Movimento de defesa dos favelados

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A partir do anos 80 explode de forma caótica o processo de urbanização, na sua grande maioria realizadas pela própria população, sem a participação do Poder Público. Resultado, hoje a Brasilândia é um dos bairros com maior número de favelas e loteamentos irregulares da cidade de São Paulo. DADOS DA BRASILÂNDIA - Dos 247.328 habitantes, 54,5% vivem em condições de alta e altíssima privação (1), a maior parte composta por famílias jovens. Quase 10% da população de Vila Brasilândia é composta por jovens. Estudo realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social revela que 4,11% dos adolescentes que estão envolvidos com atos infracionais na cidade de São Paulo (prestação serviços à comunidade, em liberdade assistida e internos na Febem) são oriundos do distrito Brasilândia. A ocupação desordenada do bairro não deixou espaços livres para criação de áreas de lazer e cultura e construção de novos equipamentos públicos. Os escassos equipamentos da Prefeitura e do Estado são mais do que insuficientes para atender a elevada população. As moradias refletem também o resultado da combinação entre ocupação desordenada e pobreza: quanto mais entramos nos fundões da Brasilândia, mais encontramos moradias em situação de risco de deslizamento e ruas e casas com características áridas, dando um tom cinzento ao bairro. A pergunta que fazemos é como reverter esse quadro perverso, já que ele é determinado por condições históricas e estruturais do bairro? O distrito Brasilândia (na gestão Marta Suplicy como prefeita) foi um dos primeiros da Capital beneficiados com os Programas Sociais, muitos dos programas habitacionais aconteceram no bairro (como o Lote Legal, no Jd. Paulistano e trecho do Jd. Vista Alegre) e a regularização fundiária de muitas favelas, permitindo que milhares de famílias tivessem acesso ao título de propriedade da moradia); recebeu programas de controle do risco; equipes de saúde da família e a implantação do CEU Paz, no Jd. Paraná, entre outros.

Sabemos que ainda falta muito para melhorar as condições de vida no bairro e é necessário intensificar a presença do poder público na área. Mas, penso que, ao lado disso, precisamos encontrar mecanismos de valorizar e aumentar a auto-estima dos moradores, potencializar e divulgar as iniciativas existentes, trocar experiências e, com isso, atrair novos investimos e obter apoio externo. Temos um grande capital social no bairro que precisa desabrochar e se tornar conhecido na cidade. As experiências de outras regiões mostram que esse tem sido um caminho bem sucedido para romper com o ciclo da violência e da exclusão social. Quando os cidadãos passam a ser protagonistas e atuam pela sua coletividade, as mudanças acontecem mais rápido e os bairros melhoram. Brasilândia é um distrito situado na zona noroeste do município de São Paulo, com superfície aproximada de 21 km². Segundo o censo de 2000, contava com 220.094 habitantes, dos quais 7.610 em áreas ainda consideradas rurais. Recordando um pouco de sua história, percebemos que a questão habitacional, passa pela problemática dos cortiços, que já era um grande desafio para os governantes desde 1896, quando foi elaborado o código de Posturas do Município de São Paulo, com um capítulo intitulado "Cortiços, casas de operários e cubículos". Apesar dos Cortiços existirem em grande número nas zonas centrais ou consolidadas, é justamente nas áreas mais problemáticas, recém integradas ao perímetro urbano do município, que eles se disseminaram. Os governos paulistanos apenas preocupando-se com a beleza do centro da cidade executaram ao longo da história vários processos de higienização, como a do início de 1910, que, alargando as ruas e derrubando os cortiços, promoveram um verdadeiro êxodo dos proletários em direção à periferia, onde os imóveis que resistiam à demolição tinham seus aluguéis aumentados em até 200%.


E são exatamente essas famílias, que fugindo dos altos aluguéis, passam a adquirir lotes residenciais na iniciante Brasilândia. Somavam-se, ainda, famílias vindas do interior, em busca de melhores condições de vida. Muitas dessas pessoas já se conheciam anteriormente, e ao chegarem à Brasilândia, em seu início, viviam como uma grande família. A grande maioria das casas eram construídas pelos próprios moradores, em regime mutirão, onde um vizinho era ajudado pelo demais, e assim, o bairro foi crescendo. O primeiro loteamento em Brasilândia, a cargo da Cia. Líder foi registrado em 24 de janeiro de 1947. A Rua Parapuã, na época uma estreita trilha, começava à altura do número 2200 da Av. Itaberaba, onde hoje está a Igreja Santa Cruz de Itaberaba. Uma pequena porteira servia de entrada para as vilas que se iniciavam. Grande parte da área que ladeava a embrionária Rua Parapuã, pertencia à Família Siqueira. Com o intenso processo de urbanização na cidade a partir dos anos 40, a região Brasilândia também sofre grandes modificações. Os sítios foram desmembrados em pequenas vilas e grande parte foi adquirida por diversas companhias loteadoras, entre elas a Cia. Líder, que era ligada ao Banco F. Munhoz. Na década de 60 ocorreu um grande fluxo de migrantes e imigrantes em direção à periferia do município de São Paulo, e em decorrência disto a Brasilândia - localizado na região noroeste da cidade de São Paulo e permeado pela serra da Cantareira - se tornou um dos bairros mais adensados da cidade, confundindo loteamentos com ocupações desorganizadas. Em fevereiro de 1964, através da lei 8092, a Brasilândia foi elevada a 40º subdistrito da Capital, delimitando-se com Freguesia do Ó, Pirituba e Perus, englobando as vilas que estão nesse espaço. No início, pequenas chácaras e pequenas vilas formavam o território, entre elas: Vila Nina, Vila Áurea, Vila dos Portugueses, Vila Serralheiro, Jardim Itaberaba, entre outros, hoje praticamente todas são ocupações ou loteamentos irregulares ou clandestinos, avançando em sentido à Serra da Cantareira.

A partir de 1980, explode de forma caótica o processo de urbanização na região com uma série de ocupações, na sua grande maioria realizadas pela própria população, sem a participação ou sem presença do Poder Público. Resultado, hoje a Brasilândia é um dos bairros com maior número de favelas e loteamentos irregulares da cidade de São Paulo.


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