Casa de cha 2016

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Table of Contents CINZAS DA CIDADE

5

CASCA

7

SOLDADO

8

PINTURA RUPESTRE

9

BEATITUDE

10

SONHOS

11

ROCHEDO NA PRAIA

12

ALÉM DAS PALAVRAS

13

DESPINDO AS PALAVRAS

14

SAT SANGA

15

OLHOS DE CÉU

16

SOL E LUA

17

SÍMBOLOS

18

CÉU

19

ASSISTINDO A PEÇA ELEANOR RIGBY DE JOHNNY KAGIN

20

SARASWATI

21

NÉVOA

22

JARDIM DAS CEREJEIRAS

23

INTUIÇÃO

24

ACIDENTES ACONTECEM

25

ECLIPSE

26

ELEMENTOS

27


CHUVA

28

VOA

29

SUPERSTIÇÃO

30

LENDO PESSOA

31

CENTRO

32

REVOLUÇÃO

33

A POESIA EM MEU CORAÇÃO

34

NÃO SOU

35

ENCRUZILHADAS

36

MEDITAÇÃO SOBRE ALGUNS POEMAS DE SCHUON

37

MEDITAÇÃO SOBRE UM RUBAI DE PESSOA

38

MEDITAÇÃO SOBRE UM TRECHO DE RUMI

39

ESTE POETA TARDIO EM MIM

40

VOZ, NÃO ECO

41

EU ME SEI OÁSIS

42

MEMÓRIA EMOTIVA

43

MAESTRIA

44

POETA EU!

45

RESPOSTAS

46

GATOS

47

FLOR DE IPÊ

48

GEOMETRIA

49

FOR ONE WHO SEEKS THE LIGHT OR THE LIGHT SEEKING THE ONE

50


CORCEL

51


Cinzas da Cidade

PARA SAMPA EM SEU 457O. ANIVERSÁRIO

É fácil admirar o colorido, Mas seus tons de cinza, Feitos de chumbo e carvão, Só podem ser apreciados Em movimento.

É fácil apreciar o silêncio, Mas seus sons de mil vozes, Feitos de sussurros de cobiça ou gritos de miséria Só soam como música Em movimento.

Esta sua fuligem não é como a poeira dos tempos Cobrindo ruínas outrora sagradas, Esse seu manto cinza é cosido pela velocidade Lembrando como tudo que é moderno Termina em cinzas.

Se a metafísica é uma trilha na floresta antiga Pela qual se anda a pé e com vagar Então a dialética é este explodir de sons da sua multidão tropeçando em si mesma. Pela qual atravessamos rápidos e atentos.


Mas para nunca esquecer, Mesmo os que falaram daquilo que é eterno E imutável, insuflaram ou condenaram o progresso, Só puderam fazê-lo nas cidades que eram Como você.

É cinza porque na sua paleta Só há Luz e Trevas Misturadas de todas as formas. Suas cinzas são o que restou do homem, E ninho aonde ele renasce todos os dias. quarta-feira, 26 janeiro, 2011 - 17:25


Casca O tempo do silêncio vai se quebrando As últimas chuvas da estação Libertarão a torrente Ávida da palavra Como algum profeta apocalíptico O silente sabe Que seu tempo de regência se finda Tentará usurpar o trono Ou cederá o cetro? Será o silêncio dos covardes Ou dos prudentes? terça-feira, 31 março, 2009 - 13:39


Soldado Envolto na floresta à beira da fogueira O velho soldado pensa que lutou Guerras demais para ainda acreditar nelas Olhando as estrelas e as chamas Só pensa se o aço gasto da espada, Único instrumento de trabalho que conheceu, Servirá a um mercenário ou a um salteador. terça-feira, 31 março, 2009 - 13:48


Pintura Rupestre

Queria escrever como Um pintor paleolítico, Dotado da profunda ignorância Capaz de não enxergar diferenças Entre a fera que pinta na caverna E a que pasta lá fora, Abatendo ambas Com a mesma lança mágica. sábado, 6 dezembro, 2008 - 09:1


Beatitude O artista Compartilha da beatitude do santo; Seu mérito é não estar lá, Ser taça vazia, Não se debate tentando nadar Nas corredeiras, Apenas se deixa afogar por alguns instantes. sábado, 6 dezembro, 2008 - 09:19


Sonhos Para onde vĂŁo os sonhos Quando Morrem? SerĂĄ a realidade O Inferno dos sonhos?

sexta-feira, 7 novembro, 2008 - 16:28


Rochedo na praia Já fui um rochedo na praia, Suas ondas foram me dissolvendo A cada maré, me levando grão a grão Me deixando espalhado em tantas Outras praias. Espalhados pelo mundo Cada grão de areia que sou Ainda se lembra que um dia foi um rochedo E com saudade espera ansioso Ser envolvido e banhado Quando sua maré sobe. sexta-feira, 10 novembro, 2006 - 11:32


Além das palavras Transcender as palavras, Ir além dos sentidos, Ignorar tempo e espaço, Enfrentar os medos, Enfim, Perder-me entre seus braços, Me encontrar em seu beijo! quinta-feira, 19 outubro, 2006 - 14:20


Despindo as palavras Nossas almas v達o se despindo das palavras, elas v達o sendo jogadas pelo caminho, como estorvo ao contato dos sentimentos entre si quinta-feira, 19 outubro, 2006 - 18:17


Sat sanga "Na companhia daqueles que buscam a Verdade, nasce o desapego. Com o desapego, a ilusão se vai." (Shankara) Se encontraram em um oásis O derviche, o discípulo do mestre zen, O jninasu, o noviço e o aprendiz do xamã. Passaram a noite debatendo os enigmas propostos por seus mestres e As crenças da sua fé. Quando o Sol já despontava, Um olhou para o outro E todos sorriram Entenderam que as perguntas Eram uma só e, uma só, Era também a resposta. quarta-feira, 18 outubro, 2006 - 14:29


Olhos de céu A lembrança de seus olhos Ocupa minha visão E a enche do céu Que está neles. segunda-feira, 9 outubro, 2006 - 16:10


Sol e lua De que adiantaria Ao Sol brilhar Se não houvesse a Lua Para que ele se visse No reflexo. De que adiantaria A beleza da Lua Se não houvesse o Sol Para lançar sobre ela Seu holofote. Por isto no sagrado encontro dos dois Até os sátiros fogem escandalizados! segunda-feira, 9 outubro, 2006 - 17:35


Símbolos Caminho em meio aos símbolos Como se andasse em um mapa astral E de tanto relatar o real Através deles Penso que talvez a metáfora seja eu próprio! segunda-feira, 9 outubro, 2006 - 18:30


CĂŠu Para que preciso do CĂŠu Se posso contemplar Seus olhos de tigre. domingo, 8 outubro, 2006 - 13:46


Assistindo à peça Eleanor Rigby de Johnny Kagin A minha peça sobre o amor. O meu indispensável exercício sobre o nada. Só sem temer a solidão é possível amar, Só sem temer o amor é possível ser só, Nada me assusta ou atemoriza, Nem a incapacidade de ver o sentido do mundo, Nem o que faz os sentidos aflorarem. Se o destino é um camelo cego que ri, Então eu sigo os passos dele na areia, Vou com prazer onde ele me conduz E fico feliz de ao menos uma vez sermos nós a rirmos dele e Não ele de nós. domingo, 8 outubro, 2006 - 15:16

[Johnny Kagin]


Saraswati Choveram letras e letras, Algumas gotas sumiram pelo chรฃo seco Outras foram se juntando em poรงas de palavras Das poรงas maiores saiu um filete de frases e versos E estas enxurradas buscaram o leito seco do antigo rio Quando vi novamente o rio correndo Peguei meu barco e remei com minha pena Sem saber se foz estava prรณxima ou distante Mas com a certeza de desaguar no oceano! quinta-feira, 5 outubro, 2006 - 14:31


Névoa Quando era criança gostava das manhãs com neblina Mas ficava triste de por mais que ela fosse densa Jamais a alcançava, a cada passo ela se desfazia. Hoje me alegra saber que a cada passo a névoa some! terça-feira, 3 outubro, 2006 - 15:07


Jardim das cerejeiras Percorro as montanhas Cobertas de neve AtÊ encontrar as cerejeiras terça-feira, 3 outubro, 2006 - 19:49


Intuição "Rumos opostos ao redor do círculo São um rumo certo de Encontro" (DH Lawrence) Quando a intuição falou Fiquei pasmo de não ter visto Tantas placas de aviso, O tempo todo estava lá. Percorri o círculo E voltei ao início Senti o sol em mim E fui convidar a lua Para um Eclipse sexta-feira, 22 setembro, 2006 - 04:43


Acidentes acontecem O Sol e a Lua viviam se cruzando Nas idas e vindas pelo céu. Em alguns dias de chuva A conversa ia se alongando. As conversas iam se estendendo, Nem precisava estar nublado, Houve até quem olhasse para o céu E visse os dois conversando. Um dia o Sol não aguentou, Clareou tudo, A Lua de Nova passou a Cheia, E no beijo dos dois não se soube se era dia ou noite. sexta-feira, 22 setembro, 2006 - 12:53


Eclipse Um dia o Sol tomou coragem E disse para a Lua: Desde o início dos tempos Olhei você, Mas estava tão bela no céu Que julguei que nunca olharia para mim. A Lua sorriu e disse E eu vi você tão luminoso Que também pensei o mesmo. Seguiu-se um eclipse! sexta-feira, 22 setembro, 2006 - 12:55


Elementos Meu mapa astral brinca comigo Dizendo que a emoção transborda E me asfixia a falta do pensamento, Sobra água e falta ar. Graças a deus não creio nestas coisas, Senão ia achar que não sou Um jornalista que nas horas vagas brinca de ser poeta Mas um poeta que para ganhar o pão banca o jornalista! quinta-feira, 21 setembro, 2006 - 13:13


Chuva Ontem choveu tanto, Aproveitei a chuva E ela levou meu medo Dos crepúsculos, Das noites de sexta-feira, Dos silêncios, Das sombras, Das ervas daninhas no jardim, Dos segredos. Quando me olhei no espelho Molhado ainda da chuva Assustei-me Enxergando eu mesmo. terça-feira, 19 setembro, 2006 - 12:56


Voa Cheguei na exposição de ikebana por acaso, Um dos arranjos chamou minha atenção E fiquei contemplando o verso acima dele Como se tivesse visto a pena do Rei dos Pássaros Caida na terra, como a poupa de Attar. Sai atrás de qualquer um que me traduzisse Desesperado em saber o que diziam os ideogramas Perguntava a um, a outro, a um terceiro, ninguém sabia Era como se fosse uma antiga arte perdida e sagrada Enfim me indicaram o professor que me diriam Sobre o que falava aquele poema visual Meio envergonhado e sem jeito, perguntei Só o sorriso dele ao ver alguém perguntar Já teria me feito ganhar o dia Ele recita a combinação mágica de palavras Meio desconfiado se um ocidental pode ver beleza nelas Mas alegre porque parecia que ninguém nunca quis saber Me emociono, mas não me surpreendo em saber que sim: No poema há um grande pássaro que voa! domingo, 17 setembro, 2006 - 20:40


Superstição Confesso a superstição primitiva De minha alma pelos livros Em cada um deles que meus olhos se pousam Procuro algum oráculo, sentido, sinal. Até as pessoas, para mim, São associadas a algum livro, Através do qual tento entendê-las Ou ser entendido quinta-feira, 7 setembro, 2006 - 15:43


Lendo Pessoa "Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre." (Fernando Pessoa) Não, não consigo acreditar Na inexistência de sentido Do universo, da vida, de mim próprio. Apenas vou achando que este sentido É como se não existisse, Porque não saberemos qual é. Mas, se é assim, Porque continuo sempre buscando Esta porta emperrada A qual minha força Não poderá abrir? A liberdade, vocês dizem, Esta em nada querer. Meu Deus, como é difícil! quinta-feira, 7 setembro, 2006 - 16:20


Centro Uma vez combinei com um amigo De encontrá-lo em uma cidadezinha - Nos vemos na praça em frente a Igreja! Curioso eu perguntei como sabe que há uma praça Se como eu nunca esteve lá? - Todas as cidadezinhas são iguais, Há sempre uma igreja com uma praça na frente. Fiquei pensando na lição, Imaginando que em cada parte do mundo Há sempre uma igrejinha com uma praça E no próprio mundo há de haver também Uma igrejinha com uma praça na frente Onde sempre se pode encontrar os amigos quarta-feira, 6 setembro, 2006 - 17:26


Revolução Até minha poesia de repente se encheu Destes meus burburinhos e correntes Desembestou a escrever sozinha E a fazer uma faxina na minha alma Ali no meu canto eu ficava apavorado E rodava as contas da masbaha orando A cada verso que voava como uma flecha Quando exausta ela parou Respirei com duplo alívio, Por ela encerrar e por ter começado. quarta-feira, 6 setembro, 2006 - 18:45


A poesia em meu coração Ao amor Ensinou-me a compreender os versos A entender tantos poetas que só conhecia Pelos olhos e não no coração Abriu-me as portas de novos mundos E me deu a visão que atravessa os véus. Sou seu, não como barganha nem peso, Mas como um donativo de quem nada pede Só se lembre daqueles versos e não peça Mais sol do que eu tenho em mim. quarta-feira, 6 setembro, 2006 - 19:20


Não sou Quanto mais nego ser um sábio Inclusive com minhas ações Mais as pessoas acham ser modéstia E reforçam o epíteto e a crença delas Às vezes dá vontade de proclamar Sou sim um grande sábio, sigam-me, Daí quem sabe todos entenderiam Que só penso sobre mim por escrito Mas este mundo anda tão louco e vazio Que mesmo assim era capaz de aparecer Algum doido ainda maior que eu E decidir me seguir! terça-feira, 5 setembro, 2006 - 15:21


Encruzilhadas "Não queiras, com submissa segurança, Ter saudade de ter esperança. Tem antes saudade de a não ter."(Fernando Pessoa) Não tenho mais sims, Sou só um talvez Na encruzilhada Onde não há placas. Aquela angústia fundamental, De Adão e Eva Pisando a primeira vez Fora do Paraíso. Mas me agrada ser um talvez, Livra-me das correntes do fado, De especular sobre Aquilo Que só a Deus compete saber. O talvez me obriga a superar-me, Ultrapassar as dualidades, Decidir por mim mesmo E não enredar-me em ilusões. Mas o talvez inquieta, Entre ser livre e estar desperto ou embriagar-me de amor E vislumbrar os jardins. sábado, 2 setembro, 2006 - 13:47


Meditação sobre alguns poemas de Schuon “Sagrado é o Amor/Porque nele dorme a luz do Amor Divino” (Frithjof Shuon) No jogo de espelhos Do labirinto entre mim E minha casa Vejo o amor à luz Ai meu Deus Faça-me cristalino Para conduzir Sua imagem Sou só um caquinho de espelho Do Altíssimo Quanta luz Posso refletir quinta-feira, 31 agosto, 2006 - 16:29


Meditação sobre um rubai de Pessoa "Não queiras, com submissa segurança, Ter saudade de ter esperança. Tem antes saudade de a não ter. Sê anónimo, súbito e criança." (Fernando Pessoa) É bendito Tudo que nos liberta Do Reino da Ilusão E suas servas. Quando as sereias entoam Seus cânticos tristes Para colher náufragos Ouve apenas o silêncio em si. Segue adiante Com os olhos no infinito Sem amargor, nem medo Apenas as lições que te tornam Mais próximo da fonte. quarta-feira, 23 agosto, 2006 - 11:10


Meditação sobre um trecho de Rumi Conforme o sheikh vai lendo uma história do Masnavi Lá naquela tekke distante, na qual me acolhem Vou ficando impressionado com os sinais do Altíssimo Que dão a resposta exata, no momento correto. O sheikh apenas segue a sequência da lição, Iniciada nas semanas em que não estive lá, Mas o nosso mestre Rumi, ele não, ele fala diretamente a mim Naquelas respostas tão diretas Vejo os muitos erros, os poucos acertos Mas, acima de tudo, entendo que mais uma vez Minhas orações foram aceitas Mesmo mecânicas e numa lingua que entendo pouco Elas enchem meu coração de paz, falam da verdadeira saudade, Aquela do retorno a Deus, da dissolução na unidade Entre uma recitação e outra, volto um instante a Ele. sexta-feira, 18 agosto, 2006 - 17:42


Este poeta tardio em mim "Não tenho ambições nem desejos./ Ser poeta não é uma ambição minha./ É a minha maneira de estar sozinho" (Fernando Pessoa) Este poeta despertou em mim Inesperado, tardio Intenso, patético Confuso, iluminado Justo em mim Que nunca soube ou quis, Conformado com exercícios mediocres Ele resolveu despertar Mando ele se calar Mas ele não obedece Sorri com os olhos E fica mais patético Fico enredado no labirinto Que ele arquiteta... Quando o julgo perdido, Se mostra sábio, Quando o julgo esclarecido, Ele me precipita em disparates! Nesta confusão E nestes esclarecimentos Me sinto vivo E agradeço a ele! quinta-feira, 17 agosto, 2006 - 14:23


Voz, não eco Prefiro dizer bobagem, Escrever períodos confusos Expor parágrafos caóticos Mas ser eu mesmo a escrever Ao menos o leitor Ouvirá ali uma voz Não mero eco De outros Não me atraem os sistemas E clubes, e patotas Eles sempre só me aceitam Se hasteio a bandeira deles Não escrevo para ser aceito Ou convidado Escrevo para compartilhar O que não sei quarta-feira, 16 agosto, 2006 - 17:22


Eu me sei oásis Eu me sei oásis Alento dos peregrinos cansados Ponto de passagem das caravanas No qual saciam a sede Eu me sei oásis De fontes cristalinas Palmeiras frondosas E defesa contra os saqueadores Sei também Que a fonte às vezes se torna salobra As palmeiras não contém a tempestade Nem só de saqueadores é o sangue no chão Mas, acima de tudo eu sei Que ao ser usada a fonte se purifica A cada ano as palmeiras crescem E me torno melhor guerreiro a cada batalha Mesmo que nada disto soubesse Sei que sou oásis Neste deserto do mundo E não miragem terça-feira, 15 agosto, 2006 - 12:39


Memória Emotiva Somos Só A memória emotiva De um Deus esteta Que precisa de nós Para se ver Caquinho de espelho Do Altíssimo. A lua reclama Por sua luz ser só reflexo do Sol? terça-feira, 8 agosto, 2006 - 16:00


Maestria Aquele que é mestre De si mesmo É também escravo De si próprio. Como reconhecer O mestre de Verdade? Nada mais fácil Para quem é livre Os falsos mestres Andam catando discípulos Ao preço módico De sua alma Já os mestres Dirão que o caminho É duro e desnecssário Mesmo quando você implora. terça-feira, 8 agosto, 2006 - 17:39


Poeta eu! Poeta, eu! Só há imagens complexas demais para serem escritas nesta nossa linguagem racional, lógica, estruturada e pobre Então gaguejo na linguagem dos pássaros Como estrangeiro em país distante Tentando descobrir com urgência Onde pode conseguir um hotel barato. quinta-feira, 6 julho, 2006 - 14:28


Respostas Quando era jovem Tinha todas as respostas Do mundo Elas foram indo embora Me deixando S贸 Com as perguntas ter莽a-feira, 30 maio, 2006 - 12:54


Gatos Jamais gostei de cães Sempre preferi os felinos Ter um cachorro me parece vil como ter um escravo já os gatos são livres Um gato faz o quer quer não brinca quando quer dormir não dorme quando quer brincar seu carinho é livre se está no seu colo é só porque ele quer. Ele não precisa de você gerações de caçadores furtivos habitam dentro dele se está no seu colo não é por necessidade, mas por querer. O cão é a força bruta, o poder da matilha, a tirania do líder. O gato é a astúcia, o poder da sutileza, o domínio do indivíduo. Não importa se são enormes persas, com seu ar de aristocrata enfastiado; ou loquazes siameses esbeltos intimando-nos a lhes dar atenção; Mas prefiro os vira-latas nos quais está intacto o sobrevivente Se a alma é o gordo cão negro do desejo, como ensinam os sufis, então o espírito deve ser como um esguio gato negro, que, depois de longas abluções, vê o infinito em uma bola de papel com a qual se entretêm por horas. terça-feira, 28 fevereiro, 2006 - 16:53


Flor de ipê Flor de ipê Uma flor amarela cai do ipê Acompanho com interesse Seu lento rodopio ao chão Um pedaço da eternidade. Um dirá: Este instante foi único Jamais haverá outro igual A flor dançou a intensidade do efêmero Outro dirá: No próximo ano, e no outro e ainda pelas décadas O balé fatal da flor reviverá em outras Qual estará certo Talvez ambos, talvez nenhum, Mas o que importa Esta resposta Ela não retardará sequer em um segundo A queda da flor Ou fará a primavera chegar mais cedo no próximo ano. terça-feira, 28 fevereiro, 2006 - 16:58


Geometria Platão vetou a entrada na Academia aos ignorantes da geometria Imaginaram compassos e esquadros Mas não enxergaram o jardim Outros depois multiplicaram Inúmeras dimensões daqui Até as profundezas abissais Mas não olharam para o céu Bastaria ter começado aqui mesmo Corte uma dimensão do hipercubo entenderá, então, a eternidade E terá tempo para Deus Sobra então um cubo Ignore a profundidade tenta ver o que está oculto e assim poderá se elevar às altitudes Do quadrado que restou Suprime a altura perceba então a omnipresença e assim tem o mapa do real Siga a trilha assinalada Imagine o centro da reta Atingiu afinal o ponto Onde tudo está contido terça-feira, 28 fevereiro, 2006 - 17:07


For one who seeks the Light or the light seeking the One Para um que busque a Luz Ou a luz que busca ao Um A jornada é muito curta basta encontrar o caminho Não vá pelo labirinto seguindo a fera mas pela alameda do seu peito Ele está mais próximo que sua jugular basta olhar o centro do mapa A senda reta, contudo, não é percorrida pelo som dos passos basta o silêncio do coração terça-feira, 28 fevereiro, 2006 - 17:19


Corcel O luminoso corcel do meu espírito não mais será vil escravo do negro cão do meu desejo Mas para isto precisa guerrear O terrível clangor da espada de nada adiantará para você basta o silêncio do coração para transpassar a armadura Ignore o som dos passos Não vá pelo labirinto seguindo a fera mas pela alameda do seu peito basta relembrar o caminho Chegue ao centro encontre a liberdade cure a saudade voltando ao lar terça-feira, 28 fevereiro, 2006 - 17:24


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