Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação
conexões entre arte e arquitetura
P33
Aline Harumi Osoegawa Orientadora: Prof. Dra. Marta Bogéa São Paulo 2014
“A função da arte, mesmo a mais discursiva e crítica, é entregar ao fórum público uma zona de intervalo, onde os dramas cotidianos não são anulados (como alguns gostariam), mas considerados e qualificados, dando lugar a encontros entre sujeitos”. [1]
1 LAGNADO, Lisette. Museu sem movimento, arquitetura sem construção. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013. 2013, p. 21.
5
Sumário Agradecimentos
p.
9
Caminhos e descobertas
p. 10
Processo e estrutura
p. 14
P33 à primeira vista
p. 17
Formas únicas da continuidade no espaço
p. 33
Contextualizando o P33
p. 39
Propostas para o MAM-SP
p. 57
Expografia do P33
p.103
Tacoa - Referências
p.117
Imaginário para um novo MAM
p.127
Anexo 1: P33 por Lisette Lagnado e Ana Maria Maia
p.141
Anexo 2: Expografia por Alvaro Razuk e Isa Gebara
p.155
Anexo 3: 33 edições do Panorama da Arte Brasileira
p.160
Bibliografia
p.166
7
Agradecimentos Agradeço a todos que participaram e contribuíram de inúmeras maneiras para que eu chegasse até aqui, ao encerramento de uma fase. Às equipes das Bibliotecas FAU-USP e ECA-USP pela disposição em ajudar. A Maria Rossi, Léia Cassoni e Renan Brigeiro, funcionários da Biblioteca Paulo Mendes de Almeida, pela simpatia e contribuição nas pesquisas. Aos escritórios Andrade Morettin, spbr, Tacoa, Y Arquitectura e gruposp por disponibilizarem arquivos desenvolvidos para ocasião do P33. A Rodrigo Cerviño e Álvaro Puntoni por me receberem em seus escritórios para conversar sobre os projetos propostos. A Lisette Lagnado, Ana Maria Maia, Alvaro Razuk e Isa Gebara pelos importantes depoimentos sobre a organização, desenvolvimento e montagem do P33. Às amizades cultivadas durante esses vários anos de faculdade, em especial a Camila, Carina e Liz pelo companheirismo inigualável, ao Sunga pelo grande apoio nessa última etapa e a Letticia pelas diversas sugestões para o TFG. À Marta Bogéa, minha orientadora, pelas incríveis conversas e importantes direcionamentos colocados para o trabalho. Aos meus pais, irmão e avó pelo apoio e compreensão durante toda minha jornada.
9
Caminhos e descobertas Arquitetura e arte, dois universos distintos, mas que por vezes se aproximam e até se confluem. Estes dois mundos fizeram parte da minha trajetória não só acadêmica como pessoal. Sempre gostei de desenhar e ir a exposições de arte. No entanto, acredito que o contato sempre foi superficial na medida em que tinha um olhar distraído, trabalhado muito mais pela questão sensorial que racional, sem muitos questionamentos sobre o tema. Essa relação mais interessada, que busca entender mais sobre os diversos temas que rodeiam a arte, despertou em mim apenas nos últimos semestres da graduação. Neste sentido, a ideia de estudar algo que unisse essas duas facetas que admiro, uma exposição de arte que colocava em evidência a arquitetura, me pareceu um ótimo tema para o TFG. Além disso, a partir da discussão levantada pelo 33º Panorama da Arte Brasileira: Formas únicas da continuidade no espaço, havia a promessa de inserção em um debate de questões atuais e em diferentes esferas – como a reabilitação da Marquise do Ibirapuera como patrimônio arquitetônico, a importância do Panorama de Arte Brasileira e novas demandas expositivas de museus de arte contemporânea – convenceu-me que o P33 merecia especial atenção e dedicação de um ano de estudo. Contudo, o estudo do 33º Panorama da Arte Brasileira acabou se tornando o ponto de partida para uma série de questões e indagações que não se esgotaram. Na busca de respostas, ou pelo menos numa maior compreensão sobre os temas estudados, naveguei por um caminho de descobertas, onde tive a oportunidade de visitar (e revisitar com outro olhar) espaços expositivos de importância no cenário artísticocultural como o Instituto Inhotim, o Galpão Fortes Vilaça, o MAM-RJ e a Pinacoteca. 10
Em especial, a visita à Inhotim me fascinou, pois além de conhecer um conceito diferente de museu, pude experimentar o percurso pela destacada Galeria Adriana Varejão,
exemplo de simbiose entre arte e arquitetura. Também contribuíram enormemente para o aprendizado o acompanhamento das mesas de discussão propostas pelo próprio Panorama - em que foram apresentados todos os projetos para uma nova sede do MAM presentes na exposição - e as diversas conversas que pude ter com os integrantes do P33, possibilitando um contato com o processo de organização e montagem do Panorama e, portanto, um olhar para os bastidores nunca antes visto por mim. Este trabalho reflete o percurso de um aprendizado, que traduz minha apreensão sobre diversos assuntos, questionamentos e reflexões instigados pelo tema. Foi um processo de desbravamento da arquitetura com a busca de um olhar pela arte. Coloco aqui o processo desta trajetória, o olhar de alguém que se aproxima do tema pela primeira vez.
11
Figura: croqui - linha do tempo com visitas e atividades desenvolvidas durante o ano de TFG. (Fonte: Arquivo pessoal).
Processo e estrutura O presente trabalho iniciou-se com o estudo dos Panoramas da Arte Brasileira anteriores buscando a compreensão da evolução destas exposições realizada pelo MAM-SP desde 1969. Essa pesquisa seguiu-se pela documentação e estudo do 33º Panorama da Arte Brasileira, edição que destaca-se pela sua contemporaneidade e pela temática levantada pela curadora Lisette Lagnado sobre a atual sede do MAM-SP. A partir deste mote, diversas questões foram levantadas, não só com relação à sede, mas também com relação ao programa do Museu. Neste sentido, segundo a curadoria, a discussão apesar de se iniciar do espaço físico do Museu, acaba se voltando também para a reflexão do MAM-SP como Instituição: “E é curioso de pensar que essa discussão nasce de um diagnóstico sobre a efetividade daquele espaço pro MAM. Ela se inverte, quase que se positiva. Ela coloca o MAM a pensar de volta, independente do espaço, este ou qualquer outro espaço que ele ocupe, que espaço ele precisa para que as atividades que ele se propõe.”
[1]
Assim, coloca-se em primeira instância o programa do museu e o papel o qual ele almeja realizar perante à sociedade, e partir daí, qual a área que ele precisaria (ou gostaria de ter) para desenvolver seus atividades. Para além da fronteira do objeto MAM-SP, a exposição extravasa sobre diversos temas, como a reabilitação da Marquise do Ibirapuera como espaço fluido, sobre a questão do acervo dos museus, e para a discussão das necessidades espaciais para abrigar arte contemporânea. Além desses pontos, trata ainda que indiretamente sobre a arquitetura que se está construindo nas cidades e sobre a vida urbana. 14
1 MAIA, Ana Maria. Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver anexo 1, p. 144.
Com base nas reflexões levantadas pelo Panorama e na sistematização dos projetos propostos como nova sede no MAM-SP, buscou-se uma maior compreensão acerca aos espaços expositivos e à programação que se propõem o Museu, culminando em croquis de estudo num imaginário de possibilidades de projeto, sintetizando um processo de aprendizado. Os croquis desenvolvidos para este trabalho tornaram-se também uma forma de estudo e apreensão de outros projetos tomados como referência. O trabalho estrutura-se partindo de um olhar pessoal, uma primeira impressão que tive do Panorama, seguido de uma colocação sobre o conteúdo geral da exposição. Relacionando o próprio conteúdo do P33, são estudados a história do MAM e dos Panoramas de Arte Brasileira anteriores, e uma breve apresentação sobre o Parque do Ibirapuera. Em seguida, apresentam-se os projetos, proposições de uma nova sede para o MAM, e seus “objetos” expositivos, desenvolvidos para a ocasião do P33. Ainda sobre o Panorama, são estudadas algumas relações propostas pela curadoria entre projetos e obras de arte. Como parte da investigação sobre as necessidades espaciais da arte contemporânea, são apresentadas duas referências, projetos do escritório Tacoa: a Galeria Adriana Varejão e o Galpão Fortes Villaça. O trabalho se encerra com uma reflexão sobre os temas estudados, colocando como síntese um gesto teórico de projeto, com considerações e questionamentos para uma nova sede para o MAM.
15
P33 À primeira vista A primeira visita ao Panorama guardava um misto de ansiedade, curiosidade e expectativa. Já havia espiado a exposição antes mesmo de sua abertura durante minhas visitas à biblioteca. Naquele dia nublado da abertura da exposição, logo ao entrar pelo acesso não usualmente utilizado durante os últimos tempos, me deparei com as famosas paredes azuis e cinzas que retomavam o projeto da Lina e com as cortinas de alumínio coloridas de Daniel Steegmann, que ao mesmo tempo que dividiam o ambiente, permitiam a visão completa da Grande Sala do MAM. Apesar de, na época, o meu foco serem as propostas para uma nova sede do MAM, foi inevitável um olhar curioso e interrogativo para com todas as obras ali expostas. Nesse sentido minha primeira visita foi muito mais para tomar consciência do que havia na exposição, do que tentar analisar e entender as relações propostas. Fui, voltei, fui de novo. Passeei pelo espaço, li uma série de etiquetas, vi os projetos (estes com um pouco mais de familiaridade), folheei alguns documentos sobre a história do Museu e observei as obras, confesso que sem entender muito o que elas queriam dizer...
17
01 02
03
04
05
06 07
08 09
10
11
12 13
14 15
16
17
28
18
19
29
20
21
22
Figuras de 1 a 20: P33: Formas únicas da continuidade no espaço, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo de 05 de outubro a 15 de dezembro de 2013. (Fonte: arquivo pessoal). Figura 1: Panorâmica externa do MAM no dia da abertura da exposição. Figura 2: Quadros com divulgação da exposição. Figuras 3: Entrada da exposição, mostrando a alteração da localização do acesso do Museu por ocasião do P33. Figura 4: Detalhe da porta de entrada da exposição. Figura 5: Grande Sala. À esquerda, vê-se as paredes pintadas em azul e cinza, como referência do projeto de Lina Bo Bardi para o Museu e que servem de suporte para a documentação histórica presente no P33. Figura 6: Grande Sala. À direita, em primeiro plano vê-se a obra Catarata (2012) de Federico Herrero. Figura 7: Grande Sala. Obras de Montez Magno. Percebe-se ao fundo o tratamento colocado nos vidros da fachada do Museu para ser usada também como suporte da exposição. Figura 8: Grande Sala. À esquerda vê-se a intervenção site specific de Vitor Cesar para a “parede de Lina” no MAM. Ao centro estão as mesas com a proposta do escritório spbr. À direita, em segundo plano, vê-se uma das cortinas de Daniel Steegmann. Figura 9: Grande Sala. Em primeiro plano vê-se a obra Galáxia - trabalho de expansão espacial (2012) de Montez Magno. Figura 10: Grande Sala. Em primeiro plano vê-se uma das cortinas de alumínio feitas por Daniel Steegmann para a exposição. Figura 11: Grande Sala. Em primeiro plano vê-se a maquete do escritório Y Arquitectura como representação da proposta desenvolvida. Figura 12: Grande Sala. Em primeiro plano vê-se a obra Museu-mausoléu (1969-2013) de Montez
Magno. À direita, ao fundo vê-se a obra Superposição de quadrados (2013) de Pablo Uribe. Figura 13 Niemeyer, realizadas por Mauro Restiffe. Figura 14: Último “trecho” expositivo da Grande Sala, considerando-se o percurso da entrada em direção à Sala Paulo Figueiredo. Da esquerda para a direita vê-se: Poema enterrado (1960) de Ferreira Gullar, proposta do SUBdV e Chaise Joaquim (2000-03) de Porfírio Valadares. Figura 15: Grande Sala. “Mobiliário-suporte” desenvolvido pelo escritório de Alvaro Razuk (responPer Hüttner, Öyvind Fahlström e Mira Schendel. Figura 16: Grande Sala. Ao fundo, Superposição de quadrados (2013) de Pablo Uribe. Figura 17: Sala conformada após a Grande Sala, Boccioni (2013) de Deyson Gilbert. Em primeiro plano, vê-se a escultura Tripartida reunida (2010-13) de Beto Shwafaty. Figura 18: Vista ao entrar na Sala Paulo Figueiredo. À direita, vê-se algumas obras de Montez Magno, entre elas estão Reductio (díptico diptyque) (1971) e Além do horizonte azul (1972). Figura 19: Sala Paulo Figueiredo. À esquerda, obra de Clara Ianni, Crítica dos ativos intangíveis ou Barragem (2010), um painel corrediço metálico. Ao fundo vê-se a instalação proposta pelo escritório de arquitetura Usina. Figura 20: Sala Paulo Figueiredo. Em primeiro plano vê-se a Namoradeira Zaha (2010) de Porfírio Valladares. Figura 21 Parada pedra de Arto Lindsay realizado na Galeria Nova Barão no dia 19 de outubro de 2013. (Fonte: arquivo pessoal). Figura 22: Intervenção cromática Catarata (2013) de Federico Herrero em empena na Rua Sete de Abril, esquina com Rua Dom José de Barros, que marca o local proposto para o volume técnico.(Fonte: arquivo pessoal).
01 Figura 1: Escultura Formas únicas da continuidade no espaço (1913) de Umberto Boccioni. Coleção MAC-USP (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 44).
Formas únicas de continuidade no espaço 33ª edição do Panorama da Arte Brasileira O P33 instala-se, assim como os demais
nima (1913) de Umberto Boccioni (1882-1916)
Panoramas da Arte Brasileira, como uma expo-
[2]
sição de arte contemporânea organizada pelo
sua doação, faz parte do acervo do MAC-USP
MAM-SP. Assim como as nove últimas edições,
[3].
possui uma temática como eixo estruturador da
tiva histórica da exposição a qual traz à tona
exposição. A curadora Lisette Lagnado, buscando
inúmeros documentos que relatam o complexo
reagir ao automatismo das exposições que cata-
processo de criação e reafirmação do MAM-SP
logam obras e evidenciam artistas, elegeu como
como uma instituição de grande importância no
mote a história e o espaço físico de seu proge-
cenário artístico brasileiro e internacional, além
nitor, o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
do caminho percorrido entre sua primeira sede e
A procura do tema também apresentou-se com
a atual. Esta obra somada a outras que fazem refe-
caráter claro de repropor o Panorama que,
rência a peças “perdidas” [4] ou que pertencem ao
segundo ela, um dos questionamentos seria: o que
Museu, colocam em questão a falta de espaço da
ainda não apareceu, o que ainda não alcançou o
atual sede para manter uma exposição perma-
Panorama? Segundo a curadora
nente de seu acervo
[1],
não foi difícil
encontrar um novo tema, já que a problemática estava ali mesmo no próprio edifício sede. O título do Panorama “P33: Formas únicas da continuidade no espaço” faz referência à obra homô1 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver anexo 1, p. 141.
– obra que pertenceu ao MAM-SP e, desde Esta alusão evidencia a faceta de retrospec-
2
[5].
Ver Figura 1, p. 32.
3 Conforme será tratado no próximo capítulo, no ano de 1963, as obras que pertenciam ao MAM-SP foram doadas à USP, culminando na criação do Museu de Arte Contemporânea pela Universidade de São Paulo. 4 Refere-se aqui às peças doadas à Universidade de São Paulo em 1963. 5
Um exemplo é a obra Superposição de quadrados
33
02
03
Figura 2: Cadeiras Lina (2004-08) de Porfírio Figura 3: Grande Sala do MAM. Em primeiro plano vê-se a obra Galáxia - trabalho de Valladares e mesa com documentos do MAM-SP, expansão espacial (2012) de Montez Magno. Ao fundo vê-se a intervenção site-specific de MAM-RJ e MAM-BA. (Fonte: Arquivo pessoal). Vitor Cesar. (Fonte: Arquivo pessoal).
Os artistas nacionais e internacionais esco-
expostos
[8].
Com sua trajetória artística iniciada
lhidos para participar desta edição refletem sobre
em 1954 em Recife, lugar onde vive, possui uma
questões levantadas pela exposição, tais como:
diversificada produção com mais de 1.500 obras
a questão histórica, a problemática do acervo,
entre desenhos, pinturas, gravuras, esculturas,
a espacialidade dos museus e a reflexão sobre a
fotomontagens, maquetes, instalações, etc
cidade e a vida urbana. A escolha das obras foi
Parte de seu acervo pessoal relaciona-se forte-
feita de maneira cuidadosa. A conduta curatorial
mente com a arquitetura, possuindo diversas
levou em conta a especificidade de cada caso.
obras que refletem seu viés construtivo e de
Certos artistas tiveram suas obras encomendadas
análise da dicotomia tempo e espaço. Apesar de
especialmente para a ocasião. Outros foram
já ter participado de outro Panorama, o artista
incentivados a concretizarem obras anteriormente
foi selecionado pela curadora por suas obras se
pensadas e outros, ainda, tiveram escolhidas obras
relacionarem com o tema proposto e pelo interes-
já realizadas. Como exemplo de uma obra que foi
sante processo criativo do artista.
desenvolvida especialmente para a exposição está Relevo e aderência (2013)
[6],
[9].
Outro ponto levantado pelo P33, ainda
na qual Vitor Cesar
que não diretamente, é o papel do arquiteto na
(1978 - ) propõe “uma intervenção site-specific no
sociedade. A curadora retoma nesta montagem
MAM São Paulo, com o intuito de desmontar a
a figura do “artista-arquiteto” já antes eviden-
lógica do espaço supostamente ‘neutro’ ” [7].
ciado em outra exposição sua: Desvíos de la deriva.
Da seleção de artistas, destaca-se Montez
Experiencias, travesías, morfologías [10]. Nesse sentido,
Magno (1934 - ) que teve mais de vinte trabalhos 8 (2013), de Pablo Uribe, que se utiliza de 29 pinturas do acervo do 6
Ver Figura 3, p. 34.
7 P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 100.
Ver Figuras 3 (p. 34) e 4 (p. 37).
9 Catálogo online da exposição: Montez Magno - 55 anos de arte. Disponível em: <http//issuu.com/mamamrecife/docs/ montezmagno_miolo> (Último acesso em novembro de 2013). 10 LAGNADO, Lisette. Museu sem movimento, arquitetura sem construção. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 26.
35
chega a criticar de maneira direta um dos aspectos
Ibirapuera, ou até mesmo retornar para o centro
de muitas arquiteturas atuais e nos faz pensar
da cidade, próximo à sua primeira sede”[12].
sobre edificações que estão sendo construídas e,
Esta afirmação representa, portanto, outra
mais além, o espaço e a vida urbanos, quando
discussão que a exposição coloca: a legitimidade
afirma:
do MAM-SP no seu atual endereço, dentro do “As ideologias do neoliberalismo reforçam uma
Parque do Ibirapuera, junto à Marquise. Apesar
tendência a valorizar o carimbo icônico de escri-
desta encomenda abrir portas a ideias utópicas,
tórios globalizados chamados a projetar institui-
já que o MAM-SP não está buscando uma nova
ções com escalas monumentais onde mais vale o
sede, um dos preceitos deveria ser o programa
cartão-postal que a preocupação com uma política
com as áreas necessárias para o bom funciona-
cultural” [11].
mento do Museu. Dos sete projetos de arquite-
A partir da reflexão sobre o espaço físico
tura, seis reconhecem, por assim dizer, a “vivência
do Museu e da figura do “artista-arquiteto”,
popular” como diria Lina [13], na medida em que
arquitetos foram convidados produzir, além de
não se opõem ou até reafirmam a presença do
um projeto para uma nova sede do MAM-SP,
Museu no Parque do Ibirapuera. Cabe mencionar
um “objeto” que traduzisse essa ideia para ser
que esse caráter fantasioso permitiu às propostas
exposto junto às demais obras. O Museu possui
ideias que não consideram o fato do Parque do
hoje entraves espaciais devido ao fato de ocupar
Ibirapuera ser patrimônio histórico e, consequen-
um local que foi idealizado para ser provisório
temente, “nada nele pode ser acrescentado, reti-
abaixo da marquise do Ibirapuera (antigo Pavilhão Bahia) há quase 50 anos. Segundo a curadora: “O MAM poderia vir a deixar de usar o espaço improvisado embaixo da Marquise que ocupa 36
atualmente para ocupar outras áreas do Parque do 11
Ibidem, p. 20.
12 LAGNADO, Lisette. In: CYPRIANO, Fábio. Sede do MAM é tema do Panorama da Arte. Folha – Ilustrada. Publicado no dia 21 de junho de 2013, em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/114971-sede-do-mam-e-tema-do-panorama-da-arte.shtml> (Último acesso em outubro de 2013). 13
BARDI, Lina Bo apud FERRAZ, 2008, p. 257
rado ou modificado” [14]. Projetos de referência de espaços exposi-
04
tivos como o Solar do Unhão (sede do MAM-BA) e o MAM-RJ
[15],
assim como um dos projetos
de reformulação pelo qual passou o MAM-SP também participa da exposição reforçando a história e a reflexão sobre o espaço físico do Museu. Nesse sentido, coloca-se em questão, de maneira mais ampla, o espaço expositivo e as necessidades espaciais das obras de arte contemporânea. Discute-se alguns dos museus nacionais e atuais, e as tipologias de ambientes usados e/ou aproveitados para expor. O 33º Panorama da Arte Brasileira, colocase como uma exposição de arte, e de certo modo de arquitetura, que apesar de tomar como mote o MAM-SP, extravasa sobre diferentes temas sua
Figura 4: Obra Da série Cidades imaginárias (1972), de Montez Magno. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 5: Detalhe da obra Superposição de quadrados (2013) de Pablo Uribe. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 6: Parede no MAM-SP, pintada com a cor proposta por Lina Bo Bardi na MAM-RJ. (Fonte: Arquivo pessoal).
reflexão. 06
14 LAGNADO, Lisette. Museu sem movimento, arquitetura sem construção. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 18. 15 Ver Figura 2, p. 32.
06
05
01 02
Figura 1: Exposição Do Figurativismo ao Abstracionismo. (Fonte: Jornal das Artes, nºIII. São Paulo, Junho de 1949, p.57. Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 2:Vista da Sala de exposição do MAM na Rua Sete de Abril, 1953. (Fonte: Revista Brasil Arquitetura Contemporânea, nº 1, Agosto -Setembro, 1953, p.40). Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida).
Contextualizando o P33 O mote através da história Como abordar o tema do MAM e do
A fundação do MAM e sua
Panorama sem ao menos localizar temporalmente
primeira sede
sua história? Como resposta a este questiona-
As primeiras manifestações de arte
mento e dando reflexo também ao conteúdo do
moderna no Brasil se iniciam na década de 10.
P33, retoma-se um breve histórico sobre o Ibira-
No entanto é apenas nos anos 30, com o objetivo
puera, o MAM e os Panoramas da Arte Brasileira.
de institucionalizar o modernismo, que surgem
Apesar de não possuir uma história tão
as primeiras sociedades que militariam, ainda que
longa – cerca de 65 anos de existência – o MAM
por pouco tempo, por esta causa: o Clube dos
vivenciou fases distintas. Mesmo passando por
Artistas Modernos (CAM) e a Sociedade pró-Arte
períodos de dificuldades, o museu adquiriu pres-
Moderna [2]. Como resultado desse movimento de
tígio e reconhecimento como importante insti-
abertura da arte moderna para o grande público,
tuição no cenário artístico-cultural brasileiro,
após muitas cartas trocadas e diversas reuniões
com uma coleção representativa da arte brasileira
preparatórias que contavam com Nelson Rock-
moderna e contemporânea. O Museu pretendia,
feller, Sérigio Milliet, Carleton Sprague Smith,
além de conferir valor à Arte Moderna
uma
Eduardo Kneese de Mello, Francisco Matarazzo
série de atividades interdisciplinares, documen-
Sobrinho, Carlos Pinto Alves e Rino Levi, entre
tação, pesquisa, além dos objetivos claros de:
outros, nasce então o Museu de Arte Moderna de
sediar exposições, incentivo a produção local,
São Paulo em 1948. Atendendo a sugestões do
promoção de intercâmbios com o exterior,
MoMA de alargar a base que constituiria a nova
educação e formação do público.
instituição, aumentando a representatividade inte-
[1],
39
1
LOURENÇO, 1997, p. 125.
2
HORTA, 1995, p.16.
lectual do corpo de fundadores responsáveis
40
[3],
obras mesmo antes da fundação do Museu.
no dia 15 de julho de 1948 é assinada a ata de
Mas é apenas em 1949 que o Museu celebra
constituição do MAM que tinha como fins decla-
a exposição que marca sua inauguração oficial,
rados:
Do Figurativismo ao Abstracionismo
[7],
organizada
“(...) adquirir, conservar, exibir, e transmitir à
por León Degand. A exposição contava com 95
posteridade obras de arte moderna do Brasil e do estran-
obras, e incluía pintores vindo da Escola de Paris.
geiro; incentivar o gosto artístico do público, por todas as
Realizada no terceiro andar Edifício Guinle, na
maneiras que forem julgadas convenientes, no campo da
Rua Sete de Abril – edifício onde foi instalado o
plástica, da música, da literatura e da arte em geral, ofere-
MAM e que também abrigava os Diários Oficiais
cendo a seus sócios e membros a possibilidade de receber
e o Museu de Arte de São Paulo (MASP) – a expo-
gratuitamente ou com descontos, todos os serviços organi-
sição é colocada por Degand de maneira evolu-
zados da associação.”[4]
cionista, apontando a abstração como progresso.
Portanto, graças a iniciativa de Francisco
No entanto, o texto de apresentação do catálogo
Matarazzo Sobrinho, também conhecido como
da exposição explicava que “o MAM não visa
Cicillo
viabiliza-se a conformação de um dos
favorecer uma ou outra tendência da arte contem-
sonhos dos modernistas de “levar o moderno
porânea e que cabe ao museu informar sobre
para o cotidiano por meio da institucionalização”
as tendências atuais”
[6].
Ciccilio não só tomou frente a causa, como
para que tornasse apropriado para as exposições
também doou algumas das primeiras obras que
foi proposta por João Batista Vilanova Artigas,
comporiam o acervo do Museu. Nelson Rock-
criando “uma museografia privilegiando a circu-
feller também contribuiu com a doação de sete
lação em ‘U’, bastante despojada se comparada ao
[5],
[8].
3
HORTA, 1995, p.19.
4
Ibidem, p.19.
5
Ver Figura 8, p. 47.
7
Ver Figura 1, p. 38.
6
LORENÇO, op cit, p. 123.
8
HORTA, 1995, p.22
A adaptação do espaço
modelo dos museus novecentistas” [9] [10]. Mesmo
pela vitalidade com a realização de diversas expo-
durante construção do Edifício Guinle, como
sições acompanhadas de catálogos que continham
relata Lourenço, Assis Chateaubriand “já mani-
inclusive textos críticos e documentos, “compro-
festava intenções em implantar um museu de arte
vando sua vocação didática e documental”
e outro de arte moderna”
Sua localização na
No ano de 1951, com objetivo de promover
Rua Sete de Abril permaneceu até 1958, quando
uma grande mostra internacional nos moldes
foi transferido para o Museu da Aeronáutica e
da Bienal de Veneza, cria a Bienal do Museu de
depois para um espaço no Palácio das Indústrias,
Arte Moderna (futura Bienal Internacional de São
edifício onde hoje se encontra a Fundação Bienal
Paulo), o maior evento de artes plásticas realizado
de São Paulo e o MAC-USP. A sede na Rua Sete
no país até então [14]. Esta iniciativa, fez do Museu
de Abril com seu pequeno bar, marca-se como
um dos centros mais importantes de comunicação
importante ponto de referência durante a década
de múltiplas tendências da arte mundial de nossos
de 50, tornando-se lugar de encontro e ponto de
tempos. Além disso, tinha o papel de projetar a
reunião de pintores, literatos, jornalistas, cineastas,
arte brasileira e contribuir na formação do acervo.
modelos, artistas, amigos das artes, entre outros
Com o grande sucesso da Bienal, as exposições
[12].
temporárias do Museu acabaram ficando, de
[11].
[13].
certo modo, em segundo plano. De acordo com A criação da Bienal e a perda de um acervo Os primeiros anos do MAM são marcados
Mário Pedrosa – organizador da última Bienal sob responsabilidade do MAM: “Elas (as Bienais) exigem recursos em proporções crescentes, pessoal cada vez em maior número e
9
LOURENÇO, 1997, p. 125.
10 Ver Figura 2, p. 38.
com habilitação de mais a mais apurada. Resultado: todas as energias do Museu são por elas
11 LOURENÇO, op. cit, p.123.
13
HORTA, 1995, p. 25
12 HORTA, op. cit., p.30
14
Ibidem, p.25
41
absorvidas, nada praticamente restando para ele
feito com o objetivo de garantir aos estudantes a
mesmo”. [15]
convivência com a arte. No entanto, as alegações
Durante a primeira fase de vida do Museu,
eram também de que não existiriam mais verbas
a entidade dependia diretamente de Cicillo,
para a manutenção do MAM, já que as verbas
na medida em que “nos momentos de euforia
públicas antes recebidas passariam a destinar-se à
o dinheiro sai de seu bolso generoso e é o que
Fundação Bienal, e não conseguiriam suficientes
garante a maioria das realizações da fase áurea
verbas particulares. Segundo Vera d’Horta, como
do museu”
Como desfecho da situação
o patrimônio doado tinha grande valor “bastaria
de dificuldade financeira, e conduta autoritária
que o museu, na oportunidade, vendesse uma
de Francisco Matarazzo Sobrinho, em 1962, a
pequena fração de seu acervo para que pudesse
Bienal é separada do MAM, sendo instituída a
continuar vivo, atuante, como sempre fora”
Fundação Bienal de São Paulo. No ano seguinte
Portanto, ficam dúvidas quanto aos reais motivos
em assembleia, Cicillo, então diretor do Museu,
da doação e fechamento do MAM.
[16].
[18].
decide extinguir a sociedade e transferir mais de mil peças do acervo, pertencentes ao MAM
A reestruturação do Museu
para a Universidade de São Paulo, propiciando
Sem acervo e sem sede, ainda no mesmo
a criação do Museu de Arte Contemporânea
ano, organiza-se uma comissão de reestruturação
da USP e “acabando” com a coleção do Museu
do Museu. Vagando por salas emprestadas fora
[17].
do Ibirapuera - Conjunto Nacional, Edificio
O discurso declarado na imprensa justifica o
Itália e edifício na Avenida São Luiz -, houve um
42
15
PEDROSA, Mário apud LOURENÇO, op. cit. p. 142.
grande esforço por parte de alguns integrantes do
16
HORTA, 1995, p. 31.
Museu para reaver as obras doadas e, ao menos,
17 Cabe colocar que, segundo Vera d'Horta (op. cit., p. 42), o acervo documental da biblioteca nesse momento também foi perdido. Quase sua totalidade foi entregue para a Fundação Bienal de São Paulo, outra parte foi destinada ao MAC-USP e uma terceira foi encaminhada para o Centro Cultural Francisco Matarazzo Sobrinho.
preservar o nome do Museu que, segundo a comissão, era um importante patrimônio. Sobre 18
HORTA, op. cit, p. 33.
a recomposição de um acervo, decide-se dar
que sua concretização avança, momento em que
ênfase à arte brasileira, mas sem excluir artistas de
instala-se uma comissão que solicita a Niemeyer
outras nacionalidades. Mesmo com dificuldades
e um grupo de arquitetos, sob sua coordenação,
o Museu organiza algumas exposições e eventos
um anteprojeto do Parque
para arrecadação de fundos. Em 1967, a partir da
gístico ficou a cargo de Burle Marx, embora este
doação feita pela família Tamagni de uma expres-
não tenha sido o projeto executado. Pretendia-se
siva coleção de obras, o acervo passa a se reestru-
a concretização do Parque para marcar as come-
turar. Após longa negociação junto à Prefeitura
morações do IV Centenário de São Paulo, no
para conseguir uma nova sede, no ano de 1968,
entanto, foi inaugurado oficialmente apenas em
o prefeito Brigadeiro Faria Lima, cede o espaço,
agosto de 1954 [22]. O principal conjunto arquite-
sob a Marquise do Ibirapuera, do antigo Pavilhão
tônico é composto de edifícios de caráter perma-
Bahia para abrigar o museu.
nente, interligados pela grande Marquise
[21].
O projeto paisa-
[23],
o
qual destinava-se a uma programação cultural. [19]
Seus seis edifícios que o conformam são: Palácio
Localizado em um terreno alagadiço de
das Exposições, atualmente conhecido como
mais de um milhão e meio de metros quadrados
OCA; Palácio dos Estados, ex-sede do Prodam;
[20],
o Parque do Ibirapuera começa a ser ideali-
Palácio das Nações, hoje Pavilhão Manoel da
zado ainda na década de 20 para ser um parque
Nóbrega e sede do Museu Afro Brasil; Palácio
O Parque do Ibirapuera
nos moldes europeus. Mas é apenas em 1951 19 sobre o Parque do Ibirapuera que não foram citadas aqui. No entanto, como o Parque não é o enfoque do trabalho, tentou-se buscar dados fundamentais para inserção do objeto de estudo, olhando para o lhadas sobre o histórico do Parque ver: OLIVEIRA, 2003 e LOFEGO, 2004. 20 DUDEQUE, 2009, p. 25.
21
OLIVEIRA, 2003, p. 242
22 Cabe destacar que, segundo LOFEGO, 2004 (p. 93), "o primeiro grande evento comemorativo aconteceu, em 1953, com a realização da 2ª Bienal (II Bienal de Artes Plásticas e Arquitetura, do Museu de Arte Moderna de São Paulo)", meses antes da inauguração do Parque do Ibirapuera. 23
Cabe citar que tanto o projeto da Marquise como 43
03
05
04
06
07 Figura 3: Foto aérea da Marquise durante a construção do Auditório do Ibirapuera. (Fonte: SCHARLAT, 2006, p.28). Figura 4: Maquete do primeiro projeto para a Marquise. (Fonte: SCHARLACH, 2006, p.17). Figura 5: Exposição no Bahia no Pavilhão localizado abaixo da Marquise do Ibirapuera em ocasião da V Bienal. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 16). Figura 6: Foto aérea do Parque do Ibirapuera em obras, 1953. (Fonte: SCHARLACH, 2006, p. 102). Figura 7: Foto da Marquise do Ibirapuera, 2013. (Fonte: Arquivo pessoal).
das Indústrias, atual sede da Fundação Bienal e
e eventos [26].
que também abriga em seu 3º piso o MAC-USP; Palácio da Agricultura, que abrigou o Detran e hoje é uma das sedes do MAC-USP; e o Auditório, construído somente muitos anos após a inauguração do Parque, inaugurado em 2005. A Marquise, com aproximadamente 600 metros de extensão, garante a unidade ao conjunto e cria em meio ao parque uma sombra projetada, que “se expande sobre ela (natureza), em imposição gestual, marcadamente estética”
[24],
e possibilita
local de lazer e descanso, com uma ampla vista do Parque. De acordo com Igor Guatelli
[25],
o
espaço criado pela Marquise, ao mesmo tempo que representa parte constituinte do conjunto arquitetônico também torna-se elemento consti-
O MAM ocupa o Pavilhão Bahia e inaugura o Panorama Como uma intervenção sob esta sombra que a Marquise conforma, antes sem sede, instalou-se o MAM, ocupando o chamado Pavilhão Bahia, pensado inicialmente para ser de caráter provisório. O nome do Pavilhão vinha da exposição Bahia
[27] [28],
organizada por Lina Bo
.Bardi e Martim Gonçalves, durante a V Bienal, e que no momento da apropriação estava sendo usado como depósito pela Bienal. A adequação às normas museográficas vigentes na época daquele espaço “abandonado”, ocorreu no mesmo ano
tuinte do Parque, independente dos edifícios que a circundam, na medida em que transcende sua condição de vazio ao potencializar ações e acontecimentos inesperados, abrigando ações criativas 24
46
SCHARLACH, 2006, p. 104.
25 GUATELLI, Igor. A marquise do Ibirapuera e manifestação do conceito derridiano “entre”: arquitetura como suporte de ações. Publicado em Arquitextos 070.05, ano 06, março 2006. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.070/371> (Último acesso em maio de 2014).
26
Ver Figura 7, p. 45.
27
Ver Figura 5, p. 44-45.
28 Cabe destacar que esta exposição tratava de apresentar a arte o trabalho do povo baiano. Referente à montagem, misturando "artifícios de um vocabulário de exposições de arte com cortinas escuras e folhas de eucalipto no chão - a curadoria anulou as feições do espaço, “a despeito da retórica de neutralidade do cubo branco". MAIA, Ana Maria. Museu de Cera, Pavilhão da Marquise, Pavilhão Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 30
08 Figura 8: Casal Francisco Matarazzo Sobrinho e Yolanda Penteado Matarazzo, década de 50. (Fonte: HORTA, 1995, p.20). Figura 9: MAM no Ibirapuera antes da reforma projetada por Lina Bo Bardi, década de 70. (Fonte: HORTA, 1995, p.38). Figura 10: Bar do MAM do Ibirapuera. (Fonte: HORTA, 1995, p.37). Figura 11: Seção de esculturas do primeiro Panorama da Arte Atual Brasileira, 1969. (Fonte: HORTA, 1995, p.38).
09 10
11
também
por Diná Lopes Coelho, o Panorama da Arte Atual
responsável pelo redesenho do logotipo do
Brasileira tinha por objetivo colocar em exposição
MAM, de três letras minúsculas com o “a” colo-
a produção emergente do país e adquirir obras
rido
A museografia guardava semelhanças
para o acervo. Em 1970, na seguinte edição, o
com o projeto de Lina Bo Bardi para o MASP da
Panorama é reformulado, passando a propor um
Rua Sete de Abril e com as exposições da Bienal,
rodízio nos suportes: pintura, desenho e gravura e
onde a iluminação artificial (dos tipos indireta e
escultura e objeto [34]. Na primeira edição as obras
direta) era balanceada com a natural e os painéis
de maior valor foram doadas ao Museu, mas em
eram descolados do piso em cerca de trinta centí-
seguida houve a instituição de prêmios, como
metros
A nova sede, conforme a tradição
forma de adquirir obras e incentivar a produção
da instituição, também não poderia deixar de ter
artística. Dessa maneira, a cada edição, o acervo
um bar que funcionaria como ponto de encontro
foi enriquecido, aumentado a coleção com quali-
entre artistas, intelectuais e amigos do museu [32].
dade e diversidade de obras
com projeto de Giancarlo Palanti
[30].
[31].
[29],
Em 1969, o MAM reabre suas portas com
[35].
O Panorama
tornou-se um evento aguardado na medida
[33].
em que apresentava ao público as novidades
Abrangendo vários setores das artes visuais, e sem
do momento. Com o sucesso, os Panoramas se
caráter competitivo, marcou a inauguração da
tornaram uma realização de caráter permanente,
nova sede do Museu no Ibirapuera e reconduziu
intercalado pela programação flutuante. A seleção
o MAM ao cenário artístico nacional. Idealizado
dos artistas era feita por uma comissão do Museu.
a exposição Panorama de Arte Atual Brasileira
Não havendo inscrição aberta, os convites eram
48
29
Ver Figura 9, p. 47.
30
HORTA, op. cit., p. 36
31
RESENDE, 2002, p. 163.
32
Ver Figura 10, p 47.
33
Ver Figura 11, p. 47.
34 Ver Anexo 3: Tabela das 33 edições do Panorama da Arte Brasileira, p. 161. 35 “incongruência” com relação ao seu nome na medida em que seu novo acervo poderia caracterizá-lo como um museu de arte contemporânea. Neste sentido, invertem-se os papéis já que o MAC-USP que detém o antigo acervo moderno do MAM-SP.
especiais e dirigidos.
entrada ao edifício da Bienal; e a não existência de painéis convencionais para organização de exposiA reforma de 1982
ções, sendo que esta última proposição, referente
Já no ano de 1982, o Museu encontrava-se
aos painéis transparentes propostos por Lina,
sem manutenção há anos, e visando uma maior
desencadeou polêmicas por não ter sido reali-
visibilidade do edifício e consequentemente da
zada. Em carta assinada por ela, André Weiner e
instituição, o Museu convida Lina Bo Bardi,
Marcelo Ferraz
com a colaboração de André Vainer e Marcelo
montada após a reforma por desrespeitar as bases
Carvalho Ferraz, para apresentar um projeto de
do projeto, e se arrepende de ter reconstruído o
uma reforma do espaço
Museu:
[36].
Nessa ocasião, são
[39],
critica a primeira exposição
propostas alterações espaciais e luminotécnicas,
“(...) a remodelação do conjunto foi projetada por
tais como: a característica fachada envidraçada
nós, nos moldes da simplicidade e seguindo os mais
que retomava a solução usada no MASP com o
modernos esquemas relativo a museus e galerias.
objetivo de “desmistificar a obra de arte, desta
Isto é, espaços livres não comprimido por paredes,
vez, para os usuários do Ibirapuera”
e mini-
uma ideia de amplidão e liberdade. (...) A expo-
mizar a presença na Marquise, já que possibilitaria
sição montada apinhadamente e diletantemente
um maior diálogo entre o Museu e os transeuntes
pela equipe do Museu de Arte Moderna destruiu
do parque; a iluminação com lâmpadas halopar
as bases arquitetônicas do projeto.
embutidas no teto, representando um céu estre-
(...) Ao invés de reconstruir o MAM, devíamos
lado [38]; as paredes escalonadas pintadas em tons
ter reconstituído o projeto original do arquiteto
de azul e cinza, proporcionando a sensação de
Oscar Niemeyer e liberado a marquise.”
profundidade; a alteração do acesso, voltando a
Lina ainda propunha, para o espaço que
36 Ver Figura 12, p. 51. 37 RESENDE, 2002, p. 166. 38 Ver Figura 13, p. 51.
[37],
abrigaria o MAM, que fosse uma Galeria de Arte Moderna. Ela o compreendia assim, como 39
In: RESENDE, op. cit, Anexo 1.
49
12 13
Figura 12: Maquete do projeto de Lina Bo Bardi para o Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1982. (Fonte: HORTA, 1995, p.39). Figura 13: Exposição no MAM do Ibirapuera Espelhos e Sombras, em outubro de 1994. (Fonte: HORTA, 1995, p.8).
“espaço de apresentação de obras temporárias,
três diferentes suportes artísticos: pintura, gravura
sem uma preocupação específica com a exibição
e desenho, e escultura e objeto. A partir de 1984,
do acervo” [40]. Neste sentido, justifica-se a proble-
como reflexo da própria produção artística, houve
mática fachada de vidro, quando considerados os
uma ampliação do conceito das modalidades
padrões vigentes de museologia. Mas esta ideia se
onde gravura e desenho passaram a ser arte sobre
contrapõem ao verificar as áreas que contaria o
papel, enquanto escultura alargou-se para formas
Museu após a reforma – duas salas expositivas,
tridimensionais
uma com 900 m2 e outra com aproximadamente
à conquista que estava por vir anos depois, em
250 m2, um café em substituição do antigo bar,
1995, onde o caráter do Panorama foi alterado e
uma biblioteca e um auditório com 200 lugares
essa maneira de organização das exposições caiu.
[44].
Esse foi um primeiro passo
– que inclui uma reserva técnica de cerca de 250 m2 [41] [42].
A reforma de 1995 Apresentando indícios de falta de espaço, A alteração de caráter do
e, ao mesmo tempo, como uma política de
Panorama
“expansão” e ocupação do entorno, idealizado
Devido à reforma ocorrida em 1982, não
desde 1988, é apenas em 1993 que foi inaugurado
houve Panorama, sendo retomado em 1983, com
o Jardim das Esculturas com a colocação de obras
a modalidade Pintura
Durante certo tempo,
na frente do Museu. O projeto buscava, além de
foi feita uma edição a cada ano, onde rotavam os
uma boa visualização das esculturas, uma valori-
[43].
40 RESENDE, 2002, p. 174. 41 Ibidem, p. 173. 42 Cabe ressaltar que o auditório e a Sala Paulo Figueiredo, por falta de verbas, só foram concretizadas após a reforma de 1995, a ser mencionada em breve. 43 Ver Anexo 3: Tabela das 33 edições do Panorama da Arte Brasileira, p. 162.
zação daquela região do Ibirapuera, que recebeu o plantio de mudas e árvores de espécies diferentes [45].
Finalmente, no ano de 1995, a então e atual
44 Ver Anexo 3: Tabela das 33 edições do Panorama da Arte Brasileira, p. 163. 45
HORTA, op. cit., p44
51
presidente, Milú Vilela com a arquiteta Maria
O Panorama sob uma visão de
Lucia de Almeida propõem uma reforma, visando
um curador convidado
destacar a instituição como prestadora de serviços
A partir da edição do Panorama de 1995,
e formadora da cultura da população. Respeitando
que reinaugura o espaço do MAM, a organização
as intervenções anteriores propostas por Lina [46],
toma forma de uma linha bienal de curadorias que
diante da política adotada nos últimos tempos de
se propuseram responder a seguinte pergunta: o
“valorização do acervo e um maior número de
que é arte brasileira? Assim, o Panorama passou
exposições de arte contemporânea”
foram
a ter como eixo estruturador um curador convi-
instalados: novo e moderno sistema de iluminação
dado e um tema elencado por ele para selecionar
e segurança, alteração do piso para uma fácil repa-
as obras a serem expostas [49]. Cacilda Teixeira da
ração, salas climatizadas para mostras perma-
Costa, diretora técnica na época, acreditava que:
[47],
nentes do acervo, restaurante com vista para o
“ (...) Os verdadeiros (Panoramas), deveriam
Jardim das Esculturas, novas salas para cursos,
sempre definir-se assim, como exposições que apre-
informatização da biblioteca e alteração de sua
sentam múltiplas qualidades e tendências (...),
localização para abrigar seu acervo em melhores
para exprimir diferentes nuances da arte. Terão
condições, substituição das antigas prateleiras de
consequentemente, uma função saudável de pertur-
madeira do acervo por trainéis deslizantes de aço
bação e desacomodamento” [50].
(o que facilita o acesso e privilegia sua conser-
Um dos motivos que levou à mudança da
vação) [48], loja e auditório, levando o MAM a uma
sistemática das exposições foi a dificuldade de
configuração muito semelhante a atual.
limitar territórios, já que as técnicas se interpenetram. Ao unir as diversas técnicas, se tornou um evento ainda maior, e nesse sentido, sua logística
52
46
CHIARELLI, 2001, p.11.
47
RESENDE, 2002, p. 182.
48
HORTA, op. cit., p. 42.
49 Ver Anexo 3: Tabela das 33 edições do Panorama da Arte Brasileira, p. 163. 50 COSTA, Cacilda Teixeira da. Panoramas e Panoramas. In: Panorama da Arte Brasileira 1995. 1995, p.11.
se tornou mais complexa, sendo necessário mais
curador desta edição, procurou captar na diver-
tempo para sua organização. Atualmente, o Pano-
sidade a dinâmica daquele momento da arte no
rama da Arte Brasileira se instala a cada dois anos,
Brasil. Segundo Mesquita, pretendia-se desenhar
alternando-se com a Bienal Internacional de São
um Panorama que tomasse “a diversidade como
Paulo.
critério de escolha e seleção de artistas e obras, Mesmo com as diferentes temáticas
de modo a realizar um recorte na produção de
adotadas a partir da 24ª edição, as opiniões e posi-
artes plásticas na pluralidade cultural em que vive
ções curatoriais podem ser divididas com relação à
o país” [52].
reflexão sobre a arte brasileira: parte dos curadores
O Panorama de 2003, Desarrumado - 19
aceita e reafirma a existência de uma brasilidade
desarranjos
[53],
destaca-se por negar a existência
na produção exibida, enquanto outra, vai contra
de qualquer fronteira na arte contemporânea [54] e
essa noção, negando qualquer sentido nacional
por ser, até o momento, a única edição na qual
para circunscrever a arte contemporânea. Dentre
o curador não é brasileiro. Apesar disso, Gerardo
os diversos Panoramas, destacam-se alguns que
Mosquera, estava familiarizado com a produção
refletem a forma como essa postura foi encarada
brasileira, propondo um “anti-panorama” [55] que
e consequentemente realizada a exposição.
evitava um exame da arte brasileira naquele
O 24º Panorama, realizado em 1995,
momento, pelo fato do Brasil apresentar uma cena
como mencionado, foi o primeiro a ter um
artística vasta. Este Panorama incluiu três artistas
curador convidado que determina “um recorte da produção brasileira dando à exposição uma leitura mais criteriosa”
[51].
E, por meio desta
amostragem, seria possível que o curador reve-
52
Panorama da Arte Brasileira 1995. 1995, p.14.
53 Cabe citar que, pela proposta curatorial, essa é a primeira vez que se usa um subtítulo no Panorama, que também se tornaria o título quando a mostra fosse apresentada no exterior. Panorama da Arte Brasileira: (desarrumado) 19 desarranjos, 2003, p. 21.
lasse sua visão de arte brasileira. Ivo Mesquita,
54 CHAIMOVICH, Felipe. Apresentação. In: Mamõyguara opá mamõ pupé: 31º Panorama da Arte Brasileira, 2009, p. 20.
51 VILLELA, Milú. O novo MAM. In: Panorama da Arte Brasileira 1995. 1995, p.10.
55 Expressão usada pelo curador. Panorama da Arte Brasileira: (desarrumado) 19 desarranjos, 2003, p. 21.
não brasileiros, como “auto-crítica”, destacando a
a partir de várias nacionalidades. O recorte busca
“vocação internacional da arte contemporânea no
evidenciar a influência da arte contemporânea
Brasil e seu uso da ‘linguagem internacional’ de
brasileira no contexto mundial
um modo próprio”
Assim, esta edição abriu
linha investigativa, gera uma “reflexão sobre a
novas dimensões para a arte brasileira e também
imagem de nossa própria arte espelhada na arte
cumpriu o objetivo de internacionalizá-la, levando
de outros” [58].
[56].
a mostra para o exterior.
[57].
Mantendo a
Portanto, com a tendência mais autoral na
Em oposição às posturas que afirmam que
organização dos Panoramas, a partir do convite
existe uma arte contemporânea brasileira, na 31ª
de um curador de fora do quadro institucional do
edição, Mamõyguara opá mamõ pupé (Estrangeiros em
Museu, percebe-se a inserção de diversos questio-
todo lugar), o curador Adriano Pedrosa, radicaliza
namentos e reflexões sobre a arte contemporânea
a proposta de Mosquera e aborda a arte brasileira
brasileira e internacional. 57 VILLELA, Milú. Apresentação. In: Mamõyguara opá mamõ pupé: 31º Panorama da Arte Brasileira, 2009, p. 18.
56 MOSQUERA, Gerardo. Desarrumado. In: Panorama da Arte Brasileira: (desarrumado) 19 desarranjos, 2003, p. 23.
58 CHAIMOVICH, Felipe. Apresentação. In: Mamõyguara opá mamõ pupé: 31º Panorama da Arte Brasileira, 2009, p. 20. 14
16 15
17
Figura 14: Croqui da Marquise do Ibirapuera, com a localização do MAM. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 15: Croqui da planta atual do MAM. (Fonte: Arquivo pessoal). Figuras 16 e 17: Fotos das fachadas do MAM atual (2013-2014). (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 18: Vista do restaurante do MAM (2013). (Fonte: Arquivo pessoal).
18
01 Figura 1: Croqui da fachada do MAM. (Fonte: Arquivo pessoal).
Propostas para o MAM-SP P33: projetos Como olhar criticamente para aquelas
cortes e textos. No entanto, é preciso reconhecer
propostas para o MAM-SP que são um misto de
que houve uma preparação especial destes para
objetos de arte e projetos de arquitetura? Como
que se tornassem ainda mais atrativos, buscando
traduzir um projeto de arquitetura que reflete
uma “tradução poética” da ideia proposta, faci-
um pensamento sobre espaço expositivo e suas
litando a compreensão destes aos visitantes. Em
áreas adjuntas (necessárias para seu bom funcio-
especial, no caso do escritório Andrade Morettin,
namento) numa “obra de arte”? Não é possível
a maneira de expor propõe uma alusão ao projeto
desconectar essas duas facetas visto que apesar
a partir da experimentação da maquete exposta [2].
da proposta ser projetual, a liberdade poética,
No intuito de analisar os projetos de uma
por assim dizer, que lhes foi permitida por seu
nova sede para o MAM-SP, as sete propostas
objetivo não ser construtivo e sim expositivo, é
foram separadas em três categorias a partir da
inerente. Neste caso em específico, qual o limiar
implantação do edifício proposto: Museu no
entre arte e arquitetura?
Parque do Ibirapuera, Museu difuso e Museu
Olhando pelo viés do produto expositivo,
como “costura” urbana. Ainda que, por suas
excetuando o Usina (que não propôs um projeto
complexidades, os projetos possam caber em mais
como tal, e se manteve mais próximo a uma
de um conjunto, foi adotado como metodologia,
instalação)
pode-se dizer que as escolhas dos
que cada um deles pertencesse a apenas um ou
projetistas não fugiram às tradicionais maneiras de
até nenhum destes três grupos. Os projetos dos
representar a arquitetura: maquete física e imagens
escritórios Usina e SUBdV, se acomodam neste
de maquetes eletrônicas, assessoradas por plantas,
caso de não pertencimento, na medida em que
1
[1],
Ver Figuras 2 a 5, p. 56.
p. 64-71.
2
Ver a apresentação do projeto e imagens a seguir, nas
57
não especificam sua implantação.
resultante da combinação destes dados.
A Usina, até mesmo pelo seu caráter de
Dando entrada à separação por grupos
formação como “coletivo de arquitetura auto-
dos demais escritórios, as propostas feitas pelo
gestiónario” que atua principalmente junto aos
spbr, Andrade Morettin, Y arquitectura e Tacoa
movimentos sociais [3], voltou-se para o problema
reafirmam de alguma maneira a presença do
como discussão do programa, e não como desen-
Museu no Ibirapuera. No entanto, conforme
volvimento de um projeto. Para a exposição, o
aclarado, como os projetos do Y e do Tacoa, por
Coletivo propôs uma instalação com ocupação
destacarem outras questões em suas propostas,
do espaço pelos visitantes e atividades do educa-
foram colocados em outros dois agrupamentos.
tivo do MAM-SP [4]. O objetivo era de questionar
O gruposp teve sua proposição localizada no
sobre o papel e o público do Museu, estendendo-
centro e, por meio de um museu difuso, relaciona-
se para reflexões acerca da cidade e da vida urbana.
se, neste aspecto, com o projeto do Y. Seguem
O projeto do SUBdV para a nova sede
as apresentações e reflexões quanto às cinco
do MAM-SP
[5],
promoveu uma edição formal
propostas:
a partir de matrizes feitas com três elementos icônicos de museus de arte moderna – a marquise onde fica o MAM-SP, os pórticos do MAM-RJ e a escadaria do Solar do Unhão (sede do MAM-BA) –, criando uma “quarta identidade mutante”
[6],
3 do site <http://www.usinactah.org.br/index.php?/apresentacao/> (Último acesso em Mar. 2014).
58
4
Ver Figuras 2 a 5, p. 56.
5
Ver Figuras 6 a 10, p. 57.
6 retirado do site do escritório: <http://www.subdv.com/architectu-
re/?p=2202> (Último acesso em Mar. 2014).
PROJETOS - TABELA COMPARATIVA IMPLANTAÇÃO ESCRITÓRIOS
SÍNTESE DO PROJETO
ANDRADE MORETTIN
MAM subterrâneo com localização semelhante ao atual. Espaço eclético para inserção do programa.
TACOA
MAM subterrâneo com acesso próximo à localização atual, sobrevoando a Avenida, e unindo-se ao MAC. Áreas já definidas para inclusão do programa.
SPBR
Edifício em forma de um perímetro de um quadrado que contorna grante parte do ibirapuera, "unindo" as duas partes do parque. Áreas já definidas para inclusão do programa.
Específica
SUBDV
Mescla entre elementos símbolos de três museus de arte moderna: MAM-RJ, MAM-SP e Solar do Unhão.
Não determinada
Y ARQUITECTURA
MAM subterrâneo com localização semelhante ao atual e ocupação da superfície da marquise com espaços itinerantes para exposições.
GRUPO SP
MAM retornando ao centro da cidade, com ocupação pontual no térreo de alguns edifícios e construção de um volume técnico com áreas já definidas para inclusão do programa.
Difusa
USINA
Debate de um programa, incluindo questionamentos sobre a cidade, e não de um projeto.
Não determinada
02
TIPO
Específica
Específica
Específica e difusa
NO PQ. IBIRAPUERA
ÁREA DE PROJETO [*]
PROGRAMA
COMO FOI EXPOSTO
Sim
Museu subterrâneo de 200 m de extensão X 65 m de largura = Ampliação de áreas 13.000 m2, incluindo uma fenda para o programa de 25 X 150 m (sendo que não atual foram especificados quantos pavimentos teria)
Sim
Ampliação de áreas Volume de 34 m de largura X para o programa 600 m de extensão = 20.400 m2 Vídeo (com imagens atual e acréscimo de (sendo que em alguns trechos há 3d), plantas e corte áreas destinadas a mais que um pavimento) outros usos
Sim
Ampliação de áreas Edifício com 4 trechos de 750 m para o programa Maquete, planta e de extensão X 10 m de largura = atual e acréscimo de vídeo (com imagens 30.000 m2 (ou 3km de percurso) áreas destinadas a 3d) outros usos
Sim, mas também fora do Parque
Não
Maquete e implantação
Não especificada
Não especificado
Maquete e vídeo
Museu subterrâneo (150 m de extensão X 110 m de largura = 16.500 m2, sendo que não foi possível identificar quantos pavimentos teria) + museu difuso
Não especificado
Maquete, imagem 3d, implantação e corte
Ampliação de áreas Volume técnico (de aprox. 8 pav. para o programa X 600 m2 = 4.800 m2) + museu atual e acréscimo de difuso áreas destinadas a outros usos Não especificada
Não especificado
Maquete e vídeo (com plantas e cortes)
Instalação
Figura 2: Tabela síntese dos projetos expostos no P33, desenvolvida a partir dos dados recolhidos na exposição. (Fonte: Arquivo pessoal). [*] Os dados das áreas, excetuando o projeto do spbr e Tacoa que mencionam claramente, são estimadas a partir das maquetes e desenhos estudados. Cabe citar que, em entrevista, Lisette Lagnado menciona que “o interessante dos projetos, todos eles tem mais ou menos o tamanho do edifício da Bienal. Então eles são muitos generosos. Acho que a lição de tudo isso é que a gente gostaria que o MAM tivesse o tamanho da Bienal”. Ver Anexo 1, p.152.
03 05
04 Figuras 3 e 5 : Usina - Fotografias da instalação no P33. (Fonte: Arquivo pessoal). Figuras 4 e 6: Usina - Detalhes da instalação desenvolvida para o P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
06 Figuras 7: SUBdV - Maquete virtual (Fonte: <http://victorsardenberg.com/gallerycategory/projects/#mutante> (Último acesso em março de 2014)). Figuras 8 e 9: SUBdV - Fotografias da maquete exposta no P33. (Fonte: arquivo pessoal). Figuras 10: SUBdV - Maquete virtual - matriz de combinações entre articulação de níveis e com o entorno. (Fonte: <http://victorsardenberg.com/gallery-category/ projects/#mutante> (Último acesso em março de 2014)). Figura 11: croqui da maquete exposta no P33. (Fonte: arquivo pessoal).
07
08
09
10
11
spbr
artefato que só pode ser feito à lupa” [11]. Com uma área de 30.000 m2, composto por quatro prismas de
Referente à reafirmação no Parque, o escri-
10 m de largura por 750 m de extensão, totalizando
tório spbr propõe que a Marquise, os edifícios de
3 km de percurso, consegue abarcar uma generosa
Niemeyer e a vista do Ibirapuera façam parte do
ampliação do programa com: 1. galeria nordeste;
acervo permanente do Museu. Essa percepção se
2. mezanino para artistas convidados; 3. galeria
daria através da contemplação da paisagem a partir
noroeste e terraço sobre a cobertura do Museu
de um edifício na forma de um quadrado perfeito [7],
Afro Brasil; 4. galeria sudoeste; 5. biblioteca, restau-
compondo um percurso que contorna o complexo
rante, café, imprensa, administração, loja do MAM
cultural da Marquise e atravessa a Av. Pedro Álvares
e reserva técnica; 6. galeria sudeste e lounge even-
Cabral, pretendendo “conquistar para o parque uma
tual dentro do pavilhão da Bienal [12]. Seus acessos
dimensão perdida” [8] [9].
seriam feitos a cada 75 m pelas mesmas colunas
A partir da reflexão sobre qual configuração deveria ter um projeto que se coloca sobre dois
que o sustentam, além de uma praça principal de entrada localizada da porção sudoeste do projeto.
importantes personagens da história de São Paulo:
O projeto desperta certo interesse na medida
o MAM-SP e o Parque do Ibirapuera, e ainda mais
que apresenta uma vivencia diferenciada tanto do
importante, sobre os questionamentos “Um novo
próprio espaço do Museu como do Parque do Ibira-
MAM: por que e para quem?”
propõe-se um
puera, reflexo também de uma das propostas para
museu que “é extenso como aquilo que a vista não
experiências (vivências) arquitetônicas no Parque
pode abarcar e meticulosamente preciso como um
mencionada no Memorial Descritivo do projeto [13]:
[10],
“O parque/mam sobe sobre a laje da marquise: 7
Ver Figura 13, p. 64.
8 Memorial Descritivo spbr. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 210. 62
9 10
Ver Figura 15, p. 65. Ibidem, p.209.
11 Memorial Descritivo spbr. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 210. 12
Ver Figura 21, p. 67.
13
Ibidem, p. 211.
O teto da marquise transformado em parque, teto-
Outra questão a ser levantada, que é perce-
jardim como um segundo andar de parque. As
bida ao olhar-se mais atentamente para a implan-
rampas de acesso são as coberturas inclinadas da
tação, está na proposta “costura” sobre os dife-
Oca e do Auditório.”
rentes lados da Avenida, a qual acaba por não
Como expressão dessa vivência, propõe-se a
incluir o Palácio da Agricultura, edifício atualmente
ocupação da cobertura do Museu Afro e a contem-
ocupado pelo MAC-USP [16], que também pertence
plação de um cenário a uma altura a qual o Parque
ao conjunto arquitetônico do Ibirapuera. Desta
não está acostumado a ser visto. Mais além das obras
maneira, reforça a posição atual de “exclusão” que
de arte, a paisagem se faria presente através do piso
o Museu apresenta por estar na outra parcela do
transparente e das fachadas que “calibram a luz em
Parque. Além disso, o novo edifício “contornaria”
gradientes, entre a transparência total ao completa-
a Marquise num gesto de contensão, se opondo ao
mente opaco, conforme a orientação geográfica e
movimento dispersão que esta cobertura representa,
conforme o que se quer expor dentro ou fora do
ao conduzir o caminhar rumo a suas extremidades.
edifício” [14].
Considerando-se o objeto expositivo
[17],
No entanto, esta proposta guarda a fantasia
apresenta-se como síntese dos elementos repre-
no momento em que são tomadas em conta algumas
sentativos de um projeto arquitetônico – maquete,
questões como: a proibição da construção de novos
planta, corte, imagens 3D e texto –, mas que por seu
edifícios no Parque do Ibirapuera, por motivo de seu
acabamento e escolha de escala demonstra-se com
tombamento; consideradas suas proporções com
uma delicadeza, e desperta um especial interesse
relação ao entorno, com uma extensão de grande
dos visitantes ao representar também a Marquise e
magnitude; e, possivelmente, problemas de geren-
o conjunto arquitetônico que o rodeia.
ciamento e dificuldade de uma completa contemplação do Museu pela dimensão do percurso [15]. 14 Ibidem, p. 210. 15 Em entrevista com a curadoria, Ana Maria Maia menciona um monorail (ou trenzinho) proposto pelo escritório como solução para a questão do extenso percurso. Ver anexo 1, p. 152. No
entanto, a partir do objeto exposto e das informações recolhidas, não foi 16
Ver Figura 16, p. 66.
17
Ver Figuras 12 a 14, p. 64.
63
12 Figuras 12 a 14: spbr - Fotografias das mesas que traduzem o projeto expostas no P33. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 15: spbr - Implantação. (Fonte: disponibilizado pelo escritório spbr à autora)
Figuras 16 a 20 (p. 66): spbr - Montagens: fotografias e imagens 3D. (Fonte: disponibilizado pelo escritório spbr à autora).
13 14
15
16 17
18
19
20
21 22
Figuras 21 e 22: Croquis do projeto do escritório spbr, desenvolvidos a partir do “objeto” exposto no P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
Andrade Morettin
gravitam em torno da Marquise numa “solução modernista de figura e fundo” [19], propõe-se um
O escritório de arquitetura Andrade
Museu subterrâneo que tira partido da topografia
Morettin, apesar de ter pensado inicialmente
e relaciona-se de maneira íntima com seu entorno
na saída do MAM-SP do Parque do Ibirapuera,
e com o complexo cultural.
reafirmou a legitimidade do Museu no Parque.
O edifício se desenvolve escavado na terra
Mais ainda, assegurou que ele fizesse parte do
e, com um corte no terreno de 25 metros por 150
conjunto arquitetônico de Niemeyer a partir de
metros, conforma uma praça d’água diretamente
sua implantação, colocando o acesso onde fica
comunicada com o lago, como se fosse um de seus
hoje o atual Museu
Pensando em não inter-
afluentes. Ainda que não apontadas suas áreas e
ferir em sua paisagem, natural ou construída,
suas conformações específicas, o museu possuiria
parte-se do princípio de trabalhar com o patri-
um “espaço alto e generoso” [20] abrigando: “gale-
mônio paisagístico e histórico do Parque, levando
rias expositivas, salas de aula, biblioteca, admi-
em conta a Marquise como organizadora e distri-
nistração, auditório e uma reserva técnica com
buidora do complexo cultural. A esta abordagem,
capacidade para abrigar todo o acervo” [21]. Refe-
agregam-se as afirmações - fruto da reflexão dos
rente ao programa, a proposta se estende sobre
membros do escritório - de que o Museu deve ser
uma reflexão de como a nova sede poderia servir
um polo agregador de pessoas e está enraizado
de âncora do complexo cultural de Niemeyer,
no Parque, culminando numa proposta de um
ativando o entorno, na medida em que sediaria
[18].
edifício único, preciso e não diluído. Diferentemente das demais edificações do conjunto, que
68
18 Mas, se observado a planta, nota-se que persistiria um elemento abaixo da Marquise. Ainda que diminuídas as proporções do volume (com relação ao atual Museu), não haveria a liberação total da vista da Marquise.
19 Memorial Descritivo Andrade Morettin. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 210. 20
Ibidem, op. cit, p. 210.
21 Apresentação da obra. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 92.
em outros edifícios e até mesmo no Parque, ativi-
projeto” [23] [24].
dades culturais pela característica de programação
Poder caminhar sobre a grande maquete
cambiante dos demais componentes do conjunto.
desenvolvida para a ocasião da exposição – que
Embora o projeto proponha um museu
seria a cobertura do museu, mas ao mesmo tempo
enterrado e, em consequência, a demolição do
espaço de caminhada no Parque –, remete direta-
atual pavilhão ocupado pelo MAM, ao ver a
mente para compreensão do espaço externo e para
implantação do projeto, nota-se a persistência de
a forma que conteria o Museu [25]. No entanto, a
um elemento abaixo da Marquise, como núcleo
imagem fixada no teto que indica a implantação
de acesso ao museu [22]. Ainda que de proporções
do projeto
bem menores que o edifício atual, representaria
maquete, dificulta a apreensão da magnitude do
um ponto de obstrução da vista sob a Marquise.
projeto. Além disso, poderia passar desapercebida
[26],
ao estar em escala diferente da
Apesar do não detalhamento do espaço
por olhares não tão atentos, já que era o único
arquitetônico, que dificulta uma análise nesse
elemento colocado dessa maneira e sem qualquer
sentido, ressalta-se a importância do objeto,
indicação em outra parte do projeto.
permitindo uma apreensão do projeto na medida em que propõe uma interação com o visitante, de maneira diferente das demais propostas expostas. Em entrevista com a curadoria, Ana Maria Maia relata sobre a postura que o escritório Andrade Morettin tomou diante do problema colocado pelo P33: “A gente abriu mão de detalhar os andares, de fato de apresentar todos os elementos do projeto, porque a gente quer deixar claro o gesto do 22 Ver Figura 28, p. 71.
23
Ver Anexo 1, p. 142.
24 durante a apresentação do projeto na mesa de discussão do P33 em 26 de outubro de 2013. A gravação do encontro foi publicada em <http://www.forumpermanente.org/event_pres/encontros/p33/ videos/formas-utopicas-para-o-mam-parte-1-3> (Último acesso em maio de 2014). 25
Ver Figura 23, p. 70 e Figura 31, p. 72.
26
Ver Figuras 23 e 24, p. 70 e Figura 32, p. 72.
69
23 25
24
26
27 28
Figuras 23 e 25: Andrade Morettin - Desenhos da maquete exposta no P33. (Fonte: disponibilizado pelo escritório Andrade Morettin à autora). Figura 24: Andrade Morettin - Desenho da implantação semelhante ao que foi colocada no teto da Grande Sala do MAM durante o P33. (Fonte: disponibilizado pelo escritório Andrade Morettin à autora).
Figura 26: Andrade Morettin - Imagem 3D. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 94-95). Figura 27: Andrade Morettin - Corte transversal. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 92-93). Figura 28: Andrade Morettin - Implantação (Fonte: disponibilizado pelo escritório Andrade Morettin à autora).
29
30
31
32
Figura 29: Andrade Morettin - Detalhe da maquete. (Fonte: Arquivo pessoal). Figuras 30 a 32: Andrade Morettin - Fotografias da maquete interativa no P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
33 34
PANORAMA_MAM_2013 ENDEREÇO
PANORAMA_MAM_2013
AM
ENDEREÇO
08/2013
AM
PLANTAS_AXONOMÉTRICAS_ELEV. DESENHO_EXECUÇÃO 1:20
FL01
Figuras 33 e 34: Andrade Morettin - desenhos técnicos para construção da maquete. (Fonte: arquivos disponibilizados pelo escritório Andrade Morettin à autora)
PLANIFICAÇÃO_DETALHE DESENHO_EXECUÇÃO INDICADA_NO_DESENHO
35
36 Figura 35: Croqui da implantação do projeto de Andrade Morettin. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 36: Croqui da maquete exposta no P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
Figura 37: Croqui - corte transversal desenvolvido a partir da maquete exposta. (Fonte: Arquivo pessoal). Figuras 38 e 39: Cortes transversal e longitudinal de estudo da proposta de Andrade Morettin. (Fonte: Arquivo pessoal).
37
38
39
Y arquitectura
diferentes locais de São Paulo. Nesse sentido, o projeto aborda mais contundente na popularização
De forma paralela à proposta de Andrade
do museu, atravessando fronteiras e facilitando o
Morettin, no sentido de usufruir do espaço subter-
acesso às exposições. Essa questão também entra
râneo do Parque e não criar mais um volume para
em pauta quando colocado o acesso ao MAM-SP
o conjunto arquitetônico, o escritório uruguaio
por meio de uma infraestrutura subterrânea que
propõe também um museu subterrâneo. No
se conectaria ao Túnel Ayrton Senna e pela linha
entanto, essa solução assume um partido dife-
lilás do metrô [31]. Sendo assim, a proposta coloca
renciado: além de tomar como referência direta a
um pensamento que ultrapassa o campo do
obra de Ferreira Gullar Poema enterrado (1960) que
Museu, tornando-se também uma reflexão acerca
faz parte do acervo do Museu [28] [29], perpassa os
da cidade de São Paulo.
[27]
limites do solo e ocupa a superfície da Marquise,
Além da relação com a obra de Ferreira
extravasando sobre o céu e a cidade de São Paulo,
Gullar, na exposição, o proposta coloca-se em
a partir da proposta de módulos itinerantes com
diálogo com a obra Museu Mausoléu (1969-2013)
exposições temporárias. Nesse sentido, toma-se
de Montez Magno que também trabalha com a
como característica forte do projeto seu caráter
ideia de salvaguardar as obras no subterrâneo, e
difuso que permitiria que diversas “salas portá-
colocar o artista junto de sua produção. Colo-
teis”
cando em xeque a questão da Marquise, o escri-
[30]
fossem colocadas ao mesmo tempo em
27 Cabe citar que é o único escritório participante do P33 que não possui integrantes brasileiros. Apesar de também ter origem internacional, o SUBdV encontra-se atualmente com sede em São Paulo. 28
Ver Figuras 46 a 48, p. 82.
29 Conforme entrevista com a curadoria, "o projeto do Y nasce de um comentário de Lisette (Lagnado) sobre uma obra do MAM que é o Poema enterrado”. Ver Anexo 1, p. 145. 76
30 Memorial Descritivo Y Arquitectua. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013,
tório Y defende a volta de sua condição original. Mas de forma a dar visibilidade ao Museu, desenvolve além de um confortável edifício sede com “espaço para armazenar seu acervo de cerca de 5.400 obras (cuja totalidade não fica hoje no ende2013, p. 214. 31
Ver Figura 45, p. 81.
reço do museu) e atender demandas de exposição e pesquisa”
[32],
os chamados “espaços eventuais
Com relação a esta proposta de mobilidade, e possivelmente performance artística
ligeiros” [33]: seriam arquiteturas infladas que abri-
[38],
gariam mostras temporárias e seriam transpor-
a expansão do Museu para além dos limites do
tadas via helicóptero
permitindo sua insta-
Parque. Contudo, seu tom futurista guarda um
lação em diversos espaços e distintos públicos.
caráter utópico, considerando-se, pelo menos, as
Segundo a proposta, “o MAM praticaria o noma-
tecnologias atuais comumente utilizadas.
[34],
dismo, gerando encontros culturais e intensificando um sentido de urbanidade”
[35].
Neste
toma-se uma reflexão interessante sobre
Tomando-se em discussão o “objeto de arte”, a proposta desenvolvida pelo escritório
sentido, ultrapassando o âmbito da exposição,
Y extrapola o conceito usual de maquete
pode-se relacionar o projeto do Y com o Instant
Remete ao projeto, mas toma partido da liberdade
city (1969) do grupo Archigram, que propunha
criativa para expressar o conceito. A marquise
“uma espécie de arquitetura móvel que oferecia
representada como lâmina transparente dando
uma série de eventos e de informações culturais
visibilidade ao projeto subterrâneo e as escalas
que seriam levadas a localidades distantes das
humanas que sobrevoam o espaço, traduzem
metrópoles” [36] [37].
o caráter da proposta de conectar os diferentes
32 Apresentação da obra. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 122.
estratos urbanos, favorecendo a “condição dual
33
Ibidem, p. 122.
[39].
de um museu contemporâneo que reconhece sua história particular e se propõe novos futuros” [40].
34 Ver Figuras 44 e 45, p. 80-81. 35 Memorial descritivo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 214. 36 SILVA, Marcos Solon Kretli da. Redescobrindo a arquitetura do Archigram. Publicado em Arquitextos 048.05, ano 4, maio 2004. Disponível em < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/04.048/585> (Último acesso em maio de 2014). 37 Ver Figura 53, p. 83.
38 Memorial descritivo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 214. 39
Ver Figuras 40, 42 e 42, p 78-79.
40 Memorial descritivo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 214.
77
40 41
42
43
44
Figuras 40 e 43 (p.76-77): Y Aquitectura - Fotografias da maquete no P33. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 41 (p.76): Y Arquitectura - Desenho da maquete. (Fonte: disponibilizado pelo escritório Y Arquitectura à autora). Figura 42 (p.76-77): Y Aquitectura - Detalhe da maquete exposta no P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
45
Figura 44: Y Arquitectura - Imagem 3D. (Fonte: disponibilizado pelo escritório Y Arquitectura à autora). Figura 45: Y Arquitectura - Implantação e corte. (Fonte: disponibilizado pelo escritório Y Arquitectura à autora).
46
Figura 46 a 48: Obra Poema enterrado (1960), de Ferreira Gullar. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 123-124).
47
48
Figura 49: Croqui da implantação do projeto proposto pelo escritório Y Arquitectura. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 50: Croqui do corte do projeto proposto pelo escritório Y Arquitectura. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 51: Croqui da obra Poema enterrado de Ferreira Gullar. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 52: Instant CIty (1969), do grupo Archigram. (Fonte: <http://www.classic.archined.nl/news/0201/archigram_eng.html> (Último acesso em maio de 2014)).
49
50
51 52
gruposp
sição e a utilização da Galeria Nova Barão como espaço para colocação de obras de arte, interven-
O projeto desenvolvido pelo escritório
ções e performances. Na ocasião do P33, como
gruposp, diferentemente dos demais, propõe à
exemplificação da ocupação destes espaços
volta do MAM para suas origens na República,
foram escolhidos: obra Spider (1996) de Louise
centro de São Paulo, na região onde o moder-
Burgeois convivendo com o atual uso do térreo
nismo paulistano começou
do edifício Guinle (uma agência do Banco Itaú)
[41].
Nesse sentido
[43],
se opõe à ocupação do espaço sob a Marquise,
[44];
colocação da obra Postococa (2013) de Domi-
e mais que isso, à permanência do Museu no
nique Gonzalez-Foerster (com Sergio Bernardes e
Parque. Entretanto, em certo sentido relaciona-se
Décio Pignatari) e também o desfile-performance
com o projeto do Y na medida em que propõe
Parada pedra (2013) de Arto Lindsay na Galeria
uma ocupação difusa no centro. Assim como os
Nova Barão; e a intervenção cromática Catarata
módulos itinerantes propostos pelo Y, o museu
(2013) de Federico Herrero na empena junto ao
alcançaria um maior público por não estar confor-
futuro edifício técnico [45].
mado num espaço único e atrair olhares curiosos
A proposta do gruposp coloca o MAM
e interessados de quem passa pelas ruas do centro.
como um “museu difundido, inclusivo e orga-
Nesse sentido, a proposta vislumbra a
nizado por um percurso múltiplo conformado
transformação de certos locais em espaços exposi-
pelas ruas da cidade, inserido portanto no espaço
tivos ao nível da rua, junto aos transeuntes. Como projeção desta ideia
[42],
propõem-se a ocupação
térreo do Edifício Guinle como sala de expo-
43 Cabe destacar que, segundo Ana Maria Maia em entrevista, o gruposp “foi o único que de fato trouxe artistas pra dentro do projeto dele”. Ver Anexo 1, p. 145.
41 Apresentação da obra. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 176.
44 Cabe citar que não foi possível o deslocamento do obra para sua realocação no Edifício Guinle e, portanto, a realização desta ocupação.
de parte do Edifício Esther como bilheteria, o
84
42
Ver Figura 56, p. 87.
45
Ver Figura 61, p. 90.
urbano” [46]. Assim, a dispersão de obras de obra
complicadas visto que envolveria outros espaços
do centro seria uma forma de popularização da
e entidades na responsabilidade de salvaguardar as
arte e ocupação de espaços ociosos. No entanto,
obras em exposição.
a criação do volume técnico ainda se faria neces-
Referente ao objeto expositivo
sário e abrigaria: galeria, biblioteca, administração,
gruposp propôs uma maquete que teve a planta
acervo, oficinas, apartamentos para artistas convi-
do centro de São Paulo estampada e números
dados e serviços. Esse estreito volume, composto
tridimensionais locados onde foram propostas as
por oito andares (um deles com mezanino),
áreas de intervenção. Nela também foi colocado
colocar-se-ia na esquina da Rua Sete de Abril com
em escala o que seria o edifício técnico proposto.
a rua Dom José de Barros, próximo à sua primeira
Soma-se à representação um vídeo que contém,
sede
A ideia de um Museu disperso torna-se
além da legenda dos números e indicações dos
interessante na medida em que não depende do
edifícios, as plantas e cortes desenvolvidos para
espaço físico unicamente de seu volume técnico.
o volume técnico. Do ponto de vista expositivo a
Contudo, a administração das exposições e a
leitura do vídeo torna-se necessária para entendi-
unidade do Museu poderiam tornar-se mais
mento da maquete.
[47].
46 Memorial descritivo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 217. 47 Ver Figuras 57 a 59, p. 88-89.
[48],
o
85
48
Ver Figuras 53 a 55, p. 86.
53 54
55
ED. ESTHER
VOLUME TÉCNICO
ED. GUINLE 56
GALERIA NOVA BARÃO
57 58
59 Figuras 53 a 55 (p.86): gruposp - Fotografias da maquete exposta no P33. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 56 (p.87): gruposp - Implantação: 1. Ed. Esther; 2. Ed. Guinle; 3. Galeria Nova Barão; 4. Volume técnico. (Fonte: disponibilizado pelo escritório gruposp).
Figura 57: gruposp - Croqui volume técnico desenvolvido pelo gruposp. (Fonte: arquivo disponibilizados à autora pelo escritório gruposp).Figuras 58: gruposp - Imagem 3D do volume técnico. (Fonte: arquivo disponibilizados à autora pelo escritório gruposp). Figuras 59: gruposp - Corte longitudinal do volume técnico. (Fonte: arquivo disponibilizados à autora pelo escritório gruposp).
60 Figura 60: Fotografia do desfile-performance Parada pedra, (2013) de Arto Lindsay. À esquerda, vê-se a obra Postococa (2013) de Dominique González-Foerster (com Sergio Bernardes e Décio Pignatari). Estas são ocupações da Galeria Nova Barão propostas pelo gruposp. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 61: Obra de Federico Herrero Catarata (2013), que marca a localização do volume técnico proposto pelo gruposp. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 183). Figura 62: Fotografia da obra Spider (1996) de Louise Burgeois, que o gruposp propôs que fosse exposta no térreo do Ed. Guinle durante o P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
61 62
63
64 65
Figura 63: Croqui do volume técnico desenvolvido pelo gruposp (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 64: Croqui da obra Postococa (2013) de Dominique González-Foerster na Galeria Nova Barão. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 65: Croqui do nível galeria desenvolvido a partir das plantas disponibilizadas pelo gruposp do volume técnico. (Fonte: Arquivo pessoal).
Tacoa
medida em que a proposta considera “seis tipologias consecutivas e diferentes, que alternam
O projeto desenvolvido pelo Tacoa se relaciona, em certo sentido, com o do gruposp na
um desenvolvimento espacial horizontal a um vertical” [51].
medida em também resgata a memória do Museu,
A legitimação do Museu no Parque, e
no entanto, apresenta uma abordagem distinta.
mais ainda na Marquise, se dá pelo acesso no
Não volta às origem da primeira sede, propõe uma
mesmo local onde hoje reside o MAM. Conside-
edifício que se desenvolve cruzando a Avenida
rando a impossibilidade de novas construções e a
Álvares Cabral e se conecta com o volume do
vontade de Niemeyer de liberação da Marquise,
antigo Detran, hoje ocupado pelo Museu de Arte
parte do edifício proposto ocorre no subterrâneo,
Contemporânea da Universidade de São Paulo
assim como os projetos de Andrade Morettin e
que, ainda de forma não direta, faz parte da história
do escritório Y. Neste primeiro setor ficariam
do MAM-SP
Com esse edifício que se inicia
café, biblioteca, restaurante, bilheteria, guarda-
na Marquise, passa por baixo da Bienal, sobrevoa
volumes, loja do MAM e um primeiro espaço
a Avenida, se interliga ao MAC e conclui-se outra
para exposições temporárias. Este volume se
porção do Parque, propõe uma “costura” tanto
expande verticalmente conformando mais dois
no âmbito urbano quanto histórico, unificando
espaços destinados à exposições temporárias. Em
três momentos
e duas áreas do Parque. Esta
seguida, a porção que sobrepassa a Avenida, além
alusão a costura se justifica no sentido simbólico
de passagem para o outro lado, acolhe a expo-
de união, mas também no sentido imagético na
sição do acervo. Já na outra porção do Parque
[49].
[50]
o volume retrai-se horizontalmente se tornando 49 Como já colocado, a fundação do MAC-USP se dá em consequência da doação do acervo do MAM-SP para a Universidade de São Paulo no ano de 1963. 92
50 A Bienal também faz parte da história do MAM. Como mencionado, ela foi criada pelo Museu em 1951, e teve suas primeiras edições sob sua responsabilidade.
um volume que acomoda áreas para exposições permanentes. O último trecho guarda o acesso ao 51 Memorial descritivo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013. , 2013, p. 214.
MAC, um pátio de esculturas (em substituição do
ser reformulada. Ao comparar o novo edifício
atual jardim das esculturas), um bar e um volume
“passarela” com este elemento de conexão a
vertical que abrigaria a reserva técnica, a adminis-
relação torna-se desproporcional
tração e um teatro.
também que a simples eliminação desta passagem
O
edifício
caracteriza-se
como
[52].
Nota-se
um
também não seria possível, já que existe a necessi-
percurso, onde se propõe diferentes ambientes
dade de cruzar a Avenida de forma independente
com distintas características. A ideia seria
do Museu.
conformar uma multiplicidade de espaços com
Com relação ao “objeto expositivo”, o
o objetivo de acomodar uma maior variedade da
escritório Tacoa se utilizou principalmente de
produção artística.
imagens da maquete eletrônica
[53]
que eram
Observando-se a implantação do edifício,
passadas num óculos 3D. Essas imagens estavam
percebe-se que sua relação com a passarela exis-
“apoiadas” por plantas e um corte longitudinal
tente que liga o lado do Parque do conjunto
disponíveis ao lado da cama, colocada como local
da Marquise ao MAC, possivelmente teria que
de parada e apreciação das imagens [54].
52
Ver Figuras 69 (p. 95), 80 (p.97) e 83, p. 99.
53
Ver Figuras de 72 até 80, p. 96-97.
54
Ver Figuras 66 a 68, p. 94.
93
66 Figuras 66 a 68: Tacoa - Fotografias do “objeto” exposto no P33. (Fonte: Arquivo pessoal).
67 68
Figura 69: Tacoa - Implantação: a. Bienal de São Paulo; b. MAC-USP; c. MAM. (Fonte: arquivo disponibilizado pelo escritório Tacoa à autora). Figura 70: Tacoa - Planta nível 760,00: 8. Sala de Exposições Temporárias C; 9. Sala de Exposições Permanentes A; 10. Passagem para MAC-USP; 11. Patio de Esculturas; 12. Bar; 13. Foyer Teatro. (Fonte: arquivo disponibilizado pelo escritório Tacoa à autora). Figura 71: Tacoa - Corte longitudinal planificado. (Fonte: arquivo disponibilizado pelo escritório Tacoa à autora). Figuras 72 a 79 (p. 96-97): Tacoa - Imagens 3D internas do projeto. (Fonte: arquivo disponibilizado pelo escritório Tacoa à autora). Figura 80 (p. 97): Tacoa - Perspectiva externa da proposta desenvolvida para o P33. (Fonte: arquivo disponibilizado pelo escritório Tacoa à autora).
a
b c
c
c
c
69
13 12
11
9 10 8
70 71
72
73
74
75
76
77
78
79 80
Figura 81: Croqui da planta proposta pelo escritório Tacoa (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 82: Croqui do corte longitudinal planificado. (Fonte: Arquivo pessoal). 81 82
[*] onde está Av. 23 de Maio, leia-se Avenida Pedro Álvares Cabral.
83 84
Figura 83: Croqui do projeto desenvolvido pelo Tacoa. Nota-se a desproporção da passarela existente após a construção do edifício proposto. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 84: Croqui desenvolvido a partir do projeto do Tacoa. (Fonte: Arquivo pessoal).
A maneira como os projetos foram desen-
reflexo das propostas apresentadas, pode-se
volvidos reflete diretamente o convite que dava
afirmar que o MAM carece de mais espaço para
aos arquitetos a liberdade da fantasia e não neces-
desenvolver suas atividades. No entanto, sair do
sidade de chegar a detalhamento. Dessa maneira
Parque tornou-se algo difícil já que estabeleceu-se
diferencia-se de um concurso de arquitetura,
uma relação de cumplicidade entre o Parque e o
já que o MAM não está em busca de uma nova
Museu. Como coloca o spbr: “o Parque ganhou o
sede. O convite tornou-se um conglomerado de
MAM (ou vice-versa)” [55].
ideias que apontam direções, sendo algumas com
Hoje, ainda que não previsto no projeto
maiores possibilidades de virem a ser projetos
original da Marquise, há um reconhecimento do
executáveis. Mas, nas propostas podem ser desta-
antigo Pavilhão Bahia, sendo que está tombado
cadas aspectos e análises com relação ao Museu.
pelo Condephaat
No projeto do Usina destaca-se o ques-
Em contrapartida, o
último Plano Diretor do Parque do Ibirapuera
tionamento sobre qual o papel do Museu na
[57]
sociedade. As propostas feitas pelos escritórios
que obstruem a Marquise: sanitários, restaurante e
spbr e Andrade Morettin apresentam, ainda que
até o Pavilhão que abriga o MAM-SP, propondo
de maneiras bem distintas, como ênfase a relação
a transferência das atividades do Museu para o
desenvolvida com o Parque. Já o gruposp e Y
Pavilhão Armando Arruda Pereira. Esta postura
destacam-se na reflexão sobre o acesso e difusão
de liberação da Marquise reflete ao próprio
da arte moderna e contemporânea. E o projeto apresentado pelo Tacoa enfatiza a questão da qualidade espacial, propondo um percurso com diferentes tipologias de espaços que visa abrigar diversas formas e suportes sobre os quais a arte 100
[56].
hoje se demonstra. Como ponderação destas questões e
pretende a demolição de todos os elementos
55 Memorial descritivo spbr. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 209. 56 MAIA, Ana Maria. Museu de Cera, Pavilhão da Marquise, Pavilhão Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo. In: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p.37. 57 Plano Diretor do Parque do Ibirpuera, 2004-2014. Publicado em <http://www.parqueibirapuera.org/parque-ibirapuera/documentos/> (Último acesso em maio 2014).
Niemeyer, que desejava a eliminação do volume que abriga o MAM [58]. Inclusive o P33 traz uma proposta de projeto feita por ele para um novo museu próximo à localização atual do MAM. Tanto
a
proposta
apresentada
por
Niemeyer, como os projetos expostos no P33 pretendem museus bem maiores que o atual. No caso dos projetos apresentados, a ordem de grandeza da nova sede seria comparável ao edifício da Bienal
[59],
ou seja, cerca de dez vezes a área que
o MAM possui hoje no Ibirapuera. Fica a dúvida
Figura 85: Fotografia da fachada posterior do MAM (2014). (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 86: Panorâmica da Marquise do Ibirapuera (2014). (Fonte: Arquivo pessoal).
se esta área seria adequada para o Museu ou excederia sua necessidade.
58 Entrevista com Oscar Niemeyer. In: Resende, 2002, p. 7 apud P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 32. 59 Essa informação foi retirada da análise dos projetos, no entanto, também foi colocada durante a entrevista com a curadoria. Ver Anexo 1, p. 152.
85 86
01
Figura 1: Vista a partir da entrada da Grande Sala do MAM. Em primeiro plano, à esquerda, vê-se a obra 138 kg (2013) de Deyson Gilbert. Em segundo plano, à direita, estão algumas obras de Montez Magno como: Cidade esférica II (2012), Catedral gótica (2000), Maquete de uma cidade cúbica (1968) e Galáxia (1968-2013). (Fonte: Arquivo pessoal).
Expografia do P33 Diálogos possíveis Observando
expográfico,
visão da curadoria de possibilidade e viabilidade
percebe-se que sua principal característica está em
de realização e também de acordo com a locali-
usar a Grande Sala do MAM como espaço fluido.
zação. Nesse sentido, a Grande Sala abrigaria os
A divisão de núcleos é feita por meio das cortinas
projetos que se colocam no Parque do Ibirapuera
de Daniel Steegman
que, apesar de separar o
e iriam, a partir da entrada, em ordem decrescente
espaço, não constituem uma barreira visual e ainda
de ter condições de concretizar-se. Já na Sala
“jogam” com a sobreposição de cores. Neste
Paulo Figueiredo, foram colocados o projeto do
sentido, a Sala Paulo Figueiredo se contrapõe na
gruposp – que propunha o MAM-SP no centro –
medida em que se utiliza de painéis tradicionais e
e a instalação do Usina o qual discutia o programa
da obra de Clara Ianni para segmentar o recinto. A
do Museu. Mais um elemento articulador da
obra Crítica dos ativos intangíveis ou Barragem (2010)
exposição é a produção de Montez Magno, que
de Clara
por ter diversas obras, permeia a montagem como
[2],
o
[1]
projeto
segundo a curadora, cria “um obstá-
culo que ao mesmo tempo reflete. É um símile,
um todo.
digamos, da fachada de vidro do restaurante” [3]. Outro elemento importante para a estru-
A iluminação da Grande Sala também constitui-se como elemento importante ao
turação da exposição é o eixo dos projetos
compor um grafismo
arquitetônicos que foram separados conforme a
de profundidade e fluidez do espaço. Na medida
1
Ver Figura 10, p. 23.
2
Ver Figura 19, p. 28-29.
3 LAGNADO, Lisette. Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver anexo 1, p. 148.
[4] [5]
que aumenta a noção
em que não há a separação em pequenas salas, a iluminação podia ser percebida como um p. 156.
4 103
5
Ver Figura 1, p. 103.
104
marcador de “ritmo”. Outro detalhe da exposição
pessoas pudessem ler, fazer pesquisas. Referente
está na intervenção, ainda que sutil, na fachada de
à utilização das paredes “de Lina” como suporte,
vidro do museu na área da Grande Sala. Foram
essa opção foi tomada quando percebeu-se que
colocadas películas translúcidas com o objetivo
“teria um núcleo de documentação muito grande,
de diferenciar os caixilhos que serviriam como
e que isso não poderia acontecer só em mesas, que
suporte para os textos explicativos das obras
tinha sido proposto inicialmente” [8].
expostas. A fachada de vidro também relaciona-
No que diz respeito ao posicionamento
se diretamente com a obra Aqui você pode sonhar
das obras, partindo da entrada - recolocada de
(2009) de Clara Ianni, vídeo que mostra a artista
frente para o edifício da Bienal -, deparava-se em
construindo uma parede em blocos de concreto.
primeiro plano com a obra de Deyson Gilbert
Ao ser colocado contra a superfície de vidro,
que faz alusão à obra de Humberto Boccioni e,
compõe uma barreira simbólica: “torna opaca
consequentemente, ao nome do Panorama. Essa
uma parede que é transparente” [6].
obra assim como as obras de Pablo Uribe e Beto
Outro ponto a ser colocado com relação à
Schwafaty, recolocam a questão do acervo do
expografia, é na diferenciação dos suportes usados
MAM-SP na medida em que se utilizam de outras
para a parte histórica e documental exposta no
obras para comporem as suas. Beto Schwafaty,
P33. Sendo assim, as três primeiras paredes esca-
assim como Deyson Gilbert, partem de obras que
lonadas da Grande Sala, mas principalmente, as
pertencerão um dia ao MAM-SP, mas que hoje
mesas e os fichários foram tratados de forma a
fazem parte do acerto do MAC-USP. Já Pablo
diferenciá-los das obras de arte. Segundo Lisette
Uribe propôs uma obra que coloca uma reflexão
Lagnado
pretendia-se um espaço que as
sobre o atual acervo do Museu que, por falta de
6 MAIA, Ana Maria. Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver anexo 1, p. 148.
espaço, não teria condições de alocar uma expo-
[7],
7 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver anexo 1, p. 151.
sição do acervo de maneira permanente. Além 8 de 2014. Ver Anexo 3, p. 156.
02 Figura 2: Croqui da planta da exposição - Sala Paulo Figueiredo - e de algumas obras presentes na exposição. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 3 (p. 106-107): Croqui da planta da exposição - Grande Sala - e de algumas obras presentes na exposição. (Fonte: Arquivo pessoal).
03
04 05
Figura 4: Panorâmica do terceiro “trecho” expositivo, considerando a entrada na Grande Sala e separação dos núcleos pelas cortinas de Daniel Steegmann. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 5: Panorâmica do último “trecho” expositivo (trecho seguinte ao da Figura 4). (Fonte: Arquivo pessoal).
das obra de Deyson e alguns outros artistas, o
mente com os projetos para nova sede do MAM
primeiro núcleo compõe-se predominantemente
São Paulo. Partindo da obra Museu-Mausoléu
com a parte histórica do Museu: plantas, fotos,
que diz respeito ao artista ficar próximo a suas
croquis e documentos sobre a acomodação do
obras no pós-morte, estabelece-se uma relação
MAM-SP no antigo espaço conhecido como
muito forte com o Poema Enterrado de Ferreira
Pavilhão Bahia. Os demais núcleos desenvolvem-
Gullar [11] por se tratarem de obras que se desen-
se relacionando os projetos de arquitetura – sejam
volvem no subterrâneo. Já a obra de Gullar, peça
eles para a nova sede do MAM-SP, ou dos outros
de importância no acervo do MAM, estabelece
Museus de Arte Moderna que aparecem na expo-
diálogo direto com o projeto do escritório Y
sição – com obras de arte. Segundo a curadoria,
Arquitectura, por ter sido ponto de partida para
essa relação entre artistas e arquitetos, inicialmente
o desenvolvimento do projeto. Nesse sentido, a
pensada para a formulação de projetos, se deu
própria maquete de Magno, também se relaciona
praticamente apenas na montagem da exposição
com este projeto e com o projeto do Tacoa na
[9].
O único caso onde esta relação efetuou-se de
medida em que trabalha a relação da superfície
maneira direta, foi o caso do projeto do gruposp
com o subsolo, e essa dinâmica espacial de subida
que propôs uma ocupação do centro com obras
e descida, exploração da dicotomia horizontal e
de artistas presentes no Panorama.
vertical. Nessa analogia pode-se ainda relacionar
A partir da sistematização dos projetos podem ser levantadas algumas questões refe-
[10],
o projeto do escritório Andrade Morettin que também se propõe no subsolo do parque.
rentes tanto a expografia quanto ao que é e
Ramificando essa teia, conecta-se o projeto
o que representa o MAM hoje. Tomando em
do gruposp a partir da outra face do projeto do Y
conta as obras de Montez Magno, nota-se que
Arquitectura: o museu difuso, que tem como obje-
algumas delas se tangenciam direta ou indireta-
tivo disseminar o MAM pela cidade por meio de
9 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver Anexo 1, p. 142 e 145.
10
Ver Figura 6, p. 110.
11
Ver Figuras 46 a 48, p. 82.
109
unidades leves. Seguindo nesta linha, o gruposp,
modo do lado oposto do gruposp e do Usina,
ao retornar para o centro, objetiva também uma
o projeto do spbr se coloca junto aos demais
difusão, no entanto mais localizada, nos arre-
projetos que se estabelecem no Parque do Ibira-
dores da esquina da Rua de Abril, onde teria
puera, reafirmando que a consolidação da refe-
seu núcleo num edifício técnico. Juntamente ao
rência do MAM na sua atual localização, junto ao
projeto do gruposp, pode-se colocar o a discussão
parque. Sua forma pura, como principal carac-
do Usina, que na realidade é uma consideração
terística do projeto, e no movimento de contra-
sobre programa para o museu, num sentido mais
posição da expressão expansiva, também estabe-
reflexivo de questionamento da dinâmica de cons-
lece diálogo com outra obra de Magno, Galáxia
trução da cidade. Nesse viés, esses projetos esta-
– trabalho de expansão espacial (2012). Enquanto
belecem uma relação com as cidades cúbicas de
a proposta do spbr coloca-se com um gesto de
Magno, que colocam em dúvida o planejamento
conter o conjunto arquitetônico, a Marquise e até
urbano, comparado à aleatoriedade do jogo de
o próprio Parque, o trabalho de Magno propõe
dados.
uma ideia de expansão territorial. Numa afinidade mais sutil, e de certo
Portanto, a montagem se torna o espaço de diálogo artistas e arquitetos, que ainda que
06
pretendesse se dar de maneira mais efetiva dentro propostas para a sede do MAM
[12],
coloca-se
como referencial para a aproximação desses campos. Foi uma exposição de arte que colocou em questão a arquitetura do espaço que a abriga. 12 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver Anexo 1, p. 142 e 145. Figura 6: Vista da Grande Sala do MAM.(Fonte: Arquivo pessoal).
07 08
Figura 7: Diagrama com relações possíveis entre arquitetos e artistas. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 8: Croqui do último “trecho” expositivo da Grande Sala com a inclusão de algumas obras do “trecho” antecedente. (Fonte: Arquivo pessoal).
07 09 10
Figura 9: Planta da exposição - Grande Sala. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 10-11). Figura 10: Planta da exposição - Sala Paulo Figueiredo. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 12).
LEGENDA 56 Deyson Gilbert 60 Clara Ianni 62 Daniel Steegmann 66 Montez Magno 72 Lina Bo Bardi 74 Porfírio Valladares 78 Oscar Niemeyer 80 Affonso Reidy 82 Michel Aertsens
86 Fernanda Gomes e Pat kilgore 90 Andrade Morettin 100 Vitor Cesar 102 spbr 108 Tacoa 118 Mauro Restiffe 122 y Arquitectura com Ferreira Gullar 128 SUBdV 134 Per Hüttner com Öyvind
Fahlström e Mira Schendel 138 Pablo Uribe 144 Beto Shwafaty 152 Francisco Du Bocage 154 Bárbara wagner e Benjamin de Búrca 158 Marcel Gautherot 162 yuri Firmeza e Amanda Melo da Mota 166 Vivian Caccuri 168 Usina
176 gruposp 182 Federico Herrero 184 Pablo León de la Barra com yona Friedman e Leandro Nerefuh 190 Arto Lindsay 194 Dominique GonzalezFoerster com Sergio Bernardes e Décio Pignatari 200 Philippe Rahm
11 Figura 11 as cores propostas por Lina Bo Bardi . (Fonte: arquivo
).
01 Figura 1: Desenho em aquarela da Galeria Adriana Varej達o em Inhotim. (Fonte: Arquivo pessoal).
Tacoa - Referências Espaços destinados à arte
O que nos leva a pensar que algum espaço
então o chamado cubo branco, conceito de museu
tem qualidade para abrigar arte? Essa pergunta que
que pretende ser neutro por isolar a obra de tudo
vai muito além das questões técnicas nos coloca
o que possa prejudicar sua apreciação, como
diante de um tema amplamente discutível, mas
descreve O’Doherty [1]:
quando se refere à arte contemporânea mostra-se
“O mundo exterior não deve entrar, de modo que
ainda mais como uma incógnita. A arte contem-
as janelas geralmente são lacradas. As paredes são
porânea ultrapassou fronteiras e limites tornando-
pintadas de branco. O teto torna-se a fonte de luz.
se uma arte do inesperado. Com a diversificação
O chão de madeira polido, para que você provoque
dos tipos de representação e suportes de apre-
estalidos austeros no andar, ou acarpetado, para
sentação, como então produzir um espaço que
que você ande sem ruído. A arte é livre, como se
atenda a todos tamanhos, formatos e conceitos?
dizia, ‘para assumir a própria vida’ ”.
Adentra-se aí numa questão que se tornou utópica
Essa tipologia de espaço expositivo
na medida em que seria impossível concentrar em
pretendia colocar a arte como objeto autônomo
único espaço adequações para todos os tipos de
desligado de seu contexto. No entanto, como
arte que existem e que ainda estão por existir.
afirma Montaner [2], constitui mais um desejo que
No início do século XX, com os arquitetos
uma realidade na medida em que essa ambição
de vanguarda e em reflexo das alterações ocor-
transcendental cai e percebe-se que o contexto é
ridas no universo da arte, passa-se a propor novas
também conteúdo, tornando-se arte em potencial.
premissas formais como a transparência, a planta livre e flexível e a neutralidade. Desenvolve-se
1 O'DOHERTy, 2002, p. 4. 2 MONTANER, op. cit. p. 9.
117
explica que, retirado o conteúdo
– localiza-se a Galeria Adriana Varejão. Inaugu-
perceptível, o conteúdo implícito da galeria pode
rada em 2008, projeto desenvolvido por Rodrigo
ser forçado a se manifestar por meio de interven-
Cerviño em diálogo com a artista que dá nome à
ções que a utilizem por inteiro, caminhando para
Galeria, demonstra-se como um “marco de tran-
duas direções: a arte no interior, para a qual o
sição nas relações entre arte e arquitetura” [5]. Esse
espaço que o acolhe representa-se como contexto,
“título” justifica-se na medida em que o projeto
ou sobre o contexto mais amplo que contém o
propõe uma relação entre a arte e arquitetura que
cubo branco, como a rua, a cidade, etc. Ou seja,
potencializa a apreciação de ambas.
O’ Doherty
[3]
confere-se ao espaço expositivo papel de importância no processo de apreensão da arte.
lepípedo de concreto colocado sobre um terreno
Com base nesta e em outras questões,
pendente que conforma, além de dois espaços
tomou-se como objeto de referência e reflexão
expositivos e um contemplativo, um percurso
dois outros projetos concebidos pelo escritório
interno que corrobora a ideia de passeio pelo
Tacoa: a Galeria Adriana Varejão e o Galpão
museu. Nesse sentido a entrada e saída por dife-
Fortes Vilaça [4].
rentes lados e cotas do edifício tem papel impor-
Em Minas Gerais, Brumadinho, dentro
tante, sendo o acesso feito por um caminho que
Instituto Cultural Inhotim – lugar onde se busca
perpassa um espelho d’água conformando uma
a interlocução entre arte, arquitetura e natureza
praça, seguido por uma passagem que insere o
3 O'DOHERTy, op. cit. p. 102.
118
O pavilhão constitui-se como um parale-
4 Cabe citar que o escritório Andrade Morettin também possui participações anteriores ao Panorama no meio artístico com o projeto premiado do Instituto Moreira Salles e a exposição Tropicália, assim como o próprio Tacoa que possui outros projetos como por exemplo a nova sede do MIS-RJ. Esse recorte foi adotado pelo interesse levantado pelo escritório Tacoa decorrente da proposta colocada para o P33 e na importância da Galeria Adriana Varejão para o cenário arquitetônico no que diz respeito ao universo das artes visuais. Este Pavilhão se tornou ícone de uma arquitetura que valoriza a arte e viceversa, sendo vencedora do Prêmio Rino Levi do IAB-SP em 2008.
visitante no primeiro espaço expositivo. Sobre a referida praça pousa a primeira das obras Panacea Phantastica (2003-2008), que prepara o visitante para o mote recorrente de Varejão: os azulejos. Já dentro do pavilhão, encontram-se duas outras obras que acompanham a temática: Linda do 5
TONETTI, 2013. p. 109.
Rosário (2004) – escultura onde “a arquitetura se
arquitetura. Coladas na cobertura insere-se mais
associa ao corpo, e a matéria de construção se
uma obra, a última a ser acrescentada, a série
torna carne”
inspirada do desabamento do
Carnívoras (2008), que coloca-se em contraste com
Hotel Linda do Rosário em 2002 – e O colecionador
a narrativa da obra anteriormente mencionada,
(2008) – maior obra da série Saunas, realizada para
apresentando uma espécie em cada um dos cinco
o local que “reflete a arquitetura do pavilhão,
azulejos. Como uma pintura de forro, a série Carní-
propondo uma continuidade virtual do espaço”
voras (2008) pode ser observada tanto do primeiro
[7].
como do segundo pavimento do pavilhão
[6],
[10].
O
A continuidade do percurso se dá por
penúltimo trecho do percurso se desenvolve por
meio de uma escada que “flutua” sobre o espelho
meio de uma rampa descoberta no perímetro de
d’água e eleva o visitante ao centro do segundo
três faces do volume
espaço expositivo
trazendo uma sensação de
espaço de contemplação e última obra de Varejão
destacamento da encosta provocado pela entrada
Passarinhos: de Inhotim a Demini (2003-2008) – uma
de luz natural. Este espaço abriga Celacanto provoca
instalação em forma de bancos com imagens de
maremoto (2004/2008)
– obra que teve três de
aves típicas da região mineira onde fica Inhotim
suas quatro faces acrescentadas por ocasião do
que é uma ampliação de outra obra sua: Pássaros
pavilhão, conferindo-lhe nova dimensão e contri-
da Amazônia (2003). Finalizando o trajeto, uma
buindo para uma relação de simbiose entre arte e
passarela conduz em nível a saída do pavilhão e
[8],
[9]
[11],
levando o visitante ao
ao fim de uma experiência sensorial. Guilherme 6 Texto explicativo sobre a obra Linda do Rosário (2004). In: <http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/obras/ linda-do-rosario/> (Último acesso em abril de 2014).
Wisnik reflete sobre esta experiência afirmando:
7 Texto explicativo sobre a obra O colecionador (2008). In: <http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/ obras/o-colecionador/> (Último acesso em abril de 2014).
tornar-se elemento de ligação, lugar de passagem.
“ E a arquitetura deixa de ser monumento para Apenas uma caixa escura pousada sobre a natu-
8
Ver Figura 8, p. 121.
10
Ver Figura 10, p.121.
9
Ver Figura 9, p. 121.
11
Ver Figura 11, p. 121.
119
02
03
04
05 06
Figuras 2, 3 e 5: Plantas da Galeria Adriana Varejão. (Fonte: Disponível em <http://www.tacoa. com.br/#> (Último acesso em maio de 2014)). Figuras 4 e 6: Cortes da Galeria Adriana Varejão. (Fonte: Disponível em <http://www.tacoa.com. br/#> (Último acesso em maio de 2014)).
06 07
07 08
08
09 Figura 7: Fotografia da fachada da Galeria Adriana Varejão. (Fonte: Disponível em <http://www.tacoa. com.br/#> (Último acesso em maio de 2014)). Figura 8: Galeria Adriana Varejão - escada que dá acesso ao primeiro pavimento. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 9: Primeiro pavimento da Galeria Adriana Varejão com a obra Celacanto provoca maremoto (2004/2008). (Fonte: Disponível em <http://www.tacoa.com.br/#> (Último acesso em maio de 2014)). Figura 10: Fotografia interna da Galeria Adriana Varejão com a obra Carnívoras (2008). (Fonte: Disponível em <http://www.tacoa.com.br/#> (Último acesso em maio de 2014)). Figura 11: Rampa que dá acesso a cobertura da Galeria Adriana Varejão. (Fonte: Arquivo pessoal).
10 11
reza” [12], demonstrando que o grande valor deste
como, além de depósito de obras, espaço expo-
projeto está no diálogo entre a arte e a arquitetura,
sitivo, onde painéis móveis podem ser reconfi-
onde um valora o outro.
gurados à escolha de cada artista, possibilitando
O caso da Galeria Adriana Varejão inte-
diferentes experiências a cada exposição. Além
ressa aqui pelo seu desempenho em que a arte
disso, pode-se utilizar do espaço de armazena-
e a arquitetura caminham, neste caso, juntas.
mento concomitantemente à exposição de obras,
No entanto, cabe-se ressaltar que isso se torna
inclusive intermeado por elas. O interesse nesse
possível pela identidade do edifício com uma série
projeto coloca-se em dois aspectos: primeiro, na
de obras específicas, tanto no sentido da confor-
dinamicidade de exposições possibilitada pelo
mação da arquitetura para abrigar determinadas
amplo espaço, e segundo, como a separação em
obras, como no caminho inverso da criação ou
dois espaços que compõe a Fortes Vilaça pode
complementação de uma obra de arte para um
gerar um fluxo de mão dupla do público.
espaço específico.
122
Com sua fachada comum de um galpão
O outro projeto de referência do escritório
qualquer [13], em uma área sem atrativos culturais
Tacoa, é o Galpão Fortes Vilaça, que inaugurado
no ramo das artes visuais, ao entrar no Galpão
em 2008 como um espaço com múltiplas funções,
Fortes Vilaça a surpresa por vezes chega a ser
passou a fazer parte da grade da dinâmica progra-
grande. Onde espera-se encontrar no máximo um
mação da Galeria Fortes Vilaça. A Galeria, loca-
lugar para “salvaguardar” obras, pode-se por meio
lizada na Vila Madalena, organiza exposições de
do uso de painéis móveis conformar-se uma diver-
artistas internacionais e brasileiros, assim como
sidade de espaços expositivos, desde a tipologia
mostras coletivas, estendendo-se a realização de
chamada de cubo branco, com pequenas ou uma
publicações e palestras. Com espaço de 1.500 m2
grande sala, até uma área adequada para colocação
no centro de São Paulo, o Galpão constitui-se
de obras que abordam questões sensoriais, como
12 wISkIk, Guilherme. Experiência concentrada. In: Inhotim: arquitetura, arte e paisagem, 2013, p. 66.
é o caso de algumas obras, instalações e projeções. 13
Ver Figura 16, p, 124.
O espaço ainda conta com um pequeno núcleo
sua obra. A oposição entre movimento e inércia
de recepção e serviços próximo à entrada, um
também permeia o grupo de esculturas presentes
mezanino ao fundo, que abriga um setor adminis-
na exposição”.
trativo, e uma pequena área descoberta atrás do Galpão, também pode ser usada tanto como área
Handle with Care
expositiva como para descanso. Como exemplo
Rodrigo Matheus
dessas diferentes montagens seguem as imagens
Exposição 06.11.2010 | 14.01.2011 [16]
e a descrição de duas exposições realizadas nos últimos anos [14]:
“Para sua primeira individual no espaço do Galpão Fortes Vilaça, Rodrigo Matheus optou
Knoten Wie Wolken | Nós Como Nuvens
por desconstruir o espaço expositivo e se utilizar
Michael Sailstorfer
dos materiais e da linguagem de armazenamento
Exposição 27.02.2010 | 10.04.2010 [15]
e transporte de obras de arte como assunto para suas esculturas e instalações.
“Em Knoten Wie Wolken, Nós Como Nuvens,
Ao entrar na galeria o público se depara com
o jovem artista apresenta uma grande instalação
um labirinto de caixas onde normalmente está
feita com dezenas de câmaras de ar, uma série de
o espaço expositivo do galpão. Ao percorrer este
esculturas de alumínio em forma de nós e um filme
caminho, encontram-se as obras “camufladas” de
em 16 mm. Este trabalho, desenvolvido especial-
caixas, carrinhos e materiais afins. Este percurso
mente para o espaço do Galpão, Sailstorfer retoma
leva o espectador também a lugares “turísticos”,
o uso de materiais industriais característico de
outro assunto que permeia os trabalhos”.
14 As informações referente à exposições que seguem <http://www.fortesvilaca.com.br/exposicoes/passadas>(Último acesso em abril 2014). 15 Ver Figura 14, p.124.
123
16
Ver Figuras12, p. 124.
12
13
14 15
17 16
18
19 Figura 12: Galpão Fortes Vilaça, Handle with Care de Rodrigo Matheus. (Fonte: Arquivo retirado do site da Galeria Fortes Vilaça. Disponível em < http://www.fortesvilaca.com.br/exposicoes/2010/135-handle-with-care> (Último acesso em maio de 2014)). Figura 13 Arquivo pessoal). Figura 14: Galpão Fortes Vilaça, Knoten Wie Wolken ou Nós Como Nuvens de Michael Sailstorfer. (Fonte: Arquivo retirado do site da Galeria Fortes Vilaça. Disponível em < http://www.fortesvilaca.com.br/
20
acesso em maio de 2014)). Figura 15: Galpão Fortes Vilaça, exposição Polvo de Adriana Varejão. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 16: Fachada do Galpão Fortes Vilaça. (Fonte: Arquivo pessoal). 21
22
Figura 1 MAM (2014). (Fonte: Arquivo pessoal).
Imaginário para um novo MAM
:
[*]
considerações e questionamentos P33 como ponto de partida
Bo Bardi nos anos 80, a proposta para o MAM
O estudo do P33: Formas únicas da conti-
desenvolvida por Oscar Niemeyer, e três outros
nuidade do espaço destaca-se por ser uma expo-
modelos de museu de arte moderna e contempo-
sição de arte contemporânea que, por sua temá-
rânea – o MAM-RJ, o Solar do Unhão (sede do
tica, desperta diversas discussões, enriquecendo
MAM-BA), e como uma idealização de um Museu
e ampliando os horizontes alcançados por este
de Arte Contemporânea para Recife a obra de
Panorama. Acaba por tornar-se uma exposição de
Montez Magno [1].
arte com viés histórico e arquitetônico. Partindo-
A partir dessa colocação espacial de
se da problemática de falta de espaço da atual
museus de arte, volta-se para a problemática da
sede, retoma a história do Museu como uma
sede do Museu de Arte Moderna, que diferente
espécie de homenagem a seu processo de recons-
do MAM-RJ
trução e reafirmação no cenário artístico nacional
para ser uma museu. Assim como outros museus
após a doação de seu acervo por Ciccillo Mata-
que se aproveitam de outros edifícios, ainda
razzo em 1963. Juntamente com a retrospectiva
que passando por uma requalificação necessária
histórica, a colocação de alguns projetos relacio-
dos espaços
nados se faz importante na medida em que inserenos na reflexão sobre espaços dedicados a expor arte, como o projeto de reforma para o edifício do MAM sob a Marquise encabeçada por Lina [*] Refere-se a um novo espaço a ser ocupado pelo MAM. Não diz respeito a alteração de sua programação, mas sim a atividades.
[2],
[3],
não teve sua sede construída
isso não necessariamente repre-
1 2
Cabe destacar Museu de Arte Moderna do Rio de
Deve-se a Eduardo Affonso Reidy a criação de uma sede no Aterro do Flamengo que integra a “excelência da paisagem natural com a arte, tanto arquitetônica como paisagística”. LOURENÇO, 1997, p. 151. Para saber mais ver LOURENÇO, op. cit, 133-156. 3 Um exemplo disso, que também está presente na exposição, é o Solar do Unhão que teve um edifício que foi adap-
127
sentaria um problema. No entanto, no caso do
fachada posterior, “opaca” a vista e intervêm no
MAM constata-se uma insuficiência de áreas e
conceito de percurso e abrigo que a Marquise
uma impossibilidade de ampliação. Essa vontade
conforma. O próprio Plano Diretor do Parque
de aumento de áreas justifica-se principalmente
[4],
quando se coloca em questão o acervo. Com mais
assim como o restaurante e os sanitários que estão
de 5.400 obras o espaço físico atual não comporta
dispostos abaixo da Marquise, como retomada do
a guarda de grande parte delas e ainda não tem
projeto de Niemeyer. Nesse sentido, dando voz ao
condições físicas de manter uma exposição
projeto original, nota-se uma vontade – por parte
permanente de sua coleção.
dos arquitetos participantes do P33 – de liberação
desenvolvido em 2004 previa a sua saída dali,
Ocupando um lugar construído para ser
da Marquise como elemento que sombreia o
um pavilhão “provisório”, vai contra o projeto
caminho que dá unidade ao conjunto arquitetô-
original de Niemeyer para a Marquise do Ibira-
nico.
puera, apesar da relação já estabelecida com o
Apesar da curadoria colocar que essa
Parque, que através de sua fachada de vidro busca
discussão termina num ponto neutro
[5],
no
integrar-se com a paisagem e convidar a entrada
sentido da saída ou não do MAM do edifício que
do público ao museu. Ainda assim, o edifício
ocupa atualmente, percebe-se que nenhum dos
representa uma obstrução na Marquise, interfe-
projetos afirma a manutenção do museu naquele
rindo numa visão aberta do Parque e do conjunto
edifício. Ainda que o escritório do Usina não tenha
arquitetônico, sobretudo quando visto por sua
se colocado objetivamente sobre a saída ou não do MAM no Parque por voltar-se para uma discussão
128
tado por Lina Bo Bardi a qual implantou “uma espécie de memorial escultórico: a deslumbrante escada central do Solar do Unhão” LOURENÇO, 1997, p. 186. Para saber mais ver LOURENÇO, op. cit, 177-194. Outro exemplo é o edifício da Pinacoteca, que após sua reforma ser conduzida por Paulo Mendes da Rocha, que cobriu os vazios internos do edifício com clarabóias e interligou os pátios por meio de passarelas metálicas, criando “uma nova especialidade no recinto”, Pinacoteca em: Pinacoteca do Estado, um restauro em ação. 2002, p. 33.
programática do Museu e sobre a construção da 4 Plano diretor do Parque do Ibirapuera 2004-2014. Disponível em <http://www.parqueibirapuera.org/parque-ibirapuera/documentos/> (Último acesso em maio 2014). 5 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver Anexo 1, p. 144.
cidade, também não reafirma a fixação do museu
zados, não ficam dúvidas de que o MAM consti-
abaixo da Marquise. A curadoria também sugere
tuiu uma afinidade com o Parque, criando raízes
que essa resposta de construção de uma nova sede
naquele lugar
seria reflexo da vontade de construir dos arqui-
do complexo cultural em contato direto, princi-
tetos [6]. No entanto, nota-se, inclusive pelo porte
palmente, com duas outras entidades – a Bienal e
das propostas, que o desejo é de que o MAM
o MAC [8]. Como solução recorrente dos projetos
tenha mais espaço para continuar desenvolvendo
apresentados para o P33, a maneira encontrada
suas atividades e ampliar sua programação. A
para que o MAM permaneça ali – sem que seja
impossibilidade de ampliação do Museu onde está
alterado o conjunto arquitetônico e de modo que
atualmente e a defesa da liberação da Marquise
a interferência nas áreas do Parque seja menor – é
acabam por justificar as propostas de uma nova
que a nova sede seja subterrânea
sede.
nando também que o Museu mantenha seu ende-
[7]
e tornando-se parte integrante
[9],
proporcio-
reço sob a Marquise. Projetos, referencias e
Essa ideia de construção de um edifício
conceitos
subterrâneo poderia inclusive ser pensada a partir
São diversas as associações possíveis entre
das obras de Ferreira Gullar, Poema enterrado (1960),
as propostas apresentadas no Panorama. No
e de Montez Magno com Museu-mausoléu (1969-
entanto, a principal característica comum entre eles está no reconhecimento da relação estabelecida entre o Museu e o Parque nesses quarenta e cinco anos em sua atual localização. Com base em quatro (de sete) projetos e nos estudos reali6 Entrevista com a curadoria – Lisette Lagnado e Ana Maria Maia –, concedida à autora no dia 24 de março de 2014. Ver Anexo 1, p. 148.
7 Cabe destacar que “naquele lugar” refere-se não somente ao Parque, mas inclusive ao endereço que o MAM possui sob a Marquise. Os projetos de Andrade Morettin, y Arquitectura e Tacoa reconhecem esse dado e posicionam as entradas de seus projetos onde reside o MAM hoje. 8 Apesar do MAC estar com uma nova sede em no Pavilhão da Agricultura pertencente ao conjunto proposto por Niemeyer, aqui refere-se ao núcleo do MAC que ocupa o Palácio das Indústrias mais conhecido como Pavilhão da Bienal. 9 Cabe citar que os projetos que apresentam essa solução são: Andrade Morettin, y Arquitectura e Tacoa.
129
Figura 2: Diagrama com associações possíveis entre os projetos apresentados no P33, suas características e referências estudadas. (Fonte: arquivo pessoal).
2013). Entretanto, a única proposta que a cura-
propostas apresentadas pelo Y e pelo spbr. Refe-
doria diz ter direcionado nesse sentido, trazendo a
rente ao Y, com suas unidades itinerantes, coloca-
informação da existência de uma obra do acervo
se a ocupação da superfície da Marquise, utilizan-
que não poderia ser mostrada – o Poema enterrado
do-a de uma maneira talvez não antes imaginada.
de Gullar – é a do escritório Y, que cruzou este
O spbr, ainda que indiretamente, também propõe
com outros dados, propondo o museu subter-
este conceito sugerindo a experiência de caminhar
râneo com uma sala dedicada especialmente para
sobre a Marquise e um projeto que possibilita
esta obra [10] [11]. No caso do projeto de Andrade
uma vista num nível acima do que estamos acos-
Morettin, além da proposta de manutenção do
tumados a olhar.
endereço a partir de um edifício subterrâneo,
Contudo o projeto do escritório spbr, ao
destaca-se a forma como é colocada relação deste
propor um edifício extenso que abarca o conjunto
com o Parque. Isto se dá pela maneira que tanto
da Marquise, cruzando a Avenida Pedro Álvares
o Parque passa a fazer parte do Museu – por
Cabral, acaba por excluir deste gesto, de contornar
sua condição de transformar o lago em espelho
parte significativa do Ibirapuera, o Palácio da
d’água, permeando o projeto –, quanto o MAM
Agricultura (hoje sede do MAC), o qual é parte
se torna área do Parque, por sua cobertura poder
integrante do conjunto arquitetônico proposto
ser utilizada e ainda tornar-se área verde do
por Niemayer. Com esta postura de interligar os
Ibirapuera. Essa consideração de ocupação da
dois lados separados pela avenida, relaciona-se
cobertura relaciona-se em certo sentido com as
o projeto do Tacoa que propõe um volume que “costura” – num movimento vertical e horizontal
10 Memorial descritivo. P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 213. 11 Cabe colocar que todos os projetistas ao serem convidados receberam um CD com as obras pertencentes à coleção do MAM, pois a curadoria acreditava ser fundamental para que eles conhecessem o Museu e suas vocações. O acervo também pode ser acessado via online pelo site < http://mam.org.br/colecao/> (Último acesso em maio de 2014).
– e aproxima o MAM ao seu acervo “anterior” pertencente ao MAC [12], com uma passarela que daria acesso direto a este museu. Outra caracterís12 Refere-se a doação do acervo feita por Ciccillio em 1963, mencionada no capítulo: Contextualizando o P33.
131
tica de destaque deste projeto está nas diferentes
ponto alto de um espaço que, além de valorizar
espacialidades propostas que tem por objetivo
a arte exposta, proporcionou que a arte instigasse
abrigar uma maior diversidade de suportes, tama-
a arquitetura. Apesar de ser um projeto desen-
nhos e conceitos de arte contemporânea.
volvido para obras específicas da artista, torna-se
Retomando o projeto do Y no sentido
fonte de inspiração como espaço contemplativo
de sua proposta de difusão, a partir dos módulos
das obras e do entorno, e do percurso que elas e a
itinerantes e de sua interligação com uma linha de
arquitetura, em sintonia, conformam.
metrô, é possível relacioná-lo com a proposta do
Sendo assim, as respostas apresentadas
gruposp na qual o MAM seria um museu difuso
diante do questionamento, apesar de possuírem
que ocuparia o centro da cidade. Assim, destaca-
uma liberdade dada pelo caráter utópico, dife-
se a questão da facilitação do acesso favorecendo
renciando-se de um concurso de arquitetura,
um fluxo maior de visitantes. Também como
apontam direções possíveis e destacam aspectos
característica a ser apontada nesta volta do MAM
relativos a atual sede e ao Museu.
ao centro é a “retomada” de um lugar que fez parte de sua história, mas, ao tomar esta postura,
A programação e a atual
desconsidera a relação estabelecida com o Ibira-
sede do MAM
puera nas últimas décadas.
132
Atualmente o Museu de Arte de São
Com relação às espacialidades propostas
Paulo, apesar do pouco espaço que mantém em
pelo Tacoa para uma nova sede para o MAM,
seu edifício, tem conseguido durante sua trajetória
apesar de não detalhado, o projeto de Andrade
manter-se um Museu ativo e dinâmico. O atual
Morettin agrega o sentido de um espaço amplo
edifício possui duas salas de exposição, uma de
e flexível, que poderia ser comparado a outro
aproximadamente 900 m2 e outra com cerca de
projeto do Tacoa: o Galpão Fortes Vilaça.
250 m2, sendo ocupadas com uma ou duas expo-
Olhando-se para esta outra referência estudada,
sições temporárias, numa grade anual dividida em
a Galeria Adriana Varejão demonstra-se como
quatro temporadas
[13].
O corredor que comu-
nica as duas salas também é usado como espaço expositivo desde 1985
[14].
ções, catálogos de exposições e peças de design, e restaurante com vista ao Parque.
No últimos anos, a
cada 6 meses um artista diferente, participando
Um gesto de projeto:
do Projeto Parede, propõe uma instalação para
premissas e questões
o espaço
[15].
Além destas áreas, o Museu conta
Mesmo que no momento o Museu não
com um acervo a céu aberto: o Jardim de Escul-
esteja procurando uma nova sede, se o aumento
turas. São trinta esculturas espalhadas próximas
de áreas se faz necessário – como já descrito, prin-
à Marquise numa área de 6.000 m . O MAM-SP
cipalmente pela questão de seu acervo – o desejo
conta também com atividades promovidas pelo
que fica é que o MAM venha a ter uma nova sede,
Educativo como visitas guiadas, os clubes de
projetada de acordo com suas necessidades e
colecionadores, o núcleo contemporâneo e os
programação
programas Igual Diferente e Contatos com a arte, sendo
tação, parte-se do princípio de que haveria duas
que o primeiro pretende incentivar o contato com
possibilidades: dentro ou fora do Parque do Ibira-
as artes plásticas de pessoas com deficiência, e no
puera. Imagina-se que, quando tomada a postura
caso do segundo, professores e educadores. Ainda
de não abrir mão de sua localização não só dentro
promove cursos teóricos e práticos e eventuais
Parque, mas de seu endereço sob a Marquise, uma
seminários e palestras. Outras áreas que também
opção seria que ali se mantivesse um núcleo do
atraem visitas ao Museus incluem: biblioteca
Museu, e fosse construído um edifício anexo em
como mais de 50.000 títulos, loja com publica-
algum outro ponto da cidade com o restante de
2
13 MAM Institucional. Disponível em < http://mam.org. br/institucional/> (Último acesso em maio de 2014). 14 HORTA, 1995, p.44. 15 Para ver os artistas e obras participantes do Projeto Parede de 2008 a 2014 acessar: < http://mam.org.br/explore/exposicoes/> (Último acesso em maio de 2014).
[16].
Dessa forma, para sua implan-
sua programação. Essa alternativa de construção 16 Cabe citar que mesmo que fosse possível a ampliação da atual sede, essa postura provavelmente não seria a mais adequada visto que o edifício foi construído para ser um pavilhão provisório, não apresentando certas características desejáveis a um museu de arte moderna e contemporânea, sendo um exemplo pé-direito generoso, fator que possibilita a exposição de grandes obras.
133
de outro edifício dá voz ao questionamento colo-
somada a um edifício anexo no centro. Por um
cado por dois dos projetos apresentados
no
lado, essa proposta traz aspectos positivos como
sentido de difusão da arte e facilidade de acesso ao
o fato de atingir um maior público por estar em
transporte público. Tomando como referência o
dois diferentes pontos na cidade, a partir do enca-
único projeto que sai do Parque, o gruposp, surge
minhamento das visitas de um espaço a outro.
a possibilidade da construção de um edifício anexo
Isso também diminuiria a área de interferência
no centro – localização justificada pelo retorno às
no Parque ao dispensar a construção de um
origens de sua primeira sede. Além disso, o centro
novo edifício com áreas para toda a demanda do
pode ser considerada uma região mais provida
Museu, provavelmente tornando mais viável sua
de transportes públicos e com um fluxo natural-
implantação. Pensando-se na execução do projeto,
mente maior de pessoas, possibilitando um acesso
também possibilitaria que o museu não parasse de
mais fácil e possivelmente despertando uma quan-
funcionar durante o processo de construção e
tidade maior de olhares curiosos.
reorganização, caso houvesse a impossibilidade de
[17]
Inspirando-se na atual configuração da Pinacoteca
[18],
convivência da antiga e da nova sedes de maneira
que a partir da separação clara
simultânea. Enquanto o edifício anexo no centro
de usos com a Estação Pinacoteca projeta um
fosse construído o MAM se manteria onde está.
fluxo em via de mão dupla de visitantes de um
Após sua idealização, a atual sede seria deixada,
edifício ao outro, uma possibilidade seria que o
passando a funcionar temporariamente apenas
MAM funcionasse de forma semelhante, com
no centro, até que sua nova sede no Ibirapuera
a criação de uma pequena sede no Ibirapuera
fosse gerada. No entanto, ficam incertezas quanto
17 Refere-se aos projetos dos escritórios gruposp e Y arquitectura.
à separação do Museu em pontos distintos da
18 Para ver mais sobre a programação da Pinacoteca e da Estação Pinacoteca, visitar o site: <http://www.pinacoteca.org.br/ pinacoteca-pt/> (Último acesso em maio de 2014).
nistrativas, de organização e programação, e prin-
cidade o que poderia provocar dificuldades admi-
Figura 3: Montagem de croquis de estudo desenvolvidos ao longo do ano de TFG: ensaios formais, de áreas internas e fachadas, e em diferentes implantações.(Fonte: Arquivo pessoal).
135
cipalmente de funcionamento do Museu.
Pensando-se numa área total para estes
Ainda que estes questionamentos existam,
novos edifícios, os projetos expostos no P33
tomando como base a programação atual,
refletem uma ordem de grandeza de ampliação
imagina-se como seria a composição programá-
comparado ao edifício da Bienal, que possui cerca
tica destes núcleos. O edifício sede no Parque do
de 30.000 m2. No entanto, fica a dúvida se o MAM
Ibirapuera, com pequeno porte, abrigaria: área
precisaria realmente desta quantidade de espaço.
para exposições temporárias; pequeno auditório,
Adentra-se a uma questão também administrativa,
possibilitando a realização de eventos, seminários
na medida em que um aumento quase dez vezes
e alguns cursos; loja; restaurante; corpo admi-
maior de área implicaria um aumento enorme
nistrativo e parte do educativo voltado à progra-
de verbas para desenvolvimento das atividades.
mação desenvolvida no local. O núcleo do centro
Apesar de receber apoio do governo, o MAM é
resguardaria o acervo (inclusive a parte dele que
uma instituição privada que conta com doações,
não fica na atual sede), com uma área que prevê
eventos, cursos e os clubes
seu crescimento estimado em vinte anos. Junta-
insumos que precisa para a organização das expo-
mente a ele seriam colocadas: as áreas corre-
sições e demais atividades. Considerando-se esse
latas como museologia e restauro; a biblioteca;
aspecto de crescimento a curto prazo, por assim
um café/bar, reativando a tradição de local de
dizer, e atual programação, imagina-se como
encontro para artistas, intelectuais e amigos das
hipótese uma ampliação do Museu, mas na ordem
artes; os clubes de gravura, fotografia e design; os
de quatro a cinco vezes a área total que o Museu
cursos, principalmente os ligados a museologia e
apresenta hoje, representando a soma das áreas
[19]
para arrecadar os
história da arte; outra parte do educativo, ligado às exposições vigentes; área expositiva com mostras de longa duração, desenvolvidas a partir do acervo 136
e outras exposições em diálogo com ele; e área de exposições temporárias.
19 Refere-se aqui aos clubes de colecionadores do MAM, onde obras selecionadas pelos curadores nas áreas de gravura, e entregues aos sócios dos clubes. A participação nos clubes implica mais acessar: < http://mam.org.br/faca-parte/clube-de-colecionadores/> (Último acesso em maio de 2014).
Figura 4: Diagrama com as principais áreas e programação desenvolvida pelo Museu como estudo das relações de proximidade e implantação dentro do projeto. Percebe-se que com a proposta de separação em dois núcleos, algumas atividades teriam que ser subdivididas, como por exemplo os cursos, conforme colocado no texto.
dos edifícios cerca de 15.000m2. Como premissas para os dois núcleos
inclusive embaixo da Marquise, ao lado do atual
imagina-se um amplo espaço com caraterística
Pavilhão. Sendo assim, imagina-se também a
de flexibilidade, possibilitando a conformação de
reformulação desta área que é parte integrante da
diferentes expografias. Isso se somaria a alguma
programação do Museu, dispondo as esculturas
área de característica mais marcante, instigando
no entorno da nova sede, ou possivelmente em
obras site specific, como propõe por exemplo o
cima dela, caso sua cobertura possa ser utilizada.
projeto do Tacoa em suas rampas não uniformes
Portanto, como reflexão da problemática
[20]. Também idealiza-se a valorização do percurso
de espaço físico do MAM , coloca-se aqui uma
dentro dos edifícios, tomando como referência o
proposta imaginária para o futuro do MAM, mas
Galeria Adriana Varejão em Inhotim. O desejo
que considera premissas, como reflexo das análises
é de um trajeto conformado pelas diferentes
dos projetos propostos para o P33 e estudos reali-
espacialidades que valorizem as montagens das
zados. Ao mesmo tempo que essas reflexões e
exposições e as obras de arte. Em especial, para a
colocações encerram um processo, elas deixam
sede constituída no Parque, sendo a relação com
abertas portas para o estudo e aprimoramento de
o entorno fundamental, pensa-se em algo que
uma série de questões sobre a arquitetura por um
reafirme essa relação, ainda que a proposta seja
olhar pela arte, e também da arte como processo
que se desenvolva predominantemente no subter-
de questionamento da arquitetura, e num sentido
râneo.
mais amplo, da construção da cidade. Mesmo Ao cogitar essa possibilidade, surge
também outra questão
[21].
com a sensação de necessidade de se aprofundar
Com a alteração da
em alguns temas, o desejo que fica é que o MAM
sede no Ibirapuera, provavelmente o Jardim de
possa ter mais espaço sem perder sua relação
Esculturas tivesse que ser remodelado, já que
com o Parque e endereçamento da Marquise, mas
20 138
hoje encontra-se em áreas próximas ao museu,
21 Cabe citar que o único projeto que apontou essa problemática foi o escritório Tacoa, que previu dentro das áreas do novo edifício um pátio para a colocação de esculturas.
liberando a Marquise como retorno ao projeto original para aquele espaço que hoje conquistou outros usos além do caminhar.
Figura 5: Diagrama com croquis que “transcrevem” considerações e premissas para uma nova sede para o MAM, dividida em dois núcleos: um no Parque do Ibirapuera sob a Marquise e outro no centro, próximo à sua primeira sede. (Fonte: Arquivo pessoal).
01 Figura 1 América (1971-2013). (Fonte: Arquivo pessoal).
Reductio (díptico diptyque) (1971). Em primeiro plano, vê-se América
Anexo 1: P33 por Lisette Lagnado e Ana Maria Maia Trechos da entrevista concedida à autora no dia 24 de março 2014 Aline Osoegawa: Lisette, fale um pouco
invenção do Panorama que era de construir um
sobre como surgiu a ideia de tema para esse Pano-
acervo também tinha cumprido um ciclo. Então
rama.
eu fui atrás de um problema que não foi difícil de Lisette Lagnado: Para mim o Panorama
encontrar, que era a falta de uma sede. Na verdade
sempre foi uma exposição muito interessante para
a pergunta mais interessante, é daquele momento
ver o que de novo se fazia. A partir do momento
em que eu decido que este Panorama discutiria
em que ele deixou de ser um Panorama dividido
uma sede até a exposição que a gente conseguiu
por técnicas, ele já tinha uma visão curatorial. No
fazer, a Ana e eu, a gente teve mil desvios e mil
caso deste Panorama, eu tive que ponderar outros
exposições que não aconteceram.
dados, um deles é o fato que a cidade já tem outros programas de mapeamento de novos artistas.
Ana Maria Maia: Você tinha a ideia inicial de fazer edital, um concurso.
Esses programas de mapeamento, eles não são
LL: Pensei em lançar uma convocatória,
propriamente curados, eles são mais generosos.
que era a palavra que eu queria para voltar a ter
As pessoas se inscrevem, ou então eles permitem
uma participação mais democrática, mas logo
uma inserção momentânea. Eu acho que a missão
desisti porque pensei que talvez as pessoas mais
do Panorama teve uma época que se confundiu
interessantes não se inscrevessem. Tentei uma
com isso. Na verdade ele é anterior a isso, só
época articular um diálogo de um arquiteto com
que ele não se renovou. Então, aí sim eu voltei
um artista, pensando que eles sempre seriam uma
para as histórias do Panorama, e descobri que a
dupla na exposição, e logo foi abandonado.
141
AMM: Ele tem essa característica...
assim para arquitetos. Então até toda essa codifi-
LL: ... de avançar e recuar, como num labi-
cação de conversas de propostas, de respostas, a
rinto...
gente viu que foi muito interessante, mas também AMM: ... como num projeto de pesquisa.
muito desafiadora enfrentar.
LL: Exato. Você percebe que não vai dar
LL: É porque são duas instâncias de difi-
certo, e a medida em que vai se aproximando e
culdade, digamos assim, a primeira era pensar
você precisa ter uma exposição... Na verdade
uma sede, sendo que o concurso era um concurso
o peso dos artistas é 2/3 para 1/3, quando eu
colocado de maneira utópica, porque o MAM
comecei eu achava que no mínimo seria metade-
não está procurando uma nova sede. O segundo
metade. Mas é sem dúvida um Panorama que
desafio é levar os arquitetos a se pensarem numa
introduz a arquitetura no debate da arte contem-
exposição, sem um tipo de apresentação que estig-
porânea de uma maneira aberta.
matiza normalmente os escritórios...
AMM: Eu acho que se a gente pensa em termos de um projeto de pesquisa e cruza com
142
AMM: ... que também restringe a especialistas.
esse dado que Lisette está colocando de 2/3 para
LL: Então a gente também foi muito ativa
1/3, eu acho que isso é resultado de um investi-
na interlocução na hora de decidir o que vai ser,
mento na aproximação desses campos, mas que
uma mesa, uma cama, uma projeção, um quadro
talvez não se resolva agora. Se resolveu nesse sete
negro, uma maquete...
projetos, nessas sete interlocuções muito ricas
AMM: Lembro do Andrade Morettin
que a gente conseguiu trazer para o P33. Mas em
falando assim pra gente: “a gente abriu mão de
muitos casos, uma situação evidente para artistas
detalhar os andares, de fato de apresentar todos os
contemporâneos, receber curadores em seus estú-
elementos do projeto, porque a gente quer deixar
dios, falar sobre o que se está fazendo, falar do que
claro o gesto do projeto”. E o gesto do projeto
está em aberto, falar do que está resolvido, esse
deles era abrir aquele espelho d’água, e trabalhar
tipo de situação corriqueira, não é tão corriqueira
com a topografia do Parque.
LL: O objetivo era provocar no escritório
dessa crítica para mim mesmo que o MAM de
deles uma discussão interna, e acho que isso acon-
São Paulo é um problema de São Paulo. Quando
teceu. De maneiras diferentes cada um levou essa
você coloca o problema para um arquiteto que
discussão pra um lado.
não mora aqui ele não acha que a ocupação da
AO: As respostas foram todas positivas, claro. Mas, por exemplo no caso da Usina que
Marquise em si é precária, é insuficiente. Não, ele não vê o problema. É um olhar diferente.
acabou apresentando um texto como discussão
AMM: E não deixa de ser uma resposta
de um programa e não exatamente um projeto,
mais rápida, mais de impulso do que as respostas
teve alguma postura de encaminhamento mais
que os arquitetos educados aqui em São Paulo,
para projeto ou mais para programa? Ou todas as
participantes desse debate que tem Paulo Mendes
discussões foram válidas?
como a grande voz. A grande voz da crítica ao
LL: Acho que tudo foi válido. Quando não
MAM embaixo da Marquise é Paulo Mendes – a
nos convencia, acho que nem entrava na expo-
gente encontrou isso em documentos. Claro que
sição.
ecoando o próprio Niemeyer, que falava mal. A AMM: Mas nesse sentido de equacionar
densidade de resposta era certamente, tinha que
projeto e programa, eu lembro desde muito no
ser, maior pelos arquitetos de São Paulo, porque
começo, a Lisette pontuou a importância do
eles convivem com isso.
programa nessa busca para todos [os escritórios].
LL: Mas o cerne do problema se deslocou,
LL: No caso do Usina, é mais o programa.
de uma crítica a uma ocupação considerada ilícita
AMM: A prática deles é muito discursiva,
debaixo da Marquise, para uma discussão se é
por isso que aparece mais esse lado. LL: Na verdade, quando eu me dei conta
licito ou não, até porque ela [Ana Maria] descobriu documentos que justificam a existência de uma
que eu teria uma presença maior da escola paulista de arquitetura [1], eu encontrei o contra-argumento 1
Realmente, há um predomínio de escritórios de arqui-
tetura de São Paulo, no entanto, cabe citar que dois dos sete escritóé um escritório uruguaio e o escritório SUBdV, apesar de atualmente estar com sede em São Paulo, tem origem no exterior.
143
construção lá... Então trazer Yona Friedmann e
trouxe toda a documentação. Ficou quase impos-
a documentação dele também era para dizer que
sível derrubar, ficou lindo com aquela configu-
arquitetura não é necessariamente construção de
ração. Agora, isso é suficiente? São outras ques-
um edifício, pode ser justamente essas células que
tões.
você agrega. Mas, eu digo que se deslocou, acho
AO: Com relação à exposição, gostaria de
que hoje ela se deslocou para o Museu e não mais
entender mais sobre as relações. Pelo o que eu
pro edifício. Aquele Museu cabe lá? Ele está feliz
entendi, referente à estruturação dos projetos é
lá? Realizado, cumprindo sua missão? Eu acho
uma postura de colocação em relação à realização.
que a exposição termina meio que deixando, na
Vocês consideraram o que seria mais realizável e o
minha opinião, esse ponto pacífico em relação à
que seria menos realizável, correto?
demolição ou não. AMM: E é curioso de pensar que essa
posição geográfica em que esses projetos aconte-
discussão nasce de um diagnóstico sobre a efeti-
ceriam. Na Sala Paulo Figueiredo estão os projetos
vidade daquele espaço pro MAM. Ela se inverte,
que se descolam do Parque.
quase que se positiva. Ela coloca o MAM a pensar
LL: Porque eu acho também que um outro
de volta, independente do espaço, este ou qual-
ganho que você tem nessa exposição, é perceber
quer outro espaço que ele ocupe, que espaço ele
que nessa amostragem, mesmo que pequena, a
precisa para que as atividades que ele se propõe.
identidade no Parque foi reafirmada como iden-
LL: Então também mudamos a porta da entrada
144
AMM: Isso também cruzado com a
[2].
tidade do MAM. A Sala Paulo Figueiredo, que a
Eu acho que é interessante você
gente não pode esquecer de mencionar, são os
pensar que o ataque dos arquitetos à existência
projetos do MAM implantados fora [do Parque].
desse Pavilhão. Na verdade quem cresceu muito
Isso acaba agregando um monte de artistas ao
na exposição foi a Lina, com a reforma a gente
entorno, que são artistas que teriam uma obra,
2 Lisette Lagnado refere-se à alteração da entrada, que é na realidade a retomada da entrada proposta no projeto da reforma de 1982, proposta por Lina Bo Bardi e sua equipe.
não sei se posso dizer permanente... O gruposp foi o primeiro que veio com
uma proposta para gente: “o MAM tem que voltar
de Lisette sobre uma obra do MAM que é o Poema
para o centro”...
enterrado. No espaço a gente mostra o Poema enter-
AMM: Só um comentário: foi o único que
rado – Ferreira Gullar acaba entrando como artista
de fato trouxe artistas pra dentro do projeto dele.
da exposição associado ao projeto do Y – e ali
LL: Na verdade, nós que propusemos. Isso
do lado está o projeto
[3].
E teriam outros exem-
talvez te interesse saber, eu propus artistas para os
plos assim, mas eu acho que de alguma maneira
arquitetos, e também porque eu não queria perder
o espaço virou esse lugar que as fricções eram
o controle. Se é um Panorama de arte, se de
possíveis. Esse Panorama é tão específico que ele
repente eles indicassem um artista “super” visto...
cola no prédio e para desgrudar... Tudo é colado:
Eu tentei também honrar a tradição do Panorama
o Razuk [4] colou no prédio, as obras colaram nos
de trazer nomes menos conhecidos. Alguns estão
vidros, a gente se apropriou daquela parede...
lá, mesmo que já tivessem participado ou de um
LL: Uma exposição que eu nunca tinha
Panorama ou de uma Bienal, eles ganharam uma
visto, com nossos três museus de arte moderna,
outra visibilidade. É o caso do Montez Magno que
conformando um núcleo.
é um artista que praticamente tem uma individual.
AMM: Entra também Recife com a
AMM: A medida que a gente foi entendo
ausência de um modelo. O modelo que a gente
que no processo de criação essa sinergia entre
adotou foi o modelo de Magno, com as maquetes
artistas e arquitetos não era tão possível, o espaço
[5]. Não deixa de ser um quarto modelo, mas que é
de montagens virou o espaço para diálogos possí-
colocado a partir de um caso não real, parece mais
veis criados por nós. As afinidades dos gestos
o pensamento de um artista.
arquitetônicos e artísticos podiam ser evidenciadas na medida em que estavam próximos na exposição. Por exemplo, vou citar um caso que
3 Ver Projeto do escritório Y e obra de Ferreira Gullar nas Figuras 40 a 51, p. 78-83. 4
é mais colado que puramente uma aproximação espacial, o projeto do Y nasce de um comentário
5 Ver obras Museu de Arte Contemporânea no Recife (2000). Figura 10, p.150.
145
02
03
Figura 2: Obra Relevo e aderência (2013) de Vitor Cesar. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 3: Sala Paulo Figueiredo. À esquerda vê-se a obra de Clara Ianni, Crítica dos ativos intangíveis ou Barragem (2010). (Fonte: Arquivo pessoal).
AMM: O SUBdV elegeu que a maior
prédio que é longitudinal, esse eixo central seria
qualidade do MAM de São Paulo era a marquise,
ocupado pelos projetos de arquitetura e os
do MAM da Bahia era a escada e do MAM do Rio
projetos artísticos que são em maior quantidade e
eram os pórticos [6]. Isso também dá espaço para
também mais diversos na sua materialização abra-
se pensar que será que a busca desse espaço ideal,
çariam os projetos de arquitetura, eles envolvem
dessa instituição ideal nasce de um gesto de um
esse espaço, esse campo criado pelos projetos de
experimento da forma? Que usos, que qualidade
arquitetura.
de experiências esse mutante geraria? AO: Não necessariamente uma qualidade espacial.
LL: Pelo próprio problema que eu tinha me colocado que era fazer uma exposição sem painel, eu tive que jogar com as paredes existentes.
AMM: Ele acredita neste gesto, mas
Por exemplo, se você pegar o Vitor Cesar
[7],
o
acho que ele tem um teor... para mim, insinuou
trabalho dele foi construído enquanto estávamos
uma certa suspeita, uma certa dúvida sobre ele.
conversando. Ele só fez uma parede de chapisco
Quando ele abre essa possibilidade tão grande
porque ele soube que aquela parede seria uma das
de desenho, vira quase que um gesto banal. Ele
paredes da Lina [8]. Então ele plasma numa super-
me coloca num lugar onde eu começo a pensar e
fície que é estrutural.
duvidar do desenho, duvidar dessa soberania da forma...
AMM: Mas veja como o lugar dos artistas convidados termina sendo um lugar de muita
AO: Referente aos núcleos, os projetos de
aderência. Quer dizer, se por uma lado a gente
arquitetos com os artistas, a relação da arquitetura
poderia ter tido mais respostas dos arquitetos
com a arte, acaba sendo colocada espacialmente
no sentido de entenderem os programas do
então?
museu e ativarem ou proporem mudanças nele, AMM: Eu acho que uma das primeiras
decisões foi entender que o eixo central daquele 6
Ver imagens do projeto do SUBdV na p. 61.
7
Ver Figura 2, p. 146.
8 retomadas para a exposição, propostas no projeto da reforma desenvolvido por Lina Bo Bardi e sua equipe.
147
a gente teve mais desenhos de novos edifícios do que leituras mais qualitativas de como o MAM funciona, enfim... um ponto a ser pensado. LL: Eles estão “loucos” para construir,
AMM: Só que colocado na Sala Paulo Figueiredo. Mesmo o vídeo dela ganhou um dado que ele não tinha
[10].
Ele foi instalado contra a
tem isso também. A gente não teve um viés de
parede de vidro. Ela quase que torna opaca uma
arquitetos que se fascinariam por uma reforma de
parede que é transparente.
um lugar.
LL: A curadoria agiu ali, e não teve um
AMM: Mas por outro lado, tem casos
tipo único de atuação.
com o do Vitor [Cesar] que a gente começa uma
AO: Ela foi diferente pra cada artista?
conversa longa, porque esse foi um perfil dos
LL: Sim. Montez [Magno] é uma retros-
convites e da presença de artistas e arquitetos.
pectiva, um artista de 80 anos. A Clara [Ianni] é
A condução de Lisette é muito próxima. E aí,
um trabalho que já existia e eu me apropriei dele,
o Vitor vendo as etapas, a construção do nosso
o Vitor [Cesar] desenvolvemos juntos, o Daniel
raciocínio, entendeu que existiria uma parede, que
[Steegmann] [11] - que são as cortinas - ele já tinha
existiria a presença daquela estrutura da reforma
feito, mas não nessa escala e não com essas cores
que Lina fez pro espaço, ele que quis colar lá, ele
e não com esses desenhos exatamente, que são
quis correr o risco de talvez não se diferenciar da
desenhos, são formas inspiradas na Lina.
presença histórica, da textura do prédio. LL: No caso dele, ele quis, mas teve um
AMM: O Deyson [Gilbert] [Shwafaty]
[13]
[12]
e o Beto
já tinham aquelas pesquisas estru-
caso em que eu peguei um trabalho da Clara Ianni
turadas, mas eles fizeram a gente ver que tinham
que fez os painéis de zinco – era um trabalho
um potencial de discussão sobre obras perdidas
[9]
que ela tinha feito numa escala menor –, mas que me interessava num outro espaço, criar um obstá148
digamos, da fachada de vidro do restaurante.
culo que ao mesmo tempo reflete. É um símile, 9
Ver Figura 3, p. 146.
10
Ver Figuras 5 a 7, p. 149.
11
Ver Figura 9, p. 150.
12
Ver Figura 1, p. 102 e Figura 4, p. 149.
13
Ver Figura 17, p. 27.
Figura 4: Estudo de Deyson Gilbert para a obra 138 kg (2013). (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 57). Figuras 5 a 7: Imagens do vídeo de Clara Ianni Aqui você pode sonhar (2009).(Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 61). 05 04
06
07
08
09
10
Figura 8
Da série Oscar (2012), de Mauro Restiffe. (Fonte: P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013, 2013, p. 119). Figura 10 Museu de Arte Contemporânea no Recife (2000). (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 11: Detalhe da cortina de Daniel Steegmann, ~ (2013).(Fonte: Arquivo pessoal).
do acervo. Não foram projetos iniciados no Pano-
A montagem é quase igual. Claro que não tinha
rama.
as paredes azuis. E eu acho que tive muito mais AO: Elas não existiam, mas foram concre-
tizadas para o Panorama?
liberdade nessa exposição: ela tem cor, ela tem uma coisa mais tropical. Mas ela muito parecida
AMM: Foram, elas já existiam como projeto.
em termos de raciocínio que é tratar o arquivo de uma maneira diferente da obra de arte. Nesse
LL: Mas me interessava para mostrar a migração dessa coleção.
sentido, as três paredes escalonadas e os fichários que a gente fez com toda a pesquisa...
[16]
E
AMM: Como uma marca desse Museu,
na verdade, a gente também queria dizer outras
um ressentimento sobre uma coleção perdida que
coisas – a gente queria, e não sei o quanto isso
define um pouco da identidade do MAM.
funcionou –, que fosse um espaço que as pessoas
LL: O Mauro [Restiffe]
já tinha feito,
pudessem fazer pesquisa. Então em vez de você
o Niemeyer já tinha morrido, ele estava para
ter que ir para a Biblioteca para fazer pesquisa
mostrar a série. Mas pedi para que ele guardasse.
você teria essas mesas para sentar. Lá no Reina
É um artista que eu acompanho, e guardamos
Sofia, a Maria [Berrios] e eu também tínhamos
para essa hora. E foi fundamental, era site-spcific,
esse desejo, que fosse um lugar que você pudesse
era realmente discutir o fim de uma era.
ler [17].
[14]
AO: Retomando a relação do “artista-arquiteto” em sua outra exposição: Desvíos a la deriva, gostaria de saber qual a relação com o Panorama. LL: Se você olhar, tem um vídeo postado que mostra a exposição dentro do Reina Sofia [15]. 14 Ver Figura 8, p. 150. 15 Para ver o vídeo acesse: Desvíos de la deriva. Conversación entre Lissette Lagnado y María Berrios. Mayo, 2010. Publicado
AMM: Que não deixa de ser entendido -experiencias-travesias-morfologias#videos_relacionados> (Último acesso em maio de 2014). 16
Ver Figura 2, p. 34.
17 Desvíos de la deriva - Experiencias, travesías y morfologías. Nacional Centro de Arte Reina Sofía em colaboração com o Festival Internacional de Fotografía y Artes Visuales PhotoEspaña 2010. Curadoria: Lisette Lagnado e María Berrios. (Fonte: < http://www.musemorfologias> (Último acesso em maio de 2014)).
151
152
como uma provocação maior sobre a vocação e
curatoriais... eu gosto quando um leigo entra,
os usos que se faz do espaço de um museu hoje
e a partir do que ele vê de um artista ele possa
em dia... E a gente sai desse extremo e pensa
entender qual é a demarch, qual é o processo cria-
no monorail que é o trenzinho do Ângelo Bucci
tivo daquele artista, às vezes com uma obra dá,
para percorrer rápido o espaço de 750 metros de
mas em geral não dá. O problema dos salões e
extensão [de cada lado] que ele desenhou, que
dessas exposições, mesmo bienais coletivas, é
seria quase uma panorâmica da exposição vista de
que todo mundo aparece com um trabalho e se o
cima.
artista tem uma linguagem diferenciada às vezes LL: Na verdade, o interessante dos
você não consegue entender o processo, a cabeça
projetos, todos eles tem mais ou menos o tamanho
dele. Então no caso do Montez, você tinha que
do edifício da Bienal. Então eles são muitos gene-
fazer isso para você ver a riqueza de exploração
rosos. Acho que a lição de tudo isso é que a gente
dele. Tinha até muito mais coisa, mas a gente fez
gostaria que o MAM tivesse o tamanho da Bienal.
um recorte que tinha mais a ver com arquitetura.
E se você lembrar que a Bienal se chamava Bienal
Por exemplo, tem mais fotografias do funeral
de Arte do Museu de Arte Moderna, é devolver
do Niemeyer, mas a gente ocupou bem a parede
um pouco o MAM para a Bienal...
inteira, quer dizer, tem também ali uma caracte-
AMM - ... a proporção das coisas.
rística do Mauro de não mostrar as fotografias
AO: E essa questão de ter várias obras do
pequenas. A escala tem que ser respeitada. Cada
Montez, foi por uma atração especial, ou como
artista tem sua própria lógica. Mas eu acho que
comentado, propor uma retrospectiva?
é essa a curadoria afinada, que a colocação não
LL: Não dá para você medir pelo tamanho
acontece por acaso. Na verdade a gente descons-
da obra. Se você medir em metros quadrados a
truiu o cubo branco, a gente fez de um jeito de
obra do Daniel [Steegmann], talvez ele [Montez
mostrar que tudo era specific e não tinha nada
Magno] ocupe menos. Não é por aí, na verdade,
fora de contexto.
o que interessa pra mim sempre em termos
AMM – E acho que é um conceito que
sempre interessa: do conceito de uma obra de arte que reivindica pelo seu contexto não só espacial, mas histórico, cultural. E a arquitetura por organizar o espaço num sentido mais amplo... foi assim que a arquitetura chegou – que eu entendo – nas pesquisas de Lisette desses artistas.
Figura 12 12
-
01 Figura 1
Anexo 2: Expografia por Alvaro Razuk e Isa Gebara Trechos da entrevista concedida à autora no dia 01 de abril 2014 Aline Osoegawa: Vocês poderiam falar um
em alguns vidros [1]. É uma espécie de idealização
pouco sobre a expografia e a montagem da expo-
de um painel, para colocar as legendas na mesma
sição?
latitude dos trabalhos, na mesma direção dos Alvaro Razuk: A relação com o design é
trabalhos. Um outro ganho muito grande dessa
importante. No final eles ficaram muito contentes
exposição foi a mudança de acesso do museu, por
com a forma como a gente explicou a ideia do
um desejo da curadoria.
projeto. Porque como é pensada a exposição é
Isa Gebara: A gente não só apoiou como
preciso entender. Logo de cara, quando você faz
sugeriu a pintura da porta de amarelo que é a cor
uma exposição sem painel é uma coisa “radical”
que a Lina originalmente tinha proposto. E dai
de uma certa maneira. Você tem que dar conta
veio a questão de pintar as paredes de azul como
de informar as coisas que a exposição precisa
na primeira montagem.
expor. Dessa forma tomamos como decisão usar
AR: Se você pensar bem, você vai entrar
o caixilho como suporte de informação. Agora,
no museu: você sobe uma escada e passa pelo
você simplesmente aplicar as legendas no caixilho
corredor dos banheiros para daí você adentrar na
você não diferencia nada. Então a gente pensou
exposição. Na inversão, você passa pelo museu
em qualificar parte do caixilho de uma maneira
e depois você chega ao restaurante, à outra sala,
um pouco sutil para receber essas legendas. A
você continua o museu, você não para em um
gente sugeriu para eles de aplicar um vinil fosco 1 Esse detalhe aparece nas Figuras: 7 (p. 21), 66 (p.94) e 4 (p. 108).
155
lugar que é um “quartinho”.
porque ele faz a mediação da leitura do espaço,
IG: O percurso é muito importante. AR:
Exatamente.
Outra
para que ela não aconteça de uma vez. Para a
coisa
que
podemos falar é sobre a iluminação. A ilumi-
IG: A partir do momento em que deci-
nação, além de iluminar, claro, ela virou uma coisa
dimos que não haveria paredes, e que iríamos
gráfica, um sujeito da montagem. Ela acaba tendo
estruturar o espaço apenas com os trabalhos, essa
uma presença que também faz um comentário do
trabalho foi um presente. Na verdade ela acabou
espaço. Você faz uma leitura do espaço através
se tornando o grande estruturador do espaço.
desse grafismo que se repete [2].
AO: Vocês poderiam falar um pouco mais
IG: Você também não diferencia os trabalhos do espaço, como normalmente acontece.
sobre a organização e separação dos núcleos? IG: Como as coisas foram sendo adicio-
AR: Exatamente, não cria essa diferen-
nadas, as obras foram sendo escolhidas. Come-
ciação. Agora, a gente tinha questões de muse-
çamos por alguns trabalhos, e outros foram
ologia: foram usados filtros que são enrolados
ganhando corpo. Na verdade, durante o processo,
na própria lâmpada que diminuem a intensidade
a gente percebeu que teria um núcleo de docu-
luminosa. Essa luz, desse jeito, criando essa repe-
mentação muito grande, e que isso não poderia
tição, ela ilumina evidentemente, mas ela vira um
acontecer só em mesas, que tinha sido proposto
sujeito dessa montagem. Ela é um elemento cons-
inicialmente. Daí, tomamos a decisão de propor
trutivo dessa expografia.
o uso das paredes como suporte para esses docu-
AR: Um dos problemas que tivemos foi quando o trabalho do Daniel Steegman
156
gente era importante ter esse trabalho.
mentos [4]. Foi uma das coisas que aconteceu mais
quase
pro fim do processo, mas que separou realmente
caiu por um problema de custo, de importação. E
os trabalhos dos núcleos históricos. A partir desse
esse trabalho caísse, pra gente seria um problema,
momento em que os documentos estavam sepa-
2
Ver Figura 1, p. 154 e Figura 2, p.157.
3
Ver Figura 9, p. 150.
[3]
rados e já tinham suporte próprio, a escolha dos 4
Ver Figura 11, p. 114-115.
02 Figura 2 leira 2013, 2013, p. 217-218).
P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasi-
espaços foi quase toda da curadoria e são asso-
que você monta, cria relações não só de reflexão
ciações que a Lisette e a Ana foram compondo.
mas também de dimensão, de percepção do
Essa vontade de ter uma ascensão dos projetos de
espaço. E funcionou muito bem lá e talvez não
arquitetura por um lógica do mais racional para o
funcionasse na Grande Sala.
mais fantasioso. Essa e outras questões curatoriais foram guiando a gente.
AO: E o projeto dos “painéis” (suportes) foi feito por vocês, correto?
AR: Isso se falando do projetos de arquitetura propositivos. Agora tem os núcleos que são
AR: Todo o mobiliário expositivo sim. A estante da Mira Schendel foi desenho da Isa [6].
claros, o MAM do Rio, o MAM de São Paulo, o MAM da Bahia.
IG: Na verdade quando a gente viu que tinham muitos trabalhos que precisavam de
IG: Porque tem uma coisa cronológica, quase que contando uma história...
suporte mas que não tinham a ver com as paredes e com os documentos, decidimos criar suportes
AR: ...uma coisa documental.
verticais para esses trabalhos. Mas não podiam
IG: Foi quase tudo pela curadoria, mas
ser painéis, então entramos com esse desenho de
algumas coisas apenas tivemos que pontuar.
“mobiliário”, que é uma coisa que fica entre painel
O trabalho da Clara [Ianni]
e mobiliário. E também foi pedido da Lisette que
[5],
era um trabalho
muito grande que tinha uma presença muito forte.
fossem criados esses suportes.
Que teve que ser tirado da Grande Sala... AR: O trabalho da Clara é uma trabalho
158
IG: Essa sala [Paulo Figueiredo] é quase uma desconstrução da outra.
que funciona melhor naquela escala daquela Sala
AR: É...desmonta tudo. Tem o painel da
[Paulo Figueiredo] de fato. A gente entendeu que
Clara e esses dois painéis com as projeções com
ali era o lugar dele. E ela [Lisette] estava aberta
os trabalhos de Yuri Firmeza e Vivian Caccuri
para isso, ela percebeu e reconheceu. Ele proble-
[7],
matiza e soluciona as relações espaciais. O jeito 5
Ver Figura 3, p. 146.
tem o projeto do gruposp, tem o coletivo do 6
Ver Figura 15, p. 25.
7
Ver Figura 3, p. 159.
Usina, tem o núcleo do Recife, tem o Montez Magno, e também os desenhos históricos do Sergio Bernardes do posto de salva-vidas... IG: E entra quase uma pontinha da Dominique e o Pablo León... AR: E o Yona Friedman com o vídeo. IG: O fato da exposição questionar não só a arquitetura do espaço, mas o uso e a ocupação é interessante. Isso é uma coisa que poucas exposições tem coragem de apresentar. Durante o processo, você acaba tendo outros pontos de vista e analisando de outras formas aquilo. A gente teve uma conversa com a bibliotecária do MAM, que cuida do acervo, e ela ficou emocionada quando viu as paredes azuis. Esse tipo de coisa parece muito banal no dia-a-dia: que cor que vamos pintar as paredes da exposição? Na verdade, tem questões exteriores a isso. E uma exposição fazer você pensar tanto no espaço é uma das coisas
03 Figura 3: Sala Paulo Figueiredo. Ao centro, em primeiro plano vê-se a obra Namoradeira Zaha (2009-10) de Porfírio Valladares. Nos painéis estão projetados os vídeos de Abertura (2013), e Museu de Arte da Pampulha (2013). O primeiro é de Vivian Caccuri e o segundo de
mais interessantes desse Panorama. A gente já fez várias exposições nesse espaço, ano passado
AR: E é isso que faz valer a pena. Eu acho
mesmo, um pouco antes do Panorama fizemos
uma sorte encontrar alguém que demanda esse
uma. A relação nossa com a arquitetura era
tipo de trabalho.
completamente diferente.
Anexo 3: Tabela - 33 edições do Panorama da Arte Brasileira Fonte: catálogos das exposições
160
PANORAMA DA ARTE (ATUAL) BRASILEIRA CURADOR / COMISSÃO EXPOGRAFIA DE ARTE
EDIÇÃO
ANO
TiTULO/TEMA
PRESIDENTE MAM
1ª
1969
Panorama de Arte Atual Brasileira (pintura, gravura, desenho, escultura - objetos, tapeçaria), 1969
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Diretora geral: Diná Lopes Coelho
2ª
1970
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Arnaldo Pedroso D`Horta; Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida
3ª
1971
Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Arnaldo Pedroso D`Horta; Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins
4ª
1972
Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Arnaldo Pedroso D`Horta; Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins
5ª
1973
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Arnaldo Pedroso D`Horta; Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins
6ª
1974
Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho
Joaquim Bento Alves de Lima Neto
Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins
PRÊMIO/ HOMENAGEM
Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Pintura, 1970 (oferecimento: Loteria Federal) para VOLPI, Alfredo. Composição, 1970. Prêmio Museu e Arte Moderna de São Paulo Gravura, 1971 (oferecimento: Loteria Federal) para CHAROUX, Lothar. - Círculo, 1971. Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo (oferecimento: Loteria Federal) Desenho, 1971 para: BONOMI, Maria. Plena engrenagem, 1970. Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Escultura, 1972 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para ASCANIO, M. M. M. - Escultura Dois/72 (módulos 2), 1972 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Objeto, 1972 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para TOYOTA, Yutaka - Espaço negativo, 1972 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Pintura, 1973 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para IANELLI, Arcangelo. Superposição de quadrados, 1973 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal - Pintura, 1973 para PIMENTEL, Wanda. Série: Envolvimento (4), 1973 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Gravura, 1974 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para LETYCIA, Anna. Gravura 5/73, 1973 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Desenho, 1974 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para MAGNO, Juarez. Desenho - via , 1974 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Gravura, 1974 para GONÇALVES, Danúbio. Hora Sete na Capital do Mundo, 1973 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Desenho, 1974 para BAVARELLI, Luiz Paulo. Jackie Montanha, do álbum "Mulher Montanha", 1973 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Escultura, 1975 (oferecimento: Caixa Econômica Federal) para WEISSMAN, Franz. Coluna em diagonais, 1975
7ª
1975
Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto
Flavio Pinho de Almeida
Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins
Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Objeto, 1975 (oferecimento: Caixa Econômica Federal) para VALENTIM, Rubem. Objeto emblemático - I, 1975 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Escultura, 1975 para RESENDE, José. Série "Tacape- Tinhorão", 1975 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Objeto, 1975 para PORTO, Sergio Augusto. Sem titulo, 1975
8ª
1976
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Flavio Pinho de Almeida
9ª
1977
Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho
Flavio Pinho de Almeida
10ª
1978
Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto
Flavio Pinho de Almeida
Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Pintura, 1976 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para MARTINS, Wilma. Cotidiano XVII, 1976 Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Pintura, 1976 Paulo Mendes de Almeida; Luís Arrobas Martins para FUKUSHIMA, Takashi. Díptico: paisagem "Lindera Triloba", 1976 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Gravura, 1977 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para ARAUJO, Emanoel. Suite Afriquia I, 1977 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Desenho, 1977 (oferecimento:Caixa Econômica Federal) para Arthur Octavio Camargo Pacheco; Diná Lopes Coelho; CASTRO, Almir de. Desenho (1), 1977 José Nemirowsky; Luís Arrobas Martins Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Gravura, 1977 para COUTO, Ivone. Sem titulo, I, 1977 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Desenho, 1977 para GLASS, Jair. Corte e Costura - lição nº 1 e Corte e Sutura nº1, 1977 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Escultura, 1978 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para CASTRO, Almir de. Carranca, 1978 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Objeto, 1978 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para VIEIRA, Mary. Pilovolume: superfície Arcangelo Ianelli; Arthur Octavio Camargo Pacheco; multidesenvolvível, 1948 (Sabará), 1966 (Basiléia) Diná Lopes Coelho; José Nemirowsky; Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Escultura, 1978 para CRAVO, Mario. Sem titulo, 1976 Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Objeto, 1978 para ALVES, Wilson. Conjunto das obras expostas, 1978.
11ª
1979
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
12ª
1980
Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho
13ª
1981
Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura
Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Pintura, Arcangelo Ianelli; Danilo Di Prete; Diná Lopes Coelho; 1979 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para Flavio Pinho de Almeida Fábio Magalhães; Fernando Cerqueira Lemos; Flávio OHTAKE, Tomie. Obra C, 1979 Pinho de Almeida; José Nemirowsky; Norberto Nicola; Prêmio Estímulo Caixa Econômica Federal Pintura, 1979 para STEEN, Ricardo Van. Tá na hora, 1979. Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Gravura, 1977 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para SAMICO. O encontro, 1978 Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo Desenho, Danilo Di Prete; Diná Lopes Coelho; Fábio Magalhães; 1977 (ofercimento:Caixa Econômica Federal) para Luiz Antonio Seráphico de Fernando Cerqueira Lemos; José Nemirowsky; Luiz NEMER, José Alberto. Reflexões diante da paisagem Assis Carvalho Antônio Seráphico; Norberto Nicola; X, 1978 Prêmio Caixa Econômica Federal Gravura, 1977 para HORI, Marlene. - (1), 1979 Prêmio Caixa Econômica Federal Desenho, 1977 para LEONI. Homem tatuado nº1, 1980 César Luis Pires de Mello, Edo Rocha, Emidio Dias Luiz Antonio Seráphico de Carvalho, José Zaragoza, Ladi Biezus, Luiz Antônio Assis Carvalho Seráphico, Paulo Antonacio, Torquato Saboia Pessoa, Sonia Guarita, Coordenação: Diná Lopes Coelho.
1982 14ª
Reforma no MAM - não houve Panorama 1983
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Aparicio Basílio da Silva
Alberto Beutenmuller, Aldermir Martins, Aurelio Martines Flores, Glauco Pinto de Moraes, Ilsa Leal Ferreira, José Zaragoza, Marcello Grassmann, Sema Petragnani
Prêmio Lojas Marisa, Prêmio Embaúba, Prêmio Lojas Brasileiras, Prêmio Standard, Ogilvy & Mather
1984
Panorama da Arte Atual Brasileira - Arte sobre papel
16ª
1985
Panorama da Arte Atual Brasileira - Formas tridimensionais
Aparicio Basílio da Silva
17ª
1986
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Aparicio Basílio da Silva
15ª
Aparicio Basílio da Silva
Alberto Beutenmuller
Prêmio IBM do Brasil, Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo, Prêmio Cia Suzano de Papéis e Celulose
Prêmio Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, Alberto Beutenmuller, Aparicio Basílio da Silva, Biagio Prêmio Governo do Estado de São Paulo, Prêmio Elebra Motta, Roberto Bicelli, Stella Teixeira de Barros, Vera Informática S/A Lucia Ória, Wolfang Pfeiffer, Zélio Alves Pinto Sala especial: Franz Weissmann [*] Aparicio Basílio da Silva, Arcangelo Ianelli, Biagio Motta, Roberto Bicelli, Stella Teixeira de Barros, Vera Lucia Ória, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
Prêmio Morlan S.A., Prêmio Indústrias Villares S. A., Prêmio Crefisul S. A., Prêmio Júlio Bogoricin Prêmio Morlan para Piza
18ª
1987
Panorama da Arte Atual Brasileira - Arte sobre papel
Aparicio Basílio da Silva
Aparicio Basílio da Silva, Alexandre Eulálio Pimenta da Cunha, Biagio Motta, Carlos Von Schimidt, Emanoel Araújo, Roberto Bicelli, Stella Teixeira de Barros, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
Aparicio Basílio da Silva
Aparicio Basílio da Silva, Biagio Motta, Carlos Von Schimidt, Emanoel Araújo, Maria Alice Milliet, Roberto Bicelli, Stella Teixeira de Barros, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
Prêmio Aços Villares S/A para Marcelo Grassmann Prêmio Wilson Mendes Caldeira Júnior para Maria Bonomi Prêmio Copas para Tuneu Prêmio Galeria Documenta para Takashi Fukushima Sala especial: Oswaldo Goeldi Prêmio Elebra, Prêmio Banco Real, Prêmio Volkswagen
19ª
1988
Panorama da Arte Atual Brasileira - Formas tridimensionais
Sala especial: Julio Guerra Evento paralelo: a escultórica no espaço urbano
20ª
1989
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Aparicio Basílio da Silva
Aparicio Basílio da Silva, Berta Sichel, Ivo Mesquita, Lisbeth Rebolo Gonçalves, Maria Alice Milliet, Percival Tirapelli, Stella Teixeira de Barros, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
Três Prêmios de Aquisição (oferecimento: MWM Motores Diesel) Sala especial: Ernesto de Fiori Evento paralelo: Oca-Maloca (Maria Tomaselli)
21ª
1990
Panorama da Arte Atual Brasileira - Papel (desenho, gravura, papel como meio, livro de artista)
Aparicio Basílio da Silva
Aparicio Basílio da Silva, Emanoel Araújo, Ivo Mesquita, Lisbeth Rebolo Gonçalves, Mario Gallo, Percival Tirapelli, Stella Teixeira de Barros, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
22ª
1991
Panorama da Arte Atual Brasileira - Tridimensional
Aparicio Basílio da Silva
Aparicio Basílio da Silva, Emanoel Araújo, Ivo Mesquita, Lisbeth Rebolo Gonçalves, Mario Gallo, Percival Tirapelli, Stella Teixeira de Barros, Wolfang Pfeiffer, Maria Camila Duprat
23ª
1993
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura
Eduardo A. Levy Jr.
Eduardo A. Levy Jr., Glória C. Motta, Lisbeth Rebolo Gonçalves, Percival Tirapelli, Radha Abramo, Renina Katz, Vera D`Horta
1994
Três Prêmios de Aquisição (oferecimento: Credicard e Crefisul)
Sala especial: Enrique Oswald
Reforma no MAM - não houve Panorama
[*] Sala Especial: “Planejada pela atual Diretoria do MAM, em cada Panorama, com a finalidade de homenagear um artista que tenha uma obra de grande importância dentro do gênero específico da exposição”. (Panorama da Arte Atual Brasileira: Formas Tridimensionais. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1985, p. 5)
24ª
1995
Panorama da Arte Brasileira 1995
25ª
1997
97 Panorama de Arte Brasileira
26ª
1999
27ª
2001
28ª
2003
29ª
2005
30ª
2007
31ª
2009
32ª
2011
33ª
2013
Panorama 99 Panorama da Arte Brasileira 2001 (Desarrumado) 19 Desarranjos Panorama da Arte Brasileira 2005 Contraditório Mamõyguara opá mamõ pupé (Estrangeiros em todo lugar) Itinerários e Itinerâncias P33: Formas únicas da continuidade no espaço
Milú Villela
Ivo Mesquita
Felipe Crescenti
Milú Villela
Tadeu Chiarelli
Ricardo Resende
Milú Villela
Tadeu Chiarelli
Milú Villela
Ricardo Basbaum, Paulo Reis e Ricardo Resende
Milú Villela
Gerardo Mosquera
Milú Villela
Felipe Chaimovich
Milú Villela
Moacir dos Anjos
Daniela Thomas e Felipe Tassara Marta Bogéa
Milú Villela
Adriano Pedrosa
Rodrigo Cerviño
Milú Villela
Cauê Alves e Cristina Tejo
Marta Bogéa
Milú Villela
Lisette Lagnado
Alvaro Razuk Arquitetura
Prêmio Price Waterhouse 80 anos para Carlos Fajardo. Sem titulo, 1995 Prêmio Price Waterhouse 80 anos para José Resende. Sem titulo, 1994 Grande Prêmio Price Waterhouse de Arte Contemporânea 1997 para Mario Cravo Neto. Carlinhos Brown como eu, 1996 Grande Prêmio Price Waterhouse de Arte Contemporânea 1997 para Paulo Pasta. Sem titulo, 1997 Prêmio Embratel Panorama 97 para Tunga. Sem titulo, 1997 Espólio Arthur Octávio de Camargo e Maria da Glória Lameirão de Camargo Pacheco para Isamel Nery. Sem titulo, s/d
Gerardo Mosquera e Pedro Mendes da Rocha/arte3
Figura 1: Capa do Catálogo de 1975. Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto. (Fonte: Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 2: Capa do Catálogo de 1984. Panorama da Arte Atual Brasileira - Arte sobre papel. (Fonte: Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 3: Capa do Catálogo de 1995. Panorama da Arte Brasileira 1995. (Fonte: Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 4: Capa do Catálogo de 1997. 97 Panorama de Arte Brasileira. (Fonte: Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 5: Capa do Catálogo de 1999. Panorama 99. (Fonte: Acervo Biblioteca Paulo Mendes de Almeida). Figura 6: Capa do Catálogo de 2003. Desarrumado - 19 Desarranjos. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 7: Capa do Catálogo de 2005. Panorama da Arte Brasileira 2005. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 8: Capa do Catálogo de 2011. Itinerários e Itinerâncias. (Fonte: Arquivo pessoal). Figura 9: Capa do Catálogo de 2013. P33: Forma únicas da continuidade no espaço. (Fonte: Arquivo pessoal).
01
02
04 07
03
05
06 08
09
Bibliografia Livros CHIARELLI, Tadeu, Editor. O Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tadeu Chiarelli (Texto); José Roberto Marcellino dos Santos (Supervisão geral Banco Safra); Itamar Carlos (Projeto gráfico); Margarida Sant’Anna (Colaboração especial); Romulo Fialdini ... (et al.) (Fotografias). São Paulo: Banco Safra, 2001. CRIMP, Douglas. Sobre as ruínas do Museu. / Douglas Crimp; fotos Louise Lawler; tradução Fernando Santos. revisão da tradução: Aníbal Mari. São Paulo: Martins Fontes, 2005. FERRAZ, Marcelo Carvalho (Coord. editorial). Lina Bo Bardi. Coordenador edifitorial: Marcelo Carvalho Ferraz - 3ª edição 2008. São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008. GROSSMANN, Martin, Org. MARIOTTI, Gilberto, Org. Museum art today. Museu arte hoje. / Organização Martin Grossmann e Gilberto Mariotti – São Paulo: Hedra, 2011. HORTA, Vera d’. MAM: Museu de Arte Moderna de São Paulo. Texto: Vera d’Horta; Fotografias: Romulo Fialdini e Bubby Costa e Arquivos da Biblioteca do MAM e Fundação Bienal de São Paulo. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 1995. PEREIRA, Juliano Aparecido. A ação cultural de Lina Bo Bardi na Bahia e no Nordeste (1958-1964). Uberlândia: EDUFU, 2007. Pinacoteca do Estado de São Paulo. Um restauro em ação. Emanoel Araújo (Proj. editorial), Maria Lucia Montes e Gilberto Habib de Oliveira (Coord. editorial), Emanoel 166
Araújo, Paulo Archias Mendes da Rocha e Fábio Müller (Textos). São Paulo: Gráficos
Burti, 2002. MONTANER, Josep Maria. Museos para el nuevo siglo. Museums for the new century – Barcelona: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1995. MONTANER, Josep Maria. Museos para el siglo XXI – Barcelona: Editorial Gustavo Gili, S.A., 2003. O’ DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte / Brian O’ Doherty; introdução Thomas Mc Evilley; tradução Carlos S. Mendes Rosa; revisão técnica Carlos Fajardo; apresentação Martin Grossmann – São Paulo: Martins Fontes, 2002. SCHARLACH, Cecília (Organização). Oscar Niemeyer: a marquise e o projeto original do Parque Ibirapuera. Organização: Cecília Scharlach. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.
Artigos, textos e teses BOGÉA, Marta . Território de contato. Arte e arquitetura: balanço e novas direções. 1 ed. Brasília: Fundação Athos Bulcão: Editora Universidade de Brasília, 2010, v. 1, p. 183-194. CARVALHO, Ana Maria Albani de. A exposição como dispositivo na arte contemporânea: conexões entre o técnico e o simbólico. Publicado em: Revista Museologia & Interdisciplinaridade. Vol. I, nº2. Jul./Dez. 2012. Disponível em <http://seer.bce.unb. br/index.php/museologia/article/view/7903> (Último acesso em março de 2014). CHIARELLI, Tadeu. As funções do curador, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Grupo de Estudos de Curadoria. In: CHIARELLI, Tadeu, Coord. Exposições organizadas em 1998. Tadeu Chiarelli (Coordenação); Grupo de curadores Regina Teixeira de Barros ... (et al.); Rejane Cintrão (Coordenação editorial); Izabel Murat Burbridge (Tradução), Romulo Fialdini ... (et al.) (Fotos). São Paulo: Museu de Arte
167
Moderna de São Paulo, 1999. CHIARELLI, Tadeu. A arte, a USP e o devir do MAC. Publicado em Revista de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, v. 25 - n. 73, 2011, p. 241-252. Disponível em < http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/10565/12307> (Último acesso em maio de 2014). DUDEQUE, Marcelo Cezar. O lugar na obra de Oscar Niemeyer. Tese apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, para obtençao do grau de doutor em Arquitetura e Urbanismo. Área de concentração: projeto de arquitetura. Orientador: Professor Doutor Rafael Antonio Cunha Perrone. São Paulo, 2009. FARIA, Margarida Lima de. Introdução: Museus nacionais e desafios contemporâneos. Do museu revolucionário ao museu efêmero. In: MAGALHÃES, Aline Montegro, Org.; BEZERRA, Rafael Zamorano, Org. Museus Nacionais e os Desafios do contemporâneo. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2011. GUATELLI, Igor. A marquise do Ibirapuera e manifestação do conceito derridiano “entre”: arquitetura como suporte de ações. Publicado em Arquitextos 070.05, ano 06, março 2006. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.070/371> (Último acesso em maio de 2014). LARA FILHO, Durval de. Modos do Museu: entre a arte e seus públicos. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Área de Concentração: Cultura e Informação, Linha de Pesquisa: Organização da informação e do conhecimento, para obtenção do título de Doutor. Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Gonçalves 168
Moreira Tálamo. São Paulo, 2013. LOFEGO, Silvio Luiz. A cidade da Memória e os Marcadores do Tempo. In:
LOFEGO, Silvio Luiz. IV Centenário da Cidade de São Paulo: uma cidade entre o passado e o futuro. São Paulo: Ed. Annablume, 2004. Publicado em < http://www. parqueibirapuera.org/parque-ibirapuera/historia-mais-completa/> (Último acesso em maio de 2014). LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus Acolhem o Moderno. Tese apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para Concurso de Livre Docência, junto ao Departamento de História da Arquitetura e Estética de Projeto. São Paulo, 1997. NASCIMENTO, Ana Paula. MAM: Museu para a metrópole: a participação dos arquitetos na organização inicial do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Dissertação de Mestrado – FAU USP. Orientadora: Maria Cecília França Lourenço. São Paulo: 2003. OLIVEIRA, Fabiano Lemes de. Projetos para o Parque do Ibirapuera: de Manequinho Lopes a Niemeyer (1926-1954). Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Monteiro de Andrade. São Carlos, 2003. QUEIROZ, Rodrigo. As relações entre artes visuais e arquitetura moderna no Brasil: Pampulha, Ibirapuera e Brasília. In: AJZENBERG, Elza. Coord. geral, MUNANGA, Kabegele. Coord. geral. Arte, cidade e meio ambiente. São Paulo: PGEHA/Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2010, p. 55-59. RESENDE, Ricardo. MAM, o museu romântico de Lina Bo Bardi: origens e transformações de uma certa museografia. Dissertação de Mestrado – ECA USP. Orientador: Tadeu Chiarelli. São Paulo, 2002. SILVA, Marcos Solon Kretli da. Redescobrindo a arquitetura do Archigram. Publicado em Arquitextos 048.05, ano 4, maio 2004. Disponível em < http://www.vitru-
169
vius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585> (Último acesso em maio de 2014). TONETTI, Ana Carolina. Interseções entre arte e arquitetura. O caso dos pavilhões. Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Área de concentração: projeto, espaço e cultura. Orientador: Prof. Dr. Agnaldo Aricê Caldas Frias. São Paulo, 2013. WISKIK, Guilherme. Experiência concentrada. In: Inhotim: arquitetura, arte e paisagem = Inhotim: architecture, art and landscape. Editor/editor in chief: Fernando Serapião. Textos/texts: Audrey Migliani, Fernando Lara, Guilherme Wisnik, Michael Penfield, Cristian Dore. (tradução/translation). Fotos/photos: Leonardo Finotti. São Paulo, Editora Monolito, 2013. p. 66.
Catálogos de exposição Panorama de Arte Atual Brasileira 1969. Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura, 1970. Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho, 1971. Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto, 1972. Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura, 1973. Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho, 1974. Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto, 1975. Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura, 1976. Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho, 1977. Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura e objeto, 1978. 170
Panorama da Arte Atual Brasileira - Pintura, 1979. Panorama da Arte Atual Brasileira - Gravura e desenho, 1980.
Panorama da Arte Atual Brasileira - Escultura, 1981. Panorama da Arte Atual Brasileira; Pintura: Catálogo. São Paulo, Museu de Arte Moderna,1983. Panorama da Arte Atual Brasileira; Arte sobre papel: Catálogo. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1984. Panorama da Arte Atual Brasileira: Formas Tridimensionais. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1985. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de 12 de novembro a 31 de janeiro de 1986. Panorama da Arte Atual Brasileira/86 Pintura. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1986. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 9 de dezembro de 1986 a 31 de janeiro de 1987. Panorama da Arte Atual Brasileira/87; Arte sobre papel. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1987. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 3 de outubro a 30 de novembro de 1987. Panorama da Arte Atual Brasileira/88; Formas Tridimensionais. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1988. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 19 de novembro de 1988 a 15 de janeiro de 1989. Panorama da Arte Atual Brasileira/89 Pintura. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1989. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 14 de outubro a 25 de novembro, 1989. Panorama da Arte Atual Brasileira/90; Papel. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1990. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 24 de novembro de 1990 a 10 de janeiro de 1991. Panorama da Arte Atual Brasileira/91. Tridimensional. São Paulo, Museu de Arte Moderna, 1991.
171
Panorama da Arte Atual Brasileira: Pintura. São Paulo, MAM, 1993. Catálogo da Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 27 de março a 27 de junho, 1993. Panorama da Arte Brasileira, 1995. Apresentação Milú Villela; Texto: Cacilda Teixeira da Costa e Ivo Mesquita; Curadoria: Ivo Mesquita. São Paulo, MAM, 1995. Exposição realizada MAM/SP de 24 de outubro a 26 de novembro de 1995 e no MAM/ RJ de 5 de dezembro a 21 de janeiro de 1996. Panorama Atual de Arte Brasileira, 1997. Apres: Milu Villela; Textos: Tadeu Chiarelli, Rejane Cintrão e Fernando Cocchiarale. São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1997. Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo 7 de novembro a 21 de dezembro de 1997. Panorama da Arte Brasileira 1999. Apres. Milú Villela; Introd. Roger Karan; Textos: Tadeu Chiarelli e Rejane Cintrão. São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1999. Edição Comemorativa aos 30 anos de Panorama. Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo de 22 de outubro a 19 de dezembro de 1999. Panorama da Arte Brasileira 2001. Coord. Ana Paula Cohen. Apres. Ivo Mesquita. Textos: Paulo Reis, Ricardo Basbaim, Ricardo Resende, Luiz Camillo Osorio, Nicolau Secenko. São Paulo: MAM, 2001. Catálogo da exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 25 de outubro de 2001 a 06 de janeiro de 2002. Panorama da Arte Brasileira 2001. Paulo Reis, Ricardo Basbaim, Ricardo Resende. Coord. Ana Paula Cohen - São Paulo: MAM, 2001. (Livro como parte importante da proposta curatorial para o Panorama da Arte Brasileira de 2001 que se configura como espaço aberto a experimentações. Livro como extensão da exposição já que alguns 172
artistas aparecem apenas no livro e não no espaço expositivo). Panorama da Arte Brasileira: (desarrumado) 19 desarranjos = Pamorama del Arte
Brasileño: (desordenado) 19 desarreglos = The 2003 Panoram od Brazilian Art: (disaranged) 19 desarrangements / Gerardo Mosquera e Adrienne Samos. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2003. Panorama da Arte Brasileira, 2005. Felipe Chaimovich (Curadoria e Texto); Carlito Carvalhosa, Equipe de Curadoria do MAM e Felipe Chaimovich (Coordenação); Carlito Carvalhosa e Ana Basaglia (Projeto Gráfico); Luigi Stavale (Fotografia); Victoria Murat e Margarida Sant`Anna (Revisão); Graham Howells (Tradução). São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2005. Panorama da Arte Moderna 2007: Contraditório = Panorama of Brazilian Art 2007: Contradictory / Museu de Arte Moderna de São Paulo; curadoria Moacir dos Anjos, tradução de Noemi Jaffe, Paul Webb e José Carlos Hernández Prieto; Design gráfico Tecnopop (André Stolarski, Gustavo Prado, Miguel Nóbrega) - São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2007. Mamõyguara opá mamõ pupé: 31º Panorama da Arte Brasileira. Adriano Pedrosa (curadoria); Adriano Pedrosa, Felipe Chaimovich, Julieta González, Milú Villela, Paulo Herkenhoff (textos); Magnólia Costa (Coord. Editorial); Rodrigo Cerviño (Design gráfico); Ana Ban e Alison Entrekin (tradução). São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2010. Exposição realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de 3 de outubro a 20 de dezembro de 2009. Itinerários, Itinerâncias / Itineraries, Itinerancies: 32º Panorama da Arte Brasileira. Cauê Alves... (et al.) (Textos); Cauê Alves e Cristiana Tejo (Curadoria); Milú Villela (Apresentação); Paul Webb (Tradução); Detanico Lain (Design Gráfico). São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2011. P33: Formas únicas de continuidade no espaço: Panorama da Arte Brasileira 2013. Lisette Lagnado (Curadoria); Ana Maria Maia (Curadora-adjunta); Ana Maria Maia,
173
Lisette Lagnado, Mirtes Marins (Textos); Milú Villela (Apresentação); Renato Salem (Coord. Editorial); Rafael Roncato (Prod. Editorial); John Norman (Tradução); Celso Longo e Daniel Trech (Designer Gráfico). São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2013.
Vídeos Canal Contemporâneo. Panoramas. Publicado em <https://www.youtube.com/watch?v=c4x1u7sHxew> (Último acesso em Mar. 2014). D. Gilbert. Boccioni (documentário por Deyson Gilbert). Publicado em <https://www.youtube. com/watch?v=2aUVsd72kto> (Último acesso em março de 2014). Desvíos de la deriva. Conversación entre Lissette Lagnado y María Berrios. Mayo, 2010. Publicado em <http://www.museoreinasofia.es/exposiciones/desvios-deriva-experiencias-travesias-morfologias#videos_relacionados> (Último acesso em maio de 2014). Encontros com artistas e arquitetos. 33º Panorama da Arte Brasileira. Mesas: Formas utópicas para o MAM. / Pavilhões de arte. Estudos de caso: Inhotim e Serpentine. / Arquitetura meteorológica. Publicado em: <http://www.forumpermanente.org/event_pres/encontros/p33/videos> (Último acesso em maio de 2014). Espaço Húmus. 33º Panorama da Arte Brasileira no MAM, SP – Expressão – Espaço Húmus. Publicado em <https://www.youtube.com/watch?v=EKwiFf5y1k4> (Último acesso em março de 2014). MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo. Videoguia: 33º Panorama da Arte Brasileira. Publicado em <https://www.youtube.com/watch?v=YQi0AT21YVY> (Último acesso em março de 2014). TV Cultura. Panorama da Arte Brasileira no MAM – Metrópolis 17/10/13. Publicado em 174
<https://www.youtube.com/watch?v=FWcRdO8_o9c> (Último acesso em março de 2014).
175