Raiz Ai Weiwei

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RAIZ

20 19

AI WEI WEI




Sobre

AI WEIWEI


Ai Weiwei é um artista (designer arquitetônico, artista plástico, pintor) e ativista chinês contemporâneo, nascido em 28 de agosto de 1957 em Pequim, que a todo momento critica a postura do governo chinês e até os satiriza em suas obras. Teve influência artistica desde cedo, vinda do lado do seu pai, Ai Qing; aos 17 começa os estudos de animação na Beijing Film Academy, pouco tempo depois ele decide ganhar o mundo e vai para Nova York aprimorar seus conhecimentos em arte e design (essa foi a época em que ele descobriu os prazeres da fotografia). Em 1993 ele retorna para a China e lá ele colabora com vários artistas experimentais e participa da publicação de 3 livros pro mundo da arte. Em 2005 ele cria um blog e chama a atenção do governo chinês que não agrada das suas publicações, isso enquanto apoia o projeto arquitetônico do estádio nacional Ninho de Pássaro, em 2008 ele critica o governo após o terremoto e em 2011 ele é preso pela primeira vez (Ai Weiwei acredita que a razão dessa ação seja pela destruição do seu estúdio que o governo planejava) Característica marcante do artista é sua ligação com o Brasil e com o jeito das pessoas daqui, e também sua proximidade com a causa dos refugiados, coisas que tem presença significativa em suas obras.


Weiwei e a China É visível nas obras de Ai Weiwei que elas criticam bastante o governo chinês. E por que? Weiwei sofreu represália por causa das suas obras e a forma diferente que elas atingiam as pessoas, e o governo não gostou disso, tanto que Weiwei foi preso e 2011 como medida extrema contra seus movimentos ativistas.

QUEBRA-CABEÇA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO 2015 Quebra-cabeça da Liberdade de Expressõa é composto por 32 peças de porcelana que, juntas formam o mapa da China. Nas últimas duas década, Ai Weiwei produziu inúmeras obras representando mapas, usando uma grande variedade de materiais, como madeira recuperada de templos demolidos, latas de leite em pó, e algodão. Está obra é inspirada em pingentes tradicionais, geralmente feitos de materiais como madeira, porcelana ou jade. Esses adornos, que carregava o nome da família, eram símbolos de alta posião social e amuletos para a sorte. Ai Weiwei substtuiu em cada uma das peças o nome da família pelo slogan, “Freedom of Speech” (Liberdade de Expressão) reforçando sua posição contrária à censura


MAPA DA CHINA 2015 A obra Mapa da China foi realizada com pedaços de madeira recuperados em templos demolidos da dinastia Qing (1644-1911). O trabalho é construído usando técnicas tradicionais de marcenaria sem o uso de elementos complementares incluindo pregos ou cola. Por ser uma collcha de retalhos fragmentados do seu passado, trata´se de uma comovente declaração sobre a China moderna. O uso da madeira recuperada, que remonta à dinastia Qing, também fala sobre a rápida modernização e desenvolvimento que está ocorrendo na China, bem como a destruição de relíquias e locais culturais. A configuração das peças, semelhante à de um quebra-cabeças, também pode ser entendida como um símbolo da diversidade cultural e étnica chinesa. O mapa de Ai Weiwei desafia nossa capacidade de imaginar um estado ão complexo quanto a China é formado, e se ele pode ser mantido.



SEMENTES DE GIRASSOL 2010

A instalacao Sementes de Girassol consiste em milhões de sementes de girassol confeccionadas artesanalmente em porcelana, uma a uma. 0 trabalho foi realizado na cidade de Jingdezhen, ao norte da provincia de Jiangxi, uma região historicamente famosa por seus fornos e por sua produção de porcelana imperial. As sementes de girassol foram produzidas por 1.600 artesãos (a maioria mulheres) durante dois anos, em urn ambiente de confecção caseira bem diferente do de uma fábrica corn montagem em grande escala. Cada uma das sementes, embora aparentemente idênticas às outran, é única. Esta obra amplia temas recorrentes que se encontram na produção de Ai Weiwei nas duas últimas décadas, incluindo suas preocupações corn direitos humanos, autenticidade, o papel do indivíduo na sociedade na era da Internet e o desaparecimento da história cultural e material chinesa. 0 trabalho também remete aos cartazes de propaganda da Revoluçã Cultural, que retratavam Mao Tse-Tung como o sol e as cidaddos como girassóis, que se viram em sua direção. Weiwei disse: “Na época em que cresci, [o girassol] era urn simbolo habitual na representação do Povo, ele acompanha a trajetória do sol vermelho, assim como as massas devem se sentir em relaçã a sua liderança. Punhados de sementes eram levados nos balsas, para serem consumidos em todas as ocasiões, tanto casuais como formais. Muito mais do que um lanche, era o ingrediente mínimo que constituia as necessidades e desejos mais essenciais. Suas cascas vazias eram os traços efêmeros da atividade social. 0 denominador comum minima da satisfacdo humana. Eu me pergunto o que teria acontecido sem elas?”. Em 2010, o trabalho estreou em Londres no Turbine Hall da Tate Modern, corn mais de cem milhoes de sementes expostas.


DEDO 2015

Desde a série de fotografias Estudo de Perspectivo (1995-presente), em que Ai Weiwei mostra o dedo a lugares de poder cultural e político, o gesto se tornou sinônimo da prática do artista. O padrão decorativo do papel de parede Dedo funciona tanto para esconder quanto para revelar seu gesto.


ALGEMAS 2011

As algemas vistas nesta série remetem a um claro símbolo de opressão ou privação de liberdade: são elaboradas com diferentes materiais, reverenciados por sua enorme importância cultural e estética na China. o jade tem sido importante na cultura chinesa desde que esta civi-

lização existe. A China tem uma longa tradição no uso de madeiras de lei para a criação de objetos e móveis de grande beleza. O emprego destes materiais na confecção de Algemas subverte a função deste instrumento de detenção e custódia.


BRAÇO DE BRONZE 2000

Começando com a série de fotografias Estudo de Perspectiva (1995-presente), em que Ai Weiwei mostra o dedo a lugares de poder cultural e político, o gesto so tornou sinônimo da prático do artista. Braço do Bronze é uma escultura representando o conhecido gesto, feita em bronze fundido. Este material tem uma longa história de uso na representação da figura humana,e a peça continua essa tradição e imortaliza a expressão da atitude de um indivíduo.





Weiwei e o Brasil Impulsionado pelas histórias do pai, que visitou o brasil e outros países da America latina, a criatividade de infância e a curiosidade atraíram o artista para a America do sul. Ainda hoje, com muita a conhecer, o artista afirma que não gosta de nenhum tipo de envolvimento casual que poderia acarretar em preconceitos e assim, no que foi chamado de uma “mutuofagia”, ele produz junto à artistas brasileiros, chineses e alemães obras de um processo de conhecimento cultural intenso. Curado por Marcello Dantas, o projeto parado desde 2013 e retomado em 2015 de trazer ai weiwei acarretou na produção de diversas obras incríveis, como o projeto mais ousado de Ai Weiwei no brasil: moldar uma árvore pequi-vinagreiro de 36 m de altura, em Trancoso, na Bahia. Através da metáfora que Weiwei chamou de jogar uma pedra em um lago parado, dar aos artesãos um novo elemento, relacionado à prática pessoal dele, e desafiá-los para ver o que era possível fazer foi fundamental para os resultados dessa mostra. “Tenho que dar uma mordida; tenho que comer o fruto, ver as obras desses artistas, trabalhar com os carpinteiros e ver o que é possível, examinar a política e as questões locais. Essas coisas formam “Ai Weiwei no Brasil” e isso é uma parte de mim.” conta Ai weiwei sobre a primeira experiência no brasil.


OBRAS DE JUAZEIRO DO NORTE (ASSIM NOMEADAS POR WEIWEI AO VÊ-LAS) 2018 Obras de Juazeiro do Norte (Assim nomeadas por Weiwei ao vê-Ias) é um conjunto de trabalhos esculpidos em madeira, produzidos à maneira dos ex-votos. As obras foram feitas em colaboração com artesãos de uma comunidade em Juazeiro do Norte, usando a linguagem das oferendas votivas tradicionais aos santos e ao divino. Os ex-votos são oferecidos no cumprimento de uma promessa, como sinal de gratidão e devoção, ou quando o devoto busca uma bênção ou milagre. Para os ex-votos de Ai Weiwei, os artesãos brasileiros extraíam em um profundo poço de materiais visuais, inter-pretações livres de obras da trajetória do artista (Vaso de Coca-Co/a e Árvore) e imagens relacionadas à sua vida e atividades na Internet (Leg Gun, o gesto do dedo médio, ‘a alpaca). Peças relacionadas ao corpo humano, liberdade de expressão e a crise global de refugiados também foram produzidas.



SETE RAÍZES 2018

Ai Weiwei queria criar obras que unissem os contextos culturais chineses e brosãoiros. As árvores eram de seu particular interesse na pesquisa no Broul. Em um estúdio de artista em Trancoso, na Bahia. ele descobriu as raízes e troncos nativos que seriam usados poro compor Sete Raízes. As partes das árvores eram remanescentes do desmatamento e de causas naturais. Ai Weiwei dirigiu uma equipe de artesões chineses e brasileiros na citação deste trabalho, e cada uma dos novas obras reune duos ou trios raizes diferentes. A técnica de carpintaria chinesa usada paro montar as Sete Raízes remete ao trabalho anterior do artista, Árvore (2009), no qual partes distintas de árvores derrubadas foram unidas para criar formas inteiramente originais. Sete Raízes exemplifica a importancia do ready-made na prática de Ai Wenvei, que certa vez disse: ‘Meu trabalho é sempre ready-made. Pode ser cultural, político ou social. e também pode ser arte - fazer com que as pessoas repitam o que fizemos, sua posição original, para criar novas possibilidades. Quero sempre que as pessoas fiquem confusas, chocadas ou percebam algo mais tarde”. Cada uma das sete raizes tem um nome diferente Força, Polácio, Mosca, Sr. Pintura, Festa, Martim e Nível. As ultimas duas integram esta mostra.



DUAS FIGURAS 2018

Ai Weiwei pretendia fazer retratos tridimen-sionais dos diferentes aspectos e tensões da cultura brasileira. Ele modelou as coisas que encontrou, incluindo a árvore de pequi, frutas nativas e também pessoas. A obra Duas Figuras implicitamente se relaciona com a ostensiva sexualidade na cultura brasileira. Ai Weiwei lembrou de ter tido sonhos intensos enquanto esteve no Brasil, querendo perceber o que eles haviam gerado em sua mente. Ai Weiwei e urna modelo brasileiro contratada foram moldados em Trancoso, na Bahia, por uma equipe de moldadores profis-sionais da Alemanha. O processo de fo’briccçâo de moldes levou cerca de seis horas para cada um Os moldes resultantes foram, então, fundidos com gesso. instalação também inclui sementes de orrnosia, árvore nativa da América do Sul. Ai Weiwei lembrou-se de seu pai, Ai Ging, que lhe mostrara as mesmas sementes durante su infância, crescendo no deserto de Gobi. Ai Qing havia feito uma viagem pela América do Sul em 1954, por ocasião do 50° aniversário de Pablo Neruda. Um poema intitulado Xiang Si, feito pelo poeta Wang Wei da dinastia Tang: Os feijões vermelhos crescem nas terras ao sul Florescem nos galhos quando a primavera chega Você recolheria um punhado, eu rezo Pelo amor e lembrança que eles expressam.


FODA 2018

FODA e um conjunto de trabalhos produzidos a partir de moldes de frutas brasileiras. As frutas foram moldadas por uma equipe de profissionais da Alemanha e desenvolvidas em São Paulo. em colaboração com um ateliê de cerâmica brasileira. O projeto nasceu de uma conversa entre Ai Weiwei e o curador Marceilo Dantas. o artista chinês perguntou a Dantas o que lhe vinha à mente quando pensava no Brasil, e a resposta foi: “frutas”. Ele então perguntou qual era a tradução para o português da palavra “fuck”. Depois disso, buscou uma fruta para cada letra da palavra FODA: “F” de “fruta-do-conde”; “0” de “ostra”, também conhecida como fruto do mar; “D” de “dendê”, porque eles estavam na Bahia; e “A” de “abacaxi”, que Ai Weiwei adora. Começando em 1995 com sua série Estudo de Perspectiva, Ai Weiwei passou a tirar fotografias de seu dedo do meio esticado na frente de locais como a Casa Branca, a Praça Tiananmen e a Torre Eiffel. Em 2000, o artista fez a curadoria de uma exposição independente em Xangai intitulada “Fuck Off”. A palavra “fuck” ganhou destaque na trajetória de Ai Weiwei nas últimas duas décadas. A frase veio incorporar uma atitude em relação à ordem ideológica política e cultural.


VASOS COLORIDOS 2010

Em Vasos Coloridos, Ai Weiwei inclui os exclusivos vasos da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.) no lugar contemporâneo industrial de fabricação em massa. o trabalho relembra a destruição de relíquias culturais durante a Revolução Cultural (1966-1976). As cores vibrantes fazem referência ao Pop Art e à influência de artistas como Andy Warhol. Semelhante a Deixando Cair uma Urna da Dinastia Han (1995), Ai Weiwei tomou um objeto antigo e o transformou, criando uma nova forma e linguagem.




Weiwei e o Refugiados Ai Weiwei é reconhecido mundialmente por sua luta contra a repressão e a violação de direitos humanos, além do seu interesse por assuntos políticos e sociais como a crise mundial de imigração. Mundialmente famoso por realizar trabalhos artísticos de investigação e oposição ao Estado chinês – e por ter sido preso, perseguido e expulso da China após proferir suas críticas -, Ai Weiwei disse sentir-se, ele mesmo, um refugiado: “Estudei nos Estados Unidos por 12 anos, nos anos 1980, e quando voltei me envolvi com os direitos humanos. Por isso, muitas coisas ruins aconteceram comigo e tive que deixar a China.”




VASOS EMPILHADOS COM MOTIVO DE REFUGIADOS 2017

Vasos Empilhados com Motivo de Refugiados é uma obra composta por seis vasos de porcelana azul e branca do tipo qinghua, empilhados verticalmente como um pilar. Ai Weiwei estabeleceu seis temas relacionados à crise dos refugiados: Guerra, Ruínas, A Viagem, Cruzando o Mar, Acampamentos de Refugiados e Manifestações. Esses temas definem os vários traumas presentes na condição de refugiado. As ilustrações nos vasos remetem ao traço da porcelana chinesa tradicional em azul e branco, ao passo que os desenhos extraídos de acontecimentos contemporâneos aludem a fontes de imagens da Internet, esculturas e pinturas nas paredes gregas e egípcias, além das experiências de viagens e pesquisas de Ai durante a produção de Human Flow (2017). Os vasos são produzidos em Jingdezhen, na província de Jiangxi, o centro histórico de produção de porcelana no China. As características dos vasos, incluindo sua forma, estilo e esmalte, são equiparáveis à porcelana da mais alta qualidade produzida durante a dinastia Ming (1368-1644)



PRATO DE PORCELANA AZUL E BRANCO (A VIAGEM) 2017

Ai Weiwei reflete sobre a natureza cíclica da história em uma série de pratos e vasos de porcelana. Esta obra estabelece um paralelo entre a jornada de Ulisses e a atual crise global de refugiados. Como na obra Vasos Empilhados com Motivo de Refugiados (2017), o contexto histórico é revelado por meio da linguagem da porcelana (azul e branca) qinghua e pelas referências às primeiras inscrições em baixo relevo e pinturas de parede da Grécia e do Egito. O aspecto contemporâneo da obra é revelado em seus detalhes, nos desenhos inspirados nas imagens encontradas na Internet e nas experiências que o artista teve enquanto produzia seu documentário sobre a crise dos refugiados Human Flow (2014. A obra Prato de Porcelana Azul e Branco (A Viagem) retrata a longa e dura viagem dos refugiados ao fugirem da violência e da instabilidade. As figuras carregam seus únicos pertences enquanto procuram segurança em algum lugar desconhecido. o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) estima que a maioria dos expatriados permanece desabrigada por 26 anos - e, para muitos, essa jornada é um ciclo sem fim.





HUMAN FLOW Ao longo de um ano, o diretor Ai Weiwei acompanhou crises de refugiados em 23 países, incluindo França, Grécia, Alemanha, Iraque, Afeganistão, México, Turquia, Bangladesh e Quênia. Ele retrata as causas que levam milhões de pessoas a abandonarem seus países de origem, como a guerra, a miséria e a perseguição política, refletindo sobre as dificuldades encontradas na busca por uma vida melhor.







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