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Universidade Anhembi Morumbi Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

O ESPAÇO DAS ÁGUAS* Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo.

Aline Cristina da Cunha Silva

RA - 08192327

Raquel Casteliano A. Silva

RA - 08112674

Tamires Mariana de Oliveira

RA - 08103199

Orientador: Claudio Manetti São Paulo - 2012

*Título extraído da tese de mestrado “O Espaço das Águas: As Várzeas de Inundação na Cidade de São Paulo” de Delmar Mattes, 2001.

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O ESPAÇO DAS ÁGUAS Aline Cristina da Cunha Silva Raquel Casteliano A. Silva Tamires Mariana de Oliveira Projeto apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo.

DATA ______/______/______

Claudio Manetti Orientador – São Paulo

Caio Santoamore Anhembi Morumbi – São Paulo

Sérgio Sandler Escola da Cidade – São Paulo

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“Vamos resumir: um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pêlos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pêlos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pêlos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida: — Senhoras e senhores — gritam eles —, estamos flutuando no espaço! Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos...” (Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia)

Dedicamos este trabalho à você Manetti, que nunca se sujeitou ao conforto dos pêlos do coelho. Nós ouvimos seu grito.

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RESUMO Esse trabalho é resultado das inquietações, discussões e pesquisas coletivas sobre o desenho da água como instrumento de reconversão da estrutura urbana marcada principalmente pela impermeabilização dos solos e transformação dos sítios naturais. O recorte para tal estudo foi primeiramente a Bacia do Rio Tamanduateí e com o desenvolvimento do trabalho definiramse três sub-bacias que serão objeto de estudo nos cadernos individuais. O trabalho se divide em: Histórico e compreensões; Dados e levantamentos e Questões para os desdobramentos de propostas e projetos.

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LISTA DE FIGURAS Figura 0 Vista da várzea do Rio Tamanduateí Figura 1 A grande estrutura hídrica e as principais vias de circulação Figura 2 A grande estrutura hídrica e o recorte da Bacia do Rio Tamanduateí Figura 3 Mapa da Capital da Província de São Paulo - 1877 Figura 4 Estudo da topografia e da drenagem de São Paulo Figura 5 Planta da Cidade de São Paulo entre 1800 e 1874 Figura 6 Feições do Rio Tamanduateí Figura 7 O Ciclo Hidrológico Figura 8 Relação entre superfície impermeabilizada e superfície de escoamento Figura 9 Componentes físicos de um córrego Figura 10 Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio: mudanças biológicas no meio ambiente aquático Figura 11 Impactos da canalização e da ocupação sobre as funções naturais do rio: mudanças físicas Figura 12 Mudanças biológicas: impactos da retificação sobre as funções naturais do rio Figura 13 A bacia do Rio Tamanduateí, que abrange os municípios de Mauá, Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo Figura 14 Abastecimento de água e atendimento da rede de esgoto sanitário na Bacia do Tamanduateí Figura 15 Densidade de domicílios na Bacia do Tamanduateí Figura 16 Temperatura da Superfície Figura 17 Índice de vegetação na Bacia do Tamanduateí Figura 18 Piscinões na bacia do Rio Tamanduateí Figura 19 Pontos de inundações e o “espaço das águas” Figura 20 Uso do solo na bacia do Rio Tamanduateí Figura 21 Ocupação irregular na várzea do córrego Oratório Figura 22 Desarticulação viária no entorno da Estação Sacomã do metrô Figura 23 Rio Tamanduateí retificado e canalizado Figura 24 O espaço das águas Figura 25 Análise e divisão das áreas da bacia do Rio Tamanduateí O Espaço das Águas

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“DO RIO QUE TUDO ARRASTA, DIZ-SE QUE É VIOLENTO. MAS NINGUÉM CHAMA VIOLENTA ÀS MARGENS QUE O OPRIMEM.” BERTOLT BRECHT

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................... 11

DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................... 15

HISTÓRICO E COMPREENSÕES..................................................................... 19

Histórico da ocupação do Rio Tamanduateí..................................................................... 20

A Dinâmica dos Rios..................................................................... 24

Intervenções nos Cursos D’água..................................................................... 28

DADOS E LEVANTAMENTOS..................................................................... 33

Caracaterísticas da Bacia do Rio Tamanduateí..................................................................... 34

Abastecimento de Água e Rede de Esgoto..................................................................... 36

Densidade Populacional..................................................................... 38

Vegetação e Temperatura na Bacia..................................................................... 39

Pontos de Inundações e Piscinões..................................................................... 42

Uso do Solo..................................................................... 44

Problemática..................................................................... 46

Entrevistas..................................................................... 50

METODOLOGIA DE APROXIMAÇÃO PARA O PROJETO..................................................................... 53

OPÇÕES DE ENFRENTAMENTO E CRITÉRIOS DA ESCOLHA DE INTERVENÇÃO..................................................................... 57

PREMISSAS..................................................................... 59

QUESTÕES PARA OS DESDOBRAMENTOS DE PROPOSTAS E PROJETOS..................................................................... 61

BIBLIOGRAFIA..................................................................... 64

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Vista da várzea do Rio Tamanduateí

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INTRODUÇÃO

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Esse trabalho propõe a discussão sobre o desenho da água como instrumento de

que nos levou a esse estado crítico em relação ao uso e ao controle da qualidade da água e suas relações com o

reconversão da estrutura urbana. A abordagem considera o estudo das áreas marcadas pela impermeabilização dos solos, retificação dos rios, transformação de sítios naturais, resultando nas grandes enchentes e, consequentemente, na es cassez desse bem para o território.

desenho das cidades brasileiras.

Para este trabalho, definimos os cursos d’água inseridos no meio urbano como ÁGUA URBANA, “água que precisamos dominar para sobrevivermos”. Para tanto, investigar a água que buscamos qualificar como água limpa, que permita atrair as pessoas a sua volta como interesse de convívio, e que converse equilibradamente com a cidade e o campo. Quer dizer, a constituição de um ensaio técnico cujo desafio será, em curto prazo, a de mínima compreensão da dinâmica das águas visando dominar o desenho articulado entre sistema hídrico dentro do sistema urbano, assim como também, nas implicações indiretas com os sistemas regionais. Pela dimensão do problema e pela ausência de políticas mais atuantes, especialmente considerando a necessidade de integração entre gestores e recursos econômicos voltados para a busca de soluções efetivas, não cabe aqui a pretensão do discurso que responda amplamente a todas as implicações históricas

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Na escala metropolitana de São Paulo, onde convivemos cotidianamente com essa condição de incerteza devemos considerar que mesmo sendo um trabalho de conclusão de curso de graduação, tal contribuição deva ser observada como um misto entre “a necessidade de compreender tal processo e a busca de soluções para provocarmos algumas respostas dos verdadeiros responsáveis pelas políticas de recuperação, qualificação e desenvolvimento pleno. Diante do impasse do problema e após muitas discussões e alguns meses de estudo e inquietação, resolvemos nos atrever ao trabalho. O grupo começou, então, por uma leitura da cidade tendo como foco as interferências entre o espaço dos rios e suas várzeas espaço das águas e o meio urbano, visando à compreensão do problema e a produção de conhecimento, a fim de obter subsídios para a elaboração de projetos que respondessem as questões levantadas nesta leitura. Para isso, nos detivemos nos estudos das questões da infraestrutura marcada pelo sistema hídrico e como toda essa mudança brutal do território se sobrepôs historicamente à cidade. De acordo com Mattes (2001), a porção das águas que escoa, a que é retida na superfície e a parte que se infiltra no solo constitui o ESPAÇO NATURAL DAS ÁGUAS.

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Estudando os rios no contexto urbano, percebemos que o espaço das águas foi desprezado desde o início da urbanização da cidade de São Paulo. Os rios tiveram grande importância na fundação e estruturação das cidades brasileiras, que se desenvolveram dando as costas para os cursos d’água. Os rios passaram, então, de “marco paisagístico a áreas de conflitos e de deterioração ambiental” (Rosa Kliass, citada em Rios e Cidades da Gorski– 2010).

A parte II traduz o esforço pessoal de cada integrante do grupo “Espaço das Águas”, com focos mais voltados para o detalhamento das leituras e levantamentos visando à construção do projeto de média escala. Os projetos individuais convergem para proposta do que julgamos ser uma amostra para uma nova cidade, fruto do diálogo entre as águas, os lugares secos e as novas potencialidades de transporte, fluxos e usos.

O espaço das águas foi alterado gerando um desequilíbrio no sistema natural. O entendimento destas questões nos serviu de premissa para os projetos desenvolvidos neste trabalho, que procuram resolver as questões abordadas. Como estratégia metodológica, resolvemos juntar forças. Quanto à estrutura, o trabalho dividese, portanto, em duas porções de desenvolvimento técnico: I - O grande estudo sobre a Região Metropolitana de São Paulo que nos deu a prerrogativa da compreensão dos recortes de aproximação entre território e lugar, onde pudemos compilar dados e mapeamentos para a tomada de decisão de qual bacia hidrográfica adotaríamos como um foco de estudo; II - O aprofundamento de projetos urbanos que revelassem a intervenção nos contextos diretos para o enfrentamento da problemática nos bairros afetados, bem como na possibilidade de constituição de novos lugares de interesse da cidade.

“... SE TRATA, ANTES DE MAIS NADA, DE RESTABELECER, OU FUNDAR SOBRE NOVAS BASES, UMA RELAÇÃO SENSÍVEL, SE NÃO AFETIVA, COM A TERRA QUE ESTÁ SOB NOSSOS PÉS E À NOSSA PORTA. DEPOIS DO ESTALO, DO RECONHECIMENTO SÚBITO DA NOSSA CUMPLICIDADE COM ESTA BASE MATERIAL ORIGINAL, É QUE PODEM SE DESENVOLVER A CONSCIÊNCIA E, EM SEGUIDA, ATITUDES AMBIENTALMENTE CONSEQUENTES EM RELAÇÃO A ELA.” VLADIMIR BARTALINI A TRAMA CAPILAR DAS ÁGUAS NA VISÃO COTIDIANA DA PAISAGEM.

A parte I contém a leitura e busca dos recortes e possibilidades para a identificação da melhor bacia hidrográfica e seus desdobramentos para a vida da cidade;

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DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

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O estudo partiu da estrutura macrometropolitana, em especial da bacia do Alto Tietê, tendo como

sobre a pertinência de quando São Paulo realmente será uma cidade mundial. O Rio Aricanduva, por sua vez, tem

horizonte o sistema hídrico da Grande São Paulo. A compreensão da grande estrutura das águas metropolitanas foi fundamental para a adoção de premissas que dessem ao processo de recorte e identificação dos compartimentos de interesse, os elementos mais seguros para as escolhas. O olhar do grupo se voltou para as pertinências e peculiaridades de cada bacia nos conflitos com cada sistema urbano pertinente.

outra ênfase na ocupação, com predomínio de concentração de favelas nas nascentes do leste e grandes equipamentos de controle de cheias, como os “piscinões”, áreas de detenção de águas pluviais para equilíbrio da drenagem. Outros afluentes menores vão gradualmente estendendo o sistema urbano para norte nas pressões sobre a Serra da Cantareira e Guarulhos.

O Rio Tietê é o grande articulador do território paulistano. Sua linha de estruturação é quase como uma “espinha dorsal”, de onde se podem ler as mudanças importantes e os problemas significativos. Tietê de hoje é o elemento linear que devolve ao território paulistano sua configuração longitudinal, antes defendida pela compreensão errônea radioconcêntrica, imposta pelo modelo de Prestes Maia. A história de transformação do território paulista depende do domínio e ocupação das margens do Tietê. Na capital seus afluentes se transformaram em linhas de expansão e conteúdos diversos.

Diante dos primeiros estudos realizados para identificação da bacia de maior interesse de intervenção e considerando a condição histórica, interesses econômicos e volume de contribuição para o sistema hídrico metropolitano, os argumentos nos levaram para a escolha da bacia do Rio Tamanduateí. A Bacia do RIO TAMANDUATEÍ é densamente urbani-zada gerando cheias de grande magnitude, tem infraestruturas muito bem instaladas e enormes espaços nas várzeas, causados pelo êxodo industrial, que po-dem ser utilizados para a elaboração de um projeto que priorize a água como elemento estruturador da cidade.

O Rio Pinheiros tem como característica urbana a concentração de recursos públicos associados aos grandes negócios privados e concentra um conjunto de serviços terceirizados na perspectiva de se tornar no futuro no “centro terceirizado na cidade mundial”, ainda que haja controvérsias

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Figura 1 A grande estrutura hídrica e as principais vias de circulação. Imagem produzida pelo grupo.

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Figura 2 A grande estrutura hídrica e o recorte da Bacia do Rio Tamanduateí. Imagem produzida pelo grupo.

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HISTÓRICO E COMPREENSÕES

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HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DO RIO TAMANDUATEÍ “O Rio Tamanduateí testemunha de forma singular o desenvolvimento da cidade, por representar o prolongamento dos caminhos entre os povoados sobre o planalto e o porto, na Baixada Santista. Associado aos rios Pinheiros e Tietê, irá orientar, conforme suas especificidades, a estruturação da metrópole.” (ANA HELENA VILELLA, EDUARDO ROCHA FERRONI, 2002).

Bresser, foi concluído em 1849, quando foram suspensas as atividades de navegação pelo Rio. Em 1855 foi concluída, por fim, a retificação do Tamanduateí.” (ENOKIBARA, 2003 citado por LUME FAUUSP, 2007).

A cidade de São Paulo se instalou inicialmente nas colinas, por sua localização geográfica estratégica e se desenvolveu dando as costas para os rios considerados grandes obstáculos para transposições e ligação entre os dois lados da cidade. Com a evolução da urbanização a importância dos rios foi anulada, sendo vistos como locais insalubres, obstáculos à circulação e causadores de enchentes, fazendo com que a relação entre rio e cidade se tornasse cada vez mais difícil. Somente após a retificação dos rios as áreas de várzea foram ocupadas. Até a década de 1840, o Rio Tamanduateí era utilizado para navegação, promovendo a ligação dos municípios de São Caetano, São Bernardo e São Paulo. “A partir de então, iniciou-se o primeiro projeto para retificação do Rio, afastando-o da colina central. O projeto de retificação do trecho que deu origem à Rua 25 de Março, de autoria do Eng. João Carlos Abraão

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Figura 3 Mapa da Capital da Província de São Paulo, 1877, mostrando os aterrados do gasômetro e do Brás arborizados e a ilha dos Amores. Autor: Francisco de Albuquerque e Jules Martin. Fonte: São Paulo (Cidade), 1954.

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Figura 4 Estudo da topografia e da drenagem de São Paulo, evidenciando a extensão da várzea dos rios. Autor: Aziz Ab’Saber Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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O projeto não conseguiu resolver os problemas de inundação, mas o poder público levou adiante iniciativas para a melhoria da comunicação da cidade com as áreas para além da várzea. Em 1867 foi inaugurada a Ferrovia Santos-Jundiaí (São Paulo Railway), implantada nos terraços fluviais dos rios Tietê e Tamanduateí correspondendo, basicamen-te, as rotas terrestres históricas. O trem colaborou de maneira significativa para o desenvolvimento industrial nessa área, por ser o principal meio de transporte de mão-de obra, de matéria-prima e de produtos acabados, além do baixo custo dos terrenos alagadiços, planos e de grandes dimensões. Com o desenvolvimento da indústria houve um aumento da oferta de empregos o que gerou um crescimento populacional. As vilas operárias surgiram em consequência desse crescimento, e juntamente com as indústrias constituem a ocupação básica da região da várzea.

Figura 5 Planta da Cidade de São Paulo entre 1800 e 1874

mostrando as três fases do Rio Tamanduateí - do leito original ao projeto de retificação do fim do século XIX. Fonte: Toledo, 1996.

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“Em 1893 iniciaram-se as obras de canalização do Rio nas áreas de captação junto ao Córrego do Ipiranga. De acordo com Zmitrowicz (1984), além do canal com 7,5 metros de largura, foram projetadas duas valas de derivação laterais, atingindo terrenos altos próximos à ferrovia e uma parte do aterrado do Ipiranga. Depois de dissolvida a Comissão de Saneamento do Estado o aterro da Várzea do Carmo foi completado, elevando-a em 2 metros com o objetivo de evitar os transbordamentos do Tamanduateí e de nivelar os terrenos.”

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“O material do aterro foi fornecido pelas colinas do Cambuci, estendendo-se posteriormente até o Ipiranga, sendo aproveitado para a implantação de uma avenida margeando o canal – a futura Avenida do Estado. A canalização terminou em 1914 com um canal de 23 metros de largura, margeado por uma avenida de 18,50 metros de cada lado.” (ENOKIBARA, 2003 citado por LUME FAUUSP, 2007). Em 1947, com a inauguração da primeira pista da Rodovia Anchieta, a região passou a ser também a principal rota do tráfego de passagem em direção a Santos, ampliando ainda mais seus atributos logísticos de atratividade para as atividades industriais.

Tamanduateí - 1810

Tamanduateí - 1897

Tamanduateí - 2007

Figura 6 Feições do Rio Tamanduateí Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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A DINÂMICA DOS RIOS As águas possuem os seus espaços naturais, que desempenham funções de retenção, escoamento

proteger do assoreamento as margens dos rios, asse-gurando a filtragem de suas águas, e evitando a com-pactação do

e acomodação na superfície e, de armazenamento e regularização na subsuperfície, permitindo alimentar o sistema de drenagem nos períodos de estiagem. (MATTES, 2001)

solo ao redor das nascentes. Constitui fator essencial a condição de equilíbrio do sistema acima mencionado. Como habitat da fauna e flora, as matas ciliares são consideradas ecossistemas muito ricos pela diversidade de espécies que abrigam. (GORSKI, 2010)

“As bacias hidrográficas e os rios estão integrados ao sistema que compõe o CICLO HIDROLÓGICO – as águas evaporam-se, pela ação do aquecimento solar e pela transpiração da vegetação durante a fotossíntese, e movimentam-se na atmosfera terrestre, circulando pela superfície do solo e pelo subsolo”. (GORSKI, 2010) Bacia hidrográfica é a “área dotada de declividade, que possibilita o escoamento das águas, que direta ou indiretamente se dirigem para um corpo de água central”, ou seja, a área natural de drenagem dos rios. “A bacia fluvial contém vales sulcados por um rio principal e seus tributários, que podem formar outras bacias ou sub-bacias”. A vegetação presente ao longo dos cursos d’água recebe o nome de mata ripária ou mata ciliar, e atua na qualidade ambiental como fator de renovação do oxigênio, fixador de partículas em suspensão, amenizador do clima, gerador de sombreamento e de umidade, pelo processo de evapotranspiração, coadjuvante no sistema de drenagem e na prevenção de inundações. Retém a água, protege o solo contra erosão, além de

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Gorski esclarece que os componentes físicos dos cursos d’água como a vegetação, suas características de largura e profundidade, poços ou depressões, soleiras, meandros, planícies de inundação desempenham papéis específicos no ecossistema fluvial e estão em contínua mutação própria de seu equilíbrio dinâmico que podem entrar em ruptura sob a ação antrópica. Em uma bacia não urbanizada, grande parte das águas pluviais se infiltra no solo ou é interceptada pela vegetação e apenas uma pequena parte dessa água escoa na superfície chegando aos rios. Segundo Gorski quando há a retirada dessa vegetação e o solo é impermeabilizado “dáse o encurtamento do ciclo hidrológico, em que a proporção de infiltração é bem menor que a de evaporação, ocasionando a contribuição concentrada de deflúvios propiciando a incidência de inundações” e aumentando o escoamento superficial. Visto que a mata ciliar dos rios e córregos da cidade de São Paulo é praticamente inexistente e o solo altamente impermeabilizado, o escoamento da água se dá na superfície do solo não havendo infiltração das águas pluviais ocasionando enchentes.

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Figura 7 O Ciclo Hidrológico

Fonte: GORSKI, 2010.

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Figura 8 Relação entre superfície impermeabilizada e superfície de escoamento Fonte: GORSKI, 2010.

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Figura 9 Componentes físicos de um córrego

Fonte: GORSKI, 2010.

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INTERVENÇÕES NOS CURSOS D’ÁGUA O processo de intervenções nos cursos d’água percorreu diferentes fases sociais, econômicas e políticas. Envolveu não só o emprego variado de tecnologias, como também, modelos institucionais e formas de gestão urbana. (DELMAR, 2001) Ao longo do tempo várias intervenções nos cursos dos rios tentaram solucionar o problema das enchentes, motivadas por questões sanitárias e de drenagem, entre elas: CANALIZAÇÃO “É um processo que ‘corrige’ e concreta o canal de um curso d’água. Os impactos ambientais gerados são: comprometimento das relações biológicas; supressão das matas ciliares, expondo a vida aquática a temperaturas elevadas; eliminação da rugosidade do canal aumentando a velocidade da água; aumento da erosão e assoreamento, removendo solos ricos para a vida aquática; instabilidade do canal; prejuízo à qualidade da água e alterações nas condições hidrológicas do rio, afetando seu leito, a capacidade de drenagem, sua descarga e seu fluxo. Além dos impactos acima mencionados, a qualidade da paisagem é, também, muito afetada, pois as matas ciliares são eliminadas e a condição de estabilidade das margens passará a contar com contenções de concreto, taludes, revestidos de vegetação à custa de adubos químicos ou herbicidas.” (GORSKI, 2010)

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RETIFICAÇÃO Consiste em eliminar os meandros dos cursos d’água encurtando o seu percurso e facilitando, assim, a ocupação urbana. Baseada no conceito de escoar a água precipitada o mais rápido possível, aumenta a vazão, a velocidade da água e extingue os componentes bióti-cos do sistema fluvial. É uma intervenção pontual que transfere o problema para a jusante. BACIA DE DETENÇÃO - PISCINÃO É uma bacia que detém a água nos períodos de precipitação intensa. O piscinão é uma solução extrema que apesar de ajudar na drenagem, diminui a qualidade urbana no local onde é implantado e a manutenção inadequada acarreta a proliferação de mosquitos e ratos transmissores de doenças. Estas intervenções se mostraram ineficientes por não considerarem o sistema hídrico em sua totalidade, aumentando as vazões e a frequência das inundações. “Canholi e Tucci criticam a engenharia tradicional no Brasil que vem buscando compensar a progressiva perda da drenagem natural urbana por meio das mesmas obras de implantação de galerias, canalização, tamponamento e retificação de córregos. Os autores propõem abordagens alternativas, tais como o incremento de sistemas de infiltração, reservatórios de retenção e detenção, restauração de áreas de várzea e de mean-drização dos leitos dos córregos e restauração da mata ciliar.” (GORSKI, 2010). Ou seja, o ideal seria reter as águas o maior tempo possível para que o sistema con-siga absorvê-las sem causar extravasamentos.

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Figura 10 Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio: mudanças biológicas no meio ambiente aquático

Fonte: GORSKI, 2010.

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Figura 11 Impactos da canalização e da ocupação sobre as funções naturais do rio: mudanças físicas Fonte: GORSKI, 2010.

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Figura 12 Mudanças biológicas: impactos da retificação sobre as funções naturais do rio

Fonte: GORSKI, 2010.

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DADOS E LEVANTAMENTOS

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CARACTERÍSTICAS DA BACIA DO RIO TAMANDUATEÍ “O rio Tamanduateí nasce no município de Mauá e percorre 36 km para juntar suas águas ás do rio Tietê [...] sua bacia possui área de 329 Km2 e abrange parcelas territoriais dos municípios de São Paulo, Santo André, São Bernardo, São Caetano Diadema e Mauá... Esta bacia é dividida em três partes, a saber:

Bacia do Alto Tamanduateí, a montante da confluência com o Córrego dos Meninos;

Bacia do Córrego dos Meninos;

Bacia do Baixo Tamanduateí.

Na sua primeira parte, bacia do Alto Tamanduateí, o rio recebe vários córregos de pequeno porte: Taboão, Oratório e Ribeirão dos Couros. No trecho do Baixo Tamanduateí, os afluentes mais importantes são dois córregos: Mooca e Ipiranga.” (PROOST DE SOUZA, 2000)

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Figura 13 O A bacia do Rio Tamanduateí, que abrange os municípios de Mauá, Santo André, São Caetano do Sul e São Paulo. Imagem produzida pelo grupo.

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ABASTECIMENTO DE ÁGUA E REDE DE ESGOTO “O tratamento de águas servidas ou esgotos não se dá na mesma proporção do aumento do consumo, o que significa contaminação dos corpos d’água de superfície e subsolo. Essa situação obriga os municípios a recorrerem a mananciais cada vez mais distantes para abastecimento da população.” (GORSKI, 2010) As Estações de Tratamento de Esgoto que deveriam receber os efluentes da Bacia do Tamanduateí são as ETEs ABC e Barueri, mas trabalham abaixo de sua capacidade. Houve uma expansão dos sistemas de infraestrutura urbana e domiciliar na Bacia do Tamanduateí, mas esse sistema ainda é incompleto por não contar com a destinação adequada dos resíduos que são coletados nos domicílios atendidos. Quanto aos resíduos sólidos, estes também apresentam problemas: a maioria acaba despejada em lixões, e uma pequena parte é direcionada a aterros sanitários, reciclagem e incineração.

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Figura 14 Abastecimento de água e atendimento da rede de esgoto sanitário na Bacia do Tamanduateí. Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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DENSIDADE POPULACIONAL De acordo com o estudo do LUME, o centro da cidade de São Paulo está sofrendo um processo de esvaziamento, onde a população se dirige para as áreas periféricas. Grande parte deste contingente está ocupando as áreas de proteção ambiental causando uma pressão de ocupação nas áreas de nascentes, como é possível observar na figura 15 que mostra o crescimento da densidade nas cidades do ABC e Mauá.

“A indevida ocupação de áreas de risco, ao longo dos córregos, está estreitamente relacionada à precariedade dos programas de habitação popular e da rede de transporte público, ao sistema ineficiente de coleta de lixo e destinação de resíduos, e à falta de acesso a serviços de saneamento.” (GORSKI, 2010)

Figura 15 Densidade de domicílios na Bacia do Tamanduateí Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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VEGETAÇÃO E TEMPERATURA NA BACIA A escassez de áreas verdes e a excessiva impermeabilização do solo provocam o aumento da temperatura das áreas urbanas agravando as enchentes. Enquanto a presença de áreas verdes em centros urbanos contribui para o equilíbrio das temperaturas, aumentando a quantidade de vapor de água na atmosfera, as cons-truções e os calçamentos ocasionam mudanças nos processos de radiação e absorção do calor, contribuindo para a formação das “ilhas de calor”. A concentração de calor e de poluição em centros urbanos ocasiona uma mudança na distribuição espacial das chuvas, fazendo com que elas se precipitem sobre áreas intensamente urbanizadas, sobretudo em forma de tempestades. Estes dados contribuem para agravar ainda mais o já caótico quadro de inundações e de enchentes que caracteriza os grandes aglomerados urbanos. Conforme a figura 16, observa-se que entre 1986 e 2001 a bacia apresentou uma grande perda da vegetação intraurbana e nas áreas de expansão urbana, especialmente nos municípios de Mauá e Santo André. Essas áreas estão situadas nas proximidades da fronteira da Área de Proteção aos Mananciais, o que indica uma tendência de espraiamento da mancha urbana em direção às áreas legalmente protegidas. (LUME FAUUSP, 2007) O Espaço das Águas

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Figura 16 Temperatura da Superfície As áreas mais vermelhas apresentam temperaturas mais altas, enquanto as azuis são mais frias. Observa-se que a Bacia do Tamanduateí é a mais quente do município. Fonte: Atlas Ambiental, 1999; LUME FAUUSP, 2007.

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Figura 17 Índice de vegetação na Bacia do Tamanduateí Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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PONTOS DE INUNDAÇÃO E DRENAGEM “O Rio Tamanduateí e a Avenida do Estado são dois protagonistas e testemunhas de inúmeras histórias envolvendo enchentes e obras públicas.” (Estadão) Como visto anteriormente, as inundações são características naturais dos rios e as suas várzeas deveriam ser o lugar de acomodação dos transbordamentos das águas. A partir do momento em que as várzeas foram ocupadas, as cheias dos rios se tornaram um problema. Dentre as tentativas de solucionar esse problema, está a construção dos piscinões. Segundo o Plano Diretor de Macrodrenagem do Rio Tietê (PDMAT), deveria existir 46 piscinões ao longo da bacia do Tamanduateí para conter a vazão das chuvas, mas 17 foram construídos. De acordo com o estudo do Plano Diretor de Macrodrenagem do Rio Tietê (PDMAT) citado por LUME (2007), quanto maior é a mancha urbana na bacia maior é a vazão do rio Tamanduateí, ou seja, a tendência é aumentar a incidência de grandes enchentes no rio Tamanduateí e seus afluentes.

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Figura 18 Piscinões na bacia do Rio Tamanduateí Fonte: LUME FAUUSP, 2007.

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Figura 19 Pontos de inundações em 1982, 2002 e o “espaço das águas”. Imagem produzida pelo grupo a partir do GEOLOG e foto aérea. Fonte: Atlas Ambiental, 2001; LUME FAUUSP, 2007.

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USO DO SOLO Como citado anteriormente, a instalação da ferrovia nas áreas das várzeas – consideradas

Como podemos ver na figura 20, a ocupação básica da várzea é industrial, com algumas ainda em funcionamento,

topográfica e economicamente favoráveis – foi um fator importante para a evolução da cidade. Como o transporte de combustíveis e matérias primas dependia basicamente dos trens, as áreas próximas às ferrovias foram preferidas pelas indústrias. Ao ocuparem este terreno, as indústrias e armazéns voltaram os fundos para a via férrea, o que permitia facilidade para o recebimento e escoamento dos produtos.

mas a maior parte dos terrenos está subutilizada. Ainda hoje os grandes lotes determinados pela ocupação industrial permanecem, e mesmo nas áreas onde houve desmembramento dos lotes podem ser observadas suas características originais.

A ferrovia, aliada às melhorias urbanas e as obras de saneamento realizadas trouxeram um crescimento populacional à região, originado pela disponibilidade de mão de obra e pela formação de um mercado interno. As áreas das várzeas, inicialmente ocupadas pelas indústrias, passaram a ser também local da instalação de moradias para os operários.

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As outras áreas da bacia são predominantemente residenciais de classe média e de serviços. Existem áreas de ocupação irregular na beira dos córregos e suas nascentes, carência de equipamentos urbanos e áreas verdes. As áreas ao redor da várzea do rio e da ferrovia passam atualmente por uma grande transformação em toda a sua extensão, com desativação de grandes e antigas indústrias e implantação de novos estabelecimentos comerciais e condomínios residenciais.

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Figura 20 Uso do solo na bacia do Rio Tamanduateí, onde são destacados os usos industriais, equipamentos urbanos e ocupações irregulares. Imagem produzida pelo grupo a partir de foto aérea. Fonte: Atlas Ambiental, 2001; EMPLASA.

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PROBLEMÁTICA A partir do estudo da evolução histórica e das características atuais da bacia do Rio Tamanduateí, destacamos alguns problemas que caracterizam esta área e cuja solução tomamos como premissas nos trabalhos individuais: POLUIÇÃO E CONTAMINAÇÃO DO SOLO NAS REGIÕES INDUSTRIAIS A Bacia do Tamanduateí “contém uma das principais regiões industriais do país, o que traz consigo uma probabilidade alta de encontrarmos inadequações socioambientais resultantes dos processos industriais, como poluição do ar e da água, contaminação do solo, produção de ruídos.” (LUME, 2007) OCUPAÇÃO IRREGULAR NAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL “... a porção situada ao sul da Bacia praticamente faz fronteira com a Área de Proteção aos Mananciais, o que indica que os processos de expansão urbana nessa direção podem representar uma ameaça às áreas legalmente protegidas em função dos mananciais de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.” (LUME, 2007) BARREIRAS URBANAS Por serem áreas de topografia plana e economicamente favoráveis, as áreas das várzeas dos rios foram escolhidas como local de implantação das ferrovias e das grandes vias de fundo de vale.

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Figura 21 Ocupação irregular na várzea do córrego Oratório Fonte: Google Maps

A associação rio-rodovia-ferrovia criou barreiras urbanas que aumentaram a separação entre o centro e os bairros, bem como entre os dois lados da cidade cortados pelo eixo linear formado por estas estruturas. DESARTICULAÇÃO VIÁRIA A junção dos novos eixos rodoviários com a malha urbana existente criou uma desarticulação dos nós e grandes problemas de circulação na cidade. Existe a necessidade de ajuste entre as vias principais, arteriais e a rede local no sistema viário metropolitano, disciplinando os fluxos e conectando as transições. A falta de planejamento da malha estrutural da cidade como um todo exige cada vez mais soluções como viadutos e anéis viários, que recortam a cidade e roubam a escala do pedestre, bem como as áreas livres.

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Graças à omissão do poder público na reestruturação destas regiões, este novo tipo de ocupação está nas mãos da iniciativa privada e do mercado imobiliário, que produz condomínios e empreendimentos comerci-ais cercados, que não conversam com a cidade. A falsa sensação de segurança passada pelos altos muros dos condomínios fechados serve para aumentar a violência, uma vez que o convívio nas ruas e nos bairros diminui.

Figura 22 Desarticulação viária no entorno da Estação Sacomã do metrô Fonte: Google maps

ESVAZIAMENTO DAS ZONAS INDUSTRIAIS A valorização e o aumento do valor do solo nas áreas de várzea, aliados à implantação das estradas e do rodoviarismo, causaram uma reestruturação das áreas antes ocupadas pelas indústrias. A facilidade de circulação dada pelas rodovias fez com que muitas indústrias se transferissem para perto das mesmas, gerando espaços subutilizados com quadras de grandes dimensões. NOVO PADRÃO DE OCUPAÇÃO DAS ÁREAS INDUSTRIAIS ”Os galpões da cidade, antes de pequeno valor comercial, agora estão subindo muito de preço, destinados ao uso de shopping centers, escritórios e cinemas, sobretudo quando estão próximos a grandes avenidas e marginais... Cada uma das regiões da capital paulista com grandes espaços de galpões começa a dar sinais de que seguirá uma tendência imobiliária própria.” (LEVANTAMENTO DA CB RICHARD ELLIS, EMPRESA DE CONSULTORIA IMOBILIÁRIA)

SUBUTILIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA URBANA Sistema ferroviário subutilizado com possibilidade de recuperação conforme Plano de Expansão SP sob a responsabilidade da Secretaria Estadual de Transporte, governo do estado de São Paulo, prevendo a recuperação das linhas (Linha 10), a implantação do Expresso ABC e a organização do sistema de cargas ferroviárias. O ESPAÇO DAS ÁGUAS ALTERADO Como citado anteriormente, as várzeas dos rios são espaços que acomodam as cheias dos cursos d’água, que são fenômenos naturais constituintes do ciclo hidrológico. Ao longo do processo de urbanização, o solo foi impermeabilizado; as várzeas foram aterradas e ocupadas por avenidas de fundo de vale e moradia de baixa renda; os rios foram tamponados, retificados e estrangulados; as águas foram poluídas e a vegetação foi dizimada causando grandes enchentes e retirando quaisquer condições de vida aquática. “A má qualidade das águas dos rios serve como justificativa para a segregação entre a população e o rio, que contribui para uma piora na qualidade das águas, pois se não há uso, não há pressão pública para a recuperação.” (LUME, 2007)

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INTERVENÇÕES FÍSICAS NOS CURSOS D’ÁGUA Com isso foi necessário o desenvolvimento de ações para contenção das enchentes, entre elas as canalizações, retificações, tamponamento e estrangulamento da seção das calhas dos rios e reservatórios de detenção.

DRENAGEM DEFICIENTE “QUALQUER INTERVENÇÃO EM PONTOS DA BACIA HIDROGRÁFICA, QUE PROVOQUE UM AUMENTO DA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO, OU ALTERAÇÃO NAS CONDIÇÕES DE ESCOAMENTO DAS ÁGUAS FLUVIAIS POR INTERVENÇÃO NO SISTEMA DE DRENAGEM, OU AINDA MOVIMENTOS DE TERRA, INDUTORES DE EROSÕES E ASSOREAMENTOS, PRODUZ IMPACTOS QUE INTERFEREM NAS CALHAS FLUVIAIS, ALTERANDO AS CONDIÇÕES DE ESCOAMENTO DAS ÁGUAS.” DELMAR MATTES O ESPAÇO DAS ÁGUAS, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, USP, 2001.

Figura 23 Rio Tamanduateí retificado e canalizado. Fonte: Google maps

Durante o processo de levantamento e compreensão, algumas inquietações nos sobrevieram:

ESCASSEZ DE VEGETAÇÃO A escassez de áreas verdes e a excessiva impermeabilização do solo aumentam a temperatura e agravam as enchentes.

Como tratar o sistema urbano no convívio com a água de tal forma a unificar o desenho das cidades?

Além disso, a concentração de calor e poluição ocasiona uma mudança na distribuição espacial das chuvas, fazendo com que elas se precipitem sobre áreas intensamente urbanizadas, sobretudo em forma de tempestades.

Além disso, como compreender os elementos estruturais do desenho da água, sem comprometer sua biodinâmica e sem fugir para o formalismo das lâminas como enfeite dos espaços livres?

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Figura 24 O espaço das águas

Imagem produzida pelo grupo, mostrando as cotas mais baixas de cada córrego/rio (725, 730, 740,745). O espaçamento das curvas de nível permite visualizar as áreas mais planas e as respectivas calhas fluviais ao longo dos cursos d’água, constituindo espaços amplos para acomodação das águas. Base: GEOLOG

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ENTREVISTAS Com as inquietações e após a compreensão do histórico de ocupação, do rio e a bacia

O projeto se baseia no conceito de que as águas compõem um bem público e um recurso limitado, que além de ser

hidrográfica como sistema de drenagem e dos fatores que ocasionam as enchentes, procuramos falar com pessoas que pudessem dar subsídios que nos ajudassem a desenhar a água.

racionalizado, deve ser diversificado e pro-porcionar acesso a todos.

ALEXANDRE DELIJAICOV Arquiteto Professor Doutor Na Usp e Coordenador do Grupo Metrópole Fluvial DATA: 20/04/12 Principais tópicos da conversa: • Hidroanel • Bacias de retenção nos encontros dos rios • Sistema capilar • Corredores verdes • Canais de derivação • Rio como estrutura de transporte e drenagem. “O Hidroanel Metropolitano de São Paulo é uma rede de vias navegáveis compostas pelos rios Tietê e Pinheiros, represas Billings e Taiaçupeba” (GRUPO METRÓPOLE FLUVIAL, FAUUSP, 2012)

O Hidroanel Metropolitano foi o principal “tema” da nossa conversa com o professor-doutor Alexandre Delijaicov por tratar algumas questões que são pertinentes ao desenvolvimento do TFG, como a questão da drenagem urbana. Para resolver essa questão o projeto do hidroanel pro-põe a criação de lagos, canais e parques fluviais para o aumento da “área de superfície de água”, esses lagos funcionarão como bacias de detenção evitando inundações na área urbana da metrópole, de forma sistêmica e ramificada. Além disso, as barragens e eclusas, previstas no projeto, são mecanismos que servem tanto para controlar a vazão da água quanto para possibilitar a navegação fluvial. Assim, consideramos o sistema capilar, onde a água é retida, através da criação de bacias de retenção em primeiro lugar na cabeceira, depois o corpo hídrico e por fim na foz, o mais adequado para o sistema de drenagem deste trabalho.

Desenvolvido pela FAUUSP, o projeto do Hidroanel propõe uma nova forma de se relacionar com os rios da metrópole tornando-os hidrovias através da ligação de rios e córregos.

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DELMAR MATTES Geólogo Autor da Tese de Mestrado em Arquitetura: O Espaço das Águas DATA: 04/05/12

Uma delas é o fato da cidade de São Paulo ter, predominantemente, o solo cristalino, que é mais suscetível a erosões sendo responsável pelo assoreamento dos rios, agravando as enchentes.

Principais tópicos da conversa: • O conceito do “Espaço das Águas”; • Geomorfologia característica da Região Metropolitana de São Paulo; • Renaturalização de córregos; • A vegetação como elemento contribuinte do sistema de drenagem.

Para complicar a situação, os principais afluentes do Rio Tietê têm os seus cursos naturais fortemente orientados para concentrar as suas vazões no segmento entre o rio Pinheiros e o córrego Aricanduva, que também coincide justamente com o centro da mancha urbana de São Paulo.

A conversa com Delmar nos deu outro olhar a respeito do território. A ideia principal, que posteriormente norteou o nosso trabalho, é a de tentar devolver um pouco mais o espaço das águas, com os elementos e necessidades da cidade atual, aos cursos d’água. Em exercícios anterio-res pensávamos que para dar sentido ao lugar, devíamos ocupar a várzea, mas na verdade é o vazio da várzea que deve ser devolvido aos rios. Ou seja, não é simplesmente uma ideia de desenhar a água adaptando-a a uma situação urbana inexorável, mas é a ocupa-ção que deve se adaptar ao espaço das águas. Desta forma, a água passa a ser o elemento de projeto que irá estruturar a intervenção e não mais a ocupação urbana. Em relação à geomorfologia de São Paulo, Delmar nos elucidou quanto as suas características peculiares que promove o escoamento superficial.

Além disso, a impermeabilização excessiva do solo faz com que as águas cheguem mais rápido aos rios que são de planície, ou seja, o escoamento se dá mais lentamente necessitando das grandes várzeas para a acomodação das águas em períodos de chuvas intensas. Outro assunto que foi abordado na conversa foi a renaturalização dos cursos d’água. A manutenção de um córrego em galeria é muito mais cara do que manter o córrego aberto, porque as águas poluídas corroem o concreto. Assim, a renaturalização dos córregos é ecológica e economicamente favorável. A vegetação contribui com o sistema de drenagem por reter e filtrar parte das águas, protege o solo contra erosões e cria microclimas diminuindo, assim, as ilhas de calor na cidade. Após este processo procuramos conciliar o ponto de vista dos dois entrevistados, levando em consideração tanto o “espaço das águas” abordado pelo Delmar quanto a utilização dos rios como estrutura citado por Delijaicov.

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METODOLOGIA DE APROXIMAÇÃO PARA O PROJETO

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Tendo como primeira escolha de intervenção a área da bacia do rio Tamanduateí, passamos a

São Caetano. A gestão integrada dos recursos hídricos nas cidades que se situam neste trecho se faria necessária para

analisar mais atentamente a extensão da mesma. Nessa análise descobrimos características que nos permitiram dividir a bacia em quatro áreas distintas:

uma intervenção eficaz.

Área 01 – A montante do rio, na região das nascentes, localizada no município de Mauá; Tem como características grande quantidade de áreas verdes, nascentes e corpos d’água, onde a ocupação irregular avança rapidamente sobre as áreas de proteção ambiental (mananciais). O foco de intervenção nessa área teria como foco a regularização da ocupação irregular, a criação de novas centralidades e a demais políticas de habitação.

Área 03 - Município de São Paulo e parte de São Caetano; Contém córregos com grandes bacias, e assim como as outras áreas possui características de ocupação irregular nas nascentes, disparidade de renda entre os bairros, e grandes áreas e lotes industriais. Área 04 - Região central de São Paulo, na confluência dos rios Tamanduateí e Tietê. Possui ocupação consolidada e estruturas macrometropolitanas que dão suporte ao estado. A intervenção nessa área teria que lidar com questões de política urbana em diferentes escalas.

Área 02 – Abrange o município de Santo André e parte de São Caetano do Sul e Mauá; Presença de ocupação irregular nas áreas de nascente, grandes áreas industriais, disparidade de renda entre as cidades de Santo André e

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Figura 25 Análise e divisão das áreas da bacia do Rio Tamanduateí Imagem produzida pelo grupo a partir de foto aérea.

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OPÇÕES DE ENFRENTAMENTO E CRITÉRIOS DA ESCOLHA DE INTERVENÇÃO

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Após a análise da bacia e sua divisão em 04 áreas de estudo levantamos algumas opções de enfrentamento:

3 - Escolhida uma área, cada integrante ficaria com uma sub-bacia que possibilitasse a cada uma a intervenção na nascente, corpo hídrico e foz.

1 - Cada integrante do grupo ficaria com uma das áreas (1, 2, 3), onde desenvolveria seu projeto abrangendo as características de cada área, envolvendo várias sub-bacias e municípios;

2 - Escolhida uma área e dentro dela uma subbacia, cada integrante teria como foco de projeto um trecho do córrego em questão – nascente, corpo hídrico e foz.

O grupo escolheu então a área 03 e a opção de enfrentamento 03 como foco de projeto, pois contém todas as características encontradas separadamente nas outras áreas. Os córregos existentes nesta área de abrangência (Ipiranga, Mooca, Moinho Velho e Meninos) possuem grande extensão, o que permite a intervenção nas nascentes, no corpo hídrico e na foz. Além disso, o encontro dos três córregos (foz) constitui uma área potencial para a reconversão urbana através da água. Cada membro do grupo escolheu a bacia de um córrego para aprofundar os estudos (Ipiranga, Mooca e Moinho Velho), a fim de entender e trazer consigo as características de ocupação e especificidades de cada bacia, para obter um desenho que respondesse adequadamente às questões das bacias e da foz, onde os três córregos se encontram.

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PREMISSAS

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Dadas as problemáticas e demais itens compreendidos ao longo da pesquisa e do trabalho em

grupo, as premissas para os trabalhos individuais foram baseadas nas seguintes questões: Ineficiência do modelo do sistema de drenagem urbana;

Impermeabilização e indevida ocupação das várzeas dos rios; Predominância de grandes lotes industriais abandonados e áreas subutilizadas;

Rediscussão do conjunto de ocupações das edificações fabris, considerando a possibilidade de recuperação dessas atividades incrementadas na região e a reconversão de usos para novas atividades;

Proposta de um novo sistema de drenagem de forma sistêmica, considerando intervenções na cabeceira, corpo e foz dos rios;

Criação de canais de derivação;

Criação de corredores verdes;

“Devolução” do espaço das águas.

Barreiras urbanas.

Como resposta a essas questões surgiram as seguintes premissas:

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Revisão da proposta de canalização e tamponamento dos rios;

Construção de lugares de apoio ao ciclo de concentração hídrica em períodos de chuva;

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QUESTÕES PARA OS DESDOBRAMENTOS DE PROPOSTAS E PROJETOS

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O processo de desenvolvimento do trabalho buscou compreender as diferentes escalas e

Esses estudos serão apresentados nos cadernos específicos e atendem a pressupostos de escolha dos lugares mais

recortes para definir e configurar os projetos urbanos a serem desenvolvidos individualmente. Passar pelo recorte do rio Tamanduateí que configura a escala metropolitana, até as subbacias dos córregos Ipiranga, Moinho Velho e Mooca, permitiunos identificar os elementos a serem enfrentados nos projetos e suas interrelações.

consistentes e dos novos usos, atentando para a conformação dos programas para os projetos. Talvez, o maior desafio tenha sido o de desenvolver os projetos derivados do grande estudo de forma autônoma, com o detalhamento dos lugares localizados na várzea do Tamanduateí, sem perder a unidade de um projeto integrado.

A água urbana configura o elemento determinante para novas intervenções, seguida da compreensão da geografia e das estruturas predominantes, como as transposições, os usos, conexões dos bairros, etc. tanto dos rios, como das várzeas. Um olhar mais atento para a várzea do Tamanduateí, considerando o feixe longitudinal dos caminhos e barreiras metropolitanas ali existentes, apresentou um cenário de problemas e potencialidades. Isso determinou a escolha do grupo em relação ao foco das principais intervenções. Para isso, foi necessário estudar as sub-bacias dos tributários do Tamanduateí, verificando as condições de drenagem, as condicionantes de usos e as principais articulações entre o sistema urbano instalado sobre o contexto geográfico.

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Cada projeto teve um desenvolvimento que permitiu a discussão em grupo, de forma que cada uma pudesse contribuir na produção de conhecimento das outras. Assim, o processo de cada integrante do grupo, após o ciclo de estudo das escalas de compreensão para os recortes, adquiriu nova metodologia, inversa a anterior, decorrente do ciclo de aprofundamento dos estudos de cada uma. Se anteriormente, na fase de aproximação dos contextos de projeto o grupo trabalhou somando esforços na compilação e análise de dados, mapeamentos e desenhos, objetivando eleger lugares e elementos, num segundo momento, as integrantes do grupo trabalharam individualmente pela busca de soluções em cada sub-bacia e nos desenhos de projeto de cada área potencial. Conforme a evolução das discussões e descobertas de cada uma, as reuniões em grupo serviram para determinar as linhas estruturadoras dos projetos, como a definição do que seria metropolitano municipal e local, e das relações de usos.

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Cada projeto se manifestou com possibilidades de interconexão para um grande projeto das junções entre os afluentes estudados, levando-se em conta a estrutura de cada sub-bacia, como as nascentes, o corpo e a foz. Da somatória dos deságues dos três córregos na várzea do Tamanduateí, surgiu a grande área de interesse projetual. Os projetos serão tratados nos cadernos individuais, priorizando seu processo e as variações de desenvolvimento conjunto para melhor compreensão dos fundamentos do desenho de passagem entre as escalas e os espaços novos.

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