Tema:
A evangelização na perspectiva de Jesus
ASSUNTOS: 01: O desafio da evangelização 02: Os fundamentos da evangelização 03: Os agentes da evangelização 04: Os recursos da evangelização
Texto: Mateus 9.35;10.13 01: O desafio da evangelização INTRODUÇÃO: É comum se ouvir que os desafios à evangelização mundial são: a contra-ofensiva satânica, as culturas fechadas ao evangelho, a perseguição da Igreja, os escassos recursos econômicos e financeiros da Igreja, dentre outros. Entretanto, Jesus afirmou que as portas do inferno não prevaleceriam contra sua igreja em marcha (Mateus 16.18). Sendo assim, o maior desafio da evangelização é a mobilização dos evangelistas. O maior desafio da evangelização é a sensibilização dos cristãos para as necessidades daqueles que vivem sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da, sem esperança e sem Deus no mundo (Efésios 2.11-12). O maior desafio à evangelização mundial não está na seara, mas em encontrar trabalhadores para a seara. Jesus manifesta este grande desafio de três maneiras. Vejamos: 1. A motivação da evangelização é a compaixão (Mateus 9.36). Somente aqueles que têm seus corações movidos pela compaixão se mobilizam na direção de atender necessidades. A parábola do bom samaritano (Lucas 10.29-37) revela um dado importantíssimo. Tanto o sacerdote quanto o levita viram o homem à beira do caminho, mas somente o samaritano “chegou perto” e se colocou na situação onde seu coração pôde ser movido pela compaixão. O desafio não é a multidão. O desafio é a ausência de gente compadecida da multidão. Missões não é fruto de informação. Missões é fruto de compaixão. 2. O público alvo da evangelização são as pessoas aflitas e desamparadas (9.36).
Jesus enxergava as multidões repletas de pessoas aflitas e desamparadas, cansadas e abatidas. A razão para isso é que eram “ovelhas sem pastor”. Afirmar que o desafio está na multidão é o mesmo que afirmar que o sedento está recusando um copo de água. O desafio não está na multidão. A multidão está clamando por respostas, gritando por socorro, suplicando por justiça, paz e alegria, que somente o evangelho do reino de Deus, no poder do Espírito Santo, pode satisfazer (Romanos 14.17). O desafio não está na multidão. O desafio está em capacitar a igreja para oferecer respostas às perguntas da multidão. 3. O desafio da evangelização é a escassez de trabalhadores na seara (9.37). Jesus adverte que os campos estão prontos para a colheita, mas os trabalhadores são poucos. As multidões estão sem pastores, ou porque de fato não há pastores no meio das multidões (são poucos os trabalhadores para a seara) ou porque os pastores, que estão no meio das multidões, estão pastoreando a si mesmos. O desafio não está na multidão. O desafio é encontrar operários para a colheita, pastores para a multidão. O desafio está em fazer, os que têm a água da vida para oferecer, transcenderem o pastoreio de si mesmos, abandonando, assim, suas zonas de conforto para que possam pastorear as multidões. CONCLUSÃO: Uma igreja que vive sob a promessa da vitória contra as portas do inferno, tem em seu próprio comodismo o maior adversário ao avanço missionário-evangelístico.
Texto: Mateus 9.35;10.13
02: Os fundamentos da evangelização INTRODUÇÃO A evangelização, dentro dos paradigmas do testemunho pessoal, está ultrapassada na sociedade contemporânea. A igreja deve apresentar ao mundo mais do que o plano da salvação resumido em algumas poucas leis espirituais. Jesus oferece uma perspectiva mais abrangente da ação missionária ao demonstrar três fundamentos da evangelização. Vejamos: 1. O conteúdo da evangelização é o reino de Deus (9.35). Arrependimento e fé não são o fim da evangelização. O fim da evangelização é a participação no reino Deus. O novo nascimento não é um fim em si mesmo, mas apenas o meio de acesso ao reino de Deus. Nesse caso, o evangelho é a boa notícia da chegada do reino de Deus (Marcos 1.14,15) a todos aqueles marginalizados (Mateus 5.1-12) pelas sociedades e culturas dominadas pelo príncipe deste século (2Coríntios 4.3,4; Efésios 2.1-3; 1João 5.19). O conteúdo da evangelização é o anúncio de que Deus ressuscitou Jesus e o fez Senhor e Cristo (Mateus 28.1-20; Atos 2.36), que dá liberdade a todos os que viviam opressos pelo Maligno (João 8.32). 2. O contexto da evangelização é as cidades e povoados (9.35) Evangelizar é mais do que convidar à aceitação de uma salvação individual em resposta a um plano pessoal de entrega da vida a Jesus. Evangelizar é anunciar a chegada do reino de Deus, com todas as suas implicações para vida humana em todas as suas dimensões. O Pacto de Lausanne, fruto do Congresso Mundial de Evangelização (Suíça, 1974) afirmou que a missão da igreja é levar o evangelho todo para o homem todo. Jesus percorria todas as cidades e povoados. O contexto da evangelização é a rua, a praça, os condomínios e as favelas, as casas, os centros
culturais e artísticos, os pólos de poder econômico e político, a academia, o campo e as fábricas, enfim, todo lugar além das paredes dos templos (sinagogas) e dos cultos vespertinos evangelísticos. 3. A estratégia da evangelização é a proclamação, o ensino e a cura (9.36). Jesus pregava, ensinava e curava. O anúncio da chegada do reino pressupõe um novo estilo de vida, o que justifica o ensinodiscipulado, mas também, e principalmente, uma nova dimensão de existência, onde a graça de Deus começa a restaurar todas as coisas e dimensões da vida humana. Curar também é tarefa da igreja. Seja a cura física, dos relacionamentos, da alma, das relações sociais, e de tudo quanto o ser humano faz e sofre enquanto está longe de Deus e escravizado do mal, pois para isso o Filho do Homem se manifestou, para desfazer as obras do Diabo (1João 3.8), trazendo salvação, libertação e restauração (Lucas 4.18-21). CONCLUSÃO A expansão missionária-evangelística da igreja deve multiplicar sinais do reino de Deus até confins da terra (Atos 1.8), gerando cidades edificadas sobre o monte, onde as obras deste reino são vistas e resultam em glória ao nosso Pai que está nos céus (Mateus 5.14-16) Texto: Mateus 9.35;10.13 03: Os agentes da evangelização INTRODUÇÃO Mesmo após a chamada Reforma Protestante, ocorrida há mais de cinco séculos, a separação entre clero e laicato perdura até os nosso dias. O movimento reformista do século XVI foi essencialmente soteriológico (os meios de acesso à salvação e ao relacionamento com Deus), mas trouxe poucos resultados em
termos eclesiológicos e missiológicos (os relacionamentos entre os cristãos e destes com o mundo). Por esta razão, ainda faz parte da subcultura evangélica a noção de que existe um caminho largo que conduz à perdição, um caminho mais ou menos que conduz à vida cristã normal, e um caminho estreito, próprio para pastores e missionários. Jesus desfaz esse malentendido ao apresentar aos seus discípulos três realidades que descrevem os agentes da evangelização. Vejamos: 1. O dínamo da evangelização é a oração (9.38) Rogar ao senhor da seara é uma tarefa de toda a igreja. A oração tem sido vista como atividade de menor importância, como por exemplo quando dizemos que não basta orar, ou desdenhamos dos que nos recomendam a oração com um comentário do tipo, “mas só isso, só orar”. Deus age no mundo dos homens através das orações dos homens. Todos os cristãos devem se comprometer a orar por operários para a colheita. Nenhuma situação é mais disponibilizada do que a oração intercessória. Quem ora se compromete. E quem se compromete recebe delegação. Por esta razão, ninguém é mais ativo no reino de Deus do que o intercessor. 2. Os agentes da evangelização são os discípulos de Jesus (10.1) As chamadas ordenanças, batismo nas águas (Mateus 28.18-20) e ceia memorial (Mateus 26.20-29), foram entregues aos doze apóstolos. Nesse caso, os doze apóstolos representam a totalidade dos discípulos de Jesus, ou uma igreja local, mas jamais uma casta especial de cristãos ou um segmento específico da Igreja. Assim, também é com a Grande Comissão e a tarefa da evangelização mundial. Todos os discípulos de Jesus foram comissionados no comissionamento dos doze apóstolos. 3. O segredo da evangelização está no poder e autoridade de Jesus (10.1)
Jesus chamou a si os seus discípulos e lhes deu poder e autoridade. Poder e autoridade são prerrogativas de discípulos, e não de pastores, missionários, apóstolos e bispos. Mais uma vez, todos os discípulos, toda a Igreja de Jesus está convocada para a obra da evangelização. Todos os cristãos possuem os mesmos direitos, privilégios e responsabilidades em Cristo. CONCLUSÃO Alguns cristãos ficam esperando um chamado especial para o engajamento na obra missionária-evangelística. Mas, se você é um discípulo de Jesus, então já está comissionado desde o dia de sua conversão. Assim como uma vela não espera queimar até a metade para iluminar seu ambiente, também um cristão é testemunha de Jesus desde o primeiro momento de sua comunhão com o Espírito Santo (Atos 1.8; Efésios 1.13,14; Romanos 8.9). Texto: Mateus 9.35;10.13 04: Os recursos da evangelização INTRODUÇÃO Vivendo períodos e contextos de dificuldades econômicas, não são poucos os que usam a falta de dinheiro como desculpa para o não comprometimento com a obra missionária. Mas a verdade é que o dinheiro nunca foi o fator determinante da obra de evangelização. Jesus deixou claro quais eram os recursos para a evangelização, ao ensinar três princípios que demonstraram que o dinheiro não deveria ser uma preocupação que impedisse os discípulos de avançar na evangelização. 1. O benefício da evangelização está pago por Deus (10.8) De graça recebestes, de graça dai. Todo o benefício da evangelização está pago na cruz do Calvário, onde Jesus satisfez a justiça de Deus, rasgou o escrito de dívida que pesava contra todos os seres humanos, e expôs os satânicos credores ao desprezo público (Colossenses2.13-15). Jesus pagou uma conta, não ao Diabo e ao inferno, mas a Deus e sua justiça.
Jesus nunca deveu satisfação ao Diabo. Sempre agiu para fazer única e exclusivamente a vontade do seu Pai. Por esta razão, o evangelho é oferecido com a convocação do profeta Isaías: “Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo” (55.1). 2. O pagamento do operário da seara é responsabilidade de Deus (10.9,10) O milagre da multiplicação dos pães e peixes (João 6.1-13) ensina que, quem paga a conta do reino de Deus, é Deus. O menino que doou seus pães e peixes comeu bem mais do que cinco sanduíches e ainda sobraram doze cestos. Ninguém pode doar ao reino de Deus e ficar com menos do que possuía antes de doar. Deus não transfere suas dívidas a terceiros. A recomendação de Jesus aos seus discípulos foi para que não levassem seus bens e poupanças para o campo missionário, pois Deus sabe da dignidade do trabalhador e sabe remunerar abundantemente aqueles que são seus. 3. Os recursos para a evangelização são providenciados por Deus (10.11-13) Aqueles que estão ocupados com o que comer ou beber ainda estão vivendo como gentios, servindo a dois senhores, e não aprenderam que todas as coisas nos sãos dadas por Deus quando buscamos seu reino e justiça em primeiro lugar (Mateus 6.24-33). O anúncio da boa notícia do reino sempre abrirá casas para que os discípulos comam e bebam à mesa da comunhão, onde todos, os que abrem mão do que possuem, recebem cem vezes mais, já no presente, e no porvir a vida eterna (Marcos 10.28-31; Lucas 10.4-9). CONCLUSÃO Desde menino ouço pastores dizendo que os missionários voltarão do campo caso a igreja não contribua financeiramente.
Não admito esta possibilidade. Creio conforme Hudson Taylor, precursor da evangelização da China que disse: “a obra de Deus, feita segundo a vontade de Deus, jamais terá falta dos recursos de Deus”. Dão e sofrem prejuízo, não engajados, mas os que se omitem diante de Deus e seu reino.