Diagramação: A vida de Buda

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Toda grande pessoa possui uma história.

Toda grande pessoa possui uma história. Uma

história que se mantém viva através dos tempos, e continua a influenciar pessoas por todos os tempos.

Nossa história começa há 2.500 anos atrás, na

Índia, quando nasceu um menino que mais tarde viria a se tornar um grande homem chamado ¨Buda¨, que significava o ¨Iluminado¨. Este homem recebeu este título, pois suas palavras iluminavam o coração das pessoas.



Índice O nascimento do príncipe Sidarta

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A vida no palácio em Kapilavastu

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As 4 visões na cidade   12 A partida de Sidarta   16 A busca pelo caminho  20 Sujata e a tigela de leite   24 O demônio Mara e a meditação indestrutível

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A perfeita iluminação  32 Buda e os primeiros discípulos  34 Buda retorna à terra natal  36 Caminho de fé, gratidão, compaixão e desapego  40 O Nirvana de Buda  44


O nascimento do príncipe Sidarta

Por volta do século V a.C., nasceu Sidarta Gau-

tama, na cidade de Kapilavastu, ao sopé da majestosa cordilheira do Himalaia. Seu pai, Sudhodhana, era rei de uma casta de guerreiros, os Sakyas, e o príncipe, por obrigação, deveria herdar o trono paterno.

Sua mãe, Maya, era uma bela, inteligente e be-

nevolente rainha. Mas Sidarta mal a conheceu. Sete dias após o seu nascimento, sua mãe morreu, e ele foi então criado pela tia, Mahaprajapati Gautami, irmã de sua mãe.

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Sabendo do nascimento de Sidarta, um sábio an-

cião chamado Asita desceu das montanhas próximas onde vivia para visitar o recém-nascido príncipe no palácio. Percebendo a aura iluminada da criança, Asita, emocionado, fez uma impressionante previsão:

¨Se o pequeno príncipe permanecer no palácio

após a juventude, tornar-se-á um grande rei. Por outro lado, se abandonar os prazeres do mundo e ingressar na senda mística, tornar-se-á um Buda, o Salvador do Mundo¨

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A vida no palácio em Kapilavastu

Como sua família era de uma casta guerreira, o

príncipe Sidarta era também um bom atleta. E foi assim, em um tipo de competição, de diversas modalidades, para provar sua bravura e habilidade, que ganhou, aos 16 anos, a mão da princesa Yasodhara, com quem se casou e teve um filho, Rahula. O casamento também foi uma forma encontrada pelo rei, Sudhodhana, para

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manter o príncipe no palácio, com a intenção de torna-lo seu sucessor. Além disso para manter Sidarta longe dos sofrimentos da vida, o rei Sudhodhana construiu palácios para cada uma das estações do ano. O príncipe tinha tudo para viver de forma tranquila, sem precisar buscar nada fora do palácio.

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As 4 visões na cidade

No entanto Sidarta sempre desejou conhecer a

vida das pessoas fora dos muros do palácio, e em sua primeira visita à cidade, junto ao seu fiel escudeiro, teve uma visão que o abalou profundamente. Pela primeira vez na vida, viu um homem velho, com as costas curvas e andar cambaleante. Ao ver o príncipe assustado, o escudeiro explicou a ele sobre a velhice e que todos envelheceriam um dia, até mesmo ele, o príncipe. No outro dia, viu um homem agonizando, e o escudeiro explicou-lhe que era um homem doente, e que ele mesmo, o príncipe, um dia adoeceria. No dia seguinte, Sidarta viu um homem morto e pessoas à sua volta chorando.

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Então o escudeiro lhe explicou sobre a morte, e que ele também um dia morreria. Naquela noite, Sidarta não conseguiu dormir, pensando sobre a velhice, a doença e a morte, e que todos um dia sofreriam com isto, e que ele como príncipe nada poderia fazer, mesmo gozando de toda saúde e mesmo com tanta riqueza. Sidarta, então, num passeio à cidade, viu a figura de um homem, com vestes simples e de coração sereno. Sidarta perguntou quem era, e o seu escudeiro lhe ensinou que era um monge mendicante, que vivia peregrinando em busca da iluminação.

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A partida de Sidarta

Então, aos 29 anos, Sidarta decidiu abandonar

o palácio e partiu para o mundo em busca de conhecimento que pudesse libertar as pessoas da dor e conduzisse todos à serenidade, vencendo os sofrimentos da doença, velhice e morte.

Sidarta parte com seu fiel escudeiro para a fron-

teira da cidade. Ao chegar lá, o príncipe se despojou de

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suas luxuosas vestes, de seu turbante real e de sua espada. Entregando estes objetos ao seu fiel escudeiro, pediu que os devolvesse para seu pai. Sidarta então raspou a cabeça e cobriu o seu corpo com um manto de monge. Dali em diante partiu a pé, em busca de uma resposta para tudo aquilo que afligia as pessoas.

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A busca pelo caminho

Iniciando sua vida religiosa, viajou rumo ao sul

para Rajagriha, capital do reino de Magadha. Lá se dedicou à prática com seu primeiro mestre, Alara Kalama, e dedicou diligentemente nas práticas da meditação. Sidarta atingiu logo o mesmo estágio do mestre, porém apesar de conseguir tranquilizar sua mente, não encontrou a resposta que procurava, de libertar os seres dos sofrimentos.

Seguiu então um outro mestre, Udakka Rama-

putta, que havia atingido os domínios ¨além do pensamento¨. Sidarta tornou-se mestre nesta forma de

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meditação, porém continuava insatisfeito. Esses dois primeiros mestres não conseguiram auxiliá-lo a encontrar o que procurava.

Assim, abandonou-os para se refugiar na flores-

ta de Uruvela, próximo ao rio Nairanjana. Lá encontrou cinco ascetas, que eram monges que seguiam rígidas regras de disciplina, e resolveu se juntar a eles. Ao longo de seis anos praticou com grande rigor a mortificação do corpo pois para eles o corpo e seus desejos mundanos eram a causa dos sofrimentos.

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Sujata e a tigela de leite

Um dia, porém, percebeu que as privações físicas

não o conduziam ao caminho para alcançar a libertação. Sidarta chegou a alimentar-se com apenas um grão de arroz por dia. A privação excessiva debilitou seu organismo. Não conseguia nem mesmo meditar como deveria, afastando-se do objetivo pelo qual renunciara à vida mundana. Certo dia, uma mulher chamada Sujatta, ao ver Sidarta em pele e ossos, ofereceu-lhe uma tigela com leite coalhado, e com gosto ele aceitou, quebrando assim seu jejum.

Vendo isso, seus companheiros o abandonaram.

Disseram que Sidarta não era capaz de resistir às tentações e era um fraco. Mas antes deles partirem, Sidarta

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apontou o dedo para o rio Nairanjana, e disse:

¨Vejam este rio, sua correnteza corre em ritmo

normal, ela nem se adianta nem se atrasa. Ela apenas corre. Nós devemos ser como este rio¨

Sidarta inicia um novo período de meditação,

sentado sob uma figueira conhecida como árvore Boddhi, e jura solenemente: ¨Mesmo que o sangue se esgote, mesmo que a carne se decomponha, mesmo que os ossos caiam em pedaços, não arredarei os pés daqui, até que encontre o caminho da iluminação, para mim e para todos os seres¨

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O demônio Mara e a meditação indestrutível

Sidarta, recuperando a consciência e o vigor,

permaneceu assim por vários dias, em posição de lótus até que uma luz surgiu em sua testa.

Diante deste sinal, Mara, o Grande Demônio das

Tentações, estremeceu de preocupação, pois perderia o domínio sobre as fraquezas humanas, caso Sidarta alcançasse a iluminação. Para desviar Sidarta de seu

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intento, Mara envia suas filhas como belíssimas mulheres para seduzí-lo. Sem obter porém sucesso dessa forma, passa a gerar visões de incontáveis exércitos de demônios, para tirar Sidarta da meditação. Como também esse outro artificio não desviou Sidarta da sua meditação indestrutiva, Mara finalmente tentou distraí-lo pelo ataque de ego, e rugiu: ¨Quem pensas que és para

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atingir a iluminação? Quem é tua testemunha?”.

Sidarta então em silêncio estendeu a mão direita

para tocar a terra, que estremeceu e gritou de suas entranhas: ¨Eu sou tua testemunha¨.

Nesse momento, caiu de um céu límpido, uma

chuva, em resposta à sua conquista espiritual. E surgiu uma serpente gigante Naga que se postou atrás de sua cabeça, protegendo-o para não atrapalhar a sua meditação.

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A perfeita iluminação

Seu coração acalmou-se tal como as águas sere-

nas de um lago. Na serenidade da meditação, Sidarta concentrou-se profundamente.

Primeiro, Sidarta relembrou todas suas vidas

passadas. Depois disso, ele viu como os seres nasciam e renasciam de acordo com a Lei de Causa e Efeito, ou Carma. Ele viu como as boas sementes conduziam os seres do sofrimento para a paz e a alegria, e que as más sementes conduziam a mais sofrimentos. E então, ele viu que a origem dos sofrimentos eram os Três Venenos: a ganância, a ira e a ignorância dos seres.

Finalmente, numa manhã de lua cheia do mês

de dezembro, enquanto olhava para o céu oriental, Sidarta obteve a perfeita iluminação. A essa iluminação, damos o nome de Nirvana.

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Buda e os primeiros discípulos

Após meditar por sete dias, Sidarta resolveu

compartilhar sua iluminação com seus antigos companheiros de ascetismo, e foi procurá-los.

Quando Sidarta se aproximou, os cinco ascetas

não puderam deixar de perceber que Sidarta estava diferente de quando os abandonou. Estava envolto por uma aura iluminada e nobre. Ficaram tão impressionados com sua aura búdica, que logo se aproximaram, ofereceram um pouco de água, e prepararam um assento junto a eles. Sidarta fez, assim, o seu primeiro sermão, as Quatro Nobres Verdades.

Durante a pregação, um de seus antigos compa-

nheiros, Kondanna, ouvindo as palavras de Buda atingiu o primeiro estágio da iluminação. Kondanna pediu para que Buda o ordenasse monge e o aceitasse como discípulo. Logo, os demais se reuniram a ele, e tornaram-se os primeiros discípulos de Buda.

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Buda retorna à terra natal

Sidarta continuou pregando e começou a pe-

regrinar por várias cidades. Rapidamente, Buda viu crescer a comunidade de monges, e então instruiu seus seguidores a pregarem a paz e a verdade em suas próprias terras, e ele próprio visitou sua terra e seu povo, os Sakyas. Seu pai, o rei Sudhodhana, sofreu muito ao vê-lo pelas janelas do palácio, pedindo esmolas, mas o Buda, ao visitá-lo beijou seus pés, em sinal de humildade, e disse-lhe:

¨O senhor pertence a uma linhagem de reis,

mas eu pertenço a uma linhagem de Budas, que também viveram de esmolas¨

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O rei lembrou-se então da profecia que foi fei-

ta no nascimento de seu filho e reconciliou-se com ele. Reza a lenda que, quando Buda encontrou-se com sua família, sua esposa, Yasodhara, fez com que Rahula, seu filho, exigisse uma herança do pai. O Buda então entregou-lhe um manto e uma tigela. Fez dele então um membro da ordem budista. Com esse gesto, o ¨Honrado pelo Mundo¨ mostrou que a maior herança que poderia conceder ao filho eram os tesouros da iluminação, ele se tornou o mais jovem discípulo de Buda.

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Caminho de fé, gratidão, compaixão e desapego

Buda dedicou-se por quarenta e cinco anos em

peregrinar por quase toda a Índia, para ensinar e converter as pessoas. Ele só se recolhia durante as estações chuvosas nos monastérios construídos por devotos leigos.

Certa vez, o príncipe Anatha Pindilla que havia

se convertido ao Budismo, sentindo profunda gratidão pelos ensinamentos recebidos, decidiu oferecer um mosteiro para Buda. Encontrou um local perfeito e perguntou ao dono das terras quanto ele queria para vendê-las. O dono lhe disse que só venderia as terras se ele

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forrasse todo o terreno com moedas de ouro, de ponta a ponta. Era um preço muito alto, mas ele não hesitou. Ele usou todo o seu ouro, porém não conseguiu forrar o terreno. Mas, o dono das terras não acreditou quando viu tanto ouro forrado em seu terreno. E ao ver isso sentiu o quão grandioso era o sentimento e propósito que moviam aquele homem. E não hesitou em doar o seu terreno para que ele pudesse construir o tão sonhado mosteiro de Jetavana e nele construiu um magnífico mosteiro que passou a abrigar os monges discípulos da ordem.

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O Nirvana de Buda

Aos oitenta anos de idade, pressentindo a pro-

ximidade de seu ocultamento físico, Buda viajou até Kusinagara, com ajuda de seus fiéis discípulos. Lá chegando, seu discípulo mais próximo, Ananda, preparou um lugar para que Buda se acomodasse entre duas árvores Sala. Buda acomodou-se deitando na posição do leão - apoiado no lado direito do corpo -, e assim fez seu último sermão:

¨Ó monges, estas são minhas últimas palavras.

Tudo o que foi criado está sujeito à impermanência. Trabalhem duro pela própria salvação, com pleno esforço e disciplina¨, e encorajou seus discípulos a seguirem seus passos, o Darma Sagrado.

Dito isto, cercado por discípulos, devotos, ani-

mais da floresta, além das duas grandes árvores Sala que o cercavam, todos se curvaram em devoção, e assim, serenamente Buda entrou no Nirvana.

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