Universidade Anhembi Morumbi Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
VÁRZEA – CÓRREGO MOOCA Reconversão Urbana através da água
Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo.
Aline Cristina da Cunha Silva
RA. 08192327
Orientador: Claudio Manetti São Paulo – 2012
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VÁRZEA – CÓRREGO MOOCA Reconversão Urbana através da água Aline Cristina da Cunha Silva
Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo.
DATA ______/______/______ Claudio Manetti– Orientador – São Paulo
________________________________________________________
Caio Santoamore – Anhembi Morumbi – São Paulo
________________________________________________________
Sérgio Sandler – Escola da Cidade – São Paulo
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AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Claudio Manetti, pela paciência gigantesca com as três “meninas da água” e por acreditar em nós e no nosso projeto mais que nós mesmas acreditávamos. Por nos dar fome de projeto, de mudança, e por nos mostrar o caminho a seguir quando já não sabíamos mais por onde ir. Agradeço a Deus, por me dar a oportunidade de estar na caminhada maluca que é a vida. Aos meus pais pelo apoio e amor incondicional. Aos demais familiares (Cida, obrigada pela ajuda na revisão do caderno!) e amigos (em especial a Carla) que me viram muito pouco nos últimos anos de faculdade, mas que ainda assim continuaram gostando de mim. Ao Fabio, pela ajuda com os cadernos, companheirismo, compreensão e piadas sem graça. À Queli pelo otimismo e bom humor inabalável; Raquel e Tamires, por serem minhas companheiras de projeto e de vida; por me manterem em pé com as piadas e o bom humor nas horas de maior adversidade. Sem vocês o caminho teria sido muito mais difícil. À Mirian, pela compreensão e apoio.
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RESUMO
Este trabalho se divide em duas etapas. A primeira consiste na breve análise das características da bacia do córrego Mooca, tendo como objetivos coletar subsídios para uma intervenção na extensão da bacia e na várzea. A segunda parte contém a resposta projetual à série de questionamentos levantados na pesquisa coletiva e individual, tendo como foco de intervenção a área da várzea, encontro dos deságues do rio Tamanduateí, córrego Mooca, Moinho Velho e Ipiranga.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 11 - Temperatura da Superfície Figura 12– Delimitação da área da várzea, foco dos pro-
Figura 01 - A grande estrutura hídrica e o recorte da Bacia do Rio Tamanduateí, com destaque para a bacia do córrego Mooca
jetos individuais. Figura 13 – Vazios urbanos.
Figura 02 - A bacia do córrego Mooca, que engloba as
Figura 14 – Perímetro da Operação Urbana Mooca-Vila
subprefeituras da Mooca e Vila Prudente.
Carioca
Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na
Figura 15 – Projeto conjunto das grandes linhas estru-
Mooca.
turadoras do território.
Figura 04 – Uso e ocupação do solo .
Figura 16 – Limites da área foco da intervenção urbana.
Figura 05 – Mapa SARA Brasil – 1930.
Figura 17 – Delimitação da área foco da intervenção urbana.
Figura 06 – Mapa de expansão da Rede Metropolitana de São Paulo
Figura 18 – Pontos de inundação em 1982.
Figura 07 – Principais vias na Bacia do Córrego Mooca.
Figura 19 – Áreas geradas a partir da sobreposição entre pontos de inundação em 1982 e cotas mais baixas.
Figura 08 – Relevo e pontos de inundação em 1982 e 2002 no córrego Mooca.
Figura 20 – Configuração final das águas na várzea.
Figura 09 – Bacias de retenção propostas nos córregos
Figura 21– Áreas de inundação/ dinâmica do sistema
Ipiranga, Moinho Velho e Mooca.
hídrico
Figura 10 – Sistema de corredores verdes propostos na
Figura 22– Vegetação para proteção da água e para
bacia do córrego Mooca.
criação de espaços de lazer.
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Figura 23– Viário existente e proposto. Figura 24 – Zeis existentes na área foco de intervenção. Figura 25– Marquise - cota 735,00 e implantação dos edifícios no entorno da linha férrea. Figura 26– Nova estação proposta e praça. Figura 27 – Planta de Implantação e corte do Terminal Intermodal Vila Prudente – UNA Arquitetos. Figura 28– Plano geral, mostrando o ensaio da relação entre a nova ocupação proposta e a água.
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“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.” (Jean Cocteau) Várzea - Mooca
(mas há quem diga que é do Mark Twain) 10
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ________________________________________________________________________ 13 BACIA DIAGNÓSTICO _______________________________________________________________________ 15 CÓRREGO DA MOOCA ________________________________________________________________ 16 OCUPAÇÃO DA BACIA __________________________________________________________ 17 MOOCA _____________________________________________________________________________ 17 INFRAESTRUTURA ______________________________________________________________ 18 PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO ____________________________________________________ 18 VILA PRUDENTE ______________________________________________________________________ 20 INFRAESTRUTURA ______________________________________________________________ 21 PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO ____________________________________________________ 22 EQUIPAMENTOS ______________________________________________________________________ 23 ENCHENTES/ DRENAGEM _____________________________________________________________ 24 PREMISSAS ___________________________________________________________________________ 26 INTERVENÇÕES ______________________________________________________________________ 27 DRENAGEM ____________________________________________________________________ 28 BACIAS DE RETENÇÃO – LAGOA PLUVIAL ________________________________________ 28 CORREDORES VERDES - BIOVALETAS ____________________________________________ 30 DESTAMPONAMENTO DOS RIOS _________________________________________________ 30
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VÁRZEA VÁRZEA _____________________________________________________________________________ 35 MOOCA – VILA CARIOCA _____________________________________________________________ 37 ANÁLISE DE PROJETOS REFERÊNCIA____________________________________________________ 37 A Várzea do Tamanduateí: Dimensão local e metropolitana ________________________ 38 Proposta Estratégica na Operação Urbana Diagonal Sul ____________________________ 39 Requalificação Urbana da Mooca Ipiranga ________________________________________ 40 PLANÃO _____________________________________________________________________________ 41 ENSAIO URBANO INTERVENÇÃO NA VÁRZEA ___________________________________________________________ 46 ÁGUA ___________________________________________________________________________ 47 DINÂMICA DO SISTEMA HÍDRICO _________________________________________________ 50 VEGETAÇÃO _____________________________________________________________________ 51 INFRAESTRUTURA ________________________________________________________________ 52 TRANSPOSIÇÃO __________________________________________________________________ 53 FERROVIA _______________________________________________________________________ 54 EXPRESSO TIRADENTES ___________________________________________________________ 55 OCUPAÇÃO ZEIS _____________________________________________________________________________ 55 QUADRAS _______________________________________________________________________ 55 MARQUISE _______________________________________________________________________ 56 PRAÇA __________________________________________________________________________ 57 PROJETO ADOTADO _________________________________________________________________ 58 CONCLUSÃO ________________________________________________________________________ 60 BIBLIOGRAFIA ______________________________________________________________________ 61
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como o encontro dos três córregos com o Rio
INTRODUÇÃO Assim como citado no caderno coletivo de pes-
Tamanduateí.
quisa, o tema proposto para esse trabalho na
O trabalho individual focou-se primeiramente na
fase individual é a utilização do desenho da á-
análise da área da bacia dos córregos Ipiranga,
gua como instrumento de reconversão da estru-
Moinho Velho e Mooca, onde cada membro
tura urbana em áreas marcadas pela impermea-
estudou um deles a fim de levantar o tipo de
bilização dos solos, retificação dos rios e gran-
ocupação, as áreas de inundação e equipamen-
des enchentes.
tos importantes. A compreensão desses itens foi
O trabalho na fase coletiva procurou ler e entender o sistema hídrico metropolitano inserido no meio urbano e as interferências existentes entre os rios e a cidade. Partindo do estudo dos afluentes do Rio Tietê para decidir qual seria a sub-bacia de recorte, o grupo analisou os rios Pinheiros, Aricanduva, Tamanduateí e suas bacias, sendo este último escolhido por suas características geográficas, tipo de ocupação, importância histórica e con-
imprescindível para a intervenção na bacia dos três córregos estudados, bem como na área de encontro dos mesmos, o que constitui a segunda parte do trabalho. Cada projeto individual possui possibilidades de interconexão, e a somatória dos três configurase como um grande plano ora metropolitano, através das grandes linhas estruturadoras do território, ora local, dadas suas relações e conexões entre bairro e cidade. Os objetos de estudo e projeto deste ensaio são
tribuição hídrica. Escolhida a bacia do Rio Tamanduateí, o grupo buscou uma área e uma opção de enfrentamento que possibilitasse a intervenção na nascente,
a bacia do córrego da Mooca e a área de encontro entre os córregos da Mooca, Moinho Velho e rio Tamanduateí.
ao longo das bacias e na foz de seus tributários. Foi definida como limite de intervenção a área demarcada pelos Córregos do Ipiranga, Moinho Velho, Mooca e a extensão de suas bacias, bem
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Figura 01 - A grande estrutura hídrica e o recorte da Bacia do Rio Tamanduateí, com destaque para a bacia do córrego Mooca. Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea
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A primeira etapa deste trabalho consiste na breve análise das características da bacia do córrego Mooca. Para isso, foi necessário estudar o tipo de ocupação, a infraestrutura de transporte, principais equipamentos urbanos e drenagem dos distritos da Mooca e Vila Prudente. Esta análise tem como objetivos coletar subsídios para uma intervenção na extensão da bacia e na várzea, foco deste ensaio.
BACIA DIAGNÓSTICO Várzea - Mooca
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CÓRREGO DA MOOCA
Sua bacia engloba as subprefeituras de Vila
O córrego da Mooca é um dos grandes con-
(aproximadamente 14 km²), terraços planos e
tribuintes da bacia do Rio Tamanduateí e en-
amplas colinas. Seus contribuintes são os cór-
contra-se em galeria em toda a sua extensão.
regos da Vaca, Bela Vista e Suzano. É uma re-
Seu traçado se desenvolve sob a Avenida Luís
gião altamente impermeabilizada, com vias de
Inácio de Anhaia Melo, cuja abertura data da
fundo de vale e córregos canalizados, o que
década de 1970, bem como a canalização do
causa transbordamentos constantes na área.
Prudente e Mooca. Possui grande extensão
córrego Mooca.
Figura 02 - A bacia do córrego Mooca, que engloba as subprefeituras da Mooca e Vila Prudente. Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.
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OCUPAÇÃO
do, Ana Paula Koury, Paulo Eduardo Borzani –
A bacia hidrográfica do córrego Mooca se ca-
da Mooca).
racteriza por ocupação de baixa densidade, predominantemente mista. A presença de habitações irregulares ao longo da bacia não é intensa e se concentra principalmente nas áreas de encontro entre os rio Tamanduateí, córrego Moinho Velho e Mooca. O entorno da Avenida Anhaia Melo – via de fundo de valepossui atividades comerciais de foco automobilístico (mecânicas, funilarias, agências de automóveis), sendo considerada a região com maior número de estabelecimentos deste ramo no país. A ocupação industrial também
Transformações da Forma Urbana do Distrito
MOOCA O surgimento e desenvolvimento do bairro da Mooca tem sua origem fortemente ligada à instalação da ferrovia, que trouxe as atividades industriais e posteriormente os bairros operários para esta área. As áreas próximas das ferrovias foram preferidas pelas indústrias, já que o transporte das matérias-primas e combustíveis importados, bem como a produção para fora de São Paulo, dependia dos trens.
caracteriza a região, principalmente ao longo dos principais eixos de circulação. A área passa atualmente por um período de transformação, onde torres residenciais e condomínios fechados vêm substituindo o antigo padrão de ocupação (residências e antigas áreas ocupadas por indústrias). “Seu sistema viário original foi “rasgado” pelos corredores que ligam o bairro ao Centro da cidade, às marginais e às zonas leste e oeste, bem como
Figura 03 – Novos empreendimentos imobiliários na Mooca Fonte: Google
ao corredor norte-sul”. (Adilson Costa MaceVárzea - Mooca
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O atual processo de esvaziamento das áreas industriais, ocasionado pela valorização do
PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO:
solo e instalação das rodovias afetou drasti-
Avenida Alcântara Machado, Viaduto Bresser,
camente o bairro da Mooca.
Rua da Mooca, Rua dos Trilhos, Rua Siqueira
Parte de seu patrimônio industrial está ainda preservado, mas o mercado imobiliário vem
Bueno, Avenida Paes de Barros, Rua do Oratório.
exercendo forte pressão sobre estas áreas, visando a implantação de grandes empreendimentos.
INFRAESTRUTURA O distrito da Mooca é atendido pela Estação Mooca da linha 10 da CPTM e Estação BresserMooca da linha 03 vermelha do metrô de São Paulo. Graças à rápida mudança de usos e verticalização excessiva a região enfrenta problemas no que se refere a sua estrutura urbana, insuficiente para suportar o aumento populacional gerado por estes fatores.
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Figura 04 – Uso e ocupação do solo – A ocupação dos distritos da Mooca varia entre predominantemente residencial e mista. A região da várzea possui uso quase exclusivamente industrial. Fonte: Prefeitura de São Paulo
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VILA PRUDENTE O bairro da Vila Prudente tem ocupação recente, como pode ser observado no mapa SARA Brasil de 1930 (figura 05). Seu desenvolvimento inicial se deu principalmente no entorno das então praças Jequitahy e Veiga Cabral, hoje praças Padre Damião e Centenário de Vila Prudente, importante centro comercial do
de Vila Prudente). “A partir da década de 1980, a Vila Prudente deixou de ser uma grande região industrial para tornar-se área de perfil residencial, predominantemente de classe média, densamente povoada e provida de atividades de comércio e serviços, embora a atividade industrial seja ainda relativamente importante”. (EMPLASA)
bairro (UNA Arquitetos – Terminal Intermodal
Figura 05 – Mapa SARA Brasil – 1930. Observa-se a instalação das indústrias ao redor da ferrovia e os distritos da Mooca e Vila Prudente, com ocupação ainda recente. Fonte: Mapa SARA Brasil, 1930.
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INFRAESTRUTURA O distrito de Vila Prudente é atendido pela Linha 2 - Verde do Metrô de São Paulo com as estações Vila Prudente e Tamanduateí e pelo Expresso Tiradentes, com a estação Dianópolis. O plano de expansão do metrô de São Paulo (figura 06) prevê ainda a criação da linha 15-Branca do metrô, que promoverá a ligação entre as linhas 2- Verde, 3- Vermelha e 12-Safira da CPTM, indo até a região da Dutra.
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Figura 06 – Mapa de expansão da Rede Metropolitana de São Paulo Fonte: Syscrapercity – Thiago Costa
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PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO: Avenida do Estado, Viaduto Capitão Pacheco e Chaves, Rua do Orfanato, Viaduto Grande São Paulo, Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, Avenida Alcântara Machado, Rua dos Trilhos, Avenida Paes de Barros, Avenida Salim Farah Maluf.
Figura 07 – Principais vias na Bacia do Córrego Mooca. Nota-se a implantação das Avenidas do Estado, Anhaia Melo e Sapopemba, nos fundos dos vales do Rio Tamanduateí e córrego Mooca. Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.
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EQUIPAMENTOS A análise da bacia procurou também levantar os principais equipamentos urbanos para saber quais são as contribuições e necessidades de cada região A bacia do córrego Mooca possui uma grande quantidade de equipamentos municipais, sendo os principais:
-USO ESPECIAL: Crematório Vila Alpina (único da Cidade de São Paulo). Cemitério São Pedro. Igreja São José.
-CULTURA, ESPORTES, TURISMO E LAZER: Centro Educacional e Esportivo. Clube da Cidade. Estádio da Rua Javari Campo do Juventus de São Paulo CDM Parque da Mooca Teatro Arthur Azevedo Parque Ecológico Vila Prudente Clube Municipal Arthur Friedenreich. Parque Vila Ema Pátio Oratório do metrô Terminal Vila Prudente.
-SAÚDE Hospital de Saúde Mental da Criança e do Adolescente.
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Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença Gouvea. -INSTITUCIONAL: Secretaria Municipal da Saúde Clube Atlético Juventus – Sede Social -EDUCAÇÃO: EE Oswaldo Cruz. Universidade São Judas Tadeus Senai Humberto Reis Costa. ETE José Rocha Mendes. Escola Estadual Professor Américo de Moura. Escola Franciscana São Miguel Arcanjo. Escola Estadual Professora Olga Benatti. Emef Irineu Marinho e EMEI Professora Maria Luiza Moretti Gentile. Parque Ecológico Vila Prudente.
Pela quantidade e importância destes equipamentos, o projeto considera ligá-los com a região da várzea, facilitando seu acesso através do transporte público, ciclovias e corredores verdes. Estes equipamentos, juntamente com os novos propostos, atuarão como uma rede, podendo ser utilizados pelo bairro a que pertencem, pela ocupação originada através do projeto na várzea e por regiões vizinhas mais carentes de equipamentos urbanos, como é o caso do entorno da bacia do córrego Moinho Velho.
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ENCHENTES/DRENAGEM Como citado no caderno coletivo de pesquisa, ao longo do processo de urbanização, o solo foi impermeabilizado; as várzeas foram aterradas e ocupadas por avenidas de fundo de vale e moradia de baixa renda; os rios foram tamponados, retificados e estrangulados; as águas foram poluídas e a vegetação foi dizimada causando grandes enchentes e retirando quaisquer condições de vida aquática. O mesmo aconteceu com a bacia hidrográfica
do córrego Mooca. A Bacia Hidrográfica de um rio é o conjunto de áreas dotadas de declividade que realizam a captação, o escoamento das águas - respeitando limites geográficos (os divisores de água)- e o direcionamento destas águas para um único ponto de saída, um corpo de água central. Ou seja, sua área de drenagem natural. Figura 08– Relevo e pontos de inundação em 1982 (mancha azul clara) e 2002 (pontos em azul claro) no córrego Mooca. Imagem produzida pela autora
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Este processo obedece à topografia da bacia,
Essas intervenções produzem melhorias nas
orientando as águas das áreas mais altas para
enchentes, mas não solucionam o problema,
as mais baixas até que elas cheguem ao rio.
pois assim como citado no caderno coletivo
Além do relevo, outros pontos como permeabilidade do solo, vegetação e temperatura in-
essas obras são pontuais e não levam em conta o sistema hídrico da cidade como um todo.
fluenciam na velocidade de escoamento das águas. Dada à impermeabilização do solo, escassez de vegetação e intervenções nos cursos do Córrego Mooca e seus contribuintes, a região de sua bacia contém pontos de inundação. Algumas obras foram realizadas pela Prefeitura de São Paulo em seu curso, com o objetivo de tentar conter os transbordamentos. O Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto Tietê - PDMAT prevê três bacias de detenção no córrego Mooca – reservatórios MO-2, MO4 e MO-5, onde os MO-2 e Mo-5 possuem tempo de implantação previsto de 10 anos e o MO-4 de 25 anos. Recomenda ainda a remodelação do desemboque do córrego Mooca junto ao Rio Tamanduateí, que em sua configuração atual ocorre perpendicularmente a ele.
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PREMISSAS Ainda na fase de pesquisa coletiva, algumas premissas surgiram. A análise da bacia do Córrego Mooca, já na fase individual, serviu para confirmar sua necessidade, tendo em vista que os problemas da cidade se repetem na pequena e grande escala:
Revisão da proposta de canalização e tamponamento dos rios;
Construção de lugares de apoio ao ciclo de concentração hídrica em períodos de chuva;
Proposta de um novo sistema de drenagem de forma sistêmica, considerando intervenções na cabeceira, corpo e foz dos rios;
Criação de corredores verdes;
“Devolução” do espaço das águas.
A aplicação dessas premissas constitui a base das intervenções na bacia.
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BACIA INTERVENÇÃO Várzea - Mooca
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guas” em seus trabalhos individuais, formam
-DRENAGEM
A questão da drenagem é um dos focos da
um grande sistema de drenagem conjunto.
pesquisa coletiva e dos projetos individuais e
Através da contenção das águas pelo sistema
o sistema capilar de contenção de cheias tor-
capilar, a quantidade de área de alagamento
nou-se uma premissa do grupo. Assim, cada
necessária na várzea consequentemente dimi-
membro procurou aplicar este sistema nos
nuiu, o que resultou numa grande área “seca”
trabalhos individuais.
para projeto. A relação destes dois elementos
As áreas estabelecidas para atuar como bacias de retenção1 (ou lagoas pluviais) foram divididas entre bacia e foz. Os pontos de retenção na bacia se deram a partir dos pontos de inundação levantados e também da disponibilidade de áreas livres, já que a bacia é bastante consolidada e não permite uma transformação tão grande quanto permite a várzea. Na extensão do córrego da Mooca foram propostas cinco áreas para a instalação de bacias de retenção (figura 09), cujo detalhamento não está contemplado nesse projeto. Estas bacias, juntamente com as bacias propostas nos córregos Ipiranga e Moinho Velho pelas demais integrantes do grupo “Espaço das á-
-“seco e molhado”- com as novas infraestruturas constitui a base do projeto individual na várzea. BACIAS DE RETENÇÃO - LAGOA PLUVIAL “As lagoas pluviais funcionam como bacias de retenção e recebem o escoamento superficial por drenagens naturais ou tradicionais. Uma característica dessas estruturas é que uma parte da água pluvial captada permanece retida entre os eventos de precipitação das chuvas. Dessa forma, essas tipologias paisagísticas acabam se caracterizando como um alagado construído, mas que não está destinado a receber efluentes de esgotos domésticos ou industriais. Sua capacidade de armazenamento acaba sendo o volume entre o nível permanente da água que contém e o nível de transbordamento aos eventos para os quais foi dimensionada”. Nathaniel S.
Importante lembrar: As detenções são reservatórios urbanos mantidos secos. Já as retenções são reservatórios com lâmina de água 1
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Cormier e Paulo Renato Mesquita Pellegrino - Infra-estrutura verde: uma estratégia paisagística para a água urbana.
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Figura 09 – Acima, as bacias de retenção propostas nos córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca. Abaixo, as bacias de retenção propostas ao longo da bacia do córrego Mooca. Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.
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-COREDORES VERDES/BIOVALETAS Os corredores verdes “possibilitam usos e fun-
é a mais quente do município de São Paulo (figura 11).
ções múltiplas, como: manejo das águas das
Juntamente com os corredores verdes e lago-
chuvas, conservação de fragmentos de ecossis-
as pluviais, ou mesmo nos locais onde a ocu-
temas naturais ou recuperados, uso como vias
pação não permita maiores intervenções, ou-
de transporte alternativo e áreas de lazer, me-
tras medidas de manejo de águas pluviais po-
lhora da qualidade de vida dos habitantes, pro-
dem ser utilizadas, como as biovaletas, jardins
teção e ligação de importantes áreas culturais e
pluviais, pavimentação drenante e tetos ver-
sejam acessíveis a todas as camadas sociais da
des.
população pela sua proximidade das áreas habitadas. Devem proteger e sustentar a paisa-
DESTAMPONAMENTO DOS RIOS
gem, e seus belos cenários, e também podem
Tendo em vista que a renaturalização dos cór-
conectar áreas urbanas e rurais”. (HELLMUND
regos é ecológica e economicamente favorá-
e SMITH, 2006; AHERN, 2005; FRISCHENBRU-
vel2 e a revisão da proposta de canalização e
DER e PELLEGRINO, 2006).
tamponamento dos rios é uma das premissas
Como a bacia do córrego Mooca possui ocupação já consolidada, este ensaio propõe a implantação de corredores verdes nas nascentes e extensão do córrego Mooca e seus con-
do grupo, propõe-se o destamponamento do córrego Mooca e seus afluentes onde for possível, objetivando a reconversão da relação entre os rios e a cidade.
tribuintes (figura 10). Além do manejo da água, os corredores verdes na extensão de sua bacia farão a ligação entre áreas verdes e parque, propiciando áreas de lazer e minimizando as ilhas de calor, uma vez que, como visto na pesquisa coletiva, a bacia do Rio Tamanduateí 2
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Ver entrevista com Delmar Mattes no caderno coletivo.
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Figura 10– Sistema de corredores verdes na bacia do córrego Mooca. Os corredores verdes propostos têm como função ligar as áreas verdes e equipamentos urbanos e proteger os cursos d’água. Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG, Wikimapia e foto aérea.
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Figura 11 - Temperatura da Superfície As áreas mais vermelhas apresentam temperaturas mais altas, enquanto as azuis são mais frias. Observa-se que a Bacia do Tamanduateí é a mais quente do município. Fonte: Atlas Ambiental, 1999; LUME FAUUSP, 2007
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A segunda parte deste trabalho consiste na resposta projetual à série de questionamentos levantados na pesquisa coletiva e individual, tendo como base as premissas já citadas e como foco de intervenção a área da várzea, encontro dos deságues do rio Tamanduateí, córrego Mooca, Moinho Velho e Ipiranga.
VÁRZEA Várzea - Mooca
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VÁRZEA
se instalou neste território, estritamente ligado
A área foco dos projetos individuais está inse-
gerou um tecido urbano com feição própria.
rida no perímetro da Operação Urbana Moo-
Quadras de grandes dimensões, descontinuida-
ca-Vila Carioca (antiga Operação Urbana Dia-
de do sistema de circulação viária, áreas subu-
gonal Sul) e tem como limites a várzea comum
tilizadas, drenagem deficiente e densidades
aos córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca
demográficas baixas são algumas das caracte-
(figura 12). Se encontra entre três colinas (Mo-
rísticas dessa faixa”. (Operação Urbana Mooca-
oca, Cambuci e Ipiranga) e é marcada pela
Vila Carioca, Prefeitura de São Paulo)
à ferrovia por meio de ramais e pátios privados,
horizontalidade. “O imenso parque industrial que
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Figura 12– Delimitação da área da várzea, foco dos projetos individuais. Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.
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A várzea possui grande importância histórica
que, como já visto no caderno coletivo, produz
no desenvolvimento da cidade. Concentra in-
um tipo de ocupação que não conversa com o
fraestruturas (ferrovias, vias) e indústrias, e
resto da cidade.
com o esvaziamento das zonas industriais pas-
Assim, este ensaio pretende, além de recupe-
sou a ser um grande espaço para o redesenho
rar a relação entre águas e cidade, reverter a
e transformação, constituindo um dos raros
atual tendência de ocupação e reparar as fis-
“vazios urbanos” dentro da cidade já consoli-
suras geradas por estas áreas abandonadas,
dada.
fruto do processo de desindustrialização, atra-
“Nem todos os vazios necessariamente representam um problema. Podem ser um respiro,
vés do redesenho das infraestruturas e dos vazios.
uma praça, e, neste sentido, estão para a arquitetura assim como o silêncio está para a música, ou seja, fazem parte do conjunto e não precisam ser ocupados”. (Felipe Sato Akari) No entanto, muitas vezes esses vazios se tornam espaços desocupados ou subutilizados, desvalorizando as áreas no seu entorno. Quando se localizam em meio a regiões providas de infraestrutura, como é o caso dos terrenos das antigas fábricas e do espaço residual gerado pelas linhas de trem desativadas, os vazios constituem desperdício econômico, social e ambiental. Atualmente essas áreas se
Figura 13 – Vazios urbanos. O antigo terreno da Ford
tornaram o alvo da especulação imobiliária, o
(acima, à direita) é agora o local de implantação do Moo-
Várzea - Mooca
ca Plaza Shopping. Fonte: Panoramio
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MOOCA – VILA CARIOCA
Sul” (Operação Urbana Mooca - Vila Carioca,
Como citado, a área foco dos projetos indivi-
objetivos a superação da barreira ferroviária,
duais está inserida no perímetro da operação
ampliação de áreas verdes, melhoria dos sis-
Urbana Mooca-Vila Carioca (figura 14). Esta
temas de mobilidade e acessibilidade, recupe-
operação “contempla áreas industriais em pro-
ração e reocupação das áreas industriais e su-
cesso de reestruturação ao longo do eixo ferro-
butilizadas e a criação de um tipo de ocupa-
viário que se estende do Centro até os limites
ção que dialogue com a cidade.
Prefeitura de São Paulo) e tem como principais
entre São Paulo e a cidade de São Caetano do
Figura 14 – Perímetro da Operação Urbana Mooca-Vila Carioca (cinza escuro) e delimitação da área foco dos projetos individuais (cinza claro). Imagem produzida pelas autoras a partir de imagem do perímetro da operação urbana– Skyscrapercity.
PROJETOS REFERÊNCIA Como a várzea de encontro entre o rio Tamanduateí e córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca é a área limite comum ao grupo Espaço das Águas e já foi objeto de diversos projetos, decidiu-se estudar três das intervenções nela propostas: Várzea - Mooca
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REABILITAR - RECUPERAR
- A várzea do Tamanduateí: Dimensão local
públicos e uma lagoa de retenção das águas a
e metropolitana – Ana Helena Villela e Edu-
ser implantada ao longo da linha do trem in-
ardo Ferroni, 2002.
tegrada com um parque linear.
O trabalho reúne ensaios de projeto realizados sobre a área da várzea em questão. Com o intuito de abrir novas conexões entre os bairros e superar o entrave representado pelo parque industrial, propõe um conjunto de operações associadas: sistema aberto de drenagem, intervenções viárias, parque, praça da estação e ensaios de ocupação entre a várzea e a colina.
Quanto à ocupação na várzea, a dupla propõe reutilizar vários galpões com novos usos e a construção de edifícios com a mesma altura dos já existentes para não obstruir a visão do vale. Os novos edifícios terão uso público no térreo no intuito de promover uma maior fluidez dos percursos entre as extensas quadras Em relação à drenagem propõe a construção
industriais.
de galerias abertas associadas aos passeios
Várzea - Mooca
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-Proposta Estratégica na Operação Urbana Diagonal Sul - Stuchi e Leite Projetos
A intervenção se encontra no perímetro da Operação Urbana Diagonal Sul e tem como principais pontos reaproveitar os vazios urbanos, reabilitar o rio/água e a ferrovia, reutilizar as infraestruturas existentes, “ocupar e adensar áreas subutilizadas ao lado da via férrea, dar novos destinos aos armazéns e galpões atualmente ociosos e recuperar terrenos industriais” (Stuchi & Leite).
estações de trem, metrô e VLT é proposta ao longo da ferrovia, ladeada por um parque linear.
O projeto possui 03 fases de implantação e conta com a parceria público-privado para a continuidade de projetos que reorganizem os territórios obsoletos da Operação Urbana Diagonal Sul.
A ocupação proposta possui funções mistas, como habitação coletiva, serviços e comércio. Uma grande marquise que abriga atividades, Várzea - Mooca
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- Projeto de Reurbanização da Mooca e Ipiranga – UNA Arquitetos, 2006. O projeto do UNA prevê a reurbanização da várzea da Mooca entre as estações de trens Mooca e Ipiranga e propõe uma série de intervenções onde a água é o elemento estruturador da paisagem.
O escritório propõe um parque linear ao longo da ferrovia, valorizando o patrimônio histórico e a memória da construção, do desenvolvimento e até da desindustrialização do espaço. As infraestruturas reorganizam o espaço através de um novo traçado viário onde os dois lados da várzea se tornam comunicáveis. Há um novo parcelamento das grandes glebas industriais, implantação de espaços públicos de estar e lazer, raia para esportes e drenagem local e regional, conexões entre estações de trem e metrô, transposições da ferrovia e do rio, e habitação de interesse social.
Várzea - Mooca
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tou novamente para estabelecer alguns pon-
“PLANÃO”
tos que deveriam ser comuns aos trabalhos
Após estabelecer a área da várzea como foco
individuais, o projeto conjunto das grandes
dos projetos, analisar as bacias individualmen-
infraestruturas, que propõe:
te (portanto já de posse das especificidades e necessidades das regiões estudadas) e estudar os projetos já feitos na região o grupo se jun-
Figura 15 – Projeto conjunto das grandes linhas estruturadoras do território. Imagem produzida pelo grupo “Espaço das águas” a partir de foto aérea.
Várzea - Mooca
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1-Mudança do caráter expresso da Avenida do Estado através da transferência de seu fluxo; 2-Criação de três novas estações de trem na linha 10 – Turquesa da CPTM; 3-Ligação entre as estações do Expresso Tiradentes e da ferrovia; 4-Abertura de novas vias; 5-Utilização da água como elemento de separação entre a ferrovia e cidade. 6- Rediscussão do conjunto de ocupações das edificações fabris, considerando a possibilidade de recuperação dessas atividades incrementadas na região e a reconversão de usos para novas atividades; Cada item será esclarecido em sua aplicação nesta intervenção urbana.
Várzea - Mooca
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Vรกrzea - Mooca
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ENSAIO URBANO
Vรกrzea - Mooca
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REABILITAR - RECUPERAR
Com os grandes eixos estruturadores do terri-
Amparo, Rua Leonor Monteiro da Silva, Rua
tório definidos, cada projeto individual consi-
Patriarca, Av. Presidente Wilson, Rua Dom Lu-
derou estas questões em seu desenvolvimen-
cas Obes e Av. do Estado, englobando a con-
to. A área foco do desenvolvimento desta fase
fluência dos córregos Moinho Velho e Mooca
do projeto individual tem como limites o Vi-
com o rio Tamanduateí (figura 16).
aduto Pacheco Chaves, Av. Dianópolis, Rua
Figura 16 – Limites da área foco da intervenção urbana. Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.
Várzea - Mooca
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INTERVENÇÃO NA VÁRZEA O projeto urbanístico procurou dar novo sentido a esta área através de intervenções na escala local e metropolitana, a fim de costurar o tecido urbano fragmentado pelos elementos já citados (ferrovia, rio, Avenida do Estado, lotes industriais), devolver a escala da cidade ao pedestre e superar a barreira rio/ferrovia. A região foi dividida em três partes: a área objeto do projeto, áreas em transformação e áreas consolidadas (figura 17). A proposta busca interagir com a cidade existente, adensando áreas subutilizadas e reorganizando os elementos estruturadores que compõe o local. Espera-se que com o decorrer do tempo a cidade se aproprie naturalmente das demais áreas em transformação existentes no perímetro da várzea não contempladas neste ensaio. Como forma de organização, a proposta se divide em três tópicos, sendo eles: ÁGUA E VEGETAÇÃO, INFRAESTRUTURA e OCUPAÇÃO.
Várzea - Mooca
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ÁGUA
Surge assim, uma extensão de água que a-
A água e sua relação com a cidade é o ele-
lho e Mooca com o rio Tamanduateí e atua
mento principal da pesquisa coletiva e desse
como a grande estruturadora da nova paisa-
trabalho individual. A ONG Mata Atlântica es-
gem (figura 20). As áreas naturais de inunda-
tima que até 2030 seja possível pensar em al-
ção dos corpos d’água, antes vistas como bar-
guns rios de São Paulo limpos, mesmo dentro
reiras urbanas, passam a unificar os espaços e
do perímetro urbano. Deste modo, este ensaio
servir como marcos referenciais na paisagem.
brange o encontro dos córregos Moinho Ve-
considera os rios da cidade já despoluídos. O sistema capilar de retenção de águas ao longo da bacia dos córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca possibilitou mais área seca e uma área menor de inundação na várzea. As áreas estabelecidas inicialmente para atuar como bacias fluviais (bacias de retenção) surgiram a partir da sobreposição dos pontos de inundação em 1982 e 2002 com as cotas mais baixas no entorno dos cursos d´água, por serem os locais de acumulação natural das águas, como já citado (figuras 18 e 19). Um exame mais atento a estas áreas mostrou que algumas se encontravam em regiões já consolidadas da cidade, sendo então transferidas para locais próximos que possibilitassem sua implantação.
Várzea - Mooca
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.
Figura 19 – Áreas geradas a partir da sobreposição entre pontos de inundação em 1982 e cotas mais baixas. Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.
Figura 18 – Pontos de inundação em 1982. Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.
Figura 20 – Configuração final das águas na várzea. Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.
Várzea - Mooca
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Pontos de inundação existentes (mancha azul escura e pontos azuis) e o novo espaço das águas na várzea (mancha azul clara). Imagem produzida pela autora a partir de foto aérea.
Várzea - Mooca
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DINÂMICA DO SISTEMA HÍDRICO
Tendo em vista que o nível da lâmina d’água nos rios e lagoas pluviais propostas varia conforme a quantidade e duração das chuvas, o ensaio procura criar espaços que respondam adequadamente a esta dinâmica, prevendo áreas verdes que nos tempos de seca atuem como parques urbanos e nos dias de precipitação e acúmulo da água como lagoas pluviFigura 21– Áreas de inundação/ dinâmica do
ais.
sistema hídrico Imagem produzida pela autora.
RIO TAMANDUATEÍ
727,00
725,00
Várzea - Mooca
ÁREA DE INUNDAÇÃO PERMANENTE (LAGOA PLUVIAL)
725,00
50
PARQUE URBANO/LAGOA PLUVIAL
727,00
REABILITAR - RECUPERAR
728,00
Como a revisão da proposta de canalização
VEGETAÇÃO Assim como os corredores verdes propostos na bacia, a vegetação nesta área tem como objetivos aumentar a permeabilidade do solo, diminuir as ilhas de calor, criar espaços de lazer e proteger os cursos d´água. Os espaços verdes foram divididos em dois tipos, conforme sua função: -proteção/manejo das águas e recuperação do ecossistema;
dos rios era um das premissas do grupo, propõe-se a retirada das paredes de concreto da calha do rio Tamanduateí e sua substituição por vegetação, a fim de diminuir a velocidade de escoamento da água, evitar a erosão e recuperar parte de seu ecossistema. As encostas das lagoas pluviais, espaços públicos e o interior das quadras também serão densamente arborizados.
-criação e ligação de espaços de lazer e cultu-
Figura 22– Vegetação para proteção da água (verde escu-
rais.
ro) e para criação de espaços de lazer (verde claro). Imagem produzida pela autora .
Várzea - Mooca
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INFRAESTRUTURA Figura 23– Viário existente e proposto.
VIÁRIO
Imagem produzida pela autora a partir do GEOLOG.
Uma das problemáticas levantadas na pesquisa coletiva foi a desarticulação viária3. A região da várzea possui grandes problemas de circulação, pois as vias existentes foram abertas para suprir a demanda originada pela indústria e não dialogam com o restante da malha viária na cidade. A reorganização do viário surge como meio de articulação entre a malha existente e a originada pela nova divisão das quadras. 3
A Avenida do Estado foi parcialmente retirada do lado do rio para abrir espaço para as áreas de inundação, e seu fluxo foi divido no binário das avenidas Presidente Wilson e Dianópolis. As avenidas que formam o binário- de fluxo mais intenso- possuem três faixas de circulação, e as vias locais duas, como forma de não priorizar a circulação viária em detrimento do passeio de pedestres. O transporte de cargas foi intensificado na ferrovia, e a via que per-
Ver tópico “Problemáticas” no caderno coletivo.
Várzea - Mooca
maneceu ao lado do rio perdeu sua caracterís52
REABILITAR - RECUPERAR
tica de via expressa, servindo como alça do
Como forma de transposição viária e de pe-
bairro.
destres foi proposta uma via transversal que
Além desses, outras intervenções viárias foram previstas na área:
passa a ligar as ruas Dom Marcos Teixeira e Saquarema, atravessando toda a área de intervenção. Esta via transpõe em nível o rio Ta-
-Abertura de quatro novas vias transversais
manduateí e a orla, formada pelo rio Taman-
para criar uma ligação entre os dois lados da
duateí e as áreas de inundação propostas.
cidade recortados pelo eixo rio/ferrovia/Av. do
Possui grande área de passagem para contra-
Estado/indústria.
por o viário local existente - onde o espaço de
-Criação de nova malha viária dividindo os
circulação do pedestre é praticamente inexis-
grandes lotes industriais em quadras menores,
tente - e permite o fácil acesso aos espaços
para adequação da cidade à escala do pedes-
verdes propostos na orla.
tre. -Reabilitação das infraestruturas existentes, priorizando o transporte coletivo.
TRANSPOSIÇÃO
Várzea - Mooca
A transposição da linha férrea e da linha de água criada como elemento de separação entre ferrovia e cidade se dá de duas formas: Através das vias que cruzam o rio ou por uma marquise elevada.
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REABILITAR - RECUPERAR
gas. O elemento de separação entre a ferrovia
FERROVIA
e a nova ocupação se dá através de uma linha
Assim como aconteceu com os rios e a cidade,
d’agua ao longo da via, extinguindo a necessi-
a indústria se desenvolveu dando as costas
dade de muros ou demais barreiras.
para a ferrovia, o que permitia facilidade para
Foram criadas três novas estações de trem,
o recebimento e escoamento dos produtos4.
uma em cada área de projeto individual, tendo
Com a desativação das áreas industriais, parte
em vista que o projeto de melhorias da CPTM
dos trilhos criados para a carga e descarga das
visa a diminuição da distância entre as paradas
indústrias se tornou obsoleta. A ferrovia, jun-
e a modernização das linhas.
tamente com estes espaços inoperantes, ca-
A relação entre o e a nova ocupação se trans-
racterizam a Orla Ferroviária.
forma, e os edifícios que antes davam as costas para a linha férrea agora se voltam para
Dessa forma, a quantidade dos trilhos na linha
ela. A lâmina d’água e o espaço verde que a
ao longo da várzea foi revista. Os trilhos ino-
protege formam uma área de convívio e circu-
perantes foram retirados, permanecendo 02
lação dos edifícios no seu entorno.
trilhos para transporte comum, 02 para o expresso turístico e 02 para o transporte de car-
MARQUISE 735,00
ACESSO VEÍCULOS
LÂMINA D’ÁGUA
732,00
731,00 4
730,00
Ver tópico “Uso do Solo” do caderno coletivo 727,00
Várzea - Mooca
727,00
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EXPRESSO TIRADENTES
rização da área gerada pelas intervenções urbanas.
O Expresso Tiradentes foi mantido ao lado do rio, juntamente com a alça do bairro conservada e suas estações agora se ligam às estações da ferrovia-Linha 10-Turquesa da CPTM. Como o projeto da linha branca do metrô prevê uma ligação entre a Vila Prudente e a região da Dutra, este ensaio considera a possibilidade de estendê-la até a nova estação proposta, tornando desnecessária a alça do expresso Tiradentes que chega até a estação Dianópolis.
Figura 24 – Zeis existentes na área foco de intervenção. Fonte: Prefeitura de São Paulo -Planos regionais estratégicos do Ipiranga e Vila Prudente.
OCUPAÇÃO
QUADRAS
ZEIS
A ocupação é implantada de modo a criar es-
A Zona Especial de Interesse Social existente
paços livres dentro das quadras, abertas em
nesta área engloba áreas industriais com pre-
sua maioria. Para evitar a segregação de usos,
sença de ocupação irregular.
os edifícios possuem uso misto, com térreo
O ensaio manteve estas áreas como local de
ros andares abrigam uso comercial e os anda-
implantação de habitações populares como forma de garantir a permanência da população de baixa renda na região mesmo em meio
público ou público e comercial; os três primeires acima habitações ou serviços, conforme o local de implantação.
aos investimentos imobiliários privados e valo-
Várzea - Mooca
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REABILITAR - RECUPERAR
Atividades culturais, restaurantes e bares se
Figura 25– Marquise - cota 735,00 e implantação dos
espalham pela área da orla ferroviária agora
edifícios no entorno da linha férrea.
reconfigurada, garantindo desse modo o con-
Imagem produzida pela autora.
vívio e movimento na região à noite e aos fins de semana.
transição entre ferrovia-água e cidade e cria uma área de passeio público. O acesso até ela
MARQUISE
se dá através de rampas localizadas no interior
A marquise é ladeada pela linha d’água que
que atravessam perpendicularmente a linha
separa a ferrovia da circulação e pela vegetação que, neste caso, atua como elemento de Várzea - Mooca
dos edifícios, nos passeios públicos e nas vias férrea.
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Além de servir como elemento de transposição da ferrovia, a marquise cria um eixo de ligação entre os edifícios, a nova estação e a praça. As ciclovias e áreas de estar nela implantadas criam espaços onde o pedestre tem uso exclusivo, já que a circulação nesta marquise não prevê o acesso de automóveis.
PRAÇA
“O desenho do espaço público é o desenho do vazio”. (Anita Freire, A várzea paulistana: São Paulo: Várzea: Casa Verde). A marquise - cota 735 e a praça – cotas 732 e 735 constituem um grande vazio projetado, um espaço público que possibilita a passagem e cria espaços de convívio e lazer. A nova estação proposta se instala na cota 735,00, na conexão entre marquise e praça.
Várzea - Mooca
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PROJETO ADOTADO
dos.
Na fase de estudo de projetos referência, uma
A adoção deste projeto se deu principalmente
intervenção considerada importante foi ado-
por sua mediação entre as diversas escalas e
tada e incorporada, por sua colaboração a esta
pela articulação entre os espaços propostos e
intervenção urbana:
a cidade.
Terminal Intermodal Vila Prudente – UNA
O projeto incorpora dois galpões preservados,
Arquitetos - 2006
o que contribui para a valorização e reconver-
O projeto do UNA Arquitetos prevê a criação de um terminal intermodal no terreno ocupado pela antiga fábrica de papelão junto à Avenida Luiz Inácio de Anhaia Mello. O projeto prevê ainda a adequação do programa específico junto à estação, adaptando-o à realidade urbana, mercadológica e econômico-
são do patrimônio industrial, uma das premissas adotadas para este trabalho. A lâmina d’água prevista no projeto do UNA será incorporada neste ensaio como um dos 05 pontos previstos para instalação de áreas de retenção na bacia, conforme citado no tópico “Drenagem”.
financeira após a definição de usos pertinentes e o estabelecimento dos parâmetros de
Figura 27 – Planta de Implantação e corte do Terminal
projeto, que em 2006, ano de criação do pro-
Intermodal Vila Prudente – UNA Arquitetos Fonte: UNA Arquitetos
jeto, ainda não estavam totalmente concluí-
Várzea - Mooca
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Figura 28– Plano geral, mostrando o ensaio da relação entre a nova ocupação proposta e a água. Imagem produzida pela autora.
Várzea - Mooca
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CONCLUSÃO O ensaio teve como etapas o levantamento das características, estudo e projeto das vias, fluxos, relação entre água, espaços públicos e privados da bacia do córrego Mooca e da várzea de deságue comum ao rio Tamanduateí e
Essa vontade permanece em mim, embora agora tenha a consciência de que grandes transformações levam tempo e que infelizmente dependem de quem nem sempre está disposto a colaborar. Mas afinal, ser arquiteto/urbanista não é, aci-
córregos Moinho e Moca.
ma de tudo, ser filósofo de coisas tangíveis e
Este trabalho não é somente o fruto de um
necessárias e possíveis?
ano letivo, mas de um processo que agora chega ao fim de sua primeira etapa. Aprendi muito, neste ano mais que nos outros. Agora entendo porque mesmo depois de muito tempo de formados os arquitetos ainda são intitulados “jovens arquitetos”. Arquitetura se aprende aos poucos, durante toda a vida.
intangíveis, acreditar que as mudanças são
Fica em mim a esperança de colaborar ativamente para o surgimento de uma cidade melhor, mais humana e funcional, onde as decisões que afetam o seu destino sejam tomadas por aqueles que realmente se importam em fazer cidades de pessoas, para pessoas.
Somente após 05 longos anos começo a ter a noção da gigantesca responsabilidade que nos cabe como profissionais e cidadãos. Num exercício de sala no primeiro semestre da faculdade, fomos questionados sobre quais eram nossos objetivos como arquitetos. Lembro que minha resposta foi: criar uma cidade melhor e mudar o mundo!
Várzea - Mooca
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