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Pecuária
from Anuário IACA 2021
by IACA
Evolução recente da pecuária
Da análise dos balanços de aprovisionamento dos setores das carnes, leite e ovos, pese embora o crescimento das exportações nos últimos anos, a produção nacional continua a satisfazer apenas parte das necessidades do consumo, cada vez mais exigente e diversificado, preocupado com a qualidade, bem-estar animal, segurança alimentar e sustentabilidade. Nas carnes, num ano marcado pela COVID-19 e pela forte quebra de turistas, o consumo em 2020 registou uma retração de 4,1%, com a capitação a passar de 119,9 para 115,0 kg/ hab/ano. Analisando os diferentes tipos de carnes, conclui-se que a carne de bovino registou uma relativa estabilidade, bem como a carne de animais de capoeira, com um recuo nas carnes de suínos, ovino e caprino e outras carnes. A carne de suíno parece ter sido a mais penalizada pela pandemia, com um recuo de 7,3% e uma capitação que passou de 44,7 para 41,4 kg/hab/ano. No leite, com uma produção em alta, verificou-se uma relativa estabilidade no consumo (748 000 tons), sendo mais penalizado o queijo, enquanto nos ovos também se não registaram alterações no consumo, mantendo-se nos 113 000 tons e uma capitação de 11,0 kg.
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Com esta tendência, aliada a uma redução nas importações, o grau de autoaprovisionamento das carnes em 2020 melhorou ligeiramente, passando de 74,9% para 80%, com aumentos praticamente em todas as categorias, com exceção dos ovinos e caprinos. No entanto, não deixa de ser preocupante os níveis reduzidos nos bovinos (55,1%), sobretudo se pensarmos na pressão que tem sido exercida sobre este setor no quadro das alterações climáticas e o peso nas emissões de GEE. Nos setores do leite e ovos continuamos a ser excedentários, com respetivamente 105,8% e 107,3%, pelo que são importantes as exportações para o equilíbrio do mercado interno.
É importante defender a imagem dos produtos nacionais junto do consumidor, a segurança alimentar, o controlo e fiscalização dos produtos nacionais e importados, a implementação de Guias de Boas Práticas e de biossegurança em toda a Fileira.
Devemos apostar numa Política que assuma a verdadeira importância socioeconómica da Fileira Pecuária no panorama agroalimentar nacional e a sua inserção no desenvolvimento do mundo rural, sem esquecer os grandes desafios que temos pela frente: segurança alimentar, ambiente, bem-estar animal, gestão dos recursos naturais, inovação, alterações climáticas e sustentabilidade.
É urgente reabilitar a imagem da denominada pecuária intensiva, tornando-a numa produção ecologicamente eficiente, que já é de facto e igualmente sustentável. E sobretudo que se exija às importações de Países Terceiros as mesmas regras que são impostas aos operadores da União Europeia. A Estratégia “Do Prado ao Prato” representa um grande desafio, mas igualmente uma oportunidade de mostrar que a Alimentação Animal é parte da solução. Esperemos que a reforma da PAC e o PEPAC legitimem essas estratégias, bem como as nossas especificidades.