TFG Arquitetura e Urbanismo Aline Moreira Tulha de Café Fazenda Baixadão

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INTERVENÇÃO

URBANA

E PATRIMÔNIO

CULTURAL

TULHA DE

CAFÉ FAZENDA

BAIXADÃO

RIBEIRÃO PRETO ALINE MOREIRA DA CUNHA - TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO

SP



ALINE MOREIRA DA CUNHA

INTERVENÇÃO URBANA E PATRIMÔNIO CULTURAL: TULHA DE CAFÉ, FAZENDA BAIXADÃO RIBEIRÃO PRETO SP

Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista em 2013 sob a orientação do professor Onésimo Carvalho de Lima

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ALINE MOREIRA DA CUNHA

INTERVENÇÃO URBANA E PATRIMÔNIO CULTURAL: TULHA DE CAFÉ, FAZENDA BAIXADÃO RIBEIRÃO PRETO SP

ORIENTADOR: ________________________________________ Nome: Onésimo C.arvalho de Lima EXAMINADOR 1: ________________________________________ Nome: EXAMINADOR 2: ________________________________________ Nome:

RIBEIRÃO PRETO, __/__/___

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"A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz." (Le Corbusier) PÁG. 3


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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, sem ele nada seria possível. Em especial a minha mãe que sempre me incentivou a buscar meus sonhos. Aos meus familiares, que de alguma forma, estiveram prontos a me apoiar. Aos meus amigos, que caminharam ao meu lado. Aos meus professores que me ajudaram na busca constante pelo conhecimento, e principalmente ao meu orientador Onésimo pelos conselhos ao longo desta jornada. Sem vocês não chegaria até aqui.

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RESUMO O presente trabalho tem como tema a intervenção urbana e patrimonio que assegure uma melhor qualidade de vida a população e recomposição da paisagem urbana e principalmente manter e preservar a Tulha de Café da fazenda, que encontra-se abandonada e degradada, recuperando uma obra de um importasnte momento histórico de Ribeirão Preto. O objetivo geral da pesquisa é propor a requalificação do espaço da Fazenda Baixadão elaborando como diretriz para o projeto, um parque que incluirá complexos culturais e educacionais nos edifícios existentes. Os objetivos específicos são: Levantar e mapear a atual situação da Tulha de Café, conservar o atual estado do edifício, intervir na área do terreiro e da Tulha de Café, proporcionando equipamentos de lazer e cultura integrados com o patrimônio. Apresento assim uma proposta de intervenção arquitetônica e diretrizes urbanísticas para o conjunto histórico da Fazenda Baixadão, O programa de necessidades visa inclusão e a capacitação profissional e cultural inserido no contexto de um grande parque linear, que se estenderá ao longo do córrego dos rios e se ligará ao campus da USP Universidade de São Paulo e com o parque Tom Jobim, dando continuidade ao projeto e possibilitando sua melhor utilização com a facilidade de acesso a população. PALAVRAS-CHAVE: PATRIMÔNIO - RUINAS - INTERVENÇÃO - TULHA DE CAFÉ

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ABSTRACT The present work has as its theme the urban intervention and heritage to ensure a better quality of life and rebuilding the population of the urban landscape and especially to maintain and preserve the Granary Coffee farm , lying abandoned and degraded , recovering the work of a importasnte historical moment of Ribeirão Preto. The objective of the research is to propose a space redevelopment of Finance Baixadão developing as a guideline for the project , a park that will include educational and cultural complexes in existing buildings . Specific objectives are to : Raise and map the current situation of the Granary Café , save the current state of the building , to intervene in the area of the yard and the Granary Café , providing leisure and culture integrated with equity . Thus present a proposal for intervention architectural and urban guidelines for the whole history Baixadão Farm , The program aims at inclusion and needs professional training and cultural place in the context of a large linear park that will stretch along the stream and rivers will bind the campus of the University of São Paulo USP and the park Tom Jobim , continuing the project and enabling improved utilization with the ease of access to the population.

KEYWORDS: EQUITY - RUINS - INTERVENTION - GRANARY COFFEE

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1 Métodos de Intervenção e Preservação 2.2 O novo e o existente

3. LEITURAS PROJETUAIS

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3.1 SESC Pompéia - Lina Bo Bardi 3.2 KKKK - Brasil Arquitetura 3.3 Biblioteca Pq. da Juventude-Aflalo & Gasperini e Purarquitetura

4. LOCALIZAÇÃO

5. CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6

Localização e Entorno Hierarquia Viária e Uso do Solo Áreas verdes e Institucionais Evolução Urbana e Características Ambientais Relevo Vegetação

6. DESCRIÇÃO DO COMPLEXO CULTURAL 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 5.6

Localização Edificações Existentes Galpões Casa sede Casas Colonos Tulha de Café Vegetação

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7. ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DO PARQUE 7.1 7.2 7.3 7.4

Programa de Necessidades Acessos Pré-Dimensionamento Definição Fases de Implantação

7.1 7.2 7.3 7.4

Estudo Implantação Conceitos Maquete 3D

8. DETALHAMENTO ETAPA I PAG|39

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO Apresentação O presente trabalho tem como objeto de estudo a intervenção urbana na área remanescente da Fazenda Baixadão, possibilitando sua utilização, reabilitação e preservação, dando destaque para a Tulha de Café, sua principal mais antiga construção que atualmente encontra-se em pior estado de conservação. A fazenda está localizada na Região Oeste da cidade de Ribeirão Preto no estado de São Paulo, desde o loteamento de suas terras em 2006 encontra-se sem uso e esquecida. A proposta de intervenção propõe diretrizes de usos nos edifícios existentes que possuem diferentes datas de construção, sendo assim de tipologias e métodos construtivos diferentes. Considerados de importante valor cultural para a cidade a fazenda atualmente está em processo de tombamento pelo CONPPAC RP - Conselho de Preservação do Patrimônio Autístico e Cultural de Ribeirão Preto. A intervenção propõe abrir o complexo histórico da Fazenda Baixadão, para que este possa ser aproveitado pela sociedade que passará a conhecer este importante momento histórico da cidade, assim mantendo sua memória como uma herança a gerações futuras. Além de viabilizar um espaço de lazer e cultura utilizado como alternativa para uma inserção social e identidade da região, propondo um novo programa de necessidades e usos para a comunidade e também para toda a cidade. Esclarecendo que o enfoque do projeto será a conservação e requalificação da Tulha de café. A partir deste entendimento surgem algumas questões sobre a problemática deste conjunto e a causa de sua degradação e abandono: Como recuperar e reinserir na sociedade um conjunto arquitetônico histórico degradado? Qual é a tipologia de espaços que melhor atenderá ao edifício e a sociedade? Como conservar um edifício degradado e ainda assim criar um uso adequado para o espaço? PÁG. 10

Justificativa Apresento assim uma proposta de intervenção arquitetônica e diretrizes urbanísticas para o conjunto histórico da Fazenda Baixadão, visando a integração de instrumentos para atrair novas fontes de cultura. O programa de necessidades visa inclusão e a capacitação profissional e cultural inserido no contexto de um grande parque linear, que se estenderá ao longo do córrego dos rios e se ligará ao campus da USP Universidade de São Paulo e com o parque Tom Jobim, dando continuidade ao projeto e possibilitando sua melhor utilização com a facilidade de acesso a população..

Objetivos O objetivo geral da pesquisa é propor a requalificação do espaço da Fazenda Baixadão elaborando como diretriz para o projeto, um parque que incluirá complexos culturais e educacionais nos edifícios existentes.

Os objetivos específicos são: Levantar e mapear a atual situação da Tulha de Café. Conservar o atual estado do edifício. Intervir na área do terreiro e da Tulha de Café, proporcionando equipamentos de lazer e cultura integrados com o patrimônio.

Cada cidade tem sua história contada através de muitas formas. A arquitetura conta parte desta história, e muitas vezes encontra-se esquecida e sujeita ao tempo, podendo ser perdida ao longo da história. Um grande parque linear possibilitará uma opção de lazer para todo o Município, e ainda mostrará a toda a população um importante período histórico da cidade. O conjunto arquitetônico está inserido entre vários bairros, frutos de programas de habitação popular e desfavelamento, que não possuem equipamentos de cultura, lazer e sociais suficientes para a demanda da população. Há muitas áreas verdes e institucionais, que vazias, acumulam lixo e entulho criando um sentimento de abandono as pessoas que ali residem, formada por uma população carente, que contribuiu para a destruição dos edifícios da Fazenda furtando madeiramento, portas, janelas entre outros materiais, e os utilizando na construção de suas próprias casas. “O espaço como um sistema de objetos e ações, é uma instância social, pois é produto da natureza transformada pela sociedade. É o resultado da sociedade, que se caracteriza pelo seu processo histórico e dinâmico, podendo ser apreendido de diferentes maneiras, conforme a percepção de quem o capta.” (Alvarez, 2008) A partir do entendimento do local em que o objeto está, o programa deve ser estruturado de maneira a atender a sociedade, para que esta tenha o entendimento de preservação e estabeleça uma identidade com o mesmo, que também atenda a toda população, como uma forma de reafirmar seu uso e viabilizar sua manutenção. A revitalização do complexo irá proporcionar a interação entre o bairro e a cidade, de forma a despertar sua relação de pertencimento expresso pelo patrimônio.


Procedimentos Metodológicos

Organização do Tema

Primeiramente foi estudado bibliografias que abordam historicamente a Fazenda Aliança do Baixadão em Ribeirão Preto, desde sua criação até seu parcelamento e processo de loteamento, com o objetivo de entender as transformações sociais e morfológicas da área em questão, em conjunto com a coleta de dados na Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e no Arquivo Municipal, que possuem importantes dados como projetos e documentos de diversos anos que são importantíssimos para o entendimento do local. O desenvolvimento da proposta será realizado a partir do atual estado dos edifícios, para isto será necessário visita in loco com observação de uma forma geral.

O trabalho está organizado em 4 partes:

Para para a fundamentação teórica e para a definição de referências conceituais, projetuais e melhor entendimento da proposta foi utilizado uma bibliografia que aborda métodos retrospectivos, assim como cartas patrimoniais e formas de intervenções sobre o patrimônio.

As Leituras Projetuais foram escolhidas a partir do entendimento de uma intervenção radical perante o patrimônio, não reproduzindo suas características originais, e sim destacando os materiais e objetos inseridos na intervenção.

Fundamentos Teóricos, Leituras Projetuais, Dados para o desenvolvimento do projeto, Estudo de Implantação e Detalhamento. Onde respectivamente: Fundamentos Teóricos relacionados ao tema.

Sínteses

de

bibliografias

Leitura Projetuais Análise de projetos aplicados em conjuntos de valor histórico

Dados para o desenvolvimento do projeto Verificação do atual estado das edificações e suas características, Levantamentos e Mapas do Local. Estudo de Implantação e Detalhamento Mostra o contexto onde o projeto está inserido, um parque urbano, relevando que o mesmo está disposto apenas como diretriz. Detalhamento da primeira etapa de implantação, anteprojeto da intervenção na Tulha de Café.

Levantamentos de mapas e fotos aéreas digitais, pesquisa exploratória, documental e legislativa, mapas e plantas digitais. Nesse processo foram usados softwares especializados, como AutoCad, Sketchup, Adobe InDesign, Photoshop e Corel Draw.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS PÁG. 13


MÉTODOS DE INTERVENÇÃO E PRESERVAÇÃO Patrimônio, uma palavra que deriva do latim, de pater, patris que significa pai, e dela surge a derivação pátria, que corresponde a herança. Em 1972, na conferencia da UNESCO em Paris, definiuse Patrimônio Cultural em nível mundial: “Monumento: São obras arquitetônicas, de esculturas ou de pinturas monumentais, elementos ou estruturas excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência. Conjuntos: são grupos de construções, ilhadas ou reunidas, cuja arquitetura, unidade e integração na paisagem lhes dê um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Lugares são obras do homem ou obras conjuntas do homem e da natureza, assim como zonas incluindo sítios arqueológicos que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.»

Seguindo esta expressão de Patrimônio Histórico que para Choay, 2001 é a expressão que designa «um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras primas das belas-artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e savoir-faire dos seres humanos.» Pode-se então dizer que patrimônio é todo objeto ou conjunto de objetos que traga algum valor simbólico no contexto em que está inserido na sociedade. Sua preservação varia conforme descreve HOSMER 1965 apud CASTELNOU, 1992.

Para discorrer sobre critérios e métodos de preservação devemos estudar os antigos trabalhos de valores patrimoniais, assim como sintetizar suas cartas.

Em 1980, a Carta de Burra definiu importantes conceitos para a intervenção em elementos históricos, definindo termos como conservação, preservação, restauração, reconstrução e procedimentos: “O termo conservação preservará as características que apresentem uma significação cultural que implicará ou não a preservação ou a restauração, além da manutenção; ela poderá, igualmente, compreender obras mínimas de reconstrução ou adaptação que atendam às necessidades. A manutenção designará a proteção contínua da substância, do conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com o termo reparação. A reparação implica a restauração e a reconstrução, e assim será considerada. A restauração será o restabelecimento da substância de um bem em um estado anterior conhecido. Preservação é a manutenção no estado de um bem que oferece o testemunho de uma significação cultural específica, e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada não sendo admitida técnicas de estabilização que destruam seu valor cultural.”

“ Método romântico de preservação constitui numa reconstituição sem documentos históricos, quando obras antigas são recuperadas e revitalizadas com certa fidelidade e muito saudosismo. Já o método arqueológico, surgido na época da descoberta das grandes ruínas mediterrâneas, proíbe a reconstrução, a não ser que se utilize métodos e materiais originais. Existe ainda o método histórico, que fundamenta-se na idéia da recuperação de edifícios de forma fidedigna, com uso de documentação, não permitindo nem a alteração do lugar original da obra nem seu espaço volumétrico. Finalmente, a preservação cientifica baseia-se em dados arqueológicos e em documentos históricos, permitindo a intervenção na obra, assim como sua nova utilização, desde que seja mantido o partido da mesma.”

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Inicialmente os elementos eram vistos apenas como obras individuais. Houve uma evolução para a ideia de entorno, sitio, conjunto, destacando sua importância social e cultural. “Conservação da autenticidade dos conjuntos urbanos com um valor patrimonial pressupõe a manutenção de seu conteúdo sócio-cultural, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes, é imprescindível o equilíbrio entre o edifício e seu entorno, tanto na paisagem urbana quanto na rural. Sua ruptura seria um atentado contra a autenticidade. Para Isso é necessário criar normas especiais que assegurem a manutenção do entorno primitivo, quando por possível, ou que gerem relações harmônicas de massa, textura e cor.» Carta de Brasília, 1995. Há um grande destaque para o cuidado com os objetos e o que os envolve, por isso a importância de estudos e dados do local, para o entendimento de que o objeto está inserido em uma sociedade e local com características e necessidades próprias. Ideia de intervenção realizado por equipes especializadas em vários conhecimentos, para uma compatibilização de propostas e projetos, assim como a certificação da mão de obra. «O planejamento da salvaguarda das cidades e bairros históricos deve ser precedido de estudo pluridisciplinares, deve incluir uma análise dos dados, designadamente arqueológicos, históricos, arquitetônicos, técnicos, sociológicos e econômicos.» Carta de Washington, 1987. Cada comunidade deve possuir sua legislação pertinente, e global para o patrimônio mundial incluindo também a importância aos cuidados que se deve ter ao incluir o turismo cultural. Além disso a sociedade deve estar preparada, para sensibilizar a população quanto ao bem é imprescindível a utilização da educação como veículo de preservação do conjunto e da cultura. Necessidade de realização de inventários. «O inventário como parte dos procedimentos na análise e compreensão da realidade constituiu-se na ferramenta básica para o conhecimento do acervo cultural e natural.»Carta de Petropolis 1987.


Quanto ao Urbano:

Segundo FIELDEN, 2003, existem sete graus de intervenção, onde a revitalização acontece em vários níveis de intervenções, determinadas por fatores como o estado de conservação, características físicas entre outras. Prevenção de sua deteriorização. Implica em proteger a propriedade cultural, evitando sua decadência provocada por diversos agentes, como umidade, temperatura e insolação, incendios, vandalismo, poluição e vibrações de tráfego.

Preservação do estado existente Consiste em manter o edifício em seu estado atual, a intervenção deve amenizar os danos externos e as infiltrações de humidade. Consolidação é a aplicação de materiais que assegurem a durabilidade e sua integridade estrutural, sem alterar suas características históricas. No caso de edifícios, a consolidação pode se limitar a adição de ligas para a fixação de pinturas. A utilização de materiais e técnicas tradicionais é de grande importância, mas onde os métodos tradicionais forem considerados inadequados pode-se recorrer a novas técnicas, em alguns casos é aconselhável recorrer a técnicas de fixação temporárias, comprovados por experiências, e aplicados á escala do projeto e seu ambiente.

Restauração O objeto de restauração é reviver o original conceito ou legibilidade do objeto. O restauro e reintegração de pequenos detalhes deve sempre ser baseado em documentos originais, achados arqueológicos ou desenhos, a substituição de elementos faltantes deverá ocorrer de forma a integrar harmoniosamente ao existente, mas possibilitando sua fácil distinção de modo que o restabelecimento não falsifique uma evidência arqueológica ou histórica. Restauro por anastilose é o preenchimento das partes em falta, justifica-se para melhor compreensão do imóvel permitindo que os volumes possam ser vistos como um todo, mas deve ser cuidadosamente estudado para não se criar um cenário.

Reabilitação A melhor maneira de preservar os edifícios ao contrário dos objetos, é mantê-los em uso, preferencialmente manter o uso original, ou quanto menor a alteração melhor. Mas a reutilização muitas vezes é a única forma de preservar um edifício, que se exemplifica em dar um novo uso ao edifício, que possuía originalmente uma função diferente. Reprodução A reprodução gera polemica, consiste na cópia de partes de elementos ou de elementos completos, para substituir os elementos faltantes, aplicada geralmente em elementos decorativos para uma leitura mais harmoniosa do objeto, pode ocorrerem também em peças valiosas, que em situações de perigo podem ser substituídas por cópias e levadas a um local seguro.

Reconstrução Consiste em reconstruir edifícios históricos ou centros históricos, que poderá ser necessário após desastres como incendios, terremotos ou guerras. Deverá se basear em documentos autênticos, e não poderá falsear uma página no tempo. A mudança de prédios inteiros para novos locais é uma outra forma de reconstrução justificada apenas por interesse nacional. No entanto, isso implica na perda de valores culturais essenciais e a geração de novos riscos ambientais. O exemplo clássico é o complexo de templos de Abu Simbel (XIX Dynasty), Egito, que foi deslocado para evitar a sua inundação após a construção do Assuão High Dam, mas agora está exposta à erosão do vento.

Em qualquer grande projeto de conservação, vários desses graus podem ocorrer simultaneamente em diversas partes do todo.

Ao longo do tempo a degradação de zonas da cidade, tanto no centro quanto na periferia, chamam a atenção para a necessidade de lhes dar novas funções. Assim surge conceitos que contem juntos idéia e proposta para uma ação sobre a cidade, esse conceitos são definidos pela Direção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano de Portugal, 2008, dentro deste contexto a o presente estudo se enquadra no conceito de reabilitação e requalificação urbana, exemplificado em síntese abaixo: Reabilitação Urbana Entende-se uma intervenção sobre o tecido urbano existente em que o patrimônio urbanístico e imobiliário é mantido e modernizado, através de obras de beneficiação das infra-estruturas urbanas e de obras de reconstrução, alteração, conservação, construção ou ampliação de edifícios. A reabilitação urbana implica a intervenção coordenada sobre o conjunto dos elementos que constituem o tecido urbano. Uma intervenção exclusiva sobre a edificação não é reabilitação urbana mas apenas reabilitação do edificado. Nas operações de reabilitação urbana, a morfologia urbana é mantida nos seus traços essenciais, bem como o edificado. Pode haver a substituição pontual de edifícios. Pode ou não haver a alteração de usos. A estrutura fundiária pode ou não sofrer alterações. Requalificação Urbana Entende-se uma operação de renovação, reestruturação ou reabilitação urbana, em que a valorização ambiental e a melhoria do desempenho funcional do tecido urbano constituem objetivo primordiais da intervenção. São normalmente abordadas em uma dupla perspectiva: • De resolução de problemas ambientais e funcionais; •De criação de fatores que favoreçam a identidade, a habitabilidade, a atratividade e a competitividade das cidades ou de áreas urbanas específicas; PÁG. 15


O NOVO E O EXISTENTE As alterações e inclusões no conjunto histórico devem ocorrer para a adaptação das edificações as novas necessidades funcionais, devem ser executadas sem que alterem o espaço. Se a inserção de novos edifícios, pisos, estacionamentos ou anexos ocorrer, este deverá ser rapidamente identificado e diferenciado da edificação original.

A relação entre edifícios existentes e uma nova edificação poderá ocorrer da seguinte forma: -Inclusão- quando um absorve o outro

A harmonia entre o novo e o antigo pode passar por vários níveis, que segundo BROLIN, 1984 apud CASTELNOU, apresenta três graus de interferência:

Radical: quando os novos elementos intencionalmente contrastam com o existente, pelas intenções projetuais ou tratamento a nível de material, cor, textura, etc. Há um choque em termos formais paralelo ao de termos funcionais. Equilibrado: quando se procura associar harmonicamente os acréscimos ou modificações ao que já existe, o que pode ser feito através da repetição de tipos, unificação de motivos e tratamento cromático, mas nunca de maneira dissimulada, isto é, promovendo algum tipo de “falsificação” da obra. Sutil: quando há um respeito completo ao que existe previamente, tanto em função dos novos componentes sugeridos como dos novos usos previstos. Muitas vezes, é bastante difícil identificar o que foi reformulado.

-Intersecção- O novo altera os limites do antigo

-Exclusão - Quando são individuais e autônomos, quando a exclusão é a utilizada, deve-se criar uma ligação entre os edifícios, que poderá ser através da Justaposição ou adjacência.

Justaposição

Adjacência.

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Desenho e Interpretação:


CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESERVAÇÃO DAS RUÍNAS A intervenção em elementos históricos exige não só conhecimentos especializados, históricos e técnicos , implica também em que posição de intervenção devese seguir. Segundo Choay, 2001, duas correntes teóricas surgiram no século XVIII, a forma intervencionista, que defende que deve-se conservar todas as mudanças pela qual o objeto passou em sua vida e que estes fatores também representam valor artístico, sendo testemunhos históricos. A outra é a anti- intervencionista radical, e defende a noção de que se deve deixar o monumento em sua forma estilística original, eliminando possíveis intervenções que tenham ocorrido ao longo dos anos. “Embora o uso e o desgaste subtraiam, eles também permitem um tipo significativo de adição. Ao longo do tempo e do uso, conjuntos arquitetônicos ganham legitimidade ao fazer a crônica dos padrões de vida que acomodaram. O tempo não passa na arquitetura, ele acumula. Se ele passasse, não deixaria traços – o que acaba ocorrendo. Tudo ao nosso redor exibe sinais de história, desenvolvimento ou deterioração. Todas as coisas físicas, especialmente corpos e edifícios, se oferecem à experiência visual como sedimentações de ações e comportamentos. Se um rosto é reconhecível, é porque o tempo escreveu sobre sua pele, ou superfície, sinalizando as maneiras como ele se conduziu no mundo” David Leatherbarrow apud SANTOS, 2011. O presente trabalho tomou como conceito de restauração a teoria anti intervencionista de John Ruskin, onde foi analisado sua obra A Lampada da Memória em síntese:

O presente trabalho tomou como conceito de restauração a teoria anti intervencionista de John Ruskin, onde foi analisado sua obra A Lampada da Memória em síntese:

John Ruskin defendia uma teoria ruinística, segundo seus ideiais o monumento deve permanecer intocado como foi concebido no projeto original junto com as marcas que o tempo imprimiu em sua forma. Ele considera o restauro como a pior das destruições, como uma falsificação da obra, e justifica seu conceito apartir da afirmação que é impossível recostruir o que foi perdido, o que se consegue com a restauração é uma imitação do que existia e isto é falso, pois o espírito da obra não será o mesmo. Para Ruskin o destino de todo monumento histórico é a ruína, e a desagregação progressiva a restauração era considerada uma consequência do abandono da humanidade.

“ O culto às ruínas se exprime em todo o seu romantismo quando Ruskin propõe uma reflexão sobre o valor dos trabalhos de restauração sobre o antigo estado da edificação, pois acreditava que aqueles remanescentes possuíam o encanto do mistério do que teriam sido e a dúvida do que teria se perdido.(...) As ruínas se tornam sublimes a partir dos estragos, das rachaduras, da vegetação crescente e das cores que o processo de envelhecimento confere aos materiais da construção. A ruína é o testemunho da idade, do envelhecimento e da memória, podendo nela estar expressa a essência do monumento.” OLIVEIRA, 2008.

Baseando-se neste preceito o presente trabalho deve aprender a trabalhar a pré-existência, não alterando seu projeto original mas aplicando métodos de conservação para que este continue preservado da ação do tempo, mas não a alterar a sua origem para que a edificação volte a se parecer com a forma de sua concepção original, isto seria apenas imitar o passado, e seria impossível conseguir o mesmo efeito original.

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LEITURAS PROJETUAIS

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As leituras projetuais foram selecionadas a partir do conceito de intervenção em edifícios que possuem um grande valor cultural para a cidade, grandes galpões e complexos que mudaram de uso, se tornaram equipamentos culturais, educacionais e de lazer. Foram escolhidos projetos que abordaram o existente e o novo de formas distintas, não apenas reproduzindo o antigo, mas destacando o que foi inserido e sua relação com que já existia. Se utilizando de cores, materiais e texturas para destacar esta diferença, e ao mesmo tempo criando uma atmosfera de harmonia entre o conjunto. Além disso o estudo levou em consideração o programa de necessidades dos projetos, procurando os que compartilhassem da mesma forma de ocupação, para que se torne viável uma comparação e assim a realização do pré dimensionamento e viabilização dos edifícios da Fazenda. Buscou-se objetos que oferecessem novas formas de vedação e cobertura para os edifícios com um alto grau de degradação, assim como novas soluções de preservação e manutenção dos mesmos. Para a inserção de um novo edifício, a Biblioteca, inserida no terreiro de café, utilizou-se como referencia o projeto da Biblioteca de São Paulo, no Parque da juventude, como idéia de iluminação, ventilação e mobiliário. Assim como sua relação com o parque.

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SESC POMPÉIA

Projeto de Lina Bo Bardi e Marcelo Ferraz. 1977 São Paulo, Brasil

PROGRAMA 1- Conjunto esportivo 2- Lanchonete, vestiários, sala de ginática 3- Torre da caixa d’agua 4- Deck 5- Almoxeriifado e Oficinas 6- Atelier de cerâmica, pintura, marcenaria, tapeçaria. 7- Laboratórios Fotográfico, estudio musical, sala de dança, 8- Teatro 9- Vestiário 10- Restaurante 11- Cozinha Industrial 12- Vestiário e Refeitório 13- Estar e Lazer 14 - Biblioteca de Lazer 15 - Galpão de Exposições 16 - Administração

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Imagem: Rua principal que é utilizada de diversas formas, para festas, encontro, ligações entre outros. Fonte: Pedro Kok

O Galpão que se «abre» e vira praça. Fonte: FERRAZ, 1996 Espaço reservado à leitura e recreação. Fonte: FERRAZ, 1996

Telhas Transparentes criam a atmosfera de ambiente aberto. Fonte: Pedro Kok

«Manter e recuperar a velha fábrica, intervindo através da perspectiva contemporânea» (Lina Bo Bardi, 1986) «O SESC Pompéia tem um poderoso teor expressionista, isto vem de minha formação européia. Mas eu nunca esqueço o surrealismo do povo brasileiro, suas intervenções, seu prazer em ficar todos juntos, de dançar, cantar. Assim dediquei meu trabalho da Pompéia aos jovens, crianças, á terceira idade: todos juntos.»(Lina Bo Bardi, 1997). Não só o edifício foi preservado, mas também o convívio que ali acontecia, Lina se preocupou em manter os espaços coletivos para ampliar sua capacidade de uso, o SESC Pómpeia ampliou sua dimensão urbana, não só pelo seu tamanho,mas também pelos equipamentos inseridos, uma intervenção arquitetônica de caráter urbano. Lina deixa bem claro a sua intervenção, se utiliza do reuso para adequar os galpões as necessidades da sociedade, mas não apenas faz uma reconstrução do que era o projeto original, ela aplica a sua intervenção de um modo harmonico aos edifícios existentes, e ao mesmo tempo amplia o programa o adequando a necessidade do local. É este ideal que busco para a intervenção na Tulha de café, adequar o espaço sem necessariamente ter que reconstruir o edifício.

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CONJUNTO KKKK

Projeto de Marcelo Ferraz. 2001 Registro, SP, Brasil

Marcelo Ferraz diferencia os elementos de sua intervenção através das cores, assim como Lina Bo Bardi, e também utiliza materiais diferentes do conjunto inicial, para definir exatamente o novo e o existente. Ainda insere um edifício novo, funcionando como um teatro, que tem a opção de platéia ao ar livre, reduzindo a distância e integrando o novo ao existente. Para interligar os galpões se utiliza de uma marquise que não «toca» no edifício existente, respeitando-o, além de organizar e destacar os espaços de circulação e tem a mesma intenção de se diferenciar do conjunto histórico. As Árvores se incoorporam ao piso, originando um espaço uniforme, sem a interrupção dos chamados canteiros.

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A Implantação do novo edifício está alinhado aos existentes, criando uma composição de um espaço em conjunto, agregando as edificações.

Imagens pag 22 e 23 fonte: Brasil Arquitetura


«O programa de uso foi elaborado em conjunto com a Prefeitura Municipal de Registro e com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, através da FDE (Fundação para o Desenvolvimento do Ensino). Reúne um centro de formação de professores da rede estadual de ensino, um centro de convivência dos habitantes e o Memorial da imigração Japonesa do Vale do Ribeira.» BORGEA,2007 Os Galpões K1 - K2 e K3 - K4 eram serapados por uma circulação, Marcelo Ferraz cria um jardim e fecha-o com painéis de muxarabi.

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BIBLIOTECA DE SÃO PAULO - PQ. DA JUVENTUDE

Projeto de Aflalo & Gasperini - Purarquitetura São Paulo, Brasil

Desenvolvido pela Purarquitetura, possui área de 4,2 mil m² sendo em dois pavimentos: o térreo, envidraçado, e o superior, com aberturas constituidas por painéis pré-fabricados, dando unidade ao conjunto. “Nesse projeto, os arremates foram muito importantes, pois os materiais brutos poderiam comprometer o acabamento. Criamos dobras para esconder a junção dos painéis com o concreto e arremates precisos junto aos caixilhos”, explica a arquiteta Karen de Abreu. (Pura Arquitetura, 2012) e continua, “O volume do prédio foi definido pelas duas fachadas assimétricas: de um lado ela cobre o terraço e, do outro, descobre. Essa é a graça do edifício, que também se destaca pelos painéis com pigmentação vermelha, que contrasta com o concreto dos pavilhões originais.” A estrutura deixa um grande espaço, dando flexibilidade ao edifício, para que o mesmo possa ser utilizado para diversas finalidades. A partir de 2010, o prédio foi ocupado pela Biblioteca de São Paulo, que concentra mais de 30 mil livros.

o Layout é flexível, deixando o mobiliário “solto” e ainda permite a visão do usuário por todo o espaço.

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Ventilação por Sheds, aplicada apenas no pé direito duplo, ao centro do edifício, sob a área de circulação.

Fonte Imagens: PuraArquitetura

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LOCALIZAÇÃO

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TULHA DE CAFÉ - FAZENDA BAIXADÃO RIBEIRÃO PRETO SP PÁG. 27


A Tulha está localizada no centro da Fazenda Baixadão esta situa-se na Zona Oeste de Ribeirão Preto, mais precisamente no subsetor 12, numa distancia de aproximadamente 4.500 metros do quadrilátero central, a maior parte de suas terras foram loteadas e formaram diversos conjuntos habitacionais da Prefeitura Municipal de Ribeirão em parcerias com a COHAB e o programa habitacional Minha Casa Minha Vida (Gov. Federal) Importantes vias de acesso fazem limites com o entorno, como a Rodovia Pref. Antônio Duarte Nogueira, Rod Mário Donegá, Avenida Bandeirantes e Avenida Dom Pedro, essas duas últimas fazem a ligação bairro ao centro da cidade.

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CONSIDERAÇÕES PARA O PROJETO PÁG. 29


O PARQUE E A CIDADE

Relação com os parques do Município

Um parque linear que se estende ao longo de um córrego acaba ganhando um proporção a nível de cidade, é fácil reconhecer sua proporção próxima aos outros parques da cidade. Interligando a Fazenda Baixadão ao parque Tom Jobim, ao longo da extensão do córrego dos campos facilita seu acesso a população, esta interligação ocorrerá através de ciclovias e ciclo faixas, além de equipamentos distribuídos ao longo do percurso.

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RELEVO Considerada uma região plana com declividade média de 10%, Sugundo FIPAI 1998, o instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)(1998) classificou o relevo local como morros amplos com encostas suavizadas. A carta de declividade da sub bacia do córrego dos campos inserida na bacia hidrográfica do Ribeirão Preto, indica os seguintes intervalos 0,0 a 5,0%, 10,0% a 15,0% , 15,0% a 20,0%. A declividade na região varia de 5,0% a 10,0%. O solo superficial na área do córrego é o Solo Argiloso Siltoso Cinza, já no restante da área possui grande maioria de Latossolo Vermelho Amarronzado a Roxo. O conjunto histórico está localizado em uma área de várzea e alguns edifícios estão inseridos na área de preservação permanente consequentemente próximos ao córrego, uma área propensa a alagamentos nos períodos considerados chuvosos em Ribeirão Preto, de Outubro a Março, para minimizar estes efeitos e preservar o conjunto é necessário a implantação de duas lagoas de contenção, já previstas no projeto inicial do loteamento e que até a presente data não foram executadas. Outra medida adotada no projeto é prever uma área de alagamento que sazonalmente estaria cheia ou seca, localizada e detalhada afrente do presente trabalho.

Imagem: Arquivo Pessoal

Imagem: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto PÁG. 31


Evolução Urbana

Área urbanizada possui um total de 9.027 unidades de domicílios particulares ocupados. A população urbana residente na sede municipal, é total de 30.036 pessoas. Sendo, 14.612 Homens e 15.424 Mulheres. Total de 6.073 com idade de 25 a 34 anos, sendo 2.940 homens e 3.133 mulheres. E 2.148 pessoas com idade acima de 60 anos, sendo 1.257 mulheres e 891 homens. Além de, 4.683 crianças e adolescentes com idade entre 5 a 19 anos O Sub Setor - O 12 no Censo de 2000, possuia 3.546 domicílios e 13.001 habitantes nesse setor; no último Censo 2010 ocorreu um aumento para 9.842 domicílios e 30.036 habitantes. Um crescimento de 177,55% domicílios e 131,02% população. Destaca-se através destes dados que a área estudada possui uma população jovem e que houve em grande aumento de pessoas em dez anos.

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Na área em estudo as restrições estão no entorno do córrego, quanto as questões de APP (dimensões já consolidadas devido construções lindeiras). Conforme Código Ambiental : Art. 277 As Faixas de drenagem deverão obedecer aos seguintes requisitos essenciais: I- apresentar largura e conformação que atenda à necessidade de implantação de metodologia para retenção do excedente hídrico gerado pela urbanização à montante do local considerado; II- para determinação da vazão de água pluvial no ponto considerado, a bacia hidrográfica de ser trata como totalmente urbanizada, conforme diretrizes definidas na lei municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo; III- o dimensionamento deverá levar em consideração a condição mais crítica para uma vazão com recorrência centenária; IV- o dimensionamento deverá estar sob responsabilidade técnica de profissionais habilitados; V-O poder Executivo deverá promover estudos do comportamento hidrológico das bacias e sub-bacias hidrográficas do Município, disponibilizando para a comunidade.

A área é classificada como Zona de uso Disciplinado e de grande afloramento de Basalto. Os fatores considerados riscos ambientais são os poços desativados, postos de combustíveis e centro de triagem de residuos sólidos recicláveis. Região com recursos naturais como nascentes, poços tubulares profundos e públicos , curso d’agua e uma pequena represa. A região é também classificada como de planície aluvionar / campo de várzea.


FIGURA FUNDO

ALTO DO IPIRANGA

250

30 100

500 PÁG. 33


HIERARQUIA VIÁRIA

As principais vias de acesso a área são as: Rodovia Pref. Antônio Duarte Nogueira, Rod Mário Donegá, Avenida Bandeirantes e Avenida Dom Pedro, essas duas últimas fazem a ligação bairro ao centro da cidade. Uma problemática encontrada na área quanto a mobilidade urbana e a hierarquia viária são as transposições do leito férreo e da área da APP. Há apenas uma via arterial, pois a área não possui um fluxo intenso de veículos, geralmente é utilizada apenas por moradores, pois não possui nenhum atrativo que gere tráfego intenso. Com a implantação do parque seria necessário um estudo específico para identificar as vias sobrecarregadas e também a implantação de ciclovias e ciclo faixas. PÁG. 34


USO DO SOLO

O mapa esta representado por predominância de quadras, não existe na região um aglomerado de comercio e serviço, porém em quase toda quadra existe 1 lote com uso misto, em sua maioria comércio na frente e residência ao fundo. Há uma frequência na tipologia das edificações que são geralmente térreas, possuindo alguns edifícios com gabarito de até 4 pavimentos.

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ÁREAS VERDES E INSTITUCIONAIS

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Áreas Institucionais

Áreas Verdes A área de estudo é bastante farta em áreas verdes e nos faz imaginar um local agradável para se caminhar, mas na realidade são grandes áreas com mato alto e entulho atraindo animais nocivos a saúde da população. Os bairros que estão localizados ao redor do parque, principalmente o Jd. Paiva I, o Paulo Gomes Romeu e o Jd. Paiva II não possuem praças ou equipamentos de lazer em uso. Além de estarem abandonadas a maioria das áreas verdes não possui passeio público, inclusive por toda a extensão do parque Rubem Cione, que foi proposto pela da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto para a ocupação das terras da Fazenda Baixadão, projeto este que a cinco anos tem sido promessa de implantação.

«O Sr. Nunes relembra da mata que existiu, foi incendiada na década de 1970. Seus remanescentes atuais acham-se restritos a poucas árvores de cerrado.» (Gonçalves, 2007).

A Fazenda possuía diversas espécies de fauna e flora, com a implantação do loteamento e falta de conhecimento muito se perdeu. A área remanescente da fazenda ainda guarda um pouco destas características ambientais que aos poucos vão sendo descaracterizadas pela poluição e o descaso do poder público.

No mapa abaixo, todas as áreas em azul são institucionais, mas poucos possuem equipamentos implantados, a grande maioria está vazia propensa a acumulo de entulho e lixo. Uma área que como já foi discutido na análise sócio cultural possui 30.036 habitantes oferece uma demanda muito alta de serviços públicos, seja educacional, social ou de saúde e os poucos equipamentos acabam não atendendo a toda a população que ainda depende do centro.

É importante relacionar estes equipamentos a área de intervenção, alguns estão muito próximos e deve ser previsto um ligação urbana entre eles. Como no caso da UBS Paiva, que era a casa sede da Fazenda Baixadão, da escola Paiva II e da creche prof. Carmem Ap. Ramos que fazem divisa com o parque.

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O LOTEAMENTO Toda a área ocupada pela Fazenda Baixadão foi gradativamente parcelada e ocupada por vários conjuntos habitacionais populares, este processo teve início nos anos 80. A proposta inicial do loteamento «Fazenda Baixadão» era a divisão da área em 3 etapas, que teria um total de 6.346 lotes em uma área de 2.917.154,21 m². Como apenas a Etapa I tinha a propriedade da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e já desmembrada do restante da área pertencente ao Espólio de Fernando Clemente de Oliveira Paiva e outros, e não houve acordo perante compra e venda do empreendimento, então o projeto se desenvolveu primeiramente na área definida como Etapa I, esta área foi dividida em duas, o que resultou na construção do Jardim Paiva I e II, desenvolvido através de mutirões construtivos. As primeiras etapas foram entregues em 2001 e a as últimas em 2008. Os lotes foram projetados paralelamente ás curvas de níveis, procurando conseguir maiores declividades no sentido das ruas, facilitando o escoamento do esgoto sanitário, e minimizando em cada lote os volumes de terraplenagem, os lotes possuem área média de 200,00 m².. Posteriormente todo a área da Fazenda foi loteada, apesar de propostas diversas todos os empreendimentos são habitações de interesse social.

Fotos: Entrega casas Jardim Paiva I, 2002 Fonte:Governo de São Paulo

Mapa: Etapas de implantação do projeto Fazenda Baixadão Fonte: FIPAI. Fazenda Baixadão. EIA. Ribeirão Preto. 1998.

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DESCRIÇÃO DO COMPLEXO CULTURAL PÁG. 39


A FAZENDA

Na Segunda metade do século XIX a cultura do café foi a principal atividade econômica da região nordeste do Estado de São Paulo. Esse potencial foi intensificado na cidade com a chegada dos trilhos da Companhia Mogiana em 1883. A ferrovia levava o café até o porto de Santos e da mesma forma beneficiava a vinda dos imigrantes a procura de trabalho nas lavouras de café. Nesse contexto de produção de café a Fazenda Aliança do Baixadão, de propriedade de Antônio Cândido Paiva, segundo informações da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, possuía em 1904, 148 alqueires e 146.864 pés de café, 40 trabalhadores nacionais e 40 estrangeiros. Com os efeitos da crise de 1929, o café foi gradativamente substituído por outras culturas, dentre elas a plantação da cana de açúcar e a produção de aguardente «No pátio entravam os caminhões. A cana era descarregada em uma esteira. Havia o túnel por onde saía a cinza em baixo da chaminé do engenho» (Gonçalves, 2007). PÁG. 40

Imagem Fazenda Baixadão. Fonte: Arquivo Onésimo C. Lima

Com os efeitos da crise de 1929, o café foi gradativamente substituído por outras culturas, dentre elas a plantação da cana de açúcar e a produção de aguardente «No pátio entravam os caminhões. A cana era descarregada em uma esteira. Havia o túnel por onde saía a cinza em baixo da chaminé do engenho» (Gonçalves, 2007). Segundo a Prefeitura Municipal de Ribeirão preto, desde 1990 a cana de açúcar não é replantada, uma das últimas culturas foi o plantio de soja, que também foi abandonado nos últimos anos. A Fazenda possui construções do século XIX ao final do século XX, as construções existentes são respectivamente: tulha de café, quatro galpões de engenho, casa sede e três casas de colonos, que somados registram dois momentos econômic0s importantes para a região: o ciclo do café e o cliclo da cana de açúcar..

“Falam da vila da Fazenda com cerca de 160 casas. Relatam como era seu trabalho e seu cotidiano do contrato para cuidar do café. Relembram como viviam suas famílias quando eram crianças, quais eram os conflitos entre colonos e proprietários, as festas e o esforço de acumulação para deixar de ser colonos.”(Gonçalves, 2007) Há também a casa sede principal, localizada do outro lado do vale,, que atualmente abriga a UBS Jardim Paiva, que será inclusa no projeto apenas como referência, não havendo uma intervenção em seu uso ou edificação. Os edifícios e a natureza formam uma paisagem que caracteriza a história do local, assim como testemunham um longo periodo da história da cidade e de sua região. Representam um potencial enquanto sítios históricos e ambientais de grande valia para a preservação da memória do Município. Principalmente a Tulha de café, localizada ao centro da Fazenda em frente ao terreiro, utilizada para ensacar e armazenar o café, uma das primeiras construções edificadas.


TULHA E TERREIRO DE CAFÉ

Imagem planta de 1931. Fonte Arquivo Municipal de Ribeirão Preto

Imagem Fazenda Baixadão. Rótulos de cachaça fabricada na fazenda Fonte: Arquivo Onésimo C. Lima

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VEGETAÇÃO

MAPA DE IMPLANTAÇÃO EXISTENTE

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EDIFÍCIOS EXISTENTES GALPÕES DE ENGENHO A, B e C o galpão D foi demolido em 2013 pela prefeitura

CASA SEDE DE FAZENDA

TULHA E TERREIRO DE CAFÉE

QUADRA DE ESPORTES

CASAS DE COLONOS 1, 2 e 3

ÁREA TOTAL = 256.854,35 m² Há 8 construções ao longo do terreno. Atualmente os galpões e a tulha de café estão abandonados, a casa sede e as casas de colonos encontram-se ocupadas ilegalmente por 7 famílias A quadra de esportes construida recentemente está abandonada.

B

B

D C

A 1

2

3

MAPA DE IMPLANTAÇÃO EXISTENTE

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O principal uso dos galpões era para a produção da aguardente Baixadão, mas também supriam as necessidades de outras culturas, como milho e feijão.

GALPÕES GALPÃO A Área Térreo: 246,05 m² PD= 4.10 m Área Mezanino: 25,20 m² PD= 1,34<2,87 Materiais: Pilares de concreto Contra piso concreto Paredes de bloco de concreto e tijolos Telhado de madeira Telha francesa Área externa: Pilares de PVC com concreto Piso de pedra Estado de conservação: Apresenta problemas na cobertura, principalmente na área da varanda, mas de maneira geral o galpão não tem possui maiores problemas construtivos.

Elevação Esc. 1:250

Planta Esc. 1:250

Corte Esc. 1:250

GALPÃO C Área Térreo: 250,70 m² PD= 6.00 m Materiais: Pilares de tijolo, Contra piso concreto, Sem paredes, apenas muro de arrimo, Telhado de madeira, Telha de fibrocimento Área externa: Pilares de PVC com concreto Piso de pedra Estado de conservação: Por ser um edifício aberto acaba se deteriorando mais facilmente através da ação do tempo e de vândalos, atualmente resta uma pequena parte da estrutura do telhado e nenhuma cobertura.

Elevação Esc. 1:250

GALPÃO B

Planta Esc. 1:250

GALPÃO C

Elevação Esc. 1:250 PÁG. 44

iMPLANTAÇÃO ESC.1:500

GALPÃO A


Imagens Galpão B 2008. Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto

GALPÃO B Área Térreo: 329,90 m² PD Salão1= 3.50 m PD Salão 2= 4.40m Materiais: Pilares internos de madeira Contra piso concreto Paredes de bloco de concreto e tijolos Telhado de madeira Telha de barro e de fibrocimento apenas na torre. Estado de conservação: Deve-se reconstruir todo o telhado da edificação e da torre, é necessário ainda fazer alguns reparos nas muretas exteriores,

Elevação Esc. 1:250

Imagens: Galpões de Engenho 2013. Fonte: Arquivo Pessoal

Planta Esc. 1:250

Corte Esc. 1:250

Corte Esc. 1:250

Elevação Esc. 1:250

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CASA SEDE

E

QUADRA ESPORTIVA

CASA SEDE Área Térreo: 215,85 m² PD= 3.73 m Materiais: Piso cimentado, Forro de madeira, Guarda corpo em ferro, janelas e portas de madeira Parede de tijolo, Telhado de madeira Telha francesa. Estado de conservação: A casa sede rotineiramente é alvo de invasões, mas provavelmente devido a estes moradores ela é um dos edifícios que talvez esteja menos degradado, apesar de lhe faltar algumas janelas.

iMPLANTAÇÃO ESC.1:500

Imagem Casa Sede 2013. Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem Casa Sede 2008. Fonte: PMRP

QUADRA ESPORTIVA Construida em 2012 é uma construção nova e sem uso, executada pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto a fim de iniciar as obras do Parque Ruben Cione que é uma proposta de implantação desde 2004, e que continua parada. Localizada ao lado do terreiro, foi implantada neste local por ter uma suavidade na inclinação do terreno.

Imagem Quadra 2013. Fonte: Arquivo Pessoal

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iMPLANTAÇÃO ESC.1:500


CASA 1 Área Térreo: 178,77 m² PD= 2.90 m Materiais: janelas e portas de madeira Parede de tijolo Telhado de madeira,Telha de barro Estado de conservação: A casa 1 é a maior casa de colonos, devido a muitos anos sem manutenção as paredes em alguns pontos estão desmoronando, deixando a casa quase em ruinas. CASA 2 Área Térreo: 141,95 m² PD= 2.32m<3.36 m Materiais: janelas e portas de madeira Parede de tijolo Telhado de madeira,Telha de barro Estado de conservação: Há uma família habitando a casa, mas não foi encontrado dados suficientes para analisar a situação estrutural da casa. CASA 2 Área Térreo: 130,71 m² PD= 2.28m < 3.36 m Materiais: janelas e portas de madeira Parede de tijolo Telhado de madeira,Telha de barro Estado de conservação: Há uma família habitando a casa, mas não foi encontrado dados suficientes para analisar a situação estrutural da casa.

PLANTA ESC.1:250

Imagem Casa 1 em 2000 Fonte: Onésimo C. Lima

PLANTA ESC.1:250

Imagem Casa 1 em 2012 Fonte: EPTV

Imagens Casa 2 em 2000 Fonte: Onésimo C. Lima

CASA 2 PLANTA ESC.1:250

Imagem Casa 3 em 2000 Fonte: Onésimo C. Lima

CASAS COLONOS

CASA 3

CASA 1

iMPLANTAÇÃO ESC.1:500

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TULHA

E

TERREIRO DE CAFÉ

Área Porão: 212,57 m² PD= 2.00m Área Térreo: 418,84 m² PD= 3.86 m Área Mezanino: 189.03m² PD= 3.89m Materiais: janelas e portas de madeira Parede de tijolo Telhado de madeira Telha Fibrocimento Estado de conservação: A tulha de café é uma das construções mais antigas da Fazenda Baixadão, mas o que realmente contribuiu para sua degradação foram os atos de vandalismo, pois atualmente encontra-se sem a maioria do telhado, pois o mesmo foi roubado e parte dele pegou fogo, assim como grande parte de seu madeiramento incluindo o mezanino que não possui uma estrutura estável. O piso do terreiro era de lajotas de barro, que se ainda existir, está totalmente tomaado por mato alto, impossivel de se visualizar.

Imagens Tulha de Café pag. 40 e 41. Data: ano 2000 Fonte: Arquivo Onésimo C. Lima

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iMPLANTAÇÃO ESC.1:750


A tulha de café é o mais importante edfício da fazenda Baixadão, culturalmente ou históricamente, as imagens e desenhos mostram como ela encontrava-se no ano 2000, o abandono, a falta de fiscalização e o tempo contribuiram para a sua degradação.

ELEVAÇÃO ESC.1:250

ELEVAÇÃO ESC.1:250

PLANTA PORÃO ESC.1:250

PLANTA TÉRREO ESC.1:250

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Os desenhos representam como era o projeto original da Tulha, com a ação do tempo agora encontra-se sem toda a cobertura, com a estrutura do telhado instável assim como a do mezanino e da ponte que faz ligação do mesmo ao terreiro de café, por onde era utilizado para transportar o café através de trilhos.

CORTE ESC.1:250

Imagem de parte do Porão aberto.

CORTE ESC.1:250

Imagem entrada mezanino, parte da estrutura pegou fogo e foi roubada

PLANTA MEZANINO ESC.1:250

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Imagem Mezanino estruturalmente comprometido.

Imagens de 2013, fonte: Daniel do Carmo


Imagens de 2013, fonte: Daniel do Carmo / Arquivo Pessoal

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ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DO PARQUE

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Analisado anteriormente através dos mapas de estudo de uso do solo, áreas verdes e áreas institucionais, nota-se uma grande carência de equipamentos culturais, institucionais e sociais ao longo dos bairros Jd. Paiva I e II, Paulo Gomes Romeu e Planalto Verde. Bairros estes que foram fruto de programas de habitação sociais e desfavelamento. É necessário criar uma identidade a esta população, fazendo com que a sociedade acolha os edifícios da Fazenda como extensão da habitação. A área não possui nenhuma escola profissionalizante, biblioteca ou espaços para apresentações e shows, por isto estes equipamentos foram inseridos no programa. Há uma necessidade de equipamentos sociais, como locais para atendimentos da COHAB, atendimento a família e reuniões da comunidade.

A cinco anos a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto divulga a instalação do parque Ruben Cione no local da Fazenda, o mesmo teria 256.854,35 m² de área e um programa estudado para melhor atender ao local, inicialmente ocuparia toda a área, após estudos viu-se que a verba destinada não seria sufiente para a implantação do projeto, então optou-se pela divisão do parque, restaurando e dando novo uso aos edifícios históricos. O presente trabalho baseou-se nestes estudos para criar o programa de necessidades, mas em nada foi influenciado, apenas para entender a comunidade que vive no local e qual a seria a sua relação com o parque.

O PROGRAMA

Foi adotando este raciocínio que na área dos quatro galpões de engenho optou-se por inserir uma escola técnica, com cursos profissionalizastes. Na casa sede estaria localizada um memorial da fazenda, com lembranças da identidade local e do auge da Fazenda Baixadão. Nas casas de colonos irá funcionar um centro comunitário e a administração do complexo. A Tulha de café será mantida e conservada como ruína e terá sua em sua área caminhos para a contemplação do edifício no terreiro será edificado uma biblioteca e um auditório para a utilização de toda a comunidade, ainda no terreio será destinada um área livre para abrigar shows e eventos a partir de uma estrutura temporária. Além dos edifícios existentes ao longo do parque será inserido equipamentos de esporte e lazer além de locais para encontros e contemplação. LEGENDA OFICINAS PROFISSIONALIZANTES

CASA SEDE - MEMORIAL DA FAZENDA

BIBLIOTECA - CONTEMPLAÇÃO - AUDITÓRIO SHOWS E EVENTOS - ENCONTROS QUADRA DE ESPORTES

CENTRO COMUNITÁRIO E ADMINISTRAÇÃO

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

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PROGRAMA DE NECESSIDADES 1- Salas de aula 2-Convivência e apoio 3-Restaurante 4-Laboratórios

IMAPLANTAÇÃO ESC.1:2000

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Memorial Fazenda Baixadão

1- Tulha Contemplação e encontros 2- Biblioteca e Auditório 3- Praça seca destinada a shows e eventos

1- Atendimento COHAB- RP e reuniões da cominidade 2- Centro de referência da assistencia social - CRAS. 3-Administração e Segurança 4- Quadra de esportes


ACESSO AO PARQUE

Ao longo de sua extensão são criados recuos para estacionamento, pois as ruas ao seu entorno são avenidas de duplo sentido. Estes recuos também abrigarão equipamentos para bicicletas. As ciclovias cortam todo o parque, e se extendem interligando ao campus da USP e ao Parque Tom Jobim. O parque ocupa uma área total de 256.854,35 m² consideravelmente grande comparado aos outros parques de Ribeirão Preto, é necessário pensar nos acessos e na sua relação com a cidade. O conceito é de receber as pessoas que ali passam fazendo com que o passeio alargue-se em determinados momentos convidando a entrar.

A)

UERD

AV. RENÊ OLIVA STRANG

A ESQ (PIST AV. A

AV. A (PISTA DIREITA)

IMAPLANTAÇÃO ESC.1:2500

O caminho principal que interliga todo o complexo (em cinza) está em sua maioria em um nível, o deixando mais propicio para caminhadas, já as trilhas são caminhos alternativos para o visitante eu se interessa por explorar o parque.

ÁREAS INSTITUCIONAIS

ÁREAS VERDES

ACESSO VEÍCULOS E PEDESTRES

TRILHAS

CICLOVIA

CAMINHOS ACESSO PEDESTRE

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O PROGRAMA E AS ÁREAS

LEGENDA FUNCIONÁRIOS ÁREA DE PÚBLICO SALAS DE AULA SANIT. PÚBLICO Á CONSTRUIR COZINHA

IMAPLANTAÇÃO ESC.1:500

GALPÃO A - Laboratórios 2 Laboratórios de 67.00m². Apoio 29.10 m² com mezanino PD= 1.34. Sanitários 29.36 m². GALPÃO B- Salas de Aula 4 Salas de 65.00m² ou 6 salas de 40.00 m² +Anexo de entrado com apoio, 65.00m² PÁG. 56

GALPÃO C - Convivência SANITÁRIOS+APOIO = 35.00 m² Podendo ter também um piso superior devido ao pé direito de 6.00 m, dobrando para 70.00 m². Área livre de 155.00m²

SEDE - Memorial Fazenda Baixadão Área de exposição - 114.93 m² Área funcionários - 35.40 m² Área Café - 21.20 m² - Um Sanit - 5.27m² RESTAURANTE Á CONSTRUIR Sanit. Público- 23.00 m² Vestiário Funcionários - 20.55m² Cozinha Industrial - 50.78 m² Área de Público - 83.00 m²


PLANTA CASA 1 ESC.1:250

SANITÁRIO E COPA 26.50 m² ATENDIMENTO COHAB 62.00 m² REUNIÕES COMUNIDADE 70.32 m²

PLANTA CASA 2 ESC.1:250

SANITÁRIO E COPA 21.16 m²

ATENDIMENTO SOCIAL 97.60 m²

PLANTA CASA 3 ESC.1:250

SANIT. COPA E DEP 26.66 m² ADMINISTRAÇÃO 42.33m² SEGURANÇA 40.54 m²

NOVO EQUIPAMENTO Subsolo: 450 m ² Auditório + Apoio Térreo Livre: 60 m² - Estrutura de concreto oca, para deixar o térreo livre Sanitários + Circulação 1°Pav.: 450 m² Biblioteca+Apoio 60m² Sanitários + Circulação SANITÁRIOS E CIRCULAÇÃO BIBLIOTECA+APOIO

TULHA DE CAFÉ Área: 410 m² Espaço destinado a encontros, comtemplação, leitura e passeio. Sua área se extende a partir de platôs que “abrem” a tulha para o exterior

IMAPLANTAÇÃO ESC.1:500

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FASES DE IMPLANTAÇÃO

O projeto de execução foi definido em 3 fases, destas este trabalho propõe o detalhamento apenas da Etapa 1, que por possuir a construção mais degrada e significativa deverá estar na primeira fase do projeto. Na Etapa 1 será realizada a remoção das estruturas instáveis, como restante do madeiramento do telhado e do mezanino, assim como o processo de conservação da Tulha de Café, mantendo sua estrutura segura para o uso da comunidade. Após este processo será executado os caminhos em estrutura metálica e revestimento em madeira, formando uma ligação com os decks do parque. Na etapa 1 será aplicada também a construção de uma edificação nova, uma biblioteca no 1° Pavimento com térreo livre e um auditório no Subsolo, construída em estrutura metálica com pilares em concreto armado. Ainda nesta etapa deverá ser executada a limpeza e nivelamento do terreiro de café, que receberá eventos temporais.

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

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OFICINAS PROFISSIONALIZANTES

ATENDIMENTO A COMUNIDADE

BIBLIOTECA E AUDITÓRIO

MEMORIAL FAZENDA BAIXADÃO

TULHA DE CAFÉ

PONTOS DE ENCONTROS COM APOIOS

CÓRREGO DOS CAMPOS

CICLOVIA FAZENDO A LIGAÇÃO DO PARQUE COM O CAMPUS DA USP E O PARQUE TOM JOBIM

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IMPLANTAÇÃO

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ETAPA 1


CONCEITOS

A Tulha de Café será conservada em seu estado atual, retirando apenas estruturas em madeira remanescentes da cobertura e mezanino, que apresenta uma grande degradação e instabilidade. Mantendo a vegetação que “invadiu” a Tulha, será apenas requalificado a paisagem e o espaço para que os caminhos possam ser viabilizados. Abrindo o porão da Tulha, o piso do térreo que fechava o porão será retirado, dando assim uma visão para o mesmo, mantendo a estrutura de madeira que da suporte e também a vegetação que tomou conta do local. Ligação da tulha ao terreiro através de uma ponte de estrutura metálica com fechamento em madeira tipo deck, para resolver a diferença de níneis criando uma rampa que não deve “tocar” no edifício tendo sua estrutura independente. Esta “ponte” será a principal ligação ao novo equipamento que está inserido no terreiro de café, e sua principal cinculação deve seguir o alinhamento de entrada na tulha de café, uma ponte de ligação entre o novo e o existente. Criação de um novo edifício, uma biblioteca que será de estrutura metálica, utilizando a viga Vierendeel que funciona como se fosse um quadro rígido com todas as articulações enrijecidas, permitindo que o conjunto possa receber um carregamento maior ou vencer um vão maior. O fechamento será com vidro, para amenizar os efeitos da insolação optou-se por criar revestimentos em painéis de correr em alumínio perfurado, funcionando como uma brise.

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IMPLANTAÇÃO O novo e o existente:

A implantação de um novo edifício deve manter um respeito ao existente que está localizado dentro da área de preservação permanente, logo afrente da Tulha de café foi o local escolhido para a inserção da biblioteca, que mantem os mesmos eixos da tulha de café. e respeita a APP, estando em uma cota acima. A ligação acontece pelo terreiro de café, onde suas circulações principais de cruzam, criando uma ligação indireta entre as obras.

Foram criados decks e platos para a ligação da tulha ao terreiro e aos caminhos, visto que sua ligação original estava instável e muito degradada, optou-se então por sua retirada. O que também contribuiu para a acessibilidade do edifício, através de rampas e para descer no nível 0,00 optou-se pela utilização de uma plataforma elevatória para vencer o desnível de 3,40 metros.

APOIO

LIVROS APRESETAÇÕES

LEITURA

FUNCIONÁRIOS

CIRCULAÇÃO

PROGRAMA:

LEGENDA RUA DE PEDRA PARA ACESSO DE PEDESTRES E CARROS DECK DE MADEIRA COM ESTRUTURA METÁLICA INTERIOR TULHA DECK DE MADEIRA COM ESTRUTURA METÁLICA FORMANDO OS CAMINHOS IMPLANTAÇÃO ESC. 1:500

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VEGETAÇÃO


DADOS GEOCLIMÁTICOS Analisando a insolação do novo edifício, viu-se que em todas as suas faces haverá em algum momento a incidência do sol, muito desfavorável para uma biblioteca, então todas as faces do edifício serão envolvidas por painéis de correr em alumínio perfurado, que funcionará como uma brise nos momentos de insolação intensa, e a noite, ou em dias nublados estes painéis poderão ser abertos revelando sua total transparência.

Direção dos ventos Fonte: http://www.windfinder.com

Carta Solar Fonte: Sol-Ar

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

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IMPLANTAÇÃO

LEGENDA RUA DE PEDRA PARA ACESSO DE PEDESTRES E CARROS DECK DE MADEIRA COM ESTRUTURA METÁLICA INTERIOR TULHA iMPLANTAÇÃO ESCALA 1:250

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DECK DE MADEIRA COM ESTRUTURA METÁLICA FORMANDO OS CAMINHOS VEGETAÇÃO


N

PLANTA TULHA DE CAFÉ ESC. 1:125

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1.60 DEPÓSITO

1.60

4.00

1.50

8.00

2.80

4.00

1.50 5.00

4.00 .70

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ELEVAÇÃO 1 ESCALA 1:200

ELEVAÇÃO 2 ESCALA 1:200

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ANÁLISE VENTILAÇÃO E CAPTAÇÃO DE ÁGUA Por se tratar de uma biblioteca onde a iluminação e ventilação devem ser controldas, optou-se pela utilização de sheds, onde ventilação natural é otimizada, um eficiente estratégia passiva de conforto em climas quentes como o de Ribeirão Preto, estes são constituídos por um material transparente, voltados para a sul e também sobrepostos pelo telhado, para evitar a insolação direta. A capitação da água da chuva acontecerá através dos próprios sheds, que transportarão até os pilares, que liberará a água no primeiro pavimento, fazendo com que ela caia até o térreo, onde deverá ser previsto seca-pisos para o recolhimento e encaminhamento da mesma.

VENTILAÇÃO

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA. Prevendo a inserção de ralos tipo gralhas

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Vista noturna, as perfurações criam diferentes projecões no piso do terreiro PÁG. 76


Relação entre o edifício novo e o existente, uma “ponte” de ligação, como principal circulação entre as obras. PÁG. 77


Criação de caminhos e platõs para qualificar a área interna e externa da tulha de café, mantendo a vegetação que acabou invadindo devido ao longo periodo de abandono. Utilização do espaço como contemplativo, também proporcionando encontros, áreas de leitura e descanço.

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No terreiro de café poderá acontecer shows e eventos temporários, além de possuir uma ampla área para reuniões, desenvolvimento de atividades de lazer e esporte.

Planos que se movem , o usuário define o ambiente e torna a biblioteca totalmente fechada, parcialmente ou transparente. Os paineis funcionam como uma brise, resolvendo insolação direta e também dão flexibilidade a edificação.

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Imagens dos paineis móveis de alumínio perfurado. Dando leveza a forte estrutura do edifício, presente na estrutura metálica tipo Vierendeel e nos dois grandes blocos estruturais de concreto.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto desenvolvido até o momento contemplou a criação de um equipamento urbano para revitalizar uma área degrada seja no sentido ambiental, social e de patrimônio. Devido ao foco na intervenção do patrimônio, fica a proposta de um futuro detalhamento do mobiliário urbano, dos equipamentos de ginástica, dos caminhos e da implantação da cliclovia interligando o parque ao campus da USP e ao Parque Tom Jobim, criando um grande parque linear ao longo do córrego dos campos discutidos apenas como diretrizes até o presente momento. O conceito refere-se não só apenas na recuperação da paisagem, mas também no sentido de intervenção e reabilitação do conjunto histórico, dando-lhes novos usos e possibilitando sua valorização e preservação, criando espaços de convívio e integração social. O foco do trabalho se deu na conservação da Tulha de café, que representa um importante período da história de Ribeirão Preto. A proposta mantém suas marcas do tempo, que agregam valor a sua concepção, qualquer forma de reconstrução iria, de alguma forma, alterar esta história. Assumindo a ruína ela se impõe como um importante marco no complexo da Fazenda. Tendo como partido a criação de decks e caminhos que aproximam e interligam os edifícios e a tulha será um importante elemento de conexão do parque, devido a sua localização privilegiada ao centro da Fazenda. Defronte foi implantado uma biblioteca e auditório no terreiro de café, agregando valor ao conjunto histórico e possibilitando o seu uso, garantindo seu acesso a toda a população de Ribeirão Preto, criando um espaço integrado, com possibilidades flexiveis de usos. PÁG. 82


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELNOU NETO, A.M. A intervenção arquitetônica em obras existentes. Semina: Ci. Exatas/Tecnol., Londrina,v. 13, n. 4, p. 265-268, dez. 1992. FIELDEN, Bernard M. Conservation of Historic Buildings Oxford, Elsevier, 2003.

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Proposta de projecto de decreto regulamentar que estabelece conceitos técnicos a utilizar nos instrumentos de gestão territorial - Direção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano - Portugal - 2008 FIPAI – Fundação para o Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento Industrial. Fazenda Baixadão. Estudo de Impacto Ambiental. Ribeirão Preto. 1998. BORGÉA, M. Esquecer para preservar - 2007- http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.091/181 Acesso em abril 2013 COSTA, C. S. Áreas Verdes: um elemento chave para a sustentabilidade urbana. A abordagem do Projeto GreenKeys. Arquitextos. São Paulo, 11.126, Vitruvius, nov 2010. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.126/3672>. Acesso em: 10 abril, 2013.

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CET Centro de Estudos Territoriais ISCTE. Politicas públicas de revitalização urbana. Disponívelem:<http://webcache.googleusercontent. com/search?q=cache:n0Uof4dGWG0J:www.qca.pt/fundos/download/conf_ppt/12_Revitalizacao_Urbana.pps+”revitalização+urbana+é+e ntendido,+sobretudo+como”&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br> acesso em Maio 2013. GONÇALVES. http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/11113/parque-zona-oeste/Acesso em maio 2013.

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