominic, paixão e desejo, amor e aceitação. Ela acariciou em volta, ficando mais corajosa quando sentiu sua reação. Ela manteve seu olhar no dele, olhando cada sinal do prazer, e quando viu que os seus olhos resplandeceram, as pálpebras se inclinando pesadas, ela aplainou sua língua sobre o lugar sensível abaixo da coroa, que ela tinha descoberto por puro acidente. Ela moveu a cabeça, uma retirada lenta, todo o tempo olhando o calor nos seus olhos, julgando seu prazer enquanto sua língua acariciava e acariciava ao longo daquele lugar doce. Ela fez uma pausa por um momento com apenas a ponta entre seus lábios, olhando-o reter sua respiração, seus olhos ficando azuis mais profundos, quase meia-noite preta, e muito lentamente o recebeu novamente. Ela queimava com a necessidade de agradá-lo, dar o prazer requintado que ele tinha dado a ela, o mesmo cuidado focado. Olhar seu corpo, seus olhos, sentir sua ereção crescendo, eram um afrodisíaco para ela. Ela sentiu a resposta no seu corpo, a pressão ardente entre suas pernas, a dor nos seus seios e a necessidade crescendo urgentemente por ele. Havia satisfação aguda na sua própria resposta, mas manteve seu foco só em agradá-lo. Ela aumentou a sucção, lentamente e logo rápido. Duro e logo suave, todo o tempo sua língua brincando e dançando. Sua voz rouca, musical ficou gutural, a emocionando. Seu impulso ficou um pouco mais fundo quando patinou na borda do seu controle. Ela o tomou um pouco mais fundo e

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sugou mais duro, provocando um gemido áspero. Solange se queimava viva, dentro e fora. Sua boca estava muito quente, mas entre as pernas ardia com o desejo urgente. Ela queria - precisava - do corpo dele dentro do seu. Seu corpo doía por ele, a ânsia tão esmagadora que queria o gosto dele para sempre na sua boca, seu corpo impresso no dela para sempre. Seu olhar prendeu o dela, a mantendo prisioneira quando começou a assumir o ritmo, empurrando um pouco mais fundo. Ela apertou sua boca em volta dele, aumentando a sucção, desesperada por ele. O impulso rápido, duro tirou sua respiração, mas quando penetrou mais fundo, ela aprendeu rapidamente como respirar quando podia porque não queria parar - não agora, não nunca. Ela amava o que fazia com ele, amava tirar seu controle e substituí-lo com tal prazer descuidado que ele não podia se concentrar em mais nada. Ele gemeu, sua respiração áspera. — Pare, kessake, não posso me conter. — A mão no seu cabelo começou a puxar sua cabeça, embora seus quadris se recusassem a cooperar, trabalhando rápido, empurrando duro mais fundo na sua boca apertada. Ela dançou sua língua por cima dele, acariciando e acariciando, levando-o à borda do seu controle. Ele pegou seu maxilar e fez recuar sua cabeça para trás — Isto é muito perigoso, Solange. Ela lentamente, com relutância o abandonou, respirando duro, confusa. — Não entendo. Você queria isto. Você me queria... — Quero. — Ele corrigiu pelos seus dentes apertados. — Quero você. Mas não posso pô-la em perigo. Tenho parasitas no meu sangue que eu poderia te passar. — Eles não podem me prejudicar. — Ela indicou, frustrada e ficando mais aborrecida no momento. Ela afundou no chão e olhou para ele. — Você começou isto. — Pensei que podia ficar no controle o bastante para separar os parasitas e os impedir de entrar em contato com você, mas ainda estão aí quando você está próxima e não posso pensar direito. Sinto, Solange. Eu achei que faríamos amor nesta elevação. Ela estendeu a mão, seus dedos acariciando o comprimento duro, grosso dele, olhando com um olhar aquecido o tremor que percorria seu corpo. — Você já ouviu alguma vez falar de preservativo? Cárpatos não têm preservativos? Como está tão preocupado, um preservativo poderia ser a coisa certa. Seu sorriso foi lento na chegada. — Eu não tinha pensado nisto. Por via de regra os Cárpatos não precisam de tais coisas.

Capítulo 17 “Olhe para mim, agora se veja através dos meus olhos. Olhe para você: a mais bela nesta terra.”

— Dominic para Solange

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Dominic chegou em Solange. Seu corpo queimando por ela. Mal podia raciocinar, apenas necessitando do seu toque, precisando de sua pele macia deslizando contra a dele. Precisando desesperadamente estar dentro dela. Sua alma se enfureceu para prendê-la, reclamar o que lhe pertencia. Uni-los para sempre. Sua disciplina estava no fim e nada se interpunha entre ele e a mulher que amava. Ele a ergueu nos braços, a embalando. Amada Solange. Parecia excitada, sexy e medrosa, tudo ao mesmo tempo. Cada instinto protetor seu afluiu. A mistura da mulher sensual, tão desesperada por ele como ele por ela, combinada com a inexperiência inocente só aumentava sua necessidade de ser sensível. Esperava que, com a intensidade do calor da sua gata, fosse muito experiente no namoro, mas estava claro que não era. O amor era quase esmagador, ameaçando deixá-lo de joelhos. Ela não tinha nenhuma ideia da sua beleza ou sua atração. Cárpatos viam o que havia no interior. O corpo era simplesmente uma concha. Possivelmente porque podia mudar para qualquer forma que escolhessem, o exterior importava pouco. Mas podia ver seu coração e mente e tinha se apaixonado. Solange era exatamente a mulher para ele, com sua lealdade feroz, sua coragem infalível e sua sensualidade natural. Tinha esperado por tanto tempo, tantos séculos, até que toda a esperança desta mulher estivesse desaparecido. Ele a manteve embalada contra seu peito nu, mal capaz de compreender que ela era sua finalmente. Seu corpo doeu por ela, sangue quente batendo em sua virilha, seu pênis uma dor constante, pesado que se recusava a partir. Sua pele, toda a extensão suave de seda e cetim o levava à beira da loucura. Tinha sido paciente, esperando ela se dar, confiar nele o bastante, mas os demônios que dominavam os machos Cárpatos nunca tinham se acalmado, nunca tinham dado paz, exigindo que a atasse, a reclamasse como sua. As mãos dela alisaram seu peito, suave, somente um sussurro de toque quando a pôs suavemente na cama. Ele estava tão sacudido com o desejo, que quase tinha se esquecido de uma cama. Ele pegou seu pequeno gemido na sua boca quando a beijou, seu cabelo de seda agrupado na sua mão. Ele se permitiu o luxo de ficar perdido nas sensações de Solange quando a beijou muitas vezes. Seda quente, uma promessa de coisas a vir. Sua boca fantástica, que se movia contra a dele, toda mel, tempero e exclusivamente dela. Uma febre de amor e desejo queimou seu corpo. Dominic Dragonseeker, perfeitamente controlado e disciplinado, já não podia controlar sua própria temperatura. Ele a queria tanto que mal podia respirar. A disciplina e o controle eram seu caminho na vida. Foi uma experiência única se queimar de dentro para fora, ter seu coração batendo no seu peito e no seu pau, tremer de desejo absoluto por sua companheira. Ele amou o modo como a olhou debaixo dele, seus olhos tão ofuscados e famintos, desejo nu no seu rosto. O rubor se estendendo sobre seu corpo o encantou. Seus seios eram belos na luz da vela, uma tentação que não podia resistir. Ele baixou sua cabeça, seu cabelo deslizando sobre seu corpo a fazendo se torcer debaixo dele, seus nervos já inflamados. Seus gemidos roucos o deixaram louco e ele quis - precisava - mais. Sua boca fechou em volta da elevação suave do seu seio e puxou seu mamilo ao interior. Um tremor a sacudiu e ela gritou, um

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pequeno som suave, que quase quebrou suas últimas sobras de controle. Ele amou seus seios suaves, convidativos, e principalmente amou sua reação quando puxou e rolou seu mamilo com os dentes e dedos. Seu corpo se esticou na direção dele, se contorceu sob seu assalto, e ele não pode menos que fundir as mentes para poder sentir cada sensação que fluía pelo seu corpo. Sob ele, seus músculos do estômago estavam tensos e sua cabeça virava de modo selvagem no travesseiro. Seus quadris pinotavam, buscando seu corpo. Ele mamou, estimulando seus pequenos gemidos suaves de prazer desamparado. Calor correu pelas veias dele e ele de fato sentiu o espasmo no seu ventre. — Dominic. — Ela sussurrou seu nome, repetidas vezes, as suas mãos entrando no seu cabelo, segurando-o. O som carente em sua voz elevou sua temperatura mais alguns graus até que pensou que poderia se queimar de dentro para fora. Ele levou seu tempo, amorosamente esbanjando atenção aos seus seios, importunando e puxando, dançando com a língua, puxando forte com a boca e suavemente lambendo, espalhando pequenos beliscões e aliviando a picada com um golpe carinhoso da sua língua. Uma mão deslizou sobre seu estômago chato, sentindo os músculos lá ondulando e tencionando em excitação. Seu coração tamborilava sob sua boca, um frenético e rítmico bater que chamava seu sangue. As presas encheram sua boca espontaneamente, a tentação ignorava a disciplina. Ele lambeu ao longo da elevação cremosa do seu seio e mordeu suavemente. Ela ficou completamente imóvel. Ele ergueu a cabeça para capturar seu olhar no dele. Os olhos da sua gata tinham ido do verde ao ouro. Sua mão cobriu seu sexo, o calor úmido o chamando tão forte como a batida do seu coração. Ele expôs suas presas, deixando-a ver, sabendo que o demônio nele estava perto da superfície; seus olhos incandesciam. Nada importava além da sua aceitação - sua confiança total. A respiração de Solange saiu em um ímpeto explosivo quando ele empurrou dois dedos profundamente no seu canal quente. Sua boca se abriu, seus olhos arregalaram. Dominic! Fique comigo, kessake. Isto vai ser bom para você. Ele a acalmou suavemente, sentindo os tremores que atravessavam seu corpo. Ele curvou sua cabeça e lambeu seu seio cremoso, apenas ao longo da elevação doce. Seu polegar encontrou seu clitóris quando afundou suas presas profundamente. O corpo dela quase convulsionou. Ele sentiu a explosão a balançando, seus músculos apertando seus dedos. Seu corpo quase se curvou. A dor da mordida deu lugar ao êxtase erótico. Sabia que não podia tomar muito, mas queria se encher com ela de cada modo. Ela era deliciosa, seu gosto melifico, condimentado enchendo seus sentidos. Seu pau pulsou e queimou. Ela se torceu debaixo dele, e o desejo urgente queimou branco e brilhante, queimando pelas suas veias como uma tempestade. Ela gemeu baixinho, e seu corpo reagiu com agressão selvagem, tão cheio que a dor ficou brutalmente dolorosa. Ele passou a língua através das pequenas alfinetadas e beijou seu caminho abaixo pela sua barriga, um ímpeto quase frenético. Ele queria o controle e aspirava por ele, mas no momento que

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agarrou seu traseiro e levantou seus quadris até sua boca, tudo que pode pensar era em festejar. Forçou-se a verificar sua mente somente uma vez, seu olhar travado no dela. Seus olhos brilhavam com excitação chocada. Solange extraiu sua respiração da pura sensualidade esculpida no seu rosto e da fome no seu brilho, os olhos sempre-mudando-de-cor. Não havia como negar que ele estava perdendo o controle, e embora estivesse assustada, seu corpo estava emocionado. Ela sentiu como se tivesse esperado este momento desde sempre. Ele fez uma pausa, a olhando, suas pálpebras entreabertas, os cílios grossos intensificando o azul vívido dos seus olhos. O olhar prendeu o dela, sua língua lentamente batendo pelas suaves aveludadas pregas. Seu corpo inteiro tremeu. Sua respiração ficou barulhenta no silêncio da sala. Ela apertou seus largos ombros, tentando encontrar uma âncora quando já era tarde demais. Ele fez um som, um rosnado baixo, primitivo, antes que se satisfizesse. E foi uma indulgência. Ele se deleitou com ela, puxando o líquido quente do seu centro com golpes da língua. Lambeu e acariciou. Mamou e beliscou. Suas mãos controlavam seus quadris quando ela resistia desesperada, gritando pela liberação, suplicando para parar - para não parar nunca - e ele a dirigia mais e mais alto até que ela se sentiu à beira da insanidade. A febre assolava quente e forte, mas ela não conseguia a liberação que precisava não importa quanto a pressão crescia. Ela não podia parar de empurrar nele, se torcer, virar a cabeça, pinotar os quadris, fora de controle como ele parecia estar. Ele fazia sons, profundos, rosnados animalescos enquanto a devorava, lambendo e chupando, fazendo seu ventre palpitar, chorar e apertar, derramando mais nata quente que ele precisava para saciar a fome feroz. Prazer se alastrou pela sua barriga, se estendeu pelas coxas e concentrou-se no seu núcleo mais profundo, duro, lançando ondas que sacudiram seu corpo inteiro e ecoaram por cada músculo e célula. Ela ouviu seu próprio grito desesperado quando ele chupou seu clitóris sensível uma última vez antes de se ajoelhar para cima dela. — Espere. — Ela mal podia emitir a ordem. Seu corpo ainda tremia pelos abalos secundários e sua mente se recusava a clarear. Mesmo assim, Dominic, sempre consciente das suas necessidades, se acalmou, seus olhos resplandecendo quase vermelho rubi, luxúria e impaciência estampadas no seu rosto sensual. Mas não se moveu, sua respiração entrando irregular, áspera enquanto observava sua luta para falar. Solange respirou fundo, tentando limpar sua mente o bastante para confessar. Era necessário. Devia ter sido feito dias antes. — Dominic. — Ela mal foi capaz de dizer seu nome, mas tinha que continuar. Ele devia saber. — Nunca estive com um homem. — Ela não podia conter seus quadris agitados o buscando, quando se ajoelhou assim perto, só a uma polegada do seu corpo faminto. Ele franziu a testa. — Naturalmente que esteve. Você é jaguar. Vi as imagens. O homem sem roupa, você... — Sua carranca se aprofundou. Obviamente não queria discutir sua história sexual. — Isso não importa. — Importa. Estou tentando te dizer. — Não tenho que saber. Vi as imagens na sua mente, Solange. Cada vez um homem diferente

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quando sua gata estava no cio. Você esteve com eles... Ela fechou seus olhos, envergonhada. — Sinto, sei que o deixei pensar isso, todo mundo pensa, até Juliette e Jasmine, mas não é verdade. Tentei. Minha gata me dirigia com suas necessidades, mas não nunca pude deixá-los me tocar. Todas as vezes, entrei em pânico. A ideia de permitir que um homem me tocasse me deixava doente. É assombroso como o vômito mata o humor dos homens. — Diga-me que tem certeza, Solange. — Você sabe que tenho. Quero-o. Quero isto. — Tenho que ouvi-la dizendo. Ela não desviou seu olhar, ela própria estável, mas mal podia dizer as palavras, sua respiração áspera e desigual. Ela ardia com o desejo e estava mais que desesperada por ele. Uma parte dela queria erguer seus quadris e somente se empalar nele. — Mais do que tudo, Dominic, confio em você. Quero que fiquemos juntos no seu caminho. Tenho medo, mas só do desconhecido, não de você ou nós. Estou segura. Suas mãos caíram nas suas coxas e as abriram, levantando-as por cima dos seus braços. Ele se debruçou, forçando suas pernas mais altas, dando melhor acesso. Sua ereção encostou contra sua entrada sensível, pulsando, e ela gritou quando os dardos de fogo correram pelo seu corpo. Ela fechou seus olhos, medrosa pelo que estava por vir, mas tão frenética para ele aliviar a fome terrível que crescia e parecia não poder ser saciada. Ela temeu que nunca tivesse o bastante do seu prazer. Suas mãos e boca eram tão incríveis, que não podia imaginar o que seu corpo era capaz de fazer. — Solange, continue olhando para mim. — Seus olhos resplandeciam com objetivo e resolução. — Te avio päläfertiilam - Você é minha companheira. Ele não dizia apenas as palavras; ele as cantava. A musicalidade da sua voz sempre a atraía. Sentiu cada palavra quando a proferia na sua língua nativa e logo a repetia na sua língua para que pudesse entender o que as palavras significavam. Seu coração começou a bater mais rápido quando sentiu a larga cabeça de cogumelo dele empurrando nela. — Éntölam kuulua, avio päläfertiilam - Te reclamo como minha companheira. As palavras vinham de algum lugar profundamente dentro dele e ressoaram profundamente dentro dela. Ela gostou de ser reclamada, pertencer somente a ele. Ela o queria com cada respiração que envolvia nos seus pulmões. Precisava do seu prazer mais do que precisava dela própria. E pertencer a ele era tão certo. Suas mãos a agarraram mais apertado, obrigando-a a manter contato visual com ele. Ela nunca esteve tão excitada - ou ligada - na sua vida. Ela gostou de erguer os olhos para ele, sentindo o duro calor dele a esticando enquanto a invadia. Ela sentia-se vazia no interior e tinha que ser preenchida com ele - com sua essência. — Ted kuuluak, kacad, kojed. - Te pertenço. Seu corpo se inundou mais uma vez com uma onda de calor puro. Ela sentiu a umidade lisa entre suas coxas, excitação tencionando os músculos de seu estômago. Ele realmente lhe pertencia. Cada polegada dele. E cuidaria dele - da sua felicidade e seu prazer. Ele empurrou nas suas pregas apertadas somente outra polegada, esticando-a até que ela queimasse, somente na borda do

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desconforto. — É lidamet andam. - Te ofereço minha vida. Ela daria sua vida pela dele, mas não era só isso que aquelas palavras significavam - era muito mais. Cada aspecto da sua vida estava em suas mãos. Ela não podia parar os movimentos de seus quadris, tentando puxá-lo mais fundo, mesmo quando o sentiu muito grande para se ajustar. Ele parecia saber como estava desesperada, mas também como se sentia esticada. Ficou imóvel, esperando seu corpo se ajustar ao seu tamanho. — Pesämet andam. - Te dou minha proteção. Ela sabia que ele sempre - sempre - teria sua proteção em troca, e podia viver com isto. Ele não a tratava como se ela não pudesse se cuidar. Respeitava sua capacidade de lutar com um inimigo. Ele a protegia sempre, inclusive esperando seu corpo se ajustar à invasão do dele. — Uskolfertiilamet andam. - Te dou minha lealdade. Lágrimas queimaram. A maior parte da sua vida se sentiu sozinha, lutando por uma causa que não podia ser ganha. Tinha cuidado de Juliette e Jasmine e cem outras mulheres. Este homem sempre estaria ao seu lado, não importa quando, sua primeira lealdade sempre para ela. Ele empurrou mais fundo e parou quando ela gritou pelo choque da ardência tremenda. Ele parecia enorme, impossível de acomodar no seu canal apertado. Mas ainda assim, seu corpo não pareceu saber, desesperado por sua invasão. Mais uma vez ele esperou, respirando fundo, lutando pelo controle. Seus dedos se apertaram nos dela. Seus olhos eram incríveis, incandescentes, mudando, belos. Respire para mim. Relaxe. Ela respirou, seguindo o ritmo dos seus pulmões, fazendo um esforço consciente para relaxar seus músculos tensos. Tinha mais medo do que tinha percebido, apertando abaixo nele. No momento que seu corpo o aceitou, ele deslizou outra polegada nela. — Sívamet andam. - Te dou meu coração. Sielamet andam. - Te dou minha alma. Ainamet andam. - Te dou meu corpo. Sívamet kuuluak kaik että ao Ted. - Tomo em mim os teus cuidados do mesmo modo. Solange sentiu a diferença profundamente dentro dela, fios muito pequenos os unindo juntos, como se seu coração e alma fossem um com os dele. Ele tinha atingido sua barreira, a tira fina que a protegia, a linha que nunca tinha permitido que ninguém cruzasse para possuí-la. As lágrimas correram por seu rosto. Não temia mais confiar nele; tinha dado aquele salto de fé e colocou-se aos seus cuidados sem reservas. — Ainaak olenszal sívambin. - Sua vida será apreciada por mim para sempre. Te élidet ainaak pede minam. - Sua vida será colocada acima da minha sempre. — A sua voz ficou mais profunda. Firme. A intensidade da sua declaração a fez estremecer. Seus olhos brilhavam num turquesa quente. Ele curvou sua cabeça, lambeu seu pulso e afundou seus dentes nela enquanto seus quadris avançavam, rompendo a barreira. A dor foi uma ardência aguda quase coberta pelo choque das suas presas. Ele fez uma pausa novamente enquanto ela afastava a sensação esticada, ardente. Muito lentamente levantou sua cabeça novamente para investigar seus olhos com seus corpos unidos.

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— Te avio päläfertiilam. - É minha companheira. Ainaak sívamet jutta oleny. - Está unida a mim por toda a eternidade. Ainaak terád vigyázak. - Sempre aos meus cuidados. Ele se curvou e tomou sua boca, por um breve momento de parar o coração, e logo soltou suas mãos e começou a se mover, um deslizar lento, longo que atingia cada nervo com uma sensação ondulante. O fogo riscou por ela. Solange respirou, seus olhos se alargando em choque. Ele recuou e avançou, mais duro, mais rápido, a fricção enviando raios formando arcos sobre ela. Nunca sonhou que alguém pudesse voar tão alto ou sentir tanto prazer. Era assustador, a perda de controle e ainda emocionante. Ela cravou as unhas no seu bíceps, tentando encontrar uma forma de se ancorar no redemoinho crescente de calor ardente. Seu corpo se moveu novamente e ela apertou seus músculos, ouvindo-o respirar. — Você é tão apertada, Solange, muito quente. Era uma coisa boa? Ela não sabia, mas ele tremia contra ela, sua respiração mais áspera que antes, e cada vez que ela subia para encontrá-lo, suas mãos duras a encorajavam. Era tão bom, os golpes longos, profundos de fogo ardente. Ela não queria que parassem, ainda temia arder viva se não o fizessem. Ele não parou. Seus primeiros golpes suaves deram lugar a um mais duro, mais rápido, socando num ritmo que tomou sua respiração e a enviou mais alto do que imaginava possível. Ele mergulhou fundo e ela gemeu, um som baixo, quase um choramingo. A pressão cresceu e cresceu, nunca a deixando quando ele se fundiu mais fundo e ela perdeu todo o controle. O fogo espalhou pelo seu corpo. O calor ardente se apressou pelas suas veias. A tensão esticou seus nervos a um ponto de estalar - e além - até que ficou tensa para a liberação, lágrimas correndo por seu rosto, um incêndio a consumindo. Ele continuou nela, veludo sobre aço, entre suas coxas, montando-a duro, penetrando profundamente. O ritmo feroz continuou repetidas vezes até que ela não podia respirar, a apreensão a enchendo, seu corpo não mais dela. Ela se torceu desesperada, se contorcendo debaixo dele, balançando a cabeça de modo selvagem, enquanto ele a mantinha presa, seu corpo a levando mais e mais alto. Ela abriu sua boca para gritar, mas nenhum som emergiu. Cada um dos seus sentidos estava concentrado entre suas coxas, concentrados na grossa, dura força se conduzindo profundamente no seu corpo repetidas vezes. Chispas de fogo se tornaram chamas e a tensão ficou mais apertada quando o empurrar frenético ficou mais fundo ainda. Dominic. Seu nome foi um grito de lamento na sua mente caótica. Deixe vir para mim, ele adulou. Ela podia voar tão alto e não morrer? Ela abriu seus olhos e viu o rosto querido. As linhas de luxúria e amor esculpidas tão profundamente, sensualidade e intenção feroz nos seus olhos, a boca perfeita, e aquelas mãos duras que a agarravam tão firmemente. O cabelo longo caia em volta do seu rosto parecendo com um anjo caído. Ele se moveu apenas ligeiramente e a fricção contra seu lugar mais sensível enviou sua mente numa espiral de prazer. Ela ofegou, rígida, seus olhares presos quando seu corpo inteiro apertou em volta do seu pau, um aperto quase violento, agarrando e ordenhando enquanto sensação após sensação se rasgava pelo seu corpo. Seu orgasmo queimou pelo seu núcleo, um incêndio fora de

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controle, que ardia pelo seu estômago, se estendia até os seus seios e abaixo pelas suas coxas. Ela gritou quando seu pau inchou ainda mais, e ele se esvaziou, o preservativo a mantendo segura. Ela podia sentir o calor abrasador, cada nervo vivo com o prazer. Dominic desabou em cima dela, lutando por ar, a mantendo apertada, suas pernas ainda presas acima dos seus braços, seu corpo ainda trancado com o dela. Não queria sair nunca. No momento que teve forças, pegou Solange nos braços e deu uma volta, trazendo-a em cima dele como uma manta, sua cabeça no seu peito, o ouvido sobre a batida do seu coração. Pela primeira vez na vida se sentia completo. Tantos séculos se sentindo completamente sozinho, e agora nunca mais estaria sozinho. Segurá-la era bom. Ele permitiu que sua mão deslizasse para baixo das curvas das suas costas à curva arredondada das suas nádegas. Ela era dele, e se tinha dado livremente, incondicionalmente, abrindo sua mente e coração. Ela o tinha tomado no seu corpo, seu porto privado, seu santuário. A outra mão entrelaçou na riqueza do seu cabelo. Ele amava a sensação dela, toda seda e cetim. Sua pele suave parecia se fundir nele, fazer parte dele. Ele se moveu ligeiramente, sentindo a reação imediata dos seus músculos interiores, quando agarraram e pulsaram em volta dele, apertando como se ela não quisesse que ele deixasse seu corpo. Seus sentimentos por ela eram tão esmagadores que não pode falar por um momento. Você sabe que amo você, Solange. Era uma afirmação, porque não havia nenhum modo dela não saber. Ele sentiu seu sorriso. Ela fez um esforço para levantar a cabeça o bastante para marulhar no seu pulso, um movimento lento, lânguido que uma companheira faria naturalmente. Seu corpo respondeu com um empurrão do pênis. Ele queria - não, precisava - sentir sua mordida, trocar sangue do modo Cárpato. Ela apertou um beijo por cima da batida acelerada. Sim, posso sentir que me ama. Sua voz ficou tímida. Espero que sinta o quanto o amo. Ele envolveu seus braços em volta dela e a abraçou, esperando que se aconchegasse nele. Obrigado por sua confiança. Sempre a manterei como um presente precioso seu. Ela esfregou seu queixo ao longo do seu peito, e logo cheirou contra sua garganta. — Você diz coisas que me viram pelo avesso, Dominic. — Ela engoliu seco. — Eu não sabia que um homem podia ser como você. — Estou perfeitamente bem com você pensando assim. — E estava. Sua mulher era só sua e gostava que ninguém nunca visse este lado dela. Ela reservou sua confiança e fé para ele. — Acho que nunca serei capaz de me mover novamente. — Ela disse, deslizando a mão sobre seu peito para parar em volta da sua garganta. — Será que ficar melhor que isto? Porque se ficar, não sobreviverei. Ele riu baixinho. — Você viverá. Cuidarei disto. Porque pretendo repetir esta experiência o mais breve possível. — Claro que sim. — Mas sem preservativo. Quero sentir cada polegada de você me rodeando. — Ele permitiu que seu corpo deslizasse do dela. — Eu disse que os parasitas evitariam o contato comigo.

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— Me recuso a arriscar. Silêncio seguiu sua afirmação, embora notasse um leve movimento em seus lábios. — Você acabou de revirar seus olhos? — Ele exigiu. Ela riu baixinho. — Pode ter acontecido. — Ela admitiu. Ele a derrubou abruptamente, prendendo seu corpo debaixo do dele, sua expressão severa quando olhou abaixo em seu rosto risonho. Suas mãos enquadraram seu rosto e ele a beijou. Não foi o que pensou fazer, mas não pode evitar. Ela era tão bonita para ele, tão miraculosa. Solange Sangria Dragonseeker. Sua. Ele amava sua boca, seu gosto, seu calor, os beijos longos, viciantes dos quais ela nunca se afastava. Ela se abriu, beijando-o repetidas vezes até que ambos estavam sem respiração e ele caiu em cima dela novamente. Sua risada fez cócegas e ela empurrou seu corpo pesado. — Você está me esmagando. — Sei, mas não posso me mover. Ela tentou empurrá-lo, mas a risada estrondeou no seu peito e ele não se moveu. Ele cheirou seu pescoço. — Você está tentando me mover? — Vou acordar o gatinho e ele vai se lançar sobre seu bumbum nu. Ele rolou novamente, com mais pressa que graça. Pensar nas garras do gato de sombra próximas a qualquer lugar perto de certas partes da sua anatomia era o bastante para assustar qualquer homem, até um guerreiro Cárpato. Ela sorriu de modo afetado. — Você é como um bebê. Saia de cima de mim. Realmente temos que acordá-lo e descobrir como vamos alimentá-lo. Com relutância, permitiu que seus braços escorregassem, soltando-a. Solange levantou com as pernas trêmulas, sorrindo para ele. Ela o despojou da respiração. Seu corpo brilhava com o resplendor perfeito do seu namoro. Ele amou que ela não tentasse se cobrir. Seus seios destacavamse orgulhosamente, e podia ver as marcas deixadas pelos seus dentes, boca e mãos. Seu cabelo estava desgrenhado e selvagem e sua boca um pouco inchada dos seus beijos. Pareceu completamente amada, mas ele queria ver sua semente escorrendo no interior das suas coxas. — Gosto de te olhar. — Ele disse, sentando-se. — Sei. — Ela respondeu, um ronronado satisfeito na sua voz. Entrou na piscina e se lavou. Dominic, totalmente vestido, esperava por ela com uma toalha quente. — Terei que sair para caçar. — Ele disse. — E observar um pouco. — Vou com você, mas quero cuidar do filhote primeiro. — Não há nenhuma necessidade esta noite. — Ele contrariou. — Posso observar e descobrir a distância que deverá ficar dos vampiros sem manter os parasitas silenciosos. — Ele esfregou as gotas de água da sua pele, querendo lambê-las. Seu corpo já se mexia. O gancho apertado do seu corpo combinado com seu calor que chamuscava era viciante, e ele nunca estaria saciado, não importava

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quantas vezes a tomasse. E pretendia tomá-la um milhão de vezes. Solange pegou o vestido de aberturas verde-esmeralda curto. Amava o modo como o material aderia aos seus seios, ainda que os desnudasse. Ele não pode deixar de acariciar o peso leve somente para sentir sua maciez contra a palma. Seus dedos rolaram e puxaram os mamilos até que fossem pequenas contas duras. — Você está me deixando molhada e carente outra vez. — Ela avisou. — Quero você assim. Se pudesse, eu a teria em um estado contínuo de excitação. Quando isto tudo acabar, estarei preparado para passar um longo tempo desse jeito. — Sua mão se arrastou debaixo da bainha curta abarcando seu montículo nu. Seu polegar rodeou seu clitóris com uma perícia lânguida. Sua respiração ficou presa na garganta e ele se debruçou para capturar o gemido rouco na sua boca. — Amo o modo como geme. — Ele confidenciou. — Você me agrada, Solange. Muito. — Estou contente, Dominic. Desejar você é muito fácil. Quando ela começou a montar sua mão, ele abruptamente removeu seus dedos, os lambendo, seus olhos no seu rosto. — Continue me querendo. — Não penso que isto será um problema. Atravessou a sala, querendo vê-la com o filhote. Seu uivo foi mais alto quando ele tremulou a mão e retirou o feitiço do sono. O gatinho se estendeu antes de levantar sua cabeça, olhando em volta da sala até encontrar Solange. Ele correu rápido e se esfregou de cima para baixo na sua perna. Ela deixou sua mão na pele dele e se ajoelhou para cheirar a criatura ronronando. — Temos que chamá-lo de algo. Dominic se encolheu intimamente. — É provavelmente melhor que ele fique isolado. — Ele aconselhou. — Ele precisa de um nome. — Insistiu Solange. Dominic suspirou. Não queria dar um nome ao animal, não quando duvidava que pudesse salvar a criatura. Como se transforma sombra em matéria? Ela já estava meio apaixonada pelo pequeno pacote de pele e garras, e não podia partir seu coração. Ela já tinha tido bastante mágoa na sua vida. Ele tinha curado feridas terríveis, algumas até mortais, mas isto... Ele suspirou novamente. — Hän sívamak, se você se apegar e não puder salvá-lo, você chorará a perda. — Dar um nome a ele não fará diferença, Dominic. — Ela respondeu, seus olhos traindo sua tristeza. — Já estou apaixonada por ele. O gatinho saltou através da sala, o rosnado estranho, um ronronar rosnado no seu peito. O gato de sombra provavelmente pesava aproximadamente 10 quilos, todo músculo, mas não podia manter sua forma sólida. Dominic podia ver a evidência de manchas na pele preta lisa, prova que os magos tinham usado um jaguar nos seus experimentos para produzir o gato de sombra. — Shadow8. — Ele disse.

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Nota: Sombra, do original em inglês.

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Ela riu baixinho. — Muito criativo. — Como você o chamaria? — Ele desafiou. — Shadow, naturalmente. — Ela disse. O gatinho empurrou sua cara em Dominic e lambeu sua cabeça, recuou, e logo saltou atrás para rebater nele brincalhão com uma pata. Podia ver por que Solange queria salvar a coisinha. A cara do filhote era tão atraente. Ele estremeceu com a palavra. Sua risada suave ondulou pela sua mente quando o gatinho desistiu e se limitou a andar pelo chão. — Adorável. Ele é adorável. — Você vai recolher todos os tipos de criaturas em nossa vida juntos. — Ele gemeu em voz alta, mas profundamente no interior descobriu que ria. Ele devia saber que ela tinha um coração suave. Tinha passado uma vida protegendo mulheres e gostava muito das suas primas. A Solange rude e perigosa derretia quando via cachorros e gatinhos. Ela coçou as orelhas do filhote. — Sou perigosa, Dragonseeker, é melhor você não esquecer. E não vá dizer às minhas primas suas pequenas teorias sobre mim. — Não tive o prazer de encontrar com elas ainda. — Ele disse, mantendo seu tom pensativo. — Penso que teremos muitas longas conversas. Ela lançou um olhar de aviso. — Trabalhei muito, muito, para ser mal-humorada. Você não vai arruinar minha reputação, especialmente com o companheiro da minha prima. Ele levantou a sobrancelha. — Você não quer que a vejam feminina? Ela estremeceu abertamente, rangendo os dentes. — Não sou feminina. — O gato de sombra bateu nela tão forte que ela quase tombou para trás. Ela teve que pegá-lo em volta do pescoço para se estabilizar. Imediatamente o gatinho pôs sua cabeça no seu ombro e deu seu ronrono de resmungo. — Você é feminina, toda suave e mole por dentro. — Ele importunou. Ela olhou horrorizada, mesmo enquanto acalmava o gato de sombra, sem perceber a imagem que fazia, o olhar preocupado no seu rosto enquanto mimava o animal. Seu coração sentiu-se tão estupidamente suave e mole como ele a acabava de rotular. Ela era tão bonita para ele, tão complexa e misteriosa como a flor mais bela que já tinha visto alguma vez. O gato se soltou e correu em volta da sala, pulando sobre tudo que se movia. A risada de Solange encheu a câmara, suave e musical, seus olhos atrás das palhaçadas do gatinho quando se apressou em volta da caverna. Shadow alargou seus olhos e apertou suas orelhas para frente, convidando a brincar. Ele ficou à espreita através da sala, com a pausa lenta de um gato, e logo se lançou sobre ela. Mas ela saltou de lado, evitando o ímpeto. O gatinho rolou repetidas vezes, seu ímpeto o transportou além dela. Ele se levantou alguns metros longe, sacudindo a cabeça. Dominic viu o olhar crescer nos olhos de Solange, e antes que pudesse protestar, ela correu

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através da câmara e atacou de tocaia ao gato. Eles rolaram juntos, repetidas vezes, Solange de vestido e o gato com garras letais e dentes. Com o coração na garganta, Dominic tremulou sua mão, construindo a imagem da roupa, grossa e protetora ao redor de Solange - uma calça jeans pesada e uma blusa de mangas compridas com um colete como escudo. Os dois rolaram através do chão, resmungando, cuspindo, empinando e logo juntos numa falsa batalha feroz, rolando mais uma vez. O gatinho recuou, arqueando suas costas. Com seu rabo longo enrolado, ele desviou em volta de Solange e logo deu uma volta para seu lado. Ele manteve seu rabo em uma posição curva, indicando que queria brincar. Rindo, ela o favoreceu. Dominic percebeu que ela estava sentindo o gatinho, aprendendo suas forças e fraquezas, tentando sentir o que tinha dado errado dentro dele. Por que a parte do meio do seu corpo estava na forma de sombra. Ele se arriscou e saiu do seu próprio corpo, sabendo que o animal era importante para ela e que ela queria salvá-lo de uma inanição lenta. Os irmãos magos estavam obviamente presentes quando Xavier tinha transformado espécies em seu próprio objetivo retorcido. Dois dos dentes na boca do gato eram tubos para puxar e armazenar sangue. O gato tinha sido criado para um objetivo - recuperar o sangue para os magos. O trato digestivo e o estômago eram marcados e irregulares, como se a combinação de DNA de gato e magia negra tivesse lutado e o tecido cicatrizado estivesse acumulado. A sombra encaixava no meio do gato, impedindo os interiores de trabalhar. Ele não pode ver como era possível, mas se o gato pudesse esperar, podia tentar dar-lhe sangue depois que tirasse os parasitas. Ele sentiu os músculos do gato apertarem, pronto para outro salto, e saiu rapidamente para se reintroduzir no seu próprio corpo. Ele pegou o borrão de movimento quando o gato saltou no ar, por cima da cabeça de Solange. Sua garra traseira pegou na sua têmpora, rasgando sua pele e derrubando-a para trás na bacia rochosa. O coração de Dominic quase parou quando ouviu o estalo alto e ameaçador. Solange deslizou ao chão, seus olhos vidrados. Ele estava ao seu lado imediatamente. O sangue fluía da sua nuca. Entrou imediatamente no seu corpo, não se preocupando se o gato podia atacar facilmente seu corpo indefeso. Não havia nenhuma fratura de crânio, somente uma ferida muito profunda e desagradável. Ele consertou de dentro para fora antes de voltar ao seu próprio corpo. Levantando-a, fez uma tentativa sem entusiasmo de mover o gato com seu pé, mas quando ele não se moveu, ele a levou à cama. — Fale comigo. O humor resplandeceu nos seus olhos. — Ai. Major Ai. O alívio submergiu. — Você levou alguns anos da minha vida. — Boa coisa você ser imortal. Devo estar ficando lenta. Devia ter tirado minha cabeça do caminho. Ele é desgracioso, mas é rápido - e forte.— Ela deu uma olhada no gato e seu sorriso sumiu. — Shadow! Pare com isto. Ele está engolindo o sangue rápido, Dominic. Dominic virou para parar o gatinho, quase tremulando sua mão para retirar o sangue, mas

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notou um lugar sólido, bem no meio do gato, onde não tinha nada antes. Sua batida de coração acelerou. — Solange. — Ele estava próximo do filhote, não fazendo nenhuma tentativa de pará-lo de lamber o sangue. — Olhe. Ela sentou-se cuidadosamente. — O que devo ver? — Dominic já tinha limpado o sangue do seu cabelo e pele e tinha levado embora sua dor de cabeça. Quando disse que a cuidaria, ele tomou isto literalmente. — O seu sangue atua como uma espécie de arma contra a magia negra. — Dominic mal podia crer na revelação. Não é de admirar que Xavier a estivesse procurando. — Seu sangue não mata somente os parasitas. Xavier criou os parasitas com magia negra, e aqui eles são desemaranhados e feitos inofensivos, de volta à sua forma original. — Isto é impossível. — Ela se levantou, sacudindo a cabeça. — Verifique dentro dele, Dominic. Esteja seguro que meu sangue não o está prejudicando. Imediatamente Dominic estava ao seu lado, envolvendo um braço firme em volta da sua cintura, mas seus olhos estavam no corpo do gato. Ele tinha ouvido rumores de um sangue - sangue real - que podia derrotar a magia negra, mas em todos os seus séculos e todas as suas viagens, o rumor nunca tinha sido confirmado. Lentamente, Brodrick e seus antepassados tinham matado a própria coisa que podia tê-los protegido. Dominic fez o que ela pediu. O tecido de cicatriz maciço estava lentamente se reparando e as camadas de sombra davam lugar ao tecido e células que pertenciam ao gato. Ele fundiu sua mente com a dela para que pudesse ver evidência por si mesma. — Isto não faz sentido. — Solange se aproximou do gatinho. Uma boa porção do seu lado esquerdo já era matéria. A pele estava fina e ainda havia lugares onde a sombra se mostrava, mas seu sangue arrancava a magia. — Xavier precisava do seu sangue para abrir o livro porque era a única coisa que poderia tirar o feitiço dele. Ninguém entendeu isto. — Murmurou Dominic, mais para ele do que para ela. — Xavier foi muito inteligente até para ele. Ele selou seu livro, portanto nenhum outro mago podia usar seus feitiços. Ele se tornava paranoico, já doente e tentava desesperadamente sobreviver usando sangue Cárpato para mantê-lo. Mas tinha magos mais jovens chegando, se tornando mais poderosos, portanto ele selou seu livro de feitiços. Então não podia abri-lo também. Por isso seu sangue se tornou tão importante. Solange tremeu. Dominic esfregou as mãos de cima para baixo nos seus braços para aquecêla. — Xavier já se foi deste mundo, Solange. Ele não pode prejudicá-la. Os magos que o criaram, — Ele tremulou sua mão na direção de Shadow. — já se foram há muito. Eles abandonaram a fazenda ao lado da propriedade De La Cruz. Ela o olhou com desagrado. — Como sabe isto? — Os Cárpatos enviam notícias um ao outro sobre a revolta. Zacarias enviou a mensagem. Solange se ajoelhou junto ao gatinho, rodeando sua cabeça com seus braços, e sorriu para

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Dominic. — Se meu sangue fez isto, então estou feliz. Nunca estive especialmente orgulhosa da minha linhagem, mas se puder fazer isto ser bom, então a manterei. Dominic franziu a testa, mas não disse uma palavra. Ele não tiraria este momento dela por nada, nem para explicar o que aconteceria durante a conversão.

Capítulo 18 “Olhe para mim: agora se veja pelos meus olhos. Olhe para você: o homem perfeito dos meus sonhos.”

— Solange para Dominic Solange prendeu sua respiração quando olhou o passo largo de Dominic através da terra aberta em direção ao laboratório com seu ar confiante, superior. Não tinha nenhuma escolha além de ficar oculta nas árvores, a pelo menos cento e quarenta metros dele. Mesmo assim, os parasitas se acalmavam. Eles não ficavam imóveis, mas definitivamente cessavam sua tentação, os sussurros dolorosos. Ela queria estar mais próxima, onde sentisse que tinha uma possibilidade de protegê-lo, mas uma vez no interior, ele só podia compartilhar com ela se fundindo. Com o coração na garganta, ela manteve seu olhar concentrado nele. Havia três guardas humanos que podia ver. Dois estavam na porta do laboratório e um perto do canto ao sul. Os guardas o olharam inquietos, mas ninguém o desafiou. Eles recuaram sob o olhar chocante e penetrante de Dominic. Ela reconheceu dois homens jaguar distante deles, mantendo um olho cuidadoso no grupo de vampiros que rondavam pelo pátio aberto. Ambos estavam perto da floresta onde podiam mudar facilmente e desaparecer nas copas se houvesse necessidade. Estavam pesadamente armados, algo que ela raramente via nos homens jaguar. Na maior parte do tempo confiavam no seu gato como proteção, mas obviamente não queriam se arriscar onde se encontravam vampiros e humanos. Um pequeno grupo de vampiros imaculadamente vestidos estava à direita da porta, conversando, tentando parecer humanos, mas os guardas tinham percebido sua artificialidade e se mantinham tão longe deles quanto possível. Ocasionalmente um dos vampiros olhava na direção de um humano e sorria afetado, olhos acesos e saliva gotejando. Era uma provocação deliberada e dizia a Solange que até os vampiros estavam no limite. Uma reunião deste tipo era inédita. Os representantes de vários mestres vampiros tinham chegado, mas a fome era a emoção mais predominante pelo que ela podia ler. Havia poucas pessoas para doar sangue e se quisessem que sua reunião fosse calma, não podiam provocar um massacre. Os vampiros tinham ficado sem alimento e o cheiro do sangue humano devia os estar deixando loucos. Uma pedaço de luar caiu no rosto de Dominic, destacando as bordas escuras, as linhas fortes de seu maxilar e os cabelos brilhantes, fluindo. Ele parecia exatamente o que era - um predador

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perigoso - e todo mundo se movia fora do seu caminho. Ela o tinha visto de muitos modos: como o guerreiro preparado para entrar na batalha; como um homem, a ajudando a aprender a ser mulher; e como amante, ferozmente apaixonado e infinitamente terno. Mas nunca tinha visto a lenda em ação. Todo o mundo abria um amplo espaço, especialmente os vampiros que reconheciam a lenda que andava com passos largos no seu meio. Eles se dispersaram quando deliberadamente andou pelo seu círculo. Ninguém falou com ele, mas não tiravam seus olhos dele, mesmo quando andou direto até a porta. Os guardas de fato a abriram. Ele desapareceu no interior e os vampiros se uniram e começaram a sussurrar. Eu não gosto disto, Solange protestou. Você não podia ter entrado sem ser visto? Dominic tinha a planta do laboratório na sua cabeça dos desenhos que Solange tinha feito para ele. Ela tinha passado horas se ocultando dentro da instalação e prestava atenção aos detalhes. Ele tinha que entrar na área que alojava os computadores, e eles tinham códigos de segurança para isto. Isto é o que faço melhor, kessake. Serei perfeito. Somente esteja pronta e se mantenha alerta. Eles não podem divisá-la ou nosso plano falha. Ela sibilou para ele, e profundamente no interior ele sorriu de seu pequeno gato cuspindo. Te amo, também. Ela se abaixou e ele se moveu pela primeira porta de entrada na sala que levava às salas de ensaio. Ela tinha dito que havia pelo menos cinco cientistas que trabalhavam em vários experimentos. Eram humanos e envolvidos com a sociedade para deter os vampiros. Infelizmente para eles, estavam de comum acordo com os mesmos que procuravam eliminar. Os vampiros apontavam os Cárpatos, e os membros da sociedade humana faziam o possível para matar tantos como possível. Ele abriu a porta e o odor de sangue assaltou seus sentidos. Ele tinha se alimentado de funcionários de Zacarias, aumentando sua força para a longa noite por vir. Ia a dois lugares ao mesmo tempo, um feito difícil para qualquer um. Era bom nisso, mas ainda assim, a clonagem drenava a força rápido e precisaria estar em forma para lutar. Ninguém levantou os olhos quando ele entrou. Havia quatro homens com aventais que rodeavam um quinto homem que não era humano. Estava vestido em roupa de combate e seu rosto era bonito, os olhos escuros atraentes, cada cabelo no lugar apesar da umidade e calor. Ele estava tendo dificuldades para se manter, com o odor de sangue tão pesado na sala. Dominic prestou pouca atenção neles, sua atenção presa no sexto homem na sala. Este era o que mantinha o vampiro na linha, o impedindo de atacar os técnicos e devorar seu sangue. Estava no comando, aquele que fazia seguro o vampiro na cadeira permitir que os humanos tirassem o sangue das suas veias. Duas vezes, por pouco, ele não tinha sido morto por Dominic. Seu nome era Flaviu, e se detestavam desde a juventude. Flaviu tinha mostrado uma propensão na direção ao dano de animais antes mesmo que perdesse suas emoções. Dominic não ficou surpreso ao vê-lo escolher trair os caminhos de honra dos Cárpatos muito cedo. Flaviu levantou-se abruptamente, expondo suas presas em ameaça, mas recuando ligeiramente para se dar mais espaço. Seu olhar passou sorrateiramente em direção à porta.

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— Você é - inesperado. Dominic o ignorou, tratando-o como se fosse um vampiro menor - com desprezo, como se estivesse abaixo de Dominic. As presas deslizaram novamente, traindo a característica egoísta tão prevalecente em vampiros. Quando falou, a voz de Flaviu era rouca, como se não conseguisse trabalhar sua voz em volta das presas. O vampiro na cadeira se moveu agitado, ganhando uma reprimenda de um dos técnicos mal-humorado. — O que está fazendo aqui, Dragonseeker? — Flaviu exigiu, seu tom alto. — Ninguém deveria entrar aqui. Você deve partir. Dominic parou de se mover em volta da sala, examinando cada um dos experimentos e verificando as lâminas nas lentes do microscópio. O silêncio se estendeu e alongou. Ele deixou o vampiro se contorcendo sob seu olhar penetrante. Várias batidas de coração se passaram e até mesmo os técnicos olharam por cima do seu trabalho. — Você realmente pensa que obedecerei a um verme como você? Vim pela chamada, mas não entrarei cegamente em uma armadilha por ninguém. Afaste-se ou me desafie, mas pense cuidadosamente antes. — Seu tom gotejava desprezo. A sala escureceu. A tensão se esticou a uma linha fina. Assobiando, Flaviu recuou perante Dominic. O vampiro que estava sentado na cadeira levantou, batendo os técnicos fora do seu caminho. — Henric. — Flaviu soltou agudamente. Imediatamente o vampiro menor parou seu movimento para frente, mas seus olhos incandesceram vermelhos com o ódio. Sem outra palavra, os dois vampiros deixaram a sala. Dominic se permitiu uma breve chama trêmula de satisfação. Eles vão esperar por você. Na primeira chance que tiverem, atacarão você de tocaia. Sou bem consciente disto. Vou levá-los diretamente para você. Boa ideia. Estou ficando entediada enquanto você está se divertindo. Trabalhe sua magia, Dominic, e entre na sala principal. Esquadrinhei os técnicos quando entrei, e nenhum deles sabe o código de segurança da sala. Ele olhou para os homens, que imediatamente afastaram o olhar e voltaram às suas respectivas estações de trabalho, cada um segurando um frasco do sangue. Ele se aproximou de uma das estações. Vários frascos de sangue estavam etiquetados com vários nomes, Brodrick o mais proeminente. Alguém queria saber se os homens jaguar tinham efeito sobre os parasitas. Ele se aproximou e testou a resistência do técnico mais próximo. Seu cérebro estava todo aberto, o que fazia sentido. Os vampiros queriam homens que pudessem influir facilmente no trabalho dos computadores no laboratório. Ele atacou prontamente, furando a mente do homem para procurar os experimentos. Compartilhou seus achados com Solange. Os técnicos acreditam que os homens que trabalham nesta região foram todos infectados com um parasita desconhecido e estão trabalhando em uma solução. Sugeriram que os homens que vivem e trabalham aqui - significando os shifters, embora esteja claro que os técnicos não entendem

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que são shifters - poderiam ter imunidade contra os parasitas. Portanto estão testando seu sangue contra o sangue infeccionado. Tiveram alguns resultados com o sangue de Brodrick. Solange roçou contra sua mente, um deslizar doce, carinhoso que o sacudiu com a intensidade da sensação naquele gesto pequeno, sensível. — O que está fazendo aqui? — A voz era áspera e autoritária. Dominic virou lentamente, seu olhar caindo sobre o guarda. A arma estava apontada firme no seu peito e os olhos eram planos e frios. Ele cutucou no cérebro de um dos técnicos mais próximos a ele. O técnico respondeu imediatamente. — Ele está se consultando comigo, Felipe. — Desculpa, cara. — Disse Felipe, sacudindo a cabeça. — Eles têm gente chegando de todos os lados e não me parece certo. Pensei que talvez fosse um deles. Dominic sorriu facilmente. — Sim, senti o clima, também. Todos parecem um pouco arrogantes, como se estivéssemos abaixo deles ou algo assim. — Ele estendeu sua mão. — Dominic, espero não ficar muito tempo. — Felipe. — O guarda disse, tomando a mão estendida. Dominic testou sua resistência. Este homem teria o código de segurança para entrar na sala onde os computadores estavam alojados. — Posso ver por que todo o mundo está no limite. Quem é essa gente? Por que estão aqui? Felipe encolheu os ombros. — Brodrick nos diz quem está chegando e quando estão indo. Dominic enviou-lhe uma onda de camaradagem, uma prova sutil de aceitação ao homem. Felipe sorriu para ele e bateu em seu ombro. — Você está mantendo a contagem? Felipe acenou com a cabeça. — Malditamente certa. Quero todos indo logo que Brodrick dê a ordem. Deixam todo mundo nervoso. Mais cedo ou mais tarde um dos meninos vai disparar acidentalmente em um deles. — Sim, seria terrível. — Disse Dominic, sarcasmo gotejando da sua voz. Ele empurrou um pouco mais fundo no cérebro do guarda. O homem realmente não gostava dos visitantes, e isto podia ser usado em vantagem de Dominic. Felipe era o cabeça da segurança e os vampiros não tinham pensado em proteger seu cérebro, naturalmente, ninguém acreditava que um Caçador Cárpato se infiltraria na sua reunião. — Brodrick tem um par dos seus homens o guardando. Ele os chama “a elite” e certamente pensam que isso os autoriza a fazer tudo que querem. Cada vez que uma mulher é trazida, eles caem todos em cima dela. E gostam de machucá-la. São bastardos cruéis. Nós só ficamos longe daquele lado do laboratório quando estão aqui. Dominic sentiu a reação de Solange, seu estômago doente, agitada, seu coração acelerado, e a tristeza por não poder impedir que os homens jaguar raptassem mulheres e a trouxessem a um lugar onde os outros permitiam suas atrocidades. Faremos isso, Brodrick não pode continuar. Ele enviou seu resseguro mesmo enquanto se empurrava mais fundo no guarda, plantando mais

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sementes de amizade. Felipe acreditaria que se conheciam há muito tempo e que podia confiar nele. — Brodrick tem muitos homens chegando. — Disse Dominic, empurrando preocupação na mente do guarda. — Algo grande deve estar acontecendo. — Ele ampliou a preocupação, lançando os olhos na direção da sala onde estavam os computadores. O olhar de Felipe seguiu e ele carranqueou, coçando a ponta do seu nariz. — Contei dezessete figurões, e alguns que parecem estar servindo aos outros. — O guarda deu alguns passos na direção da porta, obviamente preocupado o bastante para verificar o que era provavelmente sua responsabilidade principal. Dominic recolheu da sua mente que três técnicos de computador trabalhavam o tempo todo na sua pesquisa, encontrando mulheres psíquicas e seguindo sua linhagem. Agora era o momento. O guarda ia abrir a porta, e ele teria que estar em dois lugares ao mesmo tempo. Dominic se separou do seu próprio corpo, abandonando seu clone para se afastar de Felipe, andando através da sala à vista de todos os pesquisadores e Felipe, levantando sua mão quando o guarda lançou os olhos em volta para se assegurar que quando teclasse seu código, ninguém mais poderia ver os números complicados. Dominic permitiu que sua verdadeira forma se dissolvesse em moléculas, mais leves que o ar, flutuando em volta de Felipe como partículas de pó quando o guarda teclou seu código e abriu a porta para perscrutar a sala principal. Dominic simplesmente flutuou no interior. Satisfeito que os técnicos trabalhavam e ninguém estava preocupado, Felipe fechou a porta. Dominic ouviu suas pegadas retrocedendo. Josef era um jovem Cárpato, considerado um adolescente selvagem, embora estivesse no início de seus 20 anos, e ele era obcecado com computadores. Dominic tinha contatado com o menino pedindo ajuda, sabendo que a informação nos computadores seria vital aos Cárpatos. Essas mulheres eram companheiras em potencial. Também precisavam de proteção. Antes que a operação inteira pudesse ser destruída, precisavam daquela informação. Josef tinha desenvolvido um vírus que destruiria a rede inteira que os jaguares e os vampiros usavam. Uma vez transferido, o vírus iria se estender como fogo grego e destruiria tudo, filtrando de um computador ao outro sem detenção até que fosse muito tarde para algo ser salvo. Dominic flutuou através da sala até pairar em volta de um técnico. O homem estava absorto no seu trabalho, indiferente que a mulher da qual reunia informação poderia terminar raptada e estuprada, ou morta e jogada fora como lixo pelos homens que o empregavam. Dominic sondou a mente do técnico. Novamente, ficou assombrado pelo homem não estar protegido. Ele vislumbrou para sólido, atrás do técnico, enterrando suas presas no pescoço do homem. O sangue energizava, e ele tomou o bastante para a troca, para controlar o técnico à distância também. Permitiu que uma pequena quantidade do seu próprio sangue gotejasse na boca do técnico. A troca dava o controle completo. Pouco se importou que o técnico ingerisse parasitas, já que não estaria vivo por muito tempo. O técnico moveu o pequeno mouse para o programa que permitiria que Josef assumisse os computadores à distância. Faria download de todos os dados que precisavam, e quando terminasse, transferiria o vírus malicioso. Uma vez que o programa de Josef estava no computador, Dominic recuou e fez que o técnico

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abrisse a porta. Ele flutuou para se juntar ao seu corpo. Os computadores estavam agora nas mãos mais que capazes de Josef. Dominic tinha outro trabalho a fazer. Você tem certeza que o menino será capaz de recuperar todos os dados e realmente destruir sua rede? Solange soava ansiosa. Ele sabe o que está fazendo, Dominic reassegurou, fazendo uma oração silenciosa para que tivesse razão. Josef era selvagem, mas altamente inteligente e a programação era seu primeiro amor. Reconectar com seu corpo enviou um tremor por ele, e por um momento suas pernas tremeram. Manteve a reação na sua mente. Não podia permitir o par de segundos que levou para se readaptar quando estava no meio dos vampiros. Um momento de fraqueza, de vulnerabilidade, e seria rasgado em tiras. Ele era um dos mais temidos - e por isso o mais odiado - guerreiro Cárpato. E os vampiros tinham memórias longas. Existiam em uma dieta constante de ódio e vingança. Dominic caminhou pelo laboratório. Era de fato menor do que parecia do exterior porque as paredes eram grossas para resistir a um assalto bem como manter o frio no interior. Havia quartos, para os homens que viviam ali, cinco cientistas e três técnicos de computador. As barracas eram anexadas, alojando dezessete guardas. Não havia nenhuma evidência de que os homens jaguar ficassem, o que se ajustava com suas personalidades. Eles dormiriam na floresta onde podiam ver ou sentir um inimigo vindo. Uma sala tinha várias celas com barras. Havia manchas de sangue no chão da cela bem como sangue respingado na parede, das mulheres mortas lá. Ninguém tinha se incomodado em limpar, e as manchas estavam umas por cima das outras. Qualquer prisioneira teria que aguentar deitar na cela sabendo que outros tinham sido assassinados lá. A vista deixou Solange doente e ele sentiu seu choro silencioso. Não havia nenhum modo de salvar todos, kessake ku toro sívamak - querida gatinha selvagem. Nesta vida só podemos fazer o possível. Ele enviou seu calor e conforto. Eu sei, é que precisavam de alguém, e pensar nelas morrendo assim, sozinhas, assustadas, sem ninguém para ajudá-las... Ela parou. Seu coração derreteu um pouco. Sua Solange. Bondosa. Quem acreditaria alguma vez na verdade sobre ela? Não posso me atrasar para esta reunião, Solange. Você está pronta? Ele sentiu sua reação imediata, a coluna de aço, a coragem infalível. Sua necessidade de protegê-lo. Naturalmente que estou. Havia uma aresta na sua voz, uma reprimenda definitiva, a implicação que não tinha nenhuma necessidade de perguntar. Dominic sabia que estava pronta, mas queria que ela soubesse. A vista das celas realmente a tinha sacudido. Ele andou com passos largos corajosamente do laboratório para o pátio aberto. Os vampiros tinham se reunido somente um pouco além da área aberta em volta do edifício, bastante longe para que ninguém tivesse a oportunidade de ouvi-los. Giles presidia a reunião, com pelo menos vinte vampiros em volta dele, enquanto seus próprios vampiros menores guardavam suas costas. Dominic tinha que admitir que era uma vista assombrosa, uma que nunca sonhou testemunhar. O ego de vampiros era muito grande, e não ficavam por muito tempo na companhia de outros vampiros. E as fontes de alimento desapareceriam consequentemente. A fome que irradiava do grupo era tão esmagadora que, embora tivesse se

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alimentado bem, ainda sentia um apetite voraz. As batidas do coração dos guardas humanos que patrulhavam em volta do edifício eram muito barulhentas, um tambor trovejante chamando a todos. Dominic sutilmente alimentou a fome, aumentando a necessidade quando deslizou no grupo. Seus parasitas pularam e se alegraram, respondendo a chamada dos outros nos corpos dos vampiros circundantes. Solange estava muito quieta, temerosa por ele, mas sabia que suas mãos seriam uma rocha constante na sua arma. Ela o tinha à vista agora e uma parte dela se acomodou apesar do perigo. — Dragonseeker. — A voz de Giles atravessou pelos sussurros dos parasitas e o assobio e resmungo dos vampiros. Ele sabia que o vampiro mestre o escolheria. Era uma lenda entre eles. Os murmúrios começaram, e ele ficou de pé enquanto todos se viravam para olhar. Ódio preto se acrescentou à fome esmagadora que emanava do grupo. Ele deu um passo e eles se separaram imediatamente, recuando perante ele quando se moveu na direção de Giles. Não olhou para a direita ou esquerda, mas manteve seu olhar desafiador no vampiro mestre. Andou com total confiança, sua expressão mantendo tanto superioridade como desprezo. Giles o olhou de cima abaixo, como se Dominic estivesse abaixo dele, mas os vampiros menores se aproximaram como se ele tivesse os chamado. — Ouvi rumores que tinha se juntado as nossas filas, mas não acreditei. Flaviu se afastou de Giles, revelando exatamente quem tinha dito ao mestre que um Dragonseeker estava entre eles. Dê uma boa olhada nele, Solange. Estarei enviando tanto ele como seu amigo, aquele da esquerda, para você. Diga-me antes que os mate assim posso proteger os sons e o clarão. Sem problema. A confiança na sua voz o reassegurou. Ela podia lidar com o par. Deu a Giles uma saudação convencida, falsa quando encolheu seus ombros. — Ruslan era coerente. Se o é agora, veremos. — Você jurou lealdade. Novamente Dominic encolheu os ombros. — Se ele encontrou um modo de derrubar a família Dubrinsky, o ajudarei. Draven Dubrinsky começou esta desordem vendendo o companheiro da minha irmã a Xavier. Seu pai deveria tê-lo destruído, mas permitiu que continuasse enquanto o resto de nós devia defender nossa gente. Precisamos de um líder forte. Giles balançou a cabeça lentamente, parecendo um bocado aliviado. Estava claro que não queria tentar derrotar Dominic na batalha. Seu alívio era evidente aos outros vampiros também, e se moveram para trás quando Dominic voltou para o fundo do grupo. Não queria nenhum deles atrás dele. Podia divisar facilmente aqueles que eram seguidores por algum tempo. Ficavam muito mais cômodos dentro do grupo, enquanto os outros, como ele, ficavam ligeiramente à parte. Giles levantou e todo mundo ficou silencioso. — Estamos juntos para um objetivo - ver à destruição da família Dubrinsky. Por todas as partes, os enviados dos cinco estão se encontrando com nossos membros para deixá-los saber que o tempo

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está próximo para atacar e assumir o poder. Um rugido subiu. Sob a cobertura da energia, Dominic alimentou a fome crescente. Precisava do cheiro de sangue para realçar o efeito, e olhou firme o guarda que os vigiava, sua arma perto, e sua faca na mão enquanto esculpia um pedaço de madeira. Sua mão deslizou e ele gritou, soltando a lâmina. Sangue brotou. Dominic enviou uma pequena brisa por trás dele, empurrando o aroma diretamente na massa de vampiros famintos. Giles ergueu a mão e esperou a multidão se acalmar. Vários viraram suas cabeças em direção ao guarda sangrando. O guarda não prestou nenhuma atenção, não percebendo que as aparências cobriam monstros e estava em grave perigo. Andou vários passos, gritando ao seu companheiro, sangue gotejando na terra. Dominic ventilou a brisa o bastante para enviar outro estouro de odor no ar. — Dubrinsky vive como nos velhos dias. Temos tecnologia moderna, o que no fim o derrotará. Ele governa seu pequeno canto do mundo e esquece o quadro maior. Conseguimos riqueza e a usamos sabiamente. Nossa companhia possui um satélite e identificamos o lugar favorito de Mikhail Dubrinsky para descansar. O rugido subiu novamente, um grito estrondoso que cobriu a mensagem subliminar que Dominic enviou ao conclave. Fome. Roendo, fome penetrante que se recusava a partir. Morrendo de fome por sangue. Maravilhoso, aromático, sangue embutido com adrenalina. Guardas humanos andando em volta, pensando que estavam no comando, segurando suas armas lamentáveis. Os seres humanos eram tão frágeis, uma mordida rasgando a carne e o sangue quente delicioso bombeava fora como uma fonte. Tantos deles, o bastante para alguns momentos de trabalho rápido e o conclave podia se satisfazer. Abra algumas artérias e o sangue borrifará para todo lugar, o bastante para alimentar todo o mundo. Mais cabeças se viraram na direção do guarda. Dois dos vampiros lamberam seus lábios e o disfarce de alguém deslizou só um pouco, seu cabelo escuro, grosso, desaparecendo para revelar sua verdadeira natureza, os tufos acinzentados que restaram para cobrir sua cabeça. Solange, os dois vampiros, Faviu e seu amigo Henric, estão ficando com muita fome. Vou os enviar para o seu lado. Já era tempo, ela respondeu. Eu pensava em tirar uma soneca. — Planejamos atacar em três pontos, mas primeiro bateremos em Dubrinsky onde dói. Ele tem uma fraqueza pelo povo na aldeia perto de onde vive. Atacaremos os humanos, suas mulheres e crianças. Acreditarão que o ataque principal estará centrado lá, mas de fato seguiremos seus movimentos pelo satélite. Ele não esperará um ataque do ar, da terra e de baixo da terra simultaneamente. Ele será destruído. O guarda tinha desaparecido no canto do laboratório, mas Dominic duplicou uma imagem dele, gotejando sangue, na direção na floresta, e projetou aquela imagem nas cabeças de Henric e Flaviu. Os dois vampiros se entreolharam e logo aos outros. A saliva gotejava da boca de Henric e Flaviu expôs suas presas duas vezes. Dominic simplesmente esperou, permitindo que a imagem do guarda se repetisse nas suas cabeças. — Teremos, naturalmente, que praticar algumas vezes. Vamos tentar o ataque primeiro em

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um par dos nossos maiores inimigos para aperfeiçoar o ataque contra o príncipe. O coração de Dominic balançou. Zacarias! Você está recebendo isto? Deve significar sua família. Sua gente está em perigo. Poder fluiu na sua mente. Zacarias. Não havia nenhuma aresta, como se a chamada contínua do vampiro fosse repelida por pura vontade. Zacarias tinha mais - mais coração e coragem - do que qualquer outro guerreiro que Dominic conhecia. Faria seu dever, protegeria sua família, e não haveria nenhuma preocupação de se transformar até que o trabalho fosse feito. Ouvi. Enviei as notícias à minha família e estão sendo enviadas ao príncipe como falamos. Josef está quase terminado de copiar os dados dos computadores. Saia daí. Dominic sorriu um pouco pela autoridade absoluta na voz de Zacarias. Ele esperaria sua obediência. Todo mundo obedecia Zacarias. Sempre. Zacarias era rápido e mortal, e detinha um poder tremendo. Não tinha paciência para aqueles que não seguiam sua palavra. Não falava levianamente, e se dissesse algo, era algo que virava lei. Farei logo que minha tarefa esteja completa. Dominic se interrompeu, voltando sua atenção para Solange. Ela estava nas árvores, se movendo rápido, afastando os dois vampiros da segurança do conclave. Ele se moveu um pouco mais fundo no círculo de vampiros, querendo ter certeza que era visto e não poderia ser culpado do desaparecimento dos dois. Mais do que tudo, queria destruir Giles. O vampiro tinha se tornado poderoso e arrogante. Solange. Você pode matá-los? Solange suspirou. É claro que podia matá-los. Dominic insistia em se preocupar. Antes a teria irritado, mas agora sabia que amar alguém significava se desgastar sobre sua segurança. Certamente estava apreensiva com Dominic rodeado por uma multidão de não-mortos famintos. Henric se dissolveu em vapor, procurando nas árvores pelo guarda ausente ou o rastro de sangue que levaria a ele. Solange posicionou suas flechas acima do seu ombro, a besta atrás das suas costas, e usou um cipó para deslizar da copa a terra. Fez o possível para parecer desamparada, alisando seu cabelo e cantarolando, tentando parecer uma turista perdida. Ela vagou sem rumo, deixando pistas que um amador poderia encontrar, mas todo o tempo abrindo seu caminho em direção ao segundo vampiro, aquele que Dominic tinha chamado de Flaviu. Flaviu saiu de uma árvore e se curvou baixo. — Você parece perdida. Solange enviou um sorriso hesitante. Tinha praticado um milhão de vezes com a besta, agora tinha que acertar. — Estou perdida. Meus amigos e eu estamos acampando e me separei deles. — Enquanto falava se moveu na posição. Agora ou nunca. Henric não estava muito longe. Agora, Dominic. Solange não esperou uma confirmação da ordem. A besta deslizou na sua mão, a flecha ajustando lisamente quando a ergueu e atirou quase num movimento contínuo. A cabeça da flecha furou o peito de Flaviu e inflamou, o relâmpago aquecido branco. Ele abriu sua boca, mas seu coração tinha incinerado no seu peito e seu corpo lentamente desmoronou no chão, o fogo se estendendo de dentro para fora. O vampiro irrompeu em chamas e rolou, sua boca grotesca se

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estendendo fina sobre suas presas longas, manchadas. Ele tentou mordê-la, arranhando a terra, tentando se arrastar através da vegetação para alcançá-la. A fumaça aumentou, em formas vermelhas, estranhas aparições de bocas abertas logo desaparecendo. Solange recuou perante o não-morto quando as chamas restantes irromperam em um globo de fogo brilhante e as cinzas choviam. Saia daí, Dominic assobiou. Corra. Ela correu longe da evidência de um vampiro queimado. Não havia nenhum vento abaixo das copas, mas o trovão estrondeou na distância e a camada pesada de névoa que tinha aparecido começou a virar uma garoa constante. Isto poderia ajudar a retirar seu odor, mas duvidava. Henric viria atrás dela. Ela pulou sobre um galho que apodrecia, e correu para o pequeno esconderijo de armas oculto cem metros adiante no enorme emaranhado de raízes. Seu gato repentinamente pulou, batendo forte contra seus ossos, frenético para escapar. Instintivamente Solange mudou sua direção. Atrás dela, ouviu um grito estridente. — Parada, mulher! — Henric enviou a ordem, empurrando forte em seu cérebro. Solange parou abruptamente e se virou para enfrentá-lo, seus movimentos descoordenados, como uma marionete. Ela piscou para ele, sacudindo a cabeça, medo estampado na sua expressão. Henric sorriu de modo afetado, agora que a tinha sob controle. Queria seu terror, queria a corrida de adrenalina misturada no sangue. O clímax que conseguia era melhor que sexo para ele. Ele curvou seu mindinho para ela. Solange não sentiu a pressão no seu cérebro. Ela sacudiu a cabeça violentamente e deixou sair um gritinho. O que fazia a maior parte das mulheres quando estavam assustadas? Quando ela estava assustada - e ela estava regularmente assustada - sua mente corria para cada arma possível que tivesse à sua disposição. Há muito, tinha compreendido que seu intelecto e sua capacidade de ficar calma eram suas duas armas mais poderosas. Nesta situação, estava certa que uma faca e definitivamente sua besta seriam mais úteis. Ela fez um movimento para correr, mas seus pés se recusavam a mover. — O que você quer? — Você está tendo problemas para correr? — Henric zombou. Deliberadamente permitiu que sua máscara civilizada deslizasse, mostrando a pele esticada por cima da sua caveira, seus olhos cor de sangue, incandescentes e seus dentes escuros, manchados de sangue revelados por uma paródia de um sorriso. — Socorro! — Solange se torceu e virou freneticamente. — Alguém, por favor, ajude. — Ninguém virá ajudá-la. — Henric deu um passo na direção dela e viu como as lágrimas nadavam nos seus olhos. — Ninguém virá. Ninguém pode salvá-la. — O que é você? — Deliberadamente ela recuou, torcendo suas mãos juntas. Henric se aproximou alguns passos mais, puxando seu medo, se alimentando com ele. Ele olhou abaixo para sua mão. Suas unhas alongaram em garras longas, afiadas. Sorrindo, ele olhou atrás dela. Solange segurava sua besta e agora ela sorria. Agora, Dominic.

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— Então acho que devo me salvar. — Ela disse em voz alta quando disparou a flecha. Henric tentou se dissolver, mas ela estava perto, quase perto demais. A flecha disparou nele pelo coração e quase o empurrou de costas quando se inflamou. Henric, metade matéria e metade névoa gritou e uivou. Ele cuspiu maldições nela quando tentou desalojar a flecha que queimava branco-quente nas suas costas ao coração. A flecha tinha atravessado o centro do coração murcho, empalando o órgão e mantendo-o materializado. Solange calmamente ajustou outra flecha na sua besta e atirou uma segunda vez, olhando com desinteresse frio quando ele queimou até as cinzas. Ela respirou e deixou sair. Estão mortos, Dominic. Onde você me quer? Nenhum ferimento? Nem sequer um arranhão por correr na floresta? Ela ouviu a preocupação na sua voz e cuidadosamente inspecionou seu corpo para se assegurar que não tinha nenhum corte ou arranhão. Estou bem. Volte a sua posição original. Vou começar as coisas aqui. Tudo está no lugar. Quando o inferno explodir, são os líderes que quero que você tente acertar. Solange estudou as imagens na sua mente. Reconheceu Giles e seus vampiros menores. Dominic tinha prestado atenção a outros quatro. Um parecia mais velho, incomum para um vampiro fazer essa escolha, um distinto homem eminente, grisalho, bem-sucedido, num terno social. Atende pelo nome de Carlo. Foi viver na Sicília há muito, e acho que faz parte da Máfia. Ela podia ver isto. Ele certamente parecia intimidante. O segundo homem era magro, com os olhos frios de um assassino. Usava roupa casual e a fez estremecer sem motivo aparente. Seu cabelo era mais longo e puxado no estilo Cárpato habitual. Seu queixo era pronunciado e ele balançava preguiçosamente uma corrente. Estava distante dos outros, e seu olhar era vigilante. Akos. Ele costumava viajar como um falcão. Eu não ficaria surpreso se usasse uma harpia para olhar os céus, Dominic avisou. Onde quer que ele vá, há um banho de sangue. Grande. Ele e Brodrick são amigos provavelmente. Homens como Brodrick e Akos não têm nenhum amigo, só aqueles que usam como peões. Não o subestime. Se tiver o tiro, o pegue quando o frenesi começar. Solange ficou um pouco preocupada com a palavra frenesi. O que vai fazer? Jogá-los uns contra os outros. Logo que Josef me dê a palavra que o vírus está trabalhando nos computadores, destruindo os dados e se estendendo na rede, destruirei o laboratório também. — Ele vai jogá-los uns contra os outros. — Ela murmurou em voz alta. Tinha uma visão de vampiros devorando um ao outro na sua cabeça. Ela subiu de volta à árvore e encontrou seu lugar favorito para descansar. Dois ramos faziam um pequeno berço agradável para ela se esticar, suas armas perto. Seu rifle de franco atirador favorito estava à espera, e ela o verificou como de hábito. Ninguém tinha perturbado seu esconderijo, mas olhou em volta, sempre cuidadosa dos homens jaguar. Estou na posição. Ela usou a mira para melhor observar seus objetivos. A terceira imagem que enviou foi de um homem baixo, atarracado que podia facilmente passar por um macho jaguar. Tinha músculos espessos, filamentosos como um fisiculturista sério. Seu nome é Milan. Tentará superar todos eles em maldade somente para provar um ponto. Se

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não puder mirá-lo, consiga um claro. Se só tiver três tiros, Solange, faça-o um deles. Farei. Sei o que estou fazendo. Eles podem tomar o ar, ele lembrou. Ela inundou sua mente com calor. Era estranho ter alguém preocupado com seu bem-estar. Não sou que estou na toca do leão. Mostre-me o último. Este é Kiral. O homem tinha escolhido a forma de um jovem, viril. Usava jeans apertados, e ela duvidava seriamente se a protuberância na frente era realmente sua. Estava certa que ele tinha enchido sua calça. Ele pode escolher sua forma, Dominic lembrou. Ela pode ouvir o humor na sua voz. É somente obsceno. Assusta-me com aquele pacote. Acho que vou disparar nele primeiro. A risada suave de Dominic acalmou seus nervos. Ela levou um tempo estudando cada objetivo potencial. Os vampiros falavam todos ao mesmo tempo, mas podia sentir a tensão no ar, apesar da distância. A chuva caia firme, fazendo seu berço um pouco escorregadio, e ela atou um par de cipós como segurança extra. O trovão estrondeou, e duas vezes, na distância, o relâmpago bifurcou. O ar estava carregado, como se a violência pudesse explodir a qualquer momento. Ela percebeu que não era a única a sentir. Havia movimento no telhado do laboratório. Os guardas rastejaram através do telhado chato, ficando deitados, em posição. Estavam pesadamente armados e Felipe os conduzia. Solange estava certa que Dominic o tinha incitado de alguma forma a reunir seus homens para se defender de uma ameaça potencial - mas sabia que eles eram a isca. Giles continuava agitando os vampiros, lançando os planos e enfatizando a tecnologia e como Mikhail Dubrinsky, príncipe dos Cárpatos, vivia na idade das trevas e se recusava a acompanhar a mudança dos tempos. Solange podia ver que a multidão estava ficando agitada e muitos deles estavam tendo problemas para manter a ilusão da sua aparência. A fome batia neles e o odor de sangue era pesado no ar. Não sabia como Dominic ampliava o cheiro com a queda da chuva, mas se arranjou. Com precisão metódica ela ajustou sua mira à sua arma e o rifle ao seu ombro. Ela estava segura que o frenesi estava a ponto de começar.

Capítulo 19 “Esperarei para ver você, para sempre se for preciso... Solange, só minha, presente além de qualquer preço.”

— Dominic para Solange — Quando Dubrinsky deixar sua toca para ajudar na aldeia, será tarde demais, teremos convertido seu povo em mortos. O sangue fluirá em rios pelas ruas. Será uma festa além da imaginação, celebrando nossa nova ordem mundial. — Giles, o vampiro mestre continuou.

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Os vampiros rugiram novamente, mas desta vez o som não era tão alto. Mais deles se moviam ao círculo interior para olhar com fome na direção do laboratório onde os humanos viviam e trabalhavam. Dominic empurrou sua necessidade de sangue tanto quanto se atreveu. Ele queria mais informação, e o controle de Giles sobre seu conclave começava a se desfazer rapidamente. — Nosso fantoche espera nossas ordens. Será programado para dirigir um caminhão-bomba para a casa do príncipe. Sua companheira está grávida. Vamos conseguir cada um deles. Por baixo da terra, dois dos nossos melhores destruirão tudo acima deles. E do ar destruiremos tudo em baixo. Uma vez que ele se vá, o receptáculo deixará de existir. Dominic esperou o rugido de aprovação se acalmar. — E sua filha? — Ele perguntou, mantendo sua voz baixa para que os vampiros se esforçassem para ouvir. Giles pareceu aborrecido. — Ela não trará nenhuma consequência. É fêmea. Esteve muito tempo na companhia de Brodrick. O sarcasmo de Solange encheu sua mente. Os homens jaguar estão escapando na floresta. Sentem que algo vai acontecer e não querem participar, ela acrescentou. Eles estão indo na sua direção? A ideia que os homens jaguar poderiam ir atrás dela enquanto estava ocupado de outra maneira o sacudiu. Ele devia estar preparado para eles abandonarem o lugar. Os animais selvagens tinham sentidos agudos, lendo emoções. Não podiam deixar de ler a fome voraz e o descontentamento dos vampiros. Era até possível que a fome os tivesse alcançado também e fossem caçar. Não. Mas ficarei atenta. Se preocupe apenas por estar em um ninho de assassinos muito perigosos. E você se lembre de que onde aqueles dois estão, Brodrick não está distante. Ele sentiu sua preocupação e soube que ela se concentrava mais na proteção dele do que na dela. Ele engoliu sua vontade de ordenar que se retirasse. Ela não o faria. Ele não o faria se suas posições fossem inversas. Tinha que confiar nas suas habilidades. Eu te amo. Três pequenas palavras. Seu tom calmo, sensível. Ele respirou. Ela teria cuidado por causa dele. Ele precisava dela, e ela sabia disto. Sua orquestra estava no lugar; tudo que tinha a fazer era começar a conduzir. Ele enviou as partes do plano a Zacarias. Não tinham um cronograma, mas Giles não ia dar um, não quando queriam testar seu plano primeiro. Era agora ou nunca. Tinha que destruir tantos não-mortos quanto possível. Não queria que ninguém escapando ao saber que seu plano estava comprometido, de modo que o frenesi tinha que começar com alguém. Ele olhou para os vampiros de confiança de Giles. Você está sorrindo. Estou? Talvez esteja me sentindo um pouquinho malvado. Ele sentiu-a respirar para se estabilizar. Ele fez o mesmo e alcançou o técnico dentro do

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laboratório. Tome a arma do guarda e atire nos pesquisadores dentro do edifício. Force-os a sair. A visão esmagadora e o cheiro do sangue enviariam os vampiros numa espiral fora de controle. Tudo os levaria a ir atrás dos humanos feridos e a represa estalaria. Os outros seguiriam. Estava seguro que Giles tentaria impor sua autoridade e enviar seus vampiros menores para controlar a multidão, e isto os abriria para o ataque. Os guardas no telhado começariam a disparar num esforço para proteger seus colegas do não-morto, e na confusão seguinte, ele e Solange seriam capazes de matar à vontade - ele esperava. Os sons de tiros foram amortecidos pelas paredes grossas do laboratório, mas, no entanto, distintos. Giles desistiu de prender a atenção da multidão, parando abruptamente quando todos se viraram na direção do alvoroço. Relâmpago bifurcou através do céu, chiando, cegando com calor branco, muito perto. Um raio bateu forte em uma árvore apenas na borda do seu grupo. A árvore explodiu, ramos se fragmentando, o tronco enegrecido. As chamas se apressaram pela rede de galhos. Os homens fluíram do laboratório, saindo no pátio aberto entre a floresta e o edifício. Os casacos brancos e as camisas estavam salpicados de sangue brilhante vermelho, convidativo. Alguns dos homens, obviamente apenas excitados e sem feridas, gritavam para os guardas. O técnico de computador saiu brandindo uma arma, disparando na multidão caótica. Um tiro soou fora do telhado quando um guarda disparou. O som repercutiu pela floresta. O técnico de computador cambaleou, e à margem dos vampiros, aquele chamado Milan caiu na terra. Feito. A voz de Solange sussurrou na sua mente e ele dirigiu uma série de golpes ao grupo de vampiros surpresos. Ele incinerou Milan caído, bem como dois outros próximos. Mesmo enquanto o fazia, um grupo de vampiros se apressou aos técnicos sangrentos. Giles gritou aos seus vampiros menores para interceder, formar uma parede entre os humanos e os vampiros famintos, justo quando o vampiro mestre começava a recuar. O primeiro não-morto rasgou o técnico ferido mais próximo, caindo sobre ele, tragando o rico sangue quente. Os guardas no telhado abriram fogo. O som mais uma vez reverberou pela floresta e Kiral sacudiu, girando em volta. Ele lançou os olhos acima em direção às copas, expondo suas presas. Uma descarga de tiros soou. Homens gritando de horror. Sangue respingando através do pátio. Os vampiros rasgavam uns aos outros, rasgando a guarda de Giles para chegar à festa. O relâmpago bateu na terra, atingindo Kiral, incinerando-o imediatamente. Um vampiro ficou no fogo cruzado entre os guardas e os golpes de relâmpago caindo, buracos de bala na sua cabeça, enquanto a outra metade do seu corpo queimava. Ele se arrastou cegamente através da terra em direção ao sangue se acumulando, enquanto os outros o pisavam para chegar a um humano que tinha se amontoado num esforço para se proteger. O clone de Dominic empurrou, empurrou e abriu seu caminho com o bando frenético de nãomortos, ansioso para alcançar o sangue borrifado no ar e sobre os humanos aterrorizados. Os guardas dispararam na massa, aumentando o caos. O relâmpago bifurcou e golpeou e o trovão rolou, aumentando o estrondo terrível. Dominic fluiu através da terra, fechando seu punho forte no coração do vampiro mais próximo,

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sua velocidade tão grande que era um mero borrão. Ele tomou o coração, e o incinerou rápido antes de mudar de direção e se apressar para Giles. Os vampiros menores estavam rasgados em tiras, desesperadamente tentando se juntar à festa e chegar ao poço de sangue para reparar seus corpos rasgados. Ele pegou Giles mal dentro da linha de árvores enormes. Dominic bateu duro, fechando seu punho forte e profundo, os dedos buscando o último prêmio. O vampiro mestre se torceu longe, limpando suas garras através do rosto de Dominic, cavando sulcos abaixo do seu queixo e pescoço. Ele se inclinou e afundou os dentes profundamente, forçando Dominic a recuar. Os dois se fitaram, sangue gotejando da boca e mãos de Giles e correndo preto abaixo por seu peito. O pescoço e rosto de Dominic sangravam muito. Giles lambeu seus lábios. — Como pode ser? Você é um de nós. — Sou um Dragonseeker, seu tolo. — Disse Dominic, desprezo na sua voz. — Você realmente acreditou que eu decidiria abandonar minha alma e me juntar as suas filas vis? Giles rosnou, revelando os dentes manchados de sangue. — Você é o responsável por esta desordem. Dominic encolheu os ombros. — Naturalmente. Mas você será culpado. Deliberadamente o vampiro sugou o sangue de Dominic dos seus dedos. — Você tem os parasitas. Eles responderam minha chamada. — Enquanto falava, deu um passo à sua esquerda. Dominic não esperou pelo ataque; bateu rápido e forte, golpeando um raio forte do relâmpago no lugar onde o seguinte passo de Giles o levaria. O vampiro mestre gritou quando a energia branca aquecida queimou seu ombro e abaixo por seu lado, quadril e perna, um raio laser que arrancou um quarto do corpo completamente, cauterizando quando queimou pela carne podre. Giles caiu, rolando, alcançando seu corpo separado, agarrando-o, tentando arrastá-lo quando Dominic pulou nele, dirigindo seu punho profundamente mais uma vez, os dedos atravessando pela carne decomposta e alcançando o coração murcho. Um “crack” sinistro foi seu único aviso. Uma lança bateu forte nas suas costas, empalando-o, derrubando-o na terra e o prendendo lá. Raízes estouraram pela vegetação para enrolar em volta da sua garganta e entrelaçar em volta do seu corpo, o segurando. Dominic explodiu a energia externa, queimando as raízes. Mesmo enquanto fazia isso, as raízes formaram uma gaiola, madeira grossa, o mantendo preso. Era uma tática de retardo apenas, uma chance para Giles reparar seu corpo podre. Dominic se preparou e empurrou a lança pelo seu corpo, cauterizando a ferida quando o fez. A dor tomou conta. Ele ouviu o eco do grito despedaçado de Solange e a empurrou fora da sua mente, temeroso que sentisse a dor e entorpecesse sua mente. Ele forçou seu corpo a ficar sob controle, girando, vendo a multidão de morcegos que o fitavam com olhos famintos. Eles caíram, cobrindo seu rosto e cabeça, mordendo ferozmente quando explodiu a jaula de raízes para permitir sua libertação. Ele conseguiu ficar de joelhos, arremessando as criaturas penetrantes à parte e se surpreendendo um pouco ao notar suas pernas embaixo dele. Giles levantou, seu corpo costurado a esmo, um quarto do seu corpo enegrecido e grotesco.

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Ele rosnou, saliva escorrendo por sua cara, seus olhos inflamando da cor do sangue. — Meu corpo está morto, Dragonseeker. Posso ser cortado em um milhão de partes e ainda derrotá-lo. Seu corpo é carne e sangue. Você sente dor. A sobrancelha de Dominic subiu vertiginosamente. Estava enfraquecido por usar a energia mantendo a tempestade, e mantendo seu clone onde outros vampiros podiam vê-lo claramente. Não queria a informação comprometida. Sabia que alguns emissários escapariam e não podia permitir que o plano fosse modificado. Isso significa ficar visível, assim não havia nenhuma possibilidade que alguém descobrisse que ele tinha ocasionado a destruição do laboratório e todo mundo nele. — Está se achando, Giles. Como sempre. Você parece estar ganhando tempo. Acredita que seus peões virão para te proteger? — Ele manteve seu tom um escárnio baixo. Giles se acreditava invencível, mas estava sacudido. Dominic sabia que sua reputação era lendária e para o vampiro mestre seria muito melhor que seus favoritos combatessem o Dragonseeker do que ele. Estava também bem consciente que o não-morto tinha o ego enorme e, embora verdade, o escárnio era insultante. Estou indo para você. Solange tinha um soluço na voz. Não, fique afastada daqui. O derrotarei. Não tenho posição para ajudá-lo. Atire tanto quanto possível, mas dispare só quando os guardas o fizerem. Não estarei lá, portanto podem descobrir sua presença. Dominic manteve sua atenção centrada em Giles. A cara do vampiro se torceu em uma máscara de puro ódio. Dominic picou-o mais. — Você perdeu o controle deles, não é? Em vez de proteger os humanos, estão rasgando-os em partes, tragando sangue. E de qualquer maneira penso que mesmo que conseguisse escapar, Ruslan estaria muito, muito zangado. Ele não é o melhor homem nesse negócio de perdoar que já encontrei. Os olhos vermelhos começaram a queimar, mas o vampiro manteve seu temperamento sob controle. — Este incidente só deixará os humanos ainda mais ansiosos para se juntar conosco para caçar o não-morto. Os levaremos para a preciosa aldeia de Dubrinsky. Dominic tinha conseguido empurrar a dor o bastante longe para poder respirar novamente. Solange tentava fazer isto por ele, combinando o ritmo dos seus pulmões ardentes com sua respiração. Dominic se curvou ligeiramente e tremulou sua mão, tendo certeza que Giles seguia o gesto com seu olhar furioso enquanto Dominic reunia o chiado de energia poderosa e o estalo no céu acima. Ele deixou o poder encher seu corpo esgotado e, deixando um segundo clone atrás, se afastou do seu corpo, deixando o clone exposto e aberto. Ficando apenas na frente dele, insubstancial e transparente, esperou Giles fazer seu movimento. Seu clone se curvou um pouco e apertou a palma no buraco enegrecido no seu peito, somente à esquerda do seu coração. Ele pode sentir sua força declinando. Dois clones e uma

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tempestade drenavam sua energia rápido, mas manteve sua forma transparente. Giles atacou, se apressando com força total e velocidade sobrenatural, indo para matar. Dominic avançou para encontrar o impacto, usando o ímpeto de Giles e sua própria força incrível ao socar para frente. No segundo antes que o vampiro entrasse no seu punho, Dominic se materializou, dissolvendo seu clone. Giles se empalou no punho estendido. Dominic agarrou o coração antes que o não-morto soubesse o que acontecia. Ele extraiu o órgão murcho, enegrecido e o lançou a distância do vampiro mestre, dirigindo o relâmpago ao objeto pútrido. Giles gritou horrivelmente, o grito reverberando pela floresta. Ele cambaleou através da terra, suas mãos buscando seu coração ausente. Lentamente caiu a terra, cuspindo em Dominic antes que seu corpo sucumbisse à perda. O relâmpago pulou para o corpo, incinerando-o. O vampiro se torceu e retorceu nas chamas abrasadoras, como se uma parte dele ainda vivesse. O fogo assobiou e fez barulho em protesto, mas queimou rapidamente, reduzindo o não-morto às cinzas. Dominic caiu em um joelho, sua cabeça baixa, arrastando ar nos seus pulmões. Ele ainda tinha que esperar que Josef sinalizasse que terminou a transmissão para destruir o laboratório e levar Solange à segurança. Dominic! A sua voz deu-lhe o estímulo necessário para se mover. Giles está morto. Estou voltando para a batalha. Posso ouvir o cansaço na sua voz. Precisa de sangue? Posso ir. Quando terminarmos aqui. A ideia do seu sangue, sua força de cura incrível fluindo pelo seu corpo, o energizou. Andou rápido pelas árvores até o laboratório quando permitiu que seu clone se dissolvesse. Solange deu um suspiro de alívio e voltou sua atenção atrás à cena caótica no laboratório. Os gritos de terror enchiam o ar e o odor de sangue permeava tudo. Bala depois de bala chovia do telhado. Os não-mortos, agora cheios de buracos de bala, olhavam para cima para marcar os guardas como presas. Ela queria esses homens mortos, mas não assim, não de uma maneira tão horrível. Os vampiros tinham perdido todo o controle, devorando tudo com o sangue. Ela não pode ver nenhum dos homens jaguar. Eles tinham sumido ao primeiro sinal de problemas. Ela ajustou o rifle no seu ombro novamente e apertou o gatilho um segundo depois de um guarda disparar. Uma descarga de tiros afogou o seu. O relâmpago bateu forte no vampiro caído. Ela pesquisou na sua mira para tentar encontrar um dos vampiros que Dominic queria destruídos. Era difícil identificar algum deles agora. As imagens estavam desbotadas, os deixando como cadáveres podres, pele descascando, olhos afundados com topetes de cabelo cinza ou branco apoiado nos seus crânios. O sangue estava por toda parte, nas suas roupas e rostos; suas mãos estavam escorregadias com ele. Ela foi pelo reconhecimento da roupa, esperando ter razão. Ela viu o que pensava ser Carlo ao pé do edifício, embaixo do beiral, longe da vista dos guardas. Subiu do lado do edifício rápido, deslizando em cima da parede como um lagarto, pulando nas costas de Felipe por trás, os dentes rasgando seu pescoço. O primeiro tiro pegou-o na parte detrás do crânio, o segundo nas costas diretamente no seu coração. Sua forma estilhaçou, ele girou em volta, a cara coberta com sangue, olhos inflamando loucamente, olhando na direção da floresta. Ele pulou no ar, começando a mudar

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quando o relâmpago o atingiu, incinerando-o para que as cinzas chovessem abaixo na massa frenética de vampiros rasgando e dilacerando, tragando sangue quente e brilhante. Solange limpou o suor do seu rosto, seu estômago balançou. Nunca tinha visto nada como o banho de sangue caótico ocorrendo. O não-morto devorava tudo à vista, rasgando um ao outro, agarrando e mordendo como um bando selvagem de animais esfomeados. Estava acostumada às leis da floresta, mas isto era algo completamente diferente. O suor gotejou nos seus olhos e o limpou novamente. Seu gato pulou quando registrou o som abafado de asas poderosas acima. Ela rolou do berço da árvore, pegando um cipó e usando seu ímpeto para transportá-la à seguinte árvore. Tinha perdido o rifle, mas sua besta e as flechas estavam em volta do seu pescoço e tinha uma faca amarrada à sua coxa. A harpia gritou quando a perdeu, as enormes garras pegando o ar vazio. Afiadas, do tamanho das garras de um urso pardo, seria seriamente machucada se o grande pássaro afundasse aquelas garras nela. Solange, fale comigo. A calma de Dominic a estabilizou. Ela ajustou uma flecha na sua besta e estudou o céu da noite. A águia dava voltas, preparando-se para outro ataque. Um relâmpago bifurcou no céu, permitindoa ver o enorme pássaro chegar mais perto. Um pequeno problema. Seu amigo Akos enviou a harpia atrás de mim. Está dirigindo o ataque. Você podia afastá-lo para mim assim não tenho que disparar neste belo pássaro. Não se arrisque, Solange. Dispare nele se preciso. Solange cronometrou o ataque do pássaro, permitindo que seu gato guiasse seus reflexos. Quando a águia se aproximou, voando baixo nas copas, caindo rapidamente, as asas batendo pesadas foram um aviso na sua cabeça. Ela esperou, contando silenciosamente. Não queria matar a criação magnífica, não quando sabia que um vampiro a usava para atacá-la. Normalmente o pássaro nunca faria tal coisa - a menos que ela estivesse também perto de um ninho. As garras quase arranharam seu rosto quando ela mergulhou atrás, mas o pássaro não tinha como se virar, os ramos muito perto e limitando a manobra da águia. As asas eram golpes poderosos para ganhar bastante altura para compensar os ramos e subir mais uma vez no céu turvo. As nuvens pretas pesadas iluminaram em volta das bordas com o relâmpago que chiou, revelando a águia quando deu voltas na direção dela mais uma vez. Ela seguiu a pista do pássaro com a besta, mas algo nela se recusava a matá-lo. Tinha havido muita matança hoje. Ainda podia ouvir os gritos, o terror, o som do tiroteio, e sabia que os homens restantes estavam sendo mortos. Todos que trabalhavam no laboratório eram totalmente conscientes que visavam mulheres para raptar, roubar e matar. Ela não gostou da maneira como morriam, mas pelo menos tinham escolhido seu próprio destino. A harpia estava sendo forçada a um comportamento antinatural. Dominic assobiou para ela. Não posso encontrar Akos. Mate a águia e volte à segurança rapidamente. Seguirei a pista dele. Um aviso. Uma ordem. Preocupação. Dominic achava que o vampiro vinha atrás dela. Ela achava que provavelmente o não-morto usava a oportunidade para escapar.

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Ela se preparava para obedecer, olhando como a águia fazia sua aproximação e logo caia rápido do céu, as garras estendidas para agarrá-la. Cronometrou o movimento súbito uma segunda vez, percebeu que aquelas garras eram maiores do que pensava, e se lançou fora do caminho. Ela estendeu sua mão, esperando pegar o cipó que tinha marcado para sua corda de segurança, mas falhou, sua palma escavando o vazio. Não houve nenhum deslocamento no ar; tudo que pode fazer foi ficar tão mole quanto possível e tentar encontrar a vegetação suave. Ela aterrissou duro, o ar escapando dos seus pulmões, abandonando-a arfante e incapaz de se mover. Estrelas explodiram atrás das suas pálpebras. Deitouse na vegetação grossa, desesperada para respirar, seu corpo doendo em um milhão de lugares. Os olhos fecharam, ela deixou escapar um gemido, considerando apenas dormir ali mesmo. Parecia muito esforço se levantar. Diga-me que está viva e bem, Solange, Dominic exigiu. Akos está indo atrás de você e tenho que pará-lo. Fique a vontade. Apenas ficarei aqui e descansarei.

Dominic tomou o ar, atrás do odor de sangue fraco que Akos tinha deixado. O vampiro era vicioso, com uma traço de crueldade que carregava desde a infância. Rasgando os humanos tinha espalhado sangue por todas as partes dele. Não tinha se incomodado em se limpar, provavelmente revivendo a experiência e se aquecendo na memória do banho de sangue. Ele gostava do sofrimento e terror das suas vítimas, e o odor do seu sangue que permeava sua roupa aumentaria a lembrança. Dominic ouviu o grito da águia e abruptamente mudou a direção. Akos fugia, chamando a harpia enquanto corria pela floresta, fazendo seu caminho dentro e fora das árvores, ignorando que deixava gotinhas de sangue para trás. Dominic não queria ir muito longe de Solange, não com todos os vampiros na área. Nessa altura, já tinham se alimentado bem e se dispersariam rapidamente, temendo a ira de Giles. Ninguém, além dos seus vampiros menores, perceberia que foi destruído e partiriam imediatamente. Mas... Ele alcançou a névoa alguns minutos depois. As gotinhas de sangue espalhadas pelo rastro de vapor cinza identificaram o vampiro imediatamente. Dominic usou uma ordem Cárpata rara. Os vampiros tinham nascido Cárpatos e por isso ainda estavam sujeitos à lei do sangue. — Veriak ot em Karpatiiak, muonìak te avoisz te. — Pelo sangue do Príncipe, te ordeno se revelar. Sua voz trovejou pela floresta, sacudindo as árvores. A terra rolou abaixo dos seus pés, e acima dele relâmpagos dividiram as nuvens escuras. Macacos uivaram e se apressaram pela copa, agitados. A harpia gritou novamente, seu voo falhando no céu antes que se recuperasse e se instalasse nos galhos de uma árvore, lentamente dobrando sua grande expansão de asas. Sussurros na vegetação rasteira traiu uma multidão de vida selvagem. Uma cobra levantou sua cabeça e os lagartos deslizaram através de galhos e troncos. O vapor oscilou, cresceu até Akos, transparente, lutando com a ordem, pousar na terra e

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cambalear rapidamente aos seus pés. Sua roupa estava ensopada de sangue fresco e sua boca, dentes e queixo untados. O sangue respingado no seu cabelo parecia pontos pretos brilhantes quando um relâmpago iluminou a floresta escurecida. Ele sorriu, mostrando seus dentes pontudos. — Dragonseeker. Deveria saber. Dominic deu voltas à direita, mantendo um olho cuidadoso no céu. Akos usaria a harpia para distraí-lo e tentaria terminar a batalha rápido. Um lutador vicioso, só escolhia as batalhas que podia ganhar. Seus olhos tinham empreendido um vermelho incandescente, mas lançavam-se para frente e para trás, como se Akos pensasse que ainda podia escapar. — Não há nenhuma fuga da justiça. — Disse Dominic calmamente, olhando nos olhos que mudavam. O olhar subiu somente por uma fração de segundo e Dominic usou sua velocidade, batendo forte em Akos quando a harpia caiu do céu. Seu punho penetrou a parede do peito quando as garras atingiram seus olhos. Ele girou ambos, o vampiro gritando, o sangue preto fluindo sobre seu punho e braço, queimando até o osso. As garras da águia enrolaram atrás do crânio de Akos, rasgando e arrancando uma parte.

Solange realmente não se atreveu a descansar, deitada desprotegida, temerosa que o vampiro enviasse a águia atrás dela. Cautelosamente abriu seus olhos para a copa escurecida. Três pares de olhos de gato brilhavam para ela, a fitando com o foco intenso de um predador. Seu coração pulou no peito e começou a dar pancadas. Homens jaguar. Não tinham ido longe do laboratório, tinham encontrado provavelmente um porto seguro nas copas e observado o massacre sangrento. Seu primeiro instinto seria correr, ou mudar e correr, mas eram machos fortes, rápidos e ferozes, experientes na caça. Ela não tinha nenhuma chance, portanto ficou imóvel, disposta a não entrar em pânico. Dominic. Ela manteve sua voz muito calma. A que distância você está? Fale, amada. Ela saboreou o som da sua voz, tão calma, tão confiante. Seu coração se acalmou. Desta vez não estava sozinha. Esses homens nunca a levariam viva. Tinha jurado isto há muito tempo. Sabia que Dominic viria por ela. Só tinha que mantê-los aqui. Brodrick e dois dos seus soldados. Dê-me uma estimativa. Posso mantê-los distraídos. Sentiu a besta na sua mão. Não a tinha deixado cair. E tinha a faca. Ela sentiu sua hesitação. Devo destruir Akos. Você pode se arranjar até que eu chegue aí? Diga a verdade. Seus dedos apertaram em volta do arco. Puxou-o e disparou. A flecha foi direto e certeira, riscando pelo céu, por cima das folhas e galhos para acertar um dos olhos incandescente do gato. No impacto a flecha se inflamou, queimando através do crânio. Ela ouviu o golpe quando algo pesado caiu dos ramos. Ela rolou repetidas vezes na direção da encosta que a levaria a uma espécie

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de cobertura. Está sob controle. Ela tinha a boca cheia de folhas e formigas quando caiu abaixo pelo desfiladeiro e escorregou pela lama para aterrissar em um pequeno córrego que fluía em uma corrente maior. Ela apressadamente rastejou para as raízes de uma das maiores árvores no dique. Oferecia um pouco de proteção. Não a podiam ver, e estava armada e pronta para eles. Era só uma questão do tempo antes que a encontrassem, mas só tinha que ganhar tempo. Esperavam que ela mudasse e corresse, mas não ia jogar seu jogo. Akos está adiante, estou dando voltas atrás dele. Sua águia pode estar com ele agora, Solange avisou. Ela podia ouvir palavrões. Um dos dois homens jaguar tinha mudado, provavelmente para verificar seu companheiro. Estava morto. Não havia como ter sobrevivido àquele tiro. Preste atenção no céu. Como se respondendo a ela, o relâmpago bifurcou em uma exposição espetacular, faixas se estendendo através do céu. As nuvens escuras eram purpúreas, manchadas com o fogo. Ela esfregou o suor do seu rosto com sua manga. Um galho fino quebrou e seu corpo inteiro tencionou. — Menina inteligente. Seu coração afundou. Sabia o tempo todo que era ele. Brodrick. Juntou firmemente seus dentes para impedi-los de bater. O vento aumentou repentinamente, completamente inesperado, e inexplicado, uivando pelas árvores, transportando as vozes de todas as mulheres que este homem tinha assassinado, convidando-a a fazer justiça. A chuva caiu firme, um som pesaroso que acompanhava o vento que gemia. — Você as ouve? — Ela perguntou, sua voz surpreendentemente estável. Mantenha-o falando. Talvez, se tivesse sorte, entraria na sua linha do fogo. — Quem? — Brodrick perguntou. — As mortas. — O uivo aumentou a um arremesso febril. — Estão te chamando. — Ela manteve sua voz baixa, esperando que chegasse um pouco mais perto para ouvi-la. E onde estava o outro? — Você é quem estão chamando. — Ele corrigiu com um rosnado. — Saía daí e jogue sua arma. — Posso ter seu sangue correndo nas minhas veias, mas consegui minha inteligência da minha mãe. Você me quer, venha e me pegue. Ela ouviu outro galho fino partir à sua esquerda. Outro homem fazia seu caminho em volta, tentando entrar enquanto estava distraída por Brodrick. Ela sussurrou ao seu gato, que estava vigilante. — Solange, você sabe que nossa raça está desaparecendo. — Disse Brodrick em um tom razoável, como se fossem velhos amigos discutindo um tema muito familiar. Ela mal podia vê-lo, a uma boa distância dela, puxando um par de jeans. Ela desviou os olhos. Era o bastante inteligente para se manter fora da sua linha de fogo, embora... Ela girou, empurrando com os pés até que tinha espaço suficiente para deitar de bruços. Ela foi de barriga polegada a polegada lentamente, usando a capacidade de câmara lenta do seu gato para não o alertar de uma mudança de posição.

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A raiz grossa, torcida, parecia uma barbatana enrolada enquanto aumentava até a junção do entrançado de raízes que apoiavam a árvore e formavam sua jaula. Ela lentamente deslizou sua besta à borda, embaixo da raiz. Havia só um par de polegadas de folga, mas o bastante para atirar uma flecha. Era um ângulo complicado, e não podia usar uma das flechas de vampiro especiais, mas a menor, mais tradicional, serviria. — É claro que sei, Brodrick. Você fez isto e fez deliberadamente. Você sabia exatamente o que fazia, assim me dispense do discurso “você tem que salvar nossa espécie”. Quem é seu amigo? O que anda furtivamente em volta, mais alto que as cigarras? Se acha que serve para ser seu guarda, deveria aprender como ser silencioso. — O sarcasmo gotejou. Ela ajustou seu ângulo ligeiramente quando ele desapareceu atrás das sombras. Ele ia se mover. Um pé. Uma mão. Não importava que parte da sua anatomia ele expusesse; ela o teria. Brodrick suspirou alto. — Reggie, você pode sair daí. Aborrecimento cortava sua voz. Dedos de alarme subiram por sua espinha. Ela tremeu, carranqueou. Ele planejava alguma coisa. Sua única vantagem era que a queriam viva. Brodrick nunca a mataria e certamente nem seu companheiro. Ela era muito valiosa viva. Ela era shifter com sangue real. Brodrick queria um herdeiro. Tão repugnante e vil como isto soasse, sabia sua intenção. Ela provou a bile na sua boca, mas seu olhar nunca deixou a figura sombria que se movia para frente e para trás atrás do véu da mata densa. Brodrick se moveu novamente e ela disparou de onde estava na terra, a flecha cortando pela mata. Ele gritou. Maldito. Ela ouviu a queda pesada do seu corpo quando caiu, batendo na mata. Ela fez uma oração silenciosa para que houvessem urtigas crescendo lá. — Estou fodido para fazer da sua vida um inferno, sua cadela. — Ele se enfureceu, seus rosnados reverberando pela floresta. — Cada dia que viver será apenas dor. Sei mais modos de causar dor a uma cadela no cio do que você alguma vez imaginou. Nos pequenos limites da jaula de raiz, Solange achou difícil ajustar outra flecha na besta. Ela girou em volta, tentando ficar tranquila. Sua perna roçou contra a madeira grossa do seu lado direito quando tentou levar seu braço à posição. Algo agarrou seu tornozelo, prendendo-a duro na terra. Ela sentiu o golpe, uma picada aguda, mesmo enquanto abandonava a besta, puxou a faca na sua coxa e em um movimento circular apunhalou, dirigindo a lâmina profundamente no lado do homem que a segurava. Venha agora! Ela enviou a chamada frenética a Dominic. Eles me picaram com uma agulha. Ela sabia que Brodrick planejava algo. Tinham-na enganado quebrando galhos finos, fazendoa pensar que Reggie estava à sua esquerda. Erro estúpido, estúpido. Ela tentou ficar calma, respirando uniforme, não querendo que o que quer que injetaram nela se movesse muito rápido pelo seu corpo. Pensariam que tinham tempo. Ela dormiria e eles a arrastariam e a teriam à sua mercê. Não sabiam de Dominic. Reggie cuspiu maldições quando cambaleou para trás longe das raízes. Ele andou cerca de dois metros, surpreso e caiu nas suas mãos e joelhos. — Brodrick. Vêm aqui e me ajude.

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Ele estava fora no aberto onde ela podia disparar nele à vontade com uma flecha. Usando movimentos lentos, cuidadosos, Solange ajustou outra flecha no seu arco e esperou, desta vez o mais longe, atrás na jaula, que pode. Eles não seriam capazes de passar pelo entrançado de raízes facilmente com seus corpos sólidos, e não ia facilitar para eles. Suor escorria na sua testa. Sua visão estava turva. Em volta dela, as raízes torcidas se moveram ligeiramente, como se pudessem estar ganhando vida. — Brodrick. — Reggie se lamentou. Tinha as mãos apertadas contra seu lado. O sangue gotejava firmemente pelos seus dedos. — Deixe de se lamentar. — Respondeu Brodrick. — Você deixou a cadela furá-lo. Eu disse que ela era letal. Você a subestimou. — Por que será, — Perguntou Solange, sua voz soando metálica e muito longe. — que o homem que ataca a mulher sempre se aborrece quando ela revida? Nunca entendi isto. — Não me importo com uma pequena luta. Só aumenta o gozo quando uma mulher luta, todo o medo delicioso. — Disse Brodrick, ignorando o perigo crescente de Reggie. Seu parceiro começou a se arrastar na direção da mata. — Gosto de olhar seus rostos quando pedem e suplicam, tão dispostas a fazer tudo para mim, aceitar tudo de mim, apenas para viver. — Sua risada zombava, cheia de desprezo. — Acredite-me, você fará o mesmo. Ela tinha uma boa direção dele agora, se ficasse quieto, mas ela tinha que se apressar. Seus braços começavam a parecer chumbo. Ela esfregou o suor dos seus olhos com seu cotovelo, construindo a imagem dele na sua mente. Seu tamanho. Sua forma. Estava atrás das samambaias e mato, seu contorno sombrio ficando distorcido. — Você devia ter me matado quando teve oportunidade. — Ela disse, querendo sua resposta, querendo mais um resseguro da sua posição. Sua visão estava surpreendentemente turva. — Quando você me der um filho, ele será meu prazer, e você levará muito tempo para morrer. — Ele respondeu, confiança suprema na sua voz. — Como o velho Reggie. Reggie caiu na terra, gemendo, mas sua força tinha se esgotado com seu sangue. Solange puxou uma respiração profunda, e quando exalou, disparou a flecha. Brodrick grunhiu. Ela esperou, o coração batendo rápido. A terra tremeu quando Brodrick enlouqueceu, abrindo passagem pela mata, destruindo tudo no seu caminho, sua raiva transbordando. Rugindo, se apressou ao seu esconderijo, quebrando as raízes, direito pelas lascas de madeira para agarrar seu cabelo. Ele puxou forte. Solange se esparramou na terra, soltando a besta da sua mão entorpecida. Ele a arrastou para fora do que restou da jaula de raiz e a jogou no chão. Olhe para ele. Continue olhando para ele. A voz de Dominic era calma. Ela sentiu a mesma calma. Tenho que fazer isto. De um modo imparcial, ela ouviu os punhos batendo no seu corpo, viu os resmungos, a máscara torcida de ódio por cima dela, mas não sentiu nada além de objetivo. Este monstro tinha matado quase todo mundo que ela tinha amado alguma vez. Ele tinha destruído inúmeras vidas bem como uma espécie inteira. Ela o olhou com um olhar indiferente, impassível que o enfureceu ainda mais. Ele se debruçou sobre ela, sua mão na sua camisa. Antes que pudesse rasgá-la do seu corpo, ela derramou cada grama de energia na mão segurando a faca.

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Ela empurrou a lâmina forte, diretamente no seu coração preto. Não tinha bastante força para empurrá-la tão profundamente como teria gostado, mas julgando pela erupção do sangue que fluía em volta da lâmina, estava segura que seria o bastante para matá-lo. Seus olhos se arregalaram em choque completo. Ela podia ver que nunca pensou uma mera mulher seria capaz de derrotá-lo. A raiva substituiu o choque e suas mãos saíram do cabo da faca para sua garganta. Antes que pudesse envolver seus dedos em volta do seu pescoço, uma rajada de energia branco-quente o bateu longe dela. Dominic se ajoelhou junto dela, suas mãos correndo suavemente por seu corpo. Em todo lugar que a tocou, as manchas pretas sumiram. — Tenho que empurrar o sedativo do seu corpo, Solange. — Ele disse e passou a fazer isso. Ele a colocou sentada. Solange descansou sua cabeça contra seu peito por um momento. — Obrigada. Ainda estou trêmula. Sentindo movimento, Dominic girou, seu corpo protegendo Solange quando enfrentou Brodrick. O homem arrancou a faca do seu peito, e usou suas últimas forças, para lançá-la em Solange. Dominic vomitou fogo, um traço Dragonseeker raramente usado. As chamas engolfaram o shifter, queimando laranja e vermelho brilhante. Solange levantou sua sobrancelha. — Eu não sabia que podia fazer isto. É muito peculiar. Ele a beijou. — Somente não me zangue e nunca o verá novamente. Ela riu baixinho. — Quero ir para casa. — Josef finalmente terminou. Posso derrubar o laboratório. — Ele disse. — E logo podemos ir para casa. Com seus olhos no incêndio, e os gritos de Brodrick enchendo o ar, ela suspirou baixinho. — Faça-o, então. Quero dormir por um mês. — Seu pesadelo estava finalmente acabado. Os outros shifters se espalhariam e seriam problema de alguém mais. Esperava que fossem onde a lei podia alcançá-los. Dominic se concentrou no próprio laboratório, construindo a imagem na sua mente. Tinha prestado atenção a cada ponto estrutural. Abaixo da terra levantou a primeira onda diretamente abaixo do edifício. A terra tremeu. Brodrick se esmigalhou e torceu na terra. À distância podiam ouvir o trovão barulhento quando o laboratório tremeu. Dominic não parou até que o último bloco fosse quebrado e não houvesse mais nada. Ele virou e examinou a chuva que caia do céu, chamando o relâmpago uma última vez. O raio fechou forte no corpo que se torcia de Brodrick, incinerando-o completamente. A energia branca aquecida pulou para Reggie e ele virou cinzas. Ele estendeu sua mão para Solange. — Para casa, amada. Temos aquele pequeno pacote de pele e garras para alimentar. Solange pôs sua mão na dele e sem um relance em direção às cinzas enegrecidas, andou lado a lado com seu companheiro em direção a casa.

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Capítulo 20 “Você é a calma na tempestade, o poder mais suave. Em suas mãos, sou uma flor. Perto de você, meu coração irradia alegria.”

— Solange para Dominic O menor dos sons acordou Dominic. Choro suave. Seu coração falhou acordando, seus olhos se abriram e ele virou sua cabeça para encontrar Solange. Ela estava em pé junto dele, joelhos dobrados, cabeça baixa, seu cabelo preto caído, ocultando se rosto dele. Mas chorava. Sua Solange. Seu coração e alma. Por um momento mal pode respirar, ansiedade correndo por ele. Tinham trocado sangue pela primeira vez antes de dormir. Esperou várias elevações para se assegurar que todos os parasitas saíram do seu corpo antes que tentassem seu primeiro intercâmbio. Ela não parecia ter tido qualquer efeito ruim, mas... O próprio processo foi difícil quando deveria ter sido erótico. Solange não podia ser posta em compulsão. Teve que tomar voluntariamente seu sangue sozinha, e tinha lutado, mas tinha confiado nele o bastante para ir até o fim. — Solange. — Sua voz era infinitamente suave. — Qual é o problema, amada? — Ele não pode deixar de se fundir com ela, temeroso que o intercâmbio a tivesse prejudicado de algum modo. Em vez de dor física sentiu os restos do seu pesadelo, sentiu a criança desesperada para abraçar sua mãe, e quis chorar por ela. Sempre haveria momentos de tristeza na sua vida que não podia impedir, não podia curar não importa o quanto quisesse. Ele cruzou a distância curta entre eles e se afundou ao lado dela, a envolvendo nos seus braços, embalando-a no seu colo, seu rosto enterrado no ombro. Ele a balançou suavemente até que ela se acalmou e ficou silenciosa. Ela apertou suas mãos sobre as orelhas. — Eu sonhei com minha mãe, e quando despertei, não conseguia parar de chorar. Os sons são tão altos, Dominic, tudo, até minhas próprias lágrimas. O som da água, de pequenos animais e insetos. Posso ouvir o que está acontecendo fora da caverna e não posso abaixar o volume. Minha cabeça dói com todo esse barulho. E os sons estão tão amplificados, e você tão completamente silencioso... — Ela se interrompeu. Ela apertou uma mão no seu coração. — E agora posso ouvir o som da minha batida de coração. Tive tanto medo, embora minha mente soubesse que estava segura. Sua mão foi à nuca dela, massageando os músculos tensos. — Sinto tanto sobre sua mãe, amada. Vamos encontrá-la na seguinte vida e ela vai recebê-la de braços abertos. E sinto a ter assustado. — Ele a apertou nos seus braços num esforço para consolá-la. Ele não era sua mãe, mas a amava intensamente. — Deixe-me cuidar da sua audição. — Acrescentou suavemente. Cárpatos podiam ouvir as batidas de asas à distância, as menores pedras rolando por uma ladeira. Dominic e Solange tinham trocado sangue e a conversão começava, mas ela deveria ter sido

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capaz de mudar sua audição para um volume aceitável. Dominic deixou seu corpo, enviando seu espírito no dela, examinando-a cuidadosamente, tentando determinar o que seu sangue Cárpato tinha feito. Seu sangue devia ter começado o processo de conversão, no entanto, as células eram distintas, a ligação de células com as suas, separadas, mas ainda assim juntas. Não fazia sentido. Seu jaguar parecia perfeitamente intacto, com exceção das células de sangue Cárpato se sobrepondo nele. Não havia nenhum caos, nenhum anticorpo se apressando para frustrar o processo em absoluto. Era como se suas linhas de sangue estivessem se fundindo, uma em cima da outra, coexistindo em vez de competir pela dominância. — Está melhor? É uma questão de diminuir o volume. Quando algo não estiver certo, pense como funciona e pode corrigir como fiz para você. Se não for o bastante, pode tentar por si mesma para ver se funciona. Ela virou o rosto molhado de lágrima contra sua garganta e suspirou. — Sim, está muito melhor, obrigada. Sinto por acordar você. Você não deveria estar em pé ainda. Ele ficou completamente imóvel. Ela tinha razão. Seu corpo sabia o tempo exato de cada elevação. Tinha vivido séculos e sem dúvida podia dizer a hora da noite, quando era seguro levantar. Não tinha nenhuma dúvida de que o sol ainda estava alto. Nesta hora do dia seu corpo devia estar pesado, impossível de mover. Ele estava no seu momento mais vulnerável com o sol tão alto. Mesmo sob a terra sentiria a sensação espinhosa que ameaçava queimar sua pele, mas estava perfeitamente cômodo. A inquietação se moveu por ele. Todos os Cárpatos precisavam de um sistema interno de aviso, e o seu parecia estar falhando. — O sol ainda não desceu. — Ele fez uma afirmação, mas sua mente estava chocada com isto. O sol estava no céu e há apenas alguns minutos, ele tinha caminhado até ela, sentado, a puxado para seu colo. Ele se moveu sem dificuldade, nenhuma letargia. Impossível! Era um antigo, e o sol, ainda no céu, devia deixá-lo incapaz. Ela mordeu seu lábio, seus olhos arregalando, o choque traindo sua compreensão. — Se o sol ainda está fora, Dominic, devia estar acordado? Isto pode prejudicá-lo? Acordar enquanto o sol ainda está a pino? — A inquietude estava na sua voz. — Acordar não é o problema. — Muito suavemente ele a afastou dele e levantou. — Este é o problema. Não deveria ser capaz de me mover direito agora. Ele estudou sua face. Ela tinha mudado muito sutilmente. Os olhos do seu gato ainda eram diretos e incandescentes lá na escuridão, testemunhando sua visão noturna excelente, mas não do mesmo modo que foi antes. — O que foi? — Ela tocou seu rosto. Pânico súbito cruzou sua expressão. Ela mudou sem hesitação, assegurando que seu jaguar estava seguro. Dominic a tinha visto mudar tantas vezes e ela era inacreditavelmente rápida, mas desta vez mal pestanejou e ela era totalmente o jaguar. O gato se estendeu languidamente e o cutucou com sua cabeça, claramente não afetado pelo sangue Cárpato. Estava mais confuso do que nunca. — Isto não faz sentido, Solange.

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A conversão era sempre dolorosa, algumas menos do que outras, mas ainda difíceis. Seu jaguar devia estar reagindo negativamente, mas em vez disso o olhava sonolento e bocejando. Solange mudou de novo, rindo. — Ela está aborrecida comigo por perturbá-la. Não está de modo nenhum chateada com a primeira troca sangue, na verdade, ela gostou. Ela se sente mais forte e mais rápida. — A risada desapareceu dos seus olhos e ansiedade se arrastou por ela. — Verifique seu corpo, Dominic. Talvez meu sangue esteja fazendo algo para você. Havia preocupação na sua voz. Ele já avaliava seu corpo. Sua audição, como a dela, parecia mais aguda, embora tivesse diminuído automaticamente o volume. Sua visão noturna era só um pouco mais clara. Não sentiu o aviso do sol na sua pele, e seu corpo, embora pesado, não tinha parecia chumbo como deveria ser. — Minan, não posso descobrir nenhum dano em mim. Ainda sou totalmente Cárpato. Nosso sangue não se mistura. O meu não assume o seu; mas sim as duas linhagens se unem. É ímpar. — Ele suspirou, carranqueando um pouco. — Sabemos que seu sangue pode retirar qualquer forma de feitiço com sacrifício de sangue de magia negra, e cura o dano feito pela magia negra, mas não entendo por que, quando te dou meu sangue, as células parecem acasaladas, em vez de uma assumira outra. — Sinto a preocupação em você. — Eu não gosto de nada que não entendo. Não faz sentido poder me mover agora ou não sentir o aviso picando sob minha pele me dizendo que o sol está alto. — De fato sinto-me rejuvenescida. — Admitiu Solange. — Ansiava por outra troca de sangue, mas se acha que meu sangue o está afetando de qualquer maneira negativa, suponho que não devemos tentar outra até compreendermos o que está acontecendo. A nota melancólica na sua voz tocou seu coração. Estava totalmente comprometida com ele, à vida Cárpata. Seu único medo - seu jaguar - levava o processo de conversão inteiro como se nada em absoluto acontecesse. Ele ousaria tentar trazer Solange totalmente ao seu mundo? Mesmo enquanto se perguntava, sua mão, por própria vontade, já se envolvia ao redor da sua nuca a puxando para si. Ele almejava a essência dela, Solange pura, o sabor e o ímpeto diferente de qualquer outro. Ela era um vício que nunca acabaria, o desejo por ela profundo nos seus ossos e gravado irrevogavelmente no seu coração. Ela sacudiu a cabeça. — Ainda não. Primeiro se aproxime do chão da caverna e veja se seu sistema de alarme funciona dali. — Ela insistiu. O calor chamejou. Sua Solange. O protegendo novamente, desta vez dele, das suas próprias necessidades. Ele flutuou facilmente em direção à superfície. Aproximando-se do chão da caverna, começou a sentir a preocupação de um Cárpato quando o sol estava alto no céu. A sensação não era especialmente forte, mas o aviso estava lá. Ele percebeu que sua força minguava, seu corpo flutuando começando a se sentir desajeitado e estranho. Profundamente dentro da terra, era capaz de se mover com a graça fluida de um Cárpato, embora o sol estivesse alto. Mas quanto mais próximo da superfície subisse, ou possivelmente mais tempo permanecesse acordado durante o dia,

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ele ia perdendo a força. Ele voltou para Solange. — Se seu sangue está me fazendo algo, está permitindo que eu esteja alerta durante o dia. Não tenho nenhum problema com isto. Seu sorriso afastou a ansiedade dos seus olhos. Ela devolveu seu sorriso e se inclinou em um convite flagrante. — Então devemos continuar. Tome meu sangue, Dominic. Leve-me mais perto do seu mundo. Seu coração disparou. Mais que tudo ele queria que ela fosse parte do seu mundo. Queria muitas vidas com ela, não somente uma. Estava há muito tempo sem ninguém, e agora que a tinha encontrado, não queria abandoná-la tão rápido. E o mais importante, ela nunca teve alegria na sua vida, e ele queria ter séculos para lhe dar tanta alegria quanto possível. — Você está segura, Solange? — Ele sussurrou, cheirando seu pescoço. Ele beijou o caminho até o monte dos seus seios. Ela arqueou para ele, seu corpo suave e flexível. — Acho que devemos tentar uma segunda vez. Meu jaguar está sonolento e aborrecido por que continuo perguntando se ela está bem. Ela teria protestado se fosse prejudicada. — Seus braços se arrastaram em volta do seu pescoço e ela apertou seu corpo no dele. Ele amava quando ela fazia isto - dava-se incondicionalmente. Solange. Ele sussurrou seu nome, chocado com o imenso amor que fluía por ele. Ele afundou seus dentes no seu pulso tentador. Ela gritou, um pequeno som rouco que enviou um chicote de calor erótico pelo seu corpo. Ele varreu sua língua por cima daquele lugar doce e afundou seus dentes profundamente. Seu corpo inteiro tremeu. Sentiu as ondulações começando profundamente no seu núcleo e se estendendo como um fogo grego9 em todas as partes do corpo dela. Seu néctar quente, doce fluía nele, enchendo suas células de energia crepitante. Ele se alimentou, devorando-a, tomando sua força de vida no seu corpo, festejando até que seu gemido o tirou de seu fascínio. Ele passou sua língua através das alfinetadas e, suavemente reposicionando-a, abriu uma linha no seu peito para ela. Ele embalou sua cabeça, a estimulando, seu corpo já tremendo de desejo por sentir sua alimentação. Novamente foi tímida, mas seu sangue Cárpato tinha feito algumas modificações nela. Desta vez ela o lambeu languidamente, sensual com sua língua. Ela marulhou como o gato que era. Cada golpe da sua língua enviava fogo dançando por suas veias. Sua boca aberta, moveu-se sobre seu peito, seus lábios suaves e macios. Ela mordeu e seu corpo inteiro apertou, próximo de um orgasmo. Seus dentes tinham se estendido o bastante para tomar seu sangue do modo que os Cárpatos estavam destinados. Ela não parecia notar, sua mente enevoada com a paixão. Foi difícil para ele abandonar a experiência assombrosa, sensual de sua companheira trocando sangue, mas sua força definitivamente minguava. Quando ela tomou o bastante para um verdadeiro intercâmbio, ele apertou sua mão na boca dela e ela imediatamente recuou, marulhando novamente com sua língua. Ele tinha que fechar a ferida, mas descobriu que as bordas já estavam perfeitamente reparadas. 9

Nota: É uma mistura viscosa que flutua e queima até mesmo em contato com água, É provável que tenha sido feita a partir de cal viva (óxido de cálcio, CaO), petróleo, nafta, enxofre e salitre, entre outras substâncias.

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Ele a beijou novamente com eficácia apaixonada e a levou a terra com ele, dobrando o acolchoado em volta dela, procurando cuidadosamente por sinais de aflição. Ela puxou o acolchoado mais perto em volta dela e caiu no sono muito antes que ele se permitisse seguir seu exemplo.

Dominic acordou antes de Solange, determinado a verificar sua saúde. Ela estava esparramada sobre ele, suas pernas por cima das suas coxas, debaixo do cobertor de terra rica. O acolchoado estava ao lado dela, mas em algum momento durante seu sono ela o tinha entocado instintivamente sob o solo. O barro escuro a cobria quase até o pescoço. Ele tomou isto como um bom sinal. A lua estava alta; ele sentia os raios acolhedores mesmo embaixo da terra a cada elevação. Ele se permitiu um breve suspiro de alívio. Isto não tinha mudado. Seu corpo estava completamente sintonizado com a noite. Podia ouvir insetos e até o sussurro suave de ratos. Fora da caverna, algo entrando na corrente. O gatinho deu um pequeno suspiro no seu sono induzido por compulsão. Dominic permaneceu imóvel, consciente que Solange tinha passado uma vida no perigo. Ela saberia se ele se movesse. Ele mal permitiu que sua respiração aumentasse e caísse nos seus pulmões quando deixou seu corpo para examinar o dela. Havia muito mais células Cárpatas atadas às suas células agora do que antes do seu último intercâmbio. A mudança também estava mais pronunciada agora. Os órgãos se reformavam definitivamente. Estava tanto satisfeito como temeroso. Tinha que encontrar seu jaguar. Por enquanto, Solange não tinha experimentado nenhum desconforto e nem seu gato. Seu jaguar estava completamente intacto, embora quando a estudou cuidadosamente, os órgãos que compartilhava com Solange se reformavam também. Seu coração bateu mais forte, só por um momento, por seu achado. A mudança no seu ritmo foi o bastante para despertar Solange. Ela estava totalmente atenta em segundos, levantando sua cabeça, olhos se movendo rapidamente em volta deles para descobrir qualquer ameaça. — O que foi? — Estamos seguros, Solange. Acordei um pouco cedo para me assegurar que você não sofria nenhum efeito adverso. — Ele tremulou sua mão para limpar ambos antes que ela realmente pudesse processar que estava dormindo sob uma manta de solo. Solange cheirou seu peito, inalando seu odor. — Amo como você cheira, Dominic. — Ela olhou para ele e sorriu. — Definitivamente há vantagens em ser Cárpata. Seus dedos entrelaçaram no seu cabelo. Ela o olhava com estrelas nos seus olhos. Ele achou assombroso fazer que uma mulher o visse como se fosse seu mundo inteiro. E talvez ele fosse - ela certamente era o seu. Ela passou uma mão sobre seu peito, o prazer aparecendo no seu rosto pelo simples toque nele. — Você verificou se meu sangue não te fez nada peculiar?

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Ele riu baixinho, já pego no seu feitiço. — Nosso sangue junto está fazendo algo um pouco peculiar, mas ainda sou totalmente Cárpato. E seu jaguar ainda parece ser inteiramente jaguar. — Então realmente, não há nenhuma razão para esperar, não é? — Ela perguntou. Ele sacudiu sua cabeça. — Devemos ser cautelosos, Solange. Não quero apressá-la numa decisão que pode lamentar. Solange se esparramou através das suas coxas, seu cabelo se estendendo como seda sobre sua pele, uma mão acaricia o saco aveludado entre suas pernas. Ela apoiou seu queixo na coxa dele, sua boca a centímetros do seu pênis. — Sinto-me incrível. Enquanto ela falava, podia sentir o calor da sua respiração provocando a cabeça do seu pênis. Ele empurrou em antecipação. Ela se inclinou um pouco mais perto e lambeu da base do seu eixo ao lugar muito sensível somente abaixo da larga cabeça. Cada terminação nervosa entrou em alerta. Seu corpo inteiro tremeu. Tinha fantasiado sobre acordar com sua boca nele, mas a realidade superava muito sua fantasia. — Não vejo nenhuma razão para não terminar a conversão, Dominic. — Ela lambeu o longo eixo uma segunda vez, engolfou a cabeça inteira por um longo momento que quase parou seu coração, e logo recuou. — Me sinto ótima. Você também. Acho que devemos fazer o intercâmbio e ver o que acontece. Ele engoliu em seco, observando cada movimento. Ela o seduziria para conseguir algo que quisesse e agora mesmo, parecia querer. Faremos. Realmente quero muito. Seus olhos de gato raiaram num verde esmeralda profundo quando o tomou profundamente dentro do calor escaldante da sua boca. Ele se deitou, saboreando a sensação da sua boca suave. Ela formou um círculo apertado com seu dedo indicador e polegar quando o levou profundamente, puxando para trás para equilibrá-lo nos seus lábios cheios e logo o engolfou completamente novamente. Sua respiração explodiu dos seus pulmões. Ele entrelaçou seus dedos no cabelo dela. — Posso acordar assim para sempre. — Como a sedutora que era, encontraria um modo de conseguir tudo que queria. É o que estou tentando dizer. Seria uma ótima maneira de começar cada elevação durante os próximos séculos. Sua língua acariciou e importunou, frisando ao longo do lado inferior da cabeça. Seus quadris pinotaram quando o tomou mais profundo a cada golpe. Já pode sentir a explosão crescendo. Era assombroso como rapidamente tinha aprendido como agradá-lo com uma perícia que ele mal podia acreditar. Ela o olhava com tal intensidade, prestando atenção completa a cada respiração sua e gemido, aprendendo em cada reação como deixá-lo mais selvagem. E ela aprendia inacreditavelmente rápido. — Solange... Oh, Deus. — Ele quase explodiu quando começou a cantarolar, o som vibrando pelo seu pênis e espalhando calor pelas suas veias.

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Amo como isto o faz se sentir, ela ronronou na sua mente. Amo seu cheiro, sua pele suave aqui. Como veludo. Os músculos do seu estômago juntaram quando suas unhas roçaram ligeiramente ao longo do seu saco e seus dedos o acariciaram, rolando as bolas aveludadas muito suavemente. Era boa em detalhes, e muito concentrada no seu prazer. Fogo se propagou pelo seu corpo e levou sua respiração. Ela começou a mover sua cabeça no ritmo dos seus quadris, tomando-o mais fundo, comprimindo-o bem antes de permitir que seu pênis escorregasse ao longo da grossa e aveludada língua. Ele apanhou seu cabelo em punhos apertados, e empurrou sua cabeça, fechando os olhos quando sua garganta abriu. — Você é tão bonita, Solange. Tão inacreditavelmente sexy. Oh, Deus, está certo, minan, amo quando você faz isto com sua língua. Você me faz sentir sexy. Ele amou a confiança na sua voz. A fome dentro dela, o modo como gostava do que estava fazendo, querendo seu prazer, aprendendo cada lugar quente, usando seu conhecimento para empurrá-lo além do controle - tudo o deixava mais quente do que nunca. Ele encheu sua boca, olhos entreabertos agora, observando, seu cabelo preso nos seus punhos, a segurando enquanto seus quadris empurravam dentro e fora, esticando seus lábios, cada onda o levando mais longe nas profundidades quentes, apertadas. Como se lesse sua mente - e provavelmente estava - ela começou a chupar mais forte quando a puxou mais perto. Seu pênis inchou e pulsou com desejo selvagem. Sua boca apertou em volta dele quando os rápidos empurrões penetraram mais fundo. Ela puxou cada respiração rápido quando ele saía. Ele manteve cada impulso por um período de tempo maior na sua boca quente, molhada, o fogo correndo por ele. Podia sentir seu corpo apertando. Ela gemeu, o som vibrando pela sua ereção pesada, enviando fogo pelo seu corpo. Ele percebeu que puxava seu cabelo, mas ela estava à beira do seu próprio orgasmo, a mordida de dor só aumentando seu desejo encharcado. Seu pênis apertou, queimou. Ele empurrou duro e fundo. A explosão pareceu começar nos seus dedos do pé e atravessar pelo seu corpo quando se esvaziou nela. Ele não conseguia pensar ou respirar com o prazer entorpecendo sua mente, no entanto ainda estava duro e dolorido, precisando de mais, precisando do consolo do seu corpo. Suas mãos no seu cabelo a puxaram insistentemente até que subisse por cima dele. Ele pegou seus quadris e a guiou até que montasse sobre ele. Já podia sentir o calor que chamuscava do seu canal feminino quando, com lentidão infinita, ela começou a se empalar no seu comprimento grosso, pulsante. A respiração sibilou fora dos seus pulmões já ardentes. Ela estava tão apertada, o agarrando, apertando quando lentamente se abriu para ele e permitiu sua invasão. Ele amava a sensação de seda quente o agarrando tão firme. Quando apertou seus músculos em volta dele e ele deslizou por aquelas pregas quentes, a fricção foi incrível ao longo do seu eixo. Dominic olhou seu rosto, a maravilha ofuscada nos seus olhos, a expressão de choque quando seu desejo cresceu. Seus peitos cheios balançavam suavemente, e o rubor cobriu sobre seu corpo quando seus quadris subiram e caíram em um ritmo constante, lento. Ele dobrou seus dedos nos

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seus quadris, agarrou e empurrou até que ela desceu, todo o tempo fitando seu rosto. Sua respiração ofegante de prazer se chocou com ela. Seus olhos estavam arregalados, quase completamente de gato. Ele olhou para ela, registrando a miríade de sensações quando seu grosso, duro pênis empurrou através das suas pregas apertadas, de seda. Dominic. Ela respirou seu nome numa espécie de maravilha aterrorizada. O olhar nos seus olhos brilhantes, a adulação absoluta, a excitação brilhante e crescente, sua necessidade urgente e desavergonhada, fez seu coração apertar forte. O amor correu por cima dele. Ele a levantou novamente, as mãos a incitando a ir um pouco mais rápido. Ela fez uma pequena espiral com seus quadris na sua descida que levou sua respiração embora. Seus músculos apertaram, mordendo de uma forma que o prazer rasgou por ele. Ela fez um som pequeno, inarticulado, jogando sua cabeça quando ele empurrou fundo, para cima quando ela baixou. A larga cabeça de cogumelo, cheia de terminações nervosas, bateu no seu útero, se alojando apertada, queimando-o com o calor. Prendendo-os juntos, ele a rolou embaixo dele, a cobrindo com seu corpo como uma manta. A ação enviou o fogo pela sua barriga e por suas coxas. Solange fechou os olhos, permitindo o fogo correr sobre dela. Nunca se sentiu tão sensual ou bela na sua vida. Ele tinha feito isto. Dominic. Ele a tinha feito consciente que era maravilhoso ser mulher. Ele mostrou como a oferta podia ser tão perfeita como a recepção. Ele mostrou seu amor. Ele se debruçou sobre ela, olhando seus olhos, sua expressão que fazia pulso disparar. Seus olhos estavam azul-esverdeados, quentes, intensos, queimando nela com tal desejo, fome e adoração desavergonhada que ela queria dar-lhe tudo. Profundamente dentro dela, ela sentiu seu eixo duro, grosso a esticando, enchendo, enviando sensação após sensação que se encrespavam pelo seu corpo. Ele estabeleceu um ritmo duro, rápido que a deixou sem respiração, a fricção se intensificando com cada golpe profundo. Ela apertou seus músculos em volta dele, tentando combinar com seu ritmo feroz. As faixas do fogo ameaçaram engolfa-la, a consumir, queimar até que não houvesse nada mais dela. Este era Dominic, levando-a a um frenesi de desejo e paixão, levando-a tão longe como jamais achou ser possível, seu corpo lhe pertencendo, reclamando o seu para ela mesma. Ela deixou a neblina tomá-la, deixou sua mente somente ir, voando no subespaço quando o inferno crescente começou a engolfa-la. Ela se torceu embaixo dele, seus quadris pinotando, encontrando os dele na necessidade frenética. Seu orgasmo correu por ela como uma onda, crescendo mais alto e mais alto, mais forte e mais forte, até que ouviu seu grito rouco. As mãos dele a agarraram apertado quando subiu mais uma vez, a levando tão alto que a explosão rasgou rápida e dura por ela, tomando sua respiração, fazendo seus músculos apertarem abaixo como um torno, levando-o voando com ela. Ela caiu por cima dele, lutando para respirar. Ficaram quietos por algum tempo, somente respirando. Solange mantinha sua mão entrelaçada no seu cabelo longo. Quando conseguiu se mover, ela salpicou beijos ao longo da sua mandíbula. — Acho que você me desgastou. Ele beijou sua testa. — Acho que foi o contrário.

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Ela olhou para ele, querendo-o ver quando falasse. — Quero concluir o ritual, Dominic. Quero vir inteiramente ao seu mundo. Dominic puxou sua respiração. Este era o momento. Ele fixou o olhar no dela, arrumando as mechas desgarradas do seu cabelo. — Você tem que estar segura, kessake. Uma vez que for feito, não há nenhum modo de desfazer. — Muito ternamente beijou sua boca, observando que ela começava a tremer. A enormidade da sua decisão pesava. — A amarei com todo meu coração e alma como somos. Você não tem que fazer isto por mim. Solange tomou fôlego, deixou sair e sorriu para ele. Ela passou a ponta dos seus dedos por cima das linhas gravadas no seu rosto. — Não há ninguém com que preferisse estar, nesta vida ou na seguinte. Pensei nisto e sinto o acerto nele. — Pode ser inacreditavelmente doloroso. Posso te ajudar com a dor, se for o caso, mas ouvi que é uma coisa terrível de passar. — Ele sabia que a hesitação era dele, não dela, e ainda assim ansiava por isto. Seus olhos de gato fitaram diretamente o seu. — Não temo, Dominic, e não importa o que acontecer, não terei nenhum pesar. — Mesmo se não puder garantir seu jaguar? Sua língua tocou seus lábios. — Ela sobreviverá. A alegria surgiu nele. Dominic saiu do fogo dos seus lábios ao volume do seu seio. Seus dentes puxaram suavemente seu mamilo e sua língua lambeu antes que chupasse forte. Ela respirou e arqueou para ele. Ele beijou seu caminho ao pulso no monte cremoso, lambendo uma vez, duas vezes, e logo afundou seus dentes profundamente. Ela gritou, seu corpo suave e flexível. Ela entrelaçou suas mãos no seu cabelo, embalando sua cabeça enquanto ele bebia, seu corpo tremendo por um segundo orgasmo. Ela tinha gosto de céu. De Solange, sua companheira. A mulher que amava mais que tudo. Tempero explodiu por sua língua. Cada célula no seu corpo reagiu, absorvendo o néctar melifico, enchendo-o de energia. Seu corpo respondeu com desejo urgente, querendo reclamá-la, juntar-se com ela e ser um. Ele deslizou sua língua sobre as alfinetadas e levantou sua cabeça. — Você está absolutamente certa, Solange? Seus olhos estavam vidrados, seus lábios inchados dos seus beijos. Ela sorriu para ele e tocou seu rosto com dedos doces. — Mais certa do que estive alguma vez sobre algo. Ela tinha chegado tão longe, confiando nele para fazer isto. Seu coração se avolumou, quase estourando com seu amor por ela. Era um presente tão precioso - sua confiança. Seu desejo de agradá-lo. Que pudesse correr tal risco, que corresse tal risco por ele, o humilhava. Dominic riscou uma linha através do seu peito e embalou sua cabeça. Entre no meu mundo, minha querida, ele convidou. Beba. Solange não hesitou. Ela queria isto. Todas as reservas se foram. Ela nunca tinha pertencido

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realmente a algum lugar, e agora tinha encontrado uma casa em Dominic. Seus cílios baixaram e ela se aconchegou mais fundo nos seus braços, deslizando a língua pelo corte da ferida numa exploração tímida. Ela sentiu que o corpo inteiro de Dominic apertava e tremia com prazer, e se alegrou que pudesse dar isto a ele. Estava bem consciente do seu eixo que mais uma vez ficava duro e esticado, a enchendo. Ela passou a língua ao longo dos seus dentes, um pouco surpresa ao sentir que os dois tinham se alongado. O desejo já estava nela, uma ânsia terrível que não podia resistir mesmo se quisesse. Dominic - dela. Ela afundou seus dentes profundamente. Ele gritou roucamente, e seu corpo apertou embaixo o dele. Sua essência fluiu nela. Quente. Poderosa. Rica. Ela sentiu a conexão entre eles, a partilha de mente e corpo, o mesmo sangue fluindo nas suas veias. Seu corpo se moveu contra o dele, suave, feito para ele, se ajustando perfeitamente nele. Seus quadris empurraram profundamente e o fogo, agora familiar, a tomou. Ele assumiu o comando tão facilmente, seus quadris batendo nos dela, penetrando profundamente, arrastando sobre as terminações nervosas inflamadas repetidas vezes. Cada golpe era mais poderoso que o último, empurrando-a mais alto até que pairasse diretamente na borda do grande precipício. Dominic compartilhou sua mente, roubou seu coração e completou sua alma. Com o gosto dele a enchendo, sua respiração entrando e saindo dos seus pulmões, ela levantou seus quadris para encontrar os dele, apertando cada músculo em volta do seu comprimento endurecido, arrastando outro lançamento explosivo dele quando o seu próprio a levou alto. Ela passou sua língua sobre a laceração e a olhou fechar, um pouco aterrorizada pelo que fez. O gosto dele estava na sua boca e ela se inclinou para beijá-lo, compartilhar com ele a mesma força de vida que tinha compartilhado com ela. — Amo você, Solange. — Disse Dominic. Ela se instalou nos seus braços, sabendo que ele estava muito mais nervoso pelo que vinha do que ela. — Vai dar tudo certo. — Ela murmurou, um pouco sonolenta. — Fazer amor me deixou acabada. — Seu corpo está mudando, kessake ku toro sívamak - querida gatinha selvagem. Assim que for seguro, a porei para dormir na terra para que a Mãe Terra possa fazer o resto. — Você terá que cuidar do nosso gatinho e alimentá-lo. — Ela disse sonolenta. — E brinque com ele. Ele é só um filhote e precisa de muita atenção. Dominic cheirou o topo da sua cabeça. Cada músculo estava apertado pela antecipação de vêla se torcendo de dor. — Eu farei, Solange. Não se preocupe. — Verifique minha gata agora. Certifique-se que está bem. Ele respirou, permitiu ao seu espírito a liberdade de deixar seu físico atrás para se introduzir no seu corpo. Seus órgãos mudavam de maneira rápida, tanto ela como o jaguar. Já devia estar sentido dor, mas de qualquer forma seu sangue ainda estava intacto e parecia curar os órgãos tão rápido como seu sangue os mudava. Ele voltou ao seu corpo.

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— Seu jaguar não está prestando nenhuma atenção ao que está acontecendo. Ela olhou seu rosto. — Eu sabia que ela seria perfeita. Estou cansada, Dominic. Vou dormir agora. Seus cílios baixaram e ela dormiu, confiando nele para cuidar dela e do filhote. Com o coração batendo forte, a boca seca, ele permaneceu por horas, apenas esperando a dor começar. Ela simplesmente dormiu. Seu jaguar dormiu. Ele manteve a vigília pela noite e finalmente, quando estava seguro que podia, a pôs na terra com ele e fechou o solo sobre suas cabeças.

Dominic permitiu que Solange dormisse por três elevações. Ele a verificou cuidadosamente, assegurando que se curava apropriadamente. Ele brincou com o gatinho, certo que tinha bastante comida, mas a cada elevação, ele despertava mais cedo somente para ver se sentiria o aviso que o sol estava fora. Ele não sentia. Na maior parte do tempo ele se ocupava com Solange. Ele descobriu, tão bobo como fosse, que sentia falta dela. Estava acostumado a compartilhar sua mente, ver sua risada, e desfrutar somente estando com ela. O mundo parecia muito menos brilhante sem ela junto dele. Na terceira elevação decidiu acordá-la antes que o sol baixasse. Queria ver o efeito que tinha nela. Ele a acordou suavemente e, a embalando contra seu peito, a fez flutuar fora da terra para seu banho. Ela enrolou os braços em volta do seu pescoço e apertou. — Quero verificar minha gata. — Ela protestou quando a colocou na água quente. — Tome banho primeiro. — Ele disse firmemente. Seus cuidados devem vir primeiro. Ela sorriu de modo afetado e mudou bem lá na água. Solange. Seu milagre. Sua gata bufou sua repugnância e sacudiu a cabeça, aqueles olhos verdes brilhando com malícia. Seu radar se atrasou, mas estava muito fascinado com a risada incorporada nos olhos do jaguar. Ela se encolheu, seus músculos encrespando sob a pele fulva, e saltou, batendo nele no peito e o desequilibrando. Ele tentou pegá-la, mas ela o levou a terra, de pé sobre ele, sua língua raspando sobre seu rosto. Ele pegou seu focinho nas mãos e investigou seus olhos risonhos. — Eu sabia que você seria problema desde o primeiro momento que pus os olhos em você. Ela mudou nos seus braços, o beijando. — Não, você não sabia. Achou que eu ia ser dócil e doce. — Ela se levantou num ímpeto. — Vamos, quero voar sozinha. Dominic pegou seu braço, a contendo. — O sol está caindo. Temos que ser um pouco cautelosos. Ela tirou sua mão do seu braço, carranqueando. — Não sinto nada diferente, Dominic. Não deveria? Dormi debaixo da terra. Sou totalmente Cárpata, não é? Ele pôs seu braço em volta dela, limpando a água de ambos quando o fez. — Somos ambos Cárpatos, kessake, mas somos também algo mais. — Não entendo.

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— Eu também não. Seu sangue é único e permanece intacto. Penso que, de alguma forma, embora você seja totalmente Cárpata, ambos conservamos todas as propriedades do seu sangue. Ela mordeu seu lábio. — Não sei como me sinto sobre isto. — Por causa de Brodrick? Ela acenou com a cabeça. — Seu sangue também vem de sua mãe. Seus olhos de gato pestanejaram uma vez e um sorriso lento curvou sua boca. — Devia saber que diria a coisa certa, Dominic. Obrigada. Ele tomou sua mão, tremulando a outra para cobrir seu corpo no seu jeans e camiseta, sua armadura de guerreira. Eles fizeram seu caminho em direção à superfície da caverna, manobrando pelo túnel estreito. Quando chegaram à entrada, a luz derramava, mosqueando as árvores circundantes que sombreavam a área. Ele se lembrou de emergir de uma caverna há pouco, e o sol queimar sua pele apesar da cobertura, queimando pelas penas da harpia. Agora não havia nenhuma reação em absoluto. Tinha séculos desde que andou ao sol. — Fique aqui, hän sívamak. — Era uma ordem, nada menos, e ele olhou abaixo para se rosto virado para cima, deixando-a ver o que queria. Seu protesto morreu na garganta. Ela acenou com a cabeça. Dominic lentamente se aproximou da entrada. A luz ficou mais forte, chegando nele. Seu coração bateu forte em antecipação. Ele deu mais alguns passos cautelosos fora da caverna. O sol caiu sobre seu corpo. Cada músculo tencionou. Nada aconteceu. Não houve nenhuma ardência. Nenhuma bolha. Nenhuma repercussão terrível, somente a sensação do sol na sua pele. Ele virou e olhou para Solange. Seu milagre. Ela levou seu fôlego embora. Ele estendeu sua mão para ela. Solange andou lentamente na direção dele, alcançando sua mão, sorrindo para ele com o amor brilhando nos seus olhos. Ele entrelaçou seus dedos nos dela e silenciosamente despertou o gatinho. Esperaram juntos até que o gatinho os alcançou, antes de andar juntos para fora no por do sol. Fim

VOCÊ É MEU PRÓPRIO CORAÇÃO

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— DOMINIC PARA SOLANGE: Sonhos "Estive meio-vivo durante mil anos. Abandonei toda esperança de nos encontrarmos neste tempo. Muitos séculos. Tudo desaparece enquanto o tempo e a escuridão roubam a cor e a rima. Mas, então, além da esperança, você entrou no meu sonho... Olhos brilhantes como um gato, mas a carência impetuosa de uma criança. Seu coração de guerreiro, leal. Seu angustiado: “não me abandone.” Sua cabeça em meu colo: Csitri! Forte e selvagem.”

Perguntas “Você pode vir a confiar em um homem mais uma vez? Você pode vir a amar um velho como eu? Deixe meus braços fortes a protegerem, deixe-me cantar para você dormir. Deixe minha canção trazer a cura, como a terra e o mar. Olhe para mim, agora se veja através dos meus olhos. Olhe para você: a mais bela nesta terra. Esperarei para ver você, para sempre se for preciso... Solange, só minha, presente além de qualquer preço.”

Companheiros “Quando você me encontrou, Me completou. Você me trouxe à vida novamente. Você me revelou. Então me curou De todas as cicatrizes e luta. E quando minha vida despencava, Você me pegou. Eu tinha esquecido como sorrir, mas Você me reensinou. Minha amante de sonho e companheira, Você conhece cada parte de mim. Estamos ligados para sempre, alma a alma. Você segura meu coração. Nunca posso traí-la. Você nunca pode se separar de mim. No amor para sempre, nesta vida e depois. Você é meu próprio coração.”

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— SOLANGE PARA DOMINIC: Sonhos “Minha vida era uma angústia, minha família arrancada de mim. Minha raiva me sustentava. Eu tinha abandonado a esperança. Lágrimas caíram na floresta tropical, coração sangrando na terra. Meu pai me traiu. Mal pude suportar. Mas, então, além da esperança, você entrou no meu sonho... Sua melodia assombrosa, sua doce voz curativa. A alma de um poeta, grande coração de um guerreiro. Você deu tudo para seu povo. Deixe-me te dar o sentimento!”

Perguntas “Você pode encontrar beleza nesta tosca mulher? Você pode vir a amar uma metamorfo como eu? Deixe meus braços suaves o acariciar, deixe nossas músicas se misturarem. Deixe-me ficar ao seu lado, deixe-me libertar seu coração! Olhe para mim: agora se veja pelos meus olhos. Olhe para você: o homem perfeito dos meus sonhos. Você é a calma na tempestade, o poder mais suave. Em suas mãos, sou uma flor. Perto de você, meu coração irradia alegria.”

Companheiros “Quando você me encontrou, Me completou. Você me trouxe à vida novamente. Você me revelou. Então me curou De todas as cicatrizes e luta. E quando minha vida despencava, Você me pegou. Eu tinha esquecido como sorrir, mas Você me reensinou. Meu amante de sonho e companheiro, Você conhece cada parte de mim. Estamos ligados para sempre, alma à alma. Você segura meu coração. Nunca posso traí-lo. Você nunca pode se separar de mim. No amor para sempre, nesta vida e depois. Você está no meu coração.”

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Música e letra de Dr. Christopher Tong. Para ouvir está música, vá em: www.christinefeehan.com

“Olhe para mim, agora se veja através dos meus olhos. Olhe para você: a mais bela nesta terra.”

Cânticos Curadores Cárpatos Para entender corretamente os cânticos curadores dos Cárpatos, requerem-se conhecimentos em várias áreas: 1. O ponto de vista dos Cárpatos sobre a cura 2. O "Cântico Curador Menor" dos Cárpatos. 3. O "Grande Cântico Curador" dos Cárpatos. 4. A Estética Musical Cárpata. 5. Música 6. A Canção de Curar a Terra 7. A Técnica de Cantar Cárpata Para maiores detalhes, podem verificar o final do livro 16.

Comunidade: http://www.orkut.com.br/Community?cmm=94493443&mt=7 Grupo: http://groups.google.com.br/group/tiamat-world?hl=pt-BR Blog: http://tiamatworld.blogspot.com/

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