Que tribo é essa que invadiu as ruas, a cultura pop e já rende estudo acadêmico?
7
10
Esporte Os inventimentos para a Copa da Mundo de 2014 não deixam claro o legado social do evento no Brasil
Comportamento Conheça os geeks, a tribo urbana aficcionada por tecnologia que invadiu a cultura pop e virou objeto de estudo acadêmico
[aliás] Índice
4
Educação Conheça as mudanças nos principais vestibulares do país e suas implicações para os estudantes
16
Cultura A trajetória por trás da saga cinematográfica de Harry Potter, cuja primeira parte do último filme estreou em novembro
11
Cultura Os erros e acertos do festival SWU, ocorrido em outubro desse ano na Fazenda Maeda, em Itu-SP
3
Repórteres EQUIPE Editorial Uma tribo influente Izadora Pimenta Criação, design e arte gráfica Lucas Santana
Talita Bristotti Natália Girolamo Lucas Santana
18
Cinema Entre as principais estréias do circuito comercial em janeiro está “O Turista”, com Angelina Jolie Rebecca Vicente Twitter: @AliasZine E-mail: alias.revistaonline@gmail.com
Editorial
Uma tribo influente
S
e existe um assunto que interessa o jovem contemporâneo é tecnologia. Entretanto, entre alguns deles, o simples interesse tornou-se uma hobby que ocupa boa parte de suas vidas, altera seu modo de viver, de vestir e de pensar. Os geeks, como são chamados os aficcionados em gadgets (objetos tecnológicos para uso no dia-a-dia), estão nas ruas, na cultura pop e se tornou objeto de estudo para uma jornalista recém formada pela Universidade Estadual Paulista, a Unesp. O fascínio e a popularidade da tribo dos geeks levou a equipe de reportagem a traçar um perfil de quem são essas pessoas que se dedicam por prazer à atividade de se informar e consumir – na verdade devorar – tecnologia. Na busca pela resposta, foi atrás de verdadeiros geeks nos sites especializados Nerd Pride e Garotas Geeks e na cultura pop, no seriado americano The Big Bang Theory. Constatou, além da paixão em tratar do assunto, uma pequena confusão sobre a diferença entre o geek e o tradicional nerd que a maioria já está acostumada a caracterizar. A reportagem aborda o papel do geek sobre a sociedade e a cultura - esse foi justamente o estudo
da jornalista Deborah Cabral. Sim, é possível que uma tribo urbana como os geeks exerçam forte papel social. O que eles assistem, lêem e produzem consegue um status inimaginável. Basta observar seus gostos para verificar. Os filmes da saga “Star Wars”, “Jornada nas Estrelas” uma outra dúzia de filmes de ficção ciêntifica, além dos livros de “O Senhor dos Anéis”, entre outros, se tornaram tão famosos, se não apenas pelo fervor com que os geeks apreciam tais obras, pelo menos pela influência que conseguem ter sobre a cultura pop em geral. E talvez o façam justamente por se utilizarem da tecnologia, que, de um modo ou de outro, está na vida de grande parte das pessoas. Com a tendência da informatização em todos os setores da vida moderna, é bem provavel que logo as características atribuídas aos geeks deixem de ser uma especificidade para se tornar o lugar comum. O termo tribo pode, inclusive, parar de fazer sentido para eles, ou apenas retornar ao seu significado corriqueiro, para qualificar aqueles que detestam a tecnologia e vivam nas cavernas da atual realidade digital, o mundo analógico.
Geeks da série britânica “The It Crowd”. Populares e influentes
EXPEDIENTE
Natália Girolamo Victor Santos
ideia original Lucas Santana, Izadora Pimenta e Camila Fracalossi
Editor chefe Lucas Santana
BLOG www.aliaszine.blogspot.com Twitter @AliasZine
EDITORA ASSISTENTE Izadora Pimenta
E-mail alias.revistaonline@gmail.com
REVISÃO Carolina Seiko
Todas as visões e opiniões apresentadas são de responsabilidade de seus autores.
REPRESENTAÇÕES Bauru-SP Campinas-SP Sâo Paulo-SP
Críticas e sugestões devem ser enviados para os endereços presentes acima. Quer fazer parte da nossa equipe? Envie e-mail para selecao.alias@gmail.com
design e arte gráfica Lucas Santana Repórteres Ariane Amaro Beatriz França Daniele Seridorio Izadora Pimenta Lucas Santana Mariana Paccicaco
EDUCAÇÃO
4
[aliás]
Novas questões para o vestibular Os principais vestibulares do país passam por mudanças no formato e no conteúdo. Entenda o que muda e o que permanece nas provas Ariane Amaro
O
temido vestibular surgiu no Brasil por volta de 1911. A princípio era chamado de concurso e tinha como objetivo selecionar candidatos para ingressar em cursos superiores. Até os anos 60, cada curso era responsável por elaborar o seu próprio exame. Foi na década de 70 que os vestibulares passaram a ser unificados, ou seja, um órgão passava a ser responsável pela elaboração de provas que seriam aplicadas em todo o país. A unificação tinha como objetivo proporcionar ao jovem uma escolha: ele poderia prestar diversos exames no mesmo ano, para diferentes universidades.
Apenas mais uma mudança
Com o passar dos anos, o exame de vestibular consolidou seu formato e o aspirante a universitário não tem como fugir. O vestibular é obrigatório para aquele que almeja cursar o Ensino Superior. Em 2009, no entanto, alguns dos maiores vestibulares do país decidiram que era hora de adequar os exames à realidade atual. Com as escolas de Ensino Médio se adequando cada vez mais a ideia de uma
grade curricular integrada e mais completa, os vestibulares adotaram a mesma postura. Para a professora de Língua Portuguesa do Curso e Colégio Objetivo Maria Alice Lopes, as mudanças tendem a continuar acontecendo e é crucial repensar o processo seletivo.
Fuvest
A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), organizadora das provas para a USP (Universidade de São Paulo) e para a Santa Casa, conta com um vestibular divido em duas fases. A primeira fase não sofreu alterações: a prova continua possuindo 90 questões de múltipla escolha de todas as disciplinas do ensino médio e o mesmo percentual de questões interdisciplinares, 10%. Já a segunda fase passou a ter três dias de provas: no primeiro dia, uma prova de português, com 10 questões dissertativas e uma redação; no segundo dia, a prova contém 20 questões dissertativas com conteúdo de matérias do Ensino Médio (biologia, química, física, matemática, história, geografia e inglês) e no terceiro dia, uma prova com 12 questões dissertativas específicas para cada
5
EDUCAÇÃO área.
Além das mudanças no formato da prova, a Fuvest, que antes permitia aos alunos que carregassem os pontos da primeira fase para a segunda fase, agora não o permite mais. Maísa Verdugo é vestibulanda aspirante a uma vaga na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e sob seu ponto de vista, a mudança foi positiva. “Ao descartar a nota da primeira fase, deixou os candidatos nas mesmas condições de disputa.”
Unesp
A Unesp (Universidade Estadual Paulista) também sofreu alterações no seu processo seletivo. A prova passou a ser realizada em duas fases. A primeira é eliminatória com 90 questões de múltipla escolha nos mesmos padrões da Fuvest. Na segunda fase a prova é realizada em dois dias: no primeiro, a prova possui 24 questões dissertativas (12 questões de ciências da natureza, matemática e suas tecnologias e 12 questões de ciências humanas e suas tecnologias); no segundo, a prova é composta de 12 questões dissertativas de linguagens, códigos e suas tecnologias e uma redação.
Unicamp
A Unicamp, dentre as Universidades públicas paulistas, sempre apresentou um processo seletivo um pouco diferenciado: ambas as fases são dissertativas. Mas em 2009 a Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares), responsável por organizar as
As mudanças
[aliás] provas da Universidade, chegou a anunciar mudanças em seu vestibular para o ano de 2010. No entanto, pouco depois se decidiu que as mudanças seriam aplicadas somente no processo seletivo para 2011. A prova de redação continua valendo 50% da nota da primeira fase, porém os estudantes devem realizar três redações de gêneros distintos e de caráter obrigatório. A prova de questões também sofreu alterações: as 12 questões dissertativas transformaramse em 48 questões de múltipla escolha abordando o conteúdo trabalhado no Ensino Médio. Segundo o coordenador executivo da Comvest, Renato Pedrosa, as mudanças foram implementadas com o intuito de melhorar a qualidade seletiva da primeira fase do vestibular, com maior número de questões e a produção de mais textos. Na segunda fase do vestibular são aplicadas três provas com 24 questões dissertativas cada uma. No primeiro dia, a prova conta com 12 questões de Língua Portuguesa e 12 de Matemática; no segundo dia, 18 questões de Ciências Humanas, Artes e Humanidades e 6 questões de Língua Inglesa; no terceiro dia, 24 questões na área de Ciências da natureza. As mudanças foram, a princípio, questionadas. Preocupava-se com a descaracterização do exame vestibular da Unicamp. “Não acredito que tenha descaracterizado o vestibular. Você continua avaliando a escrita do candidato, de forma mais cuidadosa, agora com a redação; a única coisa que se perdeu foi a avaliação da capacidade de produzir respostas dissertativas na primeira fase, mas as questões ainda são difíceis”, explica Renato Pedrosa.
Os estudantes devem realizar três redações de gêneros distintos e de caráter obrigatório, e não apenas um
48 questões de múltipla escolha, e não mais 12 questões dissertativas A prova agora tem duas fases, e não apenas uma. A primeira é eliminatória com 90 questões A segunda fase é divida em dois dias, com conteúdos diferentes em cada dia A primeira fase permance igual , com 90 questões A segunda fase foi divida em três dias, de conteúdos diferentes Montagem: Lucas Santana
6
Foto: Marcos Arcoverde
EDUCAÇÃO
Estudantes cariocas protestam contra os sucessivos erros do Novo ENEM
ENEM
A maior mudança presenciada por vestibulandos e professores no ano de 2009 foi a do Exame Nacional do Ensino Médio. A prova que antes contava com apenas 63 questões de múltipla escolha, passou a contar com 180 questões. Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), a proposta teria como objetivo “democratizar as oportunidades de acesso às vagas federais de Ensino Superior, possibilitar a mobilidade acadêmica e induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio.” A prova agora é uma espécie de vestibular para uma série de Universidades Federais do Brasil. Outra novidade é que o exame é realizado em dois dias, com 90 questões a serem respondidas em cada um, sendo 45 para cada área de conhecimento. (não caberia explicar quais são as áreas de conhecimento?) A mudança, que até então parecia ser positiva, tornou-se um problema quando em 2009, às vésperas do exame, as provas vazaram da gráfica e houve a tentativa de vendê-las ao jornal O Estado de São Paulo. Resultado: o exame foi adiado e os calendários de vestibulares de diversas Universidades brasileiras sofreram alterações para se adequarem à data do novo exame. Problema resolvido, exame aplicado e milhares de alunos ingressando em Universidades Federais. No final das contas, o saldo foi positivo. Em 2010, a segurança foi reforçada para que nenhum problema ocorresse. O exame este ano proibia também o uso de relógios, lapiseira e borracha, pelos estudantes durante a prova. No entanto, houve muitas reclamações a respei-
[aliás] to do não cumprimento das normas. “O que aconteceu ano passado foi lamentável, mas esse ano conseguiu ser pior. Os alunos foram proibidos de usar relógio, lápis e borracha, itens básicos para a execução de uma prova. O tema da redação foi divulgado antes da quebra de sigilo (meia hora antes do término de cada exame) e alguns fiscais se recusaram a falar o horário aos candidatos. Ou seja, a tentativa de ‘uniformizar’, foi completamente falha”, argumenta Maísa Verdugo. O maior problema que os estudantes encontraram foi o fato de que alguns gabaritos vieram errados: a ordem das questões da prova do primeiro dia estava trocada. Perante muitas reclamações, o Ministério da Educação enfrenta agora uma batalha judicial que busca definir qual a melhor solução para o problema e, enquanto isso, ao redor do Brasil, estudantes protestam com receio do cancelamento da prova, esperando que seus direitos sejam atendidos. A professora Maria Alice alega ver os alunos muito apreensivos e acredita que, levando em conta os últimos acontecimentos, a prova está perdendo a sua credibilidade. “As provas são longas demais, o que acaba massacrando o aluno. Por mais que ele tenha estudado, é difícil fazê-las, pois são muito cansativas. A impressão que tenho é a de total descuido, descaso para com uma avaliação que, teoricamente, deveria ser muito importante”. O que fazer? Mudanças à parte, o estudante brasileiro deve se acostumar à ideia de enfrentar o tão temido vestibular ao término do Ensino Médio. O sistema é sim falho; no entanto, até então, é a melhor forma encontrada para selecionar estudantes que aspiram a uma vaga nas Universidades. Maria Alice passa uma dica para aqueles que enfrentam o exame. “Acho importante acrescentar que é fundamental trabalhar-se, ao longo do Ensino Médio, a ideia de que o vestibular ou o ENEM são apenas as conclusões dos processos de aprendizagem. A educação, a aprendizagem devem ir muito além de um exame finalizante, já que o objetivo maior é preparar o educando para a vida.” •
COMPORAMENTO
7
O nerd
da nova
geração
[aliás]
Os geeks invadem a cultura pop e já estão na TV, no cinema e até na universidade Sheldon, o geek arrogante e hilário de The Big Bang Theory
Lucas Santana
O nerd da nova geração Certamente o leitor já deve ter percebido nas ruas, no ambiente de trabalho ou mesmo no próprio lar um tipo de jovem diferente. Ele se veste de forma peculiar, também adora determinado assunto, no geral, tecnologia. Entende tudo sobre e coleciona objetos a respeito. Esses jovens, chamados de geeks, na verdade fazem parte de uma tribo urbana que não para de crescer e se popularizar, virando, inclusive, personagens de série de TV e objeto de estudo acadêmico. Quando Sheldon, um personagem da popular série de TV “The Big Bang Theory” (Warner Channel), solta qualquer fala que a maioria da população não entenderia sem fazer uma breve pesquisa na internet, ele está definindo, em seu modo de agir, o que são os geeks. O termo, que na língua inglesa é sinônimo de fool (bobo), hoje caracteriza uma tribo aficcionada por assuntos ligados à era da tecnologia e da ciência moderna. Sheldon, da série de TV, é um doutor em física, brilhante, autodidata e extremante arrogante no que diz respeito à sua inteligência. Ele também adora objetos tecnológicos como games, celulares e
Acesse
notebooks, frequenta lojas de quadrinhos e não pensa duas vezes em se vestir como seu herói favorito – ou porque não sua teoria física favorita - em festas
à fantasia. Mas nem todos os geeks são como Sheldon. O personagem, na verdade, representa a versão mais extrema e ortodoxa da definição do tipo geek. “Geek é aquele cara fanático por gadgets (dispositivos tecnológicos para dia-a-dia), games e demais eletrônicos. É um heavy-user” diz Rafael Mendes, dono o site Nerd Pride, especializado em matérias e assuntos que agradam o público geek. Para ele, a definição do geek está ligada à pessoa que gosta muito de determinado assunto e gosta de se envolver com aquilo que ele cultua. “Geeks vivem uma atmosfera diferente, geralmente estão rodeados de “coisas g e eks”, como roupas, eletrônicos, chaveiros, adesivos, etc”, explica. Muito mais que um colecionador e um aficcionado, o geek já se tornou parte da cultura pop - e se alimenta dela. Alguns filmes, quadrinhos, livros e séries de TV foram adotados pela tribo geek e, mesmo com décadas desde que foi produzido, ainda fazem sucesso. É o caso da ficção científica de George Lucas, “Star Wars”, os livros épicos de J. R. R Tolkien, “O Senhor dos Anéis” e a antiga série televisiva “Jornada nas Estrelas”. Rafael acredita que o geek adotado pela cultura pop é algo recente e que, inclusive, teria se tornado uma moda. O geek, na verdade, vem de um passado não muito distante.
8
COMPORAMENTO
[aliás]
Foto: Arquivo pessoal
Rafael, do site Nerd Pride, é fã de Star Wars
Deborah Cabral, colaboradora do site Garotas Geeks – também dedicado ao assunto, mas com uma abordagem menos machista - explica que inicialmente o termo geek remete ao final do século XIX, quando era usado para caracterizar as pessoas de comportamento estranho. “Para curar o bug do milênio (um problema computacional envolvendo datas e bancos de dados perto do ano 2000) chamaram os ‘bug geeks’ para ‘comer’ o bug do milenio. Depois disso, os geeks começaram a ser mais legais” afirma Deborah. Ela pesquisou sobre a aceitação dos nerds e geeks pela sociedade para escrever seu trablalho de conclusão do curso de jornalismo pela Universidade Estadual Paulista. O trabalho da recém-formada jornalista tenta também esclarecer uma dúvida comum aos leigos no tema. Afinal, qual a diferença entre o nerd e o geek? “Nerd é o cara que gosta de estudar, de aprender. Os geeks estão contidos no grupo Nerd” explica. A ana-
The Big Bang Theory
A série conta a história de quatro amigos nerds que têm de conviver com uma vizinha atraente e não muito inteligente. É sucesso de audiência nos EUA.
Chuck
O personagem principal da série é um vendedor nerd de uma popular loja de eletrônicos americana que e obrigado a se tornar um agente secreto.
The I.T Crowd
Na série de TV britânica, uma dupla de empregados nerds do suporte técnico têm de aprender a conviver com a nova membro da equipe, que não entende muito de computadores.
logia matemática é útil para tentar desenvolver um conceito que parece ainda não estar muito clara nem mesmo para os próprios geeks. Rafael, do Nerd Pride (vê-se no próprio nome do site a linha tênue que divide nerds e geeks) acredita que existe uma grande diferença entre eles. “Vejo o nerd como o ‘CDF’. Éuma pessoa muito dedicada, que quer aprender, desenvolver, criar, inventar. Geek é aquele cara que está em um bar com seus amigos, porem nao larga o Smartphone. Mesmo longe de casa ou do escritorio, ele continua conectado” exemplifica. Sheldon, da série de TV, certamente explanaria por horas as diferenças entre um e outro, pois é p.H.D no assunto. Ele também pegaria seus gadgets e procuraria, através da rede wi-fi, fotos de um nerd e de um geek. Claro, desde que não estivessem passando na TV um episódio de “Jornada nas Estrelas”, ou fosse a hora de jogar seu videgame preferido. Se tentasse se caracterizar como um ou outro, talvez ficaria em silêncio. •
Geeks na cultura pop
9
ESPORTE
[aliás]
Modernização do futebol
desafios e oportunidades Projetos milionários para a Copa de 2014 escondem a importante discussão sobre a origem dos investimentos e os efeitos sociais no país Natália Girolamo
A
lvoroço. A palavra descreve perfeitamente o clima que se apossou do Brasil após o anúncio que o tornou país sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O sentimento trouxe também, contudo, muitas expectativas e, principalmente, dúvidas relacionadas à capacidade organizacional da nossa recém estabilizada - e agora direcionada a todo vapor ao crescimento - economia. Sob a perspectiva exclusiva da Copa, tratando apenas do futebol, iniciou-se uma corrida contra o tempo para criar/reformar estádios, aeroportos, hotéis e tudo que concerne à infraestrutura do evento. Mas o que chama a atenção, pelo menos até esse ponto, é a modernização que ocorre no futebol brasileiro, elevando-o a uma posição claramente comparável ao europeu. Clubes empresas, projetos milionários para a construção de Arenas, investimento no setor de base e outros aspectos colocam a seguinte questão em pauta: a modernização do futebol, e do espor-
te como um todo no Brasil, é consequência de uma maior profissionalização geral (tanto de atletas como de dirigentes) ou o processo é inverso? Em entrevista exclusiva, José Roberto Torero, colunista de esportes da Folha de São Paulo e também escritor, afirma que o desenvolvimento é lento porque no futebol ainda há coronelismo, cujos efeitos atrasam o avanço do setor. No entanto, essa dita modernização não é unanimidade entre os estudiosos da área. “Eu não vejo essa chamada modernização. Ter o Brasil como sede de grandes eventos esportivos é menos em função da estrutura do esporte atualmente no país e mais pela estabilidade político- econômica conquistada, além de sermos uma nação que respira esporte”, afirma José Carlos Marques, doutor em Ciências da Comunicação pela USP e atual professor da Unesp. Fato mesmo é que a chave de tudo isso é uma só: dinheiro. A grande discussão circunda a benfeito-
ESPORTE
10
ria ou não de investimentos estatais e em que intensidade devem ser aqueles provenientes da iniciativa privada. Os adversos à intromissão do Estado alegam que o capital poderia ser destinado aos projetos sociais. Os que apóiam, citam o argumento do legado da Copa do mundo para os setores de transporte, saúde e afins. Torero é categórico quanto a isso. “Em casos em que o investimento se dá em patrimônio público ou em esporte de massa, o investimento deve ser público (talvez até mesmo em centros de excelência). Já em patrimônio privado e em esportes de ponta com grande visibilidade, que conseguem sobreviver com patrocínio, creio que o dinheiro deve ser privado.” Já Mauro Cezar Pereira, comentarista da ESPN, o Panamericano do Rio, em 2007, provou que o Brasil não possui capacidade de sediar algo grande. Os custos estouraram e as denúncias de caixa dois aparecem até hoje na mídia. Para Mauro, a falta de transparência na política brasileira coloca um freio
A copa dos milhões*
Será reconstruído, aproveitando apenas alguns setores como a arquibancada coberta. Depois da Copa, será transformado em arena multiuso para 71 mil pessoas. As obras foram inciadas em maio deste ano e tem custo aproximado de R$700 milhões
A reforma do estádio de Porto Alegre engloba a revitalização da região ribeirinha. As obras de demolição das arquibancadas começaram em julho. Terá capacidade para 60 mil pagantes e custo aproximado de
R$150 milhões
[aliás] em nossas ambições. Existe ainda outro ramo que irá se desenvolver diretamente a partir da realização de eventos esportivos: o turismo. “O turismo é o setor que mais cresce no mercado. É responsável por 2,5% do PIB”, declara Julio Bin, gerente de desenvolvimentos sustentáveis do banco Santander. Ele acredita que o turismo no Brasil, atentando para aquele sustentável, alterará a dinâmica social, na medida em que haverá integração com as classes populares, por meio da necessidade de mão de obra e, por consequência, criação de empregos. É esperar para ver, porque por enquanto, já disse Torero, só as empreiteiras estão felizes e satisfeitas com o andamento das obras. • *Outras oito cidades estão reformando ou construindo novos estádios
para a Copa de 2014. O custo das obras dividem-se desproporcionalmente entre financiamento público e privado
O futuro estádio do Corinthias se tornou a única opção para a capital paulista. O estádio, com capacidade para 48 mil pessoas, pretende ser sede da abertura, mas para tal deve se adequar para abrigar 65 mil torcedores. Custo de R$330 milhões
A reforma do estádio que terá capacidade para 60 mil pessoas também faz parte de um projeto de revitalização da região onde será construído. As obras ainda não começaram por problemas na licitação. Deverá custar
R$450 milhões
11
CULTURA
SWU
[aliás]
Música, sustentabilidade e hipotermia
Um resumo sobre o SWU Music And Arts Festival Izadora Pimenta
P
essoas de todos os cantos do país e do mundo, destilando uma chuva de sotaques e vestimentas. Enfrentando um frio que, por pouco, não era ártico, todos se acomodavam na grama da maneira que achavam adequada, com suas cervejas, cachorros-quentes e mentes jovens que apontavam ideias variadas sobre o que estava acontecendo. Eles eram amigos unidos, casais apaixonados, ou até mesmo pessoas que tinham acabado de se conhecer e se reunido por um bem em comum: a música. Foi durante os dias 09, 10 e 11 de outubro que mais de 150 mil pessoas transitaram por Itu, cidade do interior de São Paulo, para celebrar a mais nova atração gigante da cidade - ou, até mesmo, a maior delas. Com destaque para Rage Against The Machine e Los Hermanos causando devotas manifestações emocionadas (cada uma ao seu modo), Linkin Park levando todos de volta à adolescência e, em um palco tímido, grandes pequenos nomes da música nacional fazendo a sua parte, cerca de 60 atrações embalaram o SWU Music And Arts Festival, evento promovido Fotos: Christian Camilo/Rock’n’beats
para trazer ao Brasil a cultura de festivais internacionais como Glastonbury e Coachella, e que, resgatando a ideia do Woodstock de 1969, a de levantar uma bandeira, decidiu abordar a Sustentabilidade. Mas faltou o foco real nessa tal questão.
Todos os ângulos do SWU “Estou indo de Porto Alegre, de avião. Vou com um grupo de mais cinco amigos de Pelotas, cidade onde cresci, nos 3 dias”, disse o designer Guilherme Arduin, 23 anos, poucos dias antes de partir para o SWU. Assim como Guilherme, foram muitas as pessoas que resolveram fazer de Itu o seu destino para as vésperas do feriado do dia 12. Cada um tinha a sua banda preferida, e as opções eram as mais variadas possíveis. E qualquer pessoa mais desatualizada que pisasse por ali poderia acabar de vez com o mito em sua cabeça de que roqueiro se veste mal – dentro de seus estilos e adereços baseados dentro de seus gostos, era visível a diversidade de pessoas que compar-
CULTURA
12
[aliás]
À esquerda, público assiste show do SWU. À direita, descansam no intervalo entre os shows
tilhavam um dos momentos mais memoráveis (seja lá de qual forma) de suas vidas. O acesso ao festival também foi bastante diversificado. Teve quem foi com o carro lotado, quem montou excursões, quem dependeu dos traslados rodoviários oferecidos pelo festival e enfrentou sérios problemas de trânsito, e quem resolveu ser mais radical e acampar por lá, nos campings montados pela organização. Uma das pessoas que adotaram o camping foi a sorocabana Thalita Bertin, que estuda medicina em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e ganhou de presente dos pais a oportunidade de escapar por uns dias para o seu país natal para presenciar o evento. “Vou perder dois dias de aula para pegar o avião e ficar apenas quatro dias no Brasil para não perder o SWU. É um presente de aniversário que espero há anos!”, contou. Guilherme também acabou ficando no camping, e depois da experiência, manifestou a sua opinião: “O camping estava de regular a bom. Não houve fiscalização nenhuma para checagem dos lotes comprados, e nem fiscalização, o que permitiria a entrada de uma arma ou algo do tipo para lá, o que poderia resultar em algo trágico. Mas fora isso, a área de alimentação e os lagos do pesque e pague foram muito agradáveis, tanto que perdi alguns shows para curtir aquele espaço e as pessoas que estavam por ali”. E o SWU deve grande parte de sua popularidade à Internet. Além de seu site e perfil oficial no microblog twitter, a organização contou com a ajuda dos Insiders, um grupo de pessoas, sites e blogs relevantes
ligados à música, sustentabilidade ou, simplesmente, bastante populares (como o vlogger PC Siqueira), que contribuíram para a divulgação das novidades e ações do movimento na rede, se jogando de cabeça na ideia. “Minhas maiores expectativas são de ver grandes nomes da música tocando em um evento gigantesco envolto pelo tema da sustentabilidade. Ver tantos artistas de uma vez só aqui no Brasil é digno de comemoração!”, declarou Tony Aiex, responsável pelo blog Tenho Mais Discos Que Amigos. Marcos Xi, editor-chefe do Rock In Press, destacou ainda a conscientização adquirida no que diz respeito à bandeira do festival a partir de sua participação como insider “Desde o widget na barra lateral do meu blog, até as mensagens que minha timeline recebe atualmente do perfil do evento, algo em mim já passa a pensar diferente”. Mas ninguém pode negar que o line-up foi o grande chamariz para que muita gente juntasse suas economias e escolhesse o SWU no menu tão recheado de shows no Brasil no ano de 2010. Los Hermanos e Rage Against The Machine, as bandas das apresentações mais catárticas, separadas apenas por um morno The Mars Volta no dia 09 de outubro, pisaram no palco do festival depois de muito tempo fora de atividade. Atrações muito desejadas, como Queens Of The Stone Age, Kings Of Leon, Dave Matthews Band, Linkin Park e Pixies, motivaram milhares de fãs a comprarem até mesmo ingressos para uma torta área VIP, que possibilitava a aproximação de seus artistas favoritos – mas impedia a perambulação para
Público acompanha show do palco Oi Novo Som, destinado aos novos destaques da cena independente
CULTURA
13
[aliás]
aproveitar o festival como um todo. Mas quem é fã pontos de descanso, úteis para se proteger do frio que de verdade, parece que não viu problemas quanto a fazia por lá. O frio, que, aliás, foi um dos maiores viisso, como a estudante de direito Karina Venâncio, lões do festival. Com uma média de 200 atendimen18 anos, que foi ao evento por conta dos californianos tos médicos por dia, a maior parte dos casos eram de do Linkin Park: “Me arrependo por não ter visto mais pessoas sofrendo de hipotermia. coisas, sim, mas não teria feito diferente por nada. Para quem queria se alimentar e ir ao banheiro Valeu muito a pena, porque eu fiquei muito perto de- durante o SWU, a situação já era um pouco mais comles”. plicada. As filas para comprar fichas eram enormes, e Além das grandes atrações, a tenda eletrônica e estas só valiam para a data na qual eram adquiridas. o Palco Oi Novo Som, destinado a artistas indepen- Os atendimentos por parte das tendas de alimentadentes que estão começando a se destacar na música ção eram desorganizados e caóticos, e os alimentos brasileira e, até mesmo, internacional, foram muito não eram suficientes para encher barriga de quem esinteressantes para quem foi procurando por novida- teve os três dias em Itu. “Deviam aumentar o controle des. Foi no Palco Oi que na compra de fichas e orforam realizados shows ganização das barracas de Os atendimentos por parte meteóricos do Cansei de alimento, que estavam ali Ser Sexy, que voltou aos jogadas no evento, e criadas tendas de alimentação eram palcos do seu país de oriram filas monstruosas por desorganizados e caóticos, e os gem depois de três anos, isso. E maneirar no preço alimentos não eram suficientes do pernambucano Otto, dos alimentos dentro do despejando sua agressievento, pois como não é para encher barriga de quem vidade carinhosa e impepermitida a entrada com esteve os três dias em Itu cavelmente musical e dos qualquer tipo de alimencolombianos do Bomba to, cria-se um monopólio Estéreo, para quem ninque permite esse preço guém dava nada, nem esperava nada, mas que aca- abusivo que causou revolta”, destacou o estudante bou incendiando enquanto Regina Spektor mostrava Rodrigo Kenji Ciampi, 19 anos. suas canções doces e calmas no palco principal. Os banheiros, químicos, foram prejudicados Já a tenda eletrônica foi um presente para aque- pelo mau uso dos frequentadores, que não tiveram les que já viam a Fazenda Maeda como um evento consciência de que outras pessoas iriam utilizá-los de celebração ao estilo, devido a fama da rave XXX- depois. Muitos acabavam fazendo xixi na área exterperience, e também para os adeptos da música alter- na, e no terceiro dia de evento, o local já estava irresnativa, devido a atrações como o The Twelves, que pirável. apresentaram remixes famosos das festas do estilo. O clima de Woodstock, claro, pairava. Apesar Ao longo da Fazenda foram espalhados também de tudo, as pessoas estavam unidas, cantando junstands com diversas atividades, que iam desde per- to, descansando nas gramas, solidarizando com as sonalizar a sua própria canga e levar para casa até outras que estavam por ali. Não diferente da lenda, assumir um instrumento e, na companhia de outras apesar da revista rigorosa na entrada que barrava até pessoas, tirar um som improvisado, uma roda gi- mesmo alimentos inofensivos, o consumo de drogas gante que funcionava com energia de pedaladas de esteve bastante presente no festival, sobretudo a mabicicleta, que também servia para carregar o celular conha. 83 portadores acabaram sendo detidos, todos de quem se dispunha a fornecê-la, uma parede de já liberados. escalada feita com materiais recicláveis e até mesmo Complexo milionário do SWU não garantiu que o festival ficasse livre de problemas. Alimentação e banheiros estuveram entre as maiores reclamações
Foto: Divulgação/SWU
CULTURA Mas e a Sustentabilidade?
14
[aliás]
Tom Jobim, que lhe disse uma vez que a música poAntes da realização do festival, muito se criticou deria ajudar a mudar o mundo. E segundo Fischer, o a ideia de levantar uma bandeira. Em um tempo no local de difícil acesso - uma fazenda fora do perímequal as pessoas recebem informações sobre tudo a tro urbano da cidade - era o cenário ideal para que as todo o momento, não é fácil induzir alguém a ado- pessoas se juntassem nessa. Mas aconteceu o que já era previsto: a sustentatar uma ideia, como a paz-e-amor fora celebrada no bilidade não estava presente em todo o evento. Muipassado. Mas, afinal, o que é essa tal Sustentabilidade? tas coisas iam contra a ideia pregada, como servir Sustentabilidade é uma palavra muito atual, que de- líquidos que vinham em seus recipientes em outros, signa a maneira de continuar algo (em caso emergen- de material não biodegradável, como já praticado em cial, a vida na Terra) de modo com que haja continui- outros festivais como o Natura Nós. “Isso tudo é abdade e equilíbrio em relação aos seus recursos. E isso surdamente não-sustentável para um manifesto de não está relacionado somente com o meio-ambiente, conscientização para um mundo melhor”, posicionou e sim com toda e qualquer coisa, que tenha grandes Talita. O grande erro do SWU em relação à questão, na ou pequenos efeitos. “Acho a minha banda bastante sustentável” dis- verdade, foi a não-divulgação de seu principal intuise Douglas de Castro, baterista da Black Drawing to, o que só foi revelado em uma fala de Fischer no Chalks, banda que se apresentou em um dos palcos último dia do Fórum: “O SWU, antes de tudo, veio principais no primeiro dia de SWU “Isso porque a para conscientizar as pessoas e não para mudá-las”. gente faz tudo sozinho e consegue bons resultados E a partir de tal fala, explicou que nem a organização com a banda”. Mas Douglas, ao contrário das gran- e nem ninguém ali eram 100% sustentáveis: a intendes bandas que se apresentaram, não acredita que ção era com que aprendêssemos uns com os outros. sua banda possa passar uma ideia neste nível para E foi esta a questão que o festival pareceu ter esquecios seus fãs. “Somos uma banda independente, seria do de abordar, já que muita gente acabou colocando na cabeça que era uma obrigação que este cumprisse muita pretensão”. E a principal ideia plantada pela organização com tudo o que pregava, mesmo sendo feito por marinheiros de primeira era a de que, através viagem. Mas mesmo da música, os jovens A sustentabilidade não estava que esta viagem seja seriam instigados a presente em todo o evento apenas puro markeparticipar da “celeting, o SWU continua bração” pelo tema, explorando seus camicomo eles definiram. E até que não estavam tão enganados – essa foi a nhos: no site do movimento já está disponível uma maior motivação de Talita, por exemplo: “Sempre fui pesquisa de satisfação para medir o que precisa ser fascinada pelo festival de Woodstock, e sempre so- mudado. nhei para que um dia tivesse algo do tipo no Brasil. Me apaixonei ao saber que tinha gente fazendo uma O SWU em 2011 força gigante para mostrar aos jovens de hoje que o A organização do SWU já promete uma edição mundo ainda tem salvação”, disse. para 2011. Apesar de todas as reclamações, grande Tendo como base a tal adesão dos jovens, a orga- maioria dos presentes consideraram o evento uma nização do SWU também realizou alguns flash mobs experiência única, já que, desde o Rock In Rio (que na cidade de São Paulo. Teve gente pedalando no volta ao solo brasileiro também no ano que vem), não Dia Mundial Sem Carro, coletando lixo eletrônico no se via algo do tipo por aqui. A migração de todos para Parque Mário Covas, entre outros. Foram divulgados uma cidade no interior do estado também foi um também os planos de Sustentabilidade envolvidos ineditismo, afinal, quando poderíamos imaginar que dentro do festival e inúmeras parcerias com empre- grandes nomes iriam se apresentar fora do grande sas preocupadas com o meio-ambiente foram feitas. circuito manjado de shows? Só restou ao público, então, esperar. Rodrigo se surpreendeu bastante com esta quesCerca de mil pessoas receberam convites para tão, mas acredita que o problema a ser melhorado é o Fórum de Sustentabilidade realizado nos três dias a logística do evento. “A pista VIP é algo que já está antes do início das apresentações musicais, unindo mais do que na hora de acabar em eventos, e o SWU, jovens e especialistas dos mais diversos locais do sendo inovador como é, poderia extingui-la”. E acresmundo para aprender, um com o outro, um pouco centou: “Se as atrações musicais da possível edição mais sobre a proposta de tudo aquilo. de 2011 forem tão fortes quanto a de 2010, e os preEduardo Fischer, o principal organizador do ços não forem extremamente salgados, farei de tudo evento, deu o pontapé inicial neste explicando o por- para marcar presença no evento, que não deixa, no quê de ter levantado a proposta: utilizando um cha- fim das contas de ser histórico”. péu branco, disse que o ato era uma homenagem a “Eu, com certeza, iria numa próxima edição.
CULTURA
15
Acho que, num geral, o festival foi muito legal porque deu espaço para várias bandas de estilos diferentes”, posicionou a jornalista Tainá Hernandes, 24 anos, ressaltando que, apesar de ter gostado da diversidade de bandas, atrações como Capital Inicial e Jota Quest nos palcos principais foram incoerentes com a
proposta. “A organização de shows deveria ser mais combinada, de foram com que o público não se frustrasse com nenhuma atração do set”.
[aliás]
Então que venha um SWU 2011. Alguém já arrisca algum palpite para o line-up? •
Os números do SWU
164 mil pessoas
74 atrações musicais 700 músicos nos palcos e mais de 50 horas de música
3.000 pessoas no
Fórum Global de Sustentabilidade (1000 por dia), que apresentou 29 palestras de convidados nacionais e internacionais
30 toneladas de lixo recolhidas, separadas e destinadas à reciclagem
233 mil metros
quadrados, onde foram construídos 70 mil metros quadrados de área coberta, entre áreas de alimentação, palcos, tendas e camarotes
500 mil
refeições servidas e 700 mil latas vendidas
2 mil
latas de lixo para coleta seletiva
CULTURA
16
[aliás]
Os últimos suspiros de Harry Potter Primeira parte do último filme da série Harry Potter estreou em novembro e ainda pode ser conferido nos cinemas Mariana Peccicacco, originalmente publicado no blog da Aliás, dia 16/11
D
esde o dia 19 de novembro os milhares de fãs brasileiros da série Harry Potter estão mais perto de ficarem órfãos do jovem bruxo e seus amigos. É que nesse dia entrou em cartaz na América Latina “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I”, a primeira parte do último filme da série. Desde 1997, na Grã Bretanha, os livros que contam a história de um menino filho de bruxos, que perdeu os pais quando ainda era bebê e que, depois que entrou na escola passa grande parte do tempo tentando salvar o mundo dos bruxos do mal, conquistou adultos e crianças no mundo inteiro. No Brasil o livro “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, primeiro da série, foi lançado em 2000 e um ano depois já era possível acompanhar a história do livro na versão para o cinema. A série, toda baseada nos livros da autora britânica J. K. Rowling, mostrou Harry (Daniel Radcliffe) e seus fiéis amigos Hermione Granger (Emma Watson) e Rony Weasley (Rupert Grint) crescerem e se envolverem em tramas cheias de dilemas envolvendo o bem e o mal diante de milhões de espectadores no mundo inteiro nos filmes Harry Potter e a Câmara Secreta (2002), “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (2004), “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (2005.), “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (2007) e “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009), todos produzidos pela Warner Bros. A
segunda parte do último filme tem previsão de lançamento para o dia 15 de julho de 2011. Desde que a série foi lançada é difícil encontrar pessoas entre quinze e vinte anos que não tenha ao menos lido uma aventura de Harry, e, por que não, se apaixonado por ela. Este é o caso de Renato Delgado, de 18 anos, que se identifica tanto com os personagens que acabou criando o site ScarPotter.com. “Ainda não consigo imaginar que chegará um dia em que não terei mais filme algum da série a esperar, coisa que eu faço desde que tinha pelo menos onze anos”, diz ele. E a expectativa para o lançamento do filme é grande. “Acredito que se conseguirá alcançar o melhor da série. As passagens do livro dão margem para cenas belíssimas. E aparentemente será tudo contado nos mínimos detalhes, então tem tudo para dar certo”, completa. Quem conseguir comprar o disputadíssimo ingresso para a sessão de inauguração, à meia noite do dia 19, certamente verá muitas pessoas – crianças e jovens – caracterizados de acordo com o seu personagem favorito. Letícia Siqueira, de 21 anos, não estará fantasiada, mas garante que será uma das primeiras da fila do cinema. “Quero ir na sessão da meia noite por que é uma sessão exclusiva, só quem é fã mesmo de Harry Potter vai estar lá e o clima é muito diferente, além de saber que você esta vendo o filme antes de
CULTURA
17
[aliás]
Inauguração do Mundo Mágico de Harry Potter em julho deste ano, em Orlando/EUA (Fotos: Promocional)
todo mundo! É muito bom ver o filme com quem realmente está lá por que gosta e vive o clima de Harry Poter!”. Ela, que faz aniversário dia 20 de novembro, dia seguinte da estreia do filme, já avisou a todos os amigos que quem quiser comemorar com ela vai ter que ir junto ao cinema.
Uma série de sucesso
Desde que foi lançada em livro, a serie Harry Potter já foi traduzida para mais de 65 idiomas e fez de J. K. Rowling a primeira autora a ficar milionária escrevendo livros. No total foram vendidos mais de 400 milhões de exemplares em todo o mundo. E com os filmes não foi diferente. Todos se tornaram sucesso de bilheteria, bateram recordes e arrecadaram em
torno de US$ 900 milhões cada um. O único que não chegou a esta cifra foi o “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, que arrecadou “apenas” US$ 796 milhões. O filme que mais teve retorno de bilheteria foi o Harry Potter e a Pedra Filosofal, primeiro filme da série, com mais de US$ 974 milhões. Completando o gigantesco negócio envolvido com a trama, a Disney abriu, no início deste ano, o Mundo Mágico de Harry Potter, um parque temático localizado na Flórida onde os visitantes podem beber cerveja amanteigada, a bebida típica do universo mágico de Harry, comprar equipamentos de Quadribol, o esporte dos bruxos, e até mesmo visitar o Castelo de Hogwards, onde estudam os personagens da série. •
CULTURA
18
Burlesque (idem) Direção: Steve Antin Lançamento: 28/01/2011 Sinopse: O filme acompanha Ali, uma jovem de uma cidade do interior com uma bela voz, que escapa da vida dura e de um futuro incerto e vai a Los Angeles, para concretizar os seus sonhos. Por acaso, ela chega a um teatro majestoso, porém em péssimo estado de conservação, The Burlesque Lounge, onde está sendo exibido um fantástico musical. Ali é contratada como garçonete por Tess (Cher), dona e administradora do teatro. Os fantásticos figurinos de Burlesque e a coreografia ousada conquistam Ali, que se promete que, um dia, subirá ao palco do teatro.
[aliás]
CULTURA
19
[aliás]
Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (Little Fockers) Direção: Paul Weitz Lançamento: 07/01/2011 Sinopse: Greg e sua esposa irão adicionar à família os irmãos Henry e Ashley Focker, gêmeos de cinco anos do casal. O garoto será gentil e bastante sensível, enquanto a garota será travessa e se interessará por atividades mais masculinas, como carros. Além da Vida (Hereafter) Direção: Clint Eastwood Lançamento: 07/01/2011 Sinopse: O filme conta a história de três pessoas que são afetadas pela morte de maneiras diferentes. Enquanto cada um segue o caminho em busca da verdade, suas vidas se encontrarão e serão transformadas para sempre pelo que eles acreditam que possa existir, ou realmente exista - a vida após a morte. O Turista (The tourist) Direção: Florian Henckel von Donnersmarck Lançamento: 21/01/2011 Sinopse: Durante uma viagem improvisada à Europa para curar um coração partido, Frank desenvolve uma inesperada relação amorosa com Elise, uma mulher extraordinária que deliberadamente cruza o seu caminho. Tendo o excitante cenário de Paris e Veneza como pano de fundo, o intenso romance se desenvolve rapidamente na medida em que ambos se envolvem involuntariamente num jogo mortal como gato e rato. Amor e Outras Drogas (Love and other drugs) Direção: Edward Zwick Lançamento: 28/01/2011 Sinopse: Um vendedor que trabalha no cruel universo farmacêutico tenta bater o recorde de maior número de vendas. Além disso, ele inicia um relacionamento com uma mulher que sofre de mal de Parkinson. Um Lugar Qualquer (Somewhere) Direção: Sofia Coppola Lançamento: 28/01/2011 Sinopse: Johnny Marco é um ator encrenqueiro que passa as tardes bebendo no hotel Chateau Marmont, em Hollywood. A tranquilidade de sua vida preguiçosa acaba quando recebe a visita de sua filha de 11 anos, Cleo (Elle Fanning). Com a inesperada visita, ele é forçado a reexaminar suas atitudes. Deixe-me Entrar (Let me in) Direção:Matt Reeves Lançamento: 22/10/2010 Sinopse: Owen é um garoto de 12 anos sempre satirizado pelos garotos de escola e negligenciado por seus pais, que estão a se divorciar. Abby, menina independente que mora com seu silencioso pai, se torna sua única amiga. Entretanto, Abby esconde um segredo obscuro.