EQUIPE Criação Lucas Santana, Izadora Pimenta e Camila Fracalossi
EQUIPE
Criação,edesign e arte gráfica design arte gráfica Lucas Santana Lucas Santana
Repórteres Alisson Lopes Ana Carolina Costa Ariane Amaro Repórteres Barbara Bressan Izadora Seridório Pimenta Daniele Talita Bristotti Giovanni Vieira Natália Kelly deGirolamo Conti Rodrigues Lucas Santana
Lívia Neves Twitter @AliasZine Rebecca Vicente
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Editorial
O jornalismo do futuro é independente
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queda da necessidade do diploma para exercer a profissão de jornalismo, em 2009, não foi o bastante para esvaziar as salas de aula dos cursos de comunicação espalhados pelo país. Mas baixou a autoestima de uma classe profissional que, há tempos, não convive com o glamour de outrora. É comum aos estudantes da área ouvir comentários maliciosos a respeito do exercer jornalístico. São ofensas que vão de um curso considerado “fácil” – embora as maiores relações candidato/vaga pertençam à Comunicação Social – até o julgamento da índole do profissional jornalista. É nesse cenário que a nova geração de comunicadores vem se formando. Um ambiente pouco estimulante, agravado pelos péssimos salários e descaso das empresas de comunicação com o seu pessoal. Como se não bastasse, uma grande quantidade de cursos superiores deixa a desejar na formação dos profissionais. Apesar desse aparente caos, a paixão de quem se submete à profissão de jornalista ainda é maior. E o mercado, cada vez mais disputado, exige uma formação ampla e conectada com as últimas tendências. É justamente para suprir a carência dos cursos de comunicação que projetos de extensão universitários estão se proliferando por instituições de todo o país. É o caso dos realizados na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e na Pontificia Universidade Católica de Campinas (PUC-
Campinas). Na unidade da Unesp em Bauru, estado de São Paulo, é grande a variedade dos projetos disponíveis aos alunos. Eles vão desde uma rádio online totalmente administrada pelos dicentes até uma revista de cunho científico de mesmo caráter organizacional. Na PUC de Campinas o exemplo é o Repórter Estudante, projeto no qual pautas desenvolvidas pelos alunos são avaliadas, e, as melhores, enviadas para execução na rádio CBN com sede na cidade. É no rastro de excelentes projetos como esses que a Aliás surgiu. Com um diferencial. Aqui todo o conteúdo é pautado, organizado, escolhido e produzido pelos alunos, provenientes de distintas universidades do país. Diferentemente dos projetos citados, a Aliás trabalha sem quaisquer incentivos de instituições universitárias. Não há recursos de apoio e nem mesmo orientação direta de professores, já que o objetivo é amadurecer os estudantes envolvidos com a revista. Afinal, se estão produzindo uma matéria específica para seu curso, estarão, de uma forma ou outra, fazendo-as por obrigação ao boletim. A Aliás é a revista do jornalismo austero, cru. Sem vícios nem bloqueios. Mas responsável. Um espaço para a democracia da informação. Um laboratório para os futuros – e engajados - profissionais. A essência do jornalismo, afinal.
Pôster de divulgação da revista online Aliás. O projeto visa amadurecer estudantes de jornalismo.
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universidade para todos Estudantes de baixa renda revelam as dificuldades de cursar uma Universidade Pública Ariane Amaro ngressar em uma Universidade Pública pode ser considerado o sonho de milhares de estudantes brasileiros que cursam o Ensino Médio. A ideia de frequentar os melhores cursos do país sem ter a necessidade de pagar uma mensalidade todo mês é demasiada atrativa. No entanto, cursar uma Universidade, mesmo pública, agrega alguns custos básicos como aquisição de livros, cópias de textos requisitados pelos professores e, em alguns casos, quando o curso almejado está em outra cidade, faz-se necessário arcar com despesas de moradia e alimentação. Os universitários que não possuem condições de arcar com estes custos buscam auxílio dentro de sua Instituição de Ensino. Cada qual possui um sistema próprio, mas todas possuem algum meio de oferecer auxílio moradia e alimentação ao aluno. Quase sempre, há defasagem nesse setor, mas, para quem está recorrendo à ajuda, o serviço, geralmente, mostra-se eficaz. A estudante de Comunicação Social da Unesp de Bauru, Carolina Seiko, comenta sobre a dificuldade em conseguir auxílio, principalmente num momento delicado por que passa sua universidade, afetada por uma greve. “A bolsa que a Unesp oferece
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ajuda bastante, mas com essa greve e o processo seletivo parado, parece que esqueceram que ainda têm pessoas com dificuldades financeiras a quem eles prometeram ajuda. Na semana em que iam divulgar o resultado, entraram em greve, e até hoje, não houve nenhum retorno.” A greve, segundo alunos da universidade, é um acontecimento recorrente que tem dificultado o processo de fornecimento de bolsas na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Segundo entrevista fornecida pela reitoria a um veículo interno da Universidade, a Unesp não recebe verba específica para este fim, no entanto, dedica 5% de seu orçamento para auxílio estudantil; distribuindo bolsas-auxílio de cerca de duzentos reais. Com o passar dos anos o número de bolsas-auxílio aumentou. Contudo, o reitor afirma que elas atendem apenas a 50% dos pedidos. Sustentar-se fora de casa, sem poder contar com verba familiar é um impasse que dificulta a permanência do aluno no Ensino Superior; todo o dinheiro que o estudante possui é cuidadosamente dividido entre suas necessidades básicas. “O dinheiro que meus pais mandam tem destino certo. Não posso me dar ao luxo de gastar com supérfluos como festas e lanches ocasionais. O fato de eles mandarem aos
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poucos e não tudo de uma vez exige mais programação e economia da minha parte”. Carolina explica que tentou morar nas chamadas repúblicas, casas alugadas pelos próprios alunos onde dividem-se contas e custos. Ela conta também que teve de morar de favor durante alguns meses na casa de amigos da família, tamanha dificuldade com as despesas da vida longe de casa. “Eu ainda não tenho internet. Raramente coloco créditos no celular. Vou para casa somente nos feriados prolongados. Meu pai ficou sem emprego e minha mãe perdeu o dela alguns dias atrás”, desabafa Carolina. A estudante afirma ainda não saber o que irá fazer nos próximos semestres caso não consiga o auxílio fornecido pelo Unesp. Carolina irá procurar um emprego que não comprometa seus estudos, mas conta ainda com a esperança de ser escolhida para usufruir do auxílio. Outra opção aos alunos de algumas universidades diz respeito à moradia universitária. O projeto mais conhecido é o da Universidade de São Paulo (USP). O Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP) existe há 30 anos. É composto por vários blocos, divididos entre a graduação e a pós-graduação, com apartamentos de 2 ou 3 quartos com um banheiro. A USP possui ainda um sistema de restaurantes universitários, conhecido pelos alunos como Bandejão, no qual a refeição é barata e de acesso a todos. O maior problema enfrentado é, como sempre, o processo de seleção. O resultado leva meses para sair e até lá os candidatos a moradores tentam conseguir abrigo com algum dos estudantes que já residem no CRUSP. Derneval R.R. da Cunha, autor do livro “O CRUSP visto por um mineiro” (Fundação Biblioteca Nacional,2000) realiza uma análise de situações enfrentada por moradores, como homossexuais convictos morando com neocatólicos ou malufistas e comunistas, no mesmo apartamento. “A realidade ultrapassa a ficção neste aspecto. Claro que o processo de adaptação à comunidade cruspiana envolve abdicar de algumas coisas. O estudante que escolher o CRUSP por moradia deve esquecer com certeza o significado de algumas palavras e reaprender o significado de outras.” Realiza, talvez, a melhore definição do que é morar em um conjunto habitacional vinculado a qualquer Universidade. A Universidade de Campinas (Unicamp) possui projetos de moradia semelhantes aos da USP. Conta com 226 casas com capacidade para 4 estudantes em cada uma; possui ainda, 27 estúdios, destinados a casais, 13 salas de estudo, 4 centros de convivência e 1 campo de futebol. Os alunos que residem na moradia universitária têm o dever de retribuir à sociedade de alguma forma aquilo que lhes está sendo oferecido. Na Uni-
[aliás] camp a retribuição se concretiza através de projetos de cunho social, integrando a comunidade com diversas formas de conhecimento. Os projetos são realizados pelos bolsistas do SAE (Serviço de Apoio apo Estudante) e Santander. A estudante de Licenciatura em Música pela Unicamp, Lívia Carolina Oliveira, recebe da Universidade auxílio alimentação e moradia. “O auxilio alimentação é muito bom, pois recebo duas refeições pelo restaurante universitário. O auxilio moradia é fora da Unicamp (mais ou menos 3 km), são casas com um quarto, sala, cozinha e banheiro para, teoricamente, quatro pessoas. Só que não existe muita monitoria em relação a isso”, relata Lívia. A estudante ressalta a defasagem com relação à quantidade de pessoas que residem em cada casa; uma vez que,
Complexo do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP) muitas vezes alunos já graduados continuam ocupando vagas que deveriam estar disponíveis a novos ingressantes. A Universidade oferece ainda auxílio trabalho, transporte, médico e psicológico. “Auxilio trabalho é muito difícil conseguir, pois, como no caso da moradia, é escasso. Serviços médicos e psicológicos são sempre muito lotados, porém, na maioria das vezes bons- apesar de todos os conflitos ideológicos”, explica Lívia. Apesar das dificuldades, Lívia nunca pensou em abandonar o curso. Garante que os auxílios que recebe ajudam muito no orçamento e que sua família também lhe proporciona estrutura. A universitária incentivaria outros estudantes a seguir seus passos, mas deixando-os conscientes de todas as defasagens do sistema de auxílio. Mas algumas vezes a dificuldade para se sustentar é tamanha que os estudantes desistem do curso antes mesmo de ingressar na Universidade. A estudante Maria Eduarda Lima vivenciou uma situação similar. Em 2009, prestou vestibular na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, e iniciaria seu curso no segundo semestre.
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Alunos em frente a moradia universitária da Unicamp
Aproveitou os seis primeiros meses do ano para trabalhar e juntar dinheiro para se manter na Universidade, já que não havia conseguido o auxílio fornecido pela instituição. Ao fim, a estudante desistiu de cursar a federal movida por dificuldades financeiras. “No meu caso, ir para a faculdade e morar em outra cidade é um pouco mais difícil por ter que gastar um dinheiro que a minha família não tem” explica Maria
Eduarda. Como não havia passado no curso que desejava, achou arriscado tentar a vida em Florianópolis. Decidiu continuar estudando na própria cidade para tentar o vestibular novamente. “Depois de um tempo, eu vi que talvez fosse melhor que eu ficasse na minha cidade estudando para tentar garantir a arquitetura, que é o meu sonho” conclui Maria Eduarda. ***
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1922 - 2010 Saramago, José
“Mas não subiu para as estrelas, se à terra pertence” Escritor português José Saramago, que morreu no último dia 18 de junho, deixa legado marcado por idéias polêmicas e livros marcantes Ana Carolina Costa e Kelly De Conti Rodrigues a pobre e rústica aldeia, cercada por árvores e rios, nasceu o menino José. Filho e neto de camponeses, conviveu desde cedo com as dificuldades. Conheceu a pobreza e a eminência de uma vida sem grandes perspectivas. Mesmo assim persistiu. Aprendeu a pensar, sentir e viver sem esquecer suas raízes. Não chegou a uma universidade. Mas conseguiu driblar os desafios. O rapazinho de Azinhaga se transformou no homem que tentou ensinar o mundo a confiar nos seres humanos e enxergar a beleza da vida. José de Souza Saramago, personagem dessa história, morreu no último dia 18 de junho, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Escritor de fortes convicções, teve sua vida e obra levadas ao extremo. De um lado recebia críticas e repreensões. De outro, elogios e prêmios. Dentre as honrarias, Saramago recebeu, em
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1995, o prêmio Camões, instituído pelos governos de Brasil e Portugal. Três anos mais tarde, foi agraciado com o Nobel de Literatura, único dado a um escritor da língua portuguesa. Esses prêmios e o sucesso de público que a obra saramaguiana desfrutou nos últimos tempos deixam clara a posição assumida pelo escritor português no mundo literário. Odil de Oliveira Filho, doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ressalta essa questão. “Saramago é um dos mais significativos autores da literatura em língua portuguesa dos últimos trinta anos”. As polêmicas que cercaram seu nome, no entanto, não foram menores do que seu reconhecimento como escritor. Saramago assumiu posições políticas de esquerda ao longo de sua vida. Tornou-se, inclusive, filiado do Partido Comunista Português, no qual mil-
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itou até os acontecimentos da Revolução dos Cravos, em 1974. O escritor foi um dos últimos intelectuais de esquerda a romper com o regime cubano, o que aconteceu quando o governo do país socialista ordenou o fuzilamento de três dissidentes, em 2003. Em entrevista concedida em 2002, Saramago gerou outra polêmica ao comparar a ocupação da Palestina por Israel ao campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde milhões de judeus foram mortos na 2ª Guerra Mundial. O fato lhe rendeu acusações de antissemitismo por parte de autoridades israelenses. “Saramago deu provas de uma cegueira total e de uma amnésia histórica assombrosa ao comparar o que é incomparável”, acusou na ocasião um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita. O Nobel de Literatura também não poupava críticas à Igreja Católica. Além de publicar livros que traziam temáticas religiosas incômodas para a igreja, ele dirigia uma série de acusações contra o atual papa, Bento XVI. “Que Ratzinger tenha a coragem
O homem sem pontos Fiel aos seus princípios, Saramago deu aos seus livros um forte caráter humanista. Apesar disso, suas convicções jamais entraram em estado bruto nas suas obras. “O profundo teor humanista que delas emana não desaba para o sectarismo”, afirma Oliveira Filho. Para o especialista, a obra de Saramago, na verdade, se alinha aos melhores anseios que o pensamento humanista vem buscando em nossa cultura. O fim do dogmatismo e a solidariedade entre os homens, portanto, é o objetivo maior. O livro Ensaio sobre a Cegueira retrata bem tudo isso. A história fala de uma cidade que fica cega às vésperas do fim do milênio, marcado pelo advento de uma espécie de mutação antropológica em que
[aliás] de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual desta pessoa”, disse o escritor em um debate com o filósofo italiano Paolo Flores D’Arcais, em outubro de 2009.
todos se curvam ao delírio consumista. “Ensaio sobre a cegueira é um libelo contra a nossa cegueira do outro, do nosso semelhante, no mundo contemporâneo”, salienta. O Evangelho Segundo Jesus Cristo é outro livro que merece destaque. A tentativa de mostrar um Cristo mais humano, que poderia nascer, viver e amar como qualquer pessoa, foi a forma que Saramago encontrou para falar da importância do que acreditava ser um aprimoramento da vida. A Jangada de Pedra, de 1986, é outro marco da carreira do escritor. No livro, a Península Ibérica é a jangada sem rumo que vaga pelo oceano e, no fim, junta-se ao Brasil. Esta obra faz uma analogia às semelhanças históricas, culturais, sociais e econômicas de Espanha e Portugal. Mas o livro que colocou o nome de José Saramago nas rodas literárias foi Memorial do Convento, lançado em 1982. A história faz um paralelo entre a construção do convento de Mafra e a relação de um
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tos de livros, homenagens na Academia Brasileira de Letras, conversas com o público são apenas algumas das facetas da profunda relação que estabeleceu com o país. Não foi por acaso que escolheu o Brasil para fazer o lançamento mundial do livro A Viagem do Elefante, que na época acreditava ser o último de sua carreira. Um novo capítulo dessa história foi divulgado recentemente, com a publicação da biografia do escritor. Nela é revelado que Saramago cogitou a possibilidade de se mudar para o Brasil. “Em cartas a Jorge de Sena e a NaSaramago conversa com Fernando Meirelles, thaniel da Costa datadas de 1963, em 2008, numa das várias passagens que fez Saramago considera estes tempos em que escreveu e reuniu as poepelo país sias que fariam parte de Os Pocasal envolvido no projeto de criação de uma passaemas Possíveis como desgastantes rola. Através dessa representação metafórica, Sara- em termos emocionais e chega mesmo a ponderar mago visou criticar a liberdade que acreditava faltar a hipótese de migrar para o Brasil”, conta Marques a Portugal. Lopes em entrevista concedida à Folha de São Paulo. Muito além da temática, no entanto, está a A grande aceitação que a obra de Saramago riqueza artística da obra saramaguiana. A qualidade teve no Brasil traz outras questões interessantes. Seestética dos textos do escritor português “tem sido gundo Oliveira Filho, na década de 1980, quando os vista como uma das mais estimulantes dos últimos livros do escritor começaram a fazer sucesso no país, tempos”, segundo o doutor em literatura portugue- o Brasil passava por um momento ímpar. O Regime sa. Militar, que por 21 anos procurou sufocar a história Saramago fundia duas qualidades fundamen- brasileira, chegava ao fim. Com isso, os livros de tais. Era um exímio contador de histórias e obedecia “metaficção historiográfica” que Saramago lançou na às exigências formais da narrativa da Modernidade. época ofereciam aos leitores brasileiros um incentivo Outro ponto marcante nos textos dele era o para que pudessem reinterpretar o passado do país. emprego de vírgulas no lugar dos pontos finais. A in- Ele ainda considera que o interesse pelas obtenção do escritor era aproximar a escrita da orali- ras de Saramago se manteve depois dessa fase da dade. “Penso que essa técnica deve-se, justamente, história brasileira pela percepção que se passou a ter ao fato de o narrador dos textos de Saramago ser um dos livros desse escritor. “Quando passou a encarar verdadeiro contador de histórias”, destaca. o presente, percebemos que seus livros tocavam em Apesar de alguns puritanos em matéria de problemas cruciais da vida contemporânea”, saliengramática levantarem polêmicas a cerca disso, a es- tou. tética saramaguiana é reconhecida e o escritor está Hoje, pode-se dizer que o rapazinho de no rol dos maiores da literatura em língua portugue- Azinhaga, que talvez nem sonhasse com tudo o que sa. “Saramago e Fernando Pessoa, para mim, são os conquistou, se foi. Mas parte dele está nos Gustavos, maiores escritores do Século XX”, afirma o poeta e Davis, Caios, Danielas, Carolinas, Reinaldos, Marias, professor de literatura Nelson Tangerini. Katarinis que sabem que não sobe para as estrelas o que à terra pertence. *** Segundo lar “Luiz, esta gente quer me matar de amor”, foi o que disse Saramago, impressionado com a multidão que o cercava durante o lançamento do livro A jangada de pedra, no Brasil. Essa passagem, relatada por Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras e grande amigo do escritor português, retrata bem o caso de amor de Saramago com o Brasil. O afeto só cresceu com o tempo. Lançamen-
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Cena do musical Bye Bye Birdie, em cena na Broadway desde 2009
Atuar não basta
Da Broadway ao fenômeno de High School Musical: uma breve história dos musicais Daniele Seridório e Ariane Amaro delinear da emoção e o significado de um musical encontram em um provérbio sua melhor definição: “quando a emoção torna-se tão forte no discurso, você canta; quando ela se torna tão forte na canção, você dança”. Um espetáculo no qual música, dança e canto são fundidos em busca de um objetivo maior: transmitir uma história através das três formas de expressão artística. Não é possível marcar uma data exata para essa fusão artística; música e texto são contrapostos desde a Idade Média. Além disso, não há como discutir o surgimento do teatro. “O teatro tem muitos séculos de vida e a música, bem antes das cantigas de amor e amigo do trovadorismo já marcava presença nas sociedades” explica a estudante de História da Arte, Clara Lazarini. Os primórdios dos musicais contemporâneos encontram suas raízes nos séculos 18 e 19, com as óperas. Em 1866, foi produzido o primeiro grande musical ,“The Black Crook” (sem tradução para o português), nome que faz alusão à magia negra, o espetáculo custou 25 mil dólares, padrão alto para a época. A encenação se baseava em cinco horas e meia de extravagâncias, com a presença de uma orquestra e ciganos no palco. No entanto, a configuração atual dos musicais
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foi concebida na década de 1920 em uma das mais longas avenidas de Nova Iorque: a Broadway, sinônimo da vida teatral da metrópole. O teatro se encontrava repleto de esperanças devido ao período pós-guerra o que transpareceu em suas luxuosas produções. Nascia o novo teatro; de figurinos exuberantes, cenários elaborados, elencos grandiosos e orçamentos exorbitantes. Essa nova fórmula exige um artista completo, como ressalta a bailarina Ana Carolina Nogueira: “Quanto mais você souber fazer, mais chances você terá. Os musicais exigem artistas que saibam fazer um pouco de tudo: cantar, interpretar, dançar, artes circenses, enfim, requerem artistas completos”. Ana Carolina acrescenta ainda: “A produção do elenco tem que estar focada e atenta à cada detalhe, Os figurinos são mais elaborados e tudo recebe um cuidado especial”. O brilhantismo dos musicais foi contemporâneo à sua transição para o cinema. Em 1927, o filme “O Cantor de Jazz” levou o musical para a sétima arte, sendo, inclusive, o primeiro longa metragem com áudio. Na opinião de Clara Lazarini esse processo criou “uma relação mais intensa com o som, até fez com que algumas conquistas que dizem respeito à linguagem cinematográfica perdessem valor devido à novidade da época: o som.”
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Essa fusão de gêneros levou ao intercâmbio de profissionais entre os palcos e o cinema. O filme “Cantando na Chuva”, 1952, foi dirigido e interpretado por Gene Kelly, umas das grandes estrelas do teatro da Broadway. Outra característica dos musicais associada ao cinema foi a grandiosidade das produções, tanto no orçamento como nos detalhes. Um dos maiores exemplos é “Moulin Rouge” (2001) que custou mais de US$ 50 milhões; o luxo, o cenário e o figuro do longa remetem aos padrões estéticos ditados pela Broadway. Entretanto, a emoção transmitida ao público se da forma diferenciada no cinema e no teatro, a impressão final nunca é a mesma. Para o artista da Companhia Paulista de Teatro Musical, Philipe Azevedo “O Teatro tem a magia do “ao Vivo” onde cada dia é um dia, ou seja, tudo pode acontecer com as emoções dos atores, já o Cinema “engessa” as emoções, mas por outro lado ,trás toda uma tecnologia e magia que o Teatro não consegue trazer com a mesma intensidade.”. Mas não é só o luxo que embasa os enredos dos musicais. Na década de 70, sucessos do cinema, como “Grease – nos tempos da brilhantina” e “Os Embalos de Sábado a Noite”, inseriram, nos longa-metragens do gênero, o pop e o rock, a música de contracultura, politicamente incorreta. O figurino mudou e o cotidiano dos adolescentes foi inserido nos enredos. O fenômeno é presente até os dias de hoje; os adolescentes formam hoje um novo público para os musicais. Prova disso é o investimento dos estúdios Disney em produções como “High School Musical” e “Camp Rock” (ambos sem tradução para o português). Os musicais voltados para o público adolescente lançaram artistas que viraram ícones e geraram a industrialização do gênero; criando uma fórmula pré-estabelecida que garante o sucesso de qualquer criação que a siga. Para Clara Lazarini “os musicais
‘teens’ limitam-se em apenas divertir mediocrimente os jovens alienados por essa Era de bombardeio de imagens e nenhuma reflexão acerca das mesmas.” Sua opinião, se contrapõe à do artista Philipe Azevedo: “ Musicais como ‘Camp Rock’ e ‘High School Musical’ são produtos diferentes criados pela Disney, que nunca ficaram em cartaz na Broadway. Ou seja , são shows de TV e filmes que viajam o mundo todo, mas num formato muito diferente dos musicais clássicos; não conseguiria comparar. A grande diferença dos musicais clássicos para os mais atuais são as histórias No Brasil, o fenômeno dos musicais agregou os enredos estrangeiros. Os grandes espetáculos da Broadway foram remontados no país conservando todas as suas características originais. Para que haja a veiculação de um espetáculo é necessária supervisão do país de origem “os musicais trazidos pela maioria das grandes produtoras Brasileiras não são adaptações e sim exatamente igual às produções Internacionais; mudando somente o idioma. Tudo é trazido de lá: diretores, coreógrafos figurinos e cenários; para que tudo fique perfeito, como é feito lá fora ”, comenta Philipe Azevedo. As principais remontagens realizadas no Brasil foram: Os Miseráveis, Godspell(sem tradução para o português), Grease-nos tempos da brilhantina, O Mágico de Oz, Chicago, A Bela e a Fera e O Fantasma da Ópera. Além de algumas adaptações de musicais voltados para o público adolescente no cinema, como Camp Rock e High School Musical. Assistir a um musical vai além da simples observação. É uma junção de linguagens que se fundem formando um só conteúdo no qual o espectador tem a possibilidade de imergir e absorver cada momento. Trata-se de um espetáculo onde há espaço para todas as manifestações artísticas, construindo um grande sonho que torna possível ao público vivenciar uma realidade paralela. ***
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Todo mundo quer sambar
Foto: Sheila Benjamin
“Não deixa o samba morrer, não deixa o samba acabar. O morro foi feito de samba, de samba para gente sambar” Barbára Bressan e Lívia Neves á pouco tempo atrás o samba era visto de forma pejorativa e era cantado apenas pela população de classe mais baixa, dos morros e periferias. Mas essa situação está mudando. Hoje encontramos o samba em todos os lugares inclusive em bares e clubes de classe média alta. Os jovens que antes escutavam apenas rock’n’roll e outros ritmos estrangeiros também aderiram ao ritmo nacional e hoje são adeptos do samba nas suas diversas variações. A nova temática das letras de samba possibilitou que um novo público aderisse ao ritmo. As músicas que antes serviam para denunciar a situação dos negros, criticando os problemas sociais e também tratando do amor de forma mais idealizada, agora surgem com uma diluição dessa antiga temática e se voltam para o mundo mercadológico. Assim alcançam maior parcela da população. As tradições se mantêm, mas o samba está se adequando com a nova modelagem social. Os grupos
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de pagode universitário estão dando uma nova cara ao samba tradicional, mas também continuam a cantar as clássicas e famosas letras, fazendo a conservação das raízes. Raízes A origem desse gênero musical tão importante para o nosso país é um tanto confusa e polêmica: para alguns, ele vem de uma dança africana semelhante ao batuque, enquanto para outros a palavra samba vem de semba, também africano e popularmente conhecido como umbigada. O certo é que a primeira menção de que se tem notícia à palavra “samba” ocorreu em 1838 em um jornal satírico de Pernambuco, “O Carapuceiro”, e não tinha o mesmo sentido que a palavra tem hoje. O termo fazia referência a um folguedo de origem africana. Assim como o surgimento da palavra “samba”, a origem do primeiro samba também é muito
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polêmica. Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, registrou juntamente com Mauro de Almeida, em 1916, a música “Pelo telefone” que é considerada a primeira de samba-amaxixado. Porém, nessa época as músicas eram feitas nos próprios batuques de roda e outros compositores reivindicaram participação em seus direitos autorais. Com o passar do tempo o samba foi se desenvolvendo e perdendo sua característica do maxixe e ficando com a pegada mais parecida com a que temos hoje.
Marisa Monte, cantora de MPB, mas que gravou o clássico “Desilusão” e assumiu que o samba é o bem maior em termos musicais da cultura brasileira. “O samba é nosso” acrescenta Juca.
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Os grandes sambistas A história do samba é marcada por nomes de grande importância em seu surgimento e consolidação. Como já citado, o Donga teve uma participação fundamental para a formação do conceito de samba, pois registrou a música “Pelo telefone”. Ele teve origem humilde e sempre foi autodidata. Donga tamDos tropeços ao sucesso bém integrou o conjunto “Os Oito Batutas”, de Pixin Para entender um pouco mais sobre o assun- guinha. to, conversamos com um sambista de nome famoso A modernização do samba se deu a partir dos na região de Piracicaba. Walter Sampaio Bueno Fer- anos 1930, quando ele se tornou tematicamente mais reira Junior, mais conhecido como Juca Ferreira, diz urbano e ganhou rimas mais ricas e uma cadência ter o ritmo na genética, pois desde pequeno acom- mais acelerada. O grande nome dessa virada foi, com panhava o pai, seresteiro, em rodas de samba. Atu- certeza, Noel Rosa. Esse carioca, nascido numa famíalmente ele se diz sambista com muito orgulho para lia de classe média em Vila Isabel, fez a ponte entre quem perguntar, e toca em dois grupos, o “Juca Fer- a cidade e o morro, trazendo sambas mais parecidos reira e Banda” e o “Brasil Mestiço”, mas nem sempre com o que temos hoje, sem aquele ritmo amaxixado. foi assim. O sucesso de Noel veio em 1930 com o samba Juca lembra com tristeza o quanto os sam- “Com que roupa?”, que comenta a miséria. A música bistas já foram marginalizados pela sociedade. “Eu foi criticada e acusada de plágio, pois os três primeiembora não seja uma pessoa velha, tenho 32 anos de ros compassos (“Agora vou mudar minha conduta”) idade, sofri isso. são parecidos aos Era moleque, a do Hino naciotoda vez que a gente tocava baixava a gente fazia batucanal (“Ouviram do policia da no meu bairro Ipiranga às mare a polícia vinha. gens plácidas”). Tanto que eu tinha Passados mais de um grupo de samba quando tinha 13 anos de idade 70 anos, muitos acreditam que não houve nem coque chamava ‘Corra da polícia’, porque toda vez que incidência nem plágio, mas sim intenção de paródia, a gente tocava baixava a policia”. já que a letra carrega muitas criticas econômicas que Ele concorda que hoje o samba está em todo podem ser vistas nos versos a seguir: lugar e é abraçado pelas classes mais altas da socie- “Eu hoje estou pulando como sapo, pra ver se escapo, dade, mas faz questão de lembrar que temos que re- desta praga de urubu/ Já estou coberto de farrapo, eu speitar quem fez o samba e quem “apanhou” por ele vou acabar ficando nu/ Meu paletó virou estopa e eu durante todos esses anos. Para o sambista, a grande nem sei mais com que roupa/ Com que roupa que eu disseminação que ocorreu com o ritmo é mérito de vou pro samba que você me convidou?” Com a modernização do samba, chegamos à sua época de ouro e o Rio de Janeiro tornou-se palco de grandes sambistas. Entre eles temos Ary Barroso que, órfão desde cedo, foi educado por uma tia pianista com quem aprendeu a tocar o instrumento. Ele chegou a começar o curso de direito, mas logo abandonou a faculdade para se dedicar à música. Sua composição mais conhecida é “Aquarela do Brasil”, que exalta o país em todos os seus versos: “Brasil/ Meu Brasil brasileiro/ Meu mulato inzoneiro/ Vou cantar-te nos meus versos/ Ô Brasil, samba que dá/ Bamboleio que faz gingar/ Ô Brasil, do meu amor/ Terra de Nosso Senhor.” A música, composta em pleno Estado Donga, autor do samba Novo e em tom ufanista, como Getulio “Pelo telefone” Vargas gostava, ficou conhecida como
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uma espécie de segundo hino nacional. Durante todos esses anos muitos outros sambistas marcaram o samba com seus nomes, entre eles Cartola, Dorival Caymmi, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola e Martinho da Vila. Ganhando popularidade As variações do samba também invadiram o espaço dos jovens universitários. Mesmo sendo divulgadas em diferentes formas ainda há a presença e a identificação com o ritmo raiz. Conversamos com nove jovens, que afirmaram gostar de samba, para saber como está a popularidade deste gênero no mundo em que eles vivem. A preferência se deu pelo pagode e samba rock, duas vertentes mais modernas, que são tocadas em bares freqüentados pelos estudantes. Os grupos lembrados durante a entrevista foram: Jeito Moleque, Turma do Pagode, Exaltasamba e Pixote, mas também alguns grandes nomes do samba como Martinho da Vila, Alcione e Jorge Aragão. Apenas três dos jovens entrevistados declararam que começaram a escutar o gênero por influência familiar. “Meu pai tem o costume de ouvir e cantar samba no carro. Desde pequena acompanhava ele em
[aliás] suas cantorias quando ia visitá-lo no Rio de Janeiro” disse Patrícia Oliveira, 19 anos. Por outro lado, a maioria dos jovens entrevistados diz ter sido influenciada pelas mídias e também pela turma de amigos. “Aprendi a gostar de pagode quando o pagode universitário entrou na moda, a galera entrou na onda e eu entrei junto” disse Letícia Greco, 21 anos. Vale lembrar que grande parte das festas das universidades toca música eletrônica e sertaneja, sem deixar de lado o samba. Em algumas destas festas até mesmo certos grupos desconhecidos tocam diversos tipos de samba inclusive o samba de raiz ao vivo para os estudantes. Além das músicas de pagode universitário, dois sambas raiz foram ressaltados: “Saudosa Maloca” e “Trem das Onze”. A estudante e professora do cursinho da Unesp, Letícia, ainda comentou que em sua aula de sociologia deu ênfase ao samba “Saudosa Maloca” colocando para seus alunos ouvirem, como exemplo de cultura popular brasileira. A moda é samba no bar! A aderência ao samba está sendo visível principalmente em bares. Cada vez mais esse tipo de esta-
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belecimento recebe grupos de sambistas para animar e embalar o ambiente. O bar “Biri” da cidade de Bauru também entrou nessa onda. O gerente do Bar, Márcio Azevedo, afirmou que sempre contrata grupos de samba, pagode e choro porque os clientes gostam e aprovam. Ele revela que mesmo quando não há nenhuma atração artística, a clientela pede que se ponha dvd’s desse tipo de música, com cantores como: Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho e Exaltasamba. “Comecei a trazer o samba, pois aos domingos servíamos feijoada com samba. Um dia veio um grupo de chorinho que fez sucesso, daí a idéia de ser definitivo” declara Márcio. O gerente também comentou que a maior parte de seus clientes são estudantes, pois muitos grupos universitários costumam tocar no bar, o que faz com que seus fãs e amigos freqüentem o ambiente. Passando dos bastidores ao palco entrevistamos também um grupo de jovens sambistas, conhecido na região de Piracicaba como “Samba Novo”, que sempre toca em bares. Os integrantes festejam e contam que eles têm tido grande receptividade de variados tipos de público, inclusive jovens, que antigamente não tinham contato com esse tipo de música. ”Com certeza os jovens estão buscando conhecer mais outros tipos de música que não as da mídia”, afirma Vitor Casagrande, instrumentista e bandolinista no grupo. O grupo toca também as vertentes mais modernas do nosso samba, mas confessa que tem preferência pelo samba de raiz, devido ao requinte das letras e a elevada técnica que a melodia e a harmonia apresentam. Assim elas diferem das músicas mercadológicas atuais que costumam ter letras e arranjos simples, estas não exigem grande esforço e não trazem crescimento técnico aos sambistas. “São ritmos que possuem ligações, mais cada um tem o seu charme”, declara Leandro Cintra, violonista do grupo, deixando claro que apesar das preferências um sambista deve ser versátil. Um exemplo de retorno do samba de raiz é fato do público sempre pedir músicas de Adoniram Barbosa, Demônios da Garoa, João Nogueira e outros clássicos. “Gosto muito de cantar a música “Falsa Baiana”, composição de Geraldo Pereira” revela a vocalista Fernanda Canto que afirma ser uma admiradora de Clara Nunes, não só por ser um fenômeno da nossa música, mas também pela sua luta contra a discriminação, principalmente racial e religiosa. Com a maior divulgação do samba em bares e outros tipos de estabelecimento, o ritmo vem ganhando mais adeptos e uma grande proporção, acarretando maior valorização da música brasileira. Tanto
o grupo Samba Novo quanto o gerente Márcio concordam que só temos a ganhar com isso.
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O morro é feito de samba, samba-de-roda, samba-canção, samba de raiz...
Grupo Samba Novo Do samba de raiz saíram vários galhos ao longo do tempo e hoje temos uma miscigenação com muitos tipos diferentes de samba, que muitas vezes até se confundem. Os mais importantes tipos são o samba de breque, samba-enredo, samba-exaltação, sambalanço, samba de quadra, samba de roda, samba raiado, samba-de-partido-alto e samba-canção. O samba também influenciou alguns ritmos mais novos, como o pagode e o samba-rock. Apesar de muitos preconceitos que essas variações já sofreram, Juca Ferreira vê esses novos ritmos com bons olhos: “Eu acho interessante e importante para o samba não morrer. Essa dinâmica, esse diálogo com outras variações musicais, outros gêneros é algo que mantém o samba vivo”, comenta. Ele usa como exemplo o surgimento do samba-Rock: “O precursor do samba-roque é o Jorge Ben Jor e, para mim, ele é um vanguardista pois e começou a tocar samba na guitarra, sofreu muito preconceito e sofre até hoje, mas a disseminação desse ritmo foi inevitável porque tem força”. Apesar de ter sofrido inúmeras influências, o samba é um ritmo brasileiro e merece ser valorizado e respeitado, pois, como diria o nosso entrevistado Juca, “O Samba é nosso”. ***
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E aí, Tem jeito?
Soluçoes futuristas para o caos do trânsito presente Alisson Lopes e Giovanni Vieira
S
ão Paulo, umas das maiores metrópoles do planeta. Algo terrível corrói o humor de seus habitantes: engarrafamentos que os aprisionam diariamente nas ruas. O trânsito da maior cidade brasileira irrita os moradores e projeta o que pode acontecer nos grandes centros do país.Mas passar horas parado em um congestionamento já não é problema exclusivo dos paulistanos. Aposto que você já perdeu um bom tempo no trânsito, mesmo em cidades menores e, saindo do contexto brasileiro, os congestionamentos gigantescos são cada vez mais comuns nas grandes cidades do mundo. Se nada for feito, o caos no trânsito vai dificultar ainda mais a vida nas metrópoles nos próximos anos.
Engate a primeira marcha quem nunca, preso em um engarrafamento, sonhou com carros voadores, teletransporte, bolsas que fazem você flutuar e outras engenhocas futuristas. Vencer longas distâncias no menor tempo possível é uma busca incessante da humanidade, ainda mais nos dias atuais em que o trânsito de boa parte das metrópoles está saturado. De que adiantam máquinas que atingem facilmente 150 ou 200 km/h se, em determinados horários, é quase impossível passar do famoso primeira-segunda-primeira-segunda? Pensando nisso, diversas universidades, empresas e governos pesquisam alternativas para tentar garantir, no futuro, o direito de ir e vir, com rapidez, é claro. Idéias não faltam: desde mochilas que permitem a uma pessoa voar, carros que não precisam
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de motoristas e até aviões supervelozes, que fazem a ponte aérea entre São Paulo e Tóquio em menos de duas horas. Muitos projetos ainda estão restritos ao campo da imaginação, já que requerem um desenvolvimento tecnológico muito grande. Outros, no entanto, já viraram realidade ou estão muito próximos disso. A seguir, você vai conhecer melhor o presente e o passado do tráfego mundial e, principalmente, vai mergulhar no mundo das soluções fictícias. COMO TUDO COMEÇOU O homem sempre buscou inovações, mas jamais imaginou que o excesso de tecnologia poderia causar algum prejuízo. A Revolução Industrial, considerada o princípio de todos os eventos, desencadeou um processo de concentração populacional nos grandes centros urbanos que se tem demonstrado uma tendência difícil de reverter. As cidades cresceram em demasia e muito rapidamente, o que não permitiu que os planejadores urbanos pudessem, na maioria das vezes, realizar um bom trabalho de urbanização. Até mesmo nas cidades planejadas, o tráfego urbano também é problemático. Um exemplo seria a Capital Federal. Quando Brasília foi projetada, esperava-se que por suas ruas viessem a trafegar cem mil automóveis no ano 2000. Em 1996 já havia setecentos mil veículos circulando pelas vias da cidade! Ninguém conseguiu prever que os automóveis iriam se multiplicar em ritmo tão alucinado. Além disso, quase todas as grandes cidades da atualidade
[aliás] já existiam muito antes do advento do automóvel e suas ruas, principalmente nas áreas mais antigas, são estreitas e incapazes de dar vazão ao tráfego atual de forma satisfatória. “Se por um lado a nova revolução, da era da informação, promete permitir que as pessoas voltem a morar em cidades menores, em busca de melhor qualidade de vida, o que acarretaria em diminuição da pressão sobre as vias públicas nos grandes centros, por outro lado, a criação dos computadores portáteis emancipou e energizou as operações, permitindo que os empregados saíssem dos escritórios para fazer negócios, visitar clientes e ser mais agressivos em suas atividades de vendas”, relata Marcos Serra Negra Camerini, consultor e especialista em assuntos relacionados ao trânsito das grandes áreas urbanas. Toda essa gente está nas ruas, indicando que o aumento do tráfego de bits pelas redes de comunicações também é acompanhado da mobilidade física das pessoas. POR QUE TANTO ALARDE? Até alguns anos, o congestionamento das vias públicas era considerado apenas como um fator de desagradável perda de tempo das pessoas. Mais recentemente, outros fatores importantes passaram a ser motivo de preocupação: primeiro que os congestionamentos são um dos responsáveis pelo aumento nos níveis de poluição atmosférica, e segundo que o volume do tráfego de mercadorias cresce a cada dia, e como conseqüência, o mesmo acontece com o valor das cargas transportadas, que sobe.
Trânisto no horário de pico na Av. 23 de Maio, em São Paulo
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“O Transito é resultado de três fatores: Educação, Engenharia e Esforço Legal (Leis e Fiscalização). No Brasil o que falha pesadamente são dois dos três fatores fundamentais, ou seja, a Educação e o Esforço Legal”, é o que constata Evandro Cardoso Santos, doutor em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP) com Pós-Doutorado em Planejamento de Transportes pela Universidade da Califórnia (EUA). Com base nesses dados, inúmeros esforços têm sido realizados por governos e pela indústria, para padronizar interfaces e protocolos que permitam a utilização de tecnologias de ponta, muitas delas oriundas de pesquisas aeroespaciais ou militares, no combate aos problemas do trânsito nas estradas e dentro das cidades. O SONHO DO TELETRANSPORTE Sonho de 11 entre dez motoristas presos em um engarrafamento, além, é claro, dos fãs do seriado Jornada nas Estrelas, o teletransporte pode estar
[aliás] projetos ligados a engenharia de tráfego, segurança e educação no trânsito para empresas privadas e prefeituras. Não é o que pensa Mauro Picchioni Thielen, programador de uma empresa especializada em desenvolvimento de software da cidade de Bauru (283 Km de São Paulo). Segundo ele, em algumas décadas já será possível enviar objetos inanimados por teletransporte. A coisa fica mais séria quando o assunto é o envio de seres vivos – e, mais particularmente, de humanos. Isso porque a tecnologia que se vislumbra hoje não pode, a rigor, ser chamada de transporte. Para ser teletransportada, uma pessoa precisaria ser escaneada partícula a partícula. A matéria seria, então, transformada em energia e transmitida para o destino, onde ocorreria o processo inverso. A criatura original deixaria de existir e o que surgiria no final seria uma réplica dela. “Aí saímos do domínio da física para entrar na metafísica”, diz Mauro. Para ele, é pouco provável que alguém concorde com a idéia de fazer uma experiência assim consigo mesmo ou com
Existe solução? A dúvida é se estamos preparados
mais próximo do que muitos imaginam. O primeiro passo ja foi dado recentemente por cientistas australianos que conseguiram “TELETRANSPORTAR” um feixe de laser. Eles destruíram a luz e a recriaram a pouco mais de 1 m do local de origem. Essa tecnologia poderia ter aplicações muito interessantes. Imagine aquela encomenda urgente, que precisa ser entregue ontem. Basta levá-la até a agência dos Correios e, em questão de segundos, seria entregue em qualquer destino do planeta. “Precisamos aprender muito sobre o teletransporte, mas não acho impossível ele se tornar realidade. Com certeza nem eu nem meus filhos vamos aproveitar essa tecnologia, mas, quem sabe, os meus netos”, acredita Christiana Maria Lemos Barbato, Mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), consultora em
Séries como “Star Trek” (foto) mitificaram o sonho de teletransportar seres humanos nos anos 60 e 70
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um parente próximo. “Só para pôr um pouco mais de lenha na fogueira: é preciso botar fé demais nas linhas de transmissão.”
[aliás] h. Tecnologia para ultrapassar essa barreira existe faz tempo. O grande problema é o custo. Voar acima dessa velocidade consome muito combustível, o que torna a viagem economicamente inviável. Uma alternativa são as viagens sub-orbitais. O avião sairia da atmosfera e viajaria em órbita baixa, a cerca de 100
TURBINAS HUMANAS Você já pensou em dar, literalmente, uma “voadinha” até o supermercado? Isso mesmo, em breve não será só os donos de helicópteros que poderão voar para qualquer lugar. Tarefas simples como fazer compras ou ir à escola poderão ser feitas com o auxílio de mochilas voadoras, conhecidas como jetpacks. Existe o jetpack. Em 2001, no Carnaval do Rio de Janeiro, um dublê de astronauta desfilou com um modelo fabricado pela NASA. O aparelho era movido a peróxido de hidrogênio – combustível um tanto caro – e tinha autonomia de vôo de 30 segundos. A empresa americana Millenium Jet Homem voa em seu “jetpack” numa convenção nos já desenvolveu um aparelEUA, em 2008 ho que tem boas chances de se tornar um sucesso comercial. Ainda não se trata de uma mochila, porém km de altitude. Sem a interferência do ar, é possível permite voar individualmente. desenvolver velocidades altíssimas. O aparelho parece um helicóptero de peque- “Em vez de contar apenas com turbinas, o no porte. As duas hélices se movimentam através de avião teria de ser equipado também com foguetes. uma propulsão baseada em um motor convencional. Para decolar, a aeronave usaria turbinas convencioMichael Moshier garante que, quando aperfeiçoada, nais e, em determinada altitude, os foguetes entrara invenção poderá atingir a velocidade de 120 km/h. iam em cena. Tecnologia disponível existe, afirma Na opinião de Jair Antônio de Carvalho, se- Francis Paulo de Castilho, Engenheiro de Projetos do cretário de obras, transporte e saneamento básico da Instituto Tecnológico de Aeronáutica. O avião suborcidade de Cajuru (262), “os céus do futuro vão ser to- bital provavelmente vai demorar pelo menos 20 anos mados por gente voando com mochilas e aeronaves para se tornar realidade. compactadas”, parecidas com as usadas pelos Jet- “Para um futuro mais próximo, no entansons, personagens idealizados pelos estúdios Hanna to, as novidades estarão mais focadas nos sistemas Barbera. O trem e o automóvel foram os veículos dos de navegação dos jatos tradicionais. Boa parte das séculos XIX e XX, respectivamente. O XXI é o século aeronaves, atualmente, não pode voar em linha reta dos transportes aéreos”. porque precisa se orientar por alguns equipamentos instalados no solo”, afirma Francis Paulo. SAINDO DE ÓRBITA O transporte aéreo individual é o mais in- ENQUANTO O FUTURO NÃO CHEGA dicado para a realização de pequenos percursos, em O mundo dispõe na atualidade de uma série especial dentro de uma cidade. O avião continua sen- de tecnologias, desenvolvidas e aprovadas, tais como: do a melhor opção para o deslocamento de grandes mini-carros elétricos, carros movidos a água, ônibus distancias. A indústria aeronáutica comercial passa a célula de hidrogênio, veículos movidos à energia sopor um processo de estagnação. Exceto algumas lar, trens de levitação magnética, etc. pequenas modificações, as aeronaves são as mesmas Alguns países estão desenvolvendo sistemas de transdos últimos 30 anos. Voam, no máximo, a 900 km/ porte inteligentes baseados em tecnologia aeroespa-
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Passado e futuro nas telinhas...
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homem e o carro vêm ser tornando uma coisa só. Não é de hoje que muitas pessoas têm esse tipo de concepção. É evidente essa paixão do homem pelo seu “melhor amigo”, o automóvel. O amor pelas máquinas de rodas é tamanha que o homem as imortalizaram em suas produções artísticas, em especial em filmes e desenhos. Quem nunca assistiu os Flinstones, grande obra de Hanna-Barbera? A família que mora na idade das pedras goza de um conforto futurista. Fred e sues amigos sofrem com as mesmas situações da atualidade, desde problemas familiares até conflitos no trânsito, isso mesmo, no trânsito. Fred Flinston se locomove por toda Bedrock dentro do seu Flintmóvel; um carro rústico, feito inteiramente de pedra, em que os passageiros são a tração que movimenta o carro. As situações vividas pelos personagens dentro do carro se enquadram no drama da sociedade atual - os congestionamentos. Fred tem dificuldades para se locomover nas vias da cidade e todas as vezes que vai ou sai do trabalho sofre com o transito intenso. Saindo da Idade da Pedra saltamos para um
cial e militar, outros estão indo buscar as soluções de automação na analogia com os processos industriais. Independentemente do caminho adotado, o que a tecnologia propõe a fazer é, principalmente, monitorar eletronicamente o tráfego, detectando acidentes e congestionamentos, além de gerenciar o tráfego de modo distinto durante acidentes. Isso quer dizer que haveria um melhor controle de sinais de trânsito. Tudo isso pensando. Tudo isso pensando numa maior segurança, comodidade para o usuário e redução dos congestionamentos e tempo de trânsito, especialmente nas vias rápidas. São ainda opções de inovações nos transportes o pagamento eletrônico das tarifas de pedágio, o que eliminaria a parada no meio do caminho para a cobrança, a transmissão automática do peso de caminhões sem parada nos postos de pesagem e até acompanhamento e monitoração de contravenções como fuga de assaltantes, depredação. “Para melhorar a situação pouca coisa tem sido feita. Somente em algumas capitais, embora em um ritmo muito abaixo do que deveriam, sem trazer uma melhoria sensível, a construção novas linhas de metrôs, trens urbanos, corredores de transporte coletivo. Nas cidades médias, nada tem sido feito e o automóvel impera soberano, agravando cada vez mais os congestionamentos, a poluição (sonora, do ar, do solo e água), o aumento das doenças respiratórias, os acidentes de trânsito, etc.”, é o que afirma Prof. Dr. Archimedes Raia Jr., Mestre e Doutor em Transportes, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da UFSCar e Coordenador do
futuro não muito distante e encontramos a família Jetsons. Uma família produzida por Hanna-Barbera que retrata o homem futurista. George, o pai da família, apresenta ao mundo as máquinas modernas que revolucionaria a vida das pessoas. O grau de desenvolvimento da sociedade proporciona regalias como, locomover-se por escadas rolantes. Outra ficção retratada é a presença dos carros voadores que ao pararem se transformam em malas, possibilitando transportá-los para todos os lugares. Mas o trânsito ainda é um grande problema, o céu se torna um caos. Entre as divergências do passado e do futuro as respostas estão no presente, isso mesmo. Todas as situações retratadas nas duas famílias são protagonizadas pelos cidadãos da atual sociedade.
Núcleo de Estudos Sobre Trânsito (NESTran).
A SpaceShip One é a primeira nave espacial comercial do mundo. Seu primeiro voo foi realizado em 2004. Há planos de comercializar viagens ainda nesta década. Outro problema que urge antes da chegada do futuro é o ambiental. “O setor de transportes, particularmente é
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um dos grandes poluidores. Na região metropolitana de São Paulo, o trânsito responde por cerca de 50% da emissões de poluentes. Para as grandes cidades, o transporte sobre trilhos de média e alta capacidades (metrô, trens, bondes e veículos leves sobre trilhosVLT) são a única solução, complementarmente ao transporte coletivo por ônibus, fazendo uso de corredores exclusivos”, aponta Archimedes Raia.
Uma questão de política
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vereador José Roberto Segalla (DEM) defende que a linha do trem-bala seja ampliada até Ba-
uru. O governo federal vai investir no transporte de alta velocidade, dentro do plano de investimentos em infra-estrutura para a Copa do Mundo 2014 e o trem bala deverá ligar o interior e a capital de São Paulo ao Rio de Janeiro. Segalla defende que Bauru seja incluída no trajeto que deverá ser feito por esse trem, pela posição privilegiada no estado (centro-oeste do Estado). Seria construída uma estação nacidade, com verba federal. A inclusão de outras cidades na rota do trem faria com que este tivesse que parar muitas vezes, o que impediria que ele atingisse uma velocidade de 300 km/h. “Para a viagem ser feita em um curto espaço
[aliás] O professor ainda afirma que há medidas alternativas, tecnologias estão disponíveis em todos os cantos, mas existe um empecilho que atrapalha todos os esforços. “Soluções existem, porém, o forte lóbi do setor de transportes impede o avanço de tecnologias alternativas”. ***
de tempo não é necessário atingir a velocidade máxima. E isso nem deveria ser feito, pois um acidente seria fatal”, aponta o vereador. Segalla diz que já agendou reuniões com dois deputados de São Paulo ligados ao Ministério Público para tratar do assunto e que pretende buscar apoio de parlamentares federais, para tentar incluir Bauru nesse projeto. No entanto, o Prof. Dr. Archimedes Raia Jr não vê uma perspectiva de mudança com a implementação de tal mudança. “O trem-bala não pode ser visto como uma alternativa para o caos do trânsito brasileiro, uma vez que os preços da passagem para suprir os gastos, vão ser absurdos. Para viagens curtas, não é a melhor alternativa”, afirma o professor.
Trem de Alta Velocidade europeu, parecido com o modelo que será implantado no Brasil
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A Origem (Inception) Direção: Christopher Nolan Lançamento: 06/08/2010 Sinopse: Dom Cobb é um ladrão habilidoso, o melhor de sua geração, que extrai segredos valiosos das profundezas do inconsciente durante o sono com sonhos, quando a mente está mais vulnerável. Sua rara habilidade o tornou peça fundamental no traiçoeiro mundo da espionagem industrial, mas também o tornou um fugitivo internacional. Sua última missão será inserir informações, algo que nunca tinha feito antes.
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400 Contra 1 (idem) Direção: Caco Souza Lançamento: 06/08/2010 Sinopse: William da Silva, um dos grandes articuladores daquilo que viria a se tornar o Comando Vermelho, vai parar no presídio de Ilha Grande, onde presos ‘comuns’ eram colocados lado a lado com presos políticos. Neste universo de fugas consecutivas, assaltos e enfrentamento com os policiais locais, as amizades se destacavam e geravam dívidas que faziam com que foragidos retornassem à ilha para libertar seus companheiros. O Estranho em Mim (Das Fremde in mir) Direção: Emily Atef Lançamento: 06/08/2010 Sinopse: Um jovem casal apaixonado, Rebecca, 32 anos, e seu namorado Julian, 34, está ansiosamente esperando seu primeiro filho. O mundo deles parece perfeito quando Rebecca dá à luz a um menino saudável. Mas ao invés do amor incondicional que esperava sentir, ela se vê imersa num redemoinho de sensações de impotência e desespero. Seu próprio filho lhe parece um estranho. Um filme sobre a difícil depressão pós-parto. O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer’s Apprentice) Direção: Jon Turteltaub Lançamento: 13/08/2010 Sinopse: Balthazar Blake é um mestre feiticeiro dos dias atuais, morador de Manhattan e tenta defender a cidade de seu arqui-inimigo, Maxim Horvath. Balthazar não é capaz de fazer isso sozinho, então ele recruta Dave Stutler , um rapaz de aparência comum que demonstra potenciais ocultos, como seu relutante protegido, dando a ele um curso rápido na arte e ciência da magia.antes. O Último Mestre do Ar (The Last Airbender) Direção: M. Night Shyamalan Lançamento: 20/08/2010 Sinopse: Há muito tempo, o mundo era dividido em quatro grupos: Nação do Fogo, Tribo da Água, Reino da Terra e Nômades do Ar. Elas viviam equilíbrio, até o dia em que a Nação do Fogo atacou. O Avatar, mestre dos quatro elementos, é o responsável por manter o equilíbrio do mundo e quando o mundo mais precisou, ele desapareceu. Agora ele está de volta na pele de um simples domador de ar chamado Aang 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos (idem) Direção: Cacau Amaral e Cadu Barcelos Lançamento: 20/08/2010 Sinopse: O filme é formado por cinco histórias independentes entre si, cômicas e trágicas, que refletem as múltiplas faces do cotidiano dos moradores das favelas e fogem dos estereótipos violentos que costumam se perpetuar na representação da vida nas comunidades.. Karatê Kid (Karate Kid) Direção: Harald Zwart Lançamento: 27/08/2010 Sinopse: Dre Parker é um garoto que poderia ser o mais popular de Detroit, mas a carreira de sua mãe acaba os levando para a China. Dre se apaixona pela sua colega de classe. Os sentimentos dele fazem com que o brigão da sala e prodígio do kung fu Cheng torne-se seu inimigo. Dre não tem a quem recorrer exceto o zelador do seu prédio Mr. Han, que é secretamente um mestre do kung fu.