Sistemas de identidade visual / Maria Luíza Peón
Resumo por Alexandre Maravalhas
Sistemas de identidade visual / Maria Luíza Peón / 2AB / 2000 Resumo por Alexandre Maravalhas
Introdução (p.7) O conjunto da marca e seus subprodutos constóem a identidade visual do cliente. A identidade só é formada por um sistema quando possui uma unidade que o singularizam pela repetição ordenada e uniforme destes elementos. A eficiência da identidade é medida pela sua unidade e aí ocorrem os problemas. A unidade é adequadamente estabelecida? Como garantir o não comprometimento desta unidade nas aplicações em diversos suportes? Todo o sistema está comprometido com o porte da empresa ou necessidade, porque a projetação não se resume à fase de concepção, mas também à de especificação da cada uma das aplicações (subsistemas). O sucesso de todas as fases de projetação dependem da fase de problematização, onde é realizada coleta de dados que ampare o desenvolvimento, traçado o perfil do público-alvo, definir o briefing, enfim, encontrar o código simbólico correto, baseado em uma metodologia. Identidade visual (p.11) A rigor, qualquer coisa possui uma identidade visual: componentes que a identificam; é ela que os diferencia dos demais através de seus elementos. Esta manifestação pode ser mais fraca ou forte. Mais fraco será tão corriqueiro que não o memorizamos ao contrário de uma mais forte atrai nossa atenção ao objeto, fazendo com que nos lembremos dele, ou seja, tem maios pregnância. Profissionalmente, considera-se identidade visual aquele componente de singularização que é formado por um sistema expressamente enunciado, realizado voluntariamente, planejado e integrado por elementos visuais de ação coordenada. Estamos nos referindo a uma identidade visual institucional. Repetição e uniformidade são padrões que trazem pregnância. Ela pode ser aplicada aos mais diferentes casos: exposição, espetáculo, produto sazonal, campanha institucional, ONG, órgão do governo, empresa. Os primeiros exemplos se adequam aos eventos com duração definida; todas as aplicações são produzidas na mesma época, facilitando o controle de qualidade. Imagem corporativa (p.13) Quando se trata de identidade corporativa, o trabalho se complexifica; uma empresa seria criada para ser “eterna” e aquele projeto deve perdurar durante essa existência, prever o máximo de usos, embora exista uma tendência a ser revisada, modernizada com passar de anos. A identidade visual integra a imagem corporativa de uma instituição. Já a imagem corporativa abarca tudo aquilo que, voluntariamente ou não, vai formando a posição desta empresa em relação com o público: isto vai desde a forma como seus funcionários lidam e se apresentam com ele até estratégias de marketing, arquitura, embalagens dos produtos etc. – ela pode ser positiva ou negativa. Sistema de identidade visual (SIV) (p.14) O sistema ou programa de identidade visual formam o sistema que veiculam os elementos básicos: logotipo (tipia), símbolo (pictografia), a marca (a composição do conjunto), o alfabeto e as cores institucionais e acessórios visuais. Definimos, então, um SIV, como sistema de normatização para proporcionar unidade e identidade a todos os itens de apresentação de dado objeto, através de seu aspecto visual. Este objeto pode ser uma empresa, um grupo ou uma instituição, bem como uma idéia, um produto ou um serviço. Podem ser divididos em: 1. Extenso – Voltado a grandes empresas, porque desdobram num grande número de aplicações e demandam redobrado controle de qualidade e manutenção constante. 2. Completo – Para médias empresas, porque propicia o número de aplicações relativamente menor, categorizando-a como completa. 3. Restrito – A pequenas e micro empresas, porque geralmente inclui poucos elementos e suas aplicações são pouco numerosas; muitas vezes sequer chegam a ser implantadas na totalidade em que foram projetadas. A complexidade da manutenção torna-se tão profunda quanto nos SIV complexos, por motivos diferentes: a falta de recursos financeiros ou operacionais.
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Objetivos do SIV (p.17) Identificação e memorização são os objetivos primários. Outros desdobramentos visam obter um benefício para gerar crescimento. São eles: 1. Influir no posicionamento da instituição junto aos similares ou à concorrência. É preciso diferenciá-la, lançando mão de recursos de: – facilitar a identificação – clara diferenciação – associação visual, simbólica e subliminar com um conceito que valorizem 2. Controle de estoque, de patrimônio e de pessoal, funcionando como um “carimbo” que identifica todos os seus integrantes. A função do SIV não é apenas externo, junto ao público, mas interna. 3. Persuasão para obtenção de lucro, promoção e hegemonia: a empresa é positiva, atinge seus objetivos e pode lhe trazer benefício a seus usuários. Funções do SIV (p.18) 1. Diferenciar o objeto de seus pares. A percepção visual é a mais imediata nessa função. 2. Transmitir um conceito associado ao objeto, com intuito de persuasão. Determinados conceitos serão mais importantes que outros, de acordo com a atividade-fim da empresa, sua história, sua posição e o perfil do público-alvo. 3. Associar o objeto a noções de solidez, segurança, organização, planificação, univocidade. Em qualquer instituição, estes valores são fundamentais e não iniciativas individuais, transitórias; são conceitos que transmitem suas bases fundamentais: coletividade e perenidade. Todo o SIV com um mínimo de consistência transmite esses conceitos. A razão de ser um sistema é justamente esta: organizar, dar unidade. 4. Institucionalização do objeto a fim de remetê-lo a um plano simbólico independente. As instituições têm a propriedade de serem mais poderosas do que aqueles que a mantém. Requisitos para a projetação (p.23) 1. Originalidade: não significa necessariamente ineditismo, cada vez mais dificil. É necessário que, ao menos naquele microcosmo específico no qual se insere o cliente, o produto e o públicalvo, a solução se diferencie. 2. Repetição: seus elementos devem ser repetidos para serem memorizados. 3. Unidade: prever e normatizar a aplicação variada dos elementos. O conceito de marca aberta se relaciona na aplicação expressivamente diferenciada de seus elementos básicos. 4. Fácil identificação: seus significados sejam compreensíveis pelo público almejado e sejam tecnicamente reproduzíveis, reduzidos e ampliados sem perda de característica. 5. Viabilidade: só se implanta um SIV viável econômica, operacional e tecnicamente viável. Indicar no levantamento de dados quais as condições oferecidas para a implantação (condição econômica do cliente, capacidade de organização etc.). 6. Flexibilidade: deve prever sua correta aplicação em variadas condições técnicas, garantindo uma coerência, uma uniformidade dos elementos. O sistema deve incluir: aplicações em monocromia, fundo claros ou escuros ou com cor semelhante; suportes variados; prever uma malha para construção em casos de aplicação semiartesanal. Elementos (p.27) 1. Primários: aqueles nos quais se baseiam todo os demais e cuja veiculação é essencial. São: logotipo (tipia), o símbolo (pictório) e a marca (composição). 2. Secundários: utilização dependente da configuração de cada aplicação. Tem um grau menor de repetição e derivam dos elementos primários. São: cores institucionais e o alfabeto institucional. 3. Acessórios: diretamente ligado à diversidade de aplicações necessárias. São grafismos normatizados, normas para layouts, marcas acessórias (diversificar sistemas já consolidados) e mascotes.
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Elementos primários (p.28) 1. Símbolo: sinal gráfico que substitui o registro do nome do objeto. Conhecido também como marca figurativa. Deve ter uma grande capacidade de síntese. Não deve ter elementos em excesso (retarda a leitura e dificulta a memorização). Classificações: símbolo tipográfico (deriva da inicial do nome etc.), símbolo figurativo (definido por um ícone), ideograma (idéia veiculada através de uma figura estilizada), símbolo abstrato (não possui representação figurativa). 2. Logotipo: forma particular e diferenciada do nome registrado nas aplicações. É a marca nominativa. 3. Marca: conjunto de símbolo e tipia, normatizado quanto à posição, tamanho, composição. Variação dos elementos primários (p.37) 1. Posicionamento: marca horizontal e marca vertical. 2. Número de tintas: uso de meios tons, traço, cores especiais, monocromia e simulação de sobreposição. 3. Preenchimento: vazado (outline), inversões (negativos) em fundo claro/escuro. 4. Outros: uso com outros sistemas de identidade, uso conjugado (atividade, slogan, mascote, grafismo). Elementos secundários (p.42) Cores institucionais: têm algo grau de pregnância e em geral deve se definir duas ou três cores, de modo a não onerar custos. São as mesmas usadas nos elementos primários. Especificar claramente no manual de aplicação, incluindo variações de suportes e variação de materiais. Alfabeto institucional: normatiza os textos incluído nas aplicações, junto com os elementos primários. Composto de uma família tipográfica de preferência de fácil aquisição, incluindo as variações de peso. Dificilmente ela é a mesma usada na marca, para não desgastar, banalizando e minimizando o destaque. Mascotes (p.46) Personagens animais ou objetos inanimados, que recebem representação humana, buscam enaltecer uma dada propriedade positiva que cause identificação, agregando valor à instituição. Na grande maioria, são criados em outras instâncias, que não as do programador visual responsável pelo SIV. Prever: o carregamento do símbolo pelo mascote, incluir as cores institucionais, adequar aos conceitos que o sistema busca, o posicionamento visual junto aos elementos primários e aos layouts. Normas para layouts (p.48) Destinadas a peças gráficas, são mais comuns em sistemas médios e grandes, que exigem a produção contínua de impressos que obedeçam a um padrão. As normas não devem restringir uma variedade positiva de soluções, mas devem zelar para que a imagem corporativa esteja presentes. Símbolo e logotipo acessórios (p.49) SIVs podem incluir versões alternativas de logotipos. Eles se caracterizam por variações expandidas de algum detalhe ou conceito já contido nos elementos primários, mantendo uma ligação sutil, um elo com o sistema propriamente dito. Típica de sistemas extensos, também são comuns em eventos sazonais, são referidos por marcas abertas. Metodologia de projeto (p.51) Fluxograma do processo de projetação: diagnóstico da situação do projeto > solução preliminar > solução > projeto das aplicações > produção do manual de identidade visual > implantação do sistema Fases de projetação (p.53) 1. Problematização: fase de diagnóstico de todos os dados e variáveis; reconhecimento da situação. 2. Concepção: delineação. Formada por:
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• geração de alternativas: quanto mais, melhor. Agrupar as alternativas por partidos. • definição do partido: identificado os partidos, avaliar e explorar cada um. • solução preliminar: aperfeiçoar as alternativas. Reavaliar e selecionar a solução preliminar. • validações: submeter a validações qualitativa e quantitativa. • solução: aperfeiçoamento da já considerada solução, com apresentação e defesa do projeto. 3. Especificação: definir especificações para a implantação na forma de um manual de identidade visual e de projetos específicos, definidos junto com o cliente. Os interlocutores neste momento serão os fornecedores de material (que produzirão as peças), publicitários, outros designers. Não é admissível nem produtivo se esses interlocutores precisem consultá-lo posteriormente ou, pior, que tenham que fazer adaptações no sistema para possibilitar sua aplicação. Projetação passo-a-passo (p.57) 1. Levantamento de dados 2. Estabelecimento de requisitos e restrições 3. Geração e alternativas de solução 4. Identificação dos partidos 5. Seleção do partido 6. Geração de alternativas do partido 7. Testes de redução 8. Seleção da solução preliminar 9. Realização da validação preliminar 10. Consolidação da solução preliminar 11. Aperfeiçoamento da preliminar 12. Consulta ao cliente sobre a preliminar 13. Aperfeiçoamento da preliminar 14. Realização da validação da solução 15. Refinamento da solução 16. Desenvolvimento de variações com teste de redução 17. Articulação de justificativa do projeto 18. Consulta ao cliente 19. Detalhamento técnico 20. Seleção final das aplicações 21. Projeto e especificação técnica 22. Elaboração do manual de identidade visual 23. Levantamento do custo de implantação 24. Consulta ao cliente sobre os custos 25. Aperfeiçoamento das aplicações 26. Entrega do manual 27. Levantamento do custo de acompanhamento da implantação 28. Implantação (produção e veiculação) Problematização (p.61) Objetivos: prever remuneração, prazos, forma de apresentação, aplicações e serviços incluídos e excluídos; definição preliminar dos itens; estabelecimento da identidade: atividades do cliente, contextualização social, perfil do público-alvo, elementos simbólicos agregados, objetivos definidos; eleição dos conceitos que serão agregados à imagem; restrições econômicas, operacional ou simbólica; objetivo enunciado da identidade visual. Briefing: resumo por escritor, assinado pelo cliente e posteriormente cotejadas com os dados para que sejam justificadas na defesa do projeto. Perfil do cliente: atividade-fim e técnicas empregadas na produção de seus produtos, amostra do produto, processo de distribuição, perfil econômico-financeiro, percurso histórico, sede e condições físicas, objetivos expressos a curto, médio ou longo prazos, possíveis alteração de localização geográfica ou expansão, possível vinculação a outra organização, posicionamento simbólico da atividade, conhecimento ou não de noções gerais de SIV e importância que deu até o presente,
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existência de uma identidade visual e em que condições foram realizadas, além de amostra do material. Público-alvo: definição do público (perfil social, econômico e cultural), nível de conhecimento que o cliente tem de seu público, imagem que o cliente possui de seu público e que fontes usou para tal. Verificar possibilidade de realização de pesquisa de mercado. Seleção dos conceitos (p.65) É preciso fazer um inventário dos conceitos que devem ser agregados ao sistema para que ele atinja a identificação com o público necessária à valorização. Deste inventário, selecionar aqueles considerados prioritários na aplicação. Isso se faz necessário porque é raro uma solução que abarque dezenas de conceitos e não seja excessiva, redundante, de memorização difícil. Similares (p.66) Avaliar a posição do cliente para com a concorrência, situação do mercado e da concorrência, existência de identidade da concorrência. Em casos mais complexos, usar fichas de similares, incluindo: nome da empresa/produto, localização ou segmento geográfico, diferencial explorado pelo similar, amostra dos logotipos e cores, aplicações veiculadas, conceitos, avaliação do SIV pelo designer e pelo cliente. Concepção (p.69) • Geração de idéias. • Seleção de alternativas. Avaliar operacional e economicamente. • Adotar um partido. • Apresentação preliminar para o cliente para desenvolver o partido. • Apresentação preliminar para colegas para o debate. • Estudos de componentes formais e simbólicos para desenvolver os elementos do sistema, através de associação conceitual, rafes, protótipos e layouts. • Validação preliminar. • Reformulação a partir das validações. Geração de alternativas (p.70) • Consolidação dos conceitos a serem transmitidos. Ex.: simplicidade, modernidade, eficiência. • Definição dos elementos concretos (não necessariamente figurativa) pode estar associado. Ex.: folha, árvore, planta; chopp, tulipa, garçom. Estes conceitos podem ser usados ou não. • Revisão de eventuais sugestões do cliente e de itens que ele não dispensa. Identificação dos partidos e seleção (p.71) À medida que as alternativas vão sendo geradas, naturalmente vai tomando forma o partido a ser adotado. Em um momento vai estar claro está em uma ou algumas alternativas geradas. É o momento do salto qualitativo. Separar alternativas que não se enquadram (afunilar) sistematicamente. Responder sempre à pergunta: o que clara e objetivamente ela tem de errado? Estar atento aos testes de redução para cada opção. As alternativas reminiscentes devem ser agrupadas por partidos. Descrever os partidos claramente, por escrito. Parâmetros para avaliação (p.72) Não há uma receita para configuração de um boa marca. Além de questões objetivas e estratégicas, adequado aos dados, um sistema está intimamente ligado a contextualizações simbólicas. Mas em linhas gerais: • Transmitir de forma subjetiva o conceito para o qual foi criado (sem negar outros mas que não foram aplicados para evitar poluição e excesso). • Ter alguma originalidade com relação ao mercado que se insere. • Ter boa legibilidade. • Ser viável econômica e tecnicamente. • Parecer contemporâneo (não necessariamente moderno), mas jamais ultrapassado.
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Lançar mão de modismos apenas se a atividade-fim envolve estes valores. Sua vida útil poderá ser curta.
Assim, formula-se algumas questões para avaliação: • Mostra os conceitos de forma a ser decodificado pelo público? • Mostra os conceitos levantados? Quais não estão presentes? O resultado nega estes valores ou simplesmente foram deixados de lado em prol de outros prioritários? • É original em relação ao seu mercado? • É fácil de ser visto e identificado? Ou há excesso? • Adequa-se às condições técnicas e econômicas? • É contemporâneo ou parece ultrapassado? Está ligado a alguma moda (atividade também está?)? • Há como elaborar versões mais simples para algumas aplicações (cores etc.)? Nestas condições (pb, tons) ele é legível igualmente como em cores? • Identifica-se com o público ou parece um ser estranho neste universo? • Valoriza o cliente ou está pretencioso demais? Ou ao contrário, humilde demais? Matriz de avaliação (p.76) A definição da solução pode partir de parâmetros muito subjetivos. O uso da matriz visa estabelecer um método mais ou menos controlável. Permite decidir com base nos requisitos e restrições (situação) e prover o designer de argumentos para a defesa do projeto junto ao cliente, reduzindo o caráter abstrato. Uma matriz de avaliação consiste na definição de itens, pesos e notas. Veja um exemplo: critério sofisticado
peso P 3
opção A N V 3 15
opção B N V 4 12
opção C N V 1 3
modernidade
3
4
8
5
10
4
8
feminilidade
3
5
15
2
6
1
3 10
redução
2
1
2
2
4
5
potencial aplicação
2
1
2
5
10
5
10
atividade-fim custos totais
1 1
1 2
1 2 46
5 5
5 5 52
1 5
1 5 40
Matriz para alternativas identificadas como A, B e C, sendo V o valor atribuído (nota) e N o resultado de V multiplicado pelo peso. No caso, a alternativa B será adotada, pois obteve nota maior. Observações: • Importantes: sofisticação, modernidade e feminilidade. Todos estes são critérios subjetivos, simbólicos, os quais o SIV deverá veicular e agregar à imagem. As vezes os critérios mais importantes poderão ser aqueles que viabilizam o projeto. • Médios: capacidade de redução e potencial de aplicação. O número de aplicações não serão tão numerosas, justificando a definição. • Menos importante: representação da atividade-fim (exemplo: o cliente considera importante mostrar que se trata de uma joalheria, mas o próprio nome da empresa e situação no mercado induz o público). Procedimentos para montagem da matriz (p.79) 1. Estabeleça critérios a partir do levantamento, análise e síntese de dados. Atenção aos critérios subjetivos! São essenciais, visto que é através deles que será formada a imagem do cliente no imaginário do público-alvo. No entanto, é preciso que a subjetividade em questão seja a do público-alvo e não do cliente ou do designer. Assim, se for estabelecido “beleza” como um dos critérios, tenha em mente que esta beleza é aquela definida pelo público e não por você ou pelo cliente.
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2. Estabeleça os pesos para os critérios. Em princípio, todos são importantes, no entanto alguns são prioritários e outros nem tanto. Em geral, use pesos de 1 a 3. 3. Monte uma matriz separada para cada uma das alternativas. Resolva uma a uma, separadamente, para que não haja manipulação involuntária. Deixe a análise para o passo seguinte. Os valores (notas) geralmente são de 1 a 5. 4. Analise o resultado. Há algo estranho? A alternativa que ganhou parece mais fraca? O que está errado? Os critérios adotados, as notas ou o diagnóstico da situação do projeto? 5. Se não tiver satisfeito, pare para refletir. Talvez seja necessário reler o levantamento de dados, sobre os quais se baseou a escolha dos critérios. A matriz de avaliação não é um objetivo, mas apenas uma ferramenta. Ela não define nada, apenas reflete objetivamente uma definição feita pelo designer. É uma boa defesa de projeto: não dispense! Teste de redução (p.81) Quando se reduz a alternativa ao máximo possível para que ela se mantenha legível, visa prever o potencial de aplicação. É preciso, porém, relativizá-lo no projeto: há casos em que não há qualquer possibilidade de reduções exageradas. Para obter um padrão comparativo, adote uma medida (1 cm por exemplo) na sua menor dimensão (L ou A). Consulta ao cliente sobre partidos (p.82) Leve apenas soluções gráficas que efetivamente sejam interessantes e em número reduzido: duas ou três, preferencialmente de partidos diferentes. O excesso faz com que o sujeito não habituado a pensar em design se sinta perdido e inseguro, postergando decisões. Preparação da defesa (p.82) Faça uma defesa prévia, preferencialmente por escrito, baseado num briefing e demais elementos da problematização. Pense nos argumentos para a defesa de cada partido. É isso que o cliente deseja ouvir, para balizar a decisão que irá tomar: não leve dúvidas, mas certezas, mas mostre-se aberto às ponderações que ele poderá fazer que possivelmente serão contrárias a seus argumentos. Evite causar grande expectativa: apenas marque uma reunião de trabalho, dizendo que possui algumas idéias para discutir. Jamais diga a frase: “Chegamos a uma solução!”, no entanto, mostre primeiramente a solução que você elegeu prioritária. Não se deixe atemorizar pelas primeiras reações, caso pareçam desfavoráveis. Tente convence-lo através de argumentos, até o limite do tolerável, sempre baseando-se no briefing que você fez com ele (esteja em mãos). Caso não haja aprovação de nenhuma alternativa, avalie com o cliente a razão disso. O que está errado? O briefing? Sua interpretação do briefing? Ou o cliente está fazendo um novo briefing, deixando de lado todos os subsídios que havia transmitido para o designer até entao? Preste atenção nas observações dele: mesmo argumentos como “está feio” podem contribuir; por que estaria “feio”? O que é bonito par aeste cliente e para o público-alvo? Como adequar o desenho do símbolo aos gostos pessoais e parâmetros estéticos do cliente e de seu público? O problema é mesmo de gosto pessoal ou do partido como um todo? Validação (p.84) Forma pela qual o projeto é submetido a uma amostra do público-alvo para confirmação (no sentido de eficácia). São recomendadas duas validações. A preliminar, realizada com amostra reduzida, qualitativa, a partir de perguntas abertas, geralmente entrevista. Objetivo é levantar questões, de como consolidar ou não o partido, preparar a segunda validação, que deve confirmar hipóteses. Para a segunda fase, use questões objetivas. Perguntas abertas e fechadas (p.84) Abertas: realizadas com uma amostra reduzida e que visam fazer um rastreamento do público. Construir perguntas de forma que o pesquisado eleja um entre diversos enfoques para responder. Por exemplo: “Você acha este sistema visual adequado?” – ela pode ser respondida de várias formas. Sua utilidade é basicamente a prospecção: saber quais os valores estão inseridos naquele público-alvo, quais as diretrizes gerais do projeto etc. Não fornecem dados objetivos sobre aspectos já delimitados para serem investigados.
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Fechadas: permitem respostas sim, não, talvez e viabilizam a adoção do sistema múltiplo de esolha, nas quais já damos respostas cabíveis). São mais objetivas e otimizadas, mas só dão resultados quando já sabemos quais as variáveis estão envolvidas. Exemplos: 1. Você considera este logotipo contemporâneo? [ ] sim [ ] não [ ] talvez 2. Você considera que este logotipo é: [ ] contemporâneo [ ] antiquado [ ] brega [ ] comum Procedimentos: 1) faça uma lista dos conceitos e valores fundamentais presentes; 2) observe os parâmetros usados nas matrizes e eleja-os para pesquisa; 3) lista pontos negativos detectados na projetação; 4) releia observações feitas pelo cliente; 5) construa perguntas fechadas com respostas objetivas; 6) não faça questionário longo, que pode aborrecer o entrevistado e tende a viciar respostas. Memorial de projeto (p.86) Visa explicitar e justificar a solução adotada. Utilizado em SIV extensos, onde decisões que afetam a imagem coorporativa são tomadas após análise por várias intâncias: marketing, publicidade, diretoria etc. O memorial como argumento articulado, documentado e distribuído tende a otimizar este processo. Em sistemas restritivos não é exigido embora um pequeno memorial de projeto é uma interessante ferramenta para a preparação da defesa junto ao cliente. Ele deve incluir os pontos positivos e negativos da solução, com seus contra-argumentos. Evite argumentos subjetivos e “artísticos”; busque argumentar com razões concretas. Beleza é um parâmetro de avaliação, mas lembre-se que é uma construção simbólica: o belo é aquilo que, segundo o observador, detona visualmente valores positivos; é importante identificar que valores são esses. Especificação (p.88) Fase final do projeto, seus objetivos são: • Executar o manual de identidade visual, prevendo aplicação do sistema por terceiros, sem necessidade de cosultoria posterior ao designer. • Fazer o levantamento final e sistematização dos itens para aplicação do sistema (subprodutos ou subsistemas), com atenção especial a viabilidade técnico-econômica. • Levantar materiais e técnicas e executar layouts finais dos projetos das aplicações. • Calcular custo final para a implantação do sistema. Roteiro para o detalhamento técnico (p.88) Elementos primários: • Tipografia: indicação do nome da fonte utilizada, acompanhada dos dados do fabricante ou distribuidor. • Cores: especificar de acordo com fornecedores para os suportes mais comuns mesmo os que não tenham sido previstos o uso inicialmente. Especificar: escala europa para policromia com porcentagens das tintas; especificar meio-tons em preto (%) para monocromia; especificar pantone para cores especiais; especificar RGB, para meio eletrônico (cd rom, internet etc.); especificação para pintura e detalhamento (fosca, acetinada ou brilhante); pintura em madeira (esmalte etc.); especificar impressão em serigrafia; uso de vinil adesivo para corte eletrônico (fosco ou brilhante); especificar cores para tecidos (algodão, brim etc.), especificar tintas automotivas para frota. • Reduções máximas: informar redução máxima a partir do corpo utilizado na tipografia e redução máxima do símbolo isolado. • Campo de proteção: determinar área livre a ser preservada nas aplicações em torno do elemento primário. Normalmente toma-se como referência, uma haste de uma das letras do logotipo. A referência deve ser indicada visualmente, de preferência com indicação da cota, baseada em uma proporção definida (1P, 1/2P etc.). Elementos secundários: • Alfabeto institucional: indicar nome da fonte nas aplicações secundárias (slogan, endereços, atividade-fim, vinheta etc.). É raro um sistema usar a mesma tipografia do logotipo para os
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demais produtos, justamente para dar destaque ao primeiro e não desgastar sua imagem. O alfabeto deve ser indicado pelo menos em uma versão prioritária, com pelo menos uma variação (negrito, itálico etc.). Incluir todos os caracteres disponíveis da fonte num tamanho de corpo que destaque os seus detalhes (ex. 14). Fornecer dados do fabricante para que o cliente licencie ou compre a fonte. Cores institucionais: geralmente são as mesmas dos elementos primários. Caso alguma cor seja prioritária, identificar a hierarquia de aplicação. Modelo de sumário do manual (p.94)
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Apresentação com definições dos elementos básicos primários Elementos primários em cor: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado (lettering) • Versão audiovisual (em forma de storyboard) Elementos primários em monocromia ou meio-tom: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado Elementos primários em monocromia ou traço: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado Elementos primários em fundos escuros/cor: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado Elementos primários em outline: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado Elementos primários com inclusão da atividade-fim: • Assinatura visual prioritária • Logotipo isolado Elementos primários com inclusão de grafismo: • Assinatura visual prioritária • Logotipo isolado • Símbolo isolado Padrão cromático: • Escala Europa com amostras • Meio-tons em preto com amostras • Pantone com amostras • Escala RGB • Especificação para aplicação em: • Parede, madeiras, serigrafia, vinil adesivo, tecido, automotiva
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Padrão tipográfico: • Alfabeto institucional Campo de proteção das assinaturas: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical Utilizações vetadas • Reduções máximas: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical • Símbolo isolado • Logotipo isolado Malhas de construção: • Assinatura visual prioritária • Assinatura visual horizontal ou vertical Elementos acessórios: • Grafismos • Especificações de layout • Mascote • Símbolo e logotipos acessórios Aplicações em papelaria (para cada uma): • Objetivo • Especificações técnicas e cotas Outras aplicações (para cada uma): • Objetivo • Especificações técnicas e cotas Apresentação do conteúdo do disquete fornecido: • Conteúdo de cada arquivo • Nome de cada arquivo • Nome do programa aplicativo de cada arquivo com fabricante/fornecedor • Incluir texto que explicite que as fontes oferecidas no disquete tem o único intuito de servir como material de demonstração, sendo necessário que o cliente as licencie para o uso. Incluir nome e dados do fabricante.