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& PONT VÍR ULA

CONCEIÇÃO LIMA A arte me inspira, a vida me define!

Pág. 1 - Conceição Lima - A arte me inspira, a vida me define!

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Pág. 2 - Publicidade - Grupo RS

Pág. 3 - Índice, Editorial e Expediente

Págs. 4 a 6 - Matéria de Capa

Págs. 7 a 9 - Posse de Conceição Lima na ARL

Pág. 10 - Ele conheceu outra... - Perce Polegatto | Poetas em Destaque: Alceu Bigato e Luzia Granato

Pág. 11 - Cantinho Literário de Bridon e Arlete

Pág. 12 - Um Berço da Democracia – Sérgio Roxo da Fonseca e Tais Roxo da Fonseca

Pág. 13 - Poetas em Destaque: Maria Luzia M. Graton, Idemar de Souza e Fernanda R-Mesquita

Pág. 14 - Poetas em Destaque: Maria Alice F. da Rosa e Adriano Pelá

Pág. 15 - Poetas Inesquecíveis – Alvim Barbosa e Antônio Ventura | Fotógrafa em Destaque: Carla Barizza

Pág. 16 - Aconteceu no “The Palace”, em São Carlos...

Pág. 17 - A História de Sadako

Pág. 18 - A Alegria da Maternidade | Anúncios: FRUTÃO e Ribergráfica

Págs. 19, 20 - Acadêmicos da Academia Ribeirãopretana de Letras

Págs. 21, 22 - Fotos do Sarau de Lançamento da 60ª. Revista Ponto & Vírgula

Pág. 23 - Publicidade - FUNPEC/RP

Pág. 24 - Foto em Destaque - Aline Cláudio

Outubro, novembro, dezembro e... acabou 2022!

No Brasil, milhares de pessoas se manifestam, em favor da democracia e da liberdade de expressão. Nós, da revista Ponto & Vírgula, também!!!

Liberdade de expressão para, através da palavra, manifestar nossa indignação.

Indignação contra o ódio e a violência e luta por mais amor.

Mais amor, fraternidade e boa vontade para lutar a favor do bem.

E assim, nós, poetas convictos da vitória do bem contra o mal, continuamos firmes na luta!

E é com muita alegria que destacamos e homenageamos CONCEIÇÃO LIMA!!!

CONCEIÇÃO LIMA, a Guerreira das Letras, que não se cansa de lutar e, de palavra em punho, vai desafiando o mundo, enfrentando obstáculos, sem jamais esmorecer!

Dotada de extrema sensibilidade e com dom divino da palavra é por todos admirada e sempre premiada!!

Um pouco mais sobre ela e os prêmios recebidos, conhecerão nas páginas que se seguem.

A todos os leitores, uma boa viagem pelas páginas de nossa “Ponto & Vírgula”!!!

Expediente

Direção Geral: Irene Coimbra de Oliveira Cláudio - irene.pontoevirgula@gmail.com

Edição: Ponto & Vírgula Editora e Promotora de Eventos | Diagramação: Aline Cláudio

Impressão: Ribergráfica - A Cor da Qualidade | Fotos de Capa e Matéria: Carla Barizza

Anuncie na Revista Ponto & Vírgula. Associe sua marca à Educação e Cultura! Mídias: Impressa, Digital e Audiovisual.

Publicidade e Venda: Irene – (16) 3626-5573 / WhatsApp: (16) 98104-0032

Tiragem: 1 mil exemplares impressos

Os artigos assinados são de responsabilidade do autor. A opinião da revista é expressa em editorial.

Conceição Lima

A arte me inspira, a vida me define!

Nasci num 08 de dezembro, na Ventania, oficialmente “Alpinópolis”. (Ah! Sou mineira, é claro! E o ano não interessa!)

Meu pai, quando lhe nascia um filho, ia logo na “folhinha” ver o santo do dia. Meu nome só podia ser mesmo “Conceição” (ainda bem que ele omitiu o “Imaculada”!). Mas, do nome Maria não escapei!

Não sei por que cargas d’água meu pai colocou nas filhas-mulheres somente o sobrenome “Lima”, que era da família de minha mãe (aliás, um sobrenome de tradição lá na Ventania). Assim, por muito tempo, não fui “Alves”! Quando me descasei pela segunda vez é que tratei de sê-lo também, para ter a marca de meu pai no nome. Logo fui apelidada de “Ção” ou “Çãozinha”. O nome Conceição somente era usado nas ocasiões oficiais. E Maria, só mesmo quando faço viagens internacionais!

Minha mãe, até o fim de seus dias, fazia questão de anunciar que eu era muito chorona e “braba”. Também pudera! O enorme esparadrapo no umbigo de minha foto de bebê atestava que eu tinha “quebradura”, aquela terrível hérnia abdominal que dói pra caramba! Mas, outra fotinha com três anos mostra mesmo uma pequenina de cara amarrada, a cabecinha inclinada como faço até hoje, um laço enorme na cabeça e (pasmem!) colar de pérolas.

Aos cinco ou seis anos, eu me lembro que era magrela e doentinha. Meu pai me pesava toda a semana para ver se eu tinha engordado uns quilinhos... Minha mãe garantia que eu tinha asma e que um “benzedor”, o Zacarias, me curou com Fimatosan. Hoje, duvido disso! Asma não se cura, é um estado alérgico! Porém, descobri (mais de meio século depois) que sou intolerante ao glúten. A causa pode ter sido sempre essa... de FURNAS. Concomitantemente, fui Vice-Diretora da Escola Estadual de Furnas e, como trabalho voluntário, participei da criação do Fundo Assistencial Furnense, do qual fui Diretora Administrativa e, em seguida, Presidente.

Fui mesmo uma menina-fera. Em tudo! Comandava a turma, não tinha medo dos moleques intrometidos, não levava desaforo para casa. Muitas aventuras vivi: brincadeiras de rua, cirquinho no quintal, pique na mangueira, fuga para os córregos da redondeza. Depois levava bronca e mais bronca! Mas, tapa... nunca! Meus pais não eram disso! Na escola, eu era mais “fera” ainda, não abria mão da nota 10! Outro dia mostrei ao meu neto um boletim escolar. Dez o ano inteiro... Ele não acreditou!

Aos dez anos fui para o colégio interno. Então, a felicidade se acabou! Não vale a pena lembrar! Saí aos 17 anos para casar... Três casamentos depois, isso também não vale a pena lembrar! Todavia, a minha missão mais importante foi cumprida com todo o esmero!

Criei sozinha meus três adoráveis tesouros, os filhos Carla Andrea, Pollyanna Lavinia e Renzo Patrick. Agora já sou avó de seis: Rafael, Felipe, Larissa, Erick, Mariana e Lívia Maria.

Aprendi muito com a empresa FURNAS, principalmente organização e administração. Criei a habilidade de ser rápida e eficaz nas decisões e ações. Como única mulher num time de marmanjos, aprendi a me safar de “saias justas” e a rebater ditos e piadas machistas. Foi lá também que me iniciei e me afeiçoei às tecnologias digitais.

A atividade acadêmica no Magistério Superior iniciou-se no Curso de Letras da Faculdade de Filosofia da atual Universidade de Minas Gerais, campus de Passos, lecionando Teoria Literária e Linguística, tendo ocupado ainda a Chefia do Departamento de Letras. Esse trabalho durou mais de 20 anos e foi exercido concomitantemente com as atividades em FURNAS, até aposentar-me a contragosto em 1992 e, acompanhando o segundo ex-marido, ir viver no Mato Grosso do Sul, na pequenina Batayporã.

Lá comecei tudo do zero novamente, mas fiz o meu melhor. Dediquei-me com afinco ao vilarejo, tive a oportunidade de praticar o voluntariado e, inclusive, participar da criação da APAE da localidade, da qual fui a primeira Presidente. Incrível! Foi em Batayporã que aprendi a língua tcheca, já que a cidade mantém uma estreita relação com a República Tcheca, visto ter sido fundada por um empresário evadido daquele país por ocasião da ocupação comunista após a Segunda Guerra Mundial. O casamento acabou, o marido voltou ao sudeste, eu lá fiquei por outros quase 20 anos e fiz grandes amigos. Saudades, muitas saudades do “meu” Mato Grosso do Sul!

Passando da vida pessoal para a profissional, comecei como professorinha do bê-á-bá. Alfabetizei com muito sucesso crianças difíceis, com retardo escolar e social. Ao mesmo tempo, tratei de ser professora de línguas e de Didática. E nisso também fui muito bem sucedida! No ano de 1970, fui admitida na ELETROBRÁS – FURNAS.

Em Furnas, comecei por chefiar a Secretaria Administrativa da Usina, sendo remanejada, posteriormente, para a Coordenação Pedagógica do Centro de Treinamento da empresa, até ser convocada para assessorar a Superintendência de Operação

Em 1994, participei da implantação da recém-criada Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, uma instituição multicampi, onde, aprovada em concurso público, fui efetivada para a área de Linguística, iniciando um percurso de Pesquisadora, Extensionista e Docente que durou até abril de 2011.

Em 2014, fixei residência em Ribeirão Preto (SP), com o objetivo de dedicar-me, prioritariamente, à missão de Escritora. Recém-chegada a esta cidade, além de frequentar a Academia Filosófica Cristã , tornei-me membro assíduo da Casa do Poeta e do

Escritor de Ribeirão Preto e da Associação dos Médicos Escritores e Amigos “Dr. Carlos Roberto Caliento”, participando ativamente de seus saraus (presenciais ou virtuais) e dos respectivos grupos online.

Ribeirão Preto me encanta e me assusta até hoje! “Mautorista” que sou, me perco em seus meandros e tenho pavor de estacionar nos “buraquinhos” ao longo das avenidas e ruas. Todavia, já aprendi a amar esse (para mim) labirinto ribeirão-pretano!

Mineira que sempre serei, de paixão, a partir do final de 2020, passei a fazer parte do grupo fundador da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras , Cadeira nº 32, tendo como Patrona Janete Clair. Em maio de 2021, fui eleita membro efetivo da Academia Ribeirãopretana de Letras , também para a Cadeira nº 32, cuja Patrona é Cecília Meireles. Que maravilhosa coincidência: o mesmo número de Cadeira e duas Patronas mulheres!

Já rodei várias vezes a parte do mundo que me interessa, a Europa ocidental. Vivi algum tempo em Londres (sou fascinada por esse lugar e me tornei perita em circular pelos trens e metrôs londrinos). Estive algum tempo nas Astúrias (Espanha), onde “acampei” num chalezinho às margens do rio Nalon, na pequenina Pola Laviana. Quanto à Escandinávia, fiquei (e continuo) literalmente apaixonada pelo interior da Noruega, suas montanhas de pinheiros decorados com neve, seus fiordes espelhados, suas casinhas coloridas.

Aqui estou eu agora, fazendo tantas coisas que não dá mais para detalhar. Publicações, feiras de livro, saraus, palestras, entrevistas, lives de todo o tipo, cursos... E faço questão de escrever, infalivelmente, todo o santo dia, produzindo alguma coisa para ser aproveitada ou mesmo jogada no lixo.

Como sempre fosse muito afeiçoada à música, já participei de vários corais, dentre eles o Coral Zíper Na Boca , da UNICAMP e o Coral Pop Minaz de Ribeirão Preto. Hoje participo do Grupo Feminino Zênite , da USP-Ribeirão. Realizando um velho sonho de infância, ultimamente tenho me dedicado à composição musical para piano, algumas delas a duas e quatro vozes. E já pintei alguns quadros. Ano que vem, com certeza, vou me matricular no curso de pintura da Nice Forti. Já combinei com ela...

Em termos de escolaridade, “ostento” uma for- mação acadêmica que, modéstia às favas, eu diria invejável: Pós-Doutora em Linguística (linguagem no meio digital) pela UNICAMP; Doutora em Letras (linguística e filologia portuguesa) pela UNESP de Assis; Mestre em Educação (metodologia do ensino) pela Universidade Federal de São Carlos; Especialista em Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal de Juiz de Fora ; Especialista em Planejamento e Didática do Ensino Superior pela Fundação de Ensino Superior de Passos/Universidade Estadual de Minas Gerais (FESP/UEMG); Licenciada em Letras e Pedagogia Plena (Magistério, Administração, Supervisão e Orientação Escolar) pela FESP/UEMG . Ah! Fiz também um Curso de Inglês no Oxford House College , de Londres.

Articulista, ensaísta, cronista, romancista, contista e poeta, até o momento já produzi/participei de 29 obras acadêmicas, ficcionais ou poéticas, sendo 12 livros solo, 3 coautorias e 14 coletâneas , além de inúmeros artigos científicos e ficcionais, ensaios, crônicas e poemas impressos e online. Conferencista e palestrante, tenho levado minha fala a inúmeras plateias, abordando basicamente os temas ligados à linguagem, à literatura e à educação, especialmente aquelas exercidas no meio digital.

Em função dessa atividade lítero-educativa, já recebi vários prêmios literários, moções de aplauso, medalhas e diplomas de honra ao mérito. Tenho também um Currículo Lattes recheado, que pode ser consultado online na Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), no endereço http://lattes.cnpq.br/7693516104749057. Conheci muita gente boa, fiz grandes amigos. Será que sou feliz? De fato, não sei! Tento parecer... Pouco importa! Ultimamente, venho me dedicando, com afinco, à espiritualidade. Quero mesmo é me tornar uma pessoa melhor. Tudo o mais pertence ao desígnio insofismável de Deus! Ou do Universo! Sei lá...

Contato com a escritora: alvesdelimameister@gmail.com.

Conceição Lima Posse na Academia Ribeirãopretana de Letras

Eleita em maio de 2021, somente em 04 de novembro de 2022 é que aconteceu a posse público-presencial de Conceição Lima, na Academia Ribeirãopretana De Letras , ocupando a Cadeira 32, cuja patrona é a poeta Cecília Meirelles.

Coisas da pandemia do coronavírus... Atrasou a vida de todo o mundo! Enfim, aconteceu a tão desejada posse e a espera compensou. Foi uma cerimônia bonita, marcante, acontecida no auditório e salão do Centro Médico De Ribeirão Preto, recheada de momentos artístico-literários, impecavelmente conduzida pelo cerimonialista Carlos Roberto Ferriani.

O Presidente Waldomiro Waldevino Peixoto abriu a sessão e compôs a mesa: além dele próprio, Nelson Jacintho, Fábio José Gonçalves Da Luz, Raphael Henrique Da Silva Freire, Maria Conceição Alves De Lima, Geovah Paulo Da Cruz e Rui Flávio Chúfalo Guião.

A acadêmica Conceição Lima adentrou solenemente o recinto, ladeada pelos acadêmicos Fernanda Castello Moço Ripamonte e Alberto Cosme Gonçalves, ao som de uma magnífica canção entoada por Ed Lemos, que, acompanhada pelo violonista Jorge Gonçalves, também abrilhantou o evento executando os hinos da cerimônia (Hino Nacional Brasileiro, Hino da Academia Ribeirãopretana de Letras e Hino de Ribeirão Preto.

O acadêmico e médico Geovah Paulo Da Cruz, padrinho da neoacadêmica na ARL, proferiu sua saudação, apresentando a “afilhada” com um discurso contagiante e bem-humorado.

Conceição Lima não deixou por menos! A sua fala, focada principalmente na Patrona da Cadeira 32, poeta Cecília Meirelles. e no antecessor, Prof. Wilson Salgado (como, aliás, manda o cerimonial), foi dita de modo natural e espontâneo, sem se prender ao papel, como deve acontecer com todo orador que se preze!

Uma ótima surpresa foi a fala-homenagem prestada ao antecessor da Cadeira 32, Wilson Salgado, por Vinícius De Paula Pimenta Salgado, o neto muito amado e que mantinha com o avô estreitos laços literários, sentimentais e espirituais.

Presente que se achava na mesa das autoridades, o incrivelmente jovem Rafael Henrique Da Silva Freire, Prefeito Municipal de Alpinópolis (MG), terra natal de Conceição Lima, carinhosamente conhecida pelo primitivo nome de Ventania surpreendeu e encantou a todos com seu talento, juventude e competência, falando de maneira natural e espontânea, no improviso.

A apoteose final coube ao Grupo Coral Zênite, da USP, do qual Conceição Lima também faz parte. Liderado pelo diretor artístico e regente titular Sergio Alberto De Oliveira, o grupo tem percorrido diferentes linhas musicais e literalmente empolgou a plateia com um repertório variado e executado à perfeição, sob a batuta do regente substituto Isaque Martins.

Para complementar, os convidados foram brindados com um requintado buffet, deliciosamente preparado pela equipe do Joy Café e musicalmente embalado por Tadeu de Lima Alves & Maria José de Lima, irmãos da acadêmica Conceição Lima. Por sua vez, Ed Lemos fez um entusiasmado tour musical pelas mesas do salão, acompanhada de sua filha, a violinista Marisa Lemos de Oliveira. Arrasaram!

Enfim, uma cerimônia memorável, uma noite emocionante, um momento inesquecível para Conceição

Lima e seus “tesouros”, os amados filhos (da esquerda para a direita) Renzo Patrick, Carla Andrea e Pollyanna Lavinia!

Fotos por Francine Rodrigues

Ele conheceu outra... Por Perce Polegatto

“Ele conheceu outra. E, da noite para o dia, revelou ter se cansado de mim. Algo que eu não percebi até o último momento. E continuava fascinada com tudo o que estava vivendo. Isso me entorpecia um pouco, baixava minha guarda. Confundia os sinais de alerta. Amortecia meu senso de observação.”

Sua voz linda parecia estar narrando sequências de um filme em que a personagem conta de sua vida enquanto se desenvolvem outras imagens – e o que vemos são ruas, ambientes, veículos, pessoas e a chuva oblíqua.

“Você não percebe que ele está jogando xadrez com você até ele derrubar sua rainha. Ele me humilhou. Mostrou o pior de seu caráter. Deve ter pensado que, me esmagando daquele jeito, eu ficaria acabada. Destruída. Pensasse em suicídio. E desejasse sair, o quanto antes, de sua vida. Agora eu cogitava também o risco de ser morta. Nesse meio e com essa engrenagem em franco funcionamento, isso não é tão estranho. Não havia nenhum sinal de eu estar sendo vigiada. Mas isso costuma ser o pior: quando não há sinais. O perigo é o mesmo.”

Poetas em Destaque

Sensibilidade

Luzia Madalena Granato

És um sentimento profundo, amigo. Sempre apareces nas horas precisas.

Se nas tristezas da vida, raiva e solidão, reapareces, me refazendo em forma de poesia.

És meu farol, meu guia, quando as marés altas chegam. Me trazes esperança para prosseguir, me acalmas, enxergo a maré mansa. Sensibilidade, és minha essência, sempre voltas para me resgatar.

Graças a ti, escrevo.

Esses perigos, pensei, enquanto fumava e fingia estar absorvendo tranquilamente aquele tapete de bombas, podem chegar até mim.

“Ele cometeu o erro básico de deixar para trás uma aliada ofendida, no meio da estrada. Uma ave ferida. Ressentida, arruinada. Que ele previu não pudesse mais erguer-se do chão. Não pudesse mais voar.”

Senti um arrepio de alegria e de fascínio. Podia ver seus olhos se estreitando, transtornados pela coragem. E sua inteligência, acima do normal, assumindo o poder, superando com energia qualquer expectativa alheia quanto à sua derrota. Ficava clara sua motivação, e não poderia ser mais justa. Uma mulher traída, com a capacidade dela, com seu potencial de articulação e clareza de pensamento, com a habilidade de uma brilhante enxadrista, poderia desencadear o fim do mundo. Agora ela vinha a lume, vinha à noite e às primeiras horas do dia, vinha às trevas, vinha até mim, para lançar seu contra-ataque calculado e descomunal.

Do romance “Teus olhos na escuridão”

As cordas do meu violão

Alceu Bigato

As cordas do meu violão, quando tocadas por mim, contam coisas do meu coração, detalhadamente, tintim por tintim.

Violão, fiel companheiro, seu som me faz sentir que ela sente.

Não é preciso dinheiro, para me dar o melhor presente.

Às vezes apanho das cordas.

Não sou Dilermando Reis.

Mas ela não concorda e me diz: “Abismo de Rosas, parece que foi você que fez”.

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