Revista Faz!

Page 1

Tua criatividade pode mudar o mundo Julho/12 #01

Crowdfunding, Shoot the Shit, Lee Jefries, Favela Painting, Awesome Foundation, José Junior, Alessandro Martins

R$ 5,oo (Essa revista não tem fins lucrativos. Todo o valor de venda financia sua produção.)




PALAVRA DE QUEM FAZ

O QUE VOCÊ VAI FAZER PELO NOSSO PLANETA

Caros amigos, a infinita diversidade da realidade única maximiza as possibilidades por conta das condições epistemológicas e cognitivas exigidas. Gostaria de enfatizar que a complexidade dos estudos efetuados cumpre um papel essencial na formulação da fundamentação metafísica das representações. Assim mesmo, a sustentabilidade do Cogito refutada é insuficiente para determinar as implicações do sistema de conhecimento geral. No entanto, não podemos esquecer que o novo modelo estruturalista aqui preconizado auxilia a preparação e a composição das retroações, proliferações, conexões e fractalizações do território desterritorializado. Do mesmo modo, a indeterminação contínua de distintas formas de fenômeno garante a contribuição de um grupo importante na determinação das novas teorias propostas. A prática cotidiana prova que a relação do sujeito com o objeto (recalcado) é condição suficiente das direções preferenciais no sentido do progresso filosófico. Desta maneira, o conceito de diáthesis e os princípios fundamentais de rhytmos e arrythmiston facilita a criação do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades lógico-estruturais. Como Deleuze eloquentemente mostrou, a determinação clara de objetivos obstaculiza a apreciação da importância dos paradigmas filosóficos. Acabei de provar que o desafiador cenário globalizado não oferece uma interessante oportunidade para verificação das múltiplas direções do ponto de transcendência do sentido enunciativo. A prática cotidiana prova. Alice Hetzel, editora chefe

QUEM FAZ? Participe!

Luciano Braga

Alice Hetzel

Marcos Oliveira

Natália Blauth

(braga@faz.com.br)

(alicehetzel@faz.com.br)

(paulinho@faz.com.br)

(natalia@faz.com.br)

Com conteúdo 51 3333 3629 conteudo@faz.com.br Anuncie 51 3333 3629 comercial@faz.com.br

Revista Faz!

Thiago Barbosa

Alice Meditsch

Raquel Martins

Julia Poloni

(thiago@faz.com.br)

(alicemeditsch@faz.com.br)

(raquel@faz.com.br)

(julia@faz.com.br)

Rua Dr. Guimarães Rosa, 77 Porto Alegre, RS Brasil 90480-080

COLABORARAM NESSA EDIÇÃO: Laura Klamburg (laura@faz.com.br), Juan Carles Casasín (jc@faz.com.br), Jaume Pujagut (jaume@faz.com.br), Josep Sarsanedas (josep@faz.com.br), Alejandro Sánchez (alex@faz.com.br), André Miyasaki (andre@faz.com.br), Henrique Funari (henrique@faz.com.br), Melissa Ruz (memi@faz.com.br), Belén Rodriguez-Sieiro Pérez-Lorente (belen@faz.com.br), Priscila Mello (prisca@faz.com.br) 4 // JUN/2012


SUMĂ RIO

26

LEE JEFFRIES

Imagens da vida nas ruas 46// Capa: O trabalho de Haas & Hahn na comunidade de Santa Marta 18// Crowdfunding 58// A Shoot the Shit quer mudar Porto Alegre (e o mundo!) 38// Entrevista: JosĂŠ Junior 24// Entrevistas: Alessandro Martins, criador da Bibliopote 06// Email do Leitor 08// Curtas 12// Solta o Verbo! 64// Galeria 70// 2x1 80// S.O.S

FAZ! // 5


CARTA EMAIL DO LEITOR

tua opinião “Parabéns pelo conteúdo de qua“Li a revista toda, não perdi nenhum ponto e gostei muito. lidade oferecido pela Revista BiodieselBR que demonstrou, antes Foram vários assuntos relade mais nada, comprometimento tados sobre o biodiesel, da com a seriedade. Estudo Comércio matéria-prima ao mercado, Exterior e tenho tido um grande passando por tópicos polítiapoio do site –e agora da revista– cos e econômicos e também por temas internacionais. Senti nas minhas pesquisas.” Suellen Nepomuceno que os assuntos foram abordados de forma positiva, mas “Com certeza a revista faz parte dos com uma visão neutra.” primeiros passos para a ascensão Ken Rodrigues “Da maior importância todas as matérias publicadas. Gostei da que fala dos novos usos para o glicerol (“Da lavoura ao Motor”). Aqui em Paracatu existe a possibilida de se usar glicerina na área de mineração para a compactação de pistas para caminhões pesados. É uma forma de evitar a emissão de poeira no meio ambiente e na cidade.” José Maria de Almeida “Aproveito para sugerir um assunto para a revista. Um setor nicho de mercado que muito pouco se fala é a viabilidade de uso do próprio grão oleaginoso produzido pelo empreendedor rural, a extração por extrusão do óleo vegetal e a transformação em biodiesel.” Richard Fontana, AustenBio Tecnologia em Biodiesel

do setor do biodiesel no mercado mundial. É importante salientar que as fontes renováveis de energia são de suma importância no cenário econômico e ambiental do país. Mas o que ainda falta para os investidores é que eles não dependam da ajuda de uns ou da boa vontade de outros.” Kleber Milton de Luca “Acredito que seria muito bom que fossem feitas reportagens que mostrassem também outros setores periféricos que serão beneficiados com o “ouro verde”.” Fernando Barsa, Engenheiro de Energia Petrobras

“Sem sombra de dúvidas o conteúdo, a forma e a abordagem das matérias ficaram excelentes e vieram em momento oportuno. Gostaria também de fazer uma sugestão de reportagem. Trabalho como químico “Parabéns pela ousadia e qualidana distribuidora de combustíveis de editorial. Sugiro que seja criada uma seção com resenha de periódi- Potencial Petróleo, em Araucária (PR). A empresa, recentemente, cos e livros técnicos sobre a área de passou a comercializar o Biodiesel biodiesel. Também seria interesPotencial, fornecido pela BS Bios sante termos artigos científicos.” por meio de leilão. Se não me Ubaldino Dantas Machado 6 // JUN/2012

engano, somos a primeira distribuidora regional a lançar o produto.” Walber Tuler “As informações da revista são claras e objetivas. Isso faz com que a publicação seja acessível para qualquer pessoa que queira aprender sobre o assunto.” Lucia Helena Francisco Baldanza

Tweets @fulano A infinita diversidade da realidade única nos obriga à análise da afirmação que o Ser é e o Não ser não é. @euachoquenao No mundo atual, a revolução dos costumes ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança. @fulano Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a crescente influência da mídia venha a ressaltar a relatividade. @euachoquenao No mundo atual, a revolução dos costumes ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança. @fulano Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a crescente influência da mídia venha a ressaltar a relatividade.



CURTAS // Soluções Criativas

ecodesign

O Banco-Jardim reutiliza materiais e inspira a auto-sustentabilidade

+ FOTOS AQUI!

As futuras designers Natália Blauth (esq.) e Alice Meditsch (dir.) participaram do projeto Banco de Idéias, proposto pelo Sindimóveis de Bento Gonçalves com uma proposta ecológica para o tradicional banco de madeira. O objeto propõe uma nova interação com o usuário: uma horta comunitária. Todos estão convidados a colher o que desejarem; em troca, devem

8 // JUN/2012

proporcionar atenção e cuidado às plantinhas, além de utilizarem de forma moderada e consciente. A reutilização das caixas de feira e das latas de metal demonstra que o simples pode ser belo – e barato . O assento foi modificado para possibilitar melhor aproveitamento da luz solar e da água da chuva, proporcionando também ao usuário uma maior visualização das plantinhas.


Arquiteto chinês cria 24 ambientes em 30m² O apartamento fica num edifício antigo em Hong Kong. Morar num lugar tão apertado, no país, não chega a ser novidade. Mas o arquiteto Gary Chang encarou o desafio de transformar o seu minúsculo espaço em 24 ambientes. Com criatividade e apuro técnico, criou paredes que se movem e que “guardam” os móveis e utensílios dos quartos, além de cozinha, despensa, banheiro, sala de TV e biblioteca. O projeto fez tanto sucesso que foi parar na web. Em menos de três meses, o vídeo teve mais de 3 milhões de acessos.

VEJA O VÍDEO!

via: http://www.zap.com.br

Artista usa água para criar grafite “verde”

Revisteiro de garrafas PET inova na decoração

O artista belga Stefaan De Croock conhecido como Strook utilizou uma lavadora de alta pressão para criar um grafite -com desenho improvisado!- em uma parede cheia de musgos. Ótima idéia, não?

A criativa “estante” pode ser pendurada na parede e tem espaço para mais de uma revista por nicho. Para fazer-la é só cortar a boca das garrafas, que podem ser da cor que você quiser, lixar e parafusá-las em uma vara plana de metal.

+ www.strook.eu via: www.coletivoverde.com.br

via: www.oartesanato.com

“Escola sem muros” promove integração Foi aberta oficialmente em dezembro do ano passado na Suécia, a Vittra School Telefonplan.conhecida como “escola sem muros”. Na instituição, todos os ambientes são abertos, não existem salaa. + http://vittra.se via: portal.aprendiz.uol.com.br

FAZ! // 9




SOLTA O VERBO! // Vida Urgente

Balada segura por Diza Gonzaga // Foto: Divulgação Vida Urgente

São mais de 25 mil noites para curtir. E dá para viver todas... Mas se beber esqueça o carro, pegue carona com alguém cara limpa, ou siga de táxi... Não, isto não é um panfleto, um folder dos dias de hoje. Há quinze anos um grupo de jovens cheios de energia e muita vontade de mudar a trágica realidade do nosso trânsito saía às ruas na “Madrugada Viva” primeira ação da Fundação Thiago Gonzaga.

12 // JUN/2012

Nas primeiras Madrugadas Vivas, é bem verdade, a maioria dos jovens eram amigos e colegas do meu filho, como a Carine, o Jean, o Lucas, o Marcelo, o Galego, o Robô, e tantos outros. Chegar em bares e danceterias empunhando um bafômetro com uma borboleta no peito era quase uma aventura. Ainda não se falava “se beber, não dirija” e estes jovens eram vistos até com simpatia, mas como sonhadores, utópicos, afinal, “eu até dirijo melhor quando bebo” era a frase que mais escutávamos. Nestes 15 anos, desde que o Thiago partiu, temos feito muitas Madrugadas Vivas pelo Rio Grande e Brasil afora. Acompanhamos e participamos de muitos avanços, como a Lei Seca, para nós a Lei da VIDA, que não foi um presente dos deputados, e sim uma conquista


Não é exagero dizer que a bebida x direção é uma dupla de morte. Mas, apesar de todos os avanços, a carnificina no trânsito continua ceifando a vida de milhares de brasileiros.

da sociedade. Lembro quando entregamos ao então ministro Tarso Genro, hoje nosso governador, cerca de 70 mil assinaturas pedindo o fim da venda de bebida alcoólica nas rodovias de nosso País. Em Porto Alegre e em algumas cidades do Estado a lei que proíbe o consumo de álcool em postos de gasolina e lojas de conveniência, uma iniciativa da Fundação, foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores. De lá pra cá muita coisa mudou, Lei Seca, Lei dos “postinhos”... Os números frios das estatísticas, que para nós tem rosto e nome, caíram de sete mortes de jovens a cada final de semana, na Grande Porto Alegre, para dois. Os fabricantes de bebidas hoje têm a obrigatoriedade de colocar em seus comerciais o “se beber, não dirija” ou o “beba com

moderação”, que cá entre nós é uma hipocrisia, afinal o que é e quanto é a tal moderação? Se, além da timidez, perdemos o reflexo, a percepção de distância e o juízo crítico, fundamentais na condução de um veículo. Estudos do Ministério da Saúde indicam que cerca de 70% dos acidentes com mortes ou lesões têm alcoolemia positiva. Não é exagero dizer que a bebida x direção é uma dupla de morte. Mas, apesar de todos os avanços, a carnificina no trânsito continua ceifando a vida de milhares de brasileiros. E aqui no Estado não tem sido diferente. Não temos o que festejar, nossos números ainda são de guerra. Quando o mundo une esforços com a Década Mundial de Ações pela Segurança no Trânsito, aqui no RS estamos cerrando fileiras

junto ao Governo do Estado para que a “balada” seja “segura” e as nossas madrugadas, cheias de VIDA. Estamos iniciando uma parceria através do Detran para potencializar nossas ações. Nossos mais de 15 mil voluntários vão estar nas ruas e avenidas do Rio Grande nesta união de esforços, pois quem ganha é a sociedade: eu, você e todos nós. Continuarei sonhando que um dia nossas madrugadas, manhãs e tardes serão só de VIDA. Mas, enquanto este tempo não chega, convido todos vocês a virem com a gente fazer parte desta cruzada em defesa da VIDA. Diza Gonzaga Presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. + www.vidaurgente.org.br

FAZ! // 13


SOLTA O VERBO! // Arte

“O GRAFITEIRO CUJA CRIAÇÃO É E PODE SER CONSIDERADA PELOS DEMAIS UMA ARTE É AQUELE QUE POR NATUREZA E CONSCIÊNCIA PRÓPRIA PREZA E RESPEITA AS REGRAS DE CONVIVÊNCIA SOCIAL”


GRAFITE É ARTE! por Maria C. Schefer // Foto: Helvio Romero

“Grafite é arte corre faz parte” Isso está escrito na parede de um dos prédios públicos situado no Parque Centenário, em Montenegro, no Rio Grande do Sul. A cidade, localizada à 74 km de Porto Alegre, é conhecida como Cidade das Artes. Mais do que plagiar a prática de coligir e situar frases pichadas, como fez Eduardo Galeano (1991) no Livro dos abraços, o que pretendo aqui é uma reflexão sobre a ação da atual juventude “arteira” que picha. Pichação que é uma prática comum em muitas cidades brasileiras. Como expresso na frase acima, nesse caso, ao mesmo tempo que os jovens revelam distanciamento popular com o bem público, expressam confundir pichação com grafite. Mas, de modo geral, na atitude de depredar os anarquistas verbalizam o não reconhecimento de pertença de um espaço ou (em outros casos) de um monumento para si e para os seus. E, apesar disso, requerem pichando o direito de uso, demarcando ao estilo “mijo de cachorro”, espaços públicos coletivos. Assim, diante de rabiscos rebeldes (leia-se): o desejo de existir socialmente!. De outro modo, a “totenização” de espaços públicos carece de reflexões administrativas. Apesar de a era dos coronéis ter passado (VIVA!), muitos cidadãos ainda sonham com seu busto exposto na praça. Na prática pública de nomear ou fixar objetos, repete-se a demarcação do território; particulariza-se o coletivo, similar ao que os pichadores fazem, só que agora avalizada pelo poder: mijo com pedigree! A imposição (via monumentos, via placas) da presença de uma personalidade, de uma crença, de uma instituição pode provocar estranhamentos. Hoje, mais do que em tempos de outrora (de cabresto)! Vale lembrar que o que é estranho causa medo e estará sempre sujeito à retaliação popular. Um objeto, para ser público, precisa identificar-se com os costumes locais e ter aceitabilidade social da comunidade. As escolas têm forte papel no sentido de apresentar às crianças os totens tradicionais da comunidade, a fim de que (de algum modo) elas reconheçam o motivo da presença de algo no cenário onde vivem. Nesse caso aqui intitulado, a escrita é enorme, a parede alta, o parque tem guardas, o que significa que deu muito trabalho aos “artistas”. Jovens que devem ter lá os seus 16 anos e, como lido, no que tange às “concordâncias”, não estão nada conformes! Maria Cristina Schefer Pedagoga, Especialista em Alfabetização e Mestre em Culturas Regionais

FAZ! // 15




ENTREVISTA // Alessandro Martins

Bibliopote é uma ideia, é uma proposta, é uma referência e é uma iniciativa democrática e positiva em favor do livro e da leitura. 18 // JUN/2012


ALESSANDRO MARTINS, O CRIADOR DA BIBLIOPOTE Frequentador assíduo da padaria Pote de Mel, Alessandro começou a levar seus livros para uma leitura que acompanhasse o seu café. Percebeu que a Pote de Mel recebia um público variado e flutuante e que, muitas vezes permanecia ali, como ele, por algum tempo. A vizinhança da padaria inclui o Hospital de Clínicas e a reitoria da Universidade Federal do Paraná e, também por isso, o público é bastante diversificado. Lembrouse de uma experiência interessante e bem sucedida de uma biblioteca instalada em um açougue em Brasília. Daí, ele pensou: por que não em uma padaria?

Como funciona a Bibliopote? A Bibliopote funciona com regras muito claras e simples. Criamos uma política que conta com o compromisso ético das pessoas no exercício da liberdade que é oferecida de pegar um livro emprestado e devolvê-lo quando quiser. Quais são essas regras? - Leve este livro para onde quiser durante o tempo necessário; - Cuide dele. Depois de ler, devolva; - Este livro não deve pertencer a ninguém; - Se ele estiver em prateleira particular, leve-o, leia-o, passe-o adiante ou devolva à Biblioteca Pote de Mel; - Se quiser, doe um livro para a Biblioteca Pote de Mel.

Vocês têm algum tipo de registro e controle dos livros da biblioteca? Não. O único controle efetivo que temos é o carimbo que vai no livro. O carimbo contém as regras da Bibliopote. Assim podemos informar às pessoas sobre os princípios que regem a nossa biblioteca. Existe, também, um livro de registro para atender àqueles que ainda estranham a liberdade que a gente oferece. Mas como é opcional, ele se tornou mais um objeto de design do que uma forma de controle. Na verdade, se o livro voltar, ótimo! Mas se não voltar, tudo bem.

“Livros devem circular. Um livro fechado está adormecido. Se um livro acorda, uma pessoa acorda” Já existem, pelo Brasil, outras iniciativas também originais que pretendem estimular a leitura e fazer o livro circular, como é o caso da Bicicloteca e da Bibliotáxi. Você já teve notícia de iniciativas que se inspiraram na Bibliopote? Sim, sempre recebemos notícias de novas iniciativas e fazemos questão de divulgá-las no blog da Bibliopote e meu blog, Livros e Afins. Recentemente, em Indaiatuba(SP), foi inaugurado o projeto “Leitura na Padaria” que, segundo nos informaram, foi inspirada na nossa experiência. Isso é muito bom, pois um dos nossos desejos é que a Bibliopote seja mesmo uma inspiração.

O que você pensa quando ouve alguém repetir que “brasileiro lê pouco, que não gosta de ler”? Eu não concordo. O brasileiro gosta muito de ler. Veja a internet, por exemplo. Cada vez mais, as pessoas se comunicam por escrito, exercitam a escrita e a leitura. E o Brasil é um dos países que mais acessam a internet atualmente. Sou a favor de que o livro e a leitura estejam no cotidiano das pessoas por todos os meios possíveis. É um movimento cíclico: a leitura na internet estimula a busca pelo livro físico também. Qual tem sido o retorno que a Bibliopote tem dado para você e para a Panificadora Pote de Mel? A Bibliopote tem sido uma oportunidade de aprimoramento das relações entre as pessoas. O tratamento cordial que a equipe da Pote de Mel oferece a todos, além do espaço da biblioteca, é o que me faz sentir como um “bom freguês” e não como um “cliente”. Frequento a padaria diariamente e sempre sou bem recebido. Eles estão sempre preocupados em melhorar. O principal produto da relação estabelecida entre pela criação de uma biblioteca livre naquele espaço é justamente a oportunidade, para todos nós, do exercício da ação ética.

Adaptado de entrevista realizada (via skype) em 22.8.2011 por Élida Murta. via: http://vinasocial.blogspot.com.es + bibliopote.com

FAZ! // 19


INCENTIVO // Crowdfunding

Colaboração, s. f. Ato ou efeito de colaborar; concurso, ajuda, auxílio: trabalhar em colaboração. O trabalho feito pelos colaboradores, contribuição: colaboração dada a uma revista.

20 // JUN/2012


CROWD FUNDING Em vez de fundos de investimentos ou patrocinadores, o crowdfunding reúne pequenas multidões para financiar projetos que vão da produção de filmes e shows a invenções tecnológicas.

FAZ! // 21


Alberto Colares, 40 anos, está montando um centro de protótipos usando o sistema de captação do crowsfunding: "Queremos que empreendedores e investidores aprendam tudo na Bird" Foto: Lucas Lima

Transformar uma ideia em realidade, seja de uma nova (loudsource.com) reúne investidores não para um proempresa, um projeto cultural ou um aplicativo para iPho- jeto, mas para arrecadar verbas e anunciar as ideias ne, depende quase sempre de um investidor disposto a em outdoors, revistas, TV ou outros meios. Nos Estados arriscar alguns milhares — ou milhões — de reais em troca Unidos, essa multidão de pequenos investidores online de retorno financeiro, caso o empreendimento dê certo. ajudou a eleger o presidente americano Barak Obama, Se nada sair bem, é ele quem vai arcar com o prejuízo. em 2008. Adepto das redes sociais, Obama chegou a ter 5 milhões de amigos no Facebook, 230 Claro, conseguir esse mecenas não é tão simples e muitos projetos “Doação e comunidade mil seguidores no Twitter e mais de 1 bacanas acabam nunca saindo do são palavras essenciais milhão em sua comunidade no MySpace papel. Mas o mundo dos negóao crowdfunding” que doaram verbas para a campanha cios está ficando mais democrátiDaniel Weinmann que o elegeu. co: vem ganhando força no Brasil Um dos primeiros exemplos que se a ideia de crowdfunding, ou financiamento de massa, tem notícia desse tipo de doação, porém, veio muito em que um grupo de pessoas colabora para financiar antes da existência da internet. Foi o financiamenalgo que beneficie muita gente, do mesmo jeito que to colaborativo que viabilizou a construção da Estátua ocorre nos softwares de código aberto, o crowdsourcing. da Liberdade. Em 1865, o escultor francês FrédéricNesse novo modelo de negócio, o empreendedor busca Auguste Bartholdi e o historiador de Versalhes Edouard doações em dinheiro de anônimos que apoiam o proje- de Laboulaye, admiradores dos Estados Unidos, queriam to, geralmente pela internet, para colocá-lo em prática. presentear os americanos em nome da França. Bartholdi criou a escultura e fez uma proposta: quem doasse diEstátua da liberdade nheiro ganharia uma réplica da estátua, em tamanho A ideia de arrecadar de pouco em pouco, por meio de menor, obviamente. Na década de 1880, a estátua da muitos colaboradores, é simples e não exatamente nova, Liberdade ficou pronta, mas os americanos não tinham mas ganhou força com a possibilidade de conectar muitas um pedestal para acomodá-la. Nos Estados Unidos, o pessoas que tenham interesses semelhantes por meio de jornal New York World publicou um anúncio pedindo plataformas online. O site Kickstarter (kickstarter.com), doações para a construção desse pedestal usado até de financiamento colaborativo para projetos criativos, hoje, que foi feito 45 anos depois de a estátua chegar. já atraiu mais de 250 mil colaboradores que, no total, doaram mais de US$ 20 milhões desde abril de 2009, Convencer o mundo quando foi lançado, e virou referência mundial. Um de O administrador gaúcho Daniel Weinmann, 28 anos, é seus projetos notáveis é o Spot.Us, um site de jornalis- um dos precursores do financiamento em massa no mo open source, em que os investidores podem sugerir Brasil. Criador do site Crowdfunding Brasil (crowdfunhistórias e participar das reportagens, depois publi- dingbr.com.br, que explica o que é financiamento colacadas em grandes jornais ou revistas. Já o Loudsource borativo), ele se uniu a Diego Reeberg, 22, e Luís Otávio 22 // JUN/2012


Ribeiro, 20, estudantes de administração na Faculdade Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), para fazer a primeira plataforma online brasileira, o site Catarse (catarse.me) inspirado no Kickstarter. “Com ele, podemos viabilizar projetos em diversas áreas, desde que tenham relevância social”, diz Weinmann. Até o final de janeiro (no fechamento desta edição não havia ido ao ar) o site deve começar a funcionar. Uma parte do estímulo aos doadores geralmente vem das recompensas que os empreendedores oferecem após a arrecadação do valor que pretendem. Um dos projetos já inscritos no Catarse, o Ajude um Repórter (perfil do Twitter que coloca jornalistas em contato com personagens e fontes para matérias), está angariando R$ 15 mil para lançar um site e terá seu código aberto para que outras pessoas possam usar sua estrutura. Se atingir a verba necessária, os autores do filme Eu Maior terão as sessões de estreia do filme lotadas por seus financiadores e colocarão seus nomes entre os créditos da película. Já o ilustrador Indio San, 33 anos, e o jornalista e músico Rodrigo DMart, 36 anos, de Porto Alegre (RS), mobilizaram os amigos para imprimir a novela gráfica Um Outro Pastoreio. Foram lançados 1.000 exemplares com a venda de 200 cotas de patrocínio a R$ 100 cada. Os cotistas receberam dois exemplares do livro, além de terem o nome nos agradecimentos. Interesse Comum Os projetos de crowdfunding não têm a ver com filantropia e não se espera que os colaboradores apliquem seu dinheiro sem critério. Mas, para além do mimo normalmente enviado pelos empreendedores ou do retorno financeiro, há o interesse comum entre financiadores e empreendedores. Essa convergência tem um papel essencial na arrecadação. “As pessoas não compram ‘o que’ você faz, elas compram ‘porque’ você faz” — a frase, que inspira empreendedores virtuais, é do consultor inglês Simon Sinek, autor de Start With Why (Comece Com o Por Quê?) e define um passo importante no sucesso desse tipo de captação. Por isso também é mais fácil que a grana venha dos círculos pessoais e profissionais dos donos do projeto, que acompanham seu trabalho e sabem suas motivações. Esse grupo é, geralmente, quem paga pelas primeiras cotas e encoraja as seguintes. “Doação e comunidade são palavras essenciais ao crowdfunding”, diz Weinmann, ao resumir o senso que move essa nova maneira de fazer negócios.

Por: Natália Garcia Via: revistagalileu.globo.com

PIMP MY CARROÇA, O PROJETO QUE BUSCA FUNDOS PELO CROWDFUNDING A empresa desenvolvida pelo grafiteiro Mundano, chamada Parede Viva, teve uma iniciativa que me chamou muito a atenção! Uma ideia que visa reformar o maior número de carroças “ambientais” pelo Brasil inteiro. Você pode não recordar, mas na certa já foi impactado por alguma das mensagens de Mundano, que distribuiu mais de 150 ‘drops’ de perplexidade em suas pequenas obras de arte que integravam o cenário urbano através destas mesmas carroças. Um ótimo exemplo da arte de Mundano: “Um catador faz mais do que um ministro do meio ambiente“. A ideia do projeto, chamado “Pimp My Carroça“, é muito bacana. Consiste na proposta de provocar a sociedade e, claro, ajudar estes trabalhadores que de fato fazem a diferença em nossas vidas – como os verdadeiros agentes ambientais – e acabam passando perigosamente despercebidos A iniciativa propõe aumentar a visibilidade, segurança e a autoestima dos catadores de material reciclável. Para ajudar no projeto, você pode doar no catarse.me que a Parede Viva criou e auxiliar na arrecadação que visa o valor de R$38.200,00 para que o projeto Pimp My Carroça consiga sair do papel!

Por: Eduardo Cabral Via: http://comunicadores.info APÓIE O PROJETO!

FAZ! // 23




REPORTAGEM FOTOGRÁFICA // Lee Jeffries

Lee Jeffries é um fotógrafo inglês, morador de Manchester que começou sua carreira fotografando eventos esportivos. Contudo, foi ao conhecer uma moradora de rua em Londres que sua visão artística se transformou para sempre.

POR: JOSÉ DA SILVA FOTOGRAFIA: LEE JEFFRIES

26 // JUN/2012


FAZ! // 27


“às vezes eu mostro aos personagens o resultado na câmera. eles sempre sorriem.”

28 // JUN/2012

Nascido e criado na cidade de Manchester, Inglaterra, Jeffries atuava como fotógrafo esportivo e freqüentemente era requisitado para o registro de partidas de futebol. Em 2008, ao sair do estádio, se deparou com uma cena deprimente: uma menina dormindo em um saco de dormir no meio da calçada. Jeffries havia encontrado sua nova fonte de inspiração.


“Ela me viu e começou a gritar. Eu fiquei envergonhado e tive de decidir se ia embora ou se pedia desculpas”, conta Jeffries. O fotógrafo decidiu se aproximar e conversar com a menina de 18 anos. Ele descobriu que ela foi viver nas ruas após a morte dos pais. O episódio fez com que Jeffries decidisse fazer retratos de moradores de rua em várias cidades

da Europa, como Londres, Paris e Roma, e dos Estados Unidos, como Los Angeles e Nova York. Para que os retratos tenham um tom íntimo, Jeffries tenta criar uma conexão psicológica com cada um de seus ‘modelos’ antes de usar a máquina fotográfica. Ele mantém uma conversa informal, sem tomar nota ou gravar, e prefere fazer as imagens enquanto

conversa com as pessoas para capturar ‘suas verdadeiras emoções’. Jeffries diz que às vezes oferece aos moradores de rua comida, dinheiro ou um abraço. As imagens são depois processadas, religiosamente da mesma maneira sempre, e o fotógrafo usa sombra e luz para realçar os olhos das pessoas e dar um tom quase religioso ao trabalho. FAZ! // 29


ao mesmo tempo, tão frágeis como “Todas essas pessoas são parte da Jeffries usa sua fotografia para arcera. Ao ver-lhes o brilho nos olhos sociedade e há a necessidade de recadar dinheiro para ONGS de tratá-los adequadamente. Não pre- e a rugosidade da pele, fico com a moradores de rua e tenta reduzir a sensação de que já nem são pessocisamos ter medo deles. Precisamos ‘invisibilidade’ das pessoas que não as nas fotos, mas velas a derreter. sim respeitá-los e ajudá-los o mais têm onde morar. Tal nível de detalhe conseguebreve possível”, diz Jeffries. Com isso, Lee tem conseguido -o criando empatia com os pobres mudar a visão da sociedade, desdesgraçados que descobre nas ruas pertando compaixão nos admirado- Esculturas fotográficas de Londres e da América, explires de sua arte, imagens em preto e Jeffries usa a máquina fotográficando-lhes abertamente o que ca para criar esculturas, tão superbranco carregadas de muito sentiestá a fazer e com que intenções, -realistas como as de Ron Mueck e, mento e verdade. 30 // JUN/2012


“A primeira vez que fui ao skid row eu estava tão assustado que tive que fisicamente me forçar a sair do carro....

FAZ! // 31


...Uma vez eu tinha feito... Dado o primeiro passo... Eu nunca olhei para trås.�

32 // JUN/2012


e oferecendo-lhes dinheiro. Nem sempre consegue fotografá-los, mesmo quando passa dias a tentar convencê-los – aí, vira as costas e segue a sua vida, como qualquer outro turista. Jeffries não é um fotógrafo puro à maneira de um Cartier-Bresson, um romântico de outros tempos: o detalhe também é conseguido através de longas sessões de Photoshop

para ajudar a acentuar seletivamente pormenores do rosto – os olhos, sobretudo. Emoção Jeffries é diferente: também recorda as coisas à sua maneira mas inquieta, não diverte. Trabalha num olhar, numa expressão que descobriu nas ruas e o tocou: “Se eu não me sentir emocionado, a foto não

poderá transmitir nada”. Ele nada nos conta sobre a vida destas pessoas que partilham o mesmo planeta que nós, o que lhes aconteceu, o que correu mal; apenas nos deixa rostos semidespedaçados que nos assombram a consciência como fantasmas da civilização.

FAZ! // 33


34 // JUN/2012


Caros amigos, a infinita diversidade da realidade única nos obriga à análise da afirmação que o Ser é e o Não ser não é. Por outro lado, o advento do Utilitarismo radical cumpre um papel essencial na formulação da fundamentação metafísica das representações. Assim mesmo, a estrutura atual da ideação semântica exige a precisão e a definição do sistema. O poder do olhar No entanto, não podemos esquecer que o novo modelo estruturalista aqui preconizado auxilia a preparação e a composição das posturas dos filósofos divergentes com relação às atribuições conceituais. Do mesmo modo, o desenvolvimento da consciência coletiva virtualizada não resulta em uma interiorização imanente das novas teorias propostas. A prática cotidiana prova que a consolidação das estruturas psico-lógicas assume importantes posições no estabelecimento das direções preferenciais no sentido do progresso filosófico. Baseado na tradição aristotélica, o conceito de diáthesis e os princípios fundamentais de rhytmos e arrythmiston possibilita uma melhor visão global do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades lógico-estruturais. Desta maneira, o conflito da psique inconsciente, corrobora o início da atividade geral de formação de conceitos não sistematiza a estrutura dos paradigmas filosóficos. Acabei de provar que a sustentabilidade do Cogito refutada não oferece uma interessante oportunidade para verificação das alternâncias entre pensamentos sábios e não-sábios. Se estivesse vivo, Foucault diria que o Übermensch de Nietzsche, ou seja, o Super-Homem, acarreta um processo.

A População de Rua no Mundo: Os Fatos •  No mundo inteiro, mais de 100 milhões de pessoas moram nas ruas e mais de um bilhão moram em casas sem condições dignas. •  A cada dia, cerca de 50.000 pessoas, sobretudo mulheres e crianças, morrem devido à moradia em abrigos precários, à água poluída e a condições de saneamento deficientes. •  Estima-se que 1,3 bilhão de pessoas vivam em situação de pobreza por todo o mundo; 70% são mulheres e meninas. •  Existem 23 milhões de refugiados e 27 milhões de pessoas deslocadas de seus próprios países, praticamente todos vivendo em situação de pobreza. •  A falta de abrigo afeta diretamente a saúde dos moradores de rua. Em Londres, por exemplo, a expectativa de vida entre os moradores de rua é inferior em mais de 25 anos à média nacional.

Estatísticas regionais •  EUA: A cada noite, estima-se que 842.000 pessoas estejam dormindo na rua. Com base nesses dados, a projeção anual é de 3,5 milhões de pessoas. •  Alemanha: Um total de 272.000 pessoas foram consideradas sem-abrigo, sem-teto ou recorrendo a um serviço de alojamento em 2004. •  Polônia: Estima-se que 33.434 pessoas passem a noite em abrigos ou alojamento temporário a cada ano. •  Índia: A Índia é um dos poucos países em desenvolvimento que quantificou a população em situação de rua: mais de 2,3 milhões. •  Austrália: O Censo Demográfico de 2001 mostrou que existem 99.900 moradores de rua na Austrália.

FAZ! // 35




ENTREVISTA // José Junior

38 // JUN/2012


JOSÉ JUNIOR O cara cresceu em Ramos (RJ), perto do Complexo do Alemão, imerso na cultura marginal do tráfico de drogas, da prostituição, do jogo do bicho. Fazia festas de funk, criou um jornal para a comunidade e depois começou a oferecer aulas de percussão e dança, mas sem saber tocar ou dançar – aprendeu ensinando. Por: Gustavo Gitti Fotos: José da Silva

FAZ! // 39


“O governador não merecia um banho de sangue”

Esse é José Junior (JJAfroReggae no Twitter), fundador da ONG Afroreggae, atualmente com 74 projetos, 10 bandas de música, 2 trupes de circo, grupo de teatro, centro multimídia… Trabalha com policiais, presidiários e jovens empresários, fisgando as pessoas pela mesma lógica que as leva ao tráfico, tratando-os como seres inteligentes, não alienados. Desde 1993, o grupo se ampliou e hoje atua também na Índia, EUA, Colômbia, China, Inglaterra e França. Qual sua história? Quais suas origens? O que fazia antes de ser do AfroReggae? Minha infância foi em Ramos, subúrbio do Rio, mas na adolescência fui morar no Centro. Cresci numa área degradada, cercado de violência, prostituição por todos os lados. Não tive muito estudo e fiz de tudo um pouco nesta vida. Fui o Batman em animação de festas infantis, entreguei jornais, quentinhas… Minha vida começou a mudar quando comecei a produzir festas. Primeiro eram de funk, mas com a proibição dos bailes, mudamos para o reggae. Criamos a “Rasta Reggae Dancing”, que virou um 40 // JUN/2012

sucesso na cidade e, na mesma época, há 17 anos, começamos a produzir o AfroReggae Notícias, um jornal que veiculava notícias sobre a cultura afro. Ou seja, o AfroReggae começou como um jornal de notícias. Só nos instalamos em Vigário Geral, naquele mesmo ano de 93, após aquela tragédia, que foi a chacina, na qual 21 inocentes foram mortos. Como descobriu que era isso que queria fazer e como chegou onde está? Eu não descobri. As coisas foram acontecendo. No AfroReggae, acreditamos muito no efeito Shiva: Deus que destrói para poder construir. O AfroReggae é fruto da violência e também da inexperiência. Começamos a dar as oficinas culturais quase que intuitivamente. Fomos ensinando e aprendendo ao mesmo tempo. Não havia um planejamento, uma estratégia. Somos frutos do caos. Mas, por desespero, corremos atrás e buscamos soluções que até então eram inéditas e que deram certo. O que você faz atualmente? Sou coordenador-executivo do Grupo Cultural AfroReggae. Hoje

o AfroReggae tem muitos coordenadores e cada um cuida de uma parte, mas eu sou o gestor. Acho que meu grande talento é o empreendedorismo social. Esse diálogo com a elite, com a favela, políticos, bandidos, polícia. E é para isso que trabalho, para acabar com o apartheid social. Queremos construir um ponte, com uma via de mão dupla para integrar classes sociais diferentes, raças diferentes, ou seja, eliminar barreiras invisíveis que a sociedade construiu. E seu programa no Multishow? O “Conexões Urbanas”, do Multishow, é fruto de outras conexões. Em 2001 começamos a produzir grandes shows em favelas. A ideia do projeto era levar grandes nomes da MPB para tocar nas favelas mais temidas da cidade. Se havia um mega show na praia de Copacabana ou na casa de shows mais sofisticada da cidade, levávamos exatamente o mesmo evento para favela, incluindo o palco, o cenário. O projeto deu super certo, já passamos das 50 edições. Só neste ano já tivemos duas edições e vamos fechar o semestre com mais umas três, ultrapassando um milhão de pessoas só em 2010.


A principal questão do show é conectar mundos e realidades diferentes. Essa concepção cresceu dentro do AfroReggae e “Conexões Urbanas” acabou virando uma grande marca para a gente, uma verdadeira plataforma de negócios que hoje inclui 6 programas de rádio, inclusive em rede nacional através da Oi FM, uma revista, o show em si e o programa de TV. Queremos construir uma espécie de “Google for good”. Virar uma referência para quem quer mudar o mundo. Na TV, o programa se desdobra em outras ações, deixa um legado. Acho que a principal questão é que não estamos fazendo imagens para um programa de TV, estamos conectando iniciativas que já estavam ocorrendo. Conectamos e, a partir deste link, ajudamos a gerar novos negócios sustentáveis. Conte um pouco do seu cotidiano. Não tenho uma rotina, mas posso lhe dizer que trabalho muito. Mesmo o meu lazer é no meu trabalho. Uma das principais atuações do AfroReggae é a mediação de conflitos. Mediamos verdadeiras guerras. Podem ser entre facções diferentes ou entre polícia e bandido, mas quando estoura um problema, o AfroReggae sempre está lá. Então, pela manhã posso estar numa favela mediando uma guerra do narcotráfico e à tarde posso estar na Fiesp ou numa reunião com o governador Sergio Cabral. O que vocês tem feito no projeto e onde pretendem chegar? Hoje o AfroReggae tem 74 projetos no Brasil e no mundo. Estamos abertos a parcerias diversas. Queremos conectar. Enquanto houver diálogo, sempre haverá novas perspectivas. Sabemos que podemos chegar longe.

Você citou no Twitter que considera o Luciano Huck uma “pessoa iluminada e generosa” e ele te considera um “guerrilheiro social”. O que falta para termos mais gente como vocês dois no Brasil? Existem muitas pessoas assim, bem mais do que se imagina. É isso que tento mostrar no meu programa de TV: pessoas que se conectam para fazer o bem, e há muita gente fazendo isso, podes acreditar.

“Queremos construir um ponte, com uma via de mão dupla para integrar classes sociais diferentes, raças diferentes [...] eliminar barreiras invisíveis construídas pela sociedade” Uma história ou uma cena que fez todo o esforço valer a pena. Há uma coleção. A mais recente e mais forte foi no caso do Evandro. Com a ajuda da imprensa, da polícia e do governo, conseguimos o que queríamos, num curto espaço de tempo. Não houve impunidade. A justiça foi feita. Quais os erros de outros agentes sociais que deixam você com vergonha alheia? Nada me envergonha. Pelo contrário, me orgulho constantemente. Tirar gente do tráfico, ver que as pessoas podem ter uma segunda chance. Existe uma questão de índole, mas pouquíssimas pessoas são 100% ruins. No último ano tiramos quase 300 pessoas da criminalidade. Dá quase um por dia. Isso mostra que, com oportunidade, muitos optam por traçar uma nova trajetória. É o que mais me deixa feliz porque meu maior sonho é não ver mais gente no tráfico.

Quais são os passos específicos que um leitor que queira se tornar um agente social pode tomar? Minha faculdade foi na rua e minha pós graduação foi baseada na minha intuição. Muitas vezes ouvimos “não vai por esse caminho, não faça isso”. Fizemos. E deu certo. O AfroReggae só deu certo porque apostamos em pessoas e projetos que eram dados como perdidos, sem solução. A gente tinha até um slogan que dizia “Onde os outros não vêem saída, a gente vê arte”. Fora isso tivemos grandes parceiros e gurus, como nosso querido Waly Salomão, o padre Lorenzo Zanetti, além do Caetano, da Regina Casé, entre muitos outros. O que você demorou muito tempo pra aprender e agora pode resumir em poucas palavras? Eu era uma pessoa muito preconceituosa. Por exemplo, eu detestava a polícia. Hoje, quebrei essas barreiras e desenvolvo dois importantes projetos com a polícia: o Juventude e Polícia (em parceria com o governo de Minas) e o Papo de Responsa, com a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Quais são os benefícios que seu trabalho gera para as comunidades e para a sociedade em geral? Não necessariamente o meu, mas o do AfroReggae como um todo. São desde as oficinas culturais que oferecemos nas favelas até o resgate dos jovens do crime. Isso impacta diretamente na violência. Essa questão de promover a integração social gera vantagens para todos, para a elite e para o favelado, para o preto e para o branco.

+ www.afroreggae.org/

FAZ! // 41


INCENTIVO // The Awesome Foundation

Oscar Lhermitte, 25 anos, teve uma ideia: criar estrelas artificiais feitas com leds e balões de gás hélio e soltá-las no céu de londres, só para deixar a noite mais bonita e as pessoas mais felizes. A Awesome Foundation lhe pagou US$ 1.000 para isso.

42 // JUN/2012


A AWESOME FOUNDATION TE PAGA POR UMA BOA IDEIA (mesmo que ela possa parecer absurda)

FAZ! // 43


Nunca consegui encontrar uma tradução para a palavra inglesa “awesome” que me satisfizesse. O significado que lhe atribuo anda algures entre a fusão das ideias de “impressionante”, “fantástico”, “espectacular” e “excelente” com o conceito de “fixe”. Algo, ou alguém, “awesome” é completamente imbuído de qualidades fixes imediatamente palpáveis, mas que são claramente resultantes de um esforço reconhecível que se baseia em princípios surpreendentes, arrojados ou inesperados. Usemos então o termo com a familiaridade que ele merece. Não resisto à redundância: o assunto que hoje trago para a mesa, The Awesome Foundation, é awesome. O seu princípio básico? Contribuir para que o nível do componente awesome presente no universo aumente. Como? Através de doações de 1000 dólares por mês a projectos pouco ortodoxos ou arriscados que necessitam de financiamento, sem nenhum tipo de contrapartidas, obrigações ou interferências. Awesome. Touché, caros criativos “Pensar num projeto apenas como com veias empreendedoras e visionários hipoteticamente loucos necessariamente awesome, sem se ou vice-versa. Quando descobrimos que Tim compartimentar na sua génese como ou Hwang, afamado pai da ROLFCon, artístico ou economicamente viável cria foi o fundador desta ideia compreendemos rapidamente o tom sementes de raciocínio diferentes.” da iniciativa. Quem mais iria conseguir que vários grupos de mecenas, neste momento já espalhados por várias esquinas do mundo, financiassem projectos que tão depressa passam pelo desenvolvimento de Apps Mobile, como por mecanismos de recolha e reaproveitamento de desperdícios alimentares como por exercícios de pura materialização de profundos desejos geek? Um exemplo desta última categoria, o projecto brevemente materializado “Indiana Jones and the Alley of Doom”, de Laurenellen McCann, consistirá numa experiência pop-up que recria a conhecida cena em que Indiana Jones foge enquanto é perseguido por uma pedra rolante gigante. Qualquer pessoa interessada em sentir-se dentro da cena do filme será colada num percurso construído para o efeito e verá uma (falsa e não assassina) pedra descomunal ser largada na sua direcção, altura em que, espera-se, começará a correr desalmadamente. Câmaras dispostas ao longo desse caminho registarão o sucedido e cada participante poderá ver-se a si mesmo na sua própria versão da cena, filmes estes que serão depois disponibilizados no youtube e no site do projecto. Outro exemplo de financiamentos atribuídos pela instituição é o caso de Jacqui Hocking, que recebeu o apoio para filmar o título “Spinning Dreams”, um documentário 44 // JUN/2012


Jeff Waldman quer mudar o mundo. Um balanço por vez. Para resgatar sentimentos de liberdade e tornar a vida mais divertida, ele decidiu instalar balanços por Los Angeles. A Awesome Foundation patrocinou a açao com mil dólares.

sobre a terceira Tour de Timor. Esta corrida de ciclismo é organizada para demonstrar às pessoas de todo o mundo que Timor Leste é um lugar pacífico e repleto de paisagens deslumbrantes. Acontece também que esta é considerada uma das mais difíceis, acidentadas e árduas provas da modalidade, o que só aliciou ainda mais Jacqui Hocking e a Awesome Foundation. A organização Sendo completamente auto-fundada por um sistema de mecenas que se dividem por chapters regionais, a Awesome Foundation possui já um impressionante catálogo de iniciativas apoiadas, que dificilmente receberiam incentivos monetários de instituições convencionais. Esta atitude descomprometida é sem dúvida um atractivo para sonhadores e empreendedores pouco preocupados com lucros. E é exactamente aí que reside uma da suas duas grandes mais valias. Por não estabelecer limitações que se prendem com a necessidade de conseguir uma viabilidade económica, mas também não a pondo de parte, a Awesome Foundation consegue libertar amarras de pensamento que tendem a resultar em ganhos maiores. Pensar num projecto apenas como necessariamente awesome, sem se compartimentar na sua génese como ou predominantemente artístico ou predominantemente economicamente viável cria sementes de raciocínio diferentes. Deixa a Criança (ou a Internet Persona) em nós emprestar os lápis de cor ao aspirante a Pessoa Bem Sucedida que nos veste de manhã e riscar nas paredes do escritório. A segunda grande mais valia desta fundação tem a ver com o impacto maior que pode ter. Não me refiro ao

impacto nas comunidades ou nos indivíduos, nem aos bons actos mais imediatos e mesuráveis, mas sim à legitimação que consegue dar à cultura da internet e ao espírito das pessoas que a vivem. Estabelece uma plataforma que demonstra que a malfadada “comunidade da internet”, aquela que conhece e usa códigos e formas de socialização assentes na realidade da internet, pode ter uma pegada cultural eminentemente positiva e capaz de influenciar e moldar a sociedade dominante. O espírito da internet É fácil perceber que a linguagem e o tom que a Awesome Foundation utiliza são típicos do espírito das pessoas que constroem o conteúdo específico do universo da internet. O que proponho é que algo muito mais profundo do que isso acontece: acredito que toda esta iniciativa é uma produto claro do Espírito da Internet. Proponho que a própria existência de um projecto que abriga outros tantos com estas características resulta especificamente da linha de pensamento de pessoas que foram expostas continua e sistematicamente a material criado “for the luz” lado a lado com material que trata do último avanço tecnológico ou cultural noticiado ao minuto. Proponho ainda que esta forma de estar particular acontece há tempo suficiente para começar agora a estabelecer ideias alternativas cujo sucesso começa a parecer querer brotar.

+ awesomefoundation.org Fotografia: Acervos pessoais Oscar Lhermitte e Jeff Waldmann

FAZ! // 45


INSPIRAÇÃO CAPA // Favela//Painting Favela painting

46 // JUN/2012


As favelas brasileiras têm uma cor que as uniformiza: o marrom-alaranjado de seus tijolos à vista. Dois artistas plásticos holandeses querem pintá-las de todas as cores, uma aparente maquiagem que busca revelar a alma mais profunda destas comunidades pobres. Por: Fabiana Frayssinet, da IPS Fotografia: Arquivo Haas & Hahn

FAZ! // 47


48 // JUN/2012


“Esse menino é uma metáfora de todas as crianças que vivem aqui. Há alguns meses houve um tiroteio aqui e recebeu uma bala perdida. Todo mundo comentou sua morte. Muita loucura, não?”, disse Urhahn.

Jeroen Koolhass e Dre Urhahn começaram seu trabalho pela Vila Cruzeiro, uma das favelas da zona norte do Rio, onde seus moradores convivem diariamente com a violência. A prova mais clara desta realidade é o mural que a comunidade pintou graças à iniciativa dos artistas. Este ilustra um menino empinando uma pipa com um buraco na cabeça: não pro“Quando alguém vive aqui, duto das pinceladas, mas das balas tiroteios que abundam quando faz parte da comunidade. dos polícia e traficantes se enfrentam. Mudou minha percepção sobre “Esse menino é uma metáfora de todas as crianças que vivem aqui. Há alguns as pessoas e sobre mim“ meses houve um tiroteio aqui e recebeu uma bala perdida. Todo mundo comentou sua morte. Muita loucura, não?”, disse Urhahn. Urhahn, produtor de vídeos de 34 anos, e Koolhass, designer de importantes marcas internacionais, de 31 anos, poderiam viver em suas cidades: Amsterdã e Roterdã. Mas decidiram alterar suas vidas para mergulhar em cheio na vida das favelas. Alguns meses por ano, Urhahn vive no alto da favela com uma família que aluga um quarto, como todos, com tijolo aparente. “Quando alguém vive aqui, faz parte da comunidade. Mudou minha percepção sobre as pessoas e sobre mim mesmo”, disse este produtor que não perde uma festa nem um churrasco neste bairro superpovoado. FAZ! // 49


Koolhass, ilustrador da revista norte-americana New Yorker e da casa italiana de modas Prada, entre outros, sente-se feliz pela aceitação que tiveram entre as pessoas da comunidade, que não os recebeu como “playboyzinhos”, isto é, jovens ricos. Sua motivação é o amor à arte, literalmente. O projeto “Favela Painting” busca, por meio dos murais, resgatar a “alma colorida” destas comunidades, além das cores branca e preta com que normalmente se ilustra a violência e a pobreza. “Queremos também divulgar as coisas boas que existem em uma favela, além de sua imagem de guerra e preconceito social”, disse Koolhass. “Uma favela tem, como qualquer outro bairro, de qualquer parte do mundo, famílias normais, pessoas com sonhos e que também querem um bom futuro para seus filhos”, acrescentou. A primeira 50 // JUN/2012

obra da Favela Painting foi o “Menino empinando pipa”, que ocupa três casas inteiras diante de um campo de futebol da comunidade. A pipa está a vários metros de distância, como “voando” sobre outra casa, na ladeira do morro que a circunda. Uma concepção visual além de um simples mural, urbanística. A segunda obra, criada pelo tatuador holandês Rob Admiraal, superou todos os limites, inclusive geográficos, da comunidade. São dois mil metros de desenhos de enormes peixes coloridos, nadando em um rio azul, que atravessam o antes cinzento muro de contenção de deslizamentos, uma escadaria comunitária, uma viela e um paredão de concreto. (Segue na página 55)


A comunidade de Santa Marta tem aproximadamente 70 anos e estรก situada no Morro Dona Marta, que fica entre os bairros de Botafogo e Laranjeiras.

FAZ! // 51


VEJA O Vテ好EO!

52 // JUN/2012


Saiba mais sobre a comunidade de Santa Marta A comunidade de Santa Marta tem aproximadamente 70 anos e está situada no Morro Dona Marta, que fica entre os bairros de Botafogo e Laranjeiras. O morro fica à frente e abaixo do Cristo Redentor e, por ter grande ângulo de inclinação, proporciona uma visão privilegiada da cidade em sua parte mais alta. Pode-se chegar ao seu cume caminhando por entre as vielas, de carro pelo bairro de Laranjeiras ou tomando o Elevador Inclinado, que é a opção mais divertida. Contratar um guia local é uma boa opção para conhecer o Santa Marta pois além de levar o visitante em vários pontos, é contada a história da comunidade e dos visitantes ilustres que por ali passaram. Segurança A Favela Santa Marta, foi pacificada através da implementação de uma UPP em 19 de dezembro de 2008. Desde então o local tem experimentado uma inédita tranquilidade e, ao que tudo indica, o crime organizado foi completamente desfeito, tornando a comunidade um ambiente seguro para os moradores e também os visitantes. Atrações do local A favela pode ser conhecida por conta própria, mas sugerimos visitar a comunidade com a ajuda de um local. As principais atrações são o Plano Inclinado, elevador que percorre toda a favela, a quadra da escola de samba Santa Marta, a Lage onde Michael Jackson gravou parte do vídeo “They don’t care about us”, o Mirante do Pedrão com vista para Pão de Açúcar e Enseada de Botafogo. e, claro, os prédios do Projeto Favela Painting. FAZ! // 53


54 // JUN/2012


Nadar contra a corrente Alguns interpretam que os peixes nadando contra a corrente representam a luta na vida dos jovens da favela. “Mas é uma ideia aberta, todo mundo pode pensar o que quiser. Não é uma imagem fixa, também estimula a imaginação”, disse Urhahn. Toda a comunidade participou da obra, como a pequena Susane Souza, que se entusiasmou ao contar como tudo mudou à sua volta. “Antes aqui era só lama e mato. Todos participamos da obra e agora vem gente de todo canto fazer turismo para conhecer nossa favela”, disse à IPS se referindo aos visitantes de todo o mundo que os jovens holandeses trazem para conhecer a iniciativa. Parece um detalhe irrisório, mas não para as crianças que diariamente vivem o preconceito e a desconfiança dos que não são favelados. Muitos na escola escondem onde moram. “Nunca dizemos que podemos mudar a vida inteira de um jovem, mas podemos tentar ajudá-lo a sonhar e pensar no que pode fazer na vida, que pode ter objetivos maiores e persegui-los”, disse Koolhass, sem descontar a necessidade de outras iniciativas de saúde, educação e moradia, para citar apenas algumas. “Dizemos que o Favela Painting é um projeto de arte, mas arte que tem um lado social”, explicou o designer, que com seu colega quer levar o projeto a outros bairros pobres da América Latina. “Um projeto de arte puro, com um objetivo social”, descreveu Urhahn, que preferiu não rotular com um nome determinado. “A pintura é uma coisa visual, mas causa efeitos diferentes nos moradores. Isto é importante para a filosofia do nosso projeto. Mostrar aos de fora outra imagem destas comunidades”, disse. Koolhass também comparou os jovens das favelas com os de seu país, “tão fechados. Aqui há uma estrutura social muito forte. Garotos andando livremente pelas ruas, se comunicando com os outros”, algo que gostaria de levar para a Holanda”, acrescentou. O futuro do projeto O projeto é muito mais ambicioso. Os artistas buscam recurso financeiro e operacional, por exemplo, com fábricas de tintas, para colorir várias casas... “uma favela inteira”. O objetivo é primeiro rebocá-las, fazer obras para evitar vazamentos, e cobrir sua cor marrom-alaranjada com toda gama de cores do arco-íris. “Algo que chame a atenção e se converta em uma espécie de monumento do Rio de Janeiro”, disse Urhahn, que já gravou em uma favela um documentário sobre o movimento musical hip hop. Um presente não do governo do Estado para seus habitantes, “mas dos habitantes para a cidade”, concluiu.

“A pintura é uma coisa visual, mas causa efeitos diferentes nos moradores. Isto é importante para a filosofia do nosso projeto. Mostrar aos de fora outra imagem destas comunidades”

Os artistas buscam recurso financeiro e operacional, por exemplo, com fábricas de tintas, para colorir várias casas... “uma favela inteira”

FAZ! // 55




INSPIRAÇÃO // Shoot the Shit

58 // JUN/2012


O coletivo que quer mudar Porto Alegre o mundo FAZ! // 59


60 // JUN/2012


Gabriel Gomes, Giovani Groff e Luciano Braga são estudantes de Publicidade (na verdade Giovani já está formado) que criaram o Shoot The Shit, definido por eles como um “coletivo que cria ações para transformar Porto Alegre num lugar mais bacana de se viver”. O acaso os levou a se conhecerem durante um curso na Perestroika – e a ideia, como muitas coisas na vida, “surgiu de uma conversa em mesa de bar”, lembra Luciano.

Logo no about do coletivo Shoot the Shit a gente já percebe que a intenção é nobre e audaciosa. Afinal, não é tão fácil mudar a atitude alheia. Mas para esse trio de guris de Porto Alegre, a mudança começa exatamente onde precisa: por eles mesmos. Daí em diante, os três passaram a se encontrar seguidamente e fazer planos: ações impactantes e ao mesmo tempo simples, e com mensagens positivas porém questionadoras. A primeira foi pra rua no dia 28 de agosto de 2010, Dia Internacional de Combate ao Fumo. Eles se ligaram que aqueles pilares de proteção nas calçadas das Avenidas Nilo Peçanha e 24 de outubro, pintados de amarelo na ponta e branco embaixo, pareciam cigarros red filter enterrados no concreto. Bastou adicionar adesivos com o conselho “Salve uma vida. Apague seu cigarro”. E rendeu pano. Basta dar um Google nas palavras-chave “shoot + the+shit+fumo” pra comprovar que a ação chegou a muitos olhos, ouvidos e mentes – inclusive fora do Brasil. Assim como a segunda iniciativa do Shoot the Shit, intitulada “Mexa-se”, um convite a abandonar o sedentarismo). “Se a gente conseguir que pelo menos uma pessoa seja impactada mais profundamente, já vale à pena ter colocado a ideia na rua”, diz Gabriel. “Mas não somos artista de rua – somente usamos a criatividade para fazer o povo pensar sobre algumas coisas importantes”, lembra Giovani. E as ações anteriores ganharam mais visibilidade quando a terceira ideia, o “paraíso do golfe” apareceu no You Tube. O vídeo foi feito em três horas e a equipe de produção FAZ! // 61


Na ação “Que ônibus passa aqui?” foram colados adesivos nas paradas de ônibus da capital, pedindo que as pessoas escrevessem que ônibus passava por ali. Após muita polêmica com a prefeitura, as autoridades resolveram abraçar o projeto e produzirão os adesivos já com as informações corretas.

se resumia aos três integrantes do coletivo – que ficaram cerca de um mês pesquisando asfaltos esburacados em Porto Alegre e noções técnicas e estéticas do golfe. “Eu era o otimista que acreditava nos 20 mil views no You Tube, o Gabriel estava no outro extremo, prevendo não mais que 2 mil views”, contou Luciano no papo. Antes de colocarmos este post no ar, o Youtube já contabilizava mais de 62 mil visualizações do vídeo. O Shoot The Shit é a prova de que é possível impactar com simplicidade e que dá pra ser original na hora de protestar. “Ideia bacana não pode morrer na gaveta. E também já passou o tempo de guardar ideias para si” opina Gabriel, que acredita no poder de compartilhar – ainda mais hoje em dia, com a velocidade que a informação se espalha. “E a melhor desculpa para subsidiar intervenções é dizer que é tudo para um trabalho da faculdade”, brinca ele – mas foi com esse papo que conseguiu pegar emprestado da academia de seu condomínio o aparelho usado na ação “Mexa-se”. Quando não estão tramando alguma intervenção inusitada via Shoot The Shit, eles continuam inventando coisas. Luciano, definido pelos parceiros de coletivo como 62 // JUN/2012

“o cara dos projetos paralelos”, por exemplo, escreve e desenha tiras na sua Braga Comics. Gabriel tem sua própria empresa, a Cosmonauta, especializada em apresentações (menos em PPT chato). E Giovani, que já foi diretor de “whatever” na Perestroika, quer retomar sua incursão nas artes visuais. E eles avisam que aceitam ideias externas, colaborações e apoio para novas ações do Shoot The Shit. Só contatar via e-mail, Twitter ou Facebook – mas a ideia, além de ser boa, lógico, tem que ter uma produção viável, este é o pré-requisito. De qualquer forma, no papo deu pra sentir que ideias não faltam na cabeça desse coletivo. E aí a gente pergunta: qual o próximo plano? “Ainda não tem”, dizem eles, sorrindo. Se tivessem não iriam contar agora, mesmo. Mas como diz na fanpage do Shoot The Shit, a gente sente que “coisas legais estão para acontecer”.

Adaptado de www.facool.com.br/noticia/view/294 + shoottheshit.cc Fotografia: Divulgação Shoot the Shit


Adesivos em postes na rua pediam que fumantes deixassem o vĂ­cio e salvassem suas vidas

FAZ! // 63


INSPIRAÇÃO GALERIA // Arte // Favela e Sociedade painting

ARTE URBANA E SOCIAL

64 // JUN/2012


1// Park(ing) Day Park(ing) Day Organization Park(ing) Day é um evento anual em todo o mundo onde artistas, designers e cidadãos transformar vagas de estacionamento em parques públicos temporários. O projeto começou em 2005, quando

Rebar, um studio de arte e design de São Francisco, converteu uma vaga de estacionamento em um parque público temporário no centro de San Francisco. Desde 2005, o Park(ing) Day evoluiu para um movimento global, com as organizações e indivíduos operando independentemente, criando novas

formas de espaço público temporário em contextos urbanos ao redor do mundo. A missão do Dia PARK (ing) é chamar a atenção para a necessidade de mais espaço urbano aberto.e para melhorar a qualidade do habitat humano urbano.

FAZ! // 65


66 // JUN/2012


2// O Muro de John Lennon Ação colaborativa (Praga) Este muro era antigamente um simples muro, em Praga na República Tcheca, e foi chamado Lennon’s desde a década de 1980, quando os fãs de John Lennon, inspirados pela musica dos beatles, criaram um grande mural de protesto. Hoje o muro é possuído pelos cavaleiros da Ordem da Cruz de Malta, que permitiu que os grafites continuassem. 3// Espaços Comunicantes Dácio Bicudo (Salvador) O objetivo desta intervenção é criar uma ponte entre alguns espaços de orientação pública ou privada, que em seu interior representassem de forma defasada ou influenciada comercialmente o poder que emana das ruas. O plano era invadir locais e estabelecer uma harmonia visual e representativa entre eles para discutir essa questão e que se realizaria ao cruzarmos o limite entre os espaços. 4// Street Chandelier Werner Reiterer (Louisville) Desde 2006, o artista austríaco Werner Reiterer vem trazendo o símbolo da grandeza interior para a rua com seus lustres de rua, mas a iteração mais recente do seu projeto é mais ‘de rua’ do que nunca. A fixação mais recente de Reiterer é um opulento lustre que oscila ancorado a um pequeno estacionamento.

FAZ! // 67


VEJA O Vテ好EO!

68 // JUN/2012


5// Aqui bate um coração Ação colaborativa (São Paulo) Criolo disse que “não existe amor em SP” mas, ao ver o projeto Aqui Bate Um Coração, começo a desconfiar que ele existe sim, basta a gente olhar com outros olhos a nossa volta. Tudo foi combinado via Instagram, na segunda-feira (05/03). Usando a hashtag #aquibateumcoracao, conhecidos e desconhecidos sairam espalhando corações de isopor em monumentos da cidade, deixando SP um pouco mais colorida. O resultado? É lindo, basta ver as imagens e o vídeo. 6// Luz nas Vielas Boa Mistura (São Paulo) O Boa Mistura é um grupo espanhol composto por 5 artistas, Arkoh, Derko, Pahg, Purone e Rdic, que se dedicam à arte urbana. A convite da Embaixada da Espanha no Brasil, o Boa Mistura esteve na favela Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo, a realizar a intervenção urbana “Luz nas Vielas”. “Luz nas Vielas” utiliza os vários becos e vielas da favela como telas para criar murais com efeito 3D. Esses murais incluem 5 palavras - amor, beleza, doçura, firmeza e orgulho - escolhidas pela comunidade como forma de embelezar a favela e proporcionar um melhor ambiente, com mais cor, mais motivação e mais alegria.

FAZ! // 69


2x1 // Música

Henrique Funari 27 Anos Designer Gráfico Tem dificuldades de se desfazer de papéis velhos. Coleciona placas de carro e não gosta de azeitonas.

Noel Gallagher - Noel Gallagher’s High Flying Birds Para os fãs do Oasis, talvez a primeira impressão ao ouvir o álbum não seja tão boa. Tudo porque, de um modo geral, as canções possuem uma sonoridade mais limpa se comparada aos álbuns gravados entre 1994 e 2008 com Liam e companhia – violões e teclados predominam na harmonia das canções, em lugar do “paredão” de guitarras distorcidas que era uma das marcas registradas do som do Oasis que já conhecíamos. A tendência, porém, é de que essa impressão vá ficando pelo caminho aos poucos, já que o material escolhido pelo guitarrista e compositor para integrar seu primeiro álbum solo é ótimo, além de ter sido muito bem produzido e gravado. Uma audição mais atenta do disco também leva à conclusão de que o trabalho possui uma boa dose de influência dos Beatles, o que não chega a ser uma novidade, já que é notória a adoração de Noel pelo quarteto de Liverpool. Até no nome do álbum é possível identificarmos tal influência.e devoção. 70 // JUN/2012

Lou Reed e Metallica - Lulu

Blink-182 - Neighborhoods

Realmente, a ideia de dedicar um disco inteiro para aprofundar-se na história da escalada social de uma stripper que se torna prostituta parecia ser algo no mínimo curioso – ainda mais encabeçada por ninguém menos que Lou Reed, o cara que compôs “Femme Fatale” para Nico (ainda que tenha odiado fazer isso) e não teve pudores para estampar a prostituição em “I’m Waiting For the Man”. A ideia do aguardado disco veio no dia da horrenda performance de Lou da clássica “Sweet Jane”, no Rock and Roll Hall of Fame, que até teve um bom suporte do Metallica – com direito a um belo solo de Kirk Hammett. Tempos depois, eles anunciaram Lulu, baseado em uma peça do autor alemão Frank Wedekind dividida em dois atos. Então, iniciou-se uma série de declarações que só poderiam resultar numa pilhéria: Lou Reed disse que era a melhor coisa que já tinha feito na vida, os integrantes do Metallica diziam estar profundamente emocionados com as sessões de gravação, a música não seria mais a mesma… Marketing ou não, o disco despertou ânsias. E foi uma catástrofe.

Ainda há alguém por aí?, podem per­gun­tar os inte­gran­tes do Blink 182 logo após o lan­ ça­mento deste novo álbum, Neighborhoods. Depois de um hiato de oito anos, o grupo punk pop amado pelas para­das e que divi­dia fãs com ídolos ado­les­cen­tes retorna com um disco que apre­goa matu­ri­dade. E, de fato, a pre­ missa é ver­da­deira. Mas, eles retor­nam num cená­rio estra­nho àque­les do qual saí­ram após o CD homô­nimo em 2003. O novo disco remete a uma fami­li­a­ri­dade para quem conhece a voz de Tom DeLonge, mas o som está cla­ra­mente mais pesado e con­ sis­tente. Parecem soar a todo momento como garo­tos que se gra­du­a­ram. E se por um lado não temos as péro­las de dois minu­tos e meio com bati­das ace­le­ra­das e pia­das, agora temos um inte­res­sante sin­gle como “Up All Night”, que coloca dis­tor­ções e “After Midnight”, uma pequena pérola pop com batida punk-rock dis­far­çada de balada. Pena que o resto do disco ainda repre­sente um momento de tran­si­ ção para o Blink 182. São momen­tos sem muita ins­pi­ra­ção, com repe­ti­ções de ideias que tira a per­so­na­li­dade das músi­cas em sepa­rado.



2x1 // Cinema

André Miyasaki 27 Anos Designer Gráfico Tem dificuldades de se desfazer de papéis velhos. Coleciona placas de carro e não gosta de azeitonas.

O Príncipe do Deserto Um homem, um destino, o petróleo e dois pais. Baseado na obra de Hans Ruesch (denominada “Arab”), ‘O Príncipe do Deserto’ tenta se encaixar como um “épico do deserto”, colocando em evidência a chegada do petróleo nas terras árabes no início do século. Dirigido pelo cineasta francês Jean-Jacques Annaud (do ótimo “Círculo do Fogo” e do clássico “O Nome da Rosa”), a trama é moldada de trivialidade, o que por um lado é bom, pois o público se sente mais conectado com o que ocorre na telona, mas por outro é ruim, porque seduz com uma fita extensa que fica superficial em muitos momentos. A trilha é assinada pelo talentoso compositor californiano James Horner, simplesmente o homem que deu som à Pandora (menção ao seu trabalho em “Avatar”), além de assinar também a trilha do mega sucesso “Titanic”, ambos dirigidos por James Cameron. 72 // JUN/2012

Jovens Adultos

A Toda Prova

Jovens Adultos é um filme sobre beleza, mas O diretor Steve Soderbergh atingiu um nível que não é nem um pouco belo. Nós toma- de proficiência cinematográfica que mesmo mos como referência o ponto de vista da an- quando passa a mão num roteiro relativatagonista, seguimos um roteiro inteiramente mente banal e estiliza um gênero gasto, acasuperficial compensando os acertos com os ba apontando um caminho seguro para fuerros e acabamos assistindo um relato puro da turos thrillers do subgênero “exército de um tristeza quando vemos o momento de fraque- homem só”. Cabe lembrar que Phillip Noyce za da antiga moça popular, da metamorfose havia feito algo semelhante em Salt (2009), da adolescente na mulher. Quanto mais alta em performance impecável de Angelina Jolie, a subida, mais alta a queda. A beleza física é injetando adrenalina na fábula do agente dutão superestimada pela moça que ela acaba plo arrependido. esquecendo da única beleza que pode lhe A Toda Prova, escrito por Lemm Dobbs, alegrar. Suas declarações são proferidas tão circula pelo mundo (Barcelona, Dublin, San friamente que conseguem doer. Seus ges- Diego), seguindo em flashback Mallory Kane, tos são inarticulados, sem qualquer emoção. “profissional de segurança” (Gina Carano) traEstamos vendo uma mulher que perdeu suas ída (profissionalmente) pelo ex-marido/chefe, chances e tenta compensar com algo que não que sai em busca de vingança. A trama envolpesa o mínimo em sua vida. E, no final, nos ve os interesses do governo americano e de damos conta que a mulher é apenas capaz de uma empresa de segurança particular, sugerindo uma grande conspiração internacional. seguir em frente.



2x1 // Design

Melissa Ruz 25 Anos Designer Gráfica Tem dificuldades de se desfazer de papéis velhos. Coleciona placas de carro e não gosta de azeitonas.

Tipografia Brighton Beach

Caixas de som de papelão

Botão de elevador??

A situação parece particularmente favorável quando a relevância do indivíduo singular na sociedade conflitante ainda não demonstrou convincentemente como vai participar na mudança das regras de conduta normativas. Seguindo o fluxo da corrente analítica anglo-saxônica, uma mutação pós-jungiana se apresenta como experiência metapsicológica, devido à impermeabilização da conjuntura histórico-social. Porém, mais do que uma estética, a enumeração exaustiva dos atos de linguagem não estimula a padronização das posturas dos filósofos divergentes com relação às atribuições conceituais. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que o acompanhamento das preferências de consumo aponta para a melhoria do investimento em reciclagem. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como a influência de elementos de ordem sociológica não causa impacto indireto na reavaliação da natureza não-filosófica dos conceitos. Acabei de provar que a valorização de fatores subjetivos apresenta tendências no sentido de aprovar a manutenção das coisas.

Os japoneses conseguem reproduzir diversos tipos de figuras, dobrando papel, por meio da técnica do origami. É comum ver trabalhos em formato de pássaros, sapos, casas e... alto-falantes. Se um ponto de interrogação surgiu na sua cabeça ao ler esse último item, calma, que a gente explica: trata-se do OrigAudio, um projeto, realizado por uma empresa norte-americana, que criou caixas de som feitas de papel reutilizado, com essa técnica de dobradura japonesa. Além de serem produzidas com material reciclado, as peças prezam pelo design: são cinco modelos com desenhos e cores diferentes. Também é possível encomendar caixas personalizadas, com qualquer tipo de arte. Cada uma custa US$ 16. Parte da renda obtida com as vendas dos produtos vai para a entidade Serviço Nacional de Música, que dá suporte ao uso da música para necessidades sociais e cívicas. Criado pela Merkury, essas caixas de som ecológicas são nada mais que uma caixa de papelão para montar e colorir da forma que você desejar.

Caros amigos, a infinita diversidade da realidade única nos obriga à análise da afirmação que o Ser é e o Não ser não é. Por outro lado, o advento do Utilitarismo radical cumpre um papel essencial na formulação da fundamentação metafísica das representações. Assim mesmo, a estrutura atual da ideação semântica exige a precisão e a definição do sistema de conhecimento geral. No entanto, não podemos esquecer que o novo modelo estruturalista aqui preconizado auxilia a preparação e a composição das posturas dos filósofos divergentes com relação às atribuições conceituais. Do mesmo modo, o desenvolvimento da consciência coletiva virtualizada não resulta em uma interiorização imanente das novas teorias propostas. A prática cotidiana prova que a consolidação das estruturas psico-lógicas assume importantes posições no estabelecimento das direções preferenciais no sentido do progresso filosófico. Baseado na tradição aristotélica, o conceito de diáthesis e os princípios fundamentais de rhytmos e arrythmiston possibilita uma melhor visão global do sistema de formação.

74 // JUN/2012


FAZ! // 75


2x1 // Moda

Priscila Mello 29 Anos Coolhunter Tem dificuldades de se desfazer de papéis velhos. Coleciona placas de carro e não gosta de azeitonas.

Minimalismo Rocker A moda rock’n’roll pode ser incorporada ao nosso dia-a-dia com muito estilo. Várias tendências desse inverno nasceram a partir desse estilo de música, passando por couro, renda, tachas, caveiras, correntes, bordados, meia-calça, leggings, paetês… Esse tipo de roupa não é restrita ao público adolescente ou aos jovens dos anos 90, caracterizados por camisas xadrezes e camisetas dos seus cantores de rock favoritos. Associada à rebeldia do rock, ela dá uma cara diferente a vestidos, blusas, jaquetas e acessórios, destacando-se em detalhes como os ombros ou gola. 76 // JUN/2012

Pele SINTÉTICA!

Monocromáticos-over

O casaco de pele sempre esteve presente nas passarelas de alta costura e no guarda-roupa das mulheres europeias. A peça que deixa qualquer mulher elegante e, pode compor um look do sensual ao clássico, volta a ser tendência no inverno 2011. Depois dos desfiles de casacos nas ruas europeias, o item chega às lojas brasileiras. As cores sóbrias do inverno combinando com cachecóis, luvas, botas, já produzem um look mais elegante. O item deixou de ser usado apenas em festas e ocasiões mais pomposas. Agora, compõe com muito bom gosto o look do dia a dia.

Looks monocromáticos estão em alta desde o ano passado. Eles são super bacanas porque alongam a silhueta e, como já comentamos aqui, emagrecem. É comum ter dificuldade na hora de montar um look monocromático, afinal, é uma missão quase impossível achar todas as peças exatamente no mesmo tom, né? Pois tenho uma ótima notícia pra vocês, meninas: não é preciso coordenar peças na mesmíssima cor. O princípio da monocromia é apenas aproximar o máximo possível os tons das peças, portanto, valem cores diferentes, mas que sejam da mesma família.





SOS // Eles precisam de ajuda! Fundação Pão dos Pobres O objetivo da é acolher crianças e adolescentes pertencentes a comunidades em absoluta pobreza e de alto risco social. Necessita: Doações através do Funcriança ou sendo um Dindo do Pão dos Pobres. www.paodospobres.org.br

Instituto da Mama do RS

Projeto Bicho de Rua O Projeto Bicho de Rua foi fundado em 10/05/2004 por um grupo de amigos que, já trabalhando voluntariamente na causa de proteção, apoio e promoção do bem-estar animal, decidiu juntar forças e potencializar essa atividade. O Projeto Bicho de Rua traz quatro objetivos institucionais, que são: • Adoção sem preconceito de animais sem raça definida, adultos e/ou portadores de necessidades especiais. • Esterilização como forma de controle da população animal. • Estímulo à guarda responsável. • Programas assistenciais e educacionais para a promoção do bem-estar animal. Necessita: Auxílio com veterinária, transporte de animais e doações, lares temporários além, é claro, de novos donos para os animais! www.bichoderua.org.br

80 // JUN/2012

300 cães, hospedados em diferentes endereços em Porto Alegre e Viamão. Necessita: Ração e produtos em bom estado para o Brechó, adoção de animais e participação em campanhas de castração. www.duasmaosquatropatas.com.br

Orfanato Lar Esperança

O IMAMA atua na luta pela erradicação do câncer de mama como uma doença que ameaça a vida, tendo papel conscientizador e articulador de políticas públicas para a saúde da mama. Necessita: Voluntários www.imama.org.br

Fundado em 1958, o Orfanato Lar Esperança inicou suas atividades em novembro de 1960 abrigando 10 meninos. Hoje atende 120 crianças, meninos e meninas. Necessita: Voluntários, alimentos, material de higiene, doações em dinheiro e sócios. http://www.sobespe.org.br

ONG Cirandar

Instituto do Câncer Infantil

A CIRANDAR é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve ações culturais e sociais e, em parceria com os poderes públicos e privados, dialogando e repensando alternativas para a educação, a transformação e a inclusão dos sujeitos culturais, comunicativos e criativos. Necessita: Voluntários, empresas parceiras e doação de livros.

O ICI-RS é hoje uma referência para o tratamento do câncer na América Latina, e atinge um índice de cura de 70% nos casos atendidos. Através desse projeto espera atingir 100% de cura em nossos casos. Em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, todo o atendimento e serviço de apoio e continuidade do tratamento são assegurados por equipes especializadas. Necessita: Doações em dinheiro, alimentos, roupas, brinquedos, medicamentos. http://www.ici-rs.org.br

cirandar.wordpress.com

Instituto Popular de Arte-Educação (IPDAE) O IPDAE é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Sua proposta é o acesso à leitura, à música, à arte e à cultura como instrumentos mediadores na formação do indivíduo. Em anexo funciona a Biblioteca Leverdógil de Freitas, que viabiliza empréstimos de livros mantém diversos programas de fomento à leitura, como contação de estórias, oficina de leitura, gincana da leitura, leitores do ano, curso de xadrez, varal da poesia, culturais e concurso de contos. Necessita: Sócios mantenedores, material didático, livros, revistas e notas fiscais. www.ipdae.org

Duas Mãos, Quatro Patas A Associação Duas Mãos Quatro Patas é formada, basicamente, por um grupo de amigos que se uniu em função de uma causa - o amor pelos animais. Atualmente, mantemos (ou ajudamos na manutenção de) aproximadamente

Sociedade PortoAlegrense de Auxílio aos Necessitados (SPAAN) A Spaan é uma instituição sem fins lucrativos que presta assistência a cerca de 150 idosos em Porto Alegre (RS). Fundada em 21 de agosto de 1931 pelo Rotary Clube Porto Alegre, realiza um trabalho dedicado a proporcionar uma velhice digna, com conforto, atenção e qualidade de vida aos seus moradores. Necessita: Itens de consumo mensal. http://www.spaan.org.br

Fundação Pão dos Pobres O objetivo da é acolher crianças e adolescentes pertencentes a comunidades em absoluta pobreza e de alto risco social. Necessita: Doações através do Funcriança ou sendo um Dindo do Pão dos Pobres. www.paodospobres.org.br


Instituto da Mama do RS O IMAMA atua na luta pela erradicação do câncer de mama como uma doença que ameaça a vida, tendo papel conscientizador e articulador de políticas públicas para a saúde da mama. Necessita: Voluntários www.imama.org.br

ONG Cirandar A CIRANDAR é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve ações culturais e sociais e, em parceria com os poderes públicos e privados, dialogando e repensando alternativas para a educação, a transformação e a inclusão dos sujeitos culturais, comunicativos e criativos. Necessita: Voluntários, empresas parceiras e doação de livros.

Necessita: Voluntários, alimentos, material de higiene, doações em dinheiro e sócios. http://www.sobespe.org.br

Instituto do Câncer Infantil O ICI-RS é hoje uma referência para o tratamento do câncer na América Latina, e atinge um índice de cura de 70% nos casos atendidos. Através desse projeto espera atingir 100% de cura em nossos casos. Em parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, todo o atendimento e serviço de apoio e continuidade do tratamento são assegurados por equipes especializadas. Necessita: Doações em dinheiro, alimentos, roupas, brinquedos, medicamentos. http://www.ici-rs.org.br

cirandar.wordpress.com

Sociedade PortoAlegrense de Auxílio aos Necessitados (SPAAN) A Spaan é uma instituição sem fins lucrativos que presta assistência a cerca de 150 idosos em Porto Alegre (RS). Fundada em 21 de agosto de 1931 pelo Rotary Clube Porto Alegre, realiza um trabalho dedicado a proporcionar uma velhice digna, com conforto, atenção e qualidade de vida aos seus moradores. Necessita: Itens de consumo mensal. http://www.spaan.org.br

Duas Mãos, Quatro Patas A Associação Duas Mãos Quatro Patas é formada, basicamente, por um grupo de amigos que se uniu em função de uma causa - o amor pelos animais. Atualmente, mantemos (ou ajudamos na manutenção de) aproximadamente 300 cães, hospedados em diferentes endereços em Porto Alegre e Viamão. Necessita: Ração e produtos em bom estado para o Brechó, adoção de animais e participação em campanhas de castração. www.duasmaosquatropatas.com.br

Orfanato Lar Esperança Fundado em 1958, o Orfanato Lar Esperança inicou suas atividades em novembro de 1960 abrigando 10 meninos. Hoje atende 120 crianças, meninos e meninas.

Instituto Popular de Arte-Educação (IPDAE) O IPDAE é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Sua proposta é o acesso à leitura, à música, à arte e à cultura como instrumentos mediadores na formação do indivíduo. Em anexo funciona a Biblioteca Leverdógil de Freitas, que viabiliza empréstimos de livros mantém diversos programas de fomento à leitura, como contação de estórias, oficina de leitura, gincana da leitura, leitores do ano, curso de xadrez, varal da poesia, culturais e concurso de contos. Necessita: Sócios mantenedores, material didático, livros, revistas e notas fiscais. www.ipdae.org

Fundação Pão dos Pobres O objetivo da é acolher crianças e adolescentes pertencentes a comunidades em absoluta pobreza e de alto risco social. Necessita: Doações através do Funcriança ou sendo um Dindo do Pão dos Pobres. www.paodospobres.org.br

Instituto da Mama do RS O IMAMA atua na luta pela erradicação do câncer de mama como uma doença que ameaça a vida, tendo papel conscientizador e articulador de políticas públicas para a saúde da mama. Necessita: Voluntários www.imama.org.br

ONG Cirandar A CIRANDAR é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve ações culturais e sociais e, em parceria com os poderes públicos e privados, dialogando e repensando alternativas para a educação, a transformação e a inclusão dos sujeitos culturais, comunicativos e criativos. Necessita: Voluntários, empresas parceiras e doação de livros. cirandar.wordpress.com

Instituto Popular de Arte-Educação (IPDAE) O IPDAE é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos. Sua proposta é o acesso à leitura, à música, à arte e à cultura como instrumentos mediadores na formação do indivíduo. Em anexo funciona a Biblioteca Leverdógil de Freitas, que viabiliza empréstimos de livros mantém diversos programas de fomento à leitura, como contação de estórias, oficina de leitura, gincana da leitura, leitores do ano, curso de xadrez, varal da poesia, culturais e concurso de contos. Necessita: Sócios mantenedores, material didático, livros, revistas e notas fiscais. www.ipdae.org

Duas Mãos, Quatro Patas A Associação Duas Mãos Quatro Patas é formada, basicamente, por um grupo de amigos que se uniu em função de uma causa - o amor pelos animais. Atualmente, mantemos (ou ajudamos na manutenção de) aproximadamente 300 cães, hospedados em diferentes endereços em Porto Alegre e Viamão. Necessita: Ração e produtos em bom estado para o Brechó, adoção de animais e participação em campanhas de castração. www.duasmaosquatropatas.com.br

Orfanato Lar Esperança Fundado em 1958, o Orfanato Lar Esperança inicou suas atividades em novembro de 1960 abrigando 10 meninos. Hoje atende 120 crianças, meninos e meninas. Necessita: Voluntários, alimentos, material de higiene, doações em dinheiro e sócios. http://www.sobespe.org.br 51 3333.3333 FAZ! // 81


LET’S MAKE IT SIMPLE

POR QUÊ?

Alguns motivos para reduzir ao máximo o uso de sacolas plásticas

64 300 1Mi

10%

de todo o detrito do país

sacolas por brasileiro ao mês, em média anos para se decompor quando jogadas na natureza de sacolas produzidas por minuto no mundo

E AGORA? Outras alternativas às sacolas plásticas

Ecobags

Carrinhos

Caixas

As SACOLAS RETORNÁVEIS, ou Ecobags, apesar de utilizarem mais material que as descartáveis, podem ser reutilizadas por muito tempo. Mas atenção! Para ser uma solução de verdade, ela deve ser reutilizada! Não vale comprar uma Ecobag a cada vez que vai no super!

Pode parecer coisa de vó, mas os carrinhos de compra, além de facilitarem muito o transporte das compras, duram muito e substituem as sacolas. Aproveite e vá a pé no super, aproveitando a comodidade do carrinho de “vó” e fazendo mais um favor para a natureza - e para o trânsito.

Outra opção são as caixas de papelão, que são consideradas lixo pelos supermercado (a cada dia, eles recebem centenas delas). Para quem vai de carro ao supermercado, é uma ótima opção para guardar as compras até chegar em casa. E depois pode ser utilizada para descartar o lixo...

E o que eu faço com o meu lixo??? Muitos pensam que “dá na mesma” utilizar sacos de lixo e sacolas de super, mas não. Os sacos de lixo normalmente utilizam matéria prima reciclada, já as sacolas de supermercado utilizam materiais 100% virgens, pois estão em contato com alimentos. Abre a mão e compra os sacos pretos! 82 // JUN/2012




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.