REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA INTEGRAL DE ASSENTAMENTOS INFORMAIS DE INTERESSE SOCIAL: O CASO DA COMUNIDADE PAPOCO. ALUNA: PAULA DE SOUSA BOMFIM ORIENTADORA: ALINE BARROSO
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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA INTEGRAL DE ASSENTAMENTOS INFORMAIS DE INTERESSE SOCIAL: O CASO DA COMUNIDADE PAPOCO.
Orientanda: Paula de Sousa Bomfim Professora Orientadora: Aline Maria Costa Barroso
Fortaleza 2016
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Ele estava esperando pela cidade que tem alicerces que não podem ser destruídos, da qual Deus é o arquiteto e construtor. HEBREUS 11:10
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Á minha avó, que sempre me ensinou a importância da paciência e do amor ao próximo.
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Agradecimentos Primeiramente gostaria de agradecer a Deus e Nossa Senhora que sempre estiveram me iluminando para a realização desse trabalho. Gostaria de agradecer também a todos que de alguma maneira me ajudaram durante toda a minha graduação. Agradeço a minha avó pelo apoio e pela inspiração de vida que ela me proporcionou. Agradeço a toda minha família, em especial ao meu pai Marcus, minha mãe Maria Augusta e minha irmã Débora, que sempre me apoiaram incondicionalmente e sem os quais eu sei que nada seria possível. Agradeço imensamente à minha orientadora Aline Barroso que sempre esteve ao meu lado, sempre me orientou corretamente, sempre esteve de prontidão quando eu precisei e que serviu de inspiração para a realização desse trabalho .
Agradeço em especial também aos meus tios Carmen Lúcia, Lúcio e Henrique, que nos momentos mais difíceis sempre foram meu apoio e a extensão dos meus pais.
Aos meus primos Luiza, Maria Thereza e Thiago que me apoiaram, me inspiraram e me ensinaram durante toda minha graduação.
Ao CEDEFAM pelo apoio ao contato com a comunidade. À Associação comunitária É Tempo de Vencer, em especial à líder comunitária Preta e a toda comunidade Papoco que tanto me ajudou na realização desse trabalho.
Às minhas amigas Gabriela Bezerra, Thereza Rachel e Luma Matos. Por estarem presentes em todos os momentos.
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Lista de Figuras
Imagem 1: Panfleto de Divulgação na Comunidade Papoco. Fonte: Acervo da Autora. ......... 14 Imagem 2: Mapa Localização CEDEFAM. Fonte: Google Earth. ............................................ 14 Imagem 3: Reunião com a comunidade. Fonte: Aline Barroso. ............................................... 16 Imagem 4: Runião com a Comunidade. Fonte: Aline Barroso. ................................................ 16 Imagem 5: Mapa com sugestões da comunidade. Fonte: Acervo da autora. .......................... 16 Imagem 6: Levantamento de problemas. Fonte: Acervo autora. ............................................. 16 Imagem 7: Levantamento de Potencialidades. Fonte: Acervo da Autora. ............................... 16 Imagem 8:Localização da Rocinha. Fonte: http: http://www.ciespi.org.br/ ............................... 34 Imagem 9: Zona de Prioridade do Plano. Fonte: http: http://www.ciespi.org.br/ ...................... 34 Imagem 10:Proposição do Plano Socioespacial da Rocinha. Fonte: http://www.rocinha.org. . 34 Imagem 11:Delimitação Rua 4. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. ... 35 Imagem 12:Delimitação Rua 4. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. ... 35 Imagem 13:Rua 4 antes da obra. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM.36 Imagem 14:Rua 4 durante a obra. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. .................................................................................................................................................. 36 Imagem 15: Centro Habitacional Rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. ................................................................. 36 Imagem 16:Àrea infantil rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. .................................................................................................................................................. 36 Imagem 17:Imagens 9: Projeto Inicial das habitações. Fonte: Silva, 2014. ............................. 36 Imagem 18:Imagens 10: UPA Rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v. ................ 37 Imagem 19:UPA Rocinha. Fonte: http://extra.globo.com/ ........................................................ 37 Imagem 20:Parque Ecológico Rocinha. Fonte: www.rj.gov.br. ................................................ 37 Imagem 21:Parque Ecológico Rocinha. Fonte: www.rj.gov.br. ................................................ 37 Imagem 22:Centro esportivo Rocinha. Fonte: www.flickr.com ................................................. 38 Imagem 23:C4 Rocinha. Fonte: www.cultura.rj.gov.br. ............................................................ 38 Imagem 24:C4 Rocinha. Fonte: www.cultura.rj.gov.br. ............................................................ 38 Imagem 25:Passarela. Fonte: g1.globo.com ........................................................................... 38 Imagem 26:Imagem 17: Creche Modelo. Fonte: www.upprj.com. ........................................... 39 Imagem 27: Simulação Plano Inclinado Rocinha. Fonte: www.youtube.com.br ...................... 39 Imagem 28:Projeto Mercado Rocinha. Fonte: http://www.rocinha.org/noticias/rocinha/view.asp?id=2053. ...................................................... 39 Imagem 29:Urbanização da Rua do Valão. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3IYUMGt-U ................................................................................................................................. 39 Imagem 30:Alargamento da Rua 1. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U 39 Imagem 31:Recolhimento Mecânico do Lixo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3IYUMGt-U ................................................................................................................................. 39 Imagem 32:Recolhimento Mecânico do Lixo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3IYUMGt-U. ................................................................................................................................ 40 Imagem 33:Novas Habitações. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U. ..... 40 Imagem 34:: Mapa do Teleférico. Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=o3. .................... 40 Imagem 35: Projeto do Teleférico. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U . 40
Imagem 36:Mapa Proposições de Intervenção Cordeiro I. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ................................................................................................................................................. 41 Imagem 37:Mapa Proposições de Intervenção Cordeiro I. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ................................................................................................................................................. 42 Imagem 38: Ruas de Convivência. Fonte: http://renovasp.hab ............................................... 42 Imagem 39: Zonas de Infiltração. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/ .................................. 43 Imagem 40: Zonas de Infiltração. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/ ................................... 43 Imagem 41: Remodelação das Escadas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ..................... 43 Imagem 42: Remodelação das Escadas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ..................... 43 Imagem 43: Recuperação do córrego. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. .......................... 43 Imagem 44: Fito Depuradora. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br. ........................................ 44 Imagem 45:Margem Recuperada. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ................................. 44 Imagem 46:Jardim de Chuva. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ....................................... 44 Imagem 47:Canal Depurador. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/ ........................................ 44 Imagem 48: Mapa de distribuição da coleta de lixo. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ..... 44 Imagem 49: Esquema de disposição dos blocos. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/ .......... 45 Imagem 50: Orientação Solar. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/ ....................................... 45 Imagem 51: Opções de Planta, Corte e Imagem das Habitações propostas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ................................................................................................... 45 Imagem 52:Opções de Planta, Corte e Imagem das Habitações propostas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. ................................................................................................... 45 Imagem 53:Mapa a esquerda- Bacia do Guarapiranga e núcleos urbanos do entrono. Mapa a Direita: Novas Habitações. Fonte: Márcia Grosbaum. ............................................................. 46 Imagem 54:Casas sobre o córrego. Fonte: Márcia Grosbaum. ............................................... 47 Imagem 55:Projeto Implantado. Fonte: Márcia Grosbaum. ..................................................... 47 Imagem 56:Projeto Implantado. Fonte: Márcia Grosbaum. ..................................................... 47 Imagem 57:Antes e depois do projeto. Fonte: Márcia Grosbaum. .......................................... 47 Imagem 58:Estruturas de Contenção. Fonte: Márcia Grosbaum. ........................................... 47 Imagem 59:Nova habitação. Fonte: Márcia Grosbaum. .......................................................... 48 Imagem 60:Quadra. Fonte: Márcia Grosbaum. ....................................................................... 48 Imagem 61:Parque. Fonte: Márcia Grosbaum. ....................................................................... 48 Imagem 62:Mapa de Delimitação da Comunidade do Papoco. Fonte: Acervo da Autora. ...... 51 Imagem 63:Mapa de Zoneamento da Comunidade do Papoco. Fonte: Acervo da Autora. .... 52 Imagem 64: Casas com Necessidades de melhorias. Fonte: Acervo da Autora. .................... 54 Imagem 65: Ligações Elétricas Clandestinas. Fonte: Acervo da Autora ................................. 55 Imagem 66: Rua Uruguaiana. Ausência de Arborização. Fonte: Google Earth. ..................... 57 Imagem 67: Rua Rio Grande do Norte utilização de Nim Indiano.Fonte: Google Earth. ......... 57 Imagem 68:Triciclo com Baú para Reciclagem. Fonte: http://www.fuscomotosegura.com.br/triciclos-de-carga-cacamba.html ..................................... 60 Imagem 69:Triciclo com Baú para Reciclagem. Fonte: http://www.fuscomotosegura.com.br/triciclos-de-carga-cacamba.html ..................................... 60 Imagem 70: Pulverizador Costal. Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/ ......................... 60
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Imagem 71: Mapa de pontos Wi-Fi. Fonte: Google Earth. ....................................................... 61 Imagem 72: Mapa Previsão de Ponto de Táxi. Fonte: Google Earth. ...................................... 61 Imagem 73:Mapa Delimitação de substituição do muro do Capus do Pici por cerca e Mapa de Aberturas de acesso direto ao Campus. ................................................................................... 64 Imagem 74: Modelo de Cerca Utilizado. .................................................................................. 64 Imagem 75: Rua Eunício dos Santos Freitas.: Modelo de Via Compartilhada. ........................ 68 Imagem 76: Nova Configuração Beco do Real. ....................................................................... 69 Imagem 77: Modelo Faixa Elevada. ........................................................................................ 69 Imagem 78: Configuração das ruas das Novas Habitações. ................................................... 69 Imagem 79: Acesso emergencial. ............................................................................................ 70 Imagem 80:Mapa Implantação de Usos. ................................................................................. 71 Imagem 81: Lavanderia Coletiva. ............................................................................................ 71 Imagem 82: Lavanderia Coletiva II. ......................................................................................... 71 Imagem 83: Lavanderia Coletiva III. ........................................................................................ 72 Imagem 84: Corte Esquemático Lavanderia Coletiva. ............................................................. 72 Imagem 85: Área Infantil. ......................................................................................................... 72 Imagem 86: : Área Infantil II. .................................................................................................... 72 Imagem 87: : Área Infantil III. ................................................................................................... 73 Imagem 88: : Área Infantil IV. .................................................................................................. 73 Imagem 89: : Área Infantil V. ................................................................................................... 73 Imagem 90: Quadrinha. ........................................................................................................... 73 Imagem 91: Quadrinha II. ........................................................................................................ 74 Imagem 92: Meia Quadrinha. .................................................................................................. 74 Imagem 93: : Meia Quadrinha II. ............................................................................................. 74 Imagem 94: Modelo Churrasqueiras. ....................................................................................... 74 Imagem 95:Modelo Churrasqueira II. ...................................................................................... 74 Imagem 96: Modelo Churrasqueira III...................................................................................... 75 Imagem 97: Corte Esquemático Churrasqueira. ...................................................................... 75 Imagem 98: Modelo Rapel. ...................................................................................................... 75 Imagem 99: : Modelo Rapel II. ................................................................................................. 75 Imagem 100: Modelo Rapel III. ................................................................................................ 76 Imagem 101: Corte Esquemático Rapel. ................................................................................. 76 Imagem 102: Modelo Pista de Skate. ...................................................................................... 76 Imagem 103: Modelo Rampa de Skate.................................................................................... 76 Imagem 104: Localização Feira Livre. ..................................................................................... 77 Imagem 105: Modelo Quiosques Feiras. ................................................................................. 77 Imagem 106: Modelo Academia. ............................................................................................. 77 Imagem 107: Modelo Academia II. .......................................................................................... 78 Imagem 108: Modelo Academia III. ......................................................................................... 78 Imagem 109: Mapa Terrenos de Relocação. ........................................................................... 79 Imagem 110: Processo Criativo Habitações. ........................................................................... 79 Imagem 111: Croqui Inicial Implantação das Novas Habitações. ............................................ 80 Imagem 112: Mobiliário Mínimo MCMV. Fonte: http://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/dimob/EspecificMinimas.pdf. ...................................... 80 Imagem 113: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Nordeste da Edificação). ............................................................................................................................... 81 Imagem 114: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Sudeste da Edificação). ............................................................................................................................... 81
Imagem 115: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Sudoeste da Edificação)................................................................................................................................ 81 Imagem 116: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Noroeste da Edificação)................................................................................................................................ 81 Imagem 117: Modelo Casas com expansão. .......................................................................... 82 Imagem 118: Modelo casa única............................................................................................. 83 Imagem 119: Modelo Habitação Uso Misto a ser Expandida pelo Proprietário. ...................... 83 Imagem 120: Mapa Localização das Habitações. ................................................................... 84 Imagem 121: Tijolinho Maciço Branco. Fonte: tijolo_macico_bran_9x19x5_3cm__rj__87795540_0001 ......................................................... 85 Imagem 122: Elemento Vazado. ............................................................................................. 85 Imagem 123: Elemento vazado II. ........................................................................................... 85 Imagem 124: Telha Onduline. Fonte: http://www.ondulineblog.com.br/ .................................. 85 Imagem 125: Modelo Janela Veneziana. ................................................................................ 85 Imagem 126: Modelo Guarda Corpo ....................................................................................... 86 Imagem 127: Modelo Brise...................................................................................................... 86 Imagem 128: Modelo Jardineira. ............................................................................................. 86 Imagem 129: Desenvolvimento Paginação. ............................................................................ 87 Imagem 130: Desenvolvimento Paginação II. ......................................................................... 87 Imagem 131: Acesso às habitações. ....................................................................................... 87 Imagem 132: Legenda Paginação........................................................................................... 88 Imagem 133: Demarcação das Áreas. .................................................................................... 88 Imagem 134: Paginação Área 01. ........................................................................................... 88 Imagem 135:: Paginação Área 02.. ......................................................................................... 88 Imagem 136:: Paginação Área 03. .......................................................................................... 89 Imagem 137: Paginação Área 04. .......................................................................................... 89 Imagem 138: Paginação Área 05. ........................................................................................... 89 Imagem 139: Paginação Área 06. ........................................................................................... 89 Imagem 140: Paginação Área 07. ........................................................................................... 90 Imagem 141: Banco Jardim..................................................................................................... 92 Imagem 142: Banco Jardim II.................................................................................................. 92 Imagem 143: Banco Jardim III................................................................................................. 92 Imagem 144: Banco àrvore. .................................................................................................... 92 Imagem 145: Banco àrvore II. ................................................................................................. 93 Imagem 146: Banco Mesa Acoplada. ...................................................................................... 93 Imagem 147: Banco Mesa Acoplada II. ................................................................................... 93 Imagem 148: Banco Mesa Acoplada III. .................................................................................. 93 Imagem 149: Banco Grama. ................................................................................................... 94 Imagem 150: Banco Grama. Fonte: http://www.proma.com.br/............................................... 94 Imagem 151: Mobiliário Interativo. .......................................................................................... 94 Imagem 152: Mobiliário Interativo II. ....................................................................................... 94 Imagem 153: Gancho Móvel. .................................................................................................. 95 Imagem 154: Parada de ônibus maior. Vista e Corte. ............................................................. 95 Imagem 155: Para de ônibus Grande. Perspectiva. ................................................................ 95 Imagem 156: Parada de ônibus menor. Vista e Corte. ............................................................ 95 Imagem 157:Parada de ônibus menor. Perspectiva. ............................................................... 96 Imagem 158: Balanços I. ......................................................................................................... 96 Imagem 159: Balanço Corte. ................................................................................................... 96
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Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem
160: Balanço Perspectiva. ......................................................................................... 96 161: Modelos de Poste. ............................................................................................. 97 162: Bicicletário. Vista................................................................................................ 97 163:Bicicletário. Corte. ............................................................................................... 97 164: Bicicletário. Perspectiva. .................................................................................... 97 165: Lixeiras............................................................................................................... 98 166:Lixeiras II............................................................................................................. 98 167: Lixeiras III........................................................................................................... 98 168: Telha Transparente. Fonte: http://www.aecweb.com.br/ .................................... 98 169: Lanternim. Fonte: https://br.pinterest.com/ ........................................................ 98 170: Creche. ............................................................................................................ 100 171: Creche ............................................................................................................. 100 172: Jucá. Fonte: https://www.flickr.com.................................................................. 102
Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem Imagem
173: Pau Branco. ..................................................................................................... 102 174: Oiticica. ............................................................................................................ 102 175: Ipê Amarelo. .................................................................................................... 102 176: Ipê Roxo. Fonte: http://www.mundoreal.xyz/ ................................................... 102 177: Pitomba. Fonte: http://www.alumac.com.br/ .................................................... 102 178: Cajueiro. Fonte:http://poderda ......................................................................... 102
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Lista de Tabelas Tabela 1: Linha do Tempo Políticas Habitacionais. Fonte: Acervo da Autora. ............................................................... 19 Tabela 2:Programas e Ações Habitacionais em Vigor. ....... 26 Tabela 3:Programas e Ações Habitacionais em Vigor. ....... 27 Tabela 4: Programas de Regularização Aplicados em Fortaleza. ............................................................................ 28 Tabela 5: Parâmetros por Zona do Bairro Pici. ................... 52 Tabela 6:Características para as Vias de Circulação segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza. .. 53 Tabela 7: Dados Censitários. Fonte: IBGE. ........................ 53 Tabela 8: Configuração Familiar. Fonte: IBGE. .................. 54 Tabela 9: Condicionantes Legais. ....................................... 56 Tabela 10: Parâmetros para as habitações novas e para as já consolidadas. .................................................................. 56 Tabela 11: Condicionantes Ambientais............................... 57 Tabela 12: Infraestrutura..................................................... 58 Tabela 13: Infraestrutura II.................................................. 59 Tabela 14: Infraestrutura III................................................. 60 Tabela 15: Sistema Viário e Mobilidade.............................. 62 Tabela 16: Sistema Viário e Mobilidade II.......................... 63 Tabela 17: Morfologia Urbana. ........................................... 63 Tabela 18: Uso e Ocupação do Solo. ................................. 64 Tabela 19: Características Habitacionais............................ 65 Tabela 20:Desenvolvimento Sócio Econômico. .................. 66 Tabela 21: Equipamentos Urbanos. ................................... 67
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7.4.4- Abastecimento de Água e Energia .......................................................................... 54
Sumário
7.4.5- Coleta de Lixo ......................................................................................................... 55 8- Plano de Ação ...................................................................................................................... 56
1- Introdução............................................................................................................................ 12
8.1- Condicionantes Legais .................................................................................................. 56
2- Metodologia .......................................................................................................................... 13
8.2- Condicionantes Ambientais ........................................................................................... 57
2.1- Desenvolvimento Metodológico ..................................................................................... 13
8.3- Infraestrutura ................................................................................................................. 58
2.1.1- Processo de organização e contatos iniciais. .......................................................... 14
8.4- Sistema Viário e Mobilidade .......................................................................................... 62
2.1.2 Coleta de material e efetivação do processo participativo. ....................................... 15
8.5- Morfologia Urbana ......................................................................................................... 63
2.1.3- Demais Visitas à Comunidade................................................................................. 17
8.6- Uso e Ocupação do Solo ............................................................................................... 64
3- Habitação de Interesse Social .............................................................................................. 18
8.7- Características Habitacionais ........................................................................................ 65
3.1 Histórico da Habitação de Interesse Social ..................................................................... 18
8.8- Desenvolvimento Sócio Econômico .............................................................................. 66
3.1.1 Habitação Informal e Habitação de Interesse Social ................................................ 18
8.9- Equipamentos Urbanos ................................................................................................. 67
3.1.2 Processo de Evolução das Políticas Habitacionais .................................................. 19
9- Memorial Descritivo .............................................................................................................. 68
3.1.3 - Politicas Habitacionais em Fortaleza ...................................................................... 24
9.1- Diretrizes Gerais ............................................................................................................ 68
3.2-Regularização de Habitações de Interesse Social .......................................................... 26
9.2- Mobilidade ..................................................................................................................... 68
3.2.1- Programas e Ações Habitacionais em Vigor ........................................................... 26
9.3- Usos .............................................................................................................................. 70
3.2.2- Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) .................... 28
9.3.2- Lavanderia Coletiva ................................................................................................ 71
4- Processo Participativo .......................................................................................................... 29
9.3.3- Espaço Infantil ........................................................................................................ 72
5- Sustentabilidade ................................................................................................................... 33
9.3.4- Quadras .................................................................................................................. 73
6-Projetos Referênciais............................................................................................................. 34
9.3.5- Churrasqueiras........................................................................................................ 74
6.1-Projeto Referencial PAC Rocinha ................................................................................... 34
9.3.6- Rapel....................................................................................................................... 75
6.2- Projeto Referencial Renova SP Cordeiro I ..................................................................... 41
9.3.7- Pistas de Skate ....................................................................................................... 76
6.3- Projeto Referencial Jardim Iporanga Esmeralda ............................................................ 46
9.3.8- Feira Livre ............................................................................................................... 77
6.4- Ações dos projetos analisados que se pretende usar na Regularização Fundiária da Comunidade Papoco ............................................................................................................. 49
9.3.9- Academia ................................................................................................................ 77 9.6- Implantação das Novas Habitações .............................................................................. 79
6.4.1- Projeto PAC Rocinha ............................................................................................... 49
9.6.2- Materiais das Habitações ........................................................................................ 85
6.4.2- Projeto Renova SP- Cordeiro I ................................................................................ 49
9.3- Paginação...................................................................................................................... 87
6.4.3- Projeto Referencial Jardim Iporanga Esmeralda ..................................................... 50
9.4- Espaços Livres .............................................................................................................. 91
7- Área em estudo e seu Contexto Urbano............................................................................... 51
9.7- Mobiliário ....................................................................................................................... 92
7.1- Comunidade Papoco...................................................................................................... 51
9.7.1- Bancos........................................................................................................................ 92
7.2- Localização da Comunidade Papoco ......................................................................... 51
9.7.1.1- Banco Jardim ........................................................................................................... 92
7.3- Zoneamento da Comunidade Papoco............................................................................ 52
9.7.1.2- Banco Árvore ........................................................................................................... 92
7.4.- Análise dos Dados Censitários e Socioeconômicos .................................................. 53
9.7.1.3- Banco Mesa Acoplada ............................................................................................. 93
7.4.3- Saneamento ............................................................................................................ 54
9.7.1.4- Banco Grama .......................................................................................................... 94
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9.7.2- Mobiliário Interativo ..................................................................................................... 94 9.7.3- Paradas de ônibus ...................................................................................................... 95 9.7.4- Balanços ..................................................................................................................... 96 9.7.5- Postes ......................................................................................................................... 97 9.7.6- Bicicletário ............................................................................................................... 97 9.7.7- Lixeira ...................................................................................................................... 98 9.8- Estratégias para Casas já Consolidadas ....................................................................... 98 9.9- Novas Edificações.......................................................................................................... 99 9.9.1- Centro de Reciclagem. ............................................................................................ 99 9.9.2- Centro de Reciclagem. ............................................................................................ 99 9.9.3- Creche ................................................................................................................... 100 9.10- Paisagismo ................................................................................................................ 101 10- Anexos.............................................................................................................................. 103 11- Conclusão......................................................................................................................... 104 12- Referências ...................................................................................................................... 105
12
prover o real acesso da população à cidade só pode ser
1- Introdução
providenciada pelo Estado.
A questão habitacional no Brasil é de extrema
O
projeto
proposto
tem
como
objetivo
geral
desenvolver o trabalho final de graduação do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade de Fortaleza –
Segundo Maricatto (2003):
UNIFOR. Apresentando, assim, um projeto de regularização
importância, por se tratar de um assunto que atinge “À dificuldade de acesso aos serviços de infra-estrutura urbana (transporte precário, saneamento deficiente, drenagem inexistente, difícil acesso aos serviços de saúde, educação, cultura e creches, maior exposição à ocorrência de enchentes e desabamentos) somam-se às menores oportunidade de emprego, maior exposição à violência (marginal ou policial), difícil acesso à justiça oficial, difícil acesso ao lazer, discriminação racial. A exclusão é um todo: social, econômica, ambiental, jurídica e cultural.”
diretamente muitos cidadãos, causando prejuízos diários para a qualidade de vida dos mesmos e prejudicando também indiretamente todos os outros cidadãos. As consequências da má resolução das questões habitacionais no Brasil atingem todos os habitantes. As condições desumanas e insalubres de habitações da parcela mais pobre da população, a invasão e a depredação de espaços públicos, a invasão e a depredação de áreas de
1- Analisar os problemas habitacionais dos assentamentos informais, os processos de regularização que podem ser usados em assentamentos informais, as consequências que os assentamentos informais geram nas cidades e a influencia dos processos participativos nos projetos de
a falta de acesso da população aos mais básicos serviços
buscando servir de habitat para os seres humanos.
assim, o embasamento para a execução do projeto de
essenciais à sobrevivência saudável dos mesmos e muitas
Contraditoriamente esse espaço desenvolvido pelos seres
regularização.
outras consequências diretas e indiretas da má resolução do
humanos e para os seres humanos, hoje não consegue
mercado imobiliário atual, atingem não só os habitantes
cumprir com a sua função primordial. O maior legado da
diretamente envolvidos, mas também todos os demais
sociedade, as cidades, está sendo contraditoriamente
habitantes imersos e geradores de cidades insustentáveis e
desumanizado. A partir do momento em que uma família
fragmentadas
Essa
está na cidade e não tem um lugar para morar, a cidade não
fragmentação acaba por excluir parte da população do
cumpre com a sua função de habitat, perdendo assim seu
direito de usufruírem das funções reais de uma cidade,
sentido natural.
parte
formal
e
informal.
gerando assim, prejuízos às próximas gerações.
primordialmente
seguintes objetivos específicos:
regularização de assentamentos informais. Fornecendo
em
cidades
Para atingir essa finalidade podem-se considerar os
desenvolveram-se
proteção ambiental, a sensação de insegurança das cidades,
As
fundiária para a Comunidade Papoco.
2- Estudar os processos de evolução urbana, tanto o processo da urbanização dos assentamentos informais, quanto
das
3- Conhecer
e
4- Estudar
desenvolvidas
Como estudante de arquitetura e futura arquiteta e
os
conceitos
de
referencia
regularizações
que de
onde
foram
assentamentos
informais.
como cita Maricatto (2003), o principal problema não é a
como dever planejar uma cidade melhor a cada dia para as
edificação, já que essa pode ser construída até pelos
gerações atuais e futuras, mas infelizmente muitas vezes é a
possa
próprios
envolve
esse profissional realiza um trabalho muito restrito em sua
diagnóstico.
principalmente o déficit de infra-estrurtura das cidades
cidade, que é beneficia apenas por uma parcela da
brasileiras. Já que essa infra-estrurtura necessária para
população, restando assim uma grande parte da cidade abandonada.
criticamente
projetos
não refere-se apenas ao déficit habitacional brasileiro, pois
habitacional
examinar
nessa
social, projetos participativos e sustentabilidade urbana.
que o arquiteto tem perante a sua cidade. O arquiteto possui
questão
utilizadas
relacionados principalmente a: habitação de interesse
A questão habitacional que abordamos nesse trabalho,
A
publicas
urbanização.
urbanista, acredito na real importância e responsabilidade
moradores.
políticas
5-
Diagnosticar as necessidades a serem sanadas pelo projeto de regularização da Comunidade Papoco.
6- Criar um plano de ação e um plano de mobilidade que solucionar
as necessidades
levantadas
no
13
2- Metodologia
Inicialmente a metodologia utilizada para a obtenção
Na escala do bairro buscou-se Identificar como a
dos objetivos estabelecidos, foi a revisão bibliográfica de
comunidade se relaciona com o seu entorno imediato
documentos e artigos sobre habitação de interesse social,
urbano, considerando os elementos de segregação urbana,
A autora optou por utilizar como uma das diretrizes
processos participativos e sustentabilidade. Essas pesquisas
os equipamentos, os serviços oferecidos, a infraestrutura
para a elaboração desse esse projeto a utilização da
foram realizadas principalmente em bases cientificas online
existente (saneamento básico, abastecimento de água,
metodologia participativa, citada posteriormente, e para isso,
(revistas, instituições e grupos de pesquisa) e biblioteca.
energia, sistema viário de acesso à comunidade e transporte
utilizou uma metodologia que permitiu a participação efetiva
público), as áreas verdes e áreas livres próximas à
da população. Assim, a autora optou por utilizar da
comunidade e os usos predominantes do entorno.
participação efetiva da comunidade na fase do diagnóstico.
O segundo passo foi a análise de projetos de regularização fundiária que pudessem ser usados como referência para a elaboração do projeto de Regularização da Comunidade Papoco.
Na escala da comunidade buscou-se: Identificar as características da dinâmica socioambiental e espacial da
Essa primeira etapa foi realizada com com o intuito de
comunidade.
considerando
os
dados
censitários
e
embasar o desenvolvimento do projeto acadêmico de
socioeconômicos (número de famílias, renda média, grau de
regularização fundiária e de aproximar a autora com o
escolaridade etc.), o uso do solo (desenvolvendo um
ambiente escolhido para a realização do mesmo.
microzoneamento de acordo com os usos (habitação,
A etapa seguinte foi voltada para a realização do diagnóstico da comunidade.
comércio, serviços e lazer); (conforme levantamento in
Por tratar-se de um projeto
loco)), a densidade, o parcelamento do solo e o tamanho
urbanístico que necessita abordar diferentes escalas de
dos lotes existentes, as carências da infraestrutura e da
interação, a realização do diagnóstico foi desenvolvida em
mobilidade urbana da comunidade, o sistema viário e a
três escalas: na escala da cidade, na escala do bairro e na
acessibilidade existente na comunidade; as áreas verdes e
escala da comunidade.
áreas livres existente na comunidade; as questões voltadas
Na
escala
da
cidade,
buscou-se
localizar
2.1- Desenvolvimento Metodológico
a
a regularização fundiária, as características das unidades
comunidade na cidade: identificando o bairro, as zonas, as
habitacionais ( contemplando o material de construção das
microzonas e as zonas especiais em que a Comunidade
moradias, o número de pavimentos, a altura, os recuos, os
Papoco está inserida (de acordo com o Plano Diretor
tamanhos dos lotes, os tamanhos das edificações, etc.); a
Participativo 2009). Buscou-se também delimitar as áreas
necessidade de novas moradias (avaliando o número de
especiais existentes no local, com os respectivos parâmetros
coabitações, as condições dos materiais da casa, o tamanho
urbanísticos adotados, por área, conforme a legislação
dos imóveis) e as
urbana vigente atualmente.
comunidade.
Desde a escolha da comunidade, era necessário alguns parâmetros para que o projeto pudesse ser desenvolvido de maneira participativa. Assim, a escolha da Comunidade Papoco, para a realização do projeto, deveu-se principalmente por: ser uma comunidade organizada, com uma associação comunitária ativa, que já possuía um contato consolidado com Centro de Desenvolvimento da Família (CEDEFAM) 1 da Universidade Federal do Ceará (UFC), instituição que serviu como ponte para nosso contato inicial. O contato inicial com o CEDEFAM ocorreu por meio da coordenadora, a Professora Walda Viana. Em uma primeira reunião no CEDEFAM, as autoras puderam apresentar a proposta de realizarem o trabalho de conclusão de curso sobre um projeto de regularização fundiária na Comunidade Papoco
questões ambientais inerentes à
1
O CEDEFAM é um núcleo da Pró Reitoria de Graduação da UFC, que envolve
as áreas de ensino, extensão e pesquisa, voltado atualmente para a área da saúde, principalmente voltado à odontologia. Esse núcleo presta serviço de atendimento, acompanhamento e instrução às comunidades do entorno, incluindo a comunidade Papoco.
14
2.1.1- Processo de organização e contatos iniciais.
impresso em um tamanho maior (para ser afixado em locais de grande circulação na comunidade, como mercadinhos) e um tamanho menor para ser entregue de casa em casa.
Após a consolidação da parceria com o CEDEFAM, a autora começou a realizar visitas semanais à comunidade junto com a equipe de acompanhamento familiar do núcleo. Foram realizadas durante esse período três visitas à comunidade. O primeiro contato com a comunidade, durante as visitas junto a equipe do CEDEFAM, foi um momento importante, onde as autoras conseguiram se aproximar da comunidade e começaram a entender melhor o perfil do Papoco. Durante essas visitas observou-se uma dificuldade em esclarecer aos moradores exatamente como funcionaria Imagem 2: Mapa Localização CEDEFAM. Fonte: Google Earth.
o trabalho e quais seriam os resultados do mesmo, já que por tratar-se de um projeto acadêmico, não haveria resultado
A escolha da data deu-se através de uma conciliação
físico, apenas teórico. Outro fator que agravava também o esclarecimento real do projeto era a falta de conhecimento da população sobre a profissão do arquiteto urbanista, pois
entre o calendário acadêmico, o tempo hábil para a Imagem 1: Panfleto de Divulgação na Comunidade Papoco. Fonte: Acervo da Autora.
Assim, optou-se por marcar a reunião no sábado pela
algumas pessoas relacionam o arquiteto como o profissional que irá reformar fisicamente a casa, equívoco esse, que pode gerar frustrações posteriores aos moradores que aceitarem participar do projeto imaginando que o resultado será físico.
Para que tudo fosse bem esclarecido aos moradores, a autora sentiu a necessidade de mobilizar a comunidade para a realização de uma reunião. O primeiro passo foi a elaboração de um panfleto convidativo (ver imagem 01) que deveria ser distribuído na comunidade. O panfleto continha: convite aos moradores para comparecerem a reunião e o local e data da reunião. Esse modelo de panfleto foi
mobilização da comunidade e a disponibilidade do espaço.
O local escolhido para realizar a reunião foi o prédio
manhã, pois nesse horário o espaço estava disponível e
do CEDEFAM, já que o núcleo mostrou-se aberto para tal e
provavelmente existiria uma maior disponibilidade dos
a autora ainda não possuía contato suficiente com a
moradores.
comunidade
para
mobilizar
os
moradores
sem
um
Foram realizados dois dias de panfletagem na
intermediário, e nem para conseguir acesso a algum outro
semana da reunião, um na terça-feira e um na quarta-feira.
lugar que comportasse a reunião e fosse acessível aos
Foram distribuídos mais de 100 panfletos. Durante as
moradores.
panfletagens as autoras preocuparam-se em: explicar o que aconteceria na reunião; convidar o maior número de pessoas e realizar uma panfletagem pessoal, para que as pessoas
sentissem
a
real
importância
de
seu
comparecimento. Durante a panfletagem as autoras conseguiram o
15
número da atual liderança comunitária e por telefone, a convidaram para a reunião.
mapa de acordo com a opinião dos moradores.
afixaram os mapas na parede,
A primeira reunião não ocorreu conforme o esperado,
No primeiro momento a autora e sua orientadora
O planejamento para a reunião era no momento inicial
pois compareceram à reunião apenas as lideranças
explicaram como seria realizado o trabalho em todas as
apresentar o projeto para a comunidade, como ele seria
comunitárias. Por mais que a autora esperasse pela
etapas, ressaltando que os resultados do projeto não seriam
realizado e quais os resultados que ele traria, se os
presença de mais moradores, a reunião foi produtiva, pois as
físicos. No segundo momento, a autora e sua orientadora
moradores aceitassem que esse projeto fosse aplicado no
lideranças além de aceitarem que o trabalho fosse realizado
aplicaram a dinâmica planejada anteriormente, explicando
Papoco,
na Comunidade Papoco, ainda ofereceram apoio para a
os mapas e os localizando na imagem. Posteriormente, as
realização do trabalho.
autoras procuraram descobrir quais as fronteiras que os
a
autora
realizaria
uma
primeira
dinâmica
participativa, com o objetivo de conhecer as principais demandas dos próprios moradores.
Durante a reunião, a presidente da Associação da
moradores consideravam que limitavam a Comunidade
Para a realização da dinâmica, foram impressos nos
Comunitária É Tempo de Vencer, Maria Clara, mais
Papoco. As informações que eram obtidas através dos
tamanhos A1 e A0, imagens de satélite do Google Earth que
conhecida como Preta, também contextualizou a real
relatos dos moradores eram espaçadas nos mapas e
mostravam a comunidade do Papoco em planta baixa e
situação do Papoco e indicou alguns pontos de problemas
listadas nas cartolinas. Nossa função nessa reunião era
adquiridas cartolinas e pincéis. A dinâmica planejada
encontrados na comunidade. A autora explicou o mapa
além de tomar nota dos relatos, estimular a comunidade com
consistia em mostrar o mapa para os moradores, explicar o
levado e a Preta indicou os locais onde ela considerava
perguntas genéricas como: Porque vocês gostam de morar
mapa
Após
pontos problemáticos da comunidade. A líder também
na comunidade? O que vocês gostariam de mudar? As
compreenderem o mapa, os moradores levantariam os
aceitou a solicitação da autora de mobilizar a comunidade
perguntas eram orientadas de acordo com os temas:
pontos da comunidade que eles achassem mais relevantes,
para a realização de uma segunda reunião onde pudesse
condicionantes
tanto
ser aplicada a dinâmica programada.
infraestrutura, sistema viário e mobilidade, morfologia
e
localizar
pontos
os
positivos
moradores
como
no
desenho.
negativos,
de
madeira
descontraída, apenas em forma de conversa para que os mesmos pudessem se sentir mais à vontade. Assim, cada morador quando sentisse vontade falaria sobre o que lhe incomodava, ou lhe orgulhava em morar no Papoco. Cada
urbana,
2.1.2 Coleta de material e efetivação do processo participativo.
uso
legais,
e
condicionantes
ocupação
do
solo,
ambientais,
características
habitacionais, socioeconômico e equipamentos urbanos. Temas
esses,
relacionados
aos
principais
assuntos
abordados em uma regularização.
problema e cada potencialidade levantada seriam anotados
A líder comunitária realizou o trabalho de mobilização
No final da reunião a autora explicou que ela
pela autora nas cartolinas e elas solicitariam que os
e marcou a reunião às 19 h de uma sexta-feira, pois
desenvolveria o projeto e voltaria à comunidade para coletar
moradores apontassem em que localização se encontrava o
segundo a mesma seria o melhor horário para os moradores
mais dados e realizando pesquisas individuais quando
principal foco desse ponto levantado, ou as principais
comparecerem. O lugar escolhido para a realização dessa
necessário.
localizações, preocupando-se em escrever de maneira mais
segunda reunião foi o próprio edifício da associação de
seria marcada uma terceira reunião com a comunidade para
fiel possível o que foi dito. Após levantados esses dados, as
moradores. A sala da associação não permitia que as
mostrar detalhadamente as soluções encontradas pela
autoras questionariam a população sobre possíveis soluções
pessoas ficassem sentadas no formato de círculo, devido a
autora. Nessa reunião será necessário o uso de projetor
para os problemas levantados e sobre possíveis melhorias
largura da mesma, então os moradores sentaram-se no
para mostrar e explicar como está o projeto e após os
que poderiam ser realizadas para exaltar as potencialidades.
formato padrão de sala de aula, enquanto a autora e sua
moradores analisarem, a autora solicitará a opinião dos
As soluções também seriam anotadas e localizadas no
orientadora posicionaram-se na frente dos mesmos, e
Quando o projeto estivesse mais avançado,
16
mesmos sobre as soluções encontradas e anotará as sugestões de modificações do projeto para atualizá-lo. Na
segunda
reunião
compareceram
aproximadamente 25 moradores e foi nessa reunião que as autoras conseguiram levantar as principais demandas de problemas e potencialidades que a comunidade possui. Através das perguntas e dos temas levantados os moradores explanaram, sem influencia das autoras, os aspectos que mais lhe incomodavam e os que mais lhe agradavam
na
comunidade
e
concomitantemente
à
explanação dos aspectos surgiram também soluções que os moradores achavam que melhor resolveriam os problemas e que melhor exaltariam as potencialidades levantadas por
Imagem 4: Runião com a Comunidade. Fonte: Aline Barroso.
Imagem 6: Levantamento de problemas. Fonte: Acervo autora.
eles. Nessa reunião, através da dinâmica, a autora conseguiu o levantamento dos principais dados necessários à elaboração do diagnóstico participativo da Comunidade Papoco.
Imagem 5: Mapa com sugestões da comunidade. Fonte: Acervo da autora.
Imagem 7: Levantamento de Potencialidades. Fonte: Acervo da Autora.
Imagem 3: Reunião com a comunidade. Fonte: Aline Barroso.
17
2.1.3- Demais Visitas à Comunidade Após a realização da segunda reunião, a autora realizou mais três visitas à comunidade, dessa vez, todas guiadas pela líder comunitária, com o objetivo de levantar os dados que ainda faltavam para a elaboração do diagnóstico. O objetivo da primeira visita foi que a autora pudesse medir todos os becos de comunidade, par mapeá-los e realizar, assim, o estudo sobre a mobilidade da comunidade. Nas outras duas visitas foram levantados: O uso do solo, qual o uso que cada edificação possui, se é comercial, misto, residencial, institucional ou serviço; As características habitacionais, quais os materiais aplicados nas fachadas das edificações se são tijolo aparente, madeira, chapisco, tintura ou cerâmica; E fotografados os problemas relatados na segunda reunião. O objetivo final desse levantamento de dados foi usá-los no diagnóstico do projeto de regularização da comunidade Papoco, para que a autora conseguisse
Como os moradores não compareceram à primeira reunião proposta, a autora observou as possíveis causas não
comparecimento.
perguntavam sobre o trabalho que ela estava realizando.
comunidade, onde a pessoas fossem passando e sentindo-
Essa abordagem que confirma a necessidade de um
se convidadas à participar.
primeiro momento de explicação sobre o projeto e seu
A última possível causa do não comparecimento dos moradores, analisada pela autora, foi a falta de uma liderança comunitária que intermediasse o relacionamento entre os moradores e a autora, como aconteceu na segunda reunião com a presença da Preta. Após a realização da segunda reunião a autora pôde observar duas dificuldades da dinâmica proposta. A primeira dificuldade encontrada foi com o número de pessoas. Para conseguir uma amostra mais real das necessidades dos moradores é necessário ouvir a opinião dos mais diversos grupos existentes e do maior número de pessoas possível, porém a autora observou a dificuldade que ela e sua orientadora encontraram em gerir 25 pessoas falando, algumas vezes ao mesmo tempo, sobre suas necessidades. Assim, talvez fosse melhor dividir as pessoas em grupos
formar o perfil da comunidade.
desse
se a reunião fosse marcada em um local dentro da
Provavelmente,
alguns
moradores esqueceram-se da reunião, já que a última panfletagem foi realizada três dias antes da data da reunião, observando assim, a necessidade de que as panfletagens sejam realizadas mais próximas à data da reunião. Outra possível causa do não comparecimento dos moradores foi relativa distância entre o CEDEFAM e a comunidade. Talvez o número de participantes fosse maior
menores, de até cinco pessoas, por exemplo, e realizar outras reuniões com esses grupos, para que as pessoas pudessem ser ouvidas melhor. A segunda dificuldade encontrada foi no formato da sala, que por ser retangular, dificultou a visibilidade das pessoas. Os moradores já apresentaram certa dificuldade em compreenderem os mapas, e com a distância entre as cadeiras e o mapa, essa visibilidade ficou ainda mais prejudicada. Durante as demais visitas à comunidade a autora continuamente
foi
abordada
pelos
moradores
que
desenvolvimento, pois a autora percebeu nessas visitas a insegurança da comunidade sobre uma possível remoção.
18
Essas
3- Habitação de Interesse Social 3.1 Histórico da Habitação de Interesse Social 3.1.1 Habitação Informal e Habitação de Interesse Social
pessoas
que
necessitaram
adentrar
ao
contaminados ou com inclinação superior a recomendada)
mercado habitacional informal acabaram por construírem
e/ou terrenos que estão dentro de áreas de proteção
suas casas em terrenos que não eram seus e utilizando-se
ambiental, nestes dois casos consequências graves podem
de parâmetros urbanísticos em desconformidade com as leis
ser
vigentes e por esses motivos, essas pessoas não possuem
alagamentos, contaminação de doenças e acidentes fatais.
a documentação de posse de suas casas. Essas habitações
Atualmente em Fortaleza possui aproximadamente 19 mil
informais muitas vezes incomodam os que estão em
famílias morando em áreas de risco de acordo com a
conformidade com a lei, pois elas geram aos habitantes
Coordenadoria Especial de Proteção e Defesa Civil (2012).
geradas
à
população,
tal
como
desabamentos,
formais que moram em seu entorno um sentimento de De acordo com Maricato (1999) e Bonduki (1998), as condições
de
consolidação
do
Brasil
e
o
seu
desenvolvimento econômico e social geraram uma grande incompatibilidade entre o salário mínimo e o mercado imobiliário, assim, a população brasileira no geral sempre se viu excluída do acesso a uma habitação legalizada, tanto na obtenção, como no aluguel, sendo mais afetada a população que possui renda entre zero e três salários mínimos. Diante dessa
situação,
considerada
de
interesse
social,
insegurança e de desvalorização de suas habitações. Os habitantes formais da cidade e os governantes acabam muitas vezes analisando esses assentamentos informais como um retrocesso para suas cidades e planejando retirálos para o avanço e a modernização da mesma. Assim, os
Outra consequência da irregularidade é que por serem criadas, muitas vezes,
sem planejamento as habitações
irregulares não possuem infraestrutura e condições de salubridade mínimas necessárias para uma moradia digna, gerando assim, uma baixa qualidade de vida.
habitantes das “cidades informais” são constantemente
Devido o demasiado crescimento das habitações
amaçados de remoção e convivem diariamente com um
informais nos anos 40 e as consequências que essa
sentimento de instabilidade quanto a sua moradia.
informalidade trás para as cidades, a questão habitacional
a
população se viu forçada a procurar soluções de moradias
Segundo o Ministério das Cidades (2013) uma
com as condições financeiras que possuíam e assim
moradia regular também é pré-requisito para o acesso pleno
começou a procurar terrenos que não poderiam ser
a outros direitos dos cidadãos, como trabalho, lazer,
urbanizados para construírem suas habitações, surgindo
educação e saúde2.
assim a informalidade no Brasil.
Na grande maioria das situações, as habitações
O termo Habitação de Interesse Social se refere às
irregulares são construídas em terrenos que não possuem
habitações que são construídas para a população que não
naquele momento um uso consolidado, mas se pararmos
consegue ter renda suficiente para acessar legalmente o
para avaliarmos um pouco as causas desse desuso conclui-
mercado imobiliário, mas que como todos os outros
se que muitas vezes ele é causado por tratar-se de terrenos
cidadãos necessitam de uma habitação digna e confortável
impróprios pra a moradia, como por exemplo, terrenos que
( Maricato, 1999).
possuem algum risco de vida aos moradores (terrenos alagados, 2
próximos
à
equipamentos
perigosos,
Como, por exemplo, a cidade de Fortaleza onde para ter acesso aos serviços oferecidos pelos postos de saúde o cidadão precisa levar um comprovante de residência e só é atendido no posto que pertence a poligonal de atendimento do seu bairro.
brasileira começou tomar destaque no âmbito nacional, surgindo
assim,
políticas
habitacionais
voltadas
para
resolver ou amenizar as deficiências do Brasil em habitações.
19
desigualdade
3.1.2 Processo de Evolução das Políticas Habitacionais Linha do Tempo da Evolução das Políticas Habitacionais no Brasil
social,
a
diminuição
dos
índices
de
2001
Estatuto da Cidade
desenvolvimento urbano, o aumento das proliferações de
2003
Bolsa Família, Aumento Real do Salário e Ministério das Cidades
doenças e a elevação dos índices de mortes nas cidades.
Campanha do Plano Diretor
a vida dos governantes e dos demais habitantes, começou-
2005
Após essas consequências começarem a atingir diretamente
se a entender verdadeiramente a importância de solucionar
Período
Acontecimento
1500 a 1888
Sociedade Escravocrata
Após a Abolição da Escravatura
Trabalhador Responsável por suas moradias. Predominância de locação e cortiços.
2007
Plano de Aceleração do Crescimento
2009
Minha Casa Minha Vida
Tabela 1: Linha do Tempo Políticas Habitacionais. Fonte: Acervo da Autora.
Entende-se como política habitacional o conjunto de ações e projetos realizados ou idealizados com o intuito de suprir as necessidades habitacionais existentes nas cidades
1926
Fundação A Casa Operária
-
Vilas Operárias
especialmente, neste caso, as cidades brasileiras.
a questão habitacional no Brasil. Para podermos compreender verdadeiramente como o déficit habitacional no Brasil chegou à escala atual, precisamos analisar o processo de evolução urbano do país. Como afirma Maricato (1999), o Brasil consolidou-se primeiramente como um país latifundiário, escravista e que restringiu o acesso à terra com a Lei de Terras de 1850. A
No Brasil, por muitos anos, a questão habitacional foi
partir dessas bases começaram os problemas habitacionais
Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAPs)
tratada com descaso, muitas vezes até utilizando-se de uma
que existem atualmente. Na sociedade escravocrata o
tentativa de camuflar a verdade e escondê-las dos olhos da
patrão latifundiário era o responsável por fornecer habitação
1940
Expansão das Favelas
sociedade. Escondendo, assim, a parte da sociedade que
aos seus trabalhadores, após a abolição da escravatura em
1942
Lei do Inquilinato
não tem acesso a moradia.
1888, o trabalhador livre passa a ser responsável por sua
1933
própria moradia, mas desde essa época o salário do 1946 1964 -
Fundação da Casa Popular Banco Nacional da Habitação (BNH)
A temática habitação só começou a ser discutida verdadeiramente por todos, quando as consequências dos
trabalhador não era compatível com os custos das habitações legais disponíveis.
déficits habitacionais (e aqui se inclui não só a edificação,
Programa Nacional de Mutirões Comunitários
mas sim moradia de qualidade e com infraestrutura)
Em 1889, após a abolição da escravatura o Brasil
começaram a incomodar demais toda população. Essas
entrou em um período político conhecido como República
1988
Constituição Federal (artigos 182 e 183)
consequências, que hoje atingem a maior parte das cidades
Velha (1889 até 1930). A República Velha foi um período
1990
Plano de Ação Imediata (Paih)
brasileiras estão voltadas para a destruição da própria
marcado pela predominância do liberalismo, vertente política
cidade e de seus cidadãos, como a invasão e a depredação
caracterizada
1992
Habitar Brasil, Morar Município Programa de Financiamento de Crédito Individual.
1997
Lei Federal 9.512 / 97- Sistema Financeiro Imobiliário (SFI)
de espaços públicos, a invasão e a depredação de áreas de proteção ambiental, a sensação de insegurança sofrida por todos os habitantes, o agravamento da escancarada
por
prezar
pela
liberdade
20
cidadão. Seguindo essa vertente, o Estado não intervinha
diretamente os habitantes como, por exemplo, os programas
Estado não intervinha em vários aspectos sociais, entre eles
diretamente nos pensamentos e nas ações dos cidadãos,
habitacionais. Isso acontecia pelo fato de o liberalismo
a habitação. O trabalhador deveria ser o responsável por
buscando assim, deixa-los o mais livre possível, mas
considerar que o ser humano deveria ser livre e buscar por
sua própria moradia, exceto em alguns casos extremos
consequentemente o Estado possuía a postura de não
suas próprias conquistas sem intervenção dos governantes.
como insalubridade.
investir muito em programas que fossem influenciar
Como confirma Bonduki (1994), voltado para o liberalismo o
No começo do período republicano a produção
visível no âmbito nacional foi a preocupação com a higiene
poder desestimular a produção privada, então a solução
das cidades durante a República Velha.
encontrada foi estimular o capital privado a investir na
habitacional era exercida pela iniciativa privada (Bonduk, 1994), que utilizavam as moradias para obterem lucros com
“Os problemas que mais preocupavam as autoridades eram os que agravavam as condições higiênicas das habitações, dado que no final do século foram inúmeros os surtos epidêmicos que atingiram as cidades brasileiras. Essa questão passou a receber tratamento prioritário do Estado e pode-se dizer que a ação estatal sobre a habitação popular se origina e permanece na Primeira República voltada quase apenas a esse problema.” (BONDUKI; Nabil Georges. 1998, p. 20).
a valorização imobiliária e com a locação dessas habitações, obtendo assim, retornos satisfatório devido o grande crescimento populacional do período. Devido à inexistência de programas habitacionais que possibilitassem o acesso dos trabalhadores a habitação própria (Bonduk, 1994), a grande maioria dos mesmos viviam em casas alugadas, muitas vezes em péssimas condições de infraestrutura (sem acesso a luz, água e esgoto, por exemplo), principalmente em cortiços, onde os valores dos aluguéis não eram controlados pelo Estado,
(Bonduk, 1994), com surtos de febre amarela e cólera, a exemplo
dos
sanitaristas
e,
países
europeus
influenciado
que
pelos
aprovaram higienistas
leis que
condições de vida dos moradores, mesmo seguindo uma No período de 1885 a 1890 (Simonsen 1942 e
vertente liberalista na República Velha, o governo sentiu-se
Kowarick 1980) a indústria brasileira teve seu primeiro surto
obrigado a intervir. Algumas das medidas criadas pelo
de crescimento e com ele surgiu o interesse da elite e dos
governo possuíam o intuito de expulsarem os trabalhadores
governantes em modernizarem as cidades brasileiras,
do centro das cidades, destruindo suas residências, para
fortemente influenciado pelas mudanças proporcionadas por
gerarem cidades modernas, como por exemplo, o Código
Haussmann
de
Sanitário de 1894, mas quando as leis começaram as serem
desenvolvimento para todas as cidades. Começou assim um
postas em prática, o governo percebeu que estaria
período de tentativa de camuflar a realidade das habitações
prejudicando a principal força que movia a economia, os
populares, que na maioria das cidades localizavam-se em
trabalhadores. (Bonduk, 1994)
em
Paris
que
se
tornou
modelo
áreas centrais, começando a gerar uma periferização das habitações populares. Atrelado à tentativa de modernizar as cidades brasileiras o fator que tornou a questão habitacional
impostos e facilitação de créditos para quem desejasse produzir habitações para os trabalhadores conforme as exigências do governo, assim, a construção de moradias era uma atividade econômica bem atraente para os investidores. Por tratar-se de um investimento privado, as moradias eram construídas conforme o proprietário solicitava (Bonduk,
Devido às condições alarmantes da saúde pública
relacionavam diretamente esses surtos com às péssimas
existindo assim, conflitos entre o inquilino e o proprietário.
produção de habitações populares oferecendo isenção de
1998) existindo assim diferentes tipos de moradia. A vila operária
era
um
exemplo,
tratava-se
de
pequenas
habitações unifamiliares produzidas em série para aluguel, que quando construídas adequadamente, amenizavam os problemas habitacionais (Bonduk, 1994), pois garantiam condições de moradia digna, proporcionavam um controle ideológico sobre os trabalhadores e eram recomendadas pelos higienistas, acontece que poucas foram construídas como planejado e a questão habitacional continuou sem solução, assim, mesmo tratando-se de um inicio, durante a República Velha nada de significativo foi consolidado sobre a questão habitacional na esfera nacional. Após a República Velha, entramos no período politico brasileiro conhecido como Era Vargas (1930-1945), onde a habitação começou a tomar uma importância jamais vista
Para o próprio governo, construir casas era uma postura que divergia muito dos princípios liberais, além de
anteriormente (Bonduk, 1998). A classe operária nesse período tinha uma grande importância, tanto econômica,
21
quanto política. Econômica por tratar-se da força necessária
da habitação como a Fundação da Casa Popular, as
do Decreto Lei 1.749, os IAPs conquistaram as condições
para conseguir a industrialização do país e politica por trata-
Carteiras Prediais dos Institutos de Aposentadorias e
necessária pra atuar na questão habitacional, reduzindo as
se da maior força de sustentação de Vargas no poder. A
Pensões (IAPs) e Lei do Inquilinato (1942).
taxas de juros e aumentando significativamente os prazos
habitação ganhou bastante atenção nesse período, pois o governo percebeu que as habitações precárias prejudicavam a produção dos trabalhadores (devido às doenças, cansaço, falta de estímulos, etc.), de forma a prejudicar a economia da época, que necessitava de trabalho para progredir. Além disso, o governo percebeu que com habitações de qualidade, ele conseguiria criar na classe trabalhadora um “padrão de família” que ele tanto buscava e que contrastava com a imagem de desorganização e promiscuidade que os cortiços passavam, por ser uma questão que influenciava o trabalhador como condição necessária para sua produção e como questão necessária para a tentativa do governo em criar um padrão moral para todos os trabalhadores. Com esse destaque no tema habitacional, surgiram também vários eventos e entidades como intuito de debaterem o assunto e criarem boas soluções para o mesmo e assim, os ramos profissionais envolvidos também aumentaram, deixando de envolver apenas médicos e sanitaristas, economistas,
para
envolver
assistentes
engenheiros,
sociais
e
outros,
urbanistas, dando
à
habitação a multidisciplinaridade que ela exige, por não tratar-se de casas e sim de lares (Bonduk, 1998). O governo Vargas percebeu que a iniciativa privada não conseguia resolver o problema habitacional e começou a
aceitar,
apoiado
por
diversos
setores
sociais,
a
necessidade de intervenção do Estado para garantir moradias dignas para os trabalhadores, passando a fortalecer assim órgãos governamentais ligados à questão
para o financiamento habitacional, possuindo Segundo Bonduk (1994), a população trabalhadora não
assim três
planos de atuação:
tinha condições de comprar uma casa. Construir casas para “1) Plano A: locação ou venda de unidades habitacionais em conjuntos residenciais adquiridos ou construídos pelos institutos, com o objetivo de proporcionar aos associados moradia digna, sem prejuízos de remuneração mínima do capital investido.
alugar era bastante rentável para a iniciativa privada, mas o aluguel de casas possuía duas consequências: utilizava grande parte da renda dos trabalhadores e a iniciativa privada deixava de investir na indústria para investir na
2) Plano B: financiamento aos associados para a aquisição de moradia ou construção em terreno próprio.
construção de casas. Na tentativa de solucionar esses problemas Vargas instituiu em 1942 o Decreto Lei do Inquilinato, promovendo de 1942 a 1964 o congelamento
Entretanto, as consequências da Lei do Inquilinato não
3) Plano C: empréstimos hipotecários feitos a qualquer pessoa física ou jurídica, bem como outras operações imobiliárias que o instituto julgasse conveniente, no sentido de obter uma constante e mais elevada remuneração de suas reservas.” (BONDUKI; Nabil Georges. 1998, p. 104)
foram tão positivas como esperado, pois gerou uma grande
As IAPs financiaram assim um intenso processo de
dos preços dos aluguéis, liberando assim, capital de investimento para a indústria.
quantidade
de
despejo
dos
inquilinos para
que
os
proprietários pudessem aumentar os preços dos aluguéis e
produção habitacional gerando verticalização e especulação imobiliária.
tornou a construção habitacional um seguimento pouco lucrativo para a iniciativa privada, que diminuiu seus investimentos no setor, aumentando assim, o déficit
Os planos receberam críticas, por que em alguns períodos como durante a ditadura (1930 a 1945), os investimentos
habitacional.
no
Plano
C
foram
maiores
que
os
investimentos nos demais, mesmo com os problema Os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP) foi
habitacionais existentes. Foi durante o governo Dutra (1946-
criado em 1933, com base no modelo já existente de Caixas
1951), mesmo tratando-se de um governo mais voltado aos
de Aposentadorias e Pensões (CAPs), adotando assim um
interesses internacionais, mas por temerem um avanço
“regime de capitalização” (Bonduki, 1998), onde o grande
comunista com rebeliões estimuladas por deficiências
volume de recursos arrecadados eram aplicados em
habitacionais e de abastecimento, que houve um maior
investimentos que garantiam o aumento do fundo. O Estado
incentivo às habitações sociais com maior investimento nos
também
Planos A e B e a criação da Fundação Casa Popular em
usava
desses
recursos
para
investir
em
infraestrutura industrial, mas apenas em 1937 com a criação
1946 (BONDUKI, 1998).
22
A Fundação Casa Popular (FCP) foi o primeiro órgão
privada e, além deles, vários outros seguimentos não
posteriormente com a criação Instituto Brasileiro de Reforma
federal com o objetivo exclusivo de resolver o problema
concordaram com a FCP. Além da falta de apoio, o governo
Agrária (IBRA). Essas mudanças foram estimuladas por
habitacional brasileiro, mas o mesmo produziu menos que
também não conseguiu obter os recursos de origens não
tratar-se de um período de grande instabilidade social com a
os IAPs, que não tinham especificamente esse objetivo
orçamentárias que eram necessários para a aplicação da
presença de movimentos populares de reivindicações
(Bonduk, 1998). O período era de escassez habitacional,
FCP, inviabilizando assim o desenvolvimento da mesma.
motivadas
agravada pela dificuldade de acesso aos materiais de
Segundo Azevedo e Andrade (2011), em 1953, o governo
dificuldades de acesso a terra, essas medidas possuíam
construção, devido a Segunda Guerra Mundial e pela Lei do
cogitou a criação de um banco hipotecário na tentativa de
também o objetivo de obter apoio político e de amenizar a
Inquilinato. Assim a questão habitacional ganhou grande
financiar a FCP, mas também não conseguiu apoio
grande taxa de desemprego com a movimentação da
destaque por ser uma grande necessidade social e política.
suficiente. Juscelino Kubitschek durante seu governo (1956-
construção civil.
principalmente
pelo
êxodo
rural
e
pelas
1961) tentou dinamizar a FCP, mas sem mudar sua A FCP poderia ter melhorado a questão habitacional, caso fosse aplicada conforme planejada, pois segundo Bonduk, (1998) ela tinha três elementos fundamentais para uma reforma habitacional: “centralização da gestão, fontes permanentes de recursos e uma visão abrangente que buscava
articular
a
produção
de
moradia
com
o
desenvolvimento urbano”.
Segundo Azevedo e Andrade (2011) o BNH possuía
estrutura e acabou conseguindo um pouco mais de prestígio para a fundação, mas nada que superasse as deficiências do programa. Jânio Quadros quando assumiu em 1961, estimulado pelo êxodo rural, possuía o objetivo de implantar o Plano de Assistência Habitacional e o Instituto Brasileiro de Habitação, mas com a interrupção de seu mandato nada
três aspectos inovadores: tratava-se de um banco, possuía medidas de compensação inflacionária e articulava o os dois setores financeiros, o setor público financia e o privado executa. O BNH financiou várias habitações, mas não garantiu o acesso correto da população com renda de zero a cinco
foi implantado. (Azevedo e Andrade. 2011)
salários
mínimos,
nem
conseguiu
abranger
corretamente as demandas urbanísticas para a produção Na busca de articular a produção habitacional e o desenvolvimento urbano a FCP possuía objetivos muito abrangentes, o que demonstra a preocupação do governo Dutra em não restringir a produção habitacional em produção apenas de casas, como acabou acontecendo.
Nos anos 40 a crise habitacional se agravou, gerando
das habitações e não conseguiu controlar adequadamente
um cenário de grande especulação imobiliária. Tratava-se de
os índices monetários, prejudicando seu desenvolvimento
um período urbano muito contraditório, pois enquanto as
como sistema habitacional. Segundo Botega (2011), o SFH
cidades
consegue ainda um dinamismo em 1967, no governo de
passavam
por
um
grande
processo
de
industrialização e de modernização, a situação habitacional
O anteprojeto da FCP possuía um ponto crucial para
das mesmas agravava-se mais levando a um processo de
viabilizar a reforma habitacional (Bonduk, 1998): a criação
expansão significativa das favelas e dos loteamentos
de empréstimos a serem pagos durante 30 anos para quem
periféricos.
adquirisse grandes terrenos ou habitações, assim, as
Costa e Silva (1967-1969), quando o BNH recebeu a investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos, mas mesmo assim não foram suficientes para o êxito do
A política habitacional brasileira voltaria a ter um novo
projeto. Com a crise inflacionária, a inadimplência e as
direcionamento (Azevedo e Andrade. 2011) em 1964 no
ações de corrupção em 1986, o presidente José Sarney
governo Castelo Branco (1964-1967) com a implantação da
(1985- 1990) decretou o fechamento do Banco Nacional de
A oposição à FCP foi muito grande. Os empresários da
Lei n.° 4.380, de 21 de agosto de 1964, que criou o Plano
Habitação que acabou sendo incorporado pela Caixa
construção civil temiam que a construção das habitações
Nacional de Habitação, com o Banco Nacional da Habitação
Econômica Federal. (CEF)
pretendidas pela FCP prejudicassem os lucros da iniciativa
(BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e
pessoas que adquirissem imóveis mais caros estariam subsidiando as habitações sociais.
23
Após o fechamento do BNH, o governo passou por
O artigo 182 estabeleceu que o município deve ordenar
um regime de trabalho de “auto-ajuda”, representando assim
uma grande reformulação dos órgãos responsáveis pela
o desenvolvimento das cidades, fazendo com que a mesma
uma preocupação em inserir a participação da população
política habitacional. Durante esse período, segundo Botega
cumpra com suas funções sociais, e garantir o bem estar de
nos projetos, podendo abranger produção de casas,
(2011), destacou-se na política habitacional apenas o
seus habitantes, utilizando-se do Plano Diretor (documento
urbanização de comunidades, produção de lotes e melhorias
Programa Nacional de Mutirões Comunitários que era
de planejamento municipal que passa a ser obrigatório para
habitacionais, entretanto, para serem beneficiados com o
voltado ao financiamento de habitações para famílias com
cidades com mais de vinte mil habitantes) como instrumento
programa, as famílias tinha que ter a posse do terreno.
renda inferior a três salários mínimos, mas que acabou não
principal para esse ordenamento. Já o artigo 183, consolidou
Depois de construídas ou reformadas, as casa não podiam
correspondendo às expectativas iniciais.
a possibilidade de regularização de diversas habitações
ser vendidas, elas passavam por um período de cinco anos
localizadas em áreas irregulares da cidade (Oliveira, 2001).
como pertencentes ao estado ou ao município, onde o
O primeiro grande avanço legal federal que tratou a
beneficiário possuía apenas um contrato de concessão de
questão urbana com a complexidade e amplitude exigida
No governo Collor (1990-1992) a questão da habitação
pela mesma surgiu com a promulgação da Constituição
deixou de ter tanta visibilidade devido a necessidade de
Federal de 1988 (CF/88), visto que nas constituições
controle da inflação e outras urgências nesse período
anteriores não existiam previsão de instrumentos específicos
(Azevedo, 2007), já influenciado também pelo neoliberalismo
para o desenvolvimento urbano. (Fernandes, 2008).
(Botega, 2011) tendendo ao não envolvimento do Estado em algumas questões sociais. A habitação tornou-se vinculada
O desenvolvimento das cidades brasileiras esteve sempre associado à exclusão social e espacial, fato que começou a mudar apenas nos anos 70 do século XX, com o início da luta pela reforma urbana através dos movimento sociais urbanos que culminaram em 1987 na consolidação do Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU) (Barroso, 2015). A FNRU criou a Ementa Popular de Reforma Urbana,
moradia,
a
regularização
fundiária
e
o
combate
à
especulação imobiliária. Onde quase todos esses princípios foram incorporados de alguma maneira à CF/88 (Fernandes, 2008).
padronizadas que não respeitavam as singularidades das regiões e o governo também não conseguiu os fundos necessários para a implantação do projeto (Azevedo, 2007). Quando Fernando Henrique (1995- 2003) assumiu a
(2007), um caráter emergencial voltado para a construção de
presidência, procurou trabalhar a politica habitacional de
245 mil habitações em 180 dias, para famílias com renda de
forma mais integrada com a política urbana e a política de
até cinco salários mínimos. Utilizando-se totalmente de
saneamento, voltando-se principalmente para a urbanização
recursos do FGTS, o Paih não conseguiu atingir seus
de favelas e áreas degradas (Azevedo, 2007). Fernando
objetivos, devido dificuldades de apoio.
Henrique implantou os programas Pró- Moradia e o Programa Habitar, como o objetivo de urbanizar as áreas
assume o poder e busca mudanças na política habitacional dos municípios, a gestão democrática, o direito social da
desejavam, pois erraram produzindo habitações muito
Ação Imediata (Paih) que apresentava, segundo Azevedo
Após o impeachment, Itamar Franco (1992-1995)
A ementa possuía como princípios gerais: a autonomia
conseguiram certo êxito, mas não atingiram o que
ao Ministério de Ação Social, que criou, em 1990, o Plano de
que foi usada como base para a formulação dos artigos 182 e 183 da CF/88. (Fernandes, 2008).
uso. Os programas Habitar Brasil e Morar Município
criando os programas Habitar Brasil (produção de habitação em cidades com mais de 50 mil habitantes) e Morar Município (produção de habitação em cidades com até 50 mil habitantes), voltados especialmente para produção habitacional para famílias de baixa renda. Nos programas Habitar Brasil e Morar Município todos os projetos deveriam ser feitos em parcerias com comunidades locais e usando
para fins habitacionais que estavam degradadas, promover regularização fundiária e produzir lotes urbanizados. Esses programas também não atingiram seus objetivos iniciais, ainda que se possa destacar o grande investimento na politica sanitária (em torno de R$ 2,7 bilhões) e na política urbanística (em torno de R$ 2,5 bilhões) realizados (Caixa, 2000). Fernando Henrique também aplicou o Programa de Financiamento à Produção e ao Crédito Individual, com o objetivo
24
produzir projetos habitacionais destinados à parcela da
ambiental, a infraestrutura foi voltada a realização de obras
descartado quando se analisa a grande existência de vazios
população de renda média. Mas a ação que mais se
megalomaníacas e insustentáveis, sem um planejamento
urbanos de aproximadamente 70mil unidades e o déficit
destacou nesse governo foi a aprovação da Lei Federal
contínuo por parte do Estado. Na questão sanitária,
habitacional
9.512 / 97, que regulariza o Sistema Financeiro Imobiliário
tamponamentos de córregos e impermeabilizações foram
habitações. (Pequeno, 2009).
(SFI), que utilizava exclusivamente recursos da iniciativa
retomados, seguindo uma já existente política sanitária
privada nacional e internacional, com o qual o beneficiário
decadente e insustentável. Já no PAC Habitação, grandes
somente torna-se proprietário do imóvel quando quita o
avanços ocorreram, principalmente na urbanização de
financiamento.
favelas, que tomou uma importância no âmbito nacional jamais
Os artigos 182 e 183 só foram regulamentados em 2001, com a implementação da Lei 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, que possui como princípios: o cumprimento da função social da cidade e da propriedade; a justa distribuição do ônus e dos benefícios do processo de urbanização e a gestão democrática da cidade (Ministério das Cidades, 2010).
vista
anteriormente
(Maricato,
2011),
com
a
preocupação em buscar ao máximo a não remoção de áreas urbanas já consolidadas e o diálogo com a cidade real. O MCMV não possuiu tal êxito, pois contribuiu para acentuar
da
cidade
de
aproximadamente
77mil
Nas primeiras décadas do século XXI, a população de Fortaleza cresceu significativamente, crescimento esse estimulado principalmente pelo êxodo rural, motivado pelas secas (Muniz, 2002), mas esse crescimento não foi acompanhado por uma política urbana eficiente (Benevides, 2009),
gerando
assim,
graves
problemas
sociais
e
ambientais para a cidade (Carneiro, 2013).
erros já cometidos na politica habitacional brasileira. Como
Através das IAPs, foram construídas 1073 habitações
os municípios não conseguiram realizar um controle
em Fortaleza, numero insuficiente para resolver o déficit
fundiário e imobiliário eficiente, os Planos Diretores não
habitacional local (Carneiro, 2013).
foram aplicados como deveriam, aumentando assim os
Em 2003, com o governo Lula (2003-2011) voltou-se a
preços de terrenos e imóveis, alimentando a especulação
Em 1964 houve outro significativo avanço na politica
dar mais destaque aos interesses das massas, criando em
imobiliária, a periferização das habitações sociais e o
habitacional fortalezense com a criação da Companhia
2003 o Ministério das Cidades, com o intuito de se
espraiamento das cidades, que acentuou os problemas de
Habitacional do Estado do Ceará (CHEC), que, em 1968 foi
responsabilizar pela Política de Desenvolvimento Urbano
infraestrutura nos municípios brasileiros, não resolvendo
transformada em COHAB. Nesse período a COHAB, com o
além de criar, em 2007 o Programa de Aceleração do
assim os problemas habitacionais, que como já citados,
financiamento do BNB, construiu 38.218 habitações em
Crescimento (PAC), que previa o investimento de R$503,9
envolvem toda política urbana e sanitária e não apenas as
Fortaleza e Região Metropolitana, distribuídas em 41
bilhões em transporte, energia e projetos habitacionais e
moradias. (Maricato, 2011)
conjuntos habitacionais (Aragão, 2010).
urbanos. Em 2009, o governo lançou também o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), com o intuito de cessar o
3.1.3 - Politicas Habitacionais em Fortaleza
A urbanização de Fortaleza começou pela área central e foi expandindo-se para os eixos leste e sul. Em meados de
déficit habitacional brasileiro (Maricato, 2011). Esse período
Fortaleza, capital do Estado do Ceará, localizada na
1970, Fortaleza expandiu-se para oeste em direção aos
coincidiu com um intenso crescimento econômico do Brasil,
região Nordeste do país e integrante da região metropolitana
conjuntos habitacionais, como por exemplo, o Conjunto José
que aumentou significativamente a distribuição de renda da
de Fortaleza. Segundo o IBGE (2015), possui 2.591.188
Walter e o Conjunto Ceará, vistos pelo governo cearense
população. Podemos ressaltar, porém, que a reforma agrária
habitantes e 314,930 km². Fortaleza atualmente não possui
como a melhor opção para resolver o déficit habitacional.
não obteve tanto sucesso como esperado.
mais zonas rurais e segundo Freitas e Pequeno (2013), esse
Expandiu-se também para sudoeste, com os bairros do
fato gera uma falsa impressão de que a cidade não possui
entorno da Parangaba, e para sudeste, com os bairros no
mais espaço para produção habitacional, contudo, isso é
entorno do Dionísio Torres.
O PAC não inovou na questão da sustentabilidade
25
Em 1970, Fortaleza passou por um período de construção de grandes conjuntos habitacionais nos seus
política Brasileira e os avanços cessam, culminando na
facilmente perceber as diferenças sociais e econômicas dos
extinção da COHAB (Aragão, 2010).
espaços que formam a cidade. Muitos desses corredores
municípios vizinhos. Segundo Freitas e Pequeno (2013), a implementação
de
infraestrutura
para
atender
esses
conjuntos e a instalação de pólos industriais, abriu novas áreas com condições apropriadas de moradia estimulando o povoamento da classe média- baixa em bairros nos sentidos Oeste e Sul, que hoje se encontram em processo de conurbação urbana, mesmo depois do deslocamento das atividades industriais para outros municípios (Carneiro,
são formados pela fixação de assentamentos informais em Nos
anos
2000,
a
política
habitacional
recebe
estímulos com a criação do Estatuto das Cidades e do Ministério das Cidades. Em Fortaleza, particularmente, esse avanço
se
reflete
na
criação
da
Fundação
de
Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza – HABITAFOR, em 2003, que centralizou a politica habitacional em
de rios, lagoas e áreas de dunas, sendo essas áreas historicamente ocupadas em Fortaleza. Devido o descaso do poder público, as mesma acabam sendo vistas como espaços vazios, assim, facilmente ocupadas pela população que não tem onde morar.
Fortaleza. O HABITAFOR é atualmente o responsável pelo cadastro das famílias no MCMV (Carneiro, 2013).
2013).
Áreas de Preservação Permanente, destacando-se margens
Essas ocupações desordenadas acabam causando degradações irreversíveis ao meio ambiente, além de muitas
Nos anos de 1970 a 1974 houve um redirecionamento da política habitacional fortalezense, que passou a privilegiar as famílias de renda média ao invés das de baixa renda (Aragão,
2010).
Isso
estimulou
a
proliferação
de
assentamentos informais na cidade. Na tentativa de remoção desses assentamentos, principalmente dos que se localizavam em áreas de risco, o governo criou, em 1976, a Fundação Programa de Assistência às Favelas da Área Metropolitana de Fortaleza (PROAFA), que implantou 5980 habitações. (Aragão, 2010).
implementação
da
a política CF/88
habitacional também.
fez
a
politica
A
habitacional
fortalezense progredir timidamente, pois se começou a tratar os assentamentos informais de forma diferente (Pequeno, 2008), entendendo que não havia apenas a opção de remoção
dos
viária na direção leste- sudeste que estimulou o povoamento da classe alta nessa zona. Fortaleza, assim, possuiu o crescimento de sua malha urbana de maneira diferente,
assentamentos,
como
se
pensava
anteriormente, mas sim a opção de regularização. Mas no final dos anos 90 o neoliberalismo volta a prevalecer na
delas serem áreas de risco (segundo a Defesa Civil, em 2008, Fortaleza tinha cerca de 105 áreas de risco), colocando assim a vida da população em perigo. (Carneiro, 2013)
enquanto no sentido sudoeste existe uma predominância de um mercado informal, no sentido sudeste existe uma
A política habitacional fortalezense atual, caracteriza-se
predominância do mercado imobiliário formal (Freitas e
por um cenário de desigualdade, onde segundo o IBGE, em
Pequeno , 2013), acentuando visivelmente a diferença social
2013, 396 mil pessoas moravam em 509 favelas distribuídas
e econômica existente na cidade.
por Fortaleza.
A maior parte do mercado imobiliário de Fortaleza é
Nos anos 80 o Brasil entrou em recessão financeira e consequentemente
Nesse mesmo período ocorreu a ampliação da malha
constituído pelo mercado informal (Carneiro, 2013). Segundo Freitas e Pequeno (2013), quando analisa-se a distribuição habitacional de Fortaleza por renda, percebe-se um nítido zoneamento onde as áreas centrais do sentido lestesudeste e o litoral leste da cidade são habitados pelas maiores rendas e nas zonas mais afastadas do centro, quanto mais se afasta, menor é a renda predominante nela (periferização da cidade). Pequeno (2010) classifica Fortaleza com a formação de corredores de desenvolvimento, onde se consegue
26
III – participação dos interessados em todas as etapas do processo de regularização;
3.2-Regularização de Habitações de Interesse Social Segundo o Ministério das Cidades (2010), regularização fundiária não é apenas assegurar a posse da habitação de baixa renda ao seu morador, mas sim, um processo
IV – estímulo à resolução extrajudicial de conflitos; V – concessão do título preferencialmente para a mulher.” Pode-se observar que o Artigo II da Lei nº 11.977/2009 garante a articulação do projeto
jurídico, urbanístico ambiental e social com o objetivo de integrar assentamentos irregulares à
de regularização fundiária com a infraestrutura necessária para inserir um assentamento
cidade. Ainda segundo o Ministério das Cidades (2010), a Regularização Fundiária deve vim
irregular à cidade.
articulada com outras políticas públicas. Segundo a Lei nº 11.977/2009: “I – ampliação do acesso a terra urbanizada pela população de baixa renda, com prioridade
3.2.1- Programas e Ações Habitacionais em Vigor
para sua permanência na área ocupada, assegurados o nível adequado de habitabilidade e a melhoria das condições de sustentabilidade urbanística, social e ambiental; Segundo o Ministério das Cidades atualmente temos dezesseis programas que são
II – articulação com as políticas setoriais de habitação, de meio ambiente, de saneamento básico e de mobilidade urbana, nos diferentes níveis de governo e com as iniciativas públicas
voltados diretamente para a regularização de assentamentos precários, conforme resumido no
e privadas, voltadas à integração social e à geração de emprego e renda;
quadro a seguir:
Programas
Programa Papel Passado
Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários
Apoio a Provisão Habitacional de Interesse Social.
Pró-Moradia
Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBP-H)
PLHIS
Descrição
Programa com o intuito de apoiar estados, municípios, associações sem fins lucrativos e defensorias públicas que possuem interesse de elaborar planos municipais de regularização fundiária sustentável ou aplicarem atividades específicas de regularização fundiária em assentamentos urbanos informais.
Ação que tem como objetivo apoiar estados e municípios nas necessidades ligadas a regularização fundiária de assentamento precários eu possuem pelo menos 60% da área consolidada há pelo menos cinco anos, por uma população com renda mensal predominantes de até R$ 1050,00 que vivem em situação de risco ou insalubridade.
Ação com o objetivo de apoiar estados e municípios no acesso de famílias com renda mensal de até R$ 1395,00 a habitação regular e com infraestrutura, sendo elas zona rural ou urbano.
Possui a ação de financiar o poder público para que o mesmo possa desenvolver ações de melhoria da qualidade de vida e acesso a moradia para família que vivem em situação de vulnerabilidade social e possuem renda mensal de R$ 1395,00.
Programa com o objetivo de avaliar empresas materiais e sistemas construtivos ligados a produção de habitação para população de baixa renda.
Objetiva apoiar estados e municípios na elaboração de planos locais de habitação de interesse social.
Tabela 2:Programas e Ações Habitacionais em Vigor.
27
Programas
Descrição
Oferta Pública de Recursos
Produção ou reposição de habitações para famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00 e que morem em municípios com menos de 50 mil habitantes, por meio da orfeta pública de recursos.
Tabela 3:Programas e Ações Habitacionais em Vigor.
Subvenção econômica ao beneficiário na contratação de financiamento habitacional.
Subsídios para produção habitacional de famílias com renda mensal de até R$ 3.100,00.
Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR)
Programa Minha Casa Minha Vida
Carta de Crédito Individual
Carta de Crédito Associativo
Financiamento da produção ou reforma de imóveis aos agricultores familiares e trabalhadores rurais.
Objetiva criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00.
Tem o objetivo de financiar a compra, construção ou reforma habitacional diretamente ao morador que possui renda mensal de até 5,4 mil.
Tem como objetivo financiar associações que querem construir habitação voltadas para família com renda mensal de até 5,4 mil
28
3.2.2- Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor)
Segundo a Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) os programas de Regularização aplicados em Fortaleza estão descritos no quadro a seguir:
Programas
Descrição
Programa Minha Casa Minha Vida
Programa, como já citado anteriormente, criado pelo Governo Federal com o intuito de produzir moradias e equipamentos sociais resolvendo o déficti habitacional brasileiro. O município tem a responsabilidade de cadastrar e selecionar os beneficiários buscando atender principalmente: famílias residentes em áreas de risco ou insalubres ou que tenham sido desabrigadas; com mulheres responsáveis pela unidade familiar; das quais façam parte pessoas com deficiência; beneficiárias da locação social; famílias numerosas; famílias das quais façam parte membros com doenças crônicas. O financiamento de famílias de baixa renda é quitado, para as que não possuem renda fixa ou comprovada, com uma parcela de R$ 25,00, durante 10 anos. Já as famílias, que possuem renda de até três salários mínimos, pagam uma parcela mensal de 5% incidente sobre a remuneração, também durante uma década.
Tabela 4: Programas de Regularização Aplicados em Fortaleza.
Melhorias Habitacionais
Programa de Regularização Fundiária de Assentamentos Informais
O programa tem como objetivo financiar pequenas reformas habitacionais. As famílias recebem R$ 1.500,00 em material de construção e são resposáveis pela mão de obra, cabe a prefeitura realizar o projeto, fiscalizar a obra e selecionar os beneficiários.
O programa tem como objetivo promover a implantação de medidas técnicas, administrativas e jurídicas necessárias à efetivação da regularização fundiária.
29
observador da proposta; o segundo preza pela otimização dos espaços do projeto, retirando o que na visão do arquiteto não fosse necessário aquele usuário; e o terceiro é que a obra é uma construção fechada, não podendo receber intervenções externas do usuário. Esses três aspectos excluem o usuário da execução do projeto, delegando ao arquiteto a função de decisão unânime sobre o projeto Esses três aspectos ainda são agravados quando trata-se de habitação de interesse social, por causa do envolvimento da escassez de capital.”
4- Processo Participativo Na arquitetura, o termo processo participativo é normalmente utilizado para denominar métodos de inserção de participação popular na elaboração e na execução de projetos. Segundo Arantes (2002), até aproximadamente 1960
trouxe
como
consequência
a
violência
os arquitetos trabalhavam apenas para as pessoas mais abastadas, a partir dessa época começou-se a presenciar a
otimização dos projetos e por pensadores como Le
necessidade dos arquitetos trabalharem com a população
Corbusier, que acreditava que todos os cidadãos possuem
mais pobre, na tentativa de solucionarem as patologias
as mesmas necessidades, começa a surgir na habitação de
urbanas do século XX, dentre elas o déficit de habitações.
interesses social a arquitetura de casas em série. A construção de grandes conjuntos habitacionais trouxe
urbana,
a
marginalização social, a expulsão da população mais pobre para zonas periféricas e sem infraestrutura (que muitas vezes os obriga a enfrentarem diariamente grandes distâncias utilizando um transporte público ineficiente, para trabalharem em empregos mal remunerados e apenas conseguirem sobreviver) NOTA DE RODAPÉ
Influenciados pela racionalidade, pela necessidade de
Nesse período, os arquitetos estavam embasados nos
urbanização gerou um agravamento da exclusão social, que
e outras
patologias das cidades modernas que afetam todos os cidadãos. Como já citado anteriormente, as tentativas brasileiras
e
fortalezenses
de
solucionarem
essas
problemáticas, mas muitas dessas tentativas tratavam-se de ações pontuais que não conseguiram sanar seus objetivos (Oliveira, 2001).
graves consequências para as cidades, como por exemplo,
conceitos pregados pelo Movimento Moderno, que, segundo
a
as
As mobilizações dos arquitetos e estudiosos, na
Valgas (2007), buscava a racionalização e a tecnocracia da
necessidades de seus usuários, a falta do sentimento de
tentativa de solucionarem erros cometidos nas habitações
arquitetura, pregando uma modernização das cidades
pertencimento àquele lugar por parte das famílias, gerando,
de interesse social, também chegou ao Brasil e o governo
através de obras faraônicas, muitas vezes voltadas para
assim, uma falta de cuidado e apropriação dos usuários com
brasileiro se viu pressionado a mudar sua maneira de
melhorar
esses
construir habitações populares. (Barroso, 2015).
o
fluxo
dos
automóveis,
sem
levar
em
construção
de
conjuntos
casas
e
a
que
não
necessidade
se
de
adequam
adaptações
consideração a opinião da população, principalmente a mais
construtivas, não planejadas, posteriores por parte dos
pobre. Surgindo também o conceito de que quem sabe o
usuários, que acabam por prejudicar o ambiente no qual o
melhor para o projeto é o arquiteto, pois o mesmo possui o
edifício está inserido.
conhecimento técnico para isso e sabe o que é necessário
Os estudos voltados ao ramo da habitação popular conseguiram concluir que os processos de urbanização que possuíam a participação efetiva da população eram mais
ou não para o projeto, sem levar em consideração assim as
Ao perceberem essas consequências, segundo Valgas
eficazes que os que eram construídos apenas pela parceria
pessoas leigas que irão utilizar-se da cidade, mas que,
(2007), alguns arquitetos começaram a estudar maneiras de
entre o governo e seus técnicos. Quando os usuários são
corrigi-las, condenando a produção em massa, a divisão
envolvidos em todo o processo, eles conseguem melhor
tradicional do projeto (que separa projeto, construção e uso),
diagnosticarem suas necessidades e características, que
os procedimentos construtivos tradicionais, que reforçam a
são premissas importantes, quando aplicadas corretamente,
divisão do trabalho e a falta de participação do usuário nos
para conseguir se desenvolver um urbanismo sustentável
projetos.
(Barroso, 2015).
segundo essa teoria, não possuem o conhecimento técnico para opinarem sobre ela. Segundo Kapp (2005): “o Movimento Moderno herdou três aspectos do renascimento e aplicou-os em habitações: o primeiro prega que o arquiteto tem a autoria sobre o projeto e como autor sabe melhor do que o usuário as necessidades a serem solucionadas no projeto transformando, assim, transformando o residente em apenas um
No Brasil, como já citado anteriormente, o processo de
Os reflexos desse envolvimento popular são diversos, pois
30
os usuários passam a sentir que pertencem àquele ambiente,
Após
a
pressão da
popular
gestão
na
tentativa
participativa
no
de
construído por seus cidadãos, sendo assim imaginável que
vendo que ajudaram a construí-lo e devem, assim, zelar por
implementação
Brasil
os agentes transformadores e consumidores desse espaço,
ele (Barroso, 2015). Os técnicos envolvidos na elaboração
impulsionada também pelos graves casos de corrupção
possam ficar excluídos das decisões que o circundam
de projetos para o governo muitas vezes estão inseridos em
acontecidos no país, o governo começou a utilizar desse
(Barroso, 2015).
realidades e ambientes diferentes dos vividos pelos usuários
discurso, mas efetivamente essa participação não acontecia,
dos projetos, isso dificulta o entendimento real do ambiente
pois o interesse do governo era apenas na mão-de-obra
e das necessidades que os habitantes possuem, por isso,
barata que era oferecida pela população, utilizando da
quando os habitantes se envolvem nesses processos,
“participação” da população apenas na hora de construir o
conseguem soluções mais efetivas, e algumas vezes mais
que o governo teria projetado sozinho para aquele ambiente.
criativas, para suas necessidades. Quando os habitantes
(Barroso, 2015).
envolvidos efetivamente em todo processo de elaboração e implementação do projeto conseguem entender mais como esses projetos são executados, entendendo sobres às questões orçamentárias, prioritárias e as que são inviáveis, compreendendo assim, em conjunto com os órgãos os motivos que levaram àquela decisão.
técnica e financeira dos governos, combatendo a corrupção, a burocracia excessiva, a falta de flexibilidade de negociação
brasileiro se submete facilmente às imposições da elite) e a O Estatuto da Cidade (EC) representou uma mudança
falta de transparência das decisões do poder público diante
de paradigma ao estabelecer a gestão democrática da
a população. E o segundo passo é a combinação
cidade como prática obrigatória para o desenvolvimento
responsável entre a democracia direta e a democracia
urbano (em seu Capítulo IV), garantindo à população o
representativa, proporcionando assim, o exercício real da
direito de participar de todas as etapas da construção do
democracia, como pretende timidamente o Estatuto da
Plano Diretor e dos demais planos, projeto e programas
Cidade.
projetos, os usuários não vêem mais necessidade em fazer
poderiam prejudicar o ambiente. Já quando os usuários
gestão efetivamente democrática é a melhora da capacidade
entre o público e o privado (muitas vezes o governo
percebem que suas necessidades são sanadas pelos
modificações posteriores imprevistas pelo projeto que
Segundo Barroso (2015) o passo inicial para uma
relacionados ao desenvolvimento urbano, podendo, assim, a população
discutir
e
encontrar
soluções
para
o
desenvolvimento da cidade em conjunto com o poder público (Oliveira, 2001). O EC surge como um novo cenário da
Utilizando o foco desse artigo como base, na regularização fundiária, segundo a ONU-HABITAT (2011) os processos participativos devem seguir basicamente quatro passos: preparativo e mobilização dos atores urbanos;
Quando os projetos são realizados apenas por pessoas
política habitacional brasileira, pois o mesmo regulamenta
que não conhecem profundamente aquele ambiente, na
vários instrumentos que possibilitam uma nova gestão
maioria das vezes não conseguem suprimir todas as
urbana. Um desses instrumentos é a implementação da
necessidades reais daquela população, assim, a população
gestão democrática, com qual o Estatuto da Cidade tenta
Na etapa do preparativo e da mobilização dos atores
com o intuito de melhorar sua qualiade de vida, acabam por
romper com a política urbana fechada, tecnocrata e
urbanos os técnicos que estão responsáveis por esse
realizar modificações no ambiente, as quais não estavam
conservadora com a qual o Brasil está acostumado, que é
processos devem se preparar para aplicarem os processos
previstas no projeto
um
participativos
Algumas vezes essas modificações não são totalmente benéficas à toda população, pois muitas vezes beneficia alguns indivíduos em detrimento do prejuizo dos demais.
dos
responsáveis
pela
criação
das
cidades
priorização dos temas e problemas; formulação e aplicação e estratégias e seguimento e consolidação.
com
a
população,
estudando
sobre
o
insustentáveis e desiguais em que vivemos atualmente. A
assentamento irregular, sobre qual método será melhor
gestão urbana passando a ser democrática procura tratar da
aplicado para essa população, entrando em contato com
cidade como o organismo vivo que a ela é, organismo esse
agentes articuladores do assentamento e junto com esses
que a todo o momento é modificado, transformado e
agentes, mobilizando toda a população a participarem da
31
metodologia proposta, ressaltando a importância da inserção
histórica distancia que existe entre a lei e a prática no
convidada a se inserir em processos que já possuem suas
da
urbanismo brasileiro (Maricato 1997 e 2000).
diretrizes fixadas, nos quais a opinião da população não é
maior
parte
possível
da
população
local
e
da
representação das minorias no processo. A população deve ser bem informada e conscientizada sobre o objetivo da regularização, contendo informações claras e deve se sentir bem à vontade para relatarem os problemas que elas enfrentam. Os técnicos devem ficar bem atentos para se apoderarem da situação real do assentamento, para passarem as informações de forma limpa e clara passível do entendimento de todos e para formularem o diagnóstico correto da comunidade.
verdadeiramente levada em consideração, pois os técnicos Segundo Santos (2002), os instrumentos do Estatuto da Cidade podem estar encobrindo seus verdadeiros significados, como por exemplo, os processos participativos,
em consideração as questões orçamentárias, as questões
os usuários de que aquilo é o melhor para eles, formalizando assim as exigências da lei e conseguindo sua aprovação.
em muitos casos servem para construir espaços eficientes e sustentáveis, mas em alguns casos podem ser utilizados
Esse tipo de participação acaba gerando conflitos entre
como mera formalização para a prefeitura demonstrar que
as diretrizes do Estatuto da Cidade, pois com essa
está cumprindo a lei, ou como barganha de votos, tornando-
participação o direito à moradia é preservado, já que a
se assim uma forma da prefeitura controlar a população e
população recebe suas casas, mas o direito à cidade é
mantes seus interesses.
enfraquecido, pois a população não tem o direito de decidir
Na etapa da priorização dos temas e problemas os técnicos e a população devem chegar á um acordo, levando
já sabem bem o que querem e precisam apenas convencer
democraticamente sobre sua cidade. O cerne da implementação errônea dos processos participativos já é encontrado na própria lei, que como
Por
mais
que
alguns
municípios
consigam
muitas no Brasil foram criadas de maneira vaga e genérica
verdadeiramente adotar processos participativos, o que vem
dando margem a duplas interpretações (Kapp, 2012). O
acontecendo no Brasil segundo Kapp (2012) é que a ação é
Estatuto da Cidade cita bastante a importância da utilização
participativa apenas em alguns pontos da cidade e não no
dos processos participativos para o sucesso da gestão
todo, com ações pontuais em determinados projetos da
Na etapa de formulação e aplicação e estratégias
urbana, mas o estatuto só define a obrigatoriedade da
prefeitura, que não garantem a gestão democrática de toda
procuram-se soluções para os problemas, procurando ouvir
significativa participação popular ser inserida nas propostas
a cidade, como pretende teoricamente o estatuto.
todas as ideias e soluções propostas, por mais diferentes
do plano plurianual, das leis de diretrizes orçamentárias e do
que pareçam, pois de uma ideia ruim pode surgir uma muito
orçamento anual, mas não cita como essa população deve
boa.
ser inserida nesses processos. Ao não abranger diretamente
viáveis e o grau de necessidade e urgência, de quais problemas deverão ter prioridades perante os demais de serem resolvidos.
como a população deve ser inserida, segundo Sousa (2006), E finalmente na etapa de seguimento e consolidação consolida-se e implanta o que foi decidido. Por
mais
implementado
que
o
Estatuto
instrumentos
para
da
a lei 10.257/2001 permite com que a prefeitura interprete os processos participativos da maneira que lhe for mais
Cidade
embasar
um
tenha novo
vantajosa, principalmente quando se trata dos ambientes mais pobres, onde
população não tem, muitas vezes,
ordenamento urbano, alguns deles não encontraram ainda a
informação nem influencia suficientes para se impor.
flexibilidade e o alcance que necessitam para a sua real
Segundo Kapp (2012) os municípios acabam optando por,
implementação (Fernandes, 2004). Demostrando assim a
muitas vezes, usarem nos projetos a participação popular apenas de maneira consultiva, onde a população é
Outra dificuldade encontrada na implementação dos processos participativos é que os programas habitacionais atuais
utilizam
duas
formas
de
financiamento,
o
financiamento privado ou o financiamento pela Caixa Econômica Federal. Segundo Kapp (2012) quando as habitações são financiadas pelo capital privado as questões voltadas ao bem estar dos cidadãos e das cidades, incluindo nesse caso a participação popular, são ignoradas, já que o capital privado sempre visa a obtenção do lucro máximo, optando muitas vezes pela produção em série e racional, que
como
já
citado
anteriormente
não
garantem
32
efetivamente o direito à cidade. Nesse caso, a influência do capital privado continua dominando mais a produção urbana do que os processos participativos. Já nos financiamentos pela Caixa era para ser diferente, mas não é, pois como a Caixa usa os imóveis financiados como garantia dos financiamentos, seus agentes são induzidos a aprovarem mais os projetos convencionais, já que esses podem garantir uma maior aceitação do mercado imobiliário na hora de serem vendidos, gerando um maior lucro e facilidade na venda (Kapp, 2012) Mesmo com o avanço na gestão democrática brasileira, gerado após a implementação do Estatuto da Cidade, os processos participativos ainda não estão sendo aplicados como
deveriam,
pois
os
instrumentos
se
mostram
insuficientes para a aplicação na prática de uma participação popular e os cidadãos ainda não se apropriaram realmente desse direito, tornando-se assim ainda difícil tornar as cidades brasileiras sustentáveis.
33
5- Sustentabilidade Segundo Barroso (2015), a urbanização é um dos processos que mais agride o meio ambiente. As cidades são as vitrines do modo de vida capitalista, modo de vida esse que possui como diretrizes: o consumo e a produção exagerados e o descarte no meio ambiente dos materiais usados. O resultado dessa urbanização desregrada e desenfreada foi a destruição de boa parte dos recursos naturais existentes, gerando assim, a atual crise ambiental.
tratadas como um ecossistema completo (Barroso, 2015) no
fundiária a autora usará como conceito a síntese elaborada
qual todos os elementos ambientais são interdependentes
por Barroso (2004), que possui como três dimensões o
(Mota, 1981), onde se um sofre alterações o outro também é
ambiente, a economia e a sociedade.
afetado. Mota (1981) considera a cidade como uma unidade ambiental formada por elementos de origem humana (ou seja, elementos construídos pelo homem) e por elementos naturais (formados pelo solo, água, ar, fauna e flora) onde para a cidade tornar-se um ambiente equilibrado é necessário que ela pare de degradar esses dois elementos, ou pelo menos que ela diminua consideravelmente essa
A dimensão ambiental é a que mais já foi citada, pois busca a preservação e o uso racional do meio ambiente, procurando manter o ambiente saudável e utilizável pela geração presente e pelas gerações futuras. A dimensão econômica aborda a melhor distribuição dos bens, para que assim possa surgir uma cidade mais igualitária reduzindo as diferenças de renda entre os habitantes e acabando ou
degradação.
reduzindo significativamente com patologias existentes na
Com o passar dos anos a sociedade foi percebendo as Para que se conseguisse superar essa crise ambiental
maioria das cidades atuais, gerando assim mais conforto e
necessário
se
melhor qualidade de vida para todos os habitantes. E a
sustentarem, ou seja, se desenvolverem levando em
dimensão social que aborda a valorização da cultura e dos
consideração não só suas necessidades atuais, mas
costumes das cidades, pois essa valorização gera na
também as necessidades das gerações futuras (CMMAD,
população um sentimento de pertencimento àquele lugar,
1991). Funcionaria basicamente como uma gestão pública,
quando todos os habitantes sentem que suas cidades os
uma presidência de um país, por exemplo, quando o
pertencem tendem a cuidar mais da cidade e reivindicarem
O movimento moderno, como já citado anteriormente,
presidente assume a presidência o país possui certo número
mudanças na mesma, buscando participarem também
criou cidades segregadas, baseadas na racionalidade e na
de recursos e cabe ao presidente durante a sua gestão
dessas mudanças (Barroso, 2015).
funcionalidade, com espaços bem definidos para trabalhar,
desenvolver o país e entrega-lo para a próxima gestão com
habitar, passear e todas as demais necessidades de um
superávit na balança comercial. Assim funciona na prática
homem ideal, que para o modernismo tinha as mesmas
para
necessidades de todos os outros homens. O problema é que
desenvolver-se,
esse pensamento criou cidades que não respeitavam o meio
ambientais para que as próximas gerações possam usufruir
ambiente e excluíam a população que não se enquadrasse
delas também.
consequências
da
destruição
parcial
dos
recursos
ambientais, como por exemplo: o aumento da temperatura; a escassez de água e os malefícios diretos e indiretos à saúde do homem. Percebendo, assim, que essas consequências afetam diretamente o conforto e a sobrevivência dos seres vivos.
era
uma
que
cidade mas
as
cidades
tornar-se deve
conseguissem
sustentável, proteger
suas
ela
deve
reservas
Com o passar do tempo os pesquisadores começaram a entender a real importância da sustentabilidade e por isso
Apenas nos anos 80 a questão ambiental começou a
começaram
sustentabilidade
a
desenvolver
diversos
conceitos
de
ganhar ênfase e ser inserida nos processos de planejamento
sustentabilidade e diversas maneiras de aplicá-las. Neste
urbano (Crepaldi, 2013), onde as cidades começaram as ser
trabalho, tratando-se de sustentabilidade em regularização
é
necessário
a
realização
das
três
dimensões, pois quando realiza-se apenas duas delas ou uma, sempre faltam aspectos para tornar as cidades sustentáveis.
no modelo de homem idealizado pelo movimento (Barroso, 2015).
Barroso (2004) alerta que para se conseguir a real
34
6-Projetos Referênciais 6.1-Projeto Referencial PAC Rocinha O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi lançado em 2007 pelo governo federal com o intuito de
Imagem 9: Zona de Prioridade do Plano. Fonte: http: http://www.ciespi.org.br/
planejar e executar grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética, estimulando assim, o desenvolvimento
sustentável
no
Brasil.
O
PAC
foi
desenvolvido para ser um plano estratégico para resgatar o planejamento
e
os
investimentos
nos
setores
de
Imagem 8:Localização da Rocinha. Fonte: http: http://www.ciespi.org.br/
infraestrutura do país. Em 2011 o governo lançou a segunda etapa do programa, o PAC 2, com o mesmo foco do primeiro, mas com mais investimento. A Rocinha é uma comunidade localizada no Rio de Janeiro, na área nobre da cidade entre a zona sul e a Barra, que possuí 143,72 ha, entre 70.000 (IBGE senso 2010) e 200 mil habitantes (Associações da Rocinha), e que é considera uma das maiores comunidades da América Latina. Em 1995 a Rocinha foi transformada em bairro pela Lei n. 1995 de 18 de junho de 1993. (Silva, 2014).
Em outubro de 2005 o Instituto dos Arquitetos do Brasil lançou o “Concurso Público Nacional de Ideias para o bairro da Rocinha”, com o intuito de eleger o projeto que melhor se adequasse aos anseios da população e da prefeitura na elaboração do Plano Socioespacial da Rocinha. Esse plano visava o planejamento de implementações para os próximos dez anos da rocinha e também a elaboração de projetos básicos para implementarem as primeiras ações do plano. O autor do projeto e vencedor do concurso foi o escritório Luiz Carlos Toledo. Em 2007, como já citado, surgiu o PAC e a Rocinha foi contemplada com recursos do programa, possibilitando assim, a implantação do Plano Socioespacial (Silva, 2014). O PAC Rocinha possibilitou a interação entre o governo estatual, responsável pelo Plano Socioespacial, e o governo federal, responsável pelo financiamento através do PAC.
Imagem 10:Proposição do Plano Socioespacial da Rocinha. Fonte: http://www.rocinha.org.
35
Segundo Silva (2014) o Plano Geral teve os seguintes resultados: levantamento e diagnóstico Urbanístico e de
convenceram o restante da população a voltarem a frequentar as reuniões (Silva , 2014).
Infraestrutura; Plano de intervenção Urbanística; Plano de intervenção de infraestrutura; Plano de Coleta de Resíduos Sólidos;
Reuniões
Participativas;
Legislação;
Plano
Socioeconômico; Plano Habitacional; Plano Cultural; Plano de Meio Ambiente; Plano de Estrutura Viária; Plano de Transporte. Além destes, foram elaborados vários projetos básicos para a área do interior da Rocinha, como: Projeto Básico de Requalificação Urbana; Projeto Básico de Abastecimento de Água; Projeto Básico de Esgoto Sanitário; Projeto Básico de Drenagem e Águas Pluviais; Projeto Básico de Iluminação Pública; Projeto Básico de Coleta de Lixo; Projeto Básico de Estruturação Viária; Projeto Básico de Unidade Pré-Hospitalar; Projeto Básico de Unidades Habitacionais/ Creche SOREG; Projeto Básico do Centro Cultural (Silva , 2014).
O projeto contemplava diretrizes para: o sistema viário; remoção e relocação de habitações; coleta de resíduos sólidos; implantação e requalificação das redes de esgoto e adução e transporte e promoção da cultura local (Silva , 2014). Na dimensão ambiental, um dos mais graves problemas enfrentados na rocinha é a precariedade dos sistemas de esgoto, drenagem e coleta de resíduos sólidos. Para resolver esses problemas os engenheiros Bruno Duarte Azevedo e Cauam Cardoso desenvolveram o Plano de
Imagem 11:Delimitação Rua 4. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM.
Gerenciamento de resíduos sólidos da Rocinha. Para complementar esse plano foi desenvolvido também o “Projeto Coleta Cidadã”, com o intuito de: identificar o valor econômico dos resíduos sólidos; capacitar os catadores de rua; conscientizar os moradores da importância da prática da coleta de materiais recicláveis e reformar o sistema da coleta
Um escritório foi montado na Rocinha, para aproximar
de lixo da Rocinha (Silva , 2014).
os elaboradores dos projetos da população onde foram capacitadas pessoas para o levantamento e ocorreram reuniões para a elaboração do diagnóstico. Segundo Silva (2014) o processo foi participativo, mas foi dividido em duas etapas, onde na primeira a população compareceu, mas não compareceu às reuniões nenhum representante do governo. A população da Rocinha exigia a presença de um representante, mas como isso não aconteceu, eles pararam
O Plano de Gerenciamento de resíduos sólidos oferecia uma melhora significativa na qualidade ambiental e na condição de vida da população da rocinha, mas exigia grande investimento para ser implantado e necessitava também de interesse e envolvimento do governo municipal e estadual, por não conseguir atender esses e alguns outros fatores, o projeto não acabou por não ser implantado.
Imagem 12:Delimitação Rua 4. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. Um dos resultados do PAC Rocinha foi a reurbanização
de comparecer as reuniões até um representante ir. Após a
No PAC Rocinha a prefeitura do Rio de Janeiro
da rua 4, que na verdade era um beco que variava de 60 a
pausa começou a segunda etapa, quando mesmo após os
procurou investir em grades equipamentos sociais que
80 centímetros que ligava a Rocinha com a estrada Lagoa/
representantes não comparecerem os líderes comunitários
pudessem ser construídos rapidamente e que pudessem
Barra (Silva, 2014).
resolver as principais demandas da comunidade.
36
O projeto inicial previa abrir a vista com da rua 4 com a implantação de edifício sobre pilotis alinhados à via. Durante o desenvolvimento do executivo alterou-se o projeto abrindo a via contra o morro, gerando as contenções e escadarias existentes hoje na via (Silva, 2014). Na execucção a rua foi alargada, variando de 5 a 12 metros de largura e agora pode ser acessado por carros, caminhões de lixo, ambulâncias e corpo de bombeiro. O entrono da rua 4 também foi reformado,
recebendo
paisagismo,
iluminação
pública,
painéis artísticos e a construção de quatro praças (usadas também como forma de conter novas habitações irregulares)
Imagem 14:Rua 4 durante a obra. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM. Imagem 16:Àrea infantil rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM.
com espaço infantil, anfiteatro, espaços de convivência e ginástica para idosos. As casas do seu entorno também receberam uma recuperação das fachadas, melhora da circulação de vento e melhora da incidência de iluminação.
O alargamento da rua 4 necessitou da relocação de 327 unidades habitacionais, para habitar algumas dessas
Vale ressaltar, porém, que o projeto inicial das
famílias, foi construído um centro habitacional com 144
habitações elaborado pelo arquiteto José Carlos Franco
habitações. O centro localiza-se integrado a rua quatro,
Corrêa não foi utilizado, pois a Caixa não aprovou o
possuí 6 unidades adaptadas para deficientes físicos e é
orçamento
formado por nove blocos de apartamentos e uma área
tecnologias para a habitação de interesse social.
do
projeto,
que
pretendia
trazer
novas
infantil.
Imagem 13:Rua 4 antes da obra. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM.
Imagem 15: Centro Habitacional Rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=kG3r1A1TheM.
Imagem 17:Imagens 9: Projeto Inicial das habitações. Fonte: Silva, 2014.
37
A questão da saúde no Brasil é muito precária, pois não se consegue atender a demanda. As unidades hospitalares são poucas, com poucos investimentos e não estão em todas as áreas que necessitam, além disso, os hospitais acabam sofrendo com a falta de clínicas que possam realizar a triagem antes das pessoas recorrerem aos hospitais. Um solução atual para essa problemática está sendo, como no PAC Rocinha, a implantação de UPAsUnidades de Pronto Atendimento, que trazem avanços para a saúde pública e desafogam os hospitais do entorno. As
Imagem 19:UPA Rocinha. Fonte: http://extra.globo.com/
UPAS solucionam problemas menos graves, trazendo agilidade no serviço de saúde e aproximação do serviço com a população.
Outro
problema
enfrentado
nos
processos
de
Imagem 20:Parque Ecológico Rocinha. Fonte: www.rj.gov.br.
regularização são as invasões e deteriorações do meio ambiente. Uma solução encontrada para essa problemática no PAC Rocinha foi a criação do Parque Ecológico, que busca trazer a valorização e a preservação do meio ambiente através da maior interação da população com o mesmo. Segundo a Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro (EMOP) o projeto do parque conta com áreas de contemplação, convivência, lazer infantil e lazer comunitário (com a instalação de áreas com churrasqueiras). Possuindo uma área de 8.000 m². Possuindo como equipamentos: praça do idoso, ciclovia; áreas de ginástica; praça de cultura
Imagem 18:Imagens 10: UPA Rocinha. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v.
nordestina; Ecocentro (prédio com biblioteca, computadores, sala de conferência, sala para aulas de educação ambiental); ecotrilhas; anfiteatro; bosque infantil e um café. Os equipamentos foram escolhidos
em
conjunto
comunidade através das Oficinas do Imaginário.
com a
Imagem 21:Parque Ecológico Rocinha. Fonte: www.rj.gov.br.
38
estúdio de gravação e edição de vídeo, áreas de No combate à marginalização e ao envolvimento de
convivência , ludoteca e biblioteca.
jovens e crianças no mundo das drogas, a solução encontrada pelo PAC Rocinha foi a criação do Centro Esportivo, centro bastante esperado pela comunidade, já que a mesma se caracteriza por lançar muitos atletas no âmbito nacional. O Centro foi criado para dar o suporte necessário para a prática de vários esportes, aproximando e estimulando o esporte à vida da população da Rocinha.
Imagem 25:Passarela. Fonte: g1.globo.com Imagem 23:C4 Rocinha. Fonte: www.cultura.rj.gov.br.
O plano previu a instalação também de uma Creche Modelo para atender 150 crianças, após passar por diversos problemas, demorando mais que o previsto, sendo ocupada por famílias e a população questionando se a capacidade da creche atenderia a demanda, a creche foi inaugurada. O prédio tem três pavimentos. No térreo, há sala de administração, refeitório, cozinha, banheiro e depósito. Já no
Imagem 22:Centro esportivo Rocinha. Fonte: www.flickr.com
segundo andar, estão a sala de recreação e o Espaço do Conhecimento, além de dormitório e banheiros. Na cobertura,
Outro grande equipamento bem interessante é o
há amplos ambientes, inclusive para banho de sol.
Centro de Convivência Comunicação e Cultura- C4, projetado pelo arquiteto Francisco Mauro Guaranys. Desde o inicio do Plano o centro já era solicitado pela comunidade (Silva, 2014), ele obteve algumas mudanças durante sua
Imagem 24:C4 Rocinha. Fonte: www.cultura.rj.gov.br.
construção, resultando hoje em uma Biblioteca Park, espaço usado para estimular à leitura de maneira mais dinâmica e mudar a visão da maioria da população de que leitura é algo monótono. O programa de necessidades do C4 contempla: DVDteca, CDteca, cineteatro, salas de estudo, laboratórios,
Foi implantado também a passarela projetada por Oscar Niemeyer, que liga a rocinha ao centro esportivo e ao bairro São Conrado.
39
Imagem 26:Imagem 17: Creche Modelo. Fonte: www.upprj.com.
Imagem 28:Projeto Mercado Rocinha. Fonte: http://www.rocinha.org/noticias/rocinha/view.asp?id=2053.
Imagem 30:Alargamento da Rua 1. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U
No PAC2 surgiram novos projetos, projetos de A primeira parte do PAC previa também a construção de um plano inclinado na localidade Roupa Suja, a urbanização do Largo do Boiadeiro, a canalização do valão principal da Rocinha e a criação de um mercado popular que realocaria comerciantes do Largo do Boiadeiro, mas essas obras não foram implantadas.
infraestrutura geral (abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, iluminação), o projeto da urbanização da Rua do Valão, o projeto de recolhimento mecânico do lixo, a construção de um teleférico ligado ao metrô, a urbanização da estrada da Gávea, 440 novas unidades habitacionais, outra creche e o alargamento da rua 1, mas nenhum desses projetos foi entregue.
Imagem 31:Recolhimento Mecânico do Lixo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U
Imagem 27: Simulação Plano Inclinado Rocinha. Fonte: www.youtube.com.br Imagem 29:Urbanização da Rua do Valão. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U
40
Imagem 34:: Mapa do Teleférico. Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=o3. Imagem 32:Recolhimento Mecânico do Lixo. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U.
Imagem 33:Novas Habitações. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U. Imagem 35: Projeto do Teleférico. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=o3-IYUMGt-U
41
6.2- Projeto Referencial Renova SP Cordeiro I O Renova SP foi um Concurso Público Nacional de Arquitetura e Urbanismo lançado em 2011 pela Prefeitura de São Paulo através da Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB) em parceria com o IAB/SP com o objetivo de contratar arquitetura e urbanismo para 22 perímetros da cidade de São Paulo. Os participantes deveriam apresentar projetos que contemplassem a eliminação de áreas de risco, a implantação de infraestrutura urbana, drenagem, construção de espaços públicos e de novas unidades habitacionais, para que os perímetros fossem transformados em novos bairros. Ao todo, os Vinte e dois perímetros de intervenção, apresentados comportavam 209 favelas que demandam de aproximadamente 130 mil moradias para reassentamento.
Entre os 22 perímetros a arquiteta Carolina Haguiara Cervellini foi premiadoa em 1º lugar com a proposta para o Perímetro de Ação Integrada Cordeiro 1. Carolina propõe um projeto que possa beneficiar as áreas menos favorecidas da cidade de São Paulo de maneira sustentável. A proposta começa com a reconfiguração do espaço público local, respeitando a escala humana e as características do meio físico relativas à geomorfologia, o ciclo da água, e as zonas verdes existentes. O projeto contempla um novo plano de mobilidade que se integra aos espaços de convivência e tem o intuito de evidenciar mais o deslocamento a pé e a bicicleta. O projeto propunha também a execução do parque linear que é proposto pelo Plano Diretor, conectando-o com espaços verdes e a conversão da Antiga Estrada do Mar em corredor verde para futura conexão deste com o Parque do Estado. O intuito é a elaboração de um “bairro parque” que respeite e valorize a história da região sem prejudicar seu metabolismo.
Imagem 36:Mapa Proposições de Intervenção Cordeiro I. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
42
Carolina propõe “Ruas de Convivência” que são ruas compartilhadas pelas diversas modalidades de transporte, mas que priorizam as modalidades que estimulam o convívio e a interação das pessoas com o seu entrono e com os seus vizinhos. Essas ruas limitam o transporte motorizado apenas para os carros dos moradores do bairro, mas permitem que ambulâncias, caminhões de entrega, caminhões de lixo e os diversos serviços que beneficiam a população possam acessar essas ruas quando preciso. As ruas possuem sentido único para os veículos motorizados, adequando assim, o espaço correto para a circulação dos pedestres e mesclam os tipos de materiais as revestem para melhorar a permeabilidade do solo.
Imagem 37:Mapa Proposições de Intervenção Cordeiro I. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
Imagem 38: Ruas de Convivência. Fonte: http://renovasp.hab
43
O projeto propõe também “Zonas de Infiltração” que
O projeto propõe também a remodelação das
Carolina propôs também a recuperação do córrego do
são áreas altamente permeáveis com uso de vegetação e
escadas de maneira lúdica e educativa utilizando nas
Cordeiro, através de fito remediação por meios de canais
caneletas de infiltração, para serem aplicadas em áreas que
escaladas elementos de captação e infiltração da água da
paralelos e sistemas flutuantes.
sofrem o acúmulo de água, favorecendo assim, a infiltração
chuva.
dessa água no solo, sendo essa água filtrada pela própria vegetação impedindo a contaminação desse solo. Imagem 43: Recuperação do córrego. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
Com o intuito de preservar as nascentes e o córrego a arquiteta utilizou-se do Plano Diretor, que propões a criação de um parque linear bifurcado, que interage com o tecido existente por meio da desapropriação de alguns terrenos estratégicos entre o córrego do Cordeiro, a Antiga Estrada do Mar e a Rua Rolando Curti, tornando-se assim, um meio mais convidativo ao convívio das pessoas. Próximo ao córrego foi planejado a implantação de Imagem 41: Remodelação das Escadas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
uma estação de fito depuração que pode atender até 2000 casas e também a implantação de três jardins de chuva para
Imagem 39: Zonas de Infiltração. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/
drenar a água no período de chuva. A fito depuradora também será uma área sócio educativa que sensibilizará e envolverá a população na preservação ambiental do córrego e do entorno. Segundo a arquiteta, a fito depuração em comparação às alternativas convencionais tem eficácia e custo competitivo, não produz maus odores e consegue se integrar à paisagem. Nela o esgoto flui por reatores aeróbicos e uma variedade de plantas, neste ambiente os resíduos sólidos são metabolizados para fora da água para Imagem 40: Zonas de Infiltração. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/
finalmente serem tratados ou enviados ao depósito de lixo. Imagem 42: Remodelação das Escadas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
No projeto a estação funcionaria em duas áreas, uma espécie de estufa no interior do edifício, onde temperatura
44
aumenta, aumentando assim a capacidade de metabolismo e filtragem das plantas, e outra parte exterior, que é integrada ao parque e servirá também como centro educacional para a população e escolas locais.
Imagem 46:Jardim de Chuva. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
Ao longo do córrego também foram planejados canais de fito remediação. Trata-se de valas de infiltração vegetadas com espécies depurantes, onde a vegetação irá descontaminar o córrego quando a população deixar de jogar lixo.
Imagem 48: Mapa de distribuição da coleta de lixo. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. Imagem 44: Fito Depuradora. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br.
O projeto propõe também que a construção dos espaços públicos envolva diretamente a participação dos cidadãos, utilizando-se também de materiais naturais, reutilizados e recursos do entorno para a construção desses Imagem 47:Canal Depurador. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/
Imagem 45:Margem Recuperada. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/. /
espaços. Para que exista a participação da população o
No projeto foi proposto uma mudança na coleta de
projeto prevê reuniões educativas e de capacitação para os
lixo, onde teriam pontos fixos de coleta distribuídos a menos
cidadãos, para que os mesmos possam construir os parques
de 100 m de cada domicílio. A população deixaria o seu lixo
e jardins, as áreas de jogos infantis e também possam
nesses pontos dentro de containers, assim diminuiria o
realizar a manutenção destes equipamentos. A arquiteta
tempo de permanência do caminhão de lixo no bairro
defende que envolvimento da população ajuda a criar
melhorando a acústica e atmosfera do lugar. Também
consciência ecológica, favorece o exercício da cidadania, a
seriam espalhados eco pontos a menos de 300m de cada
identidade local, a integração social e o prolongamento da
residência.
vida útil dos equipamentos. Na produção habitacional Carolina destaca a importância de se preservar as necessidades bioclimáticas do bairro e a necessidade da verticalização para que as pessoas que forem relocadas
45
possam continuar habitando o bairro, mas a arquiteta tenta minimizar
a
altura
dos
edifícios
instalando
edifícios
comerciais ou equipamentos sociais no térreo. O projeto contempla a implantação de blocos espalhados no entorno da área de intervenção para evitar que sejam formados conjuntos habitacionais, buscando uma maior interação desses blocos novos com as habitações antigas e evitando a segregação
e
diferenciação
do
ambiente.
Foram
desenvolvidas três tipologias de edifícios, possibilitando assim, diversas variações. Imagem 51: Opções de Planta, Corte e Imagem das Habitações propostas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
Imagem 50: Orientação Solar. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/
A proposta seria utilizar containers para a construção de habitações que não ultrapassassem os 42m² exigidos pelo Minha Casa Minha Vida. Para amenizar o verão e o inverno intensos em São Paulo o projeto utilizou pedras entre as paredes do container para criar uma camada de Imagem 49: Esquema de disposição dos blocos. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/
Para conseguir opções mais sustentáveis o projeto
isolamento e o porto utilizou também Imagem 40: Orientação Solar.
Fonte:
http://renovasp.habisp.inf.br/
Imagem
39:
optou por minimizar a ocupação do solo favorecendo a
Esquema
insolação e ventilação adequadas, propondo unidades com
http://renovasp.habisp.inf.br/ paredes verdes, para amenizar
até 5 pavimentos e com o uso de elevadores (adequados ao
o calor, utilizando para isso espécies autóctones adequadas
poder aquisitivo dos moradores).
a necessidade de água e manutenção será mínima. Na
de
disposição
dos
blocos.
Fonte:
coberta foram previstas pérgulas de sombreamento, para minimizarem a temperatura, contando com a instalação de placas solares para o aquecimento de água.
Imagem 52:Opções de Planta, Corte e Imagem das Habitações propostas. Fonte: http://renovasp.habisp.inf.br/.
Vale ressaltar que nada do projeto para o Cordeiro 1 foi implanto.
46
6.3-
Projeto
Referencial
Jardim
Iporanga
Esmeralda
população pudesse se apropriar desses espaços e os
criaram vínculos com seus locais de moradia, buscando
mesmos não voltassem a ser ocupados irregularmente
assim, remover o menos número possível de habitações
(Grosbaum, 2012).
(Grosbaum, 2012).
O Jardim Iporanga/ Esmeralda é um assentamento Segundo Grosbaum (2012) o Programa Guarapiranga
O projeto para o Jardim Iporanga e Esmeralda foi
foi desenvolvido pelo governo estadual e pela prefeitura de
realizado em duas etapas, a primeira de 1996 a 1998 e a
São Paulo e possuía como objetivo principal recuperar a
segunda de 2005 a 2007. Juntando as duas etapas, foram
qualidade das águas de abastecimento do município, mas
construídas um total de 369 habitações, mas a segunda
seus objetivos foram ampliados devido à complexidade
etapa foi a mais benéfica ao assentamento. O projeto
urbana e social encontradas no lugar, assim, o programa
contemplou a remoção de 131 habitações e a canalização
passou a buscar a implantação de infraestrutura e a inserção
do córrego Iporanga, com isso, três nascentes do córrego
dos assentamentos na cidade formal de São Paulo.
foram recuperadas. No entrono do córrego foram instalados
informal localizado na região de Guarapiranga na cidade de São Paulo. Essa região começou a ser ocupado no século XX com a Instalação da Represa de Guarapiranga pela Light para a geração de energia e abastecimento de água. A ocupação do Jardim Iporanga começou em 1967 e do Jardim Esmeralda em 1972, principalmente, por pessoas que foram removidas da Vila Funchal, na vila olímpica. Essa ocupação foi estimulada pelo poder público que construiu,
jardins e equipamentos de esporte e lazer, criando uma área
em 1976 , 214 unidades habitacionais, tanques para lavar
de interação da população com o córrego (Grosbaum, 2012).
roupas coletivos, fossas sépticas para as moradias, poços para o consumo de água e dois centros comunitários
Antes
(Grosbaum, 2012).
implantação
do
projeto
o
solo
do
assentamento era quase 100% ocupado, inclusive na área do córrego, assim a permeabilidade do solo quase não
Esses dois assentamentos estão inseridos na Bacia
existia, impossibilitando assim o escoamento da água da
do Guarapiranga, bacia essa, responsável por 30% do
chuva e das enchentes, sendo ainda mais agravado pelo
abastecimento de água do município de São Paulo. O
despejo de lixo por parte da população. O projeto buscou
córrego Iporanga encontrava-se todo ocupado por moradias
implantar as novas habitações no leito do córrego, para não
antes da intervenção do Programa Guarapiranga, esse
deslocar tanto a população e para evitar que novas
córrego é importante, pois deságua no Rio das Pedras, um
habitações fossem construídas no local foi implantado um
dos rios mais poluidores da Bacia do Guarapiranga
projeto paisagístico no entorno do córrego (Grosbaum, 2012).
(Grosbaum, 2012). Nos programas de urbanização de assentamentos
da
Imagem 53:Mapa a esquerda- Bacia do Guarapiranga e núcleos urbanos do entrono. Mapa a Direita: Novas Habitações. Fonte: Márcia Grosbaum.
precários uma das preocupações da pós- ocupação é que as
O programa possuiu cinco subprogramas voltados
pessoas voltem a habitar áreas consideradas impróprias
para os temas: água e esgoto, coleta e disposição de lixo,
para a moradia, para impedir isso, no projeto de urbanização
recuperação urbana, proteção ambiental e gestão da Bacia.
do Jardim Iporanga em São Paulo a prefeitura utilizou da
O
estratégia de construir áreas de lazer e integração nos
assentamentos
espaços que não deveriam mais ser ocupados para que a
recolocação das famílias em outras áreas e que as famílias
programa
entendeu sairia
que
mais
a
barata
urbanização que
remoção
dos e
47
vias de acessos de algumas partes das comunidades, marcadas muitas vezes por vielas, que suas larguras não permitem o acesso do caminhão de lixo. A prefeitura criou pontos específicos de coletas lixo que possuem acesso do caminhão, onde a população percorre pequenas distâncias para depositar seu lixo nesses containers nos pontos, nos horários e dias estabelecidos passam pequenos caminhões de lixo para recolhê-lo (Grosbaum, 2012). O projeto contemplou também estruturas de concreto para a contenção das encostas, evitando assim, que as mesmas venham a ceder.
Imagem 54:Casas sobre o córrego. Fonte: Márcia Grosbaum.
Imagem 57:Antes e depois do projeto. Fonte: Márcia Grosbaum.
Na área de infraestrutura, o programa instalou água e esgoto nas áreas dos assentamentos que não possuíam. O córrego foi canalizado a céu aberto, gerando assim, uma maior interação entre a população e o mesmo. Para melhorar essa interação foram implantadas caneletas de concreto moldadas in loco, com o entrono todo gramado, que permitem o contato direto dos usuários com a água. Ao longo dele foram também implantadas galerias de concreto que são fechadas apenas nas áreas que não possuíam Imagem 55:Projeto Implantado. Fonte: Márcia Grosbaum.
espaço suficiente, nas áreas com mais espaço foram criadas zonas de armazenamento temporário de água, para evitar pico de cheias. A pavimentação utilizada no projeto foi asfalto, ficando o sistema de drenagem das galerias o maior responsável pela absorção da água (Grosbaum, 2012). Outra estratégia utilizada foi a da coleta de lixo. A
Imagem 56:Projeto Implantado. Fonte: Márcia Grosbaum.
coleta de lixo nas comunidades é dificultada pela largura das
Imagem 58:Estruturas de Contenção. Fonte: Márcia Grosbaum.
48
Com a recuperação do córrego e a remoção das
O projeto não contemplou a instalação de iluminação
habitações, foi possível criar uma via por toda extensão do
pública e não conseguiu solucionar a irregularidade desses
assentamento. Essa via foi pensada principalmente para a
assentamentos (Grosbaum, 2012).
interação do pedestre com o córrego, mas aceita também a circulação de transporte motorizado em boa parte de sua extensão. O transporte público também foi melhorado, com a implantação de um corredor exclusivo de ônibus na Av. Senador Teotônio Vilela. As novas unidades habitacionais se adequaram as antigas. Trata-se de casas que variavam de 32 a 44 m², feitas de bloco de concreto pintado e telhado de fibrocimento, Imagem 60:Quadra. Fonte: Márcia Grosbaum.
diferenciando-se das antigas apenas pelas cores fortes. A abertura da faixa do córrego proporcionou ventilação e iluminação para as novas moradias.
Imagem 61:Parque. Fonte: Márcia Grosbaum.
Imagem 59:Nova habitação. Fonte: Márcia Grosbaum.
O projeto contemplou a implantação também de áreas de lazer e esportes. Foram praças instaladas ao longo do córrego, com duas quadras, um centro comunitário e um parque.
49
6.4- Ações dos projetos analisados que se
- A requalificação habitacional de algumas casas, como
pretende usar na Regularização Fundiária da
executado no PAC Rocinha, também é pretendida para a
contemplou a instalação de um Centro Esportivo. Como a
Comunidade Papoco, visto que muitas casas no mesmo
escala da comunidade é outra, não se trada de construir um
necessitam de melhorias e que essas melhorias já foram
Centro, mas um espaço menor que pudesse atrair as
solicitadas. Muitos moradores se inscreveram no projeto de
crianças e os jovens para o contato com o esporte. Poderia
Melhorias Habitacionais, mas até hoje não receberam as
até tratar-se de uma parceria com algum órgão já
melhorias.
consolidado
Comunidade Papoco 6.4.1- Projeto PAC Rocinha A partir do que foi analisado nas propostas do Projeto PAC
Rocinha
Regularização
pretendem-se Fundiária
da
utilizar
no
projeto
de
Comunidade
Papoco
as
seguintes ações:
utilização e do correto destino do lixo, como foi previsto o
construção de pequenos espaços públicos que possam ser
habitações. - O projeto de Regularização da Comunidade Papoco
Papoco vivem da coleta de lixo e um espaço para
também pretende contemplar melhorias na área da saúde.
reciclagem e capacitação já é solicitado pela população.
Com o já citado anteriormente, não do tamanho de uma UPA
Rocinha aconteceu a urbanização de algumas ruas, mas essa urbanização se deu em grande escala devido tratar-se de uma comunidade muito grande. A reurbanização que se
como contemplado na Rocinha devido sua escala, mas na
entorno
Projeto
que
do
PAC
pudesse
Rocinha
garantir
esse
o Centro de Convivência Comunicação e Cultura- C4, que também pode ser adotado na Comunidade Papoco, mas em menor escala, com o objetivo de contribuir para o
- E por último, outro equipamento que poderia ser construído também na Comunidade Papoco é a inserção de uma creche. A população da comunidade também solicita uma creche.
escala dos postos de saúde que de acordo com relato dos moradores, o Posto de Saúde Francisco Pereira de Almeida,
6.4.2- Projeto Renova SP- Cordeiro I
que atende a comunidade, não tem mais condições de A partir do que foi visto nas propostas do Projeto
atendimento.
pretende para a Comunidade Papoco é apenas de algumas travessas, não se comparando com a da Rocinha, devido o
do
O
desenvolvimento cultural da comunidade.
projeto Coleta Cidadã. Muitos moradores da comunidade
- A reurbanização de algumas travessas. No PAC
prejudiciais.
envolvimento. Outra solução implantada no PAC Rocinha foi -A utilização dos espaços das remoções para a
utilizados pela população e que assim não voltem a serem - Um projeto que contemple a valorização da correta
atividades
Renova SP- Cordeiro I pretendem-se utilizar no projeto de -
A
Comunidade Papoco
não
possui nenhuma
Regularização
Fundiária
da
Comunidade
Papoco
as
pequeno porte da comunidade em estudo. A reurbanização
interação com ambientes voltados à natureza. A ideia de um
de algumas travessas é importante para a comunidade
Parque Ecológico, como o realizado na Rocinha, pode ser
Papoco devido a necessidade de alguns serviços não
usada na comunidade, não exatamente como usado no PAC
conseguirem atualmente acessar algumas casas, como o
Rocinha, pois a área não se localiza tão perto de uma
pretende
caminhão de lixo, ambulância, o corpo de bombeiros e
reserva ambiental, mas uma área de lazer voltada à
compartilhadas pelas diversas modalidades de transporte,
outros. A reurbanização de algumas travessas também já é
interação da comunidade com a natureza é importante para
mas que priorizam as modalidades que estimulam o convívio
solicitada por alguns moradores que entendem a importância
a conscientização ambiental e o lazer da população.
e a interação das pessoas com o seu entrono e com os seus
- O projeto de Regularização da Comunidade Papoco contemplar
Ruas
de
Convivência.
Ruas
vizinhos.
e a necessidade desses serviços conseguirem chegar a suas casas.
seguintes ações:
- Outra solicitação da comunidade foi um espaço para o envolvimento dos jovens e das crianças em cultura e
- O projeto pretende usar também Zonas de Infiltração.
esportes, para evitar que os mesmos se envolvam em
Áreas altamente permeáveis com uso de vegetação e
50
caneletas de infiltração, para serem aplicadas em áreas que sofrem o acúmulo de água. Que se utiliza de infraestrutura verde para solucionar problemas de alagamento. - Ulitizar a participação dos cidadãos na construção de espaços públicos, criando assim, uma consciência ecológica, favorecendo o exercício da cidadania, a identidade local, a integração social e o prolongamento da vida útil dos equipamentos.
6.4.3- Projeto Referencial Jardim Iporanga Esmeralda Do exposto analisado no projeto Jardim Iporanga Esmeralda Regularização
pretendem-se Fundiária
utilizar da
no
Comunidade
projeto
de
Papoco
as
seguintes ações: - Diminuição da escala do transporte coletor de lixo para que o mesmo possa acessar mais ruas. -Construção de unidade habitacionais que não se distanciem tanto das atuais. - Promoção da interação direta do cidadão com os equipamentos construídos.
51
7- Área em estudo e seu Contexto Urbano
7.1- Comunidade Papoco A área delimitada para o estudo é a Comunidade Papoco. A comunidade localiza-se no Bairro Pici, na Regional III, na zona oeste de Fortaleza, capital do Ceará.
7.2- Localização da Comunidade Papoco A comunidade em estudo é delimitada pelas seguintes ruas: - Ao norte: Rua Piauí; - Ao Sul: Rua Pernambuco;
Segundo Salgueiro (2014), o Bairro Pici surgiu a partir do “Sítio Pecy”, que pertencia a família Braga.
- Ao Leste: Rua Espírito Santo e Rua Uruguaiana. - E ao Oeste: Rua Timbaúba e Rua José de Andrade.
Em 1942, durante a segunda Guerra Mundial, bairro tornou-se sede do Post of Command da Base Aérea Americana, fato que trouxe mais infraestrutura, mudanças e visibilidade ao bairro Algumas estradas e algumas edificações da Base Aérea Americana ainda existem atualmente (Salgueiro, 2014). Segundo relatos dos moradores, o nome Papoco surgiu dos estrondos de bombas que existiam dos treinamentos ocorridos na base americana e posteriormente consolidou-se relacionado ao alto índice de violência que existiu na comunidade. Na década de 40, também foi instalado no bairro a Escola de Agronomia, que posteriormente , em 1954, foi incorporada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), tornando-se o Campus do Pici, função que perdura até hoje (Salgueiro, 2014). Segundo Nobre (2010), depois da Segunda Guerra Mundial, com a extinção da Base aérea, o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) se instalou no Pici, e assim, seus funcionários tiveram o direito de ocuparem os antigos galpões da base para moradia, surgindo assim a Vila DNOCS, que posteriormente virou a Comunidade Papoco. Segundo o Plano Local de Habitação de Interesse Social de Fortaleza (2010), a comunidade em estudo é uma área já consolidada, com uma estimativa de início do assentamento de mais de 60 anos.
Imagem 62:Mapa de Delimitação da Comunidade do Papoco. Fonte: Acervo da Autora.
A delimitação dessa área ocorreu através do contato com a comunidade e de reuniões que ocorreram com a população e com as lideranças que reconhecem essa área como o Alto Papoco.
52
7.3- Zoneamento da Comunidade Papoco
A Comunidade Papoco, segundo o Plano Diretor de Fortaleza (2009), está inserida em uma Zona de Requalificação Urbana 1 (ZRU1), que segundo o Plano Diretor de Fortaleza
Os parâmetros construtivos que podem ser utilizados nessas zonas, segundo o Plano Diretor de Fortaleza (2009), estão descritos na Tabela 5 a seguir:
(2009), caracteriza-se principalmente: “Pela insuficiência ou precariedade da infraestrutura e dos serviços urbanos, principalmente de saneamento ambiental, carência de equipamentos e espaços públicos, pela presença de imóveis não utilizados e subutilizados e incidência de núcleos habitacionais de interesse social precários; destinando-se à requalificação urbanística e ambiental, à adequação das condições de habitabilidade, acessibilidade e mobilidade e à intensificação e dinamização do uso e ocupação do solo dos imóveis não utilizados e subutilizados.”
O bairro do Pici, segundo o Plano Diretor de Fortaleza (2009), possui três tipos de zonas: a Zona de Requalificação Urbana 1 (ZRU1) (onde está inserido a comunidade em análise), a Zona de Preservação Ambiental 1 (ZPA1) (formada pela lagoa do Pici e sua vegetação) e a Zona Especial de Interesse Social 1 (formada pela Comunidade do Planalto do Pici).
Tabela Parâmetros por Zona do Bairro Pici
Parâmetros
Índice de aproveitamento básico: Índice de aproveitamento máximo: Índice de aproveitamento mínimo: Taxa de permeabilidade: Taxa de ocupação: Taxa de ocupação de subsolo: Altura máxima da edificação: Área mínima de lote: Testada mínima de lote: Profundidade mínima do lote: Tabela 5: Parâmetros por Zona do Bairro Pici.
Imagem 63:Mapa de Zoneamento da Comunidade do Papoco. Fonte: Acervo da Autora.
Zona de Requalificação Urbana 1- ZRU 1 2
Zona de Preservação Ambiental 1- ZPA
2
0
0,2
0
30% 60% 60% 48 m 125 m² 5m 25 m
100% 0 0 -
ZEIS 1
0
Não possui parâmetros pré estabelecidos.
53
As características que devem ser usadas nas construções das vias de Fortaleza, Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza (2006), estão descritas na Tabela 6 a seguir: Dados Censitários Tabela de Características para as Vias de Circulação Vias para a circulação de veículos Arterial Coletora Local Características Seção Seção Seção Seção Seção Seção Normal Reduzida Normal Reduzida Normal Reduzida Largura Mínima Caixa Carroçável Mínima Passeio Lateral Mínimo (de cada lado da Via) Canteiro Central Mínimo Declividade Máxima Declividade Mínima
34
30
24
18
14
11
Vias para a circulação de pedestres -
Comunida de Papoco
Estimativa de número de Habitantes
Estimativa de número de famílias
Estimativa de número de domicílios
Estimativa da renda média mensal do chefe de família
2.582
645
609
1 a 2 SM
Densi dade Popula cional
Situação fundiária tempo de existência
Estimativa nº domicílios déficit habitacional por coabitação
0,9
mais de 5 anos
24
Tabela 7: Dados Censitários. Fonte: IBGE.
21
19
16
12
9
7
-
7.4.1- Número de Famílias 4
3,5
3,25
3
2,5
2
-
De acordo com os dados da tabela 7 observa-se que o número de famílias (645 unidades) é maior que o número de habitações (609 domicílios), caracterizando a
5
4
1,5
-
-
-
-
comunidade com a existência de coabitações (24 unidades), ou seja, mais de uma família morando no mesmo lote ou domicílio. Dados complementares do IBGE Censo 2010 informam
8%
8%
10%
10%
15%
15%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
0.50%
15% ou Escada 0.50%
Tabela 6:Características para as Vias de Circulação segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza.
que na região existem até 10 moradores em um mesmo domicílio. A coabitação deve ser analisada para observar se aquelas famílias estão vivendo em condições salubres e confortáveis, ou se existe ali um déficit habitacional e uma necessidade de uma nova moradia. A área em análise possui 29.273 m² com 609 unidades habitacionais, gerando uma
7.4.- Análise dos Dados Censitários e Socioeconômicos Segundo, o Plano Local de Habitação de Interesse Social de Fortaleza (2010), os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Censo de 2010 e levantamento local, os principais danos censitários estão descritos na Tabela 7 a seguir:
média de 48 m² por habitação, fazendo uma análise bastante superficial conclui-se que é um espaço desconfortável para 10 pessoas.
54
Tabela 8: Configuração Familiar. Fonte: IBGE.
7.4.2- Renda Mensal Imagem 64: Casas com Necessidades de melhorias. Fonte: Acervo da Autora.
De acordo com os dados da tabela 7, observa-se que a comunidade em análise possui uma população com renda mensal média de um a dois salários mínimos, e dados complementares do IBGE Censo 2010 informam que 8,4% da população é de baixa renda, ou
Relatos da população informaram que muitas pessoas de baixa renda trabalham com
seja, possui uma renda menor que R$ 70,00 por mês. Caracterizando assim, a área com uma
coleta de materiais recicláveis, sendo assim, uma das demandas da população a construção
população de baixa renda.
de um posto de coleta.
7.4.3- Saneamento
Nas visitas realizadas em campo, pode-se observar que as pessoas que possuem menor
renda,
proporcionalmente,
localizam-se
em
áreas de
piores
infraestruturas De acordo com dados do IBGE Censo 2010, a comunidade não possui saneamento em
(principalmente nos becos) e com habitações com maiores necessidades de melhorias.
todas as casas, apenas cerca de 97% das habitações são abastecidas pela rede geral. Segundo os moradores todas as travessas e as ruas possuem saneamento. Nos becos a tubulação existe, mas a ligação com as casas não foi realizada. Os moradores relatam que algumas ligações para as casas foram os próprios habitantes que custearam e hoje a empresa responsável cobra taxa mensal pelo serviço.
7.4.4- Abastecimento de Água e Energia De acordo com dados do IBGE Censo 2010, a comunidade não possui abastecimento de água em todas as casas, apenas cerca de 98% das habitações são abastecidas pela rede geral.
55
Segundo dados do IBGE Censo 2010, toda comunidade possui abastecimento de água, mas segundo relatos dos moradores muitos habitantes não possuem renda suficiente para arcarem com os custos da conta de luz, e por isso, optam por realizarem ligações clandestinas de luz. Essas ligações já chegaram a causar acidentes.
7.4.5- Coleta de Lixo De acordo com dados do IBGE Censo 2010, toda comunidade possui coleta de lixo. Segundo os moradores a coleta é satisfatória e regular. O único problema é que o caminhão não tem acesso aos becos mais estreitos.
Imagem 65: Ligações Elétricas Clandestinas. Fonte: Acervo da Autora
56
8- Plano de Ação
O diagnóstico da Comunidade Papoco finalizou em uma tabela síntese de Problemas, Potencialidades, Consequências e Diretrizes. Essa tabela síntese foi o ponto de partida para a elaboração das ações. Segue a tabela síntese separada por temas:
8.1- Condicionantes Legais TEMA
PROBLEMA
CONDICIONANTES LEGAIS
A área de estudo (Comunidade Papoco) não é regulamentada. As pessoas que possuem alguma regulamentação possuem apenas o documento de compra e venda.
POTENCIALIDADE
A legislação vigente permite a regulamentação da comunidade.
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
Boa parte das habitações, equipamentos, vias e Propor a passeios encontram-se de forma irregular em função regularização das do Plano Diretor de Fortaleza e da LUOS. Índices de casas possíveis de densidade populacional e habitacional elevados. serem regularizadas Habitações desconfortáveis, que não conseguem e a implementação suprir as necessidades básicas de conforto para as de novas casas no famílias moradoras. Preocupação frequente dos perímetro para moradores de serem retirados de suas casas e ficarem suprirem as casas sem lugar para morar, ou de serem transferidos para que forem retiradas. outros bairros, longe de sua família e amigos.
AÇÕES Implementar na área de estudo uma Zona Especial de Interesse Social, flexibilizando assim os parâmetros existentes na legislação vigente para legalizar as casas possíveis de serem legalizadas seguindo parâmetros mínimos de conforto estabelecidos no projeto (Ver tabela 10). Construção de novas casas para reporem as que não se encaixam nos parâmetros.
Tabela 9: Condicionantes Legais.
ZEIS DE OCUPAÇÃO CONSOLIDADA- PARÂMETROS Dimensões das projeções das habitações Área Máxima Área Mínima Uso Residencial Uso Comercial 30 200 250
Índice de Aproveitamento Máximo Mínimo 3 0,15
Taxa de Ocupação 85%
Taxa de Permeabilidade (por quadra) 20%
Testada Mínima
Fundo Opcional
Altura da Edificação Máximo Mínimo 10 3
Testada Mínima
Fundo 2
Altura da Edificação Máximo Mínimo 10 3
Recuos Frontal Opcional
Lateral Opcional
3m
ZEIS DE REASSENTAMENTO- PARÂMETROS
Área Mínima 45
Dimensões dos Lotes Área Máxima Uso Residencial Uso Comercial 200 300
Tabela 10: Parâmetros para as habitações novas e para as já consolidadas.
Índice de Aproveitamento Máximo Mínimo 3 0,15
Taxa de Ocupação 80%
Taxa de Permeabilidade 30%
Recuos Frontal 2
Lateral 2
5m
57
8.2- Condicionantes Ambientais
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
Existência de NIM INDIANO nas calçadas.
CONDICIONANTES AMBIENTAIS
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
AÇÕES
Arborização de vias e espaços de convivência.
Substituição das árvores inadequadas existentes (NIM INDIANO) por árvores adequadas à região e ao clima. Melhoria e aumento da arborização da área, implantando mais árvores que sejam adequadas a região, buscando assim gerar um microclima que amenize a temperatura local e melhore o conforto ambiental da população. Criação de um paisagismo adequado que valorize as áreas da região e estimule a interação entre a população e a comunidade.
Comprometimento da fauna e da flora natural.
Precariedade de vegetação de modo geral.
Falta de possível melhora no microclima e no conforto da região. E falta de interação da população com a natureza.
Tabela 11: Condicionantes Ambientais.
Imagem 66: Rua Uruguaiana. Ausência de Arborização. Fonte: Google Earth.
Imagem 67: Rua Rio Grande do Norte utilização de Nim Indiano.Fonte: Google Earth.
58
8.3- Infraestrutura
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
Iluminação precária em alguns trechos.
Locação de postes no meio dos becos.
Algumas lâmpadas foram recentemente trocadas.
Inexistência de bocas de lobo e canaletas para a água escoar corretamente. INFRAESTRUTURA
Caminhão de lixo não consegue acessar os becos.
Coleta de Lixo com qualidade. O caminhão passa regularmente.
População ainda deposita lixo em alguns lugares proibidos.
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
AÇÕES
Aumento do sentimento de insegurança da população.
Iluminar melhor as vias e os espaços de convivência.
Implementar iluminação adequada para a região. (Ver Tópico Memorial Descritivo item Mobiliário).
Dificulta ainda mais a passagem nos lugares estreitos.
Utilização de modelos de postes diferentes de acordo com o local.
Utilizar postes fixados nas fachadas das casas nos lugares mais estreitos. (Ver Tópico Memorial Descritivo item Mobiliário).
Alagamentos e empoçamentos nas ruas e dentro das casas.
Criação de áreas permeáveis na comunidade.
Ruas mais limpas e sem acúmulo de lixo.
Diminuir a escala do objeto coletor de lixo.
Acúmulo de lixo em pontos específicos.
Conscientização e capacitação da população sobre a importância do descarte correto do lixo e modificação na forma de coleta existente.
Implantação de uma paginação de piso, com bastante área impermeável dentro das quadras. Utilização de grama ou vegetação rasteira (piso 100% permeável) na demarcação dos usos e diferenciação entre público e privado. Mudança de Pavimentação de vias para Asfalto Permeável (CPA), melhorando a absorção das vias. Utilização de moto triciclo de carga para a coleta do lixo separado pela população, diminuindo assim, a escala do veículo coletor, para que o mesmo possa acessar mais lugares na comunidade (Ver imagem 68 e 69). Realizar campanha de conscientização sobre as consequências do lixo em conjunto com limpezas periódicas para retirada de entulhos e de vegetações espontâneas em pontos que favorecem o acúmulo do lixo. Palestras e Oficinas para a comunidade sobre a importância do descarte correto do lixo nas escolas (conscientizando desde cedo as crianças), na associação no centro de reciclagem e em eventos promovidos em prol da conscientização da comunidade. Implantação de um centro de reciclagem buscando estimular a população ao correto descarte do lixo e melhorando a oferta de emprego e renda da população. ( Ver Tópico Memorial Descritivo item Novas Edificações). E implantação de lixeiras adequadas e espalhadas em toda a comunidade pra o descarte de lixo reciclável. (Ver Tópico Memorial Descritivo item Mobiliário).
Tabela 12: Infraestrutura.
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
AÇÕES
59
Falta de iluminação em algumas casas. Existência de ligações irregulares da casa com a iluminação pública que gera acidentes. (Ver imagem 65).
População não tem renda suficiente para arcar com a conta de luz. População não tem renda suficiente para arcar com a conta de internet.
População interessada em informação.
Parceria com a agência de iluminação .
Inserir a população de baixa renda da comunidade papoco na ‟‟ tarifa social de energia elétrica – baixa renda‟‟. De acordo com a Lei 12.212 de Janeiro de 2010 para que as mesmas possam ter desconto na sua tarifa de energia. Campanhas de conscientização da população sobre as consequências da irregularidade na energia.
Criação de programas de incentivo à utilização da internet.
Criação do "Papoco Digital". Inserir a comunidade no programa Fortaleza Inteligente da prefeitura de Fortaleza criando nos espaços livres da mesma zonas de WI-FI gratuito para a população gerando assim, inclusão digital na comunidade. (Ver imagem 71).
Maior proliferação de doenças.
Melhoria do atendimento médico e do contato entre os agentes e a comunidade, melhoria da salubridade, do saneamento e da permeabilidade da comunidade. Reforço nos equipamentos e profissionais da área da saúde que atendem o Papoco.
Reforma do Posto de Saúde Pereira de Almeida, para que o mesmo possa atender adequadamente a comunidade. Aumento do número de profissionais da saúde e do número de visitas dos mesmos a comunidade. Busca de Parceria entre a comunidade e o CEDEFAM/UFC para que o mesmo possa aumentar a sua área de abrangência (que hoje está voltado mais para a odontologia), podendo melhorar o acompanhamento médico, social e psicológico da comunidade. Remoção de casas com grave insalubridade, substituindo – as por casas ventiladas e iluminadas que garantem um ambiente saudável a população. Estratégias de ventilação e iluminação zenital que melhorem a salubridade das casas que continuarem levemente (normalmente casas compridas que não possuírem recuos laterais) insalubres após a remoção das casas mais graves. (Ver Tópico Memorial Descritivo item Estratégias para casas já consolidadas). Implantação de piso permeável buscando melhorar a taxa de permeabilidade da comunidade através de infraestrutura verde e evitar os alagamentos que são fontes de proliferação de doenças. Instalação de ligação de tratamento de esgoto em todas as casas da comunidade.
Surtos de epidemias.
Diminuição da escala de combate ao mosquito e realização de mais vistorias nas comunidades.
Agente passar com pulverizador costal para matar os mosquitos adultos onde o carro não entrar. Aumento das vistorias dos agentes nas casas e nos terrenos abandonados. (Ver imagem 70).
População não tem acesso fácil às informações.
INFRAESTRUTURA
Aparecimento de pragas biológicas.
Infestação de mosquito aedes aegypti. Tabela 13: Infraestrutura II.
60
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
Demora na chegada de carros de emergência como a polícia, a ambulância e até mesmo táxis.
Grande sentimento de insegurança por parte dos moradores quando ocorre alguma emergência.
Falta de saneamento básico nas travessas. Existe a canalização nas ruas, mas em alguns trechos não existem as ligações para as casas.
Falta de saneamento básico nas travessas. Existe a canalização nas ruas, mas em alguns trechos não existem as ligações para as casas.
INFRAESTRUTURA
DIRETRIZES
AÇÕES
Elaborar uma campanha publicitária mostrando na mídia as melhorias realizadas na comunidade e como a mesma encontrasse atualmente, buscando assim mudar a imagem equivocada que a sociedade tem sobre a comunidade do papoco. Melhorar a imagem da Implantação de posto policial e ponto de táxi. (Ver Imagem comunidade diante a 72). Melhora do sistema mobiliário permitindo que os carros cidade, que vê o Papoco de emergência possam acessar melhor a comunidade. como um lugar muito Alargamento do Beco do Real, permitindo a passagem de ruim. Trazer para perto carros de emergência. (Ver Anexos. Mapa Mobilidade.). posto policial, ambulância O projeto buscou priorizar o pedestre e o uso dos diferentes e pontos de táxi. modais, porém buscou garantir também o acesso dos carros de emergência às habitações. Respeitando assim, os 60m (alcance máximo da mangueira dos corpos de Bombeiros) máximos de distância entre o acesso do carro e as edificações.
Fornecer saneamento básico para todos que ainda não possuem.
Melhorar o saneamento básico da comunidade.
Tabela 14: Infraestrutura III.
Imagem 68:Triciclo com Baú para Reciclagem. http://www.fuscomotosegura.com.br/triciclos-de-carga-cacamba.html
Fonte:
Imagem 69:Triciclo com Baú para Reciclagem. http://www.fuscomotosegura.com.br/triciclos-de-carga-cacamba.html
Fonte:
Imagem 70: Pulverizador Costal. http://produto.mercadolivre.com.br/
Fonte:
61
Imagem 71: Mapa de pontos Wi-Fi. Fonte: Google Earth.
Imagem 72: Mapa Previsรฃo de Ponto de Tรกxi. Fonte: Google Earth.
62
8.4- Sistema Viário e Mobilidade TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
Existem edificações sem acesso às vias.
Falta de sinalização viária.
SISTEMA VIÁRIO E MOBILIDADE
Ruas degradadas ou mal pavimentadas.
Paradas de ônibus sem proteção.
Tabela 15: Sistema Viário e Mobilidade.
Tem acesso de qualidade ao transporte público
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
Habitações desconfortáveis, que não conseguem suprir as necessidades básicas de conforto para as famílias moradoras e sem iluminação e ventilação necessárias.
Remover as habitações necessárias.
Acidentes de trânsito.
Readequar o sistema de mobilidade da comunidade.
A falta de infraestrutura viária dificulta o acesso e tráfego da população residente. Causa o desconforto, restringe o acesso dos serviços de utilidade pública, bem como: viaturas de policia, ambulâncias, caminhão de bombeiros e etc.. Desconforto diário para a população ao esperar o ônibus no sol e em pé. População com boa mobilidade e com facilidade de acesso aos seus destinos.
Requalificação e manutenção de todas as vias.
Melhorar o conforto na espera pelo transporte público. Estimular o uso dos diferentes modais
AÇÕES
Remoção e relocação para terrenos próximos á comunidade das casas que não conseguem oferecer o conforto mínimo para seus habitantes, seguindo os parâmetros considerados pela autora insatisfatórios (Ver tabela 10), casas que atrapalham a mobilidade ou que se encontram enclausuradas, sem acesso as vias e, portanto insalubres. Remodelação geral das vias. Implantando instrumentos que diminuam a velocidade dos veículos (faixa elevada, ruas em formatos irregulares...). Buscando priorizar o pedestre e estimular o uso dos diferentes modais (ciclo faixa e ruas compartilhadas). Implantando calçadas acessíveis, arborizadas e iluminadas. Instalar sinalização adequada em todas as vias. Utilização do concreto permeável (CPA). Nas vias de alto tráfego de veículos e utilização de concreto permeável, grama e cronograma nas ruas compartilhadas, melhorando assim a pavimentação e a permeabilidade.
Implantar paradas de ônibus cobertas com espaço confortável para sentar, próximas a vegetação, na tentativa de melhorar o conforto térmico das mesmas (Ver Tópico Memorial Descritivo item Mobiliário Urbano). Implantar ruas compartilhadas e ciclo faixas para uso de diferentes modais (Ver Anexos. Mapa Mobilidade.).
63
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
Passeios em condições precárias ou inexistentes.
A falta de infraestrutura viária dificulta a acessibilidade e o tráfego da população residente. Causa acidentes e conflitos entre os diferentes modais que precisam disputar o mesmo espaço.
Adaptar a categoria das vias a morfologia e aos usos da comunidade.
Ruas e becos estreitos.
Inacessibilidade de modais em alguns trechos. Dificuldade de acesso e tráfego da população residente. Que causa desconforto população e restringe o acesso dos serviços de utilidade pública, bem como: viaturas de policia, ambulâncias, caminhão de bombeiros e etc..
Adaptar a categoria das vias a morfologia e aos usos da comunidade.
SISTEMA VIÁRIO E MOBILIDADE
AÇÕES Alargar e melhorar os acessos às residências, proporcionando ambientes de passagens mais confortáveis e condizentes aos usos da população. Remodelação geral das vias. Implantando instrumentos que diminuam a velocidade dos veículos (faixa elevada, ruas em formatos irregulares..) Buscando priorizar o pedestre e estimular o uso dos diferentes modais (ciclo faixa e ruas compartilhadas). Implantando calçadas acessíveis, arborizadas e iluminadas. O projeto buscou priorizar o pedestre e o uso dos diferentes modais, porém buscou garantir também o acesso dos carros de emergência às habitações. Respeitando assim, os 60m (alcance máximo da mangueira dos corpos de Bombeiros) máximos de distância entre o acesso do carro e as edificações (Ver Anexos. Mapa Mobilidade.).
Tabela 16: Sistema Viário e Mobilidade II
8.5- Morfologia Urbana TEMA
MORFOLOGIA URBANA
Tabela 17: Morfologia Urbana.
PROBLEMA
Edificações espontâneas e desorganizadas que geram espaços indesejados (becos, vielas) e situações inadequadas (inacessibilidade, precariedade de luz e ventilação natural).
POTENCIALIDADE
A morfologia orgânica favorece as relações interpessoais na comunidade, criando um sentimento de pertencimento e identidade.
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
Existência de espaços indesejados e desconfortáveis (becos, vielas) e situações inadequadas (inacessibilidade, precariedade de luz e ventilação natural).
Preservar a morfologia da comunidade e suas características originais. Reduzir os espaços indesejáveis, melhorar a iluminação e melhorar os espaços de convívio da população.
Maior sentimento de pertencimento por parte da população do Papoco e maior interação entre eles.
AÇÕES
Aumento e melhoria do aceso às residências. Instalação de iluminação adequada às ruas e às partes internas das quadras (Ver Tópico Memorial Descritivo item Mobiliário Urbano) . Preservar a morfologia existente na comunidade e utilizá-la como partido para as novas habitações. Criar áreas de convivência arborizadas, iluminadas e mobiliadas com as condições ideais para favorecer o convívio entre a população.
64
8.6- Uso e Ocupação do Solo TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
AÇÕES
Campus do Pici sem acesso direto pela comunidade.
Espaço que permite a reabertura.
Segregação espacial e sentimento de exclusão por parte da comunidade.
Reestabelecer o acesso da comunidade ao Campus do Pici.
Falta de possível melhora no microclima e no conforto da região.
Arborização de vias e espaços de convivência.
Pouca variedade de uso e ocupação do solo.
População em busca de atividades geradoras de emprego e renda.
Sentimento de insegurança gerado pela falta de movimento nas áreas públicas em determinados horários.
Diversificar o uso das edificações e das atividades.
Existência de um muro alto que separa a comunidade do campus do Pici.
Proximidade entre a comunidade e o Campus do Pici.
Segregação espacial e sentimento de exclusão e inferioridade por parte da comunidade.
Reestabelecer a interação entre a comunidade e o Campus do Pici.
Reabrir o acesso direto da comunidade ao Campus do Pici (Ver Imagem 73). Substituição das árvores inadequadas existentes (NIM INDIANO) por árvores adequadas à região e ao clima. Melhoria e aumento da arborização da área, implantando mais árvores que sejam adequadas a região, buscando assim gerar um microclima que amenize a temperatura local e melhore o conforto ambiental da população. Criação de um paisagismo adequado que valorize as áreas da região e estimule a interação entre a população e a comunidade. (Ver Memorial Descritivo item Paisagismo). Utilização de usos diversificados em locais diferentes para estimular o convívio social e inibir a expansão desordenada e irregular das casas e a ocupação de espaços urbanos coletivos com usos que denigrem e depredam a comunidade. Instalação de habitação de uso misto, de feiras livres, do centro de reciclagem de praças, do centro profissionalizante de parcerias com a universidade. Buscando assim, estimular usos diferentes, que funcionem em locais e horários diferentes (que possam movimentar a comunidade fora do horário comercial melhorando assim, a segurança do ambiente). Substituição do muro que separa o Campus do Pici e a comunidade por uma grade baixa. (Ver Imagem 74).
Áreas livres e verdes insuficientes. USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Tabela 18: Uso e Ocupação do Solo.
Imagem 73:Mapa Delimitação de substituição do muro do Capus do Pici por cerca e Mapa de Aberturas de acesso direto ao Campus.
Imagem 74: Modelo de Cerca Utilizado.
65
8.7- Características Habitacionais
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
Insalubridade devido à inacessibilidade às edificações existentes no interior das quadras.
Topografia um pouco mais alta que a predominante da cidade.
Habitações desconfortáveis, que não conseguem suprir as necessidades básicas de conforto para as famílias moradoras.
Existência de habitações com áreas e testadas insatisfatórias para a moradia de famílias.
Predominância de gabaritos baixos.
CARACTERÍSTICAS HABITACIONAIS
Tabela 19: Características Habitacionais.
DIRETRIZES
Instalação de melhorias habitacionais. Reforma nas habitações existentes e utilização de elementos que garantam o conforto ambiental nas novas habitações. Implementar Não prejudicando a parâmetros que visibilidade e a ventilação garantam a prevalência natural local do baixo gabarito na comunidade.
AÇÕES
Remoção de casas com grave insalubridade, substituindo as por casas ventiladas e iluminadas que garantem um ambiente saudável a população (Ver Tópico Memorial Descritivo item Novas Habitações). Estratégias de ventilação e iluminação zenital que melhorem a salubridade das casas que continuarem levemente (normalmente casas compridas que não possuírem recuos laterais) insalubres após a remoção das casas mais graves. (Ver Tópico Memorial Descritivo item Estratégias para casas já consolidadas). Implantação de piso permeável buscando melhorar a taxa de permeabilidade da comunidade através de infraestrutura verde e evitar os alagamentos que são fontes de proliferação de doenças. Instalação de ligação de tratamento de esgoto em todas as casas da comunidade. Implementar legislação que garanta o tamanho máximo da edificação de 10 m (ver Tabela 10).
66
8.8- Desenvolvimento Sócio Econômico
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE População interessada em trabalhar
Alta taxa de desemprego
Falta de investimentos em cursos profissionalizantes. DESENVOLVIMENTO SÓCIO ECONÔMICO
Falta de investimento em programas que permitam a população, a partir de cinco anos, praticar natação, futebol e vôlei. Inexistência de programas que envolvam e ensinem as crianças e os jovens durante as férias. A comunidade Papoco é vista com péssimos olhos pela população de Fortaleza.
Tabela 20:Desenvolvimento Sócio Econômico.
Muitos moradores trabalham com coleta de lixo.
CONSEQUÊNCIA
População desempregada e sem renda.
DIRETRIZES
AÇÕES
Criar espaço destinado à venda e comprar de produtos. Construção de um espaço destinado à reciclagem.
A população tem disponibilidade e vontade de participarem de cursos profissionalizantes.
População desqualificada para o mercado de trabalho.
Criar equipamentos de ensino e qualificação profissional.
Existência de crianças e jovens interessados em praticarem esportes.
Crianças nas ruas aprendendo atividades ilegais e aumento da taxa de criminalidade, violência, tráfico de drogas.
Ofertar atividades para os jovens e crianças no período das férias .
A realidade é melhor do que a cidade costuma pensar.
A população moradora da comunidade não se reconhece como moradora do Papoco.
Melhorar a imagem da comunidade perante a cidade.
Construção de um Centro de Reciclagem, de habitações de uso misto (com espaço para ponto comercial), de Centro Profissionalizante (com cursos de artesanato, corte e costura, culinária e bijuteria.), de feiras livres e de espaços para exposição, em busca de estimular a geração de emprego e renda da população do Papoco (Ver Anexos- Plano de Ação). Realizar parcerias com a UFC em busca de ofertar esportes e atividades para as crianças e os jovens, incluindo atividades durante o período de férias. Elaborar uma campanha publicitária mostrando na mídia as melhorias realizadas na comunidade e como a mesma encontrasse atualmente, buscando assim mudar a imagem equivocada que a sociedade tem sobre a comunidade do papoco.
67
8.9- Equipamentos Urbanos
TEMA
PROBLEMA
POTENCIALIDADE
CONSEQUÊNCIA
DIRETRIZES
Falta de espaços de lazer para a população.
A população gosta de se reunir para confraternizar.
Comunidade não tem opções de lazer para relaxar e melhorar sua qualidade de vida.
Prover opções de lazer para a comunidade.
As mães não têm onde deixar seus filhos para irem trabalhar. Algumas mães não podem arrumar um trabalho por não terem onde deixar seus filhos e assim não conseguem melhorar a renda de suas casas.
Destinar um espaço para as mães deixarem seus filhos em segurança.
Qualidade ruim do aprendizado e do interesse dos estudantes, que gera desqualificação e dificuldade de inserção no mercado de trabalho e estimula algumas pessoas às atividades ilegais.
Melhorar as condições dos equipamentos públicos.
Surtos de epidemias.
Criar equipamentos de apoio a saúde pública e campanhas de conscientização da população.
Disponibilidade de se encaixar em atividades esportivas.
Ofertar atividades para os jovens e crianças.
Não tem creche na comunidade. Jovens interessados em estudar. EQUIPAMENTOS URBANOS
Escolas Estaduais e Municipais em greve e em condições físicas comprometidas.
Não tem posto de saúde no bairro, o que tem é no Bairro Bela Vista e está em péssimas condições. A UPA que atende à comunidade é muito longe e no Hospital da mulher não se consegue consulta com facilidade. Tabela 21: Equipamentos Urbanos.
A população adora praticar esporte, principalmente futebol e natação.
AÇÕES
Realizar parcerias com a UFC em busca de ofertar esportes e atividades para as crianças e os jovens, incluindo atividades durante o período de férias. Construção de quadras e quadrinhas para que toda a população possa usar (ver Anexos- Plano de Ação). Construção de uma Creche e de uma Edificação de apoio à creche (ver Memorial DescritivoNovas Edificações). Reformar as escolas municipais e estaduais e o Posto de Saúde de atende à comunidade (Francisco Pereira de Almeida).
68
Buscou-se também como princípio garantir o acesso
9- Memorial Descritivo
9.1- Diretrizes Gerais
fácil aos carros de emergência, respeitando assim os 60 m
Rua Piauí), Rua Eunício dos Santos Freitas, Rua José de
máximos exigido de acesso da mangueira do Corpo de
Andrade, Rua Francisco Freitas e a Rua Paraíba. Essas
Bombeiro às edificações.
ruas foram criadas seguindo o modelo de Ruas de
Para garantir o acesso aos carros de emergência e a remodelação geral das vias e calçadas foi necessário
Para garantir a legalidade e a integração real da Comunidade Papoco à cidade é necessário, (como visto no item Regularização de Habitações de Interesse Social),
remover também algumas casas, portanto ao todo do projeto foram removidas 177 casas. Primeiramente a autora buscou garantir calçadas
segundo a Lei Federal nº 11.977/2009, a garantia de
adequadas em todas as vias, utilizando-se de no mínimo
infraestrutura mínima de apoio a essa comunidade.
2,50 m de largura para as calçadas. Para a instalação
Após a definição dos parâmetros (ver Tabela 10) considerados pela autora mínimos para garantir o conforto de seus moradores, as casas que não se encaixavam nesses parâmetros foram removidas.
Rua Piauí), Rua Brasília, Rua Timbaúba (trecho próximo à
Convivência do Projeto Referencial Renova SP Cordeiro I (ver Imagem 38). A autora acrescentou nessas vias um formato irregular para guiar os carros, buscando com que os mesmos diminuam sua velocidade ao trafegarem nelas.
dessas calçadas mais largar, foi necessário redimensionar as vias. Assim, algumas vias tiveram seus sentidos alterados e todas as vias tiveram sua largura modificadas (Ver Anexos Mapa Mobilidade). Em algumas vias a autora observou que devido a
Com a remoção dessas primeiras casas, a autora buscou redefinir a mobilidade do local.
pequena largura da via original, existia a impossibilidade de implantar duas calçadas de 2,50m e o carro continuar circulando no meio delas. Portanto a autora buscou duas alternativas.
9.2- Mobilidade Como observado no Mapa Diagnóstico da Mobilidade,
As vias que possuíam outras vias muito próximas e que o acesso emergencial às casas não seria comprometido,
o sistema mobiliário da Comunidade Papoco encontrava-se
tornaram-se vias pedonais. vias de uso exclusivo para
bastante comprometido, devido a ausência de calçadas
pedestres, (foram elas a Rua Uruguaiana e a Rua José
adequadas, devido a priorização do carro em detrimento aos
Valmir).
diferentes modais , devido a falta de sinalização adequada,
As vias que não possuíam outras vias muito próximas
falta de acessibilidade, falta de conforto nas paradas de
ou que o acesso emergencial às casas seria comprometido,
ônibus, entre outros fatores.
tornaram-se vias compartilhadas. Vias elevadas, com
O princípio geral para a criação do novo sistema de
pavimentação diferente, que prioriza o uso do pedestre e
mobilidade foi a priorização do pedestre e dos diferentes
dos modais menores (bicicleta, skate...), mas que ainda
modais, buscando assim, desestimular o uso do carro e
permitem o acesso dos carros. Essas vias que tornaram-se
garantir a segurança dos modais menores.
compartilhadas foram: Rua Uruguaiana (trecho próximo à
Imagem 75: Rua Eunício dos Santos Freitas.: Modelo de Via Compartilhada.
69
Outro problema encontrado na Comunidade do
utilizando da forma e da paginação diferente para estimular
Papoco é a existência de becos, espaços estreitos e
a redução de velocidade dos carros e melhorar a
irregulares, que variam de 2,00m a 0,70m. Esses espaços
permeabilidade do local. No final dessas vias existe um Cul-
são insuficientes para garantir a ventilação e a iluminação
de- Sac para que o veículo possa retornar (ver imagem 78).
necessárias às casas, gerando assim casas insalubres. Algumas casas também foram removidas devido à problemas de insalubridade. Com a remoção dessas casas o becos foram em sua maioria extintos ou alargados. No caso o Beco do Real foi alargado e totalmente remodelado, permitindo acesso aos carros de emergência e garantindo calçadas adequadas aos pedestres (ver imagem 76).
Imagem 77: Modelo Faixa Elevada.
Outra modificação do plano de mobilidade foi a implantação de ciclofaixas nas Ruas Pernambuco, Alagoas, Espirito Santo e Piauí (ver Anexos Mapa Mobilidade). Houve a abertura de uma via de ligação entre o
Imagem 78: Configuração das ruas das Novas Habitações.
No terreno da Rua Alagoas, onde foram implantadas as
terreno da Rua Alagoas onde foram implantadas as novas
novas habitações, observou-se que apenas uma rua de
habitações e o Campus do Pici, passando ao lado da Escola
acesso não garantiria o acesso emergencial do Corpo de
de maternidade. O intuito dessa rua é ligar diretamente as
Bombeiros à todas as edificações (ou seja, existiam ainda
novas habitações ao Campus do Pici e às habitações já
assim, casas com mais de 60m de distância dessa rua). A
consolidadas, passando pelo Centro de Reciclagem.
autora não queria comprometer mais espaço público na
redução da velocidade dos automóveis em prioridade da
As ultimas modificações no Plano de Mobilidade foram
criação de mais uma via que priorizaria apenas o pedestre,
segurança do pedestre, em toda a comunidade foram
realizadas nos espaços onde foram implantados a maior
por isso criou-se uma estratégia de acesso apenas
implantadas faixas de pedestres elevadas (ver imagem 77 e
parte das novas habitações (ver imagem 109), onde a autora
emergencial. Um espaço que será utilizado pela população,
Anexos Mapa Mobilidade).
criou ruas de acesso aos carros dos moradores, e áreas de
mas que em um caso de emergência a ambulância ou o
estacionamento para os carros. Os automóveis não
corpo de bombeiros consegue acessar (ver Imagem 79).
Imagem 76: Nova Configuração Beco do Real.
Em busca de garantir a acessibilidade das vias, e a
acessam diretamente a área das casas, apenas as vias próprias para automóveis. Essas vias foram criadas com a configuração muito parecida com as ruas compartilhadas,
70
A terceira estratégia utilizada foi a criação de pequenos e espalhados usos em cada espaço que encontrava-se vazio (ver anexo Plano de Ação). A autora buscou criar áreas de convívio, lazer, esporte, interação e áreas funcionais espalhadas por toda a comunidade, buscando assim um acesso democrático da população aos diferentes usos. Imagem 79: Acesso emergencial.
A primeira diretriz para a implantação dos usos foi de acordo com a necessidade de cada uso. Usos que geram resíduos, como o Centro de Reciclagem e as Churrasqueiras, foram localizados mais a oeste, onde a ventilação poderia levar os resíduos para fora da
9.3- Usos Após a remoção das casas, era necessário garantir que expansões ou novas
comunidade, livrando assim as habitações. Usos mais íntimos, como a Lavanderia Coletiva, foram instalados mais ao centro dos
construções não fossem construídas posteriormente de maneira desordenada. Com o intuito
quarteirões, ficando assim, protegidos pelas demais edificações e preservando a intimidade de
de evitar essas construções e expansões não previstas no projeto, que podem posteriormente
seus moradores. Já os parquinhos e áreas infantis, buscou-se locar longe das vias, para
vim a comprometer o espaço público em detrimento do uso privado de alguns moradores, a
proteger as crianças de possíveis acidentes.
autora buscou, preencher esses espaços com usos adequados que pudessem beneficiar grande parte da população. Primeiramente a autora implantou nos espaços das habitações removidas novas habitações, já que umas das diretrizes iniciais do projeto era locar as habitações o mais próximo possível do local a qual as mesmas foram removidas. Outra diretriz do projeto era que as novas habitações fossem projetadas buscando não
Nas áreas das habitações já consolidadas, buscou-se seguir uma temática de público alvo. O projeto separou áreas voltadas (não exclusivas) à determinados públicos, como jovens, crianças e adultos (ver Imagem 80). Buscou-se também, manter um equilíbrio na oferta dos diferentes usos implantados, tanto na área das novas habitações como nas habitações já consolidadas, tentando assim, manter um acesso democrático da população aos usos, ou seja, a grande maioria dos usos
destoar tanto das antigas, buscando assim, se integrarem e não gerarem conflito entre as
existentes na proximidade das novas habitações, foram igualmente implantados nas
novas habitações e as antigas. Era importante também que as novas habitações não
proximidades das habitações já consolidadas (ver Anexos Plano de Ação).
gerassem um sentimento de inferioridade entre os moradores das habitações já consolidadas. Assim, a autora buscou ao máximo implantar as novas habitações em lugares pontuais, espalhadas entre as antigas, mas essas novas habitações necessitavam respeitar os novos parâmetros (ver Tabela 10) estabelecidos pela autora, com isso, apenas o espaço das antigas habitações que foram removidas era insuficiente, necessitando assim, a implantação em outros terrenos, terrenos esse que encontravam-se subutilizados no entorno da comunidade (ver imagem 109). Outra estratégia encontrada para demarcar os espaços foi utilizar-se de uma paginação que diferenciasse o público do privado (ver item Memorial Descritivo Paginação). Demarcando assim, as áreas que cada habitação privada deveria encaixar-se.
Nas áreas das novas habitações, também buscou-se espalhar os usos, para que nenhuma habitação deixasse de ter acesso fácil e direto aos diferentes usos.
71
9.3.2- Lavanderia Coletiva As Lavanderias Coletivas foram criadas buscando solucionar uma demanda observada na comunidade, que é a falta de lugar para lavar e estender roupas. Utilizou-se assim, de uma tanques e cubas cobertas e de um mobiliário multifuncional que permite estender roupas.
Imagem 81: Lavanderia Coletiva. Imagem 80:Mapa Implantação de Usos.
Imagem 82: Lavanderia Coletiva II.
72
9.3.3- Espaço Infantil O espaço infantil foi projetado buscando o maior conforto das crianças. Buscou-se também utilizar alguns materiais que pudessem ser reaproveitados como o pneu e o latão de óleo.
Imagem 83: Lavanderia Coletiva III.
A lavanderia possui o padrão de altura e profundidade, mas a largura varia de acordo com o espaço onde ela está inserida (Ver Imagem 84).
Imagem 85: Área Infantil.
Imagem 84: Corte Esquemático Lavanderia Coletiva. Imagem 86: : Área Infantil II.
73
Imagem 89: : Área Infantil V.
9.3.4- Quadras Imagem 87: : Área Infantil III.
A implantação de quadras foi uma demanda da própria comunidade, pois segundo eles, a quadra que eles têm acesso atualmente é uma na Praça Mauá e por ser só uma as crianças acabavam por não conseguir utilizar, já que os adultos estavam constantemente usando. As quadras também foram uma tentativa de melhorar as opções de lazer da comunidade. Assim, as mesmas foram implantadas em diferentes lugares (ver Anexos Plano de Ação) na tentativa de acesso democrático à todos. Devido a escassez de espaço apenas uma quadra possui medidas oficiais (a quadra localizada em frente ao centro de reciclagem), as demais quadras, ou meia quadras, são quadrinhas com dimensões menores que as oficiais.
Imagem 88: : Área Infantil IV.
Imagem 90: Quadrinha.
74
9.3.5- Churrasqueiras As Churrasqueiras foram planejadas para estimularem o convĂvio e o lazer das famĂlias da comunidade.
Imagem 91: Quadrinha II.
Imagem 94: Modelo Churrasqueiras.
Imagem 92: Meia Quadrinha.
Imagem 95:Modelo Churrasqueira II.
Imagem 93: : Meia Quadrinha II.
75
9.3.6- Rapel A parede de rapel foi planejada também em busca de fornecer mais uma opção de lazer voltada ao público jovem. A parede serve também, além da prática do esporte, para que os grafiteiros possam expor suas pinturas. O pneu foi utilizado coo alças de escalada na elaboração da parede de rapel, com o objetivo de se reutilizar um material que seria descartado, material esse de fácil acesso da população, onde a mesma pode inclusive construir a parede de rapel ou realizar manutenções na mesma.
Imagem 96: Modelo Churrasqueira III.
Imagem 98: Modelo Rapel.
Imagem 97: Corte Esquemático Churrasqueira.
Imagem 99: : Modelo Rapel II.
76
9.3.7- Pistas de Skate As pistas de skate foram planejadas para trazer mais uma opção de lazer voltada mais ao público jovem. Foram pensadas de maneira orgânica para adaptassem mais a paginação e ao projeto . Para os espaços mais estreitos, buscou-se a implantação de rampa, ocupando-se assim menos espaço para a prática do esporte.
Imagem 100: Modelo Rapel III.
Imagem 102: Modelo Pista de Skate.
Imagem 101: Corte Esquemático Rapel.
Imagem 103: Modelo Rampa de Skate.
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9.3.8- Feira Livre A feira livre também foi uma demanda da comunidade, pois é algo que já acontece em bairros próximos, mas que na Comunidade Papoco não tem. O interesse da população na feira é que a mesma possa melhorar a oferta de emprego e renda da comunidade. A população possui interesse tanto em comprar produtos mais baratos, como em produzir produtos para vender. A feira foi planejada para ser feira de rua, como a Rua José Valmir tornou-se pedonal e existia espaço das remoções de casas próximas a ela, planejou-se quiosques fixos, para que os mesmos pudessem funcionar nos mais diversificados horários, movimentando assim, a comunidade fora do horário comercial e servindo também como mais uma forma de lazer à população. Os quiosques foram planejados com bancos fixos, par que nos momentos em que os
Imagem 105: Modelo Quiosques Feiras.
mesmos não estiverem sendo utilizados pelos feirantes, pudessem servir de mobiliário. A feira foi planejada em dois espaços, na Rua José Valmir os quiosques estariam mais voltados a exposição de artesanato, já dentro do quarteirão os quiosques seriam mais voltados a venda de alimentos, com mesas ao seu entorno, estimulando assim o convívio e a interação entre a população. Com a existência do Centro de Cursos Profissionalizantes a população poderia
9.3.9- Academia As academias foram planejadas com o objetivo de estimularem a prática de esporte principalmente aos adultos e aos idosos. As academias foram implantas em espaços distintos para garantirem o cesso democrático de toda a comunidade.
qualificar-se para produzir e expor os produtos na feira. O formato dos quiosques buscou também seguir a morfologia irregular da Comunidade.
Imagem 106: Modelo Academia.
Imagem 104: Localização Feira Livre.
78
Imagem 107: Modelo Academia II.
Imagem 108: Modelo Academia III.
79
9.6- Implantação das Novas Habitações As habitações que encontravam-se fora dos parâmetros mínimos estabelecidos pela autora (conforme a Tabela 10) necessitaram ser removidas, causando assim para a comunidade déficit habitacional de 177 habitações (ver Mapa Remoções) que necessitavam ser relocadas. Para relocar essas habitações a autora buscou instala-las sempre que possível em terrenos pontuais dentro da comunidade, buscando inclusive, utilizar os terrenos das próprias casas removidas com o intuito de diminuir o impacto que a remoção e a relocação dessas casas causaria em seus moradores.
Como o espaço proveniente das remoções era
insuficiente para a relocação das 177 casas utilizando – se os novos parâmetros urbanísticos (conforme a Tabela 10) considerados pela autora necessários para a garantia de conforto e qualidade de vida à seus habitantes, a autora utilizou- se de dois grandes terrenos que encontravam-se subutilizados para a locação das 159 casas faltosas.
Esses terrenos indicados na Imagem 75 não são localizados dentro do perímetro da comunidade mas estão localizados a uma distância de 55 m e 290 m, consideradas próximas ao local de origem das casas removidas. O intuito da proximidade dos terrenos à comunidade
Imagem 109: Mapa Terrenos de Relocação.
é que a população relocada pudesse sofrer o menor impacto de vizinhança e de suas atividades diárias possível, buscando assim manter o sentimento de pertencimento da população ao local e prevenir possível gentrificação.
A implantação das novas habitações no terreno, buscou deixar espaços livres, respeitando a direção da ventilação predominante e buscou também utilizar como partido a morfologia orgânica que a Comunidade Papoco já utiliza em suas habitações consolidadas assim, a implantação das habitações buscou fugir do traçado ortogonal (Ver Imagem 111).
Imagem 110: Processo Criativo Habitações.
80
As novas habitações do projeto serão custeadas pelo MCMV (programa já citado anteriormente). Esse programa financia casas de até 42m² e exige o programa de mobiliários mínimos:
Imagem 112: Mobiliário Mínimo MCMV. Fonte: http://www.bb.com.br/docs/pub/siteEsp/dimob/EspecificMinimas.pdf.
Durante as pesquisas sobre o tema, a autora, pode observar que um problema bastante recorrente aos projetos da regularização fundiária é que o programa de necessidades das habitações custeadas pelo MCMV não consegue abranger as necessidades da variedade de configuração familiar existente nas comunidades. Assim, as análises de pós ocupação observam a realização por parte dos habitantes de „‟ expansões‟‟ habitacionais que não estavam previstas no projeto e acabam por prejudicar os espaços públicos e de circulação, na tentativa de solucionarem essas „‟ deficiências „‟ do programa de necessidades. Na busca de prevenir esse problema a autora buscou criar um modelo habitacional que Imagem 111: Croqui Inicial Implantação das Novas Habitações.
permitisse futuras expansões a serem realizadas pela família. Como o espaço existente para a relocação é escasso a autora optou por prever uma residência que seria entregue seguindo o programa básico de necessidades do MCMV no térreo, mas que possuísse uma laje coberta
81
no primeiro pavimento, onde pudesse ser realizada a expansão dessa residência (Ver Imagens 112, 113, 114 e 115).
Imagem 115: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Sudoeste da Edificação).
Imagem 113: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Nordeste da Edificação).
Imagem 116: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Noroeste da Edificação). Imagem 114: Casa com parte superior a ser expandida pelo proprietário (Vista Sudeste da Edificação).
82
Essa solução de expansão para o primeiro pavimento observada pela autora na
A previsão de expansão foi proposta de maneira que preservar-se uma área mínima
comunidade, pois devido à escassez de terreno livre a população já se utiliza dessa estratégia
para lazer e área de serviço, mesmo após a construção de mais dois quartos. Buscando uma
para atender suas necessidades. Assim, a habitação seria entregue com o térreo completo,
maior economia, a autora buscou realizar em sua maioria a previsão de habitações geminadas,
mas com o primeiro pavimento sem vedações completas (apenas o guarda-corpo) podendo as
mantendo assim, uma escada em comum para duas habitações.
vedações serem realizadas conforme a necessidade do morador, caso o morador não sinta a necessidade de expandir sua casa, a ideia e que o primeiro pavimento da casa possa servir como área de lazer e como área de serviço (principalmente como espaço para estender roupas), já que foram duas necessidades relatadas pelos próprios moradores.
Expansão de dois quartos e um banheiro. Expansão de um quarto.
Imagem 117: Modelo Casas com expansão.
Espaço livre.
83
A autora buscou também a criação de um modelo de casa única (solta, que não é geminada), para atender a parte da população que possui até dois (2) moradores e que se
A autora criou também um modelo de habitação de uso misto (residencial e comercial-
encaixariam no programa de necessidades do MCMV. O objetivo dessa casa solta (ver
ver imagem 118) com o intuito de estimular a geração de emprego e renda e de diversificar os
imagem 117) é a obtenção de um módulo habitacional menor que pudesse caber nos espaços
horários das atividades desenvolvidas na comunidade, buscando assim melhorar as opções
das casas removidas, respeitando os parâmetros habitacionais das novas habitações, pois
de lazer e diminuir a sensação de insegurança fora do horário comercial. A implantação das
como já citado anteriormente o objetivo principal da autora era que a implantação das novas
residências de uso misto, buscou loca-las próximas as vias, assim o acesso aos comércios
habitações ocorressem de maneira pontual, mesclando-se com as antigas, evitando assim,
seria mais rápido e privilegiado e as demais residências estariam mais protegidas dos ruídos
uma segregação na comunidade entre o novo e o antigo e evitando também que os habitantes
das vias (ver imagem 119).
possuíssem seus hábitos alterados por conta da mudança de suas habitações.
Na habitação de uso misto a disposição dos ambientes é contraria as demais habitações, pois nelas os ambientes do programa de necessidades do MCMV está sendo adotado no primeiro pavimento da edificação, sendo assim, o primeiro pavimento entregue com todas as vedações dos ambientes, já o pavimento térreo seria vedado pelo morador conforme a necessidade do seu comercio.
Imagem 118: Modelo casa única.
Imagem 119: Modelo Habitação Uso Misto a ser Expandida pelo Proprietário.
84
Imagem 120: Mapa Localização das Habitações.
85
9.6.2- Materiais das Habitações Na escolha dos materiais para as edificações, optou-
Utilizou –se também esse material na composição de
se por utilizar materiais mais características da arquitetura
um elemento vazado, (tijolinho sim, tijolinho não) buscando
local.
favorecer a ventilação das habitações com um elemento de Materiais que fosse de fácil acesso da população, que
material mais sustentável que respeita o meio ambiente e que possui fácil aplicação e acesso.
baixo custo.
fossem adequados ao clima local, e que não destoassem tanto das habitações já consolidadas e elementos que pudessem ser utilizados pelas habitações já consolidadas em possíveis reformas de melhorias habitacionais. Como elemento de vedação das paredes optou-se por utilizar o tijolinho maciço branco. A escolha por esse material deu-se devido ao baixo custo, fácil acesso da população, por ser um material comum na arquitetura local, por não necessitar de acabamento (barateando assim a construção), por ser um elemento que pode ser usado pelos moradores Imagem 124: Telha Onduline. Fonte: http://www.ondulineblog.com.br/
das habitações já consolidadas e por último, por representar um material que mesmo sem acabamento fica esteticamente agradável
(considerando
que
muitos
moradores
Imagem 122: Elemento Vazado.
Para as esquadrias optou-se por usar madeira,
de
venezianas e vidro. As venezianas como objetivo de garantir
habitações de interesse social não conseguem custear o
uma melhor ventilação e o vidro para garantir a iluminação
acabamento de suas casas, e isso é visto com maus olhos
necessária. Optou-se por madeira por ser um material bem
pela sociedade).
característico da arquitetura local para a proteção solar, mais efetiva da fachada.
Imagem 123: Elemento vazado II.
Para a coberta optou-se por utilizar telha de fibra Imagem 121: Tijolinho Maciço Branco. Fonte: tijolo_macico_bran_9x19x5_3cm__rj__87795540_0001
vegetal Onduline Desing Duo Cor Vermelha uma opção de Imagem 125: Modelo Janela Veneziana.
86
As Habitações geminadas de uso residencial serão entregues apenas com um guarda-corpo na parte superior. Para esse guarda-corpo optou-se por utilizar ferro pintado. A cor estaria a critério do morador. Essa escolha tem o objetivo de personalizar mais a casa, aumentando o sentimento de pose de cada morador com sua habitação.
Imagem 127: Modelo Brise.
Optou-se também pela utilização de jardineiras de concreto pintado, onde a cor também estaria a escolha dos moradores. Imagem 126: Modelo Guarda Corpo
Para a estrutura buscou-se o uso de concreto armado, para garantir as expansões posteriores. Optou-se por, um acabamento
em
pintura
acrílico
na
cor
castanho,
objetivando-se manter a unidade do projeto. Oeste (fachada com insolação solar mais intensa), optou-se por instalar uma espécie de brise de madeira de correr, fixado na fachada onde o morador pode regular a incidência solar.
Imagem 128: Modelo Jardineira.
O tijolinho, o elemento vazado, as esquadrias, os brises, o guarda-corpo, a jardineira e as telhas foram escolhidos também com o intuito de que os moradores das habitações já consolidadas pudessem utilizá-los em suas habitações. Diminuindo assim, uma possível discrepância entre novas e antigas habitações.
87
9.3- Paginação A paginação surgiu após a remoção das casas e as implantação das novas habitações. A primeira diretriz, como já citado anteriormente, foi a demarcação entre o público e o privado e a busca por melhorar consideravelmente a permeabilidade da comunidade,
buscando livrar as entradas das habitações. Porém a autora percebeu que podia integrar algumas habitações criando, assim, espaços internos de convívio e trazendo mais dinamismo a implantação e utilizando de paginação diferente para permitir o acesso às casas.
impedindo assim, os alagamentos. A autora buscou seguir também a morfologia espontânea que a Comunidade Papoco já possui. O primeiro passo foi a demarcação dos principais acessos e das áreas de convivência, livrando assim, os espaços das habitações e demarcando os principais espaços e usos públicos.
Imagem 130: Desenvolvimento Paginação II.
Imagem 129: Desenvolvimento Paginação.
Assim, começou a surgir a demarcação das casas, utilizando-se grama verde esmeralda. Na primeira tentativa buscou-se criar marcações para cada edificação separada, Imagem 131: Acesso às habitações.
88
Após definir os principais desenhos a autora adaptou a forma dos mobiliários à forma da paginação, buscando assim, manter a unidade do projeto.
Imagem 132: Legenda Paginação. Imagem 134: Paginação Área 01.
Imagem 135:: Paginação Área 02.. Imagem 133: Demarcação das Áreas.
89
Imagem 138: Paginação Área 05. Imagem 136:: Paginação Área 03.
Imagem 139: Paginação Área 06. Imagem 137: Paginação Área 04.
90
Imagem 140: Paginação Área 07.
91
9.4- Espaços Livres Duas praças novas foram criadas, uma próxima ao centro de reciclagem e outra no maior terreno das novas implantações (Rua Alagoas). A praça do centro de reciclagem foi criada com o intuito de ligar a comunidade ao centro de reciclagem e ao Campus do Pici. O objetivo dessa praça é servir como espaço de lazer, como espaço de exposições, vendas, reuniões, palestras de conscientização e demais possíveis necessidades de interação do centro ou do campus com a comunidade. A praça possui a única quadra com medidas oficiais implantada podendo, assim, servir para sediar eventos esportivos ou festivos da comunidade. A autora buscou implantar um espaço livre no centro da praça para que pudesse servir de área de exposição de objetos maiores e sendo rodeadas por quiosques para a venda de objeto menores.
A segunda praça (da Rua Alagoas) é localizada bem no cento da área das novas habitações.
Sua implantação central foi como objetivo de estimular a passagem e a
conveniência dos seus moradores, pois ao usar como „‟zona de transição‟‟ o morador pode
encontrar alguma atividade ou algum amigo que lhe chame atenção e o faça permanecer. A autora buscou implantar nessa praça além de elementos já presentes nas demais áreas (parquinhos, bancos, balanços e academias), um uso que só foi implantado nessa área, um anfiteatro com cinema móvel. Esse uso foi implantado com o intuito de estimular o acesso à cultura da população e buscar que a praça seja usada por toda comunidade, e não apenas pelos moradores das novas habitações. Por ser um uso diferenciado, ao acontecer apresentações ou sessões de cinema, toda a comunidade iria se sentir estimulada ao utilizarse da praça. A ideia do cinema móvel é que existisse uma haste fixa para quando fosse acontecer à sessão, a tela do projetor pudesse ser fixada. Ao terminar a sessão a mesma seria removida, garantindo assim uma maior durabilidade da mesma.
92
9.7- Mobiliário 9.7.1- Bancos 9.7.1.1- Banco Jardim Bancos em concerto revestido em madeira Pínus com acabamento em Stain Polisten Sayerlack transparente.
Imagem 143: Banco Jardim III.
9.7.1.2- Banco Árvore Bancos em concerto revestido em madeira Pínus com acabamento em Stain Polisten Sayerlack transparente.
Imagem 141: Banco Jardim.
Imagem 142: Banco Jardim II.
Imagem 144: Banco àrvore.
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Imagem 147: Banco Mesa Acoplada II.
Imagem 145: Banco Ă rvore II.
9.7.1.3- Banco Mesa Acoplada Banco em massaranduba com acabamento em stain polisten sayerlack transparente.
Imagem 148: Banco Mesa Acoplada III.
Imagem 146: Banco Mesa Acoplada.
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9.7.1.4- Banco Grama Bancos em concerto revestido em madeira Pínus com acabamento em Stain Polisten Sayerlack transparente.
9.7.2- Mobiliário Interativo Mobiliário Multifuncional em Ferro com Acabamento em Zarcão Proferro International Pintado Em Suvinil Seca Rápido – Esmalte Brilhante Cor Água Marinha Metalizado. Esse mobiliário foi criado com o intuito de servir como varal para roupas, redário ou brinquedo para crianças. O Mobiliário é uma estrutura de ferro com ganchos móveis onde cada morador pode colocar o acessório (rede, tela de escalada ou cordas para varal) necessário.
Imagem 149: Banco Grama. Imagem 151: Mobiliário Interativo.
Imagem 150: Banco Grama. Fonte: http://www.proma.com.br/ Imagem 152: Mobiliário Interativo II.
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Imagem 153: Gancho Móvel.
9.7.3- Paradas de ônibus
Imagem 155: Para de ônibus Grande. Perspectiva.
Foram criadas dois modelos de parada de ônibus. Um mais confortável, que necessita de mais espaço e um mais estreito quando não existir muito espaço. Utilização de teto verde em busca de melhorar o microclima da região.
Imagem 156: Parada de ônibus menor. Vista e Corte.
Imagem 154: Parada de ônibus maior. Vista e Corte.
96
Imagem 157:Parada de ônibus menor. Perspectiva.
9.7.4- Balanços Balanço em madeira pínus com acabamento em stain polisten sayerlack transparente estofado em patchwork de couro sintético podendo ser produzido pela população. Os balanços foram criados com o intuito de servirem como um mobiliário para o lazer tanto das crianças como dos adultos.
Imagem 159: Balanço Corte.
Utilização de teto verde em busca de melhorar o
microclima da região.
Imagem 160: Balanço Perspectiva. Imagem 158: Balanços I.
97
9.7.5- Postes Substituição dos postes existentes e implantação de novos postes mais adequados e modernos que permitam maior economia de energia e de custos. Implantação de três modelos
9.7.6- Bicicletário Utilização de telhado verde em busca de melhorar o microclima da região.
diferentes de postes: o primeiro um modelo mais alto (7m), para uma iluminação mais geral, voltada mais para as vias sendo implantado seguindo uma orientação que respeite as residências e ilumine melhor o espaço; o segundo modelo é um modelo mais baixo (3m) voltado mais para a iluminação dos espaços públicos internos da quadra, realizando uma iluminação mais voltada à escala humana; o terceiro é um modelo também mais baixo (3m) voltado também a uma iluminação interna às quadras e na escala humana, sendo fixada nas fachadas para não atrapalhar a circulação dos pedestres.
Imagem 162: Bicicletário. Vista.
O modelo mais alto possui um reator eólico, que permite que a energia gerada por esse seja utilizada para os gastos energéticos do próprio poste. Os três modelos utilizam lâmpada LED branca.
Imagem 163:Bicicletário. Corte.
Imagem 161: Modelos de Poste.
Imagem 164: Bicicletário. Perspectiva.
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9.7.7- Lixeira Lixeiras com o intuito de estimular na comunidade o descarte correto do lixo.
9.8- Estratégias para Casas já Consolidadas Além dos elementos utilizados nas novas habitações, a autora buscou elementos que pudessem melhorar a insalubridade das casas existentes. Além da aplicação dos elementos de tijolinho vazados, sugere-se a aplicação de telha transparente (para melhorar a iluminação) e de Lanternim (para melhorar a ventilação).
Imagem 165: Lixeiras.
Imagem 168: Telha Transparente. Fonte: http://www.aecweb.com.br/ Imagem 166:Lixeiras II.
Imagem 169: Lanternim. Fonte: https://br.pinterest.com/
Imagem 167: Lixeiras III.
99
9.9- Novas Edificações
9.9.2- Centro de Reciclagem. O centro foi criado com o intuito de melhorar a geração de emprego e renda da
9.9.1- Centro de Reciclagem. O centro foi criado com o intuito de melhorar a geração de emprego e renda da comunidade. PROGRAMA DE NECESSIDADES CENTRO DE RECICLAGEM AMBIENTE Setor Administrativo
ÁREA
comunidade através da capacitação dos mesmos. . PROGRAMA DE NECESSIDADES CENTRO DE CURSOS PROFISSIONALIZANTES Ambiente
Quantidade
m²
Total (m²)
1 1 4 4 4 1 1 1
15 100 25 25 3 75 15 50
15 100 100 100 12 75 15 50
1
15
15
Guarita Sala administração Sala para oficinas e palestras 1 Sala para oficinas e palestras 1 Banheiro Feminino Banheiro Masculino Banheiro deficientes fisicos TOTAL PARCIAL Setor de Apoio ao Serviço de Triagem de Materiais
7,91m² 17,30m² 51,71m² 43,58m² 7,18m² 7,30m² 2,90m² 137,88m²
Área comum Lanchonete Praça de Alimentação WC Feminino WC Masculino DML Biblioteca Recepção Laboratório de Informática Primeiros Socorros
Vestiário Feminino Vestiário Masculino Copa Almoxarifado TOTAL PARCIAL Setor de Triagem de Materiais
16,70m² 12,72m² 10,16m² 29,96m² 49,54m²
Administrativo Arquivo Sala dos Professores Coordenação Diretoria Secretaria
1 1 1 1 1
10 25 25 20 25
10 25 25 20 25
Gastronomia Panificação Cozinha industrial Freezers Despensa
1 1 1 1
70 70 20 20
70 70 20 20
Artesanato Sala multiuso Depósito
4 1
50 20
200 20
1 2
30 35
30 70 1087
Pátio de recepção de lixo e expedição dos materiais enfardados
100,00m²
Pátio de Triagem Armazenamento dos Materiais separados
99,49m² 66,70m²
Galpão para compactação e enfardamento dos materiais Armazenamento de materiais compactados e enfardados TOTAL PARCIAL TOTAL
103,21m² 103,21m² 474,13m² 660,03m²
Funcionários Copa/ Refeitório Vestiários e Wcs Área Total
100
9.9.3- Creche A creche é uma das maiores reinvindicações atuais da população . Buscou-se utilizar uma linguagem mais contemporânea com o intuito de trazer mais atenção e zelo da população à edificação, sem abrir mão do conforto ambiental da edificação. cobogós, telhado verde e esquadrias de madeira.
Imagem 170: Creche.
Imagem 171: Creche
Utilizou-se
PROGRAMA DE NECESSIDADES CRECHE DESCRIÇÃO No ÁREA MÍNIMA (m2) Conjunto Sócio-Pedagógico: Berçário I (3 a 12 meses) 1 48 Berçário II (12 a 24 meses) 1 48 Sala de atividades I (2 anos 1 40 e 2 anos e 11 meses) Sala de atividades II (3 1 50 anos e 3 anos e 11 meses) Refeitório 1 35 Solário 1 15 Pátio coberto 1 90 Pátio descoberto 1 180 Sala multiuso 1 50 Conjunto de Assistência Fraldário 1 15 Lactário 1 6 Banheiro infantil 1 15 Cozinha 1 24 Conjunto Técnico (Administrativo e Pedagógico: Sala multiuso 1 50 Recepção 1 15 Sala da direção 1 15 Despensa 1 10 Almoxarifado 1 10 Depósito de material de 1 2 limpeza Rouparia 1 6 Conjunto Serviços Gerais: Área de serviço 1 15 Sanitário de adultos 2 15 (feminino/masculino) Ver Manual Prefeitura2 Sanitário / vestiário dos funcionários (feminino/masculino)
2
10
Depósito de lixo
1
9
101
9.10- Paisagismo A comunidade atualmente possui um grave déficit de vegetação, vegetação essa que serviria para amenizar o clima da região e melhorar a interação entre a população e o meio ambiente, gerando um ambiente mais confortável e agradável de conviver. Buscando modificar esse quadro a autora propôs uma remodelação geral da arborização e do paisagismo da comunidade. Como as calçadas foram remodeladas (VER PLANO DE MOBILIDADE), a autora implantou uma faixa de serviço destinada a árvores (de pequeno porte no geral), postes, lixeiras e paradas de ônibus.
102
LEGENDA PAISAGISMO Símbolo
Nome Popular (Científico)
Jucá (Libidibia Ferrea)
Pau-branco (Cordia oncocalyx)
Oiticica (Licania rigida)
Ipê-amarelo (Handroanthus Serratifolius)
Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus)
Pitomba (Talisia esculenta)
Cajueiro (Anacardium occidentale)
Tamanho
2a4m
2a4m
4a8m
4a8m
4a8m
4a8m
a partir de 8 m
Porte
Pequeno
Pequeno
Médio
Médio
Médio
Médio
Grande
Imagem
Imagem 172: Jucá. Fonte: https://www.flickr.com Imagem 173: Pau Branco. Fonte: https://blogdapro fmary.blogspot.com.br.
Imagem 174: Oiticica. Fonte: http://cozinhado maranhao.blogspot.com.br/
Imagem 175: Ipê Amarelo. Fonte: https://belezadacaatinga. blogspot.com.br
Imagem 176: Ipê Roxo. Fonte: http://www.mundoreal.xyz/
Imagem 177: Pitomba. Fonte: http://www.alumac.com.br/
Imagem 178: Cajueiro. Fonte:http://poderda sfrutas.com/
103
10- Anexos
104
11- Conclusão Após o estudo da Comunidade Papoco e o seu potencial é possível perceber que pode-se regularizar uma comunidade, oferecendo a infraestrutura necessária e melhores condições de conforto aos seus habitantes sem ser necessário a remoção total das moradias para conjuntos habitacionais longe dos locais de origem das casas removidas. Conjuntos esses que não conseguem atender as reais necessidades dos seus moradores e que acabam por expulsá-los do seu local de origem. Como a Comunidade Papoco existem muitas outras no Brasil e em Fortaleza que podem ser modificadas e melhoradas para oferecem uma cidade melhor a todos os seus habitantes.
105
Nacional de Acessibilidade e Programas Urbanos e Secretaria Nacional de Habitação.Brasília,
12- Referências
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Regularização
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CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
CAMPUS DO PICI U.F.C. AGRONOMIA
No mapa ao lado foram marcados os principais equipamentos existentes
BELA VISTA SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
COMUNIDADE DO PAPOCO
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
COMUNIDADE DO PAPOCO
CONJ. RES. PANAMERICANO
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
PICI
AMAZONAS
CONJUNTO RESIDENCIAL PANAMERICANO
PAULA BOMFIM
SOCIAL NOSSA SRA. DA PENHA
CAMPUS DO PICI U.F.C. AGRONOMIA
CAMPUS DO PICI U.F.C. AGRONOMIA
COPACABANA SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
VILA DA SAUDADE
DATA
PICI VILA
PLANALTO PICI
PICI
CONJUNTO PLANALTO DO PICI
03
Segundo o Mapa de Criminalidade da Regional III (2011), em 2009,
PAN AMERICANO
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
PLANALTO PICI
01
PLANALTO PICI
ESCALA
PAN AMERICANO
02
SOCIAL PLANALTO PICI
PAN AMERICANO
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
PAN AMERICANO
SOCIAL PLANALTO PICI
PICI
sente constrangida em relatar que mora no Papoco, e assim, acaba perdendo o
PICI
SOCIAL PLANALTO PICI
DESENHO:
SOCIAL PLANALTO PICI
ROCHA ROCHA
SOCIAL PLANALTO PICI
PICI
PICI
ABASTECIMENTO No mapa ao lado marcado o raio de caminhabilidade (Castello, 2008) que o de grande porte (Pinheiro Supermercado) atinge. dele pode-se analisar que a comunidade possui um bom abastecimento desse equipamento exsitem pequenos que
ROCHA
01 Esc.
1/10000
LEGENDA Vazios Urbanos Delegacia Creche
Templo Religioso
Limite da Comunidade Papoco Escola Municipal de Ensino e Instituto de Estudo Fundamental (EMEIE)
O mapa ao lado mostra a Analisando a quantidade e os relados da
das pode-se perceber que a
Como principal elemento de a comunidade Papoco tem o Campus do Pici. Um Campus bem extenso totalmente murado, que antes uma mais parceira com a comunidade, pois tinha um com acesso direto comunidade e oferecia projetos sociais para a comunidade, mas atualmente o foi fechado e existem mais tais projetos, existindo assim, apenas um grande muro (imagem 01) que cerca a
Escola Estadual e Insituto de Estudo Fundamental (EEIEF)
01
Pinheiro Supermercado
02 03
Campus do Pici
PROJETO
Raio do Entorno Imediato = 1 km
1:10000 DEZ/2016
BELA VISTA
BELA VISTA
LEGENDA
LEGENDA
BELA VISTA
PICI
PICI
ALUNA:
BELA VISTA
BELA VISTA
PICI
PICI
02
PAULA BOMFIM
01
PICI
PICI
BELA VISTA
Limite da Comunidade Papoco
BELA VISTA
PAN AMERICANO
PAN AMERICANO
02
Raio do Entorno Imediato = 1 km
Raio do Entorno Imediato = 1 km
PAN AMERICANO
Raio de caminhabilidade
01
PAN AMERICANO
01
PICI
Francisco Pereira de Almeida
Raio de caminhabilidade
PAN AMERICANO
DATA
PAN AMERICANO
01
PICI
PICI
COUTO FERNANDES
02
02
COUTO FERNANDES
Oliveira Pombo ROCHA
04
ROCHA
03
03
Abel Pinto
03 PICI PICI
ROCHA
COUTO FERNANDES
PICI ROCHA
COUTO FERNANDES
03 CLUBE
CLUBE
02
04 Esc.
01
Esc.
1/20000
1/20000
Analisando os raios de caminhabilidade percebe-se que no entorno da comunidade Papoco existe uma oferta de equipamentos sufiente para suprir a
LEGENDA Limite da Comunidade Papoco Creche Escola Municipal de Ensino e Instituto de Estudo Fundamental (EMEIE) Escola Estadual e Insituto de Estudo Fundamental (EEIEF) Escola Estadual de Ensino
BELA VISTA
01
PICI
DESENHO:
PICI
ESCALA
PICI
atender, pois a sua estrutura necessita de reformas.
BELA VISTA
Creche (400 m)
PICI
PICI
mosquito adulto.
PAN AMERICANO
BELA VISTA
EMEIE (400 m)
09
PAN AMERICANO
PAN AMERICANO
EEIEF (400 m)
03
PAN AMERICANO
EEFM (800 m)
04
PICI
02
05
Raio do Entorno Imediato = 1 km
PICI
01
07
Creche Tia Mariquinha
ROCHA
02 PICI
PICI
ROCHA
08
03
EMEIF Adroaldo Teixeira Castelo
04
03 Esc.
1/20000
05 06
EEFM Antonieta Siqueira
07
EEFM Joaquim Alves
08 09
Os raios de caminhabilidade das educacionais demonstram que a comunidade possui equipamentos suficientes de de ensino fundamental e mas demonstra a da comunidade em equipamentos de creches. A creche uma das maiores da pois a comunidade tem creche, as que tem atendendem a mesma e as ficam sem ter onde deixar seus filhos para trabalharem. Por mais que os equipamentos de ensino e fundamental aparentem abastecer a comunidade, os dados do IBGE sobre a comunidade, revelam que, apenas 66% a 84% da de 5 a 9 anos alfabetizada. O que demonstra carencia nos
PROJETO
06
Os raios de caminhabilidade das mostram uma certa na oferta. A do lazer um fator na comunidade. As pessoas tem um preparado para tal. A mais usada por eles a (Imagem 02), mas ela supre atualmente as necessiadades da por ter equipamentos suficientes e por se encontrar bem conservada. Recentemente a prefeitura realizou a reforma da do Papoco (imagem 3), mas a da comunidade em alega
1:10000 DEZ/2016
PAN AMERICANO
Limite da Comunidade Papoco
PAN AMERICANO
DESENHO:
diferentes ambientes e lugares, gerando assim um ambiente
LEGENDA Residencial
PICI
Comercial Misto Institucional
Vila
01 Esc.
1/2000
PROJETO
Travessas ou Becos
PAULA BOMFIM indicada DEZ/2016
algum morador da comunidade e o mesmo aluga para outros habitantes. O fato do uso ser predominantemente residencial,
ESCALA
DATA
USO DO SOLO Analisando o mapa ao lado percebe-se o uso residencial
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
DESENHO:
ESCALA
ambiente.
LEGENDA PICI
1 pavimento 2 pavimentos Travessas ou Becos
GABARITO Esc.
1/2000
PROJETO
01
PAULA BOMFIM 1:10000 DEZ/2016
DATA
GABARITO Analisando o mapa ao lado percebe-se predominancia
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
DESENHO:
LEGENDA > 7 m (19 casas) > 5 m e < 7 m (33 casas) > 3 m e < 5 m (487 casas) < 3 m (70 casas) Travessas ou Becos
PICI
TESTADAS Esc.
1/2000
PROJETO
01
PAULA BOMFIM indicada DEZ/2016
insuficiente para uma moradia.
ESCALA
DATA
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
DESENHO:
LEGENDA Tinta (290 casas)
PICI
Reboco/ Chapisco (52 casas)
Alvenaria Aparente (23 casas) Madeira (1 casa) Travessas ou Becos
Esc.
1/2000
PROJETO
01
PAULA BOMFIM 1:10000 DEZ/2016
ESCALA
DATA
acabamento com tinta, mas nas visitas realizadas percebeu-se que mesmo possuindo acabamento de pintura, muitas necessitam de melhorias.
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
DESENHO:
LEGENDA
PICI
Travessas ou Becos
AREAS Esc.
1/2000
PROJETO
01
PAULA BOMFIM indicada DEZ/2016
125 m, mas analisando o mapa ao lado percebe-se apenas 6
ESCALA
DATA
Segundo o mapa ao lado percebe-se que a maior parte
ALUNA:
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
DATA
BELA VISTA
PICI
BELA VISTA
PICI
PICI
Linha 304- Bela Vista / Lagoa 1 Linha 365- Bela Vista / Viriato Ribeiro
ESCALA
PAN AMERICANO
PAN AMERICANO
Limite Papoco
PAN AMERICANO
Linha 305- Bela Vista / Humberto Monte 1
PICI
PICI
DESENHO:
ROCHA
01 Esc.
1/20000
SOCIAL COMUNIDADE DO PAPOCO
LEGENDA Arterial I: Rua Pernambuco
de 8,00 a 12,00 m de 6 a 10 m de 7,40 a 9 m de 6, 80 a 6,90 m de 4,50 a 9,50 m de 3,80 a 4 m
PICI
de 2,50 a 3, 70 m de 1,60 a 3,40 m de 0,70 a 2,00 m (Becos)
LARGURA DAS VIAS Esc.
1/5000
PROJETO
02
PAULA BOMFIM indicada DEZ/2016
ALUNA:
LEGENDA
PAULA BOMFIM
ALUNA:
42 CASAS RELOCADAS POR TESTADA MENOR QUE 30 M 21 CASAS RELOCADAS POR INACESSIBLIDADE DA VIA
TOTAL DE CASAS EXISTENTES = 609 UNIDADES PERCENTUAL DE CASAS RELOCADAS SOBRE O TOTAL = 29 %
DESENHO:
TOTAL DE CASAS A SEREM RELOCADAS= 177 UNIDADES
2860.58
1403.48
2826.21
3054.93
LEGENDA CASAS A SEREM RELOCADAS 18077.01
01 Esc.
1/2000
PROJETO
PICI
indicada DEZ/2016
ESCALA
DATA
Segundo Ao analisar os demias mapas, notou a necessidade da
1403.48
2826.21
> 10 m > 7 m e < 10 m >3me<7m <3m Travessas ou Becos
3054.93
LEGENDA
PONTOS DE DROGAS
18077.01
PICI
PROBLEMAS Esc.
1/1500
PROJETO
01
PAULA BOMFIM indicada DEZ/2016
ALUNA: DATA ESCALA DESENHO:
2860.58
CONJUNTO PLANALTO DO PICI
A CALH
A CALH
CUME
EIRA
CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
01
Esc.
1/1250
CONJUNTO PLANALTO DO PICI
CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
01
Esc.
1/1250
CONJUNTO PLANALTO DO PICI
A CALH
A CALH
CUME
EIRA
CAMPUS DO PICI UFC AGRONOMIA
01
Plano de Mobilidade Esc.
1/1250
Esc.
1/200
04
02
Esc.
1/200
Corte Rua Uruguaiana Esc.
1/200
1/200
05
Detalhe Rua Uruguaiana Esc.
1/200
PROJETO
01
Esc.
PAULA BOMFIM 1:200 DEZ/2016 Detalhes Plano de Mobilidade
ALUNA: DATA ESCALA DESENHO:
03
02 Esc. Esc. 1/200
1/200 Esc.
04 Esc.
1:200 DEZ/2016
Detalhes Plano de Mobilidade
DATA
ESCALA
DESENHO:
03
PROJETO
01 Corte Beco do Real 1/200
Detalhe Beco do Real
1/200
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Detalhe Rua Rio Grande do Norte Esc.
1/200
1/200
04
Detalhe Rua Francisco de Freitas Esc.
PAULA BOMFIM 1:200 DEZ/2016 Detalhes Plano de Mobilidade
ALUNA: ESCALA DESENHO:
DATA
02
Esc.
Esc.
1/200
1/200
PROJETO
01
Corte Rua Rio Grande do Norte
03
Corte Rua Francisco de Freitas
01 Esc.
03
02 Esc. Esc.
PROJETO
1:200 DEZ/2016
Detalhes Plano de Mobilidade
DATA
ESCALA
1/200
DESENHO:
Corte Rua
Detalhe Rua Cul-De-Sac 1/200
Detalhe Rua
1/200
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Esc.
PROJETO
01 1/200
1:200 DEZ/2016
Detalhes Plano de Mobilidade
DATA
ESCALA
DESENHO:
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Esc.
PROJETO
01 1/200
1:200 DEZ/2016
Detalhes Plano de Mobilidade
DATA
ESCALA
DESENHO:
PAULA BOMFIM
ALUNA:
02
01 Esc. Esc.
PROJETO
DESENHO:
sem
1/500 DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
N PAULA BOMFIM
01 Esc. 1/500 Esc.
PROJETO
DESENHO:
02 sem DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
01 Esc. Esc.
PROJETO
DESENHO:
02 1/500
1/500 DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
01 Esc. 1/500 DESENHO:
Esc.
PROJETO
02 1/500 DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
01 Esc. Esc.
PROJETO
DESENHO:
02 1/500
1/500 DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
02
01 Esc. 1/500 Esc.
PROJETO
DESENHO:
DATA
N
sem
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
N
01 Esc. 1/500 Esc.
PROJETO
DESENHO:
02 1/500 DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
Esc.
PROJETO
01 Corte AA 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
Esc.
PROJETO
01 Corte BB 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Esc.
PROJETO
01 Corte CC 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Esc.
PROJETO
01 Corte DD 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
Esc.
PROJETO
01 Corte EE 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
Esc.
PROJETO
01 Corte FF 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
Esc.
PROJETO
01 Corte GG 1/200
DESENHO:
DATA
1:200 DEZ/2016
ESCALA
PAULA BOMFIM
ALUNA:
Fachada Sul Esc.
1/75
QUARTO 2
TOTAL
CUMEEIRA
WC
COZINHA
QUARTO 1
Esc.
1/75
01
Esc.
1/75
PROJETO
Coberta
02
PAULA BOMFIM 1:75 Detalhe Casas
1/75
DEZ/2016
ALUNA:
Esc.
04
ESCALA
DATA
SALA
Fachada Norte
DESENHO:
03
Esc.
1/75
04
01
Esc.
PAULA BOMFIM
ESCALA
1:75 Detalhe Casas
1/75
Fachada Oeste Esc.
DEZ/2016
ALUNA:
Fachada Leste
1/75
DESENHO:
DATA
02
Esc.
Corte II
1/75
PROJETO
03
Corte HH
QUARTO 1
15 14 13 12 11 10 09
WC
PAULA BOMFIM
COZINHA
QUARTO 1
02
CUMEEIRA
1:75
COZINHA
01 02 03 04 05 06 07 08
Detalhe Casas
DESCE16
WC
DEZ/2016
ALUNA:
TOTAL
DATA
TOTAL
QUARTO 2
ESCALA
SALA
DESENHO:
SALA
Primeiro Pavimento Modelo Uso Misto Esc.
1/75
CUMEEIRA
01
Coberta Modelo Uso Misto Esc.
1/75
PROJETO
QUARTO 2
Modelo Misto Esc.
PAULA BOMFIM 1:75 Detalhe Casas
16 15 14 13 12 11 10 09
01
DEZ/2016
ALUNA: ESCALA
DATA
01 02 03 04 05 06 07 08
1/75
1/75
PROJETO
SOBE
Esc.
DESENHO:
02
Fachada Norte Modelo Misto
01
Esc.
1/75
PAULA BOMFIM
ESCALA
1:75 Detalhe Casas
1/75
Fachada Sul Modelo Misto Esc.
DEZ/2016
ALUNA:
03
1/75
DESENHO:
DATA
Esc.
Fachada Leste Modelo Misto
PROJETO
02
Fachada Oeste Modelo Misto
Esc.
01 Esc. 1/75 PROJETO
02 ESCALA
1:75
DESENHO:
Detalhe Casas
Corte JJ Modelo Misto 1/75
Corte KK Modelo Misto DEZ/2016
DATA
PAULA BOMFIM
ALUNA:
QUARTO 1
16 15 14 13 12 11 10 09
WC
PAULA BOMFIM
COZINHA
QUARTO 1
02
CUMEEIRA
1:75
COZINHA
01 02 03 04 05 06 07 08
Detalhe Casas
SOBE
WC
DEZ/2016
ALUNA:
TOTAL
DATA
TOTAL
QUARTO 2
ESCALA
SALA
DESENHO:
SALA
Modelo Uso Residencial Esc.
1/75
CUMEEIRA
01
Coberta Modelo Uso Residencial Esc.
1/75
PROJETO
QUARTO 2
1:75 Detalhe Casas
15 14 13 12 11 10 09
Primeiro Pavimento Modelo Uso Residencial Esc.
1/75
PROJETO
01
PAULA BOMFIM
ESCALA
1/75
DESCE16 01 02 03 04 05 06 07 08
DEZ/2016
ALUNA:
Esc.
DESENHO:
DATA
02
Fachada Nordeste Modelo Uso Residencial
01
Esc.
1/75
PAULA BOMFIM
ESCALA
1:75 Detalhe Casas
1/75
Fachada Sudoeste Modelo Uso Residencial Esc.
DEZ/2016
ALUNA:
02
1/75
DESENHO:
DATA
Esc.
Fachada Sudeste Modelo Uso Residencial
PROJETO
03
Fachada Noroeste Modelo Uso Residencial
Corte LL Modelo Uso Residencial Esc.
1/75
PAULA BOMFIM 1:75 Detalhe Casas
1/75
01
DEZ/2016
ALUNA: ESCALA DESENHO:
DATA
Esc.
PROJETO
02
Corte MM Modelo Uso Residencial