A Arquitetura na Periferia de São Paulo: Instrumento Urbano e de Inclusão Social

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ALINE LIBORIO DA SILVA

A ARQUITETURA NA PERIFERIA DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO URBANO E DE INCLUSÃO SOCIAL

Trabalho Final de Graduação apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

ORIENTADORA: Profª. Drª. Paula Raquel da Rocha Jorge

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SĂŁo Paulo, dezembro de 2017

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BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Paula Raquel Rocha Jorge UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Profª Ms. Larissa Ferrer Branco UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Drª. Juliana Di Cesare Marques Awad UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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Ă Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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AGRADECIMENTOS

D

EUS, por toda a minha vida irei agradecer pela oportunidade de estudar, eu lembro

que eu lhe pedi a oportunidade mais simples e mais fácil, e o senhor me deu a MELHOR e a MAIS difícil. Serei eternamente grata pela realização deste momento. Agradeço a meu noivo Bruno, por estar sempre ao meu lado, me ajudar nas maquetes e por todo o apoio que me deu nessa jornada. Agradeço a minha mãe por acreditar no meu sonho e ter paciência que todo este esforço valeria a pena. Agradeço a Diana, minha primeira amiga na faculdade, quero ter para sempre a sua amizade. Agradeço aos colegas que fiz durante estes anos de faculdade, sempre batalhadores e desesperados com as entregas assim como eu, a todos desejo um imenso sucesso. Agradeço ao meu orientador de projeto Prof. Sami Bussab que não mediu esforços ao passar seus conhecimentos como arquiteto. Agradeço a minha querida orientadora de monografia, Prof. Paula por dar o seu melhor ao me auxiliar a construir este maravilhoso trabalho, a qual tenho muito orgulho! Espero que possamos trabalhar juntas novamente. Agradeço ao programa universidade para todos (PROUNI), a porta que me foi aberta para a realização deste grande sonho, que se tornou realidade!

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Quanto mais conhecimento conseguimos acumular, mais entendemos o quanto ainda falta para aprender. (anĂ´nimo)

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RESUMO

Este trabalho trata sobre a ausência e a precariedade dos equipamentos de cultura e lazer nas periferias, dando ênfase a um Circo Escola na zona norte da cidade de São Paulo. O Objetivo principal é propor a implantação de um Edifício Cultural em área de periferia, criando um contexto urbano e de inclusão social utilizando a referência da escola de circo já existente na região. No decorrer deste trabalho foram estudados temas sobre a cultura da periferia e o direito a cidade, dinâmicas urbanas, os conceitos de periferia e da arquitetura como agente promotor da inclusão social além de projetos de referência. As principais conclusões foram que é possível transformar a periferia partindo-se do planejamento urbano e propondo equipamentos com arquiteturas de valor e cujo investimento traz um retorno social de valor incomputável.

Palavras chave: Periferia. Social. Cultura. Lazer. Centro. São Paulo. Circo.

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LISTA DE FIGURAS Figura 01: Paraisópolis e o entorno da Av. Giovanni Gronchi. Fonte: Tuca vieira, 2017 ...... 21 Figura 02: Evolução da mancha urbana de cidade de São Paulo. Fonte: Profissão geografo, 2012..................................................................................................................................... 22 Figura 03: Espaços hierarquizados da cidade, com base no mapa desenvolvido por Raquel Rolnik (2016) sobre a Lei de fomento à periferia de SP que reconhece a dimensão territorial da cultura. Fonte: Raquel Rolnik, 2016. ............................................................................... 26 Figura 04: Habitações com risco de desabamento no bairro Jardim Damasceno, pertecente a brasilândia, zona norte de São Paulo. Fonte: Autora, 2017............................................... 28 Figura 05: Reginaldo dos Santos e Sua Família. Fonte: Felix Lima – BBC Brasil ................ 29 Figura 06: Crianças brincando na rua. Fonte Blog do Itárcio, 2014. ..................................... 31 Figura 07: "Você compra remédio ou comida. Às vezes, você deixa de cortar o cabelo para comer, deixa de comprar um sabonete para comer. Você deixa de tirar barba. Você sempre precisa cortar uma coisa para fazer a outra", conta ele (BBC BRASIL, 2017). Fonte: Felix Lima – BBC Brasil ................................................................................................................ 32 Figura 08: Cine campinho em sessão indígena. Fonte: Cine campinho, 2017. .................... 38 Figura 09: Sarau da Cooperifa oferece cultura e poesia ocorrendo por diversos locais da periferia de São Paulo. Fonte: Spressosp, 2012. ................................................................. 39 Figura 10: Tenda Literária na zona leste de São Paulo. Fonte: O que dizem os umbigos, 2013..................................................................................................................................... 40 Figura 11: Sacolão das Artes, zona sul. É um espaço sociocultural formado pelo os moradores da região da zona sul. Fonte: Sacolão das artes, 2012 ...................................... 41 Figura 12: Cine Escadão no Jardim Pery Alto, zona norte de São Paulo. Fonte: Alessandro Buzo, 2011.................................................................................................... 42_Toc499304316 Figura 13: Reportagem. Fonte: Cotidiano, 2017 .................................................................. 45 Figura 14: Reportagem. Fonte: SP Periferia, 2014............................................................... 45 Figura 15: Reportagem. Fonte: Estadão, 2017. ................................................................... 46 Figura 16: Reportagem. Fonte: Gazeta do Povo, 2017. ....................................................... 46 Figura 17: Reportagem. Fonte: IG Último Segundo, 2017.................................................... 46 Figura 18: Escadas Rolantes de acesso as comunidades. Fonte: Archdaily, 2017 .............. 49 Figura 19: O espaço público deve ser adequado para todos. Fonte: Archdaily, 2017 ......... 50 Figura 20: Latitud Taller de Arquitectura y Ciudad, vencedor do Concurso Público Internacional de Anteprojeto para o Parque do Rio, na cidade de Medellin. Fonte: Archdaily, 2014..................................................................................................................................... 51 10


Figura 21: Biblioteca Espanha de Medellín e entorno. Fonte: Lomaselite, 2013 .................. 52 Figura 22: Parque do Ibirapuera e seu entorno. Fonte: Christian Knepper_Embratur ......... 54 Figura 23: Parque Linear do Canivete na Brasilândia e seu entorno. Fonte: Mobilidade Sampa, 2017. ...................................................................................................................... 55 Figura 24: Catedral da Sé. Fonte: Chekin in SP, 2017. ........................................................ 56 Figura 25: Igreja Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Ó. Fonte: Autora, 2017................. 57 Figura 26: Praça das Artes. Fonte: Autora, 2017.Figura 27: Espaço Cultural Canivete na Brasilândia. Fonte: Autora, 2017. ......................................................................................... 58 Figura 28: Avenida Paulista. Fonte: Autora, 2017. ............................................................... 60 Figura 29: Avenida Deputado Cândido Sampaio. Fonte: Autora, 2017. ............................... 61 Figura 30: Cortiço no centro da cidade de São Paulo. Fonte: Blog do consa, 2015 ............. 62 Figura 31: Aglomeração de moradias autoconstruídas na periferia. Fonte: Autora, 2017..... 63 Figura 32: Entrada do Circo Escola. Fonte: Autora, 2017 .................................................... 67 Figura 33, 34 e 35: Atividades em ação no Circo Escola Vila Penteado. Fonte: Alessandro Buzo, 2013........................................................................................................................... 70 Figura 36: Mapa com o entorno do atual Circo Escola. Fonte: Geosampa, 2017 com intervenção da Autora. ......................................................................................................... 71 Figura 37: Croqui. Fonte: Autora, 2017 ................................................................................ 72 Figura 38: Corredor de acesso aos ambientes do circo escola. Fonte: Autora, 2017 ........... 73 Figura 39: Vista Interna da Lona e Arquibancada. Fonte: Autora, 2017 ............................... 73 Figura 40: Entrada para a recepção a esquerda e sanitários a direita. Fonte: Autora, 2017 74 Figura 41: Vista da passarela do segundo pavimento. Fonte: Autora, 2017 ......................... 74 Figura 42: Vista do corredor de acesso para a área administrativa. Fonte: Autora, 2017 ..... 75 Figura 43: Vista interior da sala dos professores e coordenação. Fonte: Autora, 2017 ........ 75 Figura 44: Vista da fachada principal do Zip Zap. Fonte: Tsay Design Studio, 2017. ........... 78 Figura 45: Vista interior do salão de trapézio. Fonte: Tsay Design Studio, 2017. ................. 80 Figura 46: Salão de trapézio com as portas abertas para o pátio externo, transformando-se em um espaço de apresentações. Fonte: Tsay Design Studio, 2017. .................................. 81 Figura 47: Visão do pátio com as portas do salão de trapézio abertas, e a telha de fechamento recolhida. Fonte: Tsay Design Studio, 2017. .................................................... 81 Figura 48: Vista do Jardim do Campus para o Centro de Artes. Fonte: Archdaily, 2014. ..... 82 Figura 49: Arquibancada em madeira. Fonte: Archdaily, 2014. ............................................ 84 Figura 50: Vista externa do centro de artes, em destaque na fachada. Fonte: Archdaily, 2014..................................................................................................................................... 84 Figura 51: Vista Noturna da fachada do Teatro Writers. Fonte: Archdaily, 2016. ................. 85 Figura 52: Teatro de arena. Fonte: Archdaily, 2016. ............................................................ 88 11


Figura 53: Fachada principal, em destaque o volume do hall em madeira. Fonte: Archdaily, 2016..................................................................................................................................... 88 Figura 54: Mapa ................................................................................................................... 93 Figura 55: Mapa ................................................................................................................... 95 Figura 56: Mapa ................................................................................................................... 97 Figura 57: Mapa ................................................................................................................... 99 Figura 58: Mapa. Fonte: Google Mapas, 2017. Com Intervenção da autora. ..................... 102 Figura 59: Mapa com a localização do novo terreno proposto. Fonte: Autora, 2017. ......... 103 Figura 60: Diagramas do terreno. Fonte: Autora ................................................................ 104 Figura 61: Croqui do Partido Arquitetônico. Fonte: Autora, 2017. ...................................... 105 Figura 61: Arquibancada desmontável. Fonte: Autora, 2017 .............................................. 105 Figura 61: Vista da entrada principal pela Avenida João Paulo I. Fonte: Autora, 2017. ...... 106 Figura 62: Diagrama de distribuição do programa. Fonte: Autora, 2017. ........................... 107 Figura 63: Vista aérea. Fonte: Autora, 2017....................................................................... 107 Figura 64: Cinema ao ar livre. Fonte: Autora, 2017. ........................................................... 108 Figuras 65 e 66:Perspectivas da cobertura. Fonte: Autora, 2017. ...................................... 109 Figura 67: Corte Ampliado do trecho da cobertura | SEM ESCALA. Fonte: Autora, 2017. . 109 Figura 68: Implantação. Fonte: Autora, 2017. .................................................................... 110 Figura 69:Térreo. Fonte: Autora, 2017. .............................................................................. 111 Figura 70: Subsolo. Fonte: Autora, 2017. ........................................................................... 112 Figura 71: Fachada Leste. Fonte: Autora, 2017. ................................................................ 112 Figura 72: 1° Pavimento. Fonte: Autora, 2017. .................................................................. 113 Figura 73: Fachada Sul. Fonte: Autora, 2017..................................................................... 113 Figura 74: 2° Pavimento. Fonte: Autora, 2017. .................................................................. 114 Figura 75: Fachada Oeste. Fonte: Autora, 2017. ............................................................... 114 Figura 76: Cobertura. Fonte: Autora, 2017. ........................................................................ 115 Figura 77: Fachada Norte. Fonte: Autora, 2017. ................................................................ 115 Figura 80:Corte C. Fonte: Autora, 2017. ............................................................................ 116 Figura 79:Corte B. Fonte: Autora, 2017. ............................................................................ 116 Figura 78:Corte A. Fonte: Autora, 2017. ............................................................................ 116 Figura 81:Corte e Vista da Fachada. Fonte: Autora, 2017. ................................................ 117 Figura 82: Ampliações. Fonte: Autora, 2017. ..................................................................... 118 Figura 83: Corte perspectivado do sistema hidráulico com água de reuso. Fonte: Autora, 2017................................................................................................................................... 119 Figura 84: Corte perspectivado. Fonte: Autora, 2017. ........................................................ 120 12


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO _________________________________________________________ 16 2. O LUGAR _____________________________________________________________ 20 2.1 O Conceito de Periferia ___________________________________________ 20 2.2 A Formação da Periferia do Município de São Paulo ____________________ 22 2.3 Espaço e Dinâmicas urbanas da periferia _____________________________ 26 3. CONCEITUAÇÃO DO TEMA ______________________________________________ 36 3.1 A Cultura na periferia e o direito a cidade _____________________________ 36 3.2 A Arquitetura como potencial agente promotor da inclusão social | O Edifício cultural em periferia _______________________________________________________ 47 3.4 A Imagem Centro X Periferia _____________________________________________ 53 4. CIRCO ESCOLA NA PERIFERIA ___________________________________________ 66 4.1 Estudo de caso do CIRCO ESCOLA da zona norte de São Paulo __________ 66 4.1.1 Entendendo o circo _______________________________________________________ 66 4.1.2 O Circo Escola ___________________________________________________________ 67 4.1.3 Programa _______________________________________________________________ 69 4.1.4 Entorno ________________________________________________________________ 71 4.1.5 Arquitetura ______________________________________________________________ 72

5. PROJETOS DE REFERÊNCIA ____________________________________________ 78 5.1 ZIP ZAP Circus _________________________________________________ 78 5.2 Escola Los Nogales______________________________________________ 82 5.3 Teatro Writers __________________________________________________ 85 6. FREGUESIA DO Ó ______________________________________________________ 92 6.1 Como ela é hoje ________________________________________________ 92 7. PROPOSTA PROJETUAL _______________________________________________ 102 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________________ 123 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 125 13


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INTRODUCAO 15


1. INTRODUÇÃO

Este trabalho trata da ausência e a precariedade dos equipamentos de cultura e lazer nas periferias da cidade de São Paulo, dando ênfase a um Circo Escola na zona norte da cidade de São Paulo. A Inclusão social é um dos grandes desafios do Brasil e em um sentido mais extenso envolve a qualidade de vida urbana que é um direito de todos os cidadãos. A grande maioria das cidades não contam com espaços suficientes para o acolhimento da população local que possibilitem o desenvolvimento da cultura. Quando se analisa a disponibilidade desses equipamentos em locais mais afastados do centro, o problema é ainda maior principalmente em áreas periféricas e de baixa renda. As arquiteturas dos equipamentos culturais nas áreas bem infraestruturadas das cidades são geralmente edifícios emblemáticos. Como será que são essas arquiteturas nessas áreas de periferia, visto que esses equipamentos geralmente concentram-se nos grandes centros urbanos e pretendem tornar a obra arquitetônica em um monumento simbólico para a cidade? E na periferia como a arquitetura se desenvolve? São estes itens que serão desenvolvidos ao decorrer deste trabalho. Dada essa ausência de equipamentos de cultura e lazer de qualidade para população residente em áreas de periferia na cidade de São Paulo, torna-se evidente a necessidade de implantação de projetos de caráter público para essas áreas, principalmente tratandose de equipamentos que desenvolvam atividades culturais e práticas de lazer que são predominantemente exclusivos das áreas centrais. 16


Tratando-se da periferia, umas das grandes discussões no campo do urbanismo é sobre a inclusão social. A cultura por diversas vezes vem sendo explorada como forma de gerar lucros, e por consequência é de acesso apenas à população com maior poder aquisitivo, ficando a população de baixa renda excluída dessas atividades. Esta pesquisa, coloca em pauta o potencial urbano destes equipamentos na periferia. Busca-se então propor a implantação de um Edifício Cultural em área de periferia na cidade de São Paulo, criando um contexto urbano e de inclusão social. Para tanto é necessário revelar as principais necessidades da implantação de centros culturais em áreas periféricas na cidade de São Paulo e investigar as relações dos edifícios culturais de periferia perante a cidade, visando a inclusão social e a qualidade de vida urbana. A pesquisa foi desenvolvida através de analise bibliográfica como método principal, sobre os temas de periferia, cultura, circo, lazer e inclusão social. Os principais autores estudados foram Ermínia Maricato, Flávio Villaça, Raquel Rolnik e Renato de Souza Almeida. Foi realizado também estudo iconográfico a partir de fotos da autora, para entendimento das dinâmicas da periferia e áreas centrais a fim de obter uma análise comparativa. Foi feita visita técnica ao Equipamento Circo Escola na periferia da zona norte de São Paulo para entender tanto o programa e a arquitetura do equipamento em funcionamento hoje, quanto sua relação com o entorno e a comunidade. Por fim, foi realizada entrevista com a coordenação do Circo Escola a fim de compreender a proposta do equipamento e a participação da comunidade e órgãos públicos responsáveis. Por fim foi desenvolvida uma experimentação prática a partir do exercício de projeto de um Circo Escola, que foi o produto experimental e reflexivo das considerações das questões levantadas nesta pesquisa.

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O LUGAR 19


2. O LUGAR 2.1 O Conceito de Periferia Quando se ouve a palavra PERIFERIA a primeira imagem que se tem é de uma área de segregada excluída da cidade, com uma vasta concentração de barracos empilhados ruas sem asfaltos e violenta. O Espaço urbano é fruto do trabalho humano parcialmente determinado pela natureza. Nas grandes metrópoles brasileiras este espaço é segregado e condiz com a realidade de desigualdade social com a separação de ricos e pobres. Porém é relevante destacar que a produção deste espaço desigual não está totalmente relacionada com a ideia de centro versus periferia (VILLAÇA, 2012). Aqui os espaços são produzidos conforme as condições de cada

cidadão.

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Figura 01: Paraisópolis e o entorno da Av. Giovanni Gronchi. Fonte: Tuca vieira, 2017

Esta imagem de Paraisópolis ficou conhecida pelo o mundo, e é um exemplo de que as áreas periféricas nem sempre estão nas bordas das cidades em áreas excluídas. Por muitas vezes elas ocupam boas localizações, porém com uma diferenciação não só visual, mas de poder aquisitivo. A Periferia frequentemente é considerada uma área distante dos grandes centros urbanos, áreas ainda não alcançadas pelos processos de urbanização que passam por uma faixa de transição do rural ao urbano. Mas conforme cita Corrêa (1986) há periferias e periferias, pois nem todos os bairros localizados nas bordas de uma cidade são necessariamente uma área de favela, dos pobres, da violência, dos grandes deslocamentos e do pessoal que sustenta uma família com apenas um salário mínimo. Na periferia elitizada encontramse os condomínios, clubes, os empresários, e uma vasta oferta de serviços. Cada lugar tem um meio de produção determinado exclusivamente pelos grupos que pretendem habitar o local. E, na periferia central, encontram-se os cortiços que por muitas vezes estão em locais irregulares, em edifícios verticais de estrutura antiga, com alugueis coletivos, muita gente e pouco espaço, porém próximos do trabalho e com acesso à a infraestrutura central de serviços, ocupados por pessoas sem grandes poderes aquisitivos. A Periferia pode transforma-se em um “locus” da transformação da sociedade. Mas isto pressupõe uma série de articulações, um amadurecimento da consciência sócio espacial e da criação de condições efetivas para a transformação (CORRÊA, 1986).

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2.2 A Formação da Periferia do Município de São Paulo

A Evolução urbana do Brasil, é alvo de diversos estudos desde o período colonial. O Brasil atingiu a condição de país urbanizado nos anos de 1940 a 1970. Antes desta época era considerado predominantemente rural. São Paulo foi uma das primeiras cidades a crescer aceleradamente como reflexo da economia local, com rápida urbanização, chegando a se transformar em uma grande metrópole oficializada em 1940. Porém, as ações de planejamento não acompanharam esse crescimento, o que causou um impacto na qualidade de vida de seus habitantes (FORATTINI, 1991).

Figura 02: Evolução da mancha urbana de cidade de São Paulo. Fonte: Profissão geografo, 2012. 22


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Ao considerar a última década do século XX houve um aumento de 22.178.968 pessoas nas cidades brasileiras, “mais da metade da população do Canadá ou um terço da população da França” (MARICATO, 2000, p. 01). Reformas urbanas foram realizadas em diversas cidades brasileiras entre o final do século XIX e XX, quando foram realizadas obras de saneamento básico e paisagismo. Foram implantadas, conforme diz Ermínia Maricato (2000), “bases legais para um mercado imobiliário de corte capitalista” Ao mesmo tempo em que a população excluída deste processo era expulsa para os morros e as franjas da cidade, Manaus, Belém, Porto Alegre, Curitiba, Santos, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro, passaram por este período que conjugaram saneamento ambiental, embelezamento e segregação territorial (MARICATO, 2000, p. 02).

Nas décadas de 40 a 80, o PIB do Brasil foi registrado como um dos maiores do mundo crescendo para mais de 7% ao ano neste período. Este rendimento gerado ficou extremamente concentrado, mas, mesmo assim, contribuiu para a melhoria de vida de quem deixou o campo para viver na cidade. O Banco Nacional de Habitação (BNH) em parceria com o Sistema Financeiro da Habitação, foram elementos fundamentais na política das cidades. Seus recursos foram destinados a mudança na produção da habitação nas grandes cidades brasileiras produzindo a verticalização dos conjuntos habitacionais. O Apartamento foi visto como a moradia principal da classe média brasileira e após a implantação do Sistema Financeiro de Habitação em 1964 o mercado imobiliário privado passou também utilizar esses recursos e a mudar progressivamente a imagem das cidades (MARICATO, 2000). Entretanto o sistema habitacional não gerou condições de exercer a função social de acesso à terra (o que se tornou lei a partir da constituição federal de 1988), não deu acesso 24


ao financiamento às classes baixas, que são as que mais buscavam o acesso a moradia nas grandes cidades, apenas dando condições para que o mercado incorporasse as classes média e alta em seus planos. Em um segundo momento a iniciativa pública passou a investir em conjuntos habitacionais populares e conforme diz Maricato (2000) governo passou a alocar a população em áreas inapropriadas para o desenvolvimento urbano, afligindo os seus habitantes que tiveram que arcar com toda a infraestrutura local. Enquanto a economia se mantinha em alta este “modelo de negócio” funcionou e criou uma nova classe média urbana, mas manteve grandes grupos sem acesso à moradia e outros direitos sociais básicos (MARICATO, 2000) Conforme Santos (2009 apud Giselli 2006), as áreas da cidade com a ausência de infraestruturas como água encanada, saneamento, eletricidade e arruamento ficam desvalorizadas em comparação às demais áreas que são comtempladas por estes serviços. Em países como o Brasil este processo é cada vez mais grave pois o governo não consegue proporcionar igualdade. Nesta época o PIB já dava sinais de desaceleração (MARICATO, 1987 apud MARICATO, 2000). Nas décadas de 1980 a 1990 o PIB teve um índice negativo causando um forte impacto social e ambiental, e, pela primeira vez, foi registrada uma grande marca de pobreza homogênea e desigualdade social. Este vasto crescimento urbano que se estendeu nas cidades brasileiras, aconteceu a partir da exclusão social e a população passou a utilizar a autoconstrução em diversos locais pelas cidades (MARICATO, 2000). O Processo de exclusão territorial da população pobre das áreas de maior privilégio das cidades brasileiras causou a ocupação de áreas improprias como beira rios e encostas e gerou um grande aumento na violência onde a pobreza é mais explicita (MARICATO, 2007 apud Giselli 2006). É de se esperar que as futuras gerações possam encontrar um meio 25


de trazer maior qualidade de vida e oportunidades para todos, desarticulando a exclusão territorial que deixa famílias e comunidades totalmente vulneráveis e abre espaço para a violência.

2.3 Espaço e Dinâmicas urbanas da periferia

A população de baixo poder aquisitivo está em toda parte da cidade. Não existe uma localização fixa, entretanto é mais fácil de ser encontrada nas periferias ou bordas da cidade, locais percebidos como áreas que representam a exclusão. Pode-se assim perceber a cidade como um espaço hierarquizado. A periferia é formada pelos bairros mais distantes, mais pobres, menos servidos por transporte e serviços públicos. Obviamente, o fenômeno de formação das periferias urbanas não é novo e nem sequer especificamente brasileiro (Durham, 2017).

Figura 03: Espaços hierarquizados da cidade, com base no mapa desenvolvido por Raquel Rolnik (2016) sobre a Lei de fomento à periferia de SP que reconhece a dimensão territorial da cultura. Fonte: Raquel Rolnik, 2016. 26


No Brasil, os temas que se referem à periferia urbana vêm se impondo cada vez mais nas pesquisas acadêmicas, em decorrência dos diversos problemas acumulados ao longo de décadas. Percebe-se que o que chama mais a atenção é a violência. As análises atuais da periferia urbana compreendem o uso da percepção e a representação do cotidiano. O 27


conceito de exclusão social é atribuído a um morador de periferia, e leva em consideração os componentes espaciais, econômicos, culturais entre outros que representam sua vivência (CHAVEIRO, 2007). A partir do crescimento acelerado da cidade de São Paulo, a classe trabalhadora passou a se instalar em áreas públicas e áreas rejeitadas pelo mercado imobiliário, construindo suas moradias ao lado de córregos, encostas de morros e áreas de proteção ambiental. A ausência de fiscalização define a total desvalorização dessas áreas (MARICATO, 2003).

Figura 04: Habitações com risco de desabamento no bairro Jardim Damasceno, pertecente a brasilândia, zona norte de São Paulo. Fonte: Autora, 2017. 28


Em um barraco de dois andares feito com portas velhas, madeirites e restos de tábuas moram Reginaldo, a mulher, Rafaela, e os três filhos do casal, de 8, 5 e 2 anos. O imóvel é alugado por R$ 250, valor que abocanha mais de um quarto do salário de Reginaldo. Em dia de chuva na segunda maior favela de São Paulo, eles não dormem. O risco é o barraco desabar. (BBC BRASIL, 2017).

Figura 05: Reginaldo dos Santos e Sua Família. Fonte: Felix Lima – BBC Brasil

Conforme cita Ermínia Maricato (2003) a lista é interminável quando o assunto são os problemas da periferia, transporte precário, saneamento deficiente, drenagem inexistente, difícil acesso aos serviços de saúde e educação, oportunidades de emprego quase que inexistentes, maior exposição à violência (marginal e policial), discriminação racial, difícil acesso ao lazer e extensos deslocamentos. Mas não se pode deixar de considerar que há periferias e periferias e reforçar conforme cita Kowarick (2000) que algumas áreas são 29


mais consolidadas do ponto de vista urbano, outras são verdadeiros acampamentos com o mínimo para se sobreviver. Em geral sempre com graves problemas de saneamento e transporte

e

zonas

onde

predominam

casas

autoconstruídas

e

instalações

compartilhadas. O Espaço público, como o próprio nome é sugestivo, é PÚBLICO, para todos de todas as classes, cor e sexo, em teoria tem um espirito revolucionário, onde a cidadania é expressa no coletivo para a fruição de uma vida em sociedade. Nas Periferias de São Paulo as ações do poder público perante esses espaços são mínimas ou quase inexistentes e por consequência causa informalmente a criação destes espaços pela população local, espaços constituídos em áreas não ocupadas como a implantação do famoso campinho/quadra. Na periferia, a rua é um espaço com uso muito além da circulação de veículos. As ruas são como extensões das casas, espaços de brincadeiras das crianças e o bate papo na calçada. (ALVAREZ,2008). As ruas das periferias sempre estão ocupadas por crianças e jovens, brincando de bola, pega-pega, esconde-esconde, empinando pipa, fazendo da rua um grande espaço de diversidade e possibilidades de uso. Percebe-se que na periferia as crianças são mais livres, em comparação às outras áreas da cidade que têm diversidade na oferta dos espaços públicos. Nessas áreas a rua não é considerada um espaço apropriado para se ocupar em função da sensação de insegurança.

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Figura 06: Crianças brincando na rua. Fonte Blog do Itárcio, 2014.

Conforme já citado as periferias são os locais onde se concentram famílias grandes e de renda mais baixa que muitas vezes vieram para a “cidade grande” em busca de uma vida melhor ou simplesmente nasceram e cresceram nesta realidade e hoje lutam para sobreviver. A Cidade de São Paulo é uma grande metrópole brasileira, e é vista como a cidade das oportunidades para quem busca por um emprego com uma renda maior e possibilidades de crescimento. 31


Uma reportagem da BBC Brasil realizada em agosto deste ano (SOUZA, 2017) retrata a vida dos moradores que sobrevivem com um salário mínimo em uma ocupação em Paraisópolis. Um pedreiro entrevistado disse que para criar os seus dois filhos recebendo apenas um salário mínimo é um jogo de escolhas constante, diversas vezes ele já deixou de cortar o cabelo para comer.

Figura 07: "Você compra remédio ou comida. Às vezes, você deixa de cortar o cabelo para comer, deixa de comprar um sabonete para comer. Você deixa de tirar barba. Você sempre precisa cortar uma coisa para fazer a outra", conta ele (BBC BRASIL, 2017). Fonte: Felix Lima – BBC Brasil

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Carlos e Odilene, deixaram de comprar sabonete há algum tempo e não fazem questão de ter nenhum item de higiene se for para ter um pedaço de carne a mais no prato. Reginaldo e Rafaela têm três filhos pequenos para sustentar e por conta disto não conseguem substituir as telhas do seu barraco que estão com infiltração. Estas são escolhas diárias feita por famílias das periferias de São Paulo que optam por ter o mínimo para sobreviver com o salário mínimo atual de R$937,00 na cidade. Dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos retrataram que o salário mínimo atual seria o suficiente para sobrevivência de uma família em 1999. Hoje o valor para sobreviver com o mínimo de dignidade seria de R$ 3.810,36. Este levantamento considerada as necessidades básicas dos custos de uma família de quatro filhos com moradia, alimentação, educação, saúde e lazer (SOUZA, 2017).

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CONCEITUACAO DO TEMA 35


3. CONCEITUAÇÃO DO TEMA 3.1 A Cultura na periferia e o direito a cidade A Política Cultural atualmente está mais presente em debates que se referem ao desenvolvimento cultural e econômico, conforme Davies (2008 apud PEDROSA, 2009). A Cultura é um marco significativo para todos, e não somente para a elite. A cultura não só permeia todos os locais, mas atua “no verdadeiro centro da construção urbana – porque ela é o coração pulsante da nova cidade (DAVIES, 2008). Calil (2008 apud Pedrosa 2009) em um artigo divulgado pelo o secretário da cultura da cidade de São Paulo, que fala sobre o acesso da sociedade à cultura, diz que economia funciona por demanda, enquanto na cultura, “a oferta induz à procura”, ou seja, entendese que quando não há oferta de opções culturais, a cultura da mídia acaba sendo a única opção. Quando ocorrem eventos em áreas mais afastadas da cidade sempre há a participação comunitária. Entende-se então que há uma necessidade de levar os equipamentos culturais para as áreas mais afastadas da cidade. Ao se propor como “instrumento de transformação social”, o projeto se insere como medidas compensatória do Estado, as quais pressupõem uma premência de mudanças na periferia carente e violenta. Nesse sentido, podemos remeter aquela tendência mundial na qual as políticas culturais servem a propósitos econômicos, sociais e espaciais, buscando reverter ciclos de ostracismo e depressão econômica, assim como controlar a violência urbana (CALAZANS, 2010 apud MOURA, 2011, p. 5).

Não se pode desconsiderar que mesmo com a ausência do estado em áreas de periferia certas experiências desenvolvidas e já constatadas demonstram que é possível estar no 36


centro, mesmo estando na periferia. Atividades como dança e informática são o interesse principal, a dança está mais relacionada como uma atividade elitizada que dificilmente a população teria o acesso e a informática vincula-se com a inclusão, acesso ao mundo e a novos conhecimentos (MOURA, 2011). O Cine-campinho é uma iniciativa de jovens da região de Guaianases no jardim Bandeirantes que tem por objetivo exibir filmes para a população e gerar debates em cima dos conteúdos apresentados. Após um período de funcionamento este programa passou a ter apoio da secretaria municipal de cultura da cidade de São Paulo pelo o programa VAI (Valorização a Iniciativas Culturais). O programa designa um pequeno recurso para incentivar pequenos projetos de ação cultural pela cidade. O Cine campinho é um espaço compartilhado que antes servia de acolhimento para usuários de drogas e lixo, hoje resultou-se em um cinema, que muitos ali, nunca se quer tinham ido. A Iniciativa tornouse um propulsor para reivindicações de outras melhorias no bairro e o espaço passou ser o ponto de referência para as demais atividades culturais (ALMEIDA, 2013). As relações que os jovens moradores de periferia possuem com o seu território de origem é diferente da relação que têm com a região central, pois o espaço onde convivem é o espaço onde desenvolvem as relações sociais e familiares (ALMEILDA, 2013). Fazem parte do pedaço, o bar, a padaria, o campo de futebol, o posto de saúde, a escola, a praça, a igreja, a esquina, o salão de baile, o circo. Esses são lugares onde criam vínculos e cumplicidades sociais (ALMEILDA, 2013).

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A partir dos anos 2000, iniciativas culturais foram chegando às periferias da capital com o objetivo de dar um uso significativo a certos locais, com a proposta de um novo olhar e trazer um pouco da cultura para estes lugares. Ações partindo totalmente da iniciativa popular. Conforme observa-se nos exemplos a seguir:

Figura 08: Cine campinho em sessão indígena. Fonte: Cine campinho, 2017.

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Figura 09: Sarau da Cooperifa oferece cultura e poesia ocorrendo por diversos locais da periferia de SĂŁo Paulo. Fonte: Spressosp, 2012. 39


Figura 10: Tenda LiterĂĄria na zona leste de SĂŁo Paulo. Fonte: O que dizem os umbigos, 2013 40


Figura 11: Sacolão das Artes, zona sul. É um espaço sociocultural formado pelo os moradores da região da zona sul. Fonte: Sacolão das artes, 2012 41


Figura 12: Cine Escadão no Jardim Pery Alto, zona norte de São Paulo. Fonte: Alessandro Buzo, 2011.

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As atividades de lazer possuem um impacto de expressão e realização além de ser um escape da rotina e das obrigações sociais, estabelecendo valores, conhecimento e identidades. Os equipamentos distribuídos pela cidade por muita vezem carregam outros significados além do pensado por seus arquitetos e governantes, no cotidiano a cidade se transforma e cria e recria os seus próprios espaços. A Cultura não se reduz apenas ao entretenimento, mas sim à ideia de cidadania como um direito de todos os cidadãos (ALMEIDA, 2013). As ações identificadas geralmente são realizadas por um grupo de coletivo de jovens e moradores da região. As ações têm provocado o poder público a desenvolver melhorias como iluminação e reformas em locais públicos e ocupar as ausências do bairro com programas de saúde, educação e a criação de espaços culturais. Compreender a cultura como um direito ainda é desafiador para o poder público, as manifestações culturais são uma resposta ao governo encontradas pela a população, deste modo busca-se destrinchar os principais objetivos do porque a periferia resolveu fazer arte (ANDREA, 2014 apud ALMEIDA, 2014). Arte como pacificação – utilização de espaços de uso comuns como forma de socialização dos indivíduos com efeito humanizador; Arte como sobrevivência material – A produção artística na periferia é uma forma de se conseguir renda, em 1990 alguns editais públicos e privados passaram a financiar esta produção artística;

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Arte como valorização do local – Valorizar o local se deu por meio das manifestações coletivas dos moradores pela necessidade de organizar as atividades culturais ocorrentes, que por consequência diminuíram a dependência do centro da cidade; Arte como participação política – Utilizada como forma de expressão para denunciar a realidade vivida na década de 1990 em meio à crise, chegando até os dias atuais; Arte como humanização – A arte utilizada como forma de aumentar a autoestima e humanizar a população com o lema “em vez de mudar da periferia, vamos mudar a periferia” tornando o local mais agradável e demonstrando a invisibilidade nestas áreas e a desigualdade social no pais; A arte é um instrumento para a construção de um ser social. É a oportunidade de contar sua própria história sem censura e demonstrar suas conquistas de libertação construídas durante anos de luta, sangue, lagrimas, dor e poesia para ter a chance de um futuro melhor (ALMEIDA, 2014, apud Andrea 2014).

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Figura 13: Reportagem. Fonte: Cotidiano, 2017

Figura 14: Reportagem. Fonte: SP Periferia, 2014. 45


Figura 15: Reportagem. Fonte: EstadĂŁo, 2017.

Figura 16: Reportagem. Fonte: Gazeta do Povo, 2017.

Figura 17: Reportagem. Fonte: IG Ăšltimo Segundo, 2017. 46


3.2 A Arquitetura como potencial agente promotor da inclusão social | O Edifício cultural em periferia A arquitetura brasileira, é prestigiada pelo o mundo tendo como fonte de inspiração inicialmente a arquitetura europeia. Foi ganhando personalidade própria com o passar dos anos e tornando-se marcante, fazendo com que muitas das obras desenvolvidas aqui sejam reconhecidas internacionalmente. Conforme Ermínia Maricato (1978), a arquitetura é o espelho da condição de produção da sociedade, e na época da publicação de seu artigo apresentou que o arquiteto era visto como o profissional de uma determinada elite social, já hoje, em 2017, essa imagem está mudando e consigo a produção da arquitetura. A arquitetura é universal e deve privilegiar resultados que contribuam para a construção do bem comum (PALMAS,2013). Nas periferias, os sistemas essenciais de infraestrutura urbana sempre demoram a chegar, quase que obrigando a população a dar o seu próprio jeito e improvisar como podem com os famosos “gatos de instalação” e a autoconstrução. Os serviços particulares são poucos ou quase inexistentes, por conta do baixo poder aquisitivo da população local, impulsionando o empreendedorismo por parte dos moradores com os mercadinhos, lojinhas, creche improvisada na casa da vizinha, os “bicos” entre outros. A periferia se cria sozinha sem precisar de muitos recursos e/ou através da ausência deles. Já em áreas com melhores localizações concentra-se toda a infraestrutura urbana e uma vasta oferta de serviços. É possível levar qualidade vida e inclusão social através da implantação de equipamentos públicos de qualidade, e dar incentivo à instalação de novos serviços para atender essas 47


áreas, pois é aos poucos que a cidade se transforma e impulsiona mudanças essenciais nas comunidades periféricas. Entretanto, isto não é exclusivamente uma ocorrência no Brasil, mas é possível mudar, como no exemplo a seguir, no caso de Medellín na Colômbia. A cerca de 20 anos a cidade de Medellín estava em caos sofrendo de crise política e social chegando a ser considerada a cidade mais violenta e desigual do planeta e com associações ao narcotráfico. Neste estado em que a cidade se encontrava as comunidades não tinham condições de conviver em sociedade, a partir daí forças políticas e sociais se uniram em prol da dissolução desta triste situação (GHIONE, 2014). A mudança ocorreu a partir de pilares dos poderes políticos de transformação; combate a corrupção, transparência nas decisões, participação da sociedade, educação e saúde como prioridade, e em resumo “o melhor para os mais pobres”. A estratégia de transformação esteve baseada em transporte público e acessibilidade de qualidade, fornecimento de serviços públicos para a população e o planejamento urbano territorial de longo prazo (GHIONE, 2014). Há muitas semelhanças nas grandes cidades da Colômbia e do Brasil, especialmente quando se trata de crescimento descontrolado, desigualdade social, falta de planejamento urbano e favelas. Ambos os contextos têm muito a aprender um com o outro. O mais interessante seria abrir a discussão para a complexidade do que é a cidade latino-americana contemporânea para discutir possíveis visões de como entender, analisar e encontrar alternativas, através da abordagem da arquitetura e desenho em geral (MEDELLIN,2014).

Um dos temas mais importantes em um processo de urbanização, é o transporte público e as conexões que proporciona na a cidade. No caso de Medellín tem o objetivo de 48


também estimular a convivência em sociedade e a civilidade. Trens elevados, teleféricos e ônibus em sistema BRT (Bus Rapid Transit) 1 foram soluções adotadas que buscaram a adaptação nas condições geográficas de Medellín em conjunto com um projeto que agrega o sistema urbano de acessibilidade ao pedestre, integrando ciclovias a escadas rolantes que seguem até as favelas mais afastadas, conforme Ghione (2014) surpreende pela originalidade e o poder de transformação social.

Figura 18: Escadas Rolantes de acesso as comunidades. Fonte: Archdaily, 2017

1

Bus Rapid Transit – BRT é um sistema de transporte coletivo que proporciona mobilidade urbana rápida realizado por ônibus e com prioridade de ultrapassagem. Fonte: http://brtbrasil.org.br/index.php/brt/oquebrt#.WgLOPmhSzIU 49


Figura 19: O espaço público deve ser adequado para todos. Fonte: Archdaily, 2017

A Empresa Pública de Medellín (EPM) é responsável pelo o fornecimento da infraestrutura urbana. Cerca de 95% do território possui saneamento, água potável, energia elétrica e 70% gás natural. O Fornecimento é cobrado a partir de um sistema pré-pago a que todos os habitantes têm acesso, e 55% dos lucros da empresa são repassadas às prefeituras com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento urbano. A Empresa de Desenvolvimento Urbano (EDU) possui profissionais capacitados para atuar em diversas disciplinas que envolvam o planejamento territorial e é um órgão que define as diretrizes de curto, médio e longo prazo com um processo participativo. Uma das ações em vigor é a transformação das margens do Rio de Medellín em um parque linear, objeto que já foi alvo concurso e está em processo de desenvolvimento para implantação (GHIONE, 2014). 50


Figura 20: Latitud Taller de Arquitectura y Ciudad, vencedor do Concurso PĂşblico Internacional de Anteprojeto para o Parque do Rio, na cidade de Medellin. Fonte: Archdaily, 2014

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Nas áreas mais pobres da cidade foram implantados parques bibliotecas, com o objetivo de criar uma nova experiência para as crianças e ser um grande motor de transformação. Conforme Ghione (2014) hoje estas áreas carentes constituem novas centralidades de transformação e desenvolvimento social e cultural, representam uma lição de cidadania, inclusão e desenvolvimento, além de arquiteturas altamente qualificadas e imponentes.

Figura 21: Biblioteca Espanha de Medellín e entorno. Fonte: Lomaselite, 2013

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3.4 A Imagem Centro X Periferia

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Figura 22: Parque do Ibirapuera e seu entorno. Fonte: Christian Knepper_Embratur 54


Figura 23: Parque Linear do Canivete na Brasilândia e seu entorno. Fonte: Mobilidade Sampa, 2017. 55


Figura 24: Catedral da SĂŠ. Fonte: Chekin in SP, 2017. 56


Figura 25: Igreja Nossa Senhora do Ă“, na Freguesia do Ă“. Fonte: Autora, 2017. 57


Figura 26: Praรงa das Artes. Fonte: Autora, 2017. 58


Figura 27: Espaço Cultural Canivete na Brasilândia. Fonte: Autora, 2017. 59


Figura 28: Avenida Paulista. Fonte: Autora, 2017. 60


Figura 29: Avenida Deputado Cândido Sampaio. Fonte: Autora, 2017. 61


Figura 30: Cortiço no centro da cidade de São Paulo. Fonte: Blog do consa, 2015 62


Figura 31: Aglomeração de moradias autoconstruídas na periferia. Fonte: Autora, 2017. 63


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O CIRCO ESCOLA NA PERIFERIA 65


4. CIRCO ESCOLA NA PERIFERIA 4.1 Estudo de caso do CIRCO ESCOLA da zona norte de São Paulo 4.1.1 Entendendo o circo O Circo no Brasil foi constituído por famílias vindas da Europa no final do século XIX, que se instalaram nas periferias das cidades e consequentemente seu público era voltado para as classes mais populares. Em função da localização desses circos, a cultura familiar era sua base de sustentação. O Palhaço é conhecido como figura principal e o público é constituído por famílias, crianças, jovens, adultos e idosos, não apresentando uma faixa etária predominante. Essa diversidade também acontece com os próprios artistas do espetáculo. A arte do uso do corpo e as cores encanta, e a relação familiar, permeia por palcos e plateias (SILVA, 1986).

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4.1.2 O Circo Escola

Figura 32: Entrada do Circo Escola. Fonte: Autora, 2017

O Circo Escola Vila Penteado é um equipamento que foi fundado em 1983. Tanto o terreno ocupado quanto a construção do espaço foram cedidos pelo o governo municipal, em parceria com a Promove Inclusão Social, ONG que administra o local a mais de trinta anos e que desenvolve o programa de inclusão social em uma linha socioeducativa. A unidade atende mensalmente cerca de 400 crianças e jovens moradores da região da Vila Penteado, zona norte da cidade de São Paulo. A unidade sobrevive com verba da

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prefeitura e doações repassadas pela Promove e desde 2016 o equipamento passou a chamar-se de Circo Social2. Dentre os outros cinco circos escola espalhados pela cidade, a unidade da Vila Penteado é a menor de todas, e tem uma alta demanda mensal. O público alvo é crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. Diversos pais chegam na secretaria pedindo por uma vaga para ocuparem as tardes ou manhãs de seus filhos, por isso os pré-requisitos para participar das atividades são bem criteriosos: “morar na região da Vila Penteado e ser beneficiário do bolsa família” informa Paula Luza 3, coordenadora da unidade. A unidade Vila Penteado conta atualmente com 22 funcionários, sendo 12 deles professores, 1 assistente social, 2 faxineiros, 1 recepcionista, 2 cozinheiros, 3 administrativos e 1 coordenador.

Thayane Dias do Carmo, 7, faz parte de uma família numerosa e se atrapalha um pouco na hora de contar os irmãos. “Por parte de mãe tenho quatro e por parte de pai são três”, informa. Ela mora com a mãe, três irmãs mais velhas e um irmão mais novo. No Circo-Escola encontra as irmãs paternas: Bruna, Letícia e Ingrid. As quatro fazem oficina de artes plásticas (DESENVOLVIMENTO SOCIAL, 2008).

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Entrevista realizada com a Paula Luza em 16/08/2017 coordenadora do Circo Escola Vila Penteado Mesma entrevista em 16/08/2017 68


4.1.3 Programa

O Programa arte e educação tem a proposta de integração das crianças oferecendo oficinas de teatro, dança, ateliê de expressão, artes plásticas, música, canto, percussão, capoeira e artes circenses. As atividades lúdicas trazem para as crianças e jovens um momento divertido e criativo e fortalecem as relações de envolvimento com o próximo. O Programa de apoio educacional tem o objetivo de fortalecer três áreas: criança, escola e família. A Promove cumpre o papel de colaborar por meio de ações de avaliações interventivas e grupos de apoio ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. No Período noturno a unidade é utilizada para alfabetizar ou reforçar o conhecimento escolar dos adultos da comunidade. A unidade também conta com uma biblioteca com um acervo de aproximadamente quatro mil livros, grande parte recebido de doações, e uma pequena sala de informática. O Programa educar no trabalho, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI), é voltado para jovens de 15 a 29 anos que participam do curso de assistente administrativo e informática voltado para o mercado de trabalho, com o objetivo de desenvolver jovens para iniciarem a vida profissional. No programa também são trabalhados valores como ética, relacionamento interpessoal e habilidades voltadas ao ambiente profissional (PROMOVE,2017). O Programa Feliz idade, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, tem o objetivo de oferecer atividades que estimulem o envelhecimento saudável do idoso. Nele são desenvolvidas atividades voltadas à cidadania, com oficinas, palestras, rodas de debate, sensibilização e fomento ao trabalho 69


voluntário. São também estimuladas atividades corporais através das oficinas de dança e yoga e atividades de artes com oficinas de artesanato, crochê, tear, fuxico, entre outros cursos possibilitando a geração de renda (PROMOVE, 2017).

Figura 33, 34 e 35: Atividades em ação no Circo Escola Vila Penteado. Fonte: Alessandro Buzo, 2013. 70


4.1.4 Entorno

Figura 36: Mapa com o entorno do atual Circo Escola. Fonte: Geosampa, 2017 com intervenção da Autora.

O Atual Circo Escola, está localizado no bairro Vila Penteado, no distrito Freguesia/Brasilândia. E em sua área envoltória localiza-se três favelas (pó, tiro e minanguaba). O entorno é predominantemente residencial com gabarito máximo de 28 metros.

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4.1.5 Arquitetura A Arquitetura do Circo Escola é em alvenaria de tijolos parcialmente aparente. Estrutura de concreto como corpo principal e a cobertura é composta por telhas metálicas e estruturas secundárias para sustentação da tenda do circo e a cobertura da quadra. A Quadra compartilha espaço com um comércio de reciclagem, e pequenas casas abandonadas. Os Espaços das atividades são em blocos desconectados, interligados apenas pelo corredor central e a tenda de circo.

Figura 37: Croqui. Fonte: Autora, 2017

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Figura 38: Corredor de acesso aos ambientes do circo escola. Fonte: Autora, 2017

Figura 39: Vista Interna da Lona e Arquibancada. Fonte: Autora, 2017

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Figura 40: Entrada para a recepção a esquerda e sanitårios a direita. Fonte: Autora, 2017

Figura 41: Vista da passarela do segundo pavimento. Fonte: Autora, 2017

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Figura 42: Vista do corredor de acesso para a área administrativa. Fonte: Autora, 2017

Figura 43: Vista interior da sala dos professores e coordenação. Fonte: Autora, 2017

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PROJETOS DE REFERENCIA 77


5. PROJETOS DE REFERÊNCIA

5.1 ZIP ZAP Circus Arquitetos: Y Tsai, Cathy Skillycorn (CS Arquitectos) Localização: Cape Town, África do Sul Área: 2200 m2 Ano do projeto: não informado

Figura 44: Vista da fachada principal do Zip Zap. Fonte: Tsay Design Studio, 2017.

O Zip Zap Circus, utiliza as artes circense como instrumento catalizador de inclusão social para a comunidade. Criado em 1992 com o intuito de fornecer treinamentos a crianças e

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adolescentes da região, atualmente é apoiado pelo Circo de Soleil (TSAI DESIGN STUDIO, 2017). As atividades do Zip Zap eram desenvolvidas em baixo de uma tenda em terrenos alugados, não tinha uma infraestrutura adequada para atender aos alunos e também não era propício para um ambiente de ensino, que necessitava de salas de aula para realmente funcionar como uma verdadeira escola de circo. O Zip Zap, com a ajuda de seus patrocinadores, conquistou um terreno oficial onde será construída a sua sede. A Proposta dos arquitetos tem o objetivo de resgatar a essência arquitetônica de circo, escola e teatro. Na essência de circo a proposta busca chamar a atenção pela magia tradicional do impacto visual da visão do circo, fazendo referência pelo uso de cores e a volumetria em tenda. Na escola o edifício é organizado na distribuição do programa em três pavimentos, e espaços multifuncionais que podem servir de arena de treinamento, convivência, eventos entre outros. No Teatro organiza-se voltando-se para esta arena multifuncional que é cercado pelo o edifício que tem a planta em “u”. Todo o programa da escola tem conexão visual com este espaço. O Programa do Zip Zap Circus inclui: •

um Hall de entrada com oficina de aparelhos, sala de costura de fantasia, depósitos e vestiários de apoio aos alunos, o salão de trapézio em destaque, o salão de treinos anexo ao salão de trapézio, porém com um pé direito mais baixo, e um acesso restrito ao setor residencial de apoio à artistas externos;

o primeiro pavimento conta com uma sala de estudantes, sala dos professores, sala de informática, sala de reuniões, cozinha, depósito, 79


sanitários, sala de mídia, enfermaria, sala de aula e os quartos no setor residencial; •

o segundo pavimento, tem em destaque o studio de dança que avança pelo o salão de trápezio, onde embaixo acontece a área de treinos do térreo, as áreas de administração e reuniões também ficam neste pavimento;

Ressalta-se neste projeto, a volumetria do edifício em “U” que organiza todo o programa no entorno das galerias com um átrio central remetendo-se indiretamente a um alpendre de um teatro, que faz com o que o projeto de destaque totalmente para o salão de trapézio que se abre para o pátio externo tornando-se uma área multifuncional de apresentações e eventos. A Fachada traz uma linguagem clássica do circo trabalhando com planos verticais de perfis em vermelho e amarelo cores tradicionais do circo.

Figura 45: Vista interior do salão de trapézio. Fonte: Tsay Design Studio, 2017.

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Figura 46: Salão de trapézio com as portas abertas para o pátio externo, transformando-se em um espaço de apresentações. Fonte: Tsay Design Studio, 2017.

Figura 47: Visão do pátio com as portas do salão de trapézio abertas, e a telha de fechamento recolhida. Fonte: Tsay Design Studio, 2017. 81


5.2 Escola Los Nogales Arquitetos: Daniel Bonilha Localização: Bogotá, Colombia Área: 1576 m2 Ano do projeto: 2009

Figura 48: Vista do Jardim do Campus para o Centro de Artes. Fonte: Archdaily, 2014.

Projetada dentro de um Campus escolar para servir como um ambiente de encontro, inspiração e criatividade, o centro de artes da escola los nogales oferece um programa diferenciado com música, dança e artes plásticas. Estes setores são conectados através de uma escadaria hall o ponto de encontro focal da escola (ARCHDAILY, 2014).

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O projeto arquitetônico do Centro de Artes baseou-se na possibilidade de desenvolver um edifício que se integrasse ao campus escolar do colégio, seguindo com o padrão de estruturas autônomas que o constituem, trabalhando os materiais que caracterizam os edifícios existentes de salas de aula e dando-lhes uma dimensão atual em estética e espacialidade (ARCHDAILY, 2014).

A Estética do edifício buscou relacionar-se com os demais edifícios do campus, por exemplo pelo uso do ladrilho e da madeira que são os materiais predominantes. Já a fachada conta com uma configuração diferenciada do uso do vidro e tubos de pvc em laranja, verde e amarelo. O Programa do Centro de Artes da Escola Los Nogales inclui (ARCHDAILY, 2014): Primeiro pavimento: •

um salão de dança, dois salões de música e cinco espaços de ensaio. Um deles agrega um estúdio de gravação, um estúdio para músicos e outros para pintores;

um salão com divisões para trabalhos com materiais e um de orquestras com capacidade para 200 pessoas;

Segundo pavimento: •

no segundo pavimento há sete salões destinados às atividades de artes plásticas, entre eles, uma sala de cerâmica, uma sala para aprendizado de design industrial, uma de gravura e uma de pintura, duas salas de desenho e uma de fotografia;

Todos os espaços contam com áreas de armazenamento para organizar e conservar todo o acervo dos ambientes. 83


Ressalta-se neste projeto a configuração da fachada, e a mescla do vidro com os tubos coloridos valoriza a horizontalidade do projeto. O grande ‘vazio’ onde fica a arquibancada em madeira cria um espaço central de convivência, com visão direta para a área verde externa do edifício além de fazer conexão com o outro bloco do centro de artes.

Figura 49: Arquibancada em madeira. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 50: Vista externa do centro de artes, em destaque na fachada. Fonte: Archdaily, 2014. 84


5.3 Teatro Writers Arquitetos: Estúdio Gang Architects Localização: Glencoe, IL, Estados Unidos Área: 3344 m2 Ano do projeto: 2016

Figura 51: Vista Noturna da fachada do Teatro Writers. Fonte: Archdaily, 2016.

O Teatro Writers é uma companhia de teatro popular, que foi fundada em 1992, aos fundos de uma livraria. Com o passar dos anos a antiga instalação deixou de acomodar todos os espectadores, até que em 2003 a cidade de Glencoe planejou em seu novo plano diretor a implantação de espaços culturais e comerciais. 85


Ao mesmo tempo, o edifício do Woman’s Library Club existente, porém deteriorado, estava em grave necessidade de reparo. Em uma associação com o Woman’s Library Club e com o município de Glencoe, a companhia de teatro aproveitou a oportunidade para construir um espaço sob medida e um catalizador para o desenvolvimento do centro no mesmo lugar (ARCHDAILY, 2016).

Projetado pelo o Estúdio Gang Architects, implantado ao norte de Chicago em Glencoe, o Teatro Writers buscou a privacidade como parte de sua estética, porém com um desenho resultante de transparências e flexibilidade capaz de integrar no nível do pedestre um espaço aberto e acolhedor. A abordagem do The Writers Theater à palavra e ao artista reflete o foco do Studio Gang nos materiais e no ambiente dentro da arquitetura e os resultados de nossa parceria têm sido muito emocionantes. O novo centro de teatro apresenta materiais renováveis e excitantes espaços sociais que irão adicionar à comunidade vibração (GANG apud WRITERS THEATRE, 2017).

O teatro está circundado por um espaço público, que serve como uma entrada, assim como um espaço informal para ensaios, performances, convivência familiar e programas culturais. Em dias quentes, o eixo principal se abre ao parque público imediato e ao entorno, que é o centro da cidade, permitindo que a atividade gerada dentro do teatro se estenda ao exterior. À noite, a parte interna se ilumina, chamando a atenção devido à sua transparência (ARCHDAILY, 2016). O Programa do Teatro Writers inclui (WRITERS THEATRE, 2017): •

um teatro de 250 lugares projetado propositadamente para manter a intimidade da marca Writers, assim como salas de ensaio e outros serviços públicos; 86


espaço cinematográfico flexível de 50 a 99 lugares que presta homenagem ao primeiro espaço de performance do teatro, podendo ser personalizado conforme demanda dos eventos;

uma Galeria no segundo pavimento, com vista para o centro da cidade, com acesso visual aos parques circundantes, terraço ao ar livre no último piso, estruturado por treliças Vierendeel de madeira e um pergolado de madeira muito leve, suspensa em tensão com a estrutura primária;

o átrio principal espaçoso com tribunas de assento que funciona como uma área central de reunião, onde os usuários irão desfrutar de performances artística, familiar e programas educacionais;

o pavilhão na cobertura verde oferece um espaço adicional para eventos;

uma caminhada luminosa da galeria grande, estruturada inteiramente da madeira que suspendeu em torno do lobby e servindo como a área de visão e "alpendre dianteiro" ao edifício;

Ressalta-se nesse projeto o desenho da fachada com os perfis em madeira e o vidro, a sombra da composição da fachada externa traz um efeito deslumbrante em seu interior, e a noite faz o teatro detacar-se entre os edifícios do entorno. A arquibancada do Hall principal além de servir como área de plateia é convidativa para o acesso ao primeiro pavimento do teatro, uma área verde externa com afluência para os outros blocos. O Teatro de arena é o coração do projeto.

87


Figura 52: Teatro de arena. Fonte: Archdaily, 2016.

Figura 53: Fachada principal, em destaque o volume do hall em madeira. Fonte: Archdaily, 2016.

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90


A FREGUESIA DO O

´

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6. FREGUESIA DO Ó

6.1 Como ela é hoje A Freguesia do Ó possui dois corredores de ônibus que passam por suas principais avenidas, João Paulo I e Ministro Petrônio Portella, não tem nenhum terminal de ônibus oficial, apenas pontos finais de algumas linhas que seguem para a lapa, barra funda e centro. Na Avenida João Paulo I, está em obras atualmente a estação João Paulo da linha 6 laranja do metrô que se localiza em frente a área de projeto, a primeira fase da linha 6 irá da Brasilândia

à

Estação São

Joaquim,

fazendo uma conexão direta do centro com a periferia.

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MOBILIDADE URBANA

Figura 54: Mapa

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É uma área urbana e possui predominância em vulnerabilidade social muito baixa, em alguns pontos é caracterizada segundo estudos

realizados

pela

Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Urbano por vulnerabilidade baixa e média. A Freguesia do Ó em análise macro, está em uma faixa de transição no índice de vulnerabilidade, no sentido centro caminha para melhores condições e no sentido bairro chegando na Brasilândia para condições mais precárias.

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VULNERABILIDADE

Figura 55: Mapa 95


Em relação aos Direitos Humanos, possui uma baixa garantia de que os mesmos são cumpridos

quando

avaliadas

as

dimensões, socioeconômicas, violência, criança, adolescente, mulher e negros. Comparando

com

outras

áreas

do

município e com seus bairros vizinhos é uma das mais precárias tratando-se de Direitos Humanos.

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DIREITOS HUMANOS

Figura 56: Mapa

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É notável a ausência de equipamentos culturais na periferia de São Paulo. Na Freguesia do Ó, existem apenas dois equipamentos culturais a Casa de Cultura Salvador Ligabue e o Circo Escola, na divisa do distrito com a Brasilândia. Enquanto

existe

esta

escassez

de

equipamentos culturais na periferia o centro está bem servido pela diversidade desses equipamentos.

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EQUIPAMENTOS CULTURAIS

Figura 57: Mapa

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100


PROPOSTA PROJETUAL 101


7. PROPOSTA PROJETUAL O terreno ocupado pelo atual Circo Escola é estreito para a necessidade dos espaços que podem ser desenvolvidos pelo o programa e está um pouco distante da nova conexão do bairro que é a futura linha 6 laranja do metro (Estação João Paulo I). A arquitetura presente é a

da

autoconstrução,

sem

projeto e sem nenhum interesse estético com alvenaria aparente e degradada. A proposta é transferir este uso para um terreno maior na mesma região, que sendo mais amplo ofereça um maior aproveitamento de áreas livres (quase inexistentes na área) e potencial construtivo, levando

em

consideração

também a centralidade urbana com a futura conexão com o metrô.

Figura 58: Mapa. Fonte: Google Mapas, 2017. Com Intervenção da autora. 102


O Objetivo é transformar este espaço já acolhido pela a comunidade e ampliar seu programa incluindo novos usos que agreguem cultura, lazer e encontros para os moradores da região. Procura-se sem dúvidas atender a um número maior de pessoas que o atual espaço suporta.

Figura 59: Mapa com a localização do novo terreno proposto. Fonte: Autora, 2017. 103


Figura 60: Diagramas do terreno. Fonte: Autora

O Projeto, foi pensando como um ambiente de encontro, inspiração e criatividade e procurou resgatar a essência arquitetônica de circo e escola. Na essência de circo a proposta busca chamar a atenção pelo tradicional impacto visual do circo, fazendo referência pelo uso das cores e a cobertura que indiretamente remete a uma tenda. Na essência de escola o edifício é organizado em quatro pavimentos, com espaços multifuncionais que podem servir de arena de treinamento, convivência, eventos entre outros usos.

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O Projeto organiza-se voltando-se para esta arena multifuncional que é cercada pelo o edifício que tem a planta em “U”. Todo o programa da escola tem conexão visual com este espaço que faz com o que o projeto se destaque totalmente para este grande vazio, e que no térreo se abre para a área verde externa tornando-se uma área multifuncional de apresentações e eventos.

Figura 61: Croqui do Partido Arquitetônico. Fonte: Autora, 2017.

O grande ‘vazio’ acomoda uma arquibancada desmontável em madeira que associada aos guarda corpos cria um espaço central de apresentações flexível. Em dias ocasionais, o eixo oeste do edifício se abre ao parque público imediato e ao entorno, permitindo que a atividade gerada dentro da escola se estenda ao exterior. À noite, a parte interna se ilumina, chamando a atenção devido à sua transparência e a empena da face oeste do edifício se transforma em um cinema ao ar livre.

Figura 61: Arquibancada desmontável. Fonte: Autora, 2017

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Figura 61: Vista da entrada principal pela Avenida JoĂŁo Paulo I. Fonte: Autora, 2017.

A Fachada traz uma linguagem moderna do circo, envolvendo o edifĂ­cio parcialmente com uma pele de vidro e trabalhando com brises verticais em cores degrade com tons de amarelo, vermelho, roxo, azul e verde cores tradicionais do circo, entretanto com um efeito mais artĂ­stico e valorizando a horizontalidade do projeto.

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Figura 62: Diagrama de distribuição do programa. Fonte: Autora, 2017.

Edifício está posicionado com as faces principais leste e oeste, mas devido à arena central já receber muita luz natural vinda da cobertura zenital a melhor solução estudada foi de fechar a face oeste para que o edifício receba na arena central uma iluminação Figura 63: Vista aérea. Fonte: Autora, 2017.

100% natural concentrada vinda da cobertura, entretanto esta solução trouxe um novo uso ao projeto, o de um cinema ao ar livre!

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Figura 64: Cinema ao ar livre. Fonte: Autora, 2017.

O Projeto foi desenvolvido em concreto aparente, e faz relação com o seu entorno com o uso deste material. A Estrutura se resume em laje alveolar com viga e pilar pré-fabricados. Materiais que trazem grande economia na obra evitando desperdício e aumentando a precisão. Para compor a fachada o vidro utilizado é um vidro comum transparente, e a frente dos vidros estão os brises verticais trançados coloridos que além de proteger contra a incidência solar também traz visibilidade dos espaços exteriores. E esta tipologia de brises trançados atende todas as faces do edifício.

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A Cobertura zenital, com iluminação e ventilação 100% naturais, é estruturada por treliça e caixilharia cobertas com placas de policarbonato refletivo, que protege contra a incidência solar que poderia causar o aquecimento dentro do edifício. A Edificação possui uma cisterna para utilização das águas cinzas e placas fotovoltaicas que geram energia para atender todas as lâmpadas e tomadas do edifício.

Figuras 65 e 66:Perspectivas da cobertura. Fonte: Autora, 2017.

Figura 67: Corte Ampliado do trecho da cobertura | SEM ESCALA. Fonte: Autora, 2017. 109


0

10

20

30m

Figura 68: Implantação. Fonte: Autora, 2017. 110


Figura 69:TĂŠrreo. Fonte: Autora, 2017.

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Figura 70: Subsolo. Fonte: Autora, 2017.

Figura 71: Fachada Leste. Fonte: Autora, 2017.

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Figura 72: 1° Pavimento. Fonte: Autora, 2017.

Figura 73: Fachada Sul. Fonte: Autora, 2017.

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Figura 74: 2° Pavimento. Fonte: Autora, 2017.

Figura 75: Fachada Oeste. Fonte: Autora, 2017. 114


Figura 76: Cobertura. Fonte: Autora, 2017.

Figura 77: Fachada Norte. Fonte: Autora, 2017. 115


Figura 78:Corte A. Fonte: Autora, 2017.

Figura 79:Corte B. Fonte: Autora, 2017.

Figura 80:Corte C. Fonte: Autora, 2017. 116


Figura 81:Corte e Vista da Fachada. Fonte: Autora, 2017. 117


Figura 82: Ampliações. Fonte: Autora, 2017. 118


Figura 83: Corte perspectivado do sistema hidrรกulico com รกgua de reuso. Fonte: Autora, 2017. 119


CIRCO ESCOLA NA PERIFERIA DE SÃO PAULO: INSTRUMENTO URBANO E DE INCLUSÃO SOCIAL

Figura 84: Corte perspectivado. Fonte: Autora, 2017.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Brasil é um pais desigual onde nem todos conseguem ter acesso a um equipamento de cultura e lazer principalmente tratando-se das periferias das grandes cidades como é caso em São Paulo. Esta desigualdade é notavelmente elevada quando se compara diretamente o centro versus periferia, onde grande parte dos equipamentos não são planejados, sendo simplesmente manifestações da população nos espaços disponíveis, com recursos próprios fazendo da própria periferia um espaço multifuncional onde tudo acontece. A mesma alvenaria que veda uma casa serve a noite de tela de cinema, e a escada que serve para circular também serve de acomodação a uma plateia, a rua vira um campinho de futebol, e lona de circo vira muito mais que uma arena circense. Na ausência do poder público a própria população cria. Quando se tem cultura, percebe-se que se tem uma influência na vida da população principalmente dos jovens, afastando-os da violência. Percebe-se nesta pesquisa que é possível melhorar a arquitetura da periferia sem destruir a identidade destes locais assim como foi estudado no caso da cidade de Medellín. Lá, com planejamento urbano e proposta de equipamentos com arquiteturas de valor, foi possível ir transformando as periferias pontualmente e aos poucos todo entorno foi acompanhando as mudanças. Mostra-se assim que não é só porque é na periferia que tem que se fazer apenas o básico. O Retorno dos investimentos em áreas de periferias pelo poder público são muito maiores que dinheiro, é um ganho social e de valor incomputável. Conclui-se então que este trabalho atingiu o objetivo de propor a implantação de um Edifício Cultural em área de periferia na cidade de São Paulo, criando um contexto urbano e de inclusão social.

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