Revista Zulu

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Zulu Junho/2014 Edição nº 01

Lupita Nyong’o

Rainha da Cocada Preta

Vamos descobrir um pouco mais sobre esta linda atriz.

Negro Lindo Toca, gorro. Como?

Afromania

Boutique de Krioula! Uma novidade que fará sua cabeça!

R$ 9,90

Acontece em casa

Conheça a Just a Band, e como a democracia e a web a ajudaram.


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Expediente

EDITOR, ARTE REDAÇÃO PRODUÇÃO GRÁFICA PESQUISA DE IMAGENS ALINE HESSEL DOS SANTOS

COLABORADORES REVISÃO JAIR ALVES JR. NIKOLAS LORENCINI

MÍDIAS ELETRÔNICAS WWW.REVISTAZULU.COM.BR WWW.FACEBOOK.COM.BR/ REVISTAZULU

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BANCAS ALINE HESSEL aline@zulu.com.br

DISTRIBUIÇÃO EM TODO O TERRITÓTIO NACIONAL FC COMERCIAL E DISTRIBUIDORA S/A, - RUA DR. KENKITI SHIMOMOTO, 1678, JD. BELMONTE, OSASCO - SP

OS ARTIGOS ASSINADOS NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA REVISTA ZULU. NÓS VENDEMOS ESPAÇO, MAS NÃO VENDEMOS OPINIÕES. A CIRCULAÇÃO DA ZULU É AUDITADA PELO IVC.


RichardBona

Não me diga

o que posso e não posso fazer.

Posso mudar o mundo.

Just a Band


Sumário lindo 6 Negro Toca, gorro. Como?

8 Arte que liberta 16 Rainha da cocada preta 22 Moda nossa Qual é a sua cor?

Lupita Nyon’g

Mais cor na roupa

26 Afromania Boutique de Krioula

30 Acontece em casa

Artistas africanos crescem com a democracia e web

32 Zulu indica

12 Anos de Escravidão

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Negro lindo

Toca, gorro. Como? Como usar uma touca ou gorro masculino A moda Afro sempre se utilizou de turbantes e coisas para cobrir a cabeça, assim como as toucas (também conhecidas como gorro) que tinham várias funções como proteger do frio, mas acabou se tornando uma peça para compor o seu estilo. Ela surgiu lá por volta do século 12, feita pelas mulheres e geralmente de algodão, agora os materiais são vários e os tipos de toucas também. O segredo é ficar atento ao material e ao estilo da touca, pois existem alguns modelos que podem ser utilizados mesmo em dias não tão frios assim. E, apesar de ser uma peça bem des-

pojada, também podem ser usadas para compor um visual mais formal. O pessoal do Rap e Hip Hop também curtem bastante usar um gorro pra fazer um visual estiloso. Nesse caso pode usar algumas cores mais vivas, fazendo um look mais chamativo. Vale também combinar isso com as roupas mais largas e usar acessórios como um óculos pra deixar mais estiloso. As toucas e os gorros, se combinados com estilo, podem ser super estilosos e delicados. Com o tempo, eles ganharam cortes mais modernos para valorizar ainda mais o look.

Touca vs Gorro – Diferenças No final das contas vemos toucas vendidas como gorro e vice versa. No final das contas tudo se mistura e na prática não há diferença entre elas. Então não deve ser levado essa questão tão a rigor.

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QUAL É A SUA COR? 10


A pergunta é simples: “Qual é a sua cor?”. Mas se o entrevistado é nascido no Brasil – país tropical, abençoado por Deus e miscigenado por natureza – as opções de respostas são infinitas. Café com leite, escurinha, pouco clara e queimada de sol, por exemplo, são alguns dos 136 termos que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou em 1976, ano em que, pela primeira vez, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que atualiza dados demográficos e socioeconômicos da população) não oferecia só o cardápio básico do censo no quesito tom de pele – branco, negro, pardo, vermelho ou amarelo - , mas abria a possibilidade de cada indivíduo definir sua cor. A artista plástica Adriana Varejãao, carioca, 49 anos, há tempos é fascinada por esta lista e pela complexidade das discussões sobre raça no Brasil. O interesse a levou a criar POLVO, obra composta de uma caixa de tintas que reproduz 33 das tonalidades trazidas pelo IBGE, e mais duas séries de retratos. Na primeira, que esteve em Londres em 2013 2e estará em Nova York com 11 retratos mostram a imagem de Adriana em cores diferentes; na segunda, exposta até 17 de maio no Galpão Fortes Vilaça, em São Paulo, 33 retratos idênticos ganham interferências de cor. Com mais de 20 anos de carreira, ela descreve com detalhes o processo criativo e fala sobre racismo.


Arte que liberta

Desde quando você se interessa por esse assunto? Acho que isso tá dentro da gente, né? Pra que nasce no Brasil, é impossível isso não estar dentro. Quando eu era pequena, no final da década de 60, minha família se mudou pra Brasília, um lugar formado por imigrantes de toda parte do Brasil. Minha mãe é nutricionista e trabalhava com subnutrição infantil numa cidade-satélite, Sobradinho. Ir ao hospital onde ela trabalhava deve ter sido meu primeiro contato com essa mistura. Mesmo sem ter consciência, a gente convive com uma multiplicidade racial muito grande. Além disso, eu tinha uma babá que era meio índia, meio negra. Ela cuidou de mim durante muito tempo, e esse convívio afetuoso deixa uma marca. O próprio Gilberto Freyre descreve isso. Tem um parágrafo muito bonito no CASA GRANDE & SENZALA que fala dessa convivência entre o negro e a elite branca – ou teoricamente branca, dada a mistura em que a gente vive. Esse convívio afetuoso, trazido na figura da babá, faz parte de nossa formação. Qual a sua resposta para essa pergunta , “qual a sua cor”? Acho que hoje em dia, dos nomes da lista, eu falaria branca melada [risos]. Branca melada não é sensacional? Aliás, muito legal nesse trabalho foi traduzir as cores. O [curador] Adriano Pedrosa era contra traduzir, achava 12

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impossível compreender em uma outra língua essas expressões tão brasileiras. Mas, poxa, esse trabalho vai para Londres, pros Estados Unidos, e as pessoas não vão entender nada? Achei traduções pra lista num livro de sociologia americano, mas eram horríveis, tentavam descrever a cor – morena bem chegada virava algo como “dark dark brown”, esvaziando completamente o sentido do “bem chegada”. O [músico] Arto Lindsay me ajudou muito nisso, porque é um cara que é poeta, compõe, conhece muito a língua brasileira e a língua inglesa, as gírias, viveu no Nordeste até os 9 anos. “Flirting with freckles”, a tradução para “sapecada”, é dele. Morena bem chegada virou “Brown welcome black”. Como veio a ideia de produzir tintas com as cores descritas com esses nomes? Nos anos 90 tive a ideia de colecionar cores de peles de vários lugares no mundo. Na tinta a óleo a cor de pele é um rosa nojento, então eu queria achar a cor de pele africana, a asiática, mas não conseguia. Aonde quer que eu fosse, sempre havia uma padronização do que á a cor de pele. Pensei em fazer um trabalho sobre isto: como é que a cor da tinta não se conectava às questões locais em relação à pele? Mas era uma coisa meio diletante, de sair comprando tubo de tinta em tudo que era lugar pra onde eu viajava. Esqueci o projeto um tempo, até que numa viagem dos Estados Unidos vi uma cor


Adriana em frente de suas obras.


Arte que liberta

de tinta chamada caucasian flesh tone [tom de pele caucasiano]. Pensei: caramba, estão começando a mudar esse negócio. Tá na hora de fazer aquele projeto. Você acha que inventar todos esses nomes pra definir a própria cor é um jeito de o brasileiro não assumir a cor negra? A Lilia Schwarcz, com quem você acaba de fazer um livro, fala disso: a maioria dessas respostas traz variações de branco. Não sempre, muitas vezes sim, os nomes disfarçam uma identidade que é negra. Falar queimada de praia, ou baiana, é uma maneira de negociar a questão, de não dizer que é negro, oque revela uma presença forte do racismo. Por outro lado, há essa total impossibilidade de realmente determinar cor de pele. Cada indivíduo tem mesmo uma cor de pele diferente, é quase inútil fechar em classificações. Você já presenciou episódios de racismo? Sim, isso está embutido e disfarçado, de mil maneiras. Já presenciei em clube, por exemplo, a coisa de a babá só entrar uniformizada. Tem um clube aqui no Rio que até parei de frequentar por não deixar babá almoçar junto, no restaurante. Nos lugares onde a gente circula, as festas, a vida social, negro é minoria. A única exceção, que vi recentemente, foi o batizado do Roque, filho da Regina Casé. Gente de várias cores de pele realmente confraternizando de 14

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maneira igual. A Regina é espetacular nisso, né? É uma coisa natural na vida dela. Você é a favor das cotas para negros nas universidades? Eu já fui contra, porque entendia como uma política racista. Mas acho que a nossa dívida é tão grande que mudei de ideia. É importante ter médicos negros, bons profissionais negros, e hoje esse espaço tem que ser aberto assim mesmo. Já que não é aberto naturalmente, então é legal ter um mecanismo que abra essa porta. Pode parecer injusto, tem muita gente pobre que é branca, mas é um passo no sentido de resguardar um direito, um lugar. Temos essa dívida. Quando a gente vê os números do que foi a imigração africana para o Brasil, é muito chocante. E não temos memória disso, a gente não sabe nada da história do tráfico negreiro, quais foram as revoluções negras no Brasil, os quilombos. Assim como não sabe sobre índio, outra dívida grande que o Brasil tem. Foram dois genocídios Pensando na sua trajetória, quando você considera que virou gente grande? Quando a sua obra atingiu um nível de maturidade e reconhecimento que a colocou num outro patamar? Ah, a gente vai crescendo, não existe um momento, único. Teve a exposição no CCBB [Cebtro Cultural Banco do Brasil] em 2000, Azulejões, que mui-


ta gente viu. E que em 2003 foi pro MoMA. Depois veio a primeira grande individual na fundação Cartier [em Paris], em 2005. Foi quando vi pela primeira vez meu corpo de trabalho reunido. Tinha o Celacanto provaca maremoto e coisas mais antigas ocupando toda a fundação. Em 2008, teve o pavilhão em Inhotim, um lugar para exposição permanente da obra. E aí veio a exposição panorâmica, no MAM de São Paulo, e depois do Rio. Aquilo ali, sinceramente... Nossa Senhora. Foi muito louco.

É muito engraçado isso. Quando eu era pequena, minha mãe colecionava Mestres da pintura e eu vivia folheando esses livros - sempre que perguntam da minha primeira experiência com a pintura eu cito isso. Aí, agora, recentemente, a Folha [de S. Paulo] lançou uns fascículos com artistas brasileiros. E aí tem eu [risos]. É muito legal quando as pessoas passam a te conhecer não só pelo nome, mas pela obra que você fez. Na panorâmica do MAM tive esse sentimento, de ver o que eu fiz em todo esse tempo, de enxergar um fio de narrativa que faz sentido.

Você descobriu que era famosa.

Por quê? Tinha obras desde 92, obras que eu não via havia 20 anos. E aí, ao ver tudo reunido, você sente que construiu alguma coisa, que tem realmente um lastro. Tudo bem que eu já tinha reunido em livro [Entre carnes e mares, da editora Cobogó]. Mas a mostra MAM foi grandiosa, e teve muito público, muita imprensa. Fiquei impressionada. Tinha fila! [Risos.]

Galeria Adriana Varejão - Inhotim, Brumadinho, MG


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LUPITAnyong’o

Que você sinta a validação de sua beleza externa, mas também chegue ao mais profundo objetivo que é ser bonita por dentro.

Negra e com os cabelos raspados, ela tem chamado atenção nas premiações pelos looks irretocáveis, pela beleza natural e pela simpatia com que trata os fãs e a imprensa. Nascida no México, mas formada nos EUA, a jovem de 31 anos recebe a atenção mundial do momento.


Rainha da cocada preta

Oh meu Deus, ela é real?

Apesar de ter nascido no México

(que lhe deu o primeiro nome), Lupita passou a maior parte da vida em Nairobi, terra-natal dos pais. Com um sonho no bolso, entrou para o Hampshire College e, três semanas antes de se licenciar na Yale School of Drama, foi escolhida para o papel de Patsey, no 12 Years a Slave, de Steve McQueen. “Eu disse ‘Oh meu Deus, ela é real?”, lembra McQueen, que viu em Nyong’o uma miragem, depois de meses de casting infrutíferos. E é esse o papel – o seu primeiro em Hollywood – que já carrega cotações de Melhor Atriz Secundária. Patsey, uma jovem escrava que se torna na obsessão do sádico dono de uma plantação de algodão interpretado por Michael Fassbender, é tortuosamente intensa, e transformou-se na tela perfeita para que Lupita ascendesse a títulos como “a atriz revelação da temporada”. Quico Meirelles, 25 anos, cineasta, é filho do diretor Fernando Meirelles e trabalhou com a atriz nas filmagens de O Jardineiro Fiel, em 2004, no Quê20

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nia. “Na escala social de um set de filmagens, o assistente de produção está num dos níveis mais baixos de poder e glamour, mas, aos meus olhos jovens e inexperientes (tinha então 15 anos), aquela garota de 21 anos, a terceira assistente de produção no Quênia durante a filmagem de O Jardineiro Fiel, tinha algo de magnânimo. Não é porque era linda, cheia de energia, carismática e ennvolvente, mas porque tinha um walkie-talkie para se comunicar com a equipe. Eu, assistente de qualquer coisa que precisasse de uma mão, como carregar tralhas, levantar caixas ou arrastar tendas, via o rádo como uma potência e uma responsabilidade incríveis. Ele deixava clara a distinção entre ela e eu, entre a sua relevância e a minha insignificância. Como normalmente acontece com assistentes de produção, quando a câmera começa a rodar, a quantidade de coisas para fazer diminui e há muito tempo para o ócio e o tédio. Assim eu e a Lupita nos tornamos amigos e gastamos boa parte desses períodos conver-



sando. Nesses papos soube que ela era nascida no México, mas queniana da vida inteira, que falava cinco idiomas (inglês, francês, espanhol, swahili e luo) e que estava ali conferindo se trabalhar no cinema era mesmo sua praia. Na época, ela nem imaginava passar para o outro lado da câmera e muito menos que, em 2014 ganharia o Oscar. É comparada a nomes como Rooney Mara e Jennifer Lawrence, mas não só no que à corrida pelas estatuetas concerne. Desde o primeiro Prada que usou em Toronto, em setembro, que Nyong’o fez disparar todos os radares de estilo e despertou a curiosidade da Moda para a rapariga de pele de ébano que não se reprimia quando Micaela Erlanger (stylist que também veste Michelle Dockery e Morgan Saylor) lhe apresentava um Miu Miu de padrão arrojado. Vive em Brooklyn, e encara cada passadeira vermelha como uma oportunidade para brincar com o conceito de “dress up”. Assim, estão justificadas as cores fortes e silhuetas femininas, os Lanvin esvoaçantes, J. Mendel sensuais e Chanel Couture que, numa homenagem a Tilda Swinton carregada de

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estrelas, conseguiu ser votado o melhor look da noite. Mas a roupa não é tudo. E, de fato, Lupita completa cada vestido perfeitamente executado com opções de beleza tudo menos comedidas. É aqui que se separa o trigo do joio: uma jovem atriz, ávida de promover o primeiro filme, poderia seguir a estrada de tijolos amarelos rodeada de olhos esfumados, batons vermelhos, ocasionais aventuras com cat eye. Mas essas jovens atrizes são esquecidas quando termina a temporada de prémios, e Nyong’o chegou para marcar uma posição. Fá-lo através de lábios púrpura ou cor-de-laranja, lápis de olhos azul, contornos lilases. Fá-lo com uma pele perfeita, cabelo que não precisa de existir para ter estilo, acessórios que estão no sítio certo à hora certa. Fá-lo com o maior valor que retirou da sua primeira personagem: presença. E, como disse James Baldwin, numa citação que a própria já usou, “ser sensual, eu acho, é rejubilar na força da própria vida e estar presente em tudo o que se faz, do esforço de amar ao partir do pão”. E Lupita Nyong’o não só está presente, como veio para ficar.



Moda nossa

Mais cor na roupa! Cynthia tem um blog de looks diferente, vamos aproveitar suas cores! Olhando os looks, dá pra ver muitas referências à África, principalmente nas estampas. E, por falar em afro, ela tira uma ondíssima com o cabelo, variando o penteado ou a finalização. Às vezes, só o jeito de repartir já faz toda a diferença. O Simply Cyn é um blog que vale muito acompanhar. Aposto que não tem monotonia no nosso guarda-roupa que resista a ideias tão ensolaradas, coloridas, estampadas e, ao mesmo tempo, totalmente reais. Se eu pudesse usar uma palavra só pra definir o blog, seria “cor”. Primeiro, porque as atenções de Cynthia são

voltadas a valorizar o negro da pele (não só a pele, a cultura afro sempre tem espaço no blog) e, depois, ela sabe usar como ninguém as cores certas - e muitas - pra contrastar com a pele dela. A boa notícia é que as ideias dos looks valem pra moças pretas, brancas, amarelas, vermelhas, azuis e verdes. Qualquer uma que quiser dar um toque de cor ao figurino. Reparem só como até jeans e camisa têm uma graça a mais com os acessórios coloridos. Não é um truque fora do normal nem o último grito em passarela nenhuma. É só bonito e pronto.

Legging estampa etnica

Vestido estampa etnica

Mini saia estampa etnica

Case para celular estampa etnica

24,99 Moda Pop

29,99 Moda Pop

39,99 Quintess

12,90 Mega Formiga

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Cynthia, nossa inspiração estilosa do mês


Angelique Kidjo cantora, compositora, danรงarina, atriz, diretora e produtora beninense 26


Richard Bona baixista de jazz e professor de mĂşsica na Universidade de Nova Iorque.


Afromania

Boutique de Krioula Como a Krioula Michelle começou no ramo dos turbantes? Esta história com turbantes começou a cerca de 5 anos, quando Michelle resolveu assumir meus cachos; ela é super fã da cantora Eryka Badu, que foi sua maior inspiração para fazer o primeiro turbante. Começou com um simples, preto, para não chamar muita atenção, mas depois gostou e começou a ousar, se aprimorar e hoje é uma apaixonada por esse acessório. As vezes faz um turbante bem elaborado, que chame bastante atenção e as vezes apenas amarra a faixa no cabelo para enfeitar o black, mas sempre que possível está com algum na cabeça, seja para ir para uma festinha, um jantarzinho á dois... O turbante traz um ar elegante, que deixa a mulher mais feminina e poderosa. Dessa paixão de Michelle por turbantes que surgiu a Boutique De Krioula. Ela sentiu a necessidade de levar para muitas meninas, esse universo, que para muitas é ainda um tabu, muitas admiram mas têm vergonha de usar, outras não sabem como fazer as amarrações e outras não têm tecidos bacanas para 28 27

fazer o turbante, então ela veio no intuito de ajudar e passar um pouquinho do que sabe e do que aprendeu no dia a dia. O Foco principal da BK é valorizar a beleza negra e resgatar a cultura de nossos ancestrais, mostrar para todos que turbantes são lindos, simples de fazer e cheios de charme e estilo, podem ser usados por mulheres, homens e crianças. Ao provar uma vez, esse será um acessório essencial na produção do dia a dia de muitas mulheres.

A Boutique de Krioula tem seu site e também conta no Facebook. Vale a pena dar uma olhadinha!.



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Acontece em casa

Artistas africanos crescem com democracia e web O crescimento das expectativas democráticas, o declínio da ditaduras, a expansão das economias africanas e a explosão da Internet e de outras tecnologias criaram novos espaços que permitem que os artistas africanos prosperem. Revistas literárias como a “Kwani?” ou a “Chimurenga”, da África do Sul, estão incubando novos escritores. A indústria nigeriana do cinama, conhecida como Nollywood, fica atrás apenas da indiana como a mais prolífica do planeta, de acordo com alguns indicadores. Nas arte visuais, Angola conquistou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza para o melhor pavilhão nacional, em 2013, superando favoritos tradicionais como Alemanha e França. Okwui Enwezor, nascido na Nigéria e diretor da Haus der Kunst, um museu de arte de Munique, acaba de ser apontado como diretor de artes visuais para a bienal de 2015. A Tate Modern, de Londres, exibiu obras de Meschac Gaba, do Benin, e de Ibrahim el-Salahi, do Sudão, no ano 32

passado. Wangechi Mutu, de Nairóbi, é tema de uma exposição em cartaz no Brooklyn Museum. Um leilão de arte moderna e contemporânea de toda a África Oriental, atraiu grande público e muitos compradores a Nairóbi, com peças como uma xilogravura de uma vaca com um código de barras, trabalho do jovem artista queniano Peterson Kamwathi. As obras estão em um curso para converter uma antiga biblioteca no centro da capital queniana em um museu de arte contemporânea, que deve ser inaugurado este ano. Restrições significativas à imprensa e às liberdades civis continuam a existir em muitos países, mas a confluência entre uma maior liberdade de expressão, em termos gerais, e o potencial da Internet como professora, como guia e como promotora, significa que artistas africanos podem atingir e atrair novas audiências. “Há algo realmente emocionante sobre as perguntas que os quenianos nos fazem por meio de suas obras”, diz


Ellah Allfrey, editora e crítica literária nascida no Zimbábue e radicada em Londres. Owuor disse que era especialmente empolgante publicar seu primeiro romance no 5º aniversário da independência do Quênia. “As coisas estão sempre em movimento, sempre em convergência, sempre algo de novo”, disse Owuor, em referência à nova arte visual e conceitual. Ela classificou o Just a Band como “muito Nairóbi”, e disse que “de muitas maneiras, eles representam a pulsação da cultura”. Os membros do grupo se conheceram na Universidade Kenyatta, em Nairóbi, onde começaram a produzir uma eclética mistura de música eletrônica e hip-hop, com claras influências locais. Eles cresceram ouvindo Michael Jackson e extraem inspiração de tradições tão diversas quanto o mangá japonês e a mitologia africana. Uma conversa com a banda pode se estender dos cubos energon que propelem os robôs dos Transformes a planos para navegar Nilo abaixo com grupos musicais de todos os países cujos territórios o rio

percorre. O primeiro álbum do Just a Band foi lançado em 2008, mas não foi sucesso nas rádios locais. Eles produziram o vídeo da canção, “Iwinyo Piny”, com Mauli desenhando a tartaruga gigante que flutua sobre Nairóbi, carregando um DJ nas costas. Os membros do grupo são em geral autodidatas, usando vídeos de instrução do YouYube para aprender novas técnicas, entre as quais a animação. “Você entra online e encontra alguma maneira de experimentar, fracassando da primeira vez, mas em algum momento você aprende”, disse Muli. Os vídeos criativos se tornaram uma das marcas registradas do grupo. “Existe uma certa sinceridade e inocência no Just a Band que me sugere o que imagino tenham sido os anos 60, quando todo mundo achava que tudo era possível”, diz a escritora Wainaina. “Só porque sou um africano de pele negra, isso não significa que não vá vencer, se tentar”, ele cantou. ‘Não me diga o que posso e não posso fazer”, o refrão da música afirma. “Posso mudar o mundo”.

Just a Band


Zulu indica

Se você ainda não viu, corra! 12 Anos de Escravidão Um dos favoritos do Oscar 2014, “12 Anos de Escravidão” levou a cobiçada estatueta de melhor filme no Oscar 2014. O filme ganhou três prêmios no evento: Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Filme. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Drama, o filme concorreu ao Oscar também nas categorias de Melhor Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong’o, que levou o prêmio), Melhor Direção (Steve McQueen), Melhor Roteiro Adaptado (John Ridley), Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Direção de Arte.

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