Jornal mural - Falsário

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Falsário

Falsário

Florianópolis, 11 de novembro de 2014 • Ano 1 • Edição 1

Curso de Jornalismo da UFSC Atividade da disciplina de Edição Professor: Ricardo Barreto Edição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Aline Lima Serviços editoriais: Newsweek, Esquire, Washington Post Impressão: Gráfica Postmix Novembro de 2014

As histórias de um jornalista que mentiu Autor que publicou perfil falso no Times em 2002 assume seus crimes éticos e investiga assassinato nos EUA

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uando a história é muito boa, parece mentira. Ainda mais quando o escritor foi demitido do The New York Times Magazine por ter forjado uma reportagem. Com um título irônico, o livro A História Verdadeira: Assassinatos, memória, mea culpa (Planeta, 2005, 333 p.) é o resultado da estranha relação entre um repórter que busca a sua redenção pelos crimes éticos que cometeu e um assassino mentiroso patológico. O livro é dividido em quatro grandes partes - Mentiras, México, Amor e Morte - e tem 41 capítulos que exploram a narrativa do jornalismo literário. Em tom autobiográfico, a obra de não-ficção é um relato sincero e perturbador sobre a mentira e uma reflexão sobre a ética jornalística. O livro começa em 2001 com a própria história do autor. Michael Finkel, repórter freelance da revista dominical do The New York Times, foi escolhido para investigar as denúncias de escravidão nas fazendas de cacau na Costa do Marfim. Depois de algumas semanas entrevistando jovens trabalhadores nos campos,

percebeu que não poderia escrever a matéria sugerida pelos seus editores. A situação que encontrou foi de extrema miséria, mas não havia casos de escravidão absoluta e de violência como os que a imprensa americana divulgou. A farsa era acobertada e até estimulada pela ajuda de associações locais, que subornavam jornalistas para oferecerem informações. A ideia inicial de Finkel era escrever sobre o problema real: o ciclo esmagador de pobreza e o sofrimento dos jovens que estavam dispostos a suportar para ganhar a vida. Também queria explicar como os meios de comunicação podem induzir ao engano e como as associações de auxílio podem perpetuar esses erros. No entanto, a editora da revista queria que a matéria tivesse uma “dimensão humana” e que a história fosse contada através de um único personagem. Diante da dificuldade de escrever somente sobre um menino e com o prazo apertado para enviar o artigo, o repórter fundiu 108 entrevistas em uma só. Na ânsia de não perder o furo, levantou detalhes e citações de todos esses garotos e inventou um personagem único que narrava toda a

Homem que matou a própria família fingiu ser repórter Christian Longo sempre quis ser escritor. Carismático, articulado e testemunha de Jeová, o jovem de 29 anos figurou na lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados pelo FBI ao lado de Osama Bin Laden, em 2002. Detido no mesmo ano, Longo foi condenado à sentença de morte e está encarcerado na Penitenciária do Oregon há 11 anos por ter assassinado a mulher e os filhos. Criado em uma família conservadora no estado do Michigan, nos Estados Unidos, casou-se aos 19 anos com MaryJane. Mesmo antes do casamento, enfrentou uma série de problemas financeiros e furtou dinheiro da loja em que trabalhava para pagar a aliança. A crise se intensificou quando nasceu o primeiro filho do casal, Zachary. Logo depois, tiveram Sadie e Madison. Obstinado em viver “o sonho americano” e orgulhoso demais para pedir ajuda, o empresário falido começou a forjar cheques e roubar carros para manter o padrão de vida e as aparências. Após algumas falcatruas, Longo se mudou com a família para um apartamento na

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cidade de Newport, estado de Oregon, e arranjou um emprego como balconista numa cafeteria. Mas a situação não melhorou. Posteriormente, ele descreveu a noite do dia 16 de dezembro de 2001 como “o início do fim”. No dia 19 de dezembro de 2001, Christian Longo estrangulou sua mulher e a filha de 2 anos, colocou os corpos em malas e as jogou numa lagoa. Depois voltou para casa, pegou os outros dois filhos, de 3 e 4 anos, amarrou seus tornozelos a duas fronhas com pedras dentro e jogou-os de uma ponte em um rio. Então, fugiu para o México e adotou a identidade do repórter Michael Finkel. Em Tulum, disse a todos que conheceu que estava escrevendo uma matéria sobre as ruínas Maias. O disfarce durou até janeiro de 2002, quando foi capturado pelo FBI. Em uma de suas entrevistas, disse ter mentido não por que estava sendo procurado pela polícia, mas porque não queria falar sobre si mesmo e admirava o trabalho de Finkel. O motivo aparente dos assassinatos seria o medo de parecer um fracasso para MaryJane.

Livro é uma aula de ética jornalística trajetória como se fosse apenas sua. De forma honesta, ele descreve como foi o processo de criação do perfil falso do menino Youssouf Malé. A ansiedade causada pela pressão do prazo-limite e as anotações insuficientes para seguir as instruções de sua editora fizeram com que entrasse num estado de pânico. Durante os três dias que escreveu, tomou es-

timulantes para se manter acordado, fumou maconha para se acalmar, engoliu pílulas para dormir, chorou sem motivo. “Eu sabia o que estava fazendo. Poderia ter parado a qualquer momento, mas decidi não parar. Foi a coisa mais estúpida que já fiz. É algo que nunca perdoarei a mim mesmo.” No domingo de 8 de novembro de 2001, a revista dominical saiu com a manchete “Youssouf Malé é um Escravo?”. O artigo de quase 6 mil palavras causou tanta comoção que entidades de direitos humanos foram atrás do menino. E descobriram que Youssouf Malé nunca existiu. A carreira de Finkel estava praticamente arruinada. O autor intercala a sua trajetória com a história de outro personagem. Na mesma semana que ele esperava a nota do editor, descobre que Christian Longo, acusado de ter assassinado a mulher e os três filhos, havia sido preso no México e assumido a identidade de Michael Finkel, “repórter do New York Times.” Nesta coincidência, o jornalista viu uma grande oportunidade para se redimir. Enquanto Longo aguardava julgamento em um presídio em Oregon, Finkel enviou-lhe uma carta. A partir daí, manti-

veram encontros frequentes e trocaram mais de mil correspondências entre abril de 2002 e junho de 2003. A intenção inicial do escritor era arrancar uma confissão do assassino. No entanto, criou-se um vínculo de amizade e confiança que coloca em questão os limites éticos da relação repórter-fonte. Finkel dedica a maior parte dos capítulos para contar detalhadamente a história de Christian Longo e sua família, as mentiras e a personalidade controversa daquele que foi responsável pela sua redenção no jornalismo. Ao mesmo tempo em que Finkel precisa limpar seu nome com a história de um sujeito que matou a família, Longo usa o jornalista para conseguir criar uma defesa e amenizar a decisão do júri. Em um trecho do livro, o autor diz que “apesar da manipulação de ambas as partes, o relacionamento parecia verdadeiro.” A História Verdadeira é, além de tudo, o resultado de um trabalho investigativo minucioso e um pedido de desculpas de um jornalista que errou e se redimiu. Bem escrita, a obra de Finkel consegue prender a atenção do leitor do início ao fim.

Escritor aventureiro fez mea culpa Michael Finkel foi criado em uma família de leitores em Connecticut. Após o jantar, retirava-se para sala de visitas com seus pais e sua irmã, onde ficavam em silêncio, cada um lendo um livro. Costumava escrever suas próprias obras e aos 11 anos já sabia que seria escritor. Com o passar dos anos, Finkel abandonou a ideia e entrou para a faculdade de Economia. Apesar de escrever para o jornal acadêmico por hobby, estava focado em ganhar dinheiro. A primeira matéria que emplacou no Times Magazine foi um texto que escreveu de forma despretensiosa em uma aula de redação que havia se inscrito. Seu professor gostou da história e o encorajou a mandar para a revista. Com o título “Sobre os Homens”, a matéria lhe rendeu mil dólares. A sorte inesperada fez com que alterasse seus planos. Em vez de procurar um emprego na bolsa de valores, resolveu passar o verão andando de bicicleta pelos Estados Unidos. Depois de 8 mil quilômetros percorridos e 74 noites de acampamento, escreveu um artigo sobre viagem que foi publicado na seção de turismo do Times. O primeiro emprego como jornalista foi como editor de baixo escalão para a revista Skiing, em Nova Iorque. Aos 23 anos pediu demissão e se mudou para Montana. Começou

a viajar muito – desceu de jangada um rio na África, esquiou nas Rochosas do Canadá e atravessou o deserto do Saara. Escreveu para a Sports Illustrated e para National Geographic Adventure. A primeira reportagem de capa que foi publicada pela revista Times, em 2000, foi uma travessia de centenas de quilômetros que fez com imigrantes haitianos para alcançar as Bahamas ou os Estados Unidos. Logo depois da matéria que escreveu sobre a violência na Faixa de Gaza, ganhou a confiança da revista e foi contratado. Também foi escolhido para investigar o mercado ilegal de órgãos humanos e um homicídio no Kentucky. Em 2002, com 12 anos de carreira, escreveu a matéria fictícia sobre a escravidão infantil nas plantações de cacau que causou sua demissão de “um dos melhores e mais invejados empregos do mundo”, segundo o autor. Enquanto esperava a publicação do falso artigo na capa da revista dominical do jornal, ficou dois meses no Afeganistão para cobrir a guerra. No livro, conta que desviou de projéteis e sobreviveu a um acidente de carro que foi parcialmente destruído por um tanque. Quando voltou para casa, recebeu e-mails de ONGs que questionavam a veracidade da história de Youssouf Malé. A farsa foi descoberta e publicada na página A-3 do Times, que escalou outro jorna-

Finkel foi demitido do jornal em 2002 lista para redigir uma nova reportagem e se retratar com seus leitores. Logo, foi contratado pelo jornal Oregonian e informado sobre Christian Longo. O lançamento do livro True Story em 2005 foi responsável pela sua readmissão nas publicações jornalísticas. Em 2009, o jornalista entrevistou Longo no corredor da morte da penitenciária de Oregon para a revista Esquire e pela primeira vez conseguiu confissões detalhadas sobre os assassinatos. Finkel também vendeu os direitos de seu livro para a Plan B Entertainment, produtora de Brad Pitt. O filme será lançado até o fim deste ano. Atualmente, Finkel escreve regularmente para National Geographic e GQ.

O fato de um mentiroso dizer aquilo que você quer ouvir não significa que o que ele disse seja verdadeiro Michael Finkel


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Mídia irresponsável comete erros históricos

O ex-repórter do New York Times Jayson Blair teve 73 reportagens publicadas entre outubro de 2002 e abril de 2003. Constataram-se ao menos 36 fraudes, invenções e plágios em seus artigos na editoria nacional. O caso emblemático abalou a credibilidade de 152 anos de um dos diários mais influentes do mundo, que usou quatro páginas de uma edição de domingo para expor a farsa e detalhar os erros cometidos pelo funcionário. Blair plagiou jornais e agências de notícias, manipulou detalhes de fotografias, inventou personagens, comentários, situações e declarações. O auge foi fingir que estava em cidades do meio-oeste americano, enquanto escrevia de seu apartamento em Nova Iorque. As invenções do repórter vieram à tona a partir de uma matéria publicada na capa sobre um soldado desaparecido no Iraque. O artigo chamou a atenção do editor-chefe do San Antonio Express, que afirmou conter muitas semelhanças entre uma matéria que havia sido publicada em seu jornal alguns dias antes. Blair sentiu-se pressionado pelas perguntas sobre o plágio e demitiu-se. Ao fazer as apurações e checar as informações sobre a matéria, descobriram que desde o princípio o

repórter vinha época, Howell enganando seus Raines, recochefes e leitores. nheceu ter dado Uma investigação muitas chances interna descobriu ao negro Jayson que Blair nunca Blair por causa de havia concluído a seu complexo de sua graduação, ao culpabilidade de contrário do que ser um branco do havia dito quansul do país, mardo foi contratacado por conflido. Durante os tos raciais. Além quatro anos em disso, ele foi beque trabalhou no neficiado por um Times, repórteres programa de e editores ques- Ex-repórter falsificou 36 reportagens ação afirmativa tionaram o comque prevê um portamento antiprofissional de Blair número mínimo de negros para cada e seus erros frequentes. Em 2002, empresa. Para evitar este tipo de sirecebeu advertências e foi avisado tuação, o jornal criou uma comissão que seu emprego estava em risco. O de observadores para analisar os prorepórter melhorou a sua performan- cedimentos da redação, como contrace após as críticas e tações, promoções, foi promovido para uso do off e o traa Editoria Nacional. balho de freelancers. Varias informaNo Brasil, ouções de uma matéria tro caso em que que escreveu sobre a mídia divulgou um franco-atirador inverdades foi o de Washington foda Escola Base, ram negadas por fechada em 1994 autoridades e requando seus propórteres veteranos prietários, sócios questionaram seus e uma professora editores sobre a veracidade dos fatos. foram acusados injustamente de abuNum período de seis meses, Blair as- so sexual contra alunos de 4 anos. sinou artigos de seis diferentes esta- A história do suposto abuso surdos nos Estados Unidos. No entanto, giu após pais de alunos perceberem não apresentou despesas de hotel, comportamento estranho nos seus aluguel de carro, passagens de avião. filhos e prestarem queixa em uma As razões da continuidade e da delegacia na Zona Sul de São Paulo. sua ascensão no New York Times foSegundo as mães, Maria Aparecida ram expostas na matéria sobre o caso. e Ayres, donos da escola, promoviam Mas o motivo real só apareceria mais orgias sexuais com as crianças na casa tarde. O editor executivo do diário à de Saulo e Mara, pais de um dos alu-

nos. O motorista da Kombi que levava os alunos para casa também estava supostamente envolvido. O delegado responsável, Edélson Lemos, encaminhou as crianças ao Instituto Médico Legal e conseguiu um mandato de busca e apreensão no apartamento de Saulo e Mara. No entanto, nada foi encontrado na residência. O Jornal Nacional levou ao ar a primeira reportagem sobre o caso. Outros veículos também reforçaram a figura dos pais e das crianças como vítimas e a opinião pública já tinha seus vilões. O extinto Notícias Populares publicou a manchete “Kombi era motel na escolinha do sexo”. O Diário Popular tomou conhecimento do caso e decidiu não publicar devido à falta de provas. As afirmações parciais e duvidosas do delegado eram reproduzidas incansavelmente nos jornais, rádio e televisão. Quando as primeiras provas de que os seis funcionários eram inocentes começaram a aparecer, o delegado foi afastado do caso e substituído por Gérson Carvalho e Jorge Carrasco. Três semanas após a primeira denúncia e exploração exaustiva do caso pela mídia, os seis acusados são inocentados. Os veículos de comunicação começaram as retratações e publicaram entrevistas com as atuais vítimas, antes culpados. Mas os pedidos de desculpas não foram suficientes para reparar os danos morais causados. Dívidas financeiras, depressão, crise de pânico, desemprego e problemas familiares foram algumas consequências sofridas pelos envolvidos. Vinte anos depois, vários veículos foram condenados a pagar indenização milionária aos antigos donos da Escola Base.

NEWSWEEK/PRN/Newscom

Blair forjou dezenas de matérias no Times em 2002. No Brasil, falsas acusações veiculadas causaram danos morais

Caso que abalou a credibilidade do jornal reforçou o procedimento de checagem de dados

O fornecimento de informações em off é uma negociação entre repórter e fonte que possibilita a publicação de declarações privilegiadas ao mesmo tempo em que protege a identidade de quem falou. É um instrumento baseado na obtenção de material exclusivo com alto valor jornalístico e na difusão de informações de interesse público. O off mais famoso da história do jornalismo é o do escândalo de Watergate, nos Estados Unidos, que foi responsável pela renúncia do presidente Nixon nos anos 70. Carl Bernstein e Bob Woodward, repórteres do Washington Post, receberam informações ultra confidenciais sobre o envolvimento da Casa Branca em operações de espionagem. A fonte “Garganta Profunda” foi preservada durante 33 anos, até o próprio informante revelar a sua identidade em 2005. Atualmente, denúncias através de fontes anônimas como no caso Watergate não são mais tão corriqueiras

The Washington Post

Instituição do off defende interesse público

Capa do Washignton Post anuncia a renúncia do presidente Nixon em 1973 no Washington Post e em outros jornais americanos. Desde 2004 o diário adota um manual de redação que dá preferência ao uso de informantes que se expõem, dificultando o trabalho de repórteres que cobrem a Casa Branca. A restrição do uso do off the record foi o modo que publicações

encontraram de deixar o processo da produção de notícias mais transparente, após escândalos como os de Jayson Blair, ex-repórter do New York Times. A medida também previa a diminuição de erros cometidos por jornalistas na era multimídia, em que as decisões devem ser tomadas com

mais rapidez. Uma das regras do manual é sempre que o nome do informante não puder ser explicitado, o repórter terá que descreve-lo da forma mais minuciosa possível e expor os motivos pelo qual precisa ser mantido confidencial. Assim como no Washington Post, os repórteres do Times também devem contar a pelo menos um editor a fonte que estão citando. No Brasil, o jornalista Luiz Cláudio Cunha dividiu opiniões ao quebrar o sigilo das escutas telefônicas ilegais na Bahia no início de 2003. Cunha revelou que o senador Antônio Carlos Magalhães estava envolvido na maior operação de “grampo” da história do país. O jornalista achou a confissão tão grave e de interesse público que decidiu não acobertá-la por causa de um off. “O repórter tem a obrigação de saber quando o off serve para o bem ou para o mal. Ele é o juiz irrecorrível, primeira e única instância desta terrível decisão”, disse em entrevista à Carta Capital.

Obra relembra A Sangue Frio de Truman Capote A Sangue Frio, de Truman Capote, e A História Verdadeira, de Michael Finkel, apresentam muitas semelhanças. Em ambas, repórter e fonte mantêm diálogos controvertidos através da construção de uma relação de confiança com os assassinos. Apesar deste tipo de envolvimento ultrapassar os limites éticos do jornalismo e comprometer a imparcialidade, possibilitou o detalhamento dos perfis psicológicos dos criminosos Perry Smith e Christian Longo nas duas obras. Os autores começaram a agir em benefício próprio, pois se encontravam em uma situação delicada – Capote devia matérias ao The New Yorker e Finkel precisava de uma boa história para se redimir do perfil falso que criou para o New York Times. As fontes também tinham seus interesses: usar os jornalistas para tentar provar inocência. Ao investigar o assassinato da família Cluster, no Kansas, Truman Capote apaixonou-se por um dos envolvidos no crime. Depois de mais um ano e meio na região entrevistando moradores e coletando informações sobre o caso, o escritor chegou a desejar a execução dos condenados para acabar com o sofrimento concluir o livro. Lançado em 1960, A Sangue Frio tornou-se uma das obras literárias de não-ficção mais influentes e foi considerada como um marco do novo jornalismo. A diferença é que Finkel não esperou Longo morrer para publicar sua obra. No corredor da morte, o jornalista enviou-lhe um exemplar do livro. Apesar de ter achado a relação descrita de forma muito honesta, o fato de ter sido apresentado como um vigarista o desagradou. Marc Holcom/Esquire

Florianópolis, 11 de novembro de 2014 • Ano 1 • Edição 1

Finkel entrevista Longo na prisão Richard Avedon

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Curso de Jornalismo da UFSC Atividade da disciplina de Edição Professor: Ricardo Barreto Edição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Aline Lima Serviços editoriais: Newsweek, Esquire, Washington Post Impressão: Gráfica Postmix Novembro de 2014

Perry Smith e Capote em 1965

Tornei-me tão obssessivo e arrogante que supus que as regras do jornalismo não se aplicavam mais a mim Michael Finkel

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